grupo espírita aprendizes do evangelho de limeira · 1 emmanuel. geael. escola de aprendizes ......

8
Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 1 Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma 16ª aula: Textos complementares GEAEL Transcrito do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec 8. A virtude, no seu mais alto grau, contém em si o conjunto de todas as qualida- des essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, esforçado, sóbrio e modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, muitas vezes são acom- panhadas por pequenas imperfeições morais que as desonram e as ofuscam. Aquele que faz alarde de suas virtudes não é virtuoso, pois lhe falta a principal qualidade: a modéstia; e possui o vício que mais se opõe a ela: o orgulho. A virtude verdadeira- mente digna desse nome não gosta de se exibir. Podemos pressenti-la, mas ela se es- conde nas sombras e foge da admiração do povo. São Vicente de Paulo, o digno cura de Ars, era muito virtuoso; além dele, outros religiosos pouco conhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus, também o eram. Todos esses homens de bem ignoravam que eram virtuosos. Deixavam-se levar ao sabor de suas santas aspirações, e prati- cavam o bem com total desprendimento e completamente esquecidos de si mesmos. É a virtude compreendida dessa forma que eu vos convido a praticar, meus fi- lhos. À essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita que eu vos incito a vos consagrar. Afastai de vossos corações o sentimento do orgulho, da vai- dade, do amor-próprio, que sempre ofuscam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e ressalta as próprias qualidades aos ouvidos complacentes. Essa virtude exibicionista frequentemente oculta uma diversidade de pequenas torpezas e de odiosas infâmias. Em princípio, o homem que se exalta, erguendo uma estátua à própria virtude, anula, com esse simples gesto, todo o mérito efetivo que possa ter. Mas o que direi então daquele cujo único mérito é parecer o que não é? Admitamos que o homem que faz o bem sente com isso uma satisfação íntima, vinda do fundo do coração, mas, a partir do momento que essa satisfação se expõe para receber elogios, degenera em amor-próprio. Vós todos, a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quanto o homem está longe da perfeição, jamais esbarreis num obstáculo como este. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros, mas lhes direi: mais vale menos virtudes, com modéstia, do que muitas com orgulho. Foi por orgulho que sucessivas gerações se perderam; é pela humildade que um dia deverão redimir-se. (FRANçOIS, NICOLAS, MADELEINE, Paris, 1863). A virtude, no seu mais alto grau, contém em si o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem.

Upload: tranque

Post on 28-Jan-2019

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 1

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma

16ª aula: Textos complementaresGEAEL

Transcrito do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec

8. A virtude, no seu mais alto grau, contém em si o conjunto de todas as qualida-des essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, esforçado, sóbrio e modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, muitas vezes são acom-panhadas por pequenas imperfeições morais que as desonram e as ofuscam. Aquele que faz alarde de suas virtudes não é virtuoso, pois lhe falta a principal qualidade: a modéstia; e possui o vício que mais se opõe a ela: o orgulho. A virtude verdadeira-mente digna desse nome não gosta de se exibir. Podemos pressenti-la, mas ela se es-conde nas sombras e foge da admiração do povo. São Vicente de Paulo, o digno cura de Ars, era muito virtuoso; além dele, outros religiosos pouco conhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus, também o eram. Todos esses homens de bem ignoravam que eram virtuosos. Deixavam-se levar ao sabor de suas santas aspirações, e prati-cavam o bem com total desprendimento e completamente esquecidos de si mesmos.

É a virtude compreendida dessa forma que eu vos convido a praticar, meus fi-lhos. À essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita que eu vos incito a vos consagrar. Afastai de vossos corações o sentimento do orgulho, da vai-dade, do amor-próprio, que sempre ofuscam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e ressalta as próprias qualidades aos ouvidos complacentes. Essa virtude exibicionista frequentemente oculta uma diversidade de pequenas torpezas e de odiosas infâmias.

Em princípio, o homem que se exalta, erguendo uma estátua à própria virtude, anula, com esse simples gesto, todo o mérito efetivo que possa ter. Mas o que direi então daquele cujo único mérito é parecer o que não é? Admitamos que o homem que faz o bem sente com isso uma satisfação íntima, vinda do fundo do coração, mas, a partir do momento que essa satisfação se expõe para receber elogios, degenera em amor-próprio.

Vós todos, a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quanto o homem está longe da perfeição, jamais esbarreis num obstáculo como este. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros, mas lhes direi: mais vale menos virtudes, com modéstia, do que muitas com orgulho. Foi por orgulho que sucessivas gerações se perderam; é pela humildade que um dia deverão redimir-se. (François, nicolas, Madeleine, Paris, 1863).

A virtude, no seu mais alto grau, contém em si o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem.

Page 2: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

2 16ª aula: A infância e juventude do Messias

O que se pode transformar intimamente (VI)ney Pietro Peres — Manual Prático do Espírita

PERSONALISMO

O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto, que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidão. Ao destruir essa impor-tância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, ele combate necessariamente o egoísmo.

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo XII. Perfeição Moral. Parte da resposta à pergunta 917.

Entre as expressões do egoísmo, vamos encontrar preci-samente na grande maioria personalista as diversas formas de comportamento, e mesmo a maneira de ser, caracterizadas pelo estado íntimo de rigidez e de autoconfiança nas idéias ou opiniões próprias. Esses tipos de indivíduos, pelas suas atitudes, acarretam, quase sempre, conturbações no convívio em grupos.

Vejamos alguns dos aspectos reconhecidos nas pessoas predominantemente personalistas:

a) Suas opiniões ou pontos de vista são sempre os certos e os que devem prevalecer aos dos demais;

b) As experiências próprias são aquelas que servem de referência a resultados que se discutem com outros, desconsiderando em igual importância as experiências do próximo;

c) Em sociedades, as suas decisões e iniciativas, quando em cargo de mando, são quase sempre tomadas sem a participação dos demais;

d) Na condição de subalterno, nega-se à colaboração de um plano ou projeto quando sua idéia ou parecer não é aceito numa escolha em grupo;

e) Melindra-se na sua auto-importância quando não con-vidado a participar com destaque nas decisões relativas a empreendimentos do círculo que freqüenta, muitas vezes até afastando-se ou ameaçando afastar-se de suas funções;

f) Sente-se valorizado quando nas funções de comando e dificilmente aceita ser conduzido pela direção de outrem;

g) Aborrece-se facilmente quando contrariado nos seus desejos ou idéias;

h) Num trabalho para obtenção de um resultado comum, acha ou age como se pudesse dispensar a cooperação dos demais integrantes;

i) A autoconvicção e a determinação nos seus propósitos é obstinada até mesmo quando incompatíveis com a situação do momento e a harmonização pretendida;

j) Teimosia e birra, revivendo questões ultrapassadas e con-

tendas já superadas, onde sua opinião não foi seguida.

O personalismo tem sido, na humanidade, um fator im-peditivo ao entendimento entre as criaturas. As lutas e se-paratismos são oriundos da inflexibilidade dos homens nas suas idéias e desejos. Dificilmente alguém cede em benefício da concórdia e renuncia aos seus anseios em proveito do bem comum. O egoísmo se manifesta acentuadamente nos tipos personalistas mais endurecidos. Para eles é difícil abrir mão das posições conquistadas e colaborar com espírito de carida-de desinteressada.

O personalismo leva à não-aceitação, obscurece qualquer compreensão e impede a cooperação. O individualismo pode resultar do isolamento de alguns do meio comunitário, quer pela posição social, quer pela crença ou idéias políticas, fi-losóficas ou religiosas que adote. Esse individualismo pode agrupar homens dentro das mesmas tendências e idéias que lhes são comuns, constituindo, assim, sociedades, castas, sei-tas, correntes políticas, sociais e religiosas. Ainda desse modo é fator de divisões, separações e contendas.

O personalismo desagrega os grupos, destrói a força de união, enfraquece o espírito de colaboração, incrementa a competição, amplia a luta pela supremacia, leva à discórdia e às querelas, conduz à agressão, aos embates e até a guerras.

Ainda não aprendemos a viver num clima de cooperação, de auxílio mútuo, trabalhando juntos e unidos dentro de um objetivo, visando ao bem comum. O espírito de companheiris-mo, de confraternização, só será alcançado quando aprender-mos a renunciar e a nos desprender do exclusivismo individual.

Ainda não entendemos com profundidade que “o saber não é tudo; o importante é fazer e, para fazer, homem nenhum dispensa a colaboração e a boa vontade dos outros”.1

A importância e a superioridade que queremos dar à nos-sa participação, algumas vezes no próprio âmbito da tarefa doutrinária, é precisamente reflexo do nosso personalismo, da necessidade de reafirmação e da nossa vaidade. Não sere-mos nós que avaliaremos os resultados dos nossos trabalhos e aquilataremos a sua importância. O Plano Maior é que terá os meios de pesar os frutos do empreendimento social ou reli-gioso ao nosso alcance, cuja relevância muitas vezes enfatiza-mos na nossa maneira apaixonada de ver as coisas.

Aquele que varre diariamente o chão, como sua parcela de auxílio, e nessa incumbência coloca todo o seu amor e despren-dimento, poderá estar dando muito mais do que aquele que ensina por palavras, escreve páginas brilhantes ou exerce car-gos de direção. Como o personalismo tem prejudicado o avanço da Doutrina de Jesus! O que ainda vemos são as divergências típicas de colocações e de pontos de vista, de posições filosófi-

1 Emmanuel.

GEAEL

Page 3: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 3

cas e, em decorrência disso, as divisões, como se animosidades oferecessem algum resultado prático e objetivo. No tocante à Doutrina dos Espíritos, entendemos que a mesma dispensa de-fensores, zeladores ou guardas-de-honra; ela é verdadeira e evi-dente por si mesma. No entanto. precisa, sim, dos exemplos dos seus seguidores, para que seja cada vez mais respeitada pelos que não a conhecem. Diz-nos o próprio Codificador: “Reconhe-ce-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pe-los esforços que emprega para dominar suas más inclinações”.2

Esse ainda é um desafio, e se preferirem, um paradig-ma que pode muito bem qualificar aqueles que se dizem seus adeptos e que se colocam como seus ardorosos defensores ou líderes, mas que resvalam exatamente nas exacerbações do personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do-mínio das más inclinações. Só pelos frutos do trabalho con-junto, mais irmanados e menos pretensiosos, portanto menos personalistas, é que valorizamos em conteúdo a nossa parcela de colaboração, porque primeiro precisamos nos amar para juntos nos instruir, como ensina o Espírito de Verdade.3

20 MALEDICÊNCIA

Há culpa em se estudar os defeitos alheios? Se é com o fito de os cultivar e divulgar, há muita culpa, porque isso é fal-tar com a caridade, se é com intenção de proveito pessoal, evitando-se aqueles defeitos, pode ser útil; mas não se deveesquecer que a indulgência para com os defeitos alheios é uma das virtudes compreendidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se não podem fazer o mesmo a vosso respeito. Tratai, pois, de possuir as qualidades contrárias aos defeitos que criticais nos outros, pois esse é um meio de vos tomardes superior. Se as cen-surais por serem avarentos, sede generosos; por serem orgulhosos, sede humildes e modestos; por serem duros, sede dóceis; por agirem com mesquinhez, sede grandes em todas as vossas ações; em uma palavra, fazei de maneira que não se vos possam aplicar aquelas palavras de Jesus. “Vedes um argueiro no olho do vizinho, e não vedes uma trave no vosso”.

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo XII. Perfeição Moral. Pergunta 903.

A tendência perniciosa que trazemos de comentar o mal, freqüentemente se manifesta nas conversações que costumamos manter nos círculos entre “amigos”. Quando entra em pauta tecer referências a pessoas, parece ser até irresistível a abordagem dos aspectos mais desabonadores das criaturas. E não fica apenas nis-so. O que é muito pior só os acréscimos por conta da imaginação doentia, nas calúnias e interpretações malévolas que se fazem.

Veicular a má informação é algo muito sério, é até deso-nesto. Sim, porque, em sã consciência, quem pode emitir jul-gamento sobre alguém? E ainda, quem pode atirar pedras ou apontar ciscos nos olhos do próximo sem se achar carregado de pecados ou sem uma trave nos seus próprios olhos?

Tramar sutilmente denúncias comprometedoras para 2 Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sede Perfeitos. Os Bons Espíritas.3 Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo VI. O Cristo Consolador, O advento do Espírito de Verdade.

prejudicar propositadamente a quem quer que seja, no tra-balho profissional ou no convívio social, é procedimento a ser energicamente corrigido.

Não há institutos de pesquisas no mundo capazes de avaliar a quantidade de infortúnio e delitos desencadeados entre os homens, anualmente, resultantes das impressões falsas proclamadas como verdadeiras.Waldo Vieira. Técnica de Viver. Capítulo 10. “Desconfiemos de nós”.

As pessoas podem ver ou ouvir uma coisa, e a própria imaginação, habituada ou condicionada à viseira da malí-cia, pode interpretar outra ou propagá-la distorcidamente. Vigiemo-nos, portanto, contra as nossas impressões negativas e tenhamos em conta que “O tempo que se emprega na crítica pode ser usado em construção”. (F. C. Xavier. Sinal Verde. Ca-pítulo 36. “Temas da crítica”.)

O falar mal, a crítica mordaz, a interpretação pejorativa, o comentário malicioso, o julgamento falso, a suspeita com-prometedora, a denúncia caluniosa são facetas pelas quais a maledicência se apresenta.

Apliquemos os recursos da caridade para com o nosso próximo silenciemos quando não pudermos valorizar, pela palavra ou pelo pensarnento, as ações no bem, que sempre, todos nós, podemos realizar.

FAÇA SEU PRÓPRIO TESTE. VOCÊ E A MALEDICÊNCIA4

Responda honestamente, meditando sobre cada pergun-ta, sem se preocupar com o tempo. Deixe para ver o resultado somente depois de responder e faça uma avaliação de si mes-mo. Coloque um X no local adequado à sua maneira de ser, sentir e agir.

1. Ao surgir, numa conversa, comentários sobre um des-lize de alguém você se interessa em ouvir?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) faz perguntas ( )b) ouve apenas ( )c) corta a conversa ( )

2. Ao saber de uma infidelidade de parente ou pessoa amiga, apressa-se em levar a notícia adiante?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) comenta com outros ( )b) pensa em falar, mas silencia ( )c) pondera e cala ( )

3. Acha divertido e participa animadamente das “fofocas” entre amigos (as)?

Sim ( ) Não ( )4 Trabalho publicado pelo autor no jornal O Trevo, nº 53, julho de 1978.

Page 4: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

4 16ª aula: A infância e juventude do Messias

Qual a sua atitude?a) participa contribuindo ( )b) apenas ouve e ri ( )c) evita as “fofocas” ( )

4. Escandaliza-se ao saber de ocorrências escabrosas en-volvendo pessoas conhecidas?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) arregala os olhos e exclama ( )b) comenta com outros ( )c) não se envolve e silencia ( )

5. Sente-se atraído(a) pelas conversas ou notícias sobre desastres e crimes passionais?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) busca avidamente ( )b) apenas ouve e lê ( )c) evita ouvir e ler ( )

6. Comenta com outros os defeitos de alguém por quem sente qualquer antipatia?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) acentua os defeitos ( )b) não chega a comentar ( )c) evita ver os defeitos ( )

7. Sente, às vezes, incontrolável impulso, e deixa transpa-recer a outros, um assunto reservado, confiado por pessoa de sua intimidade?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) não resiste e fala ( )b) apenas sente vontade de falar ( )c) nem sente vontade, nem fala ( )

8. Dá ouvidos a conversas sobre problemas causados por companheiro no âmbito do centro espírita em que colabora?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) comenta e dá ouvidos ( )b) ouve e silencia ( )c) pondera com tolerância ( )9. Alguém lhe diz: “não gosto de fulano”, “beltrano é

mal-encarado e presunçoso”. Tendo oportunidade, você conta à pessoa em questão o que ouviu?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?

a) não resiste e transmite o que soube ( )b) apenas sente vontade e nada transmite ( )c) esquece e nada sente ( )

10. Usa, por vezes, expressões do tipo: “aquele cara é um chato”, “veja o que beltrano me fez”, “fulano só quer ser o bom” etc.?

Sim ( ) Não ( )

Qual a sua atitude?a) não resiste e comenta a sua opinião ( )b) tem sua opinião mas não comenta ( )e) procura ver o lado bom da pessoa ( )

RESULTADOS

A. Conte as afirmativas de 1 a 10 e avalie-se:

de 7 a 10: cuidado, a maledicência precisa ser comba-tida com todas as suas forças.

de 5 a 6: você está conseguindo melhorar, mas ainda precisa completar sua condição de Aprendiz do Evangelho.

de 3 a 4: meio caminho foi alcançado; prossiga, você está próximo de libertar-se desse defeito.

de 1 a 2: falta apenas um pequeno esforço para com-pletar sua reforma neste aspecto.

0: afinal você conseguiu; desse defeito você está livre.

B. Conte os pontos, atribuindo às suas respostas os se-guintes valores:

1. a) 0 2. a) 0 3. a) 0b) 5 b) 5 b) 5c) 10 c) 10 c) 10

4. a) 0 5. a) 0 6. a) 0b) 5 b) 5 b) 5c) 10 c) 10 c) 10

7. a) 0 8. a) 0 9. a) 0b) 5 b) 5 b) 5c) 10 c) 10 c) 10

10. a) 0b) 5c) 10

C. Avalie-se como segue:

de 90 a 100 pontos: muito bom, excelente resultado.de 70 a 89 pontos: bom, mas deve se cuidar.de 40 a 69 pontos: sofrível, lute bastantede 0 a 39 pontos: sem comentários; esforce-se ao máximo.

Lembre-se:“O mal não merece comentário em tempo algum”.

Page 5: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 5

PERGUNTA: — Ser-vos-ia possível dar-nos alguns relatos da vida cotidiana de Maria, no seu lar, na época da meni-nice de Jesus?

RAMATÍS: — Quando o menino Jesus atingiu os dez anos, Maria já era responsável por uma prole numerosa, pois, além dos filhos sobreviventes do primeiro casamento de José com Débora, já haviam nascido Efrain, José, Elisabete e Andréia, enquanto Ana e Tiago são posteriores. A sua vida doméstica entre os filhos assemelhava-se à existência das demais mulheres hebréias da época, pertencentes a família de parcos recursos. Era costume as mulheres secarem o trigo e o centeio em esteiras expostas ao sol e depois os levarem aos moinhos da redondeza, onde os vendiam em quartas e assim aumentavam a receita do lar. Algumas famílias pobres dos subúrbios de Nazaré plantavam legumes e hortaliças, ou destilavam sucos de frutas em pequenos alambiques; outras conseguiam mesmo extrair o azeite das oliveiras e com isso obtinham um pecúlio mais sólido para os gastos habituais. Eram mobilizados todos os recursos possíveis para a sobrevivência, porquanto além da pesca, dos serviços modestos da carpintaria, do ofício de tecelão, oleiro, ferraria e seleiro, não existia em Nazaré qualquer indústria de alto calado, capaz de desafogar a despesa dos seus moradores. As mulheres hebréias, laboriosas, decididas e engenhosas, faziam pães de trigo e de centeio misturados ao mel, farinha cheirosa de tubérculos da terra e depois torrada, ou de peixe; preparavam deliciosos frutos em calda e os vendiam em potes de barro vitrificado; coziam frutos como o pêssego, a pera e o damasco em açúcar cristalizado, que acomodavam em caixas de madeira de cedro fino e forradas com folhas de parreira. Algumas casas eram tradicionalmente procuradas pelos inte-ressados e compradores, a ponto de os seus moradores serem incapazes de atender aos pedidos de doces, farinhas de cereais e de peixes, frutos em calda, sucos, conservas de hortaliças e legumes em potinhos de barro, em que muitas mulheres eram exímias e experientes.

Assim era também a vida de Maria, mãe de Jesus, que se desdobra-va com os filhos tanto quanto possível para a sustentação do lar, pois todos cooperavam na fabricação de doces, plantação modesta de legumes e hortaliças, na secagem de trigo, do centeio e do peixe, de modo a viverem exis-tência modesta, porém razoável. Era uma vida árida e laboriosa, de poucas compensações divertidas ou de des-canso. Quase que o maior entretenimento era cultivado num desafogo delicioso, junto ao poço comum, que abastecia o lugarejo de água necessária. Depois da tarefa exaustiva do lar, o intercâmbio jovial e ruidoso em torno da fonte de água de Nazaré significava um descanso para o espí-rito atribulado. A hora de buscar água constituía um encontro festivo entre o mulheril para a troca de notícias em comum, que iam desde as preocupações da criação da prole até aos percalços da vida alheia. Vizinhos, amigos, forasteiros, merca-dores e rabis reuniam-se em torno do poço tradicional, o qual se tornava o denominador comum de todas as ansiedades e emoções dos nazarenos. As jovens, as anciães e os meninos formavam filas compridas carregando bilhas, vasilhames de cobre, potes, jarras vidradas e moringas, que brilhavam ao sol, numa cena pitoresca e tentadora ao pincel do mais rude artis-ta. Ao redor dessa fonte floresciam amizades e nasciam amo-

Transcrito do livro O Sublime Peregrino, Ramatís

Maria e os aspectos do seu lar

Page 6: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

6 16ª aula: A infância e juventude do Messias

res; acertavam-se noivados e se pensava em casamento; mais de um gesto cortês do jovem ao carregar a bilha d’água da moça encabulada resultou, mais tarde, num esponsalício feliz.

E o menino Jesus, sempre serviçal e atencioso, principal-mente com os velhos e doentes, prestava toda sorte de favo-recimentos ali junto ao poço, movendo-se alegre e jubiloso entre bilhas, jarras e vasilhames de todos os tipos e moldes. Ele se regozijava de encher o cântaro dos mais velhos, lavava as jarras, ajudava os cães a mitigar a sede. Às vezes, tudo terminava em inesperados banhos de água, em conseqüên-cia das travessuras de outros meninos seus conterrâneos. Retornava alegre e brincalhão depois de ajudar junto à fonte; e jamais desmentia o seu espírito de justiça e respeito ao pró-ximo, pois jamais carregava a jarra de água da moça, antes de servir a mulher idosa.

Quando José faleceu, vítima de um insulto cardíaco e Jesus alcançava os vinte e três anos, Maria assumiu definitivamente a direção do lar e manteve junto de si, como a ave ciosa da prole, os menores, enquanto José, que atingia vinte anos, ajudado por Tiago, com onze anos, se devotavam aos serviços de carpintaria herdada do pai. Efrain, com vinte e dois anos, demonstrando desde cedo um espírito especulador, pertinaz e ambicioso, já se fazia intermediário em alguns negócios de fornecimento de víveres e suprimentos para os grandes negociantes hebreus e fornecedores dos romanos. Alguns anos depois, a sua situação financeira era bastante desafogada e respeitada. Enquanto Andréia prestava alguns serviços aos vizinhos e caravaneiros nos entrepostos, Ana e Elisabete ajudavam nos bordados que Maria lhes ensinava como frutos de seu aprendizado entre as jovens de Sião, de Jerusalém. Os enteados, Eleazar, Matias e Cléofas, também conhecido por Simão, filho de José, jamais mostraram qualquer ressentimento ou queixas contra aquela mulher heróica, que os amparara desde a meninice sob o afeto puro de mãe adotiva.

Assim transcorreu-lhe a vida até que João, o Evangelista, levou-a para Éfeso, já bastante idosa, onde mais tarde desencarnou, depois de ter atendido a todas as criaturas, transmitindo-lhes os mais puros sentimentos de ternura e amor em homenagem ao filho querido sucumbido na cruz para redimir o homem. Em torno dela reuniram-se os tristes, os desamparados e doentes, ainda esperançosos da presença espiritual do Amado Mestre e da cura dos seus males. Maria, boníssima e leal no seu amor a Jesus, lamentava-se por vezes, pelo fato de não ter compreendido há mais tempo a sublime e heróica missão de seu filho. Entre os discípulos e seguido-res do Cristo-Jesus, velhinha e exausta, certo dia descansou, libertando-se da matéria opressiva.

PERGUNTA: — Qual era o aspecto do lar de Jesus, durante a sua infância?

RAMATÍS: — Era uma casa simples num subúrbio de Nazaré, semelhante às residências árabes, construída de blo-cos encorpados de argamassa e liga de cal, parecida ao giz branco, com as suturas feitas de barro amassado. A porta de entrada era baixa e sem segurança, dando acesso a dois apo-sentos espaçosos, que não possuíam paredes divisórias, mas

...Jesus foi uma criança adorável. Estava sempre alegre. Co-

meçou a caminhar e a falar muito antes da idade das outras crianças. Logo percebemos as diferenças que existiam nele. Foram muitas as vezes em que eu e José acordamos assusta-dos com o forte e misterioso perfume que exalava no ar, sem saber de onde vinha. Parecia que a essência de todas as flores do mundo estavam juntas, num mesmo perfume. E ficava sem-pre concentrado em volta de Jesus, que dormia calmamente.

Mais tarde, quando ele cresceu um pouco mais, nós o man-damos para ser instruído pelos sacerdotes e eles nos disseram que Jesus já sabia ler com perfeição, fato que não conseguíamos explicar.

Gostava de brincar sozinho ou com os animais. As crian-ças da vizinhança gostavam de Jesus, embora alguns zombas-sem dele por ser muito calado e não gostar de brincadeiras que envolvessem lutas, espadas, lanças...

— Quando Jesus entrou na juventude eram muitas as meninas que se encantavam por ele. Suspiravam em segredo quando o viam passar pelas ruas de Nazaré. Ele era realmen-te belíssimo. Mas não uma beleza que estamos acostumados a ver nos homens sedutores e viris. Sua beleza era angelical. Tinha um olhar profundo e cheio de luminosidade. E quando sorria, um sol parecia se acender ao seu redor, aquecendo e desfazendo qualquer frieza de coração.

Quando notava o interesse dessas moças por ele, sempre as tratava com imensa cortesia e enorme carinho. Costumava lhes contar belas histórias que falavam de amor. O mais estra-nho é que, com o passar do tempo, notei que as histórias que ele contava acabaram se tornando realidade. Então concluí que ele contava a elas suas próprias histórias de amor, antes mesmo que acontecessem. Certa vez, perguntei por que fazia isso, e ele respondeu: “Para que elas, desde já, se apaixonem por seus futuros maridos.”

— E as tais curas? Como ele as realizava? Já fazia isso desde pequeno? – perguntei.

— Como ele fazia, não sei explicar. São coisas que só Deus pode realizar. Mas me lembro de algumas vezes em que ele curava pequenos animais domésticos que estavam doentes. Porém, tomava o cuidado de nunca fazê-lo diante de ninguém. Durante muito tempo só eu pude testemunhar esses aconte-cimentos. Ele sempre recomendava total sigilo. Quando era só um rapazinho, me lembro de tê-lo visto sentado por horas numa colina nos arredores de Nazaré. Tinha chovido poucas horas antes e o pôr do sol se aproximava. Os passarinhos fa-ziam a algazarra costumeira dos fins de tarde e se banhavam nas poças formadas pela chuva. Fui até a colina para chamá-lo, pois muitas vezes ele se perdia no tempo quando estava nesses estados meditativos. Quando me aproximei, vi uma cena inacreditável. Ele apanhava um pouco do barro que es-tava nas poças de água, moldava com grande habilidade pas-sarinhos de barro, soprava em seu corpo e eles saíam voando.

...Eu, Barrabás

Ivana Moraes / Odetinha (espírito)Editora do Conhecimento

Page 7: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 7

apenas duas cortinas feitas dos próprios cobertores presos por ganchos numa corda rústica. Ambos se comunicavam com a oficina de carpintaria de José, e esta, por sua vez, per-mitia ingresso no estábulo por uma portinhola de meia altu-ra. Em lugar de janela, havia uma grande rótula no teto, por onde entrava bastante claridade sobre o chão de terra batida, semicoberto com peles de cabras, de camelos e de carneiros, além de cobertores leves e esteiras de palha trançada. Era uma casa térrea, cujo aposento central e espaçoso servia, ao mesmo tempo, de cozinha, de sala-de-estar e até de quarto de dormir para os hóspedes retardatários.

Embora pobre, era confortável para os costumes daquela gente tão protegida pelo clima saudável e a prodigalidade de peixes e de frutas para o sustento fácil. Eram reduzidos os problemas da manutenção da família no tocante ao alimento; e mesmo quanto às vestes, bastavam-lhes poucas roupas e agasalhos. A sua índole inata de hospedeiros fazia-os mere-cedores de presentes e auxílios dos forasteiros que eram ben-quistos e preferiam o aconchego de uma família pobre, mas sadia e honrada, do que as hospedarias dos entrepostos de estradas, onde se fazia a mais censurável mistura de homens de todas as raças, condutas, enfermidades e todos os vícios.

Durante os dias secos e ensolarados, quando o céu era límpido, cozinhava-se fora, pois o combustível para o fogão consistia em galhos secos de ciprestes e cedros, cujo calor era habilmente conservado com estrume de camelo, resse-quido e misturado com serragem produzida no serviço da carpintaria. O fogão, grande e bojudo, descansava num tripé de ferro, sendo recolhido, nos dias chuvosos, para dentro de casa, cuja fumaça enegrecia as paredes por falta de ventilação apropriada.

Em torno da casa havia uma cerca de tapumes feita de retalhos de tábuas e ripas, na qual se entrelaçavam cipós flo-rescidos com florinhas miúdas. Aqui e ali repontavam alguns

tufos de margaridas transplantados das margens do Jordão e que exigiam muita umidade. Pequenos canteiros circundados de pedras, obra indefectível do menino Jesus, protegiam algumas roseiras que emergiam do punho vermelho vivo e afogueado das papoulas. José e Maria possuíam alguns cabritos, galinhas e marrecos, que lhes forneciam o leite e ovos, além do tradicional burrico dócil e pacífico, que servia para as andanças do ofício de carpinteiro e a entrega dos serviços de menor porte.

O observador arguto reconheceria naquele cenário pobre, simples mas emotivo, o toque mágico das mãos do menino Jesus; aqui, as pedras arruma-das com um agradável senso estético, delineavam os contornos do jardim modesto; ali, ripinhas de todos os tipos e tamanhos firmavam papoulas chamejan-tes, íris e narcisos, e tirinhas de couro guiavam os cipós floridos e as trepadeiras para o trânsito na ponta das cercas; acolá, a areia fina e dourada da beira das encostas das pedreiras, cobria os cami-nhos por onde Maria deveria estender as roupas ou atender as aves. E ali se via ainda o arremate do menino artista pelos pincéis e os vasilhames de

cobre sujos de tinta, que haviam servido para a pintura nova dos alicerces da casa, das guarnições da porta, dos cochos de alimento dos animais e das aves. A sua iniciativa benfeitora tornara a casa de Maria e José a mais simpática e admirada do subúrbio pobre, pois se ele era incapaz de ficar agrilho-ado ao horário draconiano de obrigações inadiáveis, jamais se cansava quando o seu espírito criador e construtivo se decidia a produzir algo de agradável aos outros. Rebelde à imposição alheia, era um escravo dócil e desinteressado sob a força do seu próprio impulso criador.

PERGUNTA: — E que nos dizeis sobre a infância de Jesus?RAMATÍS: — A infância do menino Jesus, aparentemente,

transcorreu de modo tão comum quanto a dos demais meninos hebreus, seus conterrâneos. Conforme já dissemos, ele discrepa-va dos demais meninos devido à sinceridade e franqueza com que julgava as coisas do mundo, sem sofismas ou hipocrisia. Algumas vezes causava aflições aos próprios pais, provocando comentários contraditórios entre aquela gente conservadora, que jamais poderia compreender o temperamento de um anjo exilado na carne e incapaz de se acomodar aos interesses pro-saicos do ambiente humano.

A vida de Jesus transcorreu adstrita aos costumes das famílias judaicas pobres e de descendência fértil, o que ainda é muito comum na Judéia atual. Os escritores que biografa-ram sua vida, quase sempre teceram comentários ao sabor de sua imaginação e absolutamente crentes de que ele foi uma criança submissa aos preconceitos e sofismas da época. Assim, a lenda e o absurdo transformaram a vida do ser incomum que foi Jesus, num Deus vivo imolado na cruz de redenção, depois de ter vivido existência incompatível com a realidade humana.

PERGUNTA: — Qual era o aspecto físico do menino Jesus?

Page 8: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 1 Emmanuel. GEAEL. Escola de Aprendizes ... personalismo, esquecidos de aplicar o esforço próprio no do- ... “Vedes um argueiro

8 16ª aula: A infância e juventude do Messias

RAMATÍS: — Era um menino encantador, de olhos claros, doces e aveludados, como duas jóias preciosas e de um azul-esverdeado encastoadas na fisionomia adornada pela beleza de Maria e cunhada pela energia de José. Vestia-se pobremen-te, como os demais meninos dos subúrbios de Nazaré, onde proliferavam as tendas de trabalho dos homens de ofício e as lavanderias do mulheril assalariado.

O menino Jesus tinha os cabelos de um louro-ruivo, quase fogo, que emitiam fulgores e chispas à luz do Sol; eram soltos, com leves cachos nas pontas e flutuavam ao vento. Quando ele corria ladeira abaixo perseguido pelos cabritos, cães e aves, seus cabelos então pareciam chamas vivas esvoaçando em torno de sua cabeça angélica. A roupa íntima era de pano infe-rior, que depois ele cobria com uma camisola de algodão, de cor sépia ou salmão. Só nos dias festivos ou de culto religioso ele envergava a veste domingueira de um branco imaculado, sendo-lhe permitido usar o cordão de neófito da Sinagoga.

Sobre os ombros, nas manhãs mais frias, Maria punha-lhe o manto azul-marinho, de lã pura, tecida em Jerusalém, que fora delicado presente de Lia, uma de suas mais queridas amigas de infância.

Aos doze anos de idade o porte do menino era ereto e altaneiro, pois as roupas caíam-lhe majestosas sobre o corpo impecável, de anatomia tão admirável que causava inveja às mães dos meninos trôpegos ou defeituosos. Nele se justificava o provérbio de que o “belo e o bom não são imitados, mas apenas invejados”, pois tanto o invejaram pela fartura do seu encanto, pela prodigalidade de sua doçura e cortesia, como devido à sua dignidade e conduta moral mais própria de um sábio e de um santo. Embora fosse criatura merecedora de todos os mimos do mundo, nem por isso a maldade humana deixava de atingir o menino Jesus, em cuja fisionomia, esplên-dida e leal, às vezes pairavam algumas sombras provocadas pela maledicência, injustiça e despeito. Aliás, o que é delicado

é mais fácil de ser maltratado, pois enquanto o condor esfa-cela um novilho, o beija-flor sucumbe sob o afago do menino bruto. Assim também acontecia com Jesus. Seu porte atraente, a sua beleza angélica, a sabedoria prematura e a meiguice invulgar, tornavam-no um alvo para a concentração de flui-dos de ciúme, de inveja e sarcasmo. Enfrentou, desde cedo, a maldade, a má-fé, a malícia e a hipocrisia humanas, o que é natural às almas sublimes exiladas no plano retemperador e educativo dos mundos materiais.

PERGUNTA: — Jesus permanecia entre os meninos nazarenos, participando dos seus brinquedos e divertimen-tos comuns?

RAMATÍS: — Nada ele tinha de vaidade ou orgulho que o distanciasse dos demais companheiros de infância, pois era cordial e afetuoso, amigo e leal. No entanto, inúmeras vezes, no auge do brinquedo divertido, o menino Jesus anuviava o seu semblante, pois seus sentidos espirituais aguçados pres-sentiam a efervescência das ciladas ou das cargas fluídicas agressivas que se moviam procurando atingi-lo em sua aura defensiva. Era o anjo ameaçado pelos seus adversários som-brios, que não podiam afetar-lhe a divina contextura espi-ritual, mas tentavam ferir-lhe o corpo transitório, precioso instrumento do seu trabalho messiânico na Terra. Esses espí-ritos diabólicos, que a própria Bíblia os sintetizou tão bem na “tentação de Satanás”, recorriam às próprias cargas de inveja e de ciúmes que se formavam em torno de Jesus, por força do despeito dos próprios conterrâneos. Assim, manipulavam o material hostil produzido pelas mentes insatisfeitas diante da gloriosa figura daquele ser, com a intenção de turbar-lhe os sentidos nervosos e o comando cerebral.

Então, a sua respiração tornava-se aflitiva e o seu coração se afogueava; o sistema hepatorrenal apressava-se a eliminar qualquer tóxico que se materializasse decorrente de condensa-ção de fluidos ferinos. O menino Jesus, num impulso instintivo, corria, célere, para longe do bulício dos seus companheiros e se deitava, exausto, sobre a relva macia, ou à beira do regato, debaixo das figueiras, ou ainda entre os arbustos umedecidos, como se o orvalho e o perfume das florinhas silvestres pudes-sem lhe refrigerar a mente incandescida.

Mas em tais momentos ele era alvo dos cuidados e aten-ções do anjo Gabriel e de suas falanges, que então o aconse-lhavam a buscar o refúgio no seio da Natureza amiga duran-te suas crises emotivas ou opressões astralinas. Ali, esses sublimes amigos podiam manipular extratos vitalizantes e fluidos protetores apanhados dos duplos etéricos do regato, das flores e dos arvoredos benfeitores, que se transformavam em energias terapêuticas, imunizando-o contra os dardos ofensivos dos espíritos trevosos.1 Em breve se fazia o desejado desafogo espiritual e o menino voltava tranqüilo a retomar os brinquedos, sem poder explicar aos companheiros o motivo de suas fugas intempestivas.

1 Vide cap. L, “Cidadão de Nosso Lar”, da obra Nosso Lar, em que o espírito de Narcisa manipula extratos fluídicos do eucalipto e da mangueira em favor de um enfermo. Idem cap. XLI, “Entre as Árvores”, Os Mensageiros, de André Luiz