estudo dos defeitos congÊnitos em serviÇos de …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf ·...

109
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE MEDICINA FETAL NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ-MT CARLA MARQUES RONDON CAMPOS CUIABÁ-MT 2008

Upload: vanhuong

Post on 20-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE

MEDICINA FETAL NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ-MT

CARLA MARQUES RONDON CAMPOS

CUIABÁ-MT

2008

Page 2: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE

MEDICINA FETAL NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ-MT

CARLA MARQUES RONDON CAMPOS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação da Faculdade de

Ciências Médicas da Universidade

Federal de Mato Grosso, como requisito

parcial para a obtenção do título de

Mestre em Ciências de Saúde. Área de

concentração de Medicina Fetal.

ORIENTADOR: PROF. Dr. ANSELMO VERLANGIERI CARMO

CUIABÁ-MT

2008

Page 4: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

FICHA CATALOGRÁFICA

C198e Campos, Carla Marques Rondon Estudo dos defeitos congênitos em serviços de

medicina fetal no município de Cuiabá-MT / Carla Marques Rondon Campos. – 2008.

xiv, 92p. : il. ; color. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal

de Mato Grosso, Faculdade de Ciências Médicas, Pós-graduação em Ciências da Saúde, Área de Concentra-ção: Medicina Fetal, 2008.

“Orientação: Prof. Dr. Anselmo Verlangieri Carmo”.

CDU – 618.33 Índice para Catálogo Sistemático 1. Feto – Anomalias

2. Feto – Defeitos congênitos 3. Recem-nascidos – Anomalias congênitas 4. Recem-nascidos – Defeitos congênitos 5. Medicina fetal – Cuiabá (MT) 6. Gestantes – Pré-natal – Diagnóstico 7. Gestantes – Ultra-sonografia 8. Ultra-sonografia – Obstetrícia

Page 5: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

3

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Anselmo Verlangieri Carmo, orientador deste trabalho, pela

atenção, estímulo e dedicação.

Ao Prof. Dr. Marcial Francis Galera, diretor da Faculdade de Medicina da

UNIC, pelo interesse e prestimável colaboração.

Aos acadêmicos de medicina Ivana Paola De Jorgi, Bruna Gomes Pucca e

Rafael Silva Godoy pela colaboração na laboriosa tarefa de coleta de dados.

A Sra. Cleuza Diná da Silva, funcionária do setor de arquivos do Hospital

Geral Universitário, pela eficiência e disposição sempre presentes.

Às pacientes e seus filhos, razão e motivação deste trabalho, minha profunda

gratidão.

Page 6: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmãs pelo incentivo sempre presente.

À minha família: Francisco, Miriane e Maísa, pela compreensão e aceitação do

tempo despendido na realização desta dissertação.

Page 7: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

v

“As palavras aí estão: uma a uma.

A minh’alma, no entanto,

Sabe mais.” (Cecília Meirelles)

Page 8: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

vi

RESUMO

CAMPOS, CMR. Estudo dos defeitos congênitos em serviços de Medicina Fetal no

município de Cuiabá-MT. Cuiabá, 2008. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal

de Mato Grosso – UFMT.

Os defeitos congênitos são descritos como anomalias presentes ao nascimento, sejam elas

morfológicas ou funcionais. Cerca de 3% de todos os recém-nascidos no mundo apresentam

uma anomalia congênita maior. A prevalência de defeitos congênitos em países em

desenvolvimento é similar ao observado em países desenvolvidos, porém o impacto é maior

pela ausência de serviços adequados para os cuidados dessas crianças. Este trabalho tem

como objetivo descrever o desfecho de gestações que apresentaram defeitos congênitos

maiores ao exame ultra-sonográfico em serviços de medicina fetal no município de Cuiabá e

determinar a prevalência neste grupo. É um estudo transversal de prevalência tipo descritivo

de caráter retrospectivo, a partir de uma amostra de 8891 gestantes em três maternidades de

referência para gestação de alto risco em Cuiabá. Os dados foram obtidos a partir de banco

de dados eletrônico do serviço que registra os exames realizados nesses serviços, com

posterior revisão de prontuário médico ou entrevista com as mães. Foram encontradas 79

gestantes cujo feto apresentava algum defeito congênito. A prevalência de defeitos

congênitos foi de 0,9%. Obteve-se seguimento completo de 57 gestantes. Os defeitos de

fechamento do tubo neural (25%) e do fechamento de parede abdominal (21,4%) foram os

defeitos congênitos mais prevalentes. Houve maior freqüência entre mães jovens e

gastrosquise. A mortalidade e morbidade nos conceptos afetados foram elevadas. A

prevalência do exame ultra-sonográfico encontrada nesta amostra é similar à relatada na

literatura. Ressalta-se que a detecção precoce de anomalias fetais no pré-natal permite a

prevenção e a estruturação de serviço apropriado para atender o binômio mãe-concepto.

Descritores: Defeitos Congênitos Maiores, Ultra-sonografia, Diagnóstico Pré-natal,

Prevalência.

Page 9: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

vii

ABSTRACT

Birth Defects are defined as any abnormality affecting body structure or function that is

present from birth. Major birth defects affect approximately 3% of births in the world. The

birth prevalence of congenital anomalies in developing countries is similar to that observed

in developed countries. However, the impact of birth defects is higher because of a lack of

adequate services for the care of affected infants. This study aims describe the pregnancy

outcome after prenatal diagnosis by ultrasound of major congenital anomaly in the

municipality of Cuiabá and estimate the prevalence in this sample. The design was

descriptive retrospective and cross sectional, based on a sample of 8891 pregnant women in

three maternity hospitals that are reference for gestation of high risk in Cuiabá. Dates were

obtained of electronic database for medical records or mother interview. It was found 79

pregnant women with congenital anomalies. Prevalence of birth defects was 0,9%. There

was completed follow up of 57 pregnant. Neural tube defects and abdominal wall defects

were the most frequent major birth defects. Gastroschisis was more frequent with yonger

maternal age. The morbidity and mortality were high. The ultrasound prevalence founded

was similar the literature. This study highlights that early detection of congenital anomalies

in the prenatal care allow the prevention and arrangement the reference service to address the

binomial mother/fetus.

Descriptors: Major birth defects, Ultrasonography, Prenatal diagnosis, Prevalence.

Page 10: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Comparação da prevalência de nascidos vivos com defeitos congênitos

maiores e anomalias cromossômicas, dados do SINASC e dados da

amostra de defeitos congênitos nos serviços de medicina fetal dos

hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá, Mato Grosso,

Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006 ............................. 45

Tabela 2. Distribuição de defeitos congênitos segundo variáveis maternas nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no

município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a

junho de 2006 .......................................................................................... 46

Tabela 3. Distribuição de defeitos congênitos segundo variáveis obstétricas nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no

município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a

junho de 2006 ........................................................................................... 48

Tabela 4. Distribuição de defeitos congênitos segundo variáveis do recém-nascido

nos serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no

município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a

junho de 2006 .......................................................................................... 50

Tabela 5. Características materno fetais da população estudada com defeitos

congênitos por serviço de medicina fetal no período de julho de 2004 a

junho de 2006 .......................................................................................... 52

Page 11: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

ix

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Distribuição dos defeitos congênitos segundo a topografia acometida

nos serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município

de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006 ....... 44

Page 12: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

x

LISTA DE SIGLAS

AC Anomalia(s) Congênita(s)

AFPSM Alfa-fetoproteína no sangue materno

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BVC Biópsia de Vilo Coriônico

CBDPM Califórnia Birth Defects Monitoring Program - Programa de

Monitoramento de Defeitos Congênitos da Califörnia

CC Cardiopatia Congênita

CDC Centers for Disease Control and Prevention – Centro de Controle e

Prevenção de Doenças

CID Classificação Internacional de Doenças

CIV Comunicação Intra-Ventricular

DC Defeito(s) Congênito(s)

DN Declaração de Nascidos Vivos

DNA Deoxyribonucleic acid - Ácido Desoxirribonucléico

DTN Defeito do Tubo Neural

ECLAMC Estudo Colaborativo Latino Americano de Malformações Congênitas

EUA Estados Unidos da América

EUROCAT European Concerted Action on Anomalies and Twins –

Ação Combinada Européia em Anomalias e Gêmeos

FISH Fluorescence in Situ Hybridization – Hibridação in situ com

fluorescência

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HDC Hérnia Diafragmática Congênita

HGU Hospital Geral Universitário

HMF Hospital e Maternidade Femina

HPC Holoprosencefalia

HUJM Hospital Universitário Júlio Müller

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICBDMS International Clearinghouse for Birth Defects Monitoring System -

Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de

Defeitos Congênitos

ITU Infecção do Trato Urinário

Page 13: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

xi

MACDP Metropolitan Atlanta Congenital Defects Program – Programa

Metropolitano de Atlanta de Defeitos Congênitos

MOD March of Dimes – Centavos de Março

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde

PAPP-A Pregnancy Associated Plasma Protein A - Proteína A Plasmática

Associada à Gravidez

PCR Polimerase Chain Reaction – Reação em cadeia pela Polimerase

RM Ressonância Magnética

RN Recém-Nascido

SIAT Sistema de Informação sobre Agentes Teratogênicos

SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SINASC Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos

ß hCG livre Beta Gonadotrofina Coriônica Humana livre

TBDMD Texas Birth Defects Monitoring Division –Divisão de Monitoramento

de Defeitos Congênitos do Texas

TN Translucência Nucal

UBDN Utah Birth Defect Network - Rede de Defeitos Congênitos de Utah

UNICEF United Nations Children’s Fund – Fundação das Nações Unidas pelas

Crianças

USG Ultra-sonografia

Page 14: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

xii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1 Histórico .......................................................................................................... 2

1.2 Classificação ................................................................................................... 4

1.3 Nomenclatura .................................................................................................. 4

1.4.1 Distúrbios Cromossômicos .............................................................. 6

1.4.2 Distúrbios Monogênicos .................................................................. 7

1.4.3 Distúrbios Multifatoriais .................................................................. 7

1.4.4 Fatores Ambientais ........................................................................... 7

1.4.4.1 Infecções Maternas ............................................................ 8

1.4.4.2 Fatores Físicos ................................................................... 8

1.4.4.3 Fatores Químicos ............................................................... 9

1.4.4.4 Estilo de Vida .................................................................... 9

1.4.4.5 Fatores Demográficos ...................................................... 10

1.4.4.6 Patologias e Deficiências Nutricionais Maternas ............ 10

1.4.5 Consangüinidade ................................................................ 12

1.5 Prevalência Global dos Defeitos Congênitos ................................................ 12

1.6 Defeitos Congênitos Maiores e Diagnóstico Ultra-sonográfico ................... 15

1.6.1 Defeitos do Tubo Neural (DTN) .................................................... 16

1.6.2 Hidrocefalia .................................................................................... 18

1.6.3 Microcefalia ................................................................................... 19

1.6.4 Holoprosencefalia .......................................................................... 19

1.6.5 Microftalmia ................................................................................... 20

1.6.6 Fendas Faciais ................................................................................ 21

1.6.7 Cardiopatias Congênitas ................................................................. 22

1.6.8 Hérnia Diafragmática ..................................................................... 22

1.6.9 Defeitos de Fechamento de Parede Abdominal ............................. 23

1.6.10 Anomalias Renais ......................................................................... 24

1.6.11 Anomalias do Sistema Músculo-Esquelético ............................... 26

1.7 Diagnóstico Pré-Natal dos Defeitos Congênitos ........................................... 27

Page 15: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

xiii

1.7.1 Exames não Invasivos .................................................................... 28

1.7.1.1 Ultra-sonografia (USG) ................................................... 28

1.7.1.2 Ressonância Magnética ................................................... 30

1.7.1.3 Ecocardiografia Fetal ...................................................... 30

1.7.2 Exames Invasivos ........................................................................... 31

1.7.2.1 Amniocentese .................................................................. 31

1.7.2.2 Biópsia de Vilo Coriônico ............................................... 31

1.7.2.3 Cordocentese ................................................................... 32

1.7.2.4 Métodos Bioquímicos em Amostras Fetais ..................... 32

1.7.2.5 Análise Cromossômica Fetal ........................................... 32

1.7.2.6 Estudo Genético Molecular Fetal .................................... 33

1.7.2.7 Testes Bioquímicos em Sangue Materno ........................ 33

1.7.2.8 Autópsia Fetal .................................................................. 34

1.8 Prevenção dos Defeitos Congênitos .............................................................. 34

1.8.1 Prevenção Primária ........................................................................ 35

1.8.2 Prevenção Secundária .................................................................... 36

1.8.3 Prevenção Terciária ........................................................................ 37

2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 38

3. OBJETIVOS ............................................................................................................... 39

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 39

3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 39

4. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 40

4.1 Considerações Éticas..................................................................................... 40

4.2 Amostra ......................................................................................................... 40

4.3 Métodos ......................................................................................................... 41

5. RESULTADOS .......................................................................................................... 43

5.1 Prevalência de Defeitos Congênitos Maiores ao exame ultra-

sonográfico .......................................................................................................... 43

Page 16: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

xiv

5.2 Variáveis Maternas ....................................................................................... 46

5.3 Variáveis Obstétricas .................................................................................... 48

5.4 Variáveis do Concepto .................................................................................. 50

6. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 55

6.1 Prevalência de Defeitos Congênitos Maiores ao Exame Ultra-

sonográfico .......................................................................................................... 55

6.2 Variáveis Maternas ....................................................................................... 59

6.3 Variáveis Obstétricas .................................................................................... 60

6.4 Variáveis do Concepto .................................................................................. 62

6.5 Considerações ............................................................................................. 623

7. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 65

8. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 66

9. ANEXOS .................................................................................................................... 83

Page 17: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

1. INTRODUÇÃO

Os defeitos congênitos (DC) são descritos como anomalias presentes ao

nascimento, sejam elas morfológicos ou funcionais1;2. Uma definição mais ampla de

acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) é a de que defeitos congênitos

ou anomalias congênitas correspondem a defeitos de origem estrutural, funcional e/ou

bioquímico/molecular presentes ao nascimento independente de terem sido ou não

detectados nesse período3.

Cerca de 3% de todos os recém-nascidos (RN) no mundo apresentam uma

anomalia congênita maior identificada ao nascimento4;5;6;7;8. Aproximadamente 6% a

10% destas crianças irão morrer no primeiro ano de vida4;5;9. Dados apresentados pelo

March of Dimes (MOD) estimam que 7,9 milhões de crianças no mundo serão

afetadas por ano com um sério DC sendo que 3,3 milhões irão morrer e outras 3,2

milhões irão sobreviver com algum tipo de seqüela1. Estima-se que somente nos

Estados Unidos da América (EUA) serão gastos 6 bilhões de dólares anualmente para

cada DC maior10.

A prevalência de DC em países em desenvolvimento é similar ao

observado em países desenvolvidos, porém o impacto é maior pela ausência de

serviços adequados para os cuidados das crianças afetadas e uma maior exposição a

infecções e desnutrição. Estudos indicam que a prevalência geral dos DC na América

Latina não difere, significativamente, daquela encontrada em outras regiões do

mundo11.

É fato documentado que as causas infecciosas como responsáveis pela

taxa anual de óbitos na infância vêm decaindo, resultando no aumento da proporção

de mortes atribuíveis aos defeitos congênitos. No Brasil entre 1980 e 2000 houve

grande redução proporcional dos óbitos por causas infecciosas e respiratórias,

passando as anomalias congênitas de quinta para segunda causa de mortalidade

infantil12.

Além da questão de mortalidade, há que se levar em conta a maior

morbidade, definida como risco para o desenvolvimento de complicações clínicas,

incluindo número de internações e gravidade de intercorrências. À medida que os

Page 18: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

2

problemas de origem infecto-contagiosa e carencial estão sendo resolvidos, aqueles

de ordem congênita e hereditária se tornam pertinentes e de relevância na saúde

pública12.

1.1 Histórico

O nascimento de uma criança com defeito congênito, geralmente causa

impacto à sociedade e à família, que têm como primeira reação questionar o porquê.

Como tentativa de explicar a causa e o significado de tal anormalidade, as pessoas

criam “conceitos próprios”, freqüentemente relacionados a histórias folclóricas do

passado incorporadas aos seus valores culturais13.

De acordo com Warkany (1972) citado por Christianson et al.1 algumas

evidências mostram que os DC foram descritos em torno de 6.500 anos antes de

Cristo. Uma estatueta com gêmeos siameses, a deusa da Anatólia, foi encontrada,

datada dessa época, em 1962 no sul da Turquia. Os primeiros relatos escritos foram

encontrados na Tábua de Nineve, que data de 4.000 anos antes de Cristo. Descoberta

nas ruínas da Babilônia, as tábuas descrevem 65 anomalias, com seus respectivos

significados.

Os efeitos do álcool no feto já foram sugeridos no Antigo Testamento

“mas ele me assegurou: Você engravidará e dará à luz um filho. Todavia, não beba

vinho nem outra bebida fermentada....”(Juízes, 13:7)14.

Na Babilônia antiga, o nascimento de um recém-nascido malformado era

interpretado como um “Sinal de Deus” predizendo eventos futuros de grande

conseqüência. Os sacerdotes elaboraram um código definindo o significado, para o

bem ou mal de cada uma das anomalias. A palavra monstro é derivada do latim

monere que quer dizer advertir. A criança, a família ou até mesmo a nação inteira

poderia ser afetada dependendo da natureza da anormalidade. Esta idéia persistiu até

o tempo da Roma antiga15.

O assunto mereceu a atenção dos filósofos da antiguidade: Empédocles,

Demócrito, Aristóteles, Cícero, Lucrécio, entre outros.. Como “causas naturais”

foram lembradas conjunção desfavorável das estrelas no momento da cópula,

Page 19: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

3

bestialidade (coito entre animais e seres humanos) e quantidade insuficiente de

esperma15.

Na Idade Média o conceito de intervenção divina foi alterado por estudos

religiosos que pregavam o conceito de culpa pessoal. O nascimento de uma criança

com anomalia congênita era creditado a pecados cometidos pelos pais, geralmente a

mãe. Em alguns lugarejos, os pais de uma criança afetada eram acusados de união

antinatural com animais e nesta situação o recém-nascido poderia ser morto e os pais

excluídos da sociedade. Posteriormente, as anormalidades ao nascimento foram

atribuídas a “incorporação diabólica” da mãe ou da criança, e eram realizados rituais

religiosos para exorcizar maus espíritos1.

A Idade Moderna tentou explicar as causas do nascimento de crianças com

anormalidades através de fatos ocorridos durante a gestação, caso a mãe derramasse

leite durante a gravidez a criança nasceria com uma mancha branca; se fosse

assustada por coelho poderia nascer com lábio leporino, se tivesse desejo de comer

morangos apareceria um hemangioma16.

O desenvolvimento tecnológico que ocorreu desde 1960 resultou em

realizações significativas em ritmo crescente. Nos anos 80, surgiu o estudo genético

que possibilitou realizar o cariótipo fetal e detectar síndromes cromossômicas.

Paralelamente, o ultra-som estava sendo aprimorado, passando a fazer parte da rotina

obstétrica, acompanhando todo o desenvolvimento do feto17.

Novos marcadores químicos surgiram com capacidade para identificar os

DC. Os avanços mais espetaculares ocorreram no campo da genética molecular. Nas

últimas duas décadas milhares de genes foram mapeados em localizações específicas

nos cromossomos. O Projeto Genoma Humano, um grande trabalho colaborativo que

começou em 1990, estabeleceu a seqüência completa do ácido desoxirribonucléico

(DNA) humano em 2003, o resultado desse projeto foi a aceleração na identificação

das bases moleculares das enfermidades. Segundo perspectiva atuais e prospectivas,

em 2020, no mundo, todos os genes estarão seqüenciados pelos projetos Genoma e

Proteoma e serão conhecidos os mecanismos das principais doenças, sendo possível

realizar tratamentos pela terapia gênica18.

O modo como o crescimento das crianças malformadas tem sido explicado

ao longo dos tempos exemplifica as relações culturais que se estabelecem entre o

Page 20: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

4

discurso leigo e aquele tido como científico. A idéia do ventre imperfeito como fonte

de deficiências e malformações congênitas, vem sendo difundida há séculos, bem

como a crença de que as mulheres transmitem as marcas de sua imaginação para as

crianças durante a gestação. Atualmente muitas destas convicções foram derrubadas,

mas ainda, pais, familiares e sociedade em geral relacionam o nascimento de crianças

com defeitos congênitos a conceitos do passado13.

1.2 Classificação

Os DC podem ser classificados como maior (major) e menor (minor). Os

defeitos maiores são os que resultam em graves alterações anatômicas, funcionais ou

estéticas, podendo, muitas vezes, levar à morte. Os defeitos menores geralmente não

têm importância cirúrgica, médica ou estética, sobrepondo-se aos fenótipos normais19.

1.3 Nomenclatura

A palavra dismorfologia foi criada por David Smith nos anos sessenta,

para descrever o estudo de anomalias congênitas humanas que literalmente significa

“o estudo da forma anormal” enfatizando anormalidades estruturais do

desenvolvimento20.

As anomalias congênitas isoladas recebem as seguintes denominações:

Malformação - defeito morfológico primário em um órgão ou parte do corpo

resultado do processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal (ex. fenda labial,

polidactilia);

Displasia - defeito primário envolvendo organização anormal das células em um

tecido (ex. malformação vascular);

Deformação - alteração por forças mecânicas da forma, do contorno do corpo ou da

posição de parte do corpo formada normalmente; ocorre geralmente no período fetal,

não na embriogênese; uma alteração secundária; pode ser extrínseca, como no

oligodrâmnio ou intrínseca, como na distrofia miotônica congênita;

Page 21: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

5

Disrupção - defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou uma região

maior do corpo resultado de quebra ou interferência extrínseca do processo de

desenvolvimento normal (ex. defeito secundário dos membros resultado de evento

vascular).

E as anomalias múltiplas:

Seqüência - defeito primário com suas mudanças estruturais secundárias (ex.

seqüência de Pierre Robin, situação na qual o defeito primário no desenvolvimento

mandibular produz mandíbula pequena, glossoptose secundária e palato fendido);

Síndrome - padrão de malformações primárias múltiplas com etiologia única (ex.

síndrome da trissomia do 13);

Associação - aparecimento, não ao acaso, em dois ou mais indivíduos de anomalias

múltiplas20.

A partir de agora, os termos defeito congênito (DC) ou anomalia congênita

(AC) serão tratados nesta dissertação como sinônimos e usados para descrever todos

os tipos de alterações estruturais: malformação, ruptura, deformação ou displasia.

1.4 Etiopatogenia

Do ponto de vista biológico, os defeitos congênitos representam grupo

muito heterogêneo de alterações do desenvolvimento embrionário, visto que são

muitos agentes capazes de produzí-las. Esses fatores podem ser ambientais (físicos,

químicos, biológicos) ou genéticos (mutações gênicas, aberrações cromossômicas) e

se inter-relacionarem formando mecanismo de multifatoriedade21.

A despeito de quantidade considerável de pesquisas durante os últimos 50

anos, a causa de pelo menos 50% das malformações congênitas permanece

desconhecida. Dos outros 50%, aproximadamente 25% têm base genética e menos de

10% são atribuídos a fatores ambientais ou teratógenos físicos ou químicos e, as

causas multifatoriais completam o restante21;22;23;24;25.

Page 22: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

6

As causas das anomalias congênitas podem ser divididas em dois grupos:

pré-concepcional (genéticas e parcialmente genéticas, originados antes da concepção)

e pós-concepcional (ocorrem após a concepção, antes do nascimento) .

As pré-concepcionais podem ocorrer por diferentes formas:

1.4.1 Distúrbios Cromossômicos

As anomalias cromossômicas podem ser numéricas ou estruturais e podem

envolver um ou mais autossomos, os cromossomos sexuais ou ambos,

simultaneamente. O tipo mais comum de anomalia cromossômica significativa em

termos clínicos é a aneuploidia. Nesta situação, o número anormal de cromossomos

devido a um cromossomo extra ou ausente, que está sempre associado à deficiência

de desenvolvimento físico, mental ou ambos26.

A maioria dos pacientes com anomalias cromossômicas apresenta ao

nascimento múltiplas dismorfias e malformações. A gravidade da expressão destas

alterações possui grande variabilidade segundo o cromossomo afetado e a perda ou

ganho de material genético27.

Os mecanismos que causam as anomalias cromossômicas são: não

disjunção na meiose, ocorre em 95% dos casos, translocação entre cromossomos e

mosaicismo26.

O risco de anomalias cromossômicas aumenta com a idade materna

avançada particularmente com a Síndrome de Down, também com a trissomia do

cromossomo 13 e do cromossomo 18. Nas anormalidades dos cromossomos sexuais,

de maneira diferente, sua etiologia está associada à alterações dos cromossomos

paternos28;29. A prevalência de anomalias cromossômicas é em torno de 1%, destas a

trissomia dos autossomos é mais freqüente. Cerca de 70% das trissomia são do

cromossomo 21, sendo estimada a sua freqüência de 1 para 660 RN vivos, enquanto

que para a trissomia do 18 é de 1 para 8.000 e para a trissomia do cromossomo 13 é

de 1 para 20.00027.

Países subdesenvolvidos e em desenvolvimento possuem uma alta

prevalência de Síndrome de Down, por inúmeras razões, incluindo alta freqüência de

Page 23: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

7

mulheres mais idosas gestantes e deficiência de pré-natal. Estima-se que nos EUA a

Síndrome de Down afete 5.500 crianças anualmente10;27. A prevalência na América

Latina para trissomia do 21 é de 16,1 por 10.000 (dados do ECLAMC – Estudo

Colaborativo Latinoamericano de Malformações congênitas), destes 55% irão morrer

no primeiro ano de vida30.

A detecção das anomalias dos cromossomos por ultra-sonografia (USG)

pré-natal possui ampla variação de acordo coma região estudada: de 16 a 45% na

Europa, de 5 a 15% no Havaí e 10% no Brasil 31;32;33.

1.4.2 Distúrbios Monogênicos

É caracterizado por um único gene alterado; tais distúrbios são

freqüentemente denominados condições “mendelianas”. Existem quatro padrões

básicos de herança monogênica: autossômica dominante, autossômica recessiva,

dominante ligada ao X e recessiva ligada ao X. Exemplos bem conhecidos incluem

fibrose cística, anemia falciforme, hemofilia e acondroplasia. Os fatores de risco

associados a estes distúrbios são consangüinidade, filho prévio afetado, pai e mãe

afetados ou idade paterna avançada.

1.4.3 Distúrbios Multifatoriais

Resultam de uma combinação de múltiplas causas, genéticas e ambientais.

Nesta categoria se encontram a maioria das cardiopatias congênitas e os defeitos do

tubo neural20.

Os DC causados após a concepção são primariamente não genéticos.

1.4.4 Fatores Ambientais

Nessas desordens o material genético herdado pelo feto é normal e o DC é

causado por agente ambiental intra-uterino. Estes incluem teratógenos que interferem

Page 24: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

8

com o crescimento e desenvolvimento normal do embrião ou feto, fatores mecânicos

que deformam o feto, e acidentes vasculares que causam disrupção no crescimento

normal do organismo34.

Teratologia é o estudo dos padrões anormais do desenvolvimento

provocado por fatores denominados teratógenos. Teratologia ipsis litteris significa

“estudo de monstro”1.

Os teratógenos são categorizados dentro de cinco grupos: agentes físicos

como a radiação, poluentes ambientais como mercúrio; doenças ou distúrbios

metabólicos maternos como o diabetes insulino-dependente ou deficiência de iodo

materna, infecção materna, incluindo rubéola e toxoplasmose e, drogas tanto

medicinal como ilícitas35;35;36. Os efeitos das bombas atômicas, acidentes nucleares,

pesticidas, contaminação industrial dentre outros são temas de investigação com

ênfase no que se refere a seu impacto na saúde reprodutiva da população25.

1.4.4.1 Infecções Maternas

As infecções que podem estar relacionadas com DC são a rubéola,

varicela, citomegalovírus, toxoplasmose, sífilis e alguns vírus menos freqüentes, e o

comprometimento fetal irá depender da fase gestacional acometida37 .

1.4.4.2 Fatores Físicos

São exemplos de teratógenos físicos a radiação ionizante e a temperatura

elevada. Os efeitos da exposição à radiação ionizante durante a gestação dependem da

idade gestacional e da dosagem à qual a gestante foi exposta. As conseqüências da

radiação foram exaustivamente estudadas após o advento das bombas atômicas e o

acidente de Chernobyl. Observou-se aumento de anomalias específicas, como

microcefalia e retardo mental37.

Page 25: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

9

1.4.4.3 Fatores Químícos

As drogas de uso terapêutico também têm sido implicadas como

teratogênicas, dependente da dose, tempo de uso durante a gestação, suscetibilidade e

outros fatores38. O uso crônico de medicamentos e a auto medicação são práticas

comuns adotadas pela população brasileira. O exemplo clássico de droga teratogênica

é a talidomida que, na década de 60, fez surgir uma epidemia de DC, principalmente

de membros25.

Os anticonvulsivantes estão relacionados com a ocorrência de DC maiores

como defeitos do tubo neural, microcefalia, retardo mental, fissura de lábio e palato.

Por outro lado os anti-coagulantes se associam à hipoplasia nasal, microcefalia e

retardo mental37;39.

O misoprostol, medicação utilizada para o tratamento de úlceras e

gastrites, promove também a contratilidade uterina. Por essa razão, em países onde o

aborto voluntário é proibido como no Brasil, existe um grande número de mulheres

que usa essa substância como meio de interromper a gravidez. Muitas dessas

gestações, entretanto, não evoluem para abortamento e existe preocupação quanto ao

potencial risco teratogênico decorrente. Vários estudos relacionam o misoprostol com

a seqüência de Moebius, defeitos por redução de membros e diversas anomalias do

sistema nervoso central25;37;40.

1.4.4.4 Estilo de Vida

Dentre os teratógenos humanos, uma das exposições mais comuns e

potencialmente evitáveis é o consumo excessivo de álcool. Mulheres com alcoolismo

crônico têm risco significante de terem recém-nascidos com a síndrome do álcool

fetal. Esta condição consiste em restrição de crescimento intra-uterino, microcefalia,

retardo mental e alterações faciais25;37;40;41. O tabagismo também tem sido relacionado

com a presença de fissura labial, restrição de crescimento intra-uterino e

prematuridade22;42.

Page 26: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

10

1.4.4.5 Fatores Demográficos

Dentre os fatores etiológicos das anomalias congênitas, destaca-se a idade

materna avançada, como responsável pela não disjunção meiótica, aumentando assim,

a incidência de fetos portadores de anomalias cromossômicas numéricas, em especial

a Síndrome de Down42;43. O risco de uma mulher acima de 45 anos ter um filho com

DC é de 1 em 23 nascimentos, diferente daquele para uma mulher de 25 que é de 1

em 1.342 nascimentos44.

Mãe adolescente, abaixo de 20 anos, também constitui em fator de risco

para DC, como gastrosquise e outras disrupções vasculares, assim como para o baixo

peso ao nascer e prematuridade45.

A prevalência de alguns defeitos congênitos varia significativamente entre

grupos raciais. Certas anomalias são descritas mais na raça negra, como polidactilia

pós-axial. Na raça branca, há mais casos de cardiopatia congênita, anencefalia,

espinha bífida, fístula tráqueo-esofágica e hipospádia, e nos orientais se observa

maior ocorrência de fissura labial42;46.

1.4.4.6 Patologias e Deficiências Nutricionais Maternas

Algumas enfermidades maternas aumentam o risco de DC. Mulheres que

apresentam diabetes mellitus pré-gestacional ou gestacional possuem risco de 2 a 4

vezes maior para malformação fetal que a população geral. Os defeitos mais

freqüentes são do sistema nervoso central, cardíaco e esquelético. O controle

adequado dos níveis glicêmicos no período pré-concepcional e primeiro trimestre de

gestação é importante instrumento de prevenção das anomalias congênitas39;47;48.

A epilepsia na gestante constitui risco moderado para microcefalia e

retardo de crescimento intra-uterino sendo que a medicação utilizada pode representar

outro fator de risco para o desenvolvimento de DC39.

Por fim o lúpus eritematoso sistêmico, hipotireoidismo e fenilcetonúria

apresentam maior risco de anomalias congênitas que podem diminuir mediante

controle clínico da enfermidade de base49.

Page 27: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

11

A United Nations Children’s Fund (UNICEF) estima que 50 milhões de

pessoas no mundo apresentarão deficiência intelectual, motora e auditiva conseqüente

à deficiência de iodo50. O hipotireoidismo congênito pode levar também ao

abortamento e à morte perinatal e é considerado uma das mais importantes causas de

dano cerebral prevenível11.

A deficiência de ácido fólico é fator conhecido como de risco para

predispor ao defeito do tubo neural (DTN) e possivelmente outras anomalias.

Pesquisas indicam que a suplementação de ácido fólico periconcepcional pode reduzir

de 50% a 70% a ocorrência e recorrência de defeitos do tubo neural51;52;53;54. O

Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomenda para mulheres que

estejam planejando uma gravidez com história familiar negativa de DTN e a dose de

0,4mg/dia (400µg) e para mulheres com alto risco, ou seja, com história prévia de

filhos com DTN, a recomendação é de 4mg/dia52(4000µg). Alguns países adotaram a

fortificação de grãos como medida preventiva da ocorrência de DTN, como os

Estados Unidos em 1998, Chile em 2000 e o Brasil em 200452;55;56. Os resultados da

fortificação da farinha de trigo na América Latina somente foram demonstrados no

Chile, demonstrando uma redução de 30% na ocorrência de DTN57. No Brasil são

necessários estudos para definir o impacto desta ação na prevalência dos DTN na

nossa população.

A ação de um agente teratogênico sobre o embrião ou feto em

desenvolvimento depende de diversos fatores, destacando-se estágio de

desenvolvimento do concepto, relação entre dose e efeito, genótipo materno-fetal e

mecanismos patogênicos específicos de cada agente25.

Como citado anteriormente, uma etiologia específica pode não ser

encontrada em 50% de todas as crianças que nascem com DC. Alguns desses defeitos

podem ser devido a nova mutação autossômica dominante, microdeleção

cromossômica ou dissomia de um dos genitores. Novas etiologias continuam sendo

identificadas e futuramente, o número de causas desconhecida de DC deve diminuir1.

As populações de países em desenvolvimento como o Brasil apresentam

características sociais, políticas e econômicas muito particulares para a compreensão

de potenciais riscos teratogênicos aos quais uma mulher grávida possa estar exposta.

Essas características incluem níveis educacionais e econômicos baixos da população,

Page 28: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

12

alta incidência de doenças infecciosas e carênciais, escassos recursos para saúde e

pesquisa, prática freqüente e sem controle de auto-medicação, facilidade de obtenção

de medicações que deveriam estar submetidas à prescrição médica e, finalmente,

proibição legal de interrupção da gestação. Além disso, pode se somar uma qualidade

ambiental precária ou mesmo condições de trabalho insalubres durante a gravidez25.

1.4.5 Consangüinidade

A consangüinidade é fator de risco importante de DC. Atinge o genoma

como um todo, aumenta a probabilidade de homozigose de genes recessivos raros e

deletéricos, em virtude desse fato, é comum a ocorrência de malformações múltiplas,

em filhos de pais de consagüinidade muito próxima11.

1.5 Prevalência Global dos Defeitos Congênitos

Os estudos epidemiológicos sobre os DC são bastante heterogêneos,

dependendo de vários fatores: a época da investigação, os critérios de definição, o

momento em que é feito o diagnóstico (período pré-natal, neonatal ou na primeira

infância) e da base de dados.

Stevenson et al.58 em estudo realizado em 24 diferentes localidades nos

cinco continentes verificaram que variações de freqüência poderiam ser associadas

não apenas a causas metodológicas, mas também a diferenças geográficas.

Inicialmente só se reconhecia a malformação aparente ao nascimento. Por

isto, trabalhos anteriores a 1948 apresentavam uma variação entre 0,03% a 3,03%.

Através de numerosos estudos de acompanhamento dos DC durante décadas,

estabeleceu-se o consenso de que aproximadamente 3% dos recém-nascidos são

acometidos por algum defeito congênito maior59.

Considerando o critério de classificação dos DC em maiores e menores,

Os primeiros possuem proporção maior à concepção, em torno de 10% a 15%, mas a

maioria desses fetos são abortados espontaneamente. Em relação aos DC menores

Page 29: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

13

estabeleceu-se que aproximadamente 14% dos RN apresentam um único defeito

menor60.

Após a epidemia de focomelia na década de 60 que acometia crianças

cujas mães fizeram uso da talidomida na gravidez61, foram propostos e

operacionalizados, novos sistemas epidemiológicos (Atlanta, Noruega, América

Latina, Canadá, Inglaterra, Suécia) que preconizavam a monitorização dos defeitos

congênitos e um sistema de intercâmbio científico62.

Os dados sobre as anomalias congênitas são monitorados de forma

diferenciada pelos países. Alguns possuem cobertura populacional e outros são de

base hospitalar. O acompanhamento das crianças quanto à presença de malformações

varia entre três a um ano de vida. Esses diversos sistemas de monitoramento dos

países integram o “Internacional Clearinghouse for Birth Defects Monitoring

System” (ICBDMS). O “Internacional Centre for Birth Defects” está localizado em

Roma, e foi aceito como organização não governamental em 1986 pela OMS, é uma

entidade que executa programas de monitoração e vigilância epidemiológica de

anomalias congênitas em âmbito mundial. Atualmente, todos os programas juntos

monitoram a população que representam 35 países distribuídos pelos cinco

continentes21.

O European Concerted Action on Anomalies and Twins (EUROCAT) é

uma organização da Comunidade Econômica Européia responsável especificamente

pelos sistemas de vigilância desse continente, iniciou os trabalhos de vigilância em

1979 e atualmente cobre 1,5 milhões de nascimento por ano, 29% de todos os

nascimentos da Europa63.

Nos Estados Unidos (EUA) em 1967, o Centro de Controle de

Enfermidades de Atlanta iniciou o programa vigilância de defeitos congênitos, o

Metropolitan Atlanta Congenital Defects Program (MACDP), o primeiro dos

programas independentes que buscam as anomalias congênitas nesse país. No período

de 1978-2005 o MACDP encontrou uma prevalência global de DC maior de 3% nos

EUA, demonstrando uma estabilidade na freqüência durante todo o período, variando

com a idade materna, raça, peso de nascimento e idade gestacional5.

Peller et al64 encontrou no período de 1974-1999 nos Estados Unidos

prevalência de DC maiores de 3,89%, DC identificada através do programa Active

Page 30: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

14

Malformations Survellaince Program of Brigham and Women’s Hospital. Outro

programa de vigilância americano, Utah Birth Defect Network (UBDN) relata

prevalência de 2%, estas diferenças podem ser explicadas pelos diferentes métodos de

coleta de dados utilizados65.

Países em diferentes continentes procuram com ou sem programa de

vigilância determinar a freqüência dos DC em sua população: a Malásia identificou

prevalência 1,42% de DC maiores durante o pré-natal66, a Coréia identificou 1,8% de

DC em todos os nascimentos incluindo natimortos e abortos espontâneos9, a

Austrália, através do seu programa de vigilância que engloba população urbana e

arborígena encontrou prevalência em torno de 0,5% ao nascimento67, na Ucrânia a

prevalência de DC determinado por programa de vigilância foi de 2,1% dos

nascimentos68, semelhante ao Emirados Árabes, que por sistema de registros de DC

detectou prevalência de 7,9% de todos os nascimentos69, ou Papua, Nova Guiné que

encontrou DC em 1,16% avaliando nascidos vivos70.

Estudos populacionais para investigar DC são raros no nosso continente.

A descrição de DC na América Latina se restringe aos dados hospitalares, como os

que compõem a rede ECLAMC-Estudo Colaborativa Latino Americano de

Malformações Congênitas. O ECLAMC é um programa de investigação clínica e

epidemiológica dos defeitos congênitos em nascimentos hospitalares latino-

americanos. O estudo começou em julho de 1967 e o programa é dedicado à

investigação de fatores de risco para malformações congênitas. Apesar das

modificações ocorridas devido à experiência acumulada e ao avanço de

conhecimentos sobre o tema, o desenho experimental continua sendo o mesmo, o que

permite trabalhar com o material acumulado71.

O ECLAMC iniciou seu trabalho em 17 maternidades da região

metropolitana de Bueno Aires. Em 1968, algumas maternidades do Chile e do

Uruguai passaram a colaborar. Em 1972, o Brasil iniciou sua participação e, a partir

de 1973, Equador, Peru e Venezuela ingressaram no programa. Atualmente a rede

ECLAMC no Brasil abrange doze maternidades em oito cidades de seis estados,

ficando dois na região nordeste, cinco no sudeste e cinco na região sul. No ano de

2001, nas instituições vinculadas ao ECLAMC, a prevalência de DC foi de 3,4% ao

nascimento72.

Page 31: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

15

Na América Latina várias publicações têm apresentado diferentes

prevalências para os DC, como na Colômbia, onde foi estimada por dados

hospitalares a prevalência de 4,4%73, no Chile, pelo mesmo método de 2%45, e em

Cuba por diagnóstico pré-natal de 4,81%74.

No Brasil as prevalências dos DC diferem conforme a região estudada, e o

método utilizado, em São Paulo, no período de 1969-1971, prevalência de 1,67% dos

nascidos vivos75, em Salvador-Bahia, no período de 1994-1995, por amostra,

prevalência de 5%76; em Ribeirão Preto-São Paulo, por diagnostico ultra-sonográfico,

identificando prevalência de 0,92%77 e em Fortaleza em 1983, evidenciado 1,12% de

prevalência nos recém nascidos examinados78 .

O Ministério da Saúde (MS), na tentativa de obter informações dos DC em

base populacional, em 2000, introduziu o campo 34 na Declaração de Nascidos Vivos

(DN), pertencente ao Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), de

distribuição nacional. Este item deve ser assinalado sempre que for detectado algum

DC (sim, não ou ignorado) informar qual tipo e codificar segundo a Classificação

Internacional de Doenças (CID 10)79.

Estudos mais recentes utilizando dados do SINASC, identificaram

prevalência de DC em São Paulo, em 2001 de 0,88%, em Vitória-Espírito Santo, no

período de 2001-2004 de 0,4% e no Rio de Janeiro, de 1999-2001 de 1,7%80,81,82.

Diferença acentuada provavelmente por preenchimento inadequado da DN.

Atualmente a melhoria dos métodos diagnósticos, principalmente da ultra-

sonografia e da incorporação no Brasil dos registros do ECLAMC vem

proporcionando melhor identificação dos casos de DC83.

1.6 Defeitos Congênitos Maiores e Diagnóstico Ultra-sonográfico

Os defeitos congênitos observados ao ultra-som podem ser agrupados

didaticamente de acordo com suas regiões anatômico-funcionais.

Page 32: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

16

1.6.1 Defeitos do Tubo Neural (DTN)

Os defeitos do tubo neural incluem amplo escopo de malformações

congênitas, que ocorrem devido a falha no fechamento adequado do tubo neural

embrionário durante a quarta semana de embriogênese. Apresenta espectro clínico

variável e constitui grupo de DC com etiologia multifatorial, que surgem da interação

de fatores genéticos e ambientais51;52;53.

Classificação dos DTN:

Espinha bífida oculta: defeito do fechamento ósseo posterior da coluna recoberto

por pele essencialmente normal;

Espinha bífida aberta: protusão cística, podendo conter líquido cefalorraquidiano e

meninges anormais – meningocele; ou elementos da medula espinhal e/ou nervos –

mielomeningocele;

Encefalocele: herniações de tecido encefálico através de falhas cranianas, parcial ou

totalmente recobertas por pele ou couro cabeludo íntegro;

Anencefalia: defeito de fechamento da porção mais anterior do tubo neural que

resulta em degeneração dos hemisférios cerebrais, substituídos por massa de tecido

vascular amorfo, desenvolvimento incompleto da abóbada craniana e alterações

faciais variadas51;52.

O diagnóstico ultra-sonográfico dos defeitos do cérebro e da coluna

podem ser realizados a partir da 10ª semana, porém a maioria é melhor avaliada entre

12 e 14 semanas, sendo prudente aguardar esta data para confirmar os casos

suspeitos de espinha bífida84.

Vários estudos relatam visualização de espinha bífida a partir de 10

semanas e há relato de associação entre anencefalia e espinha bífida e anencefalia

como caso isolado. A Fetal Medicine Foundation apresentou estudo em que 34.830

fetos com 10 e 14 semanas foram estudados sendo que 26% dos que apresentavam

anencefalia não foram diagnosticados85;86.

Page 33: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

17

Etiologia

A etiologia dos DTN é multifatorial. A suscetibilidade genética para

determinados grupos étnicos, reforçada pela exposição a fatores ambientais estaria

potencialmente presente em todos os grupos populacionais87.

Aproximadamente 10% dos DTN se associam a alterações

cromossômicas, principalmente às trissomias dos cromossomos 13,18, 21 e síndrome

de Turner88.

Vários genes estão envolvidos no fechamento do tubo neural. Os genes

mais estudados são aqueles associados ao metabolismo do ácido fólico, como o gene

da enzima 5,10 metileno-tetra-hidrofolato-redutase. Diversos pesquisadores têm

relatado freqüência significativamente aumentada de homozigose na mutação C677T

deste gene em mães de indivíduos afetados88.

Atualmente a deficiência de ácido fólico é o fator de risco para DTN mais

importante identificado. A sua suplementação peri-concepcional e no primeiro

trimestre da gravidez tem causado forte impacto na redução da prevalência dos

DTN52.

Outros agentes teratogênicos envolvidos na gênese dos DTN são diabetes

mellitus materno, uso de ácido valpróico para tratamento de epilepsia durante a

gestação, álcool, salícilatos, diuréticos, obesidade materna, deficiência de zinco e

hipertermia89.

Prevalência

Defeitos do tubo neural apresentam grande variação geográfica e étnica. A

prevalência mundial média é de 1/1.000 nascidos vivos90. Nos EUA é estimado que

3.000 gestantes serão afetadas anualmente, sendo que as maiores taxas estão entre as

mulheres de origem hispânicas e, as menores entre mulheres negras e asiáticas.

Recentes estudos nos EUA demonstraram que após a fortificação de grãos em 1998,

houve decréscimo de 26% na prevalência de DTN10;91.

Pesquisas demonstraram altas prevalências de DTN em países como

Irlanda, Reino Unido, China, Hungria e México. Ocasionalmente taxas maiores que

1% são relatadas92.

Informações sobre freqüência de DTN na América Latina são escassas.

Dados do Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas

Page 34: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

18

(ECLAMC) relatam prevalência de 5,1/1.000 no Chile93. No Brasil a prevalência

relatada em Minas Gerais, através do ECLAMC é de 4,16/1.000 em nascidos vivos51,

enquanto que em São Paulo, tal prevalência atinge 5/1.000 nascidos vivos94. A taxa

de detecção em serviços de medicina fetal varia amplamente, de 62% a 97% na

Europa, 22% no Paquistão e 60% na China. As variações nas taxas de prevalência

tem sido atribuídas a verdadeiras variações entre as populações, ao impacto do

diagnóstico pré-natal e terminação eletiva nas gestações afetadas95;96;97.

1.6.2 Hidrocefalia

Hidrocefalia vem do grego e significa “água na cabeça.” Caracteriza-se

por aumento da quantidade e da pressão liquórica, levando a dilatação dos ventrículos

e compressão do tecido nervoso de encontro ao estojo ósseo. A hidrocefalia congênita

se desenvolve usualmente até a vigésima semana pós-concepção98. É uma das

anomalias congênitas mais comuns, com incidência de 0,05% a 0,3%, e em 3.3%

existem antecedentes familiares. O diagnóstico ultra-sonográfico é muito variável.

Em alguns casos virtualmente não se identifica tecido cerebral e em outros existe

dilatação mínima dos ventrículos cerebrais99.

Etiologia

A hidrocefalia possui etiologia heterogênea. Entre os fatores estão a

teratogênese (exposição à radiação), má nutrição materna, cistos benignos, tumores

congênitos, anomalias vasculares, anomalias esqueléticas e infecção congênita

(toxoplasmose, citomegalovírus, estafilococo, sífilis, varíola, caxumba, varicela,

poliomielite, hepatite infecciosa, vírus da gripe, encefalite e adenovírus). Pode estar

associada a anomalias cromossômicas, a síndromes monogênicas ou mendelianas. A

herança ligada ao cromossomo X é conhecidamente associada à estenose do aqueduto

mesencefálico de Sylvius e ocorre em cerca de 2% das hidrocefalias congênitas100.

Prevalência

A prevalência global de hidrocefalia é de 0,3 a 1/1000 nascimentos, dados

do ECLAMC no Chile demonstram uma prevalência de 1,3/1000 nascimentos, no

Brasil pesquisas relatam taxa de 3,16/1.000 nascimentos29;100.

Page 35: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

19

1.6.3 Microcefalia

Microcefalia pode ser diagnosticada intra-útero quando a medida da

circunferência craniana está abaixo de três desvios padrões, comparando com o

gráfico de crianças do mesmo sexo e idade gestacional. O defeito é primário no

cérebro e como o seu crescimento determina o crescimento da cabeça, ocorre

cranioéstenoses101. Dismorfia cerebral freqüentemente está associado à

microcefalia102 .

Etiologia

A microcefalia possui etiologia multifatorial, podendo estar associada a

outras malformações múltiplas e formando síndromes genéticas, infecções maternas

como rubéola, sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose e irradiação ionizante. Agentes

passíveis de inibir a proliferação neuronal também podem causar microcefalia como o

álcool e a hiperfenilanina fetal. Etiologia genética, herança autossômica recessiva ou

ligada ao sexo respondem por substancial porcentagem de casos de microcefalia103.

Prevalência

A prevalência de microcefalia varia dependendo da região estudada e

metodologia. Na Itália foi encontrada uma prevalência de 1,7/10.000104 em Bogotá de

3,52 por 10.000 e no Rio de Janeiro 1,07 por 10.000 nascimentos82.

1.6.4 Holoprosencefalia

O termo descreve uma série de complexas anormalidades cerebrais e

faciais resultantes de falha na diverticulação do prosencéfalo embrionário, que ocorre

na quinta semana de gestação, gerando uma separação anormal dos hemisférios

cerebrais. Conforme a extensão dessa separação a entidade é subdividida em: alobar,

semilobar e lobar. As malformações crânio-faciais são pleomórficas, variando de

ciclopia com ou sem probócide a mínimo dismorfismo crânio-facial como uma

moderada microcefalia com um único dente incisivo central105.

Page 36: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

20

Etiologia

A etiologia é heterogênea e compreende causas ambientais e genéticas.

Diabetes materna é o mais conhecido fator teratogênico. Cerca de 45% são devidas as

anormalidades cromossômicas. Holoprosencefalia (HPC) está presente em 70% dos

casos de trissomia do 13. A HPC pode fazer parte das síndromes monogenéticas

como Smith-Lemli-Opitz, displasia campomélica ou ser autossômica dominante106.

Prevalência

As taxas de HPC variam de 0,48/10.000 nascidos vivos a 1,2/10.000

nascimentos incluindo perdas fetais e gestações interrompidas antes de 20 semanas de

idade gestacional. Na Inglaterra foi relatado prevalência de 0,49/10.000

nascimentos106;107. No Brasil os dados de prevalência de HPC se referem a

necrópsias pediátricas e perinatais e é relatada de 0,21%108.

1.6.5 Microftalmia

Microftalmia é definida como pequeno glóbulo ocular. Na microftalmia o

diâmetro da córnea é menor que 10 mm, e o diâmetro ântero-posterior do globo

ocular é menor que 20 mm. Clinicamente é aceito o termo microftalmia para um olho

com o comprimento axial abaixo dois desvios padrões da média da população

ajustada para a idade. Microftalmia é relatada em 3,2% a 11% das crianças com

deficiência visual109.

Etiologia

Microftalmia pode ocorrer isolada ou como parte de uma síndrome. Possui

etiologia complexa, como infecção viral (rubéola, citomegalovírus, varicela). Efeitos

teratogênicos do acido retinóico, talidomida, álcool, benzodiazepínicos podem estar

implicados na sua etiologia. Há relatos também de associação entre pesticidas e

microcefalia. Adicionalmene a etiologia cromossômica e monogênica são causas

identificadas de microftalmia110.

Prevalência

Há poucos estudos de prevalência sobre microftalmia, Na França há relato

de 0,6/10.000 e na Itália 5,9/10.000. Dados do Califórnia Birth Defects Monitoring

Page 37: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

21

Program (CBDMP), um regional registro de dados populacional referente a

anomalias congênitas encontrou prevalência de 2,29/10.000 nascimentos110. Na

Espanha foi encontrado 1,72/10.000111. O ECLAMC no Chile, encontrou prevalência

de microftalmia de 2,7/10.000 nascimentos112.

1.6.6 Fendas Faciais

É a malformação facial mais comum, podendo ser uni ou bilateral. A

associação de fenda labial com fenda palatina é uma malformação etiologicamente

diferente da fenda palatina isolada, da fenda facial mediana e da fenda da linha média

associada a holoprosencefalia1;105.

É resultante de um defeito da migração ou de fusão normal dos processos

maxilares ou nasais mediais. As manifestações clínicas variam de uma fenda

unilateral até uma fenda que atinja toda a extensão do palato mole, podendo atingir a

úvula105.

Etiologia

A etiologia é multifatorial, com origem tanto genética quanto ambiental.

Cerca de 25% dos neonatos com fenda labial com ou sem fenda palatina mostram

associações com outras síndromes causadas por anormalidades cromossômicas113.

Há relato de associação com teratógenos como o álcool e o tabagismo.

Prevalência

A prevalência varia de acordo com sexo e raça, sendo duas vezes mais

comum no sexo masculino e mais comum em fetos de nativos americanos (3,6 por

1.000), seguido de asiáticos (1,5 a 2,0 por 1.000) brancos (1 por 1.000) e negros (0,5

por 1.000)114;115. Nos Estados Unidos a prevalência relatada é de 1,2 por 1.000, no

Chile a prevalência encontrada pelo ECLAMC foi similar115,116.

A incidência das fendas labiais e/ou palatinas identificadas durante a vida

intra-uterina em uma população de baixo risco é de aproximadamente 0,2%, ao passo

que na população de risco esta anomalia pode ser encontrada em torno de 0,8%114.

Page 38: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

22

1.6.7 Cardiopatias Congênitas

Cardiopatia Congênita (CC) é definida como malformação estrutural

envolvendo estruturas intra-cardíacas ou grandes vasos, com potencial alteração

funcional117;118. Cerca da metade delas são letais ou requerem cirurgia e a outra parte

é assintomática. A maioria dos óbitos decorrente de CC ocorre intra-útero ou no

período neonatal119.

Etiologia

Cerca de 90% das CC possuem uma causa multifatorial. Os demais casos

estão associados com anormalidades cromossômicas, defeitos monogênicos e

teratógenos.

Prevalência

As cardiopatias congênitas ocorrem em 4 a 8 por 1.000 nascidos vivos1. A

freqüência das CC variam conforme a região e método utilizado para diagnóstico. Na

Turkia foi encontrada prevalência de 7,7 por 1.000 nascidos vivos117, na Colômbia a

prevalência foi de 1,2 por 1.000120, no Brasil, Hagemmann et al.121 relatam 12,5 por

1.000 nascidos vivos.

A detecção de CC no período pré-natal é baixa, pois o ultra-sonografista

não é preparado para avaliar corretamente a anatomia cardíaca. Estudos populacionais

com a realização de exames de rotina demonstram taxas de detecção desapontadoras,

variando de 6% a 35%. Além disso, a solicitação do exame de ecocardiograma fetal

especializado baseada em fatores de risco não é capaz de detectar a maioria das

CC122. A Europa possui taxa de detecção que varia amplamente de 18 a 56%33;123 e no

Brasil é relatado em exames USG de rotina a taxa de detecção de 19,2%124.

1.6.8 Hérnia Diafragmática

Anormalidade diafragmática mais comum, ocorre devido a falha de fusão

dos canais pleuroperitoneais. Não apresenta distinção entre os sexos e é mais

freqüente no lado esquerdo105. Hipoplasia pulmonar é frequentemente associada com

Hérnia diafragmatica congênita (HDC). O diafragma desenvolve entre a terceira e

Page 39: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

23

sétima semana de gestação. Existem quatro tipos de HDC: Bochdalek (póstero-

lateral), hérnia ântero-lateral (ausência de diafragma), Morgagni (paraesternal,

retroesternal ou anterior) e dupla hérnia esternal (hérnia diafragmática, defeito

pericardiaco, defeito esternal e onfalocele). Cada tipo pode ter características

embriológicas, clinicas e epidemiologicas distintas. A mais comum HDC é a hérnia

posterolateral e está associada com alta mortalidade125.

O diagnóstico à USG evidencia dextrocardia, polidrâmnio, e presença de

estruturas abdominais no tórax, como estômago e alças intestinais84

Etiologia

A maioria da etiologia da HDC é multifatorial125.

Prevalência

A HDC possui uma prevalência global de 1 /2.500 nascidos vivos126;127.

Pesquisa em Atlanta, Estados Unidos encontrou prevalência de 2,4/10.000125. Na

Austrália há relato de 3,8/10.000, com uma taxa de mortalidade de 68%126. No Chile

a prevalência de HDC relatada é de 3,9/10.000 nascimentos112.

1.6.9 Defeitos de Fechamento de Parede Abdominal

Gastrosquise – defeito para-umbilical envolvendo todas as camadas (pele ao

peritônio) da parede abdominal lateral direita (maioria dos casos), ocorrendo por volta

da quarta semana de gestação, devido ao fechamento prematuro da veia umbilical

direita, antes que a circulação colateral proveniente da aorta se estabeleça, levando a

isquemia dos tecidos circundantes, contém apenas alças intestinais e o saco herniário

está ausente105.

Onfalocele – defeito de fechamento da parede ventral do abdome (com ausência de

pele subcutânea e músculos abdominais) em que ocorre a persistência dos

componentes abdominais na porção inicial do cordão umbilical105. A onfalocele é

resultado do não retorno dos intestinos para a cavidade abdominal durante a décima

semana. O revestimento da bolsa hernial é formado pelo epitélio do cordão umbilical,

um derivado do âmnio128.

Page 40: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

24

A herniação intestinal fisiológica ocorre entre 6 e 10 semanas não

podendo ser confundida com os defeitos de parede abdominal. Após 12 semanas, a

persistência da herniação é patológica. Se aparentemente há apenas conteúdo

intestinal, a probabilidade de existência de alteração cromossômica é grande. Várias

observações mostram que onfaloceles que só contëm alças intestinais não podem ser

comprovadas antes de 12 semanas. Porém, se há presença de outros órgãos herniados,

a situação é sempre patológica84.

Etiologia:

A gastrosquise está relacionada com infecções maternas, menor idade

materna, tabagismo, drogas e álcool, baixo nível cultural e uso de medicações

vasoativas no inicio da gestação128;129. A onfalocele pode fazer parte de uma síndrome

genética ou cromossômica, como a trissomia do 13 e do 18, mas a maioria dos casos

são esporádicos e não se conhece a sua etiologia128;129;130.

Prevalência

A prevalência global da gastrosquise é em torno de 1/10.000 nascidos

vivos e da onfalocele é de 2/10.000. No Chile estudos do ECLAMC encontraram uma

freqüência de gastrosquise de 1,9/10.000 e onfalocele 9/10.000128. No Canadá as

prevalências relatadas foram de 1/10.000 e 2,5/10.000 de gastrosquise e onfalocele

respectivamente131. Na Itália as prevalências foram de 0,6/10.000 para gastrosquise e

1,6/10.000 para onfalocele130. Estudos na França e Inglaterra demonstraram taxas de

prevalência semelhantes129;132.

A detecção pré-natal varia entre diversos registros de 25% a 100% para

onfalocele e 18% a 100% para gastrosquise133.

1.6.10 Anomalias Renais

Anomalias congênitas dos rins e trato urinário são uma das principais

causas de insuficiência renal na infância. O desenvolvimento dos rins requer a

normal iniciação da seqüência de pronefron-mesonefron, crescimento do ureter do

ducto mesonéfrico e interação com o blastema metanéfrico. Agenesia renal é descrita

como uma falha na iniciação da seqüência pronefron-mesonefron ou na formação do

Page 41: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

25

ureter, resultando na ausência do rim e do ureter 134. A agenesia renal bilateral é rara

e fatal, usualmente associada com grave oligodrâmnio, produzindo um padrão clínico

com compressão facial e hipoplasia pulmonar (sequência de Potter). Agenesia renal

unilateral é mais comum e clinicamente silenciosa135. Em relação à posição, o rim

pode ser ectópico quando não se encontra em topografia pélvica. Pode ser uni ou

bilateral. Displasia renal é o termo utilizado para denominar todas as alterações

renais que cursam com alteração da diferenciação entre córtex e medula e alterações

do parênquima renal. As displasias podem ser decorrentes de alterações renais

primárias ou conseqüentes à obstrução das vias excretoras. A grande maioria dos

casos é unilateral, sendo mais comum no sexo masculino84;105.

Etiologia

A seqüência do desenvolvimento renal é influenciada pela expressão de

vários tipos de genes em determinado tempo e local no trato urinário.

Desorganização na expressão gênica induzida por mutação ou fatores ambientais

resulta em anomalias congênitas dos rins134.

Prevalência

Dados dos registros de defeitos congênitos Metropolitan Atlanta

Congenital Defects Program (MACDP) e California Birth Defects Monitoring

Program (CBDMP) indicam um prevalência global de 3 a 6 por 1.000 nascimentos

de anomalias renais com forte impacto na mortalidade infantil135. Estudos em paises

europeus através de diagnóstico pré-natal relatam uma prevalência de anomalias

congênitas renais de 0,5% dos nascimentos136. Estima-se que a prevalência de

agenesia renal bilateral seja de 0,1/1.000 nascimento, agenesia renal de 1 em 1.300 e

displasia renal é de 1 em 4.300134. Na Colômbia dados do ECLAMC encontraram

prevalência de anomalias congênitas diagnosticadas no pré-natal de 0,07%, sendo

0,7/10.000 de agenesia renal bilateral, 1,3/10.000 de unilateral e 2,6/10.000 de

doença cística renal137.

Page 42: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

26

1.6.11 Anomalias do Sistema Músculo-Esquelético

As osteocondrodisplasias são uma das causas mais comuns de morte

perinatal105, correspondendo a um grupo heterogêneo caracterizado por

anormalidades da cartilagem, crescimento e desenvolvimento ósseo138. Outras

anomalias ósseas relatadas é a redução de membro considerado a mais freqüente

malformação isolada139. As anormalidades podem se originar em diferentes etapas do

desenvolvimento. Assim, alterações em fases iniciais resultam na amelia (ausência

completa do membro) ou focomelia. As amputações congênitas podem ser isoladas

(50% dos casos, geralmente em membros superiores) ou associadas a anéis de

constrição (bridas) e anomalias faciais podendo estar ausentes também os membros

como um todo. A interrupção ou distúrbio do desenvolvimento posterior do membro

leva à meromelia (ausência parcial do membro). O encurtamento dos membros pode

ocorrer em todos os membros (todos os ossos curtos - micromelia) ou em áreas

específicas (proximal – rizomelia); intermédio ou mesomelia; (distal - acromelia). As

displasias ósseas incluem enorme número de alterações de diversas etiologias84.

Etiologia

A etiologia das displasias ósseas são essencialmente genéticas e diferem

entre si no tipo e na característica apresentada105. A redução de membros é associada

a diversos teratógenos, como talidomida, misoprostol e biópsia de vilo coriônico

antes da décima semana de gestação. Cada um destes teratógenos irá produzir

diferente padrão de defeito de membro e também pode estar relacionada a uma

síndrome139. Também fatores intra-uterinos, como o oligodrâmnio, podem levar a

alterações do membro, como a síndrome da banda amniótica.

Prevalência

A prevalência de displasia óssea varia globalmente de 7,6 a 2,1 /1.000

nascimentos, e do defeito de membros varia de 0,69 a 1,04/1.000. Estas diferenças se

devem ao método utilizado e a população estudada138;139.

Page 43: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

27

1.7 Diagnóstico Pré-Natal dos Defeitos Congênitos

Mais da metade (55%) dos fetos malformados podem ser identificados na

rotina do pré-natal140 e destes somente 10 a 15% ocorrem em gestações consideradas

de risco (baseada na história materna ou familiar). Portanto estes dados enfatizam a

importância dos exames de rotina no pré-natal e o rastreio generalizado para toda

gestante6

Foi demonstrado que a realização do diagnóstico pré-natal melhora o

prognóstico de fetos portadores de deficiências tratáveis e/ou curáveis, evita a

interrupção de gestações de fetos saudáveis cujo defeito não possui a magnitude que

foi atribuída e pode evitar (de acordo com a legislação) o nascimento de fetos

portadores de anomalias graves ou de condições incompatíveis com a

sobrevivência141.

A Medicina Fetal surgiu imposta pelo próprio crescimento científico e

pela necessidade de responder a inúmeras questões que se levantaram e mostrou a

necessidade de integração de várias especialidades médicas. Trouxe incontáveis

abordagens feto-materna e mesmo embrionárias, que possibilitaram o conhecimento

de boa parte da fisiologia do desenvolvimento fetal, da gravidez e de alguns

distúrbios. Conseguiu estabelecer seqüências diagnósticas de patologias de origens

genéticas e malformativas precoces que possibilitaram o aconselhamento genético

reprodutivo142.

Como em todos os aspectos da medicina fetal, o indivíduo responsável

pela avaliação das malformações fetais deve ser capaz não só de diagnosticar com

precisão os achados ultra-sonográficos patológicos, como deve também, ser capaz de

estabelecer o prognóstico e a conduta obstétrica mais adequada, para cada caso143.

O diagnóstico pré-natal consiste em uma série de exames que são

realizadas antes do nascimento para que se possa determinar as malformações do

embrião e do feto. Estes exames podem ser divididos em não invasivos e invasivos,

dentre os exames não invasivos pode-se citar: o ultra-som, a ressonância magnética,

os métodos bioquímicos e a ecocardiografia fetal. Dentro das técnicas invasivas se

encontram a amniocentese, e a biópsia de vilosidade coriônica, cordocentese e a

Page 44: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

28

fetoscopia, sendo que ao ser realizado a amniocentese pode se realizar estudos

bioquímicos e também de DNA.

1.7.1 Exames não Invasivos

1.7.1.1 Ultra-sonografia (USG)

O primeiro diagnóstico de uma anomalia fetal foi feito por Ian Donald e

Brown em 1961 e três anos após Suedem descreveu um diagnóstico intra-uterino de

anencefalia17. Nos anos 70 o ultra-som foi introduzido na medicina diagnóstica e

apresentava imagens estáticas. Durante os anos 80 a tecnologia desenvolveu

rapidamente com imagens em tempo real. Nos anos 90 o exame de ultra-som se

tornou acessível para quase toda população nos países desenvolvidos, sendo questão

de debates em relação a sua utilização6.

O método principal para o estudo da imagem anatômica fetal é o ultra-

som. Esta técnica pode ser utilizada na gestação para monitorar o crescimento,

movimento, posição e morfologia fetal, avaliar o volume do líquido amniótico,

estabelecer idade gestacional e localização da placenta.

Atualmente a USG fetal faz parte da rotina médica do pré-natal, sendo um

método não-invasivo, barato e acessível, com o avanço técnico dos aparelhos e

habilidade dos profissionais, tornou se o exame que mais diagnostica DC7;144. Os

relatos de efetividade da USG fetal na detecção DC mostram grande variação de

menos de 13% a 90%. Comparação nas taxas de detecção (sensibilidade) entre

diferentes estudos são devidos a aspectos técnicos, como qualidade do equipamento,

habilidade e experiência do examinador145.

Durante a gestação o mínimo de três USG é recomendado. A primeira

seria realizada na idade fetal de 10-14 semanas para revelar anormalidades e

condições patológicas no inicio da gestação. A segunda seria realizada entre 18-22

semanas de para avaliar detalhes da anatomia fetal e crescimento, e a terceira entre

30-34 semanas para avaliar anatomia fetal, crescimento, placentação e circulação6.

Page 45: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

29

A realização do ultra-som em várias etapas da gestação permite diferentes

diagnósticos de acordo com a época de aparecimento de seus sinais. Por exemplo, os

defeitos de fechamento do tubo neural poderão ser detectados a partir da décima

primeira semana de gestação, a hérnia diafragmática entre 14 e 28 semanas

dependendo do tamanho do diafragma, da pressão intra-abdominal e da rotação dos

órgãos. Igualmente a ventriculomegalia cerebral pode ser mostrada com 13 semanas e

em outros casos pode desenvolver posteriormente. Algumas anormalidades podem ser

transitórias como a encefalocele. Algumas anormalidades se desenvolvem em idade

gestacional precoce, outras são evidente mais tardiamente como agenesia do corpo

caloso e microcefalia. O conhecimento do desenvolvimento de determinadas

malformações congênitas em diferentes idades gestacionais justifica a realização da

USG em diferentes períodos da gestação e pode explicar casos não

diagnosticados6;144.

A associação entre defeitos estruturais e anomalias cromossômicas é bem

conhecida, geralmente estas alterações podem ser detectadas por exame ultra-

sonográfico no segundo trimestre de gestação. Com a melhora na qualidade da

imagem dos aparelhos de USG, um número maior de defeitos menores foram

reconhecidos, denominados soft marcadores, estudos destas anormalidades em

populações de alto risco têm mostrado que estes podem ser mais freqüentes em

gestações com fetos com anormalidades cromossômicas do que em gestações

normais31. A translucência nucal (TN), o higroma cístico, o cisto do plexo coróide, o

intestino fetal ecogênico, o foco intra-cardiaco ecogênico e a pieloectasia renal têm

sido sugeridos como possíveis marcadores de anormalidades cromossômicas. A

medida da TN, o espaço líquido observado entre a pele e o tecido subcutâneo atrás da

região nucal, pode ser realizada entre 11 e 13,6 semanas de gestação, passou a ser

utilizado como forma de triagem de aberrações cromossômicas. A partir de então,

vários trabalhos foram realizados, comprovando a eficácia do método, ficando

estabelecido que quanto maior a medida da TN maior a probabilidade da paciente

estar gerando uma criança com cromossomopatia31;146.

Page 46: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

30

1.7.1.2 Ressonância Magnética

A Ressonância magnética (RM) possui uso limitado, primariamente

porque o movimento fetal impede boa resolução. A Ressonância Magnética ultra-

rápida tem sido aperfeiçoada para esta utilidade e, em alguns casos, o uso de breve

apnéia materna reduz drasticamente a ocorrência de artefatos. A RM pode ser

especialmente usada para a avaliação das anormalidades do sistema nervoso, quando

oligodrâmnio ou polidrâmnio estão presentes ou quando a realização do ultra-som é

dificultada. A RM é considerada inócua se realizada no segundo e terceiro trimestres,

a sua utilização durante o primeiro trimestre ainda é evitada. Deve-se considerar a

taxa de divisão celular nesta fase e a labilidade dessas células a agentes físicos.

Soma-se ainda o fato de haver poucos estudos em humanos durante a fase inicial de

gestação147.

1.7.1.3 Ecocardiografia Fetal

A ecocardiografia fetal é idealmente realizada após 20 semanas de

gestação, com visualização do coração fetal, mediante a realização dos cortes das

quatro câmaras e das vias de saída direita e esquerda. O Doppler e mapeamento

colorido podem identificar substancial número de defeitos maiores estruturais ou

distúrbios do seu ritmo. Deve-se enfatizar o fato de que apenas 10% das cardiopatias

congênitas ocorrem em grávidas com fatores de risco, o que implica afirmar que 90%

das anormalidades cardíacas incidem na população geral, sem risco aumentado.

Deste modo, a única forma de detectar essas anomalias é o estudo sistemático do

coração fetal, em todas as grávidas118;121;124.

Page 47: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

31

1.7.2 Exames Invasivos

1.7.2.1 Amniocentese

A amniocentese é realizada a partir da décima sexta semana de gestação,

é um dos métodos mais difundidos para a obtenção de material fetal para fins de

diagnóstico pré-natal. Este fato deve-se à simplicidade e ao baixo risco relacionado a

complicações no procedimento. A punção do líquido amniótico consiste na inserção

de uma agulha na cavidade abdominal monitorado por um aparelho ultra-

sonográfico, o qual possibilitará a determinação do local correto e diminui a

probabilidade de acidentes de punção, e até mesmo lesão fetal. Perda fetal ou aborto

é relatada de 0,5% a 1% dos casos148.

1.7.2.2 Biópsia de Vilo Coriônico

A vantagem da Biópsia do Vilo Coriônico (BVC) é o diagnóstico

precoce. É usualmente realizada entre 10 e 12 semanas de idade gestacional. O

procedimento envolve a colocação de uma agulha guiada pelo ultra-som. A amostra é

colhida por aspiração de tecido trofoblástico fetal (vilosidades coriônicas). Estudos

citogenéticos, moleculares e bioquímicos podem ser realizados com essa amostra.

Quando as vilosidades coriônicas são obtidas com sucesso, a BVC fornece resultado

diagnóstico em mais de 99% dos casos. A vantagem do diagnóstico precoce é

permitir a interrupção da gestação nos países onde é possível com mínimo dano

psicológico, pois nesse momento o vínculo materno/fetal é menor. A BVC está

relacionada com perda fetal de aproximadamente 1% e diversos estudos relacionam o

procedimento com o defeito por redução de membros especialmente quando é

realizado antes da 10ª semana de idade gestacional149.

Page 48: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

32

1.7.2.3 Cordocentese

A cordocentese ou amostra sangüínea umbilical pode ser usada para

determinar infecção fetal, aloimunização e cariótipo fetal. É realizada depois da 20ª

semana de gestação, acompanhada de punção guiada por ultra-som do cordão

umbilical e retirada do sangue fetal. Perda fetal ou abortamento espontâneo é relatado

em aproximadamente 1% a 2% dos casos150.

1.7.2.4 Métodos Bioquímicos em Amostras Fetais

Estudos bioquímicos são realizados com mais freqüência quando

anormalidades desconhecidas estão presentes na família e o defeito pode ser

diagnosticado por um teste bioquímico específico. O número de desordens que podem

ser diagnosticadas no pré-natal está crescendo, portanto os erros inatos do

metabolismo mais comuns podem ser diagnosticados por testes bioquímicos para uma

deficiência enzimática ou um metabólito anormal. Doenças tais como Tay-Sachs,

mucopolissacaridoses e doença peroxissomal podem ser diagnosticadas por testes

bioquímicos no líquido amniótico ou no vilo coriônico151.

1.7.2.5 Análise Cromossômica Fetal

Uma das principais razões para realizar este exame é alteração ultra-

sonográfica e idade materna avançada. Amniocentese ou biópsia de vilo coriônico é

oferecida a estas mulheres pelo risco aumentado de aneuploidia ou em mulheres em

que algum teste de rastreamento de anomalias se apresentou alterado. Outras

indicações para análise cromossômica incluem: gestação anterior com concepto

malformado, anormalidade cromossômica em gestação anterior ou em pais ou

parentes próximos, detecção do sexo fetal em gestação com risco de desordens

ligadas ao cromossomo X28.

Page 49: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

33

1.7.2.6 Estudo Genético Molecular Fetal

Independente do método utilizado para punção do sangue fetal, a

citogenética: clássica ou molecular (FISH-Fluorescence in Situ Hybridization) –

Hibridação in situ com fluorescência e a biologia molecular, através da análise de

PCR (Polimerase Chain Reaction) – Reação em Cadeia pela Polimerase, vêm se

tornando cada vez mais utilizada, possibilitando diagnóstico mais efetivo em relação

à cromossomopatias.

Normalmente são solicitados quando existe uma história familiar positiva

para uma doença genética específica. Exemplos de desordens que podem ser

diagnosticadas por método molecular incluem: Síndrome do cromossomo X Frágil,

Fibrose Cística, Distrofia de Duchenne e de Becker e Hemofilia152.

1.7.2.7 Testes Bioquímicos em Sangue Materno

A combinação da dosagem de marcadores bioquímicos como Beta

gonadotrofina coriônica humana livre (ß-hGG livre) e Proteína A plasmática

associada à gravidez (PAPP-A) no sangue materno associado a medida de

translucência nucal entre 11-14 semanas de gestação possibilita identificar 90% dos

casos de trissomia do 21. O acréscimo do exame do osso nasal pela USG permite que

a taxa de detecção aumente para 96%. A detecção de outras anomalias

cromossômicas incluindo a trissomia do 13, do 18, a síndrome de Turner e a triploidia

também é possível associando os marcadores bioquimicos e a USG153;154.

A concentração de alfa-fetoproteína sérica materna (AFPSM) é outro

marcador bioquímico que se encontra alterado em várias anormalidades fetais,

condições que incluem defeitos do tubo neural e nos sistemas gastrointestinal e

genitourinário. AFPSM resulta em anormal em 90% dos casos de anencefalia e

aproximadamente 80% dos casos de espinha bífida aberta155.

Page 50: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

34

1.7.2.8 Autópsia Fetal

Em virtude das necessidades legais, a autópsia vem se tornando imperiosa

para a medicina. As informações da autópsia permitem definição do diagnóstico

clínico, auxiliam na adequação das terapêuticas instituídas e fornecem dados

epidemiológicos. Além de prover aos familiares informações para o aconselhamento

genético, no que diz respeito a riscos de recorrência para futuras gestações, poderá

também esclarecer eventuais aspectos médico-legais relacionados com a morte fetal e

a obtenção de tecidos para investigações laboratoriais156.

1.8 Prevenção dos Defeitos Congênitos

Com o avanço nos cuidados na área da saúde pública, a melhoria das

condições socioeconômicas e dos cuidados médicos, a mortalidade infantil vem

diminuindo ao longo dos anos na maior parte dos países, inclusive no Brasil. Porém,

após queda significativa inicial do índice houve uma progressiva estagnação mesmo

em países desenvolvidos. Na investigação das possíveis causas deste fenômeno, as

anomalias fetais aparecem como a principal causa de óbito dos países do primeiro

mundo. Os esforços atuais para conhecer os mecanismos, as causas e os fatores de

risco que determinam à ocorrência de DC têm resultado em grande avanço. Medidas

de prevenção tornam-se factíveis, atingindo amplas camadas da população. Tem-Kate

(1986), citado por Castilla et al.83, referem que a metade dos casos dos defeitos

congênitos pode ser prevenida, mesmo que a maioria das causas das malformações

seja desconhecida.

Há três níveis de prevenção, passíveis de aplicação à maioria das doenças.

Estes níveis são: primário, que tem como objetivo evitar o surgimento de doenças; o

secundário, que visa à detecção precoce da doença de modo a estabelecer o

tratamento apropriado e o terciário, cujo objetivo é o manejo das complicações

advindas da doença ou terapêutica inadequada. No que concerne aos DC, os mesmos

três níveis de prevenção podem ser utilizados22.

Page 51: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

35

1.8.1 Prevenção Primária

As medidas são simples e acessíveis a todas as mulheres. Nesta etapa se

empregam ações voltadas à educação para saúde, enfatizando os riscos como: idade

materna avançada, presença de doenças crônicas como diabetes e epilepsia, uso de

medicamentos, álcool, fumo, drogas e riscos das doenças relacionadas ao trabalho.

Dentre as possíveis formas de se evitar o surgimento de doenças genéticas e

malformações congênitas, talvez a mais importante seja o aconselhamento genético.

A população-alvo deste tipo de consulta deve ser casais que estejam em risco para

alguma doença ou malformação, como: história familiar positiva, consagüinidade,

idade materna avançada, história anterior de natimortos ou malformados sem

explicação aparente, tratamento de infertilidade, duas ou mais perdas inexplicáveis de

gravidez ou membros de uma mesma etnia onde alguma doença monogênica

apresente maior incidência20.

Uma das medidas de prevenção de DC com maior alcance na população

feminina foi introdução na rotina dos serviços públicos, da vacinação contra rubéola.

Esta medida previne a síndrome da rubéola congênita, pela aplicação da vacina

tríplice viral12.

A associação de deficiência metabólica e DC está sedimentada na

literatura. O uso de ácido fólico periconcepcional está associado à redução de 70% na

recorrência de defeitos do tubo neural90. Isto levou a adoção de medidas preventivas,

como a fortificação dos alimentos, no caso do Brasil: as farinhas de trigo e milho e a

suplementação diária em vários paises.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), considerando as

recomendações da OMS e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) quanto à

fortificação de produtos alimentícios com ferro e ácido fólico, regulamentou tal

fortificação no Brasil. A partir de junho de 2004, tornou-se obrigatória a fortificação

das farinhas de trigo e milho com 150 mcg/ 100g de ácido fólico157.

Desse modo é possível que haja diminuição da incidência de defeitos de

fechamento do tubo neural no Brasil, embora talvez a fortificação das farinhas apenas

não seja suficiente, considerando, além das dimensões continentais do país, as

Page 52: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

36

diversidades dos hábitos alimentares nas regiões. Estudos epidemiológicos para aferir

a real eficácia da medida adotada deverão ser programados12.

Embora seja possível controlar a dieta, não se tem controle sobre eventuais

infecções que a mulher venha adquirir na gravidez, mas há a possibilidade da

prevenção por meio de medidas higiênicas e de prevenção de doenças sexualmente

transmissíveis.

Os teratógenos que a mulher se encontra exposta são inúmeros, desde

drogas e ambientais, contudo existem entidades sem fins lucrativos, vinculados a

universidades e centros de pesquisa, os Sistemas de Informação sobre Agentes

Teratogênicos (SIAT) em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Porto

Alegre e Salvador, serviços destinados a gestantes e médicos de diversas

especialidades, operam através de contato telefônico gratuito, fax ou internet,

fornecendo informações sobre exposições de mulheres grávidas e agentes químicos,

físicos e biológicos. Os SIATs atuam também na investigação de agentes ambientais,

através do seguimento e observação do final de todas gestações que foram

submetidas a consultas25.

1.8.2 Prevenção Secundária

A prevenção secundária se inicia na gravidez com a assistência pré-natal e

tem o objetivo de evitar o nascimento de um embrião ou feto defeituoso. O controle

das doenças metabólicas, dos níveis pressóricos, diagnóstico e tratamento das

infecções são métodos de prevenção preconizada nesse período. A acessibilidade a

métodos diagnósticos, como ultra-sonografia morfológica, teste bioquímicos e outros,

possibilita o diagnóstico dos DC e a intervenção precoce, além de preparar o casal

para as implicações dos possíveis resultados144.

Cabe ressaltar que, a despeito do que ocorre em outros países, a lei

brasileira não permite a interrupção da gestação em casos de DC. O Código Penal

brasileiro permite o abortamento somente na gravidez decorrente de estupro ou

quando há comprovação de risco de morte materna. Muitos casos têm conseguido

Page 53: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

37

liminar para interromper a gravidez com anomalia fetal grave (ex. anencefalia),

contudo este assunto ainda suscita discussão ética e jurídica sobre o tema158.

A medicina fetal surgiu e tem se firmado como nova área multidicisplinar

de atuação, incorporando novas técnicas de diagnóstico e possibilidades de

terapêutica intra-uterina. Existe um grande avanço na área de cirurgia fetal,

exemplificando a correção de espinha bífida, tal terapêutica vem ocorrendo em

grandes centros, entretanto é precoce para conhecer o prognóstico dessas

intervenções22.

O teste do pezinho, exame de triagem bioquímico no recém-nascido para

detectar fenilcetonúria, hipotireoidismo e anemia falciforme é método de prevenção

secundária bem estabelecido no Brasil11.

1.8.3 Prevenção Terciária

A prevenção terciária é denominada curativa e possível de ser realizada no

período pós-natal. É um tratamento de forma multidisciplinar das seqüelas já

instaladas, prevenindo danos maiores ou ainda estimulação precoce do portador de

determinada anomalia, visando sua melhor inserção na sociedade22.

Prevenção de anomalias congênitas em países em desenvolvimento

necessita de várias etapas. A primeira delas é: desenvolvimento de bons dados

epidemiológicos sobre prevalência e tipos de DC e desordens genéticas.

Secundariamente, profissionais de saúde, particularmente gestores de saúde, devem

objetivar métodos de prevenção de DC de baixo custo e alto impacto. Expansão do

planejamento familiar e melhora do pré-natal poderiam combinar com campanhas

educativas para se evitar riscos identificáveis de defeitos congênitos11.

Page 54: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

38

2. JUSTIFICATIVA

Tendo em vista a inexistência de dados referentes à prevalência de

defeitos congênitos diagnosticados por exame ultra-sonográfico nos serviços de

medicina fetal dos hospitais: Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), Hospital

Geral Universitário (HGU) e no Hospital e Maternidade Femina (HMF) é necessária a

determinação desta a fim de estimular uma abordagem mais abrangente da gestante e

do feto, desafio constante na assistência pré-natal.

Com o conhecimento das características dos defeitos congênitos em nosso

município será possível implementar medidas que visem a prevenção destes, tendo

em vista que mais da metade dos defeitos congênitos são passíveis de prevenção

através de medidas de baixo custo e boa resolutividade como a educação da

população à respeito de teratógenos e aconselhamento genético.

E nos casos em que o diagnóstico de defeito congênito já é uma realidade que

se possa auxiliar a família nesta situação, com conhecimento, tecnologia e local

apropriado para assistir a gestante e tratar a criança com defeito congênito

Page 55: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

39

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

• Descrever a prevalência dos defeitos congênitos maiores ao exame ultra-

sonográfico nos serviços de medicina fetal do HUJM, HGU e HMF no município de

Cuiabá e identificar fatores demográficos, clínicos e epidemiológicos a eles

associados, no período de 01 de julho de 2004 a 30 de junho de 2006.

3.2 Objetivos Específicos

• Determinar a freqüência de cada defeito congênito detectado no exame ultra-

sonográfico;

• Descrever as variáveis maternas nos casos diagnosticados com anomalias

congênitas ao exame ultra-sonográfico (idade, procedência, raça, situação conjugal,

ocupação, antecendentes e estilo de vida);

• Descrever as variáveis obstétricas nos casos diagnosticados com anomalias

congênitas ao exame ultra-sonográfico (número de gestação, abortamentos

anteriores, consulta pré-natal, doenças na gestação, idade gestacional na época do

diagnóstico, tipo de parto e desfecho da gravidez);

• Descrever as variáveis do concepto nos casos diagnosticados com anomalias

congênitas ao exame ultra-sonográfico (peso, idade gestacional, Boletim de Apgar,

defeito congênito diagnosticado, desfecho do recém-nascido e condições de alta);

Page 56: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

40

4. MATERIAIS E MÉTODOS

É um estudo transversal de prevalência tipo descritivo de caráter

retrospectivo em gestantes com diagnóstico de anomalia fetal.

. O período de estudo foi de 01 de julho de 2004 a 30 de junho de 2006.

4.1 Considerações Éticas

Este estudo e seu termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 1)

foi analisado e aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Muller e Hospital Geral Universitário, protocolados sob os

respectivos números: 267/CEP-HUJM/06 e 003/CEP/UNIC/2006, conforme anexos

2 e 3.

4.2 Amostra

Para a realização do estudo foram incluídas todas gestantes, em qualquer

período da gestação, que realizaram exame ultra-sonográfico no serviço de medicina

fetal das seguintes instituições: Hospital Universitário Júlio Müller, Hospital Geral

Universitário e Hospital e Maternidade Femina, sendo dois hospitais escola e um

hospital privado, que recebem uma vasta clientela referenciada de todo o estado de

Mato Grosso para gestação de alto risco

Os exames de USG foram todos realizados por único examinador

experiente (o orientador da tese – Dr. Anselmo Verlangieri Carmo), por via

abdominal sendo o exame obstétrico de rotina empregado na maioria das pacientes.

Utilizaram-se três aparelhos diferentes: Logiq 200 (General Electric®, Milwaukee,

WI, USA), Nemio (Toshiba® Medical Systems) e Voluson 730 PRO (General

Electric®, Milwaukee, WI, USA).

Page 57: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

41

As gestantes foram selecionadas através de consulta no banco de dados

eletrônico (software Astraia® – Monique Alemanha), que registra os exames ultra-

sonográficos realizados no período. O critério de inclusão no estudo era ser gestante

e procurar os serviços de medicina fetal seja para acompanhamento de uma gestação

normal ou com patologia feto materno. As anomalias fetais maiores consideradas

para o estudo foram as seguintes: espinha bífida, encefalocele, anencefalia,

hidrocefalia, holoprosencefalia, microcefalia, microftalmia, fenda facial,

cardiopatias, hérnia diafragmática, gastrosquise, onfalocele, agenesia renal, rim

policístico, rim multicístico, displasia óssea, redução de membros e outros sinais

sugestivos de anomalias cromossômicas como a translucência nucal aumentada.

Em relação as variáveis maternas, obstétricas e do concepto, foi

considerado critério de exclusão a não obtenção do desfecho neonatal.

Foram examinadas 8891 gestantes, foram detectadas 79 com defeitos

congênitos maiores, destas 57 possuíam dados completos incluindo desfecho dos

recém-nascidos. Não houve no período gestações múltiplas.

4.3 Métodos

Para todas as gestantes incluídas no estudo foi preenchido questionário

(anexo 4) com informações epidemiológicas, antecedentes maternos, condições de

gestação, do parto, pós parto, nascimento ou aborto, a partir do prontuário existente

na instituição ou com entrevista diretamente com a mãe, após receberem explicações

sobre os aspectos clínicos e técnicos do estudo e terem dado seu consentimento livre

e esclarecido de forma expressa.

O questionário foi preenchido por acadêmicos de medicina e a própria

pesquisadora. Os acadêmicos eram em número de quatro. Houve um treinamento

prévio, inicialmente foi lido em conjunto todo o questionário sendo discutido cada

item, sua resposta e os termos técnicos apresentados. Em seguida realizado duas

simulações para se observar o desempenho de cada acadêmico e corrigir possíveis

problemas ou erros encontrados. Em todos os questionários preenchidos por pesquisa

em prontuários pelos acadêmicos a pesquisadora se encontrava presente. As

Page 58: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

42

entrevistas realizadas diretamente com as mães foram feitas somente pela

pesquisadora em apenas três casos. Inicialmente houve contato telefônico e

posteriormente visita agendada na residência materna.

Consideraram-se as seguintes definições:

• Aborto – produto da expulsão ou extração do organismo materno de um feto ou

embrião pesando 500g e/ou com idade gestacional de 20 semanas ou menos;

• Prematuridade – criança que nasceu antes de 37 semanas completas (segundo a

OMS);

• Natimorto – produto de nascimento de um feto morto;

• Neomorto – criança que nasceu viva e morreu no período neonatal (até 28 dias);

• Baixo Peso – Recém - nascido com peso menor que 2500g;

• Asfixia – escore na escala de avaliação da vitalidade de Virginia Apgar aos 5

minutos de 0 a 3;

• Pré-natal – realização de seis ou mais consultas durante a gestação159;160;

• Incapacidade – atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e/ou déficit motor.

As informações coletadas dos prontuários e entrevistas foram

armazenadas em um banco de dados, com auxilio da planilha eletrônica Microsoft

Office Excel®. Os resultados foram expressos de forma descritiva através de valores

absolutos e relativos.

Page 59: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

43

5. RESULTADOS

5.1 Prevalência de Defeitos Congênitos Maiores ao Exame Ultra-

sonográfico

Durante o período de julho de 2004 a junho de 2006 realizaram-se exames

ultra-sonográficos de 8891 gestantes no serviço de medicina fetal dos hospitais:

HUJM, HGU e HMF, dois hospitais publicos e um hospital privado. Foram

detectadas 79 gestantes com diagnóstico de anomalia congênita maior à ultra-

sonografia, com prevalência de 0,9%. Das 79 gestantes, em 22 não se obtiveram os

resultados neonatais. Somente 57 gestantes foram incluídas para o estudo das

variáveis maternas, obstétricas e do concepto

Os 17 defeitos congênitos maiores elencados como critérios de inclusão e

detectados no período de estudo foram: anencefalia, espinha bífida, encefalocele,

holoprosencefalia, microcefalia, hidrocefalia, microftalmia, fenda palatina,

onfalocele, gastrosquise, hérnia diafragmática, agenesia renal, rim policístico, rim

multicístico, redução de membros, displasia óssea e anomalias múltiplas. Dentre os

57 recém-nascidos estudados somente 14 realizaram cariótipo com apenas um

resultado alterado com a trissomia do cromossomo 18.

Os defeitos do tubo neural (espinha bífida, encefalocele,

mielomeningocele e anencefalia) foram as anomalias mais freqüentes com 14 casos

(25%) seguidos dos defeitos de parede abdominal (gastrosquise e onfalocele) com 12

(21,4%), as anomalias crânio-faciais e fendas faciais (hidrocefalia, microcefalia,

holoprosencefalia, microftalmia e fenda palatina) com nove (16%). Destacaram-se

também as anomalias renais e cardíacas com nove (16%) e seis casos (10,7%)

respectivamente. As anomalias músculo-esqueléticas foram quatro (7,1%). A única

anomalia cromossômica diagnosticada neste estudo foi a síndrome de Edwards.

Houve um defeito diagragmático, uma hérnia diafragmática.

Foi evidenciado um caso de seqüência de Potter, uma infecção congênita

por toxoplasmose e cinco recém-nascidos possuíam malformações múltiplas.

Page 60: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

44

Somente um recém-nascido não teve o diagnóstico ultra-sonográfico de microcefalia

confirmado.

O Gráfico 1 mostra os 57 defeitos congênitos diagnosticados, agrupados

pela topografia afetada para melhor visualização.

Gráfico 1. Distribuição dos defeitos congênitos segundo a topografia acometida nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Defeito do tu

bo neural

Anomal ia

s cranio-f

aciais e

fendas f

aciais

Anomal ia

s cardiacas

Defeitos diafr

agmáticos

Defeito de fe

chamento da

parede abdominal

Anomal ia

s renais

Alteraçõ

es osteo-m

uscular

es

Anomal ia

s múlti

plas

mer

o d

e c

aso

s

HUJM – Hospital Universitário Júlio Müller HGU – Hospital Geral Universitário HMF – Hospital e Maternidade Femina

A Tabela 1 mostra a prevalência dos defeitos congênitos por 10.000

nascidos vivos comparando-se os dados do SINASC e desta amostra (considerando

apenas os 41 conceptos que nasceram vivos com defeitos congênitos) no período de

julho de 2004 a junho de 2006. Os dados de freqüência de defeitos congênitos e

número de nascidos vivos dos anos de 2004 e 2005 foram obtidos no Datasus. Os

dados de 2006 ainda não estão disponíveis na internet, mas foram fornecidos pela

Secretária Estadual de Saúde, setor de informática. O número de nascidos vivos em

Cuiabá no período estudado foi de 18.926.

Page 61: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

45

Tabela 1. Comparação da prevalência de nascidos vivos com defeitos congênitos

maiores e anomalias cromossômicas, dados do SINASC e dados da amostra de

defeitos congênitos nos serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e

HMF) no município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a

junho de 2006

Defeitos Congênitos e

Anomalias Cromossômicas

SINASC Amostra

N Prev. N Prev.

Espinha Bífida 3 1,5 7 3,6

Anencefalia 4 2,1 2 1,0

Encefalocele 2 1,0 1 0,5

Holoprosencefalia 1 0,5 2 1,0

Hidrocefalia 12 6,3 2 1,0

Microcefalia 5 2,6 0 0,0

Microfitalmia 0 0,0 0 0,0

Trissomia 13/18 1 0,5 1 0,5

Cardiopatia 7 3,6 3 1,5

Fenda Palatina / Labial 23 12,1 3 1,5

Hernia Diafragmatica 1 0,5 0 0,0

Onfalocele 0 0,0 3 1,5

Gastrosquise 8 4,2 8 4,2

Agenesia Renal 0 0,0 4 2,1

Rins Policísticos e

Multicísticos 1 0,5 2 1,0

Redução dos Membros 3 1,5 1 0,5

Displasia óssea 0 0,0 2 1,0

Total ...................................... 71 37,5 41 21,6

Fonte: Datasus e SES/MT

Prev. = Prevalência

Total nascidos vivos SINASC 2004 a 2006* - 18.926

Prevalência = nº de NV com DC/Total de NV x 10.000

HUJM – Hospital Universitário Júlio Müller

HGU – Hospital Geral Universitário

HMF – Hospital e Maternidade Femina

Page 62: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

46

5.2 Variáveis Maternas

Durante o período estudado 48 gestantes (84,2%) foram atendidas no

serviço de medicina fetal universitário e nove (15,7%) no privado. A média de idade

das mulheres neste estudo foi de 25,5 anos e variou de 15 a 43 anos, dentre estas, 16

mulheres (28%) tinham idade inferior a 20 anos e sete (12,2%) idade superior a 35

anos. Eram da raça parda ou negra 41 mulheres (71,9%) e havia uma indígena. A

ocupação predominante foi de afazeres domésticos em 29 (50,8%) casos e 38

gestantes (66,6%) residiam em Cuiabá.

Com relação aos antecedentes maternos de defeitos congênitos, apenas

uma gestante relatou caso de anomalia anterior. A consangüinidade foi referida em

dois casos, todos com diagnósticos de espinha bífida. Houve relato de tabagismo e

ingestão de bebida alcoólica em sete (12,2%) e três (5,2%) gestantes,

respectivamente, e seis (10,5%) relatavam uso de medicações (analgésicos,

antiinflamatórios, anti-heméticos, antibióticos e hormônio tireoidiano). Estes dados

são detalhados na Tabela 2:

Tabela 2. Distribuição de defeitos congênitos segundo variáveis maternas nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Variáveis Defeitos congênitos

N ( 57) %

Variáveis Maternas

Serviço

Hospital de ensino 48 84,2

Particular 9 15,7

Idade materna

< 20 a 16 28

20 a 34 a 34 59,6

> 35 a 7 12,2

Page 63: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

47

Variáveis Defeitos congênitos

N ( 57) %

Variáveis Maternas

Raça

Branca 12 21

Parda 7 12,2

Negra 34 59,6

Indígena 1 1,7

Ignorado 3 5,2

Profissão

Estudante 10 17,5

Afazeres domésticos 29 50,8

Empregada 16 28

Desempregada 1 1,7

Ignorado 1 1,7

Residência

Capital 38 66,6

Interior 19 33,3

Antecedentes

Anomalia 1 1,7

Consagüinidade 2 3,5

Tabagismo

Não 40 70,1

Sim 7 12,2

Ignorado 10 17,5

Álcool

Não 44 77,1

Sim 3 5,2

Ignorado 10 17,5

Uso de Medicação

Não 41 71,9

Sim 6 10,5

Ignorado 10 17,5 HUJM – Hospital Universitário Júlio Müller HGU – Hospital Geral Universitário HMF – Hospital e Maternidade Femina

Page 64: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

48

5.3 Variáveis Obstétricas

Das 57 gestantes analisadas, 23 (40,3%) eram primíparas e 16 (28%)

relatavam história de abortamento anterior. Não houve gestações múltiplas. A média

da idade gestacional no momento do diagnóstico foi de 26 semanas. As gestantes

apresentaram as seguintes doenças: cinco com hipertensão arterial sistêmica (HAS)

(8,7%), duas com diabetes (3,5%), uma com toxoplasmose (1,7%), uma com

hipotireoidismo (1,7%), 11 com infecção do trato urinário (ITU) (19,2%), 14 com

leucorréia (24,5%), 11 apresentavam hemorragia (19,2%) e nove tinham anemia

(15,7%). Em relação ao número de consultas pré-natais somente 28 gestantes (49,1%)

realizaram pré-natal (seis consultas ou mais). O tipo de parto predominante foi

cesariano 38 (66,6%). Houve ainda cinco abortos e nove natimortos. Dos 43

conceptos que nasceram vivos, 12 foram neomortos (21%) e cinco (8,7%)

apresentaram óbito tardio. Estes dados se encontram na Tabela 3.

Tabela 3. Distribuição de defeitos congênitos segundo variáveis obstétricas nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006.

Variáveis Defeitos congênitos

N ( 57) %

Variáveis Obstétricas

Número de gestação

1 23 40,3

2 17 29,8

3 8 14

4 ou + 9 15,7

Aborto anterior

Não 41 71,9

Sim 16 28

Page 65: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

49

Variáveis Defeitos congênitos

N ( 57) %

Variáveis Obstétricas

Doenças na gestação

HAS 5 8,7

Diabetes 2 3,5

Hipotireoidismo 1 1,7

Toxoplasmose 1 1,7

ITU 11 19,2

Leucorréia 14 24,5

Hemorragia 11 19,2

Anemia 9 15,7

Sem Patologia 3 5,2

Número de consultas no pré-natal

Nenhuma 0 0

1 a 3 5 8,7

4 a 5 6 10,5

6 ou + 28 49,1

Ignorado 18 31,5

Idade Gestacional no diagnostico

Até 14 semanas 2 3,5

15 a 22 semanas 17 29,8

23 a 34 semanas 28 49,1

> 34 semanas 10 17,5

Tipo de parto

Vaginal 14 24,5

Cesáreo 38 66,6

Aborto 5 8,7

Desfecho da Gravidez

Aborto 5 8,7

Natimorto 9 15,8

Neomorto 12 21

Nativivo 31 54,3 HUJM – Hospital Universitário Júlio Müller HGU – Hospital Geral Universitário HMF – Hospital e Maternidade Femina

Page 66: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

50

5.4 Variáveis do Concepto

Eram do sexo feminino 33 recém-nascidos (57,8%). Baixo peso foi

detetectado em 19 casos (33,3%) e em 11 casos (19,2%) houve asfixia (Apgar < 3 no

5º minuto de vida). A prematuridade foi observada em 21 dos recém-nascidos

(36,8%). A confirmação dos DC após o nascimento foi por exame físico em 29 dos

casos (50,8%), pois eram evidentes ao nascimento. Realizou-se somente tratamento

clínico em 26 recém-nascidos e 23 foram submetidos à cirurgia. Dos 25 recém

nascidos que tiveram alta, três eram hígidos (12%), oito apresentavam boas condições

(32%) e, 14 apesar de tratamento e/ou cirurgia apresentava, algum tipo de

incapacidade.

Estes dados estão detalhados na Tabela 4. Os dados referentes às Tabelas

2, 3 e 4 se encontram em forma de gráficos nos anexos 5, 6, 7, 8, 9 e 10.

Tabela 4. Distribuição de defeitos congênitos segundo variáveis do recém-nascido

nos serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006.

Variáveis Defeitos congênitos

N ( 57) %

Variáveis dos recém-nascidos

Sexo do recém-nascido

Feminino 33 57,8

Masculino 22 38,5

Ignorado 2 3,5

Prematuridade (<37 semanas)

Sim 21 36,8

Não 22 38,5

Não se aplica 14 24,5

Baixo Peso (<2500g)

Sim 19 33,3

Não 24 42,1

Não se aplica 14 24,5

Page 67: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

51

Variáveis Defeitos congênitos

N (57) %

Variáveis dos recém-nascidos

Asfixia (Apagar 5 minutos < 3)

Sim 11 19,2

Não 32 56,1

Não se aplica 14 24,5

Defeito congênito diagnosticado por

Exame físico 29 50,8

USG/Eco 6 10,5

RX 1 1,7

Tomografia 7 12,2

Ressonância Magnética 1 1,7

Autópsia 4 7

Não se aplica 9 15,7

Tratamento

Clínico 26 45,6

Cirúrgico 23 40,3

Sem tratamento 18 31,5

Desfecho do recém-nascido

Vivo 25 43,8

Morto 32 56,1

Condições de alta (N = 25)

Hígido 3 12

Boas condições 8 32

Incapacidade 14 56 HUJM – Hospital Universitário Júlio Müller HGU – Hospital Geral Universitário HMF – Hospital e Maternidade Femina

Os defeitos congênitos detectados à ultra-sonografia, a idade materna,

idade gestacional na época do diagnóstico, o achado ultra-sonográfico no recém-

nascido e o desfecho do concepto encontram expostos na Tabela 5.

Page 68: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

52

Tabela 5. Características materno fetais da população estudada com defeitos

congênitos por serviço de medicina fetal no período de 07/ 2004 a 06/ 2006.

Local IM IG S Achados USG Defeitos congênitos/RN Desfecho

Defeitos do Tubo Neural HGU 19 13 4/7 F Anencefalia Anencefalia Neomorto

HUJM 25 15 2/7 F Anencefalia Anencefalia

Aborto com autorização judicial

HGU 22 19 5/7 M Anencefalia Anencefalia Aborto

HGU 21 19 I Anencefalia, espinha bifida Anencefalia ,espinha bifida Aborto

HGU 26 32 5/7 F

Anencefalia, fenda palatina Anencefalia, fenda paltina Neomorto

HGU 15 27 6/7 F Espinha bífida

Espinha bifida - mielomeningocele Vivo

HMF 29 28 3/7 F Espinha bífida Espinha bífida, Dandy Walker Vivo

HMF 28 31 3/7 F Espinha bífida Espinha bífida Vivo

HGU 19 37 M

Espinha bífida, Mielomeningocele

Espinha bífida , Mielomeningocele Vivo

HGU 17 31 6/7 M Espinha bífida Espinha bífida, meningocele Vivo

HGU 26 37 2/7 M Espinha bífida

Espinha bífida, mielomeningocele, hidrocefalia, Arnold Chiari Vivo

HGU 26 28 F

Microcefalia, espinha bífida, encefalocele Espinha bífida, meningocele Neomorto

HUJM 23 24 4/7 M

Encefalocele, fenda palatina

Encefalocele, fenda palatina ,fenda labial, implantação baixa da orelha, ausência polegar direito, hipoplasia rim direito Natimorto

HUJM 27 25 1/7 F

Encefalocele, fenda palatina Encefalocele, fenda palatina Neomorto

Anomalias crânio-faciais e Fendas Faciais

HGU 33 19 5/7 F Fenda palatina Fenda palatina Vivo

HUJM 18 26 4/7 F Fenda palatina

Holoprosencefalia, fenda palatina, pés tortos Natimorto

HGU 30 34 F Fenda palatina Fenda palatina Vivo

HGU 40 27 3/7 M Fenda paltina Fenda palatina, hidrocefalia

Óbito com 63d

HUJM 27 23 M Hidrocefalia

Hidrocefalia, coriorretinite, cifose coluna lombar- Toxoplasmose Vivo

HUJM 20 21 3/7 M Holoprosencefalia Holoprosencefalia Vivo

HGU 18 24 4/7 F Holoprosencefalia Holoprosencefalia, Vivo

HUJM 15 28 M Holoprosencefalia Hidrocefalia, hipospadia Vivo

HGU 29 34 F Microcefalia RN normal Vivo

HMF 36 20 6/7 M Microftalmia, fenda facial Microftalmia, fenda palatina Natimorto

Page 69: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

53

Local IM IG S Achados USG Defeitos congênitos/RN Desfecho Anomalias Cardíacas

HGU 38 22 4/7 M

Cardiopatia – Truncus arteriovenoso

Cardiopatia - truncus arteriovenoso Natimorto

H HGU 38 19 3/7 F Cardiopatia - defeito septo ventricular

Cardiopatia-defeito septo ventricular Aborto

HMF 32 20 2/7 F Cardiopatia - ausência de septo atrial

Cardiopatia, ausência septo atrio-ventricular Neomorto

HGU 25 31 6/7 M

Cardiopatia-derrame pericardico, fluter atrial

Cardiopatia - dilatação de camara direita, insuficiência válvula tricúspide Vivo

HUJM 38 30 4/7 F Cardiopatia - defeito septo atrial

Cardiopatia - defeito septo atrial - sem confirmação Natimorto

HUJM 28 15 M

Cardiopatia-defeito septo periventricular, aumento translucência nucal, derrame pericárdico Cardiopatia- Atresia Pulmonar Vivo

Defeito Diafragmático

HGU 18 31 5/7 F Hernia diafragmática, microcefalia Hernia diafragmática Natimorto

Defeito de Fechamento de Parede Abdominal HMF 19 16 2/7 F Gastrosquise Gastrosquise Vivo

HUJM 19 21 3/7 F Gastrosquise Gastrosquise Óbito com 49d

HGU 16 24 3/7 F Gastrosquise Gastrosquise Vivo HGU 19 25 6/7 F Gastrosquise Gastrosquise Vivo HUJM 20 33 F Gastrosquise Gastrosquise Vivo HGU 20 35 5/7 F Gastrosquise Gastrosquise Neomorto

HGU 18 36 M Gastrosquise Gastrosquise Vivo

HUJM 24 35 3/7 M Gastrosquise Gastrosquise Vivo

HUJM 28 20 F Onfalocele Onfalocele Óbito com 43d

HUJM 26 25 M Onfalocele Onfalocele Natimorto

HUJM 19 37 4/7 M

Onfalocele, hérnia diafragmática, hipoplasia pulmonar, fenda labial, .fenda palatina

Onfalocele, hérnia diafragmática, hipoplasia pulmonar, fenda palatina, fenda labial Neomorto

HMF 36 35 2/7 F Onfalocele, cardiopatia Onfalocele, Tetralogia de Fallot Vivo

Page 70: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

54

Legenda :

IM = idade materna em anos IG = idade gestacional em semanas e dias no primeiro exame ultra-sonográfico S = sexo, F = feminino, M= masculino I = Ignorado HGU = Hospital Geral Universitário HUJM = Hospital Universitário Júlio Muller HMF = Hospital e Maternidade Femina Achados USG – Achados ultra-sonográficos CIV – comunicação intra-ventricular

Local IM IG S Achados USG Defeitos congênitos/RN Desfecho Anomalias Renais

HMF 34 18 6/7 M Agenesia renal Agenesia renal Aborto

HUJM 26 19 F Agenesia renal

Agenesia renal, hidrocefalia, rins multicísticos, pé torto congênito Neomorto

HMF 24 20 3/7 F Agenesia renal Rim pélvico Vivo

HGU 18 25 1/7 M Agenesia renal Agenesia renal Natimorto

HGU 33 18 3/7 F Agenesia renal bilateral

Agenesia renal bilateral, arteria umbilical única, Neomorto

HGU 23 26 5/7 M Agenesia renal bilateral

Agenesia renal, Seqüência de Potter Neomorto

HUJM 24 25 5/7 F Agenesia renal unilateral Agenesia renal unilateral Vivo

HGU 19 29 2/7 M Rim policistico Rim policístico Neomorto

HUJM 31 16 3/7 M Rins multicisticos Rins multicísticos Vivo

Alterações Osteo-Músculares

HMF 31 22 1/7 F Displasia óssea Displasia óssea, microcefalia Óbito 60d

HGU 20 20 3/7 F Redução de membro

Redução de membros, agenesia de tibia, pé torto Vivo

HGU 27 29 3/7 F Redução de membros

Displasia óssea,redução de membros, hidropisia fetal Natimorto

HUJM 31 14 F Redução de membros Displasia Tanatofórica tipo I Neomorto

Anomalias Múltiplas

HGU 43 33 4/7 F

Onfalocele, rins multicísticos, espinha bífida

Trissomia do cromossomo 18, onfalocele, rins multicísticos, S. Dandy Walker, Cardiopatia (CIV), micrognatia

Óbito com 83d

Page 71: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

55

6. DISCUSSÃO

Cuiabá é a capital do estado de Mato Grosso e se localiza na região

Centro-Oeste do Brasil, sua população estimada é de 526.830 habitantes, dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2007161. Este é o primeiro

estudo realizado no município de Cuiabá sobre a prevalência de DC com dados ultra-

sonográficos.

No estudo em questão foram avaliados os defeitos congênitos maiores

diagnosticados no serviço de medicina fetal em três maternidades locais, duas

universitárias e uma privada. As três são referências para gestação de alto risco e

possuem unidade de terapia intensiva neonatal com capacidade para atender o recém-

nascido que necessita de tratamento especializado. A amostra foi retirada da

população de gestantes atendidas no período de julho de 2004 a julho de 2006, cujo

exame ultra-sonográfico pré-natal evidenciou algum defeito congênito maior.

6.1 Prevalência de Defeitos Congênitos Maiores ao exame ultra-

sonográfico

No presente estudo foram analisadas 8.891 gestantes, das quais foram

detectadas 79 cujo feto apresentava algum defeito congênito maior. A prevalência

encontrada foi de 0,9%. A constatação diagnóstica foi possível em 57 casos através

de dados de prontuários ou entrevistas com as mães.

A prevalência de DC encontrada nesta pesquisa, considerando-se um

serviço de alto risco em medicina fetal em fase inicial de implantação, foi similar à

verificada em diversos estudos. Em relação à prevalência de DC maiores em

populações de baixo risco encontrou-se os seguintes valores de prevalência: na

Europa variam de 2,3% a 0,7%, no Chile162, 1%. Por outro lado, a prevalência de DC

maiores em populações de alto risco foram as seguintes: na Europa, 1,6%163, na

Colômbia164, 2,3%, no Brasil, Bailão et al (1981) detectaram 0,92% e Pavani et al

(1984) 0,94%77;101.

Page 72: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

56

Os fatores que influenciam a prevalência dos defeitos congênitos são:

características da população estudada, tecnologia dos aparelhos de ultra-sonografia

disponíveis, habilidade do ultra-sonografista, período do diagnóstico e a possibilidade

de interrupção da gestação amparada pela lei.

A freqüência detectada de DC na população em estudo não revela a

realidade do problema, pois muitas mulheres não realizaram o pré-natal ou não

possuíam acesso a exame ultra-sonográfico durante a gestação. Apesar do exame de

USG ser disponível para todas as gestantes que fazem pré-natal na rede pública de

saúde, nem sempre é acessível por falta de vagas ou agendamento tardio. O exame

morfológico fetal está restrito a poucos casos, dificultando com isso o diagnóstico dos

DC.

O diagnóstico ultra-sonográfico das anomalias fetais é dependente da:

prevalência da anomalia na população estudada, experiência do examinador, idade

gestacional de avaliação, tipo de anomalia (maior ou menor)l96. O rastreio de DC é a

principal razão para se realizar ultra-sonografia rotineira na gestação. Sabe-se que a

detecção de DC somente baseado em fatores de risco é altamente ineficaz145.

Dentre os DC investigados nesta pesquisa houve predominância dos casos

de defeitos de fechamento do tubo neural, representando 25% dos casos, sendo maior

que a observada na Europa (10%), América Latina (16,2%) e Brasil (17,5%)94;165;166.

Observou-se que a maioria das gestantes com diagnóstico de DTN foi atendida nas

maternidades públicas sugerindo que a população de menor poder aquisitivo

apresenta alimentação deficitária de nutrientes, incluindo o ácido fólico. Outros

fatores que explicariam esse fato seriam: ausência da utilização de ácido fólico nos

primeiros três meses de gestação, incluindo o período pré-concepção, informação

ainda pouco utilizada do ponto de vista prático entre os profissionais, especialmente

no setor público. Outro fator responsável pela maior prevalência dos DTN é o fato de

uma das maternidades do estudo (HGU) ser referência para cirurgia neurológica

infantil.

A fortificação de folatos nos grãos com a finalidade de prevenir os DTN já

ocorrem em vários países e, no ano de 2004, foi iniciada no Brasil167. Estudos estão

sendo realizados para avaliar o impacto desta conduta na prevalência destes

defeitos5;52;54;57;168.

Page 73: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

57

Os defeitos de fechamento de parede abdominal apresentaram a segunda

maior prevalência nesta amostra com 21,4%, dentre todos os DC. Estudos europeus

mostram taxas de detecção pré-natal dos defeitos de fechamento de parede abdominal

que variam de 50% a 100%165. A ultra-sonografia sozinha ou em combinação com

outros testes de rastreamento tem mostrado boa acurácia tanto para DTN quanto para

os defeitos de fechamento de parede abdominal, resultando em altas taxas de detecção

e a maior prevalência encontradas em vários estudos140, o que é compatível com as

freqüências encontradas neste trabalho.

Vários estudos internacionais relatam prevalência das gastrosquises em

gestantes jovens, com idade menor de 20 anos, este estudo encontrou resultados

semelhantes130;169;170. Dentre os oito casos diagnosticados de gastrosquise na presente

amostra, sete mães possuíam idade inferior ou igual a 20 anos e uma com idade

inferior a 25 anos. A explicação da ocorrência maior de gastrosquise em fetos de

mães jovens ainda permanece obscura. Tem sido sugerido que teratógenos

ambientais, devido ao estilo de vida desse grupo de mães, possam ser um significante

fator de confundimento171.

A associação de onfalocele com anomalias cromossômicas é relatada em

torno de 6 a 67% sendo freqüente as trissomias do 18, do 13 e 21. Neste estudo a

única anomalia cromossômica diagnosticada, trissomia do 18, apresentou onfalocele

pequena, cujo conteúdo era de alças intestinais e possuía outras malformações como

micrognatia, anomalia de Dandy Walker, cardiopatia (comunicação intra-ventricular)

e rins multicísticos130;132.

A baixa prevalência de defeitos cardíacos (10%) nesta amostra é

compatível com a literatura, tendo em vista que seu diagnóstico é difícil e muitas

vezes realizado tardiamente após o nascimento. É bem conhecido que a detecção dos

defeitos congênitos cardíacos necessita de um exame específico para detectar

anomalias estruturais e funcionais do coração fetal145.

Na correlação entre o diagnóstico ultra-sonográfico e o resultado pós-natal

obteve-se os seguintes resultados: correlação total em 49 casos (85,9%), parcial em 7

(12,3%) e falhou em um caso (1,7%). Isto ocorreu por falha na detecção completa de

todos os defeitos observados na evolução pós-natal, dentre eles se incluem:

implantação baixa de orelha, ausência de polegar direito, hipoplasia de rim direito,

Page 74: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

58

hipospadia, hidrocefalia, pé torto congênito, rim pélvico e cardiopatia tipo

comunicação intra-ventricular.

Houve apenas um caso de falso-positivo, o diagnóstico inicial era de

microcefalia e o recém-nascido foi considerado normal. O exame ultra-sonográfico

demonstrava feto com o perímetro cefálico em torno do 3º desvio padrão abaixo da

média para idade gestacional, cut off definido para o diagnóstico de microcefalia.

Contudo esta gestante chegou tardiamente ao serviço de medicina fetal (34 semanas),

sem possuir idade gestacional precisa e datada por exame realizado em outro local.

Ao nascer foi observado que o recém-nascido apresentava crescimento intra-uterino

restrito. A literatura relata que este equívoco é possível de ocorrer principalmente em

fetos com crescimento intra-uterino restrito172.

No período de 01 de julho de 2004 a 30 de junho de 2006, de 18.926

nascidos vivos (dados do DATASUS e Secretária Estadual de Saúde de Mato Grosso)

foram relatados 71 recém-nascidos com defeitos congênitos maiores (SINASC)

representando uma prevalência de 0,37% de nascidos vivos. Considerando que a taxa

de prevalência por ano esperado dos defeitos congênitos maiores em nascidos vivos é

em torno de 2% a 3 %1;165, pode-se constatar que há falha nos registros oficiais de

defeitos congênitos na nossa região. Estes dados são inferiores aos relatados pelo

ECLAMC em nascidos vivos na América Latina que é de 2,8% utilizando-se dados

hospitalares173 e estudos que consideram registros de DNs como o de Costa et al.82

que encontrou freqüência de 1,7% no município do Rio de Janeiro e Leite174 de

1,25% em Porto Alegre.

Provavelmente a frequência de DC registrados estão sub-notificados. A

DN, única forma de registro de dados disponível localmente é uma forma de registro

simples e barata, porém de pouca confiabilidade visto que neste município são

preenchidas por técnicos de enfermagem nas salas de parto, sem conhecimento para

realização desse trabalho. Guerra et al.175, estudando maternidades nas quais a DN é

preenchida de forma similar, encontraram a concordância entre o diagnóstico do

prontuário e o diagnóstico na DN de apenas 50% dos casos.

Na Europa e nos Estados Unidos o diagnóstico pré-natal de DC é mais

freqüente devido ao rastreio sistemático de DC por meio da ultra-sonografia e de

testes bioquímicos. Além disso, as informações sobre DC são baseadas em outras

Page 75: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

59

fontes que não sejam os certificados de nascimento175, como por exemplo:

Metropolitan Atlanta Congenital Defects Program (MACDP) e Texas Birth Defects

Monitoring Division (TBDMD), dois sistemas de vigilância americanos que utilizam

registros hospitalares. Na Europa o European Concerted Action on Anomalies and

Twins (EUROCAT) é o sistema de vigilância que utiliza tanto dados pré e pós-

nataisl62.

6.2 Variáveis Maternas

A proporção de DC entre as gestantes atendidas nos serviços universitários de

medicina fetal universitário, que são essencialmente públicos, foi significativamente

maior (84,2%) em relação ao do setor privado. No Chile, Nazer et al.57 também

encontraram maior prevalência de defeitos do tubo neural em serviços públicos.

Discute-se a possibilidade de tal tipo de serviço estar caracterizado pelo atendimento

de gestantes com menor nível socioeconômico, cujo acesso e disponibilidade de

nutrientes é menor e, conseqüentemente a probabilidade de desenvolver anomalias

estruturais aumentada. Acresce-se o fato de que os serviços públicos são referências

para gestações de alto risco.

Constatou-se que 33% das gestantes atendidas eram do interior do estado. Tal

achado pode ser explicado pelo fato dos serviços hospitalares em questão serem

considerados de referência.

O fator de risco mais identificado para cromossomopatias na literatura tem

sido a idade materna avançada165. Neste estudo 12,2% das gestantes possuíam idade

superior a 35 anos e a maioria das gestantes possuía idade entre 20 e 35 anos, não

sendo detectado maior freqüência de gestantes idosas neste estudo. Semelhantes

achados se deram no Chile, onde a proporção de anomalia não foi significativamente

diferente entre o grupo de adolescente e mãe idosas. Esta associação também não foi

relatada entre mães de crianças com defeito de fechamento de tubo neural em estudo

desenvolvido em Pernambuco45;94.

A maioria das gestantes 72% deste estudo era da raça parda ou negra,

contrariamente ao estudo realizado em Atlanta que demostrou maior prevalência de

Page 76: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

60

DC em mulheres brancas65. Alguns estudos têm demonstrado que há associação entre

tipos de anomalias e prevalência em determinados raças, por exemplo, nos Estados

Unidos as fendas faciais foram encontradas mais frequentemente na raça negra87. No

Brasil é descrita a relação da raça parda e negra e o baixo nível socioeconômico

influenciando no atendimento de pré-natal recebido pela mãe/feto176. Observou-se

ainda a presença de uma mãe indígena, isto pode ser explicado pela presença no

estado de várias tribos indígenas em seu território. Não há trabalhos relacionando este

grupo de indivíduos nesta região e a presença de DC, culturalmente os DC não são

aceitos ressaltando-se que já foi documentada em diversos estudos antropológicos.

que o infanticídio nestes casos é algo comum entre as comunidades indígenas177.

A consangüinidade é relatada na literatura como fator de risco para

anomalias congênitas, adquirindo importância nos países onde os casamentos

consangüíneos são frequentes178;179;180. No presente estudo havia apenas dois casos de

consangüinidade que eram casos de espinha bífida.

Os fatores associados ao estilo de vida das gestantes têm sido implicados

na etiologia dos DC. O tabagismo tem sido associado à fenda palatina, o álcool à

síndrome alcoólica fetal37;83. Na amostra em estudo não foi expressiva o relato de

tabagismo ou uso de álcool com anomalias congênitas.

O uso de medicamentos durante a gestação pode provocar alterações no

desenvolvimento do concepto. Os efeitos são variáveis e dependem da idade

gestacional e do tempo da exposição. O consumo de medicamentos nas gestantes

representou 10,5% do total da amostra (analgésicos, antiinflamatórios, antibióticos,

anti-heméticos e hormônio tireoidiano). Por ser um estudo retrospectivo não se pôde

comprovar causalidade nem havia dados como idade gestacional e tempo de uso, não

sendo também o objetivo deste trabalho.

6.3 Variáveis Obstétricas

Observou-se que a média de idade gestacional em que ocorreu o

diagnóstico de DC no estudo foi de 26 semanas, sendo que mais da metade (63%) foi

após 22 semanas. Este fato traz à reflexão a questão do encaminhamento tardio ainda

Page 77: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

61

existente na população estudada reforçando a necessidade de solidificação de um

serviço referência em medicina fetal no estado.

Contrariamente aos relatos de alguns autores83;181, no presente estudo

anomalias congênitas não ocorreram com maior freqüência em multíparas.

É bem conhecida a relação entre gestações múltiplas e maior frequência de

malformações principalmente nas gestações monozigóticas2, contudo na presente

amostra não houve casos de gestações múltiplas.

Segundo Ordóñez et al49 há maior chance de malformações em filhos de mães

com diabetes mellitus, hipertensão e hipotireoidismo, comparado à chance de

anomalias em filhos de mães saudáveis. Diversos autores relacionam o diabetes

mellitus como fator predisponente para a ocorrência de malformações. Este distúrbio

metabólico foi encontrado em apenas duas gestantes (3,5%) dos casos analisados. No

Chile foi demonstrado que mães diabéticas têm prevalência dez vezes maior de DC

do que a população geral49;80;182. A hipertensão arterial sistêmica foi encontrada em

cinco gestantes e o hipotireidismo em uma gestante, cujo recém-nascido apresentou

onfalocele e cardiopatia (Tetralogia de Fallot).

As doenças agudas maternas mais freqüentes encontradas neste estudo

foram leucorréia (24,5%) e infecção urinária (19,2%), similar ao encontrado por

Montoya et al. na Colombia183.

O diagnóstico pré-natal auxilia a definir a natureza e a característica do

DC, sua história natural e o prognóstico, permitindo assim a tomada de decisões que

vão da conduta expectante ou solicitação para interrupção da gestação via judicial,

nos casos incompatíveis com a vida, ou a transferência para centros terciários com

antecipação do parto para centros com atenção perinatal especializada. Na

investigação em questão, o número de gestantes que realizou pré-natal (seis consultas

ou mais) foi baixo, pois apenas metade (49,1%), provavelmente explicado pela

situação socioeconômica e falta de conscientização da importância do mesmo pela

população.

As infecções congênitas são comumente associadas aos defeitos

congênitos, dentre elas, a toxoplasmose possui alta prevalência na nossa região184.

Observou-se nesta amostra um caso de recém-nascido malformado com diagnóstico

de toxoplasmose congênita. Esperava-se um número maior de diagnóstico de

Page 78: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

62

toxoplasmose congênita pela alta prevalência de soro positividade para esta patologia

questiona-se se isto se deve ao diagnóstico laboratorial que pode não estar sendo

eficaz ou ao universo da presente amostra que seria pequeno para refletir a realidade.

Em relação ao tipo de parto, registrou-se uma freqüência de cesárea de

66,6%, compatível com os trabalhos de Guerra et al.2 no Rio de Janeiro e Pinto et

al.80 no vale do Paraíba Paulista.

No Brasil a interrupção da gestação pela presença de anomalia fetal não é

permitida, entretanto tem-se obtido jurisprudência de autorização judicial para este

procedimento quando há impossibilidade de sobrevida pós-natal. Nesta amostra

houve um caso de interrupção da gestação com autorização judicial em feto com

diagnóstico de anencefalia.

6.4 Variáveis do Concepto

A distribuição do gênero observado neste trabalho foi de 57,9% para

meninas e 38,6% para meninos, similar aos trabalhos de Nascimento et al.185 em São

Paulo e Castro et al.186 no Rio Grande do Sul.

Maior freqüência de prematuridade (36,8%) não foi confirmada nesta

pesquisa semelhante ao relatado por Maciel et al81 em Vitória. Entre os conceptos

portadores de anomalias, 33,4 % apresentaram baixo peso ao nascer, comparável aos

achados de outros estudos no Brasil80;187.

Ao analisar-se a mortalidade em nossa amostra, observou-se que somente

43,8% dos conceptos tiveram alta vivos e 56,1% evoluíram para óbito fetal ou

neonatal, confirmando que as anomalias congênitas constituem importante causa de

óbito fetal e mortalidade neonatal (precoce e tardio). Nos Estados Unidos os defeitos

congênitos são a principal causa de mortalidade infantil e contribuem

substancialmente para os índices de morbi-mortalidade entre crianças1. No Brasil os

DC já correspondem a segunda causa de óbitos em menores de um ano2,73,187 . Similar

a este estudo, Reis2;81;187;188;189, em sua tese de mestrado encontrou em São Paulo 45%

de óbito entre portadores de DC. Dos recém-nascidos que evoluíram para óbito

prevaleceram anomalias cardíacas e DTN, equivalente ao encontrado na literatura190.

Page 79: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

63

Dentre os 25 recém-nascidos desta amostra que receberam alta vivos, 56%

possuíam algum grau de incapacidade, confirmando a assertiva de que os DC

correspondem a uma alta prevalência de morbidade infantil levando a elevados

custos.

6.5 Considerações

O número reduzido de autópsias (quatro) neste estudo constitui uma das

suas limitações, pois a mesma representa importante instrumento para confirmação do

diagnóstico pré-natal e auxilia no aconselhamento genético futuro. Este resultado

sofre influências das características culturais da nossa população que apresenta

dificuldades em aceitar a sua realização. Acresce-se o fato de que dentre os três

hospitais do estudo somente um, o HUJM possui serviço de anatomia patológica que

se encontrava em estruturação.

Outra limitação no presente estudo trata-se do mesmo ser retrospectivo, os

dados obtidos dos recém-nascidos não serem informatizados, mas sim por meio de

prontuários o que dificultou o seu acesso e o preenchimento não foi considerado

ideal. Por fim os casos considerados normais na população em estudo não foram

levantados como população controle devido às dificuldades operacionais. Entretanto

este fator não parece relevante pelo fato do estudo abranger apenas anomalias

maiores.

Dentre os pontos positivos observados destaca-se que todos os exames

ultra-sonográficos foram realizados pelo mesmo examinador, evitando o viés da

habilidade do profissional em diagnosticar a anomalia fetal. Adicionalmente, a análise

de populações de diferentes níveis socioeconômicos no setor público e privado,

abrange maior diversidade socioeconômica e cultural, permitindo uma avaliação

global dos DC.

Os defeitos congênitos representam um grande desafio para a medicina

fetal, tanto em aspectos preventivos, curativos e na reabilitação, bem como em

relação às suas implicações éticas e legais.

Page 80: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

64

No meio em questão não existe um sistema de referência e contra-

referência bem definido para gestantes com fetos portadores de malformações. O

planejamento do nascimento e via de parto fica restrito a menor número de casos

assistidos em unidades com maior aparato técnico, caso dos hospitais universitários.

Muitos nascimentos resultam em prematuros graves, com crescimento intra-uterino

restrito que necessitam assistência neonatal especializada com tempo de internação

prolongada e elevadas taxas de morbimortalidade, representando grande ônus ao

estado.

A realização do diagnóstico pré-natal permite o planejamento e

implantação de uma política de saúde voltada para a realidade da nossa região

norteando medidas de vigilância na detecção da anomalia fetal, prevenção e

estruturação de um serviço apropriado para o melhor manejo deste problema.

Este estudo é um passo inicial para o conhecimento das características dos

defeitos congênitos no município de Cuiabá. Investigações futuras abrangendo

contexto maior dos defeitos congênitos na nossa região são necessárias e

possibilitarão subsidiar ações efetivas na assistência do binômio materno-fetal.

Page 81: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

65

7. CONCLUSÕES

A prevalência dos defeitos congênitos por diagnóstico ultra-sonográfico

nesta amostra foi de 0,9%.

Houve maior prevalência de defeitos do fechamento do tubo neural

seguido dos defeitos de fechamento de parede abdominal entre as anomalias

diagnosticadas no exame ultra-sonográfico.

Foi observado maior freqüência de gastrosquise entre gestantes com idade

menor ou igual a 20 anos .

A maioria das gestantes possuía idade entre 20 e 34 anos.

A média da idade gestacional de ocorrência do diagnóstico de anomalia

congênita a ultra-sonografia foi de 26 semanas

Houve maior número de conceptos do sexo feminino.

Observou-se elevada morbimortalidade no grupo de estudo.

Page 82: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

66

8. REFERÊNCIAS

1 Christianson A, Howson CP, Modell B. March of Dimes. Global Report on Birth defects. The hidden toll of dying and disabled children. March of Dimes Birth Defects Foundation White Plans New York 2006.

2 Guerra FAR, Llerena Jr JC, Gama SGN, Cunha CB, Theme Filha MM. Defeitos Congênitos no Municipo do Rio de Janeiro,Brasil: uma avaliação através do SINASC (2000-2004). Cad Saúde Pública 2008;24(1):140-9.

3 WHO - World Health Organization. Guidelines for the study of genetic defects in human populations. Environ Health Criteria 1985;46.

4 Aguila A, Nazer J, Cifuentes L, Mella P, de la BP, Gutierrez D. Prevalence of congenital malformations at birth and associated factors in Easter Island, Chile (1988-1998). Rev Méd Chile 2000 Feb;128(2):162-6.

5 CDC - Centers for Disease Control and Prevention. Update on overall prevalence of major birth defects - Atlanta,Georgia,1978-2005. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2008 Jan 11;57(01):1-5.

6 Papp Z, Fekete T. The evolving role of ultrasound in obstetrics/gynecology practice. Int J Gynaecol Obstet 2003 Sep;82(3):339-46.

7 Stoll C, Alembik Y, Dott B, Roth MP. Impact of prenatal diagnosis on livebirth prevalence of children with congenital anomalies. Ann Genet 2002 Jul;45(3):115-21.

8 Zimmer EZ, Avraham Z, Sujoy P, Goldstein I, Bronshtein M. The influence of prenatal ultrasound on the prevalence of congenital anomalies at birth. Prenat Diagn 1997 Jul;17(7):623-8.

9 Yang JH, Kim YJ, Chung JH, Kim MY, Ryu HM, Ahn HK, et al. A multi-center study for birth defect monitoring systems in Korea. J Korean Med Sci 2004 Aug;19(4):509-13.

10 CDC -Centers for Disease Control and Prevention. Improved National Prevalence estimates for 18 selected major birth defects - United States, 1999-2001. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2006 Jan 6;54(51).

11 Penchaszadeh VB. Preventing congenital anomalies in developing countries. Community Genet 2002;5(1):61-9.

12 Horovitz DDG, Llerena Jr JC, Mattos RA. Atenção aos defeitos congênitos no Brasil:panorama atual. Rev Saúde Pública 2005;21(4):1055-64.

Page 83: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

67

13 Martins AJ, Cardoso MHCA, Llerena Jr JC. Em contato com as doenças genéticas. A norma e a razão como tradições culturais presentes no discurso de profissionais médicos do Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública 2004;20(4):968-75.

14 Sociedade Bíblica Internacional. Bíblia Sagrada. Juízes 13:7 2000.

15 Walton MT, Fineman RM, Walton PJ. Of monsters and prodigies:The interpretation of birth defects in the sixteenth century. Am J Med Genet 1993;47:7-13.

16 Garcias G, Schüler-Faccini L. The beliefs of mothers in southern Brazil regarding risk-factors associated with congenital abnormalities. Genet Mol Biol 2004;27(2):147-53.

17 Eurenius K, Axelsson O, Cnattingius S, Eriksson L, Norsted T. Second trimester ultrasound screening performed by midwives; sensitivity for detection of fetal anomalies. Acta Obstet Gynecol Scand 1999 Feb;78(2):98-104.

18 Rittler M. Genética.El estado del arte. Rev Hosp Mat Inf Ramón Sardá 2003;22(2):82-95.

19 Smith DW. Recognizable Patterns of Human Malformations. 3a ed. London: W.B.Saunders; 1982.

20 Jorde LB, Carey JC, Bamshad MJ, White RL. Genética Clínica e consulta genética. Genética Médica. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2004. p. 363-4.

21 Costa CMS. Perfil das malformações congênitas em uma amostra de nascimento no municipio do Rio de Janeiro. 1999-2001. Rio de Janeiro: [Tese de Mestrado - Escola Ncional de Saúde Pública, FIOCRUZ]; 2005.

22 Apfel MIR, Santa Rosa AAP, Ferreia VI, Diamant L, Costa RF. Prevenção de malformações congênitas. J bras med 2002;83(3):36-41.

23 García MM, Fernández Martínez FJ, Barreiro Miranda E. Repercusión clínica de las anomalias cromosómicas. An Pediatr (Barc) 2004;61(3):236-41.

24 Queisser-Luft A, Stolz G, Wiesel A, Schlaefer K, Spranger J. Malformations in newborn: results based on 30,940 infants and fetuses from the Mainz congenital birth defect monitoring system (1990-1998). Arch Gynecol Obstet 2002 Jul;266(3):163-7.

Page 84: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

68

25 Schüler-Faccini L, Leite JCL, Sanseverino MTV, Peres RM. Avaliação de teratógenos na população brasileira. Ciênc Saúde Coletiva 2002;7(1):65-71.

26 Nussbaum RL, McInnes RR, Willard HF. Thompson and Thompson Genética Médica. 6a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.

27 Nazer HJ, Antolini MT, Juárez MEH, Cifuentes OL, Hubner MEG, Pardo AV, et al. Prevalencia al nascimiento de aberraciones cromosómicas en el Hospital Clínico de la Universidad de Chile. Período 1990-2001. Rev Med Chile 2003;131(6):651-8.

28 ACOG commitee on Practice Bulletins.Clinical Managment Guidelines for Obstetrician -Gynecologist. Prenatal diagnosis of fetal chromosomal abnormalities. ACOG Practice Bulletin 2001;27.

29 Nazer HJ, Aravena TC, Cifuentes OL. Malformaciones congénitas en Chile.Un problema emergente (periodo 1995-1999). Rev Med Chile 2001;129(8):895-904.

30 Castilla EE, Rittler M, Dutra MG, Lopez-Camelo JS, Campana H. Survival of children with Down syndrome in South America, ECLAMC - Downsurv Group Latin American Collaborative Study of congenital Malformations. Amer J Med Genet 1998;79(2):108-11.

31 Vigan CD, Baena N, Cariati E, Clementi M, Stoll C. Contribution of ultrasonographic examination to the prenatal detection of chromosomal abnormalities in 19 centres across Europe. Ann Genet 2001;44(4):209-17.

32 Forrester MB, Merz R. Impact of excluding cases with known chromossomal abnormalities on the prevalence of strutural birth defects, Hawaii, 1986-1999. Am J Med Genet A 2004;128(4):383-8.

33 Acácio GL, Barini R, Pinto WJ, Ximenes RLS, Pettersen H, Faria M. Nuchal translucency: an ultrasound marker for fetal chomosomal abnormalities. São Paulo Med J 2001;119(1):19-23.

34 Nelson K, Holmes L. Malformations due to presumed spontaneous mutations in newborn infants. N Engl J Med 1989;320:19-23.

35 Nazer HJ. Malformaciones congénitas. Edicion Servicio Neonatologia Hosp Clinico Universidad de Chile 2001;30:217-23.

36 Aguiar RCT, Neto JAF, Dahia PLM, Cisneiros GLF, Nunesmaia HGS. Malformações congênitas em João Pessoa, Paraíba. CCS 1986;8(2):31-8.

Page 85: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

69

37 Nazer HJ. Prevención primaria de los defectos congénitos. Rev Med Chile 2004;132(4):501-8.

38 IOM - Institute of Medicine. Reducing birth defects, meeting the challenge in the developing world. Board on International Health, Institute of Medicine. Nacional Academy of Sciences 2003.

39 ECLAMC Estudio Colaborativo Latinoamericano de Malformaciones congenitas. La prevención primaria de los defectos congénitos. Arch Argent Pediatr 1995;93:383-6.

40 Orioli IM, Castlla EE. Epidemiological assesment of misoprostol teratogenicity. Br J Obstet Ginecol 2000;107:519-23.

41 Hoyme HE, May PA, Kallberg WO. A pratical approach to the diagnosis of fetal alcohol spectrum disorder clarification of the Institute of Medicine criteria. Pediatrics 2005;115:39-47.

42 Muñoz J, Bustos I, Quintero C, Giraldo A. Factores de riesgo para algunas anomalias congénitas en población colombiana. Rev Salud Pública 2001;3(3):268-82.

43 Gordon ED, Ferrá MC, Margariño CO, Gordon LD. Registro y análisis de algunas variables epidemiológicas relacionadas con las malformaciones congénitas mayores. Rev Cubana Med Gen Integr 15[4], 430-435. 1999. Cuba.

44 Sebril NJ. Translucência nucal e anomalias cromossomicas. In: Kypros H, Nicolaides KH, Rosalival JMS, editors. O exame ultrasonografico entre 11 -14 semanas. Parthenon Publishing; 1999. p. 10.

45 Pardo RA, Nazer H.J., Cifuentes OL. Prevalencia al nacimiento de malformaciones congénitas y de menor peso de nacimiento en hijos de madres adolescentes. Rev Med Chile 2003;131:1165-72.

46 Lopez-Camelo JS, Cabello PH, Dutra MG. A simple model for the estimation of congenital malformation frequency in racially mixed populations. Rev Bras Genet 1996;19(4):659-63.

47 Nielsen GL, Norgard B, Puho E, Rothman KJ, Sorensen HT, Czeizel AE. Risk of specific congenital abnormalities in offspring of women with diabetes. Diabet Med 2005 Jun;22(6):693-6.

Page 86: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

70

48 Waller DK, Keddie AM, Canfield MA, Scheuerle AE. Do infants with major congenital anomalies have an excess of macrosomia? Teratology 2001 Dec;64(6):311-7.

49 Ordóñez MA, Nazer HJ, Aguila RA, Cifuentes OL. Malformaciones congénitas y patologia crónica de la madre.Estudio ECLAMC 1971-1999. Rev Med Chile 2003;131(4):1165-72.

50 UNICEF - United Nations Children's Fund. The state of World's children early childhood. UNICEF 2000.

51 Aguiar MJB, Campos AS, Aguiar RALP, Lana AM, Magalhães RL, Babeto LT. Defeitos de fechamento do tubo neural e fatores associados em recém-nascidos vivos e natimortos. J Pediatr 2003;79(2):129-34.

52 CDC - Centers for Disease Control and Prevention. The prevention of neural tube defects with folic acid. CDC 2005.

53 Ogata AJN, Camano L, Brunoni D. Perinatal factor associated with neural tube defects(anencephaly, spina bifida and encephalocele). Rev Paul Med 1992;110(4):147-51.

54 Williams LJ, Rasmussen SA, Flores A, Kirby RS, Edmonds LD. Decline in the prevalence of spina bifida and anencephaly by race/ethnicity: 1995-2002. Pediatrics 2005;116(3):580-6.

55 ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n 344, de 13 de dezembro de 2002. DOU de 18/12/2002 . 2008. 13-2-2008.

56 Castilla EE, Orioli IM, Lopez-Camelo JS, Dutra MG, Nazer HJ. Preliminary data on changes in neural tube defect prevalence rates after folic acid fortification in South America. Am J Med Genet 2003;123-A:123-8.

57 Nazer HJ, Cifuentes OL, Aguila RA, Juarez HM, Cid RM, Godoy VM, et al. Effects of folic acid fortification in the rates of malformations at birth in Chile. Rev Med Chile 2007 Feb;135(2):198-204.

58 Stevenson AC, Johnsonton HA, Stewart MIP, Golding DR. Congenital Malformations.A report of study of series consecutive birth in 24 centers. Bull World Health Org 1996;Suppl 34:1-127.

59 Kalter H, Warkany J. Congenital Malformations. Etiologic factors and their role in prevention. N Engl J Med 1983;308:429-91.

Page 87: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

71

60 Connor JM, Ferguson-Smith MA. Malformação congênita. In: Connor JM, Ferguson-Smith MA, editors. Fundamentos de Genética Médica. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1993. p. 168-85.

61 Lews W. Thalidomida and congenital abnormalities. Lancet 1962;1:45.

62 IBIS - International Birth Defects Information Systems. Programas de vigilância de defeitos congênitos. Disponível em http://www ibis-birthdefects org acessado em 22/03/2008 2008.

63 Dolk H. EUROCAT: 25 years of European surveillance of congenital anomalies. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2005 Sep;90(5):F355-F358.

64 Peller AJ, Westgate MN, Holmes LB. Trends in congenital malformations, 1974-1999: effect of prenatal diagnosis and elective termination. Obstet Gynecol 2004 Nov;104(5 Pt 1):957-64.

65 UBDN - Utah Birth Defect Network. Striving to prevent birth defects - Major birth defects. Utah birth defect network Disponível em http://utah gov Acessado em 02/03/2008 2008 Mar 2.

66 Thong MK, Ho JJ, Khatijah NN. A population-based study of birth defects in Malaysia. Ann Hum Biol 2005 Mar;32(2):180-7.

67 Bower C, Silva D, Henderson TR, Ryan A, Rudy E. Ascertainment of birth defects: the effect on completeness of adding a new source of data. J Pediatr Child Health 2000 Dec;36(6):574-6.

68 Wertelecki W. Birth defects surveillance in Ukraine: a process. J Appl Genet 2006;47(2):143-9.

69 Al HH, Salah M, bu-Zeid H, Farag HM, Saade D. The National Congenital Anomalies Register in the United Arab Emirates. East Mediterr Health J 2005 Jul;11(4):690-9.

70 Dryden R. Birth defects recognized in 10,000 babies born consecutively in Port Moresby General Hospital, Papua New Guinea. P N G Med J 1997 Mar;40(1):4-13.

71 Castlla EE, Paz JE, Orioli IM, Lopez-Camelo JS, Dutra MG. El ECLAMC:Estudo Colaborativo Latino americano de Malformaciones Congênitas. Mendeliana 1994;11(1):8-11.

72 ECLAMC Estudio Colaborativo Latinoamericano de Malformaciones congenitas. Documento final da XXXIV Reunião anual do Estudo

Page 88: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

72

Colaborativo Latinoamericano de Malformações Congênitas. ECLAMC . 2002. Mangaratiba.

73 Garcia H, Salguero GA, Moreno J, Arteaga C, Giraldo A. Frequency of congenital anomalies at the Instituto Materno Infantil, Bogota, Colombia. Biomedica 2003 Jun;23(2):161-72.

74 Gordon ED, Ferrá MC. Registro, incidencia y diagnóstico prenatal de las malformaciones congënitas mayores más severas. Rev Cubana Med Gen Integr 1999;15(4):403-8.

75 Ramos JLA, Laurindo VM, Vaz AAC, Araújo J, Zuccolotto M, Corradini HB, et al. Malformações congênitas:Estudo prospectivo de dois anos em três maternidades de São Paulo. Pediat (São Paulo) 1981;3:20-8.

76 Moreira LMA, Dias AML, Santos HB, Felício TD. Estudo sobre malformações congênitas em recém-nascidos de maternidade pública de Salvador-BA. Rev baiana enfermagem 2000;13(1/2):69-74.

77 Bailão LA, Baracchini JAA, Mauad Filho F, Cunha SP, Gross R. Diagnóstico ecografico das malformações fetais. Rev imagem 1981;3(2):42-7.

78 Pessoa FAP, Coelho GAS. Malformações congênitas:Incidência e possíveis causas. Ceará méd 1983;5(1/2):57-9.

79 Ministério da Saúde - SINASC. Estatistica de Nascimento. Ministério da Saúde Disponivel em http://www datasus gov br/catalogo/sinasc/htm acessado em 13/02/2008 2005.

80 Pinto CO, Nascimento LFC. Estudo da prevalência de defeitos congênitos no vale do Paraíba Paulista. Rev Paul Pediatr 25[3], 233-239. 2007.

81 Maciel ELN, Gonçalves EP, Alvarenga VA, Polone CT, Ramos MC. Perfil epidemiológico das malformações congênitas no município de Vitória-ES. Cad Saúde Coletiva 2006;14(3):507-18.

82 Costa CMS, Gama SGN, Leal MC. Congenital malformations in Rio de Janeiro,Brazil:prevalence and associated factors. Cad.Saúde Pública 22[11], 2423-2431. 2006. Rio de Janeiro.

83 Castilla EE, Lopez-Camelo JS, Paz JE, Orioli IM. Prevencion primaria de los defectos congénitos. Fiocruz 1996;150.

Page 89: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

73

84 Bussamra LCS. Diagnostico ultra-sonográfico de anomalias fetais entre 10,5 e 14 semanas de gestação [Tese de Doutorado - Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina]; 2000.

85 Johnson P, Sebire NJ, Snijders RJM, Tunkel S, Nicolaides KH. Ultrasound screening for anencephaly at 10-14 weeks of gestattion. Ultrasound Obstet Gynecol 1997;9(1):14-6.

86 Rottem S, Bronshtein M, Thaler I, Brandes JM. First trimester transvaginal sonographic diagnosis of fetal anomalies. Lancet 1989;86(35):444.

87 Canfield MA, Honein MA, Yuskiv N, Xing J, Mai CT, Collins JS, et al. National estimates and race/ethnic-specific variation of selected birth defects in the United States, 1999-2001. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol 2006 Nov;76(11):747-56.

88 Melvin CE, George TM, Worley G, Franklim A, Mackey J, Viles K, et al. Genetic studies in neural tube defects. Pediatr Neurosurg 2000;32:1-9.

89 Sandford MK, Kissling GE, Joubert PE. Neural tube defects etiology:new evidence concerning maternal hyperthermia, health and diet. Dev Med Child Neurol 1992;34:661-75.

90 Lemire RJ. Neural Tube Defects. JAMA 1998;259:558-62.

91 CDC - Centers for Disease Control and Prevention. Spina bifida and anencephaly before and after folic acid mandate - United States 1995-1996 and 1999-2000. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2004;53:362-5.

92 International Clearinghouse for Birth Defects Monitoring Systems. Congenital malformations worldwide: A report from the International Clearinghouse for Birth Defects Monitoring Systems. International Clearinghouse for Birth Defects Monitoring Systems 1991.

93 Castilla EE, Orioli IM. Epidemiology of neural tube defects in South America. Am J Med Genet 1985;22:695-702.

94 Pacheco SS, Souza AI, Vidal SA, Guerra GVQL, Batista Filho M, Baptista EVP, et al. Prevalência dos defeitos de fechamento do tubo neural em recém-nascidos do Centro de Atenção à Mulher do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira, IMIP:2000-2004. Rev Bras Saúde Mater Infant 2006;6(1):35-42.

95 Boyd PA, Wellesley DG, De Walle HEK, Tenconi R, Garcia-Minaur S, Zandwijken G, et al. Evaluation of the prenatal diagnosis of neural tube

Page 90: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

74

defects by fetal ultrasonographic examination in different centres across Europe. J Med Screen 2000;7:169-74.

96 Munim S, Nadeem S, Khuwaja NA. The accuracy of ultrasound in the diagnosis of congenital abnormalities. J Pak Med Assoc 2006 Jan;56(1):16-8.

97 Li Z, Ren A, Zhang L, Ye R, Li S, Zheng J. Extremely high prevalence of neural tube defects in a 4-county area in Shanxi Province, China. Birth Defects Res a Clin Mol Teratol 2006;76(4):237-40.

98 ALMEIDA G. Hidrocefalia e Malformações do Sistema Nervoso. In: MARCONDES E, editor. Pediatria Básica. 7 ed. São Paulo: Sarvier; 2002.

99 Hortênsio APB, Landim ER, Nogueira MB, Feitosa FEL, Alencar Junior CA. Avaliação ultra-sonográfica da hidrocefalia fetal: associação com mortalidade perinatal. Rev Bras Ginecol Obstet 2001;23(6):383-9.

100 Cavalcanti DP, Salomão MA. Incidência de hidrocefalia congênita e o papel do diagnóstico pré-natal. J Pediatr 2003;79(2):135-40.

101 Pavani MAM, Pellegrinetti B. Malformações fetais. Diagnóstico ultra-sonográfico. Revista Imagem 1984;59-68.

102 Aubry MC, Aubry JP, Dommergues M. Sonographic prenatal diagnosis of central nervous system abnormalities. Childs Nerv Syst 2003;391-402.

103 Rosemberg S. Afecções pré e perinatais. Neuropediatria.São Paulo: Sarvier; 1992. p. 211.

104 Tagliabue G, Tessandori R, Caramaschi F, Fabiano S, Maghini A, Tittarelli A, et al. Descriptive epidemiology of selected birth defects, areas of Lombardy, Italy, 1999. Popul Health Metr 2007;5:4.

105 Demian AA. Diagnóstico e terapêutica pré-natal de alterações no feto. In: Côrrea MD, lves Junior JMS, Corrêa Junior MD, editors. Perinatologia Básica.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 100.

106 Moog U, De Die -Smulders CE, Schrander-Stumpel CT, Engelen JJ, Hamers AJ, Frints S. Holoprosencephaly; the Maastricht experience. Genet Couns 2001;12(3):287-98.

107 Bullen PJ, Rankin JM, Robson SC. Investigation of the epidemiology and prenatal diagnosis of holoprosencephaly in the North of England. Am J Obstet Gynecol 2001;184(6):1256-62.

Page 91: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

75

108 Noronha L, Ghanem RC, Medeiros F, Knopfholz J, Magalhães T, Sampaio G, et al. Holoprosencefalia: análise do seu espectro morfológico em doze casos de autópsia. Arq Neuro-Psiquiatr 2001; 59(4):913-9.

109 Verma AS, Fittzpratick DR. Anophthalmia and microphtalmia. Orphanet J of rare diseases 2007;2:47.

110 Källlén B, Robert E, Harris J. The descriptive epidemiology of anophthalmia and microphthalmia. Int J Epidemiol 1996;25(5):1016-9.

111 Bermejo E, Martinez-Frias ML. Congenital eye malformations:clinical-epidemiological anlyses of 1,124,654 consecutive births in Spain. Am J Med Genet 1998;75:497-504.

112 Nazer HJ, Cifuentes OL, Meza M. Incidencia da las malformaciones congénitas en 10 maternidades chilenas participantes en el ECLAMC.Comparación de tres períodos (1971-1977,1982-1988,1989-1994). Rev Med Chile 1997;125:993-1001.

113 Abramowicz S, Cooper ME, Bardi K, Weyant RJ, Marazita ML. Demographic and prenatal factors of patients with cleft lip and cleft palate. JADA 2003;134:1371-6.

114 Bunduki V, Ruano R, Sapienza AD, Hanaoka BY, Zugaib M. Diagnóstico pré-natal de fenda labial e palatina: experiência de 40 casos. Rev Bras Ginecol Obstet 2001;23(9):561-6.

115 Walker SJ, Ball RH, Babcook CJ, Feldkamp MM. Prevalence of aneuploidy and additional anatomic abnormalities in fetuses and neonates with cleft lip with or without cleft palate. J Ultrasound Med 2001;20:1175-80.

116 Nazer HJ, Hubner MEG, Catalán JM, Cifuentes OL. Incidencia de labio leporino y paladar hendido en la maternidade del Hospital Clínico de la Universidad de Chile y en las maternidades chilenas participantes en el Estudio Colaborativo Latino Americano de Malformaciones Congénitas (ELAMC) período 1991-1999. Rev Med Chile 2001;129(3):285-93.

117 Baspinar O, Karaaslan S, Oran B, Baysal T, Elmaci AM, Yorulmaz A. Prevalence and distribution of children with congenital heart diseases in the central Anatolian region,Turkey. The Turkish J of Pediatrics 2006;48:237-43.

118 Lin AE, Herring AH, Amstutz KS, Westgate MN, Lacro RV, Al-Jufan M, et al. Cardiovascular malformations:changes in prevalence and birth status, 1972-1990. Am J Med Genet 1999;84:102-10.

Page 92: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

76

119 Sadeck LSR, Azevedo R, Barbato AJG, Calil VMLT, Latorre MRDO, Leone CR, et al. Indicações clínico-epidemiológicas para investigação ecocardiográfica no período neonatal.Valor dos grupos de risco. Arq Bras Cardiol 1997;69(5):301-7.

120 Baltaxe E, Zarante I. Prevalencia de malformaciones cardiacas congénitas en 44,985 nacimientos en Colombia. Arch Cardiol Mexico 2006;76(3):263-8.

121 Hagemann LL, Zielinsky P. Rastreamento populacional de anormalidades cardíacas fetais por ecocardiografia pré-natal em gestações de baixo risco no municipio de Porto Alegre. Arq Bras Cardiol 2004;82(4):313-9.

122 Bruns RF, Moron AF, Murta CGV, Gonçalves LFA, Zamith MM. O papel dea translucência nucal no rastreamento de cardiopatias congênitas. Arq Bras Cardiol 2006;87(3):307-14.

123 Stoll C, Garne E, Clementi M. Evaluation of prenatal diagnosis of associated congenital heart diseases by fetal ultrasonographic examination in Europe. Prenat Diagn 2001;21(386):391.

124 Bacaltchuk T, Antunes P, Zielinsky P. Rastreamento Pré-natal de anormalidades cardíacas: papel da ultra-sonografia obstétrica de rotina. Rev Bras Ginecol Obstet 2001;23(9):553-8.

125 Dott MM, Wong LC, Rasmussen SA. Population-based study of congenital diaphragmatic hernia:Risk factors and survival in Metropolitan Atlanta, 1968-1999. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol 2003;67(4):261-7.

126 Colvin J, Bower C, Dickinson JE, Sokol J. Outcomes of congenital diaphragmatic hernia:a population-based study in Western Australia. Pediatrics 2005;116:356-63.

127 Ruano R, Bunduki V, Silva MM, Yoshizaki CT, Tanuri U, Macksoud JG, et al. Prenatal diagnosis and perinatal outcome of 38 cases with congenital diaphragmatic hernia:8-year experience of a tertiary brazilian center. Clinics 2006;61(3):197-202.

128 Nazer HJ, Cifuentes L, Águila AR, Bello MPP, Correa FCC, Melibosky FR. Prevalencia de defectos de la pared al nascer. Estudio ECLAMC. Rev chil pediatr 2006;77(5):481-6.

129 Rankin J, Dillon E, Wright C. Congenital anterior abdominal wall defects in the north of England, 1986-1996:Ocurrence and outcome. Prenat Diagn 1999;19(7):662-8.

Page 93: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

77

130 Calzolari E, Volpato S, Bianchi F, Cianciulii D, Tenconi R, Clementi M, et al. Omphalocele and gastroschisis: a colaborative study of five Italian congenital malformation registries. Teratology 1993;47(1):47-55.

131 Weir E. Congenital Abdominal wall defects. CMAJ 2003;169(8):809-10.

132 Stoll C, Alembik Y, Roth MP. Risk facors in congenital abdominal wall defects (omphalocele and gastroschisi): a study in a series of 265,858 consecutive births. Ann Genet 2001;44(4):201-8.

133 Barisic I, Clementi M, Häusler M, Gjergia R, Kern J, Stoll C, et al. Evaluation of prenatal ultrasound diagnosis of fetal abdominal wall defects by 19 European registries. Ultrasound Obstet Gynecol 2001;18(4):309-16.

134 Hiraoka M, Tsukahara H, Ohshima Y, Kasuga K, Ishihara Y, Mayumi M. Renal aplasia is the predominant cause of congenital solitary kidneys. Kidney Int 2002;61:1840-4.

135 Sanna-Cherchi S, Caridi G, Weng PI, Scolari F, Perfumo F, Gharavi AG, et al. Genetic approaches to human renal agenesis/hypoplasia and dysplasia. Pediatr Nephrol 2007;22:1675-84.

136 Wiesel A, Queisser-Luft A, Clementi M, Bianca S, Stoll C, Euroscan Study Group. Prenatal detection of congenital renal malformations by ultrasonographic examination:an analyseis of 709,030 births in 12 European countries. Eu J Med Genet 2005;48(2):131-44.

137 Caldéron JS, Zarante I. Anomalias congénitas urológicas:descripción epidemiológica y factores de riesgo asociados en Colombia 2001-2004. Arch Esp Urol 2006;59(1):7-14.

138 Rasmussen SA, Bieber FR, Benacerraf BR, Lachman RS, Rimoin DL, Holmes LB. Epidemiology of osteochondrodysplasias: changing trends due to advances in prenatal diagnosis. Am J Med Genet 1996;61:49-58.

139 McGuirk CK, Westgate M, Holmes LB. Limb deficiencies in newborn infants. Pediatrics 2001;108(4):64-70.

140 Boyd PA, Chamberlain P, Hicks NR. 6-year experience of prenatal diagnosis in an unselected population in Oxford, UK. Lancet 1998 Nov 14;352(9140):1577-81.

141 Ewigman BG, Crane JP, Frigoleto FD, Lefvreve M, Bain RP, McNellis D. Effect of prenatal ultrasound screening on perinatal outcome. N Engl J Med 1993;329(12):821-7.

Page 94: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

78

142 Viggiano M. Medicina fetal - Passado,presente e futuro. Rev Ginecol Obstet 1992;2(8):12.

143 Zugaib M. Medicina Fetal. 2 ed. São Paulo: Atheneu; 2000.

144 Pinto JW. Diagnóstico pré-natal. Cienc Saude Colet 2002;7:139-57.

145 Salvador J, Borrell A, Lladonosa A. Increasing detection rates of birth defects by prenatal ultrasound leading to apparent increasing prevalence. Lessons learned from the population-based registry of birth defects of Barcelona. Prenat Diagn 2005 Nov;25(11):991-6.

146 Nicolaides KD. Nuchal translucency and other first trimester sonografic markers of chromossomal abnormalities. Am J Obstet Gynecol 2004;191:45-67.

147 Tannús JFK. Avaliação de malformações de tronco,face e membros fetais por ressonância magnética. São Paulo: [Tese de Doutorado - Faculdade de Medicina da Universidade da São Paulo]; 2004.

148 Byrne DMK, Cezar G, Nicolaide KH. Randomized study of early amniocentesis versus chorionic villu sampling: a technical an citogenetic comparis on of 650 patients. Ultrasound Obstet Gynecol 1991;1:235-40.

149 Greenwold N, Jauniaux E. Collection of tissue under ultrasound guidance to improve the cytogenetic study of early pregnancy failure. Human Reproduction 2002;17(2):452-6.

150 Tongsong T, Wanapirak C, Kunavikatikul C, Sirirchotiyakul S, Piyamongkol W, Chanprapaph P. Fetal loss associated with cordocentesis at midgestation. Am J Obstet Gynecol 2001;184:719-23.

151 Cunniff C. Prenatal screening and diagnosis for pediatricians. Pediatrics 2004 Sep;114(3):889-94.

152 Hultén MA, Dhanjal S, Pertl B. Rap[id and simple prenatal diagnosis of chromosome disorders:advantages and disavantages of the molecular methods FISH and QF-PCR. Reproduction 2003;126:279-97.

153 Cicero S, Spencer K, Avigdou K, Faiola S, Nicolaides KH. Maternal serum biochemistry at 11-13 +6 weeks in relation to the presence or absence of the fetal nasal bone on ultrasonography in chromosomally abnormal fetuses: an update analysis of integrated ultrasound and biochemical screeinig. Prenat Diagn 2005;25:977-83.

Page 95: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

79

154 Spencer K, Spencer CE, Power M, Dawson C, Nicolaides KH. Screening for chromosomal abnormalities in the first trimester using ultrasound and maternal serum biochemistry in a one -stop clinic: a review of three years prospective experience. BJOG 2003;110(3):281-6.

155 Muller F, Dreux S, Oury JF, Luton D, Uzan S, Levardon M, et al. Down Syndrome maternal serum marker screening after 18 weeks gestation. Prenat Diagn 2002;22(11):1001-4.

156 Porter HJ, Keeling JW. The value of the perinatal post-mortem examination. J Clin Pathol 1987;40:180.

157 Ministério da Saúde. Resolução-RDC n 344,de 13 de dezembro de 2002. Aprova o regulamento técnico para a fortificação das farinhas de trigo e das farinhas de milho com ferro e ácido fólico. Diário Oficial da União de 18/12/2002 2002.

158 Diniz D. Aborto e inviabilidad fetal: el debate brasileno. Cad Saude Publica 2005;21(2):634-9.

159 Bertagnon JRD, Segre CAM. Terminologia técnica do período neonatal. In: Segre CAM, Armellini PA, Marino WT, editors. RN. 4 ed. São Paulo: Sarvier; 1995. p. 3-8.

160 Rego JD, Paiva IS. Fisiopatologia da asfixia. In: Rego JD, editor. Reanimação Neonatal.São Paulo: Atheneu; 2004. p. 7.

161 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Cidades - Censo demográfico de 2007. Disponível em http://www ibge gov br Acessado em 22/03/2008 2008 Mar 22.

162 González RP, Carstens MR, Gómes RM, Medina LH, Gutiérrez JP, Arriagada PO, et al. Anomalias congénitas en poblacion de bajo riesgo: screening con ultrasonido prenatal en un sistema publico de salud. Rev Chil Obstet Ginecol 1999;64(4):247-55.

163 Souka AP, Pilalis A, Kavalakis I, Antsaklis P, Papantoniou N, Mesogitis S, et al. Screening for major structural abnormalities at the 11- to 14-week ultrasound scan. Am J Obstet Gynecol 2006 Feb;194(2):393-6.

164 Vélez JE, Herrera LE, Arango F, López G. Malformaciones congénitas: correlación, diagnóstico ecográfico y clínico. Rev Colomb Obstet Ginecol 2004;55(1):201-8.

Page 96: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

80

165 Dastgiri S, Stone DH, Le-Ha C, Gilmour WH. Prevalence and secular trend of congenital anomalies in Glasgow, UK. Arch Dis Child 2002 Apr;86(4):257-63.

166 Ramirez MP, Matos EM, Guilarte AH. Diagnóstico ultrasonográfico de malformaciones congénitas.Nuestra experiencia en el periodo 1983-1995. Rev Cubana Obstet Ginecol 1997;23(1):53-8.

167 ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n 344, de 13 de dezembro de 2002. DOU de 18/12/2002 . 2008. 13-2-2008.

168 Borelli M, Mendes ETR, Randi Junior R, Gianelo SFA, Zerwes MH, Paula VS, et al. Prevenção de defeitos de fechamento do tubo neural pela administração de ácido fólico-desafio de saúde pública. Arq Med ABC 2005;30(1):44-7.

169 Hougland KT, Hanna AM, Meyers R, Null D. Increasing prevalence of gastrosquisis in Utah. J Ped Surg 2005;40:535-40.

170 Reefhuis J, Honein MA. Maternal age and non-chromosomal birth defects, Atlanta - 1968 -2000: Teenager or thirty-something, who is at risk? Birth Defects Res a Clin Mol Teratol 2004;70:572-9.

171 Drewett M, Michailidis GD, Burge D. The perinatal management of gastroschisis. Early Hum Dev 2006;82(305):312.

172 Vargas JE, Allred EN, Leviton A, Holmes LB. Congenital microcephaly: Phenotypic features in a consecutive sample of newborn infants. J Pediatr 2001;139(2):210-4.

173 Nazer H J, Margozzini JR, Rodriguez M, Rojas M, Cifuentes OL. Malformaciones invalidantes en Chile. Estudio ECLAMC, 1982-1997. Rev Med Chile 2001;129(1):67-74.

174 Leite JCL. Estudo dos defeitos congênitos na região metropolitana de Porto Alegre. Porto Alegre: [Tese de Doutorado -Universidade Federal do Rio Grande do Sul]; 2006.

175 Guerra FAR, Llerena Jr JC, Gama SGN, Cunha CB, Theme Filha MM. Confiabilidade das informações das declarações de nascido vivo com registro de defeitos congênitos no município do Rio de Janeiro - 2004. Cad Saude Publica 2008;24(2):438-46.

Page 97: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

81

176 Leal MC, Gama SGN, Cunha CB. Racial, sociodemographic, and prenatal and childbirth care inequalities in Brasil, 1999-2001. Rev Saúde Pública 2005;39(1):100-7.

177 Santos M. Bebês indígena, marcados para morrer. Rev Problemas Bras 2007;381.

178 Al HH, Salah M, bu-Zeid H, Farag HM, Saade D. The National Congenital Anomalies Register in the United Arab Emirates. East Mediterr Health J 2005 Jul;11(4):690-9.

179 Talukder G, Sharma A. Genetic causes of congenital malformation in India. Int J Human Genet 2006;6(1):15-25.

180 Zlotogora J, Haklai Z, Rotem N, Georgi M, Berlovitz I, Leventhal A, et al. Relative prevalence of malformations at birth among different religious communities in Israel. Am J Med Genet A 2003 Sep 15;122(1):59-62.

181 Vrijheid M, Dolk H, Stone D, Abramshy L, Alberman E. Socioeconomic inequalities in risk of congenital anomaly. Arch Dis Child 2000;82(349):352.

182 Nazer J, Ramirez r. Malformaciones congénitas en los hijos de madres diabéticas. Rev Méd Chile 2000;118:1045-52.

183 Montoya IZ, Castillo MC, Garcia N, Suárez F, Gutiérrez CA, Umaña A. Analisis clinico epidemiológico de factores asociados a malformaciones congénitas ECLAMC - Hospiltal Universitário San Ignacio junio-diciembro de 2001. Univ Med 2002;43(2):121-7.

184 Leão PRD, Meirelles Filho J, Medeiros SF. Toxoplasmose: Soroprevalência em puérperas atendidas pelo Sistema Único de Saúde. RBGO 2004;26(8):627-32.

185 Nascimento LFC, Pinto CO, Proença FP, Gotlieb SLD. Prevalência de anomalias congênitas em São José dos Campos, São Paulo, em 2001. Rev Paulista Pediat 2006;24(1):47-51.

186 Castro ML, Cunha CJ, Moreira PB, Fernandez RR, Garcias GL, Martino-Roth MG. Frequency of multiple neonatal malformations in Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil, and associated socio-demographic factors. Cad Saude Publica 2006 May;22(5):1009-15.

187 Reis LD. Anomalias congênitas em filhos de mulheres adolescentes [Tese de Mestrado -Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina]; 2005.

Page 98: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

82

188 Rosano A, Botto LD, Botting B, Mastroiacovo P. Infant mortality and congenital anomalies from 1950 to 1994: an international perspective. J Epidemiol Community Health 2000 Sep;54(9):660-6.

189 Yang Q, Khoury MJ, Mannino D. Trends and patterns of mortality associated with birth defects and genetic diseases in the United States, 1979-1992: an analysis of multiple-cause mortality data. Genet Epidemiol 1997;14(5):493-505.

190 Victora CG, Barros FC. Infant mortality due to perinatal causes in Brazil: trends, regional patterns and possible interventions. Sao Paulo Med J 2001 Jan 4;119(1):33-42.

Page 99: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

9. ANEXOS

Page 100: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

84

FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO APÓS INFORMAÇÃO Estudo dos defeitos congênitos em serviços de medicina fetal no município de Cuiabá -MT

Carla Marques Rondon Campos (UNIC) Anselmo Verlagieri Carmo (UFMT) Objetivo principal: Estabelecimento da prevalência de anomalias fetais e fatores de risco maternos no Serviço de Medicina Fetal no HUJM, HGU e HMF. Procedimentos: Será explicado para as gestantes, cuja alteração fetal foi detectada que será aplicado um questionário caso ela concorde, com o objetivo de detalhar suas características próprias, sua saúde, seu pré-natal e parto visando encontrar possíveis causas relacionadas com malformação fetal. Benefícios previstos: Determinação da prevalência das anomalias fetais mais freqüentes nos serviços de Medicina Fetal do HUJM, HGU e HMF possibilitando o aconselhamento do casal com relação ao prognóstico e tratamento do recém-nascido e ainda a estimativa do risco de ocorrer com a prole futura. Eu.................................................................................................................., fui informado dos objetivos, procedimentos, riscos e benefícios desta pesquisa, descritos acima. Entendo que terei garantia de confidencialidade, ou seja, que apenas dados consolidados serão divulgados e ninguém alem dos pesquisadores terá acesso aos nomes dos participantes desta pesquisa. Entendo também, que tenho direito a receber informações adicional sobre o estudo a qualquer momento, mantendo contato com o pesquisador principal. Fui informado ainda, que a minha participação é voluntária e que se eu preferir não participar ou deixar de participar deste estudo em qualquer momento, isso NÃO me acarretará qualquer tipo de penalidade.

Compreendendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se refere este documento, concordo em participar do mesmo.

Assinatura do participante (ou do responsável, se menor): .......................................................................................................... Assinatura do pesquisador principal: ................................................................................................ Em caso de necessidade, contate a pesquisadora Carla MarquesRondon Campos no endereço, telefone, e-mail) Data (Cidade/dia mês e ano) ____________ ___ de ______________de 20___

Page 101: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

85

Page 102: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

89

Gráfico 2. Distribuição dos defeitos congênitos quanto à idade materna nos serviços de

medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá, Mato

Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Idade Materna

0

5

10

15

20

25

30

35

40

< 20a 20 a 34a > = 35a

Ges

tan

tes

Gráfico 3. Distribuição dos defeitos congênitos quanto a idade gestacional de

diagnóstico nos serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no

município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Idade gestacional

0

5

10

15

20

25

30

ate 14 semanas 15 a 22 semanas 23 a 34 semanas > 34 semanas

ges

tan

tes

Page 103: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

90

Gráfico 4. Distribuição dos defeitos congênitos quanto ao número de gestações nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá,

Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Número de gestações

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 ou +

ges

tan

tes

Gráfico 5. Distribuição dos defeitos congênitos quanto ao tipo de parto nos serviços de

medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá, Mato

Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Tipode Parto

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Normal Cesarea Aborto

ges

tan

tes

Page 104: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

91

Gráfico 6. Distribuição dos recém-nascidos quanto ao sexo nos serviços de medicina

fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil,

no período de julho de 2004 a junho de 2006.

Sexo dos recém-nascidos

0

5

10

15

20

25

30

35

Feminino Masculino Ignorado

recé

m-n

asci

do

s

Gráfico 7. Distribuição dos recém-nascidos quanto ao peso nos serviços de medicina

fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil,

no período de julho de 2004 a junho de 2006..................

Peso do recém-nascido

0

5

10

15

20

25

30

< 2500g >= 2500g Não se aplica

recé

m-n

asci

do

Page 105: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

92

Gráfico 8. Distribuição dos recém-nascidos quanto a idade gestacional do parto peso

nos serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Prematuridade

0

10

20

30

40

50

60

< 37 semanas > = 37 semanas Não se aplica Total geral

recé

m-n

asci

do

s

Gráfico 9. Distribuição da amostra quanto ao desfecho da gravidez peso nos serviços

de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de Cuiabá, Mato

Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Desfecho da gravidez

0

5

10

15

20

25

30

35

Aborto Natimorto Neomorto Nativivo

ges

tan

tes

Page 106: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

93

Gráfico 10. Distribuição dos recém-nascidos conforme condições de alta peso nos

serviços de medicina fetal dos hospitais (HUJM, HGU e HMF) no município de

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

Condições de alta

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Higido Déficit ausente Déficit presente

recé

m-n

asci

do

s

Gráfico 11. Comparação da prevalência de nascidos vivos com defeitos congênitos,

dados do SINASC e dados da amostra de defeitos congênitos no município de Cuiabá,

Mato-Grosso, Brasil, no período de julho de 2004 a junho de 2006

0

5

10

15

20

25

Espinha

Bifid

a

Anencefalia

Encefaloc

ele

Holopros

encefalia

Hidrocefalia

M icroce

falia

Micr

ofitalm

ia

Trisso

mia 13/18

Cardiop

atia

Fenda

Palatina

/ lab

ial

Hern ia Diaf

ragmatica

Onfalocele

Gastrosq

uise

Agenesia

Renal

Rins Polic

istico

s/ multic

istico

Reduçã

o dos M

embros

Displasia

ósse

a

recé

m-n

asci

do

s

Sinasc

Amostra

Page 107: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

94

Page 108: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 109: ESTUDO DOS DEFEITOS CONGÊNITOS EM SERVIÇOS DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp074521.pdf · Agência Central Internacional para Sistema de Monitoramento de Defeitos Congênitos

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo