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1 Escola de Crescimento Ministerial Avançada - ECMA Sumário 01. A Existência de Deus .................................... 02 02. A Doutrina de Cristo .................................... 12 03. A Doutrina do Espírito Santo ....................... 21 04. As Escrituras ................................................ 31 05. O Homem .................................................... 36 06. O Pecado ..................................................... 43 07. A Expiação ................................................... 50 08. A Salvação ................................................... 56 09. Escatologia ................................................. 63 10. Ficha de presença ....................................... 81

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Escola de Crescimento Ministerial Avançada - ECMA

Sumá rio

01. A Existência de Deus .................................... 02

02. A Doutrina de Cristo .................................... 12

03. A Doutrina do Espírito Santo ....................... 21

04. As Escrituras ................................................ 31

05. O Homem .................................................... 36

06. O Pecado ..................................................... 43

07. A Expiação ................................................... 50

08. A Salvação ................................................... 56

09. Escatologia ................................................. 63

10. Ficha de presença ....................................... 81

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Aulá 01 – Existê nciá dê Dêus

1 - A existência de Deus

Deus existe? Como podemos provar a sua existência? Quem é e o que é Deus?

A melhor definição sobre a natureza de Deus encontra-se no Catecismo de Westminster: “Deus é

Espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça bondade e verdade”.

Encontramos outro pensamento que sugere uma resposta a estes questionamentos no texto de

Eclesiastes 3:11, quando o autor diz: “Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do

homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que

Deus fez”.

A observação do autor de Eclesiastes é de que existe um anseio pela transcendência, intrínseco ao ser

humano, e que, ao mesmo tempo, ele não é totalmente suprido.1¹ Compreendemos a transcendência

como aquilo que está além da realidade humana perceptível, ou seja, além daquilo do que é

experimentado por nossos sentidos mais imediatos, olhamos para transcendência como aquilo que

extrapola os sentidos. O anseio pela transcendência encontra-se implantado no coração humano,

contudo, é a própria transcendência que toma a iniciativa de preencher este anseio de interação.2

Em momento algum as Escrituras tratam de provar a existência de Deus com provas formais. Contudo,

encontramos evidencias de sua presença na criação, na natureza humana e na história humana.3 Dessas

três áreas podemos extrair cinco evidencias da existência de Deus:

a) O Universo deve ter uma primeira causa ou Criador. Essa evidencia é denominada argumento

cosmológico, originada da palavra grega “cosmos” que significa “mundo”.

b) O projeto do Universo indica uma Mente Suprema. Essa evidencia recebe o nome de argumento

teológico, de” Teleos”, que significa “propósito ou designio”.

c) A natureza do homem, com seus impulsos e aspirações, aponta para a existência de um Governador

Pessoal. Esse é o argumento antropológico, da palavra grega “anthropos”, que significa “homem”.

d) A história humana oferece evidencias da atuação de um governante Superior. Esse é o argumento

histórico.

e) A crença é universal, aqui se define o argumento do senso comum.³

1 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 98 2 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 100 3 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 32

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A - O argumento da criação ou argumento cosmológico

Genesis 1:1 – “No princípio Deus criou ...” Todo efeito deve ter uma causa. Este universo e tudo o que há

nele é um efeito. Tem que existir algo que causou a existência de tudo. Finalmente, deve existir alguma

coisa “não-causada” que fez com que tudo viesse à existência. Este “não-causado” é Deus.

A lei da causalidade diz que todo ser finito é causado por algo além de si mesmo. Há duas formas básicas

para esse argumento. A primeira diz que o Cosmo ou Universo precisou de uma causa no seu princípio; a

segunda argumenta que ele precisa de uma causa para continuar existindo.4

Robert Jastrow, fundador-diretor do Instituto de Estudos Espaciais da Nasa, disse: “Pode existir uma

explicação lógica para o nascimento explosivo do nosso Universo; mas, se existe, a ciência não pode

descobrir essa explicação. A busca do cientista pelo passado termina no momento da criação. “5

A teoria do big-bang, a qual afirma que o Universo surgiu com uma explosão aproximadamente 15 ou 20

bilhões de anos atrás, cientificamente não pode ser provada. Apesar dos grandes esforços científicos

para decifrar o enigma do aparecimento do Universo, a conclusão final é que o Universo foi criado,

sendo assim, houve um Criador. Pois tudo o que tem início tem um Iniciador.

Jorge W Grey, diz: “O Universo, como o imaginamos, é um sistema de milhares e milhões de galáxias.

Cada uma delas se compõe de milhares e milhões de estrelas. Perto da circunferência de uma dessas

galáxias – a Via Láctea- existe uma estrela de tamanho médio e temperatura moderada, já amarelada

pela velhice – que é o nosso Sol. O Sol está girando numa órbita vertiginosa em direção à circunferência

da Via Láctea a 19.300 metros por segundo, levando consigo a Terra e todos os planetas, e ao mesmo

tempo todo o sistema solar está girando em um gigantesco circuito à velocidade incrível dev321

quilômetros por segundo, enquanto a própria galáxia gira, qual colossal roda gigante estelar.

Fotografando-se algumas seções dos céus, é possível fazer a contagem das estrelas. No observatório de

Harvard College eu vi uma fotografia de 35x42 cm. Calcula-se que o número de galáxias de que se

compõe o universo é da ordem de 500 milhões de milhões.”6

Consideremos o nosso planeta e as várias formas de vida existentes, as quais revelam inteligência e

propósitos divinos. Como começou tudo isso? Sabe-se que todo efeito tem uma causa, logo concluímos

que o Universo deve ter tido uma primeira causa, ou um Criador. Há pelo menos dois textos bíblicos que

sugerem um tipo de revelação que possibilita o conhecimento de Deus a toda a humanidade.

O primeiro texto encontra-se no livro de Salmos: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento

proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem

discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras,

4 GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Editora Vida. 1999. Pg 255 5 GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Editora Vida. 1999. Pg 256 6 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 32

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até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol, que é como um noivo que sai de seu

aposento, e se lança em sua carreira com a alegria de um herói. Sai de uma extremidade dos céus e faz o

seu trajeto até a outra; nada escapa ao seu calor” (Salmo 19:1-6).

O segundo é apresentado pelo apóstolo Paulo em sua carta aos romanos: “Portanto, a ira de Deus é

revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,

pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a

criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos

claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são

indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam

graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram”

(Romanos 1:18- 21).

Ambos os textos afirmam que a natureza é uma fonte de conhecimento de Deus. A questão imediata

que surge, então, é como, ao observarmos a natureza, temos a capacidade de conhecer a Deus,

conforme indicam os textos? Mais ainda, sendo a natureza uma revelação comum a toda humanidade,

ela independeria da religião e da fé como fonte para o conhecimento de Deus.

B - O argumento do desígnio ou argumento teológico

Esse argumento considera que o Universo é obra de um Arquiteto dotado de inteligência criativa.

Sabemos que todo objeto complexo veio da mente de um projetista e quanto maior o projeto, maior o

projetista e maior a inteligência necessária para produzi-lo. Uma célula viva, por exemplo, tem um grau

de complexidade que não pode ser produzida por leis puramente naturais. É sempre um resultado de

um ser inteligente. É insensatez presumir que o Universo “aconteceu”, ou em linguagem cientifica, que

“procedeu da união aleatória dos átomos”. Seria o mesmo que dizer que o livro “O Peregrino” fosse

produzido da seguinte forma: o autor encheu um caminhão com letras de imprensa e com uma pá as

atirou ao ar. Ao caírem no chão, natural e gradualmente se ajuntaram para formar a famosa história de

Bunyam. A pessoa mais incrédula diria: que absurdo! E a mesma coisa dizemos nós das suposições

daqueles que afirmam não existir uma mente Suprema na formação do Universo.

Wilson Bentley, perito em microfotografia (fotografar o que se vê através do microscópio), fotografa

cristais de neve. Depois de ter fotografado milhares desses cristais ele observou: “Imaginem quantos

milhões de bilhões de cristais de neve caem sobre um hectare de terra durante uma hora, e imaginem, se

puderem, o fato surpreendente de que cada cristal tem sua individualidade própria, um desenho e

modelo sem duplicata nesta ou em qualquer outra tempestade. “Tal conhecimento é maravilhoso

demais para mim; elevado é, não o posso atingir (Salmo 139:6). Como pode uma pessoa ajuizada, diante

de tal evidencias de desígnios, multiplicados por um cem números de variedades, duvidar da existência e

da obra do Desenhista, cuja capacidade é imensurável?! Um Deus capaz de fazer tantas belezas é capaz

de tudo, até mesmo de moldar as nossas vidas dando-lhes beleza e simetria.”7

C - Argumento da natureza do homem ou argumento antropológico

7 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 35-36

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O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulado por conceitos do bem e do mal. Ele

reconhece que há um caminho reto de ação que deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse

conhecimento chama-se “consciência”. Ao fazer ele o bem a sua consciência o aprova; ao fazer ele o

mal, ela o condena.8

Qual a conclusão que se pode tirar do conhecimento do bem e do mal? Que existe um Ser que idealizou

regras de conduta para a humanidade e fez com que ela compreendesse isso. Foi Deus, o grande

Legislador, que criou os conceitos de bem e mal. As raízes do argumento moral de Deus são encontradas

em Romanos 2:12-15, que diz que a humanidade é indesculpável por causa das “exigências da lei [...]

gravadas em seu coração”. Não somente a natureza moral do homem, como também todos os aspectos

da sua natureza testificam da existência de Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o fato

de que o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua alma anela. A fome física indica que há

alguém ou algo que a possa satisfazer. Quando o homem tem fome, essa fome indica que há alguém ou

algo que o possa satisfazer. A exclamação, “a minha alma tem sede de Deus” (Sl 42:2), é um argumento

a favor da existência de Deus, pois a alma não enganaria o homem com sede daquilo que não existisse.9

D - O argumento da história

Os eventos da história universal oferecem evidencias de um poder e de uma providência dominantes.

Toda história Bíblica foi escrita para revelar Deus na história, isto é, para ilustrar a obra de Deus nos

negócios humanos.

D.L. Pierson escreve: “A história da humanidade, o surgimento e o declínio de nações, como Babilônia e

Roma, mostram que o progresso acompanha o uso das faculdades dadas por Deus e a obediência à sua

lei, e que o declínio nacional e a podridão moral seguem a desobediência. “10

No período histórico da tradição patriarcal, no livro de Genesis, encontra-se as primeiras construções do

conhecimento de Deus. “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1:1). Vemos no primeiro

verso da Escritura que a existência tem início em Deus. Ele criou o mundo e por analogia dizemos que

Ele existia antes da criação. Esta primeira afirmação criou o ambiente para que toda a revelação Bíblica

fosse desdobrada.

A linha mestra para o entendimento de Deus na história de Israel foi construída a partir de Abraão e se

propaga pela sua descendência, Isaque e Jacó. Deus se torna o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o

Deus de Jacó. Em cada história e em diferentes contextos, Deus se revela através de pessoas, situações,

circunstâncias de forma sobrenatural e poderosa.

E - O argumento da crença universal, senso comum ou argumento da

necessidade religiosa

8 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 36 9 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 36 10PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 36

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A crença na existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça humana, embora

muitas vezes se manifeste de forma pervertida ou grotesca e revestida de ideias supersticiosas. Como se

originou essa crença universal?

Os teólogos não inventaram Deus, assim como os astrônomos não criaram as estrelas, nem os botânicos

as flores. Esta crença universal é prova de que a natureza do homem é de tal maneira constituída que é

capaz de compreender e apreciar essa ideia. A necessidade religiosa inclui a aceitação do fato da

existência de um ser que está acima das forças da natureza e um sentimento de dependência de Deus

como quem domina o destino do homem. Esse sentimento é despertado pelo pensamento de sua

própria debilidade e pequenez e pela magnitude do universo.

Dessa forma, vemos que o homem, por natureza, é constituído para crer na existência de Deus, para

confiar na sua bondade, e para adorar em sua presença.

A Natureza revelada de Deus através dos Nomes de Deus

Os nomes de Deus encontrados nas escrituras descrevem e revelam aspectos diferentes de Seu caráter.

Os nomes mais conhecidos são:

a) Elohim – Traduz-se por Deus. Essa palavra é usada sempre que se o texto se refere ao poder criativo

de Deus e a sua Onipotência. Elohim significa o Deus criador. A forma plural desse nome indica a

trindade.

b) Jeová – traduz-se por Senhor. Significa o Deus que se manifesta a si mesmo aos homens e faz alianças

com eles. Indica também que Deus é Eterno: é o Deus que se manifestou, que se manifesta e se

manifestará. Deste nome surgem outros com manifestações especificas, como: JEOVÁ-RAFA - o Senhor

que cura (Ex 15:26), JEOVÁ-NISSI – o Senhor nossa bandeira (Ex 17:8-15), JEOVÁ-SHALOM – o Senhor

nossa paz (Jz 6:24), JEOVÁ-RA’AH – o Senhor meu pastor (Sl 23:1), JEOVÁ-TSIDKENU – o Senhor nossa

justiça (Jr 23:6), JEOVÁ- JIREH – o Senhor que provê (Gen 22:14), JEOVÁ-SHAMMAH – o Senhor está ali

(Ez 48:35)

c) El – Traduz-se por Deus. Encontramos algumas combinações nas Escrituras: EL-ELYON – o Deus

Altíssimo (Gen 14:18-20), EL-SHADDAI – O Deus suficiente (Ex 6:3) e EL-OLAM – o Deus Eterno (Gen

21:33)

d) Adonai – Significa Senhor ou Mestre. No Novo Testamento aplica-se a Jesus Cristo glorificado.

e) Pai - emprega-se tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Em seu significado mais amplo esse

nome descreve Deus como sendo a Fonte de todas as coisas e o Criador dos homens. (Atos 17:28; João

1:12,13)

Os atributos de Deus

Como podemos descrever Deus? Quem ele é? Como ele é? Parece que a nossa concepção da existência

de Deus e nossa experiência se dá mais em relação àquilo que construímos em nossa mente, em função

da imagem que fazemos dele. Parte desta imagem é obtida pela reflexão conceitual filosófica, parte pela

revelação bíblica e parte pela própria cultura e compartilhamento da experiência humana.

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O tema dos atributos trata da descrição de Deus e das maneiras que usamos para nos referir a ele em

função de suas características e qualidades. A existência de Deus e sua essência são realidades que

independem de nossa atribuição de descrições.

“Devemos lembrar que a revelação se dá por meio das expressões culturais e contextuais humanas ao

longo da história. Ela também se dá pelo uso da narrativa literária. Assim sendo, a base para a

construção do conhecimento de Deus, parte do próprio ser humano. O conhecimento de Deus é descrito

a partir da realidade humana e, por isso, os atributos, assim como outras referências a Deus, são

construídos por antromorfismos, que significa o uso de formatos (morphe) humanos (antropos), para

que possamos obter alguma compreensão do mistério divino.”11

1- Onipotência, onipresença e onisciência

Onipotência se trata do poder absoluto de Deus. Segundo Brunner a afirmação do Deus Todo-Poderoso

está associada diretamente à sua criação, ou seja, é um poder exercitado sobre alguma coisa. Neste

sentido, Deus pode operar milagres, preservar, manter ou suspender o curso da natureza, e até mesmo

destruí-la. No entanto, a revelação bíblica apresenta um Deus que se autolimita por criar algo que não é

ele mesmo, em relativa independência. Assim, o Deus Todo-poderoso cria para si uma limitação, “a fim

de que a criatura possa ter espaço ao Seu lado, em quem e para quem Ele pode revelar e compartilhar a

Si mesmo” (2004, p. 331). A liberdade humana torna-se uma demonstração da limitação da onipotência

divina.12

Ainda, talvez possamos comprovar a autolimitação divina de sua imaginada onipotência no exemplo de

Cristo, conforme indicado pelo apóstolo Paulo na carta aos Filipenses: “Seja a atitude de vocês a mesma

de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia

apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filip

2:5-7). O Deus Todo-poderoso foi o mesmo que resolveu esvaziar-se de sua divindade na encarnação de

Cristo e, ainda mais, sofrer todas as limitações humanas ao ponto de morrer numa cruz. 13

A Onipresença significa que Deus está em todos os lugares enquanto que a onisciência aponta para o

conhecimento de Deus sobre todas as coisas. O conceito Bíblico da onipresença não indica que Deus

está diluído em todas as coisas e em todos, mas aponta para a ideia de que Deus está em todos os

lugares por causa da sua divindade absoluta e ilimitada, transcendendo a limitação espaço-tempo, ou

seja, Deus está antes da criação e está eternamente.

As Escrituras constroem a ideia de um Deus que se limita em sua presença, respeitando a liberdade

humana. Desta forma, Deus não está presente em todos da mesma maneira. Além desta presença

extensiva de Deus, há uma que é intensiva e qualitativa. É apenas em função do background (do pano

de fundo – nota do autor) desta diferenciação qualitativa da presença que a linguagem bíblica sobre a

Onipresença é corretamente compreendida.

Há uma “distância” e uma “proximidade” de Deus. Alguém pode estar “próximo” de Deus, e alguém

pode estar “longe” dEle. Portanto, Deus pode “se aproximar” e pode “se afastar”, e nós podemos “nos

aproximar” e “afastarmo-nos” dele (Brunner, 2004, p. 340).

11 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 185 12 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 186 13 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 186

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A mesma concepção de presença atribuída ao espaço se aplica em relação ao tempo, por isso,

encontramos o conceito de “vinda” de Deus. Deus é aquele que vem, que desce, que se faz presente no

meio do seu povo. É com base nisto que a escatologia cristã é construída. Afirmamos que Jesus está

conosco, porém, aguardamos a sua volta.14

Quanto a onisciência podemos afirmar que nosso conhecimento é limitado ao tempo, visto que não

conhecemos além do presente, enquanto que Deus tem o conhecimento do futuro. Tudo permanece na

eterna presença aos olhos de Deus. O que lemos na revelação bíblica é que o conhecimento de Deus

não está associado ao controle do ser humano como se este fosse uma máquina programável ou como

se estivesse preso a um sistema determinista. O conhecimento de Deus é associado ao respeito e ao

cuidado, expressões do seu amor. É assim que devemos entender alguns textos que tratam da

presciência divina (Salmo 139; Jeremias 29:11; Atos 15:18; etc.).15

2- Eternidade e Imutabilidade

A eternidade é facilmente aplicável a Deus considerando seu significado com a ausência do tempo como

o conhecemos. A questão da imutabilidade, no entanto, é questionável segundo Brunner: Por isso, o

Deus Santo e Vivo não é — num certo sentido —imutável.

Se for verdadeiro que realmente existe um tal fato como Misericórdia e a Ira de Deus, então Deus,

também, é “afetado” pelo que acontece às Suas criaturas. Ele não é como aquela divindade do

platonismo que é indiferente, e, portanto, estático, por tudo que acontece sobre a terra, mas segue o

Seu caminho no céu sem olhar em volta, sem levar em consideração o que está acontecendo na terra.

Deus “olha em volta” — Ele se interessa com o que acontece aos homens e com as mulheres — Ele está

interessado a respeito da mudança, sobre a terra. Ele altera seus sentimentos de acordo com as

mudanças nos homens. Deus “reage” às ações dos homens, e no que Ele “reage”, Ele muda. Deus diz:

“Eu não serei a causa da minha face cair sobre vós” [Jr 3:12]. Ele “oculta sua face” [Is 64:7], Ele retira —

e novamente: Ele se aproxima, ele se revela, Ele “faz a sua face brilhar sobre eles” [Nm 6:25].

A mais vigorosa expressão na Bíblia para este fato de que Deus “muda” é aquela que diz que “O Senhor

se arrependeu disso” [Am 7:3,6; Jr 42:10; 1 Sm 15:11]16

Esta argumentação mostra um Deus simpático, sensível ao ser humano e à relação construída com ele.

Por esta face mutável é que compreendemos outros atributos como a misericórdia, graça, o amor, etc.

Por outro lado, na carência por uma estabilidade divina em comparação à instabilidade humana, Deus

também se mostra imutável em seu caráter e propósito. A fé carece deste atributo para criar esperança

na caminhada. Por isso, Deus se mostra também como a Rocha Eterna (Isaías 26:4), inabalável, em

quem podemos confiar. Seu amor também é imutável (Romanos 8:38-39). Principalmente, lemos

repetidas vezes sobre a fidelidade de Deus, que dura para sempre (Salmo 117).17

3- Espiritualidade

14 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 187-188 15 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 189 16 BRUNNER, Emil. A doutrina cristã de Deus. Dogmática: Vol. 1. São Paulo: Novo Século, 2004. Pg 353-354 17 ALMEIDA, Marcos Orison. Teologia Sistemática I. FTSA. Pg 190

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Deus é Espírito (João 4:24). Ele pensa, sente e fala, portanto, é um Espírito que pode ter comunhão

direta com suas criaturas feitas a sua imagem. Como Espírito, Deus não está sujeito às mesmas

limitações dos seres humanos, dotados de corpo físico.

Deus é real, porém de uma natureza tão infinita que não se pode descrevê-lo em linguagem humana.

Isto não significa que Deus está isolado de sua criação. “’Ninguém jamais viu a Deus’, declara o apóstolo

João (João 1:18); no entanto, em Êxodo 24:9, 10 lemos que Moisés, e certos anciãos, “viram a Deus”.

Nisto não há contradição; João quer dizer que nenhum homem jamais viu a Deus como ele é. Mas

sabemos que o Espírito pode manifestar-se em forma corpórea (Mateus 3:16); portanto, Deus pode

manifestar-se duma maneira perceptível ao homem.

Deus também descreve a sua personalidade infinita em linguagem compreensível às mentes finitas;

portanto, a Bíblia fala de Deus como ser que tem mãos, braços, olhos e ouvidos, e descreve-o como

vendo, sentindo, ouvindo, arrependendo-se, etc.

4- Unidade

Deus é o único Deus (Ex 20:3; Deut. 4:35; I Sam2:2; I Tim 1:17). Esse era um dos fundamentos da religião

do Antigo Testamento. Encontramos dois (2) tipos de unidade nas Escrituras: a unidade absoluta e a

unidade composta. Exemplo: a expressão “um homem” indica a unidade absoluta porque se refere a

uma só pessoa. Mas quando lemos que homem e mulher se tornarão uma só carne, falamos de uma

unidade composta se referindo a união de duas pessoas.

5 – Sabedoria

Deus é sábio (sal 104:24; Prov 3:19; Ef 3:10; Col 2:2,3). Através da onisciência e a onipotência, Ele realiza

seus propósitos de forma excelente pelos meios mais diversos e criativos possíveis. Deus sempre faz o

bem da maneira certa e no tempo certo.

Esta ação da parte de Deus, de organizar todas as coisas e executar a sua vontade no curso dos eventos

com a finalidade de realizar o seu bom propósito, chama-se Providência.

6- Soberania

Deus é Soberano, isto é, Deus, por direito, governa o universo (Dan. 4:35; Mat 20:15; Rom 9:21). Ele

possui esse direito em virtude de sua infinita superioridade, de sua posse absoluta de todas as coisas, e

da absoluta dependência delas perante Ele para que continuem a existir.

7- Santidade

Deus é Santo (Ex.15:11; Sal. 5:4; Isa.6:3; Luc 1:49). A santidade de Deus significa a sua absoluta pureza

moral, Ele não pode pecar nem tolerar o pecado. O sentido original da palavra “santo” é “separado”.

8- Justiça

Deus é justo (Gen 18:25). A justiça é a santidade em ação, é obediência a uma norma reta, é conduta

reta em relação à outra pessoa. Deus coloca em operação a justiça quando livra o inocente, condena o

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ímpio, quando perdoa o penitente, quando castiga o seu povo, quando salva o seu povo, quando dá

vitória a causa de seus servos fieis.

9- Fidelidade

Deus é Fiel (Ex 34:6; Jos 21:43-45; Miq 7:20; Rom 3:4; Heb 6:8). Ele é digno de confiança, suas palavras

nunca falham, suas promessas são verdadeiras.

10- Misericórdia

Deus é Misericordioso (Tito 3:5; Lam 3:22); Hodges afirma: “A misericórdia de Deus é a divina bondade

em ação com respeito às misérias de suas criaturas, bondade que se move a favor deles, provendo o seu

alivio, e, no caso de pecadores impenitentes, demonstrando paciência longânima”.

11- Amor

Deus é Amor (Ef 2:4; Sof 3:17; João 3:16). O amor de Deus é expresso independente de se esperar algo

em troca. O amor de Deus pela sua criação é incondicional. Não há nada que possamos fazer ou deixar

de fazer que diminua ou aumente seu amor.

12- Bondade

Deus é Bom (Sal. 25:8; Mat 5:45; Atos 14:17). Esse atributo de Deus permite que suas criaturas

desfrutem da vida recebendo bênçãos sem merecimento.

A Trindade

Se Deus é o Único e Soberano Deus, onde podemos encaixar a trindade? Deus é uma unidade, porém

uma unidade composta. Isto significa que são 3 pessoas distintas em uma: Deus Pai, Deus Filho e Deus

Espírito Santo.

Antes mesmo da criação de todas as coisas estas três pessoas viviam em comunhão, unidos no mesmo

propósito. Apesar de um mesmo propósito, suas funções são diferentes: o Pai cria, o Filho redime e o

Espírito Santo santifica.

No entanto, todas os 3 participam e cooperam em suas funções, por exemplo: o Pai cria, mas o Filho e o

Espírito cooperam na criação.

A unidade é revelada nas Escrituras: o Pai testificou do Filho- Mateus 3:17, o Filho testificou do Pai –

João 5:19, o Filho testificou do Espírito- João 14:26, o Espírito testificou do Filho- João 15:26. A

expressão trindade não aparece no Novo Testamento, é uma expressão teológica, no entanto seu

conceito é evidente nas Escrituras, revelando a comunhão na Divindade.

Atanásio, no século V fez a seguinte declaração sobre a Trindade: “Adoramos um Deus em Trindade, e

trindade em unidade. Não confundimos as pessoas, nem separamos a substancia. Pois a pessoa do Pai é

uma, a do Filho outra, e a do Espírito Santo, outra. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma

divindade, glória igual e divindade coeterna. Tal qual é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Santo. O

Pai é incriado, o Filho incriado, o Espírito Santo incriado. O Pai é imensurável, o Filho imensurável, o

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Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, não obstante,

não há três eternos, mas sim um eterno. Da mesma forma não há três (seres) incriados, nem

imensuráveis, mas um incriado e um imensurável. Da mesma maneira o Pai é onipotente. No entanto,

não há três seres onipotentes, mas sim um onipotente. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito

Santo é Deus. No entanto, não três Deuses, mas um Deus. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o

Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três Senhores, mas um Senhor. Assim como a veracidade cristã

nos obriga a confessar cada Pessoa individualmente como sendo Deus e Senhor, assim também ficamos

privados de dizer que haja três Deuses e Senhores. O Pai não foi feito de coisa alguma, nem criado, nem

gerado. O Filho procede do Pai somente, não foi feito nem criado, mas gerado. O Espírito Santo procede

do Pai e do Filho, nem foi feito nem criado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um Pai , não três

Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta trindade não existe

primeiro nem último; maior nem menor. Mas as três Pessoas coeternas são iguais entre si mesmas; de

sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na

unidade devem ser adoradas.”18

18 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 52

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Aulá 02 –Doutriná dê Cristo (Cristologiá)

“Quem os outros dizem que o Filho do homem é?” Mateus 16:13

“Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho

de Deus.” Mateus 14:33

Jesus recebeu dois títulos que definem sua Deidade (filiação de Deus): “Filho do homem” significando

que foi nascido do homem e “Filho de Deus” indicando que foi concebido por Deus.

Filho do homem

“Um dos títulos do Messias, baseado em Daniel 7:13-14, em que o texto tem ‘bar-enosh’ (aramaico),

como o hebraico ben-adam, também pode significar ‘filho do homem’, ‘homem típico’, ‘aquele

preparado para ser um homem’, ou simplesmente ‘homem’. Yeshua é tudo isso: o Messias, um homem

típico (ideal) e uma pessoa preparada tanto no céu quanto na Terra para ser um homem. Yeshua refere-

se a si mesmo por esse título frequentemente, ressaltando sua total identificação com a condição

humana, como ensinado em Rm 5:12-21”.19

Filho de Deus

“Esse termo teologicamente importante no Novo Testamento pode significar: (1) uma pessoa de Deus

(sem tons divinos ou sobrenaturais); (2) uma pessoa especial enviada por Deus; (3) o Filho de Deus na

carne, como descritos nos capítulos 1-2 (Mateus) e em Lucas 1-2; (4) um humano cuja presença na Terra

exigiu um ato criativo especial de Deus, seja Adão ou Yeshua, que assim é chamado de o ‘segundo Adão’

(Lc 3:38; Rm 5:12-21); (5) o Yeshua que pode em sua vida terrena se relacionar com Deus como seu Pai

legitimo, chamando-o de ‘Abba’ e (6) o indivíduo, ou a Palavra, divino, eternamente existente, que

sempre esteve e sempre estará dentro da ‘estrutura’ interior de Adonai (Senhor) e, na estrutura que é o

único Deus, é em sua essência o Filho no relacionamento tanto equivalente quanto subsidiário com o Pai

(Filipenses 2:5- 11).” 20

Essa discussão, portanto, envolve as situações da humanidade e divindade de Jesus Cristo. Para a fé

cristã Jesus é tanto divino como humano ao mesmo tempo. O Dr. Marcos Orison Almeida conclui: “O

mistério de Jesus Cristo como Deus-homem carrega ainda outro importante aspecto que não podemos

relegar. Esse aspecto é a função reveladora de Jesus como atestam Hebreus 1:1-2.

Jesus, sendo a expressão exata de Deus quebra um paradigma histórico e teológico, até então em vigor

para o mundo judeu, que apontava para um Deus distante e inacessível. O Cristo encarnado aproxima

Deus da humanidade. Ele passa a ser o Emanuel, Deus conosco, amoroso, cuidadoso, que não apenas

conhece a condição humana, mas a vive de maneira integral.21

Yeshua, o Messias

19 STERN, David H., COMENTÁRIO JUDAICO DO NOVO TESTAMENTO, 2008. Editora Atos – pág.61 20 STERN, David H., COMENTÁRIO JUDAICO DO NOVO TESTAMENTO, 2008. Editora Atos – pág.46 21 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – pag. 20

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Mateus 1:1 – “Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, Filho de Abraão:”

Yeshua é o nome de Jesus em aramaico e hebraico, os idiomas falados por Ele. Em seus 30 e poucos

anos que peregrinou na Terra, Jesus foi chamado de Yeshua pelos seus conterrâneos. No grego a palavra

para Yeshua é “Iêsous” (iee-sus) de onde deriva o nome Jesus em português. “Jesus é a forma grega da

palavra Josué, que significa “Jeová salva”. Jeová é o nome de Deus, no Antigo Testamento, associado

com “Eu Sou o que Sou”. O nome faz alusão ao chamado e ministério de Jesus que é salvar a

humanidade de seus pecados.

Yeshua é uma derivação do nome hebraico “Y’hoshua” que em português significa Josué. Portanto,

Yeshua, Jesus, Josué tem o sentido de “Eu Sou Salva”. Na época de Jesus não se registravam

sobrenomes como em nossos dias. As pessoas eram conhecidas e diferenciadas umas das outras por um

adjetivo que se referia a um lugar onde moravam, uma profissão, filiação ou outra característica

marcante da pessoa. Jesus era conhecido como Jesus Nazareno ou Jesus de Nazaré referindo-se a cidade

onde fora criado.

Outra forma encontrada era Jesus filho de José, o carpinteiro. Mais tarde, já exercendo seu ministério,

Jesus foi chamado de rabi ou mestre pelos seus discípulos. Jesus, o Messias, ou Jesus Cristo. Por trás

desse adjetivo estava a afirmação de fé e a compreensão teológica do ministério de Jesus.

A palavra grega para Messias é “Christos”, que tem o mesmo significado que a hebraica “mashiach”, a

qual se define por “ungido” ou “aquele sobre o qual foi derramado”. Tanto os reis como sacerdotes

eram investidos de autoridade numa cerimônia de unção com óleo de oliva.

Portanto, receber “unção” ou “ser ungido”, aponta para a idéia de receber autoridade sacerdotal ou real

da parte de Deus. Messias (Cristo), então, é aquele que é revestido de autoridade por Deus para exercer

função sacerdotal e/ou reinar.

Cristo no Antigo Testamento

Encontramos no Antigo Testamento figuras de Cristo, nem sempre claras, que foram construídas

durante a história do povo de Israel e pelas quais se firmou uma esperança em torno do Messias. Na

narrativa de Genesis 22:1-19 encontramos uma metáfora para a morte de Jesus. Isaque o filho único de

Abraão, é requerido por Deus para ser sacrificado. No entanto, no ato de obediência de Abraão, Deus

provê o cordeiro para o sacrifício. Esse texto traz uma identificação com a morte vicária de Cristo.

José é outro personagem que personifica a figura do Messias.

Sobre José, o Dr Marcos afirma: “De todos os outros personagens do tempo patriarcal, talvez o que mais

carregue alguma semelhança com o perfil messiânico seja José, ainda que distante da caracterização

tardia do Messias. A complexa história de José traz alguns paralelos com a história de Jesus, não na

mesma ordem de acontecimentos. Ambos são levados ao Egito (Genesis 37:25; Mateus 2:13), são

rejeitados e traídos por aqueles que lhes são mais próximos (Genesis 37:14-28; Mateus 26:47-50) e

enfrentam dores e sacrifícios com o objetivo de promoverem salvação para todo um povo, incluindo os

que os traíram (Genesis 39:20; 45:7; Mateus 27:27-56). Esses paralelos só foram estabelecidos após os

evangelistas narrarem a história de Jesus sem, no entanto, comporem a estruturação da pessoa do

Messias do Antigo Testamento. A que se considerar, contudo, que a história de Jose ocupa um grande

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volume do livro de Genesis e que consiste na construção de um personagem heroico que pode ter

contribuído para o imaginário popular na expectativa messiânica”. 22

Moisés como aquele que governa (rei), como mediador entre Deus e o homem (sacerdote) e como

mensageiro de Deus (profeta) assemelha-se à figura de Cristo. No Antigo Testamento é um dos

personagens de maior conteúdo messiânico. Podemos estabelecer vários paralelos entre a vida de

Moisés e a do Messias:

a. Perseguição na infância pelo soberano da nação com ameaça de morte: Êxodo 1:15-16; 22 – Mateus

2:16

b. Refúgio no Egito: Êxodo 2:9 – Mateus 2:13

c. Experiência no deserto com efeito determinante para o resto de suas vidas e ministérios: Êxodo 3:1-2

– Mateus 4:1

d. Realização de sinais e maravilhas: Êxodo 7:1-3 – Atos 2:22 ;

e. Intima relação com Deus: Êxodo 33:7-11 – Joao 14:9

f. Falavam em nome de Deus (profeta): Deuteronômio 34:10 – Joao 12:50

A respeito de Moisés o Dr. Marcos escreve:” Também foi Moisés quem inseriu e representou a principal

teologia para o povo de Israel composta pela a libertação do Egito e pela aliança com base na Lei. Este e

outro paralelo que podemos verificar entre Moises e Jesus, a intermediação da Lei de Deus. Moises é o

grande líder histórico que estabelece os princípios legais para vida cotidiana do povo. É ele quem

pessoalmente intermedia a aliança com Javé e entrega a Lei ao povo (Êxodo 34:29). Por outro lado, Jesus

e aquele que cumpre essa Lei, mas também a reinterpreta e a expande, estabelecendo novos princípios

que devem ser seguidos com o mesmo rigor (Joao 14:21). Jesus substitui a forca da Lei pela oferta da

Graça sem, contudo, deixar de estabelecer os princípios do Reino que devem prevalecer na vida do

cristão não pela obrigação e temor da Lei, mas pela obediência amorosa ao seu mestre e salvador”.23

Davi é outro personagem rico em informações sobre o Messias. Alguns episódios que confirmam essa

afirmação: unção na coroação de Davi como rei de Israel (Aquele que sentava no trono não era apenas o

rei, e sim o ungido de Javé (SENHOR), o seu escolhido para liderar o povo), a aliança entre Deus e Davi (II

Samuel 7:16), domínio político (Ainda que o domínio político não tenha sido uma realização concreta do

ministério de Cristo, foi essa expectativa que direcionou e motivou alguns de seus seguidores).

O que concluímos com isso, é que os israelitas esperavam um rei como Davi que reestabelecesse a

autonomia e prosperidade de Israel. Os profetas profetizaram a respeito do Messias: Isaías 9:1-7,

capítulos 52 e 53, 60: 1-4; Jeremias 23:5-6; Ezequiel 34:23-24.

Daniel apresenta em seu livro uma visão apocalíptica do Ungido (Daniel 9:24-27). Esses são alguns textos

que contribuíram para formar no povo de Israel uma visão Messiânica no Antigo Testamento.

22 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – p. 28 23 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – p. 31

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Obviamente existem outras passagens indicando o plano de Deus de enviar o Messias. Contudo, a visão

dos israelitas era mais uma visão voltada para o libertador político do que para o salvador da

humanidade de seus pecados.

Cristo no Novo Testamento

Uma questão nos vem à mente quando estudamos a expectativa dos israelitas em relação ao Messias:

Essas expectativas foram reais ou o Novo Testamento apresenta outra visão sobre o Messias?

As primeiras impressões de Cristo no Novo Testamento foram comunicadas pelas cartas do Apóstolo

Paulo. Os evangelhos foram elaborados depois. Escrevendo para a comunidade helênica o apóstolo

Paulo agrega ao nome de Jesus o título “Cristo” (Ungido), para que os gentios que não tinham a mesma

perspectiva e esperança dos judeus, entendessem um dos propósitos de Jesus. Entretanto, foi nos

evangelhos, depois da morte de Jesus, que foi apresentado o cumprimento da esperança messiânica.

Cristo nos evangelhos

João 1:11 define a relação que Jesus teve com o seu povo e com os líderes religiosos: “Veio para o que

era seu, mas os seus não o receberam”. Jesus cumpriu a visão messiânica, porém nem os seus discípulos

o entenderam plenamente. Eles tinham um entendimento parcial do verdadeiro propósito de Cristo.

Após a morte e ressurreição de Jesus que seus discípulos vieram ter o entendimento pleno de seu

propósito messiânico.

Sobre o comportamento de Jesus nos evangelhos, o Dr. Marcos Almeida escreve: “Por outro lado,

observando o comportamento de Jesus relatado nos evangelhos, ainda que pudesse ter consciência de

sua messianidade, ele optou por ter uma vida comum. Ele foi identificado como um simples galileu

(Mateus 26:69), ou nazareno (Marcos 10:47), ou carpinteiro (Marcos 6:3), ou como apenas o filho de

José (Joao 1:45). Ele teve uma família como as pessoas comuns, mas escolheu deixa-la em segundo

plano em função de sua missão (Mateus 13:55-56). Sua primeira projeção social, indo além do cidadão

comum, aconteceu no papel de mestre (Joao 1:38; Marcos 10:18), mas aos poucos Jesus foi sendo

reconhecido como um profeta semelhante aos grandes do passado e isso em função dos sinais e

maravilhas que fazia, assim como pelos seus ensinamentos (Mateus 16:13-14). O reconhecimento

popular também indica uma identificação com a messianidade no uso da expressão Filho de Davi

(Marcos 10:47) e Filho de Deus (Mateus 14:33). Porém, como já mencionado em outra unidade, Jesus

assume a expressão Filho do Homem para falar de si mesmo (Mateus 8:20). Em algumas raras ocasiões

Jesus se autoidentificou como o Messias. Foi assim na experiência com a mulher samaritana (Lucas 4:24-

25) e na chamada confissão de Pedro (Mateus 16:20). Mas como regra, ele preferiu manter o fato em

oculto. Em outras ocasiões ele optou por deixar a dúvida no ar como se tivesse o objetivo de que o

reconhecimento por parte das pessoas de sua messianidade fosse algo que devesse brotar do íntimo, de

uma aproximação de fé, tendo efeito apenas na vida cotidiana sem que isso tomasse maiores

proporções (Mateus 11:1-5). Já ao término de seu ministério, ele finalmente se autoidentificou como o

Messias, o que o levou a receber a ira dos religiosos e a articulação de um plano para tirar-lhe a vida

(Marcos 14:60-65)”.24

24 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – pag. 46-47

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Em seu ministério Jesus foi enfático em estabelecer os princípios de seu Reino, como algo que vai muito

além das expectativas de seu povo (Lucas 17: 20-21; João 18: 36).

Cristo na Igreja Primitiva

É pertinente dizer que o evento que une o fim do evangelho com o nascimento da igreja é a morte e

ressurreição de Cristo. A ressurreição confirmou no coração dos discípulos e apóstolos que Jesus era de

fato o Messias e todas as dúvidas a esse respeito foram dissipadas.

Encontramos no livro de Atos a história do nascimento da igreja. Agora os judeuscristãos estão imbuídos

de fé e com o propósito de disseminar os ensinamentos aprendidos com o Mestre tanto a judeus

quanto aos gentios.

Em Atos 2:22-36 encontramos a pregação de Pedro que ocorreu na festa de Pentecostes, por ocasião da

descida do Espírito Santo. Neste texto Pedro reconhece que Jesus é o Cristo, o Ungido, o Messias (“Deus

o fez Senhor e Cristo”). Em Atos 4:1-27, Pedro anuncia da mesma forma, que só em Jesus há salvação,

portanto, argumentando que Jesus é o Cristo, o Salvador, que o povo de Israel esperava.

Estevão, em Atos 7, discursa sobre a história de Israel concluindo com “Vejo os céus abertos e o Filho do

homem em pé, a direita de Deus”(Atos 7:52-56). Essa argumentação confirma a deidade de Jesus

perante os religiosos judeus. Felipe pregava sobre o Cristo (Atos 8:5) e mais adiante quando encontra

um eunuco etíope a quem discursa sobre o livro de Isaias declarando ser Jesus o Cristo que os judeus

esperavam (Atos 8:26-40).

Sobre o restante do livro de Atos, o Dr. Marcos Almeida escreve: “A partir daí o restante do livro de Atos

ira se concentrar na vida e ministério do apostolo Paulo. Pela formação farisaica rígida que teve, é ele

quem trará a maior contribuição para a igreja gentílica, porém, ainda fundamentada em sua

compreensão da teologia judaica. Toda essa experiência encontra-se baseada na visão que ele teve de

Jesus ressurreto fazendo com que tivesse que reinterpretar tudo o que conhecia a partir dessa nova

realidade, entendendo que ele era o Messias, o Filho de Deus (Atos 9:20). Os seus discursos e pregações

passaram a ter a seguinte mensagem como centro: Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, o Messias

prometido, que morreu e ressuscitou e assim oferece o perdão dos pecados e a salvação a todos os que

creem (Atos 13:16- 41; 17:16-31; 22:1-21; 26:1-23).”25

Cristo segundo a visão dos apóstolos A maioria das cartas do Novo Testamento contém em seu primeiro

versículo a expressão Jesus Cristo, associando Cristo ao nome de Jesus para reafirmar que Jesus era o

Ungido de Deus. A expressão “cristãos” surgiu dessa associação do nome de Jesus (Atos 11:26), e

significa “pequenos cristos”, dando o sentido de que os cristãos devem ser uma cópia submissa de

Cristo.

Sobre a visão dos apóstolos o Dr. Marcos Almeida escreve: “Embora o maior desenvolvimento da

interpretação de Jesus como Messias seja encontrado nos evangelhos e na vivencia da igreja primitiva, o

ápice dessa compreensão foi alcançado no livro de Apocalipse. É nesse livro, atribuído ao apóstolo João,

que encontramos Jesus, de maneira mais clara, em sua condição divina. O livro que procura apresentar

25ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – p. 49

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uma visão simbólica das regiões celestiais, apresenta Jesus como o Messias escatológico glorificado. A

primeira imagem fornecida é a de um ser místico com características além do humano (Apocalipse 1:12-

15). A segunda é a de sua origem histórica e direta relação com o Messias de Israel, associada a um

Cordeiro, também místico e estranho (Apocalipse 5:5-6). O simbolismo do Cordeiro e o que permeia a

maior parte da visão até que ele é, explicitamente, chamado de Ungido, ou Cristo: “E o sétimo anjo

tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de

nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinara para todo o sempre” (Apocalipse 11:15). O Cristo celeste que

domina sobre toda a criação e, portanto, o último estágio da construção dessa figura, restando apenas a

expectativa de seu retorno para julgar todas as coisas e estabelecer uma nova criação.”26

Ofícios de Cristo

Jesus não teve a formação dos líderes religiosos de sua época e não descendia da tribo de Levi,

responsável por todos os ofícios do templo. As Escrituras não registram algum tipo de ordenação ou

unção por parte de sacerdotes, escribas ou profetas.

Examinando os evangelhos, observamos que Jesus viveu independentemente das instituições religiosas

de seu tempo. O seu ministério se desenvolveu longe do centro religioso, na Galiléia dos gentios, entre

pessoas comuns e desvinculadas de grupos religiosos. Contudo, era reconhecido por Rabi (mestre) pelos

seus discípulos.

Apesar da simplicidade e singularidade do ministério de Jesus, os fariseus se incomodaram com Jesus a

ponto de procurar tirar-lhe a vida. Dessa forma, concluímos que Jesus não exercia formalmente um

ofício, levando-se em conta a estrutura religiosa de seus dias.

Jesus como Profeta

Profeta é a pessoa que traz a mensagem de Deus aos homens (mensageiro). O profeta era reconhecido

pela comunidade como um homem de caráter, integro e que realizava sinais sobrenaturais. O profeta

anuncia a Palavra de Deus, leva as pessoas ao arrependimento, denuncia o pecado, faz declarações de

juízo e prediz acontecimentos futuros.

Nesse contexto podemos assegurar que Jesus como exercia essa função. Veja os Versículos: Mateus

11:20-24; Mateus 13:54-58; Mateus 23:13-36.

Jesus cumpria todos os requisitos de profeta e era reconhecido pelas pessoas desta forma (Mateus

16:13-17).

Jesus como Sacerdote

26 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – p. 50

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A figura do sacerdote no Antigo Testamento estava associada a intermediação entre Deus e o homem.

Isso era feito através de rituais pelos quais se ofereciam animais, cereais e outras ofertas para que os

pecados dos homens fossem perdoados e dessa forma, eles fossem aceitos por Deus.

O sacerdote, segundo a lei judaica, deveria ser descendente de Levi (levitas), e alguns atributos eram

exigidos como: ser casado com uma virgem, não ter defeitos físicos, serem íntegros, cumprirem os

rituais e as exigências da lei. Nesse contexto é difícil associar Jesus ao ministério sacerdotal uma vez que,

Jesus era descendente de Judá e não de Levi, também, nas Escrituras não vemos relatos de Jesus

executando rituais próprios dos sacerdotes.

No entanto, Jesus foi o mediador entre Deus e o homem, aquele que religou Deus ao homem (1ª Tim

2:5; João 14:6). Também, quando da morte de Jesus, o véu que separava o Santo dos Santos foi rasgado

de alto a baixo, não só indicando que Jesus esteve lá como também agora e para sempre, o lugar Santo

está aberto a pessoas comuns. O lugar que somente o sumo sacerdote poderia adentrar uma vez por

ano, agora estava disponível a todos que buscam a Deus, por isso todos esses se tornaram sacerdotes

(1ª Pedro 2:9).

O autor do Livro de Hebreus aprofunda esse tema e argumenta sobre o sacerdócio de Jesus: Hebreus

4:14-16; Hebreus 5:1-6; Hebreus 7:23-28.

Concluímos, então, que Jesus se ofereceu como oferta indo além do oficio do sacerdote, sendo agora

aquele mediador entre Deus e o homem, que intercede por eles, porque experimentou de suas

limitações e fraquezas.

Jesus como Rei

É importante ressaltar que Jesus desenvolveu seu ministério independente das estruturas religiosas

como também, do centro do poder político. Jesus exerceu seu ministério junto às pessoas, nas ruas,

cidades, vilarejos, onde havia necessitados, pobres e oprimidos. Jesus pregava sobre um reino, o Reino

de Deus. Seu discurso, diferentemente do discurso farisaico fundamentado na lei de Moisés, era

baseado no amor ao próximo acima das regras e preceitos. Muitos dos ensinamentos de Jesus

confrontavam aspectos da Lei que os fariseus cumpriam cabalmente pensando estar agradando a Deus.

No entanto, os judeus aguardavam um rei e alguns viram em Jesus essa figura de libertador da nação e

de uma forma singela o honraram com tal (Lucas 19:37-38). Esse evento não passou despercebido pelos

líderes religiosos.

A esse respeito o Dr. Marcos Almeida comenta: “O tema do reino de Deus, ou dos céus, foi um dos mais

abordados por Jesus, porém, o seu foco era a justiça e a ética própria daqueles que compreendem como

deve se dar a vivencia da fé em Deus, que transcende as estruturas sociais, políticas e econômicas

humanas. O reino pregado por Jesus era algo associado a esfera celeste, portanto, o soberano era o

próprio Deus. Jesus, sendo considerado o Messias, ou o Filho de Deus, seria o príncipe herdeiro,

possuindo uma autoridade delegada. Dessa forma, o cumprimento do seu papel messiânico incluía o uso

de autoridade, a delegação dessa autoridade e o reconhecimento da mesma pelas pessoas (Mateus 9:6;

10:1; 21:23; Lucas 10:17-19; 11:20). Sua autoridade também estava na coerência com que falava, com

que representava as pessoas e se conduzia socialmente (Mateus 7:29; 8:8-9; 20:25-28). Mas em nada o

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reino de Deus pregado e vivido ministerialmente por Jesus se aproximava da figura do Messias associada

a expectativa popular.”27

Outros textos que afirmam que Jesus é Rei: Mateus 20:21; João 18:36-37; Lucas 23:42

Jesus como mestre

Observando os evangelhos, a vida de Jesus e seus ensinamentos, vemos que a função de mestre foi a

que mais marcou a sua identidade. A forma como os discípulos se referiam a Jesus (Rabi) indica essa

relação.

Vamos ver alguns textos: Mateus 9:11; Marcos 4:38; Lucas 5:5; Joao 4:31.

O Dr. Marcos Almeida descreve a relação dos discípulos com seu mestre: “O tipo de ensino característico

dos mestres daquele tempo incluía leitura, estudo, exposição, questionamento, mas também, em igual

proporção, a imitação de ações e atitudes. Essa escola ocorria na caminhada, ou seja, no desenrolar da

vida, e gradativamente o mestre transferia autonomia ou delegava funções aos discípulos para que

praticassem aquilo que haviam aprendido. Nas suas ações, na ausência do mestre, o objetivo último

deles seria o de se tornarem mestres de outros ou, em outras palavras, fazerem discípulos. A chamada

Grande Comissão carrega um pouco dessa ideia. (Mateus 10:5-15; 14:16; 17:16; Joao 20:21).”28

Além dessa relação com os discípulos Jesus priorizou o ensino enquanto estava com a multidão (Mateus

9:35). Em seu discurso Jesus ensinava um novo estilo de vida, que levava à reflexão e mudança de vida e

atitude (Mateus 5:1-2).

Os poucos relatos que encontramos nos evangelhos sobre Jesus no templo é ensinando. Encontramos

nos ensinamentos de Jesus uma forma prática de se viver e cumprir os mandamentos.

A obra de Cristo

“Cristo realizou muitas obras, porém a obra suprema que Ele consumou foi a de morrer pelos pecados do

mundo (Mateus 1:21; João 1:29). Incluídas nessa obra expiatória figuram a sua morte, ressurreição e

ascensão. Não somente devia ressuscitar por nós, mas também ascender para interceder por nós diante

de Deus (Rom 8:34).” 29

Sua morte

A doutrina central do Novo Testamento é sintetizada nesta frase: “Cristo morreu por nossos pecados”

(1ª Cor 15:3). A figura que representa esse evento é a cruz. “Quem compreende perfeitamente a cruz,

compreende a Cristo e a Bíblia”, ensinavam os reformadores.

Na cruz Jesus experimentou um sofrimento físico agonizante, com requintes de crueldade e horror,

entretanto, a expressão de maior sofrimento está no fato de, por causa dos pecados da humanidade

27 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – p. 64 28 ALMEIDA, Marcos Orison, TEOLOGIA SISTEMATICA II (CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA), 2016 – p.66

29 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 115

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que Jesus recebeu naquele momento, Deus virou a face e deixou de contemplar seu Filho. Jesus

experimentou o distanciamento de Deus causado pelo pecado para que nós pudéssemos nos aproximar

de Deus.

O Pr. Ariovaldo Ramos declarou: “a cruz de Cristo demonstra o horror a que Deus a si mesmo se

submeteu para que você e eu pudéssemos continuar existindo”. A Bíblia nos ensina que a cruz do

Calvário é conhecida desde antes da fundação do mundo. A crucificação de Cristo é uma dramatização

real de um ato generoso de Deus, que se manifestou na história.

Sua Ressurreição

A ressurreição de Cristo supera em importância todos os outros milagres que Ele realizou. Isso se deve

pela razão de que a ressurreição promoveu a fé cristã. O Apóstolo Paulo disse: “Se Cristo não ressuscitou

é vã a nossa fé, é inútil a nossa pregação”.

O grande significado da ressurreição é que a morte não pode reter Jesus. Essa é a essência da salvação:

a vitória sobre a morte. Jesus ofereceu a ressurreição como prova de sua divindade durante todo o seu

ministério (Mt 12:38-40; João 2:19-22). Além de Jesus apresentar a ressurreição como prova de sua

divindade, para os apóstolos suas aparições foram provas indiscutíveis (Atos 1:3). A continuidade física

(Jesus ressurreto) é constantemente pregada pelos apóstolos (Atos 2:23-24; Atos 13:29-30). O Novo

Testamento ensina que a crença na ressurreição corporal de Cristo é uma condição da salvação (Rm

10:9-10; 1ª Ts 4:14). É parte da essência do próprio evangelho (1ª Co 15:1-5).

Sobre a ressurreição Myer Pearlman escreve: “A ressurreição significa que Jesus é tudo quanto Ele

afirmou ser: Filho de Deus, Salvador e Senhor (Rm 1:4). A resposta do mundo em relação às

reivindicações de Jesus foi a cruz; a resposta de Deus, entretanto, foi a ressurreição.... A ressurreição é

realmente a consumação da morte expiatória de Cristo...A ressurreição significa que temos um sumo

sacerdoteno céu, que se compadece de nós, que viveu a nossa vida e conhece as nossas tristezas e

fraquezas; que é poderoso para dar-nos poder para diariamente vivermos a vida de Cristo.”30

Sua Ascenção

Encontramos o testemunho das Ascenção de Cristo nos evangelhos, nos livros de Atos e nas Epístolas. A

Ascenção comprova que Jesus Cristo é: Celestial (Atos 1:9; Ef 2:6), Soberano (Col 2:10), Exaltado (Mt

28:18; Ef 1:20-23), Cristo que prepara o caminho (Hb 6:19-20) , Intercessor (Rm 8:34; 1ª Jo 2:1),

Onipresente (Jo 14:12).

Sobre a Ascenção de Cristo Myer P. declara: “Jesus deixou o mundo porque havia chegado o tempo de

regressar ao Pai. Sua partida foi uma “subida”, assim como sua entrada ao mundo havia sido uma

“descida”. Ele que desceu agora subiu para onde estava antes. E assim como sua entrada ao mundo foi

sobrenatural, assim o foi sua saída”.31

30 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 116-117 31 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 117

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Aulá 03 – Doutriná do Espí rito Sánto32

A doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo lugar que ocupa nas Escrituras, está em primeiro lugar entre

as verdades redentoras. Com exceção das Epístolas 2 e 3 de João, todos os livros do Novo Testamento

contém referências à obra do Espírito; todos os Evangelhos começam com uma promessa do

derramamento do Espírito Santo. Não há Cristianismo vivo sem o Espírito Santo.

A natureza do Espírito Santo

Quem é o Espírito Santo? A resposta a esta pergunta encontrar-se-á no estudo dos nomes que lhe foram

dados, os símbolos que ilustram suas obras.

Os nomes do Espírito Santo

Espírito de Deus - Por intermédio do Espírito, Deus criou e preserva o universo. Por meio do Espírito —

"o dedo de Deus" (Luc. 11:20) — Deus opera na esfera espiritual, convertendo os pecadores,

santificando e sustentando os crentes.

Prova-se sua divindade pelos seguintes fatos: Atributos divinos lhe são aplicados; ele é eterno,

onipresente, onipotente e onisciente (Heb. 9:14; Sal. 139:7-10; Luc. 1:35; 1 Cor. 2:10,11). Obras divinas

lhe são atribuídas, como sejam: criação, regeneração e ressurreição (Gen. 1:2; Jo 33:4; João 3:5-8; Rom.

8:11). é classificado junto com o Pai e o Filho (1 Cor. 12:4-6; 2 Cor. 13:13; Mat. 28:19; Apoc. 1:4).

Muitas vezes descreve-se o Espírito duma maneira impessoal — como o Sopro que preenche, a Unção

que unge, e o Fogo que ilumina e aquece, a Água que é derramada e o Dom do qual todos participam.

Contudo, esses nomes são meramente descrições das suas operações. Descreve-se o Espírito duma

maneira que não deixa dúvida quanto à sua personalidade. Ele exerce os atributos de personalidade:

mente (Rom. 8:27); vontade (1 Cor. 12:11); sentimento (Efés 4:30). Atividades pessoais lhe são

atribuídas: Ele revela (2 Ped. 1:21); ensina (João 14:26); clama (Gál. 4:6); intercede (Rom. 8:26); fala

(Apo. 2:7); ordena (Atos 16:6,7); testifica (João 15:26). Ele pode ser entristecido (Efés. 4:30); contra ele

se pode mentir (Atos 5:3), e blasfemar (Mat. 12:31,32).

Sua personalidade é indicada pelo fato de que se manifestou em forma visível de pomba (Mat. 3:16) e

pelo fato de que ele se distingue dos seus dons (1 Cor. 12:11). Ele nunca chama a atenção para si

próprio, mas sempre para a vontade de Deus e para a obra salvadora de Cristo (João 16:13).

O Espírito Santo é uma personalidade distinta e separada de Deus? Sim; o Espírito procede de Deus, é

enviado de Deus, é dom de Deus aos homens. No entanto, o Espírito não é independente de Deus. Ele

sempre representa o único Deus operando nas esferas do pensamento, da vontade, da atividade. O fato

de o Espírito poder ser um com Deus e ao mesmo tempo ser distinto de Deus é parte do grande mistério

da Trindade.

32 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida.

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Espírito de Cristo, Espírito de Deus e Espírito Santo: (Rom. 8:9) Não há nenhuma distinção especial

entre as expressões Espírito de Deus, Espírito de Cristo, e Espírito Santo. Há somente um Espírito Santo,

da mesma maneira como há somente um Deus e um Filho. Porém, o Espírito Santo tem muitos nomes

que descrevem seus diversos ministérios e formas de agir.

Consolador:. "Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre"

(João 14:16). A palavra "Consolador" ("parácleto", no grego) significa alguém chamado para ficar ao lado

de outrem, com o propósito de ajudá-lo em qualquer eventualidade, especialmente em processos legais

e criminais.

Espírito Santo: Ele é chamado santo, porque é Santo e porque sua obra principal é a santificação. O

Espírito Santo veio para reorganizar a natureza do homem e para opor-se a todas as suas tendências

más.

Espírito da promessa: O Espírito Santo é chamado assim porque sua graça e seu poder são umas das

bênçãos principais prometidas no Antigo Testamento. (Ezeq. 36:7; Joel 2:28.) A prerrogativa mais

elevada de Cristo, ou o Messias, era a de conceder o Espírito, e esta prerrogativa Jesus a reivindicou

quando disse: "Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai" (Luc. 24:49; Gál. 3:14).

Espírito da verdade: O propósito da Encarnação foi revelar o Pai; a missão do Consolador é revelar o

Filho. Ele não oferece uma nova e diferente revelação, mas abre as mentes dos homens para verem o

mais profundo significado da vida e das palavras de Cristo. Como o Filho não falou de si mesmo, mas

falou o que recebeu do Pai, assim o Espírito não fala de si mesmo, como se fosse fonte independente de

conhecimento, mas declara o que ouviu daquela vida íntima da Divindade.

Espírito da graça: (Heb. 10:29; Zac. 12:10.) O Espírito Santo dá graça ao homem para que se arrependa,

quando peleja com ele; concede o poder para santificação, perseverança e serviço. Aquele que trata

com desdém ao Espírito da graça, afasta o único que pode tocar ou comover o coração, e assim se

separa a si mesmo da misericórdia de Deus.

Espírito da vida: (Rom. 8:2; Apoc. 11:11.) O Espírito é aquela Pessoa da divindade cujo oficio especial é a

criação e a preservação da vida natural e espiritual.

Espírito de adoção: (Rom. 8:15.) Quando a pessoa é salva, não somente lhe é dado o nome de filho de

Deus, e adotada na família divina, mas também recebe "dentro de sua alma o conhecimento de que

participa da natureza divina.

Símbolos do Espírito Santo

Deus achou por bem ilustrar com símbolos o que de outra maneira, devido à pobreza de linguagem

humana, nunca poderíamos saber. Os seguintes símbolos são empregados para descrever as operações

do Espírito Santo:

Fogo: (Isa. 4:4; Mat. 3:11; Luc. 3:16.) O fogo ilustra a limpeza, a purificação, a intrepidez ardente, e o

zelo produzido pela unção do Espírito. O Espírito é comparado ao fogo porque o fogo aquece, ilumina,

espalha-se e purifica. ( Jer. 20:9.)

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Vento: (Ezeq. 37:7-10; João 3:8; Atos 2:2) O vento simboliza a obra regeneradora do Espírito e é

indicativo da sua misteriosa operação independente, penetrante, vivificante e purificante.

Água: (Êxo. 17:6; Ezeq. 36:25-27; 47:1; João 3:5; 4:14; 7:38, 39) O Espírito é a fonte da água viva, a mais

pura, e a melhor, porque ele é um verdadeiro rio de vida inundando as nossas almas, e limpando a

poeira do pecado. A água é um elemento indispensável na vida física; o Espírito Santo é um elemento

indispensável na vida espiritual. Os cristãos têm a "água viva" na proporção em que estiverem em

contato com a fonte divina em Cristo.

Selo: (Efés. 1:13; 2 Tim. 2:19) Essa ilustração exprime os seguintes pensamentos: a. Possessão. A

impressão dum selo dá a entender uma relação com o dono do selo, e é um sinal seguro de algo que lhe

pertence. Os crentes são propriedade de Deus, e sabe-se que o são pelo Espírito que neles habita. (2

Tim. 2:19) A ideia de segurança também está incluída. (Ef 1:13 ; Apo. 7:13). O Espírito inspira um

sentimento de segurança e certeza no coração do crente. (Rom.8:16 – Efésios 4:30).

Azeite: O azeite é, talvez, o mais comum e mais conhecido símbolo do Espírito. Quando se usava o

azeite no ritual do Antigo Testamento, falava-se de utilidade, frutificação, beleza, vida e transformação.

Geralmente era usado como alimento, para iluminação, lubrificação, cura, e alivio da pele. Da mesma

maneira, na ordem espiritual, o Espírito fortalece, ilumina, liberta, cura e alivia a alma.

Pomba: A pomba, como símbolo, significa brandura, doçura, amabilidade, inocência, suavidade, paz,

pureza e paciência. Uma tradição judaica traduz Gên. 1:2 da seguinte maneira. "O Espírito de Deus como

pomba pousava sobre as águas." Cristo falou da pomba como a encarnação da simplicidade, uma das

belas características dos seus discípulos.

O Espírito no Antigo Testamento

O Espírito Santo é revelado no Antigo Testamento de três maneiras: primeira: como Espírito criador ou

cósmico, por cujo poder o universo e todos os seres foram criados; segunda: como o Espírito dinâmico

ou doador de poder; terceira: como Espírito regenerador, pelo qual a natureza humana é transformada.

Espírito Criador - O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade por cujo poder o universo foi criado.

Ele pairava por sobre a face das águas e participou da glória da criação. (Gên. 1:2; Jó 26:13; Sal. 33:6;

104:30). Ele é o princípio da ordem e da vida, o poder organizador da natureza criada. Todas as forças da

natureza são apenas evidências da presença e operação do Espírito de Deus. O Espírito Santo criou e

sustenta o homem. (Gên. 2:7; Jó 33:4). Toda pessoa, seja ou não servo de Deus, é sustentada pelo poder

criador do Espírito de Deus (Dan. 5:23; Atos 17:28).

Espírito dinâmico que produz - Ao estudar a história de Israel lemos que o Espírito Santo inspirou

certos homens para governar e guiar os membros do reino de Deus e para dirigir seu progresso na vida

de consagração. A operação dinâmica do Espírito criou duas classes de ministros: primeira, obreiros para

Deus — homens de ação, organizadores, executivos; segunda, locutores para Deus — profetas e

mestres.

Espírito Regenerador - Sua presença é registrada no Antigo Testamento, porém não é acentuada; seu

derramamento é descrito, principalmente como uma bênção futura, em conexão com a vinda do

Messias.

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O Espírito em Cristo

O Novo Testamento introduz a Dispensação do Espírito, cumprindo-se a promessa de que Deus

derramaria do seu Espírito sobre toda a carne, que poria seu Espírito no coração de seu povo.

Verificamos no Novo Testamento que o Espírito Santo é descrito como: operando sobre, dentro, e por

meio de Jesus Cristo.

Desde o princípio até ao fim de sua vida terrena, o Senhor Jesus esteve intimamente ligado ao Espírito

Santo. Tão íntima foi esta relação que Paulo descreve a Cristo como "um Espírito vivificante". O

significado não é que Jesus é o Espírito, e, sim, que ele dá o Espírito, e através do mesmo Espírito exerce

onipresença. Vejamos a atuação do Espírito na vida e ministério de Cristo:

Nascimento - O Espírito Santo é descrito como o agente na milagrosa concepção de Jesus (Mat. 1.20;

Luc. 1:35). Jesus esteve relacionado com o Espírito de Deus desde o primeiro momento da sua existência

humana. Um nascido de mulher, ao mesmo tempo que era homem e santo, era também o Filho de

Deus. Aquele que nenhum pecado cometera e que salva o seu povo dos seus pecados, necessariamente

teria que ser gerado pelo Espírito Santo.

Batismo – Assim como o Espírito desceu sobre Maria na concepção, assim também no batismo o

Espírito desceu sobre o Filho, ungindo-o como Profeta, Sacerdote e Rei. A primeira operação santificou

sua humanidade; a segunda, consagrou sua vida oficial. Assim como sua concepção foi o princípio da sua

existência humana, assim também seu batismo foi o princípio de seu ministério ativo.

Ministério - Logo foi levado pelo Espírito ao deserto (Mar. 1:12) para ser tentado por Satanás. Ele

exerceu seu ministério com o conhecimento íntimo de que o poder divino habitava nele. Sabia que o

Espírito do Senhor Deus estava sobre ele para cumprir o ministério predito acerca do Messias (Luc.

4:18).

Crucificação - O mesmo Espírito que o conduziu ao deserto e o sustentou ali, também lhe deu força para

consumar seu ministério sobre a cruz, onde, "pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a

Deus" (Heb. 9:14). Ele foi à cruz com a unção ainda sobre ele. O Espírito manteve diante dele as

exigências inflexíveis de Deus e o inflamou de amor para com o homem e zelo para com Deus, para

prosseguir, apesar dos impedimentos, da dor e das dificuldades, para efetuar a redenção do mundo.

Ressurreição - O Espírito Santo foi o agente vivificante na ressurreição de Cristo. (Rom. 1:4; 8:11).

Alguns dias depois desse evento, Cristo apareceu a seus discípulos, soprou sobre eles, e disse: "Recebei

o Espírito Santo" (João 20:22; Atos 1:2). Assim como a humanidade antiga recebeu o sopro do Senhor

Deus, assim também a nova humanidade recebeu o sopro do Senhor Jesus.

Ascensão - Depois da ascensão o Senhor Jesus exerceu a grande prerrogativa messiânica que lhe foi

concedida — enviar o Espírito sobre outros. (Atos 2:33; Apo. 5:6.)

O Espírito na Experiência Humana

1. Convicção: Em João 16:7-11 Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo. O

Espírito agirá como "promotor de Justiça", por assim dizer, trabalhando para conseguir uma condenação

divina contra os que rejeitam a Cristo. Convencer significa levar ao conhecimento verdades que de outra

maneira seriam postas em dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta. A mente e

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a alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem convencidas e despertadas

pelo Espírito Santo. Ele convencerá os homens das seguintes verdades:

O pecado de incredulidade: Descreve-se o pecado da incredulidade como o pecado único, porque, nas

palavras dum erudito, "onde esse permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse

desaparece todos os demais desaparecem". É o "pecado mater", porque produz novos pecados, e por

ser o pecado contra o remédio para o pecado. A consciência poderá convencer o homem dos pecados

comuns, mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido da enormidade

desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo."

A justiça de Cristo: Jesus Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de

Pentecoste, o derramamento do Espírito e a realização do milagre em seu nome convenceram a

milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas também era a fonte única e o caminho da

justiça. Usando Pedro, o Espírito os convenceu de que haviam crucificado o Senhor da Justiça (Atos 2:36,

37), mas também ele lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome (Atos 2:38).

O juízo sobre Satanás: A cruz foi uma demonstração da verdade de que o poder de Satanás sobre a vida

dos homens foi destruído, e de que sua completa ruína foi decretada. (Heb. 2:14,15; l João 3:8; Col.

2:15; Rom. 16:20). Pela sua morte, Cristo resgatou todos os homens do domínio de Satanás, devendo

estes aceitar sua libertação. Os homens são convencidos pelo Espírito Santo de que na verdade são

livres (João 8:36). Satanás alegou que lhe cabia o direito de possuir os homens que pecaram, e que o

justo Juiz devia deixá-los sujeitos a ele. O Mediador, por outra parte, apelou para o fato de que ele, o

Mediador, havia levado o castigo do homem, tomando assim o seu lugar, e que, portanto, a justiça, bem

como a misericórdia, exigiam que o direito de conquista fosse anulado e que o mundo fosse dado a ele,

o Cristo, que era o seu segundo Adão e Senhor de todas as coisas. (Luc. 11:21, 22.)

2. Regeneração: O homem está rodeado pelo mundo espiritual e rodeado por Deus que não está

longe de nenhum de nós. (Atos 17:27). No entanto, o homem vive e opera como se esse mundo de Deus

não existisse, em razão de estar morto espiritualmente, não podendo reagir como devia. Mas quando o

mesmo Senhor que vivificou o corpo vivifica a alma, a pessoa desperta para o mundo espiritual e

começa a viver a vida espiritual. Qualquer pessoa que tenha presenciado as reações dum verdadeiro

convertido, conforme a experiência radical conhecida como novo nascimento, sabe que a regeneração

não é meramente uma doutrina, mas uma realidade prática.

3. Habitação. João 14:17; Rom. 8:9; 1Cor. 6:19; 2Tim. 1:14: 1João 2:27; Col. 1:27; 1João 3:24; Apo.

3:20. Deus está sempre e necessariamente presente em toda parte; nele vivem todos os homens; nele

se movem e têm seu ser. Mas a habitação interior significa que Deus está presente duma maneira nova,

mantendo uma relação pessoal com o indivíduo. Esta união com Deus, que é chamada habitação,

morada. Considerando que o ministério especial do Espírito Santo é o de habitar no coração dos

homens, a experiência é geralmente conhecida como morada do Espírito Santo.

4. Recebimento dos dons: Deus é soberano na questão de outorgar os dons; é ele quem decide

quanto à classe de dom a ser outorgado. Ele pode conceder um dom sem nenhuma intervenção

humana, e mesmo sem a pessoa o pedir. Mas geralmente Deus age em cooperação com o homem, e há

alguma coisa que o homem pode fazer nesse caso. Que se requer daqueles que desejam os dons?

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Submissão à vontade divina: A atitude deve ser, não o que eu quero, mas o que ele quer. Às vezes

queremos um dom extraordinário, e Deus pode decidir por outra coisa.

Ambição santa: "Procurai com zelo os melhores dons" (1Cor. 12:31; 14:1). Muitas vezes a ambição tem

conduzido as pessoas à ruína e ao prejuízo, mas isso não é razão de não a consagrarmos ao serviço de

Deus.

Desejo ardente pelos dons: naturalmente resultará em oração, e sempre em submissão a Deus. (1Reis

3:5-10; 2 Reis 2:9, 10).

Fé: Posto que os dons espirituais são instrumentos para a edificação da igreja, parece mais razoável

começar a trabalhar para Deus e confiar nele a fim de que conceda o dom necessário para a tarefa

particular. Uma boa maneira de receber os dons espirituais é estar "na obra" de Deus, em vez de estar

sentado, de braços cruzados, esperando que o dom caia do céu. Se envolver e servir, mesmo que ainda

não tenha recebido ou identificado o dom, crendo que Deus o fará, a Seu tempo.

Aquiescência: O fogo da inspiração pode ser extinguido pela negligência; daí a necessidade de despertar

(literalmente "acender") o dom que está em nos (2Tim. 1:6; 1 Tim. 4:14).

5. Glorificação: Estará o Espírito Santo com o crente no céu? Ou o Espírito o deixará após a morte?

A resposta é que o Espírito Santo no crente é como uma fonte de água que salta para a vida eterna (João

4:14). A habitação do Espírito representa apenas o princípio da vida eterna, que será consumada na vida

vindoura. "A nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a Fé", escreveu

Paulo, cujas palavras significam que experimentamos unicamente o princípio duma salvação que será

consumada na vida vindoura. O Espírito Santo representa o começo ou a primeira parte dessa salvação

completa.

6. Pecados contra o Espírito Santo: De modo geral, os crentes podem entristecer, mentir à

Pessoa do Espírito, e extinguir seu poder. (Ef 4:30; Atos 5: 3, 4; 1Tess. 5:19). Os incrédulos podem

blasfemar contra a Pessoa do Espírito e resistir ao seu poder. (Atos 7:51; Mat. 12:31,32). Em cada caso o

contexto explicará a natureza do pecado. William Evans assinala que: "resistir tem a ver com a obra

regeneradora do Espírito; o entristecer tem a ver com a habitação interna do Espírito Santo, enquanto o

extinguir tem a ver com o derramamento para servir."

7. Revestimento de poder: Esta última fase da obra do Espírito é apresentada na promessa de

Cristo: "Mas recebereis a virtude do Espírito, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas" (Atos

1:8). A característica principal dessa promessa é poder para servir e não a regeneração para a vida

eterna. Sempre que lemos acerca do Espírito vindo sobre, repousando sobre, ou enchendo as pessoas, a

referência nunca é à obra salvadora do Espírito, mas sempre ao poder para servir. Acompanhando o

cumprimento dessa promessa (Atos 1:8) houve manifestações sobrenaturais (Atos 2:1-4), das quais, a

mais importante e comum foi o milagre de falar em outros idiomas. Esse revestimento é descrito como

um batismo (Atos 1:5). Quando a palavra "batismo" é aplicada à experiência espiritual, é usada

figurativamente para descrever a imersão no poder vitalizante do Espírito Divino. Essa comunicação de

poder é descrita como ser cheio do Espírito. Aqueles que foram batizados com o Espírito Santo no dia de

Pentecoste também foram cheios do Espírito. Os fatos acima expostos nos levam à conclusão de que o

crente pode experimentar um revestimento de poder, experiência suplementar e subsequente à

conversão cuja manifestação inicial se evidencia pelo milagre de falar em língua por ele nunca

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aprendida. De fato, o Novo Testamento ensina que a pessoa não pode ser cristã sem ter o Espírito, isto

é, ser habitação do Espírito. "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rom. 8:9).

Os Dons do Espírito Santo

1. Natureza geral dos dons: Os dons do Espírito devem distinguir-se do dom do Espírito. Os

primeiros descrevem as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios especiais; o

segundo refere-se à concessão do Espírito aos crentes conforme é ministrado por Cristo glorificado.

(Atos 2:33). Paulo fala dos dons do Espírito ("espirituais", no original grego) como "a manifestação do

Espírito", que é dado aos homens para proveito de todos. Qual é o propósito principal dos dons do

Espírito Santo? São capacidades espirituais concedidas com o propósito de edificar a igreja de Deus, por

meio da instrução dos crentes e para ganhar novos convertidos (Efés 4: 7-13). Em 1Cor. 12:8-10, Paulo

enumera nove desses dons, que podem ser classificados da seguinte maneira:

Aqueles que concedem poder para saber sobrenaturalmente: a palavra de sabedoria, a palavra de

ciência, e de discernimento.

Aqueles que concedem poder para agir sobrenaturalmente: fé, milagres, curas.

Aqueles que concedem poder para orar sobrenaturalmente: profecia, línguas, interpretação. Esses

dons são descritos como "a manifestação do Espírito", "dada a cada um, para o que for útil" (isto é, para

o benefício da igreja). Aqui temos a definição bíblica duma "manifestação" do Espírito, a saber, a

operação de qualquer um dos nove dons do Espírito.

2. Variedade de Dons:

A palavra de sabedoria: Sabedoria que no original grego é SOPHIA; e que segundo o dicionário STRONG

têm os seguintes significados: conhecimento variado de coisas humanas e divinas; o ato de interpretar

sonhos e de sempre dar os conselhos mais sábios; ainda habilidade e discrição em transmitir a verdade

cristã. Jesus certamente é o melhor exemplo de alguém cheio de sabedoria; a maneira pela qual

discorria sobre assuntos complexos e profundos com enorme simplicidade causava espanto em todos os

que o ouviam. Suas respostas aos questionamentos dos fariseus, seus discursos aos discípulos e ao povo

em geral traziam consolo, direção e esperança. Veja Mateus 13:54: “Donde lhe vêm esta sabedoria e

estes poderes miraculosos? “ Quando este dom está presente na vida de alguém fica evidente uma ação

sobrenatural, não estamos falando de conhecimento adquirido nos livros ou nos bancos escolares,

estamos falando de revelação e entendimento espirituais. É uma habilidade ou capacidade sobrenatural

de expressar conhecimento de diversas maneiras. (Atos 15:13-21)

A palavra de ciência: (conhecimento) Conhecimento que no original grego é GNOSIS; e que segundo o

dicionário STRONG têm os seguintes significados: inteligência, entendimento, conhecimento geral da

religião, conhecimento mais profundo, mais perfeito e mais amplo desta religião. (Salmo 119:18; Atos

1:15-23; Atos 15:13-21). Qual a diferença entre sabedoria e ciência (conhecimento)? Segundo um

erudito, ciência é o conhecimento profundo ou a compreensão das coisas divinas, e sabedoria é o

conhecimento prático ou habilidade que ordena ou regula a vida de acordo com seus princípios

fundamentais.

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O dicionário de Thayer declara que onde “ciência” e “sabedoria” se usam juntas, a primeira parece ser o

conhecimento considerado em si mesmo; a outra, o conhecimento manifestado em ação.33Vejamos

algumas passagens onde encontramos essa palavra GNOSIS para que nossa compreensão sobre esse

dom fique um pouco mais clara:

Lucas 1:76-77: “E você, menino, será chamado profeta do Altíssimo, pois irá adiante do Senhor, para lhe

preparar o caminho, para dar ao seu povo o GNOSIS da salvação, mediante o perdão dos seus pecados,

por causa das ternas misericórdias de nosso Deus, pelas quais do alto nos visitará o sol nascente, para

brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte, e guiar nossos pés no caminho

da paz.”

Lucas 11:52: “Ai de vocês, peritos na lei, porque se apoderaram da chave do GNOSIS. Vocês mesmos não

entraram e impediram os que estavam prestes a entrar”.

II Coríntios 10:5: “Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o GNOSIS de Deus, e

levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”.

2ª Coríntios 11:6: “Eu posso não ser um orador eloquente; contudo tenho GNOSIS. De fato, já

manifestamos isso a vocês em todo tipo de situação”.

Esse dom é fundamental para que a igreja mantenha-se firme no caminho da paz e da verdade. A falta

de conhecimento pode nos fazer desviar dos propósitos de Deus e precisamos orar para que o Senhor

continue derramando sobre a igreja a palavra de conhecimento. Falando a alguns saduceus que o

questionavam sobre a realidade da ressurreição Jesus disse: “Vocês estão enganados porque não

conhecem as Escrituras nem o poder de Deus! “ Dick Iverson em seu livro “O Espírito Santo Hoje” nos

apresenta outros aspectos sobre esse tipo de manifestação (dom) espiritual, ele diz: “A palavra de

conhecimento” é a revelação sobrenatural ao homem de algum detalhe do conhecimento de Deus. É a

comunicação de fatos e de informação que são humanamente impossíveis de serem conhecidos. Ela não

é o conhecimento que vem através da habilidade natural, observação, estudo, educação ou experiência.

É o conhecimento que ultrapassa os sentidos do homem.”34

Através desse dom Deus revela coisas que são necessárias para o incremento de Sua vontade e

propósitos dentre qualquer povo. Ele, normalmente, revela estas coisas a pessoas essenciais ou àqueles

que estejam em posições de responsabilidade ou que estejam em amor cuidando dos outros. Ele o faz,

não somente para informar, mas para trazer as mudanças necessárias e retificações requeridas.

Dick Iverson apresenta algumas passagens na vida de Jesus e de outros personagens bíblicos que seriam

manifestações da palavra de conhecimento: Jesus- João 11:11-14; João 4:17-18; João 13:38; João 6:61;

Lucas 5:22. Pedro - Mateus 16:16-17; Atos 5:1-11. Paulo- Atos 20:29-31; Atos 27:23-24; Atos 18:9-10.

Fé: Weymouth traduz: "fé especial". Esta deve distinguir-se da fé salvadora e da confiança em Deus,

sem a qual é impossível agradar-lhe (Heb. 11:6). Que é o dom de fé? Donald Gee descreve-o da seguinte

maneira:... uma qualidade de fé, às vezes chamada por nossos teólogos antigos, a "fé iraculosa",parece

vir sobre alguns dos servos de Deus em tempos de crise e oportunidades especiais duma maneira tão

poderosa, que são elevados fora do reino da fé natural e comum em Deus, de forma que tem uma

33 Pearlman, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, Editora Vida, pg 203 34 IVERSON, Dick. “O Espírito Santo Hoje”, pg 71 4 Ibidem, pg 72

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certeza posta em suas almas que os faz triunfar sobre tudo... possivelmente essa mesma qualidade de fé

é o pensamento de nosso Senhor quando disse em Marcos 11:22: "Tende a fé de Deus" (Figueiredo).

Vide exemplos da operação do dom em 1Reis 18:33-35; Atos 3:4.

Dons de curar: Dizer que uma pessoa tenha os dons (note-se o plural, talvez referindo-se a uma

variedade de curas) significa que são usados por Deus duma maneira sobrenatural para dar saúde aos

enfermos por meio da oração. (Atos 8:6,7; 28:8-10). Não se deve entender que quem possui esse dom

(ou a pessoa possuída por esse dom) tenha o poder de curar a todos; deve dar-se lugar à soberania de

Deus e a atitude e condição espiritual do enfermo.

Operação de milagres: literalmente "obras de poder". A chave é Poder. (João 14:12; Atos 1:8). Os

milagres "especiais" em Éfeso são uma ilustração da operação do dom. (Atos 19:11, 12; 5:12-15).

Profecia: A profecia, geralmente falando, é expressão vocal inspirada pelo Espírito de Deus. A profecia

bíblica pode ser mediante revelação, na qual o profeta proclama uma mensagem previamente recebida

por meio dum sonho, uma visão ou pela Palavra do Senhor. Pode ser também extática, uma expressão

de inspiração do momento. Há muitos exemplos bíblicos de ambas as formas. A profecia extática e

inspirada pode tomar a forma de exaltação e adoração a Cristo, admoestação exortativa, ou de conforto

e encorajamento inspirando os crentes. — J. R. F. (Vide Atos 15:32; 21:9; 1Cor. 14:29). O propósito do

dom de profecia do Novo Testamento é declarado em 1Cor. 14:3 — o profeta edifica, exorta e consola

os crentes. Os crentes são instruídos a provar ou julgar as mensagens proféticas. ( 1Cor. 14:29). Por que

julgá-las ou prová-las? Uma razão é a possibilidade de o espírito humano (Jer. 23:16; Ezeq. 13:2, 3)

confundir sua mensagem com a divina, 1Tess. 5:19-20 trata da operação do dom de profecia.

Discernimento de espíritos: Vimos que pode haver uma inspiração falsa, a obra de espíritos

enganadores ou do espírito humano. Como se pode perceber a diferença? Pelo dom de discernimento

que dá capacidade ao possuidor para determinar se o profeta está falando ou não pelo Espírito de Deus.

Esse dom capacita o possuidor para "enxergar" todas as aparências exteriores e conhecer a verdadeira

natureza duma inspiração. A operação do dom de discernimento pode ser examinada por duas outras

provas: a doutrinária (1João 4:1-6) e a prática (Mat. 7:15-23).

Línguas: "Variedade de línguas." "O dom de línguas é o poder de falar sobrenaturalmente em uma

língua nunca aprendida por quem fala, sendo essa língua feita inteligível aos ouvintes por meio do dom

igualmente sobrenatural de interpretação." Parece haver duas classes de mensagens em línguas:

primeira, louvor em êxtase dirigido a Deus somente (1Cor. 14:2); segunda, uma mensagem definida para

a igreja (1Cor. 14:5). Distingue-se entre as línguas como sinal e línguas como dom. A primeira é para

todos (Atos 2:4); a outra não é para todos (1Cor. 12:30).

Interpretação de línguas: Assim escreve Donald Gee: O propósito do dom de interpretação é tornar

inteligíveis as expressões do êxtase inspiradas pelo Espírito que se pronunciaram em uma língua

desconhecida da grande maioria presente, repetindo-se claramente na língua comum, do povo

congregado. É uma operação puramente espiritual. O mesmo Espírito que inspirou o falar em outras

línguas, pelo qual as palavras pronunciadas procedem do espírito e não do intelecto, pode inspirar

também a sua interpretação. A interpretação é, portanto, inspirada, extática e espontânea. Assim como

o falar em língua não é concebido na mente, da mesma maneira, a interpretação emana do espírito

antes que do intelecto do homem. Nota-se que as línguas em conjunto com a interpretação tomam o

mesmo valor de profecia. ( 1Cor. 14:5).

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O Espírito na Igreja

O advento do Espírito: O que ocorreu no Pentecoste. O Salvador existia antes de sua encarnação e

continuou a existir depois de sua ascensão; mas durante o período intermediário exerceu o que

poderíamos chamar sua missão "temporal", e para cumpri-la veio ao mundo e, havendo-a efetuado,

voltou para o Pai. Da mesma maneira o Espírito veio ao mundo em um tempo determinado, para uma

missão definida, e partirá quando sua missão tiver sido cumprida. Ele veio ao mundo não somente com

um propósito determinado, mas também por um tempo determinado. O ministério do Espírito

continuará até que Jesus venha.

O ministério do Espírito Santo: O Espírito Santo é o representante de Cristo; a ele está entregue toda a

administração da igreja até a volta de Jesus. Cristo sentou-se no céu onde Deus "sobre todas as coisas o

constituiu como cabeça da igreja", e o Espírito desceu para começar a obra de edificar o corpo de Cristo.

O propósito final do Consolador é o aperfeiçoamento do corpo de Cristo. A crença na direção do Espírito

estava profundamente arraigada na igreja primitiva. Não havia nenhum aspecto da vida em que não se

reconhecesse seu direito de dirigir, ou em que não se sentisse o efeito de sua direção. A igreja entregou

inteiramente sua vida à direção do Espírito; ela começou a rejeitar as formas fixas de adoração, até que

no fim do século, a influência do Espírito começou a declinar e as práticas eclesiásticas ocuparam o lugar

da direção do Espírito.

A ascensão do Espírito: Assim como Cristo, depois de concluir sua missão, o Espírito voltará ao céu num

corpo que ele criou para si mesmo, esse "novo homem" (Efés. 2: 15), que é a igreja, o seu corpo. A obra

distintiva do Espírito é "tomar deles um povo para o seu nome" (de Cristo) (Atos 15:14), e quando isso

for realizado e houver "entrado a plenitude dos gentios" (Rom. 11:25), terá lugar o arrebatamento da

igreja que, nas palavras do pastor A. J. Gordon, é "o Cristo terreno (1Cor. 12:12,27) levantando-se para

encontrar o Cristo celestial".

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Aulá 04 – Escriturás

A necessidade das escrituras

2ª Timóteo 2:15: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se

envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade.”

Cremos que o conhecimento doutrinário sobre as verdades fundamentais da Bíblia fortalecem a nossa

fé, e nos capacitam a testemunhar sobre nossa fé de forma clara e consistente. Pedro diz em sua carta

(1ª Pedro 3:15), “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados

para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.”. Muitas vezes

se ouve esta expressão: “Não importa o que a pessoa crê uma vez que faça o bem.” Essa opinião

dispensa a doutrina (que é ensino ou instrução) por julgá-la de nenhuma importância em relação à vida.

Mas todas as pessoas tem uma teologia, queiram ou não reconhecê- lo; os atos do homem são fruto de

sua crença. 35 As crenças firmes produzem caráter firme; crenças bem definidas produzem também

convicções bem definidas. O homem não precisa expor a sua espinha dorsal, no entanto deve possuí- la

para estar bem aprumado. Da mesma forma, o cristão precisa de uma definição doutrinária para não ser

um cristão volúvel e até corcundo!.36

Nosso propósito é apresentar ao longo de nossa escola de crescimento algumas verdades que

consideramos fundamentais que encontramos nas Escrituras Sagradas e que possam fortalecer nossa fé

e nossas convicções. Encontramos em Mateus 24:35 uma afirmação poderosa: “Os céus e a terra

passarão, mas as minhas palavras jamais passarão”. Um texto ainda mais antigo das Escrituras afirma:

“Seca-se a erva, e caem as flores, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Isaías 40:8)

Imagine uma sociedade sem acesso as escrituras, uma sociedade que desconhecesse sobre um Deus

criador e sustentador de todas as coisas, uma sociedade sem o conhecimento da origem da raça

humana, sem a história da criação, sem conhecer a poderosa história da intervenção divina em favor de

Israel no Egito, sem conhecer a fé inspiradora dos antigos servos de Deus, sem conhecer a história do

filho de Deus que vai até a cruz em favor dos perdidos, sem conhecer o amor de Deus por sua criação. O

que teríamos? Um mundo sem luz, um mundo sem fé, um mundo sem esperança. Um mundo escuro e

sombrio.

Por muitos anos na história da humanidade este livro esteve longe das mãos do povo de Deus, foram

épocas escuras. Uma afirmação poderosa que ouvimos do próprio Senhor Jesus é a seguinte: “e

conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:32). Paulo diz ao seu discípulo Timóteo: “Porque

desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação

mediante a fé em Cristo Jesus.” (2ª Timóteo 3:15)

35 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 13 36 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 13

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Uma revelação que vem do céu

As escrituras revelam o propósito de Deus para a humanidade, elas nos mostram um Deus sábio que

compartilhou com sua criação (seus filhos) sua imagem e semelhança. E o Deus das escrituras nos

convoca para participarmos de sua obra, não somos meros espectadores, mas coadjuvantes em seu

projeto.

Como sabemos disso? Porque encontramos essa revelação na Bíblia Sagrada. Os sábios são capazes de

levantar escadas de pensamentos no esforço de alcançarem as verdades celestiais, mas a escada mais

elevada ainda estaria muito aquém da necessidade. O mundo pela sabedoria (filosofia) não conheceu a

Deus. As verdades que informam o homem como passar da terra para o céu devem ser enviadas do céu

à terra. Em outras palavras, o homem precisa de uma revelação.37

Vejamos o que diz Pedro em 2ª Pedro 1:20-21: “sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da

Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade

humana; entretanto, homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. Outra

passagem importante encontramos em 2ª Timóteo 3:16: “Toda a escritura é inspirada por Deus e útil

para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de

Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.”.

A inspiração não significa ditado, no sentido de que os escritores fossem passivos, sem que tomassem

parte as suas faculdades no registro da mensagem, embora sejam algumas porções das Escrituras

ditadas, como por exemplo: os Dez Mandamentos e a Oração Dominical. A própria palavra inspiração

exclui o sentido de ação meramente mecânica, e a ação mecânica exclui qualquer sentido de inspiração.

Deus não falou pelos homens como quem fala por um alto-falante. Antes seu Divino Espírito usou as

faculdades mentais, produzindo desta maneira uma mensagem perfeitamente divina, e que, ao mesmo

tempo, conservasse os traços da personalidade do autor.

Embora seja a Palavra do Senhor, é ao mesmo tempo, em certo sentido, a palavra de Moisés, ou de

Paulo. “Deus nada fez a não ser pelo homem; o homem nada fez, a não ser por Deus. É Deus quem fala

no homem, é Deus quem fala pelo homem, é Deus quem fala como homem, é Deus quem fala a favor do

homem.”38

O mesmo Espírito que inspirou os escritores sagrados é o mesmo Espírito que ilumina o nosso

entendimento para que possamos compreender a vontade de Deus, em Mateus 16:17, temos uma

situação em que Pedro recebe uma revelação sobre Jesus, seu entendimento foi iluminado e ele pode

declarar sobre Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo; e Jesus respondeu: Feliz é você, Simão, filho de

Jonas! Por que isto não lhe foi revelado, por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus.” Tal

esclarecimento é prometido aos crentes e tem sido experimentado por eles. Mas este esclarecimento

não é o mesmo que inspiração. Sabemos, segundo está escrito em 1ª Pedro 1:10- 12, que às vezes os

profetas recebiam verdades por inspiração e lhes era negado esclarecimento necessário a sua

compreensão dessas mesmas verdades. O Espírito Santo inspirou-lhes as palavras mas não achou por

bem conceder-lhes a compreensão do seu significado.

37 Ibidem, pg 19 38 Ibidem, pg 22-23

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Descreve-se Caifás como sendo o veículo duma mensagem inspirada (se bem que o foi

inconscientemente), apesar de não estar ele pensando em Deus. Nesse momento ele foi inspirado mas

não esclarecido. (João 11:49-52) Veja essa afirmação de Jesus em Mateus 11:25-27: “Eu te louvo, Pai,

Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos

pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai.

Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o

Filho o quiser revelar.”

Um Deus que deseja revelar-se

Sendo Deus Justo e Amoroso a raça humana teve que enfrentar as consequências de sua rejeição ao

reino amoroso do Pai; a desobediência do casal original (Adão e Eva), que iludidos pela promessa da

serpente de serem como “deuses”, nos precipitaram em um mundo de trevas e desencanto. Porém, o

que vemos desde os primórdios é um Pai sinalizando o projeto de resgate de seus filhos no tempo

oportuno.

Paulo deixa claro em Romanos o desejo de Deus em revelar-se aos seus filhos, ele diz em Romanos 1:20:

“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina,

têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens

são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam

graças, mas os seus pensamentos se tornaram fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se”.

O registro escrito que abre caminho para a salvação

O evangelista João nos traz um entendimento importante sobre a razão do registro escrito do plano

divino, e de como as Escrituras são fundamentais para a nossa salvação, ele diz em João 20:30-31: “Jesus

realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que não estão registrados

neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e,

crendo, tenham vida em seu nome”.

A memória e a tradição não merecem confiança. Portanto, Deus agiu com a máxima sabedoria e

também dum modo normal dando ao homem a sua revelação em forma de livro. De nenhuma outra

maneira, pelo que podemos ver, podia ter ele entregue aos homens um ideal infalível que estivesse

acessível a todos os homens e que continuasse intacto através dos séculos e do qual todos os povos

pudessem obter a mesma norma de fé e prática.

É razoável concluir que Deus inspirasse os seus servos a arquivarem essas verdades, verdades que não

poderiam ser descortinadas pela razão humana. E, finalmente, é razoável crer que Deus tivesse

preservado, por sua providência, os manuscritos das escrituras bíblicas e que tivesse influenciado a sua

igreja a incluir no cânon sagrado somente os livros que fossem divinamente inspirados.39

O cânon bíblico, portanto, "é a lista de livros inspirados que formam a Bíblia, os quais dão testemunho

autorizado da revelação de Deus, servindo como norma de procedimento cristão, e como critério ou

régua, através dos quais se mede e julga correto e justo um pensamento ou doutrina.”.40

39 Ibidem, pg 20 40 Dicionário de Teologia Fundamental, págs. 122 e 123. Editora Vozes e Santuário, edição 1994

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Os livros inspirados, como expressão da Palavra de Deus, que formam o cânon bíblico original, como

regra de fé e doutrina, são 39 da Escritura hebraica do Antigo Testamento, e 27 do Novo Testamento,

totalizando os 66 livros canônicos, que como verdades infalíveis e eternas, possuem autoridade final.

A palavra “CÂNON” – Essa palavra é uma forma latina da palavra kanon que, no grego, significa cana,

tratava-se de uma planta usada de várias maneiras para medir e pautar. O vocábulo “kanon”, por

extensão, passou a significar regra ou padrão.41

Um breve resumo de como chegou-se aos livros considerados sagrados:

1. Durante o tempo dos apóstolos, algumas das epístolas de Paulo e um ou mais evangelhos já eram

aceitos como Escritura.

2. Já no começo do século II D.C., de modo geral, ainda não universal, treze epístolas de Paulo eram

recebidas como Escrituras, como também os quatro evangelhos, as epístolas de I João e I Pedro, e

também o livro de Apocalipse – totalizando vinte livros ou mais. Irineu aceitava vinte e dois livros (185).

Alguns livros não aceitos hoje em dia foram aceitos por certos elementos dos primeiros séculos,

especialmente a epístola de Barnabé, as epístolas de Clemente e o Pastor de Hermas.

3. Durante o século III D.C., eram aceitos quase universalmente todos os vinte e sete livros do N.T., com

exceção da epístola de Tiago. Contudo, alguns aceitavam essa epístola também. Orígenes foi o primeiro

dos pais da igreja a aceitar a epístola de Tiago (254), mas também aceitava a epístola de Barnabé e o

Pastor de Hermas, pelo que seu N.T constava de vinte e nove livros.

4. No século IV D.C., chegou-se à fixação quase universal do cânon do N.T., tal como existe hoje em dia.

5. Os concílios, tanto os antigos como os da Idade Média, em geral aprovaram o cânon de vinte e sete

livros, tal como os conhecemos na atualidade.

6. Indivíduos da antiguidade, da Igreja Média e dos tempos modernos retiveram ou retêm diversas

opiniões, especialmente com relação aos livros discutidos: Tiago, II Pedro, II e III João, Hebreus, Judas e

Apocalipse – ao todo sete livros. O Concílio de Cartago, em 397 D.C., ratificou formalmente os vinte e

sete livros do N.T, conforme encontramos em nossa Bíblia Atual.42

A verificação das escrituras

O livro dos livros segue resistindo à prova do tempo, milhares de anos se passaram desde que os

primeiros testemunhos fossem registrados e ainda hoje suas palavras impressionam e conquistam

corações.

As Escrituras se dizem inspiradas; um exame delas revelará o fato de que seu caráter sustenta essa

posição. Notemos:

(1) Sua exatidão. Nota-se a ausência total dos absurdos que se encontram em outros livros “sagrados”.

41 Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo, Russell Champlin, pg 158 42 Ibidem, 160

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(2) Sua unidade. Contendo 66 livros, escritos por uns quarenta diferentes autores, num período de mais

ou menos mil e seiscentos anos, abrangendo uma variedade de tópicos, ela, no entanto, demonstra uma

unidade de tema e propósito que só se explica como tendo ela uma mente diretriz.

(3) Quantos livros suportam serem lidos mesmo duas vezes? Mas a Bíblia pode ser lida centenas de

vezes sem se poder sondar suas profundezas ou sem que se perca o interesse do leitor.

(4) A sua assombrosa circulação, estando já traduzida em milhares de idiomas e dialetos, e lida em todos

os países do mundo.

(5) O tempo não a afeta. É um dos livros mais antigos do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. A

alma humana nunca a pode dispensar. O pão é um dos alimentos mais antigos, e ao mesmo tempo o

mais moderno. Enquanto os homens tiverem fome, desejarão o pão para o corpo; e enquanto anelarem

por Deus e as coisas eternas, desejarão a Bíblia.

(6) Sua admirável preservação em face de perseguição e a oposição da ciência. “Os martelos se gastam

mas a bigorna permanece”.43

43 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 25-26

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Aulá 05 – O Homêm

1 - A origem do homem

Segundo as Escrituras o homem foi criado por Deus, somos resultado da vontade divina. Vejamos o

relato bíblico em Gênesis 1:26-27 (NVI): “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,

conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os

grandes animais da terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão. Criou Deus o

homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.

O relato é expandido em Gênesis 2:7(ARA): “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe

soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”.

E a narrativa continua em 2:21 (ARA):” Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este

adormeceu; tomou uma de suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus

tomara ao homem transformou-a numa mulher e lha trouxe”.

Encontramos nos comentários da Bíblia de Estudo NVI algumas considerações importantes sobre o

versículo 7:

Formou: O original hebraico desse verbo era em geral usado em referência à obra do oleiro (Isa 45:9; Jr

18:6).

Fôlego de vida: homens e animais têm igualmente em si o fôlego de vida (v. 1:30; Jó 33:4). O homem se

tornou um ser vivente (ALMA VIVENTE - ARA) As palavras de 2:7, portanto, fazem supor que as pessoas,

pelo menos fisicamente, têm afinidade com os animais. A grande diferença é que o homem é feito “à

imagem de Deus” (1:27) e tem um relacionamento absolutamente incomparável tanto com Deus, na

qualidade de servo deste, quanto com as outras criaturas, na condição de mordomo delas divinamente

nomeado. (Sl 8:5-8)

A palavra ALMA no original é nephesh podendo significar alma, ser, vida, criatura, pessoa, apetite,

mente, ser vivo, desejo, emoção, paixão, aquele que respira, e finalmente ser interior do homem,

segundo o dicionário STRONG. Os evolucionistas procuram unir o homem ao irracional, mas Jesus Cristo

veio ao mundo para unir o homem a Deus. Ele tomou sobre si a nossa natureza para poder glorificá-la

no seu destino celestial. “Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de

Deus, aos que crêem no seu nome” (João 1:12).

Aqueles que participam de sua vida Divina chegam a ser membros de uma nova e mais elevada raça –

sim, filhos de Deus! Porém, essa nova raça surgiu (o “homem novo” Ef 2:15), não porque a natureza

humana evoluísse até à Divina, mas porque a Divina penetrou na natureza humana. E àqueles que são

“participantes da natureza divina” (2 Pe 1:4) João, o Apóstolo, diz: “Amados, agora somos filhos de

Deus”. (1 João 3:2).44

44 Pearlman, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, pg 71

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2 - A natureza do homem

Em Gênesis 2:7(ARA) está escrito: “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou

nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Ao lermos essa passagem

observamos duas (2) substâncias, a substância material, feita do pó da terra (corpo), e a substância

imaterial, chamada alma.

O fôlego de vida soprado por Deus sobre a substância material gerou a alma vivente. A alma é a vida do

corpo e quando a alma se retira o corpo morre. Mas, segundo 1 Tess 5:23 e Heb 4:12, o homem se

compõe de três substâncias – espírito, alma e corpo; alguns estudantes da Bíblia defendem essa opinião

de três partes da constituição humana versus doutrina de duas partes apenas, adotada por outros.

Ambas as opiniões são corretas quando bem compreendidas.

O espirito e a alma representam os dois lados da substância não-física do homem; ou, em outras

palavras, o espírito e a alma são inseparáveis, são entrosados um no outro. Por estarem tão interligados,

as palavras “espírito” e “alma” muitas vezes se confundem (Ecl 12:7; Apoc 6:9); de maneira que em um

trecho a substância espiritual do homem se descreve como a alma (Mateus 10:28), e em outra

passagem como espírito. (Tiago 2:26)

Em Gênesis 2:16-17 Deus disse ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não

coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você

morrerá”. O fato é que Adão e Eva desobedeceram a Deus, foram expulsos do jardim do Éden, e

seguiram “vivos”, biologicamente falando. O que morreu então?

Na conversa com Nicodemos Jesus diz em João 3:3: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém

não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”; e arremata em 3:6: “O que é nascido da carne é

carne; e o que é nascido do Espírito é espírito”.

Logo nascer de novo está relacionado sem dúvida a nossa vida espiritual. Diante disso, e para nosso

melhor entendimento, temos adotado a tri-unidade como referência em nosso estudo. Sendo o homem

“espírito”, é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele; sendo “alma”, ele tem

conhecimento de si próprio; sendo “corpo”, tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo.

3 – O espírito humano

No princípio Deus soprou o espírito de vida no corpo inanimado e o homem “foi feito alma vivente”.

Esse espírito é o centro e a fonte da vida humana; a alma possui e usa essa vida e lhe dá expressão por

meio do corpo.45

A alma sobrevive à morte porque o espírito a dota de energia; no entanto, alma e o espírito são

inseparáveis porque o espírito está entrosado e confunde-se com a substância da alma.46

Uma boa descrição que nos ajuda a compreender essa complexidade da vida humana: Somos um

espírito (pneuma), possuímos uma alma (psuche) e habitamos em um corpo (soma). É o espírito

45 Ibidem, pg 72 46 Ibidem, pg 72

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(pneuma) que diferencia o homem de todas as demais coisas criadas, sendo essa qualidade que também

o distingue dos seres irracionais.

Podemos dizer que os seres irracionais têm “alma” (Gênesis 1:20 – viventes = nephesh = alma, ser, vida,

criatura, mente, desejo, emoção, paixão), mas não tem o espírito. O espírito humano, representando a

natureza suprema do homem, rege a qualidade do seu caráter. Aquilo que domina o espírito torna-se

atributo de seu caráter. Por exemplo, se o homem permitir que o orgulho o domine, ele tem um

“espírito altivo”. (Provérbios 16:18 - ARA)

Conforme as influências respectivas que o dominem, um homem pode ter um espírito perverso (Isa

19:14 - ARA); um espírito rebelde (Salmo 106:33 - ARA); um espírito impaciente (Prov. 14:29-ARA); um

espírito perturbado (Gênesis 41:08 - ARA); um espírito contrito e humilde (Isa 57.15; Mat 5:3 – ARA).

Pode estar sob um espírito de servidão (Rom 8:15 - ARA), ou ser impelido pelo espírito de inveja (Num

5:14 – ARA). Assim é que o homem deve guardar o seu espírito (Mal 2:15 – Portanto, cuidai de vós

mesmos (ruwach = palavra utilizada para espírito), dominar o seu espírito (Prov 16:32 - ARA), pelo

arrependimento tornar-se um novo espírito (Eze 18:31 - ARA) e confiar em Deus para transformar o seu

espírito (Eze 11:19 – ARA)47

Quando as paixões vis exercerem domínio e a pessoa manifestar um espírito perverso, significa que a

alma (a vida egocêntrica ou vida natural) destronou o espírito. O espírito lutou e perdeu. O homem é

vitima de seus sentimentos e apetites naturais; é “carnal”. O espírito já não domina mais, e essa

impotência se descreve como um estado de morte.

Dessa maneira há necessidade de receber um espírito novo (Eze 18:31; Sal 51:10); e somente aquele

que originalmente soprou no corpo do homem o fôlego da vida poderá soprar na alma do homem uma

nova vida espiritual – isto é, regenerá-lo. (João 3:8; 20:22, Col 3:10) Quando assim sucede, o espírito do

homem novamente ocupa lugar de ascendência, e chega a ser homem espiritual. Entretanto, o espírito

não pode viver de si mesmo, mas deve buscar a renovação constante mediante o Espírito de Deus.48

4 - A alma do homem

Como já vimos o homem tornou-se alma vivente como resultado do sopro sobrenatural de Deus. A alma

distingue a vida humana e a vida dos irracionais das coisas inanimadas e também da vida inconsciente

como a vegetal. Tanto os homens como os irracionais possuem almas (em Gn 1:20-ARA, a palavra “vida”

é “alma” no original).49 (N.A - viventes = nephesh, comparar com Gn 2:7 – e o homem passou a ser

nephesh)

A alma do homem é de qualidade diferente (N.A – da alma dos irracionais) sendo vivificada pelo espírito

humano. Como “toda carne não é a mesma carne”, assim sucede com a alma; existe alma humana e

existe alma dos irracionais.50

Evidentemente, os homens fazem o que os irracionais não podem fazer, por muito inteligentes que

sejam; a sua inteligência é de instinto e não proveniente de razão. Tantos os homens como os irracionais

47 Ibidem, pg 73 48 Ibidem, pg 73 49 Ibidem, pg 73 50 Ibidem, pg 73

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constroem casas. Mas o homem progrediu, vindo a construir catedrais, escolas e arranha-céus,

enquanto os animais inferiores constroem suas casas hoje da mesma maneira como as construíam

quando Deus os criou. Os irracionais podem guinchar (como o macaco) cantar (como o pássaro), falar

(como o papagaio); mas somente o homem produz a arte, a literatura, a música e as invenções

científicas. O instinto dos animais pode manifestar a sabedoria do seu Criador, mas somente o homem

pode conhecer e adorar a seu Criador.51

A alma distingue um homem de outro e dessa maneira forma a base da individualidade. A palavra

“alma” é, portanto, usada frequentemente no sentido de “pessoa”. Em Êxodo 1:5 “setenta almas”

significa “setenta pessoas”.52

A palavra “nephesh” segundo definição encontrada no dicionário Strong pode indicar: 1) alma, ser, vida,

criatura, pessoa, apetite, mente, ser vivo, desejo, emoção, paixão; 1.a) aquele que respira, a substância

ou ser que respira, alma, o ser interior do homem; 1.b) ser vivo; 1.c) ser vivo (com vida e sangue); 1.d) o

próprio homem, ser, pessoa ou indivíduo; 1.e) lugar dos apetites; 1.f) lugar das emoções e paixões; 1.g)

atividade da mente; 1.h) atividade da vontade. Costumamos representar a alma humana como sede dos

nossos pensamentos (mente), das nossas emoções e de nossa vontade. Outro ponto interessante é a

questão da origem da alma, sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado direto da ação

divina, Deus soprou nas narinas do homem o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Mas

como chegaram a existir as almas desde esse tempo? Existem duas (2) correntes principais:

1º) O surgimento da alma é uma ação direta de Deus, não sendo proveniente dos pais (Isa 57:16; Ecl

12:7; Heb 12:9; Zac 12:1);

2º) Outros pensam que a alma é transmitida pelos pais. Apontam o fato de que a transmissão da

natureza pecaminosa de Adão à posteridade milita contra a criação divina de cada alma; também o fato

de que as características dos pais se transmitem à descendência. Citam as seguintes passagens: João

1:13; 3:6; Rom 5:12; 1ª Cor 15:22; Efe 2:3; Hb 7:10.53

Consideramos razoável supor que os processos normais da reprodução humana põem em execução as

leis da vida fazendo com que a alma nasça no mundo. Porém, alguns textos bíblicos chamam nossa

atenção para este grande mistério que é o surgimento da vida no mundo, exigindo cautela e reverência

antes de pronunciarmos afirmações dogmáticas. (Veja os seguintes textos: Ecl 11:5; Sal 139:13-16; Jó

10:8-12)

5 – O corpo humano

Vejamos como alguns textos bíblicos retratam o corpo humano:

a) Casa, ou tabernáculo – 2ª Cor 5:1 – É a tenda na qual a alma do homem, qual peregrina, mora

durante a sua viagem do tempo para a eternidade. À morte , desarmasse a barraca e a alma parte. (2ª

Pedro 1:13, 14)54

51 Ibidem, pg 73 52 Ibidem, pg 73 53 Ibidem, pg 74 54 Ibidem, pg 78

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b) Templo – O templo é um lugar consagrado pela presença de Deus- um lugar onde a onipresença de

Deus é localizada. (1 Reis 8:28, 28) O corpo de Cristo foi um “templo” (João 2:21) porque Deus estava

com ele. Quando Deus entra em relação espiritual com uma pessoa, o corpo dessa pessoa torna-se um

templo do Espírito Santo. (1ª Cor 6:19)55

Os filósofos pagãos falavam do corpo com desprezo; consideravam-no um estorvo à alma, e almejavam

um dia quando a alma estaria livre das suas complicações e enredosas roupagens. Mas as Escrituras em

toda a parte tratam o corpo como obra de Deus, a ser apresentado a Deus (Rom 12:1), usado para a

glória de Deus (1ª Cor 6:20). Por que, por exemplo, contém o livro de Levítico tantas leis governando a

vida física dos israelitas? Para ensiná-los que o corpo, como instrumento da alma, deve conservar-se

forte e santo. É verdade que este corpo é terreno (1ª Cor 15:47) e como tal um corpo de humilhação

(Filip 3:21), sujeito às enfermidades e à morte (1ª Cor 15:53), de maneira que gememos por um corpo

celestial (2ª Cor 5:2). Mas à vinda de Cristo, o mesmo poder que vivificou a alma transformará o corpo,

assim completando a redenção do homem. E o penhor dessa mudança é o Espirito que nele habita. (2ª

Cor 5:5; Rom 8:11).

6 – A imagem de Deus no homem

Gênesis 1:26: Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;

tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre

toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

Nessa frase “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” encontra-se o maior

privilégio e a maior responsabilidade concedida ao ser humano. Privilégio por que essa condição confere

ao homem/mulher algo que os diferencia de todas as demais coisas criadas, e também, uma enorme

responsabilidade que é a de ser agente de Deus que deverá exercer o domínio outorgado por Deus

sobre toda a criação.

O homem foi criado à semelhança de Deus, foi feito como Deus em caráter e personalidade. E em todas

as Escrituras o ideal e alvo exposto diante do homem é o de ser semelhante a Deus. E ser como Deus

significa ser como Cristo, que é a imagem do Deus invisível.56 (Lv 19:2; Mat 5:45-48; Ef 5:1-2)

7 - Parentesco com Deus

A relação de Deus com as primeiras criaturas viventes consistia em essas, de maneira inflexível,

obedecerem aos instintos implantados pelo Criador; mas a vida que inspirou ao homem foi resultado

verdadeiro da personalidade de Deus. O homem, na verdade, tem um corpo feito do pó da terra, mas

Deus soprou nas narinas o sopro da vida (Gn 2:7), dessa maneira dotou-o de uma natureza capaz de

conhecer, amar e servir a Deus.57

Essa relação especial do homem com Deus mais uma vez trazia um grande privilégio (desfrutar da

presença de Deus) e uma grande responsabilidade moral (obedecer aos preceitos de Deus). Por causa

dessa imagem divina todos os homens são, por criação, filhos de Deus. Mas, desde que essa imagem foi

55 Ibidem, pg 79 56 Ibidem, pg 80 57 Ibidem, pg 80

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manchada pelo pecado, os homens devem ser recriados ou nascidos de novo (Efésios 4:24) par que

sejam em realidade filhos de Deus.

Um erudito da língua grega aponta o fato de uma das palavras gregas traduzidas por “homem”

(anthropos) ser uma combinação de palavras significando literalmente “aquele que olha para cima”. O

homem é criatura de oração, e há ocasião na vida dos mais perversos quando eles invocam a algum

Poder Supremo para socorrê-los. O homem pode não entender a grandeza da sua dignidade, e assim se

tornar semelhante aos irracionais que perecem (Sl 49:20), mas ele não é irracional.58

8 - Caráter Moral

Os animais não possuem natureza religiosa ou moral; não são capazes de serem instruídos nas verdades

concernentes a Deus e à moralidade. 59

O sentido moral, isto é, a consciência é considerada por muitos como um dos maiores atributos que

diferenciam homens e mulheres dos animais inferiores. Ainda que o pecado tenha maculado os

atributos divinos compartilhados com a humanidade, e levado os homens a distanciarem-se de Deus, é

este sentido moral que ainda oferece alguma viabilidade a sociedade humana.

9 - Razão

A capacidade de pensar e de refletir sobre si mesmo e a capacidade/interesse de descobrir as causas das

coisas é outro atributo exclusivo do homem, diferenciando-o das demais criaturas criadas. As artes, os

livros, a música, e as inúmeras invenções humanas, das mais simples as mais complexas que surgiram da

mente humana, deveriam nos conduzir a mais profunda adoração àquele que nos abençoou com esse

dom maravilhoso da razão.

A tragédia da história é esta que o homem tem usado esse dom para propósitos destrutivos, até mesmo

para negar o Criador que o fez uma criatura pensante.60

10 - Capacidade para Imortalidade

Deus criou o homem para a imortalidade, sendo que a presença da árvore na vida no Jardim do Éden

comprova essa intenção divina. A morte como destino para a humanidade é decorrência da

desobediência expressa à ordem divina: E o Senhor ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer

árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que

dela comer, certamente você morrerá”. (Gênesis 2:16) Cristo veio ao mundo para colocar o Alimento da

Vida ao nosso alcance, para que não pereçamos, mas vivamos para sempre.61

11 - Domínio sobre a terra

A raça humana recebeu de Deus a missão de exercer domínio sobre toda a terra, chamamos isso de

mandato de domínio, e esse mandato traz consigo uma grande responsabilidade. O homem seria o

58 Ibidem, pg 80 59 Ibidem, pg 80 60 Ibidem, pg 81 61 Ibidem, pg 81

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preposto de Deus na terra, isto é, o seu representante legitimo; estando implícito neste mandato o

desenvolvimento e a preservação de todas as coisas criadas.

Em Gênesis 1:28 encontramos a seguinte ordem de Deus ao primeiro casal: “Deus os abençoou, e lhes

disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobres os peixes do mar,

sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”.

Já no Salmo 8:4-8 temos: “Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que

com ele te preocupes? Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste de glória e de

honra. Tu o fizeste dominar sobre as obras das tuas mãos; sob o seus pés tudo puseste: todos os

rebanhos e manadas, e até os animais selvagens, as aves dos céus, os peixes do mar e tudo o que

percorre as veredas dos mares”.

A criatividade e a engenhosidade humana são evidências de que o mandato de domínio era uma

realidade possível e esperada. Das coisas mais simples - como um prendedor de roupas -, até as viagens

espaciais, incluindo o controle das forças da natureza para que nos sirvam e atendam nossas

necessidades, percebemos a capacidade criadora do homem e sua semelhança com Deus, o Criador.

Infelizmente, a queda do homem resultou na perda e no desfiguramento da imagem divina. Isto não

quer dizer que os poderes mentais e psíquicos (a alma) foram perdidos; mas que a inocência original e a

integridade moral, nas quais foi criado, foram perdidas por sua desobediência.62

As consequências desse desvio são conhecidas, mas trataremos desse assunto oportunamente.

62 Ibidem, pg 81

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Aulá 06 – O Pêcádo (Hámártiologiá)

Texto base: Romanos 5 12:21

Tradução: A Mensagem – ” Vocês conhecem a história de Adão e de como ele nos lançou no dilema em

que estamos – o primeiro pecado, depois a morte; e ninguém ficou isento do pecado ou da morte. Aquele

pecado afetou os relacionamentos com Deus em tudo e com todo o mundo, mas a extensão das

consequências negativas não ficou clara até que Deus a explicasse em detalhes a Moisés. Até os que não

pecaram como Adão, que desobedeceu um mandamento específico de Deus, tiveram de experimentar o

fim da vida, a separação de Deus. Mas Adão, que nos pôs nessa situação, também aponta para aquele

que nos livrará dela. Todavia, o resgate não é proporcional ao pecado que traz morte. Se o pecado de um

homem deixa multidões de pessoas no profundo abismo da separação de Deus, imaginem a eficácia do

dom de Deus derramado por meio de um homem, Jesus Cristo! Não há comparação entre o pecado que

traz morte e esse generoso dom gerador de vida. A sentença pronunciada sobre aquele pecado foi a

morte, mas sobre os muitos pecados que se seguiram veio a sentença de vida. Se a morte obteve

supremacia pelo erro de um homem, imaginem o que pode fazer a extraordinária recuperação de vida

que agarramos com ambas as mãos, esse dom de vida extravagante, essa restauração total,

providenciados pelo homem Jesus Cristo! Aqui está um resumo de tudo: assim como uma única pessoa

errou e nos deixou todo esse problemão com o pecado e a morte, também uma única pessoa fez o que

era certo e nos livrou de tudo isso. Mais que apenas nos livrar do problema, ele nos trouxe para a vida!

Um homem disse não a Deus e afundou muita gente no erro; outro homem disse sim a Deus e consertou

tudo o que estava errado. Tudo o que a lei contra o pecado conseguiu fazer foi produzir mais gente que

desrespeitasse a lei. Mas o pecado não teve nem tem chance de competir contra o perdão poderoso que

chamamos “graça”. Na disputa entre o pecado e a graça, a graça vence com facilidade. Tudo que o

pecado pode fazer é nos ameaçar com a morte. Já a graça, uma vez que Deus está consertando as coisas

por meio do Messias, nos convida à vida – uma vida que continua para sempre, que jamais terá fim.”

Tradução NVI – “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo

pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; pois antes de

ser dada a lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei.

Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não

cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir.

Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a transgressão. Pois se muitos morreram por causa da

transgressão de um só, muito mais a graça de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só homem, Jesus

Cristo, transbordou para muitos! Não se pode comparar a dádiva de Deus com a conseqüência do

pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva

decorreu de muitas transgressões e trouxe justificação. Se pela transgressão de um só a morte reinou

por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da

justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Conseqüentemente, assim como

uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça

resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Logo, assim como por meio da desobediência

de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único

homem muitos serão feitos justos. A lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas

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onde aumentou o pecado, transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte,

também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.”

Introdução

Em teologia, o tema “hamartiologia” (grego: hamartia = erro / logia = estudo) ou estudo sobre o pecado

está contido dentro dos estudos acerca das “doutrinas do homem”i . O pecado é inerente ao homem,

faz parte de sua natureza, logo, o estudo do tema é imprescindível para uma correta e adequada

compreensão teológica, uma vez que o pecado e o perdão/graça de Deus caminham juntos.

Se a existência do pecado é negada (como defendem alguns pensadores) o perdão de Deus é inócuo e a

Cruz de Cristo perde completamente o propósito. Por este motivo o tema é indispensável dentro da

teologia cristã. Para estudar o “pecado”, necessário regressar aos primórdios da história. Deus, no início,

ao completar a obra da criação, declarou que tudo era “muito bom”. Contudo, basta a transmissão de

um simples noticiário para se concluir que nem tudo é tão bom assim.

Diante desta problemática surgem algumas questões: - Como explicar esta aparente contradição? - Se

tudo era bom como entrou o mal no mundo? - Deus criou o mal? - O que é o pecado? - Qual sua

origem? - Herdamos de Adão uma natureza pecaminosa? - Herdamos também a culpa de Adão? - Qual a

saída?

No decorrer do texto as questões serão respondidas com base na Palavra de Deus. Conceito Segundo

Berkhof: “Pecado é falta de conformidade com a lei moral de Deus, seja em ato, disposição ou estado.”

Segundo Wayne Gruden: “Pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, em atitude,

seja em natureza.” Segundo as próprias Escrituras: “o pecado é a transgressão da Lei.” (1 João 3:4)

A Origem do Pecado

O livro do Gênesis revela que o primeiro ser humano que existiu foi um homem chamado Adão, logo,

segundo a teologia cristã a humanidade obrigatoriamente descende dele, há identidade com este

primeiro homem porque é o “pai da humanidade”, logo, a humanidade é herdeira de toda sua carga

genética, emocional e espiritual.

Deus não criou um mundo imperfeito, muito ao contrário, tudo funcionava na mais perfeita ordem

conforme se extrai do livro do Genesis, ou livro das Origens. Sobre este território e tendo como

destinatário o homem Deus estabeleceu leis naturais, morais e espirituais. Havia total equilíbrio e

plenitude no espírito, alma e corpo humano, uma vez que tudo o que Deus quis para o homem era

realidade no potencial máximo. Exemplos: Deus quis que o homem fosse eterno, e era. Que não

haveriam doenças, não haviam. Que se relacionasse com ele todos os dias, assim ocorria. Que a terra

produziria facilmente o alimento, desta forma acontecia. Nesta época tudo funcionava em perfeita

ordem; a vontade de Deus era absolutamente cumprida na terra e nos céus; não haviam traumas; não

haviam sofrimentos; não haviam dúvidas; não havia pecado ou morte, até que o homem opta pela

árvore do conhecimento abandonando a árvore da vida.

Mesmo inserido em uma realidade perfeita em todos aspectos, como é de conhecimento geral, o

homem preferiu ser um transgressor. Reunia plenas condições de recusar a desobediência, mas se

deixou influenciar. Deus criou leis morais, espirituais e naturais no seu território sendo certo que a

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consequência imediata para eventual transgressão já era prevista, ou seja, a morte nas três esferas:

física, psíquica e espiritual: “se comer deste fruto, certamente morrerás” (Gn 2 16-17).

Quando se olha para determinada pessoa não é possível distinguir seu espírito, alma e corpo. O que se

observa é um conjunto indissociável, e, por tal motivo é que “morrer” significa morrer nas três esferas.

Acerca deste caráter judicial e penal em relação à morte humana John Stott esclarece: “A Bíblia toda vê

a morte humana não como um evento natural, mas penal. É uma invasão alienígena do bom mundo de

Deus, e não faz parte de sua intenção original para humanidade.”

O homem foi criado para ter autoridade sobre a Terra, para ter um relacionamento verdadeiro e

perfeito com Deus e para viver eternamente com Ele e sua descendência. Deus honrou o homem com

um espírito, mente e corpo perfeitos. Todavia o homem pós-transgressão perdeu toda a qualidade e

identidade que Deus lhe havia conferido. Com acerto Milhomens afirma que após a transgressão a

emoção, a mente e a vontade do homem foram totalmente corrompidas. “Ora, Adão foi gerado

conforme a imagem e semelhança de Deus. No entanto perdeu glória dessa imagem divina. Perdeu sua

identidade com Deus, e, agora seus filhos herdavam sua própria identidade: de homens pecadores,

rebeldes, de naturezas corrompidas, que não conheciam a Deus. Seu espírito morreu: o princípio de

morte entrou dentro dele. Suas emoções, sua mente e sua vontade foram corrompidas.” (MILHOMENS.

Valnice. Unção e Crise de Identidade. Pág. 42)

O homem após a penalidade imposta por Deus passa a viver sem a Sua presença, e, inexoravelmente,

passa a ser corrompido nas três esferas, inclusive (talvez principalmente) na sua mente. Vejamos o que

dizem as Escrituras: “O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a

inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal.” (Genesis 6:5)

Estágios do Pecado no Homem

2- Cruz de Cristo Cruz de Cristo

1-Tentação 2- Culpa 3- Juízo 4- Perdão

Tentação

Possibilidade da tentação: Ao contrário de Deus é fato que o homem pode ser tentado porque traz em

si tendências e desejos ruins que o conduzem a naturalmente escolher contra o caminho proposto por

Deus. A árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida constituem um sermão e de quadro

dizendo constantemente a nossos primeiros pais “se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis vida”. E

não é esta realmente a essência do Caminho da Vida encontrada através das Escrituras? (Vide Dt 30:15).

Notemos a árvore proibida. Porque foi colocada ali? Para prover um teste pelo qual o homem pudesse,

amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade

livre o homem teria sido meramente uma máquina (Myer Pearlman) .

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Origem da tentação: Satanás já havia sido expulso do céu, uma vez que isso ocorreu antes da criação

(Vide Ezequiel 23: 13 e Isaías 14: 12-15). Geralmente Satanás atua por meios de agentes e no caso do

Jardim do Éden usou a “Serpente”, que certamente era um animal que Eva não desconfiava.

A sutileza da tentação: A sutileza é apontada como característica da Serpente, ou até mesmo de

Satanás, a qual não confrontou Eva diretamente, mas lançou sugestões (porque não comer do fruto?);

plantou dúvidas (colocou em dúvida o caráter de Deus ao afirmar que Ele teria receio que Eva se

tornasse como Ele); formulou propostas sedutoras (afirmou que seriam como Deus).

O mesmo paralelo é possível verificar no Evangelho de Mateus, capítulo 4, quando Jesus é conduzido

pelo Espírito ao deserto para ser tentado. Satanás é sutil em suas propostas, a começar pelo fato de

que vai ao encontro de Jesus no quadragésimo dia de jejum, no momento de maior fraqueza. Tenta

incutir em Jesus sugestão, dúvida e sedução: - “Se és o Filho de Deus, transforma essas pedras em pães”.

Jesus responde de acordo com a Palavra em Deuteronômio: - “Nem só de pão viverá o homem”.

A sutileza está no fato de que Satanás propõe uma solução “mágica” para satisfazer uma necessidade

imediata (saciar a fome) em detrimento de um propósito eterno (completar o jejum e vencer a provação

proposta pelo Espírito Santo). Da mesma forma, o líder, uma hora ou outra, sempre se verá defronte o

desafio de tomar medidas difíceis, que lhe custam caro, sacrificando necessidades pessoais imediatas

em prol das eternas, e, Satanás sempre virá no momento de fraqueza para fazer propostas, sugestões e

plantar dúvidas. Jesus escolhe seguir em seu propósito. Satanás então tenta outra jogada: cita a própria

Bíblia em salmos 91 e sugere que Jesus se lance do pináculo do Templo: - “Está escrito: porque a seus

anjos dará ordens para que não tropeces com teu pé em pedra”.

O pináculo do Templo era o ponto mais alto do local mais movimentado da cidade, seria como alguém

subir no terraço de um edifício e se lançasse de lá em período de compras. Embaixo uma grande

multidão observando atenta.

A sutileza por detrás da proposta de Satanás consiste no fato de que se Jesus pulasse dali e os anjos

rasgassem os céus para socorrê-lo e toda aquela multidão presenciasse aquela cena, seria reconhecido

ali mesmo como Filho de Deus, seria aclamado, logo, porque enfrentar este caminho difícil da cruz?

Seria como se Satanás o questionasse: - Porque Jesus sofrer tanto se você é o Filho de Deus? Deus não

te ama? O líder em algum momento se verá defronte o desafio de escolher a cruz. Jesus respondeu a

Satanás: - “Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus”. Por fim Satanás rasga toda a

diplomacia e escancara seu caráter tentando transmitir a Jesus uma mensagem de que o “ter” seria

mais importante que o “ser”:“Tudo te darei se prostrado me adorares.” É como se Satanás dissesse:

“ninguém está vendo, ajoelhe-se aqui no deserto, escondido de todos e te entrego toda riqueza do

mundo.” O líder enfrentará propostas sedutoras às escondidas e se verá no desafio de recusá-las. Jesus

responde : - “Adorarás somente o Senhor teu Deus e somente a Ele prestará culto.” Jesus deixa claro que

só adora a Deus, não importa que ninguém está vendo, sua alma não estava a venda.

A Culpa

Uma consciência culpada diante de Deus é o oposto de uma boa consciência diante de Deus. Existem

evidências desta consciência culpada:

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a) “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus.” A expressão “foram

abertos os olhos” indica esclarecimento milagroso ou repentino. Desobedeceram a ordem de Deus e

preferiram seguir a Serpente e ao comer do fruto da árvore do conhecimento de fato adquiriram

conhecimento, porém não da forma como esperavam. Ao invés de se tornarem como Deus passaram a

conhecer sua miserável condição de nudez de agora em diante. O sentimento de que havia algo errado

no relacionamento com Deus tomou conta da mente deles.

b) “E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”. A segunda evidência se revela na tentativa

do homem em expiar, justificar, esconder ou esquecer-se da própria culpa do pecado. O primeiro

cordeiro sacrificado para cobrir Adão e Eva representa que somente Cristo nos livra da culpa do pecado

e que as folhas de figueira da humanidade é inútil.

c) “E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e

sua mulher da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim”. A terceira evidência é a fuga de

Deus, seja entre as árvores, nos prazeres, nas drogas, nas igrejas, ou em outra coisa qualquer.

O Juízo

a) Sobre a serpente: “Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os

animais do campo; sobre teu ventre andarás, e o pó comerás todos os diasda tua vida.” O juízo sobre a

serpente não é sobre o animal em si, mas sim uma profecia do juízo sobre Satanás, que usou a serpente.

O homem que é tentado continua em pé, mas a serpente está sob maldição.

b) Sobre a mulher: “E à mulher disse: multiplicarei grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor

terás filhos; e o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará.” O parto passou a ser um momento

crítico na vida da mulher e o homem de fato passou a tentar dominá-la no pior sentido da palavra. Por

isso existem tantas advertências na Palavra que se deve amar a mulher, por ela se entregar como Cristo

se entregou, respeitá-la, etc. Essas ordens de conduta foram escritas porque a natureza do homem é no

sentido contrário, se fosse natural ao homem amar a mulher não seria necessária a exortação. Em

muitos países a mulher de fato é uma escrava se cumprindo esta maldição.

c) Sobre o homem: “E a Adão disse: maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento

durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos e tu comerás a erva do campo. No

suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra, pois dela foste formado, porque tu és pó e

ao pó tornarás.” O trabalho que já havia sido designado passa a ser algo dificultoso, custoso, cheio de

empecilhos. O trabalho que era somente prazeroso e o sustento facilmente extraído passa a exigir um

enorme esforço diário. E a maldição termina com a morte física, voltando ao pó, na qual o homem

perde a condição física eterna.

O Perdão

O perdão vem por meio de Jesus Cristo o qual na Cruz do Calvário fez propiciação ao nos livrar da ira de

Deus direcionada ao pecado; justificação ao nos livrar da penalidade do pecado e redenção ao nos

libertar da escravidão do pecado.

A profecia do perdão foi a princípio prefigurada: Deus matou um animal, uma criatura inocente, para

poder vestir aqueles que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Esse animal inocente

prefigurou a Cristo, o cordeiro de Deus, sem mancha, sem defeito, que se entregou pelos culpados. E a

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profecia efetivamente se cumpriu: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu

descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.” Jesus Cristo é o descendente da mulher

e representante da nova raça humana redimida do pecado, é o segundo Adão. No Calvário a serpente

feriu o calcanhar da Semente da Mulher, mas este ferimento trouxe cura para a humanidade.

A Natureza do Pecado (Como a Bíblia descreve o pecado? )

ANTIGO TESTAMENTO

ESFERA MORAL

1 – errar o alvo 2 – errar o caminho 3 – ser achado em falta 4 – personificado como uma besta feroz 5 – tortuosidade 6 – perversidade 7 – mal (infração)

ESFERA DA CONDUTA FRATERNAL

1 – violência 2 – conduta injuriosa

ESFERA DA SANTIDADE

1 – Profano 2 – Imundo 3 – Contaminado 4 – Transgressor (profanador deliberado que recusa a Lei)

ESFERA DA VERDADE

1 – Inútil 2 – Fraudulento 3 – Falso 4 – Vaidade 5 – Vazio 6 – Sem valor 7 – Engano

ESFERA DA SABEDORIA (deliberada ignorância)

1 – “simples” 2 – faltos de entendimento 3 – insensato 4 – escarnecedor 5 – ímpio

NOVO TESTAMENTO

1 – ERRAR O ALVO (IDÊNTICO A.T.)

2 – DÍVIDA

3 – DESORDEM

4 – DESOBEDIÊNCIA

5 – TRANSGRESSÃO

6 – QUEDA

7 – DERROTA

8 – IMPIEDADE

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Consequências do Pecado

Segundo Myer Pearlman: “O pecado é tanto um ato como um estado. Como rebelião contra a lei de

Deus, é um ato de vontade do homem; como separação de Deus, vem a ser um estado pecaminoso.

Segue-se uma dupla consequência: o pecador traz o mal sobre si mesmo por suas más ações e incorre

em culpa aos olhos de Deus.” É inexorável portanto que a condição existencial de todo ser humano em

toda à história da humanidade passou a ser sujeita aos seguintes fatores:

1– Sujeita à morte física: todo descendente da raça humana automaticamente se enquadra nesta

condição insuperável; Pode ser recuperada por meio da glorificação.

2- Sujeita à morte psíquica: Como relatado acima todos os pensamentos do homem passaram a ser

inclinados para o mal o que é uma consequência lógica do afastamento dos princípios de Deus e sua

influência; Pode ser recuperada por meio da santificação.

3—Sujeita à morte espiritual: uma vez que a ligação entre Deus que é Espírito e homem é quebrada

inevitavelmente o homem morre neste aspecto. Pode ser recuperada por meio da regeneração. Esta é a

condição dos filhos de Adão.

Paulo na carta aos Romanos explica bem esta questão informando o seguinte: “Portanto, como por um

homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os

homens por isso que todos pecaram.” (Romanos 5:12) Contudo, a graça de Deus é diretamente

proporcional ao pecado do homem, ou seja, quanto maior o pecado, maior é a graça.

Glória ao Deus Altíssimo e Eterno em misericórdia.

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Aulá 07 – A Doutriná dá Expiáçá o

Texto base: Hebreus 7 11:28

Tradução: A Mensagem- “Se o sacerdócio de Levi e Arão, que deu a estrutura para a entrega da Lei,

pudesse tornar as pessoas perfeitas, não haveria necessidade de um novo sacerdócio, como o de

Melquisedeque. Mas, como esse sacerdócio não conseguiu cumprir seu objetivo, houve uma mudança de

sacerdócio. Com ele veio uma nova lei, que instituía mudanças radicais. Não há meio de entender essas

mudanças nos termos do antigo sacerdócio levítico. É por esse motivo que não há nada na árvore

genealógica de Jesus que possa conectá-lo à linhagem sacerdotal de Levi. Mas o episódio de

Melquisedeque traz uma analogia perfeita: Jesus, sacerdote como Melquisedeque, não por ascendência

genealógica, mas pela absoluta força da vida ressurreta – ele também vive! -, “é sacerdote para sempre,

na ordem real de Melquisedeque”. Os antigos procedimentos, um sistema de mandamentos que nunca

funcionou como deveria, foram deixados de lado. A Lei não conduziu ninguém à maturidade. Assim, um

caminho que funciona – Jesus! -, que nos leva diretamente à presença de Deus, foi posto em seu lugar. O

sacerdócio de Arão perpetuou-se automaticamente de pai para filho, sem confirmação explícita de Deus.

Mas Deus interferiu e instituiu esse novo sacerdócio, “Deus deu sua palavra; Ele não voltará atrás: Tú és

o sacerdote permanente!” Isso faz de Jesus a garantia de um caminho muito melhor para chegarmos a

Deus. Um sistema que realmente funciona! Uma Nova Aliança! Antigamente havia uma multidão de

sacerdotes, pois eles morriam e tinham que ser substituídos. Mas o sacerdócio de Jesus é permanente.

Ele está em seu posto agora e estará até a eternidade para salvar todos os que se dirigirem a Deus por

meio dele e o tempo todo trabalha para defendê-los. Portanto, agora tempos um sacerdote principal que

se adapta perfeitamente às nossas necessidades: totalmente santo, sem o comprometimento do pecado

e com autoridade que se estende até a presença de Deus, nos céus. Diferentemente dos outros principais

sacerdotes, ele não precisa oferecer sacrifícios diários pelos próprios pecados antes de nos atender. Ele

mesmo se ofereceu como sacrifício, e esse sacrifício é definitivo. A lei indicava como sacerdotes principais

homens que não conseguiam cumprir seu ofício com perfeição. Mas a ordem que resultou da

intervenção de Deus designou o Filho, que é absoluta e eternamente perfeito.”

Tradução NVI - “Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (pois em sua

vigência o povo recebeu a lei), por que haveria ainda necessidade de se levantar outro sacerdote,

segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão? Pois quando há mudança de sacerdócio, é

necessário que haja mudança de lei. Ora, aquele de quem se dizem estas coisas pertencia a outra tribo,

da qual ninguém jamais havia servido diante do altar, pois é evidente que o nosso Senhor descende de

Judá, tribo da qual Moisés nada fala quanto a sacerdócio. O que acabamos de dizer fica ainda mais

claro, quando aparece outro sacerdote semelhante a Melquisedeque, alguém que se tornou sacerdote,

não por regras relativas à linhagem, mas segundo o poder de uma vida indestrutível. Pois sobre ele é

afirmado: "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". A ordenança anterior é

revogada, porquanto era fraca e inútil (pois a lei não havia aperfeiçoado coisa alguma ), sendo

introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus. E isso não aconteceu sem

juramento! Outros se tornaram sacerdotes sem qualquer juramento, mas ele se tornou sacerdote com

juramento, quando Deus lhe disse: "O Senhor jurou e não se arrependerá: ‘Tu és sacerdote para

sempre’". Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior. Ora, daqueles sacerdotes

tem havido muitos, porque a morte os impede de continuar em seu ofício; mas, visto que vive para

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sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles

que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles. É de um sumo

sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima

dos céus. Ao contrário dos outros sumos sacerdotes, ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia

após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. E ele fez isso de uma vez

por todas quando a si mesmo se ofereceu. Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm

fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho, perfeito para sempre.”

Introdução

Em teologia, o tema “expiação” está contido dentro dos estudos acerca das “Doutrinas de Cristo”63 ou

“Ofícios de Cristo”64. Jesus Cristo exerce três ofícios em sua plenitude máxima:

REI: GOVERNA O UNIVERSO CRISTO

PROFETA: REVELA A VONTADE DE DEUS SACERDOTE:

MEDIADOR (obra expiatória)

Na presente aula nos ateremos ao ofício sacerdotal de Cristo uma vez que guarda relação com a

expiação.

Os ofícios vetero – testamentários exercidos individual e separadamente por Reis, Profetas e

Sacerdotes, prefiguravam a vinda daquele que deveria reunir em si mesmo estes três ofícios, a saber, o

Messias. Tratam-se de tipos que encontram seu antítipo na pessoa de Cristo. Segundo Denovan: “os três

ofícios são necessários. Cristo deve ser profeta, a fim de salvar-nos da ignorância do pecado; sacerdote

para nos salvar da culpa do pecado; rei para nos salvar do domínio do pecado na nossa carne."65

Portanto Jesus Cristo é o sacerdote perfeito porque ofereceu um sacrifício perfeito, ou seja, Ele próprio,

retirando o pecado do seu povo, em outras palavras, fazendo expiação dos pecados de seu povo. Nas

palavras de Pearlman: “Descrevê-lo como ‘o Cordeiro de Deus’, dizer que o seu sangue limpa o pecado e

compra a redenção, ensinar que ele morreu por nossos pecados – tudo isso é dizer que a morte de Jesus

foi um verdadeiro sacrifício pelo pecado. Visto que a morte de Jesus é descrita em linguagem que lembra

os sacrifícios do Antigo Testamento, um conhecimento dos termos sacrificiais ajuda grandemente na sua

interpretação.”66

Conceito

“Expiação é a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para satisfazer a justiça de Deus e para obter

a nossa salvação.”67

63 Wayne Gruden 64 Strong 65 Apud Strong. Teologia Sistemática VOL II. Pág. 1.256 66 Myer Pearlman. Capítulo VII: A Expiação 67 Wayne Gruden

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Reflexos da obra Expiatória

ELEIÇÃO → CHAMADO →REGENERAÇÃO→ CONVERSÃO: ARREPENDIMENTO →PROPICIAÇÃO→

JUSTIFICAÇÃO→ RECONCILIAÇÃO→ REDENÇÃO →ADOÇÃO→ SANTIFICAÇÃO→ GLORIFICAÇÃO

Pedro em suas cartas afirma que o Cordeiro foi sacrificado a favor da humanidade antes da fundação do

mundo, logo, este sacrifício oferecido antes de todas as coisas existirem possibilitou todos os reflexos

positivos apontados na ilustração acima. Por meio da obra expiatória de Cristo viabilizou-se:

1 - Eleição Antes de existirmos Deus nos escolheu;

2 – Chamado Em algum momento da vida aceitamos o convite de Deus;

3 – Regeneração Nascemos de novo por meio do Espírito Santo;

4 – Conversão Nos arrependemos dos pecados e afirmamos a fé em Cristo em especial na sua obra

expiatória;

5 – Propiciação A ira de Deus foi desviada de nós e dirigida à Cristo na Cruz do Calvário;

6 – Justificação Uma vez paga a penalidade do pecado fomos absolvidos;

7 – Reconciliação Além de absolvidos fomos chamados para perto de Deus;

8 – Redenção Fomos comprados e libertos da escravidão;

9 – Adoção Somos inseridos na própria família de Deus;

10 – Santificação Somos levados pelo Espírito Santo a parecer-nos com Cristo.

11 – Glorificação Receberemos um corpo eterno.

Sem o ofício sacerdotal de Cristo no qual se ofereceu a si mesmo quitando a penalidade do pecado,

riscando a cédula que nos era contrária, nenhuma das bênçãos acima apontadas teriam chegado a nós.

A Expiação no Antigo Testamento

Qual a finalidade da expiação no Antigo Testamento? O entendimento acerca dos sacrifícios expiatórios

do Antigo Testamento proporciona a correta e exata compreensão do sacrifício empreendido na Cruz do

Calvário, tendo em vista que há um inegável paralelo entre estes eventos.

Segundo Pearlman: “O sacrifício único do Novo Testamento é melhor. Embora reconhecessem a divina

ordenação de sacrifícios de animais, os israelitas esclarecidos certamente compreendiam que esses

animais não podiam ser o meio perfeito de expiação.”68

Denomina-se “tipo” alguma figura na qual representa um “antítipo” ou seja, o personagem real que se

deseja representar. Todo sacrifício do Antigo Testamento o qual visava restabelecer um correto

relacionamento com Deus que tenha sido deturpado pelo pecado e que fosse feito por meio do sangue

de um inocente, pode ser enquadrado como um “tipo” do sacrifício perfeito de Cristo.

68 Myer Pearlman. Capítulo VII: A Expiação

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“A expiação que fora preordenada desde a eternidade e prefigurada tipicamente no ritual do Antigo

Testamento cumpriu-se historicamente, na crucificação de Jesus, quando se consumou o divino propósito

redentivo. Está consumado!” (Pearlman, Myer. Capítulo VII: A Expiação)

Importante frisar que os sacrifícios instituídos no Antigo Testamento tinham como escopo ressaltar que

o pecador deveria estar no lugar do inocente sacrificado, bem como reafirmar que o homem é incapaz

de justificar a si próprio perante Deus, e também relembrar que haveria um sacrifício perfeito e

posterior por meio do Messias, o qual eliminaria em definitivo a culpa pelos pecados. Um primeiro

sacrifício foi necessário já na expulsão de Adão e Eva do Éden, ocasião na qual se descobriram nus e

inutilmente tentaram justificar a transgressão com argumentos e cobrir a consequência e exposição que

o pecado causou com folhas de figueira.

A história mostra que a justificação própria não foi suficiente e também revela que o arrependimento

dos transgressores por si só também não bastaria. As folhas de figueira também não se prestaram a

cobrir os transgressores.

Desde o princípio Deus deixou bastante claro que seria necessária a morte de um inocente para lhes

fazer roupas cobrindo assim o corpo e protegendo de todas intempéries que enfrentariam longe da

presença de Deus.

Este revestimento, extraído da morte de um inocente, certamente já prefigurava a Cristo.

Posteriormente foi instituída a Páscoa na qual o cordeiro era sacrificado, representando a Cristo que é o

“Cordeiro que tira o pecado do mundo” aclamado por João Batista, que é o “Cordeiro Pascal”

mencionado por Paulo na Primeira Carta aos Coríntios.

Após a saída do Egito e aos pés do monte Sinai , aos levitas são confiadas as recomendações acerca dos

sacrifícios, os quais foram restaurados para que fosse estabelecido um correto relacionamento com

Deus, tendo sua maior expressão no “Dia da Expiação” na qual o sumo – sacerdote adentrava uma vez

por ano no “Lugar Santíssimo” para fazer expiação pelos pecados do povo.

Assim permaneceu o sistema sacrificial como forma de mediação entre Deus e os homens até que viesse

o sacrifício perfeito realizado por Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Portanto pode-se afirmar que tais

sacrifícios tinham como finalidade demonstrar rotineiramente e desde os primórdios que o Messias

deveria vir para de uma vez por todas pagar a dívida da transgressão (impagável por meio de sacrifício

de animais).

O sacrifício foi instituído com um viés claramente pedagógico no sentido de que o homem se lembrasse

da sua total dependência de Deus para receber o perdão e salvação. O tipo (sacrifícios) encontram

finalidade e cumprimento total no antítipo (Jesus Cristo).

Necessidade da Expiação

Era mesmo necessário que Cristo morresse? Sim. A resposta está na justiça implacável de Deus e no seu

amor infinito pela humanidade. Deus havia estabelecido uma lei espiritual: “se comer deste fruto

certamente morrerás” e posteriormente esta lei foi traduzida por Paulo no verso “o salário do pecado é

a morte”.

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Quando se olha para determinada pessoa não é possível distinguir seu espírito, alma e corpo. O que se

observa é um conjunto indissociável, e, por tal motivo é que “morrer” significa morrer nas três esferas.

Acerca deste caráter judicial e penal em relação à morte humana John Stott esclarece: “A Bíblia toda vê

a morte humana não como um evento natural, mas penal. É uma invasão alienígena do bom mundo de

Deus, e não faz parte de sua intenção original para humanidade.” (Stott pág. 55 – A Cruz de Cristo)

Quando Adão e Eva decidem transgredir a consequência já havia sido pré– estabelecida e Deus nada

poderia fazer para evitá-la. Esta lei era tão irresistível quanto a lei da gravidade: “Portanto, como por um

homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os

homens por isso que todos pecaram.” (Romanos 5 12)

Por ser a justiça um atributo indelével de Deus, jamais poderia barrar a penalidade de morte prevista

para Adão e Eva (morte física, psíquica e espiritual), caso contrário seria injusto. Também não poderia

abandonar sua criação, seus filhos sujeitos à condenação eterna, tendo em mira que se revelaria um

Deus sem amor.

Como resolver esta crise?

Em primeiro lugar imprescindível rememorar que o homem é incapaz de expiar os próprios pecados,

uma vez que nasce com esta natureza e sempre voltará a pecar novamente.

Em segundo lugar Deus é justo não pode simplesmente livrar o pecador da penalidade previamente

estabelecida, ou seja, a morte.

Sendo assim a única forma de resolver esta crise seria por meio do próprio Deus, como afirma John

Stott: “quando o homem peca toma o lugar de Deus e quando Deus vai à cruz toma o lugar do homem.”

Era indispensável que a segunda Pessoa da Trindade, Jesus Cristo, se tornasse humano e fizesse parte da

humanidade para cumprir este plano de salvação e assim tornar possível a salvação, pelo simples motivo

de que a humanidade era devedora.

Se viesse com a natureza exclusiva de Deus não seria legitimado a arcar com a dívida do pecado, uma

vez que, como já dito no parágrafo anterior a dívida da humanidade não foi inaugurada por Deus.

Contudo não bastava apenas ser parte da humanidade para que pudesse quitar o débito,

obrigatoriamente deveria ser inocente, deveria ser justo, caso contrário, sua morte seria apenas

consequência merecida da sua própria conduta, assim como acontece com todo o restante da

humanidade.

Em outras palavras seria necessário que obedecesse integralmente os mandamentos de Deus, vivendo

uma vida inteira sem transgressão; E assim viveu o ser humano Jesus Cristo. Jesus viveu a vida que Adão

foi incapaz de viver. Diante disso cabe a pergunta inevitável: “como pôde viver sem errar uma única vez,

ao passo que todo o restante da humanidade não foi capaz e não será capaz de fazê-lo?” O motivo

consiste na sua natureza dúplice.

O Deus - Filho nunca teve inclinações para atitudes fora da vontade de Deus - Pai uma vez que foi

gerado direto do Deus - Espírito Santo, não descendendo de pai humano. Nessa característica reside a

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grande diferença do restante dos homens. Nas palavras de um dos Pais da Igreja, o destemido advogado

Tertuliano em sua veemente defesa dos cristãos perseguidos diante do Imperador Romano:

“De maneira semelhante, afirmamos que a Palavra, a Razão e o Poder, com as quais denominamos Deus

tudo criou, é espírito com sua substância própria e essencial, da qual a Palavra provém como expressão,

e a razão habita para dispor e arranjar, e o poder se sobressai para executar. Aprendemos que a Palavra

procede de Deus, e nessa processão Ela é gerada, de modo que Ela é o Filho de Deus, e é Deus, em

unidade e em mesma substância com Deus. Em Deus, igualmente, há um Espírito. Mesmo quando o raio

é lançado do sol, é ainda parte da massa que o gerou. O sol ainda está no raio, porque é um raio do sol.

Não há divisão de substância mas simplesmente uma extensão. Assim Cristo é Espírito do Espírito, Deus

de Deus, Luz da Luz. O material matriz permanece inteiro e não diminuído, embora dele derive qualquer

número de raios, possuindo suas qualidades. Assim, também, Aquele que provem de Deus é por sua vez

Deus e Filho de Deus, e os dois são um só. Dessa maneira, como Ele é Espírito do Espírito, Deus de Deus,

Ele é gerado como segundo no modo de existência - na posição, não na natureza. Ele não é criado pela

fonte original, mas dela foi gerado. Este raio de Deus, então, como foi sempre previsto nos tempos

antigos, desceu sobre uma virgem, e se fez carne em seu ventre; é em Seu nascimento juntamente Deus

e homem. A carne informada pelo Espírito é alimentada, cresce até tornar-se adulto, fala, prega,

trabalha - é o Cristo.” (Tertuliano. Exortação aos Mártires – pág. 80)

Por isso é que se trata de uma verdade teológica paradoxal: Jesus é totalmente humano e totalmente

Deus.

Considerando que nunca pecou não era justo que morresse em nenhuma esfera (física, alma, espírito),

assim, estava qualificado a quitar a dívida impagável da humanidade, estava apto a expiar os pecados da

humanidade, a se oferecer como sacrifício.

Deus tolerou todos os pecados anteriores a Jesus por amor daqueles que criam na vinda do Messias e

naquele momento histórico, na plenitude dos tempos, executa sua justiça nas costas do Filho, que

morre e ressuscita, vencendo a morte.

Assim Ele entrega o Filho em nosso lugar para que pudéssemos obter salvação por meio de sua cruz, por

meio de sua morte substitutiva, por meio da expiação dos pecados. Envolveu dois aspectos:

1 – obediência ativa: Para realizar a expiação dos pecados teve de viver uma vida inteira de obediência a

Deus, teve de cumprir toda lei em nosso favor, teve de viver a vida que o primeiro Adão foi incapaz de

viver. Teve de nos substituir nesta vida de obediência.

2 – obediência passiva: Teve de ir à cruz e nos substituir na penalidade pelos nossos pecados.

O brado já foi dado na Cruz: “Está consumado!”. Os pecados foram perdoados.

Glória a Deus!

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Aulá 08 – Doutriná dá Sálváçá o (Sotêriologiá)

Soteriologia ou doutrina da Salvação é a área da teologia que estuda a salvação. A palavra soteriologia

vem do grego “soteria” que significa salvação ou livramento.

Salvar significa tirar, livrar do perigo. Salvar significa redimir. Portanto, a doutrina da salvação trata do

livramento e redenção da alma do homem da morte eterna.

“Salvação é a justiça de Deus imputada ao pecador; não é a justiça imperfeita do homem. Salvação é

divina reconciliação; não é regulamento humano. Salvação é o cancelamento de todos os pecados; não é

eliminar alguns pecados. Salvação é ser libertado da lei e estar morto para a lei; não é ter prazer na lei

ou obedecer á lei. Salvação é regeneração divina; não é reforma humana. Salvação é ser aceitável a

Deus; não é tornar-se excepcionalmente bom. Salvação é perfeição em Cristo; não é competência de

caráter. A salvação, sempre e somente, procede de Deus; nunca procede do homem. — Lewis Sperry

Chofer.”.69

“Essa doutrina abrange as doutrinas da reprovação, a eleição, a providência, a regeneração, a

conversão, a justificação e a santificação entre outras. Também envolve a necessidade de pregação, de

arrependimento e de fé. Inclui até as boas obras e a perseverança dos santos. A salvação não é uma

doutrina fácil de entender pelo homem. É uma atividade divina em que participam as três pessoas da

Trindade agindo no homem. Por ela tratar da obra de Deus que resulta no eterno bem do homem para a

glória de Deus somos incentivados a avançar neste assunto com temor e oração para entendê-la na

forma que é do agrado de Deus.”.70

Porque o homem precisa de Salvação?

No começo da humanidade foi dado ao homem o privilégio de viver na presença de Deus. Como lar do

homem recém-formado, Deus preparou o jardim do Éden (lugar de delícias), onde o homem e sua

mulher podiam desfrutar de comunhão com Deus. A única restrição era não comer da árvore do

conhecimento do bem e do mal, plantada no jardim do Éden. O homem instigado por sua mulher

desobedece ao mandado de Deus e o resultado foi a separação eterna de Deus. Comprovamos esses

fatos nos versos de Genesis:

Genesis 2:16, 17 – “E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do

jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer,

certamente você morrerá".

Genesis 3:22 – “Então disse o Senhor Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o

bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do fruto da árvore da vida e o coma, e

viva para sempre".

69 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 189 70 Gardner, Calvin Gene. A Doutrina da Salvação –Soteriologia-. Imp.Palavra Prudente pag 07

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A separação eterna do homem da presença de Deus, que é a morte espiritual, teve como causa a

desobediência à lei de Deus (pecado) .

I João 3:4 – “Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da

Lei.”

Agora, longe de Deus, o homem colhe aquilo que sua desobediência produziu: medo, sofrimento, muito

trabalho e a maldição sobre a terra. No desenrolar da história dos judeus atestamos o pecado

dominando o homem e o separando de Deus.

Gardner descreve essa realidade da seguinte forma: “Desde o começo da Sua operação com os homens, Deus requer uma obediência explícita. Essa obediência desejada tem o fim de O glorificar. A maldição no jardim do Éden (Gn. 3:14-19, 22-24) foi expressada por causa do homem não colocar o desejo de Deus em primeiro lugar (Gn. 2:17; 3:6). A destruição da terra pela água nos dias de Noé (Gn. 6:5-7) foi anunciada sobre todos os homens por eles servirem a carne, não glorificando a Deus (Mt. 24:38). A história bíblica mostra o povo de Deus sendo castigado repetidas vezes, um castigo que continua até hoje, por adorar outros deuses (Jr. 44:1-10). A condição natural do homem é abominável diante de Deus justamente por ele não ter o temor de Deus diante de seus olhos (Rm. 3:18). A condenação final do homem ímpio será simplesmente por causa do homem não ter Deus nas suas cogitações (Sl. 10:4), desprezar toda a Sua repreensão (Pv. 1:30) e por não se arrependerem dos seus pecados e voltar a dar glória a Deus (Ap. 16:9). Foi dado outro tanto de tormento e pranto à Babilônia por causa de glorificar a si mesmo (Ap. 18:7). Deus nunca dará a glória devida a Ele a outro (Is. 42:8). Ao Deus da glória (At. 7:2), o Pai da glória (Ef. 1:17) é devida toda a glória para todo o sempre (Fp. 4:20; I Tm. 1:17).“ 71 Sobre a necessidade da salvação o Dr. Pearlman escreve: “"Como se justificará o homem para com Deus?" perguntou Jó (9:1). "Que é necessário que eu faça para me salvar?" Interrogou o carcereiro de Filipos. Ambos expressaram a maior de todas as perguntas: Como pode o homem acertar sua vida perante Deus e ter certeza da aprovação divina? A resposta a essa interrogação encontra-se no Novo Testamento, especialmente na epístola aos Romanos, na qual se apresenta, em forma sistemática e detalhada, o plano da salvação. O tema do livro encontra-se no capítulo 1:16,17, o qual se pode parafrasear da seguinte maneira: O evangelho é o poder de Deus para a salvação dos homens, pois o evangelho revela aos homens como se pode mudar de posição e de condição, de maneira que eles sejam justos perante Deus. Uma das frases proeminentes da mesma epístola é: "A justiça de Deus." O inspirado apóstolo descreve a qualidade de justiça que Deus aceita, de forma que o homem que a possui tenha aceitação como justo perante ele. Essa justiça resulta da fé em Cristo. Paulo demonstra que todos os homens necessitam dessa justiça de Deus, porque toda a raça pecou”72. “Toda a natureza do homem ficou deformada pelo pecado, a herança da queda; essa deformação moral reflete-se em sua conduta e em todas as suas relações. Antes que o homem possa ter uma vida que agrade a Deus, seja no presente ou na eternidade, sua natureza precisa passar por uma transformação tão radical, que seja realmente um segundo nascimento. O homem não pode transformar-se a si mesmo; essa transformação terá que vir de cima. Jesus não tentou explicar o como do novo nascimento, mas explicou o porquê do assunto. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido de Espírito é espírito." Carne e espírito pertencem a reinos diferentes, e um não pode produzir o outro. A natureza humana pode gerar a natureza humana, mas somente o Espírito Santo pode gerar a natureza espiritual. A natureza humana somente pode produzir a natureza humana; e nenhuma criatura poderá elevar-se acima de sua própria natureza.”.73

71 Gardner, Calvin Gene. A Doutrina da Salvação –Soteriologia-. Imp.Palavra Prudente pags 09,10 72 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 184 73 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 197

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Antes da Fundação do Mundo....

A Salvação tem sua origem no coração de Deus, antes da fundação do mundo. As Escrituras

fundamentam essa verdade:

Efésios 1:3-5 – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as

bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.

Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua

presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo,

conforme o bom propósito da sua vontade.”.

Apocalipse 13:8- “Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não

tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.”.

1 Pedro 1:18-20 – “Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que

vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados,

mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito,

conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês.”.

Mateus 25:34-"Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai!

Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo.”.

Antes mesmo da criação, o Deus Onisciente já preparou a reconciliação do homem consigo mesmo

através do sacrifício de seu Único Filho, Jesus Cristo. Esse plano foi elaborado para que o homem

pudesse ter acesso novamente a presença de Deus.

A vontade de Deus

João 6:39 – “E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu,

mas os ressuscite no último dia.”

Gálatas 1:3,4 – “A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, que se

entregou a si mesmo por nossos pecados a fim de nos resgatar desta presente era perversa, segundo a

vontade de nosso Deus e Pai.”.

A vontade de Deus, que foi arquitetada antes da fundação do mundo, é que todo homem seja salvo.

Sobre a vontade de Deus Gardner escreve:

“A vontade de Deus é a expressão do prazer dEle. A vontade de Deus não pode ser diferente da Sua

natureza, portanto, ela é soberana (não influenciada pelas forças terceiras), santa (pura, imaculada,

inocente), poderosa (Ele pode desejar o que Ele deve) e imutável (nada impedindo ou mudando a Sua

vontade). A Sua vontade motiva as Suas ações (Ef. 1:11, “faz todas as coisas, segundo o conselho da sua

vontade”). Na esfera dos deuses, o verdadeiro Deus se destaca, pois, somente Ele faz “tudo o que lhe

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apraz” (Sl. 115:3). O que foi criado, nos mares e em todos os abismos, é atribuído a ser criado por que

Deus quis (Sl. 135:6, “tudo o que o SENHOR quis, fez”).”.74

“Falhamos em entender a origem de qualquer coisa quando não voltamos à vontade soberana de

Deus.”. 75

“Se Deus é antes de todas as coisas (Cl. 1:17), a sua vontade é também antes de tudo que existe e

acontece. Aquele que sucede e é efetuado no mundo é o que o SENHOR dos Exércitos pensou e

determinou (Is. 14:24, “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como

determinei, assim se efetuará”).”.76

Três aspectos da Salvação

A morte expiatória de Cristo proveu as seguintes bênçãos da graça:

Justificação: (II Co 5:21; Rom 4:5; Rom 5:1) É a declaração de Deus sobre o pecador de que ele é justo. É

a absolvição da condenação à morte espiritual. A justificação pode ser ilustrada com base em um

tribunal da seguinte forma: Deus é o juiz, Jesus Cristo é o advogado e o pecado é a transgressão da lei.

“A justificação é o veredito entregue por Deus em um momento: não culpado, mas inocentado, aceito,

perdoado, justificado!”.77

Regeneração: (Tito 3:5) É o ato divino de transformação tornando o pecador herdeiro e membro da

família de Deus. Nessa nova família Deus é o Pai e gerador, Jesus é o irmão mais velho e também a vida,

e o pecado é a escolha da própria vontade em lugar da vontade do Pai.

“A regeneração é o ato divino que concede ao penitente que crê uma vida nova e mais elevada mediante

união pessoal com Cristo.”.78

“A resposta é que a fé que justifica é o ato inicial da vida cristã e esse ato inicial, quando a fé for viva, é

seguido por uma transformação interna conhecida como regeneração. A fé une o crente com o Cristo

vivo; essa união com o Autor da vida resulta em transformação do coração. "Se alguém está em Cristo,

nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Cor. 5:17). A justiça é

imputada no ato da justificação e é comunicada na regeneração. O Cristo que é por nós torna-se o Cristo

em nós.”.79

Santificação: (I Co 1:2) É o processo de separação do pecador do mundo para servir e obedecer a Deus.

Neste contexto, Deus é o Santo; Jesus é o sumo sacerdote e o pecado é a impureza.

“O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, foi adotado na família divina,

e agora dedica-se a servi-lo. Em outras palavras, sua experiência da salvação, ou seu estado de graça,

consiste em justificação, regeneração (e adoção), e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos

74 GARDNER, Calvin Gene. A Doutrina da Salvação –Soteriologia-. Imp.Palavra Prudente pags 13,14 75 PINK, The Atonement, p. 22 76 GARDNER, Calvin Gene. A Doutrina da Salvação –Soteriologia-. Imp.Palavra Prudente pag 15 77 PIPER, John. Irmãos, nós não somos profissionais, 2009, Shedd Publicações, pag40 78 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 195 79 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 191

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justos; sendo regenerado, ele é filho de Deus; sendo santificado, ele é "santo" (literalmente uma pessoa

santa).”.80

"Santo" é uma palavra descritiva da natureza divina. Seu significado primordial é "separação "; portanto,

a santidade representa aquilo que está em Deus que o toma separado de tudo quanto seja terreno e

humano — isto é, sua perfeição moral absoluta e sua divina majestade. Quando o Santo deseja usar

uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou aquele objeto do seu uso comum,

e, em virtude dessa separação, a pessoa ou o objeto toma-se "santo".81

Quanto a sequencia de acontecimentos desses aspectos, Pearlman escreve:

“Existe, de fato, uma ordem lógica: o pecador harmoniza-se, primeiramente, perante a lei de Deus; sua

vida é desordenada; precisa ser transformada. Ele vivia para o pecado e para o mundo e, portanto,

precisa separar-se para uma nova vida, para servir a Deus. Ao mesmo tempo as três experiências são

simultâneas no sentido de que, na prática, não se separam. Nós as separamos para poder estudá-las. As

três constituem a plena salvação. À mudança exterior, ou legal, chamada justificação, segue-se a

mudança subjetiva chamada regeneração, e esta, por sua vez, é seguida por dedicação ao serviço de

Deus. 82

Condições para a Salvação

As condições para a salvação são fé (Gal 3:26) e arrependimento (II Co 7:10). Estas duas condições

entram em operação pelo Espírito Santo.

Pearlman compara fé e arrependimento e propõe: “A fé é o instrumento pelo qual recebemos a

salvação, fato que não se dá com o arrependimento. O arrependimento ocupa-se com o pecado e o

remorso, enquanto a fé ocupa-se com a misericórdia de Deus. Pode haver fé sem arrependimento? Não.

Só o penitente sente a necessidade do Salvador e deseja a salvação de sua alma. Pode haver

arrependimento verdadeiro sem fé? Ninguém poderá arrepender-se no sentido bíblico sem fé na Palavra

de Deus, sem acreditar em suas ameaças do juízo e em suas promessas de salvação. São a fé e o

arrependimento apenas medidas preparatórias à salvação? Ambos acompanham o crente durante sua

vida cristã; o arrependimento torna-se em zelo pela purificação da alma; e a fé opera pelo amor e

continua a receber as coisas de Deus”.83

Conversão

Conversão no dicionário da língua portuguesa significa mudança de sentido. Podemos usar a mesma

analogia para “conversão” proposta pelo Reino de Deus. O homem pecador caminhava em direção

oposta a vontade de Deus e em um toque de graça do Espírito Santo, se volta para Deus abandonando

(dando as costas) para o pecado e reino das trevas. O processo de conversão envolve fé e

arrependimento como premissas básicas.

80 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 176 81PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 201 82 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 176 83 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 179

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O Dr. Pearlman descreve a conversão da seguinte forma: “A conversão descreve o lado humano da

salvação. Por exemplo: observa-se que um pecador, bêbado notório, não bebe mais, nem joga, nem

freqüenta lugares suspeitos; ele odeia as coisas que antes amava e ama as coisas que outrora odiava.

Seus amigos dizem: "Ele está convertido; mudou de vida." Essas pessoas estão descrevendo o que

aparece, isto é, o lado humano do fato. Mas, do lado divino, diríamos que Deus perdoou o pecado do

pecador e lhe deu um novo coração. Mas isso significa que a conversão seja inteiramente uma questão

de esforço humano? Como a fé e o arrependimento estão inclusos na conversão, a conversão é uma

atividade humana; mas ao mesmo tempo é um efeito sobrenatural sendo ela a reação por parte do

homem ante o poder atrativo da graça de Deus e da sua Palavra. Portanto, a conversão é o resultado da

cooperação das atividades divinas e humanas. "Assim também operai a vossa salvação com temor e

tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar segundo a sua boa vontade"

(Fil. 2:12,13).”.84

Textos que revelam a parte divina na conversão: Jer. 31:18; Atos 3:26

Textos que revelam a parte humana na conversão: Atos 3:19; 11:18; Ezeq. 33:11.

A Graça e a Salvação

Efésios 2:4-10 – “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou,

deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça

vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em

Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada

em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto

não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.

Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus

preparou de antemão para que nós as praticássemos.”.

Graça divina significa favor imerecido de Deus para o homem. A graça é imerecida e imerecível, afirma

Richard Foster.85 “Em seu livro “O Custo do discipulado”, Dietrich Bonhoeffer deixa claro que a graça é

grátis, mas não é barata”.86

Somos salvos pelo favor imerecido de Deus. No homem não existe bem algum pelo qual mereça ser

salvo. Mas pela misericórdia de Deus, pelo seu grande amor fomos resgatados e ressuscitados para uma

nobre posição: assentados com Cristo nos lugares celestiais.

O Dr. Pearlman declara a respeito da graça: “O que Deus concede, concede-o como favor; nunca

podemos recompensá-lo ou pagar-lhe. A salvação é sempre apresentada como dom, um favor não

merecido, impossível de ser recompensado; é um benefício legítimo de Deus. (Rom. 6:23) O serviço

cristão, portanto, não é pagamento pela graça de Deus; serviço cristão é um meio que o crente aproveita

para expressar sua devoção e amor a Deus. "Nós o amamos porque ele primeiramente nos amou." A

graça é transação de Deus com o homem, absolutamente independente da questão de merecer ou não

merecer. "Graça não é tratar a pessoa como merece, nem tratá-la melhor do que merece", escreveu L. S.

84 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 182 85 FOSTER, Richard J. Celebração da Disciplina, 1983. Editora Vida, pag. 17 86 FOSTER, Richard J. Celebração da Disciplina, 1983. Editora Vida, pag. 17

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Chafer. "E tratá-la graciosamente sem a mínima referência aos seus méritos. Graça é amor infinito

expressando-se em bondade infinita."87

“A graça de Deus aos pecadores revela-se no fato de que ele mesmo pela expiação de Cristo, pagou toda

a pena do pecado. Por conseguinte, ele pode justamente perdoar o pecado sem levar em conta os

merecimentos ou não merecimentos. Os pecadores são perdoados, não porque Deus seja benigno para

desculpar os pecados deles, mas porque existe redenção mediante o sangue de Cristo. (Rom. 3:24; Efés.

1:6.) Os pregadores modernistas erram nesse ponto; pensam que Deus por sua benignidade perdoa os

pecados; entretanto, seu perdão está baseado na mais rigorosa justiça. Ao perdoar o pecado, "Ele é fiel e

justo" (1 João 1:9). A graça de Deus revela-se no fato de haver ele provido uma expiação pela qual pode

ser justo e justificador e, ao mesmo tempo, manter sua santa e imutável lei. A graça manifesta-se

independente das obras ou atividades dos homens”. 88

“O homem nenhuma coisa possuía com que comprar sua justificação. Deus não podia condescender em

aceitar o que o homem oferecia; o homem também não tinha capacidade para cumprir a exigência

divina. Então Deus graciosamente salvou o homem, sem que este pagasse coisa alguma —

"gratuitamente pela sua graça" (Rom. 3:24). Essa graça gratuita é recebida pela fé. Não existe mérito

nessa fé, como não cabem elogios ao mendigo que estende a mão para receber uma esmola. Esse

método fere a dignidade do homem, mas perante Deus, o homem decaído não tem mais dignidade; o

homem não tem possibilidades de acumular bondade suficiente para adquirir a sua salvação. "Nenhuma

carne será justificada diante dele pelas obras da lei" (Rom. 3:20). A doutrina da justificação pela graça

de Deus, mediante a fé do homem, remove dois perigos: primeiro, o orgulho de autojustiça e de auto-

esforço; segundo, o medo de que a pessoa seja fraca demais para conseguir a salvação.”89

87 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 187 88 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 188 89 PEARLMAN, Myer. CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, 1970, Editora Vida, pg 193

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Aulá 09 – Escátologiá

Escatologia significa "Doutrina das Últimas Coisas" e, portanto, tem como escopo o estudo das profecias

concernentes ao fim desta era e a volta de Cristo. “Assim diz o Senhor... Eu sou o primeiro, e eu sou o

último...” (Isaías 44:6).

Deus já escreveu, tanto o primeiro como o último capítulo da história de todas as coisas. No livro de

Gênesis lemos acerca da origem de todas as coisas – do universo, da vida, do homem, da sociedade

humana, do pecado e da morte.

Nas escrituras proféticas, mui especialmente no livro do Apocalipse, revela-se como essas coisas

alcançarão seu alvo máximo e a consumação. Muitos, como Daniel, perguntam assim: “Qual será o fim

dessas coisas?” (Daniel 12:8). Somente Deus pode responder à pergunta e a resposta se encontra nas

Escrituras.90

Como preâmbulo do nosso estudo sobre as últimas coisas vamos estabelecer alguns fundamentos

importantes para nossa melhor compreensão deste tema tão desafiador e cativante:

a) A morte,

b) O Estado Intermediário,

c) A Ressurreição,

d) O Destino dos Justos,

e) O Destino dos Ímpios, e por último a 2ª Vinda de Cristo.

A Morte

A morte física é o último capítulo de nossa história neste planeta, é também o ponto final em nossa

existência biológica. O que acontece depois da morte física? Para onde vamos? Tudo se encerra no

último suspiro? Perguntas que a humanidade sempre fez e continuará fazendo.

O que as Escrituras nos dizem sobre isso? Vamos começar fazendo uma distinção entre imortalidade e

vida eterna, a imortalidade é futura (1ª Cor. 15:53-54), e refere-se a glorificação de nossos corpos

mortais na ocasião da ressurreição (v.52 – os mortos ressuscitarão; esta é a última e definitiva

ressurreição – nota do autor).

A vida eterna refere-se principalmente ao espírito do homem; é uma possessão presente, e não afetada

pela morte do corpo. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a morte é a separação do corpo e da

alma; o corpo morre e volta ao pó, a alma ou o espírito continua a existir conscientemente no mundo

invisível dos espíritos desencarnados. Assim o homem é mortal, estando o seu corpo sujeito à morte,

embora seja imortal a sua alma, que sobrevive à morte do corpo.

90 Pearlman, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, Editora Vida, pg 229

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A vida eterna alcançará sua perfeição na vinda de Cristo, e será vivida em um corpo glorificado que a

morte não mais pode destruir. Todos os cristãos, quer vivos quer falecidos, já possuem a vida eterna,

mas somente na ressurreição terão alcançado a imortalidade.91Vejamos alguns textos que descrevem a

experiência da morte:

a) João 11:11 – Adormecer, dormir;

b) 2ª Cor 5:1 – Se for destruída a temporária habitação terrena;,

c) 2ª Pedro 1:14 – Em breve deixarei este tabernáculo;

d) Lucas 12:20 – Inesperada;

e) Jó 16:22 – Viagem sem retorno;

f) Gênesis 49:33 – Ser congregado ao seu povo;

g) Salmo 115:17 – Descer ao silêncio;

h) Gênesis 3:19 – Voltar a terra (pó);

i) Filipenses 1:13 – Desejo partir e estar com Cristo.

O Estado Intermediário

Por “estado Intermediário” queremos dizer o estado dos mortos no período entre o falecimento e a

ressurreição. Entendendo essa ressurreição como a ressurreição do corpo, ou a glorificação do nosso

corpo, quando definitivamente gozaremos da IMORTALIDADE. (1ª Coríntios 15:51-53; 1ª Tess 4:13-17)

A recompensa final para os justos (Mateus 25:31-34) e o castigo final dos ímpios (Mateus 25:46; Apoc

20:15) acontecerá depois de suas respectivas ressurreições, que é um evento associado a segunda

vinda. Tanto os justos como os ímpios já falecidos estão nessa expectativa do desfecho da história.

Vejamos algumas passagens bíblicas que lançam alguma luz sobre esse estado intermediário:

a) Ap. 14:13 – Um estado de descanso,

b) Ap. 6:10-11 – Um estado de espera e expectativa,

c) Ap. 7:15 – Servindo dia e noite no santuário,

d) 2ª Co 12:2-4; Filipenses 1:22-24.

Importante lembrar o que Jesus disse ao homem que foi crucificado ao lado dele na cruz do Calvário em

Lucas 23:42-43: Hoje você estará comigo no paraíso; um outro termo interessante que aponta para essa

realidade/local/estado pós-morte encontramos na parábola do rico e Lázaro em Lucas 16:22: E

aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Essas passagens

encontradas no evangelho de Lucas ilustram verdades importantes:

91 Ibidem, pg 232

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1ª) O sono da alma é uma doutrina falsa, porquanto a alma é imortal, sendo perenemente capaz de

sentir e de existir em outra dimensão.

2ª) A doutrina da justificação pela fé fica demonstrada, bem como o valor da fé e do arrependimento.

3ª) Fica demonstrado que existe um verdadeiro estado espiritual para onde vão as almas dos remidos,

intitulado paraíso, seio de Abraão, céu, etc.

4ª) Fica demonstrado aqui, acima de tudo, que Jesus é o Salvador, estando dotado de autoridade para

pronunciar uma palavra que garante a salvação eterna da alma do pecador arrependido.

5ª) Fica demonstrado que as ordenanças humanas, e até mesmo as ordenanças divinas , como a do

batismo e a da Ceia do Senhor , não são necessárias para conduzir a alma do homem ao céu.

O Novo Testamento reconhece apenas duas classes de pessoas: as salvas e as nãosalvas. O destino de

cada classe determina-se agora, na vida presente, que é o único período probatório. Com a morte

termina esse período probatório, seguindo-se o julgamento segundo as obras praticadas no corpo -

Hebreus 9:27, 2ª Cor 5:10. Portanto, fica evidente a NÃO-EXISTÊNCIA de um lugar chamado

PURGATÓRIO, onde os crentes carnais e imperfeitos possam ser purificados de sua escória.

A Ressurreição

Encontramos no capítulo 15 de 1ª Coríntios uma defesa consistente acerca da ressurreição dos mortos,

evento que está conectado a 2ª vinda de Jesus Cristo. Segundo Paulo os que morreram (dormiram) em

Cristo ressuscitarão primeiro (1ª Tess 4:16; 1ª Cor 6:14), e receberão um novo corpo, o corpo espiritual

(2ª Cor 5:1-4 – habitação celestial), o corpo glorificado (1ª Cor 15:43).

Secundariamente, os que estiverem vivos por ocasião da 2ª vinda serão arrebatados (e transformados –

1ª Cor 15:52), e assim estaremos com o Senhor para sempre. (1ª João 3:2 – Coloss 3:4) A ressurreição

está intimamente associada à glorificação, evento último de nossa redenção (justificação, santificação e

glorificação), quando experimentaremos a absoluta e definitiva perfeição - física, mental e espiritual.

Embora o homem se torne justo perante Deus e vivo espiritualmente (Efésios 2:1- 6 – 1ª ressurreição –

ressurreição espiritual), seu corpo morrerá como resultado da sua herança racial de Adão. Mas desde

que o corpo é parte integrante de sua personalidade (Gênesis 2:7 - No princípio Deus criou tanto o

espírito como o corpo, e quando o espírito e o corpo se uniram como unidade vivente, o homem

tornou-se alma vivente), sua salvação e sua imortalidade não se completam enquanto seu corpo não for

ressuscitado e glorificado. Assim ensina o Novo Testamento.92 (Romanos 13:11-12; 1ª Cor 15:53-54;

Filipenses 3:20-21 – “Ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu

corpo glorioso”).

Certas pessoas não se interessam em ir para o céu, pensando que a vida ali será uma existência

insubstancial e vaga. Ao contrário, a existência no céu será tão real quanto a presente, de fato, ainda

mais real.

92 Ibidem, pg 235

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Os corpos glorificados serão reais e tangíveis e havemos de conhecer-nos e conversar uns com os

outros, e estaremos plenamente ocupados em atividades celestiais. Jesus no seu corpo ressuscitado era

muito real para seus discípulos; embora glorificado, era ele o mesmo Jesus.93

O Destino dos Justos

Os justos são destinados à vida eterna na presença de Deus. Deus criou o homem para ser ele conhecido

pelo homem, amado e servido por ele no presente mundo, como também gozar eternamente de sua

presença no mundo vindouro. O cristão durante a sua vida terrestre experimenta pela fé a presença do

Deus invisível, mas na vida vindoura essa experiência da fé tornar-se-á um fato consumado.94

(Apocalipse 21:1-7; 9, 10, 12, 14, 22 – verso 24 – aqui temos uma controvérsia importante – quem

seriam os habitantes das nações? Em minha humilde opinião encaro o verso 24 como sendo a

concretização de Romanos 14:11 e Filipenses 2:11).

O Destino dos Ímpios

O destino dos ímpios é estar eternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se

chama a segunda morte. Devido a sua natureza terrível, é um assunto diante do qual se costuma recuar;

entretanto é necessário tomar conhecimento dele, pois é uma das grandes verdades da divina

revelação. Por essa razão o manso e amoroso Cristo avisou os homens dos sofrimentos no inferno. Sua

declaração acerca da esperança do céu aplica-se também à existência do inferno – “se não fosse assim,

eu vo-lo teria dito” (João 14:2) O Inferno é um lugar de: extremo sofrimento (Apo 20:10), onde é

lembrado e sentido o remorso (Lucas 16:19-31), inquietação (Lucas 16:24), vergonha e desprezo (Dan

12:2), vil companhia (Apo 21:8) e desespero (Prov 11:7, Mat 25:41).95

A 2ª Vinda de Cristo

O fato de sua vinda O fato da segunda vinda de Cristo é mencionado mais de 300 vezes no Novo

Testamento. Paulo refere-se ao evento umas cinquenta vezes. Alguém já disse que a segunda vinda é

mencionada oito vezes mais do que a primeira. Epístolas inteiras (1 e 2 Tess) e capítulos inteiros (Mat.

24, Mar. 13) são dedicados ao assunto. Sem dúvida, é uma das doutrinas mais importantes do Novo

Testamento.96

A maneira de sua vinda

Será de maneira pessoal e literal (João 14:3; Atos 1:10, 11; 1 Tess 4:16; Apo 1:7; 22:7; Zac 14:4), visível

(Heb 9:28; Filip 3:20; Zac 12:10) e gloriosa (Mat. 16:27; 25:31; 2 Tess 1:7- 9; Coloss 3:4).97

93 Ibidem, pg 236 94 Ibidem, pg 241 95 Ibidem, pg 244 96 Ibidem, pg 246 97 Ibidem, pg 246

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O tempo de sua vinda

Tentativas houve para determinar a data da vinda de Cristo, mas em nenhuma delas o Senhor veio na

hora marcada pelos homens! Ele declarou que o tempo exato de sua vinda está oculto nos conselhos

divinos. (Mat. 24:36-42; Mar. 13:21-22)98 Sabemos que esse dia será repentino (1 Cor 15:52; Mat. 24:27)

e inesperado (2 Pedro 3:4; Mat 24:48-51; Apo 16:15).99

Os sinais de sua vinda

1. Enganação sem precedentes : Mateus 24:3-5; 24:11 ; 2ª Tess 2:1-4; 7-12

2. Guerras e rumores de guerras: Mateus 24:6-8; Guerras sempre existiram mas é no século XX que

acontecem a 1ª e 2ª guerra mundial, ceifando mais de 60.000.000 milhões de vidas.

3. Fome intensa : 800.000.000 milhões de pessoas são vítimas da desnutrição ou subnutrição no mundo.

(ONU 2015)

4. Epidemias globais: Aids, Ebola, gripe do frango, gripe espanhola...

5. Terremotos em vários lugares: Princípio das dores

6. Perseguição à igreja ; Mateus 24:9 ; 100.000 cristãos são mortos ao ano por razões ligadas a fé, diz

Vaticano. (G1-Globo 2013 e Revista Veja 2015)

7. O amor esfriará: Mateus 24:12 : aquele que perseverar até o fim será salvo; 2 Timóteo 3:1-2

8. O avanço do evangelho: Mateus 24:14; contra tudo e contra todos o evangelho seguirá sendo

pregado as nações.

9. Afronta a Deus e aos valores do reino: Mateus 24:15 (Ano 70 DC – Tito invade Jerusalém - Lucas

15:20-21)

10. Tempos difíceis na terra e céu: Mateus 24:29; Tribulação intensa abreviada por causa dos eleitos.

(Mateus 24:22) Mateus 24:32-33 – Ele está próximo.

O Começo do Fim

Segundo o Novo Testamento, o fim (esehaton) foi inaugurado com a encarnação, morte e ressurreição

de Jesus Cristo, o Messias. Os “últimos dias” (Hb 1:2) já começaram. Paulo afirma: “vindo, porém, a

plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho” (Gl 4;4), apontando para o início de uma nova época, “O

fator decisivamente novo e constitutivo para qualquer conceito cristão de tempo é a convicção de que ,

com a vinda de Cristo um Kairos único surgiu – pelo qual todo o tempo está determinado.”100

98 Ibidem, pg 246 99Ibidem, pg 246 100 SHEDD, Russell. A Escatologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1983, pg 5

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O intervalo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo, reconhecido como o período da graça

salvadora, é, igualmente, tempo de crise, justamente porque quem não recebe o convite para salvar-se

desta amaldiçoada geração, será condenado com ela (cf. Lc 3:7), Deus não revelou em parte alguma

quando o intervalor da graça terminará (Mc 13:32s), não obstante as tentativas de Miller determinar a

data (22 de outubro de 1844) para os seus seguidores (os Adventistas do Sétimo Dia) no século passado,

ou as sugestões de Hal Lindsay em nossos dias. A ira de Deus cairá sobre os não preparados como o

dilúvio no dia em que Noé entrou na arca (Mt 24:38) sem anúncio prévio além do fato que o relógio de

Deus está andando em direção ao fim.101

O problema hermenêutico

A questão fundamental da interpretação (hermenêutica), explica em grande parte a divergência sobre a

escatologia que caracteriza o mundo evangélico. Diferenças sobre escatologia na compreensão do

significado das passagens bíblicas têm conduzido estudiosos a diferentes posições.102

Existem cinco (5) chaves hermenêuticas importantes adotadas pelos estudiosos em relação à leitura e

interpretação do livro de Apocalipse, vejamos de maneira simplificada cada uma delas:

1ª) Idealista – Não se preocupa com os fatos históricos. Trata o Apocalipse como símbolos espirituais.

Reflete simplesmente o conflito entre o bem e o mal.

2ª) Futurista – Acredita na possibilidade literal da leitura Apocalíptica, incluindo o reino literal e físico no

milênio.

3ª) Historicistas – O Apocalipse fala do futuro à partir da perspectiva de João, para nós tem a ver com o

passado.

4ª) Escatologia realizada – O fim do mundo já está acontecendo; quando Jesus ressuscitou dos mortos o

Apocalipse já teve inicio. O reino de Deus, prometido nas Escrituras já chegou em Jesus.

5ª) Escatologia Inaugurada – Esta posição acuradamente apresenta o período da encarnação de Cristo,

Sua Vida, Paixão e Exaltação, o Derramamento do Espírito e a inclusão dos gentios no Novo Israel, como

o cumprimento das predições dos profetas do A.T (Cf. Lc 24:25ss, 32, 44ss). Assim, o reino veio na

pessoa de Jesus Cristo e seu ministério legitimamente, mas não integralmente. Ainda há mais para

cumprir-se quando o parcial cederá á totalidade do fim.103

Nosso olhar (ou chave hermenêutica) para o livro de Apocalipse nesta aula envolverá três chaves

principais, pela ordem: Escatologia Inaugurada, Historicista e Idealista. Reconhecemos aspectos

históricos contemporâneos ao escritor sagrado, ao mesmo tempo em que cremos na presença de

elementos proféticos que apontam para os tempos do fim, e que foram (estão) sendo cumpridos ao

longo do desenvolvimento da igreja, e por último, entendemos que algumas passagens são simbólicas,

comunicando princípios espirituais atemporais.

Compreendemos também que passagens não muito claras da Bíblia devem ser esclarecidas pela própria

Bíblia, isto é, estaremos sempre buscando nos Evangelhos (especialmente nas falas de Jesus) e

101 Ibidem, pg 6 102 Ibidem, pg 9 103 Ibidem, pg 10

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principalmente nas cartas de Paulo elucidar ou ampliar nosso entendimento sobre alguma passagem

mais obscura. Um dos pontos mais conflitantes entre a chave hermenêutica futurista – que entende,

interpreta – o Apocalipse de uma forma literal, e a que estamos adotando nesta aula (escatologia

inaugurada, Historicista e Idealista) é em relação ao Milênio.

Essa interpretação literal principalmente de Apocalipse 20 ensina que “após Sua segunda vinda, Jesus

Cristo irá governar a terra por 1000 anos. Assim, a segunda vinda é anterior ao milênio (pré-milenista).

Os pré-milenistas ensinam que na segunda vinda de Cristo, os santos que estiverem vivos serão

arrebatados ao passo que os santos mortos serão levantados dentre os mortos. Todos esses santos

receberão corpos glorificados e imortais. Eles encontrarão Cristo nos ares e retornarão com Ele a fim de

governar a terra por 1000 anos. Esse período de 1000 anos será de paz e justiça mundial. No final desse

período, Satanás será solto de sua prisão para enganar as nações. Inúmeros exércitos se rebelarão e

atacarão Cristo e os santos em Jerusalém; esses exércitos serão então destruídos por fogo do céu. Após a

derrota desses exércitos rebeldes, acontecerá a ressurreição e o julgamento final; então começara o

Estado Eterno. Em resumo essa é a essência do pré-milenismo; há muitas variações. Entre os pré-

milenistas há os que defendem um arrebatamento pré-tribulacionista, medo-tribulacionista, e pós-

tribulacionista”.104

Nossa abordagem nesta aula parte do pressuposto de que a “Escritura deva ser interpretada

literalmente em alguns casos e simbolicamente em outros, dependendo do contexto da passagem e da

intenção do autor”.105 “E como dissemos anteriormente as passagens não muito claras da Bíblia devem

ser esclarecidas pela própria Bíblia. A Escritura não pode contradizer a Escritura; portanto, quando duas

passagens parecem estar em conflito entre si, a mais clara deve ser usada para interpretar a menos

clara.”106

“Como alternativa a abordagem pré-milenista temos o pós-milenismo (visão dominante entre os

protestantes, da Reforma até o final de 1800), esta interpretação escatológica crê que o reino de Cristo é

espiritual, não geográfico (isto é localizado literalmente neste mundo) de modo que onde há indivíduos

que recebem a Cristo e reconhecem sua soberania sobre suas vidas, ai está o reino de Deus. Há também

a esperança da conversão de todas as nações do mundo, não na totalidade, mas a grande maioria da

população de todos os povos da terra. Assim será inaugurado um longo período de paz entre os homens

no mundo que se identifica com o reino milenar. Os pós-milenistas não interpretam os mil anos de

Apocalipse 20 literalmente. Alguns acham que durará todo o período da igreja entre a primeira e a

segunda vinda. Haverá um curto lampejo de maldade antes da Vinda do Senhor, seguido pela

ressurreição de todos, o julgamento e a consignação dos homens ao estado permanente do céu e o

inferno. Outros creem que o milênio não literal começara com a divulgação mundial do evangelho e a

conversão da maioria da humanidade.”107

104 SCHWERTKEY, Brian. A Ilusão Pré-Milenista. 2006. Pg. 3 105 Ibidem, pg 3 106 Ibidem, pg 3 107 SHEDD, Russell. A Escatologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1983, pg 17

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A Marcha dos Acontecimentos na perspectiva Pré-Milenista

Quadro 01

Quadro 02

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A Marcha dos Acontecimentos na perspectiva Pós-Milenista

Quadro 01

Quadro 02

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Meu Reino não é deste mundo

Uma afirmação importante feita por Jesus no momento em que era interrogado por Pilatos revela uma

verdade importante sobre a perspectiva de Jesus acerca do Seu Reino: Respondeu Jesus: O meu reino

não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não

fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui. -- Versão Almeida Atualizada. (João

18:36-37)

A nação de Israel perdeu a visitação de Deus (na 1ª vinda) porque seus olhos estavam somente voltados

para as questões desta vida, estavam mais preocupados em resolver os seus problemas nacionais,

ansiavam pela restauração da nação através do surgimento de um líder (Messias) que pudesse levá-los

novamente a glória e a liberdade nesta terra. Impelidos pelos religiosos de então terminaram por

ignorar totalmente a mensagem de salvação e a promessa de vida eterna do Filho de Deus. João

acertadamente declara: Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. (João 1:11)

“Para nós existe esta advertência, que aquilo que eles estavam esperando era um líder de reformas

sociais e de aventuras políticas. Caso Cristo lhes tivesse satisfeito o desejo, caso ele se tivesse deixado

persuadir por eles em seguir tal curso, muitos deles tê-lo-iam seguindo ansiosamente. Todavia, pelas

coisas espirituais tinham pouca atração; e não podiam enxergar esperança em uma missão espiritual,

atitudes essas que são tão características de nossa geração.”.108

Encontramos evidências muito claras nas Escrituras de que o reino de Deus teve início na primeira vinda

de Jesus, e segue avançando na história através da igreja; cremos também que a humanidade tem um

NOVO e PODEROSO ENCONTRO marcado com Deus no futuro; o mesmo Jesus que veio como o

“CORDEIRO de Deus que tira o pecado do mundo” retornará como o Leão da Tribo de Judá, para buscar

os seus, e ao mesmo tempo encerrar a ERA DA GRAÇA – o tempo da salvação dos gentios.

Nesse calendário divino a Igreja tem um papel determinante, Jesus disse: E este evangelho do Reino

será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim. (Mateus 24:14)

Anunciar o evangelho do reino em todo o mundo é a grande COMISSÃO, o grande desafio que Jesus

Cristo deixou para a igreja: Mateus 28:18-20: Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada

toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os

em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E

eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos".

A 1ª vinda de Jesus inaugura o seu Reino de Deus neste mundo

Em seu tempo nesta terra Jesus realizava muitos milagres e expulsava muitos demônios, certa vez

quando alguns fariseus questionavam sua autoridade espiritual ele argumentou em Mateus 12:28-29:

Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. "Ou

como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo?” Só

então poderá roubar a casa dele.

O Homem forte é Satanás, e os bens são as almas dos perdidos. Jesus veio para saquear o INFERNO. Este

reino que começa pequeno, simples e inexpressivo tornar-se-á uma grande MONTANHA. Jesus diz

108 CHAMPLIN, Russel. O Novo Testamento Interpretado – comentário versículo de João 1:11

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acerca do reino de Deus em Mateus 13:31-32: "O Reino dos céus é como um grão de mostarda que um

homem plantou em seu campo. Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce torna-se

a maior das hortaliças e se transforma numa árvore, de modo que as aves do céu vêm fazer os seus

ninhos em seus ramos".

O Rei começa a reinar. Jesus tornasse Senhor e Rei do céu e da terra. Pedro em seu primeiro discurso

após ser cheio do Espírito Santo diz em Atos 2:36: Portanto, que todo o Israel fique certo disto: Este

Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo.

Paulo em Efésios 1:20-22 confirma o reino ao declarar: Esse poder ele (Deus) exerceu em Cristo,

ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de

todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas

nesta era, mas também na que há de vir.

Assentado a destra do Pai, o Filho aguarda pacientemente que todos os seus inimigos sejam sujeitos,

para que finalmente ELE possa retornar a terra buscar sua NOIVA – A IGREJA. Mateus 22:44 diz: “O

Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos

teus pés “(Reino sendo estabelecido – Igreja tomando posse – avançando – As portas do inferno sendo

destruídas pela igreja – e almas sendo libertas)

Ele funda a igreja com a missão de espalhar o reino de Deus através da pregação do evangelho, o texto

de Colossenses 1:18 diz: Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os

mortos, para que em tudo tenha a supremacia.

E Paulo vai ainda mais longe afirmando que a vitória de Cristo também é a vitória da Igreja, veja o que

ele diz em Efésios 2:4-9: Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos

amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela

graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou (1ª ressurreição- Novo Nascimento) com Cristo e com ele

nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a

incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois

vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras,

para que ninguém se glorie.

O que isso tudo nos diz? A igreja é IMPARAVEL, o reino de Deus não poderá ser detido em seu

progresso, ainda que existam tempos de pressão e de dificuldade, temos a certeza de que o REINO DE

DEUS JAMAIS TERÁ FIM, ele prosseguirá abençoando, restaurando e curando através da IGREJA DE

JESUS. Em Mateus 16:19 Jesus diz ao temeroso Pedro: Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que

você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus".

A Igreja e o Reino

A igreja reina como um corpo coordenado de sacerdotes e reis. O Novo Testamento claramente ensina

que esse reino iniciou com a primeira vinda. Por isso também a igreja é constantemente descrita como

um sacerdócio real: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa” (1ª Pedro 2:9).

Jesus Cristo nos constitui reis e sacerdotes para servir a seu Deus e Pai. (Ap 1:6). “Tu os constituíste reis

e sacerdotes para o nosso Deus” (Ap 5:10). A igreja governa do céu no sentido que os cristãos estão

posicionalmente em Cristo, com Ele no céu, sentados no trono. (Ef 2:6; Ap 3:21) A igreja obtém toda a

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usa autoridade de Cristo, que governa do céu, mas os cristãos devem por em prática a Sua Palavra em

cada aspecto da sua vida na terra. Os cristãos governam com Cristo e reinam sobre o mundo pela

pregação do evangelho, ensinando e discipulando as nações. A igreja é o sal e a luz na terra, difundindo

a influência da Palavra de Deus até o ponto em que “a terra se encherá do conhecimento do Senhor,

como as águas cobrem o mar” (Is 11:9).109

A 1ª vinda e o Milênio

Se Jesus Cristo inaugurou o reino em sua 1ª vinda como vimos por inúmeras passagens bíblicas e a igreja

reina como um corpo coordenado de sacerdotes e reis, é razoável supor que o Milênio - ou o reino

espiritual de Cristo - está em pleno andamento, o que nos leva a concluir que a 2ª vinda encerrará esse

GRANDE PERÍODO DE TEMPO (1000 anos na linguagem de João).

Partindo desse entendimento – de que o Milênio é um processo em andamento – e não um evento

marcado para o futuro, gostaria de apresentar uma rápida perspectiva sobre os eventos anotados em

Apocalipse 20 – o capítulo que trata do Milênio.

a) Apocalipse 20:1-3 – A Cruz do Calvário e a vitória sobre Satanás

Em Apocalipse 20:1-3 João descreve o aprisionamento de Satanás. Uma vez que Satanás é um ser

espiritual, a chave e a corrente são obviamente simbolismos representando uma restrição de poder que

foi imposta sobre ele. O propósito do aprisionamento de Satanás é de “impedi-lo de enganar as nações”.

A Bíblia diz quando isso ocorreu? Sim, a Bíblia ensina que Satanás foi derrotado e amarrado no contexto

da primeira vinda de Cristo.110

Em Mateus 12:28-29 Jesus especificamente fala aos fariseus que o Seu controle sobre os demônios

prova que Ele amarrou Satanás e que agora está saqueando seus bens. O aprisionamento que Jesus faz

de Satanás não ocorre na segunda vinda, mas na Sua primeira vinda; esse aprisionamento prova que o

Seu reino é uma realidade presente, não algo distante no futuro.111

Quando Jesus instruiu os seus discípulos sobre a proximidade da Sua crucificação, disse “Chegou a hora

de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado

da terra, atrairei todos a mim”. (João 12:31-32) O aprisionamento de Satanás por Cristo permite a Ele

saquear a sua casa. A morte e ressurreição vitoriosas de Cristo permitiram-lhe conquistar

(espiritualmente) todas as nações. “Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do

Diabo” (1 João 3:8). 112

b) Apocalipse 20:4-6 – A era da Igreja – o reino espiritual de Cristo

João fala de tronos ocupados por àqueles que não sucumbiram às hostes do inferno e que serviram

fielmente ao Senhor. Diz o texto que eles (os fiéis) ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil

anos.

109 SCHWERTLEY. Brian. A Ilusão Pré-Milenista. 2006. Pg.22 110 Ibidem, pg 17-18 111 Ibidem, pg 18 112 Ibidem, pg 18

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Numa linguagem simbólica João descreve o reino espiritual da igreja ao longo do milênio. A igreja

governa do céu no sentido de que os cristãos estão posicionalmente em Cristo, com Ele no céu. (Efésios

2:6 – Nos Ressuscitou – 1ª ressurreição – ressurreição espiritual; Ap 3:21). 113

c) É fundamental comparar as afirmações dessa passagem bíblica com outras importantes

encontradas nas escrituras: 1ª Pedro 2:9; Ap 1:6; Ap 5:10; Coloss 1:1; João 5:24-25 – já passou

da morte para a vida.

d) Apocalipse 20:7-15 – O Fim do Milênio

O que vemos nestes versículos finais de Apocalipse 20 é o encerramento do Milênio e a destruição

definitiva de Satanás. Cremos que a 2ª vinda fechará o ciclo do Milênio; na cruz Jesus Cristo destronou a

Satanás, o valente foi amarrado; abrindo espaço para a expansão do evangelho e o resgate das almas do

Império da Morte; sendo a igreja a representante legal dessa obra de avanço do reino espiritual de

Deus; e agora (na 2ª vinda) temos a ressurreição dos mortos, a transformação dos vivos (arrebatamento

da igreja), o juízo das nações (ovelhas e bodes) e a imputação definitiva da pena divina a Satanás, suas

hostes e a todos àqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro.

O MILÊNIO, ou reino espiritual de Cristo, se estenderá até a 2ª vinda, quando finalmente se concretizará

a expectativa descrita em 1ª Coríntios 15:25: “Pois é necessário que ele reine até que todos os seus

inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. “Quando

terminarem os 1000 anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá para enganar as nações que estão

nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a

areia do mar”. (Apocalipse 20:7-8) E encontramos no verso 9 e 10 o desfecho final de toda a história: “...

mas um fogo desceu do céu e as devorou. O Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que

arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e

noite para todo o sempre.”

Uma visão geral do Apocalipse

a) Abertura: 1:1-8: Exaltação de Jesus Cristo

b) Advertência à igreja: 1:9-3:22

c) A visão do Trono, a visão do Cordeiro vencedor, o reino da Igreja, advertências ao mundo e o

início das dores: 4:1-16:21

d) As dores se aprofundam, a exaltação do Cordeiro: 17:1-19:10

e) O último suspiro do Mal antes de sua destruição definitiva, o Juízo Final: 19:11-20:14

f) A Nova Jerusalém, Alegria Eterna, O Rio da Vida: 21-22:6

g) Ele vem, seja vigilante: 22:7-21.

Definindo o significado de alguns temas/símbolos

O Dr. Russell Shedd em um estudo sobre a escatologia bíblica procura definir o significado de alguns

temas/símbolos que aparecem no Apocalipse:114

1- Os selos significam – evangelização, guerra, fome, martírio, caos que precede a Vinda de Cristo.

2- Os 144.000 representam a Igreja, bem como a “grande multidão” de todas as nações.

113 Ibidem, pg 22 114 SHEDD, Russel. “A Escatologia Bíblica e suas implicações para o novo Milênio”. 2000. Pg 10

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3- As trombetas mostram figuradamente a ira de Deus sobre o mundo.

4- As duas testemunhas possivelmente representam a Igreja.

5- A besta é o anti-cristo e o falso profeta o seu protagonista.

6- Babilônia representa Roma e também o reino satânico que dominará o mundo antes da Vinda

de Cristo.

7- O Milênio representa o Reino de Cristo após a sua Vinda.

8- A Nova Jerusalém representa a realidade após a destruição e condenação de toda a oposição.

Fica evidente na exposição acima do Dr. Russel Shedd sua perspectiva futurista (pré-milenista) em

relação ao Apocalipse, isto é, o Milênio é um evento futuro que terá início na 2ª vinda de Cristo – Cristo

reinará por 1000 anos na terra juntamente com os santos. Na perspectiva que temos adotado nesta

aula, o Milênio – o reino espiritual de Cristo têm o seu início na 1ª vinda, sendo que Apocalipse 20

descreve o capítulo final do Milênio, abrindo espaço para a Nova Jerusalém, os novos céus e a nova

terra.

Considerando essa diferença fundamental de perspectiva, reconhecemos que alguns significados

apresentados nos ajudam a uma compreensão melhor do texto sagrado.

Alguns pontos que chamam nossa atenção em Apocalipse

O anticristo

O anticristo talvez seja a figura mais popular no corrente cenário profético, e possivelmente o mais mal

compreendido. Alguns grupos cristãos acreditam que o anticristo já nasceu e que estás às portas de

tornar-se conhecido no cenário mundial. Os defensores desta ideia concentram suas atenções no

pequeno chifre de Daniel (Daniel 8), no homem de pecado de Paulo(2 Tess 2) e na besta do Apocalipse,

mas ignoram passagens da Escritura que realmente falam do anticristo.115

Há somente quatro versículos da Escritura que expressamente mencionam “anticristo”, todos nas cartas

de João (1Jo 2:18; 22; 4:3; 2Jo 1:7). João corrige a falsa noção de anticristo que apareceu entre os

cristãos em seu tempo; declara que o anticristo não é uma realidade de um futuro distante, mas da

presente realidade.116

João desvia o foco de uma pessoa - muitos anticristos tem surgido -, chegando a afirmar que alguns

saíram do meio da própria igreja; ele chama nossa atenção também para atitudes e ideologias que

negam o Cristo.

SCHWERTLEY citando Martyn Lloyd-Jones diz: “O anticristo não é um governador individual, malévolo,

aparecendo no futuro. Antes, o anticristo foi uma tendência herética contemporânea acerca da

identidade de Cristo, influente entre muitas pessoas dos dias de João”.117

A besta

No livro de Apocalipse a besta é identificada tanto como um império como um líder de um império.

SCHWERTLEY afirma que sem dúvida o Império Romano dos dias de João se enquadra perfeitamente

115 SCHWERTLEY. Brian. A Ilusão Pré-Milenista. 2006. Pg.69 116 Ibidem, pg 69 117 Ibidem, pg 70

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nesse figurino.118 Se compararmos os animais de Apo 13:1-2 e Daniel 7:1-6 veremos os mesmos animais

sendo utilizados simbolicamente; representando reinos que se sucederiam na história (Babilônico,

Medo-Persa, Grego e Romano).

Outro dado citado por SCHWERTLEY é que no mundo antigo Roma era conhecida como a cidade das

sete colinas (Apo 17:9-10). Roma foi um império mundial que detinha autoridade sobre todos os povos e

nações (Apo 13:7); constituía o auge dos quatro impérios de Daniel, um império completamente

satânico (v.2); e que existiu sobre sete colinas (v.9).119

Ainda segundo SCHWERTLEY a besta também é identificada com um homem (Apo 13:18). Os césares de

Roma eram adorados como deuses. Os Imperadores de Roma foram designados como: Sebastos

(alguém a ser adorado), divus (deus) e mesmo Deus e Theos. As moedas de Nero traziam “Salvador do

Mundo”, e Domiciano era chamado “nosso Senhor e nosso Deus”.120

João disse que a besta faria guerra contra os santos de Deus (Apo 13:7). De fato, é dada a ela autoridade

para conduzir essa guerra blasfema por um certo intervalo de tempo: 42 meses (Apo 13:5). A

perseguição de Nero, que iniciou em 64 A.D., foi mesmo a primeira investida romana contra o

Cristianismo. Nero foi assassinado pela espada em 8 de Junho de 68 A.D., e isso pois fim a sangrenta

perseguição contra os crentes. Note que a perseguição dos cristãos por Nero durou 42 meses,

exatamente como profetizado pelo apóstolo João em Apocalipse 13:5.121

Embora o Império Romano e até mesmo Nero possam ser identificados como a besta no contexto do

escritor sagrado, considero relevante que a igreja jamais venha esquecer-se que o mal estará sempre

buscando oportunidades para atacar ao povo de Deus; e que em determinados momentos históricos

outras pessoas, outras nações e até mesmo falsas ideologias possam surgir para perseguir e até mesmo

destruir a igreja cristã. (2ª Co 10:3-5; Coloss 2:8)

A Marca da Besta

Os que adoram a imagem da besta receberão uma marca que lhes dará o direito de comprar e vender.

Por outro lado, os cristãos fiéis, que recusam a adorar a besta, serão totalmente excluídos da vida

econômica do mundo. O número da besta é 666.

Talvez devemos pensar apenas em sua incapacidade de atingir o número 777, que nós daríamos Àquele

que é três vezes santo e perfeito em todos os seus atributos divinos. O número “7” tem um significado

todo especial em Apocalipse, apontando sempre para a perfeição de Deus e com o que Ele faz e conta.

Tentativas de interpretar este número simbólico “666” para indicar um homem com nome específico

não tem logrado sucesso. Dando a soma dos valores das letras que compõem o nome “Nero César” em

hebraico alcança-se o total de “666”. Mas seria esse nome que foi tencionado pelo autor?122

SCHWERTLEY pergunta: Estamos próximos de receber um código de barras na fronte e/ou na mão

direita a fim de podermos comprar e vender coisas? O governo caminha no propósito de forçar as

118 Ibidem, pg 70 119 Ibidem, pg 71 120 Ibidem, pg 71 121 Ibidem, pg 73 122 SHEDD, Russell. A Escatologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1983, pg 48

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pessoas a ter um chip de computador inserido na mão direita para fins de identificação? Ainda que essas

coisas sejam possíveis, não tem absolutamente nenhuma relação com a marca da besta citada em

Apocalipse. No Antigo Testamento Deus falou da total sujeição à Ele e à Sua Lei prendendo-a na testa e

amarrando-a como um sinal nos braços (Deuteronômio 6:8). Em Apocalipse, aqueles que são fiéis a

Cristo, “e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá” (Apo 14:4), são identificados por que “traziam

escritos na testa o nome dele (do Cordeiro) e o nome de seu Pai” (Apo 14:1) João também se refere a

isso como um selo: “Não danifiquem, nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até que selemos as

testas dos servos do nosso Deus” (Apo 7:3) É obvio que trazer o nome de Cristo (ou Deus Pai, Apo 14:1)

na fronte não deve ser entendido literalmente, mas como representativo da aliança com Deus, da

possessão de Deus e mesmo da presença de Deus o Espírito Santo. 123

Portanto, a marca da besta deve ser assumida como “a paródia satânica do ´selo de Deus´ das testas e

mãos dos retos... Israel rejeitou Cristo, e é ´marcada´ com o selo do absoluto senhorio romano; ela se

aliançou com César, acatando o seu governo e a sua lei. Israel escolheu ser salva pelo estado pagão, e

perseguiu aqueles que visavam salvação em Cristo. A marca da besta é uma imitação barata do selo de

Deus ao Seu povo. Aqueles que se submetem a César e ao estado romano têm respeitabilidade social e

os seus benefícios (econômicos, políticos, religiosos etc). O estado romano exigiu total submissão a

César; todos deveriam fazer uma oferta de incenso a César como sendo Deus.124

A Mulher, o Dragão e as Bestas (Apo 12:1-13:18)

a) A mulher vestida do Sol simboliza o povo ideal de Deus (cf. Isa 54:1; Gl 4:26). No Antigo

Testamento Israel é designado a esposa do Senhor. Também a igreja recebe o título de Noiva de

Cristo (Jo 3:29; 2 Co 11:2; Ef 5:25-27)125,

b) O dragão com sete cabeças e dez chifres refere-se a Satanás. Deve ser comparado à quarta

besta mencionada em Daniel 7:7, 24 que mostra o seu poder e arrogância como quem pretende

sublevar e tomar pela força a autoridade do Senhor que unicamente tem direito de domínio

absoluto sobre a criação, 126

c) O filho varão (verso 5) não pode ser outro senão Jesus Cristo que regerá as nações com um

cetro de ferro. (Sl 2:9)

d) As bestas simbolizam a ação do anticristo.

Considerações Finais

Chegamos ao final de nossa aula. Percorremos um longo caminho. Espero que cada um

de nós possa ter recebido mais luz de Deus a respeito dos tempos do fim; e que isso tudo possa

contribuir para que sejamos cristãos melhores e uma igreja melhor. Creio que o propósito da revelação

é desafiar-nos como povo de Deus a assumirmos um compromisso cada vez maior com a expansão do

reino de Deus.

123 SCHWERTLEY. Brian. A Ilusão Pré-Milenista. 2006. Pg.73-74 124 Ibidem, pg. 74 125 SHEDD, Russell. A Escatologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1983, pg 46 126 Ibidem pg 46

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Como IGREJA devemos investir nossos recursos, nosso tempo e energia buscando os “perdidos”, e

cuidando bem dos “encontrados”, evangelizando e vigiando o tempo todo.127

Que desafio, que esperança e que encorajamento recebemos ao compreendermos as profecias acerca

da 2ª vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o que temos é uma única certeza: apesar das lutas

e desafios, a vitória é certa. Que todos nós possamos nos tornar cooperadores no projeto de redenção

de Deus da humanidade; que todos nós possamos exercer plenamente nossa vocação como reis e

sacerdotes: evangelizando, discipulando, amando a Deus de todo o nosso coração, e ao próximo como a

nós mesmos.

O Espírito e a noiva dizem: Vem. E todo aquele que ouvir diga: Vem. Quem tiver sede venha; e quem

quiser beba de graça da água da vida.”. (Apocalipse 22:17)

127 SHEDD, Russell. A Escatologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1983, pg 70

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Ficha de Presença

Nome: __________________________________

Dia 01: ___/____/____ Aula 01 - Existencia de Deus Presença: ( )

Dia 02: ___/____/____ Aula 02 – Doutrina de Cristo Presença: ( )

Dia 03: ___/____/____ Aula 03 – Doutrina do Espírito Santo Presença: ( )

Dia 04: ___/____/____ Aula 04 - Escrituras Presença: ( )

Dia 05: ___/____/____ Aula 05 – O homem Presença: ( )

Dia 06: ___/____/____ Aula 06 – O Pecado

Presença: ( )

Dia 07: ___/____/____ Aula 07 – A expiação

Presença: ( )

Dia 08: ___/____/____ Aula 08 – A Doutrina da SAlvação

Presença: ( )

Dia 09: ___/____/____ Aula 09 –Escatologia

Presença: ( )