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HEMORREDE SUSTENTÁVEL
HEMOCENTRO DO ESTADO DO AMAZONAS
HEMOAM
LaSUS
POLÍTICA NACIONAL DESANGUE E HEMODERIVADOS
Ministério daSaúde
SUS
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
1
RELATÓRIO TÉCNICO
PROJETO DE PESQUISA PARA REABILITAÇÃO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL DE
TRÊS EDIFÍCIOS DA REDE DE HEMOCENTROS COORDENADORES
PROJETO: 00038.1740001/12-055
Profa. Dra. Marta Adriana Bustos Romero
Coordenadora Geral
Brasília, Outubro de 2014
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
ii
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação Universidade de Brasília
Marta Adriana Bustos Romero (Prof.a FAU UnB) Fase Avaliação Pós Ocupação – APO e Etiquetagem de Eficiência Energética Marta Adriana Bustos Romero (Coordenação) Caio Frederico e Silva (Prof. FAU/UnB) Marcos Thadeu Queiroz Magalhães (Prof. FAU/UnB) José Marcelo Medeiros (Prof. FAU/UFAP) Ederson Oliveira Teixeira (Arq.) Gustavo de Luna Sales (Arq.) Ana Carolina C. Correia Lima (Arq.) Aline Curvello da Costa Nemer (Arq.) Humberto Dias Xavier (Arq.) Bianca Leite Gregório (Est. Arq.) Jeferson Carlos da Silva Santos (Est. Arq.) Moira Nunes Costa Neves (Est. Arq.) Nathália Lemes Jorge dos Santos (Est. Arq.) Yves Luan Antunes de Amorim (Est. Info) Fase Retrofit Marco Antonio Saidel (Coordenação) Eduardo Kanashiro Fase Projeto de Pesquisa Marta Adriana Bustos Romero (Coordenação) Márcio Augusto Roma Buzar Caio Frederico e Silva Ederson Oliveira Teixeira Gustavo de Luna Sales Ana Carolina C. Correia Lima Aline Curvello da Costa Nemer
Fase Análise e Consolidação de parâmetros de saúde e qualidade de vida Humberto Dias Xavier e Equipe Apoio Técnico Operacional ao Projeto de Pesquisa Valmor Cerqueira Pazos (Coordenação) Flávio Rocha de Souza Britoaldo Martins do Vale Junior Diego Macedo Dantas Soemes Barbosa de Sousa Imelda Mendes Santos Ministério da Saúde Coordenação Geral - Sangue e Hemoderivados / CGSH/SAS / MS ) Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas - HEMOAM
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................... 11
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO ................................... 12
1.1. Objetivos .......................................................................... 16
1.2. Procedimentos Metodológicos ........................................ 17
1.3. Dados gerais de Manaus/AM........................................... 18
1.3.1. Plano Diretor ........................................................... 18
1.3.2. Infraestrutura para grandes eventos ....................... 19
1.3.3. Arquitetura Bioclimática e Caracterização do Clima 22
1.3.4. Caracterização das Normais Climatológicas ............ 26
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ...................................... 30
2.1. Objetivo e objeto da avaliação ........................................ 30
2.2. Caracterização do Entorno .............................................. 31
2.3. Método para Avaliação de Desempenho Ambiental ....... 32
2.3.1. Projeto Arquitetônico .............................................. 32
2.3.2. Procedimentos para Medições in loco .................... 34
2.3.3. Avaliação bioclimática do Edifício ........................... 35
2.3.4. Iluminação Natural .................................................. 39
2.3.5. Velocidade e incidência da ventilação natural ........ 41
2.3.6. Análise dos questionários aplicados aos usuários ... 49
2.4. Considerações específicas ............................................... 53
3. ETIQUETAGEM DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .......... 54
3.1. A Etiquetagem de Edificações no Brasil ........................... 54
3.2. Objetivo da Avaliação do Nível de Eficiência Energética . 55
3.3. Método Utilizado ............................................................. 55
3.4. Etiquetagem da Envoltória ............................................... 57
3.4.1. Caracterização do Edifício para a Etiquetagem ........ 57
3.4.2. Extração dos dados .................................................. 58
3.4.3. Resultado da Etiqueta .............................................. 58
4. RETROFIT ............................................................................. 63
4.1. Objetivos........................................................................... 63
4.2. Método ............................................................................. 64
4.3. Análise da Instalação ........................................................ 66
4.3.1. Introdução ................................................................ 66
4.3.2. Medições de Energia ................................................ 66
4.4. Medições e Consumo Desagregado ................................. 68
4.5. Simulação Energética da Edificação.................................. 71
4.6.1. Climatização ............................................................. 74
4.6.2. Sistemas de Refrigeração ......................................... 74
4.6.3. Sistemas Motrizes .................................................... 74
4.7. Sistemas de Bombeamento .............................................. 76
4.8.1. Estrutura Tarifária do Grupo A ................................. 78
4.8.2. Estrutura tarifária do Grupo B .................................. 79
4.8.3. Avaliação .................................................................. 79
4.9. Perturbações elétricas ...................................................... 80
4.10. Considerações específicas .............................................. 83
5. PROJETO e reabilitação ........................................................ 84
5.1. Introdução ........................................................................ 84
5.2. Estudos de Repertório ...................................................... 85
5.2.1. Elementos da cultura local ....................................... 86
5.2.2. Módulos sombreadores ........................................... 87
5.2.3. Pele dupla ................................................................. 88
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5.2.4. Coberturas leves e ventiladas.................................. 90
5.2.5. Parede verde ........................................................... 91
5.2.6. Acessibilidade – Integração de usos ........................ 92
5.2.7. Materiais permeáveis .............................................. 94
5.2.8. Humanização de áreas verdes ................................. 95
5.2.9. Inovações Tecnológicas ........................................... 96
5.3. Diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada ................... 99
5.3.1. Diretrizes da APO .................................................... 99
5.3.2. Diretrizes da Etiquetagem da Envoltória ............... 101
5.3.3. Diretrizes do Retrofit Energético: .......................... 101
5.4. Projeto e Diretrizes ........................................................ 102
5.4.1. Implantação........................................................... 103
5.4.2. Abertura do Bloco E .............................................. 112
5.4.3. Membrana têxtil .................................................... 113
Especificações Técnicas do Fabricante: ........................... 115
5.4.4. Módulos Sombreadores ........................................ 119
5.4.5. Estudo das coberturas ........................................... 121
5.4.6. Parede Verde ......................................................... 123
5.4.7. Humanização do Talude ........................................ 126
5.4.8. Passagem de acesso ao Hospital do Sangue.......... 127
5.4.9. Acesso pela Passarela ............................................ 128
5.4.10. Banco de Cordão ................................................. 130
5.4.11. Espaço de Convivência ........................................ 133
5.4.12. Reaproveitamento de Águas Pluviais .................. 135
5.4.13. Estudo de Esquadrias .......................................... 136
5.4.14. Estudo de pavimentações ................................... 137
5.4.15. Painel de LED ....................................................... 138
6. RESULTADOS FINAIS ........................................................... 139
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 149
REFERÊNCIAS ......................................................................... 151
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Imagem de satélite da Cidade de Manaus com destaque
para Zona 18. ................................................................................ 19
Figura 2 – Arena da Amazônia com destaque para a proximidade
do Hemocentro. ............................................................................ 20
Figura 3 – Imagem aérea da Arena Amazônia e seu entorno. ...... 20
Figura 4 – Projeto do monotrilho no sentido Norte-Centro. ........ 21
Figura 5 – Memorial Encontro das Águas. .................................... 21
Figura 6 – A Carta Bioclimática de Givoni relaciona a temperatura
seca do ar (A), razão de umidade (B) e a temperatura úmida do ar
(C). ................................................................................................ 22
Figura 7 – Zoneamento Bioclimático brasileiro. ........................... 23
Figura 8 – Zona Bioclimática 8 e a Carta Bioclimática
representando as cidades desta zona (Bélem – PA). .................... 24
Figura 9 – Carta solar de Manaus ................................................. 25
Figura 10 – Distribuição da Radiação Solar ao longo do ano na
cidade de Manaus. ........................................................................ 25
Figura 15– Av. Constantino Ney e acesso de pedestres,
automóveis e ponto de ônibus. .................................................... 31
Figura 16 – Av. Pedro Teixeira – Passarela pública, acesso e
estacionamento lateral. ................................................................ 31
Figura 17 – Perspectiva do complexo edificado. ........................... 32
Figura 18 – Fachada Leste. ............................................................ 32
Figura 19 – Fachada Oeste. ........................................................... 32
Figura 20 – Planta Baixa do Salão de Espera dos Doadores. ......... 33
Figura 21 – Planta de Locação. ..................................................... 33
Figura 22 – Exemplo APO Recepção Doadores (Bloco C). ............. 33
Figura 23 – Equipamentos de medição dos parâmetros
ambientais. ................................................................................... 34
Figura 24 – Resultados da Simulações Computacionais. .............. 37
Figura 25 – Análise de sombreamento. ........................................ 38
Figura 26 – Percurso aparente do sol em carta solar
tridimensional. .............................................................................. 38
Figura 27 – Velocidade dos ventos predominantes. ..................... 41
Figura 28 – Frequência de ocorrência dos ventos. ....................... 41
Figura 29 – Análise da incidência de radiação solar por orientação
(média mensal em Wh)................................................................. 41
Figura 30 – Análise com o Círculo Bioclimático LaSUS. ................. 42
Figura 31 – Análise do fluxo dos ventos predominantes - Leste
(planta e corte). ............................................................................ 43
Figura 32 – Análise do fluxo dos ventos predominantes - Norte
(planta e corte). ............................................................................ 43
Figura 33 – Simulação de Incidência de Carga Térmica por
radiação solar direta – Valores anuais acumulados (Wh/m²). ...... 44
Figura 34 – Simulação de Incidência de Carga Térmica por
radiação solar direta – Valores anuais acumulados – Em planta
(Wh/m²). ....................................................................................... 44
Figura 35 – Maquete eletrônica do Edifício – Destaque para os
brises. ........................................................................................... 45
Figura 36 – Fachadas Leste com brises do HemoAM. ................... 45
Figura 37 – Fachadas Oeste com brises do HemoAM. .................. 45
Figura 38 – Estudo da geometria solar nas fachadas oeste e leste –
maior incidência de carga térmica. ............................................... 46
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Figura 39 – Destaque para a biodeterioração nas platibandas. .... 47
Figura 40 – Destaque para a o manchamento nas paredes e muro.
...................................................................................................... 48
Figura 41 – Presença de biofilmes da cobertura. .......................... 48
Figura 42 – Presença de biofilmes nas paredes. ........................... 48
Gráfico 12 – Perfil dos Usuários – Temperatura ambiente –
Inverno. ......................................................................................... 50
Gráfico 16 – Perfil dos usuários – Problema respiratório devido a
qualidade do ar. ............................................................................ 51
Gráfico 17 – Perfil dos usuários – Qualidade do ar. ...................... 51
Figura 43 – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE).
...................................................................................................... 54
Figura 44 – Intervalos de eficiência a partir do indicador de
consumo da envoltória do edifício................................................ 56
Figura 45 – Elevação do Bloco A. .................................................. 57
Figura 46 – Elevação do Bloco E. ................................................... 57
Figura 47 – Fachadas Leste e Norte dos Blocos C e D. .................. 57
Figura 48 – Determinação das orientações das fachadas do
HemoAM, segundo o RTQ-C. ........................................................ 58
Figura 49 – Imagem dos dados do bloco A para a etiquetagem no
programa Webprescritivo. ............................................................ 59
Figura 50 – Imagem dos dados do bloco B para a etiquetagem no
programa Webprescritivo. ............................................................ 60
Figura 51 – Imagem dos dados dos blocos C e D para a
etiquetagem no programa Webprescritivo. ................................. 61
Figura 52 – Imagem dos dados do bloco E para a etiquetagem no
programa Webprescritivo. ............................................................ 62
Figura 53 – Medição de um dos transformadores do sistema
elétrico do Hemocentro de Manaus. ............................................ 65
Figura 54 – Analisador MARH-21. ................................................. 66
Figura 55 – Locais de medições de parâmetros elétricos. ............ 67
Figura 56 – Medição no transformador que alimenta os blocos A,
B, C e D.......................................................................................... 67
Figura 58 – Medição no transformador que alimenta o bloco E. . 67
Figura 59 – Modelo virtual do Hemocentro.................................. 71
Figura 60 – Exemplo de relatório de saída de dados da simulação
realizada pelo EnergyPlus. ............................................................ 72
Figura 61 – Comparação entre motores do tipo padrão e alto
rendimento. .................................................................................. 75
Figura 62 – Curva de rendimento em função da vazão. ............... 77
Figura 63 – Vista aérea do encontro dos rios. .............................. 86
Figura 64 – Pintura em cerâmica e Cestaria em fibra tingida. ...... 86
Figura 65 – Cestos fundos de fibra tingida, desenhos geométricos.
...................................................................................................... 86
Figura 66 – Módulos sombreadores com membranas têxteis em
estrutura metálica. ....................................................................... 87
Figura 67 – Edifício envolto por estrutura modular – pele dupla. 88
Figura 68 – Pele dupla com fachada sinuosa iluminada e uso da
cor da iluminação na edificação. .................................................. 88
Figura 69 – Sede CONFEA - Brasília - Membrana têxtil na fachada.
...................................................................................................... 89
Figura 70 – Esquerda: Hospital Sarah - Destaque para a abertura
de ventilação em madeira; Direita: cobertura na cor branca, cor
refletora da radiação. ................................................................... 90
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Figura 71 – Referência de coberturas curvas, também refletoras.
...................................................................................................... 90
Figura 72 – Beijódromo - Brasília - Ventilação auxiliada pelo
espelho d'água .............................................................................. 90
Figura 73 – Parede verde como textura de fachada. .................... 91
Figura 74 – Uso diversificado de espécies em parede verde. ....... 91
Figura 75 – Parque linear elevado em Nova Iorque - High Line. ... 92
Figura 76 – High Line, NY - Novo uso para trilho de trem
desativado. ................................................................................... 92
Figura 77 – Praça em níveis e diferentes usos de vegetação. ....... 93
Figura 78 –Usos de escada intercalada por rampa diagonal ......... 93
Figura 79 – Usos de escada intercalada por rampa diagonal. ....... 93
Figura 80 – Piso integrado com vegetação. .................................. 94
Figura 81 – Piso intertravado de formato não retilíneo. ............... 94
Figura 82 – Direita: Piso intertravado retangular; Esquerda:
Esquema de sistema de drenagem. .............................................. 94
Figura 83 – Percurso com vegetação diversificada. ...................... 95
Figura 84 – Jardim em sistema de degraus. .................................. 95
Figura 85 – Fachada de Hospital na Cidade do Mexico, placas de
dióxido de Titânio. ........................................................................ 96
Figura 86 – Detalhe dos módulos de dióxido de titânio ............... 96
Figura 87 – Sistema fotovoltaico maleável e seu uso em
edificações. ................................................................................... 97
Figura 88 – Células fotovoltaicas e seu uso em fachadas. ............ 97
Figura 89 – Geradores eólicos em cobertura de edifício. ............. 97
Figura 90 – Sistema eólico de fachadas e o aproveitamento dos
ventos rápidos nas coberturas. ..................................................... 98
Figura 91 – Painel de sistema eólico e estrutura com geradores
eólicos. .......................................................................................... 98
Figura 92 – Estudo preliminar da implantação (perspectiva). .... 103
Figura 93 – Estudo dos volumes (3D).......................................... 103
Figura 94 – Croqui do primeiro estudo da implantação. ............ 104
Figura 95 – Evolução do estudo da implantação. ....................... 104
Figura 97 – Estudo preliminar da implantação (perspectiva). .... 105
Figura 96 – Estudo preliminar da implantação – Estacionamento
perspectiva). ............................................................................... 105
Figura 98 – Estudo preliminar da implantação – Sistema de
calçadas (perspectiva). ............................................................... 105
Figura 99 – Situação atual da implantação geral (perspectiva). . 106
Figura 100 – Evolução do estudo da implantação geral com o
acréscimo da área do Centro Psiquiátrico. ................................. 106
Figura 101 – Estudo preliminar da implantação geral (perspectiva).
.................................................................................................... 107
Figura 102 – Estudo preliminar da implantação geral. ............... 107
Figura 103 – Estudo preliminar da implantação geral –
Preservação da vegetação existente. ......................................... 108
Figura 104 – Estudo preliminar da implantação geral –
Infraestrutura verde – Localização das biovaletas. ..................... 109
Figura 105 – Localização da Praça Pública e delimitação do
gradil(perspectiva). ..................................................................... 110
Figura 106 – Novo estudo de implantação sem a preservação da
vegetação existente. ................................................................... 111
Figura 107 – Abertura do Bloco E (perspectiva). ........................ 112
Figura 108 – Membrana Têxtil (perspectiva). ............................. 113
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Figura 109 – Estruturas curvas do primeiro, segundo e terceiro
pavimento respectivamente. ...................................................... 114
Figura 110 – Estruturas de fixação afastadas a cada 5m
(perspectiva). .............................................................................. 114
Figura 111 – Estrutura de fixação com membrana têxtil
(perspectiva). .............................................................................. 114
Figura 112 – Especificações técnicas do fabricante da membrana
têxtil ............................................................................................ 115
Figura 113 – Membrana têxtil fachada oeste (perspectiva). ...... 116
Figura 114 – Sede do CONFEA na cidade de Brasília. .................. 117
Figura 116 – Arena Pantanal na cidade de Cuiabá. ..................... 118
Figura 117 – Projeto da Sede do Clube Curitibano, na cidade de
Curitiba. ...................................................................................... 118
Figura 118 – Módulos Sombreadores (perspectiva). .................. 119
Figura 119 – Módulos Sombreadores agrupados (perspectiva). 119
Figura 120 – Módulos Sombreadores com tirantes tensionados
(perspectiva). .............................................................................. 120
Figura 121 – Módulos Sombreadores com membranas
sobrepostas (perspectiva). .......................................................... 120
Figura 122 – Diferentes coberturas nos blocos (perspectiva). .... 121
Figura 123 – Parede verde fachada leste (perspectiva). ............. 123
Figura 124 – Parede verde fachada oeste (perspectiva). ............ 123
Figura 125 – Humanização do talude (perspectiva conceitual). . 126
Figura 126 – Humanização do talude e detalhe do sistema de
infiltração de águas pluviais (perspectiva conceitual). ............... 126
Figura 127 – Passagem de acesso ao Hospital do Sangue
(perspectiva). .............................................................................. 127
Figura 128 – Acesso pela passarela (perspectiva). ...................... 128
Figura 129 – Acesso pela passarela (perspectiva). ...................... 128
Figura 130 – Acesso pela passarela à passagem do Hospital do
Sangue (perspectiva). ................................................................. 128
Figura 131 – Atual localização do BSCUP (demarcado no retângulo
vermelho). .................................................................................. 130
Figura 132 – Proposta de localização do Banco de Cordão
(perspectiva). .............................................................................. 130
Figura 133 – Estudo inicial do BSCUP.......................................... 131
Figura 134 – Proposta BSCUP. .................................................... 132
Figura 135 – Espaço de Convivência (perspectiva). .................... 133
Figura 136 – Estudo inicial do Espaço de Convivência. ............... 134
Figura 137 – Proposta Espaço de Convivência. ........................... 134
Figura 138 – Localização dos reservatórios para reaproveitamento
das águas pluviais (demarcado nos quadrados vermelhos). ...... 135
Figura 139 – Estudo de esquadrias (perspectiva). ...................... 136
Figura 140 – Estudo de ventilação das esquadrias (perspectiva).
.................................................................................................... 136
Figura 141 – Estudo de pavimentações (exemplo de instalação:
blocos intertravados drenantes). ................................................ 137
Figura 142 – Painel de LED (perspectiva). ................................... 138
Figura 143 – União das intervenções: fachada leste (perspectiva).
.................................................................................................... 139
Figura 144 – União das intervenções: fachada leste (perspectiva).
.................................................................................................... 139
Figura 145 – União das intervenções: fachada oeste (perspectiva).
.................................................................................................... 139
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Figura 146 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista aérea. ................................................................................. 140
Figura 147 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista aérea fachada leste. ........................................................... 141
Figura 148 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista aérea fachada leste. ........................................................... 142
Figura 149 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista aérea fachada oeste. .......................................................... 143
Figura 150 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista aérea do cruzamento da Avenida Constantino Ney e da
Avenida Pedro Teixeira. .............................................................. 144
Figura 151 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista da praça pública. ................................................................ 145
Figura 152 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista do estacionamento interno. .............................................. 146
Figura 153 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista do acesso ao estacionamento, banco de cordão e acesso
pela passarela existente. ............................................................ 147
Figura 154 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM:
Vista aérea da praça pública. ...................................................... 148
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Comparação entre temperaturas: Máx., Mín. e Médias
e umidades relativas médias mensais. ] ....................................... 26
Tabela 2 – Dados extraídos dos blocos do HemoAM. ................... 58
Tabela 3 – Etiquetas e considerações para o bloco A. .................. 59
Tabela 4 – Etiquetas e considerações para o bloco B. .................. 60
Tabela 5 – Etiquetas e considerações para os blocosC e D. .......... 61
Tabela 6 – Etiquetas e considerações para o bloco E. .................. 62
Tabela 7 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Estudo da Implantação. .............................................................. 104
Tabela 8 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Abertura do Bloco E. ................................................................... 112
Tabela 9 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Membrana Têxtil. ....................................................................... 116
Tabela 10 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Módulos Sombreadores. ............................................................ 120
Tabela 11 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Estudo das Coberturas. ............................................................... 122
Tabela 12 – Espécies Vegetais para Cobertura e Parede Verde do
HemoAM..................................................................................... 124
Tabela 13 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Parede Verde. ............................................................................. 125
Tabela 14 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Humanização do Talude. ............................................................ 126
Tabela 15 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Passarela de acesso ao Hospital do Sangue. ............................... 127
Tabela 16 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Acesso pela Passarela. ................................................................ 129
Tabela 17 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Banco de Cordão......................................................................... 132
Tabela 18 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Espaço de Convivência. ............................................................... 133
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Tabela 19 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Espaço de Convivência. ............................................................... 135
Tabela 20 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Estudo de Esquadrias. ................................................................. 136
Tabela 21 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável –
Estudo de Esquadrias. ................................................................. 137
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Normais climatológicas: pressão ao nível da estação. 26
Gráfico 2 – Normais climatológicas: pressão máxima. ................. 26
Gráfico 3 – Normais climatológicas: temperatura do ar (ºC). ....... 27
Gráfico 4 – Normais climatológicas: Umidade do ar média (%). ... 27
Gráfico 5 – Normais climatológicas: evaporação (mm). ............... 28
Gráfico 6 – Normais climatológicas: precipitação (mm). .............. 28
Gráfico 7 – Normais climatológicas: insolação (H). ....................... 29
Gráfico 8 – Normais climatológicas: nebulosidade (déc). ............. 29
Gráfico 9 – Perfil dos usuários – Sexo. .......................................... 49
Gráfico 10 – Perfil dos usuários – Idade. ....................................... 49
Gráfico 11 – Perfil dos usuários – Temperatura ambiente – Verão.
...................................................................................................... 50
Gráfico 13 – Conforto ambiental (Temperatura, Iluminação e Nível
de Ruído em percentual total %). ................................................. 50
Gráfico 14 – Perfil dos usuários – Iluminação Artificial. ................ 50
Gráfico 15 – Perfil dos usuários – Iluminação Natural. ................. 51
. ..................................................................................................... 51
Gráfico 19 – Perfil dos usuários – Áreas de lazer. ......................... 52
Gráfico 20 – Perfil dos usuários – Refeitório dos funcionários. .... 52
Gráfico 21 – Perfil dos usuários – Repouso dos funcionários. ...... 52
Gráfico 22 – Curva de Carga do Transformador 1......................... 68
Gráfico 23 – Curva de Carga do Transformador 2......................... 68
Gráfico 24 – Curva de carga do período diurno. ........................... 69
Gráfico 25 – Curva de carga do período diurno. ........................... 69
Gráfico 26 – Matriz de consumo desagregado do Hemocentro. .. 70
Gráfico 27 – Potencial de redução das estratégias propostas. ..... 73
Gráfico 28 – Consumo mensal de energia do HEMOAM. ............. 79
Gráfico 29 – Demanda de energia mensal máxima do HEMOAM.79
Gráfico 30 – Medição do transformador 1 – Tensões AB, BC e CA.
...................................................................................................... 80
Gráfico 31 – Medição do Transformador 1 – Correntes A, B e C. . 81
Gráfico 32 – Medição Transformador 2 – Correntes das fases A, B
e C. ................................................................................................ 81
Gráfico 33 – Medição do disjuntor A – Harmônicos de tensão. ... 82
Gráfico 34 – Valores calculados para o fator de potência do
HEMOAM. ..................................................................................... 82
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
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APRESENTAÇÃO
Este Relatório Técnico apresenta a Avaliação Ambiental Integrada
do Edifício do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do
Amazonas. As atividades foram desenvolvidas no âmbito do
projeto Hemorrede Sustentável - Ministério da Saúde pelo
Laboratório de Sustentabilidade Aplicada a Arquitetura e ao
Urbanismo – LaSUS da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de Brasília e parte do diagnóstico pelo
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Este documento é composto de duas partes, que, por sua vez,
estão subdivididas em tópicos.
A Parte I do Relatório aborda os procedimentos de trabalho
utilizados para o diagnóstico ambiental e reabilitação do edifício
do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas -
HEMOAM. Desta forma, este volume foi organizado em tópicos
referentes às etapas da pesquisa: Introdução, Procedimentos
metodológicos e contextualização de Manaus; Avaliação Pós-
Ocupação (APO); Etiquetagem de Eficiência Energética e
Diagnóstico Energético.
A Parte II é composta pelo estudo preliminar para o edifício,
repertório de projeto e diretrizes gerais. O estudo apresentado na
parte II é resultante dos indicativos encontrados por meio da
aplicação de cada método. Aqui, são apresentadas diretrizes de
projeto visando a humanização, sustentabilidade e eficiência
energética do espaço construído, assim como, o conforto
ambiental dos usuários do edifício. Esta parte também está
subdividida em tópicos: Estudos de repertório e propostas
antecedentes e as diretrizes gerais que são contempladas na
proposta final.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
12
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Em 2001, o Brasil vivenciou uma crise de abastecimento no setor
elétrico. Duas consequências positivas sobressaíram desta crise: a
forte participação da sociedade na busca da sua solução e a
valorização da eficiência no uso de energia.
Em decorrência desse processo involuntário de aprendizagem,
vem se formando uma consciência de que a eficiência energética
não pode estar vinculada apenas a questões conjunturais. Deve,
sim, fazer parte, de forma definitiva, da política energética
nacional, mediante a promoção de medidas que permitam
agregar valor às iniciativas já em andamento, como o
desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e a
intensificação de programas que levem à mudança de hábitos de
consumo.
Sendo assim, de modo geral, as edificações públicas apresentam
oportunidades significativas de redução do consumo de energia e,
portanto, de custos operacionais por meio do aprimoramento do
projeto, de um melhor gerenciamento da instalação, da adoção
de equipamentos tecnologicamente mais eficientes e alterações
dos hábitos dos usuários.
Muitas vezes, oportunidades interessantes de ganhos de
eficiência não são possíveis, pois ferem compromissos assumidos
no projeto da edificação. Assim, a possibilidade de avaliar as
soluções adotadas, ainda na etapa de projeto, apresenta-se como
uma excelente oportunidade de seu refinamento.
Cabe destacar que muitos refinamentos de projeto, que buscam a
eficiência energética, já são contemplados nos projetos atuais,
tornando-os mais aderentes às necessidades da sociedade. A
análise aqui desenvolvida compreende uma revisão dos conceitos
utilizados buscando identificar ganhos adicionais de eficiência.
Combater o desperdício de energia é vantajoso para todos os
envolvidos. Ganha o consumidor, neste caso a sociedade, que
passa a comprometer menor parcela de seus custos e ganha o
setor elétrico, que posterga investimentos necessários ao
atendimento de novos clientes e a sociedade como um todo, pois
além dos recursos economizados, as atividades de eficiência
energética contribuem para a conservação do meio ambiente
evitando agressões inerentes à construção de usinas hidrelétricas
ou térmicas.
Neste contexto, defende-se uma abordagem de análise mais
sistêmica, que aborde o edifício e a cidade em todas as suas
complexidades. A abordagem energética não deve priorizar a
análise tecnicista dos equipamentos, assim como a análise do
grau da sustentabilidade não pode abrir mão das estratégias
tecnológicas que visam a eficiência energética. Defende-se,
portanto, uma análise integrada no que se referem os problemas
de ordem ambiental.
A Avaliação Ambiental Integrada compreende uma visão
bioclimática da arquitetura, e do urbanismo, fundamentais para
uma conformação mais sustentável dos lugares, segundo
premissas de Romero (2001). Neste estudo, a integração soma os
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
13
saberes da Avaliação Pós-Ocupação – APO, Retrofit e Etiquetagem
de Eficiência Energética em Edifícios.
A APO é composta pela caracterização climática do local e demais
atributos do microclima onde a edificação está inserida; avaliação
sensorial dos ambientes; aplicação de questionários e realização
de entrevistas com usuários do edifício; avaliação da qualidade
ambiental dos recintos considerando o conforto térmico,
luminoso e sonoro. Nesta fase também foram realizadas
simulações computacionais nos programas ENVI-met e Ecotect
Analisys 2011, destinados à avaliação ambiental tanto na escala
urbana como ao nível dos ambientes.
Após a realização das avaliações e análise dos dados obtidos,
foram estabelecidas diretrizes tendo como enfoque o aumento da
sustentabilidade e qualidade ambiental do espaço construído.
O trabalho de APO teve diferentes etapas, agrupadas da seguinte
forma:
Planejamento: levantamento de normas; definição dos
equipamentos para medições in loco; definição dos
programas computacionais a serem utilizados; definição
de ambientes-tipo analisados na APO; levantamento e
definição de indicadores de desempenho ambiental;
condicionantes bioclimáticas locais; logística e
planejamento para a execução do trabalho.
Diagnóstico: análise dos resultados obtidos e
elaboração das diretrizes de projeto.
Projeto: proposições técnicas em formato de estudo
preliminar de arquitetura.
Retrofit é levantar e analisar informações sobre o consumo de
energia elétrica, hábitos de consumo, características
ocupacionais, situação operacional das instalações e
equipamentos de usos finais, identificando oportunidades de
melhoria na eficiência do uso da energia elétrica e de redução do
seu custo.
O Retrofit é importante devido ao constante desenvolvimento
tecnológico em que nossa sociedade está inserida. Afirma-se que
o Retrofit deve ser realizado periodicamente, para manter-se o
mais eficiente possível e com melhor qualidade de conforto.
Podem-se organizar as etapas de avaliação do Retrofit em:
Levantamentos de Dados: Medição de consumo
individualizada; contas de energia, etc;
Aplicação do método de Retrofit: Simulação
computacional, análise do perfil de consumo, etc;
Diagnóstico energético do edifício: Medidas possíveis e
impactos em relação ao consumo anual.
A Etiquetagem do nível de eficiência energética é obtido por meio
do método prescritivo, que consiste em uma série de parâmetros
predefinidos ou a calcular que indicam a eficiência do sistema.
Neste caso, os procedimentos de etiquetagem podem ser
organizados em:
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
14
Levantamento e Organização do Projeto: Dados da área
útil; área de vidro; área opaca; etc;
Cálculo da Eficiência Energética da Envoltória:
Aplicação das fórmulas do RTQ-C;
Identificação de Possíveis Melhorias: Cenários de
possíveis etiquetas.
Para a aplicação da avaliação ambiental integrada, tem-se como o
objeto de estudo o edifício sede do Centro de Hemoterapia e
Hematologia do Estado do Amazonas - HEMOAM, localizado na
cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, tem
população estimada para quase dois milhões de habitantes em
2013 (IBGE, 2012). Tem um dos cinco mais baixos IDHs entre as
capitais brasileiras, no valor de 0,737, ficando abaixo de Rio
Branco, Macapá, Porto Velho – na região Norte, e Maceió, na
região Nordeste.
A avaliação ambiental integrada é de fundamental importância
para a redução dos impactos ambientais que o ambiente
construído promove na sua implantação e manutenção.
Atualmente, as questões ambientais em geral têm sido colocadas
como preponderantes e direcionadoras para quase todas as áreas
de conhecimento. Na arquitetura, o meio ambiente, o contexto
onde se constrói e os condicionantes locais, historicamente,
sempre foram considerados pelos projetistas na criação dos
espaços construídos, uma vez que para existir conforto e
segurança era imprescindível a correta adaptação ao clima. Sendo
assim, quando não se podia contar com o condicionamento de ar
e iluminação artificial, as únicas opções para as edificações eram a
ventilação natural, a iluminação natural, o correto uso dos
materiais de construção para o condicionamento passivo.
Neste sentido, as facilidades proporcionadas pelo uso da energia,
principalmente a possibilidade de construir padrões
arquitetônicos independentes do clima local, rapidamente
causaram um gradativo e elevado crescimento de consumo
energético. O grande aporte de energia necessário para
manutenção desse modelo de edificação, extremamente
dependente de mecanismos artificiais de energia para garantia do
conforto ambiental, só passou a ser reconhecido como
problemático com a crise do petróleo, em 1973. Até esta época,
as questões energéticas e ambientais não eram entendidas como
urgentes, porque o custo da energia era irrisório e não havia uma
conscientização consolidada sobre a poluição ambiental gerada
pela produção da energia (PNEF, 2010).
A construção de uma edificação que se insere no contexto de
desenvolvimento sustentável é aquela que modifica o ambiente
natural de maneira a produzir um ambiente confortável,
adequado ao clima local, energeticamente eficiente e com baixo
custo de manutenção. Conforto ambiental e eficiência energética
são, portanto, premissas do novo modelo construtivo.
Com a finalidade de aprofundar a articulação com a Hemorrede
Pública Nacional, o Ministério da Saúde, por meio da
Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados – CGSH definiu a
“Atenção aos Pacientes Portadores de Doenças Hematológicas”
em parceria com a “Qualificação dos Serviços Públicos de
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
15
Hemoterapia e Hematologia”, como um dos eixos prioritários de
gestão, a ser continuado, para o período de 2011/2014.
A situação encontrada junto à hemorrede pública do país, ainda
persiste na necessidade de avançarmos em grandes desafios, tais
como: a integração e articulação entre os serviços de
hemoterapia; a racionalização de procedimentos, investimentos,
compras e demais procedimentos inerentes ao processo de
trabalho.
A Qualificação dos Serviços envolve processos de trabalho que
agregam qualidade ao ciclo do sangue e a atenção aos pacientes
portadores de doenças hematológicas, permitindo avanços e
melhoria significativa dos serviços e produtos ofertados pela
hemorrede.
O resultado do trabalho inicial de diagnóstico da Hemorrede,
realizado por meio do Programa Nacional de Qualificação – PNQH,
voltado aos Hemocentros Coordenadores, demonstra a
necessidade da continuidade de ações de melhoria e a
implantação de alguns processos, dentre eles: a elaboração de
projeto de estudo e pesquisa com vistas à adequação da estrutura
física do conjunto de edifícios que compõem a HEMOREDE
NACIONAL, cujos resultados transportamos para a ação de
“Atenção aos Pacientes Portadores de Doenças Hematológicas”.
Tendo em vista os estudos já desenvolvidos até o presente
momento, a reabilitação ambiental sustentável dos edifícios dos
Hemocentros Coordenadores representa propostas para a
melhoria das condições da oferta de serviço, aumento da
qualidade de trabalho dos funcionários, otimização dos processos
desenvolvidos, o conforto ambiental dos usuários e ocupantes da
edificação e a redução dos impactos ambientais por meio da
eficientização dos sistemas componentes do espaço construído.
Recursos Humanos necessários à execução do projeto:
Nível Nacional, com equipe composta por profissionais
técnicos e de nível superior com experiência nas
respectivas áreas, com ênfase nos processos a serem
trabalhados durante o período de vigência do projeto;
Nível Médio e Estagiários com experiência nas
respectivas áreas objeto do estudo e para apoio das
atividades de Administração, webdesigner, desenho
técnico, simulação computacional, programação visual e
diagramação dos relatórios para publicação.
Preferencialmente utilizaremos nesse projeto, os
profissionais selecionados por meio do edital LaSUS-
FAU-UnB 01/2010 que atuaram no Projeto intitulado:
“Segurança Transfusional e qualidade do sangue e
hemoderivados/aperfeiçoamento e avaliação de
serviços de hemoterapia e hematologia” - “Projeto de
Estudo e Pesquisa para Adequação do Edifício de
Serviço de Hemocentro Público, apoiadas nas premissas
de APO/Retrofit, Etiquetagem Predial e Procel”, por
terem experiência e know-how adquiridos durante o
projeto de pesquisa realizado. Se necessário, caso o
banco de profissionais do LaSUS-FAU-UnB não seja
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
16
suficiente para o projeto em questão, faremos nova
seleção pública para contratação de novos profissionais.
1.1. Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é apresentar os procedimentos
metodológicos e diretrizes gerais no contexto da avaliação
ambiental integrada do edifício do HEMOAM. As diretrizes
propostas neste estudo foram desenvolvidas dentro da fase de
estudo preliminar de arquitetura; após a incorporação das
contribuições identificadas nas etapas de Diagnóstico Energético -
Retrofit e Etiquetagem de Eficiência Energética. Estas duas etapas
serão abordadas ao longo deste relatório.
Aplicar o modelo de projeto de estudo e pesquisa de referência
para três edificações da rede de saúde, com vistas à reabilitação
ambiental sustentável tendo como base a aplicação dos métodos
Suporte técnico-científico para resultados de saúde e qualidade
de vida, Avaliação Pós-Ocupação – APO, Retrofit Energética, e
Etiquetagem de Eficiência Energética PROCEL.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
17
1.2. Procedimentos Metodológicos
Para a realização deste trabalho foram aplicados os métodos da
Avaliação Pós-Ocupação (APO); Diagnóstico Energético – Retrofit;
e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética de Edifícios;
compondo um importante instrumento de avaliação ambiental
integrada.
A utilização deste instrumento se justifica tendo em vista a
redução dos impactos sociais, econômicos e ambientais inerentes
ao ciclo de vida de edifícios. Os métodos empregados para a
realização deste trabalho são pautados, principalmente, pela
avaliação de variáveis do projeto arquitetônico. Neste sentido,
toda a análise se inicia a partir dos impactos deste desde a sua
implantação no sítio. Quanto aos aspectos arquitetônicos,
podemos citar que a análise foi feita a partir da adequação quanto
à orientação das fachadas, materiais superficiais, componentes
construtivos e suas relações com as condições climáticas locais.
Na dimensão climática, ressalta-se a peculiaridade climática da
cidade de Manaus, locus do projeto em questão.
Em decorrência da interação entre os elementos do edifício e o
clima local, surgem importantes balizadores da qualidade do
espaço; por exemplo: a percepção dos usuários (física, emocional
e sensorial). Desta forma, os métodos de avaliação escolhidos
para o desenvolvimento do trabalho se caracterizam como
importantes ferramentas de identificação dos aspectos
mencionados.
De um modo didático, estão listadas as atividades e metas
alcançadas com a finalização deste projeto de pesquisa:
Elaboração de roteiro de avaliação das características
dos edifícios com base em parâmetros de
sustentabilidade;
Seleção das Hemorredes Estaduais a serem classificadas
para o estudo/pesquisa com base nos resultados do 1º e
2º ciclos de visitas do PNQH e que atendam a
metodologia desenvolvida em conjunto pela CGSH e
pelo LaSUS-FAU-UnB;
Assessoramento e visitas técnicas aos estados pré-
classificados, para identificação do edifício objeto do
projeto;
Levantamento, consolidação e análise de dados
referentes às visitas técnicas, realizados aos edifícios
dos Hemocentros Públicos Coordenadores identificados;
Elaboração, aplicação e análise dos dados coletados por
meio de formulário modelo para pesquisa de Suporte
técnico-científico para resultados de saúde e qualidade
de vida.
Elaboração, aplicação e análise dos dados coletados por
meio de formulário modelo para pesquisa de “Análise
Pós Ocupação - APO” dos edifícios identificados.
Elaboração, aplicação e análise dos dados técnicos sobre
a estrutura física desses edifícios, com foco nas
premissas de um RETROFIT;
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
18
Elaboração, aplicação e análise dos dados técnicos sobre
a estrutura física dos edifícios, com foco nas premissas
da Etiquetagem Predial;
Elaboração de modelo de adequação final aos princípios
da reabilitação ambiental sustentável, nos edifícios de
HEMOCENTROS PÚBLICOS COORDENADORES
selecionados.
1.3. Dados gerais de Manaus/AM
Neste tópico, será detalhado o plano diretor da cidade de
Manaus, com destaque para a zona 18 (dezoito), onde está
inserido o HEMOAM, objeto de estudo desta pesquisa aplicada. A
cidade de Manaus será abordada em seus aspectos de
infraestrutura, com o novo panorama como cidade sede da Copa
do Mundo, e em seus aspectos mais técnicos, em relação aos
dados ambientais e climáticos.
1.3.1. Plano Diretor
Destaca-se o Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus e sua
relação com o edifício de saúde em questão. O Plano Diretor está
regulamentado por meio da Lei 671/2002. Nele, pode-se destacar
as estratégias de uso e ocupação do solo:
Instituir, consolidar e revitalizar centros urbanos dinâmicos;
Incentivar a adoção de padrões urbanísticos e arquitetônicos
condizentes com as características climáticas e culturais de
Manaus, com a intenção de melhorar as condições ambientais das
edificações e criar uma nova identidade urbanística para a cidade.
O edifício do HemoAM está localizando na zona de estruturação
urbana (UES) 18. Esta zona caracteriza-se pela disponibilidade de
infraestrutura e serviços urbanos e pela presença de imóveis não
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
19
utilizados e subutilizados; destinando-se à intensificações e
dinamização do uso do solo. (Figura 1).
Para esta zona, o Plano Diretor amplia os níveis de adensamento
construtivo, condicionadas à possibilidade de infraestrutura e
serviços e à sustentabilidade urbanística e ambiental;
Também pretende prever a ampliação da disponibilidade e
recuperação de equipamentos e espaços públicos. E, como
estratégias de construção da cidade: pode-se afirmar que o Plano
Diretor tem também pretende prevenir e/ou corrigir efeitos de
degradação do ambiente urbano que comprometam a qualidade
de vida da população.
1.3.2. Infraestrutura para grandes eventos
A cidade de Manaus, Amazonas, foi escolhida como a sede
representante da região amazônica na copa do mundo. Para que a
cidade fosse escolhida como sede, a FIFA exigiu o envio de um
caderno de encargos contendo suas propostas para o estádio
(adequado em nível mundial pela entidade), infraestrutura,
mobilidade urbana, aeroportos, segurança, rede hoteleira,
equipamentos esportivos entre outros. Neste sentido, destaca-se
as medidas de sustentabilidade urbana que a cidade de Manaus
teve que se submeter.
Diversas firmas de consultoria do mundo trabalharam para a
criação do projeto Manaus Copa 2014 de modo a associar
desenvolvimento econômico à conservação ambiental,
relacionando um evento de massa e suas exigências a um
ambiente ecologicamente correto a curto prazo. A proposta é que
os edifícios construídos estejam adequados aos sistemas de
economia de água, aproveitamento de ventilação e refrigeração
natural, reuso de águas pluviais e soluções de iluminação tanto
natural quanto artificial mais rentáveis. O mesmo se aplicaria às
soluções de paisagismo e mobilidade. Com esta empreitada, o
Governo do estado do Amazonas previu que pudessem ser
gerados em torno de 50 mil empregos diretos e 120 mil indiretos.
Figura 1 – Imagem de satélite da Cidade de Manaus com destaque para Zona 18. Adaptado de Google Maps, 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
20
A Arena Amazônia1 foi instalada no local do antigo Estádio Vivaldo
Lia, foi inaugurado no dia 9 de março de 2014, fica ao lado do
sambódromo de Manaus, do novo Centro de Convenções do
Amazonas, da arena poliesportiva e ao Centro de Hematologia e
Hemoterapia do Amazonas (Figura 2 e Figura 3). Esta região de
dinamização econômica está a uma distância de
aproximadamente 6 km do centro histórico da cidade e da orla do
Rio Negro.
Baseado nas metas sustentáveis de toda a proposta da cidade
como sede da copa do mundo, a obra adotou medidas para obter
certificações de sustentabilidade2. Componentes do antigo
estádio foram reutilizados em diversos outros municípios do
estado.
1 Projeto do escritório alemão Gerkan Marg und Partner (GMP),
destacando os traços inspirados em um cesto de palha indígena, representados pela fachada e cobertura única em estrutura metálica. Área construída: 170.000 m²; 2 A Arena da Amazônia possui os certificados ISO 9001 (Qualidade), ISO
14001 (Meio Ambiente) e OHSAS 18001. E também submeteu o projeto aos procedimentos do LEED.
Figura 2 – Arena da Amazônia com destaque para a proximidade do Hemocentro. Fonte: AMAZONAS, 2014.
Figura 3 – Imagem aérea da Arena Amazônia e seu entorno. Fonte: BRASIL 2013.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
21
O governo do estado do Amazonas apresentou algumas obras de
infraestrutura e mobilidade urbana para o evento, como a
requalificação urbana do Largo do Sebastião - Centro histórico; a
ampliação do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes; a
revitalização da estação hidroviária do Porto de Manaus, a criação
do BRT - Bus Rapid Transit. Monotrilho e o memorial Encontro das
Águas (Figura 4 e Figura 5).
Entretanto apesar da boa quantidade de propostas, pouco será
aproveitado para o período da copa, sendo as únicas garantidas a
Arena da Amazônia e o Aeroporto. Ainda assim a Arena não
atenderá a curto prazo toda sua proposta sustentável por
problemas de liberação de verbas. A criação do BRT enfrenta um
problema assim como o Monotrilho sendo que ambos não haviam
iniciado suas obras até o final de 2013, e sua previsão de
conclusão pode chegar até 2020, 6 anos depois do esperado. A
revitalização do porto também não havia começado em dezembro
de 2013. O Memorial Encontro das Águas foi um projeto assinado
por Oscar Niemeyer e o local escolhido pela FIFA para a realização
do Fun Festival, como um ponto turístico entre os rios Negro e
Solimões, mas os 9 mil metros quadrados que seriam construídos
no Mirante da Embratel enfrenta problemas de licença ambiental
e questões jurídicas de tombamento, já que o local escolhido é
patrimônio histórico.
Dessa forma, o governo local buscou soluções para tentar
amenizar esses problemas e os futuros para o evento. Como
alternativa a curto prazo para o BRT, decidiu-se por criar um
corredor de faixas exclusivas no mesmo trajeto que transitaria o
BRT, uma das faixas é a avenida que margeia o terreno do
HEMOAM, portanto, dotando a região da cidade de melhores
condições de mobilidade urbana.
Figura 4 – Projeto do monotrilho no sentido Norte-Centro. Fonte: MANAUS, 2014.
Figura 5 – Memorial Encontro das Águas. Fonte: MANAUS, 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
22
1.3.3. Arquitetura Bioclimática e Caracterização do Clima
A arquitetura bioclimática baseia-se na correta aplicação dos
elementos arquitetônicos com o objetivo de fornecer ao
ambiente construído um alto grau de conforto higrotérmico com
baixo consumo de energia. O conforto higrotérmico está
relacionado à produção de calor pelo corpo humano relativo ao
metabolismo. Esse calor é dissipado continuamente para o
ambiente. Quando a velocidade de produção de calor é
exatamente igual à velocidade de perda, diz-se que a pessoa está
em equilíbrio térmico (ROMERO, 2011: 242).
Quando essa troca de calor entre o corpo humano e o meio
acontece de forma equilibrada, diz-se que o indivíduo encontra-se
na Zona de Conforto. É definida por um intervalo nos valores de
umidade (30% e 70%) e temperatura (entre 23°C – 27°C),
podendo variar, dependendo de outros fatores como, por
exemplo, o efeito resfriativo do vento, região, sexo, idade,
vestimenta.
As Cartas Bioclimáticas, principalmente a desenvolvida por Givoni
(1994), associam informações sobre a zona de conforto térmico,
clima local e as estratégias de projeto indicadas para cada período
do ano (Figura 6). São enumeradas 9 (nove) zonas onde são
lançadas estratégias bioclimáticas que podem ser classificadas em
naturais (sistemas passivos) e artificiais (sistemas ativos). As zonas
naturais são as que não gastam energia para seu funcionamento:
ventilação natural, resfriamento evaporativo, massa térmica (que
aumenta inércia térmica da construção), aquecimento solar
passivo, etc. Os sistemas artificiais de uso mais comum na
arquitetura são ventilação mecânica, aquecimento e refrigeração.
Figura 6 – A Carta Bioclimática de Givoni relaciona a temperatura seca do ar (A), razão de umidade (B) e a temperatura úmida do ar (C). Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
23
A norma brasileira para o Desempenho Térmico de Edificações
(NBR 15220), em sua parte 3, propõe um Zoneamento
Bioclimático para o Brasil que contêm oito zonas. Cada Zona
Bioclimática (ZB) apresenta diferentes características climáticas
das regiões brasileiras (Figura 7).
Além disso, para cada ZB são indicadas estratégias para melhorar
as condições de conforto térmico no ambiente construído. Essas
recomendações baseiam-se justamente na Carta Bioclimática de
Givoni (1994) adaptada para as características climáticas
brasileiras. As estratégias sugeridas na NBR 15220-3 estão dividias
em: aquecimento artificial (calefação), aquecimento solar, massa
térmica para aquecimento, desumidificação, resfriamento
evaporativo, massa térmica para resfriamento, ventilação,
refrigeração artificial e umidificação do ar.
Segunda esta metodologia, a cidade de Manaus encontra-se
presente na ZB 8, na qual NBR 15220-3 estabelece as seguintes
estratégias:
Ventilação cruzada permanente;
Sombreamento de fachadas;
Paredes leves e refletoras;
Coberturas leves e refletoras.
Figura 7 – Zoneamento Bioclimático brasileiro. Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
24
A ventilação cruzada permanente é essencial para a promoção do
efeito de resfriamento evaporativo e desumidificação do ar no
interior dos ambientes. É importante destacar que o
condicionamento passivo será insuficiente durante as horas mais
quentes do ano (Figura 8). Além disso, o sombreamento das
aberturas, principalmente as áreas envidraçadas, utilização de
superfícies leves e refletoras são estratégias fundamentais para as
edificações na ZB 83.
Manaus encontra-se a 3°S do Equador, na zona de máxima
radiação solar. Takeda (2005) afirma que não são observadas, em
Manaus, flutuações na duração dos dias e noites ao longo do ano
e das estações, a não ser pela presença de um período chuvoso
(“inverno”) um período seco (“verão”). Os dados oficiais do
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia indicam que o total
pluviométrico anual da região varia de 1600 a 3000 mm, sendo
que em Manaus a média anual é cerca de 2291,8 mm. O mês de
março é o mais chuvoso com 14,5% (332,7 mm) e o de agosto o
mais seco com 2,3% (52,4 mm).
Loureiro et al (2002) interpretam a carta bioclimática de Manaus
que indica necessidade do uso de condicionamento do ar, mas, de
acordo com a análise de freqüências de temperaturas, 74% dos
pontos estão sobrepostos sobre a área abaixo de 28°C, na zona 2
(ventilação), indicando sua grande necessidade para a cidade.
3Manaus e Belém pertencem a Zona Bioclimática 8, onde as diretrizes bioclimáticas para projetos são agrupadas. No documento da norma, a cidade de Belém é escolhida para representar a Zona 8.
Os autores ainda destacam que, na cidade de Manaus, as horas de
conforto são quase zero, de acordo com os parâmetros
estabelecidos por Givoni. As estratégias indicadas para
proporcionar condições de conforto são a ventilação, a utilização
de sistemas mecânicos de resfriamento e sombreamento em todo
o ano. O uso de inércia térmica associado ao sombreamento
também pode ser indicado, sendo porém, passível de estudos e
medições em campo que confirmem sua eficiência para o clima da
cidade.
Takeda (2005) destaca três fatores fundamentais a serem
considerados para o clima de Manaus: o sol, o vento e as chuvas.
Diante desses fatores, enumera estratégias a serem perseguidas:
Figura 8 – Zona Bioclimática 8 e a Carta Bioclimática representando as cidades desta zona (Bélem – PA). Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
25
Figura 10 – Distribuição da Radiação Solar ao longo do ano na cidade de Manaus. Fonte: Software Ecotect, 2014.
Quadro de Estratégias
Diminuição da condução do calor
através do envelope (parede, piso e
cobertura)
Com o uso de parede dupla isolada por ventilação permanente e de baixa inércia térmica. Parede interna feita com placa estrutural OSB (Oriented Stand Board), composto de tiras de madeira e resina e baixo custo. Externamente tábuas de madeiras serradas. As coberturas serão aceitas coberturas com transmitância térmicas acima dos valores tabelados desde que atendam às seguintes exigências: a) Contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beiras opostos; b) As aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das fachadas respectivas.
Otimização da
Ventilação
Criação de captador de vento que promova a circulação de ar interno através da diferença de pressão atmosférica, criando o efeito chaminé. Ventilação cruzada e permanente em áreas de uso comum.
Controle da Radiação
Solar Incidente
Por meio de sombreamento de janelas e beirais largos e Quebra Sol / Quebra Chuva
Utilização de
vegetação
Com o plantio de árvores, arbustos e forrações. As áreas vegetadas tendem à estabilizar a temperatura e evitar os extremos por serem bons absorventes de calor. Plantar árvores na fachada leste/oeste, a fim de diminuir a incidência solar.
Diretrizes de
sustentabilidade
Utilização de material de Baixo Impacto Ambiental com ênfase na Tecnologia Apropriada como: Placas de OSB: de Impacto Ambiental Reduzido, onde não são utilizadas árvores adultas no fabrico da placa. A sua matéria-prima é constituída unicamente por madeira de pequena dimensão, proveniente de florestas geridas de forma sustentável. Além disso, é totalmente reciclável. Madeira proveniente de floresta de manejo da própria região.
Reutilização da Água
da Chuva,
Criação de captação de calha, passando por filtragem e armazenamento em cisternas próprias.
Reuso de águas
servidas (água cinza):
Deve ser dado um novo uso às águas provenientes de chuveiro e lavatório e tanque, filtradas, armazenadas e reutilizadas para lavagem de calçadas, carros, irrigação de horta e manutenção do jardim.
Fonte: Adaptado de Takeda (2005, p. 01).
Para o início da Avaliação Pós-Ocupação com vistas à melhoria
ambiental e energética da edificação, é fundamental a
caracterização do clima do local. Para tanto, será apresentada a
Carta Solar para a cidade de Manaus.
Observa-se nas Figura 9 e Figura 10 a distribuição dos níveis de
radiação ao longo do dia, mesmo com as pequenas diferenças
entre as cidades, a distribuição dos extremos climáticos ao longo
do dia são equivalentes, pois tratam-se de cidades com o clima
tropical.
Figura 9 – Carta solar de Manaus Fonte: Software Ecotect, 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
26
1.3.4. Caracterização das Normais Climatológicas
A cidade de Manaus possui clima tropical quente e úmido.
Apresenta duas estações distintas ao longo do ano, em relação às
temperaturas médias e umidade do ar (Tabela 1).
Em relação a pressão atmosférica estudada, é possível observar
que no mês de Novembro obteve-se o valor mínimo encontrado
de 1002,3 hPa. E no mês de Julho, o valor máximo (1005,4 hPa).
Tabela 1 – Comparação entre temperaturas: Máx., Mín. e Médias e umidades relativas médias mensais.
Gráfico 2 – Normais climatológicas: pressão máxima.
Gráfico 1 – Normais climatológicas: pressão ao nível da estação.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
27
A partir das informações estudadas sobre a temperatura do ar de
Manaus. Obteve-se: em relação a temperatura máxima, o maior
valor foi encontrado no mês de Setembro (32,9 C°) já o menor
valor, no mês de Fevereiro (30,4 C°). Em relação a temperatura do
ar mínima, o maior valor foi encontrado entre os meses de
Outubro e Novembro (23,7 C°) já o menor valor, no mês de Julho
(22,7 C°). Já os valores de temperatura máxima absoluta
encontrados, o mês de Novembro apresenta o maior valor
encontrado (38,25 C°) enquanto o mês de Junho o menor valor
(33,75 C°). Em relação aos valores de temperatura do ar mínima
absoluta encontrados, o mês de Novembro apresenta o maior
valor encontrado (38,25 C°) enquanto o mês de Junho o menor
valor (33,75 C°) (Gráfico 3).
Sobre as informações sobre os valores sobre a umidade relativa
do ar ao decorrer do ano, a média do mês de Março é a maior
encontrada (88 %), enquanto entre os meses de Agosto e
Setembro, apresenta-se o menor valor (77 %) (Gráfico 4).
Gráfico 3 – Normais climatológicas: temperatura do ar (ºC).
Gráfico 4 – Normais climatológicas: Umidade do ar média (%).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
28
Em relação a informação sobre os valores de evaporação ao
decorrer do ano, Agosto é o mês com a maior taxa de evaporação
(102,5 mm), e o mês de Fevereiro apresenta o menor valor
encontrado (45 mm) (Gráfico 5).
Já em relação ao nível de precipitação, o mês com o maior valor
foi Março (340 mm) e o mês de Agosto, com o valor mínimo (50
mm). De acordo com o estudo da precipitação máxima, o mês
com o maior valor encontrado foi Abril (180 mm) e o de menor
valor foi Agosto (60 mm) (Gráfico 6).
Gráfico 5 – Normais climatológicas: evaporação (mm).
Gráfico 6 – Normais climatológicas: precipitação (mm).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
29
Em relação aos níveis de insolação, o mês de Agosto é o que
apresenta o maior valor encontrado (220h) já o mês de Fevereiro,
o menor valor (85 h) (Gráfico 7).
Com relação a nebulosidade, destaca-se que o valor máximo
encontrado o maior valor encontrado (220 h) já o mês de
Fevereiro, o menor valor (0,70 déc.) se estende entre os meses de
Novembro a início de Maio, com queda no valor até junho se
estabilizando no valor mínimo (0,50 déc.) entre Julho e Setembro
(Gráfico 8).
A partir da análise das normais climatológicas da cidade, pode-se
afirmar que as estratégias bioclimáticas para Manaus, se
resumem em estratégias para o período de Verão, são elas:
Ventilação Cruzada;
Refrigeração artificial;
Sombreamento das aberturas.
Gráfico 7 – Normais climatológicas: insolação (H).
Gráfico 8 – Normais climatológicas: nebulosidade (déc).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
30
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)
A Avaliação Pós-Ocupação (APO) consiste na avaliação do
desempenho físico/ambiental e da satisfação do usuário. Os
métodos e técnicas de APO, aplicados originalmente em
habitações de interesse social, foram desenvolvidos por Roméro e
Ornstein (2003). Diagnosticam fatores positivos e negativos no
decorrer do uso da edificação. Na APO são avaliados aspectos
socioeconômicos, infraestrutura, satisfação dos usuários, sistemas
construtivos, funcionalidade, consumo energético e conforto
ambiental.
2.1. Objetivo e objeto da avaliação
O objetivo da APO é avaliar o desempenho do edifício após o seu
uso regular, neste relatório, a APO terá ênfase ambiental, com
foco energético e sustentável.
O objeto de avaliação deste estudo é o edifício sede do Centro de
Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amazonas - HEMOAM.
O edifício está localizado na Avenida Constantino Nery, número
4397, Bairro da Chapada. O complexo edificado apresenta área
construída de 8.000 m².
Durante o desenvolvimento das atividades de pesquisa, foi
discutida a possibilidade de integração deste edifício ao Centro
Psiquiátrico Eduardo Ribeiro e ao novo Hospital do Sangue que
ocupam os terrenos vizinhos, a sul e a oeste do Hemocentro,
respectivamente (Figura 11). Neste sentido, as imagens finais que
apresentam o estudo preliminar realizado, já incorporam esta
diretriz de unificação das áreas comuns, o que proporcionou a
criação de um espaço público entre os edifícios de saúde com
mais qualidade.
N
F
i
g
u
r
a
1
2
–
A
v
.
C
o
n
s
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a
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Figura 11 - Localização do HEMOAM próximo ao Estádio Arena Amazônica.
Fonte: Adaptado de Google Maps, 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
31
2.2. Caracterização do Entorno
O Complexo HemoAM está situado entre em uma esquina com
avenidas de grande fluxo automotivo, sendo vias de grande
acesso de veículos da região, a Avenida Constantino Ney e a
Avenida Pedro Teixeira. Há também um acesso em cada uma das
avenidas (Figuras 15 e 16).
Figura 14
Figura 13
[Digite uma citação do
documento ou o
resumo de uma
questão interessante.
Você pode posicionar a
caixa de texto em
qualquer lugar do
documento. Use a guia
Ferramentas de Caixa
de Texto para alterar a
formatação da caixa de
texto da citação.]
Figura 15– Av. Constantino Ney e acesso de pedestres, automóveis e ponto de ônibus.
Figura 16 – Av. Pedro Teixeira – Passarela pública, acesso e estacionamento lateral.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
32
2.3. Método para Avaliação de Desempenho Ambiental
2.3.1. Projeto Arquitetônico
Na primeira fase da APO foi fundamental a análise das plantas
arquitetônicas da edificação. Destaca-se que foi necessário um
levantamento in loco de uma série de dados de projeto tendo em
vista informações desatualizadas, ou inexistentes, nas plantas
fornecidas inicialmente. Desta forma, foram verificadas e
complementadas as informações necessárias para viabilizar a
aplicação da APO.
O edifício do HEMOAM é composto morfologicamente por um
complexo construído com 5 volumes interligados, e, ao mesmo
tempo, independentes. Os blocos levam as letras: A, B, C, D e E.
Apresenta-se, inicialmente a perspectiva do complexo edificado
avaliado nesta análise ambiental integrada. Os blocos podem ser
identificados por cores diferenciadas. O bloco A – azul. Blocos B, C
e D, verde; e o bloco E, amarelo. (Figura 17).
Pode-se observar as fachadas Leste e Oeste (Figura 18 e Figura
19).
Figura 18 – Fachada Leste.
Figura 19 – Fachada Oeste.
Figura 17 – Perspectiva do complexo edificado.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
33
Para início das atividades das medições dos aspectos
de conforto térmico, luminoso e sonoro, foram
estabelecidos ambientes-tipo com base nas plantas
arquitetônicas. Ambientes-tipo são recintos escolhidos
na avaliação pós-ocupação para representar as
condições gerais (ambientais) da edificação, tendo em
vista a impossibilidade ou a limitação de realização das
medições na totalidade dos recintos. As similaridades
em termos de orientação, área, atividade
desenvolvida, entre outros; foram fatores
determinantes para a escolha dos ambientes-tipo.
No caso do Hemocentro do Amazonas, com a finalidade
de compreender melhor a qualidade dos ambientes do
edifício, foram identificados ambientes
representativos, onde foram entrevistados os usuários.
Como, por exemplo, o ambiente: Sala de Espera dos
Doadores (Figura 20, Figura 21 e Figura 22).
Figura 20 – Planta Baixa do Salão de Espera dos Doadores.
Figura 21 – Planta de Locação.
Figura 22 – Exemplo APO Recepção Doadores (Bloco C).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
34
2.3.2. Procedimentos para Medições in loco
Foram realizadas algumas atividades relacionadas com os
procedimentos que antecedem as medições da análise ambiental.
Primeiramente foram levantados os equipamentos necessários
para a coleta de dados de temperatura e umidade do ar (termo-
higrômetro); níveis de iluminânicias (luxímetro); e níveis de ruído
(decibelímetro). A Figura 23 apresenta os equipamentos utilizados
nas medições.
Foram levantadas as principais normas nacionais e internacionais
para a realização das medições in loco dos dados relativos ao
conforto térmico, luminoso e sonoro na edificação. Este
levantamento é importante para a correta coleta de dados, tendo
em vista a aplicação da metodologia prevista nas normas. Além
dos equipamentos e procedimentos que devem ser adotados nas
medições, as normas também estabelecem níveis adequados de
conforto (térmico, sonoro e luminoso) que servem de parâmetros
para os dados coletados. Desta forma, listam-se algumas normas
de referência:
ISO/DIS 7726/96 – Ambientes Térmicos – Instrumentos
e métodos para medição dos parâmetros físicos;
NBR 5382 – Verificação da iluminância de interiores;
NBR 5413 – Iluminância de Interiores;
NBR 15215-2 – Procedimentos de cálculo para a
determinação da iluminação natural em ambientes
internos;
NBR 10151 – Acústica – Avaliação de ruído em áreas
habitadas visando o conforto da comunidade –
procedimentos;
NBR 10152 – Níveis de ruído para o conforto acústico.
Este trabalho técnico foi desenvolvido a partir dos procedimentos
metodológicos de medição de parâmetros de conforto térmico,
luminoso e sonoro. No entanto, não foram feitas as medições em
todos os ambientes-tipo previamente selecionados. Essas
medições não ocorreram conforme previsto pelo fato de que
parte dos ambientes escolhidos encontravam-se reforma ou já
tinham projeto de reforma aprovado nas instâncias
administrativas, o que tornaria dispensável uma avaliação da sua
qualidade ambiental atual, uma vez que brevemente seria
alterada sua conformação ou uso. Neste sentido, foram feitas
algumas medições de ambientes de maior uso, além dos espaços
externos e nas áreas comuns do edifício. Para isso, lista-se as
referências normatizadas considerada nos estudos de medição.
Figura 23 – Equipamentos de medição dos parâmetros ambientais.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
35
a) Medição de Conforto Térmico
Com relação ao conforto térmico, aplica-se a norma do
MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR17/1990 – Ergonomia: item 17.5 –
que trata das condições de conforto aplicado a ambientes de
trabalho dependendo do tipo de atividade executada. Para as
atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constante
como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros,
lembramos que são recomendadas as seguintes condições de
conforto: a. níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR
10152; b. índice de temperatura efetiva entre 20ºC e 23ºC; c.
velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do
ar não inferior a 40%.
b) Medição de Conforto Luminoso – Iluminação Natural e
Artificial
Para uma primeira percepção de iluminação natural e artificial dos
ambientes-tipo, foi utilizado luxímetro digital para coletar dados
unitários da iluminância do espaço. Seguindo a Norma ABNT NBR
5382 – Verificação de Iluminância de Interiores, o aparelho foi
posicionado em um plano horizontal a uma distância de 80cm do
piso, conforme instruções, sob temperatura ambiente entre 15ºC
e 50ºC. O método utilizado para a obtenção dos dados de um
ambiente foi desenvolver uma malha de pontos, coletando o nível
de iluminância (lux) de cada ponto, podendo dessa forma criar
uma malha de ISOlux.
c) Medição de Conforto Sonoro
Para realizar as medições de conforto sonoro nos espaços tipos
selecionados nos blocos do edifício, foi necessário dividir os
ambientes segundo suas tipologias arquitetônicas a partir da
utilização do espaço. Desta forma, os ambientes divididos foram:
salas de escritório, salas com uso de máquinas, ambientes de uso
comum, sala de aula, biblioteca e sala de projeção. O método
utilizado para as medições foram:
Medição decibelimétrica, que serve para medir a
intensidade de ruído existente no local;
Medições de tempo de reverberação, que determinam
o decaimento de intensidade de determinadas
freqüências num espaço de tempo, em uma
determinada sala;
Estudo da forma arquitetônica, para verificar o
comportamento das ondas sonoras no ambiente a partir
do local, material e tipo de fonte. Este estudo verifica
efeitos indesejáveis, como ressonância, reverberação,
entre outros.
2.3.3. Avaliação bioclimática do Edifício
A avaliação bioclimática do HemoAM foi desenvolvida por meio
de Simulações Computacionais. Para essas simulações
computacionais foram utilizados três programas tanto para
análise ambiental urbana quanto para a análise ambiental de
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
36
edifícios, são eles: ENVI-met 3.1, Ecotect Analysis 2011 e ANSYS
(CFD), de ventilação natural. Para as análises referentes à escala
urbana da edificação em estudo, foi desenvolvido um modelo
computacional tridimensional no programa ENVI-met
representando as condições ambientais (características do clima
da cidade de Manaus), composição da superfície do solo; e
características dos volumes edificados presentes no recorte do
entorno imediato. Após a definição do recorte urbano a ser
simulado e construção do modelo, foram simulados os aspectos
de temperatura do ar, velocidade dos ventos, e umidade relativa
do ar.
Para as análises de percursos aparente do sol, incidência de
radiação e iluminação natural no edifício, foi utilizado o programa
Ecotect 2011. Desta forma, com base no levantamento
arquitetônico realizado, foi desenvolvido o modelo virtual do
edifício para a verificação dos níveis de radiação solar direta
incidente das fachadas, dimensionamento das proteções solares
(verificação da eficiência dos elementos propostos), e verificação
do potencial de aproveitamento da iluminação natural em
determinados ambientes. A verificação do potencial de
aproveitamento da iluminação natural se deu no âmbito da
análise da Autonomia de Lux do Dia – DA; que representa (em
porcentagens de horas ao longo do ano) a manutenção de um
determinado nível de iluminação natural. A Figura 27 apresenta os
resultados do modelo computacional desenvolvido, onde os
parâmetros analisados no software ENVI-met foram: temperatura
do ar, umidade relativa do ar e a velocidade do vento.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
37
a) Análise dos parâmetros microclimáticos
Os mapas apresentados aqui foram gerados para os horários das
9h, 12h e 15h para o período de Verão da cidade de Manaus. No
parâmetro temperatura do ar, os valores alcançam as mínimas de
25ºC e as máximas de 28ºC. No parâmetro umidade relativa do ar,
os valores variam entre 71 e 80%. No parâmetro ventilação
predominante, é possível observar que o bloco A é uma barreira
importante à mais adequada distribuição dos ventos no local.
A temperatura do ar na área analisada variou de 25°C a 28°C,
apontando uma baixa amplitude térmica ao longo do dia. A
variação se deve, principalmente, aos seguintes fatores:
incidência de radiação direta; materiais que compõe as
superfícies; e a vegetação.
Pela manhã (9 horas) foram encontrados os maiores trechos da
área onde a temperatura do ar é mais amena.
A umidade relativa na área analisada variou de 71.43% a 79.96%
em relação aos materiais superficiais. Ou seja, manteve-se estável
devido ao comportamento climático típico da cidade de Manaus.
A ventilação na área analisada variou de 0,25 m/s a 2,16 m/s em
relação à disposição dos elementos urbanos do entorno. Essa
variação ocorre devido aos diferentes efeitos que a velocidade
inicial do vento sofre ao encontrar com as edificações.
Temperatura do ar (K)
9h
12h
15h
Umidade Relativa do Ar (%)
9h
12h
15h
Velocidade do Vento (m/s)
9h
12h
15h
Figura 24 – Resultados da Simulações Computacionais. Fonte: Análise no Software ENVImet, 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
38
b) Percurso Aparente do sol
A análise do percurso aparente do sol foi possível com a utilização
do software Ecotect. A partir da análise do sombreamento é
possível afirmar que o bloco A projeta sombra aos outros edifícios
de modo positivo, reduzindo a carga térmica que incidiria sobre
suas coberturas. Porém, é possível visualizar que grande parte do
estacionamento descoberto recebe toda a insolação. A grande
área do estacionamento é composta por asfalto, poucas áreas
vegetadas e nenhuma área sombreada, o que significa dizer que o
acumulo de carga térmica nesta área é prejudicial ao conforto dos
usuários do edifício bem como ao aumento dos custos
energéticos com o consumo excessivo dos aparelhos
condicionadores de ar. (Figura 26).
Figura 25 – Análise de sombreamento. Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
Figura 26 – Percurso aparente do sol em carta solar tridimensional. Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
39
2.3.4. Iluminação Natural
A luz natural possui grande importância nos ambientes, não
apenas por possibilitar a economia de energia, mas por
proporcionar uma série de vantagens aos usuários:
Confere senso de especialidade.
Propicia vivacidade ao edifício.
Propicia um bom ambiente visual, por ser a melhor
reprodutora de cores.
A presença de aberturas também é importante por possibilitar o
contato visual com o exterior e desta forma informar as condições
adversas do mesmo.
É importante observar que, ao se falar em luz natural ou
aproveitamento da iluminação natural, faz-se referência apenas à
luz natural difusa, sem a presença da radiação direta.
Desta forma, o uso de elementos externos nas fachadas é sempre
recomendado, pois propiciam proteção solar reduzindo a carga
térmica interna, diminuindo o contraste de níveis de iluminância
internos e externos.
Os brises são vantajosos também, pois direcionam luz natural
difusa para o interior do edifício.
Analisando a configuração espacial, orientação solar e os
elementos externos de proteção dos Edifícios do Hemocentro,
nota-se potencial para o aproveitamento de iluminação natural
nas áreas periféricas do mesmo.
Durante a visita notou-se que, apesar do potencial para
aproveitamento da iluminação natural nas áreas periféricas, os
ambientes apresentam acionamento inadequado das luminárias,
pois não existe segmentação de circuitos para as luminárias
próximas às janelas.
Assim, diante do potencial para aproveitamento da iluminação
natural, sugerem-se algumas medidas para racionalização do
sistema de iluminação artificial:
Segmentar o sistema elétrico das luminárias próximas às
janelas e disponibilizar interruptores para estas
luminárias, permitindo que fiquem apagadas quando
existir iluminação natural suficiente.
Implantar sistemas de controle de iluminação com
sensores de luminosidade e reatores eletrônicos
dimerizáveis nas luminárias próximas às janelas.
Caso sejam adotados sensores de luminosidade e reatores
eletrônicos dimerizáveis, o controle da iluminação artificial deve
ser automático e gradual, conforme os níveis de iluminância
provenientes da luz natural. Neste caso, o sistema de controle
utiliza a iluminação natural disponível, mantendo a iluminância
requerida para cada atividade no plano de trabalho constante.
Além dos sistemas de controle mencionados, estão disponíveis no
mercado sistemas mais complexos, que integram todos os
recursos citados a um sistema de gerenciamento predial. Esses
sistemas permitem:
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
40
Controle automático dos horários de acionamento /
desligamento.
Controle automático e individual das funções do
ambiente.
Criação de cenários apropriados para diversas situações
de uso do ambiente, inclusive para economia de
energia.
Facilidade de operação.
Controle dinâmico da iluminação.
A mudança de layout entre as salas do Hemocentro posicionou
uma divisória na mesma posição de uma luminária já instalada,
sem que esta fosse removida, obstruindo parte de seu fluxo
luminoso, reduzindo sua eficiência energética. Este cenário deve
ser alterado, para isso, seguem algumas recomendações:
Prosseguir na substituição gradativamente o sistema de
iluminação fluorescente atual (40W) pelos sistemas que utilizam
lâmpadas de 32 e 28 W.
Segmentar os circuitos em grupos menores de
luminárias, principalmente em ambientes amplos,
dividindo-os por linhas de luminárias próximas e
afastadas das janelas e de forma a criar pequenos
grupos independentes de trabalho.
Segmentar o sistema elétrico das luminárias próximas às
janelas, permitindo que estas fiquem apagadas quando
os níveis de iluminância forem aceitáveis.
Disponibilizar aos usuários acesso aos interruptores a
todas as salas que não o possuem ou sistemas de
controle de iluminação por meio de sensores de
presença.
Alterar o layout das estações de trabalho de modo que
as telas dos computadores fiquem sempre que possível
em posição lateral às janelas, evitando-se ofuscamentos
nestas áreas de trabalho, permitindo a utilização da
iluminação natural.
Adotar programas para conscientização e educação dos
funcionários sobre a importância de se conservar
energia e de que forma podem-se evitar desperdícios.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
41
2.3.5. Velocidade e incidência da ventilação natural
São apresentados neste sub-tópicos os gráficos de incidência de
ventilação gerados com auxílio do software Ecotect. Após análise
dos dados levantados é possível afirmar que a velocidade do ar no
local aumenta no horário da tarde, após às 15h e que a fonte de
ventilação predominante advém do leste e, em segundo lugar, no
nordeste (Figuras 27 e 28).
a) Análise da carta solar
A partir da análise da carta solar, é possível compreender que o
edifício denominado bloco A tem implantação adequada, uma vez
que possui as menores fachadas voltadas para as direções leste e
oeste. No entanto, suas grandes fachadas voltadas para o norte e
para o sul também recebem significativa radiação durante ao
longo do dia. Estas fachadas necessitam de proteção solar
especial, que evitem o superaquecimento dos ambientes, ou
ainda, que reduzam o consumo de condicionamento de ar com a
redução da carga térmica incidente (Figura 29).
Figura 29 – Análise da incidência de radiação solar por orientação (média mensal em Wh). Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
Figura 27 – Velocidade dos ventos predominantes. Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
Figura 28 – Frequência de ocorrência dos ventos. Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
42
b) Análise do círculo bioclimático
Na Figura 30 – Análise com o Círculo Bioclimático LaSUS. é feita
uma análise em algumas das condicionantes bioclimáticas
presentes no edifício: incidência da ventilação natural, visuais e
ruídos, em cada uma das orientações.
Figura 30 – Análise com o Círculo Bioclimático LaSUS.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
43
c) Análise do comportamento da ventilação no edifício
Foram feitas simulações computacionais do desempenho da
ventilação natural com auxílio do programa ANSYS / CFX. Esses
resultados podem ser apresentados em planta e corte
esquemático do edifício. As cores frias (azul e verde) representam
valores de calmaria de ventos, já as cores quentes (amarelo e
laranja) representam valores de canalização e velocidade elevada
dos ventos dominantes.
Figura 31 – Análise do fluxo dos ventos predominantes - Leste (planta e corte).
Figura 32 – Análise do fluxo dos ventos predominantes - Norte (planta e corte).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
44
d) Análise da radiação solar
Foram feitas simulações de radiação solar com o auxílio do
programa ECOTECT, dessa forma, verifica-se valores inferiores a
540 W/h dos edifícios, valores da ordem de 3.600 W/h no entorno
imediato entre os edifícios e valores superiores a 5.000 W/h nas
áreas do entorno com melhor influência do sombreamento dos
edifícios.
Figura 34 – Simulação de Incidência de Carga Térmica por radiação solar direta – Valores anuais acumulados – Em planta (Wh/m²).
Figura 33 – Simulação de Incidência de Carga Térmica por radiação solar direta – Valores anuais acumulados (Wh/m²).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
45
e) Análise da eficiência dos brises
A partir do modelo tridimensional desenvolvido em software livre
SketchUp, foram representados os brises de proteção solar. Os
mesmos brises foram também modelados no software ECOTECT,
onde, a Figura 38 apresenta a máscara de sombra, na cor cinza,
para o mascaramento de sombra da fachada noroeste do edifício,
cuja radiação apresenta-se mais intensa.
Figura 35 – Maquete eletrônica do Edifício – Destaque para os brises.
Figura 36 – Fachadas Leste com brises do HemoAM.
Figura 37 – Fachadas Oeste com brises do HemoAM.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
46
Verificação da Eficiência dos Brises
Os brises na fachada oeste cumprem um bom desempenho quando fechados. Além deles, há um sombreamento do entorno, a partir das 16h.
Na fachada leste, o grande grau de fechamento proporcionado pelos brises criam um escurecimento dos ambientes, impedindo o adequado uso da luz natural.
Figura 38 – Estudo da geometria solar nas fachadas oeste e leste – maior incidência de carga térmica.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
47
f) Análise da biodeterioração
Em várias partes do edifício, é possível perceber áreas que
comprovam a biodeteriozação, por meio de manchamento
escurecido. A biodeteriozação é um mecanismo de degradação
gerado pela atividade vital de organismos sobre os materiais,
provocando a alteração indesejável nas propriedades dos mesmos
(PEREIRA, 2012).
Figura 39 – Destaque para a biodeterioração nas platibandas.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
48
Em outros casos é possível perceber a forte presença de
biofilmes. O biofilme é o principal indicador da ocorrência da
biodeterioração em revestimentos – é uma camada limosa que se
forma no substrato pela secreção das substâncias no metabolismo
de microrganismos (SOUZA, 2012).
Figura 40 – Destaque para a o manchamento nas paredes e muro.
Figura 41 – Presença de biofilmes da cobertura.
Figura 42 – Presença de biofilmes nas paredes.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
49
2.3.6. Análise dos questionários aplicados aos usuários
O método ideal para a aplicação de questionários para a Avaliação
Pós-Ocupação é, segundo Roméro e Ornstein (2003), verificar o
universo de usuários do edifício em questão. Nesse caso, a
aplicação dos questionários se deu individualmente, a partir da
escolha das salas tipo. Dessa forma, o resultado passou a ser
analisado particularmente em virtude da quantidade mínima de
usuários por ambiente analisado. Aponta-se que em cada
ambiente analisado, pelo menos dois usuários foram
questionados sobre a qualidade ambiental daquele recinto. A
interpretação dos dados dos questionários permitiu concluir que
os ambientes necessitam principalmente de tratamento contra o
ruído e para melhorar os níveis de iluminâncias.
A partir do Gráfico 13 até o Gráfico 25 são apresentados dados
obtidos por meio do tratamento das informações coletadas dos
questionários aplicados a cerca de 100 funcionários do edifício, de
ambientes representativos ou de grande uso.
79%
21%
Sexo
Feminino
Masculino
7%
59%
27%
7%
Idade
Até 25
26 - 45
46 - 59
Acima de 59
Gráfico 9 – Perfil dos usuários – Sexo.
Gráfico 10 – Perfil dos usuários – Idade.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
50
48%
45%
4% 3%
Temperatura ambiente - Verão
Desagradável (quente)
Agradável
Desagradável (frio)
Não Respondeu
86%
4%
0% 3%
7%
Frequência de uso - ar condicionado
Durante todo o ano
Durante parte do ano (verão)
Nunca
Não tem ar condicionado no ambiente
10%
73%
10%
7%
Temperatura ambiente - Inverno
Desagradável (quente)
Agradável
Desagradável (frio)
Não Respondeu
31%
66%
3%
Iluminação Artificial
Escura
Adequada
Muito Clara
Gráfico 11 – Perfil dos usuários – Temperatura ambiente – Verão.
Gráfico 12 – Perfil dos Usuários – Temperatura ambiente – Inverno.
Gráfico 13 – Conforto ambiental (Temperatura, Iluminação e Nível de Ruído em percentual total %).
Gráfico 14 – Perfil dos usuários – Iluminação Artificial.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
51
76%
7%
14%
3%
Iluminação Natural
Adequada
Excessiva
Não existe - gostaria que existisse Não existe - atividade não possibilita
31%
66%
3%
Qualidade do ar
Ruim
Boa
Não Respondeu
0%
34%
7%
59%
Problema respiratório devido a qualidade do ar
Sim - raramente
Sim - algumas vezes
Sim - frequentemente
Não
34%
59%
7%
Refeitório dos doadores
Adequado
Não atende a demanda
Não Respondeu
Gráfico 15 – Perfil dos usuários – Iluminação Natural. Gráfico 16 – Perfil dos usuários – Problema respiratório devido a qualidade do ar.
Gráfico 17 – Perfil dos usuários – Qualidade do ar.
Gráfico 18 – Perfil dos usuários – Refeitório dos doadores
.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
52
Os gráficos alertam para problemas de conforto ambiental no
edifício. Dentre os dados mais relevantes, lista-se: a temperatura
do ar no período de verão é desagradável para mais de 40% dos
usuários, neste sentido, quase 100% dos ambientes usam ar-
condicionado para reduzir as altas temperaturas da cidade de
Manaus. Não há problemas relevantes de iluminação natural ou
artificial, mas há graves problemas no quesito qualidade do ar, ou
seja, mais de 40% dos funcionários já sofreu ou sofre problemas
respiratórios, ponto que deve ser considerado nas propostas de
reabilitação.
Os gráficos ainda destacam que os refeitórios não atendem às
demandas dos doadores e dos funcionários do edifício,
denunciam a ausência de áreas de lazer para os funcionários do
edifício, destacam que não existe espaço apropriado de repouso
para os funcionários.
Desta forma, deve-se considerar diversos fatores influenciadores
nas respostas dos usuários, fato comum neste tipo de
levantamento, tais como temor de perder o emprego; problemas
particulares; falta de maior tempo para a assinalação das
respostas, dentre outros.
0%
28%
65%
7%
Áreas de lazer
Suficientes
Insuficientes
Não existem
Não Respondeu
7%
62%
28%
3%
Refeitório dos funcionários Adequado
Não atende a demanda
Não existe
Não Respondeu
0% 7%
93%
Repouso dos funcionários
Adequado
Inadequado
Não existe
Gráfico 19 – Perfil dos usuários – Áreas de lazer.
Gráfico 20 – Perfil dos usuários – Refeitório dos funcionários.
Gráfico 21 – Perfil dos usuários – Repouso dos funcionários.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
53
2.4. Considerações específicas
O método de avaliação APO desenvolvido para este trabalho
mostrou-se adequado para aplicação em edificações singulares,
como o objeto de estudo, tanto pelas características do edifício
em si, quanto pela necessidade de proporcionar respostas
imediatas à administração que gerencia o uso e a ocupação do
HemoAM.
Assim, após a aplicação do método de trabalho obteve-se
informações suficientes para gerar as Diretrizes de Adequação
Ambiental. As diretrizes geradas, por sua vez, serão
transformadas em proposições técnicas de projeto preliminar de
arquitetura mantendo assim o foco na melhoria da qualidade
ambiental integrada do edifício: ambiência, conforto e eficiência
energética conjugadas num estudo sólido e prospectivo.
A partir da avaliação sensorial realizada foi possível perceber
algumas inadequações dos ambientes, como a elevada carga
térmica em algumas orientações, pela excessiva exposição à
radiação solar; deficiência da luz natural, abaixo do recomendado
para as atividades desenvolvidas; e ambientes expostos a
excessivos ruídos externos devido ao isolamento insuficiente e
equipamentos defasados. As visitas técnicas in loco reforçaram os
registros da avaliação sensorial, mostrando a valiosa contribuição
da pesquisa com o usuário – fruto da APO – para a requalificação
ambiental do edifício. Nesse sentido, as intervenções nas fachadas
visarão também uma melhoria das condicionantes internas.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
54
3. ETIQUETAGEM DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
3.1. A Etiquetagem de Edificações no Brasil
O Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência
Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C)
(BRASIL, 2009), foi publicado em 2009, em sua primeira versão, de
caráter voluntário e apresenta dois métodos para a determinação
da eficiência: método prescritivo e método de simulação. O
método prescritivo consiste em uma série de parâmetros
predefinidos ou a calcular que indicam a eficiência do sistema. O
método de simulação define parâmetros para modelagem e
simulação, mas permite mais flexibilidade na concepção do
edifício.
Os edifícios de serviços, comerciais e públicos elegíveis para a
etiquetagem devem ter área mínima de 500 m2 e/ou tensão de
abastecimento maior que 2,3 Kv. É possível etiquetar o projeto de
um edifício, sendo a etiqueta válida por 3 anos, ou um edifício
construído, cuja etiqueta tem validade de 5 anos. Os
procedimentos para etiquetagem de projeto e edifício são
distintos, tendo a etiquetagem do edifício construído que passar
por uma inspeção. A diferença de consumo entre as etiquetas A e
E (melhor e pior classificação, respectivamente), pode representar
uma economia de mais de 35% (SINDUSCON/MA, 2010). Em
edificações novas, a economia de energia elétrica pode chegar a
50% quando a mesma tiver etiqueta A. No caso de um Retrofit, ou
seja, aqueles prédios que fizerem uma reforma que contemplem
os conceitos de eficiência energética em edificações, a economia
pode ser de 30%.
Figura 43 – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Fonte: INMETRO, 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
55
No RTQ-C, o edifício é avaliado em 3 quesitos, com pesos
diferenciados na classificação geral do edifício: envoltória (30%),
sistema de iluminação (30%) e sistema de condicionamento de ar
(40%). O edifício pode receber a Etiqueta Nacional de
Conservação de Energia para o edifício completo, contemplando
os três sistemas, ou etiquetas parciais para avaliações dos
sistemas de iluminação e condicionamento. No entanto, a
etiquetagem da envoltória é sempre obrigatória e deve ser feita
primeiramente. Isto porque o desempenho da envoltória
influencia as necessidades de iluminação e condicionamento
artificiais.
3.2. Objetivo da Avaliação do Nível de Eficiência
Energética
O objetivo desta etapa é desenvolver a análise e extração dos
dados do projeto de arquitetura da edificação para o cálculo do
seu nível da eficiência energética. É feita também uma verificação
das propriedades térmicas dos materiais e sistemas construtivos
das fachadas e coberturas, definidas nas especificações do projeto
ou visitas in loco.
3.3. Método Utilizado
Para a realização dos cálculos do Nível de Eficiência Energética da
Envoltória HEMOAM foram seguidos os seguintes passos:
Visitas in loco para registro fotográfico e levantamento
dos dados;
Atualização dos projetos arquitetônicos (plantas, cortes
e fachadas);
Determinação da orientação do edifício segundo o RTQ-
C;
Extração dados dos projetos a edificação necessários
para o método prescritivo do RTQ-C;
Preenchimento da planilha (webprescritivo) para cálculo
do nível de eficiência energética da envoltória o método
prescritivo do RTQ-C;
Verificação dos pré-requisitos estimados relativos à
transmitância térmica e absortância das paredes e
cobertura para a obtenção da classificação de eficiência
energética definitiva;
Diretrizes para otimização da classificação do nível de
eficiência energética da envoltória do edifício HEMOAM.
O método prescritivo para classificação do nível de eficiência
energética da envoltória de edifícios, segundo o RTQ-C (BRASIL,
2009), faz-se a partir da determinação de um conjunto de índices
referentes às características físicas do edifício. Estes compõem a
envoltória da edificação (cobertura, fachadas e aberturas), e são
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
56
complementados pelo volume, pela área de piso do edifício e pela
orientação das fachadas.
Na avaliação da envoltória, os valores de Absortância (α) e
Transmitância (U) dos componentes opacos são pré-requisitos, e
as seguintes variáveis da edificação são utilizadas em equações:
AVS: Ângulo Vertical de Sombreamento (em graus)
AHS: Ângulo Horizontal de Sombreamento (em graus)
Ape: Área de projeção horizontal do edifício (m2)
Apcob: Área de projeção da cobertura (m2)
Atotal: Área total de piso (m2)
Fator de Altura (FA): Ape/Atot
Fator de Forma (FF): Aenv/Vtot
Fator Solar (superfícies transparentes ou translúcidas)
(em %)
PAFt: Percentual de Aberturas na Fachada (%)
O método prescritivo calcula o Indicador de Consumo da
Envoltória (IC), que é um parâmetro adimensional para avaliação
comparativa de eficiência energética da envoltória. As equações
que determinam o IC são equações de regressão multivariada
específicas, para cada uma das 8 zonas bioclimáticas brasileiras.
O Indicador de Consumo estabelece o comportamento da
envoltória quanto ao consumo energia da edificação. A avaliação
do edifício é feita comparando o IC da envoltória (ICenv) em
relação ao ICmin e ICmax do próprio edifício, ou seja, o edifício é
comparado com ele mesmo (o máximo e o mínimo de eficiência
que ele poderia ter). A partir da definição do IC env, do ICmin e do
ICmax, são estabelecidos os intervalos de classificação das
etiquetas de eficiência energética (Figura 44).
Após a identificação do Indicador de Consumo da Envoltória do
Edifício, enquadra-se o mesmo em uma das classificações
possíveis correspondente a uma etiqueta de eficiência energética,
de A (mais eficiente) a E (menos eficiente). A etiqueta parcial da
Envoltória é então apresentada, conforme a figura 52.
Neste contexto insere-se esta parte do trabalho, que tem como
objetivo geral a avaliação do desempenho energético da
envoltória dos blocos do Hemocentro de Manaus, por meio da
classificação do nível de eficiência energética pelo método
prescritivo do RTQ-C.
De forma específica busca-se:
Avaliar as variáveis arquitetônicas da edificação que
mais influenciam no desempenho energético da
envoltória dos blocos;
Gerar diretrizes para retrofit da envoltória, com
propostas de alteração que possibilitem a otimização do
nível de eficiência energética, buscando o nível A para a
Etiqueta de Eficiência Energética em cada bloco.
Figura 44 – Intervalos de eficiência a partir do indicador de consumo da envoltória do edifício.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
57
3.4. Etiquetagem da Envoltória
3.4.1. Caracterização do Edifício para a Etiquetagem
O edifício do HEMOAM é composto morfologicamente por um
complexo construído com 5 volumes interligados, e, ao mesmo
tempo, independentes. Os blocos levam as letras: A, B, C, D e E.
(Figuras 45, 46 e 47).
Para o desenvolvimento do processo de etiquetagem, foram
avaliados os blocos A, B, C e D por representarem o maior volume
edificado. Assim, por representar o maior volume edificado, foi
feita a avaliação do nível de etiquetagem dos Blocos A, B, C e D do
edifício do HEMOAM, com a intenção de diagnosticar o
desempenho da envoltória. Os principais aspectos da envoltória
que serão considerados na análise do edifício são:
Aberturas: serão analisados a quantidade de abertura
(PAF), e em especial a quantidade com orientação Oeste
(PFo) e característica dos vidros, pelo Fator Solar.
Proteções Solares: serão estudados os ângulos de
proteção (AVS e AHS) que os brises e o próprio edifício
provocam sobre as aberturas.
Fechamentos Opacos: serão observados os índices de
absortância e transmitância dos materiais da envoltória.
Por tratar-se de um edifício existente, alguns parâmetros
relacionados às especificações de materiais foram estimados, pela
inviabilidade de levantamento in loco, que exigiria quebra de
paredes e cobertura. Assim, para o Fator Solar dos vidros,
transmitância térmica e absortância de paredes e coberturas
foram usados dados de norma ou catálogo de fabricantes.
Figura 45 – Elevação do Bloco A.
Figura 46 – Elevação do Bloco E.
Figura 47 – Fachadas Leste e Norte dos Blocos C e D.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
58
3.4.2. Extração dos dados
Na extração dos dados, primeiramente deve-se determinar a
orientação das fachadas segundo o RTQ-C, que classifica nas
quatro principais orientações: norte, sul, leste e oeste. Assim, o
edifício do HEMOAM, segundo sua implantação, passa a ter as
orientações de fachada conforme indicado na Figura 48.
A extração dos dados do projeto arquitetônico do edifício
HemoAM relevantes para a classificação do nível de eficiência
energética da envoltória foram organizadas na Tabela 2 ao lado,
que resume os dados extraídos.
3.4.3. Resultado da Etiqueta
A partir da extração de todos os dados da envoltória, foi avaliado
seu desempenho utilizando a ferramenta Webprescritivo, para
cálculo da etiqueta:
http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/webpresc
ritivo/index.html)
Foram feitas quatro avaliações, uma para cada bloco. Apesar de
ter cinco blocos, o bloco C e D serão reformados e integrados.
Desta forma, foi analisado apenas como um único bloco.
Tabela 2 – Dados extraídos dos blocos do HemoAM.
Parâmetro HemoAM Bloco A
Asp
ecto
s M
orf
oló
gico
s
Ape 529,762m²
Apcob 806,431m²
Atot 1589,287m²
Aenv 2346,955m²
Vtot 6174,270m³
PAFt 14,67%
PAFo 3,50%
AVS 5,26°
AHS 1,62°
FS * 0
Mat
eria
is d
a
Envo
ltó
ria
Absortância Paredes * 31%
Absortância Coberturas * 40%
Transmitância Paredes * 1,39W/(m²K)
Transmitância Coberturas * 2,288W/(m²K)
Figura 48 – Determinação das orientações das fachadas do HemoAM, segundo o RTQ-C.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
59
a) Bloco A
O edifício do bloco A obteve a etiqueta E, logo, o nível mais baixo
da qualidade o nível de eficiência energética. As diretrizes para a
eficientização energética do edifício visam a melhoria do nível de
etiqueta com o atendimento dos pré-requisitos, ou seja, alteração
dos materiais da cobertura.
Tabela 3 – Etiquetas e considerações para o bloco A.
Avaliação Etiqueta Considerações
Avaliação 1A: Situação 1 (todo o edifício), sem pré-requisitos
A O edifício atende ao nível A de etiqueta, sem os pré-requisitos.
Avaliação 1B: Situação 2 (todo o edifício), com pré-requisitos
E
O edifício não atende aos pré-requisitos para o nível A (transmitância da cobertura alta)
Figura 49 – Imagem dos dados do bloco A para a etiquetagem no programa Webprescritivo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
60
b) Bloco B
Tabela 4 – Etiquetas e considerações para o bloco B.
Avaliação Etiqueta Considerações
Avaliação 1A: Situação 1 (todo o edifício), sem pré-requisitos
A O edifício atende ao nível A de etiqueta, sem os pré-requisitos.
Avaliação 1B: Situação 2 (todo o edifício), com pré-requisitos
C
O edifício não atende aos pré-requisitos para o nível A (transmitância da cobertura alta)
Figura 50 – Imagem dos dados do bloco B para a etiquetagem no programa Webprescritivo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
61
c) Blocos C e D
Tabela 5 – Etiquetas e considerações para os blocosC e D.
Avaliação Etiqueta Considerações
Avaliação 1A: Situação 1 (todo o edifício), sem pré-requisitos
A O edifício atende ao nível A de etiqueta, sem os pré-requisitos.
Avaliação 1B: Situação 2 (todo o edifício), com pré-requisitos
E
O edifício não atende aos pré-requisitos para o nível A (transmitância da cobertura alta)
Figura 51 – Imagem dos dados dos blocos C e D para a etiquetagem no programa Webprescritivo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
62
d) Bloco E
Tabela 6 – Etiquetas e considerações para o bloco E.
Avaliação Etiqueta Considerações
Avaliação 1A: Situação 1 (todo o edifício), sem pré-requisitos
A O edifício atende ao nível A de etiqueta, sem os pré-requisitos.
Avaliação 1B: Situação 2 (todo o edifício), com pré-requisitos
E
O edifício não atende aos pré-requisitos para o nível A (transmitância da cobertura alta)
Figura 52 – Imagem dos dados do bloco E para a etiquetagem no programa Webprescritivo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
63
4. RETROFIT
Para o diagnóstico energético o grupo de pesquisadores se apoiou
na metodologia do retrofit energético. Neste relatório, foram
registrados todos os procedimentos seguidos, fotografias dos
sistemas do edifício, e, ao final, foram elencados cenários de
possíveis intervenções do ponto de vista energético do edifício.
Vale destacar que todas os procedimentos, bem como todos os
cenários de intervenção propostos foram consonantes com as
intervenções indicadas na APO e Eficiência Energética.
4.1. Objetivos
Este trabalho tem por objetivo levantar e analisar informações
sobre o consumo de energia elétrica, hábitos de consumo,
características ocupacionais, situação operacional das instalações
e equipamentos de usos finais do Hemocentro de Manaus,
identificando oportunidades de melhoria na eficiência do uso da
energia elétrica e de redução do seu custo.
Desta forma, aplicou-se uma metodologia de diagnóstico
energético específica, ressaltando que cada instalação apresenta
peculiaridades próprias e que merecem, muitas vezes, tratamento
específico.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
64
4.2. Método
A realização de diagnósticos energéticos envolve um conjunto
bastante diversificado de atividades, variáveis conforme a
finalidade e o tipo de ocupação da instalação. Tal fato implica na
existência de diversas metodologias de análise energética, cada
qual com suas peculiaridades necessárias à determinação correta
dos potenciais de conservação daquela instalação (Saidel, 2007 e
2010).
No caso da instalação em questão, com todas as suas
peculiaridades, incluindo também diversos ambientes de
escritórios e atendimento ao público, a metodologia aplicada
pode ser dividida nas seguintes etapas:
Visita de inspeção preliminar.
Planejamento das atividades de levantamento de dados.
Levantamento de dados, documentos, plantas e
cadastro dos equipamentos da instalação.
Medições de grandezas elétricas utilizando-se
analisadores de energia.
Análise e tabulação dos dados e informações
levantadas.
Estudo de viabilidade técnica e econômica de
alternativas para os usos finais encontrados e
determinação dos respectivos potenciais de
conservação de energia.
A visita de inspeção foi realizada com o objetivo de ter contato
com a instalação e de conhecer o pessoal encarregado de dar
apoio à equipe técnica no que diz respeito à locomoção, ao
fornecimento de documentos e demais informações durante todo
o processo de diagnóstico energético.
A partir da visita de inspeção, foi possível ter uma visão
macroscópica da instalação, fato que permitiu traçar a estratégia
de levantamento de dados, através da escolha dos pontos de
medição no sistema elétrico.
Entre todas as etapas do processo de diagnóstico energético, o
levantamento de dados é, sem dúvida, um dos mais importantes,
uma vez que todos os resultados e conclusões obtidos estão
baseados nas informações levantadas nessa fase. Dessa forma,
todos os dados devem ser obtidos e tratados com o maior rigor
possível, desconsiderando as informações mais duvidosas. Devido
à extensão e à importância dessa fase, foi conveniente a sua
segmentação em duas etapas:
Medições das grandezas elétricas de interesse.
Inspeção de ambientes segundo os usos finais de
energia.
As medições das grandezas elétricas de interesse foram realizadas
utilizando-se equipamentos analisadores de energia com
memória de massa, instalados em pontos importantes do sistema
elétrico da instalação, mais especificamente nos transformadores
da cabine primária (Figura 53).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
65
Os analisadores de energia correspondem a equipamentos digitais
microprocessados capazes de realizar medições monofásicas e
trifásicas com precisão de todas as grandezas elétricas relevantes
em diagnósticos energéticos, como por exemplo: tensão,
corrente, potências ativa e reativa, consumos de energia ativa e
de reativa com período de integração programável, fator de
potência e distorção harmônica. Além disso, eles possuem
considerável capacidade de armazenamento de dados em sua
memória de massa interna, registrando, inclusive, períodos de
falta de energia, uma vez que eles também são dotados de
baterias internas recarregáveis.
As informações fornecidas pelos analisadores de energia são
essenciais e indispensáveis para a realização de diagnósticos
energéticos precisos. A partir dessas informações, também é
possível determinar irregularidades na operação de sistemas e
equipamentos, por meio da detecção de baixos fatores de
potência, de altas distorções harmônicas e de desequilíbrios entre
fases.
Por outro lado, a inspeção de ambientes tem por objetivo
levantar as características mais particulares dos usos finais
presentes na instalação, complementando as informações obtidas
através da medição direta de grandezas elétricas. Dessa forma,
foram vistoriados todos os ambientes da instalação, onde foram
anotados todos os dados relevantes para a análise de cada uso
final.
No caso do sistema de iluminação, foram verificadas e anotadas
as tecnologias atualmente utilizadas. Além disso, também foram
levantados os tempos de utilização do sistema em cada ambiente
(horário de expediente, utilização no período noturno), de forma
a permitir uma estimativa do consumo de energia elétrica desse
uso final.
Os dados levantados foram analisados e tratados de forma a
determinar as características de consumo do Hemocentro.
As visitas de inspeção ocorreram nos dias 24, 25 e 26 de Julho de
2013. Neste mesmo período, foram realizadas as medições de
grandezas elétricas utilizando-se os analisadores de energia.
Figura 53 – Medição de um dos transformadores do sistema elétrico do Hemocentro de Manaus.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
66
4.3. Análise da Instalação
4.3.1. Introdução
As instalações elétricas do Hemocentro encontram-se em bom
estado de conservação, durante as visitas constatou-se a
preocupação com a manutenção de painéis elétricos, bem como
de equipamentos em geral, mantendo-se um bom nível de
atendimento aos usuários.
4.3.2. Medições de Energia
As medições das grandezas elétricas foram realizadas por meio de
equipamentos analisadores de energia instalados em pontos
importantes do sistema elétrico da instalação.
O analisador de energia, harmônicos e oscilografia de
perturbações fabricado pela RMS Sistemas Eletrônicos MARH-21,
utilizado neste diagnóstico, é um registrador portátil, trifásico,
programável, destinado ao registro de tensões, correntes,
potências, energias, harmônicos e oscilografia de perturbações
em sistemas de geração, consumo e distribuição, bem como
circuitos que alimentam motores elétricos em geral.
O MARH-21 possui mostrador e teclado alfanumérico permitindo
efetuar a programação diretamente no equipamento.
O equipamento registra os dados de medição em sua memória
interna do tipo RAM e possui também porta serial para a
transferência dos dados registrados para um computador. O
software denominado ANAWIN possibilita a análise dos dados em
forma de gráficos e relatórios.
A Figura 54 apresenta o analisador MARH-21.
O equipamento MARH-21 possui as seguintes aplicações:
Registro das formas de onda das tensões e correntes,
distorções harmônicas e variações de freqüência.
Análise dos harmônicos.
Estudos de demanda e otimização do uso de energia.
Simulações para estudos de correção do fator de
potência.
Figura 54 – Analisador MARH-21.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
67
Monitoramento de processos visando à obtenção de
curvas de temperatura, pressão e vazão, juntamente
com as grandezas elétricas como tensão, corrente,
demanda e energia.
Análise de desligamentos e falhas causados por
variações nas características da tensão.
Obtenção de curvas de partida de motores elétricos.
As medições das grandezas elétricas foram realizadas nos dois
transformadores do Hemocentro de Manaus:
Medição 1: Transformador 1 (alimentação dos blocos A,
B, C e D).
Medição 2: Transformador 2 (alimentação do bloco E).
A Figura 55 ilustra os pontos onde foram realizadas medições de
parâmetros elétricos nas instalações elétricas do Hemocentro.
Concessionária
Concessionária
Transformador 1
Transformador 1
Blocos A, B, C e D
Blocos A, B, C e D
Transformador2
Transformador2
Bloco E
Bloco E
Medição 2
Medição 2
Medição 1
Figura 57 – Medição
no transforma
dor que alimenta os blocos A, B,
C e D.Medição
1
Figura 55 – Locais de medições de parâmetros elétricos.
Figura 56 – Medição no transformador que alimenta os blocos A, B, C e D.
Figura 58 – Medição no transformador que alimenta o bloco E.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
68
4.4. Medições e Consumo Desagregado
O Gráfico 22 apresenta a curva de carga no transformador 1 e o
Gráfico 23 a curva do transformador 2, ambas no período de
24/07/2013 – 18h 10m a 26/07/2013 – 16h 55m.
O transformador 1 apresentou, em um intervalo de 24 horas, uma
demanda média de 155 kW e o transformador 2, 157 kW
totalizando uma demanda média diária de 312 kW.
Cabe observar que o sistema de alimentação de energia elétrica
do HEMOAM possui uma programação na qual, mensalmente, o
grupo gerador é acionado para que suas baterias sejam
recarregadas. Por essa razão, há uma interrupção na curva de
carga do transformador 2, que foi suprida pelo grupo gerador. Os
efeitos dessa lacuna na curva de carga do transformador 2 foram
compensados nos cálculos de consumo e demanda média deste
Hemocentro.
Gráfico 22 – Curva de Carga do Transformador 1.
Gráfico 23 – Curva de Carga do Transformador 2.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
69
Para estimar o consumo mensal e anual do HEMOAM, foram
somadas as curvas dos dois transformadores que o alimentam e a
curva resultante foi dividida em dois períodos: diurno e noturno.
Diurno: corresponde ao período entre 7h00 e 18h00. É
neste intervalo que as atividades desenvolvidas pelo
HEMOAM são realizadas. O Gráfico 24 apresenta a curva
resultante do período diurno e a demanda média
calculada foi de 384 kW.
Noturno: corresponde aos períodos entre a meia-noite e
as 7h00 e após as 18h00 até as 23h59.
Alternativamente, neste relatório foi utilizado o período
entre as 18h00 e as 7h00 do dia seguinte, a fim de
adotar um intervalo contínuo, facilitando a medição e a
manipulação gráfica desta curva. Neste período, o
consumo de energia é menor, operando apenas os
sistemas independentes em relação a uma atividade
específica do HEMOAM como o de refrigeração, o de
climatização em ambientes onde há a necessidade de
manter uma temperatura adequada para
armazenamento de materiais e o de vigilância, que
inclui câmeras, monitores e eventuais sistemas de
iluminação parcial.
O Gráfico 25 apresenta a curva de carga deste período e a
demanda média calculada foi de 250 kW.
Com base nesses dados, estimou-se um consumo médio mensal
de acordo com as seguintes informações:
21 dias úteis com 11 horas de consumo diurno e 13
horas de consumo noturno;
4 sábados com 5 horas equivalentes ao consumo diurno
e 19 horas equivalentes ao consumo noturno; e
6 dias com as 24 horas equivalentes ao consumo
noturno representando os domingos e feriados do mês.
Assim, o consumo médio diário foi estimado em:
7.474 kWh para um dia útil (11h x 384 kW + 13h x 250
kW);
6.670 kWh para um sábado (5h x 384 kW + 19h x 250
kW); e
6.000 kWh para um domingo ou feriado (24h x 250 kW).
Gráfico 24 – Curva de carga do período diurno.
Gráfico 25 – Curva de carga do período noturno.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
70
Multiplicando esses valores pelas quantidades de dias no mês (21
dias úteis, 4 sábados e 6 domingos ou feriados) obtemos um
consumo mensal estimado em aproximadamente 220.000 kWh,
portanto, um consumo anual de 2.640.000 kWh.
Foram realizados também, um levantamento dos equipamentos
existentes no Hemocentro e seus respectivos períodos de
utilização e assim, foi possível construir a matriz de consumo
desagregado do Hemocentro, conforme apresenta o Gráfico 26.
Gráfico 26 – Matriz de consumo desagregado do Hemocentro.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
71
4.5. Simulação Energética da Edificação
Com base nas medições realizadas e nos levantamentos de dados
durante as visitas técnicas, desenvolveu-se um modelo virtual da
edificação do Hemocentro (Figura 59), onde foi possível inserir
dados relativos à envoltória e usos finais dos diversos blocos do
Hemocentro. Este modelo adotou algumas hipóteses
simplificadoras visando fornecer uma estimativa preliminar do
desempenho energético da edificação em análise.
Utilizando a ferramenta de simulação EnergyPlus®, simulou-se o
modelo virtual do Hemocentro para as condições climáticas de
Manaus. Foram utilizados dados típicos para os materiais da
edificação, a saber:
Paredes externas: painéis wall e acabamento com
espessura total de 100 mm.
Paredes internas: divisórias de madeira ou dry wall.
Cobertura: forro com espaço de ar, telha canalete e
platibandas com telha de fibrocimento.
Vidros: vidro simples de 3 mm.
Portas: madeira com 40 mm de espessura.
Foi definido que o perfil de ocupação da edificação seria das 7:00h
às 18:00h de segunda a sexta, das 7:00h às 12:00h no sábado e
sem expediente no domingo. Estes perfis foram utilizados para a
presença de pessoas, iluminação e equipamentos e calibrados
com base nas avaliações feitas nas visitas técnicas realizadas. A
potência das câmaras frigoríficas foi definida com base nos
levantamentos feitos e o seu funcionamento foi estipulado como
ininterrupto. Para os sistemas de climatização unitários, foi
definido o valor médio de COP de 2,8 e o seu perfil de operação
foi estipulado como sendo o mesmo definido para a ocupação das
pessoas na edificação. Para os ambientes servidos por self-
contained foi estimado um COP de 3,2 e para o sistema central do
bloco E definiu-se um COP de 3,5. Foi definida como temperatura
de controle de todos os sistemas de climatização o valor de 23°C.
A edificação assim simulada será considerada para fins deste
relatório como a edificação de referência.
Figura 59 – Modelo virtual do Hemocentro.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
72
Com base nos relatórios de saída do EnergyPlus, como os
mostrados na Figura 60, podemos avaliar a contribuição de cada
uso final no consumo total da edificação ao longo de um ano de
operação.
Os sistemas de climatização e de refrigeração correspondem a
70% do consumo total da edificação e portanto ações para a
redução do consumo de energia destes sistemas podem ter um
impacto razoável no perfil de consumo total da edificação.
Nesse sentido, foram simuladas as seguintes estratégias visando a
redução do consumo de energia dos sistemas de climatização:
Estratégia 1 (EST_01): Modificação da temperatura de
controle dos sistemas de climatização de 23°C para
25°C: esta estratégia foi sugerida para mostrar o
potencial de redução, caso os usuários da edificação
modifiquem o seu comportamento quanto a definição
da temperatura de controle do sistema de climatização.
Esta modificação só deve ser realizada nos setores em
que a demanda de climatização seja apenas para
conforto térmico e não seja necessário controle de
temperatura para conservação do sangue e demais
produtos manipulados no Hemocentro.
Estratégia 2 (EST_02): Retrofit dos sistemas de
climatização para equipamentos com selo PROCEL A:
esta ação visa mostrar o impacto da redução se os
equipamentos a serem instalados adotassem níveis de
eficiência de equipamentos etiquetados com selo
PROCEL A (COP=3,1).
Estratégia 3(EST_03): retrofit no sistema de
resfriamento do bloco E para condensação a água com a
implantação de torre de resfriamento para rejeição de
calor.
Estratégia 4 (EST_04): aplicação das estratégias 1, 2 e 3:
a simulação desta estratégia visa verificar o impacto
conjunto das estratégias anterioremente propostas.
Estratégia 5 (EST_05): aplicação das estratégias 1 e 2: a
simulação desta estratégia visa verificar o impacto
conjunto das estratégias anterioremente propostas.
Figura 60 – Exemplo de relatório de saída de dados da simulação realizada pelo EnergyPlus.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
73
Após a simulação de cada uma destas estratégias, podem-se
verificar no Gráfico 27 as reduções do consumo anual obtidas por
cada estratégia e que podem ser comparadas com a situação
atual.
Pode-se concluir que:
A estratégia EST_01 apresenta uma redução pequena e
cuja implementação demandaria uma conscientização
por parte do usuário, podendo ser aplicada de imediato.
As estratégias EST_02 e EST_03 implicam em um
investimento maior da instituição e com intervenções
mais significativas na edificação sendo que o maior
impacto é conseguido com a estratégia EST_2 na
redução do seu consumo de energia. A estratégia
EST_03 tem um impacto pequeno e terá um custo alto
para sua implantação, de forma que não se torna
atrativa para esta edificação
As estratégias EST_04 e EST_05 foram avaliadas para
verificar a combinação das estratégias individuais
propostas. Em função do alto custo da implantação da
estratégia EST_04, a estratégia EST_05 torna-se mais
atrativa pela relação custo/benefício.
16,4
16,6
16,8
17,0
17,2
17,4
17,6
17,8
18,0
REF EST_01 EST_02 EST_03 EST_04 EST_05
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia e
létr
ica
anu
al
[MW
h]
1,1%
3,4%
0,3%
4,9%4,5%
Gráfico 27 – Potencial de redução das estratégias propostas.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
74
4.6. Sistemas de Climatização e Refrigeração
4.6.1. Climatização
Os sistemas de climatização utilizados no Hemocentro são
basicamente compostos de unidades autônomas denominadas,
“splits” e “self-contained” de diferentes capacidades, para os
blocos A, B, C e D. No bloco E, há um sistema central, composto
de dois chillers resfriados a ar, para climatizar todo o edifício em
torno de 23°C e em algumas salas há um complemento através de
unidades “split”. Porém, em muitos setores, não houve a
preocupação de adquirir equipamentos eficientes (selo A do
PROCEL), deixando de explorar um grande potencial de economia
na maior carga existente no Hemocentro.
Algumas recomendações são:
Mudança da temperatura de controle dos ambientes de
23°C para 25°C.
Aquisição de novos equipamentos tipo split com selo A
do Procel.
4.6.2. Sistemas de Refrigeração
Verificou-se no HemoAM a existência de diversas unidades de
refrigeração com temperaturas de controle variando de +6°C a -
80°C com capacidades de armazenamento e de consumo de
energia também diversas. Estas unidades estão distribuídas pelos
diversos setores do Hemocentro. Constatou-se também que a
vida útil das unidades é bem diversa, sendo o uso final de maior
importância para o Hemocentro. Verificou-se também que o
compressor da câmara fria foi trocado recentemente e representa
em torno de 50% do consumo dos sistemas de refrigeração, já
promovendo um uso mais racional da energia elétrica para este
uso final.
Neste quesito, algumas recomendações são:
Manutenção preventiva dos sistemas.
Retrofit das unidades de resfriamento com vida útil
maior que 20 anos, sempre visando a aquisição de
equipamentos com selo A do Procel, quando couber.
4.6.3. Sistemas Motrizes
Há mais de uma década os fabricantes de motores elétricos
desenvolvem equipamentos mais eficientes, de forma que, além
de fabricarem motores do tipo padrão, apresenta também uma
linha de produtos denominada alto rendimento.
Aumentando os custos de fabricação, foi possível desenvolver
equipamentos mais eficientes (diminuindo as perdas no motor
elétrico), de forma que, um motor de alto rendimento gasta
menos energia elétrica do que um motor do tipo padrão, para a
mesma aplicação industrial, desde que bem dimensionado à
carga.
Desta forma, o custo adicional de aquisição é compensado pelo
menor custo operacional, sendo que, em muitos casos, o Tempo
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
75
de Retorno do Investimento possui valor atrativo, considerando
que um motor pode durar mais de 12 anos.
A Figura 61 apresenta uma comparação entre motores do tipo
padrão e alto rendimento.
Uma das causas mais comuns de operação ineficiente é o
superdimensionamento de motores elétricos. Os motivos mais
freqüentes para essa ocorrência são:
Desconhecimento das características da carga.
Desconhecimento de métodos para dimensionamento
adequado.
Expectativa de aumento de carga.
Não especificação de fator de serviço maior que 1 para
motores que trabalham esporadicamente
sobrecarregados.
Aplicação de sucessivos fatores de segurança.
Os motores da linha de alto rendimento lançados no mercado
interno pelos maiores fabricantes nacionais de motores elétricos
são, em média, 35 a 50 % mais caros que os da linha padrão, fato
este que deve ser considerado no estudo de viabilidade para a
substituição de tecnologias.
Estudos mostram que, quando comparado ao motor padrão, o
motor de alto rendimento pode apresentar um rendimento
superior, da ordem de 2 a 6 %, sendo este aumento devido a
menor quantidade de perdas, para a mesma potência mecânica.
A decisão em se escolher motores mais caros com custos de
operação mais baixos e motores mais baratos com maior
consumo de energia pode ser baseada em um critério financeiro
de retorno do capital. Este critério considera como principal
parâmetro, o número de horas por ano de funcionamento do
motor.
Porém, deve-se salientar que não existe vantagem nenhuma na
utilização de um motor de alto rendimento e acoplá-lo a um
equipamento ineficiente ou trabalhar sobredimensionado,
provocando maiores gastos com energia, tendência esta muito
comum, propositalmente ou por desconhecimento, sob a
alegação de se manter uma potência reserva que poderia
aumentar a confiabilidade do acionamento.
Verificou-se no Hemocentro a existência de motores para
acionamento de elevadores.
Figura 61 – Comparação entre motores do tipo padrão e alto rendimento.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
76
Pode-se citar com recomendações:
Substituição gradativa por motores de alto rendimento,
corretamente dimensionados.
Aquisição de equipamentos com motores de alto
rendimento.
Realização permanente de serviços de manutenção.
Observação dos aspectos de qualidade de energia e das
instalações elétricas para o bom funcionamento dos
motores.
4.7. Sistemas de Bombeamento
Geralmente, os acionamentos das bombas são feitos por motores
elétricos de indução. A explicação para o uso deste tipo de motor
está na sua construção robusta, onde não há o uso de escovas,
sendo indicados para sistemas de acionamento contínuo.
Dentre os fatores que contribuem para o custo de energia elétrica
em sistemas de bombamento, podem-se destacar:
Ultrapassagem da demanda contratada.
Baixo fator de potência.
Consumo elevado em horários de ponta.
Equipamentos antigos, nos quais ocorre dificuldade de
manutenção e adaptação às normas tecnológicas atuais.
Baixo rendimento das instalações de bombeamento,
ocasionando maior consumo de energia elétrica.
A bomba é um dispositivo que tem a função de transformar a
energia mecânica no seu eixo em energia hidráulica cedida ao
fluído. Como em todo processo de transformação energética
existem perdas, o rendimento da bomba pode ser determinado
pela relação entre a potência mecânica, fornecida a bomba pelo
motor, e a potência hidráulica cedida ao fluído.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
77
A Figura 62 apresenta a curva de rendimento em função da vazão
da bomba.
Assim, nota-se a ocorrência de um rendimento máximo, a partir
do qual o aumente o da vazão decresce o rendimento, ou seja, a
partir deste ponto a energia mecânica cedida à bomba é cada vez
menos transformada em energia hidráulica e as perdas
aumentam.
Verificou-se a existência de bombas, algumas antigas, para
armazenamento da água nos reservatórios que abastecem o
Hemocentro. Neste sentido, recomenda-se a aquisição de
conjunto moto-bomba de alto rendimento, corretamente
dimensionado para abastecer o reservatório de água do
Hemocentro.
Figura 62 – Curva de rendimento em função da vazão.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
78
4.8. Estudo Tarifário
A partir da Resolução 414/2010 da ANEEL e com o início da
vigência do terceiro Ciclo de Revisão Tarifária Periódica (CRTP)
para a Amazonas Energia, ocorrido em novembro de 2013, a
estrutura tarifária de seus consumidores sofrerá algumas
alterações em suas modalidades, explicadas a seguir.
4.8.1. Estrutura Tarifária do Grupo A
a) Tarifa Convencional
Aplicada em unidades consumidoras atendidas em tensão inferior
a 69 kV e demanda contratada menor que 300 kW. Entretanto,
esta modalidade será gradualmente extinta ao longo do terceiro
CRTP, inicialmente para os consumidores com demanda
contratada maior ou igual a 150 kW, que deverão optar por uma
das modalidades horárias, azul ou verde, até o final do primeiro
ano de vigência do terceiro CRTP. Ao final deste Ciclo, os demais
consumidores também deverão optar por uma das modalidades
horárias.
A modalidade tarifária convencional considera os seguintes
critérios:
Demanda de potência [kW]: tarifa única sem distinção
horária.
Consumo de energia [kWh]: tarifa única sem distinção
horária.
b) Tarifa Horária Verde
Aplicada em unidades consumidoras atendidas em tensão inferior
a 69 kV, com demanda contratada até 2.500 kW. A modalidade
tarifária horária verde considera os seguintes critérios:
Demanda de potência [kW]: tarifa única sem distinção
horária.
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto
horário ponta; uma tarifa para o posto horário fora de
ponta.
c) Tarifa Horária Azul
Aplicada compulsoriamente às unidades consumidoras atendidas
em tensão igual ou superior a 69 kV e opcionalmente para as
demais unidades. A modalidade tarifária horária azul considera os
seguintes critérios:
Demanda [kW]: uma tarifa para o posto horário ponta;
uma tarifa para o posto horário fora de ponta.
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto
horário ponta; uma tarifa para o posto horário fora de
ponta.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
79
4.8.2. Estrutura tarifária do Grupo B
a) Tarifa Convencional
Aplicado de forma compulsória e automática às unidades
consumidoras atendidas em tensão inferior a 2,3 kV, com tarifa
que considera o seguinte critério:
Consumo de energia [kWh]: tarifa única, sem distinção
horária.
b) Tarifa Branca
Aplicado conforme opção do consumidor, somente após a
publicação da resolução específica e considera o seguinte critério:
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto horário de
ponta, uma tarifa para o posto horário intermediário e uma tarifa
para o posto horário fora de ponta.
4.8.3. Avaliação
O Hemocentro de Manaus é alimentado em média tensão e a
modalidade tarifária aplicada é a Convencional, com demanda
contratada de 600 kW. Uma análise das despesas simuladas nas
demais modalidades, as horárias verde e azul, apontou que a
tarifa horária verde é mais adequada ao perfil de consumo do
HEMOAM, que possui baixo consumo de energia no horário de
ponta.
O Gráfico 28 representa o consumo mensal de energia do
HEMOAM. Pode-se observar que o consumo foi elevado no início
do ano de 2012, mas que após esse período o consumo se
estabilizou e alterou pouco mês a mês.
Observa-se no Gráfico 29 que apesar da demanda contratada ser
de 600 kW, os valores registrados poucas vezes alcançaram 550
kW, e o máximo registrado foi de 553 kW. Uma redução da
demanda contratada em 50 kW, pode gerar uma economia de até
R$ 1.846,00 mensais, totalizando aproximadamente R$ 22 mil
anuais, nos valores da tarifa atual.
Consumo de Energia [kWh]
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2012
2013
Demanda de Energia [kW]
-
100
200
300
400
500
600
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2012
2013
Gráfico 28 – Consumo mensal de energia do HEMOAM.
Gráfico 29 – Demanda de energia mensal máxima do HEMOAM.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
80
Entretanto, com o início do Terceiro Ciclo de Revisão Tarifária da
Amazonas Energia, esses valores serão reavaliados, alterando o
valor final da economia, e de acordo com a resolução 414/2010
da ANEEL esta modalidade deverá ser substituída após 12 meses
de vigência desse Ciclo. Entre as opções possíveis, apesar da
diferença ser pequena, a aplicação da tarifa horária verde
mostrou-se melhor adequada ao perfil de consumo do HEMOAM.
Como recomendações, sugere-se:
A alteração do enquadramento tarifário para a tarifa
horária verde. E a alteração da demanda contratada
para 550 kW.
4.9. Perturbações elétricas
Em todas as áreas, muito se discute sobre qualidade de energia
elétrica.
Esta pode ser definida em função de quatro perturbações
elétricas em um sinal de tensão ou de corrente, em uma
instalação elétrica:
Perturbações na amplitude da tensão.
Perturbações na freqüência do sinal.
Desequilíbrios de tensão ou de corrente em sistemas
trifásicos.
Perturbações na forma de onda do sinal.
Para a concessionária, é muito importante a ausência de variações
de tensão, bem como de desligamentos.
Para o consumidor, a qualidade de energia elétrica está
relacionada à ausência relativa de variações de tensão no ponto
de entrega de energia.
Muitas vezes, as perturbações podem ser causadas pelo próprio
consumidor, por meio da utilização de equipamentos com
tecnologia moderna ou por cargas não lineares, que possuem
funcionamento baseado em eletrônica de potência.
A partir da década de 90, com o aumento da utilização de
equipamentos eletrônicos nos setores residencial, comercial e
industrial, a situação tornou-se ainda mais grave.
Na medida em que estes equipamentos exigem uma rede elétrica
de boa qualidade para seu correto funcionamento, também são
os principais causadores de perturbações.
O Gráfico 30 apresenta as tensões medidas no transformador 1.
Os valores encontram-se dentro dos limites permitidos.
Tensão de Alimentação dos Blocos A ~ D
215,0
220,0
225,0
230,0
235,0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
Ten
são
de
linh
a [V
]
Vab Vbc Vca
Gráfico 30 – Medição do transformador 1 – Tensões AB, BC e CA.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
81
Nos dois transformadores do Hemocentro de Manaus (1 e 2),
determinou-se o valor do Grau de Desequilíbrio de Tensão menor
que 0,5%, de forma que se considera um sistema equilibrado.
O Gráfico 31 apresenta as correntes medidas no Transformador 1.
Já o Gráfico 32 apresenta as correntes medidas no Transformador
2. Nota-se que há um certo desequilíbrio das correntes, em
conseqüência das cargas monofásicas não distribuídas
uniformemente, entretanto, sem comprometer o equilíbrio das
tensões, conforme visto anteriormente.
As perturbações ocasionadas por harmônicos tornaram-se
importantes na década de 80, quando se iniciou a substituição de
equipamentos elétricos e eletromecânicos por equipamentos
eletrônicos. As cargas chamadas lineares, como motores elétricos
e iluminação incandescente, possuem corrente proporcional a
tensão, ou seja, senoidais, mesmo estando defasadas ou não, em
função de sua natureza: resistiva, indutiva ou capacitiva. Nas
cargas não lineares, essa proporcionalidade não existe, pois se
pode conduzir corrente durante apenas uma parte do ciclo, e
mesmo que a tensão seja senoidal, a corrente não será.
As correntes harmônicas são responsáveis por elevar a
temperatura dos condutores, dos rotores de motores elétricos, e
também provocarem sobretensões em locais onde estão
instalados capacitores, através do efeito de ressonância.
Os harmônicos são expressos em termos de seu valor eficaz, pois
o aquecimento produzido pela onda distorcida está relacionado
ao mesmo. Harmônicos de quinta ordem produzem um conjugado
de sentido oposto ao de rotação do motor, reduzindo o
conjugado resultante e a capacidade de acionamento da carga
mecânica. Neste caso, ocorre um acréscimo na corrente de
alimentação, podendo ocasionar a queima do motor, uma vez que
o aumento das perdas Joule no estator provoca a estabilização da
temperatura em um valor superior à classe térmica do
enrolamento.
Corrente dos Blocos A ~ D
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
800,0
900,0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
Co
rren
te [
A]
IaIbIc
Corrente do Bloco E
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
800,0
900,0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
Co
rren
te [
A]
IaIbIc
Gráfico 31 – Medição do Transformador 1 – Correntes A, B e C.
Gráfico 32 – Medição Transformador 2 – Correntes das fases A, B e C.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
82
O Gráfico 33 apresenta os valores dos harmônicos de tensão
medidos na saída do transformador. Valores encontram-se dentro
dos limites permitidos.
Neste caso, em nenhum momento os valores ultrapassaram 5%,
de forma que o Hemocentro não possui problemas de qualidade
de energia relacionados aos harmônicos. Os valores de fator de
potência também foram verificados por meio das medições
realizadas.
O Fator de Potência (FP) de um sistema elétrico qualquer, que
está operando em corrente alternada, é definido pela razão da
potência real ou potência ativa pela potência total ou potência
aparente.
De acordo com a Resolução Normativa ANEEL 414/2010, que
estabelece as condições gerais de fornecimento de energia
elétrica, o fator de potência da unidade consumidora, para efeito
de faturamento, deve ser verificado pela distribuidora por meio
de medição permanente, de forma obrigatória para clientes do
Grupo A. De acordo com a Resolução, o fator de potência de
referência, indutivo ou capacitivo, tem como limite mínimo
permitido, para as unidades consumidoras, o valor de 0,92.
O Gráfico 34 apresenta os valores de fator de potência calculados
para toda a carga do Hemocentro. Esses valores encontram-se
fora dos limites permitidos, pois um dos conjuntos de banco de
capacitores encontra-se danificado, aguardando reparo.
Algumas recomendações são:
Atentar para os desequilíbrios de corrente nos painéis
elétricos do Hemocentro, procurando sempre manter as
correntes de fase equilibradas (melhor distribuição de
cargas).
Utilização de equipamentos eletrônicos com fator de
potência dentro dos limites normalizados (> 0,92).
Avaliação do dimensionamento do banco de capacitores
existente no Hemocentro de Manaus.
Realizar manutenção adequada no banco de capacitores
existentes no Hemocentro de Manaus.
Harmônicos de Tensão dos Blocos A ~ D
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0Dis
torç
ão H
arm
ôn
ica
de
Ten
são
[%]
hVa
hVb
hVc
0,80
0,84
0,88
0,92
0,96
1,00
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
18:0
0
20:0
0
22:0
0
00:0
0
02:0
0
04:0
0
06:0
0
08:0
0
10:0
0
12:0
0
14:0
0
16:0
0
Fat
or
de
po
tên
cia
Gráfico 33 – Medição do disjuntor A – Harmônicos de tensão.
Gráfico 34 – Valores calculados para o fator de potência do HEMOAM.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
83
4.10. Considerações específicas
As instalações do Hemocentro encontram-se em bom estado de
conservação, sendo que durante as visitas constatou-se a
preocupação com a manutenção de painéis elétricos, bem como
de equipamentos em geral, mantendo-se um bom nível de
atendimento aos usuários.
Foram realizadas 2 medições utilizando-se equipamentos
analisadores de energia instalados em pontos importantes do
sistema elétrico do Hemocentro. Com essas medições e com o
levantamento dos equipamentos utilizados no HEMOAM, foi
possível determinar os valores de consumo diário e mensal,
possibilitando construir a matriz de consumo desagregado.
Foi possível também, desenvolver um modelo virtual da
edificação utilizando-se o software de simulação EnergyPlus, onde
foram simuladas as seguintes estratégias visando a redução do
consumo de energia:
Estratégia 1: Modificação da temperatura de controle
dos sistemas de climatização de 23°C para 25°C.
Estratégia 2: Retrofit dos sistemas de climatização tipo
split para equipamentos com selo Procel A.
Estratégia 3: retrofit no sistema de resfriamento do
bloco E para condensação a água com a implantação de
torre de resfriamento para rejeição de calor.
Estratégia 4: aplicação das estratégias 1, 2 e 3
Estratégia 5: aplicação das estratégias 1 e 2
No tocante aos sistemas de iluminação, recomenda-se prosseguir
a substituição gradativa do sistema fluorescente atual (40W)
pelos sistemas que utilizam lâmpadas de 32 e 28W.
Verificou-se também a necessidade de segmentar os circuitos em
grupos menores de luminárias, principalmente em ambientes
amplos, bem como segmentar o sistema elétrico das luminárias
próximas às janelas permitindo que estas fiquem apagadas
quando os níveis de iluminância forem aceitáveis.
Quanto aos sistemas de climatização, recomenda-se que quando
novas aquisições forem realizadas, que o aspecto selo energético
seja considerado e sejam adquiridos apenas equipamentos nível
A.
No tocante aos sistemas de refrigeração, recomenda-se a
manutenção preventiva dos equipamentos e o retrofit progressivo
das unidades que tenham acima de 20 anos de vida útil.
Quanto ao estudo tarifário, atualmente o Hemocentro é tarifado
em média tensão na modalidade Convencional. Recomenda-se
alteração do enquadramento tarifário para a Tarifa Horária Verde
e da demanda contratada de 600 kW para 550 kW.
Para os aspectos de qualidade de energia elétrica, recomenda-se
atentar para os desequilíbrios de corrente nos painéis elétricos,
procurando sempre manter as correntes de fase equilibradas
(melhor distribuição de cargas). Recomenda-se também a
utilização de equipamentos eletrônicos com fator de potência
dentro dos limites normalizados (> 0,92).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
84
5. PROJETO E REABILITAÇÃO
5.1. Introdução
A partir da união de todas as análises das etapas anteriores, que
consistem nos Antecedentes (dados gerais da cidade, localização
do edifício, plantas técnicas, condicionantes bioclimáticos, dentre
outros), na Avaliação Pós-Ocupação, no Retrofit e na Etiquetagem
do Nível Energético, foi possível definir as Diretrizes para
Reabilitação Ambiental Sustentável, que consiste principalmente
em propor soluções de intervenção para as áreas específicas.
Na busca por soluções para o diagnóstico elaborado, foram
selecionados exemplos para o estudo de intervenção do
HemoAM, agrupados em 12 (doze) Diretrizes para Reabilitação,
criadas a partir da junção de elementos de sustentabilidade e de
humanização, sendo elas:
1. Inserção urbana: Praças, estar, feira.
2. Inserção social: Acessos, elementos da cultura local, elementos
de fachada.
3. Identidade: Elementos de fachada, módulos sombreadores.
4. Comunicação Visual: Passarela, painel em LED, elementos de
fachada
5. Segurança: Gradil, controle de fluxos, guaritas.
6. Acessibilidade: Passeios cobertos, passarela, praças.
7. Priorização do Pedestre: Pavimentação, passeios cobertos.
8. Humanização: Áreas verdes, cores, módulos sombreadores.
9. Conforto Ambiental: Pavimentação verde, parede verde,
módulos sombreadores.
10. Aproveitamento dos Recursos Naturais: Placas fotovoltaicas,
biovaletas.
11. Revitalização das Áreas Verdes: Talude, praças, parede verde.
12. Otimização dos Fluxos: Passeios, passarela, pavimentação,
cores.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
85
5.2. Estudos de Repertório
Os estudos de repertório para a reabilitação do HemoAM incluem
uma gama vasta de propostas arquitetônicas, urbanísticas,
baseadas em tecnologias atuais ou mesmo técnicas vernáculas e
ícones da cultura local como elementos que influenciam o projeto
em questão.
Destaca-se a dimensão ambiental do estudo de repertório, que foi
incorporada neste relatório motivada pela complexidade que é
projetar num contexto amazônico. No Hemocentro de Manaus,
pretende-se modificar o impacto gerado pelo edifício a partir de
elementos que contribuam para a preservação do ambiente
natural. Neste sentido, indica-se como possíveis soluções
intervenções que visem a purificação do ar, sobretudo no
contexto de edifícios de saúde. Assim, a principal diretriz deste
estudo de repertório é o uso de dióxido de titânio4 na cobertura
dos módulos sombreadores.
4O uso do elemento dióxido de titânio promove a fotossíntese artificial, alinhado a diretriz de redução da emissão dos gases do efeito estufa. (PAULINO, SALIM e RESENDE, 2011).
De modo didático, agrupamos as pesquisas de repertório em
alguns sub-grupos, os quais serão facilmente relacionados às
ações projetuais.
Os grupos são:
Elementos da cultura local
Módulos sombreadores
Pele dupla
Coberturas leves e ventiladas
Parede verde
Acessibilidade – Integração de usos
Materiais permeáveis
Humanização de áreas verdes
Inovações tecnológicas
Cada um destes grupos foi pesquisado visando atender às
Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, adotando
como princípios elementos utilizáveis no HemoAM.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
86
5.2.1. Elementos da cultura local
A água (Figura 63) e o legado indígena (Figura 64 e Figura 65) são
os dois símbolos fortes da Amazônia. Neste sentido, o artesanato
indígena e os movimentos e cores dos rios da região foram
interpretados para orientar as intervenções de projeto.
Figura 64 – Pintura em cerâmica e Cestaria em fibra tingida. Fonte: TAPAJÓS, Leandro. Cultura: expectativas dos artistas e produtores do cenário amazônico. Disponível em: <http://acritica.uol.com.br/vida/ Cultura-expectativas-artistas-produtores_0_399560054.html>
Figura 63 – Vista aérea do encontro dos rios. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 65 – Cestos fundos de fibra tingida, desenhos geométricos. Fonte: TAPAJÓS, Leandro. Cultura: expectativas dos artistas e produtores do cenário amazônico. Disponível em: <http://acritica.uol.com.br/vida/ Cultura-expectativas-artistas-produtores_0_399560054.html>
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
87
5.2.2. Módulos sombreadores
Módulos sombreadores (Figura 66) são estruturas de
sombreamento moduladas. Foram pesquisados tecidos especiais,
e estruturas leves, que permitam o tensionamento de malhas
próprias para coberturas de espaços abertos. A proposta é criar
módulos de sombra que protejam o pedestre dos percursos nas
áreas livres próximas aos edifícios. Estas estruturas caracterizam-
se também pela leveza e pela transitoriedade de sua instalação.
Figura 66 – Módulos sombreadores com membranas têxteis em estrutura metálica. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
88
5.2.3. Pele dupla
Destacam-se exemplos de membranas especiais que criam uma
pele dupla (Figura 67) ao edifício, reduzindo a carga térmica
incidente.
Além da utilização da pele dupla nos exemplos, buscou-se a
utilização de cores específicas para relembrar a cultura local,
nesta mesma forma de utilização (Figuras 68 e 69). Assim foram
trazidas as cores azuis e verdes.
Figura 67 – Edifício envolto por estrutura modular – pele dupla. Fonte: LOMHOLT, Isabelle, Santa Lucía General University Hospital Murcia, Disponível em: <http://www.e-architect.co.uk/spain/santa-lucia-general-university-hospital>.
Figura 68 – Pele dupla com fachada sinuosa iluminada e uso da cor da iluminação na edificação. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
89
Figura 69 – Sede CONFEA - Brasília - Membrana têxtil na fachada. Fonte: SARAIVA, Pedro Paulo de Melo. Edifício Sede do Confea – Brasília DF. Disponível em<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/proj etos/11. 125/ 3882>.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
90
5.2.4. Coberturas leves e ventiladas
Foram destacados exemplos de proteções solares proporcionadas
pelas coberturas leves e moduladas, que apresentam estratégias
de ventilação.
Figura 70 – Esquerda: Hospital Sarah - Destaque para a abertura de ventilação em madeira; Direita: cobertura na cor branca, cor refletora da radiação. Fonte: FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Hospital Sarah Kubitschek Salvador / João Filgueiras Lima (Lelé). Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-sarah-kubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima-lele>.
Figura 71 – Referência de coberturas curvas, também refletoras. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 72 – Beijódromo - Brasília - Ventilação auxiliada pelo espelho d'água Fonte: : MELENDEZ, Adilson. Taba do Antropólogo ganha memorial. Disponível em: < http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/joao-filgueiras-lima-centro-cultural-20-07-2011>.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
91
5.2.5. Parede verde
O uso de paredes verdes elimina o excesso do uso de materiais
artificiais no ambiente urbano e ao mesmo tempo auxilia no
contato com a natureza, criando identidade, promovendo ainda
um isolamento térmico nos edifícios e com isso uma redução nos
gastos energéticos. Podem também proteger dos ventos, reduzir
as temperaturas internas e os ruídos do ambiente externo.
Além disso, algumas plantas tem a capacidade de captar o CO2,
transformando-o em oxigênio, filtrando o ar.
Figura 73 – Parede verde como textura de fachada. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 74 – Uso diversificado de espécies em parede verde. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
92
5.2.6. Acessibilidade – Integração de usos
A acessibilidade permite o direito de ir e vir de todos os usuários,
sem interferências do espaço construído. Desta forma, busca uma
integração de usos a partir da utilização de escadas, rampas,
passeios cobertos, dentre outros espaços, sem que existam
obstáculos de nenhuma espécie para nenhuma incapacidade
funcional. Mostra-se (Figura 75 e Figura 76) o parque criado a
partir de um trilho elevado em Nova York. Aqui a vegetação foi
utilizada num solo artificial criado a 12m de altura.
Figura 75 – Parque linear elevado em Nova Iorque - High Line. Fonte: HIGUTI, André. The High Line Park. Disponivel em: < http://arktetonix.com.br/2011/12/urbano-2-the-high-line-park/>.
Figura 76 – High Line, NY - Novo uso para trilho de trem desativado. Fonte: HIGUTI, André. The High Line Park. Disponivel em: < http://arktetonix.com.br/2011/12/urbano-2-the-high-line-park/>.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
93
Mostra-se também (Figura 77, Figura 79 e Figura 78) a mistura de
rampa e escada num mesmo conjunto, eliminando dessa forma a
separação às vezes constrangedora dos diferentes usuários.
Figura 77 – Praça em níveis e diferentes usos de vegetação. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 78 –Usos de escada intercalada por rampa diagonal Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 79 – Usos de escada intercalada por rampa diagonal. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
94
5.2.7. Materiais permeáveis
Os materiais permeáveis estão cada vez mais sendo utilizados nos
espaços de pavimentação. Seu uso indica que nessa área deve ser
prevista a declividade necessária para que as águas superficiais
sejam coletadas e armazenadas se assim desejar (Figura 80, Figura
81 e Figura 82).
Figura 80 – Piso integrado com vegetação. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 81 – Piso intertravado de formato não retilíneo. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 82 – Direita: Piso intertravado retangular; Esquerda: Esquema de sistema de drenagem. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
95
5.2.8. Humanização de áreas verdes
Encontram-se exemplos de percurso com vegetação em sistema
de degraus que oferecem variados ambientes para o
deslocamento e o estar de forma diversificada (Figura 83 e Figura
85).
Figura 83 – Percurso com vegetação diversificada. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 84 – Jardim em sistema de degraus. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
96
5.2.9. Inovações Tecnológicas
Entre as inovações de interesse destacamos os materiais
superficiais, especificamente, os que podem ser utilizados nas
paredes como forma de painéis.
Os painéis compostos de dióxido de titânio são responsáveis pela
promoção da purificação do ar, uma vez que a partir da radiação
solar desempenham o papel das árvores quanto ao processo de
fotossíntese (Figura 85 e Figura 86).
Figura 85 – Fachada de Hospital na Cidade do Mexico, placas de dióxido de Titânio. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 86 – Detalhe dos módulos de dióxido de titânio Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
97
Algumas estratégias de inovações tecnológicas são facilmente
incorporadas ao edifício. Como bons exemplos dessas estratégias
têm-se sistemas fotovoltaicos e microeólicos. (Figura 87 a Figura
91).
Figura 87 – Sistema fotovoltaico maleável e seu uso em edificações. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 88 – Células fotovoltaicas e seu uso em fachadas. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 89 – Geradores eólicos em cobertura de edifício. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
98
Figura 90 – Sistema eólico de fachadas e o aproveitamento dos ventos rápidos nas coberturas. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 91 – Painel de sistema eólico e estrutura com geradores eólicos. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
99
5.3. Diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada
A Avaliação Ambiental Integrada que inclui a Avaliação Pós-
Ocupação - APO, a Eficiência Energética e o Retrofit, deu origem
ao Diagnóstico consubstanciado dos elementos avaliados, do qual
foram extraídas Diretrizes pautadas na avaliação dos aspectos
funcionais e humanizadores avaliados in loco. Tendo como base
essas Diretrizes, foram realizadas propostas de intervenção para a
Reabilitação Sustentável do HemoAM.
5.3.1. Diretrizes da APO
A partir das análises da APO, com foco no conforto térmico
efetuadas, bem como as ferramentas de trabalho utilizadas na
avaliação pós-ocupação buscaram coerência com o diagnóstico
energético, assim foi possível elaborar uma única proposta de
projeto preliminar de arquitetura que englobasse todas as
definições propostas. De modo resumido, o foco do projeto
esteve nos seguintes eixos temáticos:
Protetores solares para as fachadas;
Desenvolvimento de módulos sombreadores para
grande área pública descoberta;
Criação de jardins verticais para a proteção solar das
paredes;
Taludes vegetados;
Microbacias de retenção de água, contribuindo com a
drenagem natural sustentável,
Abertura no bloco A, promovendo a ventilação natural;
criação de espaço de integração entre o Hospital
Psiquiátrico e Hospital do Sangue, promovendo uma
interação saudável entre os usuários do edifício.
Da análise dos resultados da Avaliação Pós-Ocupação – APO são
obtidas diretrizes gerais para o edifício Hemocentro do Amazonas,
que foram divididas nos aspectos térmico, luminoso, sonoro e
ambiental.
a) Térmico
Reduzir os ganhos de carga térmica pelas fachadas, com
proteções solares adequadas às orientações (estudos de
ângulo de incidência solar)
Reduzir os ganhos de carga térmica através da
cobertura (alteração de materiais, vegetação, cores
claras e alta capacidade refletora);
Promover o resfriamento evaporativo (água e/ou
vegetação)
Buscar, sempre que possível, o aproveitamento da
ventilação natural;
Buscar a uniformidade dos níveis de temperatura e
umidade do ar nos ambientes condicionados
artificialmente por meio do Retrofit dos equipamentos
atuais (que estejam obsoletos ou defasados) tendo em
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
100
vista os níveis de conforto estabelecidos nas normas
que regem o assunto;
Criar sombreamentos nas áreas comuns, reduzindo a
carga térmica radiante das superfícies externas.
b) Luminoso
Melhorar a uniformidade da iluminação artificial do
edifício tendo em vista os valores de iluminâncias
estabelecidos para cada atividade na norma NBR 5413 -
Iluminâncias;
Melhorar a distribuição das luminárias (malha);
Buscar, sempre que possível, o correto aproveitamento
da iluminação natural;
Utilizar vidros seletivos (luz visível, sem ofuscamento e
calor);
Buscar a iluminação no plano de trabalho otimizando a
qualidade da luz, e a eficiência energética;
Estudar a integração com a iluminação artificial
(acendimento paralelo à janela e controle
individualizado)
Garantir vista agradável para o exterior;
Implantar sistemas de automação da iluminação
artificial, a fim de integrar o sistema mecânico à luz
natural.
c) Sonoro
Reduzir os níveis de ruído em ambientes críticos;
Tratar acusticamente os ambientes onde existe a
interferência de ruídos indesejados que cerceiem o
desempenho de tarefas;
Reduzir os níveis de ruídos dos equipamentos externos;
Aumentar o fator de rugosidade do meio externo, a fim
de recolher ruídos indesejáveis, reduzindo o seu nível ao
acessar o edifício.
d) Ambiental:
Integrar o edifício do Hemocentro aos hospitais
vizinhos;
Criar ambientes de convivência;
Reabilitar espaços insalubres;
Implantar vegetação como elemento de requalificação
ambiental e humanização;
Implantar microbacias de contenção de água das
chuvas, promovendo uma maior eficiência à drenagem
natural;
Tornar os espaços acessíveis (especificação de pisos, uso
de rampas, etc.);
Tratar os espaços internos e externos do edifício
visando à humanização e otimização das atividades;
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
101
Garantir a ambiência urbana harmônica eliminando
barreiras na forma de muros e outros elementos
opacos.
5.3.2. Diretrizes da Etiquetagem da Envoltória
A partir da etiquetagem de eficiência energética da envoltória do
edifício do HemoAM, que teve desempenho “E”, gerou-se as
seguintes diretrizes para atingir o nível A:
Cumprir os pré-requisitos para os fechamentos opacos
das fachadas e cobertura para ser nível A (transmitância
e absortância das paredes e cobertura), quais sejam
superiores aos limites recomendados;
Para os demais edifícios, reduzir o percentual de
abertura de Fachada (PAFT) por meio de elementos
sombreadores fixos e;
Substituir o tipo de vidro das esquadrias para um de
melhor eficiência (fator solar abaixo de 0,5).
5.3.3. Diretrizes do Retrofit Energético:
A partir do diagnóstico energético, gerou-se as seguintes
diretrizes:
As diretrizes gerais para o retrofit foram separadas em 3 grupos:
a) Sistema de Iluminação Artificial
Retrofit da iluminação artificial utilizando sistemas mais
eficientes;
Segmentar os circuitos em grupos menores de
luminárias próximas às janelas;
Alterar o layout das estações de trabalho, para evitar o
ofuscamento dos usuários;
Adotar programas para conscientização e educação dos
funcionários.
b) Climatização e Refrigeração
Quando da aquisição de novos equipamentos, procurar
aqueles com selo A do Procel, tanto para climatização,
quanto para refrigeração;
Realizar manutenções periódicas nos equipamentos,
garantindo seu pleno funcionamento;
Limpar os filtros dos condicionadores de ar;
Verificar a vedação das portas dos refrigeradores.
c) Sistemas Motrizes
Substituição gradativa por motores de alto rendimento;
Aquisição de equipamentos com motores de alto
rendimento;
Realização permanente de serviços de manutenção;
Observação dos aspectos de qualidade de energia e das
instalações elétricas para o bom funcionamento dos
motores.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
102
5.4. Projeto e Diretrizes
As inovações tecnológicas foram trazidas para o HemoAM de
diferentes modos. Foram desenhados dispositivos bioclimáticos
especiais que visam à incorporação de novas estratégias
ambientais para o edifício, promovendo um uso eficiente das
energias renováveis, assim como um aumento do nível de
conforto ambiental.
Para o desenvolvimento correto do estudo preliminar, faz-se
necessário realizar estudos iniciais de todas as etapas que
envolvam as Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável
do HemoAM. Desta forma, tomando como base Romero (2001),
traçam-se como princípios iniciais de desenho, três análises
ambientais da edificação. São elas:
Características do Entorno: orientação (sol, ventos,
som), continuidade da massa, grau de
adjacência/compacidade, altura do espaço cotado,
condução dos ventos do entorno imediato;
Características da Base: equilíbrio da radiação e luz
natural, natureza dos elementos superficiais, albedo
(reflexão e absorção da radiação incidente), elementos
componentes do espaço público (coberturas,
pavimentos, vegetação, mobiliário, água);
Características da Superfície Fronteira: convexidade,
continuidade da superfície, grau de adjacência,
porosidade, detalhes edificatórios que afetam as
condições externas, textura, propriedades físicas dos
materiais, aberturas, tensão/progressão/regressão da
fachada, tipologia arquitetônica, cores, transparência,
opalescência, céu, número de lados do espaço, grau de
confinamento.
Com estas características definidas, desenvolveu-se o estudo para
o projeto do HemoAM. Foram desenvolvidas quinze (15)
Intervenções específicas, seguindo todo o diagnóstico realizado
pela união dos Antecedentes, Avaliação Pós-Ocupação, Retrofit e
Etiquetagem do Nível Energético. Aliando este diagnóstico com as
doze (12) Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, têm-
se como intervenções:
1. Implantação
2. Abertura do Bloco E
3. Membrana têxtil
4. Módulos Sombreadores
5. Coberturas
6. Parede Verde
7. Humanização do Talude
8. Passarela de acesso ao Hospital do Sangue
9. Acesso pela Passarela
10. Banco de Cordão
11. Espaço de Convivência
12. Reaproveitamento de Águas Pluviais
13. Estudo de Esquadrias
14. Estudo de pavimentações
15. Painel de LED.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
103
O resultado final destas quinze (15) intervenções podem ser
observados na Figura 92, porém, serão melhor descritos em cada
um dos seus respectivos tópicos. Vale ressaltar que estas figuras
apresentam as diretrizes de intervenção no HemoAM.
5.4.1. Implantação
Encontramos a situação da implantação atual do HemoAM,
demonstrando as áreas edificadas (35% da área do terreno), as
áreas de passeio (8%), as áreas de estacionamento (22%) e as
áreas verdes (35%). (Figura 93).
Iniciando com os estudos de implantação, percebe-se a evolução
da proposta de acordo com as necessidades, principalmente, de
aperfeiçoamento da priorização do pedestre, humanização dos
espaços públicos, conforto ambiental e otimização dos fluxos. A
evolução da proposta pode ser observada nas figuras que se
seguem.
Figura 92 – Estudo preliminar da implantação (perspectiva).
Figura 93 – Estudo dos volumes (3D).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
104
Estes estudos iniciais têm como fundamento as características
entorno, base e superfície fronteira para a definição das novas
zonas de ocupação. Percebe-se com isso, que as doze (12)
Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável foram
analisadas e implementadas no estudo, conforme observado na
Tabela 7 e na Figura 94.
Tabela 7 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Estudo da Implantação.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 94 – Croqui do primeiro estudo da implantação.
Figura 95 – Evolução do estudo da implantação.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
105
Além disto, dois itens de grande importância para o estudo da
implantação foram definidos. O primeiro se refere ao sistema de
calçadas, que busca dar prioridade ao pedestre. O usuário, tanto
externo quanto interno, tem liberdade no seu passeio pelo
HemoAM, sendo possível circular e acessar aos blocos sem ter
conflito com outros tipos de fluxos, como por exemplo, o
automóvel, conforme observado na Figura 96.
Figura 96 – Estudo preliminar da implantação (perspectiva).
Figura 98 – Estudo preliminar da implantação – Sistema de calçadas (perspectiva).
Figura 97 – Estudo preliminar da implantação – Estacionamento perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
106
O segundo item foi o estudo do estacionamento. Percebe-se que
grande parte da área existente foi reduzida, porém o mesmo foi
otimizado, permitindo ainda uma grande quantidade de vagas
automotivas. Além disto, outra área do HemoAM foi reservada
para a implementação do estacionamento, conforme pode ser
observado na Figura 99.
Posteriormente a este estudo inicial, foi acrescentado ao terreno
do HemoAM o terreno que compreende o Centro Psiquiátrico.
Desta forma, observa-se na Figura 100 à Figura 103, a evolução da
proposta da implantação geral, mantendo sempre os conceitos
adotados nas diretrizes para reabilitação.
Figura 99 – Situação atual da implantação geral (perspectiva).
Figura 100 – Evolução do estudo da implantação geral com o acréscimo da área do Centro Psiquiátrico.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
107
Figura 102 – Estudo preliminar da implantação geral.
Figura 101 – Estudo preliminar da implantação geral (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
108
Neste estudo preliminar da implantação, houve um aumento de
88 vagas de estacionamento na situação existente, para 123 vagas
(Figura 102). Além disto, houve uma grande preocupação na
preservação de todas as árvores existentes, perdendo apenas
uma única árvore de pequeno porte, por estar situada no meio do
novo estudo de implantação, conforme observado na Figura 103.
Figura 103 – Estudo preliminar da implantação geral – Preservação da vegetação existente.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
109
Outro fato importante deste estudo foi a revitalização das áreas
verdes a partir de uma infraestrutura verde por biovaletas que
canalizará as águas pluviais e infiltrará de forma adequada. A
localização deste sistema pode ser observado na Figura 104.
Figura 104 – Estudo preliminar da implantação geral – Infraestrutura verde – Localização das biovaletas.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
110
Outro ponto importante do estudo da implantação geral foi a
demarcação de uma área destinada ao espaço público, definida
como Praça Pública. Este espaço tem como objetivo uma inserção
urbana e social que acrescentará valor aos usuários do entorno no
uso do edifício do HemoAM, conforme observado na Figura 105.
Percebe-se também nesta, a delimitação do gradil de segurança
do HemoAM, e a separação deste espaço com a praça pública.
Além das propostas apresentadas que visam uma boa qualidade
ambiental no espaço construído, preservando a grande maioria da
vegetação existente, foi desenvolvida uma outra proposta. Tal
proposta foi solicitada pelo diretor do Hemocentro do Amazonas,
visando um aumento no número de vagas de estacionamento.
Esta proposta não está inserida nos princípios de sustentabilidade
apresentados neste estudo, servindo como base de comparação
para uma ocupação geral da área como estacionamento para o
usuário.
Figura 105 – Localização da Praça Pública e delimitação do gradil(perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
111
Este novo estudo teve um aumento no número de 123 para 212
vagas de estacionamento, inclusive vagas para ônibus. No
entanto, vale ressaltar, que mais de 70% da vegetação existente
(árvores de grande porte) foi retirada para esta ocupação.
Figura 106 – Novo estudo de implantação sem a preservação da vegetação existente.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
112
5.4.2. Abertura do Bloco E
O Bloco E possui, atualmente 4 pavimentos, sendo definidos pelo
pavimento térreo e três pavimentos superiores.
Com a construção do Hospital do Sangue na área adjacente ao
HemoAM, grande parte da área ocupada do Bloco E será relocada
para este novo edifício, deixando-o com grandes áreas vazias para
futuras ocupações.
Baseado nisto, e buscando um melhor aproveitamento da
ventilação natural a partir das análises e simulações realizadas no
edifício, optou-se pela criação de um vão aberto que abrange o
primeiro e o segundo pavimento do Bloco E, deixando o térreo e o
terceiro pavimento ocupados.
Assim, além de aproveitar a ventilação natural, criará a
possibilidade de abrir visuais para o talude e para o edifício do
HemoAM, humanizando os espaços e melhorando as condições
de habitabilidade para os seus usuários, além de permitir aos
mesmos um acesso rápido ao novo Hospital do Sangue, localizado
ao sul do terreno (Figura 107).
Na Tabela 8 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 8 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Abertura do Bloco E.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 107 – Abertura do Bloco E (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
113
5.4.3. Membrana têxtil
A Membrana Têxtil é um sombreamento em estruturas leves,
instaladas paralelamente às fachadas do edifício. Recomenda-se o
uso das membranas (Marca de referência: Soltis) de alto
desempenho térmico, uma vez que reduzem até 70% (setenta por
cento) da radiação solar direta, e permitem grande visibilidade do
exterior por parte dos usuários do edifício. Além disso,
proporcionam o aproveitamento da iluminação natural nos
ambientes sem, por outro lado, permitir a entrada da alta
incidência de radiação solar. Atuam, portanto, como proteção e
como um filtro de equilíbrio na relação do edifício com o clima. As
membranas também podem ser incorporadas às fachadas com
uso de cores, trazendo o componente lúdico ao projeto. Neste
caso, recomenda-se o uso de tons de azul turquesa e verde água –
fazendo referência à marcante presença da água para a cultura
local.
Foram propostos 3 tipos de Membrana Têxtil, conforme
observado na Figura 108.
Figura 108 – Membrana Têxtil (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
114
As Membranas Têxteis são constituídas de perfis metálicos
divididos em módulos curvos a cada 5m, compondo uma
estrutura sinuosa por toda a extensão da fachada
(aproximadamente 70 m).
Cada membrana possui uma curvatura específica, com altura de
3,5m e estruturas de fixação a cada 5m (Figura 109 à Figura 111).
Como especificação das membranas têxteis, sugere-se:
Soltis 86
Tecnologia: Précontraint
Peso: 380 g/m²
Espessura: 0,43 mm
Largura: 177 ou 267 cm
Resistência à ruptura: 230/160 daN/5cm
Resistência ao rasgo: 45/20 daN
Figura 109 – Estruturas curvas do primeiro, segundo e terceiro pavimento respectivamente.
Figura 110 – Estruturas de fixação afastadas a cada 5m (perspectiva).
Figura 111 – Estrutura de fixação com membrana têxtil (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
115
Especificações Técnicas do Fabricante:
As membranas têxteis possuem características de flexibilidade
(material leve aplicável à edificações existentes sem necessidade
de reforço estrutural), durabilidade (garantia no mercado nacional
de 5 anos), alta eficiência (proteção contra raios UV, possibilidade
de aproveitamento da ventilação e iluminação natural), além de
ser 100% reciclável (atendendo as demandas mundiais por
sustentabilidade na construção). O material é impermeável à
água, resistente ao vento, com durabilidade testada em
laboratório (ISO 9001 e ISO 14001) (STAMISOL, 2001). Quanto à
limpeza, o material é auto-limpante. Em determinados casos já
construídos, a limpeza ocorreu após 11 anos da aplicação da
membrana (FERRARI, 2008)
Além disso, no Brasil, existem revendedores em todos os estados,
disponibilizando o produto e sua manutenção. Não havendo,
portanto, impactos ambientais significativos relacionados ao
transporte (importação) do produto ao local de destino. A
membrana foi desenvolvida para ser aplicada em qualquer clima,
possuindo uma garantia de 5 anos no Brasil, e caso seja solicitado,
poderão ser desenvolvidas análises específicas de resistência do
material em testes nos laboratórios do fornecedor.
Figura 112 – Especificações técnicas do fabricante da membrana têxtil
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
116
Os módulos das fachadas Leste e Oeste seguem os quatro tipos
fixos de estrutura especificados na pesquisa. Os módulos
aplicados na fachada Leste são espalhados para a fachada Oeste
com posicionamento diferenciado, observando o intervalo
destinado ao posicionamento da passarela de ligação proposta
para a fachada Oeste (Figura 113). Esta composição visa atribuir
um aspecto de fluidez no conjunto.
Na Tabela 9 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 9 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Membrana Têxtil.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 113 – Membrana têxtil fachada oeste (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
117
Antecedentes de obras que já utilizam esse material:
O edifício sede do CONFEA, em Brasília, construído em 2010,
utilizou o sistema de membrana têxtil perfurada para criar um
filtro entre o meio externo e os ambientes internos. Permite a
utilização da iluminação natural dos ambientes sem a incidência
direta da radiação solar nas superfícies envidraçadas. Além disso,
o sistema de membrana compõe uma segunda pele à envoltória
do edifício, reduzindo o impacto calorífico e tornando o sistema
de climatização mais eficiente. A utilização da membra têxtil foi
devidamente calculada, sendo considerado o percentual de
abertura (permeabilidade) do material.
Figura 114 – Sede do CONFEA na cidade de Brasília. Fonte: www.vitruvius.com.br.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
118
A arena Pantanal, na cidade de Cuiabá-MT, utiliza 25.300 m² de
membrana têxtil perfurada em sua fachada. A membrana atende
as necessidades do projeto que prevê o aproveitamento da
ventilação natural das suas áreas internas e a máxima
permeabilidade da estrutura visando evitar o acúmulo de calor no
local. O material é composto de 50% PVC e 50% de fibra têxtil,
sendo aplicada tecnologia anti-chamas.
A nova Sede do Clube Curitibano, em Curitiba-PR, utiliza
membrana têxtil micro-perfurada, na cor branco gelo, visando o
aproveitamento da ventilação natural e a adequação do edifício
ao processo de certificação ambiental – buscando a maior
eficiência energética.
Figura 115 – Arena Pantanal na cidade de Cuiabá. Fonte: www.brasil.gov.br
Figura 116 – Projeto da Sede do Clube Curitibano, na cidade de Curitiba. Fonte: www.revistaarqdesign.com.br
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
119
5.4.4. Módulos Sombreadores
Os Módulos Sombreadores são elementos de composição
arquitetônica utilizados para a promoção de sombra no espaço
aberto.
Possuem estrutura metálica com pintura eletrostática (cor clara) e
membrana escura com valor máximo de 70% de opacidade. Este
valor máximo de referência deve ser seguido para que a cobertura
seja um pouco translúcida, permitindo que os caminhos sejam
iluminados naturalmente.
A área de passeio dos pedestres está sombreada pela presença
desses módulos, formando um percurso contínuo com desenho
não convencional, curvo, inspirado nos encontros dos rios
amazônicos. (Figura 117).
Os módulos devem ter tirantes tensionados em aço para
estabilizar a estrutura. A estrutura modular deve ser aparente e
autoportante, facilitando a instalação e manutenção das peças.
Figura 117 – Módulos Sombreadores (perspectiva).
Figura 118 – Módulos Sombreadores agrupados (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
120
Suas membranas têxteis devem ser sobrepostas a fim de criar
uma cobertura mais eficiente.
Como especificação, sugere-se:
Cor de referência: 2011 Cinza Polar (Marca de
referência: Soltis 86)
Tecnologia: Précontraint
Peso: 380 g/m²
Espessura: 0,43 mm
Largura: 177 ou 267 cm
Resistência à ruptura: 230/160 daN/5cm
Resistência ao rasgo: 45/20 daN
Reação ao fogo: M1 - B1
Qualidade: ISO 9001.
Na Tabela 10 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 10 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Módulos Sombreadores.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 119 – Módulos Sombreadores com tirantes tensionados (perspectiva).
Figura 120 – Módulos Sombreadores com membranas sobrepostas (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
121
5.4.5. Estudo das coberturas
Nas análises realizadas nos edifícios, foi possível identificar que
grande parte da perda da qualidade ambiental dos ambientes
internos diz relação ao uso de materiais inadequados na
cobertura. Desta forma, foram propostos novos materiais nas
coberturas de todos os blocos, conforme observado na Figura
116.
Nos blocos mais altos (Blocos A e Bloco E), foram propostas placas
fotovoltaicas para captar energia solar e fornecer elétrica aos
blocos A e E. As placas fotovoltaicas poderão gerar energia capaz
de promover a iluminação dos ambientes comuns dos edifícios,
reduzindo assim o consumo energético a partir da utilização de
energia por meios renováveis. Aliado a geração e energia, a
implantação das placas na cobertura protege ainda contra a
excessiva carga térmica, promovendo uma redução no acúmulo
de calor dos ambientes nos pavimentos superiores nos blocos A e
E.
Nos edifícios mais baixos, Blocos B, C e D (cobertura cor cinza), foi
proposto uma mudança nas telhas existentes por telhas
termoacústicas, promovendo uma redução da carga térmica e um
conforto acústico-ambiental nos ambientes internos. Vale
ressaltar, que nestes blocos não há laje construída, e com isso,
também deverão ser previstas soluções para permitir uma
ventilação na camada de ar entre o forro e a cobertura, auxiliando
ainda mais no conforto ambiental.
Figura 121 – Diferentes coberturas nos blocos (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
122
Nos blocos anexos (cobertura cor verde), sugere-se a mudança da
cobertura existente por telhado verde. O telhado verde
proporciona um ambiente muito mais fresco do que outros tipos
de cobertura, mantendo o edifício protegido de temperaturas
extremas, especialmente no verão, reduzindo em até 3°C a
temperatura dos ambientes internos. Existem dois tipos de teto
verde, os “extensivos” (mais leves, com substratos mais rasos) e
os “intensivos” (maior quantidade de substrato, maior diversidade
de espécies, acessível a visitantes diariamente). Por ser mais leve
e não requerer muita manutenção, o teto verde para o HEMOAM
será do tipo extensivo.
Na Tabela 11 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 11 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Estudo das Coberturas.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
123
5.4.6. Parede Verde
As paredes verdes do HemoAM foram utilizadas para reduzir a
carga térmica recebida dos horários do dia com a maior incidência
de radiação solar direta. O paisagismo incorporado na parede
verde conta com espécies próprias do clima amazônico, reduzindo
assim os eventuais custos de manutenção. As paredes verdes são
verticais e utilizam uma técnica de sustentação por meio de
estrutura independente à do edifício, promovendo a criação de
uma câmara de ar ventilada entre a estrutura e o edifício, o que é
fundamental para evitar a infiltração e umidade das estruturas de
vedação do edifício, ao tempo em que cria uma camada dupla de
proteção solar, e embeleza a praça central do HemoAM com a
incorporação da vegetação também na estrutura vertical do
edifício.
As localizações destas paredes podem ser observadas na Figura
122 e na Figura 123 (fachadas leste e oeste, respectivamente).
Figura 122 – Parede verde fachada leste (perspectiva).
Figura 123 – Parede verde fachada oeste (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
124
A proximidade com a natureza tende a diminuir estresses
psicológicos de pacientes, porém é preciso ter cuidado e muita
atenção na escolha das espécies vegetais que serão utilizadas nos
jardins de edificações de saúde. Os pacientes muitas vezes são
sensíveis ao pólen e perfumes liberados por algumas flores, que
podem causar alergias. Também é preciso estar atento ao excesso
de umidade em jarros e canteiros, que pode facilitar a
proliferação de fungos, sendo que um bom projeto de drenagem
é essencial neste tipo de edificação.
Além de outorgar beleza e produzir admiração, as paredes verdes
apresentam diversos benefícios tanto para as pessoas quanto
para o ecossistema. O projeto paisagístico de um jardim vertical
em um edifício de saúde deve propiciar esse relacionamento. As
novas técnicas permitem que os jardins verticais se apresentem
como uma alternativa a falta de espaços e a necessidade de
aumentar as áreas verdes em um espaço.
Na Tabela 12 está uma sugestão das espécies que são adequadas
ao clima amazônico e poderão ser utilizadas tanto na parede
verde como no teto verde do HemoAM.
Tabela 12 – Espécies Vegetais para Cobertura e Parede Verde do HemoAM.
Imagem da espécie Nome e Características
Dinheiro-em-Penca(Callisiarepens)
Planta pendente muito ramificada com folhagem ornamental. As folhas são cerosas, adensadas ao longo da ramagem, formando um tapete denso, as flores são pequenas e brancas, apresentando importância ornamental secundaria. Pouco tolerante a baixas temperaturas.
Jibóia(Epipremnumpinnatum)
Semi-herbacea de folhagem muito ornamental. Folhas espessas, coriáceas, variegadas de amarelo ou branco, grandes nas plantas idosas nas jovens a ramagem é fina e as folhas pequenas, sem variegação. É pouco tolerante a baixas temperaturas
Lambari(Tradescancia Spp.)
Herbácea suculenta de folhagem ornamental. Folhas verde-arroxeadas, com duas faixas prateadas brilhantes na face de cima e roxas na face de baixo. As flores são de cor rosa-arroxeadas pequenas e pouco vistosas.
Anturio(Anthuriumandraeanum)
Planta de folhagem ornamental. As flores são brancas, cremes ou esverdeadas, formadas na primavera e verão e ornada por espatas sulcadas em diversas cores: vermelha, rosa, branca, vermelho-sanguínea.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
125
(Maranthaleuconeura)
Planta de grande efeito ornamental. Folhas elípticas, verde-pardas quando novas e depois verde-escuras comlinhas finas vermelhas. A face de baixo da folha é avermelhada.
Iresine Rasteira Vermelha (Iresineherbstii “PurpleLady”)
Planta de aspecto suculento, com folhas ovaladas vermelho-arroxeadas e com nervuras vermelhas. Inflorescências terminais, eretas e ramificadas, surgidas no verão e de importância ornamental secundaria.
Peperomia (Peperomiassp.)
Herbácea de folhagem decorativa, com caule suculento não ramificado, firme. Folhas ovaladas, suculentas, ocorrem diversas variedades, com variegação branca, amarela e creme em disposição variegada nas folhas. Inflorescência cilíndrica, sem importância ornamental.
Singonio (Syngoniumangustatum)
Folhagem decorativa, quando jovem apresenta variegação branca e nervação estriada nas folhas.Plantabastante ornamental.
Maranta-variegata (Ctenantheoppenheimiana)
Herbácea vigorosa, perene, nativa, com folhagem ornamental. Folhas eretas, compactas, coriáceas, lisas, verde-escurascom faixas laterais prateadas, arroxeadas na face de baixo. Inflorescências eventuais, com
flores pouco significativas
Alocasia Amazonica (Alocasia x amazonica A.)
Planta muito exótica que se destaca pela beleza da forma e desenho de suas folhas.
Na Tabela 13 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 13 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Parede Verde.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
126
5.4.7. Humanização do Talude
O talude presente em toda a porção oeste do terreno apresenta
um desnível de aproximadamente 8m em relação ao térreo do
Bloco E, dividindo quaisquer uso e relação harmônica entre o
edifício e o entorno imediato. Desta forma, por não ter condições
de existir uma rampa (estaria fora dos padrões de acessibilidade
universal), foi proposto uma humanização a partir de um
paisagismo e um muro de contenção com sistema de infiltração
adequada das águas pluviais, conforme observado nas Figura 124
Figura 125. Ao mesmo tempo foi proposta uma forma de
vegetação em forma de pequenos terraços escalonados
sobrepostos que galgam com vegetações diferentes as alturas
encontradas. Foram propostas também pequenas áreas de estar,
com coberturas semi translúcidas para abrigar atividades de
descanso e lazer ao ar livre. Todas elas permeadas pela vegetação
adequada aos taludes projetados.
Entende-se que esta proposta serve de base para um estudo
paisagístico mais detalhado, e que este deverá ser desenvolvido
por uma equipe especializada para atender as necessidades do
partido proposto.
Na Tabela 14 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 14 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Humanização do Talude.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 124 – Humanização do talude (perspectiva conceitual).
Figura 125 – Humanização do talude e detalhe do sistema de infiltração de águas pluviais (perspectiva conceitual).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
127
5.4.8. Passagem de acesso ao Hospital do Sangue
Buscando integrar a estrutura do HemoAM existente com a nova
construção do Hospital do Sangue na parte oeste do terreno, foi
proposta uma passagem de acesso a partir do segundo pavimento
(térreo+2) do bloco E com a parte superior do talude (Figura 126),
onde estará situado o terreno do hospital. Desta forma, têm-se
um acesso direto dos usuários pela parte interna da edificação,
sem a necessidade da sua saída para a via externa, cria-se
também uma acessibilidade a todos os usuários, além de uma
integração mais plena, juntando as diversas categorias e os
diversos afazeres.
A proposta surge com a ideia de se tornar uma passagem
marcante, a partir do uso da cor amarela criando uma identidade
na edificação.
Na Tabela 15 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 15 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Passarela de acesso ao Hospital do Sangue.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 126 – Passagem de acesso ao Hospital do Sangue (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
128
5.4.9. Acesso pela Passarela
Em visitas técnicas realizadas ao HemoAM, percebemos que
apesar da existência de uma passarela que cruza a Av. Pedro
Teixeira, ela dificilmente era utilizada, sendo esse uso em função
de questões culturais ou em questões funcionais.
Amparados por esta última e buscando uma integração com a
sociedade, para melhorar a acessibilidade e a segurança da
região, principalmente no cruzamento desta avenida, foi proposta
uma integração da passarela existente com a parte superior do
Bloco E, onde fica a restaurante, dando acesso direto a parte
interna do 1º pavimento do mesmo bloco (Figura 127 e Figura
128).
Além disto, foi proposta uma ligação direta com a nova passagem
de acesso ao Hospital de Sangue, totalmente acessível, seguindo
as normas de acessibilidade, facilitando aos usuários este acesso
ao hospital por dentro do HemoAM, sem a necessidade da
utilização da Av. Pedro Teixeira (Figura 129). Criando assim uma
nova forma de comunicação, mesmo quando ele se realize a 3
metros do térreo, mas com todas as possibilidades que o solo
oferece, com percursos lógicos e passeios.
Figura 127 – Acesso pela passarela (perspectiva).
Figura 128 – Acesso pela passarela (perspectiva).
Figura 129 – Acesso pela passarela à passagem do Hospital do Sangue (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
129
Tabela 16 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Acesso pela Passarela.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
130
5.4.10. Banco de Cordão
A proposta de um novo estudo para a área definida como Banco
de Cordão surgiu a partir de uma intervenção na atual localização
deste espaço e sua implantação no HemoAM. Conforme
observado na Figura 130, a atual implantação do BSCUP prejudica
diretamente a ambiência e em especial o conforto ambiental,
dada a proximidade das edificações que não permitem que se
processe a ventilação e renovação do ar.
Recomendamos que, se a localização for mantida, esta seja
deslocada, no mínimo, cinco (05) metros no sentido sul.
Por este motivo, foi proposto um estudo preliminar de uma nova
localização do Banco de Cordão e um novo estudo de layout, sem
prejudicar as diretrizes recebidas no projeto anterior. Esta
localização, por sua vez, foi definida na parte superior do
restaurante (Bloco E), por se tratar de um espaço que já terá um
novo acesso devido à nova proposta de acesso pela passarela
existente. A evolução da proposta pode ser observada na Figura
131 à Figura 133.
Figura 130 – Atual localização do BSCUP (demarcado no retângulo vermelho).
Figura 131 – Proposta de localização do Banco de Cordão (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
131
Figura 132 – Estudo inicial do BSCUP.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
132
Percebe-se neste estudo a utilização do mesmo layout e áreas de
acordo com o projeto do BSCUP recebido. A parte administrativa
(único acesso de usuários) está centralizada no espaço, com a sala
da chefia apenas pela administração. A ante-câmara separa a
parte administrativa da laboratorial/armazenamento. Há um
acesso externo para a entrada e manutenção de equipamentos, a
partir da via interna do HemoAM; assim como para o espaço
reservado ao cilindro do nitrogênio e a casa de máquinas/ar-
condicionado. Toda a área externa foi humanizada para permitir
um melhor conforto visual e ambiental para os seus usuários.
Na Tabela 17 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 17 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Banco de Cordão.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 133 – Proposta BSCUP.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
133
5.4.11. Espaço de Convivência
O espaço de convivência foi proposto visando criar uma área
destinada especificamente aos funcionários, uma área de
descanso durante os intervalos do horário de trabalho. Buscando
promover condições de estar e habitabilidade, com uma
humanização e um adequado conforto ambiental, foi definido
como área para esta ocupação uma parcela da cobertura do Bloco
E, conforme observado na Figura 134.
Na Tabela 18 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 18 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Espaço de Convivência.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 134 – Espaço de Convivência (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
134
Nas Figuras 135 e 136 é possível observar, respectivamente, os
estudos iniciais do espaço de convivência e uma representação
técnica deste espaço. Nota-se inicialmente, uma área destinada
para atividades laborais, uma área para descanso com redes, uma
copa para lanches rápidos, e vários vazios verdes para humanizar
o espaço e garantir um melhor conforto ambiental aos seus
usuários.
O acesso se dará pela continuação (existente) do jogo de escadas
do Bloco E, assim como por um elevador tipo plataforma para
acessibilidade das pessoas portadoras de necessidades especiais.
Figura 135 – Estudo inicial do Espaço de Convivência.
Figura 136 – Proposta Espaço de Convivência.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
135
5.4.12. Reaproveitamento de Águas Pluviais
O reaproveitamento de águas pluviais foi uma das tecnologias
adotadas no HemoAM. Entende-se, além disto, da importância do
uso consciente da água, a partir de ações de economia a partir do
uso de aparelhos economizadores em banheiros e outras áreas
molhadas, de reuso de águas servidas e do aproveitamento
eficiente da água das chuvas. Neste estudo, foi elaborado uma
memória de cálculo para o correto dimensionamento das águas
pluviais (Anexo: Memória de cálculo do reaproveitamento de
águas pluviais), apresentando aqui apenas um resumo do que foi
definido como diretriz.
O sistema básico de aproveitamento de água da chuva prevê a
captação Recarga de aquíferos em calhas do telhado, uma pré-
filtragem na calha para impedir o acúmulo de resíduos nos canos
e conexões, a filtragem e o armazenamento final.A partir do
índice de precipitação anual e do balanço hídrico climatológico da
região de Manaus, foram definidos dois tipos de reservatórios: um
reservatório para consumo diário, com capacidade aproximada de
450m³ de água, e outros dois reservatórios para armazenamento
em meses mais secos, com capacidade aproximada de 500m³. A
localização dos mesmos pode ser observada na Figura 137.
Na Tabela 19 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 19 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Espaço de Convivência.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 137 – Localização dos reservatórios para reaproveitamento das águas pluviais (demarcado nos quadrados vermelhos).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
136
5.4.13. Estudo de Esquadrias
O estudo de esquadrias se deu a partir da análise e diagnóstico de
todas as etapas anteriores e simulações computacionais,
principalmente visando o aproveitamento da ventilação natural.
A proposta teve como princípio a utilização de módulos, que
pudessem ser repetidos em todos os blocos, substituindo as
esquadrias existentes. Os módulos teriam dimensões de
1,00x1,70m, com três janelas tipo basculante, possuindo abertura
individual de até 90° (Figura 138).
Este estudo teve como prioridade promover a ventilação natural,
que quando os climatizadores de ar não estiverem em uso, será
possível permitir o uso da ventilação para a troca do ar,
melhorando a qualidade do ambiente interno (Figura 139). As
aberturas independentes permitem uma adequada ventilação nos
espaços internos.
Os materiais adotados seriam:
PVC: Custo inicial elevado, porém o custo de instalação
e manutenção após 5 anos, supera os gastos de
esquadrias de Madeira e esquadrias de Alumínio. Além
disso, possui pouca perda de refrigeração entre
ambientes internos e externos;
Vidro Insulado: Vidros de baixa emissividade que
impedem a transferência térmica entre dois ambientes.
Na Tabela 20 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 20 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Estudo de Esquadrias.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 138 – Estudo de esquadrias (perspectiva).
Figura 139 – Estudo de ventilação das esquadrias (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
137
5.4.14. Estudo de pavimentações
O estudo de pavimentação tem como prioridade, a
permeabilidade do solo. Desta forma, opta-se por sistemas
intertravados drenantes e contínuos, que permitam a
acessibilidade universal, além de possuírem uma fácil aplicação,
75% da permeabilidade do solo e vários modelos e cores,
humanizando os espaços e garantindo maior conforto ambiental.
Um exemplo de instalação pode ser observado na Figura 140.
Na Tabela 21 observam-se as Diretrizes para Reabilitação
analisadas a partir desta intervenção.
Tabela 21 – Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável – Estudo de Esquadrias.
1. Inserção Urbana 7. Priorização do Pedestre
2. Inserção Social 8. Humanização
3. Identidade 9. Conforto Ambiental
4. Comunicação Visual 10. Aproveitamento dos Recursos Naturais
5. Segurança 11. Revitalização das Áreas Verdes
6. Acessibilidade 12. Otimização dos Fluxos
Figura 140 – Estudo de pavimentações (exemplo de instalação: blocos intertravados drenantes).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
138
5.4.15. Painel de LED
O painel de LED aqui adotado tem como principal objetivo,
promover o HemoAM quanto a comunicação visual. Sua
localização está delimitada na interseção das duas avenidas que
cortam o terreno, a Av. Constantino Ney e a Av. Pedro Teixeira
(Figura 141). Esta intervenção tem como grande importância a
divulgação de campanhas de doação do sangue, tendo como
objetivo atrair um público maior para a coleta de bolsas de
sangue administradas pelo HemoAM.
Figura 141 – Painel de LED (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
139
6. RESULTADOS FINAIS
Neste capítulo serão apresentadas as imagens que melhor
interpretam o estudo proposto, seguindo todas as premissas
apresentadas. Vale ressaltar que todas as imagens aqui
apresentadas são conceituais, ou seja, o motivo pela sua
apresentação é para facilitar a compreensão dos conceitos
propostos adotados no estudo preliminar. Desta forma, devem
ser melhor elaborados em um futuro projeto executivo, para a
correta implantação do estudo preliminar.
Figura 143 – União das intervenções: fachada leste (perspectiva).
Figura 144 – União das intervenções: fachada oeste (perspectiva).
Figura 142 – União das intervenções: fachada leste (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
140
Figura 145 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista aérea.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
141
Figura 146 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista aérea fachada leste.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
142
Figura 147 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista aérea fachada leste.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
143
Figura 148 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista aérea fachada oeste.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
144
Figura 149 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista aérea do cruzamento da Avenida Constantino Ney e da Avenida Pedro Teixeira.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
145
Figura 150 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista da praça pública.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
146
Figura 151 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista do estacionamento interno.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
147
Figura 152 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista do acesso ao estacionamento, banco de cordão e acesso pela passarela existente.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
148
Figura 153 – Imagem conceitual – Nova proposta do HemoAM: Vista aérea da praça pública.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
149
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Introduzimos um elemento novo no sistema para a Hemorrede
Pública: ampliamos o conceito de Humanização dos espaços de
saúde, elemento que está sendo trabalhado e em breve será
objeto de discussão em eventos acadêmicos. A política de
humanização do SUS, aliada à necessidade de diminuir a ação dos
agentes infecciosos nos estabelecimentos assistenciais de saúde,
e o impacto que estes ambientes imprimem aos seus usuários e
ao meio ambiente, vêm requerendo instalações cada vez mais
eficientes. Edifício eficiente é aquele que, pensado e executado
sob estratégias bioclimáticas, tais como a utilização de sistemas
passivos de condicionamento ambiental, de energias renováveis e
de construção com materiais adequados ao clima, desempenha
suas funções maximizando as condições de segurança e conforto
de seus usuários, poupando energia e reduzindo o impacto sobre
o meio ambiente.
O nível de detalhamento que alcançamos neste estudo preliminar
é muito grande, inclusive com manual da metodologia, uso de
simulação computacional e propostas arquitetônicas sempre
apresentadas de modo tridimensional, com a finalidade de
facilitar a compreensão das diretrizes propostas para o edifício.
Critérios climatológicos guiam a construção de módulos
sombreadores para amenizar a forte carga térmica incidente, mas
também contribuem critérios de humanização dos
estabelecimentos de saúde, criando uma ambiência propícia ao
usuário. Foram criados também jardins verticais e microbacias de
contenção das águas pluviais. Assim, o verde e a água, elementos
ambientais valiosos, aparecem nas visuais cotidianas e também
nos espaços criados para o lazer e amenidades laborais e nos
espaços de integração entre os edifícios.
Para isso, destacamos dois itens de extrema importância como
resultado final da reabilitação do HemoAM: a implantação e o
verde.
DA IMPLANTAÇÃO: Destacamos o caráter complexo e
independente de seu conteúdo, quando supera a
monofuncionalidade (passeio, praça, estar, estacionamento etc.),
mescla usos, usuários, ritmos temporais e orientações visuais.
Reinterpreta o público e outorga à cidade um espaço público
independente, dando um caráter urbano, público, aos edifícios. A
reinterpretação dos lugares coincide com a atenção aos traçados
viários como instrumentos formalizadores. A circulação de
pedestres através das volumetrias compactas e a superposição de
itinerários diários locais (até o transporte público e as amenidades
do bairro, notadamente a arena Manaus) com movimentos de
escala cidadã e metropolitana enriquecem o esquema que toma
por espinha dorsal o Hemocentro e a avenida Constantino Nery.
As infraestruturas principais já estão traçadas e também o
protagonismo da praça aberta escalonada e arborizada, assim
como o alinhamento das árvores de porte soberbo pré-existentes.
DO VERDE: O conceito chave da ocupação proposta é a
permeabilidade, social e ambiental. A primeira é dada pelos
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
150
conceitos humanizadores e a segunda pela forma de ocupação do
solo prevista. Para manter o máximo de permeabilidade
recomendamos, de modo correlacionado com o caimento natural
do terreno, o uso da pavimentação permeável nos
estacionamentos e vias, dentro do que denominamos Plano de
Drenagem para o HemoAM, conformado por biovaletas
conectadas ao sistema de calçadas e por canteiros pluviais e
jardins de chuva, localizados estrategicamente em pontos de
retenção de água. A drenagem sustentável tem a finalidade fazer
uma integração com o sistema de drenagem convencional,
diminuindo os impactos ambientais do mesmo e aumentando as
áreas permeáveis. O uso dos tipos de infraestrutura verde
também impede que, o desnível natural do terreno conduza as
águas para as proximidades das edificações aumentando a
umidade existente. Para a Eficiência do uso da água, propomos a
Manutenção do ciclo da água: aumento da capacidade de
infiltração do solo por meio de canais de infiltração, captação e
armazenamento de água da chuva e Técnicas de infraestrutura
verde aplicada ao desenho urbano: biovaletas, grades verdes,
cisternas de armazenamento e tratamento de águas residuais.
Para o alcance de alto nível de qualidade, o MS vem orientando a
Hemorrede Pública Nacional a buscar a Certificação dos seus
serviços, como forma de garantir qualidade. Nisto consiste o
desafio: avançar nas questões de gestão da qualidade, permitindo
a busca da excelência dos serviços e a garantia da segurança
transfusional aos usuários do SUS. Para tanto, a Coordenação
Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, vem
desenvolvendo o Programa Nacional de Qualificação da
Hemorrede– PNQH. O desenvolvimento deste trabalho visa à
melhoria contínua dos serviços, bem como a possibilidade de
colaborar efetivamente com o processo de certificação externa
dos mesmos. O escopo deste projeto, evidencia as ações a serem
desenvolvidas junto a Hemorrede Pública Nacional com o objetivo
de ampliar e melhorar a cobertura Hemoterápica e Hematológica
e garantir a segurança transfusional à população usuária do
Sistema Único de Saúde.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O A M
151
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