erick rommel hipÓlito de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM DIVERSIDADE E INCLUSÃO
ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZA
A NATAÇÃO E SUAS PROVAS: GLOSSÁRIO EM LIBRAS
Dissertação de Mestrado submetida à Universidade Federal Fluminense visando à obtenção do grau de Mestre em Diversidade e Inclusão
Orientadora: Ruth Maria Mariani Braz
Niterói 2017
II
ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZA
A NATAÇÃO E SUAS PROVAS: GLOSSÁRIO EM LIBRAS
Trabalho desenvolvido no Instituto de Biologia, Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão, Universidade Federal Fluminense.
Dissertação de Mestrado submetida à Universidade Federal Fluminense como requisito visando à obtenção do grau de Mestre em Diversidade e Inclusão
Orientadora: Ruth Maria Mariani Braz
III
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela oportunidade de continuar o estudo no mestrado e
por me dar força de vontade para persistir e não desistir.
Aos meus pais Vladimir e Ana e meus irmãos Christian e Arina pela base
familiar que me tornou uma pessoa íntegra e honesta.
À minha companheira Priscilla, pela motivação e pelo incentivo de fazer o
Mestrado juntos, compartilhando experiências e dividindo as tarefas acadêmicas,
profissionais e domésticas. Ela me incentivou e animou para concluir.
Aos nossos filhos Eros Kaloã e Patrícia, pela paciência e compreensão
quando eu e a mamãe Priscilla precisamos nos ausentar para focar nos estudos.
A Alexandre, Maria do Carmo, Jonathas, Marta e Rosângela, que se
revezaram para ficar com as crianças quando precisamos, eu e Priscilla, assistir
às aulas, estudar e fazer pesquisas.
À orientadora Ruth, pela confiança, pela trocas de e-mails a distância,
quando estava em Portugal, pela paciência em seus ensinamentos, pelas críticas
que me fizeram prosseguir no trabalho. Sem a ela, não teria chegado onde estou.
Ao Curso do Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão da
Universidade Federal Fluminense (CMPDI/UFF), especialmente a Professora
Doutora Cristina Delou e a Professora Doutora Helena Carla Castro, pela
oportunidade de abrir as portas para os deficientes, incluindo os surdos, através
de ações afirmativas. Ambas sempre preocupadas em promover acessibilidade
para todos.
Aos todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Diversidade
e Inclusão, pelos ensinamentos transmitidos, pelas trocas de experiências, que
me possibilitaram outros olhares.
Aos colegas do mestrado, pela partilha de aprendizagem, pela força e ajuda
mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente
do ponto de vista de cada um.
Aos tradutores e intérpretes de Língua de Sinais da UFF, muito obrigado por
transmitir os conteúdos ministrados, interpretando e traduzindo as aulas durante o
curso de Mestrado. Sem vocês, o meu aprendizado seria em vão.
V
SUMÁRIO
Lista de Figuras VII
Lista de Quadros IX
Lista de Abreviaturas X
Resumo........................................................................................................ XI
Abstract......................................................................................................... XII
1. Introdução................................................................................................. 1
1.1 Apresentação....................................................................................... 1
1.2 Histórico do Esporte Adaptado............................................................ 4
1.3 Natação............................................................................................... 8
1.4 As Conquistas Legais......................................................................... 13
1.5 Glossário x Dicionário: A importância do Glossário de Natação para
surdos................................................................................................... 16
2. Objetivos................................................................................................... 20
2.1 Objetivo geral....................................................................................... 20
2.2 Objetivos específicos........................................................................... 20
3. Material e Métodos................................................................................... 21
3.1 Levantamento bibliográfico.................................................................. 21
3.2 Coleta de Sinais................................................................................... 22
3.3 Filmagem............................................................................................. 22
3.4 Divulgação........................................................................................... 24
4. Resultados e Discussão........................................................................... 26
4.1 Levantamento Teórico........................................................................ 26
4.2 Sinais existentes e sinais neológicos.................................................. 29
4.3 Aplicação do Produto.......................................................................... 53
5. Conclusão................................................................................................. 58
6. Referências Bibliográficas........................................................................ 59
7. Apêndices e Anexos................................................................................. 66
VI
7.1 Apêndices............................................................................................ 66
7.1.1 Entrevista semiestruturada a ser aplicada aos sujeitos da
pesquisa......................................................................................... 66
7.1.2 Termo de Consentimento livre e esclarecido............ 67
7.1.3 Autorização para fotografar e filmagem ……………………...... 69
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Nado crawl.................................................................................. 11
Figura 2: Nado costa................................................................................. 12
Figura 3: Nado peito.................................................................................. 12
Figura 4: Nado borboleta........................................................................... 13
Figura 5: Escrita cuneiforme...................................................................... 17
Figura 6: Espaço de realização dos sinais na Libras................................ 23
Figura 7: Configurações de Mãos.............................................................
36
Figura 8: Nado Livre 50m.......................................................................... 37
Figura 9: Nado Livre 100m........................................................................ 37
Figura 10: Nado Livre 200m...................................................................... 38
Figura 11: Nado Livre 400m...................................................................... 38
Figura 12: Nado Livre 800m...................................................................... 38
Figura 13: Nado Livre 1500m.................................................................... 39
Figura 14: Nado Costas 50m..................................................................... 39
Figura 15: Nado Costas 100m................................................................... 40
Figura 16: Nado Costas 200m................................................................... 40
Figura 17: Nado Peito 50m........................................................................ 40
Figura 18: Nado Peito 100m...................................................................... 41
Figura 19: Nado Peito 200m..................................................................... 41
Figura 20: Nado Borboleta 50m................................................................ 41
Figura 21: Nado Borboleta 100m............................................................... 42
Figura 22: Nado Borboleta 200m.............................................................. 42
Figura 23: Medley Individual 100m........................................................... 43
Figura 24: Medley Individual 200m........................................................... 43
Figura 25: Medley Individual 400m........................................................... 43
Figura 26: Revezamento Livre 4x50m....................................................... 44
Figura 27: Revezamento Livre 4x100m..................................................... 44
VIII
Figura 28: Revezamento Livre 4x200m..................................................... 45
Figura 29: Revezamento Medley 4x50m................................................... 45
Figura 30: Revezamento Medley 4x100m................................................. 45
Figura 31: Revezamento Misto Livre 4x50m............................................. 46
Figura 32: Revezamento Misto Livre 4x100m........................................... 46
Figura 33: Revezamento Misto Medley 4x50m......................................... 46
Figura 34: Revezamento Misto Medley 4x100m....................................... 47
Figura 35: Movimento retilíneo – toque parede ........................................ 50
Figura 36: Movimento helicoidal – virada.................................................. 50
Figura 37: Movimento circular – borboleta................................................ 50
Figura 38: Movimento semicircular – largada............................................ 50
Figura 39: Movimento sinuoso – pernada borboleta................................. 51
Figura 40: Braçada com boia.................................................................... 51
Figura 41: Exercício de respiração............................................................ 51
Figura 42: Largada.................................................................................... 52
Figura 43: Queimar largada....................................................................... 52
Figura 44: Pernada.................................................................................... 52
Figura 45: Sinal de exercício de respiração.............................................. 53
Figura 46: Sinal de pernada livre............................................................... 54
Figura 47: Sinal de crawl........................................................................... 54
Figura 48: Braçada Livre........................................................................... 55
Figura 49: Site Projeto Galileu Galilei........................................................ 55
Figura 50: Natação para surdos no Facebook.......................................... 56
IX
LISTA DE QUADROS
Quadro1: Sinais da Natação encontrados em publicações.......................29
Quadro 2: Respostas das entrevistas realizadas com os profissionais…31
Quadro 3: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (50m)............34
Quadro 4: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (25m)............35
X
LISTA DE ABREVIATURAS
ABBR/RJ – Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação
ANDE – Associação Nacional do desporto para Excepcionais
ASURJ – Associação de Surdos do Rio de Janeiro
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBDA – Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos
CBDS – Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos
CBF – Confederação Brasileira de Futebol
CID – Classificação Internacional de Doenças
CISS – Comitê Internacional de Esportes para Surdos
CND – Conselho Nacional de Desportos
CRPD – Centro de Referência para a Pessoa com Deficiência
DF – Distrito Federal
DST/UFF – Setor de Doenças Sexualmente Transmissiveis da Universidade
Federal Fluminense
FARJ – Federação Aquática do Rio de Janeiro
FCSM – Federação Carioca de Surdos Mudos
FDSERJ – Federação Desportiva de Surdos do Estado do Rio de Janeiro
FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
FINA – Fédération Internationale de Natation
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICSD – Committee of Sports for the Deaf
INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos
ISOD – International Sports Federation of the Disabled
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais
LS – Língua de Sinais
PROLIBRAS – Exame Nacional para Certificação de Proficiência em LIBRAS
UFF – Universidade Federal Fluminense
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
XI
RESUMO
Este projeto tem por objetivo abordar a catalogação de sinais criados sobre natação e suas provas, ampliando o vocabulário da Língua Brasileira de Sinais, com o intuito de divulgar a pesquisa tanto na comunidade surda quanto aos ouvintes interessados nos conceitos dos sinais. Busca, ainda, atender a demanda cada vez maior de produção de material voltado para a Língua Brasileira de Sinais. Para realizar o projeto, foi necessário fazer levantamento de estudo sobre a educação de surdos e sobre a área de natação e seus estilos, seus conceitos, bem como pesquisar sinais já existentes na comunidade surda, por meio de dicionários de Língua Brasileira de Sinais. Além disso, foram realizadas entrevistas com atletas surdos e ouvintes sinalizantes que atuam na área da natação, tais como da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos e das Federações Desportivas dos Estados Brasileiros. Para isso, vários autores de diferentes áreas foram pesquisados, como: Quadros e Karnopp (2004); Felipe (2006); Faria-Nascimento (2009); Mauerberg-de-Castro (2005); Mariani (2014), que nos deram suporte teórico-metdológico para a construção do produto final. Finalizando o projeto, foi realizada a filmagem da catalogação dos sinais, de acordo com os parâmetros da língua de sinais, respeitando-se as normas linguísticas dessa língua. Concluímos que a elaboração do Glossário facilita a aquisição de novos vocábulos em Libras pelos usuários dessa modalidade desportiva e poderá incentivar outros colegas da Educação Física a pensarem como é importante a comunicação para a aprendizagem corporal.
Palavras-chave: Provas da Natação, Ensino de surdos, Dicionário, Língua Brasileira de Sinais (Libras), Glossário de natação.
Produto Final: Glossário da Natação com suas provas em Libras.
XII
ABSTRACT:
This project will feature the catalogation of signs of swimming and its tests, expanding the vocabulary of the Brazilian Sign Language. The project aims to spread the research both to the deaf community as the listeners interested in the concept of the signs, as well as to meet the increasing demand of production material in Brazilian Sign Language. In order to carry out the project it will be required a bibliographic survey in the education of the deaf, the area of swimming and its styles, its conceps, as well as research already existing signs in the deaf community through Brazilian Sign Language dictionaries. It was also necessary to conduct interviews to deaf athletes and listeners athletes who sign, such as Brazilian Confederation of Deaf Athletes and Sports Federations of Brazilian States. We will research a wide array of authors like Quadros e Karnopp (2004); Felipe (2006); Faria-Nascimento (2009); Mauerberg-de-Castro (2005); Mariani (2014), in order to enable us to design the final product. By the end of the project, the filming and catalogation of the signs will be made according to the parameters of the sign languages, respecting the linguistic norms of the sign language. We conclude that the Glossary organization facilitates de user’s acquisition of new signs about swimming and it may illustrate the importance communication to body learning – learning trough the body and about the body.
Keyword: Swimming Tricks, Deaf Education, Brazilian Sign Language Dictionary, Swimming glossary.
Final Product: a glossary on swimming and its styles.
1
1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO
A minha trajetória acadêmica e profissional vem sendo traçada desde 2005,
quando ingressei na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Niterói-RJ,
para o curso de Educação Física, pois era meu sonho seguir essa carreira, já que
eu era atleta de natação desde criança e havia participado de inúmeros torneios e
campeonatos para Universidade Gama Filho e Tijuca Tênis Clube. Concluí essa
graduação em 2008, com muito orgulho. O amadurecimento acadêmico-
profissional foi implementado após a aprovação da Lei de Libras1, que reconhece
a Libras como L1 do sujeito surdo, e do Decreto-Lei2, que regulamenta a referida
lei e dá outras providências, inclusive, estabelece o ensino de Libras em cursos
de licenciatura e a formação profissional dos surdos.
Em janeiro de 2007, fui convidado por uma colega da Faculdade de
Educação Física a participar do Projeto Férias Nota Dez, promovido pela
Fundação Municipal de Educação de Niterói, na Escola Municipal Paulo Freire,
Fonseca, na mesma cidade, onde pude vivenciar os primeiros contatos com
alunos surdos dessa escola, que estavam participando da Colônia de Férias. Ali
começou a minha carreira como Instrutor/Professor de Libras.
Após trabalhar por duas semanas no Projeto Férias Nota Dez, fui convidado
pela Escola Municipal Paulo Freire a trabalhar como Assistente Educacional em
Libras, contratado pela Fundação Municipal de Educação com atividade
remunerada. Então, a partir dessa época, busquei aprimorar meus conhecimentos
na área de Língua Brasileira de Sinais e na Educação de Surdos, através de
curso de Assistente Educacional em Libras, oferecido pelo Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), com o intuito de me qualificar profissionalmente, já
que estava contratado como Assistente.
1 Libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais.
2 Os documentos a que se refere o enunciado são a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5.626/2005,
respectivamente.
2
Fiz a prova do Exame Nacional de Certificação em Língua Brasileira de
Sinais - Proficiência em Libras (PROLIBRAS), para o nível médio, a fim de testar
a minha aptidão e o domínio dessa língua e fui aprovado.
Em 2008, fui classificado como segundo colocado no concurso público
realizado pela Fundação Municipal de Educação de Niterói, tomando posse e
iniciando o exercício em julho desse mesmo ano, no cargo de Agente de
Educação Bilíngue, que tem a função de monitor/assistente educacional em
Libras. Ao mesmo tempo, assumi a função de instrutor de Libras, pois dava aula
no curso básico de Libras para alunos e profissionais da Escola Paulo Freire.
Nessa escola, ensinei aos alunos surdos do 1º segmento a importância da
língua de sinais, seus valores, sua identidade e cultura, e essa atitude foi
importante porque os alunos estão começando a construir a sua subjetividade
como pessoa surda e a identidade surda. Também ministrei curso básico de
Língua Brasileira de Sinais para alunos ouvintes e demais profissionais, além de
participar de oficina de Libras promovida pela Escola Paulo Freire.
No ano de 2009, fiz o curso para formação de Instrutor de Libras oferecido
pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS), o qual
me proporcionou novas perspectivas na área de Libras e muitas outras
informações que não conhecia como a estrutura gramatical da Libras,
comparando com a estrutura da língua portuguesa algo que não pensava em
existir. No ano de 2010, prestei prova para o PROLIBRAS, para nível Superior, e
obtive aprovação.
Em 2011, surgiu a oportunidade de ser contratado como Instrutor de Libras
no Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, órgão vinculado ao
Ministério da Educação, no qual trabalhei de junho de 2011 a dezembro de 2012,
ministrando aulas no Curso de Libras, em diferentes níveis. A docência no INES
me proporcionou novas experiências e novos conhecimentos, enriquecendo-me
profissionalmente, pois o INES é uma instituição centenária voltada para a
educação de surdos, além de ser referência em políticas para a educação de
surdos, sendo um espaço onde a maioria dos servidores utiliza a Língua de Sinais
para se comunicar com os profissionais e alunos surdos. Uma experiência rica,
diferente e inovadora.
Nesse mesmo ano de 2011, iniciei a Pós-graduação Lato Sensu em Libras,
no Instituto de Educação e Ensino Superior de Samambaia, Brasília (DF), a fim de
3
aprofundar meus estudos acadêmicos nessa área. Meu trabalho final foi um artigo
intitulado “O uso dos classificadores como parte integrante do processo de
aquisição da Libras e da Língua Portuguesa escrita”.
Exerci, também, a tutoria a distancia no curso de Libras, NEAMI, da
Universidade Federal Fluminense, cargo que me trouxe novas experiências e
desafios tecnológicos, com aulas virtuais.
No ano de 2013, fiz concurso para professor auxiliar de Libras para a
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em regime de 20 horas, para atuar no
Campus Macaé, onde ministro a disciplina de Libras para as turmas de Biologia,
Química e Nutrição.
Desde o meu ingresso na área de educação de surdos, em 2007, até os dias
atuais, participei de vários eventos: congressos, simpósios, encontros, oficinas
etc., voltados para área educacional e linguística, com ênfase em Libras, cuja
finalidade foi obter novos aprendizados, trocar informações com outros
profissionais da área educacional, dando continuidade à formação continuada do
professor, promovendo meu crescimento acadêmico e profissional, buscando
ajudá-los na formação educacional e no crescimento de pessoas surdas e
sociedade brasileira “ouvinte”.
Enfim, minha experiência como atleta e como licenciado em Educação
Física e por ter realizado curso de especialização em Libras me possibilitaram
perceber a importância de continuar os meus estudos focando na natação e os
sinais respectivos relacionados à natação e aprofundar os conhecimentos
acadêmicos enquanto profissional.
Vale ressaltar as conquistais legais da comunidade surda, com a Língua
Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida como língua viso-espacial do surdo por
meio da Lei 10.436/02, e com o decreto-lei 5.626/05, que regulamenta a lei de
Libras. Outra conquista é a Lei da Acessibilidade (Lei 13.146 de 2015), que
engloba os conceitos, as necessidades e adaptações das pessoas com
deficiência ( BRASIL, 2002; BRASIL, 2005; BRASIL, 2015).
O trabalho objetiva divulgar os conceitos sinalizados na área de Educação
Física, mais especificamente na natação, mostrando os sinais coerentes e coesos
nos diversos estilos da natação para os profissionais surdos e ouvintes que atuam
na área da educação de surdos e da educação inclusiva.
4
1.2. HISTÓRICO DO ESPORTE ADAPTADO/DESPORTO
ADAPTADO
Ao falar sobre o termo esporte adaptado, Rodrigues (1996) sugere que seja
uma prática de atividades mediante adaptação de materiais ou de estratégias de
ensino diferentes para pessoas com deficiências. A adaptabilidade pode se referir
a modificações numa atividade já padronizada e conhecida pela população.
Winnick (1990) definiu desporto adaptado como as experiências modificadas
e designadas especificamente para as pessoas com deficiências, como por
exemplo, Goalball3. Encontramos registros da história do desporto adaptado no
século XIX, quando já realizavam os jogos para a integração das pessoas com
deficiência.
No século seguinte, algumas escolas para surdos promoviam esses jogos
entre os estudantes surdos. Em 1924, em Paris, foram realizados os Jogos
Internacionais Silenciosos, onde nove (9) países já tinham uma federação
desportiva para o surdo, sendo que França, Bélgica, Grã-Bretanha, Letônia,
Países Baixos e Polónia enviaram seus representantes. Itália, Romênia e Hungria
enviaram um atleta, apesar de não possuírem federação ainda. Os jogos surgiram
da ideia de Eugène Rubens-Alcais, surdo e Presidente do Francês Surdos Sports
Federation.
Os jogos foram premiados com o objetivo de difundir essas deliberações em
novas áreas. Como resultado, muitas visões deturpadas sobre as pessoas
surdas foram reduzidas em várias partes da sociedade e em todo o mundo. Em
uma época em que as sociedades, em todos os lugares, viam as pessoas surdas
como intelectualmente inferiores, linguisticamente pobres, e, muitas vezes,
tratadas como pária, ou seja, incapazes, incomunicáveis, sem possuir capacidade
de comunicação (MARIANI, 2014).
Dessa forma, diante desse contexto, o presidente Eugène Rubens-Alcais
previu o evento esportivo internacional como a melhor resposta para provar que
os surdos eram mais do que aquilo que se pensava antes da realização desses
jogos e disso resultou a fundação do Comitê Internacional de Esportes para
3 Modalidade esportiva criada exclusivamente para pessoas cegas ou com baixa visão. Criado em 1946, pelo
austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar veteranos da Segunda Guerra Mundial que ficaram cegos.
5
Surdos (CISS), conhecido como Committe of Sports for the Deaf (ICSD)
(MARQUES et al., 2009). É importante ressaltar que no contexto mundial a evolução do desporto
adaptado nasce, no século XX, com a tentativa de valorização das pessoas com
deficiências, visto que eram heróis de guerra retornando aos seus lares, mas
todos com uma “ineficiência”. Assim, o desporto adaptado procurava dar
independência, autonomia e autoestima, mas a sua prática era simplesmente
como instrumento de reabilitação motora e visava à inserção dos deficientes na
sociedade produtiva (MARQUES e.al.; 2009).
As iniciativas de vários governos como a Alemanha, o Reino Unido e os
Estados Unidos incentivaram a prática do desporto adaptado, como uma proposta
de minimizar as adversidades causadas pela guerra. O primeiro programa de
esporte em cadeira de rodas que encontramos na literatura foi criado pelo médico
Dr. Guttmann, em 1945, na cidade de Stoke Mandeville, na Inglaterra. Esse
programa visava à integração social e à inserção do deficiente no mercado de
trabalho e o desporto seria mais uma ferramenta de trabalhar a sua autoestima
(ARAÚJO, 1998). O Papa João XXIII apelidou o Dr. Guttmann como o “Barão de Cobertien”,
elogiou o desempenho dos deficientes físicos, mencionando que a incapacidade
do movimento ou a diminuição de suas forças físicas não os desabilitou. De
acordo com Mauerberg-de-Castro (2005), o pontífice dirigiu-se aos deficientes
físicos destacando que eram modelos que mostram o que um espírito energético
pode conquistar apesar das barreiras aparentemente inultrapassáveis
estabelecidos pelo corpo físico. Em 1956, os jogos de Stoke Mandeville passaram a ser reconhecidos
oficialmente pelo comitê olímpico internacional, entretanto só vieram a fazer parte
dos jogos olímpicos em Roma (1960), com a participação de 23 países, com o
esporte em cadeiras de rodas, ou seja, só para os deficientes físicos (ARAÚJO,
1998).
O Desporto adaptado no Brasil foi desenvolvido a partir das associações de
reabilitação que passaram a existir depois da Segunda Guerra Mundial, na
década de 50, tais como o clube do Otimismo na cidade do Rio de Janeiro, a
Associação Atlética dos paraplégicos da cidade de São Paulo (1958) e a
Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR/RJ), fundada em 1954.
6
O intuito dessas instituições era promover a integração dos deficientes e
proporcionar-lhes horas de lazer (MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005).
Em 20 de janeiro de 1959, houve a criação da Federação Carioca de
Surdos-Mudos (FCSM), hoje conhecida como Federação Desportiva de Surdos
do Estado de Rio de Janeiro (FDSERJ), cujo fundador foi Sentil Dellatorre4,
desportista surdo e ex-presidente de entidades desportivas. A entidade teve o
reconhecimento do Conselho Nacional de Desportos (CND) e da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF).
Com o passar do tempo, as associações de surdos foram crescendo e se
espalhando pelo Brasil, havendo, também, a ampliação de divulgação do
desporto e da sua prática. No entanto, era necessária a criação de uma entidade
que centralizasse os campeonatos, uma vez que a Federação Carioca de Surdos-
Mudos (FCSM), atual Federação Desportiva de Surdos do Estado de Rio de
Janeiro, atuava apenas na região do Rio de Janeiro. Então, Sentil Dellatorre,
figura importante para a comunidade surda, convocou todos os surdos de vários
estados a participarem da assembleia geral, com o intuito de fundar a
Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos (CBDS), ocorrido em 17 de
novembro de 1984 (CBDS, 2016).
No ano de 1976, os cegos e os paralisados cerebrais passam a compor os
jogos paraolímpicos que, nesse ano, foi realizado em Toronto no Canadá, onde o
Brasil ganhou a sua primeira medalha paraolímpica, na modalidade Bocha
(CASTRO, 2005). Em 1978, a então Associação Nacional do Desporto para Excepcionais
(ANDE), que atualmente recebe o nome de Associação Nacional dos Desportos
dos Deficientes, sob a gestão de Aldo Miccolis, realizou os jogos Pan Americanos
em cadeiras de rodas, na cidade do Rio de Janeiro, quando aconteceu o
Simpósio Técnico Médico, para qualificar professores e médicos quanto à
classificação funcional e assegurar igualdade nas competições esportivas. Esse
sistema de classificação funcional foi baseado no movimento e padrões de
habilidades que são determinados pela permanência de potenciais funcionais dos
jogadores, utilizando uma cadeira de rodas adaptada e o esforço exigido para
4 Sentil Dellatorre, surdo, é ex-aluno do INES, fundou a ASURJ e FCSM e CBDS. Considerado como incentivador e promissor das entidades desportivas surdas no Brasil.
7
executar determinadas habilidades do basquete tão efetivamente quanto possível,
de acordo com os objetivos e regras do jogo (CASTRO, 2005). Em 1980, aconteceu o desmembramento do desporto em organizações
internacionais para cada deficiência, oportunizando, então, um avanço nas
pesquisas científicas. Até então, a Internacional Sports Organization Disabled
(ISOD) respondia por todas as áreas de deficiências, ficando os surdos em um
movimento separado do movimento Paraolímpico e do Comité Paraolímpico
Internacional.
O antigo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (CISS) e atual
Committee of Sports for the Deaf (ICSD) é o órgão máximo que organiza eventos
desportivos internacionais para os surdos, particularmente, a
Deaflympics/Surdolimpíadas e outros Campeonatos Mundiais de Surdos, sendo a
realização em julho de 2017 na Turquia (CBDS, 2016).
Araújo (1998) explica o significado da palavra Paraolímpica, que seria a
junção das palavras para de paraplegia e olímpico, derivando a Olimpíada para
os paraplégicos, ou um evento paralelo às olimpíadas.
O nome “Paraolimpíadas” foi cunhado durante a Olimpíada de Tóquio, em 1964 e surgiu com uma paciente paraplégica do Stoke Mandeville Hospital, Alice Hunter, que escreveu seu relato intitulado “Alice of the Paralympiad” (Alice das Paraolímpiadas), para uma revista de desportos “The Cord Journal of the paraplegics”, na época o termo foi associada a paraplegia e posteriormente foi cunhado para batizar os Jogos Paraolímpicos (PARALYMPIC SPIRIT apud MAUERBERG-DE-CASTRO 2005).
Atualmente, usamos a palavra Paralimpíada, em vez de Paraolímpico; pois
foi uma forma de uniformização entre os países de língua portuguesa, Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor
Leste.
A Lei 9.615, de 24 de Março de 1998, Lei do Desporto no Brasil, definiu os
princípios fundamentais de desporto para os deficientes, destacando-se a
autonomia, a democratização, a liberdade de escolha da sua prática desportiva, o
direito social e a qualidade. Atualmente, o esporte na vertente da participação visa
à melhoria da qualidade de vida dos seus praticantes (BRASIL, 1998).
A primeira olimpíada dos surdos no Brasil ocorreu no ano de 2002, portanto,
o movimento é recente e ainda está em construção. A arbitragem nos jogos
8
olímpicos de surdos, Surdolímpico, é diferente da arbitragem dos ouvintes. Tanto
o uso da bandeira quanto os recursos tecnológicos auxiliam no desenvolvimento
da prática do desporto, mantendo-se as regras dos jogos iguais às dos ouvintes.
Ressalta-se que são considerados atletas surdos as pessoas com perda
bilateral, superior a 55 decibéis em conformidade com o Committee of Sports for
the Deaf (ICSD). Todos os atletas devem comprovar a perda auditiva mediante
apresentação de exame de audiometria e do laudo médico, com código da
Classificação Internacional de Doenças (CID) comprovando a deficiência.
Dentre as diferentes modalidades de competição presentes nos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos e Deaflympics/Surdolímpiadas, encontra-se a natação.
No próximo item, serão apresentados os conceitos sobre natação, principalmente,
definição, breve histórico, seus estilos e tipos de provas.
1.3. NATAÇÃO
A natação é uma das modalidades desportivas mais antigas da humanidade,
sendo uma atividade física praticada tanto pelo homem como pelos animais
aquáticos, em que a pessoa se desloca de um lado para o outro na água, através
da combinação de movimentos das pernas e braços. Esse esporte é, sem dúvida,
um dos mais completos, pois envolve boa parte dos músculos do corpo durante
as atividades exercidas (SAAVEDRA, 2003).
Na Antiguidade, a natação para os povos antigos servia somente como meio
de sobrevivência para fugir de algum animal ou para caçar. Àqueles que se
destacavam na modalidade eram erguidas estátuas para homenagear os
resultados alcançados. Podem ser citados exemplos desses povos, como os
assírios, egípcios, fenícios, ameríndios, que eram exímios nadadores
(GOELLNER, 2005)
Saber nadar era considerado como uma arma de que o homem dispunha
para sobreviver, os gregos enfatizavam que a prática da natação era uma das
modalidades mais relevantes para o desenvolvimento do corpo (GOELLNER,
2005). Com relação aos romanos, a prática do esporte acontecia em termas,
construídas de diferentes tamanhos, e era considerada uma disciplina de
9
formação para seu povo, pois acreditavam que a prática de exercícios fisicos
perde sua conotação mística e desenvolve uma potencialidade bélica, passando a
ser encarada como imprescindível na preparação de soldados para a guerra. Com
a queda do Império Romano, a natação também passou por um período de
esquecimento, uma vez que se acreditava que ela era responsável por disseminar
as doenças na Idade Média (CASTELLANI, 1988).
No Renascimento, surgiram várias piscinas públicas, sendo a primeira
construída em Paris, no reinado de Luís XIV, quando Guths Muths organiza as
primeiras competições de natação no mundo moderno (SAAVEDRA et al., 2003).
Muitos dos estilos do nado desenvolvidos a partir das primeiras competições
esportivas realizadas no século XIX basearam-se no estilo de natação dos
indígenas da América e da Austrália (REYES APUD SAAVEDRA et al., 2003). O
estilo mais antigo é datado de 1696, quando o francês M. Thevenal registra uma
forma singular de nado, descrevendo-o com os movimentos de pernas e braços
parecidos com os de uma rã, característica idêntica ao nado peito atual
(SAAVEDRA et al., 2003).
Na Itália, Bernardi criou em 1794 o nado de costas, apresentando
movimento com os dois braços sendo jogados para trás simultaneamente. O nado
foi aperfeiçoando a partir de 1912, tornando-se bem parecido com o nado de
costas praticado atualmente (NETO E RODRIGUES, 2008).
Até então, o estilo empregado era uma braçada de peito, executada de lado.
Mais tarde, para diminuir a resistência da água, passou-se a levar um dos braços
à frente pela superfície, que foi chamado de single overarm stroke e depois foi
mudado para levar um braço de cada vez, chamado de doublearm stroke (NETO
E RODRIGUES, 2008).
Em 1873, o inglês John Trudgen desenvolveu uma nova técnica, que
consistia em rotações laterais do corpo, tendo a movimentação dos dois braços
sobre a água como principal fonte de deslocamento Essa técnica, batizada de
Trudgen ou “over-arm-stroke”, foi aperfeiçoada pelo australiano Richard Cavill e,
posteriormente, transformou-se no nado crawl (livre) conhecido e praticado
atualmente (REYES APUD SAAVEDRA et al., 2003).
Em 1893, os pés ainda faziam um movimento de tesoura, depois foi adotado
um movimento de pernas agitadas na vertical, chamado de crawl australiano.
10
Finalmente, na década de 1930, nadadores norte-americanos, durante as
competições, atentaram para o fato de que as regras do nado de peito não
impediam que o movimento dos braços fosse realizado sobre a superfície da
água, o que permitia um deslocamento mais rápido. Essa manobra conviveu com
a técnica do nado peito por quase 20 anos até que, em 1948, um nadador
húngaro a transformou no nado borboleta, reconhecido oficialmente pela
Federação Internacional em 1953 como um estilo da natação.
Fernandes e Costa (2006) mencionam que o ensino da natação deve ser
realizado a partir de uma pedagogia que enfatize a diversidade na relação do
homem com a água. Propõem ainda que o ensino da natação, através de
sequências pedagógicas, deve ser uma tarefa que valorize os quatro estilos de
nado como conteúdos e não como metas do processo, assim, passam a ser uma
alternativa ao modelo desportivo, deixando de ser monótono e repetitivo aos
alunos. Dessa forma, a prática da natação passa a ter objetivos específicos como:
recreação, saúde, adaptação e competitividade (ORTIZ, 2008).
Com o passar dos anos, a natação brasileira foi evoluindo, projetando-se
internacionalmente, quando diversos nadadores brasileiros obtiveram marcas
mundiais e quebraram recordes, conforme Gollner (2005). Aos poucos, a
modalidade ganhou força e, em 1908, durante as Olimpíadas de Londres, foi
fundada a Federação Internacional de Natação (FINA), que comanda não só as
provas da modalidade, mas as de nado sincronizado, pólo aquático e saltos
ornamentais. Coube à Federação Internacional de Natação (FINA) determinar as
medidas oficiais das piscinas de competição. Atualmente, as provas são
disputadas em piscinas longas (50 metros), utilizadas nas Olimpíadas, ou curtas
(25 metros). No âmbito mundial, quem controla a natação é a Federação
Internacional de Natação Amadora (FINA) e, no âmbito nacional, é a
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Se a prática da natação é milenar, o hábito de competir em piscinas, ao
contrário, é recente. As piscinas exclusivas para competições de natação só
passaram a ser utilizadas entre os anos de 1930 e 1940.
Com relação aos tipos de natação, temos a natação recreativa e a natação
competitiva, sendo que o foco deste trabalho é a natação competitiva, realizada
nas piscinas com comprimento de 25 metros e de 50 metros.
11
Hoje em dia, a natação é praticada em quatro estilos: crawl, costa, peito e
borboleta, sendo o estilo crawl o mais rápido e um dos desportos mais completos,
pois envolve boa parte dos músculos do corpo durante a atividade.
A seguir serão apresentados esses quatro estilos de natação.
O nado Crawl, conforme a Figura 1, deve ser bem sincronizado. Enquanto
as pernas alternam chutes com leve flexão dos joelhos, os braços executam as
fases submersas e aéreas. Embaixo da água, o movimento dos braços deve
parecer uma letra S, e eles precisam estar sempre perto do corpo. Fora da água,
os cotovelos devem flexionar e sair um pouco antes das mãos (
http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)
Figura 1 – Nado Crawl
(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-crawl-ou-livre-para-
iniciantes/. Acesso em 02 dez. 2016)
O nado de costas, conforme a Figura 2, é basicamente um crawl invertido, e
único estilo em que o nadador faz o movimento olhando para cima (decúbito
dorsal). Para uma boa execução, o tronco e as pernas devem estar bem
alinhados. (http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)
12
Figura 2 – Nado costa
(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-de-costas-para-
iniciantes/ Acesso em 02 dez. 2016)
O nado peito, conforme demonstrado na Figura 3, consiste em movimentos
de membros superiores, inferiores e respiração bem coordenada. Ao executar o
nado, a respiração é frontal, com o movimento submerso circular unilateral das
braçadas com flexão dos cotovelos e recuperação simultânea, enquanto a
pernada de peito inicia com o chute para os lados, finalizando com força para trás.
(http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)
Figura 3 – Nado peito
(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-peito/ Acesso em
02 dez. 2016)
13
O nado borboleta, conforme a Figura 4, é um nado de movimentos
simultâneos de pernas e braços com ondulação do corpo. É um estilo dividido
com movimentos de duas pernadas para uma braçada simultânea.
(http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)
Figura 4 – Nado borboleta
(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-borboleta-para-
iniciantes/ Acesso em 02 dez. 2016)
Sabe-se que a prática desportiva da natação é benéfica para a saúde física
e o desenvolvimento cognitivo, pois auxilia no controle corporal e na coordenação
motora. Dessa forma, deve ser incentivada em todas as comunidades, em
especial na comunidade surda, para que o sujeito surdo tenha mais
independência e saúde.
A presente seção mostrou a evolução histórica da prática da natação
enquanto desporto e a seguir serão apresentadas algumas das conquistas legais
por essa comunidade.
1.4. AS CONQUISTAS LEGAIS
Muitas são as conquistas legais da comunidade surda, entre elas o
reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras pela lei ordinária n°
14
10.436/02, como língua viso-espacial, e sua regulamentação pelo Decreto n°
5.626/2005. A Lei 13.146/15 também é importante, uma vez que engloba
conceitos, necessidades e adaptações das pessoas com deficiência para
qualquer área, seja arquitetônica ou comunicacional, e institui a inclusão da
pessoa com deficiência na sociedade.
A Lei do Desporto no Brasil, Lei n° 9.615/98, do mesmo modo, ocupa
relevância no rol de conquistas porque define os princípios fundamentais do
desporto para os deficientes, destacando a autonomia, a democratização, a
liberdade de escolha da sua prática desportiva, o direito social e a qualidade de
vida. Hoje, o esporte na vertente da participação visa à melhoria da qualidade de
vida dos seus praticantes (BRASIL, 1998).
Atualmente, em nível mundial, temos 275 milhões5 de pessoas com surdez e
perda auditiva, que se defrontam com barreiras comunicacionais e atitudinais.
Nesse contexto, a Convenção de Nações Unidas sobre os direitos das pessoas
com deficiência (CRPD) dispõe que o acesso à informação, mais
especificamente, à comunicação em saúde e educação, é predominantemente
auditivo, o que restringe significamente o ensino dos surdos.
De acordo com as estatísticas, no Brasil, temos 9,7 milhões de pessoas com
surdez, sem considerar o grau e o tipo da perda auditiva, os quais não são
adequadamente atendidos em suas necessidades (IBGE, 2010). Na prática
desportiva, a situação não é diferente.
O tema educação inclusiva vem despertando um grande interesse mundial e
nacional. O Brasil está passando por modificações profundas na área
educacional, com políticas voltadas para uma educação mais justa, mais honesta
e mais solidária. Dessa forma, a educação brasileira não tem se distanciado do
alinhamento que essa nova ordem mundial tem traçado e vem acompanhando
essa tendência com novas legislações, favorecendo a inserção para grupos
minoritários, em ações afirmativas, a exemplo dos surdos. Nesse sentido, o
discurso da inclusão é parte resultante desse processo. Ao trazer o sentido da
inclusão para o que se denomina de educação de surdos, pretende-se também
uma posição positiva de compreensão do significado do conceito de inclusão para
a comunidade surda, além da acessibilidade e possibilidade da educação.
5 Dados retirados no site http://www.who.int/features/2006/hearing_impairment/en/ Acesso em 20 fev.
2017.
15
A comunicação é um direito essencial do indivíduo. No caso dos surdos, a
conquista por uma política linguística que lhes possibilite comunicação tem sido
buscada por meio de lutas travadas em prol do direito linguístico a ser
reconhecido, dando-lhes o direito à acessibilidade e às informações na língua em
que deve ser ensinada e utilizada em todos os meios de comunicação.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida pela Lei 10.436/02 e
regulamentada pelo Decreto 5.626/05, permite ao surdo sua integração social e
atuação na sociedade como cidadão e agente social. Entretanto, é preciso mais
que uma língua ou um país que a reconheça como direito essencial, é preciso que
ela seja utilizada e divulgada em diversos contextos: sociais, escolares,
profissionais, entre outros, promovendo acessibilidade e inclusão efetivamente,
sem estar presente somente em documentos oficiais.
Uma das formas de inclusão social dos surdos e a efetiva ação do direito à
informação é o reconhecimento do profissional tradutor e intérprete de Libras,
responsável por intermediar a comunicação entre surdo e ouvinte, entre surdos e
entre surdo-cegos e surdos, devendo esses indivíduos dominar a Libras,
conhecer as implicações da surdez no desenvolvimento do indivíduo surdo,
conhecer a comunidade surda e conviver com ela. Essas prerrogativas estão
previstas no decreto 5.626/2005.
Também é importante a inserção da Libras como disciplina obrigatória nos
cursos de graduação em licenciatura plena, Fonoaudiologia e Pedagogia e nos
demais cursos, podendo ser considerada como disciplina eletiva e/ou optativa. No
que se refere ao profissional de Educação Física, é importante que possua noção
básica da Libras para promover o ensino-aprendizagem ao alunado, dispensando
o intérprete de língua de sinais, caso possua domínio/ fluência ou segurança em
ministrar as aulas em Libras.
A mais recente legislação que envolve diretamente as pessoas com
deficiência é a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/15), cujo objetivo é
esclarecer e assegurar os direitos garantidos à pessoa com deficiência. Essa lei
mostra que cada deficiência possui sua barreira/limitacão e a necessidade de
adaptações/adequações para aluno com deficiência, visando à acessibilidade em
todas as áreas envolvidas com as pessoas deficientes.
Na atenção especial destinada à criança, a educação física escolar favorece
pleno desenvolvimento da criança, de acordo com a sua necessidade e a sua
16
capacidade de aquisição de movimentos, pois parte do princípio de que ela tem
necessidade natural de movimento e das suas limitações.
Diante disso, o professor deve aproveitar a oportunidade de contato com
alunos deficientes, seja essa deficiência física, mental, auditiva, visual, de
deficiências múltiplas, de condutas típicas (portadores de síndromes, quadros
psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos) e incentivando o aluno a participar de
aulas, mesmo que o aluno seja aparentemente incapaz de fazer atividades que
exijam explorar a relação social ou questões motoras e afetivas.
As políticas educacionais devem levar em consideração as diferenças e as
situações individuais dos alunos surdos, enfatizando-se a necessidade de um
movimento transformador da educação como um todo, não se referindo só ao
processo de inclusão escolar, mas propondo alternativas que viabilizem a
qualidade do ensino, através de propostas pedagógicas significativas.
1.5. GLOSSÁRIO X DICIONÁRIO: A IMPORTÂNCIA DO
GLOSSÁRIO DE NATAÇÃO EM LIBRAS PARA SURDOS
A escrita é uma das formas de expressar e consolidar o conhecimento
científico, solucionar problemas, bem como inovar conhecimentos científicos
acerca de estudos de pesquisa. De origem milenar, surgiu devido à necessidade
humana não apenas de registrar fatos, mas também para concretizar operações
comerciais. Com os registros escritos, o homem passou a conhecer e organizar
registrar suas ideias, para que as futuras gerações tivessem acesso ao
conhecimento. Na Pré-História e no início da História, ocorreu a evolução de
diversas formas da escrita que hoje conhecemos, a saber: Pictogramas, escrita
cuneiforme, escrita hieroglífica, escrita chinesa, glifos da América Central,
Alfabeto e etc (BAKOS E POZZER, 1998).
Mariani (2014) menciona que a confecção dos dicionários começou em
2.600 A.C, com escritas cuneiformes e hieroglíficas, eles eram monolíngues,
conforme a Figura 5.
17
Figura 5 – Escritas cuneiformes
(Fonte: https://icommercepage.files.wordpress.com/2010/09/cuneiforme2.jpg Acesso em 02 dez. 2016)
A história dos dicionários evoluiu com a história do mundo. Os gregos e os
romanos usavam-os para esclarecimento de dúvidas, de conceitos, mas não
havia uma organização. Quando se fazia um registro por escrito em um dicionário,
era para esclarecer certo tema, mas não era fácil pesquisar, pois não era em
ordem alfabética (FARIAS-NASCIMENTO, 2009).
Na era atual, os dicionários impressos ou online são obras de ordem
alfabética e seu objetivo principal é mostrar o significado da palavra ou termo ou
léxico. Eles contêm diversas categorias de verbetes que podem ser: etimológico,
bilíngue, trilíngues, plurilíngue, sinônimos e antônimos, analógicos, temáticos,
abreviaturas, entre outras informações inerentes à determinada língua (MARIANI,
2014).
O termo glossário pode ser definido como uma lista de unidades específicas,
terminológicas, com verbetes tratando de certos temas e geralmente surge como
apêndice de uma obra temática, a ser explicada. Os glossários bilíngues, no caso
de glossário português-Libras, têm as duas línguas concomitantemente
(MARTINS, 2013; MARIANI, 2014).
A importância dos glossários em Libras para os surdos se dá porque
possibilita a aquisição de novos vocabulários e, consequentemente, o
desenvolvimento cognitivo, tendo em vista sua utilização para trabalhar conceitos
(MARIANI, 2013).
O glossário de natação poderá incentivar a difusão do desporto entre os
surdos e também poderá estimulá-los a querer praticar a modalidade olímpica,
pois há diversas competições, em âmbito nacional, promovidas pela CBDA e pela
Federação Aquática do Rio de Janeiro (FARJ). Apesar da existência de
18
competições e do uso de terminologias gerais e mais específicas da área da
natação, não se encontrou um glossário específico sobre essa área de
conhecimento.
O glossário apresentado nesta dissertação busca contemplar a necessidade
de professores de natação e/ou intérpretes, além de alunos surdos ou ouvintes
sinalizantes, para facilitar a comunicação e promover uma relação mais íntima
com o conteúdo, pois todo sinal traz consigo o conceito, de acordo com os
parâmetros da língua estudada. Temos que ressaltar que as palavras se
modificam de acordo com os seus usuários, a língua é viva e está sempre em
transformação (MARIANI, 2013).
Construções de glossários vêm crescendo nos últimos anos. Pesquisa no
site do Google acadêmico revela a existência de 3.240 textos sobre o assunto.
Nos períodicos da CAPES, foram encontrados 18 artigos, em diferentes áreas de
conhecimento. Dentre os glossários encontrados, alguns já foram publicados e
circulam pela comunidade surda como, por exemplo, Dias et al. (2013), que
publicou sinais de aves; Felten (2016), que apresentou o Glossário sistêmico
bilíngue Português-Libras de termos da História do Brasil; Borges (2015), que
criou o glossários para a área de Computação; Carvalho e Mariani (2017),
responsáveis pelo glossário de Matemática Calculibras6; Barral e Rumjanek
(2015), com o glossário sobre temas da Biologia; Siés (2015), que publicou o
glossário dos desportos olímpicos7 e Mandelblatt e Favorito (2015), com a criação
do Manuário Acadêmico8.
Podemos verificar também alguns glossários terminológicos, por exemplo, o
que está disponível no site da UFSC9, cujos temas estão divididos em áreas
temáticas: Letras-Libras, Arquitetura, Psicologia, entre outras áreas. No entanto,
na área da natação, nenhum glossário foi encontrado, pois muitos profissionais
utilizam a mímica e/ou gesticulação e essas ações não compõem a Língua de
Sinais.
6 Disponível no site https://www.facebook.com/portalcalculibras/
7 Disponível no site http://www.nucleosurdez.uff.br/?q=content/gloss%C3%A1rio-surdesportes
8 Disponível no site http://www.manuario.com.br/ e tem o programa Manuário da TV INES, disponível no
site http://tvines.ines.gov.br/?cat=43 9 Disponível no site http://www.glossario.libras.ufsc.br/
19
Já os sinais, de acordo com os parâmetros da Libras10, permitem a
gravação dentro do campo visual para a elaboração do glossário e divulgação,
estando, assim, de acordo os parâmetros da Libras.
10
São cinco unidades fonológicas ou pârametros: Configuração de Mãos, Locação de Mão, Orientação e Expressão facial e corporal. A fonologia estuda as diferenças percebidas e produzidas relacionadas com as diferenças de significado. Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. (Quadros e Karnopp, 2004)
20
2. OBJETIVOS:
2.1. OBJETIVO GERAL:
Criar glossário de sinais correspondentes à Natação e suas provas em
Libras, tornando-os acessíveis à comunidade surda, a ouvintes interessados nos
conceitos.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1. Fazer levantamento bibliográfico sobre a prática de desportos para os
surdos; a fim de Investigar e coletar os sinais existentes; que permitam
compreender e interpretar movimentos as ações da Natação de modo a
preencher a laguna existente na literatura e na Libras.
2. Produzir um material videográfico sobre o glossário viso-espacial,
relacionados à prática da Natação para a fim de divulgação nas mídias
sociais.
3. Divulgar o trabalho nas páginas do Facebook e no YouTube.
21
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Esta dissertação tem como objetivo geral a criação de um glossário de
natação em libras. Para isso, foi realizado um levantamento a partir de alguns
palavras-chave: Ensino de Natação para surdos, Inclusão social, Fundamentos
Técnicos da Natação, Ensino de surdos, Dicionário Língua Brasileira de Sinais
(Libras), Glossário natação, Multilinguísmo.
O cruzamento desta série de palavras-chave, previamente estabelecidas, foi
realizado nos sites de busca abaixo:
Scientific Electronic Library Online, (http://www.scielo.org/php/index.php);
Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br/);
Google acadêmico (http://scholar.google.pt/);
Eric.ed.gov.
Esse levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de Janeiro de
2016 até a data de Maio de 2017 abrangendo, portanto, as obras catalogadas
nos referidos bancos de dados bibliográficos.
A interpretação dos resultados foi feita através da análise qualitativa dos
dados colhidos e descrevemos esta pesquisa como um estudo de caso, pois os
resultados aqui apresentados poderão ser diferentes em outra região do páis ou
em outro grupo pesquisado.
Segundo Figueredo e Souza (2010) e Minayo (2009), a análise qualitativa
aborda as técnicas de pesquisas, levantando informações de várias fontes,
através de vários procedimentos: pesquisa documental, bibliográfica, de campo,
observação direta, dentre outras.
Usaremos as fontes primárias e secundárias. Primárias seriam os
documentos legais e as secundárias referem-se à pesquisa bibliográfica e aos
dicionários e glossários de Libras existentes.
22
3.2. A COLETA DOS SINAIS
Para a realização da pesquisa de campo, fomos à sede da Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos, à Confederação Brasileira de Desportos
Surdos e à Federação Aquática do Rio de Janeiro para indagar se existe glossário
de natação em Língua de Sinais, a fim de catalogá-los. Realizamos também
entrevistas com professores de Natação, que atuam com surdos em diferentes
locais.
Para a realização das entrevistas, elaboramos perguntas semiestruturadas
(Apêndice 1) com pessoas formadas em Educação Física, sendo pessoas surdas
e não surdas, sinalizantes que atuam e/ou atuaram na área de Natação.
Observarmos como eles atuam com crianças surdas, a fim de catalogar o
glossário da Natação, a partir das suas experiências. Foi necessária a ajuda dos
componentes do projeto Galileu Galilei11 nas transcrições das entrevistas de
Libras para Língua Portuguesa escrita, que foram filmadas, pois os professores
entrevistados, exceto um que é surdo, não dominam a Libras. Após a transcrição
dos vídeos foi feito o quadro com as respostas dos participantes, os quais não
foram identificados por questões de ética.
Quanto à elaboração dos sinais dos estilos e das provas da natação, foi feita
a catalogação de setenta sinais, de acordo com os nomes fundamentados da
natação. Foi trabalhada minuciosamente a criação, baseando-se na teoria da
iconicidade da língua de sinais e do processo de formação de sinais, focando na
estrutura fonológica, especialmente, na parte dos movimentos.
3.3. FILMAGEM
No início do processo da elaboração do produto, contemos com o apoio de
componentes do projeto Galileu Galilei e o estagiário tradutor e intérprete de
língua de sinais da UFF, nas traduções e nas interpretações do português para
11
O projeto Galileu Galilei tem por objetivo divulgar práticas exitosas, materiais didáticos, referenciais bibliográficos e um inventário dos glossários em Libras para que possam auxiliar o aprendizado de todos. Fonte: https://projetogalileugalilei.wordpress.com/sobre/
23
Libras e vice-versa. Foi dado o início do esboço do glossário de natação em
Libras.
O espaço utilizado para o estúdio se situa em uma sala do prédio do
DST/UFF12, mas no decorrer desse processo, surgiram imprevistos com os
agentes da elaboração do glossário por vários motivos e foi preciso utilizar outro
espaço. O local de gravação, então, passou a ser o estúdio localizado no Instituto
Nacional de Educação de Surdos (INES), situado no bairro de Laranjeiras, da
cidade do Rio de Janeiro.
O trabalho foi baseado na proporção de tamanho do sinalizante,
preocupando-se com o espaço, a fim de evitar ocultação de sinais por espaço.
Pizzio et al. (2009) destacam que o espaço deve ser organizado de acordo com a
Figura 5, ao se referirem à proposta de Langevin e Ferreira Brito (1988), que
dizem que o “O uso do espaço é uma característica fundamental nas línguas
visual-espaciais e está presente em todos os níveis de análise” (PIZZIO ET AL.,
2009, p. 3).
Figura 6: Espaço de realização dos sinais na Libras
(Fonte: Langevin e Ferreira Brito, 1988 apud Pizzio et al., 2009, p.2)
12
O prédio do DST na UFF, está localizado no campus do Valonguinho em Niteroi, prédio onde funciona o setor de pesquisa de Doenças sexualmente Transmissiveis.
24
A regra de filmagem em Libras foi baseada nas normas da Revista Brasileira
de Vídeo Registro em Libras, apresentados pelos autores Marques e Oliveira
(2012), que assim propõem:
1. Fundo e Iluminação: O fundo para as filmagens deve ser branco e liso, sem desenhos, objetos ou qualquer outro item que chame a atenção. A iluminação deve ser cuidadosa, sem excesso ou carência de brilho, sombras precisam ser evitadas. 2. Vestuário: Para a sinalização devem-se usar camisetas tipo básica (T-Shirt), com mangas curtas ou longas, o decote não deve ser aberto, não deve ter estampas, formas, listras, botões ou bolsos. Para a execução do artigo fica a seguinte orientação: a - Pessoas de pele clara devem utilizar camisas com cor azul marinho para os títulos, preta para os textos e vermelha para as citações. b - Pessoas morenas ou negras devem utilizar camisas com cor bege para os títulos, cinza para os textos e vermelha para as citações. 3. Posição de Filmagem: A posição da câmera deve ter a seguinte configuração: a - Parte superior: o quadro superior da câmera deve ficar entre 6 e 8 centímetros acima da cabeça. b - Lateral esquerda e direita: o quadro dos lados deve seguir a máxima posição dos cotovelos com os dedos médios se tocando a altura do peito. c - Parte inferior: o quadro inferior deve ficar entre 6 e 8 centímetros abaixo da posição das mãos do sinalizante. A sinalização não pode sair do quadro de filmagem (MARQUES E OLIVEIRA, 2012, p.3)
Para a elaboração do produto, foi necessário o uso de estúdio contendo os
seguintes equipamentos: Chroma key fundo verde para facilitar as edições de
vídeo, uma câmera filmadora da marca Sony, spot Studio, cartão de memória,
pen drive, uso de camisa preta e programa de edição de vídeo Movie Maker.
O trabalho da edição do vídeo foi realizado por meio de programa Windows
Movie Maker, colocando a legendagem no vídeo do produto, com as seguintes
formatações: fonte Arial Black, tamanho 20, centralizado, cor amarela, tamanho
da borda outline size narrow e cor da borda outline preto.
3.4. DIVULGAÇÃO
Para a divulgação, criamos a página no YouTube com o objetivo de
disseminar novos conhecimentos ao público interessado em Libras. A página se
encontra disponível no endereço eletrônico https://youtu.be/xQ9oexEsFbQ.
25
A partir dessa publicação no YouTube, divulgamos no Facebook, pois é
notório o acesso dessas redes sociais constantemente pelos surdos. O endereço
está disponível no site https://www.facebook.com/Natação-para-surdos-
1917066795182610/.
26
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. O LEVANTAMENTO TEÓRICO
Pesquisando em algumas bases teóricas disponíveis na internet e com a
palavra-chave “natação para surdos”, encontramos uma quantidade significativa
de artigos sobre o tema: 2.300 artigos no Google acadêmico; 19 artigos no site
Eric. ed. gov., no ano de 2017, e 2.704 artigos nos últimos 20 anos, mas nenhum
artigo foi encontrado na base do Scielo, Pubmed e nos periódicos da CAPES.
Quando utizamos outra palavras-chave na pesquisa referentes a glossários
de natação para surdos em língua de sinais nas mesmas bases, os resultados
não foram diferentes: 84 artigos no Google acadêmico, no ano de 2017; 31 artigos
na base do Eric.ed.gov no ano de 2017. Do mesmo modo como aconteceu na
pequisa anterior, nenhum artigo foi encontrado na base do Scielo, Pubmed e
períodicos da CAPES.
Optamos pelos artigos mais contemporâneos que mencionavam a trajetória
da Natação competitiva no Brasil, como também valorizamos as obras primárias.
A Natação teve sua disseminação pelo mundo na segunda metade do século XIX,
quando começou a emergir como desporto, sendo a primeira prova realizada em
Londres. Um dos primeiros registros data de 1696, quando o francês M. Thevenal
descreveu de maneira simples o ato de nadar, semelhante ao nado de peito
praticado atualmente, que consistia em movimentos de pernas e braços parecidos
com os de uma rã (GOMES, 2009).
O homem, para nadar, adota a posição horizontal, usa os braços e as
pernas como pás que empurram através da água, experimentam múltiplas
sensações, percepções, pois a sua prática implica a superação de forças
mecânicas. Reis (1987) afirma que a natação auxilia o desenvolvimento da
atenção e a memória motora, porque permite ser um processo ativo que requer
participação consciente do praticante dessa modalidade desportiva. Menciona,
ainda, que a natação poderá melhorar a coordenação cinestésica, a lateralidade,
a organização espacial, por conta da repetição dos movimentos.
27
Segundo Marinho, citado por Silva et.al (2016), os índios, no Brasil, foram os
primeiros a praticar essa modalidade esportiva. Conta o pesquisador que os
índios mergulhavam e passavam muitos minutos debaixo d´água, o que
impressionava os portugueses que aqui chegaram.
Com o passar do tempo, os estilos de nado foram evoluindo com relação
aos deslocamentos sobre a água. A técnica de nado considerada mais correta é
aquela que traduz a melhor apropriação mecânica do gesto técnico e as
particularidades biofísicas de cada nadador em particular.
Em 1873, o inglês John Trudgen desenvolveu uma nova técnica, que constituía em rotações laterais do corpo, tendo a movimentação dos dois braços sobre a água como principal fonte de deslocamento. Essa técnica chamava-se de Trudgen ou “over-arm-stroke”, foi aperfeiçoada pelo australiano Richard Cavill e, posteriormente, transformou-se no nado crawl (livre) que conhecemos hoje (BRASIL, 2016).
Na década de 1930, nadadores norte-americanos, durante as competições,
consideraram que as regras do nado de peito não obstruíam o movimento dos
braços e isso permitiu essa prática de forma diferente, ou seja, estavam sendo
executados com movimentos sobre a superfície da água, o que permitia um
deslocamento mais rápido. Essa manobra conviveu com a técnica do nado peito
por quase 20 anos até que, em 1948, um nadador húngaro a transformou no nado
borboleta, reconhecido oficialmente pela Federação Internacional em 1953 como
um estilo da natação.
Os primeiros torneios remontam ao século XIX, na Austrália, em 1858, com
o Campeonato Mundial de 440 jardas. Em 1869, a Inglaterra realizou o 1º
Campeonato Nacional e, finalmente, em 1877, os Estados Unidos adotaram a
forma de competições organizadas, inicialmente, pelo New York Athletic Club.
Aos poucos, a modalidade ganhou força e, em 1908, durante as Olimpíadas de
Londres, foi fundada a Federação Internacional de Natação (Fina), que comanda
não só as provas da modalidade, mas as de nado sincronizado, polo aquático e
saltos ornamentais.
No Brasil, a natação foi introduzida oficialmente em 31 de julho de 1897,
quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundaram, na cidade do
Rio de Janeiro a União de Regatas Fluminense, que foi chamado mais tarde de
28
Conselho Superior de Regatas e Federação Brasileira das Sociedades de Remo.
Em 1898, esses clubes promoveram o primeiro campeonato brasileiro de 1500m.
Abrão Saliture foi o campeão na modalidade nado livre (MARINHO APUD SILVA
ET AL., 2016).
Em 1913, o campeonato brasileiro passou a ser promovido pela Federação
Brasileira das Sociedades do Remo, em Botafogo, sendo uma prática desportiva
só para homens. As mulheres passaram a fazer parte oficialmente das
competições em 1935. Destacaram-se inicialmente Maria Lenk e Piedade
Coutinho. Além dos 1.500m nado livre, foram disputadas provas de 100m para
estreantes, 600m para seniores e 200m para juniores (GOMES, 2009). No ano
seguinte, em 1914, a prática do desporto nas competições de natação no Brasil
passou a ser controlada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
Apesar de a prática da natação ser milenar, o hábito de competir em
piscinas é recente. As piscinas exclusivas para competições de natação só
passaram a ser utilizadas entre os anos de 1930 e 1940. Coube à Federação
Internacional de Natação (Fina) determinar as medidas oficiais das piscinas de
competição. Atualmente, as provas são disputadas em piscinas longas (50
metros), utilizadas nas Olimpíadas, ou piscinas curtas (25 metros).
O Brasil projetou-se internacionalmente com alguns nadadores que
obtiveram marcas mundiais, como ocorreu em 1984, quando Ricardo Prado
tornou-se recordista mundial dos 400m de medley. Na década de 90, vários
recordes mundiais e sul-americanos foram superados com os atletas Gustavo
Borges, Fernando Scherer, Rogério Romero, Daniela Lavagnino, Adriana Pereira,
Patrícia Amorim e Ana Azevedo.
Apresentada uma visão panorâmica sobre a história do desporto e da
natação, na próxima seção, serão discutidas algumas questões acerca dos sinais
existentes e sinais neológicos.
29
4.2 OS SINAIS EXISTENTES E OS SINAIS NEOLÓGICOS
Há comportamentos estritamente individuais como andar, respirar, dormir,
que se originam e são desenvolvidos no ser humano enquanto organismo
biológico. Mas trataremos aqui de comportamentos, praticados socialmente na
natação e expressos por meio da língua de sinais - a Libras.
Ao criar e produzir sinais em vídeos, é possível observar que usamos o
espaço e as dimensões mencionados na Figura 6, explorando a parte fonológica,
morfológica, sintática e semântica dos verbetes.
Pesquisas em dicionários e glossários da língua de sinais, revelaram
poucos sinais sobre a prática da Natação, como se pode observar no Quadro 1,
abaixo, que mostra a ausência de sinais relativos às provas de competição de
natação em lingua de sinais.
Quadro 1: Sinais da Natação encontrados em publicações
SINAIS DA NATAÇÂO
ENCONTRADOS EM
PUBLICAÇÕES
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Maiô x X x
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30
Nado Crawl X
Nado de costas X
Nado de peito X
Natação X X x x X x
Óculos de natação x X X x x X
Pernada de borboleta
Pernada de peito
Pernada livre ou crawl
Provas de natação x X
Queimar a largada
Regras de Natação X x x x
Revezamento x
Sunga X x
Tiro de largada X X
Toque na parede x x X
Touca de natação x X X X
Virada X
Fonte: Arquivo pessoal
O referido quadro contribuiu para mostrar que certas palavras escritas em
português possuíam sinais em Libras, mas não sinais necessariamente ligados à
área da natação, como por exemplo, tiro, virada, largada, prova. Essas palavras,
se descontextualizadas, não atendem aos significados semânticos da Libras. O
site do Spread the Sign, dos Estados Unidos (EUA) e da Inglaterra, contém sinais
relacionados à natação.
Foram entrevistados cinco professores de Educação Física, que atuavam
com crianças surdas, para a catalogação dos sinais que usavam e investigação
sobre como se relacionavam com a surdez. Segue o Quadro 2 com as respostas
dos professores.
31
Quadro 2 - Respostas das entrevistas realizadas com os profissionais
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O quadro apresentado é importante para esta pesquisa, pois mostra que,
mesmo os professores experientes desconheciam os sinais de natação em Libras
e que há escassez de sinais relacionados a essa área. Esse dado foi constatado
nas entrevistas realizadas, quando os professores destacaram como ponto
importante da pesquisa. Muitas vezes, utilizavam sinais combinados entre
34
professores e alunos, o que pode ser um problema quando realizadas
competições, que demandam a presença de padronização nos sinais.
Quando perguntamos se conheciam professores surdos de Educação
Física, três dos professores entrevistados disseram que sim, a maioria dos
professores entrevistados fariam aulas com professor surdo, mas percebemos
que não conheciam a Libras e, consequentemente, nem os sinais específicos da
Natação. Durante a entrevista, usamos um intérprete de Libras para estabelecer
comunicação e, nesse momento, fiquei me perguntando como seria o
entendimento das crianças surdas, uma vez que, em todas as piscinas visitadas,
não havia intérpretes disponíveis e, nesse encontro, eu havia levado um
profissional para auxiliar nas entrevistas. Todos os entrevistados confirmaram a
importância da criação do glossário de natação, pois poderia auxiliá-los no
cotidiano de sua prática pedagógica. Os dados dessa entrevista revelam,
portanto, que é imprescindível a criação dos sinais de natação, das modalidades
de nado e das provas.
Nos quadros 3 e 4, abaixo, pode-se verificar as provas internacionais da
modalidade olímpica Natação. Em uma competição internacional, as Olimpíadas,
realizada no Rio de Janeiro, ficou evidente que nenhuma das provas apresentava
um sinal correspondente, culminando, portanto, no uso de neologismos dos sinais
referentes às provas.
Quadro 3: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (25m)
Homens Mulheres
Nado livre 50 m, 100 m, 200m, 400 m,
1.500m
50 m, 100 m, 200m, 400 m,
800m
Nado Costas 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200m
Nado Peito 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200m
Nado Borboleta 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200m
Medley individual 100m, 200m, 400m 100m, 200m, 400m
Revezamentos:
Livre 4x50m, 4x100m, 4x200m 4x50m, 4x100m, 4x200m
Medley 4x50m, 4x100m 4x50m, 4x100m
Misto 4x50m livre e 4x50m medley
Eliminatórias, semifinais e finais podem ser nadadas em 10 raias.
(Fonte: http://www.cbda.org.br/regraFinaNatacao.pdf; acesso em 03 mar. 2017)
35
Quadro 4: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (50m)
Homens Mulheres
Nado livre 50 m, 100 m, 200m, 400 m,
800m*, 1.500m
50 m, 100 m, 200m, 400 m,
800m, 1500m*
Nado Costas 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200m
Nado Peito 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200m
Nado Borboleta 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200m
Medley individual 200m, 400m 200m, 400m
Revezamentos:
Livre 4x100m, 4x200m 4x100m, 4x200m
Medley 4x100m 4x100m
Misto 4x100m livre e 4x100m medley
Eliminatórias, semifinais e finais podem ser nadadas em 10 raias.
(Fonte:http://www.cbda.org.br/regraFinaNatacao.pdf; acesso em 03 mar. 2017)
Como ser surdo, contendo a experiência visual, o trabalho foi pensado e
baseado na identidade de ser Surdo13 e no neologismo14. Optamos por trazer as
imagens dos sinais catalogados e criados para que ajudassem a organizar e
compreender o glossário. Para explicarmos os sinais criados por nós,
utilizaremos a Figura nº 7, que representa as configurações de mãos, onde
exemplificamos cada sinal baseado em um dos parâmetros da Libras.
13 É o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo (STROBEL, 2009). 14
Neologismo constitui uma unidade lexical de criação recente, uma acepção nova que se atribui a uma palavra já existente ou, então, um termo recentemente emprestado a um outro código linguístico, (ALVES, 1984)
36
Figura 7: Configurações de Mãos
(Fonte: INES/SEESP/MEC)
Aqui apresentamos os resultados dos sinais catalogados e criados neste
trabalho, a partir das filmagens em Libras de todas as provas internacionais de
natação. O link do youtube onde os vídeos estão arquivados se encontra
disponível no site https://youtu.be/xQ9oexEsFbQ.
A prova de 50 metros livre, apresentada na Figura 8, quase sempre é
disputada no estilo crawl. Por isso, a representação escolhida foi o sinal com a
37
justaposição de dois itens lexicais, ou seja, dois sinais que formam uma terceira
forma livre. Foi a junção das palavras nado crawl e o sinal do número cinquenta.
As configurações de mãos, de acordo com Figura 8, foram as de número 76, 32, e
73.
Figura 8: Nado Livre 50 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova de 100 metros nado livre, como se pode ver na Figura 9; 200
metros, na Figura 10; 400 metros livre, Figura 11, 800 metros nado livre, Figura
12 e 1500 metros nado livre, Figura 13, seguimos a mesma regra utilizada
anteriormente, ou seja, juntamos nado crawl e o respectivo sinal do número de
acordo com a distância a ser percorrida.
A significação dada na Libras para todas as provas seguiu as regras e
combinações aqui descritas. Este inventário, a saber, o glossário, poderá ter
mudanças e atualizações, dependendo dos usuários sinalizantes. As
configurações de mãos utilizadas para as provas de 100 metros foram: 76, 68 e
73
Figura 9: Nado livre 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova de 200 metros (Figura 10), utilizamos as configurações de
mãos, nº: 76, 24 e 73.
38
Figura 10: Nado livre 200 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova de 400 metros (Figura 11), utilizamos as configurações de
mãos: 76, 4, 73.
Figura 11: Nado livre 400 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova de 800 metros (Figura 12), utilizamos as configurações de
mãos: 76, 69, 73.
Figura 12: Nado livre 800 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova de 1500 metros (Figura 13), utilizamos as configurações de
mãos: 76, 68, 32 e 73.
39
Figura 13: Nado livre 1.500 metros
Fonte: Acervo pessoal
No nado de costas, as provas de 50 metros, conforme Figura 14; 100
metros, Figura 15; e 200 metros, Figura 16, realizamos a justaposição da palavra
costas e o número correspondente à distância a ser percorrida pelo nadador.
Não modificamos os sinais já utilizados por muitos dos usuários de Libras,
mas os diferenciamos pelo enquadramento no espaço. O sinal de costas,
anteriormente, era amplo com os braços estendidos. Entendemos que era uma
mímica utilizada pelas pessoas que desconheciam a Libras, não respeitando o
enquadramento do movimento, conforme apresentado na metodologia deste
trabalho (Figura 6). As configurações de mãos utilizadas para o nado de costas
para a prova de 50 metros foram: 01, 32, 73.
Figura 14: Nado Costas 50 metros
Fonte: Acervo pessoal
Esses sinais têm aspectos em comum com a realidade que representam,
ou seja, entre o ícone e o referente há uma relação de semelhança com o
movimento executado na água e a sinalização em Libras (ABRANTES, 2011). As
configurações de mãos utilizadas para o nado de 100 metros foram 01, 68 e 73.
40
Figura 15: Nado Costas 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova do nado de costas 200 metros (Figura 16), utilizamos as
configurações de mãos nº 01, 24, 73. Cada sinal aqui apresentado tem um
significado com a presença da decomposição desse sinal em unidades menores,
que são os traços semânticos, ou seja, o significado não estará completo se faltar
um dos traços aqui apresentados.
Figura 16: Nado Costas 200 metros
(Fonte: Acervo pessoal do autor)
Nas provas de 50 metros (Figura 17); 100 metros (Figura 18) e 200 metros
(Figura 18) do nado de peito, seguiu-se a mesma regra da justaposição dos
sinais do nado peito, com o número respectivo da distância a ser percorrida na
prova. Na prova de 50 metros do nado de peito, utilizamos as configurações de
mãos nº: 01, 32 e 73.
Figura 17: Nado Peito 50 metros
Fonte: Acervo pessoal
41
Na prova de peito dos 100 metros, Figura 18, utilizamos as configurações
de mãos: 01, 68 e 73.
Figura 18: Nado Peito 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
Na prova de peito dos 200 metros, Figura 19, utilizamos as configurações
de mãos: 01, 24, 73.
Figura 19: Nado Peito 200 metros
Fonte: Acervo pessoal
No nado de borboleta, nas provas de 50 metros (Figura 20); 100 metros
(Figura 21) e 200 metros (Figura 22) seguimos a mesma regra da justaposição
das palavras, ou seja, sinal de peito e o número correspondente à distância a ser
percorrida pelo nadador na piscina. Para a prova de 50 metros nado de borboleta,
realizamos a combinação dos movimentos das mãos, com as configurações nº:
01, 32 e 73.
Figura 20: Nado Borboleta 50 metros
Fonte: Acervo pessoal
42
Para a prova de 100 metros nado borboleta, realizamos a combinação dos
movimentos das mãos, com as configurações nº: 01, 68 e 73. A construção dos
verbetes depende do contexto em que foram criados os sinais e os significados
dependerão dos traços semânticos que o usuário da Libras esteja usando. Todos
os nossos sinais foram criados em decorrência dos jogos paralímpicos realizados
no Rio de Janeiro em 2016.
Figura 21: Nado Borboleta 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova de 200 metros nado borboleta, realizamos a combinação dos
movimentos das mãos, com as configurações nº: 01, 24 e 73. Esses verbetes
podem não corresponder com exatidão à realidade dos sinais brasileiros
utilizados nas piscinas, mas servem como referência dos modelos cognitivos em
função das experiências e das particularidades vividas pelos sujeitos surdos.
Figura 22: Nado Borboleta 200 metros
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas estilo medley de 100 metros (Figura 23); 200 metros, (Figura
24) e 400 metros (Figura 25), optamos pelo sinal com a configuração de mãos
realizando o número quatro e, com a outra mão, executamos o sinal da palavra
diferente em cima do primeiro dedo, deslocando-se pelos outros dedos para
43
representar os outros estilos. Em seguida, executamos o sinal do número,
correspondente à distância a ser percorrida pelo nadador na piscina. Nessa
prova, os atletas percorrem os quatro estilos individualmente na seguinte ordem:
borboleta, costas, peito e crawl. As configurações de mãos utilizadas na prova
medley individual 100 metros foram: (4+23), 68, 73
Figura 23: Medley individual 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova medley individual 200 metros, usamos as configurações de
mãos nº: (4+23), 24, 73.
Figura 24: Medley individual 200 metros
Fonte: Acervo pessoal
Para a prova medley individual 400 metros, usamos as configurações de
mãos nº: (4+23), 4, 73.
Figura 25: Medley individual 400 metros
Fonte: Acervo pessoal
44
Nas provas de revezamento, cada um dos quatro nadadores faz um estilo,
nessa ordem: costas, peito, borboleta e crawl, sendo que a ordem é diferente por
causa da saída de costas que é realizada dentro d'água. Nas viradas, o nadador
deve completar a piscina seguindo a regra do estilo daquele momento. Os
nadadores vão se retirando da piscina na medida em que os outros vão
adentrando na mesma. Por exemplo, após dada a largada, o primeiro nadador
(costas) deve bater com a mão na borda quando completa sua prova, e, somente
nesse momento, o próximo atleta poderá sair para continuar o percurso. A prova
vai seguindo esse procedimento até o último nadador percorrer sua distância.
Nas provas de revezamento livre 50 metros, optamos pelo sinal com as
configurações de mãos nº: (1+75), 76, 32 e 73.
Figura 26: Revezamento Livre 50 metros
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento livre 100 metros, optamos pelo sinal com as
configurações de mãos nº: (1+75), 76, 68 e 73.
Figura 27: Revezamento Livre 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento livre 200 metros, optamos pelo sinal com as
configurações de mãos nº: (1+75), 24 e 73. A criação de todos os sinais aqui
45
mencionados só poderá ser validada com o passar dos anos, pois são os
usuários da Libras, os intérpretes, alunos e professores que usarão no dia a dia
os sinais apresentados.
Figura 28: Revezamento Livre 200 metros
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento medley 50 metros, optamos pelo sinal com as
configurações de mãos nº: (1+75), 04, 23, 32 e 73.
Figura 29: Revezamento Medley 50 metros
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento medley 100 metros, optamos pelo sinal com
as configurações de mãos nº: (1+75), 04, 23, 68 e 73.
Figura 30: Revezamento Medley 100 metros
Fonte: Acervo pessoal
46
Nas provas de revezamento misto 50 metros, optamos pelo sinal com as
configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), 76, 32 e 73.
Figura 31: Revezamento Misto 50 metros Livre
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento misto 100 metros, o sinal foi selecionado com
as configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), 76, 68 e 73.
Figura 32: Revezamento Misto 100 metros Livre
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento misto medley 50 metros, optamos pelo sinal
com as configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), (4+23), 32 e 73.
Figura 33: Revezamento Misto 50 metros Medley
Fonte: Acervo pessoal
Nas provas de revezamento misto medley 100 metros, optamos pelo sinal
com as configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), (4+23), 68 e 73.
47
Figura 34: Revezamento Misto 100 metros Medley
Fonte: Acervo pessoal
A língua é viva, atual e presente, constituída por uma comunidade linguística
comum, de modo que o surdo praticante da Natação competitiva participa da
construção histórica da evolução da Libras, pois a aquisição dos novos vocábulos
perpassa pela experiência da coporeificação dos sinais. A língua está à mercê de
experiências sociais, culturais, políticas e históricas.
Cada língua possui modalidade, e, neste trabalho, iremos abordar a língua
de sinais como modalidade15 visual-espacial por ser sinalizada, usando a visão
como receptora e o espaço como emissor e produtor de sinais. Possui a estrutura
gramatical e aspectos linguísticos constituídos no nível fonológico, morfológico,
semântico, pragmático (QUADROS E KARNOPP, 2004; FELIPE, 2006; FARIA-
NASCIMENTO, 2009).
A Libras tem um sistema lingüístico autônomo, organizada do ponto de vista lexical (vocabulário), gramatical (regras de funcionamento) e funcional (regras de uso) a Libras apresenta as características pertinentes às linguagem orais. Ou seja, como a oralidade e a escrita, ela se caracteriza como um tipo de linguagem verbal (…) (FERNANDES, 2006, p.2)
Por isso, no procedimento da criação de sinais, o ponto forte foi a
iconicidade dos sinais pelo fato de ter a visualidade do corpo, conforme Nunes
(2013):
Nas línguas de sinais, muitos sinais são produzidos com uma forte influência da linguagem corporificada. As mãos humanas, em línguas visuais, são usadas com propósitos linguísticos, como apontar e representar objetos. É econômico, para as línguas de
15
Segundo Quadros (1997, 2004), toda língua possui modalidade, sendo que há três modalidades distintas: oral-auditiva, visual-espacial, gráfica-visual. Esta é a representação escrita de ambas as línguas tanto na falada quanto sinalizada.
48
sinais, fazer o uso eficiente das mãos na criação de signos. O corpo do locutor está sempre presente na situação de fala da língua gestual. É econômico também aproveitar essa presença para expressar significados que estão relacionados com as partes do corpo (NUNES, 2013, p.247)
Na criação dos sinais novos, ou seja, em casos de neologismo, baseamo-
nos nos estudos da morfologia da língua de sinais, precisamente no processo de
formação de novos léxicos e nos estudos da iconicidade e arbitrariedade,
fundamentado na experiência visual surda, criando uma relação entre a
semântica e o fonológico como um todo.
O neologismo é a nova tendência no campo de estudo linguístico devido ao
avanço da tecnologia e difusão da mesma em certa velocidade, consolidando
expressões novas e empréstimos linguísticos para cada palavra nova, dentro da
língua viva. Vale ressaltar que a língua está frequentemente em processo de
mudança, ou seja, em ritmo diacrônico.
Mattoso Câmara Júnior (1984, p. 157) denomina o léxico como “[..] sinônimo
de vocabulário, [..] parte do vocabulário correspondente às palavras. As palavras
se distribuem no léxico por campo semântico e por famílias léxicas”.
Concordamos com essa afirmação e a associamos à ideia de Rodriges e Baalbaki
(2014) no sentido de que o léxico é constituído por palavras integrantes de uma
língua. Assim, a ampliação e renovação do léxico trazem a possibilidade de
existência de qualquer língua por meio de recursos variados, sendo seu aspecto
fundamental.
Podemos afirmar, a partir dos estudos de Ferreira-Brito (1998; 2010),
Quadros e Karnopp (2004), Felipe (1998; 2006) e Faria-Nascimento (2009) que a
ampliação e renovação lexical estão presentes especificamente no meio
acadêmico da comunidade surda.
As pesquisadoras destacam a formação de novos sinais, com
bases/recursos da própria língua, como fator enriquecedor do vocabulário da
Libras e ampliação de novas perspectivas no campo de conhecimento científico.
A renovação lexical se dá pelo processo diacrônico em determinado grupo social,
fazendo com que apareçam novas palavras ou novos significados para antigas
palavras.
49
Reforçamos a proposta de Faria-Nascimento, no que diz ao respeito à
ampliação de léxico na língua de sinais, resultando a criação de neologismos na
Libras:
Conscientizar estudantes surdos, de cursos de graduação, a respeito dos processos de construção terminológica permitirá o enriquecimento ainda mais acelerado da LSB, e a rápida sistematização e divulgação dos neologismos terminológicos acarretará o acesso e o domínio mais rápido, também dos intérpretes para adequarem sua tradução ao contexto emergente. (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p.55)
A linguagem, para Bakhtin apud Lebedeff e Santos (2010), é uma prática
social que tem na língua a sua realidade material. Para Lebedeff e Santos (2010),
a linguagem é um ato transformador. A língua, bem como os indivíduos que a
usam, está situada num contexto sócio-histórico, cultural e político, ou seja, é um
fato social constituído pela comunidade linguística (LEBEDEFF E SANTOS, 2014,
p. 1090).
Segundo Brito apud Nunes (2013), é evidente que a iconicidade tenha mais
destaque nas estruturas das línguas de sinais do que nas línguas orais, tendo em
vista que o espaço parece ser mais concreto e palpável.
Um dos motivos contribuintes da representação icônica nas línguas de sinais
é que a parte fonológica dos sinais envolve as mãos, o movimento no espaço e a
interação com outros objetos. Dessa forma, as concepções de objetos e eventos
podem ser iconicamente representadas. Por isso, “A iconicidade é ligada ao
sentido com que uma palavra é conceptualizada em uma língua possui traços
culturais de sua comunidade linguística.” (Wilcox, 2004 apud Nunes, 2013).
Tendo como base as informações acerca da iconicidade em língua de sinais
apresentadas, consideramos, nesta pesquisa, que há sinais icônicos criados, tais
como, braçada, pernada, virada, largada e revezamento.
A morfologia16 da língua de sinais, conforme Felipe (2006),está atrelada à
modificação interna da raiz. Abordam-se neste texto, cinco movimentos distintos
na elaboração de novos itens léxicos: retilíneo, helicoidal, circular, semicircular e
16
Morfologia é a parte da gramática que estuda as palavras observadas isoladamente. É o estudo da estrutura e formação das palavras, suas flexões e sua classificação, (Ferreira, Flancieni Aline R. A MORFOLOGIA EM LIBRAS).
50
sinuoso, os quais foram criados neste glossário conforme as Figuras 35, 36, 37,
38 e 39.
Figura 35: movimento retilíneo – toque na parede
Fonte: Acervo pessoal
Figura 36: movimento helicoidal – virada
Fonte: Acervo pessoal
Figura 37: movimento circular – borboleta
Fonte: Acervo pessoal
Figura 38: movimento semicircular – largada
Fonte: Acervo pessoal
51
Figura 39: movimento sinuoso – pernada borboleta
Fonte: Acervo pessoal
Outro ponto importante na elaboração do glossário foi listar alguns
fundamentos básicos ministrados em aulas de natação com o intuito de
disseminar e compartilhar os conhecimentos. A seguir, estão as figuras
relacionadas aos fundamentos básicos da natação, de acordo com as Figuras 40,
41, 42, 43 e 44, normalmente muito utilizados nas aulas aquáticas proferidas, bem
como os sinais de largada e de queimar largada17, criados, sendo a expressão
“queimar largada” uma gíria usada nas competições de natação.
Figura 40: Braçada com bóia
Fonte: Acervo pessoal
Figura 41: Exercício de respiração
Fonte: Acervo pessoal
17
É quando o atleta parte para a prova antes do som da largada, queimando e é desclassificado.
52
Figura 42: Largada
Fonte: Acervo pessoal
Figura 43: Queimar largada
Fonte: Acervo pessoal
Figura 44: Pernada
Fonte: Acervo pessoal
A proposta do registro do produto em vídeo na Libras possibilita que o
público-alvo tenha acesso e conhecimento às práticas sociais da linguagem,
possibilitando o direcionamento dos conhecimentos da Libras no seu cotidiano,
enquanto profissional e agente social. A filmagem possibilita captar os sinais
icônicos e a sequência dos movimentos, um dos integrantes do parâmetro da
língua de sinais.
53
4.3 APLICAÇÃO DO PRODUTO
Ministramos aulas na Vila Olímpica da Mangueira, situada no bairro
Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro, para testarmos os sinais e divulgarmos o
nosso trabalho. Tivemos a presença de dois alunos surdos e uma professora.
A turma da natação especial é composta por alunos com diversas
deficiências, tais como deficiência intelectual, física, alunos com síndrome de
down e surdez. As aulas foram realizadas duas vezes por semana no horário da
tarde, com duração de 30 minutos.
A professora de natação não dominava Libras, estava começando a
conhecer sinais básicos para efetivar a comunicação com dois alunos surdos,
sendo que um é fluente em Libras e o outro é implantado e oralizado, estando em
fase de aprendizado de Libras. Ambos estudam em uma escola inclusiva.
Todos compreenderam os sinais criados para os exercícios, mas só
poderemos afirmar que serão os sinais usados no Brasil daqui a alguns anos, pois
depende dos usuários da Libras. A língua é viva e ela se transforma, podemos
usar como exemplo: o sinal de crawl,em que eram movimentos longos e hoje, a
partir dos usuários, o sinal se encaixa dentro de um espaço e não
necessariamente como antigamente.
Na Figura 45, observa-se que o pesquisador utiliza o sinal de exercício de
respiração para a professora de natação e, na Figura 46, o pesquisador sinaliza a
pernada livre.
Figura 45: Sinal de exercício de respiração
(Fonte: Acervo pessoal)
54
Figura 46: Sinal de pernada livre
(Fonte: Acervo pessoal do autor)
Nas Figuras 47 e 48, o professor surdo apresenta os sinais das modalidades
de nado crawl e braçada livre para os dois alunos surdos.
Figura 47: Sinal de crawl
(Fonte: Acervo pessoal)
55
Figura 48: Braçada livre
(Fonte: Acervo pessoal do autor)
Em relação aos conceitos sinalizados e aprendidos na natação, foi possível
constatar que é de suma importância aprender os sinais da natação para efetivar
a comunicação entre o professor e o aluno ou atleta surdo, evitando barreiras
linguísticas e adquirindo novos conhecimentos sem haver impedimentos.
Para isso, divulgamos os vídeos com os sinais na página do núcleo de
inclusão Projeto Galileu Galilei, de acordo com a Figura 49, que se encontra no
endereço eletrônico: https://projetogalileugalilei.wordpress.com/educacao-fisica/.
Figura 49: Site projeto Galileu Galilei
(Fonte: https://projetogalileugalilei.wordpress.com/educacao-fisica/)
56
Outra forma de divulgação utilizada foi o Facebook, conforme a Figura 50:
Figura 50: Natação para surdos no Facebook
(Fonte: https://www.facebook.com/Natação-para-surdos-1917066795182610)
Finalizando a discussão, podemos sintetizar que este trabalho de
elaboração do produto Glossário de Natação em Libras foi realizado dentro dos
eixos temáticos, ou seja, eixos conectivos, trabalhando com a
interdisciplinaridade. As conexões são importantes para constituir o produto e
nelas foram trabalhadas conjuntamente a Educação Física, Língua Portuguesa e
a Língua de Sinais, Linguística, Educação, Saúde e Tecnologia.
A Educação Física exerce papel importante ao promover o bem estar do
indivíduo, contribuindo para o seu desenvolvimento global, por meio de atividades
físicas, sendo a natação uma dessas atividades.
A abordagem da Língua Portuguesa é importante também porque
permitem trabalhar com as palavras, ou seja, os termos relacionados às técnicas
da natação relacionando-as com os sinais, compilando-os para a configuração do
glossário. Na área da Linguística, não se pode negar a relevância da língua de
sinais como fator neológico dos sinais e como comunicação interativa.
57
A Educação também se destaca pela relação de ensino-aprendizado entre
professor e aluno surdo, com esses participantes do processo educativo
interagindo de maneira eficiente.
No campo da Saúde, o intuito é promover o bem-estar social, físico,
cognitivo e a resistência e, por fim, o uso da tecnologia no processo desse
trabalho, destacando a importância do registro em vídeo, ao compor o Glossário
em Libras, e ao promover divulgação do produto nas mídias sociais.
O produto elaborado contribui para a tecnologia educacional e assistiva,
permitindo que o professor consiga interagir com o aluno, engajado na
comunicação por meio da língua de sinais e evitando barreiras de comunicação.
O suporte midiático é o registro em vídeo na Libras, podendo ser divulgado
em sites e expandir nas redes sociais, difundindo, assim, o produto elaborado.
58
5. CONCLUSÃO
Para finalizar, o tema Educação Física para as pessoas surdas é de
extrema importância, uma vez que promove lazer, bem-estar social, saúde,
desenvolvimento pleno da parte cognitiva, sensorial e motora. Porém, há poucas
pesquisas na área da surdez relacionadas ao desporto. Por isso, faz-se
necessário explorar e desenvolver conhecimento científico nessa área de
conhecimento e de pesquisas.
Este trabalho, nesse sentido, cumpre seu objetivo que é apresentar um
Glossário de Sinais da Natação, apresentando os sinais relacionados aos estilos
e às provas de nado. Acreditamos que a organização do Glossário facilita a
aquisição de novos vocábulos em Libras pelos usuários dessa modalidade
desportiva e poderá incentivar outros colegas da Educação Física a pensarem
como é importante a comunicação para a aprendizagem corporal. As entidades
desportivas surdas, tais como ICSD, CBDS, FDSERJ e demais associações de
surdos devem sempre promover ações afirmativas para realizar jogos,
competições, treinos, palestras, empoderamento surdo, com o intuito de incentivar
os futuros atletas a praticarem esportes e competirem, promovendo, assim, a
integração social do atleta surdo, seja amador ou profissional.
Quanto ao nosso objetivo de divulgação do glossário, ele se encontra em
uma fase preliminar e continuaremos o processo após o término do mestrado.
Concluímos que os benefícios da construção do glossário foram importantes
para o profissional de Educação Física. Neste trabalho, buscamos, portanto,
despertar o interesse de discentes e docente em conhecer a Libras, enriquecer o
glossário na área da natação, melhorar a comunicação entre professores ouvintes
e surdos e disseminar novos léxicos de sinais.
59
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Ieda Maria. A integração dos neologismos por empréstimo ao léxico
português. ALFA: Revista de Linguística, v. 28, p.119-126, 1984.
ARAUJO, Paulo Ferreira de. Desporto adaptado no Brasil: origem,
institucionalização e atualidade. Ministério da Educação e do Desporto/INDESP,
1998.
BAKOS e POZZER, Margareth Marchiori e Kátia Maria Paim. III Jornada de
Estudos do Oriente Antigo: línguas, escritas e imaginárias. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 1998.
BORGES, Lucas C. et al. Glossário interativo de Libras para a área de
Computação. Anais do Computer on the Beach, p. 455-456, 2015.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: educação física/Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília.
MEC/SEF, 2000.
_______ Presidência da Republica. Decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de
2005. Regulamenta a Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a
Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o artigo 18 da Lei n° 10.098, de 19 de
dezembro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm . Acesso em: 15 jun. 2015.
_______ Presidência da Republica. Lei n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
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66
7. APÊNDICES E ANEXOS
7.1. APÊNDICES
7.1.1. Entrevista semiestruturada a ser aplicada aos sujeitos da pesquisa Por favor, preencha as questões abaixo e responda as perguntas: Nome:
Idade:
Formação:
Tempo de atuação:
Tempo de atuação com pessoas surdas:
É usuário de Libras: ( ) sim ( ) não
1- Você conhece algum Professor de Educação Física Surdo?
2- Você faria aula de Natação com um Professor Surdo?
3- Quais os sinais que você conhece dos estilos de Natação?
4- Você acha importante ter um glossário com os sinais para os diferentes
estilos e seus fundamentos técnicos? Se Sim, explique o por quê?
5- A convivência nas aulas de natação entre surdos e ouvintes atrapalharia
na ministração das aulas? Se sim, quais?
67
7.1.2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Federal Fluminense Instituto de Biologia
Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão (CMPDI)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:
Dados de identificação: Natação e suas provas: Glossário em Libras
Pesquisador: Erick Rommel Hipólito de Souza
Pessoa de contato: só mensagem
Convite
Vimos a partir deste modo convidá-lo a participar do projeto de pesquisa
Natação e suas provas: Glossário em Libras, este projeto é de responsabilidade
dos pesquisadores Erick Rommel e Ruth Mariani da Universidade Federal
Fluminense.
Esse projeto tem como objetivo principal criar uma ferramenta multimídia
na forma de um glossário online científico gratuito e aberto, contendo termos
essenciais para o ensino do desporto Natação. Os alunos participantes
trabalharão, com os recursos didáticos produzidos pelos pesquisadores, e por fim,
responderão a questionários na forma de entrevistas que abordarão questões de
cunho escolar.
As entrevistas serão gravadas e futuramente transcritas para obtenção de
informações para a pesquisa. Mediante a autorização do próprio aluno ou o seu
responsável, com a devida autorização do uso de imagem.
Este estudo não oferece qualquer risco para a saúde dos alunos ou dos
demais participantes, visto que serão explorados apenas temas de cunho escola
e os recursos didáticos a serem oferecidos são criados com materiais atóxicos,
não alérgicos, que não são perfuro-cortantes. Não haverá nenhum custo para
participar desta pesquisa.
68
O aluno ou seu responsável legal terá liberdade de retirar o consentimento
e deixar de participar do estudo a qualquer momento. A participação será livre,
sendo liberado do projeto aquele que desejar não participar. Informações sobre o
estudo poderão ser obtidas quando desejar durante e após a execução do projeto
através do e-mail [email protected]
Eu, ____________________________________________________, declaro ter
sido informado e concordo em participar no estudo Glossário de Natação e seus
Estilos em Libras.
Eu, responsável legal por ___________________________________, declaro ter
sido informado e concordo com a sua participação, como voluntario, no projeto de
pesquisa acima descrito.
Niterói, ___ de ____________ de _______.
_______________________________
Nome legível e assinatura
69
7.1.3. Autorização para fotografar e filmagem
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Biologia
Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão
(CMPDI)
AUTORIZAÇÃO PARA FOTOGRAFAR E FILMAGEM
Venho por meio deste documento autorizar o Mestrando Erick Rommel Hipólito de
Souza ou o designado pela Prof.ª Ruth Maria Mariani de Braz da Universidade Federal
Fluminense, a produzir reproduzir ou multiplicar fotografias, vídeos, filmes ou
transparências podendo ser coloridas ou em preto e branco, em
que________________________________________ participa e aparece, sendo estas
feitas somente durante as atividades do projeto em sala de aula ou na Instituição em que
ele estiver sob o meu total conhecimento e consentimento. Estas fotografias, vídeos,
filmes ou transparências só poderão ser utilizados para fins de pesquisa, informação ou
divulgação, para educação em saúde ou para docência, publicados em periódicos ou em
outros meios de divulgação cientifica. A reprodução e multiplicação dessas imagens
podem ser acompanhadas ou não de texto explicativo sem qualquer conceito negativo
que possa denegrir a imagem do entrevistado, e abro mão de qualquer direto de pré-
inspecão e pré-aprovacão do material, assim como de qualquer compensação financeira
pelo seu uso, sendo este publicado sempre preservando o nome do entrevistado, assim
garantindo-lhe sua privacidade.
Tenho consciência de que este trabalho faz parte da dissertação do Mestrado
Erick Rommel Hipólito de Souza no programa de Pós-graduação: Mestrado em
Diversidade e Inclusão da UFF realizado na Universidade Federal Fluminense, visando
estritamente a ampliação das possibilidades educacionais das escolas, de forma que
estas se adaptem e possam receber os estudantes com necessidades educacionais
especiais com as melhores condições possíveis.
Se materiais didáticos podem ajudar na inclusão de pessoas com deficiência em
espaço regulares de ensino formal, como as escolas, ou não-formal, como museus e
espaço abertos; além de proporcionar um melhor entendimento do conteúdo de tema
importantes da área de Ensino, torna-se então necessário nos engajar e facilitar o
processo de ensino e aprendizagem.
É para isso que o senhor(a) está sendo convidado(a). Não haverá qualquer
despesa para que o entrevistado participe desta pesquisa, bem como não haverá
70
qualquer tipo de recompensa para o participante, a não ser aquela de ter, contribuído
para a tentativa de melhoria do ensino para os alunos surdos e não surdos usuários da
Libras.
Toda a informação obtida com este estudo ficará armazenada na Universidade
Federal Fluminense, juntamente com outros documentos relativos ao projeto e não serão
em hipótese alguma fornecidos a terceiros sem sua expressa autorização e
conhecimento. Os resultados serão divulgados em apresentações ou publicações com
fins científicos ou educativos. O comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
Fluminense poderá ter acesso aos dados coletados. O nome do responsável não será
divulgado. Se necessário serão exibidos apenas a idade e a escolaridade do
entrevistado.
Se houver duvidas, o Mestrando Erick Rommel Hipólito de Souza está disposição
para esclarecimento nos telefones: (21) 992469080 e no e-mail: [email protected].
A orientação da dissertação é feita pela Doutora Ruth Maria Mariani de Braz, professora
da Universidade Federal Fluminense. Essa pesquisa não oferece qualquer dano ou risco
ao entrevistado, visto que os materiais utilizados são inócuos e eles serão oferecidos aos
entrevistados e não impostos a ela. Assim o entrevistado só irá participar, caso
demonstre interesse e desejo em fazê-lo. Os entrevistados podem desistir de participar
de pesquisa a qualquer momento, sem quaisquer penalizações ou prejuízos, só bastando
nos comunicar o fato.
Assim, deixo expresso, ainda, que esta autorização:
( ) permite que apareça o rosto do entrevistado no material gráfico sem as tarjas ou
técnicas usualmente empregadas para dificultar a identificação.
( ) permite que apareça o rosto do entrevistado no material gráfico somente se
houver o uso de tarjas ou técnicas usualmente empregadas para dificultar a identificação.
( ) não permite que apareça o rosto do entrevistado no material gráfico final, sendo
este totalmente encoberto com a cor preta.
Declaro estar plenamente ciente do inteiro teor desta autorização.
Data:_______________,
Nome do entrevistado: _________________________________________
N° de identidade do entrevistado: _________________________________