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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014) Licenciatura em Engenharia Rural (Especialização em Água e Saneamento) Autor: Armindo Pascoal Timóteo Culeco Vilankulo, Junho de 20015

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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL

Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de

Boane (2014)

Licenciatura em Engenharia Rural (Especialização em Água e Saneamento)

Autor:

Armindo Pascoal Timóteo Culeco

Vilankulo, Junho de 20015

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Armindo Pascoal Timóteo Culeco

Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de

Boane (2014)

Trabalho de Culminação de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia Rural da Universidade

Eduardo Mondlane – Escola Superior

De Desenvolvimento Rural para a

Obtenção do grau de Licenciatura

Em Engenharia Rural, Especialização

Em Água e Saneamento.

Supervisor:

dr. Lário Herculano, Msc

UEM – ESUDER

Vilankulo, Junho de 2015

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i

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que este relatório nunca foi apresentado, para a obtenção de

qualquer grau. O mesmo é fruto da minha investigação estando indicadas ao longo do

trabalho e na bibliografia as fontes de informação utilizadas.

Vilankulo, Junho de 2015

_________________________________________________

(Armindo Pascoal Timóteo Culeco)

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DEDICÁTORIA

Este Trabalho é incontestavelmente e sobejamente dedicado a minha Mãe, que desde

pequeno mostrou me o caminho do bem e do alívio da escravidão mental, a Escola. Paz a

sua alma minha mãe, amiga e professora Maria Luísa Bila.

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iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Universo que facultou me a vida e Matéria para suprir me nesta jornada cheia de

charadas obscuras.

Ao meu Pai Que me deu a oportunidade deste mundo conhecer e trilhar sobre seus caminhos,

o meu muito obrigado.

Agradecimentos Especiais a minha Família que deu me suporte emocional e objectividade

neste percurso, em especial meus irmãos Elias Janje Timóteo Culeco, Ester Timóteo

Culeco,Suraya Timóteo Culeco(paz a sua alma) e Sérgio Fernando Magaia.

Ao dr. Lário Herculano, MSc por ter aceitado o desafio de me supervisionar e pela atenção

dispensada durante a elaboração do relatório,

A minha Esposa Arcênia Saúl Nhanala pelo apoio moral e motivação nos momentos mais

conturbadores da minha formação o meu muito obrigado.

Aos Meus irmãos de alma Norberto Vasco Macucua, Ernesto Carlos Macamo vai o meu

humilde agradecimento pelo apoio e confiança que em mim depositaram neste percurso

académico.

Sem me esquecer dos colegas e companheiros da vida académica Victorino Levi Uqueio,

Jeremias Carlos Sinalos, Carlos José, aos colegas do quarto 9 e todos que viveram comigo

no internato.

Estendendo os agradecimentos a Consultora Ruth Lopes, aos colegas do Estágio no

Município de Boane em Particular o vereador Arnaldo de Jesus Pedro Nhaeco pela força e

apoio Concedido.

DEUS muito obrigado!

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iv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abreviaturas

Assor. Assoriado

Avar. Avariado

dr. Doutor

L Litro

lppd Litros por Pessoa por dia

min Minuto

mppd Minutos por pessoa por dia

n0

número

Operac. Operacional

Siglas

AC Abastecimento Convencional

AdeM Águas da Região de Maputo

BF Fontanário uganda,

BH Poço

CA Comité de Água

CMVB Conselho Municipal de Boane

CRA Conselho Regulador de Água

DAR Departamento de Água Rural

DNA Direcção Nacional de Agua

DPOH Direcção Provincial de Obras Publicas e Habitação

FD Fontes Dispersas

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HC Ligação Domiciliaria

HP Bomba Manual

INE Instituto Nacional de Estatística

IRC International Water Sanitation Center

IWA International Water Association

JMP Joint Monitoring Programme

MDM Metas de Desenvolvimento do Milénio

MOPH Ministério de Obras Publicas e Habitação

MT Metical

OMS Organização Mundial de Saúde

PDC Fontanário que serve uma família.

PS Tomada de Água

PSAA Pequeno Sistema de Abastecimento de Água

SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estrutura

SP Fontenário

SS Pequeno Sistemas

WH Poço Protegido,

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vi

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figuras

Figura 1: Nível elevado………………………………………………………………………..5

Figura 2: Sem Serviço…………………………………………………………………..……..5

Figura 2: Básico/ intermédio………………………………………………………………..…5

Figura 4: Limitado/básico……………………………………………………………………..5

Figura 5: Escada de Níveis de Serviço da WASHCost……...………………………………...8

Figura 6: Mapa do Distrito de Boane………………………………………………………...16

Figura 7: Mapa Provisório Dos Limites da Vila de Boane…………………………………..17

Figura 8:Diagrama de Distribuição de Agregado Familiar Segundo Acesso de Água

Potável……………………………………………………………………………………….19

Figura 9: Gráfico de cobertura de Abastecimento de Água Município de Boane…………...28

Figura10:Gráfico da População Servida……………………………………………………...29

Figura11:Gráfico de Níveis de Serviço de Fontes Dispersas no Município de Boane………31

Figura12:Gráfico de Níveis de Serviço na Localidade de Gueguegue………………………32

Figura 13: Gráfico de Níveis de Serviço Localidade Eduardo Mondlane…………………...32

Figura 14: Níveis de serviços de Pequenos Sistemas de Abastecimento de Agua…………...33

Figura 15: Níveis de serviços para fontanários………………………………………………34

Figura 16: Níveis de Serviços Para Torneira no Quintal…………………………………….35

Figura 17: Níveis de Serviço da Água da Rede Convencional………………………………36

Figura 18: Escada de Níveis de Serviço Município de Boane……………………………….38

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vii

Tabelas

Tabela no 1, Normas Principais de Definição de Serviços nos Países de WASHCost………...4

Tabela no 2, Nível Básico de Abastecimento de Agua Rural em Moçambique………….……6

Tabela no 3, Dados Relativos ao Abastecimento de Água no Distrito de Boane…………....19

Tabela no

4, Amostragem de Número de Famílias e fontes de Agua na Localidade Eduardo

Mondlane……………………………………………………………………………………..20

Tabela no

5, Amostragem de Número de Famílias e fontes de Agua na Localidade de

Gueguegue……………………………………………………………………………………21

Tabela no

6, Dados Relativos a Amostragens de Tipos de Ligações e População Servida Pela

Empresa Aguas de Mahubo………………………………………………………………….22

Tabela no 7, Dados relativos ao abastecimento pela rede da AdeM………………………… 22

Tabela no8,Níveis de Serviços e Indicadores Propostos pela WASHCost Moçambique…….24

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viii

LISTA DE APÊNDICE E ANEXOS

Apêndice

Apêndice A: Tabelas de Níveis De Serviço Por Fontes Dispersas ……………………...…….I

Apêndice B: Tabelas de Níveis de serviço para PSAA……………………………………….II

Apêndice C: Tabela de níveis de serviço para Água da Rede Convenciona…………………III

Apêndice D: Fotografias de Campo …………………………………………………………III

Anexos

Anexo A: Questionário para determinação de nível de serviço da WASHCost Moçambique em

parceria com IRC (2010)…………………………………………………………..……………….…IV

Anexo B: Mapa da Situação de abastecimento de água na localidade de Gueguegue……………..….V

Anexo C: Mapa da Situação de abastecimento de água na localidade de Eduardo Mondlane……..…VI

Anexo D: Tarifas de água em Moçambique……………………………………………………….…VII

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Glossário

Auto controlo de Qualidade: a entidade gestora efectua inspecção, amostragem e análises

regulares.

Entidade Gestora do Sistema de Abastecimento de Água: Entidade que por lei é

responsável pela exploração, Gestão e fornecimento de água destinada ao consumo humano.

Serviço de água: Serviço de água é a quantidade de água, de uma dada qualidade, acessível

para as pessoas.

Nível de Serviço: É a qualidade de serviço que é fornecido ou recebido num determinado

lugar, essa qualidade é medida por uma combinação de componentes ou indicadores

diferentes.

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x

RESUMO

O presente trabalho visa avaliar os níveis de serviço de abastecimento de água no

município da vila de Boane, para a sua materialização baseou-se num estágio profissional no

conselho Municipal local, onde para o calculo e interpretação dos dados foi empregue o

sistema de avaliação da International Water Sanitation Center (IRC) em Parceria com a

Whascoast Moçambique, por adequar se melhor ao contexto nacional, o calculo de cobertura

baseou- se nas formulas da International Water Association (IWA). No caso das fontes

dispersas (FD), caraterizados por poços e/ou furos equipados por bombas manuais, foram

entrevistados residentes de seis (6) bairros, pertencentes a duas localidades (Gueguegue e

Eduardo Mondlane); fez se também entrevistas a 10 Comitês de Água e para as fontes de

abastecimento mais concentradas compostas por rede convencional e Pequenos Sistemas

foram feitas entrevistas nas unidades gestoras nomeadamente Águas da Região de Maputo

(AdeM) e Águas de Mahubo (AM), no caso de AM fez se também entrevistas a 100 famílias

das quais 86 abastecidas por fontanários e 14 por torneiras no Quintal . As fontes de água tem

uma cobertura de 86% ao nível do municipal, no entanto, só 59% da população é que é

realmente servida. Os níveis de serviços variam de sem serviço (34.7%) , limitado (30.1%),

básico (18%) , intermédio (17.26%), não chegando a se alcançar um nível elevado de

serviços.

Palavras-Chave: Níveis de Serviço, Indicadores para Avaliação de Níveis de serviço,

Cobertura, Abastecimento de Água.

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Índice

Conteúdo Pág.

CAPITULO I ......................................................................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

1.1 Problema de pesquisa ............................................................................................................ 2

1.2. Justificativa .......................................................................................................................... 2

1.3. Objectivos ............................................................................................................................ 3

1.3.1 Geral:.................................................................................................................................. 3

1.3.2 Específicos: ........................................................................................................................ 3

CAPITULO II ............................................................................................................................. 4

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 4

2.1Níveis de Serviço de Água ..................................................................................................... 4

2.2 Avaliação dos Níveis de serviço ................................................................................................... 6

2.2.1 Escada de Nível de Serviço ........................................................................................................ 7

2.3 Indicadores para Avaliação de Níveis de Serviços .................................................................. 10

2.4 Abastecimento de Água ...................................................................................................... 11

2.4.1 Sistema de Abastecimento de Água ........................................................................................ 12

2.4.1.1 Fontes Dispersas ........................................................................................................... 13

2.4.1.2 Sistema de abastecimento convencional ............................................................................. 13

2.5 Controlo de Qualidade da Água Abastecida ............................................................................. 14

CAPITULO III .......................................................................................................................... 15

3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 15

3.1 Descrição da área de estudo ........................................................................................................ 15

3.1.1 Localização, Superfície e População ...................................................................................... 15

3.1.2 Clima e Hidrografia ......................................................................................................... 17

3.1.4 Serviços de Abastecimento de Água ....................................................................................... 18

3.2 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................................ 19

3.3 TÉCNICAS DE COLECTAS DE DADOS .............................................................................. 22

3.4 LIMITAÇÕES .................................................................................................................... 22

3.5 MÉTODOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .......................................... 22

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3.5.1 Cobertura.......................................................................................................................... 23

3.5.2 População servida ............................................................................................................ 24

3.5.3 Determinação da Quantidade de Água ................................................................................... 24

3.5.4 Qualidade da Água ........................................................................................................... 24

3.5.5 Acessibilidade .................................................................................................................. 24

3.5.6 Fiabilidade........................................................................................................................ 25

CAPITULO IV.......................................................................................................................... 26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 26

4.1 Provedores de Serviços de abastecimento de Água no Município de Boane ....................... 26

4.2 Cobertura dos Serviços de Abastecimento Água...................................................................... 27

4.3 Níveis de Serviço de Abastecimento de Água .......................................................................... 29

4.3.1Níveis de serviços por fontes dispersas ................................................................................... 29

4.3.2 Nível de serviços para PSAA ................................................................................................... 31

4.3.3 Nível de serviço para AC ......................................................................................................... 34

4.3.4 Escada de Níveis Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane ............... 36

CAPITULO V ........................................................................................................................... 38

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................... 38

5.1 Conclusão ............................................................................................................................ 38

5.2 Recomendações................................................................................................................... 39

CAPITULO VI.......................................................................................................................... 40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 40

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 1

CAPITULO I

1. INTRODUÇÃO

Quando a densidade demográfica em uma comunidade aumenta, a solução mais

económica e definitiva é a implantação de um sistema público de abastecimento de água. Sob

o ponto de vista sanitário, a solução colectiva é a mais indicada, por ser mais eficiente no

controle dos mananciais, e da qualidade da água distribuída à população. O abastecimento de

água para ser satisfatório deve ter como princípios a seguinte dualidade, quantidade e

qualidade. Em quantidade de modo que atenda todas as necessidades de consumo e em

qualidade adequada as finalidades que se destina (MADEIROS, 2014).

Dados das nações unidas indicam que cerca de 884 milhões de pessoas no mundo não

tem acesso a um serviço de abastecimento de água potável seguro. Em Moçambique segundo

dados da JOINT MONITORING PROGRAMME (JMP, 2014) a cobertura de abastecimento de

água no país situa se em 49%, sendo 35% para água rural e 80% para o abastecimento de água

urbana.

O nível de um serviço é medido em termos de uma combinação de componentes ou

indicadores diferentes. Para a água, estes são quantidade, qualidade, acessibilidade e

fiabilidade. A definição destes indicadores pode variar entre países para reflectir normas e

critérios (nacionais) diferentes. Tipicamente, um nível de serviço mais elevado significa mais

de cada componente. O nível de serviço de água recebido pelo utilizador vária de sem serviço

para um serviço abaixo do padrão, básico, intermédio e serviço elevado. Um nível básico de

serviço de água rural pode ser serviço fiável de fornecimento de água de 20 litros por pessoa,

por dia, de qualidade aceitável de água, exigindo não mais do que 30 minutos por dia para a

sua busca (WHASCOAT, 2011).

Em Moçambique o nível padrão de abastecimento de água rural é um poço protegido

ou um furo, equipado com bomba manual, servindo 300 pessoas (mais ou menos 60 famílias)

num raio de 500m (30 minutos para ida e volta, incluindo bicha) INERNATION WATER

SANITATION CENTER (IRC, 2014).

Muitas vezes os utilizadores recebem um serviço de nível intermédio que mistura

elementos de níveis diferentes do serviço. Por exemplo, numa comunidade rural, durante a

época seca, 69% das pessoas recebem um serviço de água abaixo do padrão (ou nenhum

serviço completamente) a respeito da quantidade, e 84% recebem um serviço intermédio

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 2

abaixo do padrão.de qualidade de água. O nível global do serviço ao nível da família é

decidido pelo indicador composto mais baixo (WHASCOAST, 2010). Sendo assim, o

presente trabalho subordina se a avaliação dos níveis de serviços de Abastecimento de água

no município da vila de Boane. Servindo de instrumento facultativo na tomada de decisões de

investimentos e expansão dos serviços de abastecimento de água as comunidades.

1.1 Problema de pesquisa

Em Maio de 2013 a Vila de Boane na Província de Maputo foi requalificada para a

categoria de Vila Municipal. Os serviços de abastecimento de água neste município são

providos através de fontes dispersas, pequenos sistemas de abastecimento de água e

abastecimento convencional, estando esses sobre gestão Público-privado. Todavia no que

concerne aos níveis de serviço de abastecimento de água depara-se com a falta de

conhecimento dos mesmos na sua área de jurisdição, sem o conhecimento dos níveis de

serviço há uma dificuldade em termos de onde é prioritário construir ou reabilitar um

sistema de abastecimento de água, chegando a casos em que existe populações que

beneficiam se mais dos serviços e as outras chegando a não beneficiar se apesar de estarem

na mesma área geográfica; o não conhecimento dos níveis de serviços de abastecimento de

água também conduz a um grande risco no que concerne ao controlo da saúde pública

relativamente as doenças de veiculação hídrica. O que muita das vezes conduz a um

dispêndio de fundos que não chegam a trazer resultados satisfatórios para o conselho

municipal bem como aos munícipes.

Mediante a situação descrita acima é lançada a seguinte pergunta de partida:

Quais são os níveis de serviços de abastecimento de água no município da vila de Boane?

1.2. Justificativa

A identificação do nível do serviço recebido pelos utilizadores permite ao governo e

aos provedores dos serviços de abastecimento de água a usarem as comparações de custos em

relação ao nível real do serviço acedido pela população para suportar as decisões políticas.

Esta informação pode ajudar os investidores, doadores e utilizadores a tomarem decisões

sobre onde é mais prioritário investir, a planear a substituição das infra-estruturas no fim da

sua vida útil e a expandir os sistemas de fornecimento em resposta ao aumento da demanda.

Permite que se façam planos para que os serviços sejam sustentáveis e duradoiros. O

conhecimento de níveis de serviço tem um impacto directo no controlo e melhoria das

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 3

condições de saúde pública. Realização deste trabalho é ainda motivada pelo desafio que o

município da Vila de Boane enfrenta para prestação de serviços de abastecimento de água. O

trabalho fornecera dados percentuais em relação aos níveis de serviços prestados no

município tendo em vista a melhoria e a expansão dos mesmos.

1.3. Objectivos

1.3.1 Geral:

Avaliar os níveis de serviços de abastecimento de água no Município de Boane.

1.3.2 Específicos:

Identificar os provedores de serviços de abastecimento de água no Município de

Boane.

Indicar a taxa de cobertura dos serviços de abastecimento de água no Município de

Boane.

Definir os indicadores usados na avaliação dos níveis de serviço.

Apresentar os níveis de serviço de abastecimento de água no município de Boane.

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 4

CAPITULO II

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1Níveis de Serviço de Água

Nível de serviço é um termo que descreve a diferença entre qualidades de serviço.

Nível de serviço como um conceito pode ser analisado dentro do contexto de uma escada de

mão na qual cada degrau é um passo para cima do prévio. Como um nível de serviço é uma

colecção de indicadores diferentes, alguns dependentes e outros independentes dos outros, sua

definição vária por países (ALANA POTTER, et al., 2012). A tabela abaixo de mostra as

normas principais que definem os níveis de serviço nos países de WASHCost.

Tabela no2, Normas Principais de Definição de Serviços nos Países de WASHCost

Indicador Moçambique Gana Borkina Faso Índia

Acesso

Distância

Sem normas

Menor 500m

PS <1000m

PSAA <500m

PS <1600m

horizontal

SS <100m

vertical em

zonas

montanhosas

Aglomerado

Menos de

500 pessoas

BH: <300

pessoas

WH <150

pessoas

SP <300 pessoa

SP <300 pessoas

BP <10 pessoas

PDC

<100pessoas

BF

<1000pessoas

HP/SP <250

pessoa

Exclusão

social

Quantidade

20 lppd

PS -20lppd

HC-60lppd

PS-20lppd

HC 40-60lppd

PS-40lppd

HC-70lppd

com alta

densidade de

gado

Qualidade Padrões da

WHO

Padrões

nacionais

Padrões da

WHO

Padrões

nacionais

Fiabilidade

Nada

definido

Rural nada

definido, PSAA

>95% de tempo

disponível

Nada definido

Conceito de

segurança

Fonte: MORIARTY, 2011

Na Índia o conceito de segurança de acesso é usado em lugar de confiança, segurança

está baseado na premissa que até mesmo em tempos de tensão deve se ter acesso a pelo menos

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 5

alguma água, a segurança é definido como tendo acesso a pelo menos dois sistemas separados

(MORIARTY, 2011).

Níveis de serviço podem ser fixados por uma combinação de vários factores (o que é

fácil / possível) e factores sociais e políticos (isso que é politicamente aceitável, o custo, o

desejo e capacidade de uma comunidade para adquirir um serviço, histórico e normas). Por

exemplo, uma comunidade rural pode viver com um nível de serviço, onde em termos de

distância e qualidade de água, seria considerada inaceitável em uma cidade, vide as figuras

(1;2;3 e 4) que representam diferentes níveis de serviços de água, em um mundo ideal, seria

fixado o nível de serviço talvez por acordos feitos entre os provedores e os usuários

(MORIARTY, 2011). Tecnologias mais sofisticadas não significam necessariamente que

resultam em níveis de serviços de água mais elevados (IRC, 2014).

Figura 1:Nível Elevado Figura2:Sem Serviço Fonte: (Moriarty, P. et al.2011) Fonte: (Moriarty, P. et al., 2011)

Figura 3: Básico/Intermédio Figura 4.Limitado/Básico

Fonte: (Moriarty, P. et al., 2011) Fonte: (Moriarty, P. et al., 2011)

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 6

Em Moçambique o nível básico de serviço de água rural é definido segundo

parâmetros patentes na tabela 1.

Tabela no

1: Nível Básico de Abastecimento de Água Rural em Moçambique

Serviço Básico Em Moçambique

Abastecimento de água rural

Um poço protegido ou um furo, equipado

com bomba manual, servindo 300 pessoas

(+_ 60 famílias) num raio de 500m (30

minutos para ida e volta, incluindo bicha)

Fonte: Alana Potter., et al. 2012

HOWARD E BARTRAM (2003) propuseram uma série de níveis de serviço de água

aferido em resposta a pedidos de informação sobre a quantidade de água, de acesso e de nível

de serviço e seus impactos na saúde, categorizaram os níveis de serviço de água ao longo de

uma escala de indicadores ligados que incluíam a quantidade de água e acessibilidade da fonte

de água. Analisando a partir de uma perspectiva de saúde pública, cada aumento no nível (de

nenhum acesso a acesso óptimo) estava ligado a uma diminuição no risco de saúde associado,

quantidade de água para a hidratação e higiene adequada foram enfatizados nos níveis de

serviço de água desenvolvidos. A pesquisa reflectiu que há uma rápida diminuição no

consumo de água, aumento de tempo para a fonte de água e uma diminuição na higiene,

especificamente a lavagem das mãos, em agregados familiares com a quantidade de água

disponível diminuída (GILMAN R., et al., 1993) Os níveis de serviços definidos pela

WASHCost Moçambique são; sem serviço, serviço limitado, serviço básico, serviço

intermédio e serviço elevado (WHASCOAST, 2011).

2.2 Avaliação dos Níveis de serviço

O nível de um serviço é medido em termos de uma combinação de componentes ou

indicadores diferentes. Para a água, estes são quantidade, qualidade, acessibilidade e

fiabilidade. A definição destes indicadores pode variar entre países para reflectir normas e

critérios (nacionais) diferentes. Tipicamente, um nível de serviço mais elevado significa mais

de cada componente. O nível de serviço de água recebido pelo utilizador vária de sem serviço

para um serviço abaixo do padrão, básico, intermédio e serviço elevado. O nível global do

serviço ao nível da família é decidido pelo indicador composto mais baixo (WASHCost,

2011).

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A monitoria de abastecimento doméstico de água que incorpora uma abordagem de

vários indicadores, cada um em uma escala de aceitabilidade, em vez de uma abordagem

binária de "ricos" e "pobres" pode ser rastreada até 1991 (BARTRAM, 2008). A Monitoria de

determinados indicadores pode ser rastreada até muito antes de 1991. Por exemplo, em 1972,

o estudo de Brades e Branco de abastecimento de água doméstico e produtividade na África

Oriental, concluiu, que a forma como as pessoas respondem perante a melhoria do

abastecimento e o efeito que isso tem sobre a saúde da comunidade e bem-estar devem ser

examinados para toda a gama teoricamente possível (WHITE, et al., 1972). A utilização de

estruturas para compreender a qualidade de um serviço prestado através de uma série de

indicadores, no entanto, começou em 1991 (BARTRAM, 2008).

2.2.1. Escada de Nível de Serviço

Em 2008 e 2009, o centro internacional de água e saneamento (IRC) continuou a

metáfora escada e desenvolveu uma escada de serviços de cinco degraus que varia de sem

serviço para alto nível de serviço. A escada IRC é baseada em categorizações de quatro

indicadores: quantidade, qualidade, acessibilidade e fiabilidade. A escada IRC permitida para

uma única medida do serviço de cada agregado familiar, atribuindo uma categoria de nível de

serviço (sem serviço de serviço de alto nível) com base no valor do indicador mais baixo

(VAN KOPPEN B., et al., 2012).

O desenvolvimento e a utilização da escada foi motivado por um desejo de influenciar

o debate político, aumentar a conscientização sobre a prestação de serviços que ia além da

infra-estrutura, e para fornecer uma linguagem e ferramentas para medir a prestação de

serviços. Como tal, a selecção de indicadores e intervalos foi fortemente impulsionado pela

consideração pragmática da política e das normas existentes, a nível internacional e nos países

onde IRC estava trabalhando (MORIARTY P. et al., 2011). A escada apresentada na figura 5

é feita com base no contexto nacional.

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Figura 5: Escada de Níveis de Serviço da WASHCost Moçambique

Fonte: IRC (2014)

Esta escada de serviço foi testada em Gana, Burkina Faso, Moçambique e Índia

(SNEHALATHA M., et al, 2011). A escada foi adaptada em cada país para as normas e

padrões nacionais. Nesta abordagem são identificados (entre outros) os altos níveis de não-

funcionalidade e má prestação de serviços (SMITS S., et al., 2009); a ampla gama de custos

na realização (ou não atingirem) altos níveis de serviço. A persistência no uso da escada de

serviço de água IRC é a sua flexibilidade para se adaptar às normas e padrões nacionais

(GEORGIA L. et al., 2013).

O nível de serviço proposto pela WASHCost Moçambique é mostrado em forma de

escada de mão de sem serviço, passando pela provisão de serviços básicos e seguindo com a

linha de acréscimo de quantidade de água ate ao alcance do nível de serviço esperado em

grandes cidades. A escada de serviço de água é um instrumento de tomada de decisões e de

planificação que reflecte a realidade do próprio serviço que é fornecido e acedido pelos

utilizadores (IRC, 2011)

Segundo a WASHCost Moçambique (2010) Os níveis de serviços que compõem a

escada são:

Serviço elevado: Famílias com

acesso no mínimo 60lppd de água de

boa qualidade.

Serviço Intermédio: Família com acesso no mínimo de

40lppd de água com uma qualidade aceitável numa

fonte melhorada gastando menos de trinta minutos

para sua busca.

Serviço Básico: famílias com acesso no minimo 20lppd de

água com uma qualidade aceitável duma fonte melhorada

não gastando mais de 30 min para sua busca.

Serviço Limitado: famílias com acesso a um serviço melhor do

que não ter algum serviço, mas que esta abaixo dos padrões

básicos exigidos em vários critérios.

Sem Serviço: Famílias com acesso á agua em fontes inseguras ou em

fontes que estão demasiadamente distantes, levando muito tempo

para buscar a água ou de uma qualidade muito baixa.

Intermédio

Elevado

Sem serviço

Limitado

Básico

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Sem serviço:

Menos de cinco litros de água por pessoa por dia, por dia (lppd), ou água de uma fonte

não melhorada que fornece água de qualidade inaceitável, ou que leva mais do que uma hora

por dia para a busca da água.

Limitado:

Um nível de serviço ‘melhor do que nada’, entre o nível básico e nenhum serviço. Este

nível provavelmente corresponde mais aos serviços que sofrem de problemas endémicos ou

onde devido a assuntos específicos do contexto (tais como a baixa densidade populacional),

não é possível satisfazer todos os parâmetros de fornecimento do serviço.

Básico:

Fornecimento de pelo menos 20 litros/pessoa/dia de água potável de qualidade

aceitável de uma fonte segura e melhorada, exigindo não mais do que 30 minutos por pessoa

por dia para a sua busca. Este nível de serviço é típico da maioria dos sistemas de

fornecimento de água rural e também de alguns sistemas informais nas áreas peri-urbanas e

das favelas. É também encontrado em situações de emergência. É muitas vezes fornecido por

pontos de fontes tais como furos de água, poços e riachos.

Intermédio:

Fornecimento de pelo menos 40 litros/pessoa/dia de água potável de qualidade aceitável

de uma fonte segura e melhorada, exigindo não mais do que 30 minutos por pessoa por dia

para a sua busca. Este nível de serviço é uma mistura do serviço básico e um serviço de nível

elevado. Ele é tipicamente encontrado em pequenas cidades e em áreas peri-urbanas, e é

muitas vezes fornecido através de pequenas redes de tubagem. Tipicamente, um serviço de

nível intermédio teria mais possibilidades de tratamento de água todo que um nível básico, e

exige estruturas de gestão mais complexas.

Elevado:

Este é essencialmente um serviço moderno envolvendo torneiras nas casas. Este serviço

fornece 60 litros/pessoa/dia como um mínimo absoluto, mas muitas vezes fornece muito mais.

A água é tratada a níveis mais elevados de qualidade e com disponibilidade segura de acordo

com a demanda.

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2.3. Indicadores para Avaliação de Níveis de Serviços

LLOYD B.J., BARTRAM J. (1991) introduziram uma abordagem baseada no risco de

saúde para acompanhamento de serviço de água. Estes afirmaram que "o foco no aumento da

cobertura precisa ser ampliada para incluir a melhoria da qualidade de serviço" e propuseram

uma estratégia de vigilância para a melhoria progressiva dos serviços de água com base em

um quadro de indicadores. Os autores definiram os níveis de serviço de água com base em

vários indicadores de qualidade de serviço relacionado com o risco potencial para a saúde.

Eles propuseram um quadro de cinco indicadores cada um em uma escala. As métricas para

avaliar o risco para a saúde incluem: (1) a cobertura, medida pelo tipo de alimentação; (2)

continuidade, medido por hora por dia e dia por ano em que a água é fornecida; (3) A

quantidade, em termos de volume fornecido per capita; (4) risco sanitário (medido por uma

escala de contagem de E. coli (de> 1.000 de E. coli / 100 ml, ao mais alto risco <1 E. coli /

100 ml em nenhum risco), combinada com inspecção sanitária), e (5) custo, medido pela tarifa

paga por mês por agregado familiar (LLOYD B.J., BARTRAM J, 1991).

Segundo IRC (2011) os indicadores mais comuns contra os quais a qualidade de

serviços de água pode ser avaliada incluem: quantidade, medido, em litros por pessoa por dia

(lppd); qualidade, tipicamente composto de um ou indicadores mais separados olhando para

substância química e qualidade biológica; a frequência em que são feitos os testes e distância,

de uma casa ou o centro de uma comunidade para um ponto de água. Países podem

estabelecer normas nacionais ou adoptar normas internacionais, como o número das pessoas

que compartilham uma mesma fonte, e a confiança do serviço, tipicamente definido como a

proporção do tempo de funcionamento do nível de serviço prescrito.

As recentes pesquisas preliminares da WASHCost sugerem que os parâmetros da JMP

já não são essênciais para fazer a avaliação dos níveis de serviço, porque é necessário mostrar

o real uso das tecnologias empregues para a provisão do serviço. Tendo Sugerindo os

seguintes indicadores:

Quantidade: é conceptualmente o indicador mais simples e o geralmente usado para

monitorar e comparar os serviços. É tipicamente medido em termos de litros por

pessoa por dia (lppd).

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Qualidade: recorre a qualidade microbiana e química da água, inclusive vários

substituto-indicadores diferentes (Ex: contaminação biológica e vários parâmetros

físicos).

Acessibilidade: recorre à facilidade com que as pessoas podem adquirir água. Esse

indicador é o tempo gasto por dia para Buscar água, que pode ser medido por minutos

por pessoa por dia (mppd). Contudo existem varias barreiras que possam dificultar o

cálculo deste indicador. O que geralmente vimos são as normas nacionais imposta para

o indicador de acesso muitas das vezes discutíveis, o caso de máxima distância

permitida ate a fonte, número máximo de pessoas a usar a fonte.

Confiança (ou segurança): se refere até que ponto o serviço executa de acordo com

expectativas. Tipicamente isto é expressado como a percentagem de tempo que o

serviço é (não) completamente funcional. Em Índia, o conceito de segurança é baseado

na suposição que todos os serviços falharão a tempo a algum ponto, e então segurança

máxima só pode ser alcançada por acesso a mais de uma fonte ou sistema. Confiança

não significa que um serviço é provido 24h mas que é de maneira previsível regular. O

padrão pode ser aquela água é provida por fontanários durante 4 horas por dia, e se

isso acontece é alcançado o nível de segurança previsto.

2.4. Abastecimento de Água

Quando a densidade demográfica em uma comunidade aumenta, a solução mais

económica e definitiva é a implantação de um sistema público de abastecimento de água. Sob

o ponto de vista sanitário, a solução colectiva é a mais indicada, por ser mais eficiente no

controle dos mananciais, e da qualidade da água distribuída à população. O abastecimento de

água para ser satisfatório deve ter como princípios a seguinte dualidade: quantidade e

qualidade. Em quantidade de modo que atenda todas as necessidades de consumo e em

qualidade adequada as finalidades que se destina (MADEIROS, Fernandes., 2014).

Segundo GILMAN R.,et al (1993) o abastecimento de água para cada pessoa deve ser

suficiente e contínuo de uso pessoal e doméstico, estes usos incluem normalmente beber,

saneamento pessoal, lavagem de roupa, preparação de alimentos, higiene pessoal e doméstico.

Segundo a OMS, entre 50 e 100 litros de água por pessoa por dia são necessários para

precauções de saúde.

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2.4.1. Sistema de Abastecimento de Água

Um sistema de abastecimento é o conjunto de equipamentos e instalações responsáveis

pela captação, tratamento, transporte, armazenamento e distribuição de água potável de modo

a assegurar o abastecimento de água às populações (MADEIROS, 2014).

O sistema de abastecimento de água caracteriza-se pela retirada da água da natureza,

adequação da sua qualidade, transporte até aos aglomerados e fornecimento à população em

quantidade compatível com as suas necessidades. Um sistema de abastecimento de água pode

ser concebido para atender a pequenas povoações ou a grandes cidades, variando nas

características e porte das suas instalações, variando de fontes dispersas (poços e furos

equipados com bomba manual), pequenos sistemas de abastecimento, a sistemas de

abastecimento convencional para grandes cidades (RAPOSO, et al, 2012).

Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água

Para efeitos de concepção das modalidades de gestão, os PSAA foram definidos como

sendo um conjunto isolado de infra-estruturas, as quais são constituídas por meios de

captação, tratamento, armazenamento e rede de distribuição de água (DNA, 2001).

Segundo a DNA (2001) a forma mais simples de um PSAA é um furo/poço munido de

uma bomba, depósito de armazenamento, alguns fontanários e um número muito reduzido de

ligações domiciliárias/torneiras no quintal. Este tipo de abastecimento de PSAA, par além de

não querer uma intervenção técnica complicada a nível da sua operação e manutenção, terá

pouca complexidade de gestão. Para o efeito os PSAA são classificados da seguinte forma:

Nível 1 (com um furo/poço, transporte, armazenamento, distribuição através de

fontanários e um numero reduzido de ligações domiciliarias/torneiras no quintal inferiores a

50 ligações);

Nível 2 (com um furo/poço, transporte, armazenamento, distribuição através de

fontanários e um numero reduzido de ligações domiciliarias/torneiras no quintal superiores a

50 e inferiores a 150 ligações);

Nível 3 (com um furo/poço, transporte, armazenamento, distribuição através de

fontanários e um numero reduzido de ligações domiciliarias/torneiras no quintal superiores a

150 podendo mesmo ser superiores a 500 ligações).

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2.4.1.1 Fontes Dispersas

São poucos os estudos que definem este parâmetro em Moçambique. Segundo

UANDELA (2010) define Fontes dispersas sendo sistemas isolados compostos por poços e

furos equipados com bomba manual.

CRISTOPH & HERCULANO (04 de Março de 2014, cp.) disseram que as fontes

dispersas são definidas como sistemas isolados caracterizados por poços e/ou furos protegidos

e não protegidos, podendo ser colectivos ou individuais.

2.4.1.2 Sistema de abastecimento convencional

Segundo MADEIROS (2014), as unidades de um sistema convencional são, a Captação,

Adução, Tratamento, Reservação e Distribuição, e define-os da seguinte forma:

Captação: estrutura para retirada de água do manancial abastecedor (fonte de onde se

retira a água);

Adução: canalização de transporte da água entre as diversas unidades do sistema;

Tratamento: retirada das impurezas indesejáveis ao emprego final da água;

Armazenamento: armazenamento dos excessos de água para compensações de

equilíbrio, de emergência ou acidental e anti-incêndio;

Distribuição: condução através de canalizações (rede de tubulações) até os pontos de

consumo.

Instalação de Abastecimento de água deve ser acessível a todos, sem discriminação,

acessibilidade tem dimensões sobrepostas: físico, económico e informações, água suficiente e

seguro deve ser acessível nas imediações do agregado familiar e acessível (WHO, 2011).

Segundo a OMS, a fonte de água tem de estar dentro de 1.000 m de casa e o tempo de recolha

não deve exceder os 30 mins. O programa de desenvolvimento das nações unidas (PNUD)

sugere que os custos da água não devem exceder 3% do rendimento do agregado familiar;

Acessibilidade inclui o direito de procurar, receber e transmitir informações sobre as questões

da água (ROAF V., et al, (2005).

O Sistema de Abastecimento de Água da AdeM abastece os Municípios de Maputo e

Matola, a vila de Boane e as localidades de Matola Rio e Belo Horizonte. Para o efeito, a

empresa recorre ao sistema principal do Umbelúzi, composto pela captação e estação de

tratamento convencional.O sistema do Umbelúzi, após o tratamento, a água é transportada

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através de uma conduta adutora de cerca de 80 km, para centros distribuidores. A rede de

distribuição é de aproximadamente 1500 km de extensão (CRA, 2013).

2.5. Controlo de Qualidade da Água Abastecida

Segundo o artigo 8 do regulamento sobre qualidade de água para o consumo humano

de 15 de Setembro de 2004, o controle de qualidade de água para o consumo humano é

efectuado em conformidade com os pressupostos postulados no plano nacional de controlo de

qualidade, observando no entanto o regime, modalidade, frequência, parâmetros e

características de controlo estabelecidos no anexo II do regulamento acima supracitado.

A UNICEF e a OMS também advertem que a medição da qualidade da água não é

possível à escala global, dado que os progressos no sentido da meta do ODM para a água

potável segura são medidos através da recolha de dados sobre o uso de fontes melhoradas de

água potável. É necessário um esforço significativo para garantir que as fontes de água

melhoradas sejam seguras e continuem a sê-lo no futuro (WHO, 2004).

De acordo com NARKEVIC (2010), dados relativos a qualidade de água rural em

Moçambique são escassos, por um lado devido há um sistema ainda incipiente de controlo e

registo da informação rural, por outro à indefinição dos padrões de controlo a utilizar. A

qualidade da água não é testada com a devida consistência quer durante a fase de construção,

assim como após a construção. A limitação em termos de capacidade para a testagem é uma

das razões identificadas. Os laboratórios existentes não permitem fazer a devida cobertura

devido a sua localização, por outro lado, a insuficiência de meios e equipamentos de

diagnóstico também contribuem para esta situação.

Em relação a qualidade da água, a empresa AdeM apresentou um desempenho

insatisfatório neste indicador, uma vez que, apesar de ter controlado 90% dos 33 parâmetros

contratualmente exigidos, apenas 92% estiveram em conformidade, todavia com tendência

positiva (CRA, 2012). O controlo da qualidade de água, nos parâmetros contratualmente

exigidos deve constituir prioridade, e com maior atenção para os coliformes fecais e totais,

uma vez que estes podem pôr em causa a saúde pública dos Consumidores (CRA, 2012).

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CAPITULO III

3. METODOLOGIA

3.1. Descrição da área de estudo

3.1.1. Localização, Superfície e População

O distrito de Boane esta localizado a sudoeste da Província de Maputo, sendo limitado

a norte pelo distrito de Moamba, a Sul e Este pelo Distrito de Namaacha, a Oeste pela cidade

da Matola e pelo distrito de Matutuine.

Boane foi elevado a categoria de Distrito de 1a classe em Abril de 1987 pelo decreto n

o

8/87 e a sua Sede, localizada a 30 km da cidade de Maputo foi elevada a Vila pela resolução n

o 9/87 de 25 de Abril do conselho de Ministros.

Em Maio de 2013 a Vila sede de Boane foi elevada a categoria de Município que este

subdivide-se em duas localidades a de Gueguegue e Eduardo Mondlane (CMVB, 2014). A

figura 6 representa a localização do distrito de Boane e a figura 7 os limites do município de

Boane.

Figura 6: Mapa do Distrito de Boane

Fonte: Instituto nacional de estatística (INE, 2012)

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Figura 7: Mapa Provisório Dos Limites da Vila de Boane

Fonte: Ministério da Administração Estatal (MAE, 2014)

O distrito conta com uma superfície de 815 km2

e uma população recenseada em 2007

de 104. 128 Habitantes e ao mês de Maio de 2013 em cerca de 140. 488 Habitantes, o distrito

de Boane tem uma densidade populacional de 166.6 hab/km2

A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.2, isto é, por cada

10 crianças ou anciões existem 12 pessoas em idade activa. A população é jovem (42%,

abaixo dos 15 anos de idade), maioritariamente feminina (taxa de masculinidade de 47%)

PERFIL DO DISTRITO DE BOANE (PDB, 2007).

A população da vila sede de Boane (área municipal) é de 93.942 Habitantes

distribuída num total de 24.658 famílias e com uma média de 4hab/família, onde 56.959

habitantes num total de 13.843 residem na localidade de Gueguegue e os restantes 42.883

num total de 10.815famílias residem na localidade de Eduardo Mondlane, SERVIÇOS

DISTRITAIS DE PLANEAMENTO E INFRA- ESTRUTURAS - BOANE (SDPI-BOANE

2014).

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3.1.2. Clima e Hidrografia

O clima da região é sub-húmido e com deficiência de chuva na estacão fria,

caracterizado por alternância entre as condições secas, induzidas pela alta pressão

subcontinental e as incursões de ventos húmidos do oceano. Vagas de frio podem trazer

tempestades violentas e chuvas torrenciais de curta duração (PDB, 2007).

A temperatura média anual é de 23.7oC verificando-se que os meses mais frios são de

Junho e Julho e os mais quentes Janeiro e Fevereiro. A amplitude térmica anual é de 8.8o

C

(PDB, 2007).

A humidade relativa média anual é de 80.5%, variando de um valor máximo de 86%

em Julho a um valor mínimo de 73.5% em Novembro. A pluviosidade média é de 752 mm

variando entre os valores médios de 563,6 mm para o período húmido e os 43,6 mm no

período seco. O período húmido estende-se de Novembro a Março e o período seco de Abril a

Outubro (PDB, 2007).

Segundo PDB (2007), o distrito é propenso a ciclones, depressões, secas e cheias.

Entre os já ocorridos são de salientar:

O ciclone EL-NINO em 2003 que causou danos significativos à produção agrícola

e infra-estruturas económicas e sociais;

As grandes secas nos anos 1984, 1990 e 1991;

As cheias de grande relevo em 1984 e em 2000.

Os cursos de água do distrito de Boane pertencem as bacias hidrográficas dos rios

Umbeluzi, Tembe e Matola. O distrito é, ainda atravessado pelos rios Movene e Nwlate, de

regime periódico (afluentes no Umbeluzi) (PDB, 2007).

Destes o mais importante é o rio Umbeluzi, que nasce na Suazilândia e após 70km de

percurso desemboca no estuário do Espírito Santo, onde também têm a sua foz, os rios Matola

e Tembe (PDB, 2007).

O rio Umbeluzi é fonte de água potável das cidades de Maputo e Matola. Com o

crescente aumento populacional, a quantidade de água tornou-se cada vez mais escassa pelo

que foi necessária a construção da barragem de Pequenos Libombos, que se integra numa

estratégia de utilização dos recursos naturais e de aproveitamento das potencialidades da

região (PDB, 2007).

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3.1.4. Serviços de Abastecimento de Água

De acordo com o banco de dados do SDPI (2014), foram localizadas no distrito cerca

de 61 fontes de abastecimento de água equipadas com bombas manuais, sendo que 58

encontram se no posto administrativo de Boane sede e 03 no Posto Administrativo de Matola

Rio. Com isto podemos afirmar que o Posto Administrativo de Boane Sede, é o que apresenta

o maior número de fontes dispersas com cerca de 95% do total das fontes dispersas com

bombas manuais e os restantes 5% foram encontrados no posto Administrativo de Matola Rio.

Importa referir que, foi constatada a existência de comunidades que não tem uma fonte de

água segura; dai que partes das suas famílias buscam água em algumas fontes alternativas

existentes no Distrito (Rios, Lagos, Nascentes). A tabela 3 apresenta o resumo da Situação de

abastecimento de água por fontes dispersas na vila sede do distrito e a figura 8 apresenta o

diagrama de distribuição de agregado familiar segundo o tipo de acesso de água potável no

distrito de Boane (SDPI-BOANE, 2014).

Tabela no

3, Dados Relativos ao Abastecimento de Água no Distrito de Boane

Posto

administrativo

N° de

Famílias

N° de Fontes de água PSAA

Total

Com Bomba Manual Tota

l

Operacional

Avariado Operac. Avariada Assoreado

Boane Sede 24.658 58 20 25 13 3 3 0

Fonte: SDPI-Boane

Figura 8:Diagrama de Distribuição de Agregado Familiar Segundo Acesso de Água Potável

Fonte: INE, 2012

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3.2. DEFINIÇÃO DA AMOSTRA

De acordo com MATAKALA & MACUCULE citados por SABÃO (2003), a

amostragem depende do número total da população. Define-se 15% da amostra se a

população total abrangida não for superior a 100; 10% se estiver no intervalo de 100-500 e

5% se for superior a 500. Assim considerando o critério acima de MATAKALA &

MACUCULE para a definição da amostra, ao nível global assim bem como específico.

O município de Boane é dividido em duas Localidades, a localidade de Gueguegue

que tem 7 bairros e 13 povoações a localidade Eduardo Mondlane que tem um total de 14

povoações nas quais a água é abastecida por diversos sistemas nomeadamente fontes

dispersas (FD), Pequenos Sistemas de Abastecimento (PSAA), e Abastecimento

Convencional (AC). A avaliação foi subdividida em:

a)Fontes Dispersas

Para fontes dispersas foi definida uma amostra de 273 famílias correspondentes a 6

Bairros e 10 comités de água num total de 58 fontes de água, referir que as entrevistas foram

feitas num período em que o conselho municipal fazia o cadastro das actividades económicas

o que facultou o trabalho devido ao número elevado de inquiridos temporariamente

contratados para realização das entrevistas.

Localidade Eduardo Mondlane

Teve se como amostra 3 Bairros escolhidos aleatoriamente para serem avaliados. Amostra

definida na tabela abaixo:

Tabela no

4, Amostragem de Número de Famílias e fontes de Agua na Localidade Eduardo Mondlane

Item Bairro/Povo

ação

N° de

habitantes

N° de

famílias

N° de fontes de Água

Total Com bomba manual

Real Amos. Real Amos

. Operac. Avar. Assor.

1 7 De

Setembro

1905 96 520 52 0 0 0 0

2 Mahanhane 3450 173 679 68 6 1 2 3

3 Manguisa 284 15 79 12 2 2 0 0

Total 5639 284 1278 132 8 3 2 3

Fonte: PROWater Consultores, 2014

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Localidade de Gueguegue

Teve-se como amostra 3 Bairros escolhidos aleatoriamente para avaliação.

Tabela no

5, Amostragem de Número de Famílias e fontes de Agua na Localidade de

Gueguegue

Item

Bairro/Povoação

N° de

habitantes

N° de famílias N° de fontes de Água

Total

Com bomba manual

Real Amostra Real Amostra

Operaci

onal

Avari

ado

Assore

ado

1 Machume 1150 58 505 51 6 2 2 2

2 Filipe Samuel

Magaia

1817 91 588 59 1 0 1 0

3 Tinhalene 1582 80 310 31 6 2 4 0

Total 4549 229 1403 141 13 4 7 2

Fonte: PROWater Consultores, 2014

b)Pequenos sistemas de abastecimento de água

O Município da Vila de Boane conta com 3 PSAA, o sistema de Mahubo, sistema de

Paulo Samuel Kankomba (PSK) e o da Massaca1. Escolheu se aleatoriamente o PSAA de

Mahubo para avaliação dos serviços, o mesmo esta sobre gestão da empresa Águas de

Mahubo. Definiu-se uma amostra 100 famílias das quais 86 para fontenários e 14 para

torneiras no quintal. Os dados são apresentados detalhadamente na tabela 6.

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Tabela no

6, Dados Relativos a Amostragens de Tipos de Ligações e População Servida

Pela Empresa Aguas de Mahubo

Bairro No de Famílias N

o de pessoas N

o de fontenários N

o de ligações

25 De Junho 455 1775 2 8

Marian

Nguambi

389 1517 5 56

Eduardo

Mondlane

269 1049 2 46

Jossias

Tongogara

316 1232 4 30

Ambrósio 287 1119 3 2

Total real 1716 6692 16 142

Total

amostragem

86 335 3 14

Fonte: Águas de Mahubo (2014)

c) Água da rede convencional

O abastecimento de água por rede convencional é assegura pela empresa Águas da

região de Maputo qual fez se a avaliação do nível de serviço prestado. Para o caso desta, a

entrevista foi feita simplesmente na unidade gestora, a tabela 7 apresenta os dados gerais

fornecidos nesta unidade gestora. Teve se como amostra 7809hab que correspondem a um

total de 1486 famílias.

Tabela no 7, Dados relativos ao abastecimento pela rede da AdeM

Fonte: AdeM (2014)

Bairro No

de Famílias No

de

pessoas

No

de fontenários No de ligações

Bairro 1 a 7 4514 31486 1

Picoco 675 3000 0

25de Setembro 1500 2693 1

Djimo 679 1653 1

Manguisa 76 284 1

PSK 622 3096 0

Umpala 1841 9845 0

Total 9907 52057 4 6089

TotalAmostragem 1486 7809 1 913

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3.3. TÉCNICAS DE COLECTAS DE DADOS

Os dados que dão alicerce a este trabalho foram obtidos através de um estágio

profissional no Conselho Municipal da Vila de Boane (CMVB) que credenciou a colaboração

com o SDPI de Boane, Instituto Nacional de Estatística (INE), Direcção Nacional de Água

(DNA), PROWater Consultores, Águas de Mahubo (AM) e Águas de região de Maputo

(ADRM). Usou se a entrevista estruturada elaboradas pelo IRC em parceria com a

WASHCost Moçambique para avaliação dos níveis de serviço e recolha de dados no campo.

3.4. LIMITAÇÕES

A falta de dados referentes ao número de ligações por bairro, e o processo de

reestruturação interna na Empresa Águas da Região de Maputo condicionou a avaliação dos

serviços tendo sido feitos de maneira generalizada, e para confrontar os dados relativos a

qualidade da água recorreu se ao relatório anual do Conselho Regulador de Água (CRA,

2014) pois ainda não estava definida a repartição que tutelava a actividade durante o período

de avaliação. O conselho Municipal da vila de Boane é novo, enfrentando dificuldades ao

nível financeiro, infra-estruturas e recursos humanos que tornou difícil a materialização deste

trabalho.

3.5. MÉTODOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Para a avaliação de níveis de serviço de abastecimento de água foi adoptada o método

de avaliação da WASHCost Moçambique que consiste numa serie de indicadores compostos (

quantidade, qualidade, acessibilidade e fiabilidade) que permitem determinar o nível de

serviço recebido e posteriormente expôr-os em forma de escada de serviços. Foi usado o

programa Ms Excel para auxiliar nos cálculos e interpretação dos dados, através de tabelas e

gráficos;

A justificação para a escolha destes indicadores está baseado em nossa compreensão

que com o resultado da avaliação dos serviços usando este método foi possível para a OMS

proceder com a redução na mortalidade relacionada a doenças de veiculação hídrica, escassez

de água e higiene deficitária, juntamente com a redução do fardo particularmente das

mulheres e meninas na busca de água para o uso doméstico. Um resultado adicional é a

redução da pobreza por actividades económicas relacionadas com o acesso a água. Todavia, é

de salientar que nenhum destes resultados pode ser alcançado se não houver água suficiente

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de qualidade aceitável, ou se o sistema de água é muito distante ou é cronicamente incerto

(WHASCOAST, 2011). Baseando nestes quatro indicadores de chave, e olhando para a

realidade de serviços que são providos em Moçambique a WASHCost Moçambique propôs

uma escada de serviço que inclui 5 níveis, onde o nível global do serviço ao nível da família é

decidido pelo indicador composto mais baixo. Os níveis de serviço diferentes são ilustrados

na tabela 8.

Tabela no

8, Níveis de Serviços e Indicadores Propostos pela WASHCost Moçambique.

Nível de

Serviço

Quantidade

(lppd)

Qualidade Acessibilidade

(mppd)

Fiabilidade

Alto ≥60 Boa/Regularmente e

qualidade respeita

normas

<10

Muito fiável/funciona

sempre

Intermédio >40 Aceitável/De vez em

quando e qualidade

respeita normas

<30 Seguro/avaria menos

de 12 dias por ano Básico >20

Limitado >5 Problemático/1vez

depois da construção

<60 Problemático/funciona

+ de 12 dias por ano

Sem

serviço

<5 Inaceitável /sem teste

de qualidade

>60 Não fiável/ Não

funciona

Fonte: WASHCost, 2010

3.5.1. Cobertura

Segundo a International Water Association (IWA, 2000) o cálculo da cobertura sustenta se

nas fórmulas a seguir:

FD

(1)

PSAA, e AC

(2)

%

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Cobertura Total

(3)

3.5.2. População servida

Formulas adoptadas pela IWA (2000):

FD

(4)

PSAA e AC baseou se na seguinte fórmula:

(5)

População servida total

(6)

3.5.3. Determinação da Quantidade de Água

Mediante observação directa e com base as entrevistas efectuadas teve se a quantidade

de bidões de 20L habitualmente usados para cartar água que a família conseguia por dia,

calculou-se o volume total e dividido pelo número do agregado familiar assim obtendo a

media do volume gasto por pessoa por dia.

3.5.4. Qualidade da Água

Informação relativa a qualidade de água foi obtida nas unidades gestoras dos sistemas

para o caso de PSSA e AC, e para as fontes dispersas junto ao SDPI- Boane e CA locais.

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3.5.5. Acessibilidade

Para a acessibilidade, o tempo levado para buscar a água incluindo o tempo de espera

na bicha foi obtido através de entrevistas e confrontadas por verificação no local com auxílio

de um aparelho GPS, cronometrou-se o tempo de espera e a distância de casa a fonte de água.

3.5.6. Fiabilidade

Para dados relativos a fiabilidade baseou se em entrevistas estruturadas da IRC aos

comités de gestão das fontes e visitas efectuadas durante o período de avaliação e aos

provedores de serviços para caso de PSAA e AC.

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CAPITULO IV

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Provedores de Serviços de abastecimento de Água no Município de Boane

Os Serviços de abastecimento de água no Município de Boane são alicerçados por

instituições públicas - Privada. A provisão destes é feita mediante um quadro legal nacional

para o abastecimento de água, é de salientar que o Conselho Municipal de Boane pelo facto de

ser uma instituição recentemente constituída ainda encontra-se no processo de transferência

de competências estando em plena coordenação com o SDPI local para a monitoria das

actividades de abastecimento de água sendo a última, a principal instituição que lida com os

Serviços localmente.

O sector de águas em Moçambique é matéria do Ministério das Obras Públicas e

Habitação (MOPH), que é o organismo do Governo com a autoridade sobre as obras

públicas e gestão dos recursos hídricos, que dirige e controla superiormente as actividades

do sector de Águas. A Direcção Nacional de Águas (DNA) é o órgão do MOPH responsável

pelo abastecimento de água potável às populações, pelo saneamento e pela gestão dos

recursos hídricos. A promoção e coordenação das actividades de abastecimento de água

rural são da responsabilidade do Departamento de Água Rural (DAR). As funções sectoriais

do MOPH são executadas ao nível dos governos provinciais pelas Direcções Provinciais de

Obras Públicas e Habitação (DPOPH) e nos Distritos pelos Serviços Distritais de

Planeamento e Infra-estruturas (SDPI) (IRC, 2011). O abastecimento de água nesta

autarquia é assegurado por diferentes formas, vigorando as seguintes:

Fontes Dispersas:

No concernente ao abastecimento de água por fontes dispersas que é garantido por um

total de 58 furos equipados por bombas manuais, deparamos com uma conjuntura de

intercâmbio entre o governo central, local e a comunidade, que muita das vezes chega a

confundir o real provedor dos serviços, contudo, a gestão dos serviços destas esta sobre cargo

de 42 comités de água (CA), estruturas de gestão comunitária que são compostos por

membros da comunidade beneficiaria da fonte de água e que presta contas ao governo local,

que tem intervenção directa mediante situações que estejam acima das capacidades do CA

através do SDPI.

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Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água:

O Município de Boane conta com 3 PSAA classificados como sistemas de nível 2.

Compostos por furo/poço, transporte, armazenamento, distribuição através de fontanários e

um número reduzido de ligações domiciliárias/torneiras no quintal superiores a 50 e inferiores

a 150 ligações. Os serviços prestados pelos mesmos estão sobre gestão Público-privado,

sendo a Águas de Mahubo para o PSAA localizado em Mahubo, Águas da Massaca 1 e Águas

de PSK para os sistemas localizados no bairro de Massaca 1 e Paulo Samuel Kankomba

respectivamente. Estes provedores são previamente seleccionados pelo governo local por

meio de concurso Público.

Água da Rede Convencional:

O abastecimento convencional no município de Boane é assegurado por infra-estruturas

da FIPAG sobre gestão da Água da Região de Maputo.

4.2. Cobertura dos Serviços de Abastecimento Água

Figura 9 apresenta dados relativos a cobertura de abastecimento de água por fontes

dispersas, PSAA, rede convencional e cobertura total de abastecimento de água ao nível

municipal.

Figura 9: Gráfico de cobertura de Abastecimento de Água Município de Boane

Fonte: Autor

Segundo dados apresentados na figura 9, calculados com base nas fórmulas 1, 2 e 3, o

município de Boane no que concerne a cobertura de Abastecimento de água temos uma

cobertura total de 86%, onde 15% é assegurada por fontes dispersas, 16% por pequenos

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sistemas de abastecimento e 55% por rede convencional de abastecimento de água. Verifica-

se que ARC detêm a maior cobertura relativamente as FD e PSSA estes valores são

confrontados com as percentagens da população servida patentes na (figura 10), resultados

dos cálculos das formulas 4, 5 e 6, onde temos uma população servida total de 59%

verificando se que6% da população servida é com base as FD, 8% por PSAA e 55% por ARC.

Com as percentagens verificadas de população servida (população que tem acesso a uma

infra-estrutura de abastecimento de água em funcionamento) e da cobertura de abastecimento

de água (população que tem acesso a uma infra-estrutura de abastecimento de água) constatou

se que o abastecimento de água por rede convencional tem uma maior cobertura mas não

chega a servir todas a pessoas abrangidas pela rede de abastecimento, segundo a AdeM a

fraca capacidade de alimentação da rede deve se a diferenças acentuadas das quotas dos

tanques elevatórios em relação algumas zonas da área abrangida pelo abastecimento de água,

o que causa a perda de carga, resultando em fraca pressão e incapacidade de fazer o fluido

chegar a torneira dos utentes deixando os bairros 3, 4, 5 e 6 desprovidos da água.

Relativamente as FD, estas apresentam uma percentagem muito baixa de funcionalidade

devido a factores de má gestão, fraca capacidade de manutenção e algumas fontes encontram

se assoreados o que baixa a percentagem da população por elas servida; os PSAA têm dado

um contributo em termos de cobertura de abastecimento de água encontrando se estes em fase

de expansão da sua rede, são caracterizados também por servir menos para além das suas

capacidades.

Figura 10: Gráfico da População Servida

Fonte: Autor

Durante as últimas duas a três décadas, houve grandes sucessos no fornecimento de

novas infra-estruturas de água rural, construção de sistemas, levando a um aumento

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significativo dos níveis de cobertura. Entretanto, apesar desta tendência positiva, persistem

em larga medida falhas na identificação de soluções duráveis e que respondam as

necessidades domésticas da população rural pobre em termos de água segura e duradoira. As

populações rurais enfrentam continuamente e de forma inaceitável problemas com os sistemas

devido a paralisação prematura, levando ao desperdício de recursos e falsas expectativas.

Embora o figurino varie, estudos a partir de diferentes países indicam que nalgumas partes

entre 30 a 40% dos sistemas não funcionam na sua totalidade ou ainda funcionam muito

abaixo das expectativas desenhadas. A construção dos sistemas constitui um requisito óbvio,

mas ela é apenas uma parte de um quadro de acções mais complexas necessárias para prover

serviços verdadeiramente sustentáveis. O aumento da cobertura não corresponde ao aumento

do acesso a serviço de água. Em relação ao abastecimento de água rural, o acesso é também

considerado baixo (DNA, 2009).

4.3. Níveis de Serviço de Abastecimento de Água

No concernente aos níveis de serviço de abastecimento de água no município de

Boane, deparámos com 4 níveis de serviços. O nível limitado, nível básico, nível intermédio e

sem serviço, esses níveis são distribuídos em termos da tecnologia usada para abastecer a

água, onde para fontes dispersas temos 2 níveis de serviço o limitado e sem serviço, para

PSAA temos igualmente dois níveis, o limitado e sem serviço; o abastecimento pela rede

convencional apresenta mais dois níveis relativamente as FD e PSAA, que são o nível

limitado, nível básico, nível intermédio e sem serviço.

4.3.1.Níveis de serviços por fontes dispersas

O abastecimento de água por fontes dispersas no Município de Boane corresponde um

dos pontos embrionários no que concerne ao acesso a serviço de água as populações, as fontes

dispersas estão sobre gestão comunitária com o auxílio do SDPI, este forma e orienta os CA,

os comités de água tem em conta as contribuições feitas na comunidade para a manutenção

das fontes, não chegando a serem todos membros a contribuir e muitas das fezes esperando

uma eventual avaria para se colectar o dinheiro e na maior parte das vezes o valor não chega a

cobrir as despesas, os comités da localidade de Gueguegue tem como fundo resultado das

contribuições comunitárias de 40935,00MT e os da localidade de Eduardo Mondlane não

chegaram a reunir fundos. A figura 10 apresenta os níveis de serviço existentes para fontes

dispersas no município de Boane, assim bem como a percentagem da população que acede a

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cada tipo de serviço e as figuras 11 e 12 detalham os níveis de serviço e percentagem da

população que recebe cada nível de serviço por localidade.

Figura11: Gráfico de Níveis de Serviço de Fontes Dispersas no Município de Boane

Fonte: Autor

Confrontando os resultados patentes nas figuras 11 as famílias servidas pelas FD no

município de Boane, a maior parte das mesmas numa ordem dos 56% tem menos de cinco

litros de água por pessoa por dia devido a inoperacionalidade das fontes, a maioria encontram

se avariadas e outras assoreadas, o que leva a procura de fontes vizinhas, aumentando deste

modo a distância e o tempo que levam para a busca de água, dando lugar a sobrecarga das

fontes chegando a servir mais de 60 famílias.

As famílias que tem acesso a uma fonte operacional, próxima e sem muitas avarias,

chegando a ter um consumo por pessoa por dia igual ou superior a 20 litros com indicadores

que remeteriam os a acederem um serviço de padrão básico assim bem como intermédio tem

o seu nível de serviço reduzido a um nível Limitado devido ao inexistente controlo de

qualidade da água das fontes, essas fontes não gozam de um controlo regular nem ocasional

das suas fontes, as famílias que tem um nível limitado representam 44% das famílias servidas

por FD.

Esses níveis estão distribuídos nas localidades da seguinte forma; para a localidade de

Gueguegue temos uma percentagem de 54% das famílias sem Serviço e 46% com serviço

limitado (figura 12), nesta localidade destaca-se o bairro Filipe Samuel Magaia em que as

fontes existentes estão totalmente avariadas, e nos bairros Machume e Tinhalene temos uma

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maior percentagem de famílias com um serviço limitado seguindo a percentagem das famílias

sem serviço. Na localidade Eduardo Mondlane, temos uma percentagem de 60% para Sem

Serviço e 40% para serviço limitado (figura 13), onde o bairro 7 de Setembro contribui com

um total de 100% sem serviço e, o Mahanhane com serviço limitado á sem serviço, o bairro

Manguisa tem a particularidade de ter simplesmente o serviço limitado.

Nestes termos importa salientar que para as fontes dispersas há uma prevalência dos

níveis de serviço limitados e sem serviço, não chegando a se obter níveis, básicos, intermédios

e elevado devido a um indicador composto mais baixo relativamente aos outros que é a

qualidade, estas fontes não gozam de uma testagem regular ou ocasional da qualidade da água

das suas fontes, mas sim alguns teste realizados a quando da sua construção, e dados esses de

difícil acesso para investigadores, por motivos alheios e desconhecidos.

Figura 12: Gráfico de Níveis de Serviço na Localidade de Gueguegue

Fonte: Autor

Figura 13: Gráfico de Níveis de Serviço Localidade Eduardo Mondlane

Fonte: Autor

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4.3.2 Nível de serviços para PSAA

A empresa Água de Mahubo provê serviços em 5 bairros do Município (25 de Junho,

Marian Nguambi, Ambrósio, Jossias Tongogara, Eduardo Mondlane) com um total de 1716

clientes registados, entre ligações por torneiras no quintal e fontanários. O abastecimento de

água neste sistema é intermitente chegando a ter um período de interrupção de 14 horas/dia,

não são feitos testes de qualidade da água, o provedor de serviço tem uma taxa fixa de

150MT/mês para ligações de torneira no quintal e uma taxa de 2MT por bidão de 20L para

fontanários. A unidade gestora de serviços tem um total de 11 funcionários, dos quais 2 com

nível médio profissional, 6 formação básica, o restante sem formação qualificada (AM, 2014).

Relativamente aos níveis de serviços este sistema apresenta 2 níveis de serviço, o nível

limitado e o sem serviço, a figura 14 apresenta a percentagem da população que recebe cada

nível. As figuras 15 e 16 apresentam os níveis de serviço por fontenários e torneiras no quintal

nomeadamente, assim bem como a percentagem da população que recebe cada nível de

serviço.

Figura 14: Níveis de serviços de Pequenos Sistemas de Abastecimento de Agua

Fonte: Auto

Os níveis de serviço prestados pelos PSAA são caracterizados por uma percentagem de

9% de famílias que não recebem algum serviço, estas famílias apesar de algumas terem

torneiras no quintal e outras um fontanário próximo estas infra-estruturas não jorram água

devido a avarias, para o caso de torneiras no quintal deve se a problemas de carga da água

que não consegue alimentar todos hidrantes na rede de distribuição. Já é sabido que o

abastecimento de água é intermitente o que refuta logo a possibilidade de um serviço elevado,

as famílias cuja água chega as suas torneiras assim bem como aos fontanários próximos das

suas residências com indicadores de acessibilidade, quantidade, que possam lhes remeter a um

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nível básico ou Intermédio acedem a um serviço de nível limitado devido a falta de controlo

de qualidade da água abastecida, essa famílias correspondem uma percentagem de 91 %.

Subdividindo o abastecimento dos PSAA por abastecimento por fontanários e por torneiras no

quintal verifica - se que 93% recebem um nível de serviço limitado e 7% estão sem serviço

para o caso de famílias abastecidas por fontenários (figura 15) e percentagem de 21% sem

serviço e 79% com serviço limitado para famílias com torneiras no quintal (figura 16), estas

diferenças percentuais indicam que os fontenários provêm mais serviço que as torneiras no

quintal, prova de que tecnologias mais sofisticadas não significam necessariamente provisão

de melhores serviços. A semelhança das FD os PSSA debatem com a problemática dos testes

da qualidade da água com as unidades gestoras dos mesmo chegando a afirmar que nunca

foram feitos testes de qualidade de água.

No que concerne a qualidade da água, estes dados são escassos, por um lado devido há um

sistema ainda incipiente de controlo e registo da informação rural, por outro, à indefinição dos

padrões de controlo a utilizar. Consta que são utilizados, por determinados intervenientes no

sector, os padrões de contaminação da OMS, entretanto sabe-se que o Ministério da Saúde

tem já definido os parâmetros nacionais de qualidade da água. Para um melhor controlo sobre

a matéria, o recomendável é que se defina um padrão comum. A qualidade da água não é

testada com a devida consistência quer durante a fase de construção, assim como após a

construção. A limitação em termos de capacidade para a testagem é uma das razões

identificadas. Os laboratórios existentes não permitem fazer a devida cobertura devido a sua

localização, por outro lado, a insuficiência de meios e equipamentos de diagnóstico também

contribuem para esta situação (NARKEVIC 2010).

Figura 15: Nível de serviços para fontanários

Fonte: Autor

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Figura 16: Níveis de Serviços Para Torneira no Quintal

Fonte: Autor

4.3.3 Nível de serviço para AC

Os Serviços de abastecimento convencional são providos pela empresa Águas da

Região de Maputo abastecendo um total de 13 bairros, o abastecimento é diversificado ao

longo da rede onde temos os bairros 3;4;5;6 sem fornecimento de água, os bairros 1;2;7 com

restrições até 14 horas por dia (quantidade media de 40 lppd de água), os bairros Picoco, 25

de Setembro, Djimo, Manguisa, PSK com um fornecimento de água de 24h/dia (quantidade

de mais de 60 lppd de água, os testes de água estão sobre cargo do laboratório geral da

empresa AdeM e esses são feitos semanalmente apresentando níveis aceitáveis de qualidade

(AdeM, 2014). As tarifas pelo consumo da água são marcadas pelo conselho regulador de

água (CRA), para fontenários cobra-se um valor de 10MT/m3

em relação as ligações põe

torneiras no quintal o consumidor de escalão 1 (consumo mínimo até 5m3

) paga 73MT/m3,

escalão 2 (consumo de 5-10 m3

) paga 19MT/m3

e o de escalão 3 (consumo maior que 10

m3)paga um valor de 28,3 MT/m

3 . A taxa de disponibilidade de serviço para estes

consumidores é de 60MT/mês.

Os níveis de serviços prestados pela rede convencional assim bem como a

percentagem da população que recebe cada nível são apresentados na figura 17.

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Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 35

Figura 17: Níveis de Serviço para Abastecimento Convencional

Fonte: Autor

Verifica-se que o abastecimento convencional de água tem uma distribuição de níveis

mais abrangente desde o sem serviço (26%), limitado (8%), básico (34%) e intermédio (32%)

mas também não chegando a atingir o nível elevado, vide a figura 17, esta melhoria deve se

no entanto a recolha e testagem regular da água e que dispõe de uma qualidade aceitável

segundo CRA (2013).

As percentagens obtidas indicam que o abastecimento convencional permite que a

maior parte das famílias por ela servida, acedam a um serviço básico, seguidas das que

recebem um serviço intermédio, contudo, apesar de termos um número elevado de famílias

que recebem serviços temos ainda a prevalência de um número elevado de famílias que apesar

de serem abrangidas pela rede de abastecimento não beneficiam se dos serviços do mesmo,

essas famílias tem contractos celebrados com a empresa provedora mas a água não chega as

suas casas, devido aos indicadores compostos como a fiabilidade e a qualidade da água

nenhuma família chega a beneficiar-se de um serviço de nível elevado, o que também foi

constatado pela CRA (2013) e recomenda que a empresa AdeM deve envidar esforços para

reduzir as perdas, o que irá garantir mais horas de distribuição, e maior disponibilidade de

água para satisfazer a demanda, cada vez mais crescente e o controlo da qualidade de água,

nos parâmetros contratualmente exigidos deve constituir prioridade, e com maior atenção para

os coliformes fecais e totais, uma vez que estes podem pôr em causa a saúde pública dos

consumidores.

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Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 36

4.3.4 Escada de Níveis Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane

De uma forma geral para apresentar e criar uma discussão política, social e melhor

ilustração dos níveis de serviço numa dada região a IRC criou uma escada de mão de serviço,

que apresenta os níveis de serviço que uma dada região recebe sem olhar para o tipo de

tecnologia ou infra-estrutura usada para prover o serviço. Para o município de Boane a figura

18, apresenta os níveis de serviços com base a escada desenvolvida pela IRC.

No município de Boane prevalece um número elevado de famílias que não beneficiam

se de um serviço de água, as mesmas vêm se mergulhadas numa rotina de intensa batalha para

busca de água, chegando estas a socorrerem se em fontes inseguras, como poços

desprotegido, rios e riachos. As mulheres são as que passam metade do dia nesta constante

batalha, percorrendo muitas das vezes longas distâncias para buscar a água, fazendo as suas

actividades domésticas tais como, lavar a roupa, utensílios domésticos e o próprio banho junto

aos braços dos rios Umbelúzi, Matola e Tembe. Este nível já foi caracterizado pela

WASHCost (2011), sendo famílias que acedem a menos de cinco litros de água por pessoa

por dia, ou água de uma fonte não melhorada que fornece água de qualidade inaceitável, ou

que leva mais do que uma hora por dia para a busca da água.

Para as famílias que tem a sorte de usufruir de um serviço, a maior parte delas tem um

serviço caracterizado por constantes avarias dos sistemas, falta de controlo de qualidade da

água, sobrecarga das fontes relativamente ao número de famílias que abastecem e a água é

abastecida em quantidades não satisfatórios não chegando a atingir o per capta de 20 L.

Existe um número considerável de famílias que acedem a um serviço básico e outras a

um serviço de nível acima do padrão básico recebendo água em quantidade que atende as

necessidades básicas diárias de cada agregado familiar e essa água goza de um controle

regular de sua qualidade e que apresenta níveis aceitáveis, esta famílias encontram se na zona

central do município, compreendendo os bairros abrangidos pela rede da AdeM.

Nesta autarquia não se dispõe de um serviço em que as famílias têm um abastecimento

constante ao longo do ano, abastecendo mais de 60L por pessoa com uma boa qualidade de

água, ou um serviço que tenha todos os indicadores de avaliação em conformidade com os

parâmetros exigidos para um serviço elevado. A WASHCost (2011) caracteriza um serviço

elevado sendo essencialmente um serviço moderno envolvendo torneiras nas casas. Este

serviço fornece 60 litros/pessoa/dia como um mínimo absoluto, mas muitas vezes fornece

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Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 37

muito mais. A água é tratada a níveis mais elevados de qualidade e com disponibilidade

segura de acordo com a demanda.

Figura 18: Escada de Níveis de Serviço Município de Boane

Fonte: Autor

0% Das famílias tem acesso no

mínimo 60lppd de água de boa

qualidade.

17,26% Das famílias tem acesso no

mínimo de 40lppd de água com uma

qualidade aceitável numa fonte melhorada

gastando menos de trinta minutos para

sua busca.

18 % Das famílias Tem acesso no mino

20lppd de água com uma qualidade

aceitável duma fonte melhorada não

gastando mais de 30 min para sua

busca.

30,1% Das famílias tem acesso a um

serviço melhor do que não ter algum

serviço, mas que esta abaixo dos padrões

básicos exigidos em vários critérios.

34,7 % Das famílias não têm acesso á agua em fontes

inseguras ou em fontes que estão demasiadamente

distantes, levando muito tempo para buscar a água ou de

uma qualidade muito baixa.

Intermédio

Elevado

Sem serviço

Limitado

Básico

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Avaliação dos Níveis de Serviço de Abastecimento de Água no Município de Boane (2014)

Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 38

CAPITULO V

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusão

Existe uma cadeia de instituições que trabalham no sector de abastecimento de água,

desde o sector público, privado e Organizações Não Governamentais (ONG) e as actividades

ocorrem duma forma não paralela, muitas das vezes chega a não perceber-se como são

distribuídas as competências. Levando a casos em que nada é feito, mas duma forma geral os

principais provedores dos serviços de abastecimento de água no município de Boane são as

empresas (Águas da Região de Maputo, Águas de Mahubo, Águas da Massaca, PSK) para

caso de abastecimento convencional e por PSAA; O SDPI com a colaboração dos comités de

água provém água através de Fontes dispersas. O conselho municipal de Boane as suas

competências não estão claramente definidas, se tem o papel de gestão, supervisão ou dono

das infra-estruturas de abastecimento de água, limitando se a acompanhar as actividades

doutros intervenientes, esta problemática cria dificuldades ao nível dos investigadores, assim

bem como as próprias instituições envolvidas no sector, há dificuldades em termos de

monitoria dos serviços resultado de falta de meios e técnicos exclusivos para o sector de água

isso ao nível do Conselho municipal, SDPI e nas entidades gestoras.

O município de Boane conta com uma cobertura de abastecimento de água satisfatório

numa ordem de 86% um pouco acima das metas estabelecidas nas Metas de Desenvolvimento

do milénio (MDM) para o abastecimento de água ate 2015, que visa atingir uma cobertura de

70% para abastecimento de água rural, contudo a percentagem da população servida ainda

deixa muito a desejar apresentando uma percentagem de 59%, uma prova de que maior

cobertura não significa necessariamente maior acesso a serviço de água.

Em relação aos indicadores usados para avaliação dos níveis de serviços, estes

demonstraram se compatíveis com a realidade no campo, tendo abertura para classificar

mesmo em situações de falta de certos dados, devido a flexibilidade da informação usada.

O Município de Boane conta com 4 níveis de serviço, o intermédio (17,26%), básico

(18%), limitado (30,1%) e sem serviço (34,7%), uma percentagem significativa das famílias

do Município de Boane recebem um serviço de nível limitado, tendo como causa principal a

falta de testagem regular da qualidade da água nas Fontes dispersas e Pequenos sistemas, a

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percentagem maioritária não tem serviço devendo-se as constantes avarias dos sistemas e

assoreamento das fontes, em particular para as FD, associando-se também a falta de

capacidade técnica e financeira para a manutenção das mesmas.

5.2. Recomendações

O governo deve criar um quadro legal que possibilite a criação de um serviço

municipal de abastecimento de água de modo a fazer uma melhor gestão e provisão de

serviços de níveis satisfatórios.

O Município deve canalizar os fundos muito mais para a manutenção das fontes

existente em relação a construção de novas, porque é visto que tem se uma boa

percentagem de cobertura mas nem todas as infra-estruturas de abastecimento de água

estão Funcionais.

Para elevar o nível de serviços prestados deve se criar uma secção de controlo de

qualidade de água ao nível do conselho municipal que procederá com testes regulares

da qualidade da água abastecida.

O município de Boane deve dar prioridade as comunidades que se encontram sem

serviço de água no seu plano anual de actividades.

Para futuros investigadores podem especificar a avaliação, avaliando os níveis de

serviços de abastecimento convencional usando metodologias específicas para sua

avaliação, tendo este sistema se revelado com a que mais serviço provê no município

de Boane.

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Armindo Pascoal Timóteo Culeco Page 40

CAPITULO VI

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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I

APÊNDICES

Apêndice A:Tabelas de Níveis De Serviço Por Fontes Dispersas

Tabela 1:Município de Boane Tabela 2:Localidade de Gueguegue.

Tabela 3: Localidade Eduardo Tabela 4: Bairro Tinhalene

Mondlane

Tabela 5: Bairro Machume Tabela 6: Bairro Filipe Samuel Magaia

NS Familias Per.

Semservico 188 56%

Limitado 149 44%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 337 100%

NS Familias Per.

Semservico 113 54%

Limitado 98 46%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 211 100%

NS Familias Per.

Sem servico 75 60%

Limitado 51 40%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 126 100%

NS Familias Per.

Semservico 17 36%

Limitado 30 64%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 47 100%

NS Familias Per.

Sem servico 88 100%

Limitado 0 0%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 88 100%

NS Familias Per.

Semservico 8 11%

Limitado 68 89%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 76 100%

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II

Tabela 7: Bairro Manguisa Tabela 8: Bairro 7 de Setembro

NS Familias Per.

Sem servico 23 34%

Limitado 44 66%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 67 100%

Tabela 9: bairro Mahanhane

Apêndice B: Tabelasde Níveis de serviço para PSAA

Tabela 1: Município de Boane Tabela 2: Fontanários

Tabela 3: Torneira no Quintal

NS Familias Per.

Sem servico 0 0%

Limitado 7 100%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 7 100%

NS Familias Per.

Sem servico 52 100%

Limitado 0 0%

Basico 0 0%

Intermedio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 52 100%

NS Familias Perc

SemServiço 9 9%

Limitado 91 91%

Básico 0 0%

Intermédio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 100 100%

Familias Perc

SemServiço 6 7%

Limitado 80 93%

Básico 0 0%

Intermédio 0 0%

Elevado 0 0%

Total 86 100%

NS Familias Perc

Sem serviço 3 21%

Limitado 11 79%

Básico 0 0%

Elevado 0 0%

Total 14 100%

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III

Apêndice C: Tabela de níveis de serviço para Abastecimento Convencional

Tabela 1:níveis de serviço da AdeM

NS Familias Perc

Valor amostral/fam. perc

SemServiço 2535 26% 127 26%

Limitado 804 8% 40 8%

Básico 3350 34% 168 34%

Intermédio 3218 32% 161 32%

Elevado 0 0% 0 0%

Total 9907 100% 495 100%

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IV

Apêndice D: Fotografias de Campo

Figura 1: Entrevista a AdeM-Boane Figura 2: equipe da VIU

Figura 3: Família Entrevistada (Machume) Figura 4: Torneira no Quintal Bairro 1

Figura 5: Fontanário no bairro 3 Figura 6: Mulher com um Recipiente de 20l de água

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V

Figura 7: Criança bebendo Agua da fonte. Figura 8: reservatório elevado do PSAA de Mahubo

ANEXOS

Anexo A: Questionário para determinação de nível de serviço da WASHCost

Moçambique parceria com IRC. (IRC, 2010)

1. 1. Quantidade

Qual é o uso real por pessoa por dia ( uso domestico)?

Quantidade

< 5 lppd 5 - 20 lppd >20 lppd > 40 lppd > 60 lppd

Sem serviço limitado Basico Intermédio Elevado

1.2. qualidade sera que sao feitos testes de qualidade?(UGS/CA)

Qualidade

Não 1vez depois da Construçã

De vez em quando e qualidade respeita normas

Regularmente e qualidade respeita normas

semserviço limitado Basico Elevado

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VI

1.3. Acessibilidade a) Qual é a distância (em metros) ate a fonte?

1.4. Fiabilidade Qual é a Fiabilidade do Serviço?(UGS/CA/utente)

Fiabilidade

Nãofunciona funciona + de

12 dias por ano avaria menos de 12 dias por ano funcionasempre

semserviço limitado Basico Elevado

Acessibilidade

> 1000m > 500 <1000m < 500m Casa/Quintal

semserviço limitado Basico Elevado

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I

Anexo B: MAPA DA SITUAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA LOCALIDADE DE GUEGUEGUE

ITEM Aldeia/Bairro/Povoad N⁰ de

pessoas N⁰ de

Familias N⁰ de Fontes de água SAA GESTÃO/SUSTENTABILIDADE

Total Com bomba Manual Total Operacional Avariado N⁰ de Fontes

A

counidade contribui?

Fundo de OMR

existente

Bombas Manuais

Valor

Médio Mensal

N⁰/comités com

contrato Mec./Associação

operacional Avariado Assoriado Com CA

Sem CA

1 25 de Setembro 2693 1500 2 2 0 0 0 0 0 1 1 Sim 1000.00 20 2

2 Matcume 1150 505 6 2 2 2 0 0 0 1 5 Sim 9375.00 12 4

3 Filipe Samuel

Magaia 1817 588 1 0 1 0 0 0 0 1 0 sim 200.00 12 1

4 Tinhalene 1582 310 6 2 4 0 0 0 0 6 sim 1000.00 10 4

5 Wacombo 4900 980 8 3 5 0 0 0 0 7 1 sim 13200.00 12 5

6 Picoco 3000 675 7 2 3 2 0 0 0 5 2 Sim 3500.00 10 5

7 Bairro 1 3789 804 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

8 Bairro 2 2999 500 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

9 Bairro 3 2167 530 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

10 Bairro 4 2599 531 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

11 Bairro 5 1614 600 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

12 Bairro 6 6550 874 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

13 Bairro 7 2907 675 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

14 Belo Horizonte 2500 1500 0 0 2 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

15 Radio Marconi 2865 600 8 5 1 1 0 0 0 6 2 Sim 12460.00 20 5

16 Muteve 2100 420 5 1 3 0 0 0 0 5 Sim 200.00 10 4

17 Chipapa 1625 325 1 0 1 0 0 0 0 1 Não 0.00 0 0

18 Campoane Poavação 3600 726 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

19 Campoane Aldeia 6502 1200 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0 0

Total 19 56959 13843 44 17 20 7 0 0 0 33 11 40935.00 12 0

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II

Anexo C : MAPA DA SITUAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA LOCALIDADE DE EDUARDO MONDLANE

ITEM Aldeia/Bairro/Povoad

N⁰ de

pessoas

N⁰ de

Familias N⁰ de Fontes de água SAA GESTÃO/SUSTENTABILIDADE

Tota

l Com bomba Manual

Tota

l

Operaciona

l

Avariad

o N⁰ de Fontes

A

counidade

contribui

?

Fundo de

OMR

existente

Bombas

Manuais

Valor Médio

Mensa

l

N⁰/comités com contrato

Mec./Associaçã

o

operaciona

l

Avariad

o

Assoriad

o

Com

CA

Sem

CA sim-não

1 Eduardo Mondlane 3009 564 0 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00 0

2 Jossias Tongogara 3285 675 0 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00 0

3 Saldanha 1100 275 0 0 0 0 0 0 0 Não 0.00 0

4

Mahubo-Mariah

Nguambi 5031 1400 0 0 0 1 1 0 0 Sim

0 30.00

5 Ambrosio 2462 1250 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00 0

6 Massaca 1 4896 1566 5 0 2 3 1 1 0 2 3 Sim 0 25.00 0

7 Umpala 9845 1841 0 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00 0

8 7 de Setembro 1905 520 0 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00

9 Munguisa 284 79 2 2 0 0 0 0 0 2 Não 0 0.00 0

10 Djimo 1653 679 0 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00 0

11 Mahanhane 3450 679 6 1 2 3 0 0 0 4 2 Não 0 20.00 0

12 Samora Machel 352 162 1 0 1 0 0 0 1 Não 0 0.00 0

13 Massaca 2 2515 503 0 0 0 0 0 0 0 Não 0 0.00 0

14

Paulo Samuel

Kankomba 3096 622 0 0 0 1 1 0 0 Sim 0 25.00 0

Total 42883 10815 14 3 5 6 3 3 0 9 5 0 25.00 0

Page 65: ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL …monografias.uem.mz/bitstream/123456789/1350/1/2015... · i DECLARAÇÃO DE HONRA Declaro por minha honra que este relatório nunca foi

III

Anexo D: TARIFAS DE ÁGUA EM MOÇAMBIQUE

SISTEMAS

FONTENÁRIOS

DOMÉSTICO (Ligações Domiciliárias e Torneira no

Quintal)

MUNICÍPIOS

GERAL (Ligações Comerciais, Públicas,

Indústriais)

Taxa de

disponibilidade

de serviço (

Taxa Fixa )

Escalão 1 Escalão 2 Escalão 3 Escalão 1 Escalão 2

( Consumo

mínimo até

5 m3/mês )

( 5 -10 m3 ) ( Consumo

superior a

10 m3 )

( Comércio e

Público -

consumo

mínimo até 25

m3/mês )

( Indústria -

consumo

mínimo até

50 m3/mês )

( consumo

superior a

50 m3/mês )

MT / m3 MT / Mês MT / m3 MT / m3 MT / m3 MT / m3 MT / Mês MT / Mês MT / m3

Maputo, Matola e Boane 10.00 60.00 73.00 19.00 28.30 14.60 712.50 1.425.00 28.50

Chókwé Cidade e Distrito 10.00 55.00 50.00 14.00 22.00 10.00 575.00 1.150.00 23.00

Xai - Xai 10.00 55.00 50.00 14.50 22.00 10.00 575.00 1.150.00 23.00

Inhambane 10.00 55.00 55.00 16.50 22.00 11.00 575.00 1.150.00 23.00

Maxixe 10.00 55.00 70.00 18.00 23.50 14.00 600.00 1.200.00 24.00

Beira, Dondo e

Mafambisse

10.00 55.00 70.00 19.00 23.50 14.00 575.00 1.150.00 23.00

Chimoio 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 573.50 1.075.00 21.50

Manica 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Gondola 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Tete 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Moatize 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Quelimane, Nicoadala 10.00 55.00 70.00 19.00 22.20 14.00 575.00 1.150.00 23.00

Nampula 10.00 55.00 70.00 19.00 22.50 14.00 575.00 1.150.00 23.00

Nacala 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Angoche 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Pemba,Murrébué,Metuge 10.00 55.00 70.00 19.00 23.50 14.00 612.50 1.225.00 24.50

Lichinga 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50

Cuamba 10.00 55.00 50.00 15.50 18.50 10.00 537.50 1.075.00 21.50