estÁdios larvais e ocorrÊncia sazonal de imaturos de...

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências Departamento de Oceanografia e Limnologia Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática ESTÁDIOS LARVAIS E OCORRÊNCIA SAZONAL DE IMATUROS DE Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (DIPTERA: SIMULIIDAE) NO RIO PIUM, MUNICÍPIO DE NÍSIA FLORESTA, RN. Adriele Noronha Barbosa da Silva Natal/RN 2006

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências

Departamento de Oceanografia e Limnologia Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática

ESTÁDIOS LARVAIS E OCORRÊNCIA SAZONAL DE IMATUROS DE Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (DIPTERA: SIMULIIDAE) NO RIO PIUM, MUNICÍPIO

DE NÍSIA FLORESTA, RN.

Adriele Noronha Barbosa da Silva

Natal/RN 2006

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II

Adriele Noronha Barbosa da Silva

ESTÁDIOS LARVAIS E OCORRÊNCIA SAZONAL DE IMATUROS DE Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (DIPTERA: SIMULIIDAE) NO RIO PIUM, MUNICÍPIO

DE NÍSIA FLORESTA, RN.

Orientador: Prof. Dr. Herbet Tadeu de Almeida Andrade

DMP/CB/UFRN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Bioecologia Aquática do Departamento de Oceanografia e Limnologia, do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção parcial do Título de Mestre em Bioecologia Aquática.

Natal/RN

2006

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III

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências

Departamento de Oceanografia e Limnologia Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática

Esta dissertação, apresentada pela aluna ADRIELE NORONHA BARBOSA

DA SILVA ao programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática do

Departamento de Oceanografia e Limnologia, do Centro de Biociências, da

Universidade Federal do Rio grande do Norte, foi julgada aprovada, pelos

Membros da Banca Examinadora, na sua redação final, para a conclusão do

curso e a obtenção do título de Mestre em Bioecologia Aquática.

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ PROF. DR. HERBET TADEU DE ALMEIDA ANDRADE

UFRN / CB / DMP

_________________________________________________ PROF. DR. NAITHIRITHI T. CHELLAPPA

UFRN / CB / DOL

_________________________________________________ DR. JANSEN FERNANDES MEDEIROS

INPA / CPCS / LABORATÓRIO DE ETNOEPIDEMIOLOGIA

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IV

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pois sem Ele nada disso seria possível.

Aos meus pais, Aníbal Barbosa e Janice Noronha, e minha irmã, Andressa Noronha,

que com amor, garra e perseverança, me incentivaram a nunca desistir e sempre ir atrás do

que almejamos.

Ao meu namorado Hudson Paulinelli, pelo carinho e compreensão nos momentos

mais difíceis desta jornada.

Ao Professor Herbet Tadeu de Almeida Andrade, pela orientação, estímulo,

amizade e confiança; além de ter compartilhado seus conhecimentos e experiências de vida,

esteve disposto a passar todo o seu conhecimento para que eu seja uma profissional cada

vez mais capacitada e humana.

Ao Doutor e amigo Jansen Fernandes Medeiros, pela coorientação e que com a sua

grande amizade e paciência, sempre esteve me dando força e mostrando os caminhos certos

a serem seguidos.

A todos os Professores do DOL, e de forma especial aos Professores Naithirithi

Chellappa e Sathyabama Chellappa, por terem auxiliado em vários momentos, colocando-

se à disposição a ajudar no que fosse necessário.

Ao Professor Ricardo Andreazze pelo estímulo, amizade e grande ajuda na

confecção do abstract deste trabalho.

Aos amigos Felipe Arley C. Pessoa e Claudia C. Ríos Velásquez, pelos incentivos e

inestimáveis colaborações em todos os momentos do presente estudo.

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V

Ao Dr. Victor Py-Daniel, que gentilmente cedeu o seu laboratório (Laboratório de

Etnoepidemiologia / Letep – INPA) e me ajudou na identificação e medição dos

exemplares.

Aos técnicos do Letep (Elizeu Júnior, Orlando Silva e Ulysses Barbosa) pelo

maravilhoso convívio durante meu estágio no INPA.

A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática, por haver

possibilitado a realização deste trabalho.

À CAPES pela concessão da bolsa de auxílio.

Ao Técnico Laboratorial Edson Santana, pelas inúmeras ajudas prestadas a mim.

A amiga Silene Belarmino pelo carinho e inestimáveis colaborações na realização

deste trabalho.

Aos colegas do curso, pelo maravilhoso convívio; e em especial a grande amiga

Fabiana Rodrigues pela sua sincera e inestimável amizade.

Às colegas Bianca e Francilene pela partilha de muitos momentos e pelas ajudas

indispensadas na elaboração deste trabalho.

Ao colega Rubens Teixeira de Queiroz, pela grande ajuda na identificação das

plantas aquáticas.

Ao proprietário do sítio Aconchego, por permitir a realização do trabalho de campo

em sua propriedade.

Ao funcionário da Estação Climatológica da UFRN, por fornecer os dados

pluviométricos.

A todos que direta ou indiretamente ajudaram na realização deste trabalho, meu

sincero: Muitíssimo Obrigada !!!

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VI

SUMÁRIO

VIIIIX X

RESUMO .......................................................................................................................ABSTRACT ………………………………...…………………………..................... RELAÇÃO DE TABELAS ..........................................................................................RELAÇÃO DE FIGURAS ........................................................................................... XI 1.0

INTRODUÇÃO .......................................................................................

01

1.1 Considerações gerais sobre a família Simuliidae ...................................... 02 1.2 Nomenclatura da simulidiofauna na região Neotropical ........................... 03 1.3 Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) .................................................. 04 1.4 Estádios larvais .......................................................................................... 07 1.5 Características ambientais do criadouro dos imaturos de simulídeos ….. 09 2.0

OBJETIVOS ............................................................................................

13

3.0

MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................

15

3.1 Localização e caracterização da área de estudo ………............................ 16 3.2 Procedimentos em campo ......................................................................... 18 3.2.1 Coleta de imaturos ..................................................................................... 18 3.2.2 Análises dos fatores ambientais ................................................................ 19 3.3 Procedimentos em laboratório …………................................................... 21 3.3.1 Triagem do material …….......................................................................... 21 3.3.2 Estádios larvais .......................................................................................... 21 3.3.4 Correlação entre as variáveis ambientais X abundância numérica dos

imaturos ……………………………………………………………...…..

24

4.0

RESULTADOS ........................................................................................

25

ARTIGO I .. ……………………………………………………………. 26 Resumo ………………………………………………………………….. 27 Introdução………………………………………………………………... 28 Materiais e Métodos……………………………………………………... 39 Resultados e Discussão………………………………………………….. 32 Conclusão ……………………………………………………………….. 36 Agradecimentos …………………………………………………………. 37 Referências Bibliográficas ...……………………………………………. 37 ARTIGO II.. ……………………………………………………………. 41 Abstract .………………………………………………………………… 42 Resumo ………………………………………………………………….. 43 Introdução………………………………………………………………... 43 Materiais e Métodos……………………………………………………... 45 Resultados e Discussão………………………………………………….. 47 Conclusão ……………………………………………………………….. 52 Agradecimentos …………………………………………………………. 52 Referências Bibliográficas ........................................................................ 52

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VII

5.0 DISCUSSÃO GERAL.............................................................................. 57 6.0

CONCLUSÃO GERAL...........................................................................

61

7.0

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................

63

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VIII

RESUMO

A espécie Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (Diptera: Simuliidae) foi estudada

quanto ao número de estádios larvais, ocorrência sazonal e a influência dos fatores

ambientais sobre os imaturos, com a caracterização física e química da água do criadouro.

A pesquisa em campo foi realizada no rio Pium, município de Nísia Floresta, estado do Rio

Grande do Norte, Brasil. Para períodos distintos (chuva / seca) ocorreram quatro coletas. As

coletas dos imaturos de P. incrustata foram feitas diretamente do substrato vegetal

localizados às margens, no leito e à deriva do rio. Para a determinação dos estádios larvais

foram mensurados o comprimento lateral da cápsula cefálica, da antena e da distância entre

os apódemas cefálicos. Foram registrados: pH, temperatura da água, largura, profundidade,

velocidade, vazão e precipitação pluviométrica. Sete estádios larvais foram determinados

para esta população de P. incrustata, sendo o comprimento lateral da cápsula cefálica a

estrutura que melhor delimitou os estádios. A abundância dos imaturos de P. incrustata

variou sazonalmente, encontrando-se em maior quantidade no período de seca,

correlacionando-se de forma significativa com o pH, velocidade da água e precipitação

pluviométrica.

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IX

ABSTRACT

The larval instars, seasonal occurrence and environmental factors influence on

Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (Diptera: Simuliidae) immature were studied

according to its physical and chemical aspects of breeding water. Four collects were made

at vegetal substrate from margin, middle and floating on the Pium river, city of Nísia

Floresta, state of Rio Grande do Norte, Brazil at dry and wet season. Some of larval

characters were used to determinate the larval instars number like lateral length of cephalic

capsulae, antennae and the distance among cephalic apodema, as well as pH, water

temperature, width, depth, stream velocity, discharge and pluviometric precipitation were

used for physical factors. Seven larval instars were determined for this P. incrustata

community being the lateral length of cephalic capsulae as the best structure with this

meaning propose. The seasonality immature abundance of this species were found in dry

season and a positive correlation with pH, stream velocity and precipitation.

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X

RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela I Relação das espécies Neotropicais e respectivas nomenclaturas ........... 04

ARTIGO I

Tabela I Média das medidas e seus respectivos desvios padrão do comprimento lateral da cápsula cefálica das larvas para cada estádio larval, Test-t Student, regra de crescimento de Crosby e taxa de crescimento entre cada estádio larval para a população de P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN) ...............................................................

35

ARTIGO II

Tabela I Variáveis ambientais encontradas no rio Pium/RN, entre os meses de abril de 2005 a janeiro de 2006……............................................................

48

Tabela II Correlação de Spearman entre as variáveis ambientais e os imaturos de Psaroniocompsa incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN).

51

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XI

RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 01 Mapa de localização do ponto de coleta ................................................ 16 Figura 02 Lagoa do Pium ....................................................................................... 17 Figura 03 Local de coleta ....................................................................................... 18 Figura 04 Extração manual do substrato vegetal .................................................... 19 Figura 05 Substratos vegetais. A – localizado no leito do rio; B – localizado a

deriva ; C – localizado nas margens do rio ................................………

19 Figura 06 A. Comprimento lateral da cápsula cefálica. B. Largura do apódema cefálico

das larvas de P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN) ...

22 Figura 07 Procedimentos adotados na confecção das lâminas da cápsula cefálica .......... 22

ARTIGO I

Figura 01 Mapa de localização do ponto de coleta ................................................ 30 Figura 02 A. Comprimento lateral da cápsula cefálica. B. Largura do apódema cefálico

das larvas de P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN) ...

31 Figura 03 Distribuição de freqüência do comprimento lateral da cápsula cefálica da

espécie P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006 ...................................................

33 Figura 04 Distribuição de freqüência do comprimento da antena da espécie P.

incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006 ...................................................................

33 Figura 05 Distribuição de freqüência da distância entre os apódemas cefálicos da

espécie P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006 ...................................................

34 Figura 06 Regressão linear das médias do comprimento lateral da cápsula cefálica

contra os respectivos estádios das larvas P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006 ..................................................................................................................

36

ARTIGO II

Figura 01 Mapa de localização do ponto de coleta ................................................ 45 Figura 02 Relação entre abundância dos imaturos de P. incrustata e a precipitação

pluviométrica, no rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006 .....................................................................................

49

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1. INTRODUÇÃO

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2

1.1. Considerações gerais sobre a família Simuliidae

De acordo com a posição sistemática, a família Simuliidae está inserida na

subordem Nematocera, que por sua vez está contida na Ordem Diptera, pertencente à

classe insecta. Os simulídeos são os insetos vulgarmente conhecidos em nosso meio

como: “borrachudos” no sul e sudeste do país e/ou “piuns” na região norte e nordeste.

A simuliofauna compreende aproximadamente 1.798 espécies de simulideos

distribuídos em todas as regiões zoogeográficas; onde grande parte destas é hematófaga.

No Brasil foram registradas em torno de 86 espécies distribuídas em dez gêneros:

Chirostilbia, Hemicnetha, Inaequalium, Kempfsimulium, Lutzsimulium, Notolepria,

Pasaroniocompsa, Psilopelmia, Simulium, Trichodagmia (Crosskey & Howard, 2004).

Na região nordeste do Brasil, até o presente momento, foram assinalados

aproximadamente vinte e quatro espécies de simulídeos agrupados em oito gêneros:

Chirostilbia, Hemicnetha, Inaequalium, Lutzsimulium, Notolepria, Psaroniocompsa,

Psilopelmia, Trichodagmia Trichodagmia (Almeida et al., 1999; Crosskey & Howard,

2004).

No que diz respeito ao desenvolvimento dos simulídeos, são insetos

holometabólicos, uma vez que durante a sua metamorfose passam pelos estágios de ovo,

larva, pupa e adulto. Os três primeiros estágios são aquáticos, desenvolvendo-se em

vários tipos de substratos naturais e artificiais (pedras, galhos, folhas, dentre outros)

encontrados em cachoeiras, rios ou córregos (Gaona & Andrade, 1999; Andrade, 2001).

Os adultos podem ser encontrados próximo aos sítios de colonização, realizando

acasalamento e oviposição ou exercendo o repasto sanguíneo.

A distribuição e densidade populacional dos imaturos de simulídeos podem ser

influenciadas pelas características químicas e físicas da água do criadouro. Para

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3

Carlsson (1967), dentre as características abióticas mais importantes estão a velocidade

da correnteza, o tipo de substrato, a profundidade e a temperatura da água.

Por serem considerados insetos incômodos, pela ação e lesões secundárias em

virtude de suas picadas, e por serem transmissoras de agentes patógenos ao homem e

animais dométicos, os simulideos podem ocasionar sérios problemas sócio-econômico-

sanitários em regiões de incidências acentuadas (Crossskey, 1990; Andrade, 2001).

No Brasil, mais especificamente na região Amazônica, do ponto vista médico-

sanitário, algumas espécies de simulídeos estão associadas à transmissão de duas

filarias: Onchocerca volvulus (Leuckart) e Mansonella ozzardi (Manson), que causam a

oncocercose e mansonelose, respectivamente (Cerqueira, 1959; Crosskey, 1990;

Andreazze & Py-Daniel, 1999).

Estudos sobre a bioecologia da família Simuliidae são importantes para o

controle da oncocercose e mansonelose, podendo ajudar no desenvolvimento de novos

métodos e programas de controle no combate a esses insetos vetores (Ortega & Oliver,

1985; Shipp & Procunier, 1986; Hamada, 1993; Hamada et al., 2003).

1.2. Nomenclatura da simulidiofauna na região Neotropical

Alguns taxônomos e pesquisadores propuseram uma nova nomenclatura para as

espécies do gênero Simulium encontradas na região Neotropical, onde a categoria de

sub-gênero eleva-se para gênero. Diante disto, a nomenclatura utilizada no presente

trabalho esta de acordo com a classificação adotada por Py-Daniel & Moreira-Sampaio

(1994, 1995).

A seguir, é apresentada uma relação das espécies renomeadas e citadas no

presente trabalho (Tabela I).

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4

Tabela I. Relação das espécies Neotropicais e respectivas nomenclaturas.

Nomenclatura utilizada no presente

estudo

Nomenclatura anterior

Cerqueirellum oyapockense (Flock &

Abonnenc, 1946)

Simulium (Cerqueirellum) oyapockense

Chirostilbia acarayense (Coscarón &

Wygodzinsky, 1972)

Simulium (Chirostilbia) acarayense

Chirostilbia pertinax (Kollar, 1832) Simulium (Chirostilbia) pertinax

Coscaroniellum goeldii (Cerqueira &

Nunes de Mello, 1967)

Simulium (Coscaroniellum) goeldii

Ectemnaspis rorotaense (Cerqueira &

Nunes de Mello, 1968)

Simulium fulvinotum sin. Simulium

(Ectemnaspis) rorotaense

Hemicnetha brachyclada (Lutz & Pinto,

1932)

Simulium (Hemicnetha) brachycladum

Inaequalium inaequale (Paterson &

Shannon, 1927)

Simulium (Inaequalium) inaequale

Inaequalium nogueirai (D’Andreta &

Dolores Gonzáles, 1964)

Simulium (Inaequalium) nogueirai

Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) Simulium (Psaroniocompsa) incrustatum

Psilopelmia perflava (Roubaud, 1906) Simulium (Psilopelmia) perflavum

Thyrsopelma orbitale (Lutz, 1910) Simulium (Thyrsopelma) orbitale

Trichodagmia nigrimanum (Macquart,

1838)

Simulium (Trichodagmia) nigrimanum

1.3. Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910)

Baseado na classificação de Py-Daniel & Moreira-Sampaio (1994, 1995), a

espécie Psaroniocompsa incrustata pertence ao Gênero Psaroniocompsa. Esta espécie é

considerada antropófila e de ampla distribuição na América Latina (Coscarón, 1991).

No Brasil, especificamente na região Amazônica, ela está associada à transmissão da

Onchocerca volvulus (Andreazze & Py-Daniel, 1999).

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5

De acordo com Pessoa (2004), os adultos da espécie P. incrustata caracterizam-

se por apresentarem, de uma forma geral, uma coloração preta em toda extensão do seu

corpo, olhos vermelhos, comprimento do corpo variando entre 2,0 a 2,9 mm e o da asa

de 2,1 a 2,8 mm.

Nas fêmeas, a cabeça apresenta polinosidade prateada de brilho opalino e com

fortes reflexos azul-esverdeados na região do clípio e fronto. No escudo, encontram-se

pêlos dourados e dispostos em grupos. O comprimento antenal pode variar de 476,4 a

500 μm. No palpo, seu órgão possui abundantes tubérculos. No tórax, o mesonoto

possui uma coloração negra aveludado, apresentando pêlos dourados distribuídos em

grupos, um par de triângulos sub-medianos com pruinosidade prateada. As margens

posteriores e laterais apresentam pruinosidade prateada. A região pleural possui

coloração preta e marrom escuro com pruinosidade cinza. Nas patas anteriores, tanto a

coxa, o trocanter e o fêmur apresentam uma coloração marrom escuro; a tíbia, de clara à

marrom; e o tarso, de marrom escuro a preto. As patas medianas são marrons com

articulações basais das tíbias, basitarsos e metade basal do segundo tarsômero marrons

claros. Já as patas posteriores, possuem uma coloração preta, com os terços basais dos

basitarsos e metade basal do tarsômero claros. Em todas as patas, tanto os fêmures como

as tíbias possuem escamas. As garras tarsais apresentam um pequeno dente sub-basilar

(Pessoa, 2004).

Na região abdominal das fêmeas, os térgitos se caracterizam por apresentarem as

seguintes colorações: preto aveludado (tergito I), preto acinzentado (Tergitos II a IX).

Os tergitos II a V apresentam uma linha preta aveludada na metade anterior dos tergitos;

sendo que, além disso, os tergitos II e III possuem uma área de pruinosidade prateada. A

espermateca possui espículas internas arranjadas em grupos de três a seis; sendo a área

de inserção do ducto espermático membranoso (Pessoa, 2004).

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6

No macho, o comprimento da antena varia entre 417,3 a 420 μm. O órgão

sensorial do palpo é arredondado e com aproximadamente metade do segmento palpal

III. No tórax, o mesonoto é similar ao da fêmea, mas sem os grupos de pêlos formando

fileiras longitudinais. As patas e o escutelo estão de acordo com as da fêmea. No

abdome, os térgitos são negros com ornamentação pruinosa nos tergitos II, IV e V. O

distímero é menor que o basímero; a placa ventral subtriangular possui numerosas setas

e espinhos e o ápice é levemente côncavo ventralmente. O Esclerito mediano apresenta

uma incisão distal e o endoparâmero possui dentes bem conspícuos (Pessoa, 2004).

A pupa apresenta um casulo chineliforme sem projeção anterior, sua trama é

frouxa e suavemente reforçada na borda anterior. A média dos comprimentos ventrais e

dorsais do casulo, e o comprimento do corpo da pupa são, respectivamente, 2,67mm,

2,26mm e 2,3mm. Cada brânquia possui seis filamentos terminais, cuja fórmula

branquial é: 1 [1(1(2)+1(2)+1(2)]. Tanto as regiões do fronto-clípeo quanto à do tórax

apresentam tricomas cefálicos bífidos e tubérculos arredondados.

As larvas se caracterizam por apresentarem uma coloração clara com manchas

acinzentadas, cutículas com abundantes setas bífidas a múltiplas, bem evidentes. O

apódema cefálico apresenta espinhos e manchas positivas dispostas nas regiões

medianas e sublaterais. Os segmentos antenais (I – III) possuem uma relação igual a 1:

0,83 – 1,12: 0,82 – 0,92. O comprimento da antena ultrapassa a haste do leque cefálico.

O número de raios dos leques cefálicos pode variar de 27 a 36 e as fibrilas dos raios são

do tipo “weak complex”. O tegumento do corpo possue pêlos simples. Na região

terminal do corpo encontram-se tubérculos ventrais desenvolvidos. A papila retal

contém três lobos, e cada lobo contem 5 ou mais lóbulos grandes e subtriangulares. O

disco anal possui entorno de 53 a 58 fileiras de ganchos anais; e, em cada fileira

encontra-se de 14 a 18 ganchos anais (Almeida et al., 1999; Pessoa, 2004).

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7

Coscarón (1987) registrou essa espécie nos seguintes países: Argentina,

Paraguai, Brasil e Venezuela. Mais tarde, essa espécie foi encontrada na Colômbia,

Equador, Guiana, Panamá (Crosskey & Howard, 2004).

No Brasil, foi encontrada nos seguintes estados: Amapá, Bahia, Ceará, Espírito

Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de

Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e

Tocantins (Almeida et al., 1999; Crosskey & Howard, 2004; Pessoa et al., 2005).

No Rio Grande do Norte, P. incrustata foi registrada nos seguintes municípios:

Pedro Velho (rio Piquiri), Parnamirim (rio Cajupiranga, Pitimbu e Pium), Nísia Floresta

(rio Boacica e riacho da Lagoa Preta), Baia Formosa (riacho Guaratuba) e São José de

Mipibú (rio Mipibú) (Almeida et al., 1999). Até o presente momento, esta espécie,

segundo Andrade (1992) e Andrade & Py-Daniel (1995), só foi encontrada na Bacia do

Leste Potiguar (RN), sob área de clima sub-úmido.

1.4. Estádios larvais

Em insetos, o desenvolvimento larval ocorre através de uma sucessão de mudas

(ecdises), ocasionada pela troca da cutícula; onde a cada troca corresponde um estádio

(ínstar) (Crosskey, 1990).

A determinação dos estádios larvais em simulideos é de extrema importância

para estudos relacionados à dinâmica populacional (Ross & Merritt, 1978; Baba &

Takaoka, 1991; Cunha et al., 1998; Alencar et al., 2001; Pepinelli & Strixino, 2003),

além de estudos ligados a caracterização alimentar e métodos de controle, nas áreas

onde haja espécies nocivas ao homem (Ross & Craig, 1979).

De acordo com Dyar (1890), estruturas esclerotizadas (como por exemplo, o

comprimento da antena, comprimento lateral da cápsula cefálica ou pós-gena e a

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distância entre os apódemas cefálicos) são indicadas para a determinação dos estádios

larvais por apresentarem uma menor variação de tamanho no decorrer do tempo.

As larvas de simulídeos podem apresentar uma variação no número de estádios

larvais, dependendo de cada espécie, com relatos de 4 a 9 estádios; sendo 6 e 7 mais

freqüentes (Ross & Merrit 1978; Ross & Craig 1979; Colbo & Okaeme 1988). Essa

variação no número de estádios também pode ocorrer dentro de uma mesma espécie

ocasionada por fatores físico-químicos e ambientais como temperatura da água, vazão e

escassez de alimentos (Merritt & Ross 1978; Ross & Craig 1979), sazonalidade e sexo

(Craig 1975; Ross & Merritt 1978; Colbo 1989).

Utilizando o comprimento lateral da cápsula cefálica e estruturas morfológicas

para assinalar o primeiro (presença do “egg buster” no apódema cefálico) e o último

estádio (cor e o grau de diferenciamento dos filamentos do histoblasto branquial), Ross

& Merritt (1978) encontraram seis estádios para a espécie Simulium vittatum

(Zetterstedt) e sete para as espécies Prosimulium mixtum Syme & Davies, P. fuscum

Syme & Davies e Stegopterna mutata Malloch.

Ross & Craig (1979) ao analisarem o número de estádios larvais baseados no

comprimento lateral da cápsula cefálica, comprimento total do corpo e no número de

raios cefálicos, encontraram sete estádios larvais para as espécies P.mixtum e P. fuscum.

No Brasil, Hamada (1989), através das medidas da largura do apódema cefálico

e o do comprimento lateral da cápsula cefálica, encontrou sete estádios larvais para S.

goeldii Cerqueira & Nunes de Mello, proveniente da Reserva Florestal Adolpho Ducke,

Amazônia Central.

Através do comprimento do corpo, comprimento lateral da cápsula cefálica e da

distância entre os apódemas cefálicos, Gorayeb (1981) encontrou para a espécie S.

fulvinotum Cerqueira & Nunes de Mello oito estádios larvais. Também observou que o

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comprimento total do corpo teve uma grande variação, não servindo, para uma boa

delimitação dos estádios.

Utilizando o comprimento lateral da cápsula cefálica, Cunha et al. (1998)

encontraram sete estádios larvais para as populações de Chirostilbia acarayense, C.

pertinax, Inaequalium inaequale e Thyrsopelma orbitale provenientes de Cachoeirinha

(Paraná), e oito estádios para a população de P. incrustata presentes no rio São João

(Paraná). Já Alencar et al. (2001) obteveram sete estádios para S. perflavum; não

encontrando diferença significativa no número de estádios no que diz respeito à

sazonalidade e ao sexo.

Com intuito de verificar se há diferença no número de estádios larvais para as

populações de Simulium oyapockense s.I. Floch & Abonnenc (1976); Melo (2001),

utilizando as medições do comprimento lateral da cápsula cefálica e da distância entre

os apódemas cefálicos, encontrou seis estádios para a população proveniente de

Paraíso (São Grabiel da Cachoeira, AM) e sete para a população da Cachoeira Bem-

Querer (Caracaraí, RR).

O comprimento da antena foi a estrutura que melhor delimitou o número de

estádios larvais para S. nigrimanum em Pepinelli & Strixino (2003) e Hemicnetha

brachyclada em Andrade et al. (2004); onde para ambas as espécies foram encontrados

7 estádios.

1.5. Características ambientais do criadouro dos imaturos de simulídeos

Estudos com o propósito de caracterização ambiental dos criadouros dos

imaturos de simulídeos são importantes para o entendimento da dinâmica sazonal e

populacional desses insetos. Dentre os fatores abióticos, os que comumente apresentam

correlação significativa com os imaturos da família Simuliidae são: profundidade,

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temperatura da água, tipo de substrato, vazão e velocidade da água (Carlsson, 1967;

Coscarón & Coscarón-Arias, 1999; Coscarón et al., 2000 e Pepinelli et al., 2005).

Estudando a biologia e a ecologia dos simulídeos na Costa Rica, Vargas &

Travis (1973) correlacionaram algumas variáveis ambientais (altitude, luminosidade,

natureza do leito do sistema, oscilações de temperatura, poluição e velocidade da água)

com a densidade populacional das larvas. Como resultado da pesquisa, os autores

verificaram que as populações larvais de simulídeos foram mais abundantes em

ambientes de baixa altitude, com correnteza elevada, conseqüentemente água mais

turbulentas, parcialmente sombreadas e poluídas.

Doisy et al. (1986) relacionaram a distribuição e abundância das nove espécies

de simulídeos, encontrados no rio Piney (Missouri - EUA), com os fatores abióticos. A

temperatura da água foi o fator que mais influenciou essas espécies. Segundo esses

autores, o tipo de substrato e a profundidade da água são fatores considerados

importantes na constituição adequada do habitat larval.

No Brasil, variáveis como condutividade elétrica, largura, pH, profundidade,

taxa de oxigênio, temperatura, vazão e velocidade da água, foram utilizados por

Gorayeb & Pinger (1978) para caracterizar dois igarapés localizados próximos a cidade

de Manaus – AM, em uma pesquisa sobre estudos ecológicos nos criadouros naturais de

simulídeos no Brasil.

Ao analisar a fauna de simulídeos presentes no rio Marumbi (Morretes – PR),

Dellome-Filho (1991) caracterizou físico-quimicamente este criadouro, baseado nos

dados de: condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH, precipitação pluviometria,

temperatura da água, temperatura do ar, umidade relativa do ar velocidade dos ventos e

velocidade superficial da água.

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Moreira et al. (1994) analisaram a influência da variação sazonal de fatores

físico – químicos da água do criadouro sobre o desenvolvimento de Simulium nogueirai

no riacho Tromn (Joinville, SC). Eles estimaram as densidades numéricas de larvas e

pupas, e obtiveram as seguintes variáveis abióticas: condutividade elétrica, demanda

bioquímica de oxigênio pH, oxigênio dissolvido, sólidos totais em suspensão e

temperatura da água vazão. A densidade dos imaturos de S. nogueirai (larvas e pupas)

apresentou uma forte correlação positiva para a temperatura da água e para a vazão do

córrego. Esses autores além de correlacionarem os fatores abióticos com o

desenvolvimento de Simulium nogueirai, eles chamam a atenção para outros fatores que

podem afetar a distribuição e abundância dos imaturos de simulídeos, como:

competição, disponibilidades de alimentos e a mortalidade por parasitas, patógenos e

predadores.

Relacionando a abundância das larvas de Simulium pertinax, em Paraty – RJ,

com a condutividade elétrica, profundidade de posicionamento das fitas temperatura,

umidade relativa do ar e velocidade da correnteza; Araújo-Coutinho et al. (1997)

verificaram que a velocidade da correnteza e a profundidade do substrato

correlacionaram significativamente com a abundância das larvas desta espécie.

Com objetivo de obter informações sobre a biologia e a ecologia dos imaturos de

Hemicnetha brachyclada localizados no rio Ceará – Mirim, junto a barragem

Engenheiro José Batista do Rego Pereira (Poço Branco/RN), Andrade (2001) observou

que a velocidade superficial da água e a vazão foram as variáveis que melhor

explicaram a dinâmica numérica desta espécie, encontradas tanto em substrato rochosos

quanto no vegetal.

Pepinelli et al. (2005), ao analisar a fauna de simulideos no Parque Estadual

Intervales (São Paulo / Br) encontraram 13 espécies de simulídeos com maior

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abundância no período de chuva. Como características dos criadouros, de um modo

geral, a água apresenta pH alcalino; tanto a temperatura, a velocidade e o oxigênio

dissolvido da água apresentaram seus valores mais elevados no período chuvoso;

enquanto que a condutividade elétrica apresentou comportamento inverso.

O conhecimento sobre a biologia e a ecologia dos simulideos na região nordeste

do Brasil, em especial sobre a espécie P. incrustata, é muito limitado e carece de

estudos a serem realizados; uma vez que esta espécie é considerada insetos

incômocodos por exercerem a hematofagia na população local e suas picadas causarem

reações alérgicas, chegando a diminuir a capacidade de trabalho do homem e a

produtividade de alguns animais, além de ser considerado um vetor potencial da O.

volvulus na região Amazônica.

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2. OBJETIVOS

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Objetivo Geral:

Obter informações gerais à respeito da biologia e ecologia da população de

Psaroniocompsa incrustata (Diptera: Simuliidae) encontrada no rio Pium, RN.

Objetivos Específicos:

1. Determinação dos estádios larvais para a população de P. incrustata encontrada

no rio Pium - RN (Artigo 1);

2. Verificar a abundância sazonal dos imaturos da população de P. incrustata

(Artigo 2);

3. Analisar a influência dos fatores ambientais sobre esses imaturos (Artigo 2);

4. Caracterização do criadouro (Artigo 2).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

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3.1. Localização e caracterização da área de estudo

O presente estudo foi desenvolvido no rio Pium que, juntamente com os rio

Pirangi, Pitimbu e Taborda, pertencem à bacia hidrográfica do Pirangi; na qual localiza-

se no litoral sul do estado do Rio Grande do Norte (Figura 01).

Figura 01: Mapa de localização do ponto de coleta. Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte.

A bacia hidrogáfica do Pirangi ocupa uma superfície de 458,9 km2, correspondendo

a cerca de 0,9 % do território estadual. Esta bacia encontra-se na unidade morfológica dos

Tabuleiros Costeiros, de relevo tabular amplo e pouco dissecado. Apresenta,

predominantemente, um embasamento geológico constituído por sedimentos quaternários

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(como dunas, paleodunas, aluviões e coberturas indiferenciadas) e terciário quaternários do

Grupo Barreiras.

Segundo Borges (2002), o vale do Pium apresenta uma área total de 2.500 hectares

e localiza-se especificamente na parte oriental do litoral no município de Nísia Floresta

(RN).

De acordo com Andrade (1992), a região apresenta um clima tropical atlântico, com

duas estações bem definidas: a estação chuvosa, compreendendo os meses de março a

agosto; e a estação seca, que ocorre entre setembro e fevereiro.

As coletas foram realizadas em um único trecho do rio Pium, situado dentro do Sítio

Aconchego, localizado a aproximadamente 10 m da cabeceira da Lagoa do Pium

(conhecida também como Lagoa Azul) (figura 02) e demarcado com latitude 05º 58’ 54’’ S

e longitude 035º 11’ 47’’ W (figura 03).

Figura 02: Lagoa do Pium.

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Figura 03: Local de coleta.

O trecho estudado apresenta um leito arenoso fino, com material orgânico resultante

da decomposição da mata ciliar e da vegetação flutuante e enraizada no leito e nas margens

do rio.

3.2. Procedimentos em campo

3.2.1. Coleta de imaturos

Foram realizadas oito coletas, sendo quatro no período de chuva (abril a julho 2005)

e quatro no período de seca (outubro a dezembro de 2005 e janeiro de 2006).

Para a obtenção dos imaturos de simulídeos foram coletados aproximadamente 60g

de substratos vegetais (20g para cada substrato) localizados no leito (família

Ceratophyllaceae), a deriva (folhas, galhos) e nas margens (família Poaceae) do rio (Figura

05 A, B e C, respectivamente); sendo coletados apenas os vegetais que apresentavam os

imaturos de simulídeos. Em seguida, esse material era acondicionado em vasilhames

plásticos contendo álcool 80% e transportado para o laboratório para serem triados e

identificados.

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Figura 04: Extração manual do substrato vegetal.

A B C

Figura 05: Substratos vegetais. A – localizado no leito do rio; B – localizado a deriva ; C – localizado nas margens do rio.

3.2.2. Análises dos fatores ambientais

Durante o período de estudo, para cada coleta, foram obtidas as seguintes variáveis

ambientais:

• pH e Temperatura da Água (ºC): mensurados através de um pHmetro com

termômetro, modelo pH330 e marca WTW.

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• Largura e Profundidade do Criadouro (m): as medidas foram feitas com o auxílio de

uma trena de 10 metros.

• Velocidade da água (ms-1): foi determinada com a utilização de um cronômetro e

bola de isopor. Foram feitas cinco repetições e considerada a média aritmética das

mesmas. Assumindo o leito do rio como arenoso fino, foi usado o fator de correção

da velocidade.

V = D x Fv x T-1

Onde: V = Velocidade da água.

D = Distância percorrida.

T = Tempo médio percorrido.

Fv = Fator de correção da velocidade (Constante = 0,9).

• Vazão do rio (m3 s-1): determinada mediante o emprego de cronômetro e isopor para

medir a velocidade média do trecho analisado, e trena para mensurar a largura e

profundidade do ponto de coleta.

Va = V x L x P

Onde: Va = Vazão do criadouro.

V = Velocidade da água do criadouro.

L = Largura do criadouro.

P = Profundidade do criadouro.

• Precipitação Pluviométrica (mm): os dados foram fornecidos pela Estação

Climatológica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foram tomados os

dados acumulados de 10 dias antes de cada coleta.

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3.3. Procedimentos no laboratório

3.3.1. Triagem do material

No laboratório de Entomologia da UFRN, os imaturos de P. incrustata e sua fauna

associada foram retirados dos substratos vegetais com auxílio de bandeja plástica, estilete e

pinça; sendo em seguida acondicionados separadamente (larva, pupa e fauna associada) em

tubos plásticos devidamente etiquetados (data, tipo de substrato e tipo de estágio dos

imaturos) contentos álcool a 70%. A identificação dos imaturos de simulídeos foi realizada

com base no trabalho de Coscarón (1987); já a identificação dos vegetais foi baseada &

Lorenzi (2005). Não foi observada nenhuma outra espécie de simulídeo nos substratos

analisados.

3.3.2. Estádios larvais

Para a delimitação dos estádios larvais utilizou-se o comprimento lateral da cápsula

cefálica (Figura 06A), antena e distância entre os apódemas cefálicos (Figura 06B). Na

medição do comprimento lateral da cápsula cefálica foram utilizadas aproximadamente

1.600 larvas de vários tamanhos. Baseadas nas metodologias aplicadas por Gorayeb (1981)

e Hamada (1989), as larvas foram colocadas em uma placa de petri, contendo areia no

fundo, para a realização das medições. As medidas do comprimento lateral da cápsula

cefálica foram realizadas com o auxílio de uma lupa estereomicroscópica ZEISS, utilizando

ocular milimetrada com aumento de 40X.

Com a medição do comprimento lateral da capsula cefálica foram observadas 16

classes de tamanho. E, para a medição das outras estruturas, foram utilizadas em torno de

15 larvas para cada classe.

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A medição do comprimento da antena e da distância entre os apódemas foi possível

através da dissecação da cápsula cefálica para a confecção de lâminas (Figura 07). Após a

confecção das lâminas, as estruturas foram medidas com o auxílio de um “microscópio

invertido” utilizando ocular milimetrada com o aumento de 40X.

A B

Figura 06: A. Comprimento lateral da cápsula cefálica. B. Largura do apódema cefálico das larvas de P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN)

SIMULIDEOS

1ª Etapa: Clarificação das larvas

Hidróxido de Potássio (10%) → Ácido Acético (10%) → Água

2ª Etapa: Dissecação das larvas

Dissecação em glicerina

3º Etapa: Montagem das lâminas

Fixação das estruturas em solução de berlese

Figura 07: Procedimentos adotados na confecção das lâminas da cápsula cefálica.

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Em adição a técnica de biometrica, foi utilizada para a delimitação dos estádios,

gráficos de distribuição de frequência e características morfológicas como:

desenvolvimento e coloração do histoblasto branquial (utilizados na diferenciação do

penúltimo e último estádio) e o número de segmentos antenais (usado na identificação de

larvas de segundo estádio; uma vez que essas larvas apresentam apenas dois segmentos

antenais). No gráfico de distribuição de frequência, a delimitação de cada instar se deu

pelos pontos de menores frequências.

Com o objetivo de verificar se há diferença significativa entre as médias das

medidas de cada estádior, foi utilizado o Test-t de Student (Zar, 1999).

Para verificar a precisão na forma de agrupamento dos estádios, foi utilizada a regra

de crescimento de Crosby (Craig, 1975), onde se a % da razão de Brook for maior que 10%

da razão de Brook anterior, há a possibilidade de se ter perido algum estádio larval. Isso

pode ser calculado pelas seguintes fórmulas:

1º) Razão de Brook (RB):

RB = Nt / N0

Onde: Nt = Média da medida do parâmetro do estádio posterior.

N0 = Média da medida do parâmetro do estádio anterior.

2º) % da Razão de Brook (% RB):

% RB = [(RNt – RN0) / RN0] x 100

Onde: RNt = Razão de Brook do parâmetro do estádio posterior.

RN0 = Razão de Brook do parâmetro do estádio anterior.

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A regra de Dyar (1890) foi aplicada para verificar se há perda de algum estádio

larval e se o crescimento larval deu-se de forma geométrica. Para isso, foi plotado o

logarítmo (base 10) das médias dos resultados das medidas do comprimento lateral da

cápsula cefálica contra seus respectivos estádios.

A taxa de cresimento entre os estádios foi calculada pela seguinte fórmula:

r = ln (Nt / N0) / t

Onde: r = Taxa de crescimento.

ln = Logarítmo neperiano.

Nt = Média da medida do parâmetro do estádio posterior.

N0 = Média da medida do parâmetro do estádio anterior.

t = Número de intervalos entre um estádio e outro; neste caso, é de um estádio larval.

3.3.3. Correlação entre as variáveis ambientais X abundância numérica dos

imaturos

Para analisar a relação entre os fatores físicos e químicos do criadouro e a abundância

sazonal dos imaturos (larvas e pupas) de P. incrustata, foi utilizado um teste estatístico

não paramétrico (correlação de Spearman), através do programa Systat 8.0 (Zar, 1996).

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4. RESULTADOS

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Artigo I

Biometria Larval da População de Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910)

(Diptera: Simuliidae) Encontrada no Rio Pium, Município de Nísia Floresta, Rio

Grande do Norte, Brasil.

ADRIELE N. B. DA SILVA & HERBET T. A. ANDRADE

Artigo a ser submetido para publicação na revista Memórias do Instituto Oswaldo

Cruz

ISSN: 0074-0276

Revista de QUALIS A (CAPES / MEC)

(Atende ao objetivo 1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

2006

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BIOMETRIA LARVAL DA POPULAÇÃO DE PSARONIOCOMPSA

INCRUSTATA (LUTZ, 1910) (DIPTERA: SIMULIIDAE) ENCONTRADA NO

RIO PIUM, MUNICÍPIO DE NÍSIA FLORESTA, RIO GRANDE DO NORTE,

BRASIL.

Adriele N. B. da Silva1 & Herbet T. A. Andrade2

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CB, Depto. De Microbiologia e Parasitologia, Av. Salgado Filho 300, CEP: 59970-000 Natal – RN. E-mail: [email protected] 2Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]

_______________________________________________________________

RESUMO: O número de estádios larvais para a população de Psaroniocompsa

incrustata Lutz (1910) (Diptera: Simuliidae) encontrado no rio Pium, município de

Nísia Floresta (RN), foi determinado usando o comprimento lateral da cápsula cefálica,

da antena e da distância entre os apódemas cefálicos. Para uma melhor visualização dos

estádios foram utilizados gráficos de distribuição de frequência e características

morfológicas (presença do histoblasto branquial e número de segmentos antenais). Os

limites de cada um estádio foram definidos pela freqüência mais baixa das medidas. A

determinação do número de estádios larvais foi testata utilizando o test-t Student (p <

0,05), regra de Dyar e de crescimento de Crosby. Dentre as estruturas mensuradas, a que

melhor delimitou os estádio larvais foi o comprimento lateral da cápsula cefálica,

resultando em sete estádios larvais.

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PALAVRAS-CHAVES: Estádios larvais, Psaroniocompsa incrustata, Rio Pium,

Siimuliidae.

______________________________________________________________________

A família Simuliidae tem sido alvo de muitos estudos devido a sua importância

médica, econômica e veterinária. Algumas espécies estão associadas com a transmissão

Onchocerca volvulus (Leuckart) e Mansonella ozzardi (Manson). Em áreas de

incidência acentuada, eles podem causar nas populações locais lesões secundárias e

alergias decorrentes de suas picadas (Crosskey 1990).

Pesquisas relacionadas com a delimitação de estádios larvais e conhecimento do

ciclo biológico dos simulídeos são de extrema importância para o entendimento da

dinâmica populacional (Ross & Merritt 1978; Baba & Takaoka 1991); além serem

considerados como pré-requisitos para estudos ligados à biologia larval, caracterização

alimentar e planejamento de novos métodos de controle (Ross & Craig 1979).

Estruturas esclerotizadas da cápsula cefálica, como antena, comprimento lateral

da cápsula cefálica e apódema cefálico, são indicadas para a determinação dos estádios

larvais; uma vez que apresentam uma pequena variação de tamanho no decorrer do

tempo de desenvolvimento larval (Dyar 1890). Segundo McCreadie (1991), as medidas

laterais da cabeça oferecem uma maior confiabilidade nos resultados em estudos

relacionados na determinação de estádios larvais de simulideos.

As larvas de simulideos podem apresentar uma variação no número de estádios,

com relatos de quatro a nove estádios (Peterson 1996); sendo seis e sete mais frequentes

(Ross & Merrit 1978; Ross & Craig 1979; Colbo & Okaeme 1988). Variação no número

de estádios larvais pode ser ocasionada por fatores ambientais do criadouro, como

temperatura (altas temperaturas da água podem dimunuir o tempo de desenvolvimento

das larvas e consequentemente, o número de estádios larvais e o tamanho desses insetos

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29

na maturidade) (Ross & Craig 1979), oferta de alimento (Colbo & Porter 1979, 1981),

sazonalidade e sexo (Craig 1975; Ross & Merritt 1978).

No Brasil, são poucos os estudos relacionados com a determinação dos estádios

larvais de simulideos, podendo ser citados os trabalhos de Gorayeb (1981), Cunha et al.

(1998), Alencar et al. (2001), Melo (2002), Alvan-Aguilar & Hamada (2003), Pepinelli

& Strixino (2003) e Andrade et al. (2004).

P. incrustata é uma espécie de simulídeo considerada antropófila e de ampla

distribuição na América Latina (Coscarón 1991). No Brasil, especificamente na região

Amazônica, ela está associada com à transmissão da Onchocerca volvulus (Andreazze

& Py-Daniel 1999). Das cinco espécies de simulideos registradas no Rio Grande do

Norte, a P. incrustata é a única que apresenta atividade hematofágica; sendo suas

picadas incômodas para a população local (Almeida et al. 1999). Diante disto, este

trabalho tem como objetivo delimitar o número de estádios larvais para a população de

P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta / RN), estudo esse como pré-

requisitos para trabalhos futuros relacionados a biologia e planejamento de controle,

uma vez que esta espécie é considerada uma praga para as populações que habitam nas

proximidades dos criadouros dessa espécie

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvido em um criadouro de P. incrustata encontrada

no rio Pium, o qual pertence a bacia hidrográfica do rio Pirangi, sendo esta localizada

no litoral sul do Rio Grande do Norte (Figura 01), nordeste do Brasil. As coletas foram

realizadas em um único trecho do rio Pium, situado dentro do Sítio Aconchego,

distando aproximadamente 10 metros da cabeceira da Lagoa do Pium e demarcado com

latitude 05º 58’ 54’’ S e longitude 035º 11’ 47’’ W.

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30

Figura 01: Mapa de localização do ponto de coleta. Fonte: Secretaria de Recusros Hídricos do Rio Grande do Norte.

Para a obtenção das larvas de simulideos foram coletados manualmente e

seletivamente substratos vegetais localizados no leito (representante da família

Ceratophyllaceae), a deriva (folhas, galhos) e nas margens (representante da família

Poaceae) do rio; sendo coletados apenas os vegetais que apresentavam os imaturos de

simulideos. Em seguida, esse material era acondicionado em vasilhames plásticos

contendo álcool 80% e transportados para o laboratório, onde ocorreu a triagem. A

identificação dos vegetais foi baseada em Souza & Lorenzi (2005); já a identificação

dos imaturos de simulideos foi baseada no trabalho de Coscarón (1987). Não foi

coletada nenhuma outra espécie de simulídeo no substrato coletado.

Para a delimitação dos estádios larvais utilizou-se o comprimento lateral da

cápsula cefálica (Figura 2A), antena e distância entre os apódemas cefálicos (Figura

2B). Na medição do comprimento lateral da cápsula cefálica foram utilizadas 3.164

larvas de vários tamanhos. Baseadas nas metodologias aplicadas por Gorayeb (1981) e

Hamada (1989), as larvas foram colocadas em uma placa de petri, contendo areia no

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31

fundo, para a realização das medições. As medidas do comprimento lateral da capsula

cefálica foram realizadas com o auxílio de uma lupa estereomicroscópica ZEISS,

utilizando ocular milimetrada com aumento de 40X.

A B

Figura 02: A. Comprimento lateral da cápsula cefálica. B. Largura do apódema cefálico das larvas de P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN).

Com a medição do comprimento lateral da capsula cefálica foram observadas 16

classes de tamanho. E para a medição das outras estruturas foram utilizadas em torno de

15 larvas para cada classe.

A medição do comprimento da antena e da distância entre os apódemas foi

possível através dissecação da cápsula cefálica para a confecção de lâminas. Após a

confecção dessas lâminas, as estruturas foram medidas com o auxílio de um

“microscópio invertido” utilizando ocular milimetrada com o aumento de 40X.

Em adição a técnica de biometria, foram utilizados para a delimitação dos

estádios, gráficos de distribuição de frequência e características morfológicas como:

desenvolvimento histoblasto branquial (característica do ultimo estádio larval) e o

número de segmentos antenais (para caracterizar larvas de segundo estádio, já que essas

larvas apresentam dois segmentos antenais). No gráfico de distribuição de frequência, a

delimitação de cada estádio se deu pelos pontos de menores freqüências.

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32

Utilizou-se o Test-t de Student (Zar 1996) para verificar se há diferença

significativa entre as médias das medidas de cada estádio (Cunha et al. 1998; Alencar et

al. 2001). Para verificar a precisão na forma de agrupamento dos estádios, foi utilizada a

regra de crescimento de Crosby (Craig 1975; Alencar et al. 2001).

Aplicou-se a análise de regressão linear entre as médias das medidas contra seus

respectivos estádios, para verificar o crescimento geométrico baseado na regra de Dyar

(1890) (Ross & Merritt 1978; Ross & Craig 1979; Cunha 1998; Andrade et al. 2004). A

taxa de crescimento entre um estádio e outro foi calculado utilizando a seguinte

fórmula: r = ln (Nt / N0) / t; onde r = taxa de crescimento, ln = logarítmo neperiano, Nt =

média da medida do estádio posterior, N0 = média da medida do estádio anterior e t =

número de intervalos entre um estádio e outro (neste caso é de um estádio).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os limites entre os estádios ficaram bem definidos no gráfico de distribuição de

freqüência do comprimento lateral da cápsula cefálica, delimitando 6 classes de

tamanhos. Admitindo-se que não foram encontradas larvas de 1º estádio nem ovos de P.

incrustata que poderiam ser utilizadas para obtenção destas larvas, deve-se considerar

que esta população possui sete estádios durante seu estágio de desenvolvimento larval

(Figura 03). Resultados diferentes, utilizando a mesma estrutura, foram evidenciados

por Cunha et al. (1998) ao encontrarem oito estádios larvais para a população de P.

incrustata provinientes do Rio São João (Paraná).

As medidas do comprimento da antena e da distância entre os apódemas

cefálicos apresentaram valores sobrepostos entre os estádios, não mostrando-se

adequadas para a delimitação dos mesmos na população de P. incrustata encontradas no

rio Pium (Figuras 04 e 05).

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33

0100200300400500600

0,065

0,0870,1

090,1

300,1

520,1

740,1

900,2

170,2

400,2

610,2

830,3

040,3

260,3

480,3

700,3

910,4

130,4

35

Comprimento Lateral da Cápsula Cefálica (mm)

Nº d

e In

diví

duos

II III VI V IV VII

Figura 03: Distribuição de freqüência do comprimento lateral da cápsula cefálica da espécie P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006.

02468

1012

50 100 150 200 250 300 350 400

Comprimento da Antena (μm)

Nº d

e In

diví

duos

Figura 04: Distribuição de freqüência do comprimento da antena da espécie P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006.

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34

02468

1012

70 120 170 220 270 320 370

Distância entre os Apódemas Cefálicos (μm)

Nº d

e In

diví

duos

Figura 05: Distribuição de freqüência da distância entre os apódemas cefálicos da espécie P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006.

Na Figura 03, pode-se observar que no último estádio ocorre uma grande varição

no comprimento lateral da cápsula cefálica; podendo estar relacionado com o

dimorfismo sexual nas larvas de P. incrustata neste estádio. Este fato foi observado por

Craig (1975), Brenner et al. (1981) e Craig et al. (2003).

Ao comparar o número de estádios larvais da população de P. incrustata

encontrada no rio Pium (RN) com a encontrada por Cunha et al. (1998) no rio São João

(PR), estando elas sob condições ambientais diferentes, ficou evidenciado diferença no

número de estádios. Segundo Ross & Merritt (1978) e Colbo & Porter (1979, 1981),

condições ambientais como temperatura da água do criadouro e oferta de alimento

podem influenciar no tempo de desenvolvimento larval.

Melo (2001), ao verificar o número de estádios larvais para Simulium

oyapockense s.I. (Floch & Abonnenc 1976), encontrou seis para a população

proveniente de Paraíso (São Grabiel da Cachoeira, AM) e sete para a população da

Cachoeira Bem-Querer (Caracaraí, RR). Já Alvan-Aguilar & Hamada (2003) não

encontraram diferença no número de estádios para as populações de Hemicnetha

rubrithorax (Lutz 1909) encontradas em Roraima e Minas Gerais. Para estes autores, os

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fatores ambientais nas áreas de estudos não são significativamente diferentes para afetar

no desenvolvimento larval quando comparado com a região temperada.

Mediante a sobreposição dos estádios utilizando o comprimento da antena e a

distância entre os apódemas cefálicos, ocasionando uma dificuldade na delimitação dos

estádios, os testes estatísticos e os modelos matemáticos foram feitos apenas para a

medida do comprimento lateral da cápsula cefálica (Tabela I).

Ao fazer uso do Test-t de Student foi possível observar que há diferença

significativa entre as médias de cada estádio (P < 0,05) (Tabela I). A regressão linear

das médias do comprimento lateral da cápsula cefálica contra os estádios indicaou que

não houve perda de nenhum estádio larval, tendo esta população um crescimento

geométrico (Figura 06), baseado na regra de Dyar (1890).

Tabela I. Média das medidas e seus respectivos desvios padrão do comprimento lateral da cápsula cefálica das larvas para cada estádio larval, Test-t Student, regra de crescimento de Crosby e taxa de crescimento entre cada estádio larval para a população de P. incrustata provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN). Estádios N Limite de Classe Média + D. P. Teste - t Razão de

Brook % da Razão

de Brook Taxa de

crescimento (r) II 4 0,065 – 0,068 0,067 + 0,001 - 31,75 1,75 0,55

III 341 0,087 – 0,130 0,117 + 0,017 - 19,43 - 90,78 1,41 0,34

IV 405 0,152 – 0,174 0,165 + 0,111 - 9,22 - 96,00 1,28 0,25

V 391 0,190 – 0,217 0,211 + 0,011 - 1,56 - 60,84 1,26 0,23

VI 497 0,240 – 0,283 0,266 + 0,019 3,17 - 82,82 1,30 0,26

VII 1525 0,304 – 0,348 0,347 + 0,026 *p< 0.05

Ao analisar a Tabela I, observa-se que os resultados não corraboram com a regra

de Crosby; já que a relação da % da razão de Brook entre o 2º e o 3º estádio foi superior

a 10% (-19,43%), indicando que a forma dos agrupamentos das medidas obtidas para

estes estádios não foram bem precisas. Resultados similares foram observados por

Alencar et al. (2001) e Alvan-Aguilar & Hamada (2003).

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36

0

0,1

0,2

0,3

0,4

II III IV V VI VII

Estádios Larvais

Méd

ia d

o Co

mp.

La

tera

l da

Cáps

ula

Cefá

lica

Y = 0,92 + 18,2X, r2 = 0,98

Figura 06: Regressão linear das médias do comprimento lateral da cápsula cefálica contra os respectivos estádios das larvas P. incrustata, provenientes do rio Pium (Nísia Floresta – RN), entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006.

Na Tabela I, pode-se observar ainda que a taxa de crescimento larval entre o 2º

e 3º estádio foi alta quando comparada com os demais; e que, no decorrer dos estádios

as larvas de P. incrustata apresentam uma diminuição na sua taxa de crescimento; tendo

um aumento entre 6º e 7º estádio.

A diminuição da taxa de crescimento no decorrer dos estádios pode ser

explicada pela necessidade de reserva energética que será utilizado pelas larvas de

último estádio, durante sua metamorfose, na produção de seda para a confecção do

casulo, e durante o desenvolvimento de suas gônadas (Ross & Merritt 1979; Hamada

1989). Entretanto, o aumento nessa taxa de crescimento entre os dois últimos estádios

pode estar relacionado, supostamente, com a diferença no comprimento da largura da

cápsula cefálica entre machos e fêmeas desta população.

CONCLUSÃO

Mediante os resultados apresentados, foi observado que o comprimento lateral

da cápsula cefálica foi a estrutura que melhor delimitou os setes estádios larvais para a

população de P. incrustata encontrada no rio Pium (Nísia Floresta / RN); e que, a

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diferença evidenciada no número de estádios larvais para esta espécie, quando

comparada com outros trabalhos, pode estar relacionadas com a influência dos fatores

ambientais (como temperatura e oferta alimentar) sobre o ciclo de desenvolvimento

larval.

AGRADECIMENTOS

A CAPES pela concessão da bolsa de auxílio e ao preprietário do Sítio

Aconchego pro permitir a realização do trabalho de campo em sua propriedade.

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41

Artigo II

Ocorrência Sazonal e a Influência dos Fatores Ambientais Sobre os Imaturos de

Psaroniocompsa incrustata (Lutz, 1910) (Diptera: Simuliidae) Encontradas no Rio

Pium, Município de Nísia Floresta, Rio Grande do Norte, Brasil.

ADRIELE N. B. DA SILVA & HERBET T. A. ANDRADE

Artigo a ser submetido para publicação na Rrevista Brasileira de Entomologia

ISSN: 0085-5626

Revista de QUALIS A (CAPES / MEC)

(Atende aos objetivos 2, 3, 4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

2006

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42

OCORRÊNCIA SAZONAL E A INFLUÊNCIA DOS FATORES AMBIENTAIS

SOBRE OS IMATUROS DE PSARONIOCOMPSA INCRUSTATA (LUTZ, 1910)

(DIPTERA: SIMULIIDAE) ENCONTRADAS NO RIO PIUM, MUNICÍPIO DE

NÍSIA FLORESTA, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.

Adriele N. B. da Silva1 & Herbet T. A. Andrade2

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CB, Depto. De Microbiologia e Parasitologia, Av. Salgado Filho 300, CEP: 59970-000 Natal – RN. E-mail: [email protected] 2Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected] _______________________________________________________________

ABSTRACT: Seasonal occurrence and environmental factors influence in immature

stages of Psaroniocompsa incrustata (Diptera: Simuliidae) found in the Pium river,

Nisia Floresta city, RN, were studied at wet (April-July/2005) and dry season

(November/2005-January/2006). The physical water factors: pH, temperature, width,

depth, stream velocity and discharge were measured at the same interval. The

precipitation data was obtained by the Estação Climatológica of UFRN. Larvae and

pupa densities had seasonality results with rather abundance in dry period. The

immature forms of P. incrustata correlated significantly with river water pH, speed and

precipitation rates.

KEYWORDS: Immature stages; Pium river; Psaroniocompsa incrustata; Seasonal

abundance; Simuliidae.

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43

RESUMO: Foram estudadas a ocorrência sazonal e a influência dos fatores ambientais

sobre os imaturos de Psaroniocompsa incrustata (Diptera: Simuliidae) encontradas no

rio Pium, RN. Imaturos de P. incrustata foram coletadas no rio Pium, município de

Nísia Floresta, RN, tanto no período de chuva (abril a julho / 2005) como no período de

seca (novembro / 2005 a janeiro / 2006). O pH, temperatura, largura, profundidade,

velocidade da água e vazão foram mensurados no mesmo período de amostragem. Os

dados acumulados da precipitação pluviométrica foram fornecidos pela Estação

Climatológica da UFRN. A densidade de larvas e pupas variou sazonalmente, tendo

uma maior abundância coletada no período de seca. Os imaturos de P. incrustata

correlacionaram-se significativamente com o pH, a velocidade do rio e a precipitação

pluviométrica.

PALAVRAS-CHAVES: Abundância sazonal; Estágios imaturos; Psaroniocompsa

incrustata; Rio Pium; Simuliidae.

______________________________________________________________________

Os simulideos são insetos vulgarmente conhecidos em nosso meio como

borrachudos, no sul e sudeste do país, e/ou piuns, na região norte e nordeste. A

simuliofauna até 2002 era de aproximadamente 1.800 espécies em todas as regiões

zoogeográficas (Crosskey & Howard 2004).

Por serem considerados insetos incômodos, pela ação e lesões secundárias em

virtude de suas picadas, e por serem transmissoras de agentes patógenos ao homem e

animais dométicos, os simulideos podem ocasionar sérios problemas sócio-econômico-

sanitários em regiões de incidências acentuadas (Crossskey 1990; Andrade 2001). Do

ponto vista médico-sanitário algumas espécies de simulídeos estão associadas à

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transmissão de duas filarias: Onchocerca volvulus (Leuckart) e Mansonella ozzardi

(Manson), que causam a oncocercose e mansonelose, respectivamente (Cerqueira 1959;

Crosskey 1990).

Estudos dos fatores físico-químicos do ambiente e bioecologia de simulídeos são

importantes, pois é uma maneira de viabilizar métodos de controle efetivo contra estes

insetos. No Brasil existem várias informações na literatura que tratam sobre a

bioecologia de simulídeos: caracterização do criadouro (Dellome-Filho 1991; Hamada

1993; Pepinelli et al. 2005), influência dos fatores ambientais sobre os imaturos de

simulideos (Moreira et al. 1994; Hamada & McCreadie 1999; Strieder et al. 2006),

colonização de substratos (Dellome-Filho 1992; Hamada et al. 1997; Pepinelli &

Strixino 2002; Figueiró et al. 2006), caracterização alimentar (Lozovei 1994; Alencar et

al. 2001; Gomes et al. 2002) e predadores de imaturos (Magni & Py-Daniel 1989;

Darwich et al. 1989; Hamada 1998).

Na região do nordeste brasileiro são escassos os trabalhos sobre a biologia de

simulídeos, podendo citar os de: Almeida et al. (1999), na qual forneceram informações

gerais a respeito da distribuição geográfica, biologia, ecologia e caracterização dos

criadouros sobre a simuliofauna do nordeste brasileiro; Medeiros et al. (1999), onde

verificaram a além da preferência larval de P. incrustata por substratos artificiais de

diferentes cores, também observaram a sazonalidade dessa espécie no rio Pium, RN; e

o de Andrade et al. (2000), que observaram a predação de imaturos de simulideos por

Poecilla vivipara, no rio Ceará Mirim, RN.

P. incrustata é uma espécie de simulídeo considerada antropofílica e de ampla

distribuição na América Latina (Coscarón 1991). No Rio Grande do Norte, ate o

presente momento, é ela a única espécie de simulideos que apresenta atividade

hematofágico; sendo suas picadas incômodas para a população local (Almeida et al.

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1999). Diante disto, o presente trabalho objetiva analisar a variação na abundância

sazonal dos imaturos da população de P. incrustata, bem como a influência dos fatores

ambientais sobre estes imaturos, além de caracterizar seu criadouro.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvido em um criadouro de P. incrustata encontrada

em um trecho do rio Pium, localizado no município de Nísia Floresta, Rio Grande do

Norte (Figura 1).

Figura 01: Mapa de localização do ponto de coleta. Fonte: Secretaria de Recusros Hídricos do Rio Grande do Norte.

O rio Pium juntamente com os rios Pirangi, Pitimbu e Taborda, pertencem à

bacia hidrográfica do Pirangi, situado no litoral sul do RN. Esta bacia encontra-se na

unidade morfológica dos Tabuleiros Costeiros, de relevo tabular amplo e pouco

dissecado. Apresenta, predominantemente, um embasamento geológico constituído por

sedimentos quaternários (como dunas, paleodunas, aluviões e coberturas

indiferenciadas) e terciário quaternários do Grupo Barreiras. Segundo Borges (2002), o

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vale do Pium apresenta uma área total de 2.500 hectares e localiza-se especificamente

na parte oriental do litoral no município de Nísia Floresta (RN).

A região apresenta um clima sub-úmido (Medeiros et al. 1999), com duas

estações bem definidas: a estação chuvosa, compreendendo os meses de março a agosto;

e a estação seca, que ocorre entre setembro e fevereiro (Andrade 1992).

As coletas foram realizadas em um único trecho do rio Pium, situado dentro do

Sítio Aconchego, localizado a aproximadamente 10 m da cabeceira da Lagoa do Pium e

demarcado com latitude 05º 58’ 54’’ S e longitude 035º 11’ 47’’ W. O trecho estudado

apresenta um leito arenoso fino, com material orgânico resultante da decomposição da

mata ciliar e da vegetação flutuante e enraizada no leito e nas margens do rio.

Foram realizadas oito coletas, sendo quatro no período de chuva (abril a julho

2005) e quatro no período de seca (outubro a dezembro de 2005 e janeiro de 2006),

abrangendos dois principais períodos climáticos.

Para a obtenção dos imaturos de simulideos foram coletados aproximadamente

60g de substratos vegetais localizados no leito (representante da família

Ceratophyllaceae), a deriva (folhas, galhos) e nas margens (representante da família

Poaceae) do rio; sendo coletados apenas os vegetais que apresentavam os imaturos de

simulideos. Em seguida, esse material era acondicionado em vasilhames plásticos

contendo álcool 80% e transportados para o laboratório, onde ocorreu a triagem.

Durante o período de estudo, para cada coleta, foram obtidas as seguintes

variáveis abióticas: os dados do pH e temperatura da Água (ºC) foram mensurados

através de um pHmetro com termômetro, modelo pH330 e marca WTW. A largura e a

profundidade do trecho em estudo (m), tomados com o auxílio de uma trena de 10

metros. A velocidade (ms-1) e a vazão do rio (m3 s-1) foram determinadas através de

medição indireta. Assumindo o leito do rio como arenoso fino, foi usado o fator de

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correção da velocidade (0,9). Foram fornecidos pela Estação Climatológica da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) os dados da pecipitação

pluviométrica (mm) acumulados de 10 dias antes de cada coleta.

No laboratório de Entomologia da UFRN, os imaturos de P. incrustata e sua

entomofauna associada foram retirados dos substratos vegetais com auxílio de bandeja

plástica, estilete e pinça. Em seguida, tanto os imaturos de P. incrustata quanto a sua

fauna associada eram acondicionados separadamente em tubos plásticos devidamente

etiquetados contento álcool a 70%. A identificação dos simulídeos foi realizada com

base no trabalho de Coscarón (1987). A identificação dos substratos vegetais foi

baseada em Souza & Lorenzi (2005).

Para analisar a relação entre os fatores ambientais do criadouro e a abundância

dos imaturos (larvas e pupas) de P. incrustata, foi utilizado um teste estatístico não

paramétrico (correlação de Spearman), através do programa Systat 8.0 (Zar 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores mínimos, máximos, médias e seus respectivos desvios padrões das

variávies ambientais mensuradas no criadouro estão presentes na Tabela I.

O pH e a velocidade da água variaram sazonalmente, apresentando uma

significativa correlação negativa com a precipitação pluviométrica (-0,736 e -0,592,

respectivamente, p < 0,05). Os valores relativos a temperatura da água, largura,

profundidade e vazão do rio não apresentaram uma amplitude de variação significativa.

O pH da água apresentou seu valor mínimo (5,3) no mês de abril (período de

chuva) e seu valor máximo (5,9) no período de seca (outubro a janeiro). A temperatura

variou de 29,9 ºC (abril) a 24,3 ºC (julho) no período de chuva, já na estação seca foi

observado um menor oscilação (27,7 a 28,9 ºC).

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A largura do treho analisado apresentou maior variação no período de chuva, e

atingiu seu valor máximo no mês de junho (6,70 m), já a menor largura (5,3 m) foi

registrada em janeiro (seca). A profundidade foi maior no período chuvoso, com uma

variação de 0,42 m no mês de abril para 0,76 m em junho. No período de seca, variou

entre 0,60 m e 0,73 m. A velocidade da água apresentou seu valor mínimo de 0,369 ms-1

no período de chuva (abril, maio e julho) e o seu máximo foi de 0,45 ms-1 no período de

seca (novembro e dezembro). A vazão apresentou maior variação no período chuvoso,

com valor máximo em junho (2,16 m3s-1) e mínimo em abril e maio (0,369 m3s-1). Na

estação de seca, a vazão oscilou de 1,67 m3s-1 (janeiro) a 2,07 m3s-1 (dezembro).

O valor de precipitação total na estação chuvosa foi de 791,4 mm e na estação

seca de 8,8 mm. A pluviometria apresentou seu valor máximo no mês de julho de 2005

(396,4 mm) durante o período chuvoso, e seu valor mínimo no mês de janeiro de 2006

(0,0 mm).

Tabela I. Variáveis ambientais encontradas no rio Pium/RN, entre os meses de abril de 2005 a

janeiro de 2006.

Meses pH Temp. Larg. Prof. Veloc. Vazão P. Pluv.

Abril / 05 5,3 29,9 6,26 0,42 0,42 1,10 57,8

Maio 5,6 28,6 6,30 0,58 0,42 0,52 316,1

Junho 5,5 24,8 6,74 0,76 0,45 2,40 396,4

Julho 5,4 24,3 6,4 0,70 0,44 2,00 21,1

Outubro 5,9 28,3 6,5 0,70 0,47 2,13 6,7

Novembro 5,9 27,7 6,4 0,60 0,50 2,00 1,0

Dezembro 5,9 28,9 6,3 0,73 0,50 2,30 1,1

Janeiro / 06 5,9 28,6 6,3 0,63 0,45 1,70 0,0

Temp. = Temperatura (ºC); Larg. = Largura (m); Prof. = Profundidade (m); Veloc. =

Velocidade da água (m/s); Vazão (m3/s); P. Pluv. = Precipitação Pluviométrica (mm).

No que diz respeito aos fatores abióticos mensurados no criadouro, foram

observados dados semelhantes aos encontrados por Medeiros et al. (1999) ao analisarem

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a preferência larval de P. incrustata na colonização de diferentes cores de substratos

artificiais no mesmo rio.

Durante todo o período de amostragem foram observadas tanto a presença de

larvas quanto de pupas de P. incrustata, totalizando 6.743 exemplares; sendo

capturados em maior abundância na estação de seca (Figura 02).

Das 5.258 larvas coletadas, observou-se uma maior abundância das larvas no

período de seca (3.986 larvas, corresponde a 75,80%), principalmente nos meses de

novembro (889 larvas), dezembro (1161 larvas) e janeiro (1488 larvas); sendo esse o

mais representativo. A menor quantidade de larvas ocorreu na estação chuvosa (1.272 –

24,20%), principalmente nos meses de junho (180 larvas), abril (228) e maio (180).

Foram coletadas 1.485 pupas, apresentando um padrão de distribuição

semelhante às larvas, com maior abundância no período de seca (923 pupas – 62,15%),

sendo o mês de novembro o mais representativo (484 pupas – 52,44%). No período de

chuva, a quantidade de pupas foi praticamente constante, com maior quantidade em

abril (135) e menor em julho (144).

Foi verificado maior abundância de imaturos de P. incrustata nos meses

referentes ao período de seca, fato também observado por Medeiros et al. (1999)

utilizando substratos artificiais durante o periodo de um ano.

0200400600800

1000120014001600

A M J J O N D JMeses

Nº L

arva

s

0

100

200

300

400

500

Nº P

upas

Larvas Pupas P. pluviometrica

Figura 2: Relação entre abundância dos imaturos de P. incrustata e a precipitação pluviométriva, no rio Pium, RN, entre o período de abril de 2005 a janeiro de 2006.

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Segundo Kikuchi & Uieda (1998), estudando comunidade de

macroinvertebrados, a menor porcentagem na estação chuvosa, também é atribuída a

aumento da pluviosidade e arraste dos organismos. Huamantinco & Nessimian (1999)

também relataram maior quantidade de larvas no período seco, o que poderia estar

relacionado à estabilidade ambiental. De acordo com Bispo & Oliveira (1998) durante

os meses de chuva, devido um aumento no fluxo da água, ocorre um grande transporte

de organimso rio abaixo.

Moreira et al. (1994) observaram que a densidade dos imaturos de Simulium

nogueirai (D’Andretta & González 1964) encontrados no córrego Tromn (Joinville,

SC), teve uma maior abundância no período de chuva. Isso também foi relatado por

Hamada (1993), ao verificar a abundância das larvas de Coscaroniellum goeldii

(Cerqueira & Nunes de Mello 1967) na Amazônia Central; Coscarón & Coscarón-Arias

(1999), ao analisarem a dinâmica populacional de larvas e pupas de simulideos no rio

Paraná (proximo a cidade de Corrientes, Argentina) e por Pepinelli et al. (2005) ao

observarem as espécies presentes nos córregos do Parque Estadual Intervales (SP).

Para Hauer & Benke (1987) as densidades populacionais mais elevadas dos

organismos no período de chuva poderiam ser explicada pela maior disponibilidade de

alimento para as larvas nesse período.

A variação na abundância dos imaturos de P. incrustata mostrou uma correlação

significativa positiva com o pH e velocidade indicando que existe uma relação direta

entre esses fatores ambientais a abundância dos imaturos (larvas e pupas), ou seja,

correu uma maior abundancia dos imaturos nos meses de pH elevado e maior

velocidade da água. Por outro lado observou-se uma correlação negativa com a

pluviometria, indicando a maior abundancia foi registrada nos meses de menor

pluviometria. (Tabela II).

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Tabela II. Correlação de Spearman entre as variáveis ambientais e os imaturos de Psaroniocompsa incrutata.

Variáveis Larvas Pupas

pH 0,698 0,533

Temperatura 0,108 0,024

Largura - 0,233 - 0,160

Profundidade 0,060 - 0,048

Velocidade 0,517 0,580

Vazão 0,169 0,310

Prec. Pluviométrica - 0,929 - 0,548 (p < 0,05).

A correlação entre a abundância dos imaturos de P. incrustata com a velocidade

da água pode esta relacionada com uma maior fixação das larvas, uma vez que o rio

possui uma baixa velocidade; já a correlação negativa com a precipitação pluviométrica

pode, provavelmente, estar relacionado com oviposição das fêmeas e uma maior oferta

de substrato vegetal para a e fixação das larvas neste período.

Para Carlsson (1967) a velocidade da água é um fator importante na tendência

migratória das larvas de simulideos, e a precipitação pluviométrica é um fator ambiental

que influencia a atividade dos adultos desta família. Para Crosskey (1990), a velocidade

é o fator ecológico mais importante na distribuição populacional dos simulideos.

Coscarón & Coscarón-Arias (1999) observaram que os imaturos de simulideos eram

encontrados em trechos de fortes correntes, onde a velocidade da água eram superiores a

0,7 ms-1, e que eles apresentaram uma correlação negativa para temperatura da água,

vazão, solidos dissolvidos.

Hamada (1993) apesar de verificar uma maior abundância das larvas

Coscaroniellum goeldii no período de chuva, não encontrou nenhuma correlação

significativa entre a dinâmica numérica das larvas e a precipitação pluviométrica.

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CONCLUSÃO

Diantes dos resultados apresentados, pode-se concluir que a abundância dos

imaturos de P. incrustata apresenta uma variação, sendo encontrada em maior

quantidade no período de seca; e que o pH, a velocidade da água e a pluviometria

constituíram o conjunto de fatores que mais interferiram na densidade dos imaturos

desta espécie.

AGRADECIMENTOS

A CAPES pela concessão da bolsa de auxílio e ao preprietário do Sítio

Aconchego pro permitir a realização do trabalho de campo em sua propriedade.

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5. DISCUSSÃO GERAL

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Com a utilização do gráfico de frequência do comprimento lateral da cápsula

cefálica e caracteres morofológicos, foi possível delimitar sete estádios larvais para a

população de P. incrustata encotrada no rio Pium (Nísia Floresta / RN).

As medidas do comprimento da antena e da distância entre os apódemas

cefálicos apresentaram valores sobrepostos entre os estádios, mostrando-se ineficaz para

a delimitação dos mesmos na população de P. incrustata encontradas no rio Pium. Para

McCreadie (1991), as medidas laterais da cabeça oferecem uma maior confiabilidade

nos resultados em estudos relacionados na determinação de estádios larvais em

simulideos.

O comprimento lateral da cápsula cefálica como estrutura na delimitação dos

estádios também se mostrou eficiente em estudos realizados por: Ross & Merritt (1978),

Ross & Craig (1979), Gorayeb (1981), Baba & Takaoka (1991), Cunha et al. (1998) e

Alencar et al. (2001). Em contra partida, essa estrutura não foi eficaz na delimitação

dos estádios nas pesquisas desenvolvidas por Pepinelli & Strixino (2003) e Andrade et

al. (2004).

Para Pepinelli & Strixino (2003), o comprimento lateral da cápsula cefálica não

foi um bom parâmetro morfométrico, provavelmente, pela curvatura lateral da cabeça,

que poderiam resultar em medidas imprecisas dessa estrutura; embora seja uma

estrutura utilizada com uma maior freqüência na determinação dos instares. Já Andrade

et al. (2004), atribui este fato a um número pequeno de exemplares utilizados para este

fim.

Todavia, para Pepinelli & Strixino (2003) e Andrade et al. (2004), o

comprimento da antena foi a estrututra que melhor delimitou o número de estádios

larvais para S. nigrimanum e H. brachyclada, respectivamente.

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Temperatura do criadouro, disponibilidade de alimento, sazonalidade e sexo, são

fatores que podem influenciar na variação do número de estádios larvais em simulídeos

(Craig, 1975; Colbo & Porter, 1979 e 1981; Ross & Merritt, 1978; Ross & Craig, 1979).

Estando sob condições ambientais diferentes, foi evidenciada diferença no

número de estádios larvais entre as populações de P. incrustata proveniente do rio Pium

com a encontrada por Cunha et al. (1998) no rio São João (PR); apresentando sete e oito

estádios, respecitvamente.

Diferença no número de estádio larvais foi evidenciado por Melo (2001), ao

verificar o número de estádios larvais para s população de Simulium oyapockense s.I.

Floch & Abonnenc (1976), provenientes de Paraíso (São Grabiel da Cachoeira, AM) e

sete para a população da Cachoeira Bem-Querer (Caracaraí, RR). Entretanto, Alvan-

Aguilar & Hamada (2003) não observaram diferenças no número de estádios para as

populações de Hemicnetha rubrithorax encontradas em Roraima e Minas Gerais. Para

estes autores, os fatores ambientais nas áreas de estudos não são significativamente

diferentes para afetar no desenvolvimento larval quando comparado com a região

temperada.

Analisando a ocorrência sazonal dos imaturos de P. incrustata, observou-se que

durante o período de seca coletou-se um número maior de larvas e pupas quando

comparada com a estação chuvosa. Este fato pode, provavelmente, estar relacionado

com uma maior oferta de substrato vegetal para a oviposição das fêmeas e fixação das

larvas na estação de seca.

Segundo Kikuchi & Uieda (1998), a menor percentagem de organismos na

estação chuvosa, também é atribuída a aumento da pluviosidade e arraste dos

organismos. Para Huamantinco & Nessimian (1999) este fato poderia estar relacionado

à estabilidade ambiental. De acordo com Bispo & Oliveira (1998) durante os meses de

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chuva, devido ao aumento no fluxo da água, ocorre um grande transporte de organimso

rio abaixo.

A maior abundância dos simulídeos na estação de chuva foi registrado por

Moreira et al. (1994), Hamada (1993), Coscarón & Coscarón-Arias (1999) e por

Pepinelli et al. (2005). Para Hauer & Benke (1987) as densidades populacionais mais

elevadas no período de chuva poderiam ser explicada pela maior disponibilidade de

alimento para as larvas nesse período. Segundo Travis et al. (1979), essa dinâmica

sazonal no período chuvoso pode ter sido causada por manipulação no fluxo d’água.

A influência dos fatores abióticos sobre os imaturos de P. incrustata, mostrou

que tanto as larvas quanto as pupas apresentaram uma significativa correlação positiva

com o pH e a velocidade; já com a precipitação pluviométrica, os imaturos

correlacionaram de maneira negativa, coincidindo justamente com o período de seca.

Para Carlsson (1967) a velocidade da água é um fator importante na tendência

migratória das larvas de simulideos, e a precipitação pluviométrica é um fator ambiental

que influencia a atividade dos adultos desta família. Para Crosskey (1990), a velocidade

da água é o fator ecológico mais importante na distribuição populacional dos

simulideos. Hamada (1993) apesar de verificar uma maior abundância das larvas

Coscaroniellum goeldi no período de chuva, não encontrou nenhuma correlação

significativa entre a dinâmica numérica das larvas e a precipitação pluviométrica.

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6. CONCLUSÃO GERAL

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Baseado nos objetivos propostos pode-se concluir que:

• A análise morfométrica das larvas de P. incrustata apontaram a presença de sete

estádios larvais; havendo portanto, uma variação quanto ao número de estádios

nas populações desta espécie no Brasil;

• A maior representatividade dos imaturos de P. incrustata deu-se no período de

seca quando comparada à estação chuvosa, podendo estar relacionada com uma

maior oferta de substrato vegetal neste período;

• O pH, a velocidade da água e a precipitação pluviométrica foram as variáveis

ambientais que mais interferiram na densidade dos imaturos de P. incrustata.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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