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Bo1m Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2): 153-165, 1987 ESTUDO COMPARATIVO E VARIACAO SAZONAL DA ICTIOFAUNA NA ZONA ENTREMARÉS DO MAR CASADO-GUARUJÁ E MAR PEQUENO-SÃO VICENTE) SP Alfredo Martins PAIVA FILHO & Ana Paula TOSCANO* Instituto Oceanográfico da Universidade de são Paulo (Caixa Postal 9075, 01051 são Paulo, SP) Abstract Thnough a monthly beach seine survey programme carried out in the coastal beach of Mar Casado {Guarujá-SPJ and in the estuarine beach of Mar Pequeno (São Vicente-SP), fram May, 1984 to May, 1985, it was yielded a total of 5?23 individuals of 42 species of marine and estuarine fish. A list of species, seasonal occurrence and relative abundances is presented. For each area, we found only five dominant species as: in Mar Casado, TJz.a.c.MnotU6 c.aJtoUnU6 and T. 6alC.atU6 {Carangidae J, juveniles of MUgilidae, HaJtenguta. clupeola. {ClupeidaeJ and mela.nop- {GerreidaeJ; in Mar Pequeno, juveniles of MUgilidae, ogUnum and HaJtenguta. clupe.ofu (ClupeidaeJ. In Mar Pequeno we found the greatest richness of species, the highest values of individuals's number, and CPUE, apparently related with water's temperature that are lower in winter and higher in summer-fall. The Shannon-Weaver Index was calculàted to determine the diversity ofichthyofauna; it varies seasonally and seems not to be related with any hydrological parameters. Descriptors: Brackiswater fish, Marine fish, Abundance, Seasonality, Species diversity, Check lists, Guarujá:SP, são Vicente:SP. Descritores: Peixes estuarinos, Peixes marinhos, Abundância, Sazonalidade, Diversidade, Lista de espécies, Guarujá:SP, são Vicente:SP. Introdução A despeito do grande numero de trabalhos sobre a fauna íctica brasileira, poucos são os estudos realizados nas regiões de praias e estuários (Cunha, 1981; Paiva Filho, 1982; Chao e.t al., 1985; Paiva Filho e.t al., 1987), as quais se consti- tuem em importantes áreas de alimenta- ção, crescimento e reprodução para nume- rosos organismos marinhos e em especial, para diferentes especies de peixes de grande importância comercial. Anderson Jr. e.t al' (1977) citam que, dentre os muitos habitats costeiros, a zona de arrebentação de praias expostas e a que tem sido menos estudada; a es- cassez de dados sobre essas regiões ocorre pelas dificuldades inerentes às coletas. Embora Springer & Woodburn (*) Estagiária no Departamento de Oceanografia Biológica. SdJnbz... nQ 676 do oc.ea.n.ogJt. da (1960) tenham descrito a região da zona de arrebentação como um habitat extremo e de reduzida variedade de nichos ecoló- gicos, devemos salientar os benefícios dessas condições, principalmente aos peixes juvenis; Warfel & Merriman (1944) apontam inúmeras vantagens oferecidas nas zonas de arrebentação, como: prote- ção contra predadores e aumento da efi- ciência metabólica para aquisição de ca- lor, em função da abundância de alimen- to, concentrada pela ação de correntes. A ictiofauna de regiões estuarinas tem sido melhor estudada, possibilitando um maior conhecimento da sua dinâmica; e notável a importância dessas áreas como criadouro e zona de alimentação de inú- meros organismos, oferecendo condições extremamente favoráveis, como alimenta- ção abundante e proteção (Paiva Filho, 1982; Chao e.t al., 1985). O Complexo Baía-Estuário de Santos e são Vicente, localizado no Estado de são Paulo, ê considerado ainda um dos gran-

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Bo1m Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2): 153-165, 1987

ESTUDO COMPARATIVO E VARIACAO SAZONAL DA ICTIOFAUNA NA ZONA ENTREMARÉS DO MAR CASADO-GUARUJÁ E MAR PEQUENO-SÃO VICENTE) SP

Alfredo Martins PAIVA FILHO & Ana Paula TOSCANO*

Instituto Oceanográfico da Universidade de são Paulo (Caixa Postal 9075, 01051 são Paulo, SP)

Abstract

Thnough a monthly beach seine survey programme carried out in the coastal beach of Mar Casado {Guarujá-SPJ and in the estuarine beach of Mar Pequeno (São Vicente-SP), fram May, 1984 to May, 1985, it was yielded a total of 5?23 individuals of 42 species of marine and estuarine fish. A list of species, seasonal occurrence and relative abundances is presented. For each area, we found only five dominant species as: in Mar Casado, TJz.a.c.MnotU6 c.aJtoUnU6 and T. 6alC.atU6 {Carangidae J , juveniles of MUgilidae, HaJtenguta. clupeola. {ClupeidaeJ and Eu~no~tomU6 mela.nop­t~ {GerreidaeJ; in Mar Pequeno, juveniles of MUgilidae, Xenomela.~ b~i­Ue~~ {AtherinidaeJ~ Op~thonema. ogUnum and HaJtenguta. clupe.ofu (ClupeidaeJ. In Mar Pequeno we found the greatest richness of species, the highest values of individuals's number, and CPUE, apparently related with water's temperature that are lower in winter and higher in summer-fall. The Shannon-Weaver Index was calculàted to determine the diversity ofichthyofauna; it varies seasonally and seems not to be related with any hydrological parameters.

Descriptors: Brackiswater fish, Marine fish, Abundance, Seasonality, Species diversity, Check lists, Guarujá:SP, são Vicente:SP.

Descritores: Peixes estuarinos, Peixes marinhos, Abundância, Sazonalidade, Diversidade, Lista de espécies, Guarujá:SP, são Vicente:SP.

Introdução

A despeito do grande numero de trabalhos sobre a fauna íctica brasileira, poucos são os estudos realizados nas regiões de praias e estuários (Cunha, 1981; Paiva Filho, 1982; Chao e.t al., 1985; Paiva Filho e.t al., 1987), as quais se consti­tuem em importantes áreas de alimenta­ção, crescimento e reprodução para nume­rosos organismos marinhos e em especial, para diferentes especies de peixes de grande importância comercial.

Anderson Jr. e.t al' (1977) citam que, dentre os muitos habitats costeiros, a zona de arrebentação de praias expostas e a que tem sido menos estudada; a es­cassez de dados sobre essas regiões ocorre pelas dificuldades inerentes às coletas. Embora Springer & Woodburn

(*) Estagiária no Departamento de Oceanografia Biológica.

SdJnbz... nQ 676 do I~t. oc.ea.n.ogJt. da U~p. ,

(1960) tenham descrito a região da zona de arrebentação como um habitat extremo e de reduzida variedade de nichos ecoló­gicos, devemos salientar os benefícios dessas condições, principalmente aos peixes juvenis; Warfel & Merriman (1944) apontam inúmeras vantagens oferecidas nas zonas de arrebentação, como: prote­ção contra predadores e aumento da efi­ciência metabólica para aquisição de ca­lor, em função da abundância de alimen­to, concentrada pela ação de correntes.

A ictiofauna de regiões estuarinas tem sido melhor estudada, possibilitando um maior conhecimento da sua dinâmica; e notável a importância dessas áreas como criadouro e zona de alimentação de inú­meros organismos, oferecendo condições extremamente favoráveis, como alimenta­ção abundante e proteção (Paiva Filho, 1982; Chao e.t al., 1985).

O Complexo Baía-Estuário de Santos e são Vicente, localizado no Estado de são Paulo, ê considerado ainda um dos gran-

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des criadouros de pescado do sudeste brasileiro, embora suporte grande impac­to ambiental em virtude de sua utiliza­ção comg importante pólo turístico, pes­queiro, comercial e industrial (Paiva Filho et al., 1987).

Numerosos trabalhos têm sido realiza­dos na Baixada Santista, possibilitando amplo conhecimento de suas característi­cas físicas, químicas, geológicas e bio­lógicas, bem como de estudos integrados procurando avaliar os efeitos de poluen­tes sobre as condições ecológicas e sa­nitárias; contudo, a estrutura da comu­nidade de peixes ainda é pouco conheci­da, apesar dos trabalhos de Luederwaldt (1919). Vazzoler (1970). CETESB (1978), Ferreira (1978), Paiva Filho (op. cit.l, Ribeiro Neto (1983), Vargas-Boldrini & Navas-pereira, D. (1983), Goitein (1984), Alvitres Castillo (1986), Cergole (1986), Ruerta-Craig (1986), Paiva Filho & Schmiegelow (1986), Paiva Filho et alo (1986), Paiva Filho et alo (1987) .

Este trabalho tem como objetivo con­tribuir para o conhecimento da composi­ção da comunidade de peixes_do Complexo Baía-Estuário de Santos e Sao Vicente, permitindo a comparação entre a estrutu­ra da ictiofauna de praias ~osteiras com diferentes graus de exposLçao.

Material e IDétodos

A região estudada compreende a praia do Mar Casado, localizada na Ilha de Santo Amaro e a praia do Mar Pequeno, locali­zada na Ilha de são Vicente, ambas per­tencentes ao Complexo Baía-Estuário de Santos e são Vicente (Fig. 1). Mar Casa­do ê uma praia de grande energia, com alto grau de exposição, possuindo areia como sedimento predominante, não rece­bendo aparte considerável de água doce. Mar Pequeno caracteriza-se por ser uma praia de baixa energia, abrigada no in­terior do Estuário de são Vicente, com grandes extensões de manguezais pouco alterados na sua margem direita e bem devastados na margem esquerda. Contém silte e areia como sedimentos predomi­nantes e sofre grande influência do aparte de drenagem da Baixada Santista (Paiva Filho, 1982). Os dados deste trabalho foram obtidos através de cole­tas mensais, realizadas de maio de 1984 a maio de 1985.

Foram obtidos dados hidrográficos de superfície para a determinação da tem-

Bolm Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2), 1987

peratura (por termõmetro de mercúrio com precisão de O,loC) e salinidade (por re­fratômetro óptico, com precisão de 0,5%0), para cada uma das áreas.

Os arrastos de praia foram realizados paralelamente à linha de costa, em pro­fundidade inferior a 1,5 m, com uma rede de calão de 15,0 m de comprimento, 1,5 m de altura e malha de 10,0 mm (malha esti­cada), usada para captura de exemplares de pequeno porte, sendo efetuados men­salmente um número médio de 5 arrastos no Mar Casado e de 3 arrastos no Mar Pe­queno, cobrindo cada arrasto cerca de 150 m de distância percorrida, sendo considerado cada arrasto como a unidade de esforço utilizada.

Todos os peixes foram identificados, contados, pesados e medidos; a identifi­cação taxonômica das espécies baseou-se nos trabalhos de Cervigon (1967), Fi­gueiredo & Menezes (1976 e 1980) e Mene­zes & Figueiredo (1980 e 1985). A iden­tificação das espécies da família Mugi­lidae somente foi possível nos indiví­duos maiores que 50 mm, em virtude da aplicabilidade da chave de identificação utilizada (Menezes, 1983). Os indiví­duos com comprimento total inferior a 50 mm foram agrupados no gênero Mugil.

O índice de diversidade utilizado foi o de Shannon-Weaver (RI) (Pielou, 1966), calculado mensalmente para cada área de coleta:

RI = ~-(ni/N) ln(ni/N), onde:

N = número total dos indivíduos em uma determinada amostra

ni= número dos indivíduos de uma deter­minada espécie contida na amostra

A abundância relativa e a distribui­ção temporal das espécies estão repre­sentadas pela média da captura por uni­dade de esforço (CPUE) em número de in­divíduos, expressos em log (x+l), onde x é a média da captura por arrasto; flu­tuações sazonais das espécies mais abundantes estão também representadas.

Resultados e discussão

Foi realizado um total de 96 opera­ções de pesca durante o período de estu­do (Fig. 2); no entanto, devido às difi­culdades operacionais e más condições de tempo, não houve coletas em certos me­ses, optando-se, portanto, por um agru­pamento dos dados nas estações do ano descritas a seguir:

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156 Bolm Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2), 1987

ARRASTOS CPUE

24 16 / ......... _ KC(63)

H 8 ~"P(33)

3 ~ ~ KP(112.8) ~,------__ ./ "C(31.9) ..........

1.5

O I P U O o P U

TE"PERATURA

38

1 'e ~ ~ "KCp

11;:_-t~_-t--tI_+-1 --+1_ OPU O

ESPECtES "P(34)

H ::I_-;--1---+_I---I-"C_(27)

SALIHIDADE , INDICE· OE DIVERSIDADE

~·::I ~:: ~ "P ~'''- ---~ ~. "C H' 1

O I P U O o p U O

Fig. 2. Dados de coleta, expressos em: arrastos (em número), temperatura (graus Celsius), salinidade (%o),captu­ra por unidade de esforço (CPUE em log x + 1), espê­cies (em número), índice de diversidade (H ' , Shannon­-Weaver). Me = Mar Casado; MP = Mar Pequeno; ° = ou­tono; I = inverno; P = primavera; V = verão. Entre parentêses: número total de arrastos; número médio de captura por unidade de esforço e número total de espêcies coletadas.

-verao

outono

inverno

dezembro-janeiro-fevereiro

= março-abril-maio

junho-julho-agosto

primavera setembro-outubro-novembro

A temperatura da água mostrou um pa­drão sazonal bem definido em ambas as áreas (Fig. 2); no inverno, ocorreram as menores médias de temperatura (20,5°C), enquanto que, as maiores, ocorreram no verão (26,8°C). Existe um padrão similar entre as áreas, já que diferenças entre ambas nunca foram superiores a 2,00C.

A salinidade pouco variou no Mar Ca­sado, tendo como valor máximo 34,0% 0 e mínimo de 31,0% 0 , indicando a cons­tância do parâmetro para a área; já no Mar Pequeno, verificou-se grande varia­ção da mesma, com valores máximo no 1n­verno (30,0%0) e mínimo no verão

(12,0% 0), aparentemente em relação in­versa com o padrão de pluviosidade para a região; padrões semelhantes de tempe­ratura e salinidade para o Mar Pequeno foram obtidos por Paiva Filho (1982).

Foram capturados 5732 exemplares que correspondem a 42 espécies, 31 gêneros e 18 famílias listados na Tabela 1, segun­do os trabalhos de Nelson (1976) e Lauder & Liem (1983). A ocorrência sa­zonal de cada espécie e proporção de ocorrência (com base no número de exem­plares capturados) são indicados para cada área de coleta.

Em ambas as áreas, poucas famílias e espécies constituem mais de 80% das cap­turas, embora 42 espécies tenham sido capturadas (Tab. 1). No Mar Casado, predominam as famílias Carangidae, Mugi-1idae, C1upeidae e Gerreidae, enquanto que no Mar Pequeno predominam Mugi1idae,

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PA I VA F I LHO & TOSCANO: I ct i ofauna na zona entremarés

Tabela 1. Relação dos peixes marinhos capturados na regiao das i lhas de são Vicente e Santo Amaro, SP. Estações do ano: P. primavera (setem­bro a novembro); V. verao (dezembro a fevereiro); O. outono (mar ­ço a maio); I. inverno (junho a agosto); T. total. Local de cap­tura: Mar Casado e Mar Pequeno. Abundância relativa expressa em percentagens do número total e abundância absoluta expressa pelo numero total (em parenteses)

Loca I "" ::asado "" Pequeno

Especie/r..staç.ão

ClUPE I J>AE

(lpi.~ t:hOIlUl4 o gUnu.m 7.14 7.14

( 26ó) (266)

Hall et'lj ul.a c t u ,opo la 0.50 15.78 0.90 17.18 0,13 0.37 2,15 3. 25

(lO) 0171 (18) 04S} (5) (36) (80) ( 121)

SaIL.iüle.lta blttlJHÚn4L6 1 .34 1.34 0,08 O I 08

(271 (27) O) O)

E"4GRAUll DAE

Anchev.ie.lla lepide.n.lOl> tolt. 0,05 0,05 0,10 0.59 2,23 2.82

(I) (I) (2) (22) (83) ( lOS)

Anc.hovütla blle.V.tJt.06 t:ll .. Ü 0,0) 0,03

(I) (I)

lyce.n9Jtau,ti..1> glto&l>.iden" 0,03 0,03

(I) (I)

Anchoa janualLi..a 1,29 1,29 0.70 0,70

(26) (26) (26) (26)

"''leitoa t'l..ic.oto/t 0,0) 0,03

(I) ( I )

ARI I DAE

Ge.n..iden" ge.n.ide.M O ,3D 0.30

(II) (II)

NeCu.ll'la bcu.ba 0,2\ 0,21

(8) (8)

ATHERIHIDAE

Xe.nolle.lanilt.il> b..\cuilün4Ú 0.30 0,15 0,45 2.3' 0.56 5 .86 19.31 2,31 30.38

(6) O) (9) (871 (21) (218) (719) (86) (II 3 I)

Odol1 -tuthu bOl1atienb.i4 0,45 1,1 9 1 .6' 1,02 1,02

(9) (") (3) (8) (J8)

EXCCOETI DAE

He.",.ilta"'pnu,4 bILU.i.l.i.u6.t.6 0,05 0,05 0,20 0,30 0 , 05 0,21 0,26

( I) (I) (') (6) (2) (8) ( lO)

HljpOllha",pnu6 un.i.6 a6 c.i.atu4 1 ,19 0,05 1 ,2~ 0,19 0,19

(24) ( I) (25) (7) (71

BElON I QAE

S.tllonglj!uItCl mClItÚta. 0,05 0,05

( I ) (11

Stllongy,(t.lJLCl t.i.",uc.a. 0,10 0,10 0,13 0,13

(2) (2) (5) (5)

CARANGI DAE

ealtanx. hipP06 0,10 0,\0 0,05 0,05

(2) (2) (2) (2)

ealtan x. la.tu.!l 0,tj5 0,45 0 , 05 0,03 0 ,08

(9) (9) (2) (I) O)

Ol.i.gopU.tu .!Iaullu6 0,03 0,03

(11 (I)

Tltac.hinolu.!l calt o lint.l6 0,95 6,'+2 13. 3' 7.17 27,88

( 19) ( 129) (268) ( I" ) (560)

T'laehirtotu.6 ~a t ca.tu6 0,65 6.87 3,48 11,00 0,19 0,03 0,30 0 , 52

( 13) (138) (70) (2211 (71 (I) ( li) ( 19)

Conto

157

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158 Bolm Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2), 1987 ,

Ta be 1 aI. C on t .

Local "" Casado "" Peque.no

Espéc i es/Estação

GERRE I DAE

EucütO<ótOlllU4 I!Ie.lanopte>\tl6 S ,61 9.S I 1.77 0,75 2,52

( 193) ( 193) (66) (28) (9')

EucittQó.(olllu.!a gula 0,05 0,05

(2) (2)

EUCitl Oó tolftu'4 t11tge.tt..teuó 0,73 1,29 2,02

(2)) ('8) (75)

POHADASY I DAE

POlf'ladaótJó coJtv..inde~oll"'ü 0,21 0,21

(8) (8)

SPARI DAE

Oiplodu.6 dJtgettteuó 3,68 3,68

(7,) (7'>

se IAEH I DAE

Mel'! tü.ül\.nu.!a dmt.II..icanlJ,4 0.40 0,40 0,0) 0,0)

(8) (8) (1) (I)

~len.tic.iltll.huó ti:ttoJtlltü 0,15 0,25 0.50 0,05 1,00 1.95 (3) (5) ( 10) (1) (20) (39)

UlllblL.(.114 C01Loidu 0,05 0,::15 (I) (1)

Mic.llOpOgOn..i.a.\ &uJtn.t.ui 0,05 O ,OS 0,11 0,11 (I) (I) (') (4)

EPH' pp I DAE

Chltetodiptellu.6 ~abu O ,oS. 0,05

(I) (I)

HUG III OAE

Mugil spp. (Juvenis) 0,10 13,24 4,68 1,99 20,01 0,05 33,J9 5,10 38,54 (2) (266) (94) (40) (402) (2) (1243) (190) (1435)

Uugil CUIlt.ll'ld 0,05 0,05 0,05 0,0) 0.08 (I) (I) (2) (I) O)

Muga gaü,aJtd.iattu.s 0 •• 0 0,40 0,86 6,69 7,55 (8) (8) (32) (249) (281)

POLYNEH' DAE

Polydact.ylu6 oligodon 0.05 0,05

(I) (I)

COB II OAE

BatltY9 0b.iu6 6opo .... ato .... 0.30 0.30 0,19 O I 19 (6) (6) 17) 17)

Gob.ionr..l.liW Oc.r.4n..i.c.u6 0,38 0,38

(14) (14)

TETRAOOONT I OAE

Spnoe.lloi..du pac.lti..ga6te.1l O ,lt3 0,03 O,H (16) (I) (I ))

Sphol!.1lo..i.du gJtulelj..i. 0,13 0,11 O,2lt

(5) (4) (9)

BOTH I OAE

Syac...i.um papi..tt:06U111 0,05 0,21 0,26

(2) (8) (lO)

EtJtOpUd C.It.044otu4 0,30 O ,lO 0,03 O ,OS 0,08 (6) (6) (I) (2) O)

SOLE I DAE

Ach.iIt.U6 t.ineatu4 0,03 0,0)

(I) (1)

Número de 11

Múme ro de 08 05 20 15 15 63 '3 03 06 09 12 33

Número tota 1 de espécies 08 04 08 11 16 27 10 03 08 10 24 34

Numero total de pe i xes 61 17 458 931 536 2009 176 34 328 21ltO lOlt5 3723

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PAIVA FILHO & TOSCANO: Ictiofauna na zona entremarés 159

Atherinidae, C1upeidae e Gerreidae. Percentuais de captura por família e

espécie, freqüência acumulada e captura por unidade de esforço, por ,estação do ano, para cada área, estão representadas nas Figuras 3 a 5.

A abundância relativa dos peixes cap­turados nos arrastos de praia, em ambas as áreas, apresenta o mesmo padrão, di­minuindo durante o outono e inverno e aumentando na primavera e verão, sempre com maiores valores para o Mar Pequeno (Fig. 2); picos de abundância numérica foram encontrados no verão e outono (Figs 4 e 5). TJtacJúnotU6 c.MolinU6, dominante nos arrastos no Mar Casado, apresenta grande importância nas captu­ras de verão e outono, diminuindo no inverno e primavera (Fig. 4); juvenis de Mugilidae são freqüentes na primavera e verão, com início de ocorrência no in­verno para o Mar Casado e dominância no Mar Pequeno somente no verão (Figs 4 e 5). Isso talvez ocorra porque a partir da desova em mar aberto, larvas e juve­nis migram para áreas costeiras, a prin­cípio junto às praias costeiras e, pos­teriormente, às praias abrigadas e in­ternas aos estuários (Vieira, 1985). HMengula c.lupeola apresenta padrões de comportamento semelhante em ambas as áreas, porem, com maior representativi­dade e constância no Mar Pequeno (Figs 4 e 5); segundo Paiva Filho (1982), a espécie utiliza a região estuarina como área de crescimento; T~ac.hinotU6 6alc.a­~ ocorre somente no Mar Casado, com padrão semelhante a T. c.MolinU6, porém não ocorrendo no inverno-primavera (Fig. 4). Xenomela~ b~~en6~ ocorre no Mar Pequeno em todas as estações do ano, sendo de grande importância na captura total, com padrão de ocorrência seguindo o da temperatura e captura total (Fig. 2), com pico máximo no verão e valores mínimos no in.verno, com maior abundância durante a primavera-verão (Fig. 5). Mug~ gaimMdianU6 ocorreu no Mar Peque­no durante os meses de verão e outono, com maior abundância nesse último (Fig. 5) . EuCÁ.n0.6tomU6 melanopt~U6 (Mar Ca­sado) e Op~thonema ogUnum (Mar Peque­no) tiveram importância e ocorrência so­mente no outono final, talvez relaciona­das com o verão prolongado (Figs 4 e 5); Paiva Filho (1982) descreve a ocorrência desta última no Mar Pequeno como sendo esporádica ao longo do ano e representa­da por pequeno nÚmero de indivíduos.

Os altos valores de captura total, obtidos durante os meses mais quentes, foram igualmente citados nos trabalhos de Warfel & Merriman (1944), McFarland (1963), Matsuura & Nakatani (1979), Sa10man & Naughton (1979), Cunha (1981), Moode & Ross (1981) e Paiva Filho (op. c.it.), e parece ser característica im­portante nas zonas de arrebentação.

A riqueza de espécies é maior no Mar Pequeno, com maiores valores no nÚmero de indivíduos, espécies e captura por unidade de esforço; litorais protegidos, de baixa energia com fluxo suave de água são povoados por maior número de espé­cies e espécies diferentes em comparação com litorais de alta energia sujeitos a regimes de ondas fortes (Odum, 1971). Praticamente, o mesmo número de espécies para o Mar Pequeno foi relatado por Pai­va Filho (op. c.it.) e Paiva Filho et alo (1987) para a área; embora espécies di­ferentes tenham sidb capturadas, da cin­co espécies principais, quatro foram igualmente abundantes nos trabalhos su­pra citados. Xenomela~ b~~en6~ e juvenis de Mugi1idae foram dominantes nos arrastos de praia estuarinos na La­goa dos Patos (Chao et al., 1985). A maioria das espécies encontradas no Mar Casado foi relatada por Paiva Filho et alo (op. c.it.) para a Baía de Santos; embora o número de espécies encontradas nesse trabalho seja bem inferior, das cinco principais, quatro foram igualmen­te dominantes; juvenis de Carangidae e de Mugilidae foram também predominantes na zona de arrebentação da Praia do Cas­sino (Cunha, op. c.it.).

O índice de diversidade de Shannon­-Weaver variou sazonalmente e apresentou valores máximos no outono, tanto no Mar Casado (1,87) quanto no Mar Pequeno (1,58) e mínimos, na primavera no Mar Casado (0,93) e Mar Pequeno (0,69), sen­do que em geral os valores foram ligei­ramente superiores no Mar Casado (Fig. 2); os baixos valores encontrados no Mar Pequeno nos meses de verão parecem coin­cidir com os baixos valores de salinida­de no mesmo período. Saloman & Naughton (1979) e Cunha (1981) encontraram na Flôrida (EUA) e Praia do Cassino (RS), respectivamente, valores máximos do ín­dice de diversidade no verão e mínimos na primavera; igualmente, a riqueza de espécies (Fig. 2) apresenta um padrão semelhante para ambas as áreas, aumen­tando na primavera-verão-outono (apôs os

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160

B

A

A

Bolm Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2), 1987

HAR CASADO 2089 PEIXES

14 fA"

A CA 85 SP 39.5% B "U 83 SP 28.5% C CL 82 SP 18.5% O GE 81 SP 9.6% E OU 16 SP 11.9%

85/84-85/85

"AR PEQUENO 3723 PEIXES

c

E A "U 83 SP 46.2 % B B AT 82 SP 31.4% C CL 83 SP 18.5% O GE 83 SP 4.6% E OU 23 SP 7.3% 85/84-85/85

D HAR CASADO

E 2889 PEIXES

27 ESP

A lC 27.9i B "S 28.n C ~C 17.2% O F 11.8% E E" 9.6% F OU 14.3~

8S/B4-85/85

MR PEQUENO C O

E 3723 PEIXES

34 ESP

A "5 38.5% B XB 38.4% C "G 7.5% O 00 7.1 % E HC 3.3% F OU 13.2%

85/84-85/85

A

Fig. 3. Setogramas representativos da abund~ncia relativa das principais famílias e espécies, por local de coleta, expressos pelas percentagens do número total captura­do. ESP = espécies;FAM = famílias; CA = Carangidaei MU = Mugi1 idae; AT = Atheriniclaei CL = C1upeidaei GE; Gerreidae; TC = TJtac..fúnot:U-6 c..a.JtounlL6; MS = Mugil spp.; XB = Xe.nomefavU.w bJta.,6~e.n6L6 i HC = HaJte.nguia uu.,... pe.oia· EM = Euc..ino~t:omlL6 me.la.nopt:~U-6; TF = Tnac..nino­t:lL6 6alc..a.t:Mj MG = Mugil ga.hncvu:UanU-6; 00 = OpL6t:hone.ma ogunu.mi OUTROS = demais espécies.

meses frios} e diminuindo no inverno; o número de espécies por estação do ano e praticamente o mesmo tanto para o Mar Casado quanto para o Mar Pequeno, sendo maior somente para este durante o outo­no. Os altos valores do índice de di­versidade e do número de espécies encon­trados por nós nessa estação do ano re­fletem talvez o registro de altas tempe­raturas em regime de verão prolongado.

Em ambas as áreas vimos que poucas espécies correspondem a quase totalidade da captura (Figs 3-5); isso parece ser característica predominante em estudos relacionados com a zona de arrebentação de praias costeiras (Warfel & Merriman, 1944; Gunter, 1958; McFarland, 1963; Saloman & Naughton. op. c..it:.; Cunha op. c..it:.; Moode & Ross. 1981; Paiva Filho, 1982; Paiva Filho e.t: al., 1987).

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PAIVA FILHO & TOSCANO: Ictiofauna na zona entremarés 161

6

4.5

3

L

e o

3

1.5

B o

3

1.5

B o

HAREHGULA CLUPEOLA

3 CPUE=5.5

1.5 11=345

9 I P V o o I P V o

TRACHIHOTUS CAROLIHUS TRACHIHOTUS FALCATUS CPUE=8.9 3 CPUE=3.S

H=560 1.5 H=221

e I P V o o I P U o

EUCIHOSTONUS "ELAHOPTERUS MUGIL SPP.

CPUE=6.4 3 CPUE=3.1

H=402 1,5

1 P V o e o I P U o

Fig. 4. Abundância acumulada e captura por unid'ade de esforçc (CPUE). por espécie, no Mar Casado, expressa em 109 x + 1. CPUE = número médio de captura por unida­de de esforço; N = número de indivfduos capturados. O = outono; I = inverno; P = primavera; V = verão. TC = TnaQhi~otU6 QanOli~U6; MS = Mug~ spp.; HC = Ha­ne.nguta Qfupe..ofu; TF = TnaQhi~otU6 6atQatU6; EM = Eu­ci~o~tomU6 meta~opte..nU6; OUTROS = demais espécies.

H=193

Dos parâmetros ambientais analisados (temperatura e salinidade), parece haver relação diretamente proporcional da temperatura com a captura por uni·· dade de esforço total e por espécies

(Figs 2, 4 e 5). Cunha (op. cit.) en­controu semelhante dependência entre a temperatura, o número de espécies capturadas e a abundância na Praia do Cassino (RS).

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162

4.

1.

3

1.5

8

3

1.5

8

Conclusões

Bo1m Inst. oceanogr., S Paulo, 35(2) t 1987

MUGIL GAIMAROIAHUS

3

1.5

O I P U O 9

O I P u O

HUGIL SPP. OPISTHOHEMA OGLIHUH CPUE=43.5 3

H=1435 1.5

e o I P V o o l P V o

XEHOHELAHIRIS BRASILIEHSIS HAREHGULA CLUPEOLA 3 CPUE=34.3

~ H=1131 1.5

e o I P V o o 1 P U o

Fig. 5. Abundância acumulada e captura por unidade de esforço (CPUE), por espécie, no Mar Pequeno, expressos em 10g x + 1. CPUE = número médio de captura por unida­de de esforço; N = número de indivíduos capturados. O = outono; I = inverno; P = primavera; V = verão. MS = Mugil spp.; XB = Xe.vwme1.a.rUJú.6 bJtct6ilie.n6~; MG = Mugil ga.-ÚnCV!.!Üa.n.U6: 00 = Op.<.J.dhon.e.ma. ogün.um; HC = Ha.Jte.n.gula efupe.ola.; OUTROS = demais espécies.

CPUE=8.5 H=281

CPUE=8.1

H=266

CPUE=J.7

H=121

Os resultados obtidos demonstram que:

- Ocorre variação sazonal da captura, com menores valores no inverno e maio­res no verão, e do índice de diversi­dade, com menores valores na primavera

- A ictiofauna da zona de arrebentação das praias do Mar Casado e do Mar Pe­queno é constituída por, no mínimo, 42 espécies.

e maiores no outono.

- A riqueza de espécies ê maior na praia do Mar Pequeno, a qual apresenta maio-

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PAIVA FILHO & TOSCANO: Ictiofauna na zona entremarés 163

res valores no numero de indivíduos capturados por arrasto e no número de - . especl.es.

Resumo

Através de arrastos mensais de praia, realizados com rede de calão na região do Mar Casado-Guarujá e Mar Pequeno­são Vicente, SP, de maio de 1984 a maio de 1985, foi capturado um total de 5723 exemplares de peixes perten­centes a 42 espécies.

~ apresentada uma lista por espe­cies, ocorrência sazonal e abundância relativa por área de coleta. Em ambas as áreas poucas espécies são dominan­tes, sendo que no Mar Casado ocorrem T~achi~o~ e~oti~U6 (Carangidae), juvenis de Mugilidae, H~e~guta clupeo­la (Clupeidae), T~aehi~o~ 6alcatU6 (Carangidae) e EucÁ..M.6tomU6 mela~opte­~ (Gerreidae); no Mar Pequeno, ocorrem juvenis de Mugilidae, Xe~omeia~ b~a.6..LU.em.L6 . (Atherinidae), Op.L6tho­~ema ogti~um e H~e~gula ciupeola (Clupeidae).

o Mar Pequeno apresenta maior ri­queza de espécies, com maiores valores no número de indivíduos e na captura por unidade de esforço, aparentemente correlacionados com a temperatura da agua que é mais baixa no inverno e mal.S elevada no verao-outono.

o índice de diversidade variou sazonalmente, não parecendo estar re­lacionado com os parâmetros ambientais.

Agradecimentos

Os autores desejam expressar seus agradecimentos ã Oscar Barbosa, Edgar Borges, Wilson Ribas e Sérgio C. de Oliveira, da Base de Santos do Ins­tituto Oceanográfico da Universidade de são Paulo, pelo auxílio durante as coletas. Ao Dr Naércio A, Henezes, do Museu de Zoologia da Universidade de são Paulo, pela identificação de algumas espécies.

Às estagiárias Angela Lancerotto e Liliana Ishihata, pelo auxílio nos trabalhos de campo e de laborató­rio. Aos colegas Francisco B. Ribeiro Neto, João M. M. Schmiegelow, Maria de Lourdes Zani Teixeira e Roberto Giannini pela revisão crítica.

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(Recebido em 05-10-87; aceito em 14-12-87)