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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação 18 GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação Estado e movimentos sociais: para qual direção caminham os diálogos entre o governo federal durante a gestão do PT e as organizações da classe trabalhadora? Rafaela Vieira * Resumo: Neste trabalho pretendemos debater as relações entre Estado e movimentos sociais, assim como e as possibilidades (ou não) de transformação social a partir da participação dos grupos organizados da classe trabalhadora nos espaços institucionais. Temos como recorte o Brasil contemporâneo e os diálogos que o governo federal, durante a gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), empreende com os movimentos sociais. Para tanto consideramos: o debate histórico e teórico acerca do papel do Estado; as formas de luta da classe trabalhadora; as estratégias utilizadas pela classe dominante para manter sua hegemonia; no que tange à especificidade brasileira, os vínculos históricos entre o PT e os movimentos sociais; o processo de transformismo sofrido pelo partido. Por fim, trazemos uma análise preliminar acerca do governo do PT, indagando qual a função desempenhada pelos diálogos que este realiza com os movimentos sociais nos espaços institucionais. Palavras-chave: Estado; Movimentos sociais; PT; Governo federal; Cooptação. 1- Introdução A gestão do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo federal – iniciada com Luís Inácio Lula da Silva, em 2003, e tendo continuidade com Dilma Rousseff a partir de 2011 – conquistou o apoio de amplos setores sociais, e é considerada progressista por grande parte dos intelectuais. Por outro lado, uma parcela de pensadores do campo da esquerda identifica no governo do PT uma orientação para a defesa dos interesses do grande capital, * Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSS/UFRJ); bolsista da CAPES; bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF); licencianda em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). E-mail: [email protected]

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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro”

ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013

GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação 18

GT 2. Estado, ideologias e meios de comunicação

Estado e movimentos sociais: para qual direção caminham os diálogos entre o governo federal durante a gestão do PT e as organizações da classe trabalhadora?

Rafaela Vieira*

Resumo: Neste trabalho pretendemos debater as relações entre Estado e movimentos sociais, assim como e as possibilidades (ou não) de transformação social a partir da participação dos grupos organizados da classe trabalhadora nos espaços institucionais. Temos como recorte o Brasil contemporâneo e os diálogos que o governo federal, durante a gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), empreende com os movimentos sociais. Para tanto consideramos: o debate histórico e teórico acerca do papel do Estado; as formas de luta da classe trabalhadora; as estratégias utilizadas pela classe dominante para manter sua hegemonia; no que tange à especificidade brasileira, os vínculos históricos entre o PT e os movimentos sociais; o processo de transformismo sofrido pelo partido. Por fim, trazemos uma análise preliminar acerca do governo do PT, indagando qual a função desempenhada pelos diálogos que este realiza com os movimentos sociais nos espaços institucionais. Palavras-chave: Estado; Movimentos sociais; PT; Governo federal; Cooptação.

1- Introdução

A gestão do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo federal – iniciada com Luís

Inácio Lula da Silva, em 2003, e tendo continuidade com Dilma Rousseff a partir de 2011

– conquistou o apoio de amplos setores sociais, e é considerada progressista por grande

parte dos intelectuais. Por outro lado, uma parcela de pensadores do campo da esquerda

identifica no governo do PT uma orientação para a defesa dos interesses do grande capital,

* Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSS/UFRJ); bolsista da CAPES; bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF); licencianda em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). E-mail: [email protected]

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e percebe um caráter paliativo nas políticas sociais implementadas por Lula e Dilma.

Um dos principais diferenciais desta gestão em relação ao governo de Fernando

Henrique Cardoso (1995-2002) diz respeito à sua relação com os movimentos sociais.

Diferentemente do período tucano, marcado por maior truculência no enfrentamento às

manifestações sociais, o governo Lula privilegiou o consenso, mostrando-se aberto ao

diálogo e às negociações, notadamente nas conferências. Com sua sucessora, a agenda

institucional segue em ritmo acelerado.

Devemos lembrar que a participação popular nos espaços institucionais foi uma das

bandeiras da luta pela redemocratização brasileira na década de oitenta. Vistos por este

prisma, os diálogos que o governo federal empreende com os movimentos sociais podem

ser entendidos como uma possibilidade de intervenção dos trabalhadores nos processos

decisórios. No entanto, como sustenta Iamamoto (2006), o sentido da participação da

sociedade civil em espaços públicos não está previamente definido, podendo levar a

experiências democráticas ou “estimular vícios populistas e clientelistas no trato da coisa

pública” (IAMAMOTO, 2006, p. 28).

Dessa forma, neste trabalho pretendemos debater as relações entre o Estado

brasileiro em sua atual configuração, isto é, sob o governo do PT, e os movimentos sociais

deste país, buscando pensar para qual direção caminham os diálogos entre o governo

federal e os grupos organizados da classe trabalhadora. Isto é, se promovem conquistas

sociais efetivas ou acabam levando, de certa forma, à cooptação dos movimentos sociais

que participam dos diálogos com o governo federal.

Para buscar compreender o atual contexto brasileiro, consideramos necessário

realizar um resgate teórico acerca do papel do Estado, dos meios utilizados pela classe

dominante para a manutenção de sua hegemonia, das lutas da classe trabalhadora e das

possibilidades (ou não) de transformação social a partir da sua participação nos aparelhos

do Estado burguês.

Além disso, traçamos um breve histórico sobre as transformações do PT desde sua

fundação, em 1980, até a chegada de Lula à presidência da república. Finalmente, trazemos

considerações sobre a relação entre o atual governo federal brasileiro e os movimentos

sociais deste país.

2- O debate teórico acerca do papel do Estado e da possibilidade (ou não) de

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transformação social a partir da participação da classe trabalhadora nos aparelhos

do Estado burguês

Os teóricos marxistas clássicos pensaram o Estado como um instrumento para a

manutenção da dominação de uma classe sobre a outra. Para Engels (1995), o Estado

surgiu concomitantemente à propriedade privada e à divisão da sociedade entre os

proprietários e os não-proprietários, sendo seu papel primordial defender as estruturas que

permitem essa divisão. Assim, na concepção desse teórico, e também em Marx, o Estado

acaba por despolitizar a sociedade (COUTINHO, 1994, p. 20). Na esteira desse

pensamento, Lênin (1983) defendeu que a construção de uma nova sociedade somente

seria possível a partir da supressão imediata do Estado burguês e construção de um novo

tipo de instituição, um Estado proletário.

Coutinho (1994) considera que estes autores desenvolveram essa percepção por

partirem das experiências vivenciadas em seu tempo e espaço, isto é, Marx e Engels no

século XIX, Lênin na Rússia czarista. Porém, a partir do final do século XIX, os países

centrais experimentaram uma ampliação do Estado (GRAMSCI, 1991), à medida que este

absorveu demandas vindas da classe trabalhadora. Com isso, foi possível a elaboração de

uma nova concepção acerca do Estado, inaugurada por Gramsci. O pensador italiano

acredita que o Estado não é propriamente um instrumento da classe burguesa, mas fruto

das múltiplas relações sociais que configuram uma formação social, e, portanto, absorve os

conflitos nela existentes.

Todavia, parte dos autores marxistas percebe um caráter funcional na concessão de

direitos sociais pelo Estado burguês. Para Iamamoto e Carvalho (1983, p. 93), tais

conquistas são usadas “como meio de interferir e de mobilizar controladamente os

movimentos sociais, ao mesmo tempo em que deslocam as contradições do campo

explícito das relações de classe, absorvendo-as dentro das vias institucionais”.

Seguindo a linha de análise gramsciana, assim como o Estado, a sociedade civil,

que para Marx estava na esfera da infraestrutura, está no plano superestrutural (BOBBIO,

2005). É no interior dela que se formam os aparatos ideológicos através dos quais se torna

possível a construção de uma nova hegemonia. É nesse sentido que Gramsci identifica as

instituições da sociedade civil como aparelhos privados de hegemonia.

Segundo a interpretação de Coutinho (1992) sobre os estudos do pensador italiano,

nas sociedades onde o Estado se ampliou, é possível que lutas por transformações radicais

aconteçam “no âmbito da 'sociedade civil', visando à conquista do consenso da maioria da

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população, e [orientando-se], desde o início, para influir e obter espaços no seio dos

próprios aparelhos de Estado, já que esses são agora permeáveis à ação das forças em

conflito” (COUTINHO, 1992, p. 37. Grifo do autor).

Toledo (2009), no entanto, pondera que a idealização dos regimes democráticos tem

tido um efeito mistificador ao obscurecer as condições desiguais em que as camadas

subalternas inserem-se nesse processo, bem como ao ignorar que os proprietários não se

renderão tão facilmente às vontades da maioria se não se sentirem contemplados pelas

mesmas. Assim, o autor critica a dicotomia colocada por Coutinho entre os conceitos de

guerra de posição (conquista de hegemonia) e guerra de movimento (ruptura

revolucionária), propostos por Gramsci. Toledo considera que a guerra de movimento é o

momento ápice do processo transitório, sendo a guerra de posição necessária para preparar

esse momento.

Portanto, também aqui se torna fundamental o papel dos aparelhos de hegemonia.

Para nossa análise cabe ressaltar os partidos políticos da classe trabalhadora e, sobretudo,

os movimentos sociais classistas.

Por partidos políticos da classe trabalhadora entendemos os organismos partidários

formados com a proposta de construção de um novo projeto societário, voltado para os

interesses dos trabalhadores. Cabe resgatar Lênin (1988), segundo o qual, é através do

partido que as vanguardas devem incitar aqueles que estão descontentes com uma questão

específica a questionar todo o regime político.

Por movimentos sociais classistas, incluindo os sindicatos, entendemos as

organizações destinadas a empreender lutas coletivas não apenas pela transformação social,

haja vista as adversidades do período em que vivemos, mas que objetivem a ampliação dos

direitos sociais da classe trabalhadora em geral e a melhoria das condições de vida da

mesma de forma mais imediata. Fazemos essa distinção entre esses movimentos e aqueles

identificados como identitários por considerar que os últimos, a priori, se voltam para a

luta pela ampliação de seus direitos civis dentro da sociedade capitalista. Os movimentos

classistas, por sua vez – ainda que no atual momento histórico também visem, em sua

maioria, mudanças no interior do capitalismo –, possuem a especificidade de poder gerar,

através de sua organização, a consciência de classe, elemento primordial para a luta dos

trabalhadores pela transformação social.

No entanto, na luta de classes a burguesia busca, de diferentes formas, manter sua

hegemonia. Se até o final do século XIX, o meio utilizado para tanto era prioritariamente a

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repressão, sendo o Estado coativo um aliado nesse sentido, posteriormente o consenso

passou a ser um importante instrumento para este fim, o que se deve à maior organização

da classe trabalhadora, que exigiu medidas mais eficientes por parte da classe dominante.

É nesse sentido que está compreendida a citação de Iamamoto e Carvalho transcrita

acima. Para parcela dos pensadores do campo da esquerda, o Estado em seu estágio

ampliado permanece sendo um instrumento da burguesia. Dessa forma, as políticas sociais

acabam adquirindo, de acordo com essa concepção, uma função geradora de consenso,

com vistas a garantir a manutenção do status quo. Da mesma maneira são percebidos os

diálogos e as negociações entre Estado e movimentos sociais.

Ao falarmos de hegemonia burguesa, é preciso lembrarmos de outro conceito de

Gramsci: o transformismo. Segundo Coelho (2005), transformismo pode ser assim

definido:

1) absorção, em caráter individual ou “de grupo” e obtida por

diferentes “métodos”, de intelectuais (“elementos ativos”) das

classes subalternas pelas classes dominantes. Nele estão implicados:

2) a modificação “molecular” dos grupos dirigentes, sua ampliação e

3) a produção da desorganização política das classes subalternas. A

concepção do transformismo como mecanismo de atração de

intelectuais exige, por fim, que se considere o 4) poder de atração de

cada classe, que varia principalmente em função da sua

“condensação ou concentração orgânica”. (COELHO, 2005, p. 465)

Partindo desse pressuposto, podemos pensar as mudanças de direcionamento

político de inúmeros partidos políticos, movimentos sindicais e sociais ao longo da

história. No Brasil, um dos maiores exemplos é o Partido dos Trabalhadores (PT).

3- As transformações do PT: da fundação ao governo Lula

Surgido no final da década de setenta,1 o PT foi concebido no seio dos movimentos

sociais que eclodiram naquele período, como o “novo sindicalismo” e os movimentos

populares ligados aos setores progressistas da Igreja Católica, dentre outros. Estes

transformaram em contestações as inúmeras insatisfações da classe trabalhadora brasileira

em relação ao regime militar e às condições de vida e trabalho em que a mesma se

encontrava. Nesse contexto, e aproveitando a abertura política proposta pelo regime,

1 A fundação oficial do Partido dos Trabalhadores (PT) aconteceu em 1980, mas ele começou a ser pensado no ano anterior.

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determinados segmentos desses movimentos, assim como quadros intelectuais

preocupados com a reorganização partidária e diversas organizações de esquerda,

perceberam a necessidade da criação de um partido construído pelos e para os

trabalhadores, como expressa o seguinte trecho do Manifesto de fundação do PT:

Após prolongada e dura resistência democrática, a grande novidade

conhecida pela sociedade brasileira é a mobilização dos

trabalhadores para lutar por melhores condições de vida para a

população das cidades e dos campos. (...) Mas, tendo de enfrentar

um regime organizado para afastar o trabalhador do centro de

decisão política, começou a tornar-se cada vez mais claro para os

movimentos populares que as suas lutas imediatas e específicas não

bastam para garantir a conquista dos direitos e dos interesses do

povo trabalhador. Por isso, surgiu a proposta do Partido dos

Trabalhadores. (PARTIDO DOS TRABALHADORES, 1980)

Embora nunca tenha sido um partido revolucionário no sentido leninista,

apresentando-se, desde o início, como uma alternativa eleitoral, durante os anos oitenta o

PT expressava um forte caráter classista e vislumbrava a superação do capitalismo,

reivindicando a construção do socialismo, ainda que sem se preocupar em dar muitas

definições de como seria esse “socialismo”. Mesmo acreditando que a transformação social

se daria a partir da via eleitoral, esta era, segundo o projeto majoritário do PT, um meio

para colocar os instrumentos de poder a serviço da classe trabalhadora.

Mesmo que o partido recusasse seu enquadramento em formulações pré-definidas,

podemos considerar que a estratégia adotada vinculava-se à guerra de posição tal qual

pensada por Coutinho, isto é, dissociada da guerra de movimento. Ainda assim, o PT se

propunha a representar os interesses das camadas subalternas contra a exploração

capitalista e, além disso, organizar os diversos segmentos da classe trabalhadora em uma

ação conjunta pela construção de uma alternativa societária.

O partido esteve presente nas lutas de outras organizações classistas surgidas

naquele momento, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada em 1983, e o

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fundado em 1984. Dessa forma,

durante seus primeiros anos, o PT preservou forte ligação com os movimentos sociais

urbanos e rurais, defendendo de forma contundente as demandas colocadas por estes e suas

formas de luta. Isso levou a força da campanha de Lula nas eleições presidenciais de 1989

a assustar a burguesia e os setores mais conservadores da sociedade brasileira. No entanto,

por uma diferença pequena de votos, o candidato petista foi derrotado por Collor de Mello.

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Contudo, nesta época o Brasil estava na contramão do que acontecia no resto do

mundo. Desde a década de setenta, os países centrais e parte da periferia do capitalismo já

haviam sido assolados pela ofensiva empreendida pela burguesia, cujo intento era enfrentar

a queda da taxa de lucro num contexto de crise do capital. As estratégias de superação da

crise, como a reestruturação produtiva e o neoliberalismo, provocaram efeitos devastadores

à classe trabalhadora, como, por exemplo, o desemprego e a precarização das condições de

vida e trabalho. Ocorria também o desmonte do “socialismo real”, que teve seu ápice em

1989, com a queda do Muro de Berlim. Somou-se a isso a crise dos paradigmas e a adoção

das ideias pós-modernas por significativa parcela dos intelectuais do campo da esquerda.

Esse conjunto de determinantes levou à flexibilização dos partidos de esquerda e à crise do

movimento sindical.

O Brasil foi atingido por esse quadro a partir de 1990. Entretanto, aqui as

consequências tiveram uma dimensão ainda maior, em virtude da condição sócio-histórica

do país. A CUT também se alinhou ao que acontecia em outras regiões, adotando o

“sindicalismo de resultado”, em detrimento do “sindicalismo de confronto” (ALVES,

2000). Sua corrente majoritária priorizou uma estrutura sindical mais cooperativa e

participativa. Essa decisão condizia, naquele momento, com a estratégia capitalista de

adequar o sindicalismo às suas necessidades de produtividade e geração de consenso,

visando minar os setores combativos.

O PT, por sua vez, assim como diversos outros partidos de esquerda em todo o

mundo, sofreu um gradual processo de moderação e flexibilização, tanto no plano das

formulações político-programáticas, quanto na sua relação com os movimentos sociais. Na

prática, isso foi demonstrado a partir da constante revisão do programa político2 e do

afastamento das lutas sociais.

O projeto de superação do capitalismo deixou de figurar nas resoluções do partido,

o que demonstra que na nova concepção dos dirigentes petistas o capitalismo é

insuperável. No lugar disso, ganhou espaço a crítica ao neoliberalismo. O debate não era

mais sobre o fim do capitalismo, mas sobre “qual” capitalismo (COELHO, 2005).

O partido também experimentou um processo de burocratização que, segundo

Garcia (2000, 2008), teve início em 1988, quando passou a governar um número maior de

prefeituras, tendo gozado de grande crescimento eleitoral nos anos noventa. Isso o levou a

se preocupar, prioritariamente, em ganhar eleições, perdendo de vista um projeto

2 Cf. IASI (2006).

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alternativo de sociedade. Nesse sentido, o partido foi atingido pela dialética das conquistas

parciais, que, de acordo com Mandel (1980), consiste em colocar a defesa do que já foi

conquistado à frente das lutas por novas vitórias, perdendo, dessa forma, o horizonte de

utopia. Com isso, o PT se afastou do cotidiano das lutas da classe trabalhadora. Os

vínculos com os movimentos sociais mantiveram-se; todavia, tornaram-se cada vez mais

restritos ao plano institucional e formal.

Entretanto, como analisa Coelho (2005), mesmo estando os dirigentes do partido

convencidos da impossibilidade de superação do capitalismo, o PT ainda se apresentava

como uma alternativa à política desempenhada no Brasil, haja vista que era crítico ao

neoliberalismo – introduzido por Collor e aprofundado por Fernando Henrique Cardoso

(FHC) – e à corrupção observada em todas as esferas de poder. Isso levou a que a

confiança depositada pelos movimentos nas administrações petistas locais, das quais

muitas lideranças sociais faziam parte, os fizessem diminuir o ritmo das lutas. Para o autor,

ao abafar as contestações à ordem, o partido acabou por se revelar uma “esquerda para o

capital”.

O PT crescia eleitoralmente, no entanto, Lula passou por mais duas candidaturas à

presidência frustradas na década de noventa, já que ele foi derrotado por FHC em 1994 e

1998. Este foi outro fator que levou os dirigentes petistas a flexibilizarem as formulações

programáticas e a ampliarem o arco de alianças partidárias. Primeiramente com a intenção

de conquistar o eleitorado mais conservador, passando a também se preocupar em

conquistar a confiança do capital, como pode ser claramente constatado na campanha

eleitoral de 2002.3

No entanto, a eleição de Lula em 2002 representou, em boa medida, uma forma de

oposição popular às políticas implementadas por FHC. Lembramos que na virada do

século XX para o XXI, a América Latina passava por um período de fortes

questionamentos ao ideário neoliberal. Mobilizações populares foram capazes de derrubar

presidentes em países como Equador, Argentina e Bolívia (SADER, 2009). O Brasil, por

sua vez, vivenciava uma grave crise, levando muitos a acreditarem que aquele era um sinal

de esgotamento do modelo vigente. Até então, o PT representava, neste país, o principal

3 Isso pode ser visualizado em alguns exemplos, a começar pela escolha do candidato a vice-presidente, José de Alencar, um dos maiores empresários do setor têxtil e membro de um partido que sempre foi favorável às políticas liberais, o Partido Liberal (PL). Outros exemplos são a busca pelo apoio de políticos conservadores, tais como Antônio Carlos Magalhães (ACM) e José Sarney; o lançamento da “Carta ao Povo Brasileiro”, cujo conteúdo garantia que todos os contratos do país seriam honrados e o superávit primário mantido por um governo do PT; e o fato de Lula ter aceitado, assim como os outros três principais candidatos à presidência – José Serra, Ciro Gomes e Anthony Garotinho –, assinar um documento se comprometendo a, se eleito, cumprir o acordo que FHC havia assumido com o FMI.

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opositor do neoliberalismo. Foi em tal contexto que a campanha presidencial de Lula

ganhou força naquele ano.

No que tange aos movimentos sociais, Lesbaupin (2010) afirma que estes

devotaram grande apoio à candidatura do petista, pois acreditavam que Lula adotaria uma

outra política econômica e atenderia a importantes demandas, como a reforma agrária,

melhores salários, a defesa do funcionalismo público, a demarcação das terras indígenas

etc.

Em 2003, se tornou presidente da república, pela primeira vez na história do país,

um homem de origem operária, ex-líder sindical e principal ícone do maior partido

constituído por trabalhadores da América Latina. Com Lula, pareciam ter chegado ao

Palácio do Planalto as esperanças de uma parcela da classe trabalhadora que lutou por

mais de vinte anos para ter seus interesses representados no cenário político. O governo

Luís Inácio Lula da Silva, no entanto, deu continuidade à política econômica que tanto o

novo presidente quanto seu partido criticaram enfaticamente ao longo dos dois mandatos

de FHC e durante a campanha eleitoral de 2002.

4- Diálogos entre os movimentos sociais e o governo federal durante a gestão petista:

para qual direção caminham?

Segundo Lesbaupin (2010), o que diferenciou o governo Lula do anterior é que

mesmo estando direcionado para a defesa dos interesses do grande capital, ele buscou

apresentar-se como um “governo do povo”. Além de implementar políticas assistenciais,

promoveu aumento do salário mínimo e dos postos de trabalho. Aos movimentos sociais

procurou mostrar-se como um espaço de diálogo, aberto às negociações, chamando suas

lideranças a uma suposta participação, notadamente nas conferências. Porém, o autor

pondera que entre participação e decisão política há uma grande diferença, e o governo

cedeu apenas nos pontos que julgou conveniente.

O sociólogo acredita que a forma como o governo Lula tratou os movimentos tem

embutida a intenção de desmobilizá-los e dissolver sua combatividade, tarefa na qual

obteve êxito, tendo em vista que, colocando as mudanças dentro dos marcos do

neoliberalismo como “limite máximo de utopia”, conseguiu fazer com que muitos se

contentassem com as pequenas melhorias proporcionadas. Com isso, foi possível controlar

parte das organizações da classe trabalhadora brasileira, mantendo-as como massas de

apoio.

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Todavia, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, em entrevista concedida em

2009,4 rebateu as críticas de que o seu movimento abrandou as ações em virtude das

negociações com o governo federal. Ele afirma que dialogar com os governantes é parte

constitutiva da democracia, e não sinônimo de se subordinar. Seu movimento optou por

adotar essa política de conversação, porém, sem subordinação, o que seria uma tendência

de outros movimentos sociais.

Já a opinião de Oliveira (2010) está em consonância com Lesbaupin. Ele atribui a

grande popularidade do governo Lula ao carisma do presidente, considerando que a grande

identificação das massas populares com a figura deste gerou um fenômeno na história

brasileira: o “lulismo”. Este é comparado pelo autor ao “bonapartismo”, que teria utilizado

o apoio popular para implantar o capitalismo moderno, porém, sem nenhuma participação

do povo. Da mesma forma, mas em outro contexto histórico, Lula fez uso de sua

popularidade para consolidar o “capitalismo mais desavergonhado e mais explorador”

(OLIVEIRA, 2010, p. 43).

Tendo em vista essa análise, que identifica na pessoa de Lula a motriz da

cooptação, é preciso analisar até que ponto o governo de Dilma Rousseff conseguirá

desempenhar o mesmo papel. Todavia, em seu primeiro ano de gestão, a “presidenta”,

como gosta de ser chamada, tem alcançado os mesmo índices de popularidade do seu

antecessor, inclusive entre os movimentos sociais. Segundo a jornalista Bárbara Lopes, em

matéria para a revista Carta Maior, durante a quarta Marcha das Margaridas – maior

manifestação do campesinato feminino no Brasil, realizada em agosto de 2011 –, Dilma

não assumiu compromisso com a Reforma Agrária, mas ainda assim, as camponesas

ficaram satisfeitas com as respostas dadas a algumas de suas reivindicações.5

Alguns autores percebem o atual contexto brasileiro como parte de um processo

mais amplo, para além do carisma de uma personalidade. Em recente artigo escrito em

parceria com Pinheiro e outros (2011), argumentamos que as transformações societárias

das últimas décadas, sobretudo a ideologia neoliberal, levaram a um esvaziamento da

política. Em relação às lutas sociais, por um lado, procura-se atacar as “formas tradicionais

de manifesto da classe trabalhadora, como as greves, as passeatas, os piquetes, as

ocupações e outras”, por outro, “alguns governos de tendência socialdemocrata (...)

recorrem à cooptação das lideranças sociais” (PINHEIRO et al, 2011, p. 104).

4 Entrevista disponível em http://noticias.uol.com.br/politica/2009/08/15/ult5773u2075.jhtm Acesso em

agosto de 2011. 5 Matéria publicada em 18/08/2011.

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Ao analisar o caso brasileiro, identificamos o governo Lula como um tipo ideal ao

capitalismo, haja vista que “a realidade cotidiana dos mais necessitados não permite uma

consciência que respalde a retórica neoconservadora de uniformização das classes sociais.

É nesse sentido que um governo com feição popular (...) faz diferença” (PINHEIRO et al,

2011, p. 107).

Castelo (2011), por sua vez, define as políticas implementadas pela gestão do PT

como um “novo-desenvolvimentismo”, que seria um projeto nacional pautado no

crescimento econômico, com um determinado padrão de intervenção do Estado na

“questão social”. No entanto, os níveis de desigualdade social são mantidos. Esse autor

acredita que esta é uma estratégia encontrada pelo Estado para garantir a acumulação de

capital e a manutenção da ordem, o que sempre foi sua função essencial (CASTELO, 2011,

p. 353).

No entanto, os governos de Lula e Dilma Rousseff são considerados progressistas

por grande parte dos intelectuais. Sader (2010) afirma que a partir de 2003 o Estado

brasileiro voltou a assumir o papel de gestor do desenvolvimento e a garantir os direitos

sociais, tendo reduzido, pela primeira vez na história do país, a desigualdade social. O

autor coloca a gestão petista no que considera o bloco de governos pós-neoliberais da

América Latina, que passaram da luta contra-hegemônica para a construção de uma nova

hegemonia.

Percebe-se, pois, a complexidade na qual está inserida a realidade contemporânea

brasileira, dando margem às mais diversas interpretações. Portanto, é necessário dar

prosseguimento ao estudo da realidade concreta do país, das condições para a

transformação social, partindo do pressuposto de que esta se dá a partir da luta organizada

da classe trabalhadora, que se articula nos movimentos sociais classistas, e para tanto,

necessita da ampliação da consciência de classe dos trabalhadores.

5- Conclusão

Neste trabalho tivemos o objetivo de traçar algumas considerações importantes para

a análise dos diálogos entre o governo federal brasileiro em sua atual configuração e os

movimentos sociais do país, nosso objeto de estudo no curso de mestrado em Serviço

Social.

Partilhamos da compreensão de que o caráter pseudoprogressista dos governos de

Lula e Dilma tem levado a um abrandamento das lutas sociais. Grande parte dos

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movimentos organizados da classe trabalhadora tem se contentado com pequenos

benefícios e adiado a luta por transformações mais estruturais. Todavia, estas reflexões são

ainda preliminares, estando em fase de desenvolvimento.

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