esquemas de teoria do processo a3

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1 Diogo José Morgado Rebelo Teoria DO PROCESSO (- Esquemas para eventual resolução de casos práticos-) Faculdade de direito da Universidade Nova de Lisboa

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Page 1: Esquemas de Teoria do Processo A3

1

Diogo José Morgado Rebelo

Teoria DO PROCESSO

(- Esquemas para eventual resolução de casos

práticos-)

Faculdade de direito da Universidade Nova de

Lisboa

Page 2: Esquemas de Teoria do Processo A3

2

Espécies de Ações

o Ações Declarativas- artigo 10.º/2 e 3 CPC;

o Ações Executivas- artigo 10.º/4, 5 e 6 CPC.

Ações

Declarativas

1- Ações declarativas

de condenação;

2- Ações declarativas

de constitutivas;

(----------------------

-----------------------

---)

3- Ações declarativas

de simples

apreciação.

a) Negativas

b) Positivas

As Ações Declarativas têm como finalidade

a obtenção de uma declaração sobre a

titularidade de um direito ou sobre a

existência de um facto por parte dos

tribunais:

o Elemento fundamental do Processo

Civil

a) Tipos de Ações Declarativas

(Artigo 2.º/1.ª Parte CPC + Artigo 10.º CPC)

1. Ações condenatórias- Ações em que o autor se assume

como titular de um direito, que afirma estar a ser violado,

ou cuja violação é previsível, pretendendo que o órgão

judiciário não declare apenas a existência ou ameaça da

violação, mas também que condene o réu a realizar uma

prestação destinada:

o A reintegrar o direito violado- presente;

o A reparar a falta cometida;

o Impedir a violação eminente do direito- futuro.

As ações condenatórias são as mais comuns.

Objetivo: obter do tribunal a emissão de ordens, comandos

destinados ao réu no sentido de que ele cumpra ou realize uma

prestação de facto a que passa a estar vinculado.

Pressuposto: prévia declaração do tribunal acerca da existência

de um direito- pressupõem portanto uma declaração.

Âmbito de aplicação: as ações de condenação não se cingem ao

domínio dos direitos de crédito, abrangendo ainda os direitos

reais que foram violados.

2. Ações constitutivas Aquelas ações onde se exerce um direito potestativo.

Nestas ações, o juiz, através da sentença, cria novas

situações jurídicas de entre as partes.

Objetivo: Produção de efeitos jurídicos.

O que acontece? O Tribunal profere uma sentença

que produz alterações na ordem jurídica, que

podem consistir na constituição, modificação ou

extinção de uma relação ou situação jurídica.

Na base de todas estas ações estão sempre direitos potestativos a

que corresponde, do lado passivo, uma sujeição, sendo, em geral,

o seu direito retroativo- como acontece por exemplo com a

anulabilidade de um contrato. Também aqui, em certos casos, o

exercício do direito potestativo pressupõe, como fundamento, a

prática pelo réu de um facto ilícito.

Exemplo Paradigmático: Contrato-Promessa-

quando alguém não cumpre a promessa a que estava adstrito,

não é necessário requeremos ao Tribunal que ordene a adoção

do comportamento por parte do agente faltoso através de uma

sentença judicial nesse e sentido. Ao se reconhecer o direito à

promessa ao autor, emite-se uma declaração negocial

constitutiva e a ação declarativa coloca fim ao litígio.

Há ainda a considerar os casos de divórcio;

separação de pessoas de bens; ações de Interdição;

ações de divisão de coisa comum; e constituição de

certas servidões.

3. Ações de Simples Apreciação (- artigo 10.º/3/ alínea a) do CPC-)

Ações em que se verifica uma simples apreciação de

um direito ou facto relevante;

Estas ações esgotam por si os efeitos pretendidos

pelo autor

As ações declarativas de simples

apreciação são positivas quando o

autor pretende que o tribunal declara

a existência o de um direito ou de um

facto juridicamente relevante;

As ações declarativas de simples

apreciação são negativas quando o

autor pretende que o tribunal

certifique que certo direito não existe

ou que certo facto juridicamente

relevante se não verificou.

Page 3: Esquemas de Teoria do Processo A3

3

Objetivo: Exemplo mais comum: Declaração de paternidade-

a desenvolver um pouco mais adiante.

Requisitos Negativos da

ação de simples apreciação

É insuscetível de ação declarativa de simples apreciação:

Resolução de um problema de interpretação da lei;

Declaração da vigência ou revogação de uma determinada

lei;

Declaração do âmbito de aplicação de uma lei;

Estas ações não pressupõem qualquer facto ilícito, mas apenas

situações de dúvida ou incerteza que poderão vir a ocasionar

prejuízos. Não é, portanto, admissível, uma ação declarativa de

simples apreciação em relação a factos que não têm qualquer

interesse jurídico.

Ações declarativas Mistas:

Condenação + Condenação -) ação de despejo que tem

como finalidade a resolução de um contrato de

arrendamento e o despejar de alguém da casa;

O efeito jurídico pode produzir-se pelo exercício do poder

discricionário ou vinculado do juiz e do direito potestativo

do autor, e não pelo exclusivo exercício deste.

Execução específica por via de ação declarativa- artigos

827.º e seguintes CC

“Se a prestação consistir na entrega de coisa determinada, o credor tem a

faculdade de requerer, em execução, que a entrega da coisa lhe seja feita.”-

+ Outros artigos da mesma Subseção do CC

Realização forçada, por intervenção judicial, da prestação

debitória que o devedor não executou voluntariamente.

O credor pode recorrer voluntariamente à

execução específica, se a obrigação tiver por

objeto:

Entrega de coisa determinada;

Quantia e, dinheiro;

Facto negativo ou a emissão de uma

declaração negocial.

A execução específica supõe que, não tendo a obrigação sido

voluntariamente cumprida, que o seu cumprimento ainda seja

possível, mantendo-se o interesse na prestação pela pessoa do

credor.

Ou seja:

Não pode haver uma transposição para uma situação de

incumprimento definitivo ou que este seja assumido em

virtude da impossibilidade.

Polémica na Doutrina quanto à qualificação das ações de investigação

da paternidade e/ou maternidade:

a) Para um segmento da Doutrina, as ações de

investigação da maternidade ou paternidade devem ser

qualificadas como ações declarativas de constitutivas,

uma há uma certa modificação do ordenamento

jurídico com o estabelecimento de laços de filiação de

entre as partes envolvidas- alguém passa a ser

considerado como pai ou mão de alguém para os

efeitos legais- esta é a perspetiva do Professor João

Pedro Pinto Ferreira;

b) Para outro segmento da Doutrina, estas são ações

declarativas de simples apreciação. Para considerarmos

como sendo de simples apreciação, temos de

considerar que a decisão nada acrescente ao nível do

Ordenamento Jurídico- a única coisa que a

filiada/filiado quer é a declaração de uma situação já

pré-existente.- Posição de Margarida Lima Rego

b) Ações Executivas

Visam:

Declaração de um direito subjetivo;

Posição jurídica plasmada num título executivo.

Finalidade: reintegração do direito violado, mediante

realização coerciva de uma prestação, que pode ter por

objeto uma coisa ou um facto.

Base: Título executivo que funcionará como forma de

contrariar:

Violação de um direito que tem de ser reintegrado

Títulos Executivos- artigo 703.º CPC- (ver artigo)

Sentenças condenatórias;

Documentos exarados ou autenticados, por notário

ou por outras entidades ou por profissionais com

competência para tal, que importem a constituição

ou reconhecimento de qualquer obrigação;

Os títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos,

desde que, neste caso, os factos constitutivos da

relação subjacente constem do próprio documento

ou sejam alegados no requerimento executivo;

Os documentos a que, por disposição especial, seja

atribuída força executiva.

(Estes pressupostos vão ser desenvolvidos na cadeira de Processo Executivo)

Nas ações executivas recorremos à força coerciva do Estado

para fazermos valer o nosso direito ou posição. Nestas, o

credor já havia obtido um título executivo- artigo 703.º CPC- e

tem direito à realização coativa da prestação devida.

Não de tratam de direito pré existentes ou a constituir.

Page 4: Esquemas de Teoria do Processo A3

4

O que acontece?

O autor (exequente) requer ao Tribunal as providências

adequadas à reparação do direito subjetivo violado- artigo

10.º/4 do CPC, visando a realização coerciva do mesmo-

artigo 2.º/2 do CPC, por parte do réu (executado);

Na maior parte dos casos as ações executivas são

precedidas de ações declarativas- artigo 703.º/alínea a) do

CPC. Mas nem sempre isso acontece. A lei admite

exceções. Existem também títulos executivos

extrajudiciais- artigo 703.º CPC- restantes alíneas

Tipos de Ações executivas

Quando o autor está munido de uma sentença condenatória a seu favor

Ações para pagamento de uma quantia certa- agente

de execução vai a casa do devedor e, com o produto da

venda entrega o dinheiro obtido ao titular da pretensão;

Entrega de coisa certa- o objetivo desta ação executiva

é a entrega da coisa que havia sido objeto da obrigação de

entrega;

Prestação de um facto- quando o tribunal ordena o

devedor a realizar um facto conforme às pretensões do

autor.

Quando o autor está munido de uma sentença condenatória a seu favor

a) Prescrição- artigo 309.º e ss. CC:

a. Regra geral- 20 anos;

b. Prazo de prescrição das obrigações de

indemnização- 3 anos- artigo 311.º/1 CPC;

b) Sanção Pecuniária Compulsória- artigo 829.º- A/4 CC-

poderoso incentivo ao cumprimento: juros de mora +

juros legais

“Quando for estipulado ou judicialmente determinado

qualquer pagamento em dinheiro corrente, são

automaticamente devidos juros à taxa de 5% ao ano, desde a

data em que a sentença de condenação transitar em julgado,

os quais acrescerão aos juros de mora, se estes forem também

devidos, ou à indemnização a que houver lugar”.

Usada quando o credor não pode recorrer à figura da

execução específica.

o O credor tem direito:

A ser indemnizado em virtude dos danos

causados pela mora;

Possibilidade de requerer, judicialmente que

o devedor seja condenado ao pagamento de

uma quantia pecuniária por cada dia de atraso

no cumprimento ou por cada infração,

conforme for mais conveniente às

circunstâncias do caso.

Penhora

Objeto da execução em Penhora - Artigo 735.º CPC:

1. Bens absoluta ou totalmente impenhoráveis- artigo 736.º

CPC;

2. Bens relativamente impenhoráveis- artigo 737.º CPC;

3. Bens parcialmente penhoráveis- artigo 738 .º CPC:

i. Regra: são impenhoráveis 2/3 da parte

líquida dos vencimentos, prestações

periódicas, salários, regalias sociais, seguros,

etc. (n.º1);

ii. Específicas:

Máximo da penhora= 3 salários

mínimos;

Mínimo da penhora= 1 salário

mínimo

Page 5: Esquemas de Teoria do Processo A3

5

Formas de defesa (-artigo 571.º CPC)

a) Impugnação

Impugnação de Facto

(Direta)

Impugnação de Direito

(Indireta)

Quando o réu se opõe à versão

apresentada pelo autor,

negando os factos articulados

pelo próprio na petição inicial;

Esta forma de impugnação

pode ser deduzida quando o réu

não apresente contestação

diferente, mas de certa forma

invoca factos contrários àqueles

que foram usados no articulado.

Ocorre quando o réu contradiz

o efeito jurídico que o autor

pretende extrair.

(-----------)

Alegação de

desconhecimento

Factos Pessoais ou Factos

de que o réu deva ter

conhecimento

Quando o réu expressa uma

dúvida sobre a realidade de

determinado facto, sendo esta

suficiente para constituir uma

modalidade de impugnação.

Ato praticado pelo autor ou

com a sua intervenção;

Ato de terceiro praticado pelo

reu;

Facto ocorrido na sua

presença;

Conhecimento de facto

ocorrido na sua ausência.

b) Exceções (-artigos 576.º a 579.º CPC-)

Forma de defesa indireta do réu, alegando um direito que

pode extinguir, modificar, impedir ou adiar a pretensão do

autor, através de uma peça específica, autónoma e separada

da contestação.

Dilatórias

(artigo 576.º/2 + 577

CPC)

Perentórias

(artigo 576.º/3 CPC)

--- Obstam a que o tribunal

conheça o mérito da causa e

dão lugar à absolvição da

instância ou à remessa do

processo para outro

tribunal;

--- Importam a absolvição

total ou parcial do pedido;

--- Consistem na invocação

de matéria fáctica factos

impeditivos, modificativos

ou extintivos do efeito

--- Em regra, as exceções

dilatórias são de

conhecimento oficioso- art.

578.º - embora o preceito

referido nos dê algumas

exceções.

jurídico expresso no

articulado manifestado pelo

autor da ação.

Exceções Perentórias:

Existe um julgamento da causa quanto ao mérito,

mas a ação é julgada como improcedente na medida

em que o Tribunal dá razão ao réu:

o É alegado um facto extintivo, modificativo,

ou impeditivo de um direito, i.e., o autor

alega na petição inicial um facto constitutivo

do seu direito ou pretensão que quer ver

tutelada e, como resposta, o réu na

contestação deduz um facto impeditivo,

modificativo ou extintivo desse direito.

Diferença da Exceção Perentória para

com a Impugnação de Direito:

Na Exceção perentória o réu opõe-

se ao efeito jurídico pretendido pelo

autor;

Na Impugnação de Direito o réu

nega simplesmente o efeito jurídico

pretendido pelo autor e atribui aos

factos uma diferente versão jurídica.

Exceções Perentórias são cumuláveis com a impugnação, assim

com as exceções dilatórias.

c) Reconvenção

Admissibilidade

1- Quando o pedido

reconvencional

tenha a mesma

causa de pedir.

2- Quando não se enquadram

estritamente na mesma causa

de pedir, mas emergem de um

facto jurídico que serve de

fundamento à defesa.

d) Inércia do Réu

Quando os factos são alegados pelo autor e existe uma inércia

por parte do réu ou dos réus, consideram-se os factos dados

como provados poe acordo, em consonância com o disposto no

artigo 567.º/1 CPC.

Page 6: Esquemas de Teoria do Processo A3

6

O réu vai então ser julgado à revelia- artigo 566.º CPC.

Tornar-se-á dispensável uma discussão sobre a veracidade

dos factos num momento posterior.

Falta de Pressupostos para apreciação da causa

quanto ao mérito

Tribunal providencia pelo

suprimento da exceção

dilatória

Tribunal convida a parte ao

aperfeiçoamento

Convite ao aperfeiçoamento

Em que consiste?

(a) Suprimento de irregularidades ou imprecisões;

(b) Exposição ou concretização dos factos articulados.

Autor Réu

Quando tem

de concretizar

ou corrigir a

causa de

pedir;

Quando tem de concretizar ou

corrigir uma exceção.

E o que acontece

se o juiz não

fizer o convite ao

aperfeiçoamento?

Se o juiz não fizer convite ao

aperfeiçoamento a parte pode, na

audiência prévia, enquanto o despacho

saneador não é proferido, fazer o

aperfeiçoamento por sua iniciativa,

desde que sujeita, evidentemente, ao

controlo judicial.

O despacho saneador

constitui um despacho

vinculado, pelo que a sua

omissão, quando deva ter

lugar, pode estar sujeita ao

regime das nulidades

processuais.

Origem do convite ao aperfeiçoamento:

1- Insuficiências na alegação da matéria de

facto;

2- Falta de identificação da causa de pedir;

i. Ineptidão da própria petição

inicial- artigo 186.º CPC;

ii. Nulidade da exceção- artigo

573.º CPC.

3- Afirmações feitas de forma equívoca.

Oportunidade de dedução de defesa- artigo 573.º CPC

Superveniência

a) Superveniência Objetiva – quando depois do articulado

da parte, ocorrem novos factos constitutivos,

modificativos ou impeditivos da situação jurídica em que

o autor se encontra.

i. Autor de um acidente de viação que numa

fase posterior apresenta lesões.

b) Superveniência Subjetiva – quando só depois do último

articulado o autor toma conhecimento dos factos

impeditivos, modificativos ou extintivos do direito

alegado, ainda que uns e outros tivessem ocorrido numa

fase anterior.

i. Autor toma conhecimento que o réu

sublocara a casa arrendada.

Incompetência do Tribunal

Incompetência Relativa-

artigos 102.º a 108.º CPC

Incompetência Absoluta –

artigos 96.º a 101.º CPC

Quando são infringidas regras

relativas ao valor da causa ou à

aplicação da lei no espaço.

Nestes casos, de acordo com o

artigo 576.º/2, haverá lugar a

uma remessa para outro

tribunal ou convite ao

aperfeiçoamento.

Quando são infringidas as

regras da competência em

razão a matéria ou da

hierarquia.

Nestes casos, o tribunal

tem de declarar a

absolvição da instância e

não haverá uma

apreciação da causa

quanto ao mérito-

artigos 277.º e seguintes.

Page 7: Esquemas de Teoria do Processo A3

7

Resultados Decisórios

Absolvição da

Instância

Absolvição do

Pedido

Condenação

Quando se

verifica uma

exceção

dilatória de

conhecimento

oficioso ou

invocada por

uma das partes

haverá uma

absolvição da

instância e

consequenteme

nte a causa não

é julgada

quanto ao

mérito.

(___________

___________

______)

Pedido

formulado

pelo autor é

julgado como

improcedente

e o réu será

absolvido.

(____________

_____________

______)

O réu é

condenado

porque o juiz

julga a ação

procedente.

Ações de Condenação O juiz absolve o

réu do pedido.

Ações de simples

apreciação e

constitutivas

O juiz absolve o

réu da instância.

Prazos

Prazo Supletivo Artigo 149.º CPC: O prazo supletivo é de 10

dias.

Prazos de Preclusão

(-artigo 139.º CPC-)

Perentórios Dilatórios

o Aqueles que fixam o

termo final do prazo.

Correspondem ao período de

tempo dentro do qual um ato

pode efetivamente ser

realizado. Ora, o decurso do

ato obviamente, preclude ou

extingue o direito de praticar

esse ato

o Fixam o termo inicial

do prazo.

O prazo dilatório difere para

certo período de tempo a

possibilidade de realização de

um certo ato ou o início da

contagem de um prazo- artigo

139.º/2 CPC. Estes prazos

são aqueles a partir dos quais

o prazo perentório começa a

correr- podemos percecioná-

los quase como adições do

prazo perentório.

Presunções Ilações ou consequências – artigo 349.º CC - que

retiramos de um facto conhecido para afirmarmos de

um facto desconhecido.

Fundamento das Presunções

O legislador usa as presunções porque há factos

constitutivos de direitos cuja prova é muito difícil e

então usa a presunção segundo critérios de justiça

material.

Presunções Legais- artigo 350.º CC

(-Ilidíveis-) / Iuris

tactum

(-Inilidíveis-) /

Iuris er iure

Podem ser afastadas

mediante prova em

contrário.

Esta presunção inverte o

ónus da prova, i.e., a parte

que tinha o encargo de

provar determinado facto,

ficará dispensada disso,

cabendo à contraparte fazer

prova em contrário.

Estas presunções não

podem ser ilididas

mediante contraprova-

artigo 346.º CPC.

Só há ilidibilidade de

uma facto quando a

prova de um facto

contrário seja dada

como assente- artigo

342.º/2 CC.

Aquelas em que se nos diz

que a pressuposição da

veracidade ou falsidade dos

factos dirige-se sempre num

determinado sentido.

Presunções que não

admitem a prova em

contrário.

São presunções absolutas e

irrefutáveis. A parte que

delas retira proveito pu que

delas beneficia só tem que

fazer prova do facto que

serve de base à ilação para

que a presunção opere

irrefutavelmente.

Base: “normalidade

estatística- id quod plerunque

accidit” do facto presumido

Page 8: Esquemas de Teoria do Processo A3

8

o São regras do ónus da

prova e não têm

conteúdo além dele-

determinam que no

caso de incerteza sobre

a veracidade ou não de

um facto, o tribunal

venha a decidir como

se o mesmo estivesse

provado.

em caso de verificação da

presunção tipo.

Presunções Judicias- artigo 351.º CPC

As presunções judiciais operam antes das regras do ónus

da prova e, caso não haja contraprova- porque podem ser

ilididas por este meio- afastam a aplicação do ónus da

prova, porque geram uma certeza suficiente.

Fundamento: “regras da experiência” que o juiz deve

conhecer, invocar e aplicar.

o Exemplo: Presunção de

Paternidade- artigo 1871.º CC-

é considerado como pai quem

por exemplo aceitar tratar do

menor em causa, mas nos

termos do n.º4 do mesmo

preceito a presunção pode ser

ilidida por contraprova.

Ficção legal vs. Presunção Juri et iure

Ficção Legal – A lei atribui a um facto

consequências de outro facto;

Presunção Juri et iure – aqui, o facto

presumido acompanha o faco conhecido.

Os Tribunais e a sua Organização

Artigo 202.º CRP – Administração da Justiça:

(n.º3) - direito à coadjuvação com outras

autoridades dos tribunais

Artigo 203.º CRP- Independência dos Tribunais Judiciais;

Artigo 205.º CRP:

o Artigo 205.º/1 CRP- Direito à

fundamentação das decisões

por parte dos tribunais;

o Artigo 205.º/2 CRP-

Obrigatoriedade das decisões

dos Tribunais;

Artigo 206.º CRP- A administração da justiça é feita de

forma pública e transparente, exceto nos casos em que o

tribunal decida que as audiências decorram à porta

fechada, em despacho fundamentado, para salvaguardar as

questões de foro pessoal ou privado das partes em

julgamento ou por questões de normal funcionamento do

órgão.

Recursos (-Artigo 627.º/2 CPC-)

Trânsito em julgado de uma decisão artigo 628.º CPC

Uma decisão “considera-se transitada em julgado logo que não seja

suscetível de recurso ordinário ou reclamação”.

Recursos Ordinários (a) vs. Recursos

Extraordinários (b)

(a) Incidem sobre o juízo ou julgamento realizado pelo

Tribunal na decisão;

b- Recaem sobre a decisão enquanto ato processual.

+

Reclamação

Page 9: Esquemas de Teoria do Processo A3

9

(1) Recursos Ordinários

Os recursos ordinários são pedidos de reapreciação de uma

decisão ainda não tramitada em julgado, dirigidas a um tribunal

superior em termos hierárquicos.

Fundamento: Ilegalidade da decisão

Objetivo: Revogar ou substituir a decisão anterior por uma outra

mais favorável ao recorrente. Os recursos ordinários visam o

controlo da aplicação do direito ao caso concreto e recaem, por

isso, sobre uma sentença injusta ou inócua.

No Direito Português, e em conformidade com o disposto no

artigo 627.º/2 CPC, os recursos ordinários são:

1. Apelação - - - 1.ª Instância para o Tribunal da Relação;

2. Revista - - - 2.ªa Instância para o Supremo Tribunal de Justiça,

doravante denominado por STJ.

Apontamento Histórico:

Até 2007, tínhamos o recurso do agrave que tinha que ver com

a interposição de recurso fundamentada em irregularidades

processuais. A partir do ano de 2007, os recursos de apelação

passaram a abranger também questões processuais.

Com a reforma desse ano, também se verificou uma forte

limitação da possibilidade de recurso de revista para o STJ-

este passou a ser admitido somente em casos excecionais.

(Revisão)

Quando as instâncias superiores analisam a primeira decisão-

não existe neste âmbito nenhuma reapreciação do caso.

(Reexame)

Quando a decisão volta a ser objeto de um reexame quanto a

todas as matérias de facto, matérias probatórias, etc.

Em Portugal vigora o sistema de revisão das decisões proferidas

pelos Tribunais de Comarca.

Substituição- a vs. Cassação- b

a. Quando a instância superior se substitui à anterior, no que

toca a proferir a sentença;

b. Quando o tribunal, ao não concordar com a decisão

proferida pela instância

Recurso de

Apelação

Recurso de

Revista

Efeitos:

Regra: devolutivos-

artigo 647.º/1 CPC;

Exceção:

suspensivos – artigo

647.º/2 CPC.

A própria parte pode

requerer efeitos

devolutivos em

determinadas

situações, em

conformidade com o

disposto no artigo

647.º/4 CPC.

Reforma:

O novo CPC cuja

reforma data do ano

de 2013 trouxe

consigo a atribuição

de poderes mais

amplos para com o

Tribunal da Relação,

nomeadamente no

que respeita aos

poderes de

reapreciação, o que

pode efetivamente

colocar em causa os

princípios da

imediação e da

plenitude:

1) A relação vai

poder reapreciar e

alterar a decisão

sobre a matéria de

fato- artigo 662.º

CPC- sem estar

em contacto direto

com as partes;

2) Se a Relação achar

que os meios de

prova são

insuficientes pode

requerer outros.

Pode, portanto,

entender que a 1.ª

Instância não foi

Princípio da

Dupla conforme:

Se já existirem duas

decisões no mesmo

sentido- com a mesma

fundamentação e com

os mesmos votos de

vencido- não cabe

recurso para o STJ.

Para que o crivo da

dupla conforme

funcione, é preciso

que os fundamentos

sejam os mesmos e

que haja

unanimidade de

entre os juízes

decisores.

Acórdão STJ

12/11/2015- Relator

João Silva Miguel

Existindo duas decisões

condenatórias - acórdão

do tribunal colectivo e

acórdão da Relação – e

não existindo

fundamentação

essencialmente

diferente, verifica-se

uma

situação de dupla confor

me, pelo que

o recurso não é

admissível,

sendo de rejeitar.

O TC tem vindo a afirmar

que o direito

ao recurso constitucional

mente garantido basta-

se com um único

grau de reapreciação,

gozando o

legislador de certa

margem de apreciação

na definição do regime

dos recursos e da opção

pelos que hão-de ser

submetidos à

reapreciação do STJ.

Sistemas de Recuso

Revisão

Reexame

Page 10: Esquemas de Teoria do Processo A3

10

efetivamente

diligente,

considerando que

a mesma poderia

ter encontrado

outras provas que

lhe permitissem

apurar o valor dos

danos e a

indemnização

correspondente,

por exemplo.

Apesar da falta de

imediação, as

vantagens superam.

Artigo 671.º/3 CPC:

“ (…) não é admitida a

revista do Acórdão da

Relação que confirme, sem

voto de vencido e sem

fundamento essencialmente

diferente, a decisão

proferida em 1.ª instância

(…)”

Tipos de

Recurso de

Revista

Revista per

saltum- artigo

678.º CPC

Quando estão em

causa questões de

Direito, pode passar-

se da 1.ª Instância

para o STJ, desde

que reunidas

determinadas

condições.

Esta possibilidade de

“salto” não deve ser

assumida em face de

questões que

necessitem de ser

discutidas em relação

à matéria de facto- a

matéria de facto deve

ficar-se pelos

Tribunais da Relação.

Recurso

ampliado de

Revista- artigo

687.º CPC

Quando existe um

perigo de

contradição:

STJ pega no caso

e transforma-o

Acórdão de

Uniformização de

Jurisprudência.

Acontece,

portanto, que

parece haver uma

contradição de

entre decisões.

(2) Recursos Extraordinários

Ocorrem quando a decisão já transitou em julgado-

insuscetível de recurso ordinário.

a) Revisão- artigos 696.º e seguintes CPC

Válvula de escape para os casos de extrema gravidade,

como acontece no caso de terem sido prestados

depoimentos falsos e de nova prova descoberta ser capaz

de, por si só, de alterar o sentido da decisão.

b) Recurso de Uniformização de Jurisprudência – artigo

688.º e seguintes CPC

Situações em que a contradição em termos jurisprudenciais

já é notória.

O Recurso de Uniformização de Jurisprudência quando

aceite tem como fundamento um pedido de uniformização

motivado pela existência de uma contradição de entre

aquela decisão e uma outra.

Reclamação

(artigos 643.º CPC)

“Do despacho que não admita o recurso pode o recorrente reclamar

para o tribunal que seria competente oara dele conhecer no prazo de

10 dias contados da notificação da decisão”.

Pedido de reapreciação de uma decisão ao

tribunal que a proferiu, com ou sem

invocação de elementos novos por parte

do reclamante;

Estão em causa normalmente questões de

incompetência relativa- artigo 105.º/4

CPC;

Meio de recurso especial perante o recurso

ordinário- consequências:

Quando a reclamação for admissível e a

parte não impugnar a decisão através dela,

em regra está precludida a possibilidade

de recurso desta mesma decisão;

Quando seja admitida a reclamação não

será admitido o recurso ordinário- estes

são meios de impugnação concorrentes.

Page 11: Esquemas de Teoria do Processo A3

11

Clarificação

A clarificação não pode ser considerada como uma

verdadeira forma de impugnação da decisão judicial;

o Este é um recurso de que as

partes dispõem em relação a

situações em que estas não

percebem o teor da sentença.

Quando isto acontece, podem

dirigir-se ao juiz e pedir uma

clarificação

Fases do Processo

A) Articulados

(1) Petição Inicial

(2) Citação

a. Revelia- Relativa ou Absoluta;

b. Contestação- Recordar matérias de impugnação

de que o réu dispõe:

i. Impugnação;

ii. Exceção;

iii. Reconvenção;

(3) Notificação da contestação ao autor;

(4) Réplica;

(5) Articulados Supervenientes

B) Saneamento e condensação

a) Convite ao aperfeiçoamento;

b) Audiência Prévia ou Preliminar;

c) Condensação.

C) Instrução

Preparação da matéria de prova;

Notificação das testemunhas;

Solicitação da realização de peritagens;

De realçar a importância da distinção de entre matéria de facto e

matéria de Direito.

D) Audiência final e julgamento

a) Tentativa de conciliação;

b) Produção oral e registo de prova;

c) Discussão da matéria de facto alegada pelos advogados;

d) Julgamento da matéria de facto.

E) Sentença:

Tem de ser proferida no período de 30 dias a contar da audiência

final ou julgamento- em conformidade com o disposto no artigo

607.º/1 do CPC.

Page 12: Esquemas de Teoria do Processo A3

12

Força de Caso Julgado

1- Artigo 205.º CRP Obrigatoriedade das sanções impostas pelos órgãos

judiciais

2- Artigo 348.º CP- Crime de desobediência:

Pressupostos:

a- Quando a norma o cominar;

b- Decisão judicial: na falta de uma disposição legal,

quando a autoridade ou o funcionário do Estado com

legitimidade para tal decretarem a respetiva cominação.

3- Artigo 152.º CPC:

(n.º2) – Sentença: ato pelo qual o juiz decide

a causa principal ou algum incidente que

integre a estrutura da causa;

(n.º3) - Acórdão: decisão judicial proferida

por um coletivo de juízes- na maior parte dos

casos os coletivos integram as instâncias

superiores;

(N.º4) – Despacho de mero expediente:

documento que se destina a prover ao

andamento do processo, sem interferir no

conflito de interesses entre as partes.

Consideram-se proferidos no uso legal de um

poder discricionário os despachos confiados

ao prudente arbítrio de um julgador.

4- (- Artigo 613.º CPC)

(N.º1)

O juiz, ao proferir a sua decisão, esgota automaticamente

o seu poder jurisdicional quanto à matéria da causa.

(N.º2)

Ao juiz é-lhe, no entanto, conferida a possibilidade de

corrigir:

Erros materiais- por exemplo, erros de cálculo do

montante da indemnização;

Suprir nulidades ou omissões de pronúncia- por

exemplo, havendo cinco pedidos, pronunciando-se

somente em relação a quatro deles, pode o aplicador

reformular a sentença, de acordo com os trâmites

propugnados pelos artigos 614.º e seguintes;

5- Caso Julgado Formal vs. Caso Julgado Material

Caso Julgado Formal: artigo 620.º CPC- “as sentenças que

recaiam unicamente sobre a relação processual têm força obrigatória

dentro do processo”:

Traços caraterísticos:

o A decisão apenas incide sobre um elemento de

natureza processual- nada impede que a questão

possa ser novamente discutida num processo

diferente. O caso julgado formal não tem força

obrigatória fora do processo;

o Determina a inalterabilidade daquele processo,

obstando a que, numa determinada decisão, o juiz

possa alterar a decisão proferida;

o O caso julgado formal impede que a mesma questão

processual seja decidida, em outra ação, de forma

diferente pelo mesmo tribunal ou por outro

Tribunal.

Caso Julgado Material: artigo 619.º CPC- “transitada em

julgado a sentença ou o despacho saneador que decida do mérito da

causa, a decisão sobre a relação material controvertida fica a ter força

obrigatória dentro e fora do processo, dentro dos limites fixados pelos

artigos 580.º e 581.º”

Traços caraterísticos:

o Têm força obrigatória dentro e fora do processo- a

decisão terá que ser executada interna e

externamente.- Obsta, desta forma, que o mesmo

tribunal possa definir de modo diferente a mesma

pretensão;

Caso julgado material pressupõe caso julgado

formal.

6- Trânsito em Julgado de uma decisão: (-artigo 628.º

CPC-):

“ A decisão considera-se transitada em julgado logo que não seja

suscetível de recurso ordinário ou de reclamação”.

Page 13: Esquemas de Teoria do Processo A3

13

7- Exceções de Conhecimento Oficioso:

(-Artigo 577.º/alínea i) CPC-) + (- Artigo 580.º CPC-)

Estas exceções são de conhecimento oficioso, mas quem

tem de as apresentar junto das instâncias judiciais são as

próprias partes- artigo 578.º CPC.

Consequência: Utilização de uma exceção dilatória

como que visa impedir a apreciação de uma ação quanto

ao mérito- Absolvição da Instância

Objetivo: Artigo 580.º/2 CPC – Tanto a exceção de

litispendência como a exceção de caso julgado “têm por fim

evitar que o Tribunal seja colocado na alternativa de contradizer ou

de reproduzir uma decisão anterior”.

Pressupõem a repetição da causa

(a) Litispendência

A Litispendência só se verifica dentro do

limite em que os objetos das duas ações

coincidam;

Verifica-se independentemente dos tribunais

em que uma e outra acção são propostas; A

excepção de litispendência faz-se valer na

acção em que a citação do réu ocorra em

segundo lugar – 582º; portanto, a acção

proposta em segundo lugar, mas antes de o

réu ser citado na primeira, poderá prevalecer

se nela a citação tiver lugar antes que o réu da

primeira seja para ela citado

Quando, em alguma das ações, houver um

pedido mais amplo ou um outro pedido além

do que é comum, i.e., se numa delas, o

mesmo pedido se fundar numa segunda

causa de pedir para além de uma primeira

causa de pedir comum a ambas, essa parte

não coincidente não é atingida pela exceção:

Por exemplo, quando na primeira causa sejam

pedidos apenas 30€, a segunda causa em que o

montante requerido seja o de 100€, os 70€ euros de

remanescente não serão abrangidos pela exceção de

litispendência.

Evita-se que o tribunal seja colocado na alternativa de, na acção

que fosse julgada em segundo lugar, contradizer ou reproduzir a

decisão anteriormente proferida na outra.

(b) Exceção de Caso Julgado- Efeito Negativo do

Transito em julgado:

Res Pendens – Litispendência: Quando uma causa

se repete estando a anterior em curso;

Res judicata – Caso Julgado;

Limites ao caso julgado: Artigo 581.º CPC

(n.º1) Repetição da Causa – “ quando se propõe

uma ação idêntica a outra quanto aos: “

Sujeitos (Limite Subjetivo) + Objeto (Pedido

+ Causa de Pedir- Limites Objetivos) +

Limites Temporais

i. Temporais

A situação de facto que o Tribunal tem que ter em conta

é aquela que se verifica no último momento da audiência.

ii. Identidade dos sujeitos- (n.º2)

Há identidade de sujeitos quando as partes são as mesmas

sob o ponto de vista da sua qualidade jurídica;

iii. Identidade do pedido – (n.º3)

Quando numa e noutra causa de pretende obter o mesmo

efeito jurídico;

iv. Identidade da causa de pedir – (n.º4)

Quando a pretensão deduzida nas duas ações procede

do mesmo facto jurídico:

--- Nas ações reais de causa é o facto jurídico que

deriva do efeito real;

--- Nas ações constitutivas de anulação é o facto

concreto ou a nulidade específica que se invoca para

obter o efeito pretendido que constitui a causa de

pedir.

Efeitos

Negativo

Exceção de Caso Julgado

Positivo

Autoridade de Caso Julgado

Page 14: Esquemas de Teoria do Processo A3

14

Limites Temporais

(- Artigo 611.º/1 CPC-)

Como vimos, a situação que o Tribunal tem que ter em

conta é aquela que se verifica até ao último dia da

audiência. Tudo o que acontece até lá tem que ser tido em

consideração.

Âmbito dos Factos: O caso julgado abrange não

somente os factos alegados pelas partes, mas

também os que deviam ter sido e não foram.

Exemplo: A (Locador/Autor) vs. R (Locatário/Réu)

Se A intenta uma ação contra R pretendendo a devolução do prédio com

fundamento na necessidade do mesmo para habitação e, depois da sentença,

o autor compra uma habitação própria, e no recurso R invoca este novo facto,

deve o tribunal pronunciar-se quanto a este?

o Artigo 611.º CPC- a sentença deve tomar em

consideração os factos constitutivos,

modificativos ou extintivos de um direito que

se produza em momento posterior à

proposição da ação, de modo a que a decisão

corresponda à situação existente no

momento do encerramento da discussão.

Determina o n.º2 deste preceito

que, só podem ser atendíveis os

factos que, segundo o direito

substantivo vigente, tenham

influência sobre a existência ou

conteúdo da relação

controvertida.

STJ: O Tribunal de 2.ª Instância deve conhecer

factos supervenientes- artigos 663.º/2- com

remissão para os artigos 610.º a 612.º CPC-

incluindo o art. 611.º;

Opção Doutrinária Viável: o Tribunal da Relação

não se pode pronunciar sobre os factos novos que

ocorram até ao momento do recurso- uma vez que,

se tal acontecesse, o Tribunal da Relação estaria a

julgar de novo e, cumulativamente a mesma causa.

Para a maioria da Doutrina, a decisão que o STJ

tomou sobre a matéria é perniciosa.

Dizem os autores que esta regra nunca deve

ser invocada porque preclude tudo aquilo que ao

direito de recurso está associado.

Conclusão- só se pode trazer para o processo factos que

não fora, trazidos na 1.ª Instância mas deviam tê-lo sido,

i.e., aqueles que também formam caso julgado.

Alternativas

Má- fé processual-

artigo 542.º CPC

Oposição à execução

– artigo 729.º/ alínea

g) CPC.

Limites Subjetivos do Caso Julgado

Regra Geral

Eficácia Relativa do Caso Julgado: O caso

julgado apenas produz efeitos de entre as

partes e não perante terceiros- inter partes – é

inoponível a terceiros, mas existem exceções.

A razão de ser desta regra resulta do princípio do contraditório.

Aplicação da Regra Geral: Quando o caso julgado tem

eficácia direta.

Caso absoluto de inoponibilidade do caso julgado a

terceiros- artigo 622.º CPC

Page 15: Esquemas de Teoria do Processo A3

15

Exceções:

Eficácia Reflexa do Caso julgado em relação a

terceiros

Três pontos de situação diferentes

Extensão apenas do caso

julgado favorável ao

terceiro

Críticas:

a) O fundamento da extensão do caso julgado não pode

depender do sentido da decisão;

b) Não deve também depender da vontade de um terceiro-

a lei faz depender a hipótese de invocar o caso julgado

da iniciativa do terceiro.

Extensão do caso julgado desfavorável a terceiro

Lebre de Freitas e Doutrina

Maioritária

Esta perspetiva não pode ser

adotada, uma vez que tal

consubstanciar-se-ia como

uma violação do princípio do

contraditório:

O terceiro não teve

hipótese de influir na

decisão nem de fornecer

prova- este não pode ser

afetada pela negativa

porque em nada

contribuiu na decisão.

_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-

_-_-_-_-_-_-

(Doutrina Excecional)

Alberto dos Reis

Este autor tem uma

perspetiva favorável à

extensão do caso julgado a

terceiros, ainda que nos casos

em que a decisão lhe seja

desfavorável ou prejudicial.

_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-

_-_-_-_-_-_

Extensão do caso julgado com independência quanto ao

sentido decisão

Juridicamente indiferentes – o caso julgado causa

um prejuízo económico mas não jurídico.

Exemplo: Posição do credor quando alguém intenta uma ação contra o

devedor, exigindo-lhe algo do seu património com que o credor contava no

âmbito da garantia geral das obrigações. Ora, no essencial somos livres

de dissipar património, pelo que o credor não deve ser mais

protegido a nível processual do que é no direito civil Aquela ação

de reivindicação não causa um prejuízo de natureza jurídica para

o credor. Então é-lhe oponível o caso julgado e a autoridade

também.

(1) Situações Jurídicas

Incompatíveis

Propriedade pertencente

simultaneamente a dois

sujeitos

(2) Situações jurídicas

paralelas

Obrigações Parciárias- regime

regra

(3) Situações jurídicas

concorrentes

Obrigações solidárias e

indivisíveis- artigos 512.º e seguintes

CC

Juridicamente interessados – caso julgado afeta a

sua situação jurídica.

1) Situações jurídicas incompatíveis

Excluem-se mutuamente.

Exemplo: A propõe ação de reivindicação contra B. C também se arroga

ao direito de propriedade. Se se reconhecer que o bem é de A e não de B,

obviamente que o título que C dizia ter sai prejudicado. Mas não deve

haver exceção do caso julgado, quer favorável quer

desfavorável, a C. Ou seja, ele pode propor nova ação de

reivindicação, desta vez contra A- não há sequer caso

julgado.

No caso de terceiros juridicamente

indiferentes não haverá nem exceção nem

autoridade de caso julgado.

2) Situações Jurídicas Paralelas - têm

conteúdo semelhante.

(Obrigações Parciárias)

A exceção do caso julgado desfavorável

violaria o princípio do contraditório.

Quanto ao favorável, falta previsão legal

expressa que o preveja;

3) Situações Jurídicas Dependentes – há

um nexo de dependência entre elas.

(Fiança) - a relação de garantida tem como pressuposto a relação

garantida, i.e., a situação do fiador está dependente da obrigação

principal.

Exceção de caso julgado desfavorável viola o princípio do

contraditório- artigo 635.º/1 CC.

(-1ª Parte-) – não há extensão do caso

julgado desfavorável - «o caso julgado entre

credor e devedor não é oponível ao

fiador». Ou seja, ou o fiador é chamado ao

processo ou ação que condena o devedor ao

cumprimento, ainda que transitada em

julgado, não é oponível ao fiador e terá de

haver uma nova ação para que se possa

acionar a fiança. O que faz sentido, sob pena

Page 16: Esquemas de Teoria do Processo A3

16

de uma crassa violação do princípio do

contraditório.

(-2ª Parte-) – há possibilidade de extensão

do caso julgado favorável «mas a este é

lícito invocá-lo [ao caso julgado] em seu

benefício». Ou seja, se em sentença já

transitada em julgado o tribunal se der razão

ao devedor, o fiador pode invocar o caso

julgado. O mesmo acontece nos casos das

obrigações solidárias.

(-3ª Parte-) – pode invocar a extensão do

caso julgado favorável, «desde que esta não

respeite a situações de cariz pessoal do

devedor».

Por exemplo, se o devedor não for condenado ao pagamento,

mas por força de erro ou de inimputabilidade/incapacidade,

só o próprio pode determinar se quer beneficiar da decisão e

tal não exclui a responsabilidade do fiador, ou seja, ele pode

ter de cumprir a obrigação.

4) Situações Jurídicas Concorrentes

(Obrigações Solidárias e Indivisíveis)

Quando divisíveis já não atua a exceção de caso

julgado.

Artigo 522.º CC: Correspondem a ações jurídicas

com um conteúdo único e com pluralidade de

titulares.

Exemplo: Obrigações solidárias e indivisíveis.

Se o credor intenta uma ação para exigir a totalidade da dívida a

um dos devedores, não pode fazê-lo face aos demais.

Pode haver dupla acção, não pode haver é duplo

pagamento.

Ao poder exigir a totalidade da prestação devida a um dos

devedores, não o poderá fazer em face dos demais porque

solidários. O regime da solidariedade assim o impede.

Suma:

1.ª Parte – afasta a extensão do caso julgado desfavorável;

2.ª Parte – admite-se o favorável;

3.ª Parte – não é admissível a extensão de

caso julgado favorável se, por exemplo, se

basear na incapacidade ou erro do devedor-

circunstâncias pessoais que não aproveitam

ao credor).

Limites Objetivos do Caso Julgado

São limites objetivos do caso julgado aqueles que estão

relacionados com o objeto:

a) Pedido;

b) Causa de Pedir.

Pedido: limite intrínseco ao caso julgado, i.e., a decisão do

tribunal não pode extravasar o pedido.

Se existe uma causa em que o pedido não é o

mesmo não se justifica a aplicação da exceção do

caso julgado.

o Critério: as decisões sobre questões

essenciais integram a força de caso

julgado, ainda que esta integração só

ocorra quando tiverem sido

determinantes para a decisão. Só pode ser

tido em consideração o facto que não é

essencial.

Exemplo: Tribunal decide que o autor não tem uma outra habitação

naquela cidade- mas não consegue aferir da decisão sem saber onde mora o

autor. Se, numa segunda ação, o A alega que reside naquela cidade, dando

uma outra morada, fundamentando a sua posição em relação a uma

determinada matéria de facto por exemplo, volta a ser relevante averiguar e

saber-se onde o autor morou: o facto positivo não é essencial- o

essencial é o facto negativo que determina que o autor afinal não

mora num determinado sítio.

a) Obter dicta – aquilo que o juiz vai fazendo é irrelevante e

desprovido da exceção do caso julgado;

Page 17: Esquemas de Teoria do Processo A3

17

b) Ratio decidendi - integra o caso julgado que é aquilo que

efetivamente vincula.

Efeito Preclusivo

Identificando o réu um facto novo e que pode ser

relevante no que à decisão da causa diz respeito, não nos

podemos deixar de questionar:

o Já devia ter identificado esse mesmo facto na

primeira ação?

Não- o facto não está abrangido pela exceção

de caso julgado;

Sim- o facto está abrangido pela exceção de

caso julgado.

“ O efeito preclusivo do caso julgado determina

a inadmissibilidade de qualquer ulterior

indagação sobre a relação material

controvertida definida em anterior decisão

definitiva.”

© Autoridade de Caso julgado

A exceção de caso julgado distingue-se da

autoridade de caso julgado, pressupondo esta a

aceitação da decisão proferida em processo

anterior, cujo objeto se insere no objeto da

segunda, obstando-se, deste modo, que a

relação ou situação jurídica material definida

pela primeira decisão possa ser contrariada

pela segunda, com definição diversa da mesma

relação ou situação;

Origem: Casos em que já foi afastada a aplicação

da exceção.

o Quando os dois casos não são exatamente

iguais mas há factos comuns;

o O Tribunal aprecia as questões novas mas é

obrigado a seguir a decisão anterior quanto

aos factos comuns.

Requisito: Prejudicialidade- as partes têm que ser

as mesmas, embora a segunda ação tenha que ser

diferente parcialmente:

Ou no pedido;

Ou na causa de pedir.

Exemplo: Acórdão STJ 13.10.92

A propõe contra B uma ação de responsabilidade civil por acidentes de viação.

Depois há uma segunda ação, proposta de B contra A. As partes são as

mesmas, mas as posições inverteram-se. Na segunda ação o Tribunal

entende (bem) que a segunda ação implicaria uma análise

e apreciação de todos os factos que tinham sido dados como

assentes na primeira decisão- neste caso, também devíamos

primar pela celeridade processual.

Exemplo: Ação de Reivindicação: Senhorio vs. Inquilino

1- Contrato de arrendamento declarado nulo;

2- Numa segunda ação, o inquilino vem a pedir para exercer o direito

de preferência sobre um determinado bem.

Neste caso, não se aplica a exceção de caso julgado, uma

vez que o pedido e a causa de pedir são efetivamente

diferentes. Mas devemos considerar a autoridade de caso

julgado uma vez que o contrato de arrendamento havia

sido considerado nulo- logo, não havia mais questões a

apreciar sendo o contrato nulo e eficaz.

Sumário

A exceção de caso julgado não se confunde com a

autoridade de caso julgado

Exceção de Caso Julgado Autoridade de Caso Julgado

Com a exceção do

caso julgado visa-se o

efeito negativo da

inadmissibilidade da

segunda ação, como

que uma espécie de

obstáculo à

apreciação da nova

decisão no que ao

mérito diz respeito.

Com a autoridade de caso

julgado, procura-se o efeito

positivo de impor a primeira

decisão à segunda em relação

ao julgamento do mérito feito

inicialmente.

Princípio da Estabilidade da Instância: artigo 260.º

CC: a instância deve manter-se estável quanto às partes;

ao pedido e em relação à causa de pedir.

Page 18: Esquemas de Teoria do Processo A3

18

O conhecimento do mérito da causa

Condições de existência, validade e da admissibilidade da ação

“O juiz tem de decidir”

Proibição de non liquet: Artigo 8.º CC

“1- O Tribunal não pode abster-se de julgar, invocando a falta ou

obscuridade da lei ou alegando dúvida insanável acerca dos factos em

litígio”.

Atenção:

Só existe um dever de julgar ou de conhecer do mérito da causa

quando estão reunidos os pressupostos processuais de:

a) Existência;

b) Validade;

c) Admissibilidade.

O que é a Instância? A Instância é:

Relação triangular que se estabelece de entre o Tribunal, o

autor e o réu.

(a) – Pendência Simples- quando a petição inicial dá

entrada na secretaria do tribunal;

(b) – Pendência Qualificada- quando o réu é citado;

Só nas situações de

pendência qualificada estão

reunidas as condições para

que possamos afirmar da

existência de uma ação;

O processo termina com o

trânsito em julgado da ação-

artigo 628.º CPC.

Ineptidão da Petição Inicial: artigo 186.º CPC

Em que consiste?

(a) Falta ou inteligibilidade da indicação do pedido e da causa

de pedir;

(b) Quando o pedido esteja em contradição com a causa de

pedir;

(c) Quando se cumulem ou causas de pedir ou pedidos

substancialmente incompatíveis.

Estas podem ser as causas que determinam a absolvição da

instância.

Admissibilidade e Pressupostos Processuais

Alcance e efeitos da absolvição da Instância (- Artigo 279.º

CPC-)

A ocorrência de uma exceção dilatória não impede a proposição

de uma outra ação quanto ao mesmo objeto: “ a absolvição da

instância não obsta a que se proponha uma nova ação sobre o mesmo objeto”.

(n.º1)

(n.º3) – aproveitamento das provas produzidas no primeiro

processo, passando estas a ter valor decisório em relaçãp a uma

eventual segunda ação que venha a ser proposta.

Exceções Dilatórias:

Artigo 577/ alínea a) – Incompetência dos Tribunais –

determina a remessa do processo para outro tribunal;

Artigo 577.º/alínea b) – Nulidade de todo o processo

(artigo 612.º CPC) – determina a absolvição da instância;

Artigo 577.º/ alínea c)- Personalidade Judiciária e

Capacidade Judiciária – determinação das partes que

reúnem os requisitos necessários para dirimir o litígio-

determinam a absolvição da instância.

Pressupostos Processuais:

Estes são requisitos que têm que se verificar para que a causa

possa ser apreciada quanto ao mérito.

---_---_--- Princípio da gestão processual - o juiz, nos

termos do artigo 6.º/2 CPC:

Deve providenciar oficiosamente pelo suprimento da falta de

pressupostos processuais, determinando a realização dos atos

necessários à regularização da instância (por exemplo

reconvenção nos termos do artigo 573.º CPC) e também deve

promover a sanação das irregularidades, convidando as partes a

aperfeiçoarem os seus articulados.

a- Positivos- aqueles cuja verificação é essencial para que o

juiz conheça do mérito da causa;

b- Negativos- aqueles cuja verificação obsta a que o tribunal

aprecie o mérito da causa:

i. Litispendência;

ii. Caso Julgado;

iii. Existência de um

compromisso arbitral.

Page 19: Esquemas de Teoria do Processo A3

19

Legitimidade Processual

o A legitimidade supõe uma relação do sujeito com o

conteúdo do ato em causa;

o A qualidade do autor e do réu tem de justificar que os

mesmos possam contradizer e demandar em juízo;

Conselho: devemos fazer referência ao

maior n.º de pessoas nos articulados para que

a estes possam vir a ser opostos os efeitos

que se extraem da decisão proferida pelo juiz.

Interesse em Agir

O interesse em agir pressupõe que é inevitável recorrer à

via judicial por não restar ao indivíduo outro modo de

satisfazer a sua pretensão – o interesse legítima pode ser

equiparado à tutela jurídica;

A situação de carência tem que ser real, efetiva,

justificada e objetiva:

Não é real, nem efetiva, assim como justificada e

objetiva a situação em que:

o O autor podia recorrer atempadamente a meios

de resolução alternativa de litígios- resolução

extrajudicial de litígios;

o Quando o ordenamento jurídico confere ao

autor um direito potestativo- podendo o mesmo

exercê-lo unilateralmente sem necessidade de

recurso às vias judiciais.

Objetivo:

1) Procura-se evitar o dispêndio de recursos desnecessários com o

chamamento das pessoas a juízo;

2) Pretende impedir que os tribunais esteja sobre carregados;

Interesse

Legítimo

Caso em que a

obrigação ainda não

é exigível no

momento em que a

ação é proposta-

artigo 610.º/1 CPC.

Determina o n.º3

deste preceito que os

honorários do

advogado do réu terão

de ser suportados pelo

autor;

Ofensa a um direito real ou direito de

personalidade;

Ações constitutivas: aquelas em que o

direito potestativo correspondente não pode

ser exercido por simples declaração de

vontade do simples titular:

o Ações de divórcio;

o Ações de separação de bens.

Ações de simples

apreciação: em

relação a estas tem

que se verificar um

interesse

objetivamente grave,

de modo a que a

intervenção judicial

seja justificada:

Objetivamente:

o interesse tem

de ser baseado

em factos

concretos;

Gravidade da

dúvida: grau de

probabilidade

suficiente para

que possamos

afirmar que

haverá um

prejuízo material

e moral que

pode ser gerado,

ainda que

estejamos nima

situação de mera

dúvida.

A jurisprudência

tem entendido

que a falta de

pressuposto

constitui uma

exceção

dilatória.

Page 20: Esquemas de Teoria do Processo A3

20

Litisconsórcio (-artigo 577.º/alínea e) CPC- Exceção dilatória

corresponde à preterição de litisconsórcio necessário)

“Pluralidade de partes com unicidade na relação

controvertida”

1- Litisconsórcio Necessário

(- Artigos 32.º a 34.º CPC-)

Situações em que as partes concorrem no processo civil

do lado do autor ou do lado do réu, assumindo-se no seio

do processo como:

a) Parte Principal;

b) Parte Acessória.

Modalidades

Litisconsórcio Necessário

(-artigos 33.º + 34.º CPC-) Litisconsórcio Voluntário

(-artigo 32.º CPC-)

Indisponibilidade do Processo

+

Compatibilidade dos efeitos

produzidos

No litisconsórcio necessário a

pessoa tem interesse direto

na proposição da ação, mas

não o pode fazer

singularmente: é necessário

acompanhar-se ou pelo

menos tem de propor a ação

contra mais do que um

sujeito processual.

No litisconsórcio necessário é

exigida a intervenção de todos

os interessados, i.e., a

intervenção ou citação das

partes é essencial à

regularidade da instância

pelo menos quanto ao aspeto

da legitimidade.

Quando ocorre?

O litisconsórcio voluntário

ocorre quando não existe

nenhuma disposição legal a

exigir a presença de duas ou

mais pessoas na mesma

qualidade de sujeito

processual.

Esta é uma verdadeira

permissão que a lei deixa à

disponibilidade das partes;

Se a lei não disser, a ação

pode ser proposta por

um só ou contra um só

dos interessados,

devendo o tribunal,

nesse caso, conhecer

apenas da respetiva

quota-parte do interesse

ou da responsabilidade,

ainda que o pedido abranja

a totalidade.

O que é que se tem de fazer?

Basta citar-se alguém. Numa

fase posterior o sujeito é que

optará por intervir ou por não o

fazer.

Quando a lei o permita-

artigo 32.º/2 CPC- basta a

intervenção de apenas um

dos do rol dos

intervenientes que tenha

um interesse legítimo.

Critério:

Simples:

Decisão diferente para

cada uma das pessoas;

C deve entregar a coisa a A, mas B

tem direito a utilizar a mesma.

Unitário

Decisão igual para todos,

ainda que as partes sejam

diferentes;

O Tribunal não vai anular o contrato

em relação ao réu B e declará-lo como

válido em relação a C

Conjunto (artigo 555.º

CPC)

“Pode o autor deduzir

cumulativamente contra o mesmo réu,

num só processo, vários pedidos que

sejam compatíveis, se não se

verificarem as circunstâncias que

impedem a coligação”.

Declaração do direito de

propriedade e entrega

conjunta do prédio;

Anulação do negócio

jurídico e condenação a uma

indemnização pelo dano

negativo;

Pedido de condenação no

pagamento do preço em uma

compra e venda e restituição

conjuntamente da quantia

mutuada.

(______-

_____________-

______)

O pedido conjunto

-/-

Coligação

-/-

Pedido Subsidiário

Comum:

(Artigo 32.º/1 CPC)

Aqueles casos de

litisconsórcio em que não

nenhuma desvantagem em

permitir o exercício da causa

por uma só pessoa. Ou seja,

não há desvantagem jurídica

em ser-se só um autor a

litigar;

Conveniente:

(Artigo 32.º/2 CPC)

Estamos perante casos em

que se o autor avançar para a

ação sozinho o Tribunal só

pode conhecer da quota-

parte do Direito ou da

Intervenção consequente.

Voluntário

Comum Conveninete

Page 21: Esquemas de Teoria do Processo A3

21

Tipos

Legal

Casos em que a lei

determina que a pessoa

sozinha não pode

dispor da matéria:

a) Artigo 419.º/1 CC-

Direito de

Preferência;

b) Artigo 535.º/1 CC-

Obrigações

indivisíveis com

pluralidade de

devedores;

c) Artigo 1405.º CC-

exercício de direitos

de

compropriedade;

d) Artigo 2091.º CC-

Partilha da

Herança.

Exemplos:

Obrigações conjuntas ou

parciárias

Nas ações de litisconsórcio

voluntário onde estão em

causa obrigações parciárias-

regime regra - e em

conformidade com o

disposto no artigo 288.º/1

do CPC- é de dizer que cada

parte pode:

a) Desistir do pedido;

b) Confessar o pedido;

c) Transigir o pedido.

Contitularidade de

direitos reais ou exercício

da petição da herança por

um só herdeiro- neste

caso, a legitimidade

processual ativa está

assegurada ainda que a

ação seja movida apenas

por um dos

compossuidores- artigo

1286.º CC ou co-

herdeiros- artigo 2078.º

CC.

Convencional

Quando resulta de lei ou

de negócio jurídico.

Natural

A decisão deve produzir

o seu efeito útil normal

para:

(a) Se evitarem

decisões

jurisprudenciais

contraditórias;

(b) Decisões inúteis

ou pouco úteis;

Caso:

1- Autor (promitente

comprador) leva a

cabo uma execução

específica do

contrato promessa

de compra e venda;

2- Entretanto o réu

(promitente

vendedor) aliena o

terreno a terceiro;

3- Pode o tribunal

transferir o bem para

a esfera jurídica do

autor, encontrando-

se já este na esfera

jurídica de um

terceiro? Não- a

decisão seria inútil.

Litisconsórcio

Inicial: A ação é desde lodo

proposta por uma pluralidade

de litisconsórcio ou contra uma

pluralidade de litisconsortes.

Sucessivo: Quando são

chamadas mais partes ao

processo no decurso da

tramitação correspondente.

Litisconsórcio

Lado Ativo

Lado Passivo

Coligação (-artigo 36.º CPC-)

“É permitida a coligação de autores contra um ou vários réus e é permitido

a um autor demandar conjuntamente vários réus, por pedidos diferentes,

quando a causa de pedir seja a mesma e única ou quando os pedidos estejam

de entre si ligados por uma relação de prejudicialidade ou de dependência.”.

Por exemplo, A e B intentam uma ação contra C, mas só o

sujeito A deduziu ao pedido um primeiro cumulado com o outro.

Pedidos Subsidiários (- artigo 554.º CPC -)

Entre pedido principal e pedido subsidiário não tem de

haver prevalência substantiva:

o O autor pode deduzi-los apenas por estar incerto

relativamente ao seu direito ou por admitir que o

tribunal possa ter dúvidas quanto a ele, ordenando-

os como muito bem lhe aprouver.

Page 22: Esquemas de Teoria do Processo A3

22

Neste tipo de ações os pedidos são diferentes,

embora uns prevaleçam sobre os outros, ainda

que tal não aconteça num ponto de vista

substantivo- Pedidos em cascata

O pedido subsidiário normalmente existe quando existem

fundadas dúvidas sobre se a titularidade da relação jurídica

material pertence a um ou a outro sujeito:

Esta dúvida pode ocorrer quando se desconhece

a qualidade jurídica.

Impugnação Pauliana Declaração de nulidade

por simulação

Declaração de nulidade

de um contrato

+

Restituição da coisa

prestado em seu

cumprimento

Condenação do réu n

cumprimento do mesmo

contrato

Contrato de seguro:

A sofreu danos causados por

B. A ação foi proposta contra

a seguradora C e D- que

cobriam riscos diferentes. Se C

que B pague o preço pelos

danos causados e se o Tribunal

assim não o entender, recorrerei

a C para que este proceda ao

pagamento do respeito preço.

Evita-se assim a

necessidade de serem

propostas duas ações

contraditórias.

Intervenções de Terceiros

Principais: o terceiro interventor é considerado como parte

no litígio- é considerado como autor ou réu.

Como parte acessória a pessoa

acaba por ter o seu papel no

processo, mas não atua como parte,

somente coadjuva as partes

principais, assumindo uma posição

auxiliar do autor ou do réu.

o Espontâneas- quando é o

próprio terceiro que surge na

ação;

o Provocadas- quando a própria

intervenção do sujeito é feita

por chamamento.

Por exemplo, o juiz face a um caso de litisconsórcio necessário, em vez de

optar por absolver o réu da instância, em nome do princípio da economia

processual, acaba por decidir convidar o autor a aperfeiçoar a sua petição

inicial. Em face deste convite, o autor vai requerer a intervenção de um

terceiro.

Page 23: Esquemas de Teoria do Processo A3

23

A decisão sobre a matéria de facto

Artigo 410.º CPC

“Incumbe ao juiz realizar e ordenar, mesmo oficiosamente, todas as

diligências necessárias ao apuramento da verdade e à justa

composição do litígio, quanto aos factos que lhe é lícito conhecer”.

O que é a verdade?

a- Um segmento da doutrina diz que: verdade = verdade

formal;

b- Outro segmento da doutrina diz-nos que: verdade =

verdade material- é muito difícil atingir a verdade

material.

Dever de cooperação para descobrir a verdade- artigo

417.º CPC- todas as pessoas devem responder a perguntas,

submeter-se a intervenções necessárias, facultar o que for

requisitada, e praticar os atos que forem determinados para

o apuramento da verdade material, sejam ou não partes em

litígio.

Deveres do juiz no âmbito da tramitação do processo:

1- Confrontado com duas ou mais versões do que se terá

dado numa determinada ocasião, ao juiz cumpre

selecionar, de entre:

i. Matéria assente: alegações de facto que o

juiz tem por relevantes em relação à

apreciação do mérito de uma decisão, sendo

que em relação a estas não carece de prova;

ii. Matéria controvertida: objeto de discussão

no litígio;

2- Identificar o objeto do litígio e enunciar os “temas de

prova”;

3- Decisão sobre os factos dados como provados e os factos

dados como não provados- artigo 607.º/4 CPC.

Em relação a alguns factos o juiz pode requerer novos

meios de prova- mas esta não deverá ser uma

possibilidade assumida ad eternum.

“Regras da experiência”

o Conjunto de regras e princípios que regulam a generalidade

dos casos em que o Tribunal tem de decidir numa situação de

incerteza relativamente a uma questão de facto;

1- Direito Probatório Formal = Regras de Prova;

2- Direito Probatório Material = Ónus de Prova / Ónus

de alegação (a matéria vai ser analisada de uma ordem diferente)

Pertencem ao âmbito do direito probatória material as matérias

respeitantes ao próprio conceito de um determinado meio de

prova, à sua admissibilidade, à sua força probatória, e até mesmo

quanto ao ónus de prova.

Fica reservado para o direito probatório adjetivo o regime da

sua produção no processo, que envolve alguns aspetos, como por

exemplo a apresentação de provas, admissão das mesmas pelo

juiz e a sua produção propriamente dita.

o As regras de prova são anteriores e determinam o

andamento do processo;

o O ónus de prova aplica-se depois das regras de prova e só

no caso de o tribunal não ter obtido convicção quanto às

versões de facto discutidas.

Facto e Norma

Facto

Acontecimento ou circunstância do mundo exterior ou

da via íntima do Homem, pertencente ao passado ou

ao presente, concretamente definido no tempo e no

espaço e como tal apresentando as caraterísticas de

objeto- designadamente da alegação processual e da

prova feita em juízo;

Norma

A previsão legal e a própria estatuição recorrem a tipos

de facto, gerais ou abstratos, e descrevem-nos

utilizando um conjunto de conceitos de Direito-

jurídicos portanto- que resultam de um tratamento de

outros tipos de facto por outras normas do sistema.

(Conhecimento muito breve da Problemática do conhecimento

das matérias que são da competência do STJ)

Dir

eito

Pro

bat

óri

o

Formal

Material

É do entendimento dominante que o STJ só deve conhecer de

matéria de direito – mas segundo Castanheira Neves, o STJ

pode decidir tudo o que seja relevante ou necessário para a

apreciação da matéria controvertida. Como esta distinção entre

questões de facto ou de direito não é rigorosa devemos

interpretar que o STJ deve ser competente para conhecer de tudo

aquilo para que esteja preparado, tendo sempre como referente o

princípio da imediação. Assim sendo, o STJ só não deve conhecer

aquilo para que não tenha, de todo, competência - exemplo:

testemunha que falou na 1ª instância mas que já não o pode fazer

agora.

Page 24: Esquemas de Teoria do Processo A3

24

Questão de Direito vs. Questão de Facto

Uma questão de Direito é aquela que nos mostra o

critério que nos permite orientar a resolução da

problemática jurídica com que nos defrontamos;

Uma questão fáctica é aquela cuja resolução não

consegue ser encontrada mesmo com recurso a regras e

princípios que enformam o ordenamento jurídico.

A probabilidade e a convicção do julgador

sobre a matéria de facto

Teoria da decisão

STJ- 13/10/2013

“ a afirmação de que um facto se considera provado depende da aplicação de

critérios racionais”.

Em ambiente de incerteza, pode dizer-se que a decisão é

racional:

Se o juiz, com base na informação de que dispõe, optar

pela melhor solução conducente à justa composição do

litígio.

Se temos duas versões antagónicas, devemos

optar por decidir por aquela que, estando

correta, levar a consequências mais benéficas

e, mesmo estando errada, não acarrete

prejuízos consideráveis.

Critérios de distribuição do Ónus da Prova

Grau exigível ao juiz ou aos membros do júri para

poderem afirmar que estão convictos da veracidade de

certa proposição de facto.

Cumpre agora retomar a ideia de que o juízo de convicção do

julgador não é mais do que um juízo de probabilidade sobre a

verdade ou falsidade de certas proposições. Existe a consciência

geral de que o juiz não atinge, em caso algum, a verdade absoluta,

mas somente uma certeza subjetiva quanto à veracidade dos

factos. Ora, esta certeza subjetiva diz respeito a um alto grau de

probabilidade, suficiente para as necessidades práticas da vida.

Artigo 368.º CPC- FOMUS BONI IURIS

Forma de tutela da aparência de um direito.

FUNDAMETAÇÃO: Artigo 607.º/4 do CPC – o juiz tem de

fundamentar o modo como chegou à sua convicção. O tribunal

é livre de formar a sua prudente convicção- mas a decisão do juiz

deve ser a mais correta possível e basear-se em elementos

fundáveis. Por isso, o julgador deve expressar a forma como

atingiu o resultado decisório.

Sistemas em que se baseia a decisão do juiz

Entre nós vigora ainda o sistema de persuasão, em contraposição

ao sistema da íntima convicção.

Sistema da Íntima

Convicção: permite que

o juiz recorra a todas as

suas faculdades de modo

a chegar ao

conhecimento, mesmo

que meras impressões

acerca da realidade, por

isso racionais ou

intuitivas;

Sistema da persuasão:

entende-se que os meios de

prova devem ser apreciados

pelo juiz de acordo com a sua

inteligência, apenas pelas

suas faculdades cognitivas

racionais. O sistema de

persuasão relaciona-se ainda

com a necessidade de

fundamentação das decisões

judiciais

Como se processa a decisão?- revisão

a) Ao juiz pede-se, muito pragmaticamente, que decida. Por

isso, depois de analisada toda a prova, deve emitir o

seu juízo de convicção, dando os factos que lhe forem

narrados como provados ou não provados.

b) Se tiver dúvidas, deve considerar certo facto como não

provado, o que nos diz que o juiz não ficou convencido da

veracidade daquela afirmação.

Ora, perante esta dualidade em que, de um lado, o juiz tem

dúvidas quanto aos factos mas, por outro, há a proibição de non

liquet, intervém o instituto do ónus de prova – se o juiz tem

dúvidas quanto à veracidade ou falsidade de um

acontecimento, deve dar ambos como não provados e é o

instituto do ónus de prova que o auxilia, determinando

contra quem a decisão deve ser proferida. Ou seja, sempre

que a convicção do juiz sobre a veracidade ou falsidade de

questões de facto fique aquém do grau de convicção exigível para

dar o facto como provado (50-50%), intervém o instituto do ónus

de prova.

O grau de convicção exigível para que o juiz dê certos factos

como provados e não recorra ao instituto do ónus de prova é o

da «certeza subjetiva», i.e., um «alto grau de probabilidade,

suficiente para as necessidades práticas da vida».

Em caso de dúvida, o juiz deve decidir contra o autor, pois

este não fez prova do facto ditador da responsabilidade do

réu, a agressão.

Page 25: Esquemas de Teoria do Processo A3

25

O nosso sistema assenta numa lógica dicotómica de tudo ou

nada: para dar um facto como provado, o juiz tem de ter a certeza

subjetiva de que é verdadeira a sua afirmação. Na dúvida, seja ela

grande ou pequena, dá-lo-á como não provado. Assim, o seu caso

prático incluirá apenas os factos dados como provados e é quanto

a eles que terá de decidir. Quando não forma esta tal certeza

absoluta, terá de recorrer ao ónus de prova, decidindo contra uma

das partes e a favor da outra.

Distinção de entre graus de convicção

Sistema Inglês e Americano

Beyond the shadow of a doubt = 100 % de convicção

– nunca é aplicável

Beyond a reasonable doubt = 99, 5 %- certeza quase

absoluta- aplica-se aos processos penais

Basta que ao juiz ocorra uma versão alternativa dos factos com

um mínimo de plausibilidade para não poder dar os factos em

causa como provados. Tendo em contra o princípio do in dubio

pro reo, a plausibilidade dessa narrativa bastará para que se crie

na cabeça do juiz uma dúvida razoável, não podendo condenar

o arguido

Clear and conuincing evidence = 75%- aplica-se aos

processos sobre regulação de poder paternal, sendo

neste que a prova tem de ser clara e convincente

Uma fasquia menos exigente do que

a anterior e correspondendo a um

grau de razoável certeza subjetiva

Preponderance of evidence = generalidade dos

processos cíveis onde apenas estão em causa questões de

direito patrimonial.

Significa que o julgador da matéria de facto

dará um facto como provado ou não provado

consoante a sua convicção penda mais para

um lado ou para o outro, ainda que apenas

ligeiramente.

Page 26: Esquemas de Teoria do Processo A3

26

Prova

(- Por lógica os meios de prova vão anteceder o ónus da prova-)

Por essa mesma razão tomei a opção de os colocar numa ordem diferente de

aquela que foi desenvolvida pela professora em aula.

Findos os articulados, o juiz procede à divisão da matéria

de facto:

a) Factos Relevantes/Principais

Factos relevantes ou principais são aqueles que

aparecem delimitados pela norma como essenciais ou

não essenciais à procedência ou improcedência da ação.

Podem ser considerados como factos principais os

factos impeditivos, modificativos ou extintivos a que o

artigo 342.º CC faz alusão.

b) Factos Irrelevantes

Aqueles que não relevam para efeitos de procedência

ou improcedência da ação.

O juiz deve fazer ainda a distinção de entre:

Na matéria assente os factos devem ser alinhados, enquanto na

matéria controvertida os factos constam de uma base instrutória

que corresponde a uma espécie de plataforma numérica.

Abrantes Geraldes defende que a base instrutória pode integrar

não só factos essenciais, como também factos instrumentais que

sirvam para apoiar o estabelecimento de presunções judiciais.

“O juiz tem de atender a todos os factos que possam

mostrar-se necessários para uma decisão mais justa”.

Matéria Assente:

Factos admitidos por acordo, i.e., aqueles em relação aos

quais as partes não têm divergido, tácita ou expressamente;

Aqueles que resultam de confissão da parte envolvida.

Temas de Prova

Os temas de prova- bem como o objeto do litígio-

são fixados pelo juiz em despacho subsequente ao

despacho saneador, podendo a decisão que enuncia

os temas de prova ser objeto de reclamação e

posterior recurso extraordinário interposto da

decisão final - o recurso ordinário deixa de ser

admitido.

Matéria Assente -: - art- 574.º/2 CPC

Temas de Prova -: - art. 591.º/alínea f) + 596.º/1 CPC

Temas de Prova

Factos principais

Factos essenciais

Factos instrutórios

Regra Geral: as partes não precisam de fazer prova do

direito, mas apenas dos factos

Exceção – artigo 348.º CC – nos casos de direito local,

direito consuetudinário ou direito estrangeiro faz-se prova do

direito.

Fontes de Prova

Artigo 341.º CC

As provas têm por função a demonstração da realidade dos

factos. A formação da convicção do tribunal sobre cada facto

articulado e controvertido- artigo 607.º CPC- é um elemento

subjetivo importante, dado que a prova no processo se destina a

formar essa convicção e só pode incidir, como regra, sobre os

factos articulados pelas partes.

Objeto da Prova

O Objeto da prova é, em regra, constituído por factos.

o Principais;

o Indiciários;

o Reais;

o Hipotéticos;

o Juízos sobre factos.

Apenas podem ser objeto de prova, em regra, os factos bem

alocados pelas partes na parte instrutória:

o Exceção: Factos notórios- artigo 412.º/1 do CPC – factos

de conhecimento geral, em Portugal ou nas regiões

autónomas onde a causa pode ocorrer, pelos indivíduos com

acesso aos meios de informação normal- como tal esses

factos não carecem de ser alegados nem sequer provados.

Perspetivas de olhar para a prova:

Estática- olhamos para a prova independentemente do

momento em que aparece em tribunal;

Dinâmica- modo como a prova surge no processo-

referimo-nos não a meios de prova não no sentido de

fontes, mas enquanto atos de revelação da prova;

Juiz decide:

Matéria Assente

Matéria controvertida

Page 27: Esquemas de Teoria do Processo A3

27

Resultado- a prova pode ser abordada enquanto

resultado, i.e., no sentido de que se conseguiu ou não

convencer o tribunal de que determinadas alegações eram

verdadeiras.

Classificação: Fontes de Prova Real e Pessoal

A fonte de prova pode ser distinguida de entre fonte de prova

pessoal e fonte de prova real.

o Pessoas;

o Coisas.

a) Fontes de prova pessoal- incluímos neste âmbito as

próprias partes e testemunhas e testemunhas enquanto

conhecedoras de factos relevantes no processo.

a. Depoimentos;

b. Declarações de parte;

c. Testemunhos.

A pessoa serve à prova enquanto portadora, não de um

conhecimento, mas de um indício natural do facto relevante.

b) Fontes de Prova Real

Documentos: fotografias; vídeos, esculturas, etc.-

sendo que nestes se encontram registados factos

relevantes para o processo, por via de uma

intervenção humana intencional;

Monumentos- indícios de algo que não foi feito-

estas são coisas portadoras de indícios naturais

de um facto relevante. Por exemplo: um objeto

semidestruído pelo fogo; vidro no qual consta

uma impressão digital; terreno circundado de

marcos; faixa de rodagem com rastos de

travagem de um veículo.

Princípio da livre apreciação de prova: artigo 607.º/5 do

CPC.

Limites:

Limite geral- dever de fundamentação- o juiz está

limitado porque sabe que tem de fundamentar. O juiz sabe

que não se pode deixar convencer por nenhum motivo

inconfessável. Tem de se libertar de tudo o que não seja

racional- artigo 607.º/4 CPC;

Limites especiais:

o Regras que proíbem certas provas ou lhes fixam um

valor determinado:

Admissibilidade da prova- o princípio da

dignidade da pessoa humana impõe certos

limites em sede probatória. A dignidade da

pessoa humana exige que algumas formas de

obtenção da prova sejam banidas.

A obtenção das fontes de prova está sujeita a

regras, como por exemplo:

o Proibição da tortura;

o Realização de escutas telefónicas*;

o Proibição de gravações de imagem*;

o Agent provocateur.

** Em algumas situações, o nosso sistema admite a realização de

escutas telefónicas e mesmo a captura de imagens.

Inutilização das provas:

As provas, quando obtidas ilicitamente, são sempre

inutilizáveis. Só quando o meio é licito é que o utilizado é

exigível.

Formas da Prova- Perspetiva Geral

Ad substancium – o ato só produz efeito quando

conduzido sobre a forma escrita – se o ato não é

acompanhado de forma escrita é declarado inválido;

Ad probationem – apenas gera prova do ato por via

documental, mas a sua inexistência não coloca em causa a

sua validade.

Formas de Prova stricto sensu

a) Representativa- fontes históricas, i.e., relatos daquilo

que se passou.

b) Indiciária- são portadoras de indícios, mas não os

representam;

c) Indireta- ilações que nos levam até aos factos

essenciais- meios de prova em que se interpõem

intermediários, os quais transmitem ao tribunal factos

passados ou históricos;

Page 28: Esquemas de Teoria do Processo A3

28

d) Direta- aquelas que nos permitem diretamente observar

a veracidade dos factos essenciais- meios em que

nenhum intermediário se interpõe de entre a produção

de prova e o próprio tribunal.

Mais frequentes: representativas + indiciárias

Menos frequentes: prova direta.

Valores da Prova

Prova bastante – artigo 346.º CC

É aquela que cede perante simples contraprova. Isto quer dizer que a simples prova permanece sempre que não hajam sido suscitadas quaisquer dúvidas no espírito do julgador, mas cede logo que a outra parte suscite essas dúvidas, por via de uma simples contraprova.

Prova Plena- artigo 347.º CC

Aquela que só cede perante a prova do contrário, não bastando

já, como anteriormente, a simples dúvida. Esta prova do

contrário é:

Simples- se poder ser feita por qualquer meio;

Qualificada- se excluir a possibilidade de prova

testemunhal e por presunções.

Prova Pleníssima

o Aquela que nem sequer admite a prova em contrário.

É aquela irrefutável, i.e., que não admite qualquer prova em contrário-

caso das presunções iuris et de iure. Equivale às presunções inilidíveis

onde não se admitem pura e simplesmente prova em sentido contrário.

A Jurisprudência qualifica os dados de depoimento e confissões como

prova pleníssima

Meios Probatórios

A) Prova Documental

Artigo 362.º CC:

“Prova documental e a que resulta de documento. Diz-se documento

qualquer objeto elaborado pelo Homem com o fim de representar uma

pessoa, coisa ou facto.“- Definição de documento de

Carnelutti.

Documento

=

Objeto elaborado pelo Homem

+

Fim representativo

Elementos da definição de documento

o Corpus - manifestação duradoura, corpórea ou incorpórea

de um suporte material ou realidade virtual;

o Docência- o documento tem de conter ínsito um ato de

comunicação;

Documentos escritos são, em suma, suportes duradouros

que corporizam atos de comunicação verbal de forma

escrita.

Suporte duradouro- D.L n.º 95/2006

Suporte duradouro é aquele que permite armazenar de forma

permanente e acessível um conjunto de informações relevantes

para o processo.

Um documento é um meio de prova direta apenas das

declarações nele corporizadas: declarações do autor, do

réu ou de um terceiro interveniente no processo. Ou seja,

estamos perante um meio de prova, que com as limitações

inerentes, se cinge às declarações que nele são feitas;

A prova documental não afere imediatamente a veracidade

dos factos que são alegados pela parte quando esta profere

declarações. Só imediatamente se podem fazer ilações em

relação à ocorrência de determinados atos.

Os documentos escritos podem ser:

Documentos Autênticos

Documentos Particulares

Documentos Autenticados

(1) Autênticos- artigo 363.º/2 CC

Documentos que provêm de oficial público provido de boa-fé

pública, dentro do círculo de atividades que lhe é atribuído, ou de

uma autoridade pública que os exare, com as formalidades legais,

nos limites da sua competência. Tão pouco o documento é

autêntico se não se apresentar assinado pela autoridade pública

ou pelo oficial público documentador.

Prova Legal

Positiva-quando um facto só pode ser provado de uma determinada

maneira

Negativa-quando os factos não podem ser

provados com recurso a determinados meios.

Page 29: Esquemas de Teoria do Processo A3

29

Força Probatória: artigo 372.º/1 CC- prova plena dos

factos

A força probatória plena de um documento autêntico aó pode ser

ilidida mediante arguição da sua falsidade, i.e., de que um ou mais

factos abrangidos pela força probatória do documento na

realidade não se verificaram, sendo falsa e errada a declaração

emitida pelo documentador.

(2) Particulares

Artigo 373.º CC: os documentos particulares devem ser

assinados pelo seu autor, ou por outrem a seu rogo, se o rogante

não souber ou não puder assinar.

A genuinidade de um documento particular tem que ver com a

coincidência de entre o autor real e o autor aparente, reportada

pela função desempenhada da subscrição.

Prova da autoria de um documento: reconhecimento presencial

da assinatura.

Valor Probatório: artigo 376.º/1 CC- o documento particular

tem valor de prova plena quanto às declarações emitidas pelo seu

autor.

No entanto, a força probatória de um documento particular

é muito mais restrita do que aquela força probatória que a

lei confere ao documento autêntico, ou seja, a força probatória

dos documentos particulares nunca abrange os factos que nela

sejam narrados como praticados pelo subscritor do documento

ou como objeto da sua proteção direta: apenas as declarações, de

ciência ou de vontade, nele constante ficam documentalmente

provadas.

(3) Documentos Autenticados:

São particulares mas seguem determinadas

formalidades posteriores à sua produção que os

elevam e lhes permitem retirar os efeitos dos

documentos autênticos.

Mas esta não é uma sub espécie- a lei só faz a

distinção de entre documentos particulares e

documentos autênticos.

Em que consiste o ato de autenticação de um

documento?

Autenticação consiste num processo emitido por uma entidade

pública que afirma que um determinado documento passa a ter

força jurídica por força do processo de autenticação.

Nota: Ver artigos 423.º + 426.º + 436.º CPC

B) Confissão

o A confissão não é uma atividade probatória. É antes, uma

qualificação jurídica.

Artigo 352.º CC:

Confissão é o reconhecimento que a parte faz da

realidade de um facto que lhe é desfavorável e que

favorece a parte contrária.

Lebre de Freitas:

A confissão corresponde:

1- Ao reconhecimento da realidade de um facto- passado ou

presente duradoiro- desfavorável ao declarante, i.e., de um

facto constitutivo de um dever ou sujeição, extintivo ou

impeditivo de um seu direito modificativo de uma situação

jurídica em sentido contrário ao seu interesse;

Ou, ao invés

2- À negação da realidade de um facto favorável ao

declarante, ou seja, de um facto constitutivo de um direito,

extintivo ou impeditivo de um dever ou sujeição ou

modificativo de uma situação jurídica no sentido do seu

interesse.

“Facto desfavorável”- referências alternativas

Facto extintivo ou modificativo para pior de um

direito nosso ou situação jurídica ativo;

Facto constitutivo ou modificativo para melhor de

um dever ou outra situação jurídica passiva nossa;

Reconhecer que não temos um direito

Factos que levam à conclusão de que não temos direito ou

situações jurídicas ativas, ou que aumentam deveres ou outras

situações jurídicas passiva.

Modalidades da Confissão

(-Artigos 355.º + 356.º CC-)

o Judicial- aquela que é feita dentro do próprio

processo:

Espontânea- feita nos próprios articulados, o

que dispensa o advogado de procuração;

Page 30: Esquemas de Teoria do Processo A3

30

Provocada- quando a confissão é feita a

requerimento da parte contrária, ou por

determinação do juiz, no exercício do seu poder

de direção e de fiscalização da prova.

o A provocada é aquela que acontece

em depoimento de parte- artigos

462.º e seguintes do CPC- ou na

prestação de declarações ou

esclarecimentos ao Tribunal em

audiência prévia- artigo 591/1/

alínea c) do CPC.

o Extrajudicial- é feita, por exclusão de partes, fora do

processo- artigo 355.º/4 do CC, podendo esta ser:

Escrita; ou

Oral

Nota da Professora Margarida Lima Rego: Na fase da

produção de prova, o depoimento de parte pode originar uma

confissão da parte em relação a factos que lhe são desfavoráveis.

As declarações de parte, da iniciativa da mesma, não as impede

de se pronunciarem sobre algo que lhe é desfavorável.

Confissão em sentido probatório

Artigo 358.º CC: força probatória da confissão judicial e

extrajudicial.

A força da confissão depende do modo como esta é obtida.

Segundo Lebre de Freitas, à confissão é-lhe atribuída uma força

de prova pleníssima porque quando surge não se admite prova

em contrário. Contudo, esta força só existe em determinadas

circunstâncias- nas outras situações está sujeita ao princípio da

livre apreciação de prova o Tribunal.

Artigo 364.º/alíneas a), b) e c) CC

Casos em que existe uma inadmissibilidade da confissão.

Artigo 284.º CPC: a confissão significa aceitar a procedência do

pedido da outra parte, i.e., do réu e do autor reconvindo.

Caraterísticas da Confissão

1- Irretratabilidade (-Artigo 465.º/1 CPC-)

Uma vez produzidos os meios de prova, os mesmos já não

podem ser retirados do processo, devendo de ser considerados

pelo tribunal na decisão sobre a matéria de facto.

Exceção: Caso de confissão feita por mandatário.

A lei admite a possibilidade de o mandatário ter

percebido mal as informações do cliente. Quando é

o mandatário a fazer declarações - 465.º/2 do CPC-

a lei admite a possibilidade de retratação.

Mas a Irretratabilidade tem uma maior alcance:

Torna inadmissível uma nova declaração de ciência sobre o

mesmo facto que possa pôr em causa os efeitos legais

resultantes, ou suscetíveis de resultar, da anterior declaração,

sem prejuízo da possibilidade de haver impugnação.

Constituindo a confissão um meio de prova com força probatória

plena, não faria sentido conceder à parte a possibilidade de serem

admitidas declarações posteriores em sentido contrário, com

conteúdo diverso e até mesmo não assumindo a forma

confessória, por parte do confitente.

Isto resulta do princípio da aquisição processual- artigo

413.º CPC. De acordo com este princípio, todo o material

probatório trazido ao processo por uma das partes considera-

se adquirido para eles, podendo servir de base à sua decisão,

mesmo que seja desfavorável à parte que o apresentou.

Observe-se que este regime é restrito à prova dos factos e não

já à sua alegação.

2- Impugnabilidade

Artigo 347.º, in fine + artigo 359.º CC

Através do ato de confissão é possível atingirmos um resultado

prático semelhante ao do negócio jurídico. Mas a confissão não é

uma declaração de vontade e, por isso, na aplicação do preceito à

confissão há que ter em conta a natureza desta, como que

assumindo a mesma uma forma de ciência.

Âmbito: erro-vício; dolo; coação física e moral; declaração

não séria; simulação negocial.

3- Indivisibilidade (artigo 360.º CC)

Efeito do princípio do dispositivo;

Tem que ver com o facto de uma parte se pronunciar

simultaneamente de factos favoráveis e desfavoráveis

Situações Possíveis de atuação do Tribunal:

1.1- Prescindir da confissão e não aproveitar o efeito

confessório;

1.2- Aceitar a confissão - o que implica por sua vez a

confissão de factos favoráveis ao primeiro confitente. Ou

seja, se quem confessa admite quer factos favoráveis, quer

factos desfavoráveis, a contraparte também tem de aceitar

os factos que lhes serão, também, favoráveis e

desfavoráveis;

Page 31: Esquemas de Teoria do Processo A3

31

1.3- Aceitar a confissão com reserva- há um direito de

provar a inexatidão dos factos desfavoráveis. Alguém

aceita o valor confessório, mas quanto a factos

desfavoráveis em relação a mim, eu posso demonstrar o

contrário- inversão do ónus da prova.

Nota: O princípio da indivisibilidade não se aplica durante a fase dos

articulados. Nesta, tudo é divisível.

Requisito:

Unidade formal da declaração, sendo preciso que os factos

favoráveis e desfavoráveis estejam em relação de entre si,

i.e., a realidade de factos constitutivos que lhes sejam

desfavoráveis e, por outo lado, a realidade de factos que

impedem, modificam ou extinguem os efeitos dos

primeiros.

C) Prova Pericial

A prova pericial não é fonte de prova, mas sim um mecanismo

que consiste na intermediação de um perito de entre o julgador e

as fontes de prova.

A apreciação de determinadas questões de facto necessita

de um especialista que aprecia as fontes de prova e

transmite ao tribunal o resultado da sua apreciação técnica;

Prova Pericial -/- Peritagens

As peritagens são meios de prova documental.

Quando pode o Tribunal socorrer-se das peritagens?

a- Inquirição de testemunhas que não sejam falantes da

língua portuguesa- artigo 133.º/2 ou 135.º/2 do CPC;

b- Prova por Inspeção – artigos 492.º e 494.º CPC.

As conclusões do perito só podem ser relevantes em

relação a questões de facto.

Tipos de Perícias

Exames- averiguação factual por inspeção ocular a

pessoa ou bens móveis- caso dos exames médicos-

Vistorias- examinação ocular de bens imóveis;

Avaliações- perícias específicas que tem como

intuito a avaliação em dinheiro dos bens.

Quem faz as perícias?

A prova pericial é preferencialmente requisitada pelo Tribunal

onde há a indicação normalmente de uma entidade oficial que

pode levar a cabo o desenrolar mais eficaz das perícias. A perícia

é realizada, sempre que possível e conveniente, por

estabelecimento, laboratório ou serviço oficial apropriado e,

quando assim não seja, em regra por um único perito, este último

nomeado pelo juiz ou acordado pelas partes, sem que haja razão

evidentemente para duvidar da idoneidade e competência- artigo

467.º/2 CPC.

Valor Probatório:

A perícia está sujeita ao princípio da livre apreciação de

prova por parte do juiz

A prova pericial é sempre livremente apreciada pelo

Tribunal, juntamente com as restantes provas que forem

produzidas sobre factos que dela são objeto- art. 389.º CC.

Não tem, inclusivamente, de haver qualquer prevalência

dos resultados da segunda perícia sobre os da primeira e,

embora aquela se destine a corrigir a eventual inexatidão

dos resultados desta- artigo 487.º/3 CPC, os resultados de

ambas são valorados segundo a livre convicção do

julgador- artigo 489.º CPC.

Nota: As perícias são um dos fatores que determinam a

morosidade ou lentidão do sistema de justiça.

D) Prova por Inspeção

(-artigo 390.º CC-)

Objetivo: Perceção direta dos factos por parte do Tribunal.

Artigo 490.º/1 CPC:

Através dela, por sua iniciativa ou a requerimento das partes, o

tribunal, sempre que julgue conveniente, confronta-se, sem

intermediário, com fontes de prova indiciárias- pessoais ou reais-

dessa forma se esclarecendo sobre a realidade dos factos

duradoiros, normalmente instrumentais, que interessam à decisão

da causa.

Caráter judicializado: ao contrário daquilo que acontece com

outros meios de prova, a inspeção judicial apenas existe dentro

do contexto do processo e não produz efeitos externos.

Valor Probatório: (-artigo 341.º CPC-) - princípio da livre

apreciação de prova.

Page 32: Esquemas de Teoria do Processo A3

32

Limites à Prova por Inspeção – artigo 490.º CPC

Reserva à intimidade da vida familiar, privada e dignidade

da pessoa humana.

Problema: O recurso à inspeção implica um grande

dispêndio quer de tempo, quer de recursos, pelo que o

uso do mesmo é feito em casos excecionais. ~

E) Prova Testemunhal

Transmissão ao Tribunal de informações de facto

que interessem à causa, adquiridas pela pessoa sem

qualquer encargo causado ao Tribunal;

Estas pessoas não são incumbidas pelo Tribunal

para analisarem os factos e averiguarem a verdade-

o conhecimento dos factos ocorreu de uma forma

naturalística.

Nota: as testemunhas não podem ser qualificadas como

parte- se são consideradas como parte, deporão nessa

qualidade e não na qualidade de testemunhas- artigo

496.º CPC

Regras do CC:

a) Artigo 392.º

A prova testemunhal é admitida em todos os casos em que

não seja direta ou indiretamente afastada.

b) Artigo 393.º

1- Quando a declaração negocial houver de ser reduzida a

escrito, em razão de lei ou de disposição das partes, não

é admitida a prova testemunhal;

2- Quando o facto estiver plenamente provado por

documento ou por outro meio com força probatória

plena;

c) Força Probatória- artigo 396.º CC- livre apreciação de

prova.

Regras do CPC:

1- Artigo 417.º

Dever de cooperação + dever de comparência;

2- Artigo 497.º

Casos em que podemos requerer a excusa das

testemunhas.

3- Artigo 512.º

Indicação da ordem das testemunhas e dos depoimentos

por elas apresentados em frente ao juiz.

4- Artigo 513.º

Juramento e relatório preliminar.

Meios de Contrariar a Prova Testemunhal:

1- Contra Inquirição

2- Impugnação

(- artigos 514.º + 515.º CPC-)

A parte contra a qual for produzida a testemunha

pide impugnar a sua admissão com os mesmos

fundamentos porque o juiz deve obstar ao

depoimento.

3- Contradicta

(- artigos 521.º + 522.º CPC-)

A parte contra a qual for produzida a testemunha

pode contraditá-la, alegando qualquer circunstância

capaz de abalar a credibilidade d depoimento, quer

por afetar a razão da ciência invocada pela

testemunha, quer por diminuir a fé que ela possa

merecer.

4- Acareação

(- artigo 524.º CPC-)

Este é um frente e frente de entre as testemunhas ou

partes que estão em contradição. Se houver uma

oposição direta sobre um determinado facto, entre os

depoimentos das testemunhas ou de entre eles e o

depoimento de parte, poderá ter lugar oficiosamente

ou a requerimento de qualquer das partes, a

acareação das pessoas em contradição.

Novos Meios de Prova: inovações no Processo

Civil com a Reforma de 2013

(Vieira de Almeida & Associados- Arbitragem e Contencioso- Novo

Código de Processo Civil a Lupa)

O Novo Código consagra dois novos meios de prova:

As declarações de parte, que as partes podem requerer

até ao início das alegações orais em 1.ª instância e incidem

sobre factos em que tenham intervindo pessoalmente ou

de que tenham conhecimento direto;

E

As verificações não judiciais qualificadas quando seja

legalmente admissível a inspeção judicial, mas o juiz

entenda que se não justifica, face à natureza da matéria, a

perceção direta dos factos pelo Tribunal e incumbe para o

efeito técnico ou pessoa qualificada para proceder aos atos

de inspeção de coisas ou locais ou de reconstituição de

factos e elaborar relatório sobre as verificações efetuadas.

Page 33: Esquemas de Teoria do Processo A3

33

Ónus da Prova -/- Ónus de Alegação

Ónus da Prova Objetivo

Base: Situações de incerteza

(não esquecer de ver o que é o ónus da prova subjetivo que atualmente não tem

qualquer relevância- com o ónus da prova subjetivo não havia consciência de que a base

da aplicação do ónus da prova era uma situação de incerteza, i.e., a falta de convicção

do Tribunal quanto a uma questão de facto)

3- São normas de distribuição de risco perante situações de

incerteza em questões de facto, i.e., quanto à verdade de

uma proposição ou de uma outra contrária a esta.

Em que se traduz?

A parte sobre a qual impende o ónus da prova tem de alegar o

facto e trazer ao processo os respetivos elementos de provas

que sejam suficientes para formar a convicção do juiz.

Quando ocorre?

Ocorre depois da produção de prova, ou seja, nas situações em

que a produção de prova foi incipiente e não suficientemente

esclarecedora para que o juiz tomasse uma decisão para um dos

sentidos possíveis.

Pressuposto básico do ónus da prova:

Non liquet: Situação de incerteza relevante.

Estando verificados os pressupostos processuais de existência,

validade e admissibilidade da ação, o juiz é obrigado a formar

uma convicção (artigo 8.º CRP).

Princípio do Inquisitório

Tem, neste âmbito, de fazer uma distinção de entre factos

provados e factos não provados.- artigo 607.º/4 CPC.

Pode ainda ordenar a produção dos meios de prova que

considera imprescindíveis para a formação da sua

convicção.

Mas o que é uma situação de incerteza?

Ainda que ordenada seja a produção dos meios de prova, o juiz

pode ficar numa situação de dúvida quanto à decisão a ser

proferida.

Decisões sobre a matéria de prova:

a) Facto Provado: A bateu em B;

b) Prova de Facto contrária: A não bateu em B

c) Situação de dúvida

Princípios do Ónus da Prova Objetivo

1) Princípio da Aquisição Processual- artigo 413.º + 414.º

CPC

“O Tribunal deve tomar em consideração todas as provas produzidas, tenham ou não

emanado da parte que devia produzi-las, sem prejuízo das disposições que declarem

irrelevante a alegação de um facto, quando ele não seja feita por certo interessado”.

Contrariamente ao que acontecia com o ónus da produção

de prova ou também denominado como ónus da prova

subjetivo, neste artigo consegue-se perceber que o tribunal

analisa todas as provas que lhe são apresentadas,

independentemente da sua proveniência.

O que importa é que os factos relevantes para a decisão

estejam provados, sendo indiferente que a prova tenha

emanado de uma ou de outra parte- as provas serão

atendidas para efeito de uma decisão de mérito da ação:

o O que importa é que os factos relevantes para a

decisão estejam provados, sendo indiferente que

a prova tenha emanado da parte onerada ou da

contraparte. Ou seja, o tribunal analisa as provas

independentemente da sua proveniência- daí a

irrelevância do ónus da prova subjetivo.

2) Princípio da resolução dos casos de dúvida- artigo 414.º

CPC

A dúvida sobre a realidade de um facto e sobre a repartição do

ónus da prova resolve-se contra a parte a quem o facto

aproveita.

Margarida Lima Rego: este princípio não resolve as questões: quem

é a parte a quem o facto aproveita? Se percecionarmos uma agressão

em dois prismas- podemos dizer que um facto tanto pode ser

proveitoso quer para o agressor quer para o agredido.

Regras do Ónus da Prova- CC

Artigo 341.º CC:

Função da prova: demonstração da realidade dos factos;

Ónus da Prova (artigo 342.º CC)

(n.º1) - aquele que invocar um direito cabe fazer

prova dos factos constitutivos do direito alegado

Em regra, a prova dos factos constitutivos cabe ao autor. É este

que quer ver o seu direito tutelado. É o autor que tem o ónus

de ação. Cabe-lhe alegar os factos que servem de apoio à sua

pretensão.

Page 34: Esquemas de Teoria do Processo A3

34

a) Factos constitutivos são aqueles que constam da

previsão de uma norma.

(n.º2) – Prova do Facto Contrário – a prova dos factos

impeditivos, modificativos ou extintivos do direito

invocado compete àquele contra quem a invocação é feita.

Esta é uma modalidade de defesa por exceção

perentória - artigo 576.º/1 e 3- podem determinar a

absolvição do réu quanto ao pedido que contra o mesmo

foi oposto.

Factos Impeditivos, modificativos de extintivos de um direito

Factos impeditivos - factos que vêm determinar que o

direito em causa nem sequer existe;

Factos modificativos – aqueles que modificam o

direito alegado pelo autor e que podem ser favoráveis ao

réu, ainda que não alterem o sentido da decisão proferida

pelo julgador do Direito;

Factos extintivos- aqueles factos que já existiram mas

cujos efeitos não se verificam no momento em que o

processo está a ser apreciado. ´

Ónus da Prova em casos especiais

(-Artigo 343.º CPC-)

A) Ações de simples apreciação ou declaração

negativa- n.º1

É mais fácil provar a existência do que a inexistência de um

direito ou de um facto.

Ex: Ação de cumprimento

B) Ações que devem ser propostas dentro de um certo

prazo- n.º2

Em relação a estas, é mais fácil ao réu fazer prova da data em

que o autor tomou conhecimento do facto do que ao autor a

prova de que não teve dele conhecimento até determinada data.

Ex:

Ações de anulação de negócio jurídico - artigo 287.º CC +

Ações de preferência - artigo 1410.º CC

C) Direito sujeito a condição ou a termo

Autor

Prova do facto sujeito a condição suspensiva ou termo Inicial

Réu

Prova do facto sujeito a condição resolutiva ou termo final.

Inversão do Ónus da prova

(artigos 344.º CC)

As regras do ónus referidas anteriormente invertem-se nos

casos em que haja uma presunção legal, dispensa ou liberação

do ónus da prova.

De acordo com o n.º2 do preceito, haverá também inversão do

ónus da prova quando a parte contrária tiver culposamente

tornado impossível a prova ao onerado, sem prejuízo das

sanções que a lei de processo mande especialmente aplicar à

desobediência ou às falsas declarações.

(Pais do Amaral)

Ao autor, porque tem o ónus da acção, cabe-lhe alegar e

provar os factos que servem de apoio à pretensão que

pela acção se propõe fazer valer;

O réu, porque tem o ónus da exceção, tem por esse

motivo de alegar e provar os factos que estão na base

dela.

Conclusão:

O ónus da prova objetivo denota o critério de decisão do

juiz perante uma situação de dúvida, privilegiando uma das

versões em discussão em relação à veracidade dos factos.

Quando olhamos para as versões controvertidas,

adotamos uma perspetiva objetivista;

Quando indagamos sobre qual das partes é favorecida

pelo ónus da prova- i.e.- quando nos focamos na

situação jurídica de uma das partes, introduzimo-nos na

questão numa perspetiva subjetivista.

O Instituto do ónus de produção de prova só releva em

processos onde vigore a disponibilidade das partes, ou

seja, o ónus subjetivo perde intensidade em toda a

medida em que o tribunal tenha poderes de direção ou

de determinação da produção de prova.

Importantes lembranças:

Pode ser que o Tribunal chegue, relativamente aos factos controvertidos da causa, a uma dúvida insanável, que não permita ao juiz formar a sua convicção ou certeza subjetiva. A dúvida insanável, não dispensa, no entanto, o juiz do dever de julgar, em conformidade com o disposto no artigo 8.º/1 do CC;

Page 35: Esquemas de Teoria do Processo A3

35

A lei reparte entre as partes o encargo (ónus) de fazer a alegação e a prova de certos factos, sob pena de não serem considerados como provados. Neste sentido, estabelece o artigo 342.º/1 do CPC que quem invoca o direito, tem o ónus da prova dos factos constitutivos desse mesmo direito;

Aquele contra o qual é invocado o Direito tem o ónus de provar s factos impeditivos, modificativos ou extintivos- artigo 342.º/2 do CPC, porquanto é de presumir, face ao que segundo é normal tendo em consideração a experiência da vida, que o direito já constituído se manteve válido e sem alterações de conteúdo;

Em caso de dúvida, determina-se que os factos devem ser considerados como constitutivos de um direito- artigo 342.º/3 do CPC. E se a dúvida recair sobre a repartição do ónus da prova, esta resolve-se contra a parte a quem o facto aproveita- artigo 414.º CPC;

O ónus da prova não varia em função do maior ou menor grau de dificuldade da atividade probatória, ou em função de ele ser alegado pela parte à qual não cabia esse ónus. Nestas situações, mantém-se integralmente as regras sobre o ónus da prova, não se verificando a sua inversão;

O ónus da prova dos factos relevantes para a verificação dos pressupostos processuais, segundo a doutrina dominante, aponta no sentido de que a cada parte que invoca a exceção dilatória o ónus da prova dos factos que a integram, porque são factos que lhe aproveitam, em concordância com o disposto no artigo 414.º CPC.

Ónus de Alegação / Ónus decisório Ónus processual ou preclusivo de alegação

(- Artigo 5.º CPC-)

O ónus decisório ou ónus de alegação é o instituto que

determina qual dos factos contrários é que o tribunal vai

tomar como pressuposto para a decisão;

Determinam as regras do ónus processual que quanto à

generalidade dos factos, o Tribunal não os poderá ter em

consideração se não forem invocados pelas partes em

litígio;

O ónus substantivo determina que, se

numa ação, nenhuma das partes alegou

nem um certo facto nem o seu contrário,

esse mesmo facto não será pura e

simplesmente tido em consideração pelo

juiz na decisão da matéria em litigio.

o “À parte cabe alegar os factos essenciais que constituem o

pedido e a causa de pedir e aqueles factos em que se

baseiam”.

Page 36: Esquemas de Teoria do Processo A3

36

Diferença do ónus da prova para com o ónus de

alegação

Nos problemas de ónus da prova ma questão é a incerteza que

está relacionada com a fase de produção de prova.

Por outro lado, os problemas de ónus de alegação- decisório-

embora também relacionados com uma espécie de incerteza,

têm que ver com a visão da mesma de uma forma mais radical,

uma vez que a questão em dúvida nem sequer foi

trazida/alocada pelas partes no processo.

a) Ónus substantivo de alegação tem um âmbito menor

que o próprio ónus da prova- só há ónus substantivo de

alegação relativamente a factos sujeito ao ónus

processual ou ónus de preclusão:

a. Artigo 5.º/2 CPC- instrumentais e concretizadores;

Os factos notórios não precisam de ser

alegados nem provados pelas partes, em

conformidade com o disposto no artigo 412.º

CPC.

b. Artigo 412.º/2 CPC- factos do conhecimento

funcional dos juízes- mesmo estes factos não

dispensam de prova- sendo esta insuficiente, o

tribunal decidirá com base num facto ou no seu

contrário de acordo com as regras do ónus da prova.

b) Ónus da prova aplica-se mesmo a factos que não

carecem de alegação, e daí o seu maior âmbito de

aplicação quando equiparado com as situações em que

se aplica o ónus substantivo ou de alegação.