entendendo o procedimento comum ordinário do processo penal - processual penal - Âmbito jurídico

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  • 7/28/2019 Entendendo o procedimento comum ordinrio do processo penal - Processual Penal - mbito Jurdico

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    Processual Penal

    Entendendo o procedimento comum ordinrio do processo penalMary Mansoldo

    Resumo: Tratase de material didtico sobre o Procedimento Comum Ordinrio do Processo Penal. O estudo enriquecido com as teorias defendidas pelo ilustreProfessor Eugnio Pacelli, juntamente com a legislao pertinente. Apontamentos procedimentais so expostos de maneira simples e didtica. No h objetivo de esgotaro tema, mas, a finalidade de contribuir com os estudos da cincia jurdica processual penal.

    Palavraschave: Processo. Procedimento. Processo Penal. Procedimento Comum Ordinrio. Audincia de Instruo e Julgamento.

    Abstract: This is educational material on the Common Ordinary Procedure of Criminal Procedure. The study is enriched with the theories advocated by the illustriousProfessor Eugenio Pacelli, together with the relevant le gislation. Procedural notes are displayed in a simple and d idactic. There is no goal to exhaust the subject, but inorder to contribute to sduies of legal science of criminal procedure.

    Keywords: Process. Procedure. Criminal Procedure. Ordinary Common Procedure. Hearing and trial.

    Sumrio: 1. Processo e Procedimento. 2 Procedimento Comum. 3 Procedimento Comum Ordinrio.

    1. Processo e procedimento

    As matrias processuais exigem especial ateno do advogado e dos demais operadores do direito com relao aos procedimentos aplicveis, forma adequada deelaborlos e os prazos que de vem ser observados. O menor desl ize ou desencontro no dese nvolvimento do processo pode implicar na perda de oportunidades nicaspara o pleno exerccio da defesa dos direitos e interesses das partes envolvidas no processo.

    1.1. Distino entre processo e procedimento

    Processo: o instrumento pelo qual se manifesta a jurisdio, tendo sempre a finalidade de alcanar um provimento final, que solucionar a controvrsia e cumprir osobjetivos de concretizao do Direito e pacificao social.

    Observaes sobre jurisdio (CF art. 5, LIII):

    atividade e expresso do Poder Pblico.

    a jurisdio una, no sentido de se tratar de interveno do Estado junto aos jurisdicionados.

    todos os atos e decises judiciais proferidos pelos rgos investidos de jurisdio configuram a manifestao do poder estatal jurisdicional.

    o processo penal um instrumento da jurisdio que viabiliza a aplicao da lei penal. A titularidade da pretenso punitiva reservada ao prprio Estado, via MinistrioPblico (excees ao penal privada e ao penal subsidiria da pblica).

    Procedimento: rito processual. Mera sequncia de atos processuais, ordenadamente encadeados, vistos da perspectiva externa, sem qualquer preocupao com o seudestino (PACELLI, 2011, p. 657).

    Concluindo:

    o processo entendido como o contedo e o procedimento como sua embalagem.

    ao procedimento reservado o papel de operacionalizao. a exteriorizao do processo, que varivel em funo da natureza e a gravidade da infrao penal.

    o processo pode ser considerado um gnero e os diversos e diferentes procedimentos as espcies.

    Pela teoria de Elio Fazzalari, defendida porAroldo Plnio Gonalves em seu livro Tcnica Processual e Teoria do Processo de 1992 somente existe processo se a espciede procedimento for realizada em contraditrio. Ou seja, os procedimentos no podem perder a perspectiva do Devido Processo Legal, objetivando a realizao da justiapenal.

    O processo o procedimento que se desenvolve em contraditrio entre os interessados, na fase de preparao do ato final e entre o ato inicial do procedimento deexecuo at o ato final, aquele provimento pelo qual ela julgada extinta, est presente o contraditrio, como possiblidade de participao simetricamente igual dosdestinatrios do ato de carter imperativo que esgota o procedimento. (Gonalves, 1992, p. 96).

    1.2. Tipos de procedimentos

    O procedimento comum, previsto no CPP, ser aplicado de modo residual, ou seja, sempre que no houver nenhum procedimento especial previsto no CPP ou leiextravagante.

    O procedimento especial todo aquele previsto, tanto no CPP quanto em leis extravagantes, para hipteses legais especficas, que, pela natureza ou gravidade,merecem diversa tramitao processual. utilizado para determinados tipos penais:

    Crimes dolosos contra a vida (procedimento do jri);

    Crimes contra a honra;

    Crimes praticados pelo funcionalismo pblico;

    Crimes falimentares;

    Crimes contra a Propriedade Imaterial.

    2. Procedimento comum

    A Lei 11.719/08 fez alteraes relevantes no CPP. Vejamos alguns apontamentos iniciais:

    a) critrio de determinao de ritos. Ou seja, a partir da nova lei o rito definido pela pena mxima do crime (art. 394, 1, CPP).

    b) defesa escrita. Em todos os procedimentos, comuns e especiais, ressalvados o procedimento do Jri e o dos juizados especiais, haver resposta escrita da defesa, apsa citao do ru. O ru ter o prazo de 10 dias para apresentar a defesa escrita (art. 396, CPP).

    c) audincia una. Os atos instrutrios so concentrados em apenas uma audincia, na qual tambm ser proferida a sentena, salvo quando houver a necessidadeprobatria complexa que demande exame mais cuidadoso, quando, ento, ser permitida a apresentao de memoriais pelas partes e se fixar novo prazo para asentena (art. 403, 3, CPP).

    O procedimento comum pode ser dividido em trs, a depender da quantidade da pena cominada em abstrato para o delito (art. 394, 1, CPP):

    Ordinrio aplicvel para os crimes com pena mxima igual ou superior a 04 anos.

    Sumrio aplicvel para os crimes com pena mxima inferior a 04 anos.

    Sumarssimo aplicvel para os crimes de menor potencial ofensivo da Lei 9.099/95 (pena mxima no superior a 02 anos) ou contravenes penais.

    3. Procedimento comum ordinrio

    O procedimento comum ordinrio o rito padro utilizado no Processo Penal. Possui as seguintes fases:

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    1. oferecimento da denncia ou queixa. Recebimento ou rejeio pelo juiz;

    2. citao do ru;

    3. resposta acusao;

    5. absolvio sumria (art. 397, CPP);

    5. audincia de instruo e julgamento.

    3.1. Denncia. Queixa. Rejeio liminar

    3.1.1. Possibilidades de rejeio liminar

    a) Petio inepta

    CPP Art. 41. A denncia ou queixa conter a exposio do fato criminoso, com todas as suas circunstncias, a qualificao do acusado ou esclarecimen tos pelos quais sepossa identificlo, a classificao do crime e, quando necessrio, o rol das testemunhas.

    A seguir, exemplo de inpcia da inicial.

    Em todo o caso, havendo justa causa para a ao penal indcios de participao na prtica do crime , poder ser a inicial acusatria recebida, mesmo sem ooferecimento de rol de teste munhas.

    No apresentado, todavia, o rol quando do oferecimento da denncia ou queixa, caracterizase a precluso consumativa da oportunidade para tal fim, no podendo haverindicao de testemunhas em aditamento inicial ou em outra oportunidade processual.

    A no observncia dos requisitos citados implica a inpcia da inicial acusatria e tem por consequncia a sua rejeio, nos termos da nova redao do art. 396, pargrafonico, inciso I, do Cdigo de Processo Penal.

    b) Pressupostos processuais

    Enquanto as condies da ao se referem ao exerccio da ao penal (direito de exigir o pronunciamento jurisdicional no campo penal), e que, inexistentes, levam carncia do direito da ao, existem outras condies, denominadas de pressupostos processuais, que dizem respeito existncia do processo e validade da relaoprocessual. A teoria dos pressupostos processuais nasceu com o reconhecimento do processo como relao jurdica pblica, autnoma da relao de direito material.

    Inexistindo diferena de natureza entre a ao penal e ao civil, os pressupostos para a constituio e regular desenvolvimento do processo devem ser os mesmos emambas.

    b.1) Pressupostos de existncia (requisitos para a formao da relao jurdica processual)

    Subjetivos:

    sujeitos do processo autor, ru e juiz (capacidade de ser parte).

    jurisdio Juiz/ rgo investido de jurisdio.

    Objetivos:

    pedido diz respeito ao ato inicial de introduzir um pedido, uma demanda ao Poder Judicirio.

    b.2) Pressupostos de validade (requisitos do desenvolvimento regular do processo)

    Subjetivos:

    capacidade processual capacidade de estar em juzo.

    capacidade postulatria aptido para requerer, exigir, perante os rgos investidos da jurisdio alguma providncia.

    competncia e imparcialidade do juiz:

    competncia uma parcela da jurisdio, ditada por lei, que define a jurisdio, a autoridade de cada rgo judicante; ela determina os limites dentro dos quais podeo juiz legalmente julgar.

    imparcialidade est ligada a impedimentos e a casos em que o juiz suspeito, por ser amigo ou inimigo de uma das partes. (art. 564, I, CPP)

    Objetivos:

    intrnsecos relacionamse ao prprio processo, ao formalismo processual, aos vrios atos a serem praticados no desenvolver da relao jurdica, aos deveres efaculdades das partes, coordenao de suas atividades. Exemplos: a petio apta, a citao vlida, o respeito ao principio do contraditrio, etc.

    extrnsecos so condies que esto fora do processo, mas que tem o poder de impedir o seu normal prosse guimento, subordinando sua validade e a eficcia da suaconstituio, bem como sua extino. Assim, em principio so vcios insanveis, que extinguem o processo. Exemplos: a litispendncia, a coisa julgada, a perempo e aconveno de arbitragem.

    c) Condies da ao

    As condies da ao foram apresentadas pelo terico Enrico Tlio Liebman ilustre processualista italiano. Distinguem o direito de petio (constitucionalmenteassegurado aos cidados) e o direito de ao (abstratamente assegurado a todos), como uma necessria mitigao do direito provocao da jurisdio. Para o ilustreprocessualistaAfrnio Silva Jardim, tais limitaes so fundamentais, pois, s o ajuizamento da ao penal condenatria j suficiente para atingir o estado de dignidadedo acusado.

    Interesse de agir interesse/ utilidade

    EXEMPLO: quando no inqurito policial for verificada a impossibilidade ftica de imposio, ou seja, que no final do processo a pena no atingiria o mnimo legal,

    possvel, desde logo, concluir pela inviabilidade da ao penal a ser proposta, assim, sendo intil a atividade processual portanto, no sendo atendido o elemento dacondio de ao interesse de agir.

    Obs. Tratase de um entendimento diverso do Processo Civil onde a via jurisdicional, para ser acionada, exigiria o esgotamento prvio e anterior de todas aspossibilidades possveis de autocomposio.

    Legitimidade

    Legitimidade ativa A titularidade da pretenso punitiva reservada ao prprio Estado, via Ministrio Pblico (excees ao penal privada e ao penal subsidiria dapblica). Assim, imposta ao Processo Penal a exigncia de legitimidade ativa para a promoo e o desenvolvimento de atividade persecutria (com exceo do habeascorpus e da reviso criminal).

    Mas, existem atribuies aoparquet conforme a matria, ou seja:

    instaurao de ao penal perante a justia federal Ministrio Pblico federal;

    propositura de ao perante a justia estadual promotor de justia.

    Legitimidade passiva, por sua vez, tratase da pessoa a quem se imputa a prtica do comportamento ilcitotpico, sujeito imposio de uma pena.

    Possibilidade jurdica do pedido

    Para entender a possibilidade jurdica do pedido no processo penal pela teoria desenvolvida pelo processo civil h que ser feita uma adaptao na interpretaoconceitual.

    Pela teoria civilista: a possibilidade jurdica do pedido ocorre quando h previso, no ordenamento jurdico, da providncia que se quer ver atendida. Ausente ela, o casoseria de carncia da ao, por falta de condio de ao.

    Exemplo penalista: pedido de pena de morte ao acusado (ou seja, ausncia da previsibilidade da providncia requerida).

    No entanto, neste exemplo, no seria caso de extino do processo, pois, o processo poderia se desenvolver regularmente, porque ao juiz permitese a corretaadequao do fato norma penal correspondente, com a plicao da sano efetivamente cominada, por fora da emendatio libelli (art. 383, CPP). Porm, outrosexemplos podem se r formulados:

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    a denncia ou queixa que atribua ao denunciado a prtica de um crime de furto, mas que descreva a subtrao, pelo denunciado, de coisa prpria, que no estava empoder legtimo de terceiro, por estar fundada em fato atpico, merece ser rejeitada por ausncia de possibilidade jurdica.

    de igual forma, a imputao fundada em legislao revogada por exemplo, o crime de adultrio , ou que no se encontrava em vigor quando da prtica da conduta, seafigura impossvel de tu tela penal.

    Condies de procedibilidade Condies especficas do processo penal (para casos de crimes especficos). Exemplos de condies de procedibilidade:

    a entrada do agente no territrio nacional no caso de crime praticado no exterior (art. 7, 2, "a" do CP);

    a requisio do Ministro da Justia nos crimes contra a honra previstos no Cdigo Penal contra o Presidente da Repblica, ou contra chefe de governo estrangeiro (art.145, pargrafo nico, do CP);

    a representao do ofendido em determinados cr imes (arts. 130, 140, c.c. 141, II, 147, 151 etc., do CP);

    o trnsito em julgado da sentena que anula o casamento, no crime definido no artigo 236 etc.

    d) Falta de justa causa

    Compreendida pelos tericos (antes mesmo da incluso feita pela Lei 11.719/08) como a quarta condio da ao. Ou, tambm, como legtimo interesse ou seja,interesse de agir. Tambm a jurisprudncia j vinha admitindo a justa causa como condio da ao. Exemplo: habeas corpus para o trancamento de investigao ou deao penal sob o fundamento de ausncia de justa causa art. 648, I, CPP. (STF HC n 81.324/SP, 2 TURMA, REL. MINISTRO NELSON JOBIM, DJ 23.08.2002).

    Obs. A justa causa representada por um lastro mnimo de prova que justifique a viabilidade da pretenso punitiva.

    3.2. Citao do ru

    No ocorrendo a rejeio liminar, o juiz recebe a denncia ou queixa e determina a citao do acusado para, em 10 dias, responder por escrito acusao (art. 396, CPP).

    Com a citao do acusado, o processo completa a sua formao (art. 363, CPP).

    Conceito

    A citao o ato processual por meio do qual oferecido ao acusado conhecimento oficial acerca do teor da acusao, abrindose oportunidade para que ele produza suadefesa, triangularizandose, assim, a relao jurdicoprocessual.

    A falta de citao no processo penal causa nulidade absoluta do processo (art. 564, III e IV, do CPP), pois contraria os princpios constitucionais do contraditrio e da ampladefesa. Exceo: o art. 570 do Cdigo de Processo Penal dispe que se o ru comparece em juzo antes de consumado o ato, ainda que para arguir a ausncia de citao,sana a sua falta ou a nulidade. Nesse caso, o juiz ordenar a suspenso ou o adiamento do ato.

    O Cdigo de Processo Penal tratou da citao em captulo prprio, compreendendo os arts. 351 ao 369.A citao pode ser de duas espcies:

    citao real (pessoal);

    citao ficta (por edital).

    3.2.1. Diferena entre CPC e CPP

    Ao contrrio do que ocorre no Processo Civil, no Processo Penal a citao no previne a jurisdio, que ocorre com a distribuio, e nem interrompe a prescrio, o queocorre com o recebimento da denncia ou queixa e, depois disso, com a pronncia ou sentena condenatria recorrvel.

    3.2.2 Formas de citao

    a) Por mandado (regra) oficial de justia (art. 351)

    Classificada como citao real.

    A citao pessoal farse quando o ru estiver na jurisdio do juiz que a determinar.

    A citao deve ser feita pelo menos 24 horas antes do momento em que o acusado dever ser interrogado, no se tem admitido citao no mesmo dia em que oacusado deva ser interrogado.

    O oficial dever fazer a leitura do mandado e entregar a contraf.

    b) Por hora certa (art. 362)

    A Lei 11.719/08 introduziu a citao por hora certa no processo penal. Adotandose o mesmo procedimento do processo civil (arts. 227 a 229 do CPC).

    Art. 227. Quando, por trs vezes, o oficial de justia houver procurado o ru em seu domic lio ou residncia, sem o encontrar, dever, havendo suspeita de ocultao,intimar a qualquer pessoa da famlia, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltar, a fim de efetuar a citao, na hora que designar.

    Art. 228. No dia e hora design ados, o oficial de justi a, independentemente de novo despacho, comparecer ao domicli o ou residncia do citando, a fim de realizar adiligncia.

    1o Se o citando no estiver presente, o oficial de justia procurar informarse das razes da ausncia, dando por feita a citao, ainda que o citando se tenha ocultadoem outra comarca.

    2o Da certido da ocorrncia, o oficial de justia deixar contraf com pessoa da famlia ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarandolhe o nome.

    Art. 229. Feita a citao com hora certa, o escrivo enviar ao ru carta, telegrama ou radiograma, dandolhe de tudo cincia.

    No Processo Penal, completada a citao com hora certa, se o acusado no comparecer, serlhe nomeado defensor dativo. (art. 362, pargrafo nico, CPP).

    Caso o ru comparea antes da audincia de instruo, nada impede que o juiz renove o prazo de defesa escrita garantindo o constitucional princpio da ampla defesa eadotando o mesmo procedimento previsto para a citao editalcia (art. 363, 4, CPP).

    Citado por hora certa, o prazo para o oferecimento da resposta iniciase na data do ato citatrio e no das providncias do art. 229, CPC (Smula 710 STF).

    CPC Art. 229. Feita citao com hora certa, o escrivo enviar ao ru carta, telegrama ou radiograma, dandolhe de tudo cinc ia.

    Smula 710 STF 24/09/2003:

    No processo penal, contamse os prazos da data da intimao, e no da juntada aos autos do mandado ou da carta precatria ou de ordem.

    c) Por edital (art. 361)

    Art. 361. Se o ru no for encontrado, ser citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.

    Classificada como citao ficta, ou seja, presumida.

    Aps o trmino do prazo de 15 dias (prazo do edital), iniciase o prazo de 10 dias para a apresentao da resposta acusao.

    Em se tratando de citao por edital, se o acusado no comparecer nem constituir advogado, o processo ficar suspenso, suspendendose, tambm, o prazo prescricional,podendo o juiz determinar a produo antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a priso preventiva nos termos do disposto no art. 312 (art.366, CPP redao dada pela Lei n 9.271, de 17.4.1996).

    Prazo da suspenso do prazo prescricional

    Conforme a smula n 415 do STJ, o perodo de suspenso do prazo prescricional regulado pelo mximo da pena cominada.

    STJ Smula n 415 09/12/2009 DJe 16/12/2009

    Perodo de Suspenso do Prazo Prescricional Pena Cominada

    Produo antecipada de provas

    Devero estar presentes o representante do MP e um defensor dativo (como a designao para a prtica de ato certo e determinado o mais adequado seria falar em

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    defensor ad hoc).

    Observaes:

    1) pela redao anterior, o nocomparecimento do ru ao interrogatrio, quando citado por edital, autorizava o prosseguimento do processo sua revelia, bastandoapenas nomeao de um defensor dativo para o acompanhamento da ao.

    2) observando que, no Processo Penal a revelia, verificada a partir da ausncia injustificada do acusado por ocasio da realizao de qualquer ato relevante do processo,tem como nica consequncia a nointimao dele para a prtica dos atos subsequentes, exceo feita intimao da sentena, que dever ser realizada sob quaisquercircunstncias (art. 367, CPP).

    c.1) O acusado comparecendo a qualquer tempo

    Comparecendo o ru, a qualquer tempo, dever o juiz dar prosseguimento ao processo, cumprindo o quanto disposto nos artigos 394 e seguintes do CPP (art. 363, 4,CPP). Lembrando que o prazo para a defesa do ru citado por edital somente comea a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constitudo(art. 396, pargrafo nico, CPP).

    Art. 363. O processo ter completada a sua formao quando realizada a c itao do acusado. (Redao dada pela Lei n 11.719, de 2008). (...)

    4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observar o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Cdigo.

    Art. 396. Nos procedimentos ordinrio e sumrio, oferecida a denncia ou queixa, o juiz, se no a rejeitar liminarmente, recebla e ordenar a citao do acusado pararesponder acusao, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redao dada pela Lei n 11.719, de 2008).

    Pargrafo nico. No caso de citao por edital, o prazo para a defesa comear a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constitu do.(Redao dada pela Lei n 11.719, de 2008).

    Por fim, como a citao uma das mais importantes garantias processuais, porque atravs dela que o acusado toma conhecimento da imputao que lhe feita, deveser realizada por edital apenas quando baldados todos os esforos e esgotados os meios para a efetivao do chamamento pessoal do imputado. A modalidade maiscomum a citao fundada no desconhecimento quanto ao local em que se encontra o ru. Ou seja, local incerto ou no sabido.

    d) Por precatria (art. 353)

    Quando o ru residir fora do territrio em que o juiz exerce a jurisdio, a citao ser feita por meio de carta precatria, via da qual o juiz deprecante (o da causa)pede ao juiz deprecado (aquele da jurisdio onde reside o ru) o cumprimento do ato processual citatrio (Pacelli, 2011, p. 596).

    e) Por rogatria (arts. 780, 783 e seguintes)

    Fazse a citao por rogatria se o acusado residente no exterior, estando o acusado em lugar sabido, ser citado por rogatria, suspendendose o curso do prazo deprescrio at o seu cumprimento (art. 368).

    O pedido de citao deve ser encaminhado pelo juiz ou tribunal ao Ministro da Justia, para envio, por via diplomtica, s autoridades estrangeiras competentes.

    A parte requerente arca com os custos de envio (art. 222A, CPP).

    f) Por carta de ordem

    Determinao, por parte do tribunal, superior ou no, de cumprimento de ato ou de diligncia processual a serem realizados por rgos da jurisdio da instnciainferior, no curso de procedimento da competncia originria daqueles (Pacelli, 2011, p. 603).

    o que ocorre, por exemplo, relativamente citao (e tambm s intimaes), quando quem houver de ser citado no residir no local da sede da jurisdio do tribunal.

    g) Citao do ru preso (art. 360)

    O ru preso dever ser citado pessoalmente, e, depois, requisitado junto autoridade policial, para o acompanhamento da audincia de instruo e interrogatrio (art.399, 1, CPP).

    No mais possvel a citao por edital, independente de onde estiver o preso.

    Ser por mandado quando o ru estiver na sede da jurisdio da ao penal em curso. E ser por precatria quando em outra jurisdio.

    h) Citao do militar (art. 358)

    A citao do militar deve ser feita mediante requisio de sua apresentao para interrogatrio ao superior hierrquico, ainda que o militar esteja fora da comarca.

    i) Citao do funcionrio pblico (art. 359)

    No caso do funcionrio pblico a citao ser feita pessoalmente, devendo ser notificado, tambm, o chefe da repartio.

    j) Citao do incapaz

    A citao do ru incapaz feita pessoalmente, at mesmo porque podese no ter notcia ainda da incapacidade. Se, porm, a incapacidade j for conhecida (art. 149,CPP), a citao dever ser feita na pessoa do curador designado pelo juzo criminal ou que estiver no exerccio legal da curatela.

    Sendo a incapacidade comprovada aps a instaurao da ao penal, devero ser anulados quaisquer efeitos resultantes do noatendimento oportuno ao ato de citao.

    3.3. Resposta acusao

    A defesa escrita constitui a primeira interveno da chamada defesa tcnica, isto , aquela produzida por profissional do Direito. Incio do processo realizado emcontraditrio.

    O acusado poder arguir preliminares e alegar tudo o que interesse sua defesa. Poder oferecer documentos e justificaes, especificar as provas pretendidas e arrolartestemunhas. (Art. 396A, CPP).

    A defesa escrita cumpre as seguintes funes (Pacelli,2011, p. 667):

    fixao do prazo para o oferecimento do rol de testemunhas;

    especificao de prova pericial;

    apresentao das excees (art. 95, CPP).

    Ultrapassado tal prazo, o acusado no poder requerer validamente a produo de prova testemunhal, a no ser para o fim de substituir testemunhas, devidamentearroladas, que no tenham sido encontradas.

    3.3.1 Defesa preliminar em outros procedimentos e leis

    Cdigo de Processo Penal crimes afianveis de responsabilidade do funcionrio pblico, art. 514, CPP: Nos crimes afianveis, estando denncia ou queixa em devidaforma, o juiz mandar autula e ordenar a notificao do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.

    As leis n. 8.038/90 e 8.658/93 trazem a defesa preliminar nos casos de crimes de competncia originria do Tribunal. Notificase o acusado, que detentor de foroespecial por prerrogativa de funo, para responder acusao em 15 dias, e somente depois desse momento que o Tribunal ir analisar sobre o recebimento ourejeio da pea acusatria.

    Lei n. 9.099/95 e na Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) tambm h previses da defesa preliminar.

    3.3.2 Obrigatoriedade da resposta da acusao

    Percebese, em relao obrigatoriedade da resposta da acusao, a enorme diferena entre a defesa prvia e a atual resposta escrita: enquanto aquela era facultativase contasse o acusado com defensor constitudo, acarretando, como nica consequncia, o prosseguimento do feito sem a possibilidade de a defesa arrolar testemunhas,esta impe, sob pena de nulidade, que o magistrado nomeie defensor pblico ou defensor dativo (nas comarcas onde no houver Defensoria Pblica), os quais deveroapresentla, tornandoa, pois uma pea obrigatria.

    3.3.3 Precluso da produo das provas

    exceo da prova documental, que poder ser produzida a qualquer tempo (art. 231, CPP), com as ressalvas temporais do Tribunal do Jri (art. 479, CPP), as demaisprovas (testemunhal, pericial, etc) se submetem precluso, devendo o acusado requerlas na defesa escrita.

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    3.3.4 Excees na defesa escrita

    Importante lembrar que as excees, art. 95, CPP, devem ser apresentadas no prazo para resposta do ru e devem ser autuadas em apartado, de acordo com o art. 111,CPP. Alguns esclarecimentos so salutares em relao s excees e suas precluses. Vejamos.

    Excees dilatrias. Quanto exceo de suspeio ou de incompetncia do juzo a exceo deve ser feita na mesma oportunidade da apresentao da resposta acusao sob pena de precluso.

    Obs. No Processo Penal, diferente do Processo Civil (art. 112, CPC e smula 33 do STJ com a devida ressalva do pargrafo nico do art. 112), o juiz pode, de ofcio,reconhecer a sua incompetncia relativa (art. 109, CPP), por este motivo a precluso ocorre somente em relao defesa. Porm, o juiz deve proferir tal deciso atantes do incio da fase de instruo, a fim de se preservar o princpio da identidade fsica do juiz, segundo o qual o juiz que presidir a instruo dever sentenciar acausa (Pacell i, 2011, p. 672).

    Questo que leve ao surgimento da parcialidade do juiz em momento posterior ao da resposta no causar precluso.

    Excees peremptrias. E quanto s excees que tratem de ilegitimidade de parte, litispendncia e coisa julgada, tambm devem ser opostas no prazo da defesaescrita, porm, necessrio lembrar que no h precluso porque so matrias de ordem pblica e podem ser reconhecidas a qualquer tempo. (arts. 108, 110 c/c art.

    396, CPP).Lembrando:

    Excees processuais dilatrias

    No extinguem o processo, acarretando apenas a dilao de seu procedimento. Exemplo: excees de incompetncia.

    Excees processuais peremptrias

    Implicam o encerramento do feito. Exemplo: coisa julgada.

    3.4. Absolvio sumria

    A insero da defesa escrita logo no incio do processo abriu a possibilidade para a consagrao do julgamento antecipado da lide com a absolvio sumria, porque noregime anterior mesmo que o magistrado verificasse fatores para encerrar o processo de modo prematuro somente poderia fazlo na sentena e no em outro momentoprocessual.

    Oferecida resposta escrita, o juiz poder absolver sumariamente o ru quando verificar (art. 397 e incisos, CPP):

    excludente da ilicitude (I);

    excludente da culpabilidade (II);

    excludente da tipicidade (III);

    extino da punibilidade (IV).

    Excludente da ilicitude

    Acusado agiu de acordo com o Princpio da adequao social ou em legtima defesa (art. 25);

    Estado de necessidade (art. 24);

    Estrito cumprimento de dever legal ou exerccio regular de um direito (art. 23).

    Excludente de culpabilidade

    Erro de proibio (art. 21);

    Descriminantes putativas (art. 20, 1);

    Coao moral irresistvel (art. 22);

    Obedincia hierrquica (art.22).

    Excludente da tipicidade

    Erro de tipo (art. 20);

    Desistncia voluntria (art. 15);

    Bagatela;

    Arrependimento eficaz (art. 15);

    Crime impossvel (art. 17).

    Extino da punibilidade

    Artigo 107, incisos I a IX do Cdigo Penal Brasileiro:

    morte do agente;

    anistia, graa ou indulto;

    abolitio criminis;

    prescrio, decadncia e perempo e perdo judicial.

    Inimputabilidade

    A lei processual penal veda a possibilidade de absolvio sumria para os casos de inimputabilidade do agente, por doena mental ou desenvolvimento mentalincompleto ou retardado (art. 26, caput). A proibio tem sentido porque a argio de inimputabilidade, nessa fase processual, demandaria incidente de insanidademental, cuja prova pericial precisa ser realizada. Alm disso, seria indicada a aplicao de medida de segurana, o que configuraria absolvio imprpria.

    H de se ponderar sobre a questo da inimputabilidade que ela poderia ser alegada para efeitos de absolvio sumria, na hiptese de embriaguez decorrente de casofortuito ou fora maior (art. 28, 1), j que nessa situao no se trata de absolvio imprpria, nada obstando ao juiz o reconhecimento.

    3.4.1. Recursos possveis para a acusao

    Apelao nos casos em que o juiz decide o mrito, portanto:

    Excludente de ilicitude;

    Excludente de culpabilidade;

    Excludente de tipicidade.

    Recurso em sentido estrito nos casos em que o juiz no decide o mrito (terminativa), portanto: Extino da punibilidade.

    3.5. Audincia de instruo e julgamento

    No sendo caso de absolvio sumria, o juiz ir designar dia e hora para a audincia no prazo de 60 dias. Ir ordenar a intimao das partes, do defensor e, se for o caso,do querelante e do assistente (arts. 399 e 400 do CPP).

    O ofendido tambm dever ser intimado para a audincia, em conformidade com o art. 201, CPP alterado pela Lei 11.690/08 comunicao dos atos processuais aoofendido.

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    Procedimentos da Audincia de Instruo e Julgamento:

    1. declaraes da vtima;

    2. oitiva de testemunhas (mximo de 8 testemunhas para cada parte);

    3. esclarecimento de peritos, reconhecimentos ou acareaes (fase facultativa);

    4. interrogatrio do acusado;

    5. diligncias (art. 402 a 404);

    6. alegaes finais orais (20 minutos, podendo ser prorrogado por mais 10 minutos);

    7. sentena oral.

    Testemunhas

    No procedimento ordinrio podem ser arroladas at 8 testemunhas. (No procedimento sumrio so 5 testemunhas e no procedimento do Tribunal do Jri so 8 naprimeira fase e 5 em plenrio).

    No se incluem no rol de te stemunhas as pessoas:

    que no prestam compromissos (art. 208, CPP);

    as que nada souberem sobre os fatos (art. 209, 2, CPP);

    as chamadas testemunhas referidas.

    As partes podem desistir de depoimentos e no ser necessria a concordncia da parte adversa. Por isso, havendo interesse no depoimento, a defesa dever semprearrolar a testemunha, ainda que tambm arrolada pela acusao, porque esta poder daquela desistir.

    As testemunhas sero inquiridas diretamente pelas partes (art. 212 e pargrafo nico, CPP alterado pela lei 11.690/08).

    Com os depoimentos das testemunhas podem surgir novos nomes que so as chamadas testemunhas referidas, assim, as partes podero requerer os respectivosdepoimentos (art. 401, 1, CPP);

    interrogatrio do acusado

    A Lei 11.900/09 prev o interrogatrio por meio de videoconferncia em determinadas hipteses, alm da realizao do aludido ato processual (interrogatrio) em sala

    prpria no estabelecimento prisional. A presena do acusado em interrogatrio e tambm em audincia , como regra, no obrigatria, ressalvadas as hipteses em que seja necessria a sua identificaofsica.

    O acusado ser interrogado diretamente pelo juiz e, no final, ser permitida a interveno das partes (art. 188, CPP);

    Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para as alegaes orais das defesas sero considerados individualmente (art. 403, 1, CPP);

    Assistentes tcnicos para apreciao da percia oficial

    O Ministrio Pblico, o assistente de acusao, o ofendido, o querelante e o acusado podero indicar assistente tcnico.

    No se exige que as partes indiquem assistentes periciais e requeiram os esclarecimentos tcnicos em audincia por ocasio da defesa escrita. Ao contrrio, a leidetermina que tais providncias devem ser requeridas com pelo menos 10 dias de antecedncia da audincia (art. 159, 4 e 5, CPP).

    Iniciativa probatria do juiz

    A Lei 11.719/08 reitera a aplicao do art. 209, CPP, que autoriza a inquirio de testemunhas ex officio, pelo juiz (art. 401, 2, CPP).

    O juiz poder indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatrias (art. 400, 1, CPP).

    Provas ilcitas

    O desentranhamento da prova ilcita, que, nos termos do art. 157, 3, CPP, estar sujeita a precluso. Se produzida durante a audincia deve ser impugnada com orecurso de apelao. Porm, se produzida antes da da audincia de instruo e julgamento ser cabvel o recurso em sentido estrito (art. 581, CPP).

    O art. 157 reitera a garantia constitucional de que so inadmissveis as provas ilcitas, conceituandoas como as obtidas em violao norma constitucional ou legal. Oreferido dispositivo aplicase apenas s provas ilcitas, pois estas podem violar tanto preceito constitucional quanto norma de direito material, como as que tipificamcondutas criminosas por exemplo.

    Princpio da identidade fsica do juiz

    O juiz que presidiu a instruo dever proferir a sentena (art. 399, 2, CPP).

    Observao: Antes da Lei n. 11.719/2008, no havia previso legal do princpio da identidade fsica do juiz, sendo este um diferencial do Processo Penal em relao aoProcesso Civil.

    Novas diligncias

    As partes podero requerer novas diligncias, quando fundadas nas provas produzidas em audincia (art. 402, CPP);

    Alegaes orais

    As alegaes finais orais ocorrero da seguinte forma: 20 minutos para a acusao e 20 minutos para a defesa, prorrogveis, para ambos, por mais 10 minutos. Caso hajaassistente de acusao este ter 10 minutos para alegaes finais aps o representante do Ministrio Pblico, tempo este que ser aumentado no prazo da defesa (art.403, 2, CPP).

    Quando houver a necessidade probatria complexa que demande exame mais cuidadoso, as partes no faro as alegaes orais e ser permitida a apresentao dememoriais no prazo de 5 dias e se fixar novo prazo para a sentena (art. 403, 3, CPP).

    Possibilidade de fracionamento dos atos da audincia

    Existem duas situaes que possibilitam o fracionamento dos atos da audincia:

    1 No caso da realizao de diligncias imprescindveis requeridas e admitidas com fundamento no art. 402, CPP (ART. 404, CPP);

    2 Quando o juiz reconhecer a complexidade da causa (questes de fato e de direito) ou o excessivo nmero de acusados (art. 403, 3, CPP).

    Nas duas situaes, ser concedido o prazo de 5 dias s partes para a apresentao de memoriais de alegaes finais escritas, sentenciando o juiz no prazo de 10 dias(art. 403, 3, art. 404, pargrafo nico, CPP). Emendatio libelli

    O emendatio libelli (emenda da acusao) a correo da inicial para o fim de adequar o fato narrado efetivamente provado ao tipo penal previsto na lei. Ou seja, ojuiz poder atribuir definio jurdica diversa da contida na denncia ou queixa, mesmo que tenha que aplicar pena mais grave (art. 383, CPP). Entendese por definiojurdica precisamente a capitulao ou classificao feita pelo autor na inicial, em cumprimento da exigncia prevista no art. 41 do CPP. Ou seja, o fato continua omesmo.

    O emendatio ser possvel, tambm, em segundo grau, porm, com limitaes em funo da proibio da reformatio in pejus, ou reforma para pior, segundo o qual ojulgamento do recurso no poder ser mais desfavorvel que a deciso de primeira instncia, em relao impugnao aviada exclusivamente pelo recorrente. Nohavendo recurso do Ministrio Pblico, o Tribunal no poder piorar a situao do acusado com base no recurso por ele interposto (Pacelli, 2011, p. 632).

    Se a modificao do enquadramento jurdico do fato resultar crime para o qual seja prevista a suspenso condicional do processo (art. 89, Lei n. 90.099/95), dever ojuiz abrir vista ao Ministrio Pblico (art. 383, 1, CPP).

    Se da alterao na classificao houver modificao da competncia do juzo, os autos devero ser encaminhados estes (art. 383, 2, CPP).

    Mutatio libelli

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    Quando for cabvel a mutatio libelli (mudana da acusao), ou seja, for cabvel nova definio jurdica do fato que no est contida na acusao, obrigatoriamentedever o MP aditar a denncia no prazo de 5 dias (art. 384, CPP), em seguida, o defensor do acusado ser ouvido no prazo de 5 dias e admitido o aditamento, o juiz, arequerimento de qualquer das partes, designar dia e hora para continuao da audincia, com inquirio de testemunhas (at trs testemunhas podero ser arroladaspelas partes), novo interrogatrio do acusado, realizao de debates e julgamento (art. 384, 2, CPP).

    No recebido o aditamento, o processo prosseguir (art. 384, 5, CPP).

    No caso do mutatio libelli no ocorrer apenas alterao da classificao como ocorre no emendatio libelli, mas, ocorrer a alterao da prpria imputao do fato.

    Observao: a redao anterior, previa apenas o aditamento na hiptese de aplicao de pena mais grave, ou seja, se a alterao fosse para a aplicao de pena menorou igual quela do delito imputado inicialmente ao ru, cabia ao prprio juiz a referida alterao, sem a necessidade do aditamento pelo Ministrio Pblico. Com aalterao, independente da pena a ser aplicada, igual, mais branda ou mais grave, obrigatoriamente dever ser feito o aditamento, para que o contraditrio e a ampladefesa possam ser exercidos em sua plenitude, a partir da cincia exata de qual o teor da acusao.

    A mutatio no se aplica as aes penais privadas, a no ser subsidiria da pblica, instaurada em razo de inrcia do parquet (art. 29, CPP).

    Na mutatio no h ao nova, mas aproveitamento daquela j instaurada, em razo de provas surgidas apenas na fase de instruo. Como exemplo, no caso de furto, ao

    qual acrescida a violncia como fato novo a nova definio passar a ser de roubo. O ncleo da ao, subtrao da coisa, continuar o mesmo (Pacelli, 2011, p. 636). Sentena

    A sentena conter: relatrio (a exposio sucinta da acusao e da defesa), motivao (a indicao dos motivos de fato e de direito em que se fundar a deciso com aindicao dos artigos de lei aplicados) e o dispositivo (sentena) art. 381.

    Embargos de Declarao. Qualquer das partes poder, no prazo de 2 dias, pedir ao juiz que declare a sentena, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade,contradio ou omisso (art. 382).

    Conforme o art. 386, CPP, o juiz absolver o ru, nos seguintes casos:

    inexistncia do fato ou por falta de prova da existncia do fato;

    no constituir o fato infrao penal;

    o ru no concorreu para a infrao penal ou por no existir prova de ter o ru concorrido para a infrao penal;

    existncia de circunstncias que excluam o crime ou isentem o ru de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e 1o do art. 28, todos do Cdigo Penal), ou mesmo se houverfundada dvida sobre sua existncia;

    no existir prova suficiente para a condenao.

    Na sentena absolutria o juiz tomara as seguintes medidas (art. 386, pargrafo nico e incisos):

    caso o ru esteja preso, o juiz determinar a soltura imediata do acusado, to logo seja proferida a deciso absolutria (inciso I e 596).

    ordenar a cessao das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas (inciso II).

    aplicar medida de segurana, se cabvel (inciso III).

    Sendo a sentena condenatria o juiz aplicar a pena considerando a dosimetria(clculo)da pena, momento em que o Estado detentor do direito de punir (juspuniendi) atravs do Poder Judicirio, comina ao indivduo que delinque a sano que reflete a reprovao estatal do crime cometido. O Cdigo Penal Brasileiro, em suaparte especial, estabelece a chamada pena em abstrato, que nada mais do que um limite mnimo e um limite mximo para a pena de um crime (Exemplo: Artigo 121.Matar Algum: Pena: Recluso de seis a vinte anos). A dosimetria da pena se d somente mediante sentena condenatria.

    A dosimetria atende ao sistema trifsico estabelecido no artigo 68 do Cdigo Penal, ou seja, atendendo a trs fases:

    1. fixao da Pena Base;

    2. anlise das circunstncias atenuantes e agravantes;

    3. anlise das causas de diminuio e de aumento.

    Por mais que o Ministrio Pblico requeira a absolvio do acusado em alegaes finais, o juiz poder proferir sentena condenatria, bem como, reconhecer agravantesou atenuantes (art. 387, I), embora nenhuma tenha sido alegada (art. 385).

    O art. 387 dispe sobre a obrigatoriedade do juiz, ao proferir sentena condenatria, fixar valor mnimo para reparao dos danos causados pela infrao, considerandoos prejuzos sofridos pelo ofendido. Esta previso legal tem escopo na necessidade de agilizar a indenizao da vtima de um ilcito penal.

    Observao: esta previso legal no impede que a vtima mova ao civil indenizatria, nos termos do art.64 do CPP. A inovao decorre do fato da sentena penalcondenatria, que j era um ttulo executivo judicial aps o trnsito em julgado, tambm fixar o valor mnimo indenizatrio o que facilitar sua execuo, pois no sernecessrio liquidar a sentena. Caso uma das partes no fique satisfeita com o quantum fixado, poder recorrer ou, no caso do ofendido, promover a liquidao no cvel.

    Na sentena condenatria o juiz determinar a publicao da sentena (art. 387, inciso VI). Se for o caso, fundamentar sobre a manuteno ou a imposio da prisopreventiva ou de outra medida cautelar (art. 387, inciso VI, pargrafo nico). O ru preso ser intimado pessoalmente da sentena e o ru solto ser intimadopessoalmente ou por seu procurador (art. 392, incisos I e II).

    O prazo para impugnao recursal da sentena, incluindo os embargos de declarao, ter incio a partir da ltima intimao realizada (do acusado ou do defensor).

    Referncias bibliogrficas:GONALVES, Aroldo Plnio. Tcnica Processual e Teoria do Processo. Rio de Janeiro: AIDE, 1992. 220p.Oliveira, Eugnio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 15 ed., rev. e atual.Rio de Janeiro: Lmen Jris, 2011. 974p.BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado, 1988. Disponvel em:.

    _______. DecretoLei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 . Institui o Cdigo Penal. Rio de Janeiro: 1941. Disponvel em: ._______. DecretoLei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 . Institui o Cdigo de Processo Penal. Rio de Janeiro: Senado, 1941. Disponvel em:.

    ______. Lei n. 5.869, de 11 de janeiro De 1973. Institui o Cdigo deProcesso Civil. B raslia: Senado, 1973. Disponvel em: .

    _______. Lei n. 10406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Cdigo Civil. Braslia: Senado 2002. Disponvel em:.

    Mary Mansoldo

    Advogada

    Informaes Bibliogrficas

    MANSOLDO, Mary. Entendendo o procedimento comum ordinrio do processo penal. In: mbito Jurdico, Rio Grande, XIV, n. 92, set 2011. Disponvel em: . Acesso em jan 2013.

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