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Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais. CAMILA MENDES CORREIA ESTRUTURA DE UMA COMUNIDADE DE ANFÍBIOS ANUROS EM SAVANA TROPICAL BRASILEIRA: USO DOS AMBIENTES E SAZONALIDADE Ouro Preto 2015

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Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais.

CAMILA MENDES CORREIA

ESTRUTURA DE UMA COMUNIDADE DE ANFÍBIOS ANUROS EM SAVANA

TROPICAL BRASILEIRA: USO DOS AMBIENTES E SAZONALIDADE

Ouro Preto

2015

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Dra. Maria Rita Silvério Pires pelos conselhos, ensinamentos e

pela liberdade nas minhas escolhas. À Izabela M. Barata pelo incentivo e oportunidade para a

realização do projeto. Vocês foram a base da minha formação profissional e agradeço

imensamente.

À minha família, em especial à minha mãe, por acreditar em mim, e pela paciência e o

apoio para sempre seguir em frente.

Ao Guilherme C. Conrado, por ser meu parceiro em minha vida e em meu trabalho.

Aos meus amigos pelo convívio e que contribuíram de alguma forma para este trabalho:

António Cruz, Filipe Moura, Fernando Pinho, Rodrigo Silveira, Fernando Hiago, Fernanda

Figueiredo, Bruno Ferrão, Marco Koé, Marcus Canuto, Sara R. Araújo, Gilson Ribeiro,

Fernanda Nunes, Tatiana Rodriguês, Rafael Paiva, Dirceu Melo, Michael Lindemann,

Alexandre Saadi, Pedro Garcia e Fábio Jorge.

Ao Felipe Leite pelo auxílio na identificação das espécies.

Ao Instituto Biotrópicos, em especial ao Guilherme F. Braga e Marcel Soares, e a Rede

ComCerrado pelo apoio financeiro.

Ao professor Júlio Fontenelle na assistência e esclarecimentos das análises estatísticas e

aos professores do Biomas que de alguma forma ajudaram também a moldar este trabalho.

Ao Tonhão e todos os funcionários do Parque Estadual do Rio Preto, pela constante

ajuda, estadia e boa companhia.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa

de estudos concedida.

Obrigada à todos pela ajuda em mais esta etapa da minha vida, serei eternamente grata.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL.............................................................................................................. 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................3

Capítulo 1: RIQUEZA, COMPOSIÇÃO E HISTÓRIA NATURAL DA FAUNA DE ANUROS

DO PARQUE ESTADUAL DO RIO PRETO, MINAS GERAIS,

BRASIL..........................................................................................................................................4

RESUMO….......................................................................................................................4

1. Introdução......................................................................................................................5

2. Metodologia...................................................................................................................9

3. Resultados....................................................................................................................15

4. Discussão.....................................................................................................................31

5. Referências Bibliográficas...........................................................................................36

Capítulo 2: DIVERSIDADE LOCAL DE ANFÍBIOS ANUROS EM DIFERENTES

FISIONOMIAS DO CERRADO

......................................................................................................................................................53

RESUMO….....................................................................................................................53

1. Introdução....................................................................................................................54

2. Metodologia.................................................................................................................57

3. Resultados....................................................................................................................67

4. Discussão.................................................................................................................... 84

5. Referências Bibliográficas.......................................................................................... 90

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INTRODUÇÃO GERAL

O Cerrado é a savana tropical com maior diversidade de habitats e alternância de

espécies de plantas do mundo (Klink & Machado, 2005). As principais causas

associadas à destruição de hábitats no Cerrado são o desmatamento, o avanço da

fronteira agrícola, a mineração, o fogo e os projetos de desenvolvimento do país

(Silvano & Segala, 2005). Com relação à fauna de anfíbios, esses impactos afetam

diretamente o grupo, uma vez que a destruição dos hábitats é considerada a maior

ameaça a sua conservação no Brasil. Toledo et al. (2010) afirmam que a perda de

diversidade de anfíbios, além de prejudicar os interesses científicos e de conservação,

acarretaria danos à agricultura, afetaria no desequilíbrio das cadeias tróficas, resultando

em perda de fármacos potenciais, afetando dessa forma a humanidade.

Entre as áreas prioritárias para a conservação dos anfíbios no Cerrado, está

incluída a porção central do domínio, seguindo uma diagonal noroeste-sudeste, que

corresponde à serra do Espinhaço (Silvano, 2011). Essa serra concentra uma grande

riqueza de espécies, inclusive espécies endêmicas de anfíbios anuros. Muitas destas

espécies estão completamente desprotegidas. Se o cenário econômico e político atual

permanecer, a perda de espécies será alarmante (Silvano, 2011). Na lista vermelha de

espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza

(International Union for Conservation of Nature – IUCN), muitos destes anfíbios

endêmicos se encontram na categoria dados insuficientes (Data Deficient) (IUCN,

2015), o que indica a necessidade de pesquisas futuras para planejar a conservação das

espécies.

O maciço do Espinhaço alonga-se por cerca de 1.200 km na direção N-S desde a

região de Belo Horizonte, em Minas Gerais, até os limites norte do estado da Bahia

(Almeida-Abreu & Renger, 2002), apresentando altitudes elevadas, chegando a 2.062m

em seu ponto culminante (Saadi, 2013). A serra do Espinhaço, além de constituir um

centro de alta biodiversidade, com elevado índice de endemismos florístico e faunístico

(IEF, 2004; Silva et al., 2008), é um grande divisor de biomas (Gontijo, 2008). Nesse

sentido, a região do estudo apresenta elementos típicos de cerrados associados a

elementos atlânticos e de caatinga, abrigando uma variedade de organismos de ampla

distribuição geográfica que parecem apresentar modos de vida locais diferentes do que

comumente se conhece (IEF, 2004).

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A Unidade de Conservação Parque Estadual do Rio Preto (PERP) está inserida

na porção meridional da Serra do Espinhaço, no município de São Gonçalo do Rio

Preto, Minas Gerais. A região é constituída essencialmente por rochas quartzíticas e

vegetação típica do bioma Cerrado (IEF, 2004). As formações campestres e savânicas

são as fisionomias predominantes, contudo áreas cobertas por Floresta Estacional

Semidecidual são encontradas ao longo das vertentes, dos córregos e dos rios (IEF,

2004).

Considerando as amplas transformações ocorrentes nas paisagens do Cerrado e

no status de ameaça das espécies, várias iniciativas em defesa de sua conservação vêm

sendo adotadas, seja por parte do governo, das organizações não governamentais, como

também de pesquisadores e do setor privado (Klink & Machado, 2005). Deste modo, foi

instituída por meio de uma ação conjunta entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e o

Ministério de Meio Ambiente a Rede ComCerrado, que tem como seus principais

objetivos a avaliação e o mapeamento da biodiversidade do Cerrado de modo a

contribuir com estratégias de conservação e uso sustentável do bioma. Nesse contexto

se insere o presente estudo, o qual foi desenvolvido com o apoio da ComCerrado, tendo

como foco do estudo os anfíbios anuros (Amphibia, Anura) no Parque Estadual do Rio

Preto.

A amostragem em campo foi realizada por meio de campanhas mensais, sendo

que, em cada mês, cinco parcelas com diferentes fisionomias de Cerrado foram

vistoriadas com esforço amostral padronizado. Além destas parcelas, foram amostrados

adicionalmente diversos pontos do parque, em microambientes favoráveis para a

ocorrência de anfíbios, de forma a complementar o conhecimento sobre a riqueza de

espécies do Parque Estadual do Rio Preto (PERP).

Esta dissertação foi dividida em dois capítulos, conforme é apresentado a seguir:

Capítulo 1: Riqueza, Composição e História Natural da fauna de anuros do Parque

Estadual do Rio Preto, tendo como objetivo inventariar e caracterizar as espécies de

anuros do Parque quanto a história natural e ao status de ameaça. 2) Capítulo 2:

Diversidade e Estrutura de uma Comunidade de Anfíbios Anuros em diferentes

fisionomias do Cerrado, que teve como objetivo analisar sob diversos aspectos

ecológicos a comunidade de anfíbios anuros do Parque, de acordo com sua distribuição

nas diferentes fitofisionomias do Cerrado, tais como o cerrado sensu stricto, o cerrado

rupestre, o campo rupestre, a mata de galeria e a mata ciliar deste domínio.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida-Abreu, P.A.; Renger, F.E. Serra do Espinhaço Meridional: um orógeno

de colisão do Mesoproterozóico. Brazilian Journal of Geology, 32(1): 1-14. 2008.

Gontijo, B.M. Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade,

4(1-2): 7-14. 2008.

IEF. Parque Estadual do Rio Preto. Instituto Estadual de Florestas de Minas

Gerais. Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio Preto. 2004.

IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza, lista vermelha.

Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/>. Acesso em: 20 de Ago. 2015.

Klink, C.A.; Machado, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro.

Megadiversidade, 1(1): 147-155. 2005.

Saadi, A. A geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e de suas

margens. Revista Geonomos, 3(1): 41-63. 2013.

Silva, J.D.A.; Machado, R.B.; Azevedo, A.A.; Drumond, G.M.; Fonseca, R.L.;

Goulart, M.F.; Ramos-Neto, M.B. Identificação de áreas insubstituíveis para

conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil.

Megadiversidade, (4): 272-309. 2008.

Silvano, D.L. Distribuição e conservação de anfíbios no Cerrado em cenários

atuais e futuros. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, Brasília. 2011.

Silvano, D.L.; Segalla, M.V. Conservação de anfíbios no Brasil.

Megadiversidade, 1(1): 79-86. 2005.

Toledo, L.F.; Carvalho-e-Silva, S.P.; Sánchez, C.; Almeida, M.A.; Haddad,

C.F.B. A revisão do Código Florestal Brasileiro: impactos negativos para a conservação

dos anfíbios. Biota Neotropica, 10(4): 35-38. 2010.

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CAPÍTULO 1: RIQUEZA, COMPOSIÇÃO E HISTÓRIA NATURAL DA FAUNA

DE ANUROS DO PARQUE ESTADUAL DO RIO PRETO, MINAS GERAIS,

BRASIL

RESUMO: O Cerrado abriga grande diversidade faunística e riqueza de

espécies endêmicas. Um dos seus centros de endemismo para anfíbios anuros encontra-

se na sua porção sudeste, no complexo do Espinhaço. No entanto, o conhecimento sobre

os padrões de diversidade no Cerrado é ainda considerado insuficiente. O Parque

Estadual do Rio Preto (PERP) localiza-se em um fragmento de Cerrado na serra do

Espinhaço no vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. O presente estudo teve como

objetivos caracterizar a comunidade de anfíbios anuros quanto a sua composição,

riqueza, distribuição geográfica e status de conservação, além de descrever aspectos da

história natural das espécies. A amostragem se estendeu por 19 meses, entre setembro

de 2013 e março de 2015, totalizando 91 dias. As metodologias utilizadas para a

amostragem foram Procura ativa, Registro acústico e Pitfall-Traps. Foram amostrados

microambientes favoráveis à ocorrência do grupo em diferentes fitofisionomias e

altitudes. Foram registradas 35 espécies de anuros a partir do presente estudo. Assim,

considerando a informação disponível na literatura, chega-se a um total de 43 espécies

para o PERP. Dentre as espécies que constam na Lista Vermelha da IUCN (2015)

73,5% (n=25) estão em categoria menos preocupante (Least Concern), 23,5% (n= 8) são

deficientes em dados (Data Deficient) e apenas uma espécie (3,1%) está na categoria

quase ameaçada (Near Threatened). Os maiores valores para riqueza de espécies e

abundância dos indivíduos se concentraram na estação chuvosa, demonstrando uma

sazonalidade bem marcada. Houve espécies exclusivas de ambientes abertos e florestais,

como as formações savânicas, campestres e matas ripárias. A composição da fauna de

anfíbios anuros do PERP é representada por espécies endêmicas do Cerrado e do

Espinhaço e associadas fortemente ao domínio, também por aquelas com ocorrência

conhecida em Floresta Atlântica, e por fim, espécies de ampla distribuição no país e na

região Neotropical.

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INTRODUÇÃO

São conhecidas atualmente no mundo 7.406 espécies de anfíbios (Frost, 2015).

O Brasil apresenta a anurofauna mais diversa do planeta, apresentando 1026 espécies

(SBH, 2014). Entretanto, o país ainda é deficiente no conhecimento da sua anurofauna.

São necessários inventários e monitoramentos da fauna para aumentar o conhecimento

sobre distribuição geográfica, taxonomia, status de conservação, endemismos e as

ameaças, entre outros aspectos, para podermos elaborar medidas conservacionistas

eficientes (Dixo & Verdade, 2006).

A última síntese de dados sobre a riqueza de espécies de anfíbios do Cerrado foi

realizada por Valdujo et al. (2012). Segundo esses autores, o Cerrado abriga 209

espécies, das quais 51,7% são endêmicas. Entretanto, eles reconhecem que esse número

ainda não reflete a verdadeira riqueza para este grupo no domínio, considerando que os

padrões de diversidade da anurofauna do Cerrado estejam relacionados à história

biogeográfica das espécies e aos diversos fatores contemporâneos locais.

Para o estado de Minas Gerais, foram registradas aproximadamente 200 espécies

de anfíbios, segundo Nascimento et al. (2009). Contudo, esses autores ponderam que

esse total de espécies para o estado deve ser bem maior, considerando as espécies que

vêm sendo descritas em localidades como a Serra do Espinhaço e a Serra do Brigadeiro.

Esta vasta diversidade de anfíbios no estado pode ser atribuída à grande área territorial e

à diversidade de biomas, resultando em heterogeneidade de ambientes com diferentes

formações rochosas, vegetais e sistemas hídricos. Particularmente nas regiões serranas,

em função dos gradientes altitudinais, associados aos fatores climáticos, especializações

ecológicas e morfológicas são favorecidas (Drummond et al., 2005; Nascimento et al.,

2009).

A Serra do Espinhaço representa a faixa orogênica pré-cambriana mais extensa e

contínua do território brasileiro. Essa cordilheira se alonga por cerca de 1200 km na

direção N-S, desde a região da Serra do Ouro Branco em Minas Gerais até o limite norte

do estado da Bahia (Almeida-Abreu e Renger, 2002; (Silva et al., 2005). É considerada

como um grande divisor hidrográfico inserido entre as bacias do centro-leste brasileiro,

apresentando os rios Jequitinhonha, Doce e São Francisco como principais bacias

hidrográficas (Saadi, 1995). No estado de Minas Gerais, esta cordilheira se apresenta

como uma faixa de transição e divisor dos biomas da Mata Atlântica, do Cerrado e da

Caatinga. Os campos rupestres de altitude aparecem como faixas de transição ou

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refúgios isolados em meio a estes três domínios maiores, constituindo assim um

importante mosaico fitofisionômico e florístico (Gontijo, 2008).

O estudo dos anfíbios da Serra do Espinhaço teve início, na década de 50 com o

naturalista Werner Carlos Augusto Bokermann (Bokermann, 1956), que coletou e

descreveu várias espécies, dando origem às publicações relativas aos anfíbios na Serra

do Cipó (Bokermann, 1956, 1964, 1967). Nas décadas seguintes, novos estudos se

concentraram na porção mais ao sul do Espinhaço, como a Serra do Cipó (Bokermann

& Sazima, 1973a, 1973b, 1978; Caramashi & Sazima, 1984, 1985; Eterovick & Sazima,

1998, 2000, 2004; Eterovick & Fernandes, 2001; Sawaya & Sazima, 2003; Eterovick et

al., 2009, 2010), a serra do Caraça (Afonso, 2005; Eterovick & Barata, 2006; Afonso &

Eterovick, 2007; Canelas & Bertoluci, 2007) e nos municípios de Ouro Preto (Pedralli

et al., 2001; Drummond, 2009; Lourenço et al., 2009; Silveira et al., 2009; Eterovick et

al., 2010 ) e Ouro Branco (São Pedro, 2008; São Pedro et al., 2008; São Pedro & Feio,

2010, 2011; Eterovick et al., 2010).

Estudos também vêm sendo realizados ao norte do segmento meridional do

Espinhaço, ou seja, ao norte do estado de Minas Gerais. Estes estudos têm contribuído

para a ampliação do conhecimento sobre a distribuição geográfica de muitas espécies,

além da descrição de novas espécies desta formação (Barata, 2010, 2011; Barata et al.,

2012; Correia, 2011; Drummond et al., 2007; Caramaschi et al., 2009; Campos, 2009;

Leite et al., 2006, 2011, 2012; Mezzetti et al., 2007; Oliveira & Eterovick, 2009, 2010).

Apesar dos trabalhos já realizados na Chapada Diamantina, porção baiana da

Serra do Espinhaço, (Juncá, 2005; Napoli & Juncá, 2006; Lugli & Haddad, 2006;

Cassimiro et al., 2008; Juncá & Lugli, 2009; Napoli et al., 2010; Leite et al., 2012) a

região pode ser considerada ainda pouco amostrada e o conhecimento sobre anfíbios é

fragmentado.

Segundo a síntese de dados mais recente sobre o conhecimento dos anfíbios

anuros da Serra do Espinhaço (Leite, 2012), são conhecidas 163 espécies, das quais 47

são consideradas endêmicas. Dentre as espécies de distribuição restrita, o autor afirma

que 27,7% ainda não haviam sido descritas, apesar de serem facilmente diagnosticáveis.

Desta forma, o conhecimento sobre os anfíbios do Espinhaço é considerado deficiente e,

felizmente, esforços recentes se voltam para a conservação deste rico patrimônio. Nesse

sentido, está em desenvolvimento o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos

Répteis e Anfíbios Ameaçados de Extinção na Serra do Espinhaço - PAN Herpetofauna

do Espinhaço, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

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em conjunto com a sociedade. O desenvolvimento de pesquisas que gerem

conhecimento taxonômico, genético e biológico sobre as espécies-foco e a execução de

medidas que favoreçam sua conservação e seus habitats está entre as estratégias e

objetivos desse PAN (ICMBio, 2012).

As altas taxas de diversidade e endemismo para anfíbios da Serra do Espinhaço

podem estar diretamente relacionadas à multiplicidade e complexidade estrutural de

ambientes encontrada na região e à potencialidade das áreas de altitude como zonas de

diferenciação de espécies (Nascimento et al., 2009). Assim, embora frequentemente as

espécies com distribuição restrita sejam interpretadas como deficientes em dados, e

grande parte da extensão da serra do Espinhaço não tenha sido inventariada, é fato que

muitas espécies podem ser restritas à essa formação (Drummond et al., 2005; Leite et

al., 2008; Nascimento et al., 2009). Entre as áreas indicadas para a conservação de

répteis e anfíbios no estado, o Espinhaço sul está incluído na categoria de mais alta

prioridade, ou seja, área especial, o que indica que é necessária maior priorização dos

esforços de conservação (Drummond et al., 2005).

Os anfíbios são organismos ectotérmicos, realizam respiração cutânea e, em

geral, dependem da água para reprodução (Duellman & Trueb, 1994). Assim, devido às

suas características biológicas, a atividade e distribuição das espécies podem estar

limitadas no tempo e no espaço pelas condições ambientais. Trabalhos em diversas

regiões do Brasil indicam relações entre as variáveis climáticas sobre a riqueza e

abundância (Bernarde et al., 1999; Toledo et al., 2003; Vasconcelos & Rossa-Feres;

2005; Candeira, 2007; Santos et al., 2008; Kopp et al., 2010; Rievers, 2010),

demonstrando um padrão sazonal de atividade reprodutiva dos anfíbios condicionado

aos meses mais quentes e chuvosos do ano. Para Candeira (2007), o hidroperíodo, a

profundidade dos corpos d‟água e o tipo, a altura e a quantidade de vegetação do

entorno foram os descritores mais importantes na riqueza de espécies. Correia (2011)

propõe que a heterogeneidade ambiental e a disponibilidade de microambientes podem

estar relacionadas com a composição de uma comunidade de anuros em um riacho na

Serra do Espinhaço. Lemckert & Mahony (2010) defendem que cada espécie pode ter

um único grupo de atributos e, assim, a manutenção da diversidade de anfíbios em uma

região poderá depender da manutenção de uma variedade de corpos d‟água com

diferentes formas, tamanhos e condições da vegetação ao redor. Deste modo, muitos

estudos se concentram em compreender os fatores que influenciam na estrutura das

comunidades e de que forma esses fatores atuam.

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O Parque Estadual do Rio Preto (PERP) foi criado com o objetivo inicial de

proteger as nascentes do Rio Preto. O rio foi primeiramente declarado em 1991 como

“Rio de Preservação Permanente” e, em 1994, foi sancionada a lei que autorizou a

criação da Unidade de Conservação (IEF, 2004). Além da proteção da biodiversidade e

de seus recursos naturais, a Unidade é aberta à visitação, permitindo o ecoturismo e a

realização de pesquisas científicas (IEF, 2004). Desta forma, alguns estudos foram

realizados nesta localidade, particularmente, com relação à fauna de anfíbios. Entre eles,

podemos citar primeiramente o inventário para a elaboração do Plano de Manejo da

Unidade, estudos de cunho ecológico (Oliveira & Eterovick, 2009; 2010) e notas

científicas sobre ampliação da ocorrência de espécies endêmicas da cordilheira do

Espinhaço (Leite et al., 2006; Brandão et al., 2012). Os inventários são considerados

como a forma mais direta de acessar parte dos componentes da diversidade faunística de

uma localidade, em um determinado tempo e espaço (Silveira et al., 2010). No entanto,

estes componentes certamente serão amostrados de forma incompleta (Silveira et al.,

2010). Assim, observamos que, à medida que o esforço amostral aumenta e lacunas são

preenchidas, a diversidade e a riqueza tendem a serem maiores, sobretudo novas

espécies podem ser reconhecidas e suas distribuições geográficas ampliadas.

Logo, de forma a ampliar o conhecimento sobre os padrões de riqueza local e a

composição da fauna de anfíbios do Cerrado e da serra do Espinhaço, o presente estudo

teve como objetivos: (a) inventariar os anfíbios anuros do Parque Estadual do Rio Preto,

caracterizando-a quanto à sua composição, riqueza, além de avaliar a distribuição

geográfica e status de conservação das espécies e (b) descrever aspectos relativos à

história natural das espécies, relacionando o uso do ambiente e o padrão de atividade

com a sazonalidade.

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METODOLOGIA

Área de Estudo

O estudo foi realizado no Parque Estadual do Rio Preto – PERP (18º07‟S,

43º20‟W). Essa Unidade de Conservação ocupa uma área total de 12.185 hectares,

localizada no município de São Gonçalo do Rio Preto, Minas Gerais, Brasil (IEF, 2012).

A região de estudo está localizada na bacia do rio Jequitinhonha e abriga

nascentes de diversos córregos e rios, dentre os quais se destacam o Rio Preto, um

afluente do Rio Araçuaí que tem vazão no Rio Jequitinhonha. O relevo é acidentado,

repleto de rochas de quartzo e o solo dominante é o Neossolo Litólico Psamítico típicos

e Neossolos Litólicos Distróficos típicos associados a afloramentos rochosos de

quartzito (IEF, 2004).

Com relação à cobertura vegetal, a região do PERP é representada por

fisionomias características do Cerrado (IEF, 2004). Há o predomínio das formações

campestres e savânicas, sendo que associadas a estas diferentes formações encontram-se

as ilhas de capão e as matas ciliares ao longo das margens do Rio Preto e dos córregos,

constituídas por Floresta Estacional Semidecidual (IEF, 2004). A altitude do parque

Figura 1: Imagem de satélite do Município de São Gonçalo do Rio Preto (18º07‟S, 43º20‟W), Minas Gerais,

Brasil. (Fonte: Google Earth, 2015).

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varia entre 700m a 1.826m (Versieux et al., 2010). De acordo com a classificação

climática de Köppen, o clima da região é Cwb, isto é, mesotérmico com verões úmidos

e invernos secos, sendo que a temperatura média anual encontra-se na faixa de 18°C a

20°C, com precipitação média anual entre 1.250 a 1.350 mm e umidade quase sempre

elevada, chegando ao redor de 70,6% na média anual (Neves et al., 2005).

Coleta de Dados

A amostragem se estendeu por 19 meses, entre setembro de 2013 e março de

2015, com campanhas mensais de duração média de 3-10 dias, totalizando 91 dias de

amostragem. Foram amostrados diversos pontos na parte baixa e na parte alta do Parque

(Figura 2), em busca de ambientes favoráveis à ocorrência de anfíbios anuros (Figura

3). Adicionalmente, a parte baixa foi monitorada mensalmente por meio de transectos e

armadilhas para obtenção das informações sazonais sobre as espécies. Em decorrência

da difícil acessibilidade à parte alta, não houve padronização do esforço amostral entre

estas duas regiões do parque. Essas regiões diferem grandemente em altitude (Figura 2)

e quanto as formações vegetais que exibem:

Figura 2: Variação altitudinal ao longo da área do Parque Estadual do Rio Preto, indicando os

pontos amostrais nas regiões baixa (altitudes mais baixas) e alta do parque (altitudes mais elevadas).

Elaboração: Fernando Pinho.

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Parte Baixa: Formações campestres e savânicas, com áreas de Floresta

Estacional Semidecidual, principalmente ao longo das vertentes de córregos e rios (IEF,

2004). Altitude entre 686m e 1000m.

Parte Alta (Chapada): Formação predominantemente campestre, com manchas

de Floresta Montana (“Capões de Mata”), próximas ou nas cabeceiras de córregos onde

há acúmulo de água (IEF, 2004). Altitude entre 1200m e 1700m.

A metodologia do trabalho seguiu o protocolo da Rede ComCerrado, elaborado

por Barata & Motti (2011), com algumas adequações relacionadas ao grupo zoológico

de interesse. Os métodos de coleta de dados utilizados foram complementares e se

constituíram por: Procura ativa, Registro acústico e Armadilhas de interceptação e

queda com cerca-guia.

Procura ativa e Registro Acústico: O método de procura ativa envolve procura

e captura manual em todos os microambientes potenciais para ocorrência de anfíbios,

visando o encontro de indivíduos referentes ao maior número de espécies possível

(Crump & Scott, 1994). As amostragens de procura ativa foram complementadas

simultaneamente por censo acústico (Zimmerman, 1994), método caracterizado pelo

registro das vocalizações específicas de cada espécie de anuro. As amostragens foram

realizadas durante a noite, em geral entre 18:00 - 00:00h, com auxílio de lanterna de

cabeça e lanterna de mão. Foram 87 dias de amostragem, totalizando 435 horas de

esforço amostral.

Armadilhas de interceptação e queda com cerca-guia: As armadilhas de

interceptação e queda com cerca-guia seguiram o proposto por Cechin & Martins

(2000), partindo do pressuposto de que quando um pequeno animal se depara com a

cerca, ele tende a acompanhá-la, até se deparar com o recipiente plástico, onde poderá

cair. Essas armadilhas consistiram de uma sequência de baldes enterrados até a boca,

dispostos no solo de forma alinhada, mantendo a distância de oito metros entre eles, ao

longo de uma cerca de 1m de altura. A cerca foi enterrada no solo ao longo de toda a

sua extensão e sustentada por estacas. Cada conjunto de armadilhas foi composto por

quatro baldes de 60 litros e 40m de cerca-guia. Desta forma, foram ao todo cinco

conjuntos de armadilhas, perfazendo 20 baldes ao longo de 200m de cerca-guia. Cada

conjunto de armadilhas foi instalado em uma fitofisionomia distinta (Figura 4), tal

como: cerrado sensu stricto, mata ciliar, campo rupestre e areal. Todas as armadilhas

estavam localizadas na parte baixa do parque. As armadilhas eram verificadas pela

manhã e no período entre as coletas os baldes permaneciam fechados. Foram 39 dias de

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amostragem e um esforço amostral de 312 dias-balde em cada fitofisionomia e 1560

dias-balde de esforço amostral total na área de estudo.

Figura 3: Ambientes amostrados. Parte baixa: a: Rio Preto; b: Campo rupestre; c: Areal; d:

Cerrado sensu strictu. Parte alta: e: Campo rupestre; f: Riacho permanente com mata ripária; g:

Campo rupestre e h: Campo rupestre.

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Procedimentos laboratoriais

Foram coletados indivíduos como espécie-testemunho e também para

confirmação taxonômica. Os indivíduos capturados em campo foram acondicionados

em sacos plásticos. Foi utilizado o anestésico Xilocaína 5%, em doses elevadas para

Figura 4: Armadilhas de interceptação e queda com cerca-guia (Pitfalls-Traps). a: Pitfall em cerrado sensu

strictu; b: Pitfall em campo rupestre; c: Pitfall em areal; d: Pitfall em cerrado sensu strictu com ausência de

corpos d‟água. e: Pitfall em cerrado sensu strictu próximo do Rio Preto. f: Pitfall em areal, próximo da mata

ciliar.

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ocorrer o óbito. O anestésico era aplicado no ventre do animal, em regiões bem

vascularizadas, ou injetado subcutaneamente. Aguardava-se até que ocorresse a parada

cardiorrespiratória. Posteriormente, os indivíduos foram fixados em formalina 10% e,

após 24h, colocados em potes com álcool 70% para conservação. Os espécimes foram

tombados na Coleção Herpetológica do Laboratório de Zoologia dos Vertebrados,

ligado ao Departamento de Biodiversidade, Evolução e meio Ambiente da Universidade

Federal de Ouro Preto.

Análises dos dados

Os inventários biológicos podem subestimar o número real de espécies

ocorrentes na área amostrada, pois muitas vezes espécies raras não são detectadas

(Colwell et al., 2012). Desta forma, para concluir se a amostragem realizada durante o

presente estudo representou a riqueza total da comunidade, foi empregada a curva de

acumulação de espécies por meio do programa STATISTICA 8.0 (StatSoft, 2007).

Assim, através da observação do comportamento da curva, podemos determinar se

houve suficiência amostral, sendo que quando a curva atinge uma assíntota significa

que, potencialmente, já foram coletadas todas as espécies de uma área (Colwell e

Coddington, 1994). Para estimar o número de espécies que ocorre na área, foi utilizado

o estimador não paramétrico Jackknife de 1° ordem, usando o programa EstimateS 9.1

(Colwell, 2013). O cálculo do desvio-padrão deste valor foi calculado pelo programa

STATISTICA 8.0 (StatSoft, 2007).

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RESULTADOS

Diagnóstico das espécies de anfíbios anuros do Parque Estadual do Rio Preto, Status

de Ameaça e Conservação

Foram registradas 35 espécies da ordem Anura no presente estudo.

Complementando, por meio de trabalhos anteriores, chega-se a um total de 43 espécies

de anfíbios anuros para o Parque Estadual do Rio Preto (PERP) (Tabela 1). Desta

forma, as espécies observadas no presente trabalho representam 80% das espécies já

inventariadas para o parque. As 43 espécies de anuros do PERP estão distribuídas em

nove famílias: Brachycephalidae (n=1), Bufonidae (n=3), Centrolenidae (n=1),

Cycloramphidae (n=1), Leptodactylidae (n=12), Hylodidae (n=1), Hylidae (n=22),

Microhylidae (n=1) e Odontophrynidae (n=1).

Classe Amphibia Fonte Distribuição Status IUCN

Ordem Anura

Família Brachycephalidae

Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso, 1978) 4, 6 NA LC

Família Bufonidae Rhinella crucifer x ornata (Baldiserra, Caramaschi & Haddad,

2004) 1, 5 AT LC

Rhinella rubescens (A. Lutz, 1925) 1, 2, 5, 6 NE LC

Rhinella schneideri (Werner, 1894) 1 W LC

Família Centrolenidae

Vitreorana sp. 1, 5, 6 NA -

Família Cycloramphidae

Thoropa megatympanum (Caramaschi & Sazima, 1984) 1, 2, 4 NE* LC

Família Leptodactylidae

Leptodactylus camaquara (Sazima & Bokermann, 1978) 1, 2, 3 E* DD

Leptodactylus cunicularius (Sazima & Bokermann, 1978) 1 NE LC

Leptodactylus furnarius (Sazima & Bokermann, 1978) 1, 4 NE LC

Tabela 1: Espécies de anfíbios anuros do Parque Estadual do Rio Preto. Fonte: 1: Presente estudo; 2: (IEF,

2004); 3: (Leite et al., 2006); 4: (Leite et al., 2008); 5: (Oliveira & Eterovick, 2009); 6: (Oliveira & Eterovick,

2010), 7: (Brandão et al., 2012). *: Endêmica da Serra do Espinhaço. Distribuição (Valdujo, 2011): E:

endêmica do Cerrado; NE: quase endêmica ou fortemente associada ao Cerrado; S: ocorrência meridional no

Cerrado; AT: ocorre no Cerrado e na Mata Atlântica; O: ocorre em domínios de formações abertas; W:

amplamente distribuída no Brasil e na América do Sul. NA: Não avaliada. Status IUCN (2015): LC: Least

Concern = pouco preocupante; DD: Data Deficient = deficiente em dados; NT: Near Threatened = quase

ameaçada.

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Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) 1 W LC

Leptodactylus jolyi (Sazima & Bokermann, 1978) 1, 2, 4 NA DD

Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) 1, 2, 5 W LC

Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) 1 AT LC

Leptodactylus syphax (Bokermann, 1969) 1 O LC

Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) 1, 2, 6 W LC

Physalaemus evangelistai (Bokermann, 1967) 2, 3, 6 NE* DD

Pseudopaludicola mineira (Lobo, 1994) 1, 2, 4 E* DD

Pseudopaludicola murundu (Cope, 1887) 1, 2 NE -

Família Hylodidae

Crossodactylus trachystomus (Caramaschi & Sazima, 1985) 1, 5, 6 NE* DD

Família Hylidae

Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956) 1, 2, 4, 5 NE* LC

Bokermannohyla gr. circumdata (Cope, 1871) 1, 5, 6 NA -

Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973) 1,

2,3,4,5,6 NE* LC

Bokermannohyla saxicola (Bokermann, 1964) 1, 2, 4, 5,

6 E* LC

Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824) 2, 4 NA LC

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) 1, 2, 4 W LC

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) 1, 2, 4, 5,

6 W LC

Hypsiboas albomarginatus (Spix, 1824) 2, 4 AT LC

Hypsiboas botumirim (Caramaschi, Cruz & Nascimento, 2009) 1 E* -

Hypsiboas cipoensis (B. Lutz, 1968) 2, 4, 5, 6 E* NT

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) 1, 2 AT LC

Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) 5 NE LC

Phyllomedusa megacephala (Miranda-Ribeiro, 1926) 1, 4, 7 E* DD

Scinax gr. catharinae 1, 5, 6 NA -

Scinax curicica (Pugliesse, Pombal & Sazima, 2004) 1, 3, 5, 6 E* DD

Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925) 2, 4 W LC

Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) 2, 4 W LC

Scinax squalirostris (A. Lutz, 1925) 1, 6 S LC

Scinax aff. machadoi 1, 5, 6 NA -

Scinax sp1. clado ruber 1 NA -

Scinax sp2. clado ruber 1 NA -

Trachycephalus typhonius (Linnaeus, 1758) 1 W LC

Família Microhylidae

Elachistocleis cf. cesarii (Schneider, 1799) 1 NA -

Família Odontophrynidae

Proceratophrys cururu (Eterovick & Sazima, 1998) 1, 3, 5, 6 E* DD

Total: 43 espécies

Entre os trabalhos realizados no parque, usados para o levantamento dos dados

secundários, destacam-se o Plano de Manejo (IEF, 2004), notas e artigos científicos

com novos registros relativos à distribuição geográfica de espécies (Leite et al., 2006;

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Brandão et al., 2012), estudos de foco ecológico (Oliveira & Eterovick, 2009; 2010) e,

por fim, um trabalho revisando o status sobre o conhecimento e conservação das

espécies de anuros da Serra do Espinhaço (Leite et al., 2008).

As espécies registradas exclusivamente pelo presente estudo foram: Rhinella

schneideri, Leptodactylus cunicularius, L. fuscus, L. mystacinus, L. syphax, Hypsiboas

botumirim, Scinax sp1. e Scinax sp2. clado ruber, Trachycephalus typhonius,

Elachistocleis cf. cesarii. Desta forma, este trabalho acrescentou 10 espécies na lista de

riqueza de anfíbios anuros para o PERP. As espécies Bokermannohyla gr. circumdata,

Scinax gr. catharinae, Scinax aff. machadoi, Scinax sp1. clado ruber, Scinax sp2. clado

ruber e Elachistocleis cf. cesarii, não foram identificadas à epíteto específico por

restarem dúvidas com relação à taxonomia ou possivelmente serem espécies ainda não

descritas (Scinax sp1. e Scinax sp2. do clado ruber).

Dentre as 43 espécies registradas para o PERP, nove não foram analisadas

quanto ao status de ameaça, devido à indefinições quanto à taxonomia ou por não

constarem na Lista Vermelha da IUCN (2015). Assim, dentre as espécies avaliadas,

73,5% (n=25) estão em categoria menos preocupante (Least Concern), 23,5% (n= 8) são

deficientes em dados (Data Deficient) e apenas uma espécie, Hypsiboas cipoensis

(3,1%) está na categoria quase ameaçada (Near Threatened). Esta espécie não foi

registrada no presente trabalho.

Ao analisar as informações sobre a distribuição geográfica das espécies,

verificamos que Thoropa megatympanum, Leptodactylus camaquara, Physalaemus

evangelistai, Pseudopaludicola mineira, Crossodactylus trachystomus,

Bokermannohyla alvarengai, B. nanuzae, B. saxicola, Hypsiboas botumirim, H.

cipoensis, Phyllomedusa megacephala, Scinax curicica e Proceratophrys cururu são

consideradas endêmicas da Serra do Espinhaço (IUCN, 2015). Sendo que T.

megatympanum, L. camaquara, P. evangelistai, P. mineira, C. trachystomus, B.

nanuzae, B. saxicola, H. botumirim, H. cipoensis, S. curicica e P. cururu são restritas à

porção mineira (IUCN, 2015). Desta forma, dentre as 43 espécies registradas durante o

estudo, 36,1% (n=13) são endêmicas para o Espinhaço, 25% (n=9) são encontradas em

outras regiões do estado de Minas Gerais ou do país e 38,9% (n=14) são de distribuição

Neotropical (IUCN, 2015). As espécies não identificadas foram excluídas desta análise

(n=7).

Considerando a classificação de distribuição elaborada por Valdujo (2011) para

anfíbios do Cerrado, 33 espécies puderam ser avaliadas. Como resultado, 24,2% (n=8)

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são consideradas endêmicas (E); 30,3% (n=10), altamente associadas ao Cerrado (NE);

3,0% (n=1) ocorrem somente na porção meridional desse domínio (S), enquanto que

12,1% (n=4) ocorrem também em Floresta Atlântica (AT). As demais espécies,

correspondendo a 27,3% (n=9), apresentam ampla distribuição pelo país e na região

Neotropical (W), restando ainda 3,0%, que representa uma espécie que ocorre somente

em formações abertas (O) (Tabela 1).

Dentre as 35 espécies registradas no presente trabalho (Tabela 2), as endêmicas

do domínio foram representadas por Leptodactylus camaquara, Pseudopaludicola

mineira, Bokermannohyla saxicola, Hypsiboas botumirim, Phyllomedusa megacephala

e Proceratophrys cururu. As espécies avaliadas como “quase endêmicas”, que são

consideradas altamente associadas ao Cerrado, mas ocorrem marginalmente em outros

domínios fitogeográficos, foram: Rhinella rubescens, Thoropa megatympanum,

Leptodactylus cunicularius, L. furnarius, Pseudopaludicola murundu, Crossodactylus

trachystomus, Bokermannohyla alvarengai, B. nanuzae, Scinax curicica. As demais

espécies ocupam outros domínios.

Com relação à variação altitudinal, as espécies restritas à parte alta do parque,

onde as altitudes mais elevadas superam 1.200m, foram: Leptodactylus jolyi, H.

botumirim, P. megacephala, S. aff. machadoi, S. squalirostris, S. sp2. clado ruber.

Apesar de somente um indivíduo jovem de Proceratophrys cururu ter sido registrado na

parte baixa do parque, os indivíduos desta espécie parecem ter preferência em ocupar

ambientes de altitudes elevadas, pois os demais registros e sua atividade reprodutiva

foram visualizados na parte alta.

AMPHIBIA ANURA

Espécies Metodologia Região

Ambientes e Microambientes

PA PT RA Parte baixa

Parte alta

Família Bufonidae

Rhinella rubescens X X X X X Mata ciliar, cerrado e campo rupestre (riachos permanentes, solo)

Rhinella schneideri X

X

Cerrado (solo)

Rhinella crucifer x ornata X

X

Cerrado (solo)

Família Centrolenidae

Vitreorana sp. X

X

Mata ciliar (vegetação herbácea)

Família Cycloramphidae

Thoropa megatympanum X X X X X Campo rupestre (rochas quartzíticas, areia quartzosa, vegetação rupícola)

Família Leptodactylidae

Tabela 2: Espécies de anfíbios anuros registradas no presente estudo. Abreviaturas: PA = Procura ativa; PT = Pitfalls-traps; RA =

Registro Acústico.

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Notas sobre Taxonomia, História natural e Distribuição geográfica

Família Bufonidae: Foram registradas três espécies desta família, Rhinella

rubescens, R. schneideri e R. crucifer x ornata (Figura 5f). A distribuição geográfica da

família Bufonidae é bastante ampla, ocorrendo em quase todas as regiões do planeta

(Kwet & Di-Bernardo, 1999). A espécie R. crucifer x ornata é considerada um híbrido,

anteriormente denomidada R. pombali pertencente ao grupo de morfoespécies de

Rhinella crucifer (Thomé, 2011). No entanto, recentemente considera-se que esta

espécie deva ser invalidada, por razão de ter uma origem híbrida (Thomé, 2011; Thomé

Leptodactylus camaquara X

X X Campo rupestre (areia quartzosa)

Leptodactylus cunicularius X X X X Campo rupestre, cerrado (riachos permanentes, vegetação herbácea)

Leptodactylus furnarius X X

X X Campo rupestre (vegetação herbácea)

Leptodactylus fuscus X

X X

Cerrado e mata de galeria (corpos d'água temporários)

Leptodactylus jolyi X

X

X Campo rupestre (vegetação herbácea) Leptodactylus labyrinthicus X

X X

Campo rupestre e Mata ciliar (brejos e corpos d'água temporários)

Leptodactylus mystacinus X X

X

Cerrado (vegetação herbácea/cupinzeiros)

Leptodactylus syphax

X X

Cerrado rupestre (rochas quartzíticas)

Physalaemus cuvieri

X X X X Cerrado arenoso e campo rupestre (brejos)

Pseudopaludicola mineira X

X X

Campo rupestre (rochas quartzíticas com vegetação rupícola) Pseudopaludicola

murundu X

X X

Campo rupestre (rochas quartzíticas com vegetação rupícola)

Família Hylodidae Crossodactylus trachystomus X

X X

Mata de galeria e campo rupestre (serrapilheira e riachos permanentes/temporários)

Família Hylidae Bokermannohyla

alvarengai X

X X Campo rupestre (rochas quartzíticas ebromélias) Bokermannohyla gr.

circumdata X

X X

Mata ciliar e mata de galeria (riachos permanentes/temporários)

Bokermannohyla nanuzae X

X X X Campo rupestre e mata de galeria (riachos permanentes e bromélias)

Bokermannohyla saxicola X

X X X Mata ciliar; campo rupestre (vegetação ripária, riachos

permanentes/temporários)

Dendropsophus minutus X

X X X Campo rupestre, cerrado (riachos temporários, brejos)

Hypsiboas albopunctatus X

X X X Mata ciliar, campo rupestre, cerrado rupestre (brejos, rio, riachos

permanentes/temporários)

Hypsiboas botumirim X

X

X Campo rupestre (vegetação herbácea)

Hypsiboas faber X

X X

Mata ciliar (solo) Phyllomedusa megacephala X

X

X Campo rupestre (vegetação ripária em riachos permanentes)

Scinax gr. catharinae X

X X

Mata ciliar e mata de galeria (vegetação herbácea, arbustiva)

Scinax aff. machadoi

X Campo rupestre (riachos permanentes)

Scinax curicica X

X X X Campo rupestre e cerrado (brejos e riacho permanente, em vegetação herbácea)

Scinax squalirostris X

X Campo rupestre (vegetação herbácea)

Scinax sp1. (clado ruber) X

X

Campo rupestre (rochas quartzíticas)

Scinax sp2. (clado ruber) X

X

X Ambiente antrópico (vegetação herbácea)

Trachycephalus typhonius X

X

Mata de galeria (margem de riacho temporário em serrapilheira)

Família Microhylidae

Elachistocleis cf. cesarii

X X

Cerrado arenoso (solo)

Família Odontophrynidae

Proceratophrys cururu X

X X X Campo rupestre e cerrado arenoso (areia quartzosa e em riachos permanentes)

Total: 35 espécies

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et al., 2012). Sua morfologia é considerada intermediária, advinda do cruzamento entre

R. crucifer e R. ornata (Baldissera et al., 2004). As espécies R. rubescens e R.

schneideri são pertencentes ao grupo de Rhinella marina, um agrupamento considerado

monofilético (Maciel, 2008).

Rhinella rubescens foi encontrada em diversos locais do parque e foi a espécie

mais abundante da família Bufonidae. A maioria dos indivíduos foi registrada na água,

em ambientes lênticos. Outros foram vistos em áreas com gramíneas, em afloramentos

ou no solo sem vegetação. Os indivíduos observados em atividade de reprodução

ocupavam ambientes lênticos adjacentes ao curso de um riacho de correnteza. Foram

observados vários machos vocalizando, um casal em amplexo e a liberação dos ovos.

Estas observações foram registradas no mês de setembro, antes do início do período

chuvoso. Nos meses seguintes, foram vistos vários jovens próximos ao sítio de

reprodução. O que indica que a espécie possui reprodução explosiva. Com relação à

dieta desta espécie, foi registrado um indivíduo ao lado de cupinzeiro, se alimentando

dos cupins e apresentava coloração bastante avermelhada/alaranjada por todo o corpo.

Para as espécies R. schneideri e R. crucifer x ornata foi obtido apenas um único

registro, ambos na parte baixa do parque. Ambas as espécies também não apresentaram

indícios que estavam em fase de reprodução.

Rhinella rubescens e R. schneideri apresentam ampla distribuição geográfica. R.

rubescens é típica do domínio Cerrado, registrada em vários estados do país, nas regiões

Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste (IUCN, 2015). R. schneideri apresenta

distribuição geográfica ainda mais ampla, ocorrendo em vários países da América do

Sul (IUCN, 2015). Em relação à R. crucifer x ornata, considerando a distribuição de R.

pombali, ocorre apenas no estado de Minas Gerais (Baldissera Jr. et al., 2004) e no Rio

de Janeiro (Silveira et al., 2009).

Família Centrolenidae: Vitreorana sp. foi a única representante desta família e

registrada apenas uma vez, sendo um indivíduo jovem, o que dificultou sua

identificação à nível de espécie. O monofiletismo de Vitreorana é fortemente apoiado

(Guayasamin et al., 2009). As espécies deste gênero possuem a pele bem clara e ossos

de tons esverdeados (Guayasamin et al., 2009), ficando visíveis a olho nu devido à

transparência da pele. Em muitas espécies de Centrolenidae a pele do ventre é

transparente, ficando visíveis os órgãos internos, de forma que é atribuído às espécies

desta família o nome popular de pererecas-de-vidro (Cisneros-Heredia & McDiarmid,

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2007). O espécime registrado estava inativo, repousando sobre uma folha seca na mata

ciliar à margem do riacho, em um trecho livre de correnteza.

As pererecas-de-vidro estão distribuídas em toda a região Neotropical, do

México à Bolívia, além de um grupo de espécies que ocorrem no Brasil e na Argentina

(Cisneros-Heredia & McDiarmid, 2007; Guayasamin et al., 2009). Em particular, o

gênero Vitreorana está distribuído em altitudes inferiores a 1.900m na Cordilheira da

Costa da Venezuela, no Escudo da Guiana, na Amazônia da Colômbia e do Equador, e

mais ao sul, no Brasil e Argentina (Guayasamin et al., 2009). No Brasil, as espécies

conhecidas são V. eurygnatha, V. parvula e V. uranoscopa (Guayasamin et al., 2009).

Entretanto, recentemente uma nova espécie foi descoberta no Cerrado, na Serra da

Canastra, Minas Gerais (Barros, 2011).

Família Cycloramphidae: Thoropa megatympanum foi a espécie mais

abundante registrada no PERP e a única representante desta família. Essa espécie

possivelmente ocupa uma posição basal no clado de Thoropa do grupo miliaris

(Sabbag, 2013). Os indivíduos observados ocuparam, em maioria, os afloramentos

rochosos quartzíticos nas áreas de campo rupestre, ambiente representativo e

característico da Serra do Espinhaço. Quando vocalizando, os machos ocupavam

abrigos na vegetação dos afloramentos, o que dificultava seu registro visual. Os machos

apresentavam, além de espinhos nupciais, membros anteriores bem robustos e

desenvolvidos. Na estação chuvosa, sua população aumentou significativamente e os

machos vocalizaram exclusivamente neste período. Nessa ocasião, foram registrados

girinos (Figura 5l) em locais em que escorriam filetes de água nas rochas, apresentando

coloração homocrômica com o substrato rochoso. Nestes locais, havia pequenos

acúmulos de detritos orgânicos, que são fonte de alimento nesta fase de vida da espécie

(Caramaschi & Sazima, 1984). Os jovens recém-metamorfoseados foram registrados

principalmente se deslocando, alguns permanecendo em abrigos úmidos debaixo de

musgos que cobriam as pedras. Apesar de apresentar uma população considerada

abundante e estável, esta espécie é registrada apenas no estado de Minas Gerais, no

complexo do Espinhaço (IUCN, 2015), em regiões de clima pouco úmido (Sabbag,

2013).

Família Leptodactylidae: Esta é a segunda família mais representativa na área

de estudo. Entre os representantes desta família, as espécies registradas foram:

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Leptodactylus camaquara (Figura 5n), Leptodactylus cunicularius, Leptodactylus

furnarius (Figura 5o), Leptodactylus fuscus (Figura 5e), Leptodactylus jolyi,

Leptodactylus labyrinthicus, Leptodactylus mystacinus, Leptodactylus syphax,

Physalaemus cuvieri, Pseudopaludicola mineira, Pseudopaludicola murundu. O gênero

Leptodactylus (Fitzinger, 1826) é um clado rico em espécies na região Neotropical (Sá

et al., 2014), sendo ecologicamente diverso e ocupando uma grande variedade de

ambientes (Sá et al., 2014). As espécies, L. joyli, L. cunicularius, L. furnarius, L.

camaquara, L. fuscus, L. mystacinus e, mais recentemente, L. syphax, estão incluídas no

grupo Leptodactylus fuscus. L. syphax é morfologicamente semelhante a L.

labyrinthicus e ambos pertenciam ao grupo Leptodactylus pentadactylus. No entanto, L.

syphax foi removido, mantendo desta forma os grupos L. pentadactylus e L. fuscus

como monofiléticos (Sá et al., 2014).

Leptodactylus syphax ocupa ambientes bem distintos em relação a L.

labyrinthicus. Leptodactylus syphax foi registrada vocalizando em lapas dos

afloramentos rochosos que forneciam frestas como abrigos, onde os indivíduos se

refugiavam quando da aproximação dos pesquisadores. Ocupam ambiente de cerrado

rupestre, em mosaicos de campo rupestre e cerrado sensu stricto. Leptodactylus

labyrinthicus foi visualizada, em maioria, na água ou no solo às margens de cursos

d‟água permanentes e temporários. Houve apenas dois registros de L. camaquara,

ambos em ambientes de campo rupestre, ocupando o solo arenoso. Leptodactylus

cunicularius foi observado ocupando uma variedade de microhábitats, com indivíduos

ocupando o solo de terra e cascalho em ambientes de cerrado sensu stricto e jovens na

margem do riacho e dentro d‟água no período diurno. Foi também coletado no pitfall,

em área de campo rupestre de solo arenoso. A espécie L. furnarius foi registrada apenas

em formações abertas, os indivíduos permaneciam entremeados às gramíneas nos

campos rupestres. Foram registrados também nas armadilhas de pitfalls. Leptodactylus

mystacinus foi avistada na grama em área destinada aos turistas do parque, em locais

com solo rico em folhiço e dentro de tocas em cupinzeiros. Foram visualizados

indivíduos refugiando-se para dentro destes abrigos que parecem ser construídos pelos

próprios animais. Um indivíduo foi coletado também em armadilha de pitfall instalada

em ambiente seco em mancha de cerrado sensu stricto, de solo coberto por folhiço e

próximo a muitos cupinzeiros. Estas observações indicam que a espécie parece ter uma

íntima relação de dependência destes cupinzeiros para sua sobrevivência em ambientes

de cerrado. Leptodactylus jolyi foi registrada em campo de altitude no capim mais

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úmido. Leptodactylus fuscus foi vista reproduzindo em área antropizada do parque, em

campo gramado, e também se deslocando na serapilheira de um capão de mata de

galeria. Leptdactylus fuscus, L. labyrinthicus e L. syphax foram registrados se

reproduzindo esclusivamente na estação chuvosa enquanto que Leptodactylus

camaquara, L. cunicularius, L. furnarius, L. jolyi e L. mystacinus não foram observados

em atividade de vocalização.

As espécies de distribuição mais restrita são L. camaquara e L. cunicularius com

registro apenas no estado de Minas Gerais (Sá et al., 2014; IUCN, 2015). A distribuição

geográfica de L. jolyi é um pouco mais ampla, ocorrendo nos estados de São Paulo (Sá

et al., 2014), Minas Gerais (Canelas & Bertoluci, 2007) e Mato Grosso do Sul

(Uetanabaro et al., 2007). As demais espécies do gênero são de ampla distribuição,

ocorrendo em outros países da região Neotropical. A espécie L. furnarius ocorre em

algumas regiões do Brasil, como também no Uruguai, Paraguai e na Argentina (Frost,

2015). Leptodactylus fuscus ocorre no Panamá e em vários países da América do Sul

(Sá et al., 2014). Leptodactylus mystacinus ocorre na Argentina, Bolívia, Brasil,

Paraguai e Uruguai (Sá et al., 2014). Leptodactylus syphax na Bolívia, Brasil e Paraguai

(Sá et al, 2014; IUCN, 2015) e, finalmente, L. labyrinthicus ocorre na Argentina, Brasil

e Paraguai (Sá et al, 2014).

P. cuvieri foi a única espécie do gênero Physalaemus registrada, no entanto, em

levantamentos anteriores obteve-se o registro de P. evangelistai (Oliveira & Eterovick,

2010; IEF, 2004; Leite et al., 2006). Physalaemus cuvieri foi coletada em armadilha de

pitfall em ambiente rico em gramíneas e afloramentos em campo rupestre. Foram

registrados indivíduos na parte baixa e na parte alta no parque, vocalizando em

ambientes brejosos temporários ricos em vegetação herbácea. É uma rã encontrada em

países da região Neotropical (IUCN, 2015).

O gênero Pseudopaludicola compreende rãs de tamanho muito pequeno, com

ampla distribuição na América do Sul (Lobo, 1995). As espécies registradas foram P.

mineira (Figura 5j) e P. murundu (Figura 5g). Ambas registradas em ambiente de

campo rupestre, se reproduzindo em poças temporárias cobertas por musgos e líquens

em afloramentos rochosos. Em um ponto, foi observado que as duas espécies se

reproduziam no mesmo local, pois foram visualizados vários machos em atividade de

vocalização e girinos. Estudos com base em dados moleculares (Veiga-Menoncello et

al., 2014) e, outro, analisando dados morfométricos e de bioacústica (Pansonato et al.,

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2014), sugerem que P. serrana seja sinônimo júnior (sinonímias) de P. murundu, sendo

desta forma a mesma espécie.

Ambas as espécies, P. mineira e P. murundu, apresentam distribuição expressiva

no Espinhaço mineiro (IUCN, 2015), mas a distribuição geográfica de P. murundu é

mais ampla, ocorrendo em outras regiões no estado de Minas Gerais e São Paulo

(Veiga-Menoncello et al., 2014).

Família Hylodidae: Crossodactylus trachystomus foi registrada para esta

família. A monofilia tanto da família quanto deste gênero é corroborada (Fabri, 2013).

A espécie foi recentemente sinonimizada com Crossodactylus bokermanni (Pimenta et

al., 2015). Os indivíduos registrados estavam ocupando o folhiço ou areia como

substrato. O ambiente com maior número de registros foi uma mata de galeria com

poças temporárias e filetes de água formados por nascentes, entremeados a uma

expressiva serapilheira, formando por vezes pequenos abrigos, onde os indivíduos

foram observados. Quando foi registrada na areia, ocupava a margem de um riacho

permanente, apenas na parte alta do parque. Não foram observadas evidências de

reprodução. Sua distribuição se restringe ao Espinhaço meridional (Pimenta et al, 2015;

Frost, 2015).

Família Hylidae: Com 16 espécies, distribuídas em seis gêneros, esta família

reúne o maior número de espécies registradas no presente estudo. Dentre os

representantes do gênero Bokermannohyla, foram registradas: B.alvarengai, B. gr.

circumdata, B. nanuzae (Figura 5a) e B. saxicola. Bokermannohyla gr. circumdata

ocupou exclusivamente ambientes florestais, como mata de galeria e riacho com

expressiva mata ciliar. Em solo de serapilheira em corpos d‟água, indivíduos dessa

espécie foram observados vocalizando em abrigos formados por acúmulo de restos

vegetais no chão ou em arbustos. Os indivíduos apresentavam coloração semelhante ao

substrato que ocupavam, com um padrão de manchas no dorso bastante variado, o que

lhes conferia boa camuflagem. As demais espécies do gênero ocuparam ambientes

rochosos em áreas de campos rupestres. No geral, as espécies B. saxicola e B. nanuzae

ocupavam ambientes de riachos encachoeirados rochosos, entretanto sutis diferenças

foram observadas entre os microambientes ocupados por essas duas espécies. B.

saxicola estava sempre em locais próximos às quedas d‟água e correnteza, em riachos

de fundo rochoso de mata ciliar. Bokermannohyla nanuzae foi observada em pequenos

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corpos d‟água de terreno mais íngreme nas rochas, onde se abrigavam em pequenas

grotas durante a atividade de vocalização. Essa espécie foi registrada também utilizando

bromélias como abrigo, em campos rupestres de elevadas altitudes, assim como também

B. alvarengai. Entretanto, B. alvarengai foi observada mais frequentemente em rochas

distantes de corpos d‟água. Foi a única espécie do gênero que não foi observada

vocalizando. Esta espécie apresenta coloração altamente críptica acizentada/manchada

tornando-se semelhante com o substrato rochoso quartzítico que ocupa (Andrade,

2007), lhe conferindo o nome popular de perereca-das-pedras.

Do gênero Hypsiboas, três espécies foram registradas, entre elas H.

albopunctatus, H. botumirim (Figura 5d) e H. faber. Hypsiboas botumirim foi registrada

apenas na parte alta do Parque, H. faber na parte baixa, enquanto que H. albopunctatus

apresentou distribuição em ambas as regiões do parque. Hypsiboas albopunctatus foi a

espécie com o maior número de registros do estudo e esteve presente em uma variedade

de ambientes, sempre ocupando e vocalizando na vegetação. Essa espécie foi registrada

em corpos d‟água de diferentes portes e hidroperíodos, como riachos permanentes e

temporários, no Rio Preto e em áreas de brejos temporários. Hypsiboas faber ocupou

um riacho permanente, onde foi registrada em atividade de vocalização. Já H.

botumirim, uma perereca de menor porte, foi vista apenas em vegetação herbácea nas

áreas de campo rupestre de altitude.

Quanto ao gênero Scinax, foram registradas seis espécies, entre elas S. curicica

(Figura 5c), S. squalirostris, S. aff. machadoi (Figura 5b) e outras três, cuja

identificação a nível de espécie não foi possível, sendo portanto denominadas como,

Scinax gr. catharinae e Scinax sp1. e Scinax sp2. (Figura 5i) do clado ruber. As

espécies do clado ruber podem se tratar de espécies novas, ainda não descritas. A

espécie S. curicica foi registrada em vários pontos do parque, nas partes alta e baixa, em

capim nas áreas de brejo e, às vezes, se abrigando em bromélias. As espécies do grupo

catharinae, como S. machadoi e S. gr. catharinae, foram registradas em riachos

permanentes, ocupando a vegetação arbustiva e herbácea da mata ciliar. O único

registro de S. squalirostris foi em campo rupestre rico em vegetação herbácea, próximo

de um riacho. A Scinax sp1. clado ruber ocupou ambiente bem distinto das demais

espécies do gênero, tendo sido registrada nas pedras em afloramentos rochosos, mas

sempre próximas de corpos d‟água temporários. Por outro lado, a outra espécie do clado

ruber não foi registrada em ambiente natural, tendo sido coletada próxima às instalações

do Parque e não foi observada sua vocalização.

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Sobre os demais gêneros, todos foram registrados com apenas uma espécie, entre

elas: Dendropsophus minutus, Phyllomedusa megacephala (Figura 5h) e

Trachycephalus typhonius. D. minutus é uma espécie comum na região, e foi registrada

ocupando a vegetação em áreas de brejo. O sítio reprodutivo de P. megacephala foram

os riachos rochosos nos campos rupestres de altitude, onde foram observados os machos

em atividade de vocalização na vegetação marginal, desovas ocupando folhas de Tococa

guianensis e girinos nos locais livres de correnteza, onde se formavam poças mais

profundas. A espécie T. typhonius foi registrada por meio de um único indivíduo

ocupando o chão de serapilheira em mata de galeria e sem indícios de reprodução.

Com relação à distribuição geográfica, as espécies da família Hylidae: H.

botumirim, B. alvarengai, B. nanuzae, B. saxicola, P. megacephala e S. curicica são

consideradas espécies endêmicas da Serra do Espinhaço (Leite et al., 2008; Caramaschi

et al., 2009; Correia, 2011; Brandão et al., 2012; Leite, 2012; IUCN, 2015). As demais

espécies como D. minutus, H. albopunctatus, H. faber, S. squalirostris e T. typhonius

apresentam distribuição mais ampla, ocupando outros países da região Neotropical

(Frost, 2015; IUCN, 2015).

Família Microhylidae: Elachistocleis cf. cesarii foi registrada, correspondendo

a única espécie representante dessa família. O gênero Elachistocleis é amplamente

distribuído na América do Sul e é constituído de espécies que certamente carecem de

revisão taxonômica refinada (Toledo et al., 2010). Os indivíduos foram registrados

vocalizando em um ambiente de brejo temporário de fundo arenoso e rico em vegetação

herbácea, depois de fortes chuvas. Na noite seguinte, quando a água secou, não foram

obtidos mais registros.

A distribuição de Elachistocleis cesarii é conhecida para os estados de Minas

Gerais (inclusive no Espinhaço), São Paulo, Goiás e Mato Grosso (Toledo et al., 2010;

Giaretta et al., 2012).

Família Odontophrynidae: A espécie Proceratophrys cururu (Figura 5m) foi

registrada predominantemente na parte alta do parque, um único indivíduo jovem foi

registrado na parte baixa. Este parecia estar se deslocando, por ter sido visualizado em

uma área de transição entre um areal e uma mata de galeria. Todos os outros registros

foram em área de campo rupestre de altitude, onde também foram registrados machos

vocalizando na estação chuvosa. Os indivíduos foram observados ocupando a areia

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quartzítica como substrato. O comportamento de se enterrar parcialmente neste tipo de

substrato auxilia na camuflagem e na difícil apreensão visual dos indivíduos desta

espécie no ambiente. Apenas um indivíduo foi visto submerso em um riacho

permanente de fundo arenoso e rochoso de campo rupestre. Em outra ocasião, foram

registrados alguns indivíduos vocalizando próximos à margem de um riacho semelhante

ao descrito acima.

Até recentemente, P. cururu era conhecida apenas para a Serra do Cipó (IUCN,

2015), atualmente sua distribuição geográfica foi ampliada para outras regiões da Serra

do Espinhaço em Minas Gerais (Frost, 2015; Leite et al., 2006). A distribuição dessa

espécie parece ser restrita a áreas de altitudes, entre 800m à 1300m (IUCN, 2015).

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Estimativa de riqueza e Curva do Coletor

A curva do coletor não atingiu a assíntota, demonstrando que o esforço amostral

empregado durante o estudo não foi suficiente para registrar todas as espécies que

ocorrem na área. Assim, o estimador Jackknife 1 no EstimateS, estimou 44,89 espécies,

Figura 5: Espécies de anfíbios anuros registradas no Parque Estadual do Rio Preto: a: Bokermannohyla nanuzae; b:

Scinax aff. machadoi; c: Scinax curicica; d: Hypsiboas botumirim; e: Leptodactylus fuscus; f: Rhinella crucifer x

ornata; g: Pseudopaludicola murundu; h: Phyllomedusa megacephala; i: Scinax sp2. (clado ruber); j: imago de

Pseudopaludicola mineira; l: girino de Thoropa megatympanum; m: Proceratophrys cururu; n: Leptodactylus

camaquara; o: Leptodactylus furnarius. Fotos: Camila Correia (a, c, e, g, i, j, l, n); Guilherme Conrado (d, e, h, m, o)

e António Cruz (b).

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com desvio-padrão de ± 5,90 espécies. Com a compilação dos dados provenientes de

trabalhos realizados anteriormente no PERP, a riqueza em espécies total para o Parque

Estadual do Rio Preto correspondente à de 43 se aproximou do valor estimado.

Figura 6: Curva de acumulação para espécies de anfíbios observadas no presente estudo.

As barras verticais indicam um intervalo de confiança de 95%.

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DISCUSSÃO

A região do estudo é marcada pela sazonalidade, comum dos ambientes de

Cerrado (Eiten 1972). Logo, muitas espécies de anfíbios anuros são observadas apenas

nos períodos mais quentes e chuvosos, quando se tornam disponíveis os sítios

temporários de reprodução. Essas tendências são observadas em diversos estudos no

Cerrado (Oda et al., 2009; Maffei et al., 2011; Gambale et al., 2014). Assim,

comumente se observa grande sobreposição temporal durante o período reprodutivo da

maioria das espécies (Pombal Jr. & Gordo, 2004). Apenas duas espécies foram

observadas vocalizando na estação seca: Rhinella rubescens e Scinax gr. catharinae.

Apesar de Scinax gr. catharinae ter sido observada vocalizando nos meses mais frios e

secos do ano, foi abundante também na estação chuvosa. Em geral, são relatados para os

hilídeos ciclos reprodutivos mais longos (Bokermann & Sazima, 1973; Maffei et al.,

2011).

Contrastando com as demais espécies observadas no presente estudo, Rhinella

rubescens apresentou atividade reprodutiva exclusivamente na estação seca. Foram

observados vários indivíduos agregados em atividade de vocalização, comportamento

característico de espécies de reprodução explosiva (Wells, 1977). Em outros trabalhos,

são relatados ciclos reprodutivos curtos para diversas espécies do gênero Rhinella

(Brasileiro et al., 2005; Vasconcellos & Colli, 2009; Maffei et al., 2011). Segundo

Wells (1977), a reprodução explosiva mantém-se por apenas alguns dias.

A maior parte dos sítios reprodutivos temporários secou rapidamente ou

permaneceu seco durante todo o período de estudo, devido à inconstância das chuvas.

Com isso, espécies que poderiam se utilizar desses ambientes para reprodução na

estação seca, ficaram restritas à estação chuvosa. Nesse sentido, vários machos

vocalizando e casais em amplexo da espécie Dendropsophus minutus foram registradas

em brejo temporário em uma única noite. Enquanto que, em outros estudos, esta espécie

foi observada vocalizando o ano inteiro (Conte & Rossa-Feres, 2006; Melo et al., 2007;

Maffei et al., 2011). A estiagem também pode ter acarretado sub-amostragem das

espécies do Parque, uma vez que corpos d‟água temporários podem comportar maiores

riquezas do que os permanentes (Santos et al., 2007). Dessa forma, esses ambientes são

essenciais para a manutenção de espécies, que não puderam ser registradas no presente

estudo.

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A espécie Trachycephalus typhonius foi registrada apenas em ambiente de mata

de galeria na área de estudo. Esta espécie é conhecida por habitar fitofisionomias

florestais, de formação vegetal amazônica e savânica (IUCN, 2015) e mais

recentemente foi observada ocupando ambientes de Floresta Atlântica (Soares et al.,

2012). Essa ampla distribuição geográfica de T. typhonius pode depender das manchas

florestais presentes nos ambientes abertos e savânicos, que seriam usados para se

dispersarem para os domínios da Amazônia e da Mata Atlântica. Segundo Colli et al.

(2002), algumas espécies típicas de outros domínios podem ocorrer marginalmente ou

profundamente no Cerrado, sobretudo nas florestas de galeria. Os ciclos de flutuação

climática com expansões e contrações dos domínios florestais (Carnaval & Moritz,

2008; Mayle et al., 2004) poderiam explicar a dinâmica de dispersão e especiação dos

anfíbios do Cerrado (Valdujo, 2011). As espécies Bokermannohyla gr. circumdata,

Vitreorana sp. e S. gr. catharinae também ocuparam exclusivamente ambientes

florestados, como mata de galeria e/ou mata ciliar de riachos permanentes, entretanto,

se tratam de espécies ainda sem confirmação taxonômica, podendo ser espécies com

distribuição geográfica restrita.

Um grande número de espécies registradas é exclusivo de ambientes abertos, no

caso representado pelos campos rupestres. Os campos rupestres do Espinhaço são

reconhecidos por abrigarem um elevado grau de endemismo, em especial para a flora

(Joly, 1970; Menezes & Giulietti, 1986; Giulietti et al, 1987; 1997; Rapini et al., 2008),

como também para outros representantes da fauna (Stattersfield et al., 1998; Silva &

Bates, 2002; Vasconcelos, 2008). São considerados como refúgios isolados de altitudes

elevadas em meio aos três domínios fitogeográficos, o Cerrado, a Caatinga e a Mata

Atlântica (Gontijo, 2008) e devido à sua distribuição insular, provavelmente facilita o

isolamento de populações, originando espécies restritas (Prance, 1994).

Das 209 espécies de anfíbios registradas para todo o domínio do Cerrado

(Valdujo et al., 2012), 20,6% (43) podem ser registradas apenas no PERP. Ao comparar

com outros levantamentos de anuros nesse domínio (Araújo et al., 2009; Ribeiro-Júnior

& Bertoluci, 2009; Oda et al., 2009; Morais et al., 2011; Araujo & Almeida-Santos,

2011; Conte et al., 2013), podemos considerar a região rica em espécies. As famílias

mais representativas da área foram Hylidae e Leptodactylidae, o que é previsto para

comunidades de anfíbios da região Neotropical (Cadavid et al., 2005; Conte & Rossa-

Feres, 2006; Bueno et al., 2013; Santana et al., 2008; Araujo & Almeida-Santos, 2011)

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Com a compilação de dados utilizando outros trabalhos realizados no PERP,

observa-se que as espécies endêmicas do Espinhaço, antes conhecidas apenas na região

mais meridional do estado, tiveram suas distribuições ampliadas recentemente para

outras porções da cordilheira (Leite et al., 2006). Isso demonstra que muitas espécies da

herpetofauna consideradas como endêmicas da Serra do Cipó, na verdade podem

ocorrer de forma mais abrangente no Espinhaço como consequência de sub-

amostragem. Leite (2012), ao analisar os pontos de concentração de riqueza de anuros

no Espinhaço, observou valores altos na Serra do Cipó e no Quadrilátero Ferrífero e

pontos isolados de riqueza moderadamente elevada no planalto de Diamantina e na

Serra de Grão Mogol, Minas Gerais. Estes valores diminuem em direção ao norte, nas

serras do norte de Minas Gerais e da Chapada Diamantina, na Bahia.

De modo semelhante, Echternacht et al. (2011), ao analisar áreas ricas em

endemismo para plantas do Espinhaço, observou uma concentração das espécies

endêmicas na região da Serra do Cipó e no planalto de Diamantina, mas considera ser

um artefato da amostragem desigual, onde os locais mais extensivamente pesquisados

são os mais ricos em espécies. Rapini et al., (2008) ressaltam que estas discrepâncias no

esforço amostral podem distorcer a percepção sobre os centros de diversidade e

endemismos. Observa-se que a distribuição espacial do esforço amostral tem relação

com a proximidade dos centros urbanos, onde se concentram os núcleos de pesquisa

acadêmica. Assim, regiões próximas a estes centros quase não têm lacunas, por serem

mais acessíveis à realização de pesquisas científicas.

Dentre as espécies consideradas restritas ao Espinhaço, apenas H. botumirim não

tinha registro anterior para o PERP. Esta espécie, pertencente também ao clado das

pererecas-de-pijama, foi abundante nas regiões de maiores altitudes do parque.

Entretanto, pode ser provável que H. cipoensis tenha sido confundida com H.

botumirim, já que em trabalhos anteriores a espécie H. botumirim ainda não havia sido

descrita (Caramaschi, Cruz & Nascimento, 2009).

As espécies cuja identificação não foi possível e que não foram registradas em

trabalhos anteriores, como Scinax sp1. e Scinax sp2. clado ruber, podem se tratar de

espécies ainda não descritas. Sendo que a Scinax sp1. aparenta ser uma espécie de

campo rupestre, ocupando afloramentos rochosos quartzíticos com corpos d‟água

temporários. A coloração da região dorsal desta espécie é semelhante a de

Bokermannohyla alvarengai, que ocupa microambiente análogo, o que provavelmente

garante a camuflagem com o substrato. Scinax sp2. foi registrada apenas na parte alta do

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parque, encontrada dentro e nas proximidades da casa de pesquisa. Parece ser uma

espécie tolerante a ambientes antropizados. Já foi registrada em outra localidade

próxima da região (observação pessoal), acima de 1000m de altitude. Desta forma, pode

ser uma espécie restrita de ambientes mais elevados. Logo, assim como proposto por

Rapini et al. (2008) para os levantamentos florísticos em campos rupestres, os

levantamentos faunísticos ainda são garantias de novidades taxonômicas. As espécies E.

cf. cesarii, B. gr. circumdata, Vitreorana sp., S. gr. catharinae e S. aff. machadoi

carecem de revisões taxonômicas, o que pode resultar no reconhecimento de espécies

novas. Logo, o conhecimento da taxonomia é essencial para definir estratégias de

conservação das espécies (Leite, 2012; Silvano, 2011). Adicionalmente, são necessárias

mais informações sobre história natural, e, portanto, novos estudos e coletas de material

biológico na região.

Muitas espécies de interesse para a conservação se encontram bem representadas

na herpetofauna do PERP. Considerando que 30,2% das espécies levantadas no presente

estudo são reconhecidas como endêmicas do Espinhaço e 18,6% das avaliadas são

Deficientes em Dados (DD), as quais podem ser somadas os 16,3% correspondendo

àquelas não ainda foram avaliadas, por serem prováveis espécies novas ou sem

identificação. De qualquer forma, a fauna do PERP inclui espécies raras, espécies de

distribuição restrita e sensíveis às mudanças de hábitats (IUCN, 2015). Nesse sentido,

Leptodactylus camaquara foi registrada em somente duas ocasiões e sempre nos

campos rupestres no presente estudo. Essa espécie é considerada como endêmica e DD.

As demais espécies avaliadas encontram-se na categoria menos preocupante, o que se

deve ao fato de exibirem populações estáveis, apresentarem ampla distribuição e, até

mesmo, tolerarem uma grande variedade de hábitats, inclusive ambientes antrópicos

(IUCN, 2015). É atribuída à Serra do Espinhaço grande relevância ecológica, devido à

biodiversidade que comporta, o que se deve à fatores históricos relacionados a sua

antiguidade geológica e posição geográfica (Gontijo, 2008). Logo, além do PERP estar

inserido nesta cordilheira, ele abriga diferentes fitofisionomias do domínio Cerrado, o

que contribui com a riqueza faunística e a particularidade da região. Assim, a Unidade

representa um importante refúgio para a conservação da fauna de anfíbios.

As espécies do presente estudo consideradas como endêmicas do Cerrado,

segundo a classificação de Valdujo (2011), foram as mesmas consideradas como

endêmicas do Espinhaço (IUCN, 2015). Dessa forma, a composição da comunidade de

anfíbios do PERP pode ser considerada mais representativa para a Serra do Espinhaço

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do que para o domínio Cerrado. A topografia do Cerrado tem um importante papel

sobre a diversidade e distribuição dos anfíbios, sendo que a paleocordilheira do

Espinhaço pode ter isolado populações de espécies ancestrais, dando origem às espécies

endêmicas observadas atualmente (Valdujo, 2011). Da mesma forma, Leite (2012)

considera que os impactos gerados pelas oscilações climáticas durante o Quartenário

(Ab'Saber, 1977; Araújo et al., 2008; Sandel et al., 2011), associados à heterogeneidade

ambiental, são também responsáveis por moldar os padrões de endemismo deste grupo

no Espinhaço. Sandel et al. (2011) analisou para diferentes grupos de vertebrados, e,

particularmente para os anfíbios, que regiões onde a velocidade das mudanças

climáticas no Quartenário foi baixa, abrigam atualmente faunas altamente endêmicas.

As espécies de anuros consideradas endêmicas e restritas ao Cerrado localizam-se na

Serra do Espinhaço, Serra da Canastra, Platô Central, Bacia superior do rio Araguaia,

Chapada dos Guimarães e Serra da Bodoquena (Valdujo et al., 2012). Deste modo, a

distribuição das espécies de anuros do Cerrado responde aos gradientes climáticos, a

heterogeneidade dos ambientes e as relações com os domínios vizinhos, sem descartar a

influência dos fatores históricos e biogeográficos (Valdujo, 2011; Leite, 2012; Valdujo

et al., 2012).

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CAPÍTULO 2: DIVERSIDADE LOCAL DE ANUROS EM DIFERENTES

FISIONOMIAS DO CERRADO

RESUMO: O Cerrado abriga grande diversidade fitofisionômica e faunística, é

considerado a mais rica e ameaçada savana tropical do planeta, sendo considerado desta

forma, um hotspot. Contudo, ainda é necessário o preenchimento de lacunas de

conhecimento sobre a diversidade distribuída neste domínio, em particular para a fauna

de anfíbios. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar a composição,

diversidade, riqueza e sazonalidade da comunidade de anuros em diferentes

fitofisionomias em um fragmento do Cerrado, no Parque Estadual do Rio Preto. Foram

amostrados cinco diferentes ambientes, de formações abertas e florestais. A

metodologia utilizada foi Busca ativa, Censo acústico e Pitfall-Traps. As campanhas

foram mensais, entre outubro de 2013 e março de 2015, compreendendo duas estações

chuvosas e uma estação seca. O campo rupestre apresentou sazonalidade significativa

quanto a abundância de anuros. No ambiente de cerrado típico sem corpos d‟água não

não foi observada nenhuma espécie de anuro. A mata de galeria foi a fisionomia que

apresentou maior riqueza e diversidade de espécies de anuros. No entanto, no campo

rupestre foi observado maior número de espécies endêmicas. De forma geral, os

ambientes analisados apresentaram exclusividade em alguma(s) espécie(s), o que

demonstra a contribuição das diferentes fisionomias na diversidade e composição da

comunidade de anfíbios do Cerrado.

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INTRODUÇÃO

Localizado na região central da América do Sul, o Cerrado é considerado a mais

rica e ameaçada savana tropical do planeta, incluído na lista dos grandes centros de

biodiversidade, os hotspots (Myers et al. 2000). O Cerrado apresenta grande diversidade

fisionômica, determinada, sobretudo, por fatores como o fogo, a composição do solo e a

intervenção humana (Cole, 1960; Coutinho, 1978; Lopes e Cox; 1977). Sua vegetação

apresenta padrões florísticos, exibindo espécies exclusivas de cada fisionomia (Toppa,

2004) e, além disso, é enriquecida por representantes de outras formações vegetacionais

dos domínios adjacentes, Mata Atlântica, Amazônia e Caatinga (Rizzini, 1963).

Poderíamos esperar que as fisionomias mais complexas e produtivas, como os

ambientes florestais, fossem mais ricas em espécies. No entanto, Thomé (2006), ao

analisar a diversidade da herpetofauna em diferentes fisionomias do Cerrado, concluiu

que ambientes mais abertos e savânicos comportam maiores riquezas. Da mesma forma,

estudos sobre pequenos mamíferos (Carmignotto, 2004) e répteis (Nogueira, 2009)

mostraram que a riqueza de espécies está concentrada em fisionomias abertas. Segundo

Nogueira (2009), hábitats abertos seriam mais dominantes e estáveis do que hábitats

florestados no Cerrado. Para aves, entretanto, Silva (1995) sugere que a maior parte das

espécies do Cerrado mantém algum grau de dependência dos ambientes florestais e que

sua riqueza seja fruto de intercâmbios ocorridos no passado com os domínios florestais

vizinhos.

Em geral, as formações campestres estão em terrenos mais antigos, de planaltos

mais elevados, enquanto que as áreas mais baixas geralmente abrigam maiores

extensões de ambientes florestais (Machado et al., 2008). De tal modo, Silva e Bates

(2002), a partir de comparações entre um grupo antigo de aves, ligado às formações

campestres e savânicas, e um grupo mais recente, associado com as formações florestais

dentro do Cerrado, propõem que os padrões de distribuição geográfica dessas aves

seguem a dinâmica de diversificação dos ambientes de Cerrado. De forma semelhante

para anfíbios, segundo Valdujo (2011) a heterogeneidade ambiental do Cerrado oferece

uma diversidade de hábitats e de condições que resultou na evolução de espécies com

diferentes requisitos.

Vários estudos analisam a influência de fatores climáticos na riqueza de espécies

de anfíbios do Cerrado, sendo que os maiores valores são registrados na estação úmida

(Kopp et al., 2010; Maffei, 2014; Melo et al., 2007). O Cerrado é caracterizado por

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apresentar duas estações bem definidas, um período chuvoso quente e úmido e o outro

seco e frio (Eiten, 1972). Durante a estação chuvosa, a disponibilidade de corpos d‟água

aumenta favorecendo a reprodução (Rossa-Feres & Jim 1994). Desta forma, muitas

comunidades apresentam marcada sazonalidade (Santos et al., 2007; Vasconcelos &

Rossa-Feres, 2005). No entanto, a heterogeneidade na distribuição da diversidade dos

anfíbios neste domínio seria explicada não apenas pelos fatores contemporâneos locais,

tais como, o clima, disponibilidade de hábitat e interações ecológicas, mas considerando

também a influência da história biogeográfica das espécies (Valdujo, 2011). Buckley e

Jetz (2007) analisaram a influência de fatores ambientais como preditores na riqueza de

anfíbios. Esses autores reforçam a veracidade da influência da água e da temperatura

nos padrões de diversidade, como o esperado, considerando as rigorosas restrições

ecofisiológicas do grupo. Em escalas mais amplas, os autores ressaltam também a

sobreposição das histórias regionais, como eventos de especiação e extinção, enquanto

explicação adicional para os gradientes de riqueza global.

Portanto, a dinâmica da topografia assume um papel importante sobre os padrões

biogeográficos dos anfíbios no Cerrado, sendo que o soerguimento de cordilheiras pode

ter isolado espécies ancestrais dando origem às espécies de distribuição restrita, que

observamos atualmente nas regiões montanhosas das porções sudeste, sudoeste e central

do domínio (Valdujo, 2011). Na região sudeste localiza-se o complexo do Espinhaço. A

cordilheira do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege (1822), representa a faixa

orogênica Precambriana mais extensa e contínua do território brasileiro (Almeida-Abreu

& Renger, 2002). Possui notável endemismo de flora e fauna (Leite et al., 2008; Leite,

2012; Rapini et al., 2008; Silva & Bates, 2002; Vasconcelos et al., 2008) e é,

particularmente, rica em espécies de anfíbios (Leite et al., 2008). Fatores como a

altitude, sua grande extensão e a complexa relação histórica e ecológica com os

domínios adjacentes, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, são sugeridos como fatores

responsáveis pela alta diversidade e endemismo da fauna de anuros do Espinhaço (Leite

et al., 2008).

Nas últimas décadas, houve um intenso acúmulo de conhecimento básico sobre a

diversidade faunística do Cerrado (Machado et al., 2008). Contudo, ainda existem

deficiências e grandes lacunas de informações sobre a diversidade e distribuição das

espécies, que dificulta a identificação de áreas prioritárias para a conservação e as

interpretações zoogeográficas (Nogueira et al., 2010; Valdujo, 2011; Silva & Bates,

2002, Leite, 2012). À vista disso, são necessários estudos que busquem responder como

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a composição e a riqueza das comunidades estão distribuídas nos diferentes ambientes

do domínio.

O Parque Estadual do Rio Preto está inserido em um fragmento de Cerrado no

complexo do Espinhaço. Esse Parque engloba uma heterogeneidade de fitofisionomias

características do domínio, com formações abertas e florestais (IEF, 2004). Nesta

Unidade, importantes estudos sobre os anfíbios anuros foram realizados (IEF, 2004;

Leite et al., 2006; Oliveira & Eterovick, 2009; 2010; Brandão et al., 2012), indicando a

ampliação da distribuição geográfica de anfíbios endêmicos da porção do Espinhaço

para esta localidade e propondo que espécies consideradas restritas, conhecidas para a

Serra do Cipó, podem ocorrer mais amplamente nesta formação (Leite et al. 2006).

Desta forma, é evidente a necessidade de investimento em pesquisa na região, de modo

a elucidar esses padrões e, dessa forma, ampliar o conhecimento.

O presente estudo teve como objetivo descrever a comunidade de anfíbios

anuros do Parque Estadual do Rio Preto quanto a composição, diversidade, riqueza de

espécies e sazonalidade em um fragmento de Cerrado, inserido no Complexo do

Espinhaço, considerando os diferentes ambientes fitofisionômicos: o cerrado strictu

sensu, o cerrado rupestre, a mata de galeria, o campo rupestre e por fim, a mata ciliar.

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METODOLOGIA

Área de estudo

O estudo foi realizado no Parque Estadual do Rio Preto (18º07‟S, 43º20‟W),

Unidade de Conservação com uma área total de 12,185 mil hectares, localizada no

município de São Gonçalo do Rio Preto, Minas Gerais, Brasil (IEF, 2004). O município

dista a 355 km de Belo Horizonte e está inserido na porção meridional do Complexo da

Serra do Espinhaço. A região está localizada na bacia do Rio Jequitinhonha e abriga

nascentes de diversos córregos e rios, dentre os quais se destacam o Rio Preto, um

afluente do Rio Araçuaí que tem vazão no Rio Jequitinhonha. O relevo é acidentado,

repleto de rochas de quartzo e o solo dominante é o Neossolo Litólico Psamítico típicos

e Neossolos Litólicos Distróficos típicos, associados a afloramentos rochosos de

quartzito (IEF, 2004). Com relação à cobertura vegetal, no Parque Estadual do Rio

Preto predominam as formações campestres e savânicas, com diferentes fitofisionomias

de Cerrado. Associadas a estas diferentes formações, encontram-se as ilhas de capão e

as matas ciliares ao longo das margens do Rio Preto e dos córregos constituídas por

floresta estacional semidecidual (IEF, 2004). A altitude do parque varia de

aproximadamente 700 a 1826m (Versieux et al., 2010). De acordo com a classificação

climática de Koppen, o clima da região é Cwb, isto é, mesotérmico com verões úmidos

e invernos secos, sendo que a temperatura média anual encontra-se na faixa de 18°C a

20°C, com precipitação média anual variando entre 1.250 a 1350 mm e com a umidade

quase sempre elevada, chegando em torno de 70,6% na média anual (Neves et al.,

2005).

Hábitats Amostrados

O desenho amostral seguiu a infraestrutura desenvolvida pelo Projeto do

ComCerrado, consistindo de um “grid” contendo 10 parcelas de 250m cada, mantendo

aproximadamente 1 km de distância entre elas (Figura 1). Dentre estas parcelas, quatro

foram selecionadas para o presente estudo e uma parcela adicional foi aberta, mas não

incluída na área do “grid”. Essa parcela foi inserida em um riacho permanente com

representativa mata ciliar, assim foi considerada como parcela aquática (aquaw),

mantendo a extensão de 250m. Por meio dessas parcelas, buscou-se representar as

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diferentes fisionomias do Cerrado (Figura 2), uma breve descrição destas é apresentada

a seguir:

Parcela 0000w - cerrado com ausência de corpos d‟água: área com vegetação de

cerrado stricto sensu; de cobertura densa e dossel fechado, com predomínio de arbustos

e árvores de maior porte. Solo de terra com folhiço. Ausência de corpos d‟água mesmo

durante a estação chuvosa, sendo bem seco. Altitude em torno de 914m.

Parcela 1000w - cerrado rupestre com riacho temporário: predomínio de um

cerrado rupestre, com arbustos mais esparsos e vegetação rupícula em afloramentos

rochosos quartzíticos. O solo é arenoso e rochoso. Há um pequeno riacho temporário,

cujo leito é rochoso e arenoso, porém com água apenas na estação chuvosa. Apresenta

nos últimos metros uma mancha de cerrado stricto sensu com solo de terra, troncos

caídos e cupinzeiros. Altitude em torno de 902m.

Parcela 2000w - mata de galeria com corpos d‟água permanentes e temporários:

Capão de mata de galeria, com nascentes e corpos d‟água permanentes e temporários e

Figura 1: GRID Rede ComCerrado instalado no Parque Estadual do Rio Preto, com as parcelas

0000w, 1000w, 2000w e 3000e demarcadas, com exceção de Aquaw.

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solo rico em serapilheira. Está presente também um fragmento de área aberta de solo

exposto e arenoso (areal) com predomínio de vegetação herbácea e arbustiva. Altitude

em torno 856m.

Parcela 3000e - campo rupestre com corpos d‟água permanentes e temporários:

área de campo rupestre, rico em afloramentos quartzíticos. A cobertura vegetal

apresenta predomínio de herbáceas e arbustos e plantas rupícolas. Ocorrem corpos

d‟água temporários e filetes d‟água permanentes. Solo predominantemente arenoso e

rochoso. Altitude em torno de 872m.

Parcela Aquaw - mata ciliar em riacho permanente: área de riacho permanente,

com mata ciliar estreita e densa, bem preservada, com vegetação arbustiva, herbácea e

arbórea bem representativas durante todo o trecho. O solo do leito do riacho varia em

diferentes trechos, entre pedregoso, rochoso e arenoso. Altitude em torno de 770m.

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Amostragem

Foram realizadas campanhas mensais com duração em média de três dias ao

longo de 18 meses consecutivos, de outubro de 2013 a março de 2015, perfazendo um

total de 64 dias de amostragem. O período de amostragem incluiu duas estações

Figura 2: Diferentes ambientes amostrados no estudo. a: cerrado sensu strictu (0000w), b: cerrado rupestre

(1000w), c: mata de galeria (2000w), d: campo rupestre (3000e), e: mata ciliar (Aquaw).

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chuvosas, de outubro de 2013 a março de 2014 e de outubro de 2014 a março de 2015 e

uma estação seca, de abril de 2014 a setembro de 2014.

O esforço amostral foi padronizado, seguindo a metodologia proposta pelo

protocolo da Rede ComCerrado, elaborado por Barata & Mott (2011), com algumas

modificações para se adequar ao presente estudo. Assim, foram utilizados os métodos

de busca ativa e de coleta por meio de armadilhas do tipo pitfall, conforme descrito

abaixo.

Busca Ativa noturna e Censo Acústico: O método envolve procura e captura

manual em todos os hábitats potenciais para ocorrência de anuros, visando o encontro

do maior número de espécies (Crump & Scott, 1994). As amostragens foram

complementadas por censo acústico (Zimmerman, 1994), que é caracterizado pelo

reconhecimento e registro das vocalizações típicas de cada espécie. Estas metodologias

foram utilizadas simultaneamente. Mensalmente, as cinco parcelas foram vistoriadas.

Os observadores percorreram cada uma delasem uma hora, entre os horários de 18h e

00h. Os observadores caminharam à pé ao longo das parcelas e registraram todos os

anuros percebidos visualmente ou acusticamente, ou seja, em atividade de vocalização

em seus microambientes. O esforço amostral total empregado foi 60 dias.

Pitfalls Traps: armadilhas que se caracterizam por uma sequência de baldes de

60 litros enterrados no solo até a boca e alinhados ao longo de uma cerca direcionadora,

sustentada por estacas e enterrada no solo ao longo de toda a sua extensão. Essas

armadilhas visam a captura de pequenos animais em deslocamento. Uma vez que estes

se deparam com essa cerca, tenderão a acompanhá-la e possivelmente cairão no

recipiente plástico (Cechin & Martins, 2000). O primeiro balde foi instalado dezoito

metros após o final de cada parcela. Cada conjunto de armadilhas era composto por

quatro baldes, distando entre eles oito metros, sendo que no final do conjunto de baldes

a cerca continua por mais oito metros. Assim, totalizou 40m de cerca-guia (Figura 3).

Os baldes de todas as parcelas ficaram destampados por apenas dois dias consecutivos

em cada campanha, sendo verificados pela manhã (08:00-12:00h). O esforço amostral

total empregado foi de 36 dias.

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Procedimentos laboratoriais

Foram coletados indivíduos como espécime-testemunho e também quando

necessário para confirmação taxonômica. Os indivíduos capturados em campo foram

acondicionados em sacos plásticos para o transporte até o laboratório. Para a eutanásia,

foi utilizado o anestésico Xilocaína 5%, em altas doses para ocorrer o óbito. O

anestésico era aplicado no ventre do animal, em regiões bem vascularizadas, ou injetado

Figura 3: Pitfalls Traps nos diferentes ambientes e parcelas. a: mata ciliar (Aquaw); b: transição

cerrado rupestre e sensu strictu (1000w); c: campo rupestre (3000e); d: transição areal e mata de

galeria (2000w); e: cerrado sensu strictu (0000w).

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subcutaneamente. Logo, aguardava-se até que ocorresse a parada cardiorrespiratória.

Posteriormente, os indivíduos foram fixados em formalina 10% e depois de 24h

colocados em potes com álcool 70% para conservação do material biológico. Os

espécimes foram tombados na Coleção Herpetológica do Laboratório de Zoologia dos

Vertebrados, ligado ao Departamento de Biodiversidade, Evolução e meio Ambiente da

Universidade Federal de Ouro Preto.

Mensuração da cobertura vegetal

As imagens da heterogeneidade e cobertura vegetal das parcelas foram obtidas

por NDVI, ou seja, o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada. O NDVI é um

indicador de vegetação utilizado mundialmente em larga escala para destacar a

vegetação ocorrente em uma área, sendo representativo de vários índices de vegetação.

O índice é formulado a partir da razão entre as bandas do infravermelho próximo e

infravermelho médio refletido pelas plantas. A metodologia seguida para a obtenção dos

dados de NDVI das parcelas do módulo da Rede ComCerrado foi elaborada por

Fernandes (2014), a partir do proposto por Rouse et al. (1973), sendo matematicamente

calculado com base na relação expressa pela equação:

NDVI = (NIR - VIS) / (NIR + VIS)

Onde, NDVI = índice de diferença normalizada; NIR = reflectância da faixa de

infravermelho próximo (0,72 a 1,10 µm); VIS = reflectância da faixa de visível (0,4 a

0,7 µm).

Os cálculos do NDVI para um dado pixel sempre resultará em um número que

varia -1 a +1 (Ponzoni e Shimabukuro, 2007). Segundo estes autores a aparência da

vegetação fotossinteticamente ativa tende a apresentar valores próximos a +1.

Para a base metodológica da extração dos valores do índice de vegetação por

diferença normalizada (NDVI) das parcelas referentes ao módulo do Parque Estadual do

Rio Preto no estado de Minas Gerais foi criado um banco de dados no Sistema de

Processamento de Informação Georeferenciadas (SPRING) versão 5.2.6 (Câmara et al.,

1996), com modelo da terra Sirgas 2000 e sistema de projeção cartográfica Latlong. As

imagens do satélite Landsat TM 5 foram utilizadas para o processamento do índice de

vegetação, sendo adquiridas gratuitamente no site do Instituto Nacional de Pesquisas

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Espaciais (INPE), datadas de 19/07/2011 e 04/08/2011, respectivamente de órbita/ponto

218/72 e 218/73. A partir do software Environment for Visualizing Images (ENVI) foi

realizada a correção geometrica das imagens com base nas cenas ortorretificadas GLS-

Landsat de mesma órbita/ponto, sendo preconizado um erro inferior a 0,5 pixel para

ambas as imagens. Posteriormente ao georreferenciamento das imagens iniciou-se a

conversão dos níveis digitais (ND) das duas imagens por meio do método DOS

(Chavez, 1989), com intuito de se realizar o cálculo da reflectância, corrigindo os

efeitos atmosféricos, utilizando se da planilha proposta por Gürtler et al. (2005). Após a

transformação do número digital em valores de reflectância foi gerado o índice de

vegetação (NDVI) das duas imagens, por meio de um algoritmo em linguagem Espacial

Geoprocessamento Algébrico (LEGAL) - SPRING (Câmara et al., 1996), e de posse

desses dados realizou-se o fatiamento dos mesmos, utilizando um intervalo de 0,10

dentre os NDVI. Os mapas foram gerados por meio do software ArcGIS 10.1.

Análises

Para estimar a riqueza total potencial da comunidade de anfíbios e em cada

parcela separadamente, utilizou-se o estimador não paramétrico Jackknife de 1° ordem,

usando o programa EstimateS 9.1 (Colwell, 2013). Este estimador visa diminuir o efeito

de sub-amostragem, estimando um valor de riqueza próximo do que pode ocorrer na

área. Foram feitas 10.000 aleatorizações das amostras. O desvio-padrão foi calculado

pelo programa STATISTICA 8.0 (StatSoft, 2007). Para concluir se a amostragem foi

suficiente em cada parcela ou ambiente, foi feita a curva de acumulação de espécies por

meio do o programa STATISTICA 8.0 (StatSoft, 2007). A determinação de suficiência

amostral é indicada quando a curva atinge uma assíntota, significando que

potencialmente todas as espécies de uma área foram coletadas (Colwell & Coddington,

1994).

Foram calculadas as diversidades alfa e gama seguindo o proposto por Magurran

(1988). A diversidade alfa ou diversidade local foi calculada através dos valores de

riqueza (S) por unidade de área e equabilidade. A equabilidade refere-se ao quão similar

as espécies estão representadas na comunidade. A diversidade gama ou diversidade

regional foi calculada através dos valores de riqueza e abundância totais encontrados na

área. Para avaliar as diversidades alfa e gama da comunidade de anfíbios, foi utilizado o

índice de diversidade não-paramétrico de Shannon-Wienner (H‟), por meio do software

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EstimateS 9.1 (Colwell, 2013) com 10.000 aleatorizações. Os valores assumidos pelo

índice de Shannon-Wienner situam-se entre 1,5 e 3,5 e raramente ultrapassam o valor de

4,5 (Magurran 1988). Este índice atribui mais peso para as espécies raras e é

recomendado para amostragens padronizadas (Melo, 2008).

Para avaliar a similaridade da composição de espécies de anfíbios anuros entre

os diferentes ambientes, foi empregada uma análise de agrupamento. Utilizou-se

UPGMA como método de amalgamação e a distância euclidiana como medida de

distância (Quinn & Keough, 2002), através do programa STATISTICA 8.0 (StatSoft,

2007). A análise de agrupamento, através de uma medida de similaridade ou distância,

combina objetos similares em grupos ou conjuntos sucessivamente maiores (Quinn &

Keough 2002).

Foi feita uma Análise de Componentes Principais (PCA) com o objetivo de

avaliarmos como a composição de espécies do PERP se agrupam nas diferentes

fitofisionomias amostradas como: cerrado sensu strictu, cerrado rupestre, campo

rupestre, mata ciliar e mapa de galeria, e formações: aberta (cerrado sensu strictu,

cerrado rupestre, campo rupestre) e florestal (mata ciliar e mata de galeria). Foi

utilizado o programa Minitab 17 (2015). A PCA é uma análise multivariada exploratória

de ordenação (Legendre & Legendre, 1998). Essa técnica consiste em transformar um

conjunto de variáveis originais em outro conjunto de variáveis de mesma dimensão

nomeadas de componentes principais. Dessa forma, se reduzem as massas de dados,

mas se retém o máximo de informação possível (Varella, 2008). A importância de um

componente principal é avaliada por meio de sua contribuição, isto é, pela proporção de

variância total explicada pelo componente. A contribuição de cada componente

principal é expressa em porcentagem (Varella, 2008). Os primeiros eixos explicam

grande parte da variação total dos dados, sendo que, quanto mais condizentes forem as

distâncias entre as amostras original e a projetada no(s) eixo(s), maior é a porcentagem

explicada (Melo & Hepp, 2008). Não existe um valor “ótimo” para a porcentagem de

explicação, pois, no geral, quanto maior o número de variáveis ou componentes menor é

a porcentagem de explicação (Melo & Hepp, 2008). Neste caso, a análise busca agrupar

as espécies de acordo com sua variação dentro dos ambientes.

A frequência de ocorrência de cada espécie durante os meses amostrados foi

calculada (Gomes, 2014), através da seguinte equação:

Fa = Pa/P x 100

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Onde, Fa = freqüência da espécie A, Pa = número de meses nas quais a espécie A está

presente, P = número total de meses amostrados. A frequência é expressa em forma de

porcentagem. A seguir, as espécies foram classificadas como constante com F≥ 50% a,

comum se 10% < F ≤ 49% e rara com F ≤ 10%.

Para avaliar a influência da sazonalidade e do local, na abundância e na riqueza

das espécies nas parcelas, foi feita uma Análise de Variância de dois fatores (ANOVA).

A amostragem foi dividida em três períodos de seis meses cada, sendo o primeiro

período de outubro de 2013 a março de 2014 (primeira estação chuvosa), o segundo

período de abril a setembro de 2014 (estação seca) e o terceiro de outubro de 2014 a

março de 2015 (segunda estação chuvosa). Para determinar quais pares de médias foram

diferentes com relação à abundância e riqueza de espécies entre as parcelas e os

períodos, foi aplicado o teste a posteriori de Tukey. Todos os valores menores que 0,05

indicam que ocorreu diferença significativa. Para estas análises utilizou-se o software

STATISTICA 8.0 (StatSoft, 2007).

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RESULTADOS

A riqueza total registrada foi de 22 espécies de anfíbios anuros, considerando todas

as parcelas (Tabela 1) (Figura 4), enquanto que a riqueza estimada foi de 31,8 espécies.

Valdujo et al. (2012), em uma compilação de dados relativos à estudos realizados em

coleções zoológicas e trabalhos em campo, elaborou uma lista da riqueza de espécies de

anfíbios do Cerrado. Esses autores registraram 209 espécies, sendo 108 consideradas

endêmicas. Assim, apenas nas cinco parcelas amostradas no presente estudo,

encontramos 10,5% da riqueza total de espécies presentes em todo o domínio. Os

mesmos autores, também classificaram as espécies como endêmicas ou quase

endêmicas, sendo esta última representada por espécies altamente associadas à área

delimitada do Cerrado, mas que ocorrem marginalmente em outros domínios

fitogeográficos. Logo, entre as espécies incluídas como endêmicas do Cerrado, três

estão incluídas no presente estudo: Pseudopaludicola mineira, Bokermannohyla

saxicola e Proceratophrys cururu. O presente estudo incluiu ainda sete espécies na

categoria quase endêmicas: Rhinella rubescens, Thoropa megatympanum,

Leptodactylus cunicularius, L. furnarius, Crossodactylus trachystomus,

Bokermannohyla alvarengai e B. nanuzae.

Espécies Distribuição Geográfica IUCN

E NE O AT W NA 2015

Rhinella rubescens (A. Lutz, 1925)

x

LC

Vitreorana sp.

x -

Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956)

x*

LC

Bokermannohyla gr. circumdata (Cope, 1871)

x -

Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973)

x*

LC

Bokermannohyla saxicola (Bokermann, 1964) x*

LC

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)

x

LC

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)

x

LC

Scinax gr. catharinae

x -

Scinax sp.1 (clado ruber)

x -

Tabela 1: Espécies de anfíbios anuros registradas no Parque Estadual do Rio Preto (PERP) no período de

outubro de 2013 a março de 2015. Símbolos e abreviaturas. *: Endêmica da Serra do Espinhaço (IUCN, 2015).

Distribuição (Valdujo, 2011): E: endêmica do Cerrado; NE: quase endêmica ou fortemente associada ao

Cerrado; S: ocorrência meridional no Cerrado; AT: ocorre no Cerrado e na Mata Atlântica; O: ocorre em

domínios de formações abertas; W: amplamente distribuída no Brasil e na América do Sul. Status IUCN

(2015): LC: Least Concern = pouco preocupante; DD: Data Deficient = deficiente em dados.

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Trachycephalus typhonius (Linnaeus, 1758)

x

LC

Crossodactylus trachystomus (Caramaschi & Sazima, 1985)

x*

DD

Thoropa megatympanum (Caramaschi & Sazima, 1984)

x*

LC

Leptodactylus cunicularius (Sazima & Bokermann, 1978)

x

LC

Leptodactylus furnarius (Sazima & Bokermann, 1978)

x

LC

Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799)

x

LC

Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824)

x

LC

Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861)

x

LC

Leptodactylus syphax (Bokermann, 1969)

x

LC

Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826)

x

LC

Pseudopaludicola mineira (Lobo, 1994) x*

DD

Procerathrophys cururu (Eterovick & Sazima, 1998) x*

DD

Total de espécies: 22 3 7 1 2 5 4 18 Avaliadas

Sobre o status de ameaça, 18 espécies constam na lista vermelha da IUCN

(2015), sendo que 83,3% (n=15) se encontram na categoria pouco preocupante (Least

concern/LC) e 16,7% (n=3) como dados deficientes (Data Deficient/DD). Essas últimas

são representadas por: Crossodactylus trachystomus, Pseudopaludicola mineira e

Procerathrophys cururu. As espécies Thoropa megatympanum, Bokermannohyla

alvarengai, Bokermannohyla nanuzae, Bokermannohyla saxicola, Pseudopaludicola

mineira, Procerathrophys cururu e Crossodactylus trachystomus1 são consideradas

endêmicas da Serra do Espinhaço (Leite, 2012; IUCN, 2015, Pimenta et al., 2015),

representando 31,8% da composição de espécies observada. As demais espécies

apresentam distribuição mais ampla, ocupando outras porções do país e da região

neotropical. É possível que as espécies, cuja identificação utilizada no presente estudo

ainda não é definitiva, tais como Bokermannohyla gr. circumdata, Scinax gr.

catharinae, Scinax sp1. (clado ruber) e Vitreorana sp. também apresentem distribuição

restrita.

1 Recentemente, Pimenta et al. (2015) consideraram C. trachystomus como

sinônimo de C. bokermanni (Caramaschi & Sazima, 1985).

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Na parcela 0000w, caracterizada por um cerrado stricto sensu sem corpos

d‟água, não foi registrada nenhuma espécie de anfíbio anuro. Desta forma, esta

fisionomia foi excluída de algumas análises. A parcela 2000w foi a que apresentou

Figura 4: Espécies de anfíbios anuros do Parque Estadual do Rio Preto. a: Crossodactylus

trachystomus; b: Thoropa megatympanum; c: Scinax gr. catharinae; d: Hypsiboas faber; e:

Bokermannohyla saxicola; f: B. gr. circumdata; g: Trachycephalus typhonius; h: Leptodactylus

labyrinthicus; i: B. nanuzae (jovem); j: Pseudopaludicola mineira; l: Procerathrophys cururu (jovem),

m: L. syphax; n: B. alvarengai; o: Scinax sp.1 (clado ruber), p: L. cunicularius; q: Rhinella rubescens;

r: L. mystacinus; s: Vitreorana sp. Fotos: António Cruz (a, b, c, i, n, q), Guilherme Conrado (d, e, f, g,

h, o, r), Camila Correia (j, l, p, s) e Rodrigo Silveira (m).

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maior riqueza observada (n=9), seguida por 3000e e Aquaw, que apresentaram valores

iguais (n=8). A abundância total consistiu em 378 registros, sendo que os maiores

números de indivíduos foram encontrados nas parcelas 3000e e Aquaw, sendo 178 e 139

registros, respectivamente. As espécies mais abundantes ao longo de todo período de

estudo foram Thoropa megatympanum (n= 159) e Scinax gr. catharinae (n=86). As

espécies Vitreorana sp., Bokermannohyla nanuzae, Hypsiboas faber, Scinax sp.1 (clado

ruber), Trachycephalus typhonius, Leptodactylus cunicularius, L. fuscus, L. mystacinus,

Physalaemus cuvieri e Procerathrophys cururu foram registradas uma única vez.

Thoropa megatympanum correspondeu à espécie dominante nos ambientes de cerrado

rupestre (1000w) e campo rupestre (3000e) , enquanto que Crossodactylus trachystomus

foi a espécie dominante da mata de galeria (2000w) foi, e por fim, Scinax gr. catharinae

na mata ciliar (Aquaw) (Tabela 2).

Ao analisar a frequência de ocorrência das espécies na área de estudo,

constatamos que quase a metade (45%) foram consideradas raras, devido ao pequeno

número de registros. Dentre as espécies raras, a maioria (60%) são de ampla

distribuição pelo país ou na região Neotropical, como, Leptodactylus cunicularius, L.

fuscus, L. mystacinus, Physalaemus cuvieri, Hypsiboas faber e Trachycephalus

typhonius. As demais (40%) foram Vitreorana sp, Bokermannohyla nanuzae, Scinax

sp1 (clado ruber) e Proceratophrys cururu. Scinax sp1 (clado ruber) e Vitreorana sp.

são espécies sem confirmação taxonômica, sendo que a primeira é possivelmente uma

espécie ainda não descrita. Os registros únicos dos jovens de B. nanuzae e P. cururu

indicam que estas espécies poderiam estar apenas se deslocando. As espécies

consideradas constantes na área de estudo foram Thoropa megatympanum, Scinax gr.

catharinae e Hypsiboas albopunctatus. Dentre as espécies aferidas como comuns estão

Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, B. gr. circumdata, Crossodactylus

trachystomus, Pseudopaludicola mineira, Rhinella rubescens, Leptodactylus furnarius,

L. labyrinthicus e L. syphax.

Os valores de riqueza de espécies estimados para cada parcela foram: 1000w=

3,98 ± 1,9; sp.; 2000w= 13,89 ± 4,2 sp.; 3000e = 11,91 ± 4,7 sp.; Aquaw = 9,96 ± 2,8

sp. Esses valores foram próximos aos observados em campo (1000w = 3 spp.; 2000w =

9 spp.; 3000e = 8 spp.; Aquaw = 8 spp.) (Figura 5).

A parcela 0000w foi excluída desta análise, pois não apresentou nenhuma

espécie. Assim, o ambiente com a maior riqueza de espécies, tanto a observada quanto o

estimada, foi a mata de galeria (2000w). Apesar de ter sido observado o mesmo valor de

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riqueza no campo rupestre (3000e) e na mata ciliar (Aquaw), o estimador considerou

que neste primeiro ambiente pode ocorrer maior número de espécies (n= 11,91). Logo,

as curvas de acumulação geradas para o campo rupestre (3000e) e para a mata de galeria

não atingiram a assíntota, diferentemente do observado para a mata ciliar (Aquaw) e

para o cerrado rupestre (1000w), que mostraram uma tendência à estabilização (Figura

6).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1000w 2000w 3000e Aquaw

Riq

uez

a d

e e

spéc

ies

est

imad

as (

Jack

kn

ife

1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45

Curva de acumulação - Anfíbios PERP

Jack 1000w Jack 2000w Jack 3000e Jack aquaw

Figura 6: Curva de acumulação de espécies. Riqueza estimada (Jack 1) versus dias

amostrados nas parcelas 1000w, 2000w, 3000e e Aquaw, no Parque Estadual do Rio Preto,

no período de outubro de 2013 a março de 2015.

.

Figura 5: Riqueza estimada de espécies de anuros (Jack 1) versus parcelas

amostradas (1000w, 2000w, 3000e e Aquaw), no Parque Estadual do Rio Preto, no

período de outubro de 2013 a março de 2015.

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Com relação aos valores dos Índices de diversidade (Tabela 3), a fisionomia que

apresentou maior diversidade alfa foi primeiramente a mata de galeria (2000w= 1,71

nats.ind-1), seguida pela mata ciliar (Aquaw= 1,2 nats.ind-1). Os valores mais baixos

foram do cerrado rupestre (1000w= 0,52 nats.ind-1) e do campo rupestre (3000e= 0,88

nats.ind-1). O estimador de riqueza Jackniffe I, considerou a parcela 3000e mais rica do

que Aquaw. Entretanto, o índice de diversidade de Shannon considerou o contrário,

indicando a parcela Aquaw como a mais diversa em espécies. Esse resultado pode ser

explicado pelo fato de que a mata ciliar apresentou maior equitabilidade que o campo

rupestre, enquanto que, na parcela 3000e, a espécie Thoropa megatympanum teve uma

abundância elevada e desigual com relação às outras espécies. Acerca da diversidade

regional, o valor de diversidade gama foi de H‟= 1,91 nats. ind-1, próximo ao valor da

mata de galeria.

Espécies Parcelas Frequência de Metodologia

0000w 1000w 2000w 3000e Aquaw ocorrência BA RA PT

Família Bufonidae

Rhinella rubescens 0 0 0 2 10 comum (22%) x x x

Família Centrolenidae

Vitreorana sp. 0 0 0 0 1 rara (6%) x X

Thoropa megatympanum 0 26 0 133 0 constante

(78%) x x Família Hylidae

Bokermannohyla alvarengai 0 0 0 3 0 comum (17%) x Bokermannohyla gr.

circumdata 0 0 9 0 5 comum (28%) x x Bokermannohyla nanuzae 0 0 1 0 0 rara (6%) x

Bokermannohyla saxicola 0 0 1 0 2 comum (17%) x

Hypsiboas albopunctatus 0 0 0 0 31 constante

(72%) x x Hypsiboas faber 0 0 0 0 1 rara (6%) x

Scinax gr. catharinae 0 0 2 0 84

constante (83%) x x

Scinax sp.1 (clado ruber) 0 0 0 1 0 rara (6%) x x Trachycephalus typhonius 0 0 1 0 0 rara (6%) x

Família Hylodidae

Crossodactylus trachystomus 0 0 11 0 0 comum (33%) x Família Leptodactylidae

Leptodactylus cunicularius 0 0 0 1 0 rara (6%)

x

Leptodactylus furnarius 0 0 0 8 0 comum (33%) x

x

Leptodactylus fuscus 0 0 1 0 0 rara (6%) x

Tabela 2: Riqueza, abundância e frequência de ocorrência das espécies de anfíbios anuros observadas nas diferentes

parcelas do no Parque Estadual do Rio Preto, no período de outubro de 2013 a março de 2015. Legenda: BA: Busca ativa,

RA: Registro Acústico, PT: Pitfalls-Traps.

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Busca ativa foi a metodologia de coleta que se mostrou mais eficiente, pois

permitiu o registro de 19 espécies. Algumas espécies foram visualizadas por esta

metodologia, associada ao registro acústico (n=9). A riqueza de espécies registradas por

meio das armadilhas e interceptação e queda (pitfalls) corresponderam a um total de

cinco, representadas pelas famílias Bufonidae e Leptodactylidae. As espécies coletadas

nos pitfalls foram somente aquelas que apresentam distribuição horizontal, ou seja, que

se deslocam no solo. Já as espécies de distribuição vertical, representadas pelas famílias

Centrolenidae e Hylidae, foram registradas exclusivamente por meio de busca ativa e

registro acústico. As espécies Leptodactylus cunicularius, L. mystacinus e Physalaemus

cuvieri foram registradas exclusivamente pelos pitfalls. Logo, fica elucidada a

importância da aplicação de diferentes metodologias de coleta, de forma a serem

complementares, para a amostragem de diferentes representantes da comunidade.

Tabela 3: Riqueza observada (S), abundância (Ni) e diversidade alfa nas parcelas e ambientes amostrados

do no Parque Estadual do Rio Preto, no período de outubro de 2013 a março de 2015.

Nas imagens do NDVI (Figura 7), observamos que as parcelas 1000w e Aquaw

(córrego das Boleiras) tiveram os maiores índices de vegetação fotossinteticamente

ativa. Na parcela 0000w, observa-se que na região oeste o cerrado strictu sensu

apresenta-se mais denso. Ao contrário do esperado, a parcela 2000w (mata de galeria)

Leptodactylus labyrinthicus 0 0 3 0 5 comum (33%) x Leptodactylus mystacinus 0 1 0 0 0 rara (6%)

x

Leptodactylus syphax 0 4 0 0 0 comum (22%) x x Physalaemus cuvieri 0 0 0 1 0 rara (6%)

x

Pseudopaludicola mineira 0 0 0 30 0 comum (39%) x x Família Odontophrynidae

Procerathrophys cururu 0 0 1 0 0 rara (6%) x Abundância total: 378 0 31 30 178 139

19 8 5 Riqueza total: 22 0 3 9 8 8

Parcelas Ambiente S Ni H’

0000w Cerrado stricto sensu; ausência de corpos d'água 0 0 -

1000w Cerrado stricto sensu e rupestre; riacho temporário 3 31 0,52

2000w Mata de galeria; corpos d'água permanentes e temporários 9 30 1,71

3000e Campo rupestre; corpos d'água temporários 8 178 0,88

Aquaw Mata ciliar; riacho permanente 8 139 1,2

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não apresentou valores mais altos. Essa parcela é um capão de mata de galeria

circundado por um areal de solo bastante exposto, o que influenciou nos resultados da

imagem. Observa-se que grande parte da parcela 3000e (campo rupestre) tem o solo

exposto devido aos afloramentos rochosos quartzíticos e com gramíneas.

Na análise de agrupamento, formaram-se dois grandes grupos, separando as

fisionomias abertas (0000w, 1000w, 3000e) das florestais (2000w, Aquaw),

Figura 7: Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) das parcelas 0000w (cerrado strictu

sensu), 1000w (cerrado rupestre), 2000w (mata de galeria), 3000e (campo rupestre) e Aquaw (mata ciliar –

córrego das Boleiras). Os valores variam de -1 a +1, vegetação fotossinteticamente ativa tende a

apresentar valores próximos à +1.

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demonstrando haver distinção na composição de anuros entre estas formações (Figura

8). Da mesma forma, a Análise dos Componentes Principais (PCA) resultou em uma

separação evidente entre as diferentes fitofisionomias amostradas, sendo que as espécies

da mata ciliar e de galeria ficaram próximas entre si, assim como o cerrado e o campo

rupestre também se agruparam. Consequentemente, a separação entre as formações

aberta e florestal se tornou ainda mais visível, sendo que a composição de espécies

apresentou ser distinta entre as diferentes formações (Figura 9). Os dois principais

componentes explicam 18,8% da variação dos dados, considerando as 22 componentes.

Os escores, que representam os valores destas componentes, são mais altos para as

espécies que contribuíram para grande parte do resultado observado. H. albopunctatus,

Scinax gr. catharinae e B. gr. circumdata tiveram mais valores altos positivos, sendo

que estas espécies foram exclusivas dos ambientes florestais, como a mata ciliar e de

galeria. Já B. alvarengai, S. sp.1 (clado ruber), T. megatympanum, L. furnarius e P.

mineira foram exclusivas dos ambientes abertos, como o cerrado e o campo rupestre,

apresentando escores negativos altos.

Figura 8: Análise de Agrupamento UPGMA (Cluster) da composição de

espécies nas diferentes parcelas amostradas. Medida de distância:

Euclidiana.

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As espécies que habitaram a fisionomia de cerrado rupestre, com mancha de

cerrado stricto sensu (1000w) foram Thoropa megatympanum, Leptodactylus

mystacinus e L. syphax. T. megatympanum e L. syphax foram registradas em

afloramentos rochosos quartzíticos. Leptodactylus syphax ocupava afloramentos a

alguns centímetros do solo, em formações de pequenas lapas com frestas que serviam de

abrigo. Assim, a espécie se mantém pouco exposta. Estas espécies foram registradas

vocalizando apenas na estação chuvosa, quando havia água no riacho temporário, nos

meses de outubro, novembro e dezembro. Leptodactylus mystacinus foi coletado no

pitfall, na mancha de cerrado stricto sensu desta parcela, onde localmente não foram

observados corpos d‟água. Havia muitos cupinzeiros próximos à armadilha, e esta

espécie foi visualizada em outros pontos do parque utilizando-os como abrigos.

Na mata de galeria (2000w), as únicas espécies observadas utilizando este

ambiente para reprodução foram Bokermannohyla gr. circumdata e Scinax gr.

catharinae. Bokermannohyla gr. circumdata foi visualizada em poças d‟água

temporárias em solo de serapilheira, os indivíduos geralmente se abrigavam em restos

de matéria orgânica constituída por folhas, troncos e sementes da vegetação. A

coloração dorsal dos animais era bem semelhante a do substrato, o que lhes conferia

camuflagem. Foram observados girinos e imagos no mesmo local. Apenas um macho de

S. gr. catharinae foi registrado vocalizando em vegetação herbácea na margem do

córrego temporário. Estas espécies foram registradas vocalizando exclusivamente na

estação chuvosa nesta fisionomia. A espécie Crossodactylus trachystomus apesar de ser

Figura 9: Análise dos Componentes Principais (PCA). Composição das espécies nos diferentes ambientes

amostrados (campo rupestre, cerrado rupestre, cerrado strictu sensu, mata ciliar e mata de galeria) e formações

(aberta e florestal).

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a mais abundante da parcela, não foi observada vocalizando. Ocupou o solo de

serapilheira e também as poças d‟água temporárias. Este microambiente parece também

favorecer a camuflagem desta rã, que apresenta uma coloração parecida com folhiço do

solo.

A espécie Trachycephalus typhonius teve apenas um registro na mata de galeria

e o indivíduo adulto não aparentava estar em período de reprodução. Todos os

indivíduos de Leptodactylus labyrinthicus registrados neste ambiente ocupavam a

serapilheira debaixo de um tronco de árvore ainda úmido, onde acumulava água na

estação chuvosa. Assim, nos meses frios e secos de abril e setembro, essa espécie foi

avistada nesse mesmo local. As demais espécies registradas nesta parcela (2000w),

como Bokermannohyla nanuzae, B. saxicola, Leptodactylus fuscus e Procerathrophys

cururu pareciam estar se deslocando, pois tiveram apenas um registro e não

aparentavam estar se reproduzindo. Dessa forma, B. nanuzae, P. cururu e L. fuscus

foram classificadas como espécies de rara frequência no estudo. Além disso, a mata de

galeria não foi o ambiente utilizado preferencialmente por estas espécies em outras

observações feitas em distintos pontos do parque, externamente à área investigada.

No campo rupestre, as espécies Thoropa megatympanum (n=133) e

Pseudopaludicola mineira (n=30) foram as mais abundantes. Estas espécies ocupavam

os afloramentos rochosos quartzíticos. Apesar de ambas apresentarem registros na

estação seca, suas abundâncias cresceram expressivamente quando havia água nas

rochas, nos meses chuvosos. Os sítios de reprodução de P. mineira foram as poças rasas

com uma baixa vegetação rupícola. Enquanto que os machos de T. megatympanum

foram registrados abrigados nas pedras, em geral sob a vegetação herbácea. Os

indivíduos de Leptodactylus furnarius foram registrados exclusivamente na estação

chuvosa e sempre entremeados na vegetação herbácea típica desse ambiente. A espécie

B. alvarengai foi vista ocupando também os afloramentos rochosos, mas nunca próxima

de água. Foi vista nos períodos de seca e de chuva. Um macho inativo repousando nas

pedras foi coletado. Este animal apresentava um padrão de manchas diferente do

observado e arranhões no corpo, indicando ter competido com outro macho. Espécies de

poucos registros nesse ambiente foram Rhinella rubescens, Scinax sp1. (clado ruber),

Leptodactylus cunicularius e Physalaemus cuvieri, todas observadas apenas na estação

chuvosa. As espécies de hábitos terrestres, tais como R. rubescens, L. cunicularius e P.

cuvieri foram registradas apenas nas armadilhas de pitfall. Por outro lado, S. sp1 (clado

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ruber) foi registrada em pedra, apenas quando houve formação de poças temporárias de

fundo rochoso, onde localmente a vegetação apresentava mais acentuada.

Na mata ciliar (Aquaw) a espécie mais abundante foi Scinax gr. catharinae.

Foram registrados machos vocalizando tanto na época seca, quanto na chuvosa e no mês

de junho foi observada uma fêmea ovada. A maioria dos indivíduos dessa espécie foi

observada na vegetação herbácea nas margens do riacho permanente, em ambientes

lênticos e lóticos. A espécie Rhinella rubescens, Hypsiboas albopunctatus e

Bokermannohyla gr. circumdata também foram observadas vocalizando nesse ambiente.

Rhinella rubescens apresentou reprodução explosiva, em agosto, mês frio e seco. Foram

observados vários machos agregados em atividade de vocalização, em uma região do

córrego que formava um pequeno poço. Hypsiboas albopunctatus também ocupou a

vegetação marginal e formações rochosas do riacho. Foi observada vocalizando apenas

na estação chuvosa, de outubro a março. Bokermannohyla gr. circumdata foi registrada

somente nos meses de outubro e março, quando estava em período de reprodução. Foi

registrada em arbusto da vegetação marginal, como também debaixo da matéria

orgânica acumulada no leito do riacho, onde o macho permanecia abrigado e em

atividade de vocalização.

As espécies Hypsiboas faber e Vitreorana sp. tiveram apenas um registro na

Aquaw. Nesta parcela, H. faber parecia estar apenas se deslocando, pois foi percebida

por meio de registro acústico em outros pontos do riacho na proximidade da parcela.

Para Vitreorana sp. foi obtido o registro de um único indivíduo jovem durante todo o

período de estudo. Este indivíduo repousava sobre uma folha seca na margem do riacho

no mês de janeiro. O riacho amostrado na Aquaw é muito semelhante aos

frequentemente ocupados para a reprodução da espécie Bokermannohyla saxicola. No

entanto, registramos apenas dois indivíduos nesta parcela e não foi observado

comportamento reprodutivo. Ambos os registros foram na estação seca, nos meses de

maio e junho. A espécie foi observada ocupando a rocha e a vegetação marginal,

próxima da correnteza. Os indivíduos de Leptodactylus labyrinthicus eram visualizados

sempre em um mesmo ponto da mata ciliar. Foram registrados apenas jovens, estes

ocupavam o solo, na maioria das vezes em areia na margem do riacho.

A maioria das espécies foi observada na estação chuvosa, enquanto que apenas

nove espécies foram observadas na estação seca. Dentre essas, somente Rhinella

rubescens e Scinax gr. catharinae foram registradas vocalizando, ou seja, em atividade

reprodutiva. Os meses da segunda estação chuvosa foram mais ricos em espécies, se

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comparados aos meses da primeira chuvosa, sendo que o mês de outubro de 2014

apresentou o maior valor (n=11). A riqueza de anfíbios da primeira estação chuvosa se

concentrou nos últimos meses (janeiro e fevereiro) ao contrário da segunda chuvosa,

que foi menor nos últimos meses (janeiro, fevereiro, março). Nenhuma espécie foi

registrada exclusivamente na estação seca, mas Vitreorana sp, Leptodactylus

cunicularius, L. furnarius, L. fuscus, L. mystacinus, L. syphax, P. cuvieri, B. gr.

circumdata, B. nanuzae, H. faber, Scinax sp1. (clado ruber) Trachycephalus typhonius e

Proceratophrys cururu foram observadas exclusivamente na estação chuvosa. Destas,

apenas L. syphax, B. gr. circumdata, Scinax sp1. (clado ruber) foram observadas em

comportamento reprodutivo (Tabela 4).

Espécies

2014 2015

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar

Rhinella rubescens x

x*

x x

Vitreorana sp. x

Thoropa megatympanum x* x* x x* x

x x x

x* x* x* x x x*

Leptodactylus cunicularius x

Leptodactylus furnarius x x x

x x x

Leptodactylus fuscus x

Leptodactylus labyrinthicus x x

x

x X x

Leptodactylus mystacinus

x

Leptodactylus syphax x*

x* x* x*

Physalaemus cuvieri x

Pseudopaludicola mineira x* x* x* x* x

x* x*

Crossodactylus trachystomus x

x

x x x x

Bokermannohyla alvarengai

x

x x Bokermannohyla gr.

circumdata x* x* x*

x* x*

Bokermannohyla nanuzae

X

Bokermannohyla saxicola

x x

x

Hypsiboas albopunctatus x x x* x* x*

x

x

x* x* x* x* x* x*

Hypsiboas faber

x

Scinax gr. catharinae x* x* x* x* x* x* x* x* x* x* x* x* x* x* x*

Scinax sp1(clado ruber)

x*

Trachycephalus typhonius x

Proceratophrys cururu x

Total de espécies: 22 3 5 6 4 8 8 3 4 4 3 4 2 11 8 7 5 5 6

Tabela 4: Sazonalidade das espécies do Parque Estadual do Rio Preto entre o período de outubro de 2013 à março de 2015. *:

Espécies em atividade de vocalização.

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A abundância total de anfíbios diferiu significativamente entre as parcelas

(F=11,7; p=0,001) e entre períodos (F=4,2; p=0,019), mas não houve efeito significativo

da interação entre esses fatores (F=1,4; p=0,197). A parcela 3000e foi a única que

apresentou diferenças significativas em relação as outras parcelas (0000w, 1000w,

2000w) e a parcela Aquaw foi a única que não diferiu significativamente da 3000e. A

3000e também foi a única que apresentou diferença na abundância entre os períodos,

apenas entre o segundo período chuvoso e o período seco. Logo, o campo rupestre foi o

único ambiente que demonstrou a influência das estações seca e chuvosa na abundância

de indivíduos (Figura 10).

Parcelas e Períodos

0000w 0000w 0000w 1000w 1000w 1000w 2000w 2000w 2000w 3000e 3000e 3000e Aquaw Aquaw Aquaw

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

0000w 1

1,000 1,000 1,000 1,000 0,990 1,000 1,000 1,000 0,024 1,000 0,001 0,698 0,548 0,196

0000w 2 1,000

1,000 1,000 1,000 0,990 1,000 1,000 1,000 0,024 1,000 0,001 0,698 0,548 0,196

0000w 3 1,000 1,000

1,000 1,000 0,990 1,000 1,000 1,000 0,024 1,000 0,001 0,698 0,548 0,196

1000w 1 1,000 1,000 1,000

1,000 0,999 1,000 1,000 1,000 0,060 1,000 0,002 0,879 0,767 0,366

1000w 2 1,000 1,000 1,000 1,000

0,990 1,000 1,000 1,000 0,024 1,000 0,001 0,698 0,548 0,196

1000w 3 0,990 0,990 0,990 0,999 0,990

1,000 0,998 1,000 0,510 1,000 0,045 1,000 0,999 0,951

2000w 1 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000

1,000 1,000 0,136 1,000 0,005 0,972 0,920 0,586

2000w 2 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,998 1,000

1,000 0,045 1,000 0,001 0,828 0,698 0,302

2000w 3 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000

0,174 1,000 0,007 0,985 0,951 0,661

3000e 1 0,024 0,024 0,024 0,060 0,024 0,510 0,136 0,045 0,174

0,245 0,998 0,951 0,985 1,000

3000e 2 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,245

0,012 0,995 0,979 0,767

3000e 3 0,001 0,001 0,001 0,002 0,001 0,045 0,005 0,001 0,007 0,998 0,012

0,302 0,436 0,828

Aquaw 1 0,698 0,698 0,698 0,879 0,698 1,000 0,972 0,828 0,985 0,951 0,995 0,302

1,000 1,000

Aquaw 2 0,548 0,548 0,548 0,767 0,548 0,999 0,920 0,698 0,951 0,985 0,979 0,436 1,000

1,000

Aquaw 3 0,196 0,196 0,196 0,366 0,196 0,951 0,586 0,302 0,661 1,000 0,767 0,828 1,000 1,000

Parcelas e Períodos

0000w 0000w 0000w 1000w 1000w 1000w 2000w 2000w 2000w 3000e 3000e 3000e Aquaw Aquaw Aquaw

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

0000w 1

1,000 1,000 0,998 1,000 0,924 0,795 1,000 0,410 0,005 0,795 0,012 0,012 0,064 0,001

0000w 2 1,000

1,000 0,998 1,000 0,924 0,795 1,000 0,410 0,005 0,795 0,012 0,012 0,064 0,001

0000w 3 1,000 1,000

0,998 1,000 0,924 0,795 1,000 0,410 0,005 0,795 0,012 0,012 0,064 0,001

1000w 1 0,998 0,998 0,998

0,998 1,000 1,000 1,000 0,982 0,131 1,000 0,245 0,245 0,608 0,029

1000w 2 1,000 1,000 1,000 0,998

0,924 0,795 1,000 0,410 0,005 0,795 0,012 0,012 0,064 0,001

1000w 3 0,924 0,924 0,924 1,000 0,924

1,000 1,000 1,000 0,410 1,000 0,608 0,608 0,924 0,131

2000w 1 0,795 0,795 0,795 1,000 0,795 1,000

0,998 1,000 0,608 1,000 0,795 0,795 0,982 0,245

2000w 2 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,998

0,924 0,064 0,998 0,131 0,131 0,410 0,012

2000w 3 0,410 0,410 0,410 0,982 0,410 1,000 1,000 0,924

0,924 1,000 0,982 0,982 1,000 0,608

Tabela 5: Análise de Variância (ANOVA) e teste de Tukey. Valores das interações entre os períodos (1, 2, 3) e as parcelas

analisadas (0000w, 1000w, 2000w, 3000e e Aquaw) para abundância de espécies. Valores menores de 0,05 foram

significativos.

Tabela 6: Análise de Variância (ANOVA) e teste de Tukey. Valores das interações entre os períodos (1, 2, 3) e as parcelas

analisadas (0000w, 1000w, 2000w, 3000e e Aquaw) para riqueza de espécies. Valores menores de 0,05 foram significativos.

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A riqueza total também diferiu significativamente entre as parcelas (F= 17,2;

p=0,00) e entre períodos (F=5,06; p=0,01), mas a interação não foi significativa entre

esses fatores (F=0,519; p=0,838). Nenhuma parcela apresentou sazonalidade

significativa em comparação com elas mesmas nas diferentes estações. As parcelas

3000e e Aquaw se diferenciaram significativamente de 0000w em todos os períodos,

uma vez que não foi registrada nenhuma espécie nesta parcela. A segunda estação

chuvosa de Aquaw se distinguiu estatisticamente na seca e na primeira chuvosa de

1000w, e somente na estação seca comparando com 2000w. A Aquaw foi novamente a

única parcela que não diferiu significativamente da 3000e, assim, ambas as parcelas

apresentaram riqueza e abundância estatisticamente semelhantes entre as estações

climáticas analisadas (Figura 10). Logo, através desses resultados, observamos que no

geral não houve sazonalidade na comunidade.

3000e 1 0,005 0,005 0,005 0,131 0,005 0,410 0,608 0,064 0,924

0,608 1,000 1,000 1,000 1,000

3000e 2 0,795 0,795 0,795 1,000 0,795 1,000 1,000 0,998 1,000 0,608

0,795 0,795 0,982 0,245

3000e 3 0,012 0,012 0,012 0,245 0,012 0,608 0,795 0,131 0,982 1,000 0,795

1,000 1,000 1,000

Aquaw 1 0,012 0,012 0,012 0,245 0,012 0,608 0,795 0,131 0,982 1,000 0,795 1,000

1,000 1,000

Aquaw 2 0,064 0,064 0,064 0,608 0,064 0,924 0,982 0,410 1,000 1,000 0,982 1,000 1,000

0,982

Aquaw 3 0,001 0,001 0,001 0,029 0,001 0,131 0,245 0,012 0,608 1,000 0,245 1,000 1,000 0,982

Figura 10: Análise de Variância (ANOVA). Influência das estações chuvosas e seca respectivamente na

abundância e riqueza de espécies nas parcelas analisadas.

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DISCUSSÃO

A comunidade de anuros analisada é composta por espécies endêmicas do

Cerrado, espécies endêmicas da serra do Espinhaço e também por aquelas consideradas

como fortemente associadas ao domínio do Cerrado, mas cuja distribuição se estende a

outros biomas (Valdujo et al., 2012). Contudo, algumas espécies não puderam ser

avaliadas, por não terem sido ainda descritas. As espécies consideradas como endêmicas

do Cerrado (Valdujo et al., 2012) e também restritas do Espinhaço (Leite, 2012)

correspondem a Bokermannohyla saxicola, Pseudopaludicola mineira e Proceratophrys

cururu.

A maioria das espécies mostrou ser fiel ao tipo de ambiente ocupado, uma vez

que 72% das espécies observadas foram exclusivas de uma única fisionomia amostrada.

Nesse sentido, Thoropa megatympanum, Bokermannohyla alvarengai, Leptodactylus

syphax e Pseudopaludicola mineira foram exclusivamente encontradas nos

afloramentos rochosos quartzíticos, característicos dos ambientes de campos e cerrados

rupestres. Outros autores reportam essas espécies para os mesmos tipos de ambientes na

Serra do Espinhaço e no Cerrado (Eterovick & Sazima, 2004; Feio & Caramaschi,

1995; Morais et al., 2011). Da mesma forma que Scinax sp1. (clado ruber) parece

também ser restrita às rochas, mas associadas a corpos aquáticos temporários das

formações campestres.

As espécies Bokermannohyla gr. circumdata, Trachycephalus typhonius,

Vitreorana sp. e Scinax gr. catharinae demonstram preferências por ambientes

florestais. T. typhonius é conhecida por habitar ambientes florestais (Soares et al.,

2012), sendo comumente encontrada na bacia Amazônica (Frost, 2015), mas também

ocorre em ambientes de Floresta Atlântica (Soares et al., 2012). Feio & Caramaschi

(1995), ao registrar anfíbios de Mata Atlântica, também na bacia do rio Jequitinhonha,

defendem que a ocorrência de espécies típicas de domínios florestais é favorecida pelos

ambientes de floresta que adentram nas formações do Cerrado. Essa relação das

espécies de anuros de Cerrado com os ambientes florestais e matas de galeria é também

corroborada por Brandão & Araújo (2001). Assim, é possível que o ciclo de vida destas

espécies esteja limitado à apenas este tipo de fisionomia, como já foi observado para

outros membros da família Hylidae neste mesmo domínio (Brasileiro et al., 2005),

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comprovando que os fragmentos florestais são importantes hábitats para determinadas

espécies nas formações abertas (Silva, 2007).

No entanto, algumas espécies, tais como, Bokermannohyla saxicola, B. nanuzae,

Crossodactylus trachystomus e Procerathrophys cururu, mesmo sendo observadas nos

ambientes florestais, no presente estudo foram comumente registradas em outro

ambiente, como os campos rupestres de altitudes mais elevadas (Eterovick & Sazima,

2004). Os registros destas espécies, com a exceção de C. trachystomus, foram

exclusivos da fisionomia da mata de galeria, mas sem qualquer indício de ocorrência de

reprodução. Considerando que os únicos indivíduos observados de B. nanuzae e P.

cururu eram jovens, é provável que estes registros tenham sido incidentais (Brandão &

Araújo 2001; Brasileiro et al., 2005) e provavelmente estas espécies estariam utilizando

este ambiente para se deslocar. Confirmando essa suposição, Silva (2007) sugere que as

formações florestais em mosaico com as formações de cerrado podem servir como

refúgio e área de forrageio para os anuros durante a estação seca.

Apesar de haver registros de B. saxicola para a mata ciliar (Aquaw), não foram

observados indícios de reprodução no trecho demarcado da parcela. Entretanto, em

outro riacho semelhante e próximo ao amostrado, foi observado seu ciclo reprodutivo

completo em vários trechos. Para Oliveira & Eterovick (2010), os anuros podem ser

capazes de migrarem ao longo do mesmo riacho e entre riachos em busca dos seus

microhábitats preferidos. Desta forma, a variedade de adaptações das espécies associada

as suas preferências no uso dos hábitats constituem fatores determinantes na

distribuição espacial dos anuros (Oliveira & Eterovick; 2010).

As espécies Leptodactylus cunicularius, L. furnarius e Physalaemus cuvieri

foram exclusivas de fisionomias abertas, associadas à vegetação herbácea tipicamente

campestre. O bufonídeo Rhinella rubescens, apesar de ser encontrado em formações

abertas (Santoro & Brandão, 2014), parece usar o interior de riachos permanentes de

representativa mata ciliar na Serra do Espinhaço como ambiente de reprodução

(Correia, 2011). Apenas Leptodactylus mystacinus se mostrou ser uma espécie que

ocupa os ambientes de cerrado strictu sensu, com poucos recursos com relação à

disponibilidade de corpos d´água. Possivelmente, os cupinzeiros utilizados como

abrigos por esta espécie (observação pessoal) e que foram abundantes na parcela,

possam favorecê-la em ambientes mais secos, além de proporcionarem proteção contra

a predação. De tal modo, um estudo feito na mesma localidade apontou a importância

da ocupação de bromélias pelos hilídeos, tanto por fornecer abrigos úmidos, quanto por

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diminuir o risco de predação (Oliveira & Eterovick, 2010). Associações deste tipo

foram comumente registradas nos campos rupestres de altitudes mais elevadas.

As espécies de ampla ocorrência e mais comuns, tais como, Hypsiboas

albopunctatus, H. faber, Leptodactylus fuscus e L. labyrinthicus, ocupam uma gama de

ambientes (Brasileiro et al., 2005; Guimarães et al., 2011; Santoro & Brandão, 2014),

inclusive antropizados (Brasileiro et al., 2005; Santoro & Brandão, 2014), contudo na

área de estudo ficaram restritas às parcelas de ambientes florestais (2000w e Aquaw).

Assim, como são consideradas espécies de hábitos generalistas, podem apresentar

diferentes padrões em outras localidades, inclusive dentro do mesmo domínio

fitogeográfico (Brasileiro et al., 2005; Guimarães et al., 2011).

Devido à estiagem prolongada que caracterizou o período do presente estudo,

alguns corpos d‟água e riachos temporários se mantiveram secos ou com pouco volume

de água por um curto período de tempo. Assim, observando a não estabilização da curva

do coletor para algumas parcelas amostradas e dos valores estimados para a riqueza em

espécies, é possível o registro de maior número de espécies com a regularização do

regime de chuvas.

Em estudos no Cerrado, observou-se que grande parte das espécies de anuros se

reproduziu sazonalmente em corpos d‟água temporários (Campos et al., 2013; Maffei et

al., 2011; Valdujo et al., 2011). Particularmente, na parcela 1000w, que apresenta um

riacho temporário, foi registrada atividade reprodutiva apenas quando havia água. Nos

meses secos, não se registrava nenhum indivíduo. Assim, apesar das variações sazonais

em riqueza e abundância desta parcela não terem sido estatisticamente distintas,

observou-se durante o trabalho de campo uma sazonalidade bem marcada em

decorrência da temporalidade do riacho. Segundo Oliveira & Eterovick (2009), a

resposta dos anuros deve ser influenciada pela disponibilidade de microhábitats

favoráveis à reprodução e seus parâmetros físicos, tais como o hidroperíodo e as

propriedades químicas, associados com a estrutura da vegetação.

Na parcela 0000w não eram disponíveis corpos d‟água, nessa parcela não foi

registrada nenhuma espécie que apresente modos reprodutivos e adaptações para

ambientes secos. A grande maioria das espécies da família Leptodactylidae foi

registrada exclusivamente na estação chuvosa, assim como observado em outro estudo

no Cerrado (Maffei et al., 2011). Em geral, os representantes desta família se

reproduzem em formações abertas com poças e/ou solos encharcados lênticos temporais

(De-Carvalho et al., 2008; Toledo et al., 2003; Zina et al., 2007). L. syphax e Scinax

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sp1. (clado ruber) foram observadas em atividade reprodutiva apenas quando corpos

d‟água temporários estavam disponíveis, ficando restritas à estação chuvosa. Por outro

lado, Rhinella rubescens e S. gr. catharinae, que reproduzem na estação seca, foram

observadas em riacho permanente. A disponibilidade de água é considerada um fator

restritivo para anfíbios em escala global (Buckley e Jetz, 2007). Assim, para anfíbios do

Cerrado, a ocorrência sazonal da maioria das espécies pode ser diretamente influenciada

pela formação de corpos d‟água temporários.

A parcela representativa do ambiente de campo rupestre (3000e) foi a única que

apresentou variação sazonal significativa em abundância de anuros. Provavelmente a

sazonalidade observada esteja relacionada com o fato de que as espécies Thoropa

megatympanum e Pseudopaludicola mineira apresentaram abundância elevada na

estação chuvosa. Ambas as espécies são geralmente encontradas em rochas ou solos

encharcados associados com a vegetação, próximas de corpos d´água, nos campos

rupestres de altitudes (Caramaschi & Sazima, 1984; Pereira & Nascimento, 2004). Os

girinos e imagos de P. mineira foram vistos nas pequenas poças formadas nas pedras. Já

os girinos de T. megatympanum ocupavam filetes de água que escorriam no substrato

rochoso, assim como observado por Caramaschi & Sazima (1984). Assim, estes

microambientes eram abundantemente disponíveis durante a estação chuvosa, o que

favoreceu elevado número de registros dos indivíduos destas espécies. Portanto, a

distribuição temporal da comunidade de anuros do PERP foi sazonal, com a riqueza se

concentrando nas estações quente e chuvosa, assim como observado para outras

comunidades de anfíbios do Cerrado (Maffei et al., 2011; Oda et al., 2009; Vasconcelos

& Rossa-Feres, 2005).

Foram detectadas espécies exclusivas de cada fitofisionomia, tanto para os

ambientes abertos, quanto para os florestais. A mata de galeria foi considerada a

fisionomia mais rica e diversa. Isso pode estar relacionado com a diversidade de

microambientes utilizados como sítios reprodutivos por anuros, que é considerada maior

nas formações florestais se comparadas aos ambientes abertos (Cardoso et al., 1989).

Para o campo rupestre foi estimado um maior número de espécies do que para a

mata ciliar, no entanto, o campo rupestre foi considerado menos diverso que a mata.

Mas apesar de menos diverso, esta fisionomia nas formações do Espinhaço abriga uma

fauna de anfíbios peculiar e representativa em espécies endêmicas (Eterovick & Sazima,

2004; Leite et al., 2008), como observado no presente estudo. Da mesma forma,

Valdujo et al. (2011) observaram que os ambientes abertos são mais comumente usados

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para a reprodução de anuros por espécies endêmicas ou fortemente associadas ao

Cerrado, do que por espécies típicas de ambientes florestais.

Portanto, cada ambiente estudado demonstrou uma composição particular de

espécies, demonstrando a contribuição da variedade fitofisionômica na diversidade da

fauna de anuros. Assim, embora seja frequentemente enfatizada a importância

representada pelos ambientes florestais, as demais fisionomias devem ser fortemente

consideradas. Apesar de existirem diferenças regionais na composição de espécies do

Cerrado, a distribuição se mostra também heterogênea em escalas menores, de acordo

com gradientes locais (Colli et al., 2002; Valdujo et al., 2011).

Colli et al. (2002) afirmam que a estratificação horizontal da paisagem,

responsável pela formação de um mosaico de hábitats no Cerrado, é responsável por

abrigar uma alta diversidade local e regional da herpetofauna neste domínio. Da mesma

forma, outros estudos com a herpetofauna no Cerrado corroboram esta hipótese e

acrescentam a importância da história biogeográfica das espécies (Nogueira et al., 2005)

e dos fatores atuais locais na estrutura e distribuição das comunidades (Valdujo, 2011).

Afonso & Eterovick (2007) afirmam que a preferência de microambientes específicos

para reprodução por anuros parece ser o fator mais importante na distribuição espacial

das espécies, como foi observado no presente estudo, com espécies de ocorrência

restrita aos microhábitats e ambientes ocupados. Desta forma, ambientes heterogêneos

favorecem a coexistência de diferentes espécies, havendo uma correlação positiva com a

diversidade das comunidades (Tews et al., 2004), sobretudo de anuros (Silva et al.,

2011).

O efeito da homogeneização biótica, ocasionado pela modificação das paisagens

naturais por ações antropogênicas (McKinney & Lockwood, 1999) diminui a

diversidade (Olden et al., 2004) e altera a composição das comunidades, favorecendo a

predominância de espécies generalistas e o empobrecimento biótico (McKinney &

Lockwood, 1999; Olden et al., 2004). Para McKinney & Lockwood, (1999), o resultado

desse processo será uma biosfera homogeneizada tanto em nível regional quanto em

escalas globais. Conclui-se ao analisar a comunidade de anfíbios do PERP, que a

maioria das espécies consideradas como raras na área de estudo, devido à sua baixa

frequência de ocorrência, foram espécies comuns, de distribuição geográfica ampla e/ou

consideradas generalistas. Ao contrário, muitas espécies endêmicas do Cerrado e,

sobretudo da cordilheira do Espinhaço, foram comumente registradas durante o estudo.

Deste modo, este fato demonstra e reforça a importância da Unidade de Conservação e

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dos ambientes que vem sendo protegidos na manutenção de espécies de interesse para a

conservação da biodiversidade.

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