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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (NEREN) Mestrado em Agroecossistemas ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO DO BAG DA EMBRAPA TABULEIROS COSTEIROS CAROLINE DE ARAÚJO MACHADO São Cristovão 2012

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Page 1: ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO DO … · Origem, distribuição e importância social e econômica do coqueiro..... 2.2. Recursos genéticos de coqueiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (NEREN) Mestrado em Agroecossistemas

ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO DO BAG DA EMBRAPA TABULEIROS

COSTEIROS

CAROLINE DE ARAÚJO MACHADO

São Cristovão

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (NEREN) Mestrado em Agroecossistemas

CAROLINE DE ARAÚJO MACHADO

ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO DO BAG DA EMBRAPA TABULEIROS

COSTEIROS

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agroecossistemas, área de concentração em Sustentabilidade em Agroecossistemas para obtenção do título de “Mestre”.

Orientadora

Drª Ana da Silva Lédo

Co-Orientadora:

Drª Aparecida Gomes de Araújo

SÃO CRISTOVÃO

SERGIPE – BRASIL

2012

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             FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL                                      UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 

Machado, Caroline de Araújo M149e Estratégias para conservação de acessos de coqueiro

anão do BAG da Embrapa Tabuleiros Costeiros / Caroline de Araújo Machado ; orientadora Ana da Silva Lédo. – São Cristóvão, 2012. 49 f. ; il. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas)–Universidade Federal de Sergipe, 2012.

1. Cocos nucifera L. 2. Germoplasma. 3. Embriões

zigóticos. 4. Armazenamento. I. Lédo, Ana da Silva, orient. II. Título

CDU: 582.521.11

 

 

 

 

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AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me dado força para conclusão desta etapa e coragem nos

momentos difíceis.

À FAPITEC-SE/CAPES, pela concessão de bolsa de mestrado.

À EMBRAPA, em especial a Embrapa tabuleiros Costeiros pelo aporte de

recursos financeiros.

À Universidade Federal de Sergipe, em especial ao Departamento de Agronomia

e ao NEREN pela oportunidade. Aos professores e a Rogena Amaral, pela atenção e

ajuda.

À minha orientadora Dra Ana da Silva Lédo, por ter paciência e disposição para

concluir o meu trabalho e ter me acompanhado desde a graduação, sempre se dedicando

para melhorar como profissional.

À co-orientadora Dra Aparecida Araujo Gomes, pela atenção e colaboração na

execução e conclusão dos trabalhos.

À Dra. Ana Veruska Cruz da Silva pelo carinho e apoio.

À Dra. Sarah Brandão Santa Cruz Barboza (in memoriam) que deixou muitas

saudades!

As minhas amigas e companheiras do mestrado Catrine Moura e Zilná Brito,

pelos momentos felizes e tensos, mas todos eles muitos especiais, vocês estão guardadas

no meu coração.

Aos amigos de laboratório: Inácio Roque, Maria da Conceição (in memoriam),

Aline de Jesus Sá, Karla Cristina Pereira, Silvio Gomes, Micaele Costa, Kicia Karine

Copeland, Luciana Borin. Agradeço muito pelos conselhos e apoio!

Aos meus amigos do mestrado, em especial, Lucas Fonseca, Marília Andrade,

Heide Vanessa, Fabiana Santos, Braz Costa, Ismar Farias, Igor Andrade, Claúdia

Sarmento, João Paulo, Itamara Bonfim, Danilla Lemos e Mércia Alves. Ir à pizzaria as

quintas-feiras era ótimo!

Aos meus pais, Maria Célia e José Marcos, por sempre me apoiarem e

depositarem confiança em mim, por todo carinho e amor.

Aos meus irmãos, Marcus Túlio e Júnior, pelo apoio e confiança, pois sempre

acreditaram que eu sou capaz.

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Aos meus avós, Arnaldo Araujo e Maria Ferreira (Beata), pelo amor

incondicional e apoio em todos os momentos.

A minha madrinha Neuma Ferreira, que sempre esteve ao meu lado, com todo

carinho e confiança.

Aos meus bisavós Eliza e Ferreira (in memoriam).

As minhas tias-avós, Angélica, Lurdinha.

Aos meus tios-avós, Betinho, Paixão, Wilson, Wagner, Carlinhos.

As minhas primas, Lorena, Débora, Carla Márcia, Fernanda, Layanne.

A minha amiga de todos os momentos Clarissa Rocha por sempre estar ao meu

lado, me ajudando. Um ombro para chorar e sorriso que sempre me alegra.

As minhas amigas do CEFET, Meggie Karolyne, Larissa Reis e Pâmela

Nogueira, pelos momentos de alegria e pela palavra amiga em momentos difíceis, adoro

demais vocês. Sem esquecer Antonio Carlos.

Obrigada a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão

deste trabalho!

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................................. RESUMO ................................................................................................................................ ABSTRACT ............................................................................................................................ 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................ 2.1. Origem, distribuição e importância social e econômica do coqueiro............................... 2.2. Recursos genéticos de coqueiro no mundo e no Brasil.................................................... 2.3. Aplicação da cultura de tecidos de plantas na conservação in vitro de recursos genéticos de coqueiro .............................................................................................................. 2.4. Viabilidade e conservação de grãos de pólen.................................................................... 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... CAPÍTULO 1: CONSERVAÇÃO IN VITRO POR CRESCIMENTO LENTO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO

Resumo ................................................................................................................................... Abstract...................................................................................................................................... 1. Introdução............................................................................................................................. 2. Material e Métodos .............................................................................................................. 2.1. Coleta e excisão dos embriões zigóticos maduros de coco............................................... 2.2. Efeito do manitol na germinação e crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão .......................................................................................................................................... 2.3. Efeito do ácido abscísico (ABA) na germinação e crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão....................................................................................................................... 2.4. Delineamento experimental e análises estatísticas ........................................................... 3. Resultados e Discussão......................................................................................................... 3.1. Efeito do manitol na germinação e crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão........................................................................................................................................... 3.2. Efeito do ácido abscísico (ABA) na germinação e crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão....................................................................................................................... 4. Conclusões ........................................................................................................................... 5. Referências Bibliográficas ................................................................................................... CAPÍTULO 2: VIABILIDADE E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS DE PÓLEN DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO Resumo......................................................................................................................................

i iii iv v vi vii 1 2 2 3 4 6 7 13 14 15 16 16 17 18 18 18 18 22 26 26 29 30

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Abstract...................................................................................................................................... 1. Introdução............................................................................................................................. 2. Material e Métodos............................................................................................................... 2.1. Coleta da ráquis e obtenção de anteras.............................................................................. 2.2. Efeito de diferentes meios de cultura na germinação de grãos de pólen do acesso AVeJBr...................................................................................................................................... 2.3. Determinação da viabilidade in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr ..................... 2.4. Viabilidade grãos de pólen de acessos de coqueiro anão em diferentes condições de armazenamento.......................................................................................................................... 2.5. Delineamento experimental e análises estatísticas............................................................. 3. Resultados e Discussão......................................................................................................... 3.1. Efeito de diferentes meios de cultura na germinação in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr........................................................................................................................... 3.2. Determinação da viabilidade in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr...................... 3.3.Viabilidade grãos de pólen de acessos de coqueiro anão em diferentes condições de armazenamento.......................................................................................................................... 4. Conclusões........................................................................................................................... 5. Referências Bibliográficas...................................................................................................

ANEXOS ..................................................................................................................................

31 32 32 33 34 34 35 35 35 37 38 43 43 47

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i  

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13

Acessos de coqueiro: A – fruto do acesso coqueiro anão amarelo da Malásia (AAM). B – fruto do acesso de coqueiro anão vermelho dos Camarões (AVC). C – fruto do acesso de coqueiro anão verde de Jiqui do Brasil (AVeJBr).................................................................................... Banco Ativo de Germoplasma de Coco, Fazenda Caju, Itaporanga d’Ajuda, Sergipe, 2010. Fotos: Caroline Machado..................................... Etapas da coleta de frutos, extração e acondicionamento de campo dos embriões zigóticos de coqueiro: A- fruto de coqueiro AVG no estagio maduro na planta; B- detalhe do embrião zigótico no endosperma do fruto; C- extração dos discos de endosperma contendo o embrião zigótico; D- discos de endosperma após pré-assepsia de campo. Fotos: Ana Lédo, Caroline Machado..................................................................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de manitol aos 180 dias de cultivo in vitro........................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de manitol aos 270 dias de cultivo in vitro........................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da em função da concentração de manitol aos 180 dias de cultivo in vitro..... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da concentração de manitol aos 270 dias de cultivo in vitro........................... Efeito de diferentes concentrações de manitol em plântulas de coqueiro acesso AVG aos 270 dias. Foto: Caroline Machado................................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de ABA aos 180 dias de cultivo in vitro............................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de manitol aos 270 dias de cultivo in vitro........................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da concentração de ABA aos 180 dias de cultivo in vitro............................... Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da concentração de ABA aos 270 dias de cultivo in vitro............................... Inflorescência do acesso AVeJBr: A – espata aberta B – flor aberta, com os grãos de pólen na antera.. Fotos: Caroline Machado e Ana Lédo..........

1 16 17 19 20 21 21 22 23 24 25 25 33

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Figura 14 Figura 15 Figura 16

Germinação in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr: A - grãos de pólen em meio de cultura de Sousa (2010), após 72 horas da inoculação (10X). B – tubo polínico em meio de cultura de Lora et al. (2006) após 72 horas de inoculação (10X)..................................................................... Aspecto geral do pólen viável (corado por carmim acético 1%) do acesso AVeJBr em quatro temperaturas de armazenamento (10X): A: -20°C; B: -80°C; C: -196°C e D: - 4°C....................................................................... Aspecto geral do tubo polínico in vitro do acesso AVC em quatro temperaturas de armazenamento (10X): A: -20°C; B: -80°C; C: -196°C e D: -4°C........................................................................................................

37 40 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5

Composição dos meios de cultura utilizados para germinação in vitro do acesso AVeJBr.................................................................................. Porcentagem da viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por germinação do tubo polínico em diferentes meios de cultura em função do tempo..................................................................................... Porcentagem da viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por germinação do tubo polínico e coloração por carmim acético, sob temperatura ambiente em diferentes tempos.......................................... Porcentagem de viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por germinação do tubo polínico e coloração por carmim acético, em diferentes temperaturas e tempos de armazenamento............................ Porcentagem da viabilidade de grãos de pólen do acesso AVC, por germinação do tubo polínico e coloração por carmim acético, em diferentes condições e tempo de armazenamento..................................

33 36 38 39 41

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A Anexo B Anexo C Anexo D Anexo E Anexo F Anexo G Anexo H

Quadro de resumo da analise de variância do efeito do manitol no comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AAM aos 180 e 270 dias................................................................................................... Quadro de resumo da analise de variância do efeito do manitol no comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AVG aos 180 e 270 dias.................................................................................................... Quadro de resumo da analise de variância do efeito do ácido abscísico no comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AAM aos 180 e 270 dias.................................................................................................... Quadro de resumo da analise de variância do efeito do ácido abscísico no comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AVG aos 180 e 270 dias.................................................................................................... Resumo do quadro de análise de variância do efeito dos meios de cultura e tempo na porcentagem de germinação in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr.......................................................................... Resumo do quadro de análise de variância da viabilidade por germinação in vitro e coloração por carmim acético de grãos de pólen do acesso AVeJBr em função do tempo em temperatura ambiente.................................................................................................. Resumo do quadro de análise de variância da viabilidade por germinação in vitro e coloração por carmim acético de grãos de pólen do acesso AVeJBr em função de diferentes condições e tempo de armazenamento........................................................................................ Resumo do quadro de análise de variância da viabilidade por germinação in vitro e coloração por carmim acético de grãos de pólen do acesso AVC em função de diferentes condições e tempo de armazenamento........................................................................................

47 47 47 48 48 48 48 49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABA

AVeJBr

AVC

AVG

AAM

BAG

COD

LAGT

MYD

meio de cultura Y3

meio de cultura de Lora

TAGT

WCT

ácido abscísico

acesso de coqueiro anão verde do Brasil de Jiqui

acesso de coqueiro anão vermelho dos Camarões

acesso de coqueiro anão vermelho do Gramame

acesso de coqueiro anão amarelo da Malásia

Banco Ativo de Germoplasma

acesso de coqueiro anão Chowghat Orange Dwarf

acesso de coqueiro gigante Laguna Tall

acesso de coqueiro anão Malayan Yellow Dwarf

meio de cultura estabelecido por Eeuwens (1976)

meio de cultura estabelecido por Lora et al. (2006)

acesso de coqueiro gigante Tagananan Tall

acesso de coqueiro gigante West Coast Tall

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MACHADO, Caroline de Araújo. ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO DO BAG DA EMBRAPA TABULEIROS COSTEIROS. 2012. 49p. (Dissertação – Mestrado em Agroecossistemas). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE.

RESUMO

A conservação do coqueiro tem sido alvo de estudos nos últimos anos por organizações de pesquisa pública e privada. Essas pesquisas têm se concentrado na obtenção de protocolos por crescimento lento ou criopreservação. O armazenamento, como meio de manutenção da viabilidade do pólen, é importante para a preservação da variabilidade genética, facilita o intercâmbio de germoplasma e contribui muito na geração de variabilidade obtida através de cruzamentos artificiais aumentando a eficiência dos programas de melhoramento genético. O objetivo do trabalho foi de estudar o efeito do manitol e do ácido abscísico (ABA) no crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão para fins de conservação, além de estudos da viabilidade in vivo e condições de armazenamento de grãos de pólen. Para o estudo de conservação por crescimento lento foram utilizados embriões zigóticos maduros de acessos de coqueiro anão vermelho de Gramame (AVG) e anão amarelo da Malásia (AAM) e para estudos da viabilidade in vivo e condições de armazenamento de grãos de pólen o acesso anão verde de Jiqui do Brasil (AVeJBr). Os embriões foram inoculados em meio de cultura Y3 com 30 g L-1 de sacarose, geleificado com 0,7% de ágar na presença de 2,5 g L-1 de carvão ativado. Foram testadas as seguintes concentrações de manitol: 0; 0,1; 0,2; 0,3 e 0,4 M. Em outro ensaio o ABA foi adicionado ao meio de cultura nas concentrações de 0; 10; 20; 30 e 40 µM. As concentrações de 0,1 e 0,2 M de manitol reduziram o comprimento da parte aérea para os acessos AAM e AVG, respectivamente aos 180 e 270 dias de cultivo. Concentrações acima de 20µM do ABA foram viáveis para inibir o crescimento de plântulas aos 180 e 270 dias. O acesso AVG não sofreu inibição do comprimento da parte aérea, quando concentrações de ABA foram adicionadas ao meio de cultura. Foram avaliados quatro meios de cultura para germinação in vitro do acesso AVeJBr: Brewbaker & Kwack (1983) modificado por Sousa et al. (2010); Lora et al. (2006); Sousa et al. (1998) e Sousa et al. (1998) modificado pelo autor, em diferentes tempos: 0, 24, 48 e 72 horas. O meio de cultura de Lora promoveu a maior germinação de grãos de pólen do acesso AVeJBr. Grãos de pólen de coqueiro AVeJBr apresentaram viabilidade média, sob temperatura ambiente, até 72 horas (3 dias). A condição de armazenamento a -20°C e -80°C promove maior viabilidade de grãos de pólen por germinação do acesso AVC até os 60 dias. A condição de armazenamento a -196°C promove maior viabilidade de grãos de pólen por germinação do acesso AVeJBr até os 60 dias.

Palavras-chave: Cocos nucifera L., germoplasma, grãos de pólen, armazenamento, embriões zigóticos.

                                                            Comitê Orientador: Dra. Ana da Silva Lédo – Embrapa Tabuleiros Costeiros/NEREN-UFS (Orientadora); Dra. Aparecida Gomes de Araújo – Emdagro/FAPITEC-SE (Co-Orientadora).  

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vii  

MACHADO, Caroline de Araújo. CONSERVATION STRATEGIES FOR COCONUT DWARF ACCESSIONS OF EMBRAPA COASTAL TABLELANDS BAG. 2012. 49p. (Dissertation – Master in Agroecossystem). Federal University of Sergipe, São Cristóvão, SE .

ABSTRACT

The conservation of the coconut palm has been investigated in recent years by research organizations, public and private. These studies have concentrated on obtaining conservation protocols in vitro using slow growth and cryopreservation. Storage as a means of maintaining the viability of pollen, it is important for the preservation of genetic variability, facilitates the exchange of germplasm and contributes greatly to the generation of variability obtained from artificial crosses increasing the efficiency of breeding programs. The objective of this work was to study the effect of mannitol and abscisic acid (ABA) on growth of seedlings of coconut dwarf accessions for conservation purposes, and in vivo studies of the viability and storage conditions of pollen grains. For the study of conservation by slow growth were used mature zygotic embryos of Gramame Red Dwarf (AVG) and Malayan Yellow Dwarf (AAM). The coconut embryos were inoculated in culture medium Y3 (Eeuwens, 1976) supplemented with 30 g L-1 sucrose, gelled with 0.7% agar in presence of 2.5 g L-1 of activated charcoal. Were tested the following concentrations of mannitol: 0; 0.1; 0.2, 0.3 and 0.4 M. In other experiment was tested the following ABA concentrations: 0, 10, 20, 30 and 40 mM. The 0.1 and 0.2 M mannitol reduced the plantlets length of AAM and AVG accessions, respectively at 180 and 270 days of cultivation. Concentrations above 20 μM ABA were viable to inhibit the plantlets growth to 180 and 270 days. The ABA concentrations tested not inhibit the access AVG growth. For the study of determining the culture medium in germination of pollen grains, it was evaluated four culture media: Brewbaker and Kwack (1983) modified by Sousa et al. (2010); Lora et al. (2006); Sousa et al. (1998) and Sousa et al. (1998) modified by the author, in different times: 0, 24, 48 and 72 hours. The Lora culture medium promoted the major in vitro germination of AVeJBr pollen grains. Pollen grains of AVeJBr access showed viability up to 72 hours (3 days). The condition of storage at -20°C and -80°C promotes more viable pollen germination of AVC access up to 60 days. The condition of storage at -196°C promotes greater availability of pollen germination by AVeJBr access up to 60 days. Keywords: Cocos nucifera L., germplasm, grain pollen, storage, zygotic embryos.

 

                                                            Guidance Committe: Dra. Ana da Silva Lédo (Major Professor) – Embrapa Coastal Tablelands /NEREN/UFS, Dra. Aparecida Gomes de Araújo (Co-Major Professor) – Emdagro/FAPITEC-SE. 

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1  

1. Introdução

O coqueiro pertence à família Arecaceae, uma das mais importantes da classe

das monocotiledôneas, sendo constituída apenas pela espécie Cocos nucifera L. e por

duas variedades principais: Typica (coqueiro gigante) e Nana (coqueiro anão) (FAOLE,

2009), sendo a variedade Nana composta por cultivares amarela, verde e vermelha

(FIGURA 1). As subvariedades verde e amarelo apresentam-se com tipos

característicos únicos. O vermelho apresenta dois tipos distintos fenotipicamente: o da

Malásia e o dos Camarões. O verde é mais resistente às condições adversas do ambiente

e o amarelo mais suscetível. A cor amarela é recessiva em relação à verde e vermelha, e

esta ultima é recessiva em relação a verde (SIQUEIRA, et al., 1994).

FIGURA 1. Acessos de coqueiro: A – frutos do acesso coqueiro anão amarelo da

Malásia (AAM). B – frutos do acesso de coqueiro anão vermelho dos Camarões (AVC).

C – frutos do acesso de coqueiro anão verde de Jiqui do Brasil (AVeJBr). Fotos: Ana

Lédo

A introdução do coqueiro anão (variedade Nana) aconteceu no Brasil de forma

segmentada e em regiões diferentes. A cultura do coqueiro está difundida em 90 regiões

intertropicais do globo terrestre e, segundo dados da FAO, em 2009 a Indonésia foi o

maior produtor mundial com 19.500.000 toneladas, seguido por Filipinas e Índia com

15.319.500 e 10.894.000 toneladas, respectivamente.

Do ponto de vista sócio-econômico, a cultura do coco tem uma importância

significativa, por gerar emprego e renda durante todo o ano, isso é explicado pelo fato

dele ser matéria-prima de uma gama de produtos alimentícios, como também na área de

artesanato, pois apresenta total aproveitamento. Além de permitir o consórcio com

outras culturas, tais como cultivos de subsistências, e até mesmo a criação de animais,

contribuindo assim para a permanência do homem do campo.

A  B C

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2  

Entre as técnicas biotecnológicas a cultura de tecidos apresenta-se como uma das

de maior êxito, e inclui métodos de propagação e conservação de germoplasma. A

manutenção de coleções in vitro vem sendo considerada como um método alternativo e

complementar à conservação de germoplasma no campo, principalmente para as

espécies propagadas vegetativamente e aquelas que são recalcitrantes, ou seja, podem

ter suas sementes conservadas a baixas temperaturas e umidade.

Existem poucos trabalhos publicados com estratégias de conservação por

crescimento lento de variedades de coqueiro anão, bem como de viabilidade e

armazenamento de grãos de pólen. Outro aspecto importante a ser considerado é a

viabilidade e conservação de grãos de pólen para a produção de híbridos de coco.

O objetivo deste trabalho foi de estudar o efeito do manitol e do ácido abscísico

no crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão para fins de conservação, além

de estudos da viabilidade in vivo e condições de armazenamento de grãos de pólen.

2. Referencial Teórico

2.1. Origem, distribuição e importância social e econômica do coqueiro

O coqueiro (Cocos nucifera L.), originado no Sudeste asiático, foi introduzido

no Brasil, em 1553, procedente da Ilha do Cabo Verde, encontrou ao longo do litoral

nordestino um habitat adequado para o pleno desenvolvimento (SIQUEIRA et al.,

1994).

É uma palmeira tropical que se encontra distribuída mundialmente em mais de

90 países. É considerada como uma das plantas de maior utilidade ao homem, pois é

capaz de gerar um sistema auto-sustentável de exploração, proporcionando emprego e

renda, além de servir como fonte básica da alimentação em vários países asiáticos.

Além da sua importância paisagística, toda a planta pode ser aproveitada, desde a raiz

ao fruto, gerando mais de 100 produtos ou subprodutos (BENASSI et al., 2007).

O Brasil ocupa a quarta colocação, com uma produção superior a três milhões de

toneladas, em uma área plantada de 267.449 mil ha (FAOSTAT, 2009). A região

Nordeste representa 82,28% do total da área plantada de coco e, 69,25% do valor total

do coco produzido do Brasil, tendo o Município de Conde, na Bahia, como maior

Page 18: ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DE ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO DO … · Origem, distribuição e importância social e econômica do coqueiro..... 2.2. Recursos genéticos de coqueiro

3  

representante, correspondendo a 6,19% do total plantado e 9,0% do coco produzido no

Nordeste (MARTINS & JESUS JUNIOR, 2011).

Na região Nordeste, o cultivo de coco gera emprego e renda para mais de

220.000 produtores, sendo que mais de 85% são pequenos agricultores familiares

localizados, principalmente, nas regiões litorâneas, com propriedades inferiores a 10 ha

(DINIZ, 2009).

A exploração comercial do coqueiro se restringe, aproximadamente, a zonas

onde encontram melhores condições de cultivo como solos arenosos, intensa radiação

solar, umidade e boa precipitação. Ressalta-se que cerca de 90% da produção de coco

do mundo advêm de pequenos agricultores, com áreas de até cinco hectares, sendo que

esta produção é praticamente consumida internamente nos países produtores. Situação

que no Brasil se repete com cerca de 70% da exploração de coqueiro com propriedades

de até 10 ha (SIQUEIRA et al., 2002; ARAGÃO et al., 2009).

2.2. Recursos genéticos de coqueiro no mundo e no Brasil

Os recursos genéticos são uma parte essencial da biodiversidade onde são usados

pelo homem para promover o desenvolvimento sustentável da agricultura e produção de

alimentos, tratando da variabilidade genética entre as espécies de grupos de espécies de

plantas de interesse agrícola para as suas regiões de origem (variabilidade

interespecífica). Já variabilidade intraespecífica, maneja a variabilidade dentro de cada

espécie, com fins de utilização para pesquisa em melhoramento genético e em

biotecnologia, podendo isso ser chamado de germoplasma (GOEDERT, 2005).

A Rede Nacional, atualmente, mantém 383 Bancos Ativos de Germoplasma de

Plantas (BAGs), dos quais 140 estão no sistema Embrapa e 243 estão em outras

instituições do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Destes BAGs,

52% conservam apenas espécies exóticas, enquanto que 32% conservam apenas

espécies nativas e os restantes 16% conservam ambas as categorias de espécies. A alta

proporção de espécies exóticas nestes BAGs é um indicativo da importância para

alimento e agricultura no Brasil (MARIANTE et al., 2009).

O coqueiro é uma planta perene pela qual a conservação de seus recursos

genéticos é, sobretudo, baseada em coleções em campo, em virtude do tamanho da sua

semente e a fisiologia, por ser uma semente recalcitrante para o armazenamento

(N´NAN et al., 2008).

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4  

A estratégia mais utilizada para a conservação de recursos genéticos de coqueiro

é a ex situ por meio de coleções e bancos de germoplasma. Segundo informações de

Roland Bourdeix1, existem mais de 1420 acessos de coqueiro no mundo conservados

em 23 países, sendo que 40% dos acessos estão em bancos regionais. O Cogent

(Coconut Genetic Resources Network), uma rede internacional de germoplasma

vinculado ao International Bioversity, tem como objetivo desenvolver e implementar

um mecanismo internacional para coordenar as atividades de pesquisa de importância

nacional, regional e global, especialmente na exploração de germoplasma, coleta,

conservação e valorização (ALENCAR, 2006). Também visa estabelecer uma base para

a colaboração nos aspectos mais amplos de pesquisa e desenvolvimento de coco.

Os bancos de germoplasma de coqueiro mais expressivos localizam-se nas

Filipinas (224 acessos), Índia (132 acessos), Indonésia (98 acessos), Costa do Marfim

(92 acessos) e Malásia (72 acessos). O México, Vietnam, Moçambique e Brasil

possuem menores números de acessos (BATUGAL et al., 2005).

No Brasil em 2006, foi implantado no município de Itaporanga d’Ajuda, em

Sergipe, no campo experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros, o Banco

Internacional de Germoplasma (BIG) de Coco para América Latina e Caribe que está

em contínua introdução de acessos. A criação do BIG é de suma importância para o

intercâmbio de germoplasma para a ampliação da variabilidade genética do coqueiro

(ALENCAR, 2006).

2.3. Aplicação da cultura de tecidos de plantas na conservação in vitro de recursos

genéticos de coqueiro

O crescimento nos últimos anos da cultura de tecidos vegetais tem

proporcionado a aplicação da técnica para a conservação de recursos genéticos de

plantas, pelo fato de propiciar a manutenção de um grande número de acessos num

pequeno espaço físico, fidelidade genética, além de plantas livres dos riscos que existem

em condições ex vitro (WITHERS et al., 1998). A manutenção desses acessos em

bancos de germoplasma em condições de campo tem como desvantagem a sua

vulnerabilidade, pois estas plantas são expostas ao ataque de patógenos, a intempéries

climáticas ou ao vandalismo, podendo ser perdidas por falhas na identificação ou erros

                                                            1 Informações do pesquisador do CIRAD e coordenador do Cogent Dr. Roland Bourdeix, em palestra proferida na Embrapa Tabuleiros Costeiros no dia 24 de outubro de 2011. 

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5  

humanos, além disso, a manutenção in vivo é onerosa, podendo ser paralisada em

períodos de dificuldade econômica (WITHERS et al., 1998).

A conservação de plantas in vitro se baseia no cultivo das coleções em

laboratório, a partir da técnica de cultura de tecidos (GEORGE, 1993). Nestas

condições, a conservação de germoplasma in vitro pode ser feita a partir de mudanças

no ambiente de cultivo para desacelerar ou suprimir totalmente o crescimento de

células, tecidos e órgãos por meio da criopreservação. Na redução do metabolismo das

plantas, têm-se utilizado como estratégia, modificações nas condições físicas

(temperatura) ou químicas do meio de cultivo (nutrientes orgânicos e inorgânicos,

reguladores osmóticos ou inibidores de crescimento) (WITHERS & WILLIAMS,

1998). Segundo Roca et al. (1991) e George (1993), o objetivo é aumentar ao máximo o

período de subcultivo ou estendê-lo indefinidamente, dessa forma se reduz a mão-de-

obra e o espaço necessários, além de proporcionar aos programas de melhoramento

acesso imediato a todo o germoplasma da coleção.

O manitol é um açúcar álcool que no meio de cultura atua externamente,

removendo o excesso da água intracelular através do gradiente osmótico, fazendo com

que o crescimento da cultura ocorra de forma mais lenta (DUMET et al., 1993).

O ácido abscísico (ABA) é um inibidor de crescimento vegetal sintetizado por

vegetais superiores, algas e fungos que, na grande maioria dos casos, promove o

retardamento do crescimento e desenvolvimento das plantas. O efeito do ABA na

conservação de germoplasma in vitro sugere que este pode modificar a síntese ou as

atividades das citocininas, podendo estimular o crescimento ou obter uma ação

antagônica nos altos níveis de citocinina naturais de alguns tecidos (LEMOS, 2000).

O coqueiro em particular, enfrenta alguns problemas, pois seus recursos

genéticos são conservados em campo, podendo sofrer perdas por pragas, doenças e

calamidades naturais, além do seu alto custo de manutenção. Por isso, a conservação de

germoplasma in vitro torna-se complementar às estratégias convencionais, não só por

motivos econômicos, mas também práticos.

Existem poucos trabalhos publicados com conservação por crescimento lento em

palmeiras, especialmente para o coqueiro. Lédo et al. (2007) observaram que o manitol

promoveu redução na porcentagem de germinação dos embriões aos 125 dias e no

desenvolvimento da parte aérea e radicular aos 160 dias em cultivo do acesso anão

verde de Jiqui do Brasil (AVeJBr). Resultados semelhantes foram obtidos por Damasco

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6  

(2002) para cultivares de coqueiro anão amarelo da Malásia e coqueiro gigante Laguna

e Makapuno.

2.4. Viabilidade e conservação de grãos de pólen

O coqueiro anão verde é a variedade que possui a menor taxa de autofecundação

dos anões (cerca de 80%), tendo, portanto, a possibilidade de haver 20% de fecundação

cruzada (FERREIRA et al., 1994).

O armazenamento de grãos de pólen é importante para a preservação de

germoplasma bem como para o auxílio de pesquisas que utilizem este material

biológico em estoques, para promover intercâmbio de germoplasma e potencializar

programas de melhoramento (GOMES et al., 2003), onde a reposição periódica se faz

necessária em função da queda de sua viabilidade (SOUZA et al., 2002). Essa estratégia

pode ser considerada um das principais alternativas para conservação de genótipos

importantes, pois possibilitaria a realização de cruzamentos sem a necessidade do

cultivo alternado dessas linhagens polinizadoras, em campo.

Existem poucos trabalhos publicados com conservação de grãos de pólen em

coqueiro (ARMENDARIZ et al., 2006; KARUN et al., 2006; KARUN & SAJINI,

2010). Em palmeiras, o estudo de armazenamento de grãos de pólen tem recebido

atenção especial, devido a produção de híbridos, sendo realizado em grãos de pólen

frescos e conservados sob baixas temperaturas (TOWILL & WATERS, 2000;

OLIVEIRA et al., 2001; KARUN et al., 2006; SOUSA et al., 2010; KARUN & SAJINI,

2010). A criopreservação de grãos de pólen é essencial para a conservação da

diversidade genética nuclear o qual é um eficiente método backup para a conservação

de genes (TOWILL & WATERS, 2000).

O sucesso da preservação do pólen, independentemente da duração do período

de conservação, depende principalmente de fatores como a temperatura e umidade

relativa do ambiente de armazenamento e do grau de umidade do pólen (GOMES et al.,

2003). Inúmeras técnicas são utilizadas para o armazenamento do grão de pólen, entre

os métodos de conservação destaca-se a criopreservação em nitrogênio líquido a -

196ºC. Em geral, na maioria das espécies, temperatura e umidade relativas baixas

favorecem a viabilidade e a longevidade do pólen. Porém, em gramíneas são necessárias

baixas temperaturas e alta umidade relativa. Em trigo-mouro (Fagopyrum esculentum

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7  

Moench) foi descrito que a temperatura acima de 30ºC é prejudicial ao

desenvolvimento do pólen e das flores (ADHIKARI & CAMPBELL, 1998).

A viabilidade do grão de pólen é influenciada também por diferenças genotípicas

e estágio fisiológico da planta e da flor. Para determinação da viabilidade polínica

utilizam-se várias técnicas, entre elas a de coloração ou de germinação in vitro. Podem-

se agrupar os métodos de testar a viabilidade do pólen em quatro tipos: (1) por meio de

corantes; (2) germinação in vitro; (3) germinação in vivo, e (4) porcentagem de

frutificação efetiva, obtida com a utilização do pólen em teste (GALETTA, 1983). Na

técnica de coloração são usados diversos corantes, dentre os mais utilizados está o

carmim acético (MENDES, 1994).

Diversos meios de cultura são utilizados para germinação in vitro do grão de

pólen, entretanto o meio de Brewbaker & Kwack (1963) é o mais aplicado.

Modificações nas concentrações de boro e sacarose são necessárias para otimização

(TOWILL & WALTERS, 2000).

Nas palmeiras, as condições específicas para germinação de pólen são amplas e

resultados aceitáveis são obtidos com diversos açúcares, meios de cultura líquidos ou

semissólidos, com ou sem a adição de ácido bórico (REED, 1979).

A literatura apresenta poucos registros do comportamento do pólen de coqueiro

anão em meio de cultura. Porém, de uma forma geral, muitos trabalhos mostram que

para diferentes espécies de palmeiras, a viabilidade polínica é geralmente alta.

Oliveira et al. (2003), utilizando corantes específicos, registraram uma

viabilidade de 89,5% para o pólen da palmeira tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.).

Em estudo com jerivá (Syagrus romanzoffiana (S.) Cham) Sousa et al. (2010)

concluíram que o meio de cultura ideal para germinação in vitro do pólen deve ser

composto por 3 g L-1 de ágar e 100 g L-1 de sacarose, sem adição de micronutrientes.

Karun & Sajini (2010) em estudo com grãos de pólen do acesso de coqueiro gigante

West Coast Tall (WCT) e coqueiro anão Chowghat Orange Dwarf (COD) utilizando o

meio de cultura suplementado com 8% de sacarose, 1% de ágar e 0,01% de ácido bórico

dissolvidos em água destilada.

3. Referências Bibliográficas

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13  

CAPITULO 2- CONSERVAÇÃO IN VITRO POR CRESCIMENTO LENTO DE

ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO

RESUMO

A conservação do coqueiro tem sido alvo de estudos nos últimos anos por organizações de pesquisa pública e privada. Essas pesquisas têm se concentrado na obtenção de protocolos de conservação in vitro utilizando reguladores osmóticos e de crescimento. O objetivo do presente trabalho foi estudar o efeito do manitol e do ácido abscísico no crescimento de plântulas de acessos de coqueiro anão para fins de conservação, além de estudos da viabilidade in vivo e condições de armazenamento de grãos de pólen. Foram utilizados embriões zigóticos maduros de acessos de coqueiro anão: anão vermelho de Gramame (AVG) e anão amarelo da Malásia (AAM), com 11-12 meses, provenientes de plantas com sete anos de idade do BAG da Embrapa Tabuleiros Costeiros, da Fazenda Caju, Itaporanga d’Ajuda, Sergipe. Para avaliação do efeito do manitol na germinação e crescimento de plântulas de coqueiro, os embriões foram inoculados em meio de cultura Y3 suplementado com 30 g L-1 de sacarose, gelificado com 0,7% de ágar na presença de 2,5 g L-1 de carvão ativado. Foram testadas as seguintes concentrações de manitol: 0; 0,1; 0,2; 0,3 e 0,4 M. Para avaliação do efeito ABA na germinação e crescimento de plântulas de coqueiro, os embriões foram inoculados em meio de cultura Y3 suplementado com 30 g L-1 de sacarose, gelificado com 0,7% de ágar na presença de 2,5 g L-1 de carvão ativado. O ABA foi adicionado ao meio de cultura nas concentrações de 0; 10; 20; 30 e 40 µM. Aos 30 e 60 dias de cultivo foram avaliados a percentagem de germinação dos embriões e aos 180 e 270 dias o comprimento da parte aérea e comprimento da raiz primária das plântulas e percentagem de sobrevivência das plântulas. Concentrações de 0,1 e 0,2 M de manitol para os acessos AAM e AVG aos 180 e 270 dias de cultivo foram suficientes para reduzir o comprimento da parte aerea. Concentrações de ABA acima de 20 µM inibiram o crescimento de plântulas in vitro aos 180 e 270 dias de cultivo. Para o acesso AVG as concentrações de ABA utilizadas não foram suficientes para inibir o crescimento da parte aérea.

Palavras-chave: Cocos nucifera L., cultura de tecidos, germoplasma, regulador

osmótico.

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14  

IN VITRO CONSERVATION BY SLOW GROWTH OF COCONUT DWARF

ACCESSIONS

ABSTRACT

The coconut conservation has been investigated in recent years by public and private research institutes. These studies have concentrated on obtaining conservation protocols in vitro using osmotic and growth regulators. The objective was to study the effects of mannitol and abscisic acid in seedling growth of coconut dwarf accessions, for conservation purposes. Mature zygotic embryos were used to accessions Gramame red dwarf (GRD) and Malayan yellow dwarf (MYD), with 11-12 months, with seven plants from the age of the BAG Embrapa Coastal Tablelands, Fazenda Caju, Itaporanga d'Ajuda, Sergipe. To evaluate the effect of mannitol on germination and growth of coconut seedlings, embryos were inoculated in Y3 culture medium supplemented with 30 g L-1 sucrose, gelled with 0.7% agar in the presence of 2.5 g L-1 of activated charcoal. We tested the following concentrations of mannitol: 0, 0.1, 0.2, 0.3 and 0.4 M. To evaluate the effect of ABA on germination and growth of coconut seedlings, embryos were inoculated in Y3 culture medium supplemented with 30 g L-1 sucrose, gelled with 0.7% agar in the presence of 2.5 g L-1 of activated charcoal. The ABA was added to the culture medium at concentrations of 0, 10, 20, 30 and 40 μM. At 30 and 60 days of culture were assessed the percentage of germination of embryos and 180 and 270 days the length of the shoot and primary root length of seedlings and percentage of seedling survival. For the effect of mannitol, concentrations of 0.1 and 0.2 M at 180 and 270 days of cultivation were sufficient to reduce the length of the AAM and AVG aerial parts. For the effect of ABA, concentrations above 20 μM inhibited the growth of in vitro plantlets to 180 and 270 days of cultivation. To access AVG, the ABA concentrations used were not enough to inhibit the growth over the length of the aerial part.

Key words: Cocos nucifera L., tissue culture, germplasm, osmotic regulator.

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15  

1. Introdução

O coqueiro é uma cultura perene pela qual a conservação de seus recursos

genéticos é, sobretudo, baseada em coleções em campo, em virtude do tamanho da sua

semente da sua fisiologia, por ser uma semente recalcitrante para o armazenamento

(N´NAN et al., 2008).

O crescimento nos últimos anos da cultura de tecidos vegetais tem

proporcionado a aplicação da técnica para a conservação de recursos genéticos de

plantas, pelo fato de propiciar a manutenção de um grande número de acessos num

pequeno espaço físico, fidelidade genética, além de plantas livres dos riscos que existem

em condições ex vitro (WITHERS & WILLIAMS, 1998).

A conservação de plantas in vitro se baseia no cultivo das coleções em

laboratório, a partir da técnica de cultura de tecidos (GEORGE, 1993). Nestas

condições, a conservação de germoplasma in vitro pode ser feita a partir de mudanças

no ambiente de cultivo para desacelerar ou suprimir totalmente o crescimento de

células, tecidos e órgãos por meio da criopreservação. Na redução do metabolismo das

plantas, têm-se utilizado como estratégia, modificações nas condições físicas

(temperatura, luz e umidade) ou químicas do meio de cultivo (nutrientes orgânicos e

inorgânicos, reguladores osmóticos ou inibidores de crescimento) (WITHERS &

WILLIAMS, 1998).

Existem poucos trabalhos publicados sobre estratégias de conservação in vitro

de Cocos nucifera L. Assy-Bah & Engelmann (1993) obtiveram a conservação in vitro

por seis meses de embriões de coqueiro anão em meio sem sacarose e 100% de

germinação dos embriões em meio com 15 g L-1 de sacarose. Lédo et al. (2007),

trabalhando com o acesso de coqueiro anão verde de Jiqui do Brasil (AVeJBr), testaram

três concentrações de manitol, como regulador osmótico, no qual promoveu uma

redução na porcentagem de germinação dos embriões aos 125 dias e no

desenvolvimento da parte aérea e radicular aos 160 dias. Resultados semelhantes foram

obtidos por Damasco (2002) para cultivares de coqueiro anão amarelo da Malásia

(AAM), gigante de Laguna (LAGT) e Makapuno. A redução da sacarose (20 g L-1) e a

adição de 0,3 M de sorbitol, na presença de carvão ativado, promoveram um mínimo

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crescimento nas plântulas sendo que o ABA não apresentou efeito inibitório no

crescimento das cultivares.

O objetivo do trabalho foi de estudar o efeito do manitol e do ácido abscísico na

germinação e no crescimento de plântulas dos acessos de coqueiro anão vermelho de

Gramame e anão amarelo da Malásia, para fins de conservação.

2. Material e Métodos

2.1. Coleta e Excisão dos Embriões Zigóticos Maduros de Coco

Foram utilizados embriões zigóticos maduros de acessos de coqueiro anão: anão

vermelho de Gramame (AVG) e anão amarelo da Malásia (AAM), com 11-12 meses,

provenientes de plantas com sete anos de idade do BAG da Embrapa Tabuleiros

Costeiros, da Fazenda Caju, Itaporanga d’Ajuda, Sergipe (FIGURA 2).

FIGURA 2. Banco Ativo de Germoplasma de Coco, Fazenda Caju, Itaporanga d’Ajuda,

Sergipe, 2010. Fotos: Caroline Machado

Cilindros de endosperma com embriões extraídos de frutos maduros (FIGURAS

3A, 3B e 3C) foram submetidos à pré-assepsia com imersão em hipoclorito de sódio

comercial 2-2,5% e lavados em água potável por três vezes, no local da coleta

(FIGURA 3B). Após isso, os cilindros de endosperma foram acondicionados em sacos

plásticos estéreis (FIGURA 3D) e encaminhados para o Laboratório de Cultura de

Tecidos de Plantas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, Sergipe. Em condições

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assépticas, os embriões excisados das seções de endosperma, foram imersos em álcool

etílico a 70%, por dois minutos e, em seguida, em solução de hipoclorito de sódio

comercial 2-2,5% por 20 minutos, sob agitação e, posteriormente, lavados três vezes em

água destilada estéril.

FIGURA 3. Etapas da coleta de frutos, extração e acondicionamento dos embriões

zigóticos de coqueiro A- fruto do acesso AVG no estágio maduro na planta; B- embrião

zigótico no endosperma do fruto; C- extração dos discos de endosperma contendo o

embrião zigótico; D- discos de endosperma acondicionados após pré-assepsia de campo.

Fotos: Ana Lédo, Caroline Machado.

2.2. Efeito do manitol na germinação e crescimento de plântulas de acessos de

coqueiro anão

Para avaliação do efeito do manitol na germinação e crescimento de plântulas de

coqueiro, os embriões foram inoculados em meio de cultura Y3 (EEUWENS, 1976)

suplementado com 30 g L-1 de sacarose, geleificado com 0,7% de ágar na presença de

A B

C D

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2,5 g L-1 de carvão ativado. Foram testadas as seguintes concentrações de manitol: 0;

0,1; 0,2; 0,3 e 0,4 M.

2.3. Efeito do ácido abscísico (ABA) na germinação e crescimento de plântulas de

acessos de coqueiro anão

Para avaliação do efeito ABA na germinação e crescimento de plântulas de

coqueiro, os embriões foram inoculados em meio de cultura Y3 (EEUWENS, 1976)

suplementado com 30 g L-1 de sacarose, geleificado com 0,7% de ágar na presença de

2,5 g L-1 de carvão ativado. O ABA foi adicionado ao meio de cultura nas concentrações

de 0; 10; 20; 30 e 40 µM.

O pH dos meios de cultura foi ajustado para 5,8 antes da autoclavagem (121°C e

1,0 atmosfera por 15 minutos). As culturas foram mantidas em sala de crescimento

com temperatura variando de 25ºC ± 2, umidade relativa do ar média em torno de 70%,

na ausência de luz até a indução da parte aérea e, em seguida, foram transferidas para

fotoperíodo de 12 horas.

Aos 30 e 60 dias de cultivo foram avaliados a percentagem de germinação dos

embriões e aos 180 e 270 dias o comprimento da parte aérea das plântulas.

2.4. Delineamento experimental e análises estatísticas

Para cada acesso foi instalado um ensaio no delineamento experimental

inteiramente casualizado com cinco concentrações manitol ou ABA e cinco repetições.

Totalizando 500 embriões zigóticos, sendo 250 embriões de cada acesso.

As médias foram submetidas à análise da variância pelo teste F e ajustadas

equações de regressão polinomial, utilizando o programa SISVAR (FERREIRA et al.,

2011).

3. Resultados e Discussão

3.1. Efeito do manitol na germinação e crescimento de plântulas de acessos de

coqueiro anão

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Houve 100% de germinação dos embriões zigóticos do acesso AAM e AVG na

presença de manitol.

Houve efeito significativo do manitol na redução do crescimento da parte aérea

de plântulas do acesso AAM aos 180 e 270 dias de cultivo in vitro (ANEXO A).

O comprimento da parte aérea do acesso AAM apresentou comportamento

quadrático em relação ao tempo de cultivo in vitro (FIGURA 4).

FIGURA 4. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de manitol aos 180 dias de cultivo in vitro.

Na presença de manitol observou-se uma redução da parte aérea da plântula até a

concentração de 0,2 M. O sorbitol e o manitol são açúcares alcoóis que geralmente não

são metabolizados pelas plantas e por isso são empregados para a redução do potencial

hídrico do meio de cultura na conservação in vitro (GEORGE, 1993). O manitol

mostrou-se eficiente na redução do crescimento das plantas, em trabalhos com Solanum

tuberosum L., Vanilla sp., S. mucugensis subsp. mucugensis, e C. nucifera (FORTES

& PEREIRA, 2001; DIVAKARAN et al., 2006; LÉDO et al., 2007; BRITO et al.,

2011).

Aos 270 dias de cultivo in vitro o mesmo comportamento quadrático foi

observado com maior redução do crescimento foliar a partir da concentração de 0,1 M

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de manitol (FIGURA 5). A concentração de 0,4 M foi tóxica para a parte aérea

promovendo o secamento e morte das plântulas.

FIGURA 5. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de manitol aos 270 dias de cultivo in vitro.

Karun et al. (2002), estudando o efeito de diferentes concentrações de manitol

(0; 0,2; 0,3 e 0,4 M) em embriões de coco das variedades coqueiro Tall West Coast

(WCT), Tall Laccadive (LCT), Malasyan Yellow Dwarf (MYD) e Chowghat Orange

Dwarf (COD), observaram que após 90 dias de cultivo in vitro, não houve a

germinação, exceto nos embriões cultivados na ausência de manitol. Em oposição aos

resultados encontrados nesse estudo, Lédo et al. (2007) relataram que a adição de

manitol a 0,3 ou 0,4 M promove um menor crescimento da parte aérea e da raiz e menor

porcentagem de sobrevivência das plântulas do acesso AVeJBr.

Houve também efeito significativo do manitol na redução do crescimento da

parte aérea de plântulas do acesso AVG para o crescimento da parte aérea aos 180 e 270

dias de cultivo in vitro (ANEXO B).

O comprimento da parte aérea do acesso AVG apresentou comportamento

quadrático em relação às concentrações de manitol aos 180 e 270 dias de cultivo sendo

evidente o seu efeito inibidor do crescimento a partir de 0,2 M (FIGURAS 6 e 7) com

efeito deletério na concentração de 0,4 M (FIGURA 8).

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FIGURA 6. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da em função da concentração de manitol aos 180 dias de cultivo in vitro.

FIGURA 7. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da concentração de manitol aos 270 dias de cultivo in vitro.

Em estudo realizado por Damasco (2002), o manitol também apresentou efeito

inibitório particularmente na concentração de 0,3M nas variedades Tall Laguna

(LAGT), Tall Takapuno (TAGT) e Malasyan Yellow Dwarf (MYD).

Faria et al. (2006) observaram a redução do crescimento de microplantas de

maracujazeiro aos quatro meses de cultivo em meio de cultura MS suplementado com

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10 ou 20 g L-1 de sorbitol, na ausência de sacarose. Sá et al. (2011), avaliando o efeito

do manitol em microestacas de mangabeira concluíram que as concentrações de 10, 15 e

20g L-1 não foram viáveis para a conservação in vitro, uma vez que apresentaram efeito

tóxico. Santos et al. (2011) relatam que a presença de 10 ou 20 g L-1 de sorbitol em

meio MS promove a redução do crescimento em segmentos nodais de mangabeira aos

120 dias de cultivo in vitro.

FIGURA 8. Efeito de diferentes concentrações de manitol em plântulas de coqueiro

acesso AVG aos 270 dias. Foto: Caroline Machado.

A adição de diferentes concentrações do regulador osmótico manitol, reduziu o

crescimento da parte aérea para os acessos AAM e AVG em relação ao controle,

podendo ser promissor para a conservação in vitro por crescimento lento desses acessos.

3.2. Efeito do ácido abscísico (ABA) na germinação e crescimento de plântulas de

acessos de coqueiro anão

Houve 100% de germinação dos embriões zigóticos do acesso AAM e AVG na

presença de ABA.

Avaliando o efeito do ácido abscísico, aos 180 dias de cultivo in vitro houve

diferença significativa entre as concentrações, entretanto não foi possível estabelecer

0 0,1 0,2 0,3 0,4

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um modelo de regressão com significado biológico para o comprimento da parte aérea

das plântulas do acesso AAM (ANEXO C). Observou-se um aumento do comprimento

da parte aérea até 10 µM com decréscimo até 30 µM, igualando-se a testemunha

(FIGURA 9).

FIGURA 9. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de ABA aos 180 dias de cultivo in vitro.

Na presença de 10 µM observou-se um aumento do comprimento da parte aérea

em relação à testemunha e as demais concentrações. A ação desse inibidor pode ser

modificada dependendo do fator endógeno de cada embrião e de cada cultivar

promovendo o crescimento das plantas (LEMOS, 2000).

Karun et al. (2002) relatam que concentrações de 10-20 µM de ABA

proporcionaram a germinação em embriões imaturos de coco WCT, LCT, MYD e

COD, ao contrário do efeito inibitório deste regulador de crescimento.

Damasco (2002) avaliando o efeito do ABA nas cultivares LAGT e MYD,

observaram que concentrações entre 0,1 e 2,0 mg L-1 não mostraram efeito inibitório,

relatando que o ABA pode não ter efeito na redução de crescimento in vitro. Lemos et

al. (2002) observou que é possível conservar sob crescimento lento por 12 meses

microplantas de cana-de-açúcar em meio de cultura MS enriquecido com 1 mg L-1 de

ácido abscísico. Sá et al. (2011), em estudo sobre o efeito do ABA relatou que na

concentração de 0,5 mg L-1 apresenta viabilidade para a conservação in vitro de

microestacas de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) por um período de 90 dias.

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No presente trabalho as concentrações de ABA foram superiores as testadas por

Damasco (2002), provavelmente essas concentrações não foram suficientes para inibir o

crescimento.

Aos 270 dias, apesar do efeito significativo das concentrações no comprimento

da parte aérea, também não foi possível estabelecer um modelo de regressão com

significado biológico para o comprimento da parte aérea das plântulas do acesso AAM

(ANEXO C). Foi observado o mesmo comportamento aos 180 dias de cultivo in vitro

(FIGURA 10).

FIGURA 10. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AAM em função da concentração de ABA aos 270 dias de cultivo in vitro.

O principal papel do ácido abscísico é controlar o início e a manutenção da

dormência de sementes e de gemas e as respostas do vegetal ao estresse, em particular

ao estresse hídrico. Os vários efeitos do ABA na cultura de tecidos de plantas sugerem

que este pode modificar a síntese ou atividade das citocininas (LEMOS, 2000). O

mesmo autor relata que embriões zigóticos próximos à maturação apresentaram seu

crescimento paralisado na presença de 26,4 mg L-1 de ABA e permaneceram viáveis

(LEMOS, 2000).

Avaliando o comprimento da parte aérea para o acesso AVG aos 180 e 270 dias

de cultivo in vitro não houve diferença significativa entre as concentrações de ABA

(ANEXO D, FIGURAS 11 e 12).

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FIGURA 11. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da concentração de ABA aos 180 dias de cultivo in vitro.

Não foi verificado efeito significativo entre o comprimento da parte aérea

utilizando o ABA como inibidor de crescimento para esse acesso.

FIGURA 12. Comprimento da parte aérea de plântulas do acesso AVG em função da concentração de ABA aos 270 dias de cultivo in vitro.

Os resultados sugerem estudos posteriores para avaliação do efeito de

concentrações mais elevadas de ABA na redução do crescimento dos acessos AVG e

AAM.

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4. Conclusões

1. As concentrações de 0,1; 0,2 e 0,3M de manitol inibem o crescimento da parte

aérea dos acessos AAM e AVG.

2. A concentração de 0,4 M de manitol é deletéria para os acessos AAM e AVG.

3. As concentrações de ABA não apresentaram efeito na redução do crescimento

de plântulas dos acessos AAM e AVG.

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CAPITULO 3 - VIABILIDADE E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS DE PÓLEN DE

ACESSOS DE COQUEIRO ANÃO

RESUMO

No Brasil, o coqueiro anão é a variedade mais empregada para consumo in natura e agroindustrial da água de coco, com características sensoriais de sabor muito superior a variedade gigante. O armazenamento, como meio de manutenção da viabilidade do pólen, é importante para a preservação da variabilidade genética, facilita o intercâmbio de germoplasma e contribui muito na geração de variabilidade obtida através de cruzamentos artificiais aumentando a eficiência dos programas de melhoramento genético. O objetivo desse estudo foi avaliar a viabilidade de grãos de pólen de acessos de coqueiro em anão por germinação in vitro e por corante, em diferentes meios de cultura, condições de temperatura e tempo de viabilidade. Foram utilizados grãos de pólen provenientes de coqueiro anão AVC e AVeJBr, do Banco Ativo de Germoplasma de Coco da Embrapa Tabuleiros Costeiros localizado na Fazenda Caju, Itaporanga, Sergipe. Para o estudo da determinação do meio de cultura na germinação de grãos de pólen, avaliaram-se quatro meios de cultura: meio de Brewbaker & Kwack modificado; meio de Lora; meio de Sousa e meio de Sousa modificado pelo autor, em diferentes tempos: 0, 24, 48 e 72 horas. O melhor meio selecionado para germinação in vitro foi o de Lora. Para avaliar o tempo de viabilidade do grão de pólen do acesso de coqueiro AVeJBr, foi utilizado o meio de Lora a 0, 24, 48, 72, 96 e 120 horas. Para o estudo de armazenamento de grãos de pólen foram realizadas quatro temperaturas de armazenamento: T1: -4°C, T2: -20°C, T3: -80°C e T4: -196°C. Aos 30 e 60 dias as amostras nos quatro ambientes de conservação foram submetidas à reidratação de forma gradual e, em seguida, foi determinada a viabilidade dos grãos de pólen por reação ao corante carmim acético 1% e germinação in vitro, em seguidas observadas em microscópio. O meio de Lora obteve as maiores porcentagem de germinação in vitro dos grãos de pólen estudados. A condição de armazenamento a -20°C e -80°C promove maior viabilidade de grãos de pólen por germinação do acesso AVC até os 60 dias e a temperatura de -196°C promove maior viabilidade de grãos de pólen por germinação do acesso AVeJBr até os 60 dias.

Palavras-chave: Cocos nucifera L., armazenamento, germoplasma, germinação in vitro.

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CONSERVATION AND VIABILITY OF POLLEN GRAINS OF COCONUT DWARF ACCESSIONS

ABSTRACT

In Brazil, the dwarf is the variety most often used for fresh consumption and agro-industry of coconut water, with features far superior sense of taste. It is also used in improvement projects through intervarietal hybridization with the giant and as an ornamental plant. It should be stressed that the present genetic variability dwarf variety for the production of pulp, which can extend its usefulness, with significant socio-economic point of view, the sustainability of exploitation of the coconut palm in Brazil. Storage as a means of maintaining the viability of pollen, it is important for the preservation of genetic variability, facilitates the exchange of germplasm and contributes greatly to the generation of variability obtained from artificial crosses increasing the efficiency of breeding programs. The use of low temperature storage influences and is usually linked to the reduction metabolism of pollen, which provides a greater longevity. The objective of this study was to evaluate the viability of pollen grains of hits in dwarf coconut germination in vitro and dye in different media, temperature and time of viability. Were used AVeJBr grain pollen derived the Coconut Active Germplasm Bank of Embrapa Coastal Tablelands located at Fazenda Caju, Itaporanga, Sergipe. To study the best of culture medium for the germination of pollen grains, were evaluated four culture medium: Brewbaker and Kwack (1983) modified by Sousa et al. (2010); Lora et al. (2006), Sousa et al. (1997) and Sousa et al. (1997) modified by the author at different times: 0, 24, 48 and 72 hours. The selected best medium for germination in vitro was Lora culture medium. To evaluate the duration of viability of the AVeJBr pollen grain access was used through Lora 0, 24, 48, 72, 96 and 120 hours. Storage for the study of pollen grains were performed four storage conditions: T1-refrigerator-4°C, T2-freezer at -20°C, T3-freezer -80°C and T4-liquid nitrogen -196°C. At 30 and 60 days samples in four environments conservation underwent rehydration gradually and then was given the viability of pollen grains per reaction to 1% acetic carmine dye in vitro germination and then observed under a microscope. The Lora culture medium presented the highest in vitro germination percentage of pollen grains studied.

Key words: Cocos nucifera L., storage, germplasm, in vitro germination.

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1. Introdução

O armazenamento de grãos de pólen é importante para a preservação de

germoplasma bem como para o auxílio de pesquisas que utilizem este material

biológico em estoques, para promover intercâmbio e potencializar programas de

melhoramento (GOMES et al., 2003), onde a reposição periódica se faz necessária em

função da queda de sua viabilidade (SOUZA et al., 2002). Além disso, é considerado

uma das principais alternativas para conservação de genótipos importantes em

cruzamentos, pois possibilitaria a realização de cruzamentos sem a necessidade do

cultivo alternado dessas linhagens polinizadoras, em campo (SOUZA et al., 2002).

Em palmeiras, o estudo de armazenamento de grãos de pólen tem recebido

atenção especial, devido a produção de híbridos, sendo realizado em grãos de pólen

frescos e conservados sob baixas temperaturas (OLIVEIRA et al., 2001; KARUN et al,

2006; SOUSA et al., 2010; KARUN & SAJINI, 2010; TOWILL & WATERS, 2000). A

criopreservação de grãos de pólen é essencial para a conservação da diversidade

genética nuclear o qual é um eficiente método backup para a conservação de genes

(TOWILL & WATERS, 2000).

Inúmeras técnicas são utilizadas para o armazenamento do grão de pólen, entre

os métodos de conservação destaca-se a criopreservação em nitrogênio liquido a -

196ºC. Entretanto, existem poucos trabalhos publicados com conservação de grãos de

pólen em coqueiro (ARMENDARIZ et al., 2006; KARUN et al., 2006; KARUN &

SAJINI, 2010).

Diversos meios de cultura são utilizados para germinação in vitro do grão de

pólen sendo que o meio de Brewbaker & Kwack (1963) é o mais aplicado.

Modificações nas concentrações de boro e sacarose são necessárias para otimização da

germinação (TOWILL & WALTERS, 2000).

Nas palmeiras, as condições específicas para germinação de pólen são amplas e

resultados aceitáveis são obtidos com diversos açúcares, meios de cultura líquidos ou

semissólidos, com ou sem a adição de ácido bórico (REED, 1979).

Em estudos com tucumã e jerivá, Oliveira et al. (2003) e Sousa et al. (2010)

observaram alta viabilidade polínica. Existem poucos registros sobre o armazenamento

e viabilidade de grãos de pólen de variedades de coqueiro anão.

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32  

O objetivo desse estudo foi avaliar selecionar meio de cultura para germinação

in vitro de grãos de pólen do acesso anão verde de Jiqui do Brasil (AVeJBr), determinar

a viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr em condições de temperatura

ambiente e a viabilidade de grãos de pólen dos acessos AVeJBr e anão vermelho dos

Camarões (AVC) em diferentes tempos e condições de armazenamento.

2. Material e Métodos

2.1.Coleta da espata e obtenção de grãos de pólen

Foram selecionadas plantas com sete anos de idade dos acessos de coqueiro anão:

anão verde de Jiqui do Brasil (AveJBr) e anão vermelho de Camarões (AVC) do BAG

de Coco da Embrapa Tabuleiros Costeiros, situado no campo experimental de

Itaporanga, localizado em Itaporanga d’Ajuda-SE. Em cada planta matriz foi marcada

uma espata próxima à maturação e antes da sua abertura as mesmas foram retiradas das

plantas e armazenadas em um balde plástico em condições de temperatura ambiente no

laboratório de cultura de tecidos de plantas até sua completa abertura (FIGURA 13A).

Em seguida, as ráquilas contendo as flores masculinas foram retiradas da inflorescência

e mantidas no recipiente.

Os grãos de pólen foram liberados das flores masculinas (FIGURA 13B) por

meio da agitação do recipiente, o que proporcionou a deposição do pólen no fundo e

laterais do recipiente em que estavam as inflorescências. Com o auxílio de uma

espátula os grãos de pólen foram coletados do recipiente e acondicionados em criotubos

e mantidos em temperatura ambiente nos ensaios de seleção de meio de cultura e

determinação da viabilidade in vitro do acesso AVeJBr. Para o ensaio de conservação os

grãos de pólen dos acessos AVeJBr e AVC foram armazenados em diferentes de

condições de armazenamento.

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33  

FIGURA 13. Inflorescência do acesso AVeJBr: A – espata aberta B – flor aberta, com

os grãos de pólen na antera. Fotos: Caroline Machado e Ana Lédo

2.2. Efeito de diferentes meios de cultura na germinação in vitro de grãos de pólen

do acesso AVeJBr

Para avaliar o efeito dos meios de cultura na germinação in vitro de grãos de

pólen do acesso AVeJBr os mesmos foram inoculados em placas de Petri contendo 2

mL de diferentes meios de cultura (TABELA 1).

TABELA 1. Composição dos meios de cultura utilizados para germinação in vitro do

acesso AVeJBr.

Meios de cultura Composição Brewbaker & Kwack (1983) modificado por Sousa et al. (2010)

100 mg L-1 H3BO3; 300 mg L-1 Ca(NO3)O2.4H2O; 200 mg L-1 MgSO4.7H2O; 100 mg L-1 KNO3

Lora et al. (2006) 200 mg L-1 MgSO4.7H2O; 300 mg L-1 Ca(NO3)O2.4H2O; 100 mg L-1 KNO3; 100 mg L-1 H3BO3; 40 g L-1 de sacarose

Sousa et al. (2010) 3 g L-1 de ágar;100 g L-1 de sacarose Sousa et al. (2010) modificado pelo autor 80 g L-1 de sacarose; 1 g L-1 de ágar; 100

mg L-1 H3BO3

As placas foram mantidas em incubadora biológica por 24 horas em temperatura

de 24± 1ºC. Em microscópio Leica DMLS, objetiva 10X, as placas de Petri foram

analisadas a 0, 24, 48 e 72 horas após a inoculação quanto ao número de grãos de pólen

germinados. Foram considerados como grãos de pólen germinados os que apresentaram

comprimento do tubo polínico maior que seu o diâmetro. Para o cálculo da porcentagem

de germinação in vitro foi considerada a seguinte fórmula:

A B 

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34  

Viabilidade do pólen (%) = Nº de grãos germinados/ Nº de grãos contados x 100

2.3. Determinação de viabilidade in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr

Grãos de pólen liberados de flores masculinas conforme descrito no item 2.1.

foram acondicionados em criotubos e mantidos em temperatura ambiente até a

conclusão do ensaio experimental.

A viabilidade dos grãos de pólen foi avaliada por corante carmim acético a 1% e

pela germinação in vitro nos seguintes tempos após a extração do pólen: 0, 24, 48, 72,

96 e 120 horas em inoculações diárias no meio de cultura de Lora et al. (2006),

selecionado no item 2.2.

Para a avaliação da viabilidade por corante, uma amostra do pólen, com

aproximadamente 0,02 gramas foi colocada em lâmina acrescentando-se uma gota de

carmim acético 1% e homogeneizando-a. Em seguida, a lâmina foi colocada em placa

de Petri e mantida em incubadora biológica por 25 a 30 minutos em temperatura de 37±

1ºC. Em microscópio Leica DMLS, objetiva 10x, as lâminas foram analisadas quanto ao

número de grãos viáveis e inviáveis por quadrante.

Foram considerados como grãos de pólen viáveis aqueles corados de vermelho (pela

reação da presença de atividade enzimática) e com paredes intactas e como não viáveis

os incolores ou corados de vermelho com rupturas das paredes (aspecto “estourado”).

Para o cálculo da porcentagem foi considerada a seguinte fórmula:

Viabilidade do pólen (%) = Nº de grãos corados/ Nº de grãos contados x 100

A viabilidade por germinação in vitro foi determinada conforme descrito

anteriormente.

2.4. Viabilidade de grãos de pólen de acessos de coqueiro anão em diferentes de

condições de armazenamento

Os grãos de pólen dos acessos AVeJBr e AVC foram obtidos conforme descrito

anteriormente e foram acondicionados em criotubos com rótulos de identificação do

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acesso e submetidos a conservação nas seguintes condições: T1: freezer -20°C; T2:

freezer - 80°C; T3: nitrogênio líquido -196°C e T4: congelador da geladeira -4°C. Aos

30, 60 e 90 dias amostras dos grãos de pólen foram retiradas das condições de

armazenamento e submetidas à reidratação por duas horas, em câmara úmida.

A viabilidade dos grãos de pólen foi avaliada por corante carmim acético a 1% e

pela germinação in vitro logo após a retirada das inflorescências e aos 30 e 60 dias para

o acesso AVeJBr e aos 30, 60 e 90 dias para o acesso AVC, conforme metodologias

descritas anteriormente.

2.5. Delineamentos experimentais e análises estatísticas

O delineamento experimental do ensaio de seleção de meio de cultura (2.2.) foi

inteiramente casualizado em esquema fatorial 4 x 4 (quatro meios de cultura

combinados com quatro tempos de avaliação) e três repetições. Para o ensaio de

viabilidade in vitro (2.3.) foi considerado o inteiramente casualizado com seis

tratamentos e três repetições e para o ensaio de conservação (2.4.) foi considerado para

cada acesso o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4 x 2 (quatro

condições combinados com dois tempos de armazenamento) com três repetições para o

acesso AVeJBr e o esquema fatorial 4 x 3 (quatro condições de armazenamentio e três

tempos) com três tratamentos para o acesso AVC.

As médias da viabilidade dos grãos de pólen dos ensaios foram submetidas à

análise da variância pelo teste de Tukey 5% de probabilidade utilizando o programa

SISVAR (FERREIRA, 2011).

3. Resultados e Discussão

3.1. Efeito de diferentes meios de cultura na germinação in vitro de grãos de pólen

do acesso AVeJBr

Houve efeito significativo da interação dos meios de cultura e do tempo para a

germinação in vitro de grãos de pólen de AVeJBr (Anexo E). O meio de cultura de Lora

(LORA et al., 2006), proporcionou maior germinação do tubo polínico do acesso

AVeJBr (TABELA 2), sendo notadamente o melhor meio de cultura indicado para

estudos de viabilidade de grãos de pólen por geminação do tubo polínico.

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TABELA 2. Porcentagem da viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por

germinação do tubo polínico em diferentes meios de cultura em função do tempo.

Meios de cultura Tempo (horas)

0 24 48 72

Brewbaker & Kwack (1963) mod. 5,51bB 5,27bB 12,96bB 31,35bA

Lora et al. (2006) 58,80aB 15,19aC 74,98aA 65,01aB

Sousa (2010) 5,71bAB 2,01bC 10,46bcAB 11,40cA

Sousa (2010) modificado 1,31bA 0,90bA 3,18cA 6,78cA

CV (%) 20,82

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Provavelmente a maior viabilidade apresentada pelos grãos de pólen do acesso

AVeJBr no meio de Lora et al. (2006) se deva a combinação da presença de boro,

cálcio, sacarose e sua condição física líquida. Dantas et al. (2005) em relação à

germinação dos grãos de pólen de macieira, a sacarose em concentrações entre 15% a

25% pode ser empregada com sucesso para a germinação in vitro de grãos de pólen da

macieira. A sacarose utilizada no meio de cultura proporciona o equilíbrio osmótico

entre o pólen e o meio de germinação, além de fornecer energia para auxiliar o processo

de desenvolvimento do tubo polínico (STANLEY; LINSKENS, 1974). Segundo

Lattuada et al. (2007), em estudo da germinação de grãos de pólen de Portulaca sp.

Conclui que as percentagens de sacarose mais elevadas promoveram maior germinação

dos grãos de pólen, possivelmente pela diminuição do potencial osmótico do meio.

Segundo Salles et al. (2006), tubos polínicos se rompem devido, dentre outros

fatores, a alta umidade e a variação do meio ocasionada pelo aumento da pressão

osmótica e pela baixa resistência da parede celular.

Diversos meios de cultura são utilizados para germinação in vitro do grão de

pólen sendo o meio de cultura de Brewbaker & Kwack (1963) o de mais ampla

aplicação. Modificações nas concentrações de boro e sacarose são necessárias para

otimização (TOWILL & WALTERS, 2000).

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Nas palmeiras, as condições específicas para germinação de pólen são amplas e

resultados aceitáveis são obtidos com diversos açúcares, meios de cultura líquidos ou

semissólidos, com ou sem a adição de ácido bórico (REED, 1979).

Oliveira et al. (2003), utilizando corantes específicos, registraram uma

viabilidade de 89% para o pólen da palmeira tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.) onde

foram observados tecidos vivos para identificar polens viáveis e não viáveis.

Em estudo com Jerivá , Sousa et al. (2010) obtiveram maior viabilidade em meio

composto por 3 g L-1 de ágar e 100 g L-1 de sacarose.

Os meios de cultura de Sousa (2010) e Sousa (2010) modificado, apresentaram

as menores percentagens de germinação, provavelmente devido a presença de ágar que

pode ter prejudicado a germinação do tubo polínico (FIGURA 14).

FIGURA 14. Germinação in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr: A - grãos de

pólen em meio de cultura de Sousa (2010), após 72 horas da inoculação (10X). B – tubo

polínico em meio de cultura de Lora et al. (2006) após 72 horas de inoculação (10X).

3.2. Determinação de viabilidade in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr

Houve efeito significativo do tempo na viabilidade por geminação in vitro de

grãos de pólen do acesso AVeJBr. Não houve efeito do tempo para a viabilidade por

corante (ANEXO F).

Considerando a viabilidade por germinação do tubo polínico verificou-se que até

72 horas após a inoculação, não houve diferença significativa entre os tempos de leitura

que alcançaram valores maiores que 50% sendo superiores as viabilidades alcançadas as

96 e 120 horas (TABELA 3). Quanto à viabilidade por corante carmim acético 1% todas

as leituras não diferiram entre si e foram superiores a 80%.

A B

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TABELA 3. Porcentagem da viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por

germinação do tubo polínico e coloração por carmim acético, sob temperatura ambiente

em diferentes tempos.

Viabilidade (%) Tempo (horas)

Germinação Corante

0 59,50 a 92,54 a

24 65,60 a 96,50 a

48 51,67 a 96,16 a

72

96

120

69,08 a

8,55 b

10,12 b

88,13 a

91,71 a

91,94 a

CV (%) 14,49 4,76

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a

5% de significância.

Em coqueiro AVM Armendariz et al. (2006) observaram que a determinação da

viabilidade por solução de tetrazólio apresentou valores maiores (93,4±8,9%) do que

pela germinação in vitro (40,2±15,6%). Neste mesmo trabalho foi observado maior

coeficiente de variação para os resultados obtidos para a viabilidade por geminação in

vitro em comparação ao tetrazólio concordando com Song (2001) em Orysa sp. e com o

presente estudo. Os autores sugerem que o teste de germinação in vitro seja utilizado

para avaliação da viabilidade de grãos de pólen de Cocos nucifera L.

O acesso AVeJBr alcançou maior viabilidade até 72 horas quando comparado

com os resultados obtidos por Armendariz et al. (2006) para o coqueiro AVM. Esse fato

reforça que a viabilidade depende do genótipo além de outros fatores, conforme relatado

por Ganeshan et al. (1986).

3.3. Viabilidade de grãos de pólen de acessos de coqueiro anão em diferentes de

condições de armazenamento

Houve efeito significativo das condições de armazenamento e do tempo na

viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por germinação do tubo polínico

(ANEXO G). Não houve efeito significativo dos fatores estudados para a viabilidade

por corante e nem da interação dos dois fatores. Conforme a TABELA 4, o

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armazenamento em nitrogênio líquido (-196°C) promoveu maior viabilidade (49,64%)

quando comparada ao armazenamento a temperatura de -4°C (27,13%).

Cuchiara (2001) e Betyiol Neto et al. (2009) também obtiveram maior

viabilidade em grãos de pólen de mamona e anonáceas, respectivamente, armazenados a

-196°C.

De acordo com Sousa (2002), valores acima de 70% são considerados como alta

viabilidade do pólen, de 31 a 69% como média e até 30%, baixa. Pelo método de

corante todas as condições de armazenamento apresentaram alta viabilidade, entretanto

pela germinação do tubo polínico a viabilidade foi média nas condições de

armazenamento de -20, -80 e -196°C e baixa a -4°C.

Quanto ao tempo de armazenamento, observou-se um aumento significativo da

viabilidade por geminação dos 30 aos 60 dias. Dafni (1992) ressalta que as

concentrações ideais de sacarose, em testes de germinação para os diferentes tipos de

pólen, devem ser testadas no intervalo de 0 e 500 g L-1. Embora a concentração ideal

para se promover a germinação in vitro possa variar entre as espécies, a sua amplitude

encontra-se nesse intervalo indicado por Dafni (1992).

TABELA 4 – Porcentagem de viabilidade de grãos de pólen do acesso AVeJBr por

germinação do tubo polínico e coloração por carmim acético, em diferentes

temperaturas e tempos de armazenamento.

Viabilidade (%) Temperatura de

Armazenamento Germinação Corante

-4°C 27,13 b 90,30 a

-20°C 39,39 ab 89,96 a

-80°C 33,81 ab 91,18 a

-196°C 49,64 a 88,76 a

Tempo (dias) Viabilidade (%)

30 29,60 b 89,46 a

60 45,39 a 90,64 a

CV(%) 13,89 2,58

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a

5% de significância.

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40  

Segundo Scorza & Sherman (1995), as reações com corantes podem não se

correlacionar bem com a germinação in vitro ou com habilidade de efetuar fertilização,

especialmente com pólen armazenado. Em estudos de Einhart et al. (2006), com pólen

de pessegueiro os autores relataram que a coloração de grãos de pólen em corante

superestima a porcentagem de polens viáveis.

Karun & Sajini (2010) obtiveram viabilidades por geminação do tubo polínico

próximas aos do acesso AVeJBr (FIGURA 15) com o coqueiro COD aos 0, 1, 2, e 3

anos de armazenamento em nitrogênio líquido (46,34; 32,69; 44,14 e 32,40%,

respectivamente).

FIGURA 15. Aspecto geral do pólen viável (corado por carmim acético 1%) do acesso

AVeJBr em quatro temperaturas de armazenamento (10X): A: -20°C; B: -80°C; C: -

196°C e D: - 4°C. Fotos: Caroline Machado

Houve efeito significativo das condições de armazenamento e do tempo na

viabilidade de grãos de pólen do acesso AVC por germinação do tubo polínico e por

corante (ANEXO H). Não houve efeito significativo da interação dos fatores em estudo.

Conforme a TABELA 5, o armazenamento a -80°C e -20°C não diferiram entre si e

A B

C D

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41  

promoveram maior viabilidade por germinação do tubo polínico que os demais

tratamentos.

TABELA 5. Porcentagem da viabilidade de grãos de pólen do acesso AVC, por

germinação do tubo polínico e coloração por carmim acético, em diferentes condições e

tempo de armazenamento.

Viabilidade (%) Temperaturas de

Armazenamento Germinação Corante

-4°C 11,24 c 83,72 a

-20°C 30,80 a 82,60 a

-80°C 33,72 a 85,15 a

-196°C 19,35 b 78,32 b

Tempo (dias) Viabilidade (%)

30 22,01 b 86,25 a

60

90

32,54 a

19,35 b

84,01 a

77,08 b

CV(%) 19,35 4,17

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a

5% de significância.

A viabilidade determinada por corante carmim acético revelou que o

armazenamento a -196°C foi inferior aos demais tratamentos. Observou-se quanto ao

tempo de armazenamento um aumento da viabilidade até 60 dias com redução aos 90

dias (FIGURA 16).

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FIGURA 16. Aspecto geral do tubo polínico in vitro do acesso AVC em quatro

temperaturas de armazenamento (10X): A: -20°C; B: -80°C; C: -196°C e D: -4°C.

Fotos: Caroline Machado

Em estudos com cebola, Gomes et al. (2003) observaram que a melhor condição

para o armazenamento dos grãos de pólen, durante o período de dois anos, é em

nitrogênio líquido. Resultados obtidos por Bello et al. (2008),verificaram que a

conservação por duas horas em nitrogênio líquido, seguido de armazenamento em ultra

freezer foi o mais adequado para conservação do pólen, apresentando porcentagem de

germinação acima de 80% para as duas espécies de bromélias ornamentais. Essa

condição de armazenamento também promoveu maior viabilidade para o acesso

AVeJBr.

Comparando as TABELAS 4 e 5 observa-se que as médias da viabilidade do

acesso AVC em todas as condições de armazenamento foram inferiores ao AVeJBr. O

sucesso da preservação do pólen, independentemente da duração do período de

conservação, depende principalmente de fatores como a temperatura e umidade relativa

do ambiente de armazenamento e do grau de umidade do pólen (GOMES et al., 2003).

Além disso, conforme relatado por Adhikari & Campbell (1998) a viabilidade do grão

A B

C D

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de pólen é influenciada também por diferenças genotípicas e estágio fisiológico da

planta e da flor.

Em concordância com o relatado por Armendariz et al. (2006) e Song (2001) as

médias para as viabilidades determinadas por corante obtiveram menor coeficiente de

variação e valores mais elevados quando comparado com os obtidos por germinação do

tubo polínico.

Estudos posteriores deverão ser conduzidos para melhorar o desempenho das

condições de armazenamento na viabilidade e longevidade, de forma a se obter

protocolos eficientes de conservação de grãos de pólen para os acessos AVeJBr e AVC.

4. Conclusões

1. O meio de LORA (2006) promove maior germinação in vitro de grãos de

pólen do acesso AVeJBr.

2. Grãos de pólen de coqueiro AVeJBr apresentam viabilidade média, sob

temperatura ambiente, até 72 horas (3 dias).

3. A condição de armazenamento em temperaturas de -20°C e -80°C promove

maior viabilidade de grãos de pólen por germinação do acesso AVC até os

60 dias.

4. As temperaturas de -20°C, -80°C e -196°C promovem maior viabilidade de

grãos de pólen por germinação do acesso AVeJBr até os 60 dias.

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ANEXOS

ANEXO A. Quadro de resumo da analise de variância do efeito do manitol no

comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AAM aos 180 e 270 dias.

FV GL QM QM Tratamento 4 3,27** 6,18**

Erro 20 0,05 0,59 CV(%) 32,51 59,73

**significativo significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

ANEXO B. Quadro de resumo da analise de variância do efeito do manitol no

comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AVG aos 180 e 270 dias.

FV GL QM QM Tratamento 4 88,95** 128,81**

Erro 20 5,66 7,19 CV(%) 34,39 29,91

**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

ANEXO C. Quadro de resumo da analise de variância do efeito do ácido abscísico no

comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AAM aos 180 e 270 dias.

FV GL QM QM Tratamento 4 11,21** 10,46*

Erro 20 0,37 2,56 CV(%) 22,92 42,13

**significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

*significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

ANEXO D. Quadro de resumo da analise de variância do efeito do ácido abscísico no

comprimento da parte aérea do acesso do coqueiro AVG aos 180 e 270 dias.

FV GL QM QM Tratamento 4 3,59ns 9,25ns

Erro 20 6,34 4,60 CV(%) 25,70 19,01

ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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ANEXO E. Resumo do quadro de análise de variância do efeito dos meios de cultura e

tempo na porcentagem de germinação in vitro de grãos de pólen do acesso AVeJBr.

FV GL SQ QM Meio 3 19271,59 6423,86** Tempo 3 3690,95 1230,31** Meio*Tempo 9 4166,40 462,93** Erro 32 523,37 16,35 CV(%) 20,82 **significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

ANEXO F. Resumo do quadro de análise de variância da viabilidade por germinação in

vitro e coloração por carmim acético de grãos de pólen do acesso AVeJBr em função do

tempo em temperatura ambiente.

FV GL SQ QM germinação

QM corante

Hora 5 146,2520 2279,70 ns 29,2504** Erro 12 40,79 19,4872

CV(%) 14,49 4,76 **significativo a 1% de probabilidade; ns- não significativo a 5% de probabilidade pelo

teste F.

ANEXO G. Resumo do quadro de análise de variância da viabilidade por germinação in

vitro e coloração por carmim acético de grãos de pólen do acesso AVeJBr em função de

diferentes condições e tempo de armazenamento.

FV GL SQ QM germinação

QM corante

Armazenamento (Arm) 3 1632,80 544,26* 6,05ns Tempo 1 1495,62 1495,62** 8,42ns

Arm*Tempo 3 198,84 66,28ns 22,50* Erro 16 2226,45 139,15 5,41

CV(%) 31,46 2,58 **significativo a 5% de probabilidade; * significativo a 1% de probabilidade; NS- não

significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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ANEXO H. Resumo do quadro de análise de variância da viabilidade por germinação in

vitro e coloração por carmim acético de grãos de pólen do acesso AVC em função de

diferentes condições e tempo de armazenamento.

FV GL SQ QM germinação

QM corante

Armazenamento (Arm) 3 2726,30 908,76** 77,95** Tempo 2 1155,81 577,90** 274,85**

Arm*Tempo 6 5685,55 947,59** 349,85** Erro 24 547,12 22,79 11,80

CV(%) 19,35 4,17 **significativo a 1% de probabilidade; pelo teste F.