estudo das perturbaÇÕes dos geradores eÓlicos na
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ESTUDO DAS PERTURBAÇÕES DOS GERADORES
EÓLICOS NA RADIAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE
SUPORTE À NAVEGAÇÃO AÉREA
Humberto Nélson Ribeiro da Costa
Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Júri
Presidente: Professor Doutor José Bioucas Dias
Orientador: Professora Doutora Maria João Marques Martins
Acompanhante: Engenheiro Carlos Almeida e Silva
Vogal: Professora Doutora Maria Hermínia Caeiro Costa Marçal
Outubro 2011
ii
iii
Agradecimentos
Agradeço à minha família por me ter apoiado em todos os momentos da minha vida,
quer pessoal quer profissional.
Agradeço à Academia Militar por toda a formação, instrução e educação que me
proporcionou, a todos os formadores e instrutores que estiveram envolvidos nesse processo,
bem como a todos os camaradas e amigos que partilharam comigo todos os marcos da minha
vida.
Agradeço à Sr.ª Professora Doutora Maria João Marques Martins pela orientação nesta
dissertação que foi fundamental para o seu término e ao Sr. Engenheiro Carlos Almeida e Silva
por toda a orientação técnica.
iv
v
Resumo
A presente dissertação aborda a problemática das interferências causadas pelos geradores
eólicos na radiação das estações de suporte à navegação aérea do tipo VOR e RADAR. Para
tal, foram identificados os geradores eólicos mais comuns e os efeitos por eles introduzidos,
nomeadamente, efeito de campo próximo, difracção, espalhamento ou scattering e efeito
sombra. Foi feito um estudo comparativo entre as potências de raio directo e de raio reflectido
em função da distância e segundo três modelos de reflexão propostos, de modo a estudar o
nível das interferências causadas pela proximidade dos geradores eólicos.
Com base nos cálculos efectuados, propõem-se margens de segurança mínimas quanto às
distâncias a que podem ser implementadas estações eólicas nas proximidades destas
estações de rádio-ajuda à navegação aérea, de modo a que as interferências causadas pelos
geradores não inviabilizem a ligação.
Palavras-chave: VOR, DME, radar, PSR; SSR, estações eólicas, gerador eólico
vi
vii
Abstract
The present work addresses the problem of interference caused by wind generators in the
radiation of air navigation radio-aid stations like VOR and RADAR. For this end, were identified
the most common wind turbine and the different effects introduced by them, in particular, near-
field effect, diffraction, scattering and shadow effect. Based on three proposed reflection models
was made a comparative study between the direct power and the reflected power as a function
of distance, in order to study the interference level caused by the wind generator proximity.
This work want to establish ways to avoid these harmful effects by establishing
recommendations about the distances that wind farms can be installed near air radio aids'
stations.
Key words: VOR; DME; radar; PSR; SSR, wind farms, wind generator
viii
ix
Índice
Agradecimentos............................................................................................................................. iii
Resumo ......................................................................................................................................... v
Abstract ........................................................................................................................................ vii
Índice ............................................................................................................................................. ix
Índice de Figuras ......................................................................................................................... xiii
Índice de Tabelas ....................................................................................................................... xvii
Lista de Acrónimos ...................................................................................................................... xix
Lista de Símbolos ........................................................................................................................ xxi
1 Introdução .............................................................................................................................. 1
1.1 Resenha histórica .......................................................................................................... 3
1.2 Problemática da navegação aérea ................................................................................ 4
2 Caracterização das fontes dos sinais envolvidos .................................................................. 5
2.1 Sistema VOR ................................................................................................................. 5
2.1.1 Definição ................................................................................................................... 5
2.1.2 Características .......................................................................................................... 5
2.1.3 Modo de Funcionamento .......................................................................................... 8
2.1.4 Tipos de VOR ........................................................................................................... 9
2.1.5 DME ........................................................................................................................ 10
2.2 Sistemas de RADAR .................................................................................................... 11
2.2.1 Definição ................................................................................................................. 11
2.2.2 Características ........................................................................................................ 11
2.2.3 Modo de Funcionamento ........................................................................................ 12
3 Fontes de interferência e seus efeitos................................................................................. 15
3.1 Efeitos de campo próximo ........................................................................................... 17
3.2 Difracção ...................................................................................................................... 17
3.3 Reflexão e/ou espalhamento (scattering) .................................................................... 18
3.4 Efeito sombra ............................................................................................................... 19
4 Cálculo dos factores de reflexão ......................................................................................... 21
x
4.1 Cálculo das equações de dispersão dos meios .......................................................... 21
4.2 Cálculo do índice de refracção relativo ........................................................................ 23
4.3 Cálculo do factor de reflexão ....................................................................................... 25
4.3.1 VOR ........................................................................................................................ 27
4.3.2 PSR ......................................................................................................................... 29
4.3.3 SSR ......................................................................................................................... 29
4.4 Factores de reflexão no terreno circundante ............................................................... 30
4.4.1 Reflexão em terreno agrícola ................................................................................. 31
4.4.2 Reflexão em terreno urbano ................................................................................... 32
4.4.3 Reflexão em terreno húmido .................................................................................. 33
4.4.4 Reflexão em terreno rochoso ................................................................................. 34
4.4.5 Reflexão em mar ..................................................................................................... 35
5 Relações de potência .......................................................................................................... 41
5.1.1 VOR ........................................................................................................................ 43
5.1.2 PSR ......................................................................................................................... 52
5.1.3 SSR ......................................................................................................................... 53
6 Cálculo das zonas de exclusão ........................................................................................... 57
6.1 Cálculo da zona de interferência de Fresnel ............................................................... 59
6.1.1 VOR ........................................................................................................................ 60
6.1.2 PSR ......................................................................................................................... 61
6.1.3 SSR ......................................................................................................................... 62
6.2 Cálculo da zona de reflexão ........................................................................................ 63
6.2.1 VOR ........................................................................................................................ 64
6.2.2 PSR ......................................................................................................................... 64
6.2.3 SSR ......................................................................................................................... 64
6.3 Cálculo da zona de exclusão do campo próximo ........................................................ 65
6.3.1 VOR ........................................................................................................................ 65
6.3.2 PSR ......................................................................................................................... 65
6.3.3 SSR ......................................................................................................................... 65
7 Conclusões .......................................................................................................................... 67
xi
7.1 VOR ............................................................................................................................. 67
7.2 PSR .............................................................................................................................. 68
7.3 SSR .............................................................................................................................. 69
Referências ................................................................................................................................. 70
Bibliografia ................................................................................................................................... 71
xii
xiii
Índice de Figuras
Figura 1.1 - a) Aeroplano criado pelo Irmãos Wright (Flyer); b) Aeroplano criado por Santos
Dumont (24-bis) ............................................................................................................................. 3
Figura 2.1 - Estação de solo VOR................................................................................................. 5
Figura 2.2 - a) Antena de estação de solo VOR, tipo espira; b) Antena de recepção VOR para
aviões mais lentos, do tipo dipolo em V; c) Antena de recepção VOR para aviões mais rápidos,
do tipo planar ................................................................................................................................. 6
Figura 2.3 - Esquema dos radiais de uma estação de solo tipo VOR .......................................... 8
Figura 2.4 - Esquema da diferença de fases entre os sinais emitidos por uma estação de solo
tipo VOR ........................................................................................................................................ 8
Figura 2.5 - Sinal de uma estação tipo VOR a) de referência, b) variável.................................... 9
Figura 2.6 - Espectro de frequência de CVOR ............................................................................. 9
Figura 2.7 - Espectro de frequência de DVOR ........................................................................... 10
Figura 2.8 - Esquema da ligação do sistema DME ..................................................................... 10
Figura 2.9 - (a) Antenas de radar tipo PSR e SSR no mesmo suporte físico; (b) antena de radar
tipo SSR ...................................................................................................................................... 11
Figura 2.10 - Esquema do funcionamento do radar PSR ........................................................... 12
Figura 2.11 - Esquema do funcionamento do radar SSR ........................................................... 13
Figura 3.1 - Comparação entre as dimensões de um gerador eólico comum e uma aeronave
Boieng 747 .................................................................................................................................. 15
Figura 3.2 - Esquema da distribuição de geradores eólicos numa estação eólica e distâncias de
afastamento entre geradores [1] [7] ............................................................................................ 16
Figura 3.3 - Efeito de difracção de um sinal de radar por um gerador eólico [9] ........................ 17
Figura 3.4 - Reflexão de usa sinal de radar por um gerador eólico a) SSR uplink; b) SSR
downlink [9] .................................................................................................................................. 18
Figura 3.5 - Obstrução e criação do efeito de sombra por um gerador eólico [9] ...................... 19
Figura 4.1 - Módulo do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema VOR ............... 27
Figura 4.2 - Fase do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema VOR .................. 28
Figura 4.3 - Módulo do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema SSR ............... 29
Figura 4.4 - Fase do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema SSR ................... 30
Figura 4.5 - Factor de reflexão de um terreno agrícola para os sistemas em estudo ................ 31
Figura 4.6 - Factor de reflexão de um terreno urbano para os sistemas em estudo .................. 32
Figura 4.7 - Factor de reflexão de um terreno húmido para os sistemas em estudo ................. 33
Figura 4.8 - Factor de reflexão de um terreno rochoso para os sistemas em estudo ................ 34
Figura 4.9 - Módulo do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema VOR ................ 35
Figura 4.10 - Fase do factor de reflexão da superfície do mar ................................................... 36
Figura 4.11 - Módulo do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar PSR 37
Figura 4.12 - Fase do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar PSR ... 37
Figura 4.13 - Módulo do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar SSR 38
Figura 4.14 - Fase do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar SSR ... 39
xiv
Figura 5.1 - Modelo usado para o estudo dos sistemas com reflexão somente no gerador eólico
..................................................................................................................................................... 42
Figura 5.2 - Modelo usado para o estudo dos sistemas com reflexão apenas no terreno ......... 42
Figura 5.3 - Modelos usados para o estudo dos sistemas com reflexão no gerador eólico e no
terreno ......................................................................................................................................... 42
Figura 5.4 - Variação da potência num cenário em que não existe qualquer tipo de reflexões do
sinal ............................................................................................................................................. 44
Figura 5.5 - Variação da potência quando existe reflexão num gerador eólico .......................... 44
Figura 5.6 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno agrícola ........... 45
Figura 5.7 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno urbano ............. 46
Figura 5.8 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno húmido ............ 47
Figura 5.9 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno rochoso ........... 47
Figura 5.10 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões na superfície do mar .......... 48
Figura 5.11 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência
reflectida pelo terreno para o sistema VOR ................................................................................ 49
Figura 5.12 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência
reflectida pelo terreno para o sistema VOR ................................................................................ 50
Figura 5.13 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência
reflectida pelo terreno para o sistema VOR ................................................................................ 50
Figura 5.14 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência
reflectida pelo terreno para o sistema VOR ................................................................................ 51
Figura 5.15 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência
reflectida pela superfície do mar para o sistema VOR................................................................ 51
Figura 5.16 - Traçado da potência entregue pelo raio directo .................................................... 52
Figura 5.17 - Traçado da potência entregue pelo raio directo na ligação uplink ........................ 53
Figura 5.18 - Traçado da potência entregue pelo raio directo na ligação downlink ................... 54
Figura 5.19 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num gerador eólico ............ 54
Figura 5.20 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões no terreno .......................... 55
Figura 5.21 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões na superfície do mar .......... 56
Figura 6.1 - Representação da Zona de Fresnel ........................................................................ 57
Figura 6.2 - Esquema dos Elipsóides de Fresnel numa ligação em radiofrequência ................. 58
Figura 6.3 - Esquema da distância lateral que define a zona de interferência de Fresnel ......... 59
Figura 6.4 - Variação da distância de interferência de Fresnel para o sistema VOR ................. 60
Figura 6.5 - Variação da distância de interferência de Fresnel para o sistema de radar PSR ... 61
Figura 6.6 - Variação da distância de interferência de Fresnel para o sistema de radar SSR ne
ligação uplink ............................................................................................................................... 62
Figura 6.7 - Esquema da distância da zona de reflexão ............................................................. 63
Figura 6.8 - Variação da distância da zona de exclusão de campo próximo para o sistema VOR
..................................................................................................................................................... 64
xv
xvi
xvii
Índice de Tabelas
Tabela 2.1 - Tabela de classes do sistema de rádio ajuda à navegação aérea VOR .................. 7
Tabela 4.1 - Características electromagnéticas dos terrenos escolhidos para estudo .............. 31
Tabela 5.1 - Zonas exclusão para geradores eólicos no sistema VOR ...................................... 67
Tabela 5.2 - Zonas exclusão para geradores eólicos no sistema de radar PSR ........................ 68
Tabela 5.3 - Zonas exclusão para geradores eólicos no sistema de radar SSR ........................ 69
xviii
xix
Lista de Acrónimos
VOR Very High Frequency Omnidirectional Range
CVOR Conventional Very High Frequency Omnidirectional Range
DVOR Doppler Very High Frequency Omnidirectional Range
DME Distance Measuring Equipment
ILS Instrument Landing System
AGL Above Ground Level
RADAR Radio Detection And Ranging
PSR Primary Surveillance RADAR
SSR Secondary Surveillance RADAR
GEol Gerador Eólico
DSB Double Side Band
LSB Lower Side Band
USB Upper Side Band
AM Amplitude Modulation
FM Frequency Modulation
rpm rotations per minute
xx
xxi
Lista de Símbolos
Secção Eficaz de Radar [m2]
Condutividade Magnética [Sm-1
]
Constante Dieléctrica [Fm-1
]
Constante Dieléctrica do ar [Fm-1
]
Constante Dieléctrica Relativa do material
Comprimento de Onda [m]
Permeabilidade magnética [Hm-1
]
Permeabilidade magnética do ar [Hm-1
]
Permeabilidade magnética Relativa do material [Hm-1
]
Frequência Angular [rads-1
]
Fase do Índice de Refracção Relativo [°]
Fase do Factor de Reflexão [°]
Ângulo entre a direcção principal de emissão da antena e a
direcção da estação eólica [°]
Ângulo entre a direcção principal de emissão da antena e a
direcção da estação eólica [°]
Ângulo de fogo da antena [°]
Factor de Reflexão do material reflector
Constante de Propagação da Onda
Constante de Propagação do meio
Constante de Propagação do ar
Índice de Refracção Relativo do meio
Potência recebida através do raio directo [dBm]
Potência Emitida pela antena [mW]
Ganho de Emissão da antena [dBi]
Ganho de recepção da antena [dBi]
Atenuação em Espaço Livre [dB]
Potência Recebida através do raio reflectido [dBm]
Distância entre antena emissora e antena receptora [Km]
xxii
Distância entre emissor e estação eólica [Km]
Distância entre estação eólica e receptor [Km]
Frequência de operação [MHz]
Raio do Segundo Elipsóide de Fresnel [m]
Relação Sinal-Ruído [dB]
Distância entre eixo de propagação da onda e a estação eólica
[Km]
Distância entre antena emissora e estação em função de e
de [Km]
Distância entre antena emissora e estação em função de e
de [Km]
Distância total entre emissor e receptor [Km]
Ganho da antena emissora em linha de vista [dBi]
Ganho da antena receptora em linha de vista [dBi]
Ganho da antena emissora fora de linha de vista [dBi]
Ganho da antena emissora fora de linha de vista [dBi]
Distância de Exclusão de Campo Próximo [m]
Constante de fiabilidade do sistema
Ganho da antena emissora
Comprimento [m]
Vector de Propagação
Campo Magnético [Am-1
]
Campo Eléctrico [Vm-1
]
Constante de Propagação
1
Capítulo 1
1 Introdução
A navegação aérea baseia-se, actualmente, em sistemas electrónicos de
radiofrequência que auxiliam os pilotos e aeroportos. Estes sistemas sofrem perturbações de
vários tipos que causam alterações na amplitude e no percurso das ondas, tais como
atenuações, reforços ou distorções. Algumas dessas perturbações são introduzidas pelo
ambiente e dessas podem-se destacar:
A absorção do sinal pelas gotas de chuva, poeiras ou moléculas de gás que a
onda possa encontrar na sua direcção de propagação e que causa atenuações
por dissipação, obstrução, divergência/convergência do sinal;
Os obstáculos, quer naturais quer artificiais como edifícios, que causam
atenuação por difracção ou reflexão e que podem, inclusive, levar à interrupção
do sinal;
Ductos, fenómenos naturais de inversão térmica, que causam interferências no
sinal devido às múltiplas reflexões nas suas paredes e atenuação por
divergência /convergência do sinal;
As reflexões em superfícies que causam interferências devidos aos
multipercursos dos diferentes sinais reflectidos e que levam a uma degradação
da polarização do sinal;
Índice de refracção da atmosfera, que diminui com o aumento da altitude.
Sendo a ionoesfera composta por camadas de diferentes altitudes, apresenta
uma variação no índice de refracção, ou seja, a camada inferior apresenta um
índice de refracção maior que a imediatamente acima. Essa variação também
sofre alterações diárias, sazonais e periódicas (vento solar). No percurso
emissor-receptor o sinal não segue uma trajectória rectilínea mas sim
curvilínea. Isto acontece porque o sinal viaja através de diferentes camadas da
ionoesfera. Os sinais electromagnéticos tendem a propagar-se em meios com
índices de refracção maiores, sendo assim o raio, durante a sua trajectória,
descreve uma curva descendente e irregular, por consequência sofre um
desvio descontínuo devido à refracção do sinal na transição entre camadas;
Além das perturbações mencionadas anteriormente, a procura do Homem por uma
alternativa viável, rentável e limpa face às energias baseadas em combustíveis fósseis levou-o
à criação de grandes estações eólicas ao longo de todo o mundo. Esta situação introduziu um
novo problema para estes sistemas de rádio-ajudas.
2
O objectivo desta dissertação é desenvolver e apresentar uma metodologia que
permita estabelecer critérios para a proximidade entre estações eólicas e as antenas que
asseguram as ligações em radiofrequência de auxílio à negação aérea, bem como averiguar o
nível e mecanismos de degradação introduzida pelas estações já existentes.
Sendo assim, no capítulo 2 são apresentadas e caracterizadas as fontes de rádio-
ajudas envolvidas na temática, no capítulo 3 descrevem-se as fontes e seus efeitos, nos
capítulos 4, 5 e 6 apresentam-se os cálculos efectuados para justificar os critérios
apresentados.
Finalmente no capítulo 7 é feito um estudo comparativo dos vários efeitos, apresentam-
se conclusões e perspectivas de trabalho futuro.
3
1.1 Resenha histórica
Desde a invenção do avião em 17 de Dezembro de 1903, pelos irmãos Wright, ou em
23 de Outubro de 1906 por Santos Dumont que este engenho tem sido importantíssimo, senão
fundamental para o Homem. A Primeira Grande Guerra (1914-1918) projectou o uso do avião
na História, tendo sido amplamente usado em missões de reconhecimento aéreo,
bombardeamento e combate ar-ar, rapidamente foi reconhecido como peça fundamental no
arsenal bélico de qualquer país. No final do conflito surgem as primeiras companhias aéreas
comerciais e o avião passa a ser também usado para fins civis. Durante esta era, a evolução
destas máquinas aumenta e adquirem maior autonomia e velocidade.
Durante a Segunda Grande Guerra (1939-1945) o avião volta ser “chamado ao serviço”
para fins militares. Neste conflito o papel do avião foi determinante no rumo dos
acontecimentos. Usado não só para missões de reconhecimento, bombardeamento e combate
ar-ar, tal como na Primeira Grande Guerra, mas também para missões de suporte aéreo a
missões terrestres e marítimas. Durante esta época a aviação sofre um grande progresso e
aparecem os primeiros aviões a jacto, os radares, radiocomunicações, ect…
Actualmente o avião é usado tanto para fins militares como para fins civis tendo-se
verificado nos últimos anos uma evolução exponencial do tráfego aéreo, surgindo assim a
necessidade de regular e gerir todo esse tráfego. [1]
(a) (b)
Figura 1.1 - a) Aeroplano criado pelo Irmãos Wright (Flyer); b) Aeroplano criado por Santos Dumont (24-bis)
4
1.2 Problemática da navegação aérea
Com o aparecimento do avião surgiu a necessidade de regular, controlar e gerir todo o
tráfego aéreo. De início, esse controlo e gestão faziam-se desde do solo com bandeiras e era
apenas para auxiliar o piloto a entrar, na sua vez, na run-way (pista de aterragem e
descolagem) e para o auxiliar na aterragem. Esse método era feito através de um código de
cores e posições usando bandeiras.
Posteriormente, no final da Primeira Grande Guerra e devido ao aparecimento de
tecnologias de radiocomunicações começou-se a usar o rádio para substituir as bandeiras. Em
1930 aparece um sistema capaz de auxiliar o piloto na navegação (VOR- "Very High frequency
Omnidirectional Range"). Mais tarde, no decorrer da Segunda Grande Guerra, aparece o
RADAR (acrónimo de "Radio Detection and Ranging") e assim torna-se possível saber a
distância entre o emissor e aeronave durante o decorrer do seu percurso dentro do pequeno
alcance. Assim estas tecnologias tornaram-se fundamentais no controlo e gestão aéreos.
Em suma, usando vários tipos de tecnologias de radiocomunicações tornou-se possível
saber a localização e identificação da aeronave, bem como definir a sua rota e controlar o seu
percurso.
5
Capítulo 2
2 Caracterização das fontes dos sinais envolvidos
2.1 Sistema VOR
2.1.1 Definição
O sistema VOR ("Very High Frequency Omnidirectional Range") é um equipamento
electrónico criado logo após a Segunda Grande Guerra (1950) para a ajuda à navegação aérea
e é o sistema mais usado actualmente. [2]
2.1.2 Características
Um sistema VOR é constituído por um conjunto de emissores geograficamente
distribuídos e por um receptor colocado na aeronave. . [2]
Figura 2.1 - Estação de solo VOR
As antenas utilizadas nas estações de solo são, geralmente, antenas tipo espira com
ganho típico de 5dBi. As estações receptoras a bordo são, nos aviões mais lentos, dípolos tipo
V com ganho de 2,15dBi, e nos aviões mais rápidos antenas planares com ganho de 5dBi e
uma sensibilidade na recepção de -129dB.
6
(a) (b) (c)
Figura 2.2 - a) Antena de estação de solo VOR, tipo espira; b) Antena de recepção VOR para aviões mais lentos, do tipo dipolo em V; c) Antena de recepção VOR para aviões mais rápidos, do tipo
planar
Geralmente as estações VOR estão elevadas acima do terreno cerca de 5m e emitem
uma potência entre 50W e 200W com polarização horizontal. Funcionam na banda dos
108MHz aos 118MHz. No entanto as frequências ímpares, a partir dos 108MHz aos 112MHz,
são utilizadas para o ILS ("Intrument Landing Sistem"). As antenas circundantes radiam aos
pares diametralmente opostos de modo a que a direcção de propagação da estação varie 360°.
Esta rotação demora 0,03 segundos, ou seja, apresenta uma frequência de rotação de 30Hz. A
abertura de feixe do lóbulo principal é de cerca de 13°.
O sistema VOR funciona em linha de vista e opera para uma altitude mínima da
aeronave de 1000 pés (304,801m) AGL ("Abouve Ground Level"). Tem um alcance máximo de
200 milhas náuticas (cerca de 370Km), no entanto este alcance depende de eventuais
obstáculos do terreno e da altitude de voo da aeronave, sendo que poderá ser calculado, por
defeito e por de especificações técnicas, através da seguinte expressão:
)(23,1)(23,1)( pésaltitudepésaltitudeMNAlcance RXTX (2.1)
As estações de solo deste sistema identificam-se perante um receptor através de um
código Morse de 3 letras aos 1020MHz ou através de voz, podem também transmitir outro tipo
de dados, nomeadamente informação meteorológica.
O sistema VOR está organizado em 3 classes segundo a altitude AGL da aeronave e
de acordo com a sua aplicação operacional, isto é, a relação entre a altitude de voo da
aeronave e o alcance do sistema para que haja uma comunicação fiável:
7
T (Área Terminal - TMA): quando uma aeronave se desloca próxima da altitude
AGL mínima de voo;
L (Baixa Altitude): quando uma aeronave se desloca a uma altitude superior à
altitude AGL mínima de voo;
H (Alta Altitude): quando uma aeronave voa perto da altitude "tecto de voo";
Tabela 2.1 - Tabela de classes do sistema de rádio ajuda à navegação aérea VOR
Classe Altitude (pés) Distância
(milhas náuticas)
T 1000-12000 25
L 1000-18000 40
H
1000-14500
14500-60000
18000-45000
40
100
130
8
2.1.3 Modo de Funcionamento
O sistema VOR emite dois sinais simultâneos: um sinal de referência, omnidireccional e
de fase constante, através da antena central que indica a direcção do Norte Magnético,
enquanto as antenas circundantes radiam aos pares diametralmente opostos de forma
direccional. Na aeronave, o receptor de bordo mede a diferença entre as fases dos dois sinais
oriundos da estação VOR e converte essa diferença em graus magnéticos (radiais) dando
informação da sua posição em relação ao Norte Magnético. Os sinais estão em fase quando o
sinal variável está alinhado com o Norte Magnético.
Figura 2.3 - Esquema dos radiais de uma estação de solo tipo VOR
Figura 2.4 - Esquema da diferença de fases entre os sinais emitidos por uma estação de solo tipo VOR
9
2.1.4 Tipos de VOR
Existem dois tipos de sistemas VOR: o CVOR ("Conventional VOR") e o DVOR
("Doppler VOR"). O CVOR é constituído, geralmente, por 36 antenas direccionais dispostas em
círculo (sinal variável) mais uma antena omnidireccional (sinal de referência) e usa, para o sinal
de referência, uma portadora modulada em AM por um sinal de 10KHz e este, por sua vez, é
modulado em FM por um sinal de 30Hz, o sinal variável é modulado espacialmente com 30Hz
em AM, devido ao facto do sistema de antenas que radiam este sinal radiarem aos pares
diametralmente opostos. Este sistema de antenas tem um diâmetro típico de cerca de 6m.
O DVOR é constituído por 48 antenas direccionais (sinal variável) mais uma antena
omnidireccional (sinal de referência), tem um diâmetro, geralmente, de 13,5m. Usa uma
modulação AM para o sinal de referência com uma potência de 50W e uma modulação FM
para o sinal variável. O sinal variável é DSB (Double Side Band), ou seja, é composto por uma
LSB (Lower Side Band) e uma USB (Upper Side Band) cada uma com uma potência entre 5 a
6W.
(a) (b)
Figura 2.5 - Sinal de uma estação tipo VOR a) de referência, b) variável
Figura 2.6 - Espectro de frequência de CVOR
10
Figura 2.7 - Espectro de frequência de DVOR
2.1.5 DME
Algumas estações VOR estão também equipadas com o sistema DME ("Distance
Measuring Equipment"). Este equipamento mostra a que distância uma aeronave está da
estação VOR. O sistema está em comunicação contínua com a aeronave, assim que esta entra
no seu raio de alcance. Assim, sabendo o tempo decorrido entre o envio do sinal e a sua
recepção, o sistema DME calcula a distância da aeronave. O transponder a bordo da aeronave
apresenta uma sensibilidade de -110dB.
Figura 2.8 - Esquema da ligação do sistema DME
11
2.2 Sistemas de RADAR
2.2.1 Definição
O RADAR (Radio Detection And Ranging) é um dispositivo rádio usado como sistema de
detecção e localização de alvos através de ondas de rádio UHF.
2.2.2 Características
As características do radar dependem da funcionalidade que se requeira dele. Sendo
assim, existem dois grandes tipos de radar, que geralmente estão co-localizados na mesma
estrutura física, por exemplo uma torre:
Primary Surveillance RADAR (PSR) que serve para localizar a aeronave. As antenas
usadas por este tipo de RADAR são, normalmente antenas parabólicas ou então de secção
parabólica, na banda de frequência 2700-2900MHz, com ganho de 34dB. Usam polarização
linear (mais utilizada para condições de tempo limpo) ou circular (mais utilizadas para
condições de tempo com precipitação) e estas polarizações são usadas para a remoção do
clutter. Apresentam uma potência de pico de 15kW, um alcance máximo dos 96,561 aos
128,748Km e um alcance mínimo de 0,8047Km. [3] [4] Este tipo de RADAR não necessita de
nenhum equipamento a bordo da aeronave e pode ser usado na vigilância de solo, no entanto
não consegue identificar a aeronave nem saber a sua altitude e necessita de uma potência de
emissão elevada. As antenas usadas apresentam uma sensibilidade de -104dB.
Secondary Surveillance RADAR (SSR) que serve para identificar a aeronave. Usa
nos emissores antenas com ganho de 27dBi na frequência 1030+/- 0,01MHz e emite uma
potência de 1,585kW. Os receptores trabalham a uma frequência de 1090+/-0,2MHz com uma
sensibilidade de -90dBm. Os transporders a bordo da aeronave apresentam um ganho de
recepção de 5,9dBi, um ganho de transmissão de 7,5dBi e uma potência de emissão de 250W
a uma frequência de 1090MHz. Este sistema permite, também a determinação da altitude,
distância e azimute da aeronave, é muito menos susceptível ao ruído. [5]
(a) (b)
Figura 2.9 - (a) Antenas de radar tipo PSR e SSR no mesmo suporte físico; (b) antena de radar tipo SSR
12
2.2.3 Modo de Funcionamento
O modo de funcionamento destes dois sistemas de RADAR é completamente diferente.
Embora ambos sirvam para fazer uma leitura do espaço aéreo circundante, fazem-no de forma
distinta, mas completam-se um ao outro de forma a facultar todas as informações necessárias
ao controlo e gestão aéreos.
A antena do PSR roda a uma velocidade média de 15,5 rpm e emite sinais de alta
potência, cerca de 15kW, para o espaço aéreo. Esses sinais são reflectidos por uma aeronave
e são posteriormente recebidos na antena do PSR. Tendo em conta que a distância percorrida
é o dobro da distância emissor-aeronave, que a velocidade de propagação é a velocidade da
luz e medindo o tempo entre a emissão e recepção do sinal o PSR calcula a distância que o
separa da aeronave. A direcção da aeronave é determinada medindo a posição da antena
aquando da recepção. O tratamento de dados por parte do PSR tem em conta que algumas
das reflexões que recebe são oriundas dos obstáculos do terreno circundante. Sendo assim o
PSR recebe os seus próprios sinais emitidos sob a forma de um eco. [3] [4]
Figura 2.10 - Esquema do funcionamento do radar PSR
13
O funcionamento do SSR consiste num emissor/receptor, geralmente localizado num
aeroporto e de um receptor/emissor (transponder- transmitting responder) a bordo da
aeronave. O emissor SSR emite um sinal codificado (ligação uplink) ao qual o trasnponder
responde com a sua identificação, altitude e azimute também codificadas (ligação downlink).
Para o desenrolar deste processo o SSR usa dois modos: A/C e S, sendo que o no Modo A/C
o transponder responde com a sua identificação (código Modo A) e a altitude (código Modo C).
O Modo S permite ao emissor fazer uma interrogação selectiva de alvos.
Figura 2.11 - Esquema do funcionamento do radar SSR
14
15
Capítulo 3
3 Fontes de interferência e seus efeitos
As fontes de interferência que serão estudadas neste trabalho são os geradores
eólicos. Serão usados como objecto deste estudo os geradores eólicos de eixo horizontal do
tipo hélice porque são os mais comuns. Estes geradores eólicos são compostos, geralmente,
por 3 pás (com cerca de 40m), com mastro de 80m. A sua velocidade angular de rotação varia
entre 20 e as 150rpm e apresentam uma potência instalada de 2MW.
Figura 3.1 - Comparação entre as dimensões de um gerador eólico comum e uma aeronave Boieng 747
Estes não se apresentam isolados no espaço, mas sim em grupos denominados por
estações eólicas. Este tipo de obstáculos apresenta diversos factores que têm, de certa forma,
influência sobre as perturbações causadas nos sinais de radiofrequência. Podem-se destacar
os factores geográficos, as características físicas e as características radioeléctricas dos
geradores eólicos. Os factores geográficos têm em conta a visibilidade, ou seja, um gerador
eólico apenas irá causar perturbações no sinal que se encontrar dentro da visibilidade
radioeléctrica do dispositivo; a distância, na qual a quantidade de energia reflectida num
gerador eólico, e que chega ao receptor, é inversamente proporcional ao quadrado da distância
que separa o gerador eólico do receptor; o tamanho e configuração da estação eólica
atendendo ao número e distribuição dos geradores; e o posicionamento do plano do rotor dos
geradores face ao dispositivo o que leva a que se as reflexões se dão nas partes móveis dos
geradores eólicos estas provocam uma mudança de frequência devido ao Efeito Doppler. As
16
características físicas descriminam a forma, estrutura e materiais constituintes dos geradores,
destas características depende a Secção Eficaz de Radar ( ), se se estiver a falar de
perturbações sobre um sinal de radar.
Quando uma onda electromagnética se depara com uma estação eólica pode agravar
todos os efeitos provocados por um único gerador podendo, inclusive, provocar obstrução total
do sinal. Isto deve-se às dimensões dos geradores e ao seu posicionamento. Essa distribuição
dos geradores deve-se à velocidade do vento nessa região, condições de operação do
gerador, rugosidade do terreno e a condições de estabilidade térmica vertical da atmosfera.
Geralmente a distância de afastamento dos geradores de uma estação eólica é de 10D do
gerador da frente para o gerador de trás e de 5D para o gerador do lado, sendo D o diâmetro
do circulo formado pela rotação das pás da hélice. Este efeito denomina-se como Efeito de
Blindagem. [6]
Figura 3.2 - Esquema da distribuição de geradores eólicos numa estação eólica e distâncias de afastamento entre geradores [1] [7]
A existência de estações eólicas nas proximidades de aeroportos ou de dispositivos de
rádio ajuda pode ocasionar diversos efeitos que afectam o desempenho das ligações em
radiofrequência de que depende a navegação aérea, devido à reflexão das ondas pelos seus
componentes (pás, mastros, etc..). Devido ao facto das pás poderem estar em rotação, a uma
velocidade aleatória, as perturbações impostas são aleatórias. E para efeitos de cálculo, ao
longo desta dissertação, as pás dos geradores serão encaradas como constituídas por
alumínio.
17
São identificados cinco principais causas de degradação do sinal:
Efeito de campo próximo;
Difracção;
Reflexão e/ou espalhamento (scattering);
Efeito de Sombra;
3.1 Efeitos de campo próximo
Na zona próxima de uma antena é demasiado difícil de prever o comportamento dos
campos indutivos e o efeito de qualquer obstáculo que ai esteja situado. Sendo assim, essa
zona, fica demarcada como zona de exclusão para a presença de qualquer gerador eólico. O
raio desta zona de exclusão aumenta com o diâmetro das antenas e com a frequência de
operação. O critério usado para estabelecer a margem de segurança relativa ao campo
próximo foi: [8]
4
D<<
2
CPD (3.1)
3.2 Difracção
Este efeito ocorre quando um qualquer obstáculo modifica a forma de onda. Este efeito
não está limitado ao facto de o objecto ser um bom reflector, pelo que objectos totalmente
absorventes podem, igualmente, causar este tipo de efeito na forma de onda. Este efeito pode
ser evitado se o objecto estiver fora de uma zona de exclusão denominada como Zona de
Fresnel. O raio desta zona aumenta com a diminuição da frequência de operação. [8]
Figura 3.3 - Efeito de difracção de um sinal de radar por um gerador eólico [9]
18
3.3 Reflexão e/ou espalhamento (scattering)
Este efeito acontece quando um objecto funciona como obstáculo à propagação de
uma onda electromagnética e reflecte o sinal. São de considerar as reflexões no terreno
envolvente do sistema emissão-recepção que podem ter lugar em terreno sólido ou no mar.
Esta reflexão não acontece só na direcção contrária à direcção de propagação da onda, mas
em várias direcções devido ao facto da superfície do objecto, em comparação com o
comprimento de onda, ser curva e rugosa (scattering). Isto origina uma situação de multi-
percursos dos diferentes sinais envolvidos que podem chegar até ao receptor. Dependendo
das suas amplitudes e fases, relativas em relação à do sinal principal, estes sinais reflectidos
podem causar a degradação do sinal principal. Assim é necessário o estabelecimento de uma
zona de exclusão para assegurar que qualquer raio reflectido que chegue ao receptor tenha
uma amplitude demasiado baixa, quando comparada com a do raio directo, para causar
degradação. Se esse objecto for um gerador eólico é importante ter em conta que não existe
um gerador eólico isolado, mas sim um grupo de geradores. [8]
(a) (b)
Figura 3.4 - Reflexão de usa sinal de radar por um gerador eólico a) SSR uplink; b) SSR downlink [9]
19
3.4 Efeito sombra
É o efeito clássico da presença de um obstáculo na direcção de propagação da onda o
que provoca perda de detecção sobre toda a área atrás desse obstáculo. O tamanho deste
obstáculo aumenta se se pensar em estações eólicas que têm mais do que um gerador com
espaçamento entre eles relativamente pequenos criando assim uma barreira à normal
propagação da frente de onda. [6]
Figura 3.5 - Obstrução e criação do efeito de sombra por um gerador eólico [9]
20
21
Capítulo 4
4 Cálculo dos factores de reflexão
Neste capítulo calcular-se-á as equações de dispersão dos diferentes meios, bem
como o índice de refracção relativo e os respectivos factores de reflexão para os geradores
eólicos e para os diferentes tipos de solo em que onde pode ocorrer reflexão do sinal usando
valores típicos para os parâmetros constitutivos característicos destes meios e para os
equipamentos usados.
4.1 Cálculo das equações de dispersão dos meios
A equação de dispersão de um meio é a expressão matemática que relaciona o
número de onda com a frequência de onda que se propaga em determinado meio. Será com
base nesta equação que se poderá estabelecer a relação entre os meios por onde a onda se
propague.
Para se ter uma ideia considere-se uma onda plana e monocromática, as equações de
Maxwell a ela associadas, numa região sem fontes, são:
DHk (4.1)
BEk (4.2)
0Dk (4.3)
0Bk (4.4)
É necessário ter em consideração que se pretende uma expressão de dispersão do
meio com base nos seus parâmetros constitutivos [ , , ]
E como se pretende encarar o meio a estudar como um meio isotrópico, as relações
constitutivas são:
ED (4.5)
HB (4.6)
o que leva a:
EHk (4.7)
HEk (4.8)
0Hk (4.9)
0Ek (4.10)
22
Se se multiplicar externamente por k (vector de propagação) as duas primeiras
equações, pode-se retirar o campo eléctrico ou magnético e fica:
022 k (4.11)
E assim se obtém a equação de dispersão para um meio isotrópico pelos parâmetros
constitutivos do meio.
Agora, sabendo que:
ir j (4.12)
i (4.13)
E se se identificar determinado meio através de algarismos, por exemplo meio-1,meio-
2, pode-se adoptar a seguinte notação:
1 r (4.14)
1 (4.15)
1 (4.16)
assim sendo a equação de dispersão aparece agora sob a forma:
)( 111
2 jjk (4.17)
Através deste raciocínio pode ser expressa a equação de dispersão para qualquer
meio expressa em termos dos seus parâmetros constitutivos.
Sabendo que por definição as constantes de propagação dos meios 1 e 2 são dadas
por:
)( 1111 jj (4.18)
)( 2222 jj (4.19)
E encarando o meio 1 como sendo o ar e aproximando os seus parâmetros aos do
vazio:
)( 0000 jj (4.20)
Sendo assim pode-se dizer:
00 k (4.21)
22 k (4.22)
e
23
)( 0000 jjk (4.23)
)( 2222 jjk (4.24)
Assim são representadas as equações de dispersão do ar e do segundo meio através
dos seus parâmetros constitutivos que são grandezas reais e mesuráveis.
4.2 Cálculo do índice de refracção relativo
O índice de refracção relativo é a grandeza física que relaciona a velocidade da luz em
diferentes meios e dá a referência sobre o desvio que a onda sofre na transição entre meios.
Sendo o índice de refracção relativo de um material dado por:
0
221
k
kn (4.25)
E considerando o meio como não magnético, :
)(
)(
000
220
21
jj
jjn
(4.26)
E
00
22
21
j
jn
(4.27)
Tendo em atenção que, então:
0
2
0
221
jn (4.28)
O que leva a:
mr jn 6021 (4.29)
Assim é expresso o índice de refracção relativo em função dos parâmetros constitutivos
dos meios
No entanto e primeiramente convém que verifique se as superfícies reflectoras podem
ser encaradas como bons condutores ou se têm que ser encarados com dieléctricos. Para
verificar se os terrenos, em estudo, podem ser encarados como bons condutores ou como
bons dieléctricos usa-se as seguintes condições:
Bom condutor
>>m (4.30)
ou seja:
r>>60 m (4.31)
24
logo, pode-se aproximar o calculo do modulo e fase do índice de refracção relativo a:
mn 60|| 21 (4.32)
o45 (4.33)
Se a superfície reflectora não se poder considerar nem um bom condutor nem
um bom dieléctrico então o índice de refracção terá a forma de complexo e
apresentará um módulo e fase que são calculados da seguinte forma:
22
21 )60(|| mrn (4.34)
)60
(2
1
r
marctg
(4.35)
Bom dieléctrico
<< (4.36)
ou seja:
r<<60 m (4.37)
neste caso, o índice de refracção pode ser aproximado a quase um real que pode ser
calculado por:
rn || 21 (4.38)
º0 (4.39)
25
4.3 Cálculo do factor de reflexão
O factor de reflexão exprime a relação entre a quantidade de energia incidente numa
dada superfície e a quantidade, por ela, reflectida. Tomando em conta que as ondas
electromagnéticas podem-se propagar em modo TE (Transversal Eléctrico) ou TM (Transversal
Magnético), é de relevante interesse o cálculo dos factores de reflexão e de transmissão em
função do meio. O cálculo destes factores depende do tipo de polarização adoptada pelo
sistema.
Deste modo, sabendo que a impedância característica do meio (neste caso o meio 2
que é o alumínio das pás das eólicas) é dada por.
22
22
j
jZ
(4.40)
e como se considera o vazio como aproximação ao ar:
00
001
j
jZZ
(4.41)
que é por definição:
1200 Z (4.42)
Os factores de reflexão e de transmissão, em função do tipo de polarização são então:
Polarização Horizontal (ondas TE)
)cos()cos(
)cos()cos(
12
12
i
Z
t
Z
i
Z
t
Z
RTE
(4.43)
)cos()cos(
)cos(2
12
2
i
Z
t
Z
t
Z
T TE
(4.44)
Polarização Vertical (ondas TM)
)cos()cos(
)cos()cos(
12
12
iZtZ
iZtZRTE
(4.45)
)cos()cos(
)cos(2
12
1
iZtZ
iZRTE
(4.46)
É de notar que:
TETE TR 1 (4.47)
TMTM TR 1 (4.48)
26
Então pode-se calcular os factores de reflexão e a partir deles calcular os factores de
transmissão.
É necessário ter, então, em conta a Lei da Refracção ou Lei de Snell:
)()(2
1 isentsen
(4.49)
e
1)(cos)( 22 ttsen (4.50)
assim sendo:
)(1)cos( 2
2
2
2
1 isent
(4.51)
aplicando às expressões dos factores de reflexão e fazendo tem-se:
)()cos(
)()cos(
22
21
22
21
isenni
isenniRTE
(4.52)
)()cos(
)()cos(
22
21
2
21
22
21
2
21
isennin
isenninRTM
(4.53)
Embora seja normal apresentar os traçados do factor de reflexão em função do ângulo
de incidência, optou-se por usar o ângulo de fogo que é o complementar do ângulo de
incidência, variável entre 0° e 90 .
Assim pode-se calcular o e de com base nos valores de através da
seguinte fórmula, se :
21
21
)(
)(
nsen
nsenRTE
(4.54)
)(
1
)(
1
21
21
senn
senn
RTM
(4.55)
No entanto, se não se verificar :
)(cos)(
)(cos)(
22
21
22
21
nsen
nsenRTE
(4.56)
)(cos)(
)(cos)(
22
21
2
21
22
21
2
21
nsenn
nsennRTM
(4.57)
27
Mas como o sistema VOR utiliza sinais de polarização horizontal, o factor de reflexão
que tem interesse ter em conta é o . E para o sistema de radar, como utiliza polarização
linear ou circular, usa-se o quando é polarização linear e usa-se o em conjunto com o
quando é polarização circular.
Tendo em conta os materiais constituintes dos geradores eólicos temos para os
parâmetros constitutivos os seguintes valores:
Permeabilidade magnética do ar: ;
Constante dieléctrica do ar:
;
Condutividade magnética: ;
Desta forma os geradores, que se admitem que sejam, constituídos em alumínio,
cumprem a condição (4.31), e assim, podem ser tomados como bons condutores para todas as
frequências dos sistemas em estudo. Assim o índice de refracção relativo para os geradores
eólicos, segundo as expressões (4.32) e (4.33):
4.3.1 VOR
Quando o sinal deste tipo de sistema sofre reflexão num gerador eólico o factor de
reflexão apresenta as seguintes variações no módulo e fase:
Figura 4.1 - Módulo do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema VOR
0,999975
0,99998
0,999985
0,99999
0,999995
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
|RTE|VOR/DME
Ângulo de fogo (°)
|RTE|VOR/DMEGEol
|RTE|
28
Figura 4.2 - Fase do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema VOR
Dado este andamento do módulo do factor de reflexão, pode-se assumi-lo como
constante e igual a 1. E este factor de reflexão é o termo que determinará as perdas por
reflexão nas partes móveis e fixas dos geradores eólicos, já que se está a considerar que o
material base de todo o gerador eólico é o alumínio.
A fase (φTE
), mesmo que se mantenha constante para todo o ângulo de fogo, tendo em
conta a diferença de percursos entre o sinal principal e o sinal reflectido, influencia a potência
recebida num certo ponto P do espaço para todos os sistemas estudados. A diferença de
percursos entre o sinal principal e o sinal reflectido, se este chegar ao receptor, é a principal
causa de degradação do sinal, visto que os dois sinais irão determinar a localização da
aeronave em relação ao VOR porque introduz um erro adicional ao cálculo dessa localização.
0
90
180
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
ϕTEVOR/DME
Ângulo de fogo (°)
ϕTEVOR/DMEGEol
ϕTE
29
4.3.2 PSR
Este tipo de sistema de radar possui conjuntos de softwares capazes de extrapolar
obstáculos fixos existentes no seu alcance. Estes sistemas computacionais são capazes de, ao
identificar uma estação eólica, informar o controlador da sua existência e elimina-la do ecrã do
radar. Assim as reflexões deste tipo de sinal que acontecem num gerador eólico, ou numa
estação eólica, se conseguirem chegar ao receptor não causam perturbações capazes de
inutilizar o sistema.
4.3.3 SSR
Neste tipo de sistema, como pode usar polarização linear ou circular, optou-se por
abordar o caso em que usa polarização linear e assim o factor de reflexão que deve ser levado
em conta é o RTE
. No entanto, se as condições climatéricas assim o exigirem o sistema pode
usar a polarização circular e nesse caso tinha-se que calcular o RTM
. Tendo em conta a
frequência de trabalho deste sistema, pela expressão (4.15) o módulo e fase do factor de
reflexão apresentam os seguintes valores:
Figura 4.3 - Módulo do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema SSR
0,9999998
0,9999999
0,9999999
1
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
|RTE|
Ângulo de fogo (°)
|RTE|SSRGEol
|RTE|
30
Figura 4.4 - Fase do factor de reflexão de um gerador eólico para o sistema SSR
Verifica-se que o módulo do factor de reflexão pode ser considerado constante e igual
a 1. E mesmo que a fase não sofra variação, o facto de existir diferença de percurso entre o
sinal principal e o reflectido, introduz degradação do sinal.
4.4 Factores de reflexão no terreno circundante
As reflexões podem não acontecer apenas nos geradores eólicos e podem ocorrer
somente e/ou também no solo, embora se as reflexões só se derem no solo sai-se do âmbito
deste estudo, pelo que apenas se irá tratar as reflexões que se derem no terreno e também
nos geradores eólicos. Dependendo do tipo de solo os sinais reflectidos apresentam
comportamentos distintos. Apresentam-se cinco tipos de terreno onde podem ocorrer as
reflexões:
Terreno agrícola;
Terreno urbano;
Terreno húmido;
Terreno rochoso;
Mar;
Os parâmetros electromagnéticos dos terrenos usados são descritos na seguinte
tabela:
0
90
180
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
ϕTE
Ângulo de fogo (°)
ϕTESSRGeol
ϕTE
31
Tabela 4.1 - Características electromagnéticas dos terrenos escolhidos para estudo
Terreno [S/m]
Agrícola 15 5×10
-3
Urbano 5 5×10
-3
Húmido 30 2×10
-2
Rochoso 10 2×10
-2
Mar 81 5
4.4.1 Reflexão em terreno agrícola
Tem-se os parâmetros electromagnéticos característicos deste tipo de terreno:
Permeabilidade magnética: ;
Constante dieléctrica: ;
Condutividade magnética: ;
Neste caso, de existência de reflexões em terreno agrícola, verifica-se que se pode
tomar esta superfície reflectora como um bom dieléctrico para todos os sistemas em estudo
porque cumpre a condição (4.37).
Se a reflexão de um sinal de algum dos sistemas em estudo acontecer num terreno
agrícola, o índice de refracção relativo toma o valor, segundo as expressões (4.38) e (4.39):
E surge a seguinte variação para o factor de reflexão pela expressão (4.56):
Figura 4.5 - Factor de reflexão de um terreno agrícola para os sistemas em estudo
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
RTE
Ângulo de fogo (°)
RTEterreno agrícola
|Rte|
32
Neste caso, como factor de reflexão sofre uma variação, embora não seja muito
acentuada, irá ter influência no traçado da potência de um sinal destes tipos se este sofrer
reflexões neste terreno. Assim tomar-se-á a média aritmética deste traçado para se usado com
factor de reflexão no calculo dessas potências.
4.4.2 Reflexão em terreno urbano
Tem-se os parâmetros electromagnéticos característicos deste tipo de terreno:
Permeabilidade magnética: ;
Constante dieléctrica: ;
Condutividade magnética: ;
Neste caso, de existência de reflexões em terreno urbano, verifica-se que se pode
tomar esta superfície reflectora como um bom dieléctrico para todos os sistemas em estudo
porque cumpre a condição (4.37).
Se a reflexão de um sinal de um qualquer sistema em estudo acontecer num terreno
urbano, o índice de refracção relativo toma o valor, segundo as expressões (4.38) e (4.39):
E surge a seguinte variação para o factor de reflexão pela expressão (4.16):
Figura 4.6 - Factor de reflexão de um terreno urbano para os sistemas em estudo
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
RTE
Ângulo de fogo (°)
RTEterreno urbano
Rte
33
Tomar-se-á, também, a média aritmética deste traçado para que se possa calcular a
potência de sinais reflectidos neste tipo de terreno, porque não se o pode encarar como
constante.
4.4.3 Reflexão em terreno húmido
Quando as reflexões acontecem num terreno húmido, o índice de refracção também
respeita a condição (4.37) que é necessária para ser considerado um bom dieléctrico e sendo
assim o seu valor surge, de novo, como um real.
Usando valores típicos deste tipo de terreno para os parâmetros electromagnéticos
necessários:
Permeabilidade magnética: ;
Constante dieléctrica: ;
Condutividade magnética: ;
Chega-se a um valor para o índice de refracção relativo, comum a todos os sistemas
estudados, pelas expressões (4.38) e (4.39):
E assim chega-se aos traçados dos factores de reflexão para terreno húmido pela
expressão (4.56):
Figura 4.7 - Factor de reflexão de um terreno húmido para os sistemas em estudo
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
RTE
Ângulo de fogo (°)
RTEterreno húmido
|Rte|
34
Este tipo de terreno apresenta um factor de reflexão que não se pode ter como
constante e por isso mesmo toma-se a sua média aritmética para posterior utilização.
4.4.4 Reflexão em terreno rochoso
Quando as reflexões acontecem num terreno rochoso ou seco, o índice de refracção
respeita a condição (4.37) e, por isso mesmo, pode ser considerado um bom dieléctrico e
sendo assim o seu valor surge, de novo, como um real.
Usando valores típicos deste tipo de terreno para os parâmetros electromagnéticos
necessários:
Permeabilidade magnética: ;
Constante dieléctrica: ;
Condutividade magnética: ;
Chega-se a um valor para o índice de refracção relativo, comum a todos os sistemas
estudados, pelas expressões (4.38) e (4.39):
E assim chega-se aos traçados dos factores de reflexão para terreno rochoso ou seco
pela expressão (4.56):
Figura 4.8 - Factor de reflexão de um terreno rochoso para os sistemas em estudo
De igual forma ao terrenos analisados anteriormente tomar-se-á a média aritmética do
seu factor de reflexão.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
RTE
Ângulo de fogo (°)
RTEterreno rochoso
|Rte|
35
4.4.5 Reflexão em mar
Quando existem reflexões na superfície do mar tem que se tomar, de igual forma dos
terrenos anteriores, os seus parâmetros electromagnéticos característicos:
Permeabilidade magnética: ;
Constante dieléctrica: ;
Condutividade magnética: ;
Neste caso, o índice de refracção relativo vai variar com o sistema a ser usado, no
entanto, apresentará uma forma complexa para todos os três sistemas em estudo.
4.4.5.1 VOR
Quando o sinal deste tipo de sistema sofre reflexões na superfície do mar é respeitada
a condição (4.31) e por isso mesmo a superfície reflectora pode ser encarada como um bom
condutor e, neste caso, o índice de refracção relativo tem que ser calculado em modulo e fase
através das expressões (4.32) e (4.33):
O factor de reflexão, calculado pela expressão (4.54), também apresenta um módulo e
fase:
Figura 4.9 - Módulo do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema VOR
0,999975
0,99998
0,999985
0,99999
0,999995
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
|RTE|
Ângulo de fogo (°)
|RTE|mar
|RTE|
36
.
Figura 4.10 - Fase do factor de reflexão da superfície do mar
Pode-se tomar este módulo do factor de reflexão pode ser encarado como constante e
igual a 1, para um posterior uso
Nota-se que não há variação de fase, no entanto a diferença de percursos entre o sinal
principal e um eventual sinal reflectido é o bastante para que se possa ocasionar uma
degradação do sinal.
4.4.5.2 PSR
Assim que existam reflexões do sinal deste sistema de radar, na superfície do mar, não
se cumpre nem a condição (4.31) nem a condição (4.37) por isso a superfície em questão não
pode ser encarada nem como boa condutora nem como bom dieléctrico. Sendo assim, o índice
de refracção relativo tem que ser calculado segundo a expressão (4.34) para o módulo e
segundo a expressão (4.35) para a fase.
E assim o factor de reflexão assume o seguinte traçado em função do ângulo de fogo
pela expressão (4.54) em módulo e fase:
0
90
180
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
ϕTE
Ângulo de fogo (°)
ϕTEmar
ϕTE
37
Figura 4.11 - Módulo do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar PSR
Figura 4.12 - Fase do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar PSR
O módulo do factor de reflexão apresenta um traçado que permite possível fazer uma
aproximação e dizer que é constante e igual a 1.
Embora não haja variação de fase, existe diferença de percurso entre o sinal directo e
o, eventual, sinal reflectido. Essa diferença de percursos é suficiente para causar degradação
do sinal.
0,999975
0,99998
0,999985
0,99999
0,999995
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
|RTE|
Ângulo de fogo (°)
|RTE|mar
|RTE|
0
90
180
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
ϕTE
Ângulo de fogo (°)
ϕTEmar
ϕTE
38
4.4.5.3 SSR
Assim que o sinal deste tipo de sistema de radar sofre reflexões na superfície do mar,
não se consegue cumprir as condições (4.31) e (4.37) e assim não se pode tomar a superfície
reflectora como boa condutora nem como bom dieléctrico. Desta forma o índice de refracção
relativo tem que ser calculado através das expressões (4.34 e (4.35) em módulo e fase.
Agora que se tem o valor do índice de refracção relativo pode-se calcular o factor de
reflexão, pela expressão (4.54), que apresenta o seguinte andamento:
Figura 4.13 - Módulo do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar SSR
.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
|RTE|
Ângulo de fogo (°)
|RTE|mar
|Rte|
39
Figura 4.14 - Fase do factor de reflexão da superfície do mar para o sistema de radar SSR
Uma vez mais, o módulo do factor de reflexão, dado o seu andamento com o ângulo de fogo,
pode ser encarado como constante e igual a 1Aqui já se percebe uma leve variação da fase do
factor de reflexão que tem a ver com a frequência do sistema a ser estudado.
175
176
177
178
179
180
181
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
ϕTE
Ângulo de fogo (°)
ϕTEmar
ϕ
40
41
Capítulo 5
5 Relações de potência
As perdas devidas à propagação em espaço livre são definidas, de uma forma ideal
entre duas antenas isotrópicas colocadas no espaço, sem interferência do terreno nem das
condições atmosféricas, condições estas que na prática não podem ser obtidas.
Usando a formula de Friis na sua forma simplificada:
2
4
Rgg
p
pER
E
R
(5.1)
Se se usar em unidades logaritmicas:
)4
(log20)(log10)(log10)(log10)(log10 1010101010R
ggpp ERER
(5.2)
A expressão usada para o cálculo da potência recebida num certo ponto P deriva então
da fórmula de Friis e foi:
010 )(log10 AGGtgpP REErRD (5.3)
Mas, no entanto, esta potência apenas revelaria a potência recebida em espaço livre,
considerando apenas o raio directo e estando as antenas situadas nas melhores condições de
transferência de potência com os máximos absolutos dos respectivos diagramas de radiação
alinhados.
Para se perceber todas as condições de operação destes sistemas, tem que se ter em
linha de vista que existem reflexões e que essas as reflexões não se dão apenas nos
geradores eólicos, mas também podem ocorrer no terreno circundante e seguidamente nos
geradores eólicos.
Assim surgem três modelos distintos, no que às reflexões diz respeito. Um primeiro em
que as reflexões se dão, única e exclusivamente, nos geradores eólicos; um segundo, no qual
as reflexões se dão apenas no terreno circundante e finalmente um terceiro em que as
reflexões se dão no terreno circundante e, também, nos geradores eólicos.
42
Figura 5.1 - Modelo usado para o estudo dos sistemas com reflexão somente no gerador eólico
Figura 5.2 - Modelo usado para o estudo dos sistemas com reflexão apenas no terreno
Figura 5.3 - Modelos usados para o estudo dos sistemas com reflexão no gerador eólico e no terreno
43
A potência recebida do raio directo num determinado ponto P do espaço foi calculada
segundo a expressão (5.3).
Tendo em conta que o factor de reflexão, em módulo e fase, traduz as perdas por
reflexão na superfície chegou-se ao valor da potência recebida de um eventual raio reflectido
num determinado ponto P do espaço usando a seguinte expressão:
21
2
10 22cos||2||1log10 ddkRRpP TETETE
rr RDRR (5.4)
Utilizando os três modelos anteriormente referenciados e usando os valores calculados
dos factores de reflexão dos geradores eólicos e terreno pode-se chegar, num ponto geral P do
espaço, aos traçados de potência para os diferentes sistemas estudados. É de notar que para
os sistemas de radar foi apenas pensado o uso do RTE
porque se impõe o apenas o uso de
polarização linear. No entanto se as condições climatéricas assim o exigirem o sistema pode
usar polarização circular e aí tem que usar o RTM
em conjunto com o RTE
. De forma prática o
RTM
apareceria na equação (5.4).
5.1.1 VOR
Considera-se que a aeronave quando que está utilizar este sistema de rádio ajuda à
navegação aérea mantém uma altitude constante, quando passa pelo VOR.
Tem-se como valores típicos para as antenas deste tipo de sistema de rádio ajuda à
navegação aérea:
ou ;
;
;
;
para aeronaves equipadas com antenas planares;
para aeronaves equipadas com antenas de dípolos tipo V;
5.1.1.1 Raio directo
Neste ponto calcular-se-á a potência que chega ao receptor através do raio directo,
sem qualquer perda pela expressão (5.3).
44
Figura 5.4 - Variação da potência num cenário em que não existe qualquer tipo de reflexões do sinal
Pode-se verificar que dentro do alcance do sistema VOR, se não existirem reflexões, o
sinal que chega ao receptor apresenta sempre uma potência superior à sensibilidade do
receptor ( ou ). Este será o valor da potência representada a verde nas
Figuras 5.1, 5.2, e 5.3, que será constante para cada análise dos 3 modelos dispostos a
estudar.
5.1.1.2 Reflexões apenas nos geradores eólicos
Usando a expressão (5.4) pode-se calcular a quantidade de energia que é reflectida
por um gerador eólico (ver Figura 5.1) e traçar o seu andamento ao longo da distância da
ligação.
Figura 5.5 - Variação da potência quando existe reflexão num gerador eólico
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
0 100 200 300 400
PrRD(VOR/DME) (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD(VOR/DME)
PrRD(VOR/DME)
-140
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 100 200 300 400
PrRR(VOR/DME) (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRRGEol
PrRR
Linear (PrRR)
45
Pode-se, desta maneira, verificar que a potência reflectida pelo gerador eólico, dada a
sua amplitude terá uma influência significativa no resultado do tratamento dos sinais que
chegam ao receptor. O andamento da potência não descreve uma curva linear devido à
influência do e, por isso mesmo, traçou-se uma curva de tendência
para se poder ter uma melhor percepção do andamento desta potência. E assim, pode-se
concluir que à medida que a distancia da ligação aumenta a influencia do sinal reflectido
decresce. Logo o erro que origina no processamento da informação é maior quanto mais perto
a eólica estiver do sistema.
5.1.1.3 Reflexões apenas no solo
Quando acontecem reflexões no solo (ver Figura 5.2) parte da potência perde-se
devido às perdas por reflexão. Isso aritmeticamente traduz-se pela introdução do factor de
reflexão, ( ), do terreno no cálculo da potência através da expressão (5.4).
O traçado destas potências também irá apresentar um andamento em função do
e por isso não descreve uma curva linear e é necessário recorrer a
uma curva de tendência.
Assim chega-se a uma potência reflectida que, obviamente, vai variando com a
distância entre o ponto de reflexão e o receptor.
5.1.1.3.1 Terreno agrícola
Para este tipo de terreno usou-se a média aritmética dos valores do ( ) e chegou-se
ao seguinte traçado para a potência reflectida:
Figura 5.6 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno agrícola
Pode-se verificar que a potência reflectida neste tipo de terreno, que eventualmente
possa chegar ao receptor a bordo da aeronave, apresenta valores muito parecidos com os da
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 100 200 300 400
PrRR (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRR TerrAgr
PrRR
Linear (PrRR)
46
potência do raio directo e, assim sendo, poderá provocar degradação do sinal devido ao atraso
com que a onda reflectida atinge o receptor.
5.1.1.3.2 Terreno urbano
A potência entregue por um sinal reflectido num terreno urbano, usando o factor de
reflexão desse terreno e usando a expressão (5.2) é dada por:
Figura 5.7 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno urbano
Mais uma vez, a potência entregue pelo sinal reflectido aproxima-se muito da potência
do sinal directo. Podendo causar, de novo, degradação do sinal por interferência devido ao
atraso causado pela diferença de percursos entre o sinal directo e o sinal reflectido.
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 100 200 300 400
PrRR (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRR TerrUrb
PrRR
Linear (PrRR)
47
5.1.1.3.3 Terreno húmido
Se um sinal deste tipo de sistema sofre reflexões num terreno húmido, a potência que
entrega no receptor é, pela expressão (5.4):
Figura 5.8 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno húmido
No caso de acontecerem reflexões em terreno húmido a potência do sinal reflectido
assemelha-se à potência do sinal directo deste sistema. Logo, pode também criar degradação
do sinal por interferência.
5.1.1.3.4 Terreno rochoso
Quando as reflexões se dão em terreno rochoso ou seco, usando a expressão (5.4),
obtém o seguinte andamento para a potência do sinal reflectido:
Figura 5.9 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num terreno rochoso
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PrRR (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRR TerrHúm
PrRR
Linear (PrRR)
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 100 200 300 400
PrRR (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRR TerrRoch
PrRR
Linear (PrRR)
48
Os sinais reflectidos por este tipo de terreno apresentam uma potência parecida com a
do sinal principal.
5.1.1.3.5 Mar
Apresentando-se a superfície do mar como uma superfície reflectora, que se pode
aproximar de um bom condutor, as reflexões que aí acontecem apresentam as mesmas
características das reflexões que ocorrem nos geradores eólicos.
Figura 5.10 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões na superfície do mar
A potência do sinal reflectido aproxima-se muito da potência do sinal directo. Isto, pelos
motivos já anteriormente referidos, pode causar imensos problemas em aeroportos ou
aeródromos que se situem em ilhas ou próximos do mar.
-140
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 100 200 300 400
PrRR (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRR Mar
PrRR
Linear (PrRR)
49
5.1.1.4 Reflexões no terreno e geradores eólicos
No último modelo que se comprometeu a analisar consta um sinal reflectido
proveniente de superfícies reflectoras diferentes (ver Figura 5.3). Neste caso oriundo de um
gerador eólico e de um terreno agrícola. E como se pode comprovar seguidamente, estas
potências, dadas as suas dimensões podem ser desprezadas (como fonte que possa provocar
degradação do sinal) visto que são menores do que a sensibilidade do receptor.
5.1.1.4.1 Terreno agrícola
Quando estamos perante este tipo de terreno, o traçado da potência que é reflectida
pelo gerador eólico e pelo terreno, ao longo da distância, e que pode chegar ao receptor é:
Figura 5.11 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência reflectida pelo terreno para o sistema VOR
Pode-se facilmente verificar que, logo nas imediações da antena este sinal já não tem
sequer potência suficiente para ser detectado pelo receptor.
-250
-200
-150
-100
-50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PrRD+RR(dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD+RRTerrAgr+GEol
PrRD+RR
Linear (PrRD+RR)
50
5.1.1.4.2 Terreno urbano
Assim para este tipo de terreno é apresentado o traçado da potência para este sinal. E
pode-se desde já concluir que se pode desprezar perante as suas dimensões.
Figura 5.12 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência reflectida pelo terreno para o sistema VOR
5.1.1.4.3 Terreno húmido
Se for em terreno húmido, juntamente com o gerador eólico, que se acontecem as
reflexões, então a potencia desse sinal é:
Figura 5.13 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência reflectida pelo terreno para o sistema VOR
-250
-200
-150
-100
-50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PrRD+RR(dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD+RRTerrUrb+GEol
PrRD+RR
Linear (PrRD+RR)
-250
-200
-150
-100
-50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PrRD+RR(dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD+RRTerrHúm+GEol
PrRD+RR
Linear (PrRD+RR)
51
E dadas as suas dimensões também pode ser desprezada já que não causa
degradação do sinal.
5.1.1.4.4 Terreno rochoso
Este caso é idêntico ao dos outros terrenos sendo potencia resultante demasiado
pequena para se ter em conta e é dada por:
Figura 5.14 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência reflectida pelo terreno para o sistema VOR
5.1.1.4.5 Mar
Se as reflexões se derem na superfície do mar juntamente nos geradores eólicos pode-
se verificar que a conclusão é a mesma dos outros terrenos:
Figura 5.15 - Andamento da potência reflectida pelo gerador eólico somada com a potência reflectida pela superfície do mar para o sistema VOR
-250
-200
-150
-100
-50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PrRD+RR(dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD+RRTerrRoch+GEol
PrRD+RR
Linear (PrRD+RR)
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PrRD+RR(dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD+RRMar+GEol
PrRD+RR
Linear (PrRD+RR)
52
5.1.2 PSR
Estes tipos de sistemas de radar apresentam os seguintes valores típicos para os
parâmetros envolvidos no cálculo do andamento da potência:
PSR
ou ;
;
;
;
Sendo assim, através da expressão (5.3) apresenta o seguinte andamento de potência
ao longo do seu alcance:
Figura 5.16 - Traçado da potência entregue pelo raio directo
Para este sistema de radar a potência reflectida pelos terrenos e pelos geradores
eólicos pouca influencia têm na recepção do sinal devido ao seu funcionamento e aos apoios
computorizados instalados.
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
0 50 100 150 200 250 300
Potência (dB)
Distância (Km)
Pr(PSR)
PrRD
53
5.1.3 SSR
Neste tipo de sinal prevê-se que a aeronave, que seja captada, se esteja a preparar
para aterrar ou levantar voo, pelo que a sua altitude varia consoante a distância, no entanto
neste trabalho vai-se manter a sua altitude.
Este tipo de sistema de radar apresenta os seguintes valores típicos para os
parâmetros necessários ao cálculos das potências a realizar:
SSR
ou
e
ou ;
e ;
;
,
, e
;
5.1.3.1 Raio directo
A potência para os dois modos de transmissão deste sistema: uplink e downlink, são
evidenciados de seguida:
Figura 5.17 - Traçado da potência entregue pelo raio directo na ligação uplink
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
0 20 40 60 80 100 120 140
Potência (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
Pr(SSR-uplink)
Pr(SSR-uplink)
54
Figura 5.18 - Traçado da potência entregue pelo raio directo na ligação downlink
Pode se verificar que a potência entregue pelo raio directo esta sempre acima do limiar
da sensibilidade dos receptores.
5.1.3.2 Reflexões apenas nos geradores eólicos
Note-se que se pode tomar o mesmo raciocínio que em 5.1.1.2 porque os geradores
eólicos comportam-se da mesma maneira que se comportam para o sistema VOR, e por isso o
traçado da potência reflectida vem:
Figura 5.19 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões num gerador eólico
-80
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
100
0 20 40 60 80 100 120 140
Potência (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
Pr(SSR-downlink)
Pr(SSR-downlink)
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 20 40 60 80 100 120 140 Potência (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRR(SSR)(dBm)
PrRR
Linear (PrRR)
55
Assim pode-se verificar que esta potencia reflectida tem uma maior influencia quando a
distancia de ligação se aproxima de 0, e assim sendo haverá uma maior probabilidade de o
sinal sofrer degradação.
5.1.3.3 Reflexões apenas nos solos
Segue-se a mesma linha que em 5.1.1.3, e por isso mesmo chega-se a uma potência
reflectida que, obviamente, vai variando com a distância entre o ponto de reflexão e o receptor.
E visto que todos os terrenos estudados se comportam como bons dieléctricos excepto
o mar estudar-se-á, neste ponto um dos terrenos e o mar. Isto porque, em todos os outros
terrenos, o andamento da potência se comportará de forma semelhante.
5.1.3.3.1 Terreno agrícola
Escolheu-se este terreno devido ao facto das antenas do sistema VO/DME se
encontrarem em zonas remotas onde é mais provável que o terreno envolvente seja agrícola.
Sendo assim, através da expressão (5.4), o andamento da potência é representado:
Figura 5.20 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões no terreno
À medida que a aeronave se aproxima da antena emissora, se o sinal sofrer reflexões
no terreno que cheguem ao receptor, a influência dessas reflexões na qualidade do sinal
aumenta.
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 20 40 60 80 100 120 140 Potência (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD(SSR)
PrRR
Linear (PrRR)
56
5.1.3.3.2 Mar
Figura 5.21 - Variação da potência quando o sinal sofre reflexões na superfície do mar
5.1.3.4 Reflexões no terreno e nos geradores eólicos
Pelas conclusões tiradas em 5.1.1.4 pode-se concluir o mesmo acontece para este
sistema e sendo assim deixa de ser necessário a apresentação de resultados, o que se
tornaria repetitivo na explanação do problema e suas soluções.
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
0 20 40 60 80 100 120 140 Potência (dBm)
Distância entre emissor e receptor (Km)
PrRD(SSR)
PrRR
Linear (PrRR)
57
Capítulo 6
6 Cálculo das zonas de exclusão
A difracção de uma onda rádio ocorre quando a onda encontra um obstáculo de tal
forma que o seu tamanho seja maior que o comprimento de onda. Para frequências inferiores a
1 GHz existe difracção no obstáculo, aumentando a atenuação em função da área de
obstrução do obstáculo. Acima de 1 GHz, ao aumentar a área de obstrução, a atenuação
aumenta muito rapidamente de tal forma que até pode tornar a ligação numa ligação não
viável. A quantidade real de atenuação depende da área obstruída em relação à área total do
feixe e das propriedades de difracção do obstáculo. Em condições normais de transmissão, o
feixe deve estar suficientemente distanciado dos obstáculos, para evitar a atenuação.
A distância pode ser calculada recorrendo ao princípio de Huygens e à teoria de
Fresnel, considerando um ponto P, na zona entre a antena emissora e receptora, S1 e S2
respectivamente. Na zona de Fresnel existem tantos quanto possíveis pontos P, que definem
uma circunferência de raio R e um elipsóide concêntrico. A junção de todos os elipsóides
define a Zona de Fresnel ou Elipsóide de Fresnel.
Figura 6.1 - Representação da Zona de Fresnel
Por isso é importante ter em conta o significado dos elipsóides de Fresnel, visto este
conceito ter extrema importância para as comunicações em radiofrequência. As Zonas de
Fresnel são um conceito que permite definir as condições nas quais a propagação entre duas
antenas pode ser considerada como espaço livre e estabelece que a energia radiada por uma
antena ou conjuntos de antenas, em espaço livre, (embora a onda se considere com plana e
uniforme), está contida no volume de um elipsóide com centro na direcção de propagação da
onda e que depende do comprimento de onda usado ( ) e da distância entre os dois pontos de
58
ligação. No contexto de ligações em radiofrequência interessa ter em conta a primeira e
segunda Zona de Fresnel, os chamados primeiro e segundo Elipsóides de Fresnel porque a
energia transmitida nos diferentes elipsóides diminui à medida que aumenta a área do mesmo.
Sendo o primeiro elipsóide o espaço livre de obstáculos que é necessário à ligação para que
não haja reflexões do sinal até que este chegue à antena receptora, evitando assim que haja
interferências em oposição de fase. É no primeiro elipsóide de Fresnel que se transmite a
maior parte da energia pelo que é importante que este esteja totalmente desobstruído ou
tolera-se uma obstrução de cerca de 40%. O segundo elipsóide de Fresnel contribui para a
redução do campo total que chega ao receptor devido à sobreposição de ondas em oposição
de fase. Já o terceiro elipsóide é menos significativo devido à quantidade de energia
transmitida, mas essa energia serve de reforço do sinal na recepção. Nesta situação tem que
se garantir a desobstrução total de pelo menos o primeiro e segundo elipsóides de Fresnel.
Quer-se que o primeiro e o segundo elipsóides de Fresnel estejam desimpedidos durante a
ligação por uma questão de fiabilidade, dado que os sistemas estudados envolvem a
segurança das pessoas a bordos das aeronaves.
Figura 6.2 - Esquema dos Elipsóides de Fresnel numa ligação em radiofrequência
59
6.1 Cálculo da zona de interferência de Fresnel
Esta distância evita as perturbações devido ao efeito de difracção. O cálculo desta
zona é feito, basicamente, através do cálculo do segundo elipsóide de Fresnel, isto porque em
ligações de radiofrequência a primeira e segunda Zona de Fresnel são as de maior interesse
porque a energia transmitida nos diferentes elipsóides diminui à medida que aumenta a área do
mesmo. Sendo o primeiro elipsóide o espaço livre de obstáculos que é necessário à ligação
para que não haja reflexões do sinal até que este chegue à antena receptora, evitando assim
que haja interferências em oposição de fase. É no primeiro elipsóide de Fresnel que se
transmite a maior parte da energia Como é um elipsóide a zona é válida tanto vertical como
horizontalmente:
21
212
2
dd
ddRF
(6.1)
Sendo o raio, em metros, do elipsóide; λ o comprimento de onda em metros; e
as distâncias relativas entre emissor-obstáculo e receptor-obstáculo.
Figura 6.3 - Esquema da distância lateral que define a zona de interferência de Fresnel
Sendo assim, para os diferentes tipos de sinais estudados, esta distância irá variar e
estabelecerá uma margem de segurança quanto à existência de obstáculos ou para a criação
de estações eólicas. Que se, no entanto, já existirem causarão degradação do sinal através do
efeito de degradação com já visto anteriormente no capítulo 3.
60
6.1.1 VOR
Para este tipo de sistema, e usando os seus valores tipo, pode-se determinar a
distância de interferência de Fresnel para uma ligação que aconteça ao alcance máximo do
sistema:
Comprimento de onda: ;
Distância: ;
Figura 6.4 - Variação da distância de interferência de Fresnel para o sistema VOR
Pode-se concluir que, consoante distância de ligação, é exigido que exista uma
distância máxima, lateral em relação ao eixo de propagação do sinal, de cerca de 1440m,
(porque são 700m para cada lado do eixo de propagação do sinal mais o comprimento das
pás), livres de obstáculos para que não haja degradação do sinal pelo efeito de difracção.
Assim não é viável para a ligação VOR a construção, ou existência, de estações eólicas a uma
distância menor do que a calculada para a distância da ligação.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Distância de interferência
(m)
Distância entre emissor e receptor (Km)
Zona de Interferência de Fresnel
61
6.1.2 PSR
Neste tipo de sistema em que se pretende que a onda seja reflectida pela aeronave,
usou-se os valores típicos dos parâmetros necessários:
Comprimento de onda: ;
Distância: ;
Figura 6.5 - Variação da distância de interferência de Fresnel para o sistema de radar PSR
E pode-se concluir que apresenta também uma distância variável e dependente da
distância de ligação apresentando no seu máximo o valor de 200m, tendo em conta os
pormenores já anteriormente referidos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância de Interferência
(m)
Distância entre emissor e receptor (Km)
Zona de Interferência de Fresnel
62
6.1.3 SSR
Para este sistema poderiam ser apresentadas as distâncias de interferência de Fresnel
para a ligação em downlink e ligação uplink. No entanto, tendo em conta que em princípio não
existirão obstáculos nas proximidades da aeronave quando esta se encontra em voo, apenas é
justificada a apresentação da distância para a ligação em uplink.
Comprimento de onda: ;
Distância: ;
Figura 6.6 - Variação da distância de interferência de Fresnel para o sistema de radar SSR ne ligação uplink
Para a ligação em uplink é necessária uma distância livre máxima de cerca de 320m
para que a ligação se possa realizar sem degradação por efeitos de difracção do sinal.
0
50
100
150
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância de Interferência
(m)
Distância entre emissor e receptor (Km)
Zona de Interferência de Fresnel
63
6.2 Cálculo da zona de reflexão
Esta zona permite estabelecer uma distância de segurança para que a interferência
entre o sinal principal e os sinais reflectido não seja impeditiva à realização da ligação. Deste
modo, pode-se prevenir que a relação sinal ruído (C/I) não se torne mais baixo do que um certo
valor pré-determinado para cada sistema em estudo.
Figura 6.7 - Esquema da distância da zona de reflexão
Para se poder calcular este C/I recorreu-se à expressão:
)()()0()0()(log20)(log2071/ 221121102110 GGGGDssSIC t (6.2)
Onde:
)(22
2,12,1 KmDds s (6.3)
))((log10 10 dBS (6.4)
σ - Secção eficaz de radar no pior caso, [m2], que neste caso foi tomada como
1000m2;
- Ganhos das antenas em linha de vista [dB]
- Ganhos das antenas fora de linha de vista [dB], que para os radares,
como usam antenas parabólicas, foi usada a expressão:
)4
(log102
2,1
10
G (6.5)
64
6.2.1 VOR
Para o sistema de rádio ajuda VOR chega-se a uma distância de segurança, para que
não haja reflexões do sinal, de 5m e que é 0 a 45m da antena.
Figura 6.8 - Variação da distância da zona de exclusão de campo próximo para o sistema VOR
Este andamento repete-se nas proximidades do receptor, mas tendo em conta que o
receptor se encontra a bordo de uma aeronave, não faz sentido falar nesta distância.
6.2.2 PSR
Como este tipo de sistema de radar possui softwares capazes de excluir obstáculos
fixos no terreno e o seu próprio funcionalmente baseia-se em reflexões, não se calcula a
distância mínima para que não haja reflexões.
6.2.3 SSR
Neste tipo de sistema, dado o seu modo de funcionamento, apenas vai receber as
respostas (noutra frequência) dos transponders a bordo das aeronaves. Sendo assim, as
reflexões que possam chegar à antena não acrescentam apenas uma leve interferência.
0
1
2
3
4
5
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
Ds(m)
Distância à antena (m)
Zona de Interferência de Reflexão
ZIR
65
6.3 Cálculo da zona de exclusão do campo próximo
Esta zona define um limite de distância dentro do qual não pode existir num gerador
eólico para que não surjam perturbações devido ao efeito de campo próximo e é calculada pela
seguinte expressão:
pásCP Lg
FD
2
(6.6)
Em que F é uma constante que estabelece o grau de fiabilidade que se pretende para
o sistema e que geralmente é aconselhada ser 3, g é o ganho da antena em linha de vista e em
unidades lineares, λ é o comprimento de onda em metros para a frequência de operação e
é o comprimento em metros das pás do gerador eólico.
6.3.1 VOR
Neste sistema, usando uma frequência de trabalho de 113MHz e um ganho de 5dB:
mDDMEVORCP 547,4240
1065,23
2
10
5
/
(6.7)
Deste modo, o centro do primeiro gerador eólico de uma estação eólica não pode estar
dentro dos limites desta distância ao sistema VOR para que não haja degradação do sinal por
efeito de campo próximo.
6.3.2 PSR
Neste sistema, usando uma frequência de trabalho de 2800MHz e um ganho de 34dB:
mDPSRCP 697,12140
10107,03
2
10
34
(6.8)
Assim dentro desta distância ao sistema de radar PSR não é aconselhável a existência
de geradores eólico, no entanto, e dado que este sistema se encontra normalmente num
aeroporto ou aeródromo, pode-se tomar como cumprida esta condição.
6.3.3 SSR
Neste sistema, usando uma frequência de trabalho de 1030MHz e um ganho de 27dB na
ligação uplink:
mDSSRCP 332,12440
10291,03
2
10
27
(6.9)
66
Do mesmo modo que no sistema de radar PSR, o sistema de radar SSR, por se
encontrar na mesma antena que o anterior reúne as mesma condições, pelo que , em principio
esta margem de segurança será sempre cumprida.
E em downlink usando uma frequência de 1090MHz e um ganho de 7,5dB:
mDSSRCP 470,4040
10275,03
2
10
5,7
(6.10)
No entanto este distância de downlink não é preocupante porque perto da aeronave, em
princípio não haverá nenhum obstáculo.
67
Capítulo 7
7 Conclusões
O controlo da navegação aérea é uma área muito sensível e importante porque envolve
a deslocação, de várias pessoas e bens de avião e é importante que essa deslocação se faça
em segurança, devido ao elevado custo do material envolvido e, como é óbvio e mais
importante, ao bem-estar dos passageiros. O crescente número de aeronaves é mais um factor
que afecta p problema da fiabilidade do controlo.
A crescente aposta, por parte das empresas de energia, na criação e implementação
de estações eólicas traz diversos problemas à navegação aérea, porque ocasiona diversos
efeitos na propagação dos sinais de rádio-ajuda à navegação aérea. Esses efeitos são
capazes de introduzir algumas degradações no sinal podendo, inclusive, levar à sua perda e,
portanto, à impossibilidade de garantir os critérios de fiabilidade das rádios-ajudas.
Tendo em conta que o objectivo desta dissertação é o estabelecer de distâncias de
segurança, entre as antenas dos dispositivos de rádio-ajudas à navegação aérea sustentada
por sistemas VOR, RADAR PSR e RADAR SSR e os geradores eólicos, estabelecem-se
recomendações devidamente fundamentadas para a construção de estações eólicas nas
proximidades destes dispositivos de modo a que o seu normal funcionamento não seja
perturbado.
Deste modo, pode-se chegar a algumas conclusões quanto às distâncias para cada um
dos sistemas estudados que serão abordadas nas secções seguintes.
7.1 VOR
Para este sistema foram calculadas as distâncias nas quais não convém a existência
de geradores eólicos. Essas distâncias podem ser vistas na seguinte tabela:
Tabela 7.1 - Zonas exclusão para geradores eólicos no sistema VOR
Distância (m)
Zona de Interferência
de Fresnel Zona de Reflexão
Zona de Exclusão de
Campo Próximo
1440 5 (a 0m da antena)
0 (a 45m da antena) 42,547
68
Sendo assim, a construção de estações eólicas não pode ser realizada a uma distância
menor do que 1440m da antena deste sistema. O que é parece uma distância aceitável, no
entanto, as estações eólicas são construídas no topo de elevações e essas elevações, na sua
maioria, não possui área suficiente para poder albergar a estação e a antena deste sistema
respeitando as distâncias necessárias.
7.2 PSR
Neste tipo de sistema, dado que o seu funcionamento se baseia em reflexão existem
alguns parâmetros que não fazem sentido serem calculados, nomeadamente, a parte das
reflexões no terreno adjacente e nos geradores eólicos. Isto porque estes sistemas possuem
um conjunto de softwares capazes de extrapolar e identificar obstáculos fixos, como as
estações eólicas, de informar o controlador aéreo responsável e de eliminar do cálculo de
radar.
Assim chegou-se às seguintes distâncias para este sistema:
Tabela 7.2 - Zonas exclusão para geradores eólicos no sistema de radar PSR
Distância (m)
Zona de Interferência
de Fresnel Zona de Reflexão
Zona de Exclusão de
Campo Próximo
200 - 121,697
Pode-se concluir que não pode haver a presença de estações eólicas a menos de
200m da antena de radar. Mas como as antenas deste sistema de radar se situam dentro da
área dos aeroportos ou aeródromos esta distância é facilmente cumprida.
69
7.3 SSR
Este sistema de radar, ao contrário do sistema de radar PSR, não funciona à base de
reflexões, mas de acordo com um sistema de rádio comunicação bidireccional onde a antena
emissora emite uma interrogação (numa ligação uplink) e os receptores a bordo da aeronave,
transponders, emitem uma resposta em frequência diferente (ligação downlink). Sendo assim,
as distancias que se devem guardar para este sistema são:
Tabela 7.3 - Zonas exclusão para geradores eólicos no sistema de radar SSR
Distância (m)
Zona de Interferência
de Fresnel Zona de Reflexão
Zona de Exclusão de
Campo Próximo
uplink downlink uplink downlink uplink downlink
320 - - - 124,332 -
Estas distâncias são facilmente cumpridas pois a antena deste sistema podem estar no
mesmo suporte físico que as do sistema PSR e por isso mesmo estas distâncias são facilmente
cumpridas (note-se que as antenas deste sistema se encontram, geralmente nos aeroportos ou
aeródromos). Não são apresentadas quaisquer distâncias para as ligações em downlink
porque, em princípio, nas proximidades de uma aeronave em pleno voo não haverá obstáculos
às radiocomunicações.
No decorrer da realização desta dissertação foi possível aplicar vários conceitos de
telecomunicações e de propagação de ondas electromagnéticas apreendidos ao longo do
curso, E ter noção da dificuldade de integrar condições da vida real num tema de extrema
importância para a sociedade.
No final da realização da presente dissertação pôde-se chegar a conclusões que se
podem considerar como esclarecedoras acerca do normal funcionamento dos sistemas
estudados, bem como das condições que os limitam. Onde as distancias das zonas de
exclusão são apenas resultados de um longo estudo sobre estes sistemas que são matéria
muito reservada.
Como perspectivas futuras sugere-se o estudo deste problema tendo em conta outro
tipo de limitações, tais como: variações na altitude da aeronave na proximidade das estações
eólicas, o que não foi contabilizado neste trabalho.
70
Referências
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aviação. AEROMODELISMO. [Online] 30 de Outubro de 2009. [Citação: 16 de Maio
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localização aérea via rádio . Sistemas de localização aérea via rádio . [Online] 2002-
2003. [Citação: 24 de Maio de 2011.]
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2011. [Citação: 20 de Junho de 2011.]
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[7]. Ferraz, Ana. Avaliação da Operação de geradores Eólicos em Regime
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[8]. Bacon, D F. Fixed-links wind-turbine exclusion zone method. 2002. p. 143.
[9]. Flightglobal. UK highlights perils to air traffic surveillance of growing wind
turbine 'farms'. [Online] 11 de Julho de 2006. [Citação: 29 de Agosto de 2011.]
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traffic-surveillance-of-growing-wind-turbine.html.
71
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72
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IFIS SIIV. 13th International flight inspection Symposium, 2004.
Joint Radio Company Limited. Calculation of Wind Turbine Clearance zones, used by JRC for
460MHz telemetry Links, when tuebinesizes and locations are accurately are known, 2007.
Bethany Wind Turbine Study Committee. Report, 2007
Faro, M.de Abreu, Propagação e Radiação de Ondas Electromagnéticas, Tecnica AIST, 1984.