estudo dos prestadores hospitalares frente Às … · médicos consultados pela pesquisa, 2/3...

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ESTUDO DOS PRESTADORES HOSPITALARES FRENTE ÀS PRÁTICAS DE MICRO-REGULAÇÃO DAS OPERADORAS DE PLANOS DE SÁUDE Maria Alicia D. Ugá (Coordenadora) Sheyla Lemos Lima Margareth Crisóstomo Portela Miguel Murat Vasconcellos Silvia Gerschman Rio de Janeiro, abril de 2007

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ESTUDO DOS PRESTADORES HOSPITALARES FRENTE ÀS PRÁTICAS DE MICRO-REGULAÇÃO DAS

OPERADORAS DE PLANOS DE SÁUDE

Maria Alicia D. Ugá (Coordenadora) Sheyla Lemos Lima

Margareth Crisóstomo Portela Miguel Murat Vasconcellos

Silvia Gerschman

Rio de Janeiro, abril de 2007

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Equipe central de pesquisadores: Maria Alicia D. Ugá (Coordenadora) Sheyla Lemos Lima Margareth Crisóstomo Portela Miguel Murat Vasconcellos Silvia Gerschman Pesquisadores de campo: Valdir Zettel Vanessa Costa e Silva Alda Maria Lacerda da Costa Flávia Helena Freire Vanessa Aparecida Thomaz Simone Cristina da Costa Ferreira Ivone Rodrigues Morallis Cátia Cristina Martins Rejane Christine de Sousa Queiroz

Consultoria estatística: Maurício de Vasconcellos – Amostragem Raulino Sabino da Silva – Banco de dados Secretaria: Ana Paula Lucas Caetano

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ÍNDICE

Pág. Resumo executivo .................................................................................... i Antecedentes .............................................................................................. 8 Objetivos ..................................................................................................... 12 Metodologia ................................................................................................. 13 Resultados .................................................................................................. 17

• Caracterização do hospital ......................................................................... 18

• Estruturas e práticas de qualificação da gestão e monitoramento da qualidade assistencial ................................................................................ 38

• A micro-regulação exercida pelas operadoras sobre os prestadores hospitalares ................................................................................................. 58

• A contratualização ...................................................................................... 69

• Percepção dos dirigentes sobre a relação entre operadoras e hospitais.... 85

• Percepção dos dirigentes sobre a ANS ...................................................... 87

Conclusões e recomendações ...................................................................... 89 Referências bibliográficas ........................................................................... 93

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ESTUDO DOS PRESTADORES HOSPITALARES FRENTE ÀS PRÁTICAS DE

REGULAÇÃO DAS OPERADORAS DE PLANOS DE SÁUDE

RESUMO EXECUTIVO

Esta pesquisa teve por objetivo central conhecer os mecanismos de micro-regulação

praticados pelas operadoras sobre os prestadores de serviços hospitalares, bem como a

forma em que esses mecanismos repercutem sobre as práticas dos hospitais. Ela traz,

também, informações referentes ao parque hospitalar privado que presta serviços às

operadores de planos de saúde no Brasil.

Para isso, foi desenvolvido um trabalho de campo, efetuado por pesquisadores

especificamente treinados, em uma amostra representativa constituída de 74 hospitais,

disseminados no território nacional.

A pesquisa evidencia, em primeiro lugar, que o referido parque hospitalar é

majoritariamente composto de unidades de pequeno porte, sendo quase a metade de

alta complexidade. Verificou-se, ainda que a maior parte desses hospitais privados tem

uma inserção, também, no sistema público, tendo em vista que nada menos que 72,0%

dos mesmos integram a rede de prestadores do SUS.

Chama a atenção, ainda, que a principal operadora concentra mais da metade, em média,

do faturamento de cada hospital, o que denota uma forte concentração na origem das

receitas provenientes da prestação de serviços a operadoras de planos de saúde.

Uma grande parte dos hospitais considerou possuir áreas e ou serviços diferenciados que

lhes conferiam poder competitivo, tendo sido o mais citado o serviço de traumato-

ortopedia. Entretanto, esta diferenciação não se traduziu, em grande parte dos casos,

em algum papel de referência em rede de serviços, tendo em vista que menos da

metade dos hospitais referiu integrar uma rede de prestadores de alguma operadora e

poucos hospitais referiram integrar um conglomerado de negócios.

De forma geral, há uma baixa presença de estruturas e práticas de qualificação da

gestão assistencial, valendo salientar que no subconjunto de hospitais que prestam

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assistência ao SUS essa presença ainda é menor. Por exemplo, serviços ou núcleo de

qualidade, ouvidoria, capacitação de profissionais de assistência e serviços de patologia

clínica e de imagem 24 horas por dia é estatisticamente menor. Dessa forma, o estudo

evidencia que os hospitais privados que integram o SUS tendem a ser aqueles que

menos investem na qualidade assistencial.

O monitoramento de indicadores centra-se preponderantemente na questão da produção,

com destaque para o tempo médio de permanência e taxa de ocupação de leitos,

monitorados pela maioria dos hospitais. Entre os indicadores de resultados da

assistência, são acompanhados mais frequentemente a taxa de infecção hospitalar e a

taxa de mortalidade geral, sendo esta, entretanto, monitorada apenas por 70,7% dos

hospitais. Note-se que a mortalidade por doenças específicas é acompanhada por apenas

254% das unidades hospitalares.

Em relação à presença de práticas de gestão da clínica, destaca-se somente a adoção de

diretrizes clínicas, reportada por 51,6% dos hospitais. Elas tem por objeto principal o

tratamento do infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, assistência ao

parto, diabetes, infecção hospitalar e hipertensão arterial.

Entretanto, essa presença de diretrizes clínicas deve ser relativizada, tendo em vista que é

baixa a avaliação da adesão dos médicos a tais procedimentos, bem como a difusão das

diretrizes entre os pacientes.

Ainda, indicadores mais precisos de qualidade da gestão assistencial mostram a

baixíssima presença de práticas tais como: orientação para reperfusão coronariana no

infarto agudo do miocárdio, acompanhamento de diagnóstico de câncer de mama e

acompanhamento de screening de câncer de colo uterino e de próstata.

A gestão da clínica está claramente concentrada nos hospitais de maior

complexidade assistencial, sejam eles gerais ou especializados, com UTI.

Vale notar que as práticas de qualificação da atenção decorrem fundamentalmente de

iniciativas da direção do hospital ou de grupos médicos, não estando presentes as

operadoras em tais direcionamentos.

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Em suma, é baixíssima –ou quase nula- a micro-regulação que as operadoras de

planos de saúde exercem sobre os hospitais, em termos da qualificação da

assistência. Infelizmente, a atuação destas refere-se fundamentalmente, ao controle

da utilização de serviços, exercido de forma intensa, como mostram os dados

apresentados neste relatório.

É baixo, ainda, o grau de construção de redes assistenciais, tendo em vista que menos

da metade dos prestadores hospitalares referiu pertencer a alguma rede formada por

operadoras.

Portanto, os prestadores hospitalares que prestam serviços a operadoras de planos de

saúde não constituem micro-sistemas de saúde paralelos (ou suplementares) ao SUS;

o que se verifica é a existência de um vasto conjunto de prestadores hospitalares privados,

majoritariamente vinculados ao SUS, que não se sentem pertencentes a rede alguma de

prestadores privados, sendo, entretanto, objeto de forte regulação da utilização de seus

serviços exercida pelas operadoras de planos de saúde.

Isso é confirmado pelos aspectos contemplados nos contratos: as relações contratuais

entre os prestadores hospitalares e operadoras de planos de saúde mostram uma forte

tendência para a formalização dessas relações. Entretanto essas análises são sugestivas de

que se trata de contratos meramente comerciais com pouca ou nenhuma

incorporação de aspectos relativos à qualidade da assistência contratada. Limitam-

se, em sua quase totalidade, a aspectos como definição de valores, de prazos e

procedimentos para pagamento ou unidade de pagamento.

Ainda nessa linha, as operadoras pareceram não preocupar-se com as instalações dos

hospitais que contratam e a qualidade da atenção prestada, pois nas raras visitas para

avaliação, relatadas pelos hospitais, informações como acolhimento, tempo de espera e

direitos do paciente foram pouco privilegiadas e, ainda, quase nunca foi verificada a

existência de Comissões básicas para a boa qualidade assistencial como Ética Médica,

Revisão de Óbitos ou Controle de Infecção Hospitalar.

Por fim, deve ser notada a pouca importância dada a aspectos legais obrigatórios como o

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a Vigilância Sanitária e o Sistema de

Qualificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

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Assim, tendo em vista as observações acima relatadas, sugere-se que:

• As questões relativas à qualidade assistencial do parque de prestadores médico-

hospitalares deveriam ser incorporadas nas pesquisas contínuas realizadas no universo

dos hospitais brasileiros, tais como a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária

(AMS).

• O cumprimento dos aspectos regulamentados por órgãos oficiais, de caráter

obrigatório, tais como o registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde,

a obediência às normas da Vigilância Sanitária e a adequação ao Sistema de

Qualificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar, deveria ser objeto de

contínuo acompanhamento.

• É necessário, ainda, um esforço em termos de homogeneização / padronização das

práticas de gestão da clínica, bem como a difusão desses conceitos e práticas no

campo hospitalar.

• A constituição de redes de prestadores privados, de responsabilidade das operadoras

de planos de saúde, deveria ser incentivada e monitorada, em oposição à prática

meramente competitiva verificada pelos hospitais privados, enquanto agentes

econômicos que são.

• Finalmente, sugere-se que sejam incorporadas nos contratos exigências relacionadas a

aspectos assistenciais (referentes à qualidade da atenção), contemplando condições

estruturais e processos assistenciais, tais como o uso de diretrizes clínicas.

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1. ANTECEDENTES

Os mecanismos de micro-regulação que as operadoras de planos de saúde vêm

exercendo sobre os prestadores de serviços por elas credenciados vêm merecendo

crescente interesse, uma vez que eles resultam, na maior parte das vezes, no

racionamento da utilização de serviços e, assim, limitam o acesso à população

inserida em sistemas de asseguramento privado da saúde.

Esses mecanismos, que no âmbito da experiência internacional consubstanciam os

conhecidos sistemas de “managed care” (ou “atenção gerenciada”), têm sido objeto

de inúmeros estudos nos Estados Unidos, com o intuito de analisar os efeitos desses

mecanismos sobre o gasto em saúde e sobre o acesso, a utilização e a qualidade dos

serviços oferecidos e a satisfação de clientes e de profissionais vinculados a esses

sistemas, como sistematizado em UGÁ et al. (2002).

No que tange especificamente à percepção / satisfação dos prestadores em relação à

regulação introduzida pela atenção gerenciada, existem vários estudos publicados

principalmente nos Estados Unidos. UGÁ et al. (op.cit.) referem que em pesquisa

realizada por BOROWSKY et al. (1997) com médicos de três planos diferentes (dois

planos oferecidos por HMO modelo “rede” e um pelo modelo “staff” ), os autores

encontraram evidências de que determinados fatores ou barreiras - limitações de

acesso a serviços cobertos pelo plano, política de autorização prévia à utilização -

limitam quantitativa e qualitativamente a oferta de serviços e influenciam na

prestação de assistência médica.

Um outro estudo, elaborado por DAVIS & SCHOEN (1998), também realizado com

o intuito de apurar a relação entre a satisfação dos profissionais médicos e a atenção

gerenciada, apontou que a prestação da assistência através das organizações de

atenção gerenciada é considerada de baixa qualidade pelos profissionais: do total de

médicos consultados pela pesquisa, 2/3 relataram que tiveram problemas em relação à

limitação de dias de internação e 50% dos entrevistados admitiram ter tido

dificuldades para obter autorização para hospitalizar pacientes. Além disso, 41% dos

médicos responderam que o tempo gasto com os pacientes declinou nos últimos três

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anos e somente 7% responderam o contrário. Note-se que esse estudo entrevistou

1700 médicos nos Estados Unidos.

Por sua vez, a ANS promoveu uma valiosa pesquisa, publicada recentemente (ANS,

2005), na qual é estudado este fenômeno da micro-regulação das operadoras de

planos de saúde sobre os prestadores de serviços, assim como sobre seus efeitos.

O referido estudo trabalhou com uma amostra de conveniência, abrangendo

importantes empresas que atuam no segmento da saúde suplementar. Seus principais

resultados apontam no sentido de que:

(i) no que tange às relações administrativas, financeiras e comerciais entre operadoras

e prestadores, os pontos mais críticos são os fluxos de pagamento (inadimplência,

glosas), a utilização de órteses e próteses e a incorporação de tecnologias de alto

custo, dentre outros;

(ii) em relação às redes de serviços constituídas na atenção gerenciada, evidenciou-se

que todos os segmentos (inclusive as seguradoras) estão operando com essa lógica

assistencial e “acabam funcionando como verdadeiros circuitos por onde caminham,

de forma compulsória, os beneficiários de planos que necessitam de algum

atendimento”; e

(iii) no que concerne à transição tecnológica e à prática médica, verificou-se que

“entre as transformações pelas quais passou a Medicina, sem perder seu núcleo de

identidade, pode-se lembrar a passagem de uma prática liberal, de consultório, para a

que se denomina de medicina tecnológica, a partir da incorporação de novos

equipamentos no processo produtivo, o surgimento das especialidades e uma

institucionalização crescente da prática médica”. Esse processo consubstancia uma

verdadeira reestruturação produtiva da prática médica, que se confronta com a micro-

regulação introduzida sobre os médicos pelas práticas da atenção gerenciada. Nesse

sentido, “pode-se estar vivendo uma transição tecnológica no setor saúde, [...]

caracterizada não mais pela incorporação de tecnologias duras ao processo de

cuidado, mas pela busca de uma verdadeira tentativa de captura de autonomia dos

médicos, através de sofisticados mecanismos gerenciais que possibilitem a introdução

de uma lógica administrativa e racionalizadora [...]”.

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Entretanto, esses resultados, embora valiosos, referem-se apenas a um conjunto de

sete operadoras, 14 hospitais e 32 médicos, tratando-se, como já apontado, de uma

amostra de conveniência.

Assim, complementarmente ao estudo acima referido, esta pesquisa pretendeu:

(i) caracterizar os estabelecimentos hospitalares vinculados à saúde suplementar e (ii)

estudar os mecanismos de micro-regulação exercida pelas operadoras de planos de

saúde sobre os prestadores hospitalares, seus efeitos e, ainda, verificar como esses

efeitos são percebidos por esses prestadores, em uma amostra estatisticamente

representativa de hospitais que operam no segmento da saúde suplementar. Dessa

forma, o estudo tem o intuito de identificar, em uma amostra representativa, em que

medida as práticas de atenção gerenciada estão disseminadas no país e como são

percebidas (e aplicadas) pelos prestadores de serviços hospitalares.

Deve-se, ainda, mencionar que esta pesquisa se deu em um momento peculiar das

ações regulatórias da Agencia Nacional de Saúde Suplementar. Com efeito, a

regulação do segmento de planos e seguros de saúde iniciou-se através da atuação da

SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), que se atinha fundamentalmente ao

monitoramento da “saúde financeira” dessas empresas, ou seja, à verificação de se

essas empresas tinham capacidade financeira para arcar com seus compromissos

contratuais.

Diferentemente, a criação da ANS introduziu uma abordagem muito mais abrangente

na regulação desse segmento, na medida em que a mesma passou a se preocupar

fundamentalmente com a cobertura oferecida pelos planos de saúde e, nesse sentido,

produziu uma vasta regulamentação instituindo a cobertura obrigatória mínima,

dentre outros aspectos. Atualmente, mediante a criação do Programa de Qualificação

da Saúde Suplementar, a ANS volta-se ao monitoramento da qualidade dos serviços

oferecidos pelas operadoras de planos de saúde, envolvendo a criação de uma série de

indicadores de estrutura, processo e resultados da prática médico-assistencial.

As relações que se estabelecem entre as operadoras de planos de saúde e os

prestadores de serviços, incluindo a forma de contratualização, remuneração e os

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instrumentos de regulação não financeiros (tais como a existência de médico de porta

de entrada, restrições na utilização de alguns serviços intermediários, a adoção de

autorizações prévias, dentre outros mecanismos) interferem no modelo assistencial,

induzindo ou não a uma atenção mais integral ao paciente. Neste sentido, também

incidem, notavelmente, sobre a qualidade dos serviços prestados (Ugá et al, op.cit.).

Historicamente essas relações foram pautadas na perspectiva de contenção de custos,

mas, no novo cenário, a “ANS aposta na reversão do modelo vigente e na organização

da prestação da assistência à saúde no setor, com base nos princípios de acesso

necessário e facilitado e atendimento qualificado, integral e resolutivo das

necessidades de saúde dos beneficiários do planos de saúde” (ANS, 2005).

Nesse sentido, a pesquisa também pretendeu identificar as práticas de gestão da

clínica e de qualificação da atenção à saúde existentes no parque hospitalar prestador

de serviços para operadoras de planos de saúde e, ainda, verificar se ditas práticas

foram ou não induzidas pelo agente comprador de serviços de saúde –isto é, as

operadoras de planos de saúde.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral:

Conhecer os mecanismos de micro-regulação praticados pelas operadoras

sobre os prestadores de serviços hospitalares e a forma em que esses

mecanismos repercutem sobre as práticas dos hospitais.

2.2. Objetivos específicos:

� Caracterizar os prestadores hospitalares: porte, complexidade assistencial,

qualidade (presença de práticas indicativas de níveis de qualidade

assistencial);

� Identificar as dimensões e os mecanismos de regulação praticados pelas

operadoras sobre os prestadores de serviços;

� Identificar a forma em que os instrumentos de regulação praticados pelas

operadoras repercutem nos prestadores; e

� Identificar e caracterizar as formas de contratação entre prestadores e

operadoras, verificando especificamente as dimensões de regulação que

estão contempladas nos contratos.

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3. METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida através de um inquérito de abrangência nacional,

caracterizando-se como um estudo transversal.

Universo do estudo

O universo do estudo foi constituído pelo conjunto de unidades hospitalares prestadoras

de serviços às operadoras de planos de saúde, tendo sido definido a partir do cruzamento

do Cadastro de Prestadores de Serviços a Planos de Saúde, da Agência Nacional de Saúde

Suplementar (ANS), com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) em

julho de 2006. Ele inclui 3.817 unidades hospitalares.

Amostra

A partir do universo de 3817 hospitais, foi construída uma amostra estratificada por

macrorregiões geográficas e segundo o tipo de hospital (geral ou especializado). Esses

estratos constituem-se nos estratos naturais da amostra.

A alocação do tamanho total da amostra nos estratos naturais foi feita de forma

proporcional ao número de leitos de cada estrato natural. Para aumentar a eficiência da

amostra em cada estrato natural foi aplicado o algoritmo de Hedlin (2000) para

determinar o ponto de corte (número de leitos) entre um estrato-certo (take-all) e um

estrato amostrado (take-some), de forma a minimizar a variância do número de leitos

dado um tamanho pré-fixado de amostra no estrato natural. Em alguns casos, no entanto,

não foi necessário aplicar o algoritmo, por constar menos de quatro hospitais no cadastro.

O tamanho da amostra, inicialmente fixado em 75 hospitais, acabou sendo de 83 unidades

(Tabela 2.1), por causa dos arredondamentos efetuados em cada estrato. Nos estratos

amostrados adotou-se um mecanismo de amostragem inversa (Haldane, 1945).

Tabela 2.1. Distribuição da amostra de hospitais definida por macrorregiões e tipo de hospital.

Macrorregiões Tipo do hospital

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total

Total 6 15 37 17 8 83 Geral 3 11 29 14 5 62 Especializado 3 4 8 3 3 21

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Prevendo a possibilidade de recusas ou de erros no cadastro, foi selecionada uma lista de

hospitais substitutos para cada estrato amostrado (ou não-certo). No caso dos estratos de

seleção certos, não existe possibilidade de substituição, posto que neles faz-se um censo.

As substituições foram feitas na ordem de seleção, para evitar enviesar a amostra

sorteada.

Considerando as exclusões necessárias decorrentes de erros no cadastro (unidades que

não se enquadram como objeto da pesquisa, por não prestarem serviços no campo da

saúde suplementar ou por não se constituírem verdadeiramente em unidades hospitalares)

e as recusas no estrato certo (sem possibilidade de substituição) e em dois estratos

amostrados com listas-reserva esgotadas, a amostra final pesquisada resultou em 74

hospitais (Tabela 2.2).

Tabela 2.2. Balanço relativo à amostra.

Estrato Certo Estrato Amostrado Tamanho na amostra estimada: 28 hospitais

Tamanho na amostra estimada: 55 hospitais

Exclusões: 03 hospitais* Pesquisados da amostra inicial: 45 hospitais

Tamanho real do estrato certo: 25 hospitais

Pesquisados considerando lista de substituição: 08 hospitais

Recusas: 04 hospitais** Recusas: 14 hospitais Total pesquisado: 21 hospitais Total: 53 hospitais*** * 03 exclusões por hospitais só prestarem serviços ao SUS; ** 01 recusa no local *** Em dois estratos esgotaram-se as listas de reservas.

Expansão da amostra

Tendo em vista que se trabalhou com uma amostra estratificada, foram aplicados pesos

diferenciados a cada estrato, segundo o tamanho do universo de cada um.

O resultado final se constitui em um universo estimado de 3.799 hospitais, em

contraponto ao universo programado de 3817 hospitais, o que se justifica pelas perdas na

amostra registradas.

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Note-se, portanto, que os dados apresentados nas tabelas deste relatório, bem como as

análises que deles derivam, constituem uma estimativa da realidade, a partir da expansão

das observações verificadas na amostra.

Instrumento de coleta de dados

Foi elaborado um questionário contemplando as seguintes dimensões: (i) capacidade

instalada e produção assistencial do prestador para planos e Sistema Único de Saúde; (ii)

práticas e estruturas de garantia e monitoramento da qualidade assistencial dos serviços

prestados; (iii) aspectos organizacionais e assistenciais considerados no processo de

regulação entre operadoras de planos de saúde e prestadores; (iv) mecanismos,

práticas e incentivos utilizados no processo de regulação entre operadoras e prestadores;

caracterização do processo de contratualização entre prestadores e operadoras –

negociação, formalização, mecanismos de acompanhamento, incentivos, etc.; (v)

satisfação dos prestadores em relação à regulação praticada pelas operadoras; e (vi)

percepção dos prestadores sobre o papel da ANS na regulação do campo da saúde

suplementar.

Além de conter perguntas estruturadas sobre cada uma dessas dimensões, o questionário

contemplou, ao final, uma pergunta em aberto, para a livre manifestação dos dirigentes

hospitalares sobre sua relação com as operadoras de planos de saúde.

Trabalho de campo

A coleta de dados ocorreu entre setembro e dezembro de 2006, por pesquisadores de

campo especificamente treinados para esta atividade, através de entrevista, previamente

agendada, com os dirigentes das unidades hospitalares. O primeiro contato telefônico

para agendamento das entrevistas foi realizado pela equipe central do projeto, com o

intuito de esclarecer a natureza e objetivos da pesquisa, sensibilizar os dirigentes a

participar e identificar o profissional a ser entrevistado. Nessa ocasião, também, foi

verificado se o estabelecimento cumpria os requisitos para ser elegível (isto é, se

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efetivamente prestava serviços para operadoras de planos de saúde e se, ainda, tratava-se

realmente de uma unidade hospitalar).

Os dados foram digitados pelos próprios pesquisadores de campo em formulário

eletrônico encaminhado por meio digital para um banco de dados construído

especificamente para esta finalidade. Os dados foram processados através do programa

SAS e sua análise é descritiva.

Questões éticas

Para as entrevistas, foi utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido contendo

todos os riscos e benefícios potenciais da pesquisa, que foram assinados pelos dirigentes

dos hospitais.

O principal risco para os entrevistados é a identificação da unidade no banco de dados ou

nos resultados disseminados. O benefício da pesquisa será indireto, pois seus resultados

poderão contribuir para a melhoria das relações entre prestadores e operadoras de planos

de saúde. Outro beneficio indireto identificado será contribuir para a melhoria do

processo de regulação da ANS junto às operadoras de planos de saúde. Foi assegurado o

sigilo absoluto acerca de todas as informações coletadas, sendo resguardada sua

privacidade na apresentação dos resultados.

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RESULTADOS

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1. CARACTERIZAÇÃO DOS HOSPITAIS

Este Bloco com 26 tabelas trata da caracterização dos hospitais em relação a sua

localização geográfica, a complexidade e porte assistencial, a prestação de serviços para

SUS, ao tipo de vínculo entre hospitais e operadoras, à identificação das principais

operadoras para as quais os hospitais prestam serviços, e outras informações relativas a

sua inserção no mercado - se tem serviços diferenciados, se há outros hospitais

semelhantes em sua área de atuação e se pertence a algum conglomerado.

Na Tabela 1.1 observa-se a distribuição dos hospitais por macrorregiões no país. Uma

maior concentração de hospitais foi registrada na Região Sudeste com 41,5% dos

hospitais. Na Região Sul foram registrados 21,6% dos hospitais enquanto que na Região

Nordeste 19,0% dos hospitais. As regiões de menor concentração foram as Regiões

Centro – Oeste e Norte respectivamente com 12,9% e 5,0% dos hospitais.

Tabela 1.1. Distribuição dos hospitais segundo macrorregiões. Brasil, 2006

Hospitais Macrorregião

n %

Norte 189 5,0

Nordeste 720 19,0

Sudeste 1579 41,5

Sul 820 21,6

Centro-Oeste 491 12,9

Total 3799 100,0

. Considerando-se a distribuição dos hospitais segundo seu vínculo com as operadoras,

constata-se na Tabela 1.12 que 97,1% dos hospitais eram credenciados a operadoras,

enquanto que apenas 7,0% informaram pertencer a uma operadora. Cabe salientar que

estas alternativas não são excludentes tendo em vista que as operadoras podem credenciar

seus hospitais próprios .

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Tabela 1.2. Distribuição de hospitais segundo tipo de vinculo com a operadora.. Brasil, 2006

Hospitais Tipo de vinculação

n %

Hospital próprio de alguma operadora* 266 7,0

Hospital credenciado de operadora(s)* 3688 97,1

* alternativas não excludentes

A Tabela 1.3 evidencia as cinco principais operadoras em volume de faturamento para os

hospitais prestadores. Para a maior parte dos hospitais (79,1%) a UNIMED foi citada

como uma das cinco principais. Outras operadoras referidas por número significativo de

hospitais foram, a CASSI, por 40,1% deles e a GEAP, por 27,2%. As operadoras

Bradesco e Sul América foram referidas por respectivamente 19,5% e 12,4% dos

hospitais. As operadoras Correios, Cabesp, Polícia Militar e Ipergs foram indicadas por

respectivamente 11,2%, 11,0%, 9,0% e 8,9%. Por fim, em último lugar, ficaram as

operadoras próprias dos hospitais citadas por 5,0% deles.

Para a maioria dos hospitais (81,1%), as principais operadoras em volume de faturamento

foram também as principais em volume de internação (Tabela 1.4).

Tabela 1.3. Distribuição dos hospitais segundo as operadoras apontadas como uma das cinco principais (em volume de faturamento). Brasil, 2006

Hospitais Operadoras

n. %

UNIMED 3007 79,2

CASSI 1524 40,1

GEAP 1034 27,2

Bradesco 739 19,5

Sul América 473 12,4

Correios 425 11,2

Cabesp 415 11,0

Polícia Militar 342 9,0

Ipergs 337 8,9

Operadora do próprio hospital 190 5,0

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Tabela 1.4. Distribuição dos hospitais segundo operadoras que são simultaneamente as cinco mais importantes em volume de faturamento e de internação . Brasil, 2006

Hospitais Igual importância em volume de faturamento e de internação N %

Sim 3082 81,1

Não 717 18,9

Total 3799 100

Na Tabela 1.5 observa-se a participação percentual média das três principais operadoras

na receita dos hospitais proveniente dos planos de saúde. Dos hospitais que informaram

(n), o percentual médio de participação da 1ª operadora em volume da faturamento foi de

52,3, com um desvio padrão de 181,9; da 2ª operadora, de 17,0 com desvio padrão de

81,6; e, da 3ª operadora o percentual médio foi de 7,9 com desvio padrão de 39,8.

Tabela 1.5. Distribuição dos hospitais, segundo o percentual médio de participação das três principais operadoras na receita proveniente dos planos de saúde. Brasil, 2006

Operadoras principais Percentual médio

Desvio padrão Mínimo Máximo

1ª operadora 52,3 181,9 1 100

2ª operadora 17,0 81,6 0 50

3ª operadora 7,9 39,8 0 20

Considerando-se o número de operadoras para as quais os hospitais trabalham como

prestadores de serviços, observa-se na Tabela 1.6 que 25,5% dos hospitais referiram

prestar serviços para 2 a 5 operadoras; 22,7% hospitais para 21 a 50 operadoras; e 22,0%

para 11 a 20 operadoras. Ainda com alguma expressão, 18,8% dos hospitais indicaram

prestar serviços para 6 a 10 operadoras. Considerando as faixas mencionadas, 89,0% dos

hospitais informaram prestar serviços para 2 a 50 operadoras. Apenas 2% dos hospitais

informaram prestar serviços a mais de 100 operadoras.

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Tabela 1.6. Distribuição de hospitais, segundo o número de operadoras.. Brasil, 2006.

Hospitais Número de operadoras

N %

1 226 6,0

2-5 968 25,5

6-10 714 18,8

11-20 835 22,0

21-50 864 22,7

51-80 77 2,0

81-100 1 0,0

Mais de 100 76 2,0

NSI 37 1,0

Total 3.799 100,0

A categorização de complexidade dos hospitais considerou 5 classes diferentes. Os

hospitais especializados foram agrupados levando em conta a informação registrada no

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde/CNES do Ministério da Saúde e a

informação contida no questionário da pesquisa sobre os serviços existentes e de

referência. Em seguida este grupo foi subdividido em 2 classes: Especializado com UTI e

Especializado sem UTI. Para ser incluído na categoria com UTI, além do registro de UTI

e leitos de cuidados intensivos, de qualquer natureza, precisava registrar equipamentos

em uso compatíveis com este tipo de cuidado.

A classe dos hospitais mais complexos, denominada de Geral II, incluiu hospitais gerais

necessariamente com presença de UTI e leitos de cuidados intensivos de qualquer

natureza e presença de equipamentos em uso compatíveis e a realização de procedimento

de alta complexidade na internação em ao menos uma das seguintes áreas:

cardiovascular, cirurgia oncológica, neurocirurgia, ortopedia, transplantes e neonatologia,

com presença de equipamentos em uso compatíveis.

Os demais hospitais gerais de média e baixa complexidade e hospitais de clínicas básicas

foram reunidos em 2 classes segundo a presença ou não de unidade de tratamento

intensivo, quais sejam as classes Geral I com UTI e Geral I sem UTI. Novamente para ser

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considerada a presença da UTI além registro do serviço e dos leitos foi considerada a

existência de equipamentos em uso compatíveis. As classes que representam os hospitais

mais complexos são a Geral II, Geral I com UTI e Especializado com UTI.

Analisando-se a complexidade assistencial dos hospitais observa-se na Tabela 1.7 que

3,2% foram classificados como Especializado com UTI; 14,1% como Especializado sem

UTI; 17,9% como Geral I com UTI; 42,0% como Geral I sem UTI; e 22,8% dos

hospitais caracterizaram-se como Geral II. Considerando-se a existência de unidade de

tratamento intensivo como indicador de maior complexidade assistencial, 43,9% dos

hospitais estudados apresentaram esta condição.

Os especializados identificados eram hospitais pediátricos, traumato-ortopédicos,

psiquiátricos e maternidades. Entretanto, tendo em vista o tamanho da amostra estudada,

não se pode afirmar que não existiam hospitais de outras especialidades no universo de

prestadores hospitalares da saúde suplementar.

Tabela 1.7. Distribuição de Hospitais segundo tipo e complexidade assistência. Brasil,

2007.

Hospitais Tipo e complexidade assistencial

n %

Especializado com UTI 122 3,2

Especializado sem UTI 535 14,1

Geral I com UTI 681 17,9

Geral I sem UTI 1595 42,0

Geral II 866 22,8

Total 3799 100,0 Na Região Norte, predominaram os hospitais Geral I com UTI (88,7%); do restante,

5,7% eram Geral I sem UTI e 5,6%, Especializado com UTI. Não houve registro de

hospitais Geral II e Especializado sem UTI. Nesta Região predominaram os mais

complexos (94,3%).

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Na Região Nordeste, 31,4% dos hospitais eram Especializado sem UTI; 29,3 %, Geral I

com UTI; 19,7%, Geral II; 19,4%, Geral I sem UTI e 0,2% dos hospitais eram da classe

Especializado com UTI. Nesta Região, praticamente a metade dos hospitais (49,2%) se

enquadrou nas classes mais complexas e a outra metade (50,8%) nas categorias menos

complexas.

Na Região Sudeste, a maior parte dos hospitais (53,0%) era de menor complexidade

caracterizando-se como Geral I sem UTI; 15,0%, eram Geral II; 14,5% eram Geral I com

UTI; 10,5%, Especializado sem UTI; e 7,0% Especializado com UTI. Nesta Região, os

mais complexos totalizaram 36,5%, predominando assim, os menos complexos (63,5%).

Na Região Sul, de forma diferenciada das demais, 59,3% dos hospitais eram de maior

complexidade caracterizando-se como Geral II; 27,2% eram Geral I sem UTI; 9,0% eram

Geral I com UTI e 4,5%, Especializado sem UTI. Não houve registro de Especializado

com UTI. Somadas as classes mais complexas, 68,3% dos hospitais nela estavam

enquadrados.

Por fim, na Região Centro-Oeste, como na Sudeste, a maior parte era de menor

complexidade, Geral I sem UTI (78,2%); do restante, 21,6%, eram Especializado sem

UTI; 0,2%, Geral II e não houve registro de hospitais Geral I com UTI e nem de

Especializado com UTI. As categorias menos complexas totalizaram 99,8% dos hospitais

(Tabela 1.8).

Tabela 1.8. Distribuição de Hospitais segundo tipo e região do país. Brasil,2007

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Total

Tipo/complexidade

n % n % n % n % n % n %

Especializado com UTI

10 5,6 1 0,2 110 7,0 0 0,0 0 0,0 122 3,2

Especializado sem UTI 0 0,0 226 31,4 166 10,5 37 4,5 106 21,6 535 14,1

Geral I com UTI 168 88,7 211 29,3 229 14,5 74 9,0 0 0,0 681 17,9

Geral I sem UTI 11 5,7 140 19,4 837 53,0 223 27,2 384 78,2 1595 42,0

Geral II 0 0,0 142 19,7 237 15,0 486 59,3 1 0,2 866 22,8

Total 189 100,0 720 100,0 1579 100,0 820 100,0 491 100,0 3799 100,0

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Considerando-se o número de leitos clínico-cirúrgicos ativos, a maior parte dos hospitais

identificou menos de 100 leitos (70,9%); destes, 5,7% identificaram entre zero e 10

leitos, 37,0% entre 11 e 50 leitos e 28,2% entre 51 e 100 leitos. O restante apresentou a

seguinte distribuição: 15,7% com 101 a 150 leitos, 13,1% com 151 a 350 leitos, 0,1%

com 351 a 500 leitos e 0,2% com de 500 leitos (Tabela 1.9).

Tabela 1.9. Distribuição de hospitais segundo o número de leitos clínico-cirúrgicos

ativos. Brasil, 2007

Hospitais Número de leitos n %

0 – 10 217 5,7 11-50 1404 37,0 51-100 1071 28,2 101-150 596 15,7 151-350 499 13,1 351-500 5 0,1 Mais de 500 7 0,2 Total 3799 100,0

Na Tabela 1.10 observa-se a distribuição de leitos ativos de cuidados intensivos. A maior

parte dos hospitais (56,1%) não registrou leitos ativos de UTI; 23,5% dos hospitais

registraram de 1 a 10 leitos; 20,1% de 11 a 50 leitos e 0,3% de 51 a 100 leitos.

Tabela 1.10. Distribuição de Hospitais segundo o número de leitos de UTI ativos.

Brasil, 2007

Hospitais Número de leitos

n %

0 2130 56,1

1-10 894 23,5

11-50 765 20,1

51-100 10 0,3

Total 3799 100,0

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Considerando a totalidade de leitos ativos independente da especialidade observa- se na

Tabela 1.11 que 62,2 % dos hospitais apresentaram menos de 100 leitos, sendo 32,1%

com 11 a 50 leitos e 30,1 % com 51 a 100 leitos; 19,6% registraram de 101 a 150 leitos;

15,9% de 151 a 350 leitos; 2,0% de 351 a 500 leitos e 0,3% mais de 500 leitos.

Tabela 1.11. Distribuição de Hospitais segundo o total de leitos ativos. Brasil, 2007

Hospitais Número de leitos

n %

11-50 1217 32,1

51-100 1145 30,1

101-150 746 19,6

151-350 603 15,9

351-500 77 2,0

Mais de 500 11 0,3

Total 3799 100,0

Na Tabela 1.12 observa-se que a grande maioria dos hospitais (72,0%) referiu ter

prestado serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando-se somente estes

hospitais na Tabela 1.13, no primeiro semestre de 2006, o percentual médio de

atendimento ao SUS foi de 74,5, com mediana 80,0; o percentual médio de atendimento a

operadoras foi de 19,7, com mediana de 16,0; e por fim, o percentual médio de

atendimento a particulares foi de 5,8, com mediana de 5,0.

Tabela 1.12. Distribuição de Hospitais segundo prestação de serviços ao SUS. Brasil,

2007

Hospitais Prestação de serviços ao SUS

n %

Sim 2733 72,0

Não 1066 28,0

Total 3799 100,0

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Tabela 1.13. Distribuição dos percentuais de atendimento para o SUS, para operadoras e

particulares nos Hospitais prestadores de serviços ao SUS. Brasil, 2007

Tipo de atendimento

n Média Desvio padrão

Mediana Mínimo Máximo

SUS 2733 74,5 113,7 80,0 1,0 99,0

Operadoras 2733 19,7 126,6 16,0 0,5 90,0

Particulares 2733 5,8 35,0 5,0 0,0 24,0

Analisando-se o porte e a complexidade assistencial dos hospitais na Tabela 1.14

observa-se que os hospitais com 11 a 50 leitos, apresentaram a seguinte caracterização:

65,2% deles eram Geral I sem UTI; 16,8% eram Especializado sem UTI; 12,2 %, Geral I

com UTI; e 5,8%, Geral II. Não houve registro de hospitais Especializado com UTI. Dos

hospitais até 50 leitos, 82% eram de menor complexidade.

Dos hospitais com 51 a 100 leitos, 50% eram Geral I sem UTI; 19,8%, Geral I com UTI;

19,6%, Geral II; e 10,6%, Especializado com UTI. Não houve registro de hospital

Especializado sem UTI. Exatamente a metade dos hospitais com até 100 leitos foram

classificados como hospitais de menor complexidade e a outra metade como hospitais de

maior complexidade.

Na classe de hospitais com 101 a 150 leitos predominaram os hospitais Geral I com UTI

(39,5%), seguidos dos Geral I sem UTI (30,6%), Geral II (15,2%) e Especializado sem

UTI (14,7%). Não houve registro de hospital Especializado com UTI. Desta forma, 54,7%

desses hospitais foram registrados nas categorias de maior complexidade – Geral II e

Geral I com UTI – e 45,3% nas categorias de menor complexidade, configurando uma

condição semelhante à da categoria de hospitais com 51 a 100 leitos.

Dos hospitais com 151 a 350 leitos, 61,6% eram Geral II; 36,3% Especializado sem UTI;

e 2,1% Geral I com UTI. Não houve registro de hospitais na categoria Geral I sem UTI e

nem na Especializado com UTI. Os mais complexos totalizaram 63,7% dos hospitais.

Os hospitais com mais de 351 leitos eram praticamente todos de maior complexidade -

Geral II -, exceto pela presença de 1 hospital como Especializado sem UTI na classe de

hospitais com mais de 500 leitos.

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Observa-se assim que os hospitais de menor complexidade – Geral I sem UTI - foram

mais presentes nos hospitais com o menor porte de leitos (11-50 leitos). e os de maior

complexidade - Geral II – nos hospitais com o maior porte ( mais de 351 leitos).

Tabela 1.14. Distribuição dos hospitais segundo complexidade assistencial e porte de

leitos. Brasil, 2007

Observando-se os serviços existentes e credenciados para as operadoras nos hospitais

estudados na Tabela 1.15, mais de 60 % dos hospitais referiram possuir internação de

clínica médica (92,7%), de cirurgia geral (85,9%), de obstetrícia (76,0%), de ginecologia

(83,3%), de pediatria ( 78,1%) e de traumato-ortopedia (65,7%). Outros serviços também

referidos por mais de 60% dos hospitais foram o centro cirúrgico (91,0%), o centro

obstétrico (72,0%), o ambulatório (81,1%), a emergência (86,4%), o laboratório de

análises clínicas (92,4%), o Raio–X (86,3%), a ultrassonografia (74,4%) e o laboratório

de anatomia patológica (69,2%). Quanto a presença de unidades de cuidados intensivos, a

mais referida foi a UTI de adultos em 42,4% dos hospitais e a menos foi a unidade de

queimados em somente 4,1% dos hospitais. Houve registro em 18,5% hospitais de UTI

neonatal, em 17,1% de hospitais de UTI pediátrica e em 12% de hospitais de unidade

coronariana. Em 28,9% de hospitais foi mencionada a presença de unidade de cuidados

Porte de leitos 11-50 51-100 101-150 151-350 351-500 Mais de

500 Total

Complexidade

n % n % n % n % n % n % n %

Especializado com UTI

0 0,0 122 10,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 122 3,2

Especializado sem UTI

205 16,8 0 0,0 110 14,7 219 36,3 0 0,0 1 9,1 535 14,1

Geral I com UTI

148 12,2 226 19,8 294 39,5 12 2,1 0 0,0 0 0,0 681 17,9

Geral I sem UTI

794 65,2 572 50,0 229 30,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1595 42,0

Geral II 70 5,8 225 19,6 113 15,2 372 61,6 77 100,0 10 90,9 866 22,8

Total 1217 100,0 1145 100,0 746 100,0 603 100,0 77 100,0 11 100,0 3799 100,0

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intermediários. Considerando outros serviços de apoio ao diagnóstico e ao tratamento,

além dos já mencionados, embora com menor expressão, o mais presente foi a

hemoterapia (41,8%). Os serviços de apoio às condições de emergência e de maior

complexidade assistencial clinica e cirúrgica, como a tomografia e a ressonância foram

referidos por respectivamente 33,9 % e 10,4% dos hospitais. A hemodiálise foi referida

em 23,6% dos hospitais. Os serviços mais complexos de apoio cardiovascular, como a

angiografia e a hemodinâmica, foram referidos por respectivamente 17% e 15,1% dos

hospitais. Os serviços relacionados a oncologia, como a quimioterapia, a medicina

nuclear e a radioterapia, foram citados por respectivamente 17,4%, 7,2% e 0,6% dos

hospitais. Por fim, os serviços de hospital dia e de atendimento domiciliar, modalidades

de assistência mais inovadoras no processo de desospitalização, foram referidos por

28,1% e 6,8% dos hospitais, respectivamente.

Todos os serviços existentes foram referidos como credenciados para pelo menos uma

operadora. A exceção dos serviços de psiquiatria e de medicina nuclear citados como

existentes e credenciados pelo mesmo número de hospitais, para todos os demais

serviços, embora com percentuais próximos, o número de hospitais que referiu possuir o

serviço foi maior do que o número de hospitais que os referiu como credenciados para

operadoras.

Tabela 1.15. Distribuição de Hospitais segundo serviços existentes e credenciados por

pelo menos uma das principais operadoras Brasil, 2007

Existente Credenciado Serviço n % n %

Internação clínica médica 3520 92,7 2951 77,7 Internação cirurgia geral 3624 85,9 2731 71,9 Internação obstetrícia 2887 76,0 2354 62,0 Internação ginecologia 3164 83,3 2561 67,4 Internação pediatria 2966 78,1 2395 63,1 Internação traumato-ortopedia 2496 65,7 1945 51,2 Centro cirúrgico 3458 91,0 2817 74,2 Centro obstétrico 2736 72,0 2204 58,0 Ambulatório 3080 81,1 2552 67,2 UTI adulto 1610 42,4 1292 34,0 UTI pediátrica 649 17,1 573 15,1 UTI neonatal 703 18,5 515 13,6 Unidade coronariana 473 12,5 299 7,9

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Unidade de queimados 154 4,1 77 2,0 Unidade Intermediária 1098 28,9 736 19,4 Emergência 3284 86,4 2715 71,5 Hospital dia 1069 28,1 657 17,3 Atendimento domiciliar/ Home care 260 6,8 153 4,0 Laboratório de patologia/análises clínicas 3509 92,4 2926 77,0 Laboratório de Anatomia Patológica 2628 69,2 2159 56,8 Raio-X 3278 86,3 2752 72,4 Ultrassonografia 2826 74,4 2490 65,5 Tomografia 1288 33,9 1199 31,6 Ressonância 393 10,4 381 10,0 Hemodinámica 572 15,1 451 11,9 Angiografía 646 17,0 487 12,8 Hemodiálise 898 23,6 808 21,3 Medicina nuclear 272 7,2 272 7,2 Hemoterapia 1589 41,8 1172 30,9 Radioterapia 23 0,6 11 0,3 Quimioterapia 660 17,4 497 13,1 Psquiatria 218 5,7 218 5,7 Grande parte dos hospitais (71,3%) referiu a presença em sua área de atuação de outro(s)

hospital(is) com oferta de serviços semelhante à sua e que atendia(m) também às mesmas

principais operadoras (Tabela 1.16). Estes hospitais possuíam em média 2,6 outros

hospitais, com mediana de 2 hospitais, podendo apresentar no mínimo 1 e no máximo 10

hospitais em sua área atuação.

Tabela 1.16. Distribuição de Hospitais que possuem em sua área geográfica de atuação

outro(s) hospital(is) com oferta de serviços semelhante à sua e que atendem as mesmas

principais operadoras. Brasil ,2007

Hospitais Outro(s) hospital(is)

n %

Sim 2709 71,3

Não 1090 28,7

Total 3799 100,0

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Na Tabela 1.17 observa-se que do total de hospitais estudados na Região Norte, 94,4%

deles referiram possuir outros hospitais em sua área de atuação com oferta de serviços

semelhante à sua e atendendo as mesmas principias operadoras. Na Região Nordeste,

70,8% dos hospitais; na Região Sudeste, 62,6%; na Região Sul, 90,8% e na Centro-Oeste,

58,5% dos hospitais encontravam-se naquela situação. De forma predominante os

hospitais das Regiões Sul, Norte e Nordeste identificaram outros hospitais concorrentes

em sua área de atuação.

Tabela 1.17. Distribuição de Hospitais que possuem em sua área geográfica de atuação

outro(s) hospital(is) com oferta de serviços semelhante a sua e que atendem as mesmas

principais operadoras por macrorregião do país Brasil,2007 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-

Oeste Total Outro

hospital com serviços semelhantes

n % n % n % n % n % n %

Sim 178 94,4 510 70,8 988 62,6 745 90,8 287 58,5 2709 71,3 Não 11 5,6 210 29,2 591 37,4 75 9,2 204 41,5 1090 28,7 Total 189 100,0 720 100,0 1579 100,0 820 100,0 491 100,0 3799 100,0

Considerando que as questões a seguir estão fortemente impregnadas pela auto percepção

dos informantes dos hospitais estudados, 66,4% referiram apresentar áreas e ou serviços

diferenciados que lhes conferiam poder competitivo (Tabela 1.18). Observando a

distribuição destes hospitais pelas grandes regiões de país na Tabela 1.19, 100% dos

hospitais da Região Norte referiram esta condição, enquanto que na Região Nordeste,

74,6% dos hospitais, na Região Sudeste, 58% dos hospitais, na Região Sul, 59,3% dos

hospitais e finalmente na Região Centro-Oeste, 80,5% dos hospitais referiram tal

condição. De forma mais significativa os hospitais das Regiões Norte, Centro-Oeste e

Nordeste perceberam-se como diferenciados em relação aos seus concorrente.

Tabela 1.18. Distribuição de Hospitais segundo auto- percepção sobre sua diferenciação

de áreas/serviços que lhes confere poder competitivo Brasil, 2007 Hospitais Diferenciação de serviço n %

Sim 2523 66,4 Não 1276 33,6 Total 3799 100,0

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Tabela 1.19. Distribuição de Hospitais segundo auto- percepção sobre sua diferenciação

de áreas/serviços que lhes confere poder competitivo por macrorregião do país.

Brasil,2007

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-

Oeste Total Diferenciação

de serviços

n % n % n % n % n % n % Sim 189 100,0 537 74,6 915 58,0 486 59,3 395 80,5 2523 66,4 Não 0 0,0 183 25,4 664 42,0 334 40,7 96 19,5 1276 33,6 Total 189 100,0 720 100,0 1579 100,0 820 100,0 491 100,0 3799 100,0 A Tabela 1.20 apresenta os serviços identificados pelos hospitais como diferenciados e

lhes conferindo poder competitivo. Considerando que um mesmo hospital pode ter

identificado mais de um serviço com tais características, 25,5% dos hospitais

identificaram o serviço de traumato-ortopedia; 15,7% o cuidado intensivo; 13,3%, a

emergência; 11,8%, a maternidade; 11,2%, o serviço cardiovascular; 2,5%, a oncologia e

49,6% dos hospitais identificaram outros serviços não especificados como capazes de

lhes conferir poder competitivo diferenciado.

Tabela 1.20. Distribuição de Hospitais segundo presença de áreas/ serviços

diferenciados. Brasil, 2007

Hospitais Serviços diferenciados

n %

Maternidade 447 11,8

Emergência 503 13,3

Cuidado Intensivo 597 15,7

Cardiovascular 424 11,2

Traumato-ortopedia 967 25,5

Oncologia 95 2,5

Outro 1882 49,6

Considerando estes mesmos hospitais que identificaram possuir serviços diferenciados

observa-se na Tabela 1.21 como se distribui sua classificação assistencial. Da totalidade

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dos hospitais que acusaram ter como serviço diferenciado a traumato-ortopedia (25,5%),

como seria esperado, 46,7% deles eram Geral II; 23,7%, Geral I com UTI; 17,9% eram

Geral I sem UTI e somente 11,7% eram da categoria Especializado sem UTI. Não houve

registro de hospital Especializado com UTI.

Os hospitais que referiram possuir como serviço diferenciado o cuidado intensivo

(15,7%), 63,5% deles, eram Geral II; 25,3%, Geral I com UTI; 11,0%, Especializado

com UTI e 0,2% eram Geral I sem UTI. Não houve registro de hospital Especializado

sem UTI. A incongruência observada de existir 1 hospital Geral I sem UTI referindo

como serviço diferenciado o cuidado intensivo, pode ser explicada porque a classificação

de complexidade foi realizada independentemente da opinião do informante, pelo

cruzamento de informações contidas no questionário como já mencionado, e a

identificação de serviço diferenciado foi dependente da opinião do informante.

Do conjunto de hospitais que referiram a emergência como serviço diferenciado (13,3%),

45,0% eram Geral II; 30,4% eram Geral I com UTI; 22,5% eram Especializado sem

UTI; e 2,1% de Especializado com UTI. Nenhuma emergência diferenciada encontrava–

se em hospitais da categoria Hospital Geral I sem UTI. Parte significativa dos hospitais

(77,5%) eram de maior complexidade.

Os hospitais que identificaram a maternidade como o serviço diferenciado (11,8%) se

distribuíram entre hospitais de maior e de menor complexidade. Como Geral I sem UTI,

foram classificadas 51,0% das maternidades; as demais, 49,0%, se distribuíram entre

Geral II (33,1%) e Geral I com UTI (15,9%). Não houve registro de hospital nas

categorias Especializado sem UTI e Especializado com UTI.

Dos hospitais que referiram como serviço diferenciado a área cardiovascular, 45,1%

eram Geral I sem UTI; 39,0%, Geral II; 15,7%, Especializado com UTI; 0,2% como

Geral I com UTI. Não houve registro de hospital na categoria Especializado sem UTI. A

maior parte (54,9%) foi de hospitais de maior complexidade.

Do total de hospitais que identificaram o serviço de oncologia como diferenciado, todos

eram de maior complexidade: 87,7% classificados como Geral II e 12,3% como Geral I

com UTI.

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33

Por fim, dos hospitais que indicaram ter outro serviço sem especificação como

diferenciado, 34,0% eram Geral II; 27,7,%, Geral I sem UTI; 23,9%, Geral I com UTI; e,

14,4% eram Especializado sem UTI.

Tabela 1.21. Distribuição de Hospitais por complexidade assistencial segundo presença

de áreas/serviços diferenciados. Brasil, 2007

Maternidade

Emergência

Cuidado Intensivo

Cardio

vascular

Traumato-ortopedia

Oncologia Outro Total

Classifica

cão n % n % n % n % n % n % n % n % Especiali zado com UTI

0 0,0 11 2,1 66 11,0 66 15,7 0 0,0 0 0,0 0 0,0 122 3,2

Especiali zado sem UTI

0 0,0 113 22,5 0 0,0 0 0,0 113 11,7 0 0,0 272 14,4 535 14,1

Geral I com UTI

71 15,9 153 30,4 151 25,3 1 0,2 229 23,7 12 12,3 449 23,9 681 17,9

Geral I sem UTI

228 51,0 0 0,0 1 0,2 192 45,1 173 17,9 0 0,0 521 27,7 1595 42,0

Geral II 148 33,1 226 45,0 379 63,5 165 39,0 452 46,7 83 87,7 640 34,0 866 22,8

Total 447 100,0 503 100,0 597 100,0 424 100,0 967 100,0 95

100,0 1882 100,0 3799 100,0

Do conjunto dos hospitais estudados, 46,5% referiram integrar redes de prestadores de

alguma operadora (Tabela 1.22). Grande parte dos hospitais (78,7%) integrava a rede de

1 a 5 operadoras; 13,9% dos hospitais, de mais de 20 operadoras; 7,1% dos hospitais, de

6 a 10 operadoras; 0,1% dos hospitais integrava a rede de 11 a 15 operadoras; 0,1%, de

16 a 20 operadoras e 0,1% hospitais não soube informar o número de operadoras em

relação as quais integrava a rede de prestadores (Tabela 1.23).

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Tabela 1.22. Distribuição dos hospitais segundo sua participação em rede de prestadores

de alguma operadora. Brasil, 2007

Hospitais Participante de rede de prestadores n %

Sim 1765 46,5 Não 1964 51,7 NSI 70 1,8 Total 3799 100,0

Tabela 1.23. Distribuição dos hospitais que declararam participar de rede de

prestadores de operadoras segundo número de operadoras. Brasil, 2007

Hospitais Número de Operadoras n %

1 – 5 1.390 78,7

6 –10 126 7,1

11 – 15 1 0,1

16 – 20 2 0,1

Mais de 20 245 13,9

NSI 1 0,1

Total 1.765 100,0

Dos hospitais que declararam pertencer a alguma rede de prestadores de operadoras

(46,5%), 74,1% deles referiram possuir algum serviço de referência. Considerando o

serviço informado como de referência, 29,6% dos hospitais informaram o serviço de

urgência/emergência; 27,7%, a atenção a gestação e parto; 23,7%, a área cardiovascular;

23,5%, a atenção de alta complexidade; 23,1%, o cuidado intensivo; 15,3%, a atenção em

oncologia; e, 33,2% dos hospitais referiram possuir outro serviço, não especificado,

como referência para a rede de prestadores da operadora (Tabela 1.24). Dos hospitais que

integravam a rede de prestadores, 65,6% dos hospitais referiram encaminhar pacientes

para outros hospitais que também integravam a referida rede (Tabela 1.25).

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Tabela 1.24. Distribuição de hospitais que declararam participar de rede de prestadores

e possuir serviço de referência para a rede segundo tipo de serviços de referência

(N=1765). Brasil, 2007

Hospitais Serviço de referência para rede de prestadores da operadora

n % Participação em rede de operadoras

1309 74,1

Tipo de serviço Urgência/emergência 521 29,6 Gestação e parto 489 27,7 Cardiovascular 417 23,7 Alta complexidade 415 23,5 Cuidados Intensivos 408 23,1 Oncologia 270 15,3 Outro 586 33,2

Tabela 1.25. Distribuição de hospitais que declararam participar de rede de prestadores

de operadoras segundo encaminhamento de pacientes para outros hospitais de

referência dessas redes. Brasil, 2007

Hospitais Encaminhamento para outro hospital de referência n %

Sim 1157 65,6

Não 608 34,4

Total 1765 100,0 Do conjunto dos hospitais estudados, 10,9% dos hospitais referiram pertencer a um

conglomerado. Indagados sobre que outros negócios existiam no conglomerado, 81,7%

referiram outros hospitais, 18,6% outras unidades de saúde não hospitalares, 62,5%

outros negócios não da área da saúde, 28,4% operadora de plano de saúde e 0,2%

referiram outro negócio não especificado (Tabela 1.26).

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Tabela 1.26. Distribuição de Hospitais segundo pertencimento a conglomerados

empresariais. Brasil, 2007

Hospitais

n %

Pertencimento a conglomerado

Sim 416 10,9

Não 3383 89,1

Total 3799 100,0

Tipo de negócio que compõem o conglomerado

Outros hospitais 340 81,7

Serviços de saúde não hospitalares

77 18,6

Outros negócios não da área da saúde

260 62,5

Operadora de plano de saúde

118 28,4

Outro 1 0,2 De forma sintética e preliminar, o estudo evidenciou que a maior parte dos hospitais

prestadores de serviços para operadoras era também prestadores de serviços ao SUS. A

maioria dos hospitais estava localizada nas Regiões Sudeste e Sul.

Analisando-se a complexidade assistencial dos hospitais, um pouco menos da metade dos

hospitais se enquadrou nas categorias mais complexas e um pouco mais da metade nas

categorias menos complexa..

Considerando-se o porte dos hospitais, a maior parte referiu ter menos de 100 leitos. Os

menores hospitais com menos de 50 leitos foram de menor complexidade. Os hospitais

com mais de 151 leitos, predominantemente foram enquadrados nas categorias mais

complexas. Os hospitais com mais de 351 leitos foram quase todos exclusivamente

enquadrados na classe mais complexa – Geral II.

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37

As principais operadoras em volume de faturamento para os hospitais foram a UNIMED,

CASSI e GEAP. Para a maioria dos hospitais, estas operadoras também foram as

principais em volume de internações. Note-se que a principal operadora concentra mais

da metade, em média, do faturamento de cada hospital, o que denota uma forte

concentração na origem das receitas provenientes da prestação de serviços a operadoras

de planos de saúde.

A maioria dos hospitais registrou a presença, em sua área de atuação, de outros hospitais

com serviços semelhantes aos seus e atendendo às mesmas principais operadoras.

Ainda, grande parte dos hospitais considerou possuir áreas e ou serviços diferenciados

que lhes conferiam poder competitivo, tendo sido o mais citado o serviço de traumato-

ortopedia. Entretanto, esta diferenciação não se traduziu, em grande parte dos casos, em

algum papel de referência em rede de serviços, tendo em vista que menos da metade dos

hospitais referiu integrar uma rede de prestadores de alguma operadora e poucos hospitais

referiram integrar um conglomerado de negócios.

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38

2. ESTRUTURAS E PRÁTICAS DE QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO E MONITORAMENTO DA

QUALIDADE ASSISTENCIAL

Este Bloco está organizado em três segmentos. O primeiro trata das estruturas e práticas

mais gerais de qualificação da gestão hospitalar e do monitoramento da qualidade, com

nove Tabelas. O segundo apresenta as ferramentas da gestão da clínica utilizadas pelos

hospitais, critérios de utilização, formas de difusão e monitoramento com 23 tabelas. Por

fim , o último segmento, com três tabelas, aborda as ações que os hospitais desenvolvem

no campo da promoção e da prevenção em saúde.

Qualificação da gestão e monitoramento da qualidade

Observando-se na Tabela 2.1 a presença de estruturas e práticas de qualificação da gestão

registra-se que a maior parte dos hospitais informou não as possuir. Apenas o

funcionamento da patologia clínica por 24hs e 7 dias e o funcionamento da imagem por

24hs e 7 dias, considerados como condições estruturais de garantia da presteza e da

qualidade da atenção especialmente em hospitais com serviços de urgência/emergência,

foram registrados em respectivamente 73,4% e 72,8% dos hospitais. Outra condição

identificada como presente em 95,1% dos hospitais foi a associação a alguma instituição

hospitalar considerada como um indicador de maior profissionalização da gestão mas que

isoladamente pode não ter maior significado.

Analisando-se as modalidades de dispensação de medicamentos presentes nos hospitais,

observa-se que a dose individualizada foi registrada em 51,5% dos hospitais, e a dose

unitária em somente 27,6% dos hospitais. Estas duas modalidades constituem-se nas

mais preconizadas porque são as que mais asseguram a qualidade da atenção, no que se

refere ao uso adequado da medicação e ao uso racional dos medicamentos.

Para as demais condições investigadas (Tabela 2.1), menos da metade dos hospitais

acusou sua presença. Apenas 36,1% dos hospitais informaram utilizar prontuário único

para seu pacientes, condição essencial para assegurar alguma continuidade e integralidade

da atenção prestada pelos diferentes profissionais e em diferentes momentos da vida do

paciente.

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39

Indagados sobre a realização de capacitação técnica regular para os profissionais da

assistência e da limpeza, o que tem relação com a qualidade do cuidado prestado e com o

controle da infecção hospitalar, somente 33,0% e 45,8% dos hospitais, respectivamente,

informaram realizar.

A presença de estruturas gerenciais como os serviços de epidemiologia, de qualidade e de

ouvidoria foram identificados respectivamente em 24,4%, 39,1% e 37,4 dos hospitais.

Tabela 2.1. Distribuição dos hospitais segundo presença de estruturas e práticas de

qualificação da gestão (n=3799). Brasil, 2006.

SUS Total

Sim Não Estruturas e Práticas de Qualificação da Gestão

n % n % n % χ

2

(p)

Serviço/assessoria/núcleo de Epidemiologia 928 24,4 591 21,6 338 31,7 0,5481

Serviço/assessoria/núcleo de Qualidade 1484 39,1 566 20,7 918 86,1 0,0007

Ouvidoria 1420 37,4 698 49,2 722 67,7 0,0106

Acreditação 0,4384

Em processo 252 7,0 139 5,4 113 10,6

Concluída 224 6,1 80 3,1 144 13,5

Com algum serviço certificado pelo ISO 293 7,7 219 8,0 74 67,0 0,6197

Prêmio de qualidade 1601 42,2 1068 39,1 534 50,1 0,4999

Membro de associação da área hospitalar 3612 95,1 2546 93,2 1066 100,0 0,1333

Funcionamento da Patologia clínica 24h/7 dias 2787 73,4 1959 71,7 828 77,7 0,0501

Funcionamento da Imagem 24 h/7 dias 2766 72,8 1881 68,8 886 83,1 0,0246

Disp. medicamento - dose unitária/paciente 1051 27,6 602 22,0 448 42,0 0,1629

Disp. medicamento - dose ind./ paciente-dia 1957 51,5 1465 53,6 493 46,2 0,6069

Disp. medicamento - dose coletiva 617 16,2 562 20,6 55 5,2 0,1171

Organização de prontuários 0,4182

Único para pacientes externos e internos 1371 36,1 905 33,1 466 43,7

Separados para pacientes externos e internos 1522 40,1 1144 41,9 378 35,5

Capacitação de profissionais da assistência 1255 33,0 601 22,0 655 61,4 0,0422

Capacitação de profissionais da limpeza 1741 45,8 1097 40,1 645 60,5 0,2331

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40

Observa-se, ainda, que o fato de os hospitais prestarem serviços ao SUS não tem uma

relação positiva com a presença de estruturas e práticas de qualificação da gestão. Ao

contrário, dentre aqueles que não prestam serviços do SUS, uma maior porcentagem

conta com tais estruturas e práticas.

Considerando-se de forma mais focalizada a presença de estruturas e práticas de garantia

e de monitoramento da qualidade assistencial, resultados obtidos corroboram a idéia de

baixa profissionalização da gestão e , mais especificamente, da gestão assistencial.

Analisando-se apenas a presença dessas práticas (Tabela 2.2), independentemente da

regularidade do seu funcionamento, observa-se que, da totalidade de hospitais estudados,

75,4% realizaram pesquisa de satisfação do usuário, 74,8% referiram ter comissão de

controle de infecção hospitalar, 61,9% comissão de revisão de prontuários, 60,3%

comissão de ética médica e 35,3% dos hospitais referiram ter comissão de revisão de

óbitos.

Tabela 2.2. Presença de estruturas e práticas de garantia e monitoramento da qualidade

assistencial(n=3799). Brasil, 2006.

Hospitais Presença de estruturas e práticas de garantia e monitoramento da qualidade assistencial n %

Comissão de farmácia e terapêutica 1895 49,9

Comissão de revisão de prontuários

com atuação regular 1722 45,3

sem atuação regular 631 16,6

Comissão de controle de infecção hospitalar

com busca ativa 1913 50,4

sem busca ativa 926 24,4

Comissão de revisão de óbitos

com atuação regular 817 21,5

sem atuação regular 526 13,8

Comissão de ética médica

com atuação regular 1509 39,7

sem atuação regular 782 20,6

Pesquisa de satisfação de usuários

com atuação regular 1744 45,9

sem atuação regular 1120 29,5

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41

As referidas comissões constituem-se em dispositivos gerenciais necessários mas não

suficientes para garantir e monitorar a qualidade; para tanto, é imprescindível que haja

atuação regular destas comissões. Note-se a esse respeito que as respostas sobre a

regularidade de funcionamento destas comissões, apresentadas na mesma tabela,

evidenciam que a comissão de controle de infecção hospitalar com busca ativa foi

referida em apenas 50,4% dos hospitais, e a comissão de farmácia e terapêutica em

menos de 50% dos hospitais (49,9%), o que pode ser considerado como um resultado

insatisfatório; para todas as demais condições investigadas, os resultados foram ainda

piores - menos da metade dos hospitais acusou regularidade de atuação das comissões e

práticas.

A atuação regular da comissão de revisão de prontuários foi acusada por 45,3% dos

hospitais; a atuação regular da comissão de revisão de óbitos foi referida por apenas

21,5% dos hospitais, e a atuação regular da comissão de ética médica foi citada por

39,7% dos hospitais. Por fim, a realização regular de pesquisa de satisfação de usuários

foi informada por 45,9% dos hospitais.

No que se refere à presença de sistema de informação, condição estrutural sem a qual não

é possível proceder à avaliação e ao monitoramento da qualidade assistencial, observa-se

que 94,2% dos hospitais referiram possuir cadastro de pacientes e 77,2% deles, sistema

de informação sobre a produção assistencial. Apenas 3,2% e 3,7% dos hospitais

registraram ter prontuário eletrônico em alguns serviços e em todos os serviços,

respectivamente (Tabela 2.3). Esta informação, adicionada ao registro de que somente

36,1% dos hospitais referiram ter prontuário único para seus pacientes (Tabela 2.1.),

indica que o registro das intervenções realizadas pelos diferentes profissionais sobre o

paciente no decorrer do tempo - o que contribuiria para se alcançar uma atenção mais

integral e de qualidade - parece não estar sendo adequadamente valorizado na gestão

desses hospitais.

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42

Tabela 2.3. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo a presença de sistema de

informação. Brasil, 2006.

Hospitais Presença de sistema de informação

n %

Sistema de informação sobre a produção assistencial 2.931 77,2

Prontuário eletrônico em alguns serviços 121 3,2

Prontuário eletrônico em todos os serviços 142 3,7

Cadastro de pacientes 3.578 94,2

Apesar de 77,2% dos hospitais referirem ter sistema de produção assistencial, observa-se,

pelos resultados encontrados na Tabela 2.4, que este sistema é composto, para a grande

parte dos hospitais, por indicadores tradicionais necessários, mas que pouco expressam a

qualidade assistencial. Os indicadores que mais expressariam a qualidade foram pouco

mencionados.

Tabela 2.4. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo indicadores monitorados de

forma continua. Brasil, 2006.

Hospitais Indicadores

n %

Taxa de ocupação de leitos 3.207 84,4

Tempo médio de internação 3.282 86,4

Taxa de suspensão de cirurgia 1.104 29,1

Taxa de mortalidade geral hospitalar 2.684 70,7

Taxa de mortalidade por algumas doenças especificas 966 25,4

Taxa de infecção hospitalar 3.058 80,5

Taxa de reinternação pelo mesmo motivo 1.031 27,2

Taxa de eventos adversos por uso de medicamentos, equipamentos, instrumentos e correlatos 889 23,4

Assim, observa-se que os indicadores referentes à taxa de ocupação de leitos e tempo

médio de internação foram registrados respectivamente por 84,4% e 86,4% dos hospitais.

As taxas de infecção hospitalar e de mortalidade geral, que são indicadores mais

próximos da qualidade assistencial, foram citadas por 80,5% e 70,7% dos hospitais.

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43

Considerando-se entretanto, alguns indicadores mais sofisticados, os percentuais

diminuem. A taxa de suspensão de cirurgia foi citada por apenas 29,1% dos hospitais.

Levando em conta que 85,9% e 91,0% dos hospitais referiram ter respectivamente os

serviço de internação em clinica cirúrgica e o centro cirúrgico (Tabela 1.15) poderia se

esperar uma taxa mais elevada de controle de suspensão de cirurgia. Além disso, somente

25,4% dos hospitais controlaram a taxa de mortalidade por algumas doenças específicas.

O controle da reinternação pelo mesmo motivo foi acusado por somente 27,2% dos

hospitais, e o controle de eventos adversos por apenas 27,2% dos hospitais.

Ainda, considerando-se o controle da infecção hospitalar de forma mais detalhada na

Tabela 2.5, taxas mais específicas e acuradas foram mencionadas por um pequeno

número de hospitais. O controle da infecção por localização topográfica foi indicada por

37,6% dos hospitais. A taxa de infecção por procedimentos foi informada por 45,0% dos

hospitais. O controle dos microorganismos responsáveis pelas infecções por 36,4% dos

hospitais, e a taxa de infecção por profissional médico por 23,9% dos hospitais .

Tabela 2.5. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo as informações sobre infecção

hospitalar monitoradas regularmente pelos Hospitais que reportaram Comissão de

Controle de Infecção Hospitalar/CCIH.. Brasil, 2006.

Hospitais Informações monitoradas regularmente pela CCIH

n %

Taxa de infecção hospitalar 3.196 84,1

Percentual de infecção hospitalar por localização topográfica (partes do corpo) 1.430 37,6

Taxa de infecção hospitalar por procedimento 1.709 45,0

Freqüência de infecção hospitalar por microorganismos ou etiologia 1.381 36,4

Taxa de infecção hospitalar por profissional médico 908 23,9

A maior parte dos hospitais estudados não estava acreditada, nem em processo de

acreditação. Somente 6,1% referiram acreditação concluída e 7,0% informaram que

estavam em processo de acreditação (Tabela 2.1). A Tabela 2.6 apresenta as instituições

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44

acreditadoras desses hospitais. A Organização Nacional de Acreditação foi a mais citada

por 10,7% dos hospitais; as demais foram citadas por menos de 2% dos hospitais.

Tabela 2.6. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo instituição acreditadora.

Brasil, 2006.

Hospitais em processo de acreditação ou já acreditados

Instituição acreditadora

n %

Organização Nacional de Acreditação – ONA 407 10,7

Consorcio Brasileiro de Acreditação – CBA 55 1,4

Joint Comission International – JCI 56 1,5

Outras Agências Internacionais de Acreditação 12 0,3

Menos da metade (42,2%) dos hospitais referiram ter recebido algum prêmio no campo

da qualidade: 3,9% referiram o prêmio do Programa Nacional de Qualidade Hospitalar do

Ministério da Saúde; 2,3% o Prêmio Nacional de Qualidade; e 36% dos hospitais

referiram outros prêmios não especificados (Tabela 2.7).

Tabela 2.7. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo Prêmios de Qualidade. Brasil, 2006.

Hospitais Prêmio

n %

Programa Nacional de Qualidade Hospitalar / CQH – MS 150 3,9

Premio Nacional de Qualidade / PNQ 87 2,3

Outros 1.369 36,0

Grande parte dos hospitais (95,1%) referiu estar associada a alguma instituição hospitalar

(Tabela 2.1). As instituições mais referidas foram a Associação Estadual de Hospitais

(35%), a Confederação Nacional das Misericórdias (23,4%) e a Federação Brasileira de

Hospitais (18,6%). As demais foram pouco mencionadas e 45,5% dos hospitais referiram

outra instituição não especificada (Tabela 2.8).

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Tabela 2.8. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo as associações hospitalares das

quais fazem parte. Brasil, 2006.

Hospitais Instituição

n %

Associação Brasileira de Hospitais / ABH 89 2,3

Confederação Nacional das Misericórdias/CNM 888 23,4

Associação Nacional de Hospitais Privados/ANAHP 2 0,0

Associação Estadual de Hospitais 1.330 35,0

Associação Municipal de Hospitais 1 0,0

Federação Brasileira de Hospitais/FBH 705 18,6

Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino/ABRAHUE 80 2,1

Outras 1.729 45,5

Nenhuma associação de hospitais 187 4,9

A inscrição dos laboratórios de patologia/análise clínica dos hospitais a algum Programa

Interlaboratorial pode ser considerado como um indicador da qualidade desses serviços.

Observa-se entretanto, na Tabela 2.9 que poucos hospitais acusaram estar associados a

algum Programa. Somente 38,4% dos hospitais referiram que seus laboratórios

integravam Programas conhecidos. Destes, 20,8% citaram a Sociedade Brasileira de

Patologia Clinica e 11,2% a Associação Brasileira de Patologia Clinica. Foram ainda

citados outros programas não especificados por 6,8% dos hospitais. Era esperado

encontrar um percentual maior de associação, tendo em vista que 92,4% dos hospitais

estudados referiram possuir o serviço de laboratório de patologia/análise clínica (Tabela

1.15).

Tabela 2.9. Distribuição dos hospitais (n=3509) com Laboratório de Patologia Clínica

segundo Programas Interlaboratoriais aos quais se associam. Brasil, 2006.

Hospitais Programa Interlaboratorial

n %

Associação Brasileira de Análise Clinica (ASBAC) 398 11,2

Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC) 743 21,2

Outros 230 6,6

Não integra 508 14,5

NSI 1.684 48,0

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46

Ferramentas e práticas da Gestão da Clínica

Como ferramentas e práticas de gestão da clínica no estudo foram considerados:

diretrizes clínicas, entendidas como posicionamentos ou recomendações (statements)

sistematicamente desenvolvidos para orientar médicos e pacientes acerca de cuidados de

saúde apropriados, em circunstâncias clínicas específicas (IOM, 1990); gestão da

patologia, que consiste no monitoramento do tipo de cuidado, resultados e custos

relacionados a doenças selecionadas; gestão do caso, que envolve o monitoramento de

resultados e custos relativos a clientes selecionados; segunda opinião para procedimentos

específicos; e estudos estatísticos de variações na prática médica.

Observa-se na Tabela 2.10 que foi baixa a adoção dessas práticas: somente 52,2% dos

hospitais referiram utilizar segunda opinião para procedimentos específicos; 51,6% dos

hospitais referiram utilizar diretrizes clínicas; 30,5%, gestão do caso; 24,2%, gestão de

patologias; e 22,2%, estudos estatísticos sobre variações da prática médica.

Tabela 2.10. Presença de práticas de gestão da clínica/assistência(N=3799). Brasil,

2006.

Hospitais Práticas da gestão da clínica

n % Uso de diretrizes clínicas 1961 51,6

Acompanhamento de patologias e ou condições – gestão da patologia 965 24,4

Acompanhamento de pacientes – gestão do caso 1158 30,5

Segunda opinião para procedimentos específicos 1984 52,2

Estudos estatísticos sobre variações da prática médica 842 22,2

A Tabela 2.11 mostra as patologias/condições que foram objeto das diretrizes clínicas,

naqueles hospitais que as adotam. Verifica-se que a mais freqüente foi a infecção

hospitalar, objeto de diretrizes em 66,2% dos hospitais que declararam utilizá-las.

Seguiram, em ordem de freqüência, a hipertensão arterial, a assistência ao parto, a

diabetes, a assistência ao recém-nato de alto risco e o infarto agudo do miocárdio.

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Tabela 2.11. Distribuição dos hospitais que adotam diretrizes clínicas (n=1961) segundo

as patologias e/ou condições objeto dessas diretrizes.. Brasil, 2006.

Hospitais Patologias/condições n %

Transtornos mentais 287 14,7 Demência 134 6,8 Hipertensão arterial 1.223 62,4 Infarto agudo do miocárdio 1.022 52,1 Insuficiência cardíaca 949 48,4 Procedimentos invasivos em cardiologia 632 32,3 Asma brônquica 704 35,9 DPOC 782 39,9 Pneumonias 912 46,5 Alergias 234 11,9 Acidente vascular encefálico 1.030 52,5 Câncer de mama 393 20,1 Câncer de colo de útero 317 16,2 Câncer de prostate 317 16,2 Outros Cânceres 353 18,0 Assistência pré-natal 735 37,5 Assistência ao parto 1.077 54,9 Assistência ao recém-nato de alto risco 1.027 52,4 Diabetes 1.067 54,4 Lombalgias 375 19,1 Infecção Hospitalar 1.298 66,2 AIDS 499 25,4 Outras 275 14,0

Especificamente considerando a utilização das recomendações que constam em diretrizes

clínicas para as áreas de cardiologia e oncologia, verifica-se na Tabela 2.12 que apenas

20,5% dos hospitais referiram adotar orientações para a reperfusão coronariana no Infarto

Agudo do Miocárdio. Menor, ainda, é a adoção da prática de acompanhamento do

diagnóstico de CA de mama, de colo cervical e de próstata, presente respectivamente em

apenas 6,1%, 4,3% e 6,1% dos hospitais.

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Tabela 2.12. Distribuição dos hospitais segundo o uso de diretrizes clínicas nas áreas de

cardiologia e oncologia nos Hospitais. Brasil, 2006

Hospitais Presença de práticas da gestão da clínica Hospitais elegíveis

para uso da prática n %

Orientação para reperfusão coronariana no Infarto Agudo do Miocárdio 1

3110 777 25,0

Acompanhamento de diagnóstico de CA mama 2937 232 7,9 Acompanhamento de screening de CA de colo cervical 2861 162 5,7 Acompanhamento de screening de CA de próstata 2861 230 8,0

No que tange às formas de divulgação das diretrizes clínicas, observa-se na Tabela 2.13

que a mais freqüente foi a oral (através de seminários e palestras), adotada em 57,3% dos

hospitais. Ainda, esses estabelecimentos divulgaram suas diretrizes clínicas através de

meios impressos (livretos, em 48,8% dos hospitais e fluxogramas, em 30,4% das

unidades) ou de outras formas (apontadas por 45,1% dos hospitais).

Tabela 2.13. Distribuição dos hospitais que adotam diretrizes clínicas segundo as formas

de divulgação das mesmas. Brasil, 2006.

Hospitais Formas de divulgação das diretrizes clínicas

n %

Livretos impressos 954 48,8

Fluxogramas impressos 596 30,4

Mensagens eletrônicas 284 14,5

Homepage 69 3,5

Seminários/palestras 1124 57,3

Outras formas 885 45,1

Por outro lado, como evidencia a Tabela 2.14, observou-se uma baixa divulgação das

diretrizes clínicas entre os pacientes: ela estava ausente em 66,7% dos hospitais. Note-se

que apenas 7,4% difundiram todas as diretrizes utilizadas e, ainda 18,1% dos hospitais

difundiram algumas diretrizes utilizadas em condições específicas e sem regularidade.

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Tabela 2.14. Distribuição dos hospitais que adotam diretrizes clínicas, segundo o grau

de divulgação das mesmas entre seus pacientes. Brasil, 2006.

Hospitais Tipos de divulgação

n %

Não difundem 1.309 66,7

Difundem todas as diretrizes utilizadas 145 7,4

Difundem algumas diretrizes utilizadas com regularidade 153 7,8

Difundem algumas diretrizes utilizadas em condições específicas sem regularidade 354 18,1

Total 1961 100,0

A Tabela 2.15 mostra que na maior parte (80,9%) dos hospitais houve alguma avaliação a

respeito da adesão dos profissionais às diretrizes clínicas definidas pelo hospital. Ela se

deu fundamentalmente através do acompanhamento de pedidos de exames,

medicamentos ou procedimentos especiais – presente em 52,1% dos hospitais – e,

também, mediante a avaliação de prontuários, em 50,3% dos casos.

Tabela 2.15. Distribuição dos hospitais que adotam diretrizes clínicas, segundo as

formas de avaliação da adesão dos profissionais às mesmas. Brasil, 2006.

Hospitais Formas de avaliação da adesão às diretrizes clínicas

n %

Inquéritos aplicados entre os profissionais de saúde 220 11,2

Inquéritos aplicados entre os pacientes 220 11,2

Avaliação de prontuários 986 50,3

Acompanhamento de pedidos de exames, medicamentos ou procedimentos especiais 1.021 52,1

Outras 485 24,7

Nenhuma 375 19,1

Verifica-se na Tabela 2.16 que as doenças ou condições mais focalizadas pela gestão de

patologias foram a atenção pré-natal e/ou ao parto, a infecção hospitalar e a hipertensão

arterial, presentes em respectivamente 60,1%, 53,2% e 32,0% dos hospitais que fazem

gestão de patologias. Chama a atenção a baixa freqüência da gestão de diversos cânceres

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(9,5% no caso de CA de mama e de próstata e apenas 1,6% no que se refere a CA de colo

do útero). Ainda, foi baixa a gestão da diabetes (em apenas 20% das unidades) e do

infarto agudo do miocárdio (em 8,5%). A asma e a AIDS receberam pouca atenção em

termos da gestão dessas patologias, tendo em vista que ela foram realizadas em apenas

12,0% e 8,3% dos hospitais, respectivamente.

Tabela 2.16. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de patologias (n=965),

segundo as doenças/condições focalizadas. Brasil, 2006.

Hospitais Doenças e ou condições focalizadas pela Gestão de Patologias n %

Hipertensão arterial 309 32,0 Diabetes 192 19,9 Infarto agudo do miocárdio 82 8,5 Insuficiência cardíaca 157 16,3 Atenção ao pré-natal e/ou parto 580 60,1 Câncer de mama 92 9,5 Câncer de prostate 92 9,5 Câncer de colo de útero 16 1,7 Outros cânceres 147 15,2 Dor lombar/Lombalgias 1 0,1 Doença pulmonar obstrutiva crônica/DPOC 154 16,0 Asma 116 12,0 AIDS 80 8,3 Infecção hospitalar 513 53,2 Transtornos depressivos 132 13,7 Outros 75 7,8

Note-se que, como mostram as Tabelas 2.17 e 2.18, dos 965 hospitais que referiram fazer

gestão de patologias, 66,8% dos mesmos divulgaram aos pacientes as intervenções nelas

preconizadas. Entretanto, apenas em 23,1% desses hospitais houve o envolvimento da

maioria dos pacientes na tomada de decisão sobre condutas clínico-cirúrgicas. Em 24,2%

dessas unidades, somente a minoria dos pacientes foi envolvida, enquanto em 30,8% dos

casos nunca ocorreu o envolvimento dos pacientes nessas condutas.

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Tabela 2.17. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de patologias (n=965),

segundo a prática de informar os pacientes sobre as intervenções preconizadas na gestão

de patologias. Brasil, 2006.

Hospitais Informação aos pacientes sobre as intervenções preconizadas na gestão de patologias.

n %

Sim 644 66,8

Não 319 33,1

NSI 1 0,1

Total 964 100,0

Tabela 2.18. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de patologias (n=965),

segundo o envolvimento de pacientes na tomada de decisões sobre condutas adotadas.. Brasil, 2006.

Hospitais Envolvimento de pacientes na tomada de decisão sobre condutas

n %

Nunca 297 30,8

Minoritariamente 233 24,2

Majoritariamente 223 23,1

Sempre 209 21,7

NSI 2 0,2

Total 964 100,0

Os agravos e condições mais focalizados na gestão do caso foram o diabetes em estado

avançado e os idosos com múltiplas doenças, em, respectivamente, 55,6% e 55,5% dos

hospitais pertinentes (Tabela 2.19).

O critério mais freqüente para a seleção dos casos a serem geridos foi o da recorrência

das internações, apontado por 66,5% dos hospitais (Tabela 2.20). A gravidade clínica ou

os portadores de múltiplas doenças, bem como os pacientes de baixa adesão ao

tratamento foram critérios adotados em 47,1% dos hospitais. Por sua vez, o potencial de

complicação clínica foi um critério levado em consideração em 46,3% dos hospitais que

fazem a gestão dos casos. Diferentemente do esperado, o alto custo foi um critério

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mencionado por apenas 21,2% dos hospitais – na realidade, este afeta fundamentalmente

o órgão pagador (as operadoras de planos de saúde, os próprios pacientes ou o SUS).

Tabela 2.19. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão do caso (n=1158), segundo

condições/agravos focalizados. Brasil, 2006.

Hospitais Condições/agravos

n %

Politraumatizado 229 19,7

Diabetes em estado avançado 644 55,6

Doença renal crônica 348 30,1

Transtorno mental 283 24,5

Transplantado 165 14,2

Imunodeficiência 307 26,5

Tuberculose resistente ao tratamento ou com comorbidade 227 19,6

Idoso com múltiplas doenças 643 55,5

Tabela 2.20. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão do caso (n=1158), segundo

critérios utilizados na seleção de casos monitorados.. Brasil, 2006.

Hospitais Critérios

n %

Gravidade clínica ou portadores de múltiplas doenças 546 47,1

Alta intensidade no uso de exames e intervenções 404 34,9

Recorrência de internações 770 66,5

Alto custo 245 21,2

Potencial de complicação clínica 536 46,3

Pacientes idosos 320 27,6

Pacientes com dificuldade de alta 403 34,8

Pacientes com baixa adesão ao tratamento 546 47,1

Pacientes com graves problemas familiares ou sócio-econômicos 322 27,8

Observa-se, na Tabela 2.21, os hospitais que referiram envolver seus pacientes na tomada

de decisão concernente à gestão de casos. Somente 30,9% referiram sempre envolver

seus pacientes nas decisões referentes ao seu tratamento; 17,2% disseram envolvê-los na

maioria das vezes e 22,9% dos hospitais referiram nunca envolver os pacientes.

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Tabela 2.21. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de casos (n=1158),

segundo o envolvimento de pacientes na tomada de decisões sobre condutas adotadas. Brasil, 2006.

Hospitais Envolvimento de pacientes na tomada de decisão

n %

Nunca 263 22,7

Minoritariamente 340 29,3

Majoritariamente 199 17,2

Sempre 357 30,9 No que tange ao profissional que atua predominantemente como gestor do caso, o médico

foi o mais freqüentemente (64,2%) referido, seguido do enfermeiro (mencionado em

29,2% dos casos), como se observa na tabela abaixo.

Tabela 2.22. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de casos (n=1158),

segundo o profissional que predominantemente atua como gestor do caso. Brasil, 2006.

Hospitais Profissional gestor do caso

n %

Médico 743 64,2

Enfermeiro 338 29,2

Assistente social 75 6,5

Todos 2 0,2

A Tabela 2.23 informa sobre os critérios utilizados na realização de estudos estatísticos

sobre a variação da prática médica. Verifica-se que o alto custo e a existência de

evidências clínicas claras sobre a melhor prática a ser adotada foram os critérios mais

prevalentes. A dispersão expressiva no tempo de permanência hospitalar foi também

apontada como critério para realização de tais estudos por 10,8% dos estabelecimentos

que os realizam.

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Tabela 2.23. Distribuição dos hospitais que realizam estudos estatísticos sobre a

variação da prática medica (n=842), segundo os critérios utilizados para a mesma. Brasil, 2006.

Hospitais Critérios

n %

Condições para as quais não há evidencias clinicas claras sobre a melhor pratica a ser adotada 2 0,2

Condições para as quais há evidencias clinicas claras sobre a melhor pratica a ser adotada 208 18,0

Condições de alto custo 229 19,7

Condições de elevada mortalidade 14 1,2

Condições de elevado potencial de complicação 88 7,6

Observação de resultados inesperados 2 0,2

Observação de resultados muito variados 76 6,6

Dispersão expressiva no tempo de permanência hospitalar 125 10,8

Atuação dos hospitais em ações de promoção e prevenção

Considerando-se a atuação dos hospitais no campo da promoção e prevenção a saúde ,

observa-se na Tabela 2.24 que praticamente a metade dos hospitais referiu realizar

campanhas de promoção/prevenção/educação junto à comunidade em que se situam,

predominantemente por iniciativa do hospital (72,6%) (Tabela 2.25). As cinco principais

áreas focalizadas foram: hipertensão, diabetes, doenças sexualmente transmissíveis,

alcoolismo e tabagismo (Tabela 2.26).

Tabela 2.24. Distribuição dos hospitais (n=3799) segundo a realização de campanhas de

promoção/prevenção/educação junto a comunidade. Brasil, 2006.

Hospitais Campanhas

n %

Sim 1.826 48,1

Não 1.973 51,9

Total 3.799 100,0

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Tabela 2.25 Distribuição dos hospitais que realizam campanhas de

promoção/prevenção/educação (n=1826), segundo o critério de escolha das áreas

focalizadas nas mesmas.Brasil, 2006

Hospitais Critério de escolha

n %

Predominantemente por iniciativa do Hospital, considerando área de expertise e importância epidemiológica 1.326 72,6

Qualquer tema desde que solicitado por uma operadora 1 0,1

Qualquer tema desde que solicitado por alguma associação da sociedade civil 392 21,5

Qualquer tema desde que solicitado por um órgão governamental 823 45,1

Tabela 2.26. Distribuição dos hospitais que realizam campanhas de

promoção/prevenção/educação (n=1826), segundo as áreas focalizadas nas campanha. Brasil, 2006

Hospitais Áreas focalizadas n %

Tabagismo 687 37,6 Diabetes 1.039 56,9 Hipertensão 1.267 69,4 Obesidade 419 22,9 Doenças sexualmente transmissíveis 797 43,7 Alcoolismo 743 40,7 Uso de drogas 666 36,5 Câncer de mama 543 29,8 Câncer de colo uterino 331 18,1 Câncer de próstata 322 17,7 Geriatria 156 8,6 Reconhecimento precoce do Infarto Agudo do Miocárdio 82 4,5 Reconhecimento precoce dos Acidentes Vasculares Encefálicos 78 4,3 Primeiros Cuidados na Parada Cardíaca 287 15,7 Primeiros Cuidados nos Acidentes com Agentes do Meio Ambiente 76 4,2

Finalmente, foram feitos alguns cruzamentos entre a presença de práticas de gestão da

clínica com o grau de diferenciação referido pelos dirigentes hospitalares (Tabela 2.27),

bem como com o grau de complexidade assistencial dos hospitais (Tabela 2.28).

Observa-se a tendência de uma relação positiva entre a adoção de diretrizes clínicas, de

gestão da patologia e da realização de estudos de variações da prática médica e o fato de

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o hospital se reconhecer como diferenciado em relação a outros hospitais próximos.

Entretanto, somente no último caso, essa relação é estatisticamente significativa.

Tabela 2.27. Presença de práticas de gestão da clínica segundo hospitais que referiram ou não diferenciarem-se.

Diferenciação em relação a outros

hospitais próximos

Total

Sim Não

Práticas de Gestão da Clínica

n % n % n %

χ

2

(p)

Diretrizes clínicas 1961 51,6 1452 57,5 510 39,9 0,4174 Gestão da patologia 965 24,4 723 28,6 242 19,0 0,5936 Gestão do caso 1158 30,5 690 27,3 469 36,7 0,3758 Estudos de variações da prática médica 842 22,2 805 31,9 37 2,9 0,0031

Note-se, ainda, a relação claramente presente entre uso de diretrizes clínicas e

complexidade assistencial – os hospitais Geral II com UTI, Geral I com UTI e

Especializado com UTI são os que adotam, na sua quase totalidade, diretrizes clínicas

(Tabela 2.28).

Tabela 2.28. Presença de práticas de gestão da clínica segundo complexidade assistencial

Complexidade Assistencial Total Geral II Geral I c/ UTI Geral I

s/ UTI Especializado c/ UTI

Práticas de Gestão da Clínica

n % n % n % n % n % Diretrizes clínicas 1961 51,6 716 82,6 535 78,6 477 29,9 122 100,0 Gestão da patologia 965 24,4 307 35,4 226 33,2 228 14,3 56 46,0 Gestão do caso 1158 30,5 419 48,3 232 34,1 304 19,0 56 46,0 Estudos de variações da prática médica 842 22,2 229 26,4 159 23,3 249 15,6 56 46,0

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Em suma, os resultados apresentados nesta seção apontam para a baixa presença de

estruturas e práticas de qualificação da gestão e monitoramento da qualidade

assistencial nos hospitais prestadores de serviços ao Sistema de Saúde Suplementar,

evidenciando-se, entretanto, um melhor desempenho daqueles que não prestam

serviços do que daqueles que prestam serviços ao SUS.

Especificamente no que concerne às práticas de gestão da clínica, pode surpreender

em algum grau o fato de 51,6% do hospitais referirem utilizar diretrizes clínicas, mas

este resultado parece ser validado na sua distribuição por complexidade assistencial.

Vale ainda destacar que se trata de um resultado geral, que não discrimina a

abrangência de uso das diretrizes nos diversos serviços hospitalares de um hospital,

nem a fonte dessas diretrizes, o que fortemente depõe a favor ou não de um processo

de uso mais profissionalizado.

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3. A MICRO-REGULAÇÃO EXERCIDA PELAS OPERADORAS SOBRE OS PRESTADORES HOSPITALARES Este bloco de análise trata da micro-regulação exercida pelas operadoras sobre os

hospitais por elas credenciados. Nesse sentido, aborda, em um primeiro momento,

questões que dizem respeito à existência ou não de redes de prestadores e, a seguir, de

questões referentes à indução de práticas inerentes à qualificação assistencial.

Finalmente, é analisado o grau de controle da utilização dos serviços prestados por

estes prestadores hospitalares.

Como visto acima, menos da metade do universo estudado (46,5% dos hospitais)

referiu integrar redes de prestadores de alguma operadora e, dentre esses, a maior

parte (78,7%) integra uma rede de 1 a 5 operadoras.

Dos hospitais que declararam pertencer a alguma rede de prestadores de alguma(s)

operadora(s), 74,1% deles mencionaram possuir algum serviço de referência. Ainda,

como já foi apontado, dentre os hospitais que integravam alguma rede de prestadores,

65,6% dos mesmos declararam encaminhar pacientes para outros hospitais integrantes

da referida rede.

Por outro lado, como já referido no Bloco 1, referente à caracterização dos hospitais,

66,4% destes referiram apresentar áreas e ou serviços diferenciados que lhes

conferiam poder competitivo. Entretanto, como se observa na tabela abaixo, em

95,4% dos casos essa diferenciação de serviços não decorreu de nenhuma indução por

parte das operadoras.

Tabela 3.1. Distribuição dos hospitais com diferenciação de serviços segundo

indução ou não de operadoras de planos de saúde.. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da diferenciação de serviços

n %

Com indução de operadoras 115 4,6

Sem indução de operadoras 2408 95,4

NSI - -

Total 2.523 100,0

Portanto, algumas operadoras constituem redes de prestadores e têm serviços de

referência; entretanto, não intervêm na definição do papel destes (em termos de sua

diferenciação) na rede. Ela decorre de iniciativas individuais e estratégias comerciais

dos hospitais.

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Ainda, como se observará a seguir, a intervenção das operadoras de planos de saúde

enquanto gestoras de sistemas de cuidados é ainda muito tímida ou quase ausente.

Na seção anterior, viu-se que aproximadamente a metade (51,6%) dos hospitais

declararam adotar diretrizes clínicas, enquanto apenas 25,4% do universo do estudo

afirmou exercer a gestão da patologia e somente 30,5% mencionou que faz gestão dos

casos.

Note-se que, se é pequena a adoção de ações relativas à gestão da clínica nesses

hospitais que atuam no campo da saúde suplementar, menor (ou nulo) é, ainda, o grau

de indução das operadoras nesse sentido.

Como se observa nas duas tabelas seguintes, as operadoras estão ausentes na decisão

sobre a adoção de diretrizes clínicas: dentre os 1.961 hospitais que as adotaram, todos

os fizeram seja como resultado de política do hospital independente de demandas

externas (em 93,5% dos casos), seja em decorrência de iniciativas de grupos/serviços

médicos específicos (em 6,5% dos casos).

Tabela 3.2. Distribuição dos hospitais com diretrizes clínicas, segundo indução ou

não de operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da adoção de diretrizes clínicas

n %

Com indução de operadoras 0 0,00

Sem indução de operadoras 1.961 100,0

NSI - -

Total 1.961 100,0

Tabela 3.3. Distribuição dos hospitais com diretrizes clínicas, segundo a motivação

do uso das mesmas. Brasil, 2006

Hospitais Motivação do uso de diretrizes clínicas

n %

Política do hospital independente de demandas externas 1.833 93,5

Política do hospital decorrente de exigências de uma das cinco principais operadoras (em termos de volume de faturamento) - -

Política do hospital decorrente de exigência de outra operadora - -

Iniciativa de grupos/serviços médicos específicos 128 6,5

NSI - -

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60

No que se refere à indução da gestão de patologias, é muito tímida, também, a

participação das operadoras: apenas em 7,9% dos casos que adotaram essa prática, ela

foi decorrente de alguma ação das operadoras de planos de saúde. Na maioria (73,2%)

dos casos, essa prática derivou de uma política do Hospital independente de demandas

externas, enquanto em 30,4% dos casos ela decorreu de iniciativas de grupos /serviços

médicos específicos. Vale notar que estas duas situações não são excludentes.

Tabela 3.4. Distribuição dos hospitais que realizam gestão de patologias, segundo

indução ou não de operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da gestão de patologias

n %

Com indução de operadoras 76 7,9

Sem indução de operadoras 889 92,1

NSI - -

Total 965 100,0

Tabela 3.5. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de patologias, segundo a

motivação determinante. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da adoção da gestão de patologias

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 707 73,2

Política do Hospital decorrente de exigências de uma das cinco principais operadoras (em termos de volume de faturamento) - -

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora 76 7,9

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 293 30,4

NSI - -

Por sua vez, a gestão dos casos, nos 1.158 hospitais em que ela ocorreu, se deu sem

nenhuma indução por parte das operadoras: 93,8% dos hospitais fizeram essa prática

como decorrência de política própria, independente de demandas externas e, em

alguns casos, também por iniciativa de grupos ou serviços médicos específicos.

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61

Tabela 3.6. Distribuição dos hospitais que realizam gestão de casos, segundo

indução ou não de operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da gestão de casos

n %

Com indução de operadoras 0 0,0

Sem indução de operadoras 1.158 100,0

NSI - -

Total 1.158 100,0

Tabela 3.7. Distribuição dos hospitais que adotam a gestão de casos, segundo a

motivação determinante. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da adoção da gestão de casos

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 1.086 93,8

Política do Hospital decorrente de exigências de uma das cinco principais operadoras (em termos de volume de faturamento) - -

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora - -

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 333 28,8

NSI - -

A seguir, é apresentada uma série de tabelas que dizem respeito a práticas específicas

relativas à gestão da qualidade assistencial. Nota-se que nestas, também, está

praticamente ausente qualquer indução por parte das operadoras de planos de saúde.

Assim, no que tange à exigência de segunda opinião médica para procedimentos

específicos, os hospitais que a adotaram o fizeram por decorrência de política própria

(em 60,5% dos casos) e/ou por iniciativa de alguns grupos ou serviços médicos (em

50% dos casos).

Tabela 3.8. Distribuição dos hospitais que exigem segunda opinião para

procedimentos específicos, segundo a motivação determinante. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da exigência de segunda opinião

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 899 60,5

Política do Hospital decorrente de exigências de uma das cinco principais operadoras (em termos de volume de faturamento) - -

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora - -

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 749 50,4

NSI - -

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62

O mesmo ocorre com a realização de estudos sobre variações na prática médica:

dentre os 842 hospitais que os fizeram, apenas um (1) o fez em decorrência da

indução de alguma operadora de planos de saúde.

Tabela 3.9. Distribuição dos hospitais que realizam estudos sobre variações na

prática médica, segundo indução ou não de operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da realização de estudos sobre variações na prática médica n %

Com indução de operadoras 1 0,1

Sem indução de operadoras 841 99,9

NSI - -

Total 842 100,0

Na maior parte dos casos (86,6%), essa prática decorreu da política própria do

hospital e/ou (menos frequentemente) da iniciativa de grupos ou serviços médicos

específicos.

Tabela 3.10. Distribuição dos hospitais que realizam estudos de variações na prática

médica, segundo a motivação determinante. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da realização de estudos de variações na prática médica

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 729 86,6

Política do Hospital decorrente de exigências de uma das cinco principais operadoras (em termos de volume de faturamento) 1 0,1

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora - -

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 239 28,4

NSI - -

A tabela que segue sistematiza informações sobre a indução das operadoras sobre

alguns elementos da gestão da assistência. Note-se que a maioria absoluta (98,0%)

dos hospitais que tinham um sistema de informação sobre a produção assistencial o

implantaram por iniciativa própria. Da mesma forma, dos 142 hospitais que tinham

cadastro eletrônico, nenhum declarou ter sido objeto de indução das operadoras a esse

respeito. Por sua vez, o cadastro de pacientes, presente em 3.578 hospitais, foi

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63

predominantemente feito por iniciativa própria destas unidades; em apenas 2% destes

casos houve a influência das operadoras de planos de saúde.

Tabela 3.11. Distribuição dos hospitais com sistemas de informação assistencial

segundo indução ou não de operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006

Hospitais Com indução Sem indução

Tipo de informação assistencial

n % n % Sistema de informação sobre a produção assistencial

55 2,0 2.931 98,0

Prontuário eletrônico 0 0,0 142 100,0 Cadastro de pacientes 73 2,0 3.505 98,0 * Com indução - soma do numero de hospitais que implantaram em função de exigência de umas das 5 principais operadoras e exigência de outra operadora Sem indução - soma do numero de hospitais que implantaram independente de demandas externas e por iniciativas de grupos/serviços médicos Como mostram as tabelas abaixo, essas práticas decorreram preponderantemente da

política de gestão da assistência do hospital.

Aqueles que implantaram sistema de informação sobre a produção assistencial o

fizeram, em 100% dos casos, por iniciativa própria e, também (em 2% dos casos), por

exigência de uma das cinco principais operadoras em volume de faturamento.

Tabela 3.12. Motivação para implantação de sistema de informação sobre a

produção assistencial nos Hospitais. Brasil, 2006

Hospitais Motivação

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 2931 100,0

Política do Hospital em função de exigências de uma das cinco principais operadoras(volume de faturamento) 55 2,0

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora - -

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 0 0,0

NSI 0 0,0

No que tange à adoção de prontuário eletrônico, ela derivou exclusivamente da

iniciativa do próprio hospital, como mostra a tabela abaixo.

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Tabela 3.13. Distribuição dos hospitais que adotam prontuário eletrônico, segundo a

motivação. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da adoção de prontuário eletrônico

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 142 100,0

Política do Hospital em função de exigências de uma das cinco principais operadoras(volume de faturamento) 0 0,0

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora 0 0,0

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 0 0,0

NSI 0 0,0

Por sua vez, a motivação que levou a implantação de cadastro de pacientes resulta, em

todos os casos que adotaram essa política, de iniciativa do próprio hospital, que se

somou, em apenas 2% dos casos, às exigências de uma das cinco principais

operadoras, em termos de volume de faturamento. Note-se, ainda, que somente uma

(1) operadora que não se situa entre as principais exigiu o cadastro dos pacientes.

Tabela 3.14. Distribuição dos hospitais que mantêm cadastro de pacientes, segundo a

motivação. Brasil, 2006

Hospitais Motivação do cadastro de pacientes

n %

Política do Hospital independente de demandas externas) 3578 100,0

Política do Hospital em função de exigências de uma das cinco principais operadoras(volume de faturamento) 72 2,0

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora 1 0,03

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 0 0,0

NSI 0 0,0

A tabela que segue apresenta algumas estruturas e práticas de garantia e

monitoramento da qualidade, segundo sejam elas ou não induzidas por operadoras.

Ela mostra que na grande maioria dos casos (entre 73,4% e 100,0%), quando elas

foram adotadas, o foram por iniciativa própria do hospital, tendo as operadoras um

papel indutor ínfimo ou nulo nesse aspecto.

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65

Apenas no que se refere à presença de Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

sem busca ativa (em 13,2% dos hospitais que as têm) e com busca ativa (em 8,1%

das unidades que as têm) e de Comissão de Revisão de Óbitos com atuação

sistemática (em 7,6% dos hospitais que a têm) houve indução exercida pelas

operadoras de planos de saúde, além de uma muito tímida participação no estímulo à

criação de Comissão de Ética Médica com atuação sistemática (em 4,5% dos

hospitais que a têm), de Pesquisa de satisfação de usuários com atuação sistemática

(em 4,4% das unidades que a têm) e, finalmente, de Comissão de Farmácia e

Terapêutica (em 4,1% das unidades que a têm).

Tabela 3.15. Distribuição dos hospitais com estruturas e práticas de garantia e

monitoramento da qualidade assistencial segundo indução ou não de operadoras

de planos de saúde . Brasil, 2006

Hospitais Com indução Sem indução NSI

Estruturas e práticas de garantia e monitoramento da qualidade assistencial n % n % n % Comissão de farmácia e terapêutica 77 4,1 1818 95,9 0 0,0 Comissão de revisão de prontuários com atuação sistemática

0 0,0 1722 87,5 247 12,5

Comissão de revisão de prontuários sem atuação sistemática

0 0,0 631 100,0 0 0,0

Comissão de controle de infecção hospitalar com busca ativa

191 8,1 1722 73,4 433 18,5

Comissão de controle de infecção hospitalar sem busca ativa

131 13,2 795 79,8 70 7,0

Comissão de revisão de óbitos com atuação sistemática

76 7,6 741 73,7 188 18,7

Comissão de revisão de óbitos sem atuação sistemática

0 0,0 526 93,4 37 6,6

Comissão de ética médica com atuação sistemática

76 4,5 1433 84,5 187 11,0

Comissão de ética médica sem atuação sistemática

0 0,0 782 86,2 125 13,8

Pesquisa de satisfação de usuários com atuação sistemática

77 4,4 1667 95,6 0 0,0

Pesquisa de satisfação de usuários sem atuação sistemática

0 0,0 1120 99,9 1 0,1

* Com indução - soma do numero de hospitais que implantaram em função de exigência de umas das 5 principais operadoras e exigência de outra operadora Sem indução - soma do numero de hospitais que implantaram independente de demandas externas e por iniciativas de grupos/serviços médicos A tabela abaixo mostra que naqueles hospitais que têm Ouvidoria, tampouco houve

nenhuma influência das operadoras nesse sentido. Ainda, a indução das operadoras se

deu em apenas 9,3% dos que possuem serviço de Patologia Clínica com

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66

funcionamento integral e somente em 9,4% dos que têm serviço de Imagem com

funcionamento integral.

Tabela 3.16. Distribuição dos hospitais com estruturas e práticas de garantia de

qualificação da gestão segundo indução ou não de operadoras de planos de saúde .

Brasil, 2006

Hospitais Com indução

* Sem indução* NSI

Estruturas e práticas de garantia de qualificação da gestão

n % n % n %

Ouvidoria 0 0,0 1419 99,9 1 0,1

Funcionamento da Patologia clínica 24 hs e 7 ds

260 9,3 2526 90,7 0 0,0

Funcionamento da Imagem 24 hs e 7 ds

259 9,4 2507 90,6 0 0,0

* Com indução - soma do numero de hospitais que implantaram em função de exigência de umas das 5 principais operadoras e exigência de outra operadora Sem indução - soma do numero de hospitais que implantaram independente de demandas externas e por iniciativas de grupos/serviços médicos Por sua vez, aqueles hospitais que desenvolveram campanhas de

promoção/prevenção/educação junto à comunidade o fizeram preponderantemente por

iniciativas outras, independentes da indução das operadoras. Estas influenciaram

apenas 4,2% dos hospitais que realizam campanhas.

Tabela 3.17. Distribuição dos hospitais, segundo a motivação para a realização de

campanhas de promoção/prevenção/educação junto a comunidade. Brasil, 2006

Hospitais Motivação da realização de campanhas

n %

Política do Hospital independente de demandas externas 1462 80,1

Política do Hospital em função de exigências de uma das cinco principais operadoras(volume de faturamento) 0 0,0

Política do Hospital em função de exigências de outra operadora 76 4,2

Política do Hospital em resposta às demandas da comunidade 277 15,2

Iniciativa de grupos /serviços médicos específicos 142 7,8

NSI 0 0,0

Vale notar, ainda, que as operadoras pouco solicitaram indicadores hospitalares:

apenas 7,4% dos hospitais declararam que as operadoras exigem algum indicador

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67

durante a vigência do contrato, e apenas 4,0% o fazem por ocasião da assinatura do

contrato.

Em suma, todas tabelas apresentadas acima demonstram a baixíssima intervenção das

operadoras de planos de saúde sobre a qualificação da gestão da assistência hospitalar.

Totalmente distinto é o grau de intervenção das operadoras de planos de saúde sobre o

nível de utilização de serviços, como mostram as duas tabelas que seguem. Quase a

totalidade dos hospitais (97,2%) declarou que as operadoras exigem autorização

prévia para admissão em internação eletiva e 71,8% apontou que a autorização de

procedimentos durante a internação é exigência das operadoras.

Tabela 3.18. Distribuição dos hospitais, segundo exigências/ Procedimentos das

operadoras associados à solicitação de indicadores hospitalares. Brasil, 2006

Hospitais

Tipo de exigência/procedimento

n % Cadastramento 1 0,0 Assinatura de contrato 152 4,0 Durante a vigência de contrato 279 7,4 Sem outra exigência/procedimento 539 14,2

Tabela 3.19. Distribuição dos hospitais, segundo exigência das operadoras para

admissão na internação e para procedimentos durante a internação. Brasil, 2006

Hospitais Com exigência Sem exigência NSI

Controle de utilização de serviços

n % n % n % Autorização prévia para admissão em internação eletiva

3.692 97,2 107 2,8 - -

Autorização de procedimentos durante a internação

2.726 71,8 807 21,2 266 7,0

Vale mencionar, ademais, que é considerável o tempo de autorização para realização

de procedimentos durante a internação, em função da operadora: em média, um

indivíduo internado demorou 24 horas para obter autorização da operadora para

realizar os procedimentos que lhe forem prescritos pelo hospital (como mostra a

tabela abaixo), fato esse que retrata, também, um forte controle da utilização de

serviços exercido pelas operadoras de planos de saúde.

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68

Tabela 3.20. Tempo médio para autorização do procedimento de internação pela

operadora. Brasil, 2006 Tipo de autorização

Tempo médio

Tempo mediano

Desvio padrão

Autorização prévia para admissão em internação eletiva

24 horas 12 horas 210

Autorização de procedimentos durante a internação

22 horas 12 horas 180

Em suma, é baixíssima –ou quase nula- a micro-regulação que as operadoras de

planos de saúde exercem sobre os hospitais, em termos da qualificação da assistência.

Infelizmente, a atuação destas refere-se fundamentalmente, ao controle da utilização

de serviços, exercido de forma intensa, como mostram os dados acima apresentados.

É baixo, ainda, o grau de construção de redes assistenciais, tendo em vista que menos

da metade dos prestadores hospitalares referiu pertencer a alguma rede formada por

operadoras.

Portanto, os prestadores hospitalares que prestam serviços a operadoras de planos de

saúde não constituem micro-sistemas de saúde paralelos (ou suplementares) ao SUS;

o que se verifica é a existência de um vasto conjunto de prestadores hospitalares

privados, majoritariamente vinculados ao SUS, que não se sentem pertencentes a rede

alguma de prestadores privados, sendo, entretanto, objeto de forte regulação da

utilização de seus serviços exercida pelas operadoras de planos de saúde.

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4. CONTRATUALIZAÇÃO

Este bloco busca detalhar as relações contratuais entre os hospitais e as operadoras de

planos de saúde a quem prestam serviços. Constitui-se de 19 tabelas tratando das

formas das relações comerciais existentes, glosas de contas pelas operadoras, reajustes

de pagamentos, nível de satisfação do hospital com os termos do contrato, solicitação

de documentação e de cadastro de profissionais pelas operadoras, avaliação dos

serviços e aspectos inspecionados pelas operadoras, verificação da existência de

comissões hospitalares, aspectos contemplados pelos contratos, tipo e forma de

pagamento praticados pelas operadoras, recebimento de bônus por desempenho e

aspectos assistenciais demandados para prestação de contas às operadoras.

Inicia-se apresentando (Tabela 4.1) as formas de relação comercial utilizadas pelos

hospitais. A quase totalidade dos hospitais (91,2%) relacionava-se com todas suas

operadoras de planos de saúde através de contrato formal, sendo que, destes, 76,4%

estabeleceram negociação prévia e 18,5% foram objeto de visita técnica. Note-se que

esses mecanismos não são excludentes. Poucos hospitais relacionavam-se através de

acordo verbal ou operavam sem contrato, mesmo assim apenas com a minoria das

operadoras a quem prestavam serviços.

Tabela 4.1. Distribuição de hospitais segundo situação e forma de relação comercial com suas operadoras. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Forma de relação comercial

n % n % n % n % n %

Contrato formal

Negociação prévia

Visita técnica

3465

2903

703

91,2

76,4

18,5

263

297

597

6,9

7,8

15,7

0

132

1720

0,0

3,5

45,3

0

321

565

0,0

8,5

14,9

71

144

214

1,9

3,8

5,6

Acordo Verbal 0 0,0 0 0,0 261 6,9 3467 91,2 71 1,9

Sem contrato 0 0,0 0 0,0 154 4,1 3574 94,1 71 1,9

A Tabela 4.2 mostra que boa parte dos hospitais (94,5%) realizava contratos formais

incluindo todos os serviços hospitalares, sendo que 73,3% dos hospitais praticavam

essa modalidade de contrato com todas suas operadoras, 15,7% dos hospitais

praticavam essa modalidade de contrato com a maioria de suas operadoras e 5,5%

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70

com a minoria das operadoras. Poucos hospitais realizavam contratos para a oferta de

apenas parte de seus serviços como somente ambulatoriais (17%), somente internação

(13,7%) ou somente para alguns procedimentos (9,8%). Dito de outro modo, em torno

de 80% dos hospitais não praticava contratos formais com operadoras de planos de

saúde para oferta parcial de seus serviços.

Tabela 4.2. Distribuição de hospitais segundo abrangência dos contratos formais com suas operadoras. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Abrangência dos contratos formais

n % n % n % n % n %

Contrato total (todos os serviços do hospital) 2785 73,3 597 15,7 209 5,5 125 3,3 83 2,2

Contrato somente para os serviços ambulatoriais 37 1,0 0 0,0 609 16,0 2974 78,3 178 4,7

Contrato somente para a internação 67 1,8 132 3,5 317 8,4 3116 82,0 167 4,4

Contrato somente para alguns procedimentos/ serviços

96 2,5 125 3,3 153 4,0 3247 85,5 178 4,7

Indicadores voltados para a análise de glosas das contas hospitalares realizadas pelas

operadoras são mostrados nas Tabelas 4.3 e 4.4. O percentual de hospitais que não

souberam informar os indicadores solicitados varia de 4 a 8%, sugerindo dificuldades

na gestão de suas contas. Para a maioria dos hospitais o percentual médio de glosas de

suas contas, pelas operadoras, encontrava-se abaixo de 10%, com média de 8%. O

mesmo não acontece com a taxa média de recuperação dessas glosas que apresentava

uma distribuição mais homogênea, sendo que 30% dos hospitais não recuperava mais

da metade das glosas em 2006.

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71

Tabela 4.3. Distribuição de hospitais segundo percentuais médios de glosas e recuperação de glosas. Brasil, 2006.

<10% 11-30% 31-50% 51-70% 71-100% NSI Indicado-res

n % n % n % n % n % n % Percentual médio de glosas

2922 76,9 592 15,6 77 2,0 55 1,5 0 0,0 153 4,0

Taxa média recuperação de glosas

1339 35,2 224 5,9 889 23,4 379 10,0 739 19,4 229 6,0

Tabela 4.4. Medidas da distribuição do percentual médio de glosas e de recuperação de glosas pelas operadoras (em dias). Brasil, 2006.

Indicadores n Média Desvio padrão

Min Q1 Mediana Q3 Max

Percentual médio de glosas 3646 8,0 74,7 0,0 1,0 5,0 10,0 51,0

Taxa média de recuperação de glosas

3570 38,4 244,7 0,0 0,2 40,0 60,0 100,0

A Tabela 4.5 mostra uma concentração (43,8%) de periodicidade anual nos reajustes

do preço dos serviços oferecidos às operadoras praticados pelos hospitais. Perto de

8% dos hospitais não souberam informar a periodicidade, de forma coerente com as

tabelas anteriores, sugestiva de dificuldades de gestão de suas contas, embora exista a

possibilidade de não quererem informar.

Tabela 4.5. Distribuição de hospitais segundo a periodicidade média dos reajustes para o conjunto de suas operadoras. Brasil, 2006.

Periodicidade n %

Bienal 531 14,0

Anual 1662 43,8

Semestral 0 0,0

Mensal 0 0,0

Outra 1143 30,1

Não há periodicidade 167 4,4

NSI 296 7,8

Total 799 100,0

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72

As tabelas 4.6 e 4.7 tratam do nível de satisfação do hospital considerando aspectos

relativos ao contrato com suas operadoras. Chama a atenção a baixa satisfação dos

hospitais com aspectos clínicos do contrato como o Acompanhamento da qualidade

assistencial e os Critérios de indicação de procedimentos – uso de diretrizes clínicas.

Note-se que, junto aos incentivos, penalidade e responsáveis pelo acompanhamento

dos contratos (não constavam, respectivamente, em 60,9%, 26,9% e 34,4% dos

contratos), esses aspectos tiveram os mais altos percentuais de não presença nos

contratos. Ou seja, aspectos relativos à regulação assistencial existentes nos contratos

pareceram gerar baixa satisfação nos hospitais. De outro lado, os aspectos mais

positivos em relação à satisfação dos hospitais referiram-se aos prazos de vigência,

critérios de rescisão e renovação dos contratos.

Ainda sobre o nível de satisfação dos hospitais com aspectos do contrato, a Tabela 4.7

mostra certa heterogeneidade nas notas atribuídas pelos hospitais, exceto os

incentivos, penalidades, prazos de vigência, critérios de rescisão e renovação dos

contratos com melhores médias e menores desvio padrão. A baixa satisfação com os

aspectos relativos a incentivos mostrava-se, em 2006, acentuada com a menor média

(1,6), mediana 1 (a nota de maior insatisfação), e nota 2 no terceiro quartil.

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73

Tabela 4.6. Distribuição de hospitais segundo nota para o nível de satisfação do hospital em relação a aspectos do contrato com suas operadoras. Brasil, 2006.

Nota

1 2 3 4 5

Não consta do contrato

NSI Aspectos do contrato

n % n % n % n % n % n % n %

Momento de repasse dos recursos/ pagamento

468 12,3 716 18,9 1092 28,7 1145 30,1 230 6,1 1 0,0 147 3,9

Unidade de medida para o repasse de recursos

248 6,5 586 15,4 1097 28,9 886 23,3 561 14,8 273 7,2 147 3,9

Valores financeiros repassados 564 14,8 1067 28,1 616 16,2 1179 31,0 226 5,9 1 0,0 147 3,9

Acompanhamento da qualidade assistencial

1088 28,7 474 12,5 552 14,5 466 12,3 199 5,2 872 23,0 147 3,9

Critérios de indicação de procedimentos – uso de diretrizes clínicas

773 20,4 405 10,7 544 14,3 398 10,5 55 1,5 1476 38,9 147 3,9

Critérios de glosa 555 14,6 906 23,9 1028 27,1 636 16,7 154 4,1 372 9,8 147 3,9 Incentivos 855 22,5 331 8,7 77 2,0 0 0,0 76 2,0 2312 60,9 147 3,9 Responsabilidades das partes contratantes

117 3,1 486 12,8 985 25,9 1369 36,0 616 16,2 79 2,1 147,1 3,9

Prazo de vigência do contrato 155 4,1 0 0,0 572 15,1 1427 37,6 1357 35,7 67 1,8 221 5,8

Critérios de rescisão do contrato 0 0,0 370 9,7 638 16,8 1303 34,3 1188 31,3 152 4,0 147 3,8

Critérios de renovação do contrato

1 0,0 110 2,9 1101 29,0 1398 36,8 827 21,8 215 5,7 147 3,8

Penalidades 266 7,0 248 6,5 526 13,8 944 24,9 494 13,0 1022 26,9 299 7,9 Mecanismos e responsáveis pelo acompanhamento dos contratos

539 14,2 649 17,1 234 6,2 475 12,5 449 11,8 1306 34,4 147 3,8

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74

Tabela 4.7. Distribuição de medidas das notas para o nível de satisfação do hospital a aspectos dos contratos com suas operadoras. Brasil, 2006.

Aspectos do contrato

n Média Desvio padrão

Míni-mo

Q1 Mediana Q3 Máxi-

mo

Momento de repasse dos recursos/ pagamento

3651 3,0 8,2 1 2 3 4 5

Unidade de medida para o repasse de recursos

3379 3,3 8,3 1 3 3 4 5

Valores financeiros repassados

3651 2,8 8,8 1 2 3 4 5

Acompanhamento da qualidade assistencial

2780 2,4 9,7 1 1 2 3 5

Critérios de indicação de procedimentos – uso de diretrizes clínicas

2176 2,3 8,7 1 1 2 3 5

Critérios de glosa 3280 2,7 8,2 1 2 3 3 5

Incentivos 1340 1,6 7,3 1 1 1 2 5

Responsabilidades das partes contratantes

3573 3,5 7,5 1 3 4 4 5

Prazo de vigência do contrato

3511 4,1 7,1 1 4 4 5 5

Critérios de rescisão do contrato

3500 3,9 7,1 2 3 4 5 5

Critérios de renovação do contrato

3437 3,9 6,0 1 3 4 4 5

Penalidades 2478 3,5 8,7 1 3 4 4 5

Mecanismos e responsáveis pelo acompanhamento dos contratos

2346 2,8 10,0 1 2 2 4 5

Em relação à solicitação de documento para seu credenciamento e/ou contratação

pelas operadoras de planos de saúde, a Tabela 4.8 aponta que poucos hospitais (1,8%)

não souberam informar e, praticamente, a totalidade respondeu afirmativamente a

questão. A Tabela 4.9, a seguir, mostra que documentos considerados obrigatórios

pela legislação (leis, normas, resoluções e portarias federais) como o Cadastro

Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e o Registro na Vigilância Sanitária

ainda não estavam totalmente incorporados aos contratos. Note-se que 6% dos

hospitais não souberam informar sobre o CNES. A existência de contratos sem

solicitação de documentos poderia ser creditada aos hospitais pertencentes à rede

própria das operadoras.

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75

Tabela 4.8. Distribuição dos hospitais segundo solicitação de algum documento para o credenciamento e/ou contratação de suas operadoras. Brasil, 2006.

Solicitação de documentos n %

Sim 3729 98,2

Não 0 0,0

NSI 70 1,8

Total 3799 100,0

Tabela 4.9. Distribuição dos hospitais cujas operadoras solicitaram algum documento para seu credenciamento e ou contrato (n=3729) segundo tipo de documento. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das operadoras

Nenhuma operadora

NSI Abrangência dos contratos formais

n % n % n % n % n %

Contrato social ou ata de constituição

3274 87,8 235 6,3 145 3,9 74 2,0 1 0,0

Alteração do contrato social 2971 79,7 233 6,3 147 4,0 301 8,1 77 2,1

CNPJ 3579 96,0 148 4,0 0 0,0 1 0,0 1 0,0

ISS 2144 57,5 296 7,9 461 12,4 600 16,1 227 6,1

Inscrição do responsável técnico no CRM

3190 85,5 384 10,3 153 4,1 1 0,0 1 0,0

Descrição das dependências do hospital

2227 59,7 347 9,3 819 22,0 335 9,0 1 0,0

Lista de corpo clínico 2524 67,7 303 8,1 526 14,1 376 10,1 1 0,0

Lista de especialidades e serviços prestados

3233 86,7 419 11,2 76 2,0 0 0,0 1 0,0

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)

2561 68,7 522 14,0 332 8,9 89 2,4 225 6,0

Registro na Vigilância Sanitária

2638 70,8 572 15,3 367 9,9 150 4,0 1 0,0

Alvará de funcionamento 3203 85,9 85 2,3 290 7,8 150 4,0 1 0,0

Outro 353 9,5 237 6,4 573 15,4 1835 49,2 731 19,6

Nenhum documento 76 2,0 0 0,0 0 0,0 3138 84,2 515 13,8

As tabelas 4.10, 4.11 e 4.12, a seguir, tratam da solicitação de cadastro de

profissionais dos hospitais pelas operadoras. A Tabela 4.10 mostra que 70% dos

hospitais enviaram cadastro de seus profissionais para as operadoras de planos de

saúde e que 5,8% dos hospitais não souberam informar sobre esse procedimento. Os

dados mostrados na Tabela 4.11 sugerem que o cadastro profissional concentrava-se

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76

nos médicos contratados pelo próprio hospital e dificuldades na gestão desse tema,

pois em torno de 20% dos hospitais declarava, em 2006, não saber informar detalhes

contratuais do tipo de cadastro solicitado. A Tabela 4.12 mostra que o momento

preferido pelas operadoras para essa solicitação era anterior ao credenciamento,

persistindo a dificuldade para informar em torno de 20% dos hospitais.

Tabela 4.10. Distribuição dos hospitais segundo solicitação pelas operadoras de cadastro de profissionais. Brasil, 2006.

Solicitação de cadastro de profissionais n %

Sim 2686 70,7

Não 891 23,5

NSI 222 5,8

Total 3799 100,0

Tabela 4.11. Distribuição dos hospitais cujas operadoras solicitaram o cadastro de seus profissionais (n=2686), segundo tipo de profissionais. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Tipo de profissional

n % n % n % n % n %

Todos os profissionais 961 35,8 203 7,6 448 16,7 671 25,0 403 15,0

Corpo clínico fechado (médicos contratados pelo hospital)

1172 43,6 171 6,4 378 14,1 500 18,6 465 17,3

Corpo clínico aberto (médicos habilitados a atuar no hospital)

671 25,0 222 8,3 457 17,0 736 27,4 600 22,3

Tabela 4.12. Distribuição dos hospitais cujas operadoras solicitaram o cadastro de profissionais (n=2686), segundo o momento da solicitação. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Momento

n % n % n % n % n %

Em momento prévio ao credenciamento

1354 50,4 228 8,5 465 17,3 469 17,5 168 6,3

Em momento prévio ao contrato 509 19,0 147 5,5 530 19,7 1005 37,4 495 18,4

Durante a execução do contrato 36 5,1 257 9,6 485 18,1 1187 44,2 619 23,1

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77

A Tabela 4.13 detalha os tipos de Comissões cuja existência nos hospitais foi

verificada pelas operadoras de planos de saúde e mostra que tais comissões pareciam

não fazer parte da preocupação das operadoras em 2006. Percentuais elevados de

hospitais relataram que nenhuma operadora verificava a existência dessas comissões

que podem ser consideradas marcadoras da qualidade assistencial.

Tabela 4.13. Distribuição dos hospitais cujas operadoras verificaram a existência de comissões, segundo tipo de comissão. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Tipo de comissão

n % n % n % n % n %

Comissão de Ética Médica

250 6,6 75 2,0 522 13,7 2881 75,8 71 1,9

Comissão de revisão de óbitos

78 2,1 150 4,0 452 11,9 3048 80,2 71 1,9

Comissão de controle de infecção hospitalar

168 4,4 280 7,4 825 21,7 2455 64,6 71 1,9

Comissão de farmácia e terapêutica

98 2,6 12 0,3 727 19,1 2892 76,1 71 1,9

Ainda tratando da preocupação das operadoras de planos de saúde sobre a qualidade

assistencial oferecida pelos hospitais que contratam, a Tabela 4.14 detalha os

objetivos das visitas periódicas de avaliação. Tais visitas não pareciam ser práticas

homogêneas entre as operadoras, pois a coluna “Todas as operadoras” apresenta

baixos percentuais de realização de todos os tipos de visita. Entre os ítens que

nenhuma operadora inspecionava, em 2006, destacam-se o “Tempo de espera do

paciente” em mais de 70% e “Direitos do paciente”em quase 60% dos hospitais.

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78

Tabela 4.14. Distribuição dos hospitais cujas operadoras realizam visitas periódicas para avaliação dos serviços contratados e inspeção, segundo alguns aspectos. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das operadoras

Nenhuma operadora

NSI Visitas para avaliação dos serviços contratados e aspectos inspecionados

n % n % n % n % n %

Visitas periódicas para avaliação dos serviços contratados

1 0,0 668 17,6 1820 47,9 1166 30,7 144 3,8

Acolhimento dado ao paciente

265 7,0 181 4,8 1455 38,3 1753 46,2 145 3,8

Tempo de espera do paciente

1 0,0 86 2,3 791 20,8 2776 73,1 145 3,8

Direitos do paciente 97 2,6 269 7,1 1061 27,9 2226 58,6 146 3,9

Equipamentos em uso 239 6,3 222 5,9 1319 34,7 1873 49,3 145 3,8

Limpeza e conservação das instalações

269 7,1 221 5,8 1288 33,9 1875 49,4 145 3,8

Conforto na hotelaria 138 3,6 252 6,6 1410 37,1 1854 48,8 145 3,8 Uma extensa lista de aspectos contemplados nos contratos entre hospitais e

operadoras de planos de saúde é apresentada na Tabela 4.15. Coerentemente com as

Tabelas 4.6 e 4.7 observa-se baixa preocupação das operadoras em registrar no

contrato com seus prestadores hospitalares aspectos relacionados com a qualidade

assistencial. Ou seja, existe pouca previsão para potencializar ações regulatórias com

base contratual. Assim, grande parte dos hospitais (sempre acima de 60%, chegando

algumas vezes a 80%) declarava que nenhuma operadora definia em seus contratos

aspectos como indicadores de quantitativos e qualitativos de produção assistencial

como condicionantes do repasse de recursos, critérios para uso de diretrizes clínicas,

referenciamento de pacientes, indicadores assistenciais do sistema de qualificação da

ANS e informações curriculares de profissionais. De outro lado, vê-se que a

preocupação central das operadoras referia-se aos serviços e procedimentos

contratados, padrões de acomodação (hotelaria), critérios de rescisão e,

principalmente, dados relativos a pagamentos (momento, unidade, valores e prazos).

Chama a atenção que quase 40% dos hospitais relatava que nenhuma operadora

definia os critérios de glosa em seus contratos.

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Tabela 4.15. Distribuição dos hospitais, segundo aspectos contemplados nos contratos com operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das operadoras

Nenhuma operadora

NSI Aspectos do contrato

n % n % n % n % n %

Serviços a serem contratados (por especialidade)

2577 67,8 677 17,8 174 4,6 226 6,0 145 3,8

Serviços a serem contratados (por regime de atendimento: internação, urgência 24 h, ambulatorial, SADT)

2743 72,2 661 17,4 247 6,5 77 2,0 71 1,9

Procedimentos a serem contratados 2551 67,2 486 12,8 73 1,9 617 16,3 71 1,9

Padrão de acomodação 2858 75,2 209 5,5 340 9,0 320 8,4 71 1,9 Registro dos prestadores no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

1911 50,3 509 13,4 646 17,0 328 8,6 404 10,7

Registro da operadora 1888 49,7 620 16,3 217 5,7 356 9,4 718 19,0 Momento do pagamento (anterior ou posterior ao serviço prestado)

2931 77,2 228 6,0 491 12,9 77 2,0 72 1,9

Unidade de pagamento (por ato médico, per capita, por caso tratado, por orçamento global ou outro)

3214 84,6 340 9,0 77 2,0 0 0,0 168 4,4

Definição dos valores dos serviços contratados

3410 90,0 315 8,3 1 0,0 1 0,0 71 1,9

Definição de prazos e procedimentos para faturamento e pagamento

3221 84,8 354 9,3 76 2,0 76 2,0 71 1,9

Rotina para auditoria técnica e administrativa

1007 26,5 584 15,4 664 17,5 1077 28,3 467 12,3

Rotina para habilitação do beneficiário junto ao hospital

1763 46,4 127 3,3 407 10,7 1126 29,7 375 9,9

Procedimentos que necessitam de autorização administrativa

1374 36,2 1036 27,3 413 10,9 657 17,3 319 8,4

Indicadores quantitativos de produção assistencial como condicionantes do repasse de recursos

367 9,7 1 0,0 324 8,5 2958 77,9 148 3,9

Indicadores qualitativos da assistência como condicionantes do repasse de recursos

176 4,6 183 4,8 1 0,0 3356 88,4 83 2,2

Critérios de indicação de procedimentos - uso de diretrizes clínicas

13 0,3 223 5,9 295 7,8 2911 76,6 357 9,4

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Tabela 4.15 (cont.). Distribuição dos hospitais, segundo aspectos contemplados nos contratos com operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Aspectos do contrato

n % n % n % n % n %

Sistema de referenciamento de pacientes (a uma rede de prestadores)

245 6,5 226 6,0 581 15,3 2492 65,6 255 6,7

Fornecimento de indicadores assistenciais referentes ao sistema de qualificação da ANS

83 2,2 76 2,0 414 10,9 2626 69,1 600 15,8

Fornecimento da lista de médicos cadastrados pelo hospital

1164 30,7 751 19,8 886 23,3 773 20,4 224 5,9

Fornecimento de lista de médicos assalariados do hospital *

244 6,4 76 2,0 297 7,8 2520 66,3 147 3,9

Fornecimento de informações curriculares sobre os médicos cadastrados do hospital

523 13,8 304 8,0 522 13,7 2227 58,6 223 5,9

Fornecimento de informações curriculares sobre os médicos assalariados do hospital

174 4,6 183 4,8 225 5,9 2557 67,3 223 5,9

Fornecimento de informações curriculares dos profissionais que ocupam cargos de direção/coordenaçao

810 21,3 279 7,4 532 14,0 1952 51,4 225 5,9

Critérios de glosa 600 15,8 796 20,9 784 20,7 1471 38,7 148 3,9 Responsabilidades das partes contratantes

2658 70,0 718 18,9 200 5,3 76 2,0 146 3,9

Rotinas para pleno atendimento ao disposto no art. 18 da Lei 9656/98

778 20,5 309 8,1 208 5,5 801 21,1 1702 44,8

Prioridade na agenda para certos pacientes e urgência/emergência***

911 24,0 501 13,2 322 8,5 1829 48,1 226 6,0

Penalidades por não cumprimento contratual

2280 60,0 688 18,1 145 3,8 460 12,1 227 6,0

Regras para reajuste, contendo forma e periodicidade

1090 28,7 342 9,0 986 25,9 1148 30,2 233 6,1

Autorização para divulgar o nome do prestador 886 23,3 595 15,7 587 15,5 1495 39,4 236 6,2

Não discriminação de pacientes e vedação da exclusividade na relação contratual

772 20,3 421 11,1 669 17,6 1711 45,0 226 6,0

Prazo de vigência do contrato

2970 78,2 498 13,1 106 2,8 153 4,0 72 1,9

* Não se aplica: 515 (13,5%) hospitais; **não se aplica: 437 (11,5%); *** não se aplica: 11 (0,3%)

Page 81: ESTUDO DOS PRESTADORES HOSPITALARES FRENTE ÀS … · médicos consultados pela pesquisa, 2/3 relataram que tiveram problemas em relação à limitação de dias de internação e

81

Tabela 4.15. (cont.). Distribuição dos hospitais, segundo aspectos contemplados nos contratos com operadoras de planos de saúde. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das operadoras

Nenhuma operadora

NSI Aspectos do contrato

n % n % n % n % n %

Critérios de rescisão do contrato

2896 76,2 315 8,3 335 8,8 181 4,8 72 1,9

Critérios de renovação do contrato 2730 71,9 461 12,1 167 4,4 369 9,7 72 1,9

Critérios para bônus e ônus (incentivos e penalidades) financeiros

243 6,4 127 3,3 348 9,2 2854 75,1 227 6,0

Mecanismos e responsáveis pelo acompanhamento dos contratos

750 19,7 334 8,8 287 7,6 2097 55,2 331 8,7

A Tabela 4.16 discrimina os tipos de serviços prestados e formas de pagamento

utilizadas pelas operadoras, sendo os serviços discriminados ambulatoriais,

internações e apoio diagnóstico e terapêutico. Em relação aos serviços ambulatoriais,

pelo menos 80% dos hospitais relatava que a forma de pagamento de todas as

operadoras com que se relacionavam era por ato médico ou unidade de serviço. De

outro lado, menos de 8% dos hospitais relatava que nenhuma operadora com quem se

relacionava comercialmente praticava essa forma de pagamento para serviços

ambulatoriais. Para esses serviços outras formas de pagamento como orçamento

global, capitação ou caso tratado (pacote) foram pouco praticadas. Note-se que alguns

hospitais (131) relacionam-se com todas suas operadoras tendo como forma de

pagamento “caso tratado”; que 77 hospitais (não necessariamente outros hospitais)

tiveram a forma de pagamento por capitação praticada pela minoria de suas

operadoras e que 303 hospitais tiveram a forma de pagamento por orçamento global

praticada pela minoria de suas operadoras.

Em relação às internações os dados são semelhantes embora apareçam 153 hospitais

relacionando-se com todas suas operadoras através de pagamento por orçamento

global e 186 hospitais através de pagamento por “caso tratado ou pacote”. No entanto,

76,8% dos hospitais ainda tiveram seus pagamentos realizados por todas suas

operadoras por ato médico ou unidade de serviço.

No caso dos serviços de apoio diagnóstico e terapêutico os dados mantiveram-se com

o mesmo padrão, ou seja, a maioria dos hospitais (80,3%) relatava ter recebido seus

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pagamentos de todas suas operadoras por ato médico ou unidade de serviço.

Entretanto, alguns hospitais (2%) relatavam ter seus pagamentos, de todas suas

operadoras, por orçamento global ou por caso tratado (pacote).

Nos três tipos de serviços os percentuais relativos à “Não sabe informar” foram

semelhantes, situando-se em torno de 20% quando se trata de formas de pagamento

distintas da mais comum: por ato médico ou unidade de serviço. Esse comportamento

pode ser mais sugestivo de baixa disseminação de informações sobre formas de

pagamento diferenciadas de serviços de saúde do que, propriamente, dificuldades do

respondente sobre dados financeiros do hospital.

Tabela 4.16. Distribuição dos hospitais, segundo tipo de serviço e formas de pagamento pelas operadoras. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Tipo de serviço/forma de pagamento

n % n % n % n % n %

Serviço ambulatorial Por orçamento global 0 0,0 1 0,03 303 8,0 2647 69,7 849 22,3 Por capitação (valor per capita multiplicado pelo número de beneficiários adscritos ao hospital)

0 0,0 0 0,0 77 2,0 2873 75,6 849 22,4

Por ato médico ou unidade de serviço

3050 80,3 380 10,0 1 0,03 297 7,8 71 1,9

Por caso tratado (pacote) 131 3,5 1 0,03 155 4,1 2664 70,1 848 22,3 Outra 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2741 72,1 1058 27,9

Internação Por orçamento global 153 4,0 12 0,3 151 4,0 2635 69,4 848 22,3 Por capitação 0 0,0 11 0,3 77 2,0 2863 75,4 848 22,3 Por ato médico ou unidade de serviço

2919 76,8 600 15,8 1 0,03 209 5,5 70 1,8

Por caso tratado (pacote) 186 4,9 111 2,9 747 19,7 2162 56,9 593 15,6 Outra 0 0,0 1 0,03 1 0,03 2739 72,1 1058 27,8

Serviço de apoio diagnóstico e terapêutico

Por orçamento global 77 2,0 12 0,3 150 4,0 2580 67,9 980 25,8 Por capitação 0 0,0 11 0,3 77 2,0 2808 73,9 903 23,8 Por ato médico ou unidade de serviço

3050 80,3 208 5,5 1 0,03 339 8,9 201 5,3

Por caso tratado (pacote) 76 2,0 56 1,5 277 7,3 2635 69,4 755 19,8 Outra 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2741 72,2 1058 27,8

De forma coerente com a Tabela 4.6, vê-se nas tabelas seguintes que possibilidades do

que poderia ser chamado de regulação positiva, expressa em incentivos e bônus

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considerando o desempenho da qualidade assistencial do hospital, não foram

experimentadas pelas operadoras de planos de saúde. A Tabela 4.17 mostra que mais

de 90% dos hospitais não recebem bônus ou retenção de receitas em função de seu

desempenho. De maneira complementar, a Tabela 4.18 aponta que 85,6% dos

hospitais relataram que nenhuma operadora com que se relacionam comercialmente

solicita indicadores assistenciais como tempo médio de permanência ou taxa de

ocupação.

Tabela 4.17. Distribuição dos hospitais, segundo recebimento de bônus das operadoras. Brasil, 2006.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

NSI Práticas financeiras

n % n % n % n % n %

Concedem bônus ao hospital segundo seu desempenho

0 0,0 0 0,0 207 5,5 3522 92,7 70 1,8

Efetuam retenções da receita do hospital em função do seu desempenho

1 0,03 79 2,1 1 0,03 3571 94,0 147 3,9

Estabelecem diferenças dos valores pagos segundo os planos de uma mesma operadora

390 10,3 491 12,9 734 19,3 2035 53,6 149 3,9

Estabelecem diferenças na modalidade do pagamento segundo os planos de uma mesma operadora

342 9,0 0 0,0 616 16,2 2695 70,9 146 3,9

Tabela 4.18. Distribuição dos hospitais, segundo aspectos assistenciais demandados para prestação de contas às operadoras.

Todas as operadoras

A maioria das

operadoras

A minoria das

operadoras

Nenhuma operadora

Sem informação Aspectos focalizados em

prestação de contas n % n % n % n % n %

Quantitativo dos procedimentos realizados

2080 54,8 71 1,9 70 1,8 1502 39,5 76 2,0

Indicadores de produção assistencial (TMP*, Taxa de ocupação, etc)

202 5,3 2 0,1 240 6,3 3259 85,8 96 2,5

Informação sobre o diagnóstico dos pacientes 1593 41,9 279 7,3 279 7,4 1648 43,4 0 0,0

Informação sobre orientação médica dada ao paciente pós-internação

222 5,8 107 2,8 515 13,6 2955 77,8 0 0,0

* Tempo médio de permanência

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Em resumo, as análises das relações contratuais entre os prestadores hospitalares e

operadoras de planos de saúde mostra uma forte tendência para a formalização dessas

relações. Entretanto essas análises são sugestivas de que se tratam de contratos

meramente comerciais com pouca ou nenhuma incorporação de aspectos relativos à

qualidade da assistência contratada. Limitam-se, em sua quase totalidade, a aspectos

como definição de valores, de prazos e procedimentos para pagamento ou unidade de

pagamento. Tanto é assim que os hospitais relataram inexistência ou baixa

prevalência, nos contratos, de critérios para glosa das contas apresentadas, da

exigência de indicadores qualitativos e quantitativos da qualidade assistencial,

critérios de indicação de procedimentos (uso de diretrizes clínicas), informações

curriculares dos profissionais de saúde, entre outros indicadores básicos para as

operadoras exercerem a prática da regulação assistencial voltada para maiores

benefícios de seus clientes. Ainda nessa linha, as operadoras pareceram não

preocupar-se com as instalações dos hospitais que contratam e a qualidade da atenção

prestada, pois nas raras visitas para avaliação, relatadas pelos hospitais, informações

como acolhimento, tempo de espera e direitos do paciente foram pouco privilegiadas,

assim como, quase nunca, foi verificada a existência de Comissões básicas para a boa

qualidade assistencial como Ética Médica, Revisão de Óbitos ou Controle de Infecção

Hospitalar. Por fim, deve ser notada a pouco importância dada a aspectos legais

obrigatórios como o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a Vigilância

Sanitária e o Sistema de Qualificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

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5. PERCEPÇÃO DOS DIRIGENTES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE AS OPERADORAS E O HOSPITAL

O questionário aplicado na entrevista aos gestores hospitalares continha a seguinte

pergunta aberta: “Que aspectos poderiam ser aprimorados na relação entre

operadoras e hospital?”, com o intuito de identificar questões eventualmente

omitidas nas perguntas fechadas.

As respostas apresentaram um alto grau de variação, oscilando entre aquelas que só se

referiam ao pagamento por serviços prestados e outras que remetiam a processos de

melhoria da qualidade do cuidado, como o do acompanhamento conjunto da

implementação de diretrizes clínicas.

Na maior parte dos casos, foi enfatizada a necessidade de estabelecer uma relação

mais próxima entre as operadoras e o hospital, sugerindo-se “um melhor

acompanhamento pelas operadoras da dinâmica do hospital” e uma maior integração

entre esses dois agentes.

A maioria dos dirigentes também fez referência a questões relativas ao pagamento

pelos serviços prestados:

- em primeiro lugar, figura a questão da unilateralidade no estabelecimento dos

preços, questionada por grande parte dos dirigentes;

- em segundo lugar, criticaram-se os atrasos nos pagamentos e as glosas, propondo-se

o faturamento eletrônico;

- ainda, foram recorrentemente mencionados os contratos: sugere-se que neles deve

constar o prazo para pagamento, a periodicidade e os critérios de reajuste das tabelas

de preços, critérios de glosas, penalidades no caso de descumprimento do contrato.

Um dirigente sugeriu o estabelecimento de um contrato-padrão. Outros apontaram a

necessidade de que a ANS regule a periodicidade dos reajustes (item esse a ser

incluído nos contratos). Foi, ainda, proposta por outro pesquisado a criação de uma

câmara arbitral para apreciar as glosas, tendo em vista a morosidade da justiça;

- reiteradamente foi apontada a necessidade de agilizar as autorizações de

procedimentos (sugeriu-se que fossem efetuadas on-line) e de desburocratizar os

processos, dando maior ênfase às necessidades do paciente.

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Por outro lado, sugeriu-se que as operadoras devem melhorar o controle da

qualidade e incrementar sua participação nos hospitais, através de auditorias e outros

processos. Ainda nesse sentido, um dirigente deu destaque à qualificação da

assistência, através do desenvolvimento de relações de parceria entre o hospital e as

operadoras, no monitoramento de casos e na investigação de motivos de longa

permanência hospitalar, por exemplo.

Em suma, enquanto a grande maioria dos dirigentes se referiu fundamentalmente às

questões contratuais e de pagamento, um número considerável acrescentou, para além

destas questões, aspectos relativos à necessidade de um maior entrosamento entre as

operadoras e o hospital, que extrapole os aspectos financeiros e se volte para a

qualificação da atenção, promovendo a discussão de questões da assistência médico-

hospitalar.

No que tange à ANS, demanda-se sua atuação no sentido de padronizar os contratos,

de estabelecer a periodicidade e os critérios de reajuste, de criar uma câmara arbitral

para decidir a respeito das glosas e para compor uma “convenção para ouvir os

prestadores”.

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6. PERCEPÇÃO DOS DIRIGENTES SOBRE A ANS

A primeira observação a respeito da percepção que os hospitais têm sobre a ANS é

que a maioria dos gestores hospitalares (94,2%) sabe da existência da ANS.

Como se observa na tabela abaixo, a maioria (62,4%) dos hospitais obtiveram

informação sobre a Agência através de Associações ou Federação de Hospitais, sendo

importante, também, a mídia impressa (jornais e revistas semanais) que informou a

57,4% dos hospitais que declararam conhecer a ANS. Seguem, em ordem de

importância, a mídia eletrônica (rádio e TV), as publicações especializadas da área de

saúde suplementar, os sites de notícias na Internet e o portal da ANS na Internet (este

último foi fonte de informação para 40,2% dos declarantes).

Tabela - Distribuição dos hospitais que conhecem a ANS, segundo as principais

fontes de informação. Brasil, 2006 Fonte de informação

N %

Mídia impressa (jornais e revistas semanais) 2.182 57,4

Mídia eletrônica (rádio e TV) 1.742 45,9

Publicações especializadas da área de saúde suplementar

1.561 41,1

Sites de notícias na Internet 1.540 40,6

Portal da ANS na Internet 1.528 40,2

Comunicados e/ou boletins eletrônicos da ANS 633 16,7

Folders institucionais e/ou boletins impressos da ANS 459 12,1

Associação ou Federação de Hospitais 2.371 62,4

Outros 672 17,7

Vale mencionar que, embora a grande maioria dos hospitais soubesse da existência da

ANS, menos da metade (41,3%) conhecia o Programa de Qualificação da Saúde

Suplementar.

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Ainda, somente 43,3% dos hospitais conheciam as Resoluções Normativas nº 42 de

julho de 2003, Nº 71 de março de 2004 e Nº 79 de agosto de 2004, que regem os

contratos entre operadoras de planos de saúde e hospitais.

Por outro lado, embora 60% dos hospitais defendessem a adoção do modelo de

contratualização, apenas 26,6% dos mesmos teve acesso ao documento

“Entendimento Técnico”, que apesenta as normas da ANS para contratualização entre

operadoras de planos de saúde e prestadores.

No que tange à avaliação que os hospitais fizeram sobre a atuação da Agência, a nota

atribuída, em média, à ANS por eles é 6,3.

Solicitou-se, ainda aos entrevistados, que atribuíssem uma nota de 1 a 5 (onde 5 é a

melhor nota) à adequação das dimensões utilizadas pela Agência para avaliar o

desempenho das operadoras. A tabela abaixo mostra que a Dimensão Econômico-

Financeira foi a melhor avaliada, recebendo em média a nota de 3,5. As dimensões

Atenção à Saúde e Satisfação do Beneficiário receberam, em média, a nota de 3,4,

sendo seguidas pela dimensão Estrutura da Operação, que obteve a nota de 3,3, em

média.

Notas atribuídas às dimensões do Programa de Qualificação. Brasil, 2007 DIMENSÃO MÉDIA Mínimo Máximo

Atenção à Saúde 3,4 1,0 5,0

Estrutura da operação 3,3 1,0 5,0

Econômico-Financeira 3,5 1,0 5,0

Satisfação do beneficiário 3,4 1,0 5,0

Em suma, nota-se que, embora a maior parte dos hospitais conheça ou já tenha ouvido

falar sobre a ANS, ainda é necessário um esforço para divulgar melhor a produção de

instrumentos de regulação produzidos pela Agência, principalmente os referentes à

contratualização entre operadoras de planos de saúde e prestadores.

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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O estudo evidencia que o parque hospitalar que presta serviços às operadoras de

planos de saúde é majoritariamente composto de unidades de pequeno porte (com

menos de cem leitos), sendo quase a metade de alta complexidade. Verificou-se,

ainda que a maior parte desses hospitais privados têm uma inserção, também, no

sistema público, tendo em vista que nada menos que 72,0% dos mesmos integram a

rede de prestadores do SUS.

Chama a atenção, ainda, que a principal operadora concentra mais da metade, em

média, do faturamento de cada hospital, o que denota uma forte concentração na

origem das receitas provenientes da prestação de serviços a operadoras de planos

de saúde.

Uma grande parte dos hospitais considerou possuir áreas e ou serviços diferenciados

que lhes conferiam poder competitivo, tendo sido o mais citado o serviço de traumato-

ortopedia. Entretanto, esta diferenciação não se traduziu, em grande parte dos

casos, em algum papel de referência em rede de serviços, tendo em vista que

menos da metade dos hospitais referiu integrar uma rede de prestadores de alguma

operadora e poucos hospitais referiram integrar um conglomerado de negócios.

De forma geral, há uma baixa presença de estruturas e práticas de qualificação da

gestão assistencial, valendo salientar que no subconjunto de hospitais que prestam

assistência ao SUS essa presença ainda é menor. Por exemplo, serviços ou núcleo de

qualidade, ouvidoria, capacitação de profissionais de assistência e serviços de

patologia clínica e de imagem 24 horas por dia é estatisticamente menor. Dessa forma,

o estudo evidencia que os hospitais privados que integram o SUS tendem a ser

aqueles que menos investem na qualidade assistencial.

O monitoramento de indicadores centra-se preponderantemente na questão da

produção, com destaque para o tempo médio de permanência e taxa de ocupação de

leitos, monitorados pela maioria dos hospitais. Entre os indicadores de resultados da

assistência, são acompanhados mais frequentemente a taxa de infecção hospitalar e a

taxa de mortalidade geral, sendo esta, entretanto, monitorada apenas por 70,7% dos

hospitais. Note-se que a mortalidade por doenças específicas é acompanhada por

apenas 25,4% das unidades hospitalares.

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Em relação à presença de práticas de gestão da clínica, destaca-se somente a adoção

de diretrizes clínicas, reportada por 51,6% dos hospitais. Elas têm por objeto

principal o tratamento do infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico,

assistência ao parto, diabetes, infecção hospitalar e hipertensão arterial.

Entretanto, essa presença de diretrizes clínicas deve ser relativizada, tendo em vista

que é baixa a avaliação da adesão dos médicos a tais procedimentos, bem como a

difusão das diretrizes entre os pacientes.

Ainda, indicadores mais precisos de qualidade da gestão assistencial mostram a

baixíssima presença de práticas tais como: orientação para reperfusão coronariana no

infarto agudo do miocárdio, acompanhamento de diagnóstico de câncer de mama e

acompanhamento de screening de câncer de colo uterino e de próstata.

A gestão da clínica está claramente concentrada nos hospitais de maior

complexidade assistencial, sejam eles gerais ou especializados, com UTI.

Vale notar que as práticas de qualificação da atenção decorrem fundamentalmente de

iniciativas da direção do hospital ou de grupos médicos, não estando presentes as

operadoras em tais direcionamentos.

Em suma, é baixíssima –ou quase nula- a micro-regulação que as operadoras de

planos de saúde exercem sobre os hospitais, em termos da qualificação da

assistência. Infelizmente, a atuação destas refere-se fundamentalmente, ao

controle da utilização de serviços, exercido de forma intensa, como mostram os

dados apresentados neste relatório.

É baixo, ainda, o grau de construção de redes assistenciais, tendo em vista que

menos da metade dos prestadores hospitalares referiu pertencer a alguma rede

formada por operadoras.

Portanto, os prestadores hospitalares que prestam serviços a operadoras de

planos de saúde não constituem micro-sistemas de saúde paralelos (ou

suplementares) ao SUS; o que se verifica é a existência de um vasto conjunto de

prestadores hospitalares privados, majoritariamente vinculados ao SUS, que não se

sentem pertencentes a rede alguma de prestadores privados, sendo, entretanto, objeto

de forte regulação da utilização de seus serviços exercida pelas operadoras de planos

de saúde.

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Isso é confirmado pelos aspectos contemplados nos contratos: as relações contratuais

entre os prestadores hospitalares e operadoras de planos de saúde mostram uma forte

tendência para a formalização dessas relações. Entretanto essas análises são sugestivas

de que se trata de contratos meramente comerciais com pouca ou nenhuma

incorporação de aspectos relativos à qualidade da assistência contratada.

Limitam-se, em sua quase totalidade, a aspectos como definição de valores, de

prazos e procedimentos para pagamento ou unidade de pagamento.

Ainda nessa linha, as operadoras pareceram não preocupar-se com as instalações

dos hospitais que contratam e a qualidade da atenção prestada, pois nas raras

visitas para avaliação, relatadas pelos hospitais, informações como acolhimento,

tempo de espera e direitos do paciente foram pouco privilegiadas e, ainda, quase

nunca foi verificada a existência de Comissões básicas para a boa qualidade

assistencial como Ética Médica, Revisão de Óbitos ou Controle de Infecção

Hospitalar.

Por fim, deve ser notada a pouca importância dada a aspectos legais obrigatórios

como o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a Vigilância Sanitária e o

Sistema de Qualificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Assim, tendo em vista as observações acima relatadas, sugere-se que:

• As questões relativas à qualidade assistencial do parque de prestadores médico-

hospitalares deveriam ser incorporadas nas pesquisas contínuas realizadas no

universo dos hospitais brasileiros, tais como a Pesquisa de Assistência Médico-

Sanitária (AMS).

• O cumprimento dos aspectos regulamentados por órgãos oficiais, de caráter

obrigatório, tais como o registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde, a obediência às normas da Vigilância Sanitária e a adequação ao Sistema

de Qualificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar, deveria ser objeto de

contínuo acompanhamento.

• É necessário, ainda, um esforço em termos de homogeneização / padronização das

práticas de gestão da clínica, bem como a difusão desses conceitos e práticas no

campo hospitalar.

• A constituição de redes de prestadores privados, de responsabilidade das

operadoras de planos de saúde, deveria ser incentivada e monitorada, em oposição

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à prática meramente competitiva verificada pelos hospitais privados, enquanto

agentes econômicos que são.

• Finalmente, sugere-se que sejam incorporadas nos contratos exigências

relacionadas a aspectos assistenciais (referentes à qualidade da atenção),

contemplando condições estruturais e processos assistenciais, tais como o uso de

diretrizes clínicas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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