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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL Análise social de escassez de abastecimento de água potável na Comunidade de Lavane, no Distrito de Vilankulo Província de Inhambane. Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Autor: Carlos Chichocanhane Matsinhe Vilankulo, Março de 2016

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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL

Análise social de escassez de abastecimento de água potável na Comunidade

de Lavane, no Distrito de Vilankulo Província de Inhambane.

Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural

Autor:

Carlos Chichocanhane Matsinhe

Vilankulo, Março de 2016

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Carlos Chichocanhane Matsinhe

Análise social de escassez de abastecimento de água potável na

Comunidade de Lavane, no Distrito de Vilankulo Província de Inhambane.

Trabalho de Culminação de

Curso apresentado ao

Departamento de

Sociologia Rural da

Universidade Eduardo

Mondlane – Escola

Superior de

Desenvolvimento Rural

para a obtenção do grau de

Licenciatura em

Comunicação e Extensão

Rural.

Supervisor:

dr0: Fraydson Sebastião

UEM - ESUDER

Vilankulo

2016

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i

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro pela minha honra, que a presente pesquisa é da minha autoria e tendo seguido as

metodologias descritas no estudo e que nunca foi apresentada nem parcialmente e totalmente

em nenhuma Instituição de ensino, para a obtenção de qualquer grau académico.

Vilankulo, 15 de Março de 2016

______________________________

(Carlos Chichocanhane Matsinhe)

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ii

DEDICATÓRIO

Aos meus pais: Chichocanhane Levene Matsinhe

(em memória) e Chiquetsane Tique Baloi,

Esposa: Glória Francisco Macitela,

Filhos: Gilson Nivaldo Macitela,

Deonel Yuran Matsinhe e

Shirley da Glória Matsinhe.

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iii

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar manifesto o meu especial agradecimento a minha esposa, Glória Francisco

Macitela e aos meus filhos: Gilson Nivaldo Macitela, Deonel Yuran Matsinhe e Shirley da

Glória Matsinhe pelo apoio incondicional da realização do curso.

Agradeço ainda aos meus pais, Chichocanhane Levene Matsinhe e Chiquetsane Tique Baloi

pelos ensinamentos construtivos e por tudo quanto a eles lhes devo.

Aos docentes da Escola Superior de Desenvolvimento Rural (ESUDER), em especial aos de

Departamento de Sociologia Rural, pela participação proactiva ao longo da realização do

curso.

Um especial agradecimento endereço ao meu supervisor dr. Fraydson Sebastião, pelo

acompanhamento na realização desta pesquisa.

Os meus agradecimentos são extensivos ao Gomes Ambiuane Vilanculo, pelo apoio em todos

momentos da minha formação. Agradeço ainda Benedito Januário Maute, amigo de infância,

pelo todo apoio que me tem prestado, bem como ao dr. Eduardo Vilanculo, gestor do lar

residencial da ESUDER.

Aos colegas, amigos e sobrinhos Aníbal de Saúde, Erasmo, Américo Romão Napale, Geraldo

Valentim Macuacua, Delso Raul Maguava, Fátima Afonso Mudico, Engo. Guimarães

Danlazane Mutumane, meus sobrinhos, Venâncio José Matsinhe, Edmirson José Matsinhe,

Aércia José Matsinhe, Johon José Matsinhe, Michael José Matsinhe, António Francisco

Matsinhe e a todos que directa ou indirectamente tornaram possível a realização do trabalho

de culminação do curso, o meu muito obrigado.

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iv

LISTA DE SIMBOLOS, ABREVIATURA E SIGLAS

˃ - Maior

˂ - Menor

% - Porcento

AIAS – Administração de infraestruturas de água e saneamento.

CARE – Cooperação Americana de Ajuda em Todo Mundo.

FMA – Fórum Mundial de Água

GDV – Governo do Distrito de Vilankulo

GWP – Global Water Partnership

LM – Localidade de Mapinhane

MIPAR – Manual de Implementação a Projectos de Abastecimento de Água Rural

MISAU – Ministério da Saúde

ODM – Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

OMS – Organização Mundial de saúde

ONG – Organização não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

PDD – Plano de Desenvolvimento Distrital

PESA- ASR – Plano Estratégico de Água e Saneamento Rural

PNA – Política Nacional de Água

PNSBC – Programa Nacional de Saneamento de Baixo Custo.

PQG – Programa Quinquenal do Governo

Símbolos

UNICEF – Fundo das Nações para Infância

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v

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Lista de Tabelas

Tabela 1: Doenças relacionadas com água. ..............................................................................11

Tabela 2: Classificação do nível de acesso de água. ................................................................16

Lista de Figuras

Figura 1: Poço Tradicional não melhorado ..............................................................................32

Figura 2: Poço Tradicional não melhorado ..............................................................................32

Lista de Graficos

Gráfico 1: Situação de abastecimento de água no mundo ..........................................................6

Gráfico 2: Situação de abastecimento de água em Moçambique ...............................................7

Gráfico 3: Tipos de infra-estruturas que abastecem água a comunidade de Lavane................25

Gráfico 4: Condições de saúde comunitária .............................................................................26

Gráfico 5: Acesso a fonte de água potável. ..............................................................................28

Gráfico 6: Distância e tempo gasto na aquisição de água potável............................................29

Gráfico 7: Quantidade de água Potável colectada ou consumida por dia ................................29

Gráfico 8: Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico..................30

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vi

LISTA DE APÊNDICES

Lista de Apêndices

Apêndice 1: inquérito para as famílias da comunidade de Lavane .............................................I

Apêndice 2: Inquérito para o centro de saúde de Mapinhane................................................... III

Apêndice 3: Infra-estruturas de abastecimento de água existentes na Comunidade de Lavane

..................................................................................................................................................IV

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vii

GLOSSÁRIO

Água potável corresponde a toda água desponível na natureza destinada ao consumo e possui

características e substâncias que não oferecem riscos para seres vivos e a quem à consomem,

como animais, homens e plantas (ONU, 2014).

Água poluída é toda água que diferente do seu estágio natural, encontra-se com as

propriedades físicas, químicas alteradas de maneira negativa (ONU, 2011).

Água contaminada é a que contêm substâncias tóxicas ou vermes, micróbios, coliformes

fecais e mais uma porção de coisas que não são apropriadas a saúde das pessoas (ONU, 2011)

Poço é uma abertura feita no solo com a finalidade de tirar (captar) água do subsolo.

Abastecimento de água é o conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao

abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de consumo doméstico, serviços

públicos, consumo industrial e outros.

Sistema de Abastecimento de água é serviço público constituído de um conjunto de

sistemas hídricos e instalações responsáveis pelo suprimento de água para atendimento das

necessidades da população de uma comunidade.

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viii

RESUMO

A pesquisa tem como objectivo analisar socialmente a escassez de abastecimento de água

potável no distrito de Vilankulo, posto administrativo de Mapinhane, concretamente na

comunidade de Lavane. Para concretização da pesquisa usou-se como metodologia: revisão

bibliográfica, observação directa, entrevista semi-estruturada e pesquisa descritiva, técnicas

usadas depois da determinação da amostra, que foi de 87. Na comunidade em estudo existe

dificuldade de abastecimento de água potável, isto porque a comunidade possui um e único

furo de água. Deste modo a comunidade deveria ter 29 furos de água potável para cumprir

com as orientações da Política Nacional de Água (PNA). A insuficiência de água potável faz

com que as mulheres percorram longas distâncias (aproximadamente a 1km e uma hora) a

busca de água, o que influencia bastante na realização de outras actividades (agricultura e

actividades de geração de rendimento), o que propicia a generalização da pobreza ao nível da

comunidade, uma vez que pessoa doente não realiza trabalho qualitativo. As crianças

percorrem longas distâncias a busca de água, o que influencia na chegada tardia á escola,

desistências, aproveitamento pedagógico negativo.

Palavras-chave: Escassez, Água, Potável, Abastecimento, comunidade.

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Índice

Conteúdos Páginas

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................1

1.2. Justificativa..........................................................................................................................3

1.2. Justificativa..........................................................................................................................3

1.3. Objectivos............................................................................................................................4

1.3.1. Geral: ................................................................................................................................4

1.3.2. Específicos:.......................................................................................................................4

II. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................5

2.1. Fontes de água para abastecimento .....................................................................................5

2.1.1. Fontes modernas de abastecimento de água .....................................................................6

2.2. Situação de abastecimento de água no mundo ....................................................................6

2.3. Situação de abastecimento de água em Moçambique. ........................................................7

2.4. Importância de abastecimento de água. ...............................................................................9

2.4.1. Sistema de abastecimento de água....................................................................................9

2.4.2. Abastecimento de Água....................................................................................................9

2.4.3. Importância sanitária e social do abastecimento de água. ..............................................10

2.4.4. Aspectos sociais relacionados com a falta de água potável............................................10

2.4.5. Doenças Relacionadas com o consumo de água imprópria............................................10

2.4.6. Principais Doenças. ........................................................................................................11

2.4.7. Enquadramento Legal sobre Água e Saneamento ..........................................................12

2.4.8. Principais estratégias para abastecimento de água. ........................................................13

2.4.9. Estratégia de Desenvolvimento do Sector de Aguas de Moçambique ...........................14

2.4.10. Gestão de Recursos Hídricos........................................................................................14

2.4.11. Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos...................................................14

2.5. Classificação do nível de acesso a água versus necessidades atendidas e grau de efeitos à

saúde .........................................................................................................................................15

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2.6. Factores que contribuem na Qualidade Sanitária de Água................................................17

2.7. Relação água potável, saneamento e o ciclo da pobreza ...................................................18

2.7.1. Relação género e abastecimento de água .......................................................................19

III.METODOLOGIA................................................................................................................20

3.1. Descrição da Área de Estudo.............................................................................................20

3.1.1. Lavene ............................................................................................................................20

3.2.1. Características físico-naturais.........................................................................................21

3.2.1.1 Clima e hidrologia ........................................................................................................21

3.2.1.2. Hidrografia ..................................................................................................................21

3.2.3. População .......................................................................................................................21

3.2.4. Abastecimento de água na Comunidade de Lavane .......................................................22

3.3. Processo de Amostragem...................................................................................................22

3.3.1. Cálculo do Tamanho de Amostra ...................................................................................22

3.4. Técnica de Colecta de dados .............................................................................................22

3.4.1. Revisão bibliográfica......................................................................................................22

3.4.2.Pesquisa descritiva...........................................................................................................23

3.4.3. Observação Directa.........................................................................................................23

3.4.4. Entrevista semi-estruturada ............................................................................................23

3.5. Método para apresentação, interpretação e análise dos dados...........................................24

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................25

4.1.1. Infra-estruturas relacionadas com abastecimento de água na comunidade de Lavane...25

4.1.2. Constrangimentos no acesso a água potável na comunidade de Lavane........................26

4.1.3. Principais constrangimentos sociais, decorrentes do fraco abastecimento de água

potável na comunidade de Lavane. ..........................................................................................27

4.1.4. Quantidade de água potável consumida em cada família por dia...................................29

4.1.5. Nível de conhecimento e informação sobre água e higiene básico. ...............................29

4.1.6. Soluções de escassez de abastecimento de água potável ao nível comunitário..............30

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4.2. Análise social de escassez de abastecimento de água potável na comunidade de Lavane 31

V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.............................................................................33

5.1. Conclusão ..........................................................................................................................33

5.2 Recomendações ..................................................................................................................34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................35

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página1

I. INTRODUÇÃO

A água é essencial para a vida humana, para a saúde básica e para a sobrevivência, bem como

para a produção de alimentos e para actividades económicas. Entretanto, actualmente está se

enfrentando uma emergência global na qual mais de mil milhões de pessoas carecem do

acesso básico de água potável e mais de quatro milhões não têm acesso a um saneamento

básico adequado. O acesso inadequado a um saneamento básico é causa primária de doenças

relacionadas com a água (SILVA, 2011).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% de todas doenças que

se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Isto

deve se ao facto de apenas 30% da população mundial ter água tratada e os 70% terem poços

como fonte de água, facilitando assim sua contaminação. A água de consumo humano segura

é definida pela OMS como a água que durante o seu consumo não representa nenhum risco

significante para a saúde (OMS, 2004).

De acordo com o relatório do fundo das Nações Unidas Para a Infância (UNICEF), do dia

internacional de água, de 20 de Maço de 2015, actualmente a rede de abastecimento de água

potável ao nível de Moçambique é de 49% comparativamente aos 70% planificados pelo

Governo para o ano de 2015.

Na comunidade de Lavane, a situação actual de abastecimento de água potável é deficitária,

visto que as políticas e estratégias definidas pelo Governo assim como pela Organização do

Desenvolvimento do Milénio (ODM) no abastecimento de água potável não está se fazendo

sentir obrigando assim a comunidade a consumir água imprópria que pode prejudicar á saúde.

Estas condições, propiciam a comunidade que esteja exposta e assolada por surto frequente de

doenças de veiculação hídrica (diarreia, tracoma, giardíase e hepatites).

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 2

1.1.Problema de Estudo

Na comunidade de Lavane não existe um sistema de abastecimento de água convencional. A

fonte de água usada nesta é um único furo convencional, o que não satisfaz as necessidades da

população, e nesta comunidade estima-se que sejam 6444 habitantes (INE, 2007). E segundo

o estudo de base da PRONASAR (2014) “o nível mínimo de serviço de abastecimento de

água é um ponto de água equipado com bomba manual que sirva a 300 pessoas com um

consumo de 20 litros/pessoa/ Para satisfazerem as suas necessidades a população, sente se

obrigada a recorrer a fontes alternativas de captação de água como poços tradicionais

melhorados cobertos de tambores nas suas residências e poços tradicionais não melhorados

localizados nas baixas das lagoas.

Esta situação faz com que as mulheres e crianças dediquem mais tempo à busca de água o que

influência na qualidade de outras actividades, tais como: de renda familiar, melhoramento da

higiene, produção agrícola, escolarização tardia de crianças (aliado à desistências e ao fraco

aproveitamento pedagógico escolar).

Esta prática faz com que a comunidade use água imprópria para consumo e este pode trazer

consequências à saúde pública, como diarreias, tracoma, vómitos e fraca higiene individual e

colectiva.

Neste sentido, constitui um problema de estudo pertinente: Será que o abastecimento de água

potável influencia no aspecto social ao nível da comunidade de Lavane?

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 3

1.2. Justificativa

A escolha do tema deve-se ao facto de actualmente estar se enfrentando uma emergência

global no qual mais de mil milhões de pessoas estarem a carecer do acesso básico de água

potável, o que é causa primária de proliferação de doenças vinculação hídrica relacionadas

com água, o que influencia para um fraco saneamento básico.

A escolha da comunidade de Lavane como área de estudo prende-se pelo facto de apresentar

certos problemas graves relacionados com a escassez de abastecimento de água potável,

proliferação de doenças hídricas (diarreias agudas, giardíase, tracoma e hipatite), precariedade

da higiene individual e colectiva, fraca produção agrícola, escolarização tardia de crianças

(aliado á desistências e ao fraco aproveitamento pedagógico escolar), o que coloca inúmeras

manifestações ao nível local, é responsável pelo maior número de casos de mortalidade

infantil.

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 4

1.3. Objectivos

1.3.1. Geral:

Analisar socialmente a escassez de abastecimento de água potável na comunidade de

Lavane.

1.3.2. Específicos:

Identificar as infra-estruturas relacionadas com abastecimento de água na comunidade de

Lavane;

Descrever os principais constrangimentos sociais, decorrentes do fraco abastecimento de

água potável na comunidade de Lavane;

Analisar os constrangimentos sociais que propiciam o fraco abastecimento de água

potável e os perigos que advém do consumo de água não tratada.

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 5

II. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Fontes de água para abastecimento

Fontes de água são infra-estruturas de abastecimento de água para o consumo humano,

animais e para a sobrevivência das plantas (ALMEIDA, 2007).

O homem possui dois tipos de fontes para seu abastecimento que são as águas superficiais

(rios, lagos.) e subterrâneas (lençóis subterrâneos). Efectivamente essas fontes não estão

sempre separadas. Em seu deslocamento pela crosta terrestre a água que em determinado local

é superficial pode ser subterrânea em uma próxima etapa e até voltar a ser superficial

posteriormente (ALMEIDA, 2007).

Logicamente que nem toda água armazenada no subsolo pode ser retirada em condições

economicamente viáveis, principalmente as localizadas em profundidades excessivas e

confinadas entre formações rochosas.

Quanto a sua dinâmica de deslocamento as águas superficiais são frequentemente renovadas

em sua massa enquanto as subterrâneas podem ter séculos de acumulação em seu aquífero,

pois sua renovação é muito mais lenta pelas dificuldades óbvias, principalmente nas camadas

As fontes de água constituem uma unidade, fundamental do sistema ecológico e

imprescindível para o desenvolvimento económico (ALMEIDA, 2007).

2.1.1. Fontes modernas de abastecimento de água

Furos com electrobomba – Pequeno Sistema de Abastecimento de Agua (PSA): é aquele que

leva uma electrobomba, uma torre com um depósito por cima, pode ser plástico ou metal.

Furo com bomba manual – subdivide-se em seguintes marcas: Afridev, blue pump e

Afripump.

Depósitos escavados (represas): a água é puxada através de uma electrobomba ou

motobomba, pode-se montar um sistema de electrobomba.

Cisternas: subdivide-se em: subterrâneas e aéreas e que ela para sua funcionalidade pode-se

usar electrobombas ou motobombas (ALMEIDA, 2007).

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 6

2.2. Situação de abastecimento de água no mundo

Segundo a (FERNANDES e SANTOS, 2007), cerca de 80% de todas as doenças que se

alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Isto deve

se ao facto de apenas 30% da população mundial ter água tratada e os 70% terem poços como

fonte de água facilitando assim a sua contaminação.

De acordo com UNESCO, nas últimas décadas do consumo de água cresceu duas vezes mais

do que a população e a estimativa é que a demanda cresça ainda 55% até 2050. Mantendo os

actuais padrões de consumo, em 2030 o mundo enfrentará um deficit no abastecimento de

água de 40% (UNESCO, 2015

Os desafios futuros serão muitos uma vez que o crescimento de população está estimado em

80 milhões de pessoas por ano, com estimativas de chegar a 91 bilhões em 2050, sendo 63

bilhões em áreas urbanas. A demanda por água na indústria manufactureira deverá

quadruplicar no período de 2000 a 2050.

Segundo relatório da ONU do dia 22de Março de 2015, revela que até 2030 planeta pode

enfrentar deficit de água até 40%. 748 Milhões de pessoas, o que representa 10.3% da

população mundial, ainda não têm acesso a água potável.

Cerca de 80% da população mundial vive em países onde a desigualdade de renda está se

expandindo, como resultado da rápida urbanização das cidades. Esse processo, aliado ao

aumento da industrialização e da melhoria na qualidade de vida, contribuem para o

crescimento da demanda de água. Ao nível mundial estima se em 52% da população sem

acesso a água potável (ONU, 2015)

Gráfico 1: Situação de abastecimento de água no mundo

Situação de abastecimento de água no mundo

População sem acesso a água potável

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 6

2.2. Situação de abastecimento de água no mundo

Segundo a (FERNANDES e SANTOS, 2007), cerca de 80% de todas as doenças que se

alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Isto deve

se ao facto de apenas 30% da população mundial ter água tratada e os 70% terem poços como

fonte de água facilitando assim a sua contaminação.

De acordo com UNESCO, nas últimas décadas do consumo de água cresceu duas vezes mais

do que a população e a estimativa é que a demanda cresça ainda 55% até 2050. Mantendo os

actuais padrões de consumo, em 2030 o mundo enfrentará um deficit no abastecimento de

água de 40% (UNESCO, 2015

Os desafios futuros serão muitos uma vez que o crescimento de população está estimado em

80 milhões de pessoas por ano, com estimativas de chegar a 91 bilhões em 2050, sendo 63

bilhões em áreas urbanas. A demanda por água na indústria manufactureira deverá

quadruplicar no período de 2000 a 2050.

Segundo relatório da ONU do dia 22de Março de 2015, revela que até 2030 planeta pode

enfrentar deficit de água até 40%. 748 Milhões de pessoas, o que representa 10.3% da

população mundial, ainda não têm acesso a água potável.

Cerca de 80% da população mundial vive em países onde a desigualdade de renda está se

expandindo, como resultado da rápida urbanização das cidades. Esse processo, aliado ao

aumento da industrialização e da melhoria na qualidade de vida, contribuem para o

crescimento da demanda de água. Ao nível mundial estima se em 52% da população sem

acesso a água potável (ONU, 2015)

Gráfico 1: Situação de abastecimento de água no mundo

52%48%

Situação de abastecimento de água no mundo

População sem acesso a água potável População com acesso a água potável

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 6

2.2. Situação de abastecimento de água no mundo

Segundo a (FERNANDES e SANTOS, 2007), cerca de 80% de todas as doenças que se

alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Isto deve

se ao facto de apenas 30% da população mundial ter água tratada e os 70% terem poços como

fonte de água facilitando assim a sua contaminação.

De acordo com UNESCO, nas últimas décadas do consumo de água cresceu duas vezes mais

do que a população e a estimativa é que a demanda cresça ainda 55% até 2050. Mantendo os

actuais padrões de consumo, em 2030 o mundo enfrentará um deficit no abastecimento de

água de 40% (UNESCO, 2015

Os desafios futuros serão muitos uma vez que o crescimento de população está estimado em

80 milhões de pessoas por ano, com estimativas de chegar a 91 bilhões em 2050, sendo 63

bilhões em áreas urbanas. A demanda por água na indústria manufactureira deverá

quadruplicar no período de 2000 a 2050.

Segundo relatório da ONU do dia 22de Março de 2015, revela que até 2030 planeta pode

enfrentar deficit de água até 40%. 748 Milhões de pessoas, o que representa 10.3% da

população mundial, ainda não têm acesso a água potável.

Cerca de 80% da população mundial vive em países onde a desigualdade de renda está se

expandindo, como resultado da rápida urbanização das cidades. Esse processo, aliado ao

aumento da industrialização e da melhoria na qualidade de vida, contribuem para o

crescimento da demanda de água. Ao nível mundial estima se em 52% da população sem

acesso a água potável (ONU, 2015)

Gráfico 1: Situação de abastecimento de água no mundo

Situação de abastecimento de água no mundo

População com acesso a água potável

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Fonte: Fernandes e Santos, 2007

2.3. Situação de abastecimento de água em Moçambique.

Para Moçambique a meta dos desafios de Milénio é ter uma cobertura de 70% de

abastecimento de água até 2015. Há dois anos dessa meta, o cenário ainda não é de todo

animador, porém a esperança reside nos investimentos no sector que a ser coordenado pelo

fundo de abastecimento de água (SITAN, 2014)

A cobertura de abastecimento de água potável é baixa, situando – se em 49% com uma grande

disparidade entre a cobertura urbana (80%) e a cobertura rural é de (35%). O desafio de

melhorar as condições de água saneamento e higiene (ASH) nas pequenas cidades, vilas é

enorme, elas representam cerca de 15% da população urbana de Moçambique, quase 2

milhões de pessoas. Embora estas vilas sejam estratégicas para o desenvolvimento, os

serviços de abastecimento de água potável e saneamento ficaram muito atrás nos

investimentos em grandes cidades, ou até nas zonas rurais circundantes. (SITAN, 2014).

Gráfico 2: Situação de abastecimento de água em Moçambique

Fonte: SITAN, 2014

Segundo Water and Sanitation Program “ WSP”( 2010), são feitos muitos investimentos em

África para a melhoria dos sistemas de abastecimento de água, onde actualmente 17% da

população rural é servida por mais de 6500 pequenos sistemas de abastecimento de água

potável.

Na década 80, sistemas de abastecimento de água em Moçambique, entrou num processo de

degradação, as empresas públicas de fornecimento de água tornaram se privadas. Neste

período as coberturas do serviço de abastecimento de água as populações decresceram, razão

Situação de abastecimento de água em Moçambique

Sem cobertura de abastecimento de água potávelCom cobertura de abastecimento de água potável

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Fonte: Fernandes e Santos, 2007

2.3. Situação de abastecimento de água em Moçambique.

Para Moçambique a meta dos desafios de Milénio é ter uma cobertura de 70% de

abastecimento de água até 2015. Há dois anos dessa meta, o cenário ainda não é de todo

animador, porém a esperança reside nos investimentos no sector que a ser coordenado pelo

fundo de abastecimento de água (SITAN, 2014)

A cobertura de abastecimento de água potável é baixa, situando – se em 49% com uma grande

disparidade entre a cobertura urbana (80%) e a cobertura rural é de (35%). O desafio de

melhorar as condições de água saneamento e higiene (ASH) nas pequenas cidades, vilas é

enorme, elas representam cerca de 15% da população urbana de Moçambique, quase 2

milhões de pessoas. Embora estas vilas sejam estratégicas para o desenvolvimento, os

serviços de abastecimento de água potável e saneamento ficaram muito atrás nos

investimentos em grandes cidades, ou até nas zonas rurais circundantes. (SITAN, 2014).

Gráfico 2: Situação de abastecimento de água em Moçambique

Fonte: SITAN, 2014

Segundo Water and Sanitation Program “ WSP”( 2010), são feitos muitos investimentos em

África para a melhoria dos sistemas de abastecimento de água, onde actualmente 17% da

população rural é servida por mais de 6500 pequenos sistemas de abastecimento de água

potável.

Na década 80, sistemas de abastecimento de água em Moçambique, entrou num processo de

degradação, as empresas públicas de fornecimento de água tornaram se privadas. Neste

período as coberturas do serviço de abastecimento de água as populações decresceram, razão

51%49%

Situação de abastecimento de água em Moçambique

Sem cobertura de abastecimento de água potávelCom cobertura de abastecimento de água potável

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Fonte: Fernandes e Santos, 2007

2.3. Situação de abastecimento de água em Moçambique.

Para Moçambique a meta dos desafios de Milénio é ter uma cobertura de 70% de

abastecimento de água até 2015. Há dois anos dessa meta, o cenário ainda não é de todo

animador, porém a esperança reside nos investimentos no sector que a ser coordenado pelo

fundo de abastecimento de água (SITAN, 2014)

A cobertura de abastecimento de água potável é baixa, situando – se em 49% com uma grande

disparidade entre a cobertura urbana (80%) e a cobertura rural é de (35%). O desafio de

melhorar as condições de água saneamento e higiene (ASH) nas pequenas cidades, vilas é

enorme, elas representam cerca de 15% da população urbana de Moçambique, quase 2

milhões de pessoas. Embora estas vilas sejam estratégicas para o desenvolvimento, os

serviços de abastecimento de água potável e saneamento ficaram muito atrás nos

investimentos em grandes cidades, ou até nas zonas rurais circundantes. (SITAN, 2014).

Gráfico 2: Situação de abastecimento de água em Moçambique

Fonte: SITAN, 2014

Segundo Water and Sanitation Program “ WSP”( 2010), são feitos muitos investimentos em

África para a melhoria dos sistemas de abastecimento de água, onde actualmente 17% da

população rural é servida por mais de 6500 pequenos sistemas de abastecimento de água

potável.

Na década 80, sistemas de abastecimento de água em Moçambique, entrou num processo de

degradação, as empresas públicas de fornecimento de água tornaram se privadas. Neste

período as coberturas do serviço de abastecimento de água as populações decresceram, razão

Situação de abastecimento de água em Moçambique

Sem cobertura de abastecimento de água potávelCom cobertura de abastecimento de água potável

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pela qual o sector de água inicia um processo de reforma que culminou com a aprovação em

1995 da Nova Politica Nacional de água, que cria um ambiente propicio para a gestão privada

da criação de Quadro de gestão delegada pelo Decreto no 72/98 de 28 de Dezembro (Janeiro,

2008).

Em Moçambique a tendência liberalizadora foi introduzida nos finais da década de 90, com a

entrada do sector privado na gestão dos sistemas de abastecimento de água potável em cinco

cidades, como resultado da implementação do Quadro de Gestão Delegada. Entretanto, a

experiencia de liberalização está a expandir se gradualmente para outros sistemas

considerados primários, enquanto se ensaiam mecanismos mais apropriados para a solução

dos problemas de gestão para os pequenos sistemas ou sistemas secundários, incluindo através

da descentralização da gestão destes (UANDELA, 2012).

Contudo, apesar de vários esforços empreendidos no sector, o abastecimento de água potável

em Moçambique ainda é um problema, pois 70% da população vivendo na zona urbana usa

fonte de água segura e 30% usa fonte de água que não é segura, enquanto na zona rural 30%

da população vivendo naquelas zonas usam fontes de água segura e 70% usa fontes de água

não segura, (DNA, 2009).

2.4. Importância de abastecimento de água.

De acordo com SHUBO (2003), a implementação ou melhoria de um sistema de

abastecimento de água potável irá reflectir imediatamente sobre a saúde da população, na

erradicação de doenças de veiculação ou origem hídrica, facilitar a limpeza pública, aumentar

a esperança de vida da população, propiciar o conforto, bem-estar e segurança e facilitar as

práticas desportivas.

Em relação ao aspecto económico, o abastecimento de água potável visa aumentar a vida

média, facilitar a instalação de indústrias, onde a água é utilizada como matéria-prima ou

meio de operação, incentivo a indústria de turismo em localidades com potencialidades para o

seu desenvolvimento e consequentemente ao maior progresso das comunidades

(ENGENHARIA E PROJECTOS, 2004).

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2.4.1 Sistema de abastecimento de água

Constitui um conjunto de obras, instalações e serviços, destinados a produzir e distribuir água

a uma comunidade em quantidade e qualidade desejada com as necessidades da comunidade.

É projectado para atender a pequenas comunidades ou grandes cidades, variando nas

características e porte da sua instalação. O processo caracteriza pela captação da natureza,

adequação a uma qualidade aceitável, transportando até aglomerados populacionais de modo

a fornecer quantidades em função das necessidades (ARAUJO, 2005).

2.4.2. Abastecimento de Água.

O abastecimento de água é indicador de desenvolvimento de qualquer zona habitacional. No

entanto na sua falta, propicia á comunidade doenças relacionadas com água (diarreias e

disenteria) causada por consumo de água contaminada.

As acções de fornecimento de água são essencialmente acções de saúde pública na medida em

que exercem papel preventivo através de controlo de vectores transmissores de doenças

prejudiciais ao homem, para o Estado é menos dispendioso prevenir certas enfermidades do

que trata-las em unidades de saúde pública (UNICEF, 2010).

A importância da implantação do sistema de abastecimento de água, dentro do contexto do

saneamento básico, deve ser considerada tanto nos aspectos (sanitário e social) quanto nos

aspectos económicos, visando atingir aos seguintes objectivos, (ROOKE & RIBEIRO, 2010.

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2.4.3. Importância sanitária e social do abastecimento de água.

Controlar e prevenir doenças

Facilitar a limpeza pública

Implantar hábitos higiénicos nas pessoas, exemplo: tomar banho, lavar as mãos,

limpeza dos utensílios e higiene do ambiente;

Propiciar conforto, bem – estar e segurança; e

Aumentar a esperança de vida das populações.

2.4.4. Aspectos sociais relacionados com a falta de água potável

a) Aspecto sanitário e social

Precariedade da saúde e das condições de vida de uma comunidade;

Aumento da mortalidade em geral, principalmente da infantil;

Aumento da incidência de doenças relacionadas à água;

Implantação de hábitos de higiene na população;

Dificuldade na implantação e melhoria da limpeza pública;

Indisponibilidade de proporcionar conforto e bem-estar;

Incentivo ao fraco desenvolvimento económico (ROOKE & RIBEIRO, 2010).

b) Aspectos económicos:

Diminuição da vida produtiva dos indivíduos economicamente activos;

Aumento dos gastos particulares e públicos com consultas e internamentos

hospitalares (ROOKE & RIBEIRO, 2010).

2.4.5. Doenças Relacionadas com o consumo de água imprópria

Segundo a (OMS, 2004), grande parte de todas as doenças que se alastram nos países em

desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. A água contaminada pode

prejudicar a saúde das pessoas, nas seguintes situações: através da ingestão directa; na

ingestão de alimentos; pelo seu uso na higiene pessoal e no lazer; na agricultura e na indústria,

vide na tabela a baixo.

2.4.6. Principais Doenças.

Tabela 1: Doenças relacionadas com água.

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Doenças Formas de transmissão Medidas de prevenção● Cólera,

● Febre-tifoide,

● Giardíase,

● Amebiase,

● Hepatite

● Infeciosa,

● Diarreia aguda

Pela água ● Implantar sistema deabastecimento e tratamentoda água, com fornecimentoem quantidade e qualidadepara o consumo humano, usodoméstico e colectivo;

● Proteger de contaminaçãoos mananciais e fontes deágua.

● Escabiose,

● Pediculose (piolho),

● Tracoma,

● Conjuntivinte bacterianaaguda,

● Salmonelosde,

● Tricuriase

● Enterobiase,

● Ancilostomíase,

● Ascaridíase

Pela falta de limpeza,higienização com água

● Implantar um sistemaadequado de esgotamentosanitário;

● Instalar abastecimento deágua preferencialmente comencanamento no domicílio;

● Instalar melhoriassanitárias domiciliárias ecolectivas;

● Instalar reservatórios deáguas adequadas comlimpeza sistematizada (a cadaseis meses)

● Malária,

● Dengue,

● Febre-amarela,

● Filariose

Por vectores que serelacionam com água

● Eliminar o aparecimento decriadores de vectores cominspecção sistemática emedidas de controlo(drenagem, aterro e outros);

● Dar destino final adequadaaos resíduos sólidos;

Fonte: (MISAU, 2012)

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2.4.7. Enquadramento Legal sobre Água e Saneamento

Lei de Água de 1991 & Política Nacional de Água de 2007

A lei e política de água em Moçambique actuam em conformidade com a constituição de

2004 e com resolução nº 5/95, de 3 de Agosto tem como objectivo principal assegurar um

desenvolvimento sustentável do país através de abastecimento de água em quantidade e

qualidade aceitável e serviço contínuo.

Politica nacional de água 1995

Objectivos:

Satisfação das necessidades básicas, provisão de serviços básicos de abastecimento de

água, o que corresponde à satisfação de necessidades básicas do ser humano, razão

pela qual é uma questão de grande prioridade, em especial para as comunidades rurais

e grupos sociais de baixo rendimento económico,

Incentivar as pessoas a voltarem às suas terras de origem.

Política de Águas 2007 (Artigo. 8)

Objectivos:

Melhorar o uso das águas disponíveis para todos os fins através da sua utilização

racional e planificada, com vistas a satisfazer as necessidades da povoação e do

desenvolvimento da economia nacional;

Abastecimento contínuo e suficiente de água potável à povoação, para a satisfação das

necessidades domésticas e de higiene.

2.4.8. Principais estratégias para abastecimento de água.

PESA – ASR: Plano estratégica de água e saneamento rural e tem como objectivos:

Melhorar a qualidade e aumentar a cobertura e sustentabilidade

Alargar o leque de opções tecnológicos

Descentralizar e dinamizar instituições e recursos humanos.

MIPAR – Manual de implementação a projectos de abastecimento de água rural

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PNSBC – programa nacional de saneamento de baixo custo

Objectivos:

Promover o saneamento rural (SR) na agenda nacional

Aumentar a cobertura e melhorar a qualidade de água

AIAS – administração de infra-estruturas de água e saneamento.

Este programa está vocacionado a abastecimento de água ás zonas rurais e as pequenas

cidades.

PNAASR – Programa Nacional de Abastecimento de Agua e Saneamento Rural.

O objectivo do desenvolvimento do projecto é:

Contribuir para satisfação das necessidades humanas básicas;

Melhorar o bem-estar e contribuir para redução da pobreza rural em Moçambique

através do acesso melhorado aos serviços de abastecimento de água e saneamento

(PNAASR, 2009).

2.4.9. Estratégia de Desenvolvimento do Sector de Aguas de Moçambique

Objectivos estratégicos

Abastecimento de Água Rural

Aumentar a provisão e acesso a água potável nas zonas rurais e vilas para 69% da

população, servindo a 13,5 Milhões de pessoas no ano 2014 (EDSAM, 2012).

2.4.10. Gestão de Recursos Hídricos

Assegurar a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos desenvolvendo e mantendo

as infra-estruturas hidráulicas que garantam a disponibilidade de água para responder as

demandas de água para satisfação das necessidades básicas da população, ao desenvolvimento

socioeconómico e a mitigação dos impactos negativos das cheias e secas (EDSAM, 2012).

2.4.11. Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos

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Objectivo da Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (ENGRH, 2007) o principal

objectivo da Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos é a implementação efectiva

da Política de Águas, cuja meta compreende a satisfação das necessidades básicas de

abastecimento de água para o consumo humano, melhoramento do saneamento, utilização

eficiente da água para o desenvolvimento económico, água para conservação ambiental,

redução da vulnerabilidade à cheias e secas, e promoção da paz e integração regional, bem

como garantir os recursos hídricos para o desenvolvimento de Moçambique.

2.5. Classificação do nível de acesso a água versus necessidades atendidas e grau de

efeitos à saúde

Tabela 2: Classificação do nível de acesso de água.

Nível de acesso Distanciapercorrida etempo gasto

Potável volumecolectado

Demandaatendida

Grau de efeitosnocivos à saúde

Sem acesso > 1 km e > 30minutos

Muito baixo (emtorno de 5 L

per capita pordia)

Consumo nãoassegurado, oque comprometea higiene básicae dos alimentos

Muito alto

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Acesso básico <1 km e < 30minutos

Média nãoexcede a 20 L

per capita pordia

Consumo podeser assegurado edeve-se

Possibilitar ahigiene básica edos alimentos.

Há dificuldadede se garantir alavagem daroupa e banho,actividades quepodem ocorrerfora dosdomínios dodomicílio

Alto

Acessointermediário

Água fornecidapor torneirapública

(à distância de100 m ou 5minutos paracolecta)

Água fornecidapor torneirapública

(à distância de100 m ou 5minutos paracolecta)

Água fornecidapor torneirapública

(à distância de100 m ou 5minutos paracolecta)

Baixo

Acesso óptimo O Suprimentode água ocorremediantemúltiplastorneiras

Médiaaproximada de100 L a 200 L

per capita pordia

Consumoassegurado.Práticas dehigiene nãocomprometidas.Lavagem daroupa e banhoocorrem dentrodos domínios dodomicílio

Muito baixo

Fonte: Howard e Bartram, 2003.

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A tabela acima demonstra os padrões preconizados pela OMS em relação ao nível de

classificação do acesso a água potável versus necessidades atendidas e grau de efeitos á saúde.

Quanto ao nível de acesso de água potável classifica se em:

a) Sem acesso, quanto a distância percorrida e tempo gasto for maior que 1 km e maior que

30 minutos; potável volume colectado, quando for abaixo de 5 litros pessoa por dia;

quanto a demanda atendida se consumo não é assegurado, o que compromete a higiene

básica e dos alimentos e quando o grau de efeitos nocivos á saúde forem muito altos.

b) Acesso básico, quando a distância percorrida e tempo gasto for menor que 1 km e menor

de 30 minutos; potável volume colectado quando em média não excede 20 litros pessoa

por dia; demanda atendida neste aspecto o consumo pode ser assegurado mas há

dificuldades de se garantir a lavagem da roupa e banho, actividades que podem ocorrer

fora dos domínios do domicílio.

c) Acesso intermediário, a distância percorrida e tempo gasto é de 100 metros e 5 minutos

na colecta e quanto ao grau de efeitos nocivos á saúde é baixo.

d) Acesso óptimo, o suprimento de água ocorre mediante múltiplas torneiras; potável

volume colectado é médias aproximadas de 100 a 200 litros pessoa por dia; demanda

atendida, o consumo assegurado, higiene não comprometida, a lavagem da roupa e banho

ocorrem dentro dos domínios do domicílio; e quanto ao grau de efeitos nocivos á saúde é

muito baixo (Howard e Bartram, 2003).

2.6. Factores que contribuem na Qualidade Sanitária de Água.

TREVETT & COL (2005) desenvolveram um modelo de rede de colecta de informações

específico para possíveis causas de contaminação de água de consumo humano no intervalo

entre a colecta e o uso. Nesse modelo, o risco de contrair doenças encontra-se no centro como

resultado da utilização de água com qualidade sanitária inadequada, o que decorreria de

factores:

Primários “ como: manuseio, higiene e ambientais;

Secundários “ como: a presença de microrganismos patogénicos “ e comportamentais e

socioeconómicos.

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A água de consumo humano é um dos importantes veículos de enfermidades de natureza

infecciosa, o que torna primordial a avaliação de sua qualidade microbiológica (ISAC –

MARQUEZ et al, 2009).

As doenças de veiculação hídrica são causadas principalmente por microrganismos

patogénicos de origem entérica, animal ou humana, transmitidas basicamente pela rota fecal-

oral, ou seja, são excretados nas fezes de indivíduos infectados e ingeridos na forma de água

ou alimento contaminado por água com fezes (GELDREICH, 2010).

O risco de ocorrência de surtos de doenças de veiculação hídrica no meio rural é alta,

principalmente em função da possibilidade de contaminação bacteriana de água que muitas

vezes são captadas em poços velhos, inadequadamente vedados e próximo de fontes de

contaminação, como fossas e áreas de pastagem ocupados por animais. O uso de água

subterrânea contaminada, não tratada ou inadequadamente desinfectada foi responsável por

44% dos surtos de doenças de veiculação hídrica nos Estados Unidos. No meio rural, as

principais fontes de abastecimento de água são os poços rasos e nascentes, fontes bastante

susceptíveis à contaminação.

No Reino unido, após analisar – se amostras de água de fontes privados, verificou se que

100% da amostras dos poços e 63% das nascentes estavam fora dos padrões de potabilidade,

representando um risco considerável a saúde dos consumidores, em trabalho realizado nas

Filipinas, verificou se que crianças que consumiram água altamente poluída com matéria

fecal, tiveram uma ocorrência de diarreia significativamente maior que a aquela que

consumiram água com menos nível de poluição. A maioria das doenças nas zonas rurais pode

ser consideravelmente reduzidas, desde que a população tenha acesso a água potável.

Entretanto, um dos maiores problemas de fontes particulares é ausência de monitoramento de

qualidade de água (GELDREICH, 2010).

2.7. Relação água potável, saneamento e o ciclo da pobreza

Pobreza, água de

consumo e

saneamento

ambiental

inadequado

Baixa

escolaridade,

baixo poder

aquisitivo e baixa

competitividade

no mercado de

trabalho

Água e o ciclo da

pobreza

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Fonte: adaptado de WHO/UNICEF 2005.

O diagrama acima demonstra a relação que existe entre pobreza, água, saneamento ambiental

inadequado, baixa escolaridade e baixa competitividade no mercado de trabalho. Esses termos

todos têm uma relação de dependência, isto porque um indivíduo sem nenhum nível de

escolaridade e informação, sem acesso a água potável, a pobreza nesse indivíduo generaliza-

se comprometendo desse modo a sua saúde individual e colectiva (WHO/UNICEF 2005)

2.7.1. Relação género e abastecimento de água

A ausência de abastecimento de água potável e tratamento da água contribui para

agravamento da vulnerabilidade social em que muitas mulheres se encontram, principalmente,

aquelas localizadas nas periferias urbanas, comunidades rurais ou assentamentos precários.

Para superar tais situações, alternativo tem sido adoptado e debatido em pequenas

comunidades ou agrupamentos rurais e em áreas perurbanas no sentido de favorecer o acesso

a água e ao saneamento. Grande parte das experiências revela a importância da mobilização

social e das comunidades locais e, principalmente, da participação activa das mulheres nos

processos de gestão integrada dos recursos hídricos (ACTUAR, 2010)

Política de Género e Estratégia da sua Aplicação (resolução 19/07 do Congresso de

Ministros): forma de garantir direitos e oportunidades iguais para mulheres e homens,

destacando a prioridade na luta contra a pobreza absoluta. Inclui como acções fundamentais:

i) facilitar o acesso ao controle dos recursos naturais - visa garantir a segurança de posse e

aproveitamento de recursos (incluindo terra e água) pela mulher e incentivar o

aperfeiçoamento dos mecanismos legais de controlo de posse dos recursos naturais e da

herança; ii) promover a gestão e conservação do ambiente – visa maior criar condições para

maior participação da mulher na gestão e conservação do ambiente, na medida em que ela é a

maior utilizadora dos recursos naturais (ACTUAR, 2010).

Doenças, desnutrição e

agravos de ordem física

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As mulheres desempenham um papel fundamental no fornecimento, gestão e protecção da

água, o papel crucial das mulheres como provedoras e usuárias da água e guardiãs do meio

ambiente vivo raramente é reflectido nos acordos institucionais para o desenvolvimento e

gestão de recursos hídricos.

A aceitação e implementação deste princípio exigem políticas positivas que tratem das

necessidades específicas das mulheres, que forneçam ferramentas e empoderamento às

mulheres para participarem em todos os níveis dos programas de recursos hídricos, incluindo

tomadas de decisões e implementação, em formas definidas por elas (ACTUAR, 2010).

III.METODOLOGIA

3.1. Descrição da Área de Estudo

3.1.1. Lavene

A comunidade de Lavane situa-se na localidade de Mapinhane, distrito de Vilankulo,

província de Inhambane. Tem como Limite: a norte com a Comunidade de Quequere; ao Sul

pela Comunidade de Chelene; a Leste com Comunidades de Chenguane e Chipanzane; e a

Oeste com a Comunidade de Chitetemane, ( BALOI, 2015)

De acordo com dados fornecidos pelo Secretário da Localidade de Mapinhane, a comunidade

de Lavane possui cinco zonas (Lavane sede, Chifunhaunga, Chihingane, Mangarele e

Maconhuane).

3.2.1. Características físico-naturais

3.2.1.1 Clima e hidrologia

É caracterizado por um clima tropical seco, com uma precipitação anual de 733.9mm, os

meses mais quentes são meses de Novembro ao mês de Março, sendo os restantes meses

frescos e secos. A temperatura média anual é de 24.5oC, a média máxima é de 28.6oC e a

média mínima é de 19.9oC. a pluviosidade desta região está sujeita as secas cíclicas, este facto

faz com que o clima tenha tendência a classificar-se como um clima do tipo tropical seco,

(PLANO DE DESENVOLVIMENTO DE VILANKULO, 2011).

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3.2.1.2. Hidrografia

O rio Govuro é único rio que desagua na comunidade de Lavane, nasce na região de

Mapinhane e desagua no distrito de Govuro. A comunidade de Lavane possui um total de 4

lagoas que são de características intermitentes que ficam completamente cheias de água no

período chuvoso ( BALOI, 2015).

3.2.3. População

A população da Comunidade de Lavane é estimada em cerca de 1745 famílias e 6444

habitantes. Trata se de uma população predominantemente jovem, representando cerca de

43% de jovens com idades inferiores a 15 anos, 53% de jovens com a idade compreendida

entre os 16 a 40 anos de idade e proporção de idosos é de 4%, comportamento que tem

relativa semelhança com os valores do Distrito assim como da Província, as mesmas faixas

etárias que são de 43.1% e 5.2% e 51.7% respectivamente (MADLOMBE, 2014).

3.2.4. Abastecimento de água na Comunidade de Lavane

Segundo dados obtidos pelo secretário da comunidade de Lavane Laissane Chitofo Baloi, a

água que abastece esta comunidade em estudo é captada em poços a céu aberto e um furo com

bomba manual encontrando-se operacional. A maior parte da população desta comunidade

consome água imprópria e estão desprovidos de conhecimento técnico de tratamento de água

(BALOI, 2015 cp.).

3.3. Processo de Amostragem

Segundo RICHARDSON (1999), em geral, torna se impossível obter informações de todos os

indivíduos ou elementos que fazem parte do grupo que se deseja estudar. Seja porque o

número de elementos é demasiado grande, os custos são muito elevados ou ainda por que o

tempo pode actuar como agente de distorção. Estas e outras razões obrigaram a trabalhar com

uma só parte que compõe as famílias da comunidade de Lavane.

3.3.1. Cálculo do Tamanho de Amostra

De acordo com MATAKALA & MACUCULE (1999), o tamanho de amostragem para o

estudo depende do número total da população. Definem-se 15% da amostra se a população

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total abrangida não for superior a 100; 10% se estiver no intervalo de 100 – 500 e 5% se for

superior a 500.

Nesta comunidade de acordo com os dados, possui 1745 famílias. Para o efeito e de acordo

com MATAKALA e MACUCULE usou se 5% e obteve 87 famílias, lider comunitário, chefe

dos serviços de saúde de Mapinhane, funcionário de educação e das obras públicas e

habitação , como amostra para o estudo (1745*0.05) + 5= 92.

3.4. Técnica de Colecta de dados

3.4.1. Revisão bibliográfica

Consistiu na recolha de informações a respeito da pesquisa ou do estudo em causa, em artigos

a disponibilidade nas páginas da internet bem como nas bibliotecas. Teve se o cuidado de

pesquisar a legislação Moçambicana, regulamentos e políticas sobre o abastecimento de água

potável para o consumo humano e de outros países ou seja do nível internacional.

3.4.2.Pesquisa descritiva

Visa descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de

colecta de dados como questionário e observação (GIL, 1996). Assume, em geral, a forma de

levantamento do campo que nesta pesquisa foi executado seguindo dois procedimentos: as

entrevistas e a observação directa.

3.4.3. Observação Directa

A observação directa acontece quando o investigador procede directamente a recolha de

informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados. Apela directamente ao seu sentido de

observação QUIVY & COMPENHOUDT (DIAS, et al., 2010:101).

DANNA & MATOS (2006), afirmam que a observação é imprescindível em qualquer

processo de pesquisa cientifica, pois ela, tanto pode conjugar-se a outras técnicas de colecta

de dados, como pode ser empregue de forma independente e/ou exclusiva.

Esta técnica foi usada para auxiliar no processo de análise social de escassez de abastecimento

de água potável na comunidade de Lavane.

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3.4.4. Entrevista semi-estruturada

A entrevista semi-estruturada é composta por perguntas fechadas e abertas, é importante por

ser eficiente, permitindo obter dados de uma forma profunda, não exigindo que o entrevistado

saiba ler nem escrever e é muito flexível possibilitando o entrevistador esclarecer perguntas e

sondar. Algumas vezes o entrevistador efectua conversas informais sem obedecer a uma

estrutura de perguntas e num ambiente informal, que permite o enriquecimento dos

conteúdos, deixando o entrevistado a vontade (MARCONI & LAKATOS, 2006).

A escolha deste tipo de entrevista deveu-se das vantagens que este proporciona por parte do

autor, possibilitar a averiguação dos factos, determinação de sentimentos, motivos conscientes

para opiniões sobre o nível do Impacto Social de Escassez de abastecimento de Água Potável

na comunidade de Lavane, onde foram entrevistadas 87 famílias.

3.5. Método para apresentação, interpretação e análise dos dados

Segundo RICHARDSON (1999) a pesquisa quantitativa é caracterizada pelo emprego da

quantificação, tanto nas modalidades de colecta de informações quanto no tratamento delas

por meio de técnicas estatísticas. Os métodos quantitativos consideram que tudo pode ser

quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classifica-los e

analisá-los (GIL, 1996). Deste modo foi aplicado a técnica estatística de percentagem, por

outro lado, foi aplicado para quantificar em percentagem a quantidade das respostas dadas

pelos entrevistados a respeito ao tema em estudo.

Nesta pesquisa considerou se os dados quantitativos recolhidos nas 87 famílias da

comunidade de Lavane e 4 funcionários: centro de saúde de Mapinhane, Educação, Obras

Públicas e Habitação e o líder comunitário de Lavane, com vista analisar socialmente a

escassez de abastecimento de água potável na comunidade de Lavane, assim como avaliar os

seus constrangimentos.

Para a análise do conteúdo das entrevistas, obedeceram-se os seguintes passos: (I – formulou

se um guião de entrevistas, II. Sua realização no campo, III. Transcrição e de seguida, IV.

Análise crítica e céptica, selecção e a redacção dos dados por enunciar a conclusão relativa a

análise social de escassez de abastecimento de água potável na comunidade de Lavane e a

influência que este tem para o crescimento e desenvolvimento sócio-económico do distrito de

Vilankulo.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.1. Infra-estruturas relacionadas com abastecimento de água na comunidade de

Lavane

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Na comunidade de Lavane quanto as infra-estruturas de abastecimento de água, existem dois

furos com bomba manual, onde uma gerida pela escola e outra pela comunidade e poços

tradicionais melhorados e não melhorados.

Quanto as fontes de fornecimento de água (20%) de famílias afirmaram buscar a água no poço

com bomba manual e (24%) nos poços tradicionais melhorados e (56%) busca a água nos

poços tradicionais não melhorados (a céu aberto). Isto revela que a maioria adquire água em

poços tradicionais, sem condições de potabilidade, o que constitui um grande perigo para

saúde dos consumidores.

Esse único furo com bomba manual encontra se afastada das zonas de maior aglomerado

populacional de Lavane, por 7 a 10 km o que consequentemente obriga as mulheres e crianças

a percorrerem longas distâncias e a gastarem mais de uma hora nas bichas a busca do precioso

líquido.

Segundo o estudo de base da PRONASAR aprovado pela 33° Secção de Conselho de

Ministros Setembro de 2014, um furo de água com bomba manual está para 300 pessoas

equivale a 60 família com um agregado de 5 elemento cada, o que contrariamente não se

verifica na comunidade de Lavane segundo os dados recolhidos onde, a comunidade possui

1745 famílias que estão para um e único furo de água com bomba manual, vide no gráfico

abaixo.

Gráfico 3: Tipos de infra-estruturas que abastecem água a comunidade de Lavane.

Fonte: Autor, 2015

4.1.2. Constrangimentos no acesso a água potável na comunidade de Lavane

Quanto ao nível de saúde na comunidade (71%) de famílias afirmaram que a malária,

diarreias e tracoma são as doenças que assolam a comunidade, (28%) de famílias apontaram

Poços tradicionaisnão melhorados

56%

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 24

Na comunidade de Lavane quanto as infra-estruturas de abastecimento de água, existem dois

furos com bomba manual, onde uma gerida pela escola e outra pela comunidade e poços

tradicionais melhorados e não melhorados.

Quanto as fontes de fornecimento de água (20%) de famílias afirmaram buscar a água no poço

com bomba manual e (24%) nos poços tradicionais melhorados e (56%) busca a água nos

poços tradicionais não melhorados (a céu aberto). Isto revela que a maioria adquire água em

poços tradicionais, sem condições de potabilidade, o que constitui um grande perigo para

saúde dos consumidores.

Esse único furo com bomba manual encontra se afastada das zonas de maior aglomerado

populacional de Lavane, por 7 a 10 km o que consequentemente obriga as mulheres e crianças

a percorrerem longas distâncias e a gastarem mais de uma hora nas bichas a busca do precioso

líquido.

Segundo o estudo de base da PRONASAR aprovado pela 33° Secção de Conselho de

Ministros Setembro de 2014, um furo de água com bomba manual está para 300 pessoas

equivale a 60 família com um agregado de 5 elemento cada, o que contrariamente não se

verifica na comunidade de Lavane segundo os dados recolhidos onde, a comunidade possui

1745 famílias que estão para um e único furo de água com bomba manual, vide no gráfico

abaixo.

Gráfico 3: Tipos de infra-estruturas que abastecem água a comunidade de Lavane.

Fonte: Autor, 2015

4.1.2. Constrangimentos no acesso a água potável na comunidade de Lavane

Quanto ao nível de saúde na comunidade (71%) de famílias afirmaram que a malária,

diarreias e tracoma são as doenças que assolam a comunidade, (28%) de famílias apontaram

Poço combomba manual

20%

Poços tradicionaismelhorado

24%

Poços tradicionaisnão melhorados

56%

Tipos de fontes de água

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 24

Na comunidade de Lavane quanto as infra-estruturas de abastecimento de água, existem dois

furos com bomba manual, onde uma gerida pela escola e outra pela comunidade e poços

tradicionais melhorados e não melhorados.

Quanto as fontes de fornecimento de água (20%) de famílias afirmaram buscar a água no poço

com bomba manual e (24%) nos poços tradicionais melhorados e (56%) busca a água nos

poços tradicionais não melhorados (a céu aberto). Isto revela que a maioria adquire água em

poços tradicionais, sem condições de potabilidade, o que constitui um grande perigo para

saúde dos consumidores.

Esse único furo com bomba manual encontra se afastada das zonas de maior aglomerado

populacional de Lavane, por 7 a 10 km o que consequentemente obriga as mulheres e crianças

a percorrerem longas distâncias e a gastarem mais de uma hora nas bichas a busca do precioso

líquido.

Segundo o estudo de base da PRONASAR aprovado pela 33° Secção de Conselho de

Ministros Setembro de 2014, um furo de água com bomba manual está para 300 pessoas

equivale a 60 família com um agregado de 5 elemento cada, o que contrariamente não se

verifica na comunidade de Lavane segundo os dados recolhidos onde, a comunidade possui

1745 famílias que estão para um e único furo de água com bomba manual, vide no gráfico

abaixo.

Gráfico 3: Tipos de infra-estruturas que abastecem água a comunidade de Lavane.

Fonte: Autor, 2015

4.1.2. Constrangimentos no acesso a água potável na comunidade de Lavane

Quanto ao nível de saúde na comunidade (71%) de famílias afirmaram que a malária,

diarreias e tracoma são as doenças que assolam a comunidade, (28%) de famílias apontaram

Poço combomba manual

20%

Poços tradicionaismelhorado

24%

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 25

reumatismo, dores de estômago e tosse como doenças mais frequentes ao nível da

comunidade e (1%) de famílias disse não conhecer as doenças mais predominantes ao nível da

comunidade.

Segundo Hortênsio Cinturão (comunicação oral) enfermeiro chefe do centro de saúde de

Mapinhane, no primeiro semestre do ano 2014 foram diagnosticadas 80 pacientes da

comunidade de Lavane dos quais 30% padeciam de dores de estômago e diarreia. E no

primeiro semestre do ano de 2015 foram diagnosticados 150 doentes nos quais 32% padeciam

de diarreias agudas e vómitos. Estes dados podem estar a quem da verdade, pois a maioria das

pessoas nem sequer se dirigem ao posto médico dado ao facto da distância (26km) que o

separam do posto Administrativo de Mapinhane.

De acordo com a (OMS), grande parte de todas doenças que se alastram nos países em

desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Em conformidade com os

resultados de pesquisa, a comunidade de Lavane encontra-se a padecer de doenças

relacionadas com o consumo de água imprópria.

Gráfico 4: Condições de saúde comunitária

Fonte: Autor, 2015

4.1.3. Principais constrangimentos sociais, decorrentes do fraco abastecimento de água

potável na comunidade de Lavane.

Ao nível da comunidade de Lavane (20%) de famílias afirmou estar a consumir água potável

e (80%) de famílias afirmaram estar a consumir água não potável.

Proliferação de doenças na comunidade.

Familias queapontaram doenças

mais frequentes:Reumatismo, doresde estomago e tosse

28%

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 25

reumatismo, dores de estômago e tosse como doenças mais frequentes ao nível da

comunidade e (1%) de famílias disse não conhecer as doenças mais predominantes ao nível da

comunidade.

Segundo Hortênsio Cinturão (comunicação oral) enfermeiro chefe do centro de saúde de

Mapinhane, no primeiro semestre do ano 2014 foram diagnosticadas 80 pacientes da

comunidade de Lavane dos quais 30% padeciam de dores de estômago e diarreia. E no

primeiro semestre do ano de 2015 foram diagnosticados 150 doentes nos quais 32% padeciam

de diarreias agudas e vómitos. Estes dados podem estar a quem da verdade, pois a maioria das

pessoas nem sequer se dirigem ao posto médico dado ao facto da distância (26km) que o

separam do posto Administrativo de Mapinhane.

De acordo com a (OMS), grande parte de todas doenças que se alastram nos países em

desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Em conformidade com os

resultados de pesquisa, a comunidade de Lavane encontra-se a padecer de doenças

relacionadas com o consumo de água imprópria.

Gráfico 4: Condições de saúde comunitária

Fonte: Autor, 2015

4.1.3. Principais constrangimentos sociais, decorrentes do fraco abastecimento de água

potável na comunidade de Lavane.

Ao nível da comunidade de Lavane (20%) de famílias afirmou estar a consumir água potável

e (80%) de famílias afirmaram estar a consumir água não potável.

Proliferação de doenças na comunidade.

Familias queapontaram doençasmais frequentes :

Malaria, diarreias etracoma

71%

Familias queapontaram doenças

mais frequentes:Reumatismo, doresde estomago e tosse

28%

Nao conhecem asdoencas frequentes

na comunidade1%

Doenças mais frequentes

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 25

reumatismo, dores de estômago e tosse como doenças mais frequentes ao nível da

comunidade e (1%) de famílias disse não conhecer as doenças mais predominantes ao nível da

comunidade.

Segundo Hortênsio Cinturão (comunicação oral) enfermeiro chefe do centro de saúde de

Mapinhane, no primeiro semestre do ano 2014 foram diagnosticadas 80 pacientes da

comunidade de Lavane dos quais 30% padeciam de dores de estômago e diarreia. E no

primeiro semestre do ano de 2015 foram diagnosticados 150 doentes nos quais 32% padeciam

de diarreias agudas e vómitos. Estes dados podem estar a quem da verdade, pois a maioria das

pessoas nem sequer se dirigem ao posto médico dado ao facto da distância (26km) que o

separam do posto Administrativo de Mapinhane.

De acordo com a (OMS), grande parte de todas doenças que se alastram nos países em

desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. Em conformidade com os

resultados de pesquisa, a comunidade de Lavane encontra-se a padecer de doenças

relacionadas com o consumo de água imprópria.

Gráfico 4: Condições de saúde comunitária

Fonte: Autor, 2015

4.1.3. Principais constrangimentos sociais, decorrentes do fraco abastecimento de água

potável na comunidade de Lavane.

Ao nível da comunidade de Lavane (20%) de famílias afirmou estar a consumir água potável

e (80%) de famílias afirmaram estar a consumir água não potável.

Proliferação de doenças na comunidade.

Familias queapontaram doençasmais frequentes :

Malaria, diarreias etracoma

71%

Nao conhecem asdoencas frequentes

na comunidade1%

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 26

De acordo com a Lei de Água de 1991, no artigo 45 número 1, 2 e 3 deve-se disponibilizar a

água em quantidade aceitável e serviços contínuos.

1) Para os efeitos desta Lei, por água potável entende-se a destinada à alimentação, à

preparação de alimentos e dos produtos destinados à alimentação, à higiene pessoal, ao

uso doméstico e ao fabrico de bebidas gasosas, águas minerais e gelo.

2) Não poderão ser concedidos, nem mantidos aproveitamentos privativos da água em

detrimento do direito à água potável por parte da população.

3) Os titulares de direitos e aproveitamentos privativos terão de permitir que a população

vizinha se abasteça de água potável, mediante a constituição das respectivas servidões

administrativas, quando, sem grandes dificuldades, não poder obtê-la de outro modo.

Na mesma esteira o Artigo 8 da PNA (2007), tem como objectivos:

Melhorar o uso de águas disponíveis para todos os fins através da sua utilização

racional e planificada, com vista a satisfazer as necessidades da povoação e do

desenvolvimento da economia nacional;

Abastecer de forma contínua e suficiente a água potável a povoação para satisfação

das necessidades domésticas e de higiene.

Segundo os dados recolhidos na comunidade de Lavane são contrários do planificado pelo

Governo, isto porque, a comunidade de Lavane possui um e único furo de água com bomba

manual para abastecer um universo de 1745 famílias contrariamente a 29 furos com bomba

manual que deviam ser implantados no seio da comunidade de Lavane. Deste modo a

comunidade recorre a consumo de água dos poços precários, o que consequentemente vem a

implantar doenças relacionadas com escassez e consumo de água, (diarreias agudas, giardíase,

tracoma e hipatite) resultando assim na baixa produção agrícola e na execução de actividades

de geração de rendimento, colocando deste modo a população numa pobreza generalizada,

vide no gráfico a baixo.

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 27

Gráfico 5: Acesso a fonte de água potável.

Fonte: Autor, 2015

Quanto ao acesso de água potável (46%) de famílias afirmaram gastarem menos de 30

minutos e menos de 1 hora de espera para busca de água e (54%) de famílias afirmaram

gastarem 40 minutos a 2 horas de caminhada e mais de 30 minutos na fila a espera de busca

de água potável.

Quanto a busca de água, (94%) de famílias afirmaram ser da responsabilidade de mulheres e

crianças e (6%) de famílias disseram ser da responsabilidade dos homens a busca de água.

Segundo a classificação do nível do acesso a água versus necessidades e grau de efeitos a

saúde de HOWARD & BARTRAM (2003), considera sem acesso a água potável quando a

distância percorrida e tempo gasto for maior que 1km e maior que 30 minutos; para a

comunidade de Lavane segundo os dados do inquérito referem que 46% de famílias gastam

menos de 30 minutos e menos de 1 km a busca de água e 54% de famílias gastam mais 30

minutos a 2 horas e percorrem uma distância superior a 2 km. Assim, contraria os padrões de

acesso básico, intermédio e óptimo, estando assim a comunidade de Lavane no nível de sem

acesso a água potável.

Familias queconsomem água

potávell20%

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 27

Gráfico 5: Acesso a fonte de água potável.

Fonte: Autor, 2015

Quanto ao acesso de água potável (46%) de famílias afirmaram gastarem menos de 30

minutos e menos de 1 hora de espera para busca de água e (54%) de famílias afirmaram

gastarem 40 minutos a 2 horas de caminhada e mais de 30 minutos na fila a espera de busca

de água potável.

Quanto a busca de água, (94%) de famílias afirmaram ser da responsabilidade de mulheres e

crianças e (6%) de famílias disseram ser da responsabilidade dos homens a busca de água.

Segundo a classificação do nível do acesso a água versus necessidades e grau de efeitos a

saúde de HOWARD & BARTRAM (2003), considera sem acesso a água potável quando a

distância percorrida e tempo gasto for maior que 1km e maior que 30 minutos; para a

comunidade de Lavane segundo os dados do inquérito referem que 46% de famílias gastam

menos de 30 minutos e menos de 1 km a busca de água e 54% de famílias gastam mais 30

minutos a 2 horas e percorrem uma distância superior a 2 km. Assim, contraria os padrões de

acesso básico, intermédio e óptimo, estando assim a comunidade de Lavane no nível de sem

acesso a água potável.

Familias queconsomem água não

potável80%

Familias queconsomem água

potávell20%

Qualidade de água consumida

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 27

Gráfico 5: Acesso a fonte de água potável.

Fonte: Autor, 2015

Quanto ao acesso de água potável (46%) de famílias afirmaram gastarem menos de 30

minutos e menos de 1 hora de espera para busca de água e (54%) de famílias afirmaram

gastarem 40 minutos a 2 horas de caminhada e mais de 30 minutos na fila a espera de busca

de água potável.

Quanto a busca de água, (94%) de famílias afirmaram ser da responsabilidade de mulheres e

crianças e (6%) de famílias disseram ser da responsabilidade dos homens a busca de água.

Segundo a classificação do nível do acesso a água versus necessidades e grau de efeitos a

saúde de HOWARD & BARTRAM (2003), considera sem acesso a água potável quando a

distância percorrida e tempo gasto for maior que 1km e maior que 30 minutos; para a

comunidade de Lavane segundo os dados do inquérito referem que 46% de famílias gastam

menos de 30 minutos e menos de 1 km a busca de água e 54% de famílias gastam mais 30

minutos a 2 horas e percorrem uma distância superior a 2 km. Assim, contraria os padrões de

acesso básico, intermédio e óptimo, estando assim a comunidade de Lavane no nível de sem

acesso a água potável.

Familias queconsomem água não

potável80%

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 28

Gráfico 6: Distância e tempo gasto na aquisição de água potável.

Fonte: Autor, 2015

4.1.4. Quantidade de água potável consumida em cada família por dia.

Quanto a quantidade de água Potável consumida na comunidade, (15%) famílias afirmaram

estarem a consumir 10 a 20L/dia e (85%) famílias afirmaram estarem a consumir água dos

poços a céu abertos (não potável).

Gráfico 7: Quantidade de água Potável colectada ou consumida por dia

Fonte: Autor, 2015

4.1.5. Nível de conhecimento e informação sobre água e higiene básico.

Quanto ao nível de conhecimento e informação sobre abastecimento de água e higiene básica

na comunidade de Lavane (78%) de famílias afirmaram ter informação contra (22%) de

famílias afirmaram não terem nenhuma informação e conhecimento, vide no gráfico a baixo.

Familias que gastam2 horas e mais de 1km a busca de água

54%

Familias que nãoconsomem água

potável85%

Quantidade de água consumida pelas familias por dia

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 28

Gráfico 6: Distância e tempo gasto na aquisição de água potável.

Fonte: Autor, 2015

4.1.4. Quantidade de água potável consumida em cada família por dia.

Quanto a quantidade de água Potável consumida na comunidade, (15%) famílias afirmaram

estarem a consumir 10 a 20L/dia e (85%) famílias afirmaram estarem a consumir água dos

poços a céu abertos (não potável).

Gráfico 7: Quantidade de água Potável colectada ou consumida por dia

Fonte: Autor, 2015

4.1.5. Nível de conhecimento e informação sobre água e higiene básico.

Quanto ao nível de conhecimento e informação sobre abastecimento de água e higiene básica

na comunidade de Lavane (78%) de famílias afirmaram ter informação contra (22%) de

famílias afirmaram não terem nenhuma informação e conhecimento, vide no gráfico a baixo.

Familias que gastam30 minutos e menosde 1 km a busca de

água46%

Familias que gastam2 horas e mais de 1km a busca de água

54%

Distância percorida e tempo gasto

Familias que nãoconsomem água

potável85%

Quantidade de água consumida pelas familias por dia

Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 28

Gráfico 6: Distância e tempo gasto na aquisição de água potável.

Fonte: Autor, 2015

4.1.4. Quantidade de água potável consumida em cada família por dia.

Quanto a quantidade de água Potável consumida na comunidade, (15%) famílias afirmaram

estarem a consumir 10 a 20L/dia e (85%) famílias afirmaram estarem a consumir água dos

poços a céu abertos (não potável).

Gráfico 7: Quantidade de água Potável colectada ou consumida por dia

Fonte: Autor, 2015

4.1.5. Nível de conhecimento e informação sobre água e higiene básico.

Quanto ao nível de conhecimento e informação sobre abastecimento de água e higiene básica

na comunidade de Lavane (78%) de famílias afirmaram ter informação contra (22%) de

famílias afirmaram não terem nenhuma informação e conhecimento, vide no gráfico a baixo.

Familias que gastam30 minutos e menosde 1 km a busca de

água46%

Familias queconsomem de 10 a20 litros por dia de

agua potavel15%

Quantidade de água consumida pelas familias por dia

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Gráfico 8: Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico.

Fonte: Autor, 2015

4.1.6. Soluções de escassez de abastecimento de água potável ao nível comunitário

Quanto a solução ao problema de escassez de abastecimento de água potável ao nível da

comunidade (87%) de famílias afirmaram nada estarem a fazer uma vez não possuírem meios

financeiros adequados (dinheiro) e (13%) de famílias disseram que tem apresentado o assunto

a estrutura local (Localidade e Posto Administrativo de Mapinhane) e ao governo do distrito

de Vilankulo.

4.2. Análise social de escassez de abastecimento de água potável na comunidade de

Lavane

Na Comunidade de Lavane não existe o sistema de abastecimento de água e esta deficiência

traz a comunidade problemas tais como: proliferação de doenças, fraca produção agrícola,

chegada tardia á escola, e desistências e aproveitamento pedagógico negativo das crianças,

longas distâncias e maior tempo gasto em busca de água, insuficiência de saúde, fraca higiene

individual e colectiva.

As mulheres, também percorrem longas distâncias e horas o que lhes inibe a realização de

outras tarefas tais como: agricultura, actividades de geração de rendimento o que vem agravar

a situação económica e social da comunidade (generalização da pobreza)

A falta de água potável provoca doenças e influenciam na generalização da pobreza ao nível

da comunidade, uma vez que pessoa doente não pode exercer com perfeição qualquer

actividade.

Nesta comunidade a função de género na água, tem papel fundamental, uma vez que se

percebe que as mulheres são mais responsáveis pelo uso e gerência de água e saúde no nível

Familias semconhecimento sobre

saneamento22%

Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico

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Gráfico 8: Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico.

Fonte: Autor, 2015

4.1.6. Soluções de escassez de abastecimento de água potável ao nível comunitário

Quanto a solução ao problema de escassez de abastecimento de água potável ao nível da

comunidade (87%) de famílias afirmaram nada estarem a fazer uma vez não possuírem meios

financeiros adequados (dinheiro) e (13%) de famílias disseram que tem apresentado o assunto

a estrutura local (Localidade e Posto Administrativo de Mapinhane) e ao governo do distrito

de Vilankulo.

4.2. Análise social de escassez de abastecimento de água potável na comunidade de

Lavane

Na Comunidade de Lavane não existe o sistema de abastecimento de água e esta deficiência

traz a comunidade problemas tais como: proliferação de doenças, fraca produção agrícola,

chegada tardia á escola, e desistências e aproveitamento pedagógico negativo das crianças,

longas distâncias e maior tempo gasto em busca de água, insuficiência de saúde, fraca higiene

individual e colectiva.

As mulheres, também percorrem longas distâncias e horas o que lhes inibe a realização de

outras tarefas tais como: agricultura, actividades de geração de rendimento o que vem agravar

a situação económica e social da comunidade (generalização da pobreza)

A falta de água potável provoca doenças e influenciam na generalização da pobreza ao nível

da comunidade, uma vez que pessoa doente não pode exercer com perfeição qualquer

actividade.

Nesta comunidade a função de género na água, tem papel fundamental, uma vez que se

percebe que as mulheres são mais responsáveis pelo uso e gerência de água e saúde no nível

Familias comconhecimento sobre

saneamento78%

Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico

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Gráfico 8: Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico.

Fonte: Autor, 2015

4.1.6. Soluções de escassez de abastecimento de água potável ao nível comunitário

Quanto a solução ao problema de escassez de abastecimento de água potável ao nível da

comunidade (87%) de famílias afirmaram nada estarem a fazer uma vez não possuírem meios

financeiros adequados (dinheiro) e (13%) de famílias disseram que tem apresentado o assunto

a estrutura local (Localidade e Posto Administrativo de Mapinhane) e ao governo do distrito

de Vilankulo.

4.2. Análise social de escassez de abastecimento de água potável na comunidade de

Lavane

Na Comunidade de Lavane não existe o sistema de abastecimento de água e esta deficiência

traz a comunidade problemas tais como: proliferação de doenças, fraca produção agrícola,

chegada tardia á escola, e desistências e aproveitamento pedagógico negativo das crianças,

longas distâncias e maior tempo gasto em busca de água, insuficiência de saúde, fraca higiene

individual e colectiva.

As mulheres, também percorrem longas distâncias e horas o que lhes inibe a realização de

outras tarefas tais como: agricultura, actividades de geração de rendimento o que vem agravar

a situação económica e social da comunidade (generalização da pobreza)

A falta de água potável provoca doenças e influenciam na generalização da pobreza ao nível

da comunidade, uma vez que pessoa doente não pode exercer com perfeição qualquer

actividade.

Nesta comunidade a função de género na água, tem papel fundamental, uma vez que se

percebe que as mulheres são mais responsáveis pelo uso e gerência de água e saúde no nível

Familias comconhecimento sobre

saneamento78%

Nível de conhecimento e informação sobre água e saneamento básico

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doméstico. As mulheres nesta comunidade têm a responsabilidade de buscar a água e de

educar crianças em matéria higiénicas. As mulheres estão obrigadas frequentemente a andar

em filas diárias por muitas horas em pontos de água, assim elas são tidas como provedoras

usuárias de água e guardião do meio em que vivem.

A gestão dos recursos hídricos deve basear se em uma abordagem participativa, ambos,

homens e mulheres, devem ser envolvidos a ter o mesmo direito de expressão, no

agenciamento do uso sustentável dos recursos hídricos e na distribuição de seus benefícios e o

papel da mulher nas áreas relacionadas à água precisa ser reforçado e sua participação

ampliada no seio comunitário.

Assim sendo a análise social de escassez de abastecimento de água potável a comunidade de

Lavane, contribui para que se possa traçar estratégias e directrizes, a nível local e distrital com

o fim de minimizar a situação actual, com objectivo de melhorar as condições de saúde e meio

ambiente e também para combater a proliferação de doenças hídricas, perspectivando assim

uma vida melhor e sadia. Vide as figuras abaixo que ilustram a precaridade da água potável na

comunidade de Lavane.

Figura 1: Poço Tradicional não melhorado

Fonte: Autor, 2015

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Figura 2: Poço Tradicional não melhorado

Fonte: Autor, 2015

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V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusão

No que diz respeito a infra-estruturas relacionadas com abastecimento de água potável ao

nível da comunidade de Lavne, existe um e único furo com bomba manual. Neste sentido há

exiguidade de infra-estruturas relacionadas com o abastecimento de água potável isto porque

só existe uma e única fonte para abastecer 1745 famílias, o que não satisfaz as necessidades

da população pelo precioso líquido.

Os constrangimentos no acesso a água potável é de referir que, há escassez de acesso ao

saneamento básico no seio da comunidade de Lavane o que consequentemente vem tornar a

vida dos residentes cada vez mais débil no que diz respeito a proliferação de doenças

(diarreias, malária, dores de estômago e tracoma) o que grosso modo influencia

negativamente a produção visto que uma pessoa doente não exerce nenhuma actividade

qualitativa.

Estes problemas todos que assolam a comunidade vêm generalizar a pobreza, proliferação de

doenças, desistência e não conclusão do ensino primário completo (1a à 7a classe) emigrando

para as zonas urbanas a procura de emprego para melhorar as suas condições de vida,

colocando a comunidade sem mão-de-obra qualificada para o desenvolvimento local.

No que tange ao nível de conhecimento e informação ao nível da comunidade é fraco uma vez

que não tendo acesso aos órgãos de informação (rádio, televisão e jornais) e o facto do

elevado nível de analfabetismo, influenciam na estagnação da comunidade.

Conclui se que a comunidade de Lavane encontra se desprovida do direito fundamental que é

de fornecimento de água potável devido a falta de acompanhamento da evolução demográfica

e infra-estrutura pela parte do Governo, elevado nível de analfabetismo, desemprego, falta de

prática de actividades de rendimento, estando apenas a praticar a agricultura de sequeiro o que

agudiza a sua vulnerabilidade cada vez mais no que diz respeito a escassez de abastecimento

de água potável e saneamento básico colocando assim a sua vida em perigo.

Portanto, é de referir que o país possui leis, políticas e estratégias de saneamento do meio

mais ilustrativas ao nível do mundo contudo, tem se verificado a falta do cumprimento ou

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materialização devido a falta de comprometimento por parte do governo o que deixa a

população frustrada ou numa pobreza extrema.

5.2 Recomendações

Recomenda-se:

Ao Governo

Garantir serviços sociais básicos e infra-estruturas que acompanham o crescimento

demográfico da comunidade.

Materialização dos objectivos planificados através da criação de parceria com as

organizações especializadas em desenvolvimento rural assim como a zonas urbanas.

Garantir serviços sociais básicos e infra-estruturas que acompanham o crescimento

demográfico da comunidade.

Desenvolver e pôr em prática a disponibilização e gestão integrada das fontes de

abastecimento de água potável com base no uso sustentável na avaliação integrada dos

potenciais económicos e ambientais e fortalecer a capacidade e autoridades locais e

comunidades e gerir a quantidades e qualidade de recursos naturais (água).

Comunidade

Deve estar envolvida nos seus problemas e resolvendo-os usando os recursos disponíveis

ao nível local.

A comunidade deve usar a técnicas de produção da moringa uma vez que o clima e solo

possui componentes necessárias para a propagação desta cultura, que é importantíssima

isto porque pode ser usada como purificador de água e como medicamento uma vez que

cura mais de uma centena de doenças.

Deve se dedicar a aprender e fazer aprender os seus filhos, mandado os a escola porque só

com a educação pode-se alcançar desenvolvimento em todas perspectivas.

As Organizações De Sociedades Civil

Devem criar projectos que respondem com as necessidades das comunidades e deve se

promover a sua participação activa.

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Proporcionar formação e educação cívica na comunidade sobre as consequências de

consumo de água contaminada e as concernentes medidas de prevenção, com a

participação activa dos órgãos da comunicação social e o uso de línguas locais.

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA. G. (2007). Fontes de água – importante para o homem. Brasil.

ASSOCIAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO – ACTUAR

(2010). Integração de uma abordagem de género na gestão de recursos hídricos e

fundiários (Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor Leste) Coimbra – Portugal. 27p.

DIRECÇÃO NACIONAL DE ÁGUAS (DNA) (2009). Análise dos dados MISCS (2008)

e Censo 2007. Apresentação para o grupo de água e saneamento. Moçambique.

ESTUDO DE BASE DA PRONASAR (2013). Moçambique.

GIL, A. C. (2007). Como elaborar projectos de pesquisa. 4a ed. São Paulo.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. (2007). Quadro da província.

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_%28província%29> [Acesso em:

11/12/2014].

JACINTO, M. M. P. L. (2012). Problemática da água em Angola: Caso de estudo

Luanda, Dissertação de Mestrado em Gestão do Território área de especialização em

ambiente e recursos naturais – Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas. Lisboa. 105p.

MATAKALA, P. & MACUCULE, A. (1998). Alguns métodos de amostragem e

diagnóstico de recursos naturais, instrumentos de recolha e análise de dados. Maputo.

MUMUANE, J. A. (2014).Análise microbiológica da qualidade da água de consumo

humano abastecida pela Empresa Moçambicana de Aguas (EMA) no município de

Vilankulo concretamente nos bairros Desse e Quinto Congresso Trabalho de Culminação

de Curso (UEM). Vilankulo.

POLÍTICA NACIONAL DE ÁGUAS – PNA (2007). Moçambique. Maputo. 46p.

Disponível em: <http://www.gov.co.mz/politica nacional de águas> [Acesso em:

23/10/2014].

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Carlos Chichocanhane Matsinhe /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Página 36

Programa Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento Rural (PNAASR)

(2009). Versão Final. Maputo. Moçambique.

RELATÓRIO DA UNICEF DO DIA INTERNACIONAL DE ÁGUA (22-03-2015)

Maputo;

RELATÓRIO PEDAGÓGICO DOS SERVIÇOS DISTRITAIS DE EDUCAÇÃO

JUVENTUDE E TECNOLOGIA (SDEJT) de Vilankulo (2014);

RICHARDSON, R. J. (2009). Pesquisa Social. Métodos e Técnicas. Brasil. Revista e

Ampliada. 3ª Edição.

ROMERO, E. L. et al. (2013).Direito à água e ao saneamento: Guia para a incorporação

do enfoque baseado nos direitos humanos (EBDH).Madrid.112p. Disponível em:

<http://www.ongawa.org> [Acesso em: 21/10/2014].

ROOKE & RIBEIRO (2010). Saneamento Básico e sua Relação com O Meio Ambiente e

a Saúde Pública. Universidade Federal de Juiz de Fora; Curso de Especialização em

Análise Ambiental. Brasil. 36p. Disponível em: <http://www.google.com/saneamento e

meio ambiente> [Acesso em: 24/10/2014].

SILVA, M, A. D. (2011). Direito Internacional à Água. Universidade Autónoma de

Lisboa. 27p.

SILVE, E. L. & MENEZES, E. M. (2001). Métodos da pesquisa e elaboração de

dissertação. 3a ed. Actual. Florianoplolis. Brasil.

UANDELA, A. (S/d). Gestão descentralizada dos sistemas de abastecimento de água:

desafios de eficiência e sustentabilidade. Três estudos de caso. Maputo.

Water and Sanitation Program (WPS) (2010). Gestão sustentável de pequenos sistemas

de abastecimento de água em África: Relatório do workshop 06 ao 08 de Outubro de 2010.

Moçambique.

ESTRATÉGIA NACIONAL DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS (ENGRH,

2007).

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ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DO SECTOR DE AGUAS DEMOÇAMBIQUE (EDSAM, 2012).

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II

Apêndice 1: inquérito para as famílias da comunidade de Lavane

Este inquérito é realizado para fins científicos no âmbito de TCC de Comunicação e Extensão

Rural que terá como grupo alvo as famílias da comunidade de Lavane, com objectivo de

recolher dados relacionados com o impacto social de escassez de abastecimento de água

potável na comunidade de Lavane.

I. Cabeçalho

Número de inquérito______________________________________________________

Nome do inquiridor______________________________________________________

Horas de inicio______ Horas de termino______

II. Informação pessoal

1. Anos de Idade_________

2. Sexo: masculino___ feminino___

3. Estado civil? Casado/a___ solteiro/a___ separada/o ___ viúvo/a___

4. Número de filhos _______________

5. Qual é o nível de escolaridade mais elevado que completou? Nenhum___ primário___

secundário___ técnico profissional___ superior___

6. Qual é a sua ocupação? Trabalho a conta própria ___ funcionário

público___camponês___ reformado___ artesão__

7. É chefe do seu agregado familiar? Sim ___ não ___

III. Condições de água e saneamento do agregado familiar

1. Já ouviu falar de saneamento do meio na sua comunidade? Sim___ não___

2. Se sim com quem? Profissional de saúde ___ ONG ___ estrutura local.

3. Onde busca a água usada pelo seu agregado familiar? Água canalizada___ água de

fontenária ___ água de poço sem bomba___ água de fonte natural (rio, lagoa) ___

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III

4. Quantas bombas de água existem na sua comunidade?_____________________

5. Qual é a época em que se verifica doenças relacionadas com água? No tempo seco___

no tempo chuvoso___ não sei ___

6. Quais são as doenças mais comuns na sua comunidade?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

7. Como é a água consumida no seu agregado familiar? Tratada___ não tratada___ Se é

tratada, com que produto?_____________________

8. Quanto tempo percorre de casa à fonte de água?_____________________

9. Quem busca água em casa?

Crianças_____; Mulheres______; Homens_____

10. Quantos litros de água a família consome por dia?_____________________

11. A comunidade já teve capacitação em gestão de água? Sim___; Não____

a. Se sim que organização? _____________________

12. O que a comunidade tem feito para a redução de escassez de água potável na

comunidade? __________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

13. A comunidade tem tido informações ou capacitações sobre meios de tratamento e uso

de água? Sim_____; Não____

a. Se sim, Quem ?___________

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IV

Apêndice 2: Inquérito para o centro de saúde de Mapinhane

1.Quantos pacientes da comunidade de Lavane beneficiaram-se dos vossos serviços no

primeiro semestre de 2014 e 2015?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2.Quais são as doenças mais frequentes na comunidade de Lavane por vós diagnosticadas?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3.Qual é o nível de aderência aos vossos serviços pela comunidade de Lavane ?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4.Os serviços de saúde de Mapinhane têm feito sensibilizações ligadas ao tratamento de água

para o consumo?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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V

Apêndice 3: Infra-estruturas de abastecimento de água existentes na Comunidade de

Lavane

Poço Tradicional melhorado Poço Tradicional não melhorado

Poço Tradicional melhorado Poço Tradicional não melhorado

Poço Tradicional não melhorado Furo de água potável pertencente à comunidade.

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VI