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Ensino de Cieências e Biologia - Introução e Conceitos - U1

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Caderno deEADReferncia deContedo CRC

1. INTRODUO

Seja bem-vindo disciplina Metodologia do Ensino de Cin- cias e Biologia!

Este estudo consiste na apresentao dos fundamentos e conceitos bsicos da metodologia do ensino de Cincias e Biologia e tem como objetivo permitir que o futuro professor trabalhe no- vas estratgias.

O ensino de cincias vem passando por constantes modifi- caes ao longo dos anos. Podemos perceber algumas dessas mu- danas nas legislaes, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educao) e os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs), alm de novas propostas curriculares em vrios estados do pas.

Tivemos uma mudana significativa desde a dcada de 1970, com a LDB 5692/71, at a atual LDB 9394/96, que props uma reforma contextualizada na educao, em todos os seus nveis e modalidades.

Ainda na dcada de 1990, surgiram os PCNs, com a proposta de uma reviso dos currculos e dos programas, incluindo a rea das cincias naturais. Hoje temos a implantao de novos mtodos e uma seleo mais apurada dos contedos trabalhados na educa- o bsica (ensino fundamental e ensino mdio). Naturalmente, tais mudanas somente ocorreram por meio de profissionais da educao bem formados e participativos no segmento de sua rea de atuao.

Este material o ajudar na busca desta formao! Bons es- tudos!

2. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA

Abordagem Geral da Disciplina

Prof. Ms. Carlos Adriano Martins

Neste tpico, apresenta-se uma viso geral do que ser es- tudado nesta disciplina. Aqui, voc entrar em contato com os assuntos principais deste contedo de forma breve e geral e ter a oportunidade de aprofundar essas questes no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bsico necessrio a partir do qual voc possa cons- truir um referencial terico com base slida cientfica e cultural para que, no futuro exerccio de sua profisso, voc a exera com competncia cognitiva, tica e responsabilidade social. Vamos co- mear nossa aventura pela apresentao das ideias e dos princ- pios bsicos que fundamentam esta disciplina.

Para iniciar nossos estudos da disciplina Metodologia do En- sino de Cincias e Biologia, voc ter a oportunidade de entrar em contato com conceitos e fundamentos que formaro a base do co- nhecimento nesta rea. importante destacar que a interdisciplina- ridade permeia toda esta metodologia, da a necessidade de uma mudana de postura na forma de trabalho. Esta a nossa proposta.

No Caderno de Referncia de Contedo (CRC), voc encon- trar temas que so fundamentais ao estudo dos mtodos e das novas tendncias em educao cientfica. Portanto, recomenda- mos que voc d muita ateno ao contedo apresentado neste material.

Na Unidade 1, voc encontrar um histrico das principais aes e eventos voltados s cincias naturais, seus fundamentos e as relaes necessrias que envolvem a interdisciplinaridade e as concepes iniciais de cincia.

Na Unidade 2, vamos aprofundar alguns conceitos relaciona- dos aos currculos e programas voltados s cincias naturais. Tam- bm estudaremos as funes do professor de cincias enquanto pesquisador e os rumos da educao cientfica no panorama na- cional.

Na Unidade 3, vamos nos aventurar nos recursos didticos e metodolgicos que estimulem o aprendizado dos contedos de Cincias e Biologia, por meio de dinmicas, recursos audiovisuais, estudos de campo, dentre outras atividades.

Sempre que necessrio, recorra s referncias disponibiliza- das no final de cada unidade, pesquise outras fontes e comparti- lhe com seus colegas e tutor novas informaes. Aps o estudo de cada unidade, complemente o seu conhecimento com textos relacionados ao tema que voc acabou de estudar, ou pesquise sobre algum ponto da unidade que voc achou mais interessante. Acesse sempre nossa Biblioteca Digital.

Esperamos que voc tenha um bom desempenho. Bons estudos!

Glossrio de Conceitos

O Glossrio de Conceitos permite a voc uma consulta rpi- da e precisa das definies conceituais, possibilitando-lhe um bom domnio dos termos cientficos e/ou metodolgicos utilizados na

rea de conhecimento dos temas tratados na disciplina Metodolo- gia do Ensino de Cincias e Biologia. Veja, a seguir, a definio dos principais conceitos desta disciplina:1)Cincias Naturais: As cincias naturais abarcam todas as disciplinas cientficas que se dedicam ao estudo da natureza. Tratam dos aspectos fsicos da realidade, ao contrrio das cincias sociais, que estudam os factores humanos. Pode-se mencionar cinco grandes cincias naturais: a biologia, a fsica, a qumica, a geologia e a astronomia. A biologia estuda a origem, a evoluo e as propriedades dos seres vivos. Posto isto, encarrega-se dos fenmenos associados aos organismos vivos. A me- dicina, a zoologia e a botnica fazem parte da biologia. A fsica a cincia natural que se centra nas propriedades e nas interaces da matria, na energia, no espao e no tempo. Os componentes fundamentais do universo enquadram-se no seu campo de aco. A qumica, em contrapartida, enfoca-se na matria: a sua composio, a sua estrutura, as suas propriedades e as alteraes que esta sofre perante diferentes tipos de reaces. A geo- logia analisa o interior do globo terrestre (matria, al- teraes, estruturas, etc.). A hidrologia, a meteorologia e a oceanografia so cincias que podem ser includas na geologia. A astronomia, por sua vez, a cincia dos corpos celestes. Os astrnomos estudam os planetas, as estrelas, os satlites e todos os corpos e fenmenos que se encontram mais alm da fronteira terrestre. Por fim, pode-se dizer que as cincias naturais esto relaciona- das com tudo aquilo que a natureza oferece. O ser hu- mano, enquanto corpo fsico, estudado pela biologia; no entanto, a sua dimenso social faz parte das cincias sociais (como a sociologia, por exemplo). Disponvel em: Acesso em:11 nov. 2012.2)Educao: No sentido mais amplo, educao um pro- cesso de atuao de uma comunidade sobre o desen- volvimento do indivduo a fim de que ele possa atuar em uma sociedade pronta para a busca da aceitao dos objetivos coletivos. Para tal educao, devemos consi-

derar o homem no plano fsico e intelectual consciente das possibilidades e limitaes, capaz de compreender e refletir sobre a realidade do mundo que o cerca, deven- do considerar seu papel de transformao social como uma sociedade que supere nos dias atuais a economia e a poltica, buscando solidariedade entre as pessoas, res- peitando as diferenas individuais de cada um. Segundo o dicionrio Aurlio, educao o processo de desen- volvimento da capacidade fsica, intelectual e moral da criana e do ser humano em geral, visando sua melhor integrao individual e social. Paulo Freire nos diz que a educao tem carter permanente. No h seres educa- dos e no educados, estamos todos nos educando. Exis- tem graus de educao, mas estes no so absolutos. Afirmao to coerente nos faz refletir sobre o processo educativo contnuo, como base de uma constante busca pela melhoria da qualidade da formao docente e dis- cente. A ao educativa implica um conceito de homem e de mundo concomitantes, preciso no apenas estar no mundo e sim estar aberto ao mundo. Captar e com- preender as finalidades deste a fim de transform-lo, res- ponder no s aos estmulos e sim aos desafios que este nos prope. Disponvel em: Acesso em:11 nov. 2012.3)Interdisciplinaridade: comeou a ser abordada no Bra- sil a partir da LDB 5.692/71. Desde ento, sua presena no cenrio educacional brasileiro tem se tornado mais presente e, recentemente, mais ainda, com a nova LDB9.394/96 e com os Parmetros. Alm da sua grande in- fluncia na legislao e nas propostas curriculares, a interdisciplinaridade tornou-se cada vez mais presente no discurso e na prtica de professores. A utilizao da interdisciplinaridade como forma de desenvolver um trabalho de integrao dos contedos de uma disciplina com outras reas de conhecimento uma das propostas apresentadas pelos PCN`s que contribui para o aprendi- zado do aluno. Apesar disso, estudos tm revelado que a interdisciplinaridade ainda pouco conhecida. pos-

svel a interao entre disciplinas aparentemente dis- tintas. Esta interao uma maneira complementar ou suplementar que possibilita a formulao de um saber crtico-reflexivo, saber esse que deve ser valorizado cada vez no processo de ensino-aprendizado. atravs dessa perspectiva que ela surge como uma forma de superar a fragmentao entre as disciplinas. Proporcionando um dilogo entre estas, relacionando-as entre si para a compreenso da realidade. A interdisciplinaridade bus- ca relacionar as disciplinas no momento de enfrentar temas de estudo. Segundo Libneo (1994), o processo de ensino se caracteriza pela combinao de atividades do professor e dos alunos, ou seja, o professor dirige o estudo das matrias e assim, os alunos atingem pro- gressivamente o desenvolvimento de suas capacidades mentais. Disponvel em: Acesso em: 11 out.2012.4)Mtodo: uma palavra que provm do termo grego methodos (caminho ou via) e que se refere ao meio utilizado para chegar a um fim. O seu significado origi- nal aponta para o caminho que conduz a algures. A pa- lavra mtodo pode referir-se a diversos conceitos. Por exemplo, aos mtodos de classificao cientfica. Esta a disciplina por intermdio da qual os bilogos agru- pam e categorizam os organismos e os seus conjuntos. Por sua vez, o mtodo cientfico o conjunto de passos seguidos por uma cincia para alcanar conhecimentos vlidos podendo ser verificados por instrumentos confi- veis. O mtodo cientfico , por assim dizer, o conjunto de passos que permite que o investigador descarta a sua prpria subjectividade. Segundo o filsofo ingls Francis Bacon, as vrias etapas do mtodo cientfico so a ob- servao (para estudar atentamente um fenmeno tal como se apresenta na realidade), a induo (com base em determinadas observaes, extrai-se o princpio par- ticular de cada uma delas), a hiptese (delineia-se atra- vs da observao e seguindo as normas estabelecidas pelo mtodo cientfico), a prova da hiptese atravs da

experimentao, a demonstrao ou refutao da hip- tese e o estabelecimento da tese ou teoria cientfica (as concluses). Disponvel em: Acesso em: 11 out. 2012.

Esquema dos Conceitos-chave

Para que voc tenha uma viso geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhvel que voc mesmo faa o seu esquema de conceitos-chave ou at mesmo o seu mapa mental. Esse exerccio uma forma de voc construir o seu conhecimento, ressignificando as informaes a partir de suas prprias percepes.

importante ressaltar que o propsito desse Esquema dos Conceitos-chave representar, de maneira grfica, as relaes en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar voc na ordenao e na sequenciao hierarquizada dos contedos de ensino.

Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende--se que, por meio da organizao das ideias e dos princpios em esquemas e mapas mentais, o indivduo pode construir o seu co- nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe- daggicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza- gem.

Aplicado a diversas reas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currculo, sistemas e pesquisas em Educao), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilao de novos conceitos e de proposies na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informaes so aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem.

Tem-se de destacar que aprendizagem no significa, ape- nas, realizar acrscimos na estrutura cognitiva do aluno; preci- so, sobretudo, estabelecer modificaes para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Alm disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas j existentes estruturas cog- nitivas, outros sero tambm relembrados.

Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que voc o principal agente da construo do prprio conhecimento, por meio de sua predisposio afetiva e de suas motivaes internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em contedo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relao entre aquilo que voc acabou de conhecer com o que j fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponvel em: . Acesso em: 11 mar. 2010).

Como poder observar, esse Esquema oferecer a voc, como dissemos anteriormente, uma viso geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, ser possvel transitar en- tre os principais conceitos desta disciplina e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. A compre- enso do conceito de Ensino de Cincias, por exemplo, envolve a integrao de vrios fatores, como a interdisciplinaridade, que implica, por sua vez, o dilogo de saberes, suas diversas vertentes (projetos, prticas, atividades) e a viso histrico-crtica da rea. Os mtodos voltados ao ensino de Cincias e Biologia devem ser trabalhados de forma integrada.

Recursos didticosMtodo

ENSINO DECINCIAS EBIOLOGIA Conceitos-chave

Currculos PrticasPCNs epropostas curricularesContedo Programas eplanos Experimentao Materiaisalternativos

Recursos audiovisuais

Jogos e brinquedos

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Metodologia do Ensino de Cincias eBiologia.

O Esquema dos Conceitos-chave mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar queles disponveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como queles relacionados s atividades didtico-pedaggicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que voc, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construo de seu prprio co- nhecimento.

Questes Autoavaliativas

No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes autoavaliativas sobre os contedos ali tratados, as quais podem ser de mltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.

Responder, discutir e comentar essas questes, bem como relacion-las com a prtica do ensino de Cincias Biolgicas pode ser uma forma de voc avaliar o seu conhecimento. Assim, me- diante a resoluo de questes pertinentes ao assunto tratado, voc estar se preparando para a avaliao final, que ser disser- tativa. Alm disso, essa uma maneira privilegiada de voc testar seus conhecimentos e adquirir uma formao slida para a sua prtica profissional.

Bibliografia Bsica

fundamental que voc use a Bibliografia Bsica em seus estudos, mas no se prenda s a ela. Consulte, tambm, as biblio- grafias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orientaes para o estudo da unidade.

Figuras (ilustraes, quadros...)

Neste material instrucional, as ilustraes fazem parte inte- grante dos contedos, ou seja, elas no so meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem contedos explicitados no texto. No deixe de observar a relao dessas figuras com os con- tedos da disciplina, pois relacionar aquilo que est no campo vi- sual com o conceitual faz parte de uma boa formao intelectual.

Dicas (motivacionais)

O estudo desta disciplina convida voc a olhar, de forma mais apurada, a Educao como processo de emancipao do ser humano. importante que voc se atente s explicaes tericas, prticas e cientficas que esto presentes nos meios de comunica-

o, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que voc observa, per- mite-se descobrir algo que ainda no se conhece, aprendendo a ver e a notar o que no havia sido percebido antes. Observar , portanto, uma capacidade que nos impele maturidade.

Voc, como aluno do curso de Licenciatura em Cincias Bio- lgicas na modalidade EaD, necessita de uma formao conceitual slida e consistente. Para isso, voc contar com a ajuda do tutor a distncia, do tutor presencial e, sobretudo, da interao com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.

importante, ainda, que voc anote as suas reflexes em seu caderno ou no Bloco de Anotaes, pois, no futuro, elas pode- ro ser utilizadas na elaborao de sua monografia ou de produ- es cientficas.

Leia os livros da bibliografia indicada, para que voc amplie seus horizontes tericos. Coteje-os com o material didtico, discu- ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista s videoau- las.

No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes autoavaliativas, que so importantes para a sua anlise sobre os contedos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formao. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos sero importantes para o seu amadure- cimento intelectual.

Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distncia participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.

Caso precise de auxlio sobre algum assunto relacionado a esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estar pronto para ajudar voc.

3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

CARVALHO, A. M. P.; GIL-PREZ, D. Formao de professores de cincias: tendncias e inovaes. So Paulo: Cortez, 1993.CHASSOT, A. Alfabetizao cientfica: questes e desafios para a educao. 4. ed. Iju/RS: Uniju, 2006.DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de cincias: fundamentos e mtodos. So Paulo: Cortez, 2009.

4. E-REFERNCIAS

CONCEITO.DE. Cincias Naturais. 05 fev. 2011. Disponvel em: Acesso em: 12 nov. 2012. . Mtodo. Disponvel em: . Acesso em: 12 nov. 2012. INFOESCOLA. Interdisciplinaridade. Disponvel em: Acesso em: 11 nov. 2012.OLIVEIRA, Daniel Barbosa. Conceito de educao. Disponvel em: . Acesso em: 12 nov. 2012.Ensino de Cincias eEADBiologia: Introduoe Conceitos 1

Contedo Original do Autor

1. OBJETIVOS

Conhecer o histrico e a importncia do ensino de Cin- cias e Biologia na educao bsica. Reconhecer a diferena entre senso comum e cincia. Conhecer algumas escolas pedaggicas, dando enfoque na escola construtivista.

2. CONTEDOS

Histria e importncia do ensino de cincias e biologia na educao bsica. Concepes de cincia e senso comum e a diferena en- tre elas. Definio de construtivismo e interdisciplinaridade.

3. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

Antes de iniciar o estudo desta unidade, importante que voc leia as orientaes a seguir: Tenha sempre mo o significado dos conceitos explicita- dos no Glossrio e suas ligaes pelo Esquema de Concei- tos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poder facilitar sua aprendizagem e seu desempe- nho. Tenha em mente que voc o foco do curso, o qual de- senvolvido para voc e seu aprendizado. A compreenso do assunto aqui abordado fundamental para sua forma- o e seu crescimento profissional. No hesite em procu- rar seu tutor para conseguir auxlio quando necessrio. No veja o Caderno de Referncia de Contedo de forma fragmentada; tenha conscincia de que os contedos so cclicos, j que o foco, tanto o inicial como o final, o alu- no. No se limite ao Caderno de Referncia de Contedo, que tem a finalidade de expor contedos fundamentais sua formao como futuro docente, mas tambm promover o interesse pela consulta a outros materiais e fontes e ge- rar, desta forma, o crescimento do aluno e do docente. Pesquisar em livros, artigos e na internet essencial para que voc consiga minimizar a quantidade de lacunas que sempre existiro, uma vez que a cada ano surgem novas referncias e so realizadas novas pesquisas.

4. INTRODUO UNIDADE

comum encontrar profissionais da rea da educao que confundem metodologia com didtica (LIBLIK, 2011). Antes de definir metodologia, necessrio definir a palavra mtodo, que

deriva do latim methodus e significa "caminho para se chegar a um fim, para se alcanar um objetivo" (NRICI, 1981, p.266 apud ARMSTRONG; BARBOSA, 2011). J a metodologia do ensino tem como objetivo analisar os mtodos, tendo em vista sua utilizao, e avaliar as vantagens e desvantagens desses mtodos e as respec- tivas consequncias decorrentes do seu uso. Podemos, ento, afir- mar que a metodologia corresponde maneira de estudar algo. E o que um professor que possui boa didtica? Podemos dizer que um professor didtico aquele que escolhe os mtodos que lhe permitiro ensinar seus alunos da maneira mais adequada.

importante que os professores tenham sempre em mente que no existe um mtodo universal; o mtodo utilizado depende- r tanto das caractersticas do professor e, principalmente, das ca- ractersticas da classe e dos alunos individualmente. Ele tambm variar de acordo com o objetivo que se deseja alcanar e com o contedo a ser abordado.

Dentre os mtodos mais utilizados, temos os mtodos de- dutivo e indutivo. O mtodo dedutivo caracteriza-se pela necessi- dade de que algum que possua o conhecimento auxilie as outras pessoas na aquisio deste conhecimento, enquanto que o mto- do indutivo depende de experincias ou casos vivenciados para se chegar a determinadas concluses (ARMSTRONG; BARBOZA,2011).

5. HISTRICO E IMPORTNCIA DO ENSINO DE CIN-CIAS E BIOLOGIA NA EDUCAO BSICA

Histrico

O ensino de Cincias e Biologia nem sempre esteve presen- te nas escolas. Entretanto, tais cincias conquistaram espao no sculo 19 em funo dos avanos e das invenes que s foram possveis graas a elas (ROSA, 2005). Segundo Krasilchik (2000),

medida que a importncia da cincia e da tecnologia no desenvol- vimento econmico, cultural e social foi reconhecida, que o ensi- no de Cincias e Biologia ganhou importncia perante a sociedade.

A necessidade de preparar alunos capacitados para impulsio- nar o progresso da cincia e tecnologia nacional durante a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de tornar o Brasil autossuficiente em relao a produtos industrializados, valorizou essas reas do ensino. Isso pode ser comprovado com a Lei 4.024 Diretrizes e Bases da Educao, de 21 de dezembro de 1961, que aumentou a carga horria de Fsica, Qumica e Biologia (KRASILCHIK, 2000).

Tais disciplinas receberam a funo de desenvolver o pensa- mento crtico dos alunos por meio da prtica do mtodo cientfico. Assim, o cidado seria preparado para pensar de forma lgica e crtica e tornar-se capaz de tomar decises a partir das informa- es e dados disponveis e/ou coletados (KRASILCHIK, 2000).

Entretanto, durante o perodo da ditadura militar em 1964, o papel da escola se inverteu, priorizando a formao de trabalhado- res. Em 1971, a lei de Diretrizes e Bases da Educao n. 5.692 mo- dificou essas disciplinas, dando-lhes um carter profissionalizante. Em 1996, novas alteraes foram feitas quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educao n. 9.394/96 estabeleceu que a educao es- colar devia focar tanto a parte profissional como a prtica social, visando a formao de um cidado-trabalhador-estudante (KRA- SILCHIK, 2000).

Importncia

A importncia do ensino de Cincias e Biologia reconheci- da em todo o mundo, principalmente por desenvolver nos alunos o pensamento lgico e ajudar-lhes na compreenso dos fenmenos naturais, fatos do cotidiano e na resoluo de problemas de teor pr- tico. Tais habilidades intelectuais sero valiosas para qualquer tipo de atividade que estes alunos venham a desenvolver ao longo de suas vidas, atuando ou no na rea das Cincias Biolgicas (BIZZO, 1991).

Conforme os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN's), Ci- ncias e Biologia so disciplinas que possuem como um de seus objetivos auxiliarem o ser humano a encontrar respostas para o desconhecido a origem da vida, sua diversidade e evoluo, a in- terao entre indivduos de mesma espcie e tambm de espcies diferentes, entre outros.

O ensino de Cincias e Biologia tambm visa promover um entendimento mais amplo do mundo, permitindo ao aluno com- preender a singularidade da vida e a importncia que a cincia possui para a vida moderna (CALIL, 2009). Segundo Calil, o ensino de Cincias e Biologia pode ser visto pelos alunos como algo muito difcil devido complexidade dos assuntos abordados. Contudo, pode se tornar mais simples e acessvel quando o contedo for associado ao cotidiano do aluno, pois este, geralmente, traz para a sala de aula ideias construdas a partir de sua interao com sua prpria realidade (BIZZO, 1991). Alm disso, relacionar os conte- dos realidade do aluno permite que ele se sinta como integrante do meio em que vive e agente transformador desse meio (SALLES,2007).

6. CONHECIMENTO CIENTFICO E SENSO COMUM

Conhecimento pode ser definido como toda e qualquer for- ma que o homem encontra para explicar a realidade, o que ocorre com o mundo e dentro de si mesmo. Em resumo, conhecimento a forma de representar tudo que ocorre com o homem e o que o cerca (ARMSTRONG; BARBOZA, 2011). Ele pode ser dividido, de forma simplificada, em: conhecimento cientfico e conhecimento do cotidiano, tambm conhecido por conhecimento espontneo ou senso comum.

Embora parea simples e de fcil diferenciao, comum a confuso entre cincia (conhecimento cientfico) e senso comum.

O senso comum o conhecimento que surge a partir da necessidade de o homem resolver os problemas do dia a dia. Tal conhecimento passa de gerao para gerao e no possui funda- mentao cientfica (ARMSTRONG; BARBOZA, 2011). Ele gerado a partir da experincia prpria do indivduo ou at mesmo de um grupo de indivduos, procedente de opinies, emoes, valores, e no necessita de comprovao. Alm disso, o senso comum no provm de um conhecimento que utiliza o senso crtico; trata-se de um saber imediato, ingnuo e subjetivo. importante ter em mente que o senso comum pode ou no ser verdadeiro, mas no isso que determina o que ou no senso comum. O que o define realmente o fato de ser um conhecimento sem base crtica, coe- rente e sistemtico, ou seja, um conhecimento gerado informal- mente (ARMSTRONG, 2008).

Como exemplos de senso comum podemos citar as crenas religiosas, as tcnicas de curandeirismo, a cultura de forma geral. A superstio tambm um exemplo de senso comum: "passar por debaixo d escada d azar", "quebrar espelho d azar", "cruzar com um gato preto d azar" so algumas supersties que foram passadas de gerao para gerao e que so ouvidas na rua at os dias atuais.

J a cincia visa explicar fenmenos da natureza de forma ra- cional, com critrios metodolgicos para comprovar a veracidade dos resultados observados. A cincia um conhecimento sistem- tico objetivo que busca o estabelecimento de regras gerais vlidas e, ao contrrio do senso comum (que se baseia apenas na opi- nio), busca a compreenso concreta dos fenmenos da natureza por meio da experimentao, repetidas vezes, a fim de eliminar a causalidade. Com isso, o conhecimento cientfico um conheci- mento passvel de prova, permitindo a comprovao de que a tese verdadeira (ARMSTRONG, 2008; CALIL, 2009).

Possivelmente, as duas maiores diferenas entre cincia e senso comum so: a relao temporal com que cada afirmao

perdura, j que o conhecimento cientfico est em constante pro- cesso de reformulao e construo, enquanto o senso comum visto como fixista e conservador, devido sua manuteno prati- camente imutvel ao longo do tempo (FRANCELIN, 2004); e a pos- sibilidade de se comprovar o conhecimento cientfico por meio de experimentos, o que no acontece no caso do senso comum.

7. CONSTRUTIVISMO E INTERDISCIPLINARIDADE

Escolas pedaggicas

Ao longo da histria da humanidade, diversas escolas pe- daggicas foram criadas a fim de orientar a prtica pedaggica, fosse por interesse pessoal ou para atender as necessidades da coletividade. Esta unidade no tem pretende elucidar todas essas escolas (escolas tradicional, nova, tecnicista e construtivista), mas, sim, indicar algumas delas e focar em uma escola especfica a construtivista.

Na escola tradicional, o professor visto como possuidor da verdade; ele completo e tem por funo transmitir o conheci- mento para o aluno, que, por sua vez, um ser incompleto. A re- lao de completitude e incompletitude est ligada ao fato de o professor ser um adulto e o aluno, uma criana. Nesse sistema, a criana deve respeito e obedincia ao adulto, pois este o deten- tor do conhecimento (um ser completo), e a criana ir absorver o mximo de informaes do professor com a finalidade de tambm se tornar um ser completo (CALLUF, 2007).

A escola nova pode ser considerada como oposta escola tradicional. Nela o ser humano mutvel e se mantm incompleto do nascimento at o momento de sua morte. No existe mais a vi- so do professor como dono da verdade. Esta escola possui grande importncia para o surgimento do construtivismo (CALLUF, 2007).

A escola tecnicista surgiu com o capitalismo e ganhou for- as com as ideias liberais e mercantilistas. Seu objetivo era formar indivduos capacitados para o mercado de trabalho e seu compro- misso era com a eficincia, e no com o aluno (CALLUF, 2007).

Nas trs escolas citadas acima, o aluno era tido como agen- te passivo do processo educativo. Porm, com o surgimento da escola construtivista, o aluno passa a ser o agente promotor de sua prpria aprendizagem. Aqui a "transmisso do conhecimen- to" d lugar "discusso", no mais restrita ao aluno e professor, mas tambm entre aluno-aluno. Na escola construtivista, o aluno um dos responsveis pelo aprendizado; o professor deixa de ser o centro das atenes, o possuidor do conhecimento, e passa a au- xiliar os alunos a construrem seus prprios conhecimentos (COLL et al., 2009). Paulo Freire um dos nomes mais conhecidos dessa corrente pedaggica no Brasil. Para ele, o aprendizado um ato de conhecimento da realidade e no tem relao com a memorizao ou instruo programada (CALLUF, 2007).

Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade um movimento que surgiu na Euro- pa na dcada de 1960, em meio a movimentos estudantis que rei- vindicavam um ensino que abordasse questes sociais, polticas e econmicas da poca. No Brasil, a interdisciplinaridade chegou no final dos anos 1960 e influenciou a elaborao da Lei de Diretrizes e Bases n. 5.692/71, e, desde ento, sua presena vem se intensifi- cando dentro do cenrio educacional (FAZENDA, 1994).

A interdisciplinaridade vista como uma forma de integrar e articular as disciplinas (BRASIL, 2000). Segundo os PCN's (Par- metros Curriculares Nacionais), necessrio "[...] evitar a compar- timentalizao, mediante a interdisciplinaridade [...]". Entretanto, a interdisciplinaridade no elimina as disciplinas, apenas prope que elas dialoguem entre si (FORTES, 2009). Sua prtica na escola permite, ainda, o encontro, a partilha, a cooperao e o dilogo, tanto entre os alunos como tambm entre os professores.

Alm disso, podemos considerar a interdisciplinaridade como uma forma de aproximar a escola da realidade do aluno, j que seu cotidiano no se encontra compartimentalizado como ocorre na maioria das escolas, em que cada disciplina vista como uma entidade nica que no se relaciona com as demais.

8. CONSIDERAES

Chegamos ao final da primeira unidade de Metodologia do Ensino de Cincias e Biologia. Os contedos tratados nesta unidade abordaram a parte histrica e a importncia da disciplina, concep- es de cincia e senso comum, construtivismo e interdisciplina- ridade, os quais podero lhe auxiliar no estudo e na compreenso das prximas unidades desta disciplina.

Para dar continuidade s prximas unidades, importante que esta unidade tenha sido aproveitada em sua totalidade e que nenhuma dvida seja levada na bagagem. Na Unidade 2 estuda- remos a educao cientfica, o professor-pesquisador, currculos, temas transversais e materiais didticos.

Vamos cumprir mais essa etapa juntos!

9. QUESTES AUTOAVALIATIVAS

Sugerimos que voc procure responder, discutir e comentar as questes a seguir que tratam da temtica desenvolvida nesta unidade, ou seja, a parte histrica e a importncia do ensino de cincias e biologia, bem como as concepes de cincia, senso co- mum, construtivismo e interdisciplinaridade.

A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para voc testar o seu desempenho. Se voc encontrar dificuldades em responder a essas questes, procure revisar os contedos estuda- dos para sanar as suas dvidas. Esse o momento ideal para que voc faa uma reviso desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-

cao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco- bertas com os seus colegas.

Confira, a seguir, as questes propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade:

1) Como o ensino de Cincias e Biologia pode influenciar na vida dos alunos?

2) Qual a diferena entre senso comum e cincia?

3) Podemos afirmar que senso comum e cincia so, ao mesmo tempo, inde- pendentes e complementares? Justifique.

4) possvel dizer que existe uma abordagem pedaggica (escola pedaggica) melhor do que a outra? Reflita sobre o assunto e escreva seus apontamen- tos.

5) Qual a importncia do construtivismo e da interdisciplinaridade para o pro- cesso de aprendizagem do aluno?

6) Qual a importncia dessa disciplina para sua vida acadmica e profissional?

10. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ARMSTRONG, D. L. P. Metodologia do ensino de biologia e qumica: fundamentos filosficos do ensino de cincias naturais. Curitiba: Ibpex, 2008. ; BARBOZA, L. M. V. Metodologia do ensino de cincias biolgicas e da natureza. Curitiba: Ibpex, 2011.BIZZO, N. Metodologia e prtica do ensino de cincias e a aproximao do estudante de magistrio das aulas de cincias no 1 grau. In: PICONEZ, Stela C. Bertholo (Org.). A prtica de ensino e o estgio supervisionado. Campinas/SP: Papirus, 1991.BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Mdia e Tecnolgica. ParmetrosCurriculares Nacionais: Ensino Mdio. Braslia: Ministrio da Educao, 2000.CALIL, P. Metodologia do ensino de biologia e qumica: o professor/pesquisador no ensino de cincias. Curitiba: Ibpex, 2009.CALUF, C. C. H. Metodologia do ensino de biologia e qumica: didtica e avaliao em biologia. Curitiba: Ibpex, 2007.COLL, C. et. al. O construtivismo na sala de aula. So Paulo: tica, 2009.FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: histria, teoria e pesquisa. Campinas/SP: Papirus,1994.FORTES, C. C. Interdisciplinaridade: origem, conceito e valor. Revista Acadmica do SenacMinas, v. 6, p. 1-11, 2009.

FRANCELIN, M. M. Cincia, senso comum e revolues cientficas: ressonncias e paradoxos. Cincia da informao, v. 33, n. 3, 26-34, 2004.KRASILCHIK, M. Reformas e realidade: o caso do ensino de Cincias. So Paulo em perspectiva, So Paulo, v. 14, n. 1, p. 85-93, 2000.LIBLIK, A. M. P. Aprender didtica, ensinar didtica. Curitiba: Ibpex, 2011.ROSA, M. I. P. (Org). Formar: encontros e trajetrias com professores de cincias. SoPaulo: Escrituras, 2005.SALLES, G. D. Metodologia do ensino de cincias biolgicas e da natureza. Curitiba: Ibpex,2007.

11. E-REFERNCIAS

BRASIL. Lei n. 9.394, 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Disponvel em: . Acesso em: 06 nov. 2012. . Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o Ensino de1 e 2 graus, e d outras providncias. Disponvel em: . Acesso em: 06 nov. 2012. . Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Disponvel em: . Acesso em: 06 nov. 2012.

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