estudo quÍmico e avaliaÇÃo da atividade ......macêdo, sandra kelle souza m141e estudo químico e...

214
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD. (POLYGONACEAE) Petrolina-PE 2015

Upload: others

Post on 14-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO

SEMIÁRIDO

SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO

ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD.

(POLYGONACEAE)

Petrolina-PE

2015

Page 2: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO

ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD.

(POLYGONACEAE)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido da Universidade Federal do Vale do São Francisco como requisito para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido.

Área de concentração: Química e Atividade Biológica

Orientadora: Profa. Dra. Xirley Nunes Pereira

Petrolina-PE

2015

Page 3: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Macêdo, Sandra Kelle Souza

M141e

Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae) / Sandra Kelle Souza Macêdo. -- Petrolina, 2015.

xxviii; 213f.: il. 29 cm. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido) -

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus, Petrolina, 2015.

Orientador (a): Prof.(a) Dra. Xirley Pereira Nunes.

1. Triplaris gardneriana - Estudo químico. 2. Polygonaceae - Atividade biológica. I.Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco

CDD 615.53

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

Bibliotecário: Maria Betânia de Santana da Silva – CRB4-1747.

Page 4: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO

ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD.

(POLYGONACEAE)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido da Universidade Federal do Vale do São Francisco como requisito para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido.

Aprovada em: ___de _________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Profa. Dra. Xirley Pereira Nunes (Universidade Federal do Vale do São Francisco)

Orientadora

_________________________________________________

Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo (Universidade Federal do Vale do São Francisco)

Examinadora Interna

_________________________________________________

Prof. Dr. Fábio Henrique Tenório de Souza (Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba)

Examinador Externo

Page 5: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Dedico este trabalho aos meus pais Orlando e Maria Francileide e as minhas irmãs

Flávia Keile e Samara Thaids, porque sem eles não teria chegado até aqui...

Page 6: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar tantas coisas boas e ter me mantido firme na fé,

fazendo que eu sempre acreditasse em mim, mesmo diante das dificuldades

surgidas durante essa caminhada.

Aos meus pais Orlando Pedro Macedo e Maria Francileide Souza Ribeiro

Macedo pelo apoio, incentivo durante todos os meus estudos e por estarem sempre

ao meu lado.

As minhas irmãs Flávia Keile Souza Macedo e Samara Thaids Souza Macedo

pela força, em especial a minha Flávia que me suportou, mesmo sem eu merecer,

em todos os momentos bons ou estressantes, mas, mesmo assim sempre me

motivou.

Ao meu noivo Victor Hugo Almeida dos Anjos por estar sempre ao meu lado

em todos os momentos, pelo companheirismo, pela disposição, incentivo, apoio,

pela sua paciência, por ter me tolerado tantas vezes em momentos de estresse e

por sempre me fazer acreditar em mim. Muito obrigada, amor!

A minha orientadora Dra. Xirley Pereira Nunes pela oportunidade a mim dada

para realização deste trabalho, pelos bons anos de convivência, pelas risadas no

laboratório, pelos ensinamentos. Obrigada pelo seu otimismo, boa vontade sempre

quando a procurei e força nas horas difíceis.

À professora Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo pela sua disposição

nos momentos de dúvidas durante o processo de elucidação dos espectros de

massas e os espectros de RMN e por suas palavras otimistas.

À professora Dra. Larissa Araújo Rolim (Central Analítica) pela sua boa

vontade de realizar os experimentos por CLAE-DAD, foram momentos de muitas

risadas e aprendizado e pela ajuda na obtenção dos espectros de RMN.

Ao professor Dr. Jackson Guedes pela colaboração nas análises no CG-EM e

CLAE-EM na Universidade de São Paulo.

Ao professor Dr. Raimundo Braz Filho da Universidade Federal Rural do Rio

de Janeiro pela contribuição na obtenção dos espectros de RMN.

Aos demais Professores da Pós-graduação pelos ensinamentos no decorrer

desses anos.

Page 7: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Ao CRAD, em especial ao Engenheiro Florestal Diogo Gallo Oliveira pela

valiosa ajuda na coleta e identificação do material vegetal para as pesquisas.

Às técnicas de laboratório e colegas de mestrado Ana Paula de Oliveira e

Amanda Leite Guimarães (dupla dinâmica) pela ajuda e disponibilidade em alguns

experimentos e pelo apoio técnico no laboratório.

A meu amigo Fernando Antônio Gomes da Silva Júnior pela ajuda e incentivo

no processo de seleção deste mestrado.

A minha fiel escudeira, Tamires Santos Almeida, aluna de iniciação científica,

pela amizade e ajuda direta nos experimentos de laboratório, sendo indispensável

na realização deste trabalho.

Aos alunos de iniciação científica Cristhiane Adriely Ferraz e Anderson Lavor

pela amizade, ajuda nos experimentos e momentos de descontração.

A Rafael Cunha Libório pela realização do experimento de CBM no laboratório

de Microbiologia e Imunologia Animal.

A nova mestranda Iza Miranda Melo pelos conselhos, dicas e amizade.

A todas colegas de mestrado (Naiane, Eriane, Ana Paula, Amanda, Geórgia,

Kiscyla, Jackeline, Paloma, Deize e Fernada) que seguiram junto nesta batalha, pela

companhia ao longo destes anos, conversas, almoço, risadas, discussões e viagens

a congressos.

A minha amiga de mestrado Naiane Darklei pelo choro consolado nas horas

de angústia e pela mão amiga na hora de seguir em frente.

A minha coordenadora do trabalho, Ana Paula Medeiros por sua

compreensão e amizade.

As meus amigos da graduação Vitalina, Josenilda, Kácia, Silvana, Vitória,

Cleiton, Jardel, Iane e Adelson pela torcida e amizade.

Aos meus mestres da graduação Débora dos Anjos, Leopoldina Veras,

Fabiano Marinho, Gizelle Angela, José Roberto, Delza Cristina, Socorro Tavares por

sempre incentivarem seus alunos a buscar melhorias.

A meus amigos Fani Maiari, Wilson Santos, Erionilton e Francisco Júnior por

sempre me incentivar nos meus objetivos de vida.

Aos professores da banca por terem aceitado estar presentes na defesa e

contribuírem para a finalização desse trabalho.

Enfim a todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho.

Page 8: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Todos temos metas e objetivos em nossas vidas, por mais que sejam árduas as

batalhas, não desista daquilo que acredita, apenas uma dica, use o amor para

conquistar o que almeja.

Edson Pequeno

Page 9: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

ESTUDO QUÍMICO E BIOLÓGICO DE Triplaris gardneriana WEDD. (POLYGONACEAE)

RESUMO

Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae) é conhecida popularmente no nordeste brasileiro como “pajéu”. Este trabalho visou o estudo fitoquímico das folhas de T. gardneriana coletadas na cidade de Santa Maria da Boa Vista Pernambuco-Brasil, assim como a avaliação da atividade antioxidante, fotoprotetora, antibacteriana e determinação dos fenóis totais e flavonoides totais do extrato etanólico bruto (Tg-EEB) e frações hexânica (Tg-Hex), clorofórmica (Tg-CHCl3), acetato de etila (Tg-AcOEt) e metanólica (Tg-MeOH). Além da extração dos óleos fixos das folhas e sementes para análise da composição química e das atividades antioxidante e antibacteriana. Para o estudo fitoquímico, realizou-se a triagem fitoquímica, no qual, observou-se a presença de derivados antracênicos, cumarinas, flavonoides, taninos, naftoquinonas, triterpenos, esteroides, mono e diterpenos. A determinação do teor de fenóis e flavonoides totais demonstrou que Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH apresentaram maiores valores. No teste da atividade antioxidante, no método do DPPH•, Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH exibiram excelente atividade com menores valores de CE50 2,27± 0,19, 5,42± 0,84 e 3,35 ± 0,15 µg/mL, respectivamente. No método do β-caroteno Tg-EEB também apresentou melhor atividade (67,62± 2,48%) seguida de Tg-CHCl3 (54,74± 1,28%). O estudo da atividade fotoprotetora demostrou uma ótima absorção na região UVB, comprovada pelos valores de FPS na concentração 100 mg/L que foi uma média de 12 para Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH. Na atividade antibacteriana foi verificado que Tg-EEB e Tg-AcOEt apresentaram melhor atividade promovendo inibição da maioria das cepas. O estudo fitoquímico das frações Tg-AcOEt e Tg-CHCl3 obtidas de Tg-EEB das folhas de T. gardneriana resultou no isolamento da quercetina e do lupeol, respectivamente. Através da técnica IES-EM foi possível identificar a presença da miricetina-hexosídeo, quercetina-hexosídeo, quercetina-pentosídeo e quercetina-ramnobiosídeo. A quercetina foi quantificada no extrato e frações. A Tg-AcOEt apresentou maior teor de quercetina com 9,967 ± 1,014 mg/g de extrato seco, seguido de Tg-EEB com 0,908± 0,012 mg/g. Em relação à composição química dos óleos fixos, os constituintes majoritários do óleo fixo das folhas foi o palmitato de metila (15,14%) e do óleo das sementes foi o octadec-10-enoato de metila (45,53%). Os óleos fixos das folhas e sementes não apresentaram atividade antioxidante. No entanto, apresentaram atividade antibacteriana com inibição de fraca a moderada contra S. aureus, S. epidermidis, S. aureus resistente a meticillina, E. faecalis, K. pneumoniae e S. entérica.

Palavras-Chave: Triplaris gardneriana Wedd. Polygonaceae. Estudo fitoquímico,

Atividade biológica.

Page 10: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

STUDY CHEMICAL AND BIOLOGICAL OF Triplaris gardneriana WEDD.

(POLYGONACEAE)

ABSTRACT

Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae) is popularly known in the Brazilian Northeast as "Pajéu". This work aimed Phytochemical study of the leaves of T. gardneriana collected in Santa Maria da Boa Vista Pernambuco-Brazil, as well as evaluating the antioxidant, photoprotective, antibacterial activities and determination of total phenols and total flavonoids crude ethanol extract (Tg -EEB) and hexane fractions (Tg-Hex), chloroform (Tg -CHCl3), ethyl acetate (Tg -AcOEt) and methanol (Tg-MeOH). In addition to the extraction fixed oil of the seeds and leaves for analysis of chemical composition and of the antimicrobial and antioxidant activities. For the phytochemical study was carried out phytochemical screening, in which was observed the presence of anthracene derivatives, coumarins, flavonoids, tannins, quinones, triterpenes, sterols, mono and diterpenes. The determination of total phenols and flavonoids showed that Tg-EEB, Tg- AcOEt and Tg-MeOH showed higher values. In testing the antioxidant activity in the method DPPH•, Tg-EBB, Tg-AcOEt and Tg-MeOH exhibited excellent activity with lower EC50 values 2.27 ± 0.19, 5.42 ± 0.84 and 3.35 ± 0.15 µg/mL, respectively. In the method β-carotene Tg-EBB also showed better activity (67.62 ± 2.48%) followed by Tg-CHCl3 (54.74 ± 1.28%). The study p hotoprotective activity demonstrated a great absorption in the UVB region, as evidenced by the SPF values concentration 100 mg/l which was an average of 12 to Tg-CHCl3, Tg - AcOEt and Tg-MeOH. The antibacterial activity was determined that Tg-EEB and Tg-AcOEt showed better activity promoting inhibition of most strains. The phytochemical study of the fractions Tg- AcOEt and Tg-CHCl3

obtained from Tg-EBB of the leaves of T. gardneriana resulted in the isolation of the quercetin and lupeol, respectively. By ESI-MS technique was possible to identify the presence of myricetin-hexoside, quercetin -hexoside, quercetin- pentoside and quercetin-ramnobioside. Quercetin was quantified in the extract and fractions. The Tg- AcOEt showed a higher content of quercetin with 9.967 ± 1.014 mg/g of dry extract, followed by Tg-EBB 0.908± 0.012 mg/g. Regarding the chemical composition fixed oils, the major constituents of the fixed oil of the leaves was methyl palmitate (15.14%) and oil of the seeds was octadec-10- enoate methyl (45.53%). Fixed oils from the leaves and seeds showed no antioxidant activity. However, showed antibacterial activity with inhibition of mild to moderate against S. aureus, S. epidermidis, S. aureus resistant methicillina, E. faecalis, K. pneumoniae and S. enterica.

Keywords: Triplaris gardneriana Wedd. Polygonaceae. Phytochemical study.

Biological activity.

Page 11: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Lista de Figuras

Figura 1. Triplaris gardneriana Wedd ....................................................................... 39

Figura 2. 1) Caule contendo formigas de T. gardneriana. 2) planta feminina; 3)

planta masculina; 4) flor pistilada; 5) fruto; 6) flor estaminada .................................. 40

Figura 3. Fatores ambientais que influenciam na produção de classes de

flavonoides. ............................................................................................................... 43

Figura 4. Núcleo fundamental dos flavonoides ......................................................... 44

Figura 5. As três principais classes de flavonoides. 1) flavonoides; 2) isoflavonoides;

3) neoflavonoides ...................................................................................................... 45

Figura 6. Subclasses dos flavonoides ...................................................................... 46

Figura 7. Biossíntese dos flavonoides ...................................................................... 48

Figura 8. Técnicas hifenadas com CLAE para identificação estrutural ..................... 50

Figura 9. Representação de um processo de ionização por eletrospray .................. 51

Figura 10. Triterpenos pentacíclicos com atividade biológica................................... 56

Figura 11. Resumo da biossíntese dos terpenoides ................................................. 58

Figura 12. Reação do ácido gálico com molibdênio ................................................. 60

Figura 13. Esquema de complexação do flavonoide com cloreto de alumínio ......... 61

Figura 14. Tipos de cromatografia de acordo com o suporte para fase estacionária:

A) Cromatografia líquida em coluna e B) em camada delgada analítica ................... 63

Figura 15. Biossíntese dos ácidos graxos ................................................................ 65

Figura 16. Reação de esterificação de um ácido graxo ............................................ 66

Figura 17. Reação química de redução do radical DPPH• ....................................... 70

Figura 18. Exsicata nº 21221 das folhas de T. gardneriana arquivada no

HVASF/CRAD ........................................................................................................... 76

Page 12: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 19. Sementes de Triplaris gardneriana arquivada sob nº LAS 818 no CRAD

................................................................................................................................. .77

Figura 20. Cromatografia líquida sob vácuo (CLV) .................................................. 79

Figura 21. Aparelho de Soxhlet utilizado na extração dos óleos fixos ...................... 80

Figura 22. Coluna cromatográfica com Sephadex LH-20 da fração acetato de etila

de T. gardneriana ...................................................................................................... 92

Figura 23. Triagem fitoquímica qualitativa em cromatografia em camada delgada do

extrato etanólico bruto e frações de T. gardneriana ................................................ 101

Figura 24. Soluções turvas de Tg-Hex preparadas para o teste de quantificação de

flavonoides .............................................................................................................. 105

Figura 25. Absorção espectrofotométrica na faixa (260 – 400 nm) de Tg-EEB e

frações das folhas de T. gardneriana ...................................................................... 108

Figura 26. Estrutura de um núcleo flavonol com sistemas benzoil e cinamoil.. ...... 109

Figura 27. Estrutura da 3,5,7,3’-4’-pentahidroxiflavona (Quercetina) .................... 115

Figura 28. Espectro de RMN de 1H de Tg-1 (MeOD, 300 MHz) ............................ 117

Figura 29. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-01, região 6,0 a 7,8 ppm

(MeOD, 300 MHz) .................................................................................................. 117

Figura 30. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-01, região 7,54 a 8,14 ppm

(MeOD, 300 MHz) .................................................................................................. 118

Figura 31. Espectro de RMN de C13de Tg-1 (MeOD, 75 MHz) .............................. 118

Figura 32. Espectro de expansão de RMN C13 de Tg-1, expansão da região 65 a

200 ppm (MeOD, 75 MHz) ..................................................................................... 119

Figura 33. Correlação mostrada pelo 1H x 1H-COSY de H-29 com H-30 ............... 124

Figura 34. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas ao carbono

oximetínico .............................................................................................................. 125

Page 13: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 35. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas a dupla terminal

................................................................................................................................ 126

Figura 36. Estrutura do Lupeol ............................................................................... 127

Figura 37. Espectro de RMN de 1H de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz) ........................... 128

Figura 38. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 0,60 a 1,75 ppm

(CDCl3, 500 MHz) ................................................................................................... 128

Figura 39. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 1,75 a 2,50 ppm

(CDCl3, 500 MHz) ................................................................................................... 129

Figura 40. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 3,1 a 4,7 ppm

(CDCl3, 500 MHz) ................................................................................................... 129

Figura 41. Espectro de RMN de C13 - DEPT Q de Tg-02 (CDCl3, 125 MHz) .......... 130

Figura 42. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da

região 12 a 45 ppm (CDCl3, 125 MHz) ................................................................... 130

Figura 43. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da

região 45 a 155 ppm (CDCl3, 125 MHz) ................................................................. 131

Figura 44. Espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3). ................... 131

Figura 45. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)

região 0,7 a 1,7 1H e 13 a 23 13C. ........................................................................... 132

Figura 46. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)

região 0,5 a 2,0 1H e 10 a 60 13C ............................................................................ 132

Figura 47. Espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500

MHz).........................................................................................................................133

Figura 48. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3,

500 MHz) região 1H 0,4 a 2,5 ppm ........................................................................ 133

Figura 49. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3,

500 MHz) região 1H 0,5 a 5,0 ppm ........................................................................ 134

Figura 50. Espectro de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02 (CDCl3).................... 134

Page 14: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 51. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02,

expansão da região 0,5 a 1,8 1H e 10 a 65 13C (CDCl3) ......................................... 135

Figura 52. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região

0,58 a 1,06 1H e 15 a 60 13C (CDCl3) ..................................................................... 135

Figura 53. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 2,2

a 4,8 1H e 10 a 60 13C (CDCl3) ............................................................................... 136

Figura 54. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 0,4

a 2,7 1H e 70 a 160 13C (CDCl3) ............................................................................. 136

Figura 55. Curva analítica padrão da quercetina em metanol em 370 nm .......... ...138

Figura 56. Cromatograma e espectro UV (CLAE–DAD) em 370 da quercetina ..... 138

Figura 57. Cromatogramas obtidos do extrato e frações das folhas de T.gardneriana

em 370 nm .............................................................................................................. 140

Figura 58. Cromatogramas obtidos por CLAE-DAD de A) Tg-EEB; B) Tg-CHCl3; C)

Tg-AcOEt; D) Tg-MeOH .......................................................................................... 143

Figura 59. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-03 ...... 145

Figura 60. Miricetina-hexosídeo, proposto para Tg-03 ........................................... 146

Figura 61. Proposta de fragmentação para Tg-03 .................................................. 147

Figura 62. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-04 ...... 148

Figura 63. Quercetina-hexosídeo, proposto para Tg-04 ......................................... 149

Figura 64. Proposta de fragmentação para Tg-04 .................................................. 150

Figura 65. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-

05..............................................................................................................................151

Figura 66. Quercetina-pentosídeo, proposto para Tg-05 ........................................ 151

Figura 67. Proposta de fragmentação para Tg-05 .................................................. 152

Figura 68. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-06 ...... 153

Page 15: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 69. Quercetina-ramnobiosídeo, proposto para Tg-06 .................................. 153

Figura 70. Proposta de fragmentação para Tg-06 .................................................. 154

Figura 71. Cromatogramas obtidos do CG-EM dos óleos fixos das (A) folhas e (B)

sementes de T. gardneriana.................................................................................... 155

Figura 72. A) Espectro de massa do composto palmitato de metila (15,14%)

presente majoritariamente no óleo das folhas. B) Espectro de massa obtido da

biblioteca WILEY7 e NIST08. .................................................................................. 158

Figura 73. A) Espectro de massa do composto majoritário octadec-10-enoato de

metila (45,53%) presente no óleo das sementes. B) Espectro de massa obtido da

biblioteca NIST08. ................................................................................................... 159

Figura 74. Perfil de fragmentação do composto palmitato de metila ..................... 159

Figura 75. Perfil de fragmentação do composto octadec-10-enoato de metila ...... 160

.

.

Page 16: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Lista de Quadros

Quadro 1. Gêneros que constituem a família Polygonaceae .................................. 32

Quadro 2. Atividades biológicas mencionadas no gênero Triplaris ......................... 34

Quadro 3. Constituintes químicos isolados em espécies do gênero Triplaris ........... 37

Quadro 4. Compostos identificados na espécie T. gardneriana. ............................. 41

Page 17: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Lista de Fluxograma

Fluxograma 1. Esquema de preparação do extrato etanólico bruto das folhas de T.

gardneriana ............................................................................................................... 78

Fluxograma 2. Fracionamento do extrato etanólico bruto das folhas T. gardneriana

.................................................................................................................................. 79

Fluxograma 3. Etapas de avaliação da atividade antibacteriana: a) Placa de

microtitulação de 96 poços; b) Replicador; c) Placa de Petri .................................... 90

Fluxograma 4. Procedimento cromatográfico da fração acetato de etila T.

gardneriana..... ......................................................................................................... 92

Fluxograma 5. Procedimento cromatográfico da fração clorofórmica de T.

gardneriana ............................................................................................................... 93

Page 18: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Lista de Gráficos

Gráfico 1. Curva obtida por regressão linear no intervalo de 50-1000 mg/L do

padrão A) ácido gálico; B) catequina ...................................................................... 103

Gráfico 2. Atividade antibacteriana do extrato etanólico bruto e frações das folhas

de T. gardneriana ................................................................................................... 112

Page 19: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Lista de Tabelas

Tabela 1. Sistemas de eluição e reveladores empregados para caracterizar os

principais metabólitos secundários do extrato etanólico bruto e frações das folhas de

T. gardneriana ........................................................................................................... 82

Tabela 2. Valores determinados para o cálculo do FPS por espectrofotometria.

(MANSUR et al., 1986 e SAYRE et al., 1979) ........................................................... 88

Tabela 3. Frações obtidas na CC da fração clorofórmica e sistema de eluição

utilizados ................................................................................................................... 94

Tabela 4. Programação do gradiente de eluição da CLAE/DAD............................... 96

Tabela 5. Programação do gradiente de eluição da CLAE-DAD-IES-EM ................. 97

Tabela 6. Caracterização fitoquímica do extrato etanólico bruto e frações das folhas

de T. gardneriana .................................................................................................... 100

Tabela 7. Teor de compostos fenólicos e de flavonoides presentes em T.

gardneriana ............................................................................................................. 104

Tabela 8. Atividade antioxidante in vitro do extrato etanólico bruto e das frações de

T. gardneriana ......................................................................................................... 106

Tabela 9. Fator de Proteção Solar (FPS) de extrato bruto etanólico e das frações de

T. gardneriana ......................................................................................................... 110

Tabela 10. Dados espectrais de RMN 1H (δH, MeOD, 300 MHz) e RMN 13C (δC,

MeOD, 75 MHz) e dados comparativos da quercetina (RMN 1H DMSO-d6, 300 MHz/

RMN 13C MeOH, 75 MHz) (GUVENALP; DEMIREZER, 2005)... ............................ 116

Tabela 11. Dados espectrais de RMN 1H (δH, CDCl3, 500 MHz) RMN 13C (δC, CDCl3,

125 MHz), e dados comparativos de RMN 1H (δ, 500 MHz, CDCl3) (GOIS, 2010) e

RMN 13C (δ, CDCl3,

125 MHz) (CURSINO et al., 2009). ........................................ 122

Tabela 12. Dados obtidos do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H

x 13C-HMBC (125 MHZ, CDCl3) de Tg-02 .............................................................. 126

Tabela 13. Teor de quercetina em extrato e frações das folhas de T. gardneriana

determinado por CLAE-DAD ................................................................................... 139

Page 20: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 14. Tempos de retenção em modo positivo dos compostos identificados de

T. gardneriana ......................................................................................................... 144

Tabela 15. Constituintes químicos identificados nos óleos fixos das folhas e

sementes de T. gardneriana.................................................................................... 156

Tabela 16. Atividade antioxidante dos óleos fixos das folhas e sementes de T.

gardneriana ............................................................................................................. 163

Tabela 17. Atividade antibacteriana do óleo fixo das folhas e sementes de T.

gardneriana ............................................................................................................. 164

Page 21: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Lista de Abreviaturas e Siglas

%AA- Porcentagem da atividade antioxidante

AA- Ácido Ascórbico

Abs- Leitura espectrofotométrica da absorbância

Acetil-CoA- Acetilcoenzima

AcOEt- Acetato de etila

APCI- Atmospheric Chemical Pressure Ionization

API- Atmospheric Pressure Ionization

ATCC- American Type Culture Collection

BHA -Hidroxianisol de Butila

BHT-Hidroxitolueno de Butila

CC-Cromatografia em Coluna

CCD -Cromatografia em Camada Delgada

CCDA - Camada Delgada Analítica

CCDP - Cromatografia em Camada Delgada Preparativa

CDCl3- Clorofórmio deuterado

CE50- Concentração Eficiente em 50%

CG- Cromatografia Gasosa

CG-EM- Cromatografia Gasosa Acoplada À Espectrometria de Massas

CHCl3 - Clorofórmio

CI50- Concentração Inibitória

CIM-Concentração Inibitória Mínima

CL- Cromatografia Líquida

CLAE- Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CLAE-DAD- Cromatografia Líquida de alta eficiência acoplada a um detector na

região do UV com arranjos de diodos

CLAE-IES-EM- Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de

massas com ionização por electrospray

CLAE-RMN - Cromatografia Líquida- Ressonância Magnética Nuclear

CLAE-UV- Cromatografia Líquida de alta eficiência acoplada ao Detector Ultravioleta

CLSI- Comitê Nacional para Padrões de Laboratórios Clínicos

CLV- Cromatografia Líquida sob Vácuo

CMB- Concentração Mínima Bactericida

Page 22: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

COSY- Espectroscopia de correlação homonuclear de hidrogênio (Correlated

Specroscopy)

CRAD- Centro de Referências de Áreas Degradadas

d- dubleto

dd- duplo dubleto

DAD- Detector de arranjo de diodos (Diode Array Detector)

DEPT Q- Distortionless Enhancement by Polarisation Transfer with retention of

Quaternaries

DMEnp- Dose mínima eritematosa na pele quando desprotegida

DMEp -Dose mínima eritematosa na pele protegida

DNA- Ácido desoxirribonucleico

DPPH• - 2,2-difenil-1-picrilhidrazil

DiClmet- Extrato diclorometano

EAG- Equivalente de Ácido Gálico

EC- Equivalente de Catequina

EE- Efeito Eritemogênico da Radiação do Comprimento De Onda

EM - Espectrômetro de massas

EMAG- Ésteres metílicos de ácidos graxos

ERN- Espécie reativa de nitrogênio

ERO- Espécie reativa de oxigênio

ESI- Ionização por Spray de Eletrons

EtOH - Etanol

FC- Fator de Correção

FID- Detector de Ionização de Chama

FPS- Fator de Proteção Solar

HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana

HMBC- Correlação heteronuclear de múltiplas ligações (Heteronuclear Multiple Bond

Correlation)

HO• - Radical Hidroxila

HSQC- Correlação heteronuclear quântica simples (Heteronuclear Single Quantum

Correlation)

HVASF- Herbário da Universidade Federal do Vale do São Francisco

IES-EM: Espectrometria de massas com ionização por electropray

IPP- Pirofosfato de isopentenila

Page 23: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

I- Intensidade da radiação solar

J- Constante de acoplamento

MeOD- Metanol deuterado

MeOH- Metanol

m- multipleto

NEU- Reagente difenilborinato de amino-2-etila

O2•− - Radical superóxido

OF- Óleo fixo das folhas

OS- Óleo fixo das sementes

pH- Potencial de hidrogénio

RDC- Resolução de Diretoria Colegiada

Rha- Ramnose

RMN 13C - Ressonância Magnética Nuclear de carbono

RMN 1H - Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio

RO• - Radical alcoxila

ROO•- Radical superóxido

SD- Desvio padrão (standard deviation)

s- singleto

Tg-AcOEt- Fração acetato de etila

Tg-CHCl3- Fração clorofórmica

Tg-EEB- Extrato etanólico bruto

Tg-Hex- Fração hexânica

Tg-MeOH- Fração metanólica

tr -Traços

TR-Tempo de retenção

t- tripleto

u.m.a.- unidade de massa atômica

UV - Ultravioleta

UV/DAD- Ultravioleta/ Detector de arranjo de diodos

UV-Vis- Ultravioleta-visível

δ (delta)- Deslocamento químico em ppm

λmáx- Comprimento de onda máximo

Page 24: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 27

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 30

2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 30

2.1 Objetivos específicos .......................................................................................... 30

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 32

3.1 Família Polygonaceae ......................................................................................... 32

3.2 Aspectos gerais sobre o Gênero Triplaris Loefl. ................................................. 33

3.3 Espécie Triplaris gardneriana Wedd. ................................................................. 38

3.4 Metabólitos secundários ..................................................................................... 42

3.4.1 Flavonoides ..................................................................................................... 44

3.4.1.1 Técnicas hifenadas para análise de flavonoides .......................................... 49

3.4.1.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de

massa ........................................................................................................................ 50

3.4.1.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao detector de arranjos de

diodos ........................................................................................................................ 53

3.4.2 Terpenoides ..................................................................................................... 54

3.4.2.1 Biossíntese dos terpenos .............................................................................. 57

3.5 Uso de métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias ................. 59

3.5.1 Determinação de fenólicos totais ..................................................................... 59

3.5.2 Determinação de flavonoides totais ................................................................. 60

3.6 Métodos de separação e identificação de princípios ativos naturais ................... 61

3.7 Metabólitos fixos .................................................................................................. 63

3.7.1 Biossíntese dos ácidos graxos ......................................................................... 64

3.7.2 Análise de ácidos graxos por CG-EM............................................................... 65

3.8 Atividade antioxidante ......................................................................................... 68

3.9 Atividade fotoprotetora ........................................................................................ 70

3.10 Atividade antibacteriana .................................................................................... 72

Page 25: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 76

4.1 Coleta do material vegetal ................................................................................... 76

4.2 Obtenção do extrato etanólico bruto ................................................................... 77

4.3 Fracionamento do extrato etanólico bruto ........................................................... 78

4.4 Extração dos óleos fixos ..................................................................................... 80

4.4.1 Saponificação e metilação dos ácidos graxos .................................................. 81

4.5 Prospecção fitoquímica ....................................................................................... 81

4.6 Métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias .............................. 83

4.6.1 Fenóis totais ..................................................................................................... 83

4.6.2 Flavonoides totais ............................................................................................ 84

4.7 Avaliação in vitro da atividade antioxidante ......................................................... 84

4.7.1 Teste do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH.) ........... 85

4.7.2 Teste da inibição da co-oxidação do β-caroteno .............................................. 86

4.8 Determinação in vitro do Fator de Proteção Solar (FPS) e do comprimento de

onda de absorção máxima ........................................................................................ 87

4.9 Avaliação da atividade antibacteriana ................................................................. 88

4.10 Métodos de separação e purificação dos compostos ....................................... 90

4.10.1 Isolamento dos compostos da fração acetato de etila .................................... 91

4.10.2 Isolamento dos compostos da fração clorofórmica ........................................ 93

4.11 Métodos espectrométricos utilizados na identificação das substâncias ............ 95

4.12 Análise por CLAE-DAD ..................................................................................... 95

4.13 Análise por CLAE-IES-EM ................................................................................. 96

4.14 Análise por CG-EM ........................................................................................... 97

4.15 Análise Estatística ............................................................................................. 98

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 100

5.1 Prospecção fitoquímica ..................................................................................... 100

5.2 Fenóis e Flavonoides Totais .............................................................................. 103

5.3 Atividade antioxidante ....................................................................................... 105

5.4 Atividade fotoprotetora ..................................................................................... 107

5.5 Atividade antibacteriana .................................................................................... 111

5.6 Identificação estrutural de Tg-01 ....................................................................... 113

5.6.1. Considerações sobre a Quercetina ............................................................... 119

Page 26: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5.7 Identificação estrutural de Tg-02 ....................................................................... 120

5.7.1 Considerações sobre o Lupeol ....................................................................... 137

5.8 Doseamento da quercetina por CLAE-DAD ...................................................... 137

5.9 Estudo metabolômico por CLAE-IES-EM .......................................................... 142

5.9.1 Proposta de elucidação de Tg-03 ................................................................... 144

5.9.2 Proposta de elucidação de Tg-04 ................................................................... 148

5.9.3 Proposta de elucidação de Tg-05 ................................................................... 150

5.9.4 Proposta de elucidação de Tg-06 ................................................................... 152

5.10 Composição química dos óleos fixos .............................................................. 155

5.10.1 Atividade antioxidante dos óleos fixos .......................................................... 162

5.10.2 Atividade antibacteriana dos óleos fixos....................................................... 164

6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 166

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 169

8. APÊNDICE .......................................................................................................... 186

Page 27: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

INTRODUÇÃO

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

Page 28: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

27

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

1. INTRODUÇÃO

As plantas sempre desempenharam um papel essencial na manutenção da

vida humana, uma vez que, espécies vegetais são excelentes fontes de substâncias

biologicamente ativas e tem contribuído de forma expressiva para o fornecimento de

metabólitos secundários, muitos destes de alto valor agregado, devido às suas

várias aplicações tais como medicamentos, cosméticos, alimentos e agroquímicos

(PINTO et al., 2002). A diversidade química única dos metabólitos secundários é

uma das razões para o interesse científico pelos os produtos naturais.

Segundo Valli e colaboradores (2013) cerca de 64% de todas as drogas

consideradas teve um produto natural envolvido em seu desenvolvimento. Os

medicamentos tradicionais, que foram obtidos predominantemente a partir de

plantas, foram à base da maior parte dos medicamentos iniciais, tais como a

aspirina, digitoxina, morfina, quinina e pilocarpina. No entanto, foi à descoberta da

"penicilina" que revolucionou a descoberta de novos medicamentos tais como

antibióticos: estreptomicina, eritromicina, tetraciclina; antiparasitários: avermectinas;

antimaláricos: quinina, artemisinina; agentes de controle lipidíco: lovastatina e seus

análogos; imunossupressores para transplantes de órgãos: ciclosporina,

rapamicinas e drogas anticancer: taxol. Todos estes compostos estão ainda em uso

como drogas hoje (BUTLER, 2004; LI; VEDERAS, 2009).

Apesar do uso popular sem nenhum respaldo científico, cerca de 80 % da

população dos países subdesenvolvidos e desenvolvidos continua dependentes da

medicina caseira (BRAZ FILHO, 2010). Por isso, é importante realizar estudos

multidisciplinares envolvendo a etnobotânica, a química e a farmacologia para

viabilizar um conhecimento mais amplo do uso terapêutico de plantas medicinais de

maneira sustentável (MACIEL et al., 2002; COSTA-LOTUFO et al., 2010).

O Brasil é um país privilegiado, abriga a flora mais megadiversa do mundo,

sendo, portanto um celeiro para busca de substâncias novas de interesse biológico

ou não. Estima-se a existência de 250.000 espécies de plantas superiores, 15 a 20

% de toda biodiversidade mundial, onde o índice de endemismo é altíssimo, apesar

de que, a maioria é desconhecida, sob ponto de vista científico (BARREIRO;

BOLZANI, 2009). Dessas, apenas 10% foram avaliadas com relação às suas

características biológicas, e menos de 5% foram submetidas a estudos fitoquímicos

Page 29: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

28

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

detalhados. (FERREIRA et al., 2011). No entanto, um dos maiores desafios da

atualidade é que os biomas brasileiros têm sido consideravelmente degradados,

apesar do valor econômico das suas plantas (VILLAS BOAS; GADELHA, 2007),

desse modo, faz se necessário documentar o potencial da flora do país para sua

preservação e uso sustentável, destacando ser indispensável conservar espécies

ameaçadas, antes que muitas destas sejam extintas (MARINHO et al., 2007).

De acordo com Castro e Cavalcante (2010), o Semiárido Brasileiro ocupa 11

% do território nacional. A Caatinga (nome de origem tupi-guarani que significa ‘mata

branca’) cobre a maior parte da área da região Nordeste e norte de Minas Gerais,

ocupando uma área de 853.383,59 Km2 (SIQUEIRA FILHO et al., 2012). Englobam-

se os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,

Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e a ilha de Fernando de Noronha. Sua

vegetação é singular, ou seja, não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo,

é exclusivamente brasileira. Apesar de estar, bastante modificado, o bioma contém

uma grande variedade de tipos vegetais, que incluem um número significativo de

espécies raras e endêmicas (CASTRO; CAVALCANTE, 2010).

Na flora da Caatinga registra-se cerca de 1.512 espécies (SIQUEIRA FILHO

et al., 2012) das quais um quinto são exclusivas, porém, o ecossistema conta

apenas de duas reservas de proteção integral o que corresponde a 1% da região.

Sendo que cerca de 80 % já sofreram drásticas alterações realizadas pelo homem,

tornando-se um bioma vulnerável e com perdas impactantes (CASTRO;

CAVALCANTE, 2010).

Apesar desta grande biodiversidade, plantas brasileiras do Nordeste são

pouco exploradas no que diz respeito às descobertas de substâncias biológicas

ativas, com isso reforça-se a importância de estudar este ecossistema que é

recheado de riquezas naturais, visando não somente sua preservação e o

conhecimento do seu potencial químico, mas, sobretudo a descoberta de novas

substâncias úteis ao homem. Desse modo, tendo em vista, a falta de relatos na

literatura de Triplaris gardneriana torna-se necessária pesquisa nessa área, visando

conhecer a composição química e as atividades biológicas desta espécie.

Page 30: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

29

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

OBJETIVOS

OH

Page 31: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

30

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd.

2.2 Objetivos Específicos

Traçar um perfil químico através da triagem fitoquímica e da determinação do

teor de flavonoides e fenóis totais do extrato etanólico bruto e das frações;

Avaliar a atividade antioxidante, fotoprotetora e antibacteriana do extrato

etanólico bruto, das frações e dos óleos fixos;

Purificar e isolar os constituintes químicos das frações por meio de métodos

cromatográficos;

Identificar e elucidar os constituintes químicos isolados através de métodos de

Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H e 13C uni e bidimensionais e

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massa

(CLAE-EM);

Quantificar a quercetina no extrato etanólico bruto e nas frações por meio da

técnica hifenada CLAE-DAD;

Extrair os óleos fixos das folhas e sementes e analisar por CG-EM;

Contribuir para o conhecimento quimiotaxonômico do gênero Triplaris e da

família Polygonaceae.

Page 32: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

31

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

Page 33: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

32

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Família Polygonaceae

A família Polygonaceae, única da ordem da Polygonales, é distribuída em

todo o mundo. Abrange cerca de 51 gêneros (Quadro 1, p.32), dos quais apenas 9

são encontrados no Brasil (OLIVEIRA, 2007). A família inclue aproximadamente

1.200 espécies distribuídas em climas temperados do hemisfério norte e, mais

raramente, no sul (LAJTER et al., 2013).

Quadro 1. Gêneros que constituem a família Polygonaceae.

1. Aconogonon 18. Fallopia 35. Oxyria

2. Aristocarpsa 19. Fagopyrun 36. Physopyrum

3. Afrobrunnichia 20. Gilmania 37. Pteropyrum

4. Atraphaxis 21. Gymnopodium 38. Podopterus

5. Antenoron 22. Goodmania 39. Pterostegia

6. Antigonon 23. Homalocladium 40. Parapteropyrum

7. Brunnichia 24. Harfordia 41. Persicaria

8. Bistorta 25. Hollisteria 42. Polygonella

9. Coccoloba 26. Koenigia 43. Polygonum

10. Calligonum 27. Lastarriaea 44. Rumex

11. Centrostegia 28. Leptogonum 45. Ruprechtia

12. Chorizanthe 29. Muehlenbeckia 46. Reynoutria

13. Dedeckera 30. Mucronea 47. Rheum

14. Dodecahema 31. Nemacaulis 48. Systenotheca

15. Eriogonum 32. Neomillspaughia 49. Sttenogonum

16. Emex 33. Oxytheca 50. Symeria

17. Enneatypus 34. Oxygonum 51. Triplaris

As espécies apresentam-se na forma de ervas ou arbóreas, cujas

características morfológicas exclusivas da família são caules articulados, muitas

vezes ocos e habitados por formigas e folhas ócreas. A ócrea está presente em

todas as espécies brasileiras (MELO; FRANÇA, 2006).

Page 34: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

33

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Apenas cinco dos nove gêneros encontrados no Brasil ocorrem no Semiárido:

Coccoloba (com 18 espécies), Polygonum (6), Rumex (1), Ruprechtia (3) e Triplaris

(1), além de Antigonum leptopus, Coccoloba uvifera e Triplaris americana, que são

cultivadas. À maioria das espécies se encontram em matas da região litorânea. Na

Caatinga são encontradas principalmente à beira de rios ou inundações. As

espécies da família Polygonaceae são utilizadas como plantas ornamentais;

cultivadas para fins medicinais e algumas espécies de árvores são economicamente

importantes por fornecer madeira para ser utilizada para produção de utensílios

domésticos. Algumas espécies herbáceas são invasoras, outras cosmopolitas.

Algumas são raras ou endêmicas do Semiárido (MELO; FRANÇA, 2006).

Segundo levantamento bibliográfico realizado por Oliveira (2007), as espécies

da família são conhecidas por produzir uma variedade de moléculas biologicamente

importantes, tais como alcaloides, benzenoides, carotenoides, cumarinas,

depsídeos, estilbenos, fenilpropanoides, flavonoides, lactonas, lignanas, quinoides,

taninos, terpenoides, alcanos, alcenos e xantonas. Enfatiza-se a classe dos

flavonóis que apareceu em 25% dos gêneros, inclusive o gênero Triplaris. Os

flavonóis de maiores ocorrências foram a quercetina, kampferol, quercitrina, rutina,

isoquercitrina, miricetina, hiperosídeo e astragalina. Destacando-se a quercetina que

foi a mais relatada nos gêneros.

3.2 Aspectos gerais sobre o Gênero Triplaris Loefl.

Triplaris é um gênero neotropical pertencente à tribo Triplareae que

compreende aproximadamente 25 espécies (BRANDBYGE, 1986).

O gênero Triplaris é de grande importância ecológica para as formigas do

gênero Pseudomyrmex. É uma das mais interessantes associações entre os animais

e plantas na natureza. Porém, ocorre uma relação simbiótica com riscos para seres

humanos, pois muitas espécies de formigas vivem em troncos ocos e galhos de

árvores, protegendo a planta e defendem furiosamente seu esconderijo. Quando

alguém toca a árvore Triplaris, um grande número de formigas ataca o intruso e sua

picada é muito dolorosa. Estudos sobre o veneno de Pseudomyrmex revelaram 12

proteínas com pesos moleculares de 4.200 - 100.000 Da, no qual tem intensa

Page 35: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

34

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

atividade hemolítica e também propriedades anti-inflamatórias (HADDAD JUNIOR et

al., 2009).

O uso etnomedicinal de espécies do gênero é bastante diversificado, sendo

relatado o uso para tratar diarreias, disenterias, dores de estômago, enterite, febre,

feridas, inflamação da garganta, lesões na pele induzidas por leishmaniose,

linfatites, sarampo, tosse, verminoses intestinais e também é utilizado como

excitante energético e alucinógeno (OLIVEIRA, 2007).

No entanto, há poucos estudos de atividades biológicas. Em levantamento

bibliográfico realizado no ano de 2014, nos bancos de dados SCIELO, PUBMED,

PERIÓDICO CAPES, LILACS, EMBASE, DARE, COCHRANE, SCOPUS e

SCIENCE DIRECT são reportados atividade antioxidante, antimalárica,

anticolinesterásica, larvicida, anti-inflamatória, antimicrobiana, leishmanicida,

citotóxica, imunomoduladora, aglutinante, inibidora de HIV-1, antibacteriana,

estimulante da musculatura lisa e moluscicida para algumas espécies de Triplaris

(Quadro 2, p.34).

Quadro 2. Atividades biológicas mencionadas no gênero Triplaris.

Espécie

Atividade

biológica

Parte

planta

Tipo de

extrato

Local da

coleta

Referência

T. americana Atividade

antioxidante e

citotóxica

Casca do

caule

HALC Peru CANOMES

et al., 2010.

T. americana Atividade

antioxidante e

antimicrobiana

Casca do

caule

HALC Peru CANOMES,

2009.

T. americana Atividade

antimalárica

Casca - Bolívia MUNÕZ et

al., 2000.

T. americana Atividade

antimalárica

Casca EtOH Bolívia DEHARO et

al., 2001.

Page 36: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

35

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

T. americana Atividade

leishmanicida

Casca EtOH Peru ESTEVEZ

et al., 2007.

T. americana Atividade

antioxidante,

anticolinesterásica

e larvicida

Folhas,

caules e

raízes

EtOH

90% e

MeOH,

MeOH-

H2O

HEX,

CHCl3 e

AcOEt

Brasil OLIVEIRA,

2007.

T. americana Atividade citotóxica

e antimicrobiana

Casca DiClmet

e MeOH

Argentina DESMARC

HELIER et

al., 1996.

T. americana Atividade

imunomoduladora

Casca EtOH Bolívia DEHARO et

al., 2004.

T. americana Atividade

antibacteriana

Casca DiClmet Peru GRAHAM

et AL.,

2003.

T. americana Atividade

aglutinante

Sementes Salino Estados

Unidos

SCHERTZ

et al., 1960.

T. americana Atividade larvicida Caules,

raízes e

frutos

EtOH e

MeOH

Brasil OLIVEIRA

et al., 2010.

T.

cumingiana

Atividade citotóxica Folhas AcOet Pananá HUSSEIN

et al., 2005.

T.

cumingiana

Atividade inibidora

de HIV-1

Caules EtOH Tailândia TAN et al.,

1991.

Page 37: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

36

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

T.

surinamensis

Atividade

antimicrobiana

Cascas EtOH Suriname VERPOOT

E et

al.,1987.

T.

weigeltiana

Atividade

antimalárica e

leshimanicida

Córtex EtOH Peru KVIST et

al., 2006.

T.

gardneriana

Atividade

moluciscida

Cascas

do tronco

EtOH-

H2O

95%

Brasil SOUZA et

al., 1974.

T.

gardneriana

Estimulante da

musculatura lisa e

toxicidade

Cascas

do caule

H2O Brasil BARROS et

al., 1970.

T.

gardneriana

Atividade

antibacteriana,

antioxidante e

anticolinesterásica

Sementes EtOH Brasil FARIAS et

al., 2013.

*HALC=extrato hidroalcoólico; EtOH= extrato etanólico; MeOH= extrato metanólico; MeOH-

H2O= extrato metanólico aquoso; HEX= extrato hexânico; CHCl3= extrato clorofórmico;

AcOEt= extrato acetato de etila; DiClmet= extrato diclorometano; EtOH- H2O- extrato

etanólico-aquoso; H2O- extrato aquoso.

De acordo com a literatura, estudos fitoquímicos são escassos no gênero,

sendo relatado apenas o isolamento de cinco flavonois glicosilados das folhas de T.

cumingiana (HUSSEIN et al., 2005) e triterpenos (friedelina e friedelinol), amida

(moupinamida), fenilpropanoide glicosilado (vanicoside D), benzenoide (ácido

gálico), flavonois simples e glicosilados (quercetina e quercetina 3-O-α-L-

arabinofuranosídeo de folhas, caules e frutos de T. americana (OLIVEIRA;

CONSERVA; LEMOS, 2008) (Quadro 3, p.37).

Page 38: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

37

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Quadro 3. Constituintes químicos isolados em espécies do gênero Triplaris.

Espécie

Estrutura Química

Nome

T. cumingiana

O

O

OH

R3

R1

OR2

OH

R1 R2

1 OH H O-β-glu-4’’,6’’-digalato

2 H H O-α-ara-5’’-galato

3 OH O-α-ara OH

4 OH H O-α-ara-5’’-galato

5 OH OH O-β-glu-6’’-galato

R3

(1) 3-O-(4’’,6’’-Digaloil)-

β-D-glicopiranosil-

quercetina

(2) 3-O-(5’’-Galoil)-α-L-

arabinofuranosil-

Kaempferol

(3) 3-O-(5’’- Galoil)-α-L-

arabinofuranosil-

quercetina

(4) 3-O-(6’’-Galoil)-β-D-

glicopiranosil-quercetina

(5) 3-O-α-L-

arabinofuranosilquercetina

T. americana

1 R = O

2 R = β-OH, α-H

CH3 CH3

CH3

CH3

H

CH3R

HCH3

O

OOH

OHOH

OR4

O

OHOR2

OR1

OR3

H

3 R1=R2=R3=R4=

O

(1) Friedelina

(2) Friedelinol

(3) Vanicoside D

(4) Amida

(5) Ácido gálico

(6) Quercetina-3-O-α-

L-arabinofuranosídeo

(7) Quercetina

Page 39: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

38

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

3.3 Espécie Triplaris gardneriana Wedd.

Triplaris gardneriana Wedd. (Figura 1, p.39) pertence à família das

Poligonáceas e é conhecida popularmente no nordeste como “pajéu” e “pajáu” e em

outras regiões de “coaçú”, “formigueiro”, “novateiro-preto” e “pau-formiga”, (FRANÇA

et al., 2007; MELO, 2010). Tem como sinonímias botânicas Triplaris baturitensis

Hub. (VINGT-UN ROSADO; ROSADO, 2009) e Triplaris pachau Mart. (MELO, 2010).

Pode atingir 4 a 15 m de altura e ocorre de forma natural na Caatinga e região do

Pantanal Matogrossense nas várzeas inundáveis e em encostas úmidas (MELO,

2000).

É uma planta dioica. Tronco tortuoso e ramificado, revestido por casca fina,

lisa e descamante. Ramos novos ocos contendo formigas. Folhas simples,

coriáceas. Inflorescências paniculadas, a feminina muito ornamental (Figura 2.2, p.

40) a masculina sem atrativo (Figura 2.3, p.40). Fruto aquênio. Rebrota com

facilidade na base após queima ou corte, gerando plantas com vários caules. Produz

anualmente grande quantidade de sementes, facilmente disseminadas pelo vento.

NH

OOH

OH

OCH3

4

5

OH

OH

OH

O

OH

O

OOH

OH

OR

OH

OH

6 R = α-L-Arabinofuranosídeo 7 R = H

Page 40: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

39

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Floresce exuberantemente durante os meses de julho-agosto e é coletada com

frutos no mês de setembro (ARAUJO, 2009; MELO, 2000).

Figura 1. Triplaris gardneriana Wedd.

Foto: A AUTORA, 2013.

Segundo Melo (2010), no Brasil ocorre nos estados de Pernambuco, Paraíba,

Ceará, Maranhão, Alagoas, Bahia, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal,

Minas Gerais e Paraná. No estado de Pernambuco, de acordo com o Herbário da

UNIVASF (HVASF), encontra-se nas cidades de Sertânia, Cabrobó, Arcoverde,

Santa Maria da Boa Vista, Floresta, Ouricuri, Parnamirim e Serra Talhada.

No Semiárido, T. gardneriana é uma espécie característica da mata ciliar do

Rio São Francisco, sendo considerada de grande interesse na recuperação de áreas

degradadas (FERREIRA; MACIEL; SIQUEIRA FILHO, 2010), uma vez que, a

vegetação ciliar funciona como proteção e impedimento ao assoreamento dos rios.

Porém, algumas das propriedades químicas e farmacológicas das espécies

encontradas nestas áreas da Caatinga são pouco conhecidas pela ciência, e tudo

Page 41: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

40

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

isso pode se perder, caso o desmatamento das margens dos rios continue e não

haja um trabalho eficaz de proteção e recuperação de áreas hoje desmatadas

(GOMES, 2007).

Figura 2. 1) Caule contendo formigas de T. gardneriana. 2) planta feminina; 3)

planta masculina; 4) flor pistilada; 5) fruto; 6) flor estaminada.

Fonte: A) A AUTORA, 2013; B) MELO, 2000.

Na medicina popular a espécie é utilizada para alguns fins: o cozimento da

casca ou da raiz é utilizado no tratamento da blenorragia e leucorreia; suas folhas

nos banhos de assento e embebidas para tratar hemorroidas sangrentas e

inflamação dos órgãos internos, respectivamente. Também citados para tratar tosse

e bronquite (ARAUJO, 2009; CARTAXO, 2010). Porém, poucos estudos de atividade

biológica são relatados, apenas atividade molucicida, estimulante da musculatura

lisa e toxicidade (Quadro 2, p.34). Estudos recentes de extratos das sementes

mostraram atividade antibacteriana, antioxidante e anticolinesterase (SOUZA et al.,

1974; BARROS et al., 1970; FARIAS et al., 2013).

A espécie diante de sua importância na medicina popular e de suas atividades

biológicas apresentadas possuem escassos estudos químicos, nos quais são

relatados apenas estudos para a casca da madeira, madeira e o óleo essencial do

Page 42: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

41

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

fruto. Na casca da madeira foi identificado hidrocarboneto alifático e sitosterol e na

madeira constatou-se a ocorrência de ferulatos (BRAZ FILHO; RODRIGUES, 1974).

As substâncias identificadas no óleo essencial dos frutos apresentaram

predominância de ésteres (65,93%) como constituintes voláteis, sendo 21,67% de

palmitato de metila e 21,72% de 10-octadecenoato de metila, além de octanoato de

metila, decanoato de metila, laurato de metila, tetradecanoato de metila e 1-

docosanol e linalol (CARNEIRO; CITO; PESSOA, 2010). Também reportado a

ocorrência de ácido betulínico, no qual, não é mencionado parte da planta

(LORENZI, 2002 apud ARAUJO, 2009). As estruturas químicas de todas as

substâncias descritas acima estão dispostas no Quadro 4, p.41.

Quadro 4. Compostos identificados na espécie T. gardneriana.

Nome Químico

Estrutura Química

β-Sitosterol

OH

H

H

Palmitato de metila

O

OCH3

CH3

10-Octadecenoato de

metila O

OCH3

CH3

Octanoato de metila

CH3 O

OCH3

Decanoato de metila

O

OCH3

CH3

Page 43: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

42

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Laurato de metila

O

OCH3

CH3

Tetradecanoato de

metila O

OCH3

CH3

1-Docosanol OH

CH3

Linalol OH

Ácido betulínico

O

OH

OH

H

H H

H

3.4 Metabólitos secundários

As plantas sintetizam uma gama de metabólitos secundários que são

derivados a partir do metabolismo central ou principal. Os metabólitos secundários

são micromóleculas complexas, também chamados de moléculas especializadas,

são estruturalmente diversos e muitos são distribuídos em um número limitado de

espécies vegetais (PEREIRA; CARDOSO, 2012).

Os metabólitos secundários desempenham um papel fundamental na

manutenção da planta, atuam na sua defesa contra microbianos, infecções virais,

pragas, radiação ultravioleta, na atração de polinizadores, alelopatia e na

sinalização. Podem ser divididos em três classes principais: compostos fenólicos,

terpenoides e compostos contendo nitrogênio e enxofre, como alcaloides e

Page 44: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

43

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

glucosinolatos, respectivamente. Até 2010, mais de 200.000 estruturas são

conhecidos (AHARONI; GALILI, 2011).

Os metabólitos secundários representam uma interface química entre as

plantas e o ambiente circundante, portanto, sua síntese é frequentemente afetada

por condições ambientais, tais como, sazonalidade, ritmo circadiano e

desenvolvimento, temperatura, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta,

nutrientes, poluição atmosférica, altitude e indução por estímulos mecânicos ou

ataque de patógenos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). A Figura 3, p.43 apresenta

alguns exemplos de fatores ambientais que podem alterar a concentração de

determinados metabólitos, tais como os flavonoides.

Figura 3. Fatores ambientais que influenciam na produção de classes de

flavonoides.

Fonte: Adaptado de CELLI, 2011.

Page 45: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

44

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

9

8

5

7

6

2

3

O

6'

2'

5'

3'

4'

O

A C

B

10

3.4.1 Flavonoides

Os flavonoides constituem um dos grupos fenólicos de grande importância

econômica e com diversas formas estruturais. Do ponto de vista químico,

compartilham de uma estrutura composta por 15 átomos de carbono em seu

esqueleto básico numerados conforme a Figura 4, p.44. Constitui-se de duas fenilas

ligadas por uma cadeia de três carbonos formando os núcleos A, B e C, conhecido

como sistema C6-C3-C6 (SIMOES et al., 2010).

Figura 4. Núcleo fundamental dos flavonoides.

Segundo Pereira e Cardoso (2012) já foram identificadas mais de 8.000

substâncias flavonoídicas. Esse grande número de compostos surge da ampla

variação de combinações com grupos metil, hidroxil, acila e/ou açúcares como

substituintes na sua estrutura química básica.

Os flavonoides podem ocorrer como agliconas, glicosídeos ou como parte de

outras estruturas que contenham flavonoides, porém encontram-se, normalmente,

como derivados glicosilados ligados a carbono ou oxigênio de hidroxila, dessa forma

são denominados flavonoides C-glicosilados e O-glicosilados, respectivamente

(BEHLING et al., 2004; CUYCKENS; CLAEYS, 2004).

Os principais substituintes glicídios que são encontrados conectados aos

flavonoides são a β-D- glucose, L-arabinose, β- D-galactose e L-raminose (RIJKE et

al., 2006). Segundo Souza (2008), os substituintes glicosídicos podem estar

diretamente associados à atividade biológica apresentada pelos flavonoides, visto

que, geralmente os glicosídeos apresentam melhor atividade do que a forma

aglicona livre.

Page 46: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

45

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Dependendo da posição da ligação do núcleo B ao anel aromático

benzopirano podem ser divididos em três classes principais (Figura 5, p.45): os

flavonoides (2-fenilbenzopiranos), isoflavonoides (3-benzopiranos) e os

neoflavonoides (4-benzopiranos) (MARAIS et al., 2006).

Figura 5. As três principais classes de flavonoides. 1) flavonoides; 2) isoflavonoides;

3) neoflavonoides.

Fonte: Adaptado de Marais et al., 2006.

Ainda podem ser divididos nos seguintes subclasses (Figura 6, p.46)

conforme o grau de oxidação e de saturação do anel C (MARAIS et al., 2006).

O

1

O

2

O

3

Page 47: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

46

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

O O

O

O

O

FlavanaFlavanona Flavona

O

O

OH

O

OH

O

O

OH

O

OH

OH

FlavonolFlavan-3-ol

Flavan-3,4-diol

3-hidroxi-flavanona

Figura 6. Subclasses dos flavonoides.

Os flavonoides tem recebido muita atenção devido a sua importância como

elementos da dieta humana. Estima-se que o consumo total varia entre 26 mg a 1

g/dia. Os compostos se concentram em fontes alimentares como vinho tinto, chá

preto, cerveja, frutas, vegetais, grãos, nozes, sementes e especiarias (BEHLING et

al., 2004).

Essa classe de metabólitos é constantemente alvo de muitos estudos

farmacológicos, devido a importantes propriedades terapêuticas atribuídas a eles,

tais como atividade antiviral, antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória,

antiespasmódicas, antifibrótica, antitumoral, antimutagênica, antiaterosclerótica,

antiulcerosa, antialérgica, hormonal, estrogênica, diuréticas, age sobre a

permeabilidade capilar, hipocolesterolemiante e hipoglicemiante. Também atuam em

doenças cardiovasculares, nas insuficiências hepática e renal, como vasodilatadora,

na redução da pressão arterial, previne acidentes isquêmicos, ativação da

agregação plaquetária, aterosclerose, trombose, inflamação crônica entre outras

Page 48: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

47

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

(SIMOES et al., 2010; PUGLIESE, 2010; ZERAIK, 2010; PEIXOTO SOBRINHO et

al., 2010; CORREIA, 2005; WILLAIN FILHO, 2005; BEHLING et al., 2004)

Os flavonoides são sintetizados por via mista: a do ácido chiquímico e a do

acetato. A primeira origina o precursor do ácido cinâmico, a fenilalanina. Este

aminoácido aromático origina o ácido cumárico que, por sua vez, é responsável por

um dos anéis aromáticos (anel B) e a ponte de três carbonos. A segunda resulta no

anel A do esqueleto básico dos flavonoides (SIMOES et al., 2010). Posteriormente,

através de uma sequência de hidroxilações, reduções e metilações catalisadas por

várias enzimas, são formadas as diferentes classes de flavonoides (CORREIA,

2005). A rota biossintética resumida dos flavonoides está representada na Figura 7,

p.48.

Page 49: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

48

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 7. Biossíntese dos flavonoides.

Fonte: Adaptado de SIMOES et al., 2010.

OH

O

OH

OH

R

OH

OR

OH

chalconas (R=H ou OH) auronas (R=H ou OH)

O

OH

O

OH

O

OH

O

OH

OH

5-desóxi-f lavanonas 5-hidróxi-flavanonas

O

OH

O

OH

OH

5-hidróxi-flavonas

O

OH

O

OH

OH

Flavan-4-ois

3-desóxi-antocianidinas

O

OH

O

OH

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OH

di-hidroflavonois flavonois

O

OH

OH

OH

OH

OH

O

OH

OH

OH

OH

O+

OH

OH

OH

OH

leucoantocianidinas catequinas antocianidinas

antocianinas

proantocianidinas

Carboidratos

aceti l -CoA

CO2H

NH3+

OH

OH

OH

CO2H

Ácido chiquímico

Fenilalanina

Proteínas

Cinamato4-cumarato

OH

CoA

O

4-cumaril-CoA

O

OH SCoA

O

3 X malonil-CoA

OH

O

OH

OH

R

OH

OR

OH

chalconas (R=H ou OH) auronas (R=H ou OH)

O

OH

O

OH

O

OH

O

OH

OH

5-desóxi-f lavanonas 5-hidróxi-flavanonas

Page 50: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

49

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

3.4.1.1 Técnicas hifenadas para análise de flavonoides

Sabe-se que a pesquisa por novos compostos bioativos geralmente é

trabalhosa e lenta, uma vez que, etapas de isolamento, purificação e elucidação

estrutural são geralmente caros e demorados. Portanto, desenvolveram-se novas

técnicas para a identificação direta do composto a partir de extratos vegetais,

evitando-se assim, o reisolamento de compostos já conhecidos, gasto de amostra,

além do trabalho repetitivo, gerando um perfil químico mais rápido dos metabólitos

presentes nos extratos analisados (DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).

O processo de desreplicação de produtos naturais envolve a separação de

metabólitos por métodos cromatográficos, isto é, cromatografia em fase gasosa

(CG), cromatografia líquida (CL), seguida da identificação estrutural por métodos

espectroscópicos, ou seja, espectrometria de massas (EM), espectroscopia

ultravioleta-visível (UV-Vis) e ressonância magnética nuclear (RMN). Portanto, a

associação delas é conhecida como técnicas hifenadas e, recentemente, têm

desempenhado um papel fundamental na identificação de compostos dentre elas:

CG-EM, CLAE-UV, CLAE-DAD, CLAE-RMN e CLAE-EM. No entanto, a última

técnica tem sido o método mais amplamente utilizado para este efeito (DIAS; DE

MELO; CROTTI, 2012).

Os acoplamentos da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com um

Detector de Arranjo de Diodos (CLAE-DAD) e com Espectrometria de Massas

(CLAE-EM) tornam-se métodos extremamente eficientes e complementares para

uma rápida identificação e elucidação de flavonoides em uma mistura complexa de

extrato vegetal (MARSTON; HOSTETTMANN, 2006; PINHEIRO; JUSTINO, 2012). A

Figura 8, p.49 mostra um esquema do acoplamento da cromatografia líquida de alta

eficiência com os detectores UV/DAD, EM e RMN.

Page 51: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

50

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 8. Técnicas hifenadas com CLAE para identificação estrutural.

Fonte: MARSTON; HOSTETTMANN, 2006.

3.4.1.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de

massas

A técnica combina a versatilidade da cromatografia líquida de alta eficiencia

que permite a análise de uma grande variedade de compostos com a sensibilidade

do espectrômetro de massas, no qual tem tornado cada vez mais indispensável na

caracterização estrutural de biomoléculas.

Os compostos são separados na coluna da cromatografia líquida e

conduzidos para o espectrômetro de massas por um separador de fluxo, onde eles

são ionizados e ainda separados no analisador de massas de acordo com a sua

razão massa-carga (m/z). No entanto, algumas dificuldades limitaram o acoplamento

da técnica, durante muitos anos, tais como: incompatibilidade do fluxo com grande

volume de solvente na coluna para o alto vácuo do espectrômetro de massas;

incompatibilidade da composição do efluente e ionização de analitos não-voláteis

e/ou termicamente lábeis. Porém, estas dificuldades só foram superadas com o

aparecimento da ionização a pressão atmosférica (API), técnicas como ionização

por spray de eletrons (ESI) e a ionização química a pressão atmosférica (APCI)

(DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).

Page 52: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

51

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

A ESI é uma técnica de ionização suave, provocando pouca (ou nenhuma)

fragmentação dos íons. Na ionização por ESI a amostra é dissolvida num solvente

volátil e polar bombeada através de um capilar de aço inoxidável estreito (75-150 m

i.d.). Uma alta tensão de 3-5 kV é aplicada na ponta do capilar, o qual está situado

no interior da fonte de ionização do espectrômetro. Como resultado a amostra que

sai pelo capilar estará dispersa no aerossol formado por gotículas de solvente e

analito altamente carregadas (DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).

Na ponta do capilar, as forças eletrostáticas que atuam sobre os íons pré-

formados contrabalançam a tensão superficial, formando uma superfície cônica

conhecida como cone de Taylor (Figura 9, p.51). A repulsão de Coulomb entre

cargas na superfície da gotícula ultrapassa a tensão de superfície, dando assim

origem à gota. Enfim, os íons são formados a partir das gotículas e fluem para o

analisador de massa (DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012). Estes podem ser do tipo

quadropolo, íon trap, íon ciclotron ou Transformada de Fourier, tempo de vôo e

magnético ou eletromagnético (HOFFMANN; STROOBANT, 2007).

Figura 9. Representação de um processo de ionização por eletrospray.

Fonte: DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012.

Page 53: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

52

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Os íons formados através da ESI podem ser moléculas protonadas ([M+H]+),

desprotonadas ([M-H]-), cationizadas, geralmente ([M+Na]+ ou [M+K]+) ou

anionizadas ([M+Cl]-). A principal vantagem da ESI acoplada com a CLAE é a

formação de íons, que ocorre à pressão atmosférica em fase condensada fora do

alto vácuo do equipamento. Além disso, algumas outras características tornam o ESI

um importante processo de ionização: eliminação do solvente, geração de íons de

cargas múltiplas, que é importante para as moléculas de elevado peso porque o

intervalo de massa efetiva do espectrômetro de massa é aumentado; detecção de

peso molecular; e baixo fluxo de solvente, reduzindo assim o consumo de amostra

(DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).

Hoje em dia, na ionização a pressão atmosférica, ou seja, por electrospray

(ESI), tanto a ionização positiva quanto a negativa são usados quase

exclusivamente para investigações estruturais de flavonoides. De acordo com a

maioria dos estudos, o modo negativo da ESI fornece melhor sensibilidade. No

entanto, o modo positivo não deve ser descartado, já que é útil complementar

informações para identificação de incógnitas (RIJKE et al., 2006).

Segundo Cuyckens e Claeys (2004), o espectro de massas de primeira ordem

de íons no modo positivo contem informações estruturais mais do que no modo

negativo, mas a utilização combinada de ambos os modos de ionização dá melhor

segurança para a determinação da massa molecular, especialmente para os

compostos minoritários, onde o nível de ruído do espectro é muito superior.

A técnica de ionização tem sido aplicada para todas as classes de agliconas

de flavonoides. No entanto, fragmentações complexas podem ocorrer durante a

ionização devido à alta propagação de energia interna, o que pode ocultar alguns

fragmentos de íons primários, nos quais contem informações estruturais importantes.

Além disso, mostra algumas limitações para a análise de flavonoides devido à sua

baixa volatilidade e alta polaridade. Contudo, a introdução do bombardeamento

atômico, particularmente por ionização à pressão atmosférica (ESI),’ permitiu estudo

muito mais rápido dos flavonoides, ou seja, informações estruturais de flavonoides

podem ser obtidas facilmente de forma direta em baixas concentrações em sistemas

aquosos (CUYCKENS; CLAEYS, 2004; MARCH et al., 2006).

A combinação da técnica CLAE-DAD é complementar para obter informação

estrutural, a partir dos tempos de retenção. Em geral, na análise de flavonoides são

Page 54: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

53

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

usadas colunas C18 ou C8, desse modo, os compostos mais polares são eluídos

primeiro. Ou seja, os tempos de retenção estão inversamente correlacionados com o

aumento da glicosilação. As agliconas flavanonas precedem flavonois, que por sua

vez precedem flavonas para os compostos com um padrão de substituição

equivalente. Para os compostos isômeros que diferem na estrutura dos resíduos de

açúcar, rutinosideos eluem antes do neohesperidosídeos, galactosídeos à frente de

glicosídeos, glicosídeos à frente de arabinósideos e arabinósideos à frente de

rhamnosídeos (CUYCKENS; CLAEYS, 2004).

Com isso, os métodos de espectrometria de massas podem ser utilizados

para obter informação sobre a sequência de unidades de açucar e o radical aglicona

em flavonoides O-glicosídeos. Em muitos casos, a posição de glicosilação, a

posição da ligação e a identidade estereoquímica do resíduo de açúcar terminal

podem ser determinadas. Também é favorecida a clivagem nas ligações O-

glicosídicas com o concomitante rearranjo do hidrogênio levando à eliminação de

resíduos de monossacarídeos de forma intacta, ou seja, a perda neutra de 162 u

(hexose), 146 u (deoxihexose), 132 (pentoses) ou 176 u (ácido urônico), por

exemplo, permitindo a determinação da sequência de hidratos de carbono

(CUYCKENS; CLAEYS, 2004).

3.4.1.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao detector de

arranjos de diodos

Com a introdução da tecnologia do dectector arranjo de diodos, uma nova

dimensão agora é possível, porque juntamente com CLAE-UV a detecção por

arranjo de diodos (DAD) permite que o eluente seja digitalizado para dados

espectrais de UV-Visível, que são então armazenados e depois podem ser

comparados com os da biblioteca.

O DAD permite a gravação simultânea de cromatogramas em diferentes

comprimentos de onda. Isto melhora as possibilidades de quantificação, porque a

detecção pode ser realizada no máximo do comprimento de onda do composto em

questão. O acoplamento de CLAE com DAD permite a quantificação on-line de

flavonoides em amostras analisadas (MARSTON; HOSTETTMANN, 2006).

Page 55: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

54

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

A combinação da CLAE equipado com um DAD tem sido o método mais

empregado na análise de flavonoides, especialmente porque estes compostos

apresentam duas bandas de absorção características no UV, sendo uma com λmáx

na faixa de 240-285 nm e outra em 300-550 nm. Em análises o mesmo tem sido

utilizado para o isolamento, identificação, triagem, averiguação da pureza do pico e

determinações quantitativas de flavonoides em numerosos estudos. O método

oferece informação espectral sobre flavonoides individuais gravando no UV-Vis em

que cada pico é revelado no cromatograma com seu tempo de retenção

característico (FOSSEN; ANDERSEN, 2006).

Para tanto, instrumentos com detector de comprimento de onda variável, tal

como o arranjo de fotodiodos apresentam várias vantagens como maior

detectabilidade, no qual permite obter o espectro de absorbância de cada

componente em separado, isto promove maior eficiência em eluição por gradiente;

maior seletividade, sempre que um comprimento de onda pode ser escolhido, no

qual o soluto possua alta absorção e outros não.

Neste tipo de detector, a luz proveniente de uma fonte passa pela cela do

detector, cuja luz emergente é dispersada por uma grade holográfica, sendo que os

comprimentos de onda resultantes são focalizados sobre uma fila de fotodiodos,

assim o espectro pode ser armazenado em um microcomputador, sem que haja

necessidade de cessar o fluxo da fase móvel. Ao final, o microcomputador pode

produzir um cromatograma a partir de um dado comprimento de onda ou uma série

de espectros em intervalos de tempos fixos (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).

3.4.2 Terpenoides

Os terpenoides são metabólitos secundários com uma ampla variedade de

compostos derivados de unidades do isopreno que são originadas do ácido

mevalônico. Os esqueletos carbônicos são formados pela condensação de várias

unidades pentacarbonadas isoprênicas, de acordo com a regra do isopreno, na qual

ocorre encadeamento cabeça-cauda dessas unidades (SIMOES et al., 2010).

Os terpenos apresentam funções variadas conforme variação do número de

unidades de isopreno na cadeia e são classificados como hemiterpenos (C5),

Page 56: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

55

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), triterpenos (C30),

tetraterpenos (C40) (DEWICK, 2002). Nessa classe, mais de 40 mil estruturas

diferentes são conhecidas e vários compostos servem como importantes agentes

farmacêuticos (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).

Os monoterpenos e os sesquiterpenos são os compostos dos óleos voláteis

atuando, principalmente como inibidores da germinação, proteção contra

predadores, na atração de polinizadores, entre outros (SIMOES et al, 2010).

Destaca-se aqui os triterpenoides, constituintes não-esteroides, que ocorrem

na forma livre, bem como nas formas de éter, éster e glicosídeo. Possuem trinta

átomos de carbono na sua estrutura e podem ser acíclicos, mono, di, tri, tetra ou

pentacíclicos. No entanto, os triterpenos pentacíclicos são constituintes dominantes

desta classe e têm sido amplamente investigados (MAHATO; KUNDU, 1994). O

grupo exibe mais de 100 esqueletos diferentes (XU; FAZIO; MATSUD, 2004).

Os triterpenos estão amplamente distribuídos nas procariotas e eucariotas.

Acredita-se que a função fisiológica destes compostos é sua defesa química contra

patógenos e herbívoros. No entanto, a aplicação de triterpenos como agentes

terapêuticos ainda é limitada, isto pode ser atribuído principalmente à natureza

hidrofóbica da maioria dos compostos (MAHATO; SEM, 1997). Os principais grupos

de triterpenos são os esqualenos, lanostanos, damaranos, lupanos, oleanos,

ursanos e hopanos (SILVA, 2007).

Os triterpenos são de grande importância, uma vez que, apresentam diversas

atividades biológicas, isto devido sua variação estrutural, entre as quais destacam-

se: cardioprotetora, gastroprotetora, anti-inflamatória, antitumoral, leishmanicida,

anti-hiperglicêmica, anticancerígena, anticolesterêmicos, antibacteriana, antiviral,

antiproliferativa, proapoptótica, analgésica, antipirética, cicatrizante em queimaduras,

tratamento de insuficiência venosa crônica, inibição do HIV (MAHATO; SEM , 1997;

CURSINO et al., 2009; SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).

Na literatura há vários estudos com triterpenos pentacíclicos (Figura 10, p.56),

nos quais levaram a produção de insumos com utilidade terapêutica, tais como o

Betual® que é utilizado como um suplemento dietético, sendo a betulina (1) um dos

principais componentes e responsável pelo efeito hepaprotetor. Na Alemanha,

pomadas são constituídas de 87% de triterpenos, tais como, a betulina (80%) (1),

Page 57: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

56

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

ácido betulínico (3%) (2), ácido oleanólico (1%) (4), lupeol (2%) (3) e eritrodiol (1%)

(5) (Figura 10, p.56) responsáveis pela atividade no tratamento de queratose

actínica, uma lesão de pele causada pelo sol (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO,

2014).

Estudos nos Estados Unidos mostraram que o ácido ursólico (6) (Figura 10,

p.56) reduz a atrofia muscular, glicemia, colesterol e triglicerídeos, além de promover

o crescimento da massa muscular e já se encontra no mercado como um

suplemento, vendido em cápsulas de 150 mg e indicado para quem realiza

atividades físicas. Já existem 20 patentes depositadas e 10 produtos baseados em

triterpenos vendidos mundialmente (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).

Figura 10. Triterpenos pentacíclicos com atividade biológica.

OH

OH

OH

O

OH

OH

OH

COOH

OH

OH

OH

COOH

(1) (2) (3)

(4) (5) (6)

Page 58: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

57

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

3.4.2.1 Biossíntese dos terpenos

A principal via para formação dos terpenos é a via do mevalonato. Este é

produzido da condensação da Acetil-CoA e convertido num isopreno ativo a

isopentenil-pirofosfato que é a unidade básica dos terpenos. Após polimerização do

mevalonato origina-se moléculas de cadeias carbonadas de cinco átomos de

carbonos. O pirofosfato de isopentenila (IPP) e o seu isômero pirofosfato de

dimetilalila formam o pirofosfato de geranil, que é responsável pela formação dos

sesquiterpenos (15 C) e diterpenos (20 C) através de ligações cabeça-cauda. No

entanto, ligações cabeça-cabeça entre duas moléculas de pirofosfato de farnesil

(C15) originam o esqualeno, precusor dos triterpenos e dos esteroides. Porém,

triterpenos são formados da ciclização do esqualeno enquanto que, os esteroides

são originados dos triterpenos com esqueleto cicloartenol como mostra a Figura 11,

p.58.

Page 59: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

58

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 11. Resumo da biossíntese dos terpenoides.

Fonte: Adaptado de SIMOES et al., 2010.

acetil-CoA

+

Acetoacetil-CoA O

COSCoA

O-

O

OH

O-

mevalonato 3-hidróxi-3-metil-glutaril CoA

OPP

isopentenilpirofosfato

OPP

dimetilalillpirofosfato

IPP

OPP

geranilpirofosfato

MONOTERPENOS (10 C)

IPP

PPO

farnesilpirofosfato

TPP

OPP

geranilgeranil-pirofosfato

DITERPENOS (20 C)

FPP

esqualeno

OH

cicloartenol

TRITERPENOS PENTACÍCLICOS

(30 C)

ESTEROIDES (27 C)

TRITERPENOS MODIFICADOS (30 C)

SESQUITERPENOS (15 C)

Page 60: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

59

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

3.5 Uso de métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias

Um número variado de métodos espectrofotométricos para quantificação

de compostos em amostras vegetais tem sido desenvolvido. São baseados em

princípios diferentes e são utilizados para determinar vários grupos de constituintes

químicos, tais como flavonoides, fenóis, alcaloides entre outros grupos. Uma vez

quantificado o composto, pode-se inferir ou correlacionar com atividades

terapêuticas exibidas. Dentre os métodos existentes, tem-se fenóis e flavonoides

totais bastante utilizados na Química de Produtos Naturais.

3.5.1 Determinação de fenólicos totais

A quantificação espectrométrica de fenólicos é realizada por meio de várias

técnicas, porém a que utiliza o reagente Folin-Ciocalteu é a mais utilizada nos

laboratórios (SOUSA et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2009).

O reagente é uma mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotungstico, no

qual o molibdênio se encontra no estado de oxidação 6+ com cor amarela no

complexo Na2MoO4.2H2O. Entretanto, na presença de certos agentes redutores,

como os compostos fenólicos, formam-se os chamados complexos molibdênio-

tungstênio azuis [(PMoW11O4)4-], nos quais a média do estado de oxidação dos

metais está entre 5 e 6, cuja coloração permite a determinação da concentração das

substâncias redutoras.

A desprotonação dos compostos fenólicos ocorre em meio básico, gerando

ânions fenolatos, momento pelo qual, ocorre uma reação de oxirredução entre o

ânion fenolato e o reagente conforme Figura 12, p.60. O molibdênio, componente do

reagente sofre redução e o meio reacional muda de coloração amarela para azul

(OLIVEIRA et al., 2009). A reação é monitorada espectrofometricamente realizando

a leitura no comprimento de onda 765 nm.

Page 61: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

60

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 12. Reação do ácido gálico com molibdênio.

Fonte: Adaptado de OLIVEIRA et al., 2007.

3.5.2 Determinação de flavonoides totais

Diversas técnicas podem ser empregadas para o doseamento de flavonoides

em amostras vegetais, no entanto o método de quantificação de flavonoides por

espectrofotometria é uma das técnicas mais acessível, prática e de baixo custo. As

duplas ligações presentes nos anéis aromáticos dos flavonoides é o que permite

serem analisados na região do ultravioleta ou visível (PEIXOTO SOBRINHO et al.,

2010).

A reação baseada na complexação de fenólicos com o Al3+ tem sido utilizada

para a determinação espectrofotométrica de constituintes tais como os flavonoides

totais. O extrato flavonoídico reage com o nitrato de sódio, seguido pela formação do

complexo de alumínio-flavonoide sendo a absorbância da solução lida a 510 nm

(NACZK; SHAHIDI, 2004). Na reação, o íon alumínio (Al3+) complexa com as

moléculas de flavonoides da amostra, estabelecendo o complexo estável flavonoide-

Al3+ de cor amarela cuja intensidade é proporcional à concentração de flavonoide

(Figura 13, p.61). Esta complexação causa um deslocamento batocrômico e

intensifica as absorções, desse modo, os flavonoides podem ser quantificados sem

O O-

OH

OH

OH

+ 2Mo6+

O O-

O

O

OH

+ 2Mo5+

+ 2H+

O OH

OH

OH

OH

O O-

OH

OH

OH

Na2CO3

Page 62: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

61

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

O

O

OH

OH

OH

OH

OHO

O

OH

O

O

O

OH

Al-

ClCl

Al-

Cl

Cl

AlCl3

Quercetina - Al3+Quercetina

sofrer influência de outros compostos fenólicos presentes na amostra (PEIXOTO

SOBRINHO et al., 2012).

Figura 13. Esquema de complexação do flavonoide com cloreto de alumínio.

Fonte: Adaptado de PEIXOTO SOBRINHO et al., 2012.

3.6 Métodos de separação e identificação de princípios ativos naturais

Para separar, identificar, analisar e isolar os constituintes químicos recorreu-

se à cromatografia, o método analítico básico da fitoquímica, que pode ser definida

como um processo de análise imediata por migração diferencial dos componentes

de uma mistura, dentro do sistema cromatográfico (MATOS, 2009).

De forma geral, a técnica cromatográfica envolve as seguintes etapas:

montagem da coluna ou placa, ou seja, dispor adequadamente a fase estacionária

ou suporte e preparação da fase móvel; aplicação da amostra; desenvolvimento, isto

é, passagem do solvente escolhido (fase móvel) através da fase estacionária;

revelação e visualização, ou seja, localização das diferentes zonas de separação

das substâncias e extração dos compostos retidos na fase estacionária (SIMÕES et

al., 2010).

A cromatografia líquida constitui-se de quatro tipos, de acordo com o

processo de separação, sendo elas cromatografia de partição, de adsorção, troca

iônica e exclusão ou filtração molecular. No entanto, destaca-se aqui apenas a

Page 63: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

62

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

cromatografia de adsorção e exclusão molecular, uma vez que, foram os tipos de

processos utilizados neste trabalho (SIMOES et al., 2010).

A cromatografia por adsorção é baseada na adsorção dos compostos de uma

solução sobre a fase estacionária sólida constituída por partículas finas de

adsorventes polares ou apolares, no caso do trabalho utilizou-se a sílica de caráter

polar, no qual o componente que for mais fortemente atraído pelo adsorvente será

deslocado pela fase móvel de forma mais lenta.

Diferentemente, a cromatografia de exclusão baseia-se no tamanho das

moléculas do soluto que atravessam a fase fixa formada por um gel poroso. As

moléculas maiores que não conseguem penetrar nos poros são arrastadas pela fase

móvel, as menores ficam presas nos poros e são retidas por mais tempo na coluna.

Neste tipo de coluna, utilizam-se géis de dextrana, como o Sephadex (COLLINS;

BRAGA; BONATO, 2006).

A fase estacionária pode ser empacotada em coluna aberta ou fechada ou

constituir uma superfície plana, como em cromatografia em camada delgada. Ela

pode ser classificada de acordo com a finalidade. Se a finalidade for de identificação

e análise de misturas e de substâncias isoladas, denomina-se cromatografia

analítica (Figura 14b, p.63), enquanto a cromatografia que objetiva o isolamento de

compostos é dita preparativa e se diferenciam também na espessura e na forma de

aplicação.

Vale destacar que a cromatografia líquida em coluna (Figura 14a, p.63) é uma

das mais utilizadas para separação ou isolamento de substâncias em extratos

vegetais por ser uma técnica versátil, devido as suas várias combinações entre

colunas de diferentes dimensões e tipos (vidros, sob pressão atmosférica), diversas

fases móveis e fixas (SIMOES et al., 2010).

Page 64: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

63

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 14. Tipos de cromatografia de acordo com o suporte para fase estacionária:

A) Cromatografia líquida em coluna e B) em camada delgada analítica.

Foto: A AUTORA.

3.7 Metabólitos fixos

Dentre os metabólitos fixos, estão os ácidos graxos os componentes básicos

dos lipídeos. A diversidade do comprimento da cadeia, grau de insaturação,

geometria e a posição de ligações duplas, assim como a presença de outros grupos,

tornam sua composição e a sua origem a característica mais definitiva destes

compostos (LIMA; ABDALLA, 2002).

Os compostos existem na natureza, ocorrendo em plantas e animais como

substâncias puras ou como partes de moléculas mais complexas, compondo os

óleos fixos, gorduras, ceras, lipopolissacarídeos, lipoproteínas, glicerídeos,

glicerofosfolípideos, glicoglicerolípideos e esfingolípideos (BRONDZ, 2002).

Os ácidos graxos derivados de hidrocarbonetos são quimicamente ácidos

carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas saturadas ou insaturadas não

ramificadas, nas quais variam de 4 a 36 carbonos. Os de ocorrência comum

apresentam um número par de carbonos numa cadeia de 12 a 24 carbonos. Na

Page 65: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

64

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

configuração, os ácidos graxos insaturados podem ser trans ou cis (NELSON; COX,

2011).

Esses metabólitos são de primordial importância para a saúde como

substâncias nutritivas, uma vez que uma série de doenças, devido à desnutrição de

ácidos graxos poliinsaturados como ômega 3 e 6 tem sido relatadas. Como, o

organismo humano não consegue sintetizá-los, precisa obter da dieta, mas a alta

ingestão de gordura saturada eleva os níveis de colesterol ruim e desenvolve a

aterosclerose, assim, existe um grande interesse na quantificação de ácidos graxos

para as diferentes aplicações (NELSON; COX, 2011; CHEN; CHUANG, 2002).

3.7.1 Biossíntese dos ácidos graxos

O composto fundamental na biossíntese é o acetil-CoA, o qual é carboxilado

à malonil-CoA, substrato responsável pelo alongamento da cadeia carbônica, sendo

mediada pela biotina. Primeiramente há uma complexação de um resíduo acetila e

de uma malonila a uma enzima. O acoplamento de um resíduo acetila e um

malonila, com liberação de CO2 consiste da segunda etapa. Esse ciclo se repete por

sete vezes como mostra a Figura 15, p.65. A cadeia carbonada aumenta em dois

carbonos por ciclo até a formação do ácido graxo, nesse caso, o ácido palmítico

(C16) precursor dos ácidos graxos. No entanto, os ácidos insaturados são formados

apenas depois por desidrogenação dos saturados (SIMOES et al., 2010).

Page 66: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

65

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 15. Biossíntese dos ácidos graxos.

aceti l-CoA

aceti l-

CO2

malonil-

NADPH

NADP

H2O

NADP

NADPH

acil-

malonil-CoA

2 acetil-CoA

7 X

palmitato

Fonte: SIMOES et al, 2010.

3.7.2 Análise de ácidos graxos por CG-EM

A técnica cromatográfica gasosa (CG) acoplada a um espectômetro de massa

tem sido o método de escolha na análise de ácidos graxos, devido à facilidade em

efetuar a separação, identificação e a quantificação. No entanto é preciso aumentar

a volatilidade dos compostos, e, isto pode ser feito por meio de reações de

esterificação, com isso melhora a configuração do pico, a separação e a

sensibilidade dos detectores (BRONDZ, 2002). O procedimento de esterificação

converte os ácidos graxos em componentes mais voláteis: os ésteres metílicos de

ácidos graxos (EMAG).

A reação de esterificação (Figura 16, p.66) ocorre quando se tem ácidos

graxos livres na presença de álcool para formar ésteres através da reação de

Page 67: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

66

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

condensação. O meio reacional deve está ácido e, excesso de álcool é adicionado

para garantir um melhor rendimento da reação (BRUICE, 2006).

Figura 16. Reação de esterificação de um ácido graxo.

H+

CH3

O+

OH

H

CH3

C+

O

OH

H

Etapa 1

CH3

O+

OH

H

+ CH3 OH CH3 C

OH

O+

CH3

OHH

Etapa 2

CH3 C

O

O CH3

O+

H

H H

H+

-

CH3

O

OH

CH3

O

O CH3

+ OH2 Etapa 3

Fonte: SOLOMONS, 2009.

Portanto, os ácidos graxos, ambos na forma livre ou ligada podem ser obtidos

por saponificação seguida por acidificação e extração com solvente orgânico. A

saponificação é realizada por adição de hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio

à amostra e a mistura é submetida a refluxo ou aquecida até que a reação se

complete. Depois da acidificação, os ácidos graxos são extraídos em solventes

orgânicos tais como o clorofórmio ou o éter dietilíco. A acidificação (HCl/MeOH) da

solução a um valor de pH abaixo do pKa dos ácidos graxos livres extraídos vai

garantir que os mesmos permaneçam sem carga ou protonado, em seguida, são

extraídos com solvente orgânico (CHEN; CHUANG, 2002; SEPPANEN-LAAKSO;

LAAKSO; HILTUNEN, 2002; ROSENFELD, 2002).

O equipamento da CG-EM é constituído de um cromatógrafo, uma interface

que liga os dois sistemas, uma câmara de ionização, na qual forma os íons por

ionização por impacto eletrônico ou química, uma câmara mantida sob vácuo onde

ocorre a separação e um sistema de detecção dos íons acoplado a um sistema de

registro para interpretação dos dados. A identificação dos compostos é feita por

Page 68: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

67

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

comparação dos espectros de massas dos padrões analisados ao mesmo tempo ou

com os da biblioteca do equipamento. O sistema também fornece cromatogramas

que são usados para quantificação (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).

Para proporcionar uma resolução elevada para a análise de ácidos graxos na

cromatografia gasosa (CG), utiliza-se uma coluna capilar acoplada com um detector

de ionização de chama (FID). No entanto, alguns fatores limitam o uso da técnica

afetando nos resultados quantitativos, tais como: formação incompleta dos lipídeos a

EMAG, formação de artefatos que podem ser identificados erradamente como

ácidos graxos, contaminação da coluna cromatográfica com traços do reagente de

esterificação, extração incompleta de EMAG, perda de ésteres metílicos de cadeia

curtas muito voláteis, degradação térmica levando a modificação estrutural de ácidos

graxos poliinsaturados durante a esterificação e, ainda a detecção de ionização de

chama destrói os ácidos graxos e impedem a sua recuperação para posterior análise

(LIMA; ABDALLA, 2002).

Apesar das limitações, os óleos fixos formam misturas isoméricas complexas

que por si justica sua análise por meio de técnicas de CG-EM, sobretudo pela sua

importância com potenciais aplicabilidades na indústria alimentícia e farmacêutica

(SEPPANEN-LAAKSO; LAAKSO; HILTUNEN, 2002). No Brasil, há um elevado

consumo de óleos de diferentes oleoginosas como: canola, girassol, oliva e linhaça,

fato atribuído às características desses óleos como alimentos funcionais. Barbosa e

colaboradores (2010) verificou que somente quatro espécies correspondem a 79%

da produção mundial ao analisar a quantidade de espécies empregadas como fonte

de óleos vegetais, sendo elas: palma, soja, canola e girassol.

Matos e Colaboradores (1992) investigaram a composição química e

rendimentos de óleos vegetais de nove oleaginosas encontradas no nordeste, dentre

elas a nogueira-do-Iguape, cardo-santo, urucu, junça, zabumba, manga, cedro,

castanhola e imburana de cheiro. Portanto, é importantíssimo intensificar pesquisas

de prospecção para obtenção de novas espécies como fontes de óleo, devido a sua

importância econômica e o aumento na demanda deste insumo na sociedade.

Page 69: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

68

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

3.8 Atividade antioxidante

Recentemente, o interesse pela descoberta de extratos vegetais com

diferentes atividades biológicas tem aumentado muito. Neste contexto, plantas que

apresentam atividade antioxidante e fotoprotetora são de grande interesse visto que

a presença de radicais livres possuem distintos papéis no organismo e encontram-se

envolvidos em vários processos celulares.

Espécies reativas de oxigênio (ERO) ou de nitrogênio (ERN) são geradas

constantemente no organismo humano. As principais ERO distribuem-se em

radicalares: hidroxila (HO•), superóxido (O2•−), peroxila (ROO•) e alcoxila (RO•); e

não-radicalares: oxigênio, peróxido de hidrogênio e ácido hipocloroso (BARREIROS;

DAVID; DAVID, 2006). Todavia, seu excesso apresenta efeitos lesivos, tais como

danos ao DNA, dessa forma, implicando em diversas doenças como o câncer,

envelhecimento precoce, doenças cardiovasculares, degenerativas e neurológicas,

disfunções cognitivas entre outras (ALVES et al., 2010).

No entanto, o excesso de radicais livres no organismo pode ser combatido por

antioxidantes produzidos pelo organismo ou absorvidos da dieta. Por isso, a busca

por substâncias antioxidantes é tão promissora hoje em dia (BARREIROS; DAVID;

DAVID, 2006). Antioxidantes são substâncias que presentes em baixas

concentrações retardam a velocidade da oxidação, inibindo os radicais livres. Eles

podem ser naturais ou sintéticos. Os sintéticos mais importantes são hidroxianisol de

butila (BHA) e o hidroxitolueno de butila (BHT) e entre os naturais destacam-se

ácido ascórbico, vitamina E e β-caroteno (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).

Os compostos fenólicos tais como fenóis simples, ácidos fenólicos (derivados

de ácidos benzóico e cinâmico), cumarinas, flavonoides, estilbenos, taninos

condensados e hidrolisáveis, lignanas e ligninas também são potentes agentes

antioxidantes (SOUSA et al., 2007). Em particular, os flavonoides pois possuem

estrutura ideal para o sequestro de radicais, sendo antioxidantes mais eficazes que

as vitaminas C e E (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006).

A aplicação destes compostos na indústria, para a proteção de cosméticos,

fármacos e alimentos, prevenindo a decomposição oxidativa desses, os tornam

alvos de interesse da comunidade científica. Por exemplo, a oxidação lipídica é uma

das principais reações deteriorativas responsável pelo desenvolvimento de sabores

e odores desagradáveis nos alimentos, tornando-os impróprios para o consumo

Page 70: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

69

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

(SOARES, 2002). No entanto, estudos tem mostrado a possibilidade de

antioxidantes sintéticos apresentarem alguns efeitos tóxicos, com isso, pesquisas

tem-se voltado no sentido de encontrar substâncias naturais com atividade

antioxidante, os quais permitirão substituir os sintéticos ou associa-los (SOUSA et

al., 2007).

Hoje em dia, diversas técnicas têm sido utilizadas para determinar a atividade

antioxidante in vitro em extratos e em substâncias isoladas, de forma a permitir uma

rápida seleção de substâncias ativas. Dentre estes métodos destacam-se o sistema

de co-oxidação do β-caroteno frente ao ácido linoleico e o método de sequestro de

radicais livres, tal como DPPH• 2,2-difenil-1-picrilhidrazil.

O método de co-oxidação do β-caroteno permite avaliar a capacidade de uma

determinada substância de prevenir a oxidação do β-caroteno, protegendo-o dos

radicais livres gerados durante a peroxidação do ácido linoleico. A reação pode ser

monitorada pela perda da coloração do β-caroteno em 470 nm, com leitura imediata

e em intervalos de 15 min, por um tempo total de 2 h (ALVES et al., 2010).

A técnica do DPPH• consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical

livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil, de coloração púrpura que absorve na faixa de 515 a

528 nm. Em contato com um antioxidante, o DPPH• é reduzido formando a difenil-

picril-hidrazina (Figura 17, p.70), de coloração amarela, podendo a mesma ser

monitorada pelo decréscimo da absorbância.

O método baseia-se na transferência de elétrons de um composto

antioxidante para um oxidante. A partir dos resultados obtidos determina-se a

porcentagem de atividade antioxidante ou sequestradora de radicais livres e/ou a

porcentagem de DPPH• no meio reacional.

A atividade antioxidante (%AA) equivale à quantidade de DPPH consumida na

reação, sendo que a quantidade de antioxidante necessária para decrescer a

concentração inicial de DPPH• em 50% é denominada concentração eficiente (CE50),

também chamada de concentração inibitória (CI50). Quanto maior o consumo de

DPPH• por uma amostra, menor será a sua CE50 e maior a sua atividade

antioxidante (OLIVEIRA et al., 2009).

Page 71: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

70

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 17. Reação química de redução do radical DPPH•.

2,2-difenil-1-picril-hidrazil Difenil-picril-hidrazina

Ambos os testes podem ser comparados com padrões sintéticos, como BHA,

BHT e trolox ou naturais, como ácido gálico ou quercetina. No entanto, segundo

Duarte-Almeida e colaboradores (2006) estas metodologias apresentam limitações

em relação ao número de análises simultâneas que podem ser realizadas.

3.9 Atividade fotoprotetora

Atualmente, os danos causados à pele são cada vez mais nocivos já que

raios ultravioletas (UV), destacando a radiação UVB estão atingindo a Terra com

mais intensidade, isto devido à destruição significante da camada de ozônio que

protege o planeta dessas radiações (ROSA et al., 2008; RIBEIRO et al., 2004). Por

exemplo, o Brasil é um país que recebe a maior intensidade de radiações solares,

pois sua localização demográfica está entre o trópico de Capricórnio e o Equador e,

nesta área existe um aumento na incidência de câncer de pele (CABRAL; PEREIRA;

PARTATA, 2011).

Nosso organismo percebe a presença das radiações UV de formas distintas.

A faixa da radiação UV compreende de 100 a 400 nm e é dividida em UVA (320 a

400 nm), UVB (280 a 320 nm) e UVC (100 a 280 nm). A radiação UVA não causa

eritema, contudo penetra mais profundamente na derme promovendo o

bronzeamento da pele, mas também pode induzir o câncer de pele e formar radicais

livres. A UVB possui alta energia, ocasiona queimaduras solares, induz o

bronzeamento, causa o envelhecimento precoce das células. A exposição frequente

N

N

NO2O2N

NO2

OH

OH

OH

O OH

+

N

N

NO2O2N

NO2

H

OH

O

OH

O OH

+

Page 72: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

71

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

e intensa a essa radiação pode causar lesões no DNA, além de suprimir a resposta

imunológica da pele. A radiação UVC é portadora de elevadas energias, é

extremamente lesiva aos seres vivos (FLOR; DAVOLOS; CORREIA, 2007).

A busca por substâncias que protegem a pele dessas radiações tem cada vez

mais despertado a atenção de pesquisadores quanto à possibilidade de haver um

aumento na intensidade de radiação UV. Segundo Simões e colaboradores (2010)

os compostos fenólicos tais como os flavonoides, taninos, cumarinas e lignanas por

serem compostos aromáticos, apresentam intensa absorção na região do UV, além

de ação antioxidante, sendo amplamente distribuídos nos vegetais. Essa

característica intrínseca desses metabólitos secundários permite aos extratos

vegetais que os contêm de serem utilizados como fotoprotetores, devido a

capacidade de absorver a radiação solar, e como antioxidante por neutralizar os

radicais livres produzidos na pele após exposição ao sol, com isso pode-se

intensificar a proteção final do produto empregado em formulações associadas aos

filtros UV (SOUZA; CAMPOS; PACKER, 2013).

Como visto, a radiação UVB está associada aos danos imediatos, portanto,

torna-se de grande importância a avaliação da eficácia dos fotoprotetores

(VELASCO et al., 2011). A determinação do Fator de Proteção Solar (FPS) é aceito

pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no qual avalia a capacidade

de proteção solar para a região UVB do espectro eletromagnético. Conforme a RDC

nº 30 de 1 de junho de 2012 (BRASIL-ANVISA, 2012) o valor de FPS consiste na

razão entre a dose mínima eritematosa em uma pele protegida por um fotoprotetor

(DMEp) e a dose mínima eritematosa na mesma pele quando desprotegida

(DMEnp).

Os filtros solares e os fotoprotetores são classificados conforme o tipo de

proteção que oferecem bloqueio físico ou absorção química da radiação UV. Os

filtros solares químicos são compostos aromáticos conjugados com um grupo

carbonila, no qual absorvem 95% da radiação UV nos comprimentos de onda de 290

a 320 nm: Podem ser de origem natural ou sintética, no entanto, a procedência

natural, ainda é bastante discutível, pois alguns fatores limitam seu uso como filtros

solares. Todavia, extratos vegetais podem ser utilizados de forma positiva em

preparações fotoprotetoras como coadjuvantes ou associados aos filtros sintéticos,

pois tais produtos apresentam enormes vantagens (CABRAL; PEREIRA; PARTATA,

2011).

Page 73: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

72

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Os métodos in vitro para triagem de substâncias potencialmente protetoras

estão bastante difundidos por apresentar vantagens na rapidez de execução, menor

custo, reprodutibilidade e, principalmente por não expor o voluntário ao risco

(VELASCO et al., 2011). O método desenvolvido por Mansur e colaboradores (1986)

para calcular o FPS demonstra ser o mais eficaz e rápido, além de apresentar uma

boa correlação com os resultados in vivo e, tem sido utilizado em vários trabalhos

com extratos e óleos vegetais (FERRARI et al., 2007; ROSA et al, 2008; VIOLANTE

et al., 2009; NASCIMENTO et al., 2009; MUNHOZ et al., 2012; SOUZA; CAMPOS;

PACKER, 2013; SILVA, 2013; SILVA et al., 2014).

3.10 Atividade antibacteriana

Pesquisas com o propósito de obter novos compostos antimicrobianos se

tornaram necessárias devido ao aumento exacerbado de microrganismos resistentes

aos antibióticos existentes, e o Brasil é uma ótima opção no que tange esse tipo de

estudo, uma vez que, possui uma imensa biodiversidade.

Do ponto de vista microbiológico, extratos ou substâncias isoladas de plantas

que apresentam atividade antimicrobiana são de extrema importância. Pois, embora

ainda existam antibióticos potentes, há o surgimento de bactérias multirresistentes

que causam infecções graves, particularmente em hospitais (PORTO et al., 2009).

Com isso, existe uma necessidade mundial na busca por novas drogas

antimicrobianas e uma excelente fonte de compostos protótipos para novas drogas

são as plantas, tendo em vista a diversidade molecular dos metabólitos secundários

que é superior àquela resultante dos processos de síntese química (SILVA et al.,

2010).

Segundo Saraiva (2012), os antibióticos de origem vegetal possuem uma

estrutura química diferente dos antibióticos derivados de microrganismos. Os

primeiros podem regular o metabolismo de patógenos, através da ativação ou

bloqueio de reações e síntese enzimática ou mesmo alterando a estrutura de

membranas. Foi Fleming o primeiro a perceber a resistência de determinados

microrganismos a antibióticos, ele descreveu que algumas bactérias não eram

inibidas pela penicilina (BUSH, 1989 apud SARAIVA, 2012). Essa resistência trata-

se de uma alteração genética, na qual permite uma bactéria produzir enzimas que

Page 74: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

73

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

destroem o fármaco antibacteriano, modificar o sítio de destino da droga ou produzir

uma via metabólica alternativa que desconhece a ação da droga (TENOVER, 2006).

Segundo Saraiva (2012), um dos motivos pelos quais pode ter colaborado

para o aparecimento de bactérias Gram positivas multirresistentes, tais como,

Staphylococcus resistentes a meticilina, Pneumococcus resistente à penicilina e

eritromicina, Enterococcus resistentes à vancomicina e também as Gram negativas

Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae resistentes a β-lactâmicos, foi o

destaque dado para controlar apenas as infecções por bactérias Gram negativas.

De acordo com Oliveira e Destefani (2011), os antimicrobianos utilizados para

combater infecção bacteriana estabelecida compreende quase um terço das

prescrições de fármacos, no entanto, o uso normalmente acontece de forma

incorreta. Desta forma, o uso abusivo de antibióticos é um alerta, pois acelera o

desenvolvimento de microrganismos potencialmente resistentes a qualquer

tratamento, acarretando graves consequências, podendo, inclusive, levar ao óbito.

Embora haja disponibilização de novos antibióticos, a resistência antibacteriana

representa um grande desafio terapêutico, pois ocorrem em ritmo crescente nos

diferentes patógenos Gram positivos e Gram negativos.

Uma grande variedade de métodos pode ser empregada para definir se o

extrato de uma determinada planta possui atividade antimicrobiana. Os mais

conhecidos incluem o método de difusão em ágar, o método de macrodiluição e

microdiluição. Entretanto, para determinar a Concentração Mínima Bactericida

(CMB) e a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de extratos ativos de plantas, tem-

se utilizado o método de microdiluição desenvolvido por Eloff em 1998 (OSTROSKY

et al., 2008).

A técnica de microdiluição envolve o uso de pequenos volumes de meio de

cultura, entre 0,1 e 0,2 mL, colocado em microplacas de 80, 96 ou mais poços de

fundo redondo ou cônico estéreis. As placas de microdiluição inoculadas devem ser

incubadas a 35 °C por 16-24 h. Os fatores considerados primários que podem

influenciar no método de diluição em caldo são a sensibilidade do organismo, o

diluente utilizado, o estágio e a taxa de crescimento bacteriano (ALVES et al., 2008).

O método de microplacas é considerado barato, é reprodutível, requer pouca

quantidade de amostra, possibilitando um maior número de réplicas que aumenta a

confiabilidade dos resultados, pode ser usado para grande número de amostras e

Page 75: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

74

MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

ainda é 30 vezes mais sensível que outros métodos usados na literatura. Porém,

alguns aspectos importantes devem ser considerados, visto que fatores que

interferem na suscetibilidade do método de diluição, tais como meios de cultura, pH,

disponibilidade de oxigênio, inóculo e condições de incubação (OSTROSKY et al.,

2008).

Page 76: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

75 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

MATERIAl

E MÉTODOS OH

Page 77: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

76 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Coleta do material vegetal

As folhas de T. gardneriana foram coletadas de uma árvore de 9 m de altura

no horário de 9h30mim no povoado de Barra no município de Santa Maria da Boa

Vista no estado de Pernambuco, Brasil, em julho de 2013, a 349 m de altitude (08°

47’59,00” S, 039°50’42,40 W). A identidade botânica da planta foi confirmada pelo

engenheiro florestal Diogo Gallo de Oliveira. A exsicata (Figura 18, p.76) do vegetal

encontra-se depositada no Herbário da Universidade Federal do Vale do São

Francisco (HVASF) sob o número do tombo 21221. As sementes coletadas em

Sertânia/ PE em outubro de 2012, foram obtidas da Rede de Sementes da Caatinga

do Centro de Referências de Áreas Degradadas (CRAD) campus Ciências Agrárias

UNIVASF, registradas sob o número LAS 818 (Figura 19, p. 77).

Figura 18. Exsicata nº 21221 das folhas de T. gardneriana arquivada no

HVASF/CRAD.

Foto: A AUTORA.

Page 78: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

77 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 19. Sementes de T. gardneriana arquivada sob nº LAS 818 no CRAD.

Foto: A AUTORA.

4.2 Obtenção do extrato etanólico bruto

As folhas foram secas em estufa (Fluxograma 1a, p.78) com ar circulante à

temperatura média de 50 oC durante 3 dias estando de acordo com os parâmetros

exigidos no processo de secagem do material vegetal (SIMOES et al., 2010). Após

a secagem, as folhas foram submetidas a um processo de pulverização em moinho

mecânico (Fluxograma 1b, p.78), obtendo-se 5114,8 g de pó. Em seguida o pó foi

sujeito à maceração com etanol (EtOH) a 95 % em um percolador de aço inoxidável

(Fluxograma 1c, p.78). A solução etanólica obtida foi filtrada e evaporada com o

auxílio de um rotaevaporador à pressão reduzida (QUIMIS) (Fluxograma 1d, p.78) a

uma temperatura média de 50 oC, obtendo-se 724,03 g de extrato etanólico bruto

(Tg-EEB) (Fluxograma 1e, p.78).

Page 79: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

78 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Fluxograma 1. Esquema de preparação do extrato etanólico bruto das folhas de T.

gardneriana.

Fotos: A AUTORA.

4.3 Fracionamento do extrato etanólico bruto

Para particionar o Tg-EEB utilizou-se solventes de polaridade crescente. Uma

quantidade do Tg-EEB (351,4 g) foi misturado com sílica gel 60 para coluna (0,04-

0,063 mm/230- 400 mesh ASTM) e submetido a uma cromatografia líquida sob

vácuo (CLV) em funil sinterizado (Figura 20, p.79) utilizando os solventes hexano,

clorofórmio, acetato de etila e metanol, separadamente. As soluções obtidas foram

tratadas com Na2SO4 anidro (VETEC) e submetidas à filtração sob pressão

reduzida. Após esse procedimento, o solvente foi evaporado em rotaevaporador

Page 80: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

79 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Extrato etanólico Bruto

(351,4 g)

Fração hexânica (9,30 g)

2,6%

Fração clorofórmica

(42,17 g)

12,0%

Fração acetato de etila

(19,29 g)

5,5%

Fração metanólica (193,48 g)

55,0%

CLV

Hexano Clorofórmio Acetato de etila Metanol

(QUIMIS) à pressão reduzida à temperatura média de 50 oC obtendo-se quatro

frações: hexânica (Tg-Hex), clorofórmica (Tg-CHCl3), acetato de etila (Tg-AcOEt) e

metanólica (Tg-MeOH) de acordo com Fluxograma 2.

Figura 20. Cromatografia líquida sob vácuo (CLV).

Foto: A AUTORA.

Fluxograma 2. Fracionamento do extrato etanólico bruto das folhas T. gardneriana.

Page 81: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

80 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4.4 Extração dos óleos fixos

A extração do óleo fixo das folhas secas (OF) e das sementes (OS) foi

realizada por meio do método extrativo a quente sólido-líquido usando o aparelho de

Soxhlet (Figura 21, p.80). Foram utilizados 59 g do pó das sementes e 37 g das

folhas que foram transferidas para o interior do aparelho Soxhlet contendo 250 mL

de solvente extrator hexano, que aquecido por uma manta elétrica, permaneceu em

ebulição por duas horas. Em seguida, a mistura do óleo/solvente foi colocada no

rotaevaporador à pressão reduzida (QUIMIS) para evaporação do solvente, obtendo-

se os óleos fixos brutos. Depois os óleos foram pesados e seus percentuais

calculados em relação à massa seca das amostras.

Figura 21. Aparelho de Soxhlet utilizado na extração dos óleos fixos.

Foto: A AUTORA.

Page 82: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

81 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4.4.1 Saponificação e metilação dos ácidos graxos

Os óleos foram esterificados de acordo com a metodologia realizada por

Matos e colaboradores (1992). Primeiramente, os óleos extraídos foram

saponificados refluxando em 50 mL de metanol contendo 1,0 g de KOH, durante 30

minutos. A seguir, o metanol foi destilado até reduzir o volume, em seguida foi

completado com 50 mL de água. A solução insaponificável foi extraída da mistura

alcalina com éter etílico.

Em seguida, as soluções aquosas alcalinas foram aciduladas até pH 2 com

ácido clorídrico diluído a 10% e os ácidos graxos extraídos com éter etílico, em

seguida, neutralizado com algumas gotas de solução saturada de Na2CO3 5%.

Posteriormente, removeu-se a água com sulfato de sódio anidro e o éter por

destilação. A seguir fez-se a metilação dos ácidos graxos refluxando as amostras

durante 2 minutos com 3 gotas de HCl concentrado em 5 mL de metanol anidro. Os

ésteres metilícos foram extraídos com hexano após a adição de 10 mL de água,

depois removeu a mesma da solução hexânica com sulfato de sódio anidro, seguido

de filtração.

4.5 Prospecção fitoquímica

Uma triagem fitoquímica qualitativa e preliminar para detectar as principais

classes de metabolitos secundários presentes no extrato e frações foi realizada

através de perfis cromatográficos em camada delgada analítica (CCDA), utilizando

placas (5x6 cm) de sílica gel 60 G/UV254 com suporte de alumínio (MACHEREY-

NAGEL).

Alíquotas de Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH diluídas em

clorofórmio foram aplicadas nas cromatoplacas com capilares de vidro, em seguida

foram eluídas e reveladas em sistemas de solventes específicos para cada classe

de acordo com a Tabela 1. Posteriormente, as placas foram visualizadas em luz UV

utilizando os comprimentos de onda 254 e 365 nm conforme metodologia descrita

por Wagner e Bladt (1996).

Page 83: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

82 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 1. Sistemas de eluição e reveladores empregados para caracterizar os

principais metabólitos secundários do extrato etanólico bruto e frações das folhas de

T. gardneriana.

Classe de metabólitos

Sistema de eluição

Reveladores

Alcaloides Tolueno: Acetato de etila:

dietilamina (70:20:10, v/v)

Reagente

Dragendorff

Derivados antracênicos Acetato de etila: metanol: água

(100:13,5:10, v/v)

Reagente (KOH)

etanólico 10%

Cumarinas Tolueno: éter etílico (1:1 saturado

com acido acético 10%, v/v)

Reagente (KOH)

etanólico 10%

Flavonoides/ Taninos Acetato de etila: ácido fórmico:

acido acético glacial: água

(100:11:11:26, v/v)

Reagente

NEU/Cloreto férrico

1%

Mono e diterpenos Tolueno: acetato de etila

(93:7, v/v)

Reagente vanilina

sulfúrica

Triterpenos e

esteroides

Tolueno: Clorofórmio: etanol

(40:40:10 ,v/v)

Reagente

Liebermann-

Burchard

Naftoquinonas Tolueno: ácido fórmico

(99:1, v/v)

Reagente (KOH)

etanólico 10%

Saponinas Clorofórmio: ácido acético:

Metanol: água (64:32:12:8, v/v)

Anisaldeído/Ácido

sulfúrico

Page 84: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

83 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4.6 Métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias

Para traçar um perfil químico do extrato etanólico bruto e frações de T.

gardneriana recorreu-se a métodos espectrofotométricos ou colorimétricos para

quantificar dois grandes grupos de metabólitos os fenóis e os flavonoides totais.

Esses métodos são utilizados para determinar a concentração de uma substância

em uma solução, visto que, em um dado comprimento de onda, a absorbância da

amostra depende da quantidade de espécie absorvente que a luz encontra ao

passar através de uma solução dela (BRUICE, 2006).

4.6.1 Fenóis totais

O teor de fenóis foi determinado utilizando o reagente de Folin-Ciocalteu, que é

fundamentado no método de Slinkard e Singleton (1977), apenas os volumes foram

reduzidos (ALMEIDA et al., 2011).

Para a reação colorimétrica, uma alíquota de 40 µL de soluções diluídas nas

concentrações 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L em etanol de Tg-EEB, Tg-Hex,

Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH e o padrão ácido gálico foram adicionadas a 3,16

mL de água destilada e 200 µL do reativo Folin-Ciocalteu numa cubeta de vidro. A

seguir, a mistura foi agitada e deixada em repouso durante 8 min. Após isso,

adicionou 600 µL de uma solução de carbonato de sódio e agitou novamente.

Posteriormente, as soluções foram deixadas a 20 °C durante 2 horas e a

absorbância de cada solução foi determinada a 765 nm em um espectrofotômetro

UV-VIS (QUIMIS) contra o branco e mensurada a absorbância versus concentração.

No branco, as amostras foram substituídas por água.

Com os resultados das absorbâncias, os dados foram interpolados e foi

determinada a equação da reta abaixo através de regressão linear:

A = 0,0011C + 0,0206

Onde, A representa a absorbância medida e C a concentração de equivalente

de ácido gálico. O intervalo da curva foi de 50-1000 mg/L (R2 = 0,9972). O teor de

Page 85: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

84 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

compostos fenólicos foram expressos em miligrama de equivalente ácido gálico por

grama de extrato/ frações (mg EAG/ g) através da curva de calibração.

4.6.2 Flavonoides totais

A determinação de flavonoides totais foi realizada seguindo a metodologia

descrita por Dewanto e colaboradores (2002), com adaptações.

Inicialmente, as amostras Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH

e o padrão catequina foram diluídos em metanol obtendo soluções nas

concentrações 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L.

Em cubetas, 0,30 mL dessas soluções foram misturadas com 1,50 mL de

água destilada seguido da adição de 90 µL de uma solução de NaNO2 5%. Após 6

minutos, 180 µL de uma solução de AlCl3.6H2O 10% foi adicionada e deixou-se

repousar durante 5 min. Em seguida, foi adicionado 600 µL de NaOH 1 M. Por fim,

adicionou-se 330 µL de água destilada e promoveu-se a homogeneização.

A absorbância foi medida imediatamente frente ao branco e mensurada, a

absorbância versus concentração a 510 nm usando um espectrofotômetro UV-VIS

(QUIMIS), em comparação com o padrão catequina de concentrações conhecidas.

Os resultados foram expressos em miligrama de equivalente de catequina

por grama de extrato (mg EC/g) através da curva de calibração da catequina (R² =

0,9943). O intervalo da curva de calibração foi de 50-1000 mg /L. O teor de

flavonoides foi calculado a partir da equação obtida por regressão linear abaixo:

A=0,0019C+ 0,0773

Onde, A representa a absorbância e C a concentração de equivalente de

catequina.

4.7 Avaliação in vitro da atividade antioxidante

Para avaliação da atividade antioxidante das amostras Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-

CHCl3, Tg-AcOEt, Tg-MeOH e dos óleos fixos de T. gardneriana foi utilizado o

método do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH∙) e o da

inibição da co-oxidação do β-caroteno frente ao ácido linoleico. Estes métodos tem-

Page 86: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

85 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

se tornado cada vez mais importantes, pois auxiliam na busca por compostos

bioativos e, sobretudo na seleção de matéria-prima para estudo.

4.7.1 Teste do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH∙)

A avaliação da atividade sequestradora de radicais livres foi realizado

segundo o método de Mensor e colaboradores (2001) com adaptações (ALMEIDA et

al., 2011) utilizando o 2,2-difenil -1- picril-hidrazil (DPPH∙). Este método mede a

capacidade da amostra em sequestrar o radical livre DPPH∙.

Para executar o experimento, soluções estoque (1,0 mg/mL) de extrato

etanólico bruto, frações, óleos fixos e padrões foram diluídos até às concentrações

finais de 243, 81, 27, 9, 3 e 1 µg/mL, em etanol. Também, preparou-se uma solução

etanólica de DPPH∙ (SIGMA) com concentração igual a 50 μg/mL. Posteriormente,

preparou-se o branco, os controles positivo e negativo. Para o branco adicionou na

cubeta apenas 1,0 mL de etanol com 2,5 mL de soluções das amostras. Como

controle negativo apenas 1,0 mL solução de DPPH com 2,5 mL etanol foi usado.

Para o controle positivo foram preparadas soluções dos padrões de ácido L-(+)-

ascórbico (MERK), Butilhidroxianisol (BHA) e Butilhidroxitolueno (BHT) (SIGMA).

Em seguida, 2,5 mL de cada uma das soluções de extrato, frações, óleos

fixos e padrões foram adicionadas em cubetas, separadamente. Posteriormente,

foram adicionadas em cada cubeta 1,0 mL de solução de DPPH∙. Deixou-se reagir à

temperatura ambiente por 30 min e os valores de absorbância foram medidas a 518

nm em espectrofotômetro de Ultravioleta UV-Vis (SHIMADZU UV 1601) sendo

convertida em porcentagem da atividade antioxidante (%AA), utilizando a seguinte

fórmula:

(%AA)= Acontrole – Aamostra x 100

Acontrole

Onde, Acontrole equivale à absorbância do controle e Aamostra absorbância da

amostra. Os valores de concentração efetiva (CE50) foram calculados por regressão

linear utilizando o programa GraphPad Prism® 5.0 chegando-se assim à

Page 87: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

86 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

concentração necessária para obter 50 % do efeito antioxidante (MENSOR et al.,

2001).

4.7.2 Teste da inibição da co-oxidação do β-caroteno

A capacidade dos extratos em prevenir a oxidação do β-caroteno frente ao

ácido linoleico foi avaliada de acordo com a metodologia descrita por Wannes e

colaboradores (2010).

Para preparar o meio oxidante, 2 mg do β-caroteno cristalino foi dissolvido

em 10 mL de clorofórmio ( 0,2 mg/mL), em seguida, 40 mg ácido linoleico e 400 mg

de emulsificador Tween 40 foram adicionados a 2 mL desta solução. O clorofórmio

foi evaporado em rotaevaporador sob pressão reduzida a 40 °C e 100 mL de água

destilada foi adicionada. Posteriormente, a emulsão foi agitada vigorosamente

durante dois minutos para promover a aeração.

Os compostos padrões, extrato e frações foram diluídos em etanol absoluto

numa concentração de 1 mg/mL. A emulsão (3,0 mL) foi adicionada a uma cubeta

contendo 0,12 mL das soluções das amostras. A absorbância foi medida

imediatamente a 470 nm num espectrofotômetro UV-VIS (QUIMIS). Posteriormente,

as cubetas foram fechadas e incubadas em banho-maria a 50 °C durante 120 min,

quando a absorbância foi medida novamente.

O ácido L-(+)-ascórbico (MERK), BHA e BHT (SIGMA) foram utilizados como

controle positivo. No controle negativo, os extratos foram substituídos com um

volume igual de etanol. O branco do aparelho foi o próprio etanol. A atividade

antioxidante (%AA) foi avaliada em termos de branqueamento do β-caroteno

utilizando a seguinte fórmula:

%AA= 1 - (A0 - At) x 100

(A00 – At

0)

Onde A0 é absorbância inicial e At é a absorbância final medida para a

amostra. A00 é a absorção inicial e At0 representa a absorbância final medida para o

controle negativo. Os resultados são expressos como porcentagem de atividade

antioxidante (% AA).

Page 88: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

87 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4.8 Determinação in vitro do Fator de Proteção Solar (FPS) e do comprimento

de onda de absorção máxima

A determinação do comprimento de onda de absorção máxima (λmáx) do

extrato e frações foi realizada através da diluição destes em etanol absoluto, de

acordo com a metodologia descrita por Violante e colaboradores (2009), obtendo-se

soluções de concentrações de 5, 25, 50 e 100 mg/L. Posteriormente, foi realizada a

leitura em um espectrofotômetro UV-VIS (QUIMIS, Brasil) nos comprimentos de

onda entre 260-400 nm, com intervalos de 5 nm para verificar a absorção nas

regiões ultravioleta A, B e C (UVA, UVB e UVC).

As leituras foram realizadas utilizando cubeta de quartzo com 1,0 cm de

caminho óptico e o etanol puro foi utilizado como branco. O cálculo do FPS foi

determinado utilizando a equação desenvolvida por Mansur e colaboradores (1986)

e Sayre e colaboradores (1979):

FPS = FC. 290∑ 320. EE(λ). I(λ). abs(λ)

Onde: FC: fator de correção (= 10); EE (λ): efeito eritemogênico da radiação

do comprimento de onda; I (λ): intensidade da radiação solar no comprimento de

onda; Abs (λ): leitura espectrofotométrica da absorbância da solução no

comprimento de onda. Os valores de EE (λ). I (λ) são constantes e estão

representados na Tabela 2.

Page 89: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

88 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 2. Valores determinados para o cálculo do FPS por espectrofotometria

(MANSUR et al., 1986 e SAYRE et al., 1979).

Comprimento de onda (nm)

E (λ). I(λ)

Valores relativos

290 0,0150

295 0,0817

300 0,2874

305 0,3278

310 0,1864

315 0,0839

320 0,0180

Total 1,0000

*EE (λ): efeito eritemogênico da radiação do comprimento de onda; I (λ): intensidade da

radiação solar no comprimento de onda.

4.9 Avaliação da atividade antibacteriana

O efeito antibacteriano de Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt, Tg-MeOH e

dos óleos fixos foi avaliado através do método de microdiluição recomendado pelo

Comitê Nacional para Padrões de Laboratórios Clínicos baseado no documento M7-

A7 (CLSI, 2006). Na avaliação da atividade antibacteriana foram testadas as

seguintes cepas padrões da American Type Culture Collection (ATCC):

Bacillus cereus (ATCC 11778);

Enterococcus faecalis (ATCC 19433);

Escherichia coli (ATCC 25922);

Klebsiella pneumoniae (ATCC 13883);

Salmonela enterica (ATCC 10708);

Serratia marcescens (ATCC 13880);

Shigella flexneri (ATCC 12022);

Staphylococcus aureus (ATCC 25923);

Staphylococcus epidermidis (ATCC 12228);

Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).

Page 90: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

89 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Uma alíquota de 0,25 g de Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOet, Tg-MeOH e

dos óleos foi diluída em 10 mL de etanol 95%, exceto o óleo fixo das folhas que foi

diluído em metanol e DMSO puros (1:1) obtendo-se a solução na concentração de

25 mg/mL de cada amostra.

Na preparação do inóculo, colônias obtidas em ágar Mueller-Hinton foram

utilizadas no preparo da suspensão bacteriana em solução salina 0,085% com

turvação equivalente ao tubo 0,5 da escala de MacFarland. Desta suspensão foram

inoculados 100 µL em tubos contendo 9,9 mL de caldo Mueller-Hinton.

Para determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM), 200 µL de

caldo Mueller-Hinton foram distribuídos em placas de microtitulação de 96 poços

(Fluxograma 3a, p.90). A seguir, 200 µL da solução das amostras foram acrescidos

ao primeiro poço e, após homogeneização, 200 µL do primeiro poço foram

transferidos para o segundo e, assim sucessivamente, sendo obtidas as seguintes

concentrações finais: 12.500; 6.250; 3.125; 1.562,5; 781,2; 390,6; 195,3 e 97,6

µg/mL. Em seguida, 10 µL da suspensão bacteriana foram inseridos nos poços das

microplacas contendo a diluição das amostras, sendo o material incubado a 37 °C

por 24 h.

Utilizando um replicador (Fluxograma 3b, p.90), alíquotas foram retiradas das

microplacas após a incubação e semeadas em placas de petri (Fluxograma 3c, p.90)

contendo ágar Mueller-Hinton, seguindo-se de incubação por 24 h a 37 ºC.

Definiu-se a CBM como a menor concentração do extrato capaz de causar a

morte da bactéria. Na identificação dos resultados, nos poços onde as alíquotas não

resultaram em crescimento bacteriano considerou-se a concentração da amostra

como bactericida.

Page 91: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

90 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Fluxograma 3. Etapas de avaliação da atividade antibacteriana: a) Placa de

microtitulação de 96 poços; b) Replicador; c) Placa de Petri.

Fotos: A AUTORA.

4.10 Métodos de separação e purificação dos compostos

As frações após análise da triagem fitoquímica e dos ensaios químicos e

biológicos foram submetidas a procedimentos cromatográficos com a finalidade de

separar e isolar os constituintes químicos. Primeiramente foram submetidas à

cromatografia em coluna (CC) do tipo adsorção, no qual utilizou-se colunas de vidro

de vários tamanhos dependente da quantidade da amostra a ser cromatografada,

sílica gel 60 (0,063-0,200 mm) ou CC do tipo exclusão molecular, utilizando o

Sephadex LH-20 como fase estacionária. As amostras coletadas após evaporação

do solvente foram analisadas e monitoradas quanto ao grau de pureza em

cromatografia em camada delgada (CCD) e reunidos conforme perfil cromatográfico,

formando subfrações, as quais foram recromatografas para obter os compostos

puros.

Page 92: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

91 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Na cromatografia em camada delgada analítica (CCDA) foram utilizadas

placas de sílica gel 60 G/UV254 com suporte de alumínio (MACHEREY-NAGEL).

Para a cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP), foram utilizadas

placas de vidro 20 x 20 cm e fase estacionária de sílica gel 60, F254, (FLUKA). Para

revelar as placas optou-se por um método não-destrutivo, a radiação

eletromagnética de comprimento de onda na região de ultravioleta (UV) – 254 nm e

366 nm por meio do aparelho da marca BOITTON. Algumas vezes vanilina sulfúrica

foi utilizada. Em ambos os procedimentos cromatográficos foram utilizados os

solventes, hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, puros ou em misturas

binárias em gradiente de polaridade crescente como fase móvel.

4.10.1 Isolamento dos compostos da fração acetato de etila

Uma alíquota de 5 g da fração acetato de etila foi submetida a uma coluna

cromatográfica (Figura 22, p.92) utilizando o Sephadex LH-20 como adsorvente e

solvente metanol como fase móvel, no qual resultou na coleta de 117 amostras, nas

quais foram reunidas em cinco grupos conforme Fluxograma 4 com base na análise

em cromatografia em camada delgada analítica.

O grupo 43-117 (1,81 g) foi submetido a sucessivas cromatografias, as

subfrações oriundas desta resultou em um precipitado amorfo (9,0 mg) de cor

amarela, solúvel em MeOH, sendo codificado como Tg-01.

Page 93: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

92 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 22. Coluna cromatográfica com Sephadex LH-20 da fração acetato de etila

de T. gardneriana.

Foto: A AUTORA.

Fluxograma 4. Procedimento cromatográfico da fração acetato de etila de T.

gardneriana.

Fração

acetato de etila

(5,0 g)

1-7 8-15 16-27 28-42 43-117

(1,81 g)

-CC (Sephadex LH-20) -Metanol -CCDA

Tg-01 (9,0 mg)

Sucessivas cromatografias

Page 94: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

93 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4.10.2 Isolamento dos compostos da fração clorofórmica

A fração clorofórmica (4,2 g) foi submetida à cromatografia em coluna,

utilizando sílica gel 60 como fase estacionária. Como fases móveis foram utilizados

os solventes hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, puros ou em misturas

binárias, utilizando grau crescente de polaridade, que resultou na coleta de 313

frações (Tabela 3, p. 94). Após análises em cromatografia em camada delgada

analítica (CCDA) foram reunidas de acordo com seus perfis cromatográficos,

conforme demostrado Fluxograma 5, p.53.

Fluxograma 5. Procedimento cromatográfico da fração clorofórmica de T.

gardneriana.

A fração 103-108 (130 mg) se apresentou como um sólido branco solúvel em

clorofórmio. Na análise por CCDA com sistema de eluição clorofórmio puro, a fração

apresentou duas manchas, no qual foi submetida à CCDP que resultou em um

sólido branco, solúvel em clorofórmio, na qual foi codificada como Tg-02.

Fração Clorofórmica

(4,2 g)

1-10 ... 20-33... 103-108

(130 mg) 109-122... 149-171... 186-213... 252-272... 292-313

Tg-02

(87,9 mg)

-CC (Sílica gel 60) -Hex/ CHCl3/ AcOEt/ MeOH -CCDA

-

-HEX

-Hex

Page 95: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

94 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 3. Frações obtidas na CC da fração clorofórmica e sistema de eluição

utilizados.

Frações

Sistema de Eluição

Proporção

1-40 Hexano-Clorofórmio 30:70 (v/v)

41-65 Hexano-Clorofórmio 20:80 (v/v)

66-77 Hexano-Clorofórmio 10:90 (v/v)

78-97 Clorofórmio 100 (v/v)

98-133 Clorofórmio- Acetato de etila 90-10 (v/v)

134-146 Clorofórmio- Acetato de etila 80:20 (v/v)

147-154 Clorofórmio- Acetato de etila 70:30 (v/v)

155-164 Clorofórmio- Acetato de etila 60:40 (v/v)

165-177 Clorofórmio- Acetato de etila 50:50 (v/v)

178-190 Clorofórmio- Acetato de etila 40:60 (v/v)

191-202 Clorofórmio- Acetato de etila 30:70 (v/v)

203-212 Clorofórmio- Acetato de etila 20:80 (v/v)

213-223 Clorofórmio- Acetato de etila 10:90 (v/v)

224-231 Acetato de etila 100 (v/v)

232-238 Acetato de etila-Metanol 90-10 (v/v)

239-245 Acetato de etila-Metanol 80:20 (v/v)

246-254 Acetato de etila-Metanol 70:30 (v/v)

255-265 Acetato de etila-Metanol 60:40 (v/v)

266-273 Acetato de etila-Metanol 50:50 (v/v)

274-280 Acetato de etila-Metanol 40:60 (v/v)

281-290 Acetato de etila-Metanol 30:70 (v/v)

290-300 Acetato de etila-Metanol 20:80 (v/v)

301-313 Metanol 100 (v/v)

Page 96: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

95 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

4.11 Métodos espectrométricos utilizados na identificação das substâncias

Os Espectros de Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN de 1H) e de 13C

(RMN de 13C) unidimensionais foram obtidos para a substância Tg-1 em

espectrômetro do tipo Agilent300-vnmra300 operando na frequência do hidrogênio a

300 MHz e carbono 75 MHz em solvente deuterado metanol (MeOD- MERCK).

A substância Tg-02 foi preparada dissolvendo uma alíquota no solvente

deuterado da MERCK (CDCl3) e analisada em espectrômetro Bruker operando na

frequência do hidrogênio a 500 MHz e do carbono a 125 MHz, obtendo-se espectros

uni e bidimensionais.

Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por milhão (ppm)

e foram referenciados para RMN de 1H pelos picos característicos dos hidrogênios

pertencentes as frações não deuteradas do solvente CDCl3 δH = 7,26 ppm e MeOD

δH=4,85 e 3,29 ppm. Para os espectros de RMN de 13C, estes mesmos parâmetros

foram utilizados: CDCl3, δC= 77 ppm e MeOD δC=49.

4.12 Análise por CLAE-DAD

Para dosear a substância Tg-1 nas amostras, o extrato etanólico bruto e

frações diluídas em metanol grau CLAE (Merck) foram analisadas por CLAE–DAD

Shimadzu® equipado com um sistema quaternário de bombas modelo LC - 20ADVP,

degaseificador modelo DGU - 20A, detector PDA modelo SPD - 20AVP, forno

modelo CTO - 20ASVP, injetor automático modelo SIL - 20ADVP e controlador

modelo CBM - 20AVP, sendo os dados tratados através do software Shimadzu® LC

solution 1.0 (Japão) na Central Analítica da UNIVASF seguindo os parâmetros

descritos na literatura (PIEKARSKI, 2013). Um gradiente de fase móvel composto

pela solução de ácido fórmico 3% (solvente A) e metanol (solvente B) foi

programado da seguinte forma (A:B) com um fluxo de 1 mL/min a 35ºC de acordo

com a Tabela 4, p.96.

Page 97: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

96 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 4. Programação do gradiente de eluição da CLAE/DAD.

Tempo de corrida dos

solventes (min)

Gradiente de eluição

(A:B)

0 min 20:80

5 min 20:80

20 min 35:65

25 min 50:50

28 min 70:30

35 min 70:30

37 min 20:80

45 min 20:80

Para quantificação de Tg-01 nas amostras, uma curva analítica de substância

química de referência de quercetina com pureza superior a 99% (Sigma Aldrich®) foi

obtida com as concentrações de 40, 20, 10, 5 e 1 µL/mL, em triplicata, a partir de

uma solução estoque 2000 µg/mL.

A curva foi construída plotando a área do pico versus concentração. Para

quantificação a detecção foi ajustada para 370 nm. A partir dos cromatogramas

obtidos, avaliou-se a adequação do sistema cromatográfico através dos parâmetros:

fator de capacidade, número de pratos, fator de assimetria e resolução entre os

picos.

4.13 Análise por CLAE-IES-EM

As análises foram realizadas pela Central Analítica do Instituto de Química da

Universidade de São Paulo, usando o aparelho de cromatografia líquida de alta

eficiência acoplado a espectrômetro de massas íon trap (EM) equipado com

ionização por electrospray (IES), do modelo Esquire 3000 Plus-Bruker Daltonics.

O extrato etanólico bruto e frações foram diluídos em metanol (MERCK) na

concentração de 1 mg/mL, injetados no aparelho e submetidos à coluna Shimadzu

LC–18 Shim-Pack (250 x 4,6 mm, Japão). Para eluição da coluna foram usados o

solvente A (água:ácido acético 99:1) e o solvente B (acetonitrila:ácido acético 99:1)

Page 98: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

97 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

com a seguinte programação de acordo com a Tabela 5. O fluxo foi de 1 mL/min e

volume de injecção de 10 µL.

Tabela 5. Programação do gradiente de eluição da CLAE-DAD-IES-EM.

Tempo de corrida dos solventes

(min)

Gradiente de eluição

0 a 5 min 10% de B

50 a 55 min 15% de B

65 a 75 min 20% de B

80 a 85 min 100% de B

90 min 10% de B

Nas análises de IES-EM, as condições gerais foram: fonte de temperatura de

40 °C e tensão capilar de 4.0 kV em modo positivo e negativo. Os compostos foram

identificados conforme a interpretação dos seus espectros de fragmentações e

comparação com dados da literatura.

4.14 Análise por CG-EM

Os contituintes químicos presentes nos óleos fixos das folhas e sementes

foram investigados em um cromatógrafo a gás modelo QP-2010 Shimadzu,

interligados a um espectrômetro de massas (CG-EM). Foram utilizadas as seguintes

condições: coluna Phenomenex® Zebron ZB-5MS (30 m x 0,25 mm x 0,25 mm); hélio

(99,999%) de gás carreador com um caudal constante de 1,1 mL/min; 1 µL de

volume de injecção; razão de divisão de 1:40 do injector; temperatura do injector 240

° C; modo de impacto de elétrons a 70 eV; temperatura de 280 °C na fonte de íons.

A temperatura do forno foi programada de 100 °C (isotérmico durante 5 min), com

um aumento de 10 °C/min até 250 °C (isotérmico durante 5 min) e 10 °C/min até 280

°C (durante 15 min isotérmica).

Uma mistura de hidrocarbonetos lineares (C9H20-C40H82) foi injetado sob as

mesmas condições experimentais que as amostras, e a identificação dos

Page 99: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

98 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

componentes foram efetuadas por comparação dos espectros de massas obtidos

com os do banco de dados das bibliotecas do equipamento (Wiley 7 e NIST 08).

4.15 Análise Estatística

Todos os resultados foram obtidos em triplicata nos experimentos

colorimétricos e tratados estatisticamente usando o programa de computador

GraphPad Prism® versão 4.0. Os dados obtidos na análise da CLAE/DAD foram

analisados estatisticamente usando o OriginPro® 8.0. Ambos os dados foram

expressos como média ± SD. As diferenças foram consideradas significativas

quando p < 0,05.

Page 100: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

99 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

RESULTADOS

E DISCUSSÃO

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

Page 101: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

100 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Prospecção fitoquímica

A partir da triagem fitoquímica qualitativa traçou-se o perfil fitoquímico de T.

gardneriana. O extrato Tg-EEB e as frações apresentaram reação positiva para

derivados antracênicos, cumarinas, flavonoides, taninos, naftoquinonas, triterpenos,

esteroides, mono e diterpenos, revelando forte presença para terpenos, como

mostrado na Tabela 6, p.100 e Figura 23, p.101. As classes de compostos

detectados estão de acordo com a composição química esperada, conforme

relatado na literatura para a família, no entanto não foram detectados alcaloides e

saponinas.

Tabela 6. Caracterização fitoquímica do extrato etanólico bruto e frações das folhas

de T. gardneriana.

Classes de

metabólitos

Tg-EEB

Tg-Hex

Tg-CHCl3

Tg-AcOEt

Tg-MeOH

Alcaloides - - - - -

Derivados

antracênicos

+ + ++ +++ +

Cumarinas - - - + -

Flavonoides + + ++ + +++

Taninos - - - + +++

Nafitoquinonas - +++ ++ + -

Triterpenos e

esteroides

+ +++ +++ +++ +

Mono e diterpenos ++ +++ ++ ++ -

Saponinas - - - - -

Legenda: (-) Não detectado; (+) Baixa presença, (++) Presença moderada; (+++) Forte presença.

Page 102: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

101 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 23. Triagem fitoquímica qualitativa em cromatografia em camada delgada do

extrato etanólico bruto e frações de T. gardneriana.

Page 103: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

102 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 23. Continuação...

A presença de triterpenos e de flavonoides condiz com o isolamento de tais

substâncias no gênero (HUSSEIN et al., 2005; OLIVEIRA; CONSERVA; LEMOS,

2008) destacando os flavonoides que aparecem em 25% dos gêneros da família,

incluindo o Triplaris (OLIVEIRA, 2007).

Em outro estudo, na análise fitoquímica dos extratos de sementes de T.

gardneriana, derivados antracênicos, cumarinas, naftoquinonas, mono e diterpenos,

triterpenos e esteroides não foram detectados. Sendo descrita a presença de

alcaloides que não ocorreram nos extratos das folhas (FARIAS et al., 2013). Como

descrito acima, a triagem fitoquímica dos extratos das sementes e das folhas

apresentou diferenças, isso é justificável, por que a idade, o desenvolvimento da

planta, bem como dos diferentes órgãos vegetais, podem influenciar nas proporções

relativas dos componentes químicos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Page 104: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

103 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

0 50 100 150 250

500

1000

y = 0,0011x + 0,0206 R² = 0,9972

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

0 500 1000 1500

Ab

sorb

ânci

a

Concentração

0 50 100 150

250

500

1000

y = 0,0019x + 0,0773 R² = 0,9943

0,000

0,500

1,000

1,500

2,000

2,500

0 500 1000 1500

Ab

sorb

ânci

a

Concentração

5.2 Fenóis e Flavonoides Totais

As amostras Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH apresentaram os maiores teores

de fenóis totais 376,12± 2,29, 88,85± 17,87, 183,39± 13,92, respectivamente, sendo

os valores expressos em miligramas de equivalente de ácido gálico por grama da

amostra através da curva padrão do mesmo (Tabela 7, p.104; Gráfico 1A, p.103). Os

maiores teores de flavonoides totais também foram para as mesmas amostras

expressos em miligramas de equivalentes de catequina por grama da amostra

através da curva padrão obtida por regressão linear (Tabela 7, p.104; Gráfico 1B,

p.103).

Gráfico 1. Curva obtida por regressão linear no intervalo de 50-1000 mg/L do

padrão A) ácido gálico; B) catequina.

Page 105: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

104 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 7. Teor de compostos fenólicos e de flavonoides presentes em T.

gardneriana.

Extrato/Frações Flavonoides

(mg de EC/g)

Fenóis

(mg de EAG/g)

Tg-EEB 281,35± 6,23 376,12± 2,29

Tg-Hex - -

Tg-CHCl3 61,88± 3,50 -

Tg-AcOEt 287,14± 2,23 88,85± 17,87

Tg-MeOH 271,35± 1,32 183,39± 13,92

*Valores foram expressos como média ± S.D. (n=3); EAG= equivalente de ácido

gálico; EC= equivalente de catequina.

Como esperado, os compostos de natureza fenólica concentraram-se

majoritariamente em Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH (Tabela 7, p.104), já

que essas amostras apresentam polaridade de moderada a alta.

A determinação do teor de flavonoides totais na fração Tg-Hex, não foi

considerado, porque esta fração apresentou elevada concentração de flavonoides e,

esse valor pode ter sido mascarado por outras substâncias, causando interferência

nos resultados. Isto pode ter ocorrido devido à elevada turbidez da amostra (Figura

24, p.105), podendo ter sido detectadas pela sensibilidade do aparelho. Como se

sabe, o cálculo da concentração é feito com base na absorbância obtida pela

amostra em espectrofotômetro.

Os resultados das amostras Tg-Hex e Tg-CHCl3 no teste de fenóis totais

exibiram valores negativos, por isso não foram considerados.

Page 106: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

105 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 24. Soluções turvas de Tg-Hex preparadas para o teste de quantificação de

flavonoides.

5.3 Atividade antioxidante

Na avaliação da atividade antioxidante in vitro de T. gardneriana foram

utilizados os métodos espectrofotométricos de inibição de radicais DPPH• e da auto-

oxidação do β-caroteno.

Os resultados da avaliação da atividade antioxidante estão apresentados na

Tabela 8, p.106. Os dados mostraram que Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH exibiram

excelente atividade no sequestro do DPPH• com menores valores de CE50 2,27±

0,19, 5,42± 0,84 e 3,35 ± 0,15 µg/mL, respectivamente. Estes valores não são

estatisticamente diferentes (p <0,05) dos valores obtidos para os padrões. Visto que,

Tg-EEB apresentou melhor atividade antioxidante do que os padrões utilizados. As

frações Tg-Hex e Tg-CHCl3 apresentaram baixa atividade antioxidante, com valores

de CE50 maiores (Tabela 8, p.106).

Page 107: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

106 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 8. Atividade antioxidante in vitro do extrato etanólico bruto e das frações de

T. gardneriana.

Extrato/Frações/Padrão

DPPH

(CE50, µg/mL)

β-caroteno

(%AA)

Tg-EEB 2,27± 0,19 67,62± 2,48

Tg-Hex 32,91± 0,76 48,90± 1,12

Tg-CHCl3 50,35± 10,27 54,74± 1,28

Tg-AcOEt 5,42± 0,84 45,04± 1,12

Tg-MeOH 3,35± 0,15 47,64± 2,59

Ácido ascórbico 3,21± 0,30 -7,83± 2,58

BHA 3,05± 0,40 70,68± 0,55

BHT 5,38± 0,11 69,96± 3,07

*CE50 é definido como a concentração suficiente para obter 50% de efeito máximo estimado

em 100%. Os valores são apresentados como média ± SD (n = 3). %AA= percentagem de

atividade antioxidante.

No método da oxidação do β-caroteno, Tg-EEB também apresentou melhor

atividade (67,62 ± 2,48) seguida de Tg-CHCl3. Neste método, os valores de Tg-Hex,

Tg-AcOEt e Tg-MeOH não foram significativamente diferentes. O valor da

porcentagem de inibição negativa do ácido ascórbico no sistema β-caroteno/ácido

linoleico indica que ele apresentou atividade pró-oxidante devido à formação do

radical ascorbila, um agente oxidante (Tabela 8, p.106).

De acordo com Duarte-Almeida e colaboradores (2006) para que compostos

sejam considerados antioxidantes e possam exercer seu papel biológico é

necessário que, em baixa concentração, sejam capazes de impedir, retardar ou

prevenir a oxidação mediada por radicais livres e que o produto formado após a

reação seja predominantemente estável.

Conforme os resultados apresentados na Tabela 8, p.106 todas as amostras

exibiram atividade antioxidante. Esses resultados podem ser justificados pela

Page 108: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

107 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

presença dos maiores teores de fenóis bem como de flavonoides totais em Tg-EEB,

Tg-AcOEt e Tg-MeOH (Tabela 7, p. 104), uma vez que, os compostos fenólicos, em

particular os flavonoides possuem estrutura ideal para o sequestro de radicais, já

que, eles são muito reativos como agentes doadores de prótons (H) e elétrons

(SOARES, 2002; BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006).

A atividade antioxidante apresentada pelo extrato e frações das folhas de T.

gardneriana corrobora com estudos da literatura com o extrato de sementes

(FARIAS et al., 2013). Os resultados para a capacidade antioxidante pelo método

DPPH∙ nas concentrações 5 a 1.000 µg/mL mostrou que o extrato de sementes foi

mais potente (CE50 69,73 µg/mL) do que o controle positivo vitamina C (CE50 260,27

µg/mL). Extratos da casca, folhas, caules e raízes de T. americana também

apresentaram atividade antioxidante (OLIVEIRA, 2007; CANOMES et al., 2010).

5.4 Atividade fotoprotetora

Conforme os bons resultados apresentados no ensaio da atividade

antioxidante fez-se uma avaliação in vitro da atividade fotoprotetora, uma vez que, o

alto potencial antioxidante de substâncias contribui para neutralizar os radicais livres

produzidos na pele após a exposição à radiação UV (SOUZA; CAMPOS; PACKER,

2013).

A Figura 25, p.108 mostra o perfil de absorção espectrofotométrica do extrato

e das frações de T. gardneriana. O Tg-EEB, as frações Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-

MeOH apresentaram perfil de absorção espectrofotométrica dentro da faixa da

região UVC (100-290 nm) e UVB (290-320 nm) e este efeito é dose-dependente. No

entanto, apenas Tg-CHCl3 e Tg-AcOEt absorveram na região do UVA (320-400 nm)

apresentando comprimentos de onda máximo nesta, destacando a Tg-CHCl3 que

mostrou-se mais eficaz tanto na faixa UVA como também UVB, já que apresentou

absorbância em 3.0 e manteve-se constante na concentração 100 mg/L.

Page 109: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

108 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 25. Absorção espectrofotométrica na faixa (260 – 400 nm) de Tg-EEB e

frações das folhas de T. gardneriana.

260 280 300 320 340 360 380 4000.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.05 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

Tg-Hex

Comprimento de onda (nm)

Ab

so

rb

ân

cia

260 280 300 320 340 360 380 4000.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.05 mg/L

25 mgL

50 mg/L

100 mg/L

Tg-EEB

Comprimento de onda (nm)

Ab

so

rb

ân

cia

260 280 300 320 340 360 380 400

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.05 mg/L

25 mg/L

100 mg/L

50 mg/L

Tg-CHCl³

Comprimento de onda (nm)

Ab

so

rb

ân

cia

260 280 300 320 340 360 380 4000.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.05 mg/L

25 mgL

50 mg/L

100 mg/L

Tg-AcOEt

Comprimento de onda (nm)

Ab

so

rb

ân

cia

260 280 300 320 340 360 380 400

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.05 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

Tg-MeOH

Comprimento de onda (nm)

Ab

so

rb

ân

cia

Page 110: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

109 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Os dados mostram que, a capacidade fotoprotetora de Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-

AcOEt e Tg-MeOH pelo método foi diretamente proporcional ao teor de fenóis e

flavonoides totais (Tabela 7, p.104). Os compostos fenólicos distribuem-se em fenóis

simples, ácidos fenólicos (derivados do ácido benzoico e cinâmico), estilbenos,

taninos condensados e hidrolisáveis, lignanas, ligninas, cumarinas e flavonoides

(SOUZA et al., 2007) sendo moléculas com estruturas ideais para absorção de

radiações ultravioletas

Tais efeitos possivelmente são atribuídos aos compostos fenólicos, como os

flavonoides, quando dispersos em etanol apresentam duas bandas características

entre 240 a 280 nm (Banda II) e 300 a 550 nm (Banda I) no espectro de absorção

(VIOLANTE et al., 2009). A Banda I é associada à absorção do anel B (sistema

cinamoil) e a Banda II é atribuída ao anel A, que envolve a absorção do sistema

benzoil (Figura 26, p.109) (SALDANHA, 2013). Apenas a Tg-CHCl3 e Tg-AcOEt

apresentaram os dois picos típicos (Figura 25, p. 108).

Figura 26. Estrutura de um núcleo flavonol com sistemas benzoil e cinamoil.

O

OH

O

Sistema Benzoi l

A

B

Sistema Cinamoil

Os resultados do FPS determinados in vitro do extrato etanólico bruto e das

frações segundo a metodologia proposta por Mansur e colaboradores (1986), estão

descritos na Tabela 9, p.110. Todas as amostras exibiram FPS superiores a 6,0 na

concentração de 100 mg/L, exceto a fração hexânica. A amostra Tg-CHCl3 foi a

única que também apresentou FPS igual a 6,324± 0,069 na menor concentração (50

mg/mL).

Page 111: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

110 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Os dados sugerem que o potencial fotoprotetor das amostras ocorre de forma

dependente da concentração, ou seja, quanto maior a concentração, maior será o

FPS e, consequentemente, melhor atividade fotoprotetora.

Tabela 9. Fator de Proteção Solar (FPS) de extrato bruto etanólico e das frações de

T. gardneriana.

Concentração

(mg/L)

5

25

50

100

Tg-EEB 0,700± 0,127 2,042± 0,050 3,734± 0,051 7,410± 0,132

Tg-Hex 0,343± 0,031 0,731± 0,020 1,267± 0,053 2,393± 0,084

Tg-CHCl3 0,669± 0,022 3,169± 0,032 6,324± 0,069 12,794±0,163

Tg-AcOEt 0,775± 0,052 2,937± 0,123 5,608± 0,084 11,280±0,127

Tg-MeOH 0,685± 0,069 2,769± 0,049 5,379± 0,145 11,891±0,291

*Os valores são apresentados como média ± SD (n = 3).

.

Segundo a legislação brasileira RDC Nº 30 de 1º de junho de 2012 (BRASIL-

ANVISA, 2012) um produto adequado para utilização em cosméticos para

fotoproteger, ou seja, como protetores solares devem ter valores de FPS de no

mínimo 6,0. Sendo assim, todas as amostras, exceto a fração hexânica exibiram

efeito fotoprotetor, algumas apresentaram o dobro do valor mínimo exigido 12,794±

0,163; 11,280± 0,127 e 11,891± 0,291 para Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH,

respectivamente.

Essa boa fotoproteção pode ser explicada pelos teores de compostos

fenólicos presentes nas amostras (Tabela 7, p.104), pois como já citado a presença

desses metabólitos sinaliza um potencial na absorção da radiação UV.

Assim, os extratos da espécie vegetal testada, em condições padronizadas e

aceitas pela legislação brasileira podem ser considerada como um ótimo fotoprotetor

e gera expectativas de empregos em concentrações adequadas de forma isolada ou

conjuntamente como ativo principal ou adjuvante. Estudos como este, mesmo que

de forma preliminar são de extrema importância, uma vez que, de forma simples e

de baixo custo norteiam a seleção de espécies vegetais que apresentem um potente

fator de proteção solar, além de contribuir com informações inéditas sobre a planta,

Page 112: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

111 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

já que não há estudos sobre atividade fotoprotetora com nenhuma espécie da

família Polygonaceae. Porém, ainda são necessárias mais investigações

experimentais, podendo resultar em possível potencialização do FPS de produtos

com filtros sintéticos.

5.5 Atividade antibacteriana

De acordo com os ensaios in vitro para atividade antibacteriana de T.

gardneriana todas as amostras apresentaram atividade antibacteriana. Foi verificado

que Tg-EEB e Tg-AcOEt apresentaram melhor atividade promovendo inibição da

maioria das cepas (Gráfico 2, p.112).

Tg-EEB e Tg-AcOEt mostraram-se igualmente ativos contra cepas de Bacillus

cereus (ATCC 11778), Shigella flexneri (ATCC 12022) e Staphylococcus aureus

(ATCC 25923) nas concentrações 195,3; 195,3 e 390,6 µg/mL, respectivamente. A

fração Tg-AcOEt ainda se mostrou ativa contra as cepas Salmonella choleraesuis

(ATCC 10708) e Serratia marcescens (ATCC 13880). Tg-EEB foi também eficaz

contra MRSA e Escherichia coli (ATCC 25922).

O efeito bactericida de Tg-CHCl3 foi evidenciado para Enterococcus faecalis e

Shigella flexneri (ATCC 12022). A Tg-MeOH apresentou resultados contra as cepas

Escherichia coli (ATCC 25922), Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e MRSA. Já a

Tg-Hex apresentou atividade apenas para Shigella flexneri (ATCC 12022).

De todas as cepas testadas a única que foi resistente a todas as amostras foi

a bactéria Gram-negativa Klebisiella pneumoniae (ATCC 13883) mostrados no

Gráfico 2.

Page 113: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

112 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Gráfico 2. Atividade antibacteriana do extrato etanólico bruto e frações das folhas

de T. gardneriana.

A classificação de Aligianis e colaboradores (2001) preconiza que, para

extratos vegetais, os resultados de CBM são considerados como de forte inibição

quando CBM vai até 500 μg/mL; inibição moderada – CBM entre 600 e 1.500 μg/mL

e como fraca inibição - CBM acima de 1.600 μg/mL.

Desse modo, Tg-EEB e Tg-AcOEt apresentaram uma forte inibição contras as

cepas Bacillus cereus, Shigella flexneri e Staphylococcus aureus. Ainda sensíveis ao

Tg-EEB, Escherichia coli e MRSA, à Tg-AcOEt Salmonella choleraesuis e Serratia

marcescens, uma vez que, exibiram valores entre 195,3 e 390,6 µg/mL. A Tg-MeOH

foi a única que exibiu inibição moderada com valores de 781,2 μg/mL para

Escherichia coli e Staphylococcus aureus.

A cepa Klebisiella pneumoniae, bactéria Gram–negativa, foi resistente a todas

as amostras e, de acordo com Gould (2009), a maioria dos extratos antimicrobianos

de plantas são mais eficazes contra as bactérias Gram-positivas que as Gram-

0

100

200

300

400

500

600

700

800

390,6

195,3 195,3

390,6 390,6

195,3

390,6

781,2 781,2

195,3

Tg-EEB

Tg-Hex

Tg- CHCl3

Tg- AcOEt

Tg- MeOH

*Valores de CBM em

µg/mL (n = 3).

Page 114: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

113 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

negativas, isto porque a parede celular desta encontra-se mais resistente devido

uma camada de lipopolissacarídeos (OLIVEIRA et al., 2007).

Em outro estudo com outra espécie do gênero realizado por Camones (2009),

o extrato hidroalcoólico de Triplaris americana L. apresentou boa atividade

antimicrobiana contra a cepa Gram-positiva Staphylococcus aureus e ausência de

inibição frente à Escherichia coli, mostrando que o extrato exibiu ação apenas contra

a bactéria Gram (+), diferentemente de T. gardneriana que mostrou-se ativa contra

os dois tipos de bactérias.

Outros estudos com o extrato das sementes corroboram com resultados da

atividade antibacteriana dos extratos das folhas de T. gardneriana, pois mostrou-se

ativo contra Bacilus subtilis, Salmonella choleraesuis e Staphylococcus aureus, e

também não apresentou atividade contra a Gram (-) Klebsiella pneumoniae (FARIAS

et al., 2013).

A atividade antibacteriana exibida por Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH

provavelmente se deve, principalmente, à presença de flavonoides (Tabela 7, p.104)

na sua composição, já que os componentes fenólicos citados possuem diversas

atividades biológicas, tais como ação bactericida e antioxidante (SIMOES et al.,

2010).

5.6 Identificação estrutural de Tg-01

A substância Tg-01 (9,0 mg) foi isolada na forma de um precipitado amarelo

de Tg-AcOEt, solúvel em metanol. Esta substância apresentou fluorescência

amarela sob luz ultravioleta no comprimento de onda de 365 nm característica de

flavonoides e Rf: 0,36 em clorofórmio:metanol (93:7, v/v).

O espectro de RMN 1H e sua expansão (300 MHz, MeOD, Figura 28, 29 p.117

e 30 p.118) da substância apresentou sinais para hidrogênios aromáticos na faixa

6,5 a 8,0 ppm (PAVIA et al., 2012). O perfil do espectro de RMN de 1H também

apresentou um sinal em δH 12,26 (1H, s) referente ao hidrogênio de OH quelada,

dois dubletos característicos do anel B do núcleo flavonoídico, um em δH 6,86 (H-5’,

J = 9,0 Hz), outro em δH 7,72 (H-2’, J =3,0 Hz) e um duplo dubleto em δH 7,63

atribuído a H-6’ (J= 9,0 e 3.0 Hz), no qual, os valores das constantes de

Page 115: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

114 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

acoplamentos mostram que ocorrem acoplamentos orto de H-5’ com H-6’ e meta de

H-6’ com H-2’, portanto, permitiu propor o anel B trisubstituído. Apresentou, também,

dois dubletos mais protegidos δH 6,17 (H-6) e δH 6,37 ppm (H-8), ambos com J=3,0

Hz, o que evidencia dois hidrogênios com acoplamento em meta no anel A e estão

de acordo com a presença de substituintes nos carbonos 5 e 7 de flavonoides

(STOBIECKI; KACHLICKI, 2006).

As informações anteriores levaram a sugerir que seriam correspondentes aos

encontrados em núcleos flavonoídicos, uma vez que esta classe é bastante comum

na família Polygonaceae (OLIVEIRA, 2007). Os valores dos deslocamentos

químicos permitiram propor a estrutura de flavonoide com oxigenação em 3, 5, 7, 3’

e 4’. A ausência do sinal de H-3 típico de flavonas na região entre δH 6,39 e 6,94

ppm sugere que o C-3 esteja substituído propondo assim um esqueleto de um

flavonol.

A análise do espectro de RMN 13C a 75 MHz e sua expansão (Figura 31,

p.118 e Figura 32, p.119), permitiu estabelecer sinais para quinze átomos de

carbono referentes a 10 carbonos não hidrogenados e cinco metínicos fortalecendo

a sugestão de esqueleto flavonoídico.

Dentre os carbonos não hidrogenados, observou-se que em sete deles os

valores de deslocamentos químicos sugeriram a presença de carbonos sp2

oxigenados, no qual exibiu uma maior desproteção devido a influencia do átomo

eletronegativo, uma vez que, deslocamento para carbonos em anéis aromáticos

aparece sobre uma faixa de 110-175 ppm (PAVIA et al., 2012): δC 137,47 (C-3),

146,31(C-3’); 148,86 (C-4’); 148,07 (C-2); 158,32 (C-9); 162,60 (C-5) e 165,65 (C-7),

um carbonílico [δC 177,41 (C-4)] e dois carbonos sp2 não oxigenados [δC 104,86 (C-

10) e 124,24 (C-1’)].

Os sinais para carbonos metínicos no arranjo estrutural do anel benzênico

em δ 99,32 e δ 94,50 confirmam as oxigenações no carbono 5 e 7.

Esta análise permitiu deduzir uma fórmula molecular de C15H10O7 (IDH= 11) e

confirmar o esqueleto carbônico de um flavonol (C6.C3.C6) conduzindo à proposta da

3,5,7,3’-4’-pentahidroxiflavona conhecida como Quercetina (Figura 27, p.115),

confirmada pela comparação com dados da literatura descritos na Tabela 10, p.116

(GUVENALP; DEMIREZER, 2005).

Essa substância tem sido encontrada com frequência em espécies da família

Polygonaceae, se restringindo aos gêneros Polygonum, Rheum, Rumex e Triplaris,

Page 116: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

115 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

9

8

5

7

6

2

3

O

4

1'

2'

6'

3'

5'

4'

OOH

OH

OH

OH

OH

10

todavia inédito na espécie em estudo. Segundo levantamento realizado por Oliveira

(2007), a quercetina ocorreu com maior frequência nas folhas entre as espécies

estudadas da família.

Figura 27. Estrutura da 3,5,7,3’-4’-pentahidroxiflavona (Quercetina).

Page 117: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

116 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 10. Dados espectrais de RMN 1H (δH, MeOD, 300 MHz) e RMN 13C (δC,

MeOD, 75 MHz) e dados comparativos da quercetina (RMN 1H DMSO-d6, 300 MHz/

RMN 13C MeOH, 75 MHz) (GUVENALP; DEMIREZER, 2005).

δH δH δC δC

Posição Tg-01 Literatura Tg-01 Literatura

2

148,1 147,9

3

137,5 137,2

4

177,4 177,3

5 12,26 (s)

162,6 162,5

6 6,17 (d, J=3,0 Hz) 6,17 (d, J = 2,0 Hz) 99,32 99,3

7

165,7 165,7

8 6,37 (d, J=3,0 Hz) 6,37 (d, J = 2,0 Hz) 94,5 94,4

9

158,3 158,2

10

104,9 104,4

1’

124,2 124,1

2’ 7,72 (d, J=3,0 Hz) 7,73 (d, J = 2,0 Hz) 116,1 116

3’

146,3 146,2

4’

148,9 148,7

5’ 6,86 (d, J=9,0 Hz) 6,87 (d, J = 8,0 Hz) 116,3 116,2

6’ 7,63 (dd, J=9,0; 3,0 Hz) 7,62 (dd, J = 2,0; 7,5 Hz) 121,8 121,6

Page 118: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

117 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

9

10

8

5

7

6

2

3

O

4

1'

2'

6'

3'

5'

4'

OOH

OH

OH

OH

OH

Figura 28. Espectro de RMN 1H de Tg-1 (MeOD, 300 MHz).

Figura 29. Espectro de expansão RMN 1H de Tg-01, região 6,0 a 7,8 ppm (MeOD,

300 MHz).

Page 119: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

118 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 30. Espectro de expansão RMN 1H de Tg-01, região 7,54 a 8,14 ppm (MeOD,

300 MHz).

Figura 31. Espectro de RMN C13de Tg-1 (MeOD, 75 MHz).

Page 120: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

119 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 32. Espectro de expansão de RMN C13 de Tg-1, expansão da região 65 a

200 ppm (MeOD, 75 MHz).

5.6.1. Considerações sobre a Quercetina

A quercetina, pertencente à classe dos flavonóis é muito comum em espécies

vegetais, sendo o principal flavonoide presente na dieta alimentar. Ela está presente

em várias fontes alimentares, tais como, pimenta preta, que contém cerca de 4 g/kg

de quercetina, chá preto, cebolas, maçãs, frutas cítricas, feijões, brócolis, folhas

verdes e bebidas alcoólicas, como vinho e cerveja. No entanto, a cebola, a maçã e

o brócolis são as fontes majoritárias da quercetina. A substância é comumente

encontrada nos alimentos na forma de glicosídeos e, a natureza da glicosilação

influencia a eficiência de sua absorção no organismo (BEHLING et al., 2004).

O consumo de quercetina excede a outros antioxidantes conhecidos, por

exemplo, o β-caroteno apresenta um consumo de 3,2 mg/dia e vitamina E de 7-10

mg/dia e, é aproximadamente igual a um terço da vitamina C (70-100 mg/dia)

(MARTÍNEZ-FLÓREZ et al., 2002; BEHLING et al., 2004).

Page 121: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

120 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

A quercetina é reportada por possuir várias ações terapêuticas, destacando-

se efeito analgésico (RILSKI et al., 1979; WILLAIN FILHO, 2005), anti-inflamatório

(SANTANGELO et al., 2007), antitumoral (KAUNECHI et al., 2003; TAN et al., 2003),

antioxidante (MUROTA; TERRAO, 2003), gastroprotetor (KAHRAMAN et al., 2003),

antidiarreico (ZHANG et al., 2003), antiulcerativo (ZAHORODNYI, 2003),

hepatoprotetor e antifibrogênico (LEE et al., 2003), neuroprotetor (DOK-GO et al.,

2003), anticatatônico (SINGH et al., 2003), citoprotetor (POTAPOVICH; KOSTYUK,

2003), antiviral (DE OLIVEIRA, 2007), antimicrobiano (DE CAMARGO, 2008),

hormonal, atividade sobre a permeabilidade capilar e seus efeitos protetores aos

sistemas renal, cardiovascular (BEHLING et al., 2004; SIMOES et al., 2010).

Hoje em dia, a quercetina é comercializada via internet na forma de cápsulas

com dosagens que variam de 100 a 600 mg/kg como suplemento alimentar, sendo

fornecido por vários laboratórios americanos e europeus para tratamento de asma,

inflamação, catarata, gota, câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, prostatite,

entre outras enfermidades (WILLAIN FILHO, 2005).

5.7 Identificação estrutural de Tg-02

A substância Tg-2 (87,9 mg) foi isolada de Tg-CHCl3 como um sólido branco

em forma de agulhas, solúvel em clorofórmio.

No espectro de RMN 1H (Figura 37, p.128) e suas expansões (Figura 38, p.

128; Figura 39; Figura 40, p.129), foi observado a presença de seis singletos na

região entre δH 0,72-0,99 ppm característicos de hidrogênios metílicos

(SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2012), estes sinais aparecem em: δH 0,72;

0,75; 0,79; 0,91; 0,93 e 0,99. Também foi observado um singleto em δ 1,65 ppm

indicativo de hidrogênios de metila ligada a um carbono insaturado, pois hidrogênios

alílicos são mais desblindados pela anisotropia da ligação dupla em relação a outras

metilas, que exibem deslocamentos químicos menores (PAVIA et al., 2012). Esses

sinais nessa região protegida permitiu sugerir que tratava de um terpenoide.

Também foi observado dois dubletos em δH 4,65 e 4,53 típico de hidrogênios

vinílicos (H-29 αβ) da ligação dupla terminal. Esses hidrogênios sofrem maior

influencia do campo anisotrópico dos elétrons π da ligação dupla, uma vez que,

estão mais próximos da ligação dupla (PAVIA et al., 2012). A presença desses sinais

Page 122: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

121 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

sugeriu que a substância Tg-02 tratava-se de um triterpeno com esqueleto lupano

confirmado pelos sinais referentes aos carbonos olefínicos em 109,30 (C-29) e

150,86 (C-20) (MAHATO; KUNDU, 1994).

Outra característica do espectro de RMN 1H é a presença de um duplo

dupleto em 3,15 ppm (J= 5,0 e 10,0 Hz), no qual, sugeriu a presença de hidrogênio

(H-3) ligado a carbono oximetínico. Os valores da constante de acoplamento do sinal

do hidrogênio H-3 sugere a posição β para a hidroxila, já que o hidrogênio está

acoplando axial-axial e axial-equatorial com os hidrogênios localizados no carbono

2, já que a constante de acoplamento para esse tipo de acoplamento é na faixa de

8-14 e 1-7, respectivamente (PAVIA et al., 2012).

O espectro ainda revelou um dubleto δ 0,65 (H-5), um multipleto em 1,88 (H-

21), um tripleto de dubletos em δ 2,35 ppm (H-19; J=5,0; 15,0; 10,0 Hz) e dois

multipletos em δ 1,35 (H-6) e 1,22 ppm (H-9).

O espectro de RMN 13C-DEPT Q (Figura 41, p.130) e suas expansões (Figura

42, p.130; Figura 43, p.131) mostraram a presença de 30 átomos de carbonos

(Tabela 11), no qual, permitiu sugerir que Tg-02 apresentava um núcleo triterpênico.

Verificou-se a presença de sete carbonos metílicos (CH3) [δ 27,93 (C-23), 15,34 (C-

24), 16,06 (C-25), 15,90 (C-26), 14,48 (C-27), 17,94 (C-28) e 19,02 (C-30)], onze

metilênicos (CH2) e seis metínicos (CH). Esses dados corroboram com sinais de

RMN 1H na região de δ 0,72- 0,99, confirmando a presença de sete metilas na

estrutura, confirmadas também pelo espectro bidimensionais HSQC (Figura 44, p.

131).

Uma característica peculiar desse espectro é a presença de dois sinais com

deslocamento químico em δ 109,30 (C-29) e δ 150,86 (C-20) referentes aos

carbonos olefínicos da ligação dupla terminal e um sinal oxigenado desblindado em

δ 78,90 compatível com o deslocamento químico característico do carbono

oximetínico (C-3), confirmando a presença da hidroxila com configuração β. Esses

dados, somados aos outros sinais visualizados no espectro de RMN de 1H

permitiram sugerir, ainda mais, que se trata de esqueleto de triterpeno pentacíclico

da série dos lupanos.

As atribuições dos sinais dos espectros de RMN 1H e 13C foram confirmadas

pelo experimento bidimensional HSQC (Figura 44, p.131) e suas expansões (Figura

45, p.132; Figura 46, p.132). As correlações observadas estão dispostas na tabela

abaixo (Tabela 11, p.122).

Page 123: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

122 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 11. Dados espectrais de RMN 1H (δH, CDCl3, 500 MHz) RMN 13C (δC, CDCl3,

125 MHz), e dados comparativos de RMN 1H (δ, 500 MHz, CDCl3) (GOIS, 2010) e

RMN 13C (δ, CDCl3,

125 MHz) (CURSINO et al., 2009).

Posição

δH/HSQC

Tg-02

δH

Literatura

δC

Tg-02

δC

Literatura

1 38,63 38,74

2 27,36 27,47

3 3,15(dd, J=5,0;10,0 Hz) 3,19(dd, J=11,3; 5,0 Hz) 78,90 79,01

4 38,80 38,86

5 0,65 (d, 1H) 0,68 (m 1H) 55,20 55,34

6 1,35 (m) 1,39 (m, 1H) 18,25 18,33

7 34,19 34,32

8 40,60 40,86

9 1,22 (m, 1H) 1,29 (m, 1H) 50,33 50,47

10 37,02 37,19

11 20,85 20,95

12 25,00 25,19

13 37,95 38,09

14 42,74 42,85

15 27,29 27,42

16 35,50 35,60

17 42,92 43,00

18 48,20 48,34

19 2,35 (td, J=5,0;15,0;10,0

Hz)

2,38 (dt, J=5,5;11,0;11,0

Hz)

47,90 47,98

Page 124: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

123 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

20 150,86 150,91

21 1,88 (m, 1H) 1,92 (m, 1H) 29,76 29,87

22 39,93 40,01

23 0,93 (s, 3H) 0,97 (s, 3H) 27,93 27,99

24 0,72 (s, 3H) 0,77 (s, 3H) 15,34 15,35

25 0,79 (s, 3H) 0,83 (s, 3H) 16,06 16,10

26 0,99 (s, 3H) 1,03 (s, 3H) 15,90 15,98

27 0,91 (s, 3H) 0,95 (s, 3H) 14,48 14,55

28 0,75 (s, 3H) 0,79 (s, 3H) 17,94 18,00

29 4,65 (d,Hβ); 4,53 (d,Hα) 4,71 (Hβ); 4,56 (Hα) 109,30 109,3

30 1,65 (s, 3H) 1,69 (s, 3H) 19,02 19,31

OH

O espectro de 1H x 1H-COSY (Figura 47, p.133) e as expansões (Figura 48,

p.133; Figura 49, p.134) de Tg-02 não foi muito elucidativo devido à sobreposição de

sinais. No entanto, foi possível observar uma correlação entre os sinais δH 4,53 e

1,65 correspondentes aos hidrogênios H-29 da dupla terminal e H-30,

respectivamente, o que mostra que está ocorrendo um acoplamento alílico (4J) com

a metila (Figura 33, p.124). Nesse tipo de acoplamento os elétrons π da ligação

dupla ajudam a transmitir o spin de um núcleo para o outro e, dependendo da

conformação da ligação C-H alílica com o orbital π, observam-se valores

intermediarios de 4J (PAVIA et al., 2012).

Page 125: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

124 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 33. Correlação mostrada pelo 1H x 1H-COSY de H-29 com H-30.

A análise do espectro bidimensional a duas (2J) e três ligações (3J) de

correlação heteronuclear 1H x 13C-HMBC (Figura 50, p.134) e as expansões (Figura

51; Figura 52, p.135, Figura 53, Figura 54, p.136) reforçaram a proposição estrutural

de Tg-02. Foram observadas correlações à longa distância do hidrogênio em δH 3,15

(H-3) com os carbonos das metilas em δC 27,93 (C-23), 15,35 (C-24) e com o

carbono metilênico δC 38,63 (C-1) por correlação 3J como mostrado na Figura 34,

p.125.

Os sinais δ 0,93 (H-23) e 0,72 (H-24) referentes as metilas localizadas em C-4

correlacionam com o sinal do carbono carbinólico em δC 78,90 δ (C-3) com 2J. O

sinal de hidrogênio δH 0,65 (H-5) mostrou acoplamento a duas ligações com os

carbonos δC 18,25 (C-6) e 37,02 (C-10) e a três ligações com δC 38,63 (C-1). No

espectro foi possível observar apenas uma correlação a duas ligações para o sinal

em δH 1,35 (H-6) com o carbono δC 55,20 (C-5). Essas correlações permitiram

sugerir a seguinte estrutura para os anéis A e B do triterpeno:

20

C29

30

Ha

H

H

H

Page 126: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

125 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 34. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas ao carbono

oximetínico.

37,02

38,63

18,25OH

H

HH

3,15

1,35

0,65

78,90 55,2

15,3427,93

3J

2J

Os anéis C, D e E podem ser propostos com base nas correlações

observadas entre o sinal δH 2,35 (H-19) com dois sinais de carbonos δ 29,76 (C-21,

2J) e 109,30 (C-29, 3J), um sinal de carbono não hidrogenado δC 150,86 (C-20, 2J),

um sinal de carbono metílico δ 19,02 (C-30, 3J) e com dois sinais de carbonos

metínicos δC 48,20 (C-18, 2J) e 37,95 (C-13, 3J) (Figura 35, p. 126).

O par de prótons olefínicos em δH 4,53 e 4,65 (H-29) apresentou correlação 3J

com os sinais em δC 47,90 (C-19) e 19,02 (C-30). O sinal em δH 1,65 da metila

ligada à dupla terminal correlacionou com o sinal δC 47,90 (C-19) e 109,30 (C-29) a

três ligações e com o carbono δC 150,86 (C-20) a duas ligações como mostrado na

Figura 35, p.126. As correlações dos sinais das metilas possibilitou confirmar a

localização dos hidrogênios metílicos na molécula, dados mostrados na Tabela 12,

p.126.

Page 127: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

126 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 35. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas a dupla terminal.

Tabela 12. Dados obtidos do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H

x 13C-HMBC (125 MHZ, CDCl3) de Tg-02.

HMBC

Posição δH δC 2J C-H 3J C-H

3 3,15 78,90 - 27,93 / 15,35/ 38,63

5 0,65 (d, 1H) 55,20 18,25 / 37,02 38,63

6 1,35 (m) 18,25 55,20 -

19 2,35 (st) 47,90 29,76 / 150,86 / 19,02 109,30 / 37,95 / 48,20

23 0,93 (s, 3H) 27,93 78,90 -

24 0,72 (s, 3H) 15,34 78,90 -

25 0,79 (s, 3H) 16,06 55,20 / 50,33 -

26 0,99 (s, 3H) 15,90 34,19 / 50,33 -

27 0,91 (s, 3H) 14,48 27,29 / 40,60 -

28 0,75 (s, 3H) 17,94 35,50 47,90

29 4,65 ; 4,53 109,30 - 47,90 / 19,02

30 1,65 (s, 3H) 19,02 150,86 47,90 / 109,30

37,95

48,2

29,76

150,86

109,3

19,02 H

H

H

HH

HH

H

47,9

2,351,65

4,53

4,65

37,95

48,2

29,76

150,86

109,3

19,02

HH

HH

H

47,9

2,351,65

4,53

4,65

3J

2J

Page 128: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

127 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Os dados espectroscópicos somados aos dados da literatura (CURSINO et

al., 2009; GOIS, 2010) confirmam a determinação estrutural da substância Tg-02

como sendo o Lupeol (Figura 36, p.127) de fórmula molecular (C30H50O), isolada

pela primeira vez em uma espécie do gênero Triplaris. Segundo a literatura foi

reportado apenas nas espécies Coccoloba excoriata, Rumex nepalensis, Ruprechtia

triflora da família Polygonaceae (DAN; DAN, 1986; SHARMA; RANGASWAMI;

SHARMA, 1978; WOLDEMICHAEL et al., 2003).

Figura 36. Estrutura do Lupeol.

10

5

1

4

2

3

8

7

9

6

14

12

1117

16

18

15

22

2119

20

29

30

OH

25 26

27

28

23 24

13

Page 129: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

128 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 37. Espectro de RMN de 1H de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz).

Figura 38. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 0,60 a 1,75 ppm (CDCl3, 500 MHz).

10

5

1

4

2

3

8

7

9

6

13

14

12

1117

16

18

15

22

2119

20

29

30

OH

25 26

27

28

23 24

Page 130: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

129 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 39. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 1,75 a 2,50 ppm (CDCl3, 500 MHz).

Figura 40. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 3,1 a 4,7 ppm (CDCl3, 500 MHz)

Page 131: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

130 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 41. Espectro de RMN de C13 - DEPT Q de Tg-02 (CDCl3, 125 MHz).

Figura 42. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da região 12 a 45 ppm (CDCl3, 125 MHz).

Page 132: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

131 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

z

Figura 43. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da região 45 a 155 ppm (CDCl3, 125 MHz).

Figura 44. Espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3).

δ3,15

δ78,9

δ4,65 e 4,53

δ109,3

Page 133: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

132 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 45. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)

região 0,7 a 1,7 1H e 13 a 23 13C.

Figura 46. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)

região 0,5 a 2,0 1H e 10 a 60 13C.

Page 134: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

133 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 47. Espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz). Figura 48. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz) região 1H 0,4 a 2,5 ppm.

Page 135: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

134 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 49. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz) região 1H 0,5 a 5,0 ppm. Figura 50. Espectro de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02 (CDCl3).

Page 136: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

135 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 51. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02,

expansão da região 0,5 a 1,8 1H e 10 a 65 13C (CDCl3).

Figura 52. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região

0,58 a 1,06 1H e 15 a 60 13C (CDCl3).

Page 137: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

136 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 53. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 2,2 a 4,8 1H e 10 a 60 13C (CDCl3). Figura 54. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 0,4

a 2,7 1H e 70 a 160 13C (CDCl3).

Page 138: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

137 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5.7.1 Considerações sobre o Lupeol

O Lupeol também conhecido como Fagarsterol é um triterpeno pentacíclico

biologicamente importante. É encontrado em vegetais como repolho branco,

pimenta, pepino, tomate, em frutas, tais como azeite, figo, manga, morango, uvas

vermelhas e em plantas medicinais como ginseng americano. Tem sido reportado

por possui várias atividades farmacológicas, in vitro e sob condições in vivo. São

várias evidências de estudos pré-clínicos publicados sobre o papel do Lupeol em

processos inflamatórios e cancerígenos. São relatados enormes esforços de

pesquisadores no estudo dessa surpreendente molécula para seu uso clínico no

tratamento de várias doenças (SALEEM, 2009).

Dentre as diversas atividades do Lupeol destaca-se potencial anti-inflamatório

e anticancerígeno, além de possui efeito antiviral, antituberculoso, citotóxico, ainda

atividade contra artrite, diabetes, doenças do coração, toxicidade renal, toxicidade

hepática e em doses terapêuticas eficazes exibe nenhuma toxicidade para células

normais e tecidos (SALEEM, 2009; SANTOS, 2010; NASSER et al., 2013).

No mercado há pomadas, cujo um dos constituintes é o lupeol (2%), betulina

(80%), ácido betulínico (3%), ácido oleanólico (1%) e eritrodiol (1%), das quais são

indicadas no tratamento de queratose actínica, uma lesão de pele causada pelo sol,

nelas os triterpenos pentacíclicos são considerados substâncias responsáveis pela

atividade (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).

5.8 Doseamento da quercetina por CLAE-DAD

Utilizando-se do composto isolado (Tg-01), identificado como um padrão

analítico para T. gardneriana, e com o auxilio da técnica CLAE-DAD a quercetina foi

quantificada no extrato e frações utilizando a curva padrão da mesma (Figura 55,

p.138).

Page 139: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

138 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 55. Curva analítica padrão da quercetina em metanol em 370 nm.

A curva analítica (Figura 55, p.138) apresentou um valor de R2 satisfatório

(R2= 0,99846), estando de acordo com o que preconiza a Resolução nº 899, de 29

de maio de 2003 (BRASIL-ANVISA, 2003), no qual diz que o critério mínimo

aceitável do coeficiente de correlação (r) deve ser = 0,99.

O cromatograma padrão obtido apresentou o pico da quercetina em 33

minutos (± 0,2 min), com espectro de absorção na região do UV (Figura 56, p.138)

apresentando bandas em 257 (Banda II) e 370 nm (Banda I), características de

flavonóis com a hidroxila do C3 livre. Como já foi mencionado essas bandas de

absorção é graças ao sistema benzoil e cinamoil da estrutura do flavonoide (Figura

26, p.109) (PIEKARSKI, 2013; SALDANHA, 2013).

Figura 56. Cromatograma e espectro UV (CLAE–DAD) em 370 da quercetina.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

33,13067

Inte

nsid

ad

e (

mA

U)

Tempo (min)

Quercetina

250 300 350 400 450 500 550 600

-0,005

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

370 nm

Ab

so

rbâ

ncia

(m

AU

)

Comprimento de onda (nm)

257 nm

0 10 20 30 40

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000Á

rea

Concentração ( g/mL)

y = ax + b a = 122599 b = 100760 R2= 0,99846

Page 140: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

139 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

A partir dos resultados obtidos por CLAE-DAD foi verificada a presença de

quercetina em Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH comparando-se com o

tempo de retenção (33 minutos) e espectro de absorção no UV (Figura 56, p.138) do

padrão. A Figura 57, p.140 exibe os cromatogramas das amostras analisadas para

quantificação da quercetina isolada de Tg-AcOEt.

A quantidade de quercetina no extrato e frações foi expressa em mg de

quercetina por grama de extrato seco (Tabela 13, p.139). Os dados mostram que a

Tg-AcOEt, da qual foi isolada Tg-01 apresentou maior teor de quercetina com 9,967±

1,014 mg/g de extrato seco, seguido de Tg-EEB com 0,908 ± 0,012 mg/g. A

quercetina foi também detectada na fração Tg-CHCl3, mas seu nível de quercetina

está abaixo dos limites de quantificação por meio da CLAE-DAD.

Os parâmetros cromatógraficos foram monitorados durante todas as análises,

estando de acordo com o preconizado pela farmacopeia americana (USP 37 – NF

32, 2014).

Tabela 13. Teor de quercetina em extrato e frações das folhas de T. gardneriana

determinado por CLAE-DAD.

Amostras

Quercetina

(mg/g de extrato seco)

Tempo de retenção

(min)

Tg-EEB 0,908 ± 0,012 33,11± 0,002

Tg-CHCl3 tr 33,11± 0,016

Tg-AcOEt 9,967 ± 1,014 33,01± 0,009

Tg-MeOH 0,189± 0,007 33.10± 0,013

*Resultados expressos em mg de quercetina / g de extrato seco. tr= Traços.

Page 141: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

140 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 57. Cromatogramas obtidos do extrato e frações das folhas de T.gardneriana

em 370 nm.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Inte

nsid

ad

e (

mA

U)

Tempo (min)

Tg-Hex

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

Quercetina

Inte

nsid

ad

e (

mA

U)

Tempo (min)

Tg-EEB

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Quercetina

Inte

nsid

ad

e (

mA

U)

Tempo (min)

Tg-CHCl3

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

-20000

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

Quercetina

Inte

nsid

ad

e (

mA

U)

Tempo (min)

Tg-AcOet

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

Quercetina

Inte

nsid

ad

e (

mA

U)

Tempo (min)

Tg-MeOH

Page 142: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

141 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

A performance do sistema cromatográfico escolhido foi avaliada de acordo

com os parâmetros: fator de capacidade, resolução entre os picos, fator de

assimetria e número de pratos. O valor da resolução média da quercetina nos

extratos foi de 6,70 (± 1,8) sendo superiores a 2,00, indicando separação eficaz

entre os constituintes. O fator médio de assimetria da quercetina foi de 1,19 (± 0,7)

apresentando, portanto, valores inferiores a 1,5, descrito na literatura como aceitável

para amostras de interesse, bem como o número de pratos teóricos médio foi

5828,60 (± 1589) (USP 37 – NF 32, 2014).

Em outros trabalhos, Walker e colaboradores (2009) investigaram o teor de

quercetina por CLAE-DAD nas folhas de Mirabilis jalapa onde encontraram o valor

de 2,852 μg/mL. A espécie é reportada por possuir atividade antimicrobiana e

antioxidante. Em outro estudo, Gil e colaboradores (2005) dosearam a quercetina

(45,7 g/mL) em folhas de Byrsonima orbygniana, na qual possui atividade

antioxidante. Borgo e colaboradores (2010) também quantificaram a quercetina (167

μg/g) em partes aéreas de Baccharis articulata também portadora de atividade

antioxidante. Ambos doseamentos da quercetina como marcador analítico nas

espécies acima podem está relacionados com suas respectivas atividades

farmacológicas, sendo promisor para uma possível utilização na terapêutica, assim

como a espécie em estudo.

A importância do trabalho realizado em descrever a presença e a viabilidade

de quantificação de uma substância química de referência (quercetina) para as

folhas de T. gardneriana está em consonância com o preconizado para garantia da

qualidade de produtos obtidos com essa planta. Possibilitando assim, o

desenvolvimento de produtos farmacêuticos já que a espécie possui atividades tais

como estimulante da musculatura lisa, toxicidade, moluscicida, antibacteriana,

antioxidante e anticolinesterásica (SOUZA; ROUQUAYROL, 1974; BARROS et al,

1970; FARIAS et al., 2013).

Page 143: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

142 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5.9 Estudo metabolômico por CLAE-IES-EM

O levantamento bibliográfico de espécies do gênero Triplaris mostra a

predominância de flavonóis, sugere a presença desses compostos na espécie em

estudo. Desse modo, foi realizada a análise metabolômica de Tg-EEB, Tg-CHCl3,

Tg-AcOEt e Tg-MeOH através da técnica hifenada cromatografia liquida de alta

eficiência acoplada a detector de arranjo de diodos (DAD) e espectro de massas

com fonte de ionização por electrospray, no qual permitiu neste estudo identificar a

presença de quatro flavonóis codificados como Tg-03, Tg-04, Tg-05 e Tg-06

presente no extrato etanólico bruto e frações de T. gardneriana.

As análises de IES-EM foram realizadas em modo positivo e negativo, porém,

só foram interpretados os espectros obtidos em modo positivo e os adutos formados

foram predominantemente na forma [M+Na]+. Isto justifica-se pois a análise de

flavonoides é realizada mais frequentemente no modo positivo que produz menos

fragmentos, uma vez que, o modo negativo é considerado de difícil interpretação e

altas energias de colisão são necessárias para gerar uma fragmentação adequada e

algumas vezes, íons diagnósticos na determinação estrutural estão ausentes (RIJKE

et al., 2006; CUYCKENS; CLAEYS, 2004).

A predominância do íon aduto [M+Na]+ em ambos os espectros (Figura 58,

p.143) pode ser explicado pela alta energia aplicada no cone, pois à medida que

aumenta a energia do cone, a forma mais estável predomina, nesse caso o íon

observado [M+Na]+. Essa alteração na formação dos íons de acordo com a energia

utilizada no cone foi demonstrada por Souza (2008).

Os perfis cromatográficos dos flavonoides identificados estão representados

na Figura 58, p.143. Os compostos identificados em cada amostra com seus

respectivos tempos de retenção estão exibidos na Tabela 14, p.144. A semelhança

nos tempos de retenção possibilita à afirmação que as substâncias identificadas

sejam as mesmas. As substâncias identificadas são relatadas pela primeira vez na

espécie e no gênero.

Page 144: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

143 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 58. Cromatogramas obtidos por CLAE-DAD de A) Tg-EEB; B) Tg-CHCl3; C)

Tg-AcOEt; D) Tg-MeOH.

Page 145: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

144 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 14. Tempos de retenção em modo positivo dos compostos identificados de

T. gardneriana.

*TR= Tempo de retenção

A análise por ESI-EM mostrou que as informações dos espectros de massas

de alguns constituintes presentes no extrato etanólico bruto e nas frações

coincidiram com a massa dos flavonóis identificados como derivados da quercetina e

da miricetina, com base na presença do sinal a m/z 303 e m/z 319 das agliconas,

respectivamente. A análise estrutural dos íons individuais nos espectros de massas

foi realizada por comparação com os dados da literatura (SOUZA, 2008).

5.9.1 Proposta de elucidação de Tg-03

O composto Tg-03 foi identificado apenas no extrato Tg-EEB e na fração Tg-

MeOH nos tempos 16,0 e 15,9, respectivamente.

O espectro (Figura 59, p.145) apresentou pico de íon molecular intenso com

m/z 503,1191 referente à massa atômica da substância acrescentada de um aduto

de sódio [M+Na]+ e m/z 481,0225 condizente a adição de um aduto de hidrogênio

[M+H]+ indicando a fórmula molecular C21H21O13 e massa atômica 480 u.m.a.

Compostos

TR

Tg-EEB

TR

Tg-CHCl3

TR

Tg-AcOEt

TR

Tg-MeOH

Tg-03 16,0 - - 15,9

Tg-04 17,6 17,6 17,6 17,5

Tg-05 18,4 - 18,2 18,3

Tg-06 21,6 21,5 - -

Page 146: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

145 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 59. Espectro de massas IES-EM registrado em modo positivo para Tg-03.

Uma fragmentação com íon chave de m/z 319 (Y0+) é compatível com a

miricetina, com perda neutra de 162 u.m.a indicando a perda de uma unidade de

hexose. É possível que esta seja referente a glicosídeos como a galactose ou

glucose, já que tem sido comum nos flavonóis glicosilados da família Polygonaceae

(OLIVEIRA, 2007).

Os íons fragmentários com m/z 137 e 153 podem sugerir a quebra interna da

estrutura da aglicona, visto que, esse tipo de fragmentação é típico do mecanismo

de fragmentação retro-Diels-Alder em flavonóis (3-OH) gerando íons com m/z 153

típico com anel-A dihidroxilado e m/z 137 corresponde à fragmentação típica do

anel-B trihidroxilado (MA et al.,1997). Porém em análises de primeira ordem (ESI-

EM) não é comum esse tipo de fragmentação, sendo comuns apenas fragmentos,

dos quais a aglicona sai completa com a eliminação da molécula do açúcar.

Os fragmentos anteriores m/z 137 e 153 sem adição da massa do açúcar

permitiu propor que a molécula de açúcar está ligada no anel C na posição 3.

Geralmente substituintes de açúcar ligados a um grupo hidroxila da aglicona, estão

localizado na posição 3 ou 7, entretanto substituinte localizado na posição 3 de

flavonois é mais facilmente perdido do que na posição 7 (RIJKE et al., 2006;

CUYCKENS et al., 2005; CUYCKENS; CLAEYS, 2004).

Os íons de sódio adutores são muitas vezes detectados em espectros de

massas de primeira ordem obtidos com ESI no modo positivo. Os metais alcalinos

são mais facilmente formado por flavonoides substituídos na posição 3, ou seja,

Page 147: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

146 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

flavonóis 3-O-glicosídeos, o que ainda pode confirmar a posição do açucar

(CUYCKENS; CLAEYS, 2004).

Em outro estudo em Tandem-EM os íons sodiados formados produziram

principalmente fragmentos contendo apenas a porção carboidrato e referentes à

aglicona na forma regular e radicalar (SOUZA, 2008). O fragmento m/z 121 pode ser

explicado por uma clivagem comum na unidade hexose (CUYCKENS; CLAEYS,

2004).

Dessa forma, foi possível referir ao composto como miricetina-hexosídeo

(Figura 60, p.146), uma vez que, não foi possível confirmar a unidade glicosídica

apenas com a análise em primeira ordem ESI-EM. No entanto, para confirmação

inequívoca desta estrutura seria necessária sua purificação e análises por outros

métodos de identificação. A Figura 61, p.147 esquematiza a proposta de

fragmentação de Tg-03 observada no espectro de ESI-EM.

Figura 60. Miricetina-hexosídeo, proposto para Tg-03.

O

OOH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OHOH

OH

Page 148: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

147 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 61. Proposta de fragmentação para Tg-03.

O

OOH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OHOH

OH

O

OH+

OH

OH

O

OH

OH

O

OHOH

OHOH

OH

[M+H]+ m/z 481

O

O+

OH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OHOH

OH

Na

[M+Na]+ m/z 503

O

OH+

OH

OH

OH

OH

OH

OH

O

OH+

OH

OH

O

OH

OH

OOH

OH

OH

m/z 433

O

OH2

+

OH

OHOH

O

OH+

OH

OH

CH+

OH

O

OH

m/z 137

m/z 153

Na+

H+

480 (C21H20O13)

CH3O2.

m/z 163

m/z 319 (Y0)

y0

m/z 121

O

OH

OH2

+

OH

O

OH+

OH

OH

O

m/z 181

Page 149: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

148 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5.9.2 Proposta de elucidação de Tg-04

O pico correspondente ao composto Tg-04 foi detectado aos 17,6 minutos em

Tg-EEB, no mesmo tempo em Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e 17,5 minutos na fração Tg-

MeOH. O composto Tg-04 foi analisado segundo o seu tempo de retenção, padrão

de fragmentação e comparação com as informações disponível na literatura.

O espectro de massas de alta resolução de Tg-04 ionizado por electrospray

forneceu dois picos indicativos de massa molecular: m/z 465,2342 [M+H]+ e m/z

487,0785 [M+Na]+ (Figura 62, p.148). Dessa forma, ao eliminar os valores de massa

atômica do aduto protonado, foi possível chegar à fórmula molecular C21H20O12

referente a 464 u.m.a.

Figura 62. Espectro de massas IES-EM registrado em modo positivo para Tg-04.

A fragmentação apresentou a quercetina como aglicona, com fragmento

protonado de m/z 303 (Y0+) e sodiado de m/z 325. A eliminação do anel B resultou

no pico fragmentário m/z 181 permitindo traçar a substituição do açúcar no anel C. O

pico do íon molecular m/z 465 menos a massa da aglicona m/z 303 resulta na perda

neutra de uma hexose (162 u.m.a).

A formação do fragmento de m/z 185 sodiado e 163 confirmam a unidade de

hexose, que pode ser glucose ou galactose. Desse modo, o composto foi

identificado como quercetina-hexosídeo (Figura 63, p.149) sendo coerente com a

estrutura do hiperosídeo ou da isoquercitrina, ambos já relatados em espécies da

Page 150: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

149 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

família Polygonaceae (OLIVEIRA, 2007). A Figura 64, p.150 esboça a proposta de

fragmentação de Tg-04 observada no espectro de ESI-EM.

Figura 63. Quercetina-hexosídeo, proposto para Tg-04.

O

OOH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OH

OH

Page 151: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

150 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 64. Proposta de fragmentação para Tg-04.

5.9.3 Proposta de elucidação de Tg-05

O composto Tg-05 foi detectado nos cromatogramas de Tg-EEB, Tg-AcOEt,

Tg-MeOH com tempos de retenção iguais a 18,4; 18,2 e 18,3 minutos,

respectivamente.

O EM do composto Tg-05 apresentou pico de íon molecular igual a m/z

457,0865 referente a massa atômica do composto acrescentada de um aduto de

sódio [M+Na]+ e m/z 435,0876 condizente a adição de um aduto de hidrogênio

[M+H]+ (Figura 65, p.151). O espectro mostrou um fragmento m/z 303 (Y0+) e m/z

Na+

H+

O

OOH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OH

OH

464 (C21H20O12)

O

O+OH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OH

OH

Na

O

OH+

OH

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OH

OH

[M+H]+ m/z 465

O

OH+

OH

OH

OH

OH

OH

O

OHOH

OH

OHO

OH2

+OH

OH

OH

O

OH+

OH

OH

O

Y0

Na+

m/z 181

m/z 163

m/z 185

m/z 303

Page 152: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

151 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

sodiado 325 menos a perda neutra de uma pentose 132 u.m.a condizente com a

aglicona quercetina na sua composição.

Figura 65. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo para Tg-05.

Os fragmentos sodiado e não sodiado, respectivamente, de m/z 155 e 133

confirmam que uma pentose está ligada à aglicona. O resíduo de açúcar pode ser

constituído por um arabinose ou xilose, ambos já relatados na família Polygonaceae.

No entanto, a pentose arabinose é que aparece na maioria dos casos nas estruturas

de flavonóis reportados na família (OLIVEIRA, 2007), o que leva a supor que seja

ela a unidade glicosídica ligada na aglicona. No entanto, por não ter certeza, sugere-

se o flavonoide quercetina-pentosídeo (Figura 66) de massa 434 u.m.a e fórmula

molecular C20H18O11. A Figura 67, p.152 exibe a proposta de fragmentação do

composto.

Figura 66. Quercetina-pentosídeo, proposto para Tg-05.

O

OH

OH

OH

O

OO

OH

OH

OH

OH

Page 153: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

152 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 67. Proposta de fragmentação para Tg-05.

5.9.4 Proposta de elucidação de Tg-06

O pico correspondente ao composto Tg-06 foi detectado apenas no extrato

Tg-EEB aos 21,6 minutos e 21,5 minutos na Tg-CHCl3.

O espectro de massas (Figura 68, p. 153) apresentou pico de íon molecular

igual a m/z 617,1405 referente à massa atômica da substância acrescentada de um

aduto de sódio [M+Na]+ e m/z 595,1278 condizente com a adição de um aduto de

hidrogênio [M+H]+ coincidindo com a quercetina-ramnobiosídeo (Figura 69, p.153)

com fórmula molecular C27H30O15 e massa atômica 594 u.m.a.

O

OH

OH

OH

O

OO

OH

OH

OH

OH

O

OH

OH

OH

O+

O

OH

Na

O

OH

OH

OH

O

OH

OH

OH

O+

OH

OH

Na

O

OH

OH

OH

OH+

O

OH

O

OH

OH

OH

[M+H]+ m/z 435

m/z 325

O

OH

OH

OH

OH+

OH

OH

m/z 303 (Y0)

[M+Na]+

m/z 457 434 (C20H18O11)

Na+

H+

O

OH2+

OH

OH

m/z 133

O

OH

OH

OH

m/z 155

Y0

Na+

Page 154: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

153 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

O

O

OH

OH

O O

O

OH

OHCH3

O

OH

OH

OH

CH3

OH

OH

Figura 68. Espectro de massas IES-EM registrado em modo positivo para Tg-06.

O fragmento de m/z 303 (Y0+) é consistente com a aglicona quercetina com

perda neutra de 292 u.m.a que corresponde a duas ramnoses ligadas. Foi

demonstrado através da fragmentação dos íons sodiados m/z 617 um pequeno

fragmento de m/z 315, compatível com o dissacarídeo Rha-Rha, que está ligado à

quercetina. O fragmento m/z 449 e 471 sodiado compatível com a quercetina menos

uma unidade de ramnose. O pico m/z 169 sodiado e não sodiado 147 correspondem

a uma unidade de ramnose.

Os picos m/z 169 e 147, correspondentes a uma unidade de ramnose no

composto Tg-06, pode também ser uma unidade coumaroil, porém não existe

nenhum registro deste grupo acila em flavonóis isolados na família (OLIVEIRA,

2007). Portanto, sugere-se que o flavonoide é uma quercetina-ramnobiosídeo

(Figura 69, p. 153). A Figura 70, p.154 esquematiza a proposta de fragmentação do

composto.

Figura 69. Quercetina-ramnobiosídeo, proposto para Tg-06.

Page 155: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

154 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 70. Proposta de fragmentação para Tg-06.

Na+

H+

O

O

OH

OH

OO

O

OH

OH

CH3

O

OH

OH

OH

CH3

OH

OH

O

O+

OH

OH

OO

O

OH

OH

CH3

O

OH

OH

OH

CH3

OH

OHH

[M+H]+ m/z 595

O

O+

OH

OH

OO

O

OH

OH

CH3

O

OH

OH

OH

CH3

OH

OHNa

[M+Na]+

m/z 617

O

OH+

OH

OH

OH

OH

OH

m/z 303 (Y0)

O

OH+

OH

OH

O O

OH

OH

OHCH3

OH

OH

m/z 449

O

O+

OH

OH

OO

OH

OH

OH

CH3OH

OHNa

m/z 471

m/z 169

O

O

OH

OH

O OOH2

+

OHCH3

OH

OH Na

m/z 455

594 (C27H30O15)

m/z 315

O

OOH

OH

CH3

O

OHOH

OH

CH3

CH+

O

OH

OH

OH

CH3

m/z 147

O

OH

OH

OH

CH3

Na+

Na+

OH-

Y0

O

O

OH

OH

CH3

O

OHOH

OH

CH3

Page 156: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

155 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5.10 Composição química dos óleos fixos

Com a quantidade de pó das folhas e sementes utilizados na extração, o

rendimento dos óleos fixos obtidos foi de 1,5 % e 0,8 %, respectivamente. O óleo

das folhas apresentou uma coloração verde e o óleo das sementes amarela.

O produto obtido da transesterificação dos triglicerídeos presentes nas folhas

e sementes apresentou na análise por CG-EM um cromatograma de íons totais

mostrados na Figura 71, p.155 no qual se observa a presença de 38 picos no

cromatograma das folhas e 15 picos no cromatograma das sementes, cuja

comparação dos espectros correspondentes com os da biblioteca do aparelho

permitiu identificar 21 constituintes do óleo das folhas e 14 do óleo das sementes .

A Tabela 15, p.156 expõe os tempos de retenção (min) e a área total do pico (%) de

cada um dos ésteres graxos metilados que foram identificados.

Figura 71. Cromatogramas obtidos do CG-EM dos óleos fixos das (A) folhas e (B)

sementes de T. gardneriana.

A

B

Page 157: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

156 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 15. Constituintes químicos identificados nos óleos fixos das folhas e

sementes de T. gardneriana.

Compostos TR Total Compostos TR Total

(Folhas) (min) (%) (Sementes) (min) (%)

Undecano 7.176 0,3 Palmitato de metila

(C16:0) 37.379 10,98

Laurato de metila (12:0) 22.882 0,89 Ácido palmítico

(C16:0) 38.590 1,74

Miristato de metila (14:0) 30.426 1,05 Linoleato de metila

(C18:2) 42.620 8,57

Neofitadieno 34.371 0,39 Octadec-10-enoato de

metila (C18:1) 42.921 45,53

Palmitato de metila

(C16:0) 37.410 15,14

Estearato de metila

(C18:0) 43.707 4,66

Ácido palmitico (C16:0) 38.531 0,44 cis- Ácido vacênico

(C18:1) 44.185 15,57

Linoleato de metila

(C18:2) 42.610 1,59

9,11-octadecadienoato

de metila (C18:2) 44.484 0,81

Oleato de metila (C18:1) 42.895 14,35 Ácido esteárico

(C18:0) 48.816 1,45

Octadec-13-enoato de

metila (C18:1) 43.032 0,87

Eicosenoic-11-anoato

de metila (C20:1) 48.729 0,62

Estearato de metila

(C18:0) 43.724 4,35

Eicosanoato de metila

(C20:0) 49.527 1,57

cis- Ácido vacênico

(C18:1) 44.001 0,26

Behenato de metila

(C22:0) 54.910 0,99

9,11-octadecadienoato

de metila (C18:2) 44.486 1,7

Lignocerato de metila

(C24:0) 59.906 1,86

Behenato de metila

(C22:0) 54.912 0,54

Cerotato de metila

(C26:0) 64.559 0,53

Lignocerato de metila

(C24:0) 59.915 1,3 β-Sistosterol 72.245 4,54

Esqualeno 61.761 1,87

Page 158: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

157 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tetratetracontano 63.893 0,63

Cerotato de metila

(C26:0) 64.571 1,05

Octacosanoato de metila

(28:0) 68.935 0,61

β-Sitosterol 72.216 6,8

β - friedelanol 76.339 6,1

Melissato de metila

(30:0) 77.565 1,3

Não identificado - 38,47 0,58

Identificado - 61,53 99,42

* TR= Tempo de retenção.

A composição química do óleo fixo das folhas apresentou-se mais

diversificado, com mais constituintes em relação ao óleo das sementes. Além dos

ácidos graxos, hidrocarbonetos, esteroide e um triterpeno estão presentes como

exibidos na Tabela 15, p.156.

Comparando a composição química dos óleos fixos, nota-se que oito ácidos

graxos esterificados estão presentes nos dois óleos igualmente, sendo eles

Palmitato de metila, ácido palmitico, linoleato de metila, estearato de metila, 9,11-

octadecadienoato de metila, behenato de metila, cerotato de metila, lignocerato de

metila e o esteroide β-sitosterol. Verificou-se que 71,1 % dos ésteres metílicos

identificados no óleo das sementes são derivados de ácidos graxos insaturados.

Enquanto que o teor de ácidos graxos insaturados no óleo das folhas foi bem inferior

com apenas 18,77 %.

Os constituintes majoritários do óleo das folhas foram palmitato de metila

(15,14%), oleato de metila (14,35%), o esteroide β-sitosterol (6,80) e o β –

friedelanol (6,10%). Os compostos majoritários do óleo das sementes foram octadec-

10-enoato de metila (45,53%), cis-ácido vacênico (15,57%), palmitato de metila

(10,98%), linoleato de metila (8,57%) e β-sitosterol (4,54%). Verifica-se que o

palmitato de metila e o β-sitosterol aparecem majoritariamente nos dois óleos. Ainda

verifica-se que o componente em maior quantidade no óleo das folhas é o ácido

graxo saturado palmitato de metila diferente do componente principal do óleo das

sementes que é o ácido graxo insaturado octadec-10-enoato de metila.

Page 159: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

158 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Considerando os tempos de eluição dos dois óleos fixos na Tabela 15 de

acordo com o composto eluído, mostra que o tamanho da cadeia graxa exerce maior

influência na ordem de eluição do que o número de insaturações na cadeia principal

do composto, ou seja, quanto menor a cadeia, menor o tempo de retenção no

cromatógrafo dos ésteres metílicos. Os espectros de massas (Figura 72 e 73, p.158;

p.159) e o perfil de fragmentação (Figura 74, p.159, Figura 75, p.160) do palmitato

de metila e do octadec-10-enoato de metila estão expostos a seguir.

Figura 72. A) Espectro de massa do composto palmitato de metila (15,14%)

presente majoritariamente no óleo das folhas. B) Espectro de massa obtido da

biblioteca WILEY7 e NIST08.

A

B

Page 160: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

159 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 73. A) Espectro de massa do composto majoritário octadec-10-enoato de

metila (45,53%) presente no óleo das sementes. B) Espectro de massa obtido da

biblioteca NIST08.

Figura 74. Perfil de fragmentação do composto palmitato de metila.

A

B

O

O

m/z 270

CH2

+

m/z 43

CH+

m/z 41

CH2

+

m/z 57

CH2

+

O

O

m/z 87

CH2

+

O

O

m/z 143

CH2

+O

O

m/z 227

CH2

+

O

O

m/z 73

CH4

CH2

O+

O

H

m/z 74

(Rearranjo de McLafferty)

Page 161: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

160 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figura 75. Perfil de fragmentação do composto octadec-10-enoato de metila.

Em relação aos espectros de massas analisados dos ácidos graxos

derivatizados a ésteres metílicos, a análise sequencial dos espectros mostrou além

do pico do íon molecular de baixa intensidade ocorrido em todos os espectros

(Figura 72, p.158 Figura 73, p.159), outras características típicas de compostos

graxos tais como: picos mais intensos para fragmentos de baixa massa molecular e

sequência de fragmentação sendo caracterizada por aglomerados de picos

afastados um dos outros por 14 unidades de massa (CH2).

Como observado no perfil de fragmentação (Figura 75, p.160) do palmitato de

metila ocorre um rearranjo do tipo McLafferty no grupo carbonílico que origina um

fragmento característico desses compostos, sendo o pico do íon molecular, visto que

é um fragmento estável (SIMOES et al., 2010).

O óleo fixo de T. gardneriana é uma complexa mistura de importantes ácidos

graxos em sua composição. Os ésteres derivados de ácidos graxos majoritários o

palmitato de metila e o 10-octadecenoato de metila do óleo das folhas e sementes,

respectivamente corroboram com o estudo descrito na literatura das substâncias

identificadas no óleo essencial dos frutos (CARNEIRO; CITO; PESSOA, 2010).

O

Om/z 296

CH2

+O

O

m/z 73

CH+

m/z 97

CH2

+

m/z 43

CH+

m/z 55

OCH2

+

Om/z 266

CH+

m/z 41

CH+

m/z 83CH2

+O

O m/z 87

C+

O

m/z 265

Page 162: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

161 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

De acordo com as análises, é notável a diferença na composição química

entre os óleos fixos, visto que o óleo das folhas apresentou-se mais variado, sendo

que a concentração dos ácidos graxos saturados foi superior aos insaturados. Ao

contrário do óleo das sementes que apresentou 71,1% de ácidos graxos

insaturados.

Há vários fatores que podem influenciar na constituição química dos óleos, e

entre eles, podemos citar a diferença no teor de substâncias em diferentes partes da

planta durante as fases de seu desenvolvimento e também pode estar relacionada a

questões sazonais, visto que, a fonte vegetal utilizada em cada experimento foi

adquirida em tempos e lugares diferentes (SOUZA et al., 2006).

O sitosterol presente nos dois óleos é um esteroide muito comum, sendo

encontrado em várias espécies de plantas. Essa classe de substância apresenta

móleculas biologicamente ativas atuando no sistema de defesa da planta (NAZIFI et

al., 2008). Esteroides são estruturas lipídicas presentes nas membranas de muitas

células eucarióticas. O que os caracterizam é o núcleo esteroidal presente na sua

estrutura, composto por quatro anéis fundidos, sendo 3 anéis de 6 carbonos e um

com 5 átomos de carbono (NELSON; COX, 2011). Por exemplo, o stigmasterol tem

sido relatado para prevenir câncer de ovário, próstata e do cólo do útero, além de

propriedades antioxidantes, hipoglicêmica e inibidor da tireoide (FALEYE, 2012).

É importante destacar também a presença do hidrocarboneto esqualeno no

óleo fixo das folhas, esse constituinte é considerado um precursor biossintético de

triterpenos via melavolato e esteroides (SIMOES et al., 2010). O que pode justificar a

presença do esteroide sitosterol nos dois óleos e o triterteno fridelanol (6,1%) no

óleo das folhas. O fridelanol é reportado por possuir pronunciadas atividades

antitumorais, antiúlceras gástricas, antimicrobiana, antimalárica e anti-inflamatória

(GUIMARÃES, 2006).

Os óleos fixos são produtos importantes, usados com fins farmacológicos,

industriais e nutricionais. Com isso, a referida pesquisa se justifica pela descrição da

composição química dos óleos. A diferença de tamanho, grau e posição da

insaturação na molécula lhes confere propriedades físicas, químicas e nutricionais

diferentes. Dentre os diversos ácidos graxos presentes no plasma, são

particularmente importantes, os ácidos graxos poli-insaturados (FAVACHO, 2009).

Por exemplo, o ácido oleico, um dos constituintes do óleo fixo das folhas é um

ácido graxo insaturado de cadeia longa possuindo 18 carbonos na sua estrutura. É

Page 163: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

162 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

conhecido como ômega 9 essencial, no qual participa do metabolismo na síntese

dos hormônios. A ingestão de ácidos graxos poli ou monoinsaturados tem sido

associada à redução do risco de doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão e

aterosclerose (FAVACHO, 2009).

O ácido linoleico é um dos principais componentes dos dois óleos analisados.

Pertence à família dos ácidos poli-insaturados, apresenta 18 carbonos com duas

duplas ligações (C18:2). É considerado um ômega 6, no qual é essencial para

funções celulares normais, e agem como precursores da síntese dos ácidos

araquidônicos, que participam de várias funções celulares tal como síntese de

eicosanoides como as prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Estes possuem

capacidade de modificar reações inflamatórias e imunológicas (NELSON; COX,

2011).

Dentre essas características, o ácido oleico e linoleico ainda tem a

capacidade de reduzir os níveis de colesterol no sangue. A ingestão desses ácidos

graxos é fundamental, já que o ácido linoleico não pode ser sintetizado pelo corpo

humano (ERDOGAN et al., 2014).

O 10-octadecenoato de metila, composto majoritário do óleo das sementes, é

um isômero trans do ácido oleico um dos compostos principais do óleo das folhas,

diferenciando-se apenas na posição da dupla ligação. A ocorrência de insaturação

na configuração trans torna as propriedades físicas deste composto semelhante a

dos ácidos graxos saturados, pois promove um aumento na linearidade da cadeia

carbônica favorecendo a ocorrência de interações intermoleculares (MILINSK,

2007).

Portanto, a classe de ácidos graxos presentes nos óleos fixos de T.

gardneriana exercem funções fisiológicas importantes para o nosso organismo, e

devido suas estruturas químicas características, esses compostos tem sido alvos de

interesse para laboratórios farmacêuticos e alimentícios.

5.10.1 Atividade antioxidante dos óleos fixos

Os óleos fixos das folhas e sementes analisados pelo método do DPPH∙ e do

β-caroteno exibiram valores negativos comparados com os padrões utilizados na

atividade antioxidante, o que indica que os mesmos não apresentaram atividade em

Page 164: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

163 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

nenhum dos métodos testados. Assim, não foi possível calcular a CE50 através do

programa GraphPad Prism®.

Em relação ao resultado negativo da atividade antioxidante, pode ser

justificado, já que constituintes lipofílicos não são tão bons antioxidantes quanto os

compostos fenólicos, visto que, essas estruturas não possuem prótons tão

disponíveis. Ainda, a presença do ácido linoleico nos dois óleos fixos, em maior

concentração no óleo das sementes, pode ter ocasionado à oxidação do β-caroteno,

já que radicais livres formados durante a peroxidação do ácido linoleico oxidam o β-

caroteno (ALVES et al., 2010).

Como observado na Tabela 16, p.163, o ácido ascórbico teve melhor

atividade antioxidante no DPPH. (AA 93,39%) e no β-caroteno (AA 8,50%), isto pode

ser explicado por que ele age melhor em sistema hidrofílicos do que lipofílicos, pois

o radical ascorbila não interfere na reação no sistema do DPPH (BARREIROS;

DAVID; DAVID, 2006; DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).

Tabela 16. Atividade antioxidante dos óleos fixos das folhas e sementes de T.

gardneriana.

Óleos fixos /Padrões DPPH

(% AA)

β-caroteno

(%AA)

OF -12,37 ± 12,59 -1,39 ± 1,38

OS -101,19 ± 16,78 -0,14 ± 2,09

Ácido ascórbico 93,39 ± 0,88 8,50 ± 0,75

BHA 67,63 ± 8,41 19,15 ± 8,63

BHT 73,56 ± 1,83 25,14 ± 15,0

*Os valores são apresentados como média ± SD (n = 3). %AA= porcentagem de atividade

antioxidante; OF= óleo fixo das folhas; OS=óleo fixo das sementes.

Page 165: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

164 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

5.10.2 Atividade antibacteriana dos óleos fixos

De acordo com os resultados da atividade antibacteriana (Tabela 17, p.164)

os óleos fixos das folhas e sementes apresentaram a mesma atividade contra as

bactérias Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus

aureus resistente a meticillina (1.562,50 µg/mL). O óleo fixo das folhas foi eficaz

contra Enterococcus faecalis (781,35 µg/mL) e mostrou fraca inibição contra

Salmonella entérica (3.125,00 µg/mL) e o óleo fixo das sementes exibiu inibição

moderada contra Enterococcus faecalis e Klebsiella pneumoniae (781,35 µg/mL).

Tabela 17. Atividade antibacteriana do óleo fixo das folhas e sementes de T.

gardneriana.

Bactérias

Óleo Fixo

Folhas

Óleo fixo

Sementes

Staphylococcus aureus 1.562,50 1.562,50

Staphylococcus epidermidis 1.562,50 1.562,50

Enterococcus faecalis 781,35 781,35

Escherichia coli - -

Klebsiella pneumoniae - 781,35

Salmonella enterica 3.125,00 -

Staphylococcus aureus resistente

meticillina (MRSA) 1.562,50 1.562,50

*Valores de CBM em µg/mL.

Conforme a classificação com base nos resultados de CBM (ALIGIANIS et al.,

2001), considera-se inibição moderada – CBM entre 600 e 1.500 μg/mL e como

fraca inibição - CBM acima de 1.600 μg/mL. Sendo assim, ambos os óleos exibiram

inibição moderada contra Enterococcus faecalis. Entretanto, a bactéria Gram-

negativa Escherichia coli não foi sensível aos óleos fixos. Isto pode ser explicado,

porque sua parede celular encontra-se protegida por uma camada de

lipopolissacarídeos tornando-se resistente (GOULD, 2009).

Page 166: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

165 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

CONCLUSÕES OH

Page 167: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

166 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

6. CONCLUSÕES

A triagem fitoquímica qualitativa de T. gardneriana apresentou reação positiva

para derivados antracênicos, cumarinas, flavonoides, taninos, naftoquinonas,

triterpenos, esteroides, mono e diterpenos, revelando forte presença para terpenos.

A determinação do teor de fenóis e flavonoides totais mostrou que T.

gardneriana é uma espécie rica em constituintes fenólicos, principalmente

flavonoides, com uma concentração maior dessas substâncias nas frações mais

polares, sendo detectados os maiores valores em Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH.

No teste da atividade antioxidante, usando o modelo do sequestro do radical

DPPH•, Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH exibiram excelente atividade no sequestro

do DPPH• com menores valores de CE50. No método do β-caroteno Tg-EEB também

apresentou melhor atividade (67,62 ± 2,48%) seguida de Tg-CHCl3 (54,74± 1,28%).

O estudo da atividade fotoprotetora demostrou que Tg-EEB, as frações Tg-

CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH de T. gardneriana apresentaram perfil de absorção

espectrofotométrica dentro da faixa da região UVC e UVB. Tg-CHCl3 e Tg-AcOEt

também absorveram na região do UVA. Todas as amostras exibiram FPS superiores

a 6,0 na concentração de 100 mg/L, exceto a fração hexânica. Os valores de FPS

nessa concentração foram de 7,410± 0,132; 12,794± 0,163; 11,280± 0,127 e

11,891± 0,291 para Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH, respectivamente,

resultando em valores de FPS significativos comparado aos oferecidos pelos

produtos disponíveis no mercado farmacêutico.

Na atividade antibacteriana de T. gardneriana, foi verificado que Tg-EEB e Tg-

AcOEt apresentaram melhor atividade promovendo inibição da maioria das cepas.

As amostras apresentaram uma forte inibição contras as cepas B.cereus, S. flexneri

e S. aureus, E. coli, S. choleraesuis, S. marcescens e MRSA nas concentrações

195,3 a 390,6 µg/mL.

Diante das análises feitas in vitro de T. gardneriana foi possível observar que

a espécie é muito interessante do ponto de visto farmacológico, visto seu bom

potencial frente à atividade antioxidante, fotoprotetora e antibacteriana. Os teores de

fenóis e flavonoides podem está relacionado com tais atividades. Permitindo, ainda,

estudos subsequentes para avaliação de possíveis atividades anti-inflamatória,

analgésica, citotóxica, espasmoslítica, entre outras desta espécie.

Page 168: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

167 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

O estudo fitoquímico das frações acetato de etila e clorofórmica obtidas do

extrato etanólico bruto das folhas de T. gardneriana resultou no isolamento e

identificação do flavonol quercetina e o triterpeno lupeol, respectivamente. Através

da técnica IES-EM foi possível identificar a presença de quatro flavonóis: miricetina-

hexosídeo, quercetina-hexosídeo, quercetina-pentosídeo e quercetina-

ramnobiosídeo.

A partir da técnica CLAE-DAD a quercetina, identificada como um padrão

analítico para T. gardneriana, foi quantificada no extrato e frações utilizando a curva

padrão da mesma. A amostra Tg-AcOEt, da qual foi isolada apresentou maior teor

de quercetina com 9,967 ± 1,014 mg/g de extrato seco, seguido de Tg-EEB com

0,908 ± 0,012 mg/g. A espécie em estudo é uma ótima alternativa como produtora

desse metabólito secundário.

Os constituintes majoritários do óleo fixo das folhas foram o palmitato de

metila (15,14%), oleato de metila (14,35%), o esteroide β-sitosterol (6,80%) e o β–

friedelanol (6,10%) e o do óleo fixo das sementes foram o octadec-10-enoato de

metila (45,53%), cis-ácido vacênico (15,57%), palmitato de metila (10,98%), linoleato

de metila (8,57%) e β-sitosterol (4,54%).

Os óleos fixos das folhas e sementes analisados pelo método do DPPH• e do

β-caroteno não apresentaram atividade antioxidante em nenhum dos métodos

testados. No entanto, ambos os óleos apresentaram atividade antibacteriana com

inibição de fraca a moderada contra S. aureus, S. epidermidis, S. aureus resistente a

meticillina, E. faecalis, K. pneumoniae e S. enterica.

Diante disso, o estudo químico das folhas de Triplaris gardneriana foi de

grande relevância para o conhecimento do perfil químico da espécie, uma vez que,

pode-se correlacionar com o bom potencial farmacológico in vitro apresentado pela

espécie, sendo, portanto, um estudo inédito, no qual contribui também para o

conhecimento quimiotaxonômico do gênero Triplaris e da família Polygonaceae.

Page 169: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

168 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

REFERÊNCIAS

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

Page 170: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

169 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

7. REFERÊNCIAS AHARONI, A; GALILI, G. Metabolic engineering of the plant primary–secondary metabolism interface. Current opinion in biotechnology, v. 22, n. 2, p. 239-244, 2011. ALIGIANNIS, N. et al. Composition and antimicrobial activity of the essential oils of two Origanum species. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, n. 9, p. 4168-4170, 2001. ALMEIDA, J. R. G. S. et al. Phenolic quantification and antioxidant activity of Anaxagorea dolichocarpa and Duguetia chrysocarpa (Annonaceae). International Journal of Pharma and Bio Science, v. 2, n. 4, p. 367-374, 2011. ALVES, C. Q. et al. Métodos para determinação de atividade antioxidante in vitro em substratos orgânicos. Química Nova, v. 33, n. 10, p. 2202-2210, 2010. ALVES, E. G. et al. Estudo comparativo de técnicas de screening para avaliação da atividade antibacteriana de extratos brutos de espécies vegetais e de substâncias puras. Química Nova, v. 31, n. 5, p. 1224-1229, 2008. ARAUJO, Margarida Maria. Estudo etnobotânico das plantas utilizadas como medicinais no assentamento Santo Antônio, Cajazeiras, PB Brasil. 2009. 130 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) - Universidade Federal de Campina Grande, Patos 2009. BARBOSA, M. O. et al. Famílias na flora brasileira com óleos de sementes potencialmente indicados para aproveitamento na produção de biodiesel. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2010, João Pessoa. Inclusão social e energia: anais. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2010. p.107-111. BARREIRO, E.J.; BOLZANI, V. S. Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de fármacos. Quimica Nova, v. 32, n. 3, p. 679-688, 2009. BARREIROS, A. L. B. S.; DAVID, J. M.; DAVID, J. P. Estresse oxidativo: relação entre geração de espécies reativas e defesa do organismo. Química nova, v. 29, n. 1, p. 113, 2006. BARROS, G.S.G. et al. Pharmacological screening of some Brazilian plants. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 22, n. 2, p. 116-122, 1970.

Page 171: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

170 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

BEHLING, E. V. et al. Flavonoide quercetina: aspectos gerais e ações biológicas. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 15, n. 3, p. 285-292, 2004. BORGO, J. et al. Influência dos processos de secagem sobre o teor de flavonoides e na atividade antioxidante dos extratos de Baccharis articulata (Lam.) Pers., Asteraceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n. 1, p. 12-17, 2010. BRANDBYGE, John. A revision of the genus Triplaris (Polygonaceae). Nordic journal of Botany, v. 6, n. 5, p. 545-570, 1986. BRASIL- ANVISA. Resolução nº 30, de 2012. Aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre Protetores Solares em Cosméticos e dá outras providências. D.O.U. - Diário Oficial da União, 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 25 de maio de 2012. BRASIL- ANVISA. Resolução nº 899, de 2003. Determina a publicação do "Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos"; fica revogada a Resolução RE nº 475, de 19 de março de 2002. D.O.U. - Diário Oficial da União, 02 de junho de 2003. BRAZ FILHO, R. Contribuição da fitoquímica para o desenvolvimento de um país emergente. Química Nova, v. 33, n. 1, p. 229-239, 2010. BRAZ FILHO, R.; RODRIGUES, A. S. Constituintes químicos de Triplaris gardneriana. In: XXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 1974, Recife, Pernambuco. Ciência e Cultura, 1974. v. 26. p. 184. BRONDZ, I. Development of fatty acid analysis by high-performance liquid chromatography, gas chromatography, and related techniques. Analytica Chimica Acta, v. 465, n. 1, p. 1-37, 2002. BRUICE, P. Y. Química Orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. BUTLER, M. S. The role of natural product chemistry in drug discovery. Journal of natural products, v. 67, n. 12, p. 2141-2153, 2004. CABRAL, L. D. S; PEREIRA, S. O; PARTATA, A. K. Filtros Solares e Fotoprotetores Mais Utilizados Nas Formulações No Brasil. Revista Científica do ITPAC, v.4, n.3, 2011.

Page 172: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

171 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

CAMONES, Inocente et al. Estudio farmacognóstico, actividad antioxidante y toxicidad a dosis límite de Triplaris americana L.(tangarana colorada). Revista de la Sociedad Química del Perú, v. 76, n. 1, p. 34-42, 2010. CAMONES, Miguel Ángel Inocente. Actividad antioxidante y antimicrobiana de los compuestos fenólicos del extracto hidroalcohólico de la corteza de Triplaris americana L. (Tangarana colorada). 2009.126f. TESIS (Químico Farmacéutico ) - E. A. P. de Farmcia Y Bioquímica, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima-Perú, 2009. CARNEIRO, J. G.M.; CITO, A. M. G. L.; PESSOA, E. F. Constituintes voláteis do fruto do pajeuzeiro (Triplaris sp.). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 32, p. 907-909, 2010.

CARTAXO, S. L; SOUZA, M. M. A.; ALBUQUERQUE, U. P. Medicinal plants with bioprospecting potential used in semi-arid northeastern Brazil. Journal of ethnopharmacology, v. 131, n. 2, p. 326-342, 2010.

CASTRO, A. S.; CAVALCANTE, A. M. B. Flores da Caatinga. Instituto Nacional do semiárido, Campina Grande-PB, 2010. 116p CELLI, Giovana Bonat. Comportamento fisiológico e bioquímico de frutos da pitangueira (eugenia uniflora l.): características de interesse para o consumo humano. 2011. 149f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. CHEN, S-H.; CHUANG, Y-J. Analysis of fatty acids by column liquid chromatography. Analytica Chimica Acta, v. 465, n. 1, p. 145-155, 2002. CLSI -CLINICAL AND LABORATORY STANDARD INSTITUTE. Methods for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacteria that grow aerobically: Approved standards. Document CLSI M7-A7, CLSI, 2006. COLLINS, C.; BRAGA, G.L; BONATO, P.S. Fundamentos de Cromatografia. 1. ed.Campinas: Editora da Unicamp, 2006. p. 274-398.

CORREIA, Helena Sofia Nogueira. Agrimonia eupatoria L. e Equisetum telmateia Ehrh.: perfil polifenólico e capacidade de captação de espécies reactivas de oxigénio. 2005. 201f. Dissertação (Mestrado)- Universidade de Coimbra, Coimbra, 2005.

Page 173: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

172 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

COSTA-LOTUFO, L. V. et al. A Contribuição dos produtos naturais como fonte de novos fármacos anticâncer: estudos no laboratório nacional de oncologia experimental da Universidade Federal do Ceará. Revista Virtual de Química, v. 2, n. 1, p. 47-58, 2010. CURSINO, L. M. C. et al. Triterpenes from the leaves of Minquartia guianensis Aubl.(Olacaceae). Acta Amazonica, v. 39, n. 1, p. 181-185, 2009. CUYCKENS, F.; CLAEYS, M. Mass spectrometry in the structural analysis of flavonoids. Journal of Mass Spectrometry, v. 39, n. 1, p. 1-15, 2004. CUYCKENS, F.; CLAEYS, M. Determination of the glycosylation site in flavonoid

mono‐O‐glycosides by collision‐induced dissociation of electrospray‐generated deprotonated and sodiated molecules. Journal of Mass Spectrometry, v. 40, n. 3, p. 364-372, 2005. DAN, S.; DAN, S. S. Phytochemical study of Adansonia digitata, Coccoloba excoriata, Psychotria adenophylla and Schleichera oleosa. Fitoterapia, v. 57, n. 6, p. 445-446, 1986. DE CAMARGO, Mariana Santoro. Efeito da quercetina sobre alguns fatores relacionados com a virulência de Staphylococcus aureus. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Análises Clínicas) - Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2008. DE OLIVEIRA, Fernanda Souza. Atividade antiviral da quercetina sobre alguns. Vírus de importância veterinária. Dissertação – (Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007. DEHARO, E. et al. A search for natural bioactive compounds in Bolivia through a multidisciplinary approach. Part V. Evaluation of the antimalarial activity of plants used by the Tacana Indians. Journal of ethnopharmacology, v. 77, n. 1, p. 91-98, 2001. DEHARO, E. et al. In vitro immunomodulatory activity of plants used by the Tacana ethnic group in Bolivia. Phytomedicine, v. 11, n. 6, p. 516-522, 2004. DESMARCHELIER, C. et al. Studies on the cytotoxicity, antimicrobial and DNA-binding activities of plants used by the Ese'ejas. Journal of ethnopharmacology, v. 50, n. 2, p. 91-96, 1996.

Page 174: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

173 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

DEWANTO, V. et al. Thermal processing enhances the nutritional value of tomatoes by increasing total antioxidant activity. Journal of agricultural and food chemistry, v. 50, n. 10, p. 3010-3014, 2002. DEWICK, P. M. Medicinal natural products: a biosynthetic approach. John Wiley & Sons, 2002. DIAS, J.H.; MELO, N.I.; CROTTI, A.M.E. Electrospray Ionization Tandem Mass Spectrometry as a Tool for the Structural Elucidation and Dereplication of Natural Products: An Overview. In: Tandem Mass Spectrometry - Applications and Principles. Dr Jeevan Prasain, 2012. p.595-618. DOK-G, H. et al. Neuroprotective effects of antioxidative flavonóids, quercetin, dihydroquercetin and quercetin 3-methil ether, isolated from Opuntia ficusindica var. saboten. Brain Research, v.965; p.130-136, 2003. DUARTE-ALMEIDA, J. M. et al. Avaliação da atividade antioxidante utilizando sistema β-caroteno/ácido linoleico e método de sequestro de radicais DPPH. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 2, p. 446-452, 2006. ERDOGAN, T. et al. Fatty Acid Composition of the Aerial Parts of Some Centaurea Species in Elazıg, Turkey. Tropical Journal of Pharmaceutical Research, v. 13, n. 4, p.613-616, 2014. ESTEVEZ, Y. et al. Evaluation of the leishmanicidal activity of plants used by Peruvian Chayahuita ethnic group. Journal of Ethnopharmacology, v. 114, n. 2, p. 254-259, 2007. FALEYE, F.J. Steroids constituents of Dioclea reflexa Hook seeds. Journal of Pharmaceutical & Scientific Innovation, v., n.3, p. 89-90, 2012. FARIAS, D. F. et al. Antibacterial, antioxidant, and anticholinesterase activities of plant seed extracts from Brazilian semiarid region. BioMed research international, v. 2013, 2013. FAVACHO, Hugo Alexandre Silva. Caracterização Fitoquímica e Avaliação da Atividade Anti-Inflamatória e Antinociceptiva do Óleo Fixo de Euterpe Oleracea Mart. 2009. 67f Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2009.

Page 175: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

174 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

FERRARI, M. et al. Determinação do fator de proteção solar (FPS) in vitro e in vivo de emulsões com óleo de andiroba (Carapa guianensis). Revista Brasileira Farmacognosia, v. 17, n. 4, p. 626-30, 2007. FERREIRA, J. V. A.; MACIEL, J.R.; SIQUEIRA FILHO, J.A. Modelagem de três espécies arbóreas encontradas em vegetação ciliar no nordeste. In: Petrolina-PE: Reunião nordestina - CRAD, 2010. Disponível em:<http://www.univasf.edu.br/~crad/>. Acesso em: 16 novembro 2013. FERREIRA, P. M. P. et al. Study of the antiproliferative potential of seed extracts from Northeastern Brazilian plants. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 83, n. 3, p. 1045-1058, 2011. FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores solares. Química Nova, v. 30, n. 1, p. 153, 2007. FOSSEN, T.; ANDERSEN, O.M. Spectroscopic techniques applied to flavonoids. In: Flavonoids: chemistry, biochemistry and applications, p. 37-142, 2006. FRANÇA, P. R. C. et al. Germinação e Vigor de Sementes de Coaçú em Diferentes Substratos. Associação Brasileira de Horticultura, 2007. Disponível em: <http://www.abhorticultura.com.br/eventosx/trabalhos/ev_1/A229_T1071_Comp.pdf>. Acesso em: 18 novembro 2012. GIL, E.S. et al. Atividade antioxidante de extrato etanólico e hidroalcoólico de “canjiqueira” (Byrsonima orbygniana). Doseamento de rutina, quercetina, ácido elágico e ácido ascórbico. Revista eletrônica de farmácia, v. 2, n. 2, 2005. GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 374, 2007. GOIS, Roberto Wagner da Silva. Estudo fitoquímico e biológico de Bauhinia acuruana Moric. Dissertação (Pós-Graduação em Química) - Universidade Federal do Ceará, fortaleza, 2010. GOMES, Maria Luiza de Oliveira. Germinação Germinação in vitro de Parkinsonia aculeata L.: uma espécie de uso múltiplo ocorrente nas matas ciliares da caatinga. 2007. 47f. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Botânica) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2007.

Page 176: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

175 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

GOULD, Dinah. Effective strategies for prevention and control of Gram-negative infections. Nursing Standard, v. 23, n. 48, p. 42-46, 2009. GRAHAM, J. G. et al. Antimycobacterial evaluation of Peruvian plants. Phytomedicine, v. 10, n. 6, p. 528-535, 2003. GUIMARÃES, Rodrigo Nogueira. Estudo Químico e de Atividade Biológica de Paullinia elegans (Sapindaceae). 2006. 95f. Dissertação (Pós-Graduação em Química Maringá) - Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2006. GÜVENALP, Z.; DEMİREZER, L. Ö. Flavonol glycosides from Asperula arvensis L. Turkish Journal of Chemistry, v. 29, n. 2, p. 163-169, 2005. HADDAD JUNIOR, V.; BICUDO, L. R. H.; FRANSOZO, A. The Triplaria tree (Triplaris spp) and Pseudomyrmex ants: a symbiotic relationship with risks of attack for humans. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 6, p. 727-729, 2009. HOFFMAN, E.; STROOBANT, V. Principles and Applications. Mass Spectrometry. 3. ed. Chichester, 2007. HUSSEIN, A. A. et al. Cytotoxic Flavonol Glycosides from Triplaris cumingiana. Journal of natural products, v. 68, n. 2, p. 231-233, 2005. KAHRAMAN, A. et al. Protective effect of quercetin on renal ischemia/reperfusion injury in rats. Journal of nephrology, v. 16, n. 2, p. 219-224, 2003. KANEUCHI, M. et al. Quercetin regulates growth of Ishikawa cells through the suppression of EGF and cyclin D1. International journal of oncology, v. 22, n. 1, p. 159-164, 2003. KVIST, L. P. et al. Identification and evaluation of Peruvian plants used to treat malaria and leishmaniasis. Journal of Ethnopharmacology, v. 106, n. 3, p. 390-402, 2006. LAJTER, I. et al. Antiproliferative activity of Polygonaceae species from the Carpathian Basin against human cancer cell lines. Phytotherapy Research, v. 27, n. 1, p. 77-85, 2013.

Page 177: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

176 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

LEE, E. S. et al. The flavonoid quercetin inhibits dimethylmitrosamine-induced damage in rats. Journal of Pharmacology and Pharmacotherapeutics , v.8, p.1169-1174, 2003. LI, J.W. H.; VEDERAS, J. C. Drug discovery and natural products: end of an era or an endless frontier?. Science, v. 325, n. 5937, p. 161-165, 2009. LIMA, E. S.; ABDALLA, D. S. P. High-performance liquid chromatography of fatty acids in biological samples. Analytica Chimica Acta, v. 465, n. 1, p. 81-91, 2002.

MA, Y. L. et al. Characterization of flavone and flavonol aglycones by collision‐induced dissociation tandem mass spectrometry. Rapid communications in mass spectrometry, v. 11, n. 12, p. 1357-1364, 1997. MACIEL, M. A.M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Química nova, v. 25, n. 3, p. 429-438, 2002.

MAHATO, S. B.; KUNDU, A. P. 13C NMR Spectra of pentacyclic triterpenoids - a compilation and some salient features. Phytochemistry, v. 37, n. 6, p. 1517-1575, 1994. MAHATO, S. B.; SEN, S. Advances in triterpenoid research, 1990–1994. Phytochemistry, v. 44, n. 7, p. 1185-1236, 1997. MANSUR, J. S. et al. Determinação do fator de proteção solar por espectrofotometria. Anais Brasileiros de Dermatologia, vol. 61, 121-124, 1986. MARAIS, J. P.J. et al. The stereochemistry of flavonoids. In: The science of flavonoids. Springer New York, 2006. p. 1-46. MARCH, R. E. et al. A comparison of flavonoid glycosides by electrospray tandem mass spectrometry. International Journal of Mass Spectrometry, v. 248, n. 1, p. 61-85, 2006. MARINHO, M. L. et al. A utilização de plantas medicinais em medicina veterinária: um resgate do saber popular. Revista Brasileira Plantas Medicinais, v. 9, p. 64-69, 2007.

Page 178: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

177 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

MARSTON, A..; HOSTETTMANN, K.. Separation and quantification of flavonoids. In: Flavonoids: chemistry, biochemistry and applications, p. 1-36, 2006.

MARTÍNEZ-FLÓREZ, S. et al. Los flavonoides: propiedades y acciones antioxidantes. Nutrición hospitalaria, v. 17, n. 6, 2002.

MATOS, F. J. A. et al. Ácidos graxos de algumas oleaginosas tropicais em ocorrência no Nordeste do Brasil. Química Nova, v. 15, n. 3, p. 181-185, 1992.

MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. Fortaleza: Edições UFC, 2009. 150p. MELO, E. Polygonaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB020606>. Acesso em: 19 novembro 2013. MELO, E. Polygonaceae of the" Cadeia do Espinhaço", Brazil. Acta Botanica Brasilica, v. 14, n. 3, p. 273-300, 2000. MELO, E.; FRANÇA, F. Polygonaceae in the Brazilian Semi-Arid. In: QUEIROZ, L. P. de; RAPINI, A.; GIULIETTI, A. M. (Ed.). Towards greater knowledge of the brazilian semi-arid biodiversity. Brasília, DF: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2006. p.77-78. cap.12. MENSOR, L. L. et al. Screening of Brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free radical method. Phytotherapy research, v. 15, n. 2, p. 127-130, 2001. MILINSK, C Maria. Análise comparativa entre oito métodos de esterificação na determinação quantitativa de ácidos graxos em óleo vegetal. 2007. 92f. Tese (Doutorado em Ciências)- Universidade Estadual de Maringá, Marigá, 2007. MUNHOZ, V. M. et al. Avaliação do fator de proteção solar em fotoprotetores acrescidos com extratos da flora brasileira ricos em substâncias fenólicas. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 33, n. 2, 2012. MUNOZ, V. et al. The search for natural bioactive compounds through a multidisciplinary approach in Bolivia. Part II. Antimalarial activity of some plants used by Mosetene indians. Journal of ethnopharmacology, v. 69, n. 2, p. 139-155, 2000.

Page 179: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

178 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

MUROTA, K.; TERAO, J. Antioxidative flavonoid quercetin: implication of its intestinal absorption and metabolism. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 417, n. 1, p. 12-17, 2003. NACZK, M.; SHAHIDI, F. Extraction and analysis of phenolics in food. Journal of Chromatography A, v. 1054, n. 1, p. 95-111, 2004. NASCIMENTO, C. S. et al. Incremento do FPS em formulação de protetor solar utilizando extratos de própolis verde e vermelha. Revista Brasileira Farmacia, v. 90, p. 4, 2009. NASSER, A. L. M. O. et al. Esteroide e Triterpenos de espécies de Qualea–Bioatividade sobre Mycobacterium tuberculosis. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 34, n. 4, p. 513-517, 2013. NAZIFI, E. et al. GC-MS analysis of the dichloromethane extract of the bulbs of Ornithogalum cuspidatum Bert.(Family: Liliaceae) from Iran. Records of Nat Prods, v. 2, p. 94-99, 2008. NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger Princípios de Bioquímica. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. 1274p. OLIVEIRA, A. C. et al. Fontes vegetais naturais de antioxidantes. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 689-702, 2009. OLIVEIRA, G. F. de et al. Antimicrobial activity of Syzygium cumini (Myrtaceae) leaves extract. Brazilian Journal of Microbiology, v. 38, n. 2, p. 381-384, 2007. OLIVEIRA, K. R.; DESTEFANI, S. R. A. Perfil da prescrição e dispensação de antibióticos para crianças em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no município de Ijuí–RS. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 32, n. 3, p. 395-401, 2011. OLIVEIRA, P. E. S.; CONSERVA, L. M.; LEMOS, R. P.L. Chemical constituents from Triplaris americana L. (Polygonaceae). Biochemical Systematics and Ecology, v. 36, n. 2, p. 134-137, 2008. OLIVEIRA, P. V. et al. Larvicidal activity of 94 extracts from ten plant species of northeastern of Brazil against Aedes aegypti L.(Diptera: Culicidae). Parasitology research, v. 107, n. 2, p. 403-407, 2010.

Page 180: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

179 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

OLIVEIRA, Patrícia Emanuela Silva. Estudo Químico e Biológico de Coccoloba mollis Casaretto (1844) e Triplaris americana Linnaeus (Polygonaceae). 2007. 239 f. Tese (Doutorado em Química e Biotecnologia) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2007. OSTROSKY, E. A. et al. Métodos para avaliação da atividade antimicrobiana e determinação da concentração mínima inibitória (CMI) de plantas medicinais. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 18, n. 2, p. 301-307, 2008. PAVIA, D. L. et al. Introdução à espectroscopia. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. PEIXOTO SOBRINHO, T. J. S. et al. Otimização de metodologia analítica para o doseamento de flavonoides de Bauhinia cheilantha (Bongard) Steudel. Química Nova, v. 33, n. 2, p. 288-291, 2010. PEIXOTO SOBRINHO, T. J. S. et al. Teor de flavonoides totais em produtos contendo pata-de-vaca (Bauhinia L.) comercializados em farmácias de Recife/PE. Revista Brasileira Plantas Medicinais, v. 14, n. 4, p. 586-591, 2012. PEREIRA, R. J.; CARDOSO, M. G. Metabólitos secundários vegetais e benefícios antioxidantes. Journal of Biotechnology and Biodiversity, v. 3, n. 4, 2012. PIEKARSKI, Paula. Análise nutricional e fitoquímica de frutos da Morus nigra L. 2013. 139f. Dissertação. (Mestrado em Segurança Alimentar e Nutricional)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. PINHEIRO, P. F.; JUSTINO, G. C. Structural analysis of flavonoids and related compounds—a review of spectroscopic applications. In: Phytochemicals - A global perspective of their roles in nutrition health. Dr Venketeshwer Rao 2012. p.34-56. PINTO, A. C. et al. Produtos naturais: atualidade, desafios e perspectivas. Química nova, v. 25, n. 1, p. 45-61, 2002. PORTO, Thiago Souza et al. Antimicrobial ent-pimarane diterpenes from Viguiera arenaria against Gram-positive bacteria. Fitoterapia, v. 80, n. 7, p. 432-436, 2009. POTAPOVICH, A. I.; KOSTYUK, V. A. Comparative study of antioxidant properties and cytoprotect activity of flavonoids. Biochemistry, v.68, p.514-519, 2003.

Page 181: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

180 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

PUGLIESE, Alexandre Gruber. Compostos fenólicos do cupuaçu (Theobroma grandiflorium) e do cupulate: composiçao e possiveis benefícios. 2010. 146f. Dissertação (Mestrado em Ciências Dos Alimentos) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. RIBEIRO, R. P. et al. Avaliação do fator de proteção solar (FPS) in vitro de produtos comerciais e em fase de desenvolvimento. Infarma, v. 16, p. 86-88, 2004. RIJKE, E. et al. Analytical separation and detection methods for flavonoids. Journal of Chromatography A, v. 1112, n. 1, p. 31-63, 2006. ROSA, M. B. et al. Estudo espectrofotométrico da atividade foto-protetora de extratos aquosos de Achillea millefolium, Brassica oleracea Var. Capitata, Cyperus rotundus, Plectranthus barbatus, Porophyllum ruderale (JACQ.). Revista Eletrônica de Farmácia, v. 5, n. 1, 2008. ROSENFELD, J. M. Application of analytical derivatizations to the quantitative and qualitative determination of fatty acids. Analytica Chimica Acta, v. 465, n. 1, p. 93-100, 2002. RYLSKI, M.; DURIASZ-ROWIŃSKA, H.; REWERSKI, W. The analgesic action of some flavonoids in the hot plate test. Acta Physiologica Polonica, v. 30, n. 3, p. 385-388, 1979. SALDANHA, Luiz Leonardo. Prospecção química e avaliação das atividades antioxidante e alelopática de Myrcia bella Cambess. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual Paulista- Campus de Botucatu, Boctucatu, 2013. SALEEM, M. Lupeol, a novel anti-inflammatory and anti-cancer dietary triterpene. Cancer letters, v. 285, n. 2, p. 109-115, 2009. SANTANGELO, C. et al. Polyphenols, intracellular signalling and inflammation. Annali-istituto superiore di sanita, v. 43, n. 4, p. 394, 2007. SANTOS, Rauldenis Almeida Fonseca. Avaliação das propriedades biológicas dos derivados sintéticos do β-sitosterol e triterpenos. Dissertação (Pós-Graduação em Química) – Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2010.

Page 182: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

181 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

SARAIVA, Rosa Márcia Corrêa. Atividade antibacteriana de plantas medicinais frente á bactérias multirresistentes e a sua interação com drogas antimicrobianas. 2012. 94f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Saúde, Belém, 2012. SAYRE, Robert M. et al. A comparison of in vivo and in vitro testing of sunscreening formulas. Photochemistry and Photobiology, v. 29, n. 3, p. 559-566, 1979. SCHERTZ, K. F. et al. Seed extracts with agglutinating activity for human blood. Economic Botany, v. 14, n. 3, p. 232-240, 1960. SEPPÄNEN-LAAKSO, T.; LAAKSO, I.; HILTUNEN, R. Analysis of fatty acids by gas chromatography, and its relevance to research on health and nutrition. Analytica Chimica Acta, v. 465, n. 1, p. 39-62, 2002. SHARMA, M.; RANGASWAMI, S.; SHARMA, P. Crystalline chemical components of the roots of Rumex nepalensis. Indian Journal of Chemistry , v. 16B, p. 289-291, 1978. SILVA, Cíntia Alves de Matos. Contribuição ao estudo químico e biológico de Pouteria gardnerii (Mart. & Miq.) Baehni (Sapotaceae). 2007. 172f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007. SILVA, E. E.S. et al. Identification of glycosyl flavones and determination in vitro of antioxidant and photoprotetive activities of Alternathera braziliana L. Kuntze. Research Journal of Phytochemistry, v.8, n.4, p. 148-154, 2014. SILVA, F. C.; DUARTE, L. P.; VIEIRA FILHO, S. A. Celastráceas: Fontes de Triterpenos Pentacíclicos com Potencial Atividade Biológica. Revista Virtual de Química, v. 6, n. 5, p. 1205-1220, 2014. SILVA, Maria de Fatima Souza. Estudo químico e avaliação da atividade antibacteriana de Pityrocarpa moniliformis (BENTH) LUCKON & R. W. JOBSON (FABACEAE). 2013. 154f. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido)-Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina, Petrolina, 2013. SILVA, V. A. et al. Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana do extrato da Lippia sidoides Cham. sobre isolados biológicos de Staphylococcus aureus. Revista Brasileira Plantas Medicinais, v. 12, n. 4, p. 452-455, 2010.

Page 183: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

182 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

SILVERSTEIN, R.M.; WEBSTER, F.X, KIEMLE, D.J. Identificação espectrométrica de compostos orgânicos. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. SIMÕES, C.M.O. et al. Farmagnosia da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2010. 1104p. SINGH, A.; NAIDU, P. S.; KULKARNI, S.K. Quercetin potentiates L-Dopa reversal of drug-induced catalepsy in rats: possible COMT/MAO inhibition. Pharmacology, v. 68, n. 2, p. 81-88, 2003. SIQUEIRA FILHO, J. A. et al. Flora das Caatingas do Rio São Francisco. A Flora das Caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação. Andrea Jakobsson Estúdio Editorial, Rio de Janeiro, p. 446-542, 2012. SLINKARD, K.; SINGLETON, V. L. Total phenol analysis: automation and comparison with manual methods. American Journal of Enology and Viticulture, v. 28, n. 1, p. 49-55, 1977. SOARES, S. E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista de Nutrição, v. 15, n. 1, p. 71-81, 2002. SOLOMONS, T.W. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica. v. 2. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. SOUSA, C.M.M. et al. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química nova, v. 30, n. 2, p. 351-355, 2007. SOUZA, F. P.; CAMPOS, G. R.; PACKER, J. F. Determinação da atividade fotoprotetora e antioxidante em emulsões contendo extrato de Malpighia glabra L.–Acerola. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 34, n. 1, p. 69-77, 2013. SOUZA, L. M. Aplicações da espectrometria de massas e da cromatografia líquida na caracterização estrutural de biomoléculas de baixa massa molecular. 2008. 182f. Tese (Doutorado em Ciências), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. SOUZA, M. A. A. et al. Composição química do óleo fixo de Croton cajucara e determinação das suas propriedades fungicidas. Revista Brasileira Farmacognosia, v. 16, n. 1, 2006.

Page 184: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

183 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

SOUZA, M. P.; ROUQUAYROL, M.Z. Molluscicidal activity of plants from northeast Brazil. Revista Brasileira de Pesquisas Médicas e Biológicas. v. 7, n. 4, p. 389-394, 1974. STOBIECKI, M.J.; KACHLICKI, P. Isolation and identification of flavonoids. In: The science of flavonoids. Springer New York, 2006. p. 47-69. TAN, G. T. et al. Evaluation of natural products as inhibitors of human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) reverse transcriptase. Journal of natural products, v. 54, n. 1, p. 143-154, 1991. TAN, W. F et al. Quercetin, a dietary-derived flavonoid, posses antiangiogem potential. European Journal of Pharmacology, v. 459, p. 255-262, 2003. TENOVER, F. C. Mechanisms of antimicrobial resistance in bacteria. The American journal of medicine, v. 119, n. 6, p. S3-S10, 2006. USP- UNITED STATES PHARMACOPEIA. 37. ed. National Formulary 32. Ed, Rockville: Maryland, 2014. VALLI, M.et al. Development of a natural products database from the biodiversity of Brazil. Journal of natural products, v. 76, n. 3, p. 439-444, 2013. VELASCO, M. V. R. et al. Novas metodologias analíticas para avaliação da eficácia fotoprotetora (in vitro)–revisão. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 32, n. 1, p. 27-34, 2011. VERPOORTE, R.; DIHAL, P. P. Medicinal plants of Surinam IV. Antimicrobial activity of some medicinal plants. Journal of ethnopharmacology, v. 21, n. 3, p. 315-318, 1987. VILLAS BÔAS, G. K.; GADELHA, C. A. G. Oportunidades na indústria de medicamentos ea lógica do desenvolvimento local baseado nos biomas brasileiros: bases para a discussão de uma política nacional. Caderno Saúde Pública, v. 23, n. 6, p. 1463-1471, 2007. VINGT-UN ROSADO; ROSADO, A. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria. Mossoró, p. 624, 2009. Disponível em:

Page 185: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

184 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

<http://colecaomossoroense.org.br/acervo/plantas_do_nordeste,_especialmente_do_ceara.pdf>. Acesso em: 16 novembro 2012. VIOLANTE, I. M. P et al. Avaliação in vitro da atividade fotoprotetora de extratos vegetais do cerrado de Mato Grosso. Revista Brasileira Farmacognosia, v. 19, n. 2A, p. 452-457, 2009. WAGNER, H.; BLADT, S. Plant drug analysis: a thin layer chromatography atlas. Berlim Heidelberg: Springer Verlag, 1996. 384p. WALKER, C.I.B. et al. Atividade Farmacológica e Teor de Quercetina de Mirabilis jalapa L. Latin American Journal of Pharmacy, v. 28, n. 2, p. 241-6, 2009. WANNES, W.A. et al. Antioxidant activities of the essential oils and methanol extracts from myrtle (Myrtus communis var. italica L.) leaf, stem and flower. Food and Chemical Toxicology, v.48, n.5, p.1362-1370, 2010. WILLAIN FILHO, Arnaldo. Potencial analgésico de flavonoides: Estudo do mecanismo de ação da quercetina. 2005. 91f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade do Vale Do Itajaí, Itajaí, 2005. WOLDEMICHAEL, G. M. et al. Inhibitory effect of sterols from Ruprechtia triflora and diterpenes from Calceolaria pinnifolia on the growth of Mycobacterium tuberculosis. Planta Médica, v. 69, n. 07, p. 628-631, 2003. XU, R; FAZIO, G. C.; MATSUDA, S. On the origins of triterpenoid skeletal diversity. Phytochemistry, v. 65, n. 3, p. 261-291, 2004. ZAHORODNYI, M. I. Effect of quercetin on sodium diclofenac-induced ulceration. Lik Sprava, v.1, p.96-99, 2003. ZERAIK, Maria Luiza. Estudo analítico dos flavonoides dos frutos do maracujá (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Degener). 2010. 191f. Instituto de Química de São Carlos, São Carlos, 2010. ZHANG, W. J. et al. Mechanism of quercetin as an antidiarrheal agent. Di Yi Jun Yi Da Xue Xue Bao, v. 23, n. 10, p. 1029-1031, 2003.

Page 186: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

185 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

APÊNDICE OH

Page 187: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

186 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 188: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

187 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 189: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

188 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 190: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

189 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 191: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

190 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

TRIAGEM FITOQUÍMICA E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE Triplaris gardneriana

WEDD. (POLYGONACEAE)

Sandra Kelle Souza Macedo1, Ana Paula de Oliveira1, Amanda Leite Guimaraes1,

Geórgia Suelen Bezerra¹, Tamires dos Santos Almeida1,, Diogo Gallo de Almeida2,

Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida3, Xirley Nunes Pereira3

1Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais, Universidade Federal do Vale do

São Francisco, 56.304-205, Petrolina, Pernambuco, Brasil

2Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD), 56.300- 000, Petrolina, Pernambuco, Brasil

3 Colegiado Farmácia, Campus Petrolina, BR 407 Km 08 Jardim São Paulo – Petrolina - PE CEP 56314-520

Introdução A espécie Triplaris gardneriana Wedd. conhecida popularmente no nordeste

como, “pajéu” pertence à família Polygonaceae (FRANÇA et al.,2007). Ocorre de forma natural na Caatinga e região do Pantanal Matogrossense. No Semiárido é considerada uma das espécies características de vegetação ciliar do Rio São Francisco. Empregada na medicina popular para tratar hemorroidas sangrentas e o cozimento da casca ou da raiz no tratamento da blenorragia e leucorreia. É recomendado também para tosse e bronquite. No entanto, com essa vasta importância da espécie não foram identificados na literatura estudos sobre a fitoquímica e a avaliação antioxidante da planta. Desse modo, objetiva-se realizar a triagem fitoquímica bem como avaliar a atividade antioxidante (AA) in vitro do extrato e das fases obtidas por partição.

Materiais e Métodos

Análise fitoquímica qualitativa

O extrato bruto (EtOH) e fases das folhas foram avaliados em placas de

camada fina de gel de sílica 60, aplicada com uma micropipeta e eluída em

diferentes sistemas de solventes, como descrito por Wagner e Bladt (1996) e Matos

(2009) buscando destacar os principais grupos de metabólitos secundários.

Sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH)

A atividade sequestradora de radicais livres foi feito segundo o método de

Mensor et al. (2001) utilizando o 2,2-difenil -1- picrylhydrazil ( DPPH ). Amostras de

soluções estoque (1,0 mg/mL) de extratos foram diluídos até às concentrações finais

Page 192: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

191 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

de 243, 81, 27, 9, 3 e 1 mg / mL,

em etanol. Um mL de uma solução de etanol DPPH 50 µg/mL foi adicionado a 2,5

mL de amostras de soluções de diferentes concentrações, e deixou-se reagir à

temperatura ambiente. Após 30 min, os valores de absorbância foram medidas a

518 nm e convertida em porcentagem da atividade antioxidante (AA), utilizando a

seguinte fórmula: % de AA = [( absorbância do controle - absorbância da

amostra)/absorbância do controle] x 100. Etanol (1,0 mL) com soluções dos extratos

(2,5 mL) foram utilizados como branco. Solução de DPPH (1,0 mL) com etanol (2,5

mL) foi usado como um controle negativo. Os controles positivos (ácido ascórbico,

BHA e BHT) foram aqueles utilizados como soluções-padrão. Os ensaios foram

realizados em triplicata. Os valores de CE50 foram calculados por regressão linear

utilizando pelo programa GraphPad Prism 5.0.

Inibição da auto oxidação do β-caroteno/ácido linoleico

O método de branqueamento β-caroteno é baseada na perda de cor amarela

do β-caroteno, devido à sua reação com os radicais formados pela oxidação do

ácido linoleico por uma emulsão. A taxa de branqueamento do β-caroteno pode ser

desacelerada, na presença de antioxidantes. β-caroteno (2 mg) foi dissolvido em 10

mL de clorofórmio e 2 mL desta solução, em seguida o ácido linoleico (40 mg) e

Tween 40 (400 mg) foram adicionados. O clorofórmio foi evaporado sob vácuo a 40 °

C e 100 mL de água destilada foi adicionada, em seguida, a emulsão foi agitada

vigorosamente durante dois minutos. Os compostos de referência (ácido ascórbico,

BHA e BHT) e extratos de amostra foram preparadas em etanol. A emulsão (3,0 mL)

foi adicionada a um tubo contendo 0,12 mL de soluções de 1 mg / mL de compostos

de referência e os extratos de amostra. A absorbância foi medida imediatamente a

470 nm e a emulsão de teste foi incubado num banho de água a 50 °C durante 120

min, quando a absorbância foi medida novamente. O ácido ascórbico, BHA e BHT

foram utilizados como controle positivo. No controle negativo, os extratos foram

substituídos com um volume igual de etanol. A atividade antioxidante (%) foi

avaliada em termos de branqueamento do β-caroteno utilizando a seguinte fórmula:

% Atividade Antioxidante = [1 - (A0 - At) / (A00 – At

0)] x 100, onde A0 é absorbância

inicial e At é a absorbância final medida para a amostra de teste, A00 é a absorção

inicial e At0 representa a absorbância final medida para o controle negativo (em

branco). Os resultados são expressos como porcentagem de atividade antioxidante

(% AA). Os testes foram realizados em triplicatas.

Resultados e Discussão Na triagem fitoquímica preliminar, o extrato e as fases apresentaram reação

positiva para derivados antrocênicos, cumarinas, flavonoides, naftoquinonas,

triterpenos, esteroides, mono e diterpenos, revelando forte presença para triterpenos

e esteroides, como mostrado na Tabela 1.

Page 193: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

192 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Tabela 1- Caracterização fitoquímica do extrato e fases das folhas de Triplaris

gardneriana.

Classes metabólitos

EtOH Hexano CHCl3 AcOEt MeOH

Alcaloides - - - - -

Derivados antrocênicos

+ + ++ +++ +

Cumarinas - - - + -

Flavonoides + + ++ + +++

Taninos - - - - -

Nafitoquinonas - +++ ++ + -

Triterpenos e esteroides

+ +++ +++ +++ +

Mono e diterpenos ++ +++ ++ ++ -

Saponinas - - - - -

* (-) Não detectado; (+) baixa presença, (+ +) presença moderada; (+ + +) forte presença.

Os resultados da avaliação da atividade antioxidante estão apresentados na

Tabela 2.

Tabela 2- Atividade antioxidante dos extratos e fases das folhas de Triplaris

gardneriana.

Extratos/Fases/Padrão

DPPH

(CE50, µg/mL)

β-caroteno

(%AA)

EtOH 2,27± 0,19 67,62± 2,48

Hexano 32,91± 0,76 48,90± 1,12

CHCl3 50,35± 10,27 54,74± 1,28

AcOEt 5,42± 0,84 45,04± 1,12

MeOH 3,35± 0,15 47,64± 2,59

Àcido ascórbico 3,21± 0,30 -7,83± 2,58

Page 194: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

193 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

BHA 3,05± 0,40 70,68± 0,55

BHT 5,38± 0,11 69,96± 3,07

* CE50 é definido como a concentração suficiente para obter 50% de efeito máximo

estimado em 100%. Os valores são apresentados como média ± DP (n = 3).

De acordo com os resultados apresentados na tabela 2 todas as amostras

exibiram atividade antioxidante. Porém, os dados mostraram que o extrato bruto

(EtOH) e a fase metanólica (MeOH) exibiram excelente atividade no sequestro do

DPPH com menor valor CE50 (2,27± 0,19 µg/mL e 3,35 ± 0,15), respectivamente. O

extrato (EtOH) apresentou melhor atividade antioxidante do que os padrões

utilizados. Em alguns casos, os extratos com uma forte atividade antir radicalar são

abundantes em flavonoides ou compostos fenólicos (Pietta, 2000). No metódo do β-

caroteno o extrato (EtOH) apresentou melhor atividade (67,62± 2,48) seguido da

fase clorofórmica (CHCl3).

Conclusões O estudo mostrou que o extrato etanólico bruto de Triplaris gardneriana

possui uma atividade antioxidante significante em ensaios in vitro. A atividade

apresentada pode está relacionada com a presença de fenólicos, como flavonoides

detectados na triagem preliminar.

Referências WAGNER, H. BLADT, S. Plant drug analysis: a thin layer chromatography atlas, B. Heidelberg: Springer Verlag., New York, p. 384, 1996.

MATOS, F.J.A. Introdução à fitoquímica experimental. Edições UFC, 3. ed.; Fortaleza, 2009.

Mensor, L.L., Menezes, F.S., Leitao, G,G, Reis A.S., dos Santos TC, Coube CS,. Phytother Res.,15(2), p.127-30, 2001.

Pietta, P.G. J Nat Prod., 63,p.1035-42, 2000.

Page 195: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

194 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 196: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

195 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Área Temática: Química de produtos naturais.

Atividade bactericida de extratos e fases de Triplaris gardneriana Wedd.

(Polygonaceae)

Macêdo. S.K.S.1, Libório, R.C.1, Silva, N.D.S.1, Bezerra, G.S.1, Costa, M. M.1, Nunes, X.P.1 1Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, UNIVASF.

Introdução: Triplaris gardneriana Wedd. conhecida popularmente no nordeste como “pajéu”

e pertencente à família Polygonaceae, ocorre apenas na Caatinga e Pantanal. Havendo a

necessidade de isolar e identificar novos compostos com atividade antimicrobiana para

substituir os antibióticos existentes, os quais microorganismos apresentam-se resistentes, e

também por não existir estudos com extrato etanólico bruto (EEB) e fases das folhas de T.

gardneriana realizou-se a investigação desta atividade na espécie.

Parte Experimental: A investigação da atividade antibacteriana foi realizada pelo método

de microdilução baseado no protocolo do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI).

Foram testadas as seguintes cepas da American Type Culture Collection (ATCC): Bacillus

cereus (11778), Enterococcus faecalis (19433), Escherichia coli (25922), Klebsiella

pneumoniae (ATCC), Salmonela enterica (10708), Serratia marcescens (13880), Shigella

flexneri (12022), Staphylococcus aureus (25923) e Staphylococcus aureus resistente à

meticilina (MRSA). Obteve-se para cada extrato/fases soluções diluídas nas concentrações

finais: 12.500; 6.250; 3.125; 1.562,5; 781,2; 390,6; 195,3 e 97,6 µg/mL. Os ensaios foram

realizados em triplicata.

Resultados e Discussão: O EEB e a fase de acetato de etila mostraram-se igualmente

ativos contra cepas de Bacillus cereus, Shigella flexneri e Staphylococcus aureus nas

concentrações 195,3; 195,3 e 390,6 µg/mL, respectivamente. A fase acetato de etila ainda

se mostrou ativa contra as cepas Salmonella choleraesuis e Serratia marcescens e,

conforme a classificação para extratos vegetais com base nos resultados de Concentração

Bactericida Mínima (CBM), considera-se forte inibição - CBM até 500 μg/mL. O EEB foi

eficaz contra MRSA e Escherichia coli. As cepas que obtiveram resultados frente à fase

clorofórmica foram Enterococcus faecalis e Shigella flexneri. A fase metanólica apresentou

atividade contra as cepas Escherichia coli, Staphylococcus aureus e MRSA, mostrou

inibição moderada com valores 781,2 μg/mL. Já a hexânica apresentou atividade apenas

para Shigella flexneri. De todas as cepas testadas, a bactéria gram negativa Klebisiella

pneumoniae foi a única resistente a todas as amostras.

Conclusão: O extrato etanólico bruto e a fase acetato de etila foram os que apresentaram melhor atividade antibacteriana, promovendo inibição da maioria das cepas. Estudos fitoquímicos estão sendo realizados para isolar os constituintes químicos responsáveis pela atividade dos extratos.

Page 197: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

196 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 198: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

197 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

POTENCIAL FOTOPROTETOR E ANTIRADICALAR DE TRIPLARIS

GARDNERIANA WEDD. (POLYGONACEAE)

1Macêdo, S.K.S., 1Ferraz,C.A.A., 1Oliveira,A.P., 1Bezerra,G,S., 2Anjos,V,H,A., 1Almeida,

J.R.G.S., 1Nunes, X.P.

1Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, UNIVASF. 2Coordenação de Química,

IF SERTÃO-Petrolina/PE.

Introdução

O excesso de radicais livres produzidos na pele após a exposição à radiação UV

pode ser combatido por antioxidantes produzidos pelo corpo ou absorvidos da dieta

(Quim. Nova. 29:113, 2006), por isso a busca por substâncias antioxidantes é tão

promissora hoje em dia. Comprovada a capacidade de absorver a radiação solar e

antioxidante de substâncias naturais pode-se intensificar a proteção final do produto

empregado em formulações associadas aos filtros UV (Rev. Ciênc. Farm. Básica

Apl. 34:69, 2013).

Objetivo

Avaliar o potencial fotoprotetor e antioxidante dos extratos da folha de Triplaris

gardnerian WEDD.

Métodos

As folhas foram coletadas no município de Santa Maria da Boa Vista,

Pernambuco em julho de 2013. Depois secas, pulverizadas e maceradas em etanol

para obtenção do extrato etanólico bruto. Em seguida, fracionado em hexano,

clorofórmio, acetato de etila e metanol para obter os extratos. A atividade

antioxidante foi feito segundo o método de Mensor e colaboradores (Phytother. Res.

15:127, 2001) utilizando o 2,2-difenil -1- picrylhydrazil (DPPH) e como padrões o

ácido ascórbico, BHA e BHT nas concentrações de 1, 3, 9, 27, 81 e 243 µg/mL. Os

valores de CE50 foram calculados por regressão linear utilizando o programa

GraphPad Prism 5.0. A determinação da atividade fotoprotetora dos extratos foi

realizada de acordo com a metodologia utilizada por Violante et al. (Braz. J.

Pharmacogn. 19:452, 2009), nas concentrações de 5, 25, 50 e 100 mg/L.

Posteriormente, foi realizada a leitura espectrofotométrica em comprimentos de onda

Page 199: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

198 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

entre 260-400 nm. O cálculo do FPS foi obtido de acordo com a equação

desenvolvido por Mansur et al. (An Bras. Dermatol. 61:121, 1986). Os ensaios foram

realizados em triplicata e calculados a média e o erro padrão dos valores.

Resultados

Os dados mostraram que o extrato etanólico bruto (EEB), fase acetato de etila

e a fase metanólica exibiram excelente atividade antioxidante no sequestro do DPPH

com menor valor CE50 (2,27± 0,19; 5,42± 0,84 e 3,35± 0,15 µg/mL),

respectivamente. Porém, o EEB apresentou melhor atividade antioxidante do que os

padrões utilizados.

O extrato bruto, as fases clorofórmica, acetato de etila e metanólica

apresentaram perfil de absorção espectrofotométrica dentro da faixa da região UVC

(100-290 nm). A fase clorofórmica e acetato de etila absorveram na região do UVA

(320- 400 nm), mas a clorofórmica mostrou-se mais eficaz. Todas as amostras,

exceto a fase hexânica exibiram FPS maiores que 6,0 na concentração 100 mg/L.

Nesta, os valores de FPS de 7,4± 0,13; 12,8± 0,16; 11,3± 0,12 e 11,9± 0,29 para

EEB, fase clorofórmica, fase acetato de etila e fase metanólica, respectivamente.

Conclusão

Todas as amostras, exceto a fase hexânica exibiram efeito fotoprotetor. Essa

boa fotoproteção pode ser explicada pelo extraordinário potencial antioxidante que

os extratos exibiram. Portanto, a espécie vegetal testada, em condições

padronizadas, pode ser considerada como um ótimo fotoprotetor, pois de acordo

com a legislação brasileira RDC Nº 30 de 1º de junho de 2012 (Brasil, 2012), um

produto adequado para utilização em cosméticos para fotoproteger deve apresentar

um FPS igual ou superior a 6.

Page 200: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

199 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Page 201: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

200 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Identification of flavonol glycosides and in vitro photoprotective and

antioxidant activities of Triplaris gardneriana Wedd

Sandra Kelle Souza Macêdo1, Tamires dos Santos Almeida2, Christiane Adrielly A. Ferraz2,

Ana Paula de Oliveira1, Victor Hugo Almeida dos Anjos3, José Alves Siqueira Filho4, Edigênia

Cavalcante da Cruz Araújo1, Jackson Roberto Guedes S.Almeida1, Xirley Pereira Nunes1*

1Departament of Graduate Natural Resources in Semi-Arid,

2Departament of Pharmaceutical

Sciences, Federal University of San Francisco Valley, campus Center, 56304-205, Petrolina, Pernambuco, Brazil.

3Coordination Chemistry, Federal Institute of Education, Science and Technology of Sertão

Pernambucano, campus Petrolina, 56314-520, Pernambuco, Brazil.

4Centro Reference for Recovery of Degraded Areas of Caatinga (CRAD), Federal University of San

Francisco Valley, campus Agricultural Sciences, 56300-000, Petrolina, Pernambuco, Brazil.

.

*For correspondence:Email:[email protected]; Tel: (87) 2101-6862

Abstract:

Triplaris gardneriana belongs to the family Polygonaceae, known for producing a number of

biologically important molecules. The present study was aimed at identifying and quantify its

total flavonoid content and determining the antioxidant and photoprotective potential of the

plant’s leaves. The flavonoids present in the extract and fractions were analyzed using LC-

MS. The antioxidant activity was evaluated using DPPH free radical scavenging assay and

autoxidation of β-carotene. The absorbance of the extracts was measured at different

concentrations between 260-400-nm wavelengths. Calculation of Sun Protection Factor

(SPF) was determined using the formula developed by Mansur. The total flavonoid content

was determined by the method developed by Dewanto. In the study, the following four

flavonols were identified: quercetin-hexoside (2a), quercetin-pentoside (2b), quercetin-

ramnobioside (2c) and myricetin-hexoside (2d). The crude ethanol extract, ethyl acetate, and

methanol fractions showed higher flavonoid content and also exhibited excellent antioxidant

and photoprotective activity. The SPF values were best observed for the crude ethanol

extract and for the chloroform, ethyl acetate and methanol fractions. The good antioxidant

and photoprotective potential can be attributed to the presence of flavonols identified for the

first time in this species.

Keywords: Triplaris gardneriana, Polygonaceae, antioxidant activity, photoprotective activity,

glycosylated flavonols, LC-MS

Page 202: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

201 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

INTRODUCTION

The species Triplaris gardneriana Wedd (Polygonaceae) is popularly known in the

northeast as "Pajeu". It is used in popular medicine to treat bleeding hemorrhoids, coughing

and bronchitis; decoction of the bark or root is used to treat gonorrhea, leucorrhea, and

inflammation of internal organs, as well as to stimulate the uterus of rats and as a

molluscicide (Cartaxo et al., 2010). Recent studies of seed extracts showed antibacterial,

antioxidant, and anticholinesterase activities (Farias et al., 2013). The plants of the family

Polygonaceae are known to produce a number of important secondary metabolites such as

flavonoids. We emphasized the class of flavonols occurring in 25% of the genera of the

family, including Triplaris (Oliveira et al., 2008).

Recently, plants that have antioxidant activity have been of great interest, given the

distinct roles of free radical presence in the body (Alves, 2010). Phenolic compounds such as

flavonoids exhibit intense absorption in the UV region and have antioxidant action (Zuanazzi

and Montanha, 2012). Such intrinsic features of these secondary metabolites allow the

possibility of plant extracts that contain them in their composition to be used for their

photoprotective action. This is owing to their confirmed capacity to absorb solar radiation; as

an antioxidant, they may neutralize free radicals produced in the skin after exposure to

sunlight (Souza et al., 2013).

In recent studies, hyphenated techniques such as LC-MS have been applied in the

metabolomic analysis of plants, as the combination of these two techniques provides a

powerful tool in the analysis of flavonoids in crude extracts by detecting ions produced by

electrospray ionization (ESI) (Boulekbache-Makhlouf et al., 2012).

Considering that in Brazil T. gardneriana presents no chemical and biological studies

in vitro, the present study aimed, through LC-MS, to identify and quantify the total flavonoid

content and determine the antioxidant and photoprotective potential of the extracts and

fractions of the species’ leaves.

MATERIALS AND METHODS

Plant material

The leaves were collected in the city of Santa Maria of Boa Vista in the state of

Pernambuco, Brazil in July 2013, located at 349 m elevation (08° 47'59, 00 S, 039° 50'42, 40

W). Specialist Diogo de Oliveira Gallo confirmed the botanical identity of the plant. A voucher

specimen of the plant was deposited in the Herbarium of the Federal University of San

Francisco Valley (HVASF) under registration number 21221.

Page 203: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

202 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Obtaining and fractionation of the crude ethanol extract

The dried and powdered leaves (5000 g) were continuously extracted three times

during a 72-hour period with 95% ethanol at room temperature. The ethanol solution

obtained was filtered, and then the solvent was evaporated with the aid of a rotaevaporator

at reduced pressure with an average temperature of 50 0C, yielding 724 g of crude ethanol

extract after the distillation of the solvent. This was mixed with silica gel 60 (0.04-0.063 mm,

MACHEREY-NAGEL), subjected to a vacuum-liquid chromatography (VLC), and fractionated

with hexane, chloroform, ethyl acetate and methanol (Sigma-Aldrich, USA) to yield the

following four fractions: hexane (9.30 g), chloroform (42.17 g), ethyl acetate (19.29 g) and

methanol (193.48 g).

Determination of Total Flavonoid Content

The determination of total flavonoid content was determined using the methodology

previously described by Dewanto et al. (2002), with adaptations. The absorbance was

measured against the blank at 510 nm using a spectrophotometer (QUIMIS, Brazil) in

comparison with the standard prepared similarly with known concentrations. The results were

expressed as mg of catechin equivalent to a gram of extract/ fractions (mgCE/g) using the

calibration curve of catechin (R²=0.9943). The range of the calibration curve was 50-1000 mg

l-1.

LC-MS analysis

Analyses were performed by the Analytical Center of the Institute of Chemistry,

University of São Paulo, using the apparatus of high-efficiency liquid chromatography

coupled to ion trap mass spectrometer model Esquire 3000 plus Bruker Daltonics, equipped

with electrospray ionization-ESI. The LC system consisted of two LC10AD solvent pumps, a

SLC 10A system controller, a CTO-10AS column oven (Shimadzu, Japan), a 7125 Rheodyne

injector with a 20 ml loop, and an UV detector (SPD 10A, Shimadzu, Japan). The samples

were diluted in methanol (EM Science, USA) in 1 mg.ml-1 concentrations, injected into the

apparatus, and subjected to LC-18 Shimadzu Shim-Pack® column (250 x4.6 mm, Japan).

For elution of the column, solvent A (water: acetic acid 99:1) and solvent B (acetonitrile:

acetic acid 99:1) were used with the following program: 10% B (0 to 5 min), 15% B (50 to 55

min), 20% B (65 to 75 min), 100% B (80 to 85 min), and finally 10% B (up to 90 min). The

flow rate was maintained at 1.0 ml min-1, and the injection volume was 10 µl. In the ESI-MS

analyses, the general conditions were: source temperature of 40°C and capillary voltage of

4.0 Kv in positive mode, data acquisition in MS. The compounds were identified according to

the interpretation of their fragmentation spectra and comparison with literature data.

Page 204: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

203 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Determination of antioxidant activity

DPPH free radical scavenging assay

The free radical scavenging activity was measured according to the method

developed by Mensor et al. (2001) with adaptations, using 2,2-diphenyl-1-picryl-hydrazyl

(DPPH∙). Stock solutions of 1.0 mg ml-1 of the extract and fractions were diluted in ethanol to

final concentrations of 243, 81, 27, 9, 3 and 1 µg ml-1. One ml of a 50 μg ml-1 DPPH ethanol

solution was added to 2.5 ml of diluted sample and allowed to react at room temperature.

After 30 min, the absorbance values were measured at 518 nm and converted into

percentage of antioxidant activity (AA) using the following formula: %AA = [(AC - AA) /

AC]*100, where AC is equivalent to absorbance of the control and AA absorbance of the

sample. Ethanol 1.0 ml with extract solution 2.5 ml were used as a blank. DPPH solution 1.0

mL with ethanol 2.5 ml was used as negative controls. The positive controls were the

ascorbic acid, butylhydroxyanisole and butylhydroxytoluene. The effective concentration

(EC50) values were calculated by linear regression using the GraphPad Prism® 5.0 program.

Inhibition of auto oxidation of β-carotene

The ability of the extracts to prevent the oxidation of β-carotene was evaluated

according to the methodology described by Wannes et al. (2010). The β-carotene 2 mg was

dissolved in 10 ml of chloroform, linoleic acid 40 mg and Tween 40 (400 mg) were added to 2

ml of this solution. The chloroform was evaporated under vacuum at 40 °C and 100 ml of

distilled water was added; afterwards, the emulsion was vigorously shaken for two minutes.

The standard compounds (ascorbic acid, butylhydroxyanisole and butylhydroxytoluene) and

extracts were diluted in ethanol. The 3.0 ml emulsion was added to a tube containing 0.12 ml

of the standard solutions and 1.0 mg ml-1 of the extracts. Absorbance was measured

immediately at 470 nm and the samples were incubated in a water bath at 50 °C for 120 min,

when absorbance was measured again. In the negative control, extracts were replaced with

an equal volume of ethanol. The antioxidant activity (%AA) was evaluated in terms of

bleaching of β-carotene using the following formula: %AA = [1 - (A0 - At) / (A00 – At

0)]*100,

where A0 is the initial absorbance and At is the measured absorbance for the final sample.

A00 is the initial absorption and At

0 is the final absorbance measured for the negative control.

Results are expressed as percentage of antioxidant activity (%AA).

Determination of in vitro Sun Protection Factor (SPF) and the maximum

absorption wavelength

Determining the wavelength of maximum absorption of the extract and fractions was

performed by diluting these in absolute ethanol according to the method described by

Violante et al. (2009) to yield concentrations of 5, 25, 50 and 100 mg l-1. Subsequently, the

Page 205: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

204 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

reading was performed in a UV-VIS spectrophotometer (QUIMIS, Brazil) at wavelengths

between 260 and 400 nm, with intervals of 5 nm. Readings were taken using a quartz cell of

1.0 cm optical path and ethanol was used as a blank. Calculation of SPF was determined

using the equation developed by Mansour et al (1986):

SPF= CF. 290∑ 320. EE (λ). I(λ). abs (λ)

Where EE (λ) equals erythematogenic effect of radiation of wavelength; I (λ) Intensity

of solar radiation at a wavelength; Abs (λ) Spectrophotometric determination of the

absorbance of the solution in wavelength; CF Correction factor (= 10). The values of EE (λ).

I(λ) are constants.

Statistical analysis

Data obtained in triplicate experiments were analyzed statistically using the

GraphPad Prism® version 5.0 and expressed as mean ± SD. Differences were considered

significant when P <0.05.

RESULTS

LC-MS analysis

The LC-MS-coupled technique used in this study allowed for the identification of the

presence of flavonols in the crude ethanol extract and fractions of T. gardneriana. This

technique was used to characterize the presence of compounds with the antioxidant and

photoprotective potential presented in this study.

The ESI-MS analyses were performed in positive mode, and adducts formed were

predominantly as [M+Na]+. Analysis through ESI-MS showed that the information of the mass

spectra of some constituents present in the crude ethanol extract and fractions coincided

with the mass identified as the flavonol derivatives quercetin and myricetin, based on the

presence of the signals at m/z 303 and m/z 319 of aglycones, respectively. The following

compounds were identified: (2a) quercetin-hexoside, (2b) quercetin-pentoside, (2c)

quercetin-ramnobioside and (2d) myricetin-hexoside (Figure 2, Table 1). The chromatogram

obtained from the conditions of the HPLC analysis of the crude ethanol extract is shown in

Figure 1.

The peak corresponding to the compound 1 (Figure 2a) was detected in the crude

ethanol extract, ethyl acetate fraction and chloroform in 17.6 minutes and 17.5 minutes in the

methanol fraction. With the compound of m/z 465 [M+H]+ and m/z 487 [M+Na]+, thereby,

eliminating the values of the atomic mass of the protonated adduct, it was possible to get the

molecular formula C21H20O12 referring to 464 amu. The spectrum was presented as quercetin

Page 206: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

205 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

aglycone, with protonated fragment m/z 303 (Y0+) and sodiated m/z 325. The formation of the

fragment of m/z 185 sodiated and 163 not sodiated is consistent with a hexose.

The substance 2 was detected in the chromatograms of the crude ethanol extract and

of the ethyl acetate and methanol fractions with retention times equal to 18.4, 18.2, and 18.3

minutes, respectively. The compound of mass m/z 435 [M+H]+ and m/z 457 [M+Na]+ showed

peaks for quercetin m/z 303 (Y0+) and m/z 325 quercetin sodiated after loss of one molecule

of pentose 132 amu. The fragments sodiated and not sodiated m/z 155 and 133 confirm that

a pentose is linked in the aglycone. The peaks allowed us to suggest the flavonoid quercetin-

pentoside (Figure 2b) mass 434 amu and molecular formula C20H18O11.

The peak corresponding to the compound 3 was only detected in the crude ethanol

extract and in the chloroform fraction at 21.6 and 21.5 minutes, respectively. The substance

exhibited molecular ion peak equal to m/z 617, which refers to the atomic mass of the

substance added to a sodium adduct [M+Na]+ and m/z 595 consistent with the hydrogen

adduct [M+H]+, coinciding with quercetin-ramnobioside (Figure 2c) with molecular formula

C27H30O15 and 594 amu. The fragment m/z 303 (Y0+) is consistent with quercetin aglycone

with a neutral loss of 292 amu, which corresponds to two rhamnoses linked. This information

has been confirmed with the fragmentation of the ions sodiated m/z 617, a small fragment of

m/z 315, consistent with the disaccharide Rha-Rha, which is connected to quercetin. The

fragment m/z 449 and 471 sodiated is compatible with quercetin except for a rhamnose unit.

The peak m/z 169 rhamnose sodiated and 147 correspond to one rhamnose unit.

Compound 4 was identified only in the crude ethanol extract and methanol fraction in

16.0 and 15.9 minutes, respectively. The compound showed a molecular ion peak equal to

m/z 503 that refers to the atomic mass of the substance added to a sodium [M+Na]+ and m/z

481 consistent adding a hydrogen [M+H]+, indicating molecular formula C21H21O13 and 480

amu. The spectrum showed a fragmentation of ion m/z 319 (Y0+), being compatible with

myricetin, with neutral loss of 162 amu indicating the loss of a hexose unit, identified as

myricetin-hexoside (Figure 2d).

Figure 3 shows the mass spectra of the flavonols. All substances identified are

reported for the first time in the species Triplaris gardneriana.

Determination of Total Flavonoid Content

The crude ethanol extract and the ethyl acetate and methanol fractions showed the

highest content of total flavonoids 281.35 ± 6.23, 287.14 ± 2.23 and 271.35 ± 1.32,

respectively (Table 2).

Determination of antioxidant activity

Page 207: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

206 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

The results of the evaluation of the antioxidant activity are shown in Table 2. Data

showed that the crude ethanol extract, ethyl acetate and methanol fractions exhibited

excellent activity in the scavenging of DPPH∙ with lower EC50 values (2.27 ±0.19, 5.42 ± 0.84

and 3.35 ±0.15 μg ml-1), respectively. The hexane and chloroform fractions showed low

antioxidant activity, with higher EC50 values. In the β-carotene method, the crude ethanol

extract also showed better activity, 67.62 ±2.48%, followed by chloroform fraction,

54.74±1.28% (Table 2).

Photoprotective activity

The crude ethanol extract and the fractions chloroform, ethyl acetate and methanol

showed spectrophotometric absorption profile within the range of UVC region (100-290 nm)

and UVB (290-320 nm). However, only the chloroform and ethyl acetate fractions absorbed

in the UVA region (320-400 nm) had maximum wavelength in this region, emphasizing the

chloroform fraction, which was more efficient to range UVA as well as UVB followed by the

ethyl acetate fraction. The maximum wavelength exhibited by the crude ethanol extract and

fractions is shown in Table 3.

All samples exhibited a higher SPF of 6.0 in a concentration in 100 mg l-1, except for

the hexane fraction. The SPF values at this concentration were 7.410 ± 0.132, 12.794 ±

0.163, 11.280 ± 0.127 and 11.891 ± 0.291 for crude ethanol extract, the chloroform fraction,

ethyl acetate fraction and methanol fraction, respectively. The results of in vitro SPF of crude

ethanol extract and fractions using the methodology proposed by Mansur (1986) are shown

in Table 4.

DISCUSSION

LC-MS analysis

Structural analysis of the individual ions in the mass spectra was performed by

comparison with the literature data (Souza et al., 2008).

In compound 1, the removal of ring B resulted in the fragmented peak m/z 181

allowing profiling the sugar substituent in ring C. Generally, sugar substituents linked to a

hydroxyl group of the aglycone are located at position 3 or 7; however, substituent located at

the 3-position is more easily lost than in position 7 (Cuyckens and Claeys, 2005; Rijke et al.,

2006).

The hexose identified in compound 1 and 4 possibly refers to glycosides as galactose

or glucose, as it has been common in flavonol glycosides in the family Polygonaceae. With

this, the compound 1 was identified as quercetin-hexoside (Figure 2a), consistent with the

structure of isoquercitrin or hyperoside, both already reported in the family; the compound 4

refers to myricetin-hexoside (Figure 2d). In compound 2 (Figure 2b), the sugar residue may

Page 208: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

207 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

consist of an arabinose or xylose, both already reported in the family Polygonaceae.

However, the pentose arabinose appears in most cases in the structures of flavonols in the

family, what leads to the supposition that it is the sugar linked in the aglycone. The peaks

m/z 169 and 147 that may correspond to a rhamnose unit in compound 3 (Figure 2c), may

also be a coumaroyl unit, but there is no report of this acyl group in flavonols isolated in the

family. It, therefore, suggests that it is a quercetin-ramnobioside (Oliveira, 2008).

Determination of Total Flavonoid Content

As expected, the compounds of phenolic nature were mainly present in the samples

that have moderate to high polarity as the crude ethanol extract and the ethyl acetate and

methanol fractions (Table 2).

Determination of antioxidant activity

Values of antioxidant activity of the crude ethanol extract, ethyl acetate and methanol

fractions are not statistically different (P < 0.05) from that found for standards. The crude

ethanol extract showed better antioxidant activity than did the standards used. In the β-

carotene method, the values of the hexane, ethyl acetate and methanol fractions were not

significantly different (Table 2).

According to the results shown in Table 2, all samples exhibited antioxidant activity.

These results can be justified by the presence of higher levels of flavonoids in the crude

ethanol extract, methanol and ethyl acetate fractions. Phenolic compounds, particularly

flavonoids, possess ideal structure for the scavenging of radicals, since they are very

reactive as a hydrogen and electron donor (Barreiros et al., 2006). The antioxidant activity

presented by the leaf extract and fractions of T. gardneriana corroborates studies with seed

extract (Farias et al., 2013).

Photoprotective activity

According to RDC Resolution No. 30 (ANVISA, 2012), a product suitable for use in

cosmetics such as sunscreen products should have SPF values of at least 6.0. Therefore, all

samples, except for the hexane fraction, showed photoprotective effect. Such a high level of

photoprotection can be explained by the content of flavonoids present in the samples (Table

2), since, as already mentioned, the presence of these metabolites indicates a potential in

the absorption of UV radiation. Therefore, assays like this are important, since they guide the

selection of plant species with potential sun protection factor in a simple and inexpensive

manner.

Page 209: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

208 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

According to the literature, the genus has been little explored from the phytochemical

point of view, previously reporting only the isolation of five flavonol glycosides and gallic acid

from the ethyl acetate fraction of the leaves of T. cumingiana (Hussein et al., 2005) and

phenylpropanoid, one flavonol glycoside and gallic acid on leaves, stems and fruit of T.

americana (Oliveira et al., 2008). The presence of glycosylated flavonols and gallic acid in

both plant species may serve as useful chemotaxonomic markers for the genus. Thus,

glycosylated flavonols identified in this study are in agreement with the data described in

studies of genus and confirm further these chemical markers.

CONCLUSION

In this study, the coupled LC-MS technique has proved to be a powerful tool for the

identification of flavonols, which allowed for the identification of four flavonol glycosides

which are described for the first time in the species. The results obtained from this study

show that the excellent antioxidant and photoprotective activities can be attributed to its

chemical composition rich in flavonols. It also suggests that this species, which is already

widely used in folk medicine, may become a great alternative for use in pharmaceuticals.

Conflict of interests

The author(s) have not declared any conflict of interests.

Acknowledgments

This work was supported by grants from Brazilian agencies CNPq and FACEPE. We also

would like to thank teacher Abilio Borghi for the grammar review of the manuscript.

REFERENCES

Alves CQ, David JM, David JP, Bahia MV, Aguiar RM (2010). Methods for determination of in

vitro antioxidant activity in organic substrates. Quim. Nova. 33(10):2202-2210.

Agência de Vigilância Sanitária – ANVISA (2012). RDC Resolution No.30, approved the

Technical Regulation on sunscreens in cosmetics. ANVISA: Brasília.URL

[http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0030_01_06_2012.html];

accessed April 2014.

Barreiros ALBS, David JM, David JP (2006). Oxidative stress: relationship between

generation of reactive species and organism defense. Quim. Nova. 29(1):113-123.

Page 210: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

209 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Boulekbache-Makhlouf L, Meudec E, Mazauric JP, Madani K, Cheynier V (2012). Qualitative

and semi-quantitative analysis of phenolics in Eucalyptus globulus leaves by High-

performance Liquid Chromatography coupled with Diode Array Detection and

Electrospray Ionisation Mass Spectrometry. Phytochem. Anal. 24:162-170.

Cuyckens F, Claeys M (2005). Determination of the glycosylation site in flavonoid mono-O-

glycosides by collision-induced dissociation of electrospray-generated deprotonated

and sodiated molecules. J. Mass. Spectro. 40:364–372.

Cartaxo SL Souza MMA, Albuquerque UP (2010). Medicinal plants with bioprospecting

potential used in semi-arid northeastern Brazil. J. Ethnopharmacol. 131:326–342.

Dewanto V, Wu X, Adom KK, Liu RH (2002). Thermal processing enhances the nutritional

value of tomatoes by increasing total antioxidant activity. J. Agric. Food. Chem. 50(10):

3010-3014.

Farias DF, Souza TM, Viana MP, Soares BM, Cunha AP, Vasconcelos IM, Ricardo NMPS,

Ferreira PMP, Melo VMM, Carvalho AFU (2013). Antibacterial, antioxidant, and

anticholinesterase activities of plant seed extracts from brazilian semiarid region.

Biomed. Res. Int. 510736: 9.

Hussein AA, Barberena I, Correa M, Coley PD, Solis PN, Gupta MP (2005). Cytotoxic

flavonol glycosides from Triplaris cumingiana. J. Nat. Prod. 68:231-233.

Mansur JS, Breder MNR, Mansur MCA, Azulary RD (1986). Determination of the sun

protection factor by spectrophotometry. An. Bras. Dermatol. 61:121-124.

Mensor LL, Menezes F, Leitão GG, Reis AS, Santos TC, Coube TS, Leitão SG (2001).

Screening of Brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free

radical method. Phytother. Res. 15:127-130.

Oliveira PES, Conserva LM, Lemos RPL (2008). Chemical constituents from Triplaris

americana L. (Polygonaceae). Biochem. Syst. Ecol. 36:134-137.

Rijke E, Out P, Niessen WMA, Ariese F, Gooijer C, Brinkman UAT (2006). Analytical

separation and detection methods for flavonoids. J. Chromatogr. A. 1112:31-63.

Souza FP, Campos GR, Packer FJ (2013). Determination of the photoprotective and

antioxidant activity in emulsions containing extract Malpighia glabra L. – Acerola. Rev.

Cienc. Farm. Basica. Apl. 34(1):69-77.

Souza LM, Cipriani TR, Serrato RV, Costa DE, Iacomini M, Gorin FAJ, Sassaki GL (2008).

Analysis of flavonol glycoside isomers from leaves of Maytenus ilicifolia by offline and

online high performance liquid chromatography–electrospray mass spectrometry. J.

Chromatogr. A. 1207:101-109.

Page 211: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

210 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Violante IMP, Souza IM, Venturini CL, Ramalho AFS, Santos RAN, Ferrari M (2009). In vitro

evaluation of the photoprotective activity of plant extracts from the cerrado of Mato

Grosso. Rev. Bras. Farmacogn. 19(2A):452-57.

Zuanazzi JAS, Montanha JA (2012). Flavonoids. In Pharmacognosy: of the plant to the

medicine, Simões CMO, Schenkel EP, Gosmann G, Mello JCP, Mentz LA, Petrovick

PR (eds). Federal University of Rio Grande do Sul: Porto Alegre. pp. 577-614.

Wannes WA, Mhamdi B, Sriti J, Jemia MB, Ouchikh O, Hamdaoui G, Kchouk ME, Marzouk B

(2010). Antioxidant activities of the essential oils and methanol extracts from myrtle

(Myrtuscommunis var. italica L.) leaf, stem and flower. Food. Chem. Toxicol.

48(5):1362-1370.

Figure 1. Chromatogram HPLC/UV-ESI-MS of the crude ethanol extract of T. gardneriana.

Figure 2. Glycosylated flavonols identified in the crude ethanol extract and fractions of T.

gardneriana.

Page 212: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

211 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Figure 3. ESI-MS mass spectrum registered in positive mode: (a) quercetin-hexoside, (b)

quercetin-pentoside, (c) quercetin-ramnobioside and (d) myricetin-hexoside.

Page 213: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

212 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Table 1. Retention time and fragmentation in positive mode of the identified compounds of T.

gardneriana.

*EEC= Crude ethanol extract. CHCl3=Chloroform fraction. AcOEt= Ethyl acetate fraction. MeOH=

Methanol fraction. TR= Retention time.

Table 2. Total flavonoids and antioxidant activity of T. gardneriana.

Extract / Fractions / Standards

Flavonoids (mg de ECAT/g)

DPPH (EC50, µg ml-1)

β-Carotene (%AA)

Crude ethanol extract 281.35± 6.23 2.27± 0.19 67.62± 2.48

Hexane fraction n.d 32.91± 0.76 48.90± 1.12

Chloroform fraction 61.88± 3.50 50.35± 10.27 54.74± 1.28

Ethyl acetate fraction 287.14± 2.23 5.42± 0.84 45.04± 1.12

Methanol fraction 271.35± 1.32 3.35± 0.15 47.64± 2.59

Ascorbic acid - 3.21± 0.30 -7.83± 2.58

Butylhydroxyanisole - 3.05± 0.40 70.68± 0.55

Butylhydroxytoluene - 5.38± 0.11 69.96± 3.07

*Values are presented as mean ± SD (n = 3). ECAT= Catechin equivalents. EC50 is defined as

sufficient for 50% maximal effect concentration. (%AA)= percentage of antioxidant activity. n.d.= not

determined.

Compound TR

EEC

TR

CHCl3

TR

AcOEt

TR

MeOH

[M+H]+

(m/z)

[M+Na]+

(m/z)

Fragmentation in positive

mode (MS+)

1 17.6 17.6 17.6 17.5 465 487 303, 181, 185, 163

2 18.4 - 18.2 18.3 435 457 303, 325, 133, 155

3 21.6 21.5 - - 595 617 303, 471, 455, 449,

315, 147, 169

4 16.0 - - 15.9 481 503 319, 163,153

Page 214: ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ......Macêdo, Sandra Kelle Souza M141e Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

213 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris

gardneriana Wedd. (Polygonaceae)

Table 3. Maximum wavelength and absorption type of crude ethanol extract and fractions of

T. gardneriana.

*UVA (320 to 400 nm), UVB (280 to 320 nm) and UVC (100 to 280 nm). Concentrations of the

analysis were 5, 25, 50 and 100 mg l-1

.

Table 4. Sun Protection Factor (SPF) of crude ethanol extract and fractions of T.

gardneriana.

Concentration (mg l

-1)

Crude ethanol extract

Hexane fraction

Chloroform fraction

Ethyl acetate fraction

Methanol fraction

5 0.700±0.127 0.343±0.031

0.669±0.022 0.775±0.052 0.685±0.069

25 2.042±0.050 0.731±0.020 3.169±0.032 2.937±0.123 2.769±0.049

50 3.734±0.051 1.267±0.053 6.324±0.069 5.608±0.084 5.379±0.145

100 7.410±0.132 2.393±0.084 12.794±0.163 11.280±0.127 11.891±0.291

* Values are presented as mean ± SD (n = 3).

Extract / Fractions λ maximum

(nm)

Absorption

Region

Crude ethanol extract 280 UVC/UVB

Hexane fraction - -

Chloroform fraction 280/330/395 UVA/UVB/UVC

Ethyl acetate fraction 280/370/400 UVA/UVB/UVC

Methanolic fraction 280 UVC/UVB