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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA MECÂNICA - COEME ENGENHARIA MECÂNICA CARLA LUIZA COSTA DOS SANTOS ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O PROCESSO DE ALARGAMENTO E A OPERAÇÃO DE FURAÇÃO CONVENCIONAL EM AÇO SAE 4140 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GUARAPUAVA 2018

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA MECÂNICA - COEME

ENGENHARIA MECÂNICA

CARLA LUIZA COSTA DOS SANTOS

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O PROCESSO DE

ALARGAMENTO E A OPERAÇÃO DE FURAÇÃO CONVENCIONAL

EM AÇO SAE 4140

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GUARAPUAVA

2018

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CARLA LUIZA COSTA DOS SANTOS

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O PROCESSO DE

ALARGAMENTO E A OPERAÇÃO DE FURAÇÃO CONVENCIONAL

EM AÇO SAE 4140

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em engenharia mecânica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Ms. Henrique Ajuz Holzmann

GUARAPUAVA

2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O PROCESSO DE ALARGAMENTO E A OPERAÇÃO DE FURAÇÃO CONVENCIONAL EM AÇO SAE 4140

por

Carla Luiza Costa Dos Santos

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 11 de dezembro de 2018

como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro(a) Mecânico. O

candidato(a) foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo

assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

__________________________________ Henrique Ajuz Holzmann

Prof.(a) Orientador(a)

__________________________________ Aldo Przybysz Membro titular

___________________________________ Ricardo Vinicius Bibna Biscaia

Membro titular

___________________________________ Aldo Przybysz

Coordenador do Curso de Engenharia Mecânica

- O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso –

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Guarapuava

Diretoria de Graduação e Educação Profissional Coordenação de Engenharia Mecânica

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RESUMO

SANTOS, C.L.C.. Estudo comparativo entre o processo de alargamento e furação

convencional em aço SAE 4140. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso Engenharia

Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Guarapuava, 2018.

Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo comparativo em relação a

precisão geométrica, entre o processo de alargamento e a operação de furação

convencional utilizando broca helicoidal em aço SAE 4140. Para realizar este estudo,

foi utilizada uma broca com diâmetro de 10 mm para o processo de furação

convencional, e uma broca de 9,5 mm para a realização do pré-furo, e posteriormente

foi realizado o alargamento. Os dois processos foram realizados à seco, e foram

realizados 17 furos passantes com diâmetro de 10 mm em cada processo. Após a

realização dos furos o corpo de prova foi encaminhado a uma máquina de medição

em coordenadas para verificação dos desvios de cilindricidade e circularidade. No

decorrer dos processos de furação e alargamento foram sendo realizadas medições

em relação ao desgaste de flanco em cada ferramenta utilizada.

Palavras-chave: Alargamento, furação convencional, broca helicoidal, aço SAE 4140, cilindricidade, circularidade, desgaste de flanco.

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ABSTRACT

The aim of this work is to perform a comparative study in relation to the geometric precision between the expansion process and the conventional drilling operation using SAE 4140 steel helical drill. In order to perform this study, a drill with a diameter of 10 mm was used for the conventional boring process and 9.5 mm drill bit for the pre-drilling, and then the enlargement was carried out. The two processes were performed in the dry, and 17 through holes with a diameter of 10 mm were made with each process. After the drilling of the holes the test body was sent to a measuring machine in coordinates to verify the deviations of cylindricity and circularity. During the drilling and enlargement processes, measurements were made in relation to the flank wear in each tool.

Keywords: Enlargement, conventional drilling, helical drill, SAE 4140 steel, cylindricity, circularity, flank wear.

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LISTA DE FIGURA

Figura 1 - - Broca helicoidal com haste cilíndrica ou cônica ...................................... 15

Figura 2 - Tipos de alargamento ............................................................................... 16

Figura 3 - 3 – Qualidade de trabalho para eixos e furos ........................................... 18

Figura 4 – Notações e simbologia dos erros macrogeométricos ............................... 19

Figura 5 – Desvios de circularidade (a) e de cilindricidade (b) representados graficamente .............................................................................................................. 20

Figura 6 – Erros geométricos no processo de furação .............................................. 21

Figura 7 – Propriedades mecânicas do aço AISI 4140 ............................................. 23

Figura 8 – Fluxograma das etapas a serem realizadas ............................................. 24

Figura 9 – Corpo de prova que utilizado nos ensaios ............................................... 24

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Desgaste de flanco (Vbmax) µm ............................................................. 29

Gráfico 2 – Desvio de diâmetro – Broca 10 mm ........................................................ 30

Gráfico 3 – Desvio de diâmetro – Furação intermediária 9,5 mm ............................. 32

Gráfico 4 – Desvio de diâmetro – Alargamento ......................................................... 33

Gráfico 5 - Desvio de cilindricidade em função do processo ..................................... 36

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Desvio de circularidade – Furo 1, 8 e 16 de cada processo........................25

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição do Aço SAE 4140 ................................................................ 22

Tabela 2 – Parâmetros de corte – Furação Convencional ........................................ 25

Tabela 3 – Parâmetros de corte ................................................................................ 25

Tabela 4 – Desgaste de Flanco (Vbmax) µm ............................................................ 28

Tabela 5 – Diâmetro real em função do processo de furação com broca 10 mm ..... 29

Tabela 6 – Diâmetro real em função do processo de furação com broca 9,5 mm .... 31

Tabela 7 – Diâmetro real em função do processo alargamento ................................ 32

Tabela 8 – Desvio de circularidade em função do processo ..................................... 34

Tabela 9 – Desvio de cilindricidade em milímetros .................................................. 35

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LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

Z – Número de peças

tt – tempo total de usinagem

tc – tempo de corte

ts – tempo secundário

ta – tempo de preparo da máquina

tft – tempo de troca da ferramenta

Nt – número de trocas da ferramenta

T – tempo de vida da ferramenta

Kp – custo total de fabricação de uma peça

C1 – constante de custo independente da velocidade

C2 – soma das despesas totais de mão-de-obra e salário máquina

C3 – constante de custo relativo à ferramenta

vc – Velocidade de corte

vf – Velocidade de avanço

f – Avanço por rotação

n - rotação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................10

1.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ...........................................................11

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................12

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................14

2.1 PROCESSO DE FURAÇÃO .............................................................................14

2.2 PROCESSO DE ALARGAMENTO ...................................................................15

2.2.1.1 Alargadores .................................................................................................16

2.3 METROLOGIA DO FURO .................................................................................17

2.4 PROBLEMAS NA FURAÇÃO ...........................................................................20

2.5 TEMPO DE PROCESSO E CUSTOS ...............................................................21

2.6 AÇO SAE 4140 .................................................................................................22

3 METODOLOGIA ...................................................................................................24

3.1 PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA .........................................................24

3.2 PROCESSO DE USINAGEM ............................................................................25

3.2.1.1 Processo de furação utilizando broca helicoidal .........................................25

3.2.1.2 Processo de alargamento ...........................................................................25

3.3 INSPEÇÃO DOS FUROS .................................................................................26

3.4 ANÁLISES FINAIS ............................................................................................27

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................................28

4.1 DESGASTE DE FLANCO .................................................................................28

4.3 DESVIO DE CIRCULARIDADE ........................................................................34

4.4 DESVIO DE CILINDRICIDADE .........................................................................35

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................37

6 REFERÊNCIAS ....................................................................................................38

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1 INTRODUÇÃO

De forma ampla, a manufatura pode ser entendida como a transformação de

matérias-primas em produtos acabados, através de processos, seguindo planos bem

organizados e bem definidos. Já o termo fabricação é empregado de uma forma mais

restrita, limitando-se aos processos nele envolvido. A fabricação é geralmente

referenciada como uma sequência de operações, onde cada etapa individual conduz

a matéria-prima a um estado mais próximo do objeto final (GROOVER, 2007)

Quando a matéria prima é metálica, tem-se de forma global dois tipos de

classificações para os processos de fabricação, os mecânicos (usinagem e

conformação) e os metalúrgicos (fundição e soldagem). Segundo Trent (2000), dentre

esses processos a usinagem é reconhecidamente o processo de fabricação mais

popular do mundo.

Grande parte das peças metálicas obtidas por meio dos processos

metalúrgicos convencionais, em sua maioria requerem operações de usinagem para

obtenção do acabamento superficial desejado e melhorar as tolerâncias dimensionais

(CHIAVERINI, 2012).

Dentre as operações de usinagem, a que tem a função de abrir, alargar ou

acabar furos de peças, é a furação (CHIAVERINI, 2012). O que a torna um dos

processos mais empregados na indústria manufatureira, já que na maioria das peças

industriais nota-se a presença de furos, envolvendo assim aproximadamente 30% de

todas as operações de usinagem de metal. Nessa operação leva-se em conta alguns

fatores como, diâmetro do furo, tolerâncias de forma e de medidas, tolerâncias e

volume de produção (DINIZ, 2006).

Nas operações de furação utiliza-se ferramentas denominadas brocas, que

podem ser classificadas como, brocas chatas, brocas helicoidais, brocas canhão (para

furos profundos), brocas ocas para trepanação dentre outras. A furação utilizando

essa ferramenta apresenta dificuldade em relação à remoção do cavaco e lubrificação

na região de corte, nota-se também grande vibração durante o processo, e uma

velocidade de corte não uniforme, variando de zero no centro do furo até um máximo

na periferia (STEMMER, 2008). Todos esses fatores resultam muitas vezes em furos

ovalizados (variação geométrica em relação à circunferência), acabamento superficial

grosseiro e tolerâncias muito largas em relação a uma necessidade específica. Sendo

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assim, operações subsequentes são muitas vezes necessárias, com o objetivo de se

obter furos com melhor precisão dimensional, maior precisão de forma e alinhamento

e melhor acabamento superficial.

A grande maioria das operações de furação são realizadas com brocas

helicoidais e um fator extremamente importante em relação a isso, é sua imprecisão.

A tolerância dimensional normal de superfícies furadas com essa ferramenta é da

ordem de IT11 (DINIZ, 2006) - a norma NBR 6758/1995, prevê 18 qualidades de

trabalho para furos. Essas qualidades são identificadas pela letra IT seguidas de

numerais - Para o caso da tolerância dimensional IT11, o número 11 indica a qualidade

de trabalho, e ele está associado a uma qualidade de trabalho recorrente. Portanto,

quando é preciso obter um furo de maior precisão, realiza-se operações

subsequentes, como por exemplo, operações de torneamento interno, mandrilamento

e alargamento (STEMMER, 2008).

Segundo Diniz (2006), para furos de precisão e de pequenos diâmetros

(normalmente menores que 20 mm), usa-se geralmente a operação de alargamento,

que é um processo mecânico de usinagem destinado ao desbaste ou ao acabamento

de furos cilíndricos ou cônicos, com auxílio de ferramenta multicortante (FERRARESI,

1924). Essa operação também pode ser definida, segundo a norma DIN 8589, como

um tipo de furação que utiliza uma ferramenta de alargar (alargadores) para produzir

pequenas espessuras de cavacos e criar superfícies com alta qualidade dimensional

e de forma (DA SILVA, 2001).

Considerando as dificuldades e limitações do processo de furação utilizando

brocas helicoidais, o presente trabalho tem o intuito de comparar uma furação

convencional por brocas com a furação utilizando alargadores de acabamento,

avaliando parâmetros técnicos e econômicos, identificando qual a melhor escolha

entre eles para uma determinada situação.

1.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

O objetivo do presente trabalho é apresentar um comparativo em relação a

precisão geométrica entre o processo de alargamento de furos, e a operação de

furação convencional com broca helicoidal em aço SAE 4140.

Já os objetivos específicos são:

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Realizar o processo de furação com broca helicoidal;

Realizar o processo de alargamento do furo;

Realizar inspeções de medição do furo alargado;

Comparar os desvios de cilindricidade e circularidade obtidos em cada

processo;

Realizar medições de desgaste de flanco em cada ferramenta, e realizar um

comparativo.

1.2 JUSTIFICATIVA

As características da economia globalizada, em especial a acirrada

concorrência, trazem a necessidade de se desenvolver sistemas de melhor

desempenho e produtos com custos competitivos, ou seja, as organizações buscam

adotar processos que assegurem a qualidade e produtividade, otimizando seus

processos, minimizando custos e prazo de entrega (BAZZO,PEREIRA,2006).

Otimização é o processo de procura por uma solução que forneça o máximo

benefício segundo algum critério; ou seja, é a busca da melhor condição para um

determinado problema, cabendo ao profissional da engenharia identificar qual será a

melhor delas. No entanto, restrições econômicas, de tempo, de recursos técnicos ou

mesmo de falta de conhecimento limitam muitas vezes essa escolha (BAZZO,

PEREIRA, 2006).

Referente ao uso do processo de furação, o furo produzido utilizando apenas

brocas helicoidais apresenta várias limitações quando se diz respeito a precisão

dimensional e acabamento superficial, e no mercado atual há inúmeras aplicações

nas quais se necessita destas características, de modo que os furos produzidos

requerem uma qualidade que um único processo de furação não consegue alcançar,

necessitando de operações subsequentes, como por exemplo o processo de

alargamento, que faz desta operação de furação uma das mais influentes em termos

de custo de fabricação.

Cilindricidade é a diferença de raio entre dois cilindros concêntricos contidos na

superfície do furo. O desvio de cilindricidade pode gerar problemas em peças rotativas

fazendo com que ocorra vibração devido ao desbalanceamento. Já em um conjunto

de peças rotativas esse desvio pode fazer com que ocorra folga ou interferência para

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diferentes posições angulares. Em guias cilíndricas esse desvio de cilindricidade pode

fazer com que a guia dificulte ou impeça o movimento de um mancal linear. Desta

maneira, é de extrema importância realizar a especificação desse desvio sempre que

a falta da tolerância desta superfície comprometer o funcionamento da peça ou do

conjunto de peças (STOCKLER, MARCO, 2016). Portanto, um estudo comparativo

entre os dois processos de furação - o que utiliza somente a broca, e o que faz uso

do alargador - é de grande relevância pois mostrará qual o melhor processo a ser

utilizado, de modo que se obtenha furos com menores desvios de cilindricidade,

circularidade, ou seja, uma maior precisão dimensional.

Em relação aos aços, eles são muito utilizados em aplicações industriais, como

por exemplo os aços de baixa liga da família SAE 4xxx. Esses aços alcançam alta

resistência por meio dos tratamentos térmicos de têmpera e revenido. Um dos

principais aços da família 41xx é o AISI/SAE 4140, sendo um dos mais aplicados na

indústria metal-mecânica, principalmente em peças que exigem elevada dureza e

tenacidade (ASM Handbook, 1990). De modo recorrente são muito utilizados na

fabricação de automóveis, aviões, virabrequins, bielas, eixos, engrenagens, armas,

parafusos, equipamentos de petróleo, dentre outros (ROCHA, 2004). Sendo assim,

pode-se afirmar que é de grande importância realizar estudos referentes aos

processos de fabricação mecânica utilizando este material.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PROCESSO DE FURAÇÃO

O processo mecânico de usinagem designado para a obtenção de um furo

normalmente cilíndrico em uma peça, utilizando na maioria das vezes uma ferramenta

multicortante, é definido como furação (FERRARESI, 1924).

Grande parte das peças, em qualquer segmento industrial, tem ao menos uma

geometria de furo, e como apenas uma parte muito pequena dessas conseguem

geometrias acabadas a partir dos processos primários de fabricação (fundição,

forjamento, etc), é necessário um processo posterior de acabamento, o que o torna a

furação um dos processos de usinagem mais empregados na indústria manufatureira

(DINIZ, 2014).

De acordo com Klocke (2011), o processo de furação apresenta algumas

particularidades:

A velocidade de corte é nula no centro da broca, chegando ao seu valor

máximo na periferia (diâmetro máximo) da ferramenta;

Apresenta dificuldade no transporte dos cavacos para fora da cavidade

da broca;

Distribuição inadequada de calor na região de corte;

Quando não apresenta chanfro, a quina da broca está sujeita a

desgastes excessivos;

As guias das ferramentas se atritam com a parede do furo durante o

processo.

A ferramenta normalmente utilizada no processo de furação é denominada

broca, sendo uma ferramenta rotativa e cilíndrica, que possui arestas de corte em sua

ponta útil. As brocas mais utilizadas na indústria, por realizar o processo de forma

rápida e econômica, são as brocas helicoidais. Seus diâmetros variam entre 0,15 mm

até valores superiores a 75 mm (GROOVER, 2007). A Figura 1 mostra as partes de

uma broca helicoidal segundo a norma NBR 6179.

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Figura 1 - Broca helicoidal com haste cilíndrica ou cônica

Fonte: <https://www.dumonttreinamentos.com.br/terminologia>

Na maioria das vezes, as operações de furação são executadas com brocas

helicoidais de aço rápido com ou sem camada de cobertura. Como consequência,

tem-se um processo bastante lento, além de apresentar outras desvantagens, como

uma imprecisão no furo gerado. Geralmente a tolerância dimensional de furos obtidos

com essa ferramenta é da ordem IT 11. Em relação a tolerância geométrica, o

comprimento do furo não pode ser muito grande (Largura/Diâmetro máximo da ordem

de 3), podendo ocorrer excentricidade. Portanto, quando é necessário a obtenção de

um furo de precisão, emprega-se uma broca helicoidal, para realizar um pré-furo, e

em seguida, são realizadas operações de acabamento, como por exemplo,

alargamento, brochamento, mandrilamento, torneamento interno, etc.., para obter as

características desejadas (DINIZ, 2006).

Assim, quando é necessário realizar uma calibração no furo e melhorar

algumas características, como o acabamento da superfície gerada pela broca

helicoidal, comumente utiliza-se alargadores de desbaste ou acabamento. Podendo-

se obter furos com qualidades de trabalho que podem chegar até IT 6, e esse processo

é definido como alargamento (STEMMER, 2008).

2.2 PROCESSO DE ALARGAMENTO

De acordo com a norma DIN 8589, o alargamento é um processo de usinagem

de precisão, que proporciona algumas mudanças nas características de um furo já

existente, como aumento do furo, melhorias no acabamento superficial e de

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geometria, podendo se obter qualidades de trabalho da ordem IT7. Já Ferraresi (1924)

definiu o alargamento como um processo mecânico de usinagem atribuído ao

desbaste ou acabamento de furos cilíndricos ou cônicos, utilizando normalmente uma

ferramenta multicortante. Onde a ferramenta ou a peça giram e ao mesmo tempo a

ferramenta ou a peça se movem numa trajetória retilínea, coincidente ou paralela ao

eixo de rotação da ferramenta. O alargamento pode ser do tipo cilíndrico ou cônico,

como ilustrado na Figura 2.

Figura 2 - Tipos de alargamento

Fonte: Ferraresi, 1924.

Esses alargadores possuem uma série de gumes e canais, revezados na

periferia do cone ou cilindro. Os gumes podem ser paralelos ao eixo do alargador ou

então helicoidais, com hélice à direita ou à esquerda (STEMMER, 2008).

2.2.1.1 Alargadores

Os alargadores, são ferramentas de geometria definida, utilizadas nas

operações de alargamento. Segundo Schoroeter (1989) e Stemmer (2008) os

alargadores podem ser classificados da seguinte maneira:

Tipo de operação – podem ser de desbaste ou acabamento. Para

desbaste, os alargadores têm a função de aumentar o diâmetro do furo em bruto,

como os obtidos nos processos primários (fundição e forjamento). Já com alargadores

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de acabamento, é possível obter furos com medidas mais precisas de forma e uma

maior qualidade em relação ao acabamento superficial (STEMMER, 2008).

Tipo de dentes (canais) – podem ser dentes retos ou helicoidais. Os

alargadores helicoidais são na maioria das vezes de corte à direita. Empregando-se

uma hélice esquerda, o cavaco é impulsionado à frente, não havendo contato entre o

cavaco e a superfície já usinada, o que acaba evitando que essa superfície seja

prejudicada. Esse tipo de alargador é indicado na presença de interrupções (rasgos

de chaveta, furos, fenda) na parede do furo. Os alargadores de dentes retos são

preferíveis em situações em que são necessárias grandes precisões (STEMMER,

2008).

Tipo de fixação – podem possuir haste cônica ou cilíndrica.

Quanto ao sentido do corte – O corte pode ser à direita ou à esquerda.

O sentido do corte é analisado observando-se o alargador de topo, localizado

horizontalmente em frente ao observador. Quando o dente inferior corta da direita para

a esquerda, diz-se que o corte é à esquerda (o alargador corta em sentido horário),

do contrário, o corte é à direita (SCHROETER, 1989).

Quanto ao uso – Os alargadores podem ser manuais ou de máquina. O

chanfro de entrada dos alargadores manuais os diferenciam dos alargadores de

máquina, pois esse chanfro é maior e de menor inclinação nos alargadores manuais

(SCHROETER, 1989).

Quanto à regulagem – podem ser fixos ou ajustáveis. Nos alargadores

ajustáveis tem-se a possibilidade de variar o diâmetro dessa ferramenta, dentro de um

certo intervalo, através de ajustes radiais dos dentes. Já nos alargadores fixos, tem-

se apenas uma dimensão (SCHROETER, 1989).

Quanto a geometria do furo – podem ser cônicos ou paralelos.

Quanto ao número de dentes – Os alargadores podem ser de corte

múltiplo ou de corte único (um dente).

2.3 METROLOGIA DO FURO

Segundo Albertazzi e de Souza (2008), a tolerância é a faixa de variação

aceitável para uma característica de um produto, definida de forma a garantir a

qualidade com que ele realiza a função para a qual foi projetado. Essa tolerância é

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determinada com base no sistema de tolerância e ajuste ABNT/ISO, que é um sistema

normalizado (NBR 6158).

O sistema ISO é constituído por um conjunto de princípios e regras que

promovem a escolha racional de tolerâncias e ajustes de forma que a produção de

peças intercambiáveis torna-se mais econômica.

A precisão da peça, ou seja, a qualidade de trabalho, é determinada a partir

de uma série de tolerâncias essenciais que são definidas pelo o sistema ISO. A norma

brasileira presume 18 qualidades de trabalho, que são identificadas pelas letras: IT

(onde I vem de ISO e a letra T vem de tolerância) seguidas de numerais

(01,0,1,2,...,16) que referem-se as qualidades (SOUZA, 2013). A Figura 3 mostras as

qualidades de trabalho para eixos e furos.

Figura 3 - Qualidade de trabalho para eixos e furos

Fonte:<http://www.eterfs.com.br/material/mecanica/METROLOGIA%202.PDF>

A mecânica extraprecisa, abrange as qualidades entre 01 a 3, no caso dos

eixos, e entre 01 a 4, no caso dos furos. Já as qualidades entre IT4 e IT11, no caso

dos eixos, e entre IT5 e IT11 no caso dos furos, estão associados à mecânica corrente,

ou mecânica de precisão, que normalmente é uma precisão necessária em peças que

funcionam acopladas a outras. E por fim, as qualidades 12 a 16, estão classificadas

como mecânica grosseira, pois correspondem a maiores tolerâncias de fabricação

(SOUZA, 2013).

De acordo com Souza (2013), é comum aparecerem peças com superfícies

fora dos limites de tolerância, devido várias falhas no processo de usinagem, nos

instrumentos ou nos procedimentos de medição. Nesse caso, a peça apresenta erros

de forma. Um erro de forma corresponde à diferença entre a superfície real da peça e

a forma geométrica teórica. A forma do elemento será correta quando cada um dos

seus pontos for igual ou inferior ao valor da tolerância dada. Esses erros são

ocasionados por vibrações, imperfeições na geometria da máquina, defeito nos

mancais e nas árvores etc.

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A norma NBR 6405/1988 apresenta alguns termos e conceitos de grande

relevância para o estudo e avaliação do estado da superfície, que são:

Superfície real – é a superfície que separa o corpo do ambiente;

Superfície geométrica – é a superfície ideal prescrita nos desenhos e

isenta de erros;

Superfície efetiva – é a superfície levantada pelo instrumento de

medição. É a superfície real, deformada pelo instrumento.

Perfil real – corte da superfície real;

Perfil geométrico – corte da superfície geométrica;

Perfil efetivo – corte da superfície efetiva;

Erros macrogeométricos – detectáveis por instrumentos convencionais;

Erros microgeométricos – detectáveis apenas por rugosímetro,

perfiloscópios etc. São definidos como rugosidade.

A Figura 4 apresenta as características das peças afetadas pelas tolerâncias:

Figura 4 – Notações e simbologia dos erros macrogeométricos

Fonte: < http://www.eterfs.com.br/material/mecanica/METROLOGIA%202.PDF>

Segundo Souza, Arencibia e Sato (2011), o desvio de circularidade,

graficamente, equivale à distância radial mínima entre duas circunferências

concêntricas, dentre as quais deve estar contido o perfil real da peça. Já o desvio de

cilindricidade é definido como a diferença radial entre dois cilindros coaxiais entre os

quais deve estar localizada a superfície real da peça. A Fi12gura 5 ilustra uma

representação gráfica dos desvios de circularidade (a) e de cilindricidade (b).

A circularidade é um caso especial de cilindricidade, quando se considera uma

seção do cilindro perpendicular à sua geratriz. A tolerância de cilindricidade engloba,

as tolerâncias admissíveis na seção longitudinal do cilindro, que compreende

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conicidade, concavidade e convexidade, e tolerância admissível na seção transversal

do cilindro, que corresponde à circularidade (SOUZA, 2013).

Figura 5 – Desvios de circularidade (a) e de cilindricidade (b) representados graficamente

Fonte:< http://limcserver.dee.ufcg.edu.br/metrologia_2011/imekotc4/86501.pdf>

Se os erros de forma estiverem dentro das tolerâncias dimensionais, eles

serão suficientemente pequenos para se obter a montagem e funcionamento

adequados da peça, e como consequência, geralmente não há a necessidade de

especificar tolerâncias de circularidade (SOUZA, 2013).

2.4 PROBLEMAS NA FURAÇÃO

A qualidade de um furo usinado, no que se refere aos erros de forma e

medida, depende principalmente da afiação e da geometria de ponta da broca. As

imperfeiçoes mais comuns que ocorrem na geometria do furo durante o processo de

furação são (VILLARROEL,1991):

- Erros de cilindricidade (forma): Diferença de raio entre dois cilindros

concêntricos contidos na superfície do furo.

- Formação de rebarbas no furo: Dependente das condições de usinagem

empregadas, tão quanto dos materiais da ferramenta e da peça.

- Erro de posicionamento do furo: Dependente da combinação máquina-

ferramenta e da geometria de ponta da broca.

- Erros de circularidade: Assumem as mais diversas formas, tendo como fator

crítico para essas imperfeiçoes fatores como rigidez do sistema arvore, cone,

ferramenta e peça.

- Erro de sobre medida (dimensão): Influenciado pela simetria entre os gumes

da ferramenta e pela rigidez da ferramenta. Essa não simetria da broca é levada pela

má fabricação da ferramenta ou por um erro no processo de afiação.

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A Figura 6 ilustra as imperfeições que podem ser geradas no processo de

furação.

Figura 6 – Erros geométricos no processo de furação

Fonte: Villarroel,1991.

2.5 TEMPO DE PROCESSO E CUSTOS

Segundo Ferraresi (1924) o ciclo de usinagem de uma peça, pertencente a

um lote de Z peças, é constituído diretamente pelas seguintes fases:

Colocação e fixação da peça;

Aproximação e posicionamento da ferramenta;

Corte;

Afastamento da ferramenta;

Inspeção (se necessário) e retirada da peça.

Para um lote de Z peças, tem-se ainda inclusas as seguintes fases:

Preparo da máquina;

Remoção da ferramenta para a substituição;

Recolocação e ajustagem da nova ferramenta

Em um lote de Z peças, o tempo total de usinagem (𝑡𝑡) de uma peça, é dado

pelo tempo gasto em todas as etapas:

𝑡𝑡 = 𝑡𝑐 + 𝑡𝑠 + 𝑡𝑎 +

𝑡𝑝

𝑍+

𝑁𝑡

𝑍. 𝑡𝑓𝑡

(1)

Onde 𝑡𝑐 tempo de corte, 𝑡𝑠 tempo secundário, 𝑡𝑎 tempo de aproximação e

afastamento, 𝑡𝑝 tempo de preparo da máquina, 𝑡𝑓𝑡tempo de troca da ferramenta, e 𝑁𝑡

é o número de trocas da ferramenta para a usinagem do lote, T é o tempo de vida da

ferramenta (FERRARESI, 1924).

𝑁𝑡 = 𝑍.

𝑡𝑐

𝑇− 1

(2)

Para um determinado avanço e profundidade de corte do par ferramenta-peça,

Taylor definiu a seguinte fórmula, relacionando a vida da ferramenta em função da

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velocidade de corte, que pode ser expressa pela equação 3, onde k e x são constantes

do material (DINIZ, 2006).

𝑇 = 𝑘. 𝑣𝑐−𝑥 (3)

Segundo Diniz (2006), o custo total de fabricação de uma peça através

do processo de usinagem é dado por:

𝐾𝑝 = 𝐶1 +

𝑡𝑐

60. 𝐶2 +

𝑡𝑐

𝑇. 𝐶3

(4)

Onde 𝐶1 é a constante de custo independente da velocidade de corte, expressa

em R$/peça, 𝐶2 é a soma das despesas totais de mão-de-obra e salário máquina, em

R$/peça, e 𝐶3é a constante de custo relativo à ferramenta, em reais.

2.6 AÇO SAE 4140

Os aços de baixa liga da família SAE 41XX são ligados ao Cromo

(aproximadamente 1%) e ao molibdênio (aproximadamente 0,2%), obtêm-se alta

resistência por meio de tratamentos térmicos de têmpera e revenido. Comumente são

utilizados na obtenção de equipamentos que requerem tensão de limite de

escoamento entre 410 MPa e 965 MPa, podendo atingir um limite de resistência à

tração de até 1650 Mpa (ASM, Handbook, 1990).

O aço SAE 4140 ou aço-cromo-molibdênio como também é conhecido, pode

conter os teores de carbono entre 0,3% a 0,5%, e assim, é classificado como aço de

médio carbono. Pode ser utilizado em temperaturas de até 480 ºC, sendo que em

temperaturas superiores a esse valor, a sua resistência diminui rapidamente (ROCHA,

2004). A composição do aço SAE 4140 está representada na Tabela 1.

Tabela 1 - Composição do Aço SAE 4140

Elemento Concentração (%)

Cromo 0,80 - 1,10

Molibdênio 0,15 - 0,25

Manganês 0,75 - 1,00

Carbono 0,38 - 0,43

Silício 0,15 - 0,30

Enxofre 0,04 (máx.)

Fósforo 0,035 (máx.)

Fonte: Autor Desconhecido, disponível em: < http://www.materiais.gelsonluz.com/2017/10/aco-sae-4140-propriedades-mecanicas.html>

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Algumas das características deste material são a alta temperabilidade, baixa

soldabilidade para os processos tradicionais, devido ao alto teor de carbono em sua

composição, e usinabilidade razoável apenas na condição recozida (alívio de tensão).

Além disso, apresenta boa resistência à torção e à fadiga, e a dureza na condição

temperada varia de 54 a 59HRC (ROCHA, 2004). A Figura 7, mostra algumas

propriedades do aço AISI 4140:

Figura 7 – Propriedades mecânicas do aço AISI 4140

Fonte: < http://uenf.br/posgraduacao/engenharia-de-materiais/wp-ontent/uploads/sites/2/2013/07/DISSERTA%C3%87%C3%83O-FINAL-5.pdf>

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3 METODOLOGIA

Nesta seção é descrita a metodologia utilizada para a realização dos ensaios

de furação convencional e alargamento. Conforme ilustrado na Figura 8, o fluxograma

apresenta as etapas realizadas no procedimento experimental. Inicialmente realizou-

se a preparação do corpo de prova, e em seguida, a realização dos ensaios, ou seja,

a furação convencional e o processo de alargamento. Sendo realizadas inspeções de

metrologia ao fim de cada processo, e posteriormente, a análise dos dados obtidos.

Figura 8 – Fluxograma das etapas a serem realizadas

Preparação do Corpo de Prova

Furação Convencional

10 mm

Alargamento10 mm

Pré-Furação9,5 mm

Inspeção de Metrologia –

Análise dos Dados

Fonte: Autoria própria.

3.1 PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA

Esta atividade teve a finalidade de atribuir as dimensões adequadas ao corpo

de prova utilizado nos ensaios, de maneira a garantir uma adequada fixação na

máquina durante os processos de furação, e posteriormente, no equipamento utilizado

para medir os desvios de cilindricidade e circularidade. Foi realizado no corpo de prova

o corte em serra fita e o esquadrejamento. O corpo de prova teve as dimensões

conforme a Figura 9, sendo constituído de aço SAE 4140.

Figura 9 – Corpo de prova que utilizado nos ensaios

Fonte: Autoria própria.

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3.2 PROCESSO DE USINAGEM

Após a preparação do corpo de prova, realizou-se os processos de furação

convencional utilizando broca helicoidal 10 mm, a furação intermediária para o

processo de alargamento com broca helicoidal de 9,5 mm, e a operação de

alargamento, foram realizadas em fresadora marca Diplomat modelo FVF 2500,

pertencente ao laboratório de usinagem da Universidade Tecnológica Federal do

Paraná – Campus Guarapuava.

3.2.1.1 Processo de furação utilizando broca helicoidal

Foram realizados um total de 16 furos passantes no corpo de prova, utilizando

uma broca helicoidal marca Dormer - DIN 338 forma N - constituída de aço rápido

(HSS - M2) – perfil de tolerância H8 – ângulo de ponta de 118º e diâmetro nominal 10

mm. A furação foi realizada à seco, com parâmetros de corte fixos, apresentados na

Tabela 2.

Tabela 2 – Parâmetros de corte – Furação Convencional

Parâmetro de corte

n 1000 RPM

f 0,08 mm/rot

vf 80 mm/min

Fonte: Autoria própria.

3.2.1.2 Processo de alargamento

Analogamente ao processo anterior, foram realizados um total de 16 furos

com comprimento de 30 mm, utilizando uma broca helicoidal marca Dormer - DIN 338

forma N - constituída de aço rápido (HSS - M2) – perfil de tolerância H8 – ângulo de

ponta de 118º e diâmetro nominal 9,5 mm. A furação foi realizada à seco, com os

parâmetros de corte apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Parâmetros de corte

Parâmetros de Corte Furação Intermediária Alargamento

n 1000 RPM 1500 RPM

f 0,08 mm/rot 0,16 mm/rot

vf 80 mm/min 160 mm/min

Fonte: Autoria própria.

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Posteriormente foi realizado a operação de alargamento dos furos

intermediários, através de um alargador máquina marca Dormer – norma DIN 212B –

perfil de tolerância h7 e diâmetro nominal de 10 mm. O alargamento foi realizado à

seco, utilizado os parâmetros de corte indicados pelo fabricante, apresentados na

Tabela 3.

3.3 ANALISE DO DESGASTE DE FLANCO

O desgaste de flanco da ferramenta foi medido a cada ciclo de 4 furos através

um microscópio estereoscópio marca Zeiss, modelo Stemi 200C. Este microscópio

enviava as imagens para o computador a partir de uma câmera digital Canon modelo

Power Shot G 6 montada no referido microscópio. A imagem do desgaste foi adquirida

por um software, Zoom Browser Ex 6.1.1, que permitia a medição do desgaste e seu

armazenamento em arquivo digital através do software Axio Vision Le.

3.4 INSPEÇÃO DOS FUROS

Após os processos de furação o corpo de prova foi levado até a máquina de

medir por coordenadas marca Mitutoyo modelo Crysta Apex S 574, pertencente ao

laboratório de metrologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus

Guarapuava. Em cada furo foram realizadas cinco medições em relação ao diâmetro,

e posteriormente obtida a média desses diâmetros e o desvio padrão. Após a

verificação do diâmetro real, deu-se início ao estudo sobre a circularidade, para tal,

definiu-se pontos internos no furo 1, furo 8 e furo 16 realizado por cada processo,

especificou-se uma tolerância geométrica na máquina, que para esse caso foi IT11, e

assim foi medido esse desvio, onde a máquina retornou imagens que estão

apresentadas na seção de resultados. Já o desvio de cilindricidade foi medido em

função do processo realizado, a medição se deu através da obtenção de pontos

igualmente divididos entre entrada e saída de cada furo.

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3.5 ANÁLISES FINAIS

Os resultados obtidos foram divididos e tabelados de acordo com cada

processo, foram realizadas análises separadamente em relação aos desvios de forma,

tanto para o processo de furação convencional quanto para a operação de

alargamento, e por fim, de acordo com os dados obtidos, foi realizado um comparativo

entre ambos, com o intuito de definir qual é o processo tem uma maior precisão

geométrica.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DESGASTE DE FLANCO

Na Tabela 4 apresentam-se as medições do desgaste de flanco máximo

(VBmáx) da broca com diâmetro de 10 mm e do alargador, utilizando velocidade de

corte de Vc = 31,4 m/min, avanço de f = 0,08 mm/volta, e Vc = 47,1 m/min, f = 0,16

mm/volta, respectivamente, essa análise foi realizada em função do número do furo,

ou seja, após a realização do furo 0, 4, 8, 12 e 16, conforme apresentado na Tabela

4.

Tabela 4 – Desgaste de Flanco (Vbmax) µm

Desgaste de Flanco Máximo (µm)

Furos 0 4 8 12 16

Broca 10 mm 2,34 63,18 99,35 127,12 213,32

Broca 9,5 mm 1,38 24,67 32,45 53, 76 78,94

Alargador 10 mm 1,2 11,23 17,51 21,76 26,83

Pré-Furo + Alargamento 2,58 35,9 49,96 75,52 105,77

Fonte: Autoria própria

Para um melhor entendimento dos resultados, os mesmos são apresentados

no Gráfico 1. Nota-se que o desgaste de flanco na broca é muito mais elevado do que

no alargador. Isso pode ser explicado pelo fato do número de arestas de corte no

alargador ser maior, usinando com menor esforço distribuído em seus gumes de corte.

Por exemplo, Lobo (2015) quando realizou um estudo comparativo do comportamento

entre brocas alargadoras e processo de alargamento na usinagem do ferro fundido

cinzento GG30, concluiu que quanto maior a quantidade de canais das ferramentas,

menor o esforço aplicado sobre cada gume, contribuindo com o aumento da vida útil,

preservando-as dos mecanismos de desgaste e eventuais lascamentos. Uma possível

explicação, é que como a força de corte nos gumes da broca são maiores, há uma

maior geração de energia (calor) nas mesmas. Castillo (2005) quando estudou o

desgaste de flanco máximo em função da velocidade de corte de quatro brocas de um

mesmo material e com geometrias diferentes, afirmou que os melhores resultados de

degaste foram constatados onde os efeitos da temperatura são menos significativos,

proporcionando um maior tempo de vida para as ferramentas. Nota-se assim que a

temperatura gerada no processo pode ser um fator determinante em relação ao

desgaste de flanco.

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Gráfico 1 – Desgaste de flanco (Vbmax) µm

Fonte: Autoria própria.

Para uma comparação mais próxima à realidade, optou-se por somar o

processo de pré-furaçao com o alargamento e assim manter o volume de material

igual a furação em cheio com broca de 10 mm. Desta forma os resultados podem ser

comparados com uma proximidade mais realista, sendo que o desgaste para o

processo de pré-furo somado ao alargamento foi menor que se que para furação em

cheio, pelos motivos já descritos anteriormente.

4.2 DESVIO DE DIÂMETRO EM FUNÇÃO DO PROCESSO

A variação dimensional do furo foi outra variável observada durante o processo,

as tabelas que serão apresentadas nessa seção, relacionam a medida real obtida em

função do processo de furação convencional e do alargamento, sendo esses dados

apresentados em milímetros.

4.2.1 Furação Convencional com broca de 10 mm

Os resultados das medições obtidas nesse processo, estão apresentados na

Tabela 5 e posteriormente no Gráfico 2.

Tabela 5 – Diâmetro real em função do processo de furação com broca 10 mm

10 mm Furo 1 Furo 2 Furo 3 Furo 4 Furo 5 Furo 6 Furo 7 Furo 8

1 10,164 10,146 10,172 10,180 10,165 10,165 10,184 10,200

2 10,147 10,166 10,166 10,176 10,174 10,158 10,176 10,192

3 10,121 10,171 10,142 10,184 10,178 10,168 10,151 10,203

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

0 5 10 15

Des

gast

e d

e Fl

anco

m)

Furação 10 mm Alargamento

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4 10,141 10,166 10,162 10,186 10,167 10,184 10,163 10,183

5 10,132 10,144 10,155 10,188 10,177 10,171 10,171 10,181

Média 10,141 10,166 10,162 10,184 10,174 10,168 10,171 10,192

Desvio Padrão

0,014464 0,011271 0,010307 0,004308 0,005269 0,008565 0,011296 0,008795

10 mm Furo 9 Furo 10 Furo 11 Furo 12 Furo 13 Furo 14 Furo 15 Furo 16

1 10,191 10,198 10,194 10,197 10,193 10,218 10,223 10,242

2 10,183 10,197 10,190 10,193 10,190 10,217 10,217 10,266

3 10,196 10,199 10,195 10,209 10,203 10,202 10,224 10,226

4 10,195 10,189 10,202 10,194 10,217 10,234 10,237 10,269

5 10,193 10,184 10,180 10,207 10,200 10,217 10,210 10,244

Média 10,193 10,197 10,194 10,197 10,200 10,217 10,223 10,244

Desvio Padrão

0,00463 0,005886 0,007222 0,006693 0,009436 0,010131 0,008931 0,01607

Fonte: Autoria própria.

Nota-se que há um aumento no diâmetro dos furos à medida que o processo

vai sendo realizado, uma possível explicação é o desgaste da ferramenta no decorrer

do processo, que consequentemente acaba gerando alterações na afiação da

ferramenta, e com isso há um aumento de alguns esforços, como a força de avanço

e o momento torçor, e isso pode ocasionar maiores vibrações, podendo ocorrer

perturbações a instabilidade do processo, onde ferramentas ou porta-ferramentas

desbalanceados, em altas velocidades, fazem com que o eixo de rotação do conjunto

varie, provocando defeito nos furos.

Gráfico 2 – Desvio de diâmetro – Broca 10 mm

Fonte: Autoria própria.

Segundo Ferraresi (1924), o estado de afiação numa ferramenta exerce notável

influência sobre os esforços de usinagem, podendo alcançar valores 25% maiores

10,00

10,05

10,10

10,15

10,20

10,25

10,30

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Dim

ensã

o (

mm

)

Numero do Furo

IT8

IT10

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para um desgaste da ferramenta dentro da faixa admissível de desgaste. Já Castillo

(2005) em seu estudo sobre furação profunda em ferro fundido cinzento GG25 com

brocas de metal-duro com canais retos, concluiu que com o aumento do avanço, o

diâmetro do furo aumenta. Esta variação dimensional pode acarretar em uma faixa de

tolerância fora da especificada pela ferramenta entre IT8 e IT10 com uma variação em

furação de 0,027 e 0,07 mm. Mesmo utilizando uma ferramenta nova nos ensaios, não

se obteve furos dentro da tolerância IT8 indicada pela ferramenta.

4.2.2 PROCESSO DE ALARGAMENTO

Esse processo é constituído por duas etapas, a realização do pré-furo com a

broca de 9,5 mm, e posteriormente a realização do alargamento até a obtenção do

furo de 10 mm de diâmetro. Os resultados obtidos no processo da furação

intermediária estão dispostos na Tabela 6 e no Gráfico 3 a seguir.

Tabela 6 – Diâmetro real em função do processo de furação com broca 9,5 mm

9,5 mm Furo 1 Furo 2 Furo 3 Furo 4 Furo 5 Furo 6 Furo 7 Furo 8

1 9,515 9,553 9,536 9,523 9,554 9,556 9,546 9,54

2 9,502 9,528 9,53 9,538 9,555 9,556 9,535 9,559

3 9,514 9,536 9,539 9,524 9,542 9,553 9,546 9,564

4 9,511 9,542 9,534 9,532 9,552 9,55 9,549 9,563

5 9,514 9,532 9,535 9,538 9,55 9,563 9,532 9,55

Média 9,5112 9,5382 9,5348 9,531 9,5506 9,5556 9,5416 9,5552

Desvio Padrão

0,004792 0,008727 0,002926 0,006512 0,00463 0,004317 0,006771 0,009064

9,5 mm Furo 9 Furo 10 Furo 11 Furo 12 Furo 13 Furo 14 Furo 15 Furo 16

1 9,576 9,569 9,572 9,574 9,579 9,583 9,587 9,592

2 9,559 9,551 9,568 9,573 9,578 9,58 9,586 9,591

3 9,576 9,562 9,572 9,57 9,58 9,581 9,588 9,594

4 9,584 9,543 9,573 9,578 9,579 9,582 9,588 9,59

5 9,569 9,56 9,57 9,575 9,581 9,584 9,59 9,59

Média 9,5728 9,557 9,571 9,574 9,5794 9,582 9,5878 9,5914

Desvio Padrão

0,008376 0,009055 0,001789 0,002608 0,00102 0,001414 0,001327 0,001497

Fonte: Autoria própria.

Nota-se que à medida que o processo vai sendo realizado os valores dos

diâmetros aumentam, e uma possível explicação para esse fato é que a ferramenta

vai se desgastando ao longo do processo. Percebe-se também que a maioria dos

furos estiveram dentro da faixa de tolerância especificada.

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Gráfico 3 – Desvio de diâmetro – Furação intermediária 9,5 mm

Fonte: Autoria própria.

Ao comparar os resultados obtidos utilizando a broca de 10 mm, nos dois

processos há um aumento em relação ao diâmetro dos furos à medida que o processo

vai sendo realizado, no entanto nenhum furo realizado no processo anterior ficou

dentro da faixa de tolerância especificada. Outro ponto que deve ser levando em

consideração é a menor dispersão dos dados de medição, os valores de desvio

padrão foram menores, podendo estar correlacionada a uma menor força exigida no

processo de corte, já que segundo Ferraresi (1924) a força de corte por gume é dada

por:

𝐹𝑐 = 𝐾𝑐 ∗

𝑓𝑑

4

(5)

Onde d é o diâmetro da broca, assim, podemos notar que a força de corte por gume,

é proporcional ao valor do diâmetro da broca, podendo afirmar que quanto maior for o

diâmetro, maior será a força de corte realizada no processo.

Os resultados obtidos no processo de alargamento estão dispostos na Tabela

7 a seguir e no Gráfico 4.

Tabela 7 – Diâmetro real em função do processo alargamento

10 mm – alargador

Furo 1 Furo 2 Furo 3 Furo 4 Furo 5 Furo 6 Furo 7 Furo 8

1 10,02 10,032 10,039 10,042 10,049 10,048 10,051 10,05

2 10,032 10,035 10,038 10,046 10,046 10,047 10,047 10,051

3 10,034 10,037 10,038 10,046 10,046 10,048 10,051 10,052

4 10,04 10,032 10,041 10,047 10,042 10,049 10,053 10,05

9,50

9,55

9,60

9,65

9,70

9,75

9,80

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Dim

ensã

o (

mm

)

Numero do Furo

IT10

IT8

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5 10,038 10,04 10,037 10,046 10,049 10,05 10,053 10,052

Média 10,0328 10,0352 10,0386 10,0454 10,0464 10,0484 10,051 10,051

Desvio Padrão

0,006997 0,003059 0,001356 0,001744 0,002577 0,00102 0,002191 0,000894

10 mm – alargador

Furo 9 Furo 10 Furo 11 Furo 12 Furo 13 Furo 14 Furo 15 Furo 16

1 10,052 10,054 10,056 10,059 10,062 10,061 10,063 10,065

2 10,051 10,052 10,051 10,057 10,06 10,063 10,069 10,069

3 10,05 10,05 10,057 10,058 10,059 10,067 10,068 10,068

4 10,052 10,052 10,05 10,06 10,064 10,063 10,067 10,068

5 10,051 10,055 10,053 10,057 10,063 10,065 10,067 10,069

Média 10,0512 10,0526 10,0534 10,0582 10,0616 10,0638 10,0668 10,0678

Desvio Padrão

0,000748 0,001744 0,002728 0,001166 0,001855 0,00204 0,00204 0,00147

Fonte: Autoria própria.

Nota-se que no decorrer da operação de alargamento ocorre um aumento da

média dos diâmetros dos furos, mas relativamente menor se comparado com a

furação convencional com broca helicoidal, obtendo-se assim, um valor muito próximo

do valor nominal, atendendo integralmente aos requisitos de tolerância IT10. Bezerra

(2001) em seu artigo, mostra que com o aumento do número de arestas de corte a

precisão do diâmetro e o acabamento superficial do furo melhoram, pois há uma

redução do avanço por aresta de corte (para a mesma velocidade de avanço) e o

aumento da quantidade de guias, o que aumenta o efeito de alisamento na parede do

furo. Este efeito neutraliza o aumento de vibrações gerados pelas múltiplas arestas

de corte, mesmo não sendo simétricas. Explicando assim o motivo desse processo

obter furos mais precisos em relação a furação convencional.

Gráfico 4 – Desvio de diâmetro – Alargamento

Fonte: Autoria própria.

10,00

10,05

10,10

10,15

10,20

10,25

10,30

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Dim

ensã

o (

mm

)

Numero do Furo

IT10

IT8

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4.3 DESVIO DE CIRCULARIDADE

Na Tabela 8 e no Quadro 1, encontra-se os dados coletados, e as imagens

referentes ao desvio de circularidade. Nas imagens, o círculo amarelo refere-se à

circularidade teórica da ferramenta, sendo o diâmetro de 10 mm nominal, a área em

verde refere-se a tolerância geométrica da máquina, na ordem de IT11 (intervalo de

tolerância geométrica de ±0,150 mm), e os pontos a medida real da circularidade do

furo.

Tabela 8 – Desvio de circularidade em função do processo

Processo Furo 1 Furo 8 Furo 16

Broca 10 mm 0,046 0,081 0,156

Alargamento 0,030 0,038 0,055

Fonte: Autoria própria.

Nota-se que os desvios de circularidade são maiores nos furos obtidos por

meio da furação convencional do que no alargamento, uma possível explicação para

esse fato pode estar relacionada ao desgaste da ferramenta. Segundo Micheletti

(1980), o desgaste da ferramenta é o maior responsável pela dispersão nos valores

de circularidade do furo. Gumes afiados numa broca garantem uma estabilidade na

tolerância de circularidade do furo. E como o desgaste na broca foi significativamente

maior do que no alargador, isso explica o fato do desvio de circularidade ter sido maior

no processo de furação convencional. Analisando os furos obtidos com o processo

de furação com a broca, o furo 1, furo 8 e furo 16, apresentaram tolerâncias

geométricas da ordem IT10, IT11, e IT12, respectivamente. Já com o processo de

alargamento, o furo 1 apresentou uma tolerância geométrica da ordem IT9, o furo 8 e

16 uma tolerância da ordem IT10.

Quadro 1 – Desvio de circularidade - Furo 1, 8 e 16 de cada processo

Fur

o

Broca 10 mm Alargamento – Broca 15 mm

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1

16

Fonte: Autoria própria

4.4 DESVIO DE CILINDRICIDADE

Na Tabela 9 estão dispostos os resultados do desvio de cilindricidade nos

furos 1, 8 e 16 de cada processo.

Tabela 9 – Desvio de cilindricidade em milímetros

Furação Convencional Alargamento

10 mm Furo 1 Furo 8 Furo 16 Furo 1 Furo 8 Furo 16

1 0,1286 0,153 0,1994 0,0256 0,0298 0,032

2 0,1385 0,154 0,2003 0,103 0,0274 0,0345

3 0,1223 0,168 0,2012 0,0198 0,0265 0,0389

4 0,1467 0,166 0,2005 0,0106 0,0273 0,042

5 0,129 0,149 0,1985 0,0193 0,0283 0,0374

Média 0,129 0,154 0,2003 0,0198 0,0274 0,0374

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Desvio Padrão

0,008577 0,007563 0,000937 0,034009 0,001125 0,003464

Fonte: Autoria própria.

Conforme os resultados obtidos, os melhores valores de cilindricidade foram

verificados para o processo de alargamento. Há um aumento desse desvio no

decorrer do processo, e os furos obtidos com a furação utilizando a broca

convencional apresentam um desvio significativamente maior. Como mencionado

anteriormente, uma possível explicação para esse fato pode estar relacionada com os

maiores esforços gerados durante a usinagem, segundo Coldwell (2004), em furação

os altos esforços na furação estão relacionados com os altos valores de cilindricidade,

indicando problemas na evacuação dos cavacos, contribuindo a deformações, além

de maiores vibrações ou desbalanceamento da máquina-ferramenta. Tais esforços

repercutem negativamente nas tolerâncias de cilindricidade do furo. O Gráfico ilustra

de forma mais clara esses dados.

Gráfico 5 - Desvio de cilindricidade em função do processo

Fonte: Autoria própria.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 5 10 15

Des

vio

de

Cili

nd

rici

dad

e (m

m)

Numero do Furo

Furação Convencional Alargamento

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5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados encontrados durante o desenvolvimento deste trabalho,

pode-se concluir que:

Atingiu-se os objetivos propostos inicialmente, obtendo-se um comparativo

entre o processo de alargamento de furos e a operação de furação convencional

utilizando broca helicoidal em aço SAE 4140 com relação à precisão geométrica.

Em relação ao desgaste das ferramentas, a broca utilizada no processo de

furação convencional sofreu um desgaste significativamente maior do que o alargador,

isso se explica pelo fato do alargador possuir um maior número de arestas de corte,

usinando com menor esforço distribuído em seus gumes.

Se tratando dos desvios estudados durante este trabalho, o processo de

alargamento foi o que gerou melhores resultados, tanto no desvio de circularidade,

cilindricidade, quanto no diâmetro real, apresentando furos com uma dimensão bem

próxima da nominal, com um conjunto de dados mais homogêneos, e com qualidades

de trabalho da ordem IT9 e IT10, já com a furação convencional, obteve-se furos com

qualidades de trabalho IT10, IT11 e IT12.

Como ambos os processos foram executados sob as mesmas condições, pode-

se concluir que o fato dos desvios de cilindricidade e circularidade terem sido maiores

no processo de furação convencional, se explica pelo desgaste de flanco na broca ser

significativamente maior, ocorrendo uma rápida deterioração dos seus gumes em

comparação com os gumes do alargador, perdendo rapidamente a sua afiação à

medida que o processo vai sendo realizado, e consequentemente é gerado maiores

esforços de usinagem, que acabam contribuindo para maiores vibrações,

deformações, desbalanceamento da máquina-ferramenta, e com isso interferindo na

tolerância.

Tais resultados mostram que o com o processo de alargamento obtém-se furos

com maiores precisões geométricas se comparado com o processo de furação

convencional. Sendo que a escolha entre um deles, vai depender muito da aplicação,

onde o que vai definir é o quanto de precisão será exigida pelo processo.

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