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Estudo comparativo entre Joseph Beuys e Fluxus

Matheus Kayssan Opa VIS/UnB

RESUMO: Esta pesquisa uma reflexo sobre a obra de Joseph Beuys e Fluxus, onde esto as diferenas e semelhanas. Esses artistas tm vrias preocupaes tais como a materialidade da obra, sua relao com Duchamp, com a ludicidade, hermeticidade e espaos de circulao. Cabe aqui resumir um breve pensamos de como o artista alemo e o ser fluxus agiam frente cada uma destas questes da arte contempornea, onde se encontravam e onde se destoavam.Palavras-chave: Beuys. Fluxus. Duchamp. Arte Contempornea.

Para entender o movimento Fluxus e a obra de Beuys, preciso voltar ideologia duchampiniana e lembrar como o Dadaismo se portava frente s instituies de arte e tratava a Arte em si. Duchamp usava da ironia para pensar a relao do museu e das galerias com a arte; com seus ready-mades e crticas, inaugurou uma era onde dar nome ao objeto artstico e cria-lo se fundiriam. Toda essa pesquisa culminou em processos que a Arte Pop americana, Arte Povera e tantos outros movimentos, escolas e conjunto de artistas readaptaram e moldaram sua prpria realidade o Fluxus e Joseph Beuys foram exemplos disso.O Fluxus usava da ideia duchampiniana de reproduo de objetos banais e traz-los para o circuito artstico. Seus FluxusKit, um bauzinho com diversos objetos que trabalham esse pensamento do ordinrio como Arte, tais como uma pequena caixa com sementes, com um rolo de filme em branco, uma caixa para colocar seu dedo dentro, um papel escrito desdobre e ao desdobr-lo, voc encontra dobre etc.Beuys tambm trabalhava com essa indagao da Arte estar inserida na rotina de todos, mas com certo afastamento. O artista pensava que a relao dos ready-made com a Arte era alm do rompimento das fronteiras entre esta e a vida real, ela tambm adentrava e modificava a estrutura artstica trazendo um significado ritualstico e espiritual maior com o objeto.Contudo, sua relao com o mestre Duchamp era mais complicada. O alemo opta por se distanciar da obra do francs, uma vez que acha que o ltimo se silencia demais e reafirma uma opresso na Histria da Arte Contempornea ao/ artista como afirma Finney (2006). Beuys faz ento um cartaz escrito O Silncio de Marcel Duchamp ultrapassado, onde joga com a ideia de que o objeto duchampiano sim uma grande crtica, mas ela para ali, ele havia esquecido de explorar a ideia de que todo homem [e mulher] um [uma] artista. Outra ideia que Duchamp iluminou os anos 60 foi a multiplicidade do material. Para ambos Fluxus e Beuys, trabalhava-se com esse rompimento do distanciamento espectador-obra e museu-cotidiano, embora, cada um tivesse seus prprios processos. Beuys achava mais importante que os mltiplos artsticos fossem pensados para divulgar ideias, Maciunas, idealizador do Fluxus, incorporou esse raciocnio depois de ver a circulao dos jornais fluxus e comeou a adotar a ideia do objeto que convida o ou a interlocutor (a) a se inserir na Arte mesmo que no queira. O material tambm importante para ambos. O Fluxus, apesar de ter uma ideologia do desapego s normas formais e ironia, ainda utilizava de materiais elaborados como vinil para fazer suas caixas; havia ali um raciocnio esttico limpo para compor o FluxusKit, por exemplo. Suas caixinhas eram feitas com medidas certas para agradar o olho, com impresso de offset e muitas vezes de serigrafia. Tambm se utilizava madeira, objetos de plstico no to comuns na poca e etc. Suas Inseres em Circuitos, at mesmo para ter um efeito prspero, eram feitas de maneira a imitar um jornal comum, embora houvesse uma transgresso na escrita e no formato de apresentar as notcias fluxus e manifestos. Beuys, de acordo com Borer (1997), pensava o material cru e nada muito fino ou elaborado como vinil e madeira apesar de em Como ensinar Arte a Uma Lebre Morta, ele use ouro. H a recorrncia da presena de mel, feltro e cobre, materiais pensados na ideia de todo mundo um artista. So elementos que Borer (1997) afirma ser at o momento indignos da arte (p. 15). Contudo, assim como com as caixas fluxus, os e as diletantes e crticos se enfureceram haja visto que viram essa escolha de elementos como uma zombaria. Aqui, se diferem e se assemelham uma vez que elementos mais duros e sofisticados, embora cheia de ideologia crtica, do Fluxus causaram tanto alvoroo quanto os materiais com carga mais pobres do Beuys. As pessoas se importaram, logo, com as ideias do grupo e a simplicidade beuysiana.Assim eram vistos o material do artista alemo, contudo, Beuys pensava minuciosamente a representatividade. Exemplos seriam o cobre, um bom condutor, a gordura, regulao trmica, e os animais, seres vivos que possuem alma e energia vital. Pensando nisso, seu processo adquire um qu de espiritual e de xamnico devido tambm lenda de que ele tenha sido salvo por uma tribo trtara e, a partir dai, o fez olhar o mundo de uma maneira mais espiritual e ritualstica. O escultor precisava pensar uma estrutura social atravs de cada simbologia.Beuys, por conseguinte, pensava a seriedade para produzir, j os e as Fluxus trabalhavam baseado e baseadas na noo de ludicidade e do humor. Eles ligavam, de acordo com Danto (2002), para ambulncias, carros de polcias, e enchiam uma rua para que o pblico no tivesse acesso a um concerto de msica clssica, por exemplo, ou denunciavam uma suposta bomba dentro de um prdio de uma galeria ou teatro, para que as pessoas esvaziassem os edifcios. Ele opta pela infiltrao no pela negao, ele pensa a crtica usando do museu e da galeria. Suas performances precisam desses espaos, tal como Como ensinar Arte a uma lebre morta e Eu amo a Amrica e a Amrica me ama, onde ele fica no museu acompanhado de um coiote.Alm do mais, o artista pe sua obra no mundo como pedaggica, condutora, teraputica (BORER, 1997. P. 28). Ela tem a funo de guia e ainda, apesar de suas crticas contra a arte hermtica, possui no seu processo pensamentos estritos sobre pesquisa de material, lugar, analogias e problemticas que, pra ele, deveria conter nas indagaes do ou da artista.Os/as fluxus, como George Brecht em entrevista j dizia, no concordavam em mtodos, eram loucos/as de um tempo que se uniram para justapor suas ideias, era esse e somente esse o mtodo. Um reflexo disso toda a produo fluxus ser uma crtica Arte autoral. Seus FluxKits no eram assinados, os diversos objetos eram feitos por cada artista e no se v nenhum deles ou delas assinando-os ou deixando sua marca. Beuys, muitssimo pelo contrrio, assume esse carter autoral e vendvel da arte. Um exemplo seria que o feltro que facilmente associado com suas obras. Ele assinava casacos desse material para que pudessem vende-los. Sua assinatura compunha o processo, dando valor alto sua prtica artstica.Assim, com Fluxus, a ideia punk do do it yourself era bem empregada, pensando a arte anti-comercial e com eles e elas, a arte encontrou uma melhor adaptao da prpria ideologia de Beuys onde todo homem [e mulher] um artista. Seus objetos eram facilmente reproduzveis, apesar da complexidade de alguns materiais, podendo ser feitos em casa; enquanto com Beuys, a separao do pblico artista promulgada pela afirmao da autoria vigente e se faz maior, o do it yourself no se aplica obra beuysiana. A arte fluxus era divertida, de Beuys hermtica. Beuys seria, logo, naquela poca, o pai chato e fluxus, a me ldica.

BORER, Alain.The essential Joseph Beuys. MIT Press: EUA, 1997.FINNEY, Gail. Visual Culture in Twentieth-Century Germany: Text as Spectacle. Bloomington: Indiana University Press, 2006.Joseph Beuys: Qualquer indivduo um artista. Filme realizado por R.B.:Werner Kruger,1979, Bonn: Internationes. 57min, color. VHS.SALLES, Evandro (coord.). O Que Fluxus? O que no ! O porqu. Curadoria John Hendricks; texto Arthur C. Danto. Braslia: CCBB, 2002.