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ESCOLA DE REFERÊNCIA PARA O ENSINO BILINGUE DE ALUNOS SURDOS

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ESCOLA DE REFERÊNCIA

PARA O ENSINO BILINGUE

DE ALUNOS SURDOS

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Escola de Referência para o Ensino Bilingue de Alunos Surdos

ÍNDICE

ESCOLA DE REFERÊNCIA PARA O ENSINO BILINGUE DE ALUNOS SURDOS ........... 1

CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ....................................................................... 2

OFERTA EDUCATIVA .............................................................................................. 3

LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA / COMUNIDADE LINGUÍSTICA ........................... 4

O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ................................................................ 5

O TERAPEUTA DA FALA ......................................................................................... 7

O PROFESSOR DE LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA ............................................... 8

INFORMAÇÕES GERAIS ....................................................................................... 11

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 16

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Agrupamento de Escolas Quinta de Marrocos

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PREÂMBULO – A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO

O Decreto-lei nº3/2008, de 7 de Janeiro instituiu a criação de Escolas de Referência para a

educação bilingue de alunos surdos, reconhecendo a Língua Gestual Portuguesa (LGP) como

primeira língua dos alunos surdos e a Língua Portuguesa, escrita e falada (sempre que possível)

como segunda língua.

No ano lectivo 2008/2009 as crianças e alunos surdos tiveram no seu currículo LGP pela

primeira vez. Este marco histórico na educação em Portugal é ainda mais relevante quando

tomamos consciência de que os alunos vão aprender a reflectir e desenvolver a língua que lhes

é própria, a língua dos seus pensamentos ou mesmo a língua dos seus afectos...

Mas são muitos os desafios com que toda a comunidade educativa se continua a deparar:

encontrar metodologias e estratégias que visem uma verdadeira educação bilingue. Esta

educação pressupõe o ensino-aprendizagem de duas línguas com dois modos diferentes, visual

e auditiva.

Para além do ensino formal a Escola deve oferecer um verdadeiro ambiente bilingue onde

todos se sintam pertença, onde todos participem, desenvolvendo-se com plenos direitos e

deveres de cidadãos em crescimento, experimentando na Escola a aceitação e respeito por

cada um, na sua pessoa e na sua diferença.

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Escola de Referência para o Ensino Bilingue de Alunos Surdos

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CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO O Agrupamento de Escolas Quinta de Marrocos integra alunos desde a idade pré-escolar ao 9º

ano de escolaridade.

Numa política de inclusão procura receber e dar uma resposta adequada a todos os alunos, em

conformidade com o seu perfil de funcionalidade.

Num agrupamento com cerca de 1200 alunos, existe uma percentagem de 10% de crianças e

jovens com necessidades educativas especiais de carácter permanente, sendo que cerca de 4%

apresentam problemáticas diferenciadas nos campos das deficiências mentais,

esqueleticomotoras e emocionais. Na área da deficiência auditiva a população discente é de

cerca de 6%.

A escola de referência para o ensino bilingue de alunos surdos de Lisboa recebe crianças e

jovens surdos com vários tipos e graus de surdez do distrito de Lisboa.

Os alunos surdos têm prioridade na matrícula nesta escola e direito a apoio a transportes para

as deslocações entre a casa e a escola.

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Agrupamento de Escolas Quinta de Marrocos

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OFERTA EDUCATIVA

Foi criada uma rede de escolas de referência para o ensino bilingue de alunos surdos, com o

objectivo de reunir meios humanos e materiais que disponibilizem uma intervenção educativa

de qualidade para estes alunos. Estas Escolas de Referência integram Docentes especializados

na área da surdez, Docentes surdos, Formadores de Língua Gestual Portuguesa (LGP),

Intérpretes de LGP, Terapeutas da Fala, Psicólogos, entre outros.

O Agrupamento de Escolas Quinta de Marrocos oferece à comunidade uma equipa

multidisciplinar, constituída por Docentes do Ensino Regular e Especial,

Professores/Formadores de LGP, Intérpretes de LGP, Terapeutas da Fala, Psicólogos, Técnica

de Serviço Social e Assistentes Operacionais.

Todos os Alunos desta Escola com Necessidades Educativas Especiais de Carácter Permanente

têm direito a beneficiar dos recursos humanos existentes, cuja principal preocupação reside no

desenvolvimento e criação de uma dinâmica de trabalho entre docentes e técnicos. Desta

forma, realizam-se reuniões de planificação entre os diferentes intervenientes, para discutir as

melhores estratégias e metodologias de trabalho.

São desenvolvidas actividades que estimulam a criança como um todo, de acordo com a sua

idade, privilegiando-se a área da comunicação, atendendo ao percurso de vida realizado até à

chegada a esta Escola.

Os alunos surdos profundos/severos beneficiam de um ensino bilingue que respeita a Língua

Gestual Portuguesa como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda língua, fazendo

as suas aprendizagens, sempre que possível, em turmas de alunos surdos, desde a educação

pré-escolar até ao final do ensino básico.

Os Alunos com surdez moderada podem beneficiar de apoio especializado e terapia da fala.

Para estes alunos a LGP pode ser uma actividade extra-curricular.

Existe, também, resposta ao nível da intervenção precoce, a crianças surdas, dada pelos

docentes especializados e outros técnicos nas creches onde se encontram inseridos ou no

próprio domicílio, em articulação com as Equipas de Intervenção Precoce.

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Escola de Referência para o Ensino Bilingue de Alunos Surdos

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LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA / COMUNIDADE LINGUÍSTICA A língua natural para os Surdos é a língua gestual, logo a aquisição plena desta Língua constitui

um direito das crianças Surdas.

A Língua Gestual é uma língua visual, que em vez de palavras tem os gestos. Cada gesto é

constituído por cinco parâmetros fonológicos diferentes, feitos pelas mãos do gestuante, pelo

corpo e pela expressão facial. É uma língua complexa, com uma estrutura gramatical própria,

reconhecida em 1997 pela Constituição da República Portuguesa como uma das línguas oficiais

do nosso país. Esta língua é a base de uma minoria cultural que existe em Portugal: a

Comunidade Surda Portuguesa. Os membros desta comunidade têm um modo próprio de ver

e sentir o mundo, tradições, efemérides e uma história comum. Tudo isto constitui a CULTURA

SURDA.

Para os alunos Surdos, o domínio da sua primeira língua, a LGP, é decisivo no desenvolvimento

individual, na construção da identidade, no acesso ao conhecimento do mundo, no

relacionamento social, no sucesso escolar e profissional, em todo o percurso futuro e no

exercício pleno da cidadania.

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Agrupamento de Escolas Quinta de Marrocos

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O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL Numa perspectiva de escola inclusiva, o professor de educação especial trabalha em parceria

com os directores de turma, professores do conselho de turma e professores titulares de

turma de surdos ou educadores de grupo, bem como todos os técnicos envolvidos no processo

educativo dos alunos, promovendo práticas pedagógicas diferenciadas e estratégias de

intervenção adequadas a cada aluno.

A sua intervenção directa com o aluno incide, prioritariamente, no desenvolvimento da

linguagem, favorecendo as suas competências comunicativas.

Assim, o professor de educação especial faz a antecipação da matéria que vai ser apresentada

na turma de surdos, segundo orientações dos professores titulares de cada disciplina e

desenvolve actividades para consolidação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos:

trabalha vocabulário específico, expressões e funcionamento da língua portuguesa escrita; faz

a transmissão e explicitação de vocabulário e conceitos, em língua portuguesa escrita e em

língua gestual portuguesa, desenvolvendo pré-requisitos para o aluno acompanhar e poder

compreender nova matéria; ministra aos alunos conceitos da vida activa e prática, numa

vertente de funcionalidade e utilidade das aprendizagens realizadas; facilita o acesso à

informação através de estratégias de ensino individualizado, para que os alunos atinjam os

objectivos definidos no seu Programa Educativo Individual; pode ainda transmitir conteúdos e

conceitos das diferentes disciplinas com estratégias adequadas ao ensino de alunos surdos.

Trabalho complementar desenvolvido pelo professor de educação especial:

Realização de testes adaptados em cooperação com os professores das diferentes disciplinas,

tendo sempre como referência o teste dado à generalidade da turma. Esta adaptação prende-

se apenas com aspectos da língua portuguesa escrita e aspectos de realce visual. Realização de

fichas de trabalho e materiais para estudo adaptados (diagnóstico e consolidação) que

possibilitem o acesso à informação e ao sucesso escolar dos alunos surdos. Contactos assíduos

com os Encarregados de Educação e com os diversos serviços relacionados com os alunos,

hospitais, etc.. Interacção regular com o Director de Turma/professor titular de

turma/educador de grupo, docentes da turma e outros técnicos envolvidos no processo

educativo dos alunos, de forma a fomentar a articulação entre as diferentes intervenções.

Desenvolvimento de actividades que promovam a autonomia social dos alunos surdos, com

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Escola de Referência para o Ensino Bilingue de Alunos Surdos

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vista à participação activa no meio envolvente. Participação em acções e projectos do

Agrupamento, para a divulgação da L.G.P. . Projectos de colaboração com instituições

potuguesas e estrangeiras relacionadas com a educação/ensino de surdos.

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O TERAPEUTA DA FALA O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico,

tratamento e estudo científico da comunicação humana e perturbações relacionadas com a

fala e a linguagem, bem como alterações relacionadas com as funções auditiva, visual,

cognitiva (incluindo a aprendizagem), oro-muscular, respiração, deglutição e voz. Neste

contexto, a comunicação engloba todas as funções associadas à compreensão e à expressão da

linguagem oral e escrita, assim como todas as formas apropriadas de comunicação não-verbal.

A sua intervenção com os alunos surdos baseia-se numa avaliação sustentada pela aplicação

de instrumentos específicos, na recolha de toda a informação importante sobre a criança,

junto da família e de todos os profissionais envolvidos no seu processo de reabilitação, no

tratamento, na reeducação das alterações da linguagem, na fala, na comunicação e nas suas

capacidades linguísticas. Identificadas as necessidades da criança, cabe ainda ao Terapeuta da

Fala elaborar o diagnóstico e plano terapêutico, orientar os familiares e agentes educativos,

aplicando conhecimentos específicos da sua actividade.

A sua intervenção, que pode ser feita de forma directa e/ou indirecta, tem como objectivo

final um desempenho comunicativo e linguístico, o mais funcional possível. A intervenção

directa refere-se ao trabalho desenvolvido nas sessões terapêuticas, que envolvem avaliação e

intervenção. A intervenção indirecta consiste na definição e na partilha de estratégias e

metodologias de comunicação com a família, com os colegas, com os professores/educadores

e outros elementos importantes na vida da criança.

É da troca constante entre as experiências e expectativas dos pais com o saber técnico dos

profissionais, que resultam futuros adultos surdos mais activos e integrados na sociedade.

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O PROFESSOR DE LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA O docente de Língua Gestual Portuguesa (LGP) é um professor com competências pedagógicas,

que trabalha as áreas de funcionamento da língua, literacia, comunidade e cultura da pessoa

Surda. Na ausência deste pode ser substituído por um formador de LGP com formação

específica.

O Professor de LGP é também responsável por:

• Organizar estruturas de formação e aprendizagem da Língua Gestual Portuguesa (LGP)

conforme estipulado no programa curricular da disciplina;

• Programar conteúdos curriculares, definindo objectivos e estratégias de acordo com as

competências a atingir;

• Preparar e/ou elaborar meios e materiais didácticos de apoio ao ensino/aprendizagem;

• Acompanhar detalhadamente o progresso educativo dos alunos;

• Avaliar a competência dos alunos em LGP, que varia de acordo com o escalão etário e

idade de aquisição;

O docente de LGP trabalha também em articulação com os docentes do Agrupamento

Quinta de Marrocos, desenvolvendo acções de formação para toda a comunidade educativa –

pessoal docente e não docente e famílias-, visitas de estudo e actividades culturais. Pode

também dinamizar um clube de LGP para alunos ouvintes.

.

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O INTÉRPRETE DE LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA

O Intérprete de LGP é um técnico linguístico especializado e qualificado que efectua a tradução

e interpretação entre a Língua Portuguesa e a Língua Gestual Portuguesa, trabalhando nos

mais variados contextos na nossa sociedade.

O Intérprete de LGP rege o seu trabalho de acordo com princípios éticos e deontológicos, de

entre os quais se destacam:

• O Principio da Fidelidade;

• O Principio da Confidencialidade;

• O Princípio da Imparcialidade.

No contexto educativo, em ambiente de sala de aula dos 2º e 3º ciclos do ensino básico, é um

facilitador da comunicação entre o Professor ouvinte e os alunos surdos, trabalhando juntos e

em permanente colaboração. Embora em sala de aula apenas trabalhe com alunos de 2º e 3º

ciclos, em visitas de estudo, festas e apresentações no espaço escolar, o intérprete

acompanha, igualmente, alunos do pré-escolar e do 1º ciclo.

O intérprete intervém em situações pontuais de pedidos de esclarecimento nos serviços

administrativos, telefonemas para os profissionais e alunos surdos e situações em que pais,

alunos ou profissionais sejam convocados à Direcção. Intervém ainda regularmente em

reuniões entre professores, onde esteja presente um ou mais professores surdos, em reuniões

de pais com a presença de pessoas surdas e participando no Centro de Documentação.

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Este profissional participa, também, em acções de formação e comunicações.

Gesto de INTÉRPRETE em Língua Gestual Americana.

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INFORMAÇÕES GERAIS

Tipos de surdez:

- Surdez de transmissão: localizada no ouvido externo ou no ouvido médio e que

pode resultar de otites sucessivas (Nunes, 1999).

- Surdez neurosensorial: provocada por uma lesão no ouvido interno ou no nervo

acústico, é uma surdez permanente de origem congénita ou adquirida. Pode ser

compensada através de uma prótese auditiva e, no caso de surdez profunda, por um

implante coclear (Nunes, 1999).

Graus de surdez: Segundo a Classificação BIAP de 1997 (Nunes, 1999)

Surdez ligeira – 20dB a 39dB

Surdez moderada – 40dB a 69dB

Surdez severa – 70dB a 99dB

Surdez profunda – ≥ 100dB

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Ajudas Técnicas

Os aparelhos auditivos (retroauriculares) podem ser usados a partir dos seis meses e a

sua utilização, o mais precocemente possível, favorece o desenvolvimento da linguagem oral.

Com este aparelho a criança não passa a ter uma audição normal porque os seus

ganhos auditivos vão depender da causa, do tipo de lesão e da idade em que surgiu a surdez,

da estimulação, do seu meio familiar e das capacidades de cada criança. Assim, provavelmente

irá necessitar de outros mecanismos de compensação, como por exemplo a leitura labial da

fala.

A opção por um implante coclear, sistema que codifica os sons de modo a serem

detectados e interpretados pelo Sistema Nervoso Central.

Estratégias de Comunicação

Na aquisição de competências académicas recorre-se a materiais didácticos de

natureza visual de modo a permitir que o aluno tenha um adequado acesso aos conteúdos

curriculares (filmes, diapositivos, material informático e interactivo)

Todo o contacto com o meio envolvente, seja através de visitas de estudo e passeios ou

actividades lúdicas é, numa perspectiva de partilha e aprendizagem entre pares (surdos e

ouvintes), um valioso contributo para o desenvolvimento linguístico, cognitivo e emocional das

crianças e jovens surdos.

Algumas estratégias para estabelecer a comunicação com alunos surdos: Seja VISÍVEL Situe o aluno surdo, na sala de aula, de forma que este possa olhar directamente e de frente o professor e os colegas (sala de aula disposta em U) Provoque a atenção do aluno antes de falar (acenda e apague a luz ou vice- versa, etc). Facilite a leitura labial/das expressões mímico-faciais/dos gestos/... Fale de frente para o aluno. Conserve a cabeça direita. Não se movimente enquanto fala. Não tape a boca com as mãos, folha de papel, livro, etc.

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Não fale enquanto o aluno realiza tarefas ou observa elementos de apoio (o aluno surdo não pode ver e "ouvir” simultaneamente. Faça uma pausa). Seja CLARO Fale um pouco mais alto que o habitual mas não grite (gritar distorce a boca o que dificulta a leitura labial). Articule bem as palavras. Utilize toda a espécie de apoio à linguagem - mímica, gesto codificado ou não, imagem, quadro, retroprojector, etc. (a imagem do retroprojector está sempre de frente para o aluno). Escreva no quadro - de forma organizada - o vocabulário e/ou palavras - chave referentes aos conteúdos (escrever é fornecer a imagem visual da palavra). Escreva a informação no quadro de forma ordenada. (Ajuda o aluno a localizar a informação). Não esqueça que uma palavra pode ter diferentes significados, depende do contexto. Faça esquemas/resumos do assunto tratado (ajuda o aluno a memorizar a informação). Nas discussões em grande grupo: Registe no quadro o nome dos intervenientes ou aponte - os. Evite a sobreposição de intervenções orais (um de cada vez, o aluno surdo não pode ver e “ouvir" simultaneamente). Registe no quadro as conclusões. Registe sempre no quadro o trabalho de casa, as datas de testes, as visitas de estudo, etc. Seja PRECISO Centre-se no assunto em estudo e não divague (o aluno surdo “perde-se" no meio de informação variada). Verifique sistematicamente a compreensão da informação transmitida (o aluno surdo diz sempre que percebe, o que nem sempre é verdade). Formule questões simples. Faça exercícios de completamento de frases, ligar frases, etc... Não mude de assunto sem avisar.

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Seja FLEXÍVEL Reformule as questões utilizando frases simples e claras. Estruture a aprendizagem de forma a privilegiar: � o trabalho individual; � o trabalho de pares; � o trabalho em pequeno grupo;

(Permitem ao aluno surdo compreender melhor o que se passa na sala de aula). Incentive as interacções comunicativas. Dê atenção a manifestações corporais/ desinteresse ou outras (pode-se ter perdido a comunicação). Interrompa sempre que o aluno o solicite (o aluno pode não perceber/conhecer a palavra/o conceito). Seja PACIENTE Esteja preparado para repetir assuntos tratados ou que está a trabalhar (reformule o discurso, recorra à mímica, ao gesto codificado, ao alfabeto manual, etc.). NUNCA diga: “Deixa. Não é importante" (o aluno sente-se humilhado).

Estratégias para a interpretação:

O intérprete

• Deve colocar-se num local visível para os alunos Surdos;

• O espaço visual intérprete-aluno não deve ser obstruído;

• Em qualquer situação é importante que o aluno possa ver a LGP com boas

condições de iluminação;

• O intérprete deverá estar suficientemente perto do professor para ouvir bem a

sua voz.

O professor deverá optar por um discurso pausado, mas não demasiado lento, colaborando

com o intérprete quando for necessário abrandar ou repetir conteúdos.

Sempre que possível, em aulas de 2 tempos lectivos, de modo a manter a rentabilidade e

eficácia do trabalho de tradução, o professor deverá organizar a aula de modo a que surjam

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períodos de pausa na exposição de conteúdos. É impossível realizar uma tradução de

qualidade ininterruptamente durante todo o decorrer da aula por apenas um intérprete.

É muito importante que o(s) intérprete(s) escalado(s) para o serviço possam fazer uma

preparação prévia dos conteúdos, bem como organizar o seu posicionamento no espaço com o

professor responsável.

Quando a tradução implicar poemas ou textos literários, é importante o prévio acesso aos materiais escritos. No caso de apresentações, pequenos teatros ou espectáculos é muito importante a

participação do intérprete nos ensaios, para que a tradução seja o mais fiel e harmoniosa

possível com o espectáculo em si.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta brochura não esgota todos os assuntos relacionados com a educação bilingue de alunos

surdos.

Este trabalho foi uma primeira tentativa de um grupo multidisciplinar reflectir a Escola de

Referência e a sua prática num documento ao serviço de todos.

Considera-se que esta pequena brochura é um projecto aberto a toda a comunidade

educativa, para a melhorar e enriquecer com um sentido único: o sucesso educativo das

crianças e jovens surdos.

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Brochura elaborada por:

Professores de Ensino Especial:

-Ana Paula Duarte

-Ana Capa

- Maria do Carmo Cravo

-Maria Manuel Salgado

Terapeutas da Fala

-Eva Camacho

-Raquel António

-Ana Rita Gonçalves

Professores de LGP

- Carla Lameiras

- Cláudia Gil

- Helga Madeira

- Isabel Morais

- Patrícia Pereira

Intérpretes LGP:

- Deolinda Grilo

- Joana Pereira

- Sónia Ramos

- Teresa Ferreira

- Teresa Vasconcelos

JULHO 2009