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Ricardo Vargas explica o gerenciamento de projetos & DEZEMBRO 2 0 0 8 entrevista SERVIÇOS diversidade O caleidoscópio econômico das regiões brasileiras tv digital Tecnologia nas lojas eleições Barack Obama e o Brasil Fecomércio 44 BENS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul

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Ricardo Vargas explica o gerenciamento de projetos

&DEZEMBRO

2 0 0 8

en t rev i s t a

SERVIÇOS

d i v e r s i d a d e

O caleidoscópio econômicodas regiões brasileiras

t v d i g i t a l

Tecnologianas lojas

e l e i ç õ e s

Barack Obamae o Brasil

Fe

co

rc

io44BENS

Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul

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Núm

ero

25 –

Maio

2007

SUMÁR IOEXPEDIENTE

12 Palavra de honraDesacordos e lentidão no Judiciário contribuem

para a fama de descumprimento de contratos no

Brasil, influenciando negativamente a economia

Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS

Federação do Comércio de Bens e de Serviços

do Estado do Rio Grande do Sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Flávio Roberto Sabbadini

Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi

Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi

Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava

Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild

Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi

Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano

Coordenação Editorial: Simone Barañano

Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo,Patricia Campello

Colaboração: Edgar Vasques, Moacyr Scliar, Priscilla Ávila, JoãoBaptista Sunfeld

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Edição de Arte: Silvio Ribeiro

Fotos da Capa: Igor Spanholi, Marcelo Terraza, Stefanie L. eStephanie Berghaeuser/Stock.xchng, Aurelino Gonçalves/PMRJe Lucia Simon

Impressão: Nova Prova

Tiragem: 25,5 mil exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

c o n t r a t o s

FecomércioSERVIÇOSBENS &

Caleidoscópio nacionalMudanças ocorridas nos cenários social, econômico e

político nos últimos anos provocam reflexão sobre

a configuração regional brasileira

d i v e r s i d a d e

26

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Núm

ero

44 –

Dezem

bro

2008

SUMÁR IO

05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

24

e n t r e v i s t a

Gerenciando para o sucessoRicardo Vargas é o principal nome quando se fala

em gerenciamento de projetos no Brasil. Autor de

oito livros sobre o tema, foi eleito para o cargo

máximo do Project Management Institute Global

18

t v d i g i t a l

Bom sinal para o varejoApostando no desejo do consumidor por mais

qualidade de som e imagem, comércio se prepara

para atender à demanda pela TV digital

p a l a v r a d o p r e s i d e n t e7

f u s ã o

v i s ã o p o l í t i c a

v i s ã o e c o n ô m i c a46

n o t í c i a s e n e g ó c i o s

s a i b a m a i s32

8

o p i n i ã o

48

17

g u i a d e g e s t ã o14

m a i s & m e n o s 49

47

a g e n d a 6

c r ô n i c a50

42c a p a c i t a ç ã o

Conhecimento que faz a diferençaUma saída para vencer a crescente

concorrência do mercado de trabalho

é aproveitar o período de verão para

investir em cursos de capacitação

e l e i ç õ e s

O salvador da pátria?O mundo em desajuste aposta suas fichas no

democrata Barack Obama e o transforma em um

super-herói dos novos tempos

36

44m ú s i c a

A escola dá o tomLei de Diretrizes e Bases da Educação torna

obrigatória a educação musical nas escolas

brasileiras de ensino médio e fundamental.

Especialistas discutem viabilidade da exigência

g e s t ã o

t u r i s m o

40

d i v e r s ã o 34

38

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A

G

E

N

D

A

06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

44 –

Dezem

bro

2008

d e z emb r o

07Tholl – Imagem e SonhoBento Gonçalves, Uruguaiana, Santa

Maria, Santa Cruz do Sul e Frederico

Westphalen recebem o espetáculo

até 20/12. Informações:

www.sesc-rs.com.br/artesesc.

TeatroRio Grande no Palco apresenta Sacra

Folia – Um auto brasileiro, em Bento

Gonçalves, Caxias do Sul, Camaquã,

Pelotas, Itaqui e São Borja. Informa-

ções: www.sesc-rs.com.br/artsesc.

09FormaturaNo Teatro do Sesc – Gravataí aconte-

ce, a partir das 19h, a Formatura

Aprendizagem Comercial: Assistente

Administrativo e Agente Comercial.

12Festas natalinasInício da Casinha do Papai Noel

Sesc/Sindilojas em Cachoeira do

Sul (até 21/12).

03Machado de AssisA mostra 100 Anos sem Machado

percorre as cidades de Rio Grande,

Santa Maria, Santana

do Livramento e Santo Ângelo

até 31/12. Informações:

www.sesc-rs.com.br/artesesc.

04EncontroRede de Solidariedade Mesa Brasil

Santa Maria. O evento

também será realizado em Rio

Grande (10), Caxias do

Sul (11), Porto Alegre (15) e

Cachoeira do Sul (16).

Informações: www.sesc-rs.com.br/

mesabrasil.

05Rio Grande no PalcoO projeto apresenta o espetáculo

Misto Quente em Montenegro,

Farroupilha, São Leopoldo,

Pelotas, Lajeado e Gravataí,

até 21/12. Informações: www.sesc-

rs.com.br/artesesc.

Mesa BrasilAté o dia 07/12 o Projeto

Amigo do Mesa arrecada alimentos

nos supermercados das cidades

de Cachoeira do Sul, Porto

Alegre, Rio Grande e

Santa Maria. Informações:

www.sesc-rs.com.br/mesabrasil.

14Circuito esportivoFinal estadual do Circuito Sesc de

Minimaratona em Porto Alegre.

Informações: www.sesc-rs.com.br/

minimaratona.

15FormaturaTurma de Aprendizagem Comercial

da Faculdade de Tecnologia Senac

Pelotas forma-se às 19h no auditório

da Escola Senac Pelotas.

21Projeto Feliz CidadeEncerramento das atividades

recreativas e culturais na praça

Coronel Pedro Osório e

Calçadão da Andrade Neves, em

Pelotas. Promoção Sindilojas, apoio

Sesc e Senac.

27FestaAniversário do Senac Erechim,

comemorações no local.

Vestibular SenacAs provas serão aplicadas nas

Faculdades Senac no período

das 14h às 17h.

07

Fernanda Romagnoli

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PA

LA

VR

A D

O P

RE

SID

EN

TE

07FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

44 –

Dezem

bro

2008

Flávio Roberto Sabbadini

Presidente do Sistema Fecomércio-RS

crescimento da economia

brasileira e o processo de glo-

balização ocorridos nos últi-

mos anos obrigam-nos a enxergar

o Brasil a partir de novos ângulos.

Isso significa abrir mão de uma vi-

são simplista do território nacional

e quebrar paradigmas conceituais.

Não podemos negar que nossa

ocupação econômica ocorreu,

principalmente, por meio de pro-

cessos de colonização e migratóri-

os. Entretanto, mudanças sociais,

políticas e econômicas ocorridas

nos últimos anos no Brasil não nos

permitem mais olhá-lo por esse pon-

to de vista restritivo.

Para bem governar, destinar re-

cursos e planejar investimentos, é

preciso enxergar a pluralidade de

nosso país. As regiões não podem

ser segregadas tendo como ponto

de partida apenas os recursos natu-

rais. Embora esse modelo possa ter

funcionado por um período, igno-

rou a nossa principal característica:

somos um país continental.

Isso significa uma grande amplitude de climas, cultu-

ras, populações e, claro, uma variedade de oportunidades

que precisam ser identificadas para que haja uma adminis-

tração mais pontual e eficaz. Esse multiculturalismo está

mais perto do que imaginamos: o próprio Rio Grande do

Sul não é homogêneo em termos identitários, apresentan-

do características completamente diversas na Serra, no Li-

toral ou na Metade Sul.

Nos últimos anos, entretanto, estamos vivenciando um

fenômeno novo, a desconcentração espacial do setor pro-

dutivo brasileiro – que não se a fasta do eixo Rio-São Paulo

por conta de irrecusáveis incentivos governamentais, mas

fugindo dos inchaços deste espaço que se construiu sem

planejamento. Por este e outros fatores, precisamos glo-

balizar nossa visão de Brasil, deixando para trás antigos

conceitos que segregam o país sem levar em conta sua di-

versidade. Só assim deixaremos de esperar as oportunida-

des emergirem e vamos, então, vislumbrá-las neste imenso

e rico território.

O

continentalSomos um país

Divulgação/Fecomércio-RS

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NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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44 –

Dezem

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2008

E d g a r V a s q u e s

O 1º Fórum do Mercado de Trabalho, rea-

lizado em Porto Alegre no dia 24 de no-

vembro, foi o palco de lançamento do Mapa

do Trabalho, iniciativa que irá resultar no

investimento de R$ 6 milhões em qualifi-

cação profissional no Rio Grande do Sul em

2009. O projeto – parceria inédita entre a

Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento

Social, a Fundação Gaúcha do Trabalho e

Ação Social, o Senac-RS, o Senai-RS e o Cen-

tro de Integração Empresa Escola –, prevê

levantamento inédito que possibilitará a

identificação de demandas específicas do

mercado de trabalho gaúcho conforme as

regiões, setores e funções.

SOS Santa CatarinaOs 112 sindicatos filiados à Fe-

comércio-RS e todas as unida-

des de Sesc e escolas do Senac

no Rio Grande do Sul estão re-

cebendo, desde o dia 28/11,

donativos para as vítimas das

chuvas em Santa Catarina. Ao

todo, são mais de 200 postos de coletas distribuídos em todo o Estado.

Uma primeira remessa de donativos foi entregue no início de dezem-

bro, mas a campanha ainda continua. “Criamos um canal receptor para

que a comunidade gaúcha possa ajudar”, destacou o presidente da Fe-

deração, Flávio Sabbadini. A iniciativa tem por objetivo sensibilizar e

mobilizar a sociedade em geral para doar gêneros alimentícios não-pe-

recíveis, galões de água, materiais de higiene pessoal e de limpeza, arti-

gos de vestuário, cama, mesa e banho, entre outros. Os donativos serão

recolhidos nas cidades gaúchas pelos caminhões do programa Mesa Brasil

Sesc. Outras informações nos sites www.fecomercio-rs.org.br,

www.senacrs.com.br ou www.sesc-rs.com.br.

Wilso

n D

ias/

Abr

R$ 6 milhões paraa qualificação

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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

09

Núm

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2008

Caixa passa a financiarconsumo no varejoA Caixa Econômica Federal lançou em novem-

bro uma nova linha de crédito, destinada a finan-

ciar bens de consumo diretamente no comércio,

o Crediário Caixa Fácil. Entre os produtos que

podem integrar a ação estão eletrodomésticos,

eletrônicos, móveis, equipamentos de TV e ví-

deo e materiais de construção, com valor máximo

de R$ 10 mil, adquiridos por pessoas físicas. O

crédito será concedido diretamente nas redes de

varejo parceiras, na hora da compra – no Rio Gran-

de do Sul, até o momento, só a Certel oferece o

serviço da Caixa. A instituição financeira também

anunciou que o montante disponível para crédito

consignado será aumentado em 25% em 2009, atin-

gindo R$ 10 bilhões.

Carreta OdontoSesc realizacentésima visita

O bairro Feitoria, em São

Leopoldo, foi o cenário de

comemoração da centési-

ma parada da Carreta

OdontoSesc, em novem-

bro. A ação, que leva aten-

dimentos odontológicos

gratuitos à população ga-

úcha, percorreu em 2008 cidades como Cidreira, Estância Velha, Gua-

rani das Missões, São Gabriel, Nova Santa Rita e Teutônia, com quatro

unidades móveis. Desde a primeira visita, realizada em Guaíba em 1999,

mais de 97 mil procedimentos odontológicos foram feitos pelo progra-

ma; entre avaliações médicas e tratamentos odontológicos, somaram-se

122.467 consultas. Após a avaliação, o paciente recebe tratamento e

orientações sobre educação em saúde bucal.

Joao

Alv

es/S

esc-

RS

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NOTÍC IAS & NEGÓCIOS

10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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bro

2008

Variação positiva no comércio gaúchoDe acordo com o Índice de Vendas do Comércio

(IVC), divulgado em parceria entre a Fecomércio-RS

e a FEE, o comércio do Rio Grande do Sul apresen-

tou, no mês de setembro, uma variação positiva de

7% no seu volume de vendas, considerando-se como

comparação o mesmo período de 2007. No comér-

cio varejista a alta foi de 5,2%, com maior elevação

nos setores de equipamentos e material para escritó-

rio, informática e comunicação. Já no comércio ata-

cadista a alta foi ainda maior, de 8,9%, motivada pela

venda de máquinas, aparelhos e equipamentos. No

acumulado do ano (período jan-set/08), o volume de

vendas do comércio gaúcho apresenta uma elevação

de 6,8% em comparação com igual período do ano

anterior. Para ver todas as tabelas acesse o site

www.agencia.fecomercio-rs.org.br.Fonte: Fecomércio-RS

Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008 (%)

Atividades

Comércio

Comércio varejista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis e lubrificantes

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Comércio atacadista

Produtos alimentícios,

bebidas e fumo

Combustíveis

Veículos, motocicletas, partes,

peças e acessórios

Ago

2,5

4,8

1,3

8,6

9,0

0,4

-6,2

4,1

1,7

Set

7,0

5,2

-3,9

10,3

17,1

8,9

6,0

11,6

23,4

MensalAgo

6,8

6,8

-0,4

8,8

17,5

6,7

-0,3

8,5

16,9

Set

6,8

6,6

-0,8

8,9

17,4

7,0

0,4

8,8

17,6

Acum. ano

Classe média teme a falta deconhecimentoSuperadas as necessidades básicas de consumo, a classe média brasileira

agora quer reunir conhecimento para comprar: Essa foi a conclusão do estu-

do Breakonsumers, realizado pela empresa de estratégia de comunicação

Limo Inc. Liderado pela socióloga e publicitária Laura Chiavone, o estudo

reúne 30 entrevistas etnográficas e com especialistas, além de uma pesquisa

quantitativa em seis capitais, com 2.016 pessoas das classes A, B e C, entre

15 e 50 anos. “As pessoas alcançaram muitas conquistas materiais e hoje têm

bens ao alcance de suas mãos. A questão é o que vem acompanhando tudo

isso: excesso de informação e falta de conhecimento para lidar com todas as

questões que se colocam no dia-a-dia”, explica Laura.

Papai Noel pela internetPesquisa realizada pelo Programa de Administração de Varejo em parce-

ria com a consultoria E-bit apontou que o internauta brasileiro vai gastar

aproximadamente R$ 320 nas compras de Natal pela internet. O volume

dos negócios pela rede deve chegar a R$ 1,35 bilhão neste final de ano,

contra R$ 1,08 bilhão alcançado em 2007, representando um acréscimo de

25%. Os produtos eletroeletrônicos e de informática continuam no topo da

lista de desejos para o Papai Noel, assim como CDs, DVDs e livros.

Convênio beneficiaprofissionais gaúchosO presidente do Conselho Regional de Admi-

nistração do Rio Grande do Sul (CRA-RS), Ruy

Baratz, e o diretor regional do Senac-RS, José

Paulo da Rosa, assinaram em novembro convê-

nio em benefício dos administradores gaúchos.

Com a parceria, os profissionais terão 10% de

desconto nos cursos básicos (formação inicial

e continuada), técnicos e superiores oferecidos

pelo Senac em Porto Alegre. “Com o convênio,

o Senac-RS facilita o acesso aos administradores

às ações educacionais, amplia seus projetos no

Estado e contribui para o desenvolvimento da

sociedade”, resumiu Rosa.

Rob

erta

Sel

iste

r/S

enac

-RS

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NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS

11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

44 –

Dezem

bro

2008

Minimaratona 2008se encerra em Porto AlegreO dia 14 de dezembro vai

marcar o encerramento da edi-

ção 2008 do Circuito Sesc de

Minimaratona, em Porto Ale-

gre. A iniciativa, neste ano,

chegou a dez cidades gaúchas,

sendo realizada pela primeira

vez em Erechim e Gravataí.

Com o objetivo de incentivar a prática esportiva e promover a

qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, ser-

viços e turismo no Rio Grande do Sul, o evento reuniu cerca de

300 atletas por etapa. A modalidade adulta tem trajeto de 10

km, bem como a modalidade revezamento, na qual os marato-

nistas concorrem em duplas; já na Minimaratoninha, voltada a

crianças e jovens de 10 a 15 anos, o trajeto é de 3 km.

Joao

Alv

es/S

esc-

RS

Mais ricos, mas não muitoO PIB percapita brasileiro teve acréscimo de 35,6%

nas três últimas décadas, segundo dados do Institu-

to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Brasil

ficou em oitavo lugar em um grupo de dez países

analisados pela instituição. Os PIBs percapita da

China (+896%), Índia (+174,3%) e Finlândia

(+88,5%) lideraram o ranking do crescimento, medi-

do no período 1975/2005. Entre os aspectos avaliados

pelo Ipea na comparação entre os países também está o

consumo de energia elétrica, que triplicou no Brasil

ao longo de 30 anos. O rendimento da China, se-

gundo o Ipea, foi mais eficiente; embora tenha mul-

tiplicado por oito o consumo de energia, o grande

incremento no PIB do país asiático fez a proporção

ficar reduzida.

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CONTRATOS

Núm

ero

44 –

Dezem

bro

2008

12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Palavra de

honra

Os termos

contratuais são

um acordo de

vontades. Apesar

disso, nem sempre

eles são cumpridos

dentro do que foi

conciliado. Má-fé e

inviabilidade

financeira

contribuem para a

cultura do

descumprimento

de contratos

no Brasil

m contrato, pelo menos em tese, hoje é

o que pode (ou deveria) dar alguma ga-

rantia de palavra cumprida. Contudo,

a má fama dos brasileiros em relação à obser-

vância dos documentos contratuais mostra o

quanto nem mesmo uma assinatura consegue

oferecer aos contratantes a tranqüilidade de

que o acordo será mantido até o final. Institui-

ção responsável por fazer valer os termos acor-

dados, a Justiça ainda se apresenta lenta e one-

rosa. Segundo o relatório Doing Business no

Brasil 2006, elaborado pelo Banco Mundial, na

UAmérica Latina os órgãos judiciais levam em média um ano

para resolver pendências de ordem contratual e os custos

chegam a mais de 30% do valor da dívida. No Brasil, a

situação não é diferente ,e em estados como o Rio Grande

do Sul, uma ação para o cumprimento de contrato pode

alcançar quatro anos. O estudo ainda constatou que fre-

qüentemente as decisões dos tribunais são vistas como

favoráveis aos devedores.

O descumprimento do que foi acertado e a lentidão

do Judiciário brasileiro produzem incertezas e intranqüili-

dade no mercado, retraem investimentos e influenciam de

forma negativa a economia do país. Conforme o advogado

Lúci

a S

imon

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13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

CONTRATOS

Núm

ero

44 –

Dezem

bro

2008

paranaense Flávio Tokars, especialista em direito empresa-

rial, a ampla discussão judicial dos contratos, somada à di-

ficuldade de buscar a execução das obrigações acordadas,

resulta em um quadro de instabilidade que, às vezes, é

aproveitado estrategicamente por alguns agentes econô-

micos. No entanto, Tokars ressalta que esse tipo de com-

portamento, lesivo aos interesses sociais, ainda consiste

em uma exceção. “Qualquer empresário que tenha como

objetivo o crescimento consistente de seu negócio precisa

gerar, com a sua postura, uma imagem de confiabilidade

frente a seus fornecedores e credores.”

Da mesma forma, a advogada paulista Thais Mayumi

Kurita acredita que o desrespeito aos contratos não pode

ser encarado como um traço cultural do empresariado bra-

sileiro, e sim como conseqüência da impunidade que resi-

de no país. “Este fato certamente abre as portas para opor-

tunistas.” A quebra de cláusulas contratuais também tem

como origem um outro cenário não tão incomum em terri-

tório nacional: a inviabilidade de cumpri-las. “O Brasil, por

exemplo, possui um das cargas tributárias mais elevadas do

mundo, incluindo aquelas decorrentes das relações de tra-

balho. Além disso, os nossos empreendedores têm uma

turva noção de que, para empreender, o fator sorte deve

ser considerado”, afirma Thais.

Confiar ou não?Então, fica a pergunta: os contratos passam por uma

profunda crise de confiança? Na verdade, em todo em-

preendimento há risco, o que não significa ser impossível

contratar com uma razoável margem de estabilidade. “Aqui,

a temeridade ainda é maior por alguns fatores jurídicos

que poderiam ser evitados. Contudo, um bom advogado

consegue mapear riscos e custos para tornar segura a de-

cisão das partes contratantes”, opina Fábio Tokars. Um

dos problemas, apontado pelo jurista, está no surgimento

de correntes doutrinárias que não consideram os bene-

fícios da segurança jurídica. “Isso reduziu significativa-

mente a possibilidade de execução dos compromissos

contratuais”, complementa.

Apesar dos contratos representarem a expressão da lei

entre as partes, nem sempre refletem um ato jurídico per-

feito. Os tribunais estão abarrotados de casos em que o

principal objetivo é renegociar. Não se trata

de transgressão, mas de revisão de cláusulas.

As ações revisionais conduzem muita gente

aos meios judiciais para rever o que assinou.

Na opinião de Thais Mayumi, trata-se de um

processo legítimo, um princípio constitucio-

nal que assegura a qualquer cidadão o acesso à

Justiça. “Não podemos afirmar que existe uma

indústria de ações revisionais. A problemática

toda está nas pessoas de má-fé que se apro-

veitam do Judiciário para obter benefícios.

O que gera insegurança não são propriamente

os processos, mas as decisões judiciais profe-

ridas de maneira equivocada.” A advogada res-

salta que a quebra de termos contratuais pode

acontecer em alguns casos: “O Código Civil,

por exemplo, ensejou a possibilidade de in-

vocar, como causa de rescisão, questões que

oportunizem onerosidade excessiva a uma das

partes, com vantagem exacerbada para a outra”.

Atenção dobradaEmbora o cumprimento de contratos apa-

reça como uma mazela nos mais diferentes setores

brasileiros, a solução não está distante e depende, em

muitos aspectos, dos contratantes. Eles são os únicos res-

ponsáveis por tomar as devidas cautelas no momento de

contratar. Estar bem assessorado significa ter percorrido grande

parte desta responsabilidade, restando o bom senso e a boa-fé

para preparar e analisar o teor do documento. “O contrato

consiste na mera formalização do que as partes negociaram, ou

seja, apenas um instrumento. Uma parcela do empresariado

não está plenamente preparada para examinar se as cláu-

sulas condizem com o que foi tratado. A partir daí,

mesmo um acordo bem redigido não

o livrará de problemas”, orienta

Thais Mayumi Kurita.

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GUIA DE GESTÃO

14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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Eles aparecem

disfarçados como

links em e-mails ou

como um

inofensivo

descanso de tela.

De todas as

formas, os vírus

tentam ludibriar o

usuário menos

experiente para

entrar no sistema e

colocar em

funcionamento um

verdadeiro

esquema

de espionagem

de dados

virtuaisrol de fragilidades a que uma empresa

está vulnerável não se restringe apenas

àquele enumerado nos livros de admi-

nistração. Desde que as máquinas de escre-

ver foram aposentadas, dando espaço aos mi-

crocomputadores e, conseqüentemente, ao

compartilhamento virtual de informações,

uma nova ameaça surge para colocar em risco

os negócios de uma empresa: os vírus. Essa

ameaça invisível instala-se nos computadores

e pode causar preocupações que vão desde o

acesso a dados confidenciais até o roubo de

senhas de contas bancárias.

Hoje, os vírus, ou malwares, como são co-

nhecidos pelos especialistas, já não agem, pri-

oritariamente, como antigamente, quando sua

principal função era promover a desordem do

sistema operacional, tornando-o inoperante –

entenda por sistema operacional aquele pro-

Penetras

grama básico que torna o computador funcional, como o

Windows e o Linux. Eles agora têm como principal carac-

terística a espionagem, ou seja, observar e furtar o máximo

de informção possível dos computadores hospedeiros.

Neste sentido, uma empresa está suscetível a dois ti-

pos de ameaças. A primeira e mais frágil é quando um

funcionário ingenuamente compromete a segurança da

rede de computadores acessando sites impróprios, clican-

do em links suspeitos ou fazendo download de arquivos

maliciosos. Diante deste tipo de situação, a melhor coisa

que um empresário pode fazer é educar o funcionário so-

bre como tirar melhor proveito da internet sem precisar

transformá-la em inimigo número um da empresa. Já a

segunda ameaça ocorre quando um intruso tenta violar a

segurança da rede de computadores.

PrevençãoA primeira coisa que qualquer usuário de computador

deve saber é que antivírus são programas preventivos e,

O

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apesar de nenhum deles oferecer 100% de garantia, eles

vão tentar barrar a entrada dos penetras virtuais. Estes

softwares devem ser escolhidos de acordo com o tipo de

uso que se faz do computador. No caso de máquinas que

são utilizadas principalmente para a internet, por exem-

plo, o ideal é um antivírus que tenha mais recursos para

esse tipo de acesso; no caso de máquinas de supermerca-

do, por exemplo, que utilizam rede local, o antivírus pre-

cisa ter outro foco. Para facilitar, opte pelo software que

melhor atende às necessidades da sua empresa.

Até mesmo os gratuitos podem ser uma escolha efici-

ente para quem está com orçamento apertado e possui

um patrimônio de poucas máquinas. Entretanto, Kenne-

dy Cardoso de Souza, consultor técnico da CGK Tecno-

logia da Informação, alerta que é preciso ter bastante cui-

dado ao utilizar antivírus gratuitos, pois a maioria deles

só oferece gratuidade para ambientes domésticos, tornan-

do-se ilegal seu uso empresarial. Além disso, essa modali-

dade de antivírus não barra 100% dos inimigos invisíveis.

“A versão comercial, aquela em que é preciso pagar uma

licença para utilizar o programa, possui mais funcionali-

dades e oferece uma proteção mais completa”, afirma

Kennedy, lembrando também que os custos não são tão

grandes e valem o investimento.

Trabalhando em conjunto com os antivírus está o fi-

rewall, programa que atua em duas situações. Na primei-

ra, evita que o computador infectado com um spyware ou

um cavalo de tróia (veja no quadro ao lado o que é cada um destes

malwares) envie informações para outra máquina ou per-

mita o acesso aos dados do sistema. Em outra situação,

ele tentará barrar um intruso que se utilizou de uma fragi-

lidade do sistema para acessar o computador.

Sem garantiasGuido Kirst, diretor da CGK e coordenador do conse-

lho de Ética do Seprorgs, lembra que nem mesmo os antiví-

rus oferecem garantias totais contra os intrusos. Por isso, a

saída em caso de contaminação é fazer backup dos arquivos

essenciais, ou seja, fazer uma cópia em local seguro destes

documentos, para em seguida formatar os computadores

infectados e reinstalar todos os programas novamente. E

antes de reutilizar aqueles arquivos essenciais é importante

Origem das ameaçasOs vírus podem ter acesso a um computador por diferentes

portas. Conheça algumas delas

E-mails por si só não contaminam um computador. Os vírus

estão escondidos em links e programas anexados ao e-mail

Acesso a sites impróprios

Donwload de arquivos maliciosos

Pen-drives infectados

Cartões de memória ou qualquer outro dispositivo móvel

contaminado

Os penetrasSaiba que tipos de ameaças podem infectar seu computador

Vírus – Possui as mais diversas finalidades, as principais são:

tornar o computador não operacional, modificar configurações

do sistema, excluir arquivos, prejudicar o desempenho da

máquina, alterar dados, inutilizar alguns programas

Cavalos-de-Tróia ou Trojan – Como o nome já diz, este

malware, que é considerado um tipo de vírus, vem escondido

em programas aparentemente inofensivos, como o presente

dos gregos aos troianos na chamada Guerra de Tróia. Ele irá

permitir que outra pessoa, de forma ilícita, tenha acesso aos

dados do computador

Spywares – Também conhecidos como vírus, os spywares são

programas espiões. Eles coletam informações do computador

hospedeiro e enviam para uma outra máquina. Junto com os

spywares pode vir um programa chamado keylogger. Esta

ferramente irá ajudar os spywares na coleta de informações,

guardando tudo o que foi digitado pelo usuário no

computador infectado

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Brasileiros utilizam menos a internet para fins pessoais no trabalhoivulgada em outubro, uma pesquisa encomendada pela Websense e realizada pela Dynamic Markets

Limited mostrou que o tempo médio por semana que os funcionários brasileiros admitem gastar

navegando em sites não relacionados ao trabalho durante o expediente é de 4,25 horas (51 minutos

por dia), uma diminuição de 28,2% em relação à média identificada no ano passado (71 minutos). Uma

boa notícia, pois este tipo de acesso é a principal porta de entrada para os vírus. Quem fala sobre o

assunto é Fernando Fontão, engenheiro sênior de sistemas da Websense para a América Latina.

B & S Quais os motivos dessa

diminuição?

F o n t ã o Pode haver várias explicações.

Acredito que o preço dos computadores

pessoais vem baixando, além da maior fa-

cilidade de crédito, portanto as pessoas

estão cada vez mais acessando a internet

de casa, através da banda larga, que per-

mite o acesso cada vez mais rápido à web

– o que também representa uma mudança

de paradigma em relação ao passado,

quando usuários explicavam que preferi-

am navegar a partir da empresa porque o

acesso em casa era muito lento.

B & S Esse tempo gasto afeta na

produtividade do trabalho?

F o n t ã o Afeta, mas é inevitável que o ser

humano faça pausas no trabalho para rea-

lizar alguma atividade pessoal. Acessar a

internet para fins pessoais não pode nem

deve ser considerado um problema, des-

de que esse acesso seja feito com critério,

para evitar o abuso. A tecnologia atual

permite limitar o tempo que os usuários

navegam em conteúdo pessoal, definin-

do-se inclusive que tipos de sites são con-

siderados aceitáveis para essa prática.

Dessa forma, encontra-se um equilíbrio

entre os interesses das empresas e dos

funcionários.

B & S O resultado da pesquisa deve

preocupar os empresários?

F o n t ã o Depende do tipo de empresa. Al-

gumas dependem de produtividade minu-

to a minuto, como call centers. Outras

medem o desempenho de seus funcioná-

rios por objetivos alcançados. Os crité-

rios que definem uma navegação pessoal

aceitável ou abusiva variam muito de em-

presa para empresa, portanto cada uma

deve analisar seus interesses e os interes-

ses dos funcionários e definir políticas

que permitam o controle para evitar abu-

so, mas ao mesmo tempo permitir aos

colaboradores algum nível de navegação

pessoal. Consentir o uso pesssoal, por

um tempo limitado e cuidando para que

sites indesejáveis não sejam acessados,

aumenta a motivação do grupo e melho-

ra os resultados para a empresa.

B & S Como evitar o excesso?

F o n t ã o O primeiro passo é definir o que

é navegação pessoal para essa empresa.

Algumas consideram, por exemplo, o aces-

so a sites bancários um benefício básico

dos funcionários, já que se isso fosse blo-

queado eles teriam que sair do escritório

e dirigir-se a uma agência bancária, o que

consumiria muito mais tempo que resol-

ver o problema através da internet. Ou-

tras empresas permitem que seus colabo-

radores acessem sites de redes sociais

como forma de se sentirem conectados

ao mundo. A empresa deve definir quan-

to tempo deve ser tolerado por dia com

navegação pessoal – esse tempo pode

variar de acordo com o cargo e departa-

mento de cada usuário. Finalmente, usar

uma tecnologia que permita que essa

política de acesso seja implementada e

que os tempos definidos para acesso pes-

soal sejam respeitados.

submetê-los ao escaneamento de um antivírus,

que por sua vez não dará garantias de limpeza.

Já que nem mesmo uma máquina com an-

tivírus instalado é certeza de imunidade, o usu-

ário precisa atualizar com freqüência todos os

programas, pois a cada nova atualização se

conserta uma vulnerabilidade, e isso inclui os anti-vírus.

Colocar filtros para evitar o acesso a determinados sites e

configurações do sistema também ajuda a evitar a conta-

minação. Bom senso no manejo das informações coleta-

das pela internet ou de dispositivos móveis é a melhor

solução co ntra as ameaças virtuais.

D

Divulgação/Websense

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OPIN

IÃO

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s dirigentes de médias e pequenas em-

presas, ao enfrentar os perigos da atual

crise econômica, necessitam refletir,

racionalmente, frente às suas realidades. Em

primeiro lugar, é preciso manter atualizadas

as informações recebidas no dia-a-dia relati-

vas ao seu segmento de mercado e examinar

as condições específicas em

que a organização está inseri-

da. Por exemplo, uma empre-

sa que não exporta ou impor-

ta não precisa se preocupar

intensamente com aumento

ou queda da taxa cambial.

Todavia, o acompanha-

mento diário das vendas, cus-

tos e despesas é prioritário para o timoneiro

que enfrenta a tempestade. A atenção deverá

também estar voltada para os relacionamen-

tos com seus clientes e fornecedores. Micha-

el Porter, em seu livro Estratégia Competitiva, ao

examinar as forças que interferem nos merca-

dos, revela os cuidados a serem tomados com

fornecedores ou clientes com grande poder

de negociação, ou seja, que podem fixar pre-

ços ou impor condições de fornecimento e

pagamento conforme seus interesses. Aten-

ção especial deve ser dada ao investimento

O

existente em capital de giro. O valor líquido empregado

na manutenção dos negócios pode ser excessivo frente

às novas condições do mercado. Dívidas em dólares são

perigosas quando a taxa cambial mostra desvalorização

do real. Por outro lado, uma empresa com capital pró-

prio disponível poderá enfrentar a crise em melhores

condições, liquidando dívidas e negociando melhor com

fornecedores e clientes.

Na situação atual, precisamos lançar mão de nossos

melhores recursos, analisando com muito cuidado se te-

mos a tecnologia mais recente e se

nossa qualidade está de acordo com

as exigências dos clientes. No tocante

à estrutura familiar, é recomendável que

seja reexaminada a questão das pessoas

envolvidas no negócio, porque serão ne-

cessários conhecimentos técnicos que

só profissionais possuem e, se temos

pessoas não capacitadas para enfren-

tar os desafios da crise, ficará mais difícil à empresa su-

perar os obstáculos.

Nossa experiência como consultores de empresas

tem demonstrado que as políticas de prevenção de pro-

blemas são a melhor forma de a organização enfrentar

imprevistos. A estratégia de estabelecer planos de con-

tingência pode parecer pessimista, mas demonstra seu

valor quando surgem ocorrências fortuitas.

Enfrentando a crise

econômica

*João Baptista Sundfeld é economista, mestre em educação

e consultor de empresas

Uma empresa

com capital próprio

disponível

poderá enfrentar a

crise em melhores

condições

João Baptista Sundfeld*

Divulgação/Sundfeld

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ENTREV I STA

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ENTREVISTA

Ricardo Vargas

Fot

os:

Lúci

a S

imon

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19FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

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2008

B & S Vamos começar por um conceito básico: o que é

um projeto?

V a r g a s Projeto é todo aquele esforço que se faz temporaria-

mente, ou seja, um determinado trabalho com o qual não se

está acostumado e que tem um prazo específico de realiza-

ção. É a inovação, pois seguir um processo já existente, é di-

ferente de criar um novo processo. Imagine que eu sou um

pequeno empresário e quero ampliar minha

padaria. Essa ampliação é um projeto; o ge-

renciamento da minha padaria no dia-a-dia é

rotina. Cada vez mais os projetos começam a

exercer um papel fundamental dentro de qual-

quer tipo de organização, seja ela pequena,

média ou grande. Administrar cotidianamen-

te um salão de cabeleireiro é diferente de de-

senvolver um novo produto que pode aumen-

tar em 30% a capacidade do meu salão. Nes-

ses casos, o próprio empresário pode ser o

gestor do projeto.

Ricardo Vargas

Responsável por elevar o gerenciamento de projetos

do Brasil a altos níveis de excelência e prestígio,

Ricardo Vargas é autor de oito livros sobre o assunto

e acaba de ser eleito presidente do Conselho de

Diretores do Project Management Institute Global.

O fato coloca um novo olhar sobre os brasileiros que

trabalham na área. Na entrevista que segue, Vargas

explica com clareza os conceitos que percorrem um

gerenciamento de projeto.

Gerenciando para

o sucesso

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2008

B & S Quais são os principais atores de um projeto e como

fazer para que eles trabalhem em sintonia?

V a r g a s Eu vou traduzir a sua palavra atores como elemen-

tos. Se um projeto fosse fácil não precisava de gerencimen-

to. Então, é preciso ter um escopo claro do que se quer, sem-

pre alinhado à estratégia de ação. Também é necessário ter

prazo e custo factíveis, mas desafiadores, para garantir a via-

bilidade. Construir uma casa com um bilhão é diferente de

executar a mesma tarefa com dez mil. A facilidade ou dificul-

dade do projeto estão exatamente nessa equação. É esse equi-

líbrio que rege um projeto, ou seja, o trabalho tem que ser

feito no prazo e no orçamento disponível.

B & S E no caso dos recursos humanos, quem seriam eles?

V a r g a s Pensando em pessoas, há o cliente, o gerente do pro-

jeto e os stakeholders (pessoas que vão exercer influência so-

bre aquele projeto). Se eu for um pequeno empresário, tenho

a mim mesmo como gestor, os meus empregados, os meus

fornecedores, a minha sociedade local e a minha família como

stakeholders. Todos esses entes têm um interesse não neces-

sariamente igual dentro daquele objeto.

B & S Além de pessoas é possível utilizar na empresa

softwares de gerenciamento de projetos, como o

DotProject e o OfficeProject?

Vargas Qualquer software é válido se há gente boa operando.

B&S Em muitos casos, o prazo é um dos elementos mais

complicados de serem gerenciados. Como determinar

o prazo para execução de um projeto?

B & S Falando na gestão do projeto, o que

se deve esperar de seu gestor? Quais são

os comportamentos que ele deve ter? É o

gestor que fará o gerenciamento do pro-

jeto ou são funções diferentes?

V a r g a s Um grande gestor de projetos é proa-

tivo, assertivo e líder. Ele tem a capacidade

de reunir os esforços certos no momento cer-

to, objetivando melhores resultados. O ges-

tor não é o executor do projeto. Ele é o líder,

que faz com que a equipe atue diretamente

na tarefa. É como um técnico de futebol. Ele

não está em campo, mas o resultado do jogo

é fruto direto de sua participação.

“Um grande gestor de projetos é proativo,

assertivo e líder. Ele tem a capacidade de reunir os

esforços certos no momento certo, objetivando

melhores resultados.”

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V a r g a s Assim que o projeto nasce, a organização deve in-

vestir em seu gerenciamento. O prazo do projeto não é usual-

mente determinado, ele é um produto do dimensionamento

do escopo, da equipe e do capital disponível. Ele usualmente

é o produto de um bom planejamento.

B & S As empresas que não atuam de maneira respon-

sável estão perdendo competitividade. Como inserir a

responsabilidade social em um projeto?

V a r g a s Tudo o que se faz deve ser feito com responsabilida-

de. Temos que entender que todas as nossas ações afetam di-

reta ou indiretamente a nossa sociedade. Logo, incluir a res-

ponsabilidade social em um projeto é fazer o melhor uso dos

seus recursos e do prazo e gerar a maior quantidade de bene-

fícios para a sociedade que está envolvida ali. Isso é responsa-

bilidade; ou seja, quando se fala de fazer um projeto com res-

ponsabilidade, é não pensar única e exclusivamente no seu

benefício, mas no benefício do todo, porque o benefício do

todo vai trazer indiretamente benefícios para cada indivíduo.

B&S Quais as características de um bom gerenciamento

de projeto?

V a r g a s Gerenciar é usar a técnica certa, a ferramenta certa, o

processo certo, para produzir o que você quer fazer. Projeto

sempre existiu, mas gerenciar é utilizar as melhores habilida-

des para poder conduzir aquele trabalho ao sucesso. Geren-

ciar projetos é usar os procedimentos certos para aumentar as

chances de sucesso.

B & S O gerenciamento de projetos é uma diretriz que

pode ser aplicada também em micro e pequenas em-

presas ou fica restrito a grandes estruturas?

V a r g a s O conceito pode ser aplicado em qualquer tipo de

trabalho temporário. Mas se você tem um projeto pequeno

em uma micro ou pequena empresa, será preciso adaptar todo

o seu trabalho para que o custo do controle não seja maior

que o objeto controlado. Existem vários estudos na Fundação

Getulio Vargas, envolvendo alunos, que bus-

cam metodologias de desenvolvimento de

projetos mais simplificadas para aplicar em

outras áreas. Buscar esse conhecimento seria

interessante para o microempresário.

B & S Também é possível aplicar a Gestão

de Projetos em empresas do setor de ser-

viços, como escritórios de contabilidade,

salões de cabeleireiro, lavanderias?

“A maturidade empresarial é fruto de um

processo de naturalidade no trato

com os projetos.”

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22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2008 “Responsabilidade é não pensar única e

exclusivamente no seu benefício, mas no benefício

do todo, porque o benefício do todo vai trazer

indiretamente benefícios para os indivíduos.”

V a r g a s Tudo depende da natureza do traba-

lho. Se pensarmos na contabilidade como algo

convencional, estaremos falando em um tra-

balho de rotina; aí o conceito de projeto não

se aplica. O projeto é sempre algo novo. Ago-

ra, se pensarmos na contabilidade no sentido

de prover serviços e inovação para a econo-

mia contábil, aí sim nós estamos falando em

projeto. Tudo que é novo e que foge do tra-

balho do dia-a-dia é projeto.

B&S A instabilidade econômica deixou

algumas empresas assustadas quanto à

execução de seus projetos. No caso de

mudanças assim no cenário mundial, por

exemplo, como adaptar a ação?

Vargas Se o seu projeto é bom ele está preparado para en-

frentar este tipo de situação. E mais, ele avaliará os riscos e

conseguirá não só evitar as ameaças como potencializar as

oportunidades. Agora, o pior é aquele que está empreen-

dendo sem ter projeto.

B & S Então, um projeto deve ser uma constante dentro

de uma empresa?

V a r g a s Depende da empresa. Muitas podem ter os projetos

como estratégia vital de operações. Nesses casos o projeto

pode ajudar demais. Agora, toda e qualquer empresa vai pre-

cisar em algum nível de um ótimo gerenciamento de projetos.

B & S A maturidade de uma empresa é um ponto que o

senhor aborda com freqüência. Como essa maturida-

de vai influenciar no GP?

V a r g a s Quanto mais madura, mais natural é para aquela em-

presa gerenciar o seu projeto.

B & S E o que é uma empresa madura?

V a r g a s É uma empresa que tem processos definidos de ge-

renciamento de projetos e pessoas qualificadas. Para ela,

gerenciar um projeto não é um parto.

B & S O empresário, então, precisa de um projeto para

elevar seu nível de maturidade?

V a r g a s Não. A maturidade é fruto de um processo natural

no trato com os projetos. Quanto mais projetos bem gerenci-

ados, mais madura é a organização em projetos.

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23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

ENTREV I STA

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B & S Muito se fala em plano de carreira, principalmente

no âmbito empresarial. Logo, os conceitos abordados

no gerenciamento de projetos são apenas para aplica-

ções na esfera empresarial ou podemos utilizá-los em

um plano de carreira?

V a r g a s O plano de carreira é um projeto, que pode e deve

ser desenvolvido. O PMI tem o PMI Carreer Framework.

É uma sugestão de modelo de como tratar a carreira em pro-

jetos. Empresas como a HP têm implementado com muito

sucesso planos de carreira na área. É um ótimo benchmark.

B & S Como a sua nomeação para o cargo de presidente

do Conselho de Diretores do PMI Global vai alterar o

campo de gerenciamento de projeto no Brasil?

V a r g a s Isso coloca um spot no Brasil e vai atrair a atenção do

mundo. Abre-se agora um canal de comunicação para os bra-

sileiros, já que eu estou lá, fazendo com que

surjam novas oportunidades. O Brasil pode

ser visto como um celeiro de gente boa.

B & S E somos bons projetistas?

V a r g a s Sou suspeito para falar. Acho que a

capacidade de adaptação brasileira é um gran-

de diferencial mundial. Se soubermos traba-

lhar para também planejar melhor, ninguém

nos segura.

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TV D IG ITAL

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24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

A revolução da

TV digital não

atinge apenas as

empresas de

telecomunicações.

O varejo se

preparou para a

demanda crescente

por televisores de

alta definição e

conversores e já

oferece uma

série de itens que

acompanham

esses produtos

o varejomesma tecnologia que melhora a quali-

dade de som e imagem dos programas

televisivos também está aumentando

as vendas no varejo. O principal motivador

desse fenômeno é a diferença de tecnologia

entre os televisores digitais e os analógicos. A

dinâmica é aparentemente simples: o sinal di-

gital é emitido das transmissoras, paralelamen-

te ao sinal analógico. A recepção se dá por meio

de uma antena UHF e as TVs digitais já rece-

bem e exibem os canais digitais, enquanto as

mais antigas precisam estar conectadas a um

conversor, também chamado de Set-Top Box

(STB). Este aparelho capta o sinal digital e o

Atransforma em analógico, permitindo a exibição. A partir

de 29 de junho de 2016, só terá acesso à programação de

TV aberta quem possuir televisor digital ou conversor.

O mercado da conversão pode chegar a US$ 10 bi-

lhões de dólares, em um processo iniciado em 2006, quan-

do foi oficializada a adoção do padrão de transmissão digi-

tal ISDB-Tb – adaptação do modelo japonês (Integrated

Services Digital Broadcasting Terrestrial). Esse sistema re-

cebeu adaptações, como padrões de compressão digital de

áudio e vídeo mais modernos e eficientes. Isso assegura

três eixos fundamentais para o contínuo desenvolvimento

do sistema: mobilidade, interatividade e portabilidade.

Uma imagem mais nítida na tela é só o primeiro pas-

so. Assistir à programação preferida em consoles portá-

Bom sinal para

Lúci

a S

imon

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25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

TV D IG ITAL

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2008

teis ou no celular e ainda interagir com a programação

são os grandes avanços da tecnologia digital. O que se

espera é que outros países, em especial da América Lati-

na, adotem o modelo de transmissão brasileiro, a fim de

que os produtos compatíveis sejam produzidos em maior

escala, com custo reduzido em comparação aos pratica-

dos atualmente.

As empresas varejistas ainda não fizeram uma esti-

mativa do volume de aparelhos comercializados. O que

se tem é uma percepção dos profissionais do setor de

que as vendas continuam aquecidas, e as perspectivas

para 2009 são de crescimento na produção e comercia-

lização de aparelhos. A Associação Nacional de Fabri-

cantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) divulga

que no período de dezembro de 2007 a agosto de 2008

foram fabricados de 60 a 70 mil conversores no país. “Des-

de o início das transmissões com sinal digital, vendemos

cerca de 80 aparelhos por semana. O que vem caindo gra-

dativamente é a venda de TVs analógicas, mas ainda há

público para elas”, diz Ubirajara Trindade, gerente co-

mercial da rede Manlec.

Dados

Informação sobre o tema foi o produto mais impor-

tante consumido nos últimos meses. Segundo Carlos Ara-

újo Santos, diretor geral de mercado do Grupo RBS –

que iniciou as transmissões em sinal digital no Estado no

dia 4 de novembro –, o cenário porto-alegrense é dife-

rente daquele apresentado em outras capitais quando o

assunto é a implantação do sistema digital e comércio de

eletroeletrônicos. Ele cita o exemplo de São Paulo, pri-

meira cidade a implantar a televisão digital, em dezembro

de 2007, onde consumidores e comerciantes foram sur-

preendidos. “Houve uma certa frustração por parte da-

queles que tinham os equipamentos adequados, mas não

conseguiam captar o sinal, e também por aqueles que

chegavam às lojas e não encontravam respostas às suas

dúvidas”, explica.

Fazendo o que ele chama de trabalho preventivo, a

RBS reuniu grandes cadeias do varejo para fornecer cursos

sobre a nova tecnologia. O objetivo era municiar vende-

dores e promotores com informações sobre a conversão

de sinal, vantagens da transmissão digital so-

bre a analógica e todos os detalhes técnicos. A

mesma ação foi adotada em Florianópolis. “Os

profissionais de vendas são a ponta da cadeia e

precisam estar preparados”, afirma o diretor.

Para Santos, a televisão analógica estará

obsoleta antes de 2016. A mesma opinião tem

Trindade, da Manlec, que aponta uma queda

na procura por televisores analógicos de apro-

ximadamente 20%: “Não vendíamos antenas

e agora já possuímos um estoque de antenas

UHF para complementar o mix da TV digi-

tal”. Mas oferecer esse conjunto de utilitários

não é tarefa fácil. O consumidor, que vai à loja

esperando comprar apenas um televisor, fica

desconfiado quando descobre que precisa le-

var pelo menos uma antena. “É preciso ter

muita certeza do que se está dizendo. O ob-

jetivo tem que ser o de sanar as necessidades

daquele cliente”, ensina Trindade.

Você no mundo digitalConsumidores e lojistas aprendem juntos o novo

vocabulário da TV digital

TV Digital: Seja de plasma ou LCD, é importante observar

que somente os modelos HDTV (High Definition Television) e

Full HD oferecem todos os recursos de qualidade de imagem

disponíveis no sinal digital; modelos mais novos já vêm com

conversor embutido. A resolução (número de linhas que

formam a imagem) é de 1.080 linhas (apenas nas TVs Full

HD) – nos televisores analógicos, com tubo de imagem, são

480 linhas. Os modelos HD Ready têm alta definição (entre

720 e 1.080 linhas), mas precisam de um conversor para o

sinal digital.

Interatividade: o telespectador tem a possibilidade de

interagir com a programação simultaneamente à transmissão.

Multiprogramação: O sinal de transmissão pode ser

fracionado, exibindo, em um mesmo canal, quatro

programas ou cenas diferentes.

Portabilidade: Modelos específicos de celulares, computado-

res de mão (palm tops) e notebooks recebem o sinal digital.

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DIVERSIDADE

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2008

Caleidoscópionacional

O legado da colonização, os processos migratórios

e as riquezas naturais ainda definem as

peculiaridades e características geoeconômicas das

cinco macrorregiões brasileiras, mesmo com o atual

processo de desregionalização do território nacional

terra em si é de muito bons ares frescos

e temperados... Águas são muitas; infi-

nitas. Em tal maneira é graciosa que,

querendo-a aproveitar, dar-se-á nela

tudo.” A capacidade produtiva do Bra-

sil foi visionada já na época de seu des-

cobrimento, pelo escrivão da armada de

Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Ca-

minha. Passados 500 anos, a dinâmica

geoeconômica do território nacional foi se caracterizando

como fruto das mais diversas formas de colonização, mi-

grações e imigrações, além das riquezas naturais de cada

uma das macrorregiões brasileiras; entretanto, fatores eco-

nômicos configuram uma nova ocupação. Considerado

pelo mundo como um país de dimensões continentais

não só pelos seus mais de 8 milhões de quilômetros qua-

drados de extensão, como também pela diversidade de

clima, fauna, flora e cultura, o Brasil é único porque o que

aqui se vê não está presente em nenhum outro lugar; é um

país plural, pela multiplicidade da sua economia, do seu

povo, das oportunidades.

Diferentemente do que ocorreu com a co-

lônia espanhola na América do Sul, que foi se-

gregada em pequenos países, o Brasil superou

a exploração e os conflitos oriundos da colo-

nização portuguesa e manteve quase íntegro

seu território. Para melhor administrar foi pre-

ciso dividir o país em regiões que facilitassem

as ações de políticas públicas do governo.

Assim, em 1942, segundo o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), agregaram-

se os estados em oito macrorregiões: Norte,

Meio-Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste

Oriental, Leste Setentrional, Leste Meridio-

nal, Sul e Centro-Oeste. Em função das trans-

formações ocorridas tanto no espaço físico –

como a elevação do Acre à categoria de estado

em 1962, por exemplo – quanto na estrutura

social, política e econômica do país, no início dos

anos 70, o IBGE definiu novas divisões espaciais,

ficando o Brasil segregado em cinco regiões: Nor-

te, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que

A

Por Bianca Alighieri e Leandro Melo

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DIVERS IDADE

28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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vigoram até hoje. Nessa época, o principal

objetivo da regionalização era aglomerar, prin-

cipalmente, a partir de critérios físicos impres-

sos na paisagem natural dos estados.

Apropriação do territórioDiversas situações históricas ocorridas no

Brasil desde a chegada dos portugueses moti-

varam a ordenação do território nacional, prin-

cipalmente aquelas de bases econômicas.

A economia brasileira começou pelo Nordes-

te com o ciclo da cana-de-açúcar, no século

16. Em seguida, houve o desdobramento para

o Sudeste, mais especificamente para a região

de Minas Gerais, graças à descoberta de ouro,

que também motivou a apropriação do terri-

tório do Rio de Janeiro. “É a partir deste mo-

mento de descolamento da atividade econô-

mica do Nordeste para o Sudeste que

conseguimos compreender a dinâmica terri-

torial brasileira atual, em termos de desenvolvi-

mento regional”, afirma o professor e chefe do

departamento de Economia da Faculdade de

Economia e Administração da USP,

Joaquim José Guilhoto. Nesse perí-

odo, entre os séculos 17 e 18, as regi-

ões Centro-Oeste e Norte ainda se encontravam pratica-

mente inexploradas, havendo pouca atividade econômica

na região Sul – perto das fronteiras com Argentina e Uru-

guai, por exemplo.

Já no século 19 as explorações de ouro e diamante em

Minas Gerais geraram atividade na cidade de São Pau-

lo, que passou a produzir alimento e outros suprimen-

tos para a região da mineração. Logo em seguida, ini-

ciou-se o ciclo do café, e, com o fim da escravidão,

começa o período da imigração européia para o Brasil.

“Uma boa parte dessa imigração ocorreu para substi-

tuir a mão-de-obra escrava e foi responsável pelo de-

senvolvimento da região Sudeste”, conta Guilhoto.

Uma grande massa de imigrantes italianos e japoneses

foi para São Paulo no começo do século 20; alemães,

espanhóis e italianos se dirigiram para o Sul.

“A Primeira Guerra Mundial afetou um pouco a par-

te de suprimentos dentro da economia nacional, prin-

cipalmente de produtos industriais; por conta disso,

começou a se desenvolver a indústria paulista, que já

possuía um embrião em função da necessidade de aten-

der o mercado interno, e também por conta da experi-

ência manufatureira dos italianos”, recorda o profes-

sor. Esse processo industrial, segundo Guilhoto, se

Região NorteAcre, Amapá, Amazonas,

Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins

Com a economia baseada no setor extrativista e na indús-

tria, com o maior número de unidades instaladas na Zona Fran-

ca de Manaus (AM), o Norte possui 52% dos trabalhadores

concentrados em três divisões da indústria de transformação:

itens alimentícios e bebidas; produtos de madeira; e fabrica-

ção de material eletrônico e aparelhos de comunicação, con-

forme dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais –

2005). No território, rico em minérios, cuja área total ocupa

3.869.637 km², destaca-se a Serra dos Carajás, no Pará, grande

produtora de minério de ferro. O estado também abriga a

usina hidrelétrica de Tucuruí.

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A região Sudeste concentra a maior parte da exploração do

petróleo nacional. Na foto, a refinaria de Paulínia, em São Paulo

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Região SudesteEspírito Santo, Minas

Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo

É a primeira em número de habitantes,

com 77,8 milhões de pessoas dividindo uma área de 927.286

km² (10,85% do território brasileiro). O Sudeste é responsável

por 57,79% do PIB nacional, configurando-se, ainda hoje, como

uma das maiores forças produtivas do país. Nessa região en-

contra-se o grande setor de exploração de petróleo em terra e

águas profundas, além do maior número de refinarias, responsá-

veis pelo abastecimento do mercado interno e do Centro-Oeste,

Norte e Nordeste. O Rio de Janeiro e o Espírito Santo são, res-

pectivamente, os maiores produtores de petróleo do país.

acentua também no Rio de Janeiro, o que explica a forte

participação da região Sudeste na economia nacional.

Os passos do desenvolvimentoO governo Getúlio Vargas buscou o desenvolvimento

nacional implantando as indústrias de base, como siderur-

gia e extração de petróleo. “O Nordeste fica à margem do

processo, e a região Sul, por conta da imigração, se desen-

volve como uma área importante em termos agrícolas, tan-

to na pecuária como na lavoura”, lembra Guilhoto. Assim,

as regiões que mais se desenvolvem na metade do século

20 são as Sudeste e Sul. Ainda pouco explorada, a região

Centro-Oeste recebeu incentivo do governo na década de

1970, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu-

ária (Embrapa). O órgão desenvolveu novas variedades de

sementes apropriadas para o cultivo no cerrado, que junto

com a migração de agricultores gaúchos, em busca de no-

vas oportunidades devido ao esgotamento da capacidade

de absorção da lavoura do Estado, fez evoluir o Centro-

Oeste em termos agrícolas e pecuários. Hoje a região é

alvo da instalação da indústria automobilística.

O presente para o crescimento do Nordeste veio por

meio da Superintendência para o Desenvolvimento do

Nordeste, a Sudene, nas décadas de 60 e 70. O objetivo

era industrializar a região, mas muitas empresas que ali se

instalaram não conseguiram se sustentar ao final do incenti-

vo fiscal e voltaram para seus locais de origem, não causan-

do muito impacto local. No início dos anos 80, a região

teve desenvolvimento moderado com a instalação do Pólo

Petroquímico de Camaçari, na Bahia, e da exploração do

petróleo nos estados do Rio Grande do Norte e Sergipe.

Guilhoto lembra que, no final do século passa-

do, o Nordeste foi beneficiado pela guerra fis-

cal que levou à instalação da Ford na Bahia e

pelo deslocamento da indústria de calçados e

confecção para o Ceará, que também se apro-

veitaram da mão-de-obra barata da região. “O

Nordeste ainda carece de políticas mais efeti-

vas. O Bolsa Família e a aposentadoria rural de-

ram um certo dinamismo para a região.”

Prejudicada pela distância e pela dificulda-

de de acesso, uma vez que grande parte do seu

transporte é feito por via fluvial, a região Norte

– ou Amazônica, como chamam alguns pes-

quisadores – recebeu uma tentativa geopolíti-

ca de integração nacional com a construção da

rodovia Transamazônica no início da década de

Região NordesteAlagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe

A região é tradicionalmente conhecida pelas belas praias e o

folclore, elementos que alavancam o turismo, responsável por

movimentar a receita da região. Mas estados como a Bahia e o

Ceará investiram pesado na diversificação econômica amplian-

do o parque industrial. Conforme análise do Conselho Federal

de Economia, a guerra fiscal entre as unidades federativas foi a

principal arma para atrair indústrias, principalmente do Sul e do

Sudeste do país. O reflexo disso é verificado

por levantamento do IBGE, que aponta uma partici-

pação do Nordeste na atividade industrial brasileira de 11,7%

(13,8% no PIB) no ano de 2003. Em 1970 o índice era de 5,7 %

(12,1% no PIB). Mesmo assim, o Nordeste, que possui cerca de

um quarto da população brasileira (51,5 milhões de habitantes)

, ainda concentra 50% da população pobre do Brasil.

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2008

1970. Um pouco antes, o estado do Amazonas

recebeu a Zona Franca de Manaus. “Foi uma

forma que o governo vislumbrou para incenti-

var a atividade econômica na região”, conta o

professor da USP. Além disso, houve processo

de promoção da mineração no Pará, com a Vale

do Rio Doce, e do petróleo na Amazônia.

Reviravolta no SudesteA história recente do Brasil ainda mostra o

Sudeste como centro acumulador de riquezas

e das principais indústrias, o que lhe permite

vender mais do que comprar das outras

regiões. Entretanto, na década de 1970 obser-

vou-se um singelo movimento no sentido da

desconcentração territorial da indústria. A eco-

nomista Áurea Breitbach, autora do artigo A

dimensão espacial nos estudos de economia regional, no

Brasil: temas e interrogações recentes, aponta um au-

mento de participação das regiões menos de-

senvolvidas (Norte, Nordeste e Centro-Oes-

te) e um declínio relativo da região mais industrializada

(Sudeste). Sobressai o desempenho industrial da região

Sul, que quase dobrou sua participação no PIB industrial

brasileiro entre 1970 e 1999, graças à sua base industrial

preexistente. Neste cenário, a economista destaca o Rio

Grande do Sul como o estado mais industrializado da re-

gião Sul, tendo obtido um ganho de participação bastante

significativo neste período de 20 anos (de 6,29% a 10,04%).

Áurea acredita que a desconcentração espacial da in-

dústria brasileira nas últimas décadas está ligada à capacida-

de de desenvolvimento de outras regiões industriais do

país. “É inegável”, afirma a pesquisadora, “que as melhorias

nas redes de transporte e de comunicação, bem como a

expansão das fronteiras agrícolas e de exploração mineral,

tenham exercido um forte poder atrativo por parte das

regiões ditas periféricas.”

Para o economista Márcio Pochmann, a reespacializa-

ção da atividade econômica, ocorrida no Brasil entre 1990

e 2005, também motivou uma nova dinâmica da mão-de-

obra nacional. “A região Sudeste foi a que menos cresceu

nesse período, o que promoveu um retorno dos nordesti-

nos e nortistas aos seus locais de origem”, afirma o profes-

sor, autor do trabalho Nova geoeconomia do emprego no Brasil: um

balanço de 15 anos nos estados da federação. O estudo de Poch-

mann conclui que o Sudeste deixou de ser o sonho de

moradia para os brasileiros, transformando-se na verdade

em um pólo de expulsão de mão-de-obra. Para se

ter uma idéia, em quatro anos (2000 a 2004), cerca

de 215 mil pessoas deixaram a região em busca de

outros locais para morar e trabalhar. Os dados da

pesquisa mostram ainda que o Amazonas teve alta

de 4,14% na oferta de empregos entre 1990 e 2005,

ficando atrás apenas do Pará (5,43%) e do Mato

Grosso (4,38%).

País redimensionadoAssim como não foram mantidas as divisões

estabelecidas no início do século passado, não há

sentido em pensar o Brasil hoje regionalizado por

critérios de clima e vegetação. São quase 40 anos

desde a última divisão, e de lá para cá já se mani-

festaram processos sociais, políticos e econômi-Núm

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Região SulParaná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina

A região ocupa a menor área do país, 6,75% do território

brasileiro. Os grandes centros industriais estão situados nas re-

giões metropolitanas de Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).

Santa Catarina tem economia diversificada, com destaque para

o turismo e para a indústria têxtil e cerâmica, além de ser o maior

exportador de carnes de frango e de suínos do Brasil.

Divulgação Nestlé

A instalação da Nestlé

na Bahia, em 2007, é

um reflexo da

descentralização da

indústria do Sudeste

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31FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2008

Região Centro-OesteDistrito Federal, Goiás,

Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

O Centro-Oeste possui uma área de

1.612.077 km², em sua maioria oferecendo re-

cursos para o extrativismo vegetal, a pecuária extensiva e a agricultura. Na

parte norte da região, recoberta pela floresta Amazônica, extraem-se

borracha e madeiras de lei, e a indústria farmacêutica também se benefi-

cia das espécies de flora disponíveis. Abrindo espaço na mata, surgem

grandes fazendas de criação de gado de corte. A indústria leiteira se

concentra mais ao sul da região, e Goiás se destaca com 71,5% da pro-

dução regional. Na agricultura, arroz, soja, milho, algodão, cana-de-

açúcar e trigo são as culturas mais abrangentes.

cos que mudaram visivelmente a organização do território

brasileiro. “A regionalização atual já não atende às dinâmi-

cas recentes do país”, afirma Clímaco Dias, professor do

Departamento de Geografia da Universidade Federal da

Bahia (Ufba). “Com a globalização, as regiões mudam muito

mais rapidamente do que no passado, pois têm uma dinâ-

mica muito mais acelerada”, constata.

Isto não significa que a divisão em cinco regiões esta-

belecida pelo IBGE esteja errada ou equivocada; ela funci-

onou por um determinado período, o que lhe falta é uma

adequação que identifique a atual ocupação do território

nacional. Pensar o Brasil desta forma pode agora gerar pro-

blemas, principalmente no âmbito das políticas públicas,

uma vez que elas são ditadas pela regionalização. Uma pos-

sível solução seria a proposta do geógrafo Pedro Geiger,

que pensa a ocupação de um estado em mais de uma região,

como o norte de Minas Gerais, por exemplo, que possui

similaridade climática com o Nordeste. “Ele pode continuar

sendo Minas Gerais e fazer parte do Nordeste e do Sudeste,

mantendo assim a identidade estadual e permitindo inter-

venções diferenciadas oriundas de políticas públicas”, afir-

ma Dias. O professor defende uma dinâmica espacial de

quatro regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste e a Região

Concentrada, que englobaria Sul e Sudeste. Este pensamen-

to é fruto da constatação de que quem mais se beneficiou

com a desconcentração do Sudeste, acentuada na década

de 1990, segundo Dias, foi a região Sul: “Enten-

der hoje o Sudeste separado do Sul nas dinâmi-

cas econômicas é um prejuízo muito grande até

para compreender o próprio país”.

A divisão em grandes territórios auxilia nas

pesquisas para determinar a aplicação de polí-

ticas públicas e investimentos. Um reflexo de

como essas mudanças acontecem é o painel

do IBGE para os domicílios atendidos por re-

des de saneamento básico e coleta de lixo em

residências próprias na zona urbana. A média

nacional para esses serviços em

2007 era de 62,4% sendo, na re-

gião Norte, 16,1%; no Nordeste,

37,6%; no Sudeste, 83,7%; no Sul,

63%; e no Centro-Oeste, 34,8%.

Só nesse aspecto já se obtém um

espelho da realidade econômica

nas grandes regiões, onde o Nor-

te possui os indicadores mais

desfavoráveis em relação ao Su-

deste, que concentra o maior vo-

lume de riquezas.

A imigração italiana para o Sul do

país favoreceu tanto o desenvolvimento

da agricultura como da indústria,

diversificando a economia da região

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32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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em

te

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Fome ou

vontade de comer

cada mês um novo assunto passa

a dominar as conversas de

brasileiros de todos os cantos do país.

Desde outubro, o tema mais discutido é a

crise econômica mundial; no entanto, há

apenas alguns meses a pauta era outra.

Em junho, a alta dos preços dos

alimentos atormentava países

desenvolvidos e em desenvolvimento,

sem falar naqueles que já sofrem com a

escassez de produtos básicos para

nutrição. Afinal, onde foi parar a crise

dos alimentos, tão comentada no

primeiro semestre do ano? Não existe

mais o risco de acabar a comida de

todos? Segundo especialistas, a falta de

crédito deve influenciar diretamente a

inflação dos alimentos. No Brasil, os itens

da cesta básica foram os principais

responsáveis pelo retorno da inflação,

que vinha diminuindo nos últimos quatro

meses. O Índice de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA), divulgado

na primeira quinzena de novembro,

chegou a 0,45%, enquanto em setembro

a média foi de 0,26%. Até julho, os

alimentos eram os principais vilões da

economia nacional, contudo, em agosto e

setembro houve deflação. Um dos

responsáveis pela elevação dos preços

dos alimentos é a

alta do dólar,

causada pelas

quebras nas bolsas

de valores de todo

o mundo.

A

Estresse Profissional estressado =

prejuízos para todos. Essa equação tem

se mostrado cada vez mais freqüente nas

empresas de todo o país. Pressão,

correria e ambiente de trabalho

tumultuado são algumas das causas que

podem gerar uma série de doenças. De

acordo com um estudo produzido pela

União Geral dos Trabalhadores, 73% dos

profissionais estão estressados por conta do trabalho e 75% deles

têm problemas de saúde decorrentes do estresse. A pesquisa, que

analisou mais de 4 mil postos de trabalho em diferentes áreas,

constatou que fadiga, dor no pescoço e na cabeça, irritabilidade,

sensação de angústia, insônia, falta de concentração e dificuldades

da visão são os males mais freqüentes. Para manter o estresse longe

da sua equipe, estimule seus colaboradores a praticar exercícios

físicos regularmente, controlar a alimentação, desenvolver uma

atividade passatempo e realizar confraternizações.

Sped A partir de janeiro de 2009

todas as empresas do país serão

influenciadas direta ou indireta-

mente pelo Sistema Público de

Escrituração Digital (Sped). Julio

Abreu, da De Biasi Auditores

Independentes, afirma que, para

garantir que a adaptação aconteça da forma mais sutil possível, é

preciso ficar longe dos sete pecados capitais das empresas.

Mais informações na edição 38 da B&S

Ric

hard

Dud

ley

/Sto

ck.x

chng

Informalidade nos registros contábil e fiscal

Inexistência de uma cultura de gestão: empresas nem sempre investem

na organização e em formas de controle de seus procedimentos internos

Falta de integração: cada setor é “dono” do próprio banco de dados

(quando ele existe), não havendo um banco de dados único e central

Atraso na informatização: na era digital, o computador e a internet são

ferramentas imprescindíveis

Aposta na ineficiência do Fisco

Falta de profissionais qualificados: excesso de erros em notas fiscais por

desconhecimento das classificações fiscais ou tabelas de alíquotas

Desorganização da área financeira

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SA IBA MA IS

33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2008

Propaganda O uso de mensagens

subliminares em propagandas poderá

ser proibido no país. O projeto de

lei 4068/08, de autoria do deputado

Walter Brito Neto (PRB-PB)

determina também a proibição da

utilização do efeito estroboscópico

(luz pulsante que ilumina objeto em

movimento), a veiculação de som

reproduzido ao contrário, o uso de

trilha sonora ou música de fundo

que faça menção à sexualidade, à

violência, ao uso de medicamentos e

ao consumo de drogas, álcool ou

tabaco e o uso de imagens alusivas à

sexualidade. Segundo o texto do PL,

mensagem subliminar é aquela que

não pode ser captada diretamente

pelos sentidos humanos, mas é

percebida pelo inconsciente, por

exemplo, imagens com tempo de

exposição muito pequeno.

Àqueles que descumprirem a lei, a

pena é de detenção de seis meses a

dois anos e multa. A proposta

está sendo analisada pela Câmara

de Deputados.

Festas As confraternizações de final de ano estão

chegando, e como de praxe todos, provavelmente,

verão muitos de seus colegas dando vexame na

festa da empresa. Conforme Renato Grinberg, do

Trabalhando.com.br, seguindo as dicas a seguir

você evitará ser o ator das tragicomédias e será um

espectador que vai assistir a tudo de camarote.

Ano novo Final de ano é o momento

ideal para avaliar os 11 meses que

passaram e fazer (e refazer, em muitos

casos) uma série de promessas para o

ano que se inicia. Em geral, a lista de

projetos envolve basicamente objeti-

vos concretos, como a aquisição de

um novo bem, manter o peso, dar mais

atenção à saúde. Que tal parar algumas

horas e refletir sobre antigos sonhos engavetados, amigos esquecidos, projetos

deixados de lado? Faça sua lista de promessas para 2009 com base naquilo que

você realmente quer e ponha a cabeça para pensar sobre você mesmo.

O livro Mal-Estar na Modernidade, de Sergio Paulo Rouanet, é de 1993, mas

mantém uma urgente atualidade. Rouanet recupera e discute em detalhe a formação

histórica e filosófica da sociedade moderna. Daí a importância do livro: nessa

hora de tremenda crise econômica, social e política global, é fundamental não perder

as referências conceituais que encaminham a construção de uma sociedade

esclarecida e democrática e fazer frente aos retrocessos que ameaçam a civilização,

como o racismo, a onda nacionalista, a nova voga de todos os tipos de

superstição, ou seja, a barbárie outra vez.

Edgar Vasques Cartunista

Beba moderadamente, nada de tomar um porre e subir na mesa para fazer um discurso

Não “cante” os colegas ou as colegas de trabalho, isso pega muito mal

A mulher do seu chefe não é sua confidente, portanto não abra seu coração nem fale

mal dos colegas para ela. Nem para ninguém, na verdade

Cuidado com o traje, este não é o momento ideal para estrear aquela sua microssaia ou

a regatinha do seu time favorito

Não faça fofoca, converse sobre amenidades, nunca fale mal do chefe ou dos seus

companheiros de empresa

Ben

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DIVERSÃON

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34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Ao contrário do que muita gente pensa, trabalho e diversão não são antíteses. O equilíbrio

entre estes dois elementos aumenta a produtividade, a capacidade criativa e a motivação.

Além disso, ajuda a manter relacionamentos saudáveis e melhora a qualidade de vida

trabalharBrincando de

omo fugir do velho sentimento de que trabalho é

uma atividade que exige esforço incomum, sinô-

nimo de lida e de canseira – ou seja, algo que

extrapola os afazeres cotidianos e nos tira do ócio –, se

os próprios dicionários assim o definem? Pode ser ainda

mais complexo compreender que essa atividade, ao se

encontrar com o divertimento, não provoca uma colisão, e

sim uma integração, que resulta em um componente-chave

para maximizar os resultados de uma atividade. Logo, tra-

balho e diversão não se repelem, se atraem.

Para Leslie Yerkes, consultora organizacional e auto-

ra do livro Produtividade divertida – criando lugares onde as

pessoas adoram trabalhar, ambientes divertidos geram

pessoas mais dispostas a doar a totalidade de suas ca-

pacidades e mais motivadas para o trabalho. “Este tipo

de ambiente proporciona inovação e criatividade, além

de atuar como uma vacina contra os efeitos do estresse.

Trabalhadores felizes são naturalmente embaixadores do

bom serviço ao cliente e companheiros de equipe.”

Observa-se, segundo a autora, que nas organizações onde

existe uma cultura de trabalho de diversão há redução de

ausências e aumento da atenção da equipe. Benefícios

que resultam na saúde da organização em longo prazo. A

mesma opinião tem o psicólogo e autor do livro A Empre-

sa sorriso, Floriano Serra. “Criar e manter um ambiente

alegre é saudável não só sob o aspecto de qualidade de

vida, mas também de motivação e produtividade.”

Os benefícios da produtividade criativa não são res-

tritos aos empresários. Trabalhar de maneira divertida

CLúci

a S

imon

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35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

DIVERSÃO

Núm

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2008

ajuda a manter relacionamentos saudáveis e melhora a

qualidade de vida. Estudos mostram que pessoas felizes

vivem mais tempo, pois a felicidade pode nos deixar me-

nos vulneráveis às doenças. Sabe-se, entretanto, que por

mais paixão que se tenha pelo trabalho, um ambiente pe-

sado, onde não haja reconhecimento e respeito, jamais

será motivador da produtividade criativa. “Sentir-se se-

guro, apoiado, reconhecido, com liberdade de expressão

e respeito proporciona uma serenidade muito próxima do

que podemos chamar de diversão”, afirma Serra. Para

Leslie, diversão tem raiz em um ambiente de confiança.

“Se o ambiente é baseado em medo, nada que você possa

fazer acenderá a chama da diversão no trabalho.”

Segundo os autores, a diversão chega mais facilmente

em empresas com líderes mais sensatos e maduros e que

enxergam a alegria como um indutor da criatividade. “Se

as pessoas são geridas pela força e medo, terão sua capaci-

dade de se arriscar e inovar diminuídas. Criatividade flores-

ce em um ambiente onde as idéias são acolhidas e os erros

não são punidos”, afirma Leslie. Preconceitos, falta de li-

berdade de expressão, mau humor e a proibição de errar

são para Serra os principais fatores que impedem a produ-

ção de um trabalho criativo. “Sem espaço para tentar ino-

var e eventualmente errar, não há lugar para a criatividade.”

Em qualquer lugarAntes que você pense que no ambiente da sua empre-

sa não há espaço para a diversão e que isso é coisa de

publicitário, os autores antecipam-se e contestam. “Qual-

quer tipo de trabalho pode ser feito para ser mais diverti-

do. Diversão é definida pelo indivíduo. É uma experiên-

cia individual”, garante Leslie. Para Serra, havendo um

entendimento correto da expressão “diversão”, é possível

em todo ambiente de trabalho. “É mais uma questão de

estado de espírito e de sentimentos, do que de procedi-

mentos operacionais.”

Entretanto, algumas organizações, lembra Serra, man-

têm culturas excessivamente conservadoras e tradicionais

que resistem fortemente à perspectiva de um ambiente

de trabalho informal e descontraído. “Nelas, a alegria é

vista quase como uma ameaça à ordem.” Já Leslie afirma

que as únicas culturas onde a diversão não emerge são

aquelas em que o líder não acredita que di-

versão e trabalho são compatíveis.

Diversão não é bagunçaPor vezes o conceito de produtividade

divertida é confundido com bagunça, e por

isso diversas empresas optam em manter um

ambiente de trabalho sob rígidas regras de

comportamento. Para Leslie, este risco não

ocorre se o empresário tiver contratado pes-

soas competentes e de confiança e houver lhes

dado informações claras sobre os objetivos e

metas da empresa. Feito isso, o próximo pas-

so é confiar nos colaboradores para que usem

o bom senso na busca do equilíbrio entre tra-

balho e diversão. “Diversão não é aquela sen-

sação de trabalho concluído ou algo reservado

a um momento específico de merecimento; o

trabalho propriamente dito pode ser diverti-

do”, salienta a especialista. Para Serra, não se

obtém alegria por decreto: “Ela resulta de uma

cultura plantada e semeada”. Leslie conclui:

“Quando você atingir a harmonia certa entre

diversão e trabalho, verá que eles são muito

compatíveis, até mesmo desejáveis”.

Idéias simplesLeslie Yerkes e Floriano Serra enumeraram algumas sugestões

facilmente aplicáveis para deixar um ambiente de trabalho diverti-

do. São elas:

Abolir o máximo possível de formalidade e excesso de burocracia

Estimular a descontração e a integração de todos

Estimular as comunicações informais e descontraídas

Substituir os espaços privativos por espaços comunitários

Desmistificar poder e autoridade

Diversão no trabalho não é algo que você manda ou

determina. É natural

Diversão não é uma atividade a ser feita, mas uma forma de

fazer as atividades acontecerem

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ELE IÇÕESN

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36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

A vitória de um

candidato

democrata após

oito anos de

republicanos cria

expectativas ao

redor do mundo,

principalmente no

que diz respeito às

guerras e ao meio

ambiente. Obama

surge como a

solução de todos

os problemas; mas

até que ponto isso

é possível?

da pátria?O salvador

o vencer a disputa com Hillary Clin-

ton pela vaga de candidato do Partido

Democrata, Barack Obama passou de

uma nova aposta ao salvador da pátria norte-

americana; com o decorrer da campanha, viu

esse título se estender e tornou-se o salvador

da pátria mundial. “Se houvesse eleições de-

mocráticas para presidente do mundo, Obama

ganharia”, comenta o economista Marcelo Por-

tugal. A excitação da vitória do democrata cor-

reu o planeta; diante de tantas expectativas,

restam algumas perguntas: até que ponto um

único homem pode resolver os problemas

mundiais? E mais, quais são as vantagens e des-

vantagens dessa vitória para o Brasil?

Para Sidney Ferreira Leite, consultor do

Núcleo de Negócios Internacionais da Trevisan

AConsultoria, um líder não tem forças para intervir e resol-

ver os problemas que estão sendo colocados na sociedade

contemporânea. “Ele pode contribuir para a melhoria do

ambiente internacional com diálogo, pensando em solu-

ções que passam não apenas por ações unilaterais, mas pe-

los Estados Unidos desenvolvendo a sua capacidade de li-

derar a agenda internacional” explica Leite. Ele acrescenta:

“Vejo que Obama foi transformado em uma espécie de es-

trela global. Não tenho certeza se os governos e estados

são tão poderosos assim para resolver problemas que afe-

tam o cotidiano do cidadão americano e ainda mais de to-

dos os cidadãos que vivem nesse planeta”.

Portugal destaca a força política do novo presidente e

a posição de liderança dos Estados Unidos. “Ele possui

grande capital político, o que deve auxiliar na aprova-

ção de suas propostas. Há quatro anos o mundo está

sem liderança.” Após a queda da União Soviética, os

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37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

E LE IÇÕES

Núm

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Estados Unidos reinaram sozinhos e exerceram um

papel semelhante ao da Inglaterra durante o século 18.

Hoje outros países estão se fortalecendo e os Estados

Unidos não mandam mais no mundo. Na opinião do

economista, é necessário que haja uma nova visão do

presidente americano, “e Obama representa isso”.

O presidente

Um dos temas mais repercutidos na imprensa diz res-

peito às características do candidato democrata. Obama

é negro, nasceu no Havaí, seu pai é queniano, seu sobre-

nome é Hussein – sobrenome que está diretamente liga-

do a um dos maiores problemas dos americanos: a guerra

contra o Iraque e o ditador Sadam Hussein. Vale lembrar

que apesar do nome não há parentescos. Essas, aliás, são

grandes razões da popularidade de Obama. “A eleição

prova que os americanos são capazes de eleger um ne-

gro”, afirma Portugal.

Leite exemplifica a trajetória do democrata em uma

palavra: fenômeno. A cobertura dada às eleições ameri-

canas pela mídia brasileira foi igualmente fenomenal. “Além

da importância de eleger a presidência da única superpo-

tência do planeta em um momento de crise econômica,

há o ineditismo da eleição de um candidato negro, e que

tem uma proposta reformadora. Parece que houve uma

confluência de uma crise de grande magnitude com a ori-

ginalidade do candidato democrata”, observa Leite.

Primeiros passos

Os primeiros passos do mandato de Obama foram da-

dos no dia seguinte ao anúncio da vitória, quando o futu-

ro presidente começou a montar seu governo, muito an-

tes do que os presidentes anteriores. A crise financeira

do país faz com que não haja tempo para ser desperdiça-

do com pompas e tradições. Segundo Portugal, dado o

atual estado da crise, a mudança de governo é o que me-

nos afeta efetivamente a economia global. “A posição de

Obama não muda nada em curto prazo.”

Leite acredita que os benefícios para o Brasil se de-

vem à expectativa de o governo Obama ser mais voltado

à cooperação, ao diálogo, ao fortalecimento do multilate-

ralismo, que é a linha da política externa brasileira. “Va-

mos ter uma confluência de objetivos de po-

lítica externa, tanto do governo brasileiro

quanto do governo americano; ambos com-

prometidos com uma percepção de que a

melhor maneira de se relacionar no ambiente

externo é por intermédio das organizações in-

ternacionais.” Os malefícios, na opinião do

professor, estão ligados à prática. “Se Obama

não atingir, mesmo que em médio prazo, as

expectativas criadas nos Estados Unidos, se não

for forte suficiente para enfrentar os desafios

econômicos, irá desestruturar ainda mais a eco-

nomia mundial”, ressalta.

Nas propostas apresentadas durante a

campanha, o novo presidente deu atenção es-

pecial ao fim das guerras e ao meio ambiente.

E é neste segundo ponto que o Brasil pode

ser mais atingido. Tradicionalmente, o Parti-

do Democrata é mais protecionista, enquan-

to o Republicano, mais liberal. Entretanto, es-

sas afirmações não se confirmaram nos últi-

mos anos. É nessa realidade que se baseiam as

expectativas brasileiras. “Obama apresentou

em suas propostas uma posição protecionis-

ta. Agora temos que ver se ele irá cumprir suas

promessas. Clinton (democrata) também ti-

nha esse discurso proteci-

onista, mas não foi. En-

quanto Bush (republicano)

defendia o livre comércio

e se mostrou protecionis-

ta”, comenta Portugal. A

utilização de energia lim-

pa também foi bastante

mencionada. O novo pre-

sidente prometeu ratificar

o Tratado de Kioto, e com

isso o Brasil pode ganhar

mais com a venda de eta-

nol e de créditos de car-

bono. Mas estas são mu-

danças de longo prazo.

Barackobama.com

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TUR I SMO

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38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

uitas pessoas deslocam-se do seu

local de origem em busca de trata-

mento médico nas grandes metró-

poles. A viagem pode ser curta e requerer

apenas o embarque em uma linha de ônibus

ou longa, com algumas horas de vôo. Tratar a

saúde em lugares paradisíacos como a

M

Viajar horas, cruzar fronteiras ou

atravessar oceanos. Tudo é válido

para conseguir um tratamento

médico de qualidade e a preços

acessíveis. Além destas vantagens, o

Brasil ainda alia excelência médica

com atrativos turísticos

Tailândia, por exemplo, tem sido uma prática bastante

comum, fazendo surgir um mercado promissor que colo-

ca o Brasil na rota das regiões mais propensas a desenvol-

ver com sucesso o chamado turismo médico. Até 2012,

segundo estimativa do governo norte-americano, o setor

vai movimentar na economia mundial por volta de US$

100 bilhões. Preço, qualidade e uma cadeia turística com

boa infra-estrutura compõem o perfil dos países com chan-

ces de prospectar o “paciente turista”.

A onda do turismo médico surgiu há menos de duas

décadas, quando renomadas instituições de saúde dos

Estados Unidos identificaram a possibilidade de atrair con-

sumidores do mundo inteiro em função da sua já consoli-

dada estrutura hoteleira e logística. Passou a ser corriqueiro

executivos da América Latina viajarem a cidades como

Miami com o objetivo de submeterem-se a um checkup.

“Para os brasileiros era uma excelente opção, pois havia

paridade cambial e a vantagem de Miami ser um impor-

tante destino turístico”, relembra o presidente da Fede-

ração dos Hospitais do Rio Grande do Sul (Fehosul),

Cláudio José Allgayer.

fronteirasMedicina além das

Lúci

a S

imon

Lúci

a S

imon

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TUR I SMO

39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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Contudo, a conjuntura menos favorável mudou o ce-

nário. Os serviços médicos nos Estados Unidos tornaram-

se muito caros. Para se ter idéia, em função dos custos

elevados, hoje há 50 milhões de americanos sem plano de

saúde. Já em regiões que contam com a medicina sociali-

zada, como o Canadá, a migração não tem como jus-

tificativa o preço, e sim as longas filas de espera para

a realização de tratamentos complexos.

De exportador para importador

Essas peculiaridades regionais resultaram na inversão

do negócio para alguns países, que de importadores de

pacientes passaram a exportadores. Atualmente, pessoas

oriundas dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Portu-

gal, Espanha, Itália, Alemanha, Japão, Austrália, Nova

Zelândia e dos países árabes são as que mais desembar-

cam em terras estrangeiras para cuidar da saúde. Com isso,

o mercado se aqueceu para um grupo que tem condições

de propiciar um atendimento com procedimentos avan-

çados, a custos convidativos, além de oferecer possibili-

dades interessantes de lazer. A globalização do segmento

também envolve o Brasil de forma positiva. “O país se

configura como um dos principais importadores deste tipo

de turista, mas ainda está devagar, porque o governo não

despertou para a relevância do nicho. Na Costa Rica, os

órgãos governamentais investem no ramo, pois entende-

ram que traz muitos benefícios em termos de entrada de

divisas”, afirma Alex Lifischitz, diretor da Sfhera Interna-

cional, agência especializada em turismo médico.

Por que o Brasil?

Uma série de pré-requisitos influencia a escolha por

profissionais e instituições brasileiras. O Brasil é reconhe-

cido mundialmente pela excelência em cirurgia plástica,

procedimentos odontológicos, ortopedia, cardiologia, ci-

rurgia bariátrica, neurologia, reprodução humana e oftal-

mologia. “Estamos bem localizados geograficamente, o

que facilita a captação de clientes da América do Norte e

da América do Sul. Ainda temos estabilidade político-eco-

nômica e não sofremos com abalos como terremoto,

tsnunami e furação. Tudo isso conta a nosso favor”, enu-

mera Lifischitz. A cidade de São Paulo figura como a que

mais atrai estrangeiros para utilizar serviços

médico-hospitalares. “Isso se explica pela qua-

lidade da medicina e pela sua infra-estrutura

com hotéis, restaurantes e atividades cultu-

rais atraentes.”

O país também reúne alguns hospitais com

a certificação de qualidade assistencial inter-

nacional, como o Sírio-Libanês e o Albert Eins-

tein, em São Paulo, e o Moinhos de Vento, em

Porto Alegre, entre outros. O paciente turista

recebe assistência na língua de origem e cuida-

do especial no que tange a nutrição.

Além dos consumidores estrangeiros, as

capitais brasileiras ainda concentram um mer-

cado interno muito forte de turismo médico.

Na inexistência de determinados procedimen-

tos ou pela baixa qualificação, o jeito é sair do

interior e partir para um centro maior. Os casos

mais complexos, como cirurgias cardíacas e neu-

rológicas, geralmente, têm como destino a ca-

pital paulista. Cidades como Rio de Janeiro, Sal-

vador e Fortaleza, por sua vez, despontam pelo

atendimento em processos mais simples como

cirurgia plástica e dermatologia.

Gaúchos no páreo Estado está bem preparado para assistir pacientes

de diferentes partes do país e do mundo, na

opinião do presidente da Fehosul. O hospital Moinhos de

Vento já possui a garantia internacional, e o Mãe de Deus

deve recebê-la até o final do ano. “Existem determinados

serviços complexos que Porto Alegre possui capacidade

para atender, e, por isso, acaba sendo refúgio para pessoas

oriundas do interior e dos estados vizinhos, como Santa

Catarina e sul do Paraná”, afirma Allgayer. “O atendimen-

to prestado no Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de

Porto Alegre tem reconhecimento nacional. Lá circulam

pacientes de todo o Brasil para serem assistidos tanto cli-

nicamente como cirurgicamente. A área para tratamento

de câncer também está muito desenvolvida.”

O

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GESTÃON

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40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

m estudo do Sebrae Nacional sobre as

taxas de sobrevivência e mortalidade

das micro e pequenas empresas bra-

sileiras constituídas no triênio 2003, 2004 e

2005 mostrou um cenário, aparentemente,

surpreendente. A percentagem de micro e pe-

quenas empresas que sobrevivem aos dois pri-

meiros anos de vida passou de 50,6% em 2002

para 78% em 2005, uma significativa diferen-

ça de 27,4%. Dois fatores, segundo a pesqui-

sa, foram os principais motivadores desta

mudança: a maior qualidade empresarial e a

melhoria do ambiente econômico.

Os números comparativos das duas pes-

quisas corroboram essas hipóteses. Em 2002,

U

Estabilidade econômica, crescimento

do poder aquisitivo da população e

empresários mais qualificados. Estes

são os principais fatores motivadores

do aumento de 27,4% no número de

MPEs que sobrevivem aos primeiros

dois anos de existência

75% dos empresários entrevistados possuíam nível supe-

rior completo ou incompleto; em 2005 esse número pas-

sou para 79%. Além da qualificação acadêmica, o Sebrae

credita o aumento na taxa de sobrevivência também a uma

maior experiência dos empreendedores, obtida, princi-

palmente, em empresas privadas, uma vez que houve um

aumento de 17% na quantidade de empresários – entre

2002 (34%) e 2005 (51%) – que antes de abrirem seus

negócios eram funcionários de empresas privadas. Isto sig-

nifica que há empresários muito mais preparados para en-

frentar os desafios do mercado.

Apesar dos números, Belmiro Valverde Jobim Castor,

doutor em Administração Pública pela Universidade do

Sul da Califórnia, ainda vê como baixo o nível técnico

dos empresários brasileiros. “Muitos negócios são feitos

no improviso”, argumenta, destacando que bons empre-

endedores são aqueles que olham e percebem as oportu-

nidades. “São pessoas atentas que fazem coisas que os

outros precisam e nem sabiam que precisavam.”

Os números mostram que o brasileiro tem mudado

essa visão periférica. Com mais conhecimento, ele pas-

sou a olhar de modo diferente para o contexto mercado-

lógico e empreendeu muito mais porque identificou uma

oportunidade de negócio do que por alternativa de ren-

empresarialLongevidade

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41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

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2008

GESTÃO

da. Em 2002, apenas 15% dos empresários empreende-

ram devido a esta visão abrangente – em 2005 esse nú-

mero saltou para 43%. “Antes se empreendia mais por ne-

cessidade; hoje, mais por oportunidade”, observa Júlio

César Ferraza, gerente da área de Pesquisa e Desenvolvi-

mento de Soluções do Sebrae-RS.

Para os empresários participantes da pesquisa do Se-

brae, os dois principais fatores condicionantes para o su-

cesso dos negócios foram bom conhecimento do merca-

do onde se atua e boa estratégia de vendas. No caso das

empresas extintas, a principal razão para o fechamento

está localizada no bloco de falhas gerenciais – isto sig-

nifica ponto inadequado, falta de conhecimentos geren-

ciais e desconhecimento do mercado.

O estudo também aponta como fator favorável para o

desenvolvimento dos pequenos negócios um cenário eco-

nômico mais estável, que inclui redução e controle da in-

flação, gradativa diminuição das taxas de juros, aumento

do crédito para pessoas físicas e aumento do consumo das

classes mais populares. Além disso, vale ressaltar as ferra-

mentas governamentais, como Lei Geral da Pequena Em-

presa, o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pe-

queno Porte, o Simples, conseguidas a partir de iniciativas

dos empresários e que, hoje, aliviam um pouco das exigên-

cias tributárias e burocráticas que regem uma empresa.

Os gaúchos

Elas são a seiva vital para o funcionamento

da economia brasileira. No Rio Grande do

Sul, segundo a Relação Anual de Informa-

ções Sociais 2005 (Rais), existem cerca de

660 mil micro, pequenas e médias empre-

sas. Elas representam 98,2% das empresas

gaúchas, empregam quase um milhão de pes-

soas e estão distribuídas nos mais diversos

setores, como agronegócio, turismo, indústria,

e comércio de bens e serviços. “Nós temos

todos os segmentos econômicos fortes e bem

focados”, observa Ferraza, o que garante uma

grande diversidade de negócios. De acordo

com a pesquisa Sebrae, a taxa de sobrevivên-

cia das empresas gaúchas constituídas em

2005 e que não fecharam as portas nos pri-

meiros 2 anos é de 77,5%.

Características empreendedorasisionar uma oportunidade não é si-

nônimo de sucesso. Antes de tudo

é preciso ter características empreende-

doras. Segundo Júlio César Ferraza, do

Sebrae-RS, isto significa: persistência,

iniciativa, capacidade de correr riscos

calculados e coragem para ir à luta. Com-

portamento assim tem o empresário san-

tista Ismael “Tiger” Vidal, sócio-propri-

etário do Sushi by Cleber. Depois de

tentar empreender quatro vezes em ne-

gócios diferentes e quebrar as quatro,

Ismael soube a hora de parar e a hora de

recomeçar. “Nunca quis ser empregado.

Já trabalhei como office-boy e peão de

obra, mas sempre com a intenção de jun-

tar dinheiro para um negócio”, lembra.

Aprendendo com os erros, em 2001 Is-

mael revitalizou um dos negócios que-

brados, uma empresa de soluções web,

que mantém até hoje, e por conta disto

foi chamado pelos irmãos para vir até

Porto Alegre ajudar na administração do

restaurante japonês, que estava com os

dias contados. “Quando eles me chama-

ram, pensei: não vou quebrar pela quin-

ta vez. E decidi participar do Empretec

do Sebrae”, lembra com risos. Há qua-

tro anos à frente dos negócios, Ismael

transformou o Sushi by Cleber em uma

das mais importantes casas de comida

japonesa de Porto Alegre.

V

Fotos: Lúcia Simon

Sobrevivência

Mortalidade

50,60%

49,40%

Sobrevivência X Mortalidade

Triênio 2000, 2001 e 2002 Triênio 2003, 2004 e 2005

até2 anos

até3 anos

até4 anos

até2 anos

até3 anos

até4 anos

43,60%

56,40%

40,10%

59,90%

78%

22%

68,70%

31%

64,10%

35,90%

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CAPACITAÇÃO

42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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2008

Crescer profissionalmente e conseguir um lugar ao sol demanda investimento em

qualificação. Por meio de atividades de capacitação, é possível vencer o desemprego e dar

um salto na carreira. As férias são uma boa oportunidade para fazer um curso rápido

a diferençaConhecimento que faz

mercado está cada vez mais competiti-

vo. Vencer a concorrência e alcançar

uma boa colocação requer atitudes proa-

tivas, com investimento massivo na capacita-

ção profissional. A conquista do tão sonhado

emprego não se reduz ao garimpo de vagas

nos classificados dominicais. É preciso ir além,

realizando ações capazes de incrementar o

currículo e de dar chances ao candidato de

passar em uma seleção. Se a falta de tempo é

desculpa, as férias de verão representam um

período propício para conciliar diversão e ati-

vidades de aperfeiçoamento de conhecimen-

Otos. Vale lembrar que no final do ano o comércio aumen-

ta as contratações temporárias, significando uma opor-

tunidade de efetivação.

No Brasil, vagas deixam de ser preenchidas em di-

versos segmentos pela ausência de profissionais qualifi-

cados. Um verdadeiro paradoxo, em um país que tem

como flagelo o desemprego. De acordo com Marcos To-

nin, diretor de projetos especiais da empresa de consul-

toria paulista Apoema Inteligência em Pessoas, falta vi-

são e planejamento de carreira. “Temos jovens

reclamando do salário ou que ainda não são gerentes por

não entenderem a necessidade do esforço, paciência e

dedicação para se alcançar a maturação.” Para Tonin, al-

Lúci

a S

imon

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43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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2008

CAPAC ITAÇÃO

guns motivos contribuem para o aumento do número de

brasileiros sem condições de assumir com destreza uma

profissão. Um deles seria o fato de a formação não ser

encarada como prioridade. “Acredito que seja uma ques-

tão cultural. Aqui não temos muito incentivo para isso.

Claro que não podemos generalizar. Obviamente, há óti-

mos profissionais, contudo, em função de agenda ou

condição financeira, não continuam nos bancos acadê-

micos para se aprimorar”.

Salto na carreira

A qualificação não beneficia apenas os desemprega-

dos, mas também aqueles que almejam uma mudança de

cargo. Um salto na carreira depende de investimentos

em atividades capazes de contribuir para o crescimento

de quem não quer ficar anos em uma mesma posição.

Profissionais empreendedores são bem-vindos nas em-

presas. Tanto que muitas organizações oferecem cursos

e treinamentos a fim de contribuir para a profissionaliza-

ção dos seus colaboradores. Segundo o consultor, hoje a

procura é por pessoas mais arrojadas e com diferenciais

curriculares. Esta diferença já começa na vontade de cres-

cer e na busca pela reciclagem de conhecimentos. “Re-

cebemos, semanalmente, pelo menos 20 novos profissio-

nais na empresa querendo se desenvolver para atender às

exigências do mercado. Ajudamos essas pessoas a enxergar

e potencializar suas principais competências,

habilidades e dons”, afirma o consultor.

Turbine o currículo

Depois de fazer uma avaliação de carrei-

ra, a hora é de colocar a mão na massa, ou

melhor dizendo, encontrar instituições de

ensino para se aperfeiçoar. Graduação, pós-

graduação, especializações, cursos de línguas

e técnicos pesam no momento de enfrentar

uma entrevista de emprego. Sair do senso

comum demanda empenho e perspicácia

para aproveitar as brechas do calendário e

dos períodos de ócio. O verão, por exem-

plo, pode ser um forte aliado na corrida pela

excelência profissional, já que junto vem a

temporada de férias.

Os meses de veraneio se configuram

como uma saída para quem alega ser a corre-

ria do dia-a-dia um empecilho para investir

em atividades de capacitação. “As pessoas

podem se atualizar, usufruindo o tempo ex-

tra”, observa Ariel Berti, coordenador do

Núcleo de Educação Profissional do Senac-

RS. “Vale a pena o trabalhador apostar na pro-

fissionalização”, complementa.

Aproveite as férias para se atualizar com a programação de cursos

intensivos de verão do Senac-RS. A entidade oferece um leque de opções,

em diferentes áreas, com formatos mais compactos e término dentro do

período de férias. “Em geral, são atividades rápidas, realizadas em um mês e com aulas

diárias”, explica Ariel Berti. Na programação de verão, destacam-se os intensivos de

informática e idiomas, como inglês e espanhol. Interessados em obter informações completas sobre

os cursos de verão devem procurar as unidades do Senac-RS ou pesquisar no site www.senacrs.com.br.

Cursos intensivos de verão do Senac-RS

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MÚS ICAN

úm

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Dezem

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2008

44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

e 1932 até 1972, o ensino de música

integrou o currículo básico brasileiro.

Os ideais do maestro Heitor Villa-Lo-

bos foram resgatados pelo Grupo de Articu-

lação Parlamentar Pró-Música (GAP), forma-

do por 86 entidades, entre associações e coo-

perativas de músicos e universidades. Com

uma proposta de lei formulada e com apoio

de alguns legisladores, a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação foi modificada em agosto

D

Entre lápis e

cadernos,

instrumentos

musicais. Alteração

na Lei de

Diretrizes e Bases

da Educação torna

obrigatória a

educação musical

no ensino

fundamental

e médio

deste ano, tornando obrigatórias as aulas de música no

currículo do ensino fundamental e médio das escolas brasi-

leiras. O prazo para adaptação dos currículos da área de

artes será de três anos. Nesse período, o Conselho

Nacional de Educação, ligado ao Ministério da Educação,

vai definir a periodicidade e o modo de ministrar as aulas.

A mudança, no entanto, causou polêmica. “Tudo isso

precisa ser analisado. Há uma larga margem para inter-

pretações, o que, a meu ver, invalida uma lei”, diz Felipe

Radicetti, músico e compositor carioca. Integrante do

dá o tomA escola

Lúci

a S

imon

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MÚS ICA

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2008

GAP, Radicetti foi um dos incentivadores do movimento

que levou à criação da lei. Conforme o texto aprovado, a

licenciatura em música não é obrigatória e não há menção

a uma formação mínima para desempenhar a função, con-

tradizendo a própria LDB, que exige curso superior para

a prática do magistério. “Do jeito que está, voltamos ao

tempo da educação artística, que generalizava os campos

da arte, e professores de qualquer disciplina podiam mi-

nistrar as aulas. Aí se perde o real objetivo de ter na escola

aulas de arte, de música em especial: desenvolver cogniti-

va e emocionalmente a criança”, argumenta Sérgio Ferrei-

ra de Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de

Educação Musical (Abem).

Figueiredo lembra que já havia distorções na lei ante-

rior, o que tornava potencialmente possível o ensino da

música se assim o sistema educacional entendesse. “Só

era preciso contratar um músico para aplicar as aulas de

arte e manter o foco na música. Mas, no Brasil, ensino de

artes sempre foi mais ligado às artes plásticas, então natu-

ralmente era esse o rumo que tomavam os cursos”, explica.

A doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela

PUC-SP Maria Teresa Alencar de Brito afirma que a

criança que mantém contato com a música está em “trans-

formação permanente”. Esse processo permite que as de-

mais disciplinas sejam mais bem assimiladas e leva a uma

educação integral. “O que está em jogo é a formação do

ser humano.” A educadora há 24 anos mantém o centro

de atividades musicais Teca – Oficina de Música, em São

Paulo, e indaga ainda sobre as condições em que se pre-

tende inserir as crianças no universo musical. “Como se-

rão as salas de aula? Que instrumentos serão oferecidos?

É preciso também avaliar as condições do educador, que

deve respeitar o espaço e o tempo de criação da criança.”

Quando a estudiosa relata o cotidiano do seu centro de

música, fica claro que determinar os limites e objetivos

para a educação musical são passos imprescindíveis para

não frustrar os educandos. No Teca, o tempo é a principal

ferramenta. Para os pequenos, em especial, primeiro há

um longo período de adaptação e aproximação com os

instrumentos e possibilidades de sons. Antes de se chegar

às partituras, são feitas inúmeras experimentações e

avaliações, um formato que não cabe na realidade da

escola pública, com turmas superlotadas e ho-

rários apertados entre uma disciplina e outra.

O consenso do debate está no fato de que

um importante passo foi dado. A partir de

2004, músicos e legisladores interessados em

qualificar o ensino buscaram o retorno da edu-

cação musical obrigatória às escolas. Desde

agosto, o GAP, a Abem e outras instituições

se reúnem para elaborar novas propostas que

serão encaminhadas ao Congresso.

Espaço para integraçãoantas idéias convergentes encontraram espaço no Acorde Bra-

sileiro – Encontro Nacional das Músicas Regionais, que

aconteceu entre os dias 25 e 29 de novembro. O evento é promo-

vido pelo Arte Sesc – Cultura por toda parte.

Concebido para promover a diversidade, as possibilidades e o

intercâmbio de músicos regionais do país, essa segunda edição do

evento colocou em pauta o ensino de música e os desafios impos-

tos pelas novas mídias e formas de distribuição musical. “Quería-

mos expandir o território da música. O Sesc tem esse papel de

difundir a cultura, e nesse evento apresentamos a discussão sobre

o fazer, ensinar e divulgar a música”, explica Silvio Alves Bento,

gerente de Educação e Cultura do Sesc-RS. Além dos debates,

artistas de várias par-

tes do Brasil subiram

ao palco do Sesc.

Foram 21 artistas

convidados, que

trouxeram as refe-

rências culturais de

suas regiões. Entre

eles, os gaúchos Tel-

mo de Lima Freitas,

Loma e Kako Xavier, o mineiro Xangai, o paraense Beto Brito e o

pernambucano DJ Dolores. Foi uma verdadeira festa, com a fusão

de ritmos tradicionais como xaxado, xote, toada e ciranda e tam-

bém experimentações e registros eletrônicos. Entre os dias 20 e 21

de setembro, foi realizado em Olinda (PE) o Pré-Acorde, que fun-

cionou como uma divulgação do evento original que acontece, anu-

almente, aqui no Estado.

T

Joã

o A

lves

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VIS

ÃO

EC

ON

ÔM

ICA

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Núm

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bro

2008

s bons resultados da economia brasi-

leira nos anos de 2006 a 2008 são resul-

tantes de condições favoráveis den-

tro e fora do Brasil. A expansão da economia

mundial gerou demanda para as exportações

brasileiras, elevou os preços das commodi-

ties produzidas no Brasil e

propiciou um influxo signifi-

cativo de capitais, o qual man-

teve o câmbio relativamente

valorizado por vários anos. Por

outro lado, internamente, a re-

dução dos juros, a expansão

do crédito e o crescimento

dos salários reais propiciaram

uma elevação da demanda interna que tam-

bém ajudou a impulsionar o crescimento

econômico do país.

Infelizmente, para o ano de 2009, essas

condições favoráveis não mais estarão pre-

sentes e a economia brasileira deverá desa-

celerar. Ao contrário do que ocorreu em cri-

ses econômicas anteriores, a economia

brasileira está, atualmente, muito mais sóli-

da. As reservas internacionais são elevadas,

as contas públicas não apresentam sinais de

insolvência e há expansão no emprego e na

renda. Contudo, não estaremos imunes às turbulências

econômicas atuais. O PIB deverá desacelerar dos 5,1%

esperados para 2008, para algo próximo de 2,7% em

2009. Os principais fatores a contribuir nesse sentido

são as reduções do crédito, interno e externo, e da de-

manda externa por produtos brasileiros.

A inflação deverá continuar elevada em 2009, pois

a forte desvalorização cambial terá impactos negativos

sobre os preços domésticos. Com a inflação elevada,

não devemos esperar uma significa-

tiva redução da taxa de juros básica

ao longo do próximo ano. Estima-

se que a taxa de inflação caia dos

6,4% esperados para 2008 para o pa-

tamar de 5,3%, e que os juros cedam

em apenas um ponto percentual, ter-

minando o ano de 2009 no patamar

ainda elevado de 12,75% ao ano.

Para o Rio Grande do Sul, o quadro econômico é

mais ameno que para a economia brasileira como um

todo, em função do impacto positivo da taxa de câm-

bio sobre a economia gaúcha. Como as exportações

gaúchas têm uma elevada participação no PIB estadu-

al, a economia do estado se beneficia das grandes des-

valorizações cambiais. Contudo, também no Rio Gran-

de do Sul devemos esperar uma desaceleração

econômica em 2009, embora de forma mais gradual

em relação ao Brasil.

Perspectivas

para 2009

O

* Consultor econômico da Fecomércio-RS

Ros

i B

onin

segn

a/Fe

com

érci

o-R

S

Marcelo S. Portugal*

A economia

brasileira deverá

desacelerar

seu ritmo

de crescimento

econômico

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47FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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2008

FUSÃO

Seguindo a onda de fusões e aquisições no sistema

bancário, reinaugurada recentemente com a compra

do ABN Amro Real pelo Santander, dois dos

maiores bancos brasileiros juntaram as escovas de

dente. Unibanco e Itaú agora formam uma holding

financeirom busca de força para enfrentar uma das maiores

crises econômicas da História, os bancos Itaú e

Unibanco anunciaram sua união. De quebra, ga-

nharam o título de maior banco do Hemisfério Sul e mui-

to poder. Aos demais bancos, sobrou ciúmes do casal.

A holding Itaú Unibanco passa, também, a fazer parte do

grupo das 20 maiores instituições financeiras do mundo.

Um dos principais diferenciais desta fusão foi o sigi-

lo. Apesar de as negociações estarem ocorrendo há 15

meses, a informação não havia sido divulgada, por isso a

surpresa do mercado. Na prática, em um primeiro mo-

mento, a nova empresa não apresentará diferenças nem

na presidência, que será compartilhada entre Pedro Mo-

reira Salles (Unibanco) e Roberto Egydio Setúbal (Itaú),

nem para os clientes. De acordo com Douglas Pinheiro,

economista e coordenador do Curso de Administração

das Faculdades Integradas Rio Branco, de São Paulo, não

haverá impacto para os correntistas tão cedo, no entanto,

com o tempo, algumas agências deverão ser fechadas.

“Com a queda de competitividade, a qualidade do aten-

dimento tende a cair”, comenta Pinheiro.

A diminuição da competitividade é o grande temor

do mercado. Com poucos players atuando no sistema

bancário, há menos serviços diferenciados e o poder de

barganha dos consumidores também cai. Contudo, alguns

especialistas do setor garantem que a concorrência com

o Bradesco, que até então era o maior banco privado do

país, e com o Banco do Brasil – maior instituição finan-

ceira pública – tende a ficar mais acirrada.

Em tempos de crise, a principal vantagem da união é

a demonstração de poder. Para Pinheiro, diante de tantas

dúvidas e temores, o Itaú e o Unibanco mostraram ao

mundo e ao Brasil a força do sistema financeiro do país.

Conglomerado

“Com isso, deve haver mais estabilidade.”

Outro ponto é a entrada de dinheiro no mer-

cado. “Por ter muita potência, a holding vai

injetar muito dinheiro, principalmente para

crédito”, destaca o economista.

E

Casamento de frutos numerosos

Em todo o Brasil, serão 4.800 agências e pontos de

atendimento, isto é, 18% da rede bancária

São 14,5 milhões de correntistas

Itaú Unibanco representará 19% do volume de crédito do sistema

financeiro, e em total de depósitos, fundos e carteiras administradas

atingirá 21%

Participação de 17% no mercado de seguros e 24% em previdência

As operações Corporate, que atendem mais de 2 mil grupos no

Brasil, somam R$ 65 bilhões

Maior empresa Private Bank da América Latina, gerenciando

R$ 90 bilhões

Total de R$ 575 bilhões em ativos combinados, o maior do

Hemisfério Sul

Operações de cartão de crédito contemplam as bandeiras Itaucard,

Unicard, Hipercard e Redecard

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VIS

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PO

LÍT

ICA

48 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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44 –

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2008

om o término das eleições de 2008,

as atenções políticas se voltam para

as de 2010. No próximo ano, teremos

um ambiente político interessante, com par-

tidos e governos querendo se fortalecer fren-

te à opinião pública, em um cenário de crise

econômica. A realiza-

ção de uma análise para

2009 precisa considerar

os diferentes momentos

vividos pelos governos

de Yeda Crusius e Lula

perante a opinião públi-

ca, o movimento dos

partidos frente ao início

das articulações visando a 2010 e os efeitos

desses fatores na arena legislativa.

Os índices de aprovação do presidente

Lula, que estão próximos dos 70%, podem

ter atingido o auge, pois governantes, ao fi-

nal do segundo mandato, tendem a perder

parte de sua popularidade. Os efeitos da crise

econômica, e o modo como o governo lida-

rá com ela, serão cruciais nesse processo.

O governo demonstra ter reservas financei-

ras para enfrentar o problema, fomentando

o crédito e fazendo algumas concessões ao setor pro-

dutivo. O difícil é saber até quando.

Vivendo situação oposta, a governadora Yeda Crusius

tentará alavancar sua popularidade divulgando o equilí-

brio fiscal do Estado e aumentando o volume de investi-

mentos. No entanto, com a desaceleração econômica, o

governo arrecadará menos do que esperava em 2009, o

que o fará diminuir a flexibilidade em eventuais negocia-

ções que envolvam recursos financeiros. Mecanismos de

aumento de eficiência da arrecadação conti-

nuarão a ser implementados, como a substi-

tuição tributária, a nota fiscal eletrônica e a

cobrança da diferença de ICMS na fronteira.

Os dois governos podem esperar o for-

talecimento de suas oposições, tendo em vista

as eleições de 2010.

Quanto à agenda legislativa, vislumbra-

se uma gradual diminuição do envio de me-

didas provisórias ao Congresso Nacional. Assim, se abrirá

espaço para a discussão de propostas com origem no pró-

prio legislativo, emergindo demandas históricas dos par-

tidos da coalizão governista. Pode-se esperar um aumen-

to no número de propostas que enrijeçam as relações tra-

balhistas. No caso das reformas política, tributária e ad-

ministrativa, embora devam permanecer nos discursos par-

lamentares, dificilmente serão realizadas de acordo com

as expectativas da sociedade.

Perspectivas

políticas

C

No próximo ano,

teremos um ambiente

político interessante,

com partidos e

governos querendo

se fortalecer

*Cientista político do Sistema Fecomércio-RS

Rodrigo Giacomet

Julia

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49FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

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2008

MAIS & MENOS

40%

Compras de Natal

Financiamento com cartão

Um estudo com 1.200 PMEs em

cinco países da América Latina e

do Caribe, encomendado pela

Visa e realizado pela The Nielsen

Company, constatou que

da empresas utilizam o cartão de

crédito empresarial como fonte

de financiamento

38%

Registro de marcas

Segundo a Cone Sul Marcas e

Patentes, no final do ano a

procura pelo registro de marca e

patente chega a atingir cerca de

a mais em comparação ao

restante do ano

Responsabilidade social

das empresas ouvidas no

3º Estudo BDO Trevisan de

Responsabilidade Social Corpo-

rativa/Sustentabilidade possuem

orçamento específico destinado ao

tema. A pesquisa foi respondida

por 137 corporações dos setores

da indústria, serviços e

associações/terceiro setor

44%

Portabilidade telefônica

No período entre 1º de setembro e

20 de novembro,

usuários de telefonia fixa e móvel

solicitaram troca de operadora

com manutenção do número de

telefone. Isso é o que informa a

base de dados de referência da

ABR Telecom, entidade

Administradora da Portabilidade

Numérica no Brasil

82.040

Resistência tecnológica

Uma pesquisa do Centro de

Estudos sobre as Tecnologias da

Informação e da Comunicação, do

NIC.br, constatou que

do total de microempresas entrevis-

tadas com até nove funcionários

não possuem computadores

19%Luxo em queda

A 7ª edição do estudo Luxury

Goods Worldwide Market Share,

da Bain & Company, prevê a

primeira recessão dos bens de luxo

em seis anos. De acordo

com a pesquisa, as estimativas

são de um declínio de

nas vendas globais deste tipo

de bem em 2009

7%

Pirataria gera prejuízo

O relatório Impacto da Pirataria no

Setor de Consumo, realizado pelo

Ibope, mostrou que o Brasil deixou

de arrecadar em impostos

em função das falsificações nos

primeiros dez meses deste ano,

R$ 18,6 bilhões,

esta é a

quantidade de

presentes que a

Associação Brasileira

de Lojistas de

Shopping (Alshop)

acredita que o

brasileiro empregado

comprará neste Natal

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CRÔNICA

50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

Núm

ero

44 –

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bro

2008

Música nas

escolas

Por Moacyr Scliar

inha mãe, que era professora e gos-

tava de música, vibraria muito com

o projeto de lei nº 2732/2008, que

regulamenta a obrigatoriedade da educação

musical em escolas de todo o país, e que aten-

de a um fato tão básico quanto óbvio: poucas

coisas são tão importantes na existência hu-

mana quanto a música. Música é ritmo, músi-

ca é beleza; e beleza e ritmo são coisas das

quais temos vital necessidade, mesmo porque

são rítmicos os movimentos de nosso orga-

nismo: inspiração-expiração, sístole-diástole.

Música não é só parte da vida; é parte do uni-

verso, segundo Pitágoras, a quem devemos a

idéia da música das esferas: o sol e os plane-

tas, girando no espaço, geram, como se fos-

sem as cordas de um gigantesco instrumento

musical, uma melodia que expressa a harmo-

nia cósmica.

Todos nós temos a música embutida no

genoma. É por isso que as crianças adorme-

cem ouvindo uma cantiga de ninar; é por isso

que cantamos no banheiro, às vezes para de-

sespero de familiares e vizinhos. Não é de admirar, por-

tanto, o projeto longamente acalentado por minha mãe:

ela queria que eu, filho mais velho, me tornasse pianista.

Devo dizer que não tinha a menor vocação para tal, mas

essa objeção em nada diminuía o seu entusiasmo. Aca-

bou por me arranjar uma professora de piano, que mora-

va perto de nossa casa e não cobrava caro.

Esta senhora tinha um peculiar método de ensinar.

Sentava-se junto ao piano, empunhando uma espécie de

ponteiro de madeira duríssima, que servia para duas coi-

sas: mostrar as notas na partitura e dar nos dedos do

aluno quando este errasse, o que, no meu caso, era a

regra. Apanhei tanto que acabei chegando a uma con-

clusão: se um dia eu me tornasse pianista, seria o único

concertista sem dedos, porque ela sem dúvida iria ter-

minar com eles. Consegui, portanto, convencer minha

mãe de que o piano não era minha praia. Ela aceitou,

relutante, mas não desistiu: passou para o violino e de

novo arranjou um professor, um velho e melancólico

senhor. Esse não batia, mas a expressão de sofrimento

em seu rosto era insuportável – e compreensível: os sons

que eu tirava do violino lembravam os miados de um

gato sendo estrangulado. Para poupar o pobre homem,

desisti do violino também.

Mas isto são coisas do passado. A pedagogia musical

evoluiu muito, os professores são criativos e saberão va-

lorizar a esplêndida tradição de nosso país nesta área.

À exceção de um certo garoto pianista-violinista (ou nem

pianista nem violinista), o Brasil é música. A lei apenas o

reconhece e o fará ao som de pianos, de violinos, de tam-

borins e de um imenso – e afinado – coro de vozes juvenis.

M

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