escolha das forrageiras e qualidade de sementes

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22 ESCOLHA DAS FORRAGEIRAS E QUALIDADE DE SEMENTES Ademir Hugo Zimmer 1 Jaqueline Rosemeire Verzignassi 2 Valdemir Antonio Laura 3 Cacilda Borges do Valle 4 Liana Jank 5 Manuel Claudio Motta Macedo 6 INTRODUÇÃO Dos mais de 100 milhões de ha de pastagens cultivadas no Brasil, mais de 70% são do gênero Brachiaria e, na região dos cerrados, com 60 milhões de ha, 85% são deste gênero, 12% de Panicum e o restante outros gêneros (Macedo, 2005). Pode-se inferir, então, que no Brasil são cultivados mais de 70 milhões de hectares de pastagens de braquiárias e mais de 90% desta área é ocupada por duas espécies, B. brizantha e B. decumbens, com predominância ampla de duas cultivares, a Marandu e a Basilisk e, mais recentemente, a Xaraés. ESCOLHA DA FORRAGEIRA As forrageiras têm potenciais distintos de adaptação nos diferentes ecossistemas e são diversos os fatores que caracterizam cada um deles. Portanto, a escolha da forrageira, além de considerar os aspectos produtivos desejados, deve recair sobre aquelas adaptadas às condições de clima e solo do local. Além disso, é muito importante promover a diversificação de espécies e, com isso, minimizar os riscos ambientais e atender as demandas das diferentes categorias animais normalmente presentes na propriedade rural. As condições de solo podem ser modificadas pela calagem e adubação, possibilitando o cultivo de forrageiras mais exigentes em solos deficientes. Já, as condições de clima dificilmente podem ser controladas. Apenas a irrigação pode suprir o déficit hídrico em algumas circunstâncias, mas é um processo de custo elevado e nem sempre eficiente, pois depende da forrageira responder favoravelmente a todas as outras condições ambientais. Nas condições tropicais, para cada tipo de ambiente existe uma forrageira com melhor potencial de adaptação e capacidade de produção. Na Tabela 1 são apresentadas as características de quatro ecossistemas tropicais típicos e a adaptação ou não de gramíneas e leguminosas forrageiras a eles. Esses resultados são uma súmula de muitas avaliações em rede coordenadas pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), localizado na Colômbia, em parceria com instituições nacionais de vários países latino-americanos (Miles & Lapointe, 1992). Tais informações comprovam o grande potencial de adaptação das gramíneas nos diversos ecossistemas, o que explica a utilização de cultivares de Brachiaria em mais de 70% das áreas de pastagens no Brasil e, também, de algumas cultivares de Panicum (cv. Tanzânia, Mombaça e Massai) nas mais variadas condições. Já, entre as leguminosas, todas apresentam alguma restrição quanto à adaptação aos ecossistemas. Isto contribui para a sua utilização mais restrita e é importante que seja considerada nos programas de seleção e melhoramento dessas espécies. As características de Mato Grosso do Sul são as típicas dos Cerrados, com altitude de 530 m, temperatura média de 24°C, precipitação de 1.550 mm e com pelo menos três meses de seca. A adaptação das diversas espécies é boa, mas diferenciam-se principalmente em função do balanço hídrico de região. Na Figura 1 encontram-se as características para um Latossolo com textura argilosa, com capacidade máxima de retenção de água de 75 mm, em Campo Grande, 1 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 2 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 3 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 4 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 5 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 6 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected]

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ESCOLHA DAS FORRAGEIRAS E QUALIDADE DE SEMENTES

Ademir Hugo Zimmer1

Jaqueline Rosemeire Verzignassi2 Valdemir Antonio Laura3 Cacilda Borges do Valle4

Liana Jank5 Manuel Claudio Motta Macedo6

INTRODUÇÃO

Dos mais de 100 milhões de ha de pastagens cultivadas no Brasil, mais de 70% são do gênero Brachiaria e, na região dos cerrados, com 60 milhões de ha, 85% são deste gênero, 12% de Panicum e o restante outros gêneros (Macedo, 2005). Pode-se inferir, então, que no Brasil são cultivados mais de 70 milhões de hectares de pastagens de braquiárias e mais de 90% desta área é ocupada por duas espécies, B. brizantha e B. decumbens, com predominância ampla de duas cultivares, a Marandu e a Basilisk e, mais recentemente, a Xaraés.

ESCOLHA DA FORRAGEIRA

As forrageiras têm potenciais distintos de adaptação nos diferentes ecossistemas e são diversos os fatores que caracterizam cada um deles. Portanto, a escolha da forrageira, além de considerar os aspectos produtivos desejados, deve recair sobre aquelas adaptadas às condições de clima e solo do local. Além disso, é muito importante promover a diversificação de espécies e, com isso, minimizar os riscos ambientais e atender as demandas das diferentes categorias animais normalmente presentes na propriedade rural.

As condições de solo podem ser modificadas pela calagem e adubação, possibilitando o cultivo de forrageiras mais exigentes em solos deficientes. Já, as condições de clima dificilmente podem ser controladas. Apenas a irrigação pode suprir o déficit hídrico em algumas circunstâncias, mas é um processo de custo elevado e nem sempre eficiente, pois depende da forrageira responder favoravelmente a todas as outras condições ambientais.

Nas condições tropicais, para cada tipo de ambiente existe uma forrageira com melhor potencial de adaptação e capacidade de produção. Na Tabela 1 são apresentadas as características de quatro ecossistemas tropicais típicos e a adaptação ou não de gramíneas e leguminosas forrageiras a eles. Esses resultados são uma súmula de muitas avaliações em rede coordenadas pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), localizado na Colômbia, em parceria com instituições nacionais de vários países latino-americanos (Miles & Lapointe, 1992).

Tais informações comprovam o grande potencial de adaptação das gramíneas nos diversos ecossistemas, o que explica a utilização de cultivares de Brachiaria em mais de 70% das áreas de pastagens no Brasil e, também, de algumas cultivares de Panicum (cv. Tanzânia, Mombaça e Massai) nas mais variadas condições. Já, entre as leguminosas, todas apresentam alguma restrição quanto à adaptação aos ecossistemas. Isto contribui para a sua utilização mais restrita e é importante que seja considerada nos programas de seleção e melhoramento dessas espécies.

As características de Mato Grosso do Sul são as típicas dos Cerrados, com altitude de 530 m, temperatura média de 24°C, precipitação de 1.550 mm e com pelo menos três meses de seca. A adaptação das diversas espécies é boa, mas diferenciam-se principalmente em função do balanço hídrico de região. Na Figura 1 encontram-se as características para um Latossolo com textura argilosa, com capacidade máxima de retenção de água de 75 mm, em Campo Grande,

1 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 2 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 3 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 4 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 5 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected] 6 Pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Correio eletrônico: [email protected]

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MS. Pode-se observar que, para precipitação total anual aproximada de 1.500 mm, tem-se excedente de água entre outubro e maio e déficit entre maio e setembro. Essa marcante sazonalidade na disponibilidade de água, causada pelo desequilíbrio entre precipitação e evaporação, associada à baixa fertilidade do solo que restringe o crescimento de raízes, e o fato de que podem ocorrer também períodos prolongados de estiagem em janeiro e fevereiro, conhecidos como veranicos, exige das plantas cultivadas um alto grau de adaptação.

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TABELA 1. Características ambientais dos sítios de seleção com suas respectivas espécies promissoras. Ambientes Local Carimágua, Colômbia Planaltina-DF, Brasil Atenas, Costa Rica Pucalpa, Peru Ecossistema Savana isohipotérmica Savana isotérmica Trópico subúmido Trópico úmido Altitude (m) 200 1.000 200 250 Temperatura (°C) 26,5 24,0 23,7 26,4 Precipitação (mm) 2.240 1.587 1.600 2.040 No meses secos 5 6 5 2 Solo Oxisol Oxisol Inceptisol Ultisol Gramíneas Andropogon gayanus + + + + Brachiaria brizantha + + + + Brachiaria decumbens + + + + Brachiaria dictyoneura + - + + Brachiaria humidicola + - + + Panicum maximum + + + + Leguminosas Arachis pintoi + - - + Calopogonium mucunoides - + - - Desmodium ovalifolium + - - + Leucaena leucocephala - - + - Pueraria phaseoloides + - - + Stylosanthes capitata + + - - Stylosanthes guianensis var. Pauciflora + + - - Stylosanthes guianensis var. Vulgaris - + + + + = adaptada ao ecossistema - = não adaptada ao ecossistema Fonte: Miles & Lapointe (1992).

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O gênero Brachiaria, segundo Valle et al. (2000), é considerado pantropical, com o seu centro de origem e diversidade na África. Muitas espécies de braquiárias são extensivamente utilizadas nas regiões de Savanas e em regiões de florestas tropicais na alimentação de ruminantes. Algumas das espécies mais utilizadas e suas principais características são apresentadas na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2. Principais atributos positivos das espécies de Brachiaria.

Espécies Atributos positivos Atributos negativos B. decumbens Alta produtividade sob uso intensivo,

tolerância a baixa fertilidade, boa performance sob sombra, boa qualidade forrageira

Suscetibilidade à cigarrinha-das-pastagens, baixa adaptação a solos mal drenados, suscetibilidade à podridão foliar fúngica, ocorrência de fotossensibilização hepatógena

B. brizantha Alta resistência à cigarrinha-das-pastagens, alta resposta à aplicação de fertilizantes, alta habilidade de cobertura do solo com domínio sobre invasoras, boa qualidade forrageira, alta produção de raízes e de sementes

Baixa adaptação a solos mal drenados, resistência moderada a seca, necessidade de solos medianamente férteis para persistência a longo prazo, suscetibilidade à mancha foliar fúngica

B. humidicola Hábito estolonífero com grande habilidade de enraizamento nos entrenós, adaptação a solos de baixa fertilidade, habilidade de cobertura do solo com domínio sobre invasoras, adaptação a solos mal drenados, baixo requerimento de P e Ca, tolerância à cigarrinha-das-pastagens

Baixa produção de sementes, baixa digestibilidade da matéria seca, baixa concentração de N e Ca na forragem, suscetibilidade à ferrugem foliar, ocorrência de "cara inchada" em eqüinos

B. ruziziensis Rápido crescimento no início da estação chuvosa, compatibilidade com leguminosas, alto potencial de produção de sementes, facilidade de estabelecimento, boa qualidade forrageira

Necessidade de solos bem drenados e de mediana fertilidade, alta suscetibilidade à cigarrinha-das-pastagens e à mancha foliar fúngica, baixa competição com invasoras

B. mutica Boa adaptação a solos mal drenados Baixa qualidade forrageira quando madura, baixa performance com leguminosas em geral

B. arrecta Adaptada a solos mal drenados Baixa adaptação a solos de baixa fertilidade, suscetível à cigarrinha-das-pastagens, pode apresentar níveis altos de nitrato na forragem

Fonte: Extraído e adaptado de Rao et al. (1996). As forrageiras do gênero Brachiaria apresentam características distintas, pois são varias as espécies e mesmo cultivares de uma mesma espécie e estas apresentam características variadas, como descrito a seguir e nas figuras 1, 2 e 3. B. brizantha cv. Marandu - Características diferenciadoras: plantas robustas com tendência ao intenso perfilhamento nos nós superiores dos colmos floríferos; presença de pelos na porção apical dos entrenós, bainhas pilosas e lâminas largas e longas com pubescência apenas na face ventral, glabras na face dorsal e com margens não cortantes; raque sem pigmentação arroxeadas e espiguetas ciliadas no ápice. Florescimento no fim do verão. cv. La Libertad MG4 - Algumas características dessa cultivar a diferenciam da cv. Marandu, como ausência de pelos na porção apical dos entrenós, as bainhas glabras com margens denticuladas e a raque estriada de cor arroxeada e verde. cv. Xaraés - enraizamento nos nós basais; mais alta que a cv. Marandu. Bainhas com pêlos claros, ralos. Folha mais larga (com até 64 cm de comprimento e 3 cm de largura) Inflorescência

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com até 7 rácemos quase horizontais, com pêlos junto às ramificações. O florescimento é tardio, ocorrendo em meados do outono (maio). cv. Piatã – planta de altura média, como cv. Marandu. Bainhas com pêlos claros, pouco densos.Folha com até 45 cm de comprimento e 1,8 cm de largura, áspera na face superior, bordos muito ásperos (cortantes). Inflorescência com até 12 rácemos quase horizontais, com pêlos longos claros. O florescimento é precoce e ocorre no início do verão (janeiro-fevereiro). B. decumbens cv. Basilisk - planta semi-ereta, até 1 m de altura com colmos geniculados, e enraizando nos nós. Tem rizomas pequenos e duros. Bainhas estriadas e densamente pilosas. Folha lanceolada com a ponta em forma de quilha, 10-25 cm de comprimento, 1,5 cm de largura. Inflorescência com 2-5 rácemos. O florescimento ocorre em dias longos de verão (janeiro-fevereiro) com maturação e colheita no cacho a partir de fevereiro-março. B. humidicola cv. comum – planta semi-ereta, com estolões longos, roxos, fortemente radicantes nos nós e ramificando em novas plantas. Colmos decumbentes, radicante nos nós. Folhas lineares, semicoriáceas, 10-30 cm de comprimento e 0,5 a 1,0 cm de largura, folhas dos estolões lanceoladas, 2 a 12 cm de comprimento e 0,8 a 1,2 de largura; inflorescência com 1 a 4 rácemos de 3 a 5 cm de comprimento. Anteras roxas. O florescimento é concentrado e ocorre no início do verão (dezembro-janeiro). cv. Llanero – planta estolonífera, com estolões longos, de cor arroxeada. As folhas nos estolões são de 4 a 6 cm de comprimento e 0,8 de largura. Folhas nos colmos eretos de cor arroxeada, 20 a 40 cm de comprimento e 8 mm de largura. A inflorescência tem 3 a 4 rácemos de 4 a 6 cm de comprimento. O florescimento ocorre no início do verão (dezembro-janeiro). cv. Tupi – Aspecto da planta muito parecida com Llanero mas a evidente pilosidade das espiguetas, macia ao tato, e a coloração amarelada das anteras a distingue facilmente da B. humidicola comum. Florescimento intenso e concentrado no início do verão. B. ruziziensis cv. Kennedy é uma planta perene, 1 m de altura, com rizomas curtos, robustos, globosos. Colmos geniculados, decumbentes, radicante nos nós inferiores. Folha de 10-30 cm de comprimento, 10-15 mm de largura, pilosa em ambas as faces Inflorescência com 3-7 (as vezes até 9) ramos, com raque alada, de 5 mm de largura, envolvendo a base da espigueta. Florescimento sincronizado e concentrado no final do verão.

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Figura 1 – Inflorescências típicas das cultivares Marandu, Basilisk, comum e Kennedy

Figura 2 – Inflorescências de B. brizantha cv. Piatã, Marandu e Xaraés

Figura 3 – Raquis B. humidicola cv. Tupi a esquerda e Comum à direita

Cada uma destas forrageiras apresenta diversos atributos agronômicos positivos ou negativos, o que possibilita a escolha de locais mais apropriados para o seu cultivo e utilização mais adequada a cada cultivar, como consta na Tabela 3.

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Tabela 3 – Resumo das características agronômicas de maior relevância das cultivares de Brachiaria.

Espécies Atributos positivos Atributos negativos B. brizantha cv. Marandu

Fácil estabelecimento, resistência às cigarrinhas tipícas de pastagens, alta resposta à aplicação de fertilizantes, boa cobertura do solo com domínio sobre invasoras, boa performance sob sombra, boa qualidade forrageira, alta produção de sementes.

Baixa adaptação a solos mal drenados e de baixa fertilidade, rebrota lenta, necessita adubação de reposição para persistência a longo prazo, suscetibilidade à mancha foliar fúngica (Rhizoctonia) e podridão de raízes.

cv. La Libertad Facilidade de estabelecimento, boa adaptação a solos arenosos e de média fertilidade, rebrota rápida, boa compatibilidade com leguminosas por ser menos agressiva que cv. Marandu.

Menor produtividade, valor nutritivo e menor resistência às cigarrinhas típicas de pastagens do que a cv. Marandu

cv. Xaraés Fácil estabelecimento, alta produtividade de folhas, alta capacidade de suporte, enraíza nos nós proporcionando boa cobertura do solo com domínio sobre invasoras, rebrota rápida, boa resposta à aplicação de fertilizantes, florescimento tardio prolongando qualidade da forragem até o outono.

Menor resistência às cigarrinhas mais comuns em pastagens, média adaptação a solos mal drenados e de baixa fertilidade, susceptível à mela-das-sementes (Claviceps sucata) por ter florescimento tardio.

cv. Piatã Fácil estabelecimento, florescimento precoce e concentrado, alta produtividade de folhas, alta taxa de crescimento e acúmulo de forragem sob pastejo, bom valor nutritivo no período seco, resistência às cigarrinhas típicas de pastagens, alta resposta à aplicação de fertilizantes.

Susceptibilidade ao carvão das sementes (Ustilago operta), moderadamente resistente à ferrugem causada por Puccinia levis var. panici-sanguinalis, média adaptação a solos mal drenados.

B. decumbens cv. Basilisk

Fácil estabelecimento, tolerância a baixa fertilidade, alta produtividade sobre uso intensivo, bom crescimento sob sombra, boa qualidade forrageira

Suscetibilidade a cigarrinhas típicas de pastagens, baixa adaptação a solos mal drenados, suscetibilidade à podridão foliar fúngica, difícil erradicação pelo acúmulo de sementes viáveis no solo, pode provocar fotossensibilização hepatógena em bovinos.

B. humidicola comum

Boa cobertura do solo e domínio sobre invasoras devido ao hábito estolonífero e grande habilidade de enraizamento nos entrenós, adaptação a solos de baixa fertilidade, adaptação a solos mal drenados, baixo requerimento de P e Ca, tolerância a cigarrinha das pastagens, boa capacidade de consórcio com Arachis pintoi (amendoim forrageiro)

Estabelecimento lento, baixa digestibilidade da matéria seca, baixa concentração de N e Ca na forragem, boa hospedeira para cigarrinhas, suscetibilidade à ferrugem foliar (Puccinia levis var. panici-sanguinalis), dormência prolongada das sementes, ocorrência de "cara inchada" em eqüinos sem suplementação de fósforo.

cv. Llanero Boa adaptação a solos de baixa fertilidade, boa adaptação a solos mal drenados, melhor valor nutritivo do que B. humidicola comum, boa capacidade de consórcio com Arachis pintoi (amendoim forrageiro) e kudzu.

Estabelecimento lento, dormência prolongada nas sementes, menor enraizamento dos estolões do que B. humidicola comum, e menor vigor e produção de sementes.

cv. Tupi Estabelecimento mais rápido e maior produtividade do que a comum e cv. Llanero, boa cobertura do solo e domínio sobre invasoras, adaptação a solos de baixa fertilidade, adaptação a solos mal drenados, boa resposta a Ca e P até 45% de saturação por bases, valor nutritivo superior a comum, boa capacidade de consórcio com Arachis pintoi

Boa hospedeira de cigarrinhas-das- pastagens apesar de não mostrar danos severos, ocorrência de dormência nas sementes por cerca de oito meses.

B. ruziziensis cv. Rápido crescimento no início da estação Necessidade de solos bem drenados e

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Kennedy chuvosa, compatibilidade com leguminosas, alto potencial de produção de sementes, facilidade de estabelecimento, excelente qualidade forrageira, florescimento concentrado e alta produção de sementes, boa alternativa para plantio direto pela rapidez de estabelecimento, qualidade da matéria seca e facilidade de dessecação por herbicidas.

de mediana fertilidade, alta suscetibilidade às cigarrinha típicas de pastagens e à mancha foliar fúngica, baixa competição com invasoras, pouca tolerância à seca.

As forrageiras do gênero Panicum, mais comumente utilizadas são da espécie P. maximum, portanto a sua variabilidade morfológica é menor do que das braquiarias, entretanto entre a varias cultivares de Panicum disponíveis no mercado existem diferenças consideráveis. Cultivar Mombaça

A cv. Mombaça foi coletada pelo ORSTOM em 1967 entre Korogwe e Tanga na Tanzânia sob o número ORSTOM K190. Foi introduzida no Brasil em 1984 com o germoplasma do ORSTOM, recebendo o registro BRA-006645. Foi selecionada inicialmente na Embrapa Gado de Corte (CNPGC) e lançada comercialmente em 1993 por esta instituição de pesquisa, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e parceiros (Embrapa, 1993). Caracterização morfológica: A cv. Mombaça é uma planta cespitosa de porte alto (em torno de 1,7 m), com folhas largas (em torno de 3 cm) e eretas quebrando nas pontas. As folhas apresentam pouca pilosidade, sendo os pêlos curtos e duros. Os colmos são glabros e sem cerosidade (Tabela 4). As inflorescências são do tipo panícula. As ramificações primárias na base da inflorescência são curtas e as secundárias são longas ocorrendo apenas nas ramificações primárias inferiores. As espiguetas são glabras, distribuídas uniformemente pelas ramificações e apresentam poucas manchas roxas. O verticilo é piloso.

Produção de forragem e estacionalidade de produção: A cv. Mombaça produziu 165 t.ha.ano-1 de massa verde, 41 t.ha.ano-1 de massa seca com 82% de folhas, sendo 33 t.ha.ano-1 de massa seca de folhas em latosolo vermelho escuro adubado (Jank, 1995; Jank et al., 1994; Jank et al., 1997; Savidan et al., 1990) (Tabela 5). Na estação seca, sua produção foi 11% da produção anual. Após os cortes, a intensidade de rebrotação foi de 2,9, em uma escala de 0 (sem rebrota) a 5 (todos perfilhos rebrotados). A produção de sementes foi de 72 kg.ha.ano-1. Sua seleção foi devido à produção 96% maior de massa verde, 136% maior de massa seca de folhas, 32% maior porcentagem de folhas, 71% melhor rebrotação e 224% menor estacionalidade de produção em comparação a cv. Colonião.

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Cultivar Tanzânia

A cv. Tanzânia foi coletada pelo Office de la Recherche Scientifique et Technique d'Outre-Mer (ORSTOM) em 1969 entre Korogwe e Kilosa na Tanzânia sob o número ORSTOM T58. Foi introduzida no Brasil em 1984 com o germoplasma do ORSTOM recebendo o registro BRA007218. Foi inicialmente selecionada pela Embrapa Gado de Corte em Campo Grande, MS e foi lançada comercialmente em 1990 pela Embrapa Gado de Corte e parceiros (Embrapa, 1990). Caracterização morfológica: A cv. Tanzânia é uma planta cespitosa de porte médio (em torno de 1,2 m) com folhas médias (em torno de 2,6 cm) e curvadas (Tabela 4). As folhas (lâmina e bainha) glabras. Os colmos não apresentam cerosidade. As inflorescências são do tipo panícula. As ramificações primárias na base da inflorescência são curtas e as secundárias são longas ocorrendo apenas nas ramificações primárias inferiores (Figura 5). As espiguetas são glabras, distribuídas uniformemente pelas ramificações e apresentam muitas manchas roxas o que confere às inflorescências uma aparência arroxeada. O verticilo é glabro. Produção de forragem e estacionalidade de produção: A cv. Tanzânia produziu 132 t.ha.ano-1 de massa verde, 33 t.ha.ano-1 de massa seca com 80% de folhas, sendo 26 t.ha-1.ano de massa seca de folhas em solo latosolo vermelho escuro adubado (Jank, 1995; Jank et al., 1994; Jank et al., 1997; Savidan et al., 1990) (Tabela 5). Na estação seca, sua produção foi 10,5 % da produção anual. Após os cortes, a intensidade de rebrotação foi de 3, em uma escala de 0 (sem rebrota) a 5 (todos perfilhos rebrotados). A produção de sementes foi de 132 kg.ha.ano-1). Sua seleção foi devido à produção 57% maior de massa verde, 86% maior de massa seca de folhas, 29% maior porcentagem de folhas, 76% melhor rebrotação, 32% maior produção de sementes e 200% menor estacionalidade de produção que a cv. Colonião. O capim-tanzânia, como a maioria das forrageiras tropicais, apresenta considerável estacionalidade de produção, tendo maior acúmulo de massa quando há disponibilidade hídrica. Cecato et al. (1996) registraram produção de 7.441 kg MS.ha-1 e 2.711 kg MS.ha-1, nos cortes de verão (35 dias) e inverno (70 dias). Cultivar Massai

A cv. Massai foi coletada pelo ORSTOM em 1969 entre Dar es Salaam e Bagamoyo na Tanzânia sob o número ORSTOM T21 (Figura 1). Foi introduzida no Brasil em 1984 com o germoplasma do ORSTOM, recendo o registro BRA007102. Foi inicialmente selecionada pela Embrapa Gado de Corte em Campo Grande, MS e foi lançada comercialmente em 2001 pela Embrapa Gado de Corte e parceiros (Embrapa, 2001). Caracterização morfológica: A cv. Massai é uma planta cespitosa de porte baixo (em torno de 0,6 m), com folhas estreitas (em torno de 0,9 cm) e eretas quebrando nas pontas (Tabela 4). As lâminas foliares e as bainhas apresentam média pilosidade, sendo os pêlos curtos e duros. Os colmos não apresentam cerosidade (Figura 6). As inflorescências são do tipo intermediárias entre uma panícula e um rácemo, típicos de híbridos entre P. maximum e P. infestum (Figura 7). As ramificações primárias na base da inflorescência são curtas e as secundárias são ausentes. As espiguetas são pilosas, distribuídas uniformemente pelas ramificações e apresentam quantidade média de manchas roxas. O verticilo é piloso.

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Produção de forragem e estacionalidade de produção: A cv. Massai produziu 59 t.ha-1.ano de massa verde, 19 t.ha-1.ano de massa seca com 80,4% de folhas, sendo 15,6 t.ha-1.ano de massa seca de folhas em solo latosolo vermelho escuro adubado (Jank, 1995; Jank et al., 1994; Jank et al., 1997; Savidan et al., 1990) (Tabela 5). Na estação seca, sua produção foi 7,2 % da produção anual. Após os cortes, a intensidade de rebrotação foi de 3, em uma escala de 0 (sem rebrota) a 5 (todos perfilhos rebrotados). A produção de sementes foi de 85 kg.ha.ano-1). Sua seleção foi devido à produção a abundância de perfilhos com alta quantidade de folhas e a produção 11% maior que a do capim-colonião com porte médio 60% menor. Cultivar Aruana A cultivar Aruana é também originária do continente africano e foi trazida por Dr. Jorge Ramos de Otero e lançada pelo Instituto de Zootecnia em Nova Odessa (IZ), São Paulo em 1989. Descrição morfológica: Gramínea perene, entouceirada com crescimento cespitoso, com touceiras eretas e abertas de porte médio, entre 70 e 90 cm de altura, sendo, assim como o capim-massai a menor cultivar de P. maximum existente no mercado. Não apresenta cerosidade. Apresenta colmos finos e bainha foliar levemente pilosos. Apresenta excelente capacidade de perfilhamento formando boa cobertura de solo. Por seu menor porte tem sido bastante utilizada em sistemas de produção de ovinos. As folhas são estreitas de coloração verde escuro e as lâminas apresentam pêlos curtos, macios e abundantes. Inflorescência do tipo panícula, mas com tamanho reduzido e proporcional ao menor porte quando comparado às de outras cultivares de P. maximum. Características agronômicas: Vegeta bem em solos arenosos e profundos. Exigente em fertilidade do solo, principalmente quanto ao fósforo na implantação. Não resiste ao encharcamento ou alagamento, vegetando melhor em solos bem drenados. Apresenta razoável resistência a seca e não tolera geada, se adaptando bem em locais onde a precipitação pluvial é acima de 800 mm por ano. Apresenta média resistência a cigarrinhas-das-pastagens. A cultivar Aruana é bastante resistente ao pastejo, apresentando boa capacidade de recuperação após o fogo ou geada. Consorcia-se bem com calopogônio, estilosantes e soja perene. Propaga-se por sementes. A semeadura deve ser feita normalmente no início da estação chuvosa, podendo ser realizada a lanço, em linhas, aéreo ou em covas. Recomenda-se em torno de 3 a 5 kg.ha-1 com valor cultural de 30%.

Tabela 4 - Características morfológicas de algumas cultivares de P. maximum.

Característica Tanzânia Mombaça Tobiatã Colonião Massai

Altura da planta (m) 1,2 1,7 1,6 1,4 0,6

Largura das folhas (cm) 2,7 3,0 4,6 2,9 0,9 Manchas roxas nas espiguetas muitas poucas muitas média média

Pilosidade na lâmina foliar ausente pouca pouca ausente média

Pilosidade na bainha foliar ausente ausente muita ausente média

Cerosidade nos colmos ausente ausente ausente presente ausente

Tipo das folhas curvada quebradiça quebradiça eretas quebradiça

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Tabela 5. Características agronômicas de algumas cultivares de P. maximum.

Característica Tanzânia Mombaça Tobiatã Colonião Massai Produção de massa verde (t.ha-1) 132 165 153 84 59 Produção de massa seca de folhas (t.ha-1) 26 33 27 14 16 Porcentagem de folhas 80 82 81 62 80 Rebrota após cortes (nota 0-fraca a 5-máx) 3,0 2,9 2,7 1,7 3,1 Produção de sementes (kg.ha-1) 132 72 40 100 85 % crescimento na seca 10,5 11 12 3,4 7,2 % perda sem adubação 21 24 27 50 52 % perda no segundo ano 48 45 54 65 68

DIVERSIFICAÇÃO O objetivo de diversificar as pastagens na propriedade e numa determinada região é basicamente melhorar a produção e minimizar os riscos com fatores adversos.

Um dos fatores mais importantes na adaptação de forrageiras e o balanço hídrico, que para a região dos Cerrados está representado na Figura 4, no qual utilizou-se um Latossolo com textura argilosa, com capacidade máxima de retenção de água de 75 mm, em Campo Grande, MS. Pode-se observar que para uma precipitação pluvial total anual de aproximadamente 1.500 mm, tem-se um excedente de água entre outubro e maio e um déficit entre maio e setembro. Esta marcante sazonalidade na disponibilidade de água, causada pelo desequilíbrio entre precipitação e evaporação, e associada ao fato de que podem ocorrer também longos períodos de estiagem em janeiro e fevereiro, conhecidos como veranicos, e a baixa fertilidade do solo que restringe o crescimento de raízes, exige das plantas cultivadas um alto grau de adaptação. As braquiárias, dentre as espécies forrageiras cultivadas e mais utilizadas nessa região, têm apresentado uma alta capacidade de adaptação e ocupam uma área considerável, de aproximadamente 55 milhões de hectares, onde são as principais responsáveis pela alimentação do rebanho bovino em pasto.

FIGURA 4. Balanço hídrico de um Latossolo argiloso na região dos Cerrados, Campo Grande,

MS, com base no período de 1973 a 1998.(P = precipitação e EP= evapotranspiração). Fonte: Macedo (2000). Um exemplo de adaptação edafoclimática das espécies de Brachiaria pode ser notado com

os resultados apresentados na Figura - 2, onde Bono & Macedo (citados por Valle, 2000) observaram que em Latossolo Vermelho Escuro argiloso sob pastagens de B. decumbens cv. Basilisk e B. brizantha cv. Marandu, apresentavam maior quantidade de água disponível que o mesmo solo sob as cultivares Tanzânia-1 e Tobiatã de Panicum maximum, após três anos de pastejo. Esses resultados foram observados em função da maior cobertura de solo pelas

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braquiárias, maior volume dos seus sistemas radiculares e maior porosidade do solo. Com a queda de fertilidade, e não reposição de nutrientes, por adubação de manutenção, as cultivares de P. maximum foram mais sensíveis à perda de vigor, com queda na disponibilidade de forragem, proporcionando a formação de espaços vazios no relvado, com compactação superficial, queda na taxa de infiltração de água e conseqüente diminuição da capacidade retenção de água no solo.

Figura 2. Curva de retenção de água em solo sob pastagens de Brachiaria brizantha (BB), B.

decumbens (BD), Panicum maximum cv. Tanzânia-1 (TA) e cv. Tobiatã (TO), após três anos de pastejo. Média de amostras coletadas de 0 a 20 cm de profundidade em um LE argiloso. Fonte: Valle et al. (2000). Para dar indicação de forrageiras apropriadas para diferentes condições de solo, Alcântara

et al. (1993) consideraram importantes: a declividade, profundidade efetiva, pedregosidade, drenagem e erosão, que são impedimentos à motomecanização. Já os mais limitantes à produtividade são: a fertilidade do solo, textura e erosão laminar, como apresentado nas Tabelas 6 a 11.

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TABELA 6. Exigência mínima ou tolerância das espécies em relação à declividade do terreno. Relevos planos a suaves ondulados

Relevos ondulados a fortemente ondulados

Relevos fortemente ondulados a montanhosos

Colonião Tobiatã Tanzânia Mombaça Elefante Jaraguá Leucena Estilosantes Pojuca Arachis Massai

Andropogon B. brizantha

Tifton Setárias Estrela

Calopogônio Puerária

Soja-perene

B. decumbens B. ruziziensis B. humidicola

B. dictyoneura Estrela Tifton

Pangola Gordura

Fonte: adaptado de Alcântara et al. (1993). TABELA 7. Exigência mínima ou tolerância das espécies em relação à profundidade efetiva do solo.

Profundos Moderadamente rasos (profundidade média) Rasos

B. brizantha B. ruziziensis Colonião Tobiatã Tanzânia Mombaça Elefante Leucena Massai

Andropogon B. decumbens

Estrela Tifton

Jaraguá Setária

Calopogônio Soja-perene

Andropogon B. humidicola B. dictyoneura

Gordura Pangola

TABELA 8. Exigência mínima ou tolerância das espécies em relação à textura do solo. Argiloso Textura média Arenoso B. humidicola B. dictyoneura Estrela Tifton Elefante Jaraguá Pojuca Soja-perene

Brachiaria spp. Colonião, Tobiatã, Tanzânia,

Massai Setária

Calopogônio Guandu Puerária

B. brizantha B. decumbens, B. ruziziensis

Setária Pangola Gordura

Estilosantes Guandu

TABELA 9. Exigências mínimas ou tolerância das espécies em relação à drenagem do perfil. Boa Imperfeita Baixada úmida B. brizantha B. decumbens B. ruziziensis Colonião Tobiatã Massai Tanzânia Elefante Estilosantes Leucena

Andropogon B. dictyoneura

Jaraguá Pangola Gordura

Calopogônio Soja-perene

B. humidicola Estrela Setária Pangola Pojuca

Puerária Arachis

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TABELA 10. Exigência mínima ou tolerância das espécies em relação à fertilidade. Férteis Medianos Fracos

Colonião Tobiatã Tanzânia Mombaça Massai Estrela Elefante Leucena Soja-perene

B. brizantha B. ruziziensis

Jaraguá

Andropogon B. decumbens B. humidicola

Pangola Gordura

Calopogônio Estilosantes

Guandu Puerária

Centrosema TABELA 11. Características das espécies em relação à proteção contra erosão. Baixa Média Alta Colonião Tobiatã Tanzânia Mombaça Elefante Jaraguá Estilosantes Leucena

Andropogon Massai Setária

Calopogônio Puerária

Soja-perene

B. brizantha B. decumbens B. ruziziensis B. humidicola B. dictyoneura

Estrela Tifton

Pangola Gordura Arachis

Essas tabelas são indicações dos autores e informações sobre as características de outra

cultivares disponíveis na atualidade. São informações gerais e pontuais, por isso, para cada caso deve ser feita uma avaliação mais detalhada, considerando várias características conjuntas do ecossistema.

O efeito de outros fatores ambientais sobre forrageiras do gênero Brachiaria pode ser visto na Tabela 12, organizada por Soares Filho (1994) a partir de dados de diversos autores.

TABELA 12. Características de adaptação de capins do gênero Brachiaria.

Resistência à Nome científico Seca Geada Sombra Acidez Fogo Tolerância à

cigarrinha B. mutica F* F F R F MR

B. decumbens R F B B B S B. brizantha B B R R R R B. ruziziensis F F B R F MR B. humidicola F R R MB R MR B. arrecta F F F B R MR B. mutica x B. arrecta F F F B R MR B. dictyoneura F R B MB R MR B. plantaginea R F R B R MR F= fraca; R= regular; B= boa; MB= muito boa; MR= moderadamente resistente; S= susceptível

Para evitar danos de pragas e doenças enfatiza-se a diversificação de forrageiras na propriedade, cultivando espécies resistentes e tolerantes. Em áreas com ocorrência de cigarrinhas, estabelecer B. brizantha cv. Marandu, A. gayanus cv. Planaltina e Baeti, P. maximum cvs. Tanzânia, Massai e Paspalum atratum cv. Pojuca.

A semeadura deve ser realizada em período de boas chuvas, com boa preparação do solo.

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SISTEMA DE PRODUÇÃO

Outro critério para a escolha das forrageiras é o sistema de produção a ser adotado, pois conforme as condições de solo este é um fator que pode ser corrigido pela calagem e adubação.

Das baquiarias de uso mais comum, a B. brizantha e B. decumbens podem ser utilizadas nas três fases da pecuária: cria, recria e engorda, como tambem as de lançamento mais recente, B. brizantha cv. Xaraes, liberada em 2003, e Piatã, liberada em 2007. Já, as cultivares B. humidicola, por apresentar qualidade de forragem pouco inferior, é são utilizadas na fase de cria.

As cultivares de P. maximum são altamente produtivas e exigentes em solo e proporcionam bons ganhos de peso. São adaptadas a solos bem drenados e exigentes em altas temperaturas, mais de 30°C, repercutindo em crescimento satisfatório. Prestam-se para todas as fases da criação como as cultivares Tanzânia, Mombaça, Massai, Vencedor e Aruana. Já, a cultivar Massai, lançada pela Embrapa Gado de Corte em 2000, é mais recomendada para a fase de cria, por apresentar qualidade inferior de forragem que as demais cultivares. Esta cultivar deverá ter grande importância para a região Amazônica pela sua melhor cobertura do solo, tolerância à cigarrinha e por se menos exigente em solo que as outras cultivares de Panicum.

Do gênero Andropogon são utilizadas duas cultivares, a Planaltina e Baeti. Ambas são tolerantes à seca e altamente resistentes às cigarrinhas, mas são atacadas por formigas. A exigência em fertilidade do solo é semelhante à B. decumbens. São utilizadas nas fases de cria, recria e engorda e o seu cultivo é mais comum nos estados de Goiás e Tocantins. Esta espécie, dentre as forrageiras mais comuns, é a que mais se presta para consorciações. São atacadas por formigas, podendo ser utilizadas nas fases de cria, recria e engorda e o seu cultivo é mais comum nos estados de Goiás e Tocantins.

As diversas cultivares do gênero Cynodon são exigentes em solos de boa fertilidade e se caracterizam por serem mais adaptadas às condições mais frias, pois a grande maioria foi desenvolvida na Flórida, EUA. Produzem forragem de boa qualidade e são mais utilizadas para a desmama de bezerros e engorda. Também são muito utilizadas na produção de leite e para eqüinos.

Do gênero Pennisetum, as forrageiras mais comuns são as diversas cultivares de capim-elefante, mais utilizadas como capineiras ou em pastejo para gado de leite. São forrageiras de alta exigência em fertilidade do solo e exigem altas temperaturas e chuvas abundantes para um bom crescimento. Deste gênero também faz parte o milheto, que é uma forrageira anual, de crescimento de primavera-verão e outono, sendo utilizado em pastejo direto e também como planta de cobertura em plantio direto.

O gênero Paspalum apresenta diversas espécies presentes nas pastagens naturais. Entre as forrageiras cultivadas, destacam-se a pensacola, mais comum no sul do Brasil, e o capim-pojuca, recentemente lançado pela Embrapa Cerrados, que se adapta bem a solos úmidos e de baixa fertilidade ou áreas com regime de chuvas mais intensivo, com precipitações pluviais superiores a 1.600 mm.

Em anos mais recentes tem havido interesse maior na irrigação de pastagens durante o período seco (inverno) mas, segundo Aguiar (2001), a capacidade de suporte é de somente 40% a 60% da taxa de lotação que é mantida na primavera-verão. As forrageiras mais utilizadas nestes sistemas são os capins Tanzânia, Mombaça e as do gênero Cynodon.

O crescimento destas forrageiras não é limitado somente pela falta de água, mas também pelo fotoperíodo, que é mais curto, e pelas baixas temperaturas. A taxa de fotossíntese líquida relativa de forrageiras tropicais é máxima com a temperatura de 35°C e se reduz a somente 20%, quando a temperatura baixa para 15°C (Aguiar, 2001).

No caso de leguminosas forrageiras tropicais, poucas cultivares estão atualmente disponíveis: o estilosantes Mineirão (Stylosanthes guianensis) e o estilosantes Campo Grande (S. macrocephala 20% e S. capitata 80% do peso em sementes na mistura, respectivamente) são duas delas. Elas são forrageiras adaptadas a solos de baixa fertilidade, mas respondem a Ca, Mg, P, K e micronutrientes. O estilosantes Campo Grande apresenta boa adaptação a solos arenosos e de textura média. Consorciam-se com Brachiaria decumbens, Andropogon gayanus e em algumas situações com B. brizantha.

Calopogonium mucunoides é uma leguminosa de ciclo anual a bianual, também adaptada a solos de baixa fertilidade, mas responde bem à adubação, consorcia-se com diversas gramíneas, persistindo melhor em ambientes tropicais e com período secos curtos.

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O guandu (Cajanus cajan) tem adaptação idêntica ao estilosantes e calopogônio. Sempre foi mais utilizado como banco de proteína e, atualmente, vem sendo utilizado na recuperação de pastagens degradadas de gramíneas. São utilizadas diversas “cultivares”, muitas sem uma característica clara. Há um programa de seleção e melhoramento dessa forrageira na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, com o objetivo de identificar cultivares com menores teores de taninos. Enquanto não ocorre um lançamento de novas cultivares, a mais comumente usada é a super N, de porte mais baixo.

Há duas cultivares de amendoim-forrageiro (Arachis pintoi) disponíveis no mercado: a Amarillo (no Brasil MG 100) e a cv. Belmonte, lançada pela CEPLAC, na Bahia. Esta leguminosa consorcia-se bem com diversas gramíneas e é adaptada a solos mais úmidos e regiões de maior precipitação e período secos curtos, como o sul da Bahia e áreas da Amazônia. Há extensas áreas de pastagens de B. humidicola x Arachis pintoi nas savanas colombianas, em pastejo há vários anos. As cultivares são moderadamente exigentes em fósforo. Produzem sementes mas, pela dificuldade de colheita (são subterrâneas), as pastagens são normalmente estabelecidas por mudas.

A leucena, uma excelente opção forrageira arbustiva, é mais utilizada como banco de proteína. Ela requer solos férteis e profundos e não tolera pastejo contínuo.

A soja-perene (Neonotonia whigthi) já foi mais utilizada na década de 70 em consórcio com colonião. Hoje, há no mercado a cv. Comum. Essa espécie requer solos férteis e consorcia-se bem com gramíneas nessas condições de solos.

QUALIDADE DA SEMENTE

Em sua essência, a semente transporta a garantia da perpetuação de cada espécie cultivada. Existe um grande número de fatores que afetam a qualidade das sementes, destacando-se os genéticos, fisiológicos e ambientais. Os fisiológicos têm sua ação determinada pelo ambiente durante a produção, colheita, beneficiamento e armazenamento.

É muito freqüente o uso de sementes de má qualidade, principalmente no que se refere à pureza e germinação. Devido aos diferentes processos de colheita e às diversas origens das sementes utilizadas, é comum encontrar sementes com excesso de resíduos vegetais, solo ou ainda mistura de sementes de outras forrageiras ou invasoras.

Rossi (2007), avaliando a qualidade física e fisiológica de sementes de braquiárias comercializadas por seis empresas, encontrou grande variação na qualidade dessas; a porcentagem de pureza variou de 43,58 a 93,79% para B. brizantha, de 41,82 a 73,75% para B. humidicola e de 39,40 a 56,12% para B. decumbens.

Mas, na atualidade, a grande maioria das empresas que comercializam sementes oferecem produtos de boa qualidade, sendo que algumas já oferecem sementes com alta pureza e valor cultural (VC) e, em algumas situações, com o recobrimento das sementes, o que favorece a semeadura e germinação. Ainda assim, há grande variação no VC das sementes atualmente comercializadas (Tabela 13)

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Tabela 13. Valor Cultural (%) de sementes de B. brizantha, B. humidicula e B. decumbens, provenientes de seis empresas.

ESPÉCIE EMPRESA B. brizantha B. humidicula B. decumbens

1 54,0 6,5 27,8 2 09,7 1,6 12,7 3 12,5 2,9 16,9 4 62,8 2,1 20,5 5 00,4 1,6 13,5 6 03,3 9,1 22,7 Média 23,7 4,0 19,0

FONTE: Rossi (2007). A escolha de uma boa semente é de fundamental importância, pois os custos das mesmas

raramente ultrapassam 5% do custo de formação de pastagem e a semente, em muitos casos, é a principal causa do sucesso ou insucesso no estabelecimento da pastagem.

Segundo Souza (1997), diversos fatores devem ser considerados na avaliação da semente.

Um lote de sementes de forrageiras, quando bem escolhido, deve apresentar as seguintes características desejáveis:

a) baixo custo; b) fácil semeadura; c) ausência (ou presença em número muito pequeno) de sementes de plantas daninhas; d) ausência de contaminação por sementes de determinados tipos indesejáveis de

pastagens; e) germinação e estabelecimento rápido e uniforme. São vários parâmetros que descrevem a qualidade de um lote de sementes. Nenhum

deles é possível de avaliação sem o auxílio de um laboratório análise de sementes, ou seja, de pessoal especializado. No Brasil, a avaliação de qualidade de lotes de sementes é feita com base em regras estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, fundamentadas em critérios internacionais.

São estes os principais parâmetros de qualidade avaliados em amostras de sementes de forrageiras tropicais:

a) Pureza física: é a fração, em percentagem do peso da amostra, constituída por sementes da espécie e variedade que apresentam cariopse ("grão") em qualquer estádio de desenvolvimento. Isto significa que mesmo sementes imaturas, mal formadas, são consideradas "puras", desde que sejam da espécie e cultivar cuja amostra está sendo analisada.

Os demais componentes das amostras (terra, pedriscos, caules etc.) constituem a fração das impurezas; quando encontradas, as sementes de plantas daninhas, também, passam a constituir esta fração; são contadas, identificadas e anotadas. O resultado deste teste é expresso em termos de percentagem de pureza.

b) Germinação: é a expressão, em percentagem de germinação, das sementes puras obtidas na análise de pureza física que produziram plântulas normais sob condições tidas como ideais à germinação daquela espécie.

Isto significa que, não necessariamente, todas as sementes que germinam no laboratório (sob condições controladas) irão resultar em plantas quando semeadas no campo, onde as condições são, em geral, mais adversas do que aquelas sob as quais as sementes foram postas a germinar no laboratório. O controle das condições, neste caso, é uma forma de padronizar os procedimentos entre laboratórios.

c) Teste bioquímico de vitalidade ou teste tetrazólio: trata-se de um teste dos mais populares para as sementes de forrageiras face à possibilidade da sua conclusão em poucas horas, apesar de requerer do analista um número maior de horas de trabalho por amostra, comparativamente ao teste de germinação. A avaliação das sementes submetidas ao teste tetrazólio requer laboratoristas qualificados, íntimos conhecedores da morfologia interna da semente. O resultado é expresso em termos de percentagem de sementes viáveis.

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Observa-se, porém, que o teste do tetrazólio estima a viabilidade das sementes e não a germinação; vale notar que esses termos não são sinônimos. Uma semente pode ser dormente e, como tal, se revelará viável no teste do tetrazólio, ou seja, este teste não identifica nem discrimina as sementes dormentes das não-dormentes. Essa mesma semente não seria bem sucedida no teste de germinação, a menos que tivesse sido submetida a procedimentos especiais para superação da dormência, os quais nem sempre são eficazes, conforme já mencionado. Por essa razão, muitas vezes os resultados dos testes de germinação não se comparam aos do teste do tetrazólio de uma mesma amostra.

d) Valor Cultural ou % VC: o valor cultural de um lote de sementes é calculado multiplicando-se a percentagem obtida no teste de pureza pela percentagem resultante do teste de germinação (ou do teste do tetrazólio) e dividindo-se o resultado por 100. Isto é:

100viáveis) sementes % (ou germinação % x puras sementes %

VC % =

O valor assim obtido, chamado de "ponto de VC", constitui-se base fundamental para compra e venda de sementes e, não menos importante, para o cálculo da taxa de semeadura. O cálculo do VC facilita sobremaneira a comparação da qualidade de diferentes lotes de sementes de uma mesma espécie e cultivar (Tabela 1) e, também conforme será visto adiante. Por lei, toda embalagem de semente de forrageira deve apresentar estampada em seu rótulo os valores mínimos garantidos de pureza, germinação e valor cultural.

Além destes dados nas análises de sementes são determinados a presença de outras cultivares, outras espécies de plantas e sementes silvestres e para toda forrageira existem regras de tolerância quanto estas espécies.

PREPARO DA SEMENTE

No preparo da semente para a semeadura, deve-se levar em conta que a mesma esteja fisiologicamente apta para germinar, ou seja, que a colheita tenha sido realizada na época certa e a semente tenha completado sua maturação fisiológica em ambiente apropriado. Além disso, a semente deve estar livre do excesso de impurezas, para evitar problemas com os equipamentos de semeadura. Segundo Serpa (1971), sementes de centrosema (Centrosema pubescens) apresentaram 27% de germinação logo após a colheita e 71% após um ano de armazenamento sem escarificação, como pode ser visto na Tabela 14. As sementes armazenadas por um ano foram as que apresentaram maior rapidez de germinação, sendo isto desejável pois, desta forma, tem-se um rápido estabelecimento da pastagem.

A escarificação poderá aumentar a germinação de sementes duras. Deverá ser feita com cuidado para evitar lesões ou danos fisiológicos nas sementes, o que prejudicaria sua germinação.

TABELA 14. Permeabilidade de sementes de Centrosema pubescens logo após a colheita e após

um ano de armazenamento. Sementes puras viáveis (%) Época 7o dia 14o dia

Após a colheita 12 27 Após um ano da colheita 64 71 Fonte: Elaborada a partir de Serpa (1971).

Quando se trata de leguminosas, a falta de uma escarificação adequada, ou mesmo a não

escarificação das sementes, tem sido um dos fatores responsáveis pelo mau estabelecimento das pastagens. Torna-se imperativo, portanto, indicar ao produtor métodos práticos e eficientes de escarificação. A escarificacão com ácido sulfúrico é eficiente (Tabela 15), mas o ácido é um produto de difícil manuseio e não encontrado facilmente no mercado. Já a imersão em água por 24 horas, de fácil realização, melhorou sensivelmente as condições da semente (Tabela 3), embora seja menos eficiente. Também o tratamento com água quente pode ser eficiente e é uma prática simples, assim como o tratamento com soda cáustica comercia, que é muito eficiente para certas leguminosas e é um produto facilmente encontrado no mercado.

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TABELA 15. Efeito de diferentes tratamentos na germinação de sementes de siratro (Macroptilium atropurpureum cv. Siratro).

Tratamentos Percentagem de Germinação A - não escarificada 26,6 B - imersão em água por 24 horas 38,2 C - escarificação mecânica 59,8 D - escarificação em H2SO4 65,4 Fonte: Mattos (1970/71).

Convém lembrar que, em muitas leguminosas, a percentagem de sementes duras situa-se

entre 60% e 90% e a dormência é devida à presença de uma cobertura impermeável à penetração da água, o que impede a germinação. Em condições naturais, tornam-se gradualmente permeáveis e germinam. Este mecanismo assegura que parte das sementes germine em períodos com chuvas e condições climáticas favoráveis, garantindo a sobrevivência da espécie.

Quando se implanta uma pastagem consorciada, é desejável um rápido estabelecimento das leguminosas, já que as gramíneas são mais agressivas que aquelas. Alem disso, o preço elevado das sementes de leguminosas requer um máximo aproveitamento das mesmas. Deve-se, então, escarificar todas as sementes da leguminosa, desde que a semeadura seja feita adequadamente e em um período sob condições climáticas favoráveis. Caso a semeadura não seja realizada na época mais favorável, recomenda-se escarificar somente a metade das sementes, ou escarificá-las por um processo mais brando, já que uma certa proporção de sementes duras poderá germinar posteriormente, em períodos mais favoráveis.

A inoculação das leguminosas é de fundamental importância, principalmente onde não existem estirpes de Rhizobium nativas eficientes no solo. Diversos fatores são responsáveis pela má nodulação de leguminosas inoculadas: má qualidade de certos inoculantes existentes no mercado, métodos inadequados de inoculação, uso de quantidade insuficiente de inoculante, demora entre a inoculação e a semeadura, métodos de semeadura inadequados e, ainda, falta de correção do pH e nutrientes do solo.

Para uma boa inocuIação de leguminosas e o respectivo sucesso na nodulação, é recomendável que se escolha um inoculante eficiente e de preferência específico para a espécie que se deseja semear (Tabela 16). É de fundamental importância que o inoculante seja armazenado em geladeira com temperatura em torno de 5°C. Quando transportado, de preferência, deve ser embalado em caixas térmicas ou em pacotes com bom isolamento. O inoculante e a semente inoculada nunca devem ser expostos ao sol, pois o mesmo perde a sua efetividade.

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Tabela 16. Quantidades e tipos de inoculantes para diferentes leguminosas forrageiras

Espécies Nome comum Sementes tratadas por

pacote de inoculante1 (kg) Tipo de inoculante Desmodium intortum Desmódio 7,00 Específico Neonotonia wightii Soja perene 7,00 Grupo cowpea Stylosanthes Estilosantes 7,00 Grupo cowpea Calopogonium muconoides Calopogônio 13,5 Grupo cowpea Centrosema pubescens Centrosema 13,5 Específico Leucaena leucocephala Leucena 13,5 Específico Macropitilium atropurpureum Siratro 13,5 Grupo cowpea Pueraria phaseoloides Puerária 13,5 Grupo cowpea Cajanus cajan Guandu 27,0 Grupo cowpea 1 Pacote de inoculante com 70 gramas. Fonte: Henzell (1977).

O procedimento mais comum para inocular é misturar o inoculante no adesivo (celofas a

5%, goma arábica 40%-45% ou solução de polvilho de mandioca a 5%) e despejar esta mistura sobre as sementes, misturando bem, de forma que todas as sementes fiquem envoltas pelo produto. A seguir, são postas a secar à sombra, devendo ser semeadas até, no máximo, dois dias após a inoculação. Quanto menor o tamanho da semente, maior quantidade de adesivo e inoculante é necessária para uma boa inoculação. Na Tabela 16 podem ser vistas as quantidades de inoculantes necessárias por kg de semente das principais leguminosas forrageiras tropicais e os seus respectivos inoculantes específicos.

Para melhorar a eficiência da inoculação, esta pode ser complementada com recobrimento da semente. Este processo consiste em envolver a semente, depois de inoculada, com uma camada de calcário bem fina ou, do preferência, fosfato de rocha. Com isto, tem-se um controle da acidez em torno da semente, além do fornecimento de alguns nutrientes à planta e da preservação do inoculante, propiciando, dessa forma, maior flexibilidade quanto ao tempo entre a inoculação e a semeadura ou até a germinação. Pelo recobrimento, o inoculante mantém sua efetividade até 30 dias, além de propiciar às sementes uma certa proteção contra o ataque de pragas.

Para leguminosas tropicais, é recomendável o uso de fosfato de rocha para recobrí-las, porque é levemente ácido, já que o calcário eleva o pH e os rizóbios tropicais são prejudicados em pH mais alcalinos. As quantidades de adesivo do veículo (fosfato natural) variam de acordo com o tamanho da semente e com o tamanho desejado de péletes (Tabela 17). A quantidade de veículo para sementes grandes não pode ser muito elevada, pois o pélete se torna quebradiço neste tipo de semente. Em certas circunstâncias após a aplicação de uma camada do veículo (fosfato natural), para aumentar o tamanho do pélete pode-se aplicar mais adesivo sobre o mesmo e voltar a cobri-lo com o veículo.

TABELA 17. Volume de semente, adesivo e veículo para recobrimento da sementes.

Tamanho da semente Semente (kg) Adesivo (ml) Veículo (kg) Péletes leves

Pequena 6,8 284 3,4 Pequena e média 10,2 284 3,4 Média 13,6 284 3,4 Grande 27,2 284 3,4

Péletes pesados

Pequena 6,8 1.136 6,8 Pequena e média 10,2 1.136 4,0 Média 13,6 1.136 9,0 Grande

Fonte: Seiffert (1982). Os danos causados por pragas e doenças no estabelecimento de pastagens devem ser

levados em conta. Seu controle é desejável, em regiões com incidência de insetos, principalmente devido ao fato de muitos plantios serem feitos na superfície do solo, favorecendo a ação destas

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pragas. Em um bom plantio, no qual as sementes são enterradas, os danos causados por insetos e aves são reduzidos ao mínimo, primeiro por estarem cobertos de solo e segundo por germinarem mais rapidamente, não ficando expostas por muito tempo. Quando da ocorrência de sérios problemas por pragas e moléstias, faz-se necessário tratamento da semente com inseticidas e fungicidas específicos.

TAXA DE SEMEADURA

A quantidade de sementes utilizadas por unidade de área tem sido outro fator limitante no estabelecimento de pastagens. Poucos são os trabalhos experimentais feitos no sentido de determinar qual a quantidade de sementes para cada espécie, nem se conhece o número ideal de plantas por unidade de área para que se obtenha uma boa cobertura do solo. A germinação das sementes viáveis varia muito em função das condições climáticas e também em função da espécie, mas de um modo geral de 20% a 60% das sementes viáveis germinam no campo. Tendo em vista estes fatores, é recomendável aumentar a taxa de semeadura para corrigir estas deficiências. Sementes pequenas normalmente apresentam mais perdas que sementes maiores, ou seja, com espécies de sementes pequenas necessita-se de um maior número de sementes viáveis por m2, para obter o mesmo número de plantas com espécies de sementes maiores.

Segundo Souza (1997), a germinação em campo, em decorrência de vários fatores, é distinta daquela obtida em laboratório e o autor recomenda as taxas de semeadura constantes na Tabela 18.

O primeiro desses fatores é que as condições ambientais prevalecentes no campo são muito variáveis, de tal forma que a taxa de germinação obtida no laboratório nunca corresponde àquela de emergência de plântulas. O tamanho das sementes é outro fator importante; conforme pode ser verificado na Tabela 18, esta é uma característica que varia entre espécies e até mesmo entre cultivares de uma mesma espécie.

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TABELA 18. Número aproximado de sementes puras por grama de várias espécies e cultivares de gramíneas forrageiras tropicais e sugestões de taxas de semeadura, menores para condições mais favoráveis e maiores para condições adversas de plantio.

Espécie Nome comum Número de sementes/g

Taxa de semeadura* (kg/ha SPV)¹

Brachiaria decumbens cv. basilisk Decumbens,Braquiarinha 200 2,5 – 4,0 Brachiaria humidicola Humidicola, quicuio 270 2,5 – 4,0 Brachiaria ruziziensis Ruziziensis 230 2,5 – 4,0 Brachiaria brizantha cv. Marandu Marandu, Braquiarião 120 3,0 – 5,0 Brachiaria brizantha cv. Xaraés Xaraés 100 3,0 – 5,0 Brachiaria brizantha cv. Piatã Piatã 120 3,0 – 5,0 Andropogonm gayanus cv. Planaltina Andropogon 360 2,5 – 3,5 Panicum maximum cv. Tanzânia Tanzânia 950 2,0 – 4,0 Panicum maximum cv. Mombaça Mombaça 720 2,0 – 4,0 Panicum maximum cv. Massai Massai 1000 2,0 –4,0 Panicum maximum cv. Aruana Aruana - 2,0 – 4,0 Paspalum guenoarum (Ramirez) Ramirez 300 2,0 – 3,5 Paspalum notatum cv. Pensacola Pesacola 610 2,0 –3,5 Paspalum atratum cv. Pojuca Pojuca - 2,0 – 3,5 Setaria sphacelata cv. Kazungula setária kazungula 1.490 1,5 – 3,0 *Estas taxas são sugeridas a partir de dados experimentais e de observações práticas; os valores poderão

ser alterados em função de disponibilidade de novos dados experimentais. As taxas de semeadura devem ainda levar em conta que as plântulas de determinadas

espécies são mais frágeis e susceptíveis a estresses ambientais. Há também os casos em que as plântulas são muito lentas em seu estabelecimento, tal como é o caso, por exemplo, da B. humidicola, da S. sphacelata cv. Kazungula e do A. gayanus. Nessas situações, a taxa de semeadura deve prever um número maior de plântulas nos estádios iniciais da formação.

Estima-se que um mínimo de 15-20 plântulas/m² é suficiente para assegurar a formação de pastagens, em se tratando de espécies cujas sementes são de tamanho relativamente grande como é a dos capins B. brizantha, B. decumbens e B. ruziziensis. No caso de espécies de sementes menores, que resultam em plântulas mais frágeis ou que são de estabelecimento mais lento, um número maior delas (40-50 plântulas/m²) é necessário para garantir a formação. Os dados da Tabela 18 na coluna “Taxa de semeadura”, referem-se a lotes com 100% de Valor Cultural (VC) que, na prática, não existem, e estes devem ser corrigidos em função do VC da semente comercial. Assim sendo, a utilização prática destas sugestões depende do ajuste das taxas de semeadura dos lotes comerciais, caracterizados por diferentes % VC, utilizando os valores da Tabela 18 como referência.

Isto pode ser feito multiplicando-se por 100 o valor da Tabela e dividindo-se o resultado pela % VC do lote de sementes que se pretende semear. Toma-se como exemplo um determinado lote de sementes de capim-braquiarão (B. brizantha cv. Marandu), com 50% de valor cultural e desejamos semear 4 kg/ha de SPV. Neste caso, ter-se-ia:

Taxa de Semeadura = (4,0 X 100)/50 = 8 kg/ha

deste lote com 50% VC, a taxa de semeadura seria de 7 kg/ha. Neste caso, o valor de 4,0 foi obtido na Tabela 18 e 50 corresponde à percentagem de Valor Cultural do lote adquirido, cuja taxa de semeadura está sendo ajustada.

Para leguminosas como o estilosantes Campo Grande em formação de pastagens novas deve ser semeado com 2,0 a 2,5 kg/ha de SPV. Já na recuperação de pastagens a quantidade de sementes deve ser aumentada para 2,5a 3,0 kg de SPV/ha (Embrapa Gado de Corte, 2007). O estilosantes Mineirão pode ser semeado com 500 e 700 gramas/ha de sementes SPV escarificada (Embrapa Cerrados, 1998). Mas em testes realizados na Embrapa Gado de Corte taxas de semeaduras mais elevadas têm proporcionado melhores resultados. Na consorciação de estilosantes Mineirão e B. decumbens o número de plantas/m2 foi de 15, 24 e 34 respectivamente para as taxas de semeadura da leguminosa de 1, 2 e 3 kg/ha de SPV, enquanto que para o estilosantes Campo Grande o numero de plantas/m2 foi de 16, 29 e 44 respectivamente, na media

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de dois métodos de incorporação das sementes rolo e grade niveladora, que não apresentaram efeito sobre o estabelecimento. (ZIMMER et al. 2004). Tendência semelhante foi observada nas consorciações com B. brizantha cv Marandu (ZIMMER et al. 20005) e A gayanus cv Planaltina (ZIMMER et al. 2005). Importante ressaltar que nestes experimentos o preparo do solo foi esmerado e as condições climáticas foram favoráveis, pois nestas condições 30 a 40 % das SPV semeadas se estabelecerem o que freqüentemente não ocorre.

Na semeadura de consorciações é importante reduzir a taxa de semeadura da gramínea visando reduzir a competição dessa com a leguminosa.

Na Tabela 19 podem ser vistos os dados de número de plantas/m2 e a produção de matéria seca/ha, em função de diferentes taxas de semeadura para várias forrageiras em Campo Grande, MS.

Neste trabalho verificou-se que a percentagem de sementes viáveis germinadas em campo, de um modo geral, foi bastante baixa, bem como as produções de matéria seca no período de 111 dias, devendo-se isto ao fato de as condições climáticas não terem sido muito favoráveis. Notou-se também que as taxas de semeadura de 0,75 kg/ha a mais de 3,0 kg/ha das espécies de sementes pequenas como Andropogon gayanus, Panicum maximum e Setaria anceps, de modo geral, não afetaram em muito as produções de matéria seca, mas afetaram o número de plantas/m2. Já para a B. brizantha, a resposta às maiores taxas de semeadura foi linear, tanto para número de plantas/m2 como para produção de matéria seca.

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TABELA 19. Número de plantas (touceiras) por m² (No pl/m²), produção de matéria seca da gramínea (MS) e percentagem de plantas daninhas

(Dan.) na matéria seca total, em função de diferentes densidades de semeadura de quatro gramíneas forrageiras. Médias de três repetições obtidas aos 111 dias após a semeadura.

Espécie 1 2 3 4 5 6 7 8 Tratamento S/m² kg/ha S/m² kg/ha S/m² kg/ha S/m² kg/ha S/m² kg/ha S/m² kg/ha S/m² kg/ha S/m² kg/ha

A. gayanus 10 0,34 15 0,51 22 0,74 30 1,00 37 1,25 45 1,50 70 2,03 - - No pl/m² 16,7 14,7 19,07 23,0 21,0 32,7 32,7 - MS (t/ha) 1,5 2,6 2,1 2,7 2,9 4,8 2,7 - Dan(%) 30,0 23,0 20,0 14,0 21,0 13,0 11,0 -

P. maximum 40 0,56 60 0,85 80 1,13 100 1,41 120 1,69 140 1,98 200 2,82 300 4,24 No pl/m² 10,7 18,3 17,7 23,7 23,2 26,3 23,7 49,7 MS (t/ha) 1,5 2,2 2,1 2,3 2,2 2,4 2,4 2,7 Dan (%) 37,0 31,0 28,0 29,0 31,0 23,0 24,0 22,0

S. anceps 40 0,32 80 0,63 100 0,79 150 1,19 200 1,59 250 1,98 300 2,38 400 3,17 No pl/m² 10,3 14,3 19,7 33,0 35,7 36,3 42,7 49,7 MS (t/ha) 0,6 1,1 1,3 1,5 3,3 1,5 1,5 1,6 INV (%) 57,0 35,0 39,0 27,0 33,0 15,0 27,0 21,0

B. brizantha 5 0,32 10 0,64 20 1,28 30 1,92 40 2,56 50 3,20 100 6,41 - - No pl/m² 4,0 3,3 12,7 19,0 21,3 23,2 28,0 - MS (t/ha) 0,5 0,6 1,4 1,4 1,7 2,0 3,0 - Dan (%) 27,0 30,0 16,0 11,0 14,0 14,0 7,0 -

Densidades de semeadura em número de sementes viáveis por m2 (S/m2) e kg/ha. Fonte: Zimmer et al. (1992).

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