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Estrutura organizacional e modelo de negócio de organizações em rede: O caso da AIGD Aliança Intercontinental de Gestão Desportiva Orientadora: Prof. ª Doutora Catarina Delgado Taivan Steckling Muller Porto, setembro de 2013 Dissertação apresentada à Faculdade do Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do curso do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Gestão Desportiva, de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março.

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Estrutura organizacional e modelo de negócio de organizações em rede:

O caso da AIGD – Aliança Intercontinental de Gestão Desportiva

Orientadora: Prof.ª Doutora Catarina Delgado

Taivan Steckling Muller

Porto, setembro de 2013

Dissertação apresentada à Faculdade do Desporto da

Universidade do Porto, no âmbito do curso do 2º Ciclo de

Estudos conducente ao grau de Mestre em Gestão

Desportiva, de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006, de

24 de março.

II

FICHA DE CATALOGAÇÃO

Muller, T. S. (2013). Estrutura organizacional e modelo de negócio de

organizações em rede: O caso da AIGD – Aliança Intercontinental de Gestão

Desportiva Porto: T. Muller. Dissertação de Mestrado em Gestão Desportiva

apresentada na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: ESTRUTURAS EM REDE, CONFIGURAÇÕES DE MINTZBERG,

MODELOS DE NEGÓCIO, BUSINESS MODEL CANVAS, AIGD.

III

DEDICATÓRIA

À Minha Família

Aos meus amigos

V

VII

AGRADECIMENTOS

Descobrir um mundo novo, descobrir novas culturas, conhecer lugares

nada seria interessante se não tivesse pessoas junto comigo. Porto me acolheu, a

FADEUP tornou-se uma casa para, pois nela me sinto bem e sinto me sinto parte

daquilo. Gostaria de agradecer a todos os funcionários, de professores, a

faxineiros, todos que sempre foram simpáticos e calorosos comigo. Em especial

alguns deles que acabaram por estarem mais por perto: Sr. Coimbra, que grande

pessoa, Miguel do áudio visuais, que tantas vezes incomodei, Ao “presidente”

Hugo, um exemplo de ser humano e amigo que levarei pra sempre, a minha

querida e doce amiga Maria de Lurdes, que ficará pra sempre em minhas

lembranças.

Em especial gostaria de agradecer ao Gabinete de Gestão Desportiva da

FADEUP. O prazer com que vive esses quase três anos dentro de suas salas, o

quanto aprendi, o quanto cresci é indescritível. Em especial os dois exemplos de

Professores que me guiaram nessa fase. Prof Maria José, muito obrigado por me

receber dessa forma e por ter me suportado por quase três anos, saiba que

admiro muito tanto como Professora, quanto pessoa. Mais abaixo eu volto ao

gabinete. Também agradeço a FEP e a Professora Catarina Delgado que me

orientou por esse percurso enriquecedor e de grande crescimento pessoal.

Viver no Porto por incrível que pareça me fez conhecer o Brasil de onde

parti. Tantos amigos, tantas pessoas incríveis e que não vejo a hora de voltar a

rever. Obrigado a todos amigos que compartilharam dos muitos momentos de

alegria pelo piolho, pela baixa do porto. Tarik Nina, “Goiano”, Wagnão, Rodrigão,

Fabricio, Filipe Batista “irmão”, Cokinho, todos covelenses, galera do SR, pessoal

da Fontinha e muitos outros, voces tornaram isso uma experiência mais

espetacular do que eu jamais imaginaria.

VIII

Família, a gente anda cada um pra um lado, vocês me deram asas do

tamanho certo pra voar pelo mundo. Voces são tudo pra mim, e isso é uma

conquista nossa, Pai, Mãe, Nax e Xuxa amo muito vocês e seria impossível estar

aqui sem saber que tenho vocês comigo independente de onde estiver. Xuxinha

meu eterno tutor, pela segunda sendo uma pessoa fundamental no meu

crescimento acadêmico, obrigado por tudo.

Por fim volto ao gabinete, minha casa nesses 3 anos, e como uma casa

encontrei uma família. Nessa família encontrei uma pessoa que foi um Professor,

um amigo, um exemplo, quase que um Pai. Caro Sarmento, agradeço por tudo

que fizeste por mim nestes quase três anos. As conversas, as risadas, o

aprendizado, as aulas, os projetos não a como medir o quanto cresci nesses

momentos. Sentirei saudade das nossas idas a Linhares, do Vinho, das Pinturas,

das conversas. Serás sempre um exemplo. Tenho a certeza que ao longo dos

anos nos manteremos próximos e continuarei a aprender com voce. Obrigado por

tudo.

IX

ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... IV

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ VII

ÍNDICE GERAL .......................................................................................................................... IX

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................ XI

ÍNDICE DE QUADROS ........................................................................................................... XIII

RESUMO ................................................................................................................................... XV

ABSTRACT .............................................................................................................................. XVII

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1. Enquadramento e delimitação do problema ........................................................................ 3

1.2. Objetivos de Estudo............................................................................................................. 5

1.3 Estrutura da dissertação ....................................................................................................... 6

CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 7

1. Estruturas em rede ................................................................................................................. 9

1.1. Tipologias de redes interorganizacionais ........................................................................... 11

2. Abordagem das Configurações e teoria de Mintzberg ...................................................... 14

2.1. Configurações de Mintzberg .............................................................................................. 17

2.2. Seis Partes Básicas da Organização .................................................................................... 18

2.3. Mecanismos de Coordenação ............................................................................................ 20

2.4. Parâmetros essenciais de Design ....................................................................................... 22

2.4. Fatores Situacionais ........................................................................................................... 24

2.5. As configurações organizacionais....................................................................................... 26

3. Modelos de Negócio ............................................................................................................. 33

3.1. Business Model Canvas ..................................................................................................... 35

CAPÍTULO II. METODOLOGIA ............................................................................................... 46

1. METODOLOGIA ................................................................................................................... 48

1.1. Caracterização da AIGD ..................................................................................................... 49

1.2. Questões de Investigação .................................................................................................. 53

1.3 Processo de recolha e análise dos dados ............................................................................ 54

X

1.4 Entrevistados ..................................................................................................................... 56

1.5 Analise Qualitativa: Analise do conteúdo ............................................................................ 56

1.4. Categorização .................................................................................................................... 57

CAPÍTULO III. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................ 59

1. A AIGD como uma rede organizacional (QI.1) ................................................................... 61

2. As configuraçòes de Mintzberg na rede da AIGD (QI.2a) ................................................. 65

2. O Business Model Canvas na rede da AIGD (QI.2b) ........................................................ 74

3. Relação entre estruturas de Mintzberg e Business Model Canvas na AIGD (QI.3) ....... 82

CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 94

ANEXOS ................................................................................................................................... XIX

XI

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de Orientação Conceitual ............. Erro! Indicador não definido.

Figura 2- Partes da Organização .......................................................................... 20

Figura 3 – Blocos do Business Model Canvas ...................................................... 36

Figura 4 – Business Model Canvas ....................................................................... 37

XII

XIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Parametros de Design ........................................................................ 22

Quadro 2 – As estruturas de Mintzberg e suas Dimensões .................................. 31

Quadro 3 – Configurações e Dimensões da AIGD ................................................ 71

Quadro 4 – Relação entre Configurações de Mintzberg e Business Model .......... 83

XV

RESUMO

Nas ciências sociais as investigações das abordagens organizacionais

apresentam uma atenção cada vez maior nos estudos das organizações em rede.

As redes interorganizacionais caracterizam-se pela interação entre duas ou mais

organizações e tem o objetivo de gerar vantagens para todos os envolvidos. O

presente estudo buscou analisar estrutura organizacional e o modelo de negócio

das organizações que compõe a rede da Aliança Intercontinental de Gestão

Desportiva – AIGD (Comunicação Web, Reuniões Virtuais, Eventos e Revista

Intercontinental de Gestão Desportiva). A pesquisa foi embasada no Mapa de

Orientação Conceitual de Marcon e Moinet (2000), nas Configurações Estruturais

de Mintzberg (2003) e no Business Model Canvas de Osterwalder e Pigneur

(2010). A investigação é caracterizada como um estudo de caso com abordagem

qualitativa. A recolha das informações foi realizada por análise documental,

observação direta e entrevistas do tipo semi-estruturada. A partir dos resultados,

verificou-se que a rede da AIGD é uma rede com característica horizontal por

funcionar com base na colaboração e informal por não possuir nenhuma regra,

norma ou contrato na rede. As organizações que compõe a rede caracterizaram-

se por possuir um grupo de estruturas com características orgânicas e uma

organização com características burocráticas. Os modelos de negócio

identificados mostram um padrão que visa a construção e a entrega da proposta

de valor sem custos. Além disso, observa-se em alguns pontos uma interação

entre as estruturas e uma relação entre as características da estrutura

organizacional e o respectivo modelo de negócio das organizações que compõem

a AIGD.

Palavras-chave: ESTRUTURAS EM REDE, CONFIGURAÇÕES DE MINTZBERG,

MODELOS DE NEGÓCIO, BUSINESS MODEL CANVAS, AIGD.

XVII

ABSTRACT

On social science, investigations of organizational approaches present an

increasing attention in the study of networked organizations. Interorganizational

networks are characterized by the interaction between two or more organizations

and aims to generate benefits for all involved. The present study investigates the

organizational structure and business model of organizations that composes the

network of Intercontinental Alliance Sports Management - AIGD (Web

Communication, Virtual Meetings, Events and Intercontinental Sports Management

Magazine). The research was based on the Map Orientation Conceptual of Marcon

and Moinet (2000), the Structural Configurations of Mintzberg (2003) and the

Business Model Canvas of Osterwalder and Pigneur (2010). The research is

characterized as a case study with a qualitative approach. The collection of data

was performed by document analysis, direct observation and semi-structured

interviews. As a result, it was found that AIGD is a network with horizontal

characteristics due to work based on collaboration as well as it is informal by not

having any rule, norm or contract in the network. The organization that composes

the network is characterized by having a group of structures with organic

characteristics and an organization with bureaucratic characteristics. Business

models identified showed a standard that aims the construction and delivery of

value proposal without costs. Moreover, was observed in some issues an

interaction between structures and a relationship between the characteristics of the

organizational structure and the respective business model of organizations that

make up the AIGD.

Keywords: STRUCTURES IN NETWORK, SETTINGS OF MINTZBERG,

BUSINESS MODELS, BUSINESS MODEL CANVAS, IASM.

I. INTRODUÇÃO

3

1.1. Enquadramento e delimitação do problema

O Século XXI inicia-se com profundas transformações nas estruturas

sociais, políticas e econômicas (Castells, 2000). Essas mudanças vêm

modificando drasticamente as bases da ciência administrativa, transformando

seus paradigmas tradicionais.

A sociedade está vivendo um momento de transição entre estruturas

hierarquizadas e centralizadas, para estruturas em rede, cada vez mais

distribuídas (Castells, 2000). As modificações na indústria fonográfica, a quebra

dos jornais impressos, as alterações na indústria de telecomunicação, mostram o

impacto dessas transformações no mundo atual (Shirky, 2010).

Mas o que são essas redes? Em um contexto geral, redes são um conjunto

de “nós” interconectados, que podem ser encontrados em qualquer parte, desde

que haja interação entre dois ou mais “nós” (Castells, 1999). Torna-se assim uma

abordagem que pode desenvolver-se em diversas áreas. O presente estudo

sustenta-se no conceito difundido dentro do campo de estudos das ciências

sociais, onde, o termo rede designa um conjunto de pessoas ou organizações

interligadas direta ou indiretamente (Marcon & Moinet, 2000).

Nesta abordagem, vários estudos que visam analisar suas estruturas

organizacionais estão sendo apresentados com frequência e intensidade pela

literatura (Olivares, 2003). Essas investigações definem as estruturas

organizacionais como “redes interorganizacionais” que num conceito amplo

designam um conjunto de organizações inter-relacionadas (Marcon & Moinet,

2000).

Nos estudos de Perrow (1992), Human & Provan (1997), Casarotto & Pires

(1999) e Amato Neto (2000) verifica-se a preocupação existente em analisar as

redes interorganizacionais de pequenas e médias organizações associadas ao

comportamento e ao desempenho dessas redes. Assim como esses estudos, o

4

enfoque da literatura está nas empresas. Diante disso, observa-se uma escassez

de estudos em relação às redes interorganizacionais de pequenas organizações

informais e sem fins lucrativos.

Na busca de uma maior compreensão acerca dessa temática, o presente

estudo visa analisar a estrutura organizacional em rede da Aliança Intercontinental

de Gestão Desportiva - AIGD. Para tal, será realizada uma análise dessa rede

utilizando o Mapa de Orientação Conceitual proposto por Marcon & Moinet (2000).

Apesar de existir uma enorme quantidade de tipologias para classificar as redes

interorganizacionais na literatura (Van de Ven apud Kataoka, 1995; Perrow, 1992;

Cassaroto Filho e Pires, 1999; Ernst apud Castells, 2000), a escolha dessa

classificação prende-se ao fato desse modelo permitir uma classificação ampla da

rede sem se restringir a uma tipologia específica.

Além de classificar a forma como a rede da AIGD é organizada, o presente

estudo irá analisar a estrutura organizacional e o modelo de negócio de cada uma

das organizações que compõe essa rede. Observa-se quatro organizações

construindo a rede da AIGD, Comunicação Web, Reuniões Virtuais, Eventos e

RIGD- Revista Intercontinental de Gestão Desportiva.

A análise da estrutura organizacional visa entender a maneira pelas quais o

trabalho é dividido em tarefas distintas e, depois, como a coordenação é realizada

entre essas tarefas (Mintzberg, 2003). A avaliação do modelo de negócio visa

descrever a lógica de como a organização cria, entrega e captura valor

(Osterwalder & Pigneur, 2010). Para isso, utilizar-se-á como base teórica a

proposta das configurações organizacionais de Mintzberg (1979, 2001, 2003) e o

Business Model Canvas, proposto por Osterwalder & Pigneur (2010).

A AIGD é uma organização que funciona numa lógica informal, buscando

construir uma rede de contatos entre pessoas e organizações para desenvolver a

área da gestão desportiva nos países de língua portuguesa e espanhola. A

construção de uma rede dentro de uma lógica de funcionamento informal

5

credencia a AIGD como um caso de estudo diferente dos comumente encontrados

na literatura de redes interorganizacionais. Esse fator, juntamente com o

envolvimento do pesquisador com a organização, justifica a escolha da AIGD

como foco deste estudo.

Assim, a pesquisa visa contribuir com o processo de desenvolvimento da

estrutura organizacional e do modelo de negócio da AIGD, além de trazer para a

comunidade de gestores desportivos a visão da estrutura de uma organização

com características inovadoras. Igualmente, a investigação irá contribuir para a

comunidade científica no enriquecimento da literatura do setor.

1.2. Objetivos de Estudo

O Objetivo geral da presente investigação é analisar a estrutura

organizacional e o modelo de negócio da AIGD- Aliança Intercontinental de

Gestão Desportiva. Utilizando como background teórico as teorias de estruturas

em redes e o Mapa de Orientação conceitual (Marcon & Moinet, 2000), o modelo

de configurações organizacionais proposto por Mintzberg (1979, 2001, 2003) e o

Business Model Canvas de Ostewarld & Pigneur (2010).

Diante desses objetivos centrais apresentam-se os seguintes objetivos

específicos:

- Classificar a rede interorganizacional da AIGD através do Mapa de Orientação

Conceitual;

- Analisar a estrutura organizacional das organizações que compõe a rede da

AIGD, através das configurações de Mintzberg.

- Identificar o Modelo de Negócio das organizações que compõe a rede da AIGD,

através do Business Model Canvas.

6

1.3 Estrutura da dissertação

No que diz respeito à estrutura da presente dissertação, após a introdução,

apresentamos três capítulos, seguidos das principais conclusões e sugestões,

referências bibliográficas e anexos.

No primeiro capítulo apresentamos a fundamentação teórica, onde são

abordados os conceitos de Estruturas organizacionais em rede, configurações de

Mintzberg e Modelos de Negócio.

O segundo capítulo é dedicado à descrição da metodologia usada para a

consecução do respetivo estudo.

Já no terceiro capítulo fazemos uma apresentação e discussão dos

resultados e a interpretação dos discursos dos entrevistados.

CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

9

A presente revisão da literatura será dividia em três partes fundamentais,

primeiramente aborda-se as estruturas organizacionais em rede e suas

especificidades, na próxima parte realiza-se uma revisão do modelo de análise de

estruturas organizacionais proposto por Mintzberg, e finaliza-se com uma

abordagem teorica a respeito dos Modelos de Negócio, focalizando no Business

Model Canvas.

1. Estruturas em rede

O termo “rede” apresenta diversos significados e aplicações dentro de

diferentes contextos. Originalmente, se reportava a uma pequena armadilha para

capturar pássaros, formada por um conjunto de linhas entrelaçadas, onde os “nós”

dessa rede eram formados pelas intersecções das linhas (Marcon & Moinet,

2000). No século XIX, o termo rede adquiriu um sentido mais abstrato,

denominando todo o conjunto de pontos com mútua comunicação. Castells (2000)

e Fombrun (1997), definem rede como um conjunto de nós interconectados; esse

conceito amplo permite que o termo “rede” seja utilizado em diversas áreas do

conhecimento.

Dentro do campo de estudos das ciências sociais, designa um conjunto de

pessoas ou organizações interligadas direta ou indiretamente (Marcon & Moinet,

2000). Para Castells (2000), a intensidade e frequência da interação entre atores

sociais são maiores se esses atores forem “nós” de uma rede do que se não

pertencessem a mesma rede. Observa-se, então, que as redes intensificam a

interação, promovendo uma redução do tempo e o espaço nas interrelações entre

os seus atores, fatores altamente estratégicos para uma maior competitividade

das organizações do século XXI (Fayard, 2000).

As redes interorganizacionais têm sido objeto de amplas discussões dentro

do campo de estudos organizacionais. Segundo um levantamento feito por Oliver

& Ebers (1998) no período entre 1980 a 1996, em quatro das principais

publicações sobre estudos organizacionais, observaram um total de 158 artigos

10

que tratavam explicitamente sobre o tema “redes interorganizacionais”. As

publicações estavam distribuídos da seguinte forma: American Sociological

Review (26 artigos), Administrative Science Quarterly (55 artigos), Academy of

Management Journal (34 artigos) e Organizations Studies (43 artigos). Esses

dados indicam a crescente preocupação em uma melhor compreensão sobre o

fenômeno das redes, tanto no campo gerencial, quanto no campo sociológico.

Observa-se que não existe uma regra uniforme na terminologia empregada,

encontrando-se denominações como: organização em rede, organização rede,

formas de redes organizacionais, redes organizacionais, redes interempresas,

network, networking, organizações sem fronteiras, teias redes, colegiado, etc.

Essa concepção de estruturas organizacionais em rede passam a evitar

uma integração vertical e por mercado, buscando as redes interorganizacionais

como forma de organização (Kataoka, 1995; Barnatt, 1996; Nohria & Eccles,

1992).

As estruturas organizacionais em rede vêm sendo estudadas por

pesquisadores sobre diversos aspectos: as configurações, os relacionamentos, a

densidade, centralidade, conectividade, estabilidade, buracos estruturais

(Castells, 2000; Grandori & Soda 1995; Bauer, 2003; Ghoshal & Bartlett, 2000;

Wildeman, 1999).

O grau de flexibilidade em relação aos novos modelos de negócios que

vem surgindo é um fator importante a ser ressaltado. “A vantagem principal da

estrutura organizacional em rede é a habilidade de ser internamente flexível e ao

mesmo tempo se adaptar às mudanças em seus ambientes, já que elas lutam por

forjar novas alianças, tanto com clientes externos e internos...” (Mcguill & Slocum,

1995).

Para realizar uma análise destas estruturas, e buscar a compreensão do

seu funcionamento, a literatura nos oferece uma serie de tipologias de redes.

11

1.1. Tipologias de redes interorganizacionais

Existe uma diversidade muito grande de tipologias de redes

interorganizacionais, o que tem provocado uma certa ambiguidade no próprio

entendimento sobre o termo. Diante disso, Castells (2000), destaca que as redes

interorganizacionais aparecem sob diferentes formas, em diferentes contextos e a

partir de expressões culturais diversas.

Diversos teóricos buscam enriquecer a literatura com propostas distintas de

tipologias de redes organizacionais. Essas propostas de acordo com podem ser

dividas em duas visões: as redes verticais e as redes horizontais.

Rede Horizontal é um tipo de rede formada por organizações concorrentes

que oferecem o mesmo serviço, operação ou produto final, seja no mesmo

domínio ou em domínios diferentes, dando origem a um formato horizontal, onde

as organizações parceiras podem desenvolver atividades de pesquisa,

distribuição, produção, etc. (Olivares, 2003) Diversas tipologias enquadram-se

nessa visão de rede horizontal: rede flexível (Cassaroto Filho & Pires, 1999), rede

de produtores, rede de coalizações-padrão (Ernst apud Castells, 2000), relação

interorganizacional e relação conjunto interorganizacional (Van de Ven apud

Kataoka, 1995), redes de pequenas firmas (Perrow, 1992) e redes horizontais

japonesas (Gerlach & Lincoln apud Nohria & Eccles, 1992).

Em contra partida a Rede Vertical é um tipo de rede formada por

organizações que atuam de forma complementar numa cadeia de valor,

oferecendo uma parte do serviço, operação ou produto final. Nas redes verticais,

um conjunto de fornecedores e distribuidores dirigem suas operações para

atender a uma organização (produtora), a qual coordena as ações das diversas

organizações que formam parte da cadeia. Esta relação baseia-se na ideia de que

cada membro tem suas competências especializadas, o que significa agregação

de valor e redução de custos para todos os membros da cadeia (Olivares, 2003).

12

Dentro dessa visão destacam-se a: Rede estável (Miles & Snow apud

Cassaroto Filho & Pires, 1999), Rede topdown (Cassaroto Filho & Pires, 1999),

rede de fornecedores e rede de clientes (Ernst apud Castells, 2000), Network

organizacional (Van de Ven apud Kataoka, 1995), rede integrada (Veereck & Van

Dierdonck apud Bartezaghui et al, 1999), cadeia produtiva controlada por

produtores e cadeia produtiva contralada por compradores (Guerreri apud

Bartezaghi et al., 1999) e redes verticais (keitsu vertical) (Castells, 2000).

Buscando uma melhor compreensão dessas tipologias o presente estudo

irá utilizar a proposta de Marcon & Moinet (2000), que apresentaram um gráfico

denominado de “mapa de orientação conceitual”, indicando, a partir de quatro

quadrantes, as principais dimensões sob as quais as redes são estruturadas,

conforme Figura 01.

Figura 01: Mapa de orientação conceitual (Marcon & Moinet, 2000).

Deve-se destacar que em cada um dos diversos pontos do quadrante

poderá ser encontrado um tipo particular de redes, elucidando, assim, a ampla

diversidade de tipologias de redes. Logo, de acordo com as orientações desse

13

mapa conceitual, bem como as evidências de outros estudos, as redes podem ser

amplamente classificadas da seguinte forma:

a) redes verticais: a dimensão da hierarquia – certas redes têm uma clara

estrutura hierárquica. Segundo Marcon & Moinet (2000) essa configuração é

utilizada, por exemplo, pelas grandes redes de distribuição que adotam a

estratégia de redes verticais para estar mais próximas do cliente, como ocorre

com as grandes redes de distribuição integradas, distribuição alimentar e bancos.

Geralmente essas relações são do tipo às estabelecidas entre matriz/filial, onde as

filiais possuem pouca autonomia jurídica e de gestão. Dentro dessa dimensão

hierárquica encaixa-se a noção de “empresa em rede” buscando designar as

empresas cuja organização adotam a configuração de rede em razão da dispersão

espacial. Outras redes de subcontratação também podem encaixar-se nessa

dimensão;

b) redes horizontais: a dimensão da cooperação - as redes de cooperação

interfirmas são constituídas de empresas que guardam cada uma sua

independência, mas optam em coordenar certas atividades específicas de forma

conjunta, com os seguintes objetivos: criação de novos mercados, suportar custos

e riscos em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, gestão da

informação e de tecnologias, definição de marcas de qualidade, defesas de

interesses, ações de marketing, entre outras (Marcon & Moinet, 2000). Essas

redes se formam sob a dimensão da cooperação de seus membros, que escolhem

a formalização flexível para melhor adaptar a natureza de suas relações. Dentro

desse modelo de cooperação interorganizacional, existe uma grande

heterogeneidade de formas, como os consórcios de compra, associações

profissionais, redes de lobbying, alianças tecnológicas (Marcon & Moinet, 2000).

Em termos de estratégia em rede, as relações interfirmas formam um ambiente de

aprendizagem por meio da cooperação. Essas relações são complexas dentro das

quais os atores concorrentes escolhem cooperar dentro de certo domínio. Assim,

as redes favorecem a concentração de esforços não privando a liberdade de ação

estratégica de seus membros;

14

c) redes formais: a dimensão contratual – essas redes são formalizadas por

meio de termos contratuais, que vão estabelecer regras de conduta entre os

atores. Redes como o caso das alianças estratégicas, consórcios de exportação,

joint-venture e franquias são exemplos de redes fortemente formalizadas (Marcon

& Moinet, 2000).

d) redes informais: a dimensão da conivência – As redes de conivência

permitem os encontros informais entre os atores econômicos (empresas,

organizações profissionais, instituições, universidades, associações) portadores

de preocupações comuns. Esses reencontros permitem trocar experiência e

informação sobre as bases da livre participação. Essas redes de conivência

permitem também criar uma cultura de cooperação e de favorecer o

estabelecimento de relações interempresariais mais seguidas (Marcon & Moinet,

2000). Nessa dimensão, as redes são formadas sem qualquer tipo de contrato

formal estabelecendo regras, agem em conformidade com os interesses mútuos a

alcançar, baseados, sobretudo, na confiança entre os atores.

Observa-se que dificilmente duas redes estruturadas de forma idêntica.

Buscar abranger toda diversidade de redes interorganizacionais existentes em

algumas dezenas de tipologias pré-definidas, pode-se ser uma simplificação muito

forçada dentro de uma diversidade tão grande de tipologias. Diante da

peculiaridade apresentada por essas tipologias o modelo apresentado por Marcon

& Moinet (2000) permite uma ampla classificação das diferentes tipologias de

redes.

2. Abordagem das Configurações e teoria de Mintzberg

De acordo com Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2001), a eficácia das

organizações encontra-se na correlação de atributos que produzem interações

entre si e se complementam. Esta característica de complementaridade e

interdependência denomina-se configuração (Miller & Friesen, 1984; Miller, 1987;

Milles & Snow, 1978).

15

No entendimento de Meyer, Tsui e Hinnings (1993), esses atributos e seus

padrões, frequentemente interdependentes, devem ser observados holisticamente,

a partir do princípio de que as partes de uma organização tomam significado

quando avaliadas no todo e não isoladamente. A premissa da abordagem

configuracional reside na habilidade de alinhamento de certos atributos

organizacionais ao ambiente, associado a comportamentos específicos.

As organizações, na perspectiva da escola da configuração, constroem sua

história baseada em períodos alternados de estabilidade e transformação. Em

sentido amplo, Mintzberg (1990) refere-se a esta escola como sendo da

configuração e da transformação, ou seja, em estados organizacionais atuais e

seu contexto permite uma determinada configuração no ambiente, enquanto o

processo de produzir estratégias no sentido de adaptação ao ambiente pode ser

visto como uma transformação.

Nesse sentido, Mintzberg (1990) estabelece algumas premissas dessa

escola: (i) na maior parte das vezes, uma organização pode ser descrita em

termos de algum tipo de configuração estável de suas características; (ii) esses

períodos de estabilidade são ocasionalmente interrompidos por algum processo

de transformação, também chamado de salto quântico para outra configuração;

(iii) esses estados sucessivos de configuração e períodos de transformação

podem se ordenar ao longo do tempo, em sequências padronizadas; (iv) a chave

para a gestão estratégica, portanto, é sustentar a estabilidade ou, no mínimo, ser

capaz de reconhecer e de se adaptar às necessidades de rápida transformação;

(v) dessa forma, o processo de formulação de estratégias pode ser de concepção

conceitual ou planejamento formal, análise sistemática ou visão estratégica,

aprendizado cooperativo ou politicagem competitiva, focalizando cognição

individual, socialização coletiva ou a simples resposta às forças do ambiente, cada

uma em seu próprio tempo e contexto; (vi) as estratégias resultantes assumem a

forma de planos ou padrões, posições ou perspectivas ou manobras para enganar

a concorrência, também em função do contexto.

16

Mintzberg (1990), ressalta que pesquisadores da escola das configurações

identificaram estágios pelos quais as organizações podem posicionar-se. Estes

estágios caracterizam-se como estágio de desenvolvimento, estabilidade,

adaptação e de empenho na busca de uma nova direção e de revolução pautada

com rápidas transformações, sendo que as mudanças entre estes estados

identificados pelos pesquisadores permeiam-se por quatro padrões principais: (i)

choques periódicos – longos períodos de instabilidade interrompidos por períodos

ocasionais de revolução; (ii) oscilações – estágios de convergência adaptativa

para a estabilidade foram seguidos por outros de esforços divergentes por

mudanças, às vezes em ciclos surpreendentemente regulares; (iii) ciclos de vida –

momento em que um estágio de desenvolvimento foi seguido por um estágio de

estabilidade; (iv) progresso regular – período em que uma organização empenha-

se em adaptação constante.

Apoiando e reforçando Mintzberg (1990), outro estudioso da abordagem

configuracional, Miller (1987), caracterizou o estado de estratégia, estrutura,

situação e processo como arquétipo - modelo/padrão, e as transições entre os

arquétipos como sendo transições quânticas, ou seja, transições bruscas. Na

visão deste autor, as transições entre arquétipos caracterizam-se por um processo

de mudanças de muitos elementos ao mesmo tempo quando comparada às

mudanças gradativas, que sugerem um elemento por vez. Nesta concepção, os

conceitos arquétipo seguido de mudanças quânticas, estratégicas e estruturais

reforçam as teorias configuracionistas de Mintzberg (1990).

Nesta linha, uma das ênfases da abordagem das configurações estabelece-

se em pesquisas sobre como “... variáveis estruturais, ambientais e estratégicas

parecem se agrupar estreitamente para produzir gestalts ou configurações

comuns (Miller & Friesen, 1984). Nesta perspectiva, Crubellate, Grave e Gimenez

(2005, p. 3) observam que o foco de estudos em configurações ”recai

frequentemente sobre as organizações enquanto o objeto que se torna

configurado em decorrência da ação gerencial estratégica e de forças evolutivas

desencadeadas pelo contexto ambiental, ou seja, organizações devem ser

17

tratadas como “[...] entidades complexas cujos elementos de estrutura, estratégia

e ambiente têm uma tendência natural a se combinar em ´estados quânticos´ ou

´configurações´” (Miller & Friesen, 1984).

2.1. Configurações de Mintzberg

O modelo de Mintzberg traz uma visão diferente para compreensão e o

planejamento de estruturas organizacionais, diferente das teorias da

administração clássicas e também da contingencial mais contemporânea. As

clássicas enxergavam uma “forma correta” de planejar todas as organizações.

Estas enfraqueceram por deixar as especificidades inerentes de cada organização

e do ambiente de lado. Com o enfraquecimento da “forma correta” emergiu a

teoria contingencial com uma visão “tudo depende”. Essa propõe avaliar cada

organização dependo de sua situação – por exemplo idade, tamanho, tipo de

sistema de produção (Mintzberg, 2003).

De acordo com Mintzberg (1979, 2003) o seu modelo considera a teoria

contingencial “tudo é relativo” muito superficial, propondo então uma visão que

pode ser chamada de “juntando tudo” ou “configuração”. Mintzberg afirma (2003)

que “a ampliação de controle, os tipos de formalização e descentralização, os

sistemas de planejamento e as estruturas de modelo não devem ser pegos e

escolhidos independentemente, da forma como escolhemos legumes no mercado.

Ao contrário, esses e outros elementos do projeto organizacional devem ser

configurados de forma lógica em agrupamentos internamente consistentes”.

Dessa forma o modelo propõe uma convergência de diversas pesquisas já

feitas sobre estruturas organizacionais em torno de várias configurações, que

diferem em seu projeto estrutural, na situação em que se encontram e até mesmo

do período em que foram inicialmente desenvolvidas.

18

Para a compreensão destas configurações torna-se necessário a

apresentação dos elementos que as compõem. Deste modo, apresentar-se-á o

modelo proposto por Mintzberg expondo primeiramente as partes básicas das

organizações, os mecanismos de controle pelas quais as organizações

coordenam suas atividades, os parâmetros que usam para planejar suas

estruturas e seus fatores de contingência ou situacionais. Posteriormente, serão

apresentadas as configurações estruturais.

2.2. Seis Partes Básicas da Organização

De acordo com o modelo proposto por Mintzberg (1979, 2003)todas as

organizações podem ter sua estrutura enquadrada utilizando seis partes básicas:

Núcleo Operacional, Ápice Estratégico, Linha Intermediaria, Tecnoestrutura e

Acessória de Apoio. Essas partes básicas ganham ou perdem importância

dependendo da configuração analisada, algumas até mesmo se encontram

ausentes.

Toda organização tem como base os membros, ou operadores, que

executam o trabalho básico de fabricar produtos e prestar serviços. Estes formam

o Núcleo Operacional que desempenha quatro funções principais: (1) asseguram

os inputs para a produção. (2) Transformam os inputs em outputs. (3) Distribuem

os outputs. (4) Fornecem apoio direto às funções de input, de transformação e de

output. As organizações, exceto as mais simples, necessitam de pelo menos um

gerente no denominado Ápice Estratégico. Essa é a parte encarregada de

assegurar que a organização cumpra sua missão de modo eficaz e também que

atenda às necessidades dos que a controlam ou que detêm poder sobre ela.

Envolve três conjuntos de obrigações: (1) A supervisão direta (2) A administração

das condições fronteiriças da organização, suas relações com o meio ambiente e

(3) Desenvolvimento da estratégia da organização. (Mintzberg, 1979, 2003)

19

À medida que uma organização cresce, mais gerentes tornam-se

necessários, não apenas para supervisionar o Núcleo Operacional (gerentes de

operações), mas para ser gerentes dos gerentes. Dessa forma é criado uma Linha

Intermediária, que desenvolve uma hierarquia entre o Núcleo Operacional e o

Ápice Estratégico. (Mintzberg, 1979, 2003)

Quando a organização ganha complexidade passa a necessitar de outro

grupo de pessoas, os analistas. Estes efetivam certas formas de padronização da

organização. Podem desenhar, planejar, mudar ou treinar pessoas para executar

o fluxo de trabalho operacional. Esses analistas formam a Tecnoestrutura, que

atua fora da linha de autoridade. As organizações também necessitam de serviços

de suporte, unidades para fornecer vários serviços internos, desde restaurantes ou

limpeza, até serviços de relações públicas. Essas unidades denominam-se

Assessoria de Apoio. (Mintzberg, 1979, 2003)

Toda organização possui uma sexta e importante parte, a Ideologia. Esta

irriga a estrutura com as tradições e as crenças de uma organização e também

mostra o que a diferencia de outras organizações. (Mintzberg, 1979, 2003) A

Figura 2 apresenta essas seis partes básicas através do Diagrama de Mintzberg.

O autor propõe uma ferramenta visual que difere dos organogramas comumente

utilizados, mas sim nos apresenta um diagrama que permite de forma clara olhar

para todas as partes de uma organização.

No topo encontra-se o Ápice Estratégico, conectado por uma Linha

Intermediária destacada a um grande e plano Núcleo Operacional na base. Essa

partes são apresentadas em um desenho conjunto que representa como as

mesmas estão normalmente conectadas por meio de uma cadeia única de

autoridade formal. A Tecnoestrutura e a Equipe de Apoio apresentam-se

separadamente nas laterais para mostrar que estão separadas dessa linha

principal de autoridade, influenciando indiretamente o núcleo operacional. A

ideologia é mostrada com uma espécie de halo que circunda todo o sistema.

20

Figura 2 – Partes da Organização (Mintzberg, 2003)

2.3. Mecanismos de Coordenação

De acordo com Mintzberg (2003, pg 186) “toda a atividade humana

organizada tem duas exigências fundamentais e opostas: a divisão do trabalho em

várias tarefas a serem desempenhadas e a coordenação dessa tarefas para

executar a atividade”. Assim são propostos seis mecanismos de coordenação que

podem ser encontrados:

1) Ajustamento mútuo

Este mecanismo de coordenação realiza a coordenação do trabalho pelo

simples processo de comunicação informal. Como exemplo, podemos pensar em

uma pequena fábrica de produtos artesanais, onde os objetos são criados e o

trabalho é coordenado pelas pessoas que o operacionalizam através de pequenos

ajustamentos (Mintzberg, 2003). Paradoxalmente este mecanismo também é

usado para atividades extremamente complexas. Buscar padronizar tarefas

extremamente simples só iria complicá-las e ao mesmo tempo atividades

extremamente complexas também não podem ser padronizadas (Pires, 2005).

21

2) Supervisão Direta

À medida que uma organização vai deixando de ser uma estrutura mais

simples, aumentado o número de colaboradores, a supervisão direta assume a

coordenação, passando dessa forma a ser uma pessoa responsável pelo trabalho

de outras, dando instruções e monitorando suas ações (Mintzberg, 2003).

As atividades também podem ser coordenadas através de mecanismos que

predeterminam quais atividades as pessoas irão realizar, esses são os

mecanismos de padronização. De acordo com Mintzberg (2003, 1979)

mecanismos podem ser encontrados a padronização dos processos de trabalho, a

padronização de resultados, a padronização de habilidades e a padronização por

normas.

3) Padronização dos processos de trabalho

Neste caso o conteúdo do trabalho a ser realizado é programado e os

trabalhadores são obrigados a seguir determinados procedimentos.

4) Padronização dos resultados

Este mecanismo é utilizado para coordenar o trabalho através da

determinação de resultados a serem alcançados.

5) Padronização das habilidades

Esta é uma forma de padronização mais vaga, onde há uma padronização

dos trabalhadores. Transmitem-se ao trabalhador conhecimento, habilidades para

que o mesmo execute a tarefa.

6) Padronização das normas

Este mecanismo coordena a atividade trazendo um conjunto de crenças

para os trabalhadores, fazendo com que os mesmo utilizem disso para coordenar

as atividades.

22

Esses mecanismos podem ser considerados o elemento mais básico que

mantém a organização unida. Os mecanismos de coordenação vão se alterando a

medida que o trabalho se torna mais complicado, deslocando-se sucessivamente

do ajustamento mutuo para a supervisão direta, em seguida, até a

estandardização dos processos de trabalho, de preferencia, ou até a

estandardização dos resultados ou das qualificações, para finalmente regressas

ao ajustamento mutuo nas situações mais complexas. Os mecanismos sempre

devem ser utilizados de forma conjunta (Mintzberg, 2003).

2.4. Parâmetros essenciais de Design

Para Mintzberg (2003) a manipulação de determinados parâmetros é a

essência do design organizacional, e são eles que determinam a divisão do

trabalho e a sua coordenação. Os parâmetros de design essenciais para uma

estrutura organizacional estão apresentados na Quadro 1:

Quadro 1 – Parâmetros de Design

Fonte: Mintzberg (1979, 2003)

Parâmetros de

Design Descrição

Especialização do

trabalho

Refere-se ao número de tarefas em um determinado trabalho e o controle

dos trabalhadores sobre essas tarefas. Com duas subcategorias:

Especialização horizontal: engloba poucas tarefas estreitamente definidas;

Especialização vertical: é quando os trabalhadores não tem controle sobre

as tarefas executadas.

Formalização do

Comportamento

Refere-se à padronização dos processos de trabalho através da imposição

de instruções operacionais, descrições de cargo, regras, regulamentações e

similares. Essas estruturas que se baseiam em qualquer tipo de

padronização para a coordenação podem ser definidas como burocráticas e

as que não se baseiam denominam-se orgânicas.

23

Treinamento

Refere-se ao uso dos programas formais de instrução para estabelecer e

padronizar, nas pessoas, as habilidades e o conhecimento necessários para

desempenhar determinadas tarefas na organização. O treinamento é um

parâmetro de projeto importante em todos os trabalhos ditos profissionais.

Doutrinação

Refere-se a programas e técnicas por meio dos quais as normas dos

membros de uma organização são padronizadas, de forma que eles se

tornem receptivos às suas necessidades ideológicas e possam ser

considerados aptos a tomar suas decisões e executar suas ações. Os

padrões são internalizados como crenças profundamente enraizadas.

Agrupamento de

Unidades

Refere-se à escolha das bases por meio por meio das quais as posições

são agrupadas em unidades, e essas unidades em unidades de ordem mais

alta (normalmente mostradas no organograma). O agrupamento pode ser

classificado em duas bases fundamentais – a função desempenhada e o

mercado atendido. A primeira refere-se aos meios, ou seja, a uma ligação

única na cadeia de processos por meio da qual os produtos ou serviços são

produzidos; a segunda refere-se aos fins, ou seja, toda a cadeia para

produtos finais, serviços ou mercados específicos.

Tamanho da

unidade

Refere-se ao número de posições (ou unidades) contidas em uma unidade.

O termo equivalente, transposição de controle, não é usado por que

algumas vezes se mantem as unidades pequenas apesar da ausência de

controle direto de supervisão.

Sistemas de

planejamento e

controle

São usados para padronizar resultados. Podem ser divididos em dois tipos:

sistemas de planejamento de ação, que especifica os resultados de ações

específicas antes que elas sejam tomadas; e sistemas de controle de

desempenho, que especificam os resultados desejados das escalas de ação

após o fato.

Mecanismos de

conexão

Referem-se a uma série completa de mecanismos usados para encorajar

ajuste mútuo dentro das unidades e entre elas. Quatro são especialmente

importantes:

Posições de conexão: são tarefas criadas para coordenar diretamente o

trabalho de duas unidades, sem ter que passar através de canais

gerenciais;

Forças-tarefa e comitês de apoio: são formas institucionalizadas de equipes

que reúnem membros de unidades diferentes em bases mais intensivas; no

primeiro caso para lidar com questões temporárias; no segundo, de forma

mais permanente e regular, para discutir questões de interesse comum.

Gerentes de integração: pessoal essencialmente de conexão com

autoridade formal – garantem coordenação mais rigorosa. Esses “gerentes”

recebem autoridade não sobre as unidades que coordenam, mas sobre algo

importante para essas unidades, por exemplo, seus orçamentos.

24

Estrutura matricial: é a utilização de mais de um mecanismo de conexão

acima citados ao mesmo tempo pela organização.

Descentralização

Descentralização refere-se a difusão do poder de tomada de decisão.

Quando todo o poder está concentrado em um único ponto da organização,

chamamos isso de estrutura centralizada; se o poder está disperso entre

várias pessoas, dizemos que a estrutura é relativamente descentralizada.

Podemos distinguir descentralização vertical – a delegação de poder formal

de cima para baixo na hierarquia, até os gerentes de linha – da

descentralização horizontal – o quanto o poder formal ou informal está

disperso fora da linha hierarquia para não-gerentes (operadores, analistas e

pessoal de apoio). Também podemos distinguir descentralização seletiva –

a dispersão de poder sobre diferentes decisões para diferentes lugares na

organização – de descentralização paralela – na qual o poder sobre vários

tipos de decisão é delegado para o mesmo lugar.

2.4. Fatores Situacionais

Mintzberg (2003) utiliza quatro grupos de fatores situacionais que considera

fundamentais: a idade e o tamanho da organização; o sistema técnico que ela

utiliza em seu núcleo operacional; várias características do seu ambiente; e certos

relacionamentos de seu poder.

Alguns dos efeitos desses fatores são expostos por Mintzberg (1979, 2003)

através de hipóteses, mostradas a seguir.

Idade e tamanho

- Quanto mais velha a organização, mais formalizado é seu comportamento.

- Quanto maior uma organização, mais formalizado o seu comportamento.

- Quanto maior uma organização, mais elaborada é sua estrutura, ou seja, suas

tarefas e unidades são mais especializadas e seus componentes administrativos

são mais desenvolvidos.

- Quanto maior a organização maior o tamanho de sua unidade média.

25

- A estrutura reflete a idade do setor desde sua fundação.

Sistema Técnico

Refere-se aos instrumentos no utilizados no núcleo operacional para

produzir resultados. (Não deve ser confundido com “tecnologia”, que se refere à

base de conhecimento de uma organização.) (MIntzberg, 2003)

Em relação ao sistema técnico Mintzberg (1979) levanta as seguintes

hipóteses:

- Quanto mais regulado o sistema técnico – ou seja, quanto mais ele controlar o

trabalho de seus operadores – mais formalizado o trabalho operacional e mais

burocrática a estrutura do núcleo operacional.

- Quanto mais complexo o sistema técnico, mais elaborada e profissional a equipe

de apoio.

- A automação do núcleo operacional, transforma a estrutura administrativa

burocrática em uma estrutura orgânica.

Ambiente

O ambiente refere-se a várias características do contexto externo à

organização (Mintzberg, 2003). As seguitnes hipoteses são levantas pelo autor:

- Quanto mais dinâmico o ambiente organizacional, mais orgânica sua estrutura.

- Quanto mais complexo é o ambiente de uma organização, mais descentralizada

é sua estrutura.

- Quanto mais diversificados os mercados de uma organização, maior a

probabilidade de dividi-los em unidades baseadas em mercado, ou divisões,

desde que aja economias de escala favoráveis.

26

- Hostilidade extrema em seu ambiente leva qualquer organização a centralizar

sua estrutura temporariamente.

Poder:

Está relacionado às forças que exercem influencia e controlam a

organização. Mintzberg (2003) levanta as seguintes hipóteses:

- Quanto maior o controle externo de uma organização, mais centralizada é sua

estrutura.

- Uma coalizão externa dividida tende a gerar uma coalizão interna politizada e

vice e versa.

- A moda favorece a estrutura do dia (e a cultura), mesmo que ela algumas vezes

não seja apropriada.

2.5. As configurações organizacionais

A partir do agrupamento dos elementos acima apresentados – Mecanismos

de Coordenação, Parâmetros de Design e Fatores Situacioanis – Mintzberg (1979,

2003) propõe cinco configurações organizacionais. Estas configurações são

apresentadas abaixo, em função das propostas de Mintzberg (1979, 2003):

Estrutura Simples

A estrutura simples é formada por não muito mais que uma grande unidade

consistindo de um ou alguns poucos gerentes de primeira linha, um dos quais

dominado pela pressão para liderar, e um grupo de operadores que faz o trabalho

básico. Uma pequena parte do comportamento na organização é formalizado, faz-

se um uso mínimo de planejamento, treinamento ou mecanismos de conexão. A

ausência de padronização significa que a estrutura é orgânica e tem pouca

necessidade de analistas de apoio. Da mesma forma, há poucos gerentes de linha

27

intermediária porque grande parte da coordenação e feita no topo. Mesmo a

equipe de apoio é minimizada para manter a estrutura enxuta e a organização

flexível. A organização deve ser flexível porque opera em um ambiente dinâmico,

normalmente por opção, pois esse é o único lugar no qual ela pode burlar a

burocracia. Mas esse ambiente deve ser simples, assim como o sistema de

produção, ou nem mesmo o presidente conseguirá manter por muito tempo a

parte o poder. A organização é sempre jovem, em parte porque o tempo conduz à

burocracia, em parte porque a vulnerabilidade de sua estrutura simples sempre a

leva a falhar. E muitas dessas organizações são sempre pequenas, porque o

tamanho também conduz a estrutura em direção à burocracia. Não é raro que o

presidente mantenha propositalmente a empresa pequena para manter seu

controle pessoal (Mintzberg, 1979, 2003).

Burocrácia Mecanizada

A organização máquina é o inicio da Revolução Industrial, quando as

tarefas tornaram-se altamente especializadas e o trabalho tornou-se altamente

padronizado. Em contraste com as orgaizações empreendedoras, a organizaçào

máquina elabora sua administração. Primeiro, isso exige uma grande

tecnoestrutura para projetar e manter seus sistemas de padronizaçào,

especificamente aqueles que formalizam seus comportamentos e planos de ação.

E, em razão da dependencia que a organização tem desses sistemas, a

tecnoestrutura ganha muito poder informal, resultando em uma quantidadde

limitada de descentralização horizontal refletindo a pressão para racionalizar. Uma

grande hierarquia de gerentes intermediários surge para controlar o trabalho

altamente especializado do núcleo operacional. Mas a linha hierarquica

intermediaria é geralmente estruturada em uma base funcional em todo o trajeto

até o topo, onde está o poder real de coordenação. Assim, a estrutura tende a ser

muito centralizada no sentido vertical. Para permitir que os altos gerentes

28

mantenham controle centralizado, tanto o ambiente como o sistema de produção

da organização máquina devem ser razoavelmente simples, e esse último deve

regular o trabalho dos operadores sem ser automatizado em si. Na verdade, as

organizações burocráticas se ajusta mais naturalmente a produção em massa. De

fato, é interessante que esta estrutura seja mais presente nos segmentos que

remontam ao período da Revolução Industrial até o início deste século (Mintzberg,

1979, 2003).

Burocracia Profissional

Há outra configuração burocrática, mas como essa se baseia na

padronização de atividades e não na de processos de trabalho ou resultados para

a sua coordenação, ela surge como algo drasticamente diferente da organização

burocrática. Nesta configuração, a pressão para a profissionalização domina.

Tendo que se basear em profissionais treinados – pessoas altamente

especializadas, mas com controle considerável sobre seu trabalho, como em

hospitais ou universidades – para desempenhar suas tarefas organizacionais, a

organização passa grande parte de seu poder não apenas aos profissionais em si,

mas também às associações e instituições que os selecionaram e treinaram.

Então a estrutura surge como altamente descentralizada horizontalmente; poder

sobre muitas decisões, tanto em fluxos operacionais como estratégicos, em toda a

linha hierárquica de cima para baixo, até os profissionais do núcleo operacional.

Acima do núcleo operacional encontramos uma estrutura bastante única. Há

pouca necessidade de tecnoestrutura, pois a principal padronização ocorre como

resultado do treinamento que ocorre fora da organização. Como os profissionais

trabalham de forma tão independente, o tamanho das unidades operacionais pode

ser muito grande, e são necessários poucos gerentes da primeira linha. A equipe

de apoio em geral é muito grande para poder dar suporte aos profissionais que

recebem altos salários. A organização profissional é trazida sempre que uma

29

organização se vê em um ambiente estável, porém complexo. A complexidade

exige descentralização para pessoas altamente treinadas, e a estabilidade permite

que elas apliquem habilidades padronizadas e dessa forma trabalhem com

bastante autonomia. Para assegurar essa autonomia, o sistema de produção não

deve ser altamente regulado, nem complexo, nem automatizado. (Mintzberg,

1979, 2003).

Estrutura diversificada

Assim como a organização profissional, a organização diversificada não é

muito integrada como um conjunto de entidades bastante independentes, reunidas

por uma estrutura administrativa frouxa. Mas enquanto as entidades da

organização profissional são as pessoas, na organização diversificada elas são

unidades da linha intermediária, geralmente chamadas “divisões”, exercendo uma

pressão dominante para balcanizar. Essa configuração difere de outras num

aspecto importante: ela não é uma estrutura completa, mas uma estrutura parcial

imposta aos demais. Cada divisão tem sua própria estrutura. Uma organização é

diversificada por uma razão acima de todas as outras, porque suas linhas de

produtos são diversificadas. E isso tende a acontecer com mais frequência nas

organizações maiores e mais maduras, aquelas que perderam suas oportunidades

– ou se tornaram entediadas – em seus mercados tradicionais. Tal diversificação

encoraja a organização a substituir unidades funcionais por unidades baseadas

em mercado, uma para cada linha de produto diferente, e garantir autonomia

considerável a cada uma para administrar seus próprios negócios. O resultado é

uma forma limitada de descentralização de cima para baixo na cadeia de

comando. Para não perder o controle o escritório central se baseia em sistemas

de controle de desempenho, em outras palavras na padronização dos resultados.

Para projetar esses sistemas de controle, o escritório central cria uma pequena

tecnoestrutura. Como o controle do escritório central constitui controle externo,

30

discutido na primeira hipótese do poder, a estrutura da divisão tende a ser

baseada na estrutura burocrática (Mintzberg, 1979, 2003).

Adhocracia

Nenhuma das estruturas discutidas até aqui se ajusta aos segmentos de

nossa época, segmentos tais como aeroespacial, petroquímicos, consultoria global

e produção de filmes. Essas organizações precisam acima de tudo inovar de

formas muito complexas. As estruturas burocráticas são muito inflexíveis, e a

empreendedora é muito centralizada. Esses segmentos exigem “estruturas de

projeto” que possam fundir especialistas de diferentes áreas em equipes criativas

que trabalhem de forma homogênea. Esse é o papel de nossa quinta

configuração, a organização inovadora, que também pode ser chamada de

adhocracia, dominada pela pressão por colaboração dos especialistas. A

adhocracia é uma estrutura orgânica que se baseia no ajuste mútuo entre seus

especialistas altamente treinados e altamente especializados para coordenação, o

que ela encoraja por meio do uso amplo de mecanismos de conexão – gerentes

integrados, comitês de suporte e, acima de tudo, forças-tarefa e estruturas-

modelo. Normalmente os especialistas são agrupados em unidades funcionais

para fins de administração, mas organizados em pequenas equipes de projeto

baseado em mercado para fazer seu trabalho. Para essas equipes, localizadas em

toda a estrutura de acordo com as decisões a serem tomadas, delega-se poder

sobre diferentes tipos de decisão. Assim, a estrutura torna-se seletivamente

descentralizadas nas dimensões horizontais e verticais, ou seja, o poder é

distribuído irregularmente, por toda a estrutura, conforme a especialidade e a

necessidade. Todas as distinções de estrutura convencional desaparecem na

organização inovadora. Com o poder baseado na especialização a distinção da

linha da equipe de apoio evapora. Com o poder distribuído por toda a estrutura, a

distinção entre o ápice estratégico e o resta da estrutura deixa de existir. Essas

31

organizações são encontradas em ambientes complexos e dinâmicos, pois esses

são os que exigem inovação sofisticada, o tipo que requer esforços cooperativos

de muitos especialistas diferentes. Um tipo de adhocracia é sempre associado a

um sistema de produção muito complexo, algumas vezes automatizado, exigindo

uma equipe de apoio altamente habilidosa e influente para planejar e manter o

sistema técnico no núcleo operacional. Os projetos ocorrem na administração para

trazer as novas instalações de operação para a linha. Outro tipo de adhocracia

produz seus projetos diretamente para os clientes. Como resultado, os operadores

também participam dos projetos, trazendo sua experiência como suporte; em

consequência o núcleo operacional misturasse com a estrutura administrativa.

Esse segundo tipo de adhocracia tende a ser jovem em média, pois, sem produtos

ou serviços padronizados, muitas tendem a falhar enquanto outras fogem da

vulnerabilidade ao padronizar alguns produtos ou serviços, convertendo-se a si

próprias em uma forma de burocracia (Mintzberg, 1979, 2003).

No Quadro 2, estão apresentadas as características das dimensões

presentes em cada uma das estruturas mencionadas:

Quadro 2 – As Estruturas de Mintzberg e suas Dimensões.

Fonte: Mintzberg (1979, 2003)

Dimensões da

configuração

Estrutura

Simples

Burocracia

Mecanizada

Burocracia

Profissional

Forma

Divisionalisada Adhocracia

Mecanismos

chave de

coordenação

Supervisão

direta

Padronização

do trabalho

Padronização

das

habilidades

Padronização

dos outputs

Ajustamento

Mutuo

PARÂMETROS DE DESIGN

Especializaçã

o do trabalho

Pouco

especializado

Muita

Especialização

vertical e

horizontal

Muita

Especialização

horizontal

Alguma

especialização

horizontal e

vertical

Muita

especialização

horizontal

Formalização

do

Comportamen

Pouca

formalização,

Orgânica

Muita

formalização

Burocrática

Pouca

formalização,

Burocrática

Muita

formalização,

burocrática

Pouca

formalização,

orgânica.

32

to

Treinamento Pouco

Treinamento

Pouco

treinamento

Muito

treinamento

Algum

treinamento

Muito

treinamento

Doutrinação Pouca

doutrinação

Pouca

doutrinação

Muita

doutrinação

Alguma

doutrinação

Muito

treinamento

Agrupamento

de Unidades

Geralmente

funcional

Geralmente

Funcional

Funcional e

por mercado Por mercado

Funcional e

por mercado

Tamanho da

unidade Grande

Grande na

base, pequena

no restante

Grande na

base, pequena

no restante

Grande Pequena em

toda a unidade

Sistemas de

planejamento

e controle

Pouco

planejamento e

controle

Planejamento

das ações

Pouco

planejamento e

controle

Muito controle

de

desempenho

Planejamento

limitado de

ações

Mecanismos

de conexão

Poucos

instrumentos

de interligação

Poucos

instrumentos

de interligação

Instrumentos

de interligação

na

administração

Poucos

instrumentos

de interligação

Muitos

instrumentos

de interligação

por toda a

organização

Descentraliza

ção Centralização

Descentralizaç

ão horizontal e

vertical

Descentralizaç

ão horizontal e

vertical

Descentralizaç

ão vertical

limitada

Descentralizaç

ão seletiva

FATORES SITUACIONAIS

Idade e

tamanho

Tipicamente

jovem e

pequena

Tipicamente

antiga e

grande

Variadas

Tipicamente

antiga e muito

grande

Tipicamente

jovem

Sistema

Técnico

Simples, não

regulado

Regulado, mas

não

automatizado

nem

sofisticado

Não regulado

ou sofisticado

Divisível, caso

contrário igual

da burocracia

mecanizada

Muito

sofisticado

geralmente

automatizado

Ambiente

Simples e

dinâmico; às

vezes hostil

Simples e

estável

Complexo e

estável

Relativamente

simples e

estável

Complexo e

dinâmico

Poder

Controle do

executivo

principal;

frequentement

e o

proprietário;

não segue a

Tecnocrático e,

às vezes o

controle é

externo; não

segue a moda

Controle de

operadores

profissionais;

segue a moda

Controle da

linha

intermediaria;

segue a moda

Controle de

especialistas;

muito sujeito a

moda

33

moda

3. Modelos de Negócio

O Fortalecimento da internet em meados de 1990 deu força aos estudos a

cerca do conceito de modelo de negócio, porém, como apontam alguns autores

(Morris et al., 2005; Klang et al., 2010; Zott, Amit & Massa, 2010) não existe um

consenso na literatura para tal definição. Todavia, algumas revisões de literatura

contribuíram para agregar e consolidar uma linha de pensamento a cerca do

conceito de modelo de negócio (Quadro 3).

Quadro 3 - Literatura sobre conceitos de Modelos de Negócio

Pesquisadores Assunto Analisado

Pateli e Giaglis

(2004)

Literatura sobre modelos de negócio em oito subdomínios:

(1) definições, (2) componentes, (3) taxonomias, (4)

modelos conceituais, (5) métodos e ferramentas de design,

(6) fatores adotados, (7) modelos de avaliação e (8)

metodologias de mudança.

Ghaziani e

Ventresca (2005)

A evolução da palavra chave modelo de negócio entre

1975 até 2000.

Osterwalder, Pigneur,

e Tucci (2005)

A ocorrência da palavra modelo de negócio em

publicações acadêmicas revisadas por pares, entre 1990 e

2003, sob a ótica de suas ontologias.

34

Klang, Wallnöfer, e

Hacklin (2010)

A anatomia dos modelos de negócio entre 1998 e 2009,

sob a perspectiva de: classificação, componentes e

configuração.

Zott, Amit e Massa

(2010)

A literatura sobre modelos de negócio entre os anos de

1990 e 2009, verificando cerca de 1.250 artigos científicos,

publicados em journais internacionais.

Com o aprimoramento das tecnologias da informação e comunicação as

empresas utilizam de múltiplos canais de distribuição, ampliando sua atuação e

agregando mais valor aos seus clientes, como efeito disso, os modelos de negócio

tornam-se mais complexos (Osterwalder & Pigneur, 2003).

A era digital vem rompendo diversos paradigmas enraizados dentro das

mais distintas organizações, em especial nas maiores e mais antigas, que

possuem sistemas mais rígidos. A possibilidade de atuar em rede, trabalhar em

parcerias, oferecer proposição conjunta de valor, atuar em parceria com os

próprios consumidores, mostra um novo horizonte desconhecido da maioria das

organizações (Castells, 2000).

Como resultado dessas mudanças, expandiu-se o conceito de modelo de

negócio deixando o contexto apenas do comércio eletrônico e passando a referir-

se ao conjunto de capacidades organizacionais que proporcionam a criação de

valor em harmonia com os seus objetivos econômicos, sociais e estratégicos

(Osterwalder et al., 2005; Shafer et al., 2005; Zott, Amit & Massa, 2010). As

organizações veem suas fronteiras serem expandidas e ampliadas contribuindo

para a geração de modelos de negócio inovadores (Zott, Amit & Massa, 2010).

Assim, modelos de negócio podem ser analisados, observados e comparados,

mostrando indicadores que suportam a tomada de decisão nas organizações

(Osterwalder, 2004; Osterwalder et al., 2005; Chesbrough, 2010). Eles

35

representam uma forma de melhorar a maneira de realizar negócios sob

condições de incerteza (Osterwalder & Pigneur, 2003).

3.1. Business Model Canvas

O Business Model Canvas foi desenvolvido como uma ferramenta que visa

apresentar um modelo de negócio de forma simples, relevante e intuitivamente

compreensível, ao mesmo tempo que sem simplificar em excesso as

complexidades de como as empresas funcionam. (Osterwalder & Pigneur, 2010).

Em termos de caracterização, os autores desenvolvem sua proposta em

cinco Partes:

1. Canvas ou Tela – fase principal para a compreensão do modelo de negócio em

estudo. A Tela do Modelo de Negócio permite obter a visualização gráfica do

modelo, assim como a sua descrição e elementos principais de interação,

permitindo uma visão relacional entre processos e o propósito do negócio.

2. Padrões – especificação de alguns conceitos chave que podem ser aplicados à

análise.

3. Projeto – a seção de design permite a ajuda no desenho e interpretação visual

dos modelos de negócio. É um ponto essencial para o desenho de uma tela inicial,

envolvendo cenários prototipagem e o desenho visual.

4. Estratégia – a estratégia permite a avaliação do meio envolvente e,

consequentemente, a identificação de pontos fortes e fracos mediante a

concorrência existente no mercado. Esta seção analisa ainda a gestão de

múltiplos modelos de negócio (sejam relacionados ou autónomos) e a Estratégia

do Oceano Azul, que relaciona a criação/aumento de valor com a

eliminação/redução dos custos.

36

5. Processo – metodologia de implementação prática do Business Model Canvas,

com as cinco fases de implementação dinâmica e evolutiva dos pontos anteriores:

mobilizar, compreender, projetar, implementar e gerir.

Para a análise do caso de estudo em questão, o foco central incidirá no

primeiro ponto, o Canvas, isto é, o desenho do modelo de negócio para posterior

avaliação e implementação de melhorias. Desta forma, interessa aprofundar um

pouco mais cada um dos elementos que compõem esta estrutura como um todo.

De uma forma didática, os autores adaptam a figura 3 em um quadro e

criam uma ferramenta para descrever, analisar e desenhar modelos de negócio,

conforme demonstrado na figura 4 e a denominam como Business Model Canvas.

A proposta dos autores é disponibilizar uma ferramenta capaz de permitir a

qualquer pessoa interessada em criar ou modificar seu modelo de negócio, a ter

uma linguagem comum que possibilite a troca de experiência e ideias com outras

pessoas envolvidas no mesmo processo.

Figura 3 – Blocos do Business Model Canvas (Osterwalder & Pigneur, 2010).

37

Figura 3 – Business Model Canvas (Osterwalder & Pigneur (2010)

O compartilhamento desse conceito iniciou através do blog de Alex

Osterwalder e expandiu-se para diferentes empresas em diferentes lugares no

mundo. O resultado deu origem a uma comunidade online com 470 participantes

de 45 países, que durante alguns meses trabalharam em conjunto para

aperfeiçoamento do modelo.

Para Osterwalder e Pigneur (2010, p. 14), “um modelo de negócio deve

descrever a lógica de como uma organização cria, entrega e captura valor”. O

modelo funciona como um mapa ou guia para a implantação de uma estratégia

organizacional, de processos ou sistemas.

Os nove blocos por segmento do Business Model Canvas, são

denominados: Segmento de Clientes; Proposta de Valor; Canais; Relação Com os

Clientes; Fluxos de Rendimento; Recursos-chave; Atividades-chave; Parcerias-

chave; Estrutura de Custos.

38

Segmento de Clientes

Define os vários grupos de pessoas ou as organizações que uma empresa

visa atingir e servir. A fim de melhor atender os clientes, um empresa pode

agrupá-los em segmentos distintos de acordo com as necessidades comuns,

comportamentos comuns ou outros atributos. Um modelo de negócio pode definir

um ou vários segmentos de clientes, grandes ou pequenos. Uma organização

deve tomar a decisão consciente sobre que segmentos vai servir e que segmentos

vai ignorar. Uma vez tomada esta decisão, um modelo de negócio pode ser

cuidadosamente concebido em torno de uma grande compreensão das

necessidades específicas do cliente. (Osterwalder & Pigneur, 2010).

Os grupos de clientes representam segmentos diferentes quando:

- As suas necessidades exigem e justificam uma oferta diferente;

- São contactados por canais de distribuição diferentes;

- Tem lucratividades substancialmente diferentes;

- Aceitam pagar por aspectos diferentes da oferta;

Propostas de Valor

Este bloco descreve o conjunto de produtos e serviços que criam valor para

um segmento de clientes especifico. A proposta de valor é a razão pela qual os

clientes preferem uma empresa e não a outra. Resolve os problemas dos clientes

ou satisfaz-lhe as necessidades. Cada proposta de valor consiste num conjunto

selecionado de produtos e ou serviços que satisfaz as exig6encias de um

Segmento de Clientes especifico. Neste sentido, a Proposta de Valor é uma

agregação, ou embrulho, de benefícios que uma empresa oferece aos clientes.

Uma proposta de valor cria valor para um segmento de clientes através de uma

combinação específica de elementos orientados para as necessidades desse

39

segmento. Os valores podem ser quantitativos (preço, rapidez de serviço) ou

qualitativos (design, experiência do cliente). (Osterwalder & Pigneur, 2010).

Elementos da seguinte lista podem contribuir para a criação de valor para o

cliente:

Novidade: Satisfazem um conjunto inteiramente novo de necessidades de que os

clientes não se apercebiam porque não havia oferta similar.

Desempenho: Melhor desempenho de um produto ou de um serviço.

Adaptação ao Cliente (customization): Adaptar os produtos ou serviços às

necessidades especificas de clientes individuais ou de Segmentos de Clientes cria

Valor.

“Fazer o trabalho”: Pode-se criar valor simplesmente ajudando um cliente a

conseguir que um trabalho seja feito.

Design: Um produto pode se destacar pelo seu excelente design, é um elemento

importante mas difícil de se medir.

Marca/estatuto social: Os clientes podem encontrar valor no simples ato de usar e

mostrar uma marca específica.

Redução de Custos: Ajudar os clientes a reduzir custos é uma forma importante

de criar valor.

Redução de riscos: Os clientes dão valor a redução dos riscos em que incorrem

quando compram produtos ou serviços.

Acessibilidade: Tornar produtos e serviços acessíveis a clientes que antes não

lhes tinham acesso é outra forma de criar valor.

Conveniência / facilidade de uso: Tornar as coisas mais convenientes ou mais

fáceis de usar pode criar um valor substancial.

40

Canais

O bloco referente aos Canais descreve como uma empresa comunica e

tenta influenciar os seus Segmentos de Clientes para proporcionar uma Proposta

de Valor. Comunicação, Distribuição e Canais de Vendas fazem parte da relação

da empresa com os clientes. Os Canais são pontos em que se pode tocar nos

clientes e que desempenha um papel importante na experiência dos clientes na

experiência dos clientes. Os canais servem varias funções, incluindo: Aumentar a

consciência por parte dos clientes acerca dos produtos e serviços de uma

empresa; Ajudar os clientes a avaliar a proposta de valor de uma empresa;

Permitir aos clientes a aquisição de produtos e serviços específicos; Entregar uma

proposta de valor aos clientes; Proporcionar apoio aos clientes na fase pós-

aquisição (Osterwalder & Pigneur, 2010). Encontrar a combinação de canais

adequada para satisfazer a forma como os clientes querem ser contatados é

crucial na apresentação de uma proposta de valor ao mercado.

Relação com clientes

O bloco constitutivo referente às relações com os clientes descreve os tipos

de relações que uma empresa estabelece com segmentos de clientes específicos.

As empresas deviam clarificar o tipo de relações que desejam estabelecer com

cada Segmento de Clientes. As relações vão desde pessoais a automatizadas. As

relações com os clientes podem ser movidas por três razões: Aquisição de

Clientes; Retenção de Clientes; Aumento de Vendas (Osterwalder & Pigneur,

2010).

Podemos distinguir várias categorias de Relações com os Clientes, as

quais podem coexistir na relação de uma empresa com um segmento de Clientes

em particular:

Assistência Pessoal: a relação é baseada na relação humana.

41

Assistência pessoal dedicada: esta relação envolve a dedicação de um

colaborador da organização especificamente a um cliente individual.

Autosserviço (self-service): Neste tipo de relação a organização não mantém

relações diretas com os clientes.

Serviços automatizados: Este tipo de relação combina uma forma mais sofisticada

de autosserviço com processos automatizados.

Comunidades: São comunidades de utilizadores usados pelas empresas para se

envolverem mais com os clientes e potenciais clientes e para facilitar a ligação

entre os membros das comunidades.

Co-criação: Criar valor junto com o cliente.

Fluxos de Rendimento

O bloco constitutivo referente aos fluxos de rendimento representa o

dinheiro que uma empresa gera a partir de cada segmento de clientes.

(Osterwalder e Pigneur, 2010).

Recursos-Chave

O bloco constitutivo referente aos recursos-chave descreve os ativos mais

importnates para o funcionamento do modelo de negócio. Todos os modelos de

negócio precisam de Recursos-Chave. Tais recursos permitem que uma empresa

crie e ofereça um Proposta de Valor, chegue aos mercados, mantenha relações

com Segmentos de Clientes e ganhe rendimentos. Os Recursos-Chave podem ser

físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. (Osterwalder & Pigneur, 2010).

Os Recursos-Chave podem ser categorizados da seguinte maneira: (Osterwalder

& Pigneur, 2010).

42

- Físicos: Esta categoria inclui ativos físicos tais como instalações de fabrico,

edíficios, veículos, máquinas, sistemas, sistemas de pontos de venda e redes de

distribuição.

- Recursos Intelectuais: tais como marcas, competências exclusivas, patentes e

direitos de autor, parcerias e bases de dados de clientes, são componentes

crescentemente importantes de um modelo de negócio forte.

- Humanos: Todas as empresas necessitam de recursos humanos, mas as

pessoas são particularmente críticas em certos modelos de negócio.

- Financeiros: alguns modelos de negócio requerem recursos financeiros e/ou

garantias financeiras, tais como dinheiro, linhas de crédito ou um reserva de stock

options para recrutamento de empregados-chave.

Atividade-Chave

O bloco constitutivo referente às atividades-chave descreve as coisas mais

importantes que uma empresa deve fazer para conseguir que o seu modelo de

negócio funcione. Todos os modelos de negócio exigem um conjuunto de

Atividades-chave. Estas atividades são as ações mais imporntates que uma

empresa deve fazer para operar com êxito. Tal como os Recursos-Chave, as

Atividades-Chave são necessarias para criar e oferecer uma Proposta de Valor,

chegar aos mercados, manter Relações com os Clientes e obter rendimentos.

(Osterwalder & Pigneur, 2010).

As atividades-chaves podem ser caracterizadas da seguinte maneira:

(Osterwalder & Pigneur, 2010).

- Produção: Estas atividades dizem respeito à concepção, design, fabricação e

entrega de um produto em quantidades substanciais e/ou de qualidade superior. A

atividade de produção domina os modelos de negócio das empresas

transformadoras.

43

- Resolução de Problemas: Atividades-chave dste tipo procuram encontrar

soluções novas para os problemas individuais dos clientes.

- Plataforma/rede: Os modelos de negócio concebidos com uma plataforma como

os Recursos-Chaves são dominados por Atividades-Chave relacionas com

plataformas ou redes. Redes, plataformas de encontro, software e até marcas

podem funcionar como plataformas.

Parcerias-Chave

O bloco constitutivo referente às parcerias-chave descreve a rede de

fornecedores e de parceiros que fazem o modelo de negócio funcionar. As

empresas forjam parcerias por muitas razões e as parcerias estão a tornar-se a

pedra de toque de muitos modelos de negócio. As empresas criam alianças a fim

de otimizarem os respectivos modelos de negócio, de reduzirem o risco ou de

adquirirem recursos. (Osterwalder & Pigneur, 2010).

Podemos distinguir quatro tipos diferentes de parcerias: (Osterwalder & Pigneur,

2010).

1. Alianças estratégicas entre não concorrentes

2. Cooperação: parcerias estratégicas entre concorrentes

3. Empreendimentos conjuntos para desenvolver novos negócios

4. Relações comprador-fornecedor para garantir fornecimentos.

Estrutura de custos

A Estrutura de Custos descreve todos os custos envolvidos na operação de

um modelo de negócio. Este bloco constitutivo descreve os mais importantes

custos em que a empresa incorre quando opera segundo um determinado modelo

de negócio. Criar e desenvolver valor, manter relações com os Clientes e gerar

44

rendimento são tudo atividades que incorrem em custos. Como é natural, os

custos devem ser minimizados em todos os modelos de negócio. Estruturas de

Custos baixos são mais importantes para alguns negócios do que para outros. Por

isso, pode ser útil distinguir entre duas classes genéricas de Estruturas de Custos

de modelos de negócio: modelos de negócio movidos pelos custos e os movidos

pelo valor: (Osterwalder & Pigneur, 2010).

- Movidos pelos Custos: Modelos de negócios movidos pelos custos centram-se

na minimização dos custos em todos os aspectos possíveis. Esta abordagem tem

por finalidade a criação e manutenção da estrutura de Custos mais “magra”

possível, recorrendo a Proposta de Valor de baixo preço, a maximização da

automação e a inúmeras aquisições no exterior (outsorcing).

- Movidos pelo valor: Algumas empresas estão menos preocupadas com as

implicações sobre os custos de um modelo de negócio específico e, em vez disso,

centram-se na criação de valor.

CAPÍTULO II. METODOLOGIA

47

1. METODOLOGIA

Está pesquisa de natureza exploratória corresponde a um estudo de caso,

que de acordo com Yin (2010), responde a questões do tipo “como” e “porquê”

referente uma situação inserida num contexto real e na qual o investigador tem

pouco controlo. Desta forma um estudo de caso é, um método de investigação

que se concentra-se no estudo de um determinado contexto, indivíduo ou

acontecimento específico (o caso).

O objetivo desse estudo é analisar a estrutura organizacional e o modelo de

negócio da AIGD. Apesar de possuir a limitação de não permitir generalizações,

Yin (2010) afirma que o estudo de caso permite que sejam observadas novas

questões ou confirmadas teorias já construídas.

Algumas das características principais do estudo de caso são (Ludke &

Andre, 1988, p. 17-21):

- visam à descoberta: todo pesquisador, de forma lógica, parte de uma base

teórica, devendo adotar uma postura flexível e aberta a novos elementos

importantes que surjam durante a pesquisa. Portanto, o conhecimento teórico

inicial será um esqueleto a ser complementado por novas dimensões durante o

avanço da pesquisa.

- enfatizam a interpretação em contexto: uma característica importante é o fato de

a pesquisa se contextualizar na unidade ou objeto de estudo, pois assim pode-se

compreender melhor as diversas e complexas inter-relações dos indivíduos com

seu ambiente especifico, em razão de percepções, comportamentos e interações.

- buscam a realidade de forma completa e profunda: ou seja, pretendem revelar as

diversas dimensões naturais de uma determinada situação.

- usam uma variedade de fontes de informação: coletam-se dados em diferentes

momentos, em variadas condições e com diferentes informantes, de acordo com

um mix de técnicas.

48

- utilizam linguagem mais acessível se comparados a outros relatórios de

pesquisa: imprime-se estilo narrativo informal, ilustrado por figuras de linguagem,

citações, exemplos e descrições.

Yin (2010) afirma a existência do momento prévio há a necessidade de

garantir que o caso selecionado poderá ser de facto estudado, se existe

disponibilidade por parte do objeto de estudo (pessoa, organização, etc.) para ser

investigado. Para esse efeito, deve ser encontrado um conjunto de argumentos

que torne o objeto de estudo sensível à investigação, como, por exemplo, a

possibilidade de dispor de uma nova leitura da sua realidade ou de usufruir de

toda uma dinâmica gerada em volta do desenvolvimento do caso. Dessa forma,

optou-se pelo caso da AIGD por ser um objeto de estudo onde o investigador

encontrou toda a abertura necessária para desenvolver a pesquisa.

1.1. Caracterização da AIGD

No dia 31 de junho de 2010, na cidade de Maputo, Moçambique formaliza-

se a criação da AIGD - Aliança Intercontinental de Gestão Desportiva. De acordo

com sua carta de princípios, disponível no Anexo X “A AIGD constitui-se como

uma rede intercontinental de contatos entre entidades e pessoas individuais, com

características informais, cuja missão é aglutinar e difundir informações e saberes

que afirmem e desenvolvam a Gestão do Desporto.” Centralizando-se nos países

falantes de língua portuguesa e espanhola.

O evento de formalização teve a presença de diversos representantes da

gestão desportiva de seus respectivos países, tendo como destaque à presença

majoritária de representantes de Moçambique, Portugal e Brasil. A cerimonia

realizou-se dentro do Congresso do Desporto e Educação Física dos Países de

Língua Portuguesa - PALOPS.

A AIGD é uma organização que visa disseminar conhecimentos práticos e

teóricos a cerca da gestão desportiva, através de plataformas que estimulem a

criação de uma rede de pessoas interessadas em partilhar e enriquecer o

49

conhecimento desta área. De acordo com a Carta de Princípios da AIGD a

organização tem suas atividades sempre sustentas nos seguintes pontos:

- A AIGD desenvolve sua ação de acordo com os princípios da igualdade, da

independência e da democraticidade, e é independente dos Estados, dos partidos

políticos e das religiões.

- A AIGD configura-se como uma plataforma mundial de cooperação e

intermediação entre aqueles que procedem a sua adesão pela via do seu

endereço electrónico.

- A plataforma digital da AIGD constituiu-se a partir da iniciativa do Gabinete de

Gestão Desportiva da FADEUP que assegura a sua gestão regular, sendo

possível a sua transmissão para futuros interessados cuja capacidade seja

reconhecida pelo grupo de fundadores da AIGD.

- Os objetivos da AIGD são: (1) Criar uma plataforma para o intercambio de

informações, experiências e conhecimentos (técnicos e acadêmicos) entre toda

comunidade AIGD. (2) Fomentar e facilitar as relações de cooperação entre

países de língua portuguesa e espanhola. (3) Estabelecer vínculos pessoais e

Institucionais entre os Gestores e as Associações de Gestão Desportiva nos cinco

continentes. (4) Fomentar a criação de grupos de estudo e investigação com base

nas relações criadas na plataforma AIGD. (5) Permitir e promover a integração e o

trabalho conjunto no marco de uma estratégia de internacionalização.

- A AIGD coordenara os interesses e iniciativas dos seus aderentes, no respeito

pela autonomia e independência de cada um, tendo por fins essenciais a

promoção e o desenvolvimento da gestão do desporto e do desporto em geral.

A organização desenvolveu-se centrada no gabinete de gestão desportiva da

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com uma estrutura

pequena e centralizada. Com o seu crescimento uma nova perspectiva de

estrutura foi desenvolvendo-se. Essa estrutura manteve o caráter de informalidade

da organização, mas com uma distribuição de atividades a outros locais, iniciando

a transição de uma estrutura centralizada, para uma estrutura em rede.

50

Para uma melhor compreensão desse processo, a seguir, estão

apresentados de forma cronológica a evolução da estrutura organizacional da

AIGD.

Ano de 2009

Inicia-se o processo que culminaria na formação da AIGD. Os primeiros

encontros on-line para discussão de ideias iniciam-se, culminando na formação de

uma parceria entre o Gabinete de Gestão Desportiva da FADEUP, a Reitoria da

Universidade do Porto, a empresa Tempo Livre de Guimarães e a câmara

municipal de Guimarães. Criou-se essa parceria com intuito da realização de um

encontro entre gestores desportivos dos países de língua portuguesa e espanhola.

Encontro que visava a criação da AIGD. Esse encontro foi financiado pela câmara

municipal de Guimarães, tendo como cede a empresa Tempo Livre. O encontro

contou com a participação de gestores vindos do Brasil, Portugal, Espanha e Cabo

Verde. A partir da apresentação da ideia para a constituição da AIGD, feita pelos

membros do gabinete de gestão desportiva da FADEUP, ficou decidida a

formalização da AIGD no próximo ano em Maputo. Neste momento a estrutura da

AIGD ainda formava-se, mas o gabinete de Gestão Desportiva da FADEUP já

assumia um papel de dinamizador da organização.

Ano de 2010

No ano de 2010 iniciam-se as atividades oficiais da AIGD. No dia 31 de

junho é realizada a formalização da AIGD na cidade de Maputo. No momento de

formação encontra-se uma estrutura completamente centralizada no gabinete e

funcionando com o auxilio dos alunos do mestrado em gestão desportiva. Nessa

fase inicia-se a realização das reuniões virtuais, um encontro virtual realizado pelo

skype, tendo a participação de um palestrante e um momento de discussão entre

os participantes. Era algo restrito para poucos participantes, tanto por estar em

fase inicial como pelas dificuldades da plataforma utilizada. No mesmo período, foi

51

lançado o primeiro site da AIGD, ainda em fase de construção e sem muitas

funcionalidades.

Ano de 2011

Após um período de transição entre os alunos de mestrado do gabinete, a

AIGD entra em um novo ano buscando ampliar a sua atuação dentro dos países

de língua portuguesa e espanhola. Para tal, realiza-se a reformulação do site, com

uma nova dinâmica, passando a ter o seu próprio domínio na internet. Continua-se

a realização das Reuniões Virtuais, mas ainda com certa dificuldade na plataforma

e no aumento dos participantes. Nesse ano ampliam-se as plataformas de

comunicação com a inserção da AIGD nas redes sociais através do Facebook. Um

dos grandes marcos do ano de 2011 foi o surgimento da RIGD – Revista

Intercontinental de Gestão Desportiva. A RIGD surge para preencher uma lacuna

existente na área da Gestão Desportiva nos países de língua portuguesa e

espanhola.

2012

Primeiro Semestre: Inicia-se com novos colaboradores chegados ao final do

ano de 2011. Neste ano a AIGD passa a organizar dois eventos virtuais, o

Simpósio Virtual e o Rutas de la Excelencia. O simpósio virtual é um evento

voltado a jovens pesquisadores, onde se busca apresentar trabalhos científicos

em fase de desenvolvimento. O Rutas de La Excelencia busca apresentar os

caminhos de sucesso de gestores das diversas áreas da gestão desportiva. A

RIGD é indexada em diversas bases de dados e consegue manter a periodicidade

de suas publicações ganhando cada vez mais espaço.

Segundo Semestre: Acontece a transição dos alunos do mestrado do gabinete,

alterando-se assim o grupo de trabalho. Uma reformulação completa do site da

AIGD é feita pela empresa LEGO da cidade do Recife, situada no estado de

52

Pernambuco-BR. Faz-se uma nova página no Facebook e amplia-se a presença

nas redes sociais.

2013

O mesmo grupo mantém as atividades neste ano. Cria-se nesse ano o Blog

da AIGD e a AIGDTV, fazendo transmissão ao vivo de eventos da área da gestão

desportiva. Mantêm-se todas as demais atividades, tornando a estrutura da AIGD

mais complexa. Os detalhes da atual situação da AIGD são explorados neste

estudo. Para uma breve caracterização, atualmente a estrutura da AIGD centra-se

em quatro áreas, que atuam em conjunto, mas com objetivos específicos para

cada uma delas. As quatro áreas são as seguintes:

- Comunicação Web: envolve as ferramentas utilizadas para a interação com os

membros que participam das atividades da AIGD (facebook, blog, site, youtube) e

também a transmissão de ventos on-line AIGDTV.

- Revista Intercontinental de Gestão Desportiva - RIGD: Periódico de publicação

semestral que objetiva enriquecer o conteúdo científico nos países de língua

portuguesa e espanhola.

- Reuniões Virtuais: Reuniões realizadas quinzenalmente, com o objetivo de

apresentação de temáticas relevantes para a Gestão Desportiva.

- Eventos: Realização de eventos virtuais, em especial o Simpósio Virtual e o

Rutas de La Excelencia.

1.2. Questões de Investigação

Como apresentado nos objetivos este trabalho possui três grandes

questões de investigação. A primeira questão pretende clarificar a estrutura geral

da AIGD:

53

QI1: A AIGD – Aliança Intercontinental de Gestão Desportiva pode ser

considerada uma rede organizacional? Se sim, como essa rede pode ser

classificada?

A segunda questão, desdobrada em duas subquestões (Q2a e Q2b) tem como

objetivo explorar as diferentes estruturas organizacionais e modelos de negócio

das quatro organizações que compõe a rede da AIGD. Assim, teremos a questão

geral “Uma rede organizacional pode ter componentes com estruturas

organizacionais e modelos de negócio diferentes?”, a qual pode ser formalizada

através de duas subquestões:

QI2a: As organizações da rede da AIGD possuem todas a mesma configuração de

acordo com o modelo de Mintzberg ou são configurações diferentes?

QI2b: As organizações da rede da AIGD possuem todas o mesmo Business Model

Canvas ou os modelos são diferentes?

Finalmente, a terceira questão de investigação visa averiguar se haverá alguma

relação entre o modelo proposto por Mintzberg e o modelo Canvas:

QI3: Existe um padrão que relacione as configurações de Mintzberg com o

Business Model Canvas, nas várias organizações da rede da AIGD?

1.3 Processo de recolha e análise dos dados

De acordo com Bogdan & Biklen (1994) e Quivy & Campenhoudt (2008), o

método qualitativo utiliza, fundamentalmente, três formas de recolha da

informação: a) inquérito sob a forma oral ou escrita (entrevista e questionário); b)

observação; e c) análise documental. Nesta investigação, optou-se pela utilização

das três formas de recolha da informação.

54

A análise documental permite identificar, verificar e apreciar os documentos

com uma finalidade específica e, nesta pesquisa, servirá de uma fonte paralela e

simultânea de informação para complementar e contextualizar as informações

(Moreira, 2006). O único documento oficial encontrado nesta pesquisa é a Carta

de Principios da AIGD, apresentada no Anexo X. Os demais documentos são

informais e não foram relevantes para o presente estudo.

A observação direta consiste num modo de observação em que o

investigador não se limita a observar, mas também pode agir sobre os

acontecimentos (Moreira, 2006). A observação ocorreu ao longo do período em

que o investigador esteve envolvido com a organização. Esse período iniciou-se

no primeiro semestre do ano de 2011 e continua até o momento autal. O

investigador teve a oportunidade de estar envolvido diretamente em todas as

atividades realizadas dentro da AIGD.

As principais atividades em que o pesquisador esteve envolvido foram a

construção do site da AIGD, foi um dos idealizadores dos eventos da AIGD,

estando envolvido na execução de todos eventos realizados até o momento,

esteve a frente da publicação de conteúdos nas mídias sociais, contribuiu com a

divulgação da RIGD, dentre outras atividades realizadas.

Embora tenha estado envolvido em um período mais longo, a pesquisa

centrou-se no período entre o segundo semestre de 2012 até o fim do primeiro

semestre de 2013.

Reconhece-se na utilização de entrevistas o instrumento com uma maior

adequação para o tipo de investigação proposto. Yin (2010) refere-se que para um

estudo de caso às entrevistas são uma das formas mais importantes de obter

dados. Optou-se pela utilização de entrevistas semi-estruturadas por se tratar de

uma investigação descritiva. Este tipo de entrevista é considerado mais coerente,

pois, apesar de uma estrutura bem definida da grelha de perguntas, possui certa

flexibilidade e permite que se introduzam questões relevantes e pertinentes e que

55

se alterem a ordem de apresentação dos temas propostos (Quivy &

Campenhoudt, 2005, 2008). Desta forma, respeitam-se os testemunhos e

interpretações dos entrevistados tendo em vista os seus quadros de referência de

acordo com a sua linguagem e categorias mentais (Quivy & Campenhoudt, 2008).

O guião de entrevista foi desenvolvido neste estudo a partir da análise das

temáticas da revisão de literatura referente a organizações em rede, estruturas

organizacionais e modelos de negócio, e de acordo com os objetivos do estudo.

1.4 Entrevistados

Por tratar-se de um estudo de caso com fontes múltiplas de dados, foram

identificados colaboradores que vem atuando de forma efetiva no ano de 2012-

1013 dentro da rede da AIGD, além de seu idealizador e coordenador. Dessa

forma foram escolhidos quatro colaboradores, cada um representando uma das

quatro organizações que compõe a rede da AIGD.

1.5 Analise Qualitativa: Analise do conteúdo

Para Vergara (2006, p. 17), na análise do conteúdo “os dados podem ser

coletados em relatórios, cartas e outros documentos da organização [...] por meio

da realização de entrevistas abertas ou semiestruturadas ou da aplicação de

questionários abertos”. Para está pesquisa optou-se pela analise de conteúdo

proporcionando uma melhor e mais fiável interpretação dos dados obtidos através

do processo de recolha de informação acima citado. A analise do conteúdo feita

nesse estudo teve como suporte a revisão da literatura referente as organizações

em rede, as configurações de Mintzberg e ao Business Model Canvas.

Deve-se mencionar que no presente estudo procuramos evitar o uso de

citações de forma a salvaguardar os intervenientes que colaboraram com o

56

trabalho, sobretudo protegendo sua postura face outros elementos da

organização.

1.4. Categorização

As categorias presentes neste estudo servem como pontos orientadores, a

fim de dar uma maior coesão aos resultados. O sistema categorial foi construído

com a sustentação teórica apresentada na revisão da literatura.

A primeira categoria e o seu conjunto de sub categorias foi embasado no

modelo teórico apresentado por Marcon & Moinet (2000), e servirá para análise da

constituição da rede da AIGD:

Categoria A – Rede Organizacional

Sub categoria: Rede Vertical

Sub categoria: Rede Horizontal

Sub categoria: Rede Formal

Sub Categoria: Rede Informal

A segunda categoria e as sub categorias que dela emergem foi

desenvolvida através das configurações de Mintzberg (1979), e servirá para

analisarmos a estrutura organizacional de cada uma das quatro áreas que compõe

a rede da AIGD:

Categoria B – Estrutura Organizacional (Configurações de Mintzberg)

Sub Categorias: Mecanismos de controle de trabalho

Sub Categoria: Parâmetros de Design

Sub Categoria: Fatores Situacionais

57

A terceira categoria e suas respectivas sub categorias servirão para

verificar o modelo de negócio das quatro estruturas da rede da AIGD, a partir da

proposta de Osterwalder & Pineur (2010), através do Business Model Canvas.

Duas importantes observações a serem feitas: a) a sub categoria Métricas, foi

designada para substituir uma das áreas propostas pelo modelo original

denominada Fluxo de Rendimentos - essa substituição deve-se ao fato de a AIGD

ser uma organização que não possui nenhum tipo de envolvimento financeiro. b) o

bloco Segmento de Clientes será analisado na Sub Categoria Segmento de

Membros/Participantes, considerando-se mais adequada essa definição nas

organizações analisadas. c) o bloco de relacionamento com o cliente será

alterado para Relação com os Membros/Participantes para manter a relação com

o bloco acima citado.

Categoria C – Modelo de Negócio (Business Model Canvas)

Sub Categoria: Segmento de Membros/Participantes

Sub Categoria: Proposta de Valor

Sub Categoria: Canais

Sub Categoria: Relação Com os Membros/Participantes

Sub Categoria: Métricas

Sub Categoria: Recursos-chave

Sub Categoria: Atividades-chave

Sub Categoria: Parcerias-chave:

Sub Categoria: Estrutura de Custos

CAPÍTULO III. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

61

A apresentação dos resultados e sua discussão serão organizadas em

função das questões de investigação propostas na metodologia do presente

estudo. E utilizaram das categorias para facilitar essa apresentação. Assim,

primeiramente faz-se a caracterização da rede da AIGD (QI.1) que será

classificada de acordo com o mapa de orientação conceitual proposto por Marcon

& Moinet (2000). Na sequência será realizada uma análise das estruturas

organizacionais e dos modelos de negócio das organizações que compõe a rede

da AIGD (QI.2a e QI.2b). As estruturas caracterizam-se dentro da proposta das

Configurações de Mintzberg e o modelo de negócio apresenta-se baseado no

Business Model Canvas (Osterwalder & Pigneur, 2010).

Por fim, busca-se confirmar se existe uma relação ou não entre as

estruturas organizacionais e os modelos de negócio que compõe a rede (QI.3).

1. A AIGD como uma rede organizacional (QI.1)

Para caracterizar uma rede faz-se necessário identificar os padrões

existentes dentro dessa rede (Franco, 2012) e também a evolução dela

(Demerkan et al. 2013). Dessa forma, a partir dos resultados identificam-se quatro

aspectos fundamentais na construção e no crescimento da rede da AIGD.

O primeiro e o segundo destacam-se na definição da AIGD apresentada em sua

Declaração de princípios (AIGD, 2010), onde “a AIGD constitui-se como uma

rede intercontinental de contatos entre entidades e pessoas individuais, com

características informais, cuja missão é aglutinar e difundir informações e

saberes que afirmem e desenvolvam a Gestão do Desporto”. O primeiro aspecto é

a preocupação em pensar a organização num formato de rede e o segundo

aspecto é a informalidade. Estas características estiveram presentes em todo o

processo de formação da AIGD.

62

O terceiro aspecto é a autonomia, também presente na Declaração de

Princípios. “A AIGD coordenará os interesses e iniciativas dos seus aderentes, no

respeito pela autonomia e independência de cada um, tendo por fins essenciais a

promoção e o desenvolvimento da gestão do desporto e do desporto em geral”.

Identifica-se na AIGD muita autonomia aos colaboradores para executarem suas

tarefas e conduzirem o trabalho, não existe regras e normas controlando as

atividades, e também não existe imposição por parte dos lideres.

O quarto aspecto é a abertura. Esse aspecto desenvolveu-se junto da rede,

da informalidade e da autonomia, possuindo essa lógica, acaba tornando-se uma

organização muito aberta e colaborativa.

Desde a sua formação até o período atual, a AIGD apresentou essas

características em suas atividades e ações.

Para entender a rede da AIGD utilizar-se-á do mapa de orientação

conceitual elaborado por Marconi & Moinet (2000) que caracteriza as redes dentro

de quatro dimensões (Vertical, Horizontal, Formal e Informal). Deste modo, será

apresentando um enquadramento da estrutura em rede da AIGD dentro dessas

dimensões:

1- Redes verticais: a dimensão da hierarquia. Possuem uma clara estrutura

hierárquica, lembrando uma relação entre matriz e filial onde as filiais

possuem pouca autonomia jurídica e de gestão (Marcon & Moinet, 2000).

Está é uma característica que não é observada dentro da rede da AIGD.

Nota-se, que essa centralidade das informações que circulam pela rede,

estão ligadas a uma liderança que o coordenador possui perante os

colaboradores, não existe uma exigência, ou uma imposição. A ciência das

redes nos mostra que toda rede social terá alguns indivíduos com um maior

grau de centralidade, de “nós” ligados a ele. Quando isso acontece por uma

auto-organização da rede, não observa-se uma hierarquia instituída por

meio de regras, normas e cargos. Dessa forma não podemos considerar a

rede da AIGD como um rede vertical.

63

2- Redes horizontais: a dimensão da cooperação. Essas redes de cooperação

são constituídas de empresas que permanecem independentes, mas optam

em coordenar certas atividades específicas de forma conjunta, para

alcançar objetivos determinados entre os atores que constituírem esta rede

(Marcon & Moinet, 2000). A Rede da AIGD possui muitas dessas

características, as atividades realizadas em uma seção possuem

dependência de outra para acontecer. Os recursos escassos dentro da

AIGD também estimulam a cooperação entre a rede. Como exemplo,

percebe-se que quando uma reunião virtual é marcada, ela depende da

seção de comunicação web para fazer a divulgação no site e nas mídias

sociais. Em resumo, cada uma das organizações tem sua autonomia para

trabalhar, mas, sempre se busca uma atuação conjunta.

3- Redes formais: a dimensão contratual. São redes formalizadas, com

normas, regras, contratos. Essa dimensão é facilmente excluída da AIGD,

sendo uma organização que não possui nenhum tipo de documentação,

regras e normas para coordenarem a rede.

4- Redes informais: a dimensão da conivência. Essas redes permitem os

encontros informais entre os atores ou nós da rede Essas redes são

formadas sem qualquer tipo de contrato formal estabelecendo regras, agem

em conformidade com os interesses mútuos a alcançar, baseados,

sobretudo, na confiança (Marcon & Moinet, 2000) A rede informal dentro do

mapa de orientação conceitual é a que mais se assemelha com a rede

encontrada na AIGD. Toda a criação da AIGD e sua evolução desenvolveu-

se em cima da informalidade e da cooperação. Essa classificação de rede

está totalmente interligada com os quatro aspectos inicialmente

apresentados, que servem de base para a AIGD.

Dessa forma classifica-se a rede da AIGD como uma rede horizontal e

informal. Uma rede horizontal por trabalhar em forma de cooperação, respeitando

a autonomia de cada uma das organizações que constituem a rede. E uma rede

64

informal, pois todas as relações que ocorrem dentro da organização são informais

(Marcon & Moinet, 2000).

Pode-se reforçar essa caracterização observando os diversos aspectos que

são considerados motivadores na construção de uma rede interorganizacional: a

busca por eficiência (Franco, 2007; Hall, 2004; Oliver, 1990), a busca por poder,

referindo-se a tentativa de influenciar outra organização a suprir recursos

indisponiveis dentro da própria estrutura (Aldrich, 1979; Oliver, 1990;

Papadopoulos, Cimon, & Hébert, 2008), a busca por cooperação (Franco, 2007;

Mellat-Parast & Digman, 2008; Ottone & Ponzano, 2010; Schermerhorn, 1975) e a

busca por estabilidade (Brass, et. al, 2004). Na rede da AIGD observa-se uma

clara motivação na busca por cooperação entre as organizações que compõe a

rede, caracterizando a horizontalidade encontrada no mapa de orientação

conceitual anteriormente apresentado.

Essa motivação pode ser influenciada por diversos fatores ambientais ou

organizacionais que estimulam ou inibem a formação e manutenção da rede.

(Candido & Abreu, 2004; Oliver, 1990). No caso da rede da AIGD, por possuir as

características de uma rede informal, destaca-se como fator determinante a

criação de confiança entre as organizações que compõe essa rede. Esse fator é

amplamente apresentado na literatura como um facilitador na criação de redes de

cooperação sendo considerado como um pré-requisito para a cooperação

(Hakansson, Kjellberg, & Lundgren, 1992; Hoffmann & Scholosser, 2001; Mellat-

Parast & Digman, 2008).

Dessa forma ressalta-se que essa forma de organização pode representar

uma maneira eficaz para o alcance de objetivos individuais e coletivos dentro da

AIGD (Castells, 2000). A rede informal e horizontal de pequenas organizações

apresentada, pode permitir uma série de vantagens a todos os envolvidos, tais

como: diminuição de custos, melhorias nos processos de trabalho, maiores trocas

de informações e atuação mais ampla no mercado (Olavo & Neto , 2001 ; Balestrin

& Vargas, 2004; Dalmoro, 2012).

65

2. As configuraçòes de Mintzberg na rede da AIGD (QI.2a)

Apresenta-se agora os resultados referentes a estrutura organizacional de

cada uma das organizações que compõe a rede da AIGD, utilizando como

fundamentação teórica os estudos de Mintzberg (1979, 2003). O enquadramento

das organizações será feito dentro de cada uma das três subcategorias.

Sub categoria: Mecanismos de Coordenação

Dentre as quatro estruturas que compõe a rede da AIGD analisadas no

presente estudo, encontra-se o mesmo padrão de coordenação de trabalho em

três estruturas, a Comunicação Web, as Reuniões Virtuais e os Eventos. Somente

a RIGD apresenta mecanismos de Coordenação diferentes.

O mecanismo de coordenação de trabalho utilizado nestas estruturas está

centrado basicamente na coordenação realizada através de conversas informais.

Os colaboradores realizam tarefas onde se sentem mais confortáveis, as tarefas

dividem-se com esse pensamento e sempre se coordenam através de conversas.

Dessa forma pode-se observar o ajustamento mútuo como principal mecanismo

de coordenação nessas três estruturas.

Nas Reuniões Virtuais e dos Eventos utiliza-se um mecanismo de controle

de trabalho em um plano secundário, a coordenação direta. Dentro das duas

estruturas existe a figura de um responsável pela seção, mas não se observa uma

postura de hierarquização. Nota-se que o responsável tem uma função de

integração entre as atividades dessas organizações e não de controle sobre as

mesmas.

Dentro da RIGD o padrão altera-se. A RIGD possui dois editores que

coordenam todas as atividades. Os dois editores, um em Portugal e outro no

Brasil, são os responsáveis por todo o processo básico de funcionamento da

RIGD. Pode-se observar esse processo básico como organização, recebimento e

encaminhamento, entre o pesquisador que envia o trabalho e os avaliadores, e a

66

posterior publicação. Além da coordenação direta encontra-se uma forte

padronização nos processos de trabalho dentro da RIGD. Essa padronização

segue a orientação dos sistemas de avaliação das revistas. Todo o processo

básico acima descrito é padronizado, com normas, regulamentações e utilização

de um sistema de controle. Apresenta-se assim como mecanismos de

coordenação de trabalho na RIGD a coordenação direta e a padronização dos

processos de trabalho em suas quatro vertentes: padronização dos processos de

trabalho, das habilidades, dos resultados e das normas.

Sub categoria: Parâmetros de Design

Os Parâmetros de Design são utilizados basicamente para dividir o trabalho

dentro da organização e para a obtenção da coordenação do mesmo (Mintzberg,

1979, 2003).Buscando caracterizar a forma como as quatro estruturas organizam

o trabalho, analisaremos abaixo como cada um dos parâmetros essenciais de

design apresentados por Mintzberg (2003) são utilizados.

Especialização do trabalho: esse parâmetro de design utiliza de duas formas para

controlar o trabalho dentro de uma organização: a especialização horizontal da

tarefa e a especialização vertical da tarefa. A partir dos resultados, segue-se o

mesmo padrão dos mecanismos de coordenação do trabalho, onde três

organizações apresentam um grau de similaridade elevado e a RIGD com padrão

diferente das demais.

Na Comunicação Web, Reuniões Virtuais e Eventos nota-se uma

organização das tarefas onde os colaboradores se auto organizam. Isso acontece,

pois os colaboradores envolvem-se em tarefas que lhes interessam, podendo até

formar grupos quando existe mais de um interessado e o trabalho é desenvolvido

se ajustando a todos colaboradores. Assim, acaba por impedir uma especialização

horizontal das tarefas. Além de não possuir uma divisão das tarefas o colaborador

que se envolve em uma tarefa possui o controle total sobre a tarefa que está

67

realizando. Essa liberdade existente, não permite que uma especialização vertical

das tarefas aconteça.

Já na RIGD o trabalho possui uma especialização horizontal e vertical das

tarefas. Esse fato está totalmente interligado ao fato de ser uma Revista Cientifica,

para tal necessita seguir diversos padrões impostos por entidades avaliadores,

esses padrões tornam necessário que haja essa especialização.

Formalização do comportamento: Os processos de trabalho podem ser

formalizados por regras, cargos, regulamentação e similares, quando uma

estrutura utiliza-se desses mecanismos torna-se uma estrutura burocrática. Em

oposição a isso os processos de trabalho também podem ser livres de qualquer

tipo de padronização, sendo que ao adotar este formato uma estrutura torna-se

orgânica. As estruturas podem ser tanto burocráticas, quanto orgânicas, mas

também podem se encontrar em um equilíbrio entre esses padrões. (Mintzberg,

2003).

O mesmo padrão entre as estruturas encontra-se na formalização do

comportamento. Encontra-se uma clara distinção entre as três estruturas –

Comunicação Web, Reuniões Virtuais e Eventos e a RIGD. Apresentam-se dois

polos dos conceitos acima expostos. As três primeiras estruturas sendo altamente

orgânicas, não possuindo imposição de cargos, regras, normas e padrões de

comportamento. A RIGD é altamente burocrática, tendo uma formalização do

trabalho por cargos, regulamentações e padrões externos muito forte.

Treinamento: Constata-se a inexistência de um programa de treinamento na

Comunicação Web, nas Reuniões Virtuais e nos Eventos. Na RIGD constata-se a

obrigatoriedade de um programa de treinamento exigido aos editores antes de

iniciarem as atividades. Tratando-se de uma Revista Cientifica é um fator implícito

o alto grau de treinamento necessário aos revisores, treinamento esse, realizado

por entidades externas das Universidades.

68

Doutrinação: Dentro da Comunicação Web, das Reuniões Virtuais e dos Eventos

observa-se a difusão de uma cultura, essa vinda da rede da AIGD e muito

influenciada pelos quatro aspectos citados no principio: o pensar em forma de

rede, a informalidade, a autonomia e a abertura. Estimula-se a ligação e a

informalidade entre os colaboradores através de conversas, utilizando como

mecanismo de coordenação do trabalho principal o ajustamento mutuo. Já a

inexistência de padronização, regras, normas, cargos concede uma liberdade aos

colaboradores para escolherem e desempenharem suas tarefas, potencializando a

autonomia e a abertura.

Na RIGD nota-se uma cultura que visa a manutenção dos padrões exigidos

pelos sistemas de avaliação dos periódicos científicos. Essa diferenciação

observou-se nos fatores anteriormente mencionados.

Agrupamento de Unidades: Interligando-se ao que foi anteriormente apresentado,

constata-se que a Comunicação Web, as Reuniões Virtuais e os Eventos não

utilizam o agrupamento de unidades. Esse fator é determinado tanto pela pouca

padronização da estrutura, como pelo tamanho dessas organizações. Por

apresentarem poucos colaboradores não existe a necessidade da utilização dessa

dimensão.

Na RIGD, por apresentar aspectos burocráticos e a necessidade de

padronização, observa-se dentro da proposta de Mintzberg (2003) um

agrupamento funcional das unidades.

Sistema de planejamento e controle: Os sistemas de planejamento podem ser

classificados em dois tipo: sistema de controle de desempenho e planejamento

das ações (Mintzberg, 2003). A Comunicação Web, as Reuniões Virtuais e os

Eventos identificam-se como organizações orgânicas e informais. Esse tipo de

estrutura também influencia a pouca utilização desses sistemas. O sistema de

controle do desempenho encontra-se presente nas três organizações, mas de

uma forma muito branda. O controle está focado na busca pelo constante aumento

69

no número de membros e participantes e no número de países atingidos. Já em

relação ao planejamento das ações pelo formato dessas organizações, o alto grau

de autonomia e de liberdade para os colaboradores, impossibilita algum controle

neste sentido.

Em contrapartida, na RIGD existem determinadas metas a serem atingidas

e um controle bastante rígido para controlá-las. Controla-se tanto internamente,

por parte dos editores, como externamente pelos sistemas de avaliação. Dessa

forma o sistema de planejamento das ações é muito rigoroso, com prazos para

avaliação dos trabalhos, padrões de documentos enviados, existindo uma rigidez

muito grande nesse sistema. E o sistema de controle de desempenho apresenta o

mesmo rigor. Busca-se manter os resultados atingidos e melhorá-los. O avanço

dentro dos sistemas de classificação, a inclusão dentro de diretórios como

Latindex, Capes etc. são exemplos de metas que a Revista busca atingir.

Instrumentos de interligação: Observa-se que o instrumento de interligação

utilizado dentro de todas as estruturas é a conversa informal e pequenas reuniões

informais. Trata-se de pequenas organizações, onde todos colaborares se

comunicam de forma rápida e fácil, eliminando a necessidade desses

instrumentos de interligação (Mintzberg, 2003).

Descentralização: Identifica-se dentro da Comunicação Web, das Reuniões

Virtuais e dos Eventos uma descentralização tanto horizontal, como vertical,

devido ao poder de decisão estar distribuído por toda a estrutura. Já na RIGD

identifica-se uma descentralização seletiva, onde os editores controlam grande

parte das decisões a serem tomadas, mas a decisão referente à aceitação ou não

de um trabalho é feita pelos revisores.

Sub Categoria: Ambiente

Idade e tamanho: Assim como a rede da AIGD, as estruturas que compõe a rede

da AIGD são muito jovens. E além de jovens são organizações muito pequenas.

70

Sistema Técnico: A única seção a utilizar um sistema técnico é a RIGD. Esse

sistema denomina-se SEER- Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas, é

cedido pelo IBCT - Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia. É um sistema

totalmente automatizado para a gestão de revistas cientificas. Os editores

direcionam as ações, mas o sistema é todo pré-definido pela plataforma.

Ambiente externo: O ambiente externo encontrado na Comunicação web, nas

Reuniões Virtuais e nos Externo é um ambiente complexo e dinâmico devido a

estarem atuando com pessoas presentes em diversos países, com línguas

diferentes, horários diferentes e realidades diferentes. Esse ambiente torna-se

mais dinâmico por que existe uma alta rotatividade de colaboradores, sendo que

de ano pra ano os alunos do gabinete vão se alterando, trazendo uma alta

rotatividade entre os colaboradores. É um ambiente que apesar de ser muito

dinâmico não necessita de uma base de conhecimentos muito grande para atuar

nele.

O ambiente traz uma diversidade de membros. Existe um grupo muito forte

de envolvidos ligados a cursos de pós-graduação na área de gestão desportiva,

tanto alunos como professores. Existe um grupo de pessoas mais jovens, que são

da graduação. Existem pessoas mais ligadas à área profissional. E além dessas

divisões essas pessoas estão dispostas em diversos países.

Esse ambiente em geral não possui muita hostilidade, é muito generoso.

Isso tem muita relação com o fato de serem organizações que trabalham só

através de colaboração, sem envolvimento financeiro.

A RIGD atua dentro de um ambiente onde se impõe muitos padrões e

muitas regras. Esse ambiente é muito previsível e estável, pois é controlado por

padrões instituídos a nível global. Esse ambiente exige que se tenha o domínio

total da plataforma SEER, que é o sistema técnico utilizado. Fazendo com que a

RIGD necessite uma base de conhecimento pra utilizar essa plataforma. Sendo

um ambiente previsível, padronizado e que mesmo necessitando uma base de

71

conhecimento não é tão complexa, torna-se um ambiente muito simples e muito

generoso.

Poder: Dentro das estruturas da Comunicação Web, das Reuniões Virtuais e dos

Eventos, não existe influência para assumir o controle das decisões e da forma

como as atividades tem que ser realizadas. Fato que já foi apresentado dentro das

dimensões acima apresentadas.

Já dentro da RIGD observa-se uma forte influencia externa das entidades

avaliadoras, para controlar oque acontece na RIGD. Obrigando dessa forma a

RIGD a seguir um padrão estabelecido dentro das revistas cientificas.

No quadro 3 estão apresentados os resultados das quatro estruturas e as

características das dimensões em função da configuração de Mintzberg (2003).

Essas características determinam o tipo de configuração organizacional

encontrado dentro de uma estrutura, permitindo classificar as estruturas de acordo

com as cinco propostas de estruturas organizacionais feitas por Mintzberg:

Estrutura Simples, Burocrácia Mecanizada, Burocracia Profissional, Forma

Divisionalizada e Adhocrácia.

Quadro 3 – Configurações e Dimensões da AIGD

Dimensões da

configuração

Comunicação Web,

Reuniões Virtuais e

Eventos

RIGD

Mecanismos chave de

coordenação Ajustamento Mutuo

Supervisão direta,

padronização do

trabalho, das normas,

dos resultados e das

habilidades.

PARAMETROS DE DESIGN

Especialização do

trabalho Pouco especializado

Especialização vertical e

horizontal

72

Formalização do

Comportamento

Pouco formalização,

Orgânica

Muita formalização

Burocrática

Treinamento Sem treinamento Muito Treinamento

Doutrinação Pouca doutrinação Pouca doutrinação

Agrupamento de

Unidades Não utilizado Funcional

Tamanho da unidade Pequenas Pequenas

Sistemas de

planejamento e

controle

Pouco planejamento e

controle

Muito planejamento das

ações e muito controle

do desempenho

Mecanismos de

conexão

Poucos instrumentos de

interligação

Poucos instrumentos de

interligação

Descentralização Descentralização

horizontal e vertical

Descentralização

Seletiva

FATORES SITUACIONAIS

Idade e tamanho Jovem e pequena Jovem e pequena

Sistema Técnico Não existe Regulado e com alguma

automatização

Ambiente Dinâmico, simples e

generoso Estável e simples.

Poder Não existe controle

exercido por ninguém.

Tecnocrático, com

controle externo; segue

a moda.

73

Observa-se dessa forma uma divisão clara entre as estruturas analisadas.

As três primeiras estruturas (Comunicação Web, Reuniões Virtuais e Eventos)

encontram uma similaridade com a proposta da Estrutura Simples, já a outra

estrutura é uma mistura da Burocracia Mecanizada com a Burocracia Profissional.

O grupo de estruturas assemelha-se a uma Estrutura Simples por encontrar

o mesmo padrão em praticamente todas as dimensões propostas no presente

estudo. Esse padrão corresponde nomeadamente as seguintes dimensões:

Especialização do trabalho, Formalização do comportamento, Treinamento,

Doutrinação, Agrupamento de unidades, Tamanho das unidades, Sistema de

planejamento e controle, Mecanismos de Conexão, Idade e Tamanho, Sistema

Técnico, Ambiente e Poder.

A divergência que acontece em relação a estrutura simples proposta por

Mintzberg e as estruturas presentes na rede da AIGD estão nas dimensões

referentes ao Mecanismo de Controle e a Descentralização. Essa divergência

deve-se ao fato de a estrutura simples centrar suas atividades na figura de um

líder, onde, de acordo com Mintzberg (2003, 1979) todas as decisões giram em

torno desse líder. Basicamente a organização é guiada pelo seu líder e as

decisões centralizadas no mesmo. Já na estrutura da Comunicação Web, das

Reuniões Virtuais e dos Eventos, a figura do líder perde essa característica

centralizadora, apresentando-se como um colaborador que faz a ligação entre as

diversas atividades, dentro de uma estrutura descentralizada. Essa diferenciação

é a responsável pelas diferenças encontradas entre a estrutura Simples proposta

por Mintzberg e as estruturas da rede da AIGD. De acordo com Mintzberg (2003,

1979) as configurações propostas dentro do seu modelo são formas puras de

olhar para as estruturas organizacionais e dificilmente serão encontradas nessa

forma em uma estrutura real.

Essa afirmação de Mintzberg reforça-se na estrutura da RIGD, que possui

características que se assemelham a uma Burocracia Profissional e uma

74

Burocracia Mecanizada, e além disso, possuem dimensões que diferem dessas

configurações. Em relação à Burocracia Profissional percebe-se semelhança nas

seguintes Dimensões: Mecanismos de Controle do Trabalho, Especialização do

trabalho, Formalização do Comportamento, Treinamento. Já em relação à

Burocracia Mecanizada verifica-se semelhança nas seguintes dimensões:

Mecanismos de Coordenação, Formalização do comportamento, Agrupamento,

Sistema de planejamento e controle, Mecanismos de Conexão, Sistema Técnico,

Ambiente e Poder. A Idade e Tamanho assemelhasse a de uma estrutura simples

e a Descentralização é similar na Adhocracia.

Dessa forma a RIGD apresenta-se como uma estrutura híbrida, com forte

influência da Burocracia Profissional e da Burocracia Mecanizada. Observa-se,

assim, uma estrutura muito burocrática, que utilizada do controle para coordenar o

seu trabalho e também os resultados e as ações dentro da organização. Além

disso, possui uma forte necessidade de treinamento, que é realizado por

entidades externas e atua em um ambiente com sistema técnico regulado, muito

simples e estável. Essa estrutura possui um forte controle de agentes externos,

que avaliam e impõe normas e diretrizes a serem seguidas.

2. O Business Model Canvas na rede da AIGD (QI.2b)

A seguir, serão apresentados os resultados da análise das quatro

organizações em função do modelo de negócio. O modelo de negócio será

avaliado através do Business Model Canvas. Essa análise transcreve os nove

blocos e uma análise das organizações dentro de cada um desses blocos.

Ressalta-se que o bloco de Fluxo de Rendimento, foi alterado para Métricas, o

bloco denominado Segmento de Clientes será alterado para Segmento de

Membros/Participantes e da mesma forma o bloco de relacionamento com o

cliente será alterado para Relação com os Membros/Participantes.

75

Sub Categoria Segmento de Membros/participantes

Identifica-se que o Segmento de Membros/Participantes dentro das quatro

organizações visa atingir o mesmo público alvo. Observa-se que esses segmentos

buscam um nicho de mercado, nicho esse composto por pessoas ligadas à gestão

desportiva. Dentro desse nicho caracteriza-se três Segmento de

Membros/Participantes para qual as quatro organizações entregam valor:

1- Professores e Pesquisadores;

2- Alunos;

3- Profissionais inseridos no mercado;

O primeiro segmento identificado está ligado ao segmento acadêmico que

possui experiência na área da Gestão Desportiva. Esse segmento participa mais

ativamente nas atividades desenvolvidas pela AIGD. Destaca-se sua importância

para todas as atividades dentro da AIGD, pois além de se beneficiarem dos

serviços e produtos que a AIGD oferece também contribuem para criação desses

mesmos serviços e produtos.

O segundo segmento caracteriza-se também com uma forte ligação ao

segmento acadêmico, mas é formado por um grupo com menos experiência na

área da gestão esportiva.

O terceiro grupo forma-se por profissionais inseridos no mercado, gestores,

diretores esportivos, gestor de instalações esportivas, pessoas ligadas à gestão

desportiva fora da vida acadêmica. Esse segmento ainda não se desenvolveu

muito bem, mas considera-se fundamental para a organização, pois faz uma

ligação entre a Universidade e a sociedade em geral.

Sub Categoria Proposta de Valor

76

Antes de apresentarmos a proposta de valor é importante destacar a

definição de valor definida para a AIGD no presente estudo: a disseminação de

conhecimentos e o fortalecimento da área de gestão desportiva. A proposta de

valor representa quais serviços ou produtos uma organização oferece para criar

valor a cada um dos Segmento de Membros/Participantes acima citados. Desta

forma apresenta-se para cada uma das organizações da rede da AIGD uma

proposta de valor direcionada a esses segmentos.

Comunicação Web:

- Transmissão de congressos, palestras e eventos: esse é uma atividade que

agrega muito valor a todos os segmentos, que podem acompanhar eventos e

palestras de qualquer lugar do mundo, sem custo nenhum.

- Divulgação de informações referentes a congressos e eventos na área: Essa

proposta de valor apesar de poder atingir os três segmentos de clientes, está mais

focada no meio acadêmico.

- Promover a interação entre o que é produzido pela AIGD e os membros: Isso é

basicamente a proposta fundamental da comunicação web, divulgar o que tem

sido feito pela AIGD para todo o seu público alvo.

Reuniões Virtuais:

- A Reunião Virtual: por apresentar uma atividade especifica está atividade

constitui-se na proposta de valor entregue ao segmento dos clientes/membros.

Eventos:

- Simpósio Virtual: é uma atividade que pretende entregar uma proposta de valor

aos segmentos acadêmicos, apresentando-se trabalhos acadêmicos em

construção por jovens pesquisadores.

- Rutas de La Excelencia: é uma atividade onde se busca uma proposta de valor

mais voltada ao segmento profissional, mas também ao segmento acadêmico,

77

apresentando-se a trajetória de vida de gestores de sucesso nas diversas áreas

da gestão desportiva.

RIGD:

- Conhecimento científico: Caracterizando-se por ser uma revista cientifica, a

RIGD centra-se em primeiro plano a entregar essa proposta de valor ao público

acadêmico e em um segundo plano no segmento profissional.

Sub Categoria Canais

Os canais são o ponto de integração entre as diversas atividades

desenvolvidas pela rede da AIGD. A organização funciona dentro de uma lógica

virtual, desta forma utiliza-se de mídias sociais (facebook, youtube, blog e site)

para a difusão de conteúdos e das atividades realizadas para os Segmento de

Membros/Participantes. Destaque-se aqui o papel de interligação executado pela

comunicação web. Essa interligação consiste na difusão das atividades, dos

eventos e das publicações desenvolvidas por todas as organizações que compõe

a rede da AIGD, através das mídias sociais para o segmento de clientes.

Canais de comunicação:

- Mídias Sociais (facebook, youtube e Blog) e site.

Reuniões virtuais:

- Canais de comunicação e e-mail institucional.

Eventos:

- Canais de comunicação e e-mail institucional.

RIGD:

- Canais de comunicação e e-mail institucional.

78

Sub Categoria Relação Com os membros/participantes

A relação existente entre as organizações e os membros/participantes é

uma ligação indireta. Nenhuma das organizações possui um canal direto para

interação com os membros/participantes.

Sub Categoria Métricas

As Métricas utilizadas seguem o que já foi apresentado na estrutura

organizacional das quatro organizações, onde se citam os sistemas de controle

utilizados. Dessa forma percebem-se três estruturas compartilhando das mesmas

métricas e uma buscando outras formas de avaliação e controle do desempenho.

Comunicação Web, Reuniões Virtuais e Eventos:

Essas três organizações utilizam-se das mesmas métricas para medir o

impacto de suas atividades: o número de participantes das atividades, tanto nos

eventos transmitidos como nas reuniões, os locais de onde os mesmos participam

e o tempo em que estiveram participando.

RIGD:

As métricas utilizadas são reguladas pelas entidades que controlam as

bases de dados onde a RIGD se encontra ou pretende ser indexada, como por

exemplo: Latindex, Scielo e Qualis de CAPES. Essas métricas são muitas, e o

controle para atingi-las dentro da organização é muito rígido.

Sub Categoria Recursos-chave

79

Os Recursos-Chave utilizados pelas quatro organizações podem ser

distribuídos em duas categorias: os recursos físicos e recursos humanos. A seguir,

apresentam-se a caracterização destes em cada uma das organizações:

Comunicação Web:

Recursos Físicos: são as plataformas utilizadas, o site, o facebook, o yotube e o

blog.

Recursos Humanos: são todos os colaboradores envolvidos nas atividades.

Reuniões Virtuais

Recurso Físico: é a plataforma utilizada para a realização da reunião, neste

momento a plataforma utilizado é o Anymeeting.

Recursos Humanos: são todos os colaboradores envolvidos nas atividades e os

palestrantes de cada uma das reuniões.

Eventos:

Recursos Físicos: são as plataformas utilizadas para a transmissão, não

existe uma plataforma padronizada podendo alterar-se de evento pra evento.

Quando se transmite um evento ao vivo além da plataforma agrega-se o recurso

da câmera de vídeo.

Recursos Humanos: são os colaboradores que coordenam o trabalho para

realização dos eventos, e também as pessoas que enviam trabalhos e participam

como palestrantes dos eventos.

RIGD:

Recursos Físicos: são a plataforma utilizada para gestão das atividades

(Sistema SEER) e o site onde a RIGD é publicada.

80

Recursos Humanos: são o corpo editorial, os pesquisadores interessados

em publicar trabalhos e os revisores responsáveis por selecionar esses trabalhos.

Sub Categoria Atividades-chave

Foram identificadas as atividades-chaves, que fazem com que cada uma

das quatro organizações continue em funcionamento:

Comunicação Web:

A comunicação web é uma organização que se fundamenta em distribuição

de conteúdo on-line através de plataformas gratuitas, dessa forma as principais

atividades consistem em manter essas plataformas em funcionamento, a captura

de informações relevantes para serem divulgadas e a transmissão de eventos no

site.

Reuniões Virtuais:

As Atividades-chave para que as reuniões aconteçam são a divulgação das

reuniões, o funcionamento da plataforma e a disponibilidade do palestrante.

Eventos:

As atividades-chave são a manutenção da plataforma utilizada para a

transmissão do evento, a captação dos palestrantes e a divulgação do evento.

RIGD:

As atividades-chave dentro da revista são a manutenção do sistema SEER

e do site, o funcionamento do corpo editorial e a revisão dos artigos.

Sub Categoria Parcerias-chave

Identificam-se uma série de parceiros chaves a cada uma das quatro

organizações:

81

Comunicação Web: Como possui dependência de plataformas on-line as parcerias

fundamentais são as empresas que mantém essas plataformas. Em relação ao

site e blog a parceira é a Lego (empresa de Recife), o Facebook e o Yotube para

mídias sociais e o Ustream que é a plataforma utilizada para a transmissão dos

eventos e palestras.

Reuniões Virtuais: Os parceiros fundamentais são a Comunicação Web, a

plataforma utilizada para a transmissão (atualmente o anymeeting), o serviço de

internet e os palestrantes.

Eventos: A comunicação web é a parceria-chave em relação à divulgação, o

serviço de internet, pois trata-se de eventos transmitidos on-line e a empresa

gestora da plataforma a ser utilizada, tem se alterado a plataforma ao longo dos 2

anos de realização dos eventos.

RIGD: Os principais parceiros da RIGD são a Universidade do Porto, a

Universidade Salgado de Olivera, a rede da AIGD como parceiros institucionais o

IBCT responsável pela plataforma de gestão da revista e as Bases de Dados onde

o conteúdo é divulgado.

Sub Categoria Estrutura de Custos

Dentro das quatro organizações os únicos custos envolvidos estão ligados

à manutenção do domínio na internet. Esse valor é suprido por alguns

colaboradores.

O Business Model Canvas apresentado pelas quatro estruturas nos mostra

um modelo de negócio centrado em disseminar conhecimentos a cerca da Gestão

Desportiva (Proposta de Valor) de forma gratuita ao seu segmento de

membros/participantes. Essa proposta força todo o modelo de negócio a se

moldar, buscando recursos-chave que não gerem custos, atividades-chaves para

manter as plataformas funcionando sem custos e parcerias-chave que contribuam

para construir essa proposta de valor através de cooperação. Esses fatores

82

realçam a cooperação e a informalidade na busca por manter o funcionamento do

modelo de negócio sem geração de custos, tanto para a organização como para

os membros/participantes. Essas são características que moldam a rede da AIGD.

Esse modelo de negócio não objetiva a utilização de métricas para medir os

resultados que estão sendo alcançados, com exceção da RIGD que tem

obrigatoriedade em cumprir metas e objetivos, como apontado na analise de sua

estrutura organizacional.

Destacam-se alguns pontos principais a partir do Business Model Canvas,

identificado nas quatro estruturas:

- Mesmo apresentando propostas de valor diferentes o segmento de

membros/participantes é compartilhado pelas quatro estruturas, podendo ser

considerado como determinante na integração dessas estruturas.

- Reforça-se a presença da Comunicação Web como uma estrutura de ligação

entre a AIGD e seus membros, como observado no bloco dos Canais.

- Observa-se a relação de cooperação vista dentro da organização, não mantem-

se para o relacionamento com os membros/participantes, visto que as quatro

estruturas mantém uma relação indireta.

Estes resultados complementam a compreensão da estrutura organizacional da

AIGD. A rede horizontal e informal estabelecida na AIGD permite que as

estruturas que compõe a rede sejam capazes de construir e entregar sua proposta

de valor sem envolvimento financeiro. Observa-se também que as características

da estrutura das organizações influenciam no modelo de negócio da AIGD,

relação que é descrita abaixo.

3. Relação entre estruturas de Mintzberg e Business Model Canvas na AIGD

(QI.3)

83

Dentro da analise realizada nas estruturas organizacionais e na

identificação do modelo de negócio, pode-se perceber a existência de uma relação

em alguns fatores analisados dentro da AIGD. Essa relação pode ser identificada

fundamentalmente em dois pontos principais:

Quadro 4: Relação entre Configurações de Mintzberg e Business Model Canvas.

Seção Configuração de

Mintzberg

Business Model

Canvas

Comunicação web,

Reuniões Virtuais

e Eventos

Estrutura simples, sem

padronização das

atividades, sem controle e

busca por resultado,

descentralizada.

Muito focado em

distribuir sua proposta

de valor de forma

gratuita, pouquíssimas

utilização de métricas

para apontar resultados.

RIGD

Burocrática/ profissional,

muito controle,

padronização das

atividades,

descentralização seletiva.

Muito influenciada por

agentes externos

Utiliza de muitas

métricas para controlar

os resultados, uma

imposição muito forte

dos parceiros. Atua com

menos ligação à rede.

Observa-se dessa forma que dentro da estrutura da Comunicação Web,

Reuniões Virtuais e Eventos as características do desenho organizacional

apresentado relacionam-se com o modelo de negócio em dois pontos. (1) o

modelo de negócio é influenciado por uma estrutura que não possui enfoque no

controle, tanto das atividades como dos resultados, influenciando dessa forma a

construção de um modelo de negócio que não se preocupa em analisar o impacto

de suas atividades. (2) como essas estruturas apresentam um modelo de negócio

que não envolve questões financeiras, a cooperação entre as estruturas da rede

são fundamentais para tanto na construção como na entrega de sua proposta de

84

valor, dessa forma suas estruturas precisam ser simples e flexíveis permitindo o

máximo de colaboração possível.

Dentro da estrutura da RIGD reforça-se essa relação entre estrutura e

modelo de negócio. Observa-se que por sua estrutura organizacional ser muito

padronizada e focada no controle das atividades e resultados, seu modelo de

negócio também mantém um enfoque nas métricas de impacto geradas. E

também nota-se que a forte influência do controle externo, faz com que o modelo

de negócio da RIGD, não tenha tanta dependência da interação com a rede da

AIGD para construir e entregar sua proposta de valor, mas sofre uma influencia

grande de seus parceiros de fora da rede.

CONCLUSÕES

87

Observar a AIGD em função das três perspectivas apresentadas neste

estudo (redes interorganizacionais, Configurações estruturais de Mintzberg e

Business Model Canvas) permite compreender a estrutura da organização em

uma visão geral e posteriormente se aprofundar em cada uma das partes que

constituem a AIGD.

Identificou-se a rede da AIGD como informal e horizontal. Horizontal por ser

uma rede constituída por quatro pequenas organizações (Comunicação Web,

Reuniões Virtuais, Eventos e RIGD), que mesmo independentes optam em

coordenar certas atividades específicas de forma conjunta, para alcançar objetivos

determinados entre os atores que constituírem esta rede (Marcon e Moinet, 2000).

É uma rede Informal por permitir encontros informais entre as quatro estruturas

que compõe a rede, e, além disso, não possuir qualquer tipo de contrato formal

estabelecendo regras, permitindo que as estruturas hajam em conformidade com

os interesses mútuos, baseados, sobretudo, na confiança (Marcon e Moinet,

2000).

Mesmo possuindo a figura de um líder, a rede da AIGD não apresenta

aspectos que a transformem em uma organização centralizada. A literatura nos

mostra que toda rede terá um grau de centralização em alguns “nós” da rede, mas

isso não determina que essa rede seja centralizada.

A rede da AIGD é composta por quatro estruturas – Comunicação Web,

Reuniões Virtuais, Eventos e RIGD - que se caracterizam em duas estruturas

distintas dentro das configurações de Mintzberg. A Comunicação Web, as

Reuniões Virtuais e os Eventos apresentaram características de uma Estrutura

Simples, enquanto a RIGD apresentou aspectos de uma estrutura híbrida com

características da Burocracia Mecanizada e da Burocracia Profissional.

As estruturas da rede com características da estrutura simples classificam-

se dentro dessa proposta por possuírem a mesma característica em doze das

catorze dimensões propostas neste estudo. A diferenciação encontra-se nos

88

mecanismos de controle do trabalho e no parâmetro de design descentralização.

Conclui-se que essas estruturas (Comunicação Web, Reuniões Virtuais, Eventos)

assemelham-se à proposta da Estrutura Simples de Mintzberg, mas optando por

um grau de descentralização elevado e um controle de suas atividades através do

ajustamento mútuo.

Já a estrutura da RIGD caracteriza-se como uma estrutura híbrida com

fortes influências da Burocracia Mecanizada e da Burocracia Profissional. Essas

influências mostram uma estrutura muito burocrática, que se caracteriza pela

utilização de mecanismos de controle para coordenar o seu trabalho e os

resultados das ações dentro da organização. Nota-se a necessidade de

treinamento, da utilização de um sistema técnico para gerir as atividades e a

pressão externa das entidades avaliadoras que obrigam a RIGD a seguir uma

série de normas e regras.

O Business Model Canvas apresentado pelas quatro estruturas nos mostra

um modelo de negócio centrado em disseminar conhecimentos a cerca da Gestão

Desportiva (Proposta de Valor) de forma gratuita ao seu segmento de

membros/participantes. Todo o modelo molda-se visando construir e entregar essa

proposta de maneira gratuita. Esses fatores realçam a cooperação e a

informalidade na busca por manter o funcionamento do modelo de negócio sem

geração de custos, tanto para a organização como para os membros/participantes.

Essas são características que moldam a rede da AIGD.

Diante dessas análises das quatro estruturas que compõe a rede da AIGD,

conclui-se que existe uma relação em alguns fatores encontrados nas estruturas

organizacionais com alguns pontos do modelo de negócio. A Estrutura Simples e

os modelos de negócio que caracterizam as estruturas da Comunicação Web, das

Reuniões Virtuais e dos Eventos apresentam uma relação em dois pontos: (1) Por

apresentarem uma estrutura informal, flexível e sem mecanismos de controle,

tanto das atividades, como dos resultados, essas organizações influenciam seus

89

modelos de negócio a não darem importância na utilização de métricas para medir

o impacto das atividades. (2) Por visarem construir e entregar um modelo de

negócio gratuito, essas organizações precisam cooperar muito dentro da rede

para conseguir isso, influenciando ao desenvolvimento de estruturas simples,

informais e flexíveis.

Na estrutura da RIGD essa relação leva-nos a concluir que por sua

estrutura organizacional ser muito padronizada e focada no controle das

atividades e resultados, seu modelo de negócio também mantém um enfoque nas

métricas de impacto geradas. Além disso, a forte influência do controle externo,

faz com que o modelo de negócio da RIGD, não tenha tanta dependência da

interação com a rede da AIGD para construir e entregar sua proposta de valor,

mas sofre uma influência grande de seus parceiros de fora da rede.

De uma forma geral, a AIGD é uma organização que vem desenvolvendo

numa rede informal e horizontal, mas por ser uma organização muito jovem ainda

não se pode prever se essa estruturação será mantida. Mintzberg (2001) afirma

que é comum organizações em uma fase inicial, se formarem dentro de uma

lógica mais distribuída e menos hierárquica, mas com o crescimento dessa

estrutura e o seu envelhecimento as organizações tendem a criar hierarquias e se

burocratizar. Numa proposta diferente surgem os teóricos das redes (Franco,

2012, Castells, 2000) que propõem uma visão de organizações que não

necessitam de hierarquias e burocratização para seu crescimento. Pode-se

enxergar a evolução da organização dentro de uma rede distribuída, onde os

papéis ou funções se definem continuadamente a partir da interação. Todos

participam do processo e interagem.

Encontrar o equilíbrio dentro dessa difícil arte de construir estruturas

organizacionais será um enorme desafio para a AIGD. Para guiar essa construção

poderá se recorrer aos questionamentos de Mintzberg (2010) em sua última

grande obra:

90

“Não está na hora de acordarmos a humanidade e deixarmos de lado nossa

obsessão infantil com a liderança? Não podemos ser tão sensatos quanto as

abelhas em uma colmeia? O que poderia ser mais natural do que enxergar nossas

organizações não como hierarquias místicas de autoridade, mas apenas como

comunidades de engajamento, nas quais todos os membros são respeitados e,

logo, demostram o mesmo respeito? É claro que precisamos de pessoas que

coordenem nossos esforços, ofereçam uma ideia de direção em sistemas sociais

complexos e apoiem aqueles que apenas querem fazer um trabalho útil. Mas

esses são gerentes que trabalham conosco, não que nos governam”

91

Principais Contribuições do Estudo

Divide-se as principais Contribuições deste estudo, nas contribuições para

AIGD, nas contribuições para os gestores desportivos e nas contribuições para a

comunidade científica.

Contribuições para a AIGD: Apresenta-se nesse estudo uma análise da rede da

AIGD e das estruturas organizacionais e do modelo de negócio das organizações

que compõe essa rede. Acredita-se que em cima dessa analise a AIGD possa

construir com mais clareza seus propósitos, pensar com maior clareza em como

deve conduzir seu desenvolvimento. Em especial os coordenadores da AIGD

poderão olhar para as diversas propostas aqui apresentadas e poder guiar a

organização no caminho que acreditam ser mais adequado.

Pode-se sugerir três caminhos a serem seguidos. (1) A organização

desenvolver-se em uma lógica mais hierárquica, fazendo com que as estruturas

que compõe a rede da AIGD cresçam e ganhem uma forma mais institucional. (2)

A organização pode apostar numa proposta estrutural distribuída, sem

mecanismos de controle, focando na interação e na participação dos

membros/participantes na construção da AIGD. (3) Equilibrar essas duas

propostas dentro de uma estrutura nem muito centralizada mas também não muito

distribuída.

Contribuições para os gestores desportivos: Observa-se que o presente estudo

possa contribuir para os gestores desportivos e gestores em geral, mostrando que

é possível organizações desenvolverem-se fora de uma lógica hierarquizada e

controladora. Novas perspectivas podem ser criadas dentro das estruturas das

organizações, e a AIGD pode contribuir para um novo olhar dentro das estruturas

existentes.

92

Contribuições para a comunidade cientifica: Estudos relacionando estas três

perspectivas não se encontram na literatura, desta forma, relacionar essas três

propostas é a primeira contribuição. A percepção de que numa rede podemos ter

componentes com estruturas organizacionais totalmente diferentes é a segunda. E

uma possível relação entre a proposta de Mintzberg e o Business Model Canvas é

a terceira.

Sugestões

As sugestões apresentadas abaixo focam em propostas para AIGD, que

relacionam-se com a comunidade profissional e cientifica:

- Buscar uma analise da “Rede Social”que compõe a estrutura da AIGD, e

relaciona-la com o modelo de negócio da organização.

- Desenvolver mais estudos dentro da AIGD para enriquecer as formas de

compreender a organização.

- Manter a proposta de uma organização informal e horizontal seguindo um

caminho que leve a tornar-se a mais distribuída possível.

- Buscar uma forma de transformar a relação com os membros/participantes em

interação com os membros participantes.

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ANEXOS

XXI

ANEXO 1 – Guião de entrevista com coordenadores das Estruturas da Rede

da AIGD

Perfil do entrevistado:

Nome do Entrevistado: ____________________________________

Papeis desempenhados na AIGD: ____________________________________

Profissão: _________________________

Idade: ______ anos Tempo na AIGD: _____ (anos/ meses) Data da

Entrevista: _

Introdução

No âmbito do estudo que estamos a realizar sobre “Estrutura organizacional e

modelo de negócio de organizações sem fins lucrativos: O caso da AIGD (Aliança

Intercontinental de Gestão Desportiva)”, gostariamos de lhe colocar algumas

questões sobre esta temática. O nosso objetivo é entender melhor a sua visão

sobre a AIGD (em termos de estrutura organizacional e de modelo de negócio) e

sobre as atividades que coordena.

Percepção em relação à AIGD

Identifique, por favor, justificando:

da AIGD

da secção que

coordena

Os colaboradores

Os parceiros

Os coordenadores

Os membros

XXII

As restantes

pessoas envolvidas

A - Visão em relação à estrutura da secção que coordena

A.1- Na sua opinião, o trabalho é coordenado informalmente, através de

conversas? Porquê?

A.2- Existe um responsável pelo trabalho dando instruções e monitorando as

ações de outros colaboradores? Porquê?

A.3- Na sua opinião, as tarefas realizadas na organização são padronizadas

de alguma forma? Se sim, como?

A.4- Em relação as tarefas realizadas pelos colaboradores, são padronizadas,

repetitivas e especializadas em uma área específica ou não? Porquê?

A.5- Em sua opinião, os aspectos ligados hà tarefa e a sua realização estão

sobre controle dos colaboradores ou não? Porquê?

A.6- Os processos de trabalho possuem imposição de instruções

operacionais, descrições de cargos, regras, regulamentações e similares?

Porquê?

A.7 - Os colaboradores passam por muito treinamento antes de iniciarem as

atividades ou não?

A.8- Existe um conjunto de valores, normas e padrões de comportamento

amplamente difundido entre os colaboradores? Quais?

A.9- A organização utiliza alguma forma para agrupar suas unidades de

trabalho? Porquê?

A.10- Na sua opinião, há grande dedicação ao monitoramento e a avaliação

do progresso das tarefas que estão sendo desempenhadas? Porquê?

A.11- Em sua opinião, hà muito planejamento das ações com o

estabelecimento de resultados esperados, em termos de quantidade,

qualidade, tempo e custo? Porquê?

A.12- Há uso constante de forças tarefas, comitês,cargos de interligação,

gerentes de integração, ou estrutura matricial? Porquê?

A.13- Em que ano a organização iniciou suas atividades?

A.14- Existe algum sistema técnico sendo utilizado pela organização para

regular as atividades?

A.15- percebe que a organização atua em um ambiente prevísivel/estável ou

acredita que o ambiente é mais complexo e dinâmico? Porquê?

XXIII

A.16- O ambiente onde a organização se encontra obriga uma base de

conhecimento muito grande? Porquê?

A.17- O ambiente possui uma diversidade de clientes, mercados, produtos?

De que tipo?

A.18- É um ambiente muito hostil ou muito generoso? Porquê?

B - A AIGD como uma rede organizacional

B.1 - Acha que a AIGD pode ser vista como uma rede de organizações?

B.2 - Se sim, na sua opinião:

a) aproxima-se mais de uma rede horizontal ou vertical? Ou deve ser vista

de outra forma? Porquê?

Horizontal: organizações somam suas forças, escolhem o canal ou

canais de distribuição, o cliente recebe o produto ou serviço final

Vertical: organizações que atuam de forma complementar, oferecendo

uma parte do serviço que será entregue ao cliente

b) como se encontra integrada a secção que coordena em toda a Rede da

AIGD?

C - Opinião em relação ao modelo de negócio da secção que coordena

Diga, justificando, na sua opinião:

C.1- qual é o público-alvo da secção que coordena?

C.2- qual o conjunto de produtos e serviços que criam valor para o público-

alvo antes citado?

C.3- quais os meios utilizados para se comunicar com o público-alvo?

C.4- descreva os tipos de relações que a organização estabelece com o

público-alvo?

C.5- como se pode medir o impacto atividades realizadas? Que métricas

podem ser utilizadas?

C.6- quais aos recursos-chave mais importantes para o funcionamento da

secção que coordena?

C.7- quais as atividades-chave, as coisas mais importantes que a secção

que coordena deve fazer para continuar as atividades?

C.8- quais as parcerias-chave, a rede de fornecedores e de parceiros

necessárias para que a secção que coordena continue suas atividades?

XXIV

C.9- quais os custos envolvidos para que a secção que coordena realize

suas atividades?

XXV

XXVI

ANEXO 2 – Guião de entrevista com coordenador da AIGD

Perfil do entrevistado:

Nome do Entrevistado:

Papeis desempenhados na AIGD

Profissão

Idade: ____ anos Tempo na AIGD: ___ (anos/ meses) Data da

Entrevista: ___

Introdução

No âmbito do estudo que estamos a realizar sobre “Estrutura organizacional e

modelo de negócio de organizações sem fins lucrativos: O caso da AIGD (Aliança

Intercontinental de Gestão Desportiva)”, gostariamos de lhe colocar algumas

questões sobre esta temática. O nosso objetivo é entender melhor a sua visão

sobre a AIGD (em termos de estrutura organizacional e de modelo de negócio) e

sobre as atividades que coordena.

A - Questões relativas à AIGD

1. A AIGD foi pensada tendo algum modelo de estrutura organizacional emvista? Qual? 2. Quais as características que pretendia para a AIGD, em termos defuncionamento, estrutura e objetivos? 3. Quem são (tipicamente), na AIGD:a. os colaboradores?b. os coordenadores?c. os membros?d. os parceiros?e. as restantes pessoas envolvidas?4. Indique, justificando, se há/ houve alguma preocupação no sentido deestabelecer padrões/critérios para a forma como: a. O trabalho é planeado e atribuído aos diferentes colaboradores?

XXVII

b. O trabalho é executado?c. A execução do trabalho é monitorizada/ controlada?d. A formação dos colaboradores é feita?

5. No seu entender

a. Quais os pontos fortes da AIGD? Porquê?b. Quais os pontos em que a AIGD tem de melhorar? Porquê?c. A quem se destina a AIGD? Qual o seu público-alvo?

B - A AIGD como uma rede organizacional

1. Acha que a AIGD é uma organização ou uma rede organizações sem finslucrativos? Porquê?

2. Se acha que a AIGD pode ser vista como uma rede, qual a tipologia de queela se aproxima mais: horizontal ou vertical?

Horizontal: organizações somam suas forças, escolhem o canal ou canais de

distribuição, o cliente recebe o produto ou serviço final

Vertical: organizações que atuam de forma complementar, oferecendo uma parte

do serviço que será entregue ao cliente

XXVIII

ANEXO 3 – Declaração de Principios da AIGD

XXIX