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Defendo veementemente este ponto de vista. Acho que em marketing (não só em marketing, em todas as profissões acaba acontecendo isso, é natural) tendemos a desenvolver iniciativas sempre com pessoas “do meio”. E se subvertêssemos essa prática e incluíssemos no Por F lavio Paiva Data: 03/04/2003 Veículo: www.coletiva.netTRANSCRIPT
Está na hora de você mudar os seus conceitos
Por Flavio Paiva
A propaganda da Fiat está muito boa. Todos nós temos que revisar
sistematicamente nossos conceitos. Embora todas as teorias administrativas digam que a
única coisa que não muda é a mudança, o ser humano tem uma tendência natural ao
conservadorismo. Isso porque toda mudança gera ansiedade, insegurança frente ao novo.
Existe, sem dúvida, a compensação posterior à mudança: diante do novo e do conquistado,
nos sentimos felizes, orgulhosos e confiantes, mas até chegarmos lá, resistimos muito. É da
natureza humana. Mas teremos que mudar isso também. Falando em mudança de
conceitos, li a entrevista de Moysés Simantob na revista Amanhã que está nas bancas
(www.amanhã.com.br, com a pesquisa Top of Mind), que é coordenador do Fórum de
Inovação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP). Está realmente
interessante. Lá pelas tantas, ele afirma que “a diversidade é um item importante.” Ele prega
que inovação raramente acontece por acaso e que devemos induzi-la dentro das empresas. E
um dos pontos importantes para que a inovação aconteça é que as empresas deixem de ter
uma visão única a respeito dos assuntos. Como nosso tema é marketing, tratemos do ponto de
vista de marketing. É muito comum que o lançamento de produtos, campanhas e iniciativas
de marketing sejam integralmente elaboradas por pessoas que vivem disso. Agências de
propaganda, profissionais de marketing, etc. Até aí, nada de anormal, nem pretendo extingüir
as estruturas de marketing existentes. O que falta às empresas é envolver – na discussão do
desenvolvimento e posterior lançamento e gerenciamento dos produtos – pessoas (sejam
consumidores ou não) de outras áreas. Como se comportariam os profissionais de marketing
se lhes fosse possível discutir com médicos, advogados, balconistas, frentistas, motoristas,
enfermeiros, suas iniciativas? Sobre isto, Moysés Simantob afirma: “Tratar um mesmo tema
sob óticas distintas é importante para que as companhias não repitam velhas fórmulas.”
Defendo veementemente este ponto de vista. Acho que em marketing (não só em
marketing, em todas as profissões acaba acontecendo isso, é natural) tendemos a desenvolver
iniciativas sempre com pessoas “do meio”. E se subvertêssemos essa prática e incluíssemos no
debate pessoas “de fora”? Já existem iniciativas semelhantes à que sugiro, como grupos focais,
com consumidores ou prospects. Porém, ainda não constituem a prática diária. A natureza
do ser humano é muito diversa. As possibilidades para as empresas, ao ouvirem pontos de
vista distintos e não usuais, serão imensas. Conhecerão diferentes necessidades e desejos.
Uma questão somente se impõe: como fazer isto? A resposta é simples, a prática não tanto:
ouvindo e dialogando mais com o consumidor, abrindo os poros das empresas, “deixando o sol
entrar” (como diria o musical Hair) e, principalmente, tentando mudar conceitos. Não
podemos mais ficar (profissionais de marketing) vendo somente as pessoas, iniciativas e grifes
de sempre. Dois exemplos “da hora” de que esta prática dá resultado são: as marcas
talibãs, que entraram se desenvolveram e, em alguns casos, lideram territórios dominados por
grandes empresas (ou ignorado por essas). O outro exemplo é o lançamento do Mocinha, o
leite condensado em bisnaga da Leite Moça, que foi desenvolvido pela empresa a partir da
visita às cozinhas das consumidoras e observação das crianças tomando leite condensado na
lata, um tradicional hábito infantil. O ser humano está cada vez mais plural, diversificado,
com interesses variadíssimos e as empresas precisam aprender a ser menos rígidas em suas
práticas, para que obtenham resultados ainda melhores. Campus e Bookman As editoras
estão tirando do forno mais uma leva de novidades, segundo me informaram. Como ainda não
chegaram até mim, só posso recomendar aos leitores que acessem os sites das duas editoras,
se cadastrem e conheçam os lançamentos e títulos de catálogo de alta qualidalde. Campus:
www.campus.com.br Bookman: www.bookman.com.br
Veículo: www.coletiva.net
Data: 03/04/2003