estudo sobre a policia civil no rs
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Pesquisa da CNM sobre a realidade da Polícia Civil do RSTRANSCRIPT
Pesquisa
Polícia Civil no RS
Sede: SCRS 505 bloco C – 3o andar – 70350-530 Brasília/DF – Tel.: (61) 2101-6000 Escritório: Rua Marcílio Dias no 574 – Menino Deus – 90130-000 Porto Alegre/RS – Tel.: (51) 3232-3330
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Atualização da situação estrutural da Polícia Civil no Rio Grande do Sul
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou em agosto de 2010 uma
pesquisa levantando informações sobre a estrutura da Polícia Civil (PC) no RS.
O trabalho anterior buscou levantar dados sobre a atuação da PC no RS, com o
intuito de entender quais as fraquezas e características que mais afetavam o
atendimento policial no RS.
O trabalho anterior concluiu que várias cidades gaúchas (132) não possuíam
delegacia própria e eram atendidas por postos/delegacias de outros municípios
responsáveis. Essa realidade poderia ser ainda pior, pois 171 municípios
informaram não ter posto da polícia civil, sendo atendidos por delegados de
polícia de municípios vizinhos, informação que comprova o grande déficit policial
nas localidades de pequeno porte. Tais informações levaram a uma cobrança
das autoridades sobre uma melhoria dessa estrutura, visando um melhor
atendimento à população gaúcha, no que se refere à segurança pública.
De acordo ainda com o artigo 144 da Constituição Federal, é dos Estados da
Federação a responsabilidade pelas ações relativas à Polícia Civil e à Polícia
Militar, sendo que a primeira exerce, prioritariamente, as funções de polícia
investigativa e judiciária e a segunda as funções de policiamento ostensivo.
Entre as atribuições da PC no RS, presentes na sua página da internet1, está:
II - determinar a realização de exames periciais, providenciando a
adoção de medidas cautelares, visando a colher e a resguardar
indícios ou provas da ocorrência de infrações penais ou a assegurar
a execução judicial;
III - praticar os atos necessários para assegurar a apuração de
infrações penais, inclusive a representação e o cumprimento de
1 Ver http://www.pc.rs.gov.br/
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mandado de prisão, a realização de diligências requisitadas pelo
Poder Judiciário ou pelo Ministério Público nos autos do inquérito
policial e o fornecimento de informações para a instrução
processual;
IV - zelar pela ordem e segurança pública, promovendo ou
participando de medidas de proteção a sociedade e ao indivíduo;
Percebemos que muitas vezes essas obrigações não são realizadas. Assim,
quem mais sofre é a sociedade, que paga seus impostos, mas não tem a
prestação de serviços básicos na área de segurança pública. Tampouco a culpa
é da Polícia Civil, que também sofre com a falta de investimentos do Estado.
Fica a pergunta: como uma polícia com corpo efetivo insuficiente e mal
aparelhada tem condições de cumprir com os seus deveres? A busca da solução
pertence ao Estado, que deve suprir a infra-estrutura básica e pessoal que
compõe essa polícia.
De acordo com um relato feito recentemente pelo chefe da Polícia Civil no
Estado, Ranolfo Vieira Júnior, vemos a precária situação que a PC se encontra
no RS. Aliás, aqui confirmamos o déficit policial apontado pelo estudo anterior,
pois o delegado afirmou que seriam necessárias mil contratações por ano até o
fim do atual governo para suprir a carência de funcionários.
Ele declarou que a PC gaúcha conta com 5.208 servidores dos 8.137 cargos
disponíveis pela instituição. Suprir o déficit de 2.929 vagas é algo impossível,
segundo o delegado. Ele explicou que em 1980 o quadro da corporação contava
com 6.500 servidores para atender a uma população de 7,5 milhões de
habitantes. Hoje, são pouco mais de 5.000 servidores responsáveis pela
segurança de mais de 11 milhões de gaúchos.
"Hoje, graças ao concurso realizado no governo passado, quando foram
nomeados 199 delegados, totalizamos 561 na ativa. Nunca tivemos um número
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tão elevado de delegados. Existem poucos locais no Interior do Estado onde um
delegado atende a dois ou no máximo a três municípios", afirmou.
Para ele a PC trabalha com pouco mais da metade do número de policiais que
seria o ideal para o pleno atendimento da comunidade. Isso é explicitado na sua
declaração sobre o péssimo atendimento prestado nas delegacias de todo o RS:
"Temos a consciência de que o cidadão é muito mal atendido".
Apesar da declaração acima sobre o concurso de delegados, verificamos na
pesquisa que ainda existem pelo menos 51 municípios (de 426) que não
possuem um delegado responsável pelas delegacias da PC. E em relação aos
atendimentos destes delegados em outros municípios vemos que mais de 50
delegados afirmaram atender duas ou mais cidades, ao contrário do que disse o
chefe da PC, o delegado Ranolfo, sendo que 6 delegados atendem 4 ou mais
municípios.
De acordo com a entrevista, ainda percebemos a plena consciência da PC sobre
esses e outros problemas, quando o seu chefe diz que sabe sobre o mal
atendimento da população, em grande parte, por causa da falta de efetivo
policial, citado pelo delegado. Logo, cabe às autoridades responsáveis e à CNM
checar no próximo ano se tais contratações serão efetivadas.
Assim, esta pesquisa pretende atualizar as informações levantadas
anteriormente, com o intuito de verificar se os órgãos responsáveis progrediram
em suas promessas, isto é, se a situação da PC nos Municípios evoluiu desde
então. No caso negativo, as informações prestadas servirão para que a CNM,
novamente, pressione os órgãos responsáveis por uma melhoria da estrutura e
prestação de serviços da PC à comunidade.
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Metodologia da pesquisa
A CNM aplicou um questionário diretamente aos prováveis Municípios gaúchos a
terem uma fraca estrutura da PC, isto é, verificamos algumas características a
respeito da PC dos Municípios gaúchos com menos de 30 mil habitantes 2. Essa
amostra teve como fundamento o fato de que esses municípios, de pequeno
porte, são os que tendem a ser negligenciados pela polícia civil, sendo reféns de
um esquema de distribuição e rodízio de delegados que dificulta e atrasa as
investigações. Além disso, provavelmente, os demais municípios (médio-
grandes) já possuem uma estrutura completa da PC, portanto, teriam melhores
condições de prestar o seu serviço à sociedade.
Objetivos da pesquisa
Atualizar levantamento sobre a situação estrutural da PC no estado do Rio
Grande do Sul, principalmente, nos aspectos que tangem ao seu atendimento à
população.
Desenvolvimento da pesquisa
Procedimento:
a) Disponibilidade de diferentes canais para o recebimento da
informação: Os questionários foram aplicados por meio de contato telefônico
com os delegados ou colaboradores da Polícia Civil de cada município, onde
cada respondente foi identificado, no sentido de prestar futuros esclarecimentos
e aumentar a credibilidade da pesquisa. Além disso, foram aceitas respostas por
fax, e-mail, correspondência e pela Internet, no sítio da CNM –
www.cnm.org.br.
2 De acordo com o Censo do IBGE de 2010.
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b) Equipe de suporte da CNM: Estudos Técnicos e Setor de
Pesquisas (Central de Atendimento aos Municípios) da CNM foram
disponibilizado para o suporte ao preenchimento dos formulários.
Coordenação: Área de Estudos Técnicos da CNM.
Período de coleta das informações: Entre os dias 17 e 19 de outubro de
2011.
Amostra
Como citado na introdução deste estudo, foram pesquisados os municípios
gaúchos que têm uma maior chance de serem negligenciados pelo poder
público, no que diz respeito aos investimentos na estrutura da PC, ou seja, os
municípios pequenos (menos de 30.000 habitantes).
Essa parcela corresponde a 86% do total de municípios gaúchos (426 de 496),
com uma população de 3 milhões habitantes, o que equivale a 28,1% da
população total do estado (10,7 milhões)3.
Foram contatados os 426 Municípios gaúchos com menos de 30 mil habitantes.
Todos contribuíram com a coleta de informações, o que tornou a amostra
bastante heterogênea e significativa.
3 População estimada para 2011 pelo IBGE.
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Questões formuladas
1 – Existe um posto ou delegacia da polícia civil no Município?
Legenda Citação %Sim 255 59,86%Não 171 40,14%Total 426 100,00%
Amostra Rio Grande do Sul
Percentual de município com posto/delegacia da PC
Sim60%
Não40%
Dentre os Municípios que responderam a pesquisa, 60% (255) dos 426
Municípios, afirmaram ter posto ou delegacia da PC localizada no Município.
Esse dado não mudou desde o ano passado, quando a pesquisa foi realizada e
encontrou exatamente o mesmo número de municípios com delegacias
próprias. No anexo do estudo encontramos a lista dos 171 municípios que não
possuem delegacia.
Além disso, ele revela que a maioria dos municípios do estado tem a estrutura
básica para o funcionamento da PC. Porém, esse percentual ainda é baixo, se
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considerarmos que um posto ou delegacia significa um mínimo de estrutura
para o trabalho efetivo da PC.
A população total de todos os municípios que foram pesquisados totaliza 3
milhões de habitantes, com uma média de 7.074 pessoas por Município. No
caso dos municípios com posto/delegacia da PC, percebemos que a maioria da
população (82,8%), ou 2,5 milhões de habitantes, têm perto de si pelo menos o
aparato físico mínimo disponível para a prestação de serviços da PC.
2 – Esse posto ou delegacia é sede (não é subordinado a delegacia de
outro município)?
Legenda Citação %Sim 200 78,43%Não 55 21,57%Total 255 100,00%
Amostra Rio Grande do Sul
Percentual de municípios com delegacias sede
Sim78%
Não22%
Apesar de 40% dos municípios declararem que não possuem delegacia, dentre
os que têm, a grande maioria, 200 de 255 (78%), afirmaram que a delegacia é
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sede, ou seja, têm uma delegacia independente, não subordinada a delegacias
de outros municípios. Por outro lado, esse dado mostra que 55 municípios têm
as delegacias dependentes de outras localizadas fora da cidade, o que dificulta o
trabalho da PC e atrasa as investigações a serem realizadas. Esta dependência
implica num tempo e deslocamento que não existiriam caso a delegacia fosse
sede.
3 – Existe um delegado responsável (que coordena a delegacia) no
município?
Legenda Citação %Sim 204 80,00%Não 51 20,00%Total 255 100,00%
Amostra Rio Grande do Sul
Esse dado também denuncia a má situação em que a PC trabalha em alguns
municípios. Pelo menos 51 cidades têm de compartilhar os seus delegados com
outros municípios, já que não possuem nenhum delegado da PC responsável
pelo município para responder pelas obrigações de suas delegacias. No anexo
do trabalho encontramos a lista desses casos.
Em relação à pesquisa anterior, a situação melhorou, diante dos 175 municípios
que haviam alegado não possuir um delegado responsável. Agora, apenas são
51. É provável que essa melhora tenha vindo da nomeação dos delegados,
aprovados no último concurso, referida pelo delegado.
Mesmo assim este é um resultado alarmante, já que 11,1% da população
pesquisada têm que ir a outro município para que um delegado assine os
inquéritos ou investigações que ocorrem nos municípios dos requerentes.
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4 – Ele atende outros municípios?
Legenda Citação %Sim 144 70,59%Não 60 29,41%Total 204 100,00%
Amostra Rio Grande do Sul
Percentual de municípios com delegados que atendem outros municípios
Sim71%
Não29%
As informações levantadas por essa pergunta são um reflexo da falta de
“delegacias sede” no estado do Rio Grande do Sul. Novamente, esses dados são
compatíveis com o resultado da pergunta anterior, quando muitos municípios
disseram atender ocorrências em outras localidades.
Essa informação é importante porque revela que uma elevada parcela do
atendimento não é exclusiva, ou seja, que algumas delegacias dividem sua
competência com outras regiões. Isso diminui a qualidade do trabalho da PC,
além de gerar altos custos com o deslocamento para as outras regiões, tanto da
PC quanto da população.
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Além do mais, mesmo que muitos municípios tenham algum delegado
responsável, muitas vezes existe o atendimento especializado, isto é, delegacias
que proporcionam um melhor atendimento de acordo com a área em que é
especializada. É o caso das delegacias: da mulher, da criança e adolescente, do
idoso, do meio ambiente, entre outras. Isso implica que muitos atendimentos
são direcionados para outros municípios, nos quais a PC acaba arcando com
uma responsabilidade regional, maior do que lhe é suportável. Esse é um outro
fator que influencia na qualidade do atendimento e custos operacionais, devido
às grandes distâncias que estas delegacias têm de cobrir.
5 – Qual (is) município (s)?
1 90 39,82%2 36 15,93%3 12 5,31%4 2 0,88%5 4 1,77%Total 226 100,00%
Nº Municíos Atendidos
Citação %
Amostra Rio Grande do Sul
Nº de municípios que atendem outros munícipes
42
36
90
12
-
20
40
60
80
100
1 2 3 4 5
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A última pergunta questiona o número de municípios que os delegados
responsáveis atendem. Em média, cada delegado responsável de delegacias
sede atende 1,6 municípios. Vale chamar atenção para as 4 delegacias da PC
que atendem 5 cidades e para as 2 que cuidam de 4 municípios. Portanto,
ressaltamos a conseqüência: má qualidade dos serviços prestados por essas
delegacias.
Outras considerações
De acordo com os dados apresentados nas tabelas em anexo, vemos que em
20084 o Rio Grande do Sul é o quarto estado do Brasil que mais investiu por
habitante em segurança pública, ficando atrás apenas do Acre, Amapá e
Roraima (todos da região norte e baixamente povoados). Além disso, o RS é o
primeiro da região sul, com um gasto de R$ 327,62 per capita. Obviamente,
gastos com segurança pública não representam gastos com a PC, já que
englobam despesas com a Polícia Militar e seu aparelhamento, porém é um bom
indicativo de que o estado investe na segurança como um todo,
consequentemente, na Polícia Civil. Em 20075 o RS contava com 6.649
servidores da polícia civil, sendo o estado da região com o maior número de
servidores.
4 Último ano com dados disponíveis. 5 Idem nota 5.
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De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande
do Sul, os gráficos acima mostram indicadores criminais de todo o RS entre
2002 e 2010 para os principais tipos de crime: homicídios, furtos e tráfico de
entorpecentes.
Através deles podemos perceber que o número de homicídios, que chegou a
cair brevemente entre 2002 e 2004, está estável a partir de 2007; já a situação
sobre os furtos vem melhorando desde 2003, isto é, sua quantidade vem caindo
ano a ano; e, o tráfico de drogas vem subindo ao longo dos anos, onde o
registro de casos subiu quase 5 vezes entre 2002 e 2010.
É importante ressaltar que nem sempre esses números refletem a realidade,
pois o número de ocorrências muitas vezes é subestimado, já que depende do
seu registro pelos cidadãos, principalmente nos casos de furtos. Apesar disso,
podemos ver que o aumento do número de ocorrências sobre o tráfico de
entorpecentes pode refletir, também, uma melhora da capacidade de ação das
Polícias (civil e militar), já que o valor das apreensões é conseqüência da sua
Homicídio
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Furtos
150
170
190
210
230
250
270
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Milh
ares
Entorp. Tráfico
01.0002.0003.0004.0005.0006.0007.0008.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
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melhora. Simultaneamente, percebe-se o aumento do uso de drogas, o que
também pode levar à elevação das apreensões. Dessa forma, o número mais
confiável é o de homicídios, que dificilmente é “escondido das estatísticas”.
Munic. com delegacias
Munic. sem delegacias
Homicídio 1220 0,06170 0,00841 Furtos 124215 9,34533 1,16471 Furto de veículo 11060 0,38183 0,04648 Roubo 34392 0,67551 0,05689 Latroc. 60 0,00561 0,00040 Roubo de veículo 8325 0,08574 0,01482 Extorsão 372 0,01803 0,00200 Extorsão mediante seqüestro 16 0,00040 0,00040 Estelion. 11147 0,58095 0,04608 Delitos relac. à corrupção 105 0,00881 0,00080 Delitos relac. a armas e munições 4697 0,44233 0,09335 Entorp. Posse 8026 0,40226 0,01402 Entorp. Tráfico 6254 0,28326 0,00922 Fonte: Secretaria de Segurança Pública - RS * multiplicado por 1000
Ocorrências per capita*Tipos de ocorrência (jan a set de 2011- RS) Nº de ocorrências registradas
A tabela acima apresenta o número de ocorrências no ano presente por tipo de
crime. Como era esperado, o tipo de crime mais praticado no estado é o furto,
seguido de roubo, estelionato e furto de veículo, respectivamente.
Na mesma tabela também foi feito um comparativo sobre o número de
ocorrências per capita entre os municípios que possuem delegacias e os que
não possuem, onde encontramos um maior número de ocorrências
criminalísticas no caso dos municípios que possuem delegacias próprias, para
todos os tipos de crime. Por exemplo, a taxa de furtos a cada 1000 habitantes é
de 9 furtos nas cidades que têm delegacias e de 1 nos municípios que não
possuem.
Isso no leva a concluir que os crimes se passam nos municípios que não
possuem delegacias, mas que, provavelmente, são subestimados
(subregistrados) por falta de estrutura da polícia, o que leva ao cidadão a não
registrá-los por ter de ir a um município vizinho. Ou seja, não é porque existem
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delegacias que ocorrem mais crimes, todavia, a existência dessas leva a uma
maior fiscalização e controle, logo, maior alcance de atuação policial na região,
o que se reflete nos números acima.
No mapa acima encontramos os municípios com as piores situações: 171
municípios sem delegacia/posto da PC e 51 sem um delegado responsável pela
PC (apontados nas perguntas 1 e 3). Nesses municípios os moradores têm de
procurar a delegacia da PC mais próxima para que esta cumpra o seu papel
investigativo. A lista desses municípios encontra-se em anexo. Aqui fica claro
que, os municípios com menores áreas geográficas são negligenciados pelo
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poder público, onde, principalmente, o meio-norte e o norte do estado sofrem
com a atual situação precária da PC.
Conclusão
Em acordo com a conclusão do estudo anterior, vimos que existem 171
municípios sem um posto/delegacia da Polícia Civil e 51 municípios sem um
delegado responsável nessas delegacias. Isso implica em outro resultado
encontrado, no grande número de delegados que atendem outros municípios
(144) e, o que é mais estarrecedor, numa má qualidade do atendimento da PC
aos cidadãos, ponto que é de conhecimento do chefe da corporação, Ranolfo
Vieira.
Mesmo assim, a situação melhorou em relação ao ano passado, quando 175
municípios não possuíam um delegado responsável, diminuindo para 51,
atualmente. Tal melhora veio da nomeação dos delegados aprovados no último
concurso, muito por causa da cobrança feita pela CNM e outras instituições que
apoiaram a causa, em parte descoberta, ou melhor, corroborada por nossa
pesquisa (anterior).
Apesar dos altos gastos com segurança pública feitos pelo RS, o estado sofre
constantemente com diversos crimes praticados, onde a ocorrência não é
registrada nos municípios pequenos por falta de delegacia. Isso também revela
que o cidadão não é atendido e, mais importante, que os crimes não são
investigados, papel da polícia civil, que não tem cumprido seu trabalho no
estado por falta de investimentos, ou talvez, por uma má distribuição desses,
que ficam restritos às regiões metropolitanas das grandes cidades.
Tem-se que o direito coletivo à segurança pública vem sendo lesado de alguma
forma. E, diante dessa omissão do Estado em oferecer condições para o
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desenvolvimento completo da atividade policial em determinados locais, é
cabível o acionamento do Poder Judiciário numa tentativa de reparar os danos
causados aos cidadãos.
Sob o prisma jurídico, temos que os cidadãos que vivem nesses municípios,
sem posto e sem presença da polícia judiciária, e que têm seus Boletins de
Ocorrência muitas vezes arquivados e não investigados em decorrência desse
déficit causado pela omissão do Estado do Rio Grande do Sul, têm o direito de
recorrer ao judiciário para obter a reparação dos danos que porventura tiverem
sofrido. Logo, esses cidadãos podem recorrer ao Judiciário e condenar o Estado
por sua omissão.
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Anexo
Água Santa/RS Herveiras/RS Quinze de Novembro/RSAlmirante Tamandaré do Sul/RS Hulha Negra/RS Relvado/RSAlto Alegre/RS Ibarama/RS Rio dos Índios/RSAlto Feliz/RS Ibirapuitã/RS Rolador/RSAndré da Rocha/RS Imigrante/RS Sagrada Família/RSArambaré/RS Inhacorá/RS Saldanha Marinho/RSAraricá/RS Ipiranga do Sul/RS Salvador das Missões/RSAratiba/RS Itacurubi/RS Santa Cecília do Sul/RSArroio do Padre/RS Itapuca/RS Santa Clara do Sul/RSBarra do Rio Azul/RS Itati/RS Santa Margarida do Sul/RSBarra Funda/RS Jacuizinho/RS Santa Tereza/RSBenjamin Constant do Sul/RS Jari/RS Santo Antônio do Palma/RSBoa Vista das Missões/RS Lagoa Bonita do Sul/RS Santo Antônio do Planalto/RSBoa Vista do Cadeado/RS Lagoa dos Três Cantos/RS Santo Expedito do Sul/RSBoa Vista do Incra/RS Lagoão/RS São Domingos do Sul/RSBoa Vista do Sul/RS Lajeado do Bugre/RS São João da Urtiga/RSBom Progresso/RS Lindolfo Collor/RS São Jorge/RSBozano/RS Linha Nova/RS São José das Missões/RSCamargo/RS Maçambara/RS São José do Herval/RSCampos Borges/RS Mampituba/RS São José do Inhacorá/RSCanudos do Vale/RS Maratá/RS São José do Sul/RSCapão Bonito do Sul/RS Mariana Pimentel/RS São José dos Ausentes/RSCapão do Cipó/RS Marques de Souza/RS São Martinho da Serra/RSCapitão/RS Mato Castelhano/RS São Pedro da Serra/RSCaraá/RS Mato Leitão/RS São Pedro das Missões/RSCarlos Gomes/RS Mato Queimado/RS São Valentim do Sul/RSCaseiros/RS Montauri/RS São Valério do Sul/RSCentenário/RS Monte Alegre dos Campos/RS São Vendelino/RSCerro Grande/RS Mormaço/RS Sede Nova/RSCharrua/RS Morrinhos do Sul/RS Segredo/RSChuvisca/RS Morro Reuter/RS Senador Salgado Filho/RSColinas/RS Muitos Capões/RS Sentinela do Sul/RSCoqueiro Baixo/RS Muliterno/RS Sério/RSCoqueiros do Sul/RS Nicolau Vergueiro/RS Sertão Santana/RSCoronel Barros/RS Nova Boa Vista/RS Sete de Setembro/RSCoronel Pilar/RS Nova Candelária/RS Tio Hugo/RSCoxilha/RS Nova Pádua/RS Tiradentes do Sul/RSCristal do Sul/RS Nova Ramada/RS Toropi/RSCruzaltense/RS Novo Barreiro/RS Travesseiro/RSDerrubadas/RS Novo Machado/RS Três Forquilhas/RSDilermando de Aguiar/RS Novo Tiradentes/RS Três Palmeiras/RSDois Irmãos das Missões/RS Novo Xingu/RS Trindade do Sul/RSDois Lajeados/RS Paraíso do Sul/RS Tunas/RSDom Pedro de Alcântara/RS Passa Sete/RS Tupanci do Sul/RSDoutor Ricardo/RS Paulo Bento/RS Tupandi/RSEngenho Velho/RS Paverama/RS Turuçu/RSEsperança do Sul/RS Pedras Altas/RS Ubiretama/RSEstação/RS Picada Café/RS Unistalda/RSEstrela Velha/RS Pinhal da Serra/RS Vale Verde/RSFagundes Varela/RS Pinheirinho do Vale/RS Vanini/RSFaxinalzinho/RS Poço das Antas/RS Vespasiano Correa/RSFloriano Peixoto/RS Pontão/RS Vila Flores/RSForquetinha/RS Ponte Preta/RS Vila Lângaro/RSGentil/RS Presidente Lucena/RS Vista Alegre do Prata/RSGramado Xavier/RS Protásio Alves/RS Vista Gaúcha/RSGuabiju/RS Quatro Irmãos/RS Vitória das Missões/RSHarmonia/RS Quevedos/RS Westfália/RS
Lista de municípios que não possuem posto ou delegacia da PC
Sede: SCRS 505 bloco C – 3o andar – 70350-530 Brasília/DF – Tel.: (61) 2101-6000 Escritório: Rua Marcílio Dias no 574 – Menino Deus – 90130-000 Porto Alegre/RS – Tel.: (51) 3232-3330
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Alecrim/RS Eugênio de Castro/RS Pinhal Grande/RSAmetista do Sul/RS Formigueiro/RS Pinhal/RSBarão/RS Gramado dos Loureiros/RS Pirapó/RSBarros Cassal/RS Humaitá/RS Porto Lucena/RSBom Retiro do Sul/RS Ibiaçá/RS Porto Vera Cruz/RSBossoroca/RS Ilópolis/RS Progresso/RSCampestre da Serra/RS Itatiba do Sul/RS Rolante/RSCampinas do Sul/RS Ivoti/RS Rondinha/RSCapela de Santana/RS Jaboticaba/RS São Martinho/RSCasca/RS Jaquirana/RS São Paulo das Missões/RSCondor/RS Jóia/RS São Pedro do Butiá/RSCotiporã/RS Manoel Viana/RS São Sepé/RSDavid Canabarro/RS Mata/RS Severiano de Almeida/RSDezesseis de Novembro/RS Nova Araçá/RS Sobradinho/RSDona Francisca/RS Nova Bréscia/RS Taquaruçu do Sul/RSErval Grande/RS Nova Palma/RS Três Arroios/RSErval Seco/RS Passo do Sobrado/RS Xangri‐lá/RS
Lista de municípios que não possuem um delegado responsável pela PC (coordena e responde pela delegacia)
Fontes: Tabela 1 - Ministério da Fazenda / STN; Ministério da Justiça; Fórum Brasileiro de Segurança Pública.