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Domingo, 14/02/2016, dia dos namorados... Domingo, 14/02/2016, dia dos namorados, estou eu pendurado num palanque pelas 18:00. Não fui crucificado pela minha mulher, mas podia ter sido... Noite de frio, vento, chuva que Deus a dava, alerta amarelo, para quase todo o país e eu, mais o Augusto Pires que me tinha desafiado durante a semana anterior, encontrámonos com o Jorge Silva e fomos fazer os cevadouros na herdade em Piçarras. Lado Norte, todos mexidos e bem mexidos, da noite anterior! Lado Sul, fraco, com mexidas superiores a uma semana. Curioso, que a uma distancia de talvez 2 km, e com comportamentos muito diferentes. Tivemos ainda um biscate, que foi por de pé o palanque do 4, pois tinha tombado e estava pendurado numa frágil corda. Depois deste esforço, a bucha já era merecida. Terminada esta tarefa, pelas 15:30, rumámos á casa dos caçadores, sendo que nos encontrámos com o José Mílico e o Paulo Preparei o almoço ajantarado que tinha prometido, um belo veado estufado que tinha morto em Silves no inicio de Outubro, acompanhado com uns brócolos cozidos e uma bela vinhaça a acompanhar. Comemos todos e ainda sobrou. Afinamos as bestas, dado não haver nenhum arqueiro, pois eu também já me converti, fizemos a distribuição dos cevadouros e aqui vamos nós. A mim calhoume o 7, e depois de deixar os outros, o Augusto Pires, deixoume a mim, no tal 7. Era um dos muito promissores. Depois do Augusto já estar instalado no seu palanque, cai uma bela carga de água e puxada a vento. Agacheime como podia, no palanque, o qual era para admirar nos palanques Augusto, estava até bem feito, e dava para baixar o teto, de forma a isolar praticamente as laterais. Pergunto habitualmente de onde vinham os porcos naquele posto, o qual informa que seria da esquerda para a direita. Ora exatamente para onde o vento carregava. Mais uma noite a caçar luas, pensei eu. Dessas noites já eu tenho experiência. Respondeme na mesma mensagem que o Jorge já tinha atirado. Ainda de dia!?!?!? Passado meia hora que já o tinha encontrado!?!?!?!? Pelas 20:00, sinto uma mexida muito forte pelas minhas costas, talvez a uns 300 mts. Passou a noite toda até sair do palanque no mesmo fado. Talvez um navalheiro, pois pelo som das estevas a partir, não era bicho pequeno. 10 minutos mais tarde, do meu lado direito, começo a ouvir as estavas também a partir. Fico sobressaltado. Seria desta vez, após carradas de esperas em vão? Começo a descrever mentalmente o percurso, pelos sons efetuados pelo bicho, rapidamente me apercebo que não era um, mas sim dois. Ponhome a jeito. O vento soprava em pequenas rajadas e tive medo que sentissem o meu odor. Chegueime para trás, mas comecei a procurar com a mira, para conseguir ver algo. Começo finalmente a ver um porco a dar a volta por fora ao cevadouro e

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Domingo,  14/02/2016,  dia  dos  namorados...  

Domingo,   14/02/2016,   dia   dos   namorados,   estou   eu   pendurado   num   palanque   pelas   18:00.  

Não  fui  crucificado  pela  minha  mulher,  mas  podia  ter  sido...  

Noite  de  frio,  vento,  chuva  que  Deus  a  dava,  alerta  amarelo,  para  quase  todo  o  país  e  eu,  mais  

o   Augusto   Pires   que  me   tinha   desafiado   durante   a   semana   anterior,   encontrámo-­nos   com   o  

Jorge  Silva  e  fomos  fazer  os  cevadouros  na  herdade  em  Piçarras.  Lado  Norte,  todos  mexidos  e  

bem   mexidos,   da   noite   anterior!     Lado   Sul,   fraco,   com   mexidas   superiores   a   uma   semana.  

Curioso,  que  a  uma  distancia  de  talvez  2  km,  e  com  comportamentos  muito  diferentes.  Tivemos  

ainda  um  biscate,  que  foi  por  de  pé  o  palanque  do  4,  pois  tinha  tombado  e  estava  pendurado  

numa  frágil  corda.  Depois  deste  esforço,  a  bucha  já  era  merecida.  

Terminada   esta   tarefa,   pelas   15:30,   rumámos   á   casa   dos   caçadores,   sendo   que   nos  

encontrámos  com  o  José  Mílico  e  o  Paulo    

Preparei  o  almoço  ajantarado  que  tinha  prometido,  um  belo  veado  estufado  que  tinha  morto  em  

Silves   no   inicio   de  Outubro,   acompanhado   com   uns   brócolos   cozidos   e   uma   bela   vinhaça   a  

acompanhar.  Comemos   todos  e  ainda   sobrou.  Afinamos  as  bestas,   dado  não  haver  nenhum  

arqueiro,  pois  eu  também  já  me  converti,  fizemos  a  distribuição  dos  cevadouros  e  aqui  vamos  

nós.  

A  mim  calhou-­me  o  7,  e  depois  de  deixar  os  outros,  o  Augusto  Pires,  deixou-­me  a  mim,  no  tal  

7.  Era  um  dos  muito  promissores.  Depois  do  Augusto   já  estar   instalado  no  seu  palanque,  cai  

uma  bela  carga  de  água  e  puxada  a  vento.  Agachei-­me  como  podia,  no  palanque,  o  qual  era  

para  admirar  nos  palanques  Augusto,  estava  até  bem  feito,  e  dava  para  baixar  o  teto,  de  forma  

a   isolar  praticamente  as   laterais.  Pergunto  habitualmente  de  onde  vinham  os  porcos  naquele  

posto,  o  qual  informa  que  seria  da  esquerda  para  a  direita.  Ora  exatamente  para  onde  o  vento  

carregava.   Mais   uma   noite   a   caçar   luas,   pensei   eu.   Dessas   noites   já   eu   tenho   experiência.  

Responde-­me  na  mesma  mensagem  que  o  Jorge  já  tinha  atirado.  Ainda  de  dia!?!?!?  Passado  

meia  hora  que  já  o  tinha  encontrado!?!?!?!?  

Pelas  20:00,  sinto  uma  mexida  muito  forte  pelas  minhas  costas,  talvez  a  uns  300  mts.  Passou  a  

noite   toda   até   sair   do   palanque   no   mesmo   fado.   Talvez   um   navalheiro,   pois   pelo   som   das  

estevas  a  partir,  não  era  bicho  pequeno.  

10  minutos  mais   tarde,  do  meu   lado  direito,  começo  a  ouvir  as  estavas  também  a  partir.  Fico  

sobressaltado.   Seria   desta   vez,   após   carradas   de   esperas   em   vão?   Começo   a   descrever  

mentalmente  o  percurso,  pelos  sons  efetuados  pelo  bicho,  rapidamente  me  apercebo  que  não  

era  um,  mas  sim  dois.  Ponho-­me  a   jeito.  O  vento  soprava  em  pequenas   rajadas  e   tive  medo  

que  sentissem  o  meu  odor.  Cheguei-­me  para   trás,  mas  comecei  a  procurar  com  a  mira,  para  

conseguir  ver  algo.  Começo  finalmente  a  ver  um  porco  a  dar  a  volta  por   fora  ao  cevadouro  e  

posteriormente   a   chegar   ao   que   estava  mais   perto,   a   cerca   de   22  mts.   Parou   em   frente   ao  

mesmo.   Fixei   a   mira   no   bicho,   o   qual   estava   sozinho,   nada   de   crias   e   aqui   vai   um  

comprimidinho  para  a  tosse,  como  digo  ao  meu  filho  Francisco,  quando  vê  as  flechas  e  virotões  

do  pai.  Nem  o  deixei  sequer  tocar  no  milho,  tal  era  a  sede  com  que  estava.  Fica  ais  milho  para  

outros.  

Acusou  logo  o  toque  e  numa  corrida  descoordenada,  saiu  a  rebate  do  cevadouro,  momento  em  

que   fiz   silêncio   absoluto.   Ficou   perto,   pois   ouvia   os   gemidos   e   grunhidos   fracos  mas   perto.  

Ficou  aí  a  15  mts,  com  tiro  de  coração,  verificado  depois  no  desmanche.  

Fui   ver   o   cevadouro   e   nada   de   sangue,  mas   encontro   o   virotão,   partido   e   cheio   de   sangue.  

Encontro  o  bicho,  fêmea  por  sinal  e  vejo  que  já  está  morta.  A  seguir  veio  o  mais  caricato,  pois  

passado  uma  hora  depois  do  tiro,  a  companhia  que  tinha  fugido,  vem  de  sul,  para  o  cevadouro,  

com  o   vento   a   carregar   na   sua   direção,     e   vai   até   ao  milho,   dá   a   volta   e   vai   junto   da   outra  

porca,   momentos   onde   antes   tinha   eu   andado.   Como   não   sabia,   ou   não   me   lembrava   que  

podia  fazer  o  segundo  tiro,  limitei-­me  a  responder  ás  bufadelas  do  outro  porco,  bem  como  a  ser  

correspondido.  Soubesse  eu  e  tinha  ficado  também,  mas  como  não  sou  eu  apenas  a  caçar...  

O  Augusto  trouxe-­me  a  Pipoca  para  pistear,  pois  anda  ainda  a  aprender  e  ela  dá  com  o  bicho,  

com   ecorme   rapidez,   mas   ainda   com   alguns   pequenos   receio   devido   a   ser   ainda   nova.  

Excelente.  

Depois  de  sermos  recolhidos,  reunimo-­nos  na  casa  dos  caçadores,  onde  desmanchei  os  dois  

bichos,  ajudado  pelo  Jorge  e  pelo  Augusto.  

Obrigado  Augusto  pelo  bem  que  estava  o  cevadouro  e  pela  dedicação  e  ao  Jorge,  que  ajudou  

no  desmanche.  

 

Aqui  ficam  algumas  fotos: