estudo de caso hospital sorocaba sul

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3 1. INTRODUÇÃO Nos dias de hoje as organizações estão preocupadas com o fato da utilização inteligente dos recursos financeiros e econômicos. Recursos esses que necessitam de atenção e estudo para uma melhora alocação. Esses recursos são desperdiçados na produção, no armazenamento e no transporte do produto. Por isso, é de grande valia o estudo da cadeia logísticas da empresas. O Estudo de caso do Hospital Sorocaba Sul proposto pelo autor Hamilton Pozo, relata que o hospital trabalha com um orçamento anual de R$ 10.000.000,00, sendo que desse total, R$ 2.000.000,00 em compras e 200.000,00 em estoque de material hospitalar. O setor de compras chega a emitir anualmente 10.000 ordens de pedido. Este Estudo de Caso é de enorme importância para demonstrar de forma prática, como a utilização dos estudos voltados à Gestão de Logística pode diminuir os custos com suprimento, armazenagem e movimentação de material. O objetivo do estudo é identificar os problemas existentes no processo logístico do hospital e sugerir soluções para diminuição dos custos. A estrutura moderna do setor logístico tem facilitado a visualização do processo e integrando todos os setores responsáveis. Essa integração é importante para maior agilidade do processo com melhor qualidade na visualização dos problemas.

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Page 1: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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1. INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje as organizações estão preocupadas com o fato da utilização

inteligente dos recursos financeiros e econômicos. Recursos esses que necessitam de atenção

e estudo para uma melhora alocação. Esses recursos são desperdiçados na produção, no

armazenamento e no transporte do produto. Por isso, é de grande valia o estudo da cadeia

logísticas da empresas.

O Estudo de caso do Hospital Sorocaba Sul proposto pelo autor Hamilton Pozo, relata

que o hospital trabalha com um orçamento anual de R$ 10.000.000,00, sendo que desse total,

R$ 2.000.000,00 em compras e 200.000,00 em estoque de material hospitalar. O setor de

compras chega a emitir anualmente 10.000 ordens de pedido.

Este Estudo de Caso é de enorme importância para demonstrar de forma prática, como

a utilização dos estudos voltados à Gestão de Logística pode diminuir os custos com

suprimento, armazenagem e movimentação de material.

O objetivo do estudo é identificar os problemas existentes no processo logístico do

hospital e sugerir soluções para diminuição dos custos. A estrutura moderna do setor logístico

tem facilitado a visualização do processo e integrando todos os setores responsáveis. Essa

integração é importante para maior agilidade do processo com melhor qualidade na

visualização dos problemas.

O uso das ferramentas de controle de estoque ajuda a medir o melhor momento para

compra, visualização dos níveis de estoque e a melhor política de estoque, tudo isso para

diminuir os custos operacionais com estoque e distribuição logística.

Page 2: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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2. ESTRUTURA LOGÍSTICA

Segundo Pozo (2002), as três atividades: Transportes, Manutenção de estoque e

Processamento de pedidos, são fundamentais para cumprir a missão da organização. Por isso,

sob uma única gerência, com a responsabilidade e atividade em comuns, a estrutura das

atividades logísticas apresenta melhores resultados.

Como exemplo, o autor a apresenta seguinte estrutura abaixo para mostrar as

responsabilidades e objetivos comuns em atividades logísticas nas organizações:

Materiais – Armazenagem e manuseio de mercadorias são componentes essenciais do

conjunto de atividades logísticas. Seus custos podem absorver de 10 a 40% das despesas

logísticas de uma firma, diz Pozo (2002).

Compras – a visão moderna de compras está relacionada com o sistema logístico

empresarial, como atividades-pares envolvidas em ações estreitamente homogêneas, e essas

atividades estão voltadas para a finalidade comum de operação lucrativa ou de diminuição de

custos.

Distribuição – o transporte é a atividade mais importante, pois absorva, em média, de

um a dois terços dos custos logísticos.

Page 3: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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Esses fatores demonstram que os setores destacados são importantes para diminuição

dos custos operacionais logísticos da organização e, com isso, leva a utilização e a alocação

dos recursos de forma mais correta.

Page 4: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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3. SETOR DE COMPRAS

A atividade de compras para Viana tem por finalidade suprir as necessidades da

empresa mediante a aquisição de materiais e/ou serviços, emanadas das solicitações dos

usuários, objetivando identificar o mercado as melhores condições comerciais e técnicas.

Já Dias (1995) fala que a função compra é um segmento essencial do Departamento de

Suprimentos, que tem por finalidade suprir as necessidades de materiais ou serviços, planejá-

las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo com as quantidades corretas, verificar

se recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar armazenamento. Ele trata também

o setor de Compras como o responsável pelo controle de estoque, armazenagem, distribuição

dos produtos e serviços. O Controle de estoque é colocado como ponto crucial para a

diminuição dos custos nas organizações.

Pozo (2002) descreve que no processo de compras existem as seguintes atividades:

assegurar descrição completa das necessidades; selecionar fontes de suprimento; conseguir

informações de preço; colocar os pedidos; acompanhar os pedidos; verificar notas fiscais;

manter registros e arquivos; manter relacionamento com vendedores. Este autor ainda destaca

ainda que a visão moderna de compras está ligada ao sistema logístico empresarial como

atividades-pares envolvidas em ações estreitamente homogêneas, voltada para a finalidade

comum de operação lucrativa e posição competitiva de mercado.

3.1. FUNÇÃO DO SETOR DE COMPRAS

Para Dias (1995) diz que a função compra é um segmento essencial do Departamento

de Suprimentos, que tem por finalidade suprir as necessidades de materiais ou serviços,

planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo com as quantidades corretas,

verificar se recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar armazenamento.

Já Pozo (2002) define compras como uma função administrativa, pois nos diversos

estágios de sua interação organizacional tornam-se decisões quanto à quantidade, origem,

custos e credibilidade dos sistemas de fornecimento, tanto interno como externo, sempre

voltada aos aspectos econômicos e estruturais da organização.

Page 5: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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3.2. OBJETIVOS DO SETOR DE COMPRAS

Os objetivos básicos do Setor de Compras conforme Dias podem ser:

Obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de produção;

Coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento que afete

operacionalidade da organização; Comprar materiais e insumos aos menores preços,

obedecendo a padrões de quantidade e qualidade definidos; e procurar sempre dentro de uma

negociação justa e honrada as melhores condições para a organização, principalmente em

condições de pagamento.

Pozo (2002) acrescenta dizendo que o objetivo básico do Setor de Compras é garantir

à empresa a plena satisfação de suas exigências de materiais e produtos necessários a sua

operacionalidade, devendo todos serem negociados e adquiridos aos mais baixos custos,

satisfazendo padrões de qualidade e serviços da organização sem colocar os fornecedores em

situações de incertezas de perdedores, mas sim parceiros.

3.3. GASTO COM COMPRAS

Compras é um excelente e substancial sistema de redução de custos de uma

organização, por meio de negociações de preços, na busca de materiais alternativos e de

incessante desenvolvimento de novos fornecedores, conforme discorre Pozo (2002).

Já para Ballou (2001), a função compras em uma empresa é fundamental, pois

geralmente nas empresas os itens comprados representam de 40% a 60% do valor de venda do

produto final. Isso significa ganhos relativamente pequenos, por isso a função de compras tem

grande impacto nos custos das organizações.

Page 6: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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3.4. CUSTO DE ESTOQUE

O estoque deve ser dimensionado adequadamente as suas necessidades da demanda,

otimizando os recursos disponíveis e minimizando os estoques e custos. Se os estoques forem

mínimos, a empresa poderá usar esse capital para aprimorar seus recursos e, por exemplo, na

compra de novos equipamentos, tornando-se mais eficaz. Até na formação de estoque são

gerados custos, como relata Pozo (2002), citando alguns mais freqüentes como:

Custo de pedido - cada vez que uma requisição ou um pedido de compra é emitido,

incorrem custos fixos e variáveis referentes a esse processo. Portanto, o custo de pedido está

diretamente determinado com base no volume das requisições ou pedidos que ocorrem no

período.

Custo de Manutenção de estoque - A manutenção de estoque é um dos vilões para

altos custos em uma organização, pois com o excesso de estoque, em tempo de crise, isso

pode provocar a faltar de dinheiro no setor financeiro da empresa. Por isso, hoje as

organizações preferem trabalhar com estoques mínimos. Conforme Ballou (2001), o custo

total para a manutenção dos estoques, nas Empresas dos Estados Unidos, gira em torno de

25% do valor médio de seus produtos.

Custo por falta de estoque – Não entregar ou atrasar um produto por falta de um item

causa enormes transtornos ao cliente, provocando até o cancelamento do pedido. E, mesmo

assim, se o cliente não cancelar o pedido, a imagem da empresa estará desgastada e isso tem

um custo muito alto e difícil de medir.

Page 7: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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4. SETOR DE MATERIAIS

4.1. ALMOXARIFADO

Segundo Viana (2002) almoxarifado pode ser definido como o local destinado à fiel

quarda e conservação de materiais, em recinto coberto ou não, adequado a sua natureza, tendo

a função de destinar espaços onde permanecerá casa item aguardando a necessidade de seu

uso.

O Objetivo do almoxarifado é proteger os materiais guardados.

Este autor ainda afirma que e a eficiência de um almoxarifado depende

fundamentalmente da redução das distâncias internas percorridas pela carga e do conseqüente

aumento das viagens de ida e volta; do aumento do tamanho médio das unidades

armazenadas; da melhor utilização de sua capacidade volumétrica. Conforme fala este autor,

podemos resumir as principais atribuições do almoxarifado:

Receber para guardar e proteger os materiais adquiridos pela organização;

Entregar os materiais mediante requisições autorizadas aos usuários da empresa;

Manter atualizados os registros necessários.

Este autor ainda destaca os setores componentes da estrutura funcional do

Almoxarifado, que são:

4.1.1. CONTROLE

O controle dos estoques depende de um sistema eficiente, o qual deve fornecer, as

quantidades que se encontram à disposição e onde estão localizadas, as compras em processo

de recebimento, as devoluções ao fornecedor e as compras recebidas e aceitas.

Recebimento

As atividades de recebimento abrangem desde a recepção do material na entrega pelo

Fornecedor até a entrada nos estoques e compreendem os materiais em política de

Page 8: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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ressuprimento e os de aplicação imediata, sofrendo critérios de conferência quantitativa e

qualitativa.

4.1.2. ARMAZENAGEM

A guarda obedece a critérios definidos no sistema de instalação adotado e no layout,

proporcionando condições físicas que preservem a qualidade dos materiais, de conformidade

com o plano de armazenagem, objetivando a ocupação plena do edifício, bem como a

ordenação da arrumação.

4.1.3. DISTRIBUIÇÃO

Os materiais devem ser distribuídos aos interessados mediante programação de pleno

conhecimento entre as partes envolvidas.

4.1.4. DOCUMENTOS UTILIZADOS

Para atendimento de diversas rotinas de trabalho, os seguintes documentos são

utilizados no Almoxarifado: ficha de controle de estoque; ficha de localização; ficha de

assinatura credenciada; comunicação de irregularidades; relatório técnico de inspeção;

requisição de material; e devolução de material.

Page 9: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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4.2. CUSTO DE DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS

Pozo (2002) diz que transportes, para a maioria das organizações, é a atividade

logística mais importante, simplesmente porque envolve, em média, de um a dois terços dos

custos logísticos. Ele diz ainda que, o custo total de distribuição é a avaliação de todos os

custos que envolvem um produto, desde a armazenagem até a chegada ao cliente.

Por outro lado, Viana (2002) fala que a Distribuição é a atividade por meio da qual a

empresa efetua as entregas de seus produtos, estando, por conseqüência, intimamente lidada a

movimentação e a transporte. Diz ainda que a necessidade de se possuir um bom sistema de

controle de custos na distribuição física é conseqüentemente de duas determinantes básicas:

A distribuição física representa uma despesa, ou seja, não agrega nenhuma melhoria

ou valor ao produto, porém, seus custos que consomem certa percentagem do valor das

vendas. Sendo assim, Viana classifica a distribuição de mercadorias em:

Distribuição interna:

São as distribuições de produtos feitas dentro das organizações.

Distribuição externa:

São aquelas distribuições feitas fora das organizações.

Page 10: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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5. CONTROLE DE ESTOQUE

Viana (2002) afirma que o gerenciamento de estoque reflete quantitativamente os

resultados obtidos pela empresa ao longo do exercício financeiro, o que tende a ter sua ação

concentrada na aplicação de instrumentos gerenciais baseados em técnicas que permitam a

avaliação sistemática dos processos utilizados para alcançar as metas desejadas. Diz ainda que

os estoques são recursos ociosos que possuem um valor econômico, os quais representam um

investimento destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes.

Entretanto, a formação de estoques consome capital de giro, que pode não estar tendo nenhum

retorno do investimento efetuado e, por outro lado, pode ser necessitado com urgência em

outro seguimento da organização. Por isso a gestão de estoque é tão importante.

Os conceitos de estoque, de consumo e de demanda, para o autor podem ser:

Estoque – materiais, mercadorias ou produtos acumulados para utilização posterior, de

modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das

atividades da empresa, sendo o estoque gerado pela impossibilidade de prever-se a demanda

com exatidão.

Consumo – Quantidade de material requerido para o atendimento das necessidades,

relacionada a determinada unidade de tempo.

Demanda – Caracteriza-se a intenção de consumo e tem o objetivo básico de fazer

previsões, levando-se em considerações dos aspectos relevantes, quais sejam sua evolução

histórica e seus afastamentos, que podem ser identificados analisando-se tipos de funções da

própria demanda.

São utilizados os seguintes parâmetros e modelos matemáticos de ressuprimento para

o controle de estoque segundo o autor:

EM – Estoque máximo - Quantidade máxima de estoque permitida para o material.

ES – Estoque de segurança - Quantidade mínima possível capaz de suportar um tempo

de ressuprimento superior ao programado ou um consumo desproporcional.

K – Fator de segurança - O fator de segurança é função da importância operacional e

do valor de consumo.

ER – Estoque real - Quantidade de material existente em estoque no almoxarifado da

empresa.

Page 11: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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EV – Estoque virtual - Estoque real acrescido das quantidades de encomendas em

andamento.

EC – Estoque de cobertura - Relação entre estoque e consumo, indicando por quanto

tempo o estoque suportará o consumo sem que haja reposição.

NR – Nível de reposição - Quantidade que ao ser atingido pelo estoque virtual em

declínio, indica-se o momento de ser providenciada a emissão do pedido de compra para

reposição normal do material.

TR – Tempo de ressuprimento - Intervalo de tempo compreendido entre a emissão do

pedido de compra e o efetivo recebimento, gerando a entrada do material no estoque.

PR – Ponto de ruptura - É o ponto em que o estoque torna-se nulo. Ocorre quando o

consumo faz com que o estoque chegue a seu nível zero e continua a demanda de material.

IC – Intervalo de cobertura - Intervalo de tempo, em meses, programado para duas

compras consecutivas, para o qual se pretende cobrir o consumo com a quantidade de uma

aquisição.

QC – Quantidade a comprar - Quantidade de material otimizada solicitada para

aquisição, quando atingido o nível de reposição e prevista para consumo durante o intervalo

de cobertura.

CMM – Consumo médio mensal - Valor médio dos diversos consumos verificados em

uma unidade de tempo.

IR – Índice de rotatividade do estoque - Indica quantas vezes o estoque foi renovado

no ano, calculado pelo quociente entre a somatória dos consumos e o valor médio (V) dos

estoques no período considerado.

5.1 POLÍTICAS DE ESTOQUE

Viana (2002) relata que o ideal almejado é o “estoque zero”, ou seja, transportar para o

fornecedor todos os encargos advindos de sua manutenção, como capital imobilizado,

edifícios para armazenagem, máquinas, equipamentos, acessórios, funcionários etc. As

técnicas japonesas possibilitam a implantação dessa política, à medida que se estabelecem

parcerias entre clientes e fornecedores, com vantagens para ambas as partes.

Page 12: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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5.1.1. JUST IN TIME

Just in time é a produção na quantidade necessária, no momento necessário, para

atender à variação de vendas com o mínimo de estoque em produtos acabados, em processos e

em matéria-prima. Trata-se de filosofia de manufatura baseada na eliminação de toda e

qualquer perda e desperdício por meio da melhoria contínua da produtividade.

5.1.2. KANBAN

Técnica japonesa de gestão de materiais e de produção no momento exato, ambas

controladas por meio visual e auditivo. Trata-se de um sistema de “puxar” no qual os centros

de trabalho sinalizam com um cartão, como exemplo, que desejam retirar peça das operações

de alimentação entre o início da primeira atividade até a conclusão da última, em uma série de

atividades.

5.2. INVENTÁRIO FÍSICO

O inventário físico é conceituado para Viana (2002) como uma contagem periódica

dos materiais existentes para efeito de comparação com os estoques registrados e

contabilizados em controle da empresa, a fim de se comprovar sua existência e exatidão. O

autor elucida descreve os seguintes tipos de Inventários rotativos:

Inventário automático – trata-se de solicitação em sistema para inventário item a item,

mediante a ocorrência de qualquer dos seguintes eventos indicadores de possível divergência

e que também visem garantir a confiabilidade de estoque de materiais vitais.

Inventário Programado – trata-se de solicitação em sistema para inventário por

amostragem de itens, em períodos estabelecidos.

Inventário a pedido – trata-se de input para solicitação em sistema para inventário item

a item por interesse dos órgãos de administração de materiais e de controladoria.

Page 13: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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6. ESTUDO DE CASO - HOSPITAL SOROCABA SUL

O Hospital Sorocaba Sul é um hospital médio para 200 leitos, situado no eixo

Sorocaba – Campinas - SP, e tem um orçamento anual de R$ 10 milhões e possui 800

funcionários. Ele oferece os serviços médicos e cirúrgicos típicos de um hospital, além de

alguns projetos de pesquisa em medicina e programas educacionais. Atua com um

investimento de R$ 200.000,00 em estoques para atender e apoiar suas atividades e compras

de R$ 2milhões em materiais anualmente, que corresponde a cerca de 25% dos custos totais,

com aproximadamente 10 mil ordens de compra. Afirma Pozo (2002).

Gastos em relação ao Orçamento anual.

Valor Comparação em %

R$ 10.000.000,00 Orçamento total do Hospital

R$ 2.000.000,00Valor total de compra de materiais por ano, 20% do valor total

do orçamento do Hospital

R$ 200.000,00Valor do estoque – 2% do valor total do orçamento e 10% do

valor total de compras.

6.1. A ESTRUTURA DO DEPARTAMENTO DE LOGÍSTICA.

A organização de administração de materiais do hospital Sorocaba Sul é composta de

três departamentos: compras, materiais e serviços centrais. Eles estão integrados no

departamento de logística, cuja missão é balancear e coordenar todas as funções da área, de

forma que atinja serviço de alta qualidade ao mínimo custo. O departamento concentra-se na

eficiência de transporte e processamento por meio da integração de funções e do

conhecimento do custo total dos itens fornecidos aos pacientes, incluindo compras, recepção,

armazenagem e disposição final. Diz Pozo (2002).

Page 14: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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O trecho do Estudo de Caso a estrutura do Hospital Sorocaba Sul destaca a seguinte

forma de estrutura do departamento:

O hospital é fornecedor de serviços e não de produtos. Portanto, ele necessita de

material para o funcionamento, mas não para a venda. Por isso, o setor de logística trabalharia

melhor com apenas três setores no Departamento de Logística com as seguintes

nomenclaturas: Setor de Compras, Setor de Materiais e Setor de Distribuição.

A sugestão para a estrutura logística do Hospital Sorocaba Sul no Estudo de Caso,

segue conforme figura abaixo:

Podemos perceber que o Setor de Serviços Gerais tem a função de distribuição dos

materiais descartáveis comprados pelo o hospital. Portanto, consideramos que o setor de

Page 15: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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serviços gerais não apresenta qualquer influência para a área logística do hospital por não

fazer atender suas funções. Deste modo, sugerimos que o setor serviços gerais seja

remanejado para outro departamento e a criação de um novo setor que se chamará: setor de

distribuição. E, com essa nova estrutura e função, o setor dará uma maior dinâmica na

distribuição dos materiais aos outros departamentos.

Os departamentos terão as seguintes funções de acordo com as definições de Pozo

(2002):

Setor de Compras – Tem a responsabilidade por suprimento e estará subordinada ao

gerente de logística.

Setor de Materiais – Armazenagem e manuseio de mercadoria são componentes

essenciais do conjunto de atividades logísticas.

Setor de Distribuição – O transporte é considerado um elemento importante para a

economia da organização, senão o mais importante do custo logístico das organizações.

6.2. SETOR DE COMPRAS DO HOSPITAL

O setor de compras é a principal área de atividade da logística no hospital, pois, como

colocado anteriormente, os gastos com compras somam quase um quarto dos custos

operacionais. As compras são feitas diretamente dos fornecedores. Apesar de os custos de

estoques aumentarem, os benefícios de comprar antes dos aumentos de preços compensam

estes custos adicionais de manutenção de estoques. Com o grande número de ordens

processadas anualmente, o computador do hospital controla os níveis de compra

automaticamente, como discorre Pozo (2002).

Para o Hospital, o setor de compras é o mais importante, pois detém 20% do valor

total do orçamento do hospital. Nesse caso, percebemos que a compra é necessária devido à

grande quantidade de pedidos efetuados pelos setores e departamentos. A quantidade de

10.000 ordens emitidas por ano confirma esse fato.

No entanto, comprar tem um custo. Cada vez que uma requisição ou um pedido de

compra é emitido, incorrem custos fixos e variáveis referentes a esse processo. Portanto, o

custo de pedido está diretamente determinado com base no volume das requisições ou pedidos

que ocorrem no período, elucida Pozo (2002) em seu texto. Portanto, quando falamos de

Page 16: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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10.000 emissões de ordem de compra os custos com compras deve ser multiplicado por

10.000.

Contudo, a quantidade de ordem de compra deve ser diminuída, pois os custos são

diretamente proporcionais à quantidade compras. Ou seja, quanto mais emissão de pedido,

mais a empresa aumentará seus custos. Para que haja diminuição na quantidade de pedidos,

faz-se necessário a diminuição de custo de materiais e distribuição. Esses são temas que ainda

serão discutidos no estudo de caso.

6.3. SETOR DE MATERIAIS

O setor de materiais é responsável pelas funções de recepção e armazenagem, assim

como da entrega do material às enfermarias. Esse setor é responsável por 60% dos

investimentos totais em estoques. Sabemos que em organizações hospitalares, também

existem estoques departamentais próprios, fora do controle da Logística. Nesse caso, outros

departamentos mantêm e controlam cuidadosamente estoques para seus depósitos. Os níveis

de estoques são controlados conforme métodos científicos e registros computadorizados.

O setor de materiais tem cerca 2% do orçamento total e 10% dos custos logísticos do

hospital. Porém, é importante destacar que o setor tem 60% dos investimentos totais em

estoque. Isso significa que 40% todos os materiais utilizados no hospital estão estocados em

outros departamentos e sem o controle de estoque. Isso esclarece o fato do texto informar que

existem estoques departamentais próprios que estão fora do controle logístico.

A grande quantidade de estoque descentralizado e sem controle pode provocar o

desperdício e a perda de materiais que seria destinado ao uso do hospital. Por isso, será

necessário um maior controle dos estoques, pois como afirma Pozo (2002), o custo de

manutenção de estoque é um dos vilões para altos custos em uma organização, pois com o

excesso de estoque, em tempo de crise, isso pode provocar a faltar de dinheiro no setor

financeiro da empresa. Por isso, hoje as organizações preferem trabalhar com estoques

mínimos. Ballou (2001), diz ainda que o custo total para a manutenção dos estoques, nas

Empresas dos Estados Unidos, gira em torno de 25% do valor médio de seus produtos.

Por tanto, é imprescindível, também, a controle e a disponibilidade do estoque como

forma de economia dos gastos com materiais no setor logístico.

Page 17: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

19

Contudo, a falta de material nos departamentos pode gerar a grande quantidade de

estoque descentralizado, fora do controle logístico do hospital. Logo, será necessária uma

distribuição mais dinâmica e sem falhas para que não haja ruptura de materiais em seus

departamentos.

6.4. SETOR DE DISTRIBUIÇÃO

O setor de serviços gerais não tem muita interferência em volume e custos de materiais

comprados e estocados. Atualmente, a área de lavanderia está subordinada à Logística em

razão de o hospital estar passando a utilizar cada vez mais materiais descartáveis no lugar

daqueles que eram lavados anteriormente, como discorre pozo (2002).

Para evitar desperdício e perda de material nesse setor, ele terá um papel fundamental

da queda dos custos hospitalar. O setor terá que utilizar ferramentas de controle de estoque e

melhor o manuseio e a movimentação de cargas que provocará a diminuição dos custos.

O setor antes chamado de Serviços Gerais, agora passara a ser chamado setor de

Distribuição e terá a responsabilidade pela movimentação e controle da reposição dos

departamentos. O autor diz ainda que transporte, para a maioria das organizações, é a

atividade logística mais importante, simplesmente porque envolve, em média, de um a dois

terços dos custos logísticos. Ele diz ainda que, o custo total de distribuição é a avaliação de

todos os custos que envolvem um produto, desde a armazenagem até a chegada ao cliente.

Como ferramenta de controle de estoque, o hospital utilizará a Curva Dente de Serra, que terá

como função verificar níveis de estoques para que não seja necessário aumentar a quantidade

de pedidos e nem exceder a quantidade a ser comprada.

O enorme valor para movimentar e distribuir, de forma correta e sem o desperdício,

será importante utilizar filosofias japonesas para conciliar perfeitamente tal situação.

O setor logístico trabalhará integrado utilizando as filosofias japonesas como políticas

de estoque em prol da diminuição dos custos. O just in time tem como base a diminuição do

desperdício de material com a verificação de layouts e nos estoques e sua distribuição exata

em outros setores e departamentos para aumentar a competitividade, como forma de

maximizar os recursos e oferecer produtos e serviços de melhor qualidade ao cliente.

Page 18: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

20

Mas, para isso, é necessário implantar o modelo Kanban, que é a técnica japonesa de

gestão de materiais e de produção no momento exato, ambas controladas por meio visual e

auditivo. Trata-se de um sistema de “puxar” no qual os centros de trabalho sinalizam com um

cartão.

Essas políticas de estoque são baseadas no conceito “estoque zero”, na qual planeja a

diminuição dos estoques e das perdas e o máximo de exatidão na disponibilidade e no

transporte.

6.5. APLICAÇÃO

O método utilizado para distribuição de materiais será o Kanban. Neste caso, como

existem alguns departamentos com pequenos estoques, serão necessários controle e

diminuição dos materiais existentes nesses estoques para efetivar o modelo a ser utilizado.

Será necessário organizar toda a cadeia logística interna de forma correta utilizando o método

Kanban no setor logístico. A responsabilidade pelo transporte do material será do Setor de

Distribuição. O material será transportado até o cliente interno e, ao mesmo tempo em que a

pessoa faz a entrega da mercadoria, percebe visualmente o que está faltando no referido

departamento, passa a informação ao estoque no qual fará a solicitação de compra para o setor

de compras que, por sua vez, fará a compra do material faltante.

Esse processo dará uma melhor visualização do material nos departamentos e

propiciará diminuição nos estoques e diminuição na quantidade de pedidos. O Modelo a ser

utilizado no processo será o Kanban de requisição.

No entanto, é muito importante também olhar para o material humano que está

trabalhando nos setores do Departamento Logístico, pois deverão estar empenhados com a

filosofia Just in time. Caso contrário, a implantação das políticas não terá o efeito desejado.

Com a aplicação das políticas de Just in time e Kanban, os processos no na cadeia logística do

hospital tornar-se-á mais eficiente e eficaz a utilização dos recursos. Abaixo, figura que

mostra como deve ser utilizado o modelo Kanban:

Page 19: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

21

Com a mudança no modelo logístico o hospital terá mudanças bastante significativas

no Departamento Logístico, como abaixo:

Setor de Distribuição – com a eficiência na distribuição dos materiais hospitalares em

tempo hábil e no momento certo, ocorrerá a diminuição nos custos advindos do transporte,

manuseio e armazenamento de materiais.

Setor de Estoque – essa eficiência no ressuprimento dos materiais por parte do setor de

distribuição aos clientes, tornará o estoque mais real, evitando o estoque em outros

departamentos sem o controle do setor. A concentração de material no estoque fará com que o

controle seja mais fácil e seguro.

Setor de Compras – com a eficiência de transporte e controle no estoque, a tendência é

que a quantidade na emissão dos pedidos diminua e o tempo de ressuprimento seja mais perto

possível do momento certo. Conseqüentemente o hospital terá diminuição no custo de pedido,

no custo de estoque e no custo de transporte.

Page 20: Estudo de Caso Hospital Sorocaba Sul

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CONCLUSÃO

O Hospital Sorocaba Sul tem a estrutura logística comum a algumas empresas

existentes no Brasil. Isso mostra que ainda existem empresas no país que podem melhorar

seus ganhos e diminuir seus custos com o estudo da cadeia e do processo logístico. O Estudo

de Caso nos deu oportunidade de pesquisar todos os assuntos pertinentes a logística das

organizações. Foi importante também perceber que mesmo as organizações que não

trabalham com vendas de produtos e mercadorias podem ser abraçadas pela logística no

intuito de controlar seus custos.

Para tanto, no estudo de caso, verificamos que o estoque tem função importante no

controle dos níveis para que não haja ruptura. O suprimento de mercadorias deve ser feito

atendendo as exigências dos clientes e em tempo hábil. E a distribuição exata e de forma que

ocorra diversos feedback’s para que o estoque e o suprimento estejam prontos para atendê-los.

Todo esse contexto não seria possível se a filosofia do Just in Time não estivesse

presente no mundo. A vontade incessante de melhorar os processos e atender no momento

certo e na quantidade correta, sem que aconteças perdas ou desperdícios, é o que move os

gestores a melhorar, de forma contínua, os processos, utilizando conhecimento e tecnologia.

As mudanças ocorrem de forma muito rápida, os clientes mudam na mesma velocidade.

Clientes esses que são considerados Reis pela política de Marketing e Endomarketing, é uma

das filosofias que integram o modelo JIT.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAS, Marco A. P. Administração de materiais: Uma abordagem logística. 4. Ed. São

Paulo: Atlas, 1993.

POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem

logística. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Viana, João José. Administração de Material: Um Enfoque Prático. 2.ed. São Paulo:

Atlas,2002