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SOFIA DOS SANTOS GODINHO ESPERANÇA, PERSONALIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS: A INFLUÊNCIA DA INSTITUCIONALIZAÇÃO Orientador: Manuela Guerreiro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Psicologia e Ciências da Vida Lisboa 2013

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SOFIA DOS SANTOS GODINHO

ESPERANÇA, PERSONALIDADE E QUALIDADE DE

VIDA EM IDOSOS: A INFLUÊNCIA DA

INSTITUCIONALIZAÇÃO

Orientador: Manuela Guerreiro

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Lisboa

2013

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SOFIA DOS SANTOS GODINHO

ESPERANÇA, PERSONALIDADE E QUALIDADE DE

VIDA EM IDOSOS: A INFLUÊNCIA DA

INSTITUCIONALIZAÇÃO

Orientador: Professora Doutora Manuela Guerreiro

Coorientador. Professor Doutor João Pedro Oliveira

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Lisboa

2013

Dissertação apresentada para a obtenção de Grau de Mestre

em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias, no Curso de

Mestrado em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias,

conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e

Tecnologias.

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Agradecimentos

Na fase final deste trabalho de investigação, considero importante dedicar algumas

palavras de agradecimento a todos os que ajudaram e incentivaram à elaboração do mesmo.

Agradeço à minha família e amigos pelas palavras de incentivo e apoio incondicional

em todos os momentos.

Ao Professor Doutor João Pedro Oliveira, pela orientação e apoio prestado ao longo

do processo, pela transmissão de conhecimentos e disponibilidade demonstrada.

À Professora Doutora Manuela Guerreiro, pela disponibilidade e partilha de saber.

Por último, mas de enorme importância, às Instituições e pessoas que tornaram

possível a recolha de dados, permitindo assim a elaboração desta tese.

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Resumo

Com a crescente valorização que tem sido dada à temática do envelhecimento

humano, torna-se importante compreender a realidade da população idosa com o intuito de lhe

proporcionar um envelhecimento bem-sucedido. Nesse sentido a presente investigação teve

como principal objetivo comparar os traços de personalidade, esperança e qualidade de vida

nos idosos institucionalizados e não institucionalizados. Pretendeu-se ainda analisar a relação

entre as variáveis em estudo e verificar a existência de diferenças em função de variáveis

sócio-demográficas. Foi utilizada uma amostra de 200 idosos, 100 institucionalizados e 100

não institucionalizados, em que 73 (36,50%) são do género masculino e 127 (63,50%) são do

género feminino, com idades compreendidas entre 65 e 95 anos (M = 75.94; DP = 7.58). Com

vista à obtenção de informação mais detalhada sobre os sujeitos foi elaborado um questionário

sócio-demográfico e aplicado o Mini Mental State Examination (MMSE; Folstein, Folstein &

McHugh, 1975; Guerreiro et al., 1994) por forma a detetar a existência de défice cognitivo.

Como medidas de avaliação foram utilizados três instrumentos, Big Five Inventory (BFI;

Benet-Martínez & John, 1998), Adult Hope Scale (AHS; Snyder et al., 1991) e a World

Health Organization Quality of Life – Bref (WHOQOL-Bref; WHOQOL Group, 1996;

Canavarro, et al., 2006). Os resultados obtidos mostram a existência de diferenças

estatisticamente significativas entre os idosos institucionalizados e não institucionalizados

para a conscienciosidade, amabilidade, físico, psicológico e ambiente. Os resultados mostram

ainda, correlações estatisticamente significativas, nomeadamente correlação positiva entre

todas as dimensões da personalidade e a esperança à exceção do neuroticismo que apresenta

correlação negativa. Observa-se ainda uma correlação positiva entre todas as dimensões da

personalidade e a qualidade de vida, exceto o neuroticismo que apresenta correlação negativa.

Por último verificou-se uma correlação positiva entre a esperança e a qualidade de vida.

Palavras-chave: Esperança, personalidade, qualidade de vida, envelhecimento,

institucionalização

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Abstract

With the growing appreciation that has been given to the issue of human aging,

becomes important to understand the reality of the elderly population, in order to provide

them with successful aging. In this sense, this research aimed to compare the personality

traits, hope and quality of life in elderly institutionalized and non-institutionalized. It also

intended to analyze the relationship between the dimensions under study and the existence of

differences in terms of socio-demographic variables. It was used a sample of 200 elderly, 100

institutionalized and 100 non-institutionalized, (73 males and 127 females), ranging in age

from 65 and 95 years with a mean of 75.94 years (SD = 7.58). In order to obtain more

information about individuals, a socio-demographic questionnaire was devised and applied

the Mini Mental State Examination (MMSE; Folstein, Folstein & McHugh, 1975; Guerreiro et

al., 1994) to detect the existence of cognitive impairment. As evaluation measures three

instruments were used, Big Five Inventory (BFI; Benet-Martínez & John, 1998), Adult Hope

Scale (AHS; Snyder et al., 1991) e a World Health Organization Quality of Life – Bref

(WHOQOL-Bref; WHOQOL Group, 1996; Canavarro, et al., 2006). The results obtained

show the existence of statistically significant differences between institutionalized and non-

institutionalized elderly in conscientiousness, kindness, physical, psychological and

environmental. Results also show statistically significant correlations, namely positive

correlation between all personality dimensions and hope except neuroticism that has a

negative correlation. Also have been observed a positive correlation between all personality

dimensions and quality of life, except neuroticism that has a negative correlation. Finally

there was a positive correlation between hope and quality of life.

Keywords: Hope, personality, quality of life, aging, institutionalization.

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Lista de Siglas e Abreviaturas

AHS Adult Hope Scale

BFI Big Five Inventory

CEPCEP Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa

CHS Children Hope Scale

DSHS Domain-Specific Hope Scale

FFM Five Factor Model

HHS Herth Hope Index

IE Índice de envelhecimento

INE Instituto Nacional Estatística

MHS Miller Hope Scale

MMSE Mini Mental State Examination

NEO-PI NEO – Personality Inventory

NEO-PI-R NEO – Personality Inventory Revised

NHS Nowotny Hope Scale

OMS Organização Mundial de Saúde

SHS State Hope Scale

SPSS Statistical Package for Social Sciences

WHOQOL World Health Organization Quality of Life

WHOQOL- Bref World Health Organization Quality of Life-Bref

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Índice Geral

Agradecimentos ..................................................................................................................................... 2

Resumo .................................................................................................................................................. 3

Abstract ................................................................................................................................................. 4

Lista de Siglas e Abreviaturas ............................................................................................................... 5

Índice de Tabelas ................................................................................................................................... 8

Introdução ............................................................................................................................................. 9

Capítulo 1 - Envelhecimento ............................................................................................................... 11

1.1 Envelhecimento ......................................................................................................................... 12

1.2 Perspetiva desenvolvimental do envelhecimento ...................................................................... 17

1.3 Envelhecimento demográfico .................................................................................................... 21

1.4 A institucionalização do idoso .................................................................................................. 22

Capítulo 2 - Esperança ........................................................................................................................ 26

2.1. Esperança ................................................................................................................................. 27

2.2 Instrumentos de medida da esperança ....................................................................................... 31

2.3 Esperança e teorias alternativas ................................................................................................. 33

Capítulo 3 - Personalidade .................................................................................................................. 38

3.1. Personalidade ........................................................................................................................... 39

3.2. Os cinco fatores da personalidade ............................................................................................ 42

3.3. Personalidade e envelhecimento .............................................................................................. 46

3.4. Personalidade e Esperança ....................................................................................................... 48

Capítulo 4 - Qualidade de Vida ........................................................................................................... 50

4.1. Qualidade de vida ..................................................................................................................... 51

4.2 Qualidade de vida nos idosos .................................................................................................... 53

4.3 Qualidade de vida e Personalidade ............................................................................................ 57

4.4 Qualidade de vida e Esperança .................................................................................................. 59

Capítulo 5 - Conceptualização da Investigação .................................................................................. 61

5.1. Objetivos e hipóteses ................................................................................................................ 62

5.2 Amostra ..................................................................................................................................... 63

5.3. Instrumentos ............................................................................................................................. 66

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5.3.1. Questionário de Dados Sócio-Demográficos .................................................................... 66

5.3.2. Mini-Mental State Examination (MMSE) ......................................................................... 66

5.3.3. Big Five Inventory (BFI) ................................................................................................... 67

5.3.4. Adult Hope Scale (AHS) ................................................................................................... 68

5.3.5. World Health Organization Quality of Life-Bref (WHOQOL-BREF) ............................. 68

5.4. Procedimento ............................................................................................................................ 69

5.5. Resultados ................................................................................................................................ 70

5.6. Discussão dos Resultados ......................................................................................................... 86

Conclusão ............................................................................................................................................ 93

Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 96

Anexos.................................................................................................................................................... I

Anexo I – Protocolo .......................................................................................................................... II

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caraterização sócio-demográfica da amostra ....................................................................... 64

Tabela 2 - Estatística descritiva das variáveis estudadas ...................................................................... 72

Tabela 3 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função da

institucionalização ................................................................................................................................. 73

Tabela 4 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função do sexo 73

Tabela 5 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função da saúde

............................................................................................................................................................... 76

Tabela 6 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função do estado

civil ........................................................................................................................................................ 78

Tabela 7 - Correlação entre personalidade e esperança na amostra total .............................................. 79

Tabela 8 - Correlação entre personalidade e qualidade de vida na amostra total .................................. 80

Tabela 9 - Correlação entre esperança e qualidade de vida na amostra total ....................................... 80

Tabela 10 - Correlação entre personalidade e esperança nos idosos institucionalizados ...................... 81

Tabela 11 - Correlação entre personalidade e qualidade de vida nos idosos institucionalizados......... 82

Tabela 12 - Correlação entre esperança e qualidade de vida nos idosos institucionalizados ............... 82

Tabela 13 - Correlação entre personalidade e esperança nos idosos não institucionalizados .............. 83

Tabela 14 - Correlação entre personalidade e qualidade de vida nos idosos não institucionalizados .. 84

Tabela 15 - Correlação entre esperança e qualidade de vida nos idosos não institucionalizados ........ 85

Tabela 16 - Correlação entre idade e personalidade ............................................................................. 85

Tabela 17 - Correlação entre idade e qualidade de vida ........................................................................ 85

Tabela 18 - Correlação entre idade e esperança ................................................................................... 85

Tabela 19 - Correlação entre n.º de visitas e qualidade de vida nos idosos institucionalizados .......... 86

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Introdução

Portugal à semelhança de outros países ocidentais tem assistido a um aumento do

envelhecimento da população. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2010)

essa tendência mantem-se, sendo esperado que entre o ano 2000 e 2050 haja um aumento da

população idosa entre os 63,20% e os 76,50%. Este acontecimento acarreta consigo novas

necessidades para as quais as estruturas sociais devem estar preparadas de forma a poderem

proporcionar aos idosos uma melhor qualidade de vida.

A família surge geralmente como principal cuidador do idoso, no entanto, com as

exigências e alterações da sociedade, as famílias nem sempre conseguem prestar ao idoso o

auxílio de que ele necessita, sendo que a institucionalização surge muitas vezes como solução

possível. No entanto, há fatores a ter em consideração para o sucesso da institucionalização,

como seja, a capacidade de adaptação do sujeito, o apoio familiar e a qualidade da instituição

(Oliveira, 2008).

Nesse sentido, torna-se pertinente uma maior investigação que nos permita obter uma

melhor compreensão desta população, nomeadamente, ao nível da personalidade e qualidade

de vida dos sujeitos. O estudo de Chapman, Duberstein e Lyness (2007b) efetuado com

sujeitos idosos demonstrou que elevados valores de neuroticismo estão associados a uma

menor capacidade no funcionamento social e papel exercido pelo sujeito. Relativamente à

conscienciosidade, sujeitos com valores elevados demonstraram uma melhor qualidade de

vida. Quanto à extroversão, observou-se que os sujeitos mais extrovertidos mantinham uma

rede social mais vasta e desfrutavam de uma qualidade de vida mais elevada relativamente à

dimensão social.

Wrosch e Scheier (2003) referem a importância dos objetivos estabelecidos pelo

sujeito, uma vez que exercem influência na forma como este lida com eventos críticos na sua

vida e consequentemente na sua qualidade de vida. Os estudos de Wrobleski e Snyder (2005),

Snyder, Lehman, Kluck e Monsson (2006) referem que os idosos com elevados níveis de

esperança são mais confiantes no alcance dos seus objetivos. A esperança reveste-se assim de

enorme importância na qualidade de vida dos sujeitos.

Após revisão da literatura sobre a temática inerente ao tema do trabalho, constitui

objetivo principal deste estudo comparar os traços de personalidade, esperança e qualidade de

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vida nos idosos institucionalizados e não institucionalizados. E ainda, analisar a relação entre

as dimensões em estudo e verificar a existência de diferenças em função de algumas variáveis

sócio-demográficas. O presente estudo é dividido em cinco capítulos, em que o primeiro

capítulo descreve a temática do envelhecimento, descrevendo o processo bem como os fatores

que o influenciam. Aborda ainda a questão do envelhecimento demográfico e a

institucionalização dos idosos. O segundo capítulo é dedicado ao tema da esperança fazendo

alusão a teorias, instrumentos avaliativos, assim como a relação da esperança com outros

constructos. No capítulo três é abordada a personalidade, nomeadamente a descrição dos

cinco grandes fatores da personalidade, tal como a relação desta com o envelhecimento e a

esperança. No que concerne ao capítulo quatro é abarcada a temática da qualidade de vida,

concretamente a qualidade de vida nos idosos, bem como a relação deste constructo com a

personalidade e a esperança. Por fim, no capítulo cinco é descrita a conceptualização da

investigação, com a apresentação do objetivo, hipóteses, amostra e instrumentos utilizados. É

ainda descrito o procedimento, apresentados os resultados e sua discussão.

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Capítulo 1

Envelhecimento

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1.1 Envelhecimento

O envelhecimento humano e demográfico é atualmente uma das principais

preocupações das sociedades, uma vez que estes acontecimentos têm um impacto social

marcante nomeadamente, o elevado aumento do número de idosos e a baixa taxa de

mortalidade (Paúl & Fonseca, 2005).

Estes acontecimentos, fomentam assim, a necessidade de perceber os processos e

fatores que estão por detrás do envelhecimento, de forma a conseguir desenvolver meios que

permitam fazer face às necessidades e dificuldades específicas deste grupo populacional com

vista à promoção de um envelhecimento saudável associado a elevados níveis de qualidade de

vida. Nesse sentido, interessa estudar não apenas os fatores ligados ao envelhecimento, mas

também, os fatores associados à qualidade de vida (Sousa et al., 2003).

Azeredo (2002) menciona inclusive que “a ciência resolveu o problema do

prolongamento da vida, mas agora é necessário resolver o da velhice com qualidade de vida”

(Azeredo, 2002, p.178).

Segundo Lidz (1983) existem efetivamente fatores que influenciam o processo de

envelhecimento, nomeadamente, fatores internos ou individuais (e.g., genéticos, biológicos e

psicológicos) e fatores externos (e.g., ambientais, comportamentais e sociais). Fernandes

(2000b) especifica como fatores, o género, dificuldades sociais e económicas, isolamento,

pertença a um estrato social baixo e dificuldades ao nível da saúde física e mental. No entanto

Figueiredo (2007) salienta a importância de se ter em consideração a interação dos fatores

internos e externos no processo de envelhecimento.

Baltes (1987) menciona também a existência de fatores que influenciam o

envelhecimento, nomeadamente fatores ligados ao grupo etário a que o sujeito pertence, por

exemplo a maturação biológica própria da sua faixa etária ou a entrada para a reforma. Os

fatores relacionados com o período histórico, como por exemplo o desenvolvimento da

ciência que nos últimos anos permitiu aumentar a esperança de vida. E os fatores que têm a

ver com a história pessoal dos sujeitos, que contrariamente aos dois primeiros são de caráter

individual e como tal fazem a distinção entre os sujeitos.

A imagem que a sociedade tem relativamente ao idoso é ainda repleta de conotações

negativas, no sentido em que muitas vezes o idoso é visto de forma infantilizada, como

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dependente, frágil e até como um ser assexuado (Rebelo, 2007). Apesar das interpretações

acerca do envelhecimento serem essencialmente de caráter negativo, vários estudos têm

demonstrado que a visão acerca deste, está também por vezes associada a interpretações

positivas ou neutras (Fonseca, 2004).

As visões mais negativistas assentam por vezes em mitos que existem sobre o

envelhecimento. Sperry (1992) refere seis mitos: as pessoas com mais idade são menos

capacitadas que as mais novas; são mais debilitadas; não são produtivas; não são atraentes e

são sexualmente inativas; os idosos são iguais entre si; a idade da reforma delimita a

possibilidade do individuo ser considerado um trabalhador apto na sua plenitude.

Segundo Baltes (1995) os primeiros estudos experimentais sobre idosos iniciaram-se

no ano de 1928, essencialmente relacionados com a memória e tempos de reação. Segundo

este autor, tanto a psicologia infantil como a psicologia do envelhecimento teriam sido

geradas a partir da psicologia do desenvolvimento. É da convergência das duas que a

psicologia do envelhecimento brota. Isto porque, surge a necessidade de perceber as

influências que o desenvolvimento desde a infância, até à adolescência poderiam acarretar na

senescência.

O envelhecimento pode ser visto como um fenómeno bio-psico-social, uma vez que se

dá sob o ponto de vista biológico, psicológico e social (Bengston & Schaie, 1999).

Sob esta perspetiva, as pessoas não envelhecem todas da mesma maneira, uma vez que

existem fatores que são distintos de pessoa para pessoa, como seja a estrutura biológica, a

personalidade e interação com o ambiente (Spar & La Rue, 1998; Fontaine, 2000).

O envelhecimento não deve assim ser visto como sinónimo de velhice. “O

envelhecimento é um processo vital que tem vindo a ganhar vitalidade nos últimos anos, ao

passo que o conceito de velhice aparece como um estado definitivo, caraterizado pela

ausência de futuro e de capacidade de transformação rumo ao bem-estar.” (Osório, 2007,

p.13)

Coloca-se assim a questão, a partir de quando podemos considerar um sujeito como

idoso? A história diz-nos que a atribuição desta categoria a pessoas a partir dos 65 anos se

deveu a Otto von Bismark, na Alemanha, no século XIX como necessidade de categorizar

assim os sujeitos para efeitos de benefícios da segurança social. A partir daqui, grande parte

dos países, essencialmente da Europa, passaram também a adotar esta categorização para

designar como idosos, velhos ou como entrada na terceira idade, pessoas a partir dos 65 anos

(Spar & La Rue, 1998).

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Embora haja dificuldade em assinalar uma idade específica ou acontecimento que

possa efetivamente marcar o início da entrada na velhice, passou a designar-se a terceira idade

dos 65 aos 79 anos e a partir dos 80 anos a entrada para a chamada quarta idade (Gonçalves,

2010).

Segundo Baltes e Smith (2003), vários autores defendem que para perceber o cenário

futuro do envelhecimento da população, torna-se necessário efetuar a distinção entre terceira e

quarta idades. Para isso, é importante perceber que tal como a maior parte dos fenómenos da

evolução humana, a ideia de terceira e quarta idades, não está agarrada a uma faixa etária

específica, estas são dinâmicas e estão sujeitas a evolução e variação. A quarta idade, tem

implícita vulnerabilidade e imprevisibilidade, distinta da visão positiva da terceira idade. Há

evidências que mostram que a quarta idade não é uma simples continuação da terceira idade e

que nos idosos da quarta idade há uma prevalência mais elevada de disfunções e um reduzido

potencial para o aprimoramento de funções. Os autores referem ainda que os investigadores

devem reorganizar as duas faces do envelhecimento humano, as perdas e ganhos,

relativamente às suas pesquisas e prática acerca do envelhecimento bem-sucedido.

A quarta idade, é uma temática desafiante e que coloca ainda algumas questões

nomeadamente, se as descobertas acerca da plasticidade e adaptabilidade para os idosos

inseridos na terceira idade se podem generalizar para os idosos inseridos na quarta idade. E se

o facto de as políticas sociais ao incentivarem a extensão do ciclo de vida para a quarta idade,

não poderão estar a reduzir a possibilidade de um maior número de pessoas viver e morrer

com a dignidade que lhes assiste por direito (Baltes & Smith, 2003).

Estas questões ganham ainda maior pertinência, pelo facto da Organização Mundial

de Saúde (OMS, 2001) referir precisamente que o grupo etário com maior crescimento é o dos

idosos com 80 ou mais anos.

No entanto, apesar da existência de uma idade dita cronológica, existem diferenças

que distinguem os sujeitos de idades cronológicas iguais, o que dá consistência à ideia da

existência de idades diferentes. Neri (2001) menciona que “o critério cronológico funciona

como ponto de referência e como elemento organizativo, uma vez que vivemos num mundo

temporalizado.” (Neri, 2001, p.27)

A ideia de diferentes idades é defendida por Birrem e Cuningham (1985) que

postulam a existência de idade biológica também chamada de envelhecimento primário, que

tem a ver com o envelhecimento biológico e em que há diminuição da capacidade de

autorregulação do organismo. A idade social ou envelhecimento social, que está relacionada

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com os papéis e hábitos da pessoa na sociedade e que é influenciada pela cultura e história da

sociedade. A idade psicológica ou envelhecimento psicológico, que tem a ver com as

competências comportamentais que o sujeito demonstra ter face ao meio nomeadamente, a

memória, a inteligência e as motivações.

A par desta categorização surge ainda a chamada idade funcional, considerando que

com o avançar da idade há funções ou constructos que veem a sua eficácia reduzida (e.g., de

ordem física) outras ganham estabilidade (e.g., personalidade) outras ainda podem aumentar

(e.g., sabedoria) especialmente quando o indivíduo não está sujeito a situação de doença. A

idade funcional, defende a ideia de que o envelhecimento psicológico está dependente do

equilíbrio existente entre estabilidade e mudança (Fernández-Ballesteros, 2002).

As alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento dão-se a vários

níveis, denotando-se uma maior evidência a nível biológico, psicológico e social. Cardão

(2009) refere mesmo que o envelhecimento não deve ser reduzido à ideia de perdas, mas antes

à existência de uma interação entre os aspetos biológicos, psicológicos e sociais dos sujeitos.

Os processos físicos na última fase do ciclo de vida centram-se muito nas capacidades de

reservas orgânicas dos sujeitos para manterem o equilíbrio do organismo e consequentemente

mantê-lo livre de doenças, nomeadamente das mais comuns nesta idade, diabetes, problemas

de coração, artrite e por vezes doenças demenciais. A boa manutenção dos processos físicos

depende em grande medida, do estilo de vida adotado pelo indivíduo desde uma fase inicial

no seu ciclo de vida. A nível do funcionamento sensorial e psicomotor, por vezes surgem

alterações a nível de visão, audição, olfato e paladar, bem como da força, resistência e tempo

de reação (Papalia, Olds, & Feldman, 2006). Ao nível do sistema nervoso, os efeitos do

envelhecimento passam por “atrofia do cérebro, aparecimento de placas senis,

degenerescência neurofibrilar, diminuição da neuroplasticidade, mortalidade neuronal e

rarefação e enriquecimento dendríticos.” (Fontaine, 2000, p.37)

Relativamente ao envelhecimento psicológico, o seu estudo tem incidido “em duas

áreas: a personalidade e o funcionamento cognitivo.” (Figueiredo, 2007, p.37)

Sendo que Sequeira (2010) refere que o envelhecimento psicológico depende de

“fatores patológicos, genéticos, ambientais, do contexto sociocultural em que se encontra

inserido e da forma como cada um organiza e vivencia o seu projeto de vida.” (Sequeira,

2010, p.23)

Os efeitos do envelhecimento sobre o desempenho cognitivo podem ver-se em

diversas áreas, sendo que existe uma certa tendência na diminuição da velocidade de

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processamento da informação com o avançar da idade. No entanto, apesar do desempenho

cognitivo estar associado à velocidade de processamento, está provado que certas

competências cognitivas como sejam o raciocínio, as habilidades espaciais e a memória, não

apresentam um retrocesso tão grande como a velocidade de processamento. O famoso Estudo

Longitudinal de Inteligência Adulta de Seatle, constatou que o declínio cognitivo se dá de

uma forma lenta e não geral, ou seja, que a maior parte dos sujeitos não apresentará

debilidades em todas ou na maioria das suas capacidades (Papalia et al., 2006).

A investigação tem assim questionado a ideia de que o envelhecimento acarreta

inevitáveis perdas logo após os 60 anos e de que a partir daí o declínio se acentua nada

havendo a fazer para o reverter ou manter as suas capacidades e competências (Gonçalves,

2010).

Baltes (1982) num estudo efetuado, dá inclusive destaque na sua abordagem

desenvolvimental, à plasticidade existente nos sujeitos pertencentes à última fase do ciclo de

vida, fomentando estudos nessa área nomeadamente, o Projeto de Desenvolvimento e

Enriquecimento Adulto. Este estudo verificou passado uns anos que os sujeitos que tinham

feito parte do programa de formação apresentavam um nível significativamente menor de

declínio cognitivo, comparativamente ao grupo de controlo e que alguns desenvolveram

inclusive de forma significativa duas capacidades, a de orientação espacial e o raciocínio

indutivo (Papalia et al., 2006).

O funcionamento da memória varia nos sujeitos pertencentes a esta fase do ciclo,

que, por norma, apresentam uma diminuição na capacidade ao nível da memória de curto

prazo, mais especificamente na memória de trabalho, mantendo-se a memória sensorial com

relativa eficácia. Ao nível da memória a longo prazo, evidenciam-se normalmente

dificuldades mais acentuadas na memória episódica, sendo que a memória semântica e a de

procedimento em comparação à episódica não costumam apresentar um declínio tão

acentuado com a idade (Fontaine, 2000). A capacidade de memória do sujeito pode sofrer

influências nefastas por diversos motivos, alterações de ordem biológica, problemas no

processamento da informação e por deterioração do material armazenado (Papalia et al.,

2006).

Relativamente à sabedoria, Erikson (1982) referiu-se a esta como sendo o resultado

favorável ou virtude adquirida com a boa resolução do conflito existente nesta fase do ciclo de

vida. Desenvolveu o modelo de processo dual que postula que a sabedoria faz parte da

pragmática da inteligência, o que permite ao sujeito efetuar um bom julgamento sobre

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matérias importantes. Com a investigação, constatou-se que os sujeitos mais velhos podem

efetivamente melhorar ou manter o seu nível de sabedoria (Papalia et al., 2006).

O nível psicossocial, está relacionado com fatores de ordem ambiental e social que

influenciam o desenvolvimento do sujeito bem como a personalidade que o carateriza e o

torna único (Papalia et al., 2006). O envelhecimento social, está relacionado com

“transformações a nível dos papéis sociais, exigindo capacidade de ajustamento ou adaptação

às novas condições de vida.” (Figueiredo, 2007, p.53) Como seja o facto de os sujeitos

entrarem na idade da reforma, apesar de alguns se manterem ainda ativos a trabalhar, no

voluntariado ou a estudar. Nesta fase, os sujeitos continuam a morar nas suas casas ou por

vezes vão morar com familiares ou dão entrada em instituições sendo também a fase da vida

em que geralmente um dos cônjuges fica viúvo(a) (Spar & La Rue, 1998).

1.2 Perspetiva desenvolvimental do envelhecimento

O desenvolvimento humano tem sido estudado com maior destaque desde o início do

século XX, sendo que inicialmente foi dada uma maior importância ao estudo das crianças,

que já vem do século XIX e posteriormente dos adolescentes, no entanto o interesse pelo

estudo do adultos e dos idosos foi aumentando. Várias definições e explicações sobre o

desenvolvimento têm sido propostas, tendo inclusive surgido a disciplina da psicologia do

desenvolvimento. Esta disciplina vem trazer o reconhecimento de que o desenvolvimento do

ser humano não se restringe à infância e adolescência mas antes, que se dá durante todo o

ciclo de vida e de que existem vários caminhos possíveis de desenvolvimento (Fonseca,

2006).

Atualmente, o interesse dos psicólogos não se limita à descrição do desenvolvimento

humano, mas em explicá-lo. Segundo Baltes e colaboradores a “Psicologia Desenvolvimental

do ciclo de vida preocupa-se com a descrição, explicação e otimização dos processos

desenvolvimentais no decurso da vida humana, da conceção à morte.” (Baltes, Reese, &

Lipsitt, 1980, p.66)

Fonseca (2006) refere que através da revisão e ampliação desta disciplina, ao longo

dos anos foram-se delineando diretrizes que a caracterizam: 1) o desenvolvimento humano

estende-se ao longo do todo o ciclo vital; 2) durante o ciclo de vida o sujeito depara-se com

exigências e oportunidades; 3) as mudanças dão-se nos vários níveis de desenvolvimento que

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estão associados entre si; 4) esta disciplina dá importância a vários fatores de ordem social e

histórica do sujeito; 5) todos os sujeitos têm um potencial de plasticidade que vai reduzindo a

par do avançar da idade; 6) existe um potencial de intervenção ao longo da vida; 7) o

desenvolvimento dá-se através de oscilações entre ganhos e perdas; 8) no processo adaptativo

ao desenvolvimento existem três estruturas que interagem: a seleção, otimização e

compensação; 9) os sujeitos têm palavra ativa no seu desenvolvimento; 10) o estudo do

desenvolvimento humano deve ser perspetivado de uma forma multidisciplinar.

Quando nos debruçamos sobre o entendimento do desenvolvimento humano várias

questões surgem nomeadamente, a dúvida de como este se dá. Se partirmos do princípio de

que o desenvolvimento se dá através de mudanças, quer sejam quantitativas como o

crescimento em altura, peso, quer sejam qualitativas na estrutura ou organização, importa

então perceber o que está por detrás de tais mudanças. Inicialmente os autores focavam-se

numa visão dicotómica, ou seja, de que o desenvolvimento seria resultado ou de causas

internas (nature) ou de causas externas (nurture). No entanto, em grande parte devido à

aproximação entre as ciências naturais e sociais, atualmente a maior parte dos autores já não

defende uma ideia extremista, mas sim a existência de uma interação entre a hereditariedade e

o meio. Não obstante, apesar das mudanças que ocorrem existe uma certa estabilidade e

constância na personalidade e comportamento dos sujeitos (Papalia et al., 2006).

Outra questão que se coloca é relativamente ao facto do ser humano ter um papel

ativo ou passivo sobre o seu desenvolvimento. Esta dúvida é bastante antiga, tendo sido John

Locke o grande percursor do modelo mecanicista, defendendo a ideia de que as crianças

teriam um papel inativo no seu desenvolvimento. Por outro lado, Jacques Rosseau percursor

do modelo organísmico defendeu, que as crianças tinham um papel ativo no seu

desenvolvimento (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).

A continuidade ou descontinuidade do desenvolvimento é outra das questões que

continua a não ter uma resposta consensual. Os defensores do modelo mecanicista defendem

que o desenvolvimento é contínuo e que como tal, conseguimos prever os comportamentos

futuros de uma pessoa com base em comportamentos anteriores. Contrariamente, os

defensores do modelo organísmico, como seja Binet, Freud, Erikson e Piaget postulam a ideia

de que o desenvolvimento não é contínuo, mas sim que se dá através de estádios. Em cada

estádio o sujeito depara-se com diferentes problemas e adquire distintas capacidades (Papalia

et al., 2001).

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O ciclo vital é referido por Papalia et al. (2006) como uma construção social,

constituído pelos diversos períodos do desenvolvimento do ser humano, desde o período pré-

natal à terceira idade. Existindo em cada um deles diferenças relativamente ao que é esperado

que ocorra no desenvolvimento, a nível físico, cognitivo e psicossocial.

Um dos primeiros autores a estudar o desenvolvimento humano Erikson (1982)

defendia a ideia de que o desenvolvimento se efetua ao longo da vida e que o sentido de

identidade é desenvolvido através dos estádios psicossociais. A sua teoria defende a existência

de 8 períodos ao longo do ciclo de vida, desde infância (infancy), passando pela 1ª infância

(early childhood), pre-escolar (preschool), idade escolar (school age), adolescência

(adolescence), jovem adulto (young adulthood), adulto (adulthood) até ao idoso (old age).

Embora defendendo por esta ordem as várias etapas do desenvolvimento humano para todos

os sujeitos de igual forma, acreditava que cada pessoa tinha o seu tempo próprio e que em

cada fase a pessoa experienciava uma crise psicossocial originada pelo conflito com que o

ambiente social o confrontava. Cada conflito traria consigo duas possibilidades, qualidades

psicológicas que se opunham e para que se desse a resolução de cada uma das fases, seria

necessário existir um equilíbrio entre a qualidade positiva e a qualidade negativa, apesar de

que a qualidade positiva se devesse destacar (Papalia et al., 2006). Para que o ego se

desenvolva de forma natural e saudável é fundamental que cada crise seja resolvida (Wrosch

& Scheier, 2003).

Erikson (1982) explicou a última fase do ciclo de vida, sob uma perspetiva

desenvolvimental dentro do ciclo que definiu através de oito estádios e diz que nesta fase, o

sujeito faz uma retrospetiva da sua vida e avalia a distância entre os objetivos e metas

estipulados por si e os que efetivamente alcançou. A questão colocada é a de que se pudesse

ter a possibilidade de voltar a viver novamente, se faria exatamente a mesma coisa ou alteraria

algo. Quando o sujeito perceciona que esta distância é reduzida, tem assim a possibilidade de

alcançar um sentimento de sabedoria. Erikson refere que não são muitos os sujeitos que

alcançam este tipo de sentimento, o que corresponde, em certa medida, a alcançar o que se

pode designar por um envelhecimento bem-sucedido (Fontaine, 2000).

Um dos modelos que tenta explicar este envelhecimento bem-sucedido, é o modelo

proposto por Baltes e Baltes em 1990, o modelo de otimização seletiva por compensação, que

vê o envelhecimento bem-sucedido como tendo dois objetivos: por um lado evitar

comportamentos de risco que levem a perdas e por outro lado, a manutenção e potenciação de

um elevado nível de funcionamento que permita a obtenção de ganhos. Os autores defendem a

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ideia de que para além dos ganhos e perdas, é importante analisar a forma como o indivíduo

vivencia e integra esses ganhos e essas perdas no seu ciclo de vida (Oliveira, 2008).

Relativamente aos três processos constituintes do modelo de Baltes e Baltes (1990), a seleção

tem a ver com o delinear de objetivos, a otimização pode ser percebida como o processo de

maximizar as condições necessárias e a compensação, está relacionada com a aquisição de

meios e desenvolvimento de estratégias com vista ao alcance dos objetivos (Gonçalves,

Martín, Guedes, Cabral-Pinto, & Fonseca, 2006).

Fontaine (2000) refere a necessidade de estarem presentes três condições para que se

possa falar na existência de um envelhecimento bem-sucedido: a improbabilidade de vir a

desenvolver doenças, apresentar uma boa estabilidade funcional quer no plano físico, quer

cognitivo e preservar um elevado interesse social e bem-estar subjetivo. No estudo efetuado

por Fernández-Ballesteros et al. (2010) estes referem como principais preditores do

envelhecimento bem-sucedido, as variáveis sócio-demográficas, sexo, especificamente o facto

de ser homem, o nível de escolaridade, a idade e o rendimento auferido.

O modelo de envelhecimento produtivo, surgiu nos anos setenta com a finalidade de

inverter a imagem que na época existia relativamente aos idosos, nomeadamente a visão

destes como sujeitos dependentes, frágeis e não produtivos (Gonçalves et al., 2006).

O envelhecimento ativo é outro dos modelos de envelhecimento inseridos no novo

paradigma da gerontologia, em que o envelhecimento é visto através de uma perspetiva

positiva (Caprara et al., 2013). “É um processo de otimização das oportunidades para a saúde,

participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.”

(Sequeira, 2010, p.4) Quanto mais ativo o idoso seja, maior a sua satisfação com a vida e

consequentemente a sua qualidade de vida (Neri, 1993).

Devido ao aumento da esperança média de vida, tem surgido a necessidade de incluir

outros estádios de desenvolvimento para além dos que já são conhecidos. A obra de Erikson

trouxe um novo contributo nessa matéria, uma vez que após a sua morte, baseando-se numa

revisão da sua obra, a sua esposa e colaborador Joan introduziram um estádio novo,

caraterizado por:

“Capacidade de transcendência e de observar a realidade a partir de uma meta-

perspetiva. Desta forma, os autores acreditam que após uma plena integração do

ego, o adulto sénior ultrapassa o período de excessiva centração em si mesmo e

passa para um plano de reflexão permanente – de sabedoria.” (Rebelo, 2007, p.

544)

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1.3 Envelhecimento demográfico

O envelhecimento da população é atualmente um fenómeno de grande relevância na

Europa. A OMS (1999) antevê que em 2050 a proporção de idosos será superior a dois terços

da população total. Este crescimento rápido poderá trazer consigo consequências de vária

ordem nomeadamente, social e económica que se irão repercutir na esfera pessoal (Sequeira,

2007).

“Assistimos ao fenómeno crescente e novo do envelhecimento da população em

todas as sociedades economicamente desenvolvidas. Este acontecimento converteu

os chamados ‘idosos’ num grupo social que atrai o interesse individual e coletivo

de forma crescente, devido às suas implicações a nível familiar, social, económico

e politico.” (Osório, 2007, p.11)

Portugal, à semelhança de outros países europeus tem vindo a assistir a um

envelhecido da população. Segundo o INE, as estatísticas revelam no nosso país um número

cada vez mais elevado de idosos (mais de 65 anos) sendo que é esperado, entre o ano 2000 e

2050, um aumento da população idosa entre os 63,20% e os 76,50%. No ano 2000 em

Portugal, o Índice de Envelhecimento (IE) da população, que corresponde ao número de

idosos por cada 100 jovens, era de 102 sendo esperado, para o ano 2050 um IE de 398 no

cenário mais pessimista. O aumento da esperança de vida, aliado à redução da natalidade, bem

como a obtenção de melhores condições de vida, quer seja ao nível de trabalho, da saúde ou

das condições de habitabilidade, são fatores que explicam este aumento do índice de

envelhecimento (INE, 2004).

Segundo dados do INE (2010), a tendência de envelhecimento da população

mantém-se, devido ao aumento da esperança média de vida, de valores baixos no índice

sintético de fecundidade e do decréscimo da população residente em Portugal.

Entre o ano de 2005 e 2010, a percentagem de jovens (população dos 0 aos 14 anos)

diminuiu de 15,60% para 15,10%, relativamente aos indivíduos em idade ativa (população

dos 15 aos 64 anos), diminui de 67,30% para 66,70%, em relação aos idosos (população com

65 ou mais anos), houve um aumento de 17,10% para 18,20%. Consequentemente, o índice

de envelhecimento teve um aumento de 110 para 120 idosos. Verifica-se ainda que o

envelhecimento populacional nos idosos, é mais acentuado nas mulheres (98 e 144 idosos por

cada 100 jovens para homens e mulheres respetivamente em 2010). O índice de dependência

de idosos (número de idosos em cada 100 indivíduos em idade ativa) também aumentou

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passando de 25,40% para 27,20%. Relativamente à esperança de vida à nascença para sujeitos

a residir em Portugal, era de aproximadamente 79,20 anos (76,14 para os homens e 82,05 para

as mulheres) entre os anos de 2008 e 2010. Estes valores assinalam a manutenção de uma

tendência crescente, uma vez que anteriormente os valores se situavam entre 75,80 anos para

os homens e 81,80 anos para as mulheres.

1.4 A institucionalização do idoso

As alterações demográficas, nomeadamente o fato da população estar cada vez mais

envelhecida e alterações ao nível da estrutura e organização familiar, trazem consigo novos

desafios e exigências nem sempre fáceis de gerir. Surgem novas necessidades, para as quais

as estruturas sociais se devem preparar e reestruturar de forma a poderem proporcionar uma

melhor qualidade de vida aos idosos (Hortelão, 2003).

As variadas exigências que se colocam atualmente à família, seja a nível interno ou

externo, motivadas por fatores que têm acompanhado a evolução da história como sejam, a

mudança de uma economia essencialmente rural para uma economia marcadamente industrial,

o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho ou a maior inconstância das

relações conjugais têm originado alterações na dinâmica familiar e na imagem da dita família

tradicional (Rebelo, 2007).

A família tem um papel vital no apoio dado ao idoso, quer seja a nível de apoio

psicológico, social e de cuidados diretos, no entanto o grau de autonomia demonstrado pelo

idoso vai influenciar a necessidade de uma maior ou menor participação ativa por parte da

família (Pimentel, 1995).

Existem implicações na família derivadas dos cuidados por esta prestados ao idoso,

especialmente no membro da família considerado como o principal cuidador (Veríssimo,

2001). A nível psicossocial, podem surgir alguns custos como seja, o isolamento social e

afetivo, depressão e distúrbio do sono (Floriani, 2004). De uma forma geral, Veríssimo (2010)

constatou no estudo que efetuou, que o cuidador principal tem maior probabilidade de ver a

sua qualidade de vida reduzida perante a continuada necessidade de ter de prestar cuidados ao

idoso dependente.

Muitos dos idosos que mantêm ainda alguma autonomia optam por viver em suas

casas, perto dos filhos ou de outros familiares, de forma a manterem a sua independência

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conseguindo assim manter a sua privacidade e ao mesmo tempo estar próximo da família. No

entanto, quando os idosos perdem a autonomia de forma total ou parcial, surge a necessidade

de cuidados, cuidados esses que nem sempre podem ser obtidos através da família uma vez

que esta nem sempre existe ou não tem condições de prestar ao idoso os cuidados de que

necessita (Oliveira, 2008).

Assim a institucionalização surge como possível solução, mas não é geralmente um

processo fácil quer para o idoso que se vê afastado da sua casa, a qual por vezes carrega

consigo muitas recordações e pela perceção de perda de privacidade e de independência, quer

para a própria família que desenvolve por vezes sentimentos de culpabilização por não

conseguir dar resposta às necessidades do idoso (Pimentel, 1995). O autor constatou através

de um estudo realizado que os idosos ao tornarem-se dependentes demonstram ter consciência

de que os seus familiares possam não ter a disponibilidade necessária para lhes fornecer os

cuidados de que necessitam e de que a institucionalização será a solução.

Existem diversas situações que motivam as famílias a institucionalizar o idoso.

Quando a família se depara com a incapacidade de poder fornecer ao idoso os cuidados que

este necessita, por diversos motivos (e.g., dificuldades económicas, problemas de saúde,

emprego) como forma de prevenir uma maior evolução da dependência do idoso ou para

colocar o idoso num local onde tenha melhores condições, tenha companhia e possa

socializar, mantendo com a família um vínculo através das visitas (Perlini, Leite, & Furini,

2007). O estudo realizado por Paúl (1997) apontou a perda de capacidade funcional como a

principal razão da institucionalização do idoso. Idade avançada, baixo rendimento, pouca

saúde, viver só e a existência de uma ou mais limitações nas atividades de vida diária parecem

também ser preditores relevantes para a institucionalização (Carrière & Pelletier, 1995).

A entrada num lar deve no entanto ser uma decisão tomada de forma independente e

autónoma por parte do idoso (Oliveira, 2008). Almeida e Rodrigues (2008) efetuaram um

estudo sobre a qualidade de vida em idosos institucionalizados, em que estes referiam que a

iniciativa de institucionalização tinha partido em 46,20% dos casos, dos próprios idosos e em

30,10% dos filhos. Quanto ao motivo, a principal razão apontada foi a solidão em 49,40% dos

casos e motivos de saúde em 21,40%.

Segundo Oliveira (2008) a efetiva institucionalização do idoso depende

essencialmente da capacidade de adaptação deste, da qualidade da instituição e do apoio

familiar obtido. Existem no entanto segundo Kane (2003) onze indicadores que podem

auxiliar na avaliação da qualidade de vida dos idosos nas instituições. São eles, a autonomia,

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privacidade, segurança, conforto físico, dignidade, individualidade, relações interpessoais,

competência funcional, efetuar atividades com significado, bem-estar ao nível espiritual e

diversão.

A institucionalização acarreta muitas vezes consequências como seja, perda de

liberdade, diminuição da independência, diminuição de auto-estima, depressão (Freitas &

Scheicher, 2010). Segundo o estudo de Mincato e Freitas (2007) os idosos institucionalizados

apresentam menor capacidade funcional e qualidade de vida comparativamente aos idosos não

institucionalizados. Sendo que Pereira et al. (2006) referem que na qualidade de vida, o

domínio físico é o que está mais ligado à capacidade funcional.

A questão da institucionalização tem sido alvo de estudo, sendo que Pimentel (1995)

verificou num estudo realizado, que tanto para os idosos institucionalizados como os não

institucionalizados, a instituição simboliza segurança e estabilidade. Constatou ainda, que a

maior parte dos idosos residia na sua casa e manifestava interesse em continuar a manter a sua

independência relativamente aos familiares. Em Portugal, um estudo efetuado a idosos

institucionalizados há menos de seis meses e idosos institucionalizados há mais tempo,

demonstrou que quanto maior o tempo de institucionalização, menores eram os níveis de

qualidade de vida (Fernandes, 2000a). Já o estudo de Pinho (2005) revelou que os idosos

institucionalizados apresentavam níveis de qualidade de vida mais elevados

comparativamente aos idosos não institucionalizados.

Almeida e Rodrigues (2008) fizeram um estudo transversal com idosos

institucionalizados em Portugal e verificaram que o índice de qualidade de vida não diferia

em função do sexo, estado civil e nível de instrução, no entanto relativamente à idade, o

índice de qualidade de vida diminuía com o avançar da idade. Carrière e Pelletier (1995)

verificaram não existir diferenças significativas entre sexos relativamente ao risco de

institucionalização, no entanto relativamente à idade observaram correlação positiva entre a

idade e a institucionalização e ainda, correlação negativa entre a institucionalização e a saúde

e recursos económicos.

No estudo de Vitorino, Paskulin, e Vianna (2013) observou-se que os idosos não

institucionalizados apresentaram valores mais elevados de qualidade de vida nos domínios,

físico, psicológico e relações sociais e os idosos institucionalizados, valores mais elevados no

domínio meio ambiente. Observaram ainda a existência de diferenças estatisticamente

significativas entre os idosos institucionalizados e não institucionalizados, ao nível do sexo,

idade, escolaridade e autoavaliação de saúde.

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Com os dados atuais a apontar para a tendência crescente da população com mais de

65 anos, torna-se cada vez mais importante continuar a realizar estudos que permitam

aprofundar a temática da qualidade de vida nos idosos, especialmente nos idosos

institucionalizados (Rebelo, 2007).

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Capítulo 2

Esperança

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2.1. Esperança

A esperança é provavelmente um dos conceitos sobre o qual mais se tem escrito. É

considerado um constructo bastante importante desde o período Grego até ao presente e tem

sido abordado sobre a ótica da filosofia, medicina, sociologia, psiquiatria e psicologia

(Weingarten, 2010).

A necessidade de acreditar que o mal se pode transformar em bem e que os

problemas podem ser resolvidos é algo que tem acompanhado a história do ser humano. No

entanto, as civilizações têm diferido na forma como percecionam essas mudanças como

possíveis. A civilização grega relata o mito de Pandora, em que para executar um plano de

vingança Zeus envia Pandora com uma arca, a qual diz para ela não abrir. Mas Pandora acaba

por abrir a arca libertando assim todos os males no mundo, ficando apenas na arca a

esperança. A ambivalência dos gregos perante a esperança levou a que este mito pudesse ser

visto sobre duas perspetivas. A de que a esperança não existe realmente e de que os males do

mundo foram gerados por uma natureza maléfica inerente a Pandora ou por outro lado apenas

pela sua curiosidade, sendo a esperança uma fonte de conforto perante os infortúnios da vida e

um antídoto para os males do mundo entretanto libertados (Snyder & Lopez, 2007).

Nietzsche1 defende que “esperança é o pior dos males, porque prolonga os tormentos

do homem.” (Weingarten, 2010, p.5)

No entanto a sabedoria popular demonstra através dos seus provérbios, que continua

a ver a esperança como algo de positivo, ‘enquanto há vida há esperança’ e ‘a esperança é a

última a morrer’.

A esperança tem sido reconhecida como uma componente relevante para o

crescimento psicológico e para a mudança. Freud refere que muitos dos benefícios da

psicanálise poderiam ser explicados pelo facto das expetativas dos pacientes sobre o seu

processo de tratamento, serem ‘coloridas’ pela esperança e pela fé (Weis & Speridakos,

2011).

Stotland2 descreveu a esperança como sendo “uma expetativa maior do que zero para

alcançar um objetivo.” (Arnau, Rosen, Finch, Rhudy, & Fortunato, 2007, p.45)

1 Nietzsche, F. W. (1878). Human, all too human. Parts one and two. New York: Dover Publications in

Weingarten, K. (2010). Reasonable hope: Construct, clinical applications, and supports. Family Process, 49(1),

P.5.

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Segundo Cheavens, Feldman, Woodward e Snyder (2006) o papel da esperança na

saúde e no bem-estar tem sido destacado por diversos autores. Menninger (1959) referiu que o

poder da esperança representaria uma fonte de força e de cura para os pacientes. Frank (1971)

descreveu os pacientes como sendo pessoas desmoralizadas devido à falta de esperança.

Scioli, Ricci, Nyugen e Scioli (2011) referem que a par dos trabalhos de Stotland e

Snyder, poucos avanços têm sido feitos relativamente a esta temática. Referem inclusive que

os psicólogos continuam a ver a esperança como uma orientação para os objetivos, ignorando

outras dimensões como seja, o apego, a sobrevivência ou a espiritualidade.

Nas últimas duas décadas tem-se assistido ao desenvolvimento do modelo teórico de

Snyder acerca da esperança, o qual tem influenciado as pesquisas no campo da psicologia

positiva (Weis & Speridakos, 2011).

A teoria de Snyder ganha forma quando durante o ano de 1987 seguindo o conselho

do seu colega Fritz Heider, começa a questionar as pessoas acerca dos seus processos de

pensamento e constata que a maior parte das pessoas é conduzida por pensamentos acerca de

objetivos, os quais são acompanhados por componentes motivacionais e de planeamento

(Snyder, 2000).

Snyder desenvolve assim o modelo sobre a esperança com base na definição de

Stotland, no entanto expande a definição de que a esperança é uma expetativa positiva para o

alcance dos objetivos (goals), incluindo duas dimensões cognitivas relacionadas, ‘agency’

(iniciativa) e ‘pathways’ (caminhos), (Arnau et al., 2007).

As antigas teorias baseavam-se nas expetativas, mas Snyder baseia-se também na

motivação e planeamento necessário para o alcance dos objetivos (Cheaven et al., 2006).

Assim, contrariamente às antigas teorias que defendiam a esperança como sendo um

constructo unidimensional em que havia a perceção de que os objetivos poderiam ser

alcançados, o modelo desenvolvido por Snyder tem natureza multidimensional. Tendo para

além da perceção anteriormente referida, a existência de dois componentes interrelacionados e

necessários, a iniciativa e caminhos (Snyder et al., 2000).

Esperança pode assim ser definida como, “um conjunto cognitivo de (a) iniciativa

(determinação dirigida aos objetivos) e (b) caminhos (planeamento de formas para atingir os

objetivos) baseado num sentido recíproco de sucesso.” (Snyder et al., 1991, p.571)

2 Stotland, E. (1969). The psychology of hope. San Francisco: Jossey-Bass . In Arnau, R. C., Rosen, D. H., Finch,

J. F., Rhudy, J. L., & Fortunato, V. J. (2007). Longitudinal effects of hope on depression and anxiety: A latent

variable analysis. Journal of Psychology, 75(1), P.45.

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Um objetivo “é qualquer coisa que um indivíduo deseje obter, fazer, ser, experienciar

ou criar.” (Snyder, Feldman, Shorey, & Rand, 2002a, p. 299)

As ações do ser humano são direcionadas para os objetivos, assim, estes tornam-se as

‘âncoras’ da teoria da esperança (Snyder et al., 2000; Snyder, Rand, & Sigmon, 2002c). Os

objetivos podem ser de curto ou longo prazo (Snyder, 2000; Snyder et al., 2000; Snyder et al.,

2002a; Snyder et al., 2002c) e devem de ser suficientemente importantes para o sujeito, para

ocuparem o pensamento consciente (Snyder et al., 2002c; Snyder, 2005). A perceção da

probabilidade de realização dos objetivos pode variar de muito baixa a muito elevada (Snyder,

Lopez, Shorey, Rand, & Feldman, 2003) sendo que os objetivos devem ser atingíveis mas

com algum grau de incerteza na sua realização, uma vez que a fixação em objetivos

inatingíveis deixa o indivíduo desmoralizado e por outro lado, objetivos tidos como certos de

alcançar conduzem a uma baixa motivação associada (Snyder et al., 2000).

Snyder, Feldman, Taylor, Schroeder e Adams (2000) citados por Cheaven et al.

(2006) propõem a existência de quatro categorias para os objetivos: objetivos que servem para

alcançar o resultado esperado; objetivos que servem para impedir ou retardar ocorrências

indesejadas; objetivos de manutenção; objetivos que servem para aumentar resultados

positivos já existentes.

Para alcançar os objetivos, os sujeitos devem percecionar em si capacidade de gerar

caminhos que levem à concretização desses objetivos. Assim, os caminhos refletem a

capacidade do sujeito delinear rotas plausíveis para atingir os objetivos. A maioria dos

indivíduos perceciona a capacidade de poder produzir pelo menos um caminho credível para a

concretização dos objetivos, no entanto é importante que se criem caminhos alternativos para

fazer face a obstáculos que possam surgir (Snyder, 2000; Snyder et al., 2000; Snyder et al.,

2002a; Snyder et al., 2002c; Snyder, 2005; Snyder et al., 2006; Cheavens et al., 2006).

Para que o sujeito consiga gerar objetivos adaptativos e implementar caminhos para

os atingir, é necessário que exista iniciativa. Esta reflete a motivação ou esforço cognitivo

investido para executar os caminhos selecionados (Snyder, 2000; Snyder, 2005). A iniciativa

ganha especial importância perante os obstáculos, já que ajuda os indivíduos a aplicar a

motivação exigida com vista à condução do melhor caminho alternativo (Snyder et al.,

2002c).

Os dois componentes da esperança, caminhos e iniciativa são recíprocos, aditivos e

relacionados positivamente, não sendo no entanto, sinónimos (Snyder et al., 1991). Um

indivíduo pode ter inicialmente uma elevada capacidade de iniciativa e mesmo assim não

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conseguir desenvolver caminhos para alcançar os seus objetivos. Por outro lado, o indivíduo

pode ter diversos caminhos delineados e ainda assim ter pouca iniciativa que lhe permita obter

a motivação suficiente para alcançar os objetivos. Assim, é importante que se compreenda a

esperança como um processo cognitivo interativo composto por iniciativa e caminhos que

estão ao serviço da obtenção dos objetivos (Snyder et al., 2002a).

Tendo em conta este modelo, a esperança não é vista como uma emoção, sendo que

no processo de obtenção dos objetivos as emoções seguem as cognições (Snyder et al.,

2002b). A esperança centra-se mais no cognitivo do que nos processos emocionais (Snyder et

al., 2006). Apesar deste modelo defender uma visão cognitiva, não considera as emoções

como algo insignificante, mas sim que estas advém das atividades relacionadas com a

obtenção de objetivos (Snyder et al., 1991). A perceção do alcance dos objetivos e não apenas

os resultados, podem influenciar as reações emocionais (Snyder, 2000; Snyder et al., 2002c;

Snyder et al., 2006). Indivíduos com elevados níveis de esperança podem ver as barreiras

como desafios e ter emoções positivas e ativas para o alcance dos objetivos ao passo que

indivíduos com baixos níveis de esperança podem ficar desencorajados perante barreiras que

surgem e ter emoções negativas (Snyder et al., 2006).

O modelo de Snyder defende que a esperança não tem contribuição hereditária, mas

sim que é um processo cognitivo de aprendizagem acerca de pensamento dirigido para os

objetivos (Snyder & Lopez, 2007). Refere ainda que os componentes da esperança, iniciativa

e caminhos, são aprendidos desde muito cedo e são influenciados pelas experiências que a

pessoa tem ao longo da vida. No entanto uma interrupção em alguma etapa poderá levar ao

comprometimento da formação da esperança (Snyder et al., 2006). A aprendizagem de

caminhos e de iniciativa está inerente na parentalidade, sendo que ambos estão presentes por

volta dos dois anos (Snyder & Lopez, 2007). O pensamento acerca de caminhos é o primeiro

componente a surgir no desenvolvimento da criança, por volta de um ano de idade (Snyder et

al., 2002a; Snyder & Lopez, 2007). Snyder (1994) citado por Snyder (2005), refere num

estudo efetuado, que indivíduos com elevados níveis de esperança indicavam ter tido, pais que

passaram tempo com eles e que foram mentores na sua infância. Também sujeitos que

estabeleceram durante a infância um vínculo chegado com pelo menos um dos cuidadores,

apresentam valores elevados de esperança (Rieger, 1993 citado por Shorey, Snyder, Yang, &

Lewin, 2003).

Segundo Snyder et al. (1991) a esperança reflete uma perceção e não

necessariamente a realidade existente. Como tal, não é requerido que existam caminhos ou

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iniciativa concretos que coincidam com a realidade para que se possa dizer que os sujeitos

têm esperança. É teoricamente possível que os sujeitos apresentem elevados níveis de

esperança, sem no entanto terem ainda alcançado os seus objetivos.

O estudo de Herth (1993) sobre a esperança em idosos da comunidade e

institucionalizados, detetou que fatores como o local de residência, a idade, o nível de energia,

a capacidade funcional e o estado de saúde podem exercer influência na forma como os

sujeitos percecionam a esperança.

Apesar de Snyder e colaboradores postularem a esperança como um processo de

aprendizagem, não negam que as operações por detrás do pensamento sobre a esperança, têm

fundamentos neurobiológicos, em especial os comportamentos ligados à condução dos

objetivos (Snyder & Lopez, 2007).

A esperança não é dicotómica, ou seja, não alterna entre haver esperança e não haver

(Snyder et al., 1991). Os pensamentos sobre a esperança podem ocorrer sobre vários níveis,

esperança global (global hope), esperança em áreas específicas (domain-specific hope) ou

esperança em objetivos específicos (goal-specific hope). É possível um indivíduo com

esperança global ter ao mesmo tempo baixa esperança em áreas específicas ou vice-versa, no

entanto um indivíduo com alta esperança global tem maior probabilidade de ter também

esperança elevada na maior parte dos domínios da vida. Por outro lado, quando o indivíduo

apresenta elevada esperança global ou nos domínios específicos, mesmo assim pode

apresentar baixa esperança relativa a objetivos específicos (Snyder et al., 2002a).

2.2 Instrumentos de medida da esperança

A primeira forma de medição da esperança foi proposta por Gottschak (1974) e a

partir daí a esperança deixou de ser vista como um conceito abstrato, para passar a ser

encarada como uma variável que se pode medir e manipular. Nos anos 80 assistiu-se ao

aparecimento de várias escalas para medir a esperança, sendo que a partir dos anos 90 o

trabalho efetuado neste campo passou a ser dominado pela psicologia positiva (Weingarten,

2010).

Snyder et al. (1991) criaram uma escala para medir a esperança traço, a chamada

escala da esperança para adultos (Adult Hope Scale – AHS) ou escala de futuro, que é a escala

utilizada no presente trabalho. Esta escala é dividida em duas subescalas, iniciativa e

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caminho, contendo doze itens que avaliam o nível de esperança. Mais tarde desenvolveram

uma nova escala, desta vez para avaliar o nível de esperança estado, a chamada escala de

esperança estado (State Hope Scale - SHS) ou escala de objetivos presentes. Ao passo que a

escala desenvolvida inicialmente avaliava a esperança na sua forma mais estável, a nova

escala passa a permitir avaliar a esperança estado. Dividida também em duas subescalas,

iniciativa e caminhos, contendo no entanto apenas seis itens (Snyder et al., 1996). Snyder e

seus colaboradores, criaram em 1997 uma escala para avaliar a esperança em crianças, a

escala de esperança para crianças (Children´s Hope Scale - CHS), (Snyder et al., 2002c).

Entretanto a par destas escalas, outras foram sendo criadas por diversos autores,

Sympson (1999) desenvolveu a chamada escala de esperança para domínios específicos

(Domain-Specific Hope Scale - DSHS) para avaliar a esperança em seis domínios específicos:

relacionamentos sociais; relacionamentos amorosos; vida familiar; estudos; trabalho; tempos

livres (Snyder et al., 2002a).

Em situações clínicas, especialmente envolvendo doenças crónicas é bastante

utilizada a escala de esperança de Herth (Herth Hope Scale - HHS) bem como a versão

abreviada deste instrumento, a índex esperança de Herth (Herth Hope Index - HHI). Também

é frequente a utilização da escala de esperança de Nowotny (Nowotny Hope Scale – NHS)

especialmente para medir a esperança após um evento stressante como seja o cancro e a escala

de esperança de Miller (Miller Hope Scale – MHS), (Abdi & Asadi-Lari, 2011).

Mais recentemente, Bernardo (2010) propõe a escala de locus da esperança (Locus

of Hope Scale) uma vez que defende a ideia de que para avaliar a esperança devemos ter em

conta a dimensão locus, mais concretamente o locus externo e interno da esperança (Du &

King, 2012).

Verifica-se assim que as escalas avaliativas da esperança diferem na forma como

medem esse constructo, ou seja, umas avaliam como sendo um traço (e.g., AHS), como sendo

um estado (e.g., SHS), em domínios específicos (e.g., DSHS), existindo ainda outras formas

de avaliar como se constata pelos inúmeros instrumentos avaliativos existentes (Juntunen &

Wettersten, 2006).

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2.3 Esperança e teorias alternativas

Parece existir relação da esperança com outros constructos, seja uma relação positiva

ou negativa. Snyder et al. (1991) mostram que valores elevados na escala de esperança têm

correlação positiva com medidas de emoções positivas e correlação negativa com as emoções

negativas. Indivíduos com elevada esperança têm maior capacidade em estabelecer objetivos,

bem como implementar os caminhos e iniciativa necessários para o alcance dos mesmos. Está

ainda correlacionada positivamente com constructos com seja, auto-estima, perceção da

capacidade de resolução de problemas, afetividade positiva e otimismo.

Bryant e Cvengros (2004) referem-se à esperança focando-se mais diretamente na

obtenção pessoal de objetivos específicos e o otimismo focando-se mais na qualidade

esperada dos resultados futuros em geral.

A esperança está associada com o bem-estar, a adaptação positiva ao stress e é uma

importante fonte para a resiliência em idosos (Ong, Edwards, & Bergeman, 2006). Sendo que

os sujeitos que apresentam maior esperança são também os que apresentam maior capacidade

de resiliência (Mednick et al., 2007).

Fomenta o bem-estar e consequentemente a qualidade e vida dos indivíduos

(Cheavens et al., 2006). Frankl (1963) citado por Weingarten (2010) defendia inclusive que a

esperança teria efeito benéfico no funcionamento do sistema imunitário.

A esperança apresenta em alguns estudos correlação negativa, com a ansiedade e

depressão e correlação positiva, com a perceção de habilidade para a resolução de problemas

e afeto positivo (Juntunen & Wettersten, 2006).

Snyder et al. (2002a) referem que a esperança tem capacidade de predizer muitos dos

resultados obtidos tanto a nível físico, como mental, atlético e académico, entre outros. No

estudo feito por Magaletta e Oliver (1999) citado por Snyder et al. (2002b), a esperança

conseguiu prever o nível de bem-estar subjetivo. Referem ainda que a esperança, o otimismo

e a auto-eficácia, estão todos moderadamente intercorrelacionados de forma positiva e

significante. Relativamente a sintomas de depressão e ideação suicida, alguns estudos

(Snyder, 2004; Arnau et al., 2007) têm demonstrado a existência de uma relação negativa

destes com a esperança.

Segundo Weis e Speridakos (2011) também a nível da terapia o papel da esperança é

de extrema importância. Yalom (1995) refere que a existência de esperança é crucial para

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qualquer terapia, tanto para iniciarem o processo como para manterem o envolvimento no

processo terapêutico ao longo do tempo. Snyder defende que as psicoterapias resultam,

precisamente porque capacitam as pessoas a identificar objetivos que representam soluções

para os seus problemas e especificam caminhos para a obtenção de tais objetivos. Na

psicoterapia “as mudanças benéficas acontecem, porque os clientes aprendem formas mais

efetivas de pensamento acerca da construção de caminhos e iniciativa para a obtenção dos

objetivos.” (Snyder et al., 2002c, p.267) O trabalho do terapeuta passa assim por incrementar

a esperança no seu cliente ajudando-o a estabelecer metas objetivas para o tratamento e

aumentar a iniciativa e caminhos.

Kortte, Stevenson, Castillo, Hosey e Wegener (2012) efetuaram um estudo sobre o

facto de a esperança poder prever os resultados positivos em populações em reabilitação e

constataram que incorporar intervenções que fomentem a esperança, pode ter um impacto

significativo na reabilitação dos pacientes.

A esperança está positivamente associada com a saúde, prevenção, deteção e

tratamento de doenças. Especificamente em relação à prevenção primária, sujeitos com

elevados valores de esperança parecem tirar melhor partido acerca da informação sobre as

doenças, no sentido de desenvolver caminhos que fomentem a prevenção. Quanto à prevenção

secundária, a esperança pode facilitar as estratégias de coping perante a doença (Snyder et al.,

2002c).

Efetivamente os sujeitos com valores mais elevados de esperança fazem geralmente

escolhas de vida mais saudáveis (Worthen & Isakson, 2011). Têm maior facilidade em

recuperar de doenças, maior capacidade na gestão de situações de crise e promoção da saúde

(Davidson & Simpson, 2006; Cavaco et al., 2010). Nos sujeitos em cuidados paliativos

verifica-se mesmo que a esperança permanece (Buckley & Herth, 2004). No estudo de Mestre

(2011) observou-se que os sujeitos que demonstravam ter uma melhor perceção acerca do seu

estado de saúde, eram também os que apresentavam valores mais elevados na esperança.

A esperança, mais especificamente a esperança razoável, pode ajudar a acalmar e

equilibrar o sistema límbico. Estabelecendo objetivos e caminhos para os atingir, ativa o

circuito de recompensa do córtex pré-frontal, despoletando a complexa interação química

entre o córtex pré-frontal e a amígdala, a qual tem um papel decisivo sobre a experiência do

medo. Assim, o medo é amortecido e as pessoas sentem-se mais esperançosas (Davidson,

2003).

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Vários estudos têm referido o papel da esperança como mediadora ou moderadora.

Arnau et al. (2007) referem um estudo em que os efeitos indiretos sobre a severidade dos

sintomas de depressão foram mediados pelo efeito da esperança no estilo de coping. Shorey et

al. (2003) verificaram que a esperança medeia parcialmente a relação entre a vinculação e a

saúde mental. A esperança desempenha também um papel importante na moderação de

eventos de vida stressantes (Ong et al., 2006).

Halama (2010) constatou que a esperança atua como mediador parcial entre a

personalidade, especificamente neuroticismo e concienciosidade e a satisfação com a vida.

Atuando como mediador total entre a extroversão e a satisfação com a vida.

Apesar da teoria de Snyder sobre a esperança ser das mais estudadas, outras teorias

existem anteriores ou posteriores, algumas mais coincidentes outras mais divergentes desta

perspetiva. A teoria de Herth tem influenciado o campo da psicologia da saúde, enfermagem e

medicina e à semelhança de Snyder também perceciona a esperança como um atributo

cognitivo e motivacional necessário para iniciar e sustentar a ação para a obtenção dos

objetivos. No entanto, está primeiramente preocupado com objetivos futuros dos indivíduos,

relacionados com a capacidade de coping perante doenças, perdas pessoais e outro stressores

psicofisiológicos (Weis & Sperdidakos, 2011).

Weingarten (2010) defende a ideia de esperança razoável como uma variante da

esperança. Ao passo que a esperança é geralmente vista como um atributo individual, a

esperança razoável pode ser considerada a ação de um indivíduo ou de vários. Existe, porque

estamos em relação com os outros. O objetivo é dar sentido ao que existe agora, com a crença

de que isso preparará o indivíduo para o que está à frente. Consiste em ser e não em ter, a

enfâse é colocada no caminho e não na chegada. A esperança razoável é mais fácil de manter

uma vez que ao contrário da esperança não fica frustrada perante eventuais contradições que

possam surgir. Não luta contra a incerteza do futuro, mas antes olha para ele como uma

aposta.

O modelo de Staats (1989) defende que a esperança tem dimensão cognitiva e afetiva

(Du & King, 2012).

A teoria de Scioli et al., (2011) perceciona a esperança como uma rede emocional

construída com base em recursos biológicos, sociais e psicológicos e direcionada para o

futuro. É constituída por quatro componentes, domínio, apego, sistema espiritual e sistema de

sobrevivência, sendo este modelo mais holístico e integrativo que o de Snyder (Du & King,

2012).

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A ideia de que devemos ter em conta a dimensão locus da esperança, é sugerida na

teoria de Bernardo (2010) que propõe assim uma extensão à teoria de Snyder. Enquanto a

teoria de Snyder parece ter uma visão mais individualista sobre a esperança, próprio da

cultural ocidental, este autor sugere que a esperança deve ser construída e ter por base um

locus interno, o próprio indivíduo e um locus externo, figuras significativas para o sujeito. A

teoria de Snyder parece considerar apenas o locus interno, no entanto é fundamental ter em

conta o locus externo uma vez que as influências externas são também importantes para a

concretização dos objetivos. Bernardo divide o locus externo em três categorias, família,

amigos e espiritualidade (Du & King, 2012).

Tong, Fredrickson, Chang e Lim (2010) criticam o modelo de Snyder por este não

explicar como é que os indivíduos mantêm a esperança mesmo quando sentem que não

podem fazer nada. Outra crítica é a de que apesar de Snyder argumentar que a esperança é

constituída pelas componentes, caminhos e iniciativa, essenciais para a obtenção dos

objetivos, alguns estudos (Averill et al., 1990; Bruininks & Malle, 2005 citados por Tong et

al., 2010) referem que quando os indivíduos eram questionados acerca das suas experiências

de esperança, esta ideia não estava presente.

Tong et al. (2010) referem que a esperança apenas está associada à componente

iniciativa e efetivamente alguns estudos têm corroborado esta ideia. Arnau et al. (2007) refere

num estudo efetuado que a componente iniciativa se relaciona significativamente e de forma

negativa com a ansiedade e a depressão mas que a componente caminhos não exerce

influência significativa. O estudo efetuado por Feldman, Rand e Kahle-Wrobleski (2009)

menciona que a subescala iniciativa prediz melhor a obtenção dos objetivos do que a escala de

esperança. Bailey, Eng, Frisch e Snyder (2007) revelam que a subescala iniciativa foi o

melhor preditor da satisfação com a vidapara os dois estudos realizados.

Os resultados do estudo de Bryant e Cvengros (2004) demonstram que as

componentes, iniciativa e caminhos estão correlacionadas mas que são aspetos separados,

sendo que a componente iniciativa demonstra maior associação com a auto-eficácia geral do

que a componente caminhos. Assim defendem que uma conceptualização mais acertada, é ver

a esperança de forma separada, ou seja, ver as suas componentes como dimensões

correlacionadas positivamente, mas separadas e não como um constructo unitário.

Snyder (2000) refere que até à data não havia encontrado diferenças entre géneros

para a esperança global ou para os seus componentes. O estudo de Mestre (2011) refere

também não ter detetado diferenças estatisticamente significativas entre os géneros, apesar de

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os homens apresentarem valores mais elevados na componente caminhos e na escala total de

esperança e as mulheres valores mais elevados na componente iniciativa. Relativamente ao

estado civil, não foram também encontradas diferenças significativas, tendo os casados

apresentado valores inferiores de esperança comparativamente ao grupo dos solteiros, viúvos

e divorciados. Verifica-se ainda que os idosos que estão institucionalizados são os que

apresentam maiores níveis de esperança, apesar de também aqui não se verificarem diferenças

significativas.

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Capítulo 3

Personalidade

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3.1. Personalidade

Personalidade é uma palavra bastante utilizada no quotidiano, no entanto nem todos

percebem o seu verdadeiro significado. É um termo que não apresenta uma definição única,

mas antes várias definições consoante a teoria de personalidade adotada (Irigaray &

Schneider, 2007). Numa exaustiva análise feita à literatura, Allport (1937) conseguiu observar

mais de cinquenta definições diferentes (Hall, Lindzey, & Campbell, 2000).

O próprio Allport (1961, p.28) define personalidade como sendo “a organização

dinâmica no indivíduo, de sistemas psicofísicos que determinam o seu comportamento e

pensamento característico”, destacando as bases biológicas da personalidade.

Eysenck (1953) descreve a personalidade como “a organização mais ou menos firme

e durável do carácter, do temperamento, da inteligência e da dimensão física de um sujeito”

(Hansenne, 2004).

Segundo Wrosch e Scheier (2003) a personalidade é uma organização com processo

dinâmico, caráter único, bases fisiológicas, consistência e que permite predizer o

comportamento de um indivíduo.

Carven e Scheier (2000) destacam alguns pontos fundamentais na personalidade,

descrevendo-a como um processo dinâmico que ocorre internamente, de caráter único, com

bases fisiológicas, consistência e que permite predizer o comportamento de um sujeito.

Para um melhor entendimento acerca da personalidade, torna-se importante perceber

o conceito de traços de personalidade. Allport (1937) foi o primeiro a utilizar este termo

elegendo a designação de traço em detrimento de carater (Hansenne, 2004). Segundo ele, um

traço é um sistema neuropsíquico e faz com que determinado comportamento seja consistente.

Distingue entre traços comuns, aqueles que são partilhados entre pessoas numa cultura e

traços individuais ou o que mais tarde chamou de disposições e que são únicos para o sujeito,

distinguindo-o (Barkhuus, 1999).

As diferenças na personalidade podem ser descritas por um sistema hierárquico

composto entre três a sete traços principais (John & Srivastava, 1999). Os contemporâneos da

psicologia da personalidade têm inclusive tentado categorizar as nações em termos de traços,

no entanto isso traz consigo implicações de natureza ética, concetual e empírica. O problema

de maior relevância não é o facto de se dizer que os sujeitos são diferentes, porque

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efetivamente isso é verdade, mas sim devido a questões de ordem racial que podem daí

despelotar (McCrae & Terracciano, 2005a). O estudo efetuado por McCrae e Terracciano

(2005b) em cinquenta culturas diferentes, relativamente à universalidade dos traços de

personalidade, confirma que os recursos dos traços de personalidade são comuns a todos os

sujeitos.

Hansenne (2004) refere que os traços de personalidade são considerados como

caraterísticas estáveis, que existem num continuum e que fazem com que o indivíduo se

comporte de determinada forma perante várias situações. O tipo de personalidade, também

designado por dimensão de personalidade, é constituído pelo conjunto de traços de

personalidade.

Relativamente à estabilidade dos traços de personalidade, esta é uma questão que tem

gerado polémica. Os investigadores que criticam a ideia de estabilidade, baseiam-se em

investigações de laboratório e observações informais que indicam que com o passar do tempo,

o comportamento tem menor consistência de uma situação para a outra (Davidoff, 2006).

Os fatores genéticos e ambientais têm sido apontados como as principais causas por

detrás do processo de estabilidade e mudança na personalidade. No entanto mantem-se o

debate acerca da influência exercida por cada um destes fatores sobre a personalidade

(Specht, Schmukle, & Egloff, 2011).

Costa e McCrae (2003) defendiam inicialmente, a posição radical de que a

personalidade se mantinha estável mesmo numa idade mais avançada do indivíduo, que os

traços que o sujeito apresentava aos trinta anos se mantinham inalterados até à velhice. No

entanto após vários estudos, incluindo estudos longitudinais, obtiveram informação que

permitiu perceber que apesar de a estabilidade ser a caraterística predominante na

personalidade, há evidências da existência de alterações em determinadas idades em certos

indivíduos.

Specht et al. (2011) demonstraram num estudo efetuado, que a personalidade muda

ao longo do ciclo de vida, mas de forma mais pronunciada nos jovens e nos idosos e que essas

mudanças se dão essencialmente devido a fatores de ordem social e experiências de vida.

Estes autores referem ainda que Scollon e Diener (2006) constataram alterações antes e depois

dos trinta anos, para a dimensão neuroticismo e extroversão.

Soto, Gosling, John e Potter (2011) e Srivastava, John, Gosling e Potter (2003)

também constataram diferenças de idade ao nível da alteração da personalidade,

nomeadamente correlação positiva entre a idade e as dimensões conscienciosidade e

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amabilidade. A dimensão neuroticismo mostra uma tendência negativa ao passo que a

extroversão e abertura à experiência mostram poucas alterações.

Terracciano, McCrae e Costa (2006) constatam que se verifica um declínio entre os

60 e os 90 anos ao nível da atividade geral. O neuroticismo mostra um declínio curvilíneo até

aos 70 anos, sendo que a partir dessa idade aumenta. Paúl, Fonseca, Cruz e Cerejo (2001)

verificaram também num estudo realizado, que o neuroticismo aumentaria de forma irregular,

com o aumentar da idade. Quanto à extroversão, verificaram tendência a diminuir com a

idade.

Havighurst, Neugarten e Tobin (1968) verificaram um declínio para a extroversão

com o aumento da idade, bem como para o neuroticismo e a abertura à experiência. À

semelhança de Donnelan e Lucas (2008) e Lucas e Donnelan (2011) que também observaram

diminuição da extroversão e abertura à experiência com o avançar da idade.

Robinson (2009) verificou através de um estudo acerca dos efeitos sociais sobre as

dimensões do Big Five, que a conscienciosidade é a dimensão mais estável ao passo que a

extroversão é a menos estável. Constatou ainda diferenças ao nível de género que pensa serem

produto de expetativas e papéis sociais na personalidade dos homens e mulheres e não tanto

por diferenças genéticas. Estes dados parecem assim suportar a ideia do autor de que os

indivíduos adaptam a sua personalidade às situações sociais.

Diversos estudos têm constatado nas mulheres, valores mais elevados de extroversão

e amabilidade e valores mais baixos na abertura à experiência e estabilidade emocional

comparativamente aos homens (Costa, Terracciano, & McCrae, 2001; Robinson, 2009).

Caprara, Caprara e Steca (2003) constataram que o funcionamento da personalidade

não diminui obrigatoriamente na velhice e a haver declínio é mais pronunciado nos homens

que nas mulheres. Constataram diferenças significativas ao nível do sexo e da idade, em

algumas dimensões da personalidade em que os homens apresentavam valores mais elevados

na abertura à experiência e as mulheres valores mais elevados na amabilidade. Em relação à

idade, as cinco dimensões da personalidade mostraram correlações significativas, exceto na

conscienciosidade. Para os homens verificou-se correlação negativa entre a idade e

estabilidade emocional, para as mulheres correlação positiva entre a idade e a estabilidade

emocional e correlação negativa entre a abertura à experiência e a idade, para ambos os sexos.

Verificou-se ainda nos sujeitos mais idosos valores mais elevados na dimensão

conscienciosidade e mais baixos na dimensão extroversão e abertura à experiência. Ardelt

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(2000) refere com base em estudos longitudinais, que a diferença entre géneros diminui com a

idade.

Yang, Costa e McCrae (1998) através de um estudo efetuado com população dos

Estados Unidos e China verificaram que existem mudanças de maturação universal intrínsecas

na personalidade.

No entanto cada vez mais se tem deixado de lado a questão de saber se a

personalidade muda ao longo do tempo, para se passar a dar maior relevo ao facto de saber o

que efetivamente muda e em que aspeto (Aldwin, Levenson, Cupertino, & Spiro III, 2001).

3.2. Os cinco fatores da personalidade

Se relativamente ao facto dos traços de personalidade serem ou não estáveis ao longo

do ciclo de vida existe divergência entre os investigadores, quanto ao número de dimensões

da personalidade não existe também consenso. As diversas teorias da personalidade que

existem, não estão de acordo quanto ao número de dimensões que caraterizam a

personalidade, no entanto o modelo dos cinco fatores da personalidade parece ser aquele que

maior consenso reúne entre os psicólogos da personalidade (Hansenne, 2004).

A psicologia da personalidade, desde sempre sentiu a necessidade de um modelo

descritivo de modo a permitir a standardização na comunicação entre estudos. Uma

taxonomia aceite de forma generalizada permitiria aos investigadores estudar domínios

específicos da personalidade sem terem de examinar separadamente milhares de atributos. Foi

sobre essa perspetiva que apareceu o modelo dos cinco fatores (FFM), desempenhando uma

função integrativa ao invés de substituir anteriores modelos de personalidade (John &

Srivastava, 1999).

O modelo dos cinco fatores da personalidade, mais comumente conhecido como Big

Five, é um dos modelos dentro da teoria dos traços mais utilizado na descrição da estrutura da

personalidade. Baseia-se no léxico como forma de perceber de que modo cada cultura

carateriza a personalidade através das palavras que utiliza para a descrever. A importância

deste modelo reside no facto de “ter sido aplicado em diversas amostras, em diversas culturas

e por meio de numerosas fontes de informação (incluindo auto-avaliação, avaliação por pares

e avaliações clínicas), tendo demonstrado sua adequação nos diferentes usos.” (Silva &

Nakano, 2011, p.51)

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Segundo Costa e McCrae (2008) o modelo dos cinco fatores defende que as diferenças

individuais se devem a variáveis psicológicas e extra psicológicas (e.g., cultura, biomédicas).

A taxonomia deste modelo é descrita da seguinte forma, as diferenças psicológicas individuais

dividem-se em adaptações e tendências, por sua vez as tendências subdividem-se em

habilidades e disposições, dentro das quais se encontram as dimensões da personalidade e

suas respetivas facetas. O modelo não pretende ser uma compreensão da taxonomia das

diferenças individuais, mas sim apenas das disposições (McCrae, 2010).

Várias conceptualizações do modelo Big Five têm surgido, no entanto são unânimes

em concordar no facto de que todas estudam o mesmo fenómeno (Costa e McCrae, 2008).

Apesar de o modelo Big Five fornecer informação acerca das diversas dimensões da

personalidade, existirão certamente outras caraterísticas da personalidade não contempladas

por este modelo, igualmente importantes e pertinentes de ser alvo de maior estudo (Wrosch &

Scheier, 2003). Este modelo tem aliás sido alvo de diversas criticas. Eysenck (1993) critica o

facto de a taxonomia dos Big Five necessitar de elementos básicos por forma a poder ser

considerada teoria científica. Um dos autores mais críticos a este modelo, Block (1995) refere

que é imaturo chamar-lhe modelo visto que este carece de fundamentação teórica. Lima e

Simões (2000) referem no entanto que este modelo é um “exemplo dos esforços feitos pelos

defensores dos traços para recontextualizá-los, de acordo com os princípios dinâmicos e

interativos, defendidos pelas tendências emergentes no estudo da psicologia da

personalidade.” (Lima & Simões, 2000, p.176)

Wiggins (1996) refere mesmo que é injusto dizer-se que o modelo dos cinco fatores é

desprovido de teoria. Os autores McCrae e Costa (1995) mencionam que pretendem dar uma

“perspetiva sobre como as explicações baseadas nos traços encaixam num modelo mais amplo

de compreensão do funcionamento da pessoa.” (McCrae & Costa, 1995, p.232)

Relativamente ao número de dimensões ou domínios da personalidade, Goldberg

(1981) menciona que são cinco as principais dimensões da personalidade, extroversão,

amabilidade, conscienciosidade, neuroticismo e abertura à experiência e que delas derivam as

diferenças individuais dos sujeitos.

A extroversão avalia a forma como o indivíduo interage com os outros, o tipo de

relação interpessoal estabelecida e varia num continuum entre extroversão e introversão.

Sujeito mais extrovertidos são assim tidos como comunicativos, sociáveis, otimistas,

energéticos, alegres e amantes da diversão. Por outro lado, indivíduos mais introvertidos

caraterizam-se por ser reservados, pouco comunicativos, distantes, pouco exuberantes e que

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apreciam estar sozinhos. A extroversão tem ainda sido associada ao pensamento positivo. As

facetas ou traços correspondentes à extroversão são, acolhimento caloroso, gregariedade,

assertividade, atividade, procura de excitação e emoções positivas. A faceta emoções

positivas é a que está mais relacionada com a satisfação com a vida (Costa & McCrae, 2000).

O neuroticismo avalia o grau de ajustamento emocional do indivíduo. Assim,

indivíduos com valores elevados de neuroticismo tendem a ser mais ansiosos, mais

preocupados com as situações de uma forma geral, inseguros, apresentam dificuldade em lidar

com o stress e em controlar os impulsos. Contrariamente, indivíduos com baixos valores de

neuroticismo apresentam estabilidade emocional, são mais seguros e calmos. As facetas ou

traços do neuroticismo são, ansiedade, hostilidade, depressão, auto-consciência,

impulsividade e vulnerabilidade. Os sujeitos com valor elevado na faceta depressão têm pouca

esperança e elevado sentimento de culpabilização (Costa & McCrae, 2000).

A abertura à experiência avalia a capacidade criativa do indivíduo bem como de

explorar experiências que não lhe são familiares, sendo que os indivíduos que apresentam

valores elevados nesta dimensão são por norma mais curiosos relativamente ao seu mundo

interior e exterior, menos convencionais, com maior tendência a procurarem a mudança, mais

originais e imaginativos e têm uma enorme diversidade de interesses. Tendem a pensar de

forma mais flexível, com maior possibilidade de terem maiores competências na resolução

dos problemas. Os indivíduos com baixa pontuação são geralmente mais convencionais e

conservadores, têm um leque menor de interesses e preferem o habitual em detrimento da

novidade. A abertura à experiência é constituída pelas facetas, fantasia, estética, sentimentos,

ações, ideias e valores (Costa & McCrae, 2000).

A amabilidade avalia a qualidade da relação interpessoal. Indivíduos com valores

elevados são mais amáveis, prestáveis, altruístas e têm maior facilidade em perdoar.

Contrariamente, indivíduos com baixa pontuação têm uma maior tendência à hostilidade, ao

egocentrismo, são mais irritáveis e pouco cooperativos. As facetas que constituem esta

dimensão são, confiança, retidão, altruísmo, complacência, modéstia e sensibilidade (Costa &

McCrae, 2000).

A concienciosidade avalia o grau de organização do indivíduo. Os indivíduos com

valores elevados são por norma indivíduos mais organizados, pontuais, de confiança,

trabalhadores, ambiciosos e auto-disciplinados. Já os indivíduos com baixos valores são mais

despreocupados, preguiçosos, negligentes, menos escrupulosos e menos obstinados no

alcance dos seus objetivos. As facetas correspondentes a esta dimensão são, competência,

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ordem, obediência ao dever, esforço de realização, autodisciplina e deliberação. A faceta

competência é a que está mais ligada com a auto-estima e o locus de controlo interno. Valores

elevados na faceta esforço de realização, indica sujeitos com níveis de realização elevados e

forte motivação para atingir os objetivos, pessoas com objetivos e sentido de vida (Costa &

McCrae, 2000).

Alguns estudos têm confirmado a capacidade de predição das cinco dimensões da

personalidade, nomeadamente o neuroticismo, a extroversão e a conscienciosidade têm sido

apontados como bons preditores dos aspetos positivos e negativos da saúde mental, com seja,

o bem-estar, a depressão ou a auto-estima (Halama & Dédová, 2007).

Ainda relativamente às dimensões e facetas da personalidade, surge a questão de se

as dimensões do Big Five por si só conseguem captar toda a informação pertinente acerca das

diferenças da personalidade ao nível da idade ou se a maior especificidade dos traços ou

facetas dos domínios mostram tendências substancialmente diferentes (Soto et al., 2011).

Tem sido demonstrado através de estudos efetuados a importância da distinção entre

as facetas do mesmo domínio. Estas detêm informação verdadeiramente única sobre a

personalidade permitindo predizer uma diversidade de comportamentos e resultados na vida

para além do nível de predição conseguido pelos cinco domínios da personalidade (Costa &

McCrae, 1995).

Efetivamente nos últimos tempos tem sido dedicado um interesse especial na

averiguação de diferenças nos cinco domínios da personalidade ao nível da idade, no entanto

relativamente às facetas, o mesmo interesse não têm sido tão evidente. As evidências sugerem

que pelo menos em alguns domínios, as diferentes facetas mostram tendências diferentes

(Soto et al., 2011). Numa meta análise efetuada por Roberts et al. (2006) verificaram-se

diferenças importantes entre duas facetas da extroversão, a assertividade e a gregariedade.

No estudo efetuado por Soto et al. (2011) ao longo de um período de sete anos,

recorrendo a uma amostra de elevada dimensão (N = 1.267.218) cuja idade dos sujeitos estava

compreendida entre os 10 e os 65 anos, verificaram-se diferenças ao nível da idade nos

domínios e facetas do Big Five, desde a infância até à meia-idade.

Quanto à avaliação das dimensões da personalidade, de uma forma geral os

instrumentos avaliativos têm incidido numa análise sobre as componentes comportamental,

cognitiva e afetiva das dimensões, num mesmo instrumento. No entanto, o trabalho de

Jackson et al. (2010) baseou-se na identificação apenas dos comportamentos associados à

dimensão conscienciosidade, com a finalidade de construir um instrumento específico para a

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avaliação desta dimensão. Os autores defendem que focar-se na descoberta dos

comportamentos que estão por detrás de cada dimensão pode trazer diversas vantagens,

nomeadamente uma melhor compreensão da própria dimensão, bem como clarificação ou

aumento do espetro de facetas subjacentes.

Diversos instrumentos têm sido desenvolvidos no sentido de avaliar as diferentes

dimensões da personalidade e respetivos traços, contudo dois dos mais conhecidos e

utilizados são o NEO-PI-R e o BFI. Costa e McCrae desenvolveram no início dos anos oitenta

o famoso inventário de personalidade NEO (NEO-PI), com o intuito de medir três dimensões

da personalidade, neuroticismo, extroversão e abertura à experiência. No entanto anos mais

tarde resolveram adicionar outras duas dimensões, a amabilidade e a conscienciosidade e o

inventário passou a designar-se por inventário de personalidade revisto NEO (NEO-PI-R).

Entretanto com o objetivo de obter uma medida de aplicação mais curta, os autores

desenvolveram uma versão mais reduzida com apenas sessenta itens, o NEO-FFI (John &

Srivastava, 1999). No seguimento desta necessidade de instrumentos de curta aplicação foi

construído o inventário Big Five (BFI), constituído por quarenta e quatro itens num formato

de frases curtas (John, Donahue, & Kentle, 1991; Benet-Martinez & John, 1998).

3.3. Personalidade e envelhecimento

Diversas correntes tentam explicar a personalidade à luz do envelhecimento. Jung

(1933) referia que a personalidade do sujeito se organizava em volta de duas tendências

elementares e opostas, a extroversão e a introversão. Segundo ele a extroversão seria mais

predominante na fase da juventude, sendo que na segunda metade da vida haveria um

aumento da introversão, o que conduziria a um novo equilíbrio. Já Erikson (1982) explica a

evolução da personalidade ao longo da existência de oito estádios, em que o sujeito deveria

resolver o conflito inerente a cada estádio por forma a passar ao seguinte. Segundo este autor,

a personalidade não seria apenas determinada pelas experiências da infância do sujeito, mas

também pelas experiências de vida na fase adulta. Loevinger (1976) descreve o

desenvolvimento da personalidade também em oito estádios, no entanto seis deles são

relativos ao sujeito adulto e idoso. Considera a personalidade como organizador central,

permitindo a organização das interações existentes entre o sujeito e o ambiente (Fontaine,

2000).

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Os primeiros dados sobre personalidade do idoso surgem nos anos sessenta através

de estudos efetuados por Neugarten e colaboradores. Segundo eles existiriam diferenças entre

os sujeitos relativamente à forma de vivenciar os últimos anos de vida, o que acabaria por

exercer muitas vezes influência sobre a personalidade dos sujeitos (Havighurst et al., 1968).

No estudo realizado por Maiden, Peterson, Cava e Hayslip (2003) estes constataram

que os traços de personalidade se modificam na velhice. Como possível explicação, sugerem

o facto de esta fase ter inerente uma maior probabilidade de confrontação dos sujeitos com

eventos de vida que possam requerer adaptação por parte destes.

Strauss, Pasupathi e Chatterjee (1993) mencionam que os traços de personalidade

podem mudar numa fase mais avançada do ciclo vital, derivado a alterações psicológicas

relacionadas com a idade, especialmente doenças. No caso da doença de Alzheimer, esta pode

originar alterações profundas na personalidade. Sendo que mudanças repentinas na

personalidade podem indiciar demência. No entanto, segundo a perspetiva sociológica, as

alterações na personalidade podem ser um reflexo das mudanças nos papéis sociais (Brim,

1965).

O estudo de Harris e Dollinger (2003) verificou a existência de uma relação positiva

entre o neuroticismo e a ansiedade sobre o envelhecimento. Sendo que a ansiedade sobre o

envelhecimento está inversamente relacionada com a amabilidade, conscienciosidade e

extroversão. Relativamente à abertura à experiência, esta não está relacionada com a

ansiedade sobre o envelhecimento. Os resultados suportam assim segundo os autores, a noção

de que a ansiedade sobre o envelhecimento está relacionada com diferenças individuais nos

traços de personalidade.

Relativamente à última fase do ciclo de vida existem ainda algumas crenças erróneas,

nomeadamente de que com o avançar da idade há uma maior tendência para desenvolver

depressão, no entanto esta está associada a uma dimensão da personalidade, o neuroticismo,

não tendo associação direta com a idade, mas sim com a existência de valores mais elevados

nesta dimensão (Papalia et al., 2006).

O declínio verificado por Havighurst et al. (1968) ao nível da dimensão neuroticismo

com o avançar da idade, vem de certa forma contradizer as crenças de associação entre

envelhecimento e depressão.

Yassine (2011) no estudo que realizou com sujeitos idosos constatou que o

neuroticismo se encontra correlacionado positivamente com uma conceção pessoal da velhice

como sendo uma fase geradora de respostas emocionais negativas e correlacionado

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negativamente com a perceção de controlo sobre as experiências negativas na velhice. Em

relação à extroversão verificou uma correlação positiva com uma perceção do envelhecimento

como sendo um período de ganhos e de capacidade de controlo sobre as experiências

vivenciadas e negativamente correlacionado com sentimentos de tristeza, ansiedade e

preocupação relativamente ao envelhecimento.

Relativamente à saúde, algumas dimensões da personalidade como seja, o

neuroticismo, parecem estar relacionadas com ineficientes estratégias de coping (McCrae &

Costa, 1986) ao passo que a conscienciosidade pode ser considerada como preditora da

longevidade (Bogg & Roberts, 2004).

A rigidez da personalidade na terceira idade é outra das crenças habitualmente

associada a esta fase (Papalia et al., 2006).

3.4. Personalidade e Esperança

Existem várias definições possíveis para o conceito esperança, sendo que para além

das que já foram anteriormente referidas, Bryant e Cvengros (2004) referem-se à esperança, e

também ao otimismo, como sendo traços de personalidade e não estados cognitivos ou

emocionais.

A esperança é um traço estável da personalidade podendo no entanto sofrer

mudanças ao longo do tempo (Snyder et al., 1991). Snyder et al. (2003) defendem que a

esperança existe como uma disposição relativamente estável da personalidade ou como um

estado de espírito temporário.

Snyder et al. (2006) referem existir evidências de que sujeitos mais esperançosos nos

seus pensamentos têm maior probabilidade de atingir os seus objetivos. Roberts et al. (2006)

mencionam que tanto a conscienciosidade como a amabilidade facilitam o alcance com

sucesso dos objetivos e mostram tendência positiva com a idade, desde a maioridade até à

meia-idade. Costa e McCrae (2000) referem que valores elevados no domínio

concienciosidade, mais concretamente na faceta esforço de realização, revelam sujeitos mais

obstinados na prossecução dos objetivos. Mascaro e Rosen (2005) constataram a existência de

correlação positiva entre a esperança e a dimensão amabilidade.

No estudo de Halama e Dedová (2007) observou-se à semelhança da literatura

existente, que existe correlação negativa e significativa entre a dimensão neuroticismo e a

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esperança e correlação positiva e significativa entre as dimensões extroversão e

conscienciosidade na esperança. As correlações obtidas sugerem que a conscienciosidade é a

dimensão da personalidade mais relacionada com a esperança. A esperança por sua vez, está

correlacionada de forma positiva e significativa com a satisfação com a vida. Observou-se

ainda que os traços de personalidade explicavam 26,10% da variância na satisfação com a

vida, contrariamente à esperança que não explicava a satisfação com a vida. Os autores

assumem assim, que a relação entre esperança e satisfação com a vida poderá ser explicada

pelo nível de conscienciosidade.

Halama (2010) observa correlações significativas entre algumas dimensões da

personalidade e a esperança, personalidade e a satisfação com a vida. Nomeadamente

correlação negativa entre o neuroticismo e esperança e positiva entre extroversão,

conscienciosidade e esperança. Correlação negativa entre o neuroticismo e satisfação com a

vida e correlação positiva entre a extroversão, amabilidade e conscienciosidade com a

satisfação com a vida. De assinalar também a correlação positiva entre esperança e satisfação

com a vida. Menciona ainda que muitos estudos têm sido feitos sobre a esperança,

personalidade e satisfação com a vida e que a maioria refere o neuroticismo, a extroversão e a

concienciosidade como os preditores mais frequentes do bem-estar. Os resultados deste

estudo revelam que as emoções positivas não têm influência direta sobre a satisfação com a

vida, mas aumentam a esperança e subsequentemente esta aumenta a satisfação com a vida.

Verifica-se ainda através de análise feita, que o neuroticismo faz decrescer a esperança e

como tal, o sujeito experiencia menos satisfação com a vida.

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Capítulo 4

Qualidade de Vida

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4.1. Qualidade de vida

O conceito qualidade de vida, começou a ganhar maior destaque no início dos anos

noventa, essencialmente pelo reconhecimento da importância deste conceito por parte do

grupo WHOQOL sobre a promoção da saúde física e mental dos indivíduos. No entanto as

definições sobre qualidade de vida são diversificadas e distintas. Qualidade de vida de uma

forma genérica, pode ser definida relativamente ao bem-estar, satisfação, felicidade e posição

na vida (Gullberg, Frisman, & Ek, 2010).

Na cultura ocidental, qualidade de vida é muitas vezes equiparada com saúde, bom

funcionamento familiar e posse de bens materiais (Kovác, 2004). A saúde tem importância

vital para a qualidade de vida e segundo a Organização Mundial de Saúde, a qualidade de vida

passou a ser vista não apenas pela ausência de doença mas sim como um estado de bem-estar

físico, mental e social (OMS, 2011).

A OMS define qualidade de vida como “a perceção do indivíduo acerca da sua

posição na vida, no contexto de cultura e sistema de valores nos quais vive e em relação com

os seus objetivos, expetativas, padrões e preocupações.” (OMS, 1998, p.3)

Rejeski e Mihalko (2001) mencionam a qualidade de vida como sendo um

julgamento cognitivo consciente da satisfação com a vida.

Esta dimensão varia quanto ao seu nível de generalidade, indo desde o nível de bem-

estar comunitário à avaliação de um indivíduo em contextos específicos, ou seja, varia entre o

nível coletivo e o individual e é multidimensional, considerando a dimensão social,

psicológica e de saúde física (Kovác, 2004).

Está relacionada com indicadores objetivos (e.g., condições de vida) e indicadores

subjetivos (e.g., satisfação com a vida). As diversas abordagens existentes acerca da qualidade

de vida diferem essencialmente devido ao facto de os investigadores darem diferente ênfase às

caraterísticas que determinam a qualidade de vida dos sujeitos (Wrosch & Scheier, 2003).

Bowling (2001) vê a qualidade de vida como um conceito dependente da perceção

dos sujeitos e que pode ser mediado por fatores cognitivos. Relativamente aos domínios da

qualidade de vida, existem dúvidas acerca do facto de estes serem preditores da qualidade de

vida ou constituintes do conceito em si.

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Wrosch e Scheier (2003) referem que alguns pesquisadores avaliam a qualidade de

vida medindo a satisfação de vida global com apenas um item. No entanto é possível avaliar

recorrendo ao auxílio de vários itens através de uma multiplicidade de domínios da vida.

Referem ainda que a qualidade de vida deve ser medida através da importância que o sujeito

dá a certos domínios, uma vez que o sujeito pode apresentar baixo valor num determinado

domínio e no entanto não se sentir afetado por isso, uma vez que pode não valorizar esse

domínio.

Pereira et al. (2006) verificaram no seu estudo que a variável sexo teve influência

significativa nos domínios, físico, psicológico e ambiente, tendo os homens apresentado

valores superiores. Verificaram ainda que os domínios com maior impacto na qualidade de

vida global eram primeiramente o domínio físico, seguido do domínio ambiente. Cramer,

Torgersen, & Kringlen (2007) referem como preditores correlacionados positivamente com a

qualidade de vida, o facto de ser mulher e ter boa saúde.

Um estudo efetuado em Portugal pelo Centro de Estudos dos Povos e Culturas de

Expressão Portuguesa (CEPCEP, 2012), sobre o envelhecimento da população e a qualidade

de vida, financiado pela união europeia, refere que a qualidade de vida abrange um conjunto

alargado de áreas da vida, como seja a satisfação com a vida, independência, competências

sociais e cognitivas.

Vários modelos têm analisado o conceito de qualidade de vida, no entanto um dos

mais difundidos tem sido o de Lawton (1989) que faz a descrição de quatro dimensões

concetuais concretamente, qualidade de vida percebida, condições ambientais, competência

comportamental e bem-estar subjetivo. A qualidade de vida percebida é uma dimensão

subjetiva da qualidade de vida uma vez que está dependente do julgamento que o sujeito faz

da sua vida. As condições ambientais têm a ver com a adaptação do sujeito ao ambiente em

que vive. A competência comportamental, refere-se à capacidade e desempenho dos sujeitos

em relação às situações da vida. O bem-estar subjetivo tem a ver com o nível de satisfação

que o sujeito tem relativamente à sua vida. Simões et al. (2006) definem o bem-estar subjetivo

como sendo constituído por uma componente cognitiva e uma componente afetiva. A

componente cognitiva, satisfação com a vida, tem a ver com a avaliação pessoal que o sujeito

faz sobre diversos domínios na sua vida, estando a componente afetiva, ligada aos afetos

positivos e negativos relativos à avaliação feita.

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4.2 Qualidade de vida nos idosos

O envelhecimento é um processo complexo e os seus resultados emergem ao nível da

qualidade de vida e de outros indicadores de ordem psicossocial. A qualidade de vida é

inclusive considerada por muitos autores como o indicador com maior relevância na avaliação

das condições de vida dos idosos, bem como indicador da adaptação ao envelhecimento.

Segundo Castellón (2003) a associação entre qualidade de vida e envelhecimento tem vindo a

obter uma importância crescente nas sociedades ocidentais (Paúl & Fonseca, 2005).

O acelerado envelhecimento da população desencadeia alterações e consequências

diversas que podem por vezes diminuir a qualidade de vida dos idosos, assim é fundamental

dotá-los das condições necessárias que lhes permitam terem qualidade de vida (Butler &

Ciarrochi, 2007).

Oliveira (2008) defende a importância que o envelhecimento tem na qualidade de

vida, mas também na organização da sociedade.

Segundo Castellón3, a qualidade de vida dos idosos pode ser conceptualizada através

de várias formas: “a) como qualidade em termos das condições de vida, b) como satisfação

pessoal com as condições de vida, c) combinando as condições de vida e a satisfação, d)

combinando as condições de vida e a satisfação pessoal segundo os critérios do próprio

sujeito em função da sua escala de valores e aspirações pessoais.” (Paúl & Fonseca, 2005,

p.303) De uma forma geral, Castellón reconhece como indicadores mais utilizados na

avaliação da qualidade de vida relacionada com o envelhecimento, o bem-estar subjetivo,

autonomia, atividade, recursos económicos, saúde, segurança, intimidade, lugar na

comunidade e relações pessoais.

O sentido da vida é um princípio universal da qualidade de vida e não apenas um

mero componente desta, regula os componentes individuais da qualidade de vida e é

considerado a fonte mais efetiva de permanente satisfação com a vida (Kovác, 2004).

Num estudo efetuado a indivíduos com 65 ou mais anos, as principais condições

assinaladas para a existência de qualidade de vida foram: 1) liberdade para fazer as coisas que

querem, sem restrições; 2) ter harmonia mental, prazer e satisfação com a vida; 3) ter relações

3 Castellón, A. (2003). Calidad de vida en la atención al mayor. Revista Multidisciplinar de Gerontologia, 13(3),

188-192.. In Paúl, C., & Fonseca, A. M. (2005). Envelhecer em Portugal. Lisboa: Climepsi Editores.

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sociais, amorosas e contato com o ambiente; 4) sentimento de segurança (Bowling & Gabriel,

2007).

O estudo de Pereira (2010) sobre a perceção da qualidade de vida por parte do idoso,

revelou que os idosos que apresentavam uma perceção positiva acerca da sua qualidade de

vida, mencionavam que isto se devia ao facto de terem boa saúde física, independência, boas

relações sociais e boa qualidade ao nível do domínio psicológico. O estudo de Correia (2009)

revelou que os sujeitos que apresentavam valores mais elevados no domínio ambiente, eram

precisamente os sujeitos que referiam estar mais satisfeitos com a sua saúde.

Ponce, Lezaeta e Lorca (2011) num estudo efetuado no Chile sobre preditores da

qualidade de vida em idosos, constataram que os melhores preditores eram a prática de

atividades físicas, auto-eficácia, boa qualidade das relações sociais e desempenho de

atividades significantes como seja, passear e ler. O défice no funcionamento físico e cognitivo

está entre os preditores que originam diminuição da qualidade de vida nos idosos não

institucionalizados, tendo menos peso nos idosos institucionalizados (Borowiak & Kostka,

2004). Para Molzahn, Skevington, Kalfoss e Makaroff (2010) as facetas mais importantes da

qualidade de vida são, ter energia, ser feliz, ter bom funcionamento dos sentidos e não ter

dores.

A qualidade de vida dos idosos depende do facto de os sujeitos terem os recursos

económicos necessários para fazer face às suas necessidades, autonomia para efetuar as suas

atividades diárias, terem relações familiares ou sociais e capacidade para efetuar atividades

recreativas com frequência (Jacob, 2007).

Araújo, Pais-Ribeiro, Oliveira e Pinto (2007) postulam que falar de qualidade de vida

nos idosos implica a existência de saúde, segurança no ambiente em que habitam,

continuidade dos papéis sociais, independência e autonomia.

O estudo efetuado por Fernandes (1996) refere o apoio religioso, económico,

assistência médica, apoio familiar e autonomia como meios que podem fomentar a qualidade

de vida dos idosos. Por outro lado, a incapacidade de resposta por parte dos serviços de

assistência médica, a perda de autonomia, sentimentos de perda e a institucionalização, são

percecionados pelos idosos como fatores que podem diminuir a sua qualidade de vida.

A autonomia é um fator que tem sido apontado em diversos estudos como sendo

importante para a qualidade de vida dos idosos. Sousa et al. (2003) verificaram que a

institucionalização é muitas vezes temida pelos idosos, por estes percecionarem a entrada para

o lar como ameaça à sua independência e qualidade de vida. No estudo de Carvalho e Dias

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(2011), a autonomia evidencia-se como a questão chave no bem-estar do idoso e no seu

processo de adaptação à institucionalização. A falta de apoio familiar ou ausência da mesma,

não demonstraram aqui ser tão valorizadas pelos idosos como a questão da autonomia.

A qualidade de vida do idoso institucionalizado depende segundo (Kane, 2003) de

quatro fatores nomeadamente, o ambiente vivenciado pelo idoso no lar em que está

institucionalizado, o suporte social e familiar existente, a sua personalidade e estado de saúde.

Diversos estudos têm sido efetuados sobre a qualidade de vida. Com o crescente

aumento da população idosa, as investigações têm sido alargadas à temática da qualidade de

vida nos idosos. O estudo realizado por Savonitti (2000) acerca da qualidade de vida de

idosos institucionalizados, constatou que de entre as variáveis sócio-demográficas, a situação

conjugal foi a única variável que manifestou influência significativa sobre os domínios,

concretamente sobre o estado geral de saúde e saúde mental. Um outro estudo, Lai et al.

(2005) revelou que os idosos que apresentavam valores mais elevados de qualidade de vida,

era os que tinham mais educação, bom desempenho físico, maior contato com os cuidadores e

menos doenças crónicas. Zaninotto, Falaschetti e Sacker (2009) constataram através de um

estudo longitudinal sobre qualidade de vida em idosos, que os sujeitos com mais idade eram

os que apresentavam menor qualidade de vida. Essa relação negativa, foi também verificada

por Paúl (2005) que constatou a existência de correlação negativa entre a idade e a qualidade

de vida.

A qualidade dos cuidados geriátricos, tem também sido apontada como importante

para a qualidade de vida, tendo alguns estudos verificado uma correlação significativa e

positiva entre estas duas variáveis (Hsieh, 2009).

Molzahn et al. (2010) referem a existência de diferenças significativas entre géneros,

idade e nível de saúde, para diferentes facetas da qualidade de vida. Mincato e Freitas (2007)

também referem diferenças entre sexos, sendo as mulheres a apresentar níveis inferiores de

qualidade de vida.

Fonseca (2006) refere que nos idosos, as relações sociais revestem-se de extrema

importância para a fomentação da saúde, concretamente da saúde mental. No entanto, Sousa,

Figueiredo e Cerqueira (2004) referem que as relações sociais diminuem com o avançar da

idade. O estudo feito por Lang (2001) acerca da regulação das relações sociais nos idosos,

observa a existência de mecanismos adaptativos de aquisição, manutenção, transformação ou

descontinuidade na rede de relações dos sujeitos. Constataram que os laços emocionais mais

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próximos são relativamente estáveis até uma fase mais tardia, ao passo que os laços menos

próximos são geralmente descontinuados.

Butler e Ciarrochi (2007) acharam associação entre a aceitação psicológica e a

qualidade de vida nos idosos, verificando que os sujeitos que apresentavam valores mais

elevados de aceitação psicológica eram também os que apresentavam valores mais elevados

na qualidade de vida nas áreas da saúde, bem-estar emocional, segurança e participação na

comunidade.

Para os idosos institucionalizados, a frequência com que são visitados parece ter

influência na qualidade de vida dos sujeitos. Freitas e Scheicher (2010) verificaram que entre

os idosos institucionalizados, os que eram visitados com menos frequência apresentavam

menores valores na qualidade de vida.

No estudo de Almeida e Rodrigues (2008) efetuado a idosos institucionalizados, a

maior parte dos sujeitos são do sexo feminino e 51,60% dos sujeitos referem pertencer ao

grupo com qualidade de vida. Neste estudo, constatou-se ainda que o índice de qualidade de

vida não difere em função do estado civil, verificando-se que são os sujeitos viúvos que

apresentam valores menores de qualidade de vida e os casados maiores valores. Não se

verificam também diferenças relativamente ao nível de educação ou género, apesar de serem

os homens os que apresentam níveis mais elevados de qualidade de vida. No entanto, existem

diferenças estatisticamente significativas em função do grupo etário, sendo que a qualidade de

vida diminui como o avançar da idade. À semelhança do estudo anterior, Almeida (2008) e

Mestre (2011) não verificaram a existência de diferenças significativas na qualidade de vida

em função do género ou do estado civil. No entanto Mestre (2011) revela que de uma forma

geral são os homens casados que apresentam maior qualidade de vida. Relativamente à

questão da institucionalização, observou-se que os idosos que não estavam institucionalizados

apresentavam valores mais elevados em quase todos os domínios da qualidade de vida,

existindo diferenças significativas entre o grupo dos institucionalizados e não

institucionalizados.

Num outro estudo realizado, Almeida (2009) observou também um maior número de

sujeitos do sexo feminino na amostra e que os idosos casados são os que apresentam valores

mais elevados de qualidade de vida. Os sujeitos apresentaram ainda menor qualidade de vida

com o avançar da idade e também aqui foram os homens a apresentar valores mais elevados

na qualidade de vida.

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4.3 Qualidade de vida e Personalidade

A relação entre qualidade de vida e personalidade tem sido estudada por diversos

pesquisadores. Existe no entanto uma tendência em ver os fatores da personalidade como

sendo variáveis incómodas e que como tal devem ser alvo de controlo. Se num estudo por

exemplo, se quiser analisar de que forma a variável preditora (e.g., aborrecimentos diários)

está relacionada com a qualidade de vida dos sujeitos (e.g., no domínio psicológico). Existe o

receio de que alguns fatores ou dimensões da personalidade, como seja, o neuroticismo

possam de certa forma levar a resultados incorretos. Como forma de evitar isto, a resposta tem

sido muitas vezes de controlar estatisticamente os fatores da personalidade, aquando da

avaliação da associação entre as variáveis. Contudo este controlo efetuado à personalidade

está envolto de potenciais desvantagens, sendo a mais saliente o facto de que a personalidade

pode realmente ser o fator causal que influencia a variável preditora e como tal influencia

também o fator avaliado, a qualidade de vida. Se efetivamente for o caso, ao controlar a

personalidade estamos assim a retirar da análise a variância que é em parte responsável pela

qualidade de vida dos sujeitos (Wrosch & Scheier, 2003).

O bem-estar subjetivo, como Lawton (1989) afirmou, é uma das dimensões

concetuais da qualidade de vida. Um dos estudos feitos sobre a associação entre bem-estar

subjetivo e a personalidade, verificou a existência de correlação entre o bem-estar subjetivo e

algumas das dimensões da personalidade. Especificamente, o neuroticismo e a extroversão,

em que as maiores correlações se observaram entre o bem-estar subjetivo e o neuroticismo.

Como os autores referem, os resultados parecem fortalecer a ideia de que a estrutura da

personalidade é um fator fundamental no bem-estar subjetivo e como tal na qualidade de vida

dos sujeitos (Nunes, Hutz, & Giacomoni, 2009). Diener, Oishi e Lucas (2003) também se

referem à importância da influência da personalidade sobre o bem-estar subjetivo,

mencionando concretamente que o neuroticismo e a extroversão são as dimensões com maior

influência. DeNeve e Cooper (1998) e Mroczek e Spiro III (2005) referem especificamente

que a extroversão está positivamente relacionada com a satisfação com a vida, ao passo que o

neuroticismo está negativamente relacionado. Contrariamente aos estudos referidos, Simões

(2006) constatou a conscienciosidade como sendo a dimensão da personalidade com maior

influência sobre o bem-estar subjetivo. Segundo o autor, umas das razões que poderá estar por

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detrás desta ocorrência poderá ser o facto de que “a conscienciosidade leve os indivíduos a

fixarem metas pessoais mais elevadas, a esforçarem-se mais e assim obterem melhores

resultados, dos quais deriva maior satisfação.” (Simões, 2006, p. 119)

Nos estudos de Halama e Dedová (2007), Halama (2010) das cinco principais

dimensões da personalidade, quatro estão significativamente correlacionadas com a satisfação

com a vida. O neuroticismo está correlacionado negativamente e a extroversão, a amabilidade

e a concienciosidade estão correlacionadas positivamente, sendo que a abertura à experiência

mostra correlação negativa com a satisfação com a vida, mas não de forma significativa.

Wrosch e Scheier (2003) constataram no seu estudo sobre personalidade e qualidade

de vida, que a personalidade exerce influência sobre a qualidade de vida dos sujeitos na

medida em que influencia a forma como os sujeitos se aproximam e reagem às situações

críticas da vida. Referem ainda com base nas evidências observadas, que as diferenças

individuais na capacidade dos sujeitos se ajustarem a objetivos inatingíveis, está associada

com a boa qualidade de vida.

O estudo efetuado por Irigaray e Schneider (2009) confirma também a existência de

correlação entre dimensões da personalidade e a qualidade de vida.

Chapman et al. (2007b) referem os traços de personalidade como explicativos para as

diferenças individuais detetadas na qualidade de vida. Acharam correlação significativa para

as dimensões neuroticismo, conscienciosidade e extroversão, em que o neuroticismo está

correlacionado negativamente com a qualidade de vida, concretamente ao nível da saúde. A

conscienciosidade está positivamente correlacionada com a qualidade de vida,

especificamente ao nível do funcionamento físico e a extroversão também está positivamente

correlacionada com a qualidade de vida, especificamente ao nível do funcionamento social.

Cramer, Torgersen e Kringlen (2006) efetuaram um estudo que revelou que os

distúrbios de personalidade parecem ser preditores estatísticos mais importantes na qualidade

de vida do que as variáveis sócio-demográficas. Nomeadamente os sujeitos que manifestavam

os seguintes distúrbios de personalidade: evitante; esquizotipico; paranoide; esquizóide e

bordeline, apresentavam forte redução na qualidade de vida ao passo que os histriónicos;

obsessivo-compulsivos; passivo-agressivos e sádicos, não mostravam nenhuma redução ao

nível da sua qualidade de vida.

Apesar de se considerar que alguns traços de personalidade têm bases biológicas, a

maior parte não é assim considerada, mas sim através da aprendizagem social e por atitudes

de auto desenvolvimento, o que permite à psicologia positiva fomentar e desenvolver as

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caraterísticas que permitam aumentar a qualidade de vida dos sujeitos (Halama & Dedová,

2007).

4.4 Qualidade de vida e Esperança

Diversos estudos têm constatado a relação positiva da esperança com o bem-estar

geral, satisfação com a vida, auto-estima, sentido na vida e bom funcionamento psicológico.

Segundo Cheavens et al. (2006) a esperança tem a capacidade de aumentar o bem-estar e

consequentemente a qualidade de vida dos sujeitos. Está relacionada com as relações sociais,

bem-estar físico, ansiedade e depressão (Peterson & Seligman, 2004). A esperança tem

influência na melhoria da satisfação com a vida (Worthen & Isakson, 2011) sendo vital para a

existência de uma vida com qualidade (Parse, 1999).

Aberb, Sidenvall, Hepworth, O´Reilly e Lithell (2005) relativamente à qualidade de

vida, referem que a satisfação de vida é uma componente subjetiva que tem a ver com o

equilíbrio existente entre as expetativas do sujeito e os objetivos efetivamente alcançados.

Paúl e Fonseca (2005) mencionam que segundo as teorias de envelhecimentos os idosos são

sujeito ativos, que ajustam a sua qualidade de vida através da definição de objetivos e lutando

para os alcançar. Nesse sentido, o desenvolvimento de estratégias que possam fomentar a

esperança nos sujeitos ganha maior importância, uma vez que sujeitos com valores mais

elevados de esperança terão maior probabilidade de conseguir desenvolver caminhos que

permitam ir no sentido de alcançar os objetivos propostos bem como a desenvolver uma

maior capacidade de iniciativa.

O estudo de Mestre (2011) demonstrou existir correlação positiva entre a esperança e

a qualidade de vida, sendo no entanto significativa apenas para a componente iniciativa e para

a escala total.

Nos estudos de Halama e Dedová (2007) e Halama (2010) constatou-se correlação

estatisticamente significativa e positiva entre a satisfação com a vida e a esperança. No

entanto no estudo de Halama e Dedová (2007) verificou-se ainda que não é preditora da

satisfação com a vida. Yadav (2010) observou no estudo que efetuou no Nepal, que a

esperança se correlacionava de forma significativa com a qualidade de vida.

Por outro lado, Nave-Leal, Pais-Ribeiro, Oliveira, Santos e Ferreira (2012) efetuaram

um estudo com vista a perceber se algumas variáveis, entre elas a esperança, poderiam ser

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consideradas preditoras da qualidade de vida e constataram que no caso da esperança, não.

Referem ainda a pertinência de maior investigação nessa área.

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Capítulo 5

Conceptualização da Investigação

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5.1. Objetivos e hipóteses

A presente investigação teve como principal objetivo, comparar os traços de

personalidade, esperança e qualidade de vida nos idosos institucionalizados e não

institucionalizados. Pretendeu-se ainda analisar a relação entre as variáveis em estudo e

verificar a existência de diferenças em função de variáveis sócio-demográficas.

Os estudos de Mincato e Freitas (2007), Vitorino et al. (2013) efetuados com

amostras de idosos institucionalizados e não institucionalizados, constataram que os idosos

não institucionalizados apresentavam maior qualidade de vida geral ou na maior parte dos

domínios comparativamente aos institucionalizados. Por outro lado, o estudo de Pinho (2005)

revelou níveis de qualidade de vida mais elevados nos idosos institucionalizados.

Quanto à relação entre as variáveis, os estudos de Halama e Dedová (2007) e Halama

(2010) têm referido a existência de correlação positiva entre a extroversão, conscienciosidade

e a esperança e correlação negativa entre o neuroticismo e a esperança.

Halama e Dedová (2007), Chapman et al. (2007b) e Halama (2010) referem a

existência de correlação positiva entre a extroversão e a qualidade de vida e negativa entre o

neuroticismo e a qualidade de vida.

Em relação à esperança e qualidade de vida, os estudos de Halama e Dedová (2007),

Pipe et al., (2008), Halama (2010) e Yadav (2010) constatam a existência de correlação

positiva entre as duas variáveis.

Com base nos estudos e literatura referida ao longo do trabalho, foram formuladas as

seguintes hipóteses:

H1 – É esperado que existam diferenças estatisticamente significativas para a

qualidade de vida entre os idosos institucionalizados e não institucionalizados.

H2 – É esperado que valores elevados de extroversão e de conscienciosidade

correspondam a valores elevados de esperança.

H3 – É esperado que valores elevados de neuroticismo correspondam a valores

baixos de esperança.

H4 – É esperado que elevados valores de extroversão correspondam a valores

elevados de qualidade de vida.

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H5 - É esperado que valores elevados de neuroticismo correspondam a valores

baixos de qualidade de vida.

H6 – É esperado uma correlação positiva entre a esperança e a qualidade vida.

5.2 Amostra

Foi utilizada uma amostra de conveniência, constituída por 200 idosos (com idade

igual ou superior a 65 anos), 100 institucionalizados e 100 não institucionalizados, sendo 73

do sexo masculino e 127 do sexo feminino.

Conforme se pode verificar na tabela 1 que faz a caraterização sócio-demográfica da

amostra, o grupo dos idosos institucionalizados é composto por 37 (37%) indivíduos do sexo

masculino e 63 (63%) indivíduos do sexo feminino, com uma média de idades de 80.22 (DP =

6.547). No que diz respeito ao estado civil, 13 (13%) indivíduos são solteiros, 21 (21%) são

casados, 63 (63%) são viúvos, 2 (2%) são divorciados e 1 (1%) separados. Quanto ao facto de

terem ou não filhos, 80 (80%) têm filhos e 20 (20%) não têm filhos. Relativamente à situação

profissional, 100 (100%) estão reformados.

O grupo dos idosos não institucionalizados é composto por 36 (36%) indivíduos do

sexo masculino e 64 (64%) indivíduos do sexo feminino, com uma média de idades de 71.65

(DP = 5.952). No que diz respeito ao estado civil, 3 (3%) indivíduos são solteiros, 55 (55%)

são casados, 1 (1%) em união de facto, 31 (31%) são viúvos e 10 (10%) são divorciados.

Quanto ao facto de terem ou não filhos, 96 (96%) têm filhos e 4 (4%) não têm filhos.

Relativamente à situação profissional, 90 (90%) estão reformados, 3 (3%) estão no ativo, 4

(4%) são reformados com atividade, 2 (2%) desempregados e 1 (1%) outra situação.

Como critérios de inclusão na amostra, foi definido que os sujeitos deveriam ter

idade igual ou superior a 65 anos, a ausência de défice cognitivo (avaliado através do Mini

Mental State Examination), a ausência de doenças do foro neurológico e/ou psiquiátrico, o

domínio da língua portuguesa e o domínio da leitura e da escrita.

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Tabela 1 - Caraterização sócio-demográfica da amostra

Grupo

Institucionalizados

(N=100)

Não

Institucionalizados

(N=100)

N % N % X2

Sexo

Masculino

Feminino

37

63

37.0

63.0

36

64

36.0

64.0

.022

Estado Civil

Solteiro

Casado

União de facto

Viúvo

Divorciado

Separado

13

21

0

63

2

1

13.0

21.0

0.0

63.0

2.0

1.0

3

55

1

31

10

0

3.0

55.0

1.0

31.0

10.0

0.0

39.687***

Filhos

Sim

Não

80

20

80.0

20.0

96

4

96.0

4.0

12.121***

Ensino Universitário

Sim

Não

1

99

1.0

99.0

3

97

3.0

97.0

1.020

Situação Profissional

Reformado

Ativo

Reformado com

atividade

Desempregado

Outro

100

0

0

0

0

100

0.0

0.0

0.0

0.0

90

3

4

2

1

90.0

3.0

4.0

2.0

1.0

10.526*

Iniciativa Internamento

Iniciativa própria

Amigos

Familiares

Técnicos de ação

Social

39

4

55

2

39.0

4.0

55.0

2.0

Quem visita

Amigos

Familiares

Familiares e

Amigos

4

75

17

4.0

75.0

17.0

Com quem vive

Afilhada

Companheiro

Cônjuge

Cônjuge e filhos

Familiares

Filhos

1

5

43

12

2

12

25

1.0

5.0

43.0

12.0

2.0

12.0

25.0

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Tabela 1 - Caraterização sócio-demográfica da amostra (continuação)

Grupo

Institucionalizados

(N=100)

Não

Institucionalizados

(N=100)

N % N % X2

Saúde

Muito má

Nem boa nem má

Boa

Muito boa

14

54

29

3

14.0

54.0

29.0

3.0

4

54

39

3

4.0

54.0

39.0

3.0

7.026

Religião

Católica

Nenhuma

Outra

87

10

3

87.0

10.0

3.0

92

5

3

92.0

5.0

3.0

1.806

M DP M DP t Idade 80.22 6.547 71.65 5.952 9.686***

Número de Filhos 1.91 1.558 2.57 1.610 -2.947**

Escolaridade 4.40 1.658 5.20 2.449 -2.705**

Tempo internamento 36.38 37.536

Número de visitas 7.10 4.984

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os idosos

institucionalizados e não institucionalizados, para o estado civil (X2 = 39.687; p = .000).

Relativamente ao facto de ter ou não filhos, foram também encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos (X2 = 12.121; p = .000). Detetadas ainda

diferenças estatisticamente significativas ao nível da situação profissional (X2 = 10.526; p =

.032).

Em relação à idade, existem também diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos (t = 9.686; p = .000). Foram verificadas diferenças estatisticamente significativas

entre os grupos, para o número de filhos (t = -2.947; p = .004). Foram ainda detetadas

diferenças estatisticamente significativas entre os grupos ao nível da escolaridade (t = -2.705;

p = .007).

Assim, os idosos institucionalizados são mais velhos, têm menos filhos e menos anos

de escolaridade comparativamente aos idosos não institucionalizados. Os idosos

institucionalizados são na sua maioria viúvos ao passo que os não institucionalizados,

casados. Não foram no entanto encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos nas variáveis sexo, ensino universitário, saúde e religião.

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5.3. Instrumentos

5.3.1. Questionário de Dados Sócio-Demográficos

Com o objetivo de recolher informação sobre as variáveis sócio-demográficas que

caraterizam os sujeitos, foi elaborado um questionário sócio-demográfico. Este é constituído

por 12 questões que pretendem obter informação acerca do género do sujeito, idade, etnia,

estado civil, se tem filhos ou não e em caso afirmativo, o número de filhos. Pretende ainda

saber o número de anos de escolaridade que o sujeito tem, se frequentou o ensino superior e

caso tenha frequentado, qual o curso. Informação sobre a situação profissional, bem como

última ocupação profissional. Fornece ainda informação sobre se o sujeito está ou não

institucionalizado e caso esteja, de quem foi a iniciativa, há quanto tempo está internado, com

que regularidade é visitado e por quem. Em caso de não estar internado, informação sobre

com quem o sujeito habita. O questionário fornece ainda informação sobre a perceção que o

sujeito tem do seu estado de saúde, se tem alguma doença do foro neurológico e/ou

psicológico e crença religiosa.

5.3.2. Mini-Mental State Examination (MMSE)

Para efetuar a análise de défice cognitivo e rastrear eventuais quadros demenciais, foi

utilizado o Mini-Mental State Examination (MMSE; Folstein, Folstein e McHugh, 1975,

adaptado à população portuguesa por Guerreiro et al., 1994). Este teste permite avaliar a

capacidade cognitiva em diversas áreas, nomeadamente: orientação (temporal/espacial),

retenção, atenção, cálculo, evocação, linguagem e habilidade construtiva. É atribuído 1 ponto

a cada resposta correcta e 0 pontos a cada resposta incorrecta ou não resposta. A pontuação

total varia entre 0 e 30, correspondendo a uma menor ou maior capacidade cognitiva

respectivamente, existindo défice cognitivo quando: (sujeitos com 1 a 11 anos de

escolaridade, com pontuação total ‹ a 22); (sujeitos com mais de 11 anos de escolaridade, com

pontuação total ‹ a 27). No que respeita às caraterísticas psicométricas, nomeadamente a

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consistência interna, a escala apresenta um alfa de Cronbach de .82 (Folstein, Folstein e

McHugh, 1975).

5.3.3. Big Five Inventory (BFI)

Para o estudo da personalidade, foi utilizado o Big Five Inventory (BFI; Benet-

Martínez & John, 1998), constituído por 44 itens que avaliam as cinco dimensões da

personalidade: extroversão, amabilidade, conscienciosidade, neuroticismo e a abertura à

experiência. Este questionário tem um formato de resposta tipo Likert de 5 pontos que varia

de 1 (discordo fortemente) a 5 (concordo fortemente).

O neuroticismo tem a ver com o grau de ajustamento emocional e é constituído por 8

itens (4, 9, 14, 19, 24, 29, 34 e 39) em que o valor mínimo é de 8 demonstrando estabilidade

emocional e o valor máximo de 40 demonstrando a existência de neuroticismo, ou seja,

sujeitos com maior tendência a experienciar afectos negativos, tais como tristeza ou raiva.

A extroversão tem a ver com a forma como o sujeito interage com os outros e é

constituída por 8 itens (1, 6, 11, 16, 21, 26, 31 e 36) sendo o valor mínimo de 8

correspondente a sujeitos mais introvertidos e o valor máximo de 40 correspondente a sujeitos

muito extrovertidos.

A amabilidade avalia a qualidade da relação interpessoal e é constituída por 9 itens

(2, 7, 12, 17, 22, 27, 32, 37 e 42) onde o valor mínimo de 9 corresponde a sujeitos cínicos e

desconfiados e o valor máximo de 45 corresponde a sujeitos amáveis, altruístas e que por

norma estão mais dispostos a acreditar nos outros e perdoá-los.

A conscienciosidade avalia o grau em que o sujeito se organiza e é constituída por 9

itens (3, 8, 13, 18, 23, 28, 33, 38 e 43) em que o valor mínimo de 9 tem a ver com sujeitos

mais despreocupados, com pouca ambição e pouca força de vontade e o valor máximo de 45

tem a ver com sujeitos que investem e são ponderados.

A abertura à experiência tem a ver com a capacidade criativa e atividade proactiva e

é constituída por 10 itens (5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 41 e 44) sendo o valor mínimo de 10

associado a sujeitos mais fechados à experiência e mais convencionais e o valor máximo de

50 associado a sujeitos mais criativos e pouco tradicionais.

No que respeita às caraterísticas psicométricas, a consistência interna apresenta um

alfa de Cronbach de .83, sendo que especificamente para a extroversão apresenta valor de .88,

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um valor de .79 para a amabilidade, valor de .82 para a conscienciosidade, valor de .84 para o

neuroticismo e valor de .81 para a abertura à experiência (Benet-Martínez & John, 1998).

Nesta investigação os alfas de Cronbach são de .77 para a extroversão, valor de .85

para a amabilidade, valor de .78 para a conscienciosidade, valor de .62 para o neuroticismo e

valor de .78 para a abertura à experiência

5.3.4. Adult Hope Scale (AHS)

De forma a avaliar a esperança dos sujeitos, foi aplicada a Adult Hope Scale (AHS;

Snyder et al., 1991).

Esta escala é dividida em 2 subescalas: 1) Agency – “Iniciativa”, que corresponde à

energia direcionada para a concretização dos objetivos; 2) Pathways – “Caminhos”, que

corresponde aos planos para atingir os objetivos. Tem 12 itens que avaliam o nível de

esperança, sendo que os itens (2, 9, 10, 12) pertencem à subescala iniciativa, os itens (1, 4, 6,

8) pertencem à subescala caminhos e os itens (3, 5, 7, 11) são considerados distratores.

A escala apresenta um formato de resposta tipo Likert de 8 pontos, que varia entre 1

(totalmente falso) e 8 (totalmente verdade). Através desta escala obtêm-se 3 pontuações, um

valor total para cada uma das 2 subescalas através do somatório dos itens respetivos e um

valor da esperança global através da soma dos 8 itens ou do total das 2 subescalas.

No que respeita às caraterísticas psicométricas, mais propriamente à consistência

interna, a escala apresenta um alpha de Cronbach de .76 para a subescala iniciativa e .79 para

a subescala caminhos sendo que para a escala global apresenta um valor de .86 (Snyder et al.,

1991).

No presente estudo os valores obtidos para o alfa de Cronbach foram de .66 para a

subescala iniciativa, de .85 para a subescala caminhos e de .86 para a escala total de

esperança.

5.3.5. World Health Organization Quality of Life-Bref (WHOQOL-BREF)

Para a mensuração da qualidade de vida foi utilizado o World Health Organization

Quality of Life – Bref (WHOQOL-BREF; WHOQOL Group, 1996, validado e aferido para a

população portuguesa por Canavarro, et al., 2006). Este instrumento é uma versão mais

reduzida do instrumento original, o WHOQOL-100 e avalia a forma como o sujeito

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perceciona de uma maneira geral a sua qualidade de vida e saúde bem como a sua qualidade

de vida em certos domínios específicos.

Tem várias modalidades de administração podendo ser auto-administrado, assistido

pelo entrevistador ou administrado pelo entrevistador, com um formato de resposta tipo Likert

de 5 pontos que varia de 1 a 5.

É constituído por 26 itens, em que 24 avaliam cada um deles uma faceta da qualidade

de vida e os outros 2 itens são avaliados por 2 questões gerais, sendo uma sobre qualidade de

vida em geral e uma sobre perceção geral da saúde. A medida tem quatro domínios: 1)

Domínio Físico, constituído por sete itens (3, 4, 10, 15, 16, 17, 18); 2) Domínio Psicológico,

constituído por seis itens (5, 6, 7, 11, 19, 26); 3) Domínio Relações Sociais, constituído por

três itens (20, 21, 22); 4) Domínio Ambiente, constituído por oito itens (8, 9, 12, 13, 14, 23,

24, 25).

Os valores dos domínios estão dispostos num sentido positivo, em que as pontuações

mais elevadas representam uma melhor qualidade de vida à exceção de 3 facetas

correspondentes a 3 itens (3, 4, 26) que necessitam de recodificação. O resultado para cada

domínio é obtido pela média desse domínio, multiplicando por 100 de forma a podermos

comparar os resultados com os do instrumento WHOQOL-100 cujos valores oscilam entre (0

e 100) e assim tirarmos as devidas conclusões.

No que respeita às qualidades psicométricas, mais propriamente à consistência interna,

o instrumento apresenta um alfa de Cronbach para domínio Físico de .82, para o domínio

Psicológico de .75, para o domínio Relações Sociais de .66 e para o domínio Ambiente de .80

(WHO, 1998).

Os valores dos alfas de Cronbach no presente estudo são de .86 para o domínio

físico, de .79 para o domínio psicológico, de .70 para as relações sociais e de .81 para o

domínio ambiente.

5.4. Procedimento

Inicialmente foi efetuado o pedido de autorização para recolha de dados nas

instituições com os idosos institucionalizados em lares e idosos não institucionalizados,

frequentadores de Universidade Sénior e casas particulares. Após obtenção das respetivas

autorizações foi feita a aplicação do protocolo (cf. anexo I), aos idosos institucionalizados e

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não institucionalizados da mesma forma, sendo que a aplicação do protocolo foi antecedida

por uma apresentação geral ao idoso sobre o estudo a ser realizado, seu objetivo e

caraterísticas da recolha de informação. Foi transmitida a informação de que todos os dados

recolhidos são anónimos e confidenciais, que não existem respostas certas ou erradas e que a

qualquer momento poderia desistir do estudo se assim o entendesse.

O protocolo foi então efetivamente aplicado, individualmente a cada idoso, num

local com a privacidade e sossego necessários. A recolha da amostra decorreu entre os meses

de Janeiro e Junho de 2013 tendo cada protocolo demorado em média cerca de 45 minutos a

ser preenchido.

Os dados foram introduzidos numa base de dados informatizada e tratados

estatisticamente através do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS 22). O

presente estudo tem caráter transversal, tendo sido seguida uma metodologia correlacional por

forma a perceber as inter-correlações entre as variáveis. Além disso foi desenvolvido um

estudo comparativo entre os idosos institucionalizados e não institucionalizados.

5.5. Resultados

Foi efetuado o teste de ajustamento de Kolmogorov-Smirnov, para verificar a

normalidade das variáveis em estudo. Verificou-se que de uma forma geral todas as variáveis

apresentam distribuição normal, como tal foram utilizados testes paramétricos. Na tabela 2, é

apresentada a estatística descritiva para cada uma das variáveis do estudo. Conforme se pode

observar pela tabela referida, a variável extroversão apresenta um valor mínimo de 9 e um

valor máximo de 35 (M = 23.15; DP = 6.08) no grupo dos idosos institucionalizados e valor

mínimo de 15 e um valor máximo de 32 (M = 24.44; DP = 3.99) no grupo de idosos não

institucionalizados. A variável conscienciosidade apresenta um valor mínimo de 18 e um

valor máximo de 40 (M = 31.46; DP = 5.72) no grupo dos idosos institucionalizados e valor

mínimo de 19 e um valor máximo de 40 (M = 29.50; DP = 5.01) no grupo de idosos não

institucionalizados. O neuroticismo apresenta um valor mínimo de 8 e um valor máximo de

34 (M = 21.69; DP = 4.65) no grupo dos idosos institucionalizados e valor mínimo de 12 e um

valor máximo de 32 (M = 22.28; DP = 3.69) no grupo de idosos não institucionalizados. A

abertura à experiência apresenta um valor mínimo de 15 e um valor máximo de 45 (M =

29.53; DP = 6.20) no grupo dos idosos institucionalizados e valor mínimo de 19 e um valor

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máximo de 45 (M = 30.39; DP = 5.68) no grupo de idosos não institucionalizados. A

amabilidade apresenta um valor mínimo de 15 e um valor máximo de 41 (M = 32.53; DP =

6.09) no grupo dos idosos institucionalizados e valor mínimo de 17 e um valor máximo de 41

(M = 30.83; DP = 5.28) no grupo de idosos não institucionalizados. O domínio físico

apresenta um valor mínimo de 4 e um valor máximo de 93 (M = 55.32; DP = 18.20) no grupo

dos idosos institucionalizados e um valor mínimo de 14 e um valor máximo de 93 (M =

60.39; DP = 16.68) no grupo de idosos não institucionalizados. O domínio psicológico

apresenta um valor mínimo de 13 e um valor máximo de 92 (M = 59.21; DP = 16.22) no

grupo dos idosos institucionalizados e valor mínimo de 29 e um valor máximo de 92 (M =

65.33; DP = 14.65) no grupo de idosos não institucionalizados. O domínio relações sociais

apresenta um valor mínimo de 8 e um valor máximo de 100 (M = 64.17; DP = 17.51) no

grupo dos idosos institucionalizados e valor mínimo de 33 e um valor máximo de 100 (M =

63.92; DP = 16.88) no grupo de idosos não institucionalizados. O domínio ambiente apresenta

um valor mínimo de 38 e um valor máximo de 91 (M = 65.22; DP = 14.10) no grupo dos

idosos institucionalizados e valor mínimo de 34 e um valor máximo de 94 (M = 60.91; DP =

14.15) no grupo de idosos não institucionalizados. A variável iniciativa apresenta um valor

mínimo de 9 e um valor máximo de 32 (M = 21.67; DP = 5.34) no grupo dos idosos

institucionalizados e valor mínimo de 12 e um valor máximo de 32 (M = 21.43; DP = 4.50) no

grupo de idosos não institucionalizados. A variável caminhos apresenta um valor mínimo de 7

e um valor máximo de 32 (M = 21.42; DP = 5.64) no grupo dos idosos institucionalizados e

valor mínimo de 9 e um valor máximo de 29 (M = 20.42; DP = 4.27) no grupo de idosos não

institucionalizados. A escala de esperança total apresenta um valor mínimo de 20 e um valor

máximo de 64 (M = 43.09; DP = 10.41) no grupo dos idosos institucionalizados e valor

mínimo de 23 e um valor máximo de 60 (M = 41.85; DP = 8.24) no grupo de idosos não

institucionalizados.

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Tabela 2 - Estatística descritiva das variáveis estudadas

Grupo

Institucionalizados

(N=100)

Não

Institucionalizados

(N=100)

Mínimo Máximo M DP Mínimo Máximo M DP

Extroversão 9.13 34.63 23.15 6.079 15.13 31.63 24.44 3.993

Conscienciosidade 18.44 40.44 31.46 5.721 19.44 39.56 29.50 5.014

Neuroticismo 8.13 34.38 21.69 4.652 11.63 31.63 22.28 3.685

Abertura à experiência 15.10 44.50 29.53 6.201 18.50 45.10 30.39 5.683

Amabilidade 15.33 40.56 32.53 6.093 17.44 40.56 30.83 5.282

Físico 3.57 92.86 55.32 18.200 14.29 92.86 60.39 16.675

Psicológico 12.50 91.67 59.21 16.220 29.17 91.67 65.33 14.649

Relações sociais 8.33 100.00 64.17 17.508 33.33 100.00 63.92 16.878

Ambiente 37.50 90.63 65.22 14.099 34.38 93.75 60.91 14.154

Iniciativa 9.00 32.00 21.67 5.337 12.00 32.00 21.43 4.495

Caminhos 7.00 32.00 21.42 5.637 9.00 29.00 20.42 4.266

Escala esperança total 20.00 64.00 43.09 10.406 23.00 60.00 41.85 8.244

Com o objetivo de comparar as várias variáveis em estudo em função da

institucionalização, efetuou-se o teste t de Student conforme se pode verificar na tabela 3.

Através da análise da tabela referida, observam-se diferenças estatisticamente significativas

entre os grupos, para a conscienciosidade (t = 2.578; p = .011), no sentido de os idosos

institucionalizados terem apresentado um nível superior de conscienciosidade em relação aos

não institucionalizados (M = 31.46; DP = 5.721 e M = 29.50; DP = 5.014, respetivamente).

Também se verificaram diferenças estatisticamente significativas na amabilidade (t = 2.112;

p = .036), no sentido dos idosos institucionalizados terem apresentado um nível superior de

amabilidade relativamente aos não institucionalizados (M = 32.53; DP = 6.093 e M = 30.83;

DP = 5.282, respetivamente).

Ao nível da qualidade de vida também se verificaram diferenças estatisticamente

significativas em três domínios, nomeadamente, no domínio físico (t = -2.055; p = .041), no

sentido dos idosos não institucionalizados terem apresentado um nível superior de qualidade

de vida neste domínio relativamente aos institucionalizados (M = 60.39; DP = 16.675; M =

55.32; DP = 18.200, respetivamente). No domínio psicológico (t = -2.802; p = .006), no

sentido de os não institucionalizados terem apresentado um nível superior de qualidade de

vida neste domínio comparativamente aos institucionalizados (M = 65.33; DP = 14.649 e M =

59.21; DP = 16.221, respetivamente). No domínio ambiente (t = 2.159; p = .032), no sentido

de os institucionalizados terem apresentado um nível superior de qualidade de vida neste

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domínio em relação aos não institucionalizados (M = 65.22; DP = 14.099 e M = 60.91; DP =

14.154, respetivamente).

Em relação à variável esperança, não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos.

Tabela 3 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função da

institucionalização

Grupo

Institucionalizados

(N=100)

Não

Institucionalizados

(N=100)

M DP M DP t

Extroversão 23.15 6.079 24.44 3.993 -1.780

Conscienciosidade 31.46 5.721 29.50 5.014 2.578*

Neuroticismo 21.69 4.652 22.28 3.685 -.984

Abertura à experiência 29.53 6.201 30.39 5.683 -1.012

Amabilidade 32.53 6.093 30.83 5.282 2.112*

Físico 55.32 18.200 60.40 16.675 -2.055*

Psicológico 59.21 16.221 65.33 14.649 -2.802**

Relações sociais 64.17 17.508 63.92 16.878 .103

Ambiente 65.22 14.099 60.91 14.154 2.159*

Iniciativa 21.67 5.337 21.43 4.495 .344

Caminho 21.42 5.637 20.42 4.266 1.414

Escala esperança total 43.09 10.406 41.85 8.244 .934

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

A tabela 4, apresenta as médias e desvio padrão para as variáveis em estudo, em

função do sexo e como se pode constatar, não se verificam diferenças estatisticamente

significativas em nenhuma das variáveis em função do sexo.

Tabela 4 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função do

sexo

Sexo

Masculino

(N=73)

Feminino

(N=127)

M DP M DP t

Extroversão 23.72 5.063 23.84 5.251 -.149

Conscienciosidade 30.07 5.322 30.72 5.537 -.809

Neuroticismo 21.55 4.441 22.24 4.045 -1.116

Abertura à experiência 30.50 6.107 29.65 5.857 .979

Amabilidade 30.69 5.375 32.25 5.903 -1.851

Físico 57.97 19.539 57.79 16.455 .071

Psicológico 63.30 16.730 61.68 15.142 .700

Relações sociais 62.56 18.379 64.90 16.421 -.928

Ambiente 63.06 14.679 63.07 14.066 -.004

Iniciativa 21.68 5.065 21.47 4.858 .293

Caminhos 20.82 4.916 20.98 5.084 -.209

Escala esperança total 42.51 9.389 42.45 9.418 .042

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Com o objetivo de verificar quais os domínios da personalidade, da qualidade de

vida e da esperança em que se verificam diferenças significativas entre as várias condições

decorrentes da perceção que os sujeitos têm acerca do seu estado de saúde, foi utilizada uma

análise de variância, one way anova. Posteriormente realizaram-se comparações Post-Hoc

através do teste de Tukey, como observado na tabela 5. Como se pode constatar pela análise

da referida tabela, foram obtidas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos,

para os domínios conscienciosidade (F (3) = 4.432; p = .005), neurotiscismo (F (3) = 4.031; p

= .008), abertura à experiência (F (3) = 3.170; p = .025), físico (F (3) = 19.272; p = .000),

psicológico (F (3) = 14.875; p = .000), relações sociais (F (3) = 5.605; p = .001), ambiente (F

(3) = 10.759; p = .000), iniciativa (F (3) = 12.863; p = .000), caminhos (F (3) = 9.889; p =

.000), escala esperança total (F (3) = 12.735; p = .000).

As comparações Post-Hoc pelo método de Tukey, demostraram que de acordo com o

domínio conscienciosidade, encontramos diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos dos que têm saúde muito boa relativamente aos que têm saúde muito má e aos que têm

saúde nem boa nem má, sendo que o grupo dos que têm saúde muito boa obteve um valor

mais elevado (M = 36.06; DP = 3.720) seguido dos que têm saúde nem boa nem má (M =

29.74; DP = 5.321) e por último os que têm saúde muito má (M = 28.89; DP = 5.874).

Relativamente ao domínio neuroticismo, são observáveis diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo dos que têm saúde muito má e o grupo dos que têm saúde boa,

sendo que o valor mais elevado pertence ao grupo que tem saúde muito má (M = 24.49; DP =

2.779) seguido dos que têm saúde boa (M = 21.12; DP = 4.265).

No que diz respeito ao domínio abertura à experiência, verificam-se diferenças

estatisticamente significativas entre o grupo que tem saúde nem boa nem má e o grupo que

tem saúde boa, tendo o grupo que tem saúde boa apresentado um valor mais elevado (M =

31.36; DP = 4.927) seguido do grupo que tem saúde nem boa nem má (M = 29.00; DP =

6.507).

Em relação aos domínios da qualidade de vida, o domínio físico apresentou

diferenças estatisticamente significativas entre o grupo que tem saúde muito má e os que têm

saúde nem boa nem má, saúde boa e saúde muito boa e entre o grupo que tem saúde nem boa

nem má e o grupo que tem saúde boa, sendo que o grupo que tem saúde muito boa apresenta o

valor mais elevado (M = 70.24; DP= 22.436) seguido do grupo que tem saúde boa (M =

67.70; DP = 14.724) dos que têm saúde nem boa nem má (M = 53.64; DP = 14.978), e por

último dos que têm saúde muito má (M = 41.87; DP = 19.592).

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No domínio psicológico, foram detetadas diferenças estatisticamente significativas

entre o grupo que apresenta saúde muito má e os que têm saúde nem boa nem má, boa e muito

boa e entre o grupo que tem saúde nem boa nem má e os que têm saúde boa, tendo o grupo

que tem saúde muito boa demonstrado valores mais elevados (M = 72.22; DP = 15.74)

seguidamente o grupo que tem saúde boa (M = 69.55; DP = 12.700), o grupo que tem saúde

nem boa nem má (M = 59.69; DP = 14.577) por último o grupo que tem saúde muito má (M =

46.99; DP = 17.608).

Quanto ao domínio relações sociais, observaram-se diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo que tem saúde boa relativamente aos grupos que têm saúde muito

má e nem boa nem má, sendo que o grupo que tem saúde boa apresentou o valor mais elevado

(M = 69.36; DP = 16.506) seguido do grupo que tem saúde nem boa nem má (M = 61.19; DP

16.594) por último o grupo que tem saúde muito má (M = 56.94; 18.133).

Relativamente ao domínio ambiente, verificaram-se diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo que apresenta saúde boa relativamente aos grupos que apresentam

saúde muito má e saúde nem boa nem má e em relação ao grupo que apresenta saúde muito

boa relativamente aos grupos que apresentam saúde muito má e saúde nem boa nem má,

apresentando o grupo saúde muito boa o valor mais elevado (M = 79.17; DP = 8.539) seguido

do grupo que tem saúde boa (M = 68.70; DP = 13.717), grupo que tem saúde nem boa nem

má (M = 59.72; DP = 13.404), seguido do grupo que tem saúde muito má (M = 56.42; DP =

12.20).

No que diz respeito à esperança, concretamente em relação à iniciativa observou-se

existirem diferenças estatisticamente significativas entre o grupo que apresenta saúde boa

relativamente aos grupos que apresentam saúde muito má e saúde nem boa nem má e em

relação ao grupo que apresenta saúde muito boa relativamente aos grupos que apresentam

saúde muito má e saúde nem boa nem má, apresentando o grupo saúde muito boa o valor mais

elevado (M = 26.17; DP = 1.940) seguido do grupo que apresenta saúde boa (M = 23.82; DP

= 4.353), do grupo que apresenta saúde nem boa nem má (M = 20.36; DP = 4.715), grupo que

apresenta saúde muito má (M = 18.56; DP = 4.617).

Quanto à componente caminhos, constata-se existirem diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo que apresenta saúde boa relativamente aos grupos que apresentam

saúde muito má e saúde nem boa nem má e em relação ao grupo que apresenta saúde muito

boa relativamente aos grupos que apresentam saúde muito má e saúde nem boa nem má,

apresentando o grupo saúde muito boa o valor mais elevado (M = 26.83; DP = .752) seguido

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do grupo que apresenta saúde boa ( M = 22.62; DP = 4.687), do grupo que tem saúde nem boa

nem má (M = 20.03; DP = 4.693) por último o grupo que tem saúde muito má (M = 36.44;

DP = 9.519).

Relativamente à escala esperança total, observam-se diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo que apresenta saúde boa relativamente aos grupos que apresentam

saúde muito má e saúde nem boa nem má e em relação ao grupo que apresenta saúde muito

boa relativamente aos grupos que apresentam saúde muito má e saúde nem boa nem má,

apresentando o grupo saúde muito boa o valor mais elevado (M = 53.00; DP = 1.897) seguido

do grupo que tem saúde boa (M = 46.44; DP = 8.538), do grupo que tem saúde nem boa nem

má (M = 40.39; DP = 8.766) por último o grupo que tem saúde muito má (M = 36.44; DP =

9.519).

Tabela 5 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função da saúde

Saúde

Muito má

(N=18)

Nem boa nem

(N=108)

Boa

(N=68)

Muito boa

(N=6)

M DP M DP M DP M DP F p

Extroversão 22.60 5.414 23.57 5.154 24.26 5.079 26.13 5.874 .980 .403

Conscienciosidade 28.89 5.874 29.74 5.321 31.59 5.269 36.06 3.720 4.432 .005

Neuroticismo 24.49 2.779 22.24 4.022 21.12 4.265 19.67 6.623 4.031 .008

Abertura

à experiência

29.17 5.562 29.00 6.507 31.36 4.927 33.65 2.542 3.170 .025

Amabilidade 29.92 7.308 31.39 5.802 32.31 5.244 35.00 3.779 1.608 .189

Físico 41.87 19.592 53.64 14.978 67.70 14.724 70.24 22.436 19.272 .000

Psicológico 46.99 17.608 59.69 14.577 69.55 12.700 72.22 15.740 14.875 .000

Relações sociais 56.94 18.133 61.19 16.594 69.36 16.506 76.39 11.076 5.605 .001

Ambiente 56.42 12.200 59.72 13.404 68.70 13.717 79.17 8.539 10.759 .000

Iniciativa 18.56 4.617 20.36 4.715 23.82 4.353 26.17 1.940 12.863 .000

Caminhos 17.89 5.476 20.03 4.693 22.62 4.687 26.83 .752 9.889 .000

Escala esperança

total

36.44 9.519 40.39 8.766 46.44 8.538 53.00 1.897 12.735 .000

Foi ainda efetuada comparação da personalidade, qualidade de vida e esperança dos

sujeitos em função do seu estado civil, recorrendo a análise de variância one way anova.

Como se pode observar na tabela 6, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas

nos domínios, abertura à experiência, físico, psicológico, relações sociais e iniciativa.

Posteriormente foram realizadas comparações Post-Hoc através do teste de Tukey,

como observado na tabela 6. Constata-se assim pela análise da tabela mencionada que foram

obtidas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, para os domínios abertura à

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experiência (F (3) = 4.371; p = .005), físico (F (3) = 6.737; p = .000), psicológico (F (3) =

7.306; p = .000), relações sociais (F (3) = 3.435; p = .018), iniciativa (F (3) = 2.730; p = .045).

As comparações Post-Hoc, pelo método de Tukey, demostraram que de acordo com

o domínio abertura à experiência, encontramos diferenças estatisticamente significativas entre

o grupo dos viúvos relativamente aos que são casados e em união de facto e entre o grupo dos

viúvos e o grupo dos que são divorciados e separados, sendo que o grupo dos divorciados e

separados obteve um valor mais elevado (M = 33.52; DP = 5.702) seguido dos casados e em

união de facto (M = 30.86; DP = 5.760) e por último os viúvos (M = 28.53; DP = 5.539).

Relativamente ao domínio físico observam-se diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo dos casados e em união de facto, relativamente aos solteiro e aos

viúvos e entre o grupo dos viúvos e o grupo dos divorciados e separados, sendo que o grupo

dos divorciados e separados apresenta o valor mais elevado (M = 67.03; DP = 16.246)

seguidamente os casado e união de facto (M = 63.08; DP = 17.531), viúvos (M = 53.50; DP =

15.937) por último os solteiros (M = 50.89; DP = 19.496).

Em relação ao domínio psicológico, constata-se que as diferenças estatisticamente

significativas se verificam entre o grupo dos casados e união de facto, relativamente ao grupo

dos solteiros e dos viúvos, em que os casados e união de facto apresentam os maiores valores

(M = 67.91; DP = 14.482) seguido dos viúvos (M = 58.42; DP = 15.128) e dos solteiros (M =

54.69; DP = 16.518).

Quanto ao domínio das relações sociais, observam-se diferenças estatisticamente

significativa entre o grupo dos casados e união de facto e o grupo dos viúvos, em que os

casados e em união de facto apresentam valores mais elevados (M = 68.29; DP = 16.559)

seguido dos viúvos (M = 61.17; DP = 16.647).

Por último, na iniciativa observam-se também diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo dos casados e união de facto e o grupo dos viúvos, sendo os

casados e em união de facto apresentam valores mais elevados (M = 22.64; DP = 4.400)

seguido dos viúvos (M = 20.62; DP = 4.925).

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Tabela 6 - Diferenças de médias da personalidade, qualidade de vida e esperança em função do estado

civil

Estado Civil

Solteiro

(N=16)

Casado e União

de facto

(N=77)

Viúvo

(N=94)

Divorciado e

Separado

(N=13)

M DP M DP M DP M DP F p

Extroversão 22.98 7.321 23.82 4.370 24.03 5.408 22.98 5.177 .301 .824

Conscienciosidade 30.99 6.044 31.11 5.052 29.86 5.707 30.62 5.281 .792 .500

Neuroticismo 24.13 5.054 22.08 3.988 21.81 4.137 20.08 4.050 2.403 .069

Abertura

à experiência

31.14 7.465 30.86 5.760 28.53 5.539 33.52 5.702 4.371 .005

Amabilidade 33.09 6.705 32.28 4.989 30.88 6.096 32.15 6.046 1.237 .297

Físico 50.89 19.496 63.08 17.531 53.50 15.937 67.03 16.246 6.737 .000

Psicológico 54.69 16.518 67.91 14.482 58.42 15.128 66.03 15.576 7.306 .000

Relações sociais 57.81 20.292 68.29 16.559 61.17 16.647 67.31 15.389 3.435 .018

Ambiente 63.87 14.113 64.98 14.052 61.30 14.601 63.46 13.034 .959 .413

Iniciativa 20.94 6.475 22.64 4.400 20.62 4.925 22.62 4.770 2.730 .045

Caminhos 20.81 7.045 20.75 4.341 20.85 5.128 22.54 5.317 .485 .693

Escala esperança

total

41.75 13.219 43.39 8.227 41.47 9.493 45.15 9.651 .989 .399

Com a finalidade de perceber as correlações entre as variáveis em estudo, para a

amostra total, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson. A tabela 7, apresenta os

resultados relativos às correlações entre as dimensões da personalidade e os componentes da

esperança.

No que se refere à iniciativa, foram encontradas correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .376; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .574; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .569; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .339; p ≤ .01) e correlação negativa mas estatisticamente significativa para o neuroticismo

(r = -.247; p ≤ .01).

Relativamente à componente caminhos, constatou-se a existência de correlações

positivas e estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .398; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .521; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .499; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .281; p ≤ .01) e correlação negativa mas estatisticamente significativa para o neuroticismo

(r = -.283; p ≤ .01).

Quanto à escala esperança total, detetaram-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a dimensão extroversão (r = .410; p ≤ .01), conscienciosidade (r = .579; p ≤

.01), abertura à experiência (r = .565; p ≤ .01) e amabilidade (r = .328; p ≤ .01) e correlação

negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r = -.280; p ≤ .01).

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Tabela 7 - Correlação entre personalidade e esperança na amostra total

Iniciativa Caminhos Escala esperança total

Extroversão .376** .398** .410**

Conscienciosidade .574** .521** .579**

Neuroticismo -.247** -.283** -.280**

Abertura à experiência .569** .499** .565**

Amabilidade .339** .281** .328**

** p ≤ .01

Na tabela 8 observam-se os resultados relativos às correlações entre as dimensões da

personalidade e a qualidade de vida. Relativamente ao domínio físico, constatou-se a

existência de correlações positivas e estatisticamente significativas com a dimensão

extroversão (r = .179; p ≤ .05), conscienciosidade (r = .324; p ≤ .01), abertura à experiência (r

= .354; p ≤ .01) e amabilidade (r = .266; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente

significativa para o neuroticismo (r = -.269; p ≤ .01).

Em relação ao domínio psicológico, verifica-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .352; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .287; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .464; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .196; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r

= -.255; p ≤ .01).

Quanto ao domínio das relações sociais, constata-se existirem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .194; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .466; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .398; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .374; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r

= -.182; p ≤ .01).

Para o domínio ambiente, verifica-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .173; p ≤ .05),

conscienciosidade (r = .530; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .377; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .433; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r

= -.205; p ≤ .01).

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Tabela 8 - Correlação entre personalidade e qualidade de vida na amostra total

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Extroversão .179* .352** .194** .173*

Conscienciosidade .324** .287** .466** .530**

Neuroticismo -.269** -.255** -.182** -.205**

Abertura à experiência .354** .464** .398** .377**

Amabilidade .266** .196** .374** .433**

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

Em relação à existência de correlação entre a esperança e a qualidade de vida, a

tabela 9 mostra as correlações entre os domínios da qualidade de vida e as componentes da

esperança.

Em relação ao domínio físico, constata-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .523, p ≤ .01), caminhos (r = .486; p ≤ .01)

e escala esperança total (r = .534; p ≤ .01).

Relativo ao domínio psicológico, verifica-se existirem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .622; p ≤ .01), caminhos (r = .503; p ≤ .01)

e escala esperança total (r = .595; p ≤ .01).

Quanto ao domínio das relações sociais, verifica-se que existem correlações positivas

e estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .642; p ≤ .01), caminhos (r = .525; p ≤

.01) e escala esperança total (r = .617; p ≤ .01).

Para o domínio ambiente, verifica-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a iniciativa (r = .656; p ≤ .01), caminhos (r = .550; p ≤ .01) e escala

esperança total (r = .638; p ≤ .01).

Tabela 9 - Correlação entre esperança e qualidade de vida na amostra total

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Iniciativa .523** .622** .642** .656**

Caminhos .486** .503** .525** .550**

Escala esperança total .534** .595** .617** .638**

** p ≤ .01

Com a finalidade de perceber as associações entre as variáveis em estudo, apenas

para o grupo dos idosos institucionalizados, utilizou-se o coeficiente de correlação de

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Pearson. A tabela 10 apresenta os resultados relativos às correlações entre as dimensões da

personalidade e os componentes da esperança para os idosos institucionalizados.

No que se refere à iniciativa, foram encontradas correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .415; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .529; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .591; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .226; p ≤ .05) e correlação negativa mas estatisticamente significativa para o neuroticismo

(r = -.247; p ≤ .05).

Relativamente à componente caminhos, constatou-se a existência de correlações

positivas e estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .430; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .484; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .568; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .212; p ≤ .05) e correlação negativa mas estatisticamente significativa para o neuroticismo

(r = -.328; p ≤ .01).

Quanto à escala esperança total, detetaram-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a dimensão extroversão (r = .446; p ≤ .01), conscienciosidade (r = .534; p ≤

.01), abertura à experiência (r = .611; p ≤ .01) e amabilidade (r = .231; p ≤ .05) e correlação

negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r = -.304; p ≤ .01).

Tabela 10 - Correlação entre personalidade e esperança nos idosos institucionalizados

Iniciativa Caminhos Escala esperança total

Extroversão .415** .430** .446**

Conscienciosidade .529** .484** .534**

Neuroticismo -.247* -.328** -.304**

Abertura à experiência .591** .568** .611**

Amabilidade .226* .212* .231*

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

Na tabela 11 observam-se os resultados relativos às correlações entre as dimensões

da personalidade e a qualidade de vida para os idosos institucionalizados. Relativamente ao

domínio físico, constatou-se a existência de correlação positiva e estatisticamente

significativas com a dimensão conscienciosidade (r = .232; p ≤ .05) e correlação negativa e

estatisticamente significativa para o neuroticismo (r = -.269; p ≤ .01).

Em relação ao domínio psicológico, verifica-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .340; p ≤ .01) e abertura à

experiência (r = .354; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o

neuroticismo (r = -.310; p ≤ .01).

Quanto ao domínio das relações sociais, constata-se existirem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .283; p ≤ .01),

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conscienciosidade (r = .385; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .332; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .209; p ≤ .05) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r

= -.228; p ≤ .05).

Para o domínio ambiente, verifica-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .227; p ≤ .05),

conscienciosidade (r = .511; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .296; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .386; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r

= -.246; p ≤ .05).

Tabela 11 - Correlação entre personalidade e qualidade de vida nos idosos institucionalizados

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Extroversão .082 .340** .283** .227*

Conscienciosidade .232* .146 .385** .511**

Neuroticismo -.300** -.310** -.228* -.246*

Abertura à experiência .186 .354** .332** .296**

Amabilidade .186 .032 .209* .386**

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

Em relação à existência de correlação entre a esperança e a qualidade de vida, a

tabela 12 mostra as correlações entre os domínios da qualidade de vida e as componentes da

esperança nos idosos institucionalizados. Quanto ao domínio físico, constata-se que existem

correlações positivas e estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .453, p ≤ .01),

caminhos (r = .446; p ≤ .01) e escala esperança total (r = .474; p ≤ .01).

Relativo ao domínio psicológico, verifica-se existirem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .635; p ≤ .01), caminhos (r = .547; p ≤ .01)

e escala esperança total (r = .622; p ≤ .01).

Quanto ao domínio das relações sociais, verifica-se que existem correlações positivas

e estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .628; p ≤ .01), caminhos (r = .494; p ≤

.01) e escala esperança total (r = .590; p ≤ .01).

Para o domínio ambiente, verifica-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a iniciativa (r = .646; p ≤ .01), caminhos (r = .580; p ≤ .01) e escala

esperança total (r = .646; p ≤ .01).

Tabela 12 - Correlação entre esperança e qualidade de vida nos idosos institucionalizados

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

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Iniciativa .453** .635** .628** .646**

Caminhos .446** .547** .494** .580**

Escala esperança total .474** .622** .590** .646**

** p ≤ .01

Com o objetivo de perceber as associações entre as variáveis em estudo apenas para

o grupo dos idosos não institucionalizados, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson.

Na tabela 13 são apresentados os resultados relativos às correlações entre as dimensões da

personalidade e os componentes da esperança nos idosos não institucionalizados.

Relativamente à iniciativa, verificaram-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a dimensão extroversão (r = .330; p ≤ .01), conscienciosidade (r = .646; p ≤

.01), abertura à experiência (r = .549; p ≤ .01) e amabilidade (r = .494; p ≤ .01) e correlação

negativa mas estatisticamente significativas para o neuroticismo (r = -.244; p ≤ .05).

Quanto à componente caminhos, constatou-se a existência de correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .390; p ≤ .01),

conscienciosidade (r = .561; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .432; p ≤ .01) e amabilidade

(r = .362; p ≤ .01).

Quanto à escala esperança total, detetaram-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a dimensão extroversão (r = .382; p ≤ .01), conscienciosidade (r = .843; p ≤

.01), abertura à experiência (r = .523; p ≤ .01) e amabilidade (r = .457; p ≤ .05) e correlação

negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r = -.233; p ≤ .01).

Tabela 13 - Correlação entre personalidade e esperança nos idosos não institucionalizados

Iniciativa Caminhos Escala esperança total

Extroversão .330** .390** .382**

Conscienciosidade .646** .561** .643**

Neuroticismo -.244* -.194 -.233**

Abertura à experiência .549** .432** .523**

Amabilidade .494* .362* .457*

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

A tabela 14 apresenta os valores relativos às correlações entre as dimensões da

personalidade e a qualidade de vida para os idosos não institucionalizados. Em relação ao

domínio físico, constatou-se a existência de correlação positiva e estatisticamente

significativas com a dimensão extroversão (r = .305; p ≤ .01), conscienciosidade (r = .518; p ≤

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.01), abertura à experiência (r = .542; p ≤ .01), amabilidade (r = .430; p ≤ .01) e correlação

negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r = -.261; p ≤ .01).

Em relação ao domínio psicológico, verifica-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão extroversão (r = .343; p ≤ .01)

conscienciosidade (r = .570; p ≤ .01), abertura à experiência (r = .589; p ≤ .01), amabilidade (r

= .489; p ≤ .01) e correlação negativa e estatisticamente significativa para o neuroticismo (r =

-.226; p ≤ .01). Quanto ao domínio das relações sociais, constata-se existirem correlações

positivas e estatisticamente significativas com a dimensão conscienciosidade (r = .576; p ≤

.01), abertura à experiência (r = .476; p ≤ .01) e amabilidade (r = .580; p ≤ .01).

Para o domínio ambiente, verifica-se que existem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a dimensão conscienciosidade (r = .525; p ≤ .01), abertura

à experiência (r = .500; p ≤ .01) e amabilidade (r = .462; p ≤ .01).

Tabela 14 - Correlação entre personalidade e qualidade de vida nos idosos não institucionalizados

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Extroversão .305** .343** .067 .159

Conscienciosidade .518** .570** .576** .525**

Neuroticismo -.261** -.226* -.125 -.140

Abertura à experiência .542** .589** .476** .500**

Amabilidade .430** .489** .580** .462**

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

Relativamente à correlação entre a esperança e a qualidade de vida, a tabela 15

ilustra as correlações entre os domínios da qualidade de vida e as componentes da esperança

nos idosos não institucionalizados. Quanto ao domínio físico, constata-se que existem

correlações positivas e estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .635, p ≤ .01),

caminhos (r = .604; p ≤ .01) e escala esperança total (r = .659; p ≤ .01).

No domínio psicológico, verifica-se existirem correlações positivas e

estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .647; p ≤ .01), caminhos (r = .523; p ≤ .01)

e escala esperança total (r = .624; p ≤ .01).

Quanto ao domínio das relações sociais, verifica-se que existem correlações positivas

e estatisticamente significativas com a iniciativa (r = .664; p ≤ .01), caminhos (r = .581; p ≤

.01) e escala esperança total (r = .662; p ≤ .01).

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Para o domínio ambiente, verifica-se correlações positivas e estatisticamente

significativas com a iniciativa (r = .684; p ≤ .01), caminhos (r = .508; p ≤ .01) e escala

esperança total (r = .636; p ≤ .01).

Tabela 15 - Correlação entre esperança e qualidade de vida nos idosos não institucionalizados

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Iniciativa .635** .647** .664** .684**

Caminhos .604** .523** .581** .508**

Escala esperança total .659** .624** .662** .636**

** p ≤ .01

Foi analisada a correlação entre a idade e as variáveis em estudo, personalidade,

qualidade de vida e esperança, para a amostra total conforme se pode observar nas tabelas 16,

17 e 18. Constatou-se não existir correlação significativa entre a idade e a personalidade nem

entre a idade e a esperança. Relativamente à idade e à qualidade de vida, verificou-se existir

correlação negativa e estatisticamente significativa entre o domínio físico e a idade (r = -.237;

p ≤ .01) e entre o domínio psicológico e a idade (r = -.234; p ≤ .01).

Tabela 16 - Correlação entre idade e personalidade

Extroversão Conscienciosidade Neuroticismo Abertura à

experiência

Amabilidade

Idade -.087 .092 -.084 -.109 .042

Tabela 17 - Correlação entre idade e qualidade de vida

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Idade -.237** -.234** -.052 .073

** p ≤ .01

Tabela 18 - Correlação entre idade e esperança

Iniciativa Caminhos Escala esperança total

Idade .023 .058 .043

Relativamente ao grupo de idosos institucionalizados, verificou-se a existência de

correlação positiva e estatisticamente significava entre o número de visitas e a qualidade de

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vida, nos domínios psicológico (r = .348; p ≤ .01), relações sociais (r = .294; p ≤ .01) e

ambiente (r = .224; p ≤ .01) conforme se pode observar pela tabela 19.

Tabela 19 - Correlação entre n.º de visitas e qualidade de vida nos idosos institucionalizados

Físico Psicológico Relações

sociais

Ambiente

Nº de visitas .023 .348** .294** .224*

* p ≤ .05; ** p ≤ .01

5.6. Discussão dos Resultados

À semelhança dos estudos de Sousa et al. (2003), Almeida e Rodrigues (2008),

Almeida (2009), Freitas e Scheicher (2010) e Vitorino et al. (2013) a amostra revelou um

número superior de idosos do sexo feminino. Esta tendência é justificada segundo dados do

INE (2010) por uma maior esperança de vida nas mulheres comparativamente aos homens.

Relativamente ao estado civil, tal como Almeida (2009) verificou-se na amostra um

maior número de viúvos e logo abaixo casados. Especificamente no grupo de idosos

institucionalizados, os viúvos estão em maior número, sendo que esta realidade vai no sentido

de Paúl e Fonseca (2005) que referem que a viuvez é uma das possíveis causas da

institucionalização.

Sendo o objetivo central deste estudo comparar os idosos institucionalizados e não

institucionalizados, foi feita comparação das dimensões da personalidade, esperança e

qualidade de vida em função da institucionalização.

Relativamente à primeira hipótese (H1) em que era esperado a existência de

diferenças estatisticamente significativas para a qualidade de vida entre os idosos

institucionalizados e não institucionalizados, esta confirma-se.

Verificaram-se diferenças significativas na qualidade de vida entre os idosos

institucionalizados e não institucionalizados nos domínios, físico, psicológico e ambiente. Os

idosos não institucionalizados apresentaram valores mais elevados nos domínios, físico e

psicológico e os idosos institucionalizados nos domínios, ambiente e relações sociais à

semelhança do estudo realizado por Vitorino et al. (2013). Os estudos de Mestre (2011) e

Mincato e Freitas (2007) revelam também a existência diferenças entre os grupos, sendo que

os não institucionalizados apresentam maior qualidade de vida em quase todos os domínios.

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Para além da qualidade de vida foi também efetuada comparação nas dimensões da

personalidade tendo-se verificado diferenças estatisticamente significativas entre os grupos na

dimensão conscienciosidade e amabilidade em que os idosos institucionalizados apresentaram

valores mais elevados nas duas dimensões.

Em relação à esperança não foram observadas diferenças estatisticamente

significativas, no entanto os idosos institucionalizados apresentam valores mais elevados em

todos os componentes da esperança e na escala total à semelhança do estudo de Mestre

(2011).

Foi ainda efetuada comparação para as dimensões da personalidade, esperança e

qualidade de vida em função das variáveis sócio-demográficas sexo, saúde e estado civil. Em

função do sexo não foram observadas diferenças estatisticamente significativas para nenhuma

das variáveis em estudo.

No entanto relativamente há personalidade a literatura refere com alguma

regularidade, a existência de diferenças entre sexos para as diferentes dimensões constituintes

desta. Caprara et al., (2003) observaram valores mais elevados de amabilidade nas mulheres e

de abertura à experiência nos homens sendo que Costa et al. (2001) e Robinson (2009)

observaram nas mulheres valores mais elevados de extroversão e amabilidade e valores

menores de abertura à experiência e estabilidade emocional. Neste estudo apesar de não se

observarem diferenças estatisticamente significativas, também se observaram nas mulheres

valores mais elevados na extroversão e amabilidade e valores mais reduzidos na abertura à

experiência e estabilidade emocional comparativamente aos homens.

Para a esperança também não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas entre sexos o que corrobora a informação obtida através de Snyder (2000) que

afirma até essa data não ter encontrado nos seus estudos diferenças entre sexos para a

esperança total ou seus componentes. O que segundo o autor parece sugerir que os

estereótipos existentes acerca de os homens terem mais iniciativa que as mulheres, estão

ultrapassados. Mestre (2011) refere também não ter encontrado diferenças significativas para

a esperança em função do sexo.

Quanto à qualidade de vida, os resultados foram consonantes com os estudos de

Almeida e Rodrigues (2008), Almeida (2008) e Mestre (2011) onde também não se

verificaram diferenças significativas nesta variável em função do sexo.

Quando efetuada comparação das variáveis do estudo em função da perceção do

estado de saúde, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas. Estas diferenças

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foram observadas na conscienciosidade, neuroticismo e abertura à experiência, em que à

semelhança do estudo de Chapman et al. (2007a) os sujeitos com maior conscienciosidade e

abertura à experiência são aqueles que percecionam uma melhor saúde. Os sujeitos com

valores mais elevados na dimensão neuroticismo são os que apresentam pior perceção acerca

da sua saúde.

Alguns traços de personalidade parecem efetivamente estar mais relacionados com a

saúde. O neuroticismo está associado a estratégias ineficientes de coping (McCrae & Costa,

1986). A conscienciosidade carateriza-se por sujeitos que empregam mais defesas naturais e

respostas adaptativas a eventos stressores e está também associada a comportamentos de

proteção da saúde como seja o exercício físico, não fumar e baixo consumo de álcool. É por

vezes considerada como preditor da longevidade (Bogg & Roberts, 2004). A abertura à

experiência está relacionada com um melhor funcionamento físico, uma vez que os sujeitos

têm maior interesse em aprender novas atividades físicas mesmos em idades mais avançadas

(Chapman, Jeffrey, Duberstein, 2007a). No estudo de Chapman et al. (2007a) verificou-se

ainda que os sujeitos que tinham mais problemas médicos eram os sujeitos que apresentavam

valores mais elevados de neuroticismo e valores mais baixo de extroversão,

conscienciosidade, abertura à experiência e amabilidade.

Foram também encontradas diferenças estatisticamente significativas na esperança,

sendo que os sujeitos que referem ter uma melhor perceção do seu estado de saúde são

aqueles que apresentam valores mais elevados quer nas componentes da esperança quer na

escala total à semelhança de Mestre (2011).

A esperança parece assim estar associada a saúde e é vista como auxiliar do

desenvolvimento de estratégias de coping para lidar com a adversidade. Sujeitos com

elevados valores de esperança têm maior tendência em adotar escolhas de vida saudáveis

(Worthen & Isakson, 2011) e recuperam com maior facilidade das doenças (Snyder et al.,

2002c; Lohne & Severinsson, 2006). A esperança promove a capacidade do sujeito gerir

situações de crise e ajuda na promoção da saúde (Davidson & Simpson, 2006; Cavaco et al.,

2010). A esperança pode assim ser percecionada como tendo um papel benéfico para a saúde,

permanecendo inclusive nos sujeitos em cuidados paliativos (Buckley & Herth, 2004).

Foram ainda observadas diferenças significativas em todos os domínios da qualidade

de vida, sendo que todos eles apresentam valores mais elevados à medida que a perceção da

saúde é tida como muito boa.

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A qualidade de vida parece assim neste estudo estar relacionada com a saúde, sendo

que Cramer et al. (2007) referem que o facto de o sujeito ter boa saúde está relacionado

positivamente com a qualidade de vida. Especificamente em relação ao domínio ambiente que

está relacionado com a segurança física e proteção, com o ambiente físico e cuidados de

saúde, observa-se tal como no estudo de Correia (2009) que os sujeitos que percecionam

maior satisfação com a sua saúde são os que apresentam valores mais elevados neste domínio.

Foi ainda efetuada comparação das dimensões da personalidade, esperança e

qualidade de vida em função do estado civil tendo sido encontradas diferenças

estatisticamente significativas na abertura à experiência.

Para a esperança foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na

componente iniciativa tendo os casados e união de facto apresentado valores mais elevados e

os viúvos valores mais baixos.

Quanto à qualidade de vida foram observadas diferenças estatisticamente

significativas nos domínios, físico, psicológico e relações sociais. Verifica-se que são os

casados e união de facto que apresentam valores mais elevados na maioria dos domínios da

qualidade de vida sendo os solteiros a apresentar valores mais baixos. Apesar de nos estudos

de Almeida (2008), Almeida e Rodrigues (2008) e Mestre (2011) não terem sido detetadas

diferenças significativas em função do estado civil, à semelhança deste estudo os casados

apresentaram valores mais elevados de qualidade de vida, no entanto foi nos viúvos que se

observou menor qualidade de vida.

Uma vez que a análise da relação entre as variáveis em estudo faz parte do objetivo

do presente trabalho, mais hipóteses foram colocadas.

A segunda hipótese (H2) em que era esperado que valores elevados de extroversão e

de conscienciosidade correspondessem a valores elevados de esperança, confirma-se.

Observou-se correlação positiva e estatisticamente significativa entre a extroversão e

a conscienciosidade para a esperança, estando de acordo com a investigação de Halama e

Dedová (2007) e Halama (2010). À semelhança do referido por Halama e Dedová (2007),

também aqui as correlações obtidas sugerem a conscienciosidade como a dimensão da

personalidade mais relacionada com a esperança.

Para além disso verificou-se ainda na dimensão abertura à experiência, uma

correlação positiva e significativa com a esperança, sendo inclusive a correlação mais forte,

logo a seguir à conscienciosidade. Uma explicação para este acontecimento poderá ser o facto

de que os sujeitos com valores mais elevados neste domínio são por norma sujeitos mais

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originais e imaginativos, que pensam de forma mais flexível, com uma maior capacidade de

desenvolverem competências para a resolução de problemas e por esse motivo os níveis de

esperança poderão consequentemente aumentar (Costa & McCrae, 2000). De acordo com o

que foi observado por Mascaro e Rosen (2005) também aqui se observou correlação positiva

da esperança com a dimensão amabilidade.

Relativamente à terceira hipótese (H3) em que era esperado que valores elevados de

neuroticismo correspondessem a valores baixos de esperança, confirma-se.

Verificou-se correlação negativa e estatisticamente significativa entre o neuroticismo

e a esperança, o que está em harmonia com as investigações de Halama e Dedová (2007) e

Halama (2010). Estas observações poderão ser percebidas à luz das constatações de Costa e

McCrae (2000) de que elevados valores no neuroticismo estão associados a instabilidade

emocional, especificamente valores elevados na faceta depressão estão associados a sujeitos

com pouca esperança e elevado sentimento de culpabilização.

A quarta hipótese (H4) em que era esperado que elevados valores de extroversão

correspondessem a valores elevados de qualidade de vida, confirma-se.

A quinta hipótese (H5) em que era esperado que valores elevados de neuroticismo

correspondessem a valores baixos de qualidade de vida, confirma-se.

Como já foi referido neste trabalho a satisfação com a vida é um indicador subjetivo

da qualidade de vida (Wrosch & Scheier, 2003). Assim, as correlações obtidas neste estudo

estão de acordo com o observado nas investigações de Halama e Dedová (2007) e Halama

(2010) que referem correlação negativa e significativa entre o neuroticismo e a satisfação com

a vida e correlações positivas e significativas entre a extroversão, a conscienciosidade e

satisfação com a vida. Os estudos de Chapman et al. (2007b) referem também correlação

positiva entre extroversão, conscienciosidade e qualidade de vida e correlação negativa entre

o neuroticismo e a qualidade de vida. O bem-estar subjetivo como afirmado por Lawton

(1989) é uma das dimensões concetuais da qualidade de vida e segundo este autor e Diener et

al. (2003) o neuroticismo e a extroversão são as dimensões da personalidade que maior

influência exercem sobre o bem-estar subjetivo, consequentemente sobre a qualidade de vida.

A sexta hipótese (H6) em que era esperado uma correlação positiva entre a esperança

e a qualidade vida, confirma-se.

Verificaram-se correlações positivas e estatisticamente significativas entre a

esperança e a qualidade de vida conforme constatado em outros estudos (Halama & Dedová,

2007; Pipe et al., 2008; Halama, 2010; Yadav, 2010, Mestre, 2011). A esperança melhora a

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satisfação com a vida (Worthen & Isakson, 2011) é fundamental para a qualidade de vida

(Parse, 1999) e está relacionada com relações sociais, bem-estar físico, ansiedade e depressão

(Peterson & Seligman, 2004).

Para além das correlações efetuadas na amostra total foram ainda efetuadas

correlações em função da institucionalização. Relativamente à correlação entre personalidade

e esperança, verificou-se que na dimensão extroversão, abertura à experiência e neuroticismo,

os idosos institucionalizados apresentaram correlações significativas mais fortes para todas as

componentes da esperança e esperança total comparativamente aos idosos não

institucionalizados. As dimensões conscienciosidade e amabilidade apresentaram correlações

significativas mais fortes para todas as componentes da esperança e esperança total no grupo

dos idosos não institucionalizados.

Quanto à correlação entre personalidade e qualidade de vida, observou-se que as

dimensões conscienciosidade, abertura à experiência e amabilidade, apresentam correlações

muito mais fortes no grupo de idosos não institucionalizados sendo que o neuroticismo

apresenta maior correlação nos idosos institucionalizados. A extroversão apresenta alterações

em relação aos domínios da qualidade de vida em que se observam correlações mais fortes

com o domínio relações sociais, no grupo de idosos institucionalizados e correlações mais

fortes no domínio físico, para o grupo de idosos não institucionalizados.

Em relação à correlação entre a esperança e qualidade de vida, constatou-se que para

as componentes, iniciativa e caminhos e para a esperança total, as correlações são mais forte

de uma maneira geral em todos os domínios da qualidade de vida no grupo dos idosos não

institucionalizados.

Foi também efetuada análise à relação entre a idade e a personalidade, esperança e

qualidade de vida.

Constatou-se que em relação à personalidade apesar de não ser estatisticamente

significativa, existe correlação negativa entre a idade e os domínios extroversão e a abertura à

experiência tal como o estudo de Havighurst et al. (1968), Donnellan e Lucas (2008), Lucas e

Donnellan (2011), Specht et al. (2011) e Worthman, Lucas e Donnellan (2012). Correlação

negativa com o neuroticismo como observado por Havighurst et al. (1968), Specht et al.

(2011), Soto et al. (2011), Lucas e Donnellan (2011) e Worthman et al. (2012). Constatou-se

ainda correlação positiva entre a idade e as dimensões conscienciosidade e amabilidade à

semelhança dos estudos de Srivastava, John, Gosling e Potter (2003), Soto et al. (2011) e

Specht et al. (2011).

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Ao nível da esperança verifica-se que existe correlação positiva desta com a idade

apesar de não ser estatisticamente significativa.

Relativamente à qualidade de vida existe correlação negativa e estatisticamente

significativa entre o domínio físico, psicológico e a idade. Os estudos de Paúl (2005),

Almeida (2008) e Zaninotto et al. (2009) constataram também a correlação negativa da idade

com a qualidade de vida mais especificamente Sousa et al. (2004) referem que com o avançar

da idade as relações sociais diminuem.

Por último foi analisada a relação entre o número de visitas que os idosos

institucionalizados recebem e a qualidade de vida, verificando-se que existe uma correlação

positiva e estatisticamente significativa para todos os domínios exceto no domínio físico.

Estas observações coincidem com o observado na investigação de Freitas e Scheicher (2010).

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Conclusão

O crescente envelhecimento da população traz consigo a emergência de novas

necessidades e reestruturação seja a nível das estruturas sociais ou dos próprios sujeitos.

A pertinência deste estudo prende-se com a obtenção de dados que possam auxiliar

na compreensão das diferenças entre idosos institucionalizados e não institucionalizados.

Especificamente ao nível da personalidade, esperança e qualidade de vida, bem como na

compreensão da relação entre os constructos referidos, uma vez que vários autores

mencionados ao longo do trabalho referem a importância destes no processo de

envelhecimento.

Os avanços da ciência têm permitido um aumento da melhoria na saúde e

consequentemente no aumento da esperança média de vida, no entanto è essencial que este

prolongamento da vida dos sujeitos seja acompanhado de elevados níveis de qualidade de

vida nos idosos institucionalizados e não institucionalizados.

No entanto em relação aos idosos institucionalizados, o sucesso da sua

institucionalização se assim se pode dizer, depende como já foi mencionado da capacidade de

adaptação do sujeito, capacidade esta que está relacionada com as suas caraterísticas de

personalidade. No entanto a efetiva institucionalização do idoso depende também de fatores

externos ao sujeito como seja a qualidade da instituição e apoio familiar, fatores estes que

nem sempre estão salvaguardados.

Neste estudo observou-se a existência de diferenças estatisticamente significativas

entre os idosos institucionalizados e não institucionalizados nas dimensões conscienciosidade,

amabilidade, nos domínios físico, psicológico e ambiente, a nível da esperança não se

verificaram diferenças significativas. Estes resultados estão em consonância com a literatura

referida.

Os idosos institucionalizados apresentaram valores mais elevados na

conscienciosidade e amabilidade. Tendo os idosos não institucionalizados evidenciado

maiores níveis de qualidade de vida nos domínios físico e psicológico e os idosos

institucionalizados no domínio ambiente e também no domínio relações sociais, apesar de este

último não mostrar diferenças significativas entre os grupos. Daqui se depreende que de uma

forma geral não podemos afirmar que são os idosos institucionalizados ou não

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institucionalizados que apresentam melhor qualidade de vida, mas antes que apresentam

diferenças quanto ao nível de qualidade de vida dentro dos seus domínios. Observou-se ainda

que apesar de não existirem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, são os

idosos institucionalizados que apresentam valores mais elevados em todos os componentes da

esperança e na esperança total.

Como já referido por Roberts et al. (2006) a conscienciosidade e amabilidade

facilitam o alcance bem-sucedido dos objetivos. Os estudos de Wrobleski e Snyder (2005) e

Snyder et al. (2006) mencionam que idosos com valores elevados de esperança têm maior

confiança no alcance dos seus objetivos. Wrosch e Scheier (2003) como já foi também

referido, defendem a importância dos objetivos que se estabelecem uma vez que estes vão

influenciar a forma como o sujeito lida com eventos críticos na sua vida e consequentemente

na sua qualidade de vida. Assim, parece aqui evidenciar-se uma maior tendência dos idosos

institucionalizados em conseguir alcançar os seus objetivos, possivelmente devido às suas

caraterísticas de personalidade.

Quanto à correlação das variáveis em estudo observou-se existirem correlações

estatisticamente significativas de uma forma geral entre todas as variáveis conforme o

esperado tendo por base a literatura analisada. Esta constatação efetuou-se relativamente à

amostra total mas também em relação aos grupos isoladamente.

Relativamente à correlação entre a personalidade e a esperança, verificou-se

existirem correlações positivas entre todas as dimensões da personalidade com a esperança à

exceção do neuroticismo que apresentou correlação negativa.

Quanto à correlação entre a personalidade e a qualidade de vida, observou-se

também a existência de correlações positivas entre todas as dimensões da personalidade com a

qualidade de vida à exceção do neuroticismo que apresentou correlação negativa.

Por último, a correlação entre a esperança e a qualidade de vida, constatou existirem

correlações positivas entre todos os componentes da esperança e esperança total relativamente

a todos os domínios da qualidade de vida. A esperança melhora a satisfação com a vida

(Worthen & Isakson, 2011) e é essencial para a qualidade de vida (Parse, 1999).

De uma forma geral este estudo constata à semelhança de outros já referidos,

existirem diferenças significativas entre os idosos institucionalizados e não

institucionalizados, nomeadamente nas caraterísticas de personalidade dos sujeitos e no seu

nível de qualidade de vida. Diferenças também ao nível da esperança, apesar de não ser de

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forma significativa. E correlação significativa entre os constructos personalidade, esperança e

qualidade de vida, analisados no trabalho.

Para se poderem tirar ilações mais detalhadas, será necessário um estudo mais

aprofundado acerca das diferenças verificadas por forma a perceber a importância exercida

pelas caraterísticas de personalidade sobre a qualidade de vida dos sujeitos e níveis de

esperança. Bem como análise de mais fatores que possam exercer influência sobre estes

constructos, assim como de fatores que especificamente nos institucionalizados possam

exercer influência numa institucionalização efetiva e equilibrada que fomente qualidade de

vida nos sujeitos.

Existem inúmeros estudos sobre personalidade e qualidade de vida nos idosos, no

entanto não são muitos os que fazem a comparação entre os grupos institucionalizados e não

institucionalizados, o que se tornou de certa forma limitativo no auxilio de dados para a

elaboração e comparação com os dados resultantes deste trabalho. Relativamente à esperança

foi ainda mais difícil encontrar estudos comparativos entre os idosos ou sobre programas que

promovam o desenvolvimento de competências que possam incrementar a esperança nos

idosos. Nesse sentido torna-se pertinente efetuar mais estudos comparativos entre idosos

institucionalizados e não institucionalizados, que nos permitam uma melhor compreensão das

diferenças existentes entre os grupos e assim implementar programas e estratégias que

permitam fomentar um envelhecimento bem-sucedido. A literatura tem comprovado a

importância da esperança no sucesso das psicoterapias bem como na prática clinica de uma

forma geral. Assim, parece importante desenvolver estudos que permitam obter mais dados

sobre o efetivo benefício da esperança na prática clínica por forma a auxiliar os sujeitos mas

também os terapeutas.

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide I

Anexos

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide II

Anexo I – Protocolo

PROTOCOLO

Caro(a) participante,

Queremos solicitar a sua colaboração numa investigação que tem por objetivo estudar

a esperança, personalidade e qualidade de vida nos idosos.

Assim pedimos desde já que leia com atenção as questões que são colocadas, sendo

que não existem respostas certas nem erradas.

Todos os dados recolhidos são anónimos e confidenciais, destinando-se a tratamento

estatístico.

A sua participação na presente investigação é voluntária pelo que a qualquer momento

poderá desistir se assim o entender.

Desde já agradecemos a sua participação

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide III

DADOS SOCIO-DEMOGRÁFICOS

1. Género:

Masculino □ Feminino □

2. Idade: ____ Anos

3. Etnia

Branca/Caucasiana □ Negra □ Asiática □ Outra ________

4. Estado Civil:

Solteiro(a) □ Casado(a) □ União de facto □ Viúvo(a) □

Divorciado(a) □ Separado(a) □

5. Tem filhos:

Sim □ Não □

Se sim, quantos: ____

6. Escolaridade: ____ Anos

Ensino Universitário: Sim □ Não □

Se sim, qual: _____________________________________________

7. Situação Profissional:

Reformado(a) □ Ativo(a) □ Reformado(a) c/atividade □

Desempregado(a) □ Outro ________________________________

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide IV

8. Última ocupação profissional:

__________________________________________________

9. Está institucionalizado(a)?

Sim □ Não □

Se sim:

A iniciativa do internamento foi:

Iniciativa própria □ Trazido(a) por amigos □ Trazido(a) por familiares □

Trazido(a) por técnicos de ação social □

Tempo de internamento: ____ Meses

Regularidade com que é visitado:____ vezes por mês

Quem o visita: __________________________________________

Se não:

Com quem vive: ________________________________________

10. Como considera a sua saúde:

Muito má □ Nem boa nem má □ Boa □ Muito boa □

11. Tem alguma doença do foro neurológico ou psiquiátrico?

Sim □ Não □

Sem sim, qual ou quais: __________________________________________

12. Qual a sua crença religiosa:

Católica □ Judaica □ Muçulmana □ Nenhuma □ Outra □

13. MMSE (Folstein, Folstein e McHugh, 1975, adaptação portuguesa de Guerreiro et al., 1994).

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide V

I. ORIENTAÇÃO

“Vou fazer-lhe algumas perguntas. A maior parte delas são fáceis. Tente responder o

melhor que for capaz”.

1. Em que ano estamos? __________

2. Em que mês estamos? __________

3. Em que dia do mês estamos? (Quantos são hoje?) __________

4. Em que estação do ano estamos? __________

5. Em que dia da semana estamos? (Que dia da semana é hoje?) __________

6. Em que País estamos? (Como se chama o nosso país?) __________

7. Em que Distrito vive? __________

8. Em que Terra vive? __________

9. Em que casa estamos? (Como se chama esta casa?) __________

10. Em que andar estamos? __________

Nota______

II. RETENÇÃO

“Vou dizer-lhe três palavras. Queria que as repetisse e que procurasse decorá-las porque

dentro de alguns minutos vou pedir-lhe que me diga essas três palavras”.

As palavras são:

PERA GATO BOLA

“Repita as três palavras”

PERA ________ GATO ________ BOLA ________ Nota______

III. ATENÇÃO E CÁLCULO

“Agora peço-lhe que me diga quantos são 30 menos 3 e que ao número encontrado volte a

subtrair 3 até eu lhe dizer para parar”.

(27) ___ (24) ___ (21) ___ (18) ___ (15) ___ Nota ______

IV. EVOCAÇÃO

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide VI

“Agora veja se me consegue dizer quais foram as três palavras que lhe pedi há pouco para

repetir”.

PERA ________ GATO ________ BOLA ________ Nota______

V. LINGUAGEM

a) Mostrar o relógio de pulso.

“Como se chama isto?” ___________________________ Nota______

b) Mostrar um lápis.

“Como se chama isto?” ___________________________ Nota ______

c) Repetir a frase.

“O rato rói a rolha” Nota ______

d) “Vou dar-lhe uma folha de papel. Quando eu lhe entregar o papel, pegue nele com a sua mão

direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão” (ou: “coloque-o aqui em cima da

secretária/mesa” – indicar o local onde o papel deve ser colocado)

Pega no papel com a mão direita ______________

Dobra o papel ao meio ______________________

Coloca o papel no chão _____________________

(ou no local indicado)

Nota______

e) “Leia e cumpra o que diz neste cartão”.

(Mostrar o cartão com a frase: “FECHE OS OLHOS”

Se o sujeito for analfabeto o examinador deverá ler-lhe a frase).

Nota ______

f) “Escreva uma frase”.

(A frase deve ter sujeito, verbo e ter sentido para ser pontuada com 1 ponto. Erros gramaticais

ou de troca de letras não contam como erros). Nota ______

A frase deve ser escrita numa folha em branco (se o sujeito for analfabeto este ponto não é

realizado)

g) “Copie o desenho que lhe vou mostrar”.

(Mostrar o desenho num cartão ou na folha) Nota ______

Nota total______

14. BFI (Benet-Martínez & John, 1998).

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institucionalização

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide VII

Nesta folha vai encontrar um conjunto de caraterísticas que podem ou não aplicar-se a

si. Por exemplo, concorda que é uma pessoa que gosta de passar tempo com os outros?

Responda escrevendo um número à esquerda de cada uma das afirmações para indicar

até que ponto concorda ou discorda com essa afirmação. Utilize a escala de 1 (Discordo

fortemente) a 5 (Concordo fortemente):

1 = Discordo fortemente

2 = Discordo um pouco

3 = Nem concordo nem discordo

4 = Concordo um pouco

5 = Concordo fortemente

Vejo-me como alguém que...

1. É falador. 23. Tende a ser preguiçoso.

2. Tende a encontrar defeitos

nos outros.

24. É emocionalmente estável, não

se perturba facilmente.

3. É minucioso a trabalhar. 25. É engenhoso.

7. Ajuda os outros, não é egoísta. 29. Pode ser de humores.

10. É curioso acerca de muitas coisas

diferentes.

32. É atencioso e simpático para

quase todas as pessoas.

11. É cheio de energia. 33. Faz as coisas de um modo

eficiente.

14. Pode estar tenso. 36. É extrovertido, sociável.

17. Perdoa por natureza. 39. Fica facilmente nervoso.

22. É geralmente de confiança. 44. É sofisticado na arte, música,

literatura.

Por favor confirme se respondeu a todas as questões, isto é, se escreveu um número no lado esquerdo de cada

uma das afirmações.

15. WHOQOL-Bref (WHOQOL Group, 1996, validação portuguesa de Canavarro, et al., 2006).

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide VIII

Por favor responda a todas as perguntas. Se não tiver a certeza da resposta a dar a uma

pergunta, escolha a que lhe parecer mais apropriada. Esta pode muitas vezes ser a

resposta que lhe vier primeiro à cabeça.

Por favor, tenha presente os seus padrões, expetativas, alegrias e preocupações. Pedimos-lhe que tenha

em conta a sua vida nas duas últimas semanas.

Por exemplo, se pensar nestas duas últimas semanas, pode ter que responder à seguinte pergunta:

Nada Pouco Moderadamente Bastante Completamente

Recebe das outras pessoas o tipo

de apoio que necessita?

1 2 3 4 5

Deve pôr um círculo à volta do número que melhor descreve o apoio que recebeu das outras pessoas

nas duas últimas semanas. Assim, marcaria o número 4 se tivesse recebido bastante apoio, ou o

número 1 se não tivesse tido nenhum apoio dos outros nas duas últimas semanas.

Por favor leia cada pergunta, veja como se sente a respeito dela, e ponha um círculo à volta do

número da escala para cada pergunta que lhe parece que dá a melhor resposta.

Muito má Má Nem boa

nem má

Boa Muito boa

1

(G1)

Como avalia a sua

qualidade de vida?

1

2

3

4

5

Muito

insatisfeito

Insatisfeito Nem

satisfeito

nem

insatisfeito

Satisfeito Muito

satisfeito

2

(G4)

Até que ponto está

satisfeito(a) com a sua

saúde?

1

2

3

4

5

As perguntas seguintes são para ver até que ponto sentiu certas coisas nas duas últimas semanas.

Nada Pouco Nem muito Muito Muitíssimo

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institucionalização

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide IX

nem pouco

3

(F1.4)

Em que medida as suas dores (físicas) o(a)

impedem de fazer o que precisa de fazer?

1

2

3

4

5

9

(F22.1)

Em que medida é saudável o seu ambiente

físico?

1

2

3

4

5

As seguintes perguntas são para ver até que ponto experimentou ou foi capaz de fazer certas coisas

nas duas últimas semanas.

Nada Pouco Moderadamente Bastante Completamente

10

(F2.1)

Tem energia suficiente para a sua vida

diária?

1

2

3

4

5

14

(F21.1)

Em que medida tem oportunidade para

realizar atividades de lazer?

1

2

3

4

5

Muito

Má Nem boa nem

Boa Muito boa

15

(F9.1)

Como avaliaria a sua mobilidade

[capacidade para se movimentar e deslocar

por si próprio(a)]

1

2

3

4

5

As perguntas que se seguem destinam-se a avaliar se se sentiu bem ou satisfeito(a) em relação a

vários aspetos da sua vida nas duas últimas semanas.

Muito

insatisfeito

Insatisfeito Nem

satisfeito

nem

insatisfeito

Satisfeito Muito

satisfeito

16

(F3.3)

Até que ponto está satisfeito(a) com o seu

sono?

1

2

3

4

5

25

(F23.3)

Até que ponto está satisfeito(a) com os

transportes que utiliza?

1

2

3

4

5

As perguntas que se seguem referem-se à frequência com que sentiu ou experimentou certas coisas

nas duas últimas semanas.

Nunca Poucas

vezes

Algumas

vezes

Frequentemente Sempre

26 (F8.1) Com que frequência tem sentimentos

negativos, tais como tristeza, desespero,

ansiedade ou depressão?

1

2

3

4

5

16. AHS (Snyder et al., 1991).

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Sofia dos Santos Godinho - Esperança, Personalidade e Qualidade de Vida em idosos: A influência da

institucionalização

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vide X

Leia cada uma das frases cuidadosamente. Considerando a escala que se segue, coloque

um circulo em torno do número que melhor descreve a sua opção.

1 = Totalmente falso 5 = Ligeiramente verdadeiro

2 = Maior parte das vezes falso 6 = De certa forma verdadeiro

3 = De certa forma falso 7 = Maior parte das vezes verdadeiro

4 = Ligeiramente falso 8 = Totalmente verdade

Totalmente Falso Totalmente Verdade

1. Consigo pensar em muitas maneiras de me livrar de enrascadas. 1 2 3 4 5 6 7 8

3. Sinto-me cansado a maior parte do tempo. 1 2 3 4 5 6 7 8

5. Facilmente desisto de uma discussão por falta de argumentos. 1 2 3 4 5 6 7 8

8. Mesmo quando os/as outros/as perdem a coragem, eu sei que consigo

encontrar uma maneira de resolver o problema. 1 2 3 4 5 6 7 8

10. Tenho tido bastante sucesso na vida. 1 2 3 4 5 6 7 8