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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO
SEMIÁRIDO
SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO
ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD.
(POLYGONACEAE)
Petrolina-PE
2015
SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO
ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD.
(POLYGONACEAE)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido da Universidade Federal do Vale do São Francisco como requisito para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido.
Área de concentração: Química e Atividade Biológica
Orientadora: Profa. Dra. Xirley Nunes Pereira
Petrolina-PE
2015
Macêdo, Sandra Kelle Souza
M141e
Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae) / Sandra Kelle Souza Macêdo. -- Petrolina, 2015.
xxviii; 213f.: il. 29 cm. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido) -
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus, Petrolina, 2015.
Orientador (a): Prof.(a) Dra. Xirley Pereira Nunes.
1. Triplaris gardneriana - Estudo químico. 2. Polygonaceae - Atividade biológica. I.Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco
CDD 615.53
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF
Bibliotecário: Maria Betânia de Santana da Silva – CRB4-1747.
SANDRA KELLE SOUZA MACÊDO
ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
BIOLÓGICA IN VITRO DE Triplaris gardneriana WEDD.
(POLYGONACEAE)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido da Universidade Federal do Vale do São Francisco como requisito para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido.
Aprovada em: ___de _________ de _____.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa. Dra. Xirley Pereira Nunes (Universidade Federal do Vale do São Francisco)
Orientadora
_________________________________________________
Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo (Universidade Federal do Vale do São Francisco)
Examinadora Interna
_________________________________________________
Prof. Dr. Fábio Henrique Tenório de Souza (Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba)
Examinador Externo
Dedico este trabalho aos meus pais Orlando e Maria Francileide e as minhas irmãs
Flávia Keile e Samara Thaids, porque sem eles não teria chegado até aqui...
AGRADECIMENTOS
A Deus por me proporcionar tantas coisas boas e ter me mantido firme na fé,
fazendo que eu sempre acreditasse em mim, mesmo diante das dificuldades
surgidas durante essa caminhada.
Aos meus pais Orlando Pedro Macedo e Maria Francileide Souza Ribeiro
Macedo pelo apoio, incentivo durante todos os meus estudos e por estarem sempre
ao meu lado.
As minhas irmãs Flávia Keile Souza Macedo e Samara Thaids Souza Macedo
pela força, em especial a minha Flávia que me suportou, mesmo sem eu merecer,
em todos os momentos bons ou estressantes, mas, mesmo assim sempre me
motivou.
Ao meu noivo Victor Hugo Almeida dos Anjos por estar sempre ao meu lado
em todos os momentos, pelo companheirismo, pela disposição, incentivo, apoio,
pela sua paciência, por ter me tolerado tantas vezes em momentos de estresse e
por sempre me fazer acreditar em mim. Muito obrigada, amor!
A minha orientadora Dra. Xirley Pereira Nunes pela oportunidade a mim dada
para realização deste trabalho, pelos bons anos de convivência, pelas risadas no
laboratório, pelos ensinamentos. Obrigada pelo seu otimismo, boa vontade sempre
quando a procurei e força nas horas difíceis.
À professora Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo pela sua disposição
nos momentos de dúvidas durante o processo de elucidação dos espectros de
massas e os espectros de RMN e por suas palavras otimistas.
À professora Dra. Larissa Araújo Rolim (Central Analítica) pela sua boa
vontade de realizar os experimentos por CLAE-DAD, foram momentos de muitas
risadas e aprendizado e pela ajuda na obtenção dos espectros de RMN.
Ao professor Dr. Jackson Guedes pela colaboração nas análises no CG-EM e
CLAE-EM na Universidade de São Paulo.
Ao professor Dr. Raimundo Braz Filho da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro pela contribuição na obtenção dos espectros de RMN.
Aos demais Professores da Pós-graduação pelos ensinamentos no decorrer
desses anos.
Ao CRAD, em especial ao Engenheiro Florestal Diogo Gallo Oliveira pela
valiosa ajuda na coleta e identificação do material vegetal para as pesquisas.
Às técnicas de laboratório e colegas de mestrado Ana Paula de Oliveira e
Amanda Leite Guimarães (dupla dinâmica) pela ajuda e disponibilidade em alguns
experimentos e pelo apoio técnico no laboratório.
A meu amigo Fernando Antônio Gomes da Silva Júnior pela ajuda e incentivo
no processo de seleção deste mestrado.
A minha fiel escudeira, Tamires Santos Almeida, aluna de iniciação científica,
pela amizade e ajuda direta nos experimentos de laboratório, sendo indispensável
na realização deste trabalho.
Aos alunos de iniciação científica Cristhiane Adriely Ferraz e Anderson Lavor
pela amizade, ajuda nos experimentos e momentos de descontração.
A Rafael Cunha Libório pela realização do experimento de CBM no laboratório
de Microbiologia e Imunologia Animal.
A nova mestranda Iza Miranda Melo pelos conselhos, dicas e amizade.
A todas colegas de mestrado (Naiane, Eriane, Ana Paula, Amanda, Geórgia,
Kiscyla, Jackeline, Paloma, Deize e Fernada) que seguiram junto nesta batalha, pela
companhia ao longo destes anos, conversas, almoço, risadas, discussões e viagens
a congressos.
A minha amiga de mestrado Naiane Darklei pelo choro consolado nas horas
de angústia e pela mão amiga na hora de seguir em frente.
A minha coordenadora do trabalho, Ana Paula Medeiros por sua
compreensão e amizade.
As meus amigos da graduação Vitalina, Josenilda, Kácia, Silvana, Vitória,
Cleiton, Jardel, Iane e Adelson pela torcida e amizade.
Aos meus mestres da graduação Débora dos Anjos, Leopoldina Veras,
Fabiano Marinho, Gizelle Angela, José Roberto, Delza Cristina, Socorro Tavares por
sempre incentivarem seus alunos a buscar melhorias.
A meus amigos Fani Maiari, Wilson Santos, Erionilton e Francisco Júnior por
sempre me incentivar nos meus objetivos de vida.
Aos professores da banca por terem aceitado estar presentes na defesa e
contribuírem para a finalização desse trabalho.
Enfim a todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho.
Todos temos metas e objetivos em nossas vidas, por mais que sejam árduas as
batalhas, não desista daquilo que acredita, apenas uma dica, use o amor para
conquistar o que almeja.
Edson Pequeno
ESTUDO QUÍMICO E BIOLÓGICO DE Triplaris gardneriana WEDD. (POLYGONACEAE)
RESUMO
Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae) é conhecida popularmente no nordeste brasileiro como “pajéu”. Este trabalho visou o estudo fitoquímico das folhas de T. gardneriana coletadas na cidade de Santa Maria da Boa Vista Pernambuco-Brasil, assim como a avaliação da atividade antioxidante, fotoprotetora, antibacteriana e determinação dos fenóis totais e flavonoides totais do extrato etanólico bruto (Tg-EEB) e frações hexânica (Tg-Hex), clorofórmica (Tg-CHCl3), acetato de etila (Tg-AcOEt) e metanólica (Tg-MeOH). Além da extração dos óleos fixos das folhas e sementes para análise da composição química e das atividades antioxidante e antibacteriana. Para o estudo fitoquímico, realizou-se a triagem fitoquímica, no qual, observou-se a presença de derivados antracênicos, cumarinas, flavonoides, taninos, naftoquinonas, triterpenos, esteroides, mono e diterpenos. A determinação do teor de fenóis e flavonoides totais demonstrou que Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH apresentaram maiores valores. No teste da atividade antioxidante, no método do DPPH•, Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH exibiram excelente atividade com menores valores de CE50 2,27± 0,19, 5,42± 0,84 e 3,35 ± 0,15 µg/mL, respectivamente. No método do β-caroteno Tg-EEB também apresentou melhor atividade (67,62± 2,48%) seguida de Tg-CHCl3 (54,74± 1,28%). O estudo da atividade fotoprotetora demostrou uma ótima absorção na região UVB, comprovada pelos valores de FPS na concentração 100 mg/L que foi uma média de 12 para Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH. Na atividade antibacteriana foi verificado que Tg-EEB e Tg-AcOEt apresentaram melhor atividade promovendo inibição da maioria das cepas. O estudo fitoquímico das frações Tg-AcOEt e Tg-CHCl3 obtidas de Tg-EEB das folhas de T. gardneriana resultou no isolamento da quercetina e do lupeol, respectivamente. Através da técnica IES-EM foi possível identificar a presença da miricetina-hexosídeo, quercetina-hexosídeo, quercetina-pentosídeo e quercetina-ramnobiosídeo. A quercetina foi quantificada no extrato e frações. A Tg-AcOEt apresentou maior teor de quercetina com 9,967 ± 1,014 mg/g de extrato seco, seguido de Tg-EEB com 0,908± 0,012 mg/g. Em relação à composição química dos óleos fixos, os constituintes majoritários do óleo fixo das folhas foi o palmitato de metila (15,14%) e do óleo das sementes foi o octadec-10-enoato de metila (45,53%). Os óleos fixos das folhas e sementes não apresentaram atividade antioxidante. No entanto, apresentaram atividade antibacteriana com inibição de fraca a moderada contra S. aureus, S. epidermidis, S. aureus resistente a meticillina, E. faecalis, K. pneumoniae e S. entérica.
Palavras-Chave: Triplaris gardneriana Wedd. Polygonaceae. Estudo fitoquímico,
Atividade biológica.
STUDY CHEMICAL AND BIOLOGICAL OF Triplaris gardneriana WEDD.
(POLYGONACEAE)
ABSTRACT
Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae) is popularly known in the Brazilian Northeast as "Pajéu". This work aimed Phytochemical study of the leaves of T. gardneriana collected in Santa Maria da Boa Vista Pernambuco-Brazil, as well as evaluating the antioxidant, photoprotective, antibacterial activities and determination of total phenols and total flavonoids crude ethanol extract (Tg -EEB) and hexane fractions (Tg-Hex), chloroform (Tg -CHCl3), ethyl acetate (Tg -AcOEt) and methanol (Tg-MeOH). In addition to the extraction fixed oil of the seeds and leaves for analysis of chemical composition and of the antimicrobial and antioxidant activities. For the phytochemical study was carried out phytochemical screening, in which was observed the presence of anthracene derivatives, coumarins, flavonoids, tannins, quinones, triterpenes, sterols, mono and diterpenes. The determination of total phenols and flavonoids showed that Tg-EEB, Tg- AcOEt and Tg-MeOH showed higher values. In testing the antioxidant activity in the method DPPH•, Tg-EBB, Tg-AcOEt and Tg-MeOH exhibited excellent activity with lower EC50 values 2.27 ± 0.19, 5.42 ± 0.84 and 3.35 ± 0.15 µg/mL, respectively. In the method β-carotene Tg-EBB also showed better activity (67.62 ± 2.48%) followed by Tg-CHCl3 (54.74 ± 1.28%). The study p hotoprotective activity demonstrated a great absorption in the UVB region, as evidenced by the SPF values concentration 100 mg/l which was an average of 12 to Tg-CHCl3, Tg - AcOEt and Tg-MeOH. The antibacterial activity was determined that Tg-EEB and Tg-AcOEt showed better activity promoting inhibition of most strains. The phytochemical study of the fractions Tg- AcOEt and Tg-CHCl3
obtained from Tg-EBB of the leaves of T. gardneriana resulted in the isolation of the quercetin and lupeol, respectively. By ESI-MS technique was possible to identify the presence of myricetin-hexoside, quercetin -hexoside, quercetin- pentoside and quercetin-ramnobioside. Quercetin was quantified in the extract and fractions. The Tg- AcOEt showed a higher content of quercetin with 9.967 ± 1.014 mg/g of dry extract, followed by Tg-EBB 0.908± 0.012 mg/g. Regarding the chemical composition fixed oils, the major constituents of the fixed oil of the leaves was methyl palmitate (15.14%) and oil of the seeds was octadec-10- enoate methyl (45.53%). Fixed oils from the leaves and seeds showed no antioxidant activity. However, showed antibacterial activity with inhibition of mild to moderate against S. aureus, S. epidermidis, S. aureus resistant methicillina, E. faecalis, K. pneumoniae and S. enterica.
Keywords: Triplaris gardneriana Wedd. Polygonaceae. Phytochemical study.
Biological activity.
Lista de Figuras
Figura 1. Triplaris gardneriana Wedd ....................................................................... 39
Figura 2. 1) Caule contendo formigas de T. gardneriana. 2) planta feminina; 3)
planta masculina; 4) flor pistilada; 5) fruto; 6) flor estaminada .................................. 40
Figura 3. Fatores ambientais que influenciam na produção de classes de
flavonoides. ............................................................................................................... 43
Figura 4. Núcleo fundamental dos flavonoides ......................................................... 44
Figura 5. As três principais classes de flavonoides. 1) flavonoides; 2) isoflavonoides;
3) neoflavonoides ...................................................................................................... 45
Figura 6. Subclasses dos flavonoides ...................................................................... 46
Figura 7. Biossíntese dos flavonoides ...................................................................... 48
Figura 8. Técnicas hifenadas com CLAE para identificação estrutural ..................... 50
Figura 9. Representação de um processo de ionização por eletrospray .................. 51
Figura 10. Triterpenos pentacíclicos com atividade biológica................................... 56
Figura 11. Resumo da biossíntese dos terpenoides ................................................. 58
Figura 12. Reação do ácido gálico com molibdênio ................................................. 60
Figura 13. Esquema de complexação do flavonoide com cloreto de alumínio ......... 61
Figura 14. Tipos de cromatografia de acordo com o suporte para fase estacionária:
A) Cromatografia líquida em coluna e B) em camada delgada analítica ................... 63
Figura 15. Biossíntese dos ácidos graxos ................................................................ 65
Figura 16. Reação de esterificação de um ácido graxo ............................................ 66
Figura 17. Reação química de redução do radical DPPH• ....................................... 70
Figura 18. Exsicata nº 21221 das folhas de T. gardneriana arquivada no
HVASF/CRAD ........................................................................................................... 76
Figura 19. Sementes de Triplaris gardneriana arquivada sob nº LAS 818 no CRAD
................................................................................................................................. .77
Figura 20. Cromatografia líquida sob vácuo (CLV) .................................................. 79
Figura 21. Aparelho de Soxhlet utilizado na extração dos óleos fixos ...................... 80
Figura 22. Coluna cromatográfica com Sephadex LH-20 da fração acetato de etila
de T. gardneriana ...................................................................................................... 92
Figura 23. Triagem fitoquímica qualitativa em cromatografia em camada delgada do
extrato etanólico bruto e frações de T. gardneriana ................................................ 101
Figura 24. Soluções turvas de Tg-Hex preparadas para o teste de quantificação de
flavonoides .............................................................................................................. 105
Figura 25. Absorção espectrofotométrica na faixa (260 – 400 nm) de Tg-EEB e
frações das folhas de T. gardneriana ...................................................................... 108
Figura 26. Estrutura de um núcleo flavonol com sistemas benzoil e cinamoil.. ...... 109
Figura 27. Estrutura da 3,5,7,3’-4’-pentahidroxiflavona (Quercetina) .................... 115
Figura 28. Espectro de RMN de 1H de Tg-1 (MeOD, 300 MHz) ............................ 117
Figura 29. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-01, região 6,0 a 7,8 ppm
(MeOD, 300 MHz) .................................................................................................. 117
Figura 30. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-01, região 7,54 a 8,14 ppm
(MeOD, 300 MHz) .................................................................................................. 118
Figura 31. Espectro de RMN de C13de Tg-1 (MeOD, 75 MHz) .............................. 118
Figura 32. Espectro de expansão de RMN C13 de Tg-1, expansão da região 65 a
200 ppm (MeOD, 75 MHz) ..................................................................................... 119
Figura 33. Correlação mostrada pelo 1H x 1H-COSY de H-29 com H-30 ............... 124
Figura 34. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas ao carbono
oximetínico .............................................................................................................. 125
Figura 35. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas a dupla terminal
................................................................................................................................ 126
Figura 36. Estrutura do Lupeol ............................................................................... 127
Figura 37. Espectro de RMN de 1H de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz) ........................... 128
Figura 38. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 0,60 a 1,75 ppm
(CDCl3, 500 MHz) ................................................................................................... 128
Figura 39. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 1,75 a 2,50 ppm
(CDCl3, 500 MHz) ................................................................................................... 129
Figura 40. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 3,1 a 4,7 ppm
(CDCl3, 500 MHz) ................................................................................................... 129
Figura 41. Espectro de RMN de C13 - DEPT Q de Tg-02 (CDCl3, 125 MHz) .......... 130
Figura 42. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da
região 12 a 45 ppm (CDCl3, 125 MHz) ................................................................... 130
Figura 43. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da
região 45 a 155 ppm (CDCl3, 125 MHz) ................................................................. 131
Figura 44. Espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3). ................... 131
Figura 45. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)
região 0,7 a 1,7 1H e 13 a 23 13C. ........................................................................... 132
Figura 46. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)
região 0,5 a 2,0 1H e 10 a 60 13C ............................................................................ 132
Figura 47. Espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500
MHz).........................................................................................................................133
Figura 48. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3,
500 MHz) região 1H 0,4 a 2,5 ppm ........................................................................ 133
Figura 49. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3,
500 MHz) região 1H 0,5 a 5,0 ppm ........................................................................ 134
Figura 50. Espectro de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02 (CDCl3).................... 134
Figura 51. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02,
expansão da região 0,5 a 1,8 1H e 10 a 65 13C (CDCl3) ......................................... 135
Figura 52. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região
0,58 a 1,06 1H e 15 a 60 13C (CDCl3) ..................................................................... 135
Figura 53. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 2,2
a 4,8 1H e 10 a 60 13C (CDCl3) ............................................................................... 136
Figura 54. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 0,4
a 2,7 1H e 70 a 160 13C (CDCl3) ............................................................................. 136
Figura 55. Curva analítica padrão da quercetina em metanol em 370 nm .......... ...138
Figura 56. Cromatograma e espectro UV (CLAE–DAD) em 370 da quercetina ..... 138
Figura 57. Cromatogramas obtidos do extrato e frações das folhas de T.gardneriana
em 370 nm .............................................................................................................. 140
Figura 58. Cromatogramas obtidos por CLAE-DAD de A) Tg-EEB; B) Tg-CHCl3; C)
Tg-AcOEt; D) Tg-MeOH .......................................................................................... 143
Figura 59. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-03 ...... 145
Figura 60. Miricetina-hexosídeo, proposto para Tg-03 ........................................... 146
Figura 61. Proposta de fragmentação para Tg-03 .................................................. 147
Figura 62. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-04 ...... 148
Figura 63. Quercetina-hexosídeo, proposto para Tg-04 ......................................... 149
Figura 64. Proposta de fragmentação para Tg-04 .................................................. 150
Figura 65. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-
05..............................................................................................................................151
Figura 66. Quercetina-pentosídeo, proposto para Tg-05 ........................................ 151
Figura 67. Proposta de fragmentação para Tg-05 .................................................. 152
Figura 68. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo por T-06 ...... 153
Figura 69. Quercetina-ramnobiosídeo, proposto para Tg-06 .................................. 153
Figura 70. Proposta de fragmentação para Tg-06 .................................................. 154
Figura 71. Cromatogramas obtidos do CG-EM dos óleos fixos das (A) folhas e (B)
sementes de T. gardneriana.................................................................................... 155
Figura 72. A) Espectro de massa do composto palmitato de metila (15,14%)
presente majoritariamente no óleo das folhas. B) Espectro de massa obtido da
biblioteca WILEY7 e NIST08. .................................................................................. 158
Figura 73. A) Espectro de massa do composto majoritário octadec-10-enoato de
metila (45,53%) presente no óleo das sementes. B) Espectro de massa obtido da
biblioteca NIST08. ................................................................................................... 159
Figura 74. Perfil de fragmentação do composto palmitato de metila ..................... 159
Figura 75. Perfil de fragmentação do composto octadec-10-enoato de metila ...... 160
.
.
Lista de Quadros
Quadro 1. Gêneros que constituem a família Polygonaceae .................................. 32
Quadro 2. Atividades biológicas mencionadas no gênero Triplaris ......................... 34
Quadro 3. Constituintes químicos isolados em espécies do gênero Triplaris ........... 37
Quadro 4. Compostos identificados na espécie T. gardneriana. ............................. 41
Lista de Fluxograma
Fluxograma 1. Esquema de preparação do extrato etanólico bruto das folhas de T.
gardneriana ............................................................................................................... 78
Fluxograma 2. Fracionamento do extrato etanólico bruto das folhas T. gardneriana
.................................................................................................................................. 79
Fluxograma 3. Etapas de avaliação da atividade antibacteriana: a) Placa de
microtitulação de 96 poços; b) Replicador; c) Placa de Petri .................................... 90
Fluxograma 4. Procedimento cromatográfico da fração acetato de etila T.
gardneriana..... ......................................................................................................... 92
Fluxograma 5. Procedimento cromatográfico da fração clorofórmica de T.
gardneriana ............................................................................................................... 93
Lista de Gráficos
Gráfico 1. Curva obtida por regressão linear no intervalo de 50-1000 mg/L do
padrão A) ácido gálico; B) catequina ...................................................................... 103
Gráfico 2. Atividade antibacteriana do extrato etanólico bruto e frações das folhas
de T. gardneriana ................................................................................................... 112
Lista de Tabelas
Tabela 1. Sistemas de eluição e reveladores empregados para caracterizar os
principais metabólitos secundários do extrato etanólico bruto e frações das folhas de
T. gardneriana ........................................................................................................... 82
Tabela 2. Valores determinados para o cálculo do FPS por espectrofotometria.
(MANSUR et al., 1986 e SAYRE et al., 1979) ........................................................... 88
Tabela 3. Frações obtidas na CC da fração clorofórmica e sistema de eluição
utilizados ................................................................................................................... 94
Tabela 4. Programação do gradiente de eluição da CLAE/DAD............................... 96
Tabela 5. Programação do gradiente de eluição da CLAE-DAD-IES-EM ................. 97
Tabela 6. Caracterização fitoquímica do extrato etanólico bruto e frações das folhas
de T. gardneriana .................................................................................................... 100
Tabela 7. Teor de compostos fenólicos e de flavonoides presentes em T.
gardneriana ............................................................................................................. 104
Tabela 8. Atividade antioxidante in vitro do extrato etanólico bruto e das frações de
T. gardneriana ......................................................................................................... 106
Tabela 9. Fator de Proteção Solar (FPS) de extrato bruto etanólico e das frações de
T. gardneriana ......................................................................................................... 110
Tabela 10. Dados espectrais de RMN 1H (δH, MeOD, 300 MHz) e RMN 13C (δC,
MeOD, 75 MHz) e dados comparativos da quercetina (RMN 1H DMSO-d6, 300 MHz/
RMN 13C MeOH, 75 MHz) (GUVENALP; DEMIREZER, 2005)... ............................ 116
Tabela 11. Dados espectrais de RMN 1H (δH, CDCl3, 500 MHz) RMN 13C (δC, CDCl3,
125 MHz), e dados comparativos de RMN 1H (δ, 500 MHz, CDCl3) (GOIS, 2010) e
RMN 13C (δ, CDCl3,
125 MHz) (CURSINO et al., 2009). ........................................ 122
Tabela 12. Dados obtidos do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H
x 13C-HMBC (125 MHZ, CDCl3) de Tg-02 .............................................................. 126
Tabela 13. Teor de quercetina em extrato e frações das folhas de T. gardneriana
determinado por CLAE-DAD ................................................................................... 139
Tabela 14. Tempos de retenção em modo positivo dos compostos identificados de
T. gardneriana ......................................................................................................... 144
Tabela 15. Constituintes químicos identificados nos óleos fixos das folhas e
sementes de T. gardneriana.................................................................................... 156
Tabela 16. Atividade antioxidante dos óleos fixos das folhas e sementes de T.
gardneriana ............................................................................................................. 163
Tabela 17. Atividade antibacteriana do óleo fixo das folhas e sementes de T.
gardneriana ............................................................................................................. 164
Lista de Abreviaturas e Siglas
%AA- Porcentagem da atividade antioxidante
AA- Ácido Ascórbico
Abs- Leitura espectrofotométrica da absorbância
Acetil-CoA- Acetilcoenzima
AcOEt- Acetato de etila
APCI- Atmospheric Chemical Pressure Ionization
API- Atmospheric Pressure Ionization
ATCC- American Type Culture Collection
BHA -Hidroxianisol de Butila
BHT-Hidroxitolueno de Butila
CC-Cromatografia em Coluna
CCD -Cromatografia em Camada Delgada
CCDA - Camada Delgada Analítica
CCDP - Cromatografia em Camada Delgada Preparativa
CDCl3- Clorofórmio deuterado
CE50- Concentração Eficiente em 50%
CG- Cromatografia Gasosa
CG-EM- Cromatografia Gasosa Acoplada À Espectrometria de Massas
CHCl3 - Clorofórmio
CI50- Concentração Inibitória
CIM-Concentração Inibitória Mínima
CL- Cromatografia Líquida
CLAE- Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CLAE-DAD- Cromatografia Líquida de alta eficiência acoplada a um detector na
região do UV com arranjos de diodos
CLAE-IES-EM- Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de
massas com ionização por electrospray
CLAE-RMN - Cromatografia Líquida- Ressonância Magnética Nuclear
CLAE-UV- Cromatografia Líquida de alta eficiência acoplada ao Detector Ultravioleta
CLSI- Comitê Nacional para Padrões de Laboratórios Clínicos
CLV- Cromatografia Líquida sob Vácuo
CMB- Concentração Mínima Bactericida
COSY- Espectroscopia de correlação homonuclear de hidrogênio (Correlated
Specroscopy)
CRAD- Centro de Referências de Áreas Degradadas
d- dubleto
dd- duplo dubleto
DAD- Detector de arranjo de diodos (Diode Array Detector)
DEPT Q- Distortionless Enhancement by Polarisation Transfer with retention of
Quaternaries
DMEnp- Dose mínima eritematosa na pele quando desprotegida
DMEp -Dose mínima eritematosa na pele protegida
DNA- Ácido desoxirribonucleico
DPPH• - 2,2-difenil-1-picrilhidrazil
DiClmet- Extrato diclorometano
EAG- Equivalente de Ácido Gálico
EC- Equivalente de Catequina
EE- Efeito Eritemogênico da Radiação do Comprimento De Onda
EM - Espectrômetro de massas
EMAG- Ésteres metílicos de ácidos graxos
ERN- Espécie reativa de nitrogênio
ERO- Espécie reativa de oxigênio
ESI- Ionização por Spray de Eletrons
EtOH - Etanol
FC- Fator de Correção
FID- Detector de Ionização de Chama
FPS- Fator de Proteção Solar
HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana
HMBC- Correlação heteronuclear de múltiplas ligações (Heteronuclear Multiple Bond
Correlation)
HO• - Radical Hidroxila
HSQC- Correlação heteronuclear quântica simples (Heteronuclear Single Quantum
Correlation)
HVASF- Herbário da Universidade Federal do Vale do São Francisco
IES-EM: Espectrometria de massas com ionização por electropray
IPP- Pirofosfato de isopentenila
I- Intensidade da radiação solar
J- Constante de acoplamento
MeOD- Metanol deuterado
MeOH- Metanol
m- multipleto
NEU- Reagente difenilborinato de amino-2-etila
O2•− - Radical superóxido
OF- Óleo fixo das folhas
OS- Óleo fixo das sementes
pH- Potencial de hidrogénio
RDC- Resolução de Diretoria Colegiada
Rha- Ramnose
RMN 13C - Ressonância Magnética Nuclear de carbono
RMN 1H - Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio
RO• - Radical alcoxila
ROO•- Radical superóxido
SD- Desvio padrão (standard deviation)
s- singleto
Tg-AcOEt- Fração acetato de etila
Tg-CHCl3- Fração clorofórmica
Tg-EEB- Extrato etanólico bruto
Tg-Hex- Fração hexânica
Tg-MeOH- Fração metanólica
tr -Traços
TR-Tempo de retenção
t- tripleto
u.m.a.- unidade de massa atômica
UV - Ultravioleta
UV/DAD- Ultravioleta/ Detector de arranjo de diodos
UV-Vis- Ultravioleta-visível
δ (delta)- Deslocamento químico em ppm
λmáx- Comprimento de onda máximo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 27
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 30
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 30
2.1 Objetivos específicos .......................................................................................... 30
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 32
3.1 Família Polygonaceae ......................................................................................... 32
3.2 Aspectos gerais sobre o Gênero Triplaris Loefl. ................................................. 33
3.3 Espécie Triplaris gardneriana Wedd. ................................................................. 38
3.4 Metabólitos secundários ..................................................................................... 42
3.4.1 Flavonoides ..................................................................................................... 44
3.4.1.1 Técnicas hifenadas para análise de flavonoides .......................................... 49
3.4.1.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de
massa ........................................................................................................................ 50
3.4.1.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao detector de arranjos de
diodos ........................................................................................................................ 53
3.4.2 Terpenoides ..................................................................................................... 54
3.4.2.1 Biossíntese dos terpenos .............................................................................. 57
3.5 Uso de métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias ................. 59
3.5.1 Determinação de fenólicos totais ..................................................................... 59
3.5.2 Determinação de flavonoides totais ................................................................. 60
3.6 Métodos de separação e identificação de princípios ativos naturais ................... 61
3.7 Metabólitos fixos .................................................................................................. 63
3.7.1 Biossíntese dos ácidos graxos ......................................................................... 64
3.7.2 Análise de ácidos graxos por CG-EM............................................................... 65
3.8 Atividade antioxidante ......................................................................................... 68
3.9 Atividade fotoprotetora ........................................................................................ 70
3.10 Atividade antibacteriana .................................................................................... 72
4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 76
4.1 Coleta do material vegetal ................................................................................... 76
4.2 Obtenção do extrato etanólico bruto ................................................................... 77
4.3 Fracionamento do extrato etanólico bruto ........................................................... 78
4.4 Extração dos óleos fixos ..................................................................................... 80
4.4.1 Saponificação e metilação dos ácidos graxos .................................................. 81
4.5 Prospecção fitoquímica ....................................................................................... 81
4.6 Métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias .............................. 83
4.6.1 Fenóis totais ..................................................................................................... 83
4.6.2 Flavonoides totais ............................................................................................ 84
4.7 Avaliação in vitro da atividade antioxidante ......................................................... 84
4.7.1 Teste do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH.) ........... 85
4.7.2 Teste da inibição da co-oxidação do β-caroteno .............................................. 86
4.8 Determinação in vitro do Fator de Proteção Solar (FPS) e do comprimento de
onda de absorção máxima ........................................................................................ 87
4.9 Avaliação da atividade antibacteriana ................................................................. 88
4.10 Métodos de separação e purificação dos compostos ....................................... 90
4.10.1 Isolamento dos compostos da fração acetato de etila .................................... 91
4.10.2 Isolamento dos compostos da fração clorofórmica ........................................ 93
4.11 Métodos espectrométricos utilizados na identificação das substâncias ............ 95
4.12 Análise por CLAE-DAD ..................................................................................... 95
4.13 Análise por CLAE-IES-EM ................................................................................. 96
4.14 Análise por CG-EM ........................................................................................... 97
4.15 Análise Estatística ............................................................................................. 98
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 100
5.1 Prospecção fitoquímica ..................................................................................... 100
5.2 Fenóis e Flavonoides Totais .............................................................................. 103
5.3 Atividade antioxidante ....................................................................................... 105
5.4 Atividade fotoprotetora ..................................................................................... 107
5.5 Atividade antibacteriana .................................................................................... 111
5.6 Identificação estrutural de Tg-01 ....................................................................... 113
5.6.1. Considerações sobre a Quercetina ............................................................... 119
5.7 Identificação estrutural de Tg-02 ....................................................................... 120
5.7.1 Considerações sobre o Lupeol ....................................................................... 137
5.8 Doseamento da quercetina por CLAE-DAD ...................................................... 137
5.9 Estudo metabolômico por CLAE-IES-EM .......................................................... 142
5.9.1 Proposta de elucidação de Tg-03 ................................................................... 144
5.9.2 Proposta de elucidação de Tg-04 ................................................................... 148
5.9.3 Proposta de elucidação de Tg-05 ................................................................... 150
5.9.4 Proposta de elucidação de Tg-06 ................................................................... 152
5.10 Composição química dos óleos fixos .............................................................. 155
5.10.1 Atividade antioxidante dos óleos fixos .......................................................... 162
5.10.2 Atividade antibacteriana dos óleos fixos....................................................... 164
6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 166
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 169
8. APÊNDICE .......................................................................................................... 186
INTRODUÇÃO
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
27
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
1. INTRODUÇÃO
As plantas sempre desempenharam um papel essencial na manutenção da
vida humana, uma vez que, espécies vegetais são excelentes fontes de substâncias
biologicamente ativas e tem contribuído de forma expressiva para o fornecimento de
metabólitos secundários, muitos destes de alto valor agregado, devido às suas
várias aplicações tais como medicamentos, cosméticos, alimentos e agroquímicos
(PINTO et al., 2002). A diversidade química única dos metabólitos secundários é
uma das razões para o interesse científico pelos os produtos naturais.
Segundo Valli e colaboradores (2013) cerca de 64% de todas as drogas
consideradas teve um produto natural envolvido em seu desenvolvimento. Os
medicamentos tradicionais, que foram obtidos predominantemente a partir de
plantas, foram à base da maior parte dos medicamentos iniciais, tais como a
aspirina, digitoxina, morfina, quinina e pilocarpina. No entanto, foi à descoberta da
"penicilina" que revolucionou a descoberta de novos medicamentos tais como
antibióticos: estreptomicina, eritromicina, tetraciclina; antiparasitários: avermectinas;
antimaláricos: quinina, artemisinina; agentes de controle lipidíco: lovastatina e seus
análogos; imunossupressores para transplantes de órgãos: ciclosporina,
rapamicinas e drogas anticancer: taxol. Todos estes compostos estão ainda em uso
como drogas hoje (BUTLER, 2004; LI; VEDERAS, 2009).
Apesar do uso popular sem nenhum respaldo científico, cerca de 80 % da
população dos países subdesenvolvidos e desenvolvidos continua dependentes da
medicina caseira (BRAZ FILHO, 2010). Por isso, é importante realizar estudos
multidisciplinares envolvendo a etnobotânica, a química e a farmacologia para
viabilizar um conhecimento mais amplo do uso terapêutico de plantas medicinais de
maneira sustentável (MACIEL et al., 2002; COSTA-LOTUFO et al., 2010).
O Brasil é um país privilegiado, abriga a flora mais megadiversa do mundo,
sendo, portanto um celeiro para busca de substâncias novas de interesse biológico
ou não. Estima-se a existência de 250.000 espécies de plantas superiores, 15 a 20
% de toda biodiversidade mundial, onde o índice de endemismo é altíssimo, apesar
de que, a maioria é desconhecida, sob ponto de vista científico (BARREIRO;
BOLZANI, 2009). Dessas, apenas 10% foram avaliadas com relação às suas
características biológicas, e menos de 5% foram submetidas a estudos fitoquímicos
28
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
detalhados. (FERREIRA et al., 2011). No entanto, um dos maiores desafios da
atualidade é que os biomas brasileiros têm sido consideravelmente degradados,
apesar do valor econômico das suas plantas (VILLAS BOAS; GADELHA, 2007),
desse modo, faz se necessário documentar o potencial da flora do país para sua
preservação e uso sustentável, destacando ser indispensável conservar espécies
ameaçadas, antes que muitas destas sejam extintas (MARINHO et al., 2007).
De acordo com Castro e Cavalcante (2010), o Semiárido Brasileiro ocupa 11
% do território nacional. A Caatinga (nome de origem tupi-guarani que significa ‘mata
branca’) cobre a maior parte da área da região Nordeste e norte de Minas Gerais,
ocupando uma área de 853.383,59 Km2 (SIQUEIRA FILHO et al., 2012). Englobam-
se os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e a ilha de Fernando de Noronha. Sua
vegetação é singular, ou seja, não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo,
é exclusivamente brasileira. Apesar de estar, bastante modificado, o bioma contém
uma grande variedade de tipos vegetais, que incluem um número significativo de
espécies raras e endêmicas (CASTRO; CAVALCANTE, 2010).
Na flora da Caatinga registra-se cerca de 1.512 espécies (SIQUEIRA FILHO
et al., 2012) das quais um quinto são exclusivas, porém, o ecossistema conta
apenas de duas reservas de proteção integral o que corresponde a 1% da região.
Sendo que cerca de 80 % já sofreram drásticas alterações realizadas pelo homem,
tornando-se um bioma vulnerável e com perdas impactantes (CASTRO;
CAVALCANTE, 2010).
Apesar desta grande biodiversidade, plantas brasileiras do Nordeste são
pouco exploradas no que diz respeito às descobertas de substâncias biológicas
ativas, com isso reforça-se a importância de estudar este ecossistema que é
recheado de riquezas naturais, visando não somente sua preservação e o
conhecimento do seu potencial químico, mas, sobretudo a descoberta de novas
substâncias úteis ao homem. Desse modo, tendo em vista, a falta de relatos na
literatura de Triplaris gardneriana torna-se necessária pesquisa nessa área, visando
conhecer a composição química e as atividades biológicas desta espécie.
29
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
OBJETIVOS
OH
30
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Realizar estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd.
2.2 Objetivos Específicos
Traçar um perfil químico através da triagem fitoquímica e da determinação do
teor de flavonoides e fenóis totais do extrato etanólico bruto e das frações;
Avaliar a atividade antioxidante, fotoprotetora e antibacteriana do extrato
etanólico bruto, das frações e dos óleos fixos;
Purificar e isolar os constituintes químicos das frações por meio de métodos
cromatográficos;
Identificar e elucidar os constituintes químicos isolados através de métodos de
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H e 13C uni e bidimensionais e
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massa
(CLAE-EM);
Quantificar a quercetina no extrato etanólico bruto e nas frações por meio da
técnica hifenada CLAE-DAD;
Extrair os óleos fixos das folhas e sementes e analisar por CG-EM;
Contribuir para o conhecimento quimiotaxonômico do gênero Triplaris e da
família Polygonaceae.
31
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
32
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Família Polygonaceae
A família Polygonaceae, única da ordem da Polygonales, é distribuída em
todo o mundo. Abrange cerca de 51 gêneros (Quadro 1, p.32), dos quais apenas 9
são encontrados no Brasil (OLIVEIRA, 2007). A família inclue aproximadamente
1.200 espécies distribuídas em climas temperados do hemisfério norte e, mais
raramente, no sul (LAJTER et al., 2013).
Quadro 1. Gêneros que constituem a família Polygonaceae.
1. Aconogonon 18. Fallopia 35. Oxyria
2. Aristocarpsa 19. Fagopyrun 36. Physopyrum
3. Afrobrunnichia 20. Gilmania 37. Pteropyrum
4. Atraphaxis 21. Gymnopodium 38. Podopterus
5. Antenoron 22. Goodmania 39. Pterostegia
6. Antigonon 23. Homalocladium 40. Parapteropyrum
7. Brunnichia 24. Harfordia 41. Persicaria
8. Bistorta 25. Hollisteria 42. Polygonella
9. Coccoloba 26. Koenigia 43. Polygonum
10. Calligonum 27. Lastarriaea 44. Rumex
11. Centrostegia 28. Leptogonum 45. Ruprechtia
12. Chorizanthe 29. Muehlenbeckia 46. Reynoutria
13. Dedeckera 30. Mucronea 47. Rheum
14. Dodecahema 31. Nemacaulis 48. Systenotheca
15. Eriogonum 32. Neomillspaughia 49. Sttenogonum
16. Emex 33. Oxytheca 50. Symeria
17. Enneatypus 34. Oxygonum 51. Triplaris
As espécies apresentam-se na forma de ervas ou arbóreas, cujas
características morfológicas exclusivas da família são caules articulados, muitas
vezes ocos e habitados por formigas e folhas ócreas. A ócrea está presente em
todas as espécies brasileiras (MELO; FRANÇA, 2006).
33
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Apenas cinco dos nove gêneros encontrados no Brasil ocorrem no Semiárido:
Coccoloba (com 18 espécies), Polygonum (6), Rumex (1), Ruprechtia (3) e Triplaris
(1), além de Antigonum leptopus, Coccoloba uvifera e Triplaris americana, que são
cultivadas. À maioria das espécies se encontram em matas da região litorânea. Na
Caatinga são encontradas principalmente à beira de rios ou inundações. As
espécies da família Polygonaceae são utilizadas como plantas ornamentais;
cultivadas para fins medicinais e algumas espécies de árvores são economicamente
importantes por fornecer madeira para ser utilizada para produção de utensílios
domésticos. Algumas espécies herbáceas são invasoras, outras cosmopolitas.
Algumas são raras ou endêmicas do Semiárido (MELO; FRANÇA, 2006).
Segundo levantamento bibliográfico realizado por Oliveira (2007), as espécies
da família são conhecidas por produzir uma variedade de moléculas biologicamente
importantes, tais como alcaloides, benzenoides, carotenoides, cumarinas,
depsídeos, estilbenos, fenilpropanoides, flavonoides, lactonas, lignanas, quinoides,
taninos, terpenoides, alcanos, alcenos e xantonas. Enfatiza-se a classe dos
flavonóis que apareceu em 25% dos gêneros, inclusive o gênero Triplaris. Os
flavonóis de maiores ocorrências foram a quercetina, kampferol, quercitrina, rutina,
isoquercitrina, miricetina, hiperosídeo e astragalina. Destacando-se a quercetina que
foi a mais relatada nos gêneros.
3.2 Aspectos gerais sobre o Gênero Triplaris Loefl.
Triplaris é um gênero neotropical pertencente à tribo Triplareae que
compreende aproximadamente 25 espécies (BRANDBYGE, 1986).
O gênero Triplaris é de grande importância ecológica para as formigas do
gênero Pseudomyrmex. É uma das mais interessantes associações entre os animais
e plantas na natureza. Porém, ocorre uma relação simbiótica com riscos para seres
humanos, pois muitas espécies de formigas vivem em troncos ocos e galhos de
árvores, protegendo a planta e defendem furiosamente seu esconderijo. Quando
alguém toca a árvore Triplaris, um grande número de formigas ataca o intruso e sua
picada é muito dolorosa. Estudos sobre o veneno de Pseudomyrmex revelaram 12
proteínas com pesos moleculares de 4.200 - 100.000 Da, no qual tem intensa
34
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
atividade hemolítica e também propriedades anti-inflamatórias (HADDAD JUNIOR et
al., 2009).
O uso etnomedicinal de espécies do gênero é bastante diversificado, sendo
relatado o uso para tratar diarreias, disenterias, dores de estômago, enterite, febre,
feridas, inflamação da garganta, lesões na pele induzidas por leishmaniose,
linfatites, sarampo, tosse, verminoses intestinais e também é utilizado como
excitante energético e alucinógeno (OLIVEIRA, 2007).
No entanto, há poucos estudos de atividades biológicas. Em levantamento
bibliográfico realizado no ano de 2014, nos bancos de dados SCIELO, PUBMED,
PERIÓDICO CAPES, LILACS, EMBASE, DARE, COCHRANE, SCOPUS e
SCIENCE DIRECT são reportados atividade antioxidante, antimalárica,
anticolinesterásica, larvicida, anti-inflamatória, antimicrobiana, leishmanicida,
citotóxica, imunomoduladora, aglutinante, inibidora de HIV-1, antibacteriana,
estimulante da musculatura lisa e moluscicida para algumas espécies de Triplaris
(Quadro 2, p.34).
Quadro 2. Atividades biológicas mencionadas no gênero Triplaris.
Espécie
Atividade
biológica
Parte
planta
Tipo de
extrato
Local da
coleta
Referência
T. americana Atividade
antioxidante e
citotóxica
Casca do
caule
HALC Peru CANOMES
et al., 2010.
T. americana Atividade
antioxidante e
antimicrobiana
Casca do
caule
HALC Peru CANOMES,
2009.
T. americana Atividade
antimalárica
Casca - Bolívia MUNÕZ et
al., 2000.
T. americana Atividade
antimalárica
Casca EtOH Bolívia DEHARO et
al., 2001.
35
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
T. americana Atividade
leishmanicida
Casca EtOH Peru ESTEVEZ
et al., 2007.
T. americana Atividade
antioxidante,
anticolinesterásica
e larvicida
Folhas,
caules e
raízes
EtOH
90% e
MeOH,
MeOH-
H2O
HEX,
CHCl3 e
AcOEt
Brasil OLIVEIRA,
2007.
T. americana Atividade citotóxica
e antimicrobiana
Casca DiClmet
e MeOH
Argentina DESMARC
HELIER et
al., 1996.
T. americana Atividade
imunomoduladora
Casca EtOH Bolívia DEHARO et
al., 2004.
T. americana Atividade
antibacteriana
Casca DiClmet Peru GRAHAM
et AL.,
2003.
T. americana Atividade
aglutinante
Sementes Salino Estados
Unidos
SCHERTZ
et al., 1960.
T. americana Atividade larvicida Caules,
raízes e
frutos
EtOH e
MeOH
Brasil OLIVEIRA
et al., 2010.
T.
cumingiana
Atividade citotóxica Folhas AcOet Pananá HUSSEIN
et al., 2005.
T.
cumingiana
Atividade inibidora
de HIV-1
Caules EtOH Tailândia TAN et al.,
1991.
36
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
T.
surinamensis
Atividade
antimicrobiana
Cascas EtOH Suriname VERPOOT
E et
al.,1987.
T.
weigeltiana
Atividade
antimalárica e
leshimanicida
Córtex EtOH Peru KVIST et
al., 2006.
T.
gardneriana
Atividade
moluciscida
Cascas
do tronco
EtOH-
H2O
95%
Brasil SOUZA et
al., 1974.
T.
gardneriana
Estimulante da
musculatura lisa e
toxicidade
Cascas
do caule
H2O Brasil BARROS et
al., 1970.
T.
gardneriana
Atividade
antibacteriana,
antioxidante e
anticolinesterásica
Sementes EtOH Brasil FARIAS et
al., 2013.
*HALC=extrato hidroalcoólico; EtOH= extrato etanólico; MeOH= extrato metanólico; MeOH-
H2O= extrato metanólico aquoso; HEX= extrato hexânico; CHCl3= extrato clorofórmico;
AcOEt= extrato acetato de etila; DiClmet= extrato diclorometano; EtOH- H2O- extrato
etanólico-aquoso; H2O- extrato aquoso.
De acordo com a literatura, estudos fitoquímicos são escassos no gênero,
sendo relatado apenas o isolamento de cinco flavonois glicosilados das folhas de T.
cumingiana (HUSSEIN et al., 2005) e triterpenos (friedelina e friedelinol), amida
(moupinamida), fenilpropanoide glicosilado (vanicoside D), benzenoide (ácido
gálico), flavonois simples e glicosilados (quercetina e quercetina 3-O-α-L-
arabinofuranosídeo de folhas, caules e frutos de T. americana (OLIVEIRA;
CONSERVA; LEMOS, 2008) (Quadro 3, p.37).
37
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Quadro 3. Constituintes químicos isolados em espécies do gênero Triplaris.
Espécie
Estrutura Química
Nome
T. cumingiana
O
O
OH
R3
R1
OR2
OH
R1 R2
1 OH H O-β-glu-4’’,6’’-digalato
2 H H O-α-ara-5’’-galato
3 OH O-α-ara OH
4 OH H O-α-ara-5’’-galato
5 OH OH O-β-glu-6’’-galato
R3
(1) 3-O-(4’’,6’’-Digaloil)-
β-D-glicopiranosil-
quercetina
(2) 3-O-(5’’-Galoil)-α-L-
arabinofuranosil-
Kaempferol
(3) 3-O-(5’’- Galoil)-α-L-
arabinofuranosil-
quercetina
(4) 3-O-(6’’-Galoil)-β-D-
glicopiranosil-quercetina
(5) 3-O-α-L-
arabinofuranosilquercetina
T. americana
1 R = O
2 R = β-OH, α-H
CH3 CH3
CH3
CH3
H
CH3R
HCH3
O
OOH
OHOH
OR4
O
OHOR2
OR1
OR3
H
3 R1=R2=R3=R4=
O
(1) Friedelina
(2) Friedelinol
(3) Vanicoside D
(4) Amida
(5) Ácido gálico
(6) Quercetina-3-O-α-
L-arabinofuranosídeo
(7) Quercetina
38
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
3.3 Espécie Triplaris gardneriana Wedd.
Triplaris gardneriana Wedd. (Figura 1, p.39) pertence à família das
Poligonáceas e é conhecida popularmente no nordeste como “pajéu” e “pajáu” e em
outras regiões de “coaçú”, “formigueiro”, “novateiro-preto” e “pau-formiga”, (FRANÇA
et al., 2007; MELO, 2010). Tem como sinonímias botânicas Triplaris baturitensis
Hub. (VINGT-UN ROSADO; ROSADO, 2009) e Triplaris pachau Mart. (MELO, 2010).
Pode atingir 4 a 15 m de altura e ocorre de forma natural na Caatinga e região do
Pantanal Matogrossense nas várzeas inundáveis e em encostas úmidas (MELO,
2000).
É uma planta dioica. Tronco tortuoso e ramificado, revestido por casca fina,
lisa e descamante. Ramos novos ocos contendo formigas. Folhas simples,
coriáceas. Inflorescências paniculadas, a feminina muito ornamental (Figura 2.2, p.
40) a masculina sem atrativo (Figura 2.3, p.40). Fruto aquênio. Rebrota com
facilidade na base após queima ou corte, gerando plantas com vários caules. Produz
anualmente grande quantidade de sementes, facilmente disseminadas pelo vento.
NH
OOH
OH
OCH3
4
5
OH
OH
OH
O
OH
O
OOH
OH
OR
OH
OH
6 R = α-L-Arabinofuranosídeo 7 R = H
39
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Floresce exuberantemente durante os meses de julho-agosto e é coletada com
frutos no mês de setembro (ARAUJO, 2009; MELO, 2000).
Figura 1. Triplaris gardneriana Wedd.
Foto: A AUTORA, 2013.
Segundo Melo (2010), no Brasil ocorre nos estados de Pernambuco, Paraíba,
Ceará, Maranhão, Alagoas, Bahia, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal,
Minas Gerais e Paraná. No estado de Pernambuco, de acordo com o Herbário da
UNIVASF (HVASF), encontra-se nas cidades de Sertânia, Cabrobó, Arcoverde,
Santa Maria da Boa Vista, Floresta, Ouricuri, Parnamirim e Serra Talhada.
No Semiárido, T. gardneriana é uma espécie característica da mata ciliar do
Rio São Francisco, sendo considerada de grande interesse na recuperação de áreas
degradadas (FERREIRA; MACIEL; SIQUEIRA FILHO, 2010), uma vez que, a
vegetação ciliar funciona como proteção e impedimento ao assoreamento dos rios.
Porém, algumas das propriedades químicas e farmacológicas das espécies
encontradas nestas áreas da Caatinga são pouco conhecidas pela ciência, e tudo
40
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
isso pode se perder, caso o desmatamento das margens dos rios continue e não
haja um trabalho eficaz de proteção e recuperação de áreas hoje desmatadas
(GOMES, 2007).
Figura 2. 1) Caule contendo formigas de T. gardneriana. 2) planta feminina; 3)
planta masculina; 4) flor pistilada; 5) fruto; 6) flor estaminada.
Fonte: A) A AUTORA, 2013; B) MELO, 2000.
Na medicina popular a espécie é utilizada para alguns fins: o cozimento da
casca ou da raiz é utilizado no tratamento da blenorragia e leucorreia; suas folhas
nos banhos de assento e embebidas para tratar hemorroidas sangrentas e
inflamação dos órgãos internos, respectivamente. Também citados para tratar tosse
e bronquite (ARAUJO, 2009; CARTAXO, 2010). Porém, poucos estudos de atividade
biológica são relatados, apenas atividade molucicida, estimulante da musculatura
lisa e toxicidade (Quadro 2, p.34). Estudos recentes de extratos das sementes
mostraram atividade antibacteriana, antioxidante e anticolinesterase (SOUZA et al.,
1974; BARROS et al., 1970; FARIAS et al., 2013).
A espécie diante de sua importância na medicina popular e de suas atividades
biológicas apresentadas possuem escassos estudos químicos, nos quais são
relatados apenas estudos para a casca da madeira, madeira e o óleo essencial do
41
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
fruto. Na casca da madeira foi identificado hidrocarboneto alifático e sitosterol e na
madeira constatou-se a ocorrência de ferulatos (BRAZ FILHO; RODRIGUES, 1974).
As substâncias identificadas no óleo essencial dos frutos apresentaram
predominância de ésteres (65,93%) como constituintes voláteis, sendo 21,67% de
palmitato de metila e 21,72% de 10-octadecenoato de metila, além de octanoato de
metila, decanoato de metila, laurato de metila, tetradecanoato de metila e 1-
docosanol e linalol (CARNEIRO; CITO; PESSOA, 2010). Também reportado a
ocorrência de ácido betulínico, no qual, não é mencionado parte da planta
(LORENZI, 2002 apud ARAUJO, 2009). As estruturas químicas de todas as
substâncias descritas acima estão dispostas no Quadro 4, p.41.
Quadro 4. Compostos identificados na espécie T. gardneriana.
Nome Químico
Estrutura Química
β-Sitosterol
OH
H
H
Palmitato de metila
O
OCH3
CH3
10-Octadecenoato de
metila O
OCH3
CH3
Octanoato de metila
CH3 O
OCH3
Decanoato de metila
O
OCH3
CH3
42
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Laurato de metila
O
OCH3
CH3
Tetradecanoato de
metila O
OCH3
CH3
1-Docosanol OH
CH3
Linalol OH
Ácido betulínico
O
OH
OH
H
H H
H
3.4 Metabólitos secundários
As plantas sintetizam uma gama de metabólitos secundários que são
derivados a partir do metabolismo central ou principal. Os metabólitos secundários
são micromóleculas complexas, também chamados de moléculas especializadas,
são estruturalmente diversos e muitos são distribuídos em um número limitado de
espécies vegetais (PEREIRA; CARDOSO, 2012).
Os metabólitos secundários desempenham um papel fundamental na
manutenção da planta, atuam na sua defesa contra microbianos, infecções virais,
pragas, radiação ultravioleta, na atração de polinizadores, alelopatia e na
sinalização. Podem ser divididos em três classes principais: compostos fenólicos,
terpenoides e compostos contendo nitrogênio e enxofre, como alcaloides e
43
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
glucosinolatos, respectivamente. Até 2010, mais de 200.000 estruturas são
conhecidos (AHARONI; GALILI, 2011).
Os metabólitos secundários representam uma interface química entre as
plantas e o ambiente circundante, portanto, sua síntese é frequentemente afetada
por condições ambientais, tais como, sazonalidade, ritmo circadiano e
desenvolvimento, temperatura, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta,
nutrientes, poluição atmosférica, altitude e indução por estímulos mecânicos ou
ataque de patógenos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). A Figura 3, p.43 apresenta
alguns exemplos de fatores ambientais que podem alterar a concentração de
determinados metabólitos, tais como os flavonoides.
Figura 3. Fatores ambientais que influenciam na produção de classes de
flavonoides.
Fonte: Adaptado de CELLI, 2011.
44
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
9
8
5
7
6
2
3
O
6'
2'
5'
3'
4'
O
A C
B
10
3.4.1 Flavonoides
Os flavonoides constituem um dos grupos fenólicos de grande importância
econômica e com diversas formas estruturais. Do ponto de vista químico,
compartilham de uma estrutura composta por 15 átomos de carbono em seu
esqueleto básico numerados conforme a Figura 4, p.44. Constitui-se de duas fenilas
ligadas por uma cadeia de três carbonos formando os núcleos A, B e C, conhecido
como sistema C6-C3-C6 (SIMOES et al., 2010).
Figura 4. Núcleo fundamental dos flavonoides.
Segundo Pereira e Cardoso (2012) já foram identificadas mais de 8.000
substâncias flavonoídicas. Esse grande número de compostos surge da ampla
variação de combinações com grupos metil, hidroxil, acila e/ou açúcares como
substituintes na sua estrutura química básica.
Os flavonoides podem ocorrer como agliconas, glicosídeos ou como parte de
outras estruturas que contenham flavonoides, porém encontram-se, normalmente,
como derivados glicosilados ligados a carbono ou oxigênio de hidroxila, dessa forma
são denominados flavonoides C-glicosilados e O-glicosilados, respectivamente
(BEHLING et al., 2004; CUYCKENS; CLAEYS, 2004).
Os principais substituintes glicídios que são encontrados conectados aos
flavonoides são a β-D- glucose, L-arabinose, β- D-galactose e L-raminose (RIJKE et
al., 2006). Segundo Souza (2008), os substituintes glicosídicos podem estar
diretamente associados à atividade biológica apresentada pelos flavonoides, visto
que, geralmente os glicosídeos apresentam melhor atividade do que a forma
aglicona livre.
45
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Dependendo da posição da ligação do núcleo B ao anel aromático
benzopirano podem ser divididos em três classes principais (Figura 5, p.45): os
flavonoides (2-fenilbenzopiranos), isoflavonoides (3-benzopiranos) e os
neoflavonoides (4-benzopiranos) (MARAIS et al., 2006).
Figura 5. As três principais classes de flavonoides. 1) flavonoides; 2) isoflavonoides;
3) neoflavonoides.
Fonte: Adaptado de Marais et al., 2006.
Ainda podem ser divididos nos seguintes subclasses (Figura 6, p.46)
conforme o grau de oxidação e de saturação do anel C (MARAIS et al., 2006).
O
1
O
2
O
3
46
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
O O
O
O
O
FlavanaFlavanona Flavona
O
O
OH
O
OH
O
O
OH
O
OH
OH
FlavonolFlavan-3-ol
Flavan-3,4-diol
3-hidroxi-flavanona
Figura 6. Subclasses dos flavonoides.
Os flavonoides tem recebido muita atenção devido a sua importância como
elementos da dieta humana. Estima-se que o consumo total varia entre 26 mg a 1
g/dia. Os compostos se concentram em fontes alimentares como vinho tinto, chá
preto, cerveja, frutas, vegetais, grãos, nozes, sementes e especiarias (BEHLING et
al., 2004).
Essa classe de metabólitos é constantemente alvo de muitos estudos
farmacológicos, devido a importantes propriedades terapêuticas atribuídas a eles,
tais como atividade antiviral, antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória,
antiespasmódicas, antifibrótica, antitumoral, antimutagênica, antiaterosclerótica,
antiulcerosa, antialérgica, hormonal, estrogênica, diuréticas, age sobre a
permeabilidade capilar, hipocolesterolemiante e hipoglicemiante. Também atuam em
doenças cardiovasculares, nas insuficiências hepática e renal, como vasodilatadora,
na redução da pressão arterial, previne acidentes isquêmicos, ativação da
agregação plaquetária, aterosclerose, trombose, inflamação crônica entre outras
47
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
(SIMOES et al., 2010; PUGLIESE, 2010; ZERAIK, 2010; PEIXOTO SOBRINHO et
al., 2010; CORREIA, 2005; WILLAIN FILHO, 2005; BEHLING et al., 2004)
Os flavonoides são sintetizados por via mista: a do ácido chiquímico e a do
acetato. A primeira origina o precursor do ácido cinâmico, a fenilalanina. Este
aminoácido aromático origina o ácido cumárico que, por sua vez, é responsável por
um dos anéis aromáticos (anel B) e a ponte de três carbonos. A segunda resulta no
anel A do esqueleto básico dos flavonoides (SIMOES et al., 2010). Posteriormente,
através de uma sequência de hidroxilações, reduções e metilações catalisadas por
várias enzimas, são formadas as diferentes classes de flavonoides (CORREIA,
2005). A rota biossintética resumida dos flavonoides está representada na Figura 7,
p.48.
48
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 7. Biossíntese dos flavonoides.
Fonte: Adaptado de SIMOES et al., 2010.
OH
O
OH
OH
R
OH
OR
OH
chalconas (R=H ou OH) auronas (R=H ou OH)
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
OH
5-desóxi-f lavanonas 5-hidróxi-flavanonas
O
OH
O
OH
OH
5-hidróxi-flavonas
O
OH
O
OH
OH
Flavan-4-ois
3-desóxi-antocianidinas
O
OH
O
OH
OH
OH
O
OH
O
OH
OH
OH
di-hidroflavonois flavonois
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
O+
OH
OH
OH
OH
leucoantocianidinas catequinas antocianidinas
antocianinas
proantocianidinas
Carboidratos
aceti l -CoA
CO2H
NH3+
OH
OH
OH
CO2H
Ácido chiquímico
Fenilalanina
Proteínas
Cinamato4-cumarato
OH
CoA
O
4-cumaril-CoA
O
OH SCoA
O
3 X malonil-CoA
OH
O
OH
OH
R
OH
OR
OH
chalconas (R=H ou OH) auronas (R=H ou OH)
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
OH
5-desóxi-f lavanonas 5-hidróxi-flavanonas
49
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
3.4.1.1 Técnicas hifenadas para análise de flavonoides
Sabe-se que a pesquisa por novos compostos bioativos geralmente é
trabalhosa e lenta, uma vez que, etapas de isolamento, purificação e elucidação
estrutural são geralmente caros e demorados. Portanto, desenvolveram-se novas
técnicas para a identificação direta do composto a partir de extratos vegetais,
evitando-se assim, o reisolamento de compostos já conhecidos, gasto de amostra,
além do trabalho repetitivo, gerando um perfil químico mais rápido dos metabólitos
presentes nos extratos analisados (DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).
O processo de desreplicação de produtos naturais envolve a separação de
metabólitos por métodos cromatográficos, isto é, cromatografia em fase gasosa
(CG), cromatografia líquida (CL), seguida da identificação estrutural por métodos
espectroscópicos, ou seja, espectrometria de massas (EM), espectroscopia
ultravioleta-visível (UV-Vis) e ressonância magnética nuclear (RMN). Portanto, a
associação delas é conhecida como técnicas hifenadas e, recentemente, têm
desempenhado um papel fundamental na identificação de compostos dentre elas:
CG-EM, CLAE-UV, CLAE-DAD, CLAE-RMN e CLAE-EM. No entanto, a última
técnica tem sido o método mais amplamente utilizado para este efeito (DIAS; DE
MELO; CROTTI, 2012).
Os acoplamentos da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com um
Detector de Arranjo de Diodos (CLAE-DAD) e com Espectrometria de Massas
(CLAE-EM) tornam-se métodos extremamente eficientes e complementares para
uma rápida identificação e elucidação de flavonoides em uma mistura complexa de
extrato vegetal (MARSTON; HOSTETTMANN, 2006; PINHEIRO; JUSTINO, 2012). A
Figura 8, p.49 mostra um esquema do acoplamento da cromatografia líquida de alta
eficiência com os detectores UV/DAD, EM e RMN.
50
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 8. Técnicas hifenadas com CLAE para identificação estrutural.
Fonte: MARSTON; HOSTETTMANN, 2006.
3.4.1.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de
massas
A técnica combina a versatilidade da cromatografia líquida de alta eficiencia
que permite a análise de uma grande variedade de compostos com a sensibilidade
do espectrômetro de massas, no qual tem tornado cada vez mais indispensável na
caracterização estrutural de biomoléculas.
Os compostos são separados na coluna da cromatografia líquida e
conduzidos para o espectrômetro de massas por um separador de fluxo, onde eles
são ionizados e ainda separados no analisador de massas de acordo com a sua
razão massa-carga (m/z). No entanto, algumas dificuldades limitaram o acoplamento
da técnica, durante muitos anos, tais como: incompatibilidade do fluxo com grande
volume de solvente na coluna para o alto vácuo do espectrômetro de massas;
incompatibilidade da composição do efluente e ionização de analitos não-voláteis
e/ou termicamente lábeis. Porém, estas dificuldades só foram superadas com o
aparecimento da ionização a pressão atmosférica (API), técnicas como ionização
por spray de eletrons (ESI) e a ionização química a pressão atmosférica (APCI)
(DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).
51
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
A ESI é uma técnica de ionização suave, provocando pouca (ou nenhuma)
fragmentação dos íons. Na ionização por ESI a amostra é dissolvida num solvente
volátil e polar bombeada através de um capilar de aço inoxidável estreito (75-150 m
i.d.). Uma alta tensão de 3-5 kV é aplicada na ponta do capilar, o qual está situado
no interior da fonte de ionização do espectrômetro. Como resultado a amostra que
sai pelo capilar estará dispersa no aerossol formado por gotículas de solvente e
analito altamente carregadas (DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).
Na ponta do capilar, as forças eletrostáticas que atuam sobre os íons pré-
formados contrabalançam a tensão superficial, formando uma superfície cônica
conhecida como cone de Taylor (Figura 9, p.51). A repulsão de Coulomb entre
cargas na superfície da gotícula ultrapassa a tensão de superfície, dando assim
origem à gota. Enfim, os íons são formados a partir das gotículas e fluem para o
analisador de massa (DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012). Estes podem ser do tipo
quadropolo, íon trap, íon ciclotron ou Transformada de Fourier, tempo de vôo e
magnético ou eletromagnético (HOFFMANN; STROOBANT, 2007).
Figura 9. Representação de um processo de ionização por eletrospray.
Fonte: DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012.
52
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Os íons formados através da ESI podem ser moléculas protonadas ([M+H]+),
desprotonadas ([M-H]-), cationizadas, geralmente ([M+Na]+ ou [M+K]+) ou
anionizadas ([M+Cl]-). A principal vantagem da ESI acoplada com a CLAE é a
formação de íons, que ocorre à pressão atmosférica em fase condensada fora do
alto vácuo do equipamento. Além disso, algumas outras características tornam o ESI
um importante processo de ionização: eliminação do solvente, geração de íons de
cargas múltiplas, que é importante para as moléculas de elevado peso porque o
intervalo de massa efetiva do espectrômetro de massa é aumentado; detecção de
peso molecular; e baixo fluxo de solvente, reduzindo assim o consumo de amostra
(DIAS; DE MELO; CROTTI, 2012).
Hoje em dia, na ionização a pressão atmosférica, ou seja, por electrospray
(ESI), tanto a ionização positiva quanto a negativa são usados quase
exclusivamente para investigações estruturais de flavonoides. De acordo com a
maioria dos estudos, o modo negativo da ESI fornece melhor sensibilidade. No
entanto, o modo positivo não deve ser descartado, já que é útil complementar
informações para identificação de incógnitas (RIJKE et al., 2006).
Segundo Cuyckens e Claeys (2004), o espectro de massas de primeira ordem
de íons no modo positivo contem informações estruturais mais do que no modo
negativo, mas a utilização combinada de ambos os modos de ionização dá melhor
segurança para a determinação da massa molecular, especialmente para os
compostos minoritários, onde o nível de ruído do espectro é muito superior.
A técnica de ionização tem sido aplicada para todas as classes de agliconas
de flavonoides. No entanto, fragmentações complexas podem ocorrer durante a
ionização devido à alta propagação de energia interna, o que pode ocultar alguns
fragmentos de íons primários, nos quais contem informações estruturais importantes.
Além disso, mostra algumas limitações para a análise de flavonoides devido à sua
baixa volatilidade e alta polaridade. Contudo, a introdução do bombardeamento
atômico, particularmente por ionização à pressão atmosférica (ESI),’ permitiu estudo
muito mais rápido dos flavonoides, ou seja, informações estruturais de flavonoides
podem ser obtidas facilmente de forma direta em baixas concentrações em sistemas
aquosos (CUYCKENS; CLAEYS, 2004; MARCH et al., 2006).
A combinação da técnica CLAE-DAD é complementar para obter informação
estrutural, a partir dos tempos de retenção. Em geral, na análise de flavonoides são
53
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
usadas colunas C18 ou C8, desse modo, os compostos mais polares são eluídos
primeiro. Ou seja, os tempos de retenção estão inversamente correlacionados com o
aumento da glicosilação. As agliconas flavanonas precedem flavonois, que por sua
vez precedem flavonas para os compostos com um padrão de substituição
equivalente. Para os compostos isômeros que diferem na estrutura dos resíduos de
açúcar, rutinosideos eluem antes do neohesperidosídeos, galactosídeos à frente de
glicosídeos, glicosídeos à frente de arabinósideos e arabinósideos à frente de
rhamnosídeos (CUYCKENS; CLAEYS, 2004).
Com isso, os métodos de espectrometria de massas podem ser utilizados
para obter informação sobre a sequência de unidades de açucar e o radical aglicona
em flavonoides O-glicosídeos. Em muitos casos, a posição de glicosilação, a
posição da ligação e a identidade estereoquímica do resíduo de açúcar terminal
podem ser determinadas. Também é favorecida a clivagem nas ligações O-
glicosídicas com o concomitante rearranjo do hidrogênio levando à eliminação de
resíduos de monossacarídeos de forma intacta, ou seja, a perda neutra de 162 u
(hexose), 146 u (deoxihexose), 132 (pentoses) ou 176 u (ácido urônico), por
exemplo, permitindo a determinação da sequência de hidratos de carbono
(CUYCKENS; CLAEYS, 2004).
3.4.1.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao detector de
arranjos de diodos
Com a introdução da tecnologia do dectector arranjo de diodos, uma nova
dimensão agora é possível, porque juntamente com CLAE-UV a detecção por
arranjo de diodos (DAD) permite que o eluente seja digitalizado para dados
espectrais de UV-Visível, que são então armazenados e depois podem ser
comparados com os da biblioteca.
O DAD permite a gravação simultânea de cromatogramas em diferentes
comprimentos de onda. Isto melhora as possibilidades de quantificação, porque a
detecção pode ser realizada no máximo do comprimento de onda do composto em
questão. O acoplamento de CLAE com DAD permite a quantificação on-line de
flavonoides em amostras analisadas (MARSTON; HOSTETTMANN, 2006).
54
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
A combinação da CLAE equipado com um DAD tem sido o método mais
empregado na análise de flavonoides, especialmente porque estes compostos
apresentam duas bandas de absorção características no UV, sendo uma com λmáx
na faixa de 240-285 nm e outra em 300-550 nm. Em análises o mesmo tem sido
utilizado para o isolamento, identificação, triagem, averiguação da pureza do pico e
determinações quantitativas de flavonoides em numerosos estudos. O método
oferece informação espectral sobre flavonoides individuais gravando no UV-Vis em
que cada pico é revelado no cromatograma com seu tempo de retenção
característico (FOSSEN; ANDERSEN, 2006).
Para tanto, instrumentos com detector de comprimento de onda variável, tal
como o arranjo de fotodiodos apresentam várias vantagens como maior
detectabilidade, no qual permite obter o espectro de absorbância de cada
componente em separado, isto promove maior eficiência em eluição por gradiente;
maior seletividade, sempre que um comprimento de onda pode ser escolhido, no
qual o soluto possua alta absorção e outros não.
Neste tipo de detector, a luz proveniente de uma fonte passa pela cela do
detector, cuja luz emergente é dispersada por uma grade holográfica, sendo que os
comprimentos de onda resultantes são focalizados sobre uma fila de fotodiodos,
assim o espectro pode ser armazenado em um microcomputador, sem que haja
necessidade de cessar o fluxo da fase móvel. Ao final, o microcomputador pode
produzir um cromatograma a partir de um dado comprimento de onda ou uma série
de espectros em intervalos de tempos fixos (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).
3.4.2 Terpenoides
Os terpenoides são metabólitos secundários com uma ampla variedade de
compostos derivados de unidades do isopreno que são originadas do ácido
mevalônico. Os esqueletos carbônicos são formados pela condensação de várias
unidades pentacarbonadas isoprênicas, de acordo com a regra do isopreno, na qual
ocorre encadeamento cabeça-cauda dessas unidades (SIMOES et al., 2010).
Os terpenos apresentam funções variadas conforme variação do número de
unidades de isopreno na cadeia e são classificados como hemiterpenos (C5),
55
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), triterpenos (C30),
tetraterpenos (C40) (DEWICK, 2002). Nessa classe, mais de 40 mil estruturas
diferentes são conhecidas e vários compostos servem como importantes agentes
farmacêuticos (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).
Os monoterpenos e os sesquiterpenos são os compostos dos óleos voláteis
atuando, principalmente como inibidores da germinação, proteção contra
predadores, na atração de polinizadores, entre outros (SIMOES et al, 2010).
Destaca-se aqui os triterpenoides, constituintes não-esteroides, que ocorrem
na forma livre, bem como nas formas de éter, éster e glicosídeo. Possuem trinta
átomos de carbono na sua estrutura e podem ser acíclicos, mono, di, tri, tetra ou
pentacíclicos. No entanto, os triterpenos pentacíclicos são constituintes dominantes
desta classe e têm sido amplamente investigados (MAHATO; KUNDU, 1994). O
grupo exibe mais de 100 esqueletos diferentes (XU; FAZIO; MATSUD, 2004).
Os triterpenos estão amplamente distribuídos nas procariotas e eucariotas.
Acredita-se que a função fisiológica destes compostos é sua defesa química contra
patógenos e herbívoros. No entanto, a aplicação de triterpenos como agentes
terapêuticos ainda é limitada, isto pode ser atribuído principalmente à natureza
hidrofóbica da maioria dos compostos (MAHATO; SEM, 1997). Os principais grupos
de triterpenos são os esqualenos, lanostanos, damaranos, lupanos, oleanos,
ursanos e hopanos (SILVA, 2007).
Os triterpenos são de grande importância, uma vez que, apresentam diversas
atividades biológicas, isto devido sua variação estrutural, entre as quais destacam-
se: cardioprotetora, gastroprotetora, anti-inflamatória, antitumoral, leishmanicida,
anti-hiperglicêmica, anticancerígena, anticolesterêmicos, antibacteriana, antiviral,
antiproliferativa, proapoptótica, analgésica, antipirética, cicatrizante em queimaduras,
tratamento de insuficiência venosa crônica, inibição do HIV (MAHATO; SEM , 1997;
CURSINO et al., 2009; SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).
Na literatura há vários estudos com triterpenos pentacíclicos (Figura 10, p.56),
nos quais levaram a produção de insumos com utilidade terapêutica, tais como o
Betual® que é utilizado como um suplemento dietético, sendo a betulina (1) um dos
principais componentes e responsável pelo efeito hepaprotetor. Na Alemanha,
pomadas são constituídas de 87% de triterpenos, tais como, a betulina (80%) (1),
56
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
ácido betulínico (3%) (2), ácido oleanólico (1%) (4), lupeol (2%) (3) e eritrodiol (1%)
(5) (Figura 10, p.56) responsáveis pela atividade no tratamento de queratose
actínica, uma lesão de pele causada pelo sol (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO,
2014).
Estudos nos Estados Unidos mostraram que o ácido ursólico (6) (Figura 10,
p.56) reduz a atrofia muscular, glicemia, colesterol e triglicerídeos, além de promover
o crescimento da massa muscular e já se encontra no mercado como um
suplemento, vendido em cápsulas de 150 mg e indicado para quem realiza
atividades físicas. Já existem 20 patentes depositadas e 10 produtos baseados em
triterpenos vendidos mundialmente (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).
Figura 10. Triterpenos pentacíclicos com atividade biológica.
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
COOH
OH
OH
OH
COOH
(1) (2) (3)
(4) (5) (6)
57
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
3.4.2.1 Biossíntese dos terpenos
A principal via para formação dos terpenos é a via do mevalonato. Este é
produzido da condensação da Acetil-CoA e convertido num isopreno ativo a
isopentenil-pirofosfato que é a unidade básica dos terpenos. Após polimerização do
mevalonato origina-se moléculas de cadeias carbonadas de cinco átomos de
carbonos. O pirofosfato de isopentenila (IPP) e o seu isômero pirofosfato de
dimetilalila formam o pirofosfato de geranil, que é responsável pela formação dos
sesquiterpenos (15 C) e diterpenos (20 C) através de ligações cabeça-cauda. No
entanto, ligações cabeça-cabeça entre duas moléculas de pirofosfato de farnesil
(C15) originam o esqualeno, precusor dos triterpenos e dos esteroides. Porém,
triterpenos são formados da ciclização do esqualeno enquanto que, os esteroides
são originados dos triterpenos com esqueleto cicloartenol como mostra a Figura 11,
p.58.
58
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 11. Resumo da biossíntese dos terpenoides.
Fonte: Adaptado de SIMOES et al., 2010.
acetil-CoA
+
Acetoacetil-CoA O
COSCoA
O-
O
OH
O-
mevalonato 3-hidróxi-3-metil-glutaril CoA
OPP
isopentenilpirofosfato
OPP
dimetilalillpirofosfato
IPP
OPP
geranilpirofosfato
MONOTERPENOS (10 C)
IPP
PPO
farnesilpirofosfato
TPP
OPP
geranilgeranil-pirofosfato
DITERPENOS (20 C)
FPP
esqualeno
OH
cicloartenol
TRITERPENOS PENTACÍCLICOS
(30 C)
ESTEROIDES (27 C)
TRITERPENOS MODIFICADOS (30 C)
SESQUITERPENOS (15 C)
59
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
3.5 Uso de métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias
Um número variado de métodos espectrofotométricos para quantificação
de compostos em amostras vegetais tem sido desenvolvido. São baseados em
princípios diferentes e são utilizados para determinar vários grupos de constituintes
químicos, tais como flavonoides, fenóis, alcaloides entre outros grupos. Uma vez
quantificado o composto, pode-se inferir ou correlacionar com atividades
terapêuticas exibidas. Dentre os métodos existentes, tem-se fenóis e flavonoides
totais bastante utilizados na Química de Produtos Naturais.
3.5.1 Determinação de fenólicos totais
A quantificação espectrométrica de fenólicos é realizada por meio de várias
técnicas, porém a que utiliza o reagente Folin-Ciocalteu é a mais utilizada nos
laboratórios (SOUSA et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2009).
O reagente é uma mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotungstico, no
qual o molibdênio se encontra no estado de oxidação 6+ com cor amarela no
complexo Na2MoO4.2H2O. Entretanto, na presença de certos agentes redutores,
como os compostos fenólicos, formam-se os chamados complexos molibdênio-
tungstênio azuis [(PMoW11O4)4-], nos quais a média do estado de oxidação dos
metais está entre 5 e 6, cuja coloração permite a determinação da concentração das
substâncias redutoras.
A desprotonação dos compostos fenólicos ocorre em meio básico, gerando
ânions fenolatos, momento pelo qual, ocorre uma reação de oxirredução entre o
ânion fenolato e o reagente conforme Figura 12, p.60. O molibdênio, componente do
reagente sofre redução e o meio reacional muda de coloração amarela para azul
(OLIVEIRA et al., 2009). A reação é monitorada espectrofometricamente realizando
a leitura no comprimento de onda 765 nm.
60
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 12. Reação do ácido gálico com molibdênio.
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA et al., 2007.
3.5.2 Determinação de flavonoides totais
Diversas técnicas podem ser empregadas para o doseamento de flavonoides
em amostras vegetais, no entanto o método de quantificação de flavonoides por
espectrofotometria é uma das técnicas mais acessível, prática e de baixo custo. As
duplas ligações presentes nos anéis aromáticos dos flavonoides é o que permite
serem analisados na região do ultravioleta ou visível (PEIXOTO SOBRINHO et al.,
2010).
A reação baseada na complexação de fenólicos com o Al3+ tem sido utilizada
para a determinação espectrofotométrica de constituintes tais como os flavonoides
totais. O extrato flavonoídico reage com o nitrato de sódio, seguido pela formação do
complexo de alumínio-flavonoide sendo a absorbância da solução lida a 510 nm
(NACZK; SHAHIDI, 2004). Na reação, o íon alumínio (Al3+) complexa com as
moléculas de flavonoides da amostra, estabelecendo o complexo estável flavonoide-
Al3+ de cor amarela cuja intensidade é proporcional à concentração de flavonoide
(Figura 13, p.61). Esta complexação causa um deslocamento batocrômico e
intensifica as absorções, desse modo, os flavonoides podem ser quantificados sem
O O-
OH
OH
OH
+ 2Mo6+
O O-
O
O
OH
+ 2Mo5+
+ 2H+
O OH
OH
OH
OH
O O-
OH
OH
OH
Na2CO3
61
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
O
O
OH
OH
OH
OH
OHO
O
OH
O
O
O
OH
Al-
ClCl
Al-
Cl
Cl
AlCl3
Quercetina - Al3+Quercetina
sofrer influência de outros compostos fenólicos presentes na amostra (PEIXOTO
SOBRINHO et al., 2012).
Figura 13. Esquema de complexação do flavonoide com cloreto de alumínio.
Fonte: Adaptado de PEIXOTO SOBRINHO et al., 2012.
3.6 Métodos de separação e identificação de princípios ativos naturais
Para separar, identificar, analisar e isolar os constituintes químicos recorreu-
se à cromatografia, o método analítico básico da fitoquímica, que pode ser definida
como um processo de análise imediata por migração diferencial dos componentes
de uma mistura, dentro do sistema cromatográfico (MATOS, 2009).
De forma geral, a técnica cromatográfica envolve as seguintes etapas:
montagem da coluna ou placa, ou seja, dispor adequadamente a fase estacionária
ou suporte e preparação da fase móvel; aplicação da amostra; desenvolvimento, isto
é, passagem do solvente escolhido (fase móvel) através da fase estacionária;
revelação e visualização, ou seja, localização das diferentes zonas de separação
das substâncias e extração dos compostos retidos na fase estacionária (SIMÕES et
al., 2010).
A cromatografia líquida constitui-se de quatro tipos, de acordo com o
processo de separação, sendo elas cromatografia de partição, de adsorção, troca
iônica e exclusão ou filtração molecular. No entanto, destaca-se aqui apenas a
62
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
cromatografia de adsorção e exclusão molecular, uma vez que, foram os tipos de
processos utilizados neste trabalho (SIMOES et al., 2010).
A cromatografia por adsorção é baseada na adsorção dos compostos de uma
solução sobre a fase estacionária sólida constituída por partículas finas de
adsorventes polares ou apolares, no caso do trabalho utilizou-se a sílica de caráter
polar, no qual o componente que for mais fortemente atraído pelo adsorvente será
deslocado pela fase móvel de forma mais lenta.
Diferentemente, a cromatografia de exclusão baseia-se no tamanho das
moléculas do soluto que atravessam a fase fixa formada por um gel poroso. As
moléculas maiores que não conseguem penetrar nos poros são arrastadas pela fase
móvel, as menores ficam presas nos poros e são retidas por mais tempo na coluna.
Neste tipo de coluna, utilizam-se géis de dextrana, como o Sephadex (COLLINS;
BRAGA; BONATO, 2006).
A fase estacionária pode ser empacotada em coluna aberta ou fechada ou
constituir uma superfície plana, como em cromatografia em camada delgada. Ela
pode ser classificada de acordo com a finalidade. Se a finalidade for de identificação
e análise de misturas e de substâncias isoladas, denomina-se cromatografia
analítica (Figura 14b, p.63), enquanto a cromatografia que objetiva o isolamento de
compostos é dita preparativa e se diferenciam também na espessura e na forma de
aplicação.
Vale destacar que a cromatografia líquida em coluna (Figura 14a, p.63) é uma
das mais utilizadas para separação ou isolamento de substâncias em extratos
vegetais por ser uma técnica versátil, devido as suas várias combinações entre
colunas de diferentes dimensões e tipos (vidros, sob pressão atmosférica), diversas
fases móveis e fixas (SIMOES et al., 2010).
63
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 14. Tipos de cromatografia de acordo com o suporte para fase estacionária:
A) Cromatografia líquida em coluna e B) em camada delgada analítica.
Foto: A AUTORA.
3.7 Metabólitos fixos
Dentre os metabólitos fixos, estão os ácidos graxos os componentes básicos
dos lipídeos. A diversidade do comprimento da cadeia, grau de insaturação,
geometria e a posição de ligações duplas, assim como a presença de outros grupos,
tornam sua composição e a sua origem a característica mais definitiva destes
compostos (LIMA; ABDALLA, 2002).
Os compostos existem na natureza, ocorrendo em plantas e animais como
substâncias puras ou como partes de moléculas mais complexas, compondo os
óleos fixos, gorduras, ceras, lipopolissacarídeos, lipoproteínas, glicerídeos,
glicerofosfolípideos, glicoglicerolípideos e esfingolípideos (BRONDZ, 2002).
Os ácidos graxos derivados de hidrocarbonetos são quimicamente ácidos
carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas saturadas ou insaturadas não
ramificadas, nas quais variam de 4 a 36 carbonos. Os de ocorrência comum
apresentam um número par de carbonos numa cadeia de 12 a 24 carbonos. Na
64
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
configuração, os ácidos graxos insaturados podem ser trans ou cis (NELSON; COX,
2011).
Esses metabólitos são de primordial importância para a saúde como
substâncias nutritivas, uma vez que uma série de doenças, devido à desnutrição de
ácidos graxos poliinsaturados como ômega 3 e 6 tem sido relatadas. Como, o
organismo humano não consegue sintetizá-los, precisa obter da dieta, mas a alta
ingestão de gordura saturada eleva os níveis de colesterol ruim e desenvolve a
aterosclerose, assim, existe um grande interesse na quantificação de ácidos graxos
para as diferentes aplicações (NELSON; COX, 2011; CHEN; CHUANG, 2002).
3.7.1 Biossíntese dos ácidos graxos
O composto fundamental na biossíntese é o acetil-CoA, o qual é carboxilado
à malonil-CoA, substrato responsável pelo alongamento da cadeia carbônica, sendo
mediada pela biotina. Primeiramente há uma complexação de um resíduo acetila e
de uma malonila a uma enzima. O acoplamento de um resíduo acetila e um
malonila, com liberação de CO2 consiste da segunda etapa. Esse ciclo se repete por
sete vezes como mostra a Figura 15, p.65. A cadeia carbonada aumenta em dois
carbonos por ciclo até a formação do ácido graxo, nesse caso, o ácido palmítico
(C16) precursor dos ácidos graxos. No entanto, os ácidos insaturados são formados
apenas depois por desidrogenação dos saturados (SIMOES et al., 2010).
65
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 15. Biossíntese dos ácidos graxos.
aceti l-CoA
aceti l-
CO2
malonil-
NADPH
NADP
H2O
NADP
NADPH
acil-
malonil-CoA
2 acetil-CoA
7 X
palmitato
Fonte: SIMOES et al, 2010.
3.7.2 Análise de ácidos graxos por CG-EM
A técnica cromatográfica gasosa (CG) acoplada a um espectômetro de massa
tem sido o método de escolha na análise de ácidos graxos, devido à facilidade em
efetuar a separação, identificação e a quantificação. No entanto é preciso aumentar
a volatilidade dos compostos, e, isto pode ser feito por meio de reações de
esterificação, com isso melhora a configuração do pico, a separação e a
sensibilidade dos detectores (BRONDZ, 2002). O procedimento de esterificação
converte os ácidos graxos em componentes mais voláteis: os ésteres metílicos de
ácidos graxos (EMAG).
A reação de esterificação (Figura 16, p.66) ocorre quando se tem ácidos
graxos livres na presença de álcool para formar ésteres através da reação de
66
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
condensação. O meio reacional deve está ácido e, excesso de álcool é adicionado
para garantir um melhor rendimento da reação (BRUICE, 2006).
Figura 16. Reação de esterificação de um ácido graxo.
H+
CH3
O+
OH
H
CH3
C+
O
OH
H
Etapa 1
CH3
O+
OH
H
+ CH3 OH CH3 C
OH
O+
CH3
OHH
Etapa 2
CH3 C
O
O CH3
O+
H
H H
H+
-
CH3
O
OH
CH3
O
O CH3
+ OH2 Etapa 3
Fonte: SOLOMONS, 2009.
Portanto, os ácidos graxos, ambos na forma livre ou ligada podem ser obtidos
por saponificação seguida por acidificação e extração com solvente orgânico. A
saponificação é realizada por adição de hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio
à amostra e a mistura é submetida a refluxo ou aquecida até que a reação se
complete. Depois da acidificação, os ácidos graxos são extraídos em solventes
orgânicos tais como o clorofórmio ou o éter dietilíco. A acidificação (HCl/MeOH) da
solução a um valor de pH abaixo do pKa dos ácidos graxos livres extraídos vai
garantir que os mesmos permaneçam sem carga ou protonado, em seguida, são
extraídos com solvente orgânico (CHEN; CHUANG, 2002; SEPPANEN-LAAKSO;
LAAKSO; HILTUNEN, 2002; ROSENFELD, 2002).
O equipamento da CG-EM é constituído de um cromatógrafo, uma interface
que liga os dois sistemas, uma câmara de ionização, na qual forma os íons por
ionização por impacto eletrônico ou química, uma câmara mantida sob vácuo onde
ocorre a separação e um sistema de detecção dos íons acoplado a um sistema de
registro para interpretação dos dados. A identificação dos compostos é feita por
67
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
comparação dos espectros de massas dos padrões analisados ao mesmo tempo ou
com os da biblioteca do equipamento. O sistema também fornece cromatogramas
que são usados para quantificação (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).
Para proporcionar uma resolução elevada para a análise de ácidos graxos na
cromatografia gasosa (CG), utiliza-se uma coluna capilar acoplada com um detector
de ionização de chama (FID). No entanto, alguns fatores limitam o uso da técnica
afetando nos resultados quantitativos, tais como: formação incompleta dos lipídeos a
EMAG, formação de artefatos que podem ser identificados erradamente como
ácidos graxos, contaminação da coluna cromatográfica com traços do reagente de
esterificação, extração incompleta de EMAG, perda de ésteres metílicos de cadeia
curtas muito voláteis, degradação térmica levando a modificação estrutural de ácidos
graxos poliinsaturados durante a esterificação e, ainda a detecção de ionização de
chama destrói os ácidos graxos e impedem a sua recuperação para posterior análise
(LIMA; ABDALLA, 2002).
Apesar das limitações, os óleos fixos formam misturas isoméricas complexas
que por si justica sua análise por meio de técnicas de CG-EM, sobretudo pela sua
importância com potenciais aplicabilidades na indústria alimentícia e farmacêutica
(SEPPANEN-LAAKSO; LAAKSO; HILTUNEN, 2002). No Brasil, há um elevado
consumo de óleos de diferentes oleoginosas como: canola, girassol, oliva e linhaça,
fato atribuído às características desses óleos como alimentos funcionais. Barbosa e
colaboradores (2010) verificou que somente quatro espécies correspondem a 79%
da produção mundial ao analisar a quantidade de espécies empregadas como fonte
de óleos vegetais, sendo elas: palma, soja, canola e girassol.
Matos e Colaboradores (1992) investigaram a composição química e
rendimentos de óleos vegetais de nove oleaginosas encontradas no nordeste, dentre
elas a nogueira-do-Iguape, cardo-santo, urucu, junça, zabumba, manga, cedro,
castanhola e imburana de cheiro. Portanto, é importantíssimo intensificar pesquisas
de prospecção para obtenção de novas espécies como fontes de óleo, devido a sua
importância econômica e o aumento na demanda deste insumo na sociedade.
68
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
3.8 Atividade antioxidante
Recentemente, o interesse pela descoberta de extratos vegetais com
diferentes atividades biológicas tem aumentado muito. Neste contexto, plantas que
apresentam atividade antioxidante e fotoprotetora são de grande interesse visto que
a presença de radicais livres possuem distintos papéis no organismo e encontram-se
envolvidos em vários processos celulares.
Espécies reativas de oxigênio (ERO) ou de nitrogênio (ERN) são geradas
constantemente no organismo humano. As principais ERO distribuem-se em
radicalares: hidroxila (HO•), superóxido (O2•−), peroxila (ROO•) e alcoxila (RO•); e
não-radicalares: oxigênio, peróxido de hidrogênio e ácido hipocloroso (BARREIROS;
DAVID; DAVID, 2006). Todavia, seu excesso apresenta efeitos lesivos, tais como
danos ao DNA, dessa forma, implicando em diversas doenças como o câncer,
envelhecimento precoce, doenças cardiovasculares, degenerativas e neurológicas,
disfunções cognitivas entre outras (ALVES et al., 2010).
No entanto, o excesso de radicais livres no organismo pode ser combatido por
antioxidantes produzidos pelo organismo ou absorvidos da dieta. Por isso, a busca
por substâncias antioxidantes é tão promissora hoje em dia (BARREIROS; DAVID;
DAVID, 2006). Antioxidantes são substâncias que presentes em baixas
concentrações retardam a velocidade da oxidação, inibindo os radicais livres. Eles
podem ser naturais ou sintéticos. Os sintéticos mais importantes são hidroxianisol de
butila (BHA) e o hidroxitolueno de butila (BHT) e entre os naturais destacam-se
ácido ascórbico, vitamina E e β-caroteno (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).
Os compostos fenólicos tais como fenóis simples, ácidos fenólicos (derivados
de ácidos benzóico e cinâmico), cumarinas, flavonoides, estilbenos, taninos
condensados e hidrolisáveis, lignanas e ligninas também são potentes agentes
antioxidantes (SOUSA et al., 2007). Em particular, os flavonoides pois possuem
estrutura ideal para o sequestro de radicais, sendo antioxidantes mais eficazes que
as vitaminas C e E (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006).
A aplicação destes compostos na indústria, para a proteção de cosméticos,
fármacos e alimentos, prevenindo a decomposição oxidativa desses, os tornam
alvos de interesse da comunidade científica. Por exemplo, a oxidação lipídica é uma
das principais reações deteriorativas responsável pelo desenvolvimento de sabores
e odores desagradáveis nos alimentos, tornando-os impróprios para o consumo
69
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
(SOARES, 2002). No entanto, estudos tem mostrado a possibilidade de
antioxidantes sintéticos apresentarem alguns efeitos tóxicos, com isso, pesquisas
tem-se voltado no sentido de encontrar substâncias naturais com atividade
antioxidante, os quais permitirão substituir os sintéticos ou associa-los (SOUSA et
al., 2007).
Hoje em dia, diversas técnicas têm sido utilizadas para determinar a atividade
antioxidante in vitro em extratos e em substâncias isoladas, de forma a permitir uma
rápida seleção de substâncias ativas. Dentre estes métodos destacam-se o sistema
de co-oxidação do β-caroteno frente ao ácido linoleico e o método de sequestro de
radicais livres, tal como DPPH• 2,2-difenil-1-picrilhidrazil.
O método de co-oxidação do β-caroteno permite avaliar a capacidade de uma
determinada substância de prevenir a oxidação do β-caroteno, protegendo-o dos
radicais livres gerados durante a peroxidação do ácido linoleico. A reação pode ser
monitorada pela perda da coloração do β-caroteno em 470 nm, com leitura imediata
e em intervalos de 15 min, por um tempo total de 2 h (ALVES et al., 2010).
A técnica do DPPH• consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical
livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil, de coloração púrpura que absorve na faixa de 515 a
528 nm. Em contato com um antioxidante, o DPPH• é reduzido formando a difenil-
picril-hidrazina (Figura 17, p.70), de coloração amarela, podendo a mesma ser
monitorada pelo decréscimo da absorbância.
O método baseia-se na transferência de elétrons de um composto
antioxidante para um oxidante. A partir dos resultados obtidos determina-se a
porcentagem de atividade antioxidante ou sequestradora de radicais livres e/ou a
porcentagem de DPPH• no meio reacional.
A atividade antioxidante (%AA) equivale à quantidade de DPPH consumida na
reação, sendo que a quantidade de antioxidante necessária para decrescer a
concentração inicial de DPPH• em 50% é denominada concentração eficiente (CE50),
também chamada de concentração inibitória (CI50). Quanto maior o consumo de
DPPH• por uma amostra, menor será a sua CE50 e maior a sua atividade
antioxidante (OLIVEIRA et al., 2009).
70
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 17. Reação química de redução do radical DPPH•.
2,2-difenil-1-picril-hidrazil Difenil-picril-hidrazina
Ambos os testes podem ser comparados com padrões sintéticos, como BHA,
BHT e trolox ou naturais, como ácido gálico ou quercetina. No entanto, segundo
Duarte-Almeida e colaboradores (2006) estas metodologias apresentam limitações
em relação ao número de análises simultâneas que podem ser realizadas.
3.9 Atividade fotoprotetora
Atualmente, os danos causados à pele são cada vez mais nocivos já que
raios ultravioletas (UV), destacando a radiação UVB estão atingindo a Terra com
mais intensidade, isto devido à destruição significante da camada de ozônio que
protege o planeta dessas radiações (ROSA et al., 2008; RIBEIRO et al., 2004). Por
exemplo, o Brasil é um país que recebe a maior intensidade de radiações solares,
pois sua localização demográfica está entre o trópico de Capricórnio e o Equador e,
nesta área existe um aumento na incidência de câncer de pele (CABRAL; PEREIRA;
PARTATA, 2011).
Nosso organismo percebe a presença das radiações UV de formas distintas.
A faixa da radiação UV compreende de 100 a 400 nm e é dividida em UVA (320 a
400 nm), UVB (280 a 320 nm) e UVC (100 a 280 nm). A radiação UVA não causa
eritema, contudo penetra mais profundamente na derme promovendo o
bronzeamento da pele, mas também pode induzir o câncer de pele e formar radicais
livres. A UVB possui alta energia, ocasiona queimaduras solares, induz o
bronzeamento, causa o envelhecimento precoce das células. A exposição frequente
N
N
NO2O2N
NO2
OH
OH
OH
O OH
+
N
N
NO2O2N
NO2
H
OH
O
OH
O OH
+
71
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
e intensa a essa radiação pode causar lesões no DNA, além de suprimir a resposta
imunológica da pele. A radiação UVC é portadora de elevadas energias, é
extremamente lesiva aos seres vivos (FLOR; DAVOLOS; CORREIA, 2007).
A busca por substâncias que protegem a pele dessas radiações tem cada vez
mais despertado a atenção de pesquisadores quanto à possibilidade de haver um
aumento na intensidade de radiação UV. Segundo Simões e colaboradores (2010)
os compostos fenólicos tais como os flavonoides, taninos, cumarinas e lignanas por
serem compostos aromáticos, apresentam intensa absorção na região do UV, além
de ação antioxidante, sendo amplamente distribuídos nos vegetais. Essa
característica intrínseca desses metabólitos secundários permite aos extratos
vegetais que os contêm de serem utilizados como fotoprotetores, devido a
capacidade de absorver a radiação solar, e como antioxidante por neutralizar os
radicais livres produzidos na pele após exposição ao sol, com isso pode-se
intensificar a proteção final do produto empregado em formulações associadas aos
filtros UV (SOUZA; CAMPOS; PACKER, 2013).
Como visto, a radiação UVB está associada aos danos imediatos, portanto,
torna-se de grande importância a avaliação da eficácia dos fotoprotetores
(VELASCO et al., 2011). A determinação do Fator de Proteção Solar (FPS) é aceito
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no qual avalia a capacidade
de proteção solar para a região UVB do espectro eletromagnético. Conforme a RDC
nº 30 de 1 de junho de 2012 (BRASIL-ANVISA, 2012) o valor de FPS consiste na
razão entre a dose mínima eritematosa em uma pele protegida por um fotoprotetor
(DMEp) e a dose mínima eritematosa na mesma pele quando desprotegida
(DMEnp).
Os filtros solares e os fotoprotetores são classificados conforme o tipo de
proteção que oferecem bloqueio físico ou absorção química da radiação UV. Os
filtros solares químicos são compostos aromáticos conjugados com um grupo
carbonila, no qual absorvem 95% da radiação UV nos comprimentos de onda de 290
a 320 nm: Podem ser de origem natural ou sintética, no entanto, a procedência
natural, ainda é bastante discutível, pois alguns fatores limitam seu uso como filtros
solares. Todavia, extratos vegetais podem ser utilizados de forma positiva em
preparações fotoprotetoras como coadjuvantes ou associados aos filtros sintéticos,
pois tais produtos apresentam enormes vantagens (CABRAL; PEREIRA; PARTATA,
2011).
72
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Os métodos in vitro para triagem de substâncias potencialmente protetoras
estão bastante difundidos por apresentar vantagens na rapidez de execução, menor
custo, reprodutibilidade e, principalmente por não expor o voluntário ao risco
(VELASCO et al., 2011). O método desenvolvido por Mansur e colaboradores (1986)
para calcular o FPS demonstra ser o mais eficaz e rápido, além de apresentar uma
boa correlação com os resultados in vivo e, tem sido utilizado em vários trabalhos
com extratos e óleos vegetais (FERRARI et al., 2007; ROSA et al, 2008; VIOLANTE
et al., 2009; NASCIMENTO et al., 2009; MUNHOZ et al., 2012; SOUZA; CAMPOS;
PACKER, 2013; SILVA, 2013; SILVA et al., 2014).
3.10 Atividade antibacteriana
Pesquisas com o propósito de obter novos compostos antimicrobianos se
tornaram necessárias devido ao aumento exacerbado de microrganismos resistentes
aos antibióticos existentes, e o Brasil é uma ótima opção no que tange esse tipo de
estudo, uma vez que, possui uma imensa biodiversidade.
Do ponto de vista microbiológico, extratos ou substâncias isoladas de plantas
que apresentam atividade antimicrobiana são de extrema importância. Pois, embora
ainda existam antibióticos potentes, há o surgimento de bactérias multirresistentes
que causam infecções graves, particularmente em hospitais (PORTO et al., 2009).
Com isso, existe uma necessidade mundial na busca por novas drogas
antimicrobianas e uma excelente fonte de compostos protótipos para novas drogas
são as plantas, tendo em vista a diversidade molecular dos metabólitos secundários
que é superior àquela resultante dos processos de síntese química (SILVA et al.,
2010).
Segundo Saraiva (2012), os antibióticos de origem vegetal possuem uma
estrutura química diferente dos antibióticos derivados de microrganismos. Os
primeiros podem regular o metabolismo de patógenos, através da ativação ou
bloqueio de reações e síntese enzimática ou mesmo alterando a estrutura de
membranas. Foi Fleming o primeiro a perceber a resistência de determinados
microrganismos a antibióticos, ele descreveu que algumas bactérias não eram
inibidas pela penicilina (BUSH, 1989 apud SARAIVA, 2012). Essa resistência trata-
se de uma alteração genética, na qual permite uma bactéria produzir enzimas que
73
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
destroem o fármaco antibacteriano, modificar o sítio de destino da droga ou produzir
uma via metabólica alternativa que desconhece a ação da droga (TENOVER, 2006).
Segundo Saraiva (2012), um dos motivos pelos quais pode ter colaborado
para o aparecimento de bactérias Gram positivas multirresistentes, tais como,
Staphylococcus resistentes a meticilina, Pneumococcus resistente à penicilina e
eritromicina, Enterococcus resistentes à vancomicina e também as Gram negativas
Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae resistentes a β-lactâmicos, foi o
destaque dado para controlar apenas as infecções por bactérias Gram negativas.
De acordo com Oliveira e Destefani (2011), os antimicrobianos utilizados para
combater infecção bacteriana estabelecida compreende quase um terço das
prescrições de fármacos, no entanto, o uso normalmente acontece de forma
incorreta. Desta forma, o uso abusivo de antibióticos é um alerta, pois acelera o
desenvolvimento de microrganismos potencialmente resistentes a qualquer
tratamento, acarretando graves consequências, podendo, inclusive, levar ao óbito.
Embora haja disponibilização de novos antibióticos, a resistência antibacteriana
representa um grande desafio terapêutico, pois ocorrem em ritmo crescente nos
diferentes patógenos Gram positivos e Gram negativos.
Uma grande variedade de métodos pode ser empregada para definir se o
extrato de uma determinada planta possui atividade antimicrobiana. Os mais
conhecidos incluem o método de difusão em ágar, o método de macrodiluição e
microdiluição. Entretanto, para determinar a Concentração Mínima Bactericida
(CMB) e a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de extratos ativos de plantas, tem-
se utilizado o método de microdiluição desenvolvido por Eloff em 1998 (OSTROSKY
et al., 2008).
A técnica de microdiluição envolve o uso de pequenos volumes de meio de
cultura, entre 0,1 e 0,2 mL, colocado em microplacas de 80, 96 ou mais poços de
fundo redondo ou cônico estéreis. As placas de microdiluição inoculadas devem ser
incubadas a 35 °C por 16-24 h. Os fatores considerados primários que podem
influenciar no método de diluição em caldo são a sensibilidade do organismo, o
diluente utilizado, o estágio e a taxa de crescimento bacteriano (ALVES et al., 2008).
O método de microplacas é considerado barato, é reprodutível, requer pouca
quantidade de amostra, possibilitando um maior número de réplicas que aumenta a
confiabilidade dos resultados, pode ser usado para grande número de amostras e
74
MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
ainda é 30 vezes mais sensível que outros métodos usados na literatura. Porém,
alguns aspectos importantes devem ser considerados, visto que fatores que
interferem na suscetibilidade do método de diluição, tais como meios de cultura, pH,
disponibilidade de oxigênio, inóculo e condições de incubação (OSTROSKY et al.,
2008).
75 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
MATERIAl
E MÉTODOS OH
76 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Coleta do material vegetal
As folhas de T. gardneriana foram coletadas de uma árvore de 9 m de altura
no horário de 9h30mim no povoado de Barra no município de Santa Maria da Boa
Vista no estado de Pernambuco, Brasil, em julho de 2013, a 349 m de altitude (08°
47’59,00” S, 039°50’42,40 W). A identidade botânica da planta foi confirmada pelo
engenheiro florestal Diogo Gallo de Oliveira. A exsicata (Figura 18, p.76) do vegetal
encontra-se depositada no Herbário da Universidade Federal do Vale do São
Francisco (HVASF) sob o número do tombo 21221. As sementes coletadas em
Sertânia/ PE em outubro de 2012, foram obtidas da Rede de Sementes da Caatinga
do Centro de Referências de Áreas Degradadas (CRAD) campus Ciências Agrárias
UNIVASF, registradas sob o número LAS 818 (Figura 19, p. 77).
Figura 18. Exsicata nº 21221 das folhas de T. gardneriana arquivada no
HVASF/CRAD.
Foto: A AUTORA.
77 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 19. Sementes de T. gardneriana arquivada sob nº LAS 818 no CRAD.
Foto: A AUTORA.
4.2 Obtenção do extrato etanólico bruto
As folhas foram secas em estufa (Fluxograma 1a, p.78) com ar circulante à
temperatura média de 50 oC durante 3 dias estando de acordo com os parâmetros
exigidos no processo de secagem do material vegetal (SIMOES et al., 2010). Após
a secagem, as folhas foram submetidas a um processo de pulverização em moinho
mecânico (Fluxograma 1b, p.78), obtendo-se 5114,8 g de pó. Em seguida o pó foi
sujeito à maceração com etanol (EtOH) a 95 % em um percolador de aço inoxidável
(Fluxograma 1c, p.78). A solução etanólica obtida foi filtrada e evaporada com o
auxílio de um rotaevaporador à pressão reduzida (QUIMIS) (Fluxograma 1d, p.78) a
uma temperatura média de 50 oC, obtendo-se 724,03 g de extrato etanólico bruto
(Tg-EEB) (Fluxograma 1e, p.78).
78 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Fluxograma 1. Esquema de preparação do extrato etanólico bruto das folhas de T.
gardneriana.
Fotos: A AUTORA.
4.3 Fracionamento do extrato etanólico bruto
Para particionar o Tg-EEB utilizou-se solventes de polaridade crescente. Uma
quantidade do Tg-EEB (351,4 g) foi misturado com sílica gel 60 para coluna (0,04-
0,063 mm/230- 400 mesh ASTM) e submetido a uma cromatografia líquida sob
vácuo (CLV) em funil sinterizado (Figura 20, p.79) utilizando os solventes hexano,
clorofórmio, acetato de etila e metanol, separadamente. As soluções obtidas foram
tratadas com Na2SO4 anidro (VETEC) e submetidas à filtração sob pressão
reduzida. Após esse procedimento, o solvente foi evaporado em rotaevaporador
79 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Extrato etanólico Bruto
(351,4 g)
Fração hexânica (9,30 g)
2,6%
Fração clorofórmica
(42,17 g)
12,0%
Fração acetato de etila
(19,29 g)
5,5%
Fração metanólica (193,48 g)
55,0%
CLV
Hexano Clorofórmio Acetato de etila Metanol
(QUIMIS) à pressão reduzida à temperatura média de 50 oC obtendo-se quatro
frações: hexânica (Tg-Hex), clorofórmica (Tg-CHCl3), acetato de etila (Tg-AcOEt) e
metanólica (Tg-MeOH) de acordo com Fluxograma 2.
Figura 20. Cromatografia líquida sob vácuo (CLV).
Foto: A AUTORA.
Fluxograma 2. Fracionamento do extrato etanólico bruto das folhas T. gardneriana.
80 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4.4 Extração dos óleos fixos
A extração do óleo fixo das folhas secas (OF) e das sementes (OS) foi
realizada por meio do método extrativo a quente sólido-líquido usando o aparelho de
Soxhlet (Figura 21, p.80). Foram utilizados 59 g do pó das sementes e 37 g das
folhas que foram transferidas para o interior do aparelho Soxhlet contendo 250 mL
de solvente extrator hexano, que aquecido por uma manta elétrica, permaneceu em
ebulição por duas horas. Em seguida, a mistura do óleo/solvente foi colocada no
rotaevaporador à pressão reduzida (QUIMIS) para evaporação do solvente, obtendo-
se os óleos fixos brutos. Depois os óleos foram pesados e seus percentuais
calculados em relação à massa seca das amostras.
Figura 21. Aparelho de Soxhlet utilizado na extração dos óleos fixos.
Foto: A AUTORA.
81 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4.4.1 Saponificação e metilação dos ácidos graxos
Os óleos foram esterificados de acordo com a metodologia realizada por
Matos e colaboradores (1992). Primeiramente, os óleos extraídos foram
saponificados refluxando em 50 mL de metanol contendo 1,0 g de KOH, durante 30
minutos. A seguir, o metanol foi destilado até reduzir o volume, em seguida foi
completado com 50 mL de água. A solução insaponificável foi extraída da mistura
alcalina com éter etílico.
Em seguida, as soluções aquosas alcalinas foram aciduladas até pH 2 com
ácido clorídrico diluído a 10% e os ácidos graxos extraídos com éter etílico, em
seguida, neutralizado com algumas gotas de solução saturada de Na2CO3 5%.
Posteriormente, removeu-se a água com sulfato de sódio anidro e o éter por
destilação. A seguir fez-se a metilação dos ácidos graxos refluxando as amostras
durante 2 minutos com 3 gotas de HCl concentrado em 5 mL de metanol anidro. Os
ésteres metilícos foram extraídos com hexano após a adição de 10 mL de água,
depois removeu a mesma da solução hexânica com sulfato de sódio anidro, seguido
de filtração.
4.5 Prospecção fitoquímica
Uma triagem fitoquímica qualitativa e preliminar para detectar as principais
classes de metabolitos secundários presentes no extrato e frações foi realizada
através de perfis cromatográficos em camada delgada analítica (CCDA), utilizando
placas (5x6 cm) de sílica gel 60 G/UV254 com suporte de alumínio (MACHEREY-
NAGEL).
Alíquotas de Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH diluídas em
clorofórmio foram aplicadas nas cromatoplacas com capilares de vidro, em seguida
foram eluídas e reveladas em sistemas de solventes específicos para cada classe
de acordo com a Tabela 1. Posteriormente, as placas foram visualizadas em luz UV
utilizando os comprimentos de onda 254 e 365 nm conforme metodologia descrita
por Wagner e Bladt (1996).
82 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 1. Sistemas de eluição e reveladores empregados para caracterizar os
principais metabólitos secundários do extrato etanólico bruto e frações das folhas de
T. gardneriana.
Classe de metabólitos
Sistema de eluição
Reveladores
Alcaloides Tolueno: Acetato de etila:
dietilamina (70:20:10, v/v)
Reagente
Dragendorff
Derivados antracênicos Acetato de etila: metanol: água
(100:13,5:10, v/v)
Reagente (KOH)
etanólico 10%
Cumarinas Tolueno: éter etílico (1:1 saturado
com acido acético 10%, v/v)
Reagente (KOH)
etanólico 10%
Flavonoides/ Taninos Acetato de etila: ácido fórmico:
acido acético glacial: água
(100:11:11:26, v/v)
Reagente
NEU/Cloreto férrico
1%
Mono e diterpenos Tolueno: acetato de etila
(93:7, v/v)
Reagente vanilina
sulfúrica
Triterpenos e
esteroides
Tolueno: Clorofórmio: etanol
(40:40:10 ,v/v)
Reagente
Liebermann-
Burchard
Naftoquinonas Tolueno: ácido fórmico
(99:1, v/v)
Reagente (KOH)
etanólico 10%
Saponinas Clorofórmio: ácido acético:
Metanol: água (64:32:12:8, v/v)
Anisaldeído/Ácido
sulfúrico
83 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4.6 Métodos colorimétricos para a quantificação de substâncias
Para traçar um perfil químico do extrato etanólico bruto e frações de T.
gardneriana recorreu-se a métodos espectrofotométricos ou colorimétricos para
quantificar dois grandes grupos de metabólitos os fenóis e os flavonoides totais.
Esses métodos são utilizados para determinar a concentração de uma substância
em uma solução, visto que, em um dado comprimento de onda, a absorbância da
amostra depende da quantidade de espécie absorvente que a luz encontra ao
passar através de uma solução dela (BRUICE, 2006).
4.6.1 Fenóis totais
O teor de fenóis foi determinado utilizando o reagente de Folin-Ciocalteu, que é
fundamentado no método de Slinkard e Singleton (1977), apenas os volumes foram
reduzidos (ALMEIDA et al., 2011).
Para a reação colorimétrica, uma alíquota de 40 µL de soluções diluídas nas
concentrações 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L em etanol de Tg-EEB, Tg-Hex,
Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH e o padrão ácido gálico foram adicionadas a 3,16
mL de água destilada e 200 µL do reativo Folin-Ciocalteu numa cubeta de vidro. A
seguir, a mistura foi agitada e deixada em repouso durante 8 min. Após isso,
adicionou 600 µL de uma solução de carbonato de sódio e agitou novamente.
Posteriormente, as soluções foram deixadas a 20 °C durante 2 horas e a
absorbância de cada solução foi determinada a 765 nm em um espectrofotômetro
UV-VIS (QUIMIS) contra o branco e mensurada a absorbância versus concentração.
No branco, as amostras foram substituídas por água.
Com os resultados das absorbâncias, os dados foram interpolados e foi
determinada a equação da reta abaixo através de regressão linear:
A = 0,0011C + 0,0206
Onde, A representa a absorbância medida e C a concentração de equivalente
de ácido gálico. O intervalo da curva foi de 50-1000 mg/L (R2 = 0,9972). O teor de
84 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
compostos fenólicos foram expressos em miligrama de equivalente ácido gálico por
grama de extrato/ frações (mg EAG/ g) através da curva de calibração.
4.6.2 Flavonoides totais
A determinação de flavonoides totais foi realizada seguindo a metodologia
descrita por Dewanto e colaboradores (2002), com adaptações.
Inicialmente, as amostras Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH
e o padrão catequina foram diluídos em metanol obtendo soluções nas
concentrações 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L.
Em cubetas, 0,30 mL dessas soluções foram misturadas com 1,50 mL de
água destilada seguido da adição de 90 µL de uma solução de NaNO2 5%. Após 6
minutos, 180 µL de uma solução de AlCl3.6H2O 10% foi adicionada e deixou-se
repousar durante 5 min. Em seguida, foi adicionado 600 µL de NaOH 1 M. Por fim,
adicionou-se 330 µL de água destilada e promoveu-se a homogeneização.
A absorbância foi medida imediatamente frente ao branco e mensurada, a
absorbância versus concentração a 510 nm usando um espectrofotômetro UV-VIS
(QUIMIS), em comparação com o padrão catequina de concentrações conhecidas.
Os resultados foram expressos em miligrama de equivalente de catequina
por grama de extrato (mg EC/g) através da curva de calibração da catequina (R² =
0,9943). O intervalo da curva de calibração foi de 50-1000 mg /L. O teor de
flavonoides foi calculado a partir da equação obtida por regressão linear abaixo:
A=0,0019C+ 0,0773
Onde, A representa a absorbância e C a concentração de equivalente de
catequina.
4.7 Avaliação in vitro da atividade antioxidante
Para avaliação da atividade antioxidante das amostras Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-
CHCl3, Tg-AcOEt, Tg-MeOH e dos óleos fixos de T. gardneriana foi utilizado o
método do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH∙) e o da
inibição da co-oxidação do β-caroteno frente ao ácido linoleico. Estes métodos tem-
85 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
se tornado cada vez mais importantes, pois auxiliam na busca por compostos
bioativos e, sobretudo na seleção de matéria-prima para estudo.
4.7.1 Teste do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH∙)
A avaliação da atividade sequestradora de radicais livres foi realizado
segundo o método de Mensor e colaboradores (2001) com adaptações (ALMEIDA et
al., 2011) utilizando o 2,2-difenil -1- picril-hidrazil (DPPH∙). Este método mede a
capacidade da amostra em sequestrar o radical livre DPPH∙.
Para executar o experimento, soluções estoque (1,0 mg/mL) de extrato
etanólico bruto, frações, óleos fixos e padrões foram diluídos até às concentrações
finais de 243, 81, 27, 9, 3 e 1 µg/mL, em etanol. Também, preparou-se uma solução
etanólica de DPPH∙ (SIGMA) com concentração igual a 50 μg/mL. Posteriormente,
preparou-se o branco, os controles positivo e negativo. Para o branco adicionou na
cubeta apenas 1,0 mL de etanol com 2,5 mL de soluções das amostras. Como
controle negativo apenas 1,0 mL solução de DPPH com 2,5 mL etanol foi usado.
Para o controle positivo foram preparadas soluções dos padrões de ácido L-(+)-
ascórbico (MERK), Butilhidroxianisol (BHA) e Butilhidroxitolueno (BHT) (SIGMA).
Em seguida, 2,5 mL de cada uma das soluções de extrato, frações, óleos
fixos e padrões foram adicionadas em cubetas, separadamente. Posteriormente,
foram adicionadas em cada cubeta 1,0 mL de solução de DPPH∙. Deixou-se reagir à
temperatura ambiente por 30 min e os valores de absorbância foram medidas a 518
nm em espectrofotômetro de Ultravioleta UV-Vis (SHIMADZU UV 1601) sendo
convertida em porcentagem da atividade antioxidante (%AA), utilizando a seguinte
fórmula:
(%AA)= Acontrole – Aamostra x 100
Acontrole
Onde, Acontrole equivale à absorbância do controle e Aamostra absorbância da
amostra. Os valores de concentração efetiva (CE50) foram calculados por regressão
linear utilizando o programa GraphPad Prism® 5.0 chegando-se assim à
86 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
concentração necessária para obter 50 % do efeito antioxidante (MENSOR et al.,
2001).
4.7.2 Teste da inibição da co-oxidação do β-caroteno
A capacidade dos extratos em prevenir a oxidação do β-caroteno frente ao
ácido linoleico foi avaliada de acordo com a metodologia descrita por Wannes e
colaboradores (2010).
Para preparar o meio oxidante, 2 mg do β-caroteno cristalino foi dissolvido
em 10 mL de clorofórmio ( 0,2 mg/mL), em seguida, 40 mg ácido linoleico e 400 mg
de emulsificador Tween 40 foram adicionados a 2 mL desta solução. O clorofórmio
foi evaporado em rotaevaporador sob pressão reduzida a 40 °C e 100 mL de água
destilada foi adicionada. Posteriormente, a emulsão foi agitada vigorosamente
durante dois minutos para promover a aeração.
Os compostos padrões, extrato e frações foram diluídos em etanol absoluto
numa concentração de 1 mg/mL. A emulsão (3,0 mL) foi adicionada a uma cubeta
contendo 0,12 mL das soluções das amostras. A absorbância foi medida
imediatamente a 470 nm num espectrofotômetro UV-VIS (QUIMIS). Posteriormente,
as cubetas foram fechadas e incubadas em banho-maria a 50 °C durante 120 min,
quando a absorbância foi medida novamente.
O ácido L-(+)-ascórbico (MERK), BHA e BHT (SIGMA) foram utilizados como
controle positivo. No controle negativo, os extratos foram substituídos com um
volume igual de etanol. O branco do aparelho foi o próprio etanol. A atividade
antioxidante (%AA) foi avaliada em termos de branqueamento do β-caroteno
utilizando a seguinte fórmula:
%AA= 1 - (A0 - At) x 100
(A00 – At
0)
Onde A0 é absorbância inicial e At é a absorbância final medida para a
amostra. A00 é a absorção inicial e At0 representa a absorbância final medida para o
controle negativo. Os resultados são expressos como porcentagem de atividade
antioxidante (% AA).
87 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4.8 Determinação in vitro do Fator de Proteção Solar (FPS) e do comprimento
de onda de absorção máxima
A determinação do comprimento de onda de absorção máxima (λmáx) do
extrato e frações foi realizada através da diluição destes em etanol absoluto, de
acordo com a metodologia descrita por Violante e colaboradores (2009), obtendo-se
soluções de concentrações de 5, 25, 50 e 100 mg/L. Posteriormente, foi realizada a
leitura em um espectrofotômetro UV-VIS (QUIMIS, Brasil) nos comprimentos de
onda entre 260-400 nm, com intervalos de 5 nm para verificar a absorção nas
regiões ultravioleta A, B e C (UVA, UVB e UVC).
As leituras foram realizadas utilizando cubeta de quartzo com 1,0 cm de
caminho óptico e o etanol puro foi utilizado como branco. O cálculo do FPS foi
determinado utilizando a equação desenvolvida por Mansur e colaboradores (1986)
e Sayre e colaboradores (1979):
FPS = FC. 290∑ 320. EE(λ). I(λ). abs(λ)
Onde: FC: fator de correção (= 10); EE (λ): efeito eritemogênico da radiação
do comprimento de onda; I (λ): intensidade da radiação solar no comprimento de
onda; Abs (λ): leitura espectrofotométrica da absorbância da solução no
comprimento de onda. Os valores de EE (λ). I (λ) são constantes e estão
representados na Tabela 2.
88 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 2. Valores determinados para o cálculo do FPS por espectrofotometria
(MANSUR et al., 1986 e SAYRE et al., 1979).
Comprimento de onda (nm)
E (λ). I(λ)
Valores relativos
290 0,0150
295 0,0817
300 0,2874
305 0,3278
310 0,1864
315 0,0839
320 0,0180
Total 1,0000
*EE (λ): efeito eritemogênico da radiação do comprimento de onda; I (λ): intensidade da
radiação solar no comprimento de onda.
4.9 Avaliação da atividade antibacteriana
O efeito antibacteriano de Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt, Tg-MeOH e
dos óleos fixos foi avaliado através do método de microdiluição recomendado pelo
Comitê Nacional para Padrões de Laboratórios Clínicos baseado no documento M7-
A7 (CLSI, 2006). Na avaliação da atividade antibacteriana foram testadas as
seguintes cepas padrões da American Type Culture Collection (ATCC):
Bacillus cereus (ATCC 11778);
Enterococcus faecalis (ATCC 19433);
Escherichia coli (ATCC 25922);
Klebsiella pneumoniae (ATCC 13883);
Salmonela enterica (ATCC 10708);
Serratia marcescens (ATCC 13880);
Shigella flexneri (ATCC 12022);
Staphylococcus aureus (ATCC 25923);
Staphylococcus epidermidis (ATCC 12228);
Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).
89 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Uma alíquota de 0,25 g de Tg-EEB, Tg-Hex, Tg-CHCl3, Tg-AcOet, Tg-MeOH e
dos óleos foi diluída em 10 mL de etanol 95%, exceto o óleo fixo das folhas que foi
diluído em metanol e DMSO puros (1:1) obtendo-se a solução na concentração de
25 mg/mL de cada amostra.
Na preparação do inóculo, colônias obtidas em ágar Mueller-Hinton foram
utilizadas no preparo da suspensão bacteriana em solução salina 0,085% com
turvação equivalente ao tubo 0,5 da escala de MacFarland. Desta suspensão foram
inoculados 100 µL em tubos contendo 9,9 mL de caldo Mueller-Hinton.
Para determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM), 200 µL de
caldo Mueller-Hinton foram distribuídos em placas de microtitulação de 96 poços
(Fluxograma 3a, p.90). A seguir, 200 µL da solução das amostras foram acrescidos
ao primeiro poço e, após homogeneização, 200 µL do primeiro poço foram
transferidos para o segundo e, assim sucessivamente, sendo obtidas as seguintes
concentrações finais: 12.500; 6.250; 3.125; 1.562,5; 781,2; 390,6; 195,3 e 97,6
µg/mL. Em seguida, 10 µL da suspensão bacteriana foram inseridos nos poços das
microplacas contendo a diluição das amostras, sendo o material incubado a 37 °C
por 24 h.
Utilizando um replicador (Fluxograma 3b, p.90), alíquotas foram retiradas das
microplacas após a incubação e semeadas em placas de petri (Fluxograma 3c, p.90)
contendo ágar Mueller-Hinton, seguindo-se de incubação por 24 h a 37 ºC.
Definiu-se a CBM como a menor concentração do extrato capaz de causar a
morte da bactéria. Na identificação dos resultados, nos poços onde as alíquotas não
resultaram em crescimento bacteriano considerou-se a concentração da amostra
como bactericida.
90 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Fluxograma 3. Etapas de avaliação da atividade antibacteriana: a) Placa de
microtitulação de 96 poços; b) Replicador; c) Placa de Petri.
Fotos: A AUTORA.
4.10 Métodos de separação e purificação dos compostos
As frações após análise da triagem fitoquímica e dos ensaios químicos e
biológicos foram submetidas a procedimentos cromatográficos com a finalidade de
separar e isolar os constituintes químicos. Primeiramente foram submetidas à
cromatografia em coluna (CC) do tipo adsorção, no qual utilizou-se colunas de vidro
de vários tamanhos dependente da quantidade da amostra a ser cromatografada,
sílica gel 60 (0,063-0,200 mm) ou CC do tipo exclusão molecular, utilizando o
Sephadex LH-20 como fase estacionária. As amostras coletadas após evaporação
do solvente foram analisadas e monitoradas quanto ao grau de pureza em
cromatografia em camada delgada (CCD) e reunidos conforme perfil cromatográfico,
formando subfrações, as quais foram recromatografas para obter os compostos
puros.
91 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Na cromatografia em camada delgada analítica (CCDA) foram utilizadas
placas de sílica gel 60 G/UV254 com suporte de alumínio (MACHEREY-NAGEL).
Para a cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP), foram utilizadas
placas de vidro 20 x 20 cm e fase estacionária de sílica gel 60, F254, (FLUKA). Para
revelar as placas optou-se por um método não-destrutivo, a radiação
eletromagnética de comprimento de onda na região de ultravioleta (UV) – 254 nm e
366 nm por meio do aparelho da marca BOITTON. Algumas vezes vanilina sulfúrica
foi utilizada. Em ambos os procedimentos cromatográficos foram utilizados os
solventes, hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, puros ou em misturas
binárias em gradiente de polaridade crescente como fase móvel.
4.10.1 Isolamento dos compostos da fração acetato de etila
Uma alíquota de 5 g da fração acetato de etila foi submetida a uma coluna
cromatográfica (Figura 22, p.92) utilizando o Sephadex LH-20 como adsorvente e
solvente metanol como fase móvel, no qual resultou na coleta de 117 amostras, nas
quais foram reunidas em cinco grupos conforme Fluxograma 4 com base na análise
em cromatografia em camada delgada analítica.
O grupo 43-117 (1,81 g) foi submetido a sucessivas cromatografias, as
subfrações oriundas desta resultou em um precipitado amorfo (9,0 mg) de cor
amarela, solúvel em MeOH, sendo codificado como Tg-01.
92 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 22. Coluna cromatográfica com Sephadex LH-20 da fração acetato de etila
de T. gardneriana.
Foto: A AUTORA.
Fluxograma 4. Procedimento cromatográfico da fração acetato de etila de T.
gardneriana.
Fração
acetato de etila
(5,0 g)
1-7 8-15 16-27 28-42 43-117
(1,81 g)
-CC (Sephadex LH-20) -Metanol -CCDA
Tg-01 (9,0 mg)
Sucessivas cromatografias
93 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4.10.2 Isolamento dos compostos da fração clorofórmica
A fração clorofórmica (4,2 g) foi submetida à cromatografia em coluna,
utilizando sílica gel 60 como fase estacionária. Como fases móveis foram utilizados
os solventes hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, puros ou em misturas
binárias, utilizando grau crescente de polaridade, que resultou na coleta de 313
frações (Tabela 3, p. 94). Após análises em cromatografia em camada delgada
analítica (CCDA) foram reunidas de acordo com seus perfis cromatográficos,
conforme demostrado Fluxograma 5, p.53.
Fluxograma 5. Procedimento cromatográfico da fração clorofórmica de T.
gardneriana.
A fração 103-108 (130 mg) se apresentou como um sólido branco solúvel em
clorofórmio. Na análise por CCDA com sistema de eluição clorofórmio puro, a fração
apresentou duas manchas, no qual foi submetida à CCDP que resultou em um
sólido branco, solúvel em clorofórmio, na qual foi codificada como Tg-02.
Fração Clorofórmica
(4,2 g)
1-10 ... 20-33... 103-108
(130 mg) 109-122... 149-171... 186-213... 252-272... 292-313
Tg-02
(87,9 mg)
-CC (Sílica gel 60) -Hex/ CHCl3/ AcOEt/ MeOH -CCDA
-
-HEX
-Hex
94 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 3. Frações obtidas na CC da fração clorofórmica e sistema de eluição
utilizados.
Frações
Sistema de Eluição
Proporção
1-40 Hexano-Clorofórmio 30:70 (v/v)
41-65 Hexano-Clorofórmio 20:80 (v/v)
66-77 Hexano-Clorofórmio 10:90 (v/v)
78-97 Clorofórmio 100 (v/v)
98-133 Clorofórmio- Acetato de etila 90-10 (v/v)
134-146 Clorofórmio- Acetato de etila 80:20 (v/v)
147-154 Clorofórmio- Acetato de etila 70:30 (v/v)
155-164 Clorofórmio- Acetato de etila 60:40 (v/v)
165-177 Clorofórmio- Acetato de etila 50:50 (v/v)
178-190 Clorofórmio- Acetato de etila 40:60 (v/v)
191-202 Clorofórmio- Acetato de etila 30:70 (v/v)
203-212 Clorofórmio- Acetato de etila 20:80 (v/v)
213-223 Clorofórmio- Acetato de etila 10:90 (v/v)
224-231 Acetato de etila 100 (v/v)
232-238 Acetato de etila-Metanol 90-10 (v/v)
239-245 Acetato de etila-Metanol 80:20 (v/v)
246-254 Acetato de etila-Metanol 70:30 (v/v)
255-265 Acetato de etila-Metanol 60:40 (v/v)
266-273 Acetato de etila-Metanol 50:50 (v/v)
274-280 Acetato de etila-Metanol 40:60 (v/v)
281-290 Acetato de etila-Metanol 30:70 (v/v)
290-300 Acetato de etila-Metanol 20:80 (v/v)
301-313 Metanol 100 (v/v)
95 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
4.11 Métodos espectrométricos utilizados na identificação das substâncias
Os Espectros de Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN de 1H) e de 13C
(RMN de 13C) unidimensionais foram obtidos para a substância Tg-1 em
espectrômetro do tipo Agilent300-vnmra300 operando na frequência do hidrogênio a
300 MHz e carbono 75 MHz em solvente deuterado metanol (MeOD- MERCK).
A substância Tg-02 foi preparada dissolvendo uma alíquota no solvente
deuterado da MERCK (CDCl3) e analisada em espectrômetro Bruker operando na
frequência do hidrogênio a 500 MHz e do carbono a 125 MHz, obtendo-se espectros
uni e bidimensionais.
Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por milhão (ppm)
e foram referenciados para RMN de 1H pelos picos característicos dos hidrogênios
pertencentes as frações não deuteradas do solvente CDCl3 δH = 7,26 ppm e MeOD
δH=4,85 e 3,29 ppm. Para os espectros de RMN de 13C, estes mesmos parâmetros
foram utilizados: CDCl3, δC= 77 ppm e MeOD δC=49.
4.12 Análise por CLAE-DAD
Para dosear a substância Tg-1 nas amostras, o extrato etanólico bruto e
frações diluídas em metanol grau CLAE (Merck) foram analisadas por CLAE–DAD
Shimadzu® equipado com um sistema quaternário de bombas modelo LC - 20ADVP,
degaseificador modelo DGU - 20A, detector PDA modelo SPD - 20AVP, forno
modelo CTO - 20ASVP, injetor automático modelo SIL - 20ADVP e controlador
modelo CBM - 20AVP, sendo os dados tratados através do software Shimadzu® LC
solution 1.0 (Japão) na Central Analítica da UNIVASF seguindo os parâmetros
descritos na literatura (PIEKARSKI, 2013). Um gradiente de fase móvel composto
pela solução de ácido fórmico 3% (solvente A) e metanol (solvente B) foi
programado da seguinte forma (A:B) com um fluxo de 1 mL/min a 35ºC de acordo
com a Tabela 4, p.96.
96 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 4. Programação do gradiente de eluição da CLAE/DAD.
Tempo de corrida dos
solventes (min)
Gradiente de eluição
(A:B)
0 min 20:80
5 min 20:80
20 min 35:65
25 min 50:50
28 min 70:30
35 min 70:30
37 min 20:80
45 min 20:80
Para quantificação de Tg-01 nas amostras, uma curva analítica de substância
química de referência de quercetina com pureza superior a 99% (Sigma Aldrich®) foi
obtida com as concentrações de 40, 20, 10, 5 e 1 µL/mL, em triplicata, a partir de
uma solução estoque 2000 µg/mL.
A curva foi construída plotando a área do pico versus concentração. Para
quantificação a detecção foi ajustada para 370 nm. A partir dos cromatogramas
obtidos, avaliou-se a adequação do sistema cromatográfico através dos parâmetros:
fator de capacidade, número de pratos, fator de assimetria e resolução entre os
picos.
4.13 Análise por CLAE-IES-EM
As análises foram realizadas pela Central Analítica do Instituto de Química da
Universidade de São Paulo, usando o aparelho de cromatografia líquida de alta
eficiência acoplado a espectrômetro de massas íon trap (EM) equipado com
ionização por electrospray (IES), do modelo Esquire 3000 Plus-Bruker Daltonics.
O extrato etanólico bruto e frações foram diluídos em metanol (MERCK) na
concentração de 1 mg/mL, injetados no aparelho e submetidos à coluna Shimadzu
LC–18 Shim-Pack (250 x 4,6 mm, Japão). Para eluição da coluna foram usados o
solvente A (água:ácido acético 99:1) e o solvente B (acetonitrila:ácido acético 99:1)
97 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
com a seguinte programação de acordo com a Tabela 5. O fluxo foi de 1 mL/min e
volume de injecção de 10 µL.
Tabela 5. Programação do gradiente de eluição da CLAE-DAD-IES-EM.
Tempo de corrida dos solventes
(min)
Gradiente de eluição
0 a 5 min 10% de B
50 a 55 min 15% de B
65 a 75 min 20% de B
80 a 85 min 100% de B
90 min 10% de B
Nas análises de IES-EM, as condições gerais foram: fonte de temperatura de
40 °C e tensão capilar de 4.0 kV em modo positivo e negativo. Os compostos foram
identificados conforme a interpretação dos seus espectros de fragmentações e
comparação com dados da literatura.
4.14 Análise por CG-EM
Os contituintes químicos presentes nos óleos fixos das folhas e sementes
foram investigados em um cromatógrafo a gás modelo QP-2010 Shimadzu,
interligados a um espectrômetro de massas (CG-EM). Foram utilizadas as seguintes
condições: coluna Phenomenex® Zebron ZB-5MS (30 m x 0,25 mm x 0,25 mm); hélio
(99,999%) de gás carreador com um caudal constante de 1,1 mL/min; 1 µL de
volume de injecção; razão de divisão de 1:40 do injector; temperatura do injector 240
° C; modo de impacto de elétrons a 70 eV; temperatura de 280 °C na fonte de íons.
A temperatura do forno foi programada de 100 °C (isotérmico durante 5 min), com
um aumento de 10 °C/min até 250 °C (isotérmico durante 5 min) e 10 °C/min até 280
°C (durante 15 min isotérmica).
Uma mistura de hidrocarbonetos lineares (C9H20-C40H82) foi injetado sob as
mesmas condições experimentais que as amostras, e a identificação dos
98 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
componentes foram efetuadas por comparação dos espectros de massas obtidos
com os do banco de dados das bibliotecas do equipamento (Wiley 7 e NIST 08).
4.15 Análise Estatística
Todos os resultados foram obtidos em triplicata nos experimentos
colorimétricos e tratados estatisticamente usando o programa de computador
GraphPad Prism® versão 4.0. Os dados obtidos na análise da CLAE/DAD foram
analisados estatisticamente usando o OriginPro® 8.0. Ambos os dados foram
expressos como média ± SD. As diferenças foram consideradas significativas
quando p < 0,05.
99 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
100 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Prospecção fitoquímica
A partir da triagem fitoquímica qualitativa traçou-se o perfil fitoquímico de T.
gardneriana. O extrato Tg-EEB e as frações apresentaram reação positiva para
derivados antracênicos, cumarinas, flavonoides, taninos, naftoquinonas, triterpenos,
esteroides, mono e diterpenos, revelando forte presença para terpenos, como
mostrado na Tabela 6, p.100 e Figura 23, p.101. As classes de compostos
detectados estão de acordo com a composição química esperada, conforme
relatado na literatura para a família, no entanto não foram detectados alcaloides e
saponinas.
Tabela 6. Caracterização fitoquímica do extrato etanólico bruto e frações das folhas
de T. gardneriana.
Classes de
metabólitos
Tg-EEB
Tg-Hex
Tg-CHCl3
Tg-AcOEt
Tg-MeOH
Alcaloides - - - - -
Derivados
antracênicos
+ + ++ +++ +
Cumarinas - - - + -
Flavonoides + + ++ + +++
Taninos - - - + +++
Nafitoquinonas - +++ ++ + -
Triterpenos e
esteroides
+ +++ +++ +++ +
Mono e diterpenos ++ +++ ++ ++ -
Saponinas - - - - -
Legenda: (-) Não detectado; (+) Baixa presença, (++) Presença moderada; (+++) Forte presença.
101 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 23. Triagem fitoquímica qualitativa em cromatografia em camada delgada do
extrato etanólico bruto e frações de T. gardneriana.
102 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 23. Continuação...
A presença de triterpenos e de flavonoides condiz com o isolamento de tais
substâncias no gênero (HUSSEIN et al., 2005; OLIVEIRA; CONSERVA; LEMOS,
2008) destacando os flavonoides que aparecem em 25% dos gêneros da família,
incluindo o Triplaris (OLIVEIRA, 2007).
Em outro estudo, na análise fitoquímica dos extratos de sementes de T.
gardneriana, derivados antracênicos, cumarinas, naftoquinonas, mono e diterpenos,
triterpenos e esteroides não foram detectados. Sendo descrita a presença de
alcaloides que não ocorreram nos extratos das folhas (FARIAS et al., 2013). Como
descrito acima, a triagem fitoquímica dos extratos das sementes e das folhas
apresentou diferenças, isso é justificável, por que a idade, o desenvolvimento da
planta, bem como dos diferentes órgãos vegetais, podem influenciar nas proporções
relativas dos componentes químicos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).
103 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
0 50 100 150 250
500
1000
y = 0,0011x + 0,0206 R² = 0,9972
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
1,400
0 500 1000 1500
Ab
sorb
ânci
a
Concentração
0 50 100 150
250
500
1000
y = 0,0019x + 0,0773 R² = 0,9943
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
0 500 1000 1500
Ab
sorb
ânci
a
Concentração
5.2 Fenóis e Flavonoides Totais
As amostras Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH apresentaram os maiores teores
de fenóis totais 376,12± 2,29, 88,85± 17,87, 183,39± 13,92, respectivamente, sendo
os valores expressos em miligramas de equivalente de ácido gálico por grama da
amostra através da curva padrão do mesmo (Tabela 7, p.104; Gráfico 1A, p.103). Os
maiores teores de flavonoides totais também foram para as mesmas amostras
expressos em miligramas de equivalentes de catequina por grama da amostra
através da curva padrão obtida por regressão linear (Tabela 7, p.104; Gráfico 1B,
p.103).
Gráfico 1. Curva obtida por regressão linear no intervalo de 50-1000 mg/L do
padrão A) ácido gálico; B) catequina.
104 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 7. Teor de compostos fenólicos e de flavonoides presentes em T.
gardneriana.
Extrato/Frações Flavonoides
(mg de EC/g)
Fenóis
(mg de EAG/g)
Tg-EEB 281,35± 6,23 376,12± 2,29
Tg-Hex - -
Tg-CHCl3 61,88± 3,50 -
Tg-AcOEt 287,14± 2,23 88,85± 17,87
Tg-MeOH 271,35± 1,32 183,39± 13,92
*Valores foram expressos como média ± S.D. (n=3); EAG= equivalente de ácido
gálico; EC= equivalente de catequina.
Como esperado, os compostos de natureza fenólica concentraram-se
majoritariamente em Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH (Tabela 7, p.104), já
que essas amostras apresentam polaridade de moderada a alta.
A determinação do teor de flavonoides totais na fração Tg-Hex, não foi
considerado, porque esta fração apresentou elevada concentração de flavonoides e,
esse valor pode ter sido mascarado por outras substâncias, causando interferência
nos resultados. Isto pode ter ocorrido devido à elevada turbidez da amostra (Figura
24, p.105), podendo ter sido detectadas pela sensibilidade do aparelho. Como se
sabe, o cálculo da concentração é feito com base na absorbância obtida pela
amostra em espectrofotômetro.
Os resultados das amostras Tg-Hex e Tg-CHCl3 no teste de fenóis totais
exibiram valores negativos, por isso não foram considerados.
105 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 24. Soluções turvas de Tg-Hex preparadas para o teste de quantificação de
flavonoides.
5.3 Atividade antioxidante
Na avaliação da atividade antioxidante in vitro de T. gardneriana foram
utilizados os métodos espectrofotométricos de inibição de radicais DPPH• e da auto-
oxidação do β-caroteno.
Os resultados da avaliação da atividade antioxidante estão apresentados na
Tabela 8, p.106. Os dados mostraram que Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH exibiram
excelente atividade no sequestro do DPPH• com menores valores de CE50 2,27±
0,19, 5,42± 0,84 e 3,35 ± 0,15 µg/mL, respectivamente. Estes valores não são
estatisticamente diferentes (p <0,05) dos valores obtidos para os padrões. Visto que,
Tg-EEB apresentou melhor atividade antioxidante do que os padrões utilizados. As
frações Tg-Hex e Tg-CHCl3 apresentaram baixa atividade antioxidante, com valores
de CE50 maiores (Tabela 8, p.106).
106 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 8. Atividade antioxidante in vitro do extrato etanólico bruto e das frações de
T. gardneriana.
Extrato/Frações/Padrão
DPPH
(CE50, µg/mL)
β-caroteno
(%AA)
Tg-EEB 2,27± 0,19 67,62± 2,48
Tg-Hex 32,91± 0,76 48,90± 1,12
Tg-CHCl3 50,35± 10,27 54,74± 1,28
Tg-AcOEt 5,42± 0,84 45,04± 1,12
Tg-MeOH 3,35± 0,15 47,64± 2,59
Ácido ascórbico 3,21± 0,30 -7,83± 2,58
BHA 3,05± 0,40 70,68± 0,55
BHT 5,38± 0,11 69,96± 3,07
*CE50 é definido como a concentração suficiente para obter 50% de efeito máximo estimado
em 100%. Os valores são apresentados como média ± SD (n = 3). %AA= percentagem de
atividade antioxidante.
No método da oxidação do β-caroteno, Tg-EEB também apresentou melhor
atividade (67,62 ± 2,48) seguida de Tg-CHCl3. Neste método, os valores de Tg-Hex,
Tg-AcOEt e Tg-MeOH não foram significativamente diferentes. O valor da
porcentagem de inibição negativa do ácido ascórbico no sistema β-caroteno/ácido
linoleico indica que ele apresentou atividade pró-oxidante devido à formação do
radical ascorbila, um agente oxidante (Tabela 8, p.106).
De acordo com Duarte-Almeida e colaboradores (2006) para que compostos
sejam considerados antioxidantes e possam exercer seu papel biológico é
necessário que, em baixa concentração, sejam capazes de impedir, retardar ou
prevenir a oxidação mediada por radicais livres e que o produto formado após a
reação seja predominantemente estável.
Conforme os resultados apresentados na Tabela 8, p.106 todas as amostras
exibiram atividade antioxidante. Esses resultados podem ser justificados pela
107 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
presença dos maiores teores de fenóis bem como de flavonoides totais em Tg-EEB,
Tg-AcOEt e Tg-MeOH (Tabela 7, p. 104), uma vez que, os compostos fenólicos, em
particular os flavonoides possuem estrutura ideal para o sequestro de radicais, já
que, eles são muito reativos como agentes doadores de prótons (H) e elétrons
(SOARES, 2002; BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006).
A atividade antioxidante apresentada pelo extrato e frações das folhas de T.
gardneriana corrobora com estudos da literatura com o extrato de sementes
(FARIAS et al., 2013). Os resultados para a capacidade antioxidante pelo método
DPPH∙ nas concentrações 5 a 1.000 µg/mL mostrou que o extrato de sementes foi
mais potente (CE50 69,73 µg/mL) do que o controle positivo vitamina C (CE50 260,27
µg/mL). Extratos da casca, folhas, caules e raízes de T. americana também
apresentaram atividade antioxidante (OLIVEIRA, 2007; CANOMES et al., 2010).
5.4 Atividade fotoprotetora
Conforme os bons resultados apresentados no ensaio da atividade
antioxidante fez-se uma avaliação in vitro da atividade fotoprotetora, uma vez que, o
alto potencial antioxidante de substâncias contribui para neutralizar os radicais livres
produzidos na pele após a exposição à radiação UV (SOUZA; CAMPOS; PACKER,
2013).
A Figura 25, p.108 mostra o perfil de absorção espectrofotométrica do extrato
e das frações de T. gardneriana. O Tg-EEB, as frações Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-
MeOH apresentaram perfil de absorção espectrofotométrica dentro da faixa da
região UVC (100-290 nm) e UVB (290-320 nm) e este efeito é dose-dependente. No
entanto, apenas Tg-CHCl3 e Tg-AcOEt absorveram na região do UVA (320-400 nm)
apresentando comprimentos de onda máximo nesta, destacando a Tg-CHCl3 que
mostrou-se mais eficaz tanto na faixa UVA como também UVB, já que apresentou
absorbância em 3.0 e manteve-se constante na concentração 100 mg/L.
108 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 25. Absorção espectrofotométrica na faixa (260 – 400 nm) de Tg-EEB e
frações das folhas de T. gardneriana.
260 280 300 320 340 360 380 4000.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.05 mg/L
25 mg/L
50 mg/L
100 mg/L
Tg-Hex
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rb
ân
cia
260 280 300 320 340 360 380 4000.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.05 mg/L
25 mgL
50 mg/L
100 mg/L
Tg-EEB
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rb
ân
cia
260 280 300 320 340 360 380 400
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.05 mg/L
25 mg/L
100 mg/L
50 mg/L
Tg-CHCl³
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rb
ân
cia
260 280 300 320 340 360 380 4000.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.05 mg/L
25 mgL
50 mg/L
100 mg/L
Tg-AcOEt
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rb
ân
cia
260 280 300 320 340 360 380 400
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.05 mg/L
25 mg/L
50 mg/L
100 mg/L
Tg-MeOH
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rb
ân
cia
109 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Os dados mostram que, a capacidade fotoprotetora de Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-
AcOEt e Tg-MeOH pelo método foi diretamente proporcional ao teor de fenóis e
flavonoides totais (Tabela 7, p.104). Os compostos fenólicos distribuem-se em fenóis
simples, ácidos fenólicos (derivados do ácido benzoico e cinâmico), estilbenos,
taninos condensados e hidrolisáveis, lignanas, ligninas, cumarinas e flavonoides
(SOUZA et al., 2007) sendo moléculas com estruturas ideais para absorção de
radiações ultravioletas
Tais efeitos possivelmente são atribuídos aos compostos fenólicos, como os
flavonoides, quando dispersos em etanol apresentam duas bandas características
entre 240 a 280 nm (Banda II) e 300 a 550 nm (Banda I) no espectro de absorção
(VIOLANTE et al., 2009). A Banda I é associada à absorção do anel B (sistema
cinamoil) e a Banda II é atribuída ao anel A, que envolve a absorção do sistema
benzoil (Figura 26, p.109) (SALDANHA, 2013). Apenas a Tg-CHCl3 e Tg-AcOEt
apresentaram os dois picos típicos (Figura 25, p. 108).
Figura 26. Estrutura de um núcleo flavonol com sistemas benzoil e cinamoil.
O
OH
O
Sistema Benzoi l
A
B
Sistema Cinamoil
Os resultados do FPS determinados in vitro do extrato etanólico bruto e das
frações segundo a metodologia proposta por Mansur e colaboradores (1986), estão
descritos na Tabela 9, p.110. Todas as amostras exibiram FPS superiores a 6,0 na
concentração de 100 mg/L, exceto a fração hexânica. A amostra Tg-CHCl3 foi a
única que também apresentou FPS igual a 6,324± 0,069 na menor concentração (50
mg/mL).
110 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Os dados sugerem que o potencial fotoprotetor das amostras ocorre de forma
dependente da concentração, ou seja, quanto maior a concentração, maior será o
FPS e, consequentemente, melhor atividade fotoprotetora.
Tabela 9. Fator de Proteção Solar (FPS) de extrato bruto etanólico e das frações de
T. gardneriana.
Concentração
(mg/L)
5
25
50
100
Tg-EEB 0,700± 0,127 2,042± 0,050 3,734± 0,051 7,410± 0,132
Tg-Hex 0,343± 0,031 0,731± 0,020 1,267± 0,053 2,393± 0,084
Tg-CHCl3 0,669± 0,022 3,169± 0,032 6,324± 0,069 12,794±0,163
Tg-AcOEt 0,775± 0,052 2,937± 0,123 5,608± 0,084 11,280±0,127
Tg-MeOH 0,685± 0,069 2,769± 0,049 5,379± 0,145 11,891±0,291
*Os valores são apresentados como média ± SD (n = 3).
.
Segundo a legislação brasileira RDC Nº 30 de 1º de junho de 2012 (BRASIL-
ANVISA, 2012) um produto adequado para utilização em cosméticos para
fotoproteger, ou seja, como protetores solares devem ter valores de FPS de no
mínimo 6,0. Sendo assim, todas as amostras, exceto a fração hexânica exibiram
efeito fotoprotetor, algumas apresentaram o dobro do valor mínimo exigido 12,794±
0,163; 11,280± 0,127 e 11,891± 0,291 para Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH,
respectivamente.
Essa boa fotoproteção pode ser explicada pelos teores de compostos
fenólicos presentes nas amostras (Tabela 7, p.104), pois como já citado a presença
desses metabólitos sinaliza um potencial na absorção da radiação UV.
Assim, os extratos da espécie vegetal testada, em condições padronizadas e
aceitas pela legislação brasileira podem ser considerada como um ótimo fotoprotetor
e gera expectativas de empregos em concentrações adequadas de forma isolada ou
conjuntamente como ativo principal ou adjuvante. Estudos como este, mesmo que
de forma preliminar são de extrema importância, uma vez que, de forma simples e
de baixo custo norteiam a seleção de espécies vegetais que apresentem um potente
fator de proteção solar, além de contribuir com informações inéditas sobre a planta,
111 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
já que não há estudos sobre atividade fotoprotetora com nenhuma espécie da
família Polygonaceae. Porém, ainda são necessárias mais investigações
experimentais, podendo resultar em possível potencialização do FPS de produtos
com filtros sintéticos.
5.5 Atividade antibacteriana
De acordo com os ensaios in vitro para atividade antibacteriana de T.
gardneriana todas as amostras apresentaram atividade antibacteriana. Foi verificado
que Tg-EEB e Tg-AcOEt apresentaram melhor atividade promovendo inibição da
maioria das cepas (Gráfico 2, p.112).
Tg-EEB e Tg-AcOEt mostraram-se igualmente ativos contra cepas de Bacillus
cereus (ATCC 11778), Shigella flexneri (ATCC 12022) e Staphylococcus aureus
(ATCC 25923) nas concentrações 195,3; 195,3 e 390,6 µg/mL, respectivamente. A
fração Tg-AcOEt ainda se mostrou ativa contra as cepas Salmonella choleraesuis
(ATCC 10708) e Serratia marcescens (ATCC 13880). Tg-EEB foi também eficaz
contra MRSA e Escherichia coli (ATCC 25922).
O efeito bactericida de Tg-CHCl3 foi evidenciado para Enterococcus faecalis e
Shigella flexneri (ATCC 12022). A Tg-MeOH apresentou resultados contra as cepas
Escherichia coli (ATCC 25922), Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e MRSA. Já a
Tg-Hex apresentou atividade apenas para Shigella flexneri (ATCC 12022).
De todas as cepas testadas a única que foi resistente a todas as amostras foi
a bactéria Gram-negativa Klebisiella pneumoniae (ATCC 13883) mostrados no
Gráfico 2.
112 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Gráfico 2. Atividade antibacteriana do extrato etanólico bruto e frações das folhas
de T. gardneriana.
A classificação de Aligianis e colaboradores (2001) preconiza que, para
extratos vegetais, os resultados de CBM são considerados como de forte inibição
quando CBM vai até 500 μg/mL; inibição moderada – CBM entre 600 e 1.500 μg/mL
e como fraca inibição - CBM acima de 1.600 μg/mL.
Desse modo, Tg-EEB e Tg-AcOEt apresentaram uma forte inibição contras as
cepas Bacillus cereus, Shigella flexneri e Staphylococcus aureus. Ainda sensíveis ao
Tg-EEB, Escherichia coli e MRSA, à Tg-AcOEt Salmonella choleraesuis e Serratia
marcescens, uma vez que, exibiram valores entre 195,3 e 390,6 µg/mL. A Tg-MeOH
foi a única que exibiu inibição moderada com valores de 781,2 μg/mL para
Escherichia coli e Staphylococcus aureus.
A cepa Klebisiella pneumoniae, bactéria Gram–negativa, foi resistente a todas
as amostras e, de acordo com Gould (2009), a maioria dos extratos antimicrobianos
de plantas são mais eficazes contra as bactérias Gram-positivas que as Gram-
0
100
200
300
400
500
600
700
800
390,6
195,3 195,3
390,6 390,6
195,3
390,6
781,2 781,2
195,3
Tg-EEB
Tg-Hex
Tg- CHCl3
Tg- AcOEt
Tg- MeOH
*Valores de CBM em
µg/mL (n = 3).
113 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
negativas, isto porque a parede celular desta encontra-se mais resistente devido
uma camada de lipopolissacarídeos (OLIVEIRA et al., 2007).
Em outro estudo com outra espécie do gênero realizado por Camones (2009),
o extrato hidroalcoólico de Triplaris americana L. apresentou boa atividade
antimicrobiana contra a cepa Gram-positiva Staphylococcus aureus e ausência de
inibição frente à Escherichia coli, mostrando que o extrato exibiu ação apenas contra
a bactéria Gram (+), diferentemente de T. gardneriana que mostrou-se ativa contra
os dois tipos de bactérias.
Outros estudos com o extrato das sementes corroboram com resultados da
atividade antibacteriana dos extratos das folhas de T. gardneriana, pois mostrou-se
ativo contra Bacilus subtilis, Salmonella choleraesuis e Staphylococcus aureus, e
também não apresentou atividade contra a Gram (-) Klebsiella pneumoniae (FARIAS
et al., 2013).
A atividade antibacteriana exibida por Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH
provavelmente se deve, principalmente, à presença de flavonoides (Tabela 7, p.104)
na sua composição, já que os componentes fenólicos citados possuem diversas
atividades biológicas, tais como ação bactericida e antioxidante (SIMOES et al.,
2010).
5.6 Identificação estrutural de Tg-01
A substância Tg-01 (9,0 mg) foi isolada na forma de um precipitado amarelo
de Tg-AcOEt, solúvel em metanol. Esta substância apresentou fluorescência
amarela sob luz ultravioleta no comprimento de onda de 365 nm característica de
flavonoides e Rf: 0,36 em clorofórmio:metanol (93:7, v/v).
O espectro de RMN 1H e sua expansão (300 MHz, MeOD, Figura 28, 29 p.117
e 30 p.118) da substância apresentou sinais para hidrogênios aromáticos na faixa
6,5 a 8,0 ppm (PAVIA et al., 2012). O perfil do espectro de RMN de 1H também
apresentou um sinal em δH 12,26 (1H, s) referente ao hidrogênio de OH quelada,
dois dubletos característicos do anel B do núcleo flavonoídico, um em δH 6,86 (H-5’,
J = 9,0 Hz), outro em δH 7,72 (H-2’, J =3,0 Hz) e um duplo dubleto em δH 7,63
atribuído a H-6’ (J= 9,0 e 3.0 Hz), no qual, os valores das constantes de
114 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
acoplamentos mostram que ocorrem acoplamentos orto de H-5’ com H-6’ e meta de
H-6’ com H-2’, portanto, permitiu propor o anel B trisubstituído. Apresentou, também,
dois dubletos mais protegidos δH 6,17 (H-6) e δH 6,37 ppm (H-8), ambos com J=3,0
Hz, o que evidencia dois hidrogênios com acoplamento em meta no anel A e estão
de acordo com a presença de substituintes nos carbonos 5 e 7 de flavonoides
(STOBIECKI; KACHLICKI, 2006).
As informações anteriores levaram a sugerir que seriam correspondentes aos
encontrados em núcleos flavonoídicos, uma vez que esta classe é bastante comum
na família Polygonaceae (OLIVEIRA, 2007). Os valores dos deslocamentos
químicos permitiram propor a estrutura de flavonoide com oxigenação em 3, 5, 7, 3’
e 4’. A ausência do sinal de H-3 típico de flavonas na região entre δH 6,39 e 6,94
ppm sugere que o C-3 esteja substituído propondo assim um esqueleto de um
flavonol.
A análise do espectro de RMN 13C a 75 MHz e sua expansão (Figura 31,
p.118 e Figura 32, p.119), permitiu estabelecer sinais para quinze átomos de
carbono referentes a 10 carbonos não hidrogenados e cinco metínicos fortalecendo
a sugestão de esqueleto flavonoídico.
Dentre os carbonos não hidrogenados, observou-se que em sete deles os
valores de deslocamentos químicos sugeriram a presença de carbonos sp2
oxigenados, no qual exibiu uma maior desproteção devido a influencia do átomo
eletronegativo, uma vez que, deslocamento para carbonos em anéis aromáticos
aparece sobre uma faixa de 110-175 ppm (PAVIA et al., 2012): δC 137,47 (C-3),
146,31(C-3’); 148,86 (C-4’); 148,07 (C-2); 158,32 (C-9); 162,60 (C-5) e 165,65 (C-7),
um carbonílico [δC 177,41 (C-4)] e dois carbonos sp2 não oxigenados [δC 104,86 (C-
10) e 124,24 (C-1’)].
Os sinais para carbonos metínicos no arranjo estrutural do anel benzênico
em δ 99,32 e δ 94,50 confirmam as oxigenações no carbono 5 e 7.
Esta análise permitiu deduzir uma fórmula molecular de C15H10O7 (IDH= 11) e
confirmar o esqueleto carbônico de um flavonol (C6.C3.C6) conduzindo à proposta da
3,5,7,3’-4’-pentahidroxiflavona conhecida como Quercetina (Figura 27, p.115),
confirmada pela comparação com dados da literatura descritos na Tabela 10, p.116
(GUVENALP; DEMIREZER, 2005).
Essa substância tem sido encontrada com frequência em espécies da família
Polygonaceae, se restringindo aos gêneros Polygonum, Rheum, Rumex e Triplaris,
115 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
9
8
5
7
6
2
3
O
4
1'
2'
6'
3'
5'
4'
OOH
OH
OH
OH
OH
10
todavia inédito na espécie em estudo. Segundo levantamento realizado por Oliveira
(2007), a quercetina ocorreu com maior frequência nas folhas entre as espécies
estudadas da família.
Figura 27. Estrutura da 3,5,7,3’-4’-pentahidroxiflavona (Quercetina).
116 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 10. Dados espectrais de RMN 1H (δH, MeOD, 300 MHz) e RMN 13C (δC,
MeOD, 75 MHz) e dados comparativos da quercetina (RMN 1H DMSO-d6, 300 MHz/
RMN 13C MeOH, 75 MHz) (GUVENALP; DEMIREZER, 2005).
δH δH δC δC
Posição Tg-01 Literatura Tg-01 Literatura
2
148,1 147,9
3
137,5 137,2
4
177,4 177,3
5 12,26 (s)
162,6 162,5
6 6,17 (d, J=3,0 Hz) 6,17 (d, J = 2,0 Hz) 99,32 99,3
7
165,7 165,7
8 6,37 (d, J=3,0 Hz) 6,37 (d, J = 2,0 Hz) 94,5 94,4
9
158,3 158,2
10
104,9 104,4
1’
124,2 124,1
2’ 7,72 (d, J=3,0 Hz) 7,73 (d, J = 2,0 Hz) 116,1 116
3’
146,3 146,2
4’
148,9 148,7
5’ 6,86 (d, J=9,0 Hz) 6,87 (d, J = 8,0 Hz) 116,3 116,2
6’ 7,63 (dd, J=9,0; 3,0 Hz) 7,62 (dd, J = 2,0; 7,5 Hz) 121,8 121,6
117 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
9
10
8
5
7
6
2
3
O
4
1'
2'
6'
3'
5'
4'
OOH
OH
OH
OH
OH
Figura 28. Espectro de RMN 1H de Tg-1 (MeOD, 300 MHz).
Figura 29. Espectro de expansão RMN 1H de Tg-01, região 6,0 a 7,8 ppm (MeOD,
300 MHz).
118 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 30. Espectro de expansão RMN 1H de Tg-01, região 7,54 a 8,14 ppm (MeOD,
300 MHz).
Figura 31. Espectro de RMN C13de Tg-1 (MeOD, 75 MHz).
119 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 32. Espectro de expansão de RMN C13 de Tg-1, expansão da região 65 a
200 ppm (MeOD, 75 MHz).
5.6.1. Considerações sobre a Quercetina
A quercetina, pertencente à classe dos flavonóis é muito comum em espécies
vegetais, sendo o principal flavonoide presente na dieta alimentar. Ela está presente
em várias fontes alimentares, tais como, pimenta preta, que contém cerca de 4 g/kg
de quercetina, chá preto, cebolas, maçãs, frutas cítricas, feijões, brócolis, folhas
verdes e bebidas alcoólicas, como vinho e cerveja. No entanto, a cebola, a maçã e
o brócolis são as fontes majoritárias da quercetina. A substância é comumente
encontrada nos alimentos na forma de glicosídeos e, a natureza da glicosilação
influencia a eficiência de sua absorção no organismo (BEHLING et al., 2004).
O consumo de quercetina excede a outros antioxidantes conhecidos, por
exemplo, o β-caroteno apresenta um consumo de 3,2 mg/dia e vitamina E de 7-10
mg/dia e, é aproximadamente igual a um terço da vitamina C (70-100 mg/dia)
(MARTÍNEZ-FLÓREZ et al., 2002; BEHLING et al., 2004).
120 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
A quercetina é reportada por possuir várias ações terapêuticas, destacando-
se efeito analgésico (RILSKI et al., 1979; WILLAIN FILHO, 2005), anti-inflamatório
(SANTANGELO et al., 2007), antitumoral (KAUNECHI et al., 2003; TAN et al., 2003),
antioxidante (MUROTA; TERRAO, 2003), gastroprotetor (KAHRAMAN et al., 2003),
antidiarreico (ZHANG et al., 2003), antiulcerativo (ZAHORODNYI, 2003),
hepatoprotetor e antifibrogênico (LEE et al., 2003), neuroprotetor (DOK-GO et al.,
2003), anticatatônico (SINGH et al., 2003), citoprotetor (POTAPOVICH; KOSTYUK,
2003), antiviral (DE OLIVEIRA, 2007), antimicrobiano (DE CAMARGO, 2008),
hormonal, atividade sobre a permeabilidade capilar e seus efeitos protetores aos
sistemas renal, cardiovascular (BEHLING et al., 2004; SIMOES et al., 2010).
Hoje em dia, a quercetina é comercializada via internet na forma de cápsulas
com dosagens que variam de 100 a 600 mg/kg como suplemento alimentar, sendo
fornecido por vários laboratórios americanos e europeus para tratamento de asma,
inflamação, catarata, gota, câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, prostatite,
entre outras enfermidades (WILLAIN FILHO, 2005).
5.7 Identificação estrutural de Tg-02
A substância Tg-2 (87,9 mg) foi isolada de Tg-CHCl3 como um sólido branco
em forma de agulhas, solúvel em clorofórmio.
No espectro de RMN 1H (Figura 37, p.128) e suas expansões (Figura 38, p.
128; Figura 39; Figura 40, p.129), foi observado a presença de seis singletos na
região entre δH 0,72-0,99 ppm característicos de hidrogênios metílicos
(SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2012), estes sinais aparecem em: δH 0,72;
0,75; 0,79; 0,91; 0,93 e 0,99. Também foi observado um singleto em δ 1,65 ppm
indicativo de hidrogênios de metila ligada a um carbono insaturado, pois hidrogênios
alílicos são mais desblindados pela anisotropia da ligação dupla em relação a outras
metilas, que exibem deslocamentos químicos menores (PAVIA et al., 2012). Esses
sinais nessa região protegida permitiu sugerir que tratava de um terpenoide.
Também foi observado dois dubletos em δH 4,65 e 4,53 típico de hidrogênios
vinílicos (H-29 αβ) da ligação dupla terminal. Esses hidrogênios sofrem maior
influencia do campo anisotrópico dos elétrons π da ligação dupla, uma vez que,
estão mais próximos da ligação dupla (PAVIA et al., 2012). A presença desses sinais
121 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
sugeriu que a substância Tg-02 tratava-se de um triterpeno com esqueleto lupano
confirmado pelos sinais referentes aos carbonos olefínicos em 109,30 (C-29) e
150,86 (C-20) (MAHATO; KUNDU, 1994).
Outra característica do espectro de RMN 1H é a presença de um duplo
dupleto em 3,15 ppm (J= 5,0 e 10,0 Hz), no qual, sugeriu a presença de hidrogênio
(H-3) ligado a carbono oximetínico. Os valores da constante de acoplamento do sinal
do hidrogênio H-3 sugere a posição β para a hidroxila, já que o hidrogênio está
acoplando axial-axial e axial-equatorial com os hidrogênios localizados no carbono
2, já que a constante de acoplamento para esse tipo de acoplamento é na faixa de
8-14 e 1-7, respectivamente (PAVIA et al., 2012).
O espectro ainda revelou um dubleto δ 0,65 (H-5), um multipleto em 1,88 (H-
21), um tripleto de dubletos em δ 2,35 ppm (H-19; J=5,0; 15,0; 10,0 Hz) e dois
multipletos em δ 1,35 (H-6) e 1,22 ppm (H-9).
O espectro de RMN 13C-DEPT Q (Figura 41, p.130) e suas expansões (Figura
42, p.130; Figura 43, p.131) mostraram a presença de 30 átomos de carbonos
(Tabela 11), no qual, permitiu sugerir que Tg-02 apresentava um núcleo triterpênico.
Verificou-se a presença de sete carbonos metílicos (CH3) [δ 27,93 (C-23), 15,34 (C-
24), 16,06 (C-25), 15,90 (C-26), 14,48 (C-27), 17,94 (C-28) e 19,02 (C-30)], onze
metilênicos (CH2) e seis metínicos (CH). Esses dados corroboram com sinais de
RMN 1H na região de δ 0,72- 0,99, confirmando a presença de sete metilas na
estrutura, confirmadas também pelo espectro bidimensionais HSQC (Figura 44, p.
131).
Uma característica peculiar desse espectro é a presença de dois sinais com
deslocamento químico em δ 109,30 (C-29) e δ 150,86 (C-20) referentes aos
carbonos olefínicos da ligação dupla terminal e um sinal oxigenado desblindado em
δ 78,90 compatível com o deslocamento químico característico do carbono
oximetínico (C-3), confirmando a presença da hidroxila com configuração β. Esses
dados, somados aos outros sinais visualizados no espectro de RMN de 1H
permitiram sugerir, ainda mais, que se trata de esqueleto de triterpeno pentacíclico
da série dos lupanos.
As atribuições dos sinais dos espectros de RMN 1H e 13C foram confirmadas
pelo experimento bidimensional HSQC (Figura 44, p.131) e suas expansões (Figura
45, p.132; Figura 46, p.132). As correlações observadas estão dispostas na tabela
abaixo (Tabela 11, p.122).
122 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 11. Dados espectrais de RMN 1H (δH, CDCl3, 500 MHz) RMN 13C (δC, CDCl3,
125 MHz), e dados comparativos de RMN 1H (δ, 500 MHz, CDCl3) (GOIS, 2010) e
RMN 13C (δ, CDCl3,
125 MHz) (CURSINO et al., 2009).
Posição
δH/HSQC
Tg-02
δH
Literatura
δC
Tg-02
δC
Literatura
1 38,63 38,74
2 27,36 27,47
3 3,15(dd, J=5,0;10,0 Hz) 3,19(dd, J=11,3; 5,0 Hz) 78,90 79,01
4 38,80 38,86
5 0,65 (d, 1H) 0,68 (m 1H) 55,20 55,34
6 1,35 (m) 1,39 (m, 1H) 18,25 18,33
7 34,19 34,32
8 40,60 40,86
9 1,22 (m, 1H) 1,29 (m, 1H) 50,33 50,47
10 37,02 37,19
11 20,85 20,95
12 25,00 25,19
13 37,95 38,09
14 42,74 42,85
15 27,29 27,42
16 35,50 35,60
17 42,92 43,00
18 48,20 48,34
19 2,35 (td, J=5,0;15,0;10,0
Hz)
2,38 (dt, J=5,5;11,0;11,0
Hz)
47,90 47,98
123 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
20 150,86 150,91
21 1,88 (m, 1H) 1,92 (m, 1H) 29,76 29,87
22 39,93 40,01
23 0,93 (s, 3H) 0,97 (s, 3H) 27,93 27,99
24 0,72 (s, 3H) 0,77 (s, 3H) 15,34 15,35
25 0,79 (s, 3H) 0,83 (s, 3H) 16,06 16,10
26 0,99 (s, 3H) 1,03 (s, 3H) 15,90 15,98
27 0,91 (s, 3H) 0,95 (s, 3H) 14,48 14,55
28 0,75 (s, 3H) 0,79 (s, 3H) 17,94 18,00
29 4,65 (d,Hβ); 4,53 (d,Hα) 4,71 (Hβ); 4,56 (Hα) 109,30 109,3
30 1,65 (s, 3H) 1,69 (s, 3H) 19,02 19,31
OH
O espectro de 1H x 1H-COSY (Figura 47, p.133) e as expansões (Figura 48,
p.133; Figura 49, p.134) de Tg-02 não foi muito elucidativo devido à sobreposição de
sinais. No entanto, foi possível observar uma correlação entre os sinais δH 4,53 e
1,65 correspondentes aos hidrogênios H-29 da dupla terminal e H-30,
respectivamente, o que mostra que está ocorrendo um acoplamento alílico (4J) com
a metila (Figura 33, p.124). Nesse tipo de acoplamento os elétrons π da ligação
dupla ajudam a transmitir o spin de um núcleo para o outro e, dependendo da
conformação da ligação C-H alílica com o orbital π, observam-se valores
intermediarios de 4J (PAVIA et al., 2012).
124 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 33. Correlação mostrada pelo 1H x 1H-COSY de H-29 com H-30.
A análise do espectro bidimensional a duas (2J) e três ligações (3J) de
correlação heteronuclear 1H x 13C-HMBC (Figura 50, p.134) e as expansões (Figura
51; Figura 52, p.135, Figura 53, Figura 54, p.136) reforçaram a proposição estrutural
de Tg-02. Foram observadas correlações à longa distância do hidrogênio em δH 3,15
(H-3) com os carbonos das metilas em δC 27,93 (C-23), 15,35 (C-24) e com o
carbono metilênico δC 38,63 (C-1) por correlação 3J como mostrado na Figura 34,
p.125.
Os sinais δ 0,93 (H-23) e 0,72 (H-24) referentes as metilas localizadas em C-4
correlacionam com o sinal do carbono carbinólico em δC 78,90 δ (C-3) com 2J. O
sinal de hidrogênio δH 0,65 (H-5) mostrou acoplamento a duas ligações com os
carbonos δC 18,25 (C-6) e 37,02 (C-10) e a três ligações com δC 38,63 (C-1). No
espectro foi possível observar apenas uma correlação a duas ligações para o sinal
em δH 1,35 (H-6) com o carbono δC 55,20 (C-5). Essas correlações permitiram
sugerir a seguinte estrutura para os anéis A e B do triterpeno:
20
C29
30
Ha
Hß
H
H
H
125 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 34. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas ao carbono
oximetínico.
37,02
38,63
18,25OH
H
HH
3,15
1,35
0,65
78,90 55,2
15,3427,93
3J
2J
Os anéis C, D e E podem ser propostos com base nas correlações
observadas entre o sinal δH 2,35 (H-19) com dois sinais de carbonos δ 29,76 (C-21,
2J) e 109,30 (C-29, 3J), um sinal de carbono não hidrogenado δC 150,86 (C-20, 2J),
um sinal de carbono metílico δ 19,02 (C-30, 3J) e com dois sinais de carbonos
metínicos δC 48,20 (C-18, 2J) e 37,95 (C-13, 3J) (Figura 35, p. 126).
O par de prótons olefínicos em δH 4,53 e 4,65 (H-29) apresentou correlação 3J
com os sinais em δC 47,90 (C-19) e 19,02 (C-30). O sinal em δH 1,65 da metila
ligada à dupla terminal correlacionou com o sinal δC 47,90 (C-19) e 109,30 (C-29) a
três ligações e com o carbono δC 150,86 (C-20) a duas ligações como mostrado na
Figura 35, p.126. As correlações dos sinais das metilas possibilitou confirmar a
localização dos hidrogênios metílicos na molécula, dados mostrados na Tabela 12,
p.126.
126 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 35. Correlações mostradas pelo 1H x 13C-HMBC próximas a dupla terminal.
Tabela 12. Dados obtidos do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H
x 13C-HMBC (125 MHZ, CDCl3) de Tg-02.
HMBC
Posição δH δC 2J C-H 3J C-H
3 3,15 78,90 - 27,93 / 15,35/ 38,63
5 0,65 (d, 1H) 55,20 18,25 / 37,02 38,63
6 1,35 (m) 18,25 55,20 -
19 2,35 (st) 47,90 29,76 / 150,86 / 19,02 109,30 / 37,95 / 48,20
23 0,93 (s, 3H) 27,93 78,90 -
24 0,72 (s, 3H) 15,34 78,90 -
25 0,79 (s, 3H) 16,06 55,20 / 50,33 -
26 0,99 (s, 3H) 15,90 34,19 / 50,33 -
27 0,91 (s, 3H) 14,48 27,29 / 40,60 -
28 0,75 (s, 3H) 17,94 35,50 47,90
29 4,65 ; 4,53 109,30 - 47,90 / 19,02
30 1,65 (s, 3H) 19,02 150,86 47,90 / 109,30
37,95
48,2
29,76
150,86
109,3
19,02 H
H
H
HH
HH
H
47,9
2,351,65
4,53
4,65
37,95
48,2
29,76
150,86
109,3
19,02
HH
HH
H
47,9
2,351,65
4,53
4,65
3J
2J
127 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Os dados espectroscópicos somados aos dados da literatura (CURSINO et
al., 2009; GOIS, 2010) confirmam a determinação estrutural da substância Tg-02
como sendo o Lupeol (Figura 36, p.127) de fórmula molecular (C30H50O), isolada
pela primeira vez em uma espécie do gênero Triplaris. Segundo a literatura foi
reportado apenas nas espécies Coccoloba excoriata, Rumex nepalensis, Ruprechtia
triflora da família Polygonaceae (DAN; DAN, 1986; SHARMA; RANGASWAMI;
SHARMA, 1978; WOLDEMICHAEL et al., 2003).
Figura 36. Estrutura do Lupeol.
10
5
1
4
2
3
8
7
9
6
14
12
1117
16
18
15
22
2119
20
29
30
OH
25 26
27
28
23 24
13
128 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 37. Espectro de RMN de 1H de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz).
Figura 38. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 0,60 a 1,75 ppm (CDCl3, 500 MHz).
10
5
1
4
2
3
8
7
9
6
13
14
12
1117
16
18
15
22
2119
20
29
30
OH
25 26
27
28
23 24
129 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 39. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 1,75 a 2,50 ppm (CDCl3, 500 MHz).
Figura 40. Espectro de expansão RMN de 1H de Tg-02, região 3,1 a 4,7 ppm (CDCl3, 500 MHz)
130 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 41. Espectro de RMN de C13 - DEPT Q de Tg-02 (CDCl3, 125 MHz).
Figura 42. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da região 12 a 45 ppm (CDCl3, 125 MHz).
131 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
z
Figura 43. Espectro de expansão de RMN de C13-DEPT Q de Tg-02, expansão da região 45 a 155 ppm (CDCl3, 125 MHz).
Figura 44. Espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3).
δ3,15
δ78,9
δ4,65 e 4,53
δ109,3
132 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 45. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)
região 0,7 a 1,7 1H e 13 a 23 13C.
Figura 46. Expansão do espectro de correlação 1H x 13C-HSQC de Tg-02 (CDCl3)
região 0,5 a 2,0 1H e 10 a 60 13C.
133 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 47. Espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz). Figura 48. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz) região 1H 0,4 a 2,5 ppm.
134 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 49. Expansão do espectro de correlação 1H x 1H- COSY de Tg-02 (CDCl3, 500 MHz) região 1H 0,5 a 5,0 ppm. Figura 50. Espectro de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02 (CDCl3).
135 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 51. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02,
expansão da região 0,5 a 1,8 1H e 10 a 65 13C (CDCl3).
Figura 52. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região
0,58 a 1,06 1H e 15 a 60 13C (CDCl3).
136 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 53. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 2,2 a 4,8 1H e 10 a 60 13C (CDCl3). Figura 54. Espectro de expansão de correlação 1H x 13C-HMBC de Tg-02, região 0,4
a 2,7 1H e 70 a 160 13C (CDCl3).
137 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
5.7.1 Considerações sobre o Lupeol
O Lupeol também conhecido como Fagarsterol é um triterpeno pentacíclico
biologicamente importante. É encontrado em vegetais como repolho branco,
pimenta, pepino, tomate, em frutas, tais como azeite, figo, manga, morango, uvas
vermelhas e em plantas medicinais como ginseng americano. Tem sido reportado
por possui várias atividades farmacológicas, in vitro e sob condições in vivo. São
várias evidências de estudos pré-clínicos publicados sobre o papel do Lupeol em
processos inflamatórios e cancerígenos. São relatados enormes esforços de
pesquisadores no estudo dessa surpreendente molécula para seu uso clínico no
tratamento de várias doenças (SALEEM, 2009).
Dentre as diversas atividades do Lupeol destaca-se potencial anti-inflamatório
e anticancerígeno, além de possui efeito antiviral, antituberculoso, citotóxico, ainda
atividade contra artrite, diabetes, doenças do coração, toxicidade renal, toxicidade
hepática e em doses terapêuticas eficazes exibe nenhuma toxicidade para células
normais e tecidos (SALEEM, 2009; SANTOS, 2010; NASSER et al., 2013).
No mercado há pomadas, cujo um dos constituintes é o lupeol (2%), betulina
(80%), ácido betulínico (3%), ácido oleanólico (1%) e eritrodiol (1%), das quais são
indicadas no tratamento de queratose actínica, uma lesão de pele causada pelo sol,
nelas os triterpenos pentacíclicos são considerados substâncias responsáveis pela
atividade (SILVA; DUARTE; VIEIRA FILHO, 2014).
5.8 Doseamento da quercetina por CLAE-DAD
Utilizando-se do composto isolado (Tg-01), identificado como um padrão
analítico para T. gardneriana, e com o auxilio da técnica CLAE-DAD a quercetina foi
quantificada no extrato e frações utilizando a curva padrão da mesma (Figura 55,
p.138).
138 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 55. Curva analítica padrão da quercetina em metanol em 370 nm.
A curva analítica (Figura 55, p.138) apresentou um valor de R2 satisfatório
(R2= 0,99846), estando de acordo com o que preconiza a Resolução nº 899, de 29
de maio de 2003 (BRASIL-ANVISA, 2003), no qual diz que o critério mínimo
aceitável do coeficiente de correlação (r) deve ser = 0,99.
O cromatograma padrão obtido apresentou o pico da quercetina em 33
minutos (± 0,2 min), com espectro de absorção na região do UV (Figura 56, p.138)
apresentando bandas em 257 (Banda II) e 370 nm (Banda I), características de
flavonóis com a hidroxila do C3 livre. Como já foi mencionado essas bandas de
absorção é graças ao sistema benzoil e cinamoil da estrutura do flavonoide (Figura
26, p.109) (PIEKARSKI, 2013; SALDANHA, 2013).
Figura 56. Cromatograma e espectro UV (CLAE–DAD) em 370 da quercetina.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
33,13067
Inte
nsid
ad
e (
mA
U)
Tempo (min)
Quercetina
250 300 350 400 450 500 550 600
-0,005
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
370 nm
Ab
so
rbâ
ncia
(m
AU
)
Comprimento de onda (nm)
257 nm
0 10 20 30 40
0
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000Á
rea
Concentração ( g/mL)
y = ax + b a = 122599 b = 100760 R2= 0,99846
139 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
A partir dos resultados obtidos por CLAE-DAD foi verificada a presença de
quercetina em Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH comparando-se com o
tempo de retenção (33 minutos) e espectro de absorção no UV (Figura 56, p.138) do
padrão. A Figura 57, p.140 exibe os cromatogramas das amostras analisadas para
quantificação da quercetina isolada de Tg-AcOEt.
A quantidade de quercetina no extrato e frações foi expressa em mg de
quercetina por grama de extrato seco (Tabela 13, p.139). Os dados mostram que a
Tg-AcOEt, da qual foi isolada Tg-01 apresentou maior teor de quercetina com 9,967±
1,014 mg/g de extrato seco, seguido de Tg-EEB com 0,908 ± 0,012 mg/g. A
quercetina foi também detectada na fração Tg-CHCl3, mas seu nível de quercetina
está abaixo dos limites de quantificação por meio da CLAE-DAD.
Os parâmetros cromatógraficos foram monitorados durante todas as análises,
estando de acordo com o preconizado pela farmacopeia americana (USP 37 – NF
32, 2014).
Tabela 13. Teor de quercetina em extrato e frações das folhas de T. gardneriana
determinado por CLAE-DAD.
Amostras
Quercetina
(mg/g de extrato seco)
Tempo de retenção
(min)
Tg-EEB 0,908 ± 0,012 33,11± 0,002
Tg-CHCl3 tr 33,11± 0,016
Tg-AcOEt 9,967 ± 1,014 33,01± 0,009
Tg-MeOH 0,189± 0,007 33.10± 0,013
*Resultados expressos em mg de quercetina / g de extrato seco. tr= Traços.
140 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 57. Cromatogramas obtidos do extrato e frações das folhas de T.gardneriana
em 370 nm.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Inte
nsid
ad
e (
mA
U)
Tempo (min)
Tg-Hex
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
Quercetina
Inte
nsid
ad
e (
mA
U)
Tempo (min)
Tg-EEB
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Quercetina
Inte
nsid
ad
e (
mA
U)
Tempo (min)
Tg-CHCl3
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-20000
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
Quercetina
Inte
nsid
ad
e (
mA
U)
Tempo (min)
Tg-AcOet
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Quercetina
Inte
nsid
ad
e (
mA
U)
Tempo (min)
Tg-MeOH
141 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
A performance do sistema cromatográfico escolhido foi avaliada de acordo
com os parâmetros: fator de capacidade, resolução entre os picos, fator de
assimetria e número de pratos. O valor da resolução média da quercetina nos
extratos foi de 6,70 (± 1,8) sendo superiores a 2,00, indicando separação eficaz
entre os constituintes. O fator médio de assimetria da quercetina foi de 1,19 (± 0,7)
apresentando, portanto, valores inferiores a 1,5, descrito na literatura como aceitável
para amostras de interesse, bem como o número de pratos teóricos médio foi
5828,60 (± 1589) (USP 37 – NF 32, 2014).
Em outros trabalhos, Walker e colaboradores (2009) investigaram o teor de
quercetina por CLAE-DAD nas folhas de Mirabilis jalapa onde encontraram o valor
de 2,852 μg/mL. A espécie é reportada por possuir atividade antimicrobiana e
antioxidante. Em outro estudo, Gil e colaboradores (2005) dosearam a quercetina
(45,7 g/mL) em folhas de Byrsonima orbygniana, na qual possui atividade
antioxidante. Borgo e colaboradores (2010) também quantificaram a quercetina (167
μg/g) em partes aéreas de Baccharis articulata também portadora de atividade
antioxidante. Ambos doseamentos da quercetina como marcador analítico nas
espécies acima podem está relacionados com suas respectivas atividades
farmacológicas, sendo promisor para uma possível utilização na terapêutica, assim
como a espécie em estudo.
A importância do trabalho realizado em descrever a presença e a viabilidade
de quantificação de uma substância química de referência (quercetina) para as
folhas de T. gardneriana está em consonância com o preconizado para garantia da
qualidade de produtos obtidos com essa planta. Possibilitando assim, o
desenvolvimento de produtos farmacêuticos já que a espécie possui atividades tais
como estimulante da musculatura lisa, toxicidade, moluscicida, antibacteriana,
antioxidante e anticolinesterásica (SOUZA; ROUQUAYROL, 1974; BARROS et al,
1970; FARIAS et al., 2013).
142 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
5.9 Estudo metabolômico por CLAE-IES-EM
O levantamento bibliográfico de espécies do gênero Triplaris mostra a
predominância de flavonóis, sugere a presença desses compostos na espécie em
estudo. Desse modo, foi realizada a análise metabolômica de Tg-EEB, Tg-CHCl3,
Tg-AcOEt e Tg-MeOH através da técnica hifenada cromatografia liquida de alta
eficiência acoplada a detector de arranjo de diodos (DAD) e espectro de massas
com fonte de ionização por electrospray, no qual permitiu neste estudo identificar a
presença de quatro flavonóis codificados como Tg-03, Tg-04, Tg-05 e Tg-06
presente no extrato etanólico bruto e frações de T. gardneriana.
As análises de IES-EM foram realizadas em modo positivo e negativo, porém,
só foram interpretados os espectros obtidos em modo positivo e os adutos formados
foram predominantemente na forma [M+Na]+. Isto justifica-se pois a análise de
flavonoides é realizada mais frequentemente no modo positivo que produz menos
fragmentos, uma vez que, o modo negativo é considerado de difícil interpretação e
altas energias de colisão são necessárias para gerar uma fragmentação adequada e
algumas vezes, íons diagnósticos na determinação estrutural estão ausentes (RIJKE
et al., 2006; CUYCKENS; CLAEYS, 2004).
A predominância do íon aduto [M+Na]+ em ambos os espectros (Figura 58,
p.143) pode ser explicado pela alta energia aplicada no cone, pois à medida que
aumenta a energia do cone, a forma mais estável predomina, nesse caso o íon
observado [M+Na]+. Essa alteração na formação dos íons de acordo com a energia
utilizada no cone foi demonstrada por Souza (2008).
Os perfis cromatográficos dos flavonoides identificados estão representados
na Figura 58, p.143. Os compostos identificados em cada amostra com seus
respectivos tempos de retenção estão exibidos na Tabela 14, p.144. A semelhança
nos tempos de retenção possibilita à afirmação que as substâncias identificadas
sejam as mesmas. As substâncias identificadas são relatadas pela primeira vez na
espécie e no gênero.
143 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 58. Cromatogramas obtidos por CLAE-DAD de A) Tg-EEB; B) Tg-CHCl3; C)
Tg-AcOEt; D) Tg-MeOH.
144 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 14. Tempos de retenção em modo positivo dos compostos identificados de
T. gardneriana.
*TR= Tempo de retenção
A análise por ESI-EM mostrou que as informações dos espectros de massas
de alguns constituintes presentes no extrato etanólico bruto e nas frações
coincidiram com a massa dos flavonóis identificados como derivados da quercetina e
da miricetina, com base na presença do sinal a m/z 303 e m/z 319 das agliconas,
respectivamente. A análise estrutural dos íons individuais nos espectros de massas
foi realizada por comparação com os dados da literatura (SOUZA, 2008).
5.9.1 Proposta de elucidação de Tg-03
O composto Tg-03 foi identificado apenas no extrato Tg-EEB e na fração Tg-
MeOH nos tempos 16,0 e 15,9, respectivamente.
O espectro (Figura 59, p.145) apresentou pico de íon molecular intenso com
m/z 503,1191 referente à massa atômica da substância acrescentada de um aduto
de sódio [M+Na]+ e m/z 481,0225 condizente a adição de um aduto de hidrogênio
[M+H]+ indicando a fórmula molecular C21H21O13 e massa atômica 480 u.m.a.
Compostos
TR
Tg-EEB
TR
Tg-CHCl3
TR
Tg-AcOEt
TR
Tg-MeOH
Tg-03 16,0 - - 15,9
Tg-04 17,6 17,6 17,6 17,5
Tg-05 18,4 - 18,2 18,3
Tg-06 21,6 21,5 - -
145 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 59. Espectro de massas IES-EM registrado em modo positivo para Tg-03.
Uma fragmentação com íon chave de m/z 319 (Y0+) é compatível com a
miricetina, com perda neutra de 162 u.m.a indicando a perda de uma unidade de
hexose. É possível que esta seja referente a glicosídeos como a galactose ou
glucose, já que tem sido comum nos flavonóis glicosilados da família Polygonaceae
(OLIVEIRA, 2007).
Os íons fragmentários com m/z 137 e 153 podem sugerir a quebra interna da
estrutura da aglicona, visto que, esse tipo de fragmentação é típico do mecanismo
de fragmentação retro-Diels-Alder em flavonóis (3-OH) gerando íons com m/z 153
típico com anel-A dihidroxilado e m/z 137 corresponde à fragmentação típica do
anel-B trihidroxilado (MA et al.,1997). Porém em análises de primeira ordem (ESI-
EM) não é comum esse tipo de fragmentação, sendo comuns apenas fragmentos,
dos quais a aglicona sai completa com a eliminação da molécula do açúcar.
Os fragmentos anteriores m/z 137 e 153 sem adição da massa do açúcar
permitiu propor que a molécula de açúcar está ligada no anel C na posição 3.
Geralmente substituintes de açúcar ligados a um grupo hidroxila da aglicona, estão
localizado na posição 3 ou 7, entretanto substituinte localizado na posição 3 de
flavonois é mais facilmente perdido do que na posição 7 (RIJKE et al., 2006;
CUYCKENS et al., 2005; CUYCKENS; CLAEYS, 2004).
Os íons de sódio adutores são muitas vezes detectados em espectros de
massas de primeira ordem obtidos com ESI no modo positivo. Os metais alcalinos
são mais facilmente formado por flavonoides substituídos na posição 3, ou seja,
146 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
flavonóis 3-O-glicosídeos, o que ainda pode confirmar a posição do açucar
(CUYCKENS; CLAEYS, 2004).
Em outro estudo em Tandem-EM os íons sodiados formados produziram
principalmente fragmentos contendo apenas a porção carboidrato e referentes à
aglicona na forma regular e radicalar (SOUZA, 2008). O fragmento m/z 121 pode ser
explicado por uma clivagem comum na unidade hexose (CUYCKENS; CLAEYS,
2004).
Dessa forma, foi possível referir ao composto como miricetina-hexosídeo
(Figura 60, p.146), uma vez que, não foi possível confirmar a unidade glicosídica
apenas com a análise em primeira ordem ESI-EM. No entanto, para confirmação
inequívoca desta estrutura seria necessária sua purificação e análises por outros
métodos de identificação. A Figura 61, p.147 esquematiza a proposta de
fragmentação de Tg-03 observada no espectro de ESI-EM.
Figura 60. Miricetina-hexosídeo, proposto para Tg-03.
O
OOH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OHOH
OH
147 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 61. Proposta de fragmentação para Tg-03.
O
OOH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OHOH
OH
O
OH+
OH
OH
O
OH
OH
O
OHOH
OHOH
OH
[M+H]+ m/z 481
O
O+
OH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OHOH
OH
Na
[M+Na]+ m/z 503
O
OH+
OH
OH
OH
OH
OH
OH
O
OH+
OH
OH
O
OH
OH
OOH
OH
OH
m/z 433
O
OH2
+
OH
OHOH
O
OH+
OH
OH
CH+
OH
O
OH
m/z 137
m/z 153
Na+
H+
480 (C21H20O13)
CH3O2.
m/z 163
m/z 319 (Y0)
y0
m/z 121
O
OH
OH2
+
OH
O
OH+
OH
OH
O
m/z 181
148 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
5.9.2 Proposta de elucidação de Tg-04
O pico correspondente ao composto Tg-04 foi detectado aos 17,6 minutos em
Tg-EEB, no mesmo tempo em Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e 17,5 minutos na fração Tg-
MeOH. O composto Tg-04 foi analisado segundo o seu tempo de retenção, padrão
de fragmentação e comparação com as informações disponível na literatura.
O espectro de massas de alta resolução de Tg-04 ionizado por electrospray
forneceu dois picos indicativos de massa molecular: m/z 465,2342 [M+H]+ e m/z
487,0785 [M+Na]+ (Figura 62, p.148). Dessa forma, ao eliminar os valores de massa
atômica do aduto protonado, foi possível chegar à fórmula molecular C21H20O12
referente a 464 u.m.a.
Figura 62. Espectro de massas IES-EM registrado em modo positivo para Tg-04.
A fragmentação apresentou a quercetina como aglicona, com fragmento
protonado de m/z 303 (Y0+) e sodiado de m/z 325. A eliminação do anel B resultou
no pico fragmentário m/z 181 permitindo traçar a substituição do açúcar no anel C. O
pico do íon molecular m/z 465 menos a massa da aglicona m/z 303 resulta na perda
neutra de uma hexose (162 u.m.a).
A formação do fragmento de m/z 185 sodiado e 163 confirmam a unidade de
hexose, que pode ser glucose ou galactose. Desse modo, o composto foi
identificado como quercetina-hexosídeo (Figura 63, p.149) sendo coerente com a
estrutura do hiperosídeo ou da isoquercitrina, ambos já relatados em espécies da
149 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
família Polygonaceae (OLIVEIRA, 2007). A Figura 64, p.150 esboça a proposta de
fragmentação de Tg-04 observada no espectro de ESI-EM.
Figura 63. Quercetina-hexosídeo, proposto para Tg-04.
O
OOH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
150 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 64. Proposta de fragmentação para Tg-04.
5.9.3 Proposta de elucidação de Tg-05
O composto Tg-05 foi detectado nos cromatogramas de Tg-EEB, Tg-AcOEt,
Tg-MeOH com tempos de retenção iguais a 18,4; 18,2 e 18,3 minutos,
respectivamente.
O EM do composto Tg-05 apresentou pico de íon molecular igual a m/z
457,0865 referente a massa atômica do composto acrescentada de um aduto de
sódio [M+Na]+ e m/z 435,0876 condizente a adição de um aduto de hidrogênio
[M+H]+ (Figura 65, p.151). O espectro mostrou um fragmento m/z 303 (Y0+) e m/z
Na+
H+
O
OOH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
464 (C21H20O12)
O
O+OH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
Na
O
OH+
OH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
[M+H]+ m/z 465
O
OH+
OH
OH
OH
OH
OH
O
OHOH
OH
OHO
OH2
+OH
OH
OH
O
OH+
OH
OH
O
Y0
Na+
m/z 181
m/z 163
m/z 185
m/z 303
151 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
sodiado 325 menos a perda neutra de uma pentose 132 u.m.a condizente com a
aglicona quercetina na sua composição.
Figura 65. Espectro de massa IES-EM registrado em modo positivo para Tg-05.
Os fragmentos sodiado e não sodiado, respectivamente, de m/z 155 e 133
confirmam que uma pentose está ligada à aglicona. O resíduo de açúcar pode ser
constituído por um arabinose ou xilose, ambos já relatados na família Polygonaceae.
No entanto, a pentose arabinose é que aparece na maioria dos casos nas estruturas
de flavonóis reportados na família (OLIVEIRA, 2007), o que leva a supor que seja
ela a unidade glicosídica ligada na aglicona. No entanto, por não ter certeza, sugere-
se o flavonoide quercetina-pentosídeo (Figura 66) de massa 434 u.m.a e fórmula
molecular C20H18O11. A Figura 67, p.152 exibe a proposta de fragmentação do
composto.
Figura 66. Quercetina-pentosídeo, proposto para Tg-05.
O
OH
OH
OH
O
OO
OH
OH
OH
OH
152 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 67. Proposta de fragmentação para Tg-05.
5.9.4 Proposta de elucidação de Tg-06
O pico correspondente ao composto Tg-06 foi detectado apenas no extrato
Tg-EEB aos 21,6 minutos e 21,5 minutos na Tg-CHCl3.
O espectro de massas (Figura 68, p. 153) apresentou pico de íon molecular
igual a m/z 617,1405 referente à massa atômica da substância acrescentada de um
aduto de sódio [M+Na]+ e m/z 595,1278 condizente com a adição de um aduto de
hidrogênio [M+H]+ coincidindo com a quercetina-ramnobiosídeo (Figura 69, p.153)
com fórmula molecular C27H30O15 e massa atômica 594 u.m.a.
O
OH
OH
OH
O
OO
OH
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
O+
O
OH
Na
O
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
O+
OH
OH
Na
O
OH
OH
OH
OH+
O
OH
O
OH
OH
OH
[M+H]+ m/z 435
m/z 325
O
OH
OH
OH
OH+
OH
OH
m/z 303 (Y0)
[M+Na]+
m/z 457 434 (C20H18O11)
Na+
H+
O
OH2+
OH
OH
m/z 133
O
OH
OH
OH
m/z 155
Y0
Na+
153 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
O
O
OH
OH
O O
O
OH
OHCH3
O
OH
OH
OH
CH3
OH
OH
Figura 68. Espectro de massas IES-EM registrado em modo positivo para Tg-06.
O fragmento de m/z 303 (Y0+) é consistente com a aglicona quercetina com
perda neutra de 292 u.m.a que corresponde a duas ramnoses ligadas. Foi
demonstrado através da fragmentação dos íons sodiados m/z 617 um pequeno
fragmento de m/z 315, compatível com o dissacarídeo Rha-Rha, que está ligado à
quercetina. O fragmento m/z 449 e 471 sodiado compatível com a quercetina menos
uma unidade de ramnose. O pico m/z 169 sodiado e não sodiado 147 correspondem
a uma unidade de ramnose.
Os picos m/z 169 e 147, correspondentes a uma unidade de ramnose no
composto Tg-06, pode também ser uma unidade coumaroil, porém não existe
nenhum registro deste grupo acila em flavonóis isolados na família (OLIVEIRA,
2007). Portanto, sugere-se que o flavonoide é uma quercetina-ramnobiosídeo
(Figura 69, p. 153). A Figura 70, p.154 esquematiza a proposta de fragmentação do
composto.
Figura 69. Quercetina-ramnobiosídeo, proposto para Tg-06.
154 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 70. Proposta de fragmentação para Tg-06.
Na+
H+
O
O
OH
OH
OO
O
OH
OH
CH3
O
OH
OH
OH
CH3
OH
OH
O
O+
OH
OH
OO
O
OH
OH
CH3
O
OH
OH
OH
CH3
OH
OHH
[M+H]+ m/z 595
O
O+
OH
OH
OO
O
OH
OH
CH3
O
OH
OH
OH
CH3
OH
OHNa
[M+Na]+
m/z 617
O
OH+
OH
OH
OH
OH
OH
m/z 303 (Y0)
O
OH+
OH
OH
O O
OH
OH
OHCH3
OH
OH
m/z 449
O
O+
OH
OH
OO
OH
OH
OH
CH3OH
OHNa
m/z 471
m/z 169
O
O
OH
OH
O OOH2
+
OHCH3
OH
OH Na
m/z 455
594 (C27H30O15)
m/z 315
O
OOH
OH
CH3
O
OHOH
OH
CH3
CH+
O
OH
OH
OH
CH3
m/z 147
O
OH
OH
OH
CH3
Na+
Na+
OH-
Y0
O
O
OH
OH
CH3
O
OHOH
OH
CH3
155 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
5.10 Composição química dos óleos fixos
Com a quantidade de pó das folhas e sementes utilizados na extração, o
rendimento dos óleos fixos obtidos foi de 1,5 % e 0,8 %, respectivamente. O óleo
das folhas apresentou uma coloração verde e o óleo das sementes amarela.
O produto obtido da transesterificação dos triglicerídeos presentes nas folhas
e sementes apresentou na análise por CG-EM um cromatograma de íons totais
mostrados na Figura 71, p.155 no qual se observa a presença de 38 picos no
cromatograma das folhas e 15 picos no cromatograma das sementes, cuja
comparação dos espectros correspondentes com os da biblioteca do aparelho
permitiu identificar 21 constituintes do óleo das folhas e 14 do óleo das sementes .
A Tabela 15, p.156 expõe os tempos de retenção (min) e a área total do pico (%) de
cada um dos ésteres graxos metilados que foram identificados.
Figura 71. Cromatogramas obtidos do CG-EM dos óleos fixos das (A) folhas e (B)
sementes de T. gardneriana.
A
B
156 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 15. Constituintes químicos identificados nos óleos fixos das folhas e
sementes de T. gardneriana.
Compostos TR Total Compostos TR Total
(Folhas) (min) (%) (Sementes) (min) (%)
Undecano 7.176 0,3 Palmitato de metila
(C16:0) 37.379 10,98
Laurato de metila (12:0) 22.882 0,89 Ácido palmítico
(C16:0) 38.590 1,74
Miristato de metila (14:0) 30.426 1,05 Linoleato de metila
(C18:2) 42.620 8,57
Neofitadieno 34.371 0,39 Octadec-10-enoato de
metila (C18:1) 42.921 45,53
Palmitato de metila
(C16:0) 37.410 15,14
Estearato de metila
(C18:0) 43.707 4,66
Ácido palmitico (C16:0) 38.531 0,44 cis- Ácido vacênico
(C18:1) 44.185 15,57
Linoleato de metila
(C18:2) 42.610 1,59
9,11-octadecadienoato
de metila (C18:2) 44.484 0,81
Oleato de metila (C18:1) 42.895 14,35 Ácido esteárico
(C18:0) 48.816 1,45
Octadec-13-enoato de
metila (C18:1) 43.032 0,87
Eicosenoic-11-anoato
de metila (C20:1) 48.729 0,62
Estearato de metila
(C18:0) 43.724 4,35
Eicosanoato de metila
(C20:0) 49.527 1,57
cis- Ácido vacênico
(C18:1) 44.001 0,26
Behenato de metila
(C22:0) 54.910 0,99
9,11-octadecadienoato
de metila (C18:2) 44.486 1,7
Lignocerato de metila
(C24:0) 59.906 1,86
Behenato de metila
(C22:0) 54.912 0,54
Cerotato de metila
(C26:0) 64.559 0,53
Lignocerato de metila
(C24:0) 59.915 1,3 β-Sistosterol 72.245 4,54
Esqualeno 61.761 1,87
157 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tetratetracontano 63.893 0,63
Cerotato de metila
(C26:0) 64.571 1,05
Octacosanoato de metila
(28:0) 68.935 0,61
β-Sitosterol 72.216 6,8
β - friedelanol 76.339 6,1
Melissato de metila
(30:0) 77.565 1,3
Não identificado - 38,47 0,58
Identificado - 61,53 99,42
* TR= Tempo de retenção.
A composição química do óleo fixo das folhas apresentou-se mais
diversificado, com mais constituintes em relação ao óleo das sementes. Além dos
ácidos graxos, hidrocarbonetos, esteroide e um triterpeno estão presentes como
exibidos na Tabela 15, p.156.
Comparando a composição química dos óleos fixos, nota-se que oito ácidos
graxos esterificados estão presentes nos dois óleos igualmente, sendo eles
Palmitato de metila, ácido palmitico, linoleato de metila, estearato de metila, 9,11-
octadecadienoato de metila, behenato de metila, cerotato de metila, lignocerato de
metila e o esteroide β-sitosterol. Verificou-se que 71,1 % dos ésteres metílicos
identificados no óleo das sementes são derivados de ácidos graxos insaturados.
Enquanto que o teor de ácidos graxos insaturados no óleo das folhas foi bem inferior
com apenas 18,77 %.
Os constituintes majoritários do óleo das folhas foram palmitato de metila
(15,14%), oleato de metila (14,35%), o esteroide β-sitosterol (6,80) e o β –
friedelanol (6,10%). Os compostos majoritários do óleo das sementes foram octadec-
10-enoato de metila (45,53%), cis-ácido vacênico (15,57%), palmitato de metila
(10,98%), linoleato de metila (8,57%) e β-sitosterol (4,54%). Verifica-se que o
palmitato de metila e o β-sitosterol aparecem majoritariamente nos dois óleos. Ainda
verifica-se que o componente em maior quantidade no óleo das folhas é o ácido
graxo saturado palmitato de metila diferente do componente principal do óleo das
sementes que é o ácido graxo insaturado octadec-10-enoato de metila.
158 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Considerando os tempos de eluição dos dois óleos fixos na Tabela 15 de
acordo com o composto eluído, mostra que o tamanho da cadeia graxa exerce maior
influência na ordem de eluição do que o número de insaturações na cadeia principal
do composto, ou seja, quanto menor a cadeia, menor o tempo de retenção no
cromatógrafo dos ésteres metílicos. Os espectros de massas (Figura 72 e 73, p.158;
p.159) e o perfil de fragmentação (Figura 74, p.159, Figura 75, p.160) do palmitato
de metila e do octadec-10-enoato de metila estão expostos a seguir.
Figura 72. A) Espectro de massa do composto palmitato de metila (15,14%)
presente majoritariamente no óleo das folhas. B) Espectro de massa obtido da
biblioteca WILEY7 e NIST08.
A
B
159 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 73. A) Espectro de massa do composto majoritário octadec-10-enoato de
metila (45,53%) presente no óleo das sementes. B) Espectro de massa obtido da
biblioteca NIST08.
Figura 74. Perfil de fragmentação do composto palmitato de metila.
A
B
O
O
m/z 270
CH2
+
m/z 43
CH+
m/z 41
CH2
+
m/z 57
CH2
+
O
O
m/z 87
CH2
+
O
O
m/z 143
CH2
+O
O
m/z 227
CH2
+
O
O
m/z 73
CH4
CH2
O+
O
H
m/z 74
(Rearranjo de McLafferty)
160 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figura 75. Perfil de fragmentação do composto octadec-10-enoato de metila.
Em relação aos espectros de massas analisados dos ácidos graxos
derivatizados a ésteres metílicos, a análise sequencial dos espectros mostrou além
do pico do íon molecular de baixa intensidade ocorrido em todos os espectros
(Figura 72, p.158 Figura 73, p.159), outras características típicas de compostos
graxos tais como: picos mais intensos para fragmentos de baixa massa molecular e
sequência de fragmentação sendo caracterizada por aglomerados de picos
afastados um dos outros por 14 unidades de massa (CH2).
Como observado no perfil de fragmentação (Figura 75, p.160) do palmitato de
metila ocorre um rearranjo do tipo McLafferty no grupo carbonílico que origina um
fragmento característico desses compostos, sendo o pico do íon molecular, visto que
é um fragmento estável (SIMOES et al., 2010).
O óleo fixo de T. gardneriana é uma complexa mistura de importantes ácidos
graxos em sua composição. Os ésteres derivados de ácidos graxos majoritários o
palmitato de metila e o 10-octadecenoato de metila do óleo das folhas e sementes,
respectivamente corroboram com o estudo descrito na literatura das substâncias
identificadas no óleo essencial dos frutos (CARNEIRO; CITO; PESSOA, 2010).
O
Om/z 296
CH2
+O
O
m/z 73
CH+
m/z 97
CH2
+
m/z 43
CH+
m/z 55
OCH2
+
Om/z 266
CH+
m/z 41
CH+
m/z 83CH2
+O
O m/z 87
C+
O
m/z 265
161 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
De acordo com as análises, é notável a diferença na composição química
entre os óleos fixos, visto que o óleo das folhas apresentou-se mais variado, sendo
que a concentração dos ácidos graxos saturados foi superior aos insaturados. Ao
contrário do óleo das sementes que apresentou 71,1% de ácidos graxos
insaturados.
Há vários fatores que podem influenciar na constituição química dos óleos, e
entre eles, podemos citar a diferença no teor de substâncias em diferentes partes da
planta durante as fases de seu desenvolvimento e também pode estar relacionada a
questões sazonais, visto que, a fonte vegetal utilizada em cada experimento foi
adquirida em tempos e lugares diferentes (SOUZA et al., 2006).
O sitosterol presente nos dois óleos é um esteroide muito comum, sendo
encontrado em várias espécies de plantas. Essa classe de substância apresenta
móleculas biologicamente ativas atuando no sistema de defesa da planta (NAZIFI et
al., 2008). Esteroides são estruturas lipídicas presentes nas membranas de muitas
células eucarióticas. O que os caracterizam é o núcleo esteroidal presente na sua
estrutura, composto por quatro anéis fundidos, sendo 3 anéis de 6 carbonos e um
com 5 átomos de carbono (NELSON; COX, 2011). Por exemplo, o stigmasterol tem
sido relatado para prevenir câncer de ovário, próstata e do cólo do útero, além de
propriedades antioxidantes, hipoglicêmica e inibidor da tireoide (FALEYE, 2012).
É importante destacar também a presença do hidrocarboneto esqualeno no
óleo fixo das folhas, esse constituinte é considerado um precursor biossintético de
triterpenos via melavolato e esteroides (SIMOES et al., 2010). O que pode justificar a
presença do esteroide sitosterol nos dois óleos e o triterteno fridelanol (6,1%) no
óleo das folhas. O fridelanol é reportado por possuir pronunciadas atividades
antitumorais, antiúlceras gástricas, antimicrobiana, antimalárica e anti-inflamatória
(GUIMARÃES, 2006).
Os óleos fixos são produtos importantes, usados com fins farmacológicos,
industriais e nutricionais. Com isso, a referida pesquisa se justifica pela descrição da
composição química dos óleos. A diferença de tamanho, grau e posição da
insaturação na molécula lhes confere propriedades físicas, químicas e nutricionais
diferentes. Dentre os diversos ácidos graxos presentes no plasma, são
particularmente importantes, os ácidos graxos poli-insaturados (FAVACHO, 2009).
Por exemplo, o ácido oleico, um dos constituintes do óleo fixo das folhas é um
ácido graxo insaturado de cadeia longa possuindo 18 carbonos na sua estrutura. É
162 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
conhecido como ômega 9 essencial, no qual participa do metabolismo na síntese
dos hormônios. A ingestão de ácidos graxos poli ou monoinsaturados tem sido
associada à redução do risco de doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão e
aterosclerose (FAVACHO, 2009).
O ácido linoleico é um dos principais componentes dos dois óleos analisados.
Pertence à família dos ácidos poli-insaturados, apresenta 18 carbonos com duas
duplas ligações (C18:2). É considerado um ômega 6, no qual é essencial para
funções celulares normais, e agem como precursores da síntese dos ácidos
araquidônicos, que participam de várias funções celulares tal como síntese de
eicosanoides como as prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Estes possuem
capacidade de modificar reações inflamatórias e imunológicas (NELSON; COX,
2011).
Dentre essas características, o ácido oleico e linoleico ainda tem a
capacidade de reduzir os níveis de colesterol no sangue. A ingestão desses ácidos
graxos é fundamental, já que o ácido linoleico não pode ser sintetizado pelo corpo
humano (ERDOGAN et al., 2014).
O 10-octadecenoato de metila, composto majoritário do óleo das sementes, é
um isômero trans do ácido oleico um dos compostos principais do óleo das folhas,
diferenciando-se apenas na posição da dupla ligação. A ocorrência de insaturação
na configuração trans torna as propriedades físicas deste composto semelhante a
dos ácidos graxos saturados, pois promove um aumento na linearidade da cadeia
carbônica favorecendo a ocorrência de interações intermoleculares (MILINSK,
2007).
Portanto, a classe de ácidos graxos presentes nos óleos fixos de T.
gardneriana exercem funções fisiológicas importantes para o nosso organismo, e
devido suas estruturas químicas características, esses compostos tem sido alvos de
interesse para laboratórios farmacêuticos e alimentícios.
5.10.1 Atividade antioxidante dos óleos fixos
Os óleos fixos das folhas e sementes analisados pelo método do DPPH∙ e do
β-caroteno exibiram valores negativos comparados com os padrões utilizados na
atividade antioxidante, o que indica que os mesmos não apresentaram atividade em
163 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
nenhum dos métodos testados. Assim, não foi possível calcular a CE50 através do
programa GraphPad Prism®.
Em relação ao resultado negativo da atividade antioxidante, pode ser
justificado, já que constituintes lipofílicos não são tão bons antioxidantes quanto os
compostos fenólicos, visto que, essas estruturas não possuem prótons tão
disponíveis. Ainda, a presença do ácido linoleico nos dois óleos fixos, em maior
concentração no óleo das sementes, pode ter ocasionado à oxidação do β-caroteno,
já que radicais livres formados durante a peroxidação do ácido linoleico oxidam o β-
caroteno (ALVES et al., 2010).
Como observado na Tabela 16, p.163, o ácido ascórbico teve melhor
atividade antioxidante no DPPH. (AA 93,39%) e no β-caroteno (AA 8,50%), isto pode
ser explicado por que ele age melhor em sistema hidrofílicos do que lipofílicos, pois
o radical ascorbila não interfere na reação no sistema do DPPH (BARREIROS;
DAVID; DAVID, 2006; DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).
Tabela 16. Atividade antioxidante dos óleos fixos das folhas e sementes de T.
gardneriana.
Óleos fixos /Padrões DPPH
(% AA)
β-caroteno
(%AA)
OF -12,37 ± 12,59 -1,39 ± 1,38
OS -101,19 ± 16,78 -0,14 ± 2,09
Ácido ascórbico 93,39 ± 0,88 8,50 ± 0,75
BHA 67,63 ± 8,41 19,15 ± 8,63
BHT 73,56 ± 1,83 25,14 ± 15,0
*Os valores são apresentados como média ± SD (n = 3). %AA= porcentagem de atividade
antioxidante; OF= óleo fixo das folhas; OS=óleo fixo das sementes.
164 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
5.10.2 Atividade antibacteriana dos óleos fixos
De acordo com os resultados da atividade antibacteriana (Tabela 17, p.164)
os óleos fixos das folhas e sementes apresentaram a mesma atividade contra as
bactérias Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus
aureus resistente a meticillina (1.562,50 µg/mL). O óleo fixo das folhas foi eficaz
contra Enterococcus faecalis (781,35 µg/mL) e mostrou fraca inibição contra
Salmonella entérica (3.125,00 µg/mL) e o óleo fixo das sementes exibiu inibição
moderada contra Enterococcus faecalis e Klebsiella pneumoniae (781,35 µg/mL).
Tabela 17. Atividade antibacteriana do óleo fixo das folhas e sementes de T.
gardneriana.
Bactérias
Óleo Fixo
Folhas
Óleo fixo
Sementes
Staphylococcus aureus 1.562,50 1.562,50
Staphylococcus epidermidis 1.562,50 1.562,50
Enterococcus faecalis 781,35 781,35
Escherichia coli - -
Klebsiella pneumoniae - 781,35
Salmonella enterica 3.125,00 -
Staphylococcus aureus resistente
meticillina (MRSA) 1.562,50 1.562,50
*Valores de CBM em µg/mL.
Conforme a classificação com base nos resultados de CBM (ALIGIANIS et al.,
2001), considera-se inibição moderada – CBM entre 600 e 1.500 μg/mL e como
fraca inibição - CBM acima de 1.600 μg/mL. Sendo assim, ambos os óleos exibiram
inibição moderada contra Enterococcus faecalis. Entretanto, a bactéria Gram-
negativa Escherichia coli não foi sensível aos óleos fixos. Isto pode ser explicado,
porque sua parede celular encontra-se protegida por uma camada de
lipopolissacarídeos tornando-se resistente (GOULD, 2009).
165 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
CONCLUSÕES OH
166 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
6. CONCLUSÕES
A triagem fitoquímica qualitativa de T. gardneriana apresentou reação positiva
para derivados antracênicos, cumarinas, flavonoides, taninos, naftoquinonas,
triterpenos, esteroides, mono e diterpenos, revelando forte presença para terpenos.
A determinação do teor de fenóis e flavonoides totais mostrou que T.
gardneriana é uma espécie rica em constituintes fenólicos, principalmente
flavonoides, com uma concentração maior dessas substâncias nas frações mais
polares, sendo detectados os maiores valores em Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH.
No teste da atividade antioxidante, usando o modelo do sequestro do radical
DPPH•, Tg-EEB, Tg-AcOEt e Tg-MeOH exibiram excelente atividade no sequestro
do DPPH• com menores valores de CE50. No método do β-caroteno Tg-EEB também
apresentou melhor atividade (67,62 ± 2,48%) seguida de Tg-CHCl3 (54,74± 1,28%).
O estudo da atividade fotoprotetora demostrou que Tg-EEB, as frações Tg-
CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH de T. gardneriana apresentaram perfil de absorção
espectrofotométrica dentro da faixa da região UVC e UVB. Tg-CHCl3 e Tg-AcOEt
também absorveram na região do UVA. Todas as amostras exibiram FPS superiores
a 6,0 na concentração de 100 mg/L, exceto a fração hexânica. Os valores de FPS
nessa concentração foram de 7,410± 0,132; 12,794± 0,163; 11,280± 0,127 e
11,891± 0,291 para Tg-EEB, Tg-CHCl3, Tg-AcOEt e Tg-MeOH, respectivamente,
resultando em valores de FPS significativos comparado aos oferecidos pelos
produtos disponíveis no mercado farmacêutico.
Na atividade antibacteriana de T. gardneriana, foi verificado que Tg-EEB e Tg-
AcOEt apresentaram melhor atividade promovendo inibição da maioria das cepas.
As amostras apresentaram uma forte inibição contras as cepas B.cereus, S. flexneri
e S. aureus, E. coli, S. choleraesuis, S. marcescens e MRSA nas concentrações
195,3 a 390,6 µg/mL.
Diante das análises feitas in vitro de T. gardneriana foi possível observar que
a espécie é muito interessante do ponto de visto farmacológico, visto seu bom
potencial frente à atividade antioxidante, fotoprotetora e antibacteriana. Os teores de
fenóis e flavonoides podem está relacionado com tais atividades. Permitindo, ainda,
estudos subsequentes para avaliação de possíveis atividades anti-inflamatória,
analgésica, citotóxica, espasmoslítica, entre outras desta espécie.
167 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
O estudo fitoquímico das frações acetato de etila e clorofórmica obtidas do
extrato etanólico bruto das folhas de T. gardneriana resultou no isolamento e
identificação do flavonol quercetina e o triterpeno lupeol, respectivamente. Através
da técnica IES-EM foi possível identificar a presença de quatro flavonóis: miricetina-
hexosídeo, quercetina-hexosídeo, quercetina-pentosídeo e quercetina-
ramnobiosídeo.
A partir da técnica CLAE-DAD a quercetina, identificada como um padrão
analítico para T. gardneriana, foi quantificada no extrato e frações utilizando a curva
padrão da mesma. A amostra Tg-AcOEt, da qual foi isolada apresentou maior teor
de quercetina com 9,967 ± 1,014 mg/g de extrato seco, seguido de Tg-EEB com
0,908 ± 0,012 mg/g. A espécie em estudo é uma ótima alternativa como produtora
desse metabólito secundário.
Os constituintes majoritários do óleo fixo das folhas foram o palmitato de
metila (15,14%), oleato de metila (14,35%), o esteroide β-sitosterol (6,80%) e o β–
friedelanol (6,10%) e o do óleo fixo das sementes foram o octadec-10-enoato de
metila (45,53%), cis-ácido vacênico (15,57%), palmitato de metila (10,98%), linoleato
de metila (8,57%) e β-sitosterol (4,54%).
Os óleos fixos das folhas e sementes analisados pelo método do DPPH• e do
β-caroteno não apresentaram atividade antioxidante em nenhum dos métodos
testados. No entanto, ambos os óleos apresentaram atividade antibacteriana com
inibição de fraca a moderada contra S. aureus, S. epidermidis, S. aureus resistente a
meticillina, E. faecalis, K. pneumoniae e S. enterica.
Diante disso, o estudo químico das folhas de Triplaris gardneriana foi de
grande relevância para o conhecimento do perfil químico da espécie, uma vez que,
pode-se correlacionar com o bom potencial farmacológico in vitro apresentado pela
espécie, sendo, portanto, um estudo inédito, no qual contribui também para o
conhecimento quimiotaxonômico do gênero Triplaris e da família Polygonaceae.
168 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
REFERÊNCIAS
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
169 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
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185 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
APÊNDICE OH
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gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
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gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
TRIAGEM FITOQUÍMICA E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE Triplaris gardneriana
WEDD. (POLYGONACEAE)
Sandra Kelle Souza Macedo1, Ana Paula de Oliveira1, Amanda Leite Guimaraes1,
Geórgia Suelen Bezerra¹, Tamires dos Santos Almeida1,, Diogo Gallo de Almeida2,
Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida3, Xirley Nunes Pereira3
1Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais, Universidade Federal do Vale do
São Francisco, 56.304-205, Petrolina, Pernambuco, Brasil
2Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD), 56.300- 000, Petrolina, Pernambuco, Brasil
3 Colegiado Farmácia, Campus Petrolina, BR 407 Km 08 Jardim São Paulo – Petrolina - PE CEP 56314-520
Introdução A espécie Triplaris gardneriana Wedd. conhecida popularmente no nordeste
como, “pajéu” pertence à família Polygonaceae (FRANÇA et al.,2007). Ocorre de forma natural na Caatinga e região do Pantanal Matogrossense. No Semiárido é considerada uma das espécies características de vegetação ciliar do Rio São Francisco. Empregada na medicina popular para tratar hemorroidas sangrentas e o cozimento da casca ou da raiz no tratamento da blenorragia e leucorreia. É recomendado também para tosse e bronquite. No entanto, com essa vasta importância da espécie não foram identificados na literatura estudos sobre a fitoquímica e a avaliação antioxidante da planta. Desse modo, objetiva-se realizar a triagem fitoquímica bem como avaliar a atividade antioxidante (AA) in vitro do extrato e das fases obtidas por partição.
Materiais e Métodos
Análise fitoquímica qualitativa
O extrato bruto (EtOH) e fases das folhas foram avaliados em placas de
camada fina de gel de sílica 60, aplicada com uma micropipeta e eluída em
diferentes sistemas de solventes, como descrito por Wagner e Bladt (1996) e Matos
(2009) buscando destacar os principais grupos de metabólitos secundários.
Sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH)
A atividade sequestradora de radicais livres foi feito segundo o método de
Mensor et al. (2001) utilizando o 2,2-difenil -1- picrylhydrazil ( DPPH ). Amostras de
soluções estoque (1,0 mg/mL) de extratos foram diluídos até às concentrações finais
191 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
de 243, 81, 27, 9, 3 e 1 mg / mL,
em etanol. Um mL de uma solução de etanol DPPH 50 µg/mL foi adicionado a 2,5
mL de amostras de soluções de diferentes concentrações, e deixou-se reagir à
temperatura ambiente. Após 30 min, os valores de absorbância foram medidas a
518 nm e convertida em porcentagem da atividade antioxidante (AA), utilizando a
seguinte fórmula: % de AA = [( absorbância do controle - absorbância da
amostra)/absorbância do controle] x 100. Etanol (1,0 mL) com soluções dos extratos
(2,5 mL) foram utilizados como branco. Solução de DPPH (1,0 mL) com etanol (2,5
mL) foi usado como um controle negativo. Os controles positivos (ácido ascórbico,
BHA e BHT) foram aqueles utilizados como soluções-padrão. Os ensaios foram
realizados em triplicata. Os valores de CE50 foram calculados por regressão linear
utilizando pelo programa GraphPad Prism 5.0.
Inibição da auto oxidação do β-caroteno/ácido linoleico
O método de branqueamento β-caroteno é baseada na perda de cor amarela
do β-caroteno, devido à sua reação com os radicais formados pela oxidação do
ácido linoleico por uma emulsão. A taxa de branqueamento do β-caroteno pode ser
desacelerada, na presença de antioxidantes. β-caroteno (2 mg) foi dissolvido em 10
mL de clorofórmio e 2 mL desta solução, em seguida o ácido linoleico (40 mg) e
Tween 40 (400 mg) foram adicionados. O clorofórmio foi evaporado sob vácuo a 40 °
C e 100 mL de água destilada foi adicionada, em seguida, a emulsão foi agitada
vigorosamente durante dois minutos. Os compostos de referência (ácido ascórbico,
BHA e BHT) e extratos de amostra foram preparadas em etanol. A emulsão (3,0 mL)
foi adicionada a um tubo contendo 0,12 mL de soluções de 1 mg / mL de compostos
de referência e os extratos de amostra. A absorbância foi medida imediatamente a
470 nm e a emulsão de teste foi incubado num banho de água a 50 °C durante 120
min, quando a absorbância foi medida novamente. O ácido ascórbico, BHA e BHT
foram utilizados como controle positivo. No controle negativo, os extratos foram
substituídos com um volume igual de etanol. A atividade antioxidante (%) foi
avaliada em termos de branqueamento do β-caroteno utilizando a seguinte fórmula:
% Atividade Antioxidante = [1 - (A0 - At) / (A00 – At
0)] x 100, onde A0 é absorbância
inicial e At é a absorbância final medida para a amostra de teste, A00 é a absorção
inicial e At0 representa a absorbância final medida para o controle negativo (em
branco). Os resultados são expressos como porcentagem de atividade antioxidante
(% AA). Os testes foram realizados em triplicatas.
Resultados e Discussão Na triagem fitoquímica preliminar, o extrato e as fases apresentaram reação
positiva para derivados antrocênicos, cumarinas, flavonoides, naftoquinonas,
triterpenos, esteroides, mono e diterpenos, revelando forte presença para triterpenos
e esteroides, como mostrado na Tabela 1.
192 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Tabela 1- Caracterização fitoquímica do extrato e fases das folhas de Triplaris
gardneriana.
Classes metabólitos
EtOH Hexano CHCl3 AcOEt MeOH
Alcaloides - - - - -
Derivados antrocênicos
+ + ++ +++ +
Cumarinas - - - + -
Flavonoides + + ++ + +++
Taninos - - - - -
Nafitoquinonas - +++ ++ + -
Triterpenos e esteroides
+ +++ +++ +++ +
Mono e diterpenos ++ +++ ++ ++ -
Saponinas - - - - -
* (-) Não detectado; (+) baixa presença, (+ +) presença moderada; (+ + +) forte presença.
Os resultados da avaliação da atividade antioxidante estão apresentados na
Tabela 2.
Tabela 2- Atividade antioxidante dos extratos e fases das folhas de Triplaris
gardneriana.
Extratos/Fases/Padrão
DPPH
(CE50, µg/mL)
β-caroteno
(%AA)
EtOH 2,27± 0,19 67,62± 2,48
Hexano 32,91± 0,76 48,90± 1,12
CHCl3 50,35± 10,27 54,74± 1,28
AcOEt 5,42± 0,84 45,04± 1,12
MeOH 3,35± 0,15 47,64± 2,59
Àcido ascórbico 3,21± 0,30 -7,83± 2,58
193 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
BHA 3,05± 0,40 70,68± 0,55
BHT 5,38± 0,11 69,96± 3,07
* CE50 é definido como a concentração suficiente para obter 50% de efeito máximo
estimado em 100%. Os valores são apresentados como média ± DP (n = 3).
De acordo com os resultados apresentados na tabela 2 todas as amostras
exibiram atividade antioxidante. Porém, os dados mostraram que o extrato bruto
(EtOH) e a fase metanólica (MeOH) exibiram excelente atividade no sequestro do
DPPH com menor valor CE50 (2,27± 0,19 µg/mL e 3,35 ± 0,15), respectivamente. O
extrato (EtOH) apresentou melhor atividade antioxidante do que os padrões
utilizados. Em alguns casos, os extratos com uma forte atividade antir radicalar são
abundantes em flavonoides ou compostos fenólicos (Pietta, 2000). No metódo do β-
caroteno o extrato (EtOH) apresentou melhor atividade (67,62± 2,48) seguido da
fase clorofórmica (CHCl3).
Conclusões O estudo mostrou que o extrato etanólico bruto de Triplaris gardneriana
possui uma atividade antioxidante significante em ensaios in vitro. A atividade
apresentada pode está relacionada com a presença de fenólicos, como flavonoides
detectados na triagem preliminar.
Referências WAGNER, H. BLADT, S. Plant drug analysis: a thin layer chromatography atlas, B. Heidelberg: Springer Verlag., New York, p. 384, 1996.
MATOS, F.J.A. Introdução à fitoquímica experimental. Edições UFC, 3. ed.; Fortaleza, 2009.
Mensor, L.L., Menezes, F.S., Leitao, G,G, Reis A.S., dos Santos TC, Coube CS,. Phytother Res.,15(2), p.127-30, 2001.
Pietta, P.G. J Nat Prod., 63,p.1035-42, 2000.
194 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
195 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Área Temática: Química de produtos naturais.
Atividade bactericida de extratos e fases de Triplaris gardneriana Wedd.
(Polygonaceae)
Macêdo. S.K.S.1, Libório, R.C.1, Silva, N.D.S.1, Bezerra, G.S.1, Costa, M. M.1, Nunes, X.P.1 1Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, UNIVASF.
Introdução: Triplaris gardneriana Wedd. conhecida popularmente no nordeste como “pajéu”
e pertencente à família Polygonaceae, ocorre apenas na Caatinga e Pantanal. Havendo a
necessidade de isolar e identificar novos compostos com atividade antimicrobiana para
substituir os antibióticos existentes, os quais microorganismos apresentam-se resistentes, e
também por não existir estudos com extrato etanólico bruto (EEB) e fases das folhas de T.
gardneriana realizou-se a investigação desta atividade na espécie.
Parte Experimental: A investigação da atividade antibacteriana foi realizada pelo método
de microdilução baseado no protocolo do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI).
Foram testadas as seguintes cepas da American Type Culture Collection (ATCC): Bacillus
cereus (11778), Enterococcus faecalis (19433), Escherichia coli (25922), Klebsiella
pneumoniae (ATCC), Salmonela enterica (10708), Serratia marcescens (13880), Shigella
flexneri (12022), Staphylococcus aureus (25923) e Staphylococcus aureus resistente à
meticilina (MRSA). Obteve-se para cada extrato/fases soluções diluídas nas concentrações
finais: 12.500; 6.250; 3.125; 1.562,5; 781,2; 390,6; 195,3 e 97,6 µg/mL. Os ensaios foram
realizados em triplicata.
Resultados e Discussão: O EEB e a fase de acetato de etila mostraram-se igualmente
ativos contra cepas de Bacillus cereus, Shigella flexneri e Staphylococcus aureus nas
concentrações 195,3; 195,3 e 390,6 µg/mL, respectivamente. A fase acetato de etila ainda
se mostrou ativa contra as cepas Salmonella choleraesuis e Serratia marcescens e,
conforme a classificação para extratos vegetais com base nos resultados de Concentração
Bactericida Mínima (CBM), considera-se forte inibição - CBM até 500 μg/mL. O EEB foi
eficaz contra MRSA e Escherichia coli. As cepas que obtiveram resultados frente à fase
clorofórmica foram Enterococcus faecalis e Shigella flexneri. A fase metanólica apresentou
atividade contra as cepas Escherichia coli, Staphylococcus aureus e MRSA, mostrou
inibição moderada com valores 781,2 μg/mL. Já a hexânica apresentou atividade apenas
para Shigella flexneri. De todas as cepas testadas, a bactéria gram negativa Klebisiella
pneumoniae foi a única resistente a todas as amostras.
Conclusão: O extrato etanólico bruto e a fase acetato de etila foram os que apresentaram melhor atividade antibacteriana, promovendo inibição da maioria das cepas. Estudos fitoquímicos estão sendo realizados para isolar os constituintes químicos responsáveis pela atividade dos extratos.
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gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
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gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
POTENCIAL FOTOPROTETOR E ANTIRADICALAR DE TRIPLARIS
GARDNERIANA WEDD. (POLYGONACEAE)
1Macêdo, S.K.S., 1Ferraz,C.A.A., 1Oliveira,A.P., 1Bezerra,G,S., 2Anjos,V,H,A., 1Almeida,
J.R.G.S., 1Nunes, X.P.
1Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, UNIVASF. 2Coordenação de Química,
IF SERTÃO-Petrolina/PE.
Introdução
O excesso de radicais livres produzidos na pele após a exposição à radiação UV
pode ser combatido por antioxidantes produzidos pelo corpo ou absorvidos da dieta
(Quim. Nova. 29:113, 2006), por isso a busca por substâncias antioxidantes é tão
promissora hoje em dia. Comprovada a capacidade de absorver a radiação solar e
antioxidante de substâncias naturais pode-se intensificar a proteção final do produto
empregado em formulações associadas aos filtros UV (Rev. Ciênc. Farm. Básica
Apl. 34:69, 2013).
Objetivo
Avaliar o potencial fotoprotetor e antioxidante dos extratos da folha de Triplaris
gardnerian WEDD.
Métodos
As folhas foram coletadas no município de Santa Maria da Boa Vista,
Pernambuco em julho de 2013. Depois secas, pulverizadas e maceradas em etanol
para obtenção do extrato etanólico bruto. Em seguida, fracionado em hexano,
clorofórmio, acetato de etila e metanol para obter os extratos. A atividade
antioxidante foi feito segundo o método de Mensor e colaboradores (Phytother. Res.
15:127, 2001) utilizando o 2,2-difenil -1- picrylhydrazil (DPPH) e como padrões o
ácido ascórbico, BHA e BHT nas concentrações de 1, 3, 9, 27, 81 e 243 µg/mL. Os
valores de CE50 foram calculados por regressão linear utilizando o programa
GraphPad Prism 5.0. A determinação da atividade fotoprotetora dos extratos foi
realizada de acordo com a metodologia utilizada por Violante et al. (Braz. J.
Pharmacogn. 19:452, 2009), nas concentrações de 5, 25, 50 e 100 mg/L.
Posteriormente, foi realizada a leitura espectrofotométrica em comprimentos de onda
198 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
entre 260-400 nm. O cálculo do FPS foi obtido de acordo com a equação
desenvolvido por Mansur et al. (An Bras. Dermatol. 61:121, 1986). Os ensaios foram
realizados em triplicata e calculados a média e o erro padrão dos valores.
Resultados
Os dados mostraram que o extrato etanólico bruto (EEB), fase acetato de etila
e a fase metanólica exibiram excelente atividade antioxidante no sequestro do DPPH
com menor valor CE50 (2,27± 0,19; 5,42± 0,84 e 3,35± 0,15 µg/mL),
respectivamente. Porém, o EEB apresentou melhor atividade antioxidante do que os
padrões utilizados.
O extrato bruto, as fases clorofórmica, acetato de etila e metanólica
apresentaram perfil de absorção espectrofotométrica dentro da faixa da região UVC
(100-290 nm). A fase clorofórmica e acetato de etila absorveram na região do UVA
(320- 400 nm), mas a clorofórmica mostrou-se mais eficaz. Todas as amostras,
exceto a fase hexânica exibiram FPS maiores que 6,0 na concentração 100 mg/L.
Nesta, os valores de FPS de 7,4± 0,13; 12,8± 0,16; 11,3± 0,12 e 11,9± 0,29 para
EEB, fase clorofórmica, fase acetato de etila e fase metanólica, respectivamente.
Conclusão
Todas as amostras, exceto a fase hexânica exibiram efeito fotoprotetor. Essa
boa fotoproteção pode ser explicada pelo extraordinário potencial antioxidante que
os extratos exibiram. Portanto, a espécie vegetal testada, em condições
padronizadas, pode ser considerada como um ótimo fotoprotetor, pois de acordo
com a legislação brasileira RDC Nº 30 de 1º de junho de 2012 (Brasil, 2012), um
produto adequado para utilização em cosméticos para fotoproteger deve apresentar
um FPS igual ou superior a 6.
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gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
200 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Identification of flavonol glycosides and in vitro photoprotective and
antioxidant activities of Triplaris gardneriana Wedd
Sandra Kelle Souza Macêdo1, Tamires dos Santos Almeida2, Christiane Adrielly A. Ferraz2,
Ana Paula de Oliveira1, Victor Hugo Almeida dos Anjos3, José Alves Siqueira Filho4, Edigênia
Cavalcante da Cruz Araújo1, Jackson Roberto Guedes S.Almeida1, Xirley Pereira Nunes1*
1Departament of Graduate Natural Resources in Semi-Arid,
2Departament of Pharmaceutical
Sciences, Federal University of San Francisco Valley, campus Center, 56304-205, Petrolina, Pernambuco, Brazil.
3Coordination Chemistry, Federal Institute of Education, Science and Technology of Sertão
Pernambucano, campus Petrolina, 56314-520, Pernambuco, Brazil.
4Centro Reference for Recovery of Degraded Areas of Caatinga (CRAD), Federal University of San
Francisco Valley, campus Agricultural Sciences, 56300-000, Petrolina, Pernambuco, Brazil.
.
*For correspondence:Email:[email protected]; Tel: (87) 2101-6862
Abstract:
Triplaris gardneriana belongs to the family Polygonaceae, known for producing a number of
biologically important molecules. The present study was aimed at identifying and quantify its
total flavonoid content and determining the antioxidant and photoprotective potential of the
plant’s leaves. The flavonoids present in the extract and fractions were analyzed using LC-
MS. The antioxidant activity was evaluated using DPPH free radical scavenging assay and
autoxidation of β-carotene. The absorbance of the extracts was measured at different
concentrations between 260-400-nm wavelengths. Calculation of Sun Protection Factor
(SPF) was determined using the formula developed by Mansur. The total flavonoid content
was determined by the method developed by Dewanto. In the study, the following four
flavonols were identified: quercetin-hexoside (2a), quercetin-pentoside (2b), quercetin-
ramnobioside (2c) and myricetin-hexoside (2d). The crude ethanol extract, ethyl acetate, and
methanol fractions showed higher flavonoid content and also exhibited excellent antioxidant
and photoprotective activity. The SPF values were best observed for the crude ethanol
extract and for the chloroform, ethyl acetate and methanol fractions. The good antioxidant
and photoprotective potential can be attributed to the presence of flavonols identified for the
first time in this species.
Keywords: Triplaris gardneriana, Polygonaceae, antioxidant activity, photoprotective activity,
glycosylated flavonols, LC-MS
201 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
INTRODUCTION
The species Triplaris gardneriana Wedd (Polygonaceae) is popularly known in the
northeast as "Pajeu". It is used in popular medicine to treat bleeding hemorrhoids, coughing
and bronchitis; decoction of the bark or root is used to treat gonorrhea, leucorrhea, and
inflammation of internal organs, as well as to stimulate the uterus of rats and as a
molluscicide (Cartaxo et al., 2010). Recent studies of seed extracts showed antibacterial,
antioxidant, and anticholinesterase activities (Farias et al., 2013). The plants of the family
Polygonaceae are known to produce a number of important secondary metabolites such as
flavonoids. We emphasized the class of flavonols occurring in 25% of the genera of the
family, including Triplaris (Oliveira et al., 2008).
Recently, plants that have antioxidant activity have been of great interest, given the
distinct roles of free radical presence in the body (Alves, 2010). Phenolic compounds such as
flavonoids exhibit intense absorption in the UV region and have antioxidant action (Zuanazzi
and Montanha, 2012). Such intrinsic features of these secondary metabolites allow the
possibility of plant extracts that contain them in their composition to be used for their
photoprotective action. This is owing to their confirmed capacity to absorb solar radiation; as
an antioxidant, they may neutralize free radicals produced in the skin after exposure to
sunlight (Souza et al., 2013).
In recent studies, hyphenated techniques such as LC-MS have been applied in the
metabolomic analysis of plants, as the combination of these two techniques provides a
powerful tool in the analysis of flavonoids in crude extracts by detecting ions produced by
electrospray ionization (ESI) (Boulekbache-Makhlouf et al., 2012).
Considering that in Brazil T. gardneriana presents no chemical and biological studies
in vitro, the present study aimed, through LC-MS, to identify and quantify the total flavonoid
content and determine the antioxidant and photoprotective potential of the extracts and
fractions of the species’ leaves.
MATERIALS AND METHODS
Plant material
The leaves were collected in the city of Santa Maria of Boa Vista in the state of
Pernambuco, Brazil in July 2013, located at 349 m elevation (08° 47'59, 00 S, 039° 50'42, 40
W). Specialist Diogo de Oliveira Gallo confirmed the botanical identity of the plant. A voucher
specimen of the plant was deposited in the Herbarium of the Federal University of San
Francisco Valley (HVASF) under registration number 21221.
202 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Obtaining and fractionation of the crude ethanol extract
The dried and powdered leaves (5000 g) were continuously extracted three times
during a 72-hour period with 95% ethanol at room temperature. The ethanol solution
obtained was filtered, and then the solvent was evaporated with the aid of a rotaevaporator
at reduced pressure with an average temperature of 50 0C, yielding 724 g of crude ethanol
extract after the distillation of the solvent. This was mixed with silica gel 60 (0.04-0.063 mm,
MACHEREY-NAGEL), subjected to a vacuum-liquid chromatography (VLC), and fractionated
with hexane, chloroform, ethyl acetate and methanol (Sigma-Aldrich, USA) to yield the
following four fractions: hexane (9.30 g), chloroform (42.17 g), ethyl acetate (19.29 g) and
methanol (193.48 g).
Determination of Total Flavonoid Content
The determination of total flavonoid content was determined using the methodology
previously described by Dewanto et al. (2002), with adaptations. The absorbance was
measured against the blank at 510 nm using a spectrophotometer (QUIMIS, Brazil) in
comparison with the standard prepared similarly with known concentrations. The results were
expressed as mg of catechin equivalent to a gram of extract/ fractions (mgCE/g) using the
calibration curve of catechin (R²=0.9943). The range of the calibration curve was 50-1000 mg
l-1.
LC-MS analysis
Analyses were performed by the Analytical Center of the Institute of Chemistry,
University of São Paulo, using the apparatus of high-efficiency liquid chromatography
coupled to ion trap mass spectrometer model Esquire 3000 plus Bruker Daltonics, equipped
with electrospray ionization-ESI. The LC system consisted of two LC10AD solvent pumps, a
SLC 10A system controller, a CTO-10AS column oven (Shimadzu, Japan), a 7125 Rheodyne
injector with a 20 ml loop, and an UV detector (SPD 10A, Shimadzu, Japan). The samples
were diluted in methanol (EM Science, USA) in 1 mg.ml-1 concentrations, injected into the
apparatus, and subjected to LC-18 Shimadzu Shim-Pack® column (250 x4.6 mm, Japan).
For elution of the column, solvent A (water: acetic acid 99:1) and solvent B (acetonitrile:
acetic acid 99:1) were used with the following program: 10% B (0 to 5 min), 15% B (50 to 55
min), 20% B (65 to 75 min), 100% B (80 to 85 min), and finally 10% B (up to 90 min). The
flow rate was maintained at 1.0 ml min-1, and the injection volume was 10 µl. In the ESI-MS
analyses, the general conditions were: source temperature of 40°C and capillary voltage of
4.0 Kv in positive mode, data acquisition in MS. The compounds were identified according to
the interpretation of their fragmentation spectra and comparison with literature data.
203 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Determination of antioxidant activity
DPPH free radical scavenging assay
The free radical scavenging activity was measured according to the method
developed by Mensor et al. (2001) with adaptations, using 2,2-diphenyl-1-picryl-hydrazyl
(DPPH∙). Stock solutions of 1.0 mg ml-1 of the extract and fractions were diluted in ethanol to
final concentrations of 243, 81, 27, 9, 3 and 1 µg ml-1. One ml of a 50 μg ml-1 DPPH ethanol
solution was added to 2.5 ml of diluted sample and allowed to react at room temperature.
After 30 min, the absorbance values were measured at 518 nm and converted into
percentage of antioxidant activity (AA) using the following formula: %AA = [(AC - AA) /
AC]*100, where AC is equivalent to absorbance of the control and AA absorbance of the
sample. Ethanol 1.0 ml with extract solution 2.5 ml were used as a blank. DPPH solution 1.0
mL with ethanol 2.5 ml was used as negative controls. The positive controls were the
ascorbic acid, butylhydroxyanisole and butylhydroxytoluene. The effective concentration
(EC50) values were calculated by linear regression using the GraphPad Prism® 5.0 program.
Inhibition of auto oxidation of β-carotene
The ability of the extracts to prevent the oxidation of β-carotene was evaluated
according to the methodology described by Wannes et al. (2010). The β-carotene 2 mg was
dissolved in 10 ml of chloroform, linoleic acid 40 mg and Tween 40 (400 mg) were added to 2
ml of this solution. The chloroform was evaporated under vacuum at 40 °C and 100 ml of
distilled water was added; afterwards, the emulsion was vigorously shaken for two minutes.
The standard compounds (ascorbic acid, butylhydroxyanisole and butylhydroxytoluene) and
extracts were diluted in ethanol. The 3.0 ml emulsion was added to a tube containing 0.12 ml
of the standard solutions and 1.0 mg ml-1 of the extracts. Absorbance was measured
immediately at 470 nm and the samples were incubated in a water bath at 50 °C for 120 min,
when absorbance was measured again. In the negative control, extracts were replaced with
an equal volume of ethanol. The antioxidant activity (%AA) was evaluated in terms of
bleaching of β-carotene using the following formula: %AA = [1 - (A0 - At) / (A00 – At
0)]*100,
where A0 is the initial absorbance and At is the measured absorbance for the final sample.
A00 is the initial absorption and At
0 is the final absorbance measured for the negative control.
Results are expressed as percentage of antioxidant activity (%AA).
Determination of in vitro Sun Protection Factor (SPF) and the maximum
absorption wavelength
Determining the wavelength of maximum absorption of the extract and fractions was
performed by diluting these in absolute ethanol according to the method described by
Violante et al. (2009) to yield concentrations of 5, 25, 50 and 100 mg l-1. Subsequently, the
204 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
reading was performed in a UV-VIS spectrophotometer (QUIMIS, Brazil) at wavelengths
between 260 and 400 nm, with intervals of 5 nm. Readings were taken using a quartz cell of
1.0 cm optical path and ethanol was used as a blank. Calculation of SPF was determined
using the equation developed by Mansour et al (1986):
SPF= CF. 290∑ 320. EE (λ). I(λ). abs (λ)
Where EE (λ) equals erythematogenic effect of radiation of wavelength; I (λ) Intensity
of solar radiation at a wavelength; Abs (λ) Spectrophotometric determination of the
absorbance of the solution in wavelength; CF Correction factor (= 10). The values of EE (λ).
I(λ) are constants.
Statistical analysis
Data obtained in triplicate experiments were analyzed statistically using the
GraphPad Prism® version 5.0 and expressed as mean ± SD. Differences were considered
significant when P <0.05.
RESULTS
LC-MS analysis
The LC-MS-coupled technique used in this study allowed for the identification of the
presence of flavonols in the crude ethanol extract and fractions of T. gardneriana. This
technique was used to characterize the presence of compounds with the antioxidant and
photoprotective potential presented in this study.
The ESI-MS analyses were performed in positive mode, and adducts formed were
predominantly as [M+Na]+. Analysis through ESI-MS showed that the information of the mass
spectra of some constituents present in the crude ethanol extract and fractions coincided
with the mass identified as the flavonol derivatives quercetin and myricetin, based on the
presence of the signals at m/z 303 and m/z 319 of aglycones, respectively. The following
compounds were identified: (2a) quercetin-hexoside, (2b) quercetin-pentoside, (2c)
quercetin-ramnobioside and (2d) myricetin-hexoside (Figure 2, Table 1). The chromatogram
obtained from the conditions of the HPLC analysis of the crude ethanol extract is shown in
Figure 1.
The peak corresponding to the compound 1 (Figure 2a) was detected in the crude
ethanol extract, ethyl acetate fraction and chloroform in 17.6 minutes and 17.5 minutes in the
methanol fraction. With the compound of m/z 465 [M+H]+ and m/z 487 [M+Na]+, thereby,
eliminating the values of the atomic mass of the protonated adduct, it was possible to get the
molecular formula C21H20O12 referring to 464 amu. The spectrum was presented as quercetin
205 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
aglycone, with protonated fragment m/z 303 (Y0+) and sodiated m/z 325. The formation of the
fragment of m/z 185 sodiated and 163 not sodiated is consistent with a hexose.
The substance 2 was detected in the chromatograms of the crude ethanol extract and
of the ethyl acetate and methanol fractions with retention times equal to 18.4, 18.2, and 18.3
minutes, respectively. The compound of mass m/z 435 [M+H]+ and m/z 457 [M+Na]+ showed
peaks for quercetin m/z 303 (Y0+) and m/z 325 quercetin sodiated after loss of one molecule
of pentose 132 amu. The fragments sodiated and not sodiated m/z 155 and 133 confirm that
a pentose is linked in the aglycone. The peaks allowed us to suggest the flavonoid quercetin-
pentoside (Figure 2b) mass 434 amu and molecular formula C20H18O11.
The peak corresponding to the compound 3 was only detected in the crude ethanol
extract and in the chloroform fraction at 21.6 and 21.5 minutes, respectively. The substance
exhibited molecular ion peak equal to m/z 617, which refers to the atomic mass of the
substance added to a sodium adduct [M+Na]+ and m/z 595 consistent with the hydrogen
adduct [M+H]+, coinciding with quercetin-ramnobioside (Figure 2c) with molecular formula
C27H30O15 and 594 amu. The fragment m/z 303 (Y0+) is consistent with quercetin aglycone
with a neutral loss of 292 amu, which corresponds to two rhamnoses linked. This information
has been confirmed with the fragmentation of the ions sodiated m/z 617, a small fragment of
m/z 315, consistent with the disaccharide Rha-Rha, which is connected to quercetin. The
fragment m/z 449 and 471 sodiated is compatible with quercetin except for a rhamnose unit.
The peak m/z 169 rhamnose sodiated and 147 correspond to one rhamnose unit.
Compound 4 was identified only in the crude ethanol extract and methanol fraction in
16.0 and 15.9 minutes, respectively. The compound showed a molecular ion peak equal to
m/z 503 that refers to the atomic mass of the substance added to a sodium [M+Na]+ and m/z
481 consistent adding a hydrogen [M+H]+, indicating molecular formula C21H21O13 and 480
amu. The spectrum showed a fragmentation of ion m/z 319 (Y0+), being compatible with
myricetin, with neutral loss of 162 amu indicating the loss of a hexose unit, identified as
myricetin-hexoside (Figure 2d).
Figure 3 shows the mass spectra of the flavonols. All substances identified are
reported for the first time in the species Triplaris gardneriana.
Determination of Total Flavonoid Content
The crude ethanol extract and the ethyl acetate and methanol fractions showed the
highest content of total flavonoids 281.35 ± 6.23, 287.14 ± 2.23 and 271.35 ± 1.32,
respectively (Table 2).
Determination of antioxidant activity
206 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
The results of the evaluation of the antioxidant activity are shown in Table 2. Data
showed that the crude ethanol extract, ethyl acetate and methanol fractions exhibited
excellent activity in the scavenging of DPPH∙ with lower EC50 values (2.27 ±0.19, 5.42 ± 0.84
and 3.35 ±0.15 μg ml-1), respectively. The hexane and chloroform fractions showed low
antioxidant activity, with higher EC50 values. In the β-carotene method, the crude ethanol
extract also showed better activity, 67.62 ±2.48%, followed by chloroform fraction,
54.74±1.28% (Table 2).
Photoprotective activity
The crude ethanol extract and the fractions chloroform, ethyl acetate and methanol
showed spectrophotometric absorption profile within the range of UVC region (100-290 nm)
and UVB (290-320 nm). However, only the chloroform and ethyl acetate fractions absorbed
in the UVA region (320-400 nm) had maximum wavelength in this region, emphasizing the
chloroform fraction, which was more efficient to range UVA as well as UVB followed by the
ethyl acetate fraction. The maximum wavelength exhibited by the crude ethanol extract and
fractions is shown in Table 3.
All samples exhibited a higher SPF of 6.0 in a concentration in 100 mg l-1, except for
the hexane fraction. The SPF values at this concentration were 7.410 ± 0.132, 12.794 ±
0.163, 11.280 ± 0.127 and 11.891 ± 0.291 for crude ethanol extract, the chloroform fraction,
ethyl acetate fraction and methanol fraction, respectively. The results of in vitro SPF of crude
ethanol extract and fractions using the methodology proposed by Mansur (1986) are shown
in Table 4.
DISCUSSION
LC-MS analysis
Structural analysis of the individual ions in the mass spectra was performed by
comparison with the literature data (Souza et al., 2008).
In compound 1, the removal of ring B resulted in the fragmented peak m/z 181
allowing profiling the sugar substituent in ring C. Generally, sugar substituents linked to a
hydroxyl group of the aglycone are located at position 3 or 7; however, substituent located at
the 3-position is more easily lost than in position 7 (Cuyckens and Claeys, 2005; Rijke et al.,
2006).
The hexose identified in compound 1 and 4 possibly refers to glycosides as galactose
or glucose, as it has been common in flavonol glycosides in the family Polygonaceae. With
this, the compound 1 was identified as quercetin-hexoside (Figure 2a), consistent with the
structure of isoquercitrin or hyperoside, both already reported in the family; the compound 4
refers to myricetin-hexoside (Figure 2d). In compound 2 (Figure 2b), the sugar residue may
207 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
consist of an arabinose or xylose, both already reported in the family Polygonaceae.
However, the pentose arabinose appears in most cases in the structures of flavonols in the
family, what leads to the supposition that it is the sugar linked in the aglycone. The peaks
m/z 169 and 147 that may correspond to a rhamnose unit in compound 3 (Figure 2c), may
also be a coumaroyl unit, but there is no report of this acyl group in flavonols isolated in the
family. It, therefore, suggests that it is a quercetin-ramnobioside (Oliveira, 2008).
Determination of Total Flavonoid Content
As expected, the compounds of phenolic nature were mainly present in the samples
that have moderate to high polarity as the crude ethanol extract and the ethyl acetate and
methanol fractions (Table 2).
Determination of antioxidant activity
Values of antioxidant activity of the crude ethanol extract, ethyl acetate and methanol
fractions are not statistically different (P < 0.05) from that found for standards. The crude
ethanol extract showed better antioxidant activity than did the standards used. In the β-
carotene method, the values of the hexane, ethyl acetate and methanol fractions were not
significantly different (Table 2).
According to the results shown in Table 2, all samples exhibited antioxidant activity.
These results can be justified by the presence of higher levels of flavonoids in the crude
ethanol extract, methanol and ethyl acetate fractions. Phenolic compounds, particularly
flavonoids, possess ideal structure for the scavenging of radicals, since they are very
reactive as a hydrogen and electron donor (Barreiros et al., 2006). The antioxidant activity
presented by the leaf extract and fractions of T. gardneriana corroborates studies with seed
extract (Farias et al., 2013).
Photoprotective activity
According to RDC Resolution No. 30 (ANVISA, 2012), a product suitable for use in
cosmetics such as sunscreen products should have SPF values of at least 6.0. Therefore, all
samples, except for the hexane fraction, showed photoprotective effect. Such a high level of
photoprotection can be explained by the content of flavonoids present in the samples (Table
2), since, as already mentioned, the presence of these metabolites indicates a potential in
the absorption of UV radiation. Therefore, assays like this are important, since they guide the
selection of plant species with potential sun protection factor in a simple and inexpensive
manner.
208 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
According to the literature, the genus has been little explored from the phytochemical
point of view, previously reporting only the isolation of five flavonol glycosides and gallic acid
from the ethyl acetate fraction of the leaves of T. cumingiana (Hussein et al., 2005) and
phenylpropanoid, one flavonol glycoside and gallic acid on leaves, stems and fruit of T.
americana (Oliveira et al., 2008). The presence of glycosylated flavonols and gallic acid in
both plant species may serve as useful chemotaxonomic markers for the genus. Thus,
glycosylated flavonols identified in this study are in agreement with the data described in
studies of genus and confirm further these chemical markers.
CONCLUSION
In this study, the coupled LC-MS technique has proved to be a powerful tool for the
identification of flavonols, which allowed for the identification of four flavonol glycosides
which are described for the first time in the species. The results obtained from this study
show that the excellent antioxidant and photoprotective activities can be attributed to its
chemical composition rich in flavonols. It also suggests that this species, which is already
widely used in folk medicine, may become a great alternative for use in pharmaceuticals.
Conflict of interests
The author(s) have not declared any conflict of interests.
Acknowledgments
This work was supported by grants from Brazilian agencies CNPq and FACEPE. We also
would like to thank teacher Abilio Borghi for the grammar review of the manuscript.
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Figure 1. Chromatogram HPLC/UV-ESI-MS of the crude ethanol extract of T. gardneriana.
Figure 2. Glycosylated flavonols identified in the crude ethanol extract and fractions of T.
gardneriana.
211 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Figure 3. ESI-MS mass spectrum registered in positive mode: (a) quercetin-hexoside, (b)
quercetin-pentoside, (c) quercetin-ramnobioside and (d) myricetin-hexoside.
212 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Table 1. Retention time and fragmentation in positive mode of the identified compounds of T.
gardneriana.
*EEC= Crude ethanol extract. CHCl3=Chloroform fraction. AcOEt= Ethyl acetate fraction. MeOH=
Methanol fraction. TR= Retention time.
Table 2. Total flavonoids and antioxidant activity of T. gardneriana.
Extract / Fractions / Standards
Flavonoids (mg de ECAT/g)
DPPH (EC50, µg ml-1)
β-Carotene (%AA)
Crude ethanol extract 281.35± 6.23 2.27± 0.19 67.62± 2.48
Hexane fraction n.d 32.91± 0.76 48.90± 1.12
Chloroform fraction 61.88± 3.50 50.35± 10.27 54.74± 1.28
Ethyl acetate fraction 287.14± 2.23 5.42± 0.84 45.04± 1.12
Methanol fraction 271.35± 1.32 3.35± 0.15 47.64± 2.59
Ascorbic acid - 3.21± 0.30 -7.83± 2.58
Butylhydroxyanisole - 3.05± 0.40 70.68± 0.55
Butylhydroxytoluene - 5.38± 0.11 69.96± 3.07
*Values are presented as mean ± SD (n = 3). ECAT= Catechin equivalents. EC50 is defined as
sufficient for 50% maximal effect concentration. (%AA)= percentage of antioxidant activity. n.d.= not
determined.
Compound TR
EEC
TR
CHCl3
TR
AcOEt
TR
MeOH
[M+H]+
(m/z)
[M+Na]+
(m/z)
Fragmentation in positive
mode (MS+)
1 17.6 17.6 17.6 17.5 465 487 303, 181, 185, 163
2 18.4 - 18.2 18.3 435 457 303, 325, 133, 155
3 21.6 21.5 - - 595 617 303, 471, 455, 449,
315, 147, 169
4 16.0 - - 15.9 481 503 319, 163,153
213 MACÊDO, S.K.S. Estudo químico e avaliação da atividade biológica in vitro de Triplaris
gardneriana Wedd. (Polygonaceae)
Table 3. Maximum wavelength and absorption type of crude ethanol extract and fractions of
T. gardneriana.
*UVA (320 to 400 nm), UVB (280 to 320 nm) and UVC (100 to 280 nm). Concentrations of the
analysis were 5, 25, 50 and 100 mg l-1
.
Table 4. Sun Protection Factor (SPF) of crude ethanol extract and fractions of T.
gardneriana.
Concentration (mg l
-1)
Crude ethanol extract
Hexane fraction
Chloroform fraction
Ethyl acetate fraction
Methanol fraction
5 0.700±0.127 0.343±0.031
0.669±0.022 0.775±0.052 0.685±0.069
25 2.042±0.050 0.731±0.020 3.169±0.032 2.937±0.123 2.769±0.049
50 3.734±0.051 1.267±0.053 6.324±0.069 5.608±0.084 5.379±0.145
100 7.410±0.132 2.393±0.084 12.794±0.163 11.280±0.127 11.891±0.291
* Values are presented as mean ± SD (n = 3).
Extract / Fractions λ maximum
(nm)
Absorption
Region
Crude ethanol extract 280 UVC/UVB
Hexane fraction - -
Chloroform fraction 280/330/395 UVA/UVB/UVC
Ethyl acetate fraction 280/370/400 UVA/UVB/UVC
Methanolic fraction 280 UVC/UVB