entrevista joão ferrão · de lisboa e vale do tejo rua artilharia 1, nº 33 – 1269‑145 lisboa...
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Dezembro | 2005
ENTREVISTAJoão FerrãoSecretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades
TERRITÓRIOSCosta AzulDesafios no Horizonte
ACONTECIMENTOSiemensAposta na Inovação
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P r o p r i e d a d e
CCDR‑LVT Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do TejoRua Artilharia 1, nº 33 – 1269‑145 LisboaTel.: 21 383 71 00 • Fax: 21 383 12 92URL: www.ccdr‑lvt.pt
D i r e c t o r
António Fonseca Ferreira
D i r e c t o r E x e c u t i v o
Daniela Cabrita
D i r e c ç ã o , C o o r d e n a ç ã o d e P r o d u ç ã o e G r a f i s m o
DDLX Design [www.ddlx.pt]Fernando Luís Sampaio [edição e coordenação]José Teófilo Duarte [direcção de arte]Alexandre de Carvalho | Eva Monteiro [design]Sofia Costa Pessoa [contacto]
R e d a c ç ã o
Ana Sousa DiasAntónio Mega FerreiraCarla Maia de AlmeidaDavid Lopes RamosInês Costa PessoaLuís de CarvalhoPedro MenezesPedro Rosa Mendes
F o t o g r a f i a
Luísa FerreiraMaurício AbreuPedro Soares
I m p r e s s ã o e A c a b a m e n t o
Corlito, Artes Gráficas
T i r a g e m
2200 exemplares
I S S N
1646‑1835
D e p ó s t i o L e g a l
224633/05
L V T # 3 – D e z e m b r o | 2 0 0 5
Editorial Um Desígnio, Uma Ambição, Uma Oportunidade................................................................ 3 António Fonseca Ferreira
Notícias........................................................................................4
EntrevistaJoão Ferrão..................................................................................8 Ana Sousa Dias
OpiniãoMais que um Exercício de Cosmética........................... 16 António Mega Ferreira
Destaque | ReportagemRequiem‑Aleluia Resort..................................................... 20 Pedro Rosa Mendes
ProtagonistasDescentralizaçãoDois Caminhos Possíveis.....................................................28 Inês Costa Pessoa
AcontecimentoSiemens Aposta na Inovação..............................................................33 Luís de Carvalho
TerritóriosCosta AzulDesafios no Horizonte..........................................................36 Pedro Menezes
PatrimónioUm Lugar ao SolSolar dos Zagallos.................................................................44 Carla Maia de Almeida
EventoUma Estratégia de Lisboa..................................................52 Luís de Carvalho
RoteiroDas Terras do Sado................................................................54 David Lopes Ramos
Agenda....................................................................................... 62
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Ao contrário. do. que. um. certo. tradicional‑popu‑lismo.nacional.diz.e.faz,.hoje.em.dia,.e.cada.vez.mais,.só.haverá.futuro.de.sucesso.–.para.as.nações,.as.regiões.e.as.comunidades.–.se.prospectivarmos.o.nosso.devir,.se.balizarmos,.de.forma.rigorosa,.as.apostas.(dese‑
jáveis.e.possíveis).e.organizarmos.racionalmente.e.eficientemente.os.meios.que.nos.facultam.atingir.esses.objectivos.A.isto.chama‑se.planeamento estratégico..Filosofia,.metodologia.e.ferramenta.indispensáveis.para.vencer.os.desafios.do.desenvol‑vimento,.melhorar.a.qualidade.de.vida.e.afirmarmo‑nos.em.“nichos”.de.mercado.com.vantagens.competitivas.globais.É.assim.para.o.país;.é.assim.para.a.região.Reconquistada.a.democracia.política,.realizada.a.(tardia).descolo‑nização.e.concretizada.a.adesão.à.União.Europeia,.Portugal.deu.passos.de.gigante.na. recuperação.dos.anacrónicos.atrasos.que.a.ditadura.nos.legou.“(...).em.quatro.décadas.Portugal.deu.um.salto.de.200.anos”.escre‑veu.o.guru.da.gestão.estratégica,.o.recém‑falecido.Peter.Drucker,.no.prefácio.da.edição.portuguesa.da.“Sociedade.pós‑capitalista”,.após.ter.visitado.o.país.em.1957.e.em.1997.Porém,.os.inegáveis.progressos.infraestruturais.do.país,.a.abertura.ao.exterior.e.a.melhoria.da.qualidade.de.vida.não.podem.ocultar.as.carências.que.temos.nos.domínios.da.formação.escolar.e.profis‑sional;.da.produtividade,.organização.e.competitividade.das.empre‑sas.e.das.organizações;.da.administração.central.e.territorial.do.Estado;. e.do.ordenamento.do. território.. Em.meu.entender,.não.nos.faltam.recursos.e.trunfos.para.vencer.esses.atrasos.e.ganhar.os.desafios.civilizacionais.que.enfrentamos..Falta,.sim,.estratégia,.desígnios.partilhados,.ambição.e.“saber‑fazer”.“Dando.novos.mundos.ao.Mundo”,. Portugal. desempenhou.um.papel.primordial.nos.Descobrimentos.nos.séculos.XV.e.XVI..Desse.modo.contribuindo,.decisivamente,.para.a.criação.das.condições.de. transição. para. a. modernidade. universal,. para. o. progresso.humano,.técnico.e.científico..Quinhentos.anos.passados,.Portugal.enfrenta.novos.desafios.face.à.globalização,.à.integração.europeia.e.à.transição.para.a.sociedade.do.conhecimento..Portugal.dispõe.de.condições.ímpares.para.enfrentar.esses.desafios:.um.singular.património.de.ligações.históricas.a.outros.povos,.raças.e.culturas;.comunidades. de. língua. portuguesa. espalhadas. por. cinco. con‑tinentes;.e. localização.geo‑estratégica.privilegiada,.como.“porta.atlântica.da.Europa”.
Para. enfrentar. esse. combate. global. e. externo,. Portugal. precisa.de.fazer.três.apostas estratégicas.ao.nível.interno:.a qualificação das pessoas, do território e das organizações.O.resultado.da.recente.Cimeira.de.Bruxelas,.sobre.as.perspectivas.financeiras. para. o. período. 2007‑2013,. é. uma. excelente. oportu‑nidade.–.a.última.oportunidade?.–.para.atingir.aqueles.desígnios..O.que.requer.mudanças.radicais.na.aplicação.e.gestão.dos.Fundos.Estruturais..Concentrando.o.FEDER.–.Fundo.Europeu.de.Desenvol‑vimento.Regional.na.inovação,.na.competitividade.e.na.interna‑cionalização,.dado.o.grau.de.infraestruturas.já.atingido.pelo.país;.orientando. o. FSE. –. Fundo. Social. Europeu. para. dar. resposta. às.efectivas.necessidades.de. formação.humana. e.profissional. das.pessoas,.em.alternativa.ao.seu.uso.para.“alimentar”.o.funciona‑mento.de.estruturas.parasitárias,.os.gabinetes.de.formação,.e.mas‑carar.as.estatísticas.do.emprego..E.os.significativos.Fundos.que.se.anunciam.para.o.desenvolvimento.rural.são.uma.oportunidade.para.revitalizar.as.comunidades.e.emprego.locais.Conforme.se.noticia.neste.número.da.LVT.(ver.“Evento”.pág..52).a.Região.prepara.o.seu.futuro.e.o.futuro.das.suas.populações.A.Visão,.para.o.horizonte.de.2020,.ambiciona.fazer.da.RLVT.uma.região:•. com.apreciada.qualidade.de.vida.urbana.e.rural.para.os.seus.habitantes;
•. fortemente.internacionalizada,.competitiva.no.sistema.das.regiões.europeias,. plenamente. inserida. na. economia. global,. com.funções.económicas.e.culturais.de.intermediação.entre.o.Norte‑‑atlântico.e.industrial.e.o.Sul‑mediterrâneo.e.turístico;.e.entre.a.Europa,.a.América.do.Sul.e.algumas.regiões.de.África;
•. “densa”.em.recursos.humanos.qualificados,.instituições.de.ensino,.investigação.e.desenvolvimento.tecnológico;
•. de.actividades.de.perfil.tecnológico.avançado;•. de.encontros,.tolerância.e.igualdade.de.oportunidades.Queremos.aprofundar.e.partilhar.esta.Visão.com.os.actores.e.par‑ceiros.regionais.do.desenvolvimento..E.com.eles.definir.e.contra‑tualizar.os.projectos.estruturantes.que.hão‑de.conduzir.a.Região.a.esse.novo.patamar.de.desenvolvimento.Com.os.actores.regionais.e.o.governo.teremos,.também,.de.encon‑trar. e. construir. novas. soluções,. instituições.mais. eficazes. para.a.administração.do.território.e.a.sua.governabilidade..Condição.indispensável. para. o. êxito. prático. das. estratégias. que. se.desenham..
Editorial.|.António Fonseca Ferreira
Um Desígnio, Uma Ambição, Uma Oportunidade
If you don’t plan for the future, you won’t have oneBen.Gilad
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Entidades.associativas.e.religiosas,.institui‑ções.particulares.de.solidariedade.social,.juntas.de.freguesia.e.suas.associações.de.direito.público.(no.caso.do.Sub‑Programa.2).que.queiram.candidatar‑se.ao.Programa.de.Equipamentos.Urbanos.de.Utilização.Colectiva,.podem.apresentar.as.suas.candidaturas.e.solicitar.esclarecimentos.nos.serviços.desconcentrados.da.CCDR‑LVT,.os.Gabinetes.de.Apoio.Técnico.(GAT)..
Efectivamente,.desde.finais.de.2004,..a.Direcção.Regional.da.Administração.Local.(DRAL).iniciou.um.processo.de.desconcen‑tração.das.suas.actividades.de.cooperação.técnica.e.financeira.para.os.GAT.da.respec‑tiva.área.de.actuação..Pretende‑se.estar.mais.próximo.dos.potenciais.interessados,.desburocratizando.e.acelerando.os.serviços.prestados,.não.só.ao.nível.das.candidaturas.como.também.quanto.ao.acompanha‑mento.físico.e.financeiro.dos.projectos.seleccionados..
As.Normas.e.Procedimentos.relativos.aos.programas.de.cooperação.com..a.Administração.Local,.acompanhados.pela.DRAL.,encontram‑se.disponíveis.no.site.da.CCDR‑LVT.–.www.ccdr.lvt.(menu.Modernização.e.Desburocratização.dos.Serviços)..
ccdr‑lvt mais próxima das
entidades locais
Tomou.posse.no.dia.16.de.Setembro.a.nova.Vice‑Presidente.da.CCDR‑LVT.para.as.áreas.do.Ambiente.e.Ordenamento.do.Território..Fernanda.do.Carmo.é.licenciada.em.Geografia.e.Planeamento.Regional.pela.Universidade.Nova.de.Lisboa,.com.pós‑graduação.em.Ordenamento.do.Território.e.Planeamento.Ambiental.pela.mesma.instituição.
Do.seu.percurso.profissional.salientam‑se.os.seguintes.cargos:.Adjunta.do.Ministro.da.Presidência.(2005),.assessora.do.Ministro.da.Administração.Interna.(2003‑2005),.Directora.de.Serviços.do.Centro.para.o.Planeamento.e.Coordenação.do.Instituto.Geográfico.Português.(2002‑2003),.assessora.do.Secretário.de.Estado.do.Ordenamento.do.Território.(1999‑2002).e.técnica.superior.da.CCR‑LVT.e.da.DGOTDU.
Quanto.ao.domínio.da.Administração.Local,.este.será.gerido.por.Euridice.Pereira,.licencia‑da.em.Sociologia.pela.Faculdade.de.Ciências.Sociais.e.Humanas.da.Universidade.Nova.de.Lisboa.e.com.experiência.nas.áreas.da.Modernização.Administrativa.e.Autarquias.Locais,.tendo.exercido.funções.como.Adjunta.e.Chefe.de.Gabinete.do.Presidente.da.Câmara.de.Setúbal.(1990‑98.e.1999‑2002),.Chefe.de.Divisão.de.Modernização.Administrativa.do.Departamento.de.Administração.Geral.do.município.de.Setúbal.(1998‑99.e.2000‑2002),.Adjunta.do.Gabinete.de.Apoio.Pessoal.ao.Presidente.da.Câmara.Municipal.do.Barreiro.(2002).e.Directora.do.Departamento.de.Auditoria.e.Modernização.Administrativa.do.mesmo.município.(2004‑2005)...
CCDR com nova Vice‑Presidência
Dando.seguimento.aos.trabalhos..de.monitorização.da.estratégia.regional,.a.CCDR‑LVT.editou.o.2º.Relatório.do.Projecto.Gestão.Estratégica.da.RLVT,.que.dá.conta.das.alterações.e.dinâmicas.sociais,.urbanísticas.e.económicas.que.se.registaram.entre.2001.e.2002.nas.5.NUT.III.que..compõem.a.Região.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo.
O.documento.encontra‑se.disponível.em.www.gestaoestrategica.pt..
monitorização de estratégia regional lança 2º relatório
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Apenas.três.anos.após.o.naufrágio.do.“Erika”,.a.catástrofe.causada.pelo.naufrágio.do.petroleiro.“Prestige”.ao.largo.das.costas.da.Galiza,.em.19.de.Novembro.de.2002,.veio.recordar.a.vulnerabilidade.do.litoral.atlântico..Atingida.em.cheio,.a.Comissão.do.Arco.Atlântico.(CAA).reagiu.imediatamente.manifestando.a.sua.solidariedade.com.as.regiões.afectadas.por.este.novo.desastre.económico,.social.e.ecológico.e.compro‑meteu‑se.firmemente,.no.âmbito.da.Conferência.das.Regiões.Periféricas.Marítimas.(CRPM),.numa.campanha.de.longo.prazo.para.a.segurança.marítima.das.águas.europeias..
O.grupo.de.trabalho.especifico.do.Arco.Atlântico.sobre.a.Segurança.Marítima.é.coordenado.pela.Região.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo.
As.regiões.do.Arco.Atlântico.mobilizam‑se.em.torno.de.duas.estratégias..Uma,.política,.inscreve‑se.no.domínio.da.prevenção..A.outra,.mais.técnica,.visa.capitalizar.a.experiência.acumulada.pelas.regiões.no.decurso.das.suas.diversas.confrontações.com.a.poluição.marinha.causada.pelos.acidentes.de.navegação..A.Comissão.do.Arco.Atlântico.procura,.assim,.favorecer.a.montagem.de.projectos.de.cooperação.
concretos,.sobretudo.no.quadro.de.programas.de.cooperação.transnacional.actuais.e.de.futuro.
A.última.reunião.do.GT.realizou‑se.na.Madeira,.a.4.de.Novembro,.tendo.a.RLVT.apresentado.uma.proposta.de.recomen‑dações.a.submeter.à.CRPM,.aos.Governos.e.Administrações.Locais.dos.Países.e.Regiões.do.Arco.Atlântico.e.à.própria.CAA.e.países.que.a.integram.
Lisboa coordena GT Segurança Marítima do Arco Atlântico...
No.dia.20.Dezembro.teve.lugar.em.Lisboa.uma.reunião.do.Grupo.de.Transportes.do.Arco.Atlântico,.no.qual.participam.várias.regiões.europeias,.entre.as.quais.o.País.Basco,.que.presentemente.coordena.este.Grupo.Temático..
A.CAA.criou.o.Grupo.de.Transportes.com.o.objectivo.de.apresentar.propostas.em.matéria.de.infra‑estruturas.e.de.transpor‑
tes.que.tenham.em.conta.as.estratégias.de.desenvolvimento.territorial,.nomeadamen‑te.na.perspectiva.de.um.policentrismo.europeu,.e.de.intervir.mais.nas.tomadas.de.decisão.ao.nível.dos.Estados.e.da.Comissão.Europeia..
O.Grupo.de.Transportes.elegeu.as.seguintes.prioridades:.•.participação.na.revisão.das.RTT;.
•.promoção.de.alternativas.ao.transporte.rodoviário,.nomeadamente.o.transporte.marítimo.e.a.cabotagem;•.procura.de.soluções.de.transporte.que.respeitem.o.ambiente..
Para.obter.mais.informações.sobre.as.actividades.deste.Grupo.Temático.consulte.o.site.da.Comissão.Arco.Atlântico.www.arcatlantique.org
... e acolhe GT Transportes
Integrado.numa.Missão.de.Peritos.euro‑peus.em.planeamento.estratégico.e.territorial,.o.Presidente.da.CCDR‑LVT,.Engº..António.Fonseca.Ferreira,.deslocou‑se.a.Taiwan,.entre.3.e.11.de.Dezembro.passado..A.missão.foi.coordenada.pela.INTA.–.International.Urban.Development.Association,.com.sede.em.Haia,.Holanda,.e.foi.organizada.tendo.em.vista.responder.à.solicitação.das.autoridades.de.Taiwan.sobre.as.experiências.europeias.em.três.domínios:•.“Planeamento.e.gestão.de.Pólos.de.Competitividade”•.“Reestruturação.de.espaços.económicos.na.era.da.globalização.e.da.sociedade.do.conhecimento”•.“Melhoria.da.qualidade.estética.e.funcio‑nal.do.espaço.residencial.e.de.trabalho”
Taiwan,.com.indústrias.manufactureiras.e.electrónica.muito.fortes,.está.a.sofrer.a.deslocalização.das.actividades.com.significativa.incorporação.de.mão‑de‑obra.para.a.China.continental..Face.a.esta.realidade.definiu.uma.estratégia.para,.em.30.anos,.mudar:•.para.as.actividades.com.perfil.tecnológico.de.futuro.e.competitivas.na.globalização;•.estruturar.a.implantação.de.novos.pólos.de.actividade,.de.forma.descentralizada,.ao.longo.do.“HSR.–.High.Speed.Railway”.que.a.partir.de.Outubro.de.2006.vai.ligar.o.norte.com.o.sul.do.país,.em.90.m,.com.oito.estações;•.incrementar.a.qualidade.de.vida,.residencial.e.dos.ambientes.de.trabalho.
Uma.semana.de.trabalho.intenso.permitiu.equacionar.os.problemas,.desafios..e.soluções.que.serão.desenvolvidas.nos.próximos.meses.
A.experiência.de.Lisboa.em.planeamento.estratégico.e.territorial.foi.muito.bem.acolhida,.até.porque.as.inserções.geo‑‑estratégicas.de.Portugal.e.Taiwan.têm.semelhanças.tendo.em.vista.a.globalização.e.o.futuro.
Por.outro.lado,.Taiwan.é.a.“Ilha.Formosa”,.descoberta.e.“baptizada”.pelos.portugueses.no.século.XVI,.o.que.por.cá,.infelizmente.não.consta.
Presidente integra missão europeia em Taiwan
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PatrimónioA revitalização económica e social, no âmbito
da recuperação urbana e territorial e da valorização
de espaços específicos, compreende o apoio a projectos
de tratamento e regeneração física de áreas degradadas
e de zonas territoriais de elevada valia.
Cumprindo este objectivo, foram aprovadas, no âmbito
da Medida 1.5 (Acções Específicas de Valorização
Territorial) e da Medida 2.3 (Valtejo), do Programa
Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo – III Quadro
Comunitário de Apoio, período 2000‑2006 – vários
projectos, dos quais destacamos, nesta edição:
Biblioteca Municipal de Arruda dos Vinhos (Outubro de 2005)
O.projecto,.plenamente.integrado..no.Palácio.do.Morgado,.procurou.responder.à.apetência.pela.leitura.e.actividades.culturais.em.geral,.da.população.de.Arruda.dos.Vinhos..
O.âmbito.da.biblioteca.não.se.resume,.apenas,.à.aquisição.e.leitura.de.livros,.mas.também.à.divulgação.de.outras.práticas.culturais:.exposições,.teatro,.audiovisuais,.etc.
Para.este.projecto.foi.aprovado.um..financiamento.total.de.882.492.Euros,.com.comparticipação,.pelo.Fundo.Europeu.de.Desenvolvimento.Regional.(FEDER),.de.441.246.Euros.
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Requalificação da zona envolvente ao Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (obra ainda em curso)
No.sentido.de.reaproximar.a.Cidade.ao.seu.Mosteiro.e.consolidar.o.Centro.Histórico.como.espaço.multifuncional,.foi.levada.a.cabo.a.requalificação.de.toda.a.zona.envolvente.ao.Mosteiro.de.Santa.Maria.de.Alcobaça,.monumento.Cisterciense.classificado.pela.UNESCO.como.Património.da.Humanidade.
O.projecto.melhorou.significativamente.as.condições.de.acolhimento.e.de.repre‑sentação,.através.da.valorização.de.todo.o.espaço.público,.permitindo,.aos.habitantes.e.ao.elevado.número.de.turistas,.um.melhor.usufruto.de.um.monumento,.de.elevado.valor.histórico.e.arquitectónico,.e.de.toda.a.zona.envolvente.
Os.trabalhos.consistiram.na.construção.de.uma.alameda.de.plátanos.no.prolonga‑mento.da.já.existente,.na.praça.D..Afonso.Henriques;.na.implantação.de.um.pequeno.bosque.de.carvalhos.e.sobreiros,.numa.alusão.ao.bosque.primitivo;.na.valorização.das.ruas.Alexandre.Herculano,.Frei.António.Brandão,.Frei.Estêvão.Martins.e.Dr..Zagalo,.com.a.mudança.do.revestimento.e.a.plantação.de.árvores.de.pequeno.porte;.na.colocação.de.novo.mobiliário.e.equipa‑mentos.urbanos.desenhados.especifica‑mente,.designadamente.lanternas.em.latão,.bebedouros.em.lioz,.caixotes.do.lixo,.floreiras.e.bancos.em.vidraço;.na.colocação.de.nova.iluminação;.em.novas.infra‑‑estruturas.telefónicas.e.de.saneamento.básico.(água.e.esgotos).
A.área.já.intervencionada.é.ligeiramente.superior.a.3.hectares,.complementando.outros.projectos:.o.arranjo.da.zona.envol‑vente.ao.Edifício.dos.Paços.do.Concelho,.a.recuperação.e.remodelação.do.Cine‑teatro.de.Alcobaça,.a.concepção.e.construção.da.Via.de.Cintura.Interna.de.Alcobaça.e.a.ligação.pedonal.entre.o.Largo.dos.Combatentes.e.a.Ponte.da.Rua.Araújo.Guimarães.
Não.se.tratou,.pois,.de.uma.acção.isolada,.mas.antes.integrada.num.grande.projecto.de.requalificação.global.da.cidade.
Para.este.projecto.foi.aprovado.um.investi‑mento.total.de.6.331.658,00.Euros.e.uma.comparticipação.comunitária.(FEDER).de.2.849.246,10.Euros.
Projectos.aprovados Despesa.pública.(Milhões.Euros)
Investimento/.Fundo.(Milhões.Euros)
FEDER 1219 1751 850
FSE 2580 671 416
FEOGA 1253 129 95
PORLVT.em.números.(QCA.III,.2000‑2006).–.ponto.de.situação.a.30.de.Novembro.de.2005
Recentemente.inaugurado,.o.Cine‑teatro.de.Almeirim.reflecte.o.esforço.e.empenha‑mento.na.criação.de.respostas.qualificadas.em.termos.de.equipamentos.culturais,.que.sirvam.toda.a.população.residente,.mas.também.a.população.flutuante,.interessada.em.assistir.a.espectáculos.culturais,.constituindo‑se.desta.forma.como.pólo.aglutinador.e.incentivador.da.criação.de.hábitos.culturais.
O.edifício.foi.adquirido.pela.Câmara.Municipal.em.1995.e.para.o.projecto.de.recuperação.foi.aprovado.um.investimento.total.de.1.981.406,92.Euros.e.um.Investimento.FEDER.de.990.703,.46.Euros.
O.Programa.Operacional.da.Região.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo.é.e.continuará.a.ser,.no.futuro,.uma.estratégia.importante.para.a.Região,.qualificando.o.seu.Território,.as.Pessoas.e.as.Organizações.(ver.quadro)..
Cine‑teatro Almeirim (Setembro de 2005)
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João FerrãoSecretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades
Do gabinete onde está instalado desde que tomou posse como secretário de Estado
do Ordenamento do Território e das Cidades, João Manuel Machado Ferrão, 53 anos,
tem um panorama deslumbrante de Lisboa que é ao mesmo tempo um mostruário do que
de melhor e de pior tem a capital. Geógrafo de formação – é licenciado e doutorado nesta
área – é investigador principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
É autor, em alguns casos em co‑autoria, de uma extensa lista de livros sobre temas relacio‑
nados com o planeamento, o ordenamento do território, a organização urbana, sobre os
quais escreveu igualmente dezenas de artigos, publicados em Portugal e no estrangeiro.
Não parece satisfazer‑se com as análises mais óbvias e habituais, antes parece que procura
distanciar‑se para ver cada problema de uma perspectiva mais global, sistematicamente
disposto a pôr em causa as verdades feitas. O poder, defende, deve basear‑se na autoridade
que lhe é conferida pela credibilidade, e por isso não mudou a atitude perante os que já
estavam habituados a trabalhar com ele enquanto académico. Um pormenor, porém, teve de
aceitar mudar: agora utiliza um telemóvel, por exigência do cargo que desempenha, e essa
nova capacidade conseguiu‑a com a ajuda das filhas que lhe explicaram como funciona.
Entrevista.|.Ana Sousa DiasFotografia.Luísa Ferreira
Em que projectos está centrada a Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades neste momento?
A.simplificação.dos.instrumentos.de.planeamento,.a.política.de.cidades.e.o.litoral.são.as.três.frentes.em.que.estamos.concentrados.
A simplificação dos instrumentos é, sobretudo, um trabalho de preparação de legislação?
Há. três. dimensões. articuladas. entre. si,. com. uma. autonomia.relativa:.a.questão.dos.procedimentos,.a.questão. legislativa.e.a.questão.do.relacionamento.inter‑institucional..Antes.de.exercer.este. cargo,. pensava.que. a. questão.da. legislação. era. empolada,.que.era. fácil. criar.mais. legislação,. e.que. faziam. falta.os.outros.processos.. Mas. afinal. não. é. bem. assim.. Não. podemos. mudar.muitos.procedimentos.nem.o.relacionamento.inter‑institucional.sem.mudar.a. legislação..São.três.componentes,.mas.têm.de.ter.tradução.na.legislação.
A legislação ficou opaca porque se foram acumulando legislações contraditórias?
A.tendência.é.fazer.mais.legislação,.se.é.preciso.corrigir.a.anterior..É.um.processo.basicamente.cumulativo.que.aumenta.complexi‑dade. do. sistema. de. decisão.. Os. instrumentos. de. planeamento.sofrem.um.problema.enorme.de.descredibilização,.e.com.alguma.razão..São.lentos,.complexos,.opacos,.o.que.fomenta.o.que.há.de.pior.em.qualquer.sociedade.e.suscita.uma.reacção.muito.forte,.levando. as. pessoas. a. defender. a. liberalização. do. sistema. de.planeamento..Mas.do.que.precisamos.é.de.um.planeamento.mais.eficiente.
No entanto, é importante ter um Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT)?
É.importante.também.por.isso,.mas.não.é.o.fundamental..Ainda.não.desisti.da.minha.visão.de.que.a.legislação.deve.vir.depois..Um.sistema.de.planeamento.é.um.edifício..Num.edifício.sem.telhado,.no.mínimo.chove.lá.dentro..Nós.começámos.pela.base.–.os.planos.de. pormenor. (PP),. os. planos. de. urbanização. (PU),. os. planos.directores.municipais.(PDM).–.e.falta.a.parte.de.cima..O.edifício.completo.é.o.PNPOT,.que.é.um.quadro.estratégico,.global..A.nível.regional.temos.os.planos.regionais.de.ordenamento.do.território.(PROT),.a.nível.mais.local.os.PDM.e,.dentro.destes,.os.PP.e.os.PU..Precisamos. deste. edifício,. para. lhe. dar. coerência. e. para. tornar.eficiente.aquilo.que.existe..Como.podem.os.PDM.ser.eficientes.se.não.estão.integrados.numa.coisa.mais.ampla.que.são.os.PROT?.Como.podemos.ter.PROT.com.algum.sentido.se.não.há.orientações.genéricas,. globais,. de.nível.nacional?. Portanto,. a.primeira. coisa.é.construir.este.edifício..Mesmo.sabendo.que.o.difícil.é.o.edifício.funcionar.
Aí não entra também o problema do relacionamento entre as instituições? Deve haver imensas sobreposições.
Sim,.claro,.permanentes..Mas.há.um.problema.a.montante..Muitas.vezes,.as.pessoas.pensam.que.planeamento.é.igual.a.planos..Mas.os.planos.só.servem,.só.têm.interesse,.se.alimentarem.processos..O.processo.começa.logo.a.montante,.na.forma.como.se.faz.o.plano,.e.depois.prossegue.na. forma.como.o.plano.é.executado,.o.que.significa. que. os. sistemas. de.monitorização. e. de. avaliação. são.
fundamentais,. ou. então. não. sabemos. o. que. está. a. acontecer..Os.planos.directores.municipais.nunca.foram.avaliados..Não.se.sabe.o.que.é.que.aconteceu.
E quem pode avaliar?
A.questão.não.é.quem.pode,.é.quem.deve:.o.Estado,.obviamente..Há.um.consenso.quanto.à.necessidade.de.uma.segunda.geração.de.planos.directores,.mas.como.se.pode.avançar.sem.avaliar.a.pri‑meira?.Nós.vamos.fazer.uma.avaliação.expedita,.a.partir.da.Direcção‑‑Geral.de.Ordenamento.do.Território.e.Desenvolvimento.Urbano.(DGOTDU)..Não.vamos.avaliar.plano.a.plano,.vamos.avaliar.a.pri‑meira.geração:.o.que.funcionou,.o.que.não.funcionou,.o.que.deve.ser.mudado..Depois,.à.luz.dessa.avaliação,.vamos.tomar.decisões.Mas.o.difícil.é.alimentar.processos.contínuos..Se.o.plano.for.um.processo,.tem.de.haver.envolvimento.dos.actores,.das.tutelas,.da.sociedade. civil,. e. isso. não. é. tão. fácil. assim.. Na. concretização,.o.plano.não.é.autónomo,.serve.para.influenciar.decisões,.e.para.influenciar.bem,.cumprindo.uma.determinada.missão.
E as pessoas que estão no terreno aceitam bem isso?
E.quem.é.que.está.no.terreno?.Todos.os.portugueses.estão.no.terreno,.com.posições.e.responsabilidades.diferentes..Nós.não.temos.uma.cultura.de. território,. temos.uma.visão.muito. individualista. e.o.território.não.é.visto.como.bem.comum..O.ordenamento.é.visto.como.uma.limitação.à.liberdade.de.cada.uma.das.pessoas..Mas.alguns.aspectos.do.território.têm.uma.relevância.que.ultrapassa.a.mera.expectativa.individual.–.por.isso.é.que.há.ordenamento.
Disse que é necessário simplificar o planeamento e torná‑lo menos opaco. Para que as pessoas o sintam mais directamente?
Se.uma.pessoa.pede.um.documento.a.uma. repartição.pública.e.demora.meses,.a.tentação.é.recorrer.a.um.amigo,.a.um.primo.que.se.calhar. tira.o.papel. lá.de.baixo.. Já.está. tudo.mal..Se.para.A.ter.acesso.a.B.tem.uma.série.de.pontos.no.meio,.fica.dependente.desses.pontos..Se.o.sistema.não.é.eficiente,.a.eficácia.é.introduzida.recorrendo.aos.pontos.intermédios..Aí,.por.exemplo,.as.novas.tecno‑logias. de. informação. e. de. comunicação. podem. ter. um. papel.fundamental..As.pessoas.deixam.de.precisar.de.alguém.para.ter.acesso. a. documentos. ou. consultar. um. plano.. Actualmente,. os.pontos.intermédios.são.múltiplos:.pode.ser.o.advogado.a.quem.se.paga.ou.o.conhecido.na.repartição.de.finanças..Essa.opacidade.é.péssima.e.tem.um.custo.social.gigantesco.
Mas a máquina do Estado não se alimenta disso?
A.máquina.do.Estado.alimenta‑se.disso,.sobretudo.os.seus.peque‑nos.poderes..Mas.os.pequenos.poderes.estão.integrados.em.redes.e. os. nós. dessas. redes. só. são. importantes. se. forem. pontos. de.transacção..Se.deixarem.de.ter.essa.missão,.ficam.marginais.Dou‑lhe.um.exemplo.concreto.que.ilustra.a.questão.dos.procedi‑mentos.. É. necessário. rever. a. Reserva. Ecológica. Nacional. (REN)..Foi.aqui.definida.uma.estratégia.em.dois.passos.e.vamos.cumpri‑‑la.até.Maio.A.REN. impede.determinadas. iniciativas.mas.admite.excepções,.com. base. no. reconhecimento. de. interesse. público.. Quando.cheguei,.havia.150.ou.160.pedidos.de.reconhecimento.de.interesse.público.e.90.por.cento.tiveram.despacho.favorável..Foi.necessária.uma. longa. tramitação.–.autarquias,. comissões.de.coordenação.
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Nós não temos uma cultura de território, temos uma visão
muito individualista e o território não é visto como bem
comum. O ordenamento é visto como uma limitação
à liberdade de cada uma das pessoas. Mas alguns aspectos
do território têm uma relevância que ultrapassa a mera
expectativa individual – por isso é que há ordenamento.
e.desenvolvimento.regional.(CCDR),.depois.DGOTDU,.até.que.final‑mente. chegaram.à. Secretaria.de. Estado,.para. verificar. se. estão.de.acordo. com. os. critérios.. Aqui. no. gabinete. há. pouquíssimas.pessoas. e. gastam. imenso. tempo. com. isso..Mas. por. que. é. que.foram.aprovados.90.por.cento?.Porque.os.critérios.são.implícitos,.em.vez.de.estarem.na.lei..Por.que.é.que.nós.estamos.a.alimentar.esta.ficção?.Mais.vale.pôr.esses.critérios.na.legislação.e.o.problema.fica.resolvido.a.montante..Uma.solução.tão.simples,.não.é?
E já conseguiu pôr isso em prática?
Enviámos.uma.proposta.para.discussão.pela.Comissão.Nacional.da.REN,.pela.Comissão.Nacional.para.o.Desenvolvimento.Susten‑tável.(uma.entidade.da.sociedade.civil),.pelas.CCDR.e.pela.DGOTDU..Depois. de. termos. os. pareceres,. revemos. a. nossa. proposta.e.enviamo‑la.para.consulta.pública,.para.a.Associação.Nacional.de.Municípios.e.para.as.várias.tutelas,.por.sectores..Depois.fecha‑mos.este.passo.Se.as.regras.forem.conhecidas.à.cabeça,.não.precisam.de.vir.para.aprovação..Quando.cheguei.aqui,.descobri.que.toda.a.administra‑ção.pública.está.construída.com.base.no.princípio.da.desconfiança..É. um. conceito. de. hierarquia. da. desconfiança. ou,. se. quiser,. da.exportação.de.responsabilidades..Nós.vemos.aqui.pela.quarta.vez.aquilo. que. já. foi. visto. e. analisado. nas. autarquias,. nas. CCDR,.na.DGOTDU..O.princípio.é.extraordinário,.mas.mais.extraordinário.é.verificar.que.muitas.vezes.há.razão.para.se.desconfiar.
Porquê?
Porque.não.há.critérios.e.não.há.responsabilização.pela.tomada.de.más.decisões..É.um.sistema.onde,.ao.contrário.do.que.as.pessoas.dirão.publicamente,.a.maior.parte.se.revê..Uns.exportam.responsa‑bilidades.e.outros.terão.esperança.de.resolver.cá.em.cima.aquilo.que.não.resolvem.pelo.caminho.O.mundo.de.ficção.em.que.vivemos.é.extraordinário..Andamos.a.tentar.resolver.coisas.no.meio.da.ficção.e.isso.leva‑nos.a.não.ver.aquilo.que.é.fundamental..Essa.é.a.minha.grande.preocupação..O.sistema.de.planeamento.não.pode.ser.uma.ficção,.e.uma.ficção.que.é.mal.compreendida.pelas.pessoas.
Isso tem que ver com o facto de o planeamento ser um conceito recente?
Historicamente,.é.recente.em.Portugal..Numa.sociedade.não.está.presente.a.cultura.de.pensamento.estratégico,.de.gestão.e.de.pro‑gramação,.o.planeamento.aparece.como.uma.coisa.quase.violenta.Infelizmente,.um.número.significativo.de.medidas.que.têm.que.ver.com.o.ordenamento.do.território.tem.efeitos.perversos..Uma.pessoa.que.vive.numa.área.protegida.não.percebe.por.que.não.pode.fazer.uma.série.de.coisas,.nem.é.compensada.por.não.poder.fazê‑las..Tem.de.haver.mecanismos.que.compensem.as.pessoas.que. estão. a. ser. refreadas. a. favor. de. um. bem. que. é. colectivo..Se.este. sistema. não. é. criado,. se. as. coisas. não. são. clarificadas,.
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as.pessoas.vão.achar:.“o.que.era.bom.era.não.haver.planeamento.porque.se.não.houvesse.era.tudo.muito.mais.fácil…”No.tempo.do.Governo.Durão.Barroso,.houve.um.relatório.sobre.a.competitividade.portuguesa,.e.o.segundo.obstáculo.apontado.era.o.ordenamento.do.território..Nunca.ninguém.descobriu.o.estudo.que.deu.origem.a.esta.conclusão,.que.até.dizia.que.isso.explicava.não. sei.quantos.por. cento.da. falta.de. competitividade.do.país..Essa.afirmação.tão.simples.formalizou.o.que.as.pessoas.sentiam.intuitivamente:.“O.ordenamento.do.território.só.serve.para.chatear,.para. prender,. e. até. tira. competitividade. ao. país!. Logo,. quanto.menos.planeamento.melhor…”
E o que pode fazer para contrariar essa opinião?
O.Estado.tem.obrigação.de.explicar.às.pessoas.por.que.é.preciso.um.sistema.de.planeamento.e.tem.a.obrigação,.para.credibilizar.aquilo.que.diz,.de.o.tornar.mais.simples.e.mais.eficiente..O.ónus.dessa.missão.está.aqui.deste.lado..E.portanto.cá.estamos..Se.não.conseguir.vou‑me.embora..Mas.sou.muito.teimoso,.não.desisto.facilmente.
No que diz respeito à simplificação do planeamento, isso representa criar uma nova atitude?
Criar. uma.nova. atitude,. a. começar. pela. administração. central..Há.uma.frase.que.eu.digo.sistematicamente,.é.um.princípio.meu:.
os.governos.passam.e.as.instituições.ficam..Um.dos.nossos.objec‑tivos.fundamentais.é.capacitar.as.instituições..Não.há.um.sistema.de. planeamento. sério. e. eficiente. em. Portugal. se. não. tivermos.uma.boa.DGOTDU,.se.não.tivermos.boas.CCDR.e.boas.autarquias..Depois,.claro,.há.o.sistema.englobante.–.o.sistema.de.planeamento,.o.sistema.de.financiamento..Mas.nós.temos.que.capacitar.as.insti‑tuições,.são.elas.que.têm.que.cuidar.do.bom.planeamento.
Hoje há muito mais pessoas preparadas na área do ordenamento do território em Portugal. Há 30 anos não tinha quase ninguém.
É. um. aparente. paradoxo:. nunca. houve. tantas. pessoas. com.formação.qualificada.na.área.do.planeamento.e.do.ordenamento,.e.nunca.o.desordenamento.foi.tão.grande..Mas.se.não.tivéssemos.essas.pessoas,.os.instrumentos.e.as.instituições,.a.situação.era.hoje.muitíssimo.pior..Porque.não.há.uma.regulação.social.que.cuide.do.ordenamento.do.território.
A segunda prioridade que apontou é a política de cidades, mas também não sabemos muito bem o que é.
Em.Portugal.nunca.houve.uma.política.de.cidades..Uma.política.de. cidades.não.é. feita.apenas.de.programas.urbanos,. tem.que.envolver.outros.sectores.e.isso.torna‑a.logo.mais.difícil..Nalguns.países,.depende.do.primeiro‑ministro.mas.se.empurramos.tudo.para.ele,.vai.ter.de.formar.um.outro.governo.à.volta.dele.
O Estado tem obrigação de explicar às pessoas por que
é preciso um sistema de planeamento e tem a obrigação,
para credibilizar aquilo que diz, de o tornar mais simples
e mais eficiente. O ónus dessa missão está aqui deste lado.
E portanto cá estamos. Se não conseguir vou‑me embora.
Mas sou muito teimoso, não desisto facilmente.
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Estamos.num.período.de.transição.em.termos.de.gestão.pública,.por.causa.dos. fundos.estruturais..O.fim.de.um.período.de.pro‑gramação.de.um.quadro.comunitário.de.apoio.e.o. lançamento.de.um.outro.tem.uma.coisa.boa:.obriga‑nos.a.fechar.bem.o.ciclo.anterior.e.a.pensar. com.antecipação.o. ciclo. seguinte.. Portanto,.2006.vai.ser.um.ano.chave..Já.estamos.a.trabalhar,.na.Secretaria.de.Estado,.um.documento‑base.de.15.páginas.que.vamos.discutir,.primeiro.num.círculo.mais.fechado,.nas.entidades.tuteladas.por.nós.e.que.têm.mais.a.ver.com.as.políticas.de.cidades,.por.exemplo.as.CCDR..Depois.vamos.discuti‑lo.publicamente.e. também.com.várias.tutelas..É.óbvio.que.não.pode.haver.uma.política.de.cidades.sem.envolver.as.questões.da.mobilidade,.da.economia,.da.cultura..Temos. de. construir. um. documento. estratégico. que. seja. uma.espécie.de.estrutura.a.partir.da.qual.podemos.dialogar.com.os.outros,.percebendo.melhor.qual.é.a.nossa.concepção.de.política.de.cidades,.e.como.podem.as.outras.tutelas.contribuir.
E as outras tutelas vão aceitar ter esse papel de contribuição e não de decisão?
As.várias.secretarias.de.Estado.e.os.vários.ministérios.contactam.entre.si,.obviamente..Estamos.sempre.em.contacto.com.o.Turismo.ou. com.as.Obras. Públicas,. em.parte. também.com.a. Economia,.menos.com.a.Cultura,.e.essa.é.uma.ligação.que.estamos.a.valorizar.muito..Já.há.uma.rotina.de.relação.e.o.que.temos.de.fazer.é.mobi‑lizá‑la.para.objectivos.concretos:.um.deles.é.a.política.de.cidades.
E o que é a política de cidades?
A.política.de.cidades. tem.que.ter.várias.componentes..Tem.que.ter. uma. componente. que. se. prende. com. intervenções. intra‑‑urbanas.que.podem.ser.de.tipo.muito.diferente..Lançámos.uma.iniciativa.experimental.que.incide.sobre.os.bairros.críticos.e.vamos.intervir.em.três.bairros..Seis.ministérios.(Ambiente.e.Ordenamento.do.Território;.Educação;.Saúde;.Segurança.Social;.Administração.Interna;.Cultura).vão.intervir.em.três.bairros.–.Cova.da.Moura,.na.Amadora,. Vale. da. Amoreira,. na.Moita,. e. Lagarteiro,. no. Porto. –.numa.visão.de.experimentalismo.controlado,.em.conjunto.com.as.áreas.metropolitanas.de. Lisboa.e.do.Porto.e. com.o. Instituto.Nacional.de.Habitação.Aí. está. um. exemplo. de. como. as. intervenções.mais. complexas.e.mais.estruturais.são.intersectoriais..Este.relacionamento.inter‑sectorial. só. funciona. se. partilharmos. objectivos,. metodologias.e.instrumentos.
Vão só tratar de áreas críticas?
É.evidente.que.não..A.visão.tradicional.era.que.as.políticas.apare‑ciam.para.combater.problemas..Hoje.pensamos.que.as.políticas.existem,.sobretudo,.para.romper.uma.nova.frente,.para.inovar,.para.criar. condições. para. a.mudança.. Uma. política. de. cidades. terá.de.ter.algumas.componentes.que.ainda.estão.muito.agarradas.à.necessidade.de.combater.problemas,.mas.mesmo.essa.dimen‑são.está.muito.virada.para.a.criação.de.oportunidades.Temos.outras.intervenções.que.vão.mobilizar.muito.a.Economia.e.a.Cultura,.claramente.voltadas.para.a.questão.da.inovação.e.da.mudança..Ao.lado.destes.bairros.críticos,.também.como.iniciativa.experimental. a. desenvolver. ao. longo. de. 2006,. teremos. aquilo.a.que. chamamos. “soluções. urbanas. inovadoras”:. tanto. podem.ser.sobre.eficiência.energética.como.novas.formas.de.mobilidade,.ou.ainda.bairros.culturais.
Vão funcionar como exemplos?
Exactamente,.na.óptica.de.abrir.caminho.e.mostrar.que.é.possível.trabalhar.em.conjunto,.envolvendo.várias.tutelas,.se.tivermos.um.foco.claro..Ter.um.foco.significa.ter.objectivos,.metodologias.e.defi‑nição.de.resultados..Essa.é.outra.alteração:.é.uma.gestão.que.não.é.por.objectivos.nem.por.produtos,.é.uma.gestão.por.resultados.Nós.sabemos.que.queremos.aqueles.resultados,.falhamos.se.não.os.atingimos..Alguns.dos.programas.serão.muito.orientados.para.a.contratualização.de.resultados,.o.que.significa.responsabilizar..Terá.de.haver.um.contrato.com.financiamento.associado,.quem.falha.é.penalizado.
A questão do litoral também é central. O que é possível fazer rapidamente?
O.litoral.é,.muito.mais.do.que.qualquer.outro,.um.território.exces‑sivo..Os.conflitos.entre.a.óptica.da.salvaguarda.e.a.do.desenvol‑vimento.estão.aí.concentrados..E.essa.conflitualidade. tem.uma.dimensão.interessante:.muitos.problemas.são.de.origem.natural..São.induzidos.indirectamente,.por.causa.da.elevação.do.nível.do.mar.que.tem.que.ver,.por.exemplo,.com.o.aquecimento.global.Fizemos.o.ponto.de.situação.dos.vários.Planos.de.Ordenamento.da.Orla.Costeira. (POOC).e. criámos.um.grupo.de. trabalho,. coor‑denado.pelo.professor.Veloso.Gomes,. que. tem. três.meses.para.propor.uma.gestão.integrada.para.as.zonas.costeiras.Não.imagina.a.dificuldade.que.tivemos.para.fazer.o.ponto.de.situa‑ção,.porque.não.há.informação..Não.há.sistemas.de.monitorização,.de.avaliação,.não.há.um.sistema.de.coordenação.–.houve.mas.foi.interrompido.em.2002,.deixou.de.funcionar..Nos.POOC.estão.envol‑vidos,. dependendo. dos. sítios. e. das. acções:. o. Instituto. da. Água.(INAG),. o. Instituto. de. Conservação. da. Natureza. (ICN),. as. CCDR.e,.nalguns.casos,.as.câmaras..O.continente.tem.nove.POOC..Como.é.que.os.gestores.da.cada.um.não.sabem.o.que.se.passa.nos.outros?.Como.é.que.a.nível.nacional.não.há.um.sistema.que.nos.permita,.on‑line,.dizer.o.que.está.feito.e.o.que.falta.fazer?.E.voltamos.sempre.ao.mesmo:.quando.não.há.um.sistema.de.monitorização,.quem.é.que.responsabilizamos?Os.POOC.estão.aprovados,.alguns.têm.taxas.de.execução.baixís‑simas,.e.o.problema.é.que.a.situação.está.a.agravar‑se.muitíssimo..Há.fatias.do.litoral.que.estão.a.cair.
A cair literalmente?
Há.poucos.dias.caiu.uma.lasca.na.praia.da.Areia.Branca,.no.Verão.morreram. umas. pessoas. no. Baleal,. isso. mostra. a. gravidade.da.situação.Em.relação.ao.litoral,.é.preciso.pôr.a.funcionar.em.pleno.o.que.está.previsto.no.âmbito.dos.POOC.e.rever.o.que.for.preciso.rever,.tendo.uma.estrutura.nacional.que.garanta.isso..Depois,.com.o.relatório.do.grupo.de.trabalho,.vamos.fazer.um.debate.público,.identificar.as.prioridades.e.a.calendarização..Já.garantimos,.no.Orçamento.de.Estado.para.2006,.33.milhões.de.euros.para.intervir.no.litoral..É.pouco,.mas.é.bastante.mais.do.que.antes..E.vamos.desenvolver.o.programa.Finisterra.que,.do.ponto.de.vista.conceptual.e.formal,.está.muito.bem.mas.nunca.funcionou..Não.por.culpa.da.pessoa.que.está.à.frente.do.programa.mas.porque.nunca.lhe.foram.dados.meios.Vamos.manter.a.estrutura.dando‑lhe.outra.missão..Uma.das.com‑ponentes.dessa.missão.passa.por.um.número.muito.significativo.de.demolições..Vamos.ter.dinheiro.para.fazer.demolições.e.vamos.fazer.mesmo..O.que.defendemos.para.o.litoral.significa.duas.coisas:.
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renaturalizar,.com.as.demolições,.e.requalificar..Por.exemplo,.na.ilha.da.Culatra.vamos.requalificar.a.comunidade.piscatória.que.lá.existe,.dar‑lhe.condições.condignas.que.não. tem,.em. termos.de.saneamento. e. de.urbanismo..Mas. ao. lado.há. áreas. que. são.clandestinas,.são.casas.secundárias.e.vão.ser.demolidas.
Mas essas casas secundárias não funcionam também como garante da sobrevivência da comunidade piscatória nos meses de Verão?
Em. parte. é. verdade,.mas. isso. é. um. raciocínio. terrível.. É. outra.ficção:.vamos.manter.a.ilegalidade?.Claro.que.qualquer.demolição.vai.sempre.prejudicar.pessoas..Mas.o.nosso.objectivo.é.requalificar,.não.é.demolir,.e.isso.significa.que.tudo.o.que.for.demolido.tem.de.ser.retirado.porque.vamos.renaturalizar.o.que.lá.estava..É.um.processo.técnica,.jurídica.e.socialmente.complexo.porque.vamos.bulir.com.muitos.interesses.
Estar no poder é muito diferente de ser académico?
Tento.trazer.para.aqui.uma.regra.que.tinha.antes:.os.académicos.não.têm.poder.mas.têm.uma.autoridade.construída.na.credibi‑lidade..Estou.aqui.exactamente.com.a.mesma.postura,.não.con‑sigo.tirar.o.meu.casaco,.estou.aqui.de.passagem..O.poder.é.muito.mais.forte.se.for.visto.pelos.seus.protagonistas.mais. imediatos.como.uma.autoridade..Não.é.autoritarismo.–.nós,.por.causa.do.Estado. Novo,. continuamos. a. confundir. muito. as. duas. noções..
A.autoridade.sem.poder.significa.que.tem.alguma.coisa.que.é.reco‑.nhecida,.uma.credibilidade.profissional..E.os.políticos.que.estão.no.Governo.também.são.profissionais..Se.perceberem.que.a.sua.força. não. vem. do. poder. mas. sobretudo. de. terem. autoridade.baseada.na.credibilidade,.isso.é.um.passo.enorme.Corrigi.uma.ideia.que.tinha,.pensava.que.os.grandes.centros.de.decisão.estavam.sempre.fora.do.governo,.e.não.é.bem.assim..Aqui.decide‑se.mesmo.e.há.decisões.que.influenciam.verdadeiramente..Espero.contribuir.para.o.fim.do.nevoeiro,.da.ficção,.no.domínio.do.sistema.de.planeamento..Fico.até.espantado.como.é.que.na.admi‑nistração.pública.nós.conseguimos.encontrar.pessoas.que,.como.a.Fénix,.renascem.pela.enésima.vez,.por.n.vezes.acreditaram.que.ia.mudar. alguma. coisa,. e. por.n. vezes. enterraram. a. cabeça. no.fundo..No.essencial,.há.20.anos.a.conversa.seria.a.mesma..É.isso.que.me.aflige,.quando.olho.para.trás.e.penso:.mas.por.que.é.que.isto.avançou.tão.pouco?
Já tem resposta para isso?
Espero.tê‑la.daqui.a.três.anos.e.tal..Se.nessa.altura.estiver.tudo.na.mesma,.não.voltarei.ao.meu.Instituto.porque,.envergonhado,.não.terei.coragem.de.falar.sobre.o.assunto,.vou.fazer.outra.coisa.qualquer..Mas.não.posso.aceitar.isso..Apesar.de.tudo.–.isto.é.um.bocadinho.paradoxal,.mas.também.é.paradoxal.na.minha.cabeça.–.as.coisas.são.mais.atingíveis.do.que.nós.pensamos..Mas. têm.de.ser.bem.feitas..
O litoral é, muito mais
do que qualquer outro,
um território excessivo.
Os conflitos entre a óptica
da salvaguarda e a do
desenvolvimento estão
aí concentrados. E essa
conflitualidade tem uma
dimensão interessante:
muitos problemas são
de origem natural.
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Éuma verdade de senso comum que.as.nossas.cidades.mais.antigas.estão.envelhecidas.e.arriscam‑se.a.ficar.disfuncionais..Na.região.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo.essa.declaração.de.senilidade.incide,.especialmente,.sobre.Lisboa,.vítima.de.uma.punção.demográfica.que.a.fez.
perder.cerca.de.300.000.habitantes.nas.últimas.décadas..O.cres‑cimento. das. periferias. e. a. acessão. de. antigas. vilas. da. região.à.dignidade.de.centros.urbanos.essencialmente.modernos. teve.como.reverso.o.envelhecimento.e.relativa.desertificação.da.cidade‑‑metrópole:. o. ritmo. de. construção. não. deixou. de. aumentar,.em.toda.a.região,.nos.últimos.quinze.ou.vinte.anos,.mas.a.distri‑buição. dos. novos. edifícios. construídos. é.muito. desequilibrada,.privilegiando.claramente.a.apropriação.de.antigos.solos.rústicos.e.abandonando.(ou.esquecendo,.que.é.a.pior.forma.de.abandono).o.que.vem.de.trás.
Esta.realidade.é.observável.a.olho.nu:.o.continuum.de.urbanização.em.que.se.transformou.o.percurso.(ferroviário.e.rodoviário).entre.Lisboa.e.Sintra,.por.exemplo,.é.sensível.para.quem.tenha.conhe‑cido,.há. vinte.ou. trinta.anos.ainda,. a.placidez.de.Barcarena.ou.a.exuberância.reconfortante.da.Tapada.das.Mercês..O.que.ali.está.surgiu. nas. duas. últimas. décadas,. à. medida. que. se. adensava.o.fenómeno.de.afluxo.à.região.da.Grande.Lisboa.e.a.fuga.da.capital..Nos. anos. 60,. viver. fora. do. “inferno”. de. Lisboa. era. uma. forma.de.optar.por.uma.qualidade.de.vida.que.se.julgava.mais.próxima.do.“natural”.e.do.arcaico:.as.representações.mentais.de.uma.certa.burguesia.urbana.insistiam.na.procura.de.uma.espécie.de.locus amoenus. onde. fosse. possível. sublimar. as. pressões. da. vida. na.“grande.cidade”,.que,.a.bem.dizer,.só.existiam.nas.duas.maiores.aglomerações.urbanas.do.país..Embora.a.realidade.estivesse.muito.longe.destas.aspirações.(a.relativa.escassez.de.urbanização.acabava.por. criar. fenómenos. de. solidão. e. distanciamento. em. relação.às.formas.de.cultura.urbana),.era.ainda.possível.a.criação.de.ilhas.de.conforto.que,.com.o.tempo,.ou.se.degradaram.completamente,.ou. deram. origem. à. reconstituição. das. formas. de. vida. urbana,.na.emergência.das.novas.cidades..Foi.a.massificação.e.a.ausência.de. respostas. do. núcleo. urbano. central. o. que. permitiu. a.“fuga.para.as.periferias”,.que.começou.com.um.“virar.de.costas”.essen‑cialmente.cultural.e.acabou.num.êxodo.generalizado,.por.razões.essencialmente.económicas..
A. verdade. é. que,. no.mesmo. período. em. que. Lisboa. definhava,.a.sua. área. metropolitana. continuava. a. crescer,. atingindo. hoje.cerca.de.30%.da.população.do.país..Lisboa.espraiou‑se:.deixou.de.ser.um.aglomerado.urbano.central,.com.periferias.mais.ou.menos.urbanizadas.em.redor,.para.passar.a.constituir.uma.teia.de.núcleos.urbanos.dinamizados.pela.força.de.atracção.da.capital,.mas.cres‑centemente.dotados.de.vida.própria,.quando.não.de.identidade,.construída. ou. redescoberta.. Mas. a. cidade,. a. cidade‑município,.envelheceu.e.foi‑se.tornando.cada.vez.menos.atraente.
Se. tomarmos.os.números.globais.apurados.pelo.Censo.de.2001.e.relativos.aos.concelhos.que.integram.a.região.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo,.verificamos.que,.dos.cerca.de.400.000.edifícios.existentes,.47.000.foram.construídos.de.raiz.entre.1991.e.2001,.representando.portanto. 12%.do. total..Mas,.no.mesmo.período,.as.disparidades.entre. os. concelhos. são. evidentes:. enquanto. a. percentagem. de.edifícios.novos.em.relação.ao.total.existente.não.chegava.a.6%.no.concelho.de.Lisboa,.em.Mafra.ascendia.aos.27%.e.em.Oeiras.subia.quase. até. aos. 20%.. Para. o. que. neste. texto. me. interessa,. no.entanto,.importa.mais.ponderar.os.números.relativos.ao.estado.
Mais que um Exercício
de Cosmética
Opinião.|.António Mega FerreiraFotografia.Maurício Abreu
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de. conservação. dos. edifícios. existentes.. Em. 2001,. dos. 400.000.existentes. na. região. de. Lisboa. e.Vale. do.Tejo,. 150.000. estavam.a.precisar.de. reparações..Ora,.destes. 150.000,.exactamente.20%.situavam‑se.no.concelho.de.Lisboa,.quando.o.número.de.edifícios.aí.existentes.não.ultrapassa.os.14%.do.total.da.região..Além.disso,.dos. 9.700. edifícios. considerados. “muito. degradados”. em. toda.a.região,.cerca.de.3.000.estavam.em.Lisboa.–.quase.30%.do.total..O.envelhecimento.relativo.do.parque.habitacional.da.capital.é.uma.realidade.viciosa:.quanto.mais.velhas.forem.as.habitações.menos.habitantes.haverá.em.Lisboa;.quanto.menos.habitantes.houver,.menos.renovação.do.edificado.haverá..A.desertificação.da.cidade.é.já.uma.realidade..Em.termos.populacionais,.o.centro.histórico.há.muito.deixou.de.ser.o.verdadeiro.coração.da.urbe..Mas.o.que.é.novo. é. a. multiplicação. de. edifícios. desocupados. em. quase.todas.as.zonas.da.cidade,.da.Almirante.Reis.às.Avenidas.Novas..Em.termos.de.qualidade.do.espaço.público,.de.densidade.de.vida.urbana.e.de.segurança,.este.facto.é.uma.calamidade.
Caem.prédios,.abrem.brechas.monumentos,.quarteirões.inteiros.estão.votados.ao.abandono..Investe‑se.nas.nossas.cidades.menos,.muito.menos,.em.reabilitação.de.edifícios.do.que.nas.outras.grandes.cidades.europeias..Números.recentes,.meramente.indicativos,.apon‑tavam.para.um.investimento.em.reabilitação.na.casa.dos.5%.do.
investimento. anual. total. em. construção;. cidades. como. Paris.chegam.aos.30%..Deixa‑se.cair,.para.se.construir.de.novo,.na.mira.de.novas.capacidades.construtivas.que.permitam.a.realização.de.importantes.mais‑valias;.e,.sem.que.se.saiba,.sequer,.quantos.dos.edifícios. “muito. degradados”. estão. hoje. votados. ao. abandono.especulativo,.é.possível.observar.que.Lisboa.se. tornou,.possivel‑mente,. a. capital. europeia. do. desperdício. urbano.. Uma. política.voltada.para.o.repovoamento.tem.de.ser,.em.primeira.linha,.uma.política. empenhada. na. recuperação. e. modernização. do. patri‑mónio.construído.da.cidade..Uma.simples.medida.seria.condicio‑nar.o.licenciamento.de.um.metro.quadrado.de.construção.nova.apenas.quando.estivessem.assegurados.dois.metros.quadrados.de.reabilitação.de.edifícios.já.construídos..Mas.não.faço.finca‑pé.nos. números:. qualquer. outro. índice. razoável. seria.melhor. que.a.actual.ausência.de.regulamentação.neste.sentido.
Lisboa. faz. lembrar.uma.beleza.mundana.que.entrou.no.ocaso:.o.seu.nome.tem.imenso.prestígio;.a.sua.atractividade.é.cada.vez.menor.. Porque,. na. realidade,. como.podemos. designar. de. outra.maneira. o. facto. de. a. cidade,. apesar. da. melhoria. das. suas.condições.viárias,.das.acessibilidades.e.do.sistema.de.transportes,.continuar.a.perder.população?.É.claro.que.estamos.agora.a.pagar.os. custos. diferidos. do. desastroso. congelamento. de. rendas.
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Lisboa faz lembrar uma beleza
mundana que entrou no ocaso:
o seu nome tem imenso prestígio;
a sua atractividade é cada vez
menor. Porque, na realidade,
como podemos designar de outra
maneira o facto de a cidade, apesar
da melhoria das suas condições
viárias, das acessibilidades e do
sistema de transportes, continuar
a perder população?
decidido.por. Salazar. em. 1948,. e. que. vigorou,. intocado,. durante.quase. quatro. décadas:. degradação. dos. edifícios,. valorização.excessiva.dos.solos,.abandono.especulativo..Mas.não.só..O.êxodo.da. população. jovem. é. o. libelo. acusatório. contra. uma. cidade.incapaz. de. contrariar. os. factores. de. desagregação. provocados.por. uma. política. de. solos. e. de. habitação. que. foi. errática. ou.ausente,.quando.não.pura.e.simplesmente.criminosa..
É.por.isso.que.reabilitar.não.pode.ser.a.bandeira.sob.a.qual.se.agru‑pam.meras. operações. de. cosmética:. o. face‑lifting. não. esconde,.antes.torna.mais.evidente,.que.o.mal.é.profundo..Só.uma.cirurgia.plástica. reconstrutiva.pode.devolver.ao.parque.habitacional.de.Lisboa. a. vitalidade. que. outrora. teve,. recuperando. memórias.e.identidades,.em.bairros.que.foram.modernos.nas.décadas.de.30.a.60.do.século.passado..E.só.recuperando.essas.identidades.que.se. estão. a. perder. será. possível. pensar. em. fixar. população. ou.atrair.os.mais.jovens.a.viver.em.Lisboa..Nas.últimas.três.décadas,.os.concelhos.que.rodeiam.o.de.Lisboa.foram.sobretudo.olhados.como.“dormitórios”;.mas,.ao.mesmo. tempo,. Lisboa. foi‑se. trans‑formando.num.gigantesco.“escritório”,.sem.que.se.tenha.resolvido.a.articulação.entre.viver.e.trabalhar,.no.quadro.de.um.equilíbrio.funcional.entre.as.diversas.sub‑regiões.que.integram.a.Região.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo..
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20 |
Depois da implosão das torres de tróia
e do anúncio público dos projectos
previstos naquela península, a lvt foi
auscultar os receios e esperanças das
populações vizinhas. depois da agonia
de décadas, a esperança cautelosa.
requiem‑aleluia resort
P artir uma garrafa.é.o.bastante.para.lançar.um.novo.barco.à.água..No.caso.do.Troiaresort,.pulverizar.duas.torres.de.betão.terá.sido,.à.escala.digna,.a.forma.de.pôr. em. marcha. o. futuro. anunciado. da. Península,.onde.a.Sonae.e.parceiros. se.propõem.construir,.até.
2011,.uma.marina.de.recreio,.um.novo.cais,.hotéis,.casino.e.campo.de.golfe,.intervindo.em.440.hectares..O.projecto,.ambicioso.e.polé‑mico,.apenas. suscita.unanimidade.num.ponto:.“a”.Tróia. (assim.a.tratam.em.Setúbal),.tal.como.a.conhecemos.hoje,.extingue‑se..No.mais,.prossegue.o.ranger.de.dentes.sobre.os.vários.impactos.económicois,. sociais,. ambientais.. Estala.dinamite. e. champanhe.no.Sado,.mas.há.também.quem.esteja.“de.luto”.ou.“cansado.de.promessas”.
Quem. conhece.Tróia.“desde. sempre”,. como. os.mais. antigos. da.Carrasqueira,.recorda.bem.o.tempo.em.que.os.notáveis.do.Estado.Novo. entravam. pelos. sapais. e. dunas. fazendo. largadas. aos.pombos. e. perdizes.. A. família. Espírito. Santo. tinha. nessa. época.uma.reserva.de.caça.a.sul.da.península,.conhecida.como.o.Açude,.no. sentido. do. Carvalhal. e. da. Muda,. que. depois. da. Revolução.de.Abril.foi.vendida.a.retalho,.em.lotes.de.terreno.
Destaque.|.Reportagem.|.Pedro Rosa MendesFotografia.Maurício Abreu
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Marcello.Caetano,.por. exemplo,. era.um.atirador. assíduo..Como.outros.caçadores.da.sua.importância,.disfrutava.de.Tróia.servido.por.ajudantes.que.carregavam.as.armas.e.as.munições.e.busca‑vam.as.peças.abatidas..Quatro.décadas.depois,.Tróia.prepara‑se.para.uma.revolução.de.oferta,.com.a.expansão.do.golfe.no.epicentro.do.Troiaresort.e.da.nova.face.do.litoral.alentejano..Os.caçadores.da.ditadura.deram. lugar.à.democracia.dos.praticantes.do. taco.–.os.caddies,.no.entanto,.assegurando.a.continuidade.de.um.certo.ar.de.excepção.
A.soberba.estrada.da.Arrábida,.defronte.para.Tróia,.é.o.sítio.ideal.para.um.exercício.virtual.de.“photoshop”:.sobrepor.mentalmente.à. paisagem. que. se. estende. para. Sul. as. plantas. disponíveis. do.Troiaresort,.publicadas.ou.descritas.em.detalhe.num.rosário.de.diplomas.legais.da.III.República..“Agora.vemos.as.torres.da.Torralta.no.topo.Norte.e,.depois,.para.lá,.dunas.e.espaço.verde”,.a.perder.de.vista,.com.a.única.interrupção.do.Soltróia..“Quando.o.Troiaresort.estiver.concluído,.toda.essa.mancha.estará.urbanizada”,.adianta.Francisco.Ferreira,.professor.universitário.e.dirigente.da.associação.ambientalista.Quercus.
“A.nossa.preocupação.não.é.a.Sonae.e.a.requalificação.da.ponta.Norte”,.explica.o.ambientalista..“A.preocupação.é.a.península.porque.vai.ficar.toda.ocupada..Foi.contra.este.peso.de.ocupação.que.pro‑curámos. lutar”.. Francisco.Ferreira.acrescenta.que.“é.difícil.estar.a.martirizar.muito.aquela.zona..É.diferente.avaliarmos.um.pro‑jecto.numa.zona.virgem.como.o.litoral.alentejano.ou.a.intervenção.
numa.área.que.precisa.de. ser. requalificada,. onde.muitas.mais.coisas.podem.ser.negativas.ou.positivas”..O.Troiaresort.pesca.em.ambas.as. águas:. oferece. requalificação.do.que. é.notoriamente.decadente. ou. insuficiente,. no. complexo. Torralta,. e. alarga‑se.a.áreas.de.ecossistema.sensível.
A. Quercus,. pesando. todos. os. elementos,. “considerou. aceitável”.o.Troiaresort,. “exceptuando. alguns. pontos. que. merecem. dúvida:.trata‑se.realmente.de.um.projecto.turístico.ou.de.um.projecto.urba‑nístico?”.Não. faltam. exemplos. em. Portugal. de. grandes. projectos.“turísticos”.que.acabaram.desviados.para.uso.diferente,.até.porque.a.lei.permite.cinquenta.por.cento.de.segunda.habitação..“Mas.essa.metade.pode.passar.para.cem.por.cento….Não.deixa.de.ser.curioso.que.o.plano.de.pormenor.do.Troiaresort.preveja.um.espaço.para.escola.do.segundo.ciclo.e.um.pavilhão.gimnodesportivo”.
Um.segundo.problema.é.a.localização.do.novo.cais.de.“ferryboats”,.a.construir.na.vizinhança.do.aldeamento.Soltróia,. cerca.de.seis.quilómetros. para. Sul. do. existente. –. no. local. preferencial. de.alimentação.dos.golfinhos.do.Sado..Não.é.inevitável,.embora.seja.previsível,. que. o. tráfego. fluvial. tenha. consequências. negativas.sobre.esta.espécie.única,.cuja.existência.motivou,.precisamente,.a.inclusão.da.área.na.Rede.Natura..Mas.um.elementar.“princípio.de.precaução”.aconselharia.a.nem.sequer.correr.riscos.
Do.que.não.há.dúvidas,.entretanto,.é.que.a.população.de.golfinhos‑‑roazes.do.Sado.tem.vindo.“sistematicamente.a.descrescer”,.como.
A implosão das torres inacabadas da Torralta, a 8 de Setembro, levantou
o “fumo” branco, visível nos camarotes da Arrábida e de Setúbal, que
anunciou o fim de uma agonia de duas décadas e de um impasse de oito
anos – e de oito ministros da tutela. O primeiro‑ministro libertou a sua
agenda para esse dia, indiciando o alto significado das implosões, mas não
foi por isso que Belmiro de Azevedo, presidente da Sonae SGPS, fustigou
menos a burocracia do Estado, responsável, disse na altura o engenheiro,
por setenta a oitenta por cento do atraso no projecto.
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vem. revelando. o. trabalho. da. bióloga. marinha. Raquel. Gaspar..Em.1986,. a. população. tinha. 40. indivíduos;. em. 2001,. tinha. 34;.actualmente,.apenas.há.27.golfinhos..Note‑se.também.que.setenta.por. cento. da. população. de. golfinhos. se. encontra. “envelhecida.e.quase.sem.possibilidades.de.procriar,.não.sobrevivendo.as.crias.mais.do.que.alguns.anos”,.salienta.Francisco.Ferreira.
Os. riscos.eventuais.para.os.golfinhos.da.marina.e.do.novo.cais.e.do.aumento.de.tráfego,.com.“ferries”.mais.rápidos,.justificaram.o. parecer. desfavorável. da. Comissão. de. Avaliação. do. Projecto..Integravam. esta. comissão. a. Direcção. Regional. do. Ambiente.e.Ordenamento. do. Território/Alentejo,. os. Institutos. de. Conser‑vação. da. Natureza,. da. Água,. do. Ambiente. e. o. de. Arqueologia..O.parecer.da.comissão.referia.existir.a.alternativa.de.manter.a.loca‑lização.do.cais,.adiantando.mesmo.que.“a.aprovação.do.projecto.nestas.circunstâncias.corresponderia.a.uma.violação.do.Estado.Português.decorrente.da.Directiva.Habitats”..José.Eduardo.Martins,.à.época.secretário.de.Estado.do.Ambiente,.não.seguiu.a.sugestão.e.deu.“parecer.favorável.condicionado”.
A.relocalização.do.cais.suscita.dúvidas.de.outra.ordem..Observando.as.cartas.do.estuário.em.pequena.escala,.saltam.à.vista.os.baixios.existentes.entre.Setúbal.e.a.costa.interior.de.Tróia,.a.sul.da.actual.linha.de.travessia.dos.“ferries”..Esses.longos.baixios.–.com.dimen‑são.para.nome:.Cabra,.Campanário,.Cabecinha.–.obrigarão.os.“ferries”.a.um.percurso.pelo.Canal.Sul,.na.direcção.da.Setenave,.da.central.termoeléctrica,.da.Sapec.e.da.Portucel,.ou,.em.alternativa,.a.repetir.
o.actual.percurso.e.depois.apontar.ao.novo.cais,.“o.que.significa.o.dobro. da. distância. actual”.. É. essa. a. opinião. de. Joaquim. do.Rosário,. presidente. do. Clube. Naval. Setubalense.. “Quem. disser.que.a.travessia.proposta.pode.ser.a.direito.nunca.andou.dentro.de.água”..É.também.provável.que.o.tráfego.de.“ferries”.“interfira.com.o.tráfego.de.navios.até.ao.fundeadouro.de.quarentena”.
A. implosão. das. torres. inacabadas. da.Torralta,. a. 8. de. Setembro,.levantou.o.“fumo”.branco,.visível.nos.camarotes.da.Arrábida.e.de.Setúbal,.que.anunciou.o.fim.de.uma.agonia.de.duas.décadas.e.de.um.impasse.de.oito.anos.–.e.de.oito.ministros.da.tutela..O.primeiro‑‑ministro. libertou.a.sua.agenda.para.esse.dia,. indiciando.o.alto.significado. das. implosões,.mas.não. foi. por. isso. que. Belmiro. de.Azevedo,.presidente.da.Sonae.SGPS,.fustigou.menos.a.burocracia.do.Estado,.responsável,.disse.na.altura.o.engenheiro,.por.setenta.a.oitenta.por.cento.do.atraso.no.projecto..«Não.podemos.demorar.tanto.tempo..Oito.anos.foi.o.tempo.de.uma.paralisia.burocrática»,.durante.os.quais.o.sonho.para.Tróia.esteve.“emperrado”.
As.contas.relevantes.são,.no.entanto,.outras:.o.Troiaresort.implica.um.investimento.de.mais.de.trezentos.milhões.de.euros,.supor‑tados.pela.Sonae.e.por.parceiros.selectos.como.os.grupos.Amorim.e.Pestana..“Uma.coisa.é.falar.daquilo.que.somos.obrigados.a.fazer,.outra. coisa. é. do. conjunto:. hotéis,. residências,. casinos,. etc.”,.esclareceu.o.patrão.da.Sonae,.que,.por.enquanto,.investe.“60.a.70.milhões. de. euros”. em.Tróia.. Quanto. a. infraestruturas,. a. Sonae.espera.“ter.a.maior.parte.das.coisas.feitas.no.final.do.ano”.
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Foram. infrutíferas,. ao. longo. de. várias. semanas,. as. tentativas.da.LVT. para. obter. esclarecimento. junto. do. Grupo. Sonae. sobre.várias. questões. suscitadas. pelo.Troiaresort..Monologando. com.o.sítio. oficial. da. Sonae,. janela. “negócios”. (www.sonaeturismo.com/html/resorts.htm),.é.possível.saber.que.“na.península.de.Tróia,.entre.a.Reserva.Natural.do.Estuário.do.Sado.e.o.Parque.Natural.da.Serra.da.Arrábida,.a.Sonae.Turismo.está.a.desenvolver.de.raiz.um.projecto. estruturante,. de. enorme. consciência. ambiental,. que.marcará. decididamente. o. urbanismo. português. do. início. do.século.XXI.–.Troiaresort”.
Entre.outros.méritos,.a.página.refere.“a.redução.do.actual.padrão.urbanístico,.delimitando.a.área.de.elevada.densidade.de.constru‑ção.pelo.eixo.dos.aparthoteis.Rosamar.e.Tulipamar,.com.conse‑quente.demolição.de.todas.as.construções.a.sul.e.requalificando.o.Núcleo.Urbano.a.Norte;.desenvolvimento.de.um.novo.padrão.urbanístico. caracterizado.por.baixa.densidade,. reduzida. imper‑meabilidade.dos.solos.e.pelo.recurso.a.tecnologias.construtivas.amigas.do.ambiente;.promoção.de.um.sistema.de.gestão.ambien‑tal.do. território,.englobando.as. fases.de.planeamento,.projecto,.construção. e. exploração. dos. empreendimentos,. e. dos. estudos.ambientais.necessários”.
Na. cerimónia. da. implosão,. Belmiro. de. Azevedo. declarou. que.o.Troiaresort.vai.“criar.dez.mil.empregos”..O.ministério.da.Econo‑mia.e.Inovação,.ao.assinar.o.Plano.Definitivo.de.Investimento,.em.Junho,.afirmou.por.seu.lado.prever.“a.concretização.de.importantes.
benefícios. sócio‑económicos. com. impacte. local. e. regional,. em.termos.de.emprego.e.qualificação.de.recursos.humanos”..O.minis‑tério.espera.um.aumento.de.oito.por.cento.no.emprego.no.con‑junto.dos.concelhos.de.Grândola,.Alcácer.do.Sal.e.Setúbal.e.o.Valor.Acrescentado.Bruto.(VAB).directo.está.estimado.em.37,4.milhões.de.euros..O.VAB.induzido.será.de.67,3.milhões.de.euros.
Em.Setúbal,.a.expectativa.é.naturalmente.grande..“Setúbal.sempre.foi.uma.cidade.martirizada”,.recorda.Joaquim.do.Rosário..“Houve.migração. provocada. pela. fábrica. de. automóveis,. como. houve.antes.com.a.Setenave”.(com.quatro.mil.trabalhadores,.o.que.signi‑ficava.“pelo.menos.um.reflexo,.pelo.agregado.familiar,.em.doze.mil.pessoas”)..
Joaquim.do.Rosário.concorda.que.Setúbal.“só.tem.serviços.e.turis‑mo.para.oferecer,.mas.é. impossível.que,.como.destino. turístico,.não.conte.com.estruturas.de.recreio.náutico..Por.que.não.temos.ainda.uma.marina. do. lado. de. Setúbal?”. Retira. um.projecto. da.prateleira,.um.desenho.ainda.dos.anos.60..“A.marina.estava.pre‑vista.mas.o.Parque.[Natural.da.Arrábida].vetou.o.desenvolvimento.da.cidade”.
Posteriormente,. surgiram. ideias. arrojadas.para. o. lado.de.Tróia,.como,.em.1987.e.quando.a.tutela.era.assegurada.por.Valente.de.Oliveira,. a. de. uma. marina. para. 640. barcos,. integrada. num.projecto. de. “27. mil. camas”. e. “um. túnel. submarino. de. quatro.quilómetros.para.ligar.as.duas.margens”..“Esta.cidade.é.propensa.
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a.exageros.e.a.contrastes,.de.que.é.também.exemplo.a.Torralta”.–.o.projecto.inicial,.nos.anos.70,.era.de.setenta.mil.camas.–,.conclui.Joaquim.do.Rosário..“Setúbal.vive.em.ritmos.sinusoidais”.
O.Clube.Náutico.propõe.agora.a.sua.própria.marina,. insistindo.nas.condições.excepcionais.do.Sado,.como.ficou.provado.em.com‑petições.internacionais.de.vela..“Aqui.navega‑se.sempre..Quando.o.mar.não.permite,.temos.o.lado.de.dentro..A.cidade.tem.capaci‑dade.para.várias.marinas.e.a.de.Tróia.será.bem‑vinda..Os.projectos.existentes.prevêm.uma.capacidade.de.quatrocentos.barcos,.mas.só.no.Clube.temos.uma.lista.de.espera.de.seiscentas.pessoas.para.lugares”.
Em.poucos.anos,.é.provável.que.a.linha.de.rio.nas.duas.margens.seja.irreconhecível.para.Vagner.Pedro,.veterano.da.náutica.e.“da”.Tróia..Na.sua.infância,.“ia‑se.para.a.Tróia.de.barco.à.vela,.mas.no.Verão.havia.nortada.e.tinha.de.se.meter.a.proa.ao.vento”..A.praia,.nos.anos.40,.ainda.era.feita.do.lado.do.rio..“Mais.tarde,.nos.anos.50,.ia‑se.para.o.lado.do.mar..Dizia‑se.‘ir.para.a.costa’..Todo.o.bicho.de.Setúbal.montava.lá.barraca..Tinha.uma.vantagem.boa:.levava‑‑se.uma.manilha,.enterrava‑se.na.areia.e.tinha‑se.logo.água.boa.para.beber”.
A. escassez. de. água. é,. hoje,. apontada. como. um. dos. perigos.maiores.do.Troiaresort..No.seu.manifesto,.o.grupo.Cidadãos.por.Tróia.denuncia.que.as.águas.subterrâneas.da.península.não.são.suficientes. para.um.projecto. daquela. dimensão..“Rapidamente.
ficarão.salinizadas.(se.é.que.já.o.não.estão).devido.à.vizinhança.do.Estuário,.também.ele.por.definição.e.prática,.salobro..Qualquer.furo.perto.da.margem.do. Estuário. é.um. canal. aberto. à. conta‑minação. por. água. salgada. do. aquífero. doce. da. península. de.Setúbal,.o.maior.de.Portugal.e.também.o.mais.ameaçado”,.alerta.aquele.grupo..“Isto.afirmam‑no.estudos. recentes..Ver.o. caso.da.Portucel. que. já. tem. de. furar. a.mais. de. 600.metros. em. pleno.sapal,.para.obter.água.doce.que.a.todos.pertence,.não.pagando.nada.por.isso”.
As.obras.do.Troiaresort,.em.todo.o.caso,.estão.em.curso..A.cons‑trução.do.hotel.casino.e.de.novos.apartamentos.está.anunciada.para. a. viragem. de. 2006.. O. novo. cais,. para. o. ano. seguinte..O.Troiaresort.nasce.com.atraso.e.com.urgência:.“Enquanto.o.novo.projecto.não.estiver.fechado,.a.Torralta.vai.sempre.ter.prejuízos”,.declarou.há.poucos.meses.ao.Diário.de.Notícias.a.administração.da.Sonae.Turismo..Os.últimos.dados.disponíveis,.os.do.exercício.de.2001,.indicavam.uma.situação.líquida.negativa.da.Torralta.superior.a.79.milhões.de.euros,.com.as.vendas.no.patamar.dos.dez.milhões.de.euros,.referia.ainda.o.DN.
Um.dos.maiores.entusiastas.do.Troiaresort.é.Carlos.Beato,.presi‑dente.(reeleito).do.município.de.Grândola,.que.abrange.a.área.de.intervenção.de.Tróia..Grândola,.que.terá.direito.a.cerca.de.oito.por.cento.das. receitas.do. futuro.casino,.“espera.que.o.projecto.seja.um. grande. portão. de. oportunidades. de. emprego,. de. negócio,.de.mais.e.melhor.qualidade.de.vida”..O.autarca.refere.Tróia.como.
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“zona. de. excelência,. jóia. da. coroa. já. no. tempo. dos. Romanos”..Carlos.Beato.não.duvida.que.os.agentes.envolvidos.“terão.a.capa‑cidade,.arte.e. talento,. com.equilíbrio.e.preocupações.de.desen‑volvimento.sustentável,.para.tirar.daqui.o.nosso.poço.de.petróleo,.criando.mais.valores.para.distribuir.pelo.litoral.alentejano.e.zona.intermédia”.
Perspectiva.oposta. têm.os.Cidadãos.por.Tróia,.que.reúne.várias.figuras. do. meio. político. e. académico. de. Setúbal:. “O. projecto.Sonae‑Governo.põe.em.risco.o.emprego.e.a.defesa.do.ambiente,.em.nome.da.especulação.imobiliária.e.do.lucro.imediato”,.acusa.o. manifesto.. “Será. que. lotear,. construir,. aumentar. a. pressão.humana,.fragilizar.o.cordão.dunar.de.características.únicas,.é.a.melhor. maneira”. de. resolver. os. problemas. de. Tróia?. “Estamos.firmemente.convencidos.de.que.não”,.acrescentando.que.“existem.argumentos. de. ordem. ambiental,. social. e. cultural. para. se. ser.contra.aquilo.que.querem.fazer.de.Tróia,.com.a.desculpa.de.salvar.uma.empresa.moribunda”.
Um.dos.signatários.deste.manifesto.admitiu,.sob.anonimato,.que.é.preciso.reconhecer.a.derrota..“Há.outras.lutas.no.mundo….Tróia.vai.ficar.como.vai.ficar..Não.há.forças.que.sejam.capazes.de.inter‑ferir..Eu.já.nem.lá.vou..Gostava.muito.daquela.zona.e.já.fiz.o.meu.luto”..Para.este.setubalense,.bem.conhecido.na.cidade.e.fora.dela,.“os.problemas.mais.graves.nem.são.da.Sonae,.que.tem.contratado.pessoas. competentes. para. gerir. o.Troiaresort”,. incluindo. vários.ambientalistas.–.com.quem,.et pour cause,.não.foi.possível.discutir.o. projecto. para. esta. reportagem.. “O. problema. são. os. outros.[parceiros]..O.que. farão. lá?.Por.exemplo,. como. ficará.o. turismo.cultural.nas.ruínas.romanas?”
As. ruínas. estão. actualmente. inacessíveis. ao. público.. Apenas.podem.ser.visitadas.por. investigadores..É.nesta.área.de.reserva.natural,. correspondente. à. UNOP. 4. (unidade. de. planeamento.operativo).do.Troiaresort,.que.será.construído.um.ecoresort,.“uma.proposta. interessante”,. segundo. Francisco. Ferreira.. Trata‑se. de.um.aldeamento.de.140.moradias.palafíticas,.assentes.sobre.esta‑cas,.de.tipo.não.definitivo.e.construídas.em.materiais.ecológicos..Uma.reconversão,.ironicamente,.das.humildes.cabanas.tradicio‑nais.de. comunidades. ribeirinhas. como.a.Carrasqueira,.de.novo.na.moda..Sobre.as.ruínas.romanas,.a.Sonae.refere.genericamente.a.sua.“requalificação”.e.a.instalação.de.um.centro.de.interpretação.ambiental.
Turismo.residencial,.congressos.e.golfe.são.os.três.eixos.de.clientela.para.viabilizar.o.Troiaresort..Além.do.aumento.do.campo.existente.em.Tróia,.tanto.a.Sonae.como.a.Câmara.de.Grândola.pretendem.alargar.a.oferta.disponível.na.frente.litoral.do.concelho..“Queremos.mais.quatro.golfes”,.afirma.Carlos.Beato..Dois.estão.já.aprovados.e.deles.depende.em.parte.a.“performance”.de.Tróia..Carlos.Beato.pretende. fazer.do.Alentejo. litoral. o.novo.destino.de. férias,. para.o.que. antevê. um. investimento. global. de.mil. milhões. de. euros.(mais.de.duzentos.milhões.de.contos).nos.45.quilómetros.de.frente.marítima..Além.de.Tróia,.há.mais.três.“áreas.de.desenvolvimento”,.no.Carvalhal,.Galé‑Fontainhas. e.Melides.. As. quatro. áreas. foram.aprovadas.pelo.ex‑primeiro‑ministro.Cavaco.Silva.–.de.cuja.cam‑panha.presidencial.Carlos.Beato.é.um.dos.mandatários.
“Sem.nos.pormos.em.bicos.de.pés,.temos.uma.localização.inve‑jável. e. um. ambiente. excepcional”,. mas. “é. preciso. credibilizar.a.oferta”.. O. autarca. explica. que.Tróia. é.“a. praia. de. Badajoz,. de.
Cáceres,.de.Mérida,.de.alguns.sevilhanos.e.até.de.alguns.madri‑lenos..Temos.que.nos.preparar..Espanha,.Alemanha.e.França.são.os.nossos.maiores.clientes”..Nesse.sentido,.adiantou.recentemente.a.Sonae.Turismo.ao.DN,.há.parceiros.que.actuarão.nos.mercados.preferenciais:. Alemanha,. Áustria. e. Suíça;. Irlanda. e. Inglaterra;.Itália.e.Espanha..A.comercialização.de.289.residências.(“de.praia”.e.“de.marina”).começará.em.Março.de.2006.
“O. turismo. que. for. praticado. por. este. empreendimento. será.sempre.de.pseudo.luxo”,.considera.o.manifesto.dos.Cidadãos.por.Tróia..“A.esmagadora.maioria.dos.portugueses.não.lhe.terá.acesso,.nomeadamente.aqueles.que.actualmente.mais.frequentam.estas.paragens. –. setubalenses. e. alentejanos..Os. loteamentos. a. efec‑tuar. inviabilizarão.um.turismo.ambiental.de.grande.qualidade,.devido.à.pressão.humana.exagerada.e.à.fragilização.do.ecossis‑tema,.sendo.ambos.incompatíveis”.
“O. turismo. de. sol. e. mar. já. deu. o. que. tinha. a. dar”,. concorda.Francisco.Ferreira..“A.componente.de.segunda.habitação.é.obvia‑mente.relevante”.e.um.dos.sectores‑alvo.será.talvez.“o.dos.emi‑grantes.prontos. a. investir”..Um.mau.exemplo.de. ocupação. é. o.aldeamento. Soltróia,. aprovado. em. 1995:. um. triste. aglomerado.de.moradias.com.um.preço.ambiental.considerável.e.que.passam.a.maior.parte.do.ano.com.as.portadas.fechadas.
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“Continua. a. vencer. a. lógica. do. curto‑prazo.. É. indiferente. a. cor.política.do.poder.central.ou.local:.venha.o.investimento..Foi.assim.que. o. Alqueva. resultou. num. buraco. de. quinhentos. milhões.de.contos.–.e.veremos.quem.vai.regar.o.quê.quando.a.água.for.ao.preço. das. tarifas. da.União. Europeia”,. analisa. o. dirigente. da.Quercus.
“A.relação.mais.forte.dos.setubalenses.é.com.a.Tróia,.não.é.sequer.com.o.Vitória.[Futebol.Clube]..Está.no.imaginário.e.na.fruição.de.Setúbal”,.frisa.Joaquim.do.Rosário,.explicando.porquê:.“Cá.deste.lado. não. há. praias.. A. Figueirinha. está. fechada,. a. outra. enche.[de.gente]. em. dez.minutos,. a. dos. Galapos. tem. o. problema. de.acesso..É.Tróia.que.capta.o.milionário.e.o.barraqueiro”,.embora.previsivelmente. o. novo. rumo. turístico. da. península. contrarie.“a.democratização”. conhecida. nos. anos. 70,. “quando. começou.a.captar.pessoas.do.Barreiro,.da.Margem.Sul”.e.depois.do.Alentejo.e.de.Lisboa..Até.à.decadência.da.Torralta.–.e.ao.“fartar.vilanagem”.de.um.tempo.em.que.“cada.um.levava.o.que.queria.de.lá”.
“Isto.vai.ser.só.para.ricos”,.suspeita,.do. lado.oposto.do.estuário,.o.pescador.José.Sardinha..“Este.ano,.os.‘ferries’.chegaram.a.levar.apenas. passageiros,. sem. lugar. para. carros.. Para. onde. irá. toda.esta.gente?”.Na.Carrasqueira,.porém,.olha‑se.também.com.expec‑tativa. para. um. projecto. da. envergadura. do. Troiaresort. como.
forma. de. resolver. a. crise. que. se. instalou. na. comunidade..Os.homens.da.aldeia.começaram.a.emigrar.para.Espanha.“há.três.ou.quatro.anos”,.para.a.construção.civil..Ali.mesmo.à.volta.de.José.Sardinha,.no.café.da.sua.irmã,.estão.vários.desempregados.que.esperam.a.chegada.de.um.dos.emigrantes.da.aldeia,.“que.foi.ver.como.é”.
Ao. estuário. do. Sado. voltou. algum. do. marisco. que. tinha. sido.extinto. com. a. poluição. da. celulose,. da. construção. naval. e. da.fabricação.de.fermento..“Mas.a.pesca.já.não.é.o.que.era.há.vinte.anos”,.quando.saíam.de.Tróia.amêijoas.e.ostras..“Na.estação.do.Cais. do. Sodré.havia.um.estabelecimento.que. anunciava.‘Coma.ostras.da.casa’..Eram.daqui”,.lembra.o.pescador..“O.que.safou.este.ano. foi. a. amêijoa..Mas. já. não.há.minhoca”,. que. era. apanhada.e.enviada.para.Espanha.como.isco..“Era.um.paraíso..Durou.25.anos”..E,. como. acabou. a. minhoca,. “o. linguado. desapareceu. ou. ficou.mais.pequeno”.
“Tróia.não.é.apenas.um.lugar.de.turismo..É,.sobretudo,.um.lugar.na.memória.de.uma.população”,.ressalva.um.setubalense.envol‑vido.na.contestação.ao.projecto..“Mas.isso.não.é.um.padrão.uni‑versal,.como.vemos..O.destino.de.Tróia.não.tem.que.ser.inevitavel‑mente.trágico..Não.tem.que.ser.como.certas.áreas.do.Barlavento.Algarvio…”.
Do que não há dúvidas, entretanto,
é que a população de golfinhos‑
‑roazes do Sado tem vindo
“sistematicamente a decrescer”,
como vem revelando o trabalho
da bióloga marinha Raquel Gaspar.
Em 1986, a população tinha
40 indivíduos; em 2001, tinha 34;
actualmente, apenas
há 27 golfinhos.
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Marcado por um já longo debate,
o processo de descentralização não
reúne consenso partidário quanto
ao modelo que lhe deve subjazer.
Miguel Relvas, Secretário de Estado
da Administração Local do anterior
Governo protagonizou uma proposta que
configura grandes áreas metropolitanas,
comunidades urbanas e intermunicipais.
Eduardo Cabrita, actual Secretário de
Estado Adjunto e da Administração Local
defende uma outra baseada nas NUT II.
Ambos revelam à LVT em que consistem
os respectivos modelos de reestruturação
administrativa do país.
descentralizaçãodois caminhos possíveis
Protagonistas.|.Inês Costa Pessoa
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Enquanto secretário de Estado da Administração Local do anterior Governo, o Dr. Miguel Relvas foi o mentor do projecto de descentralização administrativa do país, com a proposta de criação das Grandes Áreas Metropolitanas, Comunidades Urbanas e Comunidades Intermunicipais. Como é que o caracteriza (em termos de vocação, propósitos e resultados esperados)?
Os.Governos.liderados.pelo.PSD.assumiram.a.política.de.descentralização.administrativa.como.uma.preocupação.prioritária.da.sua.acção..Uma.política.que.consideramos.essencial.no.contexto.da.correcção.das.profundas.assimetrias.regionais.ainda.existentes..Num.processo.sem.precedente.em.Portugal,.o.Conselho.de.ministros,.reunido.em.Tomar.no.mês.de.Junho.de.2002,.aprovou.o.primeiro.conjunto.de.orientações.do.Plano.de.Descentralização.Administrativa..Seguiu‑se.a.aprovação.de.um.número.amplo.de.diplomas.concretos.e.o.apoio.à.constituição.das.novas.Grandes.Áreas.Metropolitanas,.Comunidades.Urbanas.e.Comunidades.Intermunicipais..Tais.entidades.–.ao.contrário.do.que.nos.quer.crer.o.Governo.Socialista.–.abrangem.já.mais.de.95%.da.população.portuguesa..A.criação.destas.estruturas.supra‑municipais.permitiu.a.instituição.de.pessoas.colectivas.de.âmbito.territorial.com.um.cariz.inovador,.orientadas.para.a.gestão.integrada.de.espaços.metropolitanos.e.urbanos.de.âmbito.supra‑municipal..Proporcionou,.ainda,.oportunidades.concretas.para.a.resolução.de.problemas.que.ultrapassam,.claramente,.as.fronteiras.municipais,.contrariando.o.individualismo.e.o.isolacionismo.que,.por.vezes,.condicionam.o.funcionamento.das.instituições.autárquicas,.e.promoveu.relações.de.complementaridade.e.de.solidariedade.entre.municípios.territorialmente.contíguos..A.nossa.intenção.foi.clara:•.Permitir.que.os.municípios.se.associassem.voluntariamente,.
criando.pólos.bem.posicionados.e.bem.preparados.para.enfrentar.os.desafios.crescentes.com.que.são.confrontados.nos.dias.de.hoje,.tanto.no.plano.interno,.quanto.no.plano.internacional.•.Criar.condições.para.consolidar.diversos.interesses.municipais.numa.perspectiva.de.estabilidade,.permitindo.gerir.e.colocar.à.disposição.dos.cidadãos.um.manancial.de.programas,.estruturas.e.infra‑estruturas.que.anteriormente,.porque.agindo.isoladamente,.as.Câmaras.Municipais.não.conseguiam.executar.plenamente.
Que atribuições, competências e meios seriam transferidos para cada uma dessas entidades com a concretização do projecto? E que lacunas poderiam esses novos pólos urbanos colmatar face às estruturas administrativas já existentes?
Destaca‑se.a.coordenação.de.competências.das.Áreas.Metropolitanas.com.a.Administração.Central.no.âmbito.da.saúde,.educação,.infra‑estruturas.de.saneamento.básico.e.abastecimento.público,.ambiente,.conservação.da.natureza.e.recursos.naturais,.segurança.e.protecção.civil,.acessibilidades.e.transportes,.equipamentos.de.utilização.colectiva,.promoção.do.turismo.e.cultura,.valorização.do.património,.apoios.ao.desporto,.à.juventude.e.às.actividades.de.lazer..Na.promoção.do.planeamento.estratégico.ao.nível.das.Grandes.Áreas.Metropolitanas.e.Comunidades.Urbanas,.adequando.os.Planos.Regionais.de.Ordenamento.do.Território.a.estas.entidades.territoriais,.incentivando.a.sua.estruturação,.a.coordenação.de.investimentos.de.interesse.supra‑municipal.e.a.articulação.da.sua.actuação,.a.todos.os.níveis,.com.os.serviços.da.Administração.Central..Os.municípios.podem,.e.devem,.transferir.também.competências.para.as.Áreas.Metropolitanas.quando.desta.transferência.resultem.ganhos.de.eficiência,.eficácia.e.economia.Quanto.aos.meios,.é.fundamental.uma.nova.lei.de.financiamento.da.Administração.Local.e.supra‑municipal.que.inove.o.modelo.de.financiamento.em.áreas.como:•.Descentralizar.competências.para.os.municípios,.áreas.metropolitanas.e.comunidades.intermunicipais.na.liquidação.e.cobrança.de.impostos.locais;•.Estudar.a.substituição.parcial,.subordinado.à.manutenção.da.carga.fiscal.e.impacto.nulo.no.saldo.do.Estado,.das.transferências.deste.para.os.municípios,.preferencialmente.sob.a.forma.de.derrama.sobre.o.IRS;•.Introduzir.a.obrigatoriedade.do.planeamento.orçamental.plurianual.(4.anos),.incluindo.empresas.municipais,.com.auditoria.externa.obrigatória.e.com.divulgação.anual.dos.resultados.e.compromissos.financeiros.futuros.da.autarquia,.incluindo.as.PPP’s;•.Extinguir.a.distinção.entre.receitas.correntes.e.de.capital,.dos.fundos.disponibilizados.pelo.Estado;•.Adoptar.uma.regra.de.equilíbrio.orçamental.global.obrigatório,.no.conjunto.do.mandato.de.quatro.anos;•.Reforçar.o.peso.da.dívida.em.relação.ao.seu.serviço,.na.fixação.de.limites.de.endividamento;•.Racionalizar.tarifários.dos.serviços.públicos.relevantes,.com.aproximação.a.valores.de.referência.de.“melhores.práticas”,.no.prazo.de.cinco.anos;•.Criar.o.“Fundo.de.Compensação.Fiscal”,.ou.adoptar.o.actual.“Fundo.de.Coesão.Municipal”,.em.favor.dos.Concelhos.com.menor.
Miguel RelvasDeputado.do.PSDEx‑Secretário.de.Estado.da.Administração.Local
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capacidade.fiscal,.privilegiando.o.apoio.a.projectos.de.requalificação.dos.espaços.urbanos.e.naturais;•.Introduzir.taxas.de.mobilidade.e.sobre.mais.valias.destinadas,.exclusivamente,.a.co‑financiar.a.melhoria.sustentada.dos.transportes.públicos.nas.principais.Áreas.Metropolitanas;•.Participar.nas.coimas.aplicadas.sobre.emissão.de.poluentes.de.âmbito.local;•.Proibir.explicitamente.a.assunção.de.passivos.de.qualquer.município,.por.parte.de.outras.entidades.públicas;•.Assumir.o.princípio.da.reciprocidade.no.relacionamento.entre.o.Governo.e.o.Poder.Local;•.Concentrar.os.poderes.e.os.meios.de.tutela.inspectiva.sobre.as.autarquias.num.único.organismo,.com.competência.para.a.verificação.da.legalidade.da.gestão.autárquica,.tanto.no.domínio.administrativo,.como.financeiro;•.Concretizar.os.previstos.poderes.tributários.dos.municípios.e.ainda.não.regulamentados;•.Atribuir.às.Assembleias.Municipais.poderes.tributários.que.lhes.permitam.definir.regras.para.isenções.temporárias.de.impostos.locais;•.Reavaliar.os.prédios.rústicos.para.permitir.a.liquidação.e.cobrança.de.um.IMI.rústico;•.Realizar.o.cadastro.nacional.de.prédios,.no.prazo.máximo.de.três.anos;•.Adoptar.o.princípio.da.estabilidade.dos.critérios.de.distribuição.dos.Fundos.pelos.municípios.Importa.que,.no.contexto.da.actual.descentralização,.sejam.criados.mecanismos.de.disciplina.orçamental.que.passam,.nomeadamente.por:•.Ligar.directamente.as.contas.das.associações.às.contas.de.cada.um.dos.municípios.associados;•.Criar.uma.Comissão.Técnica.Independente.que.dará.parecer.sobre.cada.proposta.de.descentralização,.identificando.o.modelo.de.financiamento.e.os.compromissos.de.maior.eficiência,.antes.da.aprovação.final.pelo.Ministério.das.Finanças.
E como assegurar a funcionalidade e a eficácia dos mesmos sem que haja sobreposição de funções e competências com as estruturas tradicionais, e sem que os interesses locais se sobreponham aos regionais?
A.articulação.entre.a.Administração.Central.e.supra‑municipal.pressupõe.coordenação.e.racionalidade.por.parte.dos.serviços.existentes.na.Administração.Central.
Há quem aponte, como risco inerente a uma reforma desse tipo, uma possível partidarização dessas estruturas de natureza supra‑municipal, sem que essa tenha correspondência numa legitimidade política própria. Concorda? E o que poderia e deveria ser efeito para evitar tal risco?
Maior.partidarização.que.aquela.que,.infelizmente,.hoje.já.existe.é.impossível..A.experiência.demonstra‑nos.que.estas.realidades.exigem.espaços.e.vontades.de.concertação..Hoje,.como.ontem,.continuo.convicto.que,.com.a.transferência.real.de.competências.e.meios,.seria.possível,.ao.fim.de.um.espaço.temporal.de.5.a.10.anos,.eleger.por.sufrágio.directo.e.universal.o.Presidente.desta.entidade.
Para além das virtudes assinaladas quais os principais desafios e obstáculos que a implementação do modelo administrativo visado enfrenta?
Vontade.política.e.assumirmos,.de.vez,.a.descentralização.como.um.desígnio.e.uma.prioridade.nacional..Não.se.pode.assumir.um.projecto.regionalista.no.discurso,.como.tem.sido.timbre.do.Partido.Socialista,.e.depois.centralista.e.jacobino.na.prática.política,.como.ficou.patente.na.decisão.de.voltar.a.nomear.os.Presidentes.das.CCDR’s,.alterando.a.regra.da.eleição.a.partir.de.um.colégio.eleitoral.representativo.da.região,.que.era.uma.evolução.muito.positiva.já.introduzida..Queremos.uma.descentralização.aberta.e.dinâmica..Não.aceitamos.modelos.fechados,.imobilizados.e.estáticos.
Considera que a criação destes patamares administrativos intermédios entre os níveis nacional e local são susceptíveis de vir a configurar, no futuro, um modelo alternativo de descentralização? E quais são as diferenças mais significativas face ao modelo de regionalização constitucionalmente previsto?
Sejamos.francos.e.directos:.a.regionalização.está.adiada..Foi.uma.decisão.livre.e.soberana.dos.portugueses..Deixem‑se.de.ilusões.os.que.–.felizmente.poucos.–.ainda.acham.que.“aquele”.modelo.de.regionalização.pode.ressuscitar..O.tempo.não.volta.para.trás..O.caminho.do.futuro.é.a.descentralização..“Aquela”.regionalização.seria.o.regresso.ao.passado..Um.que.não.deixou.nem.história.nem.grande.memória..Aos.nostálgicos.desse.passado.de.conflito.e.de.retórica.inconsequente.devemos.recomendar.o.caminho.da.tradição.cultural.portuguesa.–.o.caminho.da.descentralização..A.regionalização.dividiu..A.descentralização.une.
Tendo em conta a mudança de Governo, como prevê o decorrer da reforma administrativa que protagonizou?
Esta,.para.mim,.não.é.uma.luta.de.poderes.entre.partidos,.na.qual.uma.maioria.com.a.sua.democracia.musculada.pensa.que.pode.tudo,.mas.antes.um.debate.sério.e.profundo.sobre.o.Estado.que.queremos..Também.em.matéria.de.descentralização,.parar.é.estagnar;.hesitar.é.paralisar;.adiar.é.bloquear.Por.isso,.queremos.um.modelo.de.descentralização.virado.para.o.futuro..Não.queremos.soluções.que.signifiquem.o.regresso.a.um.passado.que.não.deixou.saudades..Os.portugueses.exigem.hoje.das.Administrações.Central.e.Local.uma.tarefa.tão.clara.como.esta:.a.promoção.da.qualidade.de.vida..Se.alguma.mensagem.política.ficou.clara.nas.últimas.eleições.autárquicas,.foi.a.de.que.o.país.quis.pôr.um.travão.ao.crescimento.urbano.desregrado,.sem.suporte.em.infra‑estruturas.adequadas;.foi.a.de.que.o.país.quis.pôr.um.travão.à.expansão.dos.aglomerados.sem.regra;.foi.a.de.que.o.país.quis.pôr.um.travão.aos.espaços.urbanos.desqualificados,.inseguros.e.sem.identidade;.foi.a.de.que.o.país.quer.harmonia,.equilíbrio.e.qualidade..Não.quer.desregulação,.desordenamento.e.massificação.Se.o.Partido.Socialista.e.o.Governo.abrirem.mão.de.um.Estado.dominador,.centralista,.ineficaz.e.caduco,.será.possível.a.existência.de.um.entendimento.que.permita.a.consolidação.de.um.Estado.moderno.e.descentralizado..
30 |
Como é que o Dr. Eduardo Cabrita se posiciona face ao projecto
de descentralização administrativa do país proposto pelo anterior
Governo, com a proposta de criação das Grandes Áreas Metropoli‑
tanas, Comunidades Urbanas e Comunidades Intermunicipais?
A.descentralização.de.competências.pensada.e.aprovada.pelo.
anterior.Governo.pura.e.simplesmente.não.existiu..Tenho.dito.
várias.vezes.que.se.tratou.de.uma.mera.«descentralização.
de.ilusões»..Deu‑se.a.entender.que.o.caminho.era.o.da.criação.
de.Grandes.Áreas.Metropolitanas,.pensando‑se.que.por.decreto.
se.poderiam.criar.novas.áreas.metropolitanas.no.país.e.com.elas.
se.passaria.a.uma.transferência.substancial.de.competências.
e.de.meios.financeiros..Hoje.sabemos.que.nada.disso.aconteceu..
E.não.se.invoque.a.queda.do.Governo.anterior,.as.leis.eram.
de.2003.e.em.2005.nada.tinha.avançado.
Quanto.às.actuais.formas.de.associativismo.municipal.torna‑se.
necessário.intervir.legislativamente.de.forma.a.corrigir.as.muitas.
insuficiências.e.disfunções.detectadas.no.modelo.das.áreas.
metropolitanas.e.das.comunidades.intermunicipais.
Contudo,.em.face.das.leis.de.2003,.alguns.municípios.deram.passos.
em.frente.ao.nível.do.associativismo.municipal.que.importa.
realçar..E.este.é.o.caminho..Os.municípios.terão.cada.vez.mais.
de.pensar.a.uma.escala.adequada.aos.desafios.do.futuro.e.a.
resposta.a.esses.desafios.não.poderá.continuar.a.ser.a.mesma.dos.
últimos.30.anos..Não.há.perdas.de.poder.em.deixar.de.se.pensar.
paroquialmente..Há.vantagens.em.encarar.que.pode.haver.maior.
qualidade.de.serviço.no.associativismo.municipal..Nesse.aspecto.
o.impulso.do.anterior.Governo.deu.alguns.frutos..Há.agora.que.
ajustar,.mas.respeitando.sempre.a.vontade.dos.municípios..
Mas.este.associativismo.só.faz.sentido.se.for.o.veículo.predo‑
minante.da.descentralização.efectiva.que.pretendemos.realizar.
Mas,.repito,.só.uma.profunda.alteração.do.quadro.legal.em.vigor.
permitirá.potenciar.a.vontade.manifestada.pelos.municípios.
no.sentido.de.reforçarem.a.cooperação.supramunicipal.e.a.
própria.descentralização..
Que virtudes e deficiências encontra nessa transferência
de atribuições e competências da administração central para
entidades de natureza supra‑municipal, bem como no mapa
administrativo delineado?
No.anterior.modelo.vejo.muitas.insuficiências,.em.particular.
naquilo.que.foi.a.sua.concretização..Mas.acredito.plenamente.
nas.virtualidades.dos.processos.de.descentralização,.seja.para.
as.futuras.Áreas.Metropolitanas.seja.para.os.municípios..
Contudo,.só.Lisboa.e.Porto.têm.dimensão.metropolitana.para.ter.
competências.e.quadros.próprios,.para.assumirem.um.estatuto.
específico,.supramunicipal..Não.seguiremos.um.caminho.
de.multiplicação.das.áreas.metropolitanas.onde.elas.manifes‑
tamente.não.existem..O.programa.do.Governo.estabelece.
a.necessidade.de.racionalizar.a.administração.desconcentrada.
do.Estado.segundo.o.modelo.das.NUT.II..A.coordenação,.descon‑
centração.e.descentralização.da.gestão.territorial,.em.consonância.
Eduardo CabritaSecretário.de.Estado.Adjunto.e.da.Administração.Local.
| 31
com.a.reorganização.territorial.da.administração.autárquica.
e.a.reforma.administrativa.do.Estado,.são.instrumentos.
.fundamentais.para.concretizar.plenamente.os.princípios.
da.subsidiariedade.e.da.coesão.
Tendo em conta as assimetrias dos municípios (em termos de
dimensão, recursos económicos e tecnológicos, força política,
entre outras) considera que a agregação proposta tende a reduzir,
reproduzir ou agravar as desigualdades e dependências inter‑
‑municipais?
Não.gosto.da.expressão.“agregação”..Lembra.“aglomeração”.
ou.“incorporação”..Os.municípios.vão.manter.as.suas.caracte‑
rísticas,.vão.apenas.associar‑se,.discutir,.planear,.executar.
em.conjunto.algumas.estratégias.que.são.comuns,.que.só.podem.
ser.comuns..Não.faz.sentido.que.num.tempo.de.globalização,.
de.partilha.de.informação.à.escala.planetária.alguns.ainda.
acreditem.num.modelo.do.“orgulhosamente.sós”..O.associati‑
vismo.municipal.tende.a.reduzir.assimetrias.porque.torna.mais.
racional.o.uso.dos.meios.financeiros.disponíveis,.criando.assim.
condições.para.mais.e.melhores.serviços.municipais.e.conse‑
quentemente.para.a.melhoria.das.condições.de.vida.das.popu‑
lações..Em.conjunto.os.municípios.terão.mais.força,.mais.meios,.
maior.dimensão.aos.mais.diversos.níveis..Olhe,.desde.logo.
ao.nível.europeu,.só.associados.pequenos.municípios,.à.escala.
da.União.Europeia,.poderão.ter.voz.e.representatividade.
Em seu entender, a associação dos municípios num patamar
administrativo intermédio entre os níveis nacional e local poderá
servir de base a um modelo alternativo de descentralização?
Ou será que pelo contrário ele pode constituir uma fase intermédia
na evolução para o modelo de regionalização constitucionalmente
previsto ou, mesmo, ser complementar a este?
As.associações.de.municípios.não.são.um.novo.patamar.
.no.edifício.administrativo.do.país..Não.se.deve.confundir.
descentralização.com.regionalização..São.talvez.duas.faces.de.
uma.mesma.moeda,.a.moeda.da.racionalidade..Admito,.contudo,.
que.um.bom.processo.de.descentralização,.bem.pensado.e.bem.
executado,.pode.facilitar,.no.futuro,.um.igualmente.benéfico.
processo.de.regionalização..Sabe,.Portugal.é.um.exemplo.ao.nível.
do.Poder.Local.já.que.conseguiu.fazer.em.30.anos.o.que.muitos.
outros.países.levaram.gerações.a.concretizar..Haverá.certamente.
correcções.a.fazer,.municípios.em.que.as.coisas.não.correm.tão.
bem.como.se.desejaria,.mas.os.municípios.portugueses.são,.
na.sua.generalidade.bons.exemplos.de.administração.pública..
Agora.há.que.dar.um.passo.em.frente,.há.que.fazer.uma.efectiva.
descentralização.de.competências.para.os.municípios.no.sentido.
de.se.alcançar.uma.administração.ao.serviço.dos.cidadãos.e.do.
desenvolvimento.económico..O.desafio.hoje.é.o.da.qualificação,.
da.capacidade.de.mobilização.para.o.desenvolvimento.regional.
e.local,.e,.em.parceria,.Governo.e.Poder.Local,.responderemos.aos.
desafios.de.um.futuro.que.está.já.aí.
Como caracterizaria o mapa administrativo adequado à realidade
económica, sócio‑demográfica e cultural portuguesa?
O.que.temos.é.manifestamente.desajustado..O.Governo.entende.
que.se.deve.racionalizar.a.administração.desconcentrada.
do.Estado.segundo.o.modelo.das.NUT.II..É.nesse.modelo.de.
administração.desconcentrada,.que.é.uma.condição.para.uma.
boa.descentralização,.que.se.vai.pôr.termo.à.multiplicidade.
de.modelos.de.organização.territorial,.à.duplicação.de.compe‑
tências.e.de.tarefas..Tal.implicará.uma.profunda.reorganização.
da.administração.central.desconcentrada..À.Administração.
Central.vai.exigir‑se.tanto.como.aos.municípios.em.matéria.
de.mudanças.
Que medidas visa o actual Governo adoptar relativamente
ao modelo de descentralização legado pelo anterior executivo?
Serão.medidas.que.visam.alterar.de.forma.profunda.o.anterior.
modelo..
Veja,.o.Orçamento.do.Estado.para.2006.já.irá.prever.que.durante.
o.ano.de.2006.o.Governo.fica.autorizado.a.legislar.no.âmbito.
da.definição.das.formas.de.contratação.a.utilizar.no.exercício.
de.competências.a.confiar.às.Grandes.Áreas.Metropolitanas.
de.Lisboa.e.do.Porto,.bem.como.às.entidades.intermunicipais.
criadas.ao.abrigo.das.Leis.n.º.10/2003.e.n.º.11/2003..
A.Lei.Orçamental.prevê.igualmente.que.em.2006.o.Governo.deve.
apresentar.iniciativa.legislativa.no.sentido.de.proceder.à.revisão.
das.Leis.n.º.10/2003.e.n.º.11/2003,.à.criação.das.autarquias.
metropolitanas.de.Lisboa.e.do.Porto,.bem.como.à.definição.
do.quadro.de.competências.das.associações.de.municípios.
regionais.e.sub‑regionais..
Mas.além.disso.o.Governo.já.definiu.um.conjunto.articulado.
de.medidas.legislativas.que.visam.alterar.de.forma.muito.
substancial,.o.actual.modelo.que,.repito,.nunca.chegou.
.sequer.a.ser.concretizado..Aprofundar.uma.verdadeira.descen‑
tralização.significa.completar.o.processo.de.transferência.de.
competências.para.os.municípios.e.freguesias.iniciado.em.1999,.
em.paralelo.com.a.alocação.dos.recursos.correspondentes..
Mas.quando.se.diz.alocação.de.recursos.não.significa.neces‑
sariamente.mais.dinheiro..De.facto,.o.Governo.tomou.a.iniciativa.
de.promover.uma.reforma.do.sistema.de.financiamento.das.
autarquias,.já.em.curso..Esta.reforma.incluirá.as.modificações.
necessárias.a.tornar.os.municípios.menos.dependentes.de.
certas.receitas,.ao.mesmo.tempo.que.será.definido.o.há.muito.
anunciado.regime.legal.de.poderes.tributários.a.exercer.pelos.
municípios.
O.Governo.preconiza,.também,.a.regulamentação.do.regime.
de.cooperação.entre.a.Administração.central.e.a.Administração.
local.e.desta.com.as.entidades.públicas.e.privadas..A.revisão.
da.lei.das.empresas.municipais.e.intermunicipais.e.o.estabele‑
cimento.de.novos.regimes.para.as.parcerias.público‑privadas.
e.para.a.concessão.de.serviços.municipais.fornecerão,.assim,.
um.novo.quadro.de.actuação.ao.dispor.das.autarquias..
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A Siemens Portugal tem‑se destacado na área I&D. Quer dizer em que aspectos têm desenvolvido a vossa acção?
A.Siemens.centra.a.sua.actividade.de. I&D.em.Portugal.na.área.das.Telecomunicações.. Abrangemos. toda. a. cadeia. de. valor. que.passa.pela.Pesquisa.Fundamental,.Investigação.Aplicada,.Desen‑volvimento.e.Testes.laboratoriais..Em.Portugal.os.nossos.centros.de. competência. são. em. Redes. Ópticas,. Sistemas. de. Gestão. de.Redes,. Home. Entertainment. Solutions,. Sistemas. Multimédia.e.Mobile.Networks.
Como responsável pelo Pólo de Inovação, que projectos tem desenvolvido?
A.inovação.é.a.principal.alavanca.estratégica.do.desenvolvimento.empresarial.da.Siemens.Portugal..A.Siemens.definiu.uma.política.de. inovação,. coordenada. ao. mais. alto. nível. por. um. elemento.da.comissão. executiva,. assente. em. 4. programas. estratégicos:.Customer. Focus,. Enabling,.Technology. e.Value. Creation.. A.com‑binação.desta.política. com.o. investimento.nas. infra‑estruturas.necessárias. ao. desenvolvimento. das. diversas. actividades,. com.particular.incidência.para.as.de.I&D,.tem.como.objectivo.atingir.níveis.excepcionais.de.desempenho.e.de.competitividade..A.Siemens.disponibiliza. programas. de. reconhecimento. dirigidos. a. todos.os.seus. colaboradores,. individualmente. ou. em. grupo,. os.quais.visam.publicamente.incentivar.a.adopção.de.uma.atitude.empre‑endedora,. com. o. objectivo. de. obter. soluções. inovadoras. e.que.tragam.valor.acrescentado.para.a.empresa.
Acontecimento.|.Luís de CarvalhoFotografia.DR
Aposta na InovaçãoJoão Picoito, responsável pelo Pólo de I&D
da Siemens Portugal, fala nesta
entrevista do trajecto que a empresa tem
vindo a desenhar e explica as razões do
enorme investimento na formação de
recursos humanos, nas parcerias e nos
projectos estratégicos que têm vindo
a consolidar a posição do país como
centro competitivo.
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Qual a importância estratégica da I&D para a Siemens Portugal?
A. I&D. tem.um.papel.estratégico.na.consolidação.de.know‑how.tecnológico.em.Portugal,.sendo.também.um.factor.chave.da.com‑petitividade. a. longo. prazo.. Os. investimentos. efectuados. nesta.área,. permitem. colocar. Portugal. numa.posição. de. reconhecida.competitividade,.liderando.através.da.Inovação..A.estrutura.de.I&D.da.Siemens.em.Portugal.conta.com.mais.de.1300.engenheiros..A.nossa.aposta.nesta.área.remonta.a.1997.tendo.sido.no.ano.pas‑sado.inaugurado.mais.um.laboratório,.o.laboratório.Multimédia..A.I&D.tem.uma.importância.crucial.para.mantermos.os.nossos.níveis.de.inovação.e.conseguirmos.responder.às.diferentes.neces‑sidades.do.mercado.ao.longo.do.tempo,.mantendo.e.lutando.pela.liderança.nos.vários.segmentos.em.que.apostamos.
Um dos aspectos fulcrais que se coloca às empresas que enfrentam a globalização, é a qualificação dos recursos humanos. Qual tem sido a vossa política de recrutamento e formação?
A.I&D.em.alta.tecnologia.só.pode.ser.competitiva.se.assentar.numa.elevada. qualificação. dos. recursos. humanos.. 100%. dos. nossos.colaboradores. de. I&D. são. engenheiros,. dos. quais. cerca. de. 10%.possuem.mestrado.e.5%.são.doutorados..Para.além.disso,.somos.uma. instituição. de. acolhimento. de. bolseiros. reconhecida. pela.FCT.(Fundação.para.a.Ciência.e.Tecnologia)..
Que parcerias tem a Siemens Portugal desenvolvido? Em que áreas? Com que resultados?
O.nosso.modelo.de.parceria.assenta.na.cooperação.com.institui‑ções.de.investigação.de.reconhecido.mérito,.com.as.quais.desen‑volvemos.projectos.que.potenciam.sinergias.em.diferentes.áreas.de. especialização.. Estamos. apostados. em. encurtar. a. distância.entre.a.comunidade.científica.e.o.sector.empresarial,.tendo.como.principais. parceiros. nacionais. o. Instituto. de.Telecomunicações,.a.Universidade.de.Aveiro,.a.Faculdade.de.Engenharia.da.Universi‑dade.do.Porto,.o.Instituto.Superior.Técnico,.a.Faculdade.de.Ciências.da.Universidade.de.Lisboa,.a.Universidade.de.Coimbra,.a.Universi‑dade.do.Minho,.a.Universidade.da.Beira.Interior.e.o.INESC..Internacio‑nalmente.temos.desenvolvido.projectos.com.as.mais.prestigiadas.Universidades.e.Institutos.de.Investigação.a.nível.mundial,.desde.o. National. Institute. of. Information. and. Communications.Technology.do.Japão,.ao.MIT.nos.EUA..
Em sua opinião, acha que a maioria das empresas portuguesas aposta o suficiente na inovação?
Se.no.passado.o.que.parecia.distinguir.as.empresas.era.a.tecnolo‑gia,.hoje.já.muito.poucos.concordam.com.esta.análise..A.inovação.e.a. integração.são.sem.dúvida.as.grandes.metas.das.empresas.tendo. em. vista. a. produtividade. e. um. elevado. ROI. (Return. on.Investment)..
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A. I&D. vem. contribuir. para. a. concretização. destas.metas.. Mas.para.que.este.contributo.seja.real.é.necessário.em.primeiro.lugar.que.as.empresas.tenham.a.cultura.da.inovação..Uma.das.medidas.que.achamos.que.pode.contribuir.para.esta.abertura.à.inovação.passa. pela. criação. de. um.“certificado. do. sistema. de. gestão. de.inovação”.utilizando.os.mesmos.pressupostos.da.certificação.da.qualidade. aplicáveis. às. empresas. que. cumpram. determinados.requisitos.. Esta. seria. uma. forma. de. sensibilizar. as. empresas.a.ganhar.consciência.para.a.importância.da.inovação.Outro. passo. importante. para. que. o. contributo. da. I&D. seja.efectivo.é.o.de.garantir.que.as.universidades.e.os.centros.de.inves‑tigação.estejam.voltados.para.as.necessidades.das.empresas.e.da.economia..Por.isso.mesmo.acreditamos.que.a.existência.de.conse‑lhos.consultivos.ligados.a.cursos.e.centros.de.investigação.podem.ser.esse.elo.de.ligação..Este.órgão.de.consulta.formado.por.em‑presários.permite.que.as.escolhas.dos.temas.e.o.plano.dos.cursos.vá.ao.encontro.das.necessidades.das.empresas..Apostar.numa.investigação.voltada.para.o.mercado.e.garantir.que.o.sector.empresarial.está.receptivo.à.inovação.é.contribuir.para.o.crescimento.da.economia..É.preciso.não.esquecer.que.Portugal.não.tem.petróleo.ou.outros.recursos. naturais. que. possam. contribuir. para. o. aumento. da.riqueza/crescimento.do.país,.a.nossa.aposta.tem.de.passar.pela.“inteligência. nacional”,. por. conseguir. mantê‑la. no. nosso. país.e.sermos.exportadores.de.know‑how,.não.apenas.para.a.Europa,.mas.para.o.mundo.desenvolvido.
Em que áreas a Siemens Portugal tem desenvolvido projectos para o mercado internacional?
Temos. desenvolvido. projectos. para. o. mercado. internacional.essencialmente.nas.áreas.em.que.temos.centros.de.inovação.em.Portugal.como.sejam:.Redes.Ópticas,.Sistemas.de.Gestão.de.Redes,.Home. Entertainment. Solutions,. Sistemas.Multimédia. e.Mobile.Networks.
Que áreas de inovação destacaria como fundamentais depois de aprovados os financiamentos comunitários para os anos de 2007/2013?
As.áreas.que.considero.serem.fundamentais.apostar.nos.próximos.anos.são.a.inovação.na.gestão.de.conhecimento,.as.novas.tecno‑logias,. e. em. áreas. de. valor. acrescentado. nomeadamente. em.biotecnologia.e.sistemas.de.informação..
É preciso não esquecer que Portugal não tem petróleo ou outros recursos
naturais que possam contribuir para o aumento da riqueza/crescimento
do país, a nossa aposta tem de passar pela “inteligência nacional”,
por conseguir mantê‑la no nosso país e sermos exportadores de know‑how,
não apenas para a Europa, mas para o mundo desenvolvido.
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Territórios.|.Pedro MenezesFotografia.Maurício Abreu
costa azuldesafios no horizonte
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Eufrázio Filipe, Presidente da Região de Turismo da Costa Azul, recentemente reeleito para
um terceiro mandato, responde às questões da LVT sobre o futuro deste destino turístico
que integra treze municípios, e sobre os desafios que este mercado muito competitivo
coloca no horizonte . O património natural desta região, um dos mais importantes do país,
extensos areais de praias ainda bem preservadas e usos e costumes tradicionais, obrigam
a que se pense num plano estratégico de crescimento sustentável.
Foi recentemente reeleito para um segundo mandato na Presidência da Região de Turismo de Setúbal. Que balanço faz do seu primeiro mandato?
Fui.reeleito.para.um.terceiro.mandato.na.presidência.da.Região.de.Turismo.de.Setúbal‑Costa.Azul,.por.minha.vontade.em.recan‑didatar‑me.estimulado.pela.unanimidade.das.parcerias.institu‑cionais,.públicas.e.privadas.que.aprovaram.em.todos.os.mandatos,.programas,.planos.de.actividades,.orçamentos.e.relatórios..Na.ver‑dade.temos.sido.no.executivo.e.na.assembleia.regional.um.corpo.com.olhos.postos.na.actividade.turística.da.região.sem.complexos.nem.tabus,.mas.com.convicções.e.determinação.apesar.das.tibie‑zas.dos.poderes.centrais.Na.Costa.Azul.não.pretendemos.salvar.o.mundo,.nem.o.país,.mas.tudo.faremos.para.ajudar.a.creditar.o.ainda.chamado.distrito.de.Setúbal.com.recursos.naturais.estratégicos.qualidade.profissional,.visão.planificada.do.poder.local.e.investimento.do.sector.privado.
O.balanço.é.positivo..Colocámos.a.Costa.Azul.no.mapa.de.destino.turístico. nacional.. Estimulámos. as. parcerias. e. concretizámos.parecerias..Colocámos.os.olhos.no.mercado.externo.e.temos.resul‑tados.positivos.em.torno.de.algumas.ofertas.qualificadas..Na.Costa.Azul.promovemos.a.venda.de.realidades.e.não.de.sonhos,.ou.se.quisermos.ser.mais.concretos,.vendemos.sonhos.acordados.com.
a.possibilidade.de.cada.um.recriar.o.que.vê.ou.perder‑se.tranqui‑lamente.à.descoberta.do.indivisível.
Que acções/projectos foram desenvolvidos no sentido de reforçar a oferta e a qualidade turística da Costa Azul?
Os.conteúdos.da.marca.Costa.Azul.foram.alterados.Apenas.como.imagem.e.numa.aproximação.simplista.aos.nossos.recursos.e.ofertas.podemos.dizer.que.continuamos.a.ser.Cristo.Rei.mas.também.somos.Golf.(com.os.nossos.cinco.campos.de.golf)..Somos.o.Tejo.mas.também.o.Freeport.e.o.Almada.Forum..Somos.a.Arrábida. e. ainda. a. observação. de. golfinhos. do. Sado.. Somos.a.Caparica.mas.também.a.Comporta.e.o.Carvalhal..Somos.os.velhos.castelos. e. ainda. o. novíssimo. teatro. de. Almada.. E. alcançamos.o.Badoca. Park. e. a. gastronomia. de.mil. paladares.. Duas. pontes,.dois. rios.e.um.litoral.além.e.aquém.Alentejo.que.é.certamente.um.dos.locais.mais.belos.do.sul.português.O. que. fizemos,. em. inúmeros. projectos,. intervenções. e. eventos,.pode.ser.sintetizado.no.conceito.tantas.vezes.repetido.de.que.o.turismo. não. é. alheio. às. nossas. raízes,. aos. nossos. valores,. aos.nossos.talentos.e.àquilo.que.de.novo.sabemos.construir..A.ideia.de.que.o.turismo.é.hoje.um.mundo.de.possibilidades.e.não.um.pacote. fechado. de. produtos. feitos,. arrumados. e. classificados..Temos.uma.ideia.de.corpo.regional.em.parceria.público/privado.
O que fizemos, em inúmeros
projectos, intervenções e eventos,
pode ser sintetizado no conceito
tantas vezes repetido de que
o turismo não é alheio às nossas
raízes, aos nossos valores, aos
nossos talentos e àquilo que
de novo sabemos construir.
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Que diferenças e complementaridades gostaria de destacar em cada um dos concelhos que integram a Costa Azul?
Na. Costa. Azul. existem. quatro. espaços. com. características. dis‑tintas:
Alentejo LitoralUma.importantíssima.reserva.turística.do.país.Torna‑se.fundamental.preservar.os.enormes.recursos.ambientais.em.presença.(afinal.a.razão.primeira.do.seu.valor.e.riqueza.patri‑monial.e.paisagística).Torna‑se.ainda.fundamental.assumir.uma.estratégia.de.desenvol‑vimento.que.coloque.o.turismo.como.protagonista..
Costa Atlântica (Almada e Sesimbra)A.requalificação.da.Costa.de.Caparica.(através.do.Polis).reforçara.o.seu.estatuto.de.principal.praia.da.Área.Metropolitana.de.Lisboa.e. permitirá. um. desenvolvimento. tendo. como. base. um. reforço.do.“perfil”.turístico.(aumento.da.oferta,.crescimento.do.golf,.matu‑ridade.das.ofertas.de.desportos.náuticos).em.detrimento.do.actual.perfil.totalmente.dominado.pelo.lazer.(ir.e.voltar.da.praia).A.continuação.da.costa.atlântica.até.Sesimbra.(Arriba.Fóssil,.Lagoa.de.Albufeira,.Meco,.Cabo.Espichel).que.inclui.30.Km.de.praias.dará.espaço.a.importantes.desenvolvimentos.turísticos.
Zona Ribeirinha do Tejo (Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete)A.relação.com.o.Tejo,.a.proximidade.a.Lisboa.e.a.afirmação.de.um.ambiente.e.uma.vivência.próprias.potenciam.(como.alguns.pro‑jectos.em.curso.demonstram).a.afirmação.de.produtos.e.ofertas.como.marinas/portos.de.recreio,.golf,.património.industrial,.turismo.equestre,.gastronomia.e.shopping.
Arrábida/Sado (Setúbal e Palmela)A.Arrábida.e.o.Sado.para.além.de.referências.ambientais.consti‑tuem. um. “enquadramento”. invejável. para. o. desenvolvimento.do.turismo. activo. (a. observação. dos. golfinhos. do. Sado. é. um.exemplo.maior),.do.Turismo.no.Espaço.Rural,.do.Turismo.Náutico,.do. Património. Cultural,. dos. Congressos. e. Reuniões,. da. Rota. de.Vinhos.(o.nosso.mar.arável).
O turismo, que é um dos sectores económicos mais importantes do país, enfrenta uma forte competitividade de outros mercados, nacionais e internacionais. Que estratégia vai defender para defrontar esses desafios?
Com. o. aumento. crescente. da. competitividade. entre. destinos,.acrescido.pela.redução.significativa.dos.preços.para.os.destinos.mais. distantes,. pressupõe. uma. resposta. ao. nível. da. qualidade.e.da.identidade.
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Não.podemos.mais.competir.pelo.preço.e.temos.como.vantagem.comparativa.aquilo.que.nos.diferencia.Saber.receber.e.promover.o.que. temos.de.único.é.parte.funda‑mental. da. resposta. à. crescente. concorrência. internacional..Promover.é.investir.
Com a construcção do novo complexo turístico em Tróia, da responsabilidade do Grupo Sonae, a realidade da oferta será maior, melhor e diversificada. Embora Tróia não integre a região de LVT e da Costa Azul, prevêem‑se impactos que a região de Turismo de Setúbal terá de antecipar. Qual o posicionamento que julga ser o mais eficaz nessa competição de mercado?
O.projecto.previsto.para.Tróia.tem.uma.dimensão.e.uma.escala.verdadeiramente.excepcional.Aliás.a.sua.importância.tem.uma.vertente.quantitativa.mas.também.tem.uma.vertente.absolutamente.qualitativa.Na.vertente.das.quantidades.os.4.000.postos.de.trabalho,.as.cerca.de.2.200.camas.em.unidades.hoteleiras.e.o.investimento.total.acima.de. 320. milhões. de. euros. são. certamente. um. contributo. para.o.desenvolvimento.e.a.maturidade.do.sector.turístico.regional.Tanto.mais.que.actualmente,.e.para.termos.uma.ideia.de.escala,.verificamos.no.Alentejo.Litoral.cerca.de.2.900.camas.turísticas.que.prevemos.atingir.em.2005,.tendo.em.atenção.os.resultados.turísticos.dos.últimos.anos,.aproximadamente.250.000.dormidas.na.hotelaria.Prefiro,.no.entanto,. falar.nas.qualidades.e.no.“desenho”.do.pro‑jecto,.muito.porque.Tróia.começa.por. ser.uma.geografia.muito.importante.para.a. imagem,.a.oferta. turística.e.até.o.“conceito”.e.a.“marca”.Costa.Azul.O. investimento. previsto. altera. substancialmente. os. conteúdos.e.as.características.da.nossa.operação.turística.ao.prever.a.cons‑trução. de. novas. ofertas. e. de. novos. produtos. turísticos. como.o.casino,. o. centro.de. congressos. e. a.marina.que. vão. contribuir.para.melhorar,.qualificar.e.ampliar.a.nossa.dimensão.como.des‑tino.turístico.alargado.Uma.última.nota.sobre.a.implosão.de.2.das.6.torres.de.Tróia.e.para.o. seu. simbolismo. ambiental,. exactamente. para. sublinhar. que.este.conjunto.de.projectos,.até.para.garantir.a.sua.sustentabilidade,.não.deve.pôr.em.causa.a.excelência.dos.recursos.naturais,.afinal.de.contas.a.razão.primeira.da.sua.localização.Tenho.por.isso.insistido.que.este.enorme.sinal.de.esperança,.no.turismo.e.na.região,.deve.incluir.e.considerar.também.a.sustenta‑bilidade.da.colónia.de.golfinhos.do.Sado,.o.acesso.às.praias.pelas.populações.de.Grândola.e.de.Setúbal.e.uma.proporcionalidade.e.bom.senso.entre.o. investimento. imobiliário.e.o. investimento.turístico.
Encara a existência de projectos desta natureza como um desafio para a implementação de novas estratégias? Com novos investimentos?
Projectos.com.esta.dimensão.alteram.o.“desenho”.e.os.“conteúdos”.da.nossa.oferta. turística.. E.naturalmente. suscitam.uma.multi‑plicidade. de. pequenas. e. médias. iniciativas. empresariais. que.complementem.as.ofertas.agora.anunciadas.A. concretização.deste.projecto. obriga,. naturalmente,. a. reflectir.sobre.a.nossa.estratégia.promocional,.os.nossos.mercados.alvo.e.os.meios.promocionais.que.utilizamos.
Na recente presidência aberta, Jorge Sampaio colocou a tónica na urgência da qualificação e diversificação dos serviços
do sector turístico, com atenção permanente à actualização na área do marketing e da formação profissional. Como pretende a Costa Azul sensibilizar os agentes do sector?
A.formação.profissional. tal.como.a. inovação.são.perfeitamente.decisivas. para. a. afirmação. do. nosso. sector. turístico.. A. Região.de.Turismo.tem.um.longo.percurso.de.incentivo.e.parceria.com.o.objectivo.primeiro.de.reforçar.as.competências.de.quem.traba‑lha.no.turismo.Instalámos.em.Setúbal.o.primeiro.Núcleo.da.Escola.de.Hotelaria.que. deu. este. ano. origem. a. novas. instalações,. que. aumentam.e.melhoram.a.capacidade.de.formação.turística.Inauguradas.estas.novas. instalações,. e.apesar.da.melhoria.que.elas.representam,.continuaremos.a.desenvolver.esforços.e.parce‑rias.para.a. instalação.na.região.não.de.um.Núcleo.Escolar,.mas.sim.de.uma.Escola.de.Hotelaria,.que.é.a.única.resposta.coerente.aos.enormes.investimentos.turísticos.em.curso.na.região..Investi‑mentos.que.não.podem.ter.sucesso.sem.qualificação.e.sem.dife‑renciação..O.poder.central.não.pode.continuar.distraído.
A gastronomia, que é uma das mais‑valias de qualquer mercado turístico, deve ser defendida e preservada. Nem sempre a indústria da restauração defende esse património da melhor maneira. Que acções a Região de Turismo pretende incentivar nesta área?
A. gastronomia. é. parte. muito. relevante. do. nosso. património..Organizamos.com.uma.base.anual,.o.Concurso.de.Gastronomia.da.Costa.Azul.Património.Cultural,.que.divulga.o.melhor.da.gastro‑nomia.dos.13.municípios.que.compõem.a.geografia.da.Costa.Azul.A.nossa. gastronomia. junta. o.mar. e. a. planície.num.mundo.de.paladares.que.nos.tornam.um.destino,.muito.ligado.à.restauração.e.à.gastronomia.A.nossa.perspectiva.de.“trabalhar”.a.gastronomia,.junto.da.restau‑ração,.segue.o.princípio.do.exemplo..Incentivamos.a.preservação.de.pratos.e.receitas.mais.características.e.incentivamos.também.a.criatividade.e.a.inovação.em.torno.dos.produtos,.fresquíssimos,.que.fazem.o.nome.e.o.proveito.da.nossa.cozinha.
Uma das grandes riquezas da região é o património natural. Estão previstas políticas para uma maior preservação do ambiente? O quê?
O.património.natural.é.uma.das.mais.fortes.marcas.da.Costa.Azul..Com.seis.áreas.protegidas.na.região.(Tejo,.Arriba.Fóssil.da.Capa‑rica,.Arrábida,.Sado,.Lagoas.de.Santo.André.e.da.Sancha.e.Sudoeste.Alentejano).temos.um.enorme.relevo.ambiental.em.termos.nacio‑nais.O.que.nos.preocupa,.em. termos.da.política.nacional.de.gestão.das. áreas. protegidas,. é. a. enorme. insensibilidade. e. o. evidente.autismo.de.não.perceber.que.a.mais.valia.ambiental.e.paisagística.da.Arrábida.não.se.compatibiliza.com.a.coincineração.de.resíduos.industriais.perigosos..Acresce.o.investimento.turístico.em.Tróia,.apenas.na.outra.margem.do.rio,.e.ao.alcance.de.um.simples.olhar,.não.precisar.de.tão.indesejável.companhia,.sinónimo.aliás.de.cra‑tera.paisagística;.e.agora.a.hipótese.de.indústria.de.tratamento.da. fracção. dos. resíduos. industriais. mais. polémica,. apreensão.e.má.imagem.causa.junto.dos.especialistas.e.da.opinião.pública.A.mera. hipótese. de. coincineração. de. resíduos. industriais. peri‑gosos.na.Arrábida.é.tudo.o.que.o.turismo.não.precisa.e.o.ambiente.dispensa..Tróia.não.pode.negligenciar.os.ventos.do.norte..
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Alcácer do Sal
Este.concelho,.cuja.ocupação.humana.se.iniciou.na.Idade.do.Ferro,.conheceu.à.época.da. invasão.romana.um.florescimento.econó‑mico.assinalável..Tornou‑se.depois.uma.das.mais.importantes.praças.islâmicas.da.Península.Ibérica.
As.muralhas. do. Castelo,. ex‑libris. da. cidade,. resguardam. ainda.vestígios.de.várias.épocas,.nomeadamente.a. romana.e.a.árabe,.e.acolhem.hoje.a.Pousada.D.Afonso.II.
Daí.disfruta‑se.de.uma.panorâmica.sobre.a.cidade.e.as.planícies.que.circundavam.a.cidade..O.castelo.é.também.porto.de.abrigo.de.cegonhas,.cuja.população.tem.vindo.a.ser.protegida.
Uma.das.propostas.interessantes.para.a.descoberta.do.seu.patri‑mónio.é. fazer.o. itinerário.Terras.da.Moura.Encantada,.percurso.que.nos.leva.a.tomar.contacto.com.a.arte.islâmica.e.a.sua.cultura..
Também.a.descobrir,.a.vila.de.Torrão,.cuja.Igreja.Matriz.é.patrimó‑nio.nacional.e.apreciar.a.beleza.dos.largos.com.as.suas.laranjeiras..Ou.partir.à.descoberta.de.Santa.Susana,.outra.vila. tipicamente.alentejana..A.não.perder.o.povoado.de.Carrasqueira,.com.um.porto.de. pesca. palafítico. e. integrado. na. Reserva.Natural. do. Estuário.do.Sado.
A.Reserva.do.Sado,.com.uma.área.de.23.160.hectares,.é.essencial‑mente.constituída.por.sapais,.canais.e.esteiros.e.abriga.uma.diver‑sidade.de.vida.animal.assinalável..
Sesimbra
No. início.do. século. II. a.C.. os. romanos. invadem.esta. região.que.é.depois. conquistada. pelos. árabes. no. século. VII.. Só. em. 1165.é.reconquistada.aos.árabes.por.D..Afonso.Henriques..Desde.1236.que.o.concelho.passa.para.a.Ordem.de.Santiago.e.só.passa.para.a.tutela.real.no.século.XVIII.
Sesimbra.oferece.uma.boa.capacidade.hoteleira,.enquadrada.por.uma.beleza.natural.e.ambiental.assinaláveis..As.suas.praias,.pro‑curadas.por.milhares.de.veraneantes,. e.a.gastronomia,. rica.em.peixe.e.marisco,.completam..um.quadro.de.aprazível.cenário.
O.património.cultural,.onde.se.destacam.o.castelo.de.Sesimbra.que.ainda.conserva.a.muralha.e.a.alcáçova.medievais,.e.o.Forte.do.Cavalo,.edificado.entre.1648.e.1652,.são.dois.ex‑libris.do.concelho.e.da.sua.história..
Setúbal
Há. registos. de. ocupação. desta. região. ainda. na. pré‑história,.e.o.concelho.divide‑se.entre.o.Alentejo.e.a.Estremadura..D.João.III.concede.em. 1525.o. título.de.notável. vila.e.depois.do. terramoto.de.1755,.que.afectou.gravemente.a.região,.Setúbal.só.conhece.um.novo.ímpeto.de.desenvolvimento.ao.longo.do.século.XIX..Em.1926.é.elevada.a.cidade.
A Região de Turismo de Setúbal – Costa Azul é formada
por treze municípios: Alcácer do Sal, Alcochete,
Almada, Barreiro, Grândola, Moita, Montijo, Palmela,
Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra. Setúbal e Sines.
Esta realidade geográfica é abrangida por duas regiões
distintas – a de Lisboa e Vale do Tejo e a do Alentejo.
Para mais informações visite o site www.costa‑azul.rts.pt
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Com.um.património.arquitectónico.notável,. como.o.Castelo.de.S..Filipe,.o.Convento.de.Jesus,.a.Igreja.de.São.Lourenço.ou.o.Convento.da. Arrábida,. acresce. a. beleza. privilegiada. do. Parque. Nacinal.da.Arrábida,.que.se.estende.por.uma.área.de.10.800.hectares,.até.Sesimbra.e.Palmela,.e.a.Reserva.Natural.do.Estuário.do.Tejo,.com.23.160.hectares,.lugar.de.nidificação.para.a.avifauna.e.de.espécies.protegidas.
A.sua.gastronomia.é.apreciada.pela.qualidade.e.frescura.do.peixe.e. marisco,. e. pela. doçaria. e. pelos. vinhos,. de. que. se. destaca.o.moscatel..
Palmela
Vestígios. arqueológicos. mais. antigos. desta. região. remontam.ao.Paleolítico. médio.. É. conquistada. . em. 1147. aos. mouros. por.D..Afonso.Henriques..Seguiu‑se.um.peíodo.atribulado.de.recon‑quistas.e.,.com.D.Sancho.I.é.definitivamente.conquistada.
Em.1323.Palmela.é.elevada.a.vila.por.D..Dinis.e.foi.sede.,.no.século.XV,.da.ordem.religiosa.e.militar.de.Santiago.de.Espada..O.concelho.é.extinto.em.1855.para.se.integrar.no.de.Setúbal..
O.castelo,.ex‑libris,.ergue‑se.dominador.entre.os.estuários.do.Tejo.e. do. Sado,. e. a. seus. pés. impõe‑se. a. vila. com.uma. arquitectura.interessante.
A. gastronomia,. muito. marcada. pelos. sabores. alentejanos,.é.variada.e.os.seu.vinhos.muito.procurados..
De. clima. temperado,. terras. fertéis. e.a. cerca.de.40.quilómetros.da.capital,. Palmela. é. considerada. uma. das. vilas. mais. belas.de.Portugal..
Grândola
Conheceu. a. ocupação. romana. até. ao. século.VII.. Desse. período.destacam‑se. as. termas. ,. uma. barragem. e. as. ruínas. do. centro.de.conservação.e.salga.de.peixe.de.Tróia..A.partir.do.século.XIX.surgem. as. indústrias. de. transformação. de. cortiça. e. indústria.mineira..
Aqui.encontramos.a.Reserva.Botânica.das.Dunas.de.Tróia,. inte‑gradas.na.Reserva.Natural.do.Estuário.do.Sado,.e.a.Serra.de.Grândola..O.património.paisagístico,.biológico.e.botânico.é.riquissimo..Com.uma.costa.atlântica.que.se.estende.por.45.quilómetros,.e.que.se.caracteriza.por.uma.costa.baixa.e.de.escarpas.recentes,.é.consi‑derada.um.dos.melhores.exemplos.de.preservação.costeira.
Para. além. das. praias,. podem. ser. visitadas. as. ruinas. romanas,.e.viajar.pelo.interior.do.concelho.até.Azinheira.de.Barros.ou.Melides,.comprar.mantas.de.lã.em.Vale.Figueira.ou.perder‑se.nos.greens.de.Tróia.para.uma.partida.de.golfe.
A.gastronomia,.onde.predominam.os.caldos,.as.açordas.e.os.pratos.à.base.de.porco.e.Borrego,.oferece.também.sopas.de.peixe,.enso‑pado.de.enguias.e.as.caldeiradas..
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Pela Ponte 25 de Abril,.apenas.15.ou.20.minutos.de.carro.separam.Lisboa.da.Sobreda.da.Caparica..Já.na.margem.sul,.entra‑se.pela.via.rápida.que,.no.Verão,.é.o.sorve‑douro. lento. da. paciência. dos. condutores. atraídos.pelas. praias,. desviando. logo. a. seguir,. em. direcção.
à.terra.outrora.conhecida.por.“Suvereda”..A.toponímia.que.antes.certificou. a. presença. alargada. de. sobreiros. perde. significado.(ou.ganha,. consoante. a. perspectiva). à. vista. de. uma. paisagem.de.características.suburbanas.onde.qualquer.noção.de.harmonia.se.perdeu..Nada.disto.se.estranha;.apenas.se.repete.demasiado,.para.onde.quer.que.se.olhe..Circulamos.por.mais.um.mapa.de.uma.periferia.retalhada.por.terrenos.baldios,.rotundas,.casas.em.cons‑trução,.blocos.de.apartamentos,.moradias.com.piscina,.armazéns,.oficinas.e.hortas.caseiras..Sinais.de.pertença.contraditórios.que.a.inscrição. recente,. no.muro. de. uma.urbanização,. vem. apenas.inflamar:.“Hoje.França,.amanhã.Portugal..Reconquista.já!”.(resta.saber.do.quê.e.a.quem…)..
A. pretensa. afirmação. de. nacionalidade. encontra‑se. nas. ime‑diações.do.Solar.dos.Zagallos,.o.ex libris.da.Sobreda.da.Caparica..De. antiga. casa. de. família(s),. transformou‑se. num. espaço. de.cultura.e.lazer,.aberto.a.todos.os.públicos..E.não.parece,.mas.esta.é. a. mesma. povoação. que,. nas. memórias. do. Conde. dos. Arcos.(Caparica Através dos Séculos),.publicadas.pela.Câmara.Municipal.de. Almada,. em. 1973,. aparece. descrita. como. “uma. aldeia. com.características.muito. portuguesas. e. tradições. históricas.muito.apreciáveis.”.Se.procurarmos,.ainda.é.possível.encontrar.vestígios.dessa.amena.portugalidade:.a.pequena. igreja. com.o. seu. largo,.
Antiga casa agrícola do século XVIII,
situada numa zona que antes foi campo
e agora é praia, o Solar dos Zagallos
é um dos renovados equipamentos
culturais do município de Almada.
Aqui funciona um Centro de Artes
Tradicionais onde a regra, válida
para adultos e crianças, é descobrir
e participar. Ao longo do ano,
um programa variado de exposições,
concertos, seminários e ateliers,
entre outras propostas, dá corpo à ideia
de preservação da identidade histórico‑
‑cultural de uma casa e de toda uma região.
Património.|.Carla Maia de AlmeidaFotografia.Maurício Abreu
um lugar ao solsolar dos zagallos
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o.fontanário.onde.antes.acorriam.as.lavadeiras,.as.latadas.fazendo.sombra.para.os.pátios,.as.cortinas.em.crochet.nas.janelas.verdes.de.uma.casa.caiada….Traços.de.uma.vivência.semi‑rural.cada.vez.mais. apagada. pelo. progresso. sem. rosto. das. últimas. décadas.–.e,.no. essencial,. irrecuperável.. Luís. Nascimento,. coordenador,..responsável.pela.gestão.e.divulgação.do.Solar.dos.Zagallos,.diria.mais.tarde.que.este.“é.um.espaço.perdido.no.tempo.e.numa.zona.a.descaracterizar‑se”,.afirmação.que.qualquer.visitante.ocasional.da.Sobreda.poderá.facilmente.subscrever..
No.cruzamento.desta.fuga.de.referências.culturais,.sociais.e.eco‑nómicas.–.e.de.outras.em.formação,.mas.a.que.faltam.virtudes.agregadoras. –,. o. Solar. dos. Zagallos. começa. por. ser. um. lugar.de.cativação.de.memórias:. das.duas. famílias.que.nele. viveram,.os.Zagallo.e.os.Piano;.da.povoação.e.dos.habitantes.da.Sobreda;.e.da.própria.região.em.que.se.insere,.o.concelho.de.Almada.e.o.dis‑trito. de. Setúbal.. Não. é. preciso. ir. muito. longe. para. encontrar.outros.exemplos.de.antigas.quintas.de.recreio,.conventos.e.casas.senhoriais,. construídos.por.ordem.da.nobreza.ou.da.burguesia.em.ascensão..A.Quinta.da.Graciosa,.a.Quinta.da.Urraca.e.a.Quinta.da.Silveira.de.Cima.são.as.mais.próximas.do.Solar.dos.Zagallos;.também.este.conhecido,.no.início,.por.Quinta.de.Santo.António.ou.Quinta.dos.Zagallos.
Da. família. que. inicialmente. habitou. a. casa,. sabe‑se.menos. do.que.a.curiosidade.reclama..Embora.se.comprove.a.sua.presença.na.Sobreda.desde.o.século.XVII,.os.primeiros.registos.documentais.sobre.a.construção.e.a.ocupação.do.solar.só.aparecem.no.século.
seguinte..De.ascendência.espanhola,.oriundos.de.Reguengos.de.Monsaraz,.os.Zagallos.puseram.o.nome.e.as.armas.na.frente.das.batalhas. travadas. pela. Reconquista.. Há. testemunhos. escritos,.datados.de.1264,.sobre.a.fundação.e.o.povoamento.de.Monsaraz.por.Martim.Anes.Zagallo,.no.reinado.de.D..Afonso.III..Tratando‑se.de.uma.das.famílias.“mais.antigas.deste.Reino”,.como.assegura.o.autor.das.Notas Genealógicas da Família Zagallo,.Augusto.Soares.Ramos.Cordeiro.Zagalo,.“o.maior.argumento.dela. [é].não.se. lhe.saber.a.origem..Assim.como.é.antiga,.da.mesma.sorte. é.nobre.a.família.dos.Zagallos,.porque.a.nobreza.é.efeito.de.antiguidade.”
Estabelecendo.descendência.em.vários.pontos.de.Portugal,.o.nome.ficou.associado.às.terras.em.que.se.firmou:.são.exemplos.os.Zagallos.de.Elvas,.os.Zagallos.das.Ilhas,.os.Zagallos.de.Ovar.e,.no.que.importa.para. o. caso,. os. Zagallos. da. Caparica.. Destes,. merece. destaque.Victorio.Zagallo.Preto,.“que.serviu.D..Afonso.VI.e.D..Pedro. II.e.foi.como. capitão. de. mar‑e‑guerra. na. armada. da. Costa”.. Elevado.a.almirante,.veio.a.receber.a.comenda.da.Ordem.de.Cristo.e.“foro.de.fidalgo.da.Casa.Real.por.seus.serviços.no.ano.de.1684”,.escreve.ainda.o.autor.das.Notas Genealógicas da Família Zagallo..
Segundo.o.estudo.já.citado.do.Conde.dos.Arcos,.foi.o.almirante.Victorio.Zagallo.Preto.quem.lançou.os.primeiros.vínculos.“oficiais”.de.ligação.à.Sobreda,.ainda.no.século.XVII..Coube.a.um.dos.seus.descendentes,.Rodrigo.de.Oliveira.Zagallo,.a.fundação.do.morgado.da.Sobreda,.a.4.de.Outubro.de.1745..Não.se.sabe.se,.por.esta.altura,.a.família.já.teria.ordenado.a.edificação.do.solar,.com.vista.à.sua.posterior.utilização.
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Sabe‑se,.isso.sim,.que.tudo.começou.pela.capela.de.Santo.António.da.Sobreda,.o.núcleo.mais.antigo.de.todo.o.conjunto,.cujas.estru‑turas.remontam.a.um.convento.franciscano.há.muito.desapare‑cido..Desde.o.primeiro.“vínculo.de.capela”.instituído.por.Victorio.Zagallo.Preto.até.à.celebração.de.casamentos.e.outras.cerimónias.religiosas,.já.no.século.XX.e.com.a.família.Piano,.a.capela.dedicada.a.Santo.António.representou.o.elemento.primordial.de.afirmação.e.coesão.social.junto.dos.moradores.da.Sobreda..Embora.pequena,.é. um. interessante. exemplar. de. barroco. que. chama. a. atenção.pelos.painéis.de.azulejo.do.segundo.quartel.do.século.XVIII,.em.padrão.azul.e.branco,.representando.os.principais.milagres.do.santo;.incluindo.o.mais. famoso,.o.Sermão de Santo António aos peixes..Outros.modelos.de.arquitectura.religiosa.foram.erguidos.nos.jardins.do. solar,. nomeadamente. a. ermida. do. Senhor. Jesus. dos. Passos,.também.do.século.XVIII,.e.a.ermida.de.Santo.António.do.Caiado,.de.linhas.geométricas.e.depuradas,.reflectindo.o.Modernismo.do.século.XX..
O.Solar.dos.Zagallos.conjugou,.no.início,.as.vertentes.de.quinta.de.recreio.e.de.casa.agrícola..Tirando.partido.da.localização.geográfica,.num.vale.favorecido.com.água.em.abundância,.a.casa.gerou.a.sua.própria.produção.para. consumo. interno,. ao.mesmo. tempo.que.funcionou. como. pólo. empregador. na. região. –. outro. elo. social.prolongado.com.a.família.Piano,.já.no.século.XX..Integrado.numa.propriedade.rural,.mas.sendo.também.a.residência.principal.dos.Zagallos,. e. não. apenas. durante. a. época. estival. (a. existência. de.lareira,. na. bonita. sala. com. tecto. de. estuque. a. imitar.madeira,.é.um.pormenor.que.revela.a.necessidade.de.conforto.ao.longo.de.
todo.o.ano),.o.solar.valorizou‑se.na.sua.dimensão.arquitectónica.e.artística,.como.é.tradição.das.casas.nobres..
Merece. referência. todo. o. acervo. azulejar,. de. temática. profana.e.religiosa,.cobrindo.três.séculos.desta.arte;.e.a.pintura.decorativa.dos.dois.salões.a.que.a.escadaria.frontal.dá.acesso,.os.chamados.Salão.Verde.e.Salão.Dourado..Antecede.a.entrada.nestes.espaços.o.brasão. de. família,. aposto. no. exterior. da. fachada. pombalina,.cujo.timbre.simboliza.um.leopardo.de.ouro.com.a.estrela.das.armas.na.testa..De.referir.ainda.que.os.salões.foram.especialmente.criados.em.homenagem.ao.rei.D..João.VI,.facto.que.revela.a.proximidade.da.família.Zagallo.à.Casa.Real..Concluídos.em.1826,.não.chegaram.a.receber.a.visita.do.monarca,.falecido.nesse.mesmo.ano..Recente‑mente,.a.“dívida”.foi.paga.pelo.próprio.solar,.que.integrou.na.sua.programação.cultural.de.2005.uma.encenação.de.época,. repre‑sentando.o.que.poderia.ter.sido.a.presença.da.comitiva.real.na.casa.dos.fidalgos.da.Sobreda..
Apesar.de.nunca.concretizada,.a.visita.do.rei.traduz.a.importância.de.outro.tipo.de.vivências.que.não.apenas.as.de.uma.propriedade.rural..O.que.faz.a.diferença.deste.lugar.é.também.a.sua.ligação.privilegiada.à.Natureza,.a.plasticidade.dos.seus.espaços.verdes,.frescos. e. bem. tratados.. Desde. o. delicado. o. jardim. de. aparato,.adjacente.aos.salões.nobres,.até.ao.pomar.de.citrinos,.cujos.frutos.dourados.foram.outrora.símbolo.de.fecundidade,.a.possibilidade.de. desfrutar. da. vida. ao. ar. livre. faz. parte. da. definição. de. uma.quinta.de. recreio..Destaca‑se,. naturalmente,. o. jardim. frondoso,.dotado.de.dezenas.de.espécies.de.árvores.e.de.um.sem.número.
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de.sombras.providenciais:.repare‑se.no.antiquíssimo.pé.de.murta,.cujo.entrelaçado.criou.um.tecto.refrescante,.a.convidar.ao.repouso..Bancos.corridos.em.tijoleira,.revestidos.com.azulejos,.alinham‑se.em. toda. a. extensão. da. alameda. ladeada. de. hortênsias,. finda.a.qual.se.encontra.a.Casa.da.Água.(ou.Casa.do.Fresco).e.a.Casa.de.Bonecas,. dois. elementos. que,. a. par. das. ermidas. já. nomeadas,.contribuem.para.a.originalidade.dos.jardins..Segue‑se.um.grande.eucaliptal,.que.conduz.aos.limites.da.propriedade..
Em.suma,.a.concepção.do.espaço.exterior.é.reveladora.da.vocação.lúdica.e.recreativa.de.uma.casa.cujo.usufruto.integrou.o.domínio.público.e.o.privado,.correspondendo.a.uma.forma.de.afirmação.social.protagonizada.pela.família.Zagallo.–.e.que.a.família.Piano.irá,.no.seu.tempo,.continuar..É.a.própria.evolução.da.História.que.está. por. trás. desta. mudança. de. estatuto. dos. donos. do. solar,.à.semelhança. do. sucedido. com.muitas. outras. casas. nobres. do.país..Vindos.da.alta.burguesia,.com.ligações.poderosas.à.banca.e.aos.negócios,.os.Pianos,.de.origem.italiana,.adquirem.o.imóvel.em.1922,.elegendo‑o.como.local.de.habitação.e.de.lazer.durante.grande.parte.do.ano..Ao.longo.de.seis.décadas,.ali.perpetuaram.as.suas.vivências.familiares,.fortaleceram.relações.sociais.e.impri‑miram. os. seus. hábitos. e. gostos. particulares,. mantendo,. no.essencial,.a.herança.arquitectónica.dos.anteriores.proprietários..Aos.olhos.do.pequeno.mundo.da.Sobreda.e.tudo.à.volta,.o.solar.passou.a.ser.também.conhecido.por.Quinta.dos.Pianos..
Em.1982.começa.a. terceira.vida.do.Solar.dos.Zagallos..Colocado.à.venda. no. mercado,. é. comprado. pela. Câmara. Municipal. de.
Almada,. que. dá. início. às. obras. de. recuperação. e. remodelação..No.mesmo.ano,.passou.também.para.a.tutela.do.município.um.outro. edifício. de. elevado. interesse. patrimonial,. igualmente.readaptado.para.a.fruição.cultural:.a.Casa.da.Cerca,.em.Almada..
Feito.o.levantamento.arquitectónico.pelos.arquitectos.Vítor.Lopes.dos. Santos. e.Vítor.Mestre,. o. projecto. de. restauro. do. Solar. dos.Zagallos.passou.a.ser.coordenado.por.este.último,.em.colaboração.com. o. atelier. Junqueira. 21.. A. hipótese. de. o. transformar. numa.casa‑museu. ficou. imediatamente.afastada,.dado.que.o. recheio.sobrante. não. era. suficiente. para. fazer. uma. reconstituição. fiel..Assim,.a.opção.foi.no.sentido.de.criar.um.espaço.de.intervenção.cultural.e.de.recreio,.mas.sem.descaracterizar.a.identidade.espa‑cial.do.solar.e.a.sua.singularidade.estética..Nas.palavras.de.Luís.Nascimento,. “houve. uma. depuração. das. estruturas. originais,.obedecendo.a.uma.ideia.de.consolidar.aquilo.que.já.existia,.mais.do. que. construir. de.novo,. na. perspectiva. de. que. viria. a. nascer.aqui.um.centro.cultural.”.
Para.o.coordenador.do.Solar.dos.Zagallos,.“a.deslocação.do.valor.de.habitação.não.significou.uma.perda.de. identidade..A.verda‑deira.essência.espacial.e.arquitectónica.da.casa.assenta.na.sua.localização.num.espaço. semi‑rural,. na. sua.proposta. de. aproxi‑mação,.diálogo.e.inclusão.na.Natureza..Esta.é,.para.mim,.a.grande.definição.de.quinta.de.recreio..O.nosso.caso.é.semelhante.ao.de.outras.quintas.da.região.de.Setúbal,.como.a.da.Bacalhoa.ou.a.das.Torres,.só.que.muito.menos.conhecido.e.estudado.”.Embora.haja.intenções,.falta.fazer.ainda.um.estudo.aprofundado.e.interdisci‑
O que faz a diferença deste
lugar é também a sua ligação
privilegiada à Natureza,
a plasticidade dos seus espaços
verdes, frescos e bem tratados.
Desde o delicado o jardim
de aparato, adjacente aos
salões nobres, até ao pomar de
citrinos, cujos frutos dourados
foram outrora símbolo de
fecundidade, a possibilidade
de desfrutar da vida ao ar livre
faz parte da definição de uma
quinta de recreio.
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plinar,. que. se. debruce. sobre. todo. este. património. “numa.perspectiva. histórica,. geográfica,. antropológica. e. sociológica”,.conclui.
As. primeiras. repercussões. públicas. ficaram. ligadas. ao. festival.de.banda.desenhada.Sobreda.BD,.que,.por.decisão.dos.seus.men‑tores,. deixou. de. se. realizar. nos. últimos. anos.. Hoje,. a. vocação.estruturante. do. Solar. dos. Zagallos. prende‑se. à. sua. actuação.enquanto.Centro.de.Artes.Tradicionais,.nomeadamente.das.artes.do. fogo.. Em. Maio. de. 1981,. foi. doada. à. Câmara. Municipal. de.Almada.uma.colecção.de.700.peças.de.olaria.tradicional.portu‑guesa,. fruto. da. recolha. da. associação.“Semear. Para. Unir”,. que.investigou. os. principais. centros. artesanais. de. produção. oleira.activos.no.pós‑25. de.Abril.. A.colecção. encontra‑se.permanente‑mente.exposta.no.andar.superior,.ao.mesmo.tempo.que.o.solar.desenvolve. o. seu. programa. de. actividades. oficinais. ligadas.à.cerâmica,.como.é.o.caso.dos.Ateliers.de.Primavera..“Mais.do.que.o.ver,.interessa‑nos.o.fazer”,.afirma.Luís.Nascimento,.que.defende.ser.este.um.lugar.de.oportunidade.para.“a.descoberta.de.valores.pessoais.e.colectivos”..
Mais.do.que.o.mero.usufruto,.a.aposta.na.participação.da.comu‑nidade.local.–.mas.não.só.–.é.uma.forma.de.contornar.os.efeitos.da.periferia:.“Este. é.um.espaço. com.dificuldades.de. fixação.de.público,.devido.ao.seu.relativo.isolamento,.e.as.pessoas.querem.vir.cá.para.participar.em.alguma.coisa..Não.sendo.o.único,.é.claro.que.as.pessoas.da.região.são.o.público.prioritário..São.elas.que.acompanham.as.actividades.do.solar,.que.são.críticas.e.partici‑
pativas.em.relação.ao.que.cá.se.passa,.enfim,.que. tornam.este.espaço.no.espaço.delas.”
Modelar.figuras.de.barro,.preparar.decorações.de.Natal.e.aprender.a. fazer.pão.ou.bolo‑rei.nos.grandes. fornos. a. lenha.da. cozinha,.eis.algumas.das.últimas.actividades.abertas.ao.público,.crianças.e. adultos.. No. Verão,. os. jardins. são. uma. alternativa. tranquila.e.refrescante. ao. corrupio. das. praias. da. Caparica.. Em. Junho,. ali.decorre.grande.parte.da.festa.anual.do.solar,.com.música,.dança,.gastronomia,. ateliers…. Os. concertos. acontecem. pontualmente.ao.longo.do.ano,.sobretudo.nos.salões.nobres,.onde.a.atmosfera.romântica. se.adequa.aos. recitais.de.música.de. câmara..Depois.das. Noites. de. Primavera,. o. programa. estendeu‑se. este. ano. às.Noites. de. Outono,. uma. novidade,. assim. como. a. realização. da.feira.de.velharias..Exposições.temporárias.e.seminários.são.outras.das.propostas.dinamizadoras.do.Solar.dos.Zagallos,.sempre.numa.perspectiva.de.equilíbrio.entre.o.lazer,.a.formação.e.a.criatividade..Vale.a.pena.passar.por.lá...
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Solar dos Zagallos Largo.António.José.Piano.JúniorSobreda.da.CaparicaTelefone:.212.947.000De.terça.a.sábado,.das.10h00.às.12h30.e.das.14h00.às.17h30Domingos.das.14h00.às.17h30Encerra.às.segundas.e.feriados
50 | Quarto Nobre
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No Centro Cultural de Belém reuniram‑se especialistas e técnicos para debater
uma estratégia de Lisboa para a Região de Lisboa, para o período de 2007‑2013.
Promovido pela CCDR‑LVT, aqui damos apenas notícia do que terá tratamento
aprofundado no próximo número da LVT.
Uma Estratégia de Lisboa para a região de Lisboa
Evento.|.Luís de Carvalho
No mês de Novembro,. a. CCDR‑LVT. promoveu. no.Centro.Cultural. de. Belém.um.debate. intitulado.Uma.estratégia.de.Lisboa.para.a.região.de.Lisboa,.à.luz.do.QREN.(.Quadro.de.referencia.Estratégico.Nacional).para.o.período.de.2007‑2013..Tendo.a.região.
de. Lisboa. atingido. um. nível. de. desenvolvimento. assinalável,.os.fundos.estruturais.serão.reduzidos,.pelo.que.era.necessário.dar.voz.a.especialistas.que.reflectiram.sobre.que.quadro.de.desenvol‑vimento.estratégico.se.quer.para.esta.região.
Nuno.Vitorino,. responsável. pelo. grupo. de. trabalho. do. governo.que. tem. em. mãos. este. dossier,. manifestou. preocupação. com.a.possibilidade. de. não. se. chegar. a. um. acordo. atempado.. Caso.esta.possibilidade.ocorra,.os.fundos.podem.ser.interrompidos.até.ao.primeiro.semestre.de.2007..
Os. fundos. que. se. encontram. em. fase. de. negociação,. e. afectos.à.Agenda. de. Lisboa,. serão. essencialmente. canalizados. para. a.requalificação. dos. recursos. humanos,. tecnologia,. ciência.e.ambiente.
O.ex‑ministro.do.governo.de.Guterres,.Augusto.Mateus,.um.dos.participantes. deste. encontro,. disse. que. a. batalha. tem. de. ser.travada.na.área.da.qualificação,.onde.Portugal.manifesta.índices.preocupantes.para.que.seja.exequível.uma.alteração.do.modelo.de.desenvolvimento.baseado.no.conhecimento.
Com.uma.perda. significativa.do.volume.de. financiamento.que.está.previsto.no.QREN,.cerca.de.menos.de.20.por.cento.do.que.o.país.recebera.no.período.entre.2001/2006,.é.necessário.pensar.em.políticas.de.investimento.nas.áreas.estratégicas.que.alterem.o. modelo. de. desenvolvimento.. Na. sua. apresentação,. Augusto.Mateus.fez.um.retrato.da.evolução.da.“mega”.região.de.Lisboa,.que.ainda.envolve.8.sub‑regiões,.assinalando.as.diferenças.quali‑tativas. da. Região. de. Lisboa. que. no. período. 1995‑2000‑2001.registou. progressos. significativos. em. matéria. de. crescimento.e.convergência.
Nas.suas.palavras,.a.Região.de.Lisboa.“.será,.no.futuro,.uma.região.definitivamente.fora.dos.apoios.comunitários,.para.se.tornar.maior.e.mais.forte.em.termos.europeus.e.mundiais,.e.menos.pesada.em.termos.nacionais.”.Para.tanto,.é.necessário.desenhar.uma.estra‑tégia. de. “diferenciação. qualitativa”,. centrada. numa. promoção.sustentada.da.sua.competitividade.internacional..Vai.ser.neces‑sário.assumir.desafios.e.novas.funções.de.intermediação.global.que.provoquem.efeitos.de.arrastamento.positivos.para.o.desenvol‑vimento.de.outras.regiões.
As. diferenças. qualitativas. da. Região. de. Lisboa. são. já. sinais.positivos. de. mudanças,. assentam. no. esforço. significativo. por.parte.das.empresas.em.investimento.na.área.de.I&D,.e.representa.já. um. por. cento. do. PIB,. um. maior. número. de. licenciados. da.população.activa.(.10%.com.curso.superior).e.a.consequente.mudança.do.modelo.da.economia.baseada.no.conhecimento..Outro.facto.relevante.para.esta.diferenciação.é.representado.pelo.número.de.emprego.em.empresas.com.participação.de.capital.estrangeiro.(.mais.de.15%),.e.as.cadeias.de.valor.orientadas.para.a.exportação.e.ao.aumento.do.consumo.de.bens.e.serviços.
Perante.estes.dados,.Augusto.Mateus.considera.que.teremos.de.avançar. a. partir. do. mesmo. quadro. estratégico. comum. aos.restantes.países.da.Europa.
O..empenho.em.prosseguir.uma.ideia.central.para.tornar.a.Região.de. Lisboa.mais. forte. no. plano. Ibérico,. europeu. e. internacional.passa.por.“uma.motivação.renovada.de.promoção.da.competiti‑vidade.com.base.no.conhecimento,.na.investigação,.na.inovação,.educação.e.qualificação”,.e.pela.renovação.do.modelo.social.que.sustente.formas.eficazes.de.adaptação.e.flexibilidade.
Para.essa.mudança,.é.fundamental.que..se.inverta.os.modelos.de.pensamento.na.acção.–.não.recear.a.eficiência,.ter.como.objectivo.central.do.desenvolvimento.económico.os.ganhos.de.produtividade.e.a.criação.de.novos.e.melhores.empregos.
Tudo.isto.passa.por.um.planeamento.estratégico.em.que.vai.ser.necessário. saber. decidir. bem. e. em. tempo. útil,. pelo. que. agora.é.posta.urgência.na.eliminação.da.burocracia.que.arrasta.os.prazos.de. decisão,. repensar. em. novos. procedimentos. administrativos.que.eliminem.o.excesso.de.produção.legislativa.que,.mais.do.que.acelerar.o.processo.de.decisão,.tende.antes.a.complicar.tudo.
Por.estas.razões,.na.abertura.deste.encontro,.o.secretário.de.Estado.do.Desenvolvimento.Regional,.Rui.Baleiras,.afirmou.que.todos.os.projectos. a. serem. apoiados. no. âmbito. do.QREN,. serão. alvo. de.uma.maior.selectividade.por.parte.do.Estado.
Se.a.região.de.Lisboa.“convergiu”.nos.índices.de.desenvolvimento.médio.europeu,.o.desafio.que.se.nos.coloca.no.futuro.imediato.é,.sobretudo,.o.desafio.de.boas.ideias,.de.investimento.sustentado.e.selectivo,.de.politicas.e.estratégias. claras.quanto.ao.modelo.da.economia.e.de.desenvolvimento..
Com uma perda significativa
do volume de financiamento
que está previsto no QREN, cerca
de menos de 20 por cento do que
o país recebera no período entre
2001/2006, é necessário pensar
em políticas de investimento nas
áreas estratégicas que alterem
o modelo de desenvolvimento.
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das terras do sadograças petisqueiras e vínicas
São cheias de graças.petisqueiras.e.vínicas.as.terras.de.Azeitão,.Palmela,.Setúbal.e.Sesimbra.por.onde.jorna‑deamos.desta.vez..São.terras.de.todos.os.frutos,.com.um.estuário.e.praias.de.todos.os.peixes.e.mariscos.e.para‑gens. de. adegas. de. todos. os. vinhos.. Mesmo. todos:.
espumantes,.rosés,.brancos,.tintos.e.um.generoso.ímpar,.o.Moscatel..Nas. terras.do.Sado. têm.a.sua.sede.duas.das.mais. importantes.e.prestigiadas.empresas.de.vinhos.portuguesas:.a.J.P..Vinhos.e.a.centenária.José.Maria.da.Fonseca.Succs,.ambas.em.Vila.Nogueira.de.Azeitão..Viajemos,.então,.nem.que.seja.a.“voo.de.pássaro”.
Em.Palmela.colheremos.alguns.frutos.frescos.dos.seus.pomares.e.levaremos.algumas.garrafas.das.suas.adegas.e.umas.fogaças..De.Azeitão.não.nos.esqueceremos.de.nenhum.dos.seus.vinhos,.nem.dos.doces.–.tortas,.amores,.esses....–.e.muito.menos.da.sua.manteiga.de.leite.de.ovelha.e.do.insuperável.queijo,.igualmente.de.leite. de. ovelha,. uma. das. nossas. glórias. nacionais. no. sector.queijeiro.
Não.nos.despediremos.das.terras.frescas.de.Azeitão.sem.olharmos.para. algumas. das. suas. casas. com. história. e. memória,. como.o.Palácio.da.Bacalhôa,.e.evocarmos.a.Serra‑Mãe.da.Arrábida,.antes.de.partimos.para.Setúbal.
Atravessámos o Tejo com David Lopes
Ramos e seguimos jornada por Terras
do Sado à descoberta de peixes, marisco,
queijos e vinhos aqui dispostos com mão
de mestre. Referência imprescindível
ao queijo de azeitão e um elogio ao
Moscatel, vinho para felizes libações.
parafraseando o poeta, o património
também se come.
Roteiro.|.David Lopes RamosFotografia.Maurício Abreu
“Aqui. nasceu. Bocage,. o. da. curta. vida”,. lembra. José. Saramago.na.sua. “Viagem. a. Portugal”. (Círculo. de. Leitores,. Ldª,. 1ª. edição.Março.de.1981)..Prossegue.o.Prémio.Nobel.da.Literatura.de.1998:.“Está. no.alto. daquela. coluna,. voltado. para. a. igreja. de. S.. Julião,.e.há‑de.estar.perguntando.a.si.mesmo.porque.ali.o.puseram,.tão.sozinho,.ele.que. foi.homem.de.boémia,.de.versos. improvisados.em. tabernas,. de. tumultuosos. amores. em. camas. de. aluguer,.de.muita.rixa.e.de.muito.vinho.”.Mistérios.que.a.vida.e.os.homens.tecem.
Mas. estamos. em. Setúbal. por. razões. mais. prosaicas,. embora.igualmente.importantes:.os.seus.petiscos..Dirijamo‑nos,.por.isso,.ao.cais.do.porto.da.cidade.e,.numa.das.muitas.casas.de.comida.que.por.lá.têm.porta.aberta,.comamos.as.tiras.de.polvo.fritas.e,.se.as.houver,.as.amêijoas.e.os.berbigões.de.Tróia..Depois,.poderemos.continuar.com.a.sapateira.à.setubalense,.os.linguados.e.choquinhos.do.estuário.do.Sado.fritos,.os.peixes.inteiros.assados.no.forno.e.a.caldeirada.de.peixes.à.setubalense..
Não.nos.esqueceremos.das.sardinhas.fritas.com.molho.de.tomate.e,.para.início.de.conversa,.poderíamos.ter.experimentado.a.pasta.de.ovas.de.sardinha.que,.com.o.rumo.que.a.indústria.conserveira.levou,.provavelmente.já.não.encontraremos,.mas.que.faz.parte.da.
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memória. gastronómica. setubalense.. No. cume. dos. cozinhados.de.peixe.à.setubalense,.encontramos.os.insuperáveis.salmonetes.grelhados,. servidos. com. um.molho. feito. com. os. seus. fígados..Os.restaurantes.da.cidade.quase.não.os.servem?.É.verdade..Mas.era.bom.que.mudassem.de.rumo.e.retomassem.a.inclusão.destes.nas.suas.ementas..
Para. sobremesa,. não. há. dúvidas:. as. famosíssimas. laranjas. de.Setúbal.como.as.dá.a.Natureza.ou,.então,.nas.formas.em.que.as.transformou.a. imaginação.humana:.doce.de. laranja,. queijadas.de. laranja,. torta. de. laranja,. marmelada. de. laranja,. casca. de.laranja.doce.
E.ala,.a.caminho.de.Sesimbra,.“a.piscosa”,. como.a.crismou.Raul.Brandão. em.“Os. Pescadores”.. José. Saramago. ajuda. a. descrever.a.chegada:
“O.vale.que.de.Santana.desce.até.Sesimbra.vai.mostrando.o.mar..Abre.em.larga.boca.para.o.verde.marinho.e.para.o.céu.azul,.mas.esconde. a. vila. velha. no. resguardo. que. faz. o.monte. do. castelo..O.viajante.remata.a.última.curva.e.aparece.dentro.de.Sesimbra..Por.muitas.vezes.que.lá.volte,.sempre.há‑de.ter.a.mesma.impressão.de.descoberta,.de.encontro.novo.
“Caldeiradas.comem‑se.por.toda.essa.costa.fora,.para.norte.e.para.sul..Mas.em.Sesimbra,.quem.saberá.dizer.porquê,.o.gosto.delas.é.diferente,. talvez.porque.a.esteja.comendo.o.viajante.ao.sol,.e.o.vinho.branco.de.Palmela.veio.frio.naquele.exacto.grau.que.ainda.conserva. todos. os. valores. de. sabor. e. perfume. que. tem. o.vinho.à.temperatura.ambiente.(...).”.
Está.dito,. então,. que.as. caldeiradas. sesimbrenses. são. especiais,.embora.tal.dependa.muito.de.quem.as.come.e.as.circunstâncias.em.que.as.come..Noutros.tempos,.as.caldeiradas.eram.feitas.com.um.só.peixe..No.entanto,.em.Sesimbra.há.mais:.desde.a.açorda.de.peixe,.passando.pela.sopa.de.peixe.em.que.entram.as.sardas,.peixe.azul.de.sabor.intenso,.o.qual.também.é.servido.grelhado..Os.carapaus.à. moda. de. Sesimbra. fazem. igualmente. parte. dos. cardápios.piscícolas.da.vila..Os.mexilhões.ao.natural,.comidos.por.altura.do.Carnaval.e.da.Quaresma,.e.os.percebes.de.Novembro.são.igualmente.muito.prezados..Emblemático.é.o.espadarte..Mesmo.se.arredio.dos.mares.de.Sesimbra,.todos.os.anos.os.restaurantes.locais.dedicam.um.festival.a.este.imponente.senhor.dos.mares..Vale.ainda.a.pena.citar.a.qualidade.do.pão.de.trigo.de.Santana..Doçaria?.Havia.os.zimbros:.um.bolinho.muito.doce.e.amarelinho.de.ovos..Mas.quem.os. confeccionava. levou.consigo.o. segredo.para.o.outro.mundo..Felizes.os.seus.actuais.companheiros.de.jornada..
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Antigamente,. as. caldeiradas. caseiras. de. Sesimbra. eram. feitas.só.com.uma.qualidade.de.peixe,.aprendi.eu.nos.tempos.em.que.a.Câmara.Municipal,. em. colaboração. com. restaurantes. da. vila,.organizava. semanas. dedicadas. ao. tema.. O. mais. utilizado. era.o.safio,. mas. também. se. usava. a. moreia,. a. caneja,. a. tremelga,.chocos,.lulas.e.mesmo.o.tamboril..Porém,.a.preferência.pelo.safio.era.tal.que,.quando.perguntavam:
“O.que.é.que.vai.para.o.almoço?”,.respondia‑se:
“Vai.um.safio.de.caldeirada”.
Muitos.pescadores.de.Sesimbra.são.especialistas.na.confecção.de.caldeiradas,.que.sempre.constituíram.o.prato.favorito.das.refei‑ções.a.bordo.dos.barcos..Utilizavam.um.fogareiro.de.carvão.e.um.tacho.de.esmalte.ou.de.barro.
Um. dos. preciosos. ingredientes. da. caldeirada. é. o. tomate.mas,.como.o.tomate.tem.a.sua.própria.estação,.na.restante.época.do.ano.era.usada.a.calda.de.tomate.dissolvida.em.água..Fazia‑se.o.refo‑gado. com. cebola. picada,. acrescentava‑se. alho,. louro,. salsa,. um.pouco.de.azeite.e.um.nada.de.pimenta..Depois.de.estar.pronta.a.caldeirada,.passava‑se.para.uma.bacia.de.esmalte.e.cada.pesca‑dor.tirava.um.pedaço.de.peixe.para.cima.de.uma.fatia.de.pão,.que.servia.de.prato..No.caldo.que.ficava.no.tacho.cozia‑se.massa.coto‑velinho,. que. completava. a. refeição.. Durante. décadas. foi. assim.que.se.fizeram.as.caldeiradas.
Actualmente,.juntam‑se.nas.caldeiradas.várias.espécies.de.peixe.e.o.facto.de.haver.tomates.e.pimentos.frescos.durante.todo.o.ano.proporciona. maior. facilidade. de. confecção.. As. caldeiradas. são.pratos. típicos.de. toda.a.beira‑mar..Cada. terra. tem,.no.entanto,.o.seu.“toque”.especial.. Em.Sesimbra,. cujas. caldeiradas. têm.boa.
fama,.faz‑se.assim:.Peixes:.safio,.tamboril,.canejas,.eirozes,.chocos,.lulas,. amêijoas,. e,. por. vezes,. raia.. Temperos:. cebola. às. rodelas,.pimento,.alho,.louro,.salsa,.tomate,.batatas,.azeite,.vinho.branco,.colorau.e.sal.
As.amêijoas,.depois.de.bem.lavadas,.são.colocadas.no.fundo.do.tacho,.para.que,.ao.ferver,.os.outros.ingredientes.não.se.peguem.ao.fundo..Depois,.coloca‑se.uma.leve.camada.de.cebola,.pimentos.em.tiras.grossas,.alho.picado.grosseiramente,.louro,.salsa.e.tomate..Segue‑se. uma. camada. de. batatas. às. rodelas. ou. aos. quartos..Sobre. esta. camada. coloca‑se. o. peixe,. repetindo‑se. a. operação.tantas. vezes. quantas. as. necessárias,. terminando. com. uma.camada.de.tomate,.cebola,.alho.e.azeite..Num.recipiente.à.parte,.mistura‑se.o.colorau.com.o.vinho.branco..Mexe‑se.bem.e.regam‑‑se.os.ingredientes.no.tacho.com.este.tempero..Adiciona‑se.mais.um.pouco.de.tomate.esmagado,.que.engrossará.o.caldo..Tempera‑‑se.com.sal.quanto.baste.
Coloca‑se.o.tacho.sobre.lume.brando..Não.se.mexe,.antes.se.agita.o.tacho.de.vez.em.quando.fora.do.lume.em.movimentos.circulares,.após.o.que.volta.à.chama..Quando.a.batata.estiver.cozida,.juntam‑‑se.umas.quantas.sardinhas,.sem.tripas.e.sem.cabeça..Deixa‑se.levantar.fervura.e.está.pronta.a.caldeirada..No.fundo.do.recipiente.em.que.vai.ser.servida.poderão.ser.colocadas.fatias.de.pão.duro.de.mistura,.para.ensopar.
Nas.Festas.Populares.em.Sesimbra,.muitas.famílias.de.pescadores.têm.por.tradição.saborear.as.caldeiradas.à.noite,.na.rua,.seguidas.de.massa.ou.arroz.de.cherne.ou.de.tamboril.
Com.as.caldeiradas.e.outros.petiscos.sesimbrenses.vão.muito.bem.os.brancos.ou.os.tintos.jovens,.frutados.e.frescos,.das.terras.vizinhas.de.Azeitão,.Setúbal.e.Palmela,.quer.dizer.as.terras.do.Sado..
as caldeiradas de sesimbra
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A península de Setúbal,.no.concelho.da.sede,.no.de.Palmela.e.no.de.Sesimbra,.constitui.uma.zona.relevante.na.criação.de.ovelhas.no.nosso.país..Onde.há.ovelhas.há.queijos.e.sendo,.como.é.o.caso,.os. queijeiros.muito. competentes. na. sua. arte,. há. bons. queijos..Daí.o.queijo.de.Azeitão,.um.queijo.de.pasta.mole,.frequentemente.amanteigado,.confeccionado.com. leite.puro.e.cru.de.ovelha,.de.cheiro.e.sabor.muito.característicos..Usa‑se.o.cardo.como.agente.coagulador.do. leite..A.maior.parte.da.produção.está.hoje.semi‑‑industrializada,.mas.ainda.é.possível.encontrar.alguma.produção.artesanal..A.cura.dos.Azeitão.decorre.sobre.caniçadas.em.curadores.secos,.sendo.voltados,.normalmente.todos.os.dias..Esta.fase.demora.uns.20.dias.no.Verão,.podendo.no.Inverno.prolongar‑se.por.40.dias.
Sabe,. quem. já. os. provou,. que. os. queijos. de. Azeitão,. são.muito.untuosos.e.macios,.sendo.a.respectiva.pasta.amanteigada..A.casca.é.de.cor.cera.clara,.com.os.bordos.abaulados,.sem.arestas,.cedendo.à.pressão.dos.dedos,.mas.com.elasticidade.que.lhe.permite.read‑quirir.a.forma.original.rapidamente..O.seu.sabor.é.doce,.embora.temperado.por.notas.ligeiras.ácidas.e.amargas..No.Inverno,.é.ser‑vido,.muitas.vezes,.a.entornar,.o.que.não.o.valoriza,.embora.seja.essa.a.forma.em.que.é.mais.consumido,.surgindo.mais.afinado.durante.a.Primavera..Salvo.uns.raros.queijos.elaborados.em.Maio,.com.os.últimos.leites,.que.têm.mais.de.um.quilo.e.são.para.consu‑mo.caseiro,.o.Azeitão.que.se.encontra.à.venda.(na.casa.dos.30/40.euros/Kg).tem.a.forma.de.um.pequeno.disco.de.10.centímetros.de.diâmetro.e.três.a.quatro.centímetros.de.espessura.e.peso.entre.os. 100/250. gramas.. Há. uma. Denominação. de. Origem. Azeitão.deste.2.de.Outubro.de.1986,.encontrando‑se.a.funcionar.a.respec‑tiva.câmara.de.certificação.
O.Azeitão,.com.os.seus.irmãos.mais.velhos.Serra.e.Serpa,.integra.o.grupo.dos.melhores.queijos.de.ovelha.de.pasta.mole.portugueses..A.origem.do.queijo. –. lê‑se. em.http://www.azeitao.net/azeitao/queijo/.–.nasceu.das.saudades.que.Gaspar.Henriques.de.Paiva.–.que.desceu,.no.final.do.século.XIX,.da.Beira.serrana.para.as.terras.de.Palmela.para.se.dedicar.à.viticultura.–,.tinha.do.queijo.da.Serra..Contratou.um.pastor.beirão.para.que,.com.o.leite.das.ovelhas.do.seu.rebanho,.fizesse.um.queijo.aparentado.com.o.da.sua.terra.natal..“O.pastor.viria.a.partilhar.os.ensinamentos.com.as.gentes.da.vila.[de.Azeitão].e.dos.povoados.vizinhos,.e.na.geração.seguinte,.pela.mão.de.Frederico.Franco.Paiva,.o.Queijo.de.Azeitão.como.foi.desde.logo.baptizado,.é.por.diversas.vezes.premiado,.tornando‑se.conhe‑cido.em.todo.o.país”..
azeitão, irmão mais novo do serra
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Os das terras do Sado. –. Azeitão,. Palmela. e. Setúbal. –. gostam.de.dizer.dos. seus. lugares.que. são.“terras.mães.de. vinhos”..Têm.toda. a. razão:. das. suas. adegas. saem. espumantes,. rosés,. vinhos.brancos.secos.e.doces.naturais,.vinhos.tintos.e.o.generoso.Moscatel..São.todos.vinhos.estimáveis,.mas.o.Moscatel.é.um.vinho.ímpar..Chegou.à.mesa.dos.czares.russos.no.século.XVIII.e.viajou.até.ao.Brasil,.no.convés.de.veleiros..Algumas.pipas.regressavam.à.origem..Após.a.dupla.passagem.pelo.Equador.ficavam.com.o.direito.à.deno‑minação. de.“torna‑viagem”.. As. variações. de. temperatura. que.o.atingiam.durante.a.jornada,.que.lhe.aceleravam.o.processo.de.envelhecimento,. e.o. contacto.com.o.ar.marítimo.e.a. salsugem,.que.acentuavam.as.notas.iodadas.do.vinho,.faziam.deste.Moscatel.um.produto.muito.desejado..Na.década.de.90.do.século.passado,.a.José.Maria.da.Fonseca.carregou.o.convés.do.Navio‑Escola.Sagres,.da.Marinha.Portuguesa,.com.algumas.pipas.de.Moscatel.de.Setúbal,.que.fizeram.a.viagem.de.ida.e.volta.ao.Brasil..No.regresso.a.Lisboa,.foram.descarregadas.e.aguardam,.no.ambiente.escuro.e.fresco.de.uma.adega.da.antiga.casa.de.Azeitão,.que.a.passagem.do.tempo.faça.o.trabalho.que.lhe.compete..Um.dia,.o.vinho.será.engarrafado..Será.o.primeiro.“torna‑viagem”.do.século.XXI,.um.regresso.após.largas.décadas.de.ausência.O.Moscatel.é.um.vinho.generoso.que.tem.uma.graduação.alcoólica.entre. 18. e. 20.graus,. com.uma.percentagem.máxima.de.açúcar.de.20.gramas.por.litro..Tem.uma.cor.que.vai.do.topázio.claro.ao.topá‑zio.queimado.e,.jovem,.tem.um.gosto.pronunciado.a.fruta,.sobre‑tudo. laranjas,. é. extremamente. suave. e,. quando. velho,. tem.um.aroma.de.grande.finura.e.complexidade.que.o.torna.inconfundível..Há.vinhos.Moscatel.no.Douro,.em.Favaios,.sendo.os.mais. justa‑mente.famosos.os.de.Setúbal.No.dia.2.de.Novembro.de.1995,.em.Vila.Nogueira.de.Azeitão,.nas.instalações.da.centenária.empresa.José.Maria.da.Fonseca.Succs,.tive.o.privilégio.de.provar.um.Moscatel.de. 1880,.que.se. revelou.
encantador..De.cor.de.caramelo. torrado,.mas.com.laivos.de.um.verde.lindíssimo.e.faiscante.à.superficie.–.uma.das.características.marcantes.dos.bons.Moscatéis.velhos.–.este.vinho.de.1880,.muito.melado,.xaroposo,.deixou.na.boca.sabores.de.chocolate.e.café.É.notável.a.evolução.dos.melhores.Moscatéis.de.Setúbal.nos.tonéis.e.pipas.de.madeira..Em.novos,.são.vinhos.de.cor.ambarina.crista‑lina,.por.vezes.com.tons.alaranjados,.que.cheiram.e.sabem.muito.a.flor.de.laranjeira,.limão.e.lúcia‑lima..A.aguardente.–.que.inter‑rompeu. a. fermentação. do. mosto. impedindo. a. transformação.de.todo.o.açúcar.das.uvas.em.álcool.–.nesta.fase,.como.é.natural,.faz‑se. notar,. bem. como. a.madeira. onde,. durante. cinco.meses,.o.vinho.faz.a.maceração.pelicular,.mas.fica.na.boca.uma.sensação.de.fresca.doçura,.provocada.pela.acidez.equilibrada..Recentemente,.Domingos.Soares.Franco,.responsável.de.enologia.da.centenária.empresa.José.Maria.da.Fonseca.Succs.,.de.Azeitão,.usou.Armagnac,.uma.excelente.aguardente.velha.francesa,.de.grande.finura,.para.fazer.Moscatel..O.resultado.é.um.Moscatel.de.Setúbal.floral.e.de.uma.grande.frescura.e.elegância,.com.notas.aromáticas.de.mel,.tangerina.e.de.casca.de.laranja.confitada,.que.fazem.deste.vinho.uma.maravilha.sápida.Embora.com.graus.de.evolução.diversos.na.cor.inicialmente.amba‑rina,.o.Moscatel.vai.escurecendo.e.ganha.tons.que.lembram.os.da.tintura.de.iodo.até.ficar.cor.de.caramelo.torrado.com.reflexos.de.esmeralda.no.topo,.e.nos.sabores.vai.passando.de.laranja/limão,.para.os.de.compotas,.designadamente.de.cerejas.escuras.e.ginjas,.arrobe,.chocolate.amargo.e.café.O.Moscatel.pode.ser.comercializado.com.a.denominação.“Setúbal”,.tendo,.neste.caso,.a.casta.que.entrar.numa.percentagem.de.pelo.menos.67.por. cento.no. lote,. ou.“Moscatel. de. Setúbal”,. subindo.a.percentagem.aos.85.por.cento..Há.ainda.o.“Moscatel.Roxo”,.mais.raro,.elaborado.com.uvas.tintas.com.o.mesmo.nome,.que.já.esteve.em.vias.de.extinção,.em.geral.de.qualidade.superior..
todos os vinhos mais o moscatel
VIN
HOS
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ANgEluSPraça.Duque.de.SaldanhaSantana,.SesimbraTelefone:.212.681.340Fax:.212.234.317Cartões.de.crédito:.aceitaAberto.todos.os.dias
RIbAMARAvenida.dos.Náufragos,.29SesimbraTelefone:.212.234.853Fax:.212.234.317Cartões.de.crédito:.aceitaAberto.todos.os.dias
O ESCONdIdINHORua.dos.Industriais,.15SesimbraTelefone:.212.233.480Fax:.212.281.541Cartões.de.crédito:.aceitaEncerra.à.segunda‑feira
TONy bARLargo.de.Bombales,.19SesimbraTelefone:.212.233.199Cartões.de.crédito:.aceitaAberto.todos.os.dias
PEdRA AlTALargo.de.Bombales,.13‑15SesimbraTelefone:.212.231.791Fax:.212.234.317Cartões.de.crédito:.aceitaAberto.todos.os.dias
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O CHARRuECORua.Camilo.Castelo.Branco,.169‑BSetúbalTelefone:.265.527.496Encerra.à.segunda‑feira
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RETIRO dA AlgOdEIAEstrada.da.Algodeia,.30SetúbalTelefone:.265.527.095Encerra.à.segunda‑.feira
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XICA bIAAvenida.Luísa.Todi,.131SetúbalTelefone:.265.522.559Cartões.de.crédito:.aceitaEncerra.aos.domingos
AlCANENARua.Venâncio.da.Costa.Lima,.99Quinta.do.Anjo,.PalmelaTelefone:.212.870.150Cartões.de.crédito:.aceitaEncerra.à.quarta‑feira
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REST
AuRA
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S
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FEIjOAdA dE CHOCOSSesimbra.Para 6 pessoas1 l de feijão branco; 1 kg de chocos (grandes); 50 gr de chouriço de carne; 50 gr de bacon; 100 gr de cenouras às rodelas; 1 cebola média; 1 colher de colorau; 2 dentes de alho; 100 gr de banha de porco; coentros, sal e pimentaCozem‑se.separadamente.o.feijão.e.os.chocos,.depois.de.limpos..Entretanto,.faz‑se.um.refogado.com.a.cebola.picada,.as.cenouras,.os.alhos.esmagados,.o.ramo.de.cheiros.e.a.banha..Assim.que.a.cebola.alourar.junta‑se.o.chouriço.às.rodelas,.e.o.bacon.deixa‑se.apurar,.juntando‑se.a.seguir.o.colorau..Cortam‑se.os.chocos.aos.bocados.e.misturam‑se.ao.feijão..Deita‑se.o.feijão.e.os.chocos.sobre.o.refogado,.deixa‑se.apurar,.rectificam‑se.os.temperos.e.serve‑se.polvilhado.com.os.coentros.picados.
SARRAFuSCAPalmela
Batatas com pele cozidas; 1 posta de bacalhau (150/200 gr); 1 tomate maduro; 1 boa cebola; 1 naco de toucinho (100/150 gr); pimenta, sal e vinagreO.toucinho.deve.ser.cortado.às.tirinhas.e.posto.a.frigir,.devendo.ser.comprimidas.com.um.garfo.para.se.obter.bastante.gordura..Retira‑se.o.toucinho,.e.neste.molho.deita‑se.o.tomate.e.a.cebola.cortados.às.rodelas,.deixando.cozer..Num.recipiente.colocam‑se.as.batatas.às.rodelas.e.o.bacalhau.desfiado.(pode.ser.cru.ou.cozido).deitando.por.cima.o.molho.bem.quente.
SAlMONETES à SETubAlENSESetúbal
4 salmonetes; 125 gr de manteiga; 1 cebola pequena; 1 dl de vinho branco; 1 limão; salsa picada; sal q.b.Amanham‑se.os.salmonetes,.pondo.os.fígados.à.parte;.grelham‑se.e.colocam‑se.numa.travessa.sem.deixar.esfriar..Pica‑se.cebola.que.vai.ao.lume.com.vinho.branco,.cozendo.bem..Juntam‑se.os.fígados.esmagados,.mexe‑se.bem.e.deixa‑se.ferver.um.pouco.juntando‑se.manteiga.derretida,.sal,.pimenta,.sumo.de.limão.e.salsa..Deita‑se.bem.quente.depois.de.fervido,.sobre.os.salmonetes.
CHOCO FRITOSetúbal
600 gr de choco; farinha; azeite; banha de porco; limãoLimpa‑se.o.choco.e.corta‑se.aos.quadrados.ou.pequenas.tiras..Seca‑se.bem,.passa‑se.levemente.por.farinha.e.leva‑se.a.fritar.numa.proporção.igual.de.azeite.e.banha..Deve.servir‑se.bem.quente.acompanhado.com.limão.para.espremer.
ESPETAdAS dE OSTRASSetúbal
16 ostras; 8 lardos ou cubos de presuntoSe.o.prato.é.para.servir.ao.jantar,.põe‑se.de.manhã.a.demolhar.em.água.fria.alguns.lardos.de.bom.presunto.meio.gordo..Abrem‑se.as.ostras.ao.calor.do.fogo,.o.suficiente.para.as.retirar.das.cascas..Em.espetos.enfia‑se.um.lardo.de.presunto,.duas.ostras.entremeando.e.terminando.com.o.presunto..A.seguir.barra‑se.cada.espetada.com.gema.de.ovo.batida,.polvilha‑se.com.pão.ralado.e.frigem‑se.em.banha.fresca.de.porco.sem.as.deixar.apertar.ao.lume..Dispõem‑se.numa.travessa..Modernamente.há.quem.as.polvilhe.com.queijo.parmesão.
FAISÃO à d. bRITESSetúbal
1 faisão; 50 gr de manteiga; 8/10 fatias de toucinho fumado; 1 fígado de galinha; 1 colher de sopa de vinho do Porto; sal e pimenta a gostoO.faisão.é.depenado.e.limpo.depois.de.previamente.lhe.terem.sido.retiradas.a.cabeça.e.as.asas.com.penas,.que.se.reservam..Os.miúdos.são.guardados.no.fresco.e.o.faisão.deve.ser.pendurado.ao.ar.fresco.durante.dois.dias..Passado.esse.tempo.barra‑se.por.dentro.e.por.fora.com.a.manteiga,.sal.e.pimenta..Leva.duas.fatias.de.toucinho.fumado.no.interior.e.é.enrolado.completamente.com.fatias.do.mesmo.toucinho.Vai.ao.lume,.num.tacho,.de.preferência.de.barro,.juntando‑se.os.miúdos.e.o.fígado.de.galinha,.voltando‑se.de.vez.em.quando..Logo.que.esteja.cozinhado,.passa‑se.o.fígado.e.o.molho.que.criou.por.um.passador,.levando.esta.mistura.ao.lume.com.uma.colher.de.sopa.de.vinho.do.Porto,.até.engrossar..O.molho.vai.à.mesa.separado.do.faisão..Este.é.servido.já.trinchado.podendo.ser.enfeitado.com.a.cabeça.e.as.asas.com.penas.
RECE
ITAS
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lEbRE à “TI ZÉ dA AVÓ” Alcochete
1 lebre; 1 copo de vinho tinto; 1 cálice de vinagre; 1 colher de chá de pimenta; 2 dentes de alho; 2 cebolas grandes; 2 tomates maduros; 1 pimento verde; 500 gr batatas; 50 gr toucinho; pimenta ou picante, louro e sal a gostoA.lebre.é.esfolada,.cortada.aos.bocados.e.posta.a.cozer.com.louro.e.sal..Quando.está.meia.cozida.retira‑se.e.tempera‑se.com.o.pimentão,.pimenta,.alho.e.cebola.bem.picada,.vinho.tinto.e.um.pouco.de.vinagre..Fica.nesta.marinada.até.ao.dia.seguinte..Para.a.cozinhar.deita‑se.num.tacho.o.toucinho.cortado.aos.bocados,.o.tomate.e.o.pimento.às.tiras..Deita‑se.a.lebre.com.o.molho.da.marinada.e.vai.ao.lume.a.cozer..Cozem‑se.batatas.à.parte.com.casca..Depois.de.cozidas,.pelam‑se,.colocam‑se.numa.travessa.e.despeja‑se.em.cima.a.lebre.com.o.respectivo.molho.
FIlHÓS dE AbÓbORASesimbra
500 gr de abóbora cozida com 1 pau de canela, e uma pitada de sal; 250 gr de farinha; meio cálice de aguardente; 3 ovos; Raspa e sumo de 1 laranja; 2 colheres de sopa de açúcar; açúcar e canela em pó para polvilharDepois.de.cozer.a.abóbora.deixa‑se.ficar.a.escorrer.num.passador.de.um.dia.para.o.outro..Mistura‑se.a.abóbora.com.o.sumo.e.raspa.de.laranja,.a.farinha,.os.ovos,.batendo‑se.muito.bem.até.ficar.tudo.bem.misturado..Deixa‑se.levedar.uma.ou.duas.horas..A.seguir.fritam‑se.em.óleo,.às.colheres..Depois.de.prontas.polvilham‑se.com.açúcar.e.canela.
TORTAS dE AZEITÃOAzeitão
Para a massa: 4 ovos; 250 gr de açúcar; 150 gr de farinha; margarina q.b.Para o recheio (massa de ovo): 4 gemas; 250 gr de açúcar em ponto altoPara o creme: 1 chávena de leite quente; 1 colher de sopa de farinha; 2 colheres de sopa de açúcar; 2 gemasPara.fazer.a.massa.mexem‑se.as.gemas.de.ovos.com.o.açúcar..Batem‑se.4.claras.em.castelo.a.que.se.juntam.50.grs.de.açúcar..Junta‑se.depois.a.farinha.de.trigo.à.massa.das.gemas.e.açúcar,.acrescentando.depois.as.claras..Mexe‑se.bem..Para.quem.não.tenha.as.formas.pequenas,.deita.esta.massa.num.tabuleiro.untado.e.polvilhado.de.farinha..Vai.a.cozer.em.forno.quente.levando.cerca.de.5.minutos.a.cozer..Logo.que.a.massa.está.cozida.vira‑se.o.tabuleiro.em.cima.duma.camada.fina.de.açúcar.e.cortam‑se.as.tortas.à.medida..Cobrem‑se.com.massa.de.ovo.e.enrolam‑se..Os.especialistas.que.as.confeccionam.usam.umas.formas.rectangulares.de.12x8x1.cm..Para.quem.não.tenha.facilidade.de.as.adquirir.pode.cozer.a.massa.num.tabuleiro,.com.1.cm.de.espessura,.cortando‑a.depois.à.medida.desejada..O.recheio.pode.ser.massa.de.ovo.que.se.faz.com.4.gemas.de.ovos.sobre.as.quais.são.deitados.250.gr.de.açúcar.em.ponto.alto,.muito.lentamente..Leva‑se.ao.lume.para.engrossar,.mexendo.sempre..Se.preferir.rechear.com.creme,.este.é.assim.confeccionado:.Ferve‑se.o.leite.com.uma.casquinha.de.limão..À.parte.mistura‑se.o.açúcar.com.a.farinha,.juntam‑se.as.gemas,.mistura‑se,.junta‑se.o.leite.em.fio,.deixa‑se.ferver.até.engrossar,.mexendo.sempre.
Estas receitas foram retiradas do livro “Sabores da Costa Azul”,
de Celeste Cavaleiro, a editar pela Estuário Publicações em 2006.
As fotografias são da autoria de Pedro Soares.
www.estuariopublicacoes.blogspot.com
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EXPOSIÇÕESSetúbal e o sismo de 1755Evidências arqueológicasExposição.de.documentos.e.materiais.arqueológicos.das.escavações.realizadas.pelo.Museu.de.Arqueologia.e.Etnografia.do.Distrito.de.Setúbal.no.Largo.António.Joaquim.Correia,.onde.foi.possível.identificar.evidências.do.sismo.de.1755..Em janeiroMuseu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de SetúbalTerça.a.Sexta,.das.09h00.às.12h30.e.das.14h00.às.17h30
EuromillsCultura e Preservação dos Moinhos EuropeusMostra.documental,.com.dez.painéis,.que.permite.descobrir.a.cultura.dos.moinhos.europeus,.em.português,.inglês,.italiano,.espanhol.e.grego..Até FevereiroMoinho de Maré da MouriscaSegunda.a.Sexta,.das.09h30.às.12h30.e.das.14h00.às.18h00Sab,.dom.e.feriados,.das.09h30.às.12h30.e.das.14h00.às.17h00
golfinhos do SadoMostra.documental.sobre.a.comunidade.de.roazes‑corvineiros.do.Sado.Até junhoMoinho de Maré da MouriscaSeg.a.sex,.das.09h30.às.12h30.e.das.14h00.às.18h00Sab,.dom.e.feriados,.das.09h30.às.12h30.e.das.14h00.às.17h00
Pictomorphica ITrabalhos de pintura de Collacteu O.trabalho.de.Luís.Colaço.(Collacteu),.pintor,.escultor.e.designer,.está.representado.em.colecções.públicas.e.privadas..O.artista.começou.por.fazer.pintura.figurativa.de.modo.clássico,.mas.actualmente.desenvolve.uma.pesquisa.estética.em.imagens.pictóricas.e.novas.formas.de.as.representar..Até 14 de janeiroMuseu Sebastião da GamaTerça.a.Sexta,.das.09h00.às.12h30.e.das.14h00.às.17h00Sábado,.das.13h00.às.19h00
descobrir o japão,de S. Francisco Xavier (1506‑1552) a Wenceslau de Moraes (1854‑1929)A.exposição.procura.associar.dois.momentos.importantes.do.Japão..Por.um.lado.a.tentativa.de.introdução.do.Cristianismo.e.da.acção.missionária,.em.paralelo.com.o.desenvolvimento.dos.contactos.comerciais.entre.o.Japão.e.o.Ocidente..Por.outro,.temos.a.fase.da.redescoberta.do.Japão.e.da.sua.arte.por.parte.do.Ocidente,.em.que.a.figura.de.destaque.é.Wenceslau.de.Moraes.No.dia.16.está.agendada.uma.visita.guiada,.às.16h00,.por.Fernando.António.Baptista,.conservador.do.Museu.de.Setúbal.Até 28 de janeiroAERSET – Edifício do antigo Banco de Portugal Segunda.a.Sábado,.das.13h00.às.19h00Encerrado.aos.feriadosAvenida.Luísa.Todi,.n.º.119.–.SetúbalOrg.:.CMS
deus criou… e o homem re‑criou…Exposição.de.pintura.de.EMEKSEF.(Francisco.Xavier.Meneses)O.esforço.divino.ao.longo.dos.sete.dias.da.Criação.do.Universo,.do.Mundo.e.do.Homem.é.projectado.nesta.mostra.de 21 de janeiro a 11 de MarçoMuseu do Trabalho Michel GiacomettiTerça.a.Sábado,.das.09h30.às.18h00
TudO PARA TIExposição.de.pintura.de.Nina.Pontes,.com.cerca.de.20.trabalhos.de 4 de Fevereiro a 1 de AbrilMuseu Sebastião da Gama
AgEN
dA
CINEMACiclo de Cinema OrientalNeste.ciclo.são.apresentados.elementos.que.permitem.compreender.cinematografias.tão.diferentes.como.a.japonesa,.a.sul‑coreana.e.a.chinesa,.entre.outras.origens.3, 4 e 5 de FevereiroCasa do ElefanteOrg.:.Teatro.do.Elefante
TEATROA barca do InfernoO.Teatro.Animação.de.Setúbal.estreia.uma.nova.encenação.da.peça.“A.Barca.do.Inferno”,.baseado.na.obra.de.Gil.Vicente.“Auto.da.Barca.do.Inferno..A.encenação.está.a.cargo.de.Pompeu.José.e.Carlos.Curto,.com.interpretações.de.Sónia.Martins,.Duarte.Victor.e.Miguel.Assis.2 de FevereiroCasa do ElefanteOrg.:.TAS.–.Teatro.Animação.de.Setúbal
dANÇAdANÇAEspectáculo.pelos.alunos.da.Pequena.Companhia.da.Academia.de.Dança.Contemporânea20 de janeiro e 17 de Fevereiro | 21h00Fórum Luísa TodiOrg.:.Academia.de.Dança.Contemporânea
Collacteu
Deus criou… e o homem re‑criou…
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MÚSICAConcerto de ReisPerformance.dos.professores.de.educação.musical.da.Escola.Superior.de.Educação6 de janeiro | 21h30Igreja S. SebastiãoOrg.:.IPS.–.Instituto.Politécnico.de.Setúbal
Programa aniversário Luísa Todiorganizado pela Câmara Municipal de Setúbal
Canto e pianoConcerto.com.composições.líricas.portuguesas.do.século.XVIII.menos.conhecidas.do.público.e.contemporâneas.de.Luísa.Todi.Sopranos.Filipa.Lopes.e.Carla.Simões,.tenor.Samuel.Vieira.e.baixo‑‑barítono.Pedro.Correia..Piano.por.Armando.Vital.6 de janeiro | 21h00Club Setubalense
Stabat MaterObra.emblemática.da.música.sacra.católica,.interpretada.na.composição.setecentista.de.Giovanni.Battista.Pergolesi,.do.século.XVIII,.naquela.que.é.uma.das.versões.mais.famosas.deste.poema.de.origem.medieval.Vozes.da.soprano.Ana.Cosme.e.da.meio‑soprano.Ana.Serôdio..Quarteto.de.cordas.constituído.por.Emídio.Coutinho,.Ricardo.Mateus,.António.Figueiredo.e.Witold.Marek.Dziuba.8 de janeiro | 21h00Local.a.designar.Informações.na.Câmara.Municipal.através.do.telefone.265.547.900
ConcertoEspectáculo.do.Coral.Luísa.Todi.e.da.Banda.de.Música.da.Força.Aérea9 de janeiro | 21h30Fórum Luísa TodiInformações.na.Câmara.Municipal.através.do.telefone.265.547.900 Música de AngolaEspectáculo.com.Os.Kabilas,.grupo.constituído.por.três.músicos.de.origem.angolana,.com.um.repertório.que.reúne.ritmos.tradicionais.de.Angola.com.sons.da.modernidade.13 de janeiro | 21h30Casa do ElefanteAv..Bento.Gonçalves.(acesso.pela.escola.de.Aranguês)Org.:.Teatro.do.Elefante
lEITuRASMoita MacedoDesenhosLançamento.de.livro.de.Fernando.António.Baptista.Pereira,.com.prefácio.de.Vítor.Serrão.e.edição.da.Caleidoscópio,.que.ajuda.a.entender.a.expressão.plástica.de.Moita.Macedo,.cujo.gestualismo.se.exprime.através.do.claro‑escuro.e.do.barroquismo.de.manchas..7 de janeiro | 15h00Museu do Trabalho Michel GiacomettiOrg:.CMS
CONFERÊNCIASEm Torno das CidadesConferência.integrada.no.ciclo.“Tempos.de.Arte”,.a.cargo.de.Manuel.C..Teixeira,.arquitecto.pela.Escola.Superior.de.Belas.Artes.de.Lisboa,.aborda.a.cidade.enquanto.testemunho.das.culturas.e.civilizações.passadas.2 de janeiro | 19h00Auditório da Biblioteca Pública Municipal de SetúbalMais.informações.em.www.mun‑setubal.pt
descobrir o japão,de S. Francisco Xavier a Wenceslau de Morais: Histórias de um diálogoConferência.dirigida.por.Baptista.Pereira7 de janeiro | 17h00Auditório da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal
A gravura japonesa nos Séculos XVIII e XIX: dos processos de execução ao instrumento de divulgaçãoConferência.conduzida.por.Manuel.Paias21 de janeiro | 17h00Auditório da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal
Ciclo de Conferências lisboa 2020 Políticas Regionais de Inovação e ConhecimentoCom.a.participação.de.especialistas.de.Lisboa.e.Vale.do.Tejo,.Barcelona,.Shannon,.Lorraine,.Madrid,.Berlin.e.Londres,.esta.conferência.procura.confrontar.os.actores.regionais.com.os.caminhos.estratégicos.face.às.novas.prioridades.nacionais.e.europeias.para.2007‑2013,.nos.domínios.da.ciência,.tecnologia.e.inovação.27 de janeiro | das 09h00 às 18h30Taguspark | Oeiras
Monumento a Luisa Todi | Setúbal Moita Macedo | Desenhos
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Conversas no 2.º balcãoO.teatro.em.Setúbal.abre.o.ciclo.das.Conversas.no.2.º.Balcão,.que.conta.como.convidados.Álvaro.Félix,.Carlos.Rodrigues,.Américo.Pereira,.José.Maria.Dias,.Fernando.Guerreiro,.Maria.Clementina,.Vítor.Serra,.António.Rosa.e.Fernando.Casaca..A.iniciativa,.que.visa.dar.a.conhecer.os.percursos.das.artes.cénicas.de.Setúbal,.inclui.momentos.com.música.ao.vivo.27 de janeiro | das 23h00 às 02h00Foyer do 2.º balcão do Fórum Municipal
EVENTOm@rco.28Inscrições.para.a.3.ª.Meia.Maratona.Fotográfica.e.para.o.2.º.Concurso.de.Bandas.de.Garagem,.duas.iniciativas.que.integram.o.programa.m@rço.28.dedicado.aos.jovens.e.assinalam.o.Dia.Mundial.do.Estudante.Informações.através.do.gabjuventude@portugalmail.pt
INFANTIlO Mundo Mágico de OzEspectáculo.infantil,.pelo.Grupo.de.Animação.e.Teatro.Espelho.Mágico.16 de janeiro | 15h00Fórum Municipal Luísa TodiOrg.:.Grupo.de.Animação.e.Teatro.Espelho.MágicoApoio.CMS
CARNAVAlCarnavalDesfile.da.comunidade.educativas,.dia.24,.durante.a.manhã.Desfile.do.corso.carnavalesco,.dias.26.e.28,.a.partir.das.15h00,.com.a.participação.do.movimento.associativo.do.Concelho.24, 26 e 28 de Fevereiro Avenida Luísa Todi
Tarde Infantil de CarnavalMatiné.com.animação,.pintura.facial,.espectáculo.e.concurso.de.máscaras.25 de Fevereiro | das 15h00 às 18h00Club Setubalense
dESPORTO4.os jogos do SadoCerimónia de aberturaO.evento.inclui.exibição.e.experimentação.de.várias.actividades.integradas.nos.Jogos.do.Sado,.corta‑mato.escolar.e.corrida.de.carácter.simbólico,.com.representação.de.instituições.do.concelho.20 de janeiro | 10h00Parque da Bela VistaTorneio de futebolCompetição.para.cidadãos.portadores.de.deficiência,.com.apoio.da.associação.APPACDM31 de janeiro | 10h00Pavilhão das Manteigadas
Tarde Infantil de Carnaval | Setúbal
4.os Jogos do Sado
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Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território
e Desenvolvimento Regional