conservaÇÃo de forrageiras nativas e introduzidas

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1 CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS GUILHERME FERREIRA DA COSTA LIMA 1 , FRANCISCO CANINDÉ MACIEL 2 1 Pesquisador – Embrapa/EMPARN, Rua Jaguarari, 2192 – L. Nova; Natal – RN [email protected] 2 Pesquisador – Embrapa/EMPARN, Rua Jaguarari, 2192 – L. Nova – Natal – RN [email protected] RESUMO A pecuária representa uma das mais importantes atividades para os pequenos agricultores familiares do semi-árido brasileiro. Em função de sua menor vulnerabilidade à seca quando comparada às explorações agrícolas, ela tem se constituído num dos principais fatores de fixação do homem à terra e de geração de emprego e renda na região. No entanto, devido à marcada estacionalidade na disponibilidade dos pastos nativos e a limitada área dos estabelecimentos rurais, o desempenho produtivo dos rebanhos é baixo, principalmente devido a reduzida oferta de alimentos no período seco. Nesse cenário, a produção e a conservação de forrageiras nativas e cultivadas surgem como uma alternativa natural para disponibilizar alimentos nos períodos de estresse nutricional dos rebanhos. Por outro lado, as barreiras culturais, a insuficiente assistência técnica, a pequena disponibilidade de máquinas e o desconhecimento das práticas de armazenamento de forragens determinam um baixo índice de adoção de tecnologias de formação de reservas forrageiras estratégicas. A presente revisão procura apresentar os resultados de pesquisa disponíveis sobre o assunto, com ênfase nas tecnologias apropriadas para os produtores com baixa capacidade de investimento. Nesse contexto são apontadas opções de práticas simplificadas de conservação como a ensilagem e a fenação, utilização de secadores solares e enfardadeiras manuais e formas de armazenar alimentos no seu estado natural, como a palma forrageira, o capim elefante irrigado, o sorgo, e as leguminosas manejadas como bancos de proteína . É ainda ressaltada a importância dos resíduos da agroindústria na alimentação dos ruminantes com sugestões de práticas de manejo, conservação e utilização.

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CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

GUILHERME FERREIRA DA COSTA LIMA1, FRANCISCO CANINDÉ MACIEL2

1 Pesquisador – Embrapa/EMPARN, Rua Jaguarari, 2192 – L. Nova; Natal – RN [email protected] 2 Pesquisador – Embrapa/EMPARN, Rua Jaguarari, 2192 – L. Nova – Natal – RN [email protected]

RESUMO

A pecuária representa uma das mais importantes atividades para os

pequenos agricultores familiares do semi-árido brasileiro. Em função de sua

menor vulnerabilidade à seca quando comparada às explorações agrícolas, ela

tem se constituído num dos principais fatores de fixação do homem à terra e de

geração de emprego e renda na região. No entanto, devido à marcada

estacionalidade na disponibilidade dos pastos nativos e a limitada área dos

estabelecimentos rurais, o desempenho produtivo dos rebanhos é baixo,

principalmente devido a reduzida oferta de alimentos no período seco. Nesse

cenário, a produção e a conservação de forrageiras nativas e cultivadas

surgem como uma alternativa natural para disponibilizar alimentos nos

períodos de estresse nutricional dos rebanhos. Por outro lado, as barreiras

culturais, a insuficiente assistência técnica, a pequena disponibilidade de

máquinas e o desconhecimento das práticas de armazenamento de forragens

determinam um baixo índice de adoção de tecnologias de formação de

reservas forrageiras estratégicas. A presente revisão procura apresentar os

resultados de pesquisa disponíveis sobre o assunto, com ênfase nas

tecnologias apropriadas para os produtores com baixa capacidade de

investimento. Nesse contexto são apontadas opções de práticas simplificadas

de conservação como a ensilagem e a fenação, utilização de secadores

solares e enfardadeiras manuais e formas de armazenar alimentos no seu

estado natural, como a palma forrageira, o capim elefante irrigado, o sorgo, e

as leguminosas manejadas como bancos de proteína . É ainda ressaltada a

importância dos resíduos da agroindústria na alimentação dos ruminantes com

sugestões de práticas de manejo, conservação e utilização.

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ABSTRACT

Conservation of Native and Introduced Forages

Animal husbandry is one of the most important activities for the

smallholders producers of the brazilian semi-arid region. Due to its small

vulnerability to drought periods, when compared to agriculture, cattle raising has

been converted on the major factor to maintain smallholders in rural areas, and

to generate employment and income. On the other hand, due to the strong

seasonability of the native pastures and the limited areas of the farms, the

performance of the herds is very low. In this context the production and

conservation of native and cultivated forages emerge as a natural alternative to

struggle against nutritional stress of the animals. The low level of technology

adoption by smallholders is motivated by cultural barriers, lack of technical

assistance, lack of machinery availability, and low knowledge of practical forage

conservation methods. This revision try to show the available research results

about forage conservation with emphasis on appropriate technologies for

smallholders. In this way several information are pointed out about silage, hay,

solar driers, manual hay bailing, and other forages like elephant grass,

sorghum, forage cacti, and legumes managed as protein banks. It is also

emphasized the importance of agricultural by-products for ruminant nutrition.

INTRODUÇÃO

Com uma área aproximada de 882 mil km2, o semi-árido nordestino

abriga cerca de 18 milhões de habitantes e tem uma densidade demográfica de

20/hab/km2 (Duarte, 2001). A presença de cerca de 50% da população do

Nordeste e nove milhões de habitantes na zona rural numa região

caracterizada por limitações ambientais, dá a dimensão dos desafios existentes

para a elaboração de políticas governamentais para o desenvolvimento

regional. Dentre essas limitações, a restrição da área dos minifúndios torna

difícil à estruturação de suportes alimentares para os sistemas de produção

pecuários regionais.

O Nordeste possui 1.570.511 estabelecimentos rurais, dos quais 67,5%

apresentam área inferior a 10 ha e 26,0% são maiores que 10 ha e menores

que 100 ha (IBGE, 1996).

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Guimarães Filho e Lopes (2001), afirmam que nas áreas mais secas da

região são necessários 200 a 300 ha para manter, em condições semi-

extensivas, um rebanho caprino ou ovino de corte de 300 matrizes. Para os

autores, este número representa o rebanho mínimo necessário para viabilizar a

acumulação de meios de produção de uma família.

A pecuária tem grande expressão econômica e social no Nordeste,

incluindo-se entre algumas das poucas atividades com possibilidade de

exploração em sistemas de sequeiro na região.

Para Chedly e Lee (2005) a pecuária tem um papel significante para os

pequenos agricultores dos países em desenvolvimento, pois ela provê

elementos essenciais à economia, tais como: tração animal, transporte, esterco

como fertilizante e combustível, alimento, fibras, couro, poupança e renda, pela

venda de animais e produtos.

A frágil estrutura de suporte alimentar dos rebanhos nordestinos reflete

a baixa capacidade de suporte dos pastos nativos, particularmente das

caatingas, as secas periódicas e a errática distribuição das chuvas, a reduzida

utilização de pastos cultivados, o alto custo dos concentrados comerciais e a

ausência de tradição no armazenamento de forragens nas formas de feno e

silagem.

Mesmo nessas condições desfavoráveis, estudos recentes da

EMBRAPA/Semi-Árido em 107 municípios situados nas áreas secas do

Nordeste, constataram que cresce a renda dos produtores, à medida que se

eleva a participação da pecuária na unidade produtiva (ARAÚJO, 2003).

Com a baixa capacidade de suporte dos pastos nativos e a pequena

área dos estabelecimentos rurais e das pastagens cultivadas, são limitadas as

alternativas para o desenvolvimento de uma pecuária com uma escala de

produção sustentável para a agricultura familiar fora da produção intensiva de

forragens e da utilização de práticas de armazenamento.

Dentre as tecnologias capazes de duplicar ou até mesmo triplicar a

produção de carne e leite no Nordeste brasileiro, Oliveira (1994) relaciona as

seguintes: produção e conservação de forragens, esquemas de suplementação

alimentar durante épocas críticas, utilização de subprodutos e resíduos da

agroindústria, disseminação e uso de forrageiras mais produtivas, recuperação

de pastagens degradadas e sistemas alternativos de pastejo.

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Não existem dúvidas que um dos principais impedimentos à viabilização

de sistemas pecuários no Nordeste é a pequena disponibilidade de volumosos

de qualidade e o manejo inadequado dos recursos forrageiros existentes.

Quando se considera, a título de exemplo, as necessidades de um

rebanho de 50 vacas leiteiras no semi-árido, com um período de seca de seis

meses e consumo médio, por vaca, de 12 kg MS/vaca/dia, estima-se o

requerimento mínimo de 108 t. MS de forragens armazenadas por ano. Torna-

se praticamente impossível, para pequenos criadores, obterem quantidades de

forragens dessa magnitude, sem contar com o cultivo de forrageiras de alta

produção. A combinação desses recursos forrageiros, associados a práticas

de ensilagem, fenação e utilização de resíduos da agroindústria, representa

uma sólida base para edificar sistemas de produção no semi-árido.

Armazenar forragens de boa qualidade para utilização no período seco

significa ir de encontro a um dos principais problemas da exploração pecuária

regional, que é a extrema estacionalidade da produção forrageira. (MACIEL et

al., 2004a).

Embora o tema solicitado para a palestra resuma-se a conservação de

forrageiras nativas e exóticas, enfocando particularrmente os processos de

fenação e ensilagem, pretende-se aqui ampliar a discussão sobre o leque de

alternativas forrageiras com potencial para o armazenamento e utilização no

período seco do semi-árido nordestino. Dessa forma, serão consideradas

também, as espécies com potencial para “armazenamento verde”, ou na forma

natural, como a palma forrageira, o sorgo, o capim elefante irrigado, o capim

buffel e leguminosas para fenação e utilização como bancos de proteína, além

dos resíduos da agroindústria, utilizados na forma natural ou conservada.

Será ainda abordado o grave problema da reduzida taxa de adoção de

novas tecnologias pelos agricultores familiares do semi-árido, notadamente na

área de armazenamento de forragens, discutindo-se as barreiras existentes, os

fatores socioeconômicos, políticos e culturais, as ferramentas de combate ao

problema e o exemplo de um programa desenvolvido há mais de 12 anos pela

EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.

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REVISÃO DE LITERATURA

CAATINGA Nada melhor para respaldar a necessidade de ampliação de programas

de produção e conservação de forragens no semi-árido, que uma discussão

sobre o potencial forrageiro da caatinga nordestina.

Inicialmente é importante ressaltar a existência de uma diversidade de

tipos de vegetação de caatinga no semi-árido, onde Silva et al. (1992)

destacam a presença de 20 unidades de paisagem e 110 unidades

geoambientais distintas, gerando demandas políticas e tecnológicas bastante

diferenciadas. Andrade-Lima (1981), ressaltando o aspecto da associação

entre espécies, realiza uma classificação com 12 tipos de unidades

vegetacionais de caatinga no Nordeste.

Sejam as caatingas ralas ou densas, arbustivas ou arbóreas, altas ou

baixas, a disponibilidade de fitomassa comestível para os ruminantes no

período seco é bastante reduzida.

Comentando esse problema, Albuquerque (2001) ressalta que a

caatinga é uma pastagem pobre que difere das outras pastagens nativas do

mundo em alguns aspectos, quais sejam: a alta densidade de arbustos e

árvores, que dificultam muitas operações de manejo animal e as folhas do

estrato arbustivo-arbóreo que caem cedo.

Lima et al. (1998) mensuraram em uma caatinga aberta do Seridó

potiguar, uma disponibilidade máxima de 1,4 t. de MS no mês de abril e mínima

em dezembro com 0,4 t. Nesse tipo de caatinga, o estrato herbáceo participou

com 74 a 87% da disponibilidade de fitomassa total e o estrato arbustivo com

13 a 26%. Em caatingas densas arbustivo-arbóreas, na região de Ouricuri-PE,

Lima (1985) registrou uma disponibilidade total de fitomassa, exceto cactos e

bromélias, da ordem de 0,5 t. MS/ha no período chuvoso, com 91,1% sendo

representado por folhas e brotos do estrato arbustivo. No período seco, nessas

mesmas áreas, 94,8% da fitomassa disponível eram folhas secas no chão.

Confirmando a alta variabilidade das unidades de caatinga, Araújo Filho et al.

(1995), citado por Cândido et al. (2005), indicam uma produção média anual

das forrageiras nativas do semi-árido da ordem de 4,0 t. MS/ha.

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Fica claro que, mesmo possuindo uma grande diversidade de espécies

nativas, particularmente leguminosas, de alto valor forrageiro, a severa

estacionalidade na disponibilidade de forragem das caatingas promove

desempenhos animais bastante modestos. Albuquerque (2001) lista para

diversas unidades de caatinga do Ceará, Paraíba e Pernambuco, capacidades

de suporte de 5 a 15 ha/animal/ano e ganhos de peso de 5 a 49 Kg/ha/ano, em

sistemas explorando caatingas nativas e manipuladas.

Estudando formas de pastejo múltiplo nos sertões cearenses, Araújo

Filho et al. (2002ab) afirmam que as secas periódicas do semi-árido nordestino

reduzem o ganho de peso dos caprinos criados em caatinga, em cerca de 50%

e de ovinos criados em caatinga raleada em cerca de 41%. Mesmo utilizando

práticas de manipulação das caatingas, Araújo (1999) relata índices de

capacidade de suporte para pequenos ruminantes de 1,0 ha/cab./ano na

caatinga rebaixada e de 0,5 a 1,0 ha /cab./ano, quando a caatinga é raleada e

enriquecida.

Dessa forma, as unidades de vegetação de caatinga no semi-árido,

apresentam, como característica comum, uma concentração da produção de

fitomassa num período chuvoso de três a cinco meses, onde normalmente o

estrato herbáceo apresenta alta qualidade forrageira, mas com uma produção

efêmera, que praticamente desaparece com a chegada do período seco. A

disponibilidade de forragens nos estratos arbustivo e arbóreo varia de unidade

para unidade, mas normalmente é baixa, precocemente caducifólia e muitas

vezes apresentando baixa digestibilidade, em função da presença de

compostos anti-nutricionais característicos de plantas xerófilas. Por outro lado,

é esse estrato arbustivo/arbóreo que melhor representa a adaptação dessas

espécies ao ambiente, quando em um curto período de cerca de 15 dias após

as primeiras chuvas, se transforma de arbustos cinzentos secos, sem nenhuma

folha, em uma explosão de brotos, que saciam a fome dos rebanhos

castigados pelo longo período de seca.

As limitações das caatingas do semi-árido no aspecto quantitativo de

disponibilidade de fitomassa são por outro lado compensadas por uma grande

diversidade de espécies forrageiras, principalmente leguminosas, de alto valor

forrageiro e plenamente adaptadas ao ambiente. No entanto, existe uma

grande demanda não atendida por trabalhos de melhoramento vegetal,

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fisiologia e reprodução dessas espécies forrageiras, para garantir, por exemplo,

uma maior produção de fitomassa, períodos de manutenção de folhas mais

extensos, melhor relação folha/caule, maior digestibilidade pela redução de

compostos anti-nutricionais e um domínio sobre as melhores condições de

produção de sementes, cultivo e manejo. Essa carência de estudos pode ser

comprovada pelo pequeno número de espécies forrageiras nativas do semi-

árido disponíveis comercialmente para serem utilizadas.

A pequena produção pecuária familiar do semi-árido tem, nas caatingas

e pastos nativos, seu principal suporte forrageiro. Dessa forma, resta a esses

produtores, como opção de manejo, utilizar esses pastos até o limite de sua

capacidade, com rotações de cercados, enriquecimento do estrato herbáceo

com gramíneas como os capins buffel e urocloa e selecionar a melhor

alternativa de armazenamento de forragens para garantir o alimento dos

rebanhos no período seco. Essas alternativas não se limitam às práticas de

fenação e ensilagem e podem incluir o cultivo da palma forrageira e sorgo,

manejo de cactos nativos, uso de resíduos agroindustriais, capineiras irrigadas,

bancos de proteína, entre outras.

FENAÇÃO

O feno é a forma mais antiga e de maior importância de conservar a

forragem, apesar da dependência de condições climáticas satisfatórias no

período da colheita. Pode ser produzido com equipamentos simples,

manualmente ou com mecanização, e, em pequena ou grande escala,

assegurando alimento volumoso ao gado na estação seca (SUTTIE, 2000).

Em função da pequena existência de gramíneas e leguminosas mais

indicadas para produção de fenos (tifton, coast cross, pangola, alfafa, entre

outras) no semi-árido, faz-se necessário difundir a utilização da fenação de

espécies forrageiras adaptadas à região, com alto potencial de produção de

matéria seca, mesmo que estas não apresentem as características

tradicionalmente mencionadas das espécies recomendadas para a fenação

(muitas folhas, talos finos) ou requeiram processos alternativos de dessecação.

Projetos desenvolvidos pela EMPARN na região do Seridó potiguar, com

apoio do PRONAF, MDS e MDA, e FINEP, avaliaram a utilização de secadores

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solares cimentados de 10,0m x 10,0m (100 m2) para desidratação de forragens

trituradas em pequenas propriedades, com resultados bastante promissores

para a agricultura familiar.

Os pequenos secadores têm uma capacidade de produção de 200 kg de

feno triturado por cada processo de secagem (2 kg feno/m2). Considerando a

possibilidade do criador realizar essa prática pelo menos 50 vezes por ano

(utilizando 100 dias/ano, em uma média de desidratação de dois dias), isso

resultaria numa produção de feno da ordem de 10 mil kg (LIMA et al., 2004).

Pesquisa desenvolvida em parceria entre a EMPARN/Banco do

Nordeste/PRONAF/UFRN/UFRPE e FINEP (AGUIAR, 1999), comprovou a

qualidade forrageira do feno triturado de capim elefante com mais de um ano

de conservação em sacos de polietileno. O período ideal de corte para a

fenação foi de 45 a 60 dias de rebrota, o que proporcionou um rendimento de 6

a 8 t. de MS, com 6,3 a 7,8% de proteína bruta (PB) e digestibilidade da MS de

56,0 a 59,0%.

Estudando o potencial de gramíneas como o milheto, sorgo sudanense,

capim elefante e sorgos forrageiros, na produção de fenos triturados, Aguiar

(2005) registrou rendimentos de matéria verde de 25 a 48 t./ha/corte, teores de

PB de 5,0 a 11,0%, digestibilidade da MS de 50,0 a 57,0% e consumos de MS

por ovinos variando de 1,8 a 2,4% do peso vivo.

Entre as espécies forrageiras indicadas para a produção de fenos

triturados e desidratados no secador solar, destacam-se aquelas de maior

porte, caules ou ramos grossos, e as que apresentam dificuldades no processo

de desidratação quando expostas ao sol na forma inteira, como o capim

elefante (Pennisetum purpureum Schum.), os sorgos granífero e forrageiro

(Sorghum bicolor L. Moench.), o milheto (Pennisetum americanum (L.) Leeke.),

o sorgo sudanense (Sorghum sp. ), culturas de sorgo e milho que, pela seca,

não conseguiram completar seus ciclos, a cana-de-açúcar na produção da

sacharina, as manivas da mandioca (Manihot esculenta) e a própria raiz, a flor-

de-seda (Calotropis procera L.), a maniçoba (Manihot sp.), leguminosas

arbustivas, como a leucena (Leucaena leucocephala), o guandu (Cajanus

cajan ), assim como uma grande diversidade de forrageiras nativas arbustivas

e herbáceas, que, processadas no final do período chuvoso, ainda trazem a

vantagem de uma rebrota rica para ser consumida (LIMA et al., 2004).

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Outra alternativa para utilização do secador solar, como ferramenta no

fortalecimento de reservas forrageiras estratégicas no semi-árido, é a

desidratação de resíduos agroindustriais, como do sisal, do caju, do melão, do

abacaxi, do tomate, da banana e de tantos outros, que, na sua grande maioria,

são desperdiçados. Na utilização desses resíduos torna-se fundamental o

monitoramento dos resíduos de agroquímicos, e da proliferação de fungos ou

mofos, que podem comprometer os alimentos.

De acordo com Lima e Maciel (1996), existe um grande número de

espécies forrageiras nativas no Nordeste, aptas à fenação, mas que, ainda,

requerem estudos de avaliação de seus potenciais produtivos de fitomassa e

da mão-de-obra requerida para preparação desses fenos. Diversas

leguminosas arbustivo-arbóreas, como a jurema preta (Mimosa sp), sabiá

(Mimosa caesalpinifolia Benth.), jucá (Caesalpinia ferrea), rapadura de cavalo

(Desmodium sp.), mororó (Bauhinia cheilantha (Bong) Steud.), e tantas outras,

possibilitam a produção de fenos de boa qualidade. No entanto, muitas vezes,

a produção é inviável pela pequena produção de fitomassa e/ou alto

requerimento de mão-de-obra em função da presença de espinhos e baixa

relação folha:caule. Assim sendo, algumas vezes torna-se mais econômico a

prática de rebaixamento desses arbustos, colocando a forragem dessas

plantas ao alcance dos animais.

FENOS TRITURADOS DE MANIÇOBA, FLOR-DE-SEDA E LEUCENA

Entre as forrageiras nativas, naturalizadas ou introduzidas com potencial

para a produção de fenos triturados, merecem destaque forrageiras como a

leucena, a maniçoba, a flor-de-seda e o guandu, que pelo alto valor nutritivo,

principalmente em proteína, podem representar alternativas locais para

formulação de concentrados, indo de encontro a um dos principais fatores

determinantes dos altos custos de produção dos produtos pecuários.

Salviano (2001) classifica a maniçoba como excelente forrageira para o

semi-árido, com níveis de PB acima de 20% e digestibilidade superior a 60%.

Para o autor, o risco de intoxicação (ácido cianídrico) é eliminado quando a

planta é fornecida na forma de feno.

Na EMBRAPA/Semi-Árido, em plantios de maniçoba com espaçamento

de 1 a 2 m. entre fileiras, e 0,5 a 1 m. entre plantas, e uma densidade de 10 mil

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plantas/ha , foram obtidas na estação chuvosa produções da ordem de 5 t.

MS/ha em dois cortes. A inclusão do feno de maniçoba na dieta de novilhos,

alimentados com capim buffel promoveu ganhos de peso superiores a 700

g/cabeça/dia.

Araújo (2005) avaliou a utilização de níveis de feno de maniçoba (30, 40,

50 e 60%) em dietas para cabras da raça Moxotó em lactação. A digestibilidade

aparente de MS, MO, PB, EE, CHT, CNF, EB e FDA decresceu linearmente,

enquanto que a digestibilidade da FDN não se alterou com o aumento dos

níveis de feno na dieta.

Entre algumas limitações para uma divulgação mais ampla do cultivo da

maniçoba, lista-se a baixa disponibilidade de sementes, associada a problemas

de germinação e dormência, além do baixo enraizamento das estacas

utilizadas para a propagação vegetativa. Também a perda de folhas no período

seco, revela a necessidade de manejo da forrageira com cortes durante o

período das chuvas.

A flor-de-seda (Calotropis procera) faz parte da família Asclepiadaceae,

sendo originária da Índia e África Tropical e, provavelmente, foi introduzida no

Brasil como planta ornamental. A espécie encontra-se disseminada em todo o

semi-árido, sempre se destacando na paisagem seca dos sertões, por

permanecer verde mesmo nos períodos mais críticos.

Entre outras características positivas da flor-de-seda como forrageira

para a produção de feno no semi-árido, incluem-se:

• Permanência das folhas, mesmo durante os períodos mais críticos de

estresse hídrico;

• Rebrota vigorosa em resposta aos cortes, mesmo nos períodos de

seca e sem o registro de qualquer precipitação;

• Grande disponibilidade de sementes, sem qualquer dormência e

excelente germinação, que facilita, sobremaneira, a produção de

mudas ou o plantio direto;

• Tolerância na utilização em solos salinos;

• Embora não palatável quando verde, o feno da flor-de-seda apresenta

alta digestibilidade e consumo da matéria seca.

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Estudando o cultivo da flor-de-seda, Lima et al. (2002) avaliaram

diferentes espaçamentos em solos aluvionais e obtiveram rendimentos da

ordem de 1 a 3 t. MS/ha/corte aos 70 e 135 dias, teores de PB de 16 a 22% e

de MS de 10 a 15%, nos espaçamentos de 1,0 x 0,5m e 1,0 x 1,0m, com

apenas 150 mm de precipitação.

Oliveira (2002) estimou a produção de fitomassa de Calotropis procera

em função da circunferência do caule e de espaçamentos em dois sítios da

Paraíba, obtendo os seguintes resultados: nos espaçamentos de 0,5 x 0,5; 1,0

x 0,5 e 1,0 x 1,0 m, obteve-se, respectivamente, 26,0 a 49,4; 13,0 a 24,7 e 6,5

a 12,3 t./ha de biomassa, com cortes a 10 cm de altura do solo.

Vaz et al. (1998) verificaram ao determinar a composição química dos

fenos de Calotropis procera, valores de 29,5% de FDN, 21,0% de FDA, 8,5%

de hemicelulose, 11,1% de celulose e 21,2% de PB. Já Oliveira (2002)

encontrou percentuais de 14,3; 14,0; 31,5 e 18,2%, respectivamente, para PB,

Matéria Mineral (MM), FDN e FDA.

Fall (1991) obteve valores de 72% para a digestibilidade da MS das

folhas de Calotropis procera. Vaz et al. (1998) melhoraram o consumo e a

digestibilidade da MS e PB de uma dieta para caprinos, com a inclusão de até

60% do feno de flor-de-seda, em substituição ao feno de coast cross. Abbas et

al. (1992), citados por Silva et al. (2001), afirmam que as folhas secas dessa

espécie podem ser usadas na alimentação de caprinos, sem exceder 0,5 kg/dia

ou misturadas a fenos de outras forrageiras, em até 50% do consumido.

Melo et al. (2001) realizaram estudos fitoquímicos da utilização da flor-

de-seda na alimentação de caprinos, com até 60% de participação na dieta, por

um período de 40 dias consecutivos, avaliando os efeitos clínicos e

bioquímicos séricos. Confirmando o potencial forrageiro da espécie, esses

autores concluíram que a ingestão, na forma de feno, por caprinos adultos, não

produziu alterações clínicas, nem enzimáticas séricas.

FENOS DE CAMPOS NATIVOS COM LEGUMINOSAS

O potencial de leguminosas herbáceas nativas no Nordeste é muito

grande, podendo ser destacadas diversas espécies dos gêneros Stylosanthes,

Centrosema, Rhyncosia, Macroptilium, Zornia, Phaseolus, entre outras. Cabe

ao produtor, avaliar o potencial produtivo dessas plantas em suas fazendas, os

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custos do processo, da preparação ao armazenamento, e optar ou não pelo

processo de fenação.

Na sua Estação Experimental de Apodi-RN, a EMPARN realizou

experiências de produção de fenos de pastos nativos herbáceos, com

dominância de leguminosas. Nessas áreas, o processo incluiu uma roçagem

antes do início do período chuvoso para remoção de arbustos maiores e

padronização da altura. Foi utilizada uma colheitadeira TARUP para a colheita

da forragem diretamente em carroções e o material obtido foi espalhado para

desidratação no próprio campo, sendo armazenado com utilização de

enfardadeiras manuais. Nesse processo, foram obtidos fenos com teores de

PB de 8 a 12% e dois trabalhadores conseguiram enfardar cerca de 160 a 180

fardos/dia.

BUFFEL

Outras opções de forrageiras para a produção de feno em áreas de

sequeiro, incluem o capim Buffel e a leucena. Guimarães Filho et al. (1995)

obtiveram produções de buffel em Petrolina-PE da ordem de 4 t. MS/ha em

solos com 1 a 3,5 ppm de fósforo e de 7 t. a 9 t. MS/ha /ano, com adubações

fosfatadas. Quanto a leucena, Duarte (2001) relata rendimentos por corte de

1,3 t. MS/ha até 6 t. MS/ha, quando a pluviosidade mais intensa permitiu maior

número de cortes por ano.

Sem considerar as perdas do processo de fenação, Ribeiro Filho (1996)

apresenta resultados de produtividade média na Bahia, com base nas

gramíneas mais utilizadas para fenação de 6 t. a 10 t MS/ha, sendo, no

entanto, a produtividade média das fazendas de 3 t. MS/ha /ano.

A importância dos capins buffel e urocloa no semi-árido é destacada por

Oliveira (1999), que em latossolos com 3 ppm de fósforo em Petrolina obteve

rendimentos de MS da ordem de 3,1 a 4,4 t. MS/ha, capacidade de suporte

variando de 0,9 a 1,3 cab./ha e ganhos de peso de 129 a 158 kg/ha/ano.

Pitombo (1999) estima a existência de mais de 400.000 ha de capim

buffel no semi-árido, mas ressalta que essa área poderia ser superior a 35

milhões de ha. A Fazenda Colonial no semi-árido de Minas Gerais, conta com

quase 10 mil ha de capim buffel das variedades aridus, biloela e grass, tendo

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13

obtido lotações de 1,0 a 2,0 UA/ha e ganhos de peso entre 100 e 130

kg/PV/ha.

ENSILAGEM – SILOS CINCHO E DE SUPERFÍCIE

Para se ter idéia quão antiga é a utilização da silagem pelo

homem na alimentação de ruminantes, Bolsen (1995) relata que o

desenvolvimento histórico dessa prática data de 1.500 a 2.000 aC, com

registros firmados no Velho Testamento. Como uma prática de manejo

alimentar de ruminantes bastante antiga, a ensilagem conta com um enorme

arsenal de pesquisas realizadas, o que confere a esta tecnologia um amplo

conhecimento das diversas fases do processo.

É consenso entre os estudiosos do assunto, a indicação dos sete pontos

fundamentais para elaboração de uma silagem de qualidade, que são os

seguintes: Planejar cuidadosamente todas as etapas da realização do

processo; escolher a forrageira adaptada ao ambiente e produzi-la dentro das

recomendações técnicas; definir o “ponto de colheita” de acordo com o teor de

MS da forragem; rapidez e eficiência na colheita, enchimento e compactação

da forragem; vedação das superfícies expostas do silo, não permitindo a

entrada de ar; fazer uso racional dos aditivos existentes, de acordo com suas

indicações e relação custo:benefício; promover uma utilização eficiente visando

diminuir as perdas por fermentações secundárias.

Segundo Ferreira (1991), a experiência e/ou treinamento gerencial são

muito importantes para manejar aspectos tecnológicos da produção e colheita

da forragem, operação e manutenção de máquinas, dimensionamento e

distribuição da mão-de-obra, entre outros aspectos. Essas etapas são

fundamentais uma vez que as operações do corte da forragem no campo até a

vedação do silo representam cerca de 60% do custo total da silagem

(MONTEIRO; DUTRA, 1991).

De acordo com Mannetje (2000), devem ser avaliados três pontos antes

de se fazer a indicação de um programa de ensilagem: Se existe a

necessidade de se fazer silagem, se existe forragem de boa qualidade ou

outros produtos suficientes para ensilar e se há condições necessárias para

obtenção de uma silagem de boa qualidade.

Page 14: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

14

Quando se procura agrupar os diversos fatores favoráveis à produção

de silagens, como volumosos para ruminantes no Nordeste, facilmente podem

ser listados: a escassez de forragem no período seco, a disponibilidade de

materiais de milho, sorgo, capim elefante e outras forragens, a simplicidade das

tecnologias empregadas, a produção de dietas mais equilibradas, a geração de

alimento rico em energia e palatável, a disponibilidade de aditivos, entre outros

(LIMA; MACIEL, 1998).

Para Cowan (2000) a importância da ensilagem é ressaltada como

reserva para a seca, para aumentar produtividade, para ajudar o manejo de

pastagens, para usar o excesso de forragem e para balancear nutricionalmente

as dietas.

Por outro lado, a listagem dos fatores limitantes ao processo de adoção

dessa tecnologia engloba: alto custo de produção, deficiência de máquinas,

grande necessidade de mão-de-obra, assistência técnica insuficiente,

insucessos anteriores, pequeno acesso ao crédito, dificuldades de transporte e

ausência de tradição cultural.

O silo cincho é um tipo de silo de superfície que, por sua menor

capacidade de armazenamento de forragem (< 10 t), baixo custo de produção,

menor requerimento de máquinas e mão-de-obra e maior rapidez no

enchimento, vem encontrando boa receptividade entre pequenos e médios

criadores do Nordeste.

Maciel et al. (2004 ab), apresentam em detalhes os aspectos

importantes e algumas limitações para a utilização racional dos silos tipo cincho

e de superfície, destacando suas adaptações à agricultura familiar e aos

pequenos rebanhos, os cuidados no correto preparo, manutenção e uso da

silagem.

Mesmo com suas limitações, o silo cincho pode representar uma

importante ferramenta para fortalecer a transferência e apropriação de

tecnologias de armazenamento de forragens no semi-árido. Em função da

facilidade e baixo custo para preparação da silagem em pequena escala, o

agricultor familiar pode reconhecer a importância desse recurso para a

convivência com a seca e adotar a tecnologia, passando a utilizar silos de

superfície ou trincheira com maiores dimensões.

Page 15: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

15

SORGO

Como em muitas regiões do semi-árido nordestino o milho é uma cultura

de risco, o sorgo surge como um ótimo substituto para a produção de silagem.

Valente (1991), considera o valor nutritivo da silagem de sorgo equivalente a 85

a 90% da de milho, havendo, no entanto, referências mais amplas (72 a 92%).

Existem à disposição dos criadores no mercado três tipos básicos de

sorgo que são o granífero, o forrageiro e o sacarino.

De acordo com Vilela (1994), as variedades que produzem maior

quantidade de grãos, proporcionalmente à massa verde, parecem produzir

silagem de melhor digestibilidade, e muitas vezes proporcionam um maior

consumo de MS. Em concordância com essas afirmações, Nussio (1992),

recomenda cultivares denominados de duplo propósito com altura média de 2

m e 40 a 50% da MS na forma de grãos, na tentativa de garantir qualidade e

consumo ao material ensilado.

A EMPARN, em parceria com a Embrapa/Milho e Sorgo lançou

recentemente uma variedade de sorgo de dupla aptidão denominada BRS –

Ponta Negra, que apresenta como pontos de destaque , rendimentos de matéria

verde e MS de, respectivamente, 40 a 60 t. e 12 a 15 t../ha/corte e rendimento

de grãos em sequeiro superior a 3 t. e com irrigação de 6 t.

Mesmo sendo uma cultura anual, o que implica em gastos para a sua

renovação, o sorgo representa uma das poucas possibilidades do agricultor

familiar obter altos rendimentos de forragem com qualidade em regime de

sequeiro. Além disso, nas restritas áreas úmidas do semi-árido, essa espécie

tem grande capacidade de produzir rebrotas de excelente material forrageiro.

CAPIM ELEFANTE

O capim elefante pode ser considerado uma das forrageiras mais

importantes na produção de volumosos para a pecuária da região nordestina.

Pelo seu alto potencial produtivo, é uma das poucas forrageiras cultivadas

pelos criadores nas restritas áreas úmidas de aluvião existentes. Paralelamente

a esse potencial de produção, as capineiras de capim elefante são em geral,

extremamente mal manejadas no Nordeste (LIMA; MACIEL, 1996).

Ensaios de avaliação de capim elefante realizados pela EMPARN, com

materiais oriundos da Rede Nacional-RENACE, coordenada pela Embrapa

Page 16: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

16

Gado de Leite, identificaram clones com potencial de produção de até 10 t.

MS/ha/corte, a cada 60 dias, ou seja, com potencial de produção de 60 t.

MS/ha /ano, em condições de irrigação e adubação.

Considerando-se que 70 a 80% da produção das capineiras ocorre no

período das águas e que o valor nutritivo destas decresce à medida que elas

se desenvolvem, Vilela (1994) recomenda a ensilagem dessa produção de

forragem como uma prática de manejo viável.

Com um bom planejamento, em um período de chuvas de seis meses,

os criadores poderiam realizar até três cortes nas capineiras (com intervalos de

45 a 60 dias), com potencial de produção de 30 a 40 t. de MV/corte.

Trabalhos experimentais descritos por Faria (1994), indicam ser possível

a obtenção de silagens de capim elefante de qualidade razoável, sem a

utilização de aditivos. O autor considera como ponto realmente limitante para a

ensilagem dessa gramínea, o alto teor de umidade, que no ponto de corte,

situa-se na faixa de 82% a 85%. O emurchecimento do capim ao sol após o

corte por 8 a 12 horas pode melhorar o padrão da fermentação das silagens.

Outra alternativa seria a adição de materiais de alto teor de MS (fenos

triturados, raspa e manivas de mandioca, polpa cítrica) ao capim elefante

úmido por ocasião da ensilagem.

PALMA

As palmas são forrageiras de longa tradição na pecuária nordestina e

representam um suporte alimentar fundamental para os rebanhos no semi-

árido. Um número restrito de espécies tem sido cultivado na região, sendo duas

Opunfia ficus-indica Mill (cultivares gigante e redonda) e uma Nopalea

cochenilifera Salm Dyck (cultivar miúda ou doce).

Embora considerada por alguns técnicos e criadores como forrageiras

de baixo valor pelo excessivo teor de umidade (10 a 15% de MS), as palmas

são alimentos com alta concentração de energia e boa digestibilidade, ricos em

minerais, com excelente palatabilidade, ótimo potencial de produção por área

e, principalmente, disponíveis nos períodos mais críticos de oferta de

alimentos.

Considerando dados de produção de MS de milho, sorgo e palma

forrageira em Pernambuco, Ferreira (2005) aponta que essa cactácea produz

mais energia por unidade de área que essas duas gramíneas, com 6,43 t.

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17

NDT/ha/ano e, respectivamente, 4,32 e 5,16 para o milho e sorgo. Segundo

esse autor, a palma apresenta coeficientes de digestibilidade in vitro na MS da

ordem de 74,4; 75,0 e 77,4%, para as cultivares redonda, gigante e miúda e

teores de NDT de 61,1 a 65,9%.

Resultados obtidos pelo IPA em Caruaru-PE e Arcoverde-PE, apontam

produções no espaçamento de 1,0 x 0,5 m de 170 t. a 200t/MV/ha, dois anos

após o plantio, com teores médios de proteína bruta de 3 a 6% e de

digestibilidade da MS de 65 a 75%. O cultivo adensado da palma, com

espaçamento de 1,0 x 0,25m (40 mil plantas por hectare), vem sendo bastante

utilizado, principalmente, nos estados de Pernambuco e Alagoas. A tecnologia

embora venha obtendo resultados expressivos em produção com 250 a

300t/MV/ha, dois anos após o plantio, requer níveis de adubação mais altos,

além maiores requerimentos em termos de limpas. Segundo esses resultados,

a produção obtida em um hectare de palma em cultivo adensado, permite

alimentar 30 vacas por um período de seca de 180 dias, com um consumo

diário de 50kg/vaca/dia (SANTOS et al., 1997).

Como restrição à sua utilização exclusiva como volumoso para

ruminantes, a palma é pobre em fibra, que é necessária para manutenção das

condições normais do rúmen, e não atende às recomendações mínimas de

FDN para vacas de leite. Dessa forma, existe a necessidade de associação

com fontes de fibra, a fim de se prevenir desordens metabólicas

(FERREIRA,2005).

RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA

Na opinião de West (1994), o manejo dos resíduos agroindustriais

tornou-se uma importante ferramenta para o sucesso de qualquer programa

alimentar de ruminantes. Esse autor destaca que na determinação do valor do

produto não deve ser considerado apenas o valor nutritivo da forragem, mas

também o custo de transporte e as perdas no armazenamento e desidratação.

Especial atenção deve ser direcionada aos resíduos úmidos (polpas de frutas e

cevada), sempre calculando-se o valor nutricional do produto em termos de

MS. O teor de MS desses produtos é extremamente importante na formulação

de rações completas e no valor alimentar do resíduo.

Page 18: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

18

Em uma abrangente revisão sobre a utilização de subprodutos da

agroindústria, Neiva (2003) informa que os dados de pesquisa já divulgados

sugerem que sejam utilizados vários materiais (abacaxi, acerola, caju, manga,

etc.) como aditivos na ensilagem do capim elefante. Para o autor, o uso dos

subprodutos, tanto melhora a qualidade fermentativa das silagens como

promove maior consumo e ganho de peso, além de contribuir para diminuir a

poluição ambiental.

Segundo Oltjen e Beckett (1996), somente nos EUA 250 bilhões de Mcal

de energia metabolizável são obtidos a partir de resíduos culturais e

subprodutos originados de culturas agrícolas. Para os autores, se convertidos

por bovinos leiteiros ou de corte em produtos de origem animal, esses resíduos

e subprodutos poderiam produzir 750 bilhões de litros de leite ou 4,5 milhões

de toneladas de carne.

Lima (2005) em revisão sobre a utilização de subprodutos da

agroindústria na alimentação de bovinos, destaca que o alto valor e a oscilação

dos preços dos concentrados comerciais torna necessário uma avaliação da

possibilidade de substituí-los por alimentos alternativos de menor custo, de boa

qualidade e que mantenham o patamar de produção dos rebanhos.

A produção de pedúnculos de caju no Brasil é estimada em mais de 1

milhão de toneladas por ano, quase totalmente no Nordeste, onde a safra da

cultura ocorre no período seco.

De acordo com Holanda et al. (1996) o resíduo da indústria de sucos de

caju contém 30 a 35% de umidade e pode ser utilizado diretamente na

alimentação animal. O produto final após secagem apresenta maior conteúdo

protéico que o caju seco no campo, com até 14,8% de PB. Em termos dos

resíduos agroindustriais, esses autores informam que para bovinos têm sido

usadas quantidades de caju superiores a 50% na formulação de concentrados,

obtendo-se um produto com cerca de 18% de PB.

Segundo Dias et al. (1998), o cultivo de melão (Cucumis melo L.) é uma

das explorações sob regime de irrigação de maior expressão socioeconômica

para a região semi-árida brasileira, concentrada nos estados de Pernambuco,

Bahia, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, que juntos respondem por mais

de 90% da produção nacional. Como cultura de exportação, a seleção dos

Page 19: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

19

frutos é rigorosa, que resulta numa produção de resíduos de 11,0 a 20,0 t. e

1,5 a 2,3 t de matéria verde e seca por hectare, respectivamente.

Utilizando frutos refugo de melão em substituição ao farelo de trigo na

dieta de vacas leiteiras, com participação de até 26% da MS, Lima et al. (2005)

concluíram que a utilização desses resíduos promoveu o aumento da produção

de leite, sem alterações de sua composição. Dois experimentos atualmente em

andamento na EMPARN avaliam a utilização desses frutos refugo como aditivo

de silagens e na terminação de cordeiros Morada Nova em confinamento.

Chedly e Lee (2005) ressaltam a utilização de subprodutos do cultivo da

bananeira para ruminantes, embora esses apresentem baixos teores de fibra,

proteína e minerais. Segundo os autores, as bananas rejeitadas e o tronco

podem proporcionar boas silagens misturadas com outros produtos como

folhas de mandioca, melaço, raízes de vegetais e outros produtos ricos em

carboidratos fermentáveis e proteína.

Como recurso disponível para agricultores familiares Caluya (2000)

aponta a possibilidade de utilizar a ensilagem no aproveitamento de

subprodutos da indústria do tomate, associados a restos de cultura de arroz.

PROBLEMAS DE ADOÇÃO

A eficácia da ensilagem e fenação como alternativas para a convivência

com a escassez de forragens nos períodos de seca do semi-árido, tem sido

mencionada nos antigos e atuais estudos da viabilidade da pecuária regional.

No entanto, ao serem avaliados os índices de adoção dessas práticas pelos

criadores da região, torna-se difícil compreender a pequena popularidade

dessas tecnologias em um ambiente onde o armazenamento de forragens é,

praticamente, uma condição essencial à eficiência produtiva dos rebanhos

(LIMA; MACIEL, 1996).

Diversos programas de fomento à produção de silagem foram realizados

no Nordeste, no final da década de 60 e início dos anos 70, inclusive com a

construção subsidiada de centenas de silos do tipo “trincheira”. Problemas

como a insuficiência de máquinas e apoio técnico, super dimensionamento dos

silos e ausência de tradição cultural, motivaram o insucesso desses programas.

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20

Diagnóstico (1998) da Bovinocultura Leiteira do Rio Grande do Norte

registrou pequena utilização de silagem (20,1%) e inexpressivo uso do feno

(2,8%), que refletem o cenário característico do manejo de volumosos

forrageiros nas pequenas e médias propriedades leiteiras do Nordeste.

Na expressão popular “escapar o gado”, que muitas vezes significa a

vitória do criador ao evitar a morte de seus animais nos períodos críticos de

seca, podem estar enraizados diversos valores culturais avessos aos

processos de armazenamento e vinculados às habilidades do produtor de

retirar do ambiente inóspito o alimento mínimo necessário à sobrevivência do

gado. O problema situa-se na intrínseca imprevisibilidade do regime pluvial da

região e conseqüentemente, na incapacidade do criador em dimensionar o

período de estresse alimentar a que estarão sujeitos seus animais. Assim

sendo, em vez de perdas recuperáveis pelo ganho de peso compensatório do

gado no início do período chuvoso, normalmente observam-se danos severos,

claramente registrados nos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos

manejados na caatinga e até na morte de animais (MACIEL et al., 2004a).

O processo de quebra de barreiras à adoção de tecnologias de

armazenamento de forragens, passa, necessariamente, pelo conhecimento da

realidade sócioeconômica-ambiental do público-meta. Uma descrição do

universo dos agricultores familiares do semi-árido, entre outros problemas,

engloba o baixo nível de instrução dos produtores e gerentes, severa

descapitalização e conseqüente baixa capacidade de investimento, aversão a

riscos, limitação das áreas de cultivo, baixa e errática precipitação e

insuficiente apoio técnico e creditício.

Uma ação governamental que poderia vir de encontro a esta carência de

máquinas agrícolas, seria o estímulo à formação de empresas prestadoras de

serviços nessa área. Como acontece nos países desenvolvidos, existe um

grande número de fazendeiros especializados em serviços de corte e

enfardamento de campos de feno e enchimento de silos. As cooperativas e

prefeituras do Nordeste poderiam também prestar um serviço significativo à

pecuária regional, simplesmente adquirindo máquinas, capacitando operadores

e alugando serviços aos pecuaristas.

De acordo com Lacky (2004), um dos motivos dos fracassos da

modernização dos agricultores familiares é a tendência dos programas

Page 21: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

21

governamentais utilizarem modelos excessivamente dependentes de fatores

externos às propriedades. Para o autor, os extensionistas deveriam priorizar o

incremento da produtividade de todos os fatores de produção já existentes,

antes de sugerirem novas incorporações optando por métodos demonstrativos,

em vez de discursivos, onde as vantagens das inovações “penetrem mais pelos

olhos que pelos ouvidos”.

Em relação às dificuldades de adoção das tecnologias de fenação no

semi-árido, LIMA et al. (2002) destacam a necessidade do processo de

intervenção contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:

• Iniciar o processo com a utilização de forrageiras nativas ou cultivadas já

existentes, para baixar os custos do investimento inicial;

• Promover cursos e eventos de difusão, voltados para práticas de manejo

de pastagens que permitam o armazenamento de alimentos para

utilização no período seco do ano;

• Concentrar as ações de difusão no período chuvoso, para quebrar o

paradigma da impossibilidade de fenação durante o período das chuvas;

• Treinar a mão-de-obra familiar na utilização de equipamentos artesanais

de fenação, como as segadeiras e enfardadeiras manuais e formas de

armazenamento em galpões ou a campo.

• Elaborar cartilhas, englobando informações simples e diretas,

enriquecidas com ilustrações, indicando passo a passo todas as etapas

do processo de fenação;

• Destacar o valor forrageiro do feno, o período de armazenamento,

formas de utilização, inclusive, com demonstrações de aceitação e

quantificação na participação das dietas para as diferentes espécies e

categorias animais.

Nos últimos 12 anos, a EMPARN, em parceria com a EMATER-RN,

Sebrae, SENAR-RN e FINEP, realizou anualmente grandes encontros de

difusão de práticas de ensilagem e fenação, envolvendo a participação de

milhares de produtores rurais, extensionistas, técnicos, estudantes, lideranças

comunitárias e políticas. Esses encontros foram iniciados como atividades (dias

de campo) de sensibilização dos produtores, quanto à necessidade de

armazenar alimentos para o período seco e procuraram estreitar os laços da

Page 22: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

22

pesquisa e extensão rural, com eventos extremamente práticos e diretos, do

tipo “aprender fazendo”, com ênfase especial na capacitação dos

extensionistas e instrutores-multiplicadores. Atualmente, além de uma

expansão geográfica no Estado, passando a ser realizado em oito

microrregiões, o evento evoluiu para um “Circuito de Tecnologias Apropriadas

para a Agricultura Familiar”, englobando além da segurança alimentar dos

rebanhos, outras atividades como a apicultura, ave caipira, bancos de

sementes, caprino e ovinocultura.

Entre as razões básicas do fracasso de programas de ensilagem para

agricultores familiares do Paquistão, Raza (2000) enumera os altos custos de

produção, a limitação de terras disponíveis e o pequeno efetivo dos rebanhos.

Os mesmos problemas são ressaltados por Rangnekar (2000) na Índia, que

acrescenta a falta de experiência prática dos extensionistas, o reflexo dos

insucessos ocorridos, a não participação da mulher e a alta necessidade de

mão-de-obra. Sobre os programas de difusão, esse autor destaca que tudo

aquilo que parecia altamente promissor técnica e economicamente, foi

normalmente rejeitado pelos pequenos fazendeiros.

Por outro lado, Nakamanee (2000) destacou as seguintes razões de

sucesso para um mesmo tipo de programa na Tailândia: o processo de

“aprender fazendo” que superou as dificuldades do desconhecimento do

processo, o convencimento do produtor da escassez de forragem como

principal barreira ao desempenho produtivo dos rebanhos e a disponibilidade

de forrageiras apropriadas.

De acordo com Hildebrand (1984), existe uma preocupação crescente

que a tecnologia agrícola mundial não esteja beneficiando a pequena

agricultura familiar. Entre os argumentos apontados que procuram justificar

essa situação, esse autor menciona a ineficiência da extensão, as barreiras

culturais dos agricultores e a produção de tecnologias não apropriadas às

condições desse público.

Lockeretz (1987) destaca que existem diferenças fundamentais no

ambiente de pesquisa das estações experimentais em relação às pequenas

fazendas. E acrescenta que no passado, sempre existiu preconceito entre os

pesquisadores em relação às pesquisas desenvolvidas nessas propriedades,

que não eram consideradas “científicas”.

Page 23: CONSERVAÇÃO DE FORRAGEIRAS NATIVAS E INTRODUZIDAS

23

Observa-se que a problemática da adoção de práticas de

armazenamento de forragens no Nordeste, além das questões estruturais de

crédito, disponibilidade de máquinas, pequena participação das cooperativas e

prefeituras e limitações no processo de assistência técnica, carrega em sua

essência um gargalo cultural de resistência aos riscos e as novas tecnologias,

que só encontra solução no processo educativo e de conscientização dos

produtores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pode se observar nessa revisão, é ampla a disponibilidade de

volumosos forrageiros adaptados ao ambiente semi-árido que podem ser

utilizados tanto na forma natural como conservada.

Utilizando o bom senso e procurando atualizar-se na obtenção de

informações técnicas do manejo desses alimentos, o agricultor familiar

nordestino poderá implementar novos padrões de eficiência à pecuária

regional.

Fica claro também, que somente será possível viabilizar a exploração

pecuária em pequenas propriedades do semi-árido associando-se a utilização

de pastos nativos com a produção e armazenamento de forrageiras cultivadas

de alto rendimento.

Nesse cenário, é de fundamental importância a atuação dos sistemas

público e privado de assistência técnica, promovendo ações de capacitação

dos produtores familiares, com vistas à quebra das barreiras existentes em

relação à adoção de novas tecnologias.

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