erick rommel hipÓlito de...

82
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM DIVERSIDADE E INCLUSÃO ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZA A NATAÇÃO E SUAS PROVAS: GLOSSÁRIO EM LIBRAS Dissertação de Mestrado submetida à Universidade Federal Fluminense visando à obtenção do grau de Mestre em Diversidade e Inclusão Orientadora: Ruth Maria Mariani Braz Niterói 2017

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM DIVERSIDADE E INCLUSÃO

ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZA

A NATAÇÃO E SUAS PROVAS: GLOSSÁRIO EM LIBRAS

Dissertação de Mestrado submetida à Universidade Federal Fluminense visando à obtenção do grau de Mestre em Diversidade e Inclusão

Orientadora: Ruth Maria Mariani Braz

Niterói 2017

Page 2: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

II

ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZA

A NATAÇÃO E SUAS PROVAS: GLOSSÁRIO EM LIBRAS

Trabalho desenvolvido no Instituto de Biologia, Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão, Universidade Federal Fluminense.

Dissertação de Mestrado submetida à Universidade Federal Fluminense como requisito visando à obtenção do grau de Mestre em Diversidade e Inclusão

Orientadora: Ruth Maria Mariani Braz

Page 3: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

III

Page 4: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela oportunidade de continuar o estudo no mestrado e

por me dar força de vontade para persistir e não desistir.

Aos meus pais Vladimir e Ana e meus irmãos Christian e Arina pela base

familiar que me tornou uma pessoa íntegra e honesta.

À minha companheira Priscilla, pela motivação e pelo incentivo de fazer o

Mestrado juntos, compartilhando experiências e dividindo as tarefas acadêmicas,

profissionais e domésticas. Ela me incentivou e animou para concluir.

Aos nossos filhos Eros Kaloã e Patrícia, pela paciência e compreensão

quando eu e a mamãe Priscilla precisamos nos ausentar para focar nos estudos.

A Alexandre, Maria do Carmo, Jonathas, Marta e Rosângela, que se

revezaram para ficar com as crianças quando precisamos, eu e Priscilla, assistir

às aulas, estudar e fazer pesquisas.

À orientadora Ruth, pela confiança, pela trocas de e-mails a distância,

quando estava em Portugal, pela paciência em seus ensinamentos, pelas críticas

que me fizeram prosseguir no trabalho. Sem a ela, não teria chegado onde estou.

Ao Curso do Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão da

Universidade Federal Fluminense (CMPDI/UFF), especialmente a Professora

Doutora Cristina Delou e a Professora Doutora Helena Carla Castro, pela

oportunidade de abrir as portas para os deficientes, incluindo os surdos, através

de ações afirmativas. Ambas sempre preocupadas em promover acessibilidade

para todos.

Aos todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Diversidade

e Inclusão, pelos ensinamentos transmitidos, pelas trocas de experiências, que

me possibilitaram outros olhares.

Aos colegas do mestrado, pela partilha de aprendizagem, pela força e ajuda

mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

do ponto de vista de cada um.

Aos tradutores e intérpretes de Língua de Sinais da UFF, muito obrigado por

transmitir os conteúdos ministrados, interpretando e traduzindo as aulas durante o

curso de Mestrado. Sem vocês, o meu aprendizado seria em vão.

Page 5: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

V

SUMÁRIO

Lista de Figuras VII

Lista de Quadros IX

Lista de Abreviaturas X

Resumo........................................................................................................ XI

Abstract......................................................................................................... XII

1. Introdução................................................................................................. 1

1.1 Apresentação....................................................................................... 1

1.2 Histórico do Esporte Adaptado............................................................ 4

1.3 Natação............................................................................................... 8

1.4 As Conquistas Legais......................................................................... 13

1.5 Glossário x Dicionário: A importância do Glossário de Natação para

surdos................................................................................................... 16

2. Objetivos................................................................................................... 20

2.1 Objetivo geral....................................................................................... 20

2.2 Objetivos específicos........................................................................... 20

3. Material e Métodos................................................................................... 21

3.1 Levantamento bibliográfico.................................................................. 21

3.2 Coleta de Sinais................................................................................... 22

3.3 Filmagem............................................................................................. 22

3.4 Divulgação........................................................................................... 24

4. Resultados e Discussão........................................................................... 26

4.1 Levantamento Teórico........................................................................ 26

4.2 Sinais existentes e sinais neológicos.................................................. 29

4.3 Aplicação do Produto.......................................................................... 53

5. Conclusão................................................................................................. 58

6. Referências Bibliográficas........................................................................ 59

7. Apêndices e Anexos................................................................................. 66

Page 6: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

VI

7.1 Apêndices............................................................................................ 66

7.1.1 Entrevista semiestruturada a ser aplicada aos sujeitos da

pesquisa......................................................................................... 66

7.1.2 Termo de Consentimento livre e esclarecido............ 67

7.1.3 Autorização para fotografar e filmagem ……………………...... 69

Page 7: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

VII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Nado crawl.................................................................................. 11

Figura 2: Nado costa................................................................................. 12

Figura 3: Nado peito.................................................................................. 12

Figura 4: Nado borboleta........................................................................... 13

Figura 5: Escrita cuneiforme...................................................................... 17

Figura 6: Espaço de realização dos sinais na Libras................................ 23

Figura 7: Configurações de Mãos.............................................................

36

Figura 8: Nado Livre 50m.......................................................................... 37

Figura 9: Nado Livre 100m........................................................................ 37

Figura 10: Nado Livre 200m...................................................................... 38

Figura 11: Nado Livre 400m...................................................................... 38

Figura 12: Nado Livre 800m...................................................................... 38

Figura 13: Nado Livre 1500m.................................................................... 39

Figura 14: Nado Costas 50m..................................................................... 39

Figura 15: Nado Costas 100m................................................................... 40

Figura 16: Nado Costas 200m................................................................... 40

Figura 17: Nado Peito 50m........................................................................ 40

Figura 18: Nado Peito 100m...................................................................... 41

Figura 19: Nado Peito 200m..................................................................... 41

Figura 20: Nado Borboleta 50m................................................................ 41

Figura 21: Nado Borboleta 100m............................................................... 42

Figura 22: Nado Borboleta 200m.............................................................. 42

Figura 23: Medley Individual 100m........................................................... 43

Figura 24: Medley Individual 200m........................................................... 43

Figura 25: Medley Individual 400m........................................................... 43

Figura 26: Revezamento Livre 4x50m....................................................... 44

Figura 27: Revezamento Livre 4x100m..................................................... 44

Page 8: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

VIII

Figura 28: Revezamento Livre 4x200m..................................................... 45

Figura 29: Revezamento Medley 4x50m................................................... 45

Figura 30: Revezamento Medley 4x100m................................................. 45

Figura 31: Revezamento Misto Livre 4x50m............................................. 46

Figura 32: Revezamento Misto Livre 4x100m........................................... 46

Figura 33: Revezamento Misto Medley 4x50m......................................... 46

Figura 34: Revezamento Misto Medley 4x100m....................................... 47

Figura 35: Movimento retilíneo – toque parede ........................................ 50

Figura 36: Movimento helicoidal – virada.................................................. 50

Figura 37: Movimento circular – borboleta................................................ 50

Figura 38: Movimento semicircular – largada............................................ 50

Figura 39: Movimento sinuoso – pernada borboleta................................. 51

Figura 40: Braçada com boia.................................................................... 51

Figura 41: Exercício de respiração............................................................ 51

Figura 42: Largada.................................................................................... 52

Figura 43: Queimar largada....................................................................... 52

Figura 44: Pernada.................................................................................... 52

Figura 45: Sinal de exercício de respiração.............................................. 53

Figura 46: Sinal de pernada livre............................................................... 54

Figura 47: Sinal de crawl........................................................................... 54

Figura 48: Braçada Livre........................................................................... 55

Figura 49: Site Projeto Galileu Galilei........................................................ 55

Figura 50: Natação para surdos no Facebook.......................................... 56

Page 9: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

IX

LISTA DE QUADROS

Quadro1: Sinais da Natação encontrados em publicações.......................29

Quadro 2: Respostas das entrevistas realizadas com os profissionais…31

Quadro 3: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (50m)............34

Quadro 4: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (25m)............35

Page 10: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

X

LISTA DE ABREVIATURAS

ABBR/RJ – Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação

ANDE – Associação Nacional do desporto para Excepcionais

ASURJ – Associação de Surdos do Rio de Janeiro

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBDA – Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos

CBDS – Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos

CBF – Confederação Brasileira de Futebol

CID – Classificação Internacional de Doenças

CISS – Comitê Internacional de Esportes para Surdos

CND – Conselho Nacional de Desportos

CRPD – Centro de Referência para a Pessoa com Deficiência

DF – Distrito Federal

DST/UFF – Setor de Doenças Sexualmente Transmissiveis da Universidade

Federal Fluminense

FARJ – Federação Aquática do Rio de Janeiro

FCSM – Federação Carioca de Surdos Mudos

FDSERJ – Federação Desportiva de Surdos do Estado do Rio de Janeiro

FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos

FINA – Fédération Internationale de Natation

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICSD – Committee of Sports for the Deaf

INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos

ISOD – International Sports Federation of the Disabled

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

LS – Língua de Sinais

PROLIBRAS – Exame Nacional para Certificação de Proficiência em LIBRAS

UFF – Universidade Federal Fluminense

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

Page 11: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

XI

RESUMO

Este projeto tem por objetivo abordar a catalogação de sinais criados sobre natação e suas provas, ampliando o vocabulário da Língua Brasileira de Sinais, com o intuito de divulgar a pesquisa tanto na comunidade surda quanto aos ouvintes interessados nos conceitos dos sinais. Busca, ainda, atender a demanda cada vez maior de produção de material voltado para a Língua Brasileira de Sinais. Para realizar o projeto, foi necessário fazer levantamento de estudo sobre a educação de surdos e sobre a área de natação e seus estilos, seus conceitos, bem como pesquisar sinais já existentes na comunidade surda, por meio de dicionários de Língua Brasileira de Sinais. Além disso, foram realizadas entrevistas com atletas surdos e ouvintes sinalizantes que atuam na área da natação, tais como da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos e das Federações Desportivas dos Estados Brasileiros. Para isso, vários autores de diferentes áreas foram pesquisados, como: Quadros e Karnopp (2004); Felipe (2006); Faria-Nascimento (2009); Mauerberg-de-Castro (2005); Mariani (2014), que nos deram suporte teórico-metdológico para a construção do produto final. Finalizando o projeto, foi realizada a filmagem da catalogação dos sinais, de acordo com os parâmetros da língua de sinais, respeitando-se as normas linguísticas dessa língua. Concluímos que a elaboração do Glossário facilita a aquisição de novos vocábulos em Libras pelos usuários dessa modalidade desportiva e poderá incentivar outros colegas da Educação Física a pensarem como é importante a comunicação para a aprendizagem corporal.

Palavras-chave: Provas da Natação, Ensino de surdos, Dicionário, Língua Brasileira de Sinais (Libras), Glossário de natação.

Produto Final: Glossário da Natação com suas provas em Libras.

Page 12: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

XII

ABSTRACT:

This project will feature the catalogation of signs of swimming and its tests, expanding the vocabulary of the Brazilian Sign Language. The project aims to spread the research both to the deaf community as the listeners interested in the concept of the signs, as well as to meet the increasing demand of production material in Brazilian Sign Language. In order to carry out the project it will be required a bibliographic survey in the education of the deaf, the area of swimming and its styles, its conceps, as well as research already existing signs in the deaf community through Brazilian Sign Language dictionaries. It was also necessary to conduct interviews to deaf athletes and listeners athletes who sign, such as Brazilian Confederation of Deaf Athletes and Sports Federations of Brazilian States. We will research a wide array of authors like Quadros e Karnopp (2004); Felipe (2006); Faria-Nascimento (2009); Mauerberg-de-Castro (2005); Mariani (2014), in order to enable us to design the final product. By the end of the project, the filming and catalogation of the signs will be made according to the parameters of the sign languages, respecting the linguistic norms of the sign language. We conclude that the Glossary organization facilitates de user’s acquisition of new signs about swimming and it may illustrate the importance communication to body learning – learning trough the body and about the body.

Keyword: Swimming Tricks, Deaf Education, Brazilian Sign Language Dictionary, Swimming glossary.

Final Product: a glossary on swimming and its styles.

Page 13: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

1

1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO

A minha trajetória acadêmica e profissional vem sendo traçada desde 2005,

quando ingressei na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Niterói-RJ,

para o curso de Educação Física, pois era meu sonho seguir essa carreira, já que

eu era atleta de natação desde criança e havia participado de inúmeros torneios e

campeonatos para Universidade Gama Filho e Tijuca Tênis Clube. Concluí essa

graduação em 2008, com muito orgulho. O amadurecimento acadêmico-

profissional foi implementado após a aprovação da Lei de Libras1, que reconhece

a Libras como L1 do sujeito surdo, e do Decreto-Lei2, que regulamenta a referida

lei e dá outras providências, inclusive, estabelece o ensino de Libras em cursos

de licenciatura e a formação profissional dos surdos.

Em janeiro de 2007, fui convidado por uma colega da Faculdade de

Educação Física a participar do Projeto Férias Nota Dez, promovido pela

Fundação Municipal de Educação de Niterói, na Escola Municipal Paulo Freire,

Fonseca, na mesma cidade, onde pude vivenciar os primeiros contatos com

alunos surdos dessa escola, que estavam participando da Colônia de Férias. Ali

começou a minha carreira como Instrutor/Professor de Libras.

Após trabalhar por duas semanas no Projeto Férias Nota Dez, fui convidado

pela Escola Municipal Paulo Freire a trabalhar como Assistente Educacional em

Libras, contratado pela Fundação Municipal de Educação com atividade

remunerada. Então, a partir dessa época, busquei aprimorar meus conhecimentos

na área de Língua Brasileira de Sinais e na Educação de Surdos, através de

curso de Assistente Educacional em Libras, oferecido pelo Instituto Nacional de

Educação de Surdos (INES), com o intuito de me qualificar profissionalmente, já

que estava contratado como Assistente.

1 Libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais.

2 Os documentos a que se refere o enunciado são a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5.626/2005,

respectivamente.

Page 14: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

2

Fiz a prova do Exame Nacional de Certificação em Língua Brasileira de

Sinais - Proficiência em Libras (PROLIBRAS), para o nível médio, a fim de testar

a minha aptidão e o domínio dessa língua e fui aprovado.

Em 2008, fui classificado como segundo colocado no concurso público

realizado pela Fundação Municipal de Educação de Niterói, tomando posse e

iniciando o exercício em julho desse mesmo ano, no cargo de Agente de

Educação Bilíngue, que tem a função de monitor/assistente educacional em

Libras. Ao mesmo tempo, assumi a função de instrutor de Libras, pois dava aula

no curso básico de Libras para alunos e profissionais da Escola Paulo Freire.

Nessa escola, ensinei aos alunos surdos do 1º segmento a importância da

língua de sinais, seus valores, sua identidade e cultura, e essa atitude foi

importante porque os alunos estão começando a construir a sua subjetividade

como pessoa surda e a identidade surda. Também ministrei curso básico de

Língua Brasileira de Sinais para alunos ouvintes e demais profissionais, além de

participar de oficina de Libras promovida pela Escola Paulo Freire.

No ano de 2009, fiz o curso para formação de Instrutor de Libras oferecido

pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS), o qual

me proporcionou novas perspectivas na área de Libras e muitas outras

informações que não conhecia como a estrutura gramatical da Libras,

comparando com a estrutura da língua portuguesa algo que não pensava em

existir. No ano de 2010, prestei prova para o PROLIBRAS, para nível Superior, e

obtive aprovação.

Em 2011, surgiu a oportunidade de ser contratado como Instrutor de Libras

no Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, órgão vinculado ao

Ministério da Educação, no qual trabalhei de junho de 2011 a dezembro de 2012,

ministrando aulas no Curso de Libras, em diferentes níveis. A docência no INES

me proporcionou novas experiências e novos conhecimentos, enriquecendo-me

profissionalmente, pois o INES é uma instituição centenária voltada para a

educação de surdos, além de ser referência em políticas para a educação de

surdos, sendo um espaço onde a maioria dos servidores utiliza a Língua de Sinais

para se comunicar com os profissionais e alunos surdos. Uma experiência rica,

diferente e inovadora.

Nesse mesmo ano de 2011, iniciei a Pós-graduação Lato Sensu em Libras,

no Instituto de Educação e Ensino Superior de Samambaia, Brasília (DF), a fim de

Page 15: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

3

aprofundar meus estudos acadêmicos nessa área. Meu trabalho final foi um artigo

intitulado “O uso dos classificadores como parte integrante do processo de

aquisição da Libras e da Língua Portuguesa escrita”.

Exerci, também, a tutoria a distancia no curso de Libras, NEAMI, da

Universidade Federal Fluminense, cargo que me trouxe novas experiências e

desafios tecnológicos, com aulas virtuais.

No ano de 2013, fiz concurso para professor auxiliar de Libras para a

Universidade Federal do Rio de Janeiro, em regime de 20 horas, para atuar no

Campus Macaé, onde ministro a disciplina de Libras para as turmas de Biologia,

Química e Nutrição.

Desde o meu ingresso na área de educação de surdos, em 2007, até os dias

atuais, participei de vários eventos: congressos, simpósios, encontros, oficinas

etc., voltados para área educacional e linguística, com ênfase em Libras, cuja

finalidade foi obter novos aprendizados, trocar informações com outros

profissionais da área educacional, dando continuidade à formação continuada do

professor, promovendo meu crescimento acadêmico e profissional, buscando

ajudá-los na formação educacional e no crescimento de pessoas surdas e

sociedade brasileira “ouvinte”.

Enfim, minha experiência como atleta e como licenciado em Educação

Física e por ter realizado curso de especialização em Libras me possibilitaram

perceber a importância de continuar os meus estudos focando na natação e os

sinais respectivos relacionados à natação e aprofundar os conhecimentos

acadêmicos enquanto profissional.

Vale ressaltar as conquistais legais da comunidade surda, com a Língua

Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida como língua viso-espacial do surdo por

meio da Lei 10.436/02, e com o decreto-lei 5.626/05, que regulamenta a lei de

Libras. Outra conquista é a Lei da Acessibilidade (Lei 13.146 de 2015), que

engloba os conceitos, as necessidades e adaptações das pessoas com

deficiência ( BRASIL, 2002; BRASIL, 2005; BRASIL, 2015).

O trabalho objetiva divulgar os conceitos sinalizados na área de Educação

Física, mais especificamente na natação, mostrando os sinais coerentes e coesos

nos diversos estilos da natação para os profissionais surdos e ouvintes que atuam

na área da educação de surdos e da educação inclusiva.

Page 16: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

4

1.2. HISTÓRICO DO ESPORTE ADAPTADO/DESPORTO

ADAPTADO

Ao falar sobre o termo esporte adaptado, Rodrigues (1996) sugere que seja

uma prática de atividades mediante adaptação de materiais ou de estratégias de

ensino diferentes para pessoas com deficiências. A adaptabilidade pode se referir

a modificações numa atividade já padronizada e conhecida pela população.

Winnick (1990) definiu desporto adaptado como as experiências modificadas

e designadas especificamente para as pessoas com deficiências, como por

exemplo, Goalball3. Encontramos registros da história do desporto adaptado no

século XIX, quando já realizavam os jogos para a integração das pessoas com

deficiência.

No século seguinte, algumas escolas para surdos promoviam esses jogos

entre os estudantes surdos. Em 1924, em Paris, foram realizados os Jogos

Internacionais Silenciosos, onde nove (9) países já tinham uma federação

desportiva para o surdo, sendo que França, Bélgica, Grã-Bretanha, Letônia,

Países Baixos e Polónia enviaram seus representantes. Itália, Romênia e Hungria

enviaram um atleta, apesar de não possuírem federação ainda. Os jogos surgiram

da ideia de Eugène Rubens-Alcais, surdo e Presidente do Francês Surdos Sports

Federation.

Os jogos foram premiados com o objetivo de difundir essas deliberações em

novas áreas. Como resultado, muitas visões deturpadas sobre as pessoas

surdas foram reduzidas em várias partes da sociedade e em todo o mundo. Em

uma época em que as sociedades, em todos os lugares, viam as pessoas surdas

como intelectualmente inferiores, linguisticamente pobres, e, muitas vezes,

tratadas como pária, ou seja, incapazes, incomunicáveis, sem possuir capacidade

de comunicação (MARIANI, 2014).

Dessa forma, diante desse contexto, o presidente Eugène Rubens-Alcais

previu o evento esportivo internacional como a melhor resposta para provar que

os surdos eram mais do que aquilo que se pensava antes da realização desses

jogos e disso resultou a fundação do Comitê Internacional de Esportes para

3 Modalidade esportiva criada exclusivamente para pessoas cegas ou com baixa visão. Criado em 1946, pelo

austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar veteranos da Segunda Guerra Mundial que ficaram cegos.

Page 17: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

5

Surdos (CISS), conhecido como Committe of Sports for the Deaf (ICSD)

(MARQUES et al., 2009). É importante ressaltar que no contexto mundial a evolução do desporto

adaptado nasce, no século XX, com a tentativa de valorização das pessoas com

deficiências, visto que eram heróis de guerra retornando aos seus lares, mas

todos com uma “ineficiência”. Assim, o desporto adaptado procurava dar

independência, autonomia e autoestima, mas a sua prática era simplesmente

como instrumento de reabilitação motora e visava à inserção dos deficientes na

sociedade produtiva (MARQUES e.al.; 2009).

As iniciativas de vários governos como a Alemanha, o Reino Unido e os

Estados Unidos incentivaram a prática do desporto adaptado, como uma proposta

de minimizar as adversidades causadas pela guerra. O primeiro programa de

esporte em cadeira de rodas que encontramos na literatura foi criado pelo médico

Dr. Guttmann, em 1945, na cidade de Stoke Mandeville, na Inglaterra. Esse

programa visava à integração social e à inserção do deficiente no mercado de

trabalho e o desporto seria mais uma ferramenta de trabalhar a sua autoestima

(ARAÚJO, 1998). O Papa João XXIII apelidou o Dr. Guttmann como o “Barão de Cobertien”,

elogiou o desempenho dos deficientes físicos, mencionando que a incapacidade

do movimento ou a diminuição de suas forças físicas não os desabilitou. De

acordo com Mauerberg-de-Castro (2005), o pontífice dirigiu-se aos deficientes

físicos destacando que eram modelos que mostram o que um espírito energético

pode conquistar apesar das barreiras aparentemente inultrapassáveis

estabelecidos pelo corpo físico. Em 1956, os jogos de Stoke Mandeville passaram a ser reconhecidos

oficialmente pelo comitê olímpico internacional, entretanto só vieram a fazer parte

dos jogos olímpicos em Roma (1960), com a participação de 23 países, com o

esporte em cadeiras de rodas, ou seja, só para os deficientes físicos (ARAÚJO,

1998).

O Desporto adaptado no Brasil foi desenvolvido a partir das associações de

reabilitação que passaram a existir depois da Segunda Guerra Mundial, na

década de 50, tais como o clube do Otimismo na cidade do Rio de Janeiro, a

Associação Atlética dos paraplégicos da cidade de São Paulo (1958) e a

Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR/RJ), fundada em 1954.

Page 18: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

6

O intuito dessas instituições era promover a integração dos deficientes e

proporcionar-lhes horas de lazer (MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005).

Em 20 de janeiro de 1959, houve a criação da Federação Carioca de

Surdos-Mudos (FCSM), hoje conhecida como Federação Desportiva de Surdos

do Estado de Rio de Janeiro (FDSERJ), cujo fundador foi Sentil Dellatorre4,

desportista surdo e ex-presidente de entidades desportivas. A entidade teve o

reconhecimento do Conselho Nacional de Desportos (CND) e da Confederação

Brasileira de Futebol (CBF).

Com o passar do tempo, as associações de surdos foram crescendo e se

espalhando pelo Brasil, havendo, também, a ampliação de divulgação do

desporto e da sua prática. No entanto, era necessária a criação de uma entidade

que centralizasse os campeonatos, uma vez que a Federação Carioca de Surdos-

Mudos (FCSM), atual Federação Desportiva de Surdos do Estado de Rio de

Janeiro, atuava apenas na região do Rio de Janeiro. Então, Sentil Dellatorre,

figura importante para a comunidade surda, convocou todos os surdos de vários

estados a participarem da assembleia geral, com o intuito de fundar a

Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos (CBDS), ocorrido em 17 de

novembro de 1984 (CBDS, 2016).

No ano de 1976, os cegos e os paralisados cerebrais passam a compor os

jogos paraolímpicos que, nesse ano, foi realizado em Toronto no Canadá, onde o

Brasil ganhou a sua primeira medalha paraolímpica, na modalidade Bocha

(CASTRO, 2005). Em 1978, a então Associação Nacional do Desporto para Excepcionais

(ANDE), que atualmente recebe o nome de Associação Nacional dos Desportos

dos Deficientes, sob a gestão de Aldo Miccolis, realizou os jogos Pan Americanos

em cadeiras de rodas, na cidade do Rio de Janeiro, quando aconteceu o

Simpósio Técnico Médico, para qualificar professores e médicos quanto à

classificação funcional e assegurar igualdade nas competições esportivas. Esse

sistema de classificação funcional foi baseado no movimento e padrões de

habilidades que são determinados pela permanência de potenciais funcionais dos

jogadores, utilizando uma cadeira de rodas adaptada e o esforço exigido para

4 Sentil Dellatorre, surdo, é ex-aluno do INES, fundou a ASURJ e FCSM e CBDS. Considerado como incentivador e promissor das entidades desportivas surdas no Brasil.

Page 19: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

7

executar determinadas habilidades do basquete tão efetivamente quanto possível,

de acordo com os objetivos e regras do jogo (CASTRO, 2005). Em 1980, aconteceu o desmembramento do desporto em organizações

internacionais para cada deficiência, oportunizando, então, um avanço nas

pesquisas científicas. Até então, a Internacional Sports Organization Disabled

(ISOD) respondia por todas as áreas de deficiências, ficando os surdos em um

movimento separado do movimento Paraolímpico e do Comité Paraolímpico

Internacional.

O antigo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (CISS) e atual

Committee of Sports for the Deaf (ICSD) é o órgão máximo que organiza eventos

desportivos internacionais para os surdos, particularmente, a

Deaflympics/Surdolimpíadas e outros Campeonatos Mundiais de Surdos, sendo a

realização em julho de 2017 na Turquia (CBDS, 2016).

Araújo (1998) explica o significado da palavra Paraolímpica, que seria a

junção das palavras para de paraplegia e olímpico, derivando a Olimpíada para

os paraplégicos, ou um evento paralelo às olimpíadas.

O nome “Paraolimpíadas” foi cunhado durante a Olimpíada de Tóquio, em 1964 e surgiu com uma paciente paraplégica do Stoke Mandeville Hospital, Alice Hunter, que escreveu seu relato intitulado “Alice of the Paralympiad” (Alice das Paraolímpiadas), para uma revista de desportos “The Cord Journal of the paraplegics”, na época o termo foi associada a paraplegia e posteriormente foi cunhado para batizar os Jogos Paraolímpicos (PARALYMPIC SPIRIT apud MAUERBERG-DE-CASTRO 2005).

Atualmente, usamos a palavra Paralimpíada, em vez de Paraolímpico; pois

foi uma forma de uniformização entre os países de língua portuguesa, Angola,

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor

Leste.

A Lei 9.615, de 24 de Março de 1998, Lei do Desporto no Brasil, definiu os

princípios fundamentais de desporto para os deficientes, destacando-se a

autonomia, a democratização, a liberdade de escolha da sua prática desportiva, o

direito social e a qualidade. Atualmente, o esporte na vertente da participação visa

à melhoria da qualidade de vida dos seus praticantes (BRASIL, 1998).

A primeira olimpíada dos surdos no Brasil ocorreu no ano de 2002, portanto,

o movimento é recente e ainda está em construção. A arbitragem nos jogos

Page 20: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

8

olímpicos de surdos, Surdolímpico, é diferente da arbitragem dos ouvintes. Tanto

o uso da bandeira quanto os recursos tecnológicos auxiliam no desenvolvimento

da prática do desporto, mantendo-se as regras dos jogos iguais às dos ouvintes.

Ressalta-se que são considerados atletas surdos as pessoas com perda

bilateral, superior a 55 decibéis em conformidade com o Committee of Sports for

the Deaf (ICSD). Todos os atletas devem comprovar a perda auditiva mediante

apresentação de exame de audiometria e do laudo médico, com código da

Classificação Internacional de Doenças (CID) comprovando a deficiência.

Dentre as diferentes modalidades de competição presentes nos Jogos

Olímpicos e Paralímpicos e Deaflympics/Surdolímpiadas, encontra-se a natação.

No próximo item, serão apresentados os conceitos sobre natação, principalmente,

definição, breve histórico, seus estilos e tipos de provas.

1.3. NATAÇÃO

A natação é uma das modalidades desportivas mais antigas da humanidade,

sendo uma atividade física praticada tanto pelo homem como pelos animais

aquáticos, em que a pessoa se desloca de um lado para o outro na água, através

da combinação de movimentos das pernas e braços. Esse esporte é, sem dúvida,

um dos mais completos, pois envolve boa parte dos músculos do corpo durante

as atividades exercidas (SAAVEDRA, 2003).

Na Antiguidade, a natação para os povos antigos servia somente como meio

de sobrevivência para fugir de algum animal ou para caçar. Àqueles que se

destacavam na modalidade eram erguidas estátuas para homenagear os

resultados alcançados. Podem ser citados exemplos desses povos, como os

assírios, egípcios, fenícios, ameríndios, que eram exímios nadadores

(GOELLNER, 2005)

Saber nadar era considerado como uma arma de que o homem dispunha

para sobreviver, os gregos enfatizavam que a prática da natação era uma das

modalidades mais relevantes para o desenvolvimento do corpo (GOELLNER,

2005). Com relação aos romanos, a prática do esporte acontecia em termas,

construídas de diferentes tamanhos, e era considerada uma disciplina de

Page 21: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

9

formação para seu povo, pois acreditavam que a prática de exercícios fisicos

perde sua conotação mística e desenvolve uma potencialidade bélica, passando a

ser encarada como imprescindível na preparação de soldados para a guerra. Com

a queda do Império Romano, a natação também passou por um período de

esquecimento, uma vez que se acreditava que ela era responsável por disseminar

as doenças na Idade Média (CASTELLANI, 1988).

No Renascimento, surgiram várias piscinas públicas, sendo a primeira

construída em Paris, no reinado de Luís XIV, quando Guths Muths organiza as

primeiras competições de natação no mundo moderno (SAAVEDRA et al., 2003).

Muitos dos estilos do nado desenvolvidos a partir das primeiras competições

esportivas realizadas no século XIX basearam-se no estilo de natação dos

indígenas da América e da Austrália (REYES APUD SAAVEDRA et al., 2003). O

estilo mais antigo é datado de 1696, quando o francês M. Thevenal registra uma

forma singular de nado, descrevendo-o com os movimentos de pernas e braços

parecidos com os de uma rã, característica idêntica ao nado peito atual

(SAAVEDRA et al., 2003).

Na Itália, Bernardi criou em 1794 o nado de costas, apresentando

movimento com os dois braços sendo jogados para trás simultaneamente. O nado

foi aperfeiçoando a partir de 1912, tornando-se bem parecido com o nado de

costas praticado atualmente (NETO E RODRIGUES, 2008).

Até então, o estilo empregado era uma braçada de peito, executada de lado.

Mais tarde, para diminuir a resistência da água, passou-se a levar um dos braços

à frente pela superfície, que foi chamado de single overarm stroke e depois foi

mudado para levar um braço de cada vez, chamado de doublearm stroke (NETO

E RODRIGUES, 2008).

Em 1873, o inglês John Trudgen desenvolveu uma nova técnica, que

consistia em rotações laterais do corpo, tendo a movimentação dos dois braços

sobre a água como principal fonte de deslocamento Essa técnica, batizada de

Trudgen ou “over-arm-stroke”, foi aperfeiçoada pelo australiano Richard Cavill e,

posteriormente, transformou-se no nado crawl (livre) conhecido e praticado

atualmente (REYES APUD SAAVEDRA et al., 2003).

Em 1893, os pés ainda faziam um movimento de tesoura, depois foi adotado

um movimento de pernas agitadas na vertical, chamado de crawl australiano.

Page 22: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

10

Finalmente, na década de 1930, nadadores norte-americanos, durante as

competições, atentaram para o fato de que as regras do nado de peito não

impediam que o movimento dos braços fosse realizado sobre a superfície da

água, o que permitia um deslocamento mais rápido. Essa manobra conviveu com

a técnica do nado peito por quase 20 anos até que, em 1948, um nadador

húngaro a transformou no nado borboleta, reconhecido oficialmente pela

Federação Internacional em 1953 como um estilo da natação.

Fernandes e Costa (2006) mencionam que o ensino da natação deve ser

realizado a partir de uma pedagogia que enfatize a diversidade na relação do

homem com a água. Propõem ainda que o ensino da natação, através de

sequências pedagógicas, deve ser uma tarefa que valorize os quatro estilos de

nado como conteúdos e não como metas do processo, assim, passam a ser uma

alternativa ao modelo desportivo, deixando de ser monótono e repetitivo aos

alunos. Dessa forma, a prática da natação passa a ter objetivos específicos como:

recreação, saúde, adaptação e competitividade (ORTIZ, 2008).

Com o passar dos anos, a natação brasileira foi evoluindo, projetando-se

internacionalmente, quando diversos nadadores brasileiros obtiveram marcas

mundiais e quebraram recordes, conforme Gollner (2005). Aos poucos, a

modalidade ganhou força e, em 1908, durante as Olimpíadas de Londres, foi

fundada a Federação Internacional de Natação (FINA), que comanda não só as

provas da modalidade, mas as de nado sincronizado, pólo aquático e saltos

ornamentais. Coube à Federação Internacional de Natação (FINA) determinar as

medidas oficiais das piscinas de competição. Atualmente, as provas são

disputadas em piscinas longas (50 metros), utilizadas nas Olimpíadas, ou curtas

(25 metros). No âmbito mundial, quem controla a natação é a Federação

Internacional de Natação Amadora (FINA) e, no âmbito nacional, é a

Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Se a prática da natação é milenar, o hábito de competir em piscinas, ao

contrário, é recente. As piscinas exclusivas para competições de natação só

passaram a ser utilizadas entre os anos de 1930 e 1940.

Com relação aos tipos de natação, temos a natação recreativa e a natação

competitiva, sendo que o foco deste trabalho é a natação competitiva, realizada

nas piscinas com comprimento de 25 metros e de 50 metros.

Page 23: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

11

Hoje em dia, a natação é praticada em quatro estilos: crawl, costa, peito e

borboleta, sendo o estilo crawl o mais rápido e um dos desportos mais completos,

pois envolve boa parte dos músculos do corpo durante a atividade.

A seguir serão apresentados esses quatro estilos de natação.

O nado Crawl, conforme a Figura 1, deve ser bem sincronizado. Enquanto

as pernas alternam chutes com leve flexão dos joelhos, os braços executam as

fases submersas e aéreas. Embaixo da água, o movimento dos braços deve

parecer uma letra S, e eles precisam estar sempre perto do corpo. Fora da água,

os cotovelos devem flexionar e sair um pouco antes das mãos (

http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)

Figura 1 – Nado Crawl

(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-crawl-ou-livre-para-

iniciantes/. Acesso em 02 dez. 2016)

O nado de costas, conforme a Figura 2, é basicamente um crawl invertido, e

único estilo em que o nadador faz o movimento olhando para cima (decúbito

dorsal). Para uma boa execução, o tronco e as pernas devem estar bem

alinhados. (http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)

Page 24: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

12

Figura 2 – Nado costa

(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-de-costas-para-

iniciantes/ Acesso em 02 dez. 2016)

O nado peito, conforme demonstrado na Figura 3, consiste em movimentos

de membros superiores, inferiores e respiração bem coordenada. Ao executar o

nado, a respiração é frontal, com o movimento submerso circular unilateral das

braçadas com flexão dos cotovelos e recuperação simultânea, enquanto a

pernada de peito inicia com o chute para os lados, finalizando com força para trás.

(http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)

Figura 3 – Nado peito

(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-peito/ Acesso em

02 dez. 2016)

Page 25: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

13

O nado borboleta, conforme a Figura 4, é um nado de movimentos

simultâneos de pernas e braços com ondulação do corpo. É um estilo dividido

com movimentos de duas pernadas para uma braçada simultânea.

(http://www.regrasdenatacao.com.br/arquivos/ipc2014.pdf)

Figura 4 – Nado borboleta

(Fonte: http://www.ativo.com/natacao/tecnicas-de-natacao-nado-borboleta-para-

iniciantes/ Acesso em 02 dez. 2016)

Sabe-se que a prática desportiva da natação é benéfica para a saúde física

e o desenvolvimento cognitivo, pois auxilia no controle corporal e na coordenação

motora. Dessa forma, deve ser incentivada em todas as comunidades, em

especial na comunidade surda, para que o sujeito surdo tenha mais

independência e saúde.

A presente seção mostrou a evolução histórica da prática da natação

enquanto desporto e a seguir serão apresentadas algumas das conquistas legais

por essa comunidade.

1.4. AS CONQUISTAS LEGAIS

Muitas são as conquistas legais da comunidade surda, entre elas o

reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras pela lei ordinária n°

Page 26: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

14

10.436/02, como língua viso-espacial, e sua regulamentação pelo Decreto n°

5.626/2005. A Lei 13.146/15 também é importante, uma vez que engloba

conceitos, necessidades e adaptações das pessoas com deficiência para

qualquer área, seja arquitetônica ou comunicacional, e institui a inclusão da

pessoa com deficiência na sociedade.

A Lei do Desporto no Brasil, Lei n° 9.615/98, do mesmo modo, ocupa

relevância no rol de conquistas porque define os princípios fundamentais do

desporto para os deficientes, destacando a autonomia, a democratização, a

liberdade de escolha da sua prática desportiva, o direito social e a qualidade de

vida. Hoje, o esporte na vertente da participação visa à melhoria da qualidade de

vida dos seus praticantes (BRASIL, 1998).

Atualmente, em nível mundial, temos 275 milhões5 de pessoas com surdez e

perda auditiva, que se defrontam com barreiras comunicacionais e atitudinais.

Nesse contexto, a Convenção de Nações Unidas sobre os direitos das pessoas

com deficiência (CRPD) dispõe que o acesso à informação, mais

especificamente, à comunicação em saúde e educação, é predominantemente

auditivo, o que restringe significamente o ensino dos surdos.

De acordo com as estatísticas, no Brasil, temos 9,7 milhões de pessoas com

surdez, sem considerar o grau e o tipo da perda auditiva, os quais não são

adequadamente atendidos em suas necessidades (IBGE, 2010). Na prática

desportiva, a situação não é diferente.

O tema educação inclusiva vem despertando um grande interesse mundial e

nacional. O Brasil está passando por modificações profundas na área

educacional, com políticas voltadas para uma educação mais justa, mais honesta

e mais solidária. Dessa forma, a educação brasileira não tem se distanciado do

alinhamento que essa nova ordem mundial tem traçado e vem acompanhando

essa tendência com novas legislações, favorecendo a inserção para grupos

minoritários, em ações afirmativas, a exemplo dos surdos. Nesse sentido, o

discurso da inclusão é parte resultante desse processo. Ao trazer o sentido da

inclusão para o que se denomina de educação de surdos, pretende-se também

uma posição positiva de compreensão do significado do conceito de inclusão para

a comunidade surda, além da acessibilidade e possibilidade da educação.

5 Dados retirados no site http://www.who.int/features/2006/hearing_impairment/en/ Acesso em 20 fev.

2017.

Page 27: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

15

A comunicação é um direito essencial do indivíduo. No caso dos surdos, a

conquista por uma política linguística que lhes possibilite comunicação tem sido

buscada por meio de lutas travadas em prol do direito linguístico a ser

reconhecido, dando-lhes o direito à acessibilidade e às informações na língua em

que deve ser ensinada e utilizada em todos os meios de comunicação.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida pela Lei 10.436/02 e

regulamentada pelo Decreto 5.626/05, permite ao surdo sua integração social e

atuação na sociedade como cidadão e agente social. Entretanto, é preciso mais

que uma língua ou um país que a reconheça como direito essencial, é preciso que

ela seja utilizada e divulgada em diversos contextos: sociais, escolares,

profissionais, entre outros, promovendo acessibilidade e inclusão efetivamente,

sem estar presente somente em documentos oficiais.

Uma das formas de inclusão social dos surdos e a efetiva ação do direito à

informação é o reconhecimento do profissional tradutor e intérprete de Libras,

responsável por intermediar a comunicação entre surdo e ouvinte, entre surdos e

entre surdo-cegos e surdos, devendo esses indivíduos dominar a Libras,

conhecer as implicações da surdez no desenvolvimento do indivíduo surdo,

conhecer a comunidade surda e conviver com ela. Essas prerrogativas estão

previstas no decreto 5.626/2005.

Também é importante a inserção da Libras como disciplina obrigatória nos

cursos de graduação em licenciatura plena, Fonoaudiologia e Pedagogia e nos

demais cursos, podendo ser considerada como disciplina eletiva e/ou optativa. No

que se refere ao profissional de Educação Física, é importante que possua noção

básica da Libras para promover o ensino-aprendizagem ao alunado, dispensando

o intérprete de língua de sinais, caso possua domínio/ fluência ou segurança em

ministrar as aulas em Libras.

A mais recente legislação que envolve diretamente as pessoas com

deficiência é a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/15), cujo objetivo é

esclarecer e assegurar os direitos garantidos à pessoa com deficiência. Essa lei

mostra que cada deficiência possui sua barreira/limitacão e a necessidade de

adaptações/adequações para aluno com deficiência, visando à acessibilidade em

todas as áreas envolvidas com as pessoas deficientes.

Na atenção especial destinada à criança, a educação física escolar favorece

pleno desenvolvimento da criança, de acordo com a sua necessidade e a sua

Page 28: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

16

capacidade de aquisição de movimentos, pois parte do princípio de que ela tem

necessidade natural de movimento e das suas limitações.

Diante disso, o professor deve aproveitar a oportunidade de contato com

alunos deficientes, seja essa deficiência física, mental, auditiva, visual, de

deficiências múltiplas, de condutas típicas (portadores de síndromes, quadros

psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos) e incentivando o aluno a participar de

aulas, mesmo que o aluno seja aparentemente incapaz de fazer atividades que

exijam explorar a relação social ou questões motoras e afetivas.

As políticas educacionais devem levar em consideração as diferenças e as

situações individuais dos alunos surdos, enfatizando-se a necessidade de um

movimento transformador da educação como um todo, não se referindo só ao

processo de inclusão escolar, mas propondo alternativas que viabilizem a

qualidade do ensino, através de propostas pedagógicas significativas.

1.5. GLOSSÁRIO X DICIONÁRIO: A IMPORTÂNCIA DO

GLOSSÁRIO DE NATAÇÃO EM LIBRAS PARA SURDOS

A escrita é uma das formas de expressar e consolidar o conhecimento

científico, solucionar problemas, bem como inovar conhecimentos científicos

acerca de estudos de pesquisa. De origem milenar, surgiu devido à necessidade

humana não apenas de registrar fatos, mas também para concretizar operações

comerciais. Com os registros escritos, o homem passou a conhecer e organizar

registrar suas ideias, para que as futuras gerações tivessem acesso ao

conhecimento. Na Pré-História e no início da História, ocorreu a evolução de

diversas formas da escrita que hoje conhecemos, a saber: Pictogramas, escrita

cuneiforme, escrita hieroglífica, escrita chinesa, glifos da América Central,

Alfabeto e etc (BAKOS E POZZER, 1998).

Mariani (2014) menciona que a confecção dos dicionários começou em

2.600 A.C, com escritas cuneiformes e hieroglíficas, eles eram monolíngues,

conforme a Figura 5.

Page 29: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

17

Figura 5 – Escritas cuneiformes

(Fonte: https://icommercepage.files.wordpress.com/2010/09/cuneiforme2.jpg Acesso em 02 dez. 2016)

A história dos dicionários evoluiu com a história do mundo. Os gregos e os

romanos usavam-os para esclarecimento de dúvidas, de conceitos, mas não

havia uma organização. Quando se fazia um registro por escrito em um dicionário,

era para esclarecer certo tema, mas não era fácil pesquisar, pois não era em

ordem alfabética (FARIAS-NASCIMENTO, 2009).

Na era atual, os dicionários impressos ou online são obras de ordem

alfabética e seu objetivo principal é mostrar o significado da palavra ou termo ou

léxico. Eles contêm diversas categorias de verbetes que podem ser: etimológico,

bilíngue, trilíngues, plurilíngue, sinônimos e antônimos, analógicos, temáticos,

abreviaturas, entre outras informações inerentes à determinada língua (MARIANI,

2014).

O termo glossário pode ser definido como uma lista de unidades específicas,

terminológicas, com verbetes tratando de certos temas e geralmente surge como

apêndice de uma obra temática, a ser explicada. Os glossários bilíngues, no caso

de glossário português-Libras, têm as duas línguas concomitantemente

(MARTINS, 2013; MARIANI, 2014).

A importância dos glossários em Libras para os surdos se dá porque

possibilita a aquisição de novos vocabulários e, consequentemente, o

desenvolvimento cognitivo, tendo em vista sua utilização para trabalhar conceitos

(MARIANI, 2013).

O glossário de natação poderá incentivar a difusão do desporto entre os

surdos e também poderá estimulá-los a querer praticar a modalidade olímpica,

pois há diversas competições, em âmbito nacional, promovidas pela CBDA e pela

Federação Aquática do Rio de Janeiro (FARJ). Apesar da existência de

Page 30: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

18

competições e do uso de terminologias gerais e mais específicas da área da

natação, não se encontrou um glossário específico sobre essa área de

conhecimento.

O glossário apresentado nesta dissertação busca contemplar a necessidade

de professores de natação e/ou intérpretes, além de alunos surdos ou ouvintes

sinalizantes, para facilitar a comunicação e promover uma relação mais íntima

com o conteúdo, pois todo sinal traz consigo o conceito, de acordo com os

parâmetros da língua estudada. Temos que ressaltar que as palavras se

modificam de acordo com os seus usuários, a língua é viva e está sempre em

transformação (MARIANI, 2013).

Construções de glossários vêm crescendo nos últimos anos. Pesquisa no

site do Google acadêmico revela a existência de 3.240 textos sobre o assunto.

Nos períodicos da CAPES, foram encontrados 18 artigos, em diferentes áreas de

conhecimento. Dentre os glossários encontrados, alguns já foram publicados e

circulam pela comunidade surda como, por exemplo, Dias et al. (2013), que

publicou sinais de aves; Felten (2016), que apresentou o Glossário sistêmico

bilíngue Português-Libras de termos da História do Brasil; Borges (2015), que

criou o glossários para a área de Computação; Carvalho e Mariani (2017),

responsáveis pelo glossário de Matemática Calculibras6; Barral e Rumjanek

(2015), com o glossário sobre temas da Biologia; Siés (2015), que publicou o

glossário dos desportos olímpicos7 e Mandelblatt e Favorito (2015), com a criação

do Manuário Acadêmico8.

Podemos verificar também alguns glossários terminológicos, por exemplo, o

que está disponível no site da UFSC9, cujos temas estão divididos em áreas

temáticas: Letras-Libras, Arquitetura, Psicologia, entre outras áreas. No entanto,

na área da natação, nenhum glossário foi encontrado, pois muitos profissionais

utilizam a mímica e/ou gesticulação e essas ações não compõem a Língua de

Sinais.

6 Disponível no site https://www.facebook.com/portalcalculibras/

7 Disponível no site http://www.nucleosurdez.uff.br/?q=content/gloss%C3%A1rio-surdesportes

8 Disponível no site http://www.manuario.com.br/ e tem o programa Manuário da TV INES, disponível no

site http://tvines.ines.gov.br/?cat=43 9 Disponível no site http://www.glossario.libras.ufsc.br/

Page 31: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

19

Já os sinais, de acordo com os parâmetros da Libras10, permitem a

gravação dentro do campo visual para a elaboração do glossário e divulgação,

estando, assim, de acordo os parâmetros da Libras.

10

São cinco unidades fonológicas ou pârametros: Configuração de Mãos, Locação de Mão, Orientação e Expressão facial e corporal. A fonologia estuda as diferenças percebidas e produzidas relacionadas com as diferenças de significado. Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. (Quadros e Karnopp, 2004)

Page 32: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

20

2. OBJETIVOS:

2.1. OBJETIVO GERAL:

Criar glossário de sinais correspondentes à Natação e suas provas em

Libras, tornando-os acessíveis à comunidade surda, a ouvintes interessados nos

conceitos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Fazer levantamento bibliográfico sobre a prática de desportos para os

surdos; a fim de Investigar e coletar os sinais existentes; que permitam

compreender e interpretar movimentos as ações da Natação de modo a

preencher a laguna existente na literatura e na Libras.

2. Produzir um material videográfico sobre o glossário viso-espacial,

relacionados à prática da Natação para a fim de divulgação nas mídias

sociais.

3. Divulgar o trabalho nas páginas do Facebook e no YouTube.

Page 33: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

21

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Esta dissertação tem como objetivo geral a criação de um glossário de

natação em libras. Para isso, foi realizado um levantamento a partir de alguns

palavras-chave: Ensino de Natação para surdos, Inclusão social, Fundamentos

Técnicos da Natação, Ensino de surdos, Dicionário Língua Brasileira de Sinais

(Libras), Glossário natação, Multilinguísmo.

O cruzamento desta série de palavras-chave, previamente estabelecidas, foi

realizado nos sites de busca abaixo:

Scientific Electronic Library Online, (http://www.scielo.org/php/index.php);

Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br/);

Google acadêmico (http://scholar.google.pt/);

Eric.ed.gov.

Esse levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de Janeiro de

2016 até a data de Maio de 2017 abrangendo, portanto, as obras catalogadas

nos referidos bancos de dados bibliográficos.

A interpretação dos resultados foi feita através da análise qualitativa dos

dados colhidos e descrevemos esta pesquisa como um estudo de caso, pois os

resultados aqui apresentados poderão ser diferentes em outra região do páis ou

em outro grupo pesquisado.

Segundo Figueredo e Souza (2010) e Minayo (2009), a análise qualitativa

aborda as técnicas de pesquisas, levantando informações de várias fontes,

através de vários procedimentos: pesquisa documental, bibliográfica, de campo,

observação direta, dentre outras.

Usaremos as fontes primárias e secundárias. Primárias seriam os

documentos legais e as secundárias referem-se à pesquisa bibliográfica e aos

dicionários e glossários de Libras existentes.

Page 34: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

22

3.2. A COLETA DOS SINAIS

Para a realização da pesquisa de campo, fomos à sede da Confederação

Brasileira de Desportos Aquáticos, à Confederação Brasileira de Desportos

Surdos e à Federação Aquática do Rio de Janeiro para indagar se existe glossário

de natação em Língua de Sinais, a fim de catalogá-los. Realizamos também

entrevistas com professores de Natação, que atuam com surdos em diferentes

locais.

Para a realização das entrevistas, elaboramos perguntas semiestruturadas

(Apêndice 1) com pessoas formadas em Educação Física, sendo pessoas surdas

e não surdas, sinalizantes que atuam e/ou atuaram na área de Natação.

Observarmos como eles atuam com crianças surdas, a fim de catalogar o

glossário da Natação, a partir das suas experiências. Foi necessária a ajuda dos

componentes do projeto Galileu Galilei11 nas transcrições das entrevistas de

Libras para Língua Portuguesa escrita, que foram filmadas, pois os professores

entrevistados, exceto um que é surdo, não dominam a Libras. Após a transcrição

dos vídeos foi feito o quadro com as respostas dos participantes, os quais não

foram identificados por questões de ética.

Quanto à elaboração dos sinais dos estilos e das provas da natação, foi feita

a catalogação de setenta sinais, de acordo com os nomes fundamentados da

natação. Foi trabalhada minuciosamente a criação, baseando-se na teoria da

iconicidade da língua de sinais e do processo de formação de sinais, focando na

estrutura fonológica, especialmente, na parte dos movimentos.

3.3. FILMAGEM

No início do processo da elaboração do produto, contemos com o apoio de

componentes do projeto Galileu Galilei e o estagiário tradutor e intérprete de

língua de sinais da UFF, nas traduções e nas interpretações do português para

11

O projeto Galileu Galilei tem por objetivo divulgar práticas exitosas, materiais didáticos, referenciais bibliográficos e um inventário dos glossários em Libras para que possam auxiliar o aprendizado de todos. Fonte: https://projetogalileugalilei.wordpress.com/sobre/

Page 35: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

23

Libras e vice-versa. Foi dado o início do esboço do glossário de natação em

Libras.

O espaço utilizado para o estúdio se situa em uma sala do prédio do

DST/UFF12, mas no decorrer desse processo, surgiram imprevistos com os

agentes da elaboração do glossário por vários motivos e foi preciso utilizar outro

espaço. O local de gravação, então, passou a ser o estúdio localizado no Instituto

Nacional de Educação de Surdos (INES), situado no bairro de Laranjeiras, da

cidade do Rio de Janeiro.

O trabalho foi baseado na proporção de tamanho do sinalizante,

preocupando-se com o espaço, a fim de evitar ocultação de sinais por espaço.

Pizzio et al. (2009) destacam que o espaço deve ser organizado de acordo com a

Figura 5, ao se referirem à proposta de Langevin e Ferreira Brito (1988), que

dizem que o “O uso do espaço é uma característica fundamental nas línguas

visual-espaciais e está presente em todos os níveis de análise” (PIZZIO ET AL.,

2009, p. 3).

Figura 6: Espaço de realização dos sinais na Libras

(Fonte: Langevin e Ferreira Brito, 1988 apud Pizzio et al., 2009, p.2)

12

O prédio do DST na UFF, está localizado no campus do Valonguinho em Niteroi, prédio onde funciona o setor de pesquisa de Doenças sexualmente Transmissiveis.

Page 36: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

24

A regra de filmagem em Libras foi baseada nas normas da Revista Brasileira

de Vídeo Registro em Libras, apresentados pelos autores Marques e Oliveira

(2012), que assim propõem:

1. Fundo e Iluminação: O fundo para as filmagens deve ser branco e liso, sem desenhos, objetos ou qualquer outro item que chame a atenção. A iluminação deve ser cuidadosa, sem excesso ou carência de brilho, sombras precisam ser evitadas. 2. Vestuário: Para a sinalização devem-se usar camisetas tipo básica (T-Shirt), com mangas curtas ou longas, o decote não deve ser aberto, não deve ter estampas, formas, listras, botões ou bolsos. Para a execução do artigo fica a seguinte orientação: a - Pessoas de pele clara devem utilizar camisas com cor azul marinho para os títulos, preta para os textos e vermelha para as citações. b - Pessoas morenas ou negras devem utilizar camisas com cor bege para os títulos, cinza para os textos e vermelha para as citações. 3. Posição de Filmagem: A posição da câmera deve ter a seguinte configuração: a - Parte superior: o quadro superior da câmera deve ficar entre 6 e 8 centímetros acima da cabeça. b - Lateral esquerda e direita: o quadro dos lados deve seguir a máxima posição dos cotovelos com os dedos médios se tocando a altura do peito. c - Parte inferior: o quadro inferior deve ficar entre 6 e 8 centímetros abaixo da posição das mãos do sinalizante. A sinalização não pode sair do quadro de filmagem (MARQUES E OLIVEIRA, 2012, p.3)

Para a elaboração do produto, foi necessário o uso de estúdio contendo os

seguintes equipamentos: Chroma key fundo verde para facilitar as edições de

vídeo, uma câmera filmadora da marca Sony, spot Studio, cartão de memória,

pen drive, uso de camisa preta e programa de edição de vídeo Movie Maker.

O trabalho da edição do vídeo foi realizado por meio de programa Windows

Movie Maker, colocando a legendagem no vídeo do produto, com as seguintes

formatações: fonte Arial Black, tamanho 20, centralizado, cor amarela, tamanho

da borda outline size narrow e cor da borda outline preto.

3.4. DIVULGAÇÃO

Para a divulgação, criamos a página no YouTube com o objetivo de

disseminar novos conhecimentos ao público interessado em Libras. A página se

encontra disponível no endereço eletrônico https://youtu.be/xQ9oexEsFbQ.

Page 37: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

25

A partir dessa publicação no YouTube, divulgamos no Facebook, pois é

notório o acesso dessas redes sociais constantemente pelos surdos. O endereço

está disponível no site https://www.facebook.com/Natação-para-surdos-

1917066795182610/.

Page 38: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. O LEVANTAMENTO TEÓRICO

Pesquisando em algumas bases teóricas disponíveis na internet e com a

palavra-chave “natação para surdos”, encontramos uma quantidade significativa

de artigos sobre o tema: 2.300 artigos no Google acadêmico; 19 artigos no site

Eric. ed. gov., no ano de 2017, e 2.704 artigos nos últimos 20 anos, mas nenhum

artigo foi encontrado na base do Scielo, Pubmed e nos periódicos da CAPES.

Quando utizamos outra palavras-chave na pesquisa referentes a glossários

de natação para surdos em língua de sinais nas mesmas bases, os resultados

não foram diferentes: 84 artigos no Google acadêmico, no ano de 2017; 31 artigos

na base do Eric.ed.gov no ano de 2017. Do mesmo modo como aconteceu na

pequisa anterior, nenhum artigo foi encontrado na base do Scielo, Pubmed e

períodicos da CAPES.

Optamos pelos artigos mais contemporâneos que mencionavam a trajetória

da Natação competitiva no Brasil, como também valorizamos as obras primárias.

A Natação teve sua disseminação pelo mundo na segunda metade do século XIX,

quando começou a emergir como desporto, sendo a primeira prova realizada em

Londres. Um dos primeiros registros data de 1696, quando o francês M. Thevenal

descreveu de maneira simples o ato de nadar, semelhante ao nado de peito

praticado atualmente, que consistia em movimentos de pernas e braços parecidos

com os de uma rã (GOMES, 2009).

O homem, para nadar, adota a posição horizontal, usa os braços e as

pernas como pás que empurram através da água, experimentam múltiplas

sensações, percepções, pois a sua prática implica a superação de forças

mecânicas. Reis (1987) afirma que a natação auxilia o desenvolvimento da

atenção e a memória motora, porque permite ser um processo ativo que requer

participação consciente do praticante dessa modalidade desportiva. Menciona,

ainda, que a natação poderá melhorar a coordenação cinestésica, a lateralidade,

a organização espacial, por conta da repetição dos movimentos.

Page 39: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

27

Segundo Marinho, citado por Silva et.al (2016), os índios, no Brasil, foram os

primeiros a praticar essa modalidade esportiva. Conta o pesquisador que os

índios mergulhavam e passavam muitos minutos debaixo d´água, o que

impressionava os portugueses que aqui chegaram.

Com o passar do tempo, os estilos de nado foram evoluindo com relação

aos deslocamentos sobre a água. A técnica de nado considerada mais correta é

aquela que traduz a melhor apropriação mecânica do gesto técnico e as

particularidades biofísicas de cada nadador em particular.

Em 1873, o inglês John Trudgen desenvolveu uma nova técnica, que constituía em rotações laterais do corpo, tendo a movimentação dos dois braços sobre a água como principal fonte de deslocamento. Essa técnica chamava-se de Trudgen ou “over-arm-stroke”, foi aperfeiçoada pelo australiano Richard Cavill e, posteriormente, transformou-se no nado crawl (livre) que conhecemos hoje (BRASIL, 2016).

Na década de 1930, nadadores norte-americanos, durante as competições,

consideraram que as regras do nado de peito não obstruíam o movimento dos

braços e isso permitiu essa prática de forma diferente, ou seja, estavam sendo

executados com movimentos sobre a superfície da água, o que permitia um

deslocamento mais rápido. Essa manobra conviveu com a técnica do nado peito

por quase 20 anos até que, em 1948, um nadador húngaro a transformou no nado

borboleta, reconhecido oficialmente pela Federação Internacional em 1953 como

um estilo da natação.

Os primeiros torneios remontam ao século XIX, na Austrália, em 1858, com

o Campeonato Mundial de 440 jardas. Em 1869, a Inglaterra realizou o 1º

Campeonato Nacional e, finalmente, em 1877, os Estados Unidos adotaram a

forma de competições organizadas, inicialmente, pelo New York Athletic Club.

Aos poucos, a modalidade ganhou força e, em 1908, durante as Olimpíadas de

Londres, foi fundada a Federação Internacional de Natação (Fina), que comanda

não só as provas da modalidade, mas as de nado sincronizado, polo aquático e

saltos ornamentais.

No Brasil, a natação foi introduzida oficialmente em 31 de julho de 1897,

quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundaram, na cidade do

Rio de Janeiro a União de Regatas Fluminense, que foi chamado mais tarde de

Page 40: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

28

Conselho Superior de Regatas e Federação Brasileira das Sociedades de Remo.

Em 1898, esses clubes promoveram o primeiro campeonato brasileiro de 1500m.

Abrão Saliture foi o campeão na modalidade nado livre (MARINHO APUD SILVA

ET AL., 2016).

Em 1913, o campeonato brasileiro passou a ser promovido pela Federação

Brasileira das Sociedades do Remo, em Botafogo, sendo uma prática desportiva

só para homens. As mulheres passaram a fazer parte oficialmente das

competições em 1935. Destacaram-se inicialmente Maria Lenk e Piedade

Coutinho. Além dos 1.500m nado livre, foram disputadas provas de 100m para

estreantes, 600m para seniores e 200m para juniores (GOMES, 2009). No ano

seguinte, em 1914, a prática do desporto nas competições de natação no Brasil

passou a ser controlada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

Apesar de a prática da natação ser milenar, o hábito de competir em

piscinas é recente. As piscinas exclusivas para competições de natação só

passaram a ser utilizadas entre os anos de 1930 e 1940. Coube à Federação

Internacional de Natação (Fina) determinar as medidas oficiais das piscinas de

competição. Atualmente, as provas são disputadas em piscinas longas (50

metros), utilizadas nas Olimpíadas, ou piscinas curtas (25 metros).

O Brasil projetou-se internacionalmente com alguns nadadores que

obtiveram marcas mundiais, como ocorreu em 1984, quando Ricardo Prado

tornou-se recordista mundial dos 400m de medley. Na década de 90, vários

recordes mundiais e sul-americanos foram superados com os atletas Gustavo

Borges, Fernando Scherer, Rogério Romero, Daniela Lavagnino, Adriana Pereira,

Patrícia Amorim e Ana Azevedo.

Apresentada uma visão panorâmica sobre a história do desporto e da

natação, na próxima seção, serão discutidas algumas questões acerca dos sinais

existentes e sinais neológicos.

Page 41: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

29

4.2 OS SINAIS EXISTENTES E OS SINAIS NEOLÓGICOS

Há comportamentos estritamente individuais como andar, respirar, dormir,

que se originam e são desenvolvidos no ser humano enquanto organismo

biológico. Mas trataremos aqui de comportamentos, praticados socialmente na

natação e expressos por meio da língua de sinais - a Libras.

Ao criar e produzir sinais em vídeos, é possível observar que usamos o

espaço e as dimensões mencionados na Figura 6, explorando a parte fonológica,

morfológica, sintática e semântica dos verbetes.

Pesquisas em dicionários e glossários da língua de sinais, revelaram

poucos sinais sobre a prática da Natação, como se pode observar no Quadro 1,

abaixo, que mostra a ausência de sinais relativos às provas de competição de

natação em lingua de sinais.

Quadro 1: Sinais da Natação encontrados em publicações

SINAIS DA NATAÇÂO

ENCONTRADOS EM

PUBLICAÇÕES

PUBLICAÇÕES

Sp

read

the

Sig

n n

o B

rasil

Sp

read

the

Sig

n n

os E

UA

e I

ng

late

rra

Ap

lica

tivo

Pro

Dea

f

Ap

lica

tivo

Han

d T

alk

Dic

ion

ário

Trilin

gu

e

Cap

ovill

a

Ace

sso

Bra

sil

Rybe

ná A

nd

roid

Árbitro x X x X x

Braçada com boia

Braçada livre x

Cronômetro X x

Exercícios de respiração x

Largada X

Largada de costas X

Maiô x X x

Medley X

Nado Borboleta X

Page 42: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

30

Nado Crawl X

Nado de costas X

Nado de peito X

Natação X X x x X x

Óculos de natação x X X x x X

Pernada de borboleta

Pernada de peito

Pernada livre ou crawl

Provas de natação x X

Queimar a largada

Regras de Natação X x x x

Revezamento x

Sunga X x

Tiro de largada X X

Toque na parede x x X

Touca de natação x X X X

Virada X

Fonte: Arquivo pessoal

O referido quadro contribuiu para mostrar que certas palavras escritas em

português possuíam sinais em Libras, mas não sinais necessariamente ligados à

área da natação, como por exemplo, tiro, virada, largada, prova. Essas palavras,

se descontextualizadas, não atendem aos significados semânticos da Libras. O

site do Spread the Sign, dos Estados Unidos (EUA) e da Inglaterra, contém sinais

relacionados à natação.

Foram entrevistados cinco professores de Educação Física, que atuavam

com crianças surdas, para a catalogação dos sinais que usavam e investigação

sobre como se relacionavam com a surdez. Segue o Quadro 2 com as respostas

dos professores.

Page 43: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

31

Quadro 2 - Respostas das entrevistas realizadas com os profissionais

Pe

rgu

nta

s

V

ocê

co

nh

ec

e a

lgu

m

Pro

fess

or

de E

du

caç

ão

Fís

ica S

urd

o?

Vo

fa

ria

au

la d

e N

ata

ção

co

m u

m P

rofe

ss

or

Su

rdo

?

Qu

ais

os s

inais

qu

e v

oc

ê

co

nh

ece d

os e

sti

los d

e

Na

taç

ão

?

Vo

ac

ha im

po

rta

nte

te

r

um

glo

ss

ári

o c

om

os s

inais

para

os d

ifere

nte

s e

sti

los e

seu

s f

un

dam

en

tos

técn

ico

s?

Se

Sim

, e

xp

liq

ue

o p

or

qu

ê?

A c

on

viv

ên

cia

nas a

ula

s d

e

nata

çã

o e

ntr

e s

urd

os e

ou

vin

tes a

tra

palh

ari

a n

a

min

istr

açã

o d

as a

ula

s?

Se

sim

, q

uais

?

Pro

fessor

1

o.

Co

m c

ert

eza!

Mu

ito

po

uco

s. Id

entifico

alg

um

as “

atitu

de

s”

qua

nd

o a

ge

nte

va

i tr

abalh

ar

co

m o

alu

no

, m

as

a d

ific

uld

ad

e é

mu

ito g

ran

de

. Já t

ive a

luno

aq

ui

no p

roje

to q

ue

tam

bém

era

surd

o e

a m

enin

a

que

sa

bia

LIB

RA

S c

om

eço

u a

tra

ba

lhar

com

o

inté

rpre

te fa

cili

tou n

ossa v

ida a

qu

i n

o P

roje

to.

Co

m c

ert

eza.

Porq

ue

isso

po

de a

uxili

ar

mu

ita a

gen

te c

om

a p

esso

a q

ue é

surd

a, p

orq

ue a

gen

te v

ai co

nse

gu

ir s

e c

om

un

ica

r m

elh

or.

Acre

dito

qu

e n

ão

, p

orq

ue

eu

co

nse

gu

iria

faze

r

o tra

ba

lho d

e u

ma f

orm

a q

ue

to

do

mu

no

co

nse

gu

isse

en

tend

er

pa

ra p

od

er

nad

ar,

sem

que

ho

uvesse in

terf

erê

ncia

de

um

alu

no

e

outr

o a

luno

, se

m in

terf

erê

ncia

.

Pro

fessor

2

o,

não

co

nh

eço

. S

ince

ram

ente

, n

ão

co

nh

eço

.

Faria

!

o,

não

me p

rep

are

i p

ra isso e

ve

jo

isso

co

mo u

ma

deficiê

ncia

no

merc

ado

de tra

ba

lho.

Ach

o. M

uito

im

port

ante

e n

ece

ssário

,

princip

alm

ente

nos d

ias d

e h

oje

.

Po

rqu

e c

om

a e

du

caçã

o fís

ica e

a

edu

caçã

o in

clu

siv

a,

nós, p

rofe

ssore

s,

deve

mo

s e

sta

r pre

pa

rado

s p

ara

tra

ba

lhar

com

to

do

tip

o d

e p

úb

lico

. E

a

gen

te e

nco

ntr

a u

m p

ou

co

de

ssa

deficiê

ncia

na

nossa p

róp

ria f

orm

açã

o.

E d

a f

alta

de e

xpe

riên

cia

tam

bém

De

fo

rma a

lgum

a

Page 44: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

32

Pro

fessor

3

Co

nh

eço

um

(0

1)

em

Cab

o F

rio –

RJ

Sim

cla

ro.

Co

nh

eço

so

me

nte

um

(01

), e

sse q

ue é

pró

prio d

a n

ata

ção.

Sim

para

aju

da

r a d

ese

nvo

lve

r

princip

alm

ente

as c

ria

nça

s.

Para

qu

e a

cria

nça

atr

avés d

o v

isu

al p

ossa

apre

nd

er

mu

ito

ma

is fá

cil.

Sim

, im

port

an

te a

qu

estã

o d

a in

clu

são

. O

dese

nvo

lvim

ento

, o c

onta

to, e

sta

r ju

nto

va

i

dese

nvo

lve

r um

co

m o

ou

tro,

o s

er

hum

an

o

ele

se

dese

nvo

lve u

m c

om

o o

utr

o, e

ntã

o

essa r

ela

ção é

im

port

ante

, in

dependente

se

va

i fa

zer

o u

so d

a L

IBR

AS

ou n

ão,

um

va

i

apre

nd

er

co

m o

outr

o.

Pro

fessor

4

Co

nh

eço

sim

um

pro

fissio

na

l su

rdo

, e

u m

esm

o,

po

r

exem

plo

, e

co

nh

eço

outr

o s

urd

o q

ue

é o

Erick p

rofe

sso

r

de e

du

caçã

o fís

ica

igu

al a

mim

, n

ós s

om

os d

o E

sta

do

do

Rio

de J

ane

iro

e t

am

bém

outr

os e

sta

do

s s

urd

os

pro

fissio

na

is d

e e

du

cação

fís

ica

. E

u n

un

ca tiv

e e

ssa e

xperiê

ncia

de

nata

ção

o.

Eu

co

nh

eço

po

uco

s s

ina

is s

obre

as r

egra

s d

e n

ata

ção

,

tudo

so

bre

ed

uca

ção

fís

ica

o c

on

he

ço, e

sto

u te

nta

nd

o

ca

da

ve

z m

ais

me d

ese

nvo

lve

r n

essa á

rea.

Sim

, o G

lossário

é e

xtr

em

am

ente

im

port

ante

, p

orq

ue

prim

eiram

ente

o g

lossário

pre

cis

a v

ir a

co

mp

an

had

o d

o

co

nce

ito

, p

ara

que

o e

nsin

o m

elh

or

se

de

se

nvo

lva

, p

ara

que

assim

ente

nd

a c

lara

me

nte

o s

urd

o m

elh

or

se

dese

nvo

lva

e a

ssim

re

alm

ente

co

nsig

a fa

zer

a a

quis

içã

o

desse

co

nce

ito. Is

so é

mu

ito

im

po

rta

nte

. R

espo

sta

co

mp

lem

enta

r: M

uito im

port

ante

, p

rim

eiro

qu

e o

ouvin

te

apre

nd

a lín

gu

a d

e s

inais

e ta

mb

ém

para

que

o s

urd

o

posso

en

tend

er.

En

tão

, p

or

exem

plo

, o o

uvin

te e

o s

urd

o e

les d

ois

na

aula

de

nata

çã

o, o

s d

ois

ju

nto

s c

om

o v

ai se

r e

ssa

co

mu

nic

ação

se

o o

uvin

te n

ão

so

ub

er

lín

gu

a d

e s

inais

?

Re

alm

ente

va

i cria

r u

ma b

arr

eira c

om

un

ica

cio

na

l, m

as

pod

e s

er

usad

o a

pe

ssoa

co

mo m

ode

lo,

ele

va

i ve

r com

o

é e

ssa

exp

ressã

o e

va

i ap

ren

der,

ma

s p

recis

a d

e u

ma

co

mu

nic

ação

sin

aliz

ada

é d

e e

xtr

em

a im

port

ância

.

Page 45: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

33

Pro

fessor

5

Pro

fissio

na

l d

e E

duca

ção

Fís

ica S

urd

o?

! C

onh

eço

sim

.

Sim

cla

ro.

Eu

pa

rtic

ula

rme

nte

ne

nhu

m,

não

é m

inha á

rea d

e f

oco,

eu n

ão

tiv

e a

ula

de

na

tação n

a m

inha

fa

culd

ad

e,

entã

o fo

i u

ma d

eficiê

ncia

na

min

ha

form

ação

co

mo

pro

fessor

de e

du

caçã

o fís

ica

, e

ntã

o,

eu n

ão

con

he

ço

nen

hu

m.

Sim

, pra

mim

co

mo p

rofe

ssor

atu

an

te n

a e

du

caçã

o d

e s

urd

os, pra

mim

é e

xtr

em

am

en

te im

port

ante

assim

co

mo

to

do

s q

ue

qu

eiram

atu

ar

na á

rea d

e n

ata

ção

, p

ois

vo

cê p

od

e e

sta

r e

m u

m c

lube

da

ndo

au

la d

e

nata

ção

e a

pa

rece

r u

m a

luno

su

rdo e

vo

cê t

em

qu

e s

abe

r. E

sse g

lossário

se

rá d

e m

aio

r im

port

ância

pa

ra o

pro

fissio

na

l, a

mp

lia.

Pe

rgu

nta

co

mp

lem

enta

r: V

ocê a

cha im

port

ante

ne

ssa r

ela

ção d

e s

urd

os e

ou

vin

tes n

ão

sin

aliz

ante

s?

Re

spo

sta

: O

s p

onto

s im

port

ante

s s

ão: p

ara

o s

urd

o a

qu

estã

o in

clu

são n

o m

und

o s

ocia

l d

o s

eu P

aís

essa

tro

ca c

om

o o

uvin

te e

la v

ai p

rop

orc

iona

r um

a a

mplit

ude

ma

ior

da v

ivê

ncia

so

cia

l d

o s

urd

o e

pa

ra o

ouvin

te

ele

po

der

ter

a v

ivê

ncia

de a

tua

çã

o s

ocia

l, s

ua a

çã

o d

e c

idad

an

ia te

nd

o e

sse c

onta

to c

om

pessoa

s q

ue

te

m

outr

os c

om

pro

me

tim

ento

s, m

as q

ue

viv

em

, n

um

a m

esm

a s

ocie

da

de e

entã

o é

bom

para

am

bos o

s la

do

s.

Co

m o

uvin

te q

ue

o d

om

ina L

IBR

AS

?! É

sim

com

cert

eza

, a

s p

esso

as s

e c

om

unic

am

de d

ive

rsas f

orm

as,

não

pela

lin

gu

ag

em

institu

cio

na

liza

da

, m

as s

im d

e v

ária

s fo

rma

s. M

as o

id

ea

l é

qu

e s

e s

aib

a,

que

se

tenh

a o

co

nh

ecim

ento

sic

o inic

ial d

o t

ipo d

e c

om

unic

ação

, d

a lin

gu

ag

em

e n

an

a lín

gu

a d

o s

eu in

terlo

cuto

r,

vo

cê p

od

e n

ão c

onse

gu

ir o

ente

nd

ime

nto

100

%, m

as s

im v

ocê

va

i co

nseg

uir t

er

o m

ínim

o d

e e

nte

ndim

ento

,

ma

s c

om

ce

rte

za é

mu

ito

im

po

rta

nte

que s

e s

aib

a a

lin

gu

ag

em

do s

eu in

terlocu

tor.

O quadro apresentado é importante para esta pesquisa, pois mostra que,

mesmo os professores experientes desconheciam os sinais de natação em Libras

e que há escassez de sinais relacionados a essa área. Esse dado foi constatado

nas entrevistas realizadas, quando os professores destacaram como ponto

importante da pesquisa. Muitas vezes, utilizavam sinais combinados entre

Page 46: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

34

professores e alunos, o que pode ser um problema quando realizadas

competições, que demandam a presença de padronização nos sinais.

Quando perguntamos se conheciam professores surdos de Educação

Física, três dos professores entrevistados disseram que sim, a maioria dos

professores entrevistados fariam aulas com professor surdo, mas percebemos

que não conheciam a Libras e, consequentemente, nem os sinais específicos da

Natação. Durante a entrevista, usamos um intérprete de Libras para estabelecer

comunicação e, nesse momento, fiquei me perguntando como seria o

entendimento das crianças surdas, uma vez que, em todas as piscinas visitadas,

não havia intérpretes disponíveis e, nesse encontro, eu havia levado um

profissional para auxiliar nas entrevistas. Todos os entrevistados confirmaram a

importância da criação do glossário de natação, pois poderia auxiliá-los no

cotidiano de sua prática pedagógica. Os dados dessa entrevista revelam,

portanto, que é imprescindível a criação dos sinais de natação, das modalidades

de nado e das provas.

Nos quadros 3 e 4, abaixo, pode-se verificar as provas internacionais da

modalidade olímpica Natação. Em uma competição internacional, as Olimpíadas,

realizada no Rio de Janeiro, ficou evidente que nenhuma das provas apresentava

um sinal correspondente, culminando, portanto, no uso de neologismos dos sinais

referentes às provas.

Quadro 3: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (25m)

Homens Mulheres

Nado livre 50 m, 100 m, 200m, 400 m,

1.500m

50 m, 100 m, 200m, 400 m,

800m

Nado Costas 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200m

Nado Peito 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200m

Nado Borboleta 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200m

Medley individual 100m, 200m, 400m 100m, 200m, 400m

Revezamentos:

Livre 4x50m, 4x100m, 4x200m 4x50m, 4x100m, 4x200m

Medley 4x50m, 4x100m 4x50m, 4x100m

Misto 4x50m livre e 4x50m medley

Eliminatórias, semifinais e finais podem ser nadadas em 10 raias.

(Fonte: http://www.cbda.org.br/regraFinaNatacao.pdf; acesso em 03 mar. 2017)

Page 47: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

35

Quadro 4: Provas de Natação em Campeonatos Mundiais (50m)

Homens Mulheres

Nado livre 50 m, 100 m, 200m, 400 m,

800m*, 1.500m

50 m, 100 m, 200m, 400 m,

800m, 1500m*

Nado Costas 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200m

Nado Peito 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200m

Nado Borboleta 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200m

Medley individual 200m, 400m 200m, 400m

Revezamentos:

Livre 4x100m, 4x200m 4x100m, 4x200m

Medley 4x100m 4x100m

Misto 4x100m livre e 4x100m medley

Eliminatórias, semifinais e finais podem ser nadadas em 10 raias.

(Fonte:http://www.cbda.org.br/regraFinaNatacao.pdf; acesso em 03 mar. 2017)

Como ser surdo, contendo a experiência visual, o trabalho foi pensado e

baseado na identidade de ser Surdo13 e no neologismo14. Optamos por trazer as

imagens dos sinais catalogados e criados para que ajudassem a organizar e

compreender o glossário. Para explicarmos os sinais criados por nós,

utilizaremos a Figura nº 7, que representa as configurações de mãos, onde

exemplificamos cada sinal baseado em um dos parâmetros da Libras.

13 É o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo (STROBEL, 2009). 14

Neologismo constitui uma unidade lexical de criação recente, uma acepção nova que se atribui a uma palavra já existente ou, então, um termo recentemente emprestado a um outro código linguístico, (ALVES, 1984)

Page 48: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

36

Figura 7: Configurações de Mãos

(Fonte: INES/SEESP/MEC)

Aqui apresentamos os resultados dos sinais catalogados e criados neste

trabalho, a partir das filmagens em Libras de todas as provas internacionais de

natação. O link do youtube onde os vídeos estão arquivados se encontra

disponível no site https://youtu.be/xQ9oexEsFbQ.

A prova de 50 metros livre, apresentada na Figura 8, quase sempre é

disputada no estilo crawl. Por isso, a representação escolhida foi o sinal com a

Page 49: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

37

justaposição de dois itens lexicais, ou seja, dois sinais que formam uma terceira

forma livre. Foi a junção das palavras nado crawl e o sinal do número cinquenta.

As configurações de mãos, de acordo com Figura 8, foram as de número 76, 32, e

73.

Figura 8: Nado Livre 50 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova de 100 metros nado livre, como se pode ver na Figura 9; 200

metros, na Figura 10; 400 metros livre, Figura 11, 800 metros nado livre, Figura

12 e 1500 metros nado livre, Figura 13, seguimos a mesma regra utilizada

anteriormente, ou seja, juntamos nado crawl e o respectivo sinal do número de

acordo com a distância a ser percorrida.

A significação dada na Libras para todas as provas seguiu as regras e

combinações aqui descritas. Este inventário, a saber, o glossário, poderá ter

mudanças e atualizações, dependendo dos usuários sinalizantes. As

configurações de mãos utilizadas para as provas de 100 metros foram: 76, 68 e

73

Figura 9: Nado livre 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova de 200 metros (Figura 10), utilizamos as configurações de

mãos, nº: 76, 24 e 73.

Page 50: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

38

Figura 10: Nado livre 200 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova de 400 metros (Figura 11), utilizamos as configurações de

mãos: 76, 4, 73.

Figura 11: Nado livre 400 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova de 800 metros (Figura 12), utilizamos as configurações de

mãos: 76, 69, 73.

Figura 12: Nado livre 800 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova de 1500 metros (Figura 13), utilizamos as configurações de

mãos: 76, 68, 32 e 73.

Page 51: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

39

Figura 13: Nado livre 1.500 metros

Fonte: Acervo pessoal

No nado de costas, as provas de 50 metros, conforme Figura 14; 100

metros, Figura 15; e 200 metros, Figura 16, realizamos a justaposição da palavra

costas e o número correspondente à distância a ser percorrida pelo nadador.

Não modificamos os sinais já utilizados por muitos dos usuários de Libras,

mas os diferenciamos pelo enquadramento no espaço. O sinal de costas,

anteriormente, era amplo com os braços estendidos. Entendemos que era uma

mímica utilizada pelas pessoas que desconheciam a Libras, não respeitando o

enquadramento do movimento, conforme apresentado na metodologia deste

trabalho (Figura 6). As configurações de mãos utilizadas para o nado de costas

para a prova de 50 metros foram: 01, 32, 73.

Figura 14: Nado Costas 50 metros

Fonte: Acervo pessoal

Esses sinais têm aspectos em comum com a realidade que representam,

ou seja, entre o ícone e o referente há uma relação de semelhança com o

movimento executado na água e a sinalização em Libras (ABRANTES, 2011). As

configurações de mãos utilizadas para o nado de 100 metros foram 01, 68 e 73.

Page 52: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

40

Figura 15: Nado Costas 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova do nado de costas 200 metros (Figura 16), utilizamos as

configurações de mãos nº 01, 24, 73. Cada sinal aqui apresentado tem um

significado com a presença da decomposição desse sinal em unidades menores,

que são os traços semânticos, ou seja, o significado não estará completo se faltar

um dos traços aqui apresentados.

Figura 16: Nado Costas 200 metros

(Fonte: Acervo pessoal do autor)

Nas provas de 50 metros (Figura 17); 100 metros (Figura 18) e 200 metros

(Figura 18) do nado de peito, seguiu-se a mesma regra da justaposição dos

sinais do nado peito, com o número respectivo da distância a ser percorrida na

prova. Na prova de 50 metros do nado de peito, utilizamos as configurações de

mãos nº: 01, 32 e 73.

Figura 17: Nado Peito 50 metros

Fonte: Acervo pessoal

Page 53: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

41

Na prova de peito dos 100 metros, Figura 18, utilizamos as configurações

de mãos: 01, 68 e 73.

Figura 18: Nado Peito 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Na prova de peito dos 200 metros, Figura 19, utilizamos as configurações

de mãos: 01, 24, 73.

Figura 19: Nado Peito 200 metros

Fonte: Acervo pessoal

No nado de borboleta, nas provas de 50 metros (Figura 20); 100 metros

(Figura 21) e 200 metros (Figura 22) seguimos a mesma regra da justaposição

das palavras, ou seja, sinal de peito e o número correspondente à distância a ser

percorrida pelo nadador na piscina. Para a prova de 50 metros nado de borboleta,

realizamos a combinação dos movimentos das mãos, com as configurações nº:

01, 32 e 73.

Figura 20: Nado Borboleta 50 metros

Fonte: Acervo pessoal

Page 54: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

42

Para a prova de 100 metros nado borboleta, realizamos a combinação dos

movimentos das mãos, com as configurações nº: 01, 68 e 73. A construção dos

verbetes depende do contexto em que foram criados os sinais e os significados

dependerão dos traços semânticos que o usuário da Libras esteja usando. Todos

os nossos sinais foram criados em decorrência dos jogos paralímpicos realizados

no Rio de Janeiro em 2016.

Figura 21: Nado Borboleta 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova de 200 metros nado borboleta, realizamos a combinação dos

movimentos das mãos, com as configurações nº: 01, 24 e 73. Esses verbetes

podem não corresponder com exatidão à realidade dos sinais brasileiros

utilizados nas piscinas, mas servem como referência dos modelos cognitivos em

função das experiências e das particularidades vividas pelos sujeitos surdos.

Figura 22: Nado Borboleta 200 metros

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas estilo medley de 100 metros (Figura 23); 200 metros, (Figura

24) e 400 metros (Figura 25), optamos pelo sinal com a configuração de mãos

realizando o número quatro e, com a outra mão, executamos o sinal da palavra

diferente em cima do primeiro dedo, deslocando-se pelos outros dedos para

Page 55: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

43

representar os outros estilos. Em seguida, executamos o sinal do número,

correspondente à distância a ser percorrida pelo nadador na piscina. Nessa

prova, os atletas percorrem os quatro estilos individualmente na seguinte ordem:

borboleta, costas, peito e crawl. As configurações de mãos utilizadas na prova

medley individual 100 metros foram: (4+23), 68, 73

Figura 23: Medley individual 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova medley individual 200 metros, usamos as configurações de

mãos nº: (4+23), 24, 73.

Figura 24: Medley individual 200 metros

Fonte: Acervo pessoal

Para a prova medley individual 400 metros, usamos as configurações de

mãos nº: (4+23), 4, 73.

Figura 25: Medley individual 400 metros

Fonte: Acervo pessoal

Page 56: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

44

Nas provas de revezamento, cada um dos quatro nadadores faz um estilo,

nessa ordem: costas, peito, borboleta e crawl, sendo que a ordem é diferente por

causa da saída de costas que é realizada dentro d'água. Nas viradas, o nadador

deve completar a piscina seguindo a regra do estilo daquele momento. Os

nadadores vão se retirando da piscina na medida em que os outros vão

adentrando na mesma. Por exemplo, após dada a largada, o primeiro nadador

(costas) deve bater com a mão na borda quando completa sua prova, e, somente

nesse momento, o próximo atleta poderá sair para continuar o percurso. A prova

vai seguindo esse procedimento até o último nadador percorrer sua distância.

Nas provas de revezamento livre 50 metros, optamos pelo sinal com as

configurações de mãos nº: (1+75), 76, 32 e 73.

Figura 26: Revezamento Livre 50 metros

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento livre 100 metros, optamos pelo sinal com as

configurações de mãos nº: (1+75), 76, 68 e 73.

Figura 27: Revezamento Livre 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento livre 200 metros, optamos pelo sinal com as

configurações de mãos nº: (1+75), 24 e 73. A criação de todos os sinais aqui

Page 57: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

45

mencionados só poderá ser validada com o passar dos anos, pois são os

usuários da Libras, os intérpretes, alunos e professores que usarão no dia a dia

os sinais apresentados.

Figura 28: Revezamento Livre 200 metros

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento medley 50 metros, optamos pelo sinal com as

configurações de mãos nº: (1+75), 04, 23, 32 e 73.

Figura 29: Revezamento Medley 50 metros

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento medley 100 metros, optamos pelo sinal com

as configurações de mãos nº: (1+75), 04, 23, 68 e 73.

Figura 30: Revezamento Medley 100 metros

Fonte: Acervo pessoal

Page 58: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

46

Nas provas de revezamento misto 50 metros, optamos pelo sinal com as

configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), 76, 32 e 73.

Figura 31: Revezamento Misto 50 metros Livre

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento misto 100 metros, o sinal foi selecionado com

as configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), 76, 68 e 73.

Figura 32: Revezamento Misto 100 metros Livre

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento misto medley 50 metros, optamos pelo sinal

com as configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), (4+23), 32 e 73.

Figura 33: Revezamento Misto 50 metros Medley

Fonte: Acervo pessoal

Nas provas de revezamento misto medley 100 metros, optamos pelo sinal

com as configurações de mãos nº: 68, (11+8), (1+75), (4+23), 68 e 73.

Page 59: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

47

Figura 34: Revezamento Misto 100 metros Medley

Fonte: Acervo pessoal

A língua é viva, atual e presente, constituída por uma comunidade linguística

comum, de modo que o surdo praticante da Natação competitiva participa da

construção histórica da evolução da Libras, pois a aquisição dos novos vocábulos

perpassa pela experiência da coporeificação dos sinais. A língua está à mercê de

experiências sociais, culturais, políticas e históricas.

Cada língua possui modalidade, e, neste trabalho, iremos abordar a língua

de sinais como modalidade15 visual-espacial por ser sinalizada, usando a visão

como receptora e o espaço como emissor e produtor de sinais. Possui a estrutura

gramatical e aspectos linguísticos constituídos no nível fonológico, morfológico,

semântico, pragmático (QUADROS E KARNOPP, 2004; FELIPE, 2006; FARIA-

NASCIMENTO, 2009).

A Libras tem um sistema lingüístico autônomo, organizada do ponto de vista lexical (vocabulário), gramatical (regras de funcionamento) e funcional (regras de uso) a Libras apresenta as características pertinentes às linguagem orais. Ou seja, como a oralidade e a escrita, ela se caracteriza como um tipo de linguagem verbal (…) (FERNANDES, 2006, p.2)

Por isso, no procedimento da criação de sinais, o ponto forte foi a

iconicidade dos sinais pelo fato de ter a visualidade do corpo, conforme Nunes

(2013):

Nas línguas de sinais, muitos sinais são produzidos com uma forte influência da linguagem corporificada. As mãos humanas, em línguas visuais, são usadas com propósitos linguísticos, como apontar e representar objetos. É econômico, para as línguas de

15

Segundo Quadros (1997, 2004), toda língua possui modalidade, sendo que há três modalidades distintas: oral-auditiva, visual-espacial, gráfica-visual. Esta é a representação escrita de ambas as línguas tanto na falada quanto sinalizada.

Page 60: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

48

sinais, fazer o uso eficiente das mãos na criação de signos. O corpo do locutor está sempre presente na situação de fala da língua gestual. É econômico também aproveitar essa presença para expressar significados que estão relacionados com as partes do corpo (NUNES, 2013, p.247)

Na criação dos sinais novos, ou seja, em casos de neologismo, baseamo-

nos nos estudos da morfologia da língua de sinais, precisamente no processo de

formação de novos léxicos e nos estudos da iconicidade e arbitrariedade,

fundamentado na experiência visual surda, criando uma relação entre a

semântica e o fonológico como um todo.

O neologismo é a nova tendência no campo de estudo linguístico devido ao

avanço da tecnologia e difusão da mesma em certa velocidade, consolidando

expressões novas e empréstimos linguísticos para cada palavra nova, dentro da

língua viva. Vale ressaltar que a língua está frequentemente em processo de

mudança, ou seja, em ritmo diacrônico.

Mattoso Câmara Júnior (1984, p. 157) denomina o léxico como “[..] sinônimo

de vocabulário, [..] parte do vocabulário correspondente às palavras. As palavras

se distribuem no léxico por campo semântico e por famílias léxicas”.

Concordamos com essa afirmação e a associamos à ideia de Rodriges e Baalbaki

(2014) no sentido de que o léxico é constituído por palavras integrantes de uma

língua. Assim, a ampliação e renovação do léxico trazem a possibilidade de

existência de qualquer língua por meio de recursos variados, sendo seu aspecto

fundamental.

Podemos afirmar, a partir dos estudos de Ferreira-Brito (1998; 2010),

Quadros e Karnopp (2004), Felipe (1998; 2006) e Faria-Nascimento (2009) que a

ampliação e renovação lexical estão presentes especificamente no meio

acadêmico da comunidade surda.

As pesquisadoras destacam a formação de novos sinais, com

bases/recursos da própria língua, como fator enriquecedor do vocabulário da

Libras e ampliação de novas perspectivas no campo de conhecimento científico.

A renovação lexical se dá pelo processo diacrônico em determinado grupo social,

fazendo com que apareçam novas palavras ou novos significados para antigas

palavras.

Page 61: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

49

Reforçamos a proposta de Faria-Nascimento, no que diz ao respeito à

ampliação de léxico na língua de sinais, resultando a criação de neologismos na

Libras:

Conscientizar estudantes surdos, de cursos de graduação, a respeito dos processos de construção terminológica permitirá o enriquecimento ainda mais acelerado da LSB, e a rápida sistematização e divulgação dos neologismos terminológicos acarretará o acesso e o domínio mais rápido, também dos intérpretes para adequarem sua tradução ao contexto emergente. (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p.55)

A linguagem, para Bakhtin apud Lebedeff e Santos (2010), é uma prática

social que tem na língua a sua realidade material. Para Lebedeff e Santos (2010),

a linguagem é um ato transformador. A língua, bem como os indivíduos que a

usam, está situada num contexto sócio-histórico, cultural e político, ou seja, é um

fato social constituído pela comunidade linguística (LEBEDEFF E SANTOS, 2014,

p. 1090).

Segundo Brito apud Nunes (2013), é evidente que a iconicidade tenha mais

destaque nas estruturas das línguas de sinais do que nas línguas orais, tendo em

vista que o espaço parece ser mais concreto e palpável.

Um dos motivos contribuintes da representação icônica nas línguas de sinais

é que a parte fonológica dos sinais envolve as mãos, o movimento no espaço e a

interação com outros objetos. Dessa forma, as concepções de objetos e eventos

podem ser iconicamente representadas. Por isso, “A iconicidade é ligada ao

sentido com que uma palavra é conceptualizada em uma língua possui traços

culturais de sua comunidade linguística.” (Wilcox, 2004 apud Nunes, 2013).

Tendo como base as informações acerca da iconicidade em língua de sinais

apresentadas, consideramos, nesta pesquisa, que há sinais icônicos criados, tais

como, braçada, pernada, virada, largada e revezamento.

A morfologia16 da língua de sinais, conforme Felipe (2006),está atrelada à

modificação interna da raiz. Abordam-se neste texto, cinco movimentos distintos

na elaboração de novos itens léxicos: retilíneo, helicoidal, circular, semicircular e

16

Morfologia é a parte da gramática que estuda as palavras observadas isoladamente. É o estudo da estrutura e formação das palavras, suas flexões e sua classificação, (Ferreira, Flancieni Aline R. A MORFOLOGIA EM LIBRAS).

Page 62: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

50

sinuoso, os quais foram criados neste glossário conforme as Figuras 35, 36, 37,

38 e 39.

Figura 35: movimento retilíneo – toque na parede

Fonte: Acervo pessoal

Figura 36: movimento helicoidal – virada

Fonte: Acervo pessoal

Figura 37: movimento circular – borboleta

Fonte: Acervo pessoal

Figura 38: movimento semicircular – largada

Fonte: Acervo pessoal

Page 63: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

51

Figura 39: movimento sinuoso – pernada borboleta

Fonte: Acervo pessoal

Outro ponto importante na elaboração do glossário foi listar alguns

fundamentos básicos ministrados em aulas de natação com o intuito de

disseminar e compartilhar os conhecimentos. A seguir, estão as figuras

relacionadas aos fundamentos básicos da natação, de acordo com as Figuras 40,

41, 42, 43 e 44, normalmente muito utilizados nas aulas aquáticas proferidas, bem

como os sinais de largada e de queimar largada17, criados, sendo a expressão

“queimar largada” uma gíria usada nas competições de natação.

Figura 40: Braçada com bóia

Fonte: Acervo pessoal

Figura 41: Exercício de respiração

Fonte: Acervo pessoal

17

É quando o atleta parte para a prova antes do som da largada, queimando e é desclassificado.

Page 64: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

52

Figura 42: Largada

Fonte: Acervo pessoal

Figura 43: Queimar largada

Fonte: Acervo pessoal

Figura 44: Pernada

Fonte: Acervo pessoal

A proposta do registro do produto em vídeo na Libras possibilita que o

público-alvo tenha acesso e conhecimento às práticas sociais da linguagem,

possibilitando o direcionamento dos conhecimentos da Libras no seu cotidiano,

enquanto profissional e agente social. A filmagem possibilita captar os sinais

icônicos e a sequência dos movimentos, um dos integrantes do parâmetro da

língua de sinais.

Page 65: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

53

4.3 APLICAÇÃO DO PRODUTO

Ministramos aulas na Vila Olímpica da Mangueira, situada no bairro

Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro, para testarmos os sinais e divulgarmos o

nosso trabalho. Tivemos a presença de dois alunos surdos e uma professora.

A turma da natação especial é composta por alunos com diversas

deficiências, tais como deficiência intelectual, física, alunos com síndrome de

down e surdez. As aulas foram realizadas duas vezes por semana no horário da

tarde, com duração de 30 minutos.

A professora de natação não dominava Libras, estava começando a

conhecer sinais básicos para efetivar a comunicação com dois alunos surdos,

sendo que um é fluente em Libras e o outro é implantado e oralizado, estando em

fase de aprendizado de Libras. Ambos estudam em uma escola inclusiva.

Todos compreenderam os sinais criados para os exercícios, mas só

poderemos afirmar que serão os sinais usados no Brasil daqui a alguns anos, pois

depende dos usuários da Libras. A língua é viva e ela se transforma, podemos

usar como exemplo: o sinal de crawl,em que eram movimentos longos e hoje, a

partir dos usuários, o sinal se encaixa dentro de um espaço e não

necessariamente como antigamente.

Na Figura 45, observa-se que o pesquisador utiliza o sinal de exercício de

respiração para a professora de natação e, na Figura 46, o pesquisador sinaliza a

pernada livre.

Figura 45: Sinal de exercício de respiração

(Fonte: Acervo pessoal)

Page 66: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

54

Figura 46: Sinal de pernada livre

(Fonte: Acervo pessoal do autor)

Nas Figuras 47 e 48, o professor surdo apresenta os sinais das modalidades

de nado crawl e braçada livre para os dois alunos surdos.

Figura 47: Sinal de crawl

(Fonte: Acervo pessoal)

Page 67: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

55

Figura 48: Braçada livre

(Fonte: Acervo pessoal do autor)

Em relação aos conceitos sinalizados e aprendidos na natação, foi possível

constatar que é de suma importância aprender os sinais da natação para efetivar

a comunicação entre o professor e o aluno ou atleta surdo, evitando barreiras

linguísticas e adquirindo novos conhecimentos sem haver impedimentos.

Para isso, divulgamos os vídeos com os sinais na página do núcleo de

inclusão Projeto Galileu Galilei, de acordo com a Figura 49, que se encontra no

endereço eletrônico: https://projetogalileugalilei.wordpress.com/educacao-fisica/.

Figura 49: Site projeto Galileu Galilei

(Fonte: https://projetogalileugalilei.wordpress.com/educacao-fisica/)

Page 68: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

56

Outra forma de divulgação utilizada foi o Facebook, conforme a Figura 50:

Figura 50: Natação para surdos no Facebook

(Fonte: https://www.facebook.com/Natação-para-surdos-1917066795182610)

Finalizando a discussão, podemos sintetizar que este trabalho de

elaboração do produto Glossário de Natação em Libras foi realizado dentro dos

eixos temáticos, ou seja, eixos conectivos, trabalhando com a

interdisciplinaridade. As conexões são importantes para constituir o produto e

nelas foram trabalhadas conjuntamente a Educação Física, Língua Portuguesa e

a Língua de Sinais, Linguística, Educação, Saúde e Tecnologia.

A Educação Física exerce papel importante ao promover o bem estar do

indivíduo, contribuindo para o seu desenvolvimento global, por meio de atividades

físicas, sendo a natação uma dessas atividades.

A abordagem da Língua Portuguesa é importante também porque

permitem trabalhar com as palavras, ou seja, os termos relacionados às técnicas

da natação relacionando-as com os sinais, compilando-os para a configuração do

glossário. Na área da Linguística, não se pode negar a relevância da língua de

sinais como fator neológico dos sinais e como comunicação interativa.

Page 69: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

57

A Educação também se destaca pela relação de ensino-aprendizado entre

professor e aluno surdo, com esses participantes do processo educativo

interagindo de maneira eficiente.

No campo da Saúde, o intuito é promover o bem-estar social, físico,

cognitivo e a resistência e, por fim, o uso da tecnologia no processo desse

trabalho, destacando a importância do registro em vídeo, ao compor o Glossário

em Libras, e ao promover divulgação do produto nas mídias sociais.

O produto elaborado contribui para a tecnologia educacional e assistiva,

permitindo que o professor consiga interagir com o aluno, engajado na

comunicação por meio da língua de sinais e evitando barreiras de comunicação.

O suporte midiático é o registro em vídeo na Libras, podendo ser divulgado

em sites e expandir nas redes sociais, difundindo, assim, o produto elaborado.

Page 70: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

58

5. CONCLUSÃO

Para finalizar, o tema Educação Física para as pessoas surdas é de

extrema importância, uma vez que promove lazer, bem-estar social, saúde,

desenvolvimento pleno da parte cognitiva, sensorial e motora. Porém, há poucas

pesquisas na área da surdez relacionadas ao desporto. Por isso, faz-se

necessário explorar e desenvolver conhecimento científico nessa área de

conhecimento e de pesquisas.

Este trabalho, nesse sentido, cumpre seu objetivo que é apresentar um

Glossário de Sinais da Natação, apresentando os sinais relacionados aos estilos

e às provas de nado. Acreditamos que a organização do Glossário facilita a

aquisição de novos vocábulos em Libras pelos usuários dessa modalidade

desportiva e poderá incentivar outros colegas da Educação Física a pensarem

como é importante a comunicação para a aprendizagem corporal. As entidades

desportivas surdas, tais como ICSD, CBDS, FDSERJ e demais associações de

surdos devem sempre promover ações afirmativas para realizar jogos,

competições, treinos, palestras, empoderamento surdo, com o intuito de incentivar

os futuros atletas a praticarem esportes e competirem, promovendo, assim, a

integração social do atleta surdo, seja amador ou profissional.

Quanto ao nosso objetivo de divulgação do glossário, ele se encontra em

uma fase preliminar e continuaremos o processo após o término do mestrado.

Concluímos que os benefícios da construção do glossário foram importantes

para o profissional de Educação Física. Neste trabalho, buscamos, portanto,

despertar o interesse de discentes e docente em conhecer a Libras, enriquecer o

glossário na área da natação, melhorar a comunicação entre professores ouvintes

e surdos e disseminar novos léxicos de sinais.

Page 71: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

59

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Ieda Maria. A integração dos neologismos por empréstimo ao léxico

português. ALFA: Revista de Linguística, v. 28, p.119-126, 1984.

ARAUJO, Paulo Ferreira de. Desporto adaptado no Brasil: origem,

institucionalização e atualidade. Ministério da Educação e do Desporto/INDESP,

1998.

BAKOS e POZZER, Margareth Marchiori e Kátia Maria Paim. III Jornada de

Estudos do Oriente Antigo: línguas, escritas e imaginárias. Porto Alegre:

EDIPUCRS, 1998.

BORGES, Lucas C. et al. Glossário interativo de Libras para a área de

Computação. Anais do Computer on the Beach, p. 455-456, 2015.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: educação física/Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília.

MEC/SEF, 2000.

_______ Presidência da Republica. Decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de

2005. Regulamenta a Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a

Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o artigo 18 da Lei n° 10.098, de 19 de

dezembro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

2006/2005/decreto/d5626.htm . Acesso em: 15 jun. 2015.

_______ Presidência da Republica. Lei n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000,

Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade

das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras

providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm . Acesso em: 15 jun. 2015

_______ Presidência da Republica. Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que

dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o artigo 18 da Lei n° 10.098,

de 19 de dezembro de 2000. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm. Acesso em: 15 jun.

2015

Page 72: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

60

_______ Presidência da Republica. Decreto n°6949, de 25 de agosto de 2009,

que Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência e seu Protocolo Facultativo. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm.

Acesso em: 15 jun. 2015

_______ Presidência da Republica. Lei n° 13.146, de 6 de julho de 2015, Institui

a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com

Deficiência).Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-

2018/2015/Lei/L13146.htm . Acesso em: 04 ago. 2015

_______ Presidência da Republica. Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, Institui

normas gerais sobre desporto e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm . Acesso em: 04 ago.

2015.

_________ Portal oficial do governo federal sobre os Jogos Olímpicos e

Paralímpicos de 2016. Natação. Disponível em

http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/olimpiadas/modalidades/natacao Acesso

em: 05 fev. 2017

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS DE SURDOS. CBDS:

Uma história de sucesso. Disponível em: http://cbds.org.br/?page_id=257 ,

Acesso em: 20 de maio de 2016

CARRACEDO, V. A.; MACEDO, L. Jogo carimbador: esquema de

resolução e importância educacional. Revista Paulista de Educação Física,

São Paula, 14(1): 29-44, jan./jun. 2000.

CASTELLANI, Filho Lino. Educação Física no Brasil: A história que não se

conta. Campinas, SP. Editora Papirus, 1988.

CASTRO, Elaine. Atividade Física adaptada. Ribeirão Preto, SP. Editora

Tecmedd, 2005, p. 27 a 53.

CATTEAU, R.; GAROFF, G. O ensino da natação. 3. Ed. São Paulo: Manole,

1990.

Page 73: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

61

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS AQUÁTICOS. História da

natação. Disponível em: http://www.cbda.org.br/materia.php?mat_id=5739 ,

Acesso em: 22 out. 2015.

DAMASCENO, L. G. Natação, Psicomotricidade e Desenvolvimento. Brasília-

DF. Secretaria dos Desportos da Presidência da República, 1992. FREUDENHEI,

A. M.; GAMA, R. I. R. DE BRITO; CARRECEDO, V. A. Fundamentos para a

Elaboração de Programas de Ensino do Nadar para,Crianças. Revista

Mackenzie de Educação Física e Esporte, 2(2):61-2003.

FARIA-NASCIMENTO, Sandra Patrícia de. Representações Lexicais da Língua

de Sinais Brasileira. Uma proposta lexicográfica. Tese de doutorado, Instituto

de Letras. Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas.

Universidade de Brasília. Brasília, 2009.

FEDERAÇÃO AQUÁTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Nossa história.

Disponível em: http://www.aquatica.org.br/website/interna.aspx?iidSecao=2 ,

Acesso em 09 mai. 2017.

FELIPE, Tanya Amara. Os processos de formação de palavra na LIBRAS.

Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.200-217, jun. 2006.

FELIPE E LIRA, Tanya Amara e Guilherme de Azambuja. Dicionário Digital de

Língua Brasileira de Sinais. Rio de Janeiro: CORDE, 2005. Disponível em:

http://www.ines.gov.br/dicionario-de-libras/main_site/libras.htm . Acesso 14 abr

2017.

FELTEN, Eduardo Felipe. Glossário Sistêmico bilíngue português-libras de

termos da história do Brasil. Dissertação de mestrado, Instituto de Letras.

Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas. Universidade

Brasília. Brasília, 2016.

FERNANDES, Josiane Regina Pejon; DA COSTA, Paula Hentschel Lobo.

Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos. Revista

Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 20, n. 1, p. 5-14, 2006.

FERNANDES, Sueli. Avaliação em língua portuguesa para alunos surdos:

algumas considerações. SEED/SUED/DEE. Curitiba, 2006.

Page 74: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

62

GOELLNER, Silvana Vilodre (org). Inezil Pena Marinho: Coletâneas de textos.

Porto Alegre: Universidade federal do Rio Grande do Sul, Colégio Brasileiro do

Esporte, 2005.

GOMES, C. U. B. Fatores motivacionais para a aderência e permanência dos

indivíduos para praticar natação. Monografia de graduação apresentada ao

Departamento de Educação Física. Universidade Federal de Rondônia. Porto

Velho, p. 3-29, 2009.

LEBEDEFF E SANTOS, Tatiana Bolivar e Angela Nediane dos. Objetos de

aprendizagem para o ensino de línguas: vídeos de curta-metragem e o ensino

de Libras. RBLA, Belo Horizonete, v.14, n. , p. 1073-1094. 2014.

LIMA, W. U. Ensinando Natação. São Paulo: Phorte Editora, 1999.

MACEDO, N. DE P.; MERIDA, M.; MASSETTO, S. T.; GRILLO, D. E.; MERIDA,

F. Natação: O Cenário no Ciclo I do Ensino Fundamental nas Escolas

Particulares. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte - Volume 6,

número 1, 2007.

MARQUES, R.F.R.; ALMEIDA, M.A.B.de; GUTIERREZ, G.L.; Esporte: um

fenômeno heterogêneo: estudo sobre o esporte e suas manifestações na

sociedade contemporânea. Movimento, Rio Grande do Sul, v. 13, n. 3, p. 225-242,

2007.

MARIANI, R.; COELHO, O.; DELOU, C.; RUBIM, C.; PINTO, J. e CASTRO, H. C.

O dicionário on Line spread the sign: Integração Internacional de um

Recursos digital para a Educação dos surdos, Instituto Nacional de educação

de Surdos, Arqueiro nº27, Jan/Jun 2013, p: 28-37.

MARIANI, Ruth Maria. LIBRAS e a divulgação dos conceitos científicos sobre

ciências e biotecnologia: integração internacional de um dicionário científico

online. Tese de Doutorado, Programa de Ciências de Biotecnologia. Universidade

Federal Fluminense. Niterói, 2014.

MARTINS, J.B. Contribuições epistemológicas na abordagem multirrefencial

para a compreensão dos fenómenos educacionais. Revista Brasileira de

Educação. Junho/ Julho/Agosto nº 26, 2004, p. 85-94.

Page 75: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

63

MARTINS , M; FERREIRA, JP, MINEIRO, A. Os dicionários e os avatares

Gestuais, o que são, como se fazem e para que servem. Universidade Católica

de Lisboa, p.11-55, 2012.

MARTINS; P.R. de SÁ. Adaptação do ensino de Ciências para jovens Surdos

e avaliação de estágios em laboratório. Dissertação de mestrado do curso de

pós-graduação em Química do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 46-79, 2011.

MARQUES E OLIVEIRA, Rodrigo Rosso e Janine Soares de. A normatização de

artigos acadêmicos em Libras e sua relevância como instrumento de

constituição de corpus de referência para tradutores. Anais do Congresso

Nacional de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e Língua

Portuguesa. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2012.

Disponível em:

http://www.congressotils.com.br/anais/anais/tils2012_metodologias_traducao_mar

quesoliveira.pdf . Acesso em 11 mar. 2016.

MIRANDA, T. J. Esporte olímpico e paraolímpico: coincidências, divergências e

especificidades numa perspectiva contemporânea. Rev Bras Educ Fís Esporte, 4,

365-77, 2009.

MAUERBERG-DE-CASTRO, E. Atividade Física Adaptada. Ribeirão Preto:

Tecmed, 2005.

NUNES, Valéria Fernandes. Iconicidade e corporificação em sinais de Libras:

uma abordagem cognitiva. In: CARVALHO, Gisele; ROCHA, Décio; VASCONCELLOS,

Zinda. (Organizadores). Linguagem: Teoria, Análise e Aplicações (7). 1ª edição.

Rio de Janeiro: Programa de Pós-graduação em Letras UERJ, 2013, p. 245-253.

Disponível em http://www.pgletras.uerj.br/linguistica/textos/livro07/LTAA7_a19.pdf

ORTIZ, Márcia. A Criança e a possibilidade de aprendizagem na natação

terapêutica. Associação Baiana de Síndrome de Down. Salvador. Disponível em:

http://www.serdown.org.br/serdown/artigos/artigo.php?cod_artigo=54 , Acesso em

20 mai.2017.

PERLIN, Gladis Teresinha Taschetto, e MIRANDA, Wilson. Surdos: o narrar e a

política. Ponto de Vista: revista de educação e processos inclusivos 5 (2003):

217-226. Disponível em:

Page 76: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

64

https://periodicos.ufsc.br/index.php/pontodevista/article/viewFile/1282/4249.

Acesso em 18 mai. 2017.

PIZZIO, A. L.; CAMPELLO, A. R. S.; REZENDE, P. L. F.; QUADROS, R. M.

Língua Brasileira de Sinais III. Licenciatura em Letras-Libras na Modalidade a

Distância. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2009.

QUADROS, Ronice. Müller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira:

estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004.

QUADROS, Ronice Müller de. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem.

Porto Alegre: Artmed, 1997.

RODRIGUES, A H. de R. Educação Física para Deficientes.

Congresso Brasileiro de Esporte para Todos, 1986, Campo Grande. Anais.

Campo Grande: MEC/SEED, 1986. p. 64.

RODRIGUES, D. Documento. Departamento de Estudos da Atividade Física e

Adaptação. Campinas: FEF/UNICAMP, 1996.

RODRIGUES E BAALBAKI, Isabel Cristina e Ângela Corrêa Ferreira. Práticas

sociais entre línguas em contato: os empréstimos linguísticos à Libras. RBLA,

Belo Horizonte, v.14, n. 4, p. 1095-1120, 2014. Disponível em

http://dx.doi.org/10.1590/S1984-63982914005000021

SAAVEDRA, José M.; ESCALANTE, Yolanda; RODRÍGUEZ, Ferran A. A

evolução da natação. Lecturas, Educacion Fisica y Deportes, Buenos Aires, v.

9, n. 66, 2003.

SILVA, André Luiz dos Santos, MACEDO, Christiane Garcia, GOELLNER,

Silvana Vilodre. Inezil Penna Marinho: artigos publicados no Jornal dos Sports.

Porto Alegre: Centro de Memória do Esporte, 2016. Disponível em

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/139192/000990425.pdf?sequenc

e=1m

STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda.

Florianópolis: Ed. da UFSC, 2009.

Page 77: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

65

WINNICK, P. J. Adapted Physical Educacation and Sport. Champaign: Human

Kinectics, 1990.

____________. Introdução à educação física e esportes adaptados. In:

Winnick, J.P. Educação física e esportes adaptados. Barueri: Manole, p. 3-19.

2004.

Page 78: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

66

7. APÊNDICES E ANEXOS

7.1. APÊNDICES

7.1.1. Entrevista semiestruturada a ser aplicada aos sujeitos da pesquisa Por favor, preencha as questões abaixo e responda as perguntas: Nome:

Idade:

Formação:

Tempo de atuação:

Tempo de atuação com pessoas surdas:

É usuário de Libras: ( ) sim ( ) não

1- Você conhece algum Professor de Educação Física Surdo?

2- Você faria aula de Natação com um Professor Surdo?

3- Quais os sinais que você conhece dos estilos de Natação?

4- Você acha importante ter um glossário com os sinais para os diferentes

estilos e seus fundamentos técnicos? Se Sim, explique o por quê?

5- A convivência nas aulas de natação entre surdos e ouvintes atrapalharia

na ministração das aulas? Se sim, quais?

Page 79: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

67

7.1.2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Federal Fluminense Instituto de Biologia

Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão (CMPDI)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Dados de identificação: Natação e suas provas: Glossário em Libras

Pesquisador: Erick Rommel Hipólito de Souza

Pessoa de contato: só mensagem

Convite

Vimos a partir deste modo convidá-lo a participar do projeto de pesquisa

Natação e suas provas: Glossário em Libras, este projeto é de responsabilidade

dos pesquisadores Erick Rommel e Ruth Mariani da Universidade Federal

Fluminense.

Esse projeto tem como objetivo principal criar uma ferramenta multimídia

na forma de um glossário online científico gratuito e aberto, contendo termos

essenciais para o ensino do desporto Natação. Os alunos participantes

trabalharão, com os recursos didáticos produzidos pelos pesquisadores, e por fim,

responderão a questionários na forma de entrevistas que abordarão questões de

cunho escolar.

As entrevistas serão gravadas e futuramente transcritas para obtenção de

informações para a pesquisa. Mediante a autorização do próprio aluno ou o seu

responsável, com a devida autorização do uso de imagem.

Este estudo não oferece qualquer risco para a saúde dos alunos ou dos

demais participantes, visto que serão explorados apenas temas de cunho escola

e os recursos didáticos a serem oferecidos são criados com materiais atóxicos,

não alérgicos, que não são perfuro-cortantes. Não haverá nenhum custo para

participar desta pesquisa.

Page 80: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

68

O aluno ou seu responsável legal terá liberdade de retirar o consentimento

e deixar de participar do estudo a qualquer momento. A participação será livre,

sendo liberado do projeto aquele que desejar não participar. Informações sobre o

estudo poderão ser obtidas quando desejar durante e após a execução do projeto

através do e-mail [email protected]

Eu, ____________________________________________________, declaro ter

sido informado e concordo em participar no estudo Glossário de Natação e seus

Estilos em Libras.

Eu, responsável legal por ___________________________________, declaro ter

sido informado e concordo com a sua participação, como voluntario, no projeto de

pesquisa acima descrito.

Niterói, ___ de ____________ de _______.

_______________________________

Nome legível e assinatura

Page 81: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

69

7.1.3. Autorização para fotografar e filmagem

Universidade Federal Fluminense

Instituto de Biologia

Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão

(CMPDI)

AUTORIZAÇÃO PARA FOTOGRAFAR E FILMAGEM

Venho por meio deste documento autorizar o Mestrando Erick Rommel Hipólito de

Souza ou o designado pela Prof.ª Ruth Maria Mariani de Braz da Universidade Federal

Fluminense, a produzir reproduzir ou multiplicar fotografias, vídeos, filmes ou

transparências podendo ser coloridas ou em preto e branco, em

que________________________________________ participa e aparece, sendo estas

feitas somente durante as atividades do projeto em sala de aula ou na Instituição em que

ele estiver sob o meu total conhecimento e consentimento. Estas fotografias, vídeos,

filmes ou transparências só poderão ser utilizados para fins de pesquisa, informação ou

divulgação, para educação em saúde ou para docência, publicados em periódicos ou em

outros meios de divulgação cientifica. A reprodução e multiplicação dessas imagens

podem ser acompanhadas ou não de texto explicativo sem qualquer conceito negativo

que possa denegrir a imagem do entrevistado, e abro mão de qualquer direto de pré-

inspecão e pré-aprovacão do material, assim como de qualquer compensação financeira

pelo seu uso, sendo este publicado sempre preservando o nome do entrevistado, assim

garantindo-lhe sua privacidade.

Tenho consciência de que este trabalho faz parte da dissertação do Mestrado

Erick Rommel Hipólito de Souza no programa de Pós-graduação: Mestrado em

Diversidade e Inclusão da UFF realizado na Universidade Federal Fluminense, visando

estritamente a ampliação das possibilidades educacionais das escolas, de forma que

estas se adaptem e possam receber os estudantes com necessidades educacionais

especiais com as melhores condições possíveis.

Se materiais didáticos podem ajudar na inclusão de pessoas com deficiência em

espaço regulares de ensino formal, como as escolas, ou não-formal, como museus e

espaço abertos; além de proporcionar um melhor entendimento do conteúdo de tema

importantes da área de Ensino, torna-se então necessário nos engajar e facilitar o

processo de ensino e aprendizagem.

É para isso que o senhor(a) está sendo convidado(a). Não haverá qualquer

despesa para que o entrevistado participe desta pesquisa, bem como não haverá

Page 82: ERICK ROMMEL HIPÓLITO DE SOUZAcmpdi.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/186/2018/08/Dissertação...mútua. Essa turma é incrível, sempre apoiando um a outro, independentemente

70

qualquer tipo de recompensa para o participante, a não ser aquela de ter, contribuído

para a tentativa de melhoria do ensino para os alunos surdos e não surdos usuários da

Libras.

Toda a informação obtida com este estudo ficará armazenada na Universidade

Federal Fluminense, juntamente com outros documentos relativos ao projeto e não serão

em hipótese alguma fornecidos a terceiros sem sua expressa autorização e

conhecimento. Os resultados serão divulgados em apresentações ou publicações com

fins científicos ou educativos. O comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal

Fluminense poderá ter acesso aos dados coletados. O nome do responsável não será

divulgado. Se necessário serão exibidos apenas a idade e a escolaridade do

entrevistado.

Se houver duvidas, o Mestrando Erick Rommel Hipólito de Souza está disposição

para esclarecimento nos telefones: (21) 992469080 e no e-mail: [email protected].

A orientação da dissertação é feita pela Doutora Ruth Maria Mariani de Braz, professora

da Universidade Federal Fluminense. Essa pesquisa não oferece qualquer dano ou risco

ao entrevistado, visto que os materiais utilizados são inócuos e eles serão oferecidos aos

entrevistados e não impostos a ela. Assim o entrevistado só irá participar, caso

demonstre interesse e desejo em fazê-lo. Os entrevistados podem desistir de participar

de pesquisa a qualquer momento, sem quaisquer penalizações ou prejuízos, só bastando

nos comunicar o fato.

Assim, deixo expresso, ainda, que esta autorização:

( ) permite que apareça o rosto do entrevistado no material gráfico sem as tarjas ou

técnicas usualmente empregadas para dificultar a identificação.

( ) permite que apareça o rosto do entrevistado no material gráfico somente se

houver o uso de tarjas ou técnicas usualmente empregadas para dificultar a identificação.

( ) não permite que apareça o rosto do entrevistado no material gráfico final, sendo

este totalmente encoberto com a cor preta.

Declaro estar plenamente ciente do inteiro teor desta autorização.

Data:_______________,

Nome do entrevistado: _________________________________________

N° de identidade do entrevistado: _________________________________