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EQUIPES NOVAS CARTA No ll EQUIPES DE NOSSA SENHORA SÃO PAULO- 1978

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EQUIPES NOVAS

CARTA No ll

EQUIPES DE NOSSA SENHORA

SÃO PAULO- 1978

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"Grande é na verdade a messe, mas os operários são poucos . Rogai, pois ao dono da messe que :mande operários para a sua messe".

Luc. 10,2

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EDITORIAL

CINCO MINUTOS POR DIA

Conheci-a solteira. Gostava muito, então, de ler e meditar todos os dias.

Já casada, vinha confessar-se mas abandonara a leitura espiritual e a meditação.

Eu voltava à carga regularmente, levando-a a verificar que a sua vida espiritual estiolava porque já não a alimentava. Contudo, sempre replicava: "Vê-se bem que o Sr. não é casado! ~ claro que as mamadeiras, os caldos, as fraldas, as coqueluches, não significam nada para si!"

Um dia disse-me ela em vez da resposta habitual: "Está bem, seja. Que quer que eu faça?"

Respondi-lhe : "Quando sair da Igreja, vá a uma pape­laria e compre um lápis vermelho. - ? I - Quando chegar em casa, arranje um lugar onde tenha sempre a certeza de poder encontrar o lápis vermelho e os Evangelhos. Depois leia todos os dias o Evangelho durante cinco minutos. Nem um minuto mais, nem um minuto menos. Faça essa leitura segundo certo objetivo, que pode ser a caridade fraterna, a penitência, as relações de Cristo com seu Pai, ou qualquer outro assunto, e sublinhe a vermelho todos os textos que se refiram ao tema escolhido".

Convencida que uma mãe pode encontrar um guia de edu­cação nos fatos e palavras do Evangelho, começou a procurar todos os textos que se referissem à educação.

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Passaram os meses. Cinco minutos por dia , ia lendo cons­cienciommente o Evangelho, de lápis em punho. As vezes confes~ava-me que tinha ultrapassado os cinco minutos regu­lamentares. "Mas então, minha Senhora, já não pensa nas mamadeiras, nos caldos, nas coqueluches? Já não significam nade. ):are si?"

Terminada a leitura, passou para fichas as pa:sagens subli­nhadas, sempre durante cinco minutos por dia. Depois classifi­cou as fichas e trouxe-me triunfante o seu pequeno trabalho de educação segundo o Evangelho.

Este trabalho tinha-a apaixonado de tal forma que con­seguiu transmitir a sua paixão ao filho mais velho (8 anosl, que em breve já era mestre em ciências evangélicas! Eu pró­prio o verifiquei, com certo embaraço. Certo dia, durante uma visita, o garoto perguntou-me:

"Senho Padre, ~;:osm fazer-lhe uma pergunta sobre o Evan­gelho?" - Com certo contentamento preparei-me para lhe transmitir a minha ciência... "Quantas espécies de animais há no Evangelho?"- "Uhm ... olha, Jorginho, aí uma dúzia ... " -"Uma dúzia!" "Há trinta!"

E o Jorge enumerou em boa ordem a caravana dos ani­mais evangélicos: o camelo, o porco , o burro, o mosquito ... A mãe gozava uma deliciosa vingança... E eu... uma amarga confusão.

Gostaria que cada um de vocês conseguisse consagrar cinco minutos por dia à leitura do Evangelho. Com franqueza, acham que i..«so é im~;:ossível, mesmo numa vida muito sobrecarregada? Eu não acho, e quanto aos resultados, garant-o-lhes que o Evan­gelho se tornará o seu grande amigo.

HENRI CAFFAREL

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A VOCAÇÃO DO APOSTOLADO

Paulo VI fala aos 3.000 parlicip~nles do III Congresso Mundial para o apostolado dos leigos:

A vocação cristã é também de apostolado

Como vedes, a Igreja reconhece (pois) o leigo, não ape­nas como fiel, mas como apóstolo. E abrindo perante ele um campo quase ilimitado, dirige-lhe confiadamente o convite da parábola evangélica: "Ide, vós também, trabalhar na minha vinha" (Mt 20, 4). Este trabalho será múltiplo e variado. O Decreto Conciliar sobre o Apostolado dos Leigos depois de ter, por sua vez, estabelecido com firmeza o principio de que "a vocação cristã é também, por sua própria natureza, voca­ção ao apo&tolado", consagra dois capítulos inteiros a detalhar os "vários campos" e os "vários modos" deste apostolado.

Com certeza que estes textos vos são familiares. Basta tê-los mencionado para reforçar nas vossas almas, queridos filhos e filhas, a certeza inabalável da realidade do apelo que a Igreja vos dirige nestes meados do século XX e da con­fiança que em vós deposita; da amplitude das responsabili­dades que vos convida a assumir para que o Reino de Cristo progrida entre os vossos irmãos, para que sejais plenamente, como vos convida o tema do vosso Congresso, "o povo de Deus no itinerário dos homens".

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A variedade dos ministérios

Aqui surge uma objeção. Efetivamente, poder-se-ia dizer: se as tarefas apostólicas confiadas ao Iaicato são tão vastas, não seria preciso admitir, de futuro, na Igreja, duas hierar­quias paralelas, como se dois organismos existindo um ao lado do outro assegurassem melhor a obra in1ensa da santificação e da salvação do mundo?

Isso seria esquecer a estrutura da Igreja tal como Cristo a quis, com a variedade dos seus ministérios. :1!: certo que o Povo de Deus cheio de graças e de dons e marchando no caminho da salvação, representa um espetáculo magnífico. Significará isso que o Povo de Deus é, por si mesmo, o seu próprio intérprete da Palavra de Deus e o ministro da Graça divina? Que pode elaborar um ensino e diretivas em matéria religiosa, abstraindo da fé que a Igreja professa com autoridade? Ou que pode afastar-se à vontade da tradição ou emancipar-se da autoridade do Magistério?

Uma única hierarquia

Estas supooições são tão absurdas que isso basta para de­monstrar como é falso o fundamento da objeção. De resto, o decreto sobre o Apostolado dos Leigos teve a preocupação de recordar que "aos Apóstolos e seus sucessores, confiou Cristo a missão de ensinar, santificar e governar em Seu nome e com o Seu poder". (N9 2) .

Certamente ninguém pode perder de vista que o instru­mento normal da execução do plano divino é a Hierarquia, ou que na Igreja a eficácia está na proporção da ligação de cada um àqueles que Cristo "estabeleceu como vigilantes para apas­centar o rebanho do Senhor" (Cf. Act. 20, 28). Todo aquele que pretendesse agir sem a Hierarquia ou contra ela no cam­po do Pai de famílla, poderia comparar-se ao ramo que de­finha porque já não está em comunicação com a cepa donde lhe provém a seiva. A história o demonstra: quem assim se

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conduz é como uma gota de água que se separa da torrente e acaba por se perder mLseravelmente na areia ...

Re-sacralizar o mundo

O Concflio dLsse-o e repetiu-o: "os leigos consagram o mundo para Deus", trabalham para a "santificação do mundo", para a "animação cristã do mundo", "o saneamento das insti­tuições e condições de vida no mundo", são estas as próprias expressões dos documentos conciliares. E que é isto senão "re­sacrallzar" o mundo fazendo que nele penetra ou volte este sopro poderoso da fé em Deus e em Cristo único que pode conduzir à verdadeira felicidade e à salvação?

Espiritualidade e Apostolado

Terminamos, queridos filhos e filhas, com algumas pala­vras sobre a espiritualidade que deve caracterizar a vossa atividade. Não sois eremitas retirados do mundo para melhor vos consagrardes a Deus. ~ no mundo, na própria ação, que vos deveis santificar. A espiritualidade que vos deverá ins­pirar terá portanto características especiais e o Concfl!o não deixou de as ilustrar num longo parágrafo do Decreto sobre o Apostolado dos Leigos (NQ 4). Bastará dizê-lo numa palavra: só a vossa união pessoal e profunda com Cristo garantirá a fecundidade do vosso apostolado, seja ele qual for. Podeis encontrar Cristo na Escritura, na participação ativa tanto na liturgia da Palavra como na liturgia Eucaristica. Podeis encontrá-Lo na oração pessoal e silenciosa, único meio de garantir um contato da alma com o Deus vivo, fonte de toda a graça.

O compromisso do apostolado no meio do mundo não des­trói estes pressuj:ostos fundamentais de toda a espiritualidade, mas supõe-os; mais ainda, exige-os.

(Exiralo do Discurso do Santo Padre no Congresso para o Apostolado dos Leigos, em 1967).

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VIDA DE EQUIPE

CORREÇÃO FRATERNA

!: certamente ainda cedo para lhes falar da "correção fraterna", lermo este, aliás, um tanto severo! Mas a série de Cartas para as Equipes Novas está prestes a terminar: este número é o penúltimo. Provavelmente, vocês não se conhecem ainda suficientemente uns aos outros para poderem prestar-se mutuamente este enorme serviço que consiste em se alertarem sobre determinada deficiência ou fraqueza . Leiam entretanto estas páginas e fiquem alentos e lembrem-se delas quando for oportuno.

Qual o grupo que não tenha passado por esta experiência · um de s-eus membros não está presente e os outros apr<>vei­tam para o criticar. comentar os seus defeitos. Quando ele chega, todos se calam.

Esta falta de lealdade repugna logo às pessoas retas. Deci­dem reagir: dai por diante dirão tudo face a face.

Quantas vezes assisti a compromissos destes: numa estadia, em férias, com estudantes; numa reunião de casais ... O resultado nunca foi satisfatório: a franqueza excessiva provoca dramas.

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Será então preciso renunciar à franqueza? Seria resignar­mo-nos a uma caridade fraterna bem medíocre. Porquanto a caridade, que nos manda ajudar os no.~ms irmãos nas ~l'as n eces:idad-es materiais, é ainda mais exigente quando se trata de sua~ necessidades espirituais.

1!: bem este o pensamento de muitos doe vocês. Haja viSta o testemunho deste casal:

"1!: ótimo que tomemos conta dos filhos uns dos ou'.;ros; qu.~ ofereçamos a nossa oração e simpatia a este amigo aflito; que se chegue mesmo à ajuda financeira. Mas o amor fra­terno fica medíocre quando não é capaz de se elevar :1.té a correção fraterna. Assim. por exemplo, um casal da equipe está s~riamente equivocado sobre o comportamento de mna das filhas. A criança sofre, fecha-se; os pais endurecem s sua atitude ... Todos o J:ercebem. menos os interessados. Será admi~­sível que ninguém na equipe tente uma so'ução? Um marido tem para com sua esposa atitudes um tanto agre•sivas e de desconsideração. 1!:, sem dúvida um hábito im·eterado, pois çavece nem dar por isso. Não haverá nenhum companheiro da equipe que lhe mostre fraternalmente o erro, numa conversa a dois? Outro cMal é apaixonado por polf+ica e as suas opi­niées são intransigentes e injustas. Ninguém será capaz de mostrar os seus excessos?

1!: certamente preciso muita coragem para falar, muita humildade para aceitar. Mas, então, que triunfo da caridade!"

Sim, a correção fraterna é uma forma autêntica da cari­dade. A prática da caridade é com efeito, coisa muito diversa do que agradável divertimento. E a caridade não se acomoda à covardia do coração. Atenção, porém! 1!: preciso não ter pressa demais Salvo rarís<imas exceções, só se atingem as formas mais altas da car;dade, depois de a ter praticado durante muito tempo nas suas expressões mais elementares.

Sei de equipes que já tentaram a correção fraterna. Em uma delas, que conheço muito bem, foi a princípio um fra­casw. Mas não se deu por vencida: abandoná-la lhe pare-

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ela uma falência da caridade fraterna. Foi então adotada uma nova fórmula, segundo a qual, não se tratava mais de tomar a iniciativa da correção fraterna, mas sim de solicitá-la.

Exemplifiquemos: um casal solicita-a de outro, de sua esco­lha; outro equipista pede a um dos companheiros da equipe com quem tem maior afinidade, para falar-lhe com toda a sinceri­dade; aquela mãe de famflla dirige-se a outra.

Os interessados tiram grande proveito com esta maneira de proceder. Mas acentuam a necessidade, para aquele que é inter­rogado, de responder com grande humildade, de se abster de julgamentos definitivos, de sentenças infalíveis.

Verüicaram ainda que a obrigação de dizer as coisas com tacto e delicadeza - não para atenuar. mas para serem mais verdadeiros - os leva a reconhecer muitas vezes até que ponto os seus julgamentos tinham sido, até então, apressados e ca­tegóricos. A delicadeza das palavras é impossfvel para quem não tem a delicadeza de coração. Acentuam, por outro lado, que o amigo procurado pode sempre escusar-se, mas nunca deve, por fraqueza ou covardia, tranqüilizar o seu interlocutor, quando não for o caso.

ALGUNS TESTEMUNHOS

Prudência e preparação:

"Deve-se observar a maior prudência, preparando a cor­reção cuidadosamente, medindo as palavras, procurando ver os outros com... benevolência. Alguns sentlr-se-ão satisfeitos por verem a verdade frente a frente, mas para outros isso irá, pelo contrário, provocar constrangimento.

Temos, pois, de começar por conhecer bem aquele a quem vamos falar, procurar as razões que o levam a agir, pormo-nos no seu lugar, e por fim, pensarmos bem o que diremos para não falarmos demais.

Aconteceu conosco que um casal nos fez correção fraterna de improviso e sofremos muito com isso. Acabou por dar bom

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resultado, porque depois de uma crise que durou dois meses, o Senhor fortificou a nossa amizade com esse casal".

Humildade e desejo de aperfeiçoamento:

"Só se deve pedir a correção fraterna quando há verda­deiro desejo de aperfeiçoamento e não pelo go.sto de falar de si, ou por curio.sidade. Aliás, poderia haver surpresa porque nem sempre é agradável vermo-nos pelos olhos dos outros!"

Verdadeira caridade:

"1!: preciso nunca esquecer que trabalhamos para o progresso espiritual e que temos de ter muito amor uns pelos outros.

Temos pois que nos colocar sob o olhar do Senhor. A maior parte das vezes começamos e acabamos com uma oração".

Verdade:

"Não se trata de dizer tudo o que pensamos, mas de sermos verdadeiros em tudo o que dizemos. Não se trata de falar dos defeitos naturais que são muito difíceis de remediar. Será por dizermos a um tímido que toda a gente nota as suas hesita­ções e indecisões que ele se tornará mais resoluto? Mas, embora delicadamente, é preciso dizermos o que pensamos na realidade. Temos de ir ao objetivo, sem evasivas, mas com toda a delica­deza necessária".

ALGUNS BENEFíCIOS

"Foi fator de equilíbrio para nós. graças a certas críticas e conselhos, referentes ao plano material da nossa vida".

"Foi muito útil para a vida da equipe, porque a amizade solidificada pelo "desabafar", facilita a oração e a partilha na equipe".

"Sentimo-nos finalmente bem mais responsáveis pelos ou­tros, quando tomamos consciência de que podemos ajudá-lo.s".

"Duas consequências nítidas: o aumento da caridade e a possibilidade de aperfeiçoamento, porque nos conhecemos me­lhor a nós mesmos".

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E, para terminar, alguns textos bíblicos:

"Repreende o sábio e ele te amará". (Prov. 9, 8) "Corrige o teu amigo, porque talvez não procedeu com (má) intenção ( ... ) ou, se o fez, para que o não torne a fazer.

Repreende o teu próximo, que talvez não tenha dito tal coisa; e se o disse, para que o não torne a dizer.

Repreende o teu amigo, porque muitas vezes se diz o que não é assim ...

Repreende o teu próximo antes de o ameaçar".

"Isto diz o Senhor:

Não fortalecestes as ovelhas débeis, e não curastes as enfermas,

(Eccl.19, 13-14, 17)

não ligastes os membros às que tinham algum quebrado.

Não fizestes voltar as desgarradas, nem buscastes as que se tinham perdido".

(Ez. 34, 4-6)

~se o teu irmão cometer alguma falta contra ti, vai e repreen­de-o a sós, entre ti e ele. Se te ouvir, terás ganho o teu irmão''.

"Se teu irmão pecar, repreende-o; e, se ele se arre.,enae1·, peraoa-lhe.

(Mt. 18, 15)

Se pecar contra ti sete vezes ao dia e sete vezes vier ter contigo, dizendo: "Anependo-rr.e", hás-de perdoar-lhe ".

(Lucas 17, 3-4)

"Irmãos, ainda que um homem seja surpreendido em alguma falta, vós, os espirituais, tratai de o corrigir em espírito de mansidão; e tu examina-te a ti mesmo, não venhas a ser

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também tentado. Levai os fardos uns dos outros e cumpri desse modo a lei de Cristo".

<Gál. 6, 1-2)

"Conservai a paz entre vós. Nós vo-lo recomendamos, irmãos, repreende! os indisciplinados, animai os pusilâmines, amparai os fracos, tende paciência com todos. Cada um procure sempre o bem dos outros e o de todos".

(I Tess. 5, 14)

Ouçamos agora Sto. Agostinho: "Acaso não devemos perdoar e corrigir um irmão para

impedir que caminhe tranquilamente para a morte? Pode acon­tecer, como acontece frequentemente, que se entristeça com a repreensão, que resista e proteste, mas depois, refletindo sozinho no silêncio, quando só Deus e ele estão presentes, evite fazer o que lhe foi repreendido justamente e, odiando a sua falta, ame o irmão que é apenas inimigo dessa falta" .

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ESPIRITUALIDADE

VIDA E ORAÇÃO

Vamos ouvir, com os jovens reunidos em Taizé em Setembro de 1967, este padre ortodoxo, Mons. ANTOINE, expor-nos como a vida e a oração se entrecruzam:

"Uma vida sem oração é vida que ignora a dimensão essen­cial da existência, é vida que se satisfaz com o visível, com o nosso próximo, mas com o nosso próximo de quem não des­cobrimos a imensidade nem a eternidade de seu destino. O valor da oração consiste em descobrir, afirmar e viver o fato de tudo ter uma dimensão de eternidade, se assim se pode dize1•.

Contudo, muitas vezes parece-nos difícil coordenar a vida e a oração. É um erro, um erro total que provém de termos uma idéia errada da vida e da oração. Pensamos que a vida consiste em nos agitarmos e que a oração consiste em nos retirarmos para qualquer lugar e esquecermos completamente o nosso próximo e a nossa civilização humana. É falso, é calúnia para a vida, calúnia para a própria oração.

Se quisermos aprender a orar devemos começar por nos tor­narmos solidários com a realidade total do homem, com o seu destino e o do mundo inteiro, assumindo-os inteiramente. Está

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aqui a essência do ato que Deus realizou na Encarnação, é o aspecto global daquilo a que chamamos intercessão. Normal­mente quando pensamos na intercessão achamos que consiste em recordar, delicadamente a Deus aquilo que Ele se esqueceu de fazer. Na realidade a intercessão consiste em dar o passo que nos leva ao âmago duma situação trágica, passo que tenha a mesma qualidade dos passos do Cristo que se fez homem duma vez para sempre.

Nós devemos dar o passo que nos leva ao âmago duma situação da qual nunca mais desejaremo.s sair. Será a solidarie­dade cristã, crística, que é orientada .&imultaneamente para dois pólos opostos. O Cristo encarnado, verdadeiro homem e verda­deiro Deus, está totalmente solidário com Deus quando se 'VOlta para o homem, totalmente solidário com o homem, no seu pecado, quando se volta para Deus. ll: esta dupla solidariedade que, de certo modo, nos torna estrangeiros aos dois campos e ao mesmo tempo unidos nos dois campos. ll: a nossa situação cristã básica.

Agora dir-me-ão: que havemos de fazer? Pois bem, a oração surge de duas fontes:

- Ou é o extasiamento que sentimos para. com Deus e as coisas de Deus <o nooso próximo ou o mundo que nos rodeia, apesar das suas sombras),

- ou é o sentido da tragédia, nossa e dos outros principal­mente ...

Berdiaeff dizia: "Se sinto fome, é uma realidade física; se o meu vizinho tem fome, é uma realidade moral". Ora bem, é esta a tragédia que nos surge a todos os momentos. O meu vizinho tem sempre fome. Nem sempre de pão, mas também fome dum gesto de humanidade, dum olhar caridoso. Pois bem, é aí que começa a oração, nessa sensibilização à maravllha e à tragédia. Quando ela permanece tudo é fácil porque quando nos maravilhamos, rezamos com fac!l1dade, tal como nos acontece quando o sentido da tragédia nos possui.

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Mas fora disso? Fora disso, vida e oração devem ser UMA só. Levantem-se de manhã, coloquem-se perante Deus e digam: "Senhor abençoa-me e a este dia que começa". E depois con­siderem todos este dia como dádiva de Deus e considerem-se, vocês próprios, como enviados de Deus nesse desconhecido que é o novo dia. Isto quer dizer apenas uma coisa muito difícil: que NADA do que vai acontecer nesse dia é estranho à vontade de Deus; tudo sem exceção é uma situação na qual Deus os terá colocado para que sejam a sua presença, a sua caridade, a sua compaixão, a sua inteligência criadora, a sua coragem ... e, por outro lado, .sempre que encontrarem uma situação de vida, vocês serão aqueles que Deus ali colocou para fazerem o papel do Cristo, para serem a parcela do Corpo de Cristo, a ação de Deus.

Se assim fizerem, verão facilmente que, em todos os mo­mentos, terão de se voltar para Deus e dizer : "Senhor, ilumi­na a minha inteligência, reforça e dirige a minha vontade, dá-me um coração de fogo, ajuda-me". Noutros momentos poderão dizer : "Senhor, obrigado!"

Se forem sensatos e se souberem agradecer, evitarão aque­la tolice que se chama vaidade ou o orgulho que consiste em pensar que se fez uma coisa que não poderia ser feita doutra maneira. Não; foi Deus quem a fez, foi Deus que nos deu esse maravilhoso presente, o presente de nos entregar isso para fazermos. Quando, à noite, se apresentarem novamente a Deus e fizerem o rápido exame do dia, poderão cantar os seus lou­vores, glorificá-lo, agradecer-lhe, chorar pelos outros e por vocês mesmos.

Se começarem desta maneira a unir A VIDA à vossa ORAÇAO, elas nunca mais se separarão. A vida será o com­bustível que, momento a momento, alimentará o fogo que se tornará cada vez mals rico, cada vez mais ardente, e que os transformará a vocês próprios ness-a sarça ardente de que fala a Sagrada Escritura.

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OS MEIOS DE APERFEIÇOAMENTO

DEZ MINUTOS DE MEDITAÇÃO POR DIA ...

Para lhes provocar a convicção de que é necessário reser­var parte do dia para a meditação (uma esJ:écie de "dízimo", como para os Judeus; no caso deles tratava-se dos seus reba­nhos e colheitas, para vocês é o vosso tempo), eis algumas respostas a vários problemas:

Por que se pede a todos os membros das Equipes para fazerem meditação?

"A oração mental, escreve Santa Tereza de Avila, é na minha opinião uma relação íntima de amizade, em que nos relacionamos pessoa a pessoa com esse Deus de quem nos sabemos amados". E insiste na importância desta oração. "As almas que não oram, dizia-me há pouco tempo um grande teólogo, são como um corpo paralisado ou impotente, que tem pés e mãos mas que não pode servir-se deles ... "

Na verdade, a meditação exercita e desenvolve a nossa fé, caridade, e esperança, esses "órgãos" da vida divina em nós; entrega-nos à ação de Deus. ~ um fator essencial de progresso espiritual.

Portanto, pede-s·e a todos os membros do Movimento que consagrem diariamente à oração mental um mínimo de dez minutos. A 144"' parte do dia dada gratuitamente a Deus! Como preencher esse tempo? Auxiliados pela Escritura através da qual Deus nos fala, pensando Nele e esforçando-nos por reagir através da adoração, o arrependimento, o louvor, a ação de graças, a intercessão, àquilo que nos revela de si pró-

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prio, da Sua vontade sobre nós e a humanidade; fazendo atos de fé, de caridade e de esperança; e por vezes a oração será o silêncio habitado por uma Presença".

S. Nicolas de Flue dizia: "Deus faz com que a oração saiba tão bem que se vai para ela como para a dança; e também que tenha tal gosto que se vá para ela como para o combate". Haverá dias em que a oração será difícil, em que teremos vontade de a abandonar, em que a arrastaremos, mas nem todos os dias são de festas . . . O que importa é não ceder a essa lassidão, voltar a partir se houve abandono. Nunca se pode perder de vista o fim: ceder pouco a pouco em nós, todo o lugar a Cristo. Então, toda a nossa vida será oração.

Não será preciso ser mí-tico para fazer meditação?

Não será reservado aos religiosos?

Não haverá em muitos de nós certa compreensão deficiente desse contacto misterioso com o Senhor que é a meditação? Não estaremos convictos que é com as nossas qualidades de coração ou espírito que encontraremos Deus, quando em pri­meiro lugar é preciso estar convencido que o Senhor se deixa encontrar por quem O procura, com uma primeira e única condição que é a de não se procurar a si mesmo? Não pen­semos, por fim, que o nosso esforço persistente nos cria o direito de encontrar Deus? Surgem então os primeiros de­sencorajamentos.

Imaginam-se graças excepcionais, alterações sensíveis, Deus sabe que iluminações e, na prática, não surge nada disso. Ou nos convencemos de que são precisas receitas complicadas para meditar. . . Por exemplo, numa reunião de equipe, depois de férias, um casal dizia que não tinha podido cumprir a obri­gação da oração e por isso a pusera de lado. Contudo, dizia outro não é precisamente em férias, ante as maravilhas da natur'eza, quando o espírito está liberto das preocupações habi­tuais e dum ritmo de vida fatigante, que estamos nas melho­res condições para encontrar Deus? Todos exclamaram então: "Mas não se pode cair na facilidade! Não é nada disso que as

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Equipes nos pedem!" Estranha. concepção esta de querer que o encontro com o Senhor seja árido e dlffcil! Como parecemos complicados, longe da simplicidade das crianças de que o Evan­gelho nos diz que só elas têm acesso ao coração do Pai!

Finalmente, muitos partem já vencidos. A palavra medita­ção assusta-os. Chegam a ela com o espfrito cheio de preo­cupações profissionais ou domésticas, carregados de fadiga ou com a cabeça vazia e sem servir para nada. Seriam menos agradáveis a Deus neste estado do que ricos, repousados e sentindo-se bem? O Senhor acolheria hoje menos afetuosamen­te os doentes, os aflitos ou os pobres, do que nos tempos aben­çoados do Evangelho? Ou pelo contrário, reserva-lhes ainda a parte privilegiada?

PRIMEmO TESTEMUNHO

Faço a meditação quando chego em casa, antes do almoço. Ao voltar do escritório recito o Angelus e tento preparar-me para a meditação com o esforço de desprendimento e disponi­bilidade. Ao chegar, vou para o quarto, leio algumas frases do Evangelho, peço a Cristo que me una a Ele na homenagem que oferece a Seu Pai durante uma Missa que se esteja a celebrar em qualquer parte do mundo e depois tento conversar com Jesus.

Uno-me a todos os outros equipistas.

Pergunto a Deus o que quer de mim, qual é a Sua vontade sobre os acontecimentos mais importantes do momento. Penso que Deus me ama, que Deus se interessa por mim, por mais extraordinário que isso pareça.

Penso na ternura que sinto para com os meus filhos e digo a mim próprio que a do Senhor para comigo é infinitamente maior.

Deixo de falar, pedindo-lhe que me faça compreender como devo estar mais unido à Sua vontade.

o esquema que se segue é bastante representativo da forma da minha meditação:

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"Não sou nada. Vós sois tudo. Bom dia, aqui estou eu. Sou eu que ouso falar-Vos. Obrigado p<>r me acolherdes. Ofe­reço-me a Vós. Amo-Vos com todas as minhas forças. O que Vos ofereço não é nada mas é tudo o que sou e tenho".

As minhas dificuldades?

- A preguiça: "Hoje não tenho tempo. Tenho muito trabalho, muitas preocupações, estou enervado, estou irritado com Pedro ou Paulo. Amanhã faço, hoje não. Também não se pode ser muito rigoroso, posso muito bem ter uma pequena falha".

Poderá acontecer, muito excepcionalmente, que se po.ssa dizer com inteira verdade que não se tem tempo; então nesse dia pode-se reduzir o tempo de oração a quase nada (mesmo 30 segundos) mas tem de se fazer no momento escolhido. Será verdadeiro ato de humildade e de amor.

- A distração: "Muitas olhadelas ao relógio, fuga dos pensamentos para 36 assuntos diferentes. Pedir perdão todas as vezes, humilhar-se, pedir ao Senhor que nos ajude. Procuro compenetrar-me da idéia de que fazer a meditação é a sua vontade; logo, posso consegui-lo. Devo ter confiança n'Ele e em mim, neste aspecto. Deus o quer, logo hei-de ser capaz, porque Ele tornará possível . . .

- Períodos sem gosto; mas continuo. Não quero que nada falhe na equipe, no Movimento, no mundo por não fazer a minha parte do trabalho.

2~ TESTEMUNHO

Outra coisa que compreendi através da minha exoeriência própria: a meditação simplifica a vida ; cria a unidade. Come­cei a compreel"dê-Ja durante um retiro, ao eJ:cutar estas palavras de Jesus: "Para orares, entra no teu quarto fecha a porta" (Mt. 6, 5-8) . . . Entrar no quarto é atine;! r o mais pro­fundo de nós mesmos. l!: lá que Deus habita; é lá que nós so-

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mos verdadeiramente nós mesmos e que atingimos a nossa ver­dade perante Ele; é a partir daí que a vida se unifica sob o seu olhar e para Ele. Todas as nossas atividades tomam o seu verdadeiro sentido e concorrem para o mesmo fim : realizar a vontade do Pai.

Convencida deste Importante papel da meditação, orientei para ela todas as obrigações dos Estatutos. No dever de Sen­tar-se procuramos em conjunto como nos havemos de orga­nizar para dar na nossa vida o devido lugar à meditação. A minha regra de vida contém um ponto que diz respeito à me­ditação. Por exemplo, quando tinha quatro filhos muito pe­quenos e estava cansada e nervosa, Impus-me uma sessão diârla de relaxamento no fim da qual fazia a meditação estendida sobre o tapete. O mesmo se passa com as outras obrigações.

A meditação fez-me descobrir progressivamente a necessi­dade do desprendimento sob formas de exigências muito con­cretas.

Atualmente, para mim, apresentam-se da seguinte forma : hierarquizar as minhas tarefas, abrir-me aos outros, permane­cer vigilante e disponível ao Espírito Santo.

Um dia em que tinha faltado à meditação por me deixar absorver demasiadamente por um trabalho material que não era indispensâvel, compreendi que precisava, não se arrumar a meditação dentro duma série de ocupações, jâ pré-estabelecidas, mas sim começar por ela ·e organizar a seguir as minhas ativi­dades, suprimindo-as conforme as necessidades. "Não podeis servir a dois Senhores" (Mt. 6, 24).

Por ocasião dum retiro prolongado onde, graças ao silên­cio, a meditação tinha lugar preponderante, compreendi tam­bém que a minha maneira de viver, de organizar o meu tempo, tudo contava para a meditação. Não se improvisa um encon­tro silencioso com Deus ... "Não queirais ser como o cavalo e a mula sem entendimento, cujo ímpeto se domina com o cabresto e o freio; doutro modo não se aproximam de ti".

(SI. 32, 9)

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ll: uma ascese diária (1) . Pode-se exercer a propósito de tudo. Tendo pouco tempo rara ler, eliminei os livros atraentes e fáceis em proveito de trabalhos que pos.sam alimentar melhor a minha oração. Antes de quaisquer tempos Ilvres, reservo o tempo de Deus.

Outra exigência primordial é a preocupação dos outros. Se não estivermos abertos para os outros é impossível encontrar Deus, o Outro por excelência. Constatávamos, com frequência, que quando n ão conseguimos estabelecer um verdadeiro diálogo conjugal, é-nos quase impossível fazer meditação.

Finalmente, a meditação desenra!za-nos de nós mesmos. Elimina a rotina. O Espírito Santo quer que tenhamos uma leveza simultaneamente ativa e passiva. Se a meditação é penosa, se estamos secos, é Ele que nos trabalha para nos purificar do nosso egoísmo e nos tornar dóceis à sua ação. Não nos devemos preocupar com o resultado sensível. Invísivel, mas constantemente, o Espírito Santo, transforma-nos : pede­-nos que tenhamos confiança n'Ele. Ouçamos a sua pro­messa: "Eu te instruirei e ensinar-te-e! o caminho que deves seguir: tendo fixos sobre ti os meus olhos, serei o seu conselho". (Sal. 32, 8) .

"Desde que me pus a fazer meditação, tenho tido grandes dificuldades e nenhum atrativo. Falei nisso à equipe e ao nosso Conselheiro Espiritual. Ele sossega-me dizendo-me que esta oração de fidelidade que faço talvez tenha ainda mais mérito que qualquer outra. Parece-me muitas vezes que sou uma acha diante de Deus e que sou incapaz de Lhe falar; as distrações assaltam-se . .. Mas apesar disso parece-me que a

(1) Repararam na palavrinha "ascese"? Está perfeilamente adequada. A ascese serve para nos libertar para o serviço do Senhor ou dos nossos irmãos, para nos fazer mais disponíveis.

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meditação está longe de ser inútil e mesmo que é muito útil à minha vida toda. lt, em primeiro lugar, um chamamento mais premente da presença de Deus durante o dia e depois tento, cada vez mais, ver as pessoas, as coisas, os aconteci­mentos com o olhar de Deus".

"Para mim foi sobretudo decisivo compreender a utilidade destes 10 minutos, a importância que o Senhor lhes atribula. Tentava encontrar motivos mas sem grande empenho. E depois, um dia em que hesitava, tentava rezar sem convicção, com­preendi que o Senhor tinha sede desses pobres minutos, como tinha sede no poço de Jacob. Ele, a fonte da água viva. Eu era indigno, tal como a Samaritana, de lhe dar de beber e, contudo, ele queria aqueles instantes para me purificar, ins­truir e conduzir".

Quando se loma um banho de Sol, não é preciso esforçar-se para que ele nos aqueça e nos peneire. Basla apenas que se esleja ali, oferecendo-se à sua irradiação.

Passa-se o mesmo na medilação; basla expor-se ao Sol. Mas é preciso acredilar no Sol e na sua ação. t a nossa fé que imporia. Só ela conhece a ação sanlificanle de Deus, só ela nos abre e nos enlrega a essa ação.

Porlanlo nunca comecem a medilação sem lom3r consciência de Deus presenle, sem se oferecerem ao Seu amor alivo e elicienle.

E perseverem, porque depende dessa perseverança que Deus, pouco a pouco, os lransforme e os divinize.

H. C.

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A NTYEL DO MOVIMENTO

Já há cerca de um ano que participam da vida de uma equipe, que se reúnem uns com os outros. Talvez conheçam out.rB.s equipes da sua cidade, talvez não, e sem dúvida. ainda não tiveram oportunidade de encontrar membros de equipes doutras cidades e doutros países.

No Movimento, a diferentes níveis, são organizados encon­tros entre membros das equipes, entre equipes, com dupla fina­lidade que pode ~er descrita resumidamente; a de promover o melhor conhecimento daquilo que motiva a nossa presença nas Equipes, ou seja, as grandes realidades da vida espiritual, da vida do casal, dos meios que nos propõe o Movimento para encontrar Deus e para nos deixar encontrar por Ele - o de permitir encontros fraternos entre casais de meios, países e idades diferentes que partilham o mesmo ideal e empenham-se na mesma procura. ~. por certo, muito enriquecedor encontra­rem-se assim, vindos de diversos horizontes para comunicarem o melhor de si mesmos.

Que ocasiões de encontros propõe o Movimento? - A nível do setor, uma reunião agrupa todos os anos os

membros das equipes, reunião que pode realizar-se de varia­dos modos.

- A nível de Região, também podem ser organizados encontros gerais.

- A nível dum conjunto de regiões (ou mesmo dum grupo de países conforme os c~os) , os "Encontros de Responsáveis" são organizados todos os anos. Esses encontros são diretamente

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orientados para a animação dos Responsáveis de equipes, dos casais Pilotos e dos Casais de Ligação.

Sessões, geralmente de quatro dias, são organizadas e abertas a todos os casais membros das Equipes. que desejem aprofundar os seus conhecimentos sobre o esp!rito e métodos do Movimento. Poderão. mais adiante, ler o testemunho dum Casal sobre a participação numa sessão.

- Finalmente chamamos a atenção de vocês para os grandes encontros internacionais, organizados a nível de todo o Mo­vimento, aproximadamente de 5 em 5 anos. Até aqui, têm sido "peregrinações", no sentido de serem profundamente preparadas pela oração e de nos termos encontrado em luga­res privilegiados como Roma e Lourdes.

Em Lourdes, em 1954, 450 casais de 4 países;

Em Roma, em 1959, 1.000 casais de 13 pa!ses ;

Em Lourdes, em 1965, mais de 3.000 casais de 15 pa!ses;

Em Roma, em 1970, cerca de 2.000 casais de 23 pa!ses.

Vive-se nestas peregrinações numa extraordinária frater­nidade, tanto a n!vel de pequena equipe de base que se encontra à noite para uma pequena reunião, como a uma missa conce­lebrada e cantada em várias l!nguas. Encontramo-nos verda­deiramente "no Senhor" e muitos peregrinos, mais do que sim­ples recordações, trouxeram um encontro mais verdadeiro com o Senhor, uma ou outra amizade que perdura, e frequentemente um amor conjugal renovado e mais forte .. .

Depois do testemunho sobre uma sessão . poderão ler pe­quenos testemunhos sobre as peregrinações das Equipes. Um testemunho é apenas um testemunho, o que quer dizer que é pessoal. mas é um convite. Deus trabalha em nós a s~u modo e o que faz a outros ou com outros, não é repetido em nós da m&ma maneira. Mas Ele só sabe fazer "maravilhas" (cf. o Magnificat), e fá-las-á em nós! Cabe-nos fornecer-lhe a ocasião, estando onde Ele nos espera.

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TESTEMUNHOS DAS SESSõES

Eis o que escrevia sobre uma sessão, um casal de operários mililaules sindicalistas:

"Conservamos uma profunda recordação dessas Jornadas. Para mim foi sobretudo decisivo compreender a utilidade

das sessões de estudos. Foram dias de grandes graças e felici­dade para nós e ainda vivemos delas todos os dias.

Depois de quatorze anos de matrimônio, era a primeira salda dos dois por alguns dias; podem imaginar se não tinha um sabor especial: como salda era de grande qualidade! H., no seu entusiasmo (juvenil) queria voltar a viver dias como estes, de união com Deus, de amizade e enriquecimento, mas paciên­cia, temos matéria com que trabalhar e fazer a bagagem adqui­rida dar fruto; além disso, que nos irá reservar este sétlmo filho que esperamos?

Descobrimos o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, a sua profundidade e orientações. Alguns problemas que levan­távamos a nós próprios, especialmente a propósito do "testemu­nho" de vida de cada membro das Equipes, da revisão de vida, da entrada de casais operários para o Movimento, encontraram resposta durante a ses"São".

Mo eulaulo, aules do uos decidirmos surgem objeções: podendo as principais vir de nós mesmos. Assim, escrevia uma jovem seubora das Equipes:

"Acabo de ler na Carta Men.sal das Equipes que "as Sessões são para todos os casais das Equipes". Elas duram quatro dias. Ora nós temos três semanas de férias. Teremos então

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de sacrificar quatro desses preciosos dias? Sim, porque para nós, é realmente um sacrifício. Os termos "férias" e "sessão" não oferecem, a meu ver, as mesmas perspectivas. Por um lado, há o ar livre, o sol, certa preguiça. Por outro, uma sala fechada, conferências, esforços de reflexão, certo ar de retiro... Sem esquecer o problema dos filhos!

Além de que, este estudo mais profundo da esplritualidade conjul!'al, este melhor conhecimento do Movimento. me levarão a tomar maior comclência das exi15ências do Senhor e dormirei menos confortavelmente na minha honesta mediocridade; vol­tarei a ser .!'acudlda por meu maridn que entrará, certamente, no jogo. .. Tudo isso levará a decisões para o próximo ano, enquanto que voltar d-e férias. bem bronzeada. nunca provocou alteracões no ritmo da vida familiar.. . Contudo, conheco-me bastante bem! Sou eu quem vai falar nisto ao Pedro e acab!trei talvez por ter a fraqueza de insistir para que façamos a nossa inscrição! "

TESTEMUNHOS DE ENCONTROS GERAIS

"0 que me impressionou foi ver que um bom número de peregrinos, tal como nós, só deram a &ua adesão após bastante insistência. No entanto, no decorrer dessas horas de peregrina­ção, sentimos a alma distender-se, e os corações abrirem-se. Era evidente que o Espírito Santo estava trabalhando .. . Sen­timo-nos loucos de alegria; como a árvore que na primavera se embriaga de seiva e que explode em rebentos, folhas, e, dentro em breve, frutos, já não podíamos guardar só para nós o amor que recebêramos".

"0 encontro entre homens é sempre belo. O encontro entre crentes é sempre uma graça do Espírito. Na nossa peregrinação tivemos essa graça abundantemente. Vivemos o

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amor fraterno. com simplicidade, para além das nacionalidades e das línguas. Deveria ser apenas exp·eriência cristã normal, mas visto que os cri~tão.s já não .sabem viver assim, as Equipes de No·sa Senhora são uma graça do Esplrito para se red,esco­brir". (Testemunho de um padre italiano).

"S·e é cedo demais para fazer um balanço, cremos poder dar-lhes a nos.~a impressão global. É marcada por um imenso Eent:mento da alegria:

- alegria por irmo.s em casal, apesar de certas reticências e de uma preparação bem supel'ficial;

- alegria por termos encontrado outros casais, irradiando seu estado de alma, e que viviam a sua fé com simplicidade;

- alegria por ter formado, na.s "equipes" verdadeiras frater­n idades, apesar das nossa.s origens diversas, das nossas dife­renças de linguagem, e por termos encontrado imediatamente um ponto comum. no mesmo encontro com o Senhor e no amor dos nossos irmãos;

- alegria de ter sentido concretamente a força de estar macis­samente juntos, para rezar, cantar e comungar;

- alegria e emoção por ter ouvido o Santo Padre que, até agora, nos parecia muito distante de nós e de nos sentirmos compreendidos por ele;

- alegria da iluminação de Assis, durante uma visita, no entan­to bastante rápida e desordenada".

"Al-egria delirante no Palácio dos Congressos, dificilmente traduzível por palavras. Todos os peregrinos se sentiam verda­deiramente filhos da Igreja e irmãos. Uma senhora dizia : "Ti­nha vontade de beijar toda a gente".

"0 ambiente do Palácio doo Congressos onde r.o.• sentíamos mais próximos dos casais das diferentes nações e o cântico final que foi para nós a apoteose, pelo que significou da universali· dade da caridade de Cristo".

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"Foi, sem dúvida, nessa ocas1ao, nesse espaço aberto, evo­cador da Roma antiga e cristã, com o cortejo dos grupos IL'l­

gufsticos (poder do.s "sim bolos"!) que nós sentimos mais do que nos encontros "fechados" de S. Pedro ou S. Paulo fora-diJS­-muros, de maneira visível, quase palpável, a "dimensão ecle­sial" do Movimento. Vivido, em primeiro lugar, dentro da "ecclesia" das no,sas equiçes de compartimento ou de casa, este sentimento encontrava ali a sua confirmação a nível supe­rior, num contexto mais vasto. um contexto cuja evocação, pelos 2 000 casais unidos aos 18 000 casais do Movimento, o alargava às dimensões do mundo inteiro" .

Dá a concórdia e a paz a nós e a todos os habitantes da terra, como a concedeste a nossos pais, que a ti oravam na fé e na verdade, submetidos à tua onipotência e à tua santidade.

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OS NOSSOS FILHOS

Como talvez saibam, quando o Movimento fez a primeira peregrinação a Roma, em 1959, o Santo Padre João XXIII recebeu-nos em audiência.

Como podem calcular, não quisemos apresentar-nos diante dele de mãos vazias.

Oferecemos-lhe dois grossos volumes e um cofre. Na pri­meira página desses belos volumes, encadernados em pergaminho branco, o Santo Padre podia ler o seguinte texto:

"S3ntíssimo Padre, as cartas e as fotografias que estes livros contêm são enviadas pelos casais das Equipes de Nossa Senhora. Eles sabem que os seus filhos são do Senhor, mesmo antes de lhes pertencerem. Querem, pois, dizer-vos que acolherão alegremente o chamamento de Cristo, se Ele for bater à sua porta para escolher dentre os seus filhos, padres, religiosos ou religiosas.

Antes de vos dirigirem estas cartas quiseram dizer a cada um dos seus lilhos que se um dia fossem confiar o apelo do Senhor, receberiam com alegria a sua vocação.

Dignai-vos, Santíssimo Padre, abençoar, juntamente com os pais, todos os filhos das Equipes de Nossa Senhora, para que sejam bons e leais servidores da Igreja, cada um dentro da sua vocação própria".

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Mais de 2.000 casais responderam à sugestão da Equipe Dirigente de então pedindo para lhe serem enviadas cartas para o Santo Padre, todas do mesmo formato, acompanhadas pelas fotografias dos filhos.

Sentimos realmente que os casais deviam oferecer ao Santo Padre qualquer col.ss muito característica da peregrinação, e que ao mesmo tempo correspondesse aos desejos do Pastor supremo. Se já leram o discurso de João XXIII às Equipes de Nossa Senhora, sabem como este gesto o sensibilizou. Repetia várias vezes ao folhear os livros: "Será a alegria dos meus olhos e do meu coração".

Mas não passava de um gesto, que não pode ser apenas dos casais que faziam parte do Movimento em 1959. Jl: por isso que queremos que o conheçam e vos pedimos para meditarem em casal no que ele implica para vocês.

• • •

"Na família, pertence aos pais encaminhar os filhos desde a infância para o conhecimento do amor de Deus a todos os homens e ensinar-lhes gradualmente, sobretudo pelo exemplo, o cuidado pelas necessidades materiais ou espirituais do pró­ximo ... "

"MM. mbretudo na família cristã enriquecida com a graça e o dever do sacramento do matrimônio, é necessário que se ensinem os filhos, desde os primeiros anos, segundo a fé recebida no batismo, a conhecer e a adorar a Deus e a amar o próximo; nele encontram a primeira experiência quer duma sociedade humana sã, quer da Igreja; finalmente, através da

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familia, os filhos são pouco a pouco introduzidos na sociedade civil dos homens e no povo de Deus ... "

"Os esposos cristãos são cooperadores da graça e teste­munhos da fé para eles mesmos, para os filhos e restantes familiares. Eles são para os filhos os primeiros pregadores da fé e os primeiros educadores; com a palavra e o exemplo formam-nos para a vida cristã e apostólica; ajudam-nos com prudência a escolher a sua vocação; e favorecem com todo o cuidado a vocação sagrada, se porventura se manifesta neles".

Vaticano II; Ap. 30 ; Educ. 3; Ap. 11

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇÃO (Jeremias 1, 4-10)

Vocação de Jeremias

E foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:

Ante.s que fosse.s formado no ventre da tua mãe, eu te conheci; e, antes que tu saísse.s do seu seio te santifiquei e te e.stabeleci profeta entre as nações.

E eu respondi: "Ah, Senhor Deus, tu bem vês que eu nem sei falar, porque sou um menino".

E o Senhor disse:

Não digas: "Sou um menino" pois irás a todos aqueles aos quais eu te enviar, e dirás tudo o que eu te mandar. Não os temas, porque eu estou contigo para te livrar,

diz o Senhor.

Em seguida o Senhor e.stendeu a Sua Mão e tocou-me na boca e disse-me:

Eis que ponho as Minhas palavras na tua boca, eis que hoje te dou poder sobre as nações e sobre os reinos

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para arrancares e destruíres, para arruinares e demolires e para edificares e plantares.

ORAÇAO LITúRGICA

Antífona:

Eis que eu te estabeleci para luz das nações a fim de levares a minha salvação até à última extremi­dade da terra.

Salmo (116) :

Antífona:

Nações, louvai todas o Senhor; Povos, glorificai-O todos, porque sobre nós foi confirmada a Sua misericórdia, e a fidelidade do Senhor permanece eternamente. Glória a Deus Pai, Todo poderoso, a Seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, ao Espirito que habita os nossos corações.

Eis que eu te estabeleci para luz das gentes, a fim de seres a salvação que Eu envio até à última extre­midade da terra.

ORA:ÇAO DO CELEBRANTE:

Deus que nos criaste à tua imagem, por teus sa­cramentos e por teus mandamentos, firma os nos­sos passos no reto caminho e dá-nos a caridade que, pela virtude da esperança, nos fazes des-ejar. Por Nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo Deus, contigo vive e reina na unidade do Espirito Santo.

AMll:M.

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IN O ICE

EDITORIAL - Cinco minutos por dia 1

A vocação do Apostolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Correção fraterna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Vida e oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Dez minutos de meditação por dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

A nível do Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Os nossos filhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Oração para a próxima reuni -o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Movimento de casais por uma espiritualidade

conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA

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