estudo sobre o impacto do emissário submarino de icaraí na ... · plano de esgotamento sanitário...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS –GRADUAÇÃO “ LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Estudo sobre o impacto do Emissário Submarino de Icaraí na qualidade da água da Baia de Guanabara.
POR: HAMILTON PIRES BARBOSA MENDES
ORIENTADOR
PROFª Mestre Esther Araújo
RIO DE JANEIRO
2011
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Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
ambiental.
Por: Hamilton Pires Barbosa Mendes
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AGRADECIMENTO
1) Agradeço ao IAVM e à UCM por proporcionarem um ensino de qualidade ;
2) Agradeço a Minha Orientadora , professora Esther Araújo, pela paciência e dedicação;
3) Agradeço ao Profº Dr. Ronaldo Leão Guimarães por todo apoio;
4) Agradeço a todos que direta e indiretamente têm me ajudado a alcançar meus objetivos.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus País e a
todos que me ajudaram a seguir em frente,
e concluir esta Pós-graduação.
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RESUMO
O objetivo do trabalho é apresentar uma breve explanação sobre um dos problemas ambientas
mais graves que o Rio de Janeiro vem afrentando: a poluição da Baía de Guanabara. São
apresentados alguns fatos publicados por autores que vêm desde muito tempo debatendo o assunto.
Uma das soluções propostas por pesquisadóres e engenheiros, é a implantação de emissários
submarinos. O estudo foca o caso de emissários que desembocam na baía de guanabara, como é o
caso do emissário submarino de Icaraí. O grave estágio atual de degradação ambiental das águas da
Baía de Guanabara e de seus rios afluentes, principalmente, pelos resíduos sólidos é sinal de que há
problemas na coleta e na disposição final do lixo na região da Bacia Hidrográfica da Guanabara.
Devido a sua composição sólida, o lixo é a mais visível forma de poluição em um corpo d’água. A
sujeira acumulada nas margens da baía e os detritos que bóiam por todo o seu espelho d’água
poluem e causam prejuízos enormes: à saúde da população, aos pescadores, à balneabilidade da
praias, ao turismo, ao lazer e a beleza estética da Baía de Guanabara, o cartão postal do Brasil.
Segundo o IBGE (2000) com relação aos resíduos sólidos urbanos, são coletadas 17.447,2 toneladas
diárias, no Estado do Rio de Janeiro, dos quais, aproximadamente, 78% são provenientes da Região
Metropolitana (RMRJ) e destes, 62% são oriundos da cidade do Rio de Janeiro. Identificou-se que o
Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, conhecido popularmente por “Lixão de Caxias”, recebe
aproximadamente 8.000 toneladas diárias de lixo. Outro dado importante é que a capacidade desse
aterro já não suporta mais o peso do lixo, apresentando problemas de fissuras, trincaduras e
possíveis deslocamentos horizontais que podem verter para a Baía de Guanabara causando grandes
impactos ambientais e risco à saúde da população local. Pretende-se com essa pesquisa, entender o
a problemática ambiental pela qual passa a Baia de Guanabara
Palavras-chave: Baía de Guanabara. Lixo. PDBG.
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METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica aprofunda. Hoje em dia a comunidade
científica se mostra mais interessada no estudo da causas e consequêcias da degradação da Baia de
Guanabara, por isso, o numero de trabalhos publicados sobre o assunto é abundante e crescente. Os
pricipais autores utilizados na realização deste trabalho foram Aguinaldo Nepomuceno Marques
Júnior; Mirian Araujo Carlos Crapez; Conceição Denise Nunes Barboza. Pesquisadores que têm
dado atenção especial a problemática da poluição na Baia de Guanabara.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – A História da Baía de Guanabara 12
1.1 Aspectos sociais e ambientais. 14
1.2 Aspectos históricos e culturais 15
CAPÍTULO II – Cenário Atual da Baía de Guanabara 17
2.1. Estratégias de recuperação da Baia de Guanabara 18
2.2. O Progra de despoluição da Baía de Guanabara 19
CAPÍTULO III – Soluções para a recuperação da Baía de Guanabara 21
3.1. tecnicas de recuperação de corpos d’água. 22
3.2. Plano para melhoria da qualidade da água. 23
3.3. Plano de esgotamento sanitário para a bacia da Baía de Guanabara 25
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29
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INTRODUÇÃO
O tema desta pesquisa é o impacto do emissário submarino de Icaraí na qualidade da água da
Baia de Guanabara. Este trabalho gira em torno da questão central que é tentar entender se o
emissário submarino de Icaraí trouxe melhorias à qualidade da água da Baia de Guanabara.
Entender o impacto do emissário de Icaraí é de grande importância pois permite obter dados sobre o
impacto de emissários na região. São portanto, objetivos desta pesquisa saber quais são os pontos
positivos e negativos da implantação do emissário de icaraí na Baía de Guanabara.
Todo o processo de degradação ambiental na Baía de Guanabara iniciou-se com a descoberta
da região pelos portugueses, no ano de 1502. À primeira vista, naquela época os 3 navegantes
acharam que o lugar se parecia muito com a desembocadura de um grande rio, e batizaram o
acidente geográfico com o nome de Rio de Janeiro, por ser o dia primeiro de janeiro daquele ano. A
geografia da região era um atrativo a mais para a exploração daquele novo território e ideal para a
construção de portos seguros e instalação de cidades. Este acontecimento foi o marco inicial da
degradação ambiental da Baía de Guanabara pelo homem, segundo Amador, que explana: Tudo
começou num 1º de janeiro de 1502, quando três naus comandadas por Gonçalo Coelho, penetraram
na Baía de Guanabara, desvendando para o mundo ocidental a imagem de um paraíso tropical.
Naquele longínquo verão, nas águas da Guanabara, houve um choque de dois mundos, de duas
concepções de vida e de universos. Dentro das naus impulsionadas pelos ventos, vinham agentes do
mercantilismo europeu, preocupados em conquistar novas terras e mercados para a produção de
mercadorias de valor de troca. Nas frágeis canoas e ubás, impelidas por braços fortes, estavam os
povos do paraíso tropical, organizados num sistema primitivo de socialismo, despreocupados com a
acumulação de bens e riquezas (AMADOR, 1997, p.7).
Após, desencadeou-se o processo de colonização e ocupação do território aliados aos modelos
de desenvolvimento existente, sempre subordinados aos interesses da Coroa Portuguesa e do capital
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internacional. Através das modificações no cenário físico, econômico e humano, aquelas ações
transformariam completamente a região da Guanabara, numa área de exploração de seus recursos
naturais e humanos, como a extração e a comercialização do pau-brasil1 e a catequização dos índios
como mão-de-obra, por exemplo, iniciando e potencializando o seu processo de degradação
ambiental (AMADOR, op. cit.).
Ao falar em degradação ambiental na Baía de Guanabara sabe-se que o derramamento de óleo,
o lançamento de efluentes domésticos (esgoto) e industriais (metais pesados), ambos sem o devido
tratamento, e o lixo, que bóia em suas águas, compõem um dos principais problemas que afetam
esse rico ecossistema guanabarino. Ao contrário dos demais efluentes, o lixo é o que causa o maior
impacto visual devido à consistência sólida de seus resíduos, agravados principalmente pela
produção de embalagens, sacos plásticos e garrafas de plástico, do tipo PET. Porém, cabe observar
que, não se pode esquecer de dois grandes agentes poluidores resultantes da decomposição do lixo
que são: o chorume, em sua forma líquida e o metano, gasoso. O lixo, de origem doméstica ou
industrial, bóiam nas águas da baía e se depositam nas margens de rios e praias, gerando a poluição
das águas, das areias e dos manguezais, desencadeando: a degradação do meio ambiente, a sujeira,
o mau cheiro, a proliferação de vetores de doenças de veiculação hídrica, a poluição visual, o
transtorno para a navegação marítima e o detrimento da prática do lazer e do ecoturismo, entre
outros problemas.
A observação sobre o lixo ou os resíduos sólidos, depositados nas margens dos rios afluentes e
no espelho d’água da baía, evidencia problemas de coleta e disposição final do lixo, na área do
entorno da Baía de Guanabara compreendida por sua bacia hidrográfica. As águas da Baía de
Guanabara funcionam como um termômetro e vêm chamando a atenção das autoridades públicas e
da população há tempos. Caracterizar, equacionar e resolver o problema da degradação ambiental
na Baía de Guanabara torna-se difícil, devido a sua grande complexidade quanto aos aspectos
humanos e ambientais. Outro ponto importante a ser considerado é que a BG é o local receptor das
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águas de aproximadamente 55 rios afluentes que carregam toda a poluição, na forma líquida e
sólida, da bacia para a baía. A questão não envolve somente a baía, mas sim toda a sua bacia
hidrográfica e os seus dezesseis municípios por ela abrangidos, com diversificadas gestões públicas
e delimitadas por fronteiras administrativas. Estudar um determinado fenômeno ambiental sob a
ótica da bacia hidrográfica é importante, pois as questões ambientais nem sempre coincidem com às
fronteiras político-administrativas dos municípios, mas sim por fronteiras geográficas.
A elevada concentração antrópica na região da Guanabara é outro fator importante e de
destaque, principalmente, devido às várias ocupações irregulares de parte da população em
determinadas áreas cruciais, sem o devido planejamento urbano, como a falta de um sistema de
coleta de lixo e esgoto adequados, por exemplo. Outra questão de grande relevância é que as
soluções imediatas de redução da degradação ambiental se manifestam através de ações públicas e
de grandes obras de engenharia, que envolvem recursos econômicos de grande vulto, requerendo os
investimentos do Estado ou investimentos internacionais de cooperação. A partir da década de 90,
devido ao grave panorama de degradação ambiental da Baía de Guanabara, o Governo do Estado do
Rio de Janeiro iniciou o Programa de Despoluição da Baía da Guanabara – PDBG. Tal iniciativa do
Governo Estadual foi motivada por três acontecimentos de cunho ambiental com repercussão
internacional, que geraram pressões múltiplas e incluíram a questão ambiental na agenda dos países
tanto desenvolvidos como subdesenvolvidos. O primeiro acontecimento foi a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano – CNUMAD, na Suécia em
1972. O segundo acontecimento, considerado o marco referencial do conceito de desenvolvimento
sustentável, ocorreu em 1987, após a divulgação do Relatório Brundtland, intitulado Nosso Futuro
Comum, em português. O terceiro acontecimento foi a ECO-92 ou RIO-92, conhecida como Cúpula
da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992, de onde surgiu um documento de grande importância,
conhecido como a Agenda 21 (VARGAS, 2001).
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A Agenda 21 é definida, conforme Guimarães: Uma carta de intenções para implementar um
novo modelo de desenvolvimento no século 21, a ser debatida e aplicada pelas mais diversas e
diferentes comunidades de todo o mundo, respeitando suas culturas, suas peculiaridades e, de modo
especial, seus recursos naturais, de forma a propiciar o manejo sustentável dos recursos naturais, a
preservação da biodiversividade resguardando a qualidade de vida das gerações futuras. Nessa
Agenda fica estabelecido o compromisso com o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as
nações. (GUIMARÃES, 2008, p. 10-11). Um novo cenário de consciência ambiental emerge frente
às necessidades de mudanças do comportamento humano para reduzir o alto grau de degradação
ambiental não só na Baía de Guanabara como em todo o planeta, de maneira a preservar os
ecossistemas que ainda permanecem e preservar o bem estar humano que depende da natureza.
Verifica-se que existe preocupação relacionada às questões da sustentabilidade de modo utilizar e
manter os recursos naturais evitando a sua escassez para as gerações atuais e as futuras. Dessa
consciência crescente, a partir de um novo conceito de modelo de desenvolvimento, que surgiu em
1987, destaca-se a importância e a relevância internacional do meio ambiente, com o
comprometimento das nações, que se traduz pela denominação de desenvolvimento sustentável.
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CAPÍTULO I – A História da Baía de Guanabara
foto: (SDM)
A Baía de Guanabara foi o elemento fundamental da posição desempenhada pela Cidade do
Rio de Janeiro no cenário brasileiro, por ser ampla e bem abrigada, devido ao estreito espaço de sua
barra, 1.600 metros, ladeados por dois morros que formam um baluarte natural de proteção: o Pão
de Açúcar e o de Santa Cruz. Seu interior é calmo, de boa profundidade e grande espaço para
ancoragem de navios, chegando a ter vinte e oito quilômetros de extensão na direção norte-sul.
Nas suas duas pontas de entrada foram construídas duas importantes Fortalezas: a de Santa
Cruz e a de São João e qualquer embarcação que penetrasse a barra ainda teria que passar pela
Fortaleza de Lage, construída um pouco mais para dentro, formando com as outras duas Fortalezas
da barra um triângulo.
Desta forma a Baía do Rio de Janeiro era uma praça mais fortificada que a da Bahia, tendo
chegado a abrigar nove Fortalezas e tendo ainda o Arsenal do Trem para abastecimento, que possuía
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material de reposição para as Fortalezas. A posição da Baía permitiu que nela se desenvolvesse um
importante Porto da Cidade. Segundo o Instituto Baía de Guanabara(IBG), estas condições
transformaram a cidade em um centro econômico importante e nele se estabeleceram os armazéns
reais que forneciam materiais bélicos para o Rio Grande, no sul do Brasil, mas esta situação
despertava também, a cobiça de outros povos interessados nas riquezas que a cidade guardava em
seus muros e a manutenção e conservação de todo o seu poderio bélico era oneroso e demandava
muito trabalho.
A baía do Rio de Janeiro, possuía uma grande possibilidade de interiorização através do Rio
Paraíba do Sul e seus afluentes, que vinham desaguar na Baía estabelecendo uma importante
ligação. No século XVII a cana de açúcar foi o fator de desenvolvimento do Porto do Rio de
Janeiro, que só perdia para a Bahia e para Pernambuco, os dois centros de produção açucareira
nordestina. No século XVIII, com a descoberta do ouro, o porto passou a ser o "porto do ouro", mas
a partir de 1770 o açúcar voltaria a ter sua importância, com a diminuição do ouro das Minas. O
açúcar manteve sua importância até o século XIX, quando o café tomou o seu lugar. O Porto do Rio
de Janeiro teve sua importância até o início do século XX e existe uma corrente que acha que o
esvaziamento do Rio de Janeiro teve seu início não com a transferência da capital para Brasília, mas
no final do século XIX, quando o Porto de Santos passou a ser o mais importante da região.
A Baía está repleta de ilhas: a maior delas o do Governador com 32 Km2, onde do final do
século XVI até o do século XVII operou o principal engenho açucareiro da família Sá, inicialmente
pertencente ao Governador Salvador Correia de Sá; seguida da de Paquetá com aproximadamente 1
Km2 de extensão. Hoje muitas ilhas foram integradas ao continente.
As ilhas foram inicialmente locais de fortificação militar, zonas de produção de alimentos e
colônias de pesca. A Marinha sempre teve importantes instalações nas ilhas, como: a de
Villegagnon que abriga a Escola Naval; a Ilha das Cobras com o Arsenal de Marinha; a Ilha Fiscal
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onde atualmente se encontra um Centro Cultural, mas que já foi sede do Centro Oceanográfico da
Marinha e a Ilha das Enxadas ocupada pelo Centro de Treinamento da Marinha. Muitas ilhas se
transformaram em depósitos de petróleo e derivados de munições e a Baía tem sido muitas vezes
castigada por desastres ecológicos deles provenientes. A Ilha de Sapucaia foi utilizada como
depósito de lixo e hoje está incorporada à Cidade Universitária da Ilha do Fundão.
1.3 Aspectos sociais e ambientais.
Foto: Nelson Rodrigues- Lixo flutuante na baía do Guanabara segue apesar de programa de despoluição
Não é de hoje que se sabe dos graves problemas ambientais que afetam a Baía de Guanabara
(BG) em seu ecossistema. Milhares de toneladas de lixo são depositadas diariamente em aterros
próximos a baía e outra parcela é jogada diretamente nos corpos hídricos ou em terrenos
clandestinos (vazadouros) próximos, que através das chuvas e ventos chegam às águas da BG. Estas
ações contribuem para o progressivo aumento do lixo e do assoreamento, que são potencializados
ainda pelas ocupações irregulares às margens ribeirinhas, pelos desmatamentos predatórios da mata
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nativa e pelas obras de canalizações dos cursos dos rios, que fazem parte da Bacia Hidrográfica da
Baía de Guanabara (BHBG), vindo a desaguar nas águas da BG espalhando-se por todo o seu
espelho d’água.
1.4 Aspectos históricos e culturais
Baía da Guanabara
A Baía de Guanabara é uma das mais importantes referências naturais e culturais do Brasil, do
Estado do Rio de Janeiro e de todos os municípios que a margeiam. A beleza da sua paisagem e a
sua natureza exuberante foram repetidamente e entusiasticamente ressaltadas por viajantes, pintores,
poetas, estudiosos e, por tantos, anônimos admiradores. O reconhecimento da sua importância
começou muito antes da chegada dos colonizadores europeus. Por muitos séculos, desde os
primeiros povos - os construtores dos sambaquis - aos tupinambás, tupiniquins e outras populações
indígenas encontradas pelos primeiros navegantes europeus, o ecossistema da Baía de Guanabara e
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seu entorno eram permanentemente disputados por numerosos grupos rivais. A baía lhes garantia
alimentação farta e o privilégio de sua primazia garantia vida fácil e saudável.
O colonizador também veio atraído pelas riquezas locais, mas logo percebeu que o porto calmo
e seguro também possuía grande valor estratégico, como suporte à navegação de suas embarcações
ao longo do litoral, como para o acesso às terras e às riquezas do interior do país. Era de se esperar
que ao longo da história, um local tão atraente assim, só poderia mesmo acabar por atrair um grande
contingente de população. A cidade do Rio de Janeiro foi crescendo em importância nacional e
internacional e, em pouco tempo já era a capital da Colônia, com a chegada da família real
portuguesa tornou-se a capital do Reino, com a independência do Brasil a capital do Império e,
posteriormente, foi a capital da República. A Cidade do Rio de Janeiro cresceu e fundiu-se com as
cidades vizinhas em um processo de conurbação que contornou as águas da Baía e que gerou uma
grande região metropolitana, uma das maiores do planeta. Só na Região Hidrográfica da Baía da
Guanabara existe uma população de cerca de 10 milhões de pessoas. Com o crescimento urbano
desenvolveu-se junto à Baía de Guanabara um dos maiores parques industriais do Brasil e do
continente, fatos esses que ocorreram de forma concomitante e em um processo de mútua
retroalimentação.
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CAPÍTULO II – Cenário Atual da Baía de Guanabara
Baía de Guanabara vista ( NASA)
Após 15 anos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) divide opiniões, os
envolvidos concordam que os resultados aparecem de maneira mais tímida do que era de se esperar.
Mas eles também superam obstáculos que vão da burocracia ao desvio de verbas. Segundo José
Maria Pugas, presidente da Federação dos Pescadores do Rio de Janeiro (Feperj), a baía sofre pela
posição estratégica, pelo tamanho e pela profundidade e por haver cinco mil indústrias
potencialmente poluidoras, e mais de 70% não têm tratamento de resíduos de qualquer ordem.
São 16 os municípios ao redor da Baía de Guanabara e até há bem pouco tempo todos
despejavam resíduos líquidos e sólidos em suas águas, por meio dos rios que nascem no interior do
Estado, sobretudo nas áreas industriais da zona Norte e da baixada Fluminense.
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De acordo com os órgãos oficiais, a despoluição caminha na proporção dos recursos. As
estações de tratamento de esgoto (ETE) de Paquetá, da Ilha do Governador, de Icaraí (Niterói) e da
Alegria, no bairro do Caju, operam em toda a capacidade ou de maneira ainda parcial.
2.1. Estratégias de recuperação da Baia de Guanabara
Emissários da Barra, Ipanema e de Icaraí- Niteroi
A recuperação da Baía de Guanabara se dará em conseqüência de ações realizadas na sua
Região Hidrográfica. Ela não é uma piscina que pode ter a sua água limpa artificialmente.. A água
doce que ela recebe dos rios, cerca de 200 mil litros por segundo, conduz todo tipo de sujeira,
efluentes industriais e, principalmente, muito esgoto doméstico e lixo. A grande maioria das
indústrias já cuida dos seus dejetos mas nenhum dos 16 municípios da área conseguiu ainda
resolver seus problemas com o tratamento dos esgotos e com o destino final do lixo. E o que vai
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para as galerias de águas pluviais ou para o rio, acaba na Baía. Portanto, os projetos de recuperação
da Baía de Guanabara têm que ser realizados no seu entorno, e os 9 milhões de habitantes também
precisam colaborar, daí a importância dos programas de informação e de educação ambiental.
2.2. O Progra de despoluição da Baía de Guanabara
Foto por Alexandre-Azevedo/Projeto Maqua (Uerj)
Muito dinheiro têm sido investido na recuperação da qualidade da águas da Baía e os principais
projetos nos últimos anos, foram: 1 - Projeto de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG,
assinado em 1994 e realizado desde então pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O orçamento
inicial teve recursos do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento (350 milhões de dólares);
da agência japonesa JBIC - Japan Bank for International Cooperation (237 milhões de dólares) e
206 milhões de dólares provenientes do governo estadual. O Projeto constou de seis componentes:
saneamento (coleta e tratamento de esgotos sanitários e racionalização do abastecimento de água)
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melhoria na coleta de lixo, controle de inundações, mapeamento digital da região e diversos
projetos ambientais. Detalhes deste projeto podem ser obtidos em www.cibg.rj.gov.br.
A maior parte dos recursos desta etapa, que é a primeira do Projeto de Despoluição da Baía de
Guanabara, é destinada a obras de saneamento básico, não somente esgotos domésticos mas
também a melhoria dos sistemas de abastecimento de água. O esquema acima, embora não
atualizado, permite visualizar a magnitude da intervenção. 2 - Programa de Revitalização Ambiental
da Baía de Guanabara. Lançado em cerimônia pública em 5 de fevereiro de 2001, na presença do
então Ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, foi administrado pelo IBAMA.
O orçamento original era de 51 milhões de reais, utilizando os recursos da multa recolhida pela
Petrobras em conseqüência do vazamento acidental de óleo na Baía de Guanabara em janeiro de
2000. Dividia-se em quatro componentes: Projetos em parceria com os municípios; aprimoramento
operacional dos órgãos ambientais; revitalização e proteção de Unidades de Conservação e
Pesquisa, recuperação e educação ambiental. 3 - Projeto Baia Azul Como parte do Programa de
Revitalização Ambiental da Baía de Guanabara, foi prevista a aplicação de 2,4 milhões de reais em
atividades de educação ambiental e replantio de manguezais por um Consórcio de seis ONGs
liderado pela Fundação Onda Azul e do qual o IBG participou com a incumbência da elaboração de
um Banco de Dados para reunir informações.
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CAPÍTULO III – Soluções para a recuperação da Baía de Guanabara
No caso da Baía de Guanabara, o processo de recuperação começa nos afluentes que cortam os
centros urbanos e chegam à baía. Os componentes clima, solo, água e ar, em regiões urbanas,
respondem sensivelmente aos impactos humanos, os quais são, usualmente, muito mais intensos do
que nas áreas rurais. Tendo em vista que a porcentagem da população mundial que vive nas cidades
está aumentando, a conservação dos recursos naturais e da biota urbana é extremamente importante.
Entretanto, segundo Sukopp (2004), em muitas partes do mundo o entendimento dos ecossistemas
urbanos e dos respectivos processos impactantes, como um requisito preliminar à conservação, não
são suficientemente estudados.
No Brasil, muitos dos problemas urbanos que ocorrem, ordinariamente, na época das chuvas
quedas de barreiras, deslizamentos de encostas nos morros, enchentes, escorrimento superficial e
conseqüente assoreamento dos rios são ocasionados pelo desmatamento e mau uso do solo, os quais
poderiam ser evitados com o planejamento e a pesquisa (FRANCO et al.,2004). Esses fatos podem
ser constatados nos municípios do interior do Estado de São Paulo, onde o crescimento das cidades,
até pouco tempo atrás, ocorria sem estudos, sem planejamento, de maneira desorganizada e sem
preocupação em relação à preservação das áreas naturais remanescentes. O que observamos, na
atualidade, são os reflexos desse tipo de “desenvolvimento”. Em zonas urbanas, um dos poucos
locais com vegetação natural remanescente são as áreas marginais aos corpos d'água. Entretanto, na
maior parte dos casos, nem mesmo esses espaços têm sido mantidos ou respeitados. Uma forma de
recobrar as benesses de um meio ambiente equilibrado e saudável, propiciando melhor
qualidade de vida à população, em especial aos residentes das áreas adjacentes, é revitalizar as áreas
marginais a esses corpos d'água. Nesse sentido, para que uma vegetação se desenvolva a contento é
necessário que o solo disponha de condições físicas, químicas e biológicas mínimas para o seu
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rescimento, além de proporcionar maior infiltração de água das chuvas, concorrendo para a
iminuição do volume de enxurrada que chega ao córrego.
3.1. tecnicas de recuperação de corpos d’água.
A Resolução CONAMA 357/05 introduziu, além das diretrizes ambientais para o
enquadramento dos corpos d’água em classes de usos preponderantes, o conceito de metas
intermediárias progressivas de melhoria da qualidade da água. Com base em critérios de viabilidade
técnica e econômica, as medidas de controle possíveis seriam escalonadas com vistas ao
atendimento de metas intermediárias progressivas. Assim, cada conjunto de medidas estaria
relacionado com a melhoria progressiva da qualidade da água, em termos de redução de carga
poluente e das condições de qualidade remanescentes no corpo de água. Com base nos conceitos da
Resolução CONAMA 357/2005, os padrões de qualidade de água estabelecidos pela legislação
estadual (DZ-105) foram, inicialmente, considerados como a meta de qualidade de água a ser
atingida. Por outro lado, uma meta evidente a ser alcançada é a eliminação ou minimização das
condições inaceitáveis de poluição da área oeste, particularmente nos Canais entre o continente e as
Ilhas do Fundão e do Governador. As metas para a melhoria da qualidade de água da Baía de
Guanabara foram, portanto, avaliadas, visando obter um equilíbrio entre os objetivos de qualidade
de água desejados e a viabilidade das medidas de controle — sistemas de esgotamento sanitário —
a serem implementadas. Cabe lembrar que, a DBO foi definida como o indicador a ser utilizado,
tanto para criar cenários sobre o estado de qualidade da água da água, quanto para aferir ou
acompanhar os resultados da implantação de medidas de controle que possibilitem atingir o objetivo
de melhoria de qualidade de água desejado. Dessa forma, as metas progressivas, foram expressas
em termos de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), indicador de qualidade de água que deve
decrescer como resultado da implantação de sistemas de tratamento de esgotos. Ainda, para definir
a estratégia para recuperação da qualidade de água da Baía de Guanabara, foi assumida a premissa
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de que o foco central do plano de despoluição seria a adoção de medidas de controle visando a
implantação de rede e tratamento de esgotos. Apesar de ser um método confiável de redução de
poluição, a implantação de esgotamento sanitário tem as seguintes limitações:
· Na prática, não é possível ter cobertura total de rede de esgotos na bacia da Baía de Guanabara e,
algum efluente remanescente, sem tratamento, será lançado na baía;
· Os sistemas de esgotamento reduzem somente as cargas provenientes de fontes pontuais, não
atuando na redução das cargas de poluentes provenientes de fontes não-pontuais, tais como, águas
de drenagem de áreas urbanas e runoff de agricultura, que muitas vezes são significativas,
representando carga adicional de nutrientes que contribuem para a eutrofização do corpo d´água.
3.2. Plano para melhoria da qualidade da água.
Segundo Cristina (2006), é possível estabelecer um Plano para Melhoria da Qualidade de Água
da Baía de Guanabara, com metas progressivas de curto, médio e longo prazos, conforme descrito, a
seguir:
i. Metas de curto prazo – Relacionadas às medidas urgentes para eliminação das condições
intoleráveis de um ambiente altamente poluído, como as áreas próximas aos canais entre o
continente e as Ilhas do Fundão e do Governador, estabelecendo como objetivo de qualidade de
água valores de DBO menor que 10 mg/L, na baía como um todo, até o ano 2012. Pode ser
alcançada, com o desenvolvimento prioritário de sistema de esgotamento sanitário na bacia
noroeste, com tratamento biológico, sendo, ainda necessária, adição de coagulante para remoção de
parte do Fósforo Total do efluente, tecnologia já adotada em algumas estações de tratamento de
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esgotos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG). De acordo com as simulações
realizadas, a redução de poluição para atender às metas de curto prazo, ou seja, a redução de
poluição para melhorar a qualidade de água da parte noroeste da baía, também afeta a qualidade de
água da baía como um todo, aumentando as áreas com DBO menor que 5mg/L (padrão de
qualidade de água da legislação estadual) na direção da parte nordeste da baía. Como o objetivo das
metas de curto prazo é reduzir os impactos localizados na qualidade de água da Baía de Guanabara,
seria recomendável, no curto prazo, a implantação de sistemas de esgotamento e tratamento na área
leste, nas sub-bacias com alta concentração populacional e lançamentos significativos de esgotos
sanitários na baía.
ii. Metas de longo prazo – Não há, atualmente, tecnologia de controle disponível para que a
melhoria da qualidade de água alcance os padrões de qualidade de água da classificação
estabelecida pela legislação estadual. Dessa forma, o enquadramento da Baía de Guanabara definido
na legislação estadual é impróprio como meta realizável e deve ser revisto. Propõe-se considerar os
objetivos de qualidade de água definidos pela legislação estadual, como meta de longo prazo, ou
seja, uma meta desejável sem prazo para ser alcançado.
iii. Metas de médio prazo – Uma faixa intermediária entre as metas de curto prazo e as metas
estabelecidas pela legislação estadual pode representar uma meta mais factível, que pode ser
alcançada por meio de medidas de controle viáveis. Assim, este estudo estabelece uma meta de
médio-prazo, que visa minimizar as áreas da baía com DBO acima de 5m/L. A meta de médio prazo
é a meta a ser alcançada pelo Plano Estratégico proposto no item Infra-estrutura Física. O Plano
Estratégico deve ser estabelecido com base no desenvolvimento de sistemas de esgotamento para a
bacia como um todo e, formulado, a partir de cenários previstos para o futuro, podendo o ano de
2020 ser considerado como um horizonte possível de ser atingido para as metas de médio prazo. As
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metas de médio prazo para a população de 2000 corresponderiam a 90% de remoção de DBO, 30%
de remoção de Nitrogênio Total e 50% de remoção de Fósforo Total, para o objetivo de qualidade
de água, com DBO menor que 5mg/L na baía, exceto nas áreas noroeste e nordeste.
3.3. Plano de esgotamento sanitário para a bacia da Baía de Guanabara
A partir dos dados disponíveis, foi desenvolvido o Plano Estratégico de Esgotamento Sanitário
para a Bacia da Baía de Guanabara. As principais informações sobre o Plano de Esgotamento
Sanitário são: a área a ser esgotada, a população a ser atendida (90% da população estimada para
2020), a capacidade das estações de tratamento de esgotos planejadas, bem como a extensão das
redes de esgotamento que deverão conduzir os esgotos às Estações de Tratamento de Esgotos
(ETE’s) projetadas.
Considerando a necessidade de atendimento à legislação estadual vigente, ou seja, aos padrões
de lançamento estabelecidos para esgotos sanitários (DZ-215), foi prevista, no desenvolvimento do
Plano de Esgotamento Sanitário, a adoção de tecnologia capaz de produzir efluente dentro dos
padrões, tendo sido projetadas estações de tratamento, a nível secundário, pelo processo de Lodos
Ativados. Entretanto, para atendimento às metas progressivas de qualidade de água para a Baía de
Guanabara, será necessário, paulatinamente, o aprimoramento das estações de tratamento por meio
da implantação de equipamentos e unidades adicionais, capazes de remover 30% de Nitrogênio
Total e 50% de Fósforo Total.
A remoção de Fósforo Total poderá ser obtida por meio da adição de coagulantes e floculantes,
tais como sulfato de alumínio ou cloreto férrico nos tanques de aeração. O processo demandará uma
área adicional para o armazenamento de produto químico, equipamentos de dosagem e mistura, que
são facilmente incorporados numa planta de tratamento de esgotos sanitários, do tipo Lodos
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Ativados. Por outro lado, a remoção simultânea de Fósforo Total e Nitrogênio Total, quer seja pela
adoção de processos para nitrificação e denitrificação (Anoxic/Oxic Process), seguido de adição de
coagulante, quer seja pela adoção de tratamento do tipo Anareobic/Anoxic/Oxic Process, requer
modificação significativa no tratamento secundário por Lodos Ativados, previsto para a primeira
fase. De qualquer forma, não seria viável num estágio inicial, a implantação de sistema de
tratamento completo, mas a complementação do tratamento para remoção de Fósforo Total e
Nitrogênio Total deverá estar contemplada em etapas subseqüentes.
CONCLUSÃO
Desde os anos 1970, já era conhecido que a Baía de Guanabara estava bastante poluída por
carga orgânica, principalmente esgotos domésticos e despejos industriais, apresentando valores
relativamente altos de DBO, principalmente nas áreas costeiras, com todas as praias interiores fora
dos padrões de balneabilidade. Já existia, também, a preocupação com o problema da eutrofização e
o risco de se agravar esse problema, na medida em que tratamento secundário de esgotos fosse
implantado, aumentando a transparência da água. Esses estudos serviram de base para a negociação
do Projeto de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), nos anos 1990. Ainda, na década de
1990, foram realizados vários estudos para o melhor entendimento do comportamento do
ecossistema, principalmente em relação ao processo de eutrofização, com o aprimoramento dos
modelos de qualidade de água para coliformes, OD/DBO, nitrogênio, fósforo, fitoplâncton/clorofila
e transparência.
Pesquisadores apresentaram propostas viáveis para recuperação da qualidade de água da Baía
de Guanabara, que é centrada em implantação de tratamento de esgotos para atendimento às metas
de qualidade de água de curto, médio e longo prazos, tendo a Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO) como parâmetro indicador da melhoria de qualidade de água desejada. Para melhorias mais
imediatas na baía, correspondendo a um cenário de qualidade de água que elimina as condições de
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anaerobiose e possibilita concentrações de DBO menores que 10 mg/L na baía como um todo, foi
considerada prioritária a adoção de sistemas de tratamento por lodos ativados nas bacias do Pavuna-
Meriti, Sarapuí e Bangu, na costa oeste e, iniciada a primeira fase de implantação dos sistemas
Alcântara e Imboassu, na costa leste. As metas de médio prazo para a população de 2000
correspondem a 90% de remoção de DBO, 30% de remoção de Nitrogênio Total e 50% de remoção
de Fósforo Total, para o objetivo de qualidade de água, com DBO menor que 5mg/L na baía, exceto
nas áreas noroeste e nordeste. A falência do modelo do PLANASA a partir dos anos 1990 criou
uma lacuna no setor de saneamento básico. Por outro lado, o conjunto de reformas econômicas da
última década modificou as bases sobre as quais se dava à atuação do Estado no domínio
econômico e diminuiu de forma expressiva a atuação empreendedora do Estado, transferindo sua
responsabilidade principal para o campo da regulação e fiscalização dos serviços delegados à
iniciativa privada. É nesse contexto que se propõe a concessão dos serviços de saneamento da bacia
da Baía de Guanabara para a iniciativa privada, cabendo à agência reguladora estadual, o encargo
de celebrar convênios com os municípios, zelar pelo contrato de concessão e fiscalizar a
implementação do plano de esgotamento sanitário e, conseqüentemente, o atendimento às metas de
qualidade de águas de curto, médio e longo prazos, necessárias para melhoria da qualidade da Baía
de Guanabara. O consórcio público de municípios conveniado com o Estado e coordenado pela
agência reguladora estadual, não contraria a lógica constitucional, baseada no princípio de
eficiência, quanto à distribuição de competência para os serviços de saneamento, função pública de
interesse comum na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Essa ação coordenada garante, ainda,
o interesse ambiental de recuperação da qualidade de água da Baía de Guanabara, em consonância
com a Política Nacional de Recursos Hídricos e com a legislação ambiental vigente A partir das
avaliações realizadas e considerando que uma bacia de esgotamento com potencial de arrecadação
muito alto, deve suportar os investimentos necessários na bacia com potencial de arrecadação muito
baixo, são propostas duas concessões dos serviços de saneamento para a bacia da Baía de
Guanabara. O primeiro compreende as bacias de esgotamento de Alegria, Penha, Ilha do
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Governador, Pavuna-Meriti, Sarapuí e Bota; e a segunda cobre as bacias da Zona Sul, Iguaçu,
Estrela, Roncador, Macacu, Guaxindiba, Alcântara e Imboassu. Por outro lado, o sucesso do
financiamento do plano de esgotamento sanitário pressupõe estabilidade e clareza do aparato legal e
regulatório, de forma que os riscos possam ser minimizados. Como uma alternativa de crédito de
longo prazo capaz de viabilizar os projetos, destaca-se o papel do project finance, que possibilita
montar uma estrutura financeira capaz de financiar projetos a partir do seu próprio fluxo de caixa.
Em resumo, o escopo da regulação do saneamento na bacia da Baía de Guanabara visa atingir de
um resultado prático, que alie a maior satisfação do interesse público significativo com o menor
sacrifício possível de outros interesses constitucionalmente protegidos, bem como,
secundariamente, com o menor dispêndio dos recursos públicos disponíveis.
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