entremulheres na prÉ-menopausa e pÓs menopausa. · menopausa, coorte hospitalar de ncro da mama...
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ROSA HELENA VALLINOTO DA SILVA SOARES
CORRELAÇÃO DOS PRINCIPAIS FACTORES PROGNÓSTICOS NO CANCRO DA MAMA RECEPTORES HORMONAIS NEGATIVOS ENTREMULHERES NA PRÉ-MENOPAUSA E PÓS MENOPAUSA.
Dissertação de candidatura ao grau
de Mestre em Oncologia Clínica
submetida ao Instituto de Ciências
Biomédica de Abel Salazar da
Universidade do Porto.
Orientador: Professor Doutor Carlos
Lopes
Categoria: Professor Catedrático
Afiliação: Instituto de Ciências
Biomédica de Abel Salazar da
Universidade do Porto.
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Rosa Vallinoto Soares │2010
5 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Fernando e Thereza, que sempre foram a base sólida da minha
formação pessoal, minha gratidão pelo amor, carinho e dedicação à minha formação
profissional.
Ao Alexandre, amigo e companheiro, que sempre incentivou me a ser melhor
como mulher e profissional e que ajudou-me em várias etapas deste mestrado. À sua
força positiva devo grande parte do meu sucesso.
À minha filha, Giovanna, que embora ainda muito pequena soube acalentar-me
nos momentos difíceis, mesmo sem compreender a minha ausência.
À minha sogra, Luísa, que dedicou se por completo à minha filha, para que eu
pudesse concluir este projecto.
À todos aqueles que sempre torceram pela minha realização profissional.
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7 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
AGRADECIMENTOS
A realização deste projecto só foi possível com a participação e contribuição de
inúmeras pessoas. Agradeço a todos que, directa ou indirectamente, contribuíram para
sua elaboração.
Ao Professor Carlos Lopes, meu orientador, pela atenção, pelas valiosas
sugestões e pelos ensinamentos recebidos durante todo o Curso de Mestrado e
elaboração desta tese.
À Dra. Noémia Afonso, pelo incansável apoio e incentivo para realização desta
tese, pela valiosa análise estatística, e pelos momentos de “intensa” produção intelectual.
À Dra. Helena Rodrigues pelo apoio para a realização deste mestrado.
À todos aqueles que tive o prazer de conhecer durante o ano lectivo do mestrado.
Às Dra. Marta Silva, Dra. Ana Castro e Dra. Yulyia Shvets pela amizade, apoio,
cumplicidade e disponibilidade sem limites.
À Dra Luísa Viterbo, pelo apoio e compreensão nesta fase final da realização da
tese, e pelo carinho nos momentos de extremo cansaço.
À Sra. Isabel Estrela e a Sra. Cristina Rocha pelo incansável trabalho de
solicitação dos processos.
Aos funcionários do arquivo clínico, pela competência em separar os processos
dos doentes em tempo útil.
Aos funcionários da Biblioteca, pela ajuda na revisão bibliográfica e na aquisição
das referências necessárias.
A todos os colegas da Clínica da Mama do IPO que, mesmo sem saber,
contribuíram muito para a realização deste trabalho, atendendo com carinho e grande
profissionalismo as doentes, preenchendo bem todos os campos dos processos.
Aos amigos que tiveram a paciência de escutar muitas vezes sobre este assunto e
que foram solidários ao longo deste processo.
Às doentes anónimas que contribuíram com suas doenças e seus dados. Sem
elas este trabalho não se realizaria.
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9 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
LISTA DE ABREVIATURAS
BRCA1/2 Gen supressor
CDI CarcinomaDuctal Invasor
CLI CarcinomaLobular Invasor
GH Grau Histológico
HER2 Receptor 2 do Factor de Crescimento Epidérmico Humano
IHC Imunohistoquímica
IPN Índice Prognóstico de Nottingham
IPO Instituto Português de Oncologia
Ki67 Proteína nuclear
MIB1 Anticorpomonoclonal
OMS Organização Mundial de Saúde
SEER Surveillance, Epidemiology and End Results
TNM Tamanho do tumor (T), Envolvimento ganglionar (N), Metástases (M)
TP53 Gen supressor
UICC União Internacional contra o cancro
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11 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Categorias relacionadas aos factores prognósticos/preditivos para o cancro
da mama, segundo recomendações da conferência de 1999 do Colégio
Americano de Patologistas. 28
Quadro 2: Classificação do carcinoma da mama, segundo a classificação da OMS. 31
Quadro 3: Definição das variáveis anatomopatológicas e biológicas relacionadas ao
prognóstico do cancro da mama avaliadas. 52
Quadro 4: Definição das variáveis anatomopatológicas e biológicas relacionadas ao
prognóstico do cancro da mama avaliadas. 53
Quadro 5: Característica da população estudada, e a classificação do IPN. 60
Quadro 6: Característica da população estudada, e a classificação do IPN. 61
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição das características da amostra incluindo aquelas com valor
prognóstico, segundo os grupos de mulheres na fase pré-menopausa e pós-
menopausa, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais
negativos, IPO,2003-2004, Porto. 62
Tabela 2: Distribuição das características da amostra incluindo aquelas com valor
prognóstico, de acordo com os grupos de mulheres na fase pré-menopausa e
pós-menopausa, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais
negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 63
Tabela 3: Distribuição das doentes segundo o Índice Prognóstico de Nottingham (IPN), de
acordo com os grupos de mulheres na fase pré- menopausa e pós-menopausa,
coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO,
2003-2004, Porto. 64
Tabela 4: Avaliação da sobrevivência global, segundo o estado hormonal em 2 anos e 5
anos, coorte hospitalar de cancro da mama com receptores hormonais
negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 66
Tabela 5: Avaliação da sobrevivência global, ajustada para estado hormonal, factores
determinantes de prognóstico, em 2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro
da mama receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 70
Tabela 6: Avaliação da sobrevivência global, ajustada para estado hormonal, IPN, em 2
anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais
negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 70
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
12
Tabela 7: Avaliação da sobrevivência global, segundo o estado hormonal, IPN em 2 anos
e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama com receptores hormonais
negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 73
Tabela 8: Avaliação da sobrevivência livre de progressão, segundo o estado hormonal
em 2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais
negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 75
Tabela 9: Avaliação da sobrevivência livre de progressão, ajustado ao estado hormonal,
factor determinante de prognósticos, em 2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de
cancro da mama com receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004,
Porto. 79
Tabela 10: Avaliação da sobrevivência livre de progressão, ajustado para o estado
hormonal, e IPN aos 2 e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama com
receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 79
ÍNDICE DE FIGURAS
FIG. 1- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 65
FIG. 2- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o estado
menopausa, IPO, 2003-2004, Porto. 66
FIG. 3- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o grau
histológico, IPO, 2003-2004, Porto. 67
FIG. 4- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o grau
histológico 3 e estado menopausa, IPO, 2003-2004, Porto. 68
FIG. 5- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o envolvimento
ganglionar e estado menopausa, IPO, 2003-2004, Porto. 69
FIG. 6- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o estádio, IPO,
2003-2004, Porto. 69
FIG. 7- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN, IPO,
2003-2004,Porto. 71
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13 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
FIG. 8 e 9- Curva de sobrevivência global de 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN, e estado
menopausa, IPO,2003-2004, Porto. 72
FIG. 10- Curva de sobrevivência global de 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN de pior
prognóstico, e estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto. 73
FIG. 11- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto. 74
FIG. 12- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, por estado menopausa, IPO,
2003-2004, Porto. 75
FIG. 13 e 14- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar
de cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o grau
histológico e estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto. 76
FIG. 15- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o envolvimento
ganglionar, IPO,2003-2004, Porto. 77
FIG. 16 - Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o envolvimento
ganglionar e estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto. 78
FIG. 17 e 18- Curvas de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte
hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o
estádio e estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto. 78
FIG. 19 - Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN, IPO,
2003-2004,Porto. 80
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Rosa Vallinoto Soares | 2010
15 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................................... 9
ÍNDICE ......................................................................................................................................................
RESUMO .................................................................................................................................................
ABSTRACT ............................................................................................................................................ 19
15
17
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 21
1. ASPECTOS GERAIS DO CARCINOMA DA MAMA ...................................................................... 23
1.1 IDADE AO DIAGNÓSTICO ...................................................................................................... 24
1.2 ESTADO HORMONAL .............................................................................................................. 25
1.3 FACTORES DE RISCO ............................................................................................................. 26
2. FACTORES PROGNÓSTICOS E PREDITIVOS ......................................................................... 26
26
2.1 FACTORES ANATOMOPATOLÓGICO ..................................................................................
2.1.1 TAMANHO TUMORAL E GÂNGLIOS AXILARES ............................................................ 27
2.1.2 INVASÃO VASCULAR/LINFÁTICA .................................................................................... 30
2.1.3 TIPO HISTOLÓGICO ............................................................................................................ 31
2.1.4 GRAU HISTOLÓGICO .......................................................................................................... 31
2.2 BIOMARCADORES .................................................................................................................. 33
2.2.1 RECEPTORES HORMONAIS .............................................................................................. 33
2.2.2 HER2....................................................................................................................................... 34
2.2.3 MARCADORES DE PROLIFERAÇÃO CELULAR (MIB-1/KI67) ..................................... 35
2.2.4 P53 .......................................................................................................................................... 36
................................................................................................36
2.2.5 CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR
II. JUSTIFICAÇÃO ............................................................................................................................. 39
III. OBJECTIVO ............................................................................................................................... 43
1. OBJECTIVO GERAL ..................................................................................................................... 45
2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 45
IV. PARTICIPANTES E MÉTODOS .............................................................................................. 47
3. TIPO DE ESTUDO ......................................................................................................................... 49
4. POPULAÇÃO E AMOSTRA ......................................................................................................... 49
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares | 2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
16
4.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ..................................................................................................... 49
4.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO .................................................................................................... 49
5. RECOLHA DE DADOS ................................................................................................................. 50
5.1 CONSTITUIÇÃO DA BASE DE DADOS .......................................................................... ……..51
6. VARIÁVEIS ESTUDADAS ........................................................................................................ 51
59
7. PROCESSAMENTO E ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ...........................................
7.1 ANÁLISE UNIVARIADA DESCRITIVA ................................................................................... 55
7.2 ANÁLISE DA SOBREVIVÊNCIA ............................................................................................. 55
V. RESULTADOS ............................................................................................................................... 57
VI. DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 81
VII. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 91
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 95
ANEXOS ............................................................................................................................................... 107
Rosa Vallinoto Soares │2010
17 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
RESUMO
Introdução: O carcinoma da mama é a neoplasia maligna mais frequente no sexo
feminino nos países desenvolvidos, representando, cerca 20% de todos os tumores
malignos1,2. A idade é considerada um importante factor de risco para o desenvolvimento
destas neoplasias, incluindo o cancro da mama. Dados da literatura sugerem que cerca
de 80% de todos os carcinomas da mama ocorre em mulheres com idade superior a 50
anos. O prognóstico das doentes com cancro da mama é extremamente variável, e cada
vez mais esforços se têm feito no sentido de identificar factores que, desde a altura do
diagnóstico, possam ser determinantes na estimativa do prognóstico de cada doente, de
modo a determinar o risco de recidiva50,51,52. Por outro lado a identificação de factores
preditivos de resposta a certos tratamentos permite uma adequada individualização da
terapêutica.
Objectivo: Comparar factores prognósticos anatomopatológicos e biológicos de
comprovada evidência científica em mulheres pré-menopausa e pós-menopausa, com o
diagnóstico de cancro da mama receptores hormonais negativos.
Material e métodos: Foi conduzido um estudo observacional retrospectivo com
delineamento do tipo descritivo em dados de processos de mulheres com diagnóstico de
cancro da mama receptores hormonais negativos, observadas na Clínica da Mama do
Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, E.P.E no Porto, no período entre 1 de
Janeiro de 2003 a 31 de Dezembro de 2004.Foram considerados dois grupos: doentes
em pré menopausa e doentes em pós-menopausa. Procedeu-se a caracterização da
população, avaliação da sobrevivência global e livre de progressão, comparação entre
grupos em função das variáveis consideradas de valor prognóstico, para além da
aplicação do Índice prognóstico de Nottingham.
Resultados: Um total de 151 doentes preencheu os critérios de inclusão. Verificou-se
uma maior frequência de mulheres em pós-menopausa (61% dos casos). Ambos os
grupos apresentaram maior frequência de carcinoma ductal invasor. Predominaram os
tumores entre 2 e 5 cm. O estádio II e o grau III foram os mais frequentes. A aplicação do
IPN identificou 9% (14) das doentes com bom prognóstico, 58% (88) com prognóstico
intermédio e 32% (49) com mau prognóstico. Relativamente à população estudada,
verificou-se uma sobrevivência maior aos 5 anos no grupo das mulheres em pós-
menopausa (77%). As doentes com menor taxa de sobrevivência, segundo IPN, foram as
de mau prognóstico (48%). O grupo das doentes em pós-menopausa obteve 60% de
sobrevivência global e o grupo das doentes em pré-menopausa 33%, embora sem
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
18
diferença estatisticamente significativa. A sobrevivência livre de progressão apresentou
resultados significativos, com menor taxa de recidiva nas doentes em pós-menopausa.
Conclusão: Verificou-se que os factores prognósticos estudados apresentam
distribuição semelhante entre os dois grupos. Houve maior tendência nesta amostra para
melhor sobrevivência global e livre de progressão nas doentes em pós-menopausa e
maior impacto de factores de mau prognóstico nas doentes em pré-menopausa,
contribuindo para a redução da sobrevivência.
Palavras-chave: cancro de mama, receptor estrogénio negativo, receptor progesterona
negativo, factores prognósticos, mulheres em pré-menopausa, mulheres em pós-
menopausa.
Rosa Vallinoto Soares │2010
19 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
ABSTRACT
Introduction: Breast cancer is the most common malignancy among women in
developed countries, representing approximately 20% of all malignant tumors.1,2Age is
considered an important risk factor for the development of these neoplasms, including
breast cancer. Studies suggest that about 80% of all breast cancers affect older than 50
years. The prognosis of patients with breast cancer is extremely uncertain, and,
increasing efforts have been made to identify factors that since the time of diagnosis may
be crucial to each patient prognosis; so that it can determine the recurrence risk50,51,52.
Moreover the identifications of predictors of response to treatments allow an appropriate
therapy.
Objective: Compare pathologic and biological prognostic factors of proven
scientific evidence in premenopausal and postmenopausal women diagnosed with
hormone receptor-negative breast cancer.
Materials and methods: A retrospective observational study was conducted with
delineation of a descriptive process data from women diagnosed with hormone receptor-negative breast cancer. They were observed in the Breast Cancer Unit in the Portuguese
Institute of Oncology Francisco Gentil, E.P.E in Oporto from January 1st 2003 to
December 31st, 2004. The studied population was divided into two groups:
premenopausal patients and postmenopausal patients. The characterization of this
population, the overall survival and progression-free survival assessment, compare
between groups the variable with prognostic value, and the Nottingham prognostic index
implementation were performed.
Results: A total of 151 patients fulfill the inclusion criteria. There was a
predominance of postmenopausal women (61% of cases). Both groups showed a higher
frequency of invasive ductal carcinoma. The tumors between 2 and 5 cm predominated.
The stage II and the stage III were more frequent. The NPI implementation has identified
9% (14) of patients with good prognosis, 58% (88) with intermediate prognosis and 32%
(49) with poor prognosis. The studied population, there was a higher survival at 5 years in
the postmenopausal women group (77%). Patients with a lower survival rate, according to
the NPI, were of poor prognosis (48%). The group of postmenopausal patients achieved
60% overall survival and the group of premenopausal patients 33%, although it is not
statistically significant. The progression-free survival showed lower recurrence rates in
postmenopausal patients.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
20
Conclusion: It was found that the prognostic factors studied showed a similar
pattern between the two groups. This sample showed a greater tendency for better overall
survival and progression-free results for the postmenopausal women and impact factors of
poor prognosis in patients in premenopausal women, contributing to the reduction of
survival.
Key words: breast cancer, estrogen receptor negative, progesterone receptor negative,
prognostic factors, premenopausal women, postmenopausal women.
Rosa Vallinoto Soares │2010
21 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Introdução
22
Rosa Vallinoto Soares │2010
23 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
I. INTRODUÇÃO 1. Aspectos gerais do carcinoma da mama
O carcinoma da mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres dos
países desenvolvidos, representando, aproximadamente 20% de todos os tumores
malignos1,2.Embora a investigação esteja cada vez mais desenvolvida, esta patologia
continua a ter taxas de mortalidade elevadas em todo o mundo.
A etnia, idade, hábitos alimentares, o estilo de vida, uso de terapêutica de
substituição hormonal, exposição a riscos ambientais, história familiar de cancro da
mama, presença de mutações nos genes BRCA1 eBRCA2 e a alta densidade mamária
são factores que interferem no desenvolvimento e diagnóstico desta neoplasia3,4. O
conhecimento destes factores influencia o diagnóstico, o tratamento e a história clínica do
cancro da mama e por este motivo constitui um desafio para muitos investigadores.
A Organização mundial de saúde (OMS) prevê que em 2010 o cancro será a
principal causa de morte no mundo ultrapassando as causas cardíacas e acidentes
vasculares cerebrais, e faz uma projecção em que até 2030 morrerão 12 milhões de
doentes com cancro por ano. Estima-se que aproximadamente 1.529.560 novos casos de
cancro sejam diagnosticados nos EUA em 2010, destes 209.060 correspondem a cancro
da mama, com uma estimativa de 40.230 mortes por esta neoplasia5. Na Europa foram
diagnosticados 449.871 novos casos de cancro da mama em 2008.Em Portugal, estima-
se 4.500 novos casos de cancro da mama por ano, com uma mortalidade de 1.500
doentes6.
A relação da prevalência do cancro de mama entre homens e mulheres é de 1
para 70-130 (homens/mulheres), em todo mundo7,8,9, o que nos permite inferir que o
ambiente endócrino associado ao sexo feminino é um factor determinante de risco.
A mamografia ainda é o método mais comum usado no rastreio do cancro da
mama e reduz a mortalidade em 20 a 35% em mulheres entre os 50 e os 69 anos10. A
sobrevivência global e as altas taxas de mortalidade são influenciadas pelo estádio
avançado de apresentação da doença11.O diagnóstico e o tratamento precoces diminuem
e contribuem para que estes doentes tenham uma melhor qualidade de vida. A
determinação de factores preditivos de resposta à terapêutica tem permitido que as
estratégias de tratamento sejam definidas de forma mais direccionada e eficaz12.
O prognóstico do cancro da mama, quando diagnosticado em estádios iniciais, é
normalmente favorável. Estima-se que a sobrevivência média global cumulativa, após
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
24
cinco anos, seja de 65% (variando de 53% a 74%) nos países desenvolvidos, e de 56%
(49% a 61%) em países em vias de desenvolvimento. Na população mundial, a
sobrevivência média, após cinco anos, é de 61%13.
1.1 Idade ao diagnóstico
A idade é considerada um importante factor de risco para o desenvolvimento de
tumores malignos, incluindo o cancro da mama. Dados da literatura sugerem que cerca
de 80% de todos os carcinomas da mama acomete mulheres com idade superior a 50
anos. A probabilidade de desenvolver um carcinoma invasor da mama em 10 anos é
inferior a 1,5% aos 40 anos, 3% aos 50 anos e superior a 4% aos 70 anos, resultando
num risco cumulativo ao longo da vida de 13,2%14.
A idade jovem tem sido apontada como um factor de prognóstico no carcinoma da
mama em mulheres. Antes dos 35 anos, o diagnóstico do cancro da mama é raro, mas
acima desta faixa etária, a sua incidência cresce rápida e progressivamente13,15. Estima-
se que 1% a 5% dos casos ocorram em mulheres abaixo dos 35 anos16,17,18,19,20,21, e que
em menos de 1% dos casos, em mulheres com idade inferior a 30 anos22.
A literatura aponta para uma maior incidência desta neoplasia acima dos 65 anos,
totalizando 48% dos casos, e mais de 30% acometendo mulheres com idade superior a
70 anos23,24,25. A prevalência e incidência do cancro da mama podem aumentar em 30%,
na próxima década, se a expansão da população idosa se mantiver22.
O cancro da mama ocorre com uma frequência nove vezes superior em mulheres
na fase pós-menopausa (> 50 anos) do que em mulheres muito jovens14. Enquanto a
maioria dos carcinomas mamários ocorre em mulheres pós-menopausa,
aproximadamente 2 a 5% dos tumores surgem em mulheres abaixo de 35 anos26,27,28.
Os estudos que identificam idade como um factor prognóstico independente de
sobrevivência são controversos. Alguns autores consideram que as mulheres jovens
apresentam pior prognóstico quando comparadas com mulheres de idade mais
avançada26,29,30,31,32,33, outros concluem não haver impacto do factor idade
noprognóstico34,35,36,37.
O diagnóstico precoce do cancro da mama em doentes muito jovens (≤ 35 anos)
encontra-se frequentemente, dificultado pela maior densidade mamária, baixa
sensibilidade à mamografia e pela interpretação errónea dos tumores considerados
benignos38. A sensibilidade da mamografia é menor em mulheres abaixo de 50 anos
(63% a 86%) quando comparada com a sensibilidade observada em mulheres com idade
superior a 50 anos, 89% a 94%38. O diagnóstico do cancro da mama em mulheres jovens
carece de uma abordagem cuidadosa, uma vez que a terapêutica deverá considerar
Rosa Vallinoto Soares │2010
25 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
algumas situações especiais como gravidez, fertilidade e contracepção, sexualidade e
imagem corporal, questões familiares e genéticas39.
As mulheres com idade ≤ 35 anos com diagnóstico de carcinoma da mama foram
consideradas desde a conferência de Saint Gallen de 1998 como um grupo de
prognóstico agressivo devido ao facto de apresentarem um comportamento clínico-
biológico diferente dos tumores que afectam as mulheres na fase pós-menopausa. Deste
modo, foi recomendado a este grupo o uso de terapêutica sistémica mais ofensiva. Na
conferência de Saint Gallen, em 2005, especialistas definiram como factor decisivo no
tratamento adjuvante a positividade ou não dos receptores hormonais. Propuseram
também, critérios que dividem os carcinomas da mama em subgrupos debaixo,
intermédio/médio e alto riscos, baseados nos factores clínicos (incluindo a idade) e
histologia, que tendo em atenção a presença ou ausência de receptores hormonais
devem orientara decisão sobre o tratamento a ser proposto às doentes40.
1.2 Estado hormonal
O estrogénio ao induzir o crescimento das células do tecido mamário, aumenta o
potencial de alterações genéticas e, consequentemente, o desenvolvimento do cancro da
mama41. Por isso, qualquer factor que leve a um aumento de estrogénio poderá constituir
um risco acrescido de uma determinada mulher desenvolver cancro da mama. Mulheres
com história de menarca precoce, que tiveram o primeiro filho em idade avançada,
obesidade na fase pós-menopausa, cancro do ovário, densidade mamária elevada,
doença mamária benigna, exposição ao tabaco, a radiações ionizantes apresentam um
risco elevado de desenvolver cancro da mama.
Carey, (2006) afirmou que as mulheres negras ou afro-americanas na fase pré-
menopausa apresentam duas vezes maior possibilidade de desenvolver carcinoma de
fenótipo basal (subtipo de carcinoma mamário caracterizado por expressão génica de
pior prognóstico) quando comparadas com mulheres brancas ou com mulheres afro-
americanas na fase pós-menopausa43.
O risco de recidiva e de morte é também maior quando comparado a mulheres na
fase pós-menopausa após o diagnóstico44. Os tumores nas jovens apresentam um
comportamento biológico mais agressivo e estão associados a um prognóstico mais
desfavorável. São tumores de alto risco, com margens comprometidas, um alto índice de
proliferação celular que revelam uma invasão vascular elevada, que têm um maior
número de gânglios axilares envolvidos, e normalmente, não manifestam receptores
hormonais14,28,45,46. Apesar do tratamento agressivo, as taxas de recorrência local e
metástases são altas.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
26
1.3 Factores de risco
Os estudos epidemiológicos realizados até à data identificaram alguns factores de
risco associados ao cancro da mama. Os factores genéticos e os factores hormonais
apresentam um importante papel neste tipo de carcinoma, principalmente quando este
está associado a outras variáveis tais como a raça, a obesidade, a história familiar de
carcinoma da mama48,49,50. Mutações no gene BRCA1, gene localizado no cromossoma 17q21, estão
presentes em 5% das mulheres com cancro da mama e apresentam um risco elevado de
aparecimento desta patologia em 50%-85% dos casos durante a vida da mulher. O
BRCA2, gene localizado no cromossoma 13q 12-13, está relacionado com o
aparecimento do cancro da mama em idade precoce e à ocorrência de cancro da mama
masculino. Carcinomas mamários com mutações genéticas são mais frequentes em
mulheres jovens51. Cerca de 5-10% dos cancros da mama são hereditários e cerca de 2/3
destes casos manifestam alterações destes genes52.
Outros factores hormonais, nomeadamente a menarca, a história gestacional, a
amamentação e a utilização de anticonceptivos estão associados ao risco de
desenvolvimento de carcinoma da mama. A idade precoce da menarca (< 12 anos) é
considerado um factor de risco provavelmente devido à exposição precoce ao meio
hormonal. Alguns autores sugerem que as mulheres com menarca precoce têm níveis
mais elevados de estrogénios, durante vários anos54,55,56.
A nuliparidade e a idade tardia da primeira gestação são consideradas na maioria
dos estudos como factor de risco elevado. Na opinião de alguns autores, a amamentação
reduz o risco das mulheres terem cancro da mama devido ao facto desta provocar
determinadas alterações hormonais tais como o aumento da prolactina e a diminuição da
produção de estrogénios57. O uso de anticonceptivos orais está, segundo muitos autores,
associado a um aumento do risco de carcinoma da mama.
2. Factores prognósticos e preditivos
O prognóstico das mulheres com cancro da mama é extremamente variável. Por
este motivo, têm sido realizados cada vez mais esforços no sentido de identificar os
factores que, desde a altura do diagnóstico, possam ser determinantes na indicação do
prognóstico de cada doente, de modo a que se possa determinar o risco de recidiva e
prever a resposta à terapêutica50,51,52.
Rosa Vallinoto Soares │2010
27 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Vários autores têm investigado inúmeras variáveis relacionadas com o cancro da
mama na tentativa de encontrar quais as que melhor podem vaticinar o prognóstico desta
neoplasia61, 62, 63, 64, 65, 66, 67.
Em 1977, Fischer considerou o cancro da mama como uma doença sistémica68.
Desde então, vários critérios têm sido discutidos na abordagem desta doença tão
heterogénea e com um comportamento clínico e biológico discrepante.
Os factores de prognóstico e preditivos são usados para determinar a decisão no
tratamento do cancro de mama, na medida em que possibilitam a identificação de
subgrupos de doentes que poderão ser beneficiados com as terapêuticas mais
agressivas, podendo também auxiliar as doentes que têm um prognóstico favorável com
um tratamento sistémico complementar20,27,65,69,70,71,72,73, 74,75.
Os factores de prognóstico são as características clínicas dos doentes e estão
associados aos aspectos patológicos e biológicos dos seus tumores. Têm ainda a
capacidade de prever o comportamento clínico da doença ou a sobrevivência do doente
no momento do diagnóstico. Por outro lado, os factores preditivos são definidos como as
características clínicas, patológicas e biológicas que são usadas para estimar a
probabilidade de resposta a um determinado tipo de terapia adjuvante76.
As variáveis consideradas na estratificação de risco que divide as doentes em
grupos de baixo, intermédio/médio e alto risco, segundo a Conferência de Consenso de
Saint Gallen de 2005, são a idade, o tamanho do tumor, o grau, a invasão vascular, as
metástases ganglionares e a sobre expressão do HER240.
Dingra e Hortobagyi77dividiram os potenciais factores de prognóstico para o
cancro da mama em quatro grupos distintos, que foram designados por geração. Cada
geração apresenta o agrupamento de algumas variáveis. Na primeira geração,
encontram-se os chamados factores anatómicos (o tamanho do tumor, o envolvimento
dos gânglios linfáticos) e a idade; na segunda geração, estão incluídos os que indicam
características patológicas quantitativas (grau, necrose do tumor, ploidia, índice mitótico)
e a resposta endócrina (receptores de estrogénio e de progesterona); na terceira
geração, entram os factores moleculares específicos reguladores de crescimento
(amplificadores de oncogenes e supressores de genes); e, na quarta geração ,factores
relacionados com as micro metástases na medula óssea, o polimorfismo de L-myc, o
Vimentin, entre outros.
A terceira e quartas gerações abrangem factores que são considerados muito
promissores, embora actualmente a sua utilização se encontre restrita aos estudos
experimentais; na tentativa de desenvolver factores de prognósticos definitivos para o
cancro da mama nas mulheres74,77,78,79.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
28
As recomendações utilizadas para os factores de prognóstico ou preditivos para o
cancro da mama foram elaboradas durante a conferência do Colégio Americano de
Patologistas, no mês de Junho de 199980,81. Nessa conferência foi proposta a divisão
destes factores em três categorias: a categoria 1 - compreendeu os factores de
prognóstico ou preditivos já comprovados e úteis na decisão clínica desses doentes; a
categoria 2 onde se incluíram os factores promissores como prognósticos ou preditivos
com alguma evidência na literatura; na categoria 3, encontraram-se aqueles que ainda
não foram suficientemente analisados para estabelecer o seu verdadeiro valor
prognóstico. O Quadro 1 apresenta estas categorias com as respectivas designações.
Quadro 1: Categorias relacionadas aos factores prognósticos/preditivos do cancro da
mama, segundo recomendações da conferência de 1999 do Colégio Americano de
Patologistas.
CATEGORIA 1
CATEGORIA 2
CATEGORIA 3
EstadioTNM Ploidia do DNA
Tipo Histológico Marcadores de
proliferação celular(MIB-1) Angiogênese tumoral
Grau Histológico c-erbB-2 (HER2/neu) EGFR
Contagens de mitoses P53 Transformador do factor alfa de crescimento
Receptores Hormonais Invasão vascular ou
linfática Bcl2, PS2 e catepsina –D
FONTE: Eisenberg82.
Os factores prognósticos com maior reprodutibilidade enumerados na literatura
são as características demográficas como por exemplo a idade, a menopausa e a etnia;
as características do tumor, o tamanho do tumor, o estado ganglionar, o subtipo e os
marcadores biológicos, que estão associados a processos biológicos envolvidos na
progressão do tumor (oncogenes alterados, genes supressores, factores de
crescimento)27,69,83,84.
2.1 Factores anatomopatológicos 2.1.1Tamanho do Tumor e Gânglios Axilares
Rosa Vallinoto Soares │2010
29 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
O tamanho do tumor e o aparecimento dos gânglios axilares são os dois
indicadores de prognóstico mais importantes para o cancro da mama e constituem a, a
base do estado clínico segundo o Sistema de Classificação dos Tumores Malignos
(TNM): T= tamanho do tumor; N= envolvimento dos gânglios axilares por tumor; M=
presença ou ausência de metástases à distância78.
Apesar do tamanho do tumor ser um factor dependente do tempo, muitos estudos
demonstraram que ele influencia no prognóstico do cancro da mama e, quanto maior for
a evolução da doença antes do primeiro tratamento, maior será o tamanho do tumor
quando for diagnosticado pela primeira vez 62,89,90.
Encontra-se directamente relacionado com o risco de recidiva, sendo que, nos
casos de doentes com ausência de envolvimento metastático dos gânglios axilares, o
tamanho do tumor torna-se o melhor factor a prever a possibilidade de recidiva65,75,78,83,87,
91,92.
Doentes com gânglios negativos e tumores menores que 1cm têm 90% de
probabilidade de sobrevivência livrem de doença em 10 anos80.
O envolvimento ganglionar é considerado o mais importante parâmetro
prognóstico. No entanto, o facto de existirem metástases é indicador de prognóstico
grave dado que 30% dos doentes com cancro da mama que apresentam gânglios
negativos irão certamente morrer da doença, se não efectuarem nenhuma terapêutica
adjuvante95. Apesar de ser potencialmente salutar, a terapêutica adjuvante envolve
drogas tóxicas ou hormonais que têm efeitos indesejáveis nos doentes. Deste modo, esta
torna-se restringida a um grupo de doentes com probabilidade elevada de recorrência da
doença, ou de morrer em decorrência desta96.
Segundo alguns autores, 20 a 30% das doentes com carcinoma de mama vão
reincidir, ainda que inicialmente apresentem gânglios axilares livres de metástases. Estas
doentes têm um elevado risco de morte por doença (doentes de alto risco), sendo por
isso candidatas a receber inicialmente tratamento sistémico agressivo. Outros autores
referem a possibilidade de cerca de 70-80% das doentes terem tido cura cirúrgica
provável sem a necessidade de terapia agressiva. As pesquisas actuais realizadas estão
direccionadas para identificar as doentes de alto risco66,80,89.
O número absoluto de gânglios envolvidos é também um relevante factor
prognóstico. Carcinomas mamários com 4 ou mais gânglios afectados têm um
prognóstico mais grave do que os que apresentam menos de 4 gânglios envolvidos40,80.
Diversos estudos demonstram que a sobrevivência em 5 anos de doentes com
gânglios negativos é de 82,2% comparada com 73% para 1-3 gânglios positivos, 45,7%
para 4-12 gânglios positivos e 28,4% para mais de 13 gânglios positivos75,96. Portanto, o
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
30
envolvimento de gânglios axilares é o factor mais consistente usado na decisão da
terapêutica adjuvante.
O prognóstico no cancro da mama depende não somente da presença de
metástases axilares, mas também da agressividade ou virulência do tumor93,94. Este por
sua vez depende do número de características biológicas intrínsecas, tais como o
aspecto morfológico, a taxa de crescimento, a condição dos receptores hormonais, a
invasão do tumor ou o poder de destruição tecidual93.
2.1.2 Invasão Vascular/Linfática
Considerando as características morfológicas do tumor primário (que podem ser
avaliadas durante o exame microscópico de rotina no cancro de mama), estão as
invasões de vasos sanguíneos e linfáticos por tumor. As evidências que sustentam o
potencial prognóstico das invasões vasculares e/ou linfáticas, e o seu valor prognóstico
ainda permanecem polémicos,97,98,99,100.
A invasão do espaço linfático e vascular no carcinoma da mama é um factor
preditivo independente de metástases nos gânglios axilares101,102,103, e, também, preditivo
para recorrência local. A taxa de recorrência de 38% em doentes com carcinoma da
mama em estádio I, com invasão linfática e vascular, comparada à 22% para casos sem
invasão foi verificada por Rosen (1989)104.
2.1.3 Tipo Histológico
Existe uma ampla variedade de padrões morfológicos de cancro da mama e estes
diferentes tipos, por si só, fornecem importantes informações prognósticas62.
A classificação mais frequentemente utilizada para os tipos de carcinoma da
mama é a classificação da OMS, seguindo o quadro abaixo2.
Rosa Vallinoto Soares │2010
31 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Quadro 2:Classificação do carcinoma da mama, segundo a classificação da OMS.
Tipo histológico
Carcinoma não invasor
Carcinoma invasor Doença de Paget`s no mamilo
Carcinoma Ductal in situ Carcinoma Lobular in situ
Carcinoma Ductal
invasor
Carcinoma Lobular
invasor
Carcinoma
mucinoso
Carcinoma medular
Carcinoma papilar
Carcinoma tubular
Carcinoma
adenóide cístico
Carcinoma secretor
Carcinoma apócrino
Carcinoma metaplásico
Carcinoma inflamatório
NOS
O carcinoma da mama é convencionalmente dividido em dois grande grupos: o
ductal com aproximadamente 85% dos casos de cancro da mama, e o lobular com 15%,
e estes grupos ainda são divididos em invasor e in situ2.
O carcinoma ductal in situ (CDIS), representa um pequeno, mas importante grupo
de carcinomas pré-invasores. Relativamente ao carcinoma invasor alguns tipos
representam um menor risco de disseminação e morte comparado a outros. Estes tipos
são os mucinoso, tubular, medular, papilar. O tipo medular é notório por causa da
disparidade entre a sua aparência histológica agressiva e seu comportamento clínico
menos agressivo, no entanto pode ser mais agressivo que os outros tipos mencionados52.
2.1.4 Grau Histológico
Greenhough (1925) declarou que a estrutura morfológica dos tumores estava
associada ao seu grau de malignidade. Esta teoria é estudada desde a década de 1920 e
permanece vigente até os dias actuais62. Em 1928, Patey e Scarf, ao reavaliarem o
método de Greenhough, consideraram somente 3 factores para fazerem a graduação do
cancro da mama invasor. O primeiro era a formação tubular, outro o pleomorfismo
nuclear e por último o número de mitoses107. Em 1957, Bloom e
Richardson108acrescentaram um valor numérico ao método descrito anteriormente.
Todavia, só em 1991, Elston e Ellis ponderaram o aumento da reprodutibilidade do
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
32
sistema61. Os carcinomas invasores da mama passaram, então, a ser classificados em
grau 1, ou bem diferenciados; grau 2, ou moderadamente diferenciados e grau 3 ou
pouco diferenciados61. Esta classificação é também conhecida por grau histológico de
Nottingham.
O grau histológico parece estar associado com o estado dos receptores
hormonais, o tamanho do tumor, o estádio e a ploidia e ser, em alguns estudos, factor
prognóstico independente relativamente à recidiva local e à metastização à
distância99,102,109. É definido como um factor prognóstico por estar, fortemente, associado
à sobrevivência global e livre de progressão110. A sobrevivência em 5 anos para os graus
histológicos 1, 2 e 3 é respectivamente, 75%, 53% e 31%108.
Apesar da utilidade destes parâmetros na conduta terapêutica, o curso clínico da
doença é inconstante devido às características individuais de cada tumor. Com base nos
achados do tamanho do tumor, envolvimento dos gânglios axilares e grau histológico
como os mais importantes factores prognósticos do cancro da mama, os europeus
elegeram o Índice Prognóstico de Nottingham (IPN) para estes tumores7.
Este índice foi obtido a partir de um estudo retrospectivo realizado em 1982, com
objectivo de pesquisar vários factores prognósticos. Um total de 387 doentes com
carcinoma da mama primário operável (tamanho clínico <5cm) entraram no estudo.
Foram analisados diversas variáveis, que foram consideradas importantes como factores
prognósticos e testadas em análise univariada, tais como: idade, condição pré ou pós
menopausa, tamanho do tumor, grau histológico, receptores hormonais e envolvimento
ganglionar, este último dividido em três grupos (A: nenhum gânglio envolvido; B: até 3
gânglios axilares baixos envolvidos (nível 1) ou gânglio da cadeia mamária interna; C: 4
ou mais gânglios axilares baixos envolvidos e/ou nódulo apical ou axilar baixo e da
cadeia mamária interna simultaneamente). No entanto, apenas três factores resistiram à
análise multivariada, permitindo a criação de um índice: tamanho do tumor, grau
histológico e envolvimento ganglionar74.
O IPN foi aplicado em inúmeras séries e tem demonstrado uma elevada
reprodutibilidade e confirmado seu valor prognóstico109.Para estar de acordo com as
exigências do IPN, o grau histológico é efectuado em todos os tipos de carcinomas
invasores da mama, independentemente do tipo histológico. Quanto maior o IPN, maior a
probabilidade de um prognóstico agressivo.
IPN = tamanho do tumor (cm) x 0,2 + envolvimento ganglionar (A, B, C – 1, 2, 3 –
respectivamente) + grau histológico (1, 2, 3).O Índice Prognóstico de Nottingham divide
as doentes em 3 grupos prognósticos, de acordo com a sobrevivência. O ponto de corte
utilizado é 3,4. Grupo de bom prognóstico (< 3,4); grupo de prognóstico intermédio (3,41
a 5,4) e grupo de mau prognóstico (> 5,41)74.
Rosa Vallinoto Soares │2010
33 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
2.2 Biomarcadores
A procura de marcadores biológicos na avaliação do prognóstico de doentes com
cancro tem sido uma prática corrente em Oncologia.
Os marcadores biológicos ou do tumor são substâncias presentes no tumor, no
sangue ou em outros líquidos biológicos; são inicialmente produzidos pelo tumor ou
posteriormente pelo doente como resposta à presença deste. É importante que esta
substância seja utilizada para diferenciar os tecidos normais dos tecidos neoplásicos e
que possa ser caracterizada ou quantificada mediante procedimentos relativamente
práticos79,112.
É necessário que este marcador esteja relacionado com as características
biológicas envolvidas no crescimento do tumor ou no processo da cascata metastática.
Este marcador poderá ser ainda considerado preditivo pelo facto de dar informações úteis
relativamente à selecção de doentes susceptíveis de responder a determinada
terapêutica66,113.
Os avanços no conhecimento da biologia molecular têm proporcionado um melhor
entendimento dos mecanismos fundamentais que regulam a proliferação e a
diferenciação celulares, assim como o desenvolvimento de metástases tumorais65,112.
2.2.1 Receptores Hormonais
Os receptores hormonais são proteínas nucleares atestadas pelas células do
epitélio mamário que controlam a mediação dos efeitos do estrogénio e da progesterona
neste epitélio. A sua positividade está associada a um menor risco de recidiva e aumento
da sobrevivência114.
Os receptores mais estudados no carcinoma da mama são os de estrogénio e os
de progesterona. Como sucede com outros hormonas esteróides, o estrogénio e a
progesterona penetram na célula onde se combinam com os seus ligantes e induzem a
transcrição do ADN no núcleo79,112.
A técnica mais utilizada para determinar dos receptores hormonais envolve a
ligação competitiva de um ligante esteróide radioactivamente marcado com o objectivo de
detectar o receptor, assim como o reconhecimento da proteína receptora por meio de
anticorpos específicos. Vários estudos compararam os dois métodos (o ensaio de ligação
do ligante x a imunohistoquímica) e demonstraram que a relação entre eles é elevada,
entre 80 e 90%76,116. Devido à sua relativa simplicidade, a imunohistoquímica tem vindo a
tornar-se o método preponderante para a medida de receptores hormonais117.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
34
Cerca de dois terços dos cancros da mama manifestam a proteína receptora
hormonal, sendo deste modo considerados positivos para os receptores hormonais (RH).
O valor do estudo dos receptores hormonais na previsão da resposta ao tratamento
hormonal do cancro da mama avançado tem um fundamento importante: a taxa de
resposta positiva é de 70 a 80% para os tumores positivos para ambos os
receptores63,113; 46% para os tumores negativos para receptor de estrogénio e tumores
positivos para o receptor de progesterona; 27% para os tumores positivos para receptor
de estrogénio e tumores negativos para receptor de progesterona e, apenas 11% para os
tumores negativos para ambos os receptores65,79,118.
Descreve-se que 30% das mulheres em pré-menopausa e 60% em pós-
menopausa com cancro da mama, apresentam valores mensuráveis de receptores
estrogénios85,95.
O valor prognóstico dos receptores hormonais é mais elevado nas mulheres na
fase pós-menopausa. As doentes com tumores positivos para o receptor de progesterona
e estrogénio apresentam um maior intervalo de tempo livre de progressão e maior
sobrevivência79e, também, a uma maior probabilidade de resposta à terapia hormonal79.
Aproximadamente, 60% a 75% dos carcinomas mamários são hormonas-
dependentes, positivos para receptor de estrogénio e/ou progesterona119. A manipulação
endócrina com tamoxifeno, inibidor da aromatase e ablação dos ovários faz parte da
terapia adjuvante na doença detectada em estádio precoce e da doença metastática para
os carcinomas mamários117.
Doentes que apresentam negatividade para ambos os receptores (estrogénio e
progesterona) mostraram um prognóstico mais grave do que aqueles que manifestaram
negatividade em apenas um receptor19. Logo, a manifestação destes receptores é
vantajosa em termos de sobrevivência livre de progressão e de sobrevivência global com
taxas que variam entre 10a 15%, o que beneficia os doentes com receptores hormonais
positivos76.
2.2.2 HER2
O c-erbB-2,Her2/neu ou Oncogeneneu é um proto-oncogene que está localizado
na banda q21 do cromossoma 17 e codifica uma proteína receptora transmembrana de
185kD, a proteína neu120,121, que possui uma sequência de aminoácidos com actividade
tirosina quinase intracelular semelhante ao receptor de crescimento epidérmico e actua
como um receptor de factor de crescimento. Este proto-oncogene é composto por quatro
elementos: receptores de factor de crescimento epidérmico EGFR/HER1, HER2, HER3 e
HER4122 e está devidamente validado como factor preditivo no cancro da mama123.
Rosa Vallinoto Soares │2010
35 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Este oncogene tem sido largamente estudado como um factor prognóstico
importante no carcinoma da mama desde que Slamon e al. (1987) evidenciaram uma
associação entre a amplificação c-erbB-2 e a evolução com um prognóstico
agressivo121,124 .
A sobrexpressão da proteína HER2 está presente em 20% a 30% dos carcinomas
invasores da mama125. Diversos estudos têm demonstrado a sua importância como um
marcador prognóstico independente relacionada a uma menor sobrevivência global e
tempo livre de progressão124, 125, 126, 127, 128. Esta sobrexpressão está associada ainda à
resistência à terapia antiestrogénica com tamoxifeno e preditor de benefício ao
tratamento com quimioterapia. Este está baseado em antraciclinas e associado ao uso do
anticorpo monoclonal humanizado anti-HER2 (Trastuzumab) tanto na terapêutica
adjuvante como na doença metastática126,129.
2.2.3. Marcadores de proliferação celular (MIB-1/Ki67)
A mitose consiste num indicador do ciclo celular nomeadamente na fase em que
ocorre a divisão celular, mas a contagem das mitoses requer padronização e envolve
certo grau de subjectividade130,131. Actualmente existem técnicas que permitem a
avaliação da proliferação celular e que detectam e quantificam as proteínas celulares
durante a proliferação celular, o que permite a identificação dos marcadores como por
exemplo oMIB-1 ou o Ki67131.
O MIB-1/Ki67 (anticorpo monoclonal) é uma proteína nuclear humana estritamente
associada com a proliferação celular. É utilizada na rotina patológica como um “marcador
de proliferação” cuja finalidade é medir a fracção de células em crescimento132.
Uma elevada proporção de células do tumor que coram para o MIB-1/Ki67 está
associada positivamente a um tumor de pouca diferenciação (alto grau histológico) e
inversamente ao número de receptores estrogénios, indicando um prognóstico
agressivo131. Os tumores com altos índices de proliferação celular são na maioria das
vezes tumores de alto grau de malignidade e também têm uma sensibilidade maior ao
tratamento131.
Doentes com tumores receptores de estrogénio positivo e com índices baixos de
proliferação celular apresentam melhor resposta à terapia hormonal, enquanto os
tumores com alto índice proliferativo apresentam, geralmente, uma resposta melhor à
quimioterapia66. As doentes com cancro da mama e axila negativa, cujos tumores
mostram um índice baixo de proliferação celular, propendem a ter um excelente
prognóstico, mesmo quando os tumores são grandes133.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
36
2.2.4. P53
O gene supressor de tumor TP53 (ou p53) localizado no cromossoma 17p13.1,
codifica uma fosfoproteína que desempenha um papel importante no controle do ciclo
celular. É capaz de bloquear o processo de divisão celular nas células que sofreram
lesão no seu ADN, permitindo que estas sejam reparadas e previne ainda o aparecimento
de cancro, pois impede que um ADN danificado seja transmitido às células filhas. No
caso de existir falha, a expressão mantida do p53 provoca diversos factos que conduzem
à morte celular (apoptose). A privação da função deste gene pode estar relacionada quer
ao início quer à progressão tumoral134,135.
A análise do p53 é essencial tanto para determinar o prognóstico como para
estabelecer se vai ou não haver resposta terapêutica. Relativamente à história natural do
tumor, verifica-se que quanto maior é o número de mutações, pior é o prognóstico da
doença.
As mutações do gene p53 constituem a anormalidade molecular mais observada
nos tumores sólidos em humanos e encontram-se em muitos tumores da mama. Estão
associadas a tumores mais agressivos e prognósticos mais graves 136,137,138,139.
2.2.5. Classificação molecular
A classificação molecular do cancro da mama é baseada em perfis de expressão
génica. Um grupo de investigadores identificou um conjunto de genes de expressão
estável, responsáveis por grande parte das diferenças moleculares do cancro da mama,
e com isso identificaram 5 subgrupos de cancro com diferentes perfis de expressão
génica: Luminal A e B, tipo basal (triplo negativo), tipo normal e cerbB2+. Alguns autores
têm demonstrado que o tipo basal-like onde falta a expressão dos receptores hormonais
e do HER2, têm comportamentos clínicos mais agressivos140,141.
Além de ter sido demonstrado o valor prognóstico desta classificação,
actualmente têm maior importância quanto à escolha da terapêutica mais direccionada a
cada doente.
Muitos estudos têm vindo a ser desenvolvido no sentido de caracterizar o valor
preditivo de recidiva neste grupo de tumores. Especificamente e com base em 3
marcadores imunohistoquímico como os receptores de progesterona (RP), os receptores
de estrogénio (RE) e o HER2, estes tumores podem ser classificados em tipo luminal (RE
ou RP positivos); HER2/neu positivo ou tipo basal (chamado de triplo negativos, por
apresentar negatividade para os RE,RP e HER2)52,140,141.
Rosa Vallinoto Soares │2010
37 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
A negatividade para RE (tipo basal e tipo HER2), é um critério demonstrado de
resposta positiva à quimioterapia, no entanto a sobrevivência destes tumores ainda é
pobre e o seu manejo requer intervenções alternativas mais agressivas141. Comparando
os HER2 positivos com os HER2 negativos, estes apresentam pior sobrevivência, com
menor espaço de tempo para um evento metastático141.
38
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39 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Justificação
40
Rosa Vallinoto Soares │2010
41 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
II. JUSTIFICAÇÃO Partindo da constatação de que o cancro da mama é um grande problema de
saúde pública a nível mundial, a proposta deste estudo é acrescentar à literatura médica
novos dados relacionados à sobrevivência dos doentes em cinco anos e também
evidenciar alguns factores de prognósticos desta neoplasia.
Sabe-se que os tumores com receptores hormonais negativos têm tendência para
serem menos diferenciado, de maior grau histológico, associado a maiores taxas de
recidiva e consequentemente mais agressivos. Embora por definição não sejam
considerados de alto risco, são tratados como tal devido a pouca opção terapêutica.
Baseando-se no perfil hormonal e nos conhecimentos de comprovada evidência
científica da categoria 1 45,46, apresentados no Quadro 1, analisaram-se e compararam-se
os factores de prognósticos de uma amostra hospitalar de doentes do sexo feminino com
carcinoma da mama receptores hormonais negativos entre grupos de doentes em de pré-
menopausa e pós-menopausa, inscritas e tratadas no Instituto Português de Oncologia
Francisco Gentil, E.P.E do Porto.
Os dados fornecidos neste trabalho poderão servir para dar subsídios para a
definição de melhores políticas de saúde, voltadas para o diagnóstico e tratamento
precoces, e, também, abordagens terapêuticas mais adequadas nestes grupos de
doentes.
42
Rosa Vallinoto Soares │2010
43 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Objectivos
44
Rosa Vallinoto Soares │2010
45 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
III. OBJECTIVOS 1. Objectivo geral
• Comparar factores prognósticos, anatomopatológicos e biológicos de comprovada
evidência científica em mulheres na fase pré-menopausa e pós-menopausa, com o
diagnóstico de cancro da mama receptores hormonais negativos. Os factores são:
• tamanho do tumor;
• envolvimento ganglionar axilar;
• estádio TNM;
• grau histológico;
• tipo histológico;
2. Objectivo específico •Calcular a sobrevivência global aos cinco anos de uma amostra hospitalar de doentes
com carcinoma da mama receptores hormonais negativos. •Calcular a sobrevivência aos cinco anos das doentes, segundo variáveis seleccionadas,
relacionadas com as características destas doentes e às características dos tumores,
pelo método de Kaplan Méier e teste log-rank.
•Calcular a sobrevivência livre de progressão de uma amostra hospitalar de mulheres
com carcinoma da mama receptores hormonais negativos.
•Calcular e interpretar, para os dois grupos estudados o Índice Prognóstico de
Nottingham.
46
Rosa Vallinoto Soares │2010
47 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Participantes e Métodos
48
Rosa Vallinoto Soares │2010
49 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
IV. PARTICIPANTES E MÉTODOS
1. Tipo de estudo
Tratou-se de um estudo observacional retrospectivo com delineamento do tipo
descritivo em dados de processos clínicos de mulheres com diagnóstico de cancro da
mama com receptores hormonais negativos, observadas na Clínica da Mama do Instituto
Português de Oncologia (IPO) Francisco Gentil, E.P.E no Porto, no período entre 1 de
Janeiro de 2003 a 31 de Dezembro de2004.
Os dados foram obtidos a partir dos processos clínicos de cada doente e
armazenados em base de dados construída para este estudo, através do programa
informático SPSS®v16.0.
Este projecto teve aprovação da Comissão de Investigação do Instituto Português de
Oncologia Francisco Gentil, E.P.E no Porto.
2. População e Amostra
Do total de 1841 doentes com diagnóstico de cancro da mama (casos incidentes),
no período de 1 de Janeiro de 2003 a 31 de Dezembro de 2004 admitidas na Clínica da
mama do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, E.P.E- Porto,
151preencheram os critérios de inclusão estabelecidos nesta pesquisa.
2.1 Critérios de inclusão:
▪ Doentes do sexo feminino, com diagnóstico histológico de carcinoma invasor da mama;
▪ Doentes que não apresentaram positividade à proteína receptora de estrogénios e
progesterona;
▪ Doentes com estádio pós-operatório I, II ou III, pelo critério tamanho, envolvimento
ganglionar, presença de metástases (TNM) da União Internacional Contra o Cancro
(UICC)63. (Anexo A)
2.2 Critérios de exclusão:
▪ Doentes do sexo masculino;
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
50
▪ Doentes com expressão de receptores hormonais;
▪ Doentes com estádio pós-operatório “0” (intraductal) ou IV (com metástase à distância), segundo critérios TNM da UICC63;
▪ Doentes submetidas a tratamento oncológico médico primário (neo-adjuvante) com
quimioterapia ou terapia hormonal;
▪ Outras formas de neoplasia maligna da mama que não carcinoma invasor e/ou recidiva
do tumor.
3. Recolha de dados
Com base no registo oncológico do Instituto Português de Oncologia Francisco
Gentil, E.P.E, no Porto, no período de 01 de Janeiro de 2003 a 31 de Dezembro de 2004,
que incluiu todos os doentes inscritos nesta instituição, foram seleccionadas todas as
mulheres que apresentavam diagnóstico recente de carcinoma invasor da mama.
O Registo inicial abrangia 1841 doentes com cancro da mama. Foram excluídos
os doentes do sexo masculino, os doentes que não receberam tratamento e/ou não foram
submetidos a nenhum procedimento, neste hospital, subsistindo, então, 1219 doentes.
O arquivo médico dessa instituição disponibilizou para revisão, e selecção os
processos das doentes com cancro da mama. No entanto, verificou-se que 37 processos
não foram localizados (3%). Na revisão dos processos, 20 casos foram eliminados. Estes
incluíam casos de doentes reincidentes, com recidiva do tumor e/ou manifestação de
metástases. Foram seleccionadas as doentes com diagnóstico de carcinoma da mama
com receptores hormonais negativos. No entanto, somente 151 doentes preencheram os
critérios de inclusão.
Considerou-se o início do seguimento dos doentes a data do diagnóstico
histológico dos casos, que foi considerado tempo zero (T0). E o período de
acompanhamento foi estabelecido até a data da última observação do doente e/ou morte.
A sobrevivência global foi ponderada desde a data do diagnóstico histológico até
a data da última observação do doente ou ocorrência de morte por qualquer causa. No
caso de doentes cujo seguimento foi perdido foi considerada a última data que constava
no processo que informava o estado de vida do doente. Nos processos em que constava
a informação do número de telefone, procedeu-se ao contacto com os familiares para se
conhecer a situação vital deste doente, visando minimizar o tamanho do erro por
enviesamento de informação.
Rosa Vallinoto Soares │2010
51 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Considerou-se a sobrevivência livre de progressão desde à data do diagnóstico
histológico até a data da primeira evidência de recidiva confirmada.
Foram considerados os óbitos de uma forma geral e distribuídos por causa
oncológica e não oncológica.
3.1 Constituição da base dados Todas as informações obtidas dos processos clínicos, dos exames
anatomopatológico e por informação telefónica, foram anexados à base de dados
construída para este trabalho de investigação. Este banco de dados foi realizado através
do programa SPSS®v16.
4. Variáveis Estudadas
• Idade
• Estado Hormonal
• Tipo histológico de carcinoma
• Estádio TNM
• Tamanho do tumor
• Envolvimento ganglionar
• Grau histológico
• HER2
• Tratamento realizado
• Sobrevivência global (meses)
• Índice prognóstico de Nottingham
As definições das variáveis estudadas, na análise descritiva dos casos, estão
detalhadas nos Quadro 2 e 3, a seguir.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
52
Quadro 3: Definição das variáveis anatomopatológicas e biológicas relacionadas ao
prognóstico do cancro da mama avaliadas.
VARIÁVEL DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO
Idade No momento da confirmação
diagnóstica.
Variável numérica em
anos completos de vida
Estado Hormonal Pré-menopausa, pós-
menopausa
Variável qualitativa
Tamanho do tumor
Medido em centímetros de
forma contínua,
para fins de análise, agrupada
em:
T1: até 2 cm
T2: de 2,1 a 5 cm
T3: acima de 5,1 cm
Variável contínua
Envolvimento ganglionar
Medido de forma contínua,
para fins de análise,
agrupada em:
N0 =sem comprometimento
N1 = 1 a 3 gânglios
comprometidos
N2 = 4 a 9 gânglios
comprometidos
N3= 10 ou mais gânglios
comprometidos
Variável contínua
Estádio patológico (pós-
operatório)
Avaliação do tamanho do
tumor, (medido em
cm) do comprometimento de
linfáticos axilares
e de metástases à distância,
pelos critérios
anatomopatológico da
UICC63.
Variável categórica
baseada
no estádio
anatomopatológico
pós-operatório
(TNM da UICC63)
(Anexo A).
Rosa Vallinoto Soares │2010
53 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Quadro 4: Definição das variáveis anatomopatológicas e biológicas relacionadas ao
prognóstico do cancro da mama avaliadas.
VARIÁVEL DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO
Tipo histológico
1 (Carcinoma ductal invasor)
2 (Carcinoma lobular invasor)
3 Outros
Variável qualitativa
Grau histológico
Grau 1 (bem diferenciado)
Grau 2 (moderadamente
diferenciado)
Grau 3 (pouco diferenciado)
Variável qualitativa
HER2 Positivo
Negativo
Variável qualitativa
IPN (Anexo B)
1 (inferior a 3,4)(bom)
prognóstico
2 (entre 3,41 e 5,4)
(prognóstico intermediário)
3(superior a 5,4) (mau
prognóstico)
Variável qualitativa
Tratamento realizado Cirurgia
Cirurgia + Quimioterapia
Cirurgia + Radioterapia
Cirurgia+ Quimioterapia+
radioterapia
Variável qualitativa
Sobrevivência global
(meses) Do momento do diagnóstico
até última observação ou data
do óbito
Variável numérica em
meses
Sobrevivência livre de
progressão (meses) Do momento do diagnóstico
até a data da evidência
confirmada de recidiva.
Variável numérica em
meses
As informações referentes a idade foram obtidas de forma numérica, para que se
pudesse calcular a mediana.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
54
As informações sobre o estado hormonal foram obtidas de acordo com registo
processual de cada doente, à data do diagnóstico. As doentes foram agrupadas de
acordo com a fase pré-menopausa e fase pós menopausa em que se encontravam.
O tamanho do tumor, o envolvimento ganglionar e o estádio estavam de acordo
com os critérios da UICC.
Quanto ao tipo histológico, foram incluídos somente os carcinomas invasores da
mama. Os invasores foram divididos em dois tipos, nomeadamente lobular e ductal.
Todos os outros foram englobados num grupo único e foram excluídos deste estudo os
carcinomas in situ. O grau histológico foi pré-definido no quadro 2.
Só foi possível aplicar o HER2 num número reduzido de casos devido ao facto de
este não ser um biomarcador utilizado de forma habitual nesta instituição no período em
que ocorreu o supramencionado estudo.
O Índice Prognóstico de Nottingham foi aplicado em todas as doentes, de acordo
com a fórmula: (Anexo B)
IPN = tamanho (cm) x 0,2 +grau histológico (1 a 3) + estádio ganglionar
O envolvimento ganglionar foi analisado de acordo com o número de gânglios
axilares envolvidos, isto é, 1= nenhum gânglios afectados, 2= um a três gânglios e 3 =
quatro ou mais gânglios.
Foram considerados diversas técnicas cirúrgicas tais como as tumorectomias, as
quadrantectomias e as mastectomias com ou sem esvaziamento axilar o que depende da
pesquisa do gânglio sentinela. Estes foram reunidos em dois grupos: o grupo das
doentes que efectuaram mastectomias e o grupo das doentes que efectuaram
tumorectomias.
O tempo de sobrevivência calculado em meses foi ponderado desde a data do
diagnóstico até a data da última observação, até a data do óbito ou até a data da última
informação disponível sobre o estado vital da doente.
O tempo para progressão foi calculado em meses desde a data do diagnóstico até
a data da verificação de progressão da doença.
5. Processamento e Análise Estatística dos Dados
O intervalo de confiança dos testes é de 95%, sendo o valor de p≤ 0,05
considerado estatisticamente significativo.
Rosa Vallinoto Soares │2010
55 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
5.1 Análise univariada descritiva
Foi utilizado o programa informático SPSS®v16 para análise estatística. Foi
realizada uma análise descritiva e univariada das variáveis como idade, estado hormonal,
tipo histológico, estádio TNM, tamanho do tumor, envolvimento ganglionar, grau
histológico, HER2 e tipo de tratamento, para determinar a distribuição destas variáveis
nas doentes em estudo. Através de uma análise exploratória foram estudadas
associações entre os grupos estudados e potenciais factores associados com o
prognóstico.
São identificadas diferenças nas proporções de acordo com grupos específicos
dos determinantes e estado hormonal são detectados e a significância estatística destas
diferenças, obtida pelo teste do Qui-quadrado e expressa pelo valor de “p” no nível de
confiança de 95%.
5.2 Análise da sobrevivência
A análise de sobrevivência em meses foi calculada desde a data do diagnóstico
histológico, até a ocorrência do óbito ou da última consulta hospitalar.
Através do aplicativo SPSS® para Windows, versão 16, utilizando o método de
Kaplan-Meyer (Kaplan&Meyer, 1958 - método não paramétrico que permite a
comparação entre diferentes categorias de uma variável durante o período de
sobrevivência para o cancro de uma determinada localização) e o teste log-rank (para
avaliação da significância estatística das diferenças entre as curvas de sobrevivência sob
a forma de um teste Qui-quadrado), foram obtidas curvas de sobrevivência global e
sobrevivência livre de progressão aos cinco anos para cada uma das variáveis
estudadas. Foi realizada análise de sobrevivência entre os grupos e ajustadas para os
diferentes factores de prognóstico.
56
Rosa Vallinoto Soares │2010
57 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Resultados
58
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59 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
V. RESULTADOS 1. Análise descritiva 1.1 Característica da população
Todas as doentes participantes no estudo (151) eram do sexo feminino com idade
mediana à data do diagnóstico de 53 anos (min: 20; max: 79). Com predomínio de
mulheres na fase pós-menopausa (93 casos), o que corresponde a 61,6% da amostra
estudada.
Salienta-se que todas as doentes foram submetidas a tratamento cirúrgico prévio,
sendo que 3 doentes (2%) não receberam outros tratamentos além do cirúrgico. A
maioria das doentes foi submetida a mastectomia (80%), a mama esquerda foi envolvida
em 80 casos (53%) e a mama direita em 71 (47%). Não existiram casos de carcinoma
bilateral nesta amostra.
O tipo histológico predominante foi o carcinoma ductal invasor com 138 casos
(91%); 91 casos (60,3%) tinham carcinoma Grau 3. Aproximadamente mais da metade
desta população (53,6%) apresentavam tumores T2. O tamanho do tumor variava entre
0,5 cm e 6,5 cm. Em 45% dos casos não houve envolvimento ganglionar (N0). Verificou-
se que 71,5% das doentes encontravam-se no estádio I ou II, de acordo com a
classificação de TNM.
O HER2 foi verificado apenas em 71 casos (47%) devido ao facto de ainda não
ser utilizado de forma habitual nesta Instituição no período estudado. Verificou-se
positividade em 35 (23,2%) dos casos, o que revelou uma amostra de 36 casos (23,8%)
de carcinoma da mama triplo negativos (não expressam receptores de estrogénio,
progesterona e não apresentam amplificação do HER 2).
Praticamente todas as doentes (96,6%) realizaram quimioterapia adjuvante; 77%
(117 casos) foram submetidas a radioterapia adjuvante. Somente 2% das doentes não
realizaram tratamento complementar. Destas, 115 doentes (76%) realizaram cirurgia,
quimioterapia e radioterapia.
O IPN foi calculado para todas as doentes, 88 doentes (58,2%) foram
classificadas com prognóstico intermédio e 49 mulheres (32,5%) com prognóstico ruim. O
IPN médio foi de 4,9.
À data da última observação verificou-se que apenas 47 casos (31,1%)
recidivaram/progrediram, destes 41 (27,2%) foram a óbito.
O Quadro 4 e 5 mostram os principias resultados da população estudada, assim
como a classificação do IPN.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
60
Quadro 5: Característica da população estudada, e a classificação do IPN.
VARIÁVEIS N(%)
Estado Hormonal (n=151) Pré-menopausa Pós-menopausa
58 (38,4)
93 (61,6)
Tipo de Cirurgia (n=151) Mastectomia Tumorectomia
120 (80)
31(20)
Lado (n=151) Direito Esquerdo
71 (47)
80 (53)
Tipo Histológico (n=151) Carcinoma Ducal Invasor Carcinoma Lobular Invasor Outros
138 (91,4)
4 (2,6)
9 (6)
Grau Histológico (n=151) 1 2 3
5 (3,3)
55 (36,4)
91 (60,3)
Tamanho do Tumor (n=151) T1 T2 T3
59 (39,19)
81 (53,6)
11 (7,3)
Nº de Gânglios Envolvidos (n=151) N0 N1 N2 N3
68 (45)
45(29,8
25 (16,6)
13 (8,6)
N0 N+
68 (45)
83 (55)
Rosa Vallinoto Soares │2010
61 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Quadro 6: Característica da população estudada, e a classificação do IPN.
VARIÁVEIS N(%)
Estádio (n=151) I II III
36 (23,8)
72 (47,7)
43 (28,5)
HER 2 (n=71) Positivo Negativo
35 (23,2)
36 (23,8)
Tratamento realizado (n=151) Cirurgia Cirurgia + Quimioterapia Cirurgia + Radioterapia Cirurgia + Quimioterapia + Radioterapia
3(2)
31 (21)
2 (1)
115 (76)
IPN (n=151) Prognóstico Bom Prognóstico Intermédio Prognóstico Ruim
14 (9,3)
88 (58,2)
49 (32,5)
Recidiva/Progressão (n=151) Sim Não
47 (31,1)
104 (68,9)
Estado na última Observação (n=151) VSEDa
VCEDb MSEDc MCEDd
102 (67,5)
6 (4)
2 (1,3)
41(27,2)
a-Viva sem evidência de doença; b- Viva com evidência de doença; c- Morte sem evidência de doença; d-
Morte com evidência de doença.
1.2 Característica da amostra por divisão de grupos
As doentes foram divididas em dois grupos de acordo com o estado hormonal à
data do diagnóstico: fase pré-menopausa e fase pós-menopausa. As tabelas 1, 2 e 3
apresentam a incidência dos factores de prognósticos estudados de acordo com os
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
62
grupos de interesse e os respectivos significados estatísticos, para as diferenças
encontradas quando se compararam os dois grupos.
Tabela 1: Distribuição das características da amostra incluindo aquelas com valor
prognóstico, segundo os grupos de mulheres na fase pré-menopausa e pós-menopausa,
coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO,2003-2004,
Porto.
CARACTERÍSTICAS PRÉ-MENOPAUSA
N(%) N=58
PÓS-MENOPAUSA N(%) N=93
P
Tamanho do tumor (n=151)
≤ 2 cm > 2 cm ≤ 5cm > 5cm
23 (39,7)
31 (53,4)
4 (6,9)
37 (39,8)
50 (53,8)
6 (6,4)
0,99
Envolvimento ganglionar(n=151) Negativo Positivo
1 a 3 gânglios 4 a 9 gânglios 10 ou mais
gânglios
27 (46,6)
15 (25,9)
13 (22,4)
3 (5,2)
41 (44,1)
30 (32,3)
12 (12,9)
10 (10,8)
0,28
N0 N+
27(46,6)
31(53,4)
41(44,1)
52(55,9) 0,86
Estádio(n=151) I II III
15 (25,9)
24 (41,4)
19 (32,8)
21 (22,6)
48 (51,6)
24 (25,8)
0,46
Rosa Vallinoto Soares │2010
63 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Tabela 2: Distribuição das características da amostra incluindo aquelas com valor
prognóstico, de acordo com os grupos de mulheres na fase pré-menopausa e pós-
menopausa, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO,
2003-2004, Porto.
CARACTERÍSTICAS PRÉ-MENOPAUSA
N(%) N=58
PÓS-MENOPAUSA N(%) N=93
P
Tipo Histológico(n=151) Carcinoma Ductal
invasor Carcinoma Lobular
invasor Outros
53 (91,4)
2 (3,4)
3 (5,1)
85 (91,4)
2 (2,2)
6 (6,6)
0,69
Grau Histológico(n=151) Grau 1 Grau 2 Grau 3
3 (5,2)
19 (32,8)
36 (62,1)
2 (2,2)
36 (38,7)
55 (59,1)
0,50
HER2 (n=71) Positivo Negativo
18 (31)
14 (24,1)
17 (18,3)
22 (23,7)
0,15
Tratamento Realizado(n=151) Cirurgia Cirurgia + QTa Cirurgia + RTb Cirurgia+ QTa+ RTb
2 (3,5)
12 (20,7)
1 (1,7)
43 (74,1)
1 (1)
19 (20,5)
1 (1)
72 (77,5)
0,50
a-Quimioterapia; b- Radioterapia
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Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
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Tabela 3: Distribuição das doentes segundo o Índice Prognóstico de Nottingham (IPN),
de acordo com os grupos de mulheres na fase pré- menopausa e pós-menopausa, coorte
hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
IPN (N=151)
PRÉ-MENOPAUSA N(%) N=58
PÓS-MENOPAUSA N(%) N=93
P
1 (Prognóstico Bom) 2(Prognóstico
Intermédio) 3(Prognóstico Ruim)
6 (10,4)
31 (53,4)
21 (36,2)
8 (8,6)
57 (61,3)
28 (30,1)
0,63
Verificou-se que em relação ao tamanho do tumor o grupo que apresentava
dimensões entre 2 e 5 cm foi predominante em ambos os grupos, com 53% dos casos.
Entre as doentes na fase pré menopausa o tamanho médio foi de 2,72 cm e nas doentes
na fase pós-menopausa foi de 2,66 cm.
A avaliação do envolvimento ganglionar foi verificada em todas as doentes. Há
que salientar que 68 doentes não apresentaram envolvimento ganglionar, 27 (46,6%)
encontravam-se no grupo das doentes na fase pré-menopausa e 41 (44,1%) no grupo
das doentes na fase pós-menopausa. Um total de 55% dos doentes apresentou gânglios
axilares positivos ao considerarmos os dois grupos. Quando se comparou a ocorrência
do envolvimento ganglionar em cada grupo a positividade foi um pouco mais frequente
nas mulheres na fase pós-menopausa com 52 doentes (62,6%); o grupo das doentes na
fase pré-menopausa a positividade foi de 37,4% (31 doentes). Ao comparar-se o
envolvimento ganglionar, verificou-se um predomínio de até 3 gânglios envolvidos em
ambos os grupos proporcionalmente maior nas mulheres na fase pós-menopausa com
32,3%.
Em relação ao estádio pós-operatório da neoplasia, 67,3% das mulheres na fase
pré-menopausa e 74,2% das mulheres na fase pós-menopausa encontravam-se nos
estádios mais precoces (I e II). Apesar de a incidência de estádio mais avançado (III) ter
ocorrido um pouco maior nas doentes na fase pré-menopausa com 32,8% (25,8% nas
doentes na fase pós-menopausa) não houve diferença estatisticamente significativa.
A avaliação do tamanho do tumor, o comprometimento dos gânglios axilares e o
estádio pós-operatório, de acordo com os grupos estudados, não apresentou uma
diferença estatisticamente significativa no nível de confiança de 95%.
O tipo histológico mais frequente em ambos os grupos foi o carcinoma ductal
invasor com 91%. Os Graus histológicos 2 e 3 foram os mais encontrados nos dois
Rosa Vallinoto Soares │2010
65 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
grupos, sendo o Grau 3 ligeiramente mais frequente no grupo das mulheres na fase pré-
menopausa com 62,1%.
A negatividade do HER 2 foi similar em ambos os grupos, com pouco mais de
20% dos casos. Verificou-se que proporcionalmente houve mais positividade no grupo
das mulheres na fase pré-menopausa (31%), comparado com o grupo das mulheres na
fase pós-menopausa (18,3%); contudo, sem diferença estatisticamente significativa.
Em ambos os grupos o tratamento adjuvante realizado após a cirurgia consistiu na
sua maioria em quimioterapia e radioterapia em mais de 70% dos casos.
O cálculo do IPN foi realizado em todas as doentes e constatou-se que as
maiorias das doentes encontravam-se na categoria de prognóstico intermédio,
independente do grupo.
1. Análise de sobrevivência global
Verificou-se que 106 doentes (70,2%) permaneceram vivas durante todo o estudo.
No decorrer do mesmo, 43 doentes faleceram, destas 41 (27,2%) pela doença oncológica
e 2 (1,3%) de outras causas. Foram perdidas durante o seguimento duas doentes (1,3%),
que ocorreram com 30 e 35 meses.
A sobrevivência global em 5 anos foi observada em 73% das doentes e o tempo
médio de sobrevivência de 51,4 meses. A figura 1 mostra a curva de sobrevivência global
da população estudada.
FIG. 1- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
A sobrevivência média no grupo das pré-menopausas foi de 68%, e no grupo da
pós-menopausa de 77%, sem diferença estatisticamente significativa.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
66
Na figura 2 pode-se observar as curvas de sobrevivência global, segundo os dois
grupos estudados, e pode-se observar que as doentes em pós-menopausa têm uma
sobrevivência global ligeiramente maior, embora sem diferença estatisticamente
significativa.
FIG. 2- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o estado menopausa,
IPO, 2003-2004, Porto.
p=0,2
A tabela abaixo mostra a sobrevivência global por divisão dos grupos por estado
hormonal, em 2 e 5 anos, respectivamente.
Tabela 4: Avaliação da sobrevivência global, segundo o estado hormonal em 2 anos e 5
anos, coorte hospitalar de cancro da mama com receptores hormonais negativos, IPO,
2003-2004, Porto.
SOBREVIVÊNCIA ANOS
PRÉ-MENOPAUSA %
PÓS-MENOPAUSA %
P
S2 87 88 0,2
S5 66 77 S2-Sobrevivência aos 2 anos; S5- Sobrevivência aos 5 anos
Verificou-se que a sobrevivência aos dois anos é sobreponível nos dois grupos,
no entanto aos cinco anos, observa-se uma melhor sobrevivência global para as doentes
Rosa Vallinoto Soares │2010
67 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
em pós-menopausa, embora sem diferença estatisticamente significativa. A média de
sobrevivência global foi de 68 meses no grupo das pré-menopausa e 76 meses no outro
grupo. Este estudo revela uma tendência maior de sobrevivência para as mulheres em
pós-menopausa.
No final de 60 meses, 68% das doentes que apresentavam grau 3 encontravam-
se vivas, comparada com 75% no grau 2.
FIG. 3- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o grau histológico, IPO,
2003-2004, Porto.
p=0,22
Com relação aos tumores pouco diferenciados, 61% das doentes em pré-
menopausa que apresentaram grau de diferenciação 3, estavam vivas após 5 anos,
comparada com 74% das doentes em pós-menopausa, sem diferença estatisticamente
significativa.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
68
FIG. 4- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o grau histológico 3 e
estado menopausa, IPO, 2003-2004, Porto.
p=0,27
Um total de 53% das doentes em pré-menopausa apresentava envolvimento
ganglionar; destas 47% permaneceram vivas aos 5 anos. Da percentagem de mulheres
em pós-menopausa (71%) com gânglios positivos, 68% estavam vivas após os 5 anos,
sem diferença estatisticamente significativa.
Rosa Vallinoto Soares │2010
69 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
FIG. 5- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o envolvimento
ganglionar e estado menopausa, IPO, 2003-2004, Porto.
p=0,062
Entre as doentes que apresentavam estádio I tiveram sobrevivência global aos 5
anos 94% da amostra, seguida do estádio II com 74% e 53% no estádio III, com diferença
estatisticamente significativa.
FIG. 6- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o estádio, IPO, 2003-
2004, Porto.
p< 0,0001
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
70
Tabela 5: Avaliação da sobrevivência global, ajustada para estado hormonal, factores
determinantes de prognóstico, em 2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama
receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
FACTORES DE PROGNÓSTICOS
PRÉ-MENOPAUSA PÓS-MENOPAUSA
P S2
%
S5
%
MEDIANA
(MESES)
S2
%
S5
%
MEDIANA
(MESES)
G 1 100 100 100 100 -
2 73,7 73,7 94,4 80,5 0,56
3 94,4 61 83,6 73,9 0,27
N N0 96 88,6 95,1 87,6 0,67
N+ 80,6 47,5 50,5 82,7 68,7 0,062
T <2cm 95,7 87 97,3 86,2 0,9
2-5cm 87,1 53,5 82 71,5 0,19
>5cm 50 50 13,53 83,3 66,7 0,42
Estádio
I 100 100 100 90 0,21
II 100 64 89 79 0,34
III 63 42 75 62 0,2
Tabela 6: Avaliação da sobrevivência global, ajustada para estado hormonal, HER2, em
2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos,
IPO, 2003-2004, Porto.
HER 2
POSITIVO NEGATIVO
P S2 %
S5 %
MEDIANA (MESES)
S2 %
S5 %
MEDIANA (MESES)
PRÉ-MENOPAUSA
77 39 41,9 85 57 53,2 0,2
PÓS-MENOPAUSA
82 47 95 95 0,001
Relativamente aos factores determinantes de prognóstico, verificou-se que no
caso das doentes com tumores bem diferenciados a sobrevivência global foi de 100% ao
fim de 2 e 5 anos. Todavia, quando se compararam os tumores pouco diferenciados, com
grau histológico 3, este estudo mostrou maior sobrevivência aos cinco anos para o grupo
das mulheres na fase pós-menopausa, embora sem diferença estatisticamente
significativa.
Rosa Vallinoto Soares │2010
71 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Quanto ao envolvimento ganglionar, a sobrevivência após dois anos foi
sobreponível entre os grupos, já aos cinco anos o grupo das mulheres na fase pós-
menopausa apresentou melhores resultados, sem diferença estatisticamente significativa.
As doentes que apresentaram tumores menores que dois centímetros tiveram melhor
sobrevivência aos dois e cinco anos, com resultados semelhantes em ambos os grupos.
Contudo, quando comparados os tumores maiores que cinco centímetros o grupo das
mulheres na fase pós-menopausa apresentou melhores resultados, embora sem
diferença estatisticamente significativa.
Quanto a avaliação do HER2, verificou-se que as doentes que não apresentaram
a super-expressão do HER2 tiveram melhor sobrevivência global, e comparativamente
com os dois grupos, as doentes em pós-menopausa apresentaram melhores resultados,
com diferença estatisticamente significativa. No entanto, este resultado não pode ser
representativo tendo em vista pequena amostra, neste estudo e por isso foi avaliada
separadamente.
FIG. 7- Curva de sobrevivência global aos 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN, IPO, 2003-2004,
Porto.
p<0,0001
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
72
A sobrevivência global, segundo o IPN, comparativamente aos grupos estudados,
apresentou-se semelhantes para os prognósticos bom e intermédio, no entanto quando
considerado o grupo de mau prognóstico os nossos resultados revelam maior
sobrevivência aos 5 anos para o grupo das mulheres em fase de pós-menopausa, com
diferença estatisticamente significativa.
FIG. 8 e 9- Curva de sobrevivência global de 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN, e estado
menopausa, IPO,2003-2004, Porto.
Fig.8
Fig.9 p= 0,0001
Rosa Vallinoto Soares │2010
73 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Tabela 7: Avaliação da sobrevivência global, segundo o estado hormonal, IPN em 2 anos
e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama com receptores hormonais negativos,
IPO, 2003-2004, Porto.
IPN
PRÉ-MENOPAUSA PÓS-MENOPAUSA
p S2
%
S5
%
S2
%
S5
%
1 100 100 100 100 -
2 96,8 83 93 82 0,7
3 71,4 33,3 75 59,2 0,07
S2-Sobrevivência aos 2 anos; S5- Sobrevivência aos 5 anos
Relativamente ao IPN, verificou-se que todas as doentes classificadas como bom
prognóstico mantiveram-se vivas aos 5 anos, e observou-se a sobrevivência global em
81% das doentes do grupo de prognóstico intermédio e 48% nas de mau prognóstico,
com diferença estatisticamente significativa.
FIG. 10- Curva de sobrevivência global de 5 anos, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN de pior
prognóstico, e estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto.
p=0,07
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
74
O IPN de bom prognóstico apresentou sobrevivência de todas as doentes após os
cinco anos. No entanto as doentes com mau prognóstico houve melhor resultado no
grupo das pós-menopausas, sem significado estatisticamente significativo.
2. Análise da sobrevivência livre de progressão.
A média da sobrevivência livre de progressão foi de 69 meses. Verificou-se que 47
(31%) doentes recidivaram, sendo que destas 29 (49%) ocorreram nos 2 primeiros
anos do diagnóstico. O grupo das mulheres em fase de pré-menopausas apresentou
recidiva em 23 doentes (39%), e no grupo da pós-menopausa em 24 doentes (25%).
FIG. 11- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
A sobrevivência livre de progressão comparando os grupos estudados foi maior
nas doentes em pós-menopausa, com média de 73 meses. Aos 5 anos, 77% das doentes
deste grupo apresentaram-se sem evidência de recidiva, comparado com 59% no grupo
das pré-menopausas.
Rosa Vallinoto Soares │2010
75 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
FIG. 12- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, por estado menopausa, IPO, 2003-
2004, Porto.
p=0,041
Tabela 8: Avaliação da sobrevivência livre de progressão, segundo o estado hormonal
em 2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama receptores hormonais
negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
SOBREVIVÊNCIA LIVRE DE
PROGRESSÃO (ANOS)
PRÉ-MENOPAUSA %
PÓS-MENOPAUSA %
P
SLP2 72 86 0,041
SLP5 59 77 SLP2-Sobrevivência livre de progressão aos 2 anos; SLP5- Sobrevivência livre de progressão aos 5 anos
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
76
Quando comparou-se o estado menopausa com o grau histológico observou-se que as
doentes que encontravam-se na pós-menopausa apresentaram maior sobrevivência livre
de progressão, com diferença estatisticamente significativa.
FIG. 13 e 14- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar
de cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o grau histológico e
estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto.
Fig. 13 p=0,23
Fig.14 p=0,12
Rosa Vallinoto Soares │2010
77 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
As doentes sem envolvimento ganglionar apresentaram maior sobrevivência livre
de progressão.
Ao compararmos os dois grupos com envolvimento ganglionar, as doentes em pós
menopausa apresentaram melhor sobrevivência livre de progressão, com diferença
estatisticamente significativa.
FIG. 15- Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o envolvimento
ganglionar, IPO,2003-2004, Porto.
p=0,009
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
78
FIG. 16 - Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o envolvimento
ganglionar e estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto.
p=0,019
As doentes em pós-menopausa com estádio II e III apresentaram melhor
sobrevivência livre de progressão, com resultados estatisticamente significativo.
FIG. 17 e 18- Curvas de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte
hospitalar de cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o estádio e
estado menopausa, IPO,2003-2004, Porto.
Figura 17 Figura 18
p=0,33 p=0,3
Rosa Vallinoto Soares │2010
79 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
A tabela 8 compara os factores determinantes de prognóstico por subgrupos
estudado e mostra a sobrevivência livre de progressão, com as respectivas medianas,
nos casos aplicáveis.
Tabela 9: Avaliação da sobrevivência livre de progressão, ajustado ao estado hormonal,
factor determinante de prognósticos, em 2 anos e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da
mama com receptores hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
FACTORES DE PROGNÓSTICOS
PRÉ-MENOPAUSA PÓS-MENOPAUSA
P SLP2
%
SLP5
%
MEDIANA
(MESES)
SLP2
%
SLP5
%
G
1 66 66 100 100 0,41
2 73 62 89 80 0,23
3 71 57 83 74 0,12
N N0 88 84 95 87 0,9
N+ 58 38 31 78 68 0,009
T
<2cm 91 82 97 86 0,67
2-5cm 63 45 38,8 78 71 0,081
>5cm 25 25 10,9 83 66 0,074
Estadio
I 93 93 100 90 0,76
II 78 64 87 78 0,33
III 47 26 17,7 70 62 0,03 SLP2-Sobrevivência livre de progressão aos 2 anos; SLP5- Sobrevivência livre de progressão aos 5 anos
O envolvimento ganglionar e o estádio apresentaram diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos, com melhor sobrevivência livre de progressão para as
doentes em fase de pós-menopausa.
Tabela 10: Avaliação da sobrevivência livre de progressão, ajustado para o estado
hormonal, e IPN aos 2 e 5 anos, coorte hospitalar de cancro da mama com receptores
hormonais negativos, IPO, 2003-2004, Porto.
IPN
PRÉ-MENOPAUSA PÓS-MENOPAUSA
SLP2
%
SLP5
% p
SLP2
%
SLP5
% p
1 100 100
<0,0001
100 100
0,009 2 86 75 91 82
3 43 24 71 60
SLP2-Sobrevivência aos 2 anos; SLP5- Sobrevivência aos 5 anos
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
80
De acordo com o IPN, a sobrevivência livre de progressão é francamente melhor
na mulheres em pós-menopausa quando comparados os grupo de prognósticos
intermédio e agressivo. Mesmo ao analisar o grupo considerado de mau prognóstico, a sobrevivência livre
de progressão foi maior nas doentes em pós-menopausa, ao fim de 5 anos 60% destas
doentes encontravam-se sem evidência de recidiva, comparado a 24% das doentes em
pré-menopausa, com significado estatístico.
FIG. 19 - Curva de sobrevivência livre de progressão, Kaplan Meier, coorte hospitalar de
cancro da mama receptores hormonais negativos, ajustada para o IPN, IPO, 2003-2004,
Porto.
p<0,0001
As diferenças encontradas relativamente a sobrevivência livre de progressão que
foram estatisticamente significantes no nível do intervalo de confiança de 95%, foram
ajustadas para efeito de confundimento, considerando-se o grau histológico, o
envolvimento ganglionar, o estádio e IPN, na análise multivariada perderam o significado
estatístico após o ajuste.
Rosa Vallinoto Soares │2010
81 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Discussão
82
Rosa Vallinoto Soares │2010
83 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
VI- DISCUSSÃO
O cancro da mama representa, na Europa, a principal causa de morte por cancro
nas mulheres6. É actualmente uma das doenças com grande impacto global inclusive a
nível económico101. Os dados estatísticos indicam um aumento na incidência desta
doença, tanto nos países desenvolvidos, como nos países em desenvolvimento142. De
acordo com os estudos publicados na literatura, a probabilidade de se desenvolver
cancro da mama aumenta com a idade, e embora prevaleça em mulheres na fase pós-
menopausa, a doença ocorre, em praticamente, todos os grupos etários a partir da idade
reprodutiva9.
A incidência crescente, a heterogeneidade e a taxa elevada de mortalidade desta
neoplasia, têm estimulado pesquisas com o objectivo de identificar factores que facilitem
a compreensão do comportamento biológico desta neoplasia8.
Neste estudo, em 151 casos, encontrou-se uma amostra de 61% de mulheres na
fase pós-menopausa e 38% nas mulheres na fase pré-menopausa com idades que
variaram entre 45 e 77 anos. A literatura encontrada, embora evidencie mais os grupos
etários, com poucos autores que dividem por estado menopausa, tem demonstrado
resultados semelhantes143,144, e considera a idade como um dos factores de risco mais
importantes. Ocorre uma percentagem de dois casos em cada três de cancro da mama
em mulheres acima dos 55 anos, com um risco contínuo após a menopausa e até os 75
anos nos EUA e Norte da Europa. No Japão existe diminuição da incidência da doença
após os 45 anos141.
O desenvolvimento natural do cancro da mama ainda não está bem esclarecido,
tendo em vista que o seu comportamento evolutivo é uniforme em todas as mulheres. Na
tentativa de encontrar respostas para esta divergência comportamental de alguns
tumores que possuem as mesmas características clínicas, utilizam-se factores
prognósticos, previamente estudados, que envolvem o contexto geral do cancro da
mama, e avalia-se, portanto, a associação das diferenças no tempo livre de progressão e
a sobrevivência global11.
De acordo com o Consenso do Colégio Americano de Patologia de 199980,
referido previamente, este estudo propôs-se a avaliar os factores prognósticos com
evidência científica comprovada, como, o tamanho do tumor, o envolvimento dos gânglios
axilares, o estádio pós-operatório, o tipo e o grau histológicos, e o IPN, a considerar a
amostra de mulheres com cancro da mama receptores hormonais negativos.
Na revisão da literatura, um estudo retrospectivo realizado por Pierga et al138,
descreveram estes factores como independentes da idade e do estado menopausa.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
84
Os dados apresentados na literatura demonstraram que mais de 90% dos
carcinomas da mama são do tipo ductal invasor, o que é frequentemente descrito por
outros por outros autores84,89,146.
Alguns autores sugerem que as doentes mais jovens apresentam em menor
percentagem os carcinomas lobulares, os quais estariam associados a uma maior
sobrevivência quando comparados com os carcinomas ductais. Declaram ainda que a
incidência de carcinomas lobulares é mais frequente nas mulheres na fase pós-
menopausa107,141.
Daidone et al.25 descreve o tipo histológico ductal invasor como o mais frequente
nas doentes jovens e o tipo lobular nas doentes mais velhas.
Os nossos dados também reproduzem alguns estudos encontrados na literatura,
mas sem diferença entre os grupo analisados, houve um predomínio do carcinoma ductal
invasor em, seguido do tipo lobular.
Relativamente ao grau histológico, vários estudos têm demonstrado a existência
de uma associação entre o grau histológico e a sobrevivência no cancro da mama
invasor61,96. A determinação do grau histológico é, actualmente, reconhecida como um
importante factor prognóstico61.
Uma forte correlação entre o grau histológico e o prognóstico é mencionado por
Elston et al.61: em ambos, o intervalo livre de doença e a sobrevivência global são piores
naquelas doentes com tumores pouco diferenciados, comparado àqueles tumores bem
diferenciados.
Num estudo realizado em 2004 por Foxcroft38, os resultados apresentaram uma
diferença estatisticamente significativa para a associação entre o grau de diferenciação e
a idade; as mulheres com menos de 40 anos apresentaram proporcionalmente tumores
indiferenciados, comparativamente às mulheres mais velhas.
Rodrigues85 realizou um estudo comparando mulheres nas fases pré e pós
menopausa e concluiu, quanto ao grau histológico, que em 46% dos tumores de doentes
jovens predominou o grau 3; embora este autor ao comparar o grupo das doentes na fase
pré-menopausa com as doentes na fase pós-menopausa não encontrou diferenças
estatisticamente significativas.
Os dados que recolhemos estão de acordo com a literatura, tendo sido observada
uma maior incidência dos graus histológicos 2 e 3 em ambos os grupos. Observou-se um
predomínio do grau histológico 3 nas mulheres na fase pré-menopausa em relação às
mulheres na fase pós-menopausa, porém estatisticamente, sem significado. Embora os dados da literatura indiquem que os tumores bem diferenciados
tendem a ter um baixo índice proliferativo, e expressem receptores hormonais, a nossa
Rosa Vallinoto Soares │2010
85 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
amostra apresenta 5 casos com grau histológico I, em uma percentagem que se encontra
em outros estudos relatados na literatura145,146.
Mesmo sendo o grau histológico um factor independente de prognóstico, Bloom108
demonstrou que o valor prognóstico seria maior se combinado com o envolvimento
ganglionar.
O tamanho do tumor, associado com a condição dos gânglios axilares, é um dos
mais importantes indicadores prognósticos para o cancro de mama, tanto que se
constituem na base do estádio TNM estabelecido e promulgado pela UICC2,69,91,108.
Vários autores20,29 encontraram tumores maiores e estádios mais avançados em
doentes mais jovens.
La Rochefordiere et al.143, não observaram diferenças significativas no tamanho
do tumor, entre as doentes estudadas pelos seguintes grupos etários: com menos de 33
anos, de 34-40 anos e mais de 40 anos.
Na série de Schmidt66, das 183 doentes com menos de 35 anos, em que o
tamanho do tumor pôde ser avaliado, a média foi de 2,6 cm, verificando-se que 85% das
doentes tinham tumores menores que 5 cm66.
O estudo conduzido pelo The Surveillance, Epidemiology and End Results
(SEER), nos Estados Unidos em 1989, confirmou a importância prognóstica
relativamente ao tamanho do tumor primário em doentes com gânglios axilares negativos.
Para tumores menores que dois centímetros, os doentes sem envolvimento ganglionar ou
com 1 a 3 gânglios positivos tinham de 77% a 99% de sobrevivência global aos cinco
anos, enquanto aqueles com 4 ou mais gânglios positivos tinham no máximo 64% de
sobrevivência84.
Nos dados descritos por Daidone74, 32% das doentes jovens e 47% das doentes
com mais de 65 anos não tiveram envolvimento ganglionar e quando se avaliou a
metastização de 1 a 3 gânglios, 33,1% das jovens e 26,2% das idosas estavam neste
subgrupo; no 3º grupo, com mais de quatro gânglios positivos, as jovens tiveram 34,3% e
as idosas, 26,4%.
Na nossa amostra verificou-se que mais da metade da população tinham tumores
entre 2 e 5 cm e 55% desta população apresentaram envolvimento ganglionar. Um total
de 71% dos casos encontrava-se no estádio I e II.
Muitos estudos têm surgido sobre o significado prognóstico da expressão
aumentada do HER2 em doentes com câncer de mama invasor, tanto com axila positiva
quanto com axila negativa. Muitos autores sugerem que a presença da expressão do
HER2 seja um sinal de prognóstico desfavorável, e esteja associado a menor
sobrevivência globa60,125,146.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
86
A nossa amostra embora muito pequena e representativa apenas da metade da
amostra estudada, sugerem melhor sobrevivência global as doentes triplo negativas em
pós-menopausa.
A literatura é escassa em dados que comparem a população por estado
menopausa, associado a factores de prognóstico, e mais frequentemente encontram-se
estudos com divisão por grupo etários, por isto torna-se difícil a comparação dos nossos
achados com estudos prévios. Apesar de na literatura existir diferença significativa entre
os dois grupos etários, a nossa amostra apresentou resultados semelhantes entre ambos
os grupos, sem diferença estatisticamente significativa. Este facto pode ser explicado
talvez pela idade das doentes na fase pré-menopausa da nossa amostra ter variado até
os 50 anos.
Alguns estudos ao comparar as doentes em pré-menopausa e em pós-
menopausa associado ao estado dos receptores hormonais, concluem haver uma
discriminação substancial entre os grupos, principalmente nos tumores com expressão
dos receptores hormonais145,146.
Os carcinomas da mama receptores hormonais negativos tem pior diferenciação
morfológica e apresenta uma taxa de incidência menor, comparado com os receptores
hormonais positivo que aumenta, ao invés de diminuir com a menopausa145,146.
Alguns autores descrevem que a frequência com que os tumores que contém
receptores hormonais de estrogénio e progesterona e a concentração destes receptores
que aumentam com a idade do doente, atingindo maiores níveis na pós-menopausa145,146,
A nossa amostra revelou uma população substancialmente maior de mulheres em pós-
menopausa com receptores hormonais negativos.
Na inquirição de uma melhor resposta para a evolução destes tumores, os
europeus adoptaram o IPN que reflecte o prognóstico do cancro da mama aliado ao
tamanho do tumor, envolvimento ganglionar e grau histológico, sendo que quanto maior o
IPN, pior o prognóstico61.
A aplicação do IPN foi estabelecida, na nossa amostra em todas doentes, e
mostrou que somente 9% das doentes apresentaram índices menores do que 3,4 (bom
prognóstico). Em 2005, um estudo realizado a mulheres japonesas em que foi aplicado o
IPN em 311 doentes foram encontrados resultados semelhantes ao grupo de Nottingham.
Além disso, foi definido um subgrupo de excelente prognóstico com índice ≤ 2,4, e para
este grupo sugeriram que não haveria necessidade de saber a amostra de gânglios
acometidos, nem a realização de terapêutica sistémica adjuvante.
No presente estudo, comparando os subgrupos, identificou-se similaridade nos
dois grupos, em relação ao prognóstico, havendo predomínio de índices favoráveis em
ambos os grupos.
Rosa Vallinoto Soares │2010
87 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Relativamente ao grupo de bom prognóstico, observou-se uma sobrevivência aos
5 anos de todas as doentes, e uma sobrevivência de 60% no grupo das mulheres na fase
pós-menopausa que apresentaram pior prognóstico, o que não está de acordo com o
relatado na literatura. A maioria dos autores mostram uma sobrevivência os 5 anos
pequena para o grupo de pior prognóstico.
O grande problema concentra-se no subgrupo de IPN moderado, no qual são
classificadas em torno da metade das doentes. Comparando os dois subgrupos desta
amostra, verificou-se uma semelhança na sobrevivência aos 5 anos, sem significado
estatisticamente significativo.
A comparação do IPN com a literatura em relação à divisão dos grupos por estado
hormonal não foi possível por não se terem encontrado publicações neste sentido.
O valor do estudo dos receptores de estrogénio e progesterona, na previsão da
resposta ao tratamento hormonal do cancro da mama, tem forte embasamento, sendo a
expressão de receptores hormonais um factor mais preditivo de resposta ao tratamento
hormonal do que propriamente um factor prognóstico8,48,49,73,78.
Os receptores de estrogénio e progesterona estão largamente associados com a
idade da doente ao diagnóstico, sendo significativamente mais positivos nos tumores nas
mulheres na fase pós-menopausa85.
Segundo Kothari144, os carcinomas nas mulheres mais jovens apresentam uma
alta incidência de negatividade para os receptores de estrogénio e progesterona e, se
considerarmos que os tumores nas jovens são normalmente de risco elevado, estas
revelações não são surpreendentes.
O estudo de Rodrigues85 não apresentou diferença na incidência da expressão de
receptor de estrogénio na fase de pré e pós-menopausa. Em ambos os grupos, a maioria
dos tumores foi receptor de estrogénio positivo.
Quando se avalia ambos os grupos, verifica-se uma maior incidência de mulheres
na fase pós-menopausa com receptores hormonais negativos, tendo em vista que este
estudo abordou apenas doentes sem expressão de receptores hormonais.
Segundo Eisenberg82, a maioria dos autores indica que existe uma associação
negativa entre a ausência de receptores hormonais (RH) e um prognóstico mais
desfavorável.
Na opinião de vários autores, a melhor sobrevivência é verificada no grupo de
mulheres com idade entre 45 e 49 anos, podendo o estádio clínico ser um factor de
confusão, se tiver em consideração que, na média, esse grupo de mulheres tem o
diagnóstico estabelecido mais precocemente do que aquelas dos demais grupos
etários7,19,20,47,78.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
88
Os nossos resultados mostraram que o grupo das mulheres na fase pós-
menopausa apresentou uma sobrevivência global maior do que no grupo da fase pré-
menopausa e que embora sem diferença estatisticamente significativa, os nossos dados
parecem revelar uma tendência de as mulheres na fase pré-menopausa a terem pior
prognóstico, talvez pela maior agressividade dos tumores.
Quando associado aos factores de prognóstico como o estádio, grau histológico e
envolvimento ganglionar, houve diferença estatisticamente significativa na sobrevivência
livre de progressão, com melhores resultados nas mulheres em fase de pós-menopausa.
O rápido crescimento dos tumores nas doentes mais novas poderia explicar as
altas taxas de recidivas locais precoces ou à distância. Em contraste, o crescimento lento
da doença poderia justificar o aparecimento mais tardio da recorrência nas doentes mais
velhas.
Nota-se que nos últimos anos a área da investigação dos tumores malignos tem
vindo a crescer de forma exponencial. As informações sobre as pesquisas do genoma a
alta tecnologia são utilizadas para desenvolver progressos no diagnóstico, prevenção e
tratamento. Com o advento das assinaturas moleculares associado a uma abordagem
tradicional clínica e anatomopatológica, pode se tornar possível uma melhor identificação
dos factores prognósticos e uma resposta direccionada ao tratamento.
Dados na literatura sugerem que os tumores da mama receptores hormonais
negativos estão associados a um prognóstico ruim e consequentemente a uma pior
sobrevivência global41.
Osborne115 verificou em um estudo com 281 doentes que os carcinomas da mama
receptores hormonais negativos apresentaram uma taxa de recorrência maior e
consequentemente um curto intervalo de sobrevivência livre de progressão comparados
aos tumores com receptores hormonais positivos. Estes resultados coincidem com outros
estudos publicados na literatura62,110,115.
Descreve-se que doentes com receptores hormonais negativos têm menor
sobrevivência livre de progressão após tratamento primário, uma pior sobrevivência
global e menor sobrevivência após a recidiva comparada com doentes com receptores
hormonais positivos, sendo estas desvantagens independente do estado de envolvimento
ganglionar52.
Os nossos resultados são de uma população com receptores hormonais
negativos, e por não haver na nossa amostra um grupo de comparação com doentes que
apresentem tumores com expressão dos receptores hormonais, os nossos resultados
não podem ser comparados com outros dados descritos na literatura com relação a
sobrevivência global e a sobrevivência livre de progressão.
Rosa Vallinoto Soares │2010
89 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Embora muito estudado nos últimos vinte anos, o mecanismo pelo qual os
receptores hormonais actuariam na evolução da doença ainda não é totalmente
esclarecido. O valor prognóstico desses receptores varia de acordo com a idade,
envolvimento ganglionar e tempo de seguimento após a cirurgia.
Costa, analisou a sobrevivência de 670 doentes com carcinoma da mama, por
mais de dez anos, e mostrou que o benefício significativo dos receptores de estrogénio e
progesterona aparece até cinco anos de seguimento; após esse período, as doentes que
apresentaram receptores positivos ou negativos tiveram quase a mesma taxa
desobrevivência42.
O rápido crescimento dos tumores nas doentes mais novas poderia explicar as
altas taxas de recidiva locais precoces ou à distância. Em contraste, o crescimento lento
da doença poderia justificar o aparecimento mais tardio da recorrência nas doentes mais
velhas.
Nota-se que nos últimos anos a área da investigação dos tumores malignos tem
vindo a crescer de forma exponencial. As informações sobre as pesquisas do genoma a
alta tecnologia são utilizadas para desenvolver progressos no diagnóstico, prevenção e
tratamento. Com o advento das assinaturas moleculares associado a uma abordagem
tradicional clínica e anatomopatológica, pode se tornar possível uma melhor identificação
dos factores prognósticos e uma resposta direccionada ao tratamento.
Não foram encontradas na literatura pesquisada, referências de outros estudos
que comparassem os factores prognósticos do cancro da mama, entre grupos divididos
pelo estado hormonal, e em uma amostra de mulheres sem a expressão dos receptores
hormonais, conforme apresentado pelo presente estudo.
Decidiu-se pelo estado menopausa com o objectivo de avaliar a influência
hormonal dos ovários, durante a evolução do cancro da mama. Observou-se durante o
estudo que os factores prognósticos são os mesmos nos dois grupos, não havendo
diferença estatisticamente significativa entre eles, no que concerne a sobrevivência global
destas doentes, o que pode ser justificado pelo tamanho da amostra, no entanto quando
comparado com sobrevivência livre de progressão, as doentes em pós-menopausa
tendem a ter menores chances de recidiva.
No entanto, para que possa concluir-se efectivamente que o estado hormonal
possa ser um factor independente de prognóstico é necessário prosseguir com esta linha
de pesquisa, com o aumento do tamanho da amostra, para poder compor uma melhor
curva de sobrevivência livre de doença e de mortalidade em ambos os grupos. O que
poderá futuramente determinar com precisão a influência do estado hormonal na
evolução do cancro da mama.
90
Rosa Vallinoto Soares │2010
91 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Conclusão
92
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93 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
VII. CONCLUSÃO
Os tumores da mama receptores hormonais negativos, embora não sejam
classificados como alto risco, são considerados agressivos, associado a uma taxa de
recidiva maior e pior sobrevivência. Os nossos resultados apenas vêm contribuir aos
dados da literatura, no sentido de caracterizar esta população, apresentando uma
sobrevivência global e livre de progressão semelhante a vários estudos no carcinoma da
mama.
Este estudo apresenta limitação na amostra por ser pequena, não havendo
diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos estudado, relativamente a
sobrevivência global, no entanto os resultados revelam maior tendência para um pior
prognóstico nas doentes em pré- menopausa.
Relativamente a sobrevivência livre de progressão, este estudo revela, dados
estatisticamente significativo, em que as mulheres em pós-menopausa têm menores
taxas de recidiva, mesmo quando associado a factores de pior prognóstico.
Os factores prognósticos avaliados para o cancro da mama foram o tamanho do
tumor, o envolvimento ganglionar, o estádio pós-operatório, o grau histológico, e o Índice
Prognóstico de Nottingham e estes não diferem de maneira absoluta nos dois grupos
estudados relativamente a sobrevivência global.
As mulheres na fase pré-menopausa apresentaram carcinomas da mama em
estádio mais avançado com características mais agressivas e evoluíram com
sobrevivência global e livre de progressão menores do que o verificado nas doentes na
fase pós-menopausa.
Os resultados deste estudo indicaram uma sobrevivência global de 5 anos de
73%, o que é bastante reduzida, tendo em vista o plano educacional cada vez maior, com
incentivo ao auto-exame e a política de rastreio ambulatório.
Os programas educativos e de detecção precoce pela mamografia devem ser
ainda melhor promovidos; deve-se implementar uma melhor educação populacional
principalmente nas classes menos favorecidas para impedir o desenvolvimento de
tumores de grande tamanho e, assim, provocar a consequente diminuição das elevadas
taxas de mortalidade registadas devido ao cancro da mama.
Ao fazer uma análise das doentes com receptores hormonais negativos, descrito
por muitos autores como de prognóstico desfavorável, associando ao estado hormonal,
verificou-se impacto na sobrevivência livre de progressão quando ajustado aos factores
prognósticos descritos nas doentes em fase de pós-menopausa.
Rosa Helena Vallinoto da Silva Soares │2010
Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
94
Embora não se faça um estudo comparativo com as doentes com tumores
receptores hormonais positivos e não se possa concluir, relativamente a população total
deste estudo, que os carcinomas da mama receptores hormonais negativos tenham pior
prognóstico, os nossos resultados concluem ao comparar os grupos por estado de
menopausa que a ausência hormonal tanto ovárica quanto na expressão do tumor é um
factor associado a uma melhor sobrevivência.
Terá o estado hormonal um papel importante na carcinogênese dos tumores da
mama que não expressem receptores hormonais? A esta pergunta, só estudos
prospectivos e com coortes significativamente maiores poderão tentar dar resposta.
.
Rosa Vallinoto Soares │2010
95 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Bibliografia
96
Rosa Vallinoto Soares │2010
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Rosa Vallinoto Soares │2010
107 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Anexos
108
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109 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Anexo A Estádio anatomopatológico do carcinoma da mama – pTMN
Tamanho do tumor (pT) pTx Tamanho não pode ser avaliado
pT0 Sem evidência de tumor primário
pTis Carcinoma in situ (ductal-CDIS, lobular-CLIS ou doença de Paget do mamilo
associada a CDIS ou CLIS )
pT1 ≤ 20 mm de maior dimensão
pT1mi ≤ 1 mm de maior dimensão
pT1a > 1 mm e ≤ 5 mm de maior dimensão
pT1b > 5mm e ≤ 10 mm de maior dimensão
pT1c > 10 mm e ≤ 20 mm de maior dimensão
pT2 > 20 mm e ≤ 50 mm de maior dimensão
pT3 > 50 mm
pT4 Tumor de qualquer tamanho, com extensão directa para a parede torácica e/ou
pele (ulceração ou nódulos cutâneos).
pT4a Parede torácica, não inclui músculo peitoral
pT4b Edema de pele ou ulceração ou nódulos satélites de pele
pT4c T4a e T4b
pT4d Carcinoma inflamatório
Gânglios regionais (pN) pNx Não podem ser avaliados
pN0 Sem metástases ganglionar
pN0(i-) Sem metástases ganglionar
pN0(i+) Sem metástases ganglionar regionais, IHC positiva, sem conglomerados IHC >
0.2 mm
pN0(mol-) Sem metástases ganglionar regionais, avaliação molecular negativa
pN0(mol+) Sem metástases ganglionar regionais, avaliação molecular positiva
pN1 Micrometastases ou metástases em gânglios axilares homolateral (um a 3
gânglios) e/ou gânglios da cadeia mamária interna.
pN1mi Micrometástases > 0.2mm ≤ 2 mm
pN1a Micrometástases ou metástase em 1 a 3 gânglios axilares
pN1b Metástases em gânglios da cadeia mamária interna
pN1c pN1a + pN1b
pN2 Metástases em 4 a 9 gânglios axilares ou gânglios da cadeia mamária interna. pN2a Micrometástases ou metástase em 4 a 9 gânglios axilares (com pelo menos um
depósito tumoral >2mm)
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Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
110
pN2b Metástases em gânglios da cadeia mamária interna
pN3 Metástase em 10 ou mais gânglios axilares; ou gânglios infraclaviculares; ou
gânglios da cadeia mamária interna ou gânglios supraclaviculares homolateral.
pN3a Metástase em 10 ou mais gânglios axilares (com pelo menos um depósito
tumoral >2mm); ou gânglios infraclaviculares.
pN3b Metástases clinicamente detectadas homolateral na cadeia mamária interna.
pN3c Metástases nos gânglios supraclaviculares homolateral.
Metástases a distância (M) pMx Presença de metástase à distância não pode ser avaliada.
pM0 Sem metástase à distância
pM1 Metástases à distância (incluindo gânglios considerados não regionais).
Estádio
Estádio 0 Tis N0 M0
Estádio IA T1 N0 M0
Estádio IB T0
T1
N1mi
N0
M0
M0
Estádio IIa
T0
T1
T2
N1
N1
N0
M0
M0
M0
Estádio IIb T2
T3
N1
N0
M0
M0
Estádio IIIa T0
T1
T2
T3
N2
N2
N2
N1, N2
M0
M0
M0
M0
Estádio IIIb T4 Qualquer N M0
Estádio IIIc Qualquer T N3 M0
Estádio IV Qualquer T Qualquer N M1
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111 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
Anexo B Índice Prognóstico de Nottingham (IPN).
IPN = tamanho (cm) x 0,2 + grau (1 a 3) + estádio ganglionar (*)
(*) O estádio ganglionar recebe um valor numérico:
(1): sem envolvimento ganglionar;
(2): com envolvimento de até três gânglios axilares baixos (ou de nível 1) ou cadeia
mamária interna;
(3): envolvimento de quatro ou mais gânglios baixos e/ou gânglio apical (ou de nível 3) ou
qualquer gânglio nível 1 com mamária interna simultaneamente.
IPN: inferior a 3,4 (bom prognóstico)
IPN: entre 3,41 e 5,4 (prognóstico intermediário)
IPN: superior a 5,4 (mau prognóstico)
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Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
112
Anexo C- Ficha de recolha de dados
Carcinoma da mama receptores hormonais negativos
IPO Porto 2003-2004
Processo:________________ Nome:_____________________________________
Data de nascimento: ____/_____/_____ Data Diagnóstico:____/_____/_____
Idade:_____________
Menopausa: Sim □ Não □
EAP: CDI □ CLI □ Misto (CDI+ CLI) □ C. Misto- outros □ Medular □
Outros □ ___________________
Tamanho do tumor: _______________mm
T: T1 □ T2 □ T3 □ T4 □
Nº de gânglios: _____________
N: N0 □ N1 □ N2 □ N3 □
M: M0 □ M1 □
Grau: G1 □ G2 □ G3 □
Estádio: I □ II □ III □ IV □
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113 Correlação dos principais factores prognósticos no cancro da mama receptores hormonais negativos entre mulheres na pré-menopausa e pós-menopausa
HER2: Sim □ Não □
Tratamento: Cirurgia □ QT □ RT □ Cirurgia (data: ___/___/____)
Recidiva: Sim □ Não □
Data da recidiva: ____/_____/____
IPN: 1 □ 2 □ 3 □
Data da última observação: ____/_____/____
Estado da última observação: VCED □ VSED □ MCED □ MSED □
Data óbito: ____/____/_____
Investigadora: Rosa Vallinoto Soares
CDI: Carcinoma Ductal invasor
CLI: Carcinoma Lobular invasor
IPN: índice Prognóstico de Nottingham
VCED: viva com evidência de doença
VSED: viva sem evidência de doença
MCED: morte com evidência de doença
MSED: morte sem evidência de doença
114