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Mariana da Silva Hamacher LOGÍSTICA EMPRESARIAL ESTUDO DE CASO DA LOGÍSTICA DE UM ABATEDOURO DE AVES Rio de Janeiro 2003

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Mariana da Silva Hamacher

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

ESTUDO DE CASO DA LOGÍSTICA DE UM

ABATEDOURO DE AVES

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

ESTUDO DE CASO DA LOGÍSTICA DE UM

ABATEDOURO DE AVES

OBJETIVOS:

Mostrar a importância da

logística dentro do setor

alimentício através do estudo de

caso de um abatedouro de aves de

médio porte do Rio de Janeiro.

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RESUMO

Abordamos neste trabalho o tema da logística na

indústria alimentícia a qual é um dos poucos segmentos

que não costuma enfrentar problemas econômicos. Com o

aumento da população cada vez mais acelerado, torna-se

necessário o aumento da produção de alimentos.

Entretanto, com o aumento da pobreza a população

tende a procurar alimentos mais baratos. Com isso o

setor avícola tem se destacado mais, uma vez que a carne

bovina é mais cara do que carne de frango.

É importante lembrar que o aumento da necessidade

de alimentos não garante a sobrevivência de nenhuma

empresa do setor. Logo, para se manter firme num

mercado tão competitivo é preciso estar sempre preocupado

com a concorrência, a qualidade dos produtos, a qualidade

dos serviços e principalmente com a satisfação de

clientes.

A logística, que se tornou importante em meio à

revoluções, guerras e doenças, hoje em dia é uma das

áreas que está em maior evidência no setor da indústria.

Com o avanço tecnológico, o aumento de produção, a

distância entre o campo e a indústria e a exigência cada

vez maior sobre os serviços de distribuição, é

indiscutível a necessidade de se melhorar cada vez mais o

setor logístico das empresas, a fim de se manter firme

dentro de um mercado tão competitivo como é o setor

alimentício.

Neste trabalho será mostrado, exemplificado e

comentado diversas partes da logística de uma empresa “X”

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que abate e comercializa frangos no estado do Rio de

Janeiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................06

CAPÍTULO I ............................................09

LOGÍSTICA ............................................10

CAPÍTULO II ...........................................21

O PRODUTO E O TRANSPORTE...............................21

O PRODUTO .............................................22

O TRANSPORTE ..........................................25

CAPÍTULO III...........................................26

ESTUDO DE CASO ........................................27

CONCLUSÃO .............................................33

BIBLIOGRAFIA ..........................................34

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INTRODUÇÃO

A logística existe desde os tempos mais antigos.

Na preparação das guerras, líderes militares desde

os tempos bíblicos, já se utilizavam da logística. As

guerras eram longas e nem sempre ocorriam próxima de onde

estavam as pessoas. Por isso, eram necessários grandes

deslocamentos de um lugar para o outro, além de exigir

que as tropas carregassem tudo que iriam necessitar.

Para fazer chegar carros de guerra, grandes grupos

de soldados e transportar armamentos pesados aos locais

de combate, era necessária uma organização logística das

mais fantásticas. Envolvia a preparação dos soldados, o

transporte, a munição e armas, entre outras atividades.

Durante muitos séculos a logística esteve associada

apenas à atividade militar.

Por ocasião da 2º Guerra Mundial, contando com uma

tecnologia mais avançada, a logística acabou por abranger

outros ramos da administração militar. Assim, a ela

foram incorporados os civis, transferindo a eles os

conhecimentos e a experiência militar.

Podemos dizer que a logística trata do planejamento,

organização, controle e realização de outras tarefas

associadas à armazenagem, transporte e distribuição de

bens e serviços.

No Brasil, por exemplo, os alimentos são

transportados das zonas rurais até os centros urbanos. E

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as mercadorias produzidas nas grandes cidades são levadas

até o campo em geral percorrendo grandes distâncias.

Por ser capaz de promover essa integração, é que o

transporte é a atividade logística mais importante.

Transportar mercadorias garantindo a integridade da

carga, no prazo combinado e a baixo custo exige o se

chama de “logística de transporte”.

A movimentação dos produtos pode ser feita através

de vários modos: rodoviário, marítimo, ferroviário e

aeroviário. A escolha depende do tipo de mercadoria a

ser transportado, das características da carga, da pressa

e principalmente dos custos.

Em nosso país, o modo de transporte de carga mais

utilizado é o rodoviário. Mas é preciso adequar o

equipamento ao tipo de carga a ser transportada.

A característica da carga define o tipo de

transporte a ser empregado. Para a carga a granel, é

preciso uma carreta graneleira e não um caminhão-baú.

Carga líquida só pode ser transportada em caminhão-

tanque. Estas, entre outras, são variáveis que fazem

parte da estrutura logística. São exemplos de sua

aplicação. Porém se a logística não auxiliar na

melhoria de desempenho e na redução dos custos, os

serviços de transportes não serão competitivos.

Conclui-se por todos estes exemplos descritos acima

que o estudo da logística é de extrema importância para o

perfeito funcionamento e crescimento das empresas e para

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a certeza de que os consumidores de qualquer região

estejam satisfeitos.

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CAPÍTULO I

Logística

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Logística

O que é Logística?

“A logística é o processo de gerenciar

estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem

de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de

informações correlatas) através da organização e seus

canais de marketing, de modo a poder maximizar as

lucratividades presente e futura através do atendimento

dos pedidos a baixo custo.” (Christopher, 1992, p.2)

A economia brasileira, ciclicamente, atravessa uma

fase de expansão e recessão industrial associada à alta

inflação, tendendo as empresas a crescer acima de seus

problemas, graças a uma combinação de aumentos de

produção e preços elevados. Essa conjuntura,

entretanto, em certo estágio do desenvolvimento, leva a

uma aproximação dos limites do crescimento econômico, e a

indústria sente o aparecimento simultâneo de vários

problemas graves, entrando em um período de concentração

e declínio econômico. Tradicionalmente, nesse tipo de

circunstância, as empresas voltam-se para o governo,

tentando obter apoio e assistência. Pode-se perguntar,

no entanto, se em vez disso não deveriam considerar a

possibilidade de uma revisão crítica de seus próprios

padrões de operação. Se pudessem eliminar os elementos

ineficientes de sua estrutura e concentrar-se na

melhoria da qualidade de sua operação, é possível que as

políticas adotadas para a sobrevivência a levassem ao

crescimento. (Dias, 1993, p. 11)

Para implantar melhoramentos na estrutura industrial

é necessário dinamizar o sistema logístico, que engloba o

suprimento de materiais e componentes, a movimentação e o

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controle de produtos e o apoio ao esforço de vendas dos

produtos finais, até a colocação do produto acabado no

consumidor. (Dias, 1993, p. 11)

Logística e operações nunca antes desempenharam

papel tão importante nas organizações. Mudanças nas

expectativas dos clientes ou na localização geográfica

continuamente transformam a natureza dos mercados, que,

por sua vez, geram restrições que alteram o fluxo de

mercadorias dentro das empresas. Mudanças tecnológicas e

mercados emergentes abrem novas formas de reorganizar,

adaptar e otimizar o fluxo de matérias-primas, produtos

semi-acabados, produtos acabados, peças de reposição e

materiais reciclados. (Dornier, 2000, p.37)

Tradicionalmente, logística e operações

desenvolveram-se dentro de áreas geográficas, e eram

controladas por uma área funcional (isto é, marketing ou

produção). A gestão do fluxo era definida por esta área

geográfica restrita, e com foco no atendimento das

necessidades da função que a controlava.

Hoje, novas pressões estão mudando as definições e

estruturas utilizadas pelas empresas. Essas pressões

incluem a duplicação de estoques, a incompatibilidade das

infra-estruturas logísticas e a limitada capacidade de

reação individual às mudanças gerais na cadeia de

suprimentos. As novas definições são significativamente

diferentes daquelas que determinavam as antigas

atividades relacionadas ao fluxo físico. Ferramentas

conceituais e gerenciais agora aplicadas à gestão da

distribuição física fornecem interessantes soluções.

Estas ferramentas refletem uma nova visão de logística e

operações globais. (Dornier, 2000, p.38)

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Três principais forças estão na raiz dessa evolução:

1. A integração de funções internas - incluindo a

gestão da distribuição física, marketing,

manufatura etc. – ao longo da corporação

2. A cooperação crescente entre as áreas de

logística e operações de diferentes elos na

cadeia de suprimentos (integração setorial).

3. A busca por melhorias na integração geográfica,

que vai além das tradicionais áreas de atividade

econômica para abranger o mundo inteiro como

fonte potencial de clientes, conhecimento,

tecnologia, matérias-primas, e assim por diante.

O aumento no fornecimento de produtos e a melhoria

na gestão do ciclo de vida do produto podem apenas ser

realizados mediante a cooperação interfuncional. Aqueles

que trabalham em marketing, pesquisa e desenvolvimento,

produção e compras reconhecem que pensar em termos da

gestão logística e de operações permite-lhes identificar

mais facilmente conflitos ou gargalos na implementação

das idéias. Assim, gerentes dessas áreas começaram a

buscar ferramentas gerenciais que promovessem melhor

interface entre a manufatura/marketing tradicionais e a

logística. O projeto e a introdução de novos produtos, a

retirada de produtos do mercado, o lançamento de

campanhas promocionais, a definição de políticas de pós-

venda, a definição de níveis de desempenho em serviços

são apenas algumas das potenciais áreas de cooperação

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entre logística e outras áreas funcionais da empresa.

(Dornier, 2000, p. 38)

O gerenciamento logístico pode proporcionar uma

fonte de vantagem competitiva – em outras palavras, uma

posição de superioridade duradoura sobre os concorrentes,

em termos de preferência do cliente, pode ser alcançada

através da logística.

As bases do sucesso no mercado são muitas, mas um

modelo simples é baseado na trilogia: companhia, seus

clientes e seus concorrentes – os três “Cs”.

(Christopher, 1992, p.3)

A fonte da vantagem competitiva é encontrada,

primeiramente, na capacidade de a organização

diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos do cliente

e, em segundo lugar, pela sua capacidade de operar a

baixo custo e, portanto, com lucro maior. (

Cristopher,1992, p3)

As companhias bem sucedidas ou têm vantagem pela

alta produtividade, ou têm vantagem de “valor”, ou uma

combinação das duas. A vantagem de produtividade

proporciona um perfil de custo mais baixo e a vantagem de

valor proporciona ao produto ou à oferta um diferencial

“extra” sobre as concorrentes.

Vantagem em Produtividade

Entre muitas indústrias, haverá um concorrente que

será o produtor a baixo custo e, com freqüência, este

concorrente terá os maiores volumes de vendas no setor.

Existe evidência substancial para insinuar-se que o

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“grande é belo” quando redunda em vantagem de custo.

Isto é parcialmente devido as economias de escala, que

permitem uma diluição de custos fixos com um volume maior

de produção, porém mais particularmente pelo impacto da

“curva da experiência”

Segundo Christopher, 1992, p.4, a curva da

experiência representa a relação entre os custos reais

por unidade e o volume acumulado. Além disso, é

geralmente reconhecido que este declínio de custos

somente é aplicado ao “valor agregado”, ou seja, custos

que não sejam aqueles dos materiais comprados.

Figura 1.1 Curva da experiência

Tradicionalmente, aventava-se que o principal meio

de redução de custos era a obtenção de maiores volumes de

vendas, e não pode haver qualquer dúvida sobre a forte

associação que existe entre a participação relativa de

mercado e os custos. Entretanto deve-se também

reconhecer que o gerenciamento logístico pode

proporcionar um grande número de maneiras para aumentar a

eficiência e a produtividade e consequentemente,

contribuir significativamente para a redução dos custos

unitários. (Christopher, 1992, p.4)

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Vantagem em Valor

Um antigo axioma em “marketing” diz que “os clientes

não compram produtos, eles compram satisfação”. Em

outras palavras, não se compra o produto pelo que ele é,

mas pela promessa do que ele “proporcionará”. Estes

benefícios podem ser intangíveis, quer dizer, eles se

relacionam não com as características específicas do

produto, mas com outras coisas, tais como a imagem ou a

reputação. Alternativamente, o desempenho oferecido pode

ser melhor do que seus rivais em algum aspecto funcional.

(Christopher, 1992, p.5)

A não ser que o produto ou serviço que se oferece

possa ser diferente, de algum modo, de seus concorrentes,

existe uma probabilidade de que o mercado o veja como um

“commodity” e, desta forma, a venda tenderá a ser feita

pelo fornecedor que vende a preços mais baixos. Daí a

importância de procurar proporcionar um valor adicional à

oferta, para torná-la diferente da concorrência.

(Christopher, 1992, p.5)

O desenvolvimento de uma estratégia baseada em

valores adicionados normalmente exigirá uma abordagem

mais segmentada do mercado. Quando uma companhia examina

os mercados atentamente, freqüentemente descobre que

existem “segmentos de valor” distintos. Em outras

palavras, grupos de clientes, num dado mercado, atribuem

importâncias distintas a benefícios diferentes. A

importância desta segmentação de benefícios é que

geralmente existem oportunidades substanciais para a

criação de apelos diferentes para segmentos específicos.

(Christopher, 1992, p.5)

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Tomando o frango como exemplo: com o frango são

feitos diversos produtos específicos que atendem a

segmentos específicos. Logo é possível atender a um

segmento que procura por produtos mais baratos como o

frango inteiro e partes menos nobres do frango e também a

outro segmento que procura apenas partes mais nobres do

frango como filé de peito, coração etc. Entre as duas

extremidades encontra-se uma variedade de opções, cada

uma procurando satisfazer as exigências de diferentes

“segmentos de benefícios”. A adição de valor através da

diferenciação é um meio poderoso de se alcançar uma

vantagem defensável no mercado.

O serviço é um instrumento igualmente poderoso de se

adicionar valor. Os mercados estão se tornando cada vez

mais sensíveis aos serviços e isto, é claro, apresenta

desafios particulares para o gerenciamento logístico. Em

muitos mercados existe uma tendência para o declínio da

força da “marca” e, como conseqüência, um deslocamento

para o estado de mercado de “commodity”. Isto significa

que está ficando cada vez mais difícil competir somente

na base da marca ou da imagem da corporação.

Adicionalmente, existe uma crescente convergência da

tecnologia dentro das categorias de produtos, o que

significa que não é mais possível competir eficientemente

com base nas diferenças entre os produtos. Daí a

necessidade de procurar a diferenciação através de outros

meios além da tecnologia. Muitas companhias têm

respondido a esta necessidade, enfocando os serviços como

caminho para se alcançar a dianteira competitiva. Neste

contexto, o serviço está relacionado ao processo de

desenvolvimento de relações como os clientes através da

disponibilidade de uma oferta incrementada. Este

incremento pode tomar várias formas, incluindo se o

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serviço de entrega, serviço pós-venda, pacotes

financeiros, apoio técnico e assim por diante. O que

encontramos na prática é que as companhias bem sucedidas

freqüentemente procuraram alcançar uma posição baseada

tanto na vantagem em produtividade com na vantagem em

valor. Um modo útil de examinar as opções disponíveis é

apresentá-las como uma matriz simples (ver a Figura 1.2)

Considerando –se cada opção separadamente.

Figura 1.2 A logística e a vantagem competitiva

Para as companhias que se encontram no canto

inferior esquerdo da nossa matriz (Figura 1.2), o mundo é

um lugar desconfortável. Seus produtos não são

diferenciados dos produtos de seus concorrentes e elas

não tem vantagem em custo. Estas situações são típicas

no mercado de “commodities” e, finalmente, a única

estratégia é deslocar-se para a direita matriz, ou seja,

para a liderança de custos, ou para cima, para um

“nicho”. Freqüentemente a via da liderança de custos

simplesmente não está disponível. Este é o caso

particular de um mercado maduro, em que é difícil

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alcançar ganhos substanciais de participação de mercado.

A tecnologia nova pode, algumas vezes, proporcionar uma

janela de oportunidade para a redução de custo, mas a

mesma tecnologia estará disponível, com freqüência, para

os concorrentes. A liderança de custos, para formar a

base de uma estratégia de “marketing” viável, de longo

prazo, deve ser ganha essencialmente no início do ciclo

de vida do produto. Este é o motivo pelo qual a

participação de mercado é considerada tão importante em

muitas industrias. O conceito de “curva da

experiência”, brevemente descrito anteriormente, mostra o

valor dos ganhos de participação em relação a seus

concorrentes, menores serão seus custos. Esta vantagem

em custos pode ser usada estrategicamente para assumir

uma posição de liderança de preços e, se oportuno,

impossibilitar a sobrevivência de concorrentes cujos

custos são maiores. Alternativamente, os preços podem

ser mantidos de modo a possibilitar um lucro acima da

média, o que é potencialmente exeqüível para a

posteriormente alavancar a posição do produto no mercado.

Outra maneira de sair do quadrante “commodity” na

matriz é procurar um “nicho” ou segmento onde seja

possível satisfazer as necessidades dos clientes através

da oferta de valores adicionais. Algumas vezes, a

geração de valor adicionado pode não ser conseguida

através de características físicas do produto, mas, como

notamos, podem sempre existir oportunidades para

adicionar valor através de serviços. Por exemplo, uma

empresa do segmento de aço, que se encontra no quadrante

de “commodity”, pode deslocar-se para o quadrante de

nichos, fazendo ofertas de seu estoque, proporcionando

serviços de “acabamento” adicional para seus produtos

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básicos ou concentrando o fornecimento de uma gama de

aços especiais para segmentos específicos.

O que parece ser uma regra estabelecida é que não

existe um campo médio entre a liderança de custos e o

“marketing” de nichos. Permanecer neste campo que medeia

os dois quadrantes, isto é, não ser o líder de custos nem

um fornecedor de valor adicionado baseado em nichos

geralmente é um mau negócio.

Talvez a posição mais defensável na matriz seja o

canto direito superior. As companhias que ocupam esta

posição têm produtos que são diferenciados nos valores

que elas oferecem e são também competitivas nos custos.

Muitos produtos japoneses, principalmente nos mercados de

consumo, certamente alcançaram esta posição, que

permanece firme, num “plano elevado”, dificultando

extremamente o ataque dos concorrentes. A Figura 1.3

apresenta com clareza o desafio estratégico para a

logística: procurar estratégias que deslocarão o negócio

da extremidade do mercado de “commodity” para uma posição

mais segura de poder, baseada na diferenciação e na

vantagem de custos. (Christopher, 1992, p.6)

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Figura 1.3 Objetivo estratégico da logística de

“marketing”

Segundo Christopher, 1992, p 220, existem cinco

áreas importantes onde as mudanças de paradigmas são

importantes:

1) De funções para processos

2) De lucro para lucratividade

3) De produto para clientes

4) De transações para relacionamentos

De estoque para informações

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CAPÍTULO II

O produto e o transporte

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O Produto

Toda logística gera em torno do produto. Suas

características freqüentemente moldam a estratégica

logística necessária para deixar o produto disponível

para o cliente. Compreender a natureza do produto pode

ser valioso para o projeto do sistema logístico mais

apropriado. O produto também é elemento sobre o qual a

logística exerce controle apenas parcial. Por isso

mesmo, é importante compreender sua natureza (Ballou,

1993, p. 94)

Classificações amplas para produtos podem sugerir

estratégias logísticas. Uma categorização tradicional

divide produtos em bens de consumo e bens industriais. Os

bens de consumo são classificados em: - bens de

conveniência, bens de comparação e bens de uso especial.

(Ballou, 1993 p. 95)

Os bens de conveniência são aqueles comprados

freqüentemente e de forma imediata com pouca pesquisa de

loja. Casos típicos são saponáceos, itens de tabacaria e

muitos produtos alimentícios. Estes produtos geralmente

exigem ampla distribuição por intermédio de muitos pontos

de venda. Em geral, os custos de distribuição são

elevados, em termos de porcentagem dos custos de venda.

(chegando a um terço). O nível de serviço deve ser

elevado para encorajar um grau razoável de preferência

por esses bens.

Os bens de comparação são aqueles que os

consumidores preferem pesquisar em diferentes lojas e

fazer comparações. Os clientes muitas vezes visitam

muitos locais, comparando preços, qualidade e desempenho,

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fazendo a compra somente após deliberação cuidadosa.

Produtos típicos nesta categoria são roupas de moda,

automóveis e itens de mobiliário. Custos de distribuição

(15% da receita de vendas) é algo menor neste caso. Não

é preciso distribuição de produto tão ampla também.

(Ballou,1993, p.95)

Segundo Ballou, os bens de uso especial são aqueles

cujos compradores costumeiramente despendem esforços

significativo para ir comprá-los. Procuram marcas ou

categorias particulares mercadorias. Exemplos abrangem

todo tipo de bens, desde alimentos finos até automóveis

feitos sob encomenda. Os custos de distribuição física

podem ser os menores de qualquer categoria de produto.

Já os bens industriais são aqueles dirigidos a

indivíduos ou organizações que os utilizam para produzir

outros produtos ou serviços.

O frango é um produto perecível e logo pode ser

classificado como um bem de conveniência, ou seja, um

produto comprado sem muita pesquisa e caso uma

determinada marca não seja encontrada, o consumidor não

sai do mercado sem o frango, apenas leva um de uma marca

concorrente. Portanto a logística neste caso tem que ser

eficiente para que nunca falte produto nos mercados mas

que também não tenha frango em excesso uma vez que o

mesmo tem um prazo de validade curto no caso do frango

fresco ou resfriado. A logística então tem que estar

quase que diariamente repondo todos os mercados e

portanto seu custo no caso de bens de conveniência torna-

se uma despesa grande para a empresa. Aí está o

diferencial. Mesmo o custo sendo elevado quando se tem

uma frota própria numa empresa de bens de conveniência,

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como é o caso do abatedouro “X”, pode-se ter grandes

vantagens devido ao fato de se garantir uma entrega

rápida , tão logo o pedido seja feito. O abatedouro “X”

é uma empresa que atende somente ao estado do Rio de

Janeiro. É uma empresa pequena quando comparada aos

outros abatedouros que atendem à todo o Brasil.

Entretanto, por atender somente uma certa região do país

e por estar localizada num grande centro urbano a empresa

tem algumas vantagens. Um exemplo claro dessa situação

vantajosa pode ser observado quando clientes importantes

como supermercados querendo fazer promoções ou grandes

cozinhas industriais precisam de uma determinada

quantidade de produto com um certo grau de urgência.

Nesses casos o cliente pode até preferir um marca “Y” ou

“Z” de frango, mas somente a marca “X” que tem um serviço

logístico bem desenvolvido e está mais próxima do

cliente poderá atender o cliente em questão com a

urgência necessária. Logo pode- se dizer que o nível de

serviço fez a diferença na conquista de um cliente.

Em relação ao produto outra abordagem importante é o

preço. De acordo com Ballou, 1993, p 104, “o preço é um

dos fatores-chave, juntamente com qualidade e nível de

serviço, que, segundo a ótica do cliente, constituem o

produto. Em geral, a logística não é diretamente

responsável pela política de preços. Entretanto, ela tem

influência pela política de preços. Entretanto, ela tem

influência nas decisões de preço, pois este geralmente

tem conotação geográfica e incentivos de preço estão

amarrados com a estrutura de fretes.

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Transporte

O transporte representa o elemento mais importante

do custo logístico na maior parte das firmas. O frete

costuma absorver dois terços do custo logístico.

Quando não existe um bom sistema de transporte, a

extensão do mercado fica limitada às cercanias do local

de produção. A menos que os custos de produção sejam

muito menores que num segundo ponto de produção, a ponto

de a diferença desses custos contrabalançar os custos de

transporte para servir o segundo mercado, não há grande

margem para a competição de mercado ocorrer.

Entretanto, com melhores serviços de transporte, os

custos de produtos postos mercados mais distantes podem

ser competitivos com aqueles de outros produtos que

vendem no mesmo mercado. (Ballou,1993, p114)

Transporte barato também contribui para reduzir o

preço dos produtos. Isto acontece porque, além de sua

influência no aumento da competição no mercado, o

transporte é um dos custos de produção, vendas e outros

que compõe o custo agregado do produto. A medida que o

transporte se torna mais eficiente e oferece melhor

desempenho, a sociedade beneficia-se de melhor padrão de

vida.

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CAPÍTULO III

Estudo de Caso

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ESTUDO DE CASO

A Logística de uma Empresa Avícola “X” - Da criação

e processamento ao consumidor

Nos países em vias de desenvolvimento, as grandes

cidades têm uma expansão de aproximadamente 11% ao ano.

Ao mesmo tempo em que a necessidade de produtos aumenta,

tornam-se maiores as distâncias até as zonas agrícolas.

Tal fato faz por sua vez com que meios de

transporte, equipamentos de refrigeração, embalagens e

outros recursos necessários à distribuição, acompanhe o

avanço tecnológico. O caminho até o consumidor é cada

vez mais longo, à medida que as cidades vão expandindo.

Não somente pelo aumento da população e da urbanização

mas, pela centralização da produção industrial. Os

ganhos obtidos correm o risco de serem absorvidos pelos

prejuízos da distribuição.

Para que a distribuição se possa racionalizar em

grau correspondente, mantendo a qualidade dos alimentos

durante o transporte e armazenagem, exigem-se sistemas

racionais de empacotamento, bem como, embalagens que

evitem a deteriorização dos produtos. Mesmo com os

cuidados exigidos, durante a distribuição e estocagem as

alterações químicas e bacteriológicas continuam a ocorrer

nos alimentos frescos, o que faz diminuir ainda mais o

valor nutritivo e a qualidade dos mesmos.

Torna-se evidente que também nesta fase se necessita

de uma tecnologia que torne possível a transformação de

produtos frescos em produtos frescos de longa duração.

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Quanto mais sensível for o produto mais próximo da cidade

deverá ser produzido ou transportado de forma correta.

No caso de um abatedouro de aves, a cadeia logística

é complexa uma vez que o frango um alimento altamente

perecível, e portanto, seu transporte deve ser feito

levando em consideração diversos cuidados afim de

garantir que o mesmo chegue ao consumidor com boa

qualidade.

A cadeia logística de um abatedouro envolve não só o

transporte do produto até os pontos de comercialização

como também o transporte de frangos vivos das granjas de

criação.

A seguir faremos a descrição detalhada do

funcionamento da logística do abatedouro de aves “X” que

atua somente no estado do Rio de Janeiro.

O abatedouro em questão possui cerca de 1500

funcionários, abate cerca de 145.000 frangos diariamente

em dois turnos ( 21:00 as 06:00hs e 06:00 as 16:18hs) .

A decisão sobre frota própria ou utilizar ativo de

terceiros, é uma das decisões estratégicas mais

importante no transporte. Neste caso, o processo

decisório deve considerar além do custo e da qualidade do

serviço, a rentabilidade financeira das alternativas. A

grande ênfase dada atualmente pelas empresas,

principalmente as de grade porte, na rentabilidade sobre

os investimentos dos acionistas, tem sido um dos

principais fatores a influenciar as empresas na direção

de utilizar terceiros nas suas operações de transporte.

Como a rentabilidade sobre investimentos é o resultado do

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lucro sobre os investimentos do acionista, a maneira mais

rápida de aumentar a rentabilidade, é reduzir os

investimentos dos acionistas, o que pode ser feito

através da utilização de ativos de terceiros, no caso

ativos de transportes. (Ballou,1993 p. 120)

Uma série de características da operação, e do

setor, também contribui para o processo decisório de

propriedade da frota. Dentre estas se destacam: o

tamanho da operação; a competência gerencial interna; a

competência e competitividade do setor; a existência de

carga de retorno; e os modais a serem utilizados.

Quanto maior o tamanho da operação de transporte,

maior a possibilidade de que a utilização de frota

própria seja mais atraente do que a utilização de

terceiros. Em primeiro lugar porque a atividade de

transporte apresenta enormes economias de escala.

Quanto maior a operação, maior as oportunidades de

redução de custos. Segundo porque as operações de

transporte estão ficando cada vez mais sofisticadas em

termos de tecnologia e gestão. Ser pequeno significa ter

pouco capacidade de manter equipes especializadas e de

fazer investimentos contínuos em tecnologia, e em

especial, tecnologias de informação.

No Brasil, existe uma forte tendência de utilização

de terceiros, com poucos investimentos em frota própria.

Mesmo nos casos onde isto não se verifica, a tendência é

combinar frota própria, utilizando também frota de

terceiros para completar sua capacidade. Tal tendência é

fortemente influenciada pelos baixos preços cobrados

pelos transportadores autônomos, o que torna muito baixa

a atratividade de investimentos em frota própria.

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Entretanto há exceções de empresas que tem mais de

50% de frota própria. É o caso da empresa “X” onde cerca

de 70% do frota do abatedouro é própria. O transporte

de frangos vivos das granjas até a empresa é feito

diariamente por 17 carretas terceirizadas. Os motoristas

também não são funcionários do abatedouro. Entretanto

existe um acordo entre a empresa e o prestador de

serviços. Todas as carretas possuem o emblema da empresa

e devem seguir algumas normas da empresa. A empresa é

proprietária das pranchas (que se encaixam nos caminhões)

e o prestador de serviço é o proprietário dos caminhões e

responsável pela manutenção das pranchas e dos

caminhões. O transporte de carga viva é um transporte

que requer cuidados. Qualquer descuido resulta na morte

de frangos e consequentemente em prejuízo para empresa.

Logo o caminho feito pela carretas da granja até a

empresa deve ser o menor possível e em estradas

conservadas. As carretas carregam em média de 7728 a

10304 frangos cada. Cada carreta carregada de frango

deve chegar pelo menos duas horas antes de ser abatida,

para que o frango “descanse” da viagem. Esta medida é

necessária para aumentar a qualidade da carne do frango e

também para se ter uma garantia de que não haverá falta

de frango durante o horário de produção caso ocorra algum

imprevisto com carretas que estejam a caminho da empresa.

Quando as carretas chegam em cima do horário de serem

abatidas, qualquer imprevisto durante a viagem da carreta

seguinte pode ocasionar uma parada na produção o que

certamente vai gerar prejuízo para empresa uma vez que a

mão de obra fica ociosa a espera de frango. Entretanto

as carretas não podem chegar muito antes dos horários

previstos pois não há local de descanso para muitas

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carretas e também para se evitar o mau cheiro que muitas

carretas juntas podem ocasionar.

Após todo o processo de abate o frango já

embalado vai para o setor de expedição onde é mantido em

câmaras frigoríficas com temperatura de – 20º C. É na

expedição que ocorre o carregamento de todos os caminhões

que farão a entrega nos mercados.

O abatedouro possui cerca de 97 caminhões

refrigerados próprios para fazer o transporte do frango.

Todos os dias as 18:00hs a empresa registra todos os

pedidos e cria, de acordo com os pedidos o roteiro para

cada caminhão. Os roteiros são criados com a ajuda de um

software que busca reunir num mesmo caminhão a carga de

todos os pedidos de uma mesma região. Com isso a entrega

é mais rápida e há menos gastos com combustível. Todos

os caminhões são abastecidos na própria empresa que

possui um posto de abastecimento de diesel. Outro detalhe

que deve ser levado em consideração é que não basta

seguir apenas o melhor caminho em termos de geográficos;

é preciso saber também se determinados mercados tem hora

certa para entrega. Geralmente as grandes redes de

supermercados tem um rigoroso esquema para recebimento de

entregas. Além disso, a entrega não é uma ação tão

simples; todas as mercadorias são pesadas na hora do

recebimento. Para que a entrega seja ágil, o

carregamento do caminhão tem que ser feito de maneira que

facilite o seu descarregamento. Ou seja a primeira carga

a entrar no caminhão será a última carga a ser entregue.

Logo, durante o processo de carregamento na expedição

deve-se ter muita atenção para que um erro qualquer não

atrase o tempo de entrega do caminhão no mercado. Outro

problema enfrentado pelos motoristas durante a entrega é

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a falta de lugar para estacionar o caminhão, nem todos os

mercados possuem uma área para descarregamento de

mercadorias. Nesse caso as entregas devem ser feitas bem

cedo ou durante a noite, quando o trânsito não é intenso.

Os caminhões são carregados durante toda a

madrugada e começam deixar a empresa a partir das

05:00hs. Durante a madrugada o setor logístico da

empresa conta com apenas 5 funcionários, 3 manobreiros

que são responsáveis de levar todos os caminhões para

serem carregados na expedição e dois funcionários

responsáveis pela pesagem de todos os caminhões vazios e

carregados. A partir da 04:00hs os motoristas e seus

respectivos auxiliares chegam na empresa, recebem a rota

com os locais de entrega e saem para fazer suas entregas.

A empresa “X” atende somente ao estado do Rio

de Janeiro. As entregas em cidades mais distantes não

são feitas diariamente, uma vez que a quantidade de

pedidos é menor.

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CONCLUSÃO

Em qualquer ramo que uma empresa atue, seja

alimentos, metalúrgica, automobilística, tecidos, é

preciso estar atento a diversos pontos. Hoje em dia as

coisas mudaram, não devemos mais pensar no produto,

devemos pensar nos clientes. Se pensamos em satisfazer

bem o cliente, instantaneamente pensamos no produto.

Para se manter firme no mercado é preciso saber enfrentar

os concorrentes. É preciso se destacar. Se destacar

significa ter diferencial. Significa ter algo que os

outros não tem. Significa sair na frente. E

principalmente quebrar paradigmas.

Se o sistema logístico de uma empresa não é

organizado a empresa não terá condições de oferecer um

nível de serviços elevados à seus clientes.

A qualidade do produto deve ser sempre uma das

maiores preocupações, mas ela sozinha não mantém uma

empresa. Se a empresa não apresentar serviços de

atendimento, entrega, informações, marketing e etc., de

nada adianta a preocupação com a qualidade.

É assim em qualquer empresa e é assim também na

empresa “X” que está no mercado a cerca de 30 anos, e

cresce cada dia mais.

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BIBLIOGRAFIA

BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. São Paulo:

Editora Atlas, 1993.

CRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia

de Suprimentos. São Paulo: Editora Biblioteca Pioneira de

Administração e Negócios, 1992.

DORNIER, Philippe Pierre. Logística e Operações Globais.

São Paulo: Editora Atlas, 2000.

UELZE, Reginald. Logística Empresarial – Uma introdução

à administração dos transportes. São Paulo: Editora

Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios, 1974