enlinh@ nº 3

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enlinh@ Revista Digital da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Adolfo Portela PARA QUE SERVE A VERDADE? Para a pormos ao serviço da felicidade, isto é, para mantermos a esperança na possibilidade de encaixarmos nesta realidade que não escolhemos e que não nos escolheu, mas que queremos tornar nossa.

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Revista da Escola Secundaria Adolfo Portela

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Page 1: Enlinh@ nº 3

enlinh@

Revista Digital da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico

de Adolfo Portela

PARA QUE SERVE A VERDADE?

Para a pormos ao serviço da felicidade, isto é, para mantermos a esperança na possibilidade de encaixarmos nesta realidade que não escolhemos e que não nos escolheu, mas que queremos tornar nossa.

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Parece que a incerteza perpassa pelo nosso mundo. Parece que decidimos voluntária, involuntária ou até inconscientemente, questionar valores, certezas, ideias, religiões, nações e estados. O planeta endossou esta inquietação ou então provocou-a. Vulcões em irrupção, tornados mortíferos, secas prolongadas, inundações devastadoras, terramotos implacáveis, maremotos destruidores marcam presença na nossa rotina com mais frequência do que há anos atrás.

Toda esta movimentação, que chega a ser caótica em determinados lugares do planeta, conduz-nos, com certeza, para algum lado, leva-nos nalguma direcção. Os estatutos adquiridos, as actividades rotineiras, os valores estáveis, até imutáveis, a estabilidade deram lugar ao transitório, à inconstância, ao medo, à insegurança, à revolução, ao incerto. O universo parece apelar a mais responsabilidade, comprometimento e consciência nas nossas tomadas de decisão.

Não deixo de me perguntar se este desassossego segue algum propósito ainda oculto para nós, se o desfecho resultará em mudança benéfica ou, pelo contrário, se nos conduzirá para uma espiral de aniquilação. Ou será que toda esta agitação ocorre de forma fortuita, ao acaso, sem rumo? Qual será o impacto de todas estas acções no nosso futuro? Onde estaremos nós daqui a dez ou vinte anos?

Se ainda parece difícil perceber para onde nos conduz a nossa trajectória, sabemos que, ao longo da sua história, a humanidade atravessou já várias provações que ultrapassou. Portanto, ainda aqui estamos!

Professora Alda Rita

ÍNDICE 3

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Escola

As actividades da Moral

ESAP esteve lá: forte de Peniche

37.º Aniversário da Revolução de Abril

Férias

Poema: Sonhei …

Situação problemática

A epidemia da manipulação

Abraço

Amigos verdadeiros são poucos

Para que serve a verdade?

Astronomia na ESAP

Tangrans

FICHA TÉCNICA Edição: 3 Data de publicação: Julho 2011 Coordenadores: Alda Rita, Luísa Alcântara Publicação da Escola ES/3 de Adolfo Portela Rua Joaquim Valente de Almeida 3750-154 ÁGUEDA / Tel. 234 623 808

Todas as formas de colaboração dos leitores (alunos, encarregados de educação, professores, funcionários) devem ser enviadas para: [email protected]

PRAZO DE RECEPÇÃO DE MATERIAIS PARA A PRÓXIMA EDIÇÃO: Novembro 2011

Editorial

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Page 3: Enlinh@ nº 3

EXIGÊNCIA Na nossa sociedade todos exigem. Todos exigem do médico, do electricista, do pedreiro, da Câmara ou das Finanças. E todos exigem e reclamam e muitas vezes têm razão.

Diz-se que precisamos de começar a encarar o trabalho como uma responsabilidade social e que precisamos de uma cultura de exigência. Diz-se que a cultura de exigência tem que começar na Escola…

De facto, a palavra “exigência” é muitas vezes aplicada na Escola ou quando a ela se referem os pais, os empresários e a sociedade em geral.

A escola tem que ser exigente, os professores têm que ser exigentes, os pais têm que ser exigentes, os alunos têm que ser exigentes… as escolas não são exigentes, o ensino não é exigente, os governantes não são exigentes…

Com tanta exigência terá que haver exigentes. Mas o exigente não tem que ser autoritário nem intolerante. Não precisa de abandonar as preocupações sociais, não precisa de ficar surdo.

Exigentes temos que ser todos nós… e é fácil: basta sermos o que exigimos aos outros.

O Director

Escola

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AS ACTIVIDADES DA MORAL 2010/ 2011

VISITA DE ESTUDO A SANTIAGO DE COMPOSTELA

Organizada pelas professoras de E.M.R.C. das Escolas de Valongo, Fernando Caldeira e Adolfo Portela, realizou-se uma visita de estudo intercâmbio a Santiago de Compostela, Espanha, nos dias 9 e 10 de Março, com a participação dos alunos do 9º ano da nossa escola, inscritos na disciplina de E.M.R.C.

Foi uma viagem muito animada, divertida e cultural, onde pudemos admirar a bela arquitectura da cidade, apreciar a sua cultura e também deliciarmo-nos com as suas iguarias gastronómicas. Visitámos alguns locais de interesse, nomeadamente, Museu do Povo Galego, o Centro Galego de Arte Contemporânea, a Catedral e não podia faltar a visita às ruas e ruelas da parte histórica da cidade, que fazem o gosto dos admiradores da história e da cultura. Convidativas ao consumo eram as montras que nos faziam apelo às compras da praxe para familiares e amigos. Nesta viagem não faltaram ainda os momentos de convívio entre as escolas envolvidas, na divertida discoteca do hotel «Monte do Gozo» onde ficámos alojados. Sem dúvida uma actividade a repetir noutros anos lectivos, pois é sempre bom vivermos outras realidades, conhecermos novas culturas, o convívio salutar e a fuga à rotina do dia-a-dia, para voltarmos ao trabalho com muito mais força, alegria e coragem.

DIA DA DISCIPLINA DE E.M.R.C.

Comemorou-se, nos dias 30 e 31 de Março, o dia da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, envolvendo os alunos do ensino secundário. Estes, juntamente com a professora, dedicaram a sua tarde do dia 30 a fazer bolinhos salame de chocolate onde foi colocada uma frase/ pensamento alusiva à disciplina. No dia seguinte, distribuiu-se a toda a comunidade escolar sem distinção os mini-salames que, diziam os apreciadores, estavam muito bons. Foi uma forma simples de envolver os alunos na comunidade educativa incentivando à partilha e reflexão pessoal.

«INTER-ESCOLAS DIOCESANO» - ENCONTRO DIOCESANO DOS ALUNOS DE MORAL

Decorreu, no dia 9 de Maio, na Praça 1º de Maio em Águeda, o «Inter – Escolas Diocesano 2011», um encontro realizado anualmente, que conta com a presença de alunos inscritos na disciplina de E.M.R.C. da Diocese de Aveiro. Este ano fomos eleitos anfitriões e muito nos honrou receber mais de 4200 alunos vindos dos vários cantos da nossa diocese de Aveiro e também de algumas escolas da Diocese de Coimbra que quiseram partilhar connosco este dia. Estiveram presentes para a recepção: Presidente da Câmara, Directores de Escolas e o Sr. Bispo. O dia contou com momentos de reflexão e convívio, em que não faltou o teatro, uma caminhada, insufláveis, labirinto gigante, jogos de futebol, passeios no rio, kart cross, workshops variados, cantos, danças e magias no palco.

Apesar do muito calor, falta de sombras e alguns escaldões, foi um dia de convívio fraterno muito enriquecedor para todos nós, repleto de alegria, boa disposição, aprendizagem solidária e partilha dos mesmos interesses que nos movem a sermos felizes. No próximo ano lectivo, rumaremos ao Arciprestado de Estarreja, que nos receberá de braços abertos para mais um dia memorável. A todos os colaboradores neste ano lectivo, que contribuíram para que tudo isto fosse possível, o nosso bem-hajam.

Grupo de E.M.R.C.

Moral

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História ESAP ESTEVE LÁ: FORTE DE PENICHE

No dia 27 de Abril, todas as turmas do 9.º ano da ESAP

partiram em visita de estudo para a zona de Peniche. A

viagem foi organizada pelos professores de História e

de Geografia e permitiu que os alunos ficassem a

conhecer o museu

municipal de Peniche

(destacando-se o Núcleo

da Resistência), o porto de

pesca e o cabo Carvoeiro.

As razões que motivaram

a ida ao forte de Peniche

tiveram a ver com o facto

de ter sido a prisão política

de máxima segurança

durante o Estado Novo.

Para aí foram enviados,

durante várias décadas, “criminosos políticos”, sendo

provavelmente o mais famoso Álvaro Cunhal. Famosa

também ficou a espectacular fuga de Peniche em que

Álvaro Cunhal, com a colaboração de um guarda,

escapou a coberto da noite, com os seus camaradas

Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco

Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro

Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins

Rodrigues.

Também não foi esquecida a importância deste

monumento para a defesa nacional. De facto, o forte de

Peniche foi construído devido à necessidade de

defender a costa contra os ataques de piratas e

corsários no século XVI. Depois disso, até aos nossos

dias, sofreu importantes obras de fortificação e

reparação, acabando por mudar de função. Assim, a

partir do século XIX começou a ser usado como prisão,

albergando reclusos oriundos das invasões francesas,

da guerra civil e, à época da 1.ª Guerra Mundial,

recebeu prisioneiros alemães e austríacos.

A partir de 1984, um dos três pavilhões passou a ser

utilizado como Museu Municipal, exibindo material

arqueológico, histórico e etnográfico, destacando-se o

chamado Núcleo da Resistência. Aí procura-se

reconstituir o ambiente de uma prisão política do

Estado Novo (celas individuais e parlatórios). Foi isso

que os professores, funcionários, e alunos da ESAP

puderam ver. Na visita

guiada, foi dado especial

relevo à cela onde esteve

preso o secretário-geral do

Partido Comunista

Português Álvaro Cunhal e

a alguns dos seus

desenhos a carvão, bem

como ao local por onde se

evadiu em 1960.

Finda a visita a este

espaço, seguiu-se o

indispensável almoço e, mais tarde, uma agradável

deslocação ao porto de pesca de Peniche.

No final, constatámos que o balanço foi muito positivo.

É certo que o sol ajudou, o convívio foi saudável, mas o

mais importante foi, sem dúvida, a oportunidade de

aprender no local onde a História e o futuro de Portugal

se continuam a fazer.

Grupo de História

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37º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL NA ESAP

Em 2011, comemorou-se o 37º Aniversário da

Revolução de 25 de Abril e, como vem sendo

habitual, o Grupo de História da ESAP comemorou e

relembrou um dos acontecimentos mais marcantes

da História Contemporânea Portuguesa. Entre as

diversas iniciativas, destacam-se a exposição de

trabalhos de alunos e materiais dos professores, a

declamação de poemas e a apresentação de

canções de Abril no Polivalente.

A Revolução de 25 de Abril (Revolução dos Cravos)

foi um golpe de estado, de cariz militar, que

derrubou o regime político que vigorava em Portugal

desde 1933, e que ocorreu a 25 de Abril de 1974.

Este golpe militar, conhecido como 25 de Abril, foi

conduzido pelo MFA (Movimento das Forças

Armadas), um movimento militar organizado por

oficiais de patentes intermédias na hierarquia militar,

maioritariamente capitães (razão por ser designado

movimento dos capitães). Estes militares, na sua

maioria com várias comissões de guerra, na Guerra

Colonial, estavam descontentes com a sua situação

e, com o apoio de oficiais milicianos, em grande

parte estudantes universitários recrutados por serem

contestatários do regime, muitos deles envolvidos

em acções e manifestações contra o Estado Novo,

levantaram algumas reivindicações, de cariz

corporativo e relativas a uma solução pacífica para a

guerra no Ultramar, que não foram atendidas pelo

regime. Assim, os militares tomaram consciência de

que só com o fim do regime político em vigor, o

Estado Novo, encontrariam solução para as suas

reivindicações e para a Guerra Colonial.

Na manhã do dia 25 de Abril de 1974, forças

militares comandadas pelo capitão Salgueiro Maia

avançaram de Santarém sobre Lisboa, aprisionando

as principais figuras do regime, nomeadamente

Marcello Caetano, Presidente do Conselho de

Ministros. Sem significativos apoios militares e com a

adesão em massa da população de Lisboa, o regime

sucumbiu de imediato.

Seguiu-se um processo de recuperação das

liberdades fundamentais dos cidadãos portugueses e

de democratização do país, que foi consolidado com

a aprovação e entrada em vigor da nova

Constituição, a 25 de Abril de 1976.

Grupo de História

História

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FÉRIAS… Já cheira a férias, pelo que nos ocorreu lançar por aqui alguns desafios… São algumas propostas dirigidas ao leitor, todas em torno da ideia de FÉRIAS! Vamos a isso?

O ESCRITOR DENTRO DE NÓS… Nas férias temos o tempo que tantas vezes nos falta durante a correria do resto do ano. Por que não ocupar uma parte desse tempo com a escrita criativa? Falta-lhe um tema? Escreva sobre as próprias férias: as que estão à porta, as da sua infância ou as de sonho… e envie-nos o resultado para publicação neste espaço.

Entretanto inspire-se neste breve excerto de Jacinto Lucas Pires ou, quem sabe, no poema de Fernando Pessoa.

AS MINHAS FÉRIAS

As minhas férias foram em casa dos meus avós. Todos os anos as minhas férias são lá. A casa dos meus avós é grande mas parece um bocadinho pequena. Tem umas escadas e uma cave e muito mais quartos que a nossa casa, mas tudo parece um bocadinho mais baixo e apertado. Uma vez caí das escadas e não me magoei nem nada. Mas isso foi quando eu só tinha cinco anos. Nessa altura eu não sabia escrever nem nada porque ainda estava na infantil e agora até subo dois degraus de cada vez e as pessoas dizem que eu sou muito mexido. O meu avô até me disse que eu era um super-herói. Disse assim: ah, és tu, Filipe! Achei que era um super-herói que nos tinha entrado em casa. O meu avô gosta muito de super-heróis ou pelo menos é o que eu acho porque ele está sempre a falar-me deles. À mesa, quando os outros crescidos começam a ter conversas diferentes assim mais sérias e isso, o meu avô fica calado que nem um rato, que é como diz a minha avó, e depois só diz uma coisa ou outra quando lhe apetece ou quando se lembra de uma história divertida e então dá gargalhadas muito altas, mas não altas como quando às vezes ralham alto connosco e sim altas de fazer uma espécie de cócegas na nossa boca e termos de rir também e também alto como ele. As pessoas crescidas normalmente são diferentes. As pessoas crescidas normalmente não se riem ou riem-se de coisas que não têm graça nenhuma, pelo menos eu não acho, e às vezes param mesmo de rir a meio do riso como se uma gargalhada fosse uma coisa feia ou um palavrão muito mau. As pessoas crescidas não são nada como o meu avô. O meu avô é assim mais redondo e às vezes até parece que vai tropeçar e tudo. Mesmo quando está calado ou a dormir na poltrona castanha o meu avô não é nada sério e, como eu costumo dizer, isso é muito positivo. As pessoas crescidas normalmente não são nada positivas. As pessoas crescidas normalmente são muito levantadas e direitas e fazem lembrar árvores daquelas que estão sempre num conjunto de árvores e são muito iguais às outras todas, como os eucaliptos por exemplo. Um dia o meu pai foi comigo à mata que é como nós chamamos a uma floresta que há lá ao pé da casa dos meus avós, para aí a uns 2 km ou 3 km, e mostrou-me o que eram eucaliptos. Disse assim: estás a ver, Filipe? Isto aqui são eucaliptos. Eucaliptos. Mas nessa altura eu era muito pequenino e tinha mais ou menos quatro anos e por isso ainda não sabia dizer eucaliptos. Dizia de uma maneira diferente e engraçada mas agora já não me lembro. Já passou muito tempo porque isto foi quando eu ainda era um bebé. Aos seis anos é a idade em que se fica mais crescido e eu já estou quase a fazer sete por isso vou rebentar a escala e claro já não sou um bebé.

Jacinto Lucas Pires, Abre para cá, Livros Cotovia

Jacinto Lucas Pires nasceu no Porto, a 14 de Julho de 1974. Licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, foi cronista do diário A Capital e publicou nove livros pela editora Cotovia: Azul-Turquesa (1998), Abre para Cá (2000), Livro Usado (2001), Escrever, Falar (2002), Do Sol (2004) e Perfeitos Milagres (2007). Para o teatro escreveu Universos e Frigoríficos (1998), Arranha Céus (1999), Escrever Falar (2001), Coimbra B (2003) e Octávio no Mundo (2006). Além disso frequentou a New York Film Academy, tendo realizado, com argumento seu, as curtas-metragens Cinemaamor (1999) e B.D. (2004). Na música escreveu letras e canta em Meio Disco, primeiro álbum da banda Os Quais.

Em Novembro de 2008, foi o vencedor do Prémio Europa - David Mourão-Ferreira, atribuído pela Universidade de Bari e pelo Instituto Camões.

Diz que escreve para “tornar visível e concreto tudo, o mundo, as pessoas e tudo. [para] chegar à clareza e depois ultrapassar até a clareza (…).” Não acredita demasiado na "inspiração" mas diz que ajuda dar um passeio pela cidade, ir a um concerto ou ao futebol, pois só de “cabeça livre” é que o trabalho rende.

Ler e Escrever

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AQUI ONDE SE ESPERA Aqui onde se espera - Sossego, só sossego - Isso que outrora era, Aqui onde, dormindo, - Sossego, só sossego - Se sente a noite vindo, E nada importaria - Sossego, só sossego - Que fosse antes o dia, Aqui, aqui estarei - Sossego, só sossego - Como no exílio um rei,

Gozando da ventura - Sossego, só sossego - De não ter a amargura De reinar, mas guardando - Sossego, só sossego - O nome venerando... Que mais quer quem descansa - Sossego, só sossego - Da dor e da esperança, Que ter a negação - Sossego, só sossego - De todo o coração? Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'

PENSAMENTOS A ideia de “férias” suscita a reflexão. Partilhe connosco as suas, ou comente as que aqui deixamos.

“Se todo o ano fosse de férias alegres, divertirmo-nos tornar-se-ia mais aborrecido do que trabalhar.” (William Shakespeare)

“Vou de férias, volto assim que me encontrar.” (Martha Medeiros)

“Na escola da vida não se tira férias.” (ditado popular)

"Sem o amor o homem é apenas um cadáver em férias." (Erich-Maria Remarque)

SUGESTÕES DE LEITURA… Ao longo do ano queixamo-nos frequentemente do pouco tempo que temos para ler. Por que não aproveitar este verão para “pôr a leitura em dia”? E são tantos os locais convidativos para o fazer: a sombra de uma frondosa árvore, a frescura da beira-rio, uma varanda ao entardecer…. Escolha o leitor!

Deixamos algumas sugestões para os mais jovens:

• Crónicas de Spiderwick, de Tomy Diterlizzi e Holly Black

• A ilha do chifre de ouro, de Álvaro Magalhães

• A última feiticeira, de Sandra Carvalho

• A saga das pedras mágicas, de Sandra Carvalho

• Conspiração 365, de Gabriel Lord

• O bosque dos pigmeus, A cidade dos deuses selvagens, O reino do dragão de ouro (trilogia), de Isabel Allende

• O recruta, O traficante, Segurança máxima, O golpe, Olho por olho, A queda, Cães danados, de Cherub Robert Muchamore

• Colecção - Ciência horrível, Cultura horrível, História horrível, Finados famosos - de diversos autores

• A múmia sem nome, de Geronimo Stilton (ou qualquer outro da mesma colecção)

• O guarda da praia, Recados da mãe, Voa comigo, A lua de Joana, de Maria Teresa Maia Gonzalez

• Colecção - Profissão adolescente, de Maria Teresa Maia Gonzalez

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Falando em ler e escrever, apreciemos agora este poema de uma leitora amiga.

O LIVRO

Vou escrever um livro

Que tenha muitas letras

Vou escrever um livro

Que seja teu amigo

Vou escrever um livro

Para viajar contigo

Vou escrever um livro

Para sonhar e partilhar

Vou escrever um livro

Para viver e levar

onde o teu pensamento deixar…

A. B.

SUGESTÕES… BOAS E BARATAS! Pata terminar, sugerimos dois pontos de partida para umas férias porventura diferentes e interessantes. Envie-nos o leitor as suas sugestões para as podermos partilhar neste espaço, quem sabe, daqui a um ano. É muito tempo? Olhe que passa depressa!

As Pousadas de Juventude são uma boa opção para férias. Em Portugal, são 41 as unidades que fazem parte desta rede. Além de se situarem em locais de interesse histórico, proporcionam normalmente muitas actividades de animação. Com o Cartão de Alberguista, válido internacionalmente -, são inúmeras as opções para descobrir, sozinho ou com os amigos, algumas cidades e localidades do país. E se desse uma vista de olhos no sítio das Pousadas de Juventude para as conhecer melhor?

A maior parte dos sítios relacionados com férias e lazer oferecem informação sobre as várias regiões, cidades e localidades pretendidas. Passe pelo Guia Turístico para Portugal e veja o muito que tem para descobrir.

Grupo de Português

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Sonhei … Onde estão os meus meninos?

Que perdi por aí

Será que os quis

Ou por Deus os vivi.

Sonhei que eram dois

Os meus amores encontrados

E no cimo do alto,

Deixei cair a minha mágoa.

Levantei as mãos, chorei

Amargamente a saudade.

Onde estão os meus meninos?

Onde estão que não os vejo

Partiram e deixaram-me.

Tristeza sem fim

Os meus meninos não sabem

Que a Mãe está

Por onde eles caminharam.

A. B.

Poema

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IMAGEM DE UMA SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Durante uma volta à escola que frequento, reparei na existência de um amontoado de lixo num canto da mesma, ao pé do pavilhão B. Vendo este panorama, e tendo em mãos um trabalho que consistia em apresentar e comentar uma imagem que nos chamasse à atenção, decidi escolhê-la. Tirei-lhe uma fotografia com o telemóvel de uma colega. Nesta fotografia podemos observar uma situação de falta de civismo por parte da comunidade escolar, que irá reflectir-se na vida das gerações futuras.

Escolhi esta imagem, porque foi uma coisa que me chocou pelo simples facto de ser a própria comunidade escolar, sociedade do dia de amanhã, a fazê-lo, sendo esta uma das principais gerações que deveria dar o exemplo. E, ainda por cima, jovens que andam a frequentar uma escola que lhes transmite determinados valores e regras como futuros cidadãos e pessoas. Uma das principais regras de civismo é não colocar lixo no chão, não apenas por ser regra pela qual se deveriam reger mas também por ser uma “falta de respeito” para com a nossa mãe natureza.

Estes actos extremamente incorrectos que muitos cometem irão provocar danos irreversíveis no futuro e nas

nossas vidas. Acho que já todos estamos cansados de saber que isso não se deve fazer e conhecemos as consequências que iremos sofrer. A maior parte da acção da espécie humana prejudica a sua própria espécie. Por exemplo, o que se vê na imagem provoca a poluição dos solos que indirectamente vai provocar a destruição da camada do ozono, o aumento do efeito de estufa, o degelo

das calotes polares, a subida do nível das águas do mar, a diminuição da biodiversidade, etc. Com isto podemos aperceber-nos que um simples acto, como colocar um papel no chão, faz com que aconteçam inúmeras coisas prejudicais.

Edward Lourenz (pai da Teoria do Caos) defendia que pequenos acontecimentos num ponto do planeta podem originar grandes

mudanças no ponto oposto. A esta teoria chamou “efeito borboleta”, ou seja, todas e quaisquer acções praticadas pelo ser humano têm e terão consequências no meio ambiente

Liliana Sofia Ferreira, 10ºJ

A EPIDEMIA DA MANIPULAÇÃO Já paraste para pensar que diariamente és influenciado(a) por esta ou aquela marca? Esta ou aquela celebridade? Esta ou aquela publicidade?

Em Área de Projecto, o nosso grupo escolheu tratar o tema “Influência da Imprensa na Definição de um Protótipo de Beleza”, o qual intitulámos “A Epidemia da Manipulação”. O nosso objectivo é perceber se a sociedade actual é influenciada pelos meios de comunicação e se segue um ideal de beleza.

Para nos esclarecermos acerca do tema, visitámos o Director de Arte e Publicação (José Santana) e a Directora de Moda (Ana Campos) da revista Vogue Portugal.

Mostraram-nos que os critérios para a escolha das modelos que figuram na revista dependem das tendências e das estações. Segundo José Santana, “se a tendência for andrógina, procuramos modelos com um rosto mais masculino.” Ana Campos também nos esclarece acerca deste tópico: “Depende de estação para estação, das tendências. Por exemplo, este Inverno a tendência foi anos 50, roupas que criam curvas e acentuam o peito, ou seja, formas femininas. Procurámos modelos com essa forma”.

Ao contrário do que podemos pensar, estas pessoas têm plena consciência de que interferem na vida dos adolescentes e na de outras pessoas. Segundo José Santana, “Cada imagem influencia cada miúda. Mas não são só os adolescentes, qualquer pessoa é influenciada pelas revistas, somos influenciados por tudo”.

Quanto às idades dos modelos, “São muito novinhas, têm 16/17 anos. Há mais velhas, mas poucas. O grande problema da moda é esse: como as modelos são muito inexperientes e este é um trabalho muito puxado, é muita a pressão que elas sofrem.”

Com esta visita percebemos que o ideal de beleza está na cabeça de cada um, a moda é cíclica e a tendência é que é seguida. Os padrões de beleza não são eternos, estando em constante alteração. Então, não te adianta tentares ser diferente, até porque… “Tentamos ser diferentes sendo iguais.”

Joana Santiago, João Viegas, Margarida Pais, Nuno Fonseca, Sara Dias - Grupo de A.P. - 12ºA

Testemunhos

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ABRAÇO Há algum tempo vi, no meio da rua, algo que marcou a diferença, algo que me tocou. Caminhava em cima do passeio quando, inesperadamente, vi uma mulher com duas crianças e uma delas vinha ao seu colo. Esta teria cerca de três anos de idade.

O marcante de tudo isto foi que, a certa altura, a criança que estava ao colo debruçou o seu corpo para alcançar a outra criança. Esta tocou-a no ombro e, como se já estivesse ensaiado, as duas estenderam os braços e, nesse preciso momento, aconteceu o mais lindo abraço que alguma vez vi. Foi um abraço tão forte e carinhoso que a mulher ficou com os olhos alagados em lágrimas, mas ainda assim mantinha um sorriso contagiante.

Naquele instante, acho que, por alguns segundos, o meu tempo parou e fiquei apenas a observar aquele momento que tanto me marcou e, mais do que isso, fez com que o meu dia se tornasse bem melhor. O gesto destas crianças foi tão mágico e emocionante que nunca o irei esquecer, nem mesmo o sorriso maravilhado que permaneceu no rosto da mulher.

Um abraço não custa nada e vale simplesmente tudo, pode durar apenas alguns segundos ou pode ser demorado, pode ser um abraço suave ou apertado, pode ser apenas um, ou ser o mais especial e deixar marcas para sempre.

O abraço traz paz e segurança, demonstra-nos carinho, dá-nos conforto, consola-nos e acalma-nos, dá-nos força e coragem quando mais precisamos. Um abraço cura, transforma e liberta tudo aquilo que vai dentro de nós, um abraço demonstra tudo aquilo que muitas vezes em palavras nos falta.

Hoje em dia, é tão fácil encontrarmos pessoas carentes que necessitam de um simples abraço e de um pouco de atenção, pessoas que muitas vezes estão amarguradas, cansadas, desoladas, que estão a morrer por dentro e, que se prestarmos o mínimo de atenção, precisam de tão pouco para serem ajudadas, precisam simplesmente de um abraço, mas que seja com o maior sentimento do mundo.

Abraça! Abraça com carinho!

Abraça! Abraça com amor!

Abraça para dar e também para receber!

Abraça logo! Abraça já! Hoje o tempo passa rápido e amanhã não sabemos o que virá!

Faz o tempo parar por alguns segundos e sente o que têm um simples abraço.

Abraça fortemente e fecha os olhos para viveres e sentires esse momento.

Abraça para sempre!

Maria João Pires Claro, 10ºJ

AMIGOS VERDADEIROS SÃO POUCOS No contexto do Módulo sobre o Texto Poético, os alunos do CEF foram desafiados a fazer acrósticos. Um acróstico é uma composição poética em que as letras iniciais dos versos, lidas na vertical, formam uma ou mais palavras. O conteúdo da composição tem de estar relacionado com essas palavras ou frases.

Aqui fica um exemplo do trabalho realizado.

Amigos verdadeiros são poucos

Mas, por vezes, menos é mais

Inimigos estão por toda a parte

Zangados ou não

Arranjam sempre confusão.

Devemos ignorar quem nos quer mal

E valorizar quem nos apoia!

Testemunhos

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PARA QUE SERVE A VERDADE?

Partamos da definição de verdade como «adequação do pensamento (e, portanto, do discurso) à realidade». Uma proposição será verdadeira se se adequar à realidade e, assim, se disser «Sou uma habitante de Marte» estou a enunciar uma proposição falsa porque desadequada à realidade. Qual o problema deste tipo de enunciados? Por que desvalorizamos o que consideramos falso? Por que preferimos (se é que preferimos…) a verdade?

Transitando do domínio da Lógica para o da Ética, perguntarei por que é que a verdade é preferível à mentira. Por que é que não devemos mentir? Por que é que dizer a verdade é uma virtude?

Ouço frequentemente que «os políticos devem dizer a verdade ao povo» (como se só eles a isso estivessem obrigados ou como se fosse inquestionável que o povo – o que quer que este termo designe – quisesse a verdade). Não menos frequentemente ouço pessoas indignadas porque não lhes foi dita a verdade, sentindo-se enganadas, ofendidas ou apenas magoadas por isso. Mas quando pergunto para que serve a verdade, por que é que é preferível à falsidade ou à mentira, obtenho uma de duas reacções: ou o silêncio comprometido de alguém que, surpreendentemente, não tem resposta para a questão, ou o «palavreado» vazio de quem também não tem resposta para a questão, mas tem grande dificuldade em reconhecer isso mesmo.

Poderemos continuar a repetir que a verdade é preferível à mentira e/ou falsidade se não soubermos para que serve? Podemos continuar a acreditar que queremos a verdade se não soubermos para que a queremos e por que a preferimos? Continuará a verdade a ser importante, apesar de não sabermos porquê nem para quê?

Viremos a questão do avesso: qual o problema de não dizer a verdade? Que dificuldade encerra um discurso que não se adequa à realidade, que a mascara, distorce, deforma ou, simplesmente, não a diz?

Crónica

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Um discurso desadequado à realidade é uma ficção; um discurso adequado à realidade é conhecimento. Por que é que o conhecimento é preferível à ficção? Qual a grande vantagem de proposições verdadeiras e logicamente articuladas? Só vejo uma: o discurso verdadeiro (conhecimento) é condição de sentido da acção e da existência. Um mundo ficcionado, mera ilusão (por mais atraente e bela que seja essa ficção) só tem um problema: não tem lugar para nós – não encaixamos nele, não nos permite viver nele. A desadequação do discurso torna-nos a nós próprios desadequados num mundo também ele desadequado; a desadequação do discurso cria opacidade entre nós e o mundo, entre nós e os outros, entre nós e nós próprios. A má notícia é que a verdade é condição necessária mas não suficiente desse sentido: o facto de conhecermos a verdade não nos garante o sentido da existência; por outro lado, o desconhecimento da verdade, as falsas crenças, os discursos mascaradores da realidade impedem esse sentido.

Por que é importante o médico conhecer a verdade? Porque só assim poderá adoptar a terapia correcta / adequada; se desconhecer a verdade, se partir de um conjunto de falsidades, em vez de curar o paciente pode matá-lo. Por que é que os políticos devem dizer a verdade ao povo? Por que é que a

política não deve reduzir-se à retórica? Por que é tão perigoso mentir em política? (A analogia não é minha, mas de Platão. Não me canso de dizer que todos, mas sobretudo os políticos, deveríamos (re)ler o Górgias …). O perigo da mentira política é o mesmo: pode conduzir à morte da democracia. E quem diz democracia diz liberdade. E quem diz liberdade diz humanidade. Por que é o conhecimento preferível à ficção? Porque só ele nos permite habitar o mundo que teima em resistir a todas as ficções e, mais tarde ou mais cedo, se impõe com toda a sua realidade.

Se a verdade é «adequação», o problema da falsidade e / ou da mentira é, evidentemente, o de desadequação. O falso discurso, a mentira, torna-nos desadequados no mundo, cria uma barreira entre nós e a realidade, entre nós e os outros, entre nós e nós. A falsidade e / ou a mentira faz de nós «habitantes de Marte» com residência fixa na Terra. Nada de bom pode daí advir….

Para que serve a verdade? Para a pormos ao serviço da felicidade, isto é, para mantermos a esperança na possibilidade de encaixarmos nesta realidade que não escolhemos e que não nos escolheu, mas que queremos tornar nossa.

Professora Paula Bastos

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ASTRONOMIA NA ESAP O CÉU DE VERÃO Finalmente o Verão está para breve e, de acordo com o que tenho vindo a fazer nos anteriores números do Enlinh@, vamos conhecer um pouco melhor o Céu do Verão.

O Verão começa no solstício de verão do Hemisfério Norte, que acontece cerca de 21 de Junho e termina com o equinócio de Outono, por volta de 23 de Setembro. A palavra solstício tem origem no latim sol + sistere (que não se mexe), é o momento em que o Sol atinge a maior declinação, durante o seu movimento aparente na esfera celeste. À imagem dos números anteriores desta rubrica, e dado que a Terra mudou de posição devido ao movimento de translação em torno do Sol, vamos agora usar outras referências no céu que nos orientem no sentido de melhor o conhecer. Temos que ter em conta que, durante o verão, embora as noites sejam mais aprazíveis, anoitece mais tarde e amanhece mais cedo, oferecendo assim menos horas de observação. Importa por isso aproveitar ao máximo, e tal só é possível com uma boa leitura dos céus (afinal as férias terão que servir para muitas outras coisas).

Fig. 1 – Céu de Verão

Assim, embora ainda tenhamos a Ursa Maior que nos ajudou a guiar nos céus da Primavera, surge agora o “triângulo de Verão” no coração da Via Láctea. Vai ser esta a nossa referência.

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Este triângulo isósceles aparece-nos a Este e é formado por três das estrelas mais brilhantes nesta altura do ano: Veja, na constelação de Lira, Deneb, na constelação de Cisne, e Altaír, na constelação de Águia (ver figuras 1 e 2).

Vega, a 26 anos-luz de distância de nós, é a quinta estrela mais brilhante do céu. Tem cerca de 2,5 vezes mais massa que o nosso Sol, pelo que brilha cerca de 50 vezes mais, mas como tal terá uma vida mais curta (talvez cerca de uma décima parte do tempo de vida do nosso Sol). Esta estrela é muito interessante já que foi descoberto em seu redor um disco de poeira que sugere a possibilidade de existirem (ou virem a existir) planetas à sua volta.

Outra particularidade interessante é que, devido à precessão dos equinócios, daqui a cerca de 14000 anos estará na posição em que agora se encontra a estrela Polar, e servirá para nos referenciar o Norte. Será também interessante dizer que o nosso Sol, no seu movimento galáctico (sim, o Sol também se move na galáxia, ninguém pense que está a ser contratado para o plantel do Real Madrid), está precisamente a dirigir-se para Vega. Não vou referir muito mais sobre esta Estrela, a não ser que foi a primeira estrela a ser fotografada

(1850) e, em 1872, a primeira a ter o seu espectro analisado (excluindo o Sol).

Mais próxima de nós, a cerca de 17 anos-luz, temos Altaír a formar a cabeça da constelação de Águia (Aquila). O nome "Altaír" tem origem no árabe e significa "águia voadora".

Por último, temos Deneb, em Cisne. É ainda incerta a distância a que se encontra, mas sabemos que é uma das estrelas mais luminosas conhecidas, estimando-se em cerca de 60 000 vezes o brilho do Sol (se estiver a 1 600 anos-luz) e 250 000 vezes (se estiver a 3 200 anos-luz). Várias fontes dizem que se situa entre os 1 600 e os 3 200 anos-luz. Produz mais luz num dia que o Sol em 140 anos. Se Deneb estivesse no lugar do nosso Sol, o seu diâmetro alcançaria a órbita da Terra.

Para melhor identificar as constelações e estrelas que irão compor o céu de verão, vou acrescentar ao esquema do céu (Fig.3) uma imagem sem as linhas de constelação para exercitar a visualização destes objectos.

Facilmente podemos aqui detectar a Ursa Maior em forma de caçarola e, um pouco abaixo, Arcturo, estrela amarela mais intensa. Do lado esquerdo da imagem, temos o triângulo de verão, com as constelações de Lira em forma de losango que aponta para Altaír. No vértice superior deste triângulo, surge imponente Deneb. Entre Arcturo e o triângulo de verão temos a constelação de Hércules com o “colar” da Corona Borealis à sua direita. Mais a Sul, temos a constelação de Escorpião, facilmente reconhecível pelas 3 estrelas das pinças e pela brilhante Antares, a majestosa gigante vermelha a partir da qual surge a cauda redonda que culmina no ferrão. Do lado oposto, a nordeste, temos Cassiopeia com a forma de W, plantada em plena Via Láctea, e cujas 3 estrelas mais brilhantes apontam a sua filha Andrómeda, galáxia visível a olho nu em céus com pouca poluição luminosa.

Fig. 2 – Triângulo de Verão

Fig. 3 – Noite de Verão

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Fig. 4 – Centro da Via Láctea

O verão é também a melhor altura do ano para apreciar, a olho nu, a Via Láctea. O centro da Galáxia começa agora a aparecer na região de Sagitário (a sul), proporcionando um cenário nocturno magnífico em zonas de baixa poluição luminosa (Fig.4).

Por agora ficamos por aqui. Nesta edição traçamos o roteiro do céu de verão, sem recurso a instrumentos que pesem na bagageira. Afinal, é tempo de férias. Mas ainda assim, uns binóculos…sei lá… Divirtam-se.

Professor Álvaro Folhas Fontes consultadas

• Berthier,D.; “Urban Astronomy”; Cambridge University Press; 2003

• Almeida, G.,Ferreira,M.; “Introdução à Astronomia e às Observações Astronómicas”; Plátano Edições Técnicas; 1ª Edição; 1993

• “Messier object gallery”; http://thebigfoto.com/messier-objects-gallery-m1-m11 ; (20110524)

• “Astronomy Picture of the day”; http://apod.nasa.gov/apod/ap080729.html ; (20110604)

• Astronomia Online – Centro de Ciência Viva do Algarve; http://apod.nasa.gov/apod/ap080729.html ; (20110604)

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TANGRANS

Os Tangrans são dos mais antigos puzzles conhecidos e foram inventados na China, há muitos milhares de anos.

Os Tangrans são obtidos a partir de 7 figuras geométricas:

- dois triângulos rectângulos geometricamente iguais que correspondem, em conjunto, a metade do

quadrado original, quando dobrado pela diagonal;

- dois triângulos rectângulos geometricamente iguais, cuja área é um quarto da dos primeiros triângulos

obtidos;

- um triângulo rectângulo cuja área é o dobro da dos anteriores;

- um quadrado com a mesma área;

- um paralelogramo obliquângulo igualmente com a mesma área.

Com o Tangram pode trabalhar-se a visualização espacial e desenvolver-se a criatividade.

EXERCÍCIOS

1 - Marcha 2 - Pausa 3 - Coelho

SOLUÇÕES

Ver http://rachacuca.com.br/jogos/tangram/8/

Grupo de Matemática

Matemática

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