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ESPECIAL INTERCÂMBIO: MODO DE FAZER

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ESPECIALINTERCÂMBIO: MODO DE FAZER

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Preparar-se para uma experiência no exterior envolve uma série de decisões que nem sempre são fáceis de se tomar.

Em primeiro lugar, é preciso descobrir quais programas e destinos irão atender às expectativas e objetivos do estudante.

Em seguida, vêm os exames de proficiência, editais de bolsa, preparação dos documentos para a candidatura e para o visto. Ufa! Acabou? Não! Ainda é preciso definir onde morar e entender como será a vida lá.

Passar por estas etapas com tranquilidade e munido de informações é fundamental para que o tão sonhado intercâmbio não traga frustrações ou mesmo acabe antes de começar: já pensou ser barrado na imigração porque o visto de estágio não é o correto?

Pensando nisso, o Estudar Fora preparou este e-book, que traz dicas de especialistas em preparação e de estudantes que também viveram todos estes questionamentos. Mais que isso: trouxemos também perspectivas sobre carreiras pós-intercâmbio e três histórias de intercambistas que, com vivências internacionais diversas, se desenvolveram pessoalmente e impulsionaram sua trajetória.

Assim, você que está se preparando terá uma motivação a mais: saber que os caminhos são muito amplos para quem volta com uma bagagem cultural e pessoal mais cheia. SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR A Fundação Estudar, instituição sem fins lucrativos criada em 1991, investe na formação de jovens de alto potencial por meio de oportunidades de estudos e carreira. Para incentivar o aumento do número de brasileiros nas melhores universidades do mundo, a Estudar apoia o jovem com informação, orientação e preparação. Desde a sua criação, seleciona os jovens mais brilhantes do país, que sonham em deixar um legado, oferecendo bolsa de estudos por mérito para cursarem as melhores escolas do Brasil e do mundo..

SOBRE O ESTUDAR FORA O Estudar Fora, como o nome já diz, é a fonte de informação e preparação para quem deseja estudar fora do Brasil. No site, você encontra rankings das melhores faculdades e curiosidades sobre elas; detalhes sobre o processo de application (candidatura) para graduação e pós; e informações sobre oportunidades de intercâmbio e bolsas de estudos, além de histórias de estudantes que já estão nas melhores universidades do mundo. Tudo isso porque a gente acredita que estudar fora vai te ajudar a chegar mais longe!

No site estudarfora.org.br/especiais você tem acesso a guias exclusivos e gratuitos.

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Adúvida mais frequente para quem está planejando realizar um intercâmbio durante a faculdade é: “Para onde eu vou?”. Mais difícil que responder a essa pergunta, porém, é saber exatamente

qual é o momento ideal para viver a experiência. Com tantas opções de programas de estudo e trabalho, vale a pena gastar um tempo da preparação avaliando as alternativas disponíveis.

“A primeira decisão é saber o que quer”, sugere Thaïs Burnmeister, consultora de educação internacional. Se o objetivo do intercâmbio ainda não estiver claro, cabe começar por fazer uma auto avaliação sincera: “Tudo depende da disponibilidade do aluno. O que ele está buscando? Qual é sua situação financeira? Qual o seu nível de inglês? E seu desempenho acadêmico?”. Para Taïs, essas são as primeiras e mais importantes questões a se fazer.

A ESCOLHA: QUANDO E ONDE FAZER O SEU INTERCÂMBIO?

→ Especialista dá dicas de com escolher a melhor opção entre os programas disponíveis. "Tudo depende do objetivo e da disponibilidade do aluno", afirma.

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que almeja e maior o leque de opções que terá, independentemente de estar se candidatando pela universidade ou “por fora”. “É muito importante ter um bom desempenho, para ser mais competitivo”, argumenta a consultora.

Alternativas que não dependem de investimentos tão altos são cursos de curta duração, como Summer School, que duram de um a três meses. Geralmente voltados à prática do idioma local, são uma boa opção para quem ainda precisa adquirir fluência.

Mais que aperfeiçoamento da língua, porém, esses cursos também podem ser interessantes para desenvolver outras habilidades que complementem a área de estudos. Um estudante de engenharia que se interesse por gestão, por exemplo, pode decidir fazer um curso técnico em administração pelo período de 3 ou 6 meses.

A partir destas decisões, munir-se de informação é o segundo passo. Assim, é preciso pesquisar e entender: 1) quais são os tipos de programa e 2) quais destinos se encaixam melhor às suas expectativas.

Um bom começo para quem já está cursando universidade no país é tentar se informar de convênios e parcerias firmados entre a própria faculdade com outras no exterior. “Convênios são boas opções para aproveitar os créditos e diminuir o tempo de curso”.

Caso não existam convênios, ou o estudante não tiver sido aprovado para as vagas disponíveis, é possível “tentar por fora”, explica Thaïs, por meio de agências de intercâmbio ou entrando em contato diretamente com as universidades. Nos sites de cada instituição é possível conferir as opções de programas para alunos estrangeiros e as instruções para se inscrever.

Ter um bom desempenho acadêmico é fundamental. Quanto melhor o histórico escolar, maiores as chances de o candidato ser aceito pela universidade

A ESCOLHA: QUANDO E ONDE FAZER O SEU INTERCÂMBIO?

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E Em geral, eu não falo vá para esse ou aquele lugar”, responde de pronto Taïs, para aqueles que esperam uma solução fácil para as dúvidas mais difíceis.

Para ela, mais importante é avaliar se determinada universidade pode oferecer aquilo que o estudante busca, sem levar em conta sua posição geográfica. Algumas universidades dão mais vazão à criatividade, por exemplo, enquanto outras priorizam programas de estágio. Há de se considerar ainda as opções de atividades extracurriculares que cada uma oferece, como esportes, trabalho voluntário e eventos. Tudo depende do interesse de cada um.

A conselheira também sugere não se inscrever para o programa de apenas uma instituição. “É bom escolher algumas opções. Não precisa

PARA CADA PERFIL, UM PAÍS: COMO ESCOLHER O DESTINO IDEAL?

→ Conhecer quais países oferecem o programa escolhido e quais são os pré-requisitos necessários ajuda o estudante a “filtrar” sua busca.

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Se o estudante tem interesse em conhecer a Alemanha, por exemplo, mas o curso escolhido exige um nível de fluência que ele não possui, a opção pode ser eliminada do “cardápio”. Outra instituição no mesmo país pode aceitar alunos que sejam fluentes em inglês, tornando essa alternativa muito mais viável.

Outra dica valiosa é fazer a boa e velha lista de prós e contras. “Eu sugiro ao aluno se organizar, fazer uma planilha com todas as suas opções, incluindo as datas de exames, requisitos para inscrição, etc”. Assim, fica mais simples visualizar quais são suas prioridades e não perder nenhum prazo, finaliza ela.

ser um leque muito grande, mas o processo nunca é 100% garantido”, justifica.

Para Thaïs, os sites das universidades geralmente são muito densos, apesar de serem user friendly. Olhando com atenção, porém, eles são uma fonte rica de informação: não apenas informam o que cada lugar tem a oferecer, como dão as orientações necessárias para se candidatar.

Parte do trabalho de Thaïs é justamente auxiliar jovens nessa busca, ensinando, por exemplo, termos chaves que facilitam a pesquisa – como “undergraduate” (referente à graduação, no Brasil), “visiting student” e “guest student” (tipos de programa de curta duração).

A partir daí, é mais fácil saber se a universidade oferece o tipo de programa mais conveniente ao aluno, considerando a duração, valores, opções de bolsas, atividades e enfoques acadêmicos. Também é possível saber se o candidato tem as notas necessárias para participar do processo seletivo.

PARA CADA PERFIL, UM PAÍS: COMO ESCOLHER O DESTINO IDEAL?

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Estudar fora tornou-se uma preocupação dentro das próprias universidades nacionais que, cada vez mais, investem na internacionalização do ensino. Ou seja, instituições públicas e privadas buscam

firmar acordos e convênios com instituições no exterior, facilitando a troca de estudantes entre países para cursar um semestre, um ano, ou até obter o duplo diploma.

É o caso de instituições como a Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.. Hoje, a FGV possui mais de 100 parcerias e 25% de seus alunos realizam intercâmbio. “Deslocamos mil alunos por ano, entre os que vêm para cá e os que enviamos para fora”, diz a professora Julia Von Maltzan Pacheco, coordenadora do Centro de Relações Internacionais. Entre os principais países de destino estão EUA, França e Alemanha.

COMO FUNCIONAM OS CONVÊNIOS ENTRE UNIVERSIDADES?

→ Informar-se sobre as oportunidades nas próprias instituições de ensino brasileiras é boa opção para estudar no exterior sem atrasar o curso

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a conclusão do curso. Além disso, os custos tendem a ser menores: por vezes, são oferecidas bolsas e, no caso das universidades privadas, o estudante continua a pagar a mesma mensalidade que paga no Brasil. Sem contar o apoio logístico muitas vezes dado pela universidade de destino com relação a acomodação e transporte.

Na maior parte das universidades conveniadas com a UFJF, não há necessidade de se pagar taxa e a própria universidade oferece bolsas aos alunos aprovados. “Em nosso ultimo edital foram abertas 303 vagas com 20 bolsas de intercâmbio com valor médio de US$ 5 mil”, diz Thiago. Além disso, a UFJF faz parte do projeto de idiomas Inglês Sem Fronteiras, em que os alunos realizam testes de inglês como o TOEFL através da própria universidade, sem pagar as taxas.

Na PUC, alunos bolsistas continuam isentos da mensalidade quando vão para fora. A FGV, por sua vez, oferece opções de financiamento para ajudar com a estadia. “Essa bolsa o aluno paga de volta no futuro, um ou dois anos após o término do curso”, explica Julia.

Para se candidatar, é fundamental que o aluno tenha proficiência em inglês ou na língua em que o curso é ministrado. “Precisamos ter certeza de que ele não vai ter problema para frequentar as aulas”, diz Julia.

A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) segue a mesma linha: hoje tem cerca de 300 convênios, a maior parte deles com EUA e França. “Dependendo do curso, mandamos também para Portugal, Espanha ou Alemanha”, diz Nancy Guimarães, coordenadora da Central de Cooperação Internacional da faculdade. Entre os pré-requisitos para se candidatar ao intercâmbio está ter cursado no mínimo 40 créditos na PUC-Rio, estar entre os 50% melhores alunos de seu departamento e não possuir mais do que três reprovações. A seleção é feita por uma banca da PUC após a análise de documentação.

A Universidade Federal de Juiz de Fora possui 137 acordos com instituições estrangeiras, sendo Portugal o principal destino. Há um edital de seleção que analisa projetos de extensão realizados pelo aluno e, além disso, o estudante deve enviar um vídeo defendendo a conquista de sua vaga, como explica Thiago Coelli, gerente de Intercâmbio Outgoing.

A vantagem de fazer um intercâmbio por meio da própria faculdade no Brasil é que as disciplinas cursadas fora podem contar créditos para o histórico escolar, de forma que o aluno não atrase

COMO FUNCIONAM OS CONVÊNIOS ENTRE UNIVERSIDADES?

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Embora não sejam obrigatórios, exames de proficiência são frequentemente exigidos dos alunos internacionais no processo de candidatura às universidades, especialmente em países em que a língua inglesa é oficial.

Esses testes são importantes para provar que o aluno é fluente em determinado idioma e, portanto, não encontrará barreiras para acompanhar aulas ministradas em outra língua.

Os exames são aplicados por entidades oficiais, que representam determinada cultura estrangeira no país – como é o caso do British Council, do Instituto Cervantes, da Aliança Francesa e do Goethe Institut. Dependendo do exame, não existe uma pontuação mínima para aprovação: cada universidade determina um nível de desempenho necessário aos candidatos.

“As faculdades academicamente mais fortes pedem notas mais fortes, e as mais fracas pedem

CONHEÇA OS PRINCIPAIS EXAMES DE PROFICIÊNCIA EXIGIDOS POR UNIVERSIDADES

→ Muito além do TOEFL e do IELTS: conheça os principais certificados exigidos por universidades para aceitar estudantes internacionais e saiba como prestá-los.

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países com cursos em inglês. “Por isso, escolha primeiro o destino para depois se preparar para os exames”, recomenda.

A nota do TOEFL vai de 0 a 120. Boas universidades costumam exigir um mínimo de 90 pontos, sendo que as notas para mestrado e doutorado tendem a ser ainda maiores. Já a pontuação do IELTS vai de 0 a 9. As inscrições para cada um dos exames podem ser feitas pela internet e o valor gira em torno de US$ 200 (cerca de R$ 750).

Ana Virginia também chama a atenção para provas como o CPE (Certificate of Proficiency in English) e CAE (Cambridge Advanced Examination), que não têm prazo de validade – interessantes, portanto, para o currículo profissional, porém raramente aceitas pelas universidades.“Quando você vai para o intercâmbio, eles exigem uma nota recente. O CPE é um exame muito difícil, então não vale a pena a pessoa estudar para ele sem ter um objetivo claro”, comenta.

ESPANHOL: DELE E SIELEOs DELE são os diplomas de língua concedidos pelo governo da Espanha. Eles têm validade por tempo indeterminado e, até ano passado, eram a

notas mais fracas. Conforme vai crescendo o nível acadêmico, o nível da nota vai subindo, inclusive para o intercâmbio”, explica Ana Virginia Kesselring, especialista na preparação de estudantes para provas de língua inglesa, como o TOEFL e o IELTS.

Por esse motivo, Ana Virginia alerta: o ideal é sempre escolher primeiro a universidade, para depois se preparar para determinado exame. No site das instituições é possível checar não apenas qual tipo de avaliação será exigido, mas também qual é a nota mínima necessária para ser admitido.

“Tem gente que acaba desistindo do sonho porque não tirou a nota na primeira vez que prestou o exame. Mas com dedicação, não é difícil conseguir”, diz a especialista. Para ela, vale a pena enfrentar a prova mais de uma vez, desde que haja empenho.

Na lista abaixo, conheça um pouco mais sobre os principais exames de proficiência para cada língua:

INGLÊS: TOEFL, IELTS E EXAMES DE CAMBRIDGETOEFL e IELTS são os dois mais comuns para a língua inglesa e podem inclusive ser exigidos por universidades de países em que esta não é a língua oficial, mas que têm cursos ministrados em inglês.Segundo Ana Virginia, o TOEFL predomina nos Estados Unidos, e o IELTS na Europa e demais

CONHEÇA OS PRINCIPAIS EXAMES DE PROFICIÊNCIA EXIGIDOS POR UNIVERSIDADES

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única referência de proficiência no idioma. Em 2015, porém, foi desenvolvido o SIELE, que compreende todas as variantes da língua e tem validade de dois anos. O exame é feito por uma parceria entre Espanha e México e será aplicado pela primeira vez em 2016.

Existem seis provas diferentes de DELE, que avaliam as competências e níveis de fluência da língua (do A1 ao C2). No site do Instituto Cervantes é possível saber mais sobre cada nível e descobrir o grau de dificuldade de cada um vendo modelos de exames.

O SIELE, por sua vez, será dividido em quatro provas que compreendem as diferentes competências da língua (leitura, audição, escrita e oral). O candidato pode optar por avaliar apenas algumas dessas competências. Os exames serão realizados de forma eletrônica em centros autorizados.

Assim como ocorre com a os exames em língua inglesa, é importante saber, antes de prestar a prova, qual é o nível de exigência da universidade para qual o estudante pretende se inscrever ou se o diploma é sequer uma exigência. Para intercâmbios de curta duração, não é comum que se exija o certificado. Em outros casos, não depende da nota em si, mas do diploma do nível certo.

Diferentemente dos exames de proficiência em inglês, porém, os DELE e o SIELE não podem ser prestados a qualquer momento. Há um cronograma de provas para cada ano: as inscrições em 2016, por exemplo, começam em abril e os valores para prestar os exames vão de R$ 210 a R$ 450.

FRANCÊS: DELF / DALFQuando falamos de língua francesa, falamos de DELF e DALF. No Brasil, a única instituição autorizada

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CONHEÇA OS PRINCIPAIS EXAMES DE PROFICIÊNCIA EXIGIDOS POR UNIVERSIDADES

a aplicá-los é a Aliança Francesa, que estabelece um mesmo calendário de provas e taxa de inscrição para todo o país.

Ao todo, são seis diplomas oficiais, correspondentes a seis níveis diferentes. No geral, universidades exigem diplomas dos níveis B2 ou C1 para admitir estudantes estrangeiros. Os diplomas têm validade permanente e, para prestá-los, é necessário fazer antes uma avaliação para saber o nível mais adequado. Mais informações sobre essas etapas estão no site da Aliança.

As provas são aplicadas duas vezes ao ano, uma no primeiro semestre e outra no segundo. Em 2016, as inscrições para participar das provas de junho vão do dia 14 de março até 15 de abril, e para prestar a prova em novembro vão de 15 de agosto a 16 de setembro. As inscrições devem ser feitas presencialmente em unidades da Aliança Francesa e custam entre R$ 172 a R$ 612.

ALEMÃO: GOETHE-ZERTIFIKATParticipar de aulas ministradas em alemão parece o maior dos desafios, por isso certo preparo é necessário.

Os exames que comprovam conhecimento deste idioma são chamados Goethe-Zertifikat e são aplicados pelo Goethe Institut no Brasil. Existem ao menos 11 avaliações, que medem os diferentes níveis de competência, desde A1 para iniciantes até C2 para o nível mais alto. Novamente, a exigência muda de universidade para universidade.

As provas acontecem duas vezes ao ano. O calendário para os exames que serão aplicados no primeiro semestre de 2016 está disponível no site da instituição. Valores vão de R$ 165 a R$ 575, dependendo do nível.

MANDARIM: HSKMenos conhecido que os outros exames, o HSK avalia a proficiência dos estudantes em mandarim. São seis níveis de avaliação, que medem, em termos gerais, a quantidade de vocabulário que o aluno domina – sendo uma faixa de 150 “hanzis” (caracteres chineses) para o nível I e 5 mil “hanzis” para o nível VI.

No Brasil, o Instituto Confúcio é o único órgão autorizado pelo governo da China a aplicar o HSK, bem como a versão do teste voltada para adolescentes, o YCT. As datas e os valores dos exames variam de acordo com os centros de aplicação, mas em geral são realizadas duas edições por ano, com valores que vão de R$ 30,00 a R$ 350,00.

Para quem pretende prestar o exame a fim de ser admitido em uma universidade chinesa, é importante observar que a maior parte dos cursos oferecidos a estrangeiros na China exigem certificado de inglês, e não de mandarim. Um diploma do idioma, porém, pode ser visto como diferencial pelos selecionadores, e também por recrutadores de grandes empresas.

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Você entende inglês com tranquilidade, mas trava na hora de falar? Ou consegue ler muito bem o espanhol, mas tem dificuldade ao entender diferentes sotaques? É difícil saber com certeza qual

o seu nível de proficiência em línguas estrangeiras, e muitas vezes não fica claro para o estudante em quais habilidades ele deve investir mais tempo e estudo a fim de adquirir fluência.

Um dos primeiros passos para saber em que melhorar é entender como essas habilidades são avaliadas em exames internacionais. O padrão por trás de todos os testes de certificação de proficiência é o quadro CEFR – sigla em inglês para “The Common European Framework of Reference for Languages”, ou O Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas.

VOCÊ É MESMO FLUENTE? AVALIE SUA PROFICIÊNCIA EM IDIOMAS ESTRANGEIROS

→ Conheça a tabela CEFR, na qual se baseiam todos os exames de línguas. Você pode usá-la para fazer uma avaliação do seu próprio nível de fluência.

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sejam equiparados. Por isso, são usados para elaboração de programas de línguas, exames, materiais didáticos… e também podem ser usados pelos estudantes para avaliar seu desempenho ou evolução na aprendizagem.

A Insigna compartilhou com o Estudar Fora o grid do CEFR. Com ele, você poderá entender qual o seu nível de proficiência em cada nível e entender em que deve melhorar para ser capaz de se comunicar de maneira efetiva.

Trata-se de uma escala internacional de parâmetros de desempenho em língua estrangeira que descrevem, de maneira ampla, as competências de um usuário em cada etapa do processo de ensino-aprendizagem de um idioma estrangeiro.

Segundo Ângela Coy, diretora da Consultoria de desenvolvimento e aprimoramento profissional Insigna, o CEFR fornece uma comparação de proficiência em diferentes idiomas e permite que resultados de diferentes testes internacionais

VOCÊ É MESMO FLUENTE? AVALIE SUA PROFICIÊNCIA EM IDIOMAS ESTRANGEIROS

A1UTILIZADOR BÁSICO

A2UTILIZADOR BÁSICO

B1UTILIZADOR INDEPENDENTE

COM

PREE

ND

ERCo

mpr

eens

ão O

ral Sou capaz de reconhecer palavras e

expressões simples de uso corrente relativas a mim próprio, à minha família e aos contextos em que estou inserido, quando me falam de forma clara e pausada.

Sou capaz de compreender expressões e vocabulário de uso mais frequente relacionado com aspetos de interesse pessoal como, por exemplo, família, compras, trabalho e meio em que vivo. Sou capaz de compreender o essencial de um anúncio e de mensagens simples, curtas e claras.

Sou capaz de compreender os pontos essenciais de uma sequência falada que incida sobre assuntos correntes do trabalho, da escola, dos tempos livres, etc. Sou capaz de compreender os pontos principais de muitos programas de rádio e televisão sobre temas atuais ou assuntos de interesse pessoal ou profissional, quando o débito da fala é relativamente lento e claro.

Leit

ura

Sou capaz de compreender nomes conhecidos, palavras e frases muito simples, por exemplo, em avisos, cartazes ou folhetos.

Sou capaz de ler textos curtos e simples. Sou capaz de encontrar uma informação previsível e concreta em textos simples de uso corrente, por exemplo, anúncios, folhetos, ementas, horários. Sou capaz de compreender cartas pessoais curtas e simples.

Sou capaz de compreender textos em que predomine uma linguagem corrente do dia-a-dia ou relacionada com o trabalho. Sou capaz de compreender descrições de acontecimentos, sentimentos e desejos, em cartas pessoais.

FA

LAR Inte

raçã

o O

ral

Sou capaz de comunicar de forma simples, desde que o meu interlocutor se disponha a repetir ou dizer por outras palavras, num ritmo mais lento, e me ajude a formular aquilo que eu gostaria de dizer. Sou capaz de perguntar e de responder a perguntas simples sobre assuntos conhecidos ou relativos a áreas de necessidade imediata.

Sou capaz de comunicar em situações simples, de rotina do dia-a- dia, sobre assuntos e atividades habituais que exijam apenas uma troca de informação simples e direta. Sou capaz de participar em breves trocas de palavras, apesar de não compreender o suficiente para manter a conversa.

Sou capaz de lidar com a maior parte das situações que podem surgir durante uma viagem a um local onde a língua é falada. Consigo entrar, sem preparação prévia, numa conversa sobre assuntos conhecidos, de interesse pessoal ou pertinentes para o dia-a-dia (por exemplo, família, passatempos, trabalho, viagens e assuntos da atualidade).

Pro

duçã

o O

ral Sou capaz de utilizar expressões e

frases simples para descrever o local onde vivo e pessoas que conheço.

articular expressões de forma simples para descrever experiências e acontecimentos, sonhos, desejos e ambições. Sou capaz de explicar ou justificar opiniões e planos. Sou capaz de contar uma história, de relatar o enredo de um livro ou de um filme e de descrever as minhas reações.

Sou capaz de articular expressões de forma simples para descrever experiências e acontecimentos, sonhos, desejos e ambições. Sou capaz de explicar ou justificar opiniões e planos. Sou capaz de contar uma história, de relatar o enredo de um livro ou de um filme e de descrever as minhas reações.

ESCR

EVER

Escr

ita

Sou capaz de escrever um postal simples e curto, por exemplo, na altura de férias. Sou capaz de preencher uma ficha com dados pessoais, por exemplo, num hotel, com nome, morada, nacionalidade.

Sou capaz de escrever notas e mensagens curtas e simples sobre assuntos de necessidade imediata. Sou capaz de escrever uma carta pessoal muito simples, por exemplo, para agradecer alguma coisa a alguém.

Sou Sou capaz de escrever um texto articulado de forma simples sobre assuntos conhecidos ou de interesse pessoal. Sou capaz de escrever cartas pessoais para descrever experiências e impressões.

B2UTILIZADOR INDEPENDENTE

C1UTILIZADOR AVANÇAD0

C2UTILIZADOR AVANÇAD0

Sou capaz de compreender exposições longas e palestras e até seguir partes mais complexas da argumentação, desde que o tema me seja relativamente familiar. Consigo compreender a maior parte dos noticiários e outros programas informativos na televisão. Sou capaz de compreender a maior parte dos filmes, desde que seja utilizada a língua padrão.

Sou capaz de compreender uma exposição longa, mesmo que não esteja claramente estruturada ou quando a articulação entre as ideias esteja apenas implícita. Consigo compreender programas de televisão e filmes sem grande dificuldade.

Não tenho nenhuma dificuldade em compreender qualquer tipo de enunciado oral, tanto face a face como através dos meios de comunicação, mesmo quando se fala depressa, à velocidade dos falantes nativos, sendo apenas necessário algum tempo para me familiarizar com o sotaque.

Sou capaz de ler artigos e reportagens sobre assuntos contemporâneos em relação aos quais os autores adotam determinadas atitudes ou pontos de vista particulares. Sou capaz de compreender textos literários contemporâneos em prosa.

Sou capaz de compreender textos longos e complexos, literários e não literários, e distinguir estilos. Sou capaz de compreender artigos especializados e instruções técnicas longas, mesmo quando não se relacionam com a minha área de conhecimento.

Sou capaz de ler com facilidade praticamente todas as formas de texto escrito, incluindo textos mais abstratos, linguística ou estruturalmente complexos, tais como manuais, artigos especializados e obras literárias.

Sou capaz de conversar com a fluência e espontaneidade suficientes para tornar possível a interação normal com falantes nativos. Posso tomar parte ativa numa discussão que tenha lugar em contextos conhecidos, apresentando e defendendo os meus pontos de vista.

Sou capaz de me exprimir de forma espontânea e fluente, sem dificuldade aparente em encontrar as expressões adequadas. Sou capaz de utilizar a língua de maneira flexível e eficaz para fins sociais e profissionais. Formulo ideias e opiniões com precisão e adequo o meu discurso ao dos meus interlocutores.

Sou Sou capaz de participar sem esforço em qualquer conversa ou discussão e mesmo utilizar expressões idiomáticas e coloquiais. Sou capaz de me exprimir fluentemente e de transmitir com precisão pequenas diferenças de sentido. Sempre que tenho um problema, sou capaz de voltar atrás, contornar a dificuldade e reformular, sem que tal seja notado.

Sou capaz de me exprimir de forma clara e pormenorizada sobre uma vasta gama de assuntos relacionados com os meus centros de interesse. Sou capaz de explicar um ponto de vista sobre um dado assunto, apresentando as vantagens e desvantagens de diferentes opções.

Sou capaz de apresentar descrições claras e pormenorizadas sobre temas complexos que integrem subtemas, desenvolvendo aspetos particulares e chegando a uma conclusão apropriada.

Sou capaz de, sem dificuldade e fluentemente, fazer uma exposição oral ou desenvolver uma argumentação num estilo apropriado ao contexto e com uma estrutura lógica tal que ajude o meu interlocutor a identificar e a memorizar os aspetos mais importantes.

Sou capaz de escrever um texto claro e pormenorizado sobre uma vasta gama de assuntos relacionados com os meus centros de interesse. Sou capaz de redigir um texto expositivo ou um relatório, transmitindo informação ou apresentando razões a favor ou contra um determinado ponto de vista. Consigo escrever cartas evidenciando o significado que determinados acontecimentos ou experiências têm para mim.

Sou capaz de me exprimir de forma clara e bem estruturada, apresentando os meus pontos de vista com um certo grau de elaboração. Sou capaz de escrever cartas, comunicações ou relatórios sobre assuntos complexos, pondo em evidência os aspetos que considero mais importantes. Sou capaz de escrever no estilo que considero apropriado para o leitor que tenho em mente.

Sou capaz de escrever textos num estilo fluente e apropriado. Sou capaz de redigir de forma estruturada cartas complexas, relatórios ou artigos que apresentem um caso com uma tal estrutura lógica que ajude o leitor a aperceber-se dos pontos essenciais e a memorizá-los. Sou capaz de fazer resumos e recensões de obras literárias e de âmbito profissional.

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P ara quem está fazendo um intercâmbio durante a graduação ou pós-graduação, estágios em empresas estrangeiras são uma boa opção para começar ou turbinar a carreira. A notícia ruim é que são poucos

os países que permitem ao estudante estrangeiro trabalhar enquanto estuda no exterior. Já a notícia boa é que, nesses lugares, é bem fácil conseguir a permissão para realizar os dois.

Austrália, Nova Zelândia, Irlanda, Estados Unidos e Canadá são os destinos mais certos para quem procura aliar experiência acadêmica e estudantil, mas cada um oferece oportunidades diferentes. Por isso, é importante o estudante primeiro decidir o que pretende com a sua experiência internacional e depois selecionar o melhor lugar para vivê-la.“Cada país tem um processo próprio para conseguir cada tipo de permanência,e elas dão direito a coisas diferentes em cada um deles”, explica Ana Karla, da agência STB. No geral, segundo ela, a permissão para trabalhar é obtida no próprio país, uma vez que o estudante já está lá.

SAIBA COMO E ONDE É POSSÍVEL FAZER ESTÁGIO DURANTE O INTERCÂMBIO

→ Via agência ou contato direto com empresas, há opções em diversas áreas para quem quer viajar e ainda adquirir experiência profissional

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reconhecido por órgãos dos dois países para que o estágio seja legalizado e o estudante aprovado para o visto, que varia de país para país.

Embora com restrições para permissão de trabalho a intercambistas, os Estados Unidos oferecem boas opções de estágio na área de estudo. “Para quem quer investir na carreira, é uma boa”, diz Frigo. Ele alerta, porém, que a burocracia do visto pode confundir: quem vai realizar um intercâmbio de curta duração e/ou um estágio recebe o visto J1, que permite exercer atividades relacionadas ao programa de estudos, trabalhando até 20 horas semanais. Já no caso de cursos em instituições profissionais ou não-acadêmicas, como cursos profissionalizantes, o visto necessário é o M-1, que autoriza a realização de atividades remuneradas que sejam exigências do curso.

As opções vão desde estágio na própria área de estudo – a mais interessante para turbinar o currículo – até trabalhos operacionais (como caixas de lojas, garçons e ajudantes de cozinha), alternativa escolhida para bancar o curso de idiomas e praticar a língua.

“Quando falamos de Austrália e Nova Zelândia, geralmente os estudantes saem daqui para estudar inglês e lá obtêm a permissão com o departamento de imigração local”, explica Eduardo Frigo, gerente de produtos da Central de Intercâmbio. Basicamente, diz ele, basta ter o visto de estudante e abrir uma conta no banco. Já no caso da Irlanda também é necessário declarar, no momento de ingresso no país, a quantia de 3 mil euros, que será utilizada para abrir uma conta bancária irlandesa.

No Canadá, a permissão de trabalho é concedida a alunos matriculados em cursos técnicos ou vocacionais, e a solicitação deve ser feita no próprio aeroporto com um oficial de justiça. Para trabalhar, também será necessário abrir conta no banco e ter endereço fixo no país. Neste caso, Frigo não recomenda ao estudante realizar cursos em sua própria área de estudo: “Um estudante de administração vai rever tudo que ele já viu na faculdade no Brasil, pois trata-se de um programa técnico. Eu recomendaria complementar com outro curso, como de marketing ou finanças”, aconselha.

ESTÁGIO NA ÁREA DE ESTUDOPara realizar estágios na própria área de estudo, remunerados ou não, o leque de países se torna maior: o primeiro passo é ser aceito para uma vaga em determinada empresa. Existem agências especializadas em facilitar esse contato, como é o caso da IAESTE (International Associatiation for the Exchange of Students for Technical Experience). Outra opção é fazer o contato diretamente com o empregador.

No contato independente com empresas, chamado de self-placement, os detalhes (remuneração, período, tipo de trabalho) são acertados entre o estudante e o empregador, e o acordo precisa ser

SAIBA COMO E ONDE É POSSÍVEL FAZER ESTÁGIO DURANTE O INTERCÂMBIO

O QUE VOCÊ PRECISA SABER

O estágio é remunerado? Depende do programa. De qualquer forma, a remuneração cobre os custos básicos e não inclui gastos com passagem aérea ou taxas da agência.

Quais áreas podem ir? Todas, exceto saúde. A maior parte das vagas, porém, está nos segmentos de tecnologia, engenharia e hotelaria.

Como encontrar vagas? Em sites de empresas ou por meio de agências de intercâmbio.

Tenho vaga, já posso ir? Não. Para ser válido, o acordo deve ser reconhecido por órgãos dos dois países – o que também é fundamental para a obtenção do visto de trabalho temporário.

Quais são os pré-requisitos? Ter entre 18 e 32 anos, ter formação na área de interesse, e possuir nível intermediário na língua do país de destino.

Quais são os países mais concorridos? Canadá e Estados Unidos.

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Eagora, onde vou dormir?!” - é o que perguntam estudantes quando se dão conta de que, durante alguns meses, estarão distantes da sua casa e do seu conforto, explorando um novo país.

Não é uma pergunta boba: encontrar um lugar para morar durante o intercâmbio pode parecer um grande desafio, considerando que será por um período determinado de tempo e que as regras de aluguel diferentes de cada país podem complicar a vida.

Embora seja desafiador, não há razão para pânico: as leis tendem a ser menos complicadas do que no Brasil e existem sites e grupos no Facebook de alunos dispostos a ajudar - além, claro, da própria universidade de destino, que geralmente oferece opções de alojamento.

VEJA DICAS DE COMO ESCOLHER UM LUGAR PARA MORAR DURANTE O INTERCÂMBIO

→ Ficar em alojamento da universidade ou dividir um apartamento com outros estudantes? Saiba as vantagens e desvantagens de cada opção

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geralmente mais caro que morar fora. Na época, pagava cerca de US$ 2.500 para morar um semestre e comer no refeitório”.

Huntington é uma cidade muito pequena, rodeada por florestas, e a universidade ocupa a maior parte do lugar, o que faz da experiência de morar lá bem diferente da de uma cidade grande, conta Ana. Ela dividia o quarto com uma americana, estudante de ciências ambientais, que tinha em seu computador sons de todos os pássaros americanos. “Antes de ir, você preenche um formulário com o seu perfil para ver quem vai ser seu ‘roommate’. Então eu fui morar com uma pessoa que eu nunca tinha visto, mas me dei bem com ela e, no fim, gostei muito da experiência”, relembra.

O quarto de Ana tinha um armário embutido, uma cama e uma escrivaninha com prateleiras para cada morador. A limpeza ficava por conta dos estudantes. No prédio, havia lugar para lavar roupa e uma sala com mesas e sofás, onde os alunos estudavam juntos até de madrugada. Havia um banheiro por andar, com quatro chuveiros ou mais. “A faculdade tinha um clima muito familiar, fiz vários amigos, íamos ver filmes um no quarto do outro... era bem divertido”, lembra.

Veja algumas dicas para ajudar a procurar:

ALOJAMENTOAlojamentos são pequenos apartamentos ou quartos oferecidos pela própria universidade. Geralmente ficam dentro do campus ou bem próximos a ele e são divididos entre dois ou mais estudantes.

A vantagem do alojamento é a proximidade com o campus, que permite não só economizar tempo de transporte mas também viver a experiência da universidade ao máximo. Além disso, a busca é bem menos trabalhosa, por ser arranjado pela própria instituição. Em contrapartida, os valores tendem a ser mais caros do que um aluguel comum (a “tuition”, taxa paga à universidade, pode incluir também as refeições) e por vezes ficam muito afastados do centro da cidade, um inconveniente para fazer compras ou conhecer as redondezas.

Em alguns casos, morar no alojamento não é apenas uma opção, mas uma obrigação. Foi o que aconteceu com Ana Carolina Marques quando decidiu cursar um semestre de jornalismo em Juniata Collete, em Huntington, Pennsylvania.

“Tinha uma regra de que os alunos do primeiro ano e os intercambistas precisavam morar nos ‘dorms’. Então a primeira dica é conferir a regra da faculdade”, conta Ana. “Morar em alojamento é

VEJA DICAS DE COMO ESCOLHER UM LUGAR PARA MORAR DURANTE O INTERCÂMBIO

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Gustavo Estrela de Matos também aprovou a experiência de morar na Universidade. Segundo ele, no edital do Ciências sem Fronteiras, programa do qual é bolsista, o estudante é obrigado a ficar em alojamento, a não ser que a universidade não tenha a facilidade ou prove que não existem vagas.

Em College Station, onde cursa atualmente ciências da computação na Texas A&M University, ele vive dentro do campus em um pequeno apartamento de dois quartos com três americanos – o lugar conta com sala, cozinha e banheiro.

Já o estudante de letras Danilo Crespo optou pelo alojamento por uma questão de comodidade quando se mudou para Kyoto, em 2013. “Na KUFS (Kyoto University of Foreign Studies) você tem a opção de encontrar por conta própria um lugar para morar, mas, em geral, eles fazem isso para você”, conta.

“Por se tratar do Japão, achei uma ótima opção, porque os japoneses têm muitos detalhes em transações e raramente falam inglês, portanto é mais fácil fazer os trâmites com a faculdade do que, do outro lado do mundo, arranjar um lugar pra ficar”, explica ele, que ficou um ano no país.

APARTAMENTO E RESIDÊNCIAS PARA ESTUDANTESQuando foi fazer um curso de inglês na ELS Language Centers em 2010, a também jornalista Renata Rogé não gostou da opção de residência que a instituição tinha a oferecer. “Era muito longe, nos confins do Brooklyn, e eu queria morar em Manhattan. Também poderia ficar na casa de uma família, mas tinha medo de não me dar bem com as pessoas”, lembra.

Com apenas 18 anos, antes de fazer as malas e partir, Renata pesquisou exaustivamente na internet outras opções de moradia para estudantes e acabou encontrando a residência do exército de salvação só para mulheres. “O nome pode parecer esquisito, mas era um lugar ótimo. Pagava basicamente o mesmo preço que o alojamento, mas para ter um quarto só meu e no centro da cidade. Era mais seguro, perto da escola e tinha muita gente da minha idade”, comenta.

Não ficar no alojamento da ELS também foi conveniente quando Renata decidiu esticar sua experiência nos Estados Unidos: os três meses inicialmente planejados acabaram virando 12, durante os quais a estudante fez cursos de “travel

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writing” em outra instituição próxima, a New York University (NYU).

“Foi uma experiência muito boa de morar sozinha numa cidade como Nova York. Mas não é fácil encontrar: você precisa correr atrás, pesquisar, ligar e perguntar para encontrar o lugar certo”, recomenda.Tal como Renata, a economista Lara Vilela não quis se mudar para o alojamento da Universidad Carlos III quando realizou um intercâmbio na Espanha, em 2012. “A faculdade ficava em uma cidade satélite e achei que minha prioridade era conhecer Madri, então não faria sentido morar longe da capital”.

Lara pagava cerca de 300 euros em seu apartamento de três quartos em Salamanca, bairro nobre da cidade – valor menor do que o do alojamento, em que talvez tivesse que dividir quarto. Vivia com uma inglesa e uma tcheca, estudantes da mesma universidade, e levava cerca de 40 minutos de trem para chegar às aulas todos os dias. Em compensação, ia a pé para o famoso parque El Retiro, para diversos museus, centros culturais e bares.

Para encontrar o apartamento, ela pesquisou em sites especializados como o Idealista.com e Easypiso,

espécies de Zap Imóveis espanhóis. Também entrou em grupos no Facebook em que estudantes compartilhavam vagas disponíveis em suas casas. Na Espanha, não é necessário ter um fiador para alugar um apartamento, mas é cobrado um depósito com antecedência - em geral, um mês de aluguel a mais que será devolvido no fim do contrato ou utilizado para reparar danos ao imóvel. “Acho que valeu a pena, a cidade era mais confortável e tinha mais coisas para fazer”, conclui.

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PARTE II: VOLTEI, E AGORA?

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S aber inglês hoje em dia não é mais um diferencial no mercado de trabalho – é uma exigência. Conhecer o mundo fora de sua bolha, então, é essencial. Para Ricardo Ribas, gerente executivo da empresa de

recrutamento Page Personell, realizar um intercâmbio é ainda mais do que isso.

“O inglês aumenta a média salarial entre 10% e 15% na mesma posição – inclusive no mercado brasileiro. Para mercados internacionais, então, é pré-requisito”, afirma o especialista. Segundo ele, atualmente apenas 4% dos profissionais no mercado têm domínio da língua inglesa, o que mostra como ainda é relativamente pequeno o número de pessoas que têm a oportunidade de estudar no exterior. Mesmo assim, ele ressalta, morar fora não é só uma questão de idioma.

“Morar fora é se adaptar e interagir com uma nova cultura, ver que o mundo é muito maior que sua cidade e também desenvolver competências comportamentais”, afirma.

Por isso, não existe uma idade certa para correr atrás de uma oportunidade. “Conheço pessoas que foram aos 40 porque sentiram que o mercado ou o novo cargo que iria assumir exigia aquilo”, exemplifica.

MORAR FORA NÃO É SÓ UMA QUESTÃO DE IDIOMA’, DIZ ESPECIALISTA EM RECRUTAMENTO

→ Muito além da fluência em outra língua, saiba a importância de uma experiência internacional para quem procura emprego.

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pode projetar a carreira do profissional. Mas não podemos generalizar: o intercâmbio não vai garantir a carreira de ninguém. Às vezes pegamos pessoas com expectativas muito altas, que nem sempre conseguem mostrar que aproveitaram a experiência para desenvolver as características necessárias”, alerta.

Entre as áreas em que um intercâmbio pode ser uma experiência valiosa, Ribas destaca posições gerenciais ou em consultorias nacionais, além de análise financeira e marketing.

A vivência internacional, segundo ele, chega a ser um pré-requisito em consultorias de projetos globais ou voltadas para análise financeira e compras. “Em logística, geralmente o comprador vai algumas vezes se deslocar para realizar compras e com essa experiência no currículo ele mostra que tem mais facilidade

Segundo ele, cada momento pede um curso ou oportunidade diferente. “Não adianta ir para fora fazer um curso de ‘conversation’ quando você já tem inglês fluente e poderia fazer um curso na sua área. É importante pensar fora da caixa”.

OS DIFERENCIAISAlém de ajudar a abrir a cabeça para outras perspectivas, conviver com diferentes pessoas também oferece uma rede de contatos que pode ajudar na carreira futura, afirma Ricardo. “Pessoas que investem nisso colhem frutos de forma internacional e se recolocaram muito facilmente na volta ao Brasil através do networking que fez”, completa.

Mas o consultor faz uma ressalva: “Sem dúvida, quando pensamos nas habilidades comportamentais, a experiência internacional

MORAR FORA NÃO É SÓ UMA QUESTÃO DE IDIOMA’, DIZ ESPECIALISTA EM RECRUTAMENTO

PESQUISAS

Dois estudos recentes avaliaram o diferencial na carreira de se realizar um intercâmbio e chegaram às mesmas conclusões apontadas por Ribas: estudantes que passaram um período no exterior têm maiores chances de encontrar emprego e assumir cargos de diretoria. As pesquisas, divulgadas pelo site Inside Higher ED, foram feitas com participantes do Erasmus, programa de mobilidade estudantil entre países da União Europeia e países associados.

A primeira pesquisa foi realizada por uma comissão da União Europeia que examinou, região por região, os impactos do programa. Feito com mais de 50 mil alunos, 18 mil profissionais e 652 empregados, o estudo chegou à conclusão de que estudantes participantes do Erasmus saem na vantagem ao procurar um trabalho: apenas 2% levavam mais de 12 meses para encontrar o primeiro emprego, ante 4% dos não-participantes. Cinco anos após a graduação, a taxa de desemprego entre intercambistas era 23% mais baixa que entre não-intercambistas.

O Erasmus Impact Study também avaliou o impacto de estudar em outro país no desenvolvimento de certos aspectos da personalidade, como tolerância, curiosidade, confiança, serenidade e determinação. O estudo mostrou que os alunos que fazem intercâmbio já têm uma predisposição a essas características maior do que os que não fazem, mas também mostrou que os alunos aprimoram ainda mais essas capacidades durante a experiência internacional.

Segundo Uwe Brandenburg, coordenador dos estudos, o diferencial deles é que, pela primeira vez, foi utilizado um método que de fato mede a relação entre empregabilidade e traços de personalidade. “Não basta perguntar aos alunos se eles acham que mudaram como consequência da experiência sem de fato testar essas mudanças”, afirma.

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Em 2013, quando era estudante de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Baldivia Júnior tomou uma decisão atípica: morar um semestre na Escandinávia. Seu país de destino foi

a Dinamarca, território nórdico com 5,7 milhões de habitantes, com o 20º maior PIB per capita do mundo e conhecido por ser a terra natal do Lego.

Porém, não foi nenhuma dessas características que atraiu o estudante: “Por ser de Relações Internacionais, sempre tive uma inclinação para conhecer culturas diferentes, ou seja, descobrir lugares que não estão no radar dos brasileiros. Isso fez com que eu pesquisasse muito antes de escolher o destino do meu intercâmbio”.

Ele conta que tomou a decisão quando descobriu o Danish Way of Teaching, com aulas que estimulam a reflexão, participação e liberdade no planejamento de estudo. “Fiquei apaixonado e tive certeza que

‘O INTERCÂMBIO ME DEU VISÃO CRÍTICA PARA DESTRUIR NOSSO COMPLEXO DE VIRA-LATA’

→ Ao estudar um semestre na Dinamarca, José Roberto aprendeu que países ricos também têm grandes problemas

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empresa especializada em consultoria de gestão. “O intercâmbio foi com certeza determinante para os rumos que tomei. Hoje em dia em qualquer processo seletivo você acaba sendo demandado por isso. Está relacionado a fluência em idiomas, acesso a informação... quando você está em outro ambiente, você conhece outras referências para ler, ver e curtir.”

Da Dinamarca, ele sente falta da sensação de segurança, de fazer mais coisas a pé e da cordialidade das pessoas na rua. “Talvez bata um pouco no lugar comum com isso, mas são pequenas coisas que faziam parte da minha rotina”, conclui.

queria viver essa experiência”, completa.O mundo de Legos tampouco foi o que encontrou quando de fato chegou a Universidade de Aarhus, localizada na segunda maior cidade do país – depois da capital, Copenhague. “Fazer esse intercâmbio me deu uma visão muito crítica, que destruiu ainda mais a ideia de complexo de vira-lata que temos. Fui para um país nórdico, que temos a impressão de ser o crème de la crème, mas descobri que lá existem problemas também”, conta José.

Os problemas encontrados foram determinantes para o seu crescimento pessoal, diz o estudante. E profissional também. Ao retornar, José Roberto conseguiu um estágio no consulado da Dinamarca em São Paulo. “Fui contratado porque conhecia bem a dinâmica do país, e lá tinha muita liberdade para criar, propor mudanças, esse tipo de coisa. Não ficava preso ao ‘bê-a-bá’ do estágio, o que me ajudou muito”, diz.

Essa liberdade permitiu a José desenhar, por conta, um projeto de smart cities que recebeu uma verba do Ministério das Relações Exteriores dinamarquês para ser desenvolvido. “A ideia era pensar em como criar cidades mais sustentáveis usando tecnologia. Se você tem uma experiência de trabalho em que consegue agregar seus conhecimentos, isso vai se refletir para o resto de sua carreira”.

Após deixar o consulado, José ainda fez um estágio na Organização dos Estados Americanos (OEA) e hoje, formado, trabalha para a Falconi,

‘O INTERCÂMBIO ME DEU VISÃO CRÍTICA PARA DESTRUIR NOSSO COMPLEXO DE VIRA-LATA’

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Omundo assustava Jéssica Faria Ribeiro quando ela deixou Juiz de Fora, município no interior de Minas Gerais, para viver um ano na cosmopolita capital inglesa, Londres.

Era janeiro de 2013. Como estudante de jornalismo da UFJF, optou por um curso de cinema na old smoke - apelido da metrópole conhecida por seus nevoeiros – onde foi morar em uma região com grande quantidade de imigrantes de diversas partes do mundo.

“Isso foi incrível para que eu tivesse outra perspectiva sobre o país, pois interferiu na comida que eu experimentava, nos shows a que fui e na própria paisagem de Londres”, conta Jéssica.

A escolha por um curso complementar ao seu, diz ela, serviu para lhe abrir os olhos para outras opções de emprego. “Mas, mais que isso, acredito que voltei com um novo olhar sobre o nosso país e mais focada no que me interessa”, explica.

"O MUNDO JÁ NÃO ME ASSUSTA MAIS TANTO QUANTO ANTES", DIZ INTERCAMBISTA PREMIADA POR CURTA

→ Após estudar um ano de cinema em Londres, jornalista se viu motivada a seguir sua paixão pelo cinema e produziu filme sobre uma casa de forró

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mais motivada a arriscar mais, a seguir o que acredito. Além disso, o mundo já não me assusta tanto quanto antes."

Ao retornar, além do choque que teve com o verão nacional e com a forma mais calorosa de os brasileiros se relacionarem, também optou por mudra seu projeto de conclusão de curso. Jéssica fez, durante quase três anos, parte do grupo PET, de pesquisa e extensão. Ao voltar, porém, já não quis fazer um trabalho teórico como sua monografia: decidiu fazer um curta-metragem sobre uma casa de forró local, o Forró da Marlene.

“Eu escolhi o tema por ler uma matéria no jornal da minha cidade, Juiz de Fora, a respeito da história dessa mulher. Isso me sensibilizou muito e me atraiu, pois o espaço é muito conhecido na cidade, mas poucas pessoas sabem sobre a sua proprietária”, conta.

O filme foi premiado duplamente no Festival Primeiro Plano, também de Juiz de Fora: levou o júri popular e o prêmio incentivo, que dá auxilio financeiro para que o cineasta realize um próximo filme.

“Acredito que essa mudança se deva muito ao meu intercâmbio e a um jeito que eu passei a enxergar com mais clareza o que me atrai no Brasil e que o diferencia do resto do mundo”, diz.

A experiência encorajou a estudante a seguir na área do cinema e a investir em aprender mais o que não tinha visto na faculdade no Brasil. “Acho que fiquei mais encorajada a mudar de país, a começar do zero caso seja necessário”, comenta. "Me vejo

"O MUNDO JÁ NÃO ME ASSUSTA MAIS TANTO QUANTO ANTES", DIZ INTERCAMBISTA PREMIADA POR CURTA

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Omundo assustava Jéssica Faria Ribeiro quando ela deixou Juiz de Fora, município no interior de Minas Gerais, para viver um ano na cosmopolita capital inglesa, Londres.

Pedro Thomas não faz decisões ao acaso. Um dos motivos que o levou a estudar economia na PUC-Rio foi saber que a faculdade possuía bons programas de intercâmbio. Três anos mais tarde, como previsto, se inscreveu para um deles. Sua escolha? A Universidade da Califórnia em Berkeley, cravada no meio do Vale do Silício, centro global de empreendedores.

“Berkeley tem um curso de economia que está entre os melhores do mundo. Esse foi o principal motivo de ter escolhido aplicar para lá”, conta o estudante.

Como era bolsista da PUC, Pedro também não precisou pagar a tuition da instituição no exterior. Além disso, obteve uma bolsa da Fundação Estudar, que lhe ajudou a arcar com os demais custos de vida nos Estados Unidos, como moradia e alimentação. “Isso fez com que a opção de fazer

“INTERCÂMBIO ME FEZ ENXERGAR MAIS LONGE E ELEVAR A BARRA”, DIZ EX-INTERCAMBISTA DE BERKELEY

→ Apaixonado por empreendedorismo, Pedro Thomas decidiu estudar um ano em uma universidade cravada no Vale do Silício, centro global de empreendedores

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“Saí de um ambiente onde as pessoas estavam motivadas, onde meus amigos encontravam ótimos empregos e onde as coisas em geral funcionava bem, para um ambiente de extrema incerteza que é o Brasil atual”.

A despeito das inseguranças, em alguns meses encontrou um bom estágio e a motivação para continuar os projetos e trabalhos. "Apesar de a gente ouvir isso o tempo todo, não é fácil reconhecer que é dos problemas que surgem as oportunidades. Sigo na luta para aos poucos construir uma carreira de sucesso e contribuir, no meu dia a dia, para que o Brasil possa crescer concomitantemente.”

intercâmbio fosse ainda mais atrativa no meu caso”, diz.

Pedro sempre foi de certa forma um empreendedor. Em 2013, junto a outros dois colegas universitários, fundou o formigueiro.org, site de financiamento coletivo voltado para projetos educacionais, inspirado no americano donorschoose.org. Desde que foi lançado, a plataforma arrecadou cerca de R$ 35 mil de 300 doadores, beneficiando mais de 650 crianças no país.

Com esse perfil, ter ido estudar na Califórnia foi mais uma das decisões de Pedro feitas nada ao acaso. “Berkeley abriu minha cabeça de diversas formas. Por conviver com pessoas fenomenais o tempo todo e estar em um ambiente que estimula a criatividade, o empreendedorismo e o estudo, acabei aumentando muito meu gás para estudar e também para realizar projetos pessoais”, comenta. “A gente passa a enxergar mais longe e elevar a barra”.

A vivência com pessoas com costumes completamente diferentes dos seus também foi determinante para seu aprendizado no exterior. "Era uma diversidade incrível de organizações estudantis e de eventos culturais acontecendo a todo o momento”, lembra.

Ao retornar ao Brasil em meio ao ano passado, porém, levou um choque: deparou-se com a atual crise política e financeira. Amigos seus não eram efetivados no estágio e muitos adiavam planos.

“INTERCÂMBIO ME FEZ ENXERGAR MAIS LONGE E ELEVAR A BARRA”, DIZ EX-INTERCAMBISTA DE BERKELEY

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TextosBeatriz Montesanti

EdiçãoNathalia Bustamante

Design

Danilo de Paulo e Renata Monteiro

Fundação Estudar, 2016