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ENTRE BARULHOS E GRITOS: OCORRÊNCIA DE DISFONIA FUNCIONAL E ORGÂNICA- FUNCIONAL EM ADOLESCENTES ESCOLARES DO SEXO FEMININO MARGARETH ATTIANEZI MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA FACULDADE DE MEDICINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ORIENTADORA: DRA. CARMEN ILDES FRÓES ASMUS RIO DE JANEIRO 2004

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ENTRE BARULHOS E GRITOS:OCORRÊNCIA DE DISFONIA FUNCIONAL E ORGÂNICA-

FUNCIONALEM ADOLESCENTES ESCOLARES DO SEXO FEMININO

MARGARETH ATTIANEZI

MESTRADO EM SAÚDE COLETIVANÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

FACULDADE DE MEDICINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ORIENTADORA: DRA. CARMEN ILDES FRÓES ASMUS

RIO DE JANEIRO2004

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Entre Barulhos e Gritos: Ocorrência de disfonia funcional e orgânico-funcional em adolescentes

escolares do sexo feminino

Margareth Attianezi

Dissertação submetida ao corpo docente do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Profa. - Orientadora

Dra. Carmen Ildes Fróes Asmus

Profa. - NESA/UERJ Dra. Maria Helena Ruzany

Profa. _____________________________________ - NESC/UFRJ Dr. Volney de Magalhães Câmara

Rio de Janeiro2004

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Attianezi, MargarethEntre barulhos e gritos: Ocorrência de disfonia funcional e orgânico-funcional

em adolescentes escolares do sexo feminino / Margareth Attianezi. Rio de Janeiro:

UFRJ, NESC, 2004.

x f. 53 f. ; 30 cm (altura)

Carmen Asmus FróesDissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva

1. Saúde ambiental. 2. Produção, Ambiente e Saúde – I. Asmus, Carmen Ildes Fróes. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, Mestrado em Saúde Coletiva. III. Entre barulhos e gritos: ocorrência de disfonia funcional e orgânico-funcional em adolescentes escolares do sexo feminino.

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Dedico esse trabalho aos amores da minha vida,

Luíza, Diogo, Marcel e Marcos.

Ao meu querido pai, por ter me ensinado a

importância da ciência. (in memoriam)

A minha querida avó por ter me ensinado as

primeiras letras. (in memoriam)

A minha mãe e irmãos, pelo orgulho

compartilhado.

Aos alunos, professores e funcionários das

escolas públicas do Rio de Janeiro.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a ajuda e colaboração de toda a equipe do NESC/UFRJ, que com

empenho e dedicação são capazes de transformar o espaço acadêmico em um espaço de

afetividades. Em especial a Dra. Carmen Ildes Fróes Asmus, pela orientação e amizade e a

Alexandre, Tecnólogo em Segurança do Trabalho, pelo empenho na busca de soluções e

pela curiosidade científica demonstrada.

Aos colegas, amigos e adolescentes do NESA/UERJ, em nome de nossa diretora

Dra. Maria Helena Ruzany, pela colaboração e compreensão, principalmente nos momentos

de ausência.

A amiga Teresa Quaglia, otorrinolaringologista do NESA, pela colaboração durante

a investigação e que, além da extrema competência, possui a preocupação em prestar um

atendimento digno e de qualidade aos nossos jovens pacientes.

As fonoaudiólogas Ana Cristina Homem, Claudia Gonzalez e Marcelle Higino, pela

amizade e colaboração durante a investigação, assim como pelo incentivo nos momentos de

maior angustia.

Aos professores e funcionários da escola municipal estudada, que dedicam sua vida

em busca de um futuro melhor para os nossos jovens. De forma especial, aos alunos, pela

colaboração, curiosidade e disposição em transformar o ambiente de sua escola.

Aos meus filhos, Luíza, Diogo e Marcel por se mostrarem sempre maravilhosos e

enriquecerem minha vida.

Ao meu amado Marcos, pelo amor recíproco, pela ajuda inestimável e pelo interesse

compartilhado pelas questões ambientais.

Aos mestres, alunos e ex-alunos do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de

Medicina da UFRJ, pelos momentos de verdadeiro prazer acadêmico que me

proporcionaram.

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RESUMO

O presente trabalho buscou estudar a ocorrência de disfonia funcional e orgânico-

funcional em adolescentes escolares do sexo feminino. Como campo de pesquisa elegeu-se

uma escola pública da cidade do Rio de Janeiro, localizada em área com altos índices de

poluição sonora e do ar. As adolescentes foram submetidas a avaliações fonoaudiológicas e

otorrinolaringológicas. De forma concomitante, foram levantados dados de nível de ruído

ambiental e de poluição do ar. A partir dos resultados obtidos, o estudo conclui que:

disfonias funcionais e orgânico-funcionais são patologias de alta prevalência na população

estudada; o comportamento vocal observado pode ser importante fator no desenvolvimento

destas patologias; as condições ambientais avaliadas demonstram exercer marcante

influência nos resultados. O trabalho recomenda que ações direcionadas a prevenção da

saúde vocal de adolescentes que estudam em escolas que sofrem influencia de ruídos

externos, devem considerar esse importante aspecto ambiental.

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ABSTRACT

This work studied the occurrence of Functional and Organic-Functional Dysphonia in adolescent school girls. As a field of research, we chose a public school in Rio de Janeiro, located in an area with high levels of noise and air pollution. The adolescents underwent speech-language evaluation and Otolaryngology examination. Concurrently, data were collected on environmental noise and air pollution. From the results, the study concluded that functional and organic-functional dysphonia are highly prevalent disorders in the population studied; the vocal behavior observed may be an important factor in the development of these disorders; the environmental conditions evaluated had remarkable influence on the results. The study recommends that actions aimed at prevention of vocal health of adolescents studying in schools that are influenced by external noise, should consider this important environmental aspect.

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEPIS - Centro Panamericano de Ingeniería Sanitaria y Ciencias del Ambiente (CEPIS),

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONTRAN - Código Nacional de Trânsito Brasileiro

dB (A) - decibel banda A

FEEMA - Fundação de Estadual de Engenharia e Meio Ambiente

GAG - glicosaminoglicanos

GEO - GLOBAL ENVIRONMENT OUTLOOK

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NBR - Norma Brasileira Registrada

NESA - Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

OPS - Organização Pan-americana de Saúde

PAIR - Perda Auditiva Induzida por Ruído

PROCONVE - Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores

TMF - Tempo Máximo de Fonação

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO p.

I. MEIO AMBIENTE URBANO E SAÚDE 1

II. POLUIÇÃO SONORA E ATMOSFÉRICA: LEGISLAÇÃO

E OS EFEITOS NA SAÚDE DO HOMEM 5

III. A VOZ HUMANA: EUFONIA E DISFONIA 14

IV. O JOVEM URBANO 18

V. OBJETIVO GERAL 19

V.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 19

VII. MATERIAIS E MÉTODOS 19

VII.1 – PÚBLICO ALVO 20

VII.2 – ÁREA DE ESTUDO 20

VII.3 – ETAPAS DE AVALIAÇÃO 21

VII.4 – DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS 22

VII.5 – ANÁLISE ESTATÍSTICA 25

VII.6 – ASPECTOS ÉTICOS 25

VIII. RESULTADOS 26

VIII.1. AVALIAÇÃO AMBIENTAL 27

VIII.2. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 37

VIII.3. AVALIAÇÃO OTORRINOLARINGOLÓGICA 43

IX. DISCUSSÃO 45

X. CONCLUSÃO 52

XI. REFERÊNCIAS 53

ANEXOS

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“Um dos fenômenos mais marcantes da demografia nessa

virada de milênio é a concentração populacional nas

cidades. A ONU calcula que cinco em cada dez habitantes

do planeta vivam nelas hoje, três deles em grandes núcleos

urbanos de países pobres. Dentro de trinta anos, seis em

cada dez pessoas viverão em cidades. Cinco delas estarão

empilhadas em megalópoles do Terceiro Mundo. Nesses

lugares já se prevê hoje, o cotidiano deverá ser uma mistura

de desigualdades, favelas abarrotadas, estrutura sanitária

precária, poluição atmosférica e hordas de emigrantes

chegando sem parar das regiões mais pobres atrás de

melhores condições de vida”. (MEGALE, 2002).

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I - MEIO AMBIENTE URBANO E SAÚDE

O meio ambiente está em constante alteração, na maioria das vezes, devido a causas

naturais e a modificações humanas, existindo um vínculo claro entre os níveis nacionais de

desenvolvimento humano e os níveis de urbanização de um país. Os problemas ambientais

urbanos dizem respeito tanto aos processos de construção das cidades e, portanto, as

diferentes opções políticas e econômicas que influenciam as configurações do espaço

urbano, quanto às condições de vida urbana e aos aspectos culturais que informam os

modos de vida e as relações entre as classes sociais (DORAGROSTEIN, 2001).

Segundo o relatório “Perspectivas do Meio Ambiente Mundial” (GEO Brasil, 2002)

quase metade da população mundial (47%) vive em áreas urbanas, e espera-se que esse

número cresça 2% ao ano entre 2000 e 2015. Notadamente, com a aglomeração

populacional, os padrões de consumo e de deslocamento tendem a crescer impulsionados

pelas atividades econômicas, potencializando os impactos sobre o meio ambiente em

termos de consumo de recursos e eliminação de resíduos.

Apesar das cidades desempenharem um importante papel na civilização moderna, o

crescimento urbano acelerado implica, em degradação ambiental, precariedade de serviços,

escassez de moradia, sobrecarregando a infra-estrutura existente, tornando a gestão

sustentável do ambiente urbano um dos maiores desafios do futuro (GEO Brasil, op cit).

O modelo de desenvolvimento econômico que norteou a política econômica

brasileira conduziu à concentração de esforços e investimentos nos principais centros

urbanos, gerando intenso processo de migração interna. Atualmente, o conjunto de

metrópoles ainda exerce forte papel polarizador de atividades econômicas. As migrações

internas, intensificadas pelo processo de industrialização do país, redistribuíram a

população do campo nas cidades, com expressiva concentração nas periferias do Rio de

Janeiro e São Paulo (GEO Brasil, op cit).

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Segundo MINAYO (2002), o sistema produtivo, vem deixando suas marcas no meio

ambiente com efeitos predatórios refletidos na contaminação do solo, no aporte e na

qualidade da água, na contaminação do ar atmosférico, enfim na degradação do meio

ambiente, deixando claro que as situações de risco decorrente desse modelo transcendem os

limites da produção atingindo não somente os trabalhadores, mas a população em geral.

A população urbana brasileira saltou de 30 milhões em 1960 para 80 milhões duas

décadas mais tarde e, para 123 milhões de pessoas em 1996. Projeções apontam para uma

taxa de 81,21% de população urbana em 2000, e 88,94% em 2020 (AGENDA 21

BRASILEIRA, 2000). Claramente a tendência de concentração da população em áreas

metropolitanas reforça o desequilíbrio, agravando os problemas ambientais e sociais dos

grandes centros. Percebe-se que a degradação ambiental nos espaços urbanos merece

estudos mais aprofundados que levem em conta os graves problemas de infraestrutura e de

ordem política, social e econômica das mega metrópoles dos países menos desenvolvidos.

A Agenda 21 Brasileira considera que as desigualdades sociais são devastadoras no

plano da saúde e da doença, incidindo de forma particularmente grave nas camadas da

população de mais baixa renda, que apesar de ter acesso garantido aos serviços de saúde

através do Sistema Único de Saúde (Lei no. 8080 de 19 de setembro de 1990), este ainda é

bastante precário, em função de se encontrar sérias dificuldades de universalização. Como

descrito por LIMA (2001) verifica-se nas metrópoles brasileiras verdadeiros assentamentos

humanos, motivados pela busca por postos de trabalho e melhoria da qualidade de vida. A

ocupação desordenada do espaço urbano tem como conseqüência um efeito degradante

sobre o ambiente urbano.

A partir do fato de que ação da sociedade sobre a natureza transforma desnaturaliza

e socializa esta natureza, LIMA (op cit) sugere a utilização da expressão degradação

socioambiental urbana, salientando que a relação de causa e efeito desta degradação leva

em conta um elemento fundamental na constituição e transformação do ambiente natural ou

cultural. A questão ambiental incorpora, portanto a questão urbana, pois diante da dimensão

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e complexidade dos problemas socioambientais a que se repensar o modo de viver e

conviver das grandes cidades.

Partindo-se destas reflexões, percebem-se as condições ambientais como fatores de

risco para a condição saudável das populações, principalmente no que diz respeito à vida

nas grandes metrópoles. A saúde humana é cada vez mais determinada pelas condições

ambientais, verifica-se que as mudanças ambientais podem causar impactos na saúde, no

habitat e na infra-estrutura, na economia, na sociedade e na cultura, com o que se aumenta a

vulnerabilidade. A baixa qualidade ambiental é diretamente responsável por cerca de 25%

de todas as doenças que poderiam ser evitadas, entre as quais se destacam as doenças

diarréicas e as infecções respiratórias (GEO BRASIL, op cit).

LIBER & ROMANO-LIBER (2002) destacam que os conceitos como “causa” de

doenças, herdados da bacteriologia, tornaram-se insuficientes para explicar as doenças não

transmissíveis. A multicausalidade dessas doenças aponta para o interesse do estudo dos

chamados “estilo de vida”, ou seja, vários fatores possíveis de “causação” criando

condições determinantes para o desenvolvimento de algumas doenças.

Apesar da vulnerabilidade aos impactos ambientais, o individuo e seu conjunto

respondem a estes de forma diferenciada no que se refere às adaptações e mudanças

impostas frente à degradação do meio ambiente urbano. A vulnerabilidade representa a

interface entre a exposição a ameaças físicas ao bem-estar humano e a capacidade das

pessoas e comunidades de lidar com tais ameaças. As ameaças podem surgir de uma

combinação de processos sociais e físicos. A vulnerabilidade humana, então, integra várias

questões ambientais e a sua redução significa a identificação de pontos de intervenção na

cadeia causal entre o surgimento de um risco e as conseqüências para as populações

humanas.

AYRES (1996) salienta que a noção de vulnerabilidade busca estabelecer uma

síntese conceitual e prática das dimensões sociais, político-institucionais e comportamentais

associadas as diferentes suscetibilidades de indivíduos e grupos populacionais. Segundo o

autor os comportamentos associados a maior vulnerabilidade não devem ser entendidos

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como decorrência imediata da ação voluntária de indivíduos, mas como relacionados a

condições objetivas do meio natural e social em que se dão, ao grau de consciência que

esses indivíduos têm sobre tais comportamentos e condições objetivas e ao efetivo poder de

transformação de comportamentos a partir dessa consciência. Portanto, o envolvimento dos

diversos atores sociais, segundo LIMA (op cit), se faz necessário, assim como, a construção

de conhecimento da realidade e de metodologias de intervenção eficazes que permitam uma

verdadeira transformação. Nesse contexto, a busca de informações é o primeiro passo para

soluções pautadas na investigação científica dos fenômenos ambientais no âmbito das

cidades e as atividades humanas geradoras de degradação.

II - POLUIÇÃO SONORA E ATMOSFÉRICA: LEGISLAÇÃO E OS EFEITOS NA

SAÚDE DO HOMEM

Dentre os diversos fatores de degradação socioambiental urbana que possuem forte

influência na saúde do ser humano destacam-se a poluição sonora e a poluição atmosférica.

A Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do

Meio Ambiente, define o termo poluição, através de seu inciso III:

Art. 3o Para fins previstos nesta Lei, entende-se por: .........

III – poluição, a degradação da qualidade ambiental

resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da

população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio

ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos;

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A emissão de sons e ruídos que causem incômodos ao bem estar dos indivíduos,

prejudicando conseqüentemente a sua saúde e o desempenho de suas atividades regulares,

enquadra-se nos itens a, b e e do inciso III da referida Lei que define o conceito legal de

poluição.

No Brasil, as legislações específicas para a questão de emissão de ruídos que

disciplinam os níveis toleráveis são encontradas em diversas matérias nas três esferas de

governo. Dentre as diversas leis existentes, PEREIRA (2002) em análise da legislação

brasileira a cerca de poluição sonora, destaca o Art. 42 da Lei Federal das Contravenções

Penais no. 3.688, de 3 de outubro de 1941, que primeiramente abordou a questão do ruído,

protegendo o cidadão brasileiro da incomodidade provocada pela poluição sonora conforme

exposto abaixo.

Art. 42. Perturbar alguém, trabalho ou sossego alheios:

I – com gritarias ou algazarras;

II – exercendo profissão incomoda ou ruidosa, em desacordo

com as prescrições legais;

III – abusando de instrumentos sonoros ou acústicos;

IV – provocando ou não procurando impedir barulho

produzido por animal de que tem a guarda:

Pena: Prisão simples de quinze dias a três meses, ou multa.

De extrema relevância, encontram-se as normas da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), de 1986. A NBR nº 10.151 fixa as condições

exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, além de especificar

um método para a medição de ruído, a aplicação de correções nos níveis medidos (de

acordo com a duração, característica espectral e fator de pico) e uma comparação dos níveis

corrigidos, com um critério que leva em conta os vários fatores ambientais. Esta Norma

também estabelece critérios básicos para uso residencial conforme o tipo de zona: zona de

hospitais, residencial urbana, centro da cidade e área predominantemente industrial, em

ordem decrescente de rigor. E a NBR nº 10.152, que dispõe sobre níveis de ruído para

conforto acústico.

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Atualmente essa questão é disciplinada, entre outras, pelas resoluções no. 1 e 2 do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 08 de março de 1990,

estabelecendo na Resolução no. 1:

I - a emissão de ruídos em decorrência de quaisquer

atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas,

inclusive as de propaganda política, obedecerá, no interesse

da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e

diretrizes estabelecidas nesta Resolução.

II – São prejudiciais à saúde e ao sossego público,

para fins do item anterior, os ruídos superiores aos

considerados aceitáveis pela norma NBR 10.152 – Avaliação

do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da

comunidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas –

ABNT.

Em sua Resolução no. 2, o CONAMA institui, em caráter nacional o Programa

SILÊNCIO, visando controlar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem estar

da população.

Da mesma forma, o Código de Trânsito Brasileiro (CONTRAN), instituído pela Lei

no. 9.503, de 23 de setembro de 1997, trata do controle da poluição sonora em seu artigo

104:

“Art. 104. os veículos em circulação terão suas

condições de segurança, de controle de emissão de gases

poluentes e ruído avaliados mediante inspeção, que será

obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo

CONTRAN para fins de segurança e pelo CONAMA para

emissão de gases e ruídos.”

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que, para efeitos de definição, o

ruído urbano é aquele emitido por todas as fontes, a exceção das áreas industriais. Estima-

se que na União Européia aproximadamente 40% da população esteja exposta a um ruído

de trânsito com nível de pressão sonora maior que 55 dB (A) e 20% estão expostos a mais

de 65 dB (A) durante o horário diurno (OPS/CEPIS/OMS, 1999). De forma semelhante a

outros problemas ambientais, a contaminação acústica encontra-se em níveis cada vez mais

elevados, tornando-se um dos maiores focos de reclamações da população.

O ruído causado pelo tráfego de veículos automotores é hoje considerado como

principal fator de poluição sonora nas grandes cidades (FEEMA, 2003). A taxa de

motorizarão no Brasil passou de 72 habitantes/automóvel em 1960 para pouco mais de

cinco em 1998 e deve chegar a 4,3 em 2005 (Agenda 21 op cit). Segundo PIMENTEL

(2002), um fluxo de 1000 automóveis/hora resulta em cerca de 78 dB de ruído externo

repercutindo de forma negativa na saúde da população. O autor, salienta que, em

trabalhadores expostos a ruído excessivo têm sido constatados efeitos psicológicos,

orgânicos e sociais.

A exposição a ruídos, é considerada exposição a contaminante físico e pode ser

classificada de três formas distintas, a exposição a ruídos do tipo laboral, a social e a

ambiental. A exposição laboral se dá em circunstâncias de trabalho; a exposição social é

aquela considerada voluntária como, por exemplo, à freqüência a um local de diversão

noturna. A exposição ambiental é aquela involuntária e que ocorre pelo fato da pessoa estar

em um local onde não tem o poder imediato de modificar suas condições, considerando-se

desta forma o ruído como um contaminante urbano (GONZALEZ & BACH, 2003).

Considera-se, portanto, ruído de fundo ou ambiental o componente sonoro existente ao ar

livre ou sem uma fonte sonora definida.

Uma metrópole como o Rio de Janeiro, com uma população de 5.857.904

(IBGE/Censo 2000), pode servir de síntese e exemplo dos problemas de poluição sonora

encontrados nas grandes cidades (FERNANDES, 2003). Em artigo publicado no jornal O

Globo em 01 de janeiro de 2003, intitulado “HOSTIL À INTELIGÊNCIA”, o jornalista

Berilo Vargas descreve a cidade do Rio de Janeiro como:

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“... uma cidade surda e também uma cidade

rouca. É uma cidade do barulho, no sentido próprio e

no figurado. Não poderia ser de outra forma. Em

ruas, casas, apartamentos, restaurantes, botequins,

qualquer um é livre para produzir todos os ruídos que

quiser.”

Tal publicação gerou um imenso interesse dos leitores que durante as subseqüentes

treze edições do jornal se manifestaram através de cartas e e-mails para a redação. Nesta

mesma semana citada, os leitores cariocas foram surpreendidos por uma matéria que

descrevia o caso ocorrido em um condomínio de classe media/alta na Barra da Tijuca em

que um morador, inconformado com o grande barulho causado pelos ensaios de um grupo

musical, formado por adolescentes, lançou sobre um transformador de luz uma bomba de

fabricação caseira causando corte no fornecimento de energia elétrica da região. Tal fato

caracteriza o grande desconforto causado pelo ruído que as sociedades modernas vêm

enfrentando no seu cotidiano fruto do descumprimento das leis de proteção e corrobora os

efeitos psicológicos citados por PIMENTEL (op cit).

A incomodidade provocada pelo ruído pode originar no receptor reações várias,

entre as quais, medo e no caso específico citado anteriormente, irritabilidade e atos de

violência. A energia sonora existente em um local é medida em decibel (dB), referindo-se

ao nível de pressão sonora numa escala de magnitudes mensuráveis pelos logaritmos.

Decibel é o coeficiente de intensidade entre o mais forte e o mais fraco sinal sonoro e pode

ser representado logaritmicamente determinando-se a potência à qual 10 deve ser elevado

para resultar em 100.000.000.000.000, 10 14, ou ainda, 14 Bel. Como a audição humana está

numa faixa de intensidade abrangida por 14 bel, convencionou-se a utilização da

mensuração em decibel (dB = um décimo do coeficiente de potência em bel).

(NUDELMANN; et al, 1997).

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Pressão Sonora (PA) Nível de Pressão Sonora (dBA)

Motor a jato a 25m de distância 100.000.000 140 Limiar da dor para os seres humanosShow de rock 10.000.000 125 Decolagem de jato a 100mAvião turbo-hélice decolando 1.000.000 100 Martelo Pneumático trabalhandoCaminhão pesado rodando 100.000 85 Tráfego urbano médioConversação 10.000 65 EscritórioBiblioteca 1.000 40 Sala de estarQuarto de dormir 500 20 Descampado ou mataLimiar da audição humana 20 0

Quadro 1 – Ordem de grandeza de ruídos característicos na zona urbana - Fonte: NUDELMANN, A A; et

al .PAIR: Perda auditiva Induzida pelo Ruído vol.I - Porto Alegre: Bagaggem Comunicação, 1997.

A medição do som é realizada pelo decibilímetro que expressa números mais

freqüentes, máximos e mínimos para um determinado intervalo, denominado leque. Um

ruído acima de 80 dB (A) reduz a atividade cooperativa podendo aumentar o

comportamento agressivo em indivíduos pré-dispostos a agressividade (OPS/CEPIS/OMS,

op cit).

A poluição sonora das grandes cidades é bastante elevada, despertando o interesse

de pesquisadores no seu estudo e seus efeitos na saúde, sendo tratada como uma

contaminação atmosférica através da energia (energia mecânica ou acústica), constatado-se

seu reflexo em todo o organismo e não apenas no aparelho auditivo. Ruídos intensos e

permanentes podem causar vários distúrbios, alterando significativamente o humor e a

capacidade de concentração nas ações humanas, provocando interferências no metabolismo

com riscos de distúrbios cardiovasculares, inclusive tornando a perda auditiva, quando

induzida pelo ruído, irreversível (RUSSO, 1997).

Segundo RUSSO (op cit) o ruído pode provocar:

• Afetação da audição, alterando a gama de percepção do som audível, provocando dor e

podendo até mesmo danificar de forma irreversível o mecanismo fisiológico da

audição;

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• Perturbações fisiológicas diversas, tais como flutuação das pulsações cardíacas, da

tensão arterial e da vasodilatação dos vasos periféricos e ainda constrição;

• Interferência na comunicação oral;

• Incomodidade. Em geral o ruído incomoda quando, por exemplo, se sobrepõe e mascara

uma informação desejada, evoca coisas desagradáveis, implicando em demasiadas

informações inúteis ou incompreensíveis.

Estudos sobre o nível de pressão sonora, de uma maneira geral, incluindo a cidade

do Rio de Janeiro, resultaram em um documento da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT), intitulados “Níveis de Ruído para Conforto Acústico”, em 1986. Esta

normatização fixa os níveis de ruído comparáveis com o conforto acústico em ambientes

diversos, entre os quais se destacam as escolas. Para este tipo de ambiente, a legislação

determina que o nível de ruído fique entre 30 e 55 dB (A) em bibliotecas, salas de aula,

corredores, refeitórios e pátios entre outros. O valor inferior (30 dB (A)) representa o nível

para conforto e o valor superior (55 dB (A)) representa o nível aceitável para a finalidade

(NBR, 1987). Em sala de aula a dificuldade provocada pelo ruído ambiental pode causar

dificuldade de aprendizagem e PIMENTEL (op cit) afirma que o ruído nas escolas do

município de Belo Horizonte além de transgredir a legislação que regulamenta os níveis

aceitáveis, não só afasta-se do ideal para a saúde, assim como ultrapassa os valores

recomendados pela ABNT.

A OMS recomenda que em salas de aula, onde a percepção da fala é de suma

importância, o ruído de fundo ou ambiental não deve ultrapassar os 35 dB (A). Considera-

se que nas escolas os efeitos do ruído são críticos para a comunicação oral, gerando entre

outros, distúrbios na análise de informação (OPS/CEPIS/OMS, op cit).

RUSSO (op cit) destaca que o valor da inteligibilidade da conversação é um

componente crítico e importante em qualquer lugar onde a comunicação interpessoal é uma

função primária e que um dos fatores que mais influenciam a boa compreensão acústica é o

ruído ambiental ou de fundo. PIMENTEL (op cit) salienta que em um ambiente com cerca

de 70 dB (A) de ruído de fundo uma pessoa é obrigada a falar 30 vezes mais elevado que o

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necessário. Diversos trabalhos referentes aos distúrbios da voz (GREENE, 1983; WILSON,

1993; BEHLAU, 1995; MELO, 2001; OLIVAL, 1999; MORI, 1999; DEJONCKERE,

1999) indicam que comportamentos vocais inadequados (mau uso ou abuso vocais) são as

principais causas de distúrbios vocais que acometem crianças e adolescentes. Aliada a esta

causa, identificou-se nos trabalhos conduzidos em escolas (ABBUD, 1998; FRANÇA,

2002; GARCIA, 1996; OLIVEIRA, 2000), um nível de ruído ambiental exacerbado que

ocasionam um ciclo vicioso: diante de um ambiente ruidoso, para que haja comunicação, é

necessário imprimir mais intensidade a voz e, conseqüentemente quanto maior for a

intensidade da voz, mais ruidoso se torna o ambiente.

Verifica-se, portanto que as qualidades vocais podem ser indiretamente afetadas

pelos altos níveis de poluição sonora encontrados nas grandes cidades, assim como pela

crescente elevação dos índices de poluição atmosférica, uma vez que esta seria a principal

causa de alergias respiratórias diagnosticadas (GOMES, 2002). A Organização Pan-

americana de Saúde (OPS) considera a contaminação do ar uma ameaça aguda,

acumulativa e crônica para a saúde humana e para o ambiente. A exposição à contaminação

do ar pode gerar ou agravar afecções respiratórias e cardíacas, entre outras (OPS, 2000).

Estimativas recentes da OMS indicam que mais de 100 milhões de pessoas na

América Latina e no Caribe estão expostas a níveis de contaminação que excedem aos

valores guia recomendados. Segundo dados da Fundação Estadual de Engenharia e Meio

Ambiente (FEEMA/RJ), até meados de 1980, a poluição atmosférica urbana era atribuída

basicamente às emissões industriais, sendo realizadas ações dos órgãos ambientais visando

o controle das emissões dessas fontes. Com o rápido crescimento da frota veicular,

verificou-se a enorme contribuição dessa fonte na degradação da qualidade do ar,

principalmente nas regiões metropolitanas do país, o que levou o Governo Federal a

instituir o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores

(PROCONVE). Através deste programa diversas medidas foram tomadas a fim de restringir

a emissão de gases poluentes.

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Resultante da ação de veículos automotores, devido à combustão da gasolina, óleo

diesel, álcool etc., a poluição relacionada aos transportes é a tradução da eliminação de

gases como o monóxido de carbono, que quando aspirados pelo homem, combinam-se

com a hemoglobina das hemácias, substituindo o oxigênio, provocando dificuldade

respiratória e até mesmo asfixia (NETO, 2004).

Estudos descrevem as ações deletérias dos diferentes poluentes sob o aparelho

respiratório, destacando os efeitos sobre a pele e as mucosas, aparelho cardiovascular,

digestivo e sistema nervoso central, além dos mais variados quadros respiratórios

(GOMES, 2002). PEITER & TOBAR (2002), em pesquisa realizada na cidade de Volta

Redonda, Estado do Rio de Janeiro, procuraram identificar áreas e grupos populacionais

mais vulneráveis a esse tipo de poluição, concluindo pela identificação de regiões com

diferenciais significativos de poluição e condições de vida, sugerindo a necessidade de

estudos de coorte de avaliação de capacidade pulmonar de crianças que vivam em

diferentes áreas da cidade.

Em 11 de dezembro de 2003, o Jornal do Brasil publicou uma matéria do jornalista

Florença Mazza, onde a cidade do Rio de Janeiro é descrita

“... como um doente crônico, o Rio padece de um mal que

afeta principalmente os aparelhos respiratório e cardiovascular dos

cariocas: a poluição do ar. Ao contrário de cidades onde há picos de

poluição diários - solucionados com medidas imediatas, como o

fechamento de uma via ou a interrupção de uma obra - o problema

aqui só será resolvido com medidas de médio e longo prazo, já que a

cidade tem ultrapassado permanentemente o padrão anual de níveis

de poluição.”

FUESS e LORENZ (2003) relatam que dos 451 professores pesquisados, 25,7%

(116) apresentaram sinais sugestivos de rinite alérgica confirmando a existência de relação

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significativa entre a presença de sintomas de rinite alérgica e a freqüência de disfonia (p <

0, 001).

IRINEU et al (1998), salientam que “a sensibilidade alérgica pode contribuir para

problemas de voz, à medida que provocam inchaço da mucosa do nariz, da boca, faringe e

laringe”. Dos 334 indivíduos disfonicos examinados pelos autores, observou-se que 46%

apresentavam alergias respiratórias, contribuindo para a correlação alergias

respiratórias/alteração vocal.

III – A VOZ HUMANA: EUFONIA E DISFONIA

Através da voz e da utilização do corpo, o ser humano consegue expressar seus

variados sentimentos, podendo a voz, via qualquer alteração, influenciar a comunicação e

intervir no desenvolvimento de cada pessoa, principalmente na adolescência, época de

significativas transformações. A voz, como som, é o resultado da vibração das pregas

vocais e possui características individuais, como: qualidade agradável, ressonâncias oral e

nasal devidamente equilibradas, intensidade adequada, um nível de freqüência fundamental

adequada para idade, tamanho, e sexo, inflexões vocais apropriadas envolvendo altura e

intensidade (BEHLAU & PONTES 1995). A manutenção dessa harmonia garante a

obtenção de um som dito de boa qualidade para os ouvintes e emitido sem dificuldade ou

desconforto para o falante. Esse som se modifica de acordo com a situação ou o contexto da

comunicação, habilidade esta que reflete a condição de saúde vocal. Esses atributos

compõem a eufonia, sendo de grande importância que todas essas qualidades estejam

ajustadas para que a voz se torne uma forma de comunicação eficiente, fazendo com que o

indivíduo se adeque às situações sociais. Por outro lado, existe um distúrbio vocal quando a

qualidade, a altura do som, a intensidade ou flexibilidade difere da voz dos outros

indivíduos de idade, sexo e grupo cultural similares e quando essas qualidades não são

obtidas estamos diante de um quadro de disfonia que se caracteriza pela dificuldade na

emissão vocal que impede a produção natural da voz.

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BEHLAU & PONTES (op cit) classificam as disfonias em: Funcionais, Orgânico-

funcionais e Orgânicas. As disfonias funcionais são aquelas oriundas de comportamento

vocal inadequado, podendo ter três mecanismos causais: uso incorreto da voz, inadaptações

vocais e alterações psicoemocionais. Percebe-se a complexidade deste conceito pela sua

multicausalidade, uma vez que os autores definem o comportamento vocal individual, a

alergia respiratória, as condições anatômicas e psicoemocionais como aspectos

predisponentes para esse tipo de patologia vocal. Estes poderiam ser considerados como

fatores de risco na ocorrência da disfonia funcional (GARCIA, 1996; OLIVEIRA, 2000;

IRINEU, op cit; FUESS e LORENZ, op cit). PLAUT, apud LIMA (op cit), salienta que os

fatores de risco são características ou circunstâncias cuja presença está associada a um

aumento de probabilidade de que o dano venha a ocorrer. Desta forma, observa-se que as

condições ambientais, o estilo de vida do sujeito e sua condição anatômica devem ser

considerados como fatores de risco para a ocorrência de disfonias funcionais.

BEHLAU & PONTES (op cit) definem ainda as disfonias orgânico-funcionais

como aquelas que se caracterizam pelo desenvolvimento de alterações secundárias a uma

disfonia funcional, partindo-se do mesmo pressuposto de multicausalidade. Segundo

FAWCUS (2001) a laringe é vulnerável a esforço físico, que pode resultar na formação de

reações dos tecidos (nódulos vocais, úlceras de contato ou laringites não específicas).

Partindo-se dos marcos teóricos citados, o Setor de Fonoaudiologia do Núcleo de

Estudos da Saúde do Adolescente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(NESA/UERJ) desenvolve atividades clínicas e de pesquisa nos três níveis de atenção à

saúde do adolescente, desde 1986. No nível terciário é realizado acompanhamento de

adolescentes internados na enfermaria, seja por questões clínicas ou cirúrgicas.

No nível secundário, a assistência recebe anualmente cerca de 50 adolescentes para

atendimento ambulatorial. Destes, aproximadamente 40% possuem alterações vocais

causadas, a princípio, por comportamento vocal inadequado. Este comportamento é

considerado como principal etiologia dos nódulos de pregas vocais (BELHAU & PONTES,

Op cit; BUSCH, 2000; CERVANTES, 2000). Os nódulos de pregas vocais caracterizam-se

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por espessamento da borda livre, muitas vezes, de ambas as pregas vocais, na região da

junção do seu terço anterior com seu terço médio, estando sua origem associada a distúrbio

funcional da laringe, caracterizada por aumento da tensão laríngea ou rigidez das pregas

vocais ocasionada por mau uso ou abuso vocal (OLIVAL et al, 1999). Segundo

CERVANTES (op cit), estudos histológicos mostram espessamento da membrana basal,

ausência de hemorragia e ausência de grandes áreas de edema. A presença de nódulos nas

pregas vocais irá intervir na vibração normal, causando rouquidão, soprosidade e quebra de

freqüência. Em levantamento realizado em 1997, constatou-se que dos 10.498 adolescentes

atendidos pelo Setor de Otorrinolaringologia do NESA, em um intervalo de 7 anos (90/97),

36,7% eram portadores de distúrbios vocais, destes 789 pacientes possuíam nódulos de

prega vocal (ATTIANEZI, 2001).

Estudos indicam uma maior incidência de nódulos vocais em mulheres (BEHLAU

et al, 1999; MELO et al, 2001; GREENE, 1989) o que pode ser justificado por diferenças

anatômicas relacionadas ao trato vocal de homens e mulheres. Uma das principais

diferenças é a chamada proporção glótica, que relaciona as dimensões anteroposteriores da

glote cartilagínea e membranácea, ou ainda, entre a região fonatória e respiratória da

laringe. Segundo BEHLAU et al (2000a), os valores da proporção glótica em crianças

praticamente não diferem entre os sexos, resultando em valor ao redor de 1, levando a uma

não diferenciação das vozes de meninos e meninas. Após o crescimento, esse resultado

também pode ser encontrado em mulheres, o que explicaria a possibilidade de presença de

fenda glótica triangular posterior em crianças e mulheres. Espera-se um fechamento glótico

completo durante a fonação, a não coaptação adequada é denominada fenda glótica ou

simplesmente má coaptação Existem dez tipos diferenciados de fendas, a triangular

posterior é uma delas. No entanto, nos homens, a proporção glótica após a puberdade, situa-

se em torno de 1,3, favorecendo o fechamento glótico. Os autores concluem que tais dados

parecem estar relacionados à predisposição anatomofuncional das crianças e de mulheres

em desenvolver disfonias com nódulos vocais.

Por outro lado, estudos histológicos (CHAN, et al, 2002; HAMMOND, et al, 1997;

HSIAO, 2002) comprovam uma diferença de espessura da mucosa da prega vocal entre

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homens e mulheres, relacionada à presença de ácido hialurônico, causando uma diferença

morfológica significativa e uma associação fisiológica durante a vibração das pregas

vocais. O ácido hialurônico, um dos principais constituintes da lâmina própria das pregas

vocais, é um GAG (glicosaminoglicanos) dos sistemas biológicos, que são “moléculas

hidrofílicas, relativamente não flexíveis, que dão a característica de preenchimento de

espaço na formação do gel extracelular” (HAMMOND, op cit). Os homens teriam uma

maior absorção de impacto durante a fonação, por apresentarem maior quantidade deste

ácido, justificando uma maior ocorrência de lesões como nódulos na população feminina

(BEHLAU, 2000b). Além desta questão específica, é importante considerar o

desenvolvimento anatomofisiológico do trato vocal durante a adolescência. Durante a vida

observam-se alterações significativas, tanto na forma como na composição morfológica da

laringe. Na adolescência ocorre um crescimento acentuado da laringe com um conseqüente

impacto vocal, caracterizando a muda vocal (LEBORGNE & WEINRICH, 2002). Esta é

mais significativa nos meninos que nas meninas, uma vez que nesta fase de vida as pregas

vocais dos meninos podem alongar-se em até 1 cm e nas meninas, dificilmente esse

crescimento passa de 4 mm (GARCIA, 1994; BEHLAU & PONTES, op cit). O resultado

se traduz num rebaixamento médio da freqüência fundamental em uma oitava nos meninos

e de 2 a 4 semitons para as meninas. Pesquisas na área indicam a muda vocal masculina

ocorrendo em torno dos 13-15 anos e nas mulheres ao redor de 12-14 anos, correspondente

ao aumento de estatura (BEHLAU & PONTES, op cit; GREENE, 1989; RUIZ, 1993;

HACHI & HEITMU, 1999). Observa-se ainda que durante o período menstrual as pregas

vocais femininas sofrem um edema (BEHLAU & PONTES, 1999) caracterizando uma

pequena alteração de freqüência neste período. FIGUEIREDO et al (2004), observaram que

durante o período menstrual as vozes femininas encontram-se com uma qualidade rouco-

soprosa de grau leve a moderado, apresentando-se ainda instáveis. Os autores afirmam que

essa condição parece estar relacionada à variação hormonal fisiológica deste período que

causa aumento de retenção de líquidos, além de observar-se uma semelhança no

comportamento das mucosas laríngea e vaginal em função da variação de estrogênio. Essas

condições levam a necessidade de uma observação mais completa na avaliação das

adolescentes.

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O tempo médio de fonoterapia para casos de disfonia funcional ou orgânico

funcional é de um ano com sessões terapêuticas semanais e acompanhamento

otorrinolaringológico trimestral. Portanto o atendimento clínico apenas do Setor de

Fonoaudiologia do NESA deveria contemplar aproximadamente 110 pacientes/ano

portadores de queixas vocais. Diante deste quadro observa-se a existência de uma demanda

reprimida que não tem encontrado assistência adequada.

No nível primário de atenção a saúde, o Setor de Fonoaudiologia do NESA realiza

atividades que privilegiam a promoção da saúde e a prevenção dos distúrbios de

comunicação (ANDRADE, 1996). A prevenção das patologias vocais que tem como

etiologia o mau uso ou abuso vocais se dá através de orientações e técnicas de higiene vocal

(PINHO, 1999; BEHLAU & PONTES, 1999), na maioria das vezes de forma individual.

Constata-se, porém que esta forma de pensar prevenção torna-se quase inócua frente os

altos índices de ruído ambiental e os efeitos da poluição atmosférica a que estão submetidos

os adolescentes encaminhados ao setor. É fundamental que se identifique o nível e o tipo de

ruído ambiental (ABNT, 1987) a que estão expostos os adolescentes, bem como as fontes

de poluição atmosférica e, ato contínuo, se crie proposta de intervenção que possibilitem a

diminuição dos índices de distúrbios vocais nessa clientela.

IV – O JOVEM URBANO

Acredita-se que reside na juventude uma enorme capacidade de transformar

estruturas e criar o novo, FARIA (1996) destaca que “a Agenda 21 parte do princípio que é

imperiosa a participação ativa da juventude... nos processos de tomada de decisão sobre

proteção do meio ambiente”. Esse grupo etário representa cerca de um terço da população

brasileira. Segundo BAENINGER (1999), “... 75,4% da população de 10 a 14 anos e 77,8%

dos jovens de 15 a 19 anos, viviam em ambientes urbanos em 1996, alcançando 79,7% de

jovens urbanos de 20 a 24 anos.” A autora ressalta que o jovem brasileiro não se vê como

parte integrante do meio ambiente, porém reside na juventude uma disposição em não

aceitar a poluição e a degradação ambiental como imprescindíveis para o desenvolvimento

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do país, apesar dessa mesma juventude não enxergar as cidades como campo de atuação de

quem se preocupa com o meio ambiente.

OLIVEIRA, et al (1998) relatam que historicamente, os censos demográficos

brasileiros vêm apontando um contingente mais elevado de mulheres relativo ao de

homens. Examinando as razões de sexo da população jovem no interior das grandes regiões

brasileiras pelo censo de 1996, os autores observaram que, com exceção da região centro-

oeste do país, todas as demais regiões mostram um maior número de mulheres jovens em

relação ao de homens jovens. Os autores concluem ainda que, “as proporções de jovens do

sexo feminino residindo em áreas metropolitanas são invariavelmente superiores às

correspondentes ao sexo masculino”.

Portanto, considerar os efeitos da poluição sonora e atmosférica sob o trato vocal da

população jovem feminina dos grandes centros urbanos poderá indicar a necessidade de se

percorrer outros caminhos no desenvolvimento de ações preventivas no campo da

Fonoaudiologia e transtornos vocais diagnosticados em adolescentes (SALIBA, 2000;

GORDON, 2001; WILSON, 1993; FERREIRA, 1998).

V. OBJETIVO GERAL

Estudar a prevalência de disfonia funcional e orgânico-funcional, em adolescentes

escolares do sexo feminino de 15 a 18 anos de idade, em área urbana.

V.1.

Objetivos específicos

Identificar a prevalência de alterações vocais.

Identificar a prevalência de sinais sugestivos de rinite alérgica.

Identificar a freqüência de comportamentos vocais inadequados.

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Identificar a existência de condições ambientais intervenientes para a ocorrência de

disfonia funcional e conseqüentemente, orgânico-funcional.

VI. MATERIAIS E MÉTODOS

O método adotado centrou-se no modelo de estudo observacional do tipo seccional

(transversal) ou estudo de prevalência da disfonia funcional e orgânico-funcional em

adolescentes escolares do sexo feminino. Tal método se caracteriza pela observação, em um

mesmo momento histórico, do fator e do efeito. Segundo KLEIN & BLOCH (2002), esse

tipo de estudo é a melhor estratégia quando o objetivo é o estudo de prevalência instantânea

de determinado agravo a saúde. A descrição das características de uma determinada

população, apontando a maneira pela qual essas características, ou variáveis, se distribuem,

assim como a relação de associação entre essas características investigadas propicia o

planejamento de ações de prevenção e controle dos agravos observados.

VI. 1. Público Alvo

O grupo de estudo foi formado por adolescentes do sexo feminino com idades entre 15

e 18 anos, alunas de uma escola municipal do Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca.

A fim de atingir o objetivo proposto foram utilizados os seguintes fatores de exclusão:

• Adolescentes do sexo masculino. A não realização de avaliação vocal em

adolescentes do sexo masculino desta faixa etária se dá em função de se evitar que o

forte impacto da muda vocal altere os resultados.

• Adolescentes do sexo feminino portadoras de disfonia orgânica.

• Adolescentes em período menstrual.

VI. 2. Área de Estudo:

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Foi eleita uma escola pública, Escola Municipal Mário Cláudio, situada no bairro da

Tijuca, Rio de Janeiro.

Figura 1 - Adaptada do Jornal O Globo Tijuca – 11/03/2004 – Fluxo do Trânsito

A escolha da área de estudo se dá em função de suas características urbanas. A

região metropolitana do Rio de Janeiro é considerada área crítica para poluição atmosférica

e sonora (FEEMA, 2003). O bairro da Tijuca, zona norte do município, é uma área de

grande urbanização, com uma das mais elevadas taxas de concentração demográfica da

cidade, um intenso fluxo de veículos automotores, mantendo uma estação de

monitoramento de qualidade do ar da FEEMA, responsável pela divulgação diária do

Boletim de Qualidade do Ar (disponível em: http://www.feema.rj.gov.br ). Por outro lado, a

escola em questão localiza-se em uma das ruas de maior movimento do bairro (Rua

Haddock Lobo), pertencente ao chamado “corredor viário” do bairro. Segundo reportagem

do jornal O Globo (Jornal de Bairro Tijuca), publicada em 11 de março de 2004, entre 1995

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e 2002, o fluxo de veículos nas ruas da Tijuca cresceu 60% e circulam atualmente pelo

bairro aproximadamente 200 mil veículos, o que equivale à cerca de 1% da frota nacional.

VI. 3. Etapas de Avaliação:

1. Levantamento Ambiental:

nível de ruído ambiental;

dados de poluição atmosférica;

determinação do fluxo de veículos do entorno.

2. Avaliação Fonoaudiológica realizada pelo Setor de Fonoaudiologia do NESA:

Avaliação Perceptiva Auditiva;

Lista de Situações de Abuso e Mau Uso Vocal e Condições

Adversas à Saúde Vocal.

3. Avaliação Otorrinolaringológica realizada pelo Setor de Otorrinolaringologia do

NESA, nas adolescentes que apresentaram alterações na avaliação fonoaudiológica:

Laringoscopia Indireta;

Rinoscopia Anterior.

VI. 4. Descrição dos métodos:

a) Levantamento ambiental:

Nível de ruído: foram levantados os níveis de ruído da escola através do uso de

medidor de nível de pressão sonora (decibilímetro marca Lutron SL - 4001),

realizado por Tecnólogo em Segurança do Trabalho utilizando-se as recomendações

da ABNT, 1987. Para cada ambiente avaliado mensurou-se cinco pontos, quatro

cantos e centro. O decibilímetro encontrava-se sempre a 1.20m do chão e a mesma

distância de qualquer obstáculo (paredes, armários). Para cada ambiente calculou-se

a media dos pontos avaliados. Os ambientes foram avaliados por três dias, a média

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obtida nos três dias de avaliação passou a ser considerada como o nível de ruído

ambiental. Todos os ambientes foram avaliados quando vazios e em uso, sendo

assim distribuídos:

• Sala de aula – foram avaliadas três salas de aula por estas serem

diferenciadas quanto ao aspecto localização (influencia direta do ruído gerado nas

ruas do entorno), durante as aulas e quando vazias;

• Rampas de acesso: privilegiaram-se os pontos centrais de acesso aos três

andares, durante a entrada de alunos e vazias durante as aulas;

• Sala de Leitura: vazia e em atividades didáticas;

• Auditório: vazio e com alunos em atividade de educação física (dança);

• Sala de Professores: vazia e no intervalo dos professores;

• Secretaria: vazia e em atividade;

• Refeitório: vazio e no horário do almoço.

Níveis de Poluição Atmosférica – levantamento dos níveis de qualidade do ar

através de consulta ao site da FEEMA (http://www.feema.rj.gov.br) nos mesmos

dias quando da avaliação de ruído.

Fluxo de Veículos - nas duas ruas que formam o entorno da escola (Rua Haddock

Lobo e Rua Barão de Ubá), mensurou-se o nível de ruído durante o horário da

manhã (entre 7 e 9 h), por três dias. Foram feitas medições de dois minutos, em

intervalos de dez minutos. Concomitantemente foram realizadas contagens dos

veículos leves (automóveis) e pesados (caminhões e ônibus).

b) Avaliação Fonoaudiológica:

As avaliações fonoaudiológicas individuais consistiram em Análise Perceptivo-

Auditiva (BELHAU & PONTES, 1995), com uso de cronômetro marca Sport Timer,

através da observação de:

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TMF (Tempo Máximo de Fonação): avaliação do tempo máximo que um indivíduo

consegue sustentar um som após uma respiração profunda. A emissão sustentada

das vogais /a/, /i/ e /u/, permite uma avaliação qualitativa sobre o controle da

função respiratória, eficiência glótica e controle laríngeo. A emissão de /s/, fricativa

medial surda, avalia a habilidade em controlar o suporte pulmonar e a fonte

friccional do som. Já a emissão de /z/, fricativa medial sonora, permite a avaliação

da fonte friccional a fonte glótica. A relação s/z permite uma avaliação do controle

laríngeo.

O ataque vocal é a maneira como se inicia o som (TABITH, 1984) e o tipo

de voz é classificado por fonoaudiólogos através da análise dos exames acima e

análise da fala espontânea.

A análise perceptivo-auditiva é reconhecida como método eficaz de

avaliação vocal (BELHAU e PONTES, Op cit; PONTES, et al 2002).

Questionário Lista de Situações de Abuso e Mau Uso Vocal e Condições Adversas

à Saúde Vocal (BELHAU e PONTES, 1999). Instrumento auto-aplicável no

modelo questionário que identifica queixas vocais, sinais e sintomas de alterações

vocais e alérgicas;

c) Avaliação Otorrinolaringológica

As avaliações otorrinolaringológicas consistiram-se nas análises de:

Laringoscopia Indireta: exame que, segundo CRESPO (2000), é o método

tradicional, pioneiro e ainda o mais difundido em Otorrinolaringologia. Consiste na

visualização da laringe através de um pequeno espelho colocado pelo médico na

orofaringe do paciente. Essa técnica requer que a língua seja empurrada para frente,

pois assim se move a epiglote, permitindo a visualização das estruturas laríngeas,

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sendo considerada como exame laringológico convencional, prático e rápido,

dispensando sofisticações tecnológicas.

Rinoscopia Anterior: exame que consiste na visualização, pelo médico, das

estruturas internas do nariz, através de abertura das narinas utilizando-se um

especulo nasal. HUNGRIA (2000) descreve que nos casos de rinopatia alérgica, a

inspeção das fossas nasais vai evidenciar mucosa nasal ingurgitada, edematosa e de

“coloração empalidecida” ou pálido-acinzentada. Podem ainda ser evidenciadas

presença de secreções serosas ou seromucosas, que recobrem a superfície dos

cornetos e dos soalhos das fossas nasais.

VI. 5. Análise estatística

Como sistema auxiliar de análise de dados foram utilizados o Sistema de

Processamento e Análise EPI-INFO 6 para as avaliações individuais e o programa

Microsoft Excel para as demais avaliações.

VI. 6. Aspectos éticos

O estudo incorpora os aspectos éticos recomendados pela Resolução 196/96 sobre

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, incluindo entre outros, a obtenção do consentimento

livre e esclarecido dos indivíduos e não apresenta atividades que possam levar a danos à

dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual destas pessoas.

Como é um estudo a ser desenvolvido junto a adolescentes, pressupõe não só a concordância

dos mesmos, mas também, e fundamentalmente, o consentimento dos seus responsáveis

legais. Propõe-se ainda a dar amplo retorno à sociedade dos resultados coletivos oriundos da

pesquisa.

Análise Crítica dos Riscos e Benefícios: As alterações vocais em crianças e

adolescentes são tema de preocupação da sociedade já de longa data. Vários são os estudos

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que apontam para os efeitos nocivos dos diferentes tipos de distúrbios vocais na saúde geral

das pessoas, no seu aspecto biopsicossocial, pela ocorrência de agravos de forma mais precoce

e/ou com maior gravidade.

A avaliação vocal não representa riscos para os indivíduos envolvidos. Na etapa

clínica, quando necessário o exame otorrinolaringológico os riscos serão aqueles inerentes a

este procedimento. A avaliação clínica não só permitirá, a nível individual, o diagnóstico

precoce dos distúrbios vocais causados pelo comportamento vocal inadequado que a

adolescente esteja desenvolvendo, e seu respectivo encaminhamento para tratamento, como,

ao nível coletivo, o diagnóstico da saúde da população exposta e seus determinantes

ambientais, possibilitando a identificação das mudanças das condições ambientais requeridas

para minorar os riscos para a saúde das pessoas envolvidas.

Propriedades das Informações Geradas: Serão de uso exclusivo da equipe de

pesquisa e a pesquisadora responsável garante que nenhum estranho a equipe de pesquisadores

terá acesso aos dados, para que se preserve a confidenciabilidade das informações, quando for

o caso. Os resultados referentes às avaliações clínicas serão redigidos na forma de laudos que

serão entregues individualmente a cada participante, e seu responsável, conjuntamente com

esclarecimentos quanto ao seu conteúdo. Não obstante, a divulgação dos resultados coletivos

da pesquisa deverá ser pública e em primeiro lugar endereçada aos participantes do projeto.

O Sujeito da Pesquisa: Os sujeitos da pesquisa terão garantia de livre consentimento

(modelos em anexo) após total esclarecimento de todos os benefícios e possíveis riscos que

poderão advir do processo investigatório. Sendo menores de idade, o consentimento será

solicitado aos seus pais ou responsável direto.

Responsabilidades: A Pesquisada Responsável será a pessoa responsável pela

coordenação e realização da pesquisa e pela integridade e bem-estar dos sujeitos da

pesquisa. As Instituições são públicas e habilitadas para a realização de investigações

científicas.

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VII - RESULTADOS

A Escola Municipal Mário Cláudio situa-se em um prédio de três andares, na Rua

Haddock Lobo, Tijuca. Fundada em 1974, a escola funciona em dois turnos e possui 855

alunos da 1a à 8a serie do ciclo fundamental de ensino sendo 463 no turno da manhã e 422

no turno da tarde. Apresenta uma infraestrutura com 14 salas de aula, auditório, salas de

recursos, refeitório, secretaria, sala de direção e sala de professores, porém não conta com

quadra poliesportiva ou pátio externo. O acesso às salas de aula, localizadas nos segundo e

terceiro andar se dá através de rampas. No seu espaço físico sedia um dos pólos do projeto

“Pólo de Educação pelo Trabalho”, da Secretaria Municipal de Educação.

A escola possui, ainda, turmas especiais para deficientes auditivos, visuais e

mentais, além de sala de recursos para alunos com grande defasagem de aprendizagem. Os

alunos em sua maioria são moradores de espaços populares próximos como as favelas

situadas nos morros da Tijuca, Rio Comprido e Estácio.

O turno da manhã inicia-se às 7:15h e têm seu término as 12:15h. O turno da tarde

inicia-se às 13h e têm seu término às 17h. Os horários de recreação são três a cada turno de

forma a não permitir que um número excessivo de alunos seja liberado para o pátio e o

refeitório. O espaço físico desses dois ambientes é bastante restrito em função do número

de alunos. O pátio possui uma área total em torno de 200 m2 enquanto o refeitório tem 63

m2. Outro fator que corrobora para essa escala de horários é, segundo a direção da escola,

uma orientação por parte da Secretaria de Educação para que se evite que os alunos de

faixas etárias muito diferenciadas permaneçam em contato direto. Estendendo-se esta

conduta aos horários de entrada, saída e refeições.

VII. 1. Avaliação Ambiental:

a) Avaliação de Ruído:

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Os resultados referentes às avaliações sobre o nível de ruído ambiental são descritos

para cada um dos ambientes da escola, assim como as atividades desempenhadas nestes.

Pátio

Este ambiente localiza-se no andar térreo, em comunicação direta com a Rua

Haddock Lobo, por onde é realizado, por discentes, funcionários e docentes, o acesso as

dependências da escola. Vale salientar a existência de um segundo acesso à escola

localizado na Rua Barão de Ubá que se encontra fechado. O pátio tem uma área total de

205 m2 divididos em dois ambientes, em forma retangular e altura de 3 metros.

Os valores médios de ruído encontrados neste ambiente durante a entrada de alunos

foram de 86,4 dB (A). Os alunos de 1a. a 4a. séries formam filas com seus professores antes

de subirem para as respectivas salas de aula; em alguns dias nesse horário é executado o

Hino Nacional (Figura 02).

Figura 02. Média de Ruído no Pátio

Média de Ruído Pátio

92,693,4

86,4

50

60

70

80

90

100

horár ios

dB

e ntrada recre io s aída

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Durante o recreio dos alunos do primeiro ciclo, notou-se, por vezes a presença de

um funcionário (auxiliar administrativo ou professora em readaptação) tentando disciplinar

as brincadeiras. As brincadeiras realizadas que geram grandes ruídos (média de 93,4 dB (A)

e pico de 106 dB (A)) são, principalmente, correr pelo pátio (pique) e jogar futebol. A

direção não permite a entrada de bolas e, conseqüentemente a prática do futebol não é

autorizada, no entanto os alunos usam um expediente criativo, não existindo uma bola real,

confeccionam uma “bola” de papel e/ou saco plástico. Quando da presença do funcionário,

este recolhe a “bola” e as crianças, na maioria meninos, voltam a confeccionar outras em

uma posição desafiadora da regra imposta.

As duas brincadeiras supracitadas realizam-se simultaneamente ocupando o mesmo

espaço físico, o que invariavelmente gera conflitos que culminam em embates físicos. Tais

brigas são constantes e em todos os momentos de avaliação verificou-se que diversas

crianças foram encaminhadas a direção por apresentarem uma conduta violenta.

No horário da saída, com a presença de muitos pais e responsáveis, o ruído no pátio

mantém uma média de 92,6 dB (A).

Refeitório:

Este ambiente localiza-se no andar térreo, seu acesso é feito através de uma porta

dupla ao lado da primeira rampa. Com uma área total de 63 m2 e altura de 3 metros, o

refeitório possui um portão de ferro recoberto por uma tela que dá acesso a um pequeno

pátio externo. Esse acesso fica permanentemente fechado, sendo utilizado somente pelo

pessoal da limpeza.

No refeitório, assim como no pátio, as brincadeiras são freqüentes, contudo a menor

área deste ambiente associada à sua baixa altura, além do revestimento de azulejos,

potencializa a geração de ruído. Durante as refeições percebe-se a grande dificuldade das

merendeiras em manterem algum controle do nível de ruído, pois enquanto alguns se

alimentam, outros continuam suas brincadeiras e discussões.

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Estas ações produziram neste ambiente durante o recreio, níveis de ruído superiores

85 dB (A) (podendo chegar a 94 dB (A)), enquanto nos demais horários, os índices

situaram-se em torno de 65 dB (A).

Figura 3 – Nível de Ruído no Refeitório, quando vazio e quando cheio

Como podem ser observadas, as 7:50h quando da presença apenas das merendeiras,

o refeitório mantém uma média de ruído no ambiente de 65,6 dB (A), quando na presença

dos alunos, as 9:14h, a média chega a 94,5 dB (A).

Rampas de acesso

As rampas de acesso são três, com 14 m de comprimento por 1,40 m de largura cada

e o acesso é controlado por portões de ferro no térreo e no ultimo andar. Nestas rampas

observou-se um grande número de alunos que usavam a declividade destas para novas

modalidades de brincadeiras que geravam elevados níveis de ruído (> 92 dB (A)).

6568

64 65 66

88

92

87 88

94

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5

Refeitório 1 07:50Refeitório 2 09:14

pontos

Nível de Ruído Refeitório

dB (A)

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Figura 5 – Média do Nível de Ruído nas Rampas de Acesso no Horário da Entrada de Alunos

No horário de entrada e saída, o ruído médio deste ambiente foi de 92 dB (A) na

rampa 1, 89dB (A) na rampa 2 e 88 dB (A) na rampa 3. Durante a avaliação notou-se que

mesmo estando vazias, durante o horário de recreio, os níveis de ruído situaram-se em torno

de 80 dB (A), em função da propagação do som produzido no pátio.

Sala dos professores

A sala dos professores situa-se no setor administrativo da escola. Esse ambiente

possui janelas tipo basculante voltadas para a Rua Haddock Lobo que ficam

permanentemente fechadas.

Observou-se um grande número de professores com rouquidão ou algum distúrbio

vocal. Vários relataram hipertensão arterial, irritabilidade, zumbido e cansaço excessivo.

Docentes, funcionários e equipe de coordenação consideram a escola como uma das mais

barulhentas dentre as quais já tenham trabalhado, e relatam uma significativa dificuldade

para desenvolverem suas atividades apontando o nível de ruído como um dos principais

Nível de Ruído Rampas de Acesso

888992

50

60

70

80

90

100

ram pa 1 ram pa 2 ram pa 3

dB

e ntrada

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fatores, prejudicando o desempenho de suas atividades acadêmicas e, conseqüentemente

dificultando a boa aprendizagem por parte dos alunos.

O nível de ruído deste ambiente oscilou entre 60 e 75,8 dB (A), durante o turno de

trabalho.

Figura 7 – Média do Nível de Ruído na Sala dos Professores

Sala de aula

Foram avaliadas três salas de aula sob influencia direta do ruído gerado nas ruas

Haddock Lobo e Barão de Ubá. As salas tipo 1 possuem janelas tipo basculante voltadas

para a Rua Barão de Ubá, as salas tipo2 possuem as mesmas janelas voltadas para a Rua

Haddock Lobo e, finalmente, as salas do tipo 3 além de possuírem suas janelas voltadas

para a Rua Haddock Lobo, possuem em seu lado contra lateral, basculantes voltados para o

pátio externo do refeitório. As janelas ficam permanentemente abertas, com falta de vidro

em algumas. Todas as salas possuem aproximadamente 60 m2 comportando de 30 a 40

alunos.

Nível de Ruído - Sala dos Professores

7075,8

60

50

60

70

80

90

100

e ntr ad a r e cr e io s aíd a

h o r ár io s

dB

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Durante a avaliação, nas salas de aula vazias o nível de ruído encontrado foi de 68

dB (A), podendo atingir 78 dB (A). Quando em aula foram encontrados índices que

variaram de 88 dB (A) a 90 dB (A).

Figura 8 – Média do nível de Ruído das salas de Aula por Tipo, quando vazias e quando cheias

Secretaria

A secretaria da escola concentra as ações administrativas desta, sendo local de

grande circulação de pessoal administrativo, professores e alunos. Localizada no andar

térreo, a secretaria tem suas janelas voltadas para a Rua Haddock Lobo permanentemente

fechadas. O acesso ao público em geral é restrito a uma janela voltada para o pátio. Durante

o horário de recreio dos alunos esse acesso é fechado de forma a minimizar o ruído advindo

deste.

68 6872

9088 89

50

60

70

80

90

100

1 2 3

vazioche io

Nível de Ruído Salas de Aula

dB

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Figura 9 – Média do nível de Ruído na Secretaria, quando vazia e quando cheia

Auditório

O auditório é uma sala de aula adaptada para tal função. Possui um palco de madeira

e cadeiras que podem ser removidas conforme a necessidade. Contém um piano, televisão e

vídeo. Nesse local são desenvolvidas atividades acadêmicas de mostra de vídeos, ensaios de

dança, reuniões, entre outras.

Sua localização é privilegiada uma vez que suas janelas estão voltadas para o

pequeno pátio interno do refeitório.

65,8

77,6

50

60

70

80

90

100

1

vaziache ia

Nível de Ruído Secretaria

dB

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Figura 10 – Média do Nível de Ruído no Auditório, quando vazio e quando cheio

Pólo de Educação pelo Trabalho

Segundo o site da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro

(www.rio.gov.br/sme/ ), o Pólo de Educação pelo Trabalho é um projeto que “busca a

reflexão, discussão e a análise das relações entre a escola e o mundo do trabalho e suas

transformações diante do novo contexto mundial”. São oferecidas diversas oficinas, tais

como: Línguas Estrangeiras, Informática, Protagonismo Juvenil, Imagem, Técnicas

Comerciais, Artes Industriais, Técnicas Agrícolas e Educação para o Lar. As chamadas

Unidades de Extensão Pólos de Educação pelo Trabalho funcionam em horário alternado

com o horário da grade curricular e atendem não só às escolas onde estão instaladas, como

também às unidades escolares próximas.

A área da escola destinada a essa atividade é de uma sala de aula adaptada. Através de

divisórias foi criado um grupo de três pequenas salas, que comportam aproximadamente

dez pessoas cada uma. Suas janelas, voltadas para o pequeno pátio interno, permanecem

freqüentemente fechadas, sendo este ambiente refrigerado com ar condicionado.

Nível de Ruído Auditório

70

88,3

50

60

70

80

90

100

1

dBvazioche io

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As salas vazias permanecem com ruído médio de 68 dB (A) e quando na presença de

alunos e professor, o nível de ruído varia de 85 a 91 dB (A).

Figura 11 – Média do Nível de Ruído no Pólo de Educação pelo Trabalho, quando vazio e quando cheio

Biblioteca ou Sala de Leitura

A biblioteca é considerada pelos professores o ambiente mais silencioso da escola.

Localiza-se em uma sala de aula adaptada para tal fim, possuindo ar condicionado e

persianas verticais. Suas janelas que são voltadas para a Rua Haddock Lobo, permanecem

sempre fechadas. Seu espaço físico é distribuído de forma a comportar estantes de livros,

computadores, televisão, vídeo, além de mesas compartilhadas com quatro cadeiras.

Nível de Ruído Pólo de Educação pelo Trabalho

68

91

50

60

70

80

90

100

1

dBvazio

cheio

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Figura 12 – Média do Nível de Ruído na Biblioteca quando vazia e quando cheia

b) Fluxo de veículos

O fluxo de veículos do entorno da escola foi avaliado no horário da manhã (entre 7

e 9hs) por três dias.

- Rua Haddock Lobo:

média de 16,6 veículos leves a cada 10 segundos gerando uma média de 81,53 dB

(A). (ou seja, média de 99,6 veículos por minuto ou 5.976 por hora);

média de 4,1 veículos pesados (ônibus ou caminhão) a cada 10 segundos gerando

uma média de 85,46 dB (A). (ou seja, média de 24,6 a cada minuto ou 1.476 por hora).

- Rua Barão de Ubá:

média de 1,4 veículos leves a cada 10 segundos gerando 70,3 dB (A). (ou seja, 8,4

por minuto ou 504 por hora);

média de 0,2 veículos pesados (ônibus ou caminhão) a cada 10 segundos gerando

uma média de 69,16 dB (A). (ou seja, 1,2 veículos por minuto ou 72 por hora.).

Nível de Ruído Biblioteca

74

85

50

60

70

80

90

100

1

dBvazioche io

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c) Qualidade do ar:

Segundo o Boletim de Qualidade do Ar divulgado pela FEEMA, nos dias de

avaliação na escola a região da Tijuca encontrou-se na classificação Regular

correspondente ao nível tolerável. Numerosos esquemas de classificação podem ser

delimitados para a variedade de poluentes que podem estar presentes na atmosfera. A

determinação sistemática da qualidade do ar está restrita a um grupo de poluentes

universalmente consagrados como indicadores da qualidade do ar, devido a sua maior

freqüência de ocorrência e pelos efeitos adversos que causam ao meio ambiente. São eles:

dióxido de enxofre (SO2), partículas em suspensão (PTS), monóxido de carbono (CO),

oxidantes fotoquímicos expressos como ozônio (O3), hidrocarbonetos totais (HC) e óxidos

de nitrogênio (NOX), como demonstrado na Figura 13.

IQA - Indice de Qualidade do Ar

Faixa de Concentração dos Poluentes para Cálculo do IQA

Classificação e Faixas do IQA

PTS

média

(24h)

ug/m3

PM10

média

(24h)

ug/m3

SO2

média

(24h)

ug/m3

NO2

média

(1h)

ug/m3

O3

média

(1h)

ug/m3

CO

média

(8h)

ug/m3

Classificação

Efeitos

Regular (51-100) 81-240 51-150 81-365101-

32081-160

4501-

9000Tolerável

Figura 13 – Adaptada de Boletim de Qualidade do Ar

VII. 3. Avaliação Fonoaudiológica

Após os primeiros contatos com a direção foi possível identificar 60 alunas na faixa

etária do estudo matriculadas na escola. Das 60 alunas referidas pela direção, quatorze não

foram encontradas durante as visitas, quatro encontravam-se em período menstrual e sete

não obtiveram autorização dos pais para participarem do estudo. Foram realizadas

avaliações fonoaudiológicas em 35 adolescentes do sexo feminino na faixa etária contida

entre 15 e 18 anos, regularmente matriculada na escola.

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As cinco primeiras avaliações foram realizadas por fonoaudiólogas do setor sob

supervisão direta da pesquisadora, as avaliações restantes foram realizadas pela

pesquisadora em razão da dificuldade de se localizar as alunas na escola.

As avaliações individuais só puderam ser realizadas após doze visitas.

a. Avaliação Perceptiva Auditiva:

Utilizando-se os critérios de BEHLAU e PONTES (1999) para avaliação perceptiva

auditiva, considerou-se que para Tempos Máximos de Fonação (TMF) de vogais o valor

médio de 14’ para normalidade e crítico para valores abaixo de 10’. Nesse sentido os

resultados encontrados foram:

60% (21) das adolescentes estudadas possuíam TMF normais e 40% (14) com

valores abaixo dos recomendados.

A relação s/z apresentou-se alterada em 74,28% (26) das adolescentes. Destas

46,15% (12) apresentaram resultados menores que 0,9 indicando uma hiperadução das

pregas vocais durante a fonação e 53,84% (14) apresentaram resultados maiores que 1,2

indicando falta de coaptação glótica.

O ataque vocal de 97 % (34) das adolescentes examinadas foi classificado como

isocrônico ou normal.

Segundo o tipo de voz, foram os seguintes resultados encontrados:

25,71% (9) voz normal;

28,57% (10) voz rouca;

34,28% (12) voz soprosa;

5,72% (2) voz anasalada;

5,72% (2) com mais de um tipo, predominantemente, rouco-soprosa.

Nenhuma adolescente apresentou voz áspera

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Figura 14 – Classificação do Tipo de Voz

Observa-se que 74,28% (26) das adolescentes avaliadas apresentaram diagnóstico

positivo para disfonia na avaliação fonoaudiológica e foram indicadas a realizarem a

avaliação otorrinolaringológica.

Figura 15 – Resultados da Avaliação Fonoaudiológica

Cassificação de Tipo de Voz

0

910

12

2 2

1

3

5

7

9

11

13

15

norm al rouca s oprosa anas alada rouco-soprosa

áspera

Resultados da Avaliação Fonoaudiológica

74,29%

25,71%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Voze s Alte radas Voze s Norm ais

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b. Avaliação de Comportamento Vocal e Condições Adversas

O segundo questionário pode ser dividido em trinta e duas questões que se referem a

comportamento vocal inadequado indicando situações de mau uso da voz e/ou situações de

abuso vocal e vinte e oito que se referem a condições adversas à saúde vocal, ou seja,

condições ambientais e hábitos de vida prejudiciais à boa voz. Trata-se de uma auto-

avaliação, para as questões mais subjetivas, como por exemplo: “Você fala demais?”, as

adolescentes foram orientadas a fazerem uma reflexão comparativa de seu comportamento

com o do restante de seu grupo etário.

No que se refere a abuso/mau uso vocal destacam-se que 54,3% (19) das

adolescentes pesquisadas relatam usarem a voz de forma intensa e 57,1% (20) durante

muito tempo. 51,4% (18) usam o ar até o final e 74,3% (26) falam rápido demais. 62,9%

(22) das adolescentes referem falar durante muito tempo sem se hidratar e 77,1% (27)

falam muito ao ar livre. 80% (28) relatam que riem demais e 62,9% (22) que gritam

demais. 68,6% (24) das adolescentes declaram que usam a voz normalmente quando

resfriadas.

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Figura 16 – Resultado das Questões de Mau Uso e Abuso Vocais por Respostas Positivas

No que se refere a condições adversas à saúde vocal, destaca-se que 77,1% (27) das

adolescentes têm a percepção de que seu ambiente escolar é ruidoso, 54,3% (19) de que seu

ambiente familiar é ruidoso, 51,4% (18) relatam tomarem pouca água, 71,4% (25) têm a

percepção de que vivem em uma cidade com ar muito poluído e 80% (28) relatam que têm

M au Us o e /ou Abuso Vocais

1920

910

322

1411

1826

1322

135

1627

178

528

1222

178

911

724

1911

14

0 5 10 15 20 25 30 35

voz fortefala m uito

m uito agudom uito grave

suss urrandodente s travados

com e sforçosem res pirar

enquanto inspiraar até o fim

rápido dem aisjunto com outrosse m s e hidratar s em de scansar

articula exageradom uito ao te le fone

m uito ao ar livrem uito na condução

pigarrotos se

r i de m ais chora dem ais

grita dem aisim ita vozesim ita sons

voz e m posturas inade quadases portes com vozgrupos re ligios os

voz re friadocanta dem ais

canta fora e xtensãocanta e m vár ias voze s

re spos tas pos itivas

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o hábito de falar com TV/rádio/som ligados. Enquanto 80% (28) declaram que tomam

bebidas geladas constantemente, 65,7% (23) declaram que comem alimentos gordurosos ou

excessivamente condimentados. Destaca-se que 11,4% (4) declaram ser fumantes enquanto

que 54,3% (19) declaram viver em ambiente de fumantes. Do total avaliado, 74,3% (26) se

declara com estresse.

Figura 17 – Resultado das Questões de Condições Adversas por respostas Positivas

Condições Adversas

2719

628

1015

185

325

612

285

2315

419

30

813

177

35

926

0 5 10 15 20 25 30 35

e studa em am b. ruidos ovive em am b. ruidos o

vive com DArád/TV /som enquanto fala

com p. e sportivaste m ale rgias

tom a pouca águaar condicionado

clim a se copoluição

poe ira/m ofom udanças te m p.be bidas ge ladas

café /cháalim . gordurosos

alim . Achocolatadosfum a

am b. De fum ante sbeb. Alcoolícas

drogasautom edicação

dorm e poucoroupas apertadas

aziam á diges tão

RGEvida soc. Int.

e s tre ss e

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Segundo a classificação por tipo de comportamento vocal, 25,7% (9) adolescentes

foram classificadas como do Tipo 1, 45,7% (16) classificadas com pertencentes ao Tipo 2 e

28,6% (10) adolescentes classificadas como do Tipo 3.

Figura 18 –Resultado da Classificação Segundo Tipo de Comportamento Vocal

VII. 4. Avaliação otorrinolaringológica

As avaliações otorrinolaringológicas foram realizadas em um único dia na própria

escola por profissional médico otorrinolaringologista do NESA, que teve acesso à avaliação

fonoaudiológica.

Foram encaminhadas vinte e sete alunas para o otorrinolaringologista seguindo-se o

critério de apenas ser avaliada a adolescente que apresentasse alteração na avaliação

fonoaudiológica. Esse critério foi usado pela Campanha Nacional de Voz de 1999, quando

foi possível se demonstrar sua eficácia, evitando-se exames desnecessários.

Das vinte e sete alunas encaminhadas, dezenove (70,37%) compareceu a escola no

dia da marcação, os resultados do exame serão expostos a seguir:

Classificação segundo tipo de comportamento vocal

25,70%

45,70%

28,60%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3

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do total avaliado (dezenove adolescentes), apenas duas (10,52%) apresentaram

resultados normais, incompatíveis com a avaliação fonoaudiológica;

21,05% (04) das adolescentes foram diagnosticadas como portadoras de nódulos

de prega vocal;

68,42% (13) adolescentes apresentaram má coaptação das pregas vocais;

Como resultado da Laringoscopia Indireta:

4 (21,05%) adolescentes portadoras de disfonia orgânico-funcional;

13 (68,42%) adolescentes portadoras de disfonia funcional;

2 (10,52%) adolescentes diagnosticadas como normais

Figura 19 – Resultado das Avaliações Laringológicas

Como resultado da Rinoscopia Anterior:

14 (73,68%) das adolescentes apresentaram mucosas nasais compatíveis com

diagnóstico de rinite alérgica.

Avaliação Laringológica

21,05%

68,42%

10,52%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

dis fonia orgânico-funcional

dis fonia funcional norm al

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Figura 20 - Resultado das Avaliações Rinológicas

VIII - DISCUSSÃO

Inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas no sentido de avaliar as repercussões

negativas do ruído na saúde dos trabalhadores (ABUDD, 2001; FRANÇA, 2002; JONES,

2002; OLSEN, 2001; FERNANDES, 2002), a maior parte destes trabalhos têm as

indústrias como locais de atuação. Da mesma forma, são diversos os estudos que

aprofundam a relação entre o uso inadequado da voz e os distúrbios vocais, notadamente

com profissionais que fazem uso intensivo da voz (FAWCUS 2001; FERREIRA 1998;

FUESS, 2003; GARCIA, 1996; HEYLEN, 2002; JONES et al, 2002; OLIVEIRA, 2000;

RANTALA, L. 2002), ou ainda com crianças (DEJONCKERE, 2003; GUNTER, 2004;

KAZUNORI, 1999; MARTINS, 1998. A análise das variáveis, ruído ambiental e

comportamento vocal, tendo como campo de pesquisa a escola e como público alvo as

adolescentes, indica a necessidade de efetivas intervenções, reunindo diversos atores

sociais.

Os resultados encontrados nas avaliações sobre ruído ambiental conduzidas na

escola estudada foram muito acima daqueles recomendados pela OMS, OPS e ABNT. Foi

possível constatar que o elevado nível de ruído nas salas sofre uma forte influência do

tráfego da região. Nos levantamentos referentes ao fluxo de trânsito do entorno observou-se

uma média aproximada de 6.000 veículos leves e mais de 1.500 veículos pesados por hora

Re s u ltad o s d a Rin o s co p ia A n te r io r

26,23%

73,68%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

m u co s a n o r m al m u co s a a lte r ad a

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no horário de rush matinal. Esse fluxo de veículos, que gerou mais de 80 dB (A) de ruído

ambiental, tornou a comunicação interpessoal dentro da escola, imprescindível ao processo

educacional, praticamente inviável.

De acordo com a Lei Municipal n.º 3342 de 28 de dezembro de 2001, para áreas

estritamente urbanas e/ou de hospitais e escolas, o nível máximo de ruído permitido para o

período diurno é de 50 dB (A). PEREIRA (2002) considera que a poluição sonora nas áreas

urbanas só ocorre com o consentimento do poder público municipal, ou pela ineficiência ou

pela negligência deste, estando a cargo desta esfera de governo a legislação específica. O

presente estudo constatou a existência de diversos instrumentos legais, no entanto o efeito

destes instrumentos sobre o cotidiano da escola avaliada é praticamente incipiente.

Ao se analisar a questão do ruído ambiental na Escola Municipal Mário Cláudio,

outro aspecto que contribuiu significativamente para aumentar seu efeito é a configuração

do prédio e suas condições de conservação. As edificações contribuem para o aumento do

nível de ruído visto a existência de áreas de lazer fechadas e ambientes internos sem

tratamento acústico adequado, potencializando o ruído provocado pelos próprios alunos tais

como conversa, gritos, algazarra, cadeiras empurradas, assovio, etc. Ocorre um

confinamento dos alunos nos horários de entrada e recreio, ficando o pátio praticamente

lotado, propiciando a formação de uma “caixa de ressonância”, ou seja, o som é

amplificado neste ambiente.

A configuração do espaço escolar deve considerar a necessidade de se dispor de

áreas adequadas que possibilitem mitigar o efeito nocivo do ruído. Um expediente que vem

sendo utilizado em construções domiciliares novas, com espaço restrito, é a adequação das

coberturas dos prédios em áreas de múltiplos usos. Essa opção permitiria a utilização de

um espaço físico freqüentemente descartado e disponível na escola. Desta maneira o som

gerado durante o recreio, quando outras turmas encontram-se em aula, seria realizado em

um ambiente ao ar livre, o que permitiria uma melhor propagação.

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Como a maioria das salas de aula se encontra voltada para a Rua Haddock Lobo,

uma forma de minimizar o efeito sonoro dentro das salas, a partir do ruído externo, seria o

fechamento das janelas. Contudo no caso específico tal medida pouca adiantaria visto que a

maior parte das janelas encontra-se com a sua vidraçaria parcialmente ou totalmente

quebrada. Uma ação que poderia mitigar o barulho seria o restabelecimento das vidraças

das janelas com vidros duplos, que somada a colocação de cortinas e pisos emborrachados

são medidas, viáveis, que contribuiriam sensivelmente para a diminuição do problema.

Quanto ao aspecto da saúde dos trabalhadores da escola, não é possível considerar o

ambiente da escola como um ambiente insalubre. A legislação vigente é bastante específica

no que diz respeito aos limites permitidos de exposição ao ruído por trabalhadores

limitando a um máximo de 85 dB (A) em 8 horas de jornada de trabalho (Portaria 3214/78

Leg. Bras.). Uma exposição contínua a ruídos superiores a 85 dB (A) pode causar perdas

permanentes de audição e, acima deste nível, um aumento de apenas 5 dB (A) implica na

redução do tempo de exposição ao ruído pela metade (NUDELMANN, 1997). No entanto,

na escola, a que se considerar que na maior parte do tempo e em todos os ambientes os

níveis de ruído ultrapassam os indicados pela legislação para este ambiente refletindo de

forma negativa na atividade para a qual se destina. Este efeito nocivo, invariavelmente,

repercute não só no aprendizado do corpo discente, mas manifesta-se na saúde dos

professores, alunos e funcionários. Essa condição é facilmente percebida pelos professores

que reportaram, de forma unânime, a queixa de presença de zumbido e rouquidão, entre

outras. Os relatos de ocorrência de zumbido são bastante comuns em trabalhadores

expostos a níveis elevados de ruído. Segundo OLSEN (2001), o zumbido é o primeiro

alerta de que um indivíduo foi exposto a um estímulo sonoro demasiadamente forte.

ALBERTI, apud SELIGMAN (1997), refere à presença de zumbido em 58% de um

universo com mais de dois mil trabalhadores; em outro estudo do mesmo autor foram

observados que 69,11% dos trabalhadores estudados eram portadores desta queixa. Este

autor conceitua o zumbido como uma ilusão auditiva, ou seja, uma sensação sonora

produzida na ausência de uma fonte de som, que ocorre, após a exposição a ruídos

elevados.

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Quanto à queixa de rouquidão, esta é bastante comum em profissionais que usam

intensamente a voz como no caso dos docentes. FUESS & LORENTS (2003) apontam que

80,7% dos professores pesquisados apresentaram algum grau de disfonia, JACAS et al

(2000) em pesquisa realizada com 74 professores da cidade de Santiago de Cuba,

encontraram 54,6% de portadores de laringite crônica e disfonia funcional.

Com respeito ao aspecto da qualidade do ar, os resultados coletados são, segundo a

fonte pesquisada, “toleráveis para pessoas saudáveis”, entretanto, no ambiente escolar,

deve-se considerar que os alunos e professores também estão expostos a outros agentes

nocivos tais como o pó de giz e poeiras em suspensão. A limpeza da escola é realizada

diariamente sendo possível observar a grande quantidade de poeira. Essas partículas em

suspensão no ambiente afetam o sistema respiratório no que concerne a capacidade de

remoção de partículas do ar expirado, retendo-as nos pulmões. Desta forma, quanto mais

finas as partículas, mais profundamente penetram no aparelho respiratório. As poeiras em

suspensão também potencializam os efeitos dos gases presentes no ar. Uma ação que

provavelmente poderia auxiliar na prevenção das manifestações de problemas respiratórios

seria a remoção da poeira dispersa sobre o mobiliário e piso das salas. Entretanto e

infelizmente a vassoura, tipo piaçava, é o instrumento padrão de limpeza utilizado. Os

aspiradores são capazes de reter alguma sujeira, porém seu sistema de filtragem não retém a

poeira por completo, e inclusive podem atuar como vetores de disseminação desta. Desta

maneira a utilização de aspiradores com filtros especiais e de alta eficiência seria o

indicado, porém estes equipamentos têm um custo muito elevado. Segundo a Sociedade

Brasileira de Alergia e Imunopatologia (www.sbai.org,br) no caso de não existir carpete ou

tapetes no chão, o uso freqüente de pano úmido na limpeza é uma forma bastante eficaz

para remover a poeira, sendo recomendada a limpeza no ambiente.

Avaliação Vocal Individual

A primeira questão a ser discutida foi à dificuldade encontrada para a realização das

avaliações individuais. Inicialmente o planejamento do estudo previa a visita por três dias

para essa finalidade, no entanto foram necessárias doze visitas. O número de ausências das

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alunas foi bastante elevado dificultando o trabalho proposto. Por outro lado foi possível

constatar um número significativo de queixas vocais em adolescentes do sexo feminino fora

da faixa etária do estudo e ainda em crianças, reforçando a necessidade de um estudo mais

amplo.

Na avaliação perceptiva auditiva realizada observaram-se valores de TMF abaixo

dos recomendados, segundo BELHAU & PONTES (1995) esses valores podem ser

indicativos de comprometimento no suporte aéreo pulmonar necessário para a boa

produção vocal. O resultado de 74,28% de vozes alteradas foi bastante próximo do

encontrado por ATTTIANEZI (2000) em estudo conduzido em escolas da rede pública do

Município do Rio de Janeiro que constatou 80% de alterações vocais em adolescentes de 10

a 14 anos do sexo feminino. Em estudos conduzidos com crianças RAMING &

VERDOLINI, apud MELO (2001), descrevem a ocorrência de desordens vocais entre 6 e

23,4 % da população infantil.

Os resultados aferidos de ataque vocal foram compatíveis aos reportados por

MARTINS (op cit) para crianças, o autor relata a incidência de 94% de ataque vocal

isocrônico em 116 vozes infantis.

O alto índice de ocorrência de alterações vocais ganha significância especial quando

se analisa o questionário de comportamento vocal e de condições adversas. As freqüências

aferidas demonstram indicadores elevados de mau uso e/ou abuso vocais e os resultados

mensurados foram compatíveis com as descrições de literatura para etiologia de distúrbios

vocais funcionais e/ou orgânicos funcionais. BEHLAU (2004) salienta que é comum que

indivíduos que desenvolvem hábitos vocais inadequados se utilizem de diferentes práticas

abusivas. As práticas abusivas apresentadas pelas adolescentes do presente estudo podem

ser indicativas de esforço vocal (uso da voz de forma intensa, o uso da voz durante muito

tempo, rir demais, gritar demais e usar a voz normalmente quando resfriadas). ZEMLIN

(2000) refere que a força com que as pregas vocais se encontram na linha média aumenta

conforme a intensidade vocal aumenta, pois a laringe oferece mais resistência ao fluxo de

ar. Este autor descreve, ainda, que quando uma pessoa grita, uma tensão laríngea excessiva

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está presente o que pode resultar em irritação das pregas vocais. Quanto ao hábito de falar

durante muito tempo sem se hidratar apresentado pelas adolescentes avaliadas, sabe-se que

a água hidrata as pregas vocais, evita e diminui a quantidade de muco viscoso e a sensação

de garganta seca. YIU & CHAN (2002) ao avaliarem cantores de Karaokê, em Hong Kong,

China, sugerem que uma estratégia para preservar a função vocal e a qualidade do canto é a

hidratação constante. Da mesma forma, SALOMON et al (2002) observaram em estudo de

caso controle, o efeito benéfico da hidratação em casos de fadiga vocal.

Quanto às condições adversas a boa saúde vocal observa-se uma competição sonora

na escola e na família, declarados como ambientes ruidosos, além de hábitos inadequados

de alimentação e ingesta de líquidos. Alimentos gordurosos ou excessivamente

condimentados lentificam a digestão, além de aumentarem a secreção do muco no trato

vocal, prejudicando a ressonância e induzindo a produção de pigarro (BEHLAU &

PONTES, 1999). Segundo estes autores, a ingesta de líquidos gelados irá causar choque

térmico tendo como efeito imediato à descarga de muco e possível edema de pregas vocais.

O elevado número de adolescentes que se declaram como portadoras de estresse

levam a necessidade de estudos específicos sobre a relação do estresse e os distúrbios

vocais. COELHO (1994) define o estresse como uma reação interativa entre o indivíduo e o

meio ambiente. Em seu estudo a autora faz uma avaliação comparativa entre um grupo de

indivíduos disfonicos e um grupo de indivíduos com vozes normais utilizando-se de

parâmetros de características cognitivas e padrões de comportamento, eventos estressantes

de vida e sintomas de estresse, além de grau de tendência de somatização. A conclusão do

estudo é de que não foi possível a confirmação da hipótese de que disfonicos tenham

maiores sintomas de estresse que o grupo controle, no entanto foi possível observar que as

disfonias funcionais tendem a ser a expressão do distresse emocional do individuo, que

elege a laringe como seu órgão de choque.

Considerando-se a avaliação otorrinolaringológica realizada, observou-se que

21,5% das adolescentes foram diagnosticadas como portadoras de nódulos de prega vocal

que segundo CERVANTES (op cit) são bastante comuns em mulheres jovens e são a maior

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causa de rouquidão em crianças, chegando a 80% dos casos. MELO et al (2001) ao

reavaliarem 1.093 exames de pacientes portadores de queixas vocais no Hospital do

Servidor Público de São Paulo observaram serem estes 88% do sexo feminino.

Durante o período em que as pregas vocais vibram para a emissão sonora deve

haver uma boa coaptação entre as mesmas, porém quando temos a presença de fenda

glótica, esta coaptação não é completa, permanecendo um espaço ou abertura entre as

pregas. Ao se analisar os resultados dos exames de laringoscopia indireta realizados que

indicaram mais de 68% de casos de má coaptação de pregas vocais, deve-se levar em

consideração que esta avaliação não permite o diagnóstico preciso do tipo de fenda.

Portanto não é possível afirmar quantas destas seriam do tipo triangular posterior, ou seja,

funcionais, logo, para um diagnóstico mais preciso o ideal seria a realização de exames

mais sofisticados. BEHLAU et al (2004) conceituam as fendas glóticas como inadaptações

fônicas, segundo os autores os desequilíbrios ocorrem por aumento ou diminuição de

grupos musculares específicos, causando o aparecimento de fendas, repercutindo de forma

negativa na qualidade vocal. Os índices de má coaptação encontrados nas adolescentes

avaliadas podem indicar dois caminhos, as chamadas fendas funcionais comuns em

mulheres ou ainda um alto grau de hipofunção. O diagnóstico diferencial das fendas, na

maioria das vezes, só é possível através de exame videolaringoscópio.

Estudos vêm sendo conduzidos no sentido de avaliarem as evidências da relação

entre a poluição do ar e as manifestações alérgicas. JANG, YEUM e SON (2003),

observaram que crianças que viviam em áreas poluídas tinham mais hiper-reatividade

brônquica do que as que viviam em áreas menos poluídas. Mesmo considerando-se que

além da exposição a poluentes atmosféricos outros fatores podem influenciar no

aparecimento das manifestações alérgicas, a contribuição desta fonte parece ser

indiscutível. No presente trabalho os índices encontrados de rinite alérgica (73,68%)

merecem algumas reflexões; a correlação entre manifestações alérgicas com as alterações

vocais pode existir na medida em que se considera que a laringe é um órgão aerodinâmico

extremamente sensível, e os fatores que influenciam o modo e a freqüência de vibração das

pregas vocais precisam estar em um equilíbrio sutil. O edema local devido a reações

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alérgicas e/ou abusos vocais agudos (gritos, tabaco, álcool) modifica as características

físicas das pregas vocais distanciando a voz de sua qualidade habitual (ZEMLIN, 2000).

Em recente estudo BEHRENS et al (2003) avaliaram a tendência temporal da prevalência

de sintomas de asma, rinite alérgica e ecsema atópico em crianças e adolescentes alemães.

Os resultados encontrados por estes autores indicaram um aumento na prevalência de

sintomas atuais nas três doenças e nas duas faixas etárias, sendo de modo mais importante

nas meninas, refletindo mudanças na morbidade dessas condições nessa população.

Como dito anteriormente, a fim de tornar o ambiente escolar mais saudável é

imperativo o envolvimento de diversos atores sociais. Faz-se necessário que todos os

envolvidos no problema, alunos, professores, funcionários e pais, iniciem um processo de

mobilização social e desta forma tomem para si a responsabilidade por uma nova ordem

social que transforme a escola um lugar melhor. TORO & WERNECK (2004) salientam

que não aceitar a responsabilidade pela realidade em que vivemos é, ao mesmo tempo, nos

desobrigarmos da tarefa de transformá-la, colocando na mão do outro a possibilidade de

agir.

IX - CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos na presente investigação foi possível concluir que:

- Disfonias funcionais, orgânico-funcionais e rinite alérgica são

patologias de alta prevalência em adolescentes escolares do sexo

feminino na escola estudada;

- O comportamento vocal inadequado apresentado é um importante fator

para o desenvolvimento das alterações vocais encontradas;

- As condições ambientais da escola no que se refere ao nível de ruído e

os índices de poluição do ar do bairro demonstram exercer uma

marcante influência no desenvolvimento destas patologias.

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- As políticas públicas direcionadas a prevenção da saúde vocal dos

professores e alunos de escolas localizadas em regiões que sofrem

influência de ruídos externos, devem considerar as conseqüências

destes aspectos ambientais sobre a saúde destes indivíduos.

Desta forma sugerem-se estudos analíticos que possam confirmar essa correlação

assim como uma intervenção eficaz por parte do poder público e da sociedade civil no

sentido de tornar a escola um ambiente mais saudável.

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democracia e a participação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2004.

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102. ZEMLIN, W. R. Princípios de Anatomia e Fisiologia em Fonoaudiologia.

Trad. Therezinha Oppido – 4a. edição – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

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103. ZORZAL, F. M. B.; et al Carta de Ruído da Cidade de Curitiba

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO

O Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva (NESC) da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ) e o Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (NESA) da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), convidam você, adolescente, e seu respectivo

responsável, a participar do projeto “OCORRÊNCIA DE DISFONIA FUNCIONAL E ORGÂNICA-FUNCIONAL

EM ADOLESCENTES ESCOLARES DO SEXO FEMININO” sob a coordenação da fonoaudióloga Margareth

Attianezi e orientação da professora Carmen Ildes Fróes Asmus.

O objetivo deste trabalho é de estudar a prevalência de disfonia funcional em

adolescentes do sexo feminino de 15 a 18 anos, discutindo os comportamentos vocais

inadequados e as condições ambientais na sua escola que possam ser intervenientes nas

alterações vocais diagnosticadas, e informando a você e ao seu responsável os tipos de

comportamentos que podem causar danos à sua saúde, e que, portanto não devem ser

realizados por você. Temos também por finalidade, com a sua participação e aprovação,

propor medidas que possam melhorar o seu ambiente escolar.

Para a avaliação da sua saúde vocal, vamos realizar avaliações fonoaudiológicas,

avaliação de ruído ambiental e, quando necessário, exame clínico otorrinolaringológico.

Todas as avaliações serão realizadas na sua escola. Os resultados dos exames serão dados a

você e ao seu responsável diretamente pelo médico ou fonoaudiólogo que o examinar. Caso

seja encontrado algum problema de saúde que necessite acompanhamento de especialista,

você será encaminhado ao posto de saúde mais próximo de sua residência. A fonoaudióloga

Margareth Attianezi, responsável pela pesquisa, se compromete a não revelar os resultados

de seus exames. O conjunto de resultados de exames, o seu e o de todas as suas colegas

serão analisados e divulgados de forma que não seja possível identificar de quem é cada

exame.

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Sua participação na pesquisa é VOLUNTÁRIA, isso significa que você decide se

quer ou não participar da avaliação. Sua recusa não implicará em nenhuma perda para você.

Sendo assim, solicitamos a sua concordância e a permissão do seu responsável para que

você participe deste trabalho e nos colocamos ao inteiro dispor de vocês para outros

esclarecimentos que julguem necessários. Também gostaríamos de esclarecer que os seus

responsáveis podem acompanhar todas as atividades e a qualquer momento podem recusar

a sua participação.

Rio de Janeiro, de de 2004.

Margareth Attianezi

Eu, ____________________________________________________, responsável pela

aluna ____________________________________________, declaro estar esclarecido

sobre os termos apresentados acima e autorizo a participação de minha filha nesse trabalho

a ser desenvolvido na Escola Municipal Mário Cláudio.

Rio de Janeiro, de de 2004

Assinatura do responsável pela aluna

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ANEXO 2

Número:___________

Há quanto tempo estuda na escola?

LISTA DE SITUAÇÕES DE ABUSO E MAU USO VOCAL E CONDIÇÕES ADVERSAS À SAÚDE VOCAL1. Fala em grande intensidade (voz forte) 2. Fala durante muito tempo 3. Fala agudo demais (muito fino) 4. Fala grave demais (muito grosso) 5. Fala sussurando 6. Fala com os dentes travados 7. Fala com esforço 8. Fala sem respirar9. Fala enquanto inspira o ar10. Usa o ar até o final11. Fala rápido demais12. Fala junto com os outros13. Fala durante muito tempo sem se hidratar14. Fala sem descansar15. Articula exageradamente as palavras16. Fala muito ao telefone17. Fala muito ao ar livre18. Fala muito no carro, metrô ou ônibus19. Pigarreia constantemente20. Tosse demais21. Ri demais22. Chora demais23. Grita demais24. Estuda em ambiente ruidoso25. em ambiente familiar ruidoso26. Vive com pessoas com problemas de audição27. Mantém rádio, som ou TV ligados enquanto fala28. Imita vozes dos outros29. Imita vários sons30. Usa a voz em posturas corporais inadequadas

31. Pratica esportes que usam a voz32. Freqüenta competições esportivas33. Participa de grupos religiosos com grande uso da voz34. Tem alergias35. Usa a voz normalmente quando resfriado36. Toma pouca água37. Permanece em ambiente com ar condicionado38. Vive em cidade com clima muito seco39. Vive em cidade com o ar muito poluído40. Permanece em ambiente empoeirado, com mofo ou pouca ventilação41. Expõe-se a mudanças bruscas de temperatura42. Toma bebidas geladas constantemente43. Toma café ou chá em excesso44. Come alimentos gordurosos ou excessivamente condimentados45. Come alimentos achocolatados em excesso46. Fuma 47. Vive em ambiente de fumantes48. Toma bebidas alcóolicas destiladas49. Usa drogas50. Faz auto medicação quando tem problemas de voz51. Dorme pouco52. Canta demais53. Canta fora de sua extensão vocal54. Canta em várias vozes55. Usa roupas apertadas no pescoço, tórax ou cintura56. Apresenta azia57. Apresenta má digestão58. Tem refluxo gastroesofágico59. Tem vida social intensa60. Tem estresse

(Adaptado de VILLELA & BEHLAU, 1988)Some seus pontos:

_________________________

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CLASSIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL

TIPO 1 – Até 15 pontos – O comportado vocalVocê não tem propensão para desenvolver um problema de voz. Parabéns pois você

respeita os limites do organismo! Siga assim que estará contribuindo par sua longevidade vocal. Contudo, se apesar desta classificação você estiver apresentando um problema de voz, tal como voz rouca ou esforço para falar, consulte rapidamente um especialista pois provavelmente trata-se de um quadro orgânico, ou seja, independe do comportamento vocal, e necessita de uma avaliação detalhada.

TIPO 2 – De 16 a 30 pontos – O candidato a problemas de vozVocê tem tendência para desenvolver um problema de voz e, talvez, já apresente

alguns sinais e sintomas de alteração vocal – a chamada disfonia. Você está em uma situação onde um acontecimento estressante adicional ou um simples aumento do uso da voz pode levá-lo a um sério risco vocal. Você precisa ser avaliado por um especialista! Procure verificar em seu ambiente de trabalho, familiar e social quais as modificações que podem ser introduzidas para reunir melhores condições de comunicação. Conscientize-se da importância de sua voz e reduza a prática de comportamentos negativos.

TIPO 3 – de 31 a 50 pontos – O risco sérioVocê tem se arriscado demais e pode vir a perder um dos maiores bens que possui –

sua voz. Talvez você já apresente uma disfonia e já tenha recorrido a um especialista. Siga corretamente a orientação e o tratamento indicados. Procure refletir sobre o modo com que você se comunica com as pessoas, em diferentes situações, caracterizando os principais focos de tensão e estresse de seu dia-a-dia, procurando reunir condições reverter esse quadro. Pense o quanto sua vida irá se tornar difícil se você tiver que viver com uma limitação vocal definitiva. Reaja!

TIPO 4 – Acima de 51 pontos - O campeão de abusos vocaisDe duas uma: ou você sofre de um problema de voz crônico ou apresenta uma

resistência vocal excepcional, acima do normal! Se você tem um problema de voz, sabe o quanto esta situação interfere negativamente em sua vida, e como esse fato representa uma sobrecarga adicional em casa e no trabalho. Conscientize-se da necessidade imediata de desenvolver comportamentos vocais adequados e saudáveis. Melhore seu ambiente de comunicação! Se você ainda não procurou um especialista, é melhor não adiar! Busque orientação! Por outro lado, se apesar desta quantidade de desvios no uso da voz ela ainda se apresenta saudável, você pertence a esse raro tipo de indivíduo com resistência vocal a toda prova. Contudo, cuide-se, pois sua voz não é eterna e os limites do organismo mudam constantemente com a idade e as condições gerais de saúde. Além disso, seu comportamento vocal pode estar sendo invasivo para os seus interlocutores, representando também um modelo vocal inadequado, principalmente para as crianças. Que tal mudar?

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ANEXO 3Nível de critério de avaliação para ambientes externos, de acordo com a NBR 10151/2000, e zoneamento municipal por similaridade:

Tipos de Áreas Período Diurno

Período Noturno

Zoneamento Municipal(por similaridade)

Áreas de sítios e fazendas 40 35(zonas de preservação e conservação de unidades de conservação ambiental e zonas agrícolas)

ZCVS, ZPVS, Áreas AgrícolasÁrea estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas

50 45 ZRU

Área mista, predominantemente residencial

55 50 ZR 1, ZR 2, ZR 6, ZRM, ZOC

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55 ZR3, ZR 4, ZR 5, ZUM, CB de ZR,

ZC, ZCSÁrea mista, com vocação recreacional 65 55 ZT, AC, ZP, CB de ZT

Área predominantemente

Industrial

70 60 ZPI , ZI, ZIC, CB de ZI

Obs: Os níveis máximos de sons e ruídos permitidos em ZE serão verificados de acordo com os usos previstos em cada sub-zona em correlação com a tabela acima.

Legenda:ZE - zona especial ZCVS - zona de conservação da vida silvestreZPVS - zona de preservação da vida silvestreZOC - zona de ocupação controladaZRU - zona residencial unifamiliarZRM - zona residencial multifamiliarZR 1, 2 , 3 - zona residencial (permite ensino em edificação exclusiva)ZR 4, 5 - zona residencial (permite comércio em edificação mista e pequena indústria)ZR 6 – Residencial e agrícolaZCS - zona de comércio e serviçoCB - centro de bairroZUM - zona de uso mistoZT - zona turísticaZC - zona comercialAC - área centralZI - zona industrialZPI - zona predominantemente industrialZIC - zona de indústria e comércioZP - zona portuária

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ANEXO 4

FICHA DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

Número:..........

Data: ….....................

Nome:..................................................................................... Idade:...............

Menstruação: ( ) 1 sim ( ) 2 não1. Análise fonoaudiológica – Avaliação perceptivo auditiva

1.1 Tempo Máximo de Fonação – TMFVogal sustentada: /a/:........ /i/:......... /u/:........

Análise:......................................................................................................

Fricativas: surda /s/:.......... sonora /z/:........ relação s/z:.......

Análise: ....................................................................................................

1.2 Fala Espontânea:

Ataque vocal: 1 ( ) isocrônico 2 ( ) brusco 3 ( ) aspirado

Tipo de voz: 1 ( ) normal 2 ( ) rouca 3 ( ) soprosa 4 ( ) áspera 5 ( ) anasalada

Diagnóstico: 1 ( ) positivo para disfonia, encaminhar ao ORL

2 ( ) negativo para disfonia

Fonoaudiólogo responsável:..................................................Data:..............................

2. Análise do questionário: LISTA DE SITUAÇÕES DE ABUSO E MAU USO VOCAL E CONDIÇÕES ADVERSAS À SAÚDE VOCAL

...................................................................................................................................................

3. Avaliação Otorrinolaringológica: Laringoscopia Indireta: Diag. orgânico 1( ) sim 2( ) não / Orgânico-funcional 1( )

sim 2( ) não Rinoscopia:..............................................Rinite Alérgica 1( ) sim 2 ( ) não

Médico responsável:........................................................... Data................................

4. Diagnóstico Vocal Final:

a) ( ) disfonia funcional b) ( ) disfonia orgânico funcional

c) ( ) disfonia orgânica