estudar e refletir sobre a indisciplina escolar na busca ... · a indisciplina escolar apresenta...

95

Upload: duongdan

Post on 11-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Estudar e Refletir sobre a Indisciplina Escolar na busca de enfrentamentos coletivos

CURITIBA2011

Márcia do Rocio Coutinho Agne

PDE 2010

FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Estudar e refletir sobre a indisciplina escolar na busca de enfrentamentos coletivo

Autor Márcia do Rocio Coutinho Agne

Escola de Atuação Col. Est. Princesa Isabel – Ensino Fundamental e Médio

Município da escola Cerro Azul

Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte

Orientador Lennita Rodrigues Ruggi

Instituição de Ensino Superior UFPR- Universidade Federal do Paraná

Disciplina/Área (entrada no PDE) Pedagogia

Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Professores e Pedagogos

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Col. Est. Princesa Isabel – Ensino Fundamental e Médio

Rua- Romário Martins- 120 – Centro - Cerro Azul - Paraná

Apresentação: O Caderno Pedagógico em questão, trata dos diversos aspectos

2

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

que envolvem a disciplina escolar vista como uma questão social.

O referido material didático, surgiu a partir do projeto de intervenção, que previa estudos e reflexões, com professores e pedagogos, acerca da problemática da indisciplina. Como este projeto apontou para uma formação continuada de professores e equipe diretiva da escola, foi que se pensou num material que viesse oportunizar, estudos, discussões e reflexões de como está acontecendo a construção do processo de disciplina no interior da escola.

Dessa forma, o caderno foi estruturado em 10 unidades, as quais abordam temas condizentes com os variados aspectos que englobam a indisciplina. Cada unidade traz um texto, como um aporte teórico e na seqüência propõe leituras para aprofundamentos e proposta de atividade para praticar o que se aprendeu.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Indisciplina – Reflexão – Estudo – Enfrentamento - Coletivos

3

SUMÁRIO

Apresentação 06

Introdução 081 Conceituando disciplina e indisciplina 10

Introdução 10

Seção 1: conceito de indisciplina 12

Seção 2: a indisciplina e a incivilidade 18

2 A indisciplina dos diferentes segmentos da escola 22

Introdução 22

Seção 1: a indisciplina do aluno, do professor, da escola

e da família 22

Seção 2: indisciplina do aluno 23

Seção 3: indisciplina do professor 24

Seção 4: indisciplina da escola 25

Seção 5: indisciplina da família 26

3 Causas da indisciplina 29

Introdução 29

Seção 1: as diversas causas da indisciplina 30

4 Desenvolvimento moral da criança: a construção da

autonomia 34

Introdução 34

Seção 1: o desenvolvimento moral da criança 35

Seção 2: anomia 35

Seção 3: heteronomia 35

Seção 4: autonomia 36

Seção 5: atitudes que auxiliam no desenvolvimento da autonomia 36

5 A relação da indisciplina com a escola, a família e a sociedade 39

Introdução 39

Seção 1: a responsabilidade da escola, da família e da sociedade

com a disciplina escolar 40

6 Indisciplina: autoridade, autoritarismo e limite

4

Introdução 47

Seção 1: conceito de autoridade e autoritarismo 47

7 A indisciplina e a coerção 59

Introdução 59

Seção 1: o uso da coerção na disciplina escolar 60

8 Indisciplina: a metodologia e o processo de ensino e

aprendizagem 63

Introdução 63

Seção 1: a metodologia e a indisciplina escolar 64

9 O diálogo e a afetividade como formas de encaminhar a

indisciplina na escola 77

Introdução 77

Seção 1: o uso do diálogo e da afetividade na escola 78

10 Projeto político pedagógico como espaço de construção

coletiva da disciplina escolar 84

Introdução 84

Seção 1: o PPP e a construção da disciplina escolar 85

Considerações finais 88

Orientações didático-pedagógicas 89

Parâmetros para a avaliação do projeto 90

Referências bibliográficas 91

5

APRESENTAÇÃO

Caros colegas, tendo compreensão dos desafios que a problemática

da indisciplina, principalmente dos alunos, nos impõe para prática pedagógica

cotidiana atual é que proponho esse Caderno Pedagógico para os

professores da rede pública do Estado do Paraná como subsídio para

estudos e reflexões acerca do tema. Este material didático é resultado de

estudos realizados no período inicial do PDE – Programa de

Desenvolvimento Educacional com o objetivo de atuar na escola visando á

melhoria da qualidade do ensino.

A indisciplina é hoje um dos problemas da escola, que mais tem

preocupado a direção, a equipe pedagógica e os professores pela forma

como tem se avultado no espaço escolar nos últimos anos e também pelos

inúmeros desafios que vem apresentando para seu enfrentamento, seja

pelo uso somente da coerção para inibir os atos indisciplinares dos alunos,

seja pela falta de conhecimento dos diferentes segmentos da escola, em

como enfrentar de forma mais eficaz a problemática.

A partir do egresso no PDE - Programa de Desenvolvimento

Educacional foi realizada uma pesquisa prévia com 45 professores do

Colégio Estadual Princesa Isabel com a finalidade de averiguar qual aspecto

da indisciplina deveríamos abordar no trabalho de intervenção, 98% dos

entrevistados apontaram que o tempo para estudos e reflexões acerca da

indisciplina é escasso e a falta deste tem dificultado e muito a solução dos

problemas de indisciplina, pelos encaminhamentos feitos no interior da

escola de forma isolada e sem continuidade de ações, o que tem

demonstrado ser insuficiente para dar conta de toda a problemática que ora

se apresenta.

Portanto o Colégio Estadual Princesa Isabel, como tantos outros

colégios, tem como desafios com relação à indisciplina escolar buscar (1)

compreender como a indisciplina interfere no processo de ensino e

aprendizagem assim como (2) constituir limites com os alunos (3)

coletivamente buscar possibilidades de enfrentamentos para essa

problemática.

6

Frente a esse contexto, o referido caderno foi elaborado com a

pretensão de oferecer aos pedagogos e professores, textos e oportunidades

de realizar atividades de reflexão acerca dos diversos aspectos, que

envolvem a indisciplina escolar.

Portanto, está dividido em 10 unidades, as quais abordam diferentes

aspectos da indisciplina:

1- Conceito de indisciplina

2- A Indisciplina dos Diferentes Segmentos da Escola

3- Causas da Indisciplina

4- Desenvolvimento mora da criança: a construção da autonomia

5- A relação indisciplina escola, família e sociedade

6- Indisciplina: autoridade-autoritarismo e limites

7- A indisciplina e a coerção

8- Indisciplina: a metodologia e o processo de ensino e aprendizagem

9- O diálogo e a afetividade como forma de encaminhar a

indisciplina no espaço escolar

10-O projeto político pedagógico como espaço de construção

coletiva da disciplina escolar

No decorrer das unidades, deste caderno, será relatado o resultado

de uma pesquisa de campo realizada na escola de implementação, do projeto

de intervenção, de forma parcial, sendo que a mesma será divulgada mais

detalhadamente no artigo final do PDE.

É importante ressaltar que este material não tem a pretensão de

esgotar a problemática da indisciplina, mas sim de servir de ferramenta para

provocar a comunidade escolar á estudar, refletir e discutir sobre os diferentes

aspectos da indisciplina escolar.

7

INTRODUÇÃO

Vivemos atualmente na educação um momento de crise muito

profunda, isto porque a sociedade como um todo passa por diversas e radicais

transformações, principalmente com o advento das novas tecnologias,

modificando a maneira de viver das pessoas e consequentemente a maneira

de educá-las. Vemos que a escola tem acompanhado muito vagarosamente

este processo de transformação, o que tem ocasionado o aparecimento de

uma série de problemas em seu interior, dentre eles a indisciplina, considerada

por muitos professores como o mais relevante de todos eles.

A indisciplina escolar apresenta diferentes expressões, atualmente

tornou-se mais complexa e “para os professores, parece ficar cada vez mais

difícil de equacionar e resolver o problema de um modo efetivo” (GARCIA,

1999, p.103). Acredita-se que a visualização de encaminhamentos adequados

e eficientes, não consegue ser feita, pelos professores, porque dificilmente é

reservado, na escola um espaço para estudar, discutir e refletir sobre o

fenômeno da indisciplina, sendo que muitas vezes, cada segmento escolar age

e toma decisões de forma isolada, o que não contempla um programa de

ações discutidas e criadas no coletivo da escola.

Concordamos com Vasconcellos (2004, p. 25) quando diz que:

Antes, de mais nada, para enfrentar o problema da indisciplina, é necessário compreendê-lo, ou seja, entender o que está acontecendo hoje com a indisciplina de sala de aula, na escola (e na sociedade) com certeza, uma série de fatores influencia, mas devemos analisar como ocorre concretamente, como síntese de várias determinações, no processo de análise é que irão emergindo os determinantes fundamentais do problema em estudo.

Vemos então, é de fundamental importância refletir constantemente

sobre a indisciplina escolar, para poder compreendê-la nos seus diferentes

aspectos para atuar sobre ela de forma mais competente e eficiente.É neste

sentido que elaboramos este caderno pedagógico.

8

UNIDADE 1

CONCEITUANDO DISCIPLINA

E INDISCIPLINA

Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br

9

1 CONCEITUANDO DISCIPLINA E INDISCIPLINA

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais está cada vez mais difícil e complexo conceituar

indisciplina, e isto se dá devido aos diversos fatores que a influenciam, sejam

de ordem interna ou externa à escola.

De acordo com Rego (1996, p. 84)

O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme e nem tão pouco universal. Ela se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade, nas diversas classes sociais (...). No plano individual a indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito, do contexto que forem aplicadas.

Vemos assim que ela pode se apresentar de diversas formas, nas

diferentes épocas históricas e nos mais variados contextos escolares.

Porém sabemos que se faz imprescindível conceituá-la, para podermos

compreendê-la em toda sua amplitude e então buscarmos possíveis formas de

amenizá-la no espaço escolar.

Concordamos com Rego (1996, p. 870) quando diz que:

O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida acarreta uma série de implicações à prática pedagógica, já que fornece elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seus desempenhos na escola como também no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.

Sendo assim, se concebermos que a indisciplina se reduz aos atos

indisciplinares apresentados pelos alunos, o estabelecimento de regras e o

uso de coerções poderão ser suficientes para a sua amenização, sendo que

10

de acordo com Franco (1986, p. 62. 63) “o professor quando discute

indisciplina na escola se refere exclusivamente ao aluno.”

Porém se concebermos que a indisciplina também pode ser fruto da

metodologia inadequada do professor, da desorganização do trabalho

pedagógico da escola, assim como da total omissão de muitos pais com

relação à vida escolar de seus filhos e ainda da influência da sociedade sobre

o indivíduo assumiremos uma postura mais crítica e reflexiva no sentido de

buscarmos soluções coletivas e mais eficientes para a problemática.

Não se trata aqui de apontarmos este ou aquele culpado pela

indisciplina, mas sim de trazer à tona os diferentes conceitos que esta abrange

para termos como parâmetro inicial no projeto de implantação ora

desenvolvido.

Dessa forma acreditando que a concepção que temos de indisciplina

interfere profundamente no nosso fazer pedagógico cotidiano é que

procuraremos nesta unidade elencar diferentes conceitos para podermos

refletir sob a luz de alguns teóricos a problemática em questão.

Caros professores e pedagogos! Vamos refletir um pouco sobre

o que é indisciplina assistindo ao vídeo!!!!

Disciplina e indisciplina na sala de aula youtube.com 3 min – acessado em 02 de agosto de 2011 - Vídeo enviado por nittasvideoTrailer do DVD - Disciplina e indisciplina na sala de aula - da coleção Celso Antunes I - ATTA Mídiaatedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel

11

SEÇÃO 1: CONCEITO DE INDISCIPLINA

Inicialmente é preciso partir do conceito que se tem de disciplina para

então fazermos a relação desta com a indisciplina.

De acordo com Ferreira (1998, p. 224) o termo disciplina pode ser

definido como ”(...) regime de ordem imposta ou mesmo consentida” ou ainda

“relações de subordinação do aluno ao mestre”. Portanto disciplinado é

“aquele que consente, obedece e é subordinado”.

Sendo assim também é necessário esclarecer o termo indisciplina que

segundo Ferreira (1986, p. 595) pode ser definido como “procedimento ato ou

dito contrário á disciplina, desobediência, desordem, rebelião”. Assim

indisciplinado é aquele que “se insurge contra a disciplina”.

As definições em foco efetuam uma relação entre disciplina e obediência

das normas, das regras sociais. Assim “disciplinado” é aquele que obedece e

cede, sem questionar às regras e preceitos vigentes em determinado contexto.

Temos ainda que o conceito de indisciplina tenha sido atrelado à noção

de disciplina. A leitura etimológica elaborada por Garcia (2000, p. 51-52)

sugere duas matrizes latinas associadas ao termo disciplina. De um lado o

termo discípulos, originado do verbo capere, que descreve um indivíduo em

situação de aprendizagem que se apropria de algo que lhe é mostrado

enquanto outra matriz seria o verbo disco, comumente traduzido por aprender

ou tornar-se familiarizado, dessa raiz deriva o sentido de disciplina como

seguir ou acompanhar.

Ainda em Garcia (2000, p. 52-57) encontramos a idéia, segundo a qual

historicamente, a noção de disciplina se atrela à noção medieval de castigo,

medo, punição e apenas mais tarde assume o sentido de ramo do

conhecimento.

Vemos assim que um conceito está ligado ao outro e que a concepção

de comportamento inadequado é imensamente acentuada.

Para Estrela (1992, p. 17) a indisciplina pode ser pensada como

negação da disciplina, ou como “desordem proveniente da quebra das regras

estabelecidas pelo grupo”. Admitimos ser de fundamental importância a

12

existência de regras no interior da escola, mas o que precisa ser pensado é a

forma como elas serão construídas e estabelecidas pela direção escolar.

Segundo Estrela (1995, p.65) é prioritariamente o professor quem

produz e comunica normas sociais as quais julga serem necessárias para

exercer sua ação pedagógica, e assim prescreve determinadas posturas e

regras a serem aceitas, muitas vezes sem a devida discussão com os alunos,

e sem que aquelas atendam suas expectativas e necessidades.

Percebe-se que a questão da estipulação de regras (pois a disciplina

está intrinsecamente ligada a este fator) por parte do coletivo é muito

importante, não só no sentido de que o aluno estará consciente que participa

das decisões tomadas na sala de aula, mas também no sentido de que acaba

tendo um comprometimento maior com a disciplina, uma vez que participou da

construção das regras que terá de obedecer.

Fortuna (2002, p. 90) aponta “a noção predominante de não

cumprimento de regras de rebeldia contra qualquer regra construída e de

desrespeito aos princípios de convivência combinados sem uma justificativa

viável cria transtornos e incapacidades de se organizar e se relacionar de

acordo com as normas estabelecidas por um grupo.”

De acordo com Vasconcellos (2006, p. 49)

Em contrapartida sabemos que temos o dever enquanto educadores, de promover uma disciplina verdadeiramente contrária aos castigos e punições que venha a conseguir o auto – governo dos sujeitos participantes do processo educativo e dessa forma as necessárias condições para o trabalho coletivo em sala de aula (e na escola), onde haja o desenvolvimento da autonomia, da solidariedade e principalmente as condições para uma aprendizagem significativa, crítica, criativa e duradoura.

A escola enquanto instituição formadora, precisa transformar o aluno

num sujeito ativo, capaz de transformar sua realidade, mas para tanto

13

necessita refletir muito sua prática pedagógica buscando amenizar os

problemas de indisciplina.

De acordo com Franco (1986, p. 62)

A disciplina toda a via, não pode ser entendida como se tivesse uma finalidade educativa em si mesma. Nesse sentido, não pode ser puramente exterior, baseada num conjunto de regras de conduta, normas disciplinares e hierárquicas rígidas. Ao contrário a necessidade da disciplina aparece não por mero autoritarismo ou arbitrariedade dos responsáveis pela condição do trabalho escolar, mais como condição indispensável para conduzir uma pratica pedagógica comprometida com os anseios das classes trabalhadoras e com o estabelecimento de uma sociedade igualitária. Dessa forma a disciplina deve passar por um processo de construção, uma vez que toda comunidade escolar sinta sua necessidade.

Mas a questão da indisciplina é extremamente complexa, sendo que

sua análise não pode se resumir simplesmente nas atitudes e comportamentos

dos alunos, pois sua abrangência é muito maior, indo para além dos muros da

escola, envolvendo o contexto sócio, histórico e cultural em que o aluno está

inserido, os modelos conceituais, as questões políticas, estruturais e

metodológicas de que a escola dispõe para a organiza.

. Entendemos então que a indisciplina ultrapassa os “muros da escola”,

devendo ser compreendida para além atos indisciplinados dos alunos, sendo

que estes, muitas vezes, são indicações de que algo não esta indo bem no

processo de ensino e aprendizagem.

Ainda segundo Franco (1986, p. 63)

Reduzir o problema da disciplina nas escolas a faltas cometidas pelos alunos, pouco contribui para a compreensão dessa problemática, isso porque a disciplina não pode ser entendida de maneira estanque, como se fosse algo que dissesse respeito a este ou àquele elemento envolvido com o processo de ensino e aprendizagem. A disciplina ao contrario, diz respeito a todos os elementos envolvidos com a prática escolar e precisa ser compreendida como algo necessário para atingir

14

um fazer pedagógico coerente e eficaz, estando, dessa maneira, intimamente relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve seu trabalho.

Vemos assim, que a forma como a escola organiza seu trabalho

pedagógico e os muitos fatores internos e externos a ela, podem interferir na

geração da indisciplina pelo aluno, fazendo com que os atos indisciplinados

sejam indicativos no processo de ensino e aprendizagem.

Neste sentido cabe discutirmos, de forma mais ampla, como a

indisciplina interfere de forma negativa no processo de ensino e aprendizagem,

contribuindo assim para os altos índices de reprovação, apresentados pelas

escolas na atualidade.

Temos então, de acordo com Franco (1986, p. 63), que

A disciplina está indissoluvelmente ligada ao processo de transmissão e assimilação dos conhecimentos elaborados historicamente pela humanidade. Deixa assim de ser alguma coisa que diz respeito somente ao aluno para transformar-se em preocupação permanente da comunidade escolar, em uma exigência da escola.

Diferentes autores atribuem a indisciplina do aluno aos diferentes

segmentos da escola, sendo que uns apontam a metodologia inadequada do

professor, como Rego (1996, p. 100) que diz:

O comportamento indisciplinado, do aluno, está diretamente relacionado à ineficiência da prática pedagógica desenvolvida pelas propostas curriculares problemáticas e metodologias que subestimam a capacidade do aluno (assuntos pouco interessantes ou fáceis demais), constante uso de sansões e ameaças visando o silêncio da classe, pouco diálogo, etc.

Outros, como La Taille (1996, p. 22), dizem que “a indisciplina em sala

de aula não se deve essencialmente às falhas psicopedagógicas, pois está em

jogo o lugar que a escola ocupa hoje na sociedade, o lugar ocupado pela

criança e pelo jovem, o lugar que a moral ocupa.”

15

De acordo com Rego (2008, p.84) “o termo indisciplina pode ter

sentidos diferenciados, dependendo de cada indivíduo, de suas vivências e do

contexto da situação”. Sendo assim, o que muitas das vezes é indisciplina para

um professor pode não ser para outro.

Segundo Parrat-Dayan (2008, p.19) “(...) para um professor indisciplina

é não ter o caderno organizado, para outro, uma turma será caracterizada

como indisciplinada se não fizer silêncio absoluto e, já para um terceiro a

indisciplina até poderá ser vista de maneira positiva, considerada sinal de

criatividade e de construção de conhecimento”.

Temos assim que um determinado comportamento apresentado por

um aluno pode ser considerado inadequado, portanto indisciplinar para um

professor, enquanto para outro o mesmo comportamento não é tomado como

indisciplina, pois ela é vista de diferentes formas nos contextos em que se

apresenta.

Nesta perspectiva temos um conceito de indisciplina que reflete as

expectativas no processo de interação entre professor e aluno.

De acordo com Cohem e Cohem, ( 1987: ATTINSON ET AL, 1988

apud AMADO, 2001, p.35)” (...) indisciplina é uma realidade construída na

própria aula, resultante de um processo de interação entre os participantes,

professor e aluno, possuindo todos eles expectativas mútuas, percepções e

pontos de vista mútuo, próprios de tudo o que acontece com eles a sua volta.”

Vemos assim que na relação professor e aluno muitas são as

expectativas, com relação ao processo de ensino e aprendizagem, mas muitas

vezes por diversos fatores é inevitável a frustração por ambas as partes.

A partir desse contexto acredita-se que o fato de ouvirmos realmente

os apelos e sugestões dos (as) alunos (as), seja uma possibilidade de

mudarmos as propostas pedagógicas que não estão adequadas.

Neste sentido, Garcia (1999, apud ABUD e ROMEO 1989), explica que

“um dos elementos preventivos relevantes da indisciplina está no próprio

ambiente da escola, o qual deve ser verdadeiramente humano, no sentido de

construir em espaço democrático e onde o diálogo e a afetividade humana são

cultivados, onde a observação e a garantias de direitos constitucionais são

postos em prática”. Ainda neste pensamento o mesmo autor esclarece que “o

16

clima caloroso deve refletir um conhecimento e preocupação quanto aos

estudantes enquanto pessoas, tendo em vista suas condições concretas,

individualidades e singularidades” (GARCIA, 1999, p. 07)

Na pesquisa de campo, realizada na escola de implementação deste

projeto de intervenção, foi perguntado a 45 professores da rede pública do

Estado do Paraná - Cerro Azul, o que é indisciplina. O resultado foi que 85%

dos entrevistados, mencionaram a indisciplina como sendo o comportamento

inadequado do aluno, como poderemos constatar com algumas respostas

dadas pelos professores.

PROF-1 “Aluno que não se concentra nas atividades e nas explicações e fica

agitado fazendo outras coisas na aula.”

PROF-2 Quando o aluno contraria o professor de forma negativa, tumultuando

a sala, conversando, fazendo outras coisas alheias a proposta do professor.”

PROF-3”Tudo o que se refere ao mau comportamento do aluno.”

PROF-4 “Falta de educação e de limites do aluno.”

PROF-5 “Falta de educação do aluno que agride professores e colegas.”

PROF-6 “Tudo o que o aluno faz de errado como: bagunçar, ser

desinteressado, chegar atrasado na aula, etc.”

PROF-7 “Alunos com o comportamento violento, desinteressados.”

PROF-8 “Não ter limites, não obedecer as regras.”

PROF-9 “É o aluno não cumprir suas obrigações escolares.”

PROF-10 “Alunos que não respeitam as regras e direitos.”

PROF-11 “É a manifestação clara de que o aluno não compreendeu o

verdadeiro sentido da escola. É o reflexo do aluno que não consegue ou não

quer aprender.”

PROF-12 “São alunos que se comportam mal, que só bagunçam, conversam,

atrapalham as aulas e os outros colegas, passeiam pelos corredores e

agridem os colegas.”

Apenas 11% das respostas apontaram que a responsabilidade também

é do professor, da escola e da sociedade como veremos:

PROF-13 “A indisciplina é causada muitas vezes por motivo de domínio de

sala. Começa com o professor em sala de aula.”

17

PROF-14 ”A indisciplina diz respeito á escola como um todo, cabendo uma

parcela de culpa para cada um de seus segmentos.”

PROF-15 “A sociedade atual da forma como ela está estruturada é que é a

grande responsável pelos comportamentos inadequados que o aluno

apresenta na escola, pois ele é fruto dessa sociedade.”

Os 4% restante dos professores não responderam.

Vemos pelo resultado da pesquisa que os professores ainda

encontram-se muito presos à questão das regras, quando se reportam a

indisciplina escolar e ainda contemplam-na como se fosse somente o aluno

que a comete por não ter limites e valores.

O que precisamos ter claro é a concepção de que a indisciplina não é um

fenômeno nato, mas é algo que se emerge de inúmeras influências sofridas

pela criança ao longo de seu desenvolvimento moral, sendo que esse aspecto

terá um estudo mais aprofundado na unidade III desse caderno.

SEÇÃO 2: A INDISCIPLINA E A INCIVILIDADE

É muito comum presenciarmos atitudes inadequadas dos alunos

acontecerem constantemente no interior da escola, seja para com o professor,

seja para com os colegas, para com a direção e equipe pedagógica ou para

com os funcionários em geral, que se traduzem por “ofensas verbais,

grosserias, desordens, palavrões, ou falta de respeito”. Esse tipo de

indisciplina é chamado pelo teórico francês Bernard Charlot (2002, p. 47) de

incivilidade. Sendo que, de acordo com o mesmo autor, as incivilidades se

referem às condutas que se contrapõem às regras de boa convivência.

De acordo com Garcia (2006, p.4)

As incivilidades englobam comportamentos desafiantes que rompem regras e esquemas da vida social, sejam tácitos ou explicitados contratos sociais. Mas as chamadas incivilidades não rompem, necessariamente, com acordos, regras e esquemas pedagógicos. Antes, rompem com expectativas do que pode estar tacitamente esperado como boa conduta social. “Destaca-se entre as incivilidades reportadas nas

18

queixas usuais dos professores, a falta de respeito”. Essa alegação, em particular, sugere a ocorrência em sala de aula, de práticas de incivilidade na forma de insensibilidade aos direitos de cada um de ser respeitado como pessoa.

Portanto vemos que estas atitudes de incivilidade, muitas vezes

atrapalham o andamento do trabalho pedagógico, por desafiarem muitas

regras que foram construídas para uma boa relação entre professor e aluno,

para que esta aconteça de forma harmoniosa na sala de aula.

Caros colegas vamos trabalhar um pouco?

Escolha um dos artigos abaixo e trabalhe.

Indisciplina escolar: um dos desafios à gestão escolar

Autoras: Rogéria Aparecida Lima

Silvia A. dos Santos

Acessível: www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1154-4-pdf

Indisciplina: carência de limites e valores morais

Autora: Elena karuimi N. kakazu

Acessível: www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2147-8-pdf

Indisciplina escolar: percepção social dos professores

Autora: Anderléia Sotoriva

Acessível:www.anped.org.br/reuniões/29ha/trabalçhos/pôsteres/gt13-

2124-int.pdf

Indisciplina na sala de aula: algumas reflexões

Autora: Tereza Benetti de F. Costa.

Acessível: www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2147-8-pdf

19

Tarefa 1

• Reunidos em grupos, a partir das leituras realizadas,

discutam e listem os comportamentos que consideram

indisciplina e que mais frequentemente os alunos de

sua escola apresentam.

Tarefa 2

• Com base no artigo lido e no texto apresentado no

caderno discutam e elaborem um conceito de

indisciplina que mais se aproxime da realidade de sua

escola.

• Na seqüência, participe de um seminário, expondo o

resultado de seu estudo. .

20

UNIDADE 2

A INDISCIPLINA DOS DIFERENTES

SEGMENTOS DA ESCOLA

Fonte:liarty.blogspot.com

21

2 A INDISCIPLINA DOS DIFERENTES SEGMENTOS DA ESCOLA

INTRODUÇÃO

Caros colegas, costumeiramente quando pensamos em indisciplina nos

reportamos aos comportamentos inadequados que os alunos apresentam no

cotidiano da sala de aula. Dificilmente nos questionamos se a indisciplina

também pode existir por parte dos pais, professores e da própria escola.

Portanto, a intenção desta unidade é apresentar algumas formas de

indisciplina apresentadas pelos diferentes segmentos escolares e de refletir

como esse comportamento pode interferir na construção da disciplina pelo

aluno.

SEÇÃO 1: A INDISCIPLINA DO ALUNO, DO PROFESSOR, DA

ESCOLA E DA FAMÍLIA.

Somos ingênuos ao pensar que somente o aluno, na escola, comete

indisciplina. Até mesmo porque os alunos não interagem apenas com os

alunos, mas com toda a comunidade escolar - pais, professores, direção,

funcionários, equipe pedagógica e a comunidade - e nessas interações muitos

comportamentos considerados indisciplinados poderão ocorrer de ambos os

lados.

Antes de iniciarmos, assistiremos ao video abaixo!!!!

Dá-me o telemóvel, já!youtube.com2 min - 22 mar. 02/08/2011 - Vídeo enviado por gnelo Figueiredo.Indisciplina O famoso vídeo da Carolina Michaelis. Escola indisciplina violência professor.atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&frature=rel.

22

Portanto a pretensão desta unidade é refletir quando e de que forma, os

pais, os professores e a escola como instituição organizada podem também

apresentar indisciplina.

SEÇÃO 2: INDISCIPLINA DO ALUNO

O aluno como centro do processo de ensino e aprendizagem, é o foco

da indisciplina, pois irá se relacionar com os diferentes segmentos escolares,

podendo nestas relações cometer diversos e variados comportamentos

inadequados os quais são considerados como indisciplina.

De acordo com OLIVEIRA (1996);

Os atos caracterizados como indisciplinados na escola estariam relacionados à atitude do aluno, como por exemplo: falar ao mesmo tempo em que o professor atrapalhando as aulas; responder com grosserias; brigar com outros alunos ou mesmo brigar com professor; bagunçar; ser desobediente; não fazer as tarefas escolares.

Sabemos que muitos dos atos de indisciplina que os alunos apresentam

podem representar as decepções que estes sofrem com o ambiente escolar, a

partir de suas expectativas, levando-os a traduzirem essas decepções em atos

reprováveis socialmente.

Vale ressaltar que a indisciplina apresentada pelo aluno sofre inúmeras

influências seja de ordem internas ou externas a ele, exigindo da comunidade

escolar conhecimentos psicológicos e sociológicos para não correr o risco de

uma análise artificial dos comportamentos apresentados por ele no decorrer da

aprendizagem.

Sendo assim, o aluno precisa ser visto a partir de sua realidade para

que se ofereça um ensino adequado às suas condições sociais e econômicas.

De acordo com Vasconcellos (2000)

o aluno que não está inserido no processo de ensino e aprendizagem passa a apresentar

23

comportamentos que causam preocupação à escola, são manifestações que surgem na forma de agitação ou, contrário, comportamento de apatia e falta de comprometimento. Manifestações pacíficas, quase estáticas, do silêncio e alienação ás regras impostas.

Neste sentido a indisciplina é vista como um ponto de partida para se

realizar mudanças significativas no ambiente escolar e é recomendável estar

em constante alerta com relação aos comportamentos que os alunos

apresentam no cotidiano escolar.

SEÇÃO 3: INDISCIPLINA DO PROFESSOR

O professor que, muitas vezes, se considera o detentor do saber e um

ser inquestionável pelo aluno, não realiza planejamento, ou usa em suas aulas

constantemente a mesma metodologia (quase sempre inadequada), está

desmotivado fazendo somente o essencial e não se envolve completamente

com o processo de ensino e aprendizagem mostrando interesse e afetividade

para com o aluno e compromisso com a sua função demonstra também

atitudes indisciplinadas.

A indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono a habilidade das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel evidenciado corretamente na ação em sala de aula que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor (AQUINO, 1998, p. 8)

Quando age da forma referida acima, não desempenhando com

qualidade seu trabalho, estará conseqüentemente desestimulando o aluno ao

aprendizado.

Para Vasconcellos (2001) “o ato pedagógico é o momento de emergir

das falas, do movimento, da rebeldia, da oposição, da ânsia de descobrir e

construir juntos, professores e alunos.”

Portanto vemos que o professor também é passível de erros e falhas,

enquanto ser humano, e assim deve cultivar a empatia no processo de ensino.

24

SEÇÃO 4: INDISCIPLINA DA ESCOLA

A organização do trabalho pedagógico e da escola como um todo é fator

essencial para a questão da disciplina, pois se todos tiverem a mesma linha de

ação a escola funcionará mais harmoniosamente sem muitos conflitos, e isto

passará ao aluno uma segurança e confiança, fazendo com que ele acredite

na eficiência da instituição.

Muitas vezes, o que presenciamos no interior da escola é uma total falta

de organização dos seus diferentes setores, o que se traduz em desrespeito

ao aluno, ocasionando e propiciando o surgimento de uma série de atos

indisciplinado pelos alunos, como por exemplo: quando na falta de um

professor os alunos sequer são comunicados além de serem deixados sem

atendimento na sala de aula para fazerem o que bem entenderem. O aluno

que passa então a fazer uma leitura dessas ações e, muitas vezes, a julgar a

escola como incompetente e desorganizada perdendo seu prestígio para com

esse aluno.

Outra questão fundamental diz respeito às regras escolares que, muitas

vezes, são impostas para os alunos, mas não estão claras. Manifestações de

indisciplina podem ser decorrentes do descontentamento com essas regras e

pela não compreensão das mesmas. O não entendimento das mesmas pode

reverter em tomadas de decisões indevidas com relação ao grupo de alunos.

Na medida em que “a escola vigia e pune o aluno confirma que sua

atitude é irregular e alheia ao esperado por ela, assim, ele assume a posição

de excluído e não adequado ao ambiente escolar” (FOUCALT, apud SILVA,

1998).

Se a escola cobra tanto do aluno, com relação ao cumprimento das

normas, o mínimo que se espera é que esta ofereça, são os subsídios

necessários para os alunos obedecerem.

Enfatizando que esta construção das regras deve acontecer de forma

coletiva, com o envolvimento de todos os segmentos da escola, contribuindo

assim, para a gestão democrática da escola.

Nesse sentido, segundo Frazatto (apud FERREIRA, 2001, p. 175) é

importante que os alunos participem do processo de construção de regras, não

25

as recebam prontas, pois “ao participar da construção de regras a criança

aprende a ser parte de um grupo, ao mesmo tempo em que desenvolve sua

autonomia”.

SEÇÃO 5: INDISCIPLINA DA FAMÍLIA

Geralmente os pais abandonam os filhos à “própria sorte” dentro da

escola, quando muito comparecem para pegar o boletim informativo no final do

bimestre.

Tendo ainda o agravante de que, muitas vezes, quando convocados a

comparecer, na escola, por motivo de indisciplina do aluno acabam apoiando

as atitudes de seu filho, pois não conseguem enxergar como são seus filhos

de fato, estimulando ainda muito mais a indisciplina.

A interpretação psicanalítica utilizada na educação sugerindo que as dificuldades de aprendizagem estariam ligadas a problemas emocionais ou traumas vividos na infância mostra que a educação, dada aos filhos, é atualmente muito permissiva, pelo medo do uso do autoritarismo e co dificuldades para o estabelecimento de limites, normas ou mesmo valores individuais e coletivos. (PERI e CORDEIRO, 2002).

Dessa forma, pais indisciplinados são aqueles que apresentam

dificuldades em conduzir seus filhos para um “bom caminho”, em impor

responsabilidade aos filhos, estabelecer limites, fazer-se respeitar, pois são

eles os verdadeiros educadores, não podendo se eximir da função de pais.

Mas muitas são as famílias, que delegam papéis à escola, os quais não

condizem com as competências, dos que estão envolvidos na área

educacional.

Concordando com Aquino (1998) quando diz que, “escola e família

exercem papéis distintos no processo educativo. Evidencia-se uma confusão

de papéis. A principal função da família é a transmissão de valores morais às

crianças, já à escola cabe a missão de recriar e sistematizar o conhecimento

histórico, social, moral”.

26

Temos então que é prioridade da família passar valores humanos e

éticos no desenvolvimento moral da criança, contribuindo assim para a

formação de um ser humano mais justo e comprometido com a sociedade

em que vive.

Caros colegas é hora de praticar!

• O professor PDE divide a turma em 4 grupos

distribuindo á cada grupo, um papel contendo o nome

do segmento a ser trabalhado e solicita que:

TAREFA 1

• Após uma breve discussão montem uma

representação teatral deixando transparecer as

indisciplinas que, mais frequentemente, são

apresentadas pelo segmento na sua escola e apontem

possíveis soluções para as mesmas.

TAREFA 2

• Na seqüência apresentem o resultado de seu trabalho

abrindo espaço para a contribuição dos demais

colegas.

27

UNIDADE 3

CAUSAS DA INDISCIPLINA

28

3 CAUSAS DA INDISCIPLINA

INTRODUÇÃO

A indisciplina, sendo um dos problemas mais relevantes, nos dias

atuais, tem sido muito discutida e procura-se sempre buscar suas causas. Mas

isto não tem sido tarefa muito fácil, dada a sua complexidade e os fatores

internos e externos à escola que influenciam consideravelmente o seu

aparecimento.

A pesquisa de campo, realizada na escola de implementação deste

projeto, apontou, pelas respostas dadas por 45 professores entrevistados que

as maiores causas da indisciplina, por 70% dos professores, são: pouca

vigilância do espaço escolar, castigos pouco severos aos alunos, problemas

familiares, desinteresse do aluno pelo estudo, pais que não educam seus filhos

e principalmente a falta de um trabalho formativo-preventivo da indisciplina na

escola. Apenas 30% apontaram que aulas pouco atrativas, metodologias

inadequadas do professor e professores que não dominam a turma também

são fatores causadores de indisciplina na escola.

Este resultado nos mostra que até mesmo as causas da indisciplina

apontadas pela maioria dos professores estão focadas na família e no aluno,

sendo que apenas uma minoria percebe que a escola quando não se organiza

e também o professor quando não cumpre com competência seu trabalho,

podem contribuir e muito com a indisciplina escolar.

Portanto, O que se pretende nesta unidade, é apresentar algumas

possíveis causas da indisciplina discutidas sob a ótica de alguns teóricos, com

o intuito de detectar quais as que mais dizem respeito à realidade das escolas

na atualidade.

29

SEÇÃO 1: AS DIVERSAS CAUSAS DA INDISCIPLINA

Em se tratando de indisciplina, não podemos apontar uma única causa,

pois sua complexidade é tanta que, inúmeros e variados são os fatores que

condicionam o aparecimento desta no contexto escolar.

O que podemos, em termos mais abrangentes, é indicar que as causas

da indisciplina podem permear dois grupos, sendo: os de causas externas à

escola e os de causas internas da escola.

Dentro do primeiro grupo podemos destacar: a influência exercida pelos

meios de comunicação, a violência social, os conflitos familiares, a inexistência

de valores sociais e a estrutura social como um todo.

Já no segundo grupo podemos apontar: o ambiente escolar, a relação

entre professores e alunos, as relações interpessoais, a intervenção

pedagógica, entre outras.

Costumeiramente dizemos que os maiores culpados pela indisciplina

escolar são os pais e a escola, poucas vezes analisamos de que forma as

questões sociais também estão implícitas nessa problemática, ou seja,

como a sociedade pode contribuir ou ser a causadora da indisciplina

escolar?

Camargo (2000, p. 16) diz que “pais e professores são fundamentais

na constituição de filhos e alunos como cidadãos”. Temos então uma

questão fundamental: como educar filhos e alunos no contexto social atual

onde o individualismo e a competição, advindos do mundo capitalista, são

as linhas de frente? Qual seria então o papel da escola frente às questões

sociais no como e para que educar?

30

Colegas vamos para o entretenimento!!!

Neste momento o professor PDE exibe o filme “Mentes

Perigosas”

SINOPSE

Oficial da marinha (Michelle Pfeiffer) deixa carreira militar e para realizar o sonho de ser professora, mas o grupo de alunos, da escola onde ela vai trabalhar são tão rebeldes, que ela é desafiada pelos seus comportamentos à mudar aquela situação.Então com esse objetivo ela mergulha a fundo na vida deles e acaba descobrindo fatos inéditos fazendo-a se envolver cada vez mais com os alunos, pais e a escola na busca de amenizar a indisciplina daquela e para tanto não impõe limites às suas ações.

Informações TécnicasTítulo no Brasil: Mentes PerigosasTítulo Original: Dangerous MindsPaís de Origem: EUAGênero: DramaClassificação etária: 14 anosTempo de Duração: 99 minutosAno de Lançamento: 1995Site Oficial:www.submarino.com.br/ Estúdio/Distrib.: Buena VistaDireção: John N. Smith

31

Vamos exercitar um pouco mais!!!!

Os professores, em duplas, recebem do professor PDE, um

roteiro prévio para realizarem as seguintes tarefas:

Tarefa 1

• A partir de um roteiro prévio e diferente das demais

duplas, analisar um dos aspectos do filme reportando -

se sempre à realidade apresentada pela sua escola.

Tarefa 2

• Expor em seminário o trabalho realizado para uma

discussão no grande grupo.

32

UNIDADE 4

O DESENVOLVIMEMTO MORAL DA

CRIANÇA: A CONSTRUÇÃO DA

AUTONOMIA

Fonte: petalolimon.blogia.com

33

4 O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA: A CONSTRUÇÃO DA

AUTONOMIA

INTRODUÇÃO

É de extrema importância termos a consciência de que a moral da

criança não é algo que seja dado de presente pelo “céu”, mas sim de que é

resultado da interação que esta tem com as instituições sociais com que

convive diariamente na sociedade em que está inserida, portanto ela não é

algo inato, mais sim construída e desenvolvida cotidianamente a partir das

relações que a criança estabelece com os diferentes segmentos sociais,

como por exemplo: a escola, a igreja, o clube, a roda de amigos, a família,

etc.

Sendo assim, essa unidade tem a finalidade de apresentar as fases,

pelas quais, passa a criança durante o seu desenvolvimento moral, de acordo

com Piaget (1994) – O JUÍZO MORAL DA CRIANÇA - para que possamos

compreender melhor o papel do adulto na formação psicossocial dessa

criança, seja na figura dos pais, do professor ou de qualquer outro adulto que

represente autoridade para ela.

Inicialmente vamos refletir sobre autonomia com o vídeo:

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

http://www.youtube.com/watch?v=9ANnDHM_VQE&FEATURE=related

34

SEÇÃO 1: O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA

O próprio termo desenvolvimento moral nos sugere que a moral não

é inata, mas construída pela criança.

De acordo com Piaget (1994) as fases do desenvolvimento moral da

criança são as seguintes: anomia - 0 a 2 anos; heteronomia - 2 a 7 anos e

autonomia a partir dos 7 anos.

Temos que ter clareza de que essas fases são progressivas e não

podem ser transgredidas. Tendo a criança que passar por todas elas

indiscutivelmente.

Na seqüência apresentaremos algumas características de cada uma

das fases.

Nesta fase a criança desconhece totalmente a existência de regras,

sendo regida pelo princípio do prazer, tendo completamente a ausência da

moral. Não consegue ter obediência, pois o princípio do prazer orienta

completamente seu comportamento. Necessita do cuidado total que o adulto

possa lhe dar, controlando todos os seus passos, pois seu objetivo é ter

segurança física e afetiva no adulto. Neste contexto, a função do adulto, de

forma representativa, deve ser a materna oferecendo a criança todo o

cuidado possível par que ela se situe no mundo, ensinando-lhe tudo o que

for necessário para ela crescer saudavelmente.

Nesta fase a criança é indiscutivelmente conduzida pelo adulto, ao

qual ela irá obedecer quando considerá-lo autoridade. É regida pelo

princípio da transição do prazer para o princípio da realidade, obedecendo

às regras de forma externa, ou seja, obedece porque o adulto, o qual ela

considera, diz que é daquela forma e não porque já internalizou – as. Possui

uma moral extremamente rígida e dicotômica. Sua obediência ao adulto se

35

SEÇÃO 2: ANOMIA

SEÇÃO 3: HETERONOMIA

dá, muitas vezes, mais pelo medo do que pelo afeto. Necessita muito que o

adulto lhe dê orientação, rotina e limites, para o desenvolvimento de sua

autonomia. Obedece “cegamente” ao adulto por considerá-lo mais

conhecedor do mundo, do que ela. Nesta fase a função do adulto, de forma

representativa deve ser a paterna, no sentido de ter “pulso” e colocar limites

no comportamento da criança.

Nesta fase a criança é regida pelo princípio da realidade, sendo que

as regras já são internalizadas e a moral contextualizada. A obediência se

dá pelo princípio da cooperação e quase nunca pela coerção. Tem ainda

necessidade da mediação do adulto, nas suas decisões, mas de forma mais

amena. Nesta fase a criança já deve ser capaz de fazer escolhas e possuir

pensamento crítico da realidade em que vive. A função do adulto, de forma

representativa deve ser a fraterna, ou seja, caminhar ao lado da criança

auxiliando-a, quando se fizer necessário.

SEÇÃO 5: ATITUDES QUE AUXILIAM O DESENVOLVIMENTO DA

AUTONOMIA

A construção da autonomia, pela criança, deve ser constantemente

estimulada pelo adulto. Para tanto, é necessário ter atitudes tais como:

explicar limites; fazer perguntas, não dar respostas; fazer combinados;

proporcionar escolhas; lançar dilemas e desafios; estimular trocas em grupos,

entre outras.

36

SEÇÃO 4: AUTONOMIA

É hora de exercitar!!

O professor PDE exibe o vídeo “Chilrem see, Chilrem Go” acessível pelo site:

www.youtube.com/watch?v=m3jqrZk4ZZw2 min - 30 out. 2007 - Vídeo enviado por raffaandradeAcessado em 20/06/2011

E em seguida divide a turma em 3 grupos solicitando que:

TAREFA 1

• Discutam o vídeo assistido e produzam um texto

enfatizando o papel do adulto na vida da criança.

TAREFA 2

• Cada grupo escolhe uma das fases do desenvolvimento

moral e representa de forma criativa as principais

características apresentada pela criança nesta fase

apontando como o adulto deve proceder diante delas.

Apresenta ao grande grupo para discussão e

colaboração dos demais.

37

UNIDADE 5

A RELAÇÃO INDISCIPLINA, ESCOLA,

FAMÍLIA E SOCIEDADE.

• Fonte: 8a-eb23ilhavo.blogspot.com

38

5 A RELAÇÃO DA INDISCIPLINA COM A ESCOLA, A FAMÍLIA E A

SOCIEDADE.

INTRODUÇÃO

A indisciplina de forma alguma deve ser vista como um fato isolado

cometida tão e simplesmente pelo aluno, como se este fato esgotasse o

assunto. Ao contrário, ela deve ser analisada a partir das diferentes relações

que tem com a escola, a família e principalmente a sociedade.

Na pesquisa de campo realizada na escola de implementação desse

projeto, 45 professores foram questionados quanto a responsabilidade das

dimensões sociais na indisciplina escolar, sendo que 95% responsabilizou

primeiramente a dimensões sócio cultural, a instituição escola e os professores

como sendo as principais responsáveis pela indisciplina colocando em

segundo plano as dimensões família, aluno e sistema educacional. Apenas 5%

responsabilizaram primeiramente as dimensões família, sistema educacional e

sócio cultural e em segundo plano as dimensões instituição escola,

professores e alunos.

Isto nos mostra que apesar do professor considerar somente o aluno

como indisciplinado, têm consciência de que a tanto a sociedade quanto a

instituição escola e também o professor, quando não desempenham com

eficiência seu papel acabam contribuindo para a indisciplina em sala de aula e

em todo o espaço escolar.

Sendo assim, esta unidade intenciona demonstrar qual a relação que a

indisciplina tem com os diferentes segmentos sociais, ressaltando que ela é,

muitas vezes, resultado das influências das ações desses segmentos, sobre

as crianças. Procura ainda mostrar que se faz necessário o professor

compreender de que forma essas influências direcionam os comportamentos

que as crianças apresentam no contexto escolar.

39

CAROS COLEGAS! VAMOS RELAXAR UM POUCO ASSISTINDO O VÍDEO:

MOTIVAÇÃO PARA PROFESORES

http://www.youtube.com/watch?v=RQAWbhuV5PU&feature=related

ENVIADA POR CAMILA SANTOS COSTA

SEÇÃO 1: A RESPONSABILIDADE DA ESCOLA, DA FAMÍLIA E DA

SOCIEDADE COM A DISCIPLINA ESCOLAR.

A fim de compreendermos as relações existentes entre escola, família

e sociedade com o fenômeno da indisciplina e para entendermos o papel de

cada uma dessas instâncias no favorecimento do aparecimento e também da

superação dessa problemática, tomaremos como parâmetro as obras:

”Educação e Sociologia,” “A Educação Moral” e a “Evolução Pedagógica na

França” de Émile Durkheim, tal como foram comentadas numa Coletânea de

Textos do Ministério da Educação e Cultura, intitulada Émile Durkheim no ano

de 2010, escrita por Jean Claude Filloux, traduzida por Maria Lúcia Salles

Boudet e organizada por Celso Carvalho e Miguel Henrique Russo. Esses

textos servirão de referência para tratarmos dessas relações por acreditarmos

que os mesmos fornecem o suporte teórico necessário para a compreensão e

entendimento de como essas relações acontecem.

A reflexão inicial se dará a partir do conceito de educação em

Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p. 15) o qual recorre à “observação

histórica” para explicar que “cada sociedade, considerada num momento

determinado de seu desenvolvimento tem um sistema de educação que se

impõe a seus indivíduos”, fixa também um “ideal de homem”, o qual norteará o

40

modelo de educação a ser estabelecido. Sendo que esta educação servirá

para perpetuar e reforçar a homogeneidade que os indivíduos devem ter para

viver em sociedade, apontando o que é necessário saber para viver no

coletivo. Acredita-se assim que através da educação é possível transformar o

“ser individual” em um “ser social”.

Dessa forma Durkheim conceitua a educação como sendo “a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que não estão ainda maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais, que requerem dela, tanto a sociedade política em seu conjunto, quanto o meio especial ao qual ela é mais particularmente destinada... Resulta da definição acima que a educação consiste em uma socialização metódica da jovem geração”(DURKHEIM, 1911, p. 51 apud FILLOUX, 2010, p.16)

Ainda no mesmo texto Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.16)

aponta que “a educação opera na família desde o nascimento da criança, mas

que é na escola que esta é sistematizada,” sendo que dessa forma a escola se

torna o lugar central da continuidade social, quando da transmissão de

normas, valores e saberes. Então, assim como a sociedade muda e evolui, a

educação institucionalizada também necessita mudar e evoluir para

corresponder às necessidades dessa sociedade.

Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.16) procurou estudar ”a

socialização das jovens gerações dentro do sistema escolar” ao qual ele

chamava de “máquina”. Para ele a escola vai buscar significação, no sistema

global, que é a sociedade. Neste sentido, Durkheim (1911 apud FILLOUX,

2010, p.16) procura mostrar que apesar desse “subsistema” depender do todo

social, este tem características estruturais, muito peculiares, o que lhe

proporcionará certa “autonomia relativa” e também como todo o sistema, é

concomitantemente submetido a forças de permanências, que tem sua fonte

no sistema de conjunto e forças de mudanças, as quais respondem às

necessidades emergentes próprias.

41

Dessa forma a teoria durkeiminiana do sistema escolar e sua evolução

devem ser compreendidas pela dinâmica social. Sendo que dentro da sua

teoria a questão da “consciência coletiva” é ponto central. Uma sociedade é

feita por pessoas, que só conseguem “viver juntas” porque têm valores e

regras comuns, muitas das quais transmitidas pela escola.

Neste sentido, vemos que o espaço escolar é fundamental na

socialização do indivíduo, fato este que a família isoladamente não consegue

alcançar, por mais que empenhe esforços, pois é só o convívio social que

consegue afirmar o homem como tal.

Como a sociedade moderna baseia-se na industrialização e na

crescente divisão do trabalho, o que faz com que cada vez mais, se

diferenciem os papéis sociais, obrigando aos pais se envolverem muito mais

com os afazeres profissionais em detrimento às funções de pai e mãe, do ato

de educar e de transmitir valores, o que arrisca fazer com que se rompa com a

“solidariedade social”. Para Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.19) esse

risco deve ser compensado pelo desenvolvimento dos valores supremos, com

relação à legitimação dos direitos, à responsabilidade e à valorização dos

atores sociais.

Na sua obra “Da Divisão do Trabalho Social” (1893) Durkheim (1911

apud FILLOUX, 2010, p.20) já apontava um panorama do “individualismo

moderno”, no qual o respeito pela pessoa humana vem do valor supremo, fator

este o único a assegurar a coesão das sociedades industriais modernas.

Na sua obra intitulada “O suicídio”, Durkheim (1911 apud FILLOUX,

2010, p.20) diz que se os homens ainda podem “comungar” em algo, só pode

ser no respeito do homem enquanto homem e esse respeito é o único cimento

social que permanece o único “elo social verdadeiro”.

Diante de todo esse contexto, Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010,

p.23) coloca como a escola pode realizar a função que não seja só de

conservação do sistema social, mas também de mudança. Assim, pergunta-se

de que forma as práticas pedagógicas podem interligar-se às instituições

formais e informais, elaboradas pela sociedade global e por qual percurso elas

resultam de idéias, produzidas no sistema escolar? Enfim, quais modelos

42

pedagógicos recorrem para ensinar aos alunos o sentido da “comunhão com

os outros” e os “saberes” científicos e literários?

No contexto da sociedade industrial, a socialização da criança, deve

abarcar aprendizados, nos níveis de mecanismos de integração (vontade de

“viver juntos”) e de mecanismos de regulação (submissão às normas comuns),

procurando respeitar sua autonomia própria. Assim temos que a escola deve

definir três “elementos da moralidade” para o aluno sendo: “o espírito da

disciplina”, o da “vinculação dos grupos” e o da “autonomia da vontade”, pois

para uma vida coletiva é necessário que a criança tenha a necessidade de

controlar pulsões e desejos anti-sociais. Se deixarmos as crianças soltas,

fazendo o que querem como querem, elas não conseguirão superar o estado

de “anomia”, de confusões, sendo, portanto necessário o senso da disciplina,

vista como gosto pela regularidade e pela subordinação às regras, para

auxiliar nesta superação.

Para Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.23) a disciplina moral tem

um papel considerável na formação do caráter e da personalidade no sentido

que auxilia na inibição dos nossos desejos. Sendo assim, a disciplina é útil não

apenas no interesse da sociedade e como meio indispensável sem o qual não

poderia haver cooperação regular, mas no interesse do próprio indivíduo.

É, sobretudo em sociedades democráticas como a nossa que é indispensável ensinar à criança essa moderação salutar porque caíram as barreiras convencionais que, nas sociedades organizadas sobre outras bases, refreavam violentamente os desejos e as ambições e não há mais nada, a não ser a disciplina moral, que possa exercer essa ação reguladora. (DURKHEIM, 1911, p. 39-42 apud FILLOUX, 2010, p. 25).

Para o referido autor o homem só se realiza enquanto tal, na

convivência em grupo, pois sua vinculação ao grupo está fortemente ligada à

“vinculação do homem enquanto homem” é ali que ele tem sua afirmação

efetivada, enquanto ser pensante e criativo fato este que contribui para

desenvolver no indivíduo o respeito pelo outro.

Para que a autonomia da vontade se estabeleça, no interior da escola, é

necessário que o aluno compreenda pela razão a necessidade de ser

43

autônomo e queira aderir aos valores supremos que fundamentam o social, ou

seja, que queira aprender o ato moral, por si próprio, para tanto Durkheim

(1911 apud FILLOUX, 2010, p.23) diz que “é a escola que deve proporcionar a

aquisição da inteligência para tal”.

Para refletir!!

Assista ao filme “Treino para a vida”

Sinopse

Ken Carter recebe o maior desafio de sua vida ao assumir treinar um time de basquete, de uma escola de bairro. Inicialmente os garotos são extremamente indisciplinados e querem fazer tudo do seu jeito, é quando o treinador toma as “rédias” da situação com atitudes, ao ver dos pais e dos alunos, autoritárias inclusive impedindo-os de ir para a universidade. Com o passar do tempo, recebe muitos elogios e críticas, além de muita pressão para levar o time de volta às quadras. Então é que começa o trabalho de superar os obstáculos de seu ambiente, disciplinados - os, buscando mostrar aos jovens um futuro que vai além de gangues e prisão, não depende só do basquete, mas de um esforço de acertar em todos os aspectos da vida e a disciplina é a única maneira de fazer a mudança necessária para isto acontecer. Informações Técnicas

Título no Brasil: COACH CARTER—Treino para a vidaTítulo original: Coach CarterPaís de origem: EUA/ AlemanhaGênero: DramaTempo de Duração: 136 MinutosAno de lançamento: 2005Site oficial: http: /www.coachercartermovie.comStudio/ destrib.: Paramount home entertainmentDireção: Thomas Carter

44

TAREFA 1

• Selecione no mínimo três cenas do filme e redija um

texto analisando cada uma delas a partir da realidade

apresentada pela sua escola.

TAREFA 2

• Em pequenos grupos, discutam sobre a relação da

escola, dos pais e da sociedade com a indisciplina

vivida na sua escola e construam um cartaz

representativo dessas situações.

45

UNIDADE 6

INDISCIPLINA:AUTORIDADE,

AUTORITARISMO E LIMITE

Fonte: hugotavio.multiply.com

46

6 INDISCIPLINA: AUTORIDADE, AUTORITARISMO E LIMITE

INTRODUÇÃO

No que diz respeito, às questões da autoridade e do autoritarismo, nas

escolas, o que se tem presenciado é uma imensa confusão com relação a

esses termos. Temos muitos professores agindo de forma extremamente

autoritária, em função de não fazerem a devida distinção entre um ato de

autoridade de um ato de autoritarismo.

Por esse motivo essa unidade tem a pretensão de discutir o conceito

de autoridade e de autoritarismo, procurando diferenciá-los, para melhor

compreendê-los na prática.

Procura ainda mostrar a necessidade de impor limites às crianças para

que tenham sucesso na aprendizagem.

Por fim faz apontamentos de como desenvolver a autoridade do

professor.

SEÇÃO 1: CONCEITO DE AUTORIDADE E AUTORITARISMO

É quase que impossível nos dias atuais falarmos de indisciplina sem

focarmos na questão de constituição de limites, pois é muito comum vermos

crianças respondendo mal, desobedecendo e desrespeitando seus pais e

também seus professores, o que interfere diretamente na convivência diária de

sala de aula e conseqüentemente no processo de ensino aprendizagem.

Se muitas vezes os pais não conseguem lidar com as crianças e

muitos dizem isto quando são chamados ao serviço de orientação educacional,

quem dirá os professores e a equipe pedagógica que não conseguem impor

limites aos alunos e a “coisa” fica sem solução na base de “empurra-empurra”

e do “este” ou “aquele” é o culpado pela indisciplina. Não trata se aqui de

achar culpados para a questão da indisciplina, mas sim de refletir sobre suas

possíveis causas e como trabalhá-la da melhor forma possível.

Mas também não temos como falar em estabelecer limites sem

abordarmos primeiramente a questão da autoridade.

47

Neste enfoque temos em Pedro Rodolfo Bodê de Moraes e Joice Kelly

Pescarolo no artigo intitulado “Quem Tem Medo dos Jovens?” (2008) uma

análise questionadora com relação a autoridade, autoritarismo e limites.

Neste artigo, Moraes e Pescarolo (2008, p. 1) citam (Durkheim

(1997{1895}; Berger e Luckmann 1985) colocando a premissa de que “os

jovens são a imagem e semelhança da sociedade em que vivem e das

instituições, que freqüentam, vale dizer dos processos de socialização e

sociabilidade que juntos formam e atualizam os seres sociais.”

O jovem, muitas vezes, é “fruto” e reflexo das experiências que vivencia

nas diferentes instituições sociais que freqüenta como: escola, família, clubes

sociais e outros, na sociedade em que está inserido.

Segundo Moraes e Pescarolo (2008, p.1-2) três elementos são

fundamentais na formação do jovem: o primeiro é de que os jovens são

resultados da socialização a que foram submetidos, sendo seus defeitos e

virtudes reflexos dos adultos que o conduziram; o segundo é de que a

responsabilidade da formação dos jovens é de toda a sociedade (do conjunto

de instituições que a constituem: escola, família, trabalho entre outras); e o

terceiro é que a “formação do jovem depende da capacidade da sociedade na

qual ele vive, de orientá-lo para o que é entendido como seus valores, sejam

eles positivos ou negativos.”

Esses elementos colocados por Moraes e Pescarolo (2008, p. 2) nos

demonstram cada vez mais que a indisciplina não deve ser vista como um

problema gerado no contexto escolar, sendo assim exclusivo da escola.

Percebemos que este é um fato social e que deve ser analisado a partir da

estrutura da sociedade como um todo, para que possamos entender sua

origem suas causas e então buscarmos formas mais eficientes de

enfrentamentos no espaço escolar.

De acordo com Moraes e Pescarolo (2008, p. 2) a família tem papel

fundamental na formação dos jovens, mas não é a única responsável por esse

processo, então não nos cabe culpá-la pelo fracasso dessa formação assim

como a nenhuma das instituições sociais em específico, colocando quem tem

mais peso de culpa. Cabe-nos sim dizer que a o fracasso da formação dos

48

jovens deve ser atribuído ao conjunto das instituições sociais que estes

freqüentam.

Mas o que tem faltado para que estas instituições consigam constituir

limites nos jovens, sendo que vemos nisto o imenso problema da sociedade

atual?

Moraes e Pescarolo (2008, p. 9) nos apontam que é a autoridade.

Temos então aí a necessidade de entendermos o que vem a ser autoridade. E

são os mesmos autores que nos explicitam ao citarem Max Weber (1984[1922]

a e 1984[1922]b.)

A autoridade é uma qualidade derivada da legitimidade. Esta por sua vez seria construída com base na crença ou percepção de que as leis ou orientações legítimas, são boas, por isso referências para a ação do indivíduo ou do grupo. Por isso mesmo é que as pessoas submetidas àquela autoridade obedecem-na, não porque a temem, ainda que o medo possa ser um dos elementos presentes, mas porque acreditam e sentem que os valores que a autoridade representa contribuem para ordenar ou organizar sua existência.

Sendo que Sennet (2001, p. 30 apud Moraes e Pescarolo 2008, p. 10)

acrescenta que a autoridade necessária para que o adulto seja respeitado pela

criança é aquela “autoridade qualidade”, ou seja, “a autoridade que tem o

papel de orientar e organizar o indivíduo e os grupos.” que as instituições e

pessoas precisam ter. A partir dessas definições vemos que a autoridade do

professor em particular perpassa pelo domínio do conteúdo, dos

conhecimentos sistematizados que transmite ao aluno, assim como da

demonstração de sua competência pedagógica em planejar aulas e da

maneira como encaminha as situações de indisciplina na sala de aula.

E percebemos que nos dias atuais essa autoridade tem faltado para

muitos professores que levam, constantemente, situações de indisciplina que

seriam facilmente resolvidas por eles ao planejarem melhor suas aulas ou se

estivessem dispostos a darem mais atenção ao seu espaço de sala de aula,

para a equipe pedagógica resolver.

49

Presenciamos muitas reclamações por parte dos professores de que é

difícil lidar com os adolescentes, por estes serem rebeldes e desobedientes

demais e não terem nenhum limite.

A adolescência é por sua natureza um período bastante conflitante tanto

para os jovens, quanto para pais e professores, pois é marcada por profundas

transformações físicas e emocionais do jovem que está em plena formação de

sua identidade.

Segundo Sennet (2001, p.38 apud MORAES E PESCAROLO 2008, p.

10) Freud observava que os adolescentes “rebelam-se contra a obediência aos

pais, mas, apesar disso querem que os pais cuidem deles toda vez que se

sentem necessitados”.

Portanto este é uma contradição que deve ser levada em conta também

pelo professor, que deve perceber que muitas vezes uma atitude de rebeldia

do aluno pode ser um pedido de socorro, pois ele não sabe mais que rumo dar

a sua vida.

A escola é um “cenário de crises diversas”, porque idealmente se presta

a ser passagem para a vida profissional adulta, assim “pedagogos, pais e

professores são o alvo de seu (do adolescente) ataque rebelde contra a

autoridade, através de algo que considera como pertencente a eles e não a ele

o estudo” (CARVAJAL, 1918, p. 125 apud MORAES E PESCAROLO 2008, p.

11)

Para Moraes e Pescarolo (2008, p. 12) “pais e professores que

realmente se constituem como autoridades são fortes o suficiente para lidar

com os questionamentos e desafios postos pelos jovens”.

Mas nem sempre é o que temos visto, ao contrário disso o que muitas

vezes acontece é que, por intolerância, o professor retribui um comentário do

aluno com atitudes intransigentes e autoritárias, o que acaba incitando no

aluno o maior uso da indisciplina e da violência.

Neste sentido acreditamos que o “adulto” da relação professor-aluno é o

professor cabendo-lhe então o papel de encontrar o equilíbrio nessa relação,

buscando estar constantemente atento a tudo o que se passa na sala de aula,

a tudo que diz respeito ao aluno, orientando-o no seu comportamento e

organizando da melhor forma o trabalho pedagógico.

50

Concordando, assim, com Moraes e Pescarolo (2008, p. 12) quando

dizem que:

(...) fundada na certeza de que ser alvo daquele comportamento que pode ser até chato e indesejável faz parte do processo por intermédio do quais os jovens constituem sua identidade e testam a consistência da autoridade do adulto. As saídas autoritárias, sejam quais forem, são uma negação mesmo da autoridade e pior, exigirão sempre mais autoritarismo constituindo-se num beco sem saída marcado pela infelicidade e impotência.

Na atualidade, frequentemente os professores atribuem a perda de sua

autoridade à promulgação do E. C. A (Estatuto da Criança e do Adolescente)

alegando que este trouxe um aporte de direitos e um respaldo legal aos

comportamentos inadequados dos jovens.

Moraes e Pescarolo (2008, p. 9), porém, não acreditam que alguém

possa ser destituído de sua autoridade por quem quer que seja, acreditam sim

que a perda da autoridade advém “do resultado de um processo anterior ao

esvaziamento da autoridade”. Para estes autores o que acontece, muitas das

vezes é que pais e professores não conseguem reunir as qualidades

necessárias para constituírem-se como autoridades.

De acorda ainda com Moraes e Pescarolo (2008, p. 14), “o jovem

precisa do mundo adulto para constituir sua identidade, mas esse mundo

parece que está carente de consistência necessária para lidar com a rebeldia,

pois pais e professores não sabem quais valores são válidos”, portanto não

sabem mais como contribuir verdadeiramente na construção da moral, pela

criança.

Dessa forma a questão da constituição de limites somente poderá

acontecer quando realmente pais e professores se imbuírem de uma

autoridade que reúna a consistência necessária para que possam lidar com as

situações de indisciplina e não com a imposição cada vez maior de regras e

ações punitivas e coercitivas.

Portanto, acreditando que a questão da indisciplina escolar perpassa

muito mais pelas questões sociais do que simplesmente o comportamento do

aluno em si é que concordamos com Moraes e Pescarolo (2008, p. 13) no fato

51

de que “colocar a polícia na escola não é garantia de se ter disciplina, pois

com essa ação estamos mais uma vez usando o medo, a coerção e a punição

para questões que são de orientação, afetividade e de diálogo”.

Neste momento apresentaremos alguns slides com o objetivo de

compreendermos melhor a temática.

Cabe informar que o conteúdo desses slides estão baseados na

palestra, assistidas pelo professor PDE, no PROJETO NÃO- VIOLÊNCIA,

sobre “A AUTORIDADE DO PROFESSOR” dirigida por JOICE

PESCAROLO (2011).

52

53

54

55

56

Vamos praticar!!!!!!

TAREFA 1

• Em grupo acessem o: SITE:

www.mp.go.gov.br/drogadicao/htm/med1_art03.htm e

leiam o artigo “Quem tem medo dos jovens?” de Pedro

Rodolfo Bodê Moraes e Joice Pescarolo (2008) fazendo

uma síntese das idéias mais relevantes dos autores e

mencionando como está acontecendo o processo de

autoridade dos professores na sua escola.

• Apresentem o resultado da discussão em plenária.

57

UNIDADE 7

INDISCIPLINA E COERÇÃO

Fonte: aideofobia.blogspot.com

58

7 A INDISCIPLINA E A COERÇÃO

INTRODUÇÃO

O tratamento da indisciplina através apenas da coerção é uma questão

que se encontra na “berlinda,” nos dias atuais pelo fato de que ela por si só

não têm dado conta de forma eficiente da problemática que envolve a

indisciplina nas escolas.

Portanto essa unidade objetiva refletir, sob o apontamento de alguns

teóricos como o uso exclusivo da coerção não tem dados resultados, positivos,

na amenização da indisciplina escolar, assim como ressaltar que se faz

necessária a discussão e criação de regras coletivas para nortear o

comportamento das crianças.

NESTE MOMENTO VAMOS QUESTIONAR SOBRE OS ENCAMINHAMENTOS

DADOS À INDISCIPLINA NAS ESCOLAS, ASSISTINDO AO VIDEO:

TV GLOBO quer castigos mais severos para os alunos?

Aluno que xinga é punido. Professor que xinga é promovido. Mais uma vez a TV Globo dá amplo destaque a um caso de aluno que é punido por xingar ...

por movimentocoep | 1 ano atrás | 1393 exibições

atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel

59

SEÇÃO 1: O USO DA COERÇÃO NA DISCIPLINA ESCOLAR

A escola até hoje vem tratando a indisciplina através da coerção e pelos

resultados obtidos até então, podemos concluir que muito pouco ou quase

nenhum efeito esta tem tido sobre os problemas indisciplinares.

Nas palavras de Makarenko (1980 apud Franco 1986 p.65) a disciplina

“deve ser acompanhada da compreensão de sua necessidade, de sua

utilidade, de sua obrigação, do seu dignificado de classe”. Vemos assim que

somente a imposição de regras e a aplicação de coerções, para os atos

indisciplinares dos alunos não dão conta de superar a problemática da

indisciplina.

Concordando com Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) quando

diz que “a simples obediência não é sinal de uma boa disciplina e não pode

nos satisfazer, assim como a obediência cega que se exige habitualmente na

velha escola”. A partir dessa afirmação podemos perceber que obedecer

somente pelo ato de obediência, não possibilita o crescimento do aluno e nem

a internalização de regras, o que ela nos proporciona é apenas um alivio

momentâneo da indisciplina escolar, o que não deve ser a intenção final da

escola.

É ainda Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) que vai nos dizer

que “a indisciplina não se cria com algumas medidas disciplinares, mas com

todo o sistema educativo, com a organização de toda a vida com a soma de

todas as influências que atuam sobre a criança”. Dessa forma os castigos e

outras medidas coercitivas ficam sem efeito, pois só causam medo e temores

momentâneos em alguns alunos, geralmente os mais obedientes.

Gramsci (1976, apud Franco 1986, p. 64) diz que a “disciplina significa

a capacidade de comandar de si mesmo de se em impor aos caprichos

individuais, às vaidades desordenadas, significa enfim uma regra de vida.”

Além disso, diz que, “a indisciplina significa a consciência da necessidade

livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que

um organismo social qualquer atinja o fim proposto”.

60

Vemos assim que o aluno deve livremente aceitar as regras a partir do

momento que tem consciência de que elas são necessárias para uma boa

aprendizagem.

Gramsci enfatiza a importância da disciplina ao mesmo tempo em que

é contrário à coerção e à arbitrariedade. Gramsci (1978b, apud Franco 1986,

p. 64) afirma que “colocar o assento na disciplina, na sociabilidade e pretender

toda a via, sinceridade, espontaneidade, originalidade, personalidade, eis o

que é verdadeiramente difícil e ardor”.

Portanto o ideal de uma escola é realizar um trabalho de construção

da disciplina, juntamente com a comunidade escolar, de forma coletiva ao

invés de ficar criando e impondo regras e coerções para os atos indisciplinares

dos alunos.

Para discutir!!

O professor PDE divide a turma em grupos e solicita:

TAREFA 1

• Respondam: Na opinião do grupo a coerção é suficiente é

eficaz no enfrentamento da indisciplina dos alunos? Justifique.

TAREFA 2

• Representem uma cena demonstrando uma situação de

indisciplina pelo aluno sendo resolvidas de duas formas:uma

pela coerção e outra pela orientação através do diálogo.

61

UNIDADE 8

INDISCIPLINA: A METODOLOGIA E O

PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Fonte: mdtbindisciplina.blogspot.com

62

8 INDISCIPLINA: A METODOLOGIA E O PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM.

INTRODUÇÃO

O quadro acima sugere que nossa metodologia em sala de aula precisa

ser constantemente estudada, refletida e repensada em função da

aprendizagem do aluno. Considerando que assim como existem diferentes

formas de inteligências, estas exigem também diferentes formas de se

aprender, que devem ser consideradas no processo de ensino e

aprendizagem.

A presente unidade pretende assim demonstrar a relação direta que a

metodologia usada pelo professor tem com a indisciplina do aluno, procurando

evidenciar a sua importância para a amenização da mesma na sala de aula,

sob a luz de algumas teorias pertinentes ao assunto.

63

Vamos assistir ao video abaixo e aproveitar para fazer uma reflexão sobre

nossa prática pedagógica!!!!

Estudo Errado

por wiltonvideos | 3 anos atrás | 127381 exibições

atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel

SEÇÃO 1: A METODOLOGIA E A DISCIPLINA ESCOLAR

Tanto a questão da indisciplina quanto a do processo de ensino-

aprendizagem são extremamente complexos, difíceis de serem definidos, pois

interpelam vários conceitos, devido aos diversos fatores que os influenciam.

Mas cabe, neste trabalho em particular, compreendermos de que forma

a indisciplina, entendida como atitudes e comportamentos inadequados,

interfere no processo de ensino-aprendizagem.

Percebemos que a indisciplina interfere negativamente no processo

pedagógico, quando acarreta um desgaste emocional muito forte na figura do

professor que acaba perdendo suas forças, desestimulando-se e

desmotivando-se para o ato de ensinar, culminando assim em aulas mal

planejadas, conteúdos transmitidos de forma aleatória e a sala de aula

transformando-se num verdadeiro espaço de indisciplina.

No tocante aos alunos, cabe-lhes o prejuízo da não aprendizagem, uma

vez que não conseguem se concentrar e focar nos conteúdos que lhe estão

sendo transmitido.

Estrela (1992) destaca que apesar de todas as modificações pelas quais

a escola já passou até os dias atuais, muito da Concepção Pedagógica

Tradicional ainda está presente no cotidiano das escolas.

64

Assim percebemos que quando a disciplina não corresponde com as

expectativas do professor, que acredita na sua autoridade, mas, muitas vezes,

age autoritariamente como forma de conseguir a disciplina da turma, o

desgaste emocional é inevitável, levando o trabalho pedagógico ao fracasso.

Para Makarenko (1978 apud Franco 1986, p. 64) “a conquista do saber

é uma coisa tão difícil, árdua e complicada que é impossível atingi-la a não ser

com muito esforço, trabalho e disciplina”. Nesse sentido é fundamental que o

aluno seja disciplinado para ter sucesso na sua aprendizagem.

Corroborando Makarenko com Gramsci (1976, apud Franco 1986, p.

63) diz que “a escola deve assegurar ao aluno, ainda que abstratamente a

condição de poder ser dirigente”. Ora isso não pode ser alcançado

espontaneamente e num clima de liberdade entendido de maneira abstrata e

metafísica. Ao contrário, o trabalho escolar preocupado em propiciar ao aluno

as condições para ser dirigente e não subalterno, exige esforços trabalho e

disciplina. A escola assim não pode ser um local de ensino fácil e atraente em

todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao aluno, impõe

sacrifícios, renuncias e esforços.

O aluno é peça fundamental no processo de ensino-aprendizagem e

no contexto histórico atual, “com as constantes mudanças sociais, a

velocidade da informação de massa, o acesso a internet”, como são

destacados por Outeiral (2001), permitem ao indivíduo ficar mais informado e

consequentemente mais exigente diante das informações que recebe.

Temos então um novo perfil de aluno mais dinâmico, informado, em

busca de “coisas” diferentes, enquanto que a escola ainda centraliza seu

trabalho pedagógico no caderno, livro didático, quadro e giz, questionando

muito pouco sobre sua prática, sua eficiência metodológica e relações inter

pessoais.

De acordo com Estrela (1992) a indisciplina escolar se dá pelo tipo

de relação pedagógica estabelecida. Portanto devemos considerar alguns

fatores condicionantes dessa relação.

Segundo a mesma autora, o primeiro fator condicionante é que a

relação se estabelece através das ligações que os intervenientes têm com o

saber e pelos papéis que mutuamente se atribuem em função dessas ligações,

65

o que implica uma relação ordinária do saber-poder. Outros fatores seriam: o

tempo e o espaço, por imporem limites diferentes dos necessários ao

crescimento do aluno. Tem ainda a natureza das atividades requerendo que o

processo de ensino dirija-se primeiramente à coletividade dos alunos, a

pequenos grupos e a cada aluno individualmente.

Esses são alguns dos condicionantes que atribuem autenticidade na

relação professor e aluno, e que dependendo da forma como é conduzida a

relação é que insurge ou não a indisciplina. Assim, a sala de aula é o espaço

de múltiplos significados, sendo alguns antecipadamente definidos pela cultura

escolar e outros construídos, no coletivo por professores e alunos.

Neste sentido a metodologia e as relações interpessoais devem ser

objetos de constantes pesquisas e estudos para atender às demandas de

diferentes épocas históricas e sociais e diferentes espaços escolares.

Para uma melhor compreensão sobre a questão da

metodologia e a indisciplina escolar teremos uma apresentação

de slides sobre: APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

66

67

68

69

70

71

72

73

74

Caros colegas têm trabalho!!!!

Neste momento o professor PDE exibe o vídeo “Estudo Errado” de

Gabriel “O Pensador” acessível pelo SITE:

atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel

Tarefa 1

• O professor escolherá uma cena do vídeo que mais julgar

significativa e expõe ao grande grupo suas conclusões.

Tarefa 2

• Escrever um texto refletindo de que forma sua prática

pedagógica se relaciona com a indisciplina apresentada pelos

seus alunos.

75

UNIDADE 9

O DIÁLOGO E A AFETIVIDADE

AMENIZANDO A INDISCIPLINA NO ESPAÇO

ESCOLAR

Fonte: www.crischabes.blogspot.com

76

9 O DIÁLOGO E A AFETIVIDADE COMO FORMAS DE ENCAMINHAR A

INDISCIPLINA NA ESCOLA

INTRODUÇÃO

Muito pouco se tem visto da prática do diálogo e da afetividade nos

espaços escolares, na atualidade, seja pelo temor do professor em perder a

sua autoridade ou perder o controle da situação ou mesmo por não acreditar

que estes dêem resultados positivos no trabalho com a indisciplina escolar.

Na pesquisa de campo, realizada na escola de intervenção desse

projeto, os professores quando questionados qual a melhor estratégia para

lidar com a indisciplina na escola 100% responderam que se deve atuar

sempre que o problema surgir/ comunicar os pais, realizar um trabalho

coletivo com pais, alunos, professores e equipe pedagógica da escola e ainda

realizar projetos que visem a amenização/ superação da indisciplina na

escola.

O resultado obtido na pesquisa demonstra que os professores, apesar

de estarem focados nos alunos, com relação à indisciplina, têm consciência

de que é necessário um trabalho coletivo no enfrentamento da indisciplina

escolar, para que se tenha sucesso e êxito no resultado. Este resultado

também serviu de indicador para a realização deste material didático e das

ações, a serem desenvolvidas, no interior da escola.

Neste sentido, essa unidade procura demonstrar a importância do

uso do diálogo e da afetividade no decorrer do processo de ensino e

aprendizagem como forma de amenizar a problemática da indisciplina nos

diversos espaços escolares.

Esta unidade tem ainda a pretensão de apontar algumas ações , as

quais a autora deste caderno julga serem eficientes no trabalho com a

indisciplina escolar.

77

Vamos assistir ao vídeo:

A PALAVRA AFETIVIDADE E DISCIPLINA NA SALA DE AULA

atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel

Enviado por edy306188 em 09/12/2008

Uma palestra que mostra o valor da palavra e da afetividade na disciplina em

sala de aula. Confira!

SEÇÃO 1: O USO DO DIÁLOGO E A AFETIVIDADE NA ESCOLA

Diante do contexto atual da indisciplina, percebe-se que a escola

impõe muitas normas e regras sem anteceder um trabalho de construção das

mesmas com os alunos, na crença de que educar é função exclusiva dos pais

muitas vezes acaba até se omitindo de trabalhar a questão por não conseguir

dar conta dessa problemática no seu cotidiano.

Dessa forma, os professores têm sua “autoridade” em sala de aula,

bastante questionada, por parte dos alunos, não conseguindo ter domínio de

turma, ocasionando sérios danos ao processo de ensino aprendizagem.

Então nos questionamos o que fazer perante os desafios e as

dificuldades que a indisciplina dos alunos nos impõe no cotidiano da escola?

O que se propõe, em particular, neste trabalho, é que inicialmente se

utilize do diálogo sério, que leve o aluno a perceber onde está seu erro e onde

deve melhorar, no sentido abordado por Santos (2009, p. 125) que diz:

O diálogo supõe a argumentação, mais

especificadamente disposição para encontrar razão na razão alheia, vontade de escutar. Supõe tentar encontrar razoabilidade na fala do outro, prestar atenção seriamente no que o outro diz e não apenas considerar uma participação meramente figurativa, naquilo que já está previamente acordado.

78

Temos que o diálogo é fundamental para um processo libertador:

(...), pois é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo e ao ser transformado e humanizado, não podendo reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE citado por REBELO, 2003, p.50).

Assim vemos que o diálogo pode ser uma forma de se estabelecer uma

relação horizontal entre todos os segmentos da escola, facilitando as relações

interpessoais e contribuindo positivamente no processo de ensino

aprendizagem, ajudando a refletir sobre as causas da indisciplina, na busca de

possíveis soluções.

Acredita-se ainda que a afetividade também seja fator primordial para o

aluno na construção do conhecimento, pois de acordo com Piaget (1994,

p.288), “o cognitivo e o afetivo são fatores indissociáveis não podendo

funcionar um sem o outro, toda conduta seja qual for contém necessariamente

estes dois aspectos: o cognitivo e o afetivo”.

A afetividade então é tão fundamental, quanto a metodologia escolhida

pelo professor, para que realmente o processo de aprendizagem venha a

acontecer de forma eficiente.

Piaget (1994, p.67), diz que “podem existir duas interpretações sobre as

relações estabelecidas entre inteligência e afetividade: a primeira é que o

conhecimento e as operações cognitivas seriam resultantes da afetividade ou

vice-versa e a segunda é que a afetividade pode interferir na inteligência

acelerando-a”.

Portanto, no processo de ensino-aprendizagem esses dois fatores

(diálogo e afetividade) fazem toda a diferença, pois proporcionam mais

significados, despertando para o prazer de ensinar e aprender.

Dessa forma, vemos que o diálogo e a afetividade são fatores

conquistados ao longo do processo ensino-aprendizagem, cabendo à direção,

numa gestão democrática, criar e dar espaço para que estes aconteçam

constantemente nas tomadas de decisões e no interior da escola.

79

A INDISCIPLINA NA ESCOLA TEM “SAÍDA”, PORTANTO

APRESENTAREMOS ALGUNS SLAIDES DE ATITUDES QUE PODEM DAR

CERTO NO TRABALHO PEDAGÓGICO COTIDIANO DA ESCOLA!!!!

Cabe informar que estes slaides foram adaptados de um curso ministrado

pela Polícia Militar do Estado do Paraná nas escolas públicas.

80

81

Vamos labutar mais um pouco!!!

TAREFA 1

• Em grupos descrevam uma situação de indisciplina apresentada

pelos alunos sendo num primeiro apontamento situação

conduzida de forma autoritária e posteriormente a mesma

situação conduzida pelo diálogo, afetividade e orientação.

82

UNIDADE 10

O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO

ESPAÇO POR EXCELÊNCIA DA

CONSTRUÇÃO COLETIVA DA DISCIPLINA

ESCOLAR

FONTE WWWedywan.blogspot.com

83

10 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO ESPAÇO DE

CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA ESCOLAR

INTRODUÇÃO

Há um ditado chinês que diz que, “se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, de dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.” Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão. (CORTELLA, 1998, p. 159)

Esta unidade tem a pretensão de demonstrar como o PPP (Projeto

Político Pedagógico) pode e deve ser o espaço privilegiado para discussão da

disciplina escolar assim como o de propiciar a construção de regras e normas

que nortearão o comportamento esperados de todos os segmentos da escola.

Procura ainda fornecer subsídios para estudos e reflexões acerca de quais

são os desafios que a indisciplina tem imposto ao trabalho pedagógico da

escola de implementação desse projeto, buscando construir com o coletivo da

escola um programa de ações para o enfrentamento da mesma.

Vamos prestar bem atenção às cenas do vídeo!!!!!!!

REGRAS DE CONVIVÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR

ACESSADO EM 02/08/2011

http://www.youtube.com/watch?v=cDkrFr-W_X4&feature=related

84

SEÇÃO 1: O PPP E A CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA ESCOLAR

O projeto político pedagógico, sendo um documento que reúne tanto

os aspectos administrativos quanto pedagógicos da escola, constitui-se num

espaço por excelência de democracia, pois prevê a participação de toda a

comunidade escolar nas decisões tomadas pela escola.

Nesse sentido o momento de discutir, estudar e analisar a questão da

indisciplina escolar é na elaboração do PPP, para que as ações a serem

realizadas sejam construídas pelo coletivo da escola.

De acordo com Gramsci (1976 apud Franco 1986, P. 64) “a disciplina

fixada pela própria coletividade dos seus componentes, mesmo se tarda a ser

aplicada, dificilmente fracassa na sua aplicação”. Isto se dá porque toda a

ação programada parte da realidade vivida pelo estudante, sendo que sua

eficiência, quando construída no coletivo é muito maior.

Ainda em Gramsci (1976 apud Franco 1986, P. 63) “a disciplina não

pode ser entendida como uma imposição externa e contrária aos anseios da

coletividade, mas sim, como um meio necessário para esta crie e encaminhe

uma assimilação responsável e lúcida das diretrizes”.

Corroborando com Gramsci temos Makarenko (1978 apud Franco

1986, P. 63) que defende que:

Só se alcança a disciplina através do trabalho conseqüente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e co-responsável pelo êxito escolar, uma escola em que cada aluno deve, sobretudo, estar convencido de que a disciplina é a forma de melhor conseguir o fim visado pela coletividade.

Vemos assim, que é de extrema importância que a escola esteja

organizada em seu trabalho pedagógico, assim como em suas instâncias

colegiadas atuando de forma bastante participativa no contexto escolar, para

que se possa a partir de um planejamento coletivo buscar ações para

amenizar a questão da indisciplina escolar.

85

Saiba mais!

Acesse o site: WWW.scielo.br/pdf/edur/v25n3/07.pdf

E leia.

SANTOS. A.R. Explorando e construindo um conceito de gestão

democrática. Educação em revista. Belo Horizonte. V.25. N.03. P 123-140.

Dez. 2009

86

Enfim chegou a hora de praticarmos o que aprendemos!!!!!

TAREFA 1

• Neste momento cada grupo receberá um texto contendo

possibilidades de enfrentamento da indisciplina para que

realizem uma leitura e a partir deste construam no ”power point”

o esboço de um programa para conduzir a questão da

indisciplina apresentando no seminário para os demais grupos.

Indisciplina, incivilidade e violência nas escolas-causas,

conceito e possibilidades de enfrentamento: os diferentes

olhares do professor da educação básica.

Autoras: Sônia Regina de Moura Jorge

Maria das Graças do Espírito Santo

Acessível:

www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/6792-8-pdf

Indisciplina no cotidiano escolar

Autora: Claudivone Freitas dos Santos

Acessível em: revista.unijorge.edu.br/candomba/2006

Indisciplina: como se resolve? Será que você sabe lidar com

esse problema?

Autor: Anderson Moço

Disponível em: [email protected]

Revista Nova Escola. Pg. 78 Ed. Abril

TAREFA 2

• Na medida, em que os grupos apresentarem suas idéias, o

professor PDE vai realizando a síntese das mesmas no quadro

ressaltando as mais importantes e interessantes. Finalmente o

grupo vai votando nas ações que irão compor o plano de

trabalho da escola com relação á indisciplina que será aplicado

a partir de 2012.

87

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O primeiro período do PDE foi destinado para a participação do

professor em cursos, seminários, inserção acadêmica além da elaboração do

projeto de intervenção e da produção do material didático,. Todos esses

eventos contribuíram de uma forma ou de outra, para que o professor PDE se

fundamentasse teoricamente, através de todos os estudos feitos nos cursos e

com a própria leitura realizada para a elaboração do projeto de intervenção

para a produção do material didático, no caso em específico, esse caderno

pedagógico que hora vos está sendo apresentado.

Particularmente, essa primeira fase do PDE foi extremamente

importante e producente, no sentido de que permitiu nos distanciarmos da

escola e ter um novo “olhar” para os problemas que o espaço escolar

apresenta, podendo assim visualizar possíveis soluções.

É muito comum vermos, no contexto escolar, projetos importantes e

relevantes para a educação, não saírem do papel, sendo muitas vezes

engavetados e esquecidos, por diversos motivos. Sendo assim, as

expectativas para com a realização deste projeto de intervenção, são as

maiores possíveis, no sentido de que este venha a ser um “ponta pé” inicial,

para um trabalho de enfrentamento coletivo da indisciplina escolar.

Dessa forma espera-se que este caderno pedagógico sirva de suporte

teórico, capaz de incitar à comunidade escolar a estudar, refletir e discutir

como está sendo conduzido o trabalho pedagógico da indisciplina em todos os

seus aspectos.

Portanto professores, acredita-se que devemos estar estudando,

refletindo e discutindo a indisciplina de nossa escola, para buscarmos construir

um programa que nos permita agirmos coletivamente diante de todos os

desafios que a problemática da indisciplina tem nos imposto para a realização

do trabalho pedagógico.

88

ORIENTAÇÕES DIDÁTIC0-PEDAGÓGICA

ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Nas dez unidades foram contempladas de forma integrada e não seqüencial os

quatro aspectos a seguir:

1) Fundamentação teórica - todas as unidades trazem um aporte teórico

com o objetivo de oportunizar aos professores e pedagogos

participantes o contato com teóricos pertinentes buscando propiciar,

estudos, reflexões e discussões sobre o tema.

2) Propostas de atividade - a relação teoria e prática é um elemento

imprescindível no processo educacional, portanto as atividades

propostas permitem que o participante coloque em prática o que esta

sendo estudado e discutido.

3) Referência para leitura - foram indicadas algumas leituras, para que o

participante possa fazer um maior aprofundamento teórico sobre o

tema.

4) Experiência do professor - em algumas das unidades foi proposto para

o professor fazer a relação do que seta estudando com a realidade

apresentada pela sua escola.

Acredita-se que esse caderno pedagógico está organizado de forma

muito simplista, sendo acessível a qualquer escola que resolva fazer uso de

seu conteúdo e atividades, podendo adaptá-las ou modificá-las.

89

PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DO PROJETO

As questões abaixo servirão de parâmetro para avaliar a eficiência desse

Caderno pedagógico na fase de implementação do projeto de intervenção.

1) Os conteúdos dos textos apresentados servem para um embasamento

teórico dos diferentes aspectos da indisciplina escolar?

( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo

2) As atividades propostas permitem uma reflexão dialética dos diferentes

aspectos da indisciplina escolar?

( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo

3) É possível a partir dos conteúdos propostos nos textos ter uma maior

compreensão de como a indisciplina influencia no processo de ensino e

aprendizagem?

( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo

4) As reflexões realizadas a partir dos textos permitem repensar a relação do

processo de ensino e aprendizagem, mais especificadamente a metodologia

com a disciplina escolar?

( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo

5) O conjunto das unidades deste caderno é suficiente para instrumentalizar os

professores e os pedagogos para a criação de um programa de um

enfrentamento coletivo da indisciplina?

( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo

90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABUD, Maria; ROMEU, Sonia. A problemática da disciplina na escola:

relato de experiência. In D’ANTOLA, Arlete (ORG.) Disciplina na escola. São

Paulo: E.P.U., 1989. p. 79-90.

AMADO, J. S. Interação pedagógica e indisciplina na aula. Porto: Asa,

2001.

AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. Ver. Fac. Educ., São

Paulo, v. 24 n.2, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?

.ARROYO, Miguel Gonzáles. Escola e movimento social. Relativizando a

escola. In: ANDE, São Paulo, n.12.p. 15-20. 1987

CAMARGO, J.S. Pais e professores à beira de um ataque de nervos entre

o limite e o poder. Arquivos da Apadec, v. 4, n. 2, p. 61, jul./dez., 2000.

CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses

abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, n. 8, p. 432-443,

jul/dez 2002.

CORTELLA, M, S, A Escola e o conhecimento: fundamentos

epistemológicos e políticos. São Paulo: Editora Cortez, 1998.

FILLOUX, Jean-Claude. Émile Durkheim, Tradução: Celso do Prado Ferraz

de Carvalho, Miguel Henrique Russo. – Coleção Educadores - MEC, Recife.

Fundação Joaquim Nabuco, Editora: Massangana, 2010.

ESTRELA, M. T. Valores e normatividade do professor na sala de aula.

Revista de Educação, Lisboa: v. 5, n. 1, p. 65-77, jun. 1995.

ESTRELA, M. T. Relação pedagógica, disciplina e indisciplina da sala de

aula. 3. Ed. Porto: LDA, 1992

FRANCO, Luiz Antonio Carvalho. A disciplina na escola. Revista Ande. São

Paulo, SP, p. 62-67, 1986.

FERREIRA, Aurélio B. H. Dicionário Aurélio. RJ. Ed. Nova Fronteira 1986.

FERREIRA, Aurélio B.H. novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio

de Janeiro: nova fronteira. 1998

FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti (Org.). Os Fazeres na Educação infantil.

São Paulo: Cortes, 3 Ed, 2001.

91

FORTUNA, T. indisciplina escolas: da compreensão à intervenção. In:

Xavier, M. L. (Org.) Disciplina escolar: enfrentamentos e reflexões. Porto

Alegre: Meditação, 2002.

GARCIA, J. indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão

preventiva revista paranaense de desenvolvimento, Curitiba, n.95. p.101-108,

jan/abril/1999

GARCIA, J. Interdisciplinaridade, tempo e currículo, São Paulo, 2000. 119 f.

Tese (Doutorado em educação) – Pontifica Universidade Católica de São

Paulo, São Paulo, 2000.

_______, Indisciplina, incivilidade e cidadania na escola. Artigo

publicado em27/12/2006.

LUCKESI, Cipriano C. O Conhecimento: elucidações conceituais e procedimentos metodológicos. Filosofia da Educação. São Paulo, Cortez, 1994.

MEC, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, MEC/SEF, 1997.

MORAES, Pedro Rodolfo Bodê de; PESCAROLO, Joyce. Quem tem medo dos jovens? Revista Igualdade, V.XIV, p.21-46, 2008.

OLIVEIRA, J. Estatuto da Criança e do Adolescente: lei n. 8.069, de 13 de

julho de 1990. 7 Ed, atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 1996. 210.

OUTEIRAL, José. Adolescência: modernidade e pós-modernidade.

In:WEINBERG, Cybele (org).Geração delivery: adolescer no mundo

atual. São Paulo: Sá, 2001.

PARRAT, D.S. Indisciplina na escola. In: Como enfrentar a indisciplina na escola. São

Paulo: Contexto, 2008, p. 07 et. seq.

PENIN, Sonia T. de Souza. Cotidiano escolar e ensino: conhecimento e vivência. Revista Ande, 1990.

PERIN, E. S; CORDEIRO, M. V. C. C, Indisciplina na Escola do Século XXI.

Monografia apresentada para obtenção de titulo de especialista em

psicopedagogia, Ponta Grossa – PR, 2002, 67 p.

http://virtual.facinter.br/monos/indisciplina_escola_seculo_XXI.pdf, Acesso em

Maio/2004.

92

PIAJET. J. A coerção adulta e o realismo moral, In: _ o juízo moral na

criança. São Paulo: Summus, 1994.

REBELO, Rosana Aparecida Argento. Indisciplina escolar: causas e

sujeitos.2. ed.Petrópolis : Vozes, 2003.(Coleção temas sociais).

REGO, Tereza C. R. A. indisciplina e o processo educativo: uma analise na

perspectiva vygotskiana. In: AQUINO. Julio Groppa (Org) Indisciplina na

escola: Alternativas teóricas e praticas. São Paulo: Summus, 1996.

REGO, Teresa Cristina R. A indisciplina e o processo educativo: uma

análise na perspectiva vygotskiana. In: AQUINO, Julio Groppa (Org.).

Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 14. Ed. São Paulo:

Summus, 2008. p. 83- 101

SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Alienígenas na sala de aula: Uma introdução aos estudos culturais em educação. Cadernos de pedagogia, 1993.

SANTOS. A.R. Explorando e construindo um conceito de gestão democrática. Educação em revista. Belo Horizonte. V.25. N.03. P 123-140. Dez. 2009

SENNET. R (2001). Autoridade. Rio se Janeiro: Record.

SILVA, M. L. F. Indisciplina na aula: um problema dos nossos dias. Porto: Asa, 2001.

TAYLLE, Y.de L. A indisciplina e o sentimento de vergonha.In: AQUINO,J.

G. ( org). Indisciplina na escola. 11. Ed. São Paulo: Summus, 1996,p. 09 et

seq.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. (In) Disciplina: Construção da

disciplina consciente interativa em sala de aula e na escola. 16. Ed. São

Paulo: Libertad Editora, 2000. (Cadernos Pedagógicos da Libertad; v. 4)

VASCONSELLOS, Maria Lucia M. Carvalho (Org.). (In) disciplina Escola e

Contemporaneidade. São Paulo, Mackenzie, 2001.

VASCONCELLOS, C. S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad, 1994.

VASCONCELOS, C. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. P. 227-256. 1996. Disponível em:

93

HTTP//www.crmariocovas.sp.gov.br.br/amba.php?t=014. Acessado em: 10/10/2005

VASCONCELLOS, C. S. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. São Paulo: Libertad,1996.

VASCONCELLOS, C. S. Os desafios da indisciplina em sala de aula. Idéias, São Paulo, n. 28, p. 227-252, 1997.

VASCONCELLOS, C. S. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudança – Por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 2003.

VASCONCELLOS, C. S (in) Disciplina; construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 15 ed. São Paulo: Libertad Editorial 2004, 133 p

VASCONCELLOS, C. S ( in) Disciplina; construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 16. Ed. São Paulo: Libertad Editorial 2006, 133 pWEBER, M. (1984{1922}b). Sociologia de La Domonacion, IN Economia y

Sociedad. México: Fondo de Cultura Econômica.

94