engels, f. contribuição para a história do cristianismo primitivo

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7/23/2019 ENGELS, F. Contribuição Para a História Do Cristianismo Primitivo http://slidepdf.com/reader/full/engels-f-contribuicao-para-a-historia-do-cristianismo-primitivo 1/36 Contribuição Para a História do Cristianismo Primitivo Friederich Engels 1895 Primeira Edição: Die Neue Zeit, em 1894-95 Fonte: Partido da Causa Operária H!": Fernando A. . Ara!"o, "u#$o %&&' # A $ist(ria do )ristianismo primiti*o o+ere)e )uriosos pontos de )ontato )om o mo*imento operário moderno. Como este, o )ristianismo era, na oriem, o mo*imento dos oprimidos: apare)eu primeiro )omo a re#iio dos es)ra*os e dos #iertos, dos pores e dos $omens pri*ados de direitos, dos po*os su"uados ou dispersos por /oma. Os dois, o )ristianismo )omo o so)ia#ismo operário, pream uma #ierta0o pr(ima da ser*ido e da mis2ria3 o )ristianismo transpe essa #ierta0o para o A#2m, numa *ida depois da morte, no )2u3 o so)ia#ismo )o#o)a-a no mundo, numa trans+orma0o da so)iedade. Os dois so perseuidos e en)urra#ados, os seus aderentes so pros)ritos e sumetidos a #eis de e)e0o, uns )omo inimios do nero $umano, os outros )omo inimios do o*erno, da re#iio, da +am6#ia, da ordem so)ia#. 7, apesar de todas as perseui0es, e mesmo diretamente ser*idos por e#as, um e outro arem )amin$o *itoriosamente. rs s2)u#os depois do seu nas)imento, o )ristianismo 2 re)on$e)ido )omo a re#iio do 7stado e do mp2rio romano: em 1

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Contribuição Para a História do CristianismoPrimitivo

Friederich Engels

1895

Primeira Edição: Die Neue Zeit, em 1894-95Fonte: Partido da Causa OperáriaH!": Fernando A. . Ara!"o, "u#$o %&&'

#

A $ist(ria do )ristianismo primiti*o o+ere)e )uriosos pontos de

)ontato )om o mo*imento operário moderno. Como este, o

)ristianismo era, na oriem, o mo*imento dos oprimidos: apare)eu

primeiro )omo a re#iio dos es)ra*os e dos #iertos, dos pores e dos$omens pri*ados de direitos, dos po*os su"uados ou dispersos por

/oma. Os dois, o )ristianismo )omo o so)ia#ismo operário, pream

uma #ierta0o pr(ima da ser*ido e da mis2ria3 o )ristianismo

transpe essa #ierta0o para o A#2m, numa *ida depois da morte, no

)2u3 o so)ia#ismo )o#o)a-a no mundo, numa trans+orma0o da

so)iedade. Os dois so perseuidos e en)urra#ados, os seus aderentesso pros)ritos e sumetidos a #eis de e)e0o, uns )omo inimios do

nero $umano, os outros )omo inimios do o*erno, da re#iio, da

+am6#ia, da ordem so)ia#. 7, apesar de todas as perseui0es, e

mesmo diretamente ser*idos por e#as, um e outro arem )amin$o

*itoriosamente. rs s2)u#os depois do seu nas)imento, o )ristianismo

2 re)on$e)ido )omo a re#iio do 7stado e do mp2rio romano: em

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menos de sessenta anos, o so)ia#ismo )onuistou uma posi0o ta#

ue o seu triun+o de+initi*o está aso#utamente asseurado.

Conse;entemente, se o r. Pro+essor A. <ener, no seu =Direitoao Produto ntera# do raa#$o>, se espanta de ue, so os

imperadores romanos, tendo em *ista a )o#ossa# )entra#i?a0o das

riue?as e os so+rimentos in+initos da )#asse traa#$adora, )omposta

essen)ia#mente de es)ra*os, =o so)ia#ismo no ten$a sido imp#antado

depois da ueda do mp2rio romano o)identa#>, 2 porue

pre)isamente no * ue esse =so)ia#ismo>, na medida em ue eraposs6*e# na 2po)a, eistia e+eti*amente e )$ea*a ao poder. . . )om o

)ristianismo. ( ue o )ristianismo, )omo tin$a +ata#mente de ser,

)onsiderando as )ondi0es $ist(ri)as, no ueria a trans+orma0o

so)ia# neste mundo, mas no A#2m, no )2u, na *ida eterna depois da

morte, nomillenium eminente.

@á na dade <2dia o para#e#ismo dos dois +enmenos se impe,

uando dos primeiros #e*antamentos dos )amponeses oprimidos e,

soretudo, dos p#eeus das )idades. 7sses #e*antamentos, ta# )omo

todos os mo*imentos de massas na dade <2dia, ti*eram

ne)essariamente uma más)ara re#iiosa3 apare)em )omo

restaura0es do )ristianismo primiti*o em )onse;n)ia de uma

deeneres)n)ia )res)ente, mas atrás da ea#ta0o re#iiosaes)ondem-se, reu#armente, interesses muito positi*os deste mundo.

sso transpare)ia de uma maneira randiosa na orani?a0o dos

taoritas da Bomia so @oo Zi?a, de #oriosa mem(ria. <as este

tra0o presiste atra*2s de toda a dade <2dia, at2 ue desapare)e

pou)o a pou)o, depois da uerra dos )amponeses na A#eman$a, para2

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reapare)er entre os operários )omunistas depois de 18&. Os

)omunistas re*o#u)ionários +ran)eses, ta# )omo Eeit#in e os seus

aderentes, a+irma*am-se #iados ao )ristianismo primiti*o muito

antes de /enan ter dito:

Se quiserem fazer uma idéia das primeiras

comunidades cristãs, observem uma seção

local da Associação Internacional de

Trabalhadores.

O $omem de #etras +ran)s ue, ra0as a uma ep#ora0o da

)r6ti)a 6#i)a a#em, sem eemp#o mesmo no "orna#ismo moderno,

)on+e))ionou o seu roman)e sore a $ist(ria da re"a, =As Oriens

do Cristianismo>, no saia tudo o ue $a*ia de *erdade na sua +rase.

7u ueria *er o antio interna)iona#ista )apa? de #er, por eemp#o, a

seunda =7p6sto#a aos Cor6ntios>, atriu6da a Pau#o, sem ue, pe#o

menos num ponto, antias +eridas no rearissem ne#e.

A =7p6sto#a> inteira, a partir do )ap6tu#o, e)oa da eterna

ueia demasiado em )on$e)ida: =As )oti?a0es no entram.> Por

*o#ta de 18G5, uantos, entre os mais ?e#osos propaandistas, no

teriam apertado a mo do autor desta )arta, uem uer ue e#e

+osse, )om uma simpáti)a inte#in)ia, murmurando-#$e ao ou*ido: =7nto, irmo, tam2m isso te a)onte)eu a tiH> am2m n(s ter6amos

muito a di?er a)er)a disso I tam2m na nossa asso)ia0o pu#u#am os

)or6ntios I, essas )oti?a0es ue no apare)iam, ue, ina#)an0á*eis,

ira*am diante dos nossos o#$os de Jnta#o, eis o ue )onstitu6a os

+amosos mi#$es da nterna)iona#.

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Kma das nossas me#$ores +ontes sore os primeiros )ristos

2 Lu)iano de amosata, o o#taire da anti;idade )#ássi)a, ue

mantin$a a mesma atitude )2ti)a em re#a0o a todas as esp2)ies de

supersti0es re#iiosas e ue, portanto, no tin$a moti*os I nem por)ren0a pa nem por po#6ti)a I para tratar os )ristos di+erentemente

de ua#uer outra asso)ia0o re#iiosa. Pe#o )ontrário, a)usa a todos

da sua supersti0o, tanto aos adoradores de@!piter )omo aos

adoradores de Cristo: do seu ponto de *ista rasamente ra)iona#ista,

um nero de supersti0o 2 to inepto )omo o outro. 7sta

testemun$a, de ua#uer maneira impar)ia#, )onta, entre outras)oisas, a iora+ia de um a*entureiro, Pererinus, ue se )$ama*a na

rea#idade Proteu de Parium sore o Me#esponto. O dito Pererinus

)ome0ou na sua "u*entude, na Armnia, por um adu#t2rio. Foi

apan$ado em +#arante de#ito e #in)$ado seundo o )ostume do pa6s.

Fe#i?mente )onseuiu es)apar, estranu#ou Parium, o seu *e#$o pai, e

te*e de +uir.

Foi por essa época que se fez instruir na

admirvel reli!ião dos cristãos, contactando na

"alestina com al!uns dos seus padres e

escribas. #ue vos hei$de dizer acerca disso% 

&sse homem depressa lhes fez ver que eles não

 passavam de crianças' profeta, tiasarco, chefe

de assembléia, tudo ele foi sozinho,

interpretando os seus livros, e(plicando$os,

compondo$os por iniciativa pr)pria. "or isso

muita !ente o olhava como a um deus, um

le!islador, um pont*fice, i!ual a esse que é

honrado na "alestina, onde foi posto numa cruz 4

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 por ter introduzido esse novo culto entre os

homens. "roteu, tendo por este motivo sido

detido, foi posto na prisão. +esde o momento

que foi posto a ferros, os cristãos,considerando$se como presos nele, tudo

fizeram para o libertar' mas, não o

conse!uindo, renderam$lhe pelo menos toda a

espécie de honras com um zelo e uma

dedicação infati!veis. +esde a manhã, viam$

se volta da prisão uma multidão de mulheresvelhas, de vi-vas, de )rfãos. s principais

chefes da seita passavam a noite /unto dele,

depois de terem corrompido os carcereiros0

 para l levavam as suas refeiç1es e liam os

seus livros santos' e o virtuoso "ere!rinus, ele

ainda se chamava assim, era por eles tratadode novo S)crates. 2ão é tudo' vrias cidades

da 3sia lhe enviaram deputados em nome de

cristãos, para lhe prestar assist4ncia, lhe

servirem de apoio, de advo!ados e de

consoladores. &ra inacreditvel a dedicação em

tais ocorr4ncias' para tudo dizer, nada lhes

custava. +esse modo "ere!rinus, sob o

 prete(to da sua prisão, viu che!arem !randes

quantidades de dinheiro e acumulou muito.

&sses infelizes acreditam que são imortais e

que viverão eternamente' em conseq54ncia,

desprezam os supl*cios e entre!am$se

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voluntariamente morte. seu primeiro

le!islador ainda os convenceu de que eles são

todos irmãos. +esde que mudaram de culto,

renunciaram aos deuses !re!os e adoram osofista crucificado de quem se!uem as leis.

+esprezam i!ualmente todos os bens e p1em$

nos em comum, pela fé completa que t4m nas

suas palavras. +e forma que, se aparece entre

eles um impostor, um patife decidido, ele não

ter dificuldade em enriquecer rapidamente,rindo$se por trs da sua simplicidade. 6ontudo,

"ere!rinus depressa foi libertado pelo

!overnador da S*ria.

Depois de outras a*enturas, di?-se:

"ere!rinus retomou, pois, a sua vida errante,

acompanhado nas suas va!abunda!ens por um

!rupo de cristãos que lhe servem de satélites e

lhe subvencionam abundantemente as suas

necessidades. &le fez$se assim alimentar 

durante al!um tempo. 7as depois, tendo

violado al!uns dos seus preceitos 8tinham$novisto comer carne proibida9, foi abandonado

 pelo seu corte/o e reduzido pobreza.

uantas re)orda0es de "u*entude a)ordam em mim ao #er esta

passaem de Lu)iano. 7is primeiro o =pro+eta A#re)$t>, ue por *o#ta

de 184& e durante a#uns anos torna*a pou)o seuras I #etra I as6

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)omunidades )omunistas de Eeitt#in na u60a. 7ra um $omem

rande e +orte, ue per)orria a u60a a p2, pro)ura de um audit(rio

para o seu no*o e*ane#$o da #ierta0o do mundo. No +im de )ontas,

pare)e ter sido um trapa#$o astante ino+ensi*o e morreu )edo. 7is oseu su)essor, menos ino+ensi*o, o =Dr.> @ore u$#mann de Mo#stein,

ue apro*eitou o tempo em ue Eeitt#in este*e na priso para

)on*erter os )omunistas da u60a +ran)esa ao seu pr(prio e*ane#$o

e ue, por um tempo, o )onseuiu to em ue )onuistou at2 o

mais espiritua# e ao mesmo tempo o mais omio de todos

e#es, Auust Be)er. Depressa u$#mann da*a )on+ern)ias ue+oram pu#i)adas em Qno*a em 1845 so o t6tu#o: =O No*o <undo

ou o /eino do 7sp6rito ore a erra. Anun)ia0o>. 7 na introdu0o,

rediida, seundo toda a proai#idade, porBe)er, #-se.

Faltava um homem na boca de quem todos os

nossos sofrimentos, todas as nossas

esperanças e todas as nossas aspiraç1es, numa

 palavra, tudo o que a!ita mais profundamente

o nosso tempo, encontrasse uma voz... &sse

homem que a nossa época esperava, apareceu.

: o +r. ;or!e <uhlmann de =olstein. &le sur!iu

com a doutrina do novo mundo ou do reino do

esp*rito na realidade.

erá ne)essário di?er ue essa doutrina do no*o mundo no

passa*a do mais ana# sentimenta#ismo, tradu?ido em +raseo#oia

semi6#i)a Lamennais e deitada )om arroJn)ia de pro+etaR O ue

no impedia os ons dis)6pu#os de Eeitt#in de andarem )om

aten0es para )om esse )$ar#ato, ta# )omo os )ristos da Ssia7

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tin$am +eito em re#a0o a Pererinus. 7#es, ue, de ordinário, eram

aruidemo)ratas e iua#itários, a ponto de a#imentarem des)on+ian0as

inetinu6*eis para )om todo o mestre-es)o#a, todo o "orna#ista, todos

aue#es ue no eram operários manuais, )omo se e#es +ossemoutros tantos =sáios> pro)urando ep#orá-#os, e#es deiaram-se

persuadir por esse u$#mann, )om os seus ata*ios de me#odrama, de

ue, no =no*o mundo>, o mais sáio, id est u$#mann,

reu#amentaria a reparti0o dos pra?eres e ue, portanto, "á no *e#$o

mundo, os dis)6pu#os de*iam +orne)er a#ueires de pra?eres ao mais

sáio e )ontentarem-se )om mia#$as. 7 Pererinus-u$#mann *i*euna a#eria e na aundJn)ia... enuanto isso durou. Na *erdade ta#

no durou muito3 o des)ontentamento )res)ente dos )2ti)os e dos

in)r2du#os, as amea0as de perseui0o do o*erno, puseram +im ao

reino do esp6rito em Lausanne3 u$#mann desapare)eu.

7emp#os aná#oos *iro s de?enas mem(ria daue#es ue

)on$e)eram por eperin)ia o )ome0o do mo*imento operário na

7uropa. Na $ora atua#, )asos to etremos tornaram-se imposs6*eis,

pe#o menos nos randes )entros3 mas em #o)a#idades perdidas, em

ue o mo*imento )onuista um terreno *irem, um ua#uer

Pererinus deste tipo poderia ainda )onseuir um su)esso

momentJneo e re#ati*o. 7, ta# )omo em todos os pa6ses a+#ui para o

partido operário toda a ente ue "á nada tem a esperar do mundo

o+i)ia#, ou ue ne#e se ueimou I ta# )omo os ad*ersários da

*a)ina0o, os *eetarianos, os anti*i*e)ionistas, os partidários da

medi)ina dos simp#es, os preadores das )onrea0es dissidentes a

uem as o*e#$as +uiram, os autores de no*as teorias a)er)a da

oriem do mundo, os in*entores +a#$ados ou in+e#i?es, as *6timas de

reais ou imainárias irreu#aridades a uem a uro)ra)ia )$ama8

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 =re+i#es in!teis>, os $onestos ime)is e os desonestos impostores I,

o mesmo a)onte)ia )om o )ristianismo. odos os e#ementos ue o

pro)esso de disso#u0o do antio mundo tin$a atirado,

su)essi*amente, para o )6r)u#o de atra0o do )ristianismo, o !ni)oe#emento ue resistia a essa disso#u0o I pre)isamente porue se

trata*a de um produto espe)ia# I e ue, portanto, susistia e )res)ia,

enuanto ue os outros e#ementos no passa*am de mos)as

e+meras. odas as ea#ta0es, etra*aJn)ias, #ou)uras ou o#pes

su"os ue +oram tentados em re#a0o s "o*ens )omunidades )rists,

todas, temporariamente e em )ertas #o)a#idades, en)ontraramou*idos atentos e )rentes d()eis. 7, ta# )omo os )omunistas das

nossas primeiras )omunidades, os primeiros )ristos eram de uma

)redu#idade espantosa em re#a0o a tudo ue pare)ia )on*ir sua

doutrina, de modo ue no podemos saer rea#mente se, dos

numerosos es)ritos ue Pererinus )omps para a )ristandade, no

$a*erá, aui e a#i, ua#uer +ramento ue ten$a es)apado para onosso no*o estamento.

##

A )r6ti)a 6#i)a a#em, at2 aora a !ni)a ase )ient6+i)a do nosso

)on$e)imento da $ist(ria do )ristianismo primiti*o, seuiu uma dup#a

tendn)ia.

Kma dessas tendn)ias 2 representada pe#a es)o#a de uinue,

ua#, em sentido #ato, perten)e tam2m D. F. trauss. 7#a *ai to

#one no eame )r6ti)o uanto uma es)o#a teol)!ica poderia ir. Admite

ue os uatro 7*ane#$os no so )omuni)a0es de testemun$as

o)u#ares, mas arran"os u#teriores de es)ritos perdidos, e ue, no

9

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máimo, uatro das 7p6sto#as atriu6das a . Pau#o so autnti)as et).

7#a a+asta da narra0o $ist(ri)a, )omo inadmiss6*eis, todos os

mi#ares e todas as )ontradi0es3 do ue resta, e#a =pro)ura sa#*ar

tudo o ue pode ser sa#*o> e, por a6, transpare)e )#aramente o seu)aráter de es)o#a teo#(i)a. 7 2 ra0as a essa es)o#a ue /enan, o

ua#, em rande parte, se ap(ia ne#a, pde, ap#i)ando o mesmo

m2todo, operar ainda muitos outros =sa#*amentos>. A#2m de

numerosas eposi0es mais ue du*idosas do No*o estamento, e#e

uer ainda impor-nos uma uantidade de #endas de mártires )omo

$istori)amente autenti)adas. 7m todo o )aso, tudo o ue a es)o#a deuinue re"eita do No*o estamento )omo ap()ri+o, ou )omo no

sendo $ist(ri)o, pode ser )onsiderado )omo de+initi*amente a+astado

pe#a )in)ia.

A outra tendn)ia 2 representada por um !ni)o $omem: Bruno

Bauer. O seu rande m2rito 2 ter, impiedosamente, )riti)ado os

7*ane#$os e as 7p6sto#as apost(#i)as, ter sido o primeiro a en)arar

seriamente o eame dos e#ementos no s( "udai)os e re)o-

a#eandrinos, mas tam2m reos e re)o-romanos ue permitiram

ao )ristianismo tornar-se uma re#iio uni*ersa#. A #enda do

)ristianismo nas)ido intera#mente do "uda6smo, partindo da Pa#estina

para )onuistar o mundo )om uma domáti)a e uma 2ti)a tra0adas

nas suas randes #in$as, tornou-se imposs6*e# depois de Bruno

Bauer3 a partir de ento e#a pode, no máimo, )ontinuar a *eetar

nas +a)u#dades teo#(i)as e no esp6rito de uem uer =)onser*ar a

re#iio para o po*o>, mesmo )usta da )in)ia. Na +orma0o do

)ristianismo, ta# )omo +oi e#e*ado )ateoria de re#iio de 7stado

por Constantino, a 7s)o#a de P$i#on de A#eandria e a +i#oso+ia *u#ar

re)o-romana I p#atni)a e soretudo est(i)a I desempen$aram10

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importante pape#. 7ssa )ontriui0o está #one de ter sido

estae#e)ida nos deta#$es, mas o +ato está demonstrado, e ta# de*e-

se, soretudo, a Bruno Bauer3 e#e #an0ou as ases da pro*a de ue o

)ristianismo no +oi importado de +ora, da @ud2ia, e imposto aomundo re)o-romano, mas ue 2, pe#o menos na +orma ue aduiriu

)omo re#iio uni*ersa#, o mais autnti)o produto desse mundo.

Natura#mente ue, nesse traa#$o, Bauer eaerou astante, )omo

a)onte)e a todos ue )omatem pre)on)eitos in*eterados. Na

inten0o de determinar, mesmo do ponto de *ista #iterário, a

in+#un)ia de P$i#on, e soretudo de ne)a, sore o )ristianismonas)ente, e de representar +orma#mente os autores do No*o

estamento )omo p#aiários desses +i#(so+os, 2 oriado a retardar o

apare)imento da no*a re#iio em meio s2)u#o, a re"eitar as

narrati*as de $istoriadores romanos ue a isso se opem e, em era#,

a tomar ra*es #ierdades )om a $ist(ria )on$e)ida. eundo e#e, o

)ristianismo )omo ta# s( apare)e so os imperadores F#a*ianos, a#iteratura do No*o estamento s( so Adriano, Antonino e <ar)o

Aur2#io. Portanto, Bauer +a? desapare)er todo o +undo $ist(ri)o para

as narrati*as do No*o estamento re#ati*as a @esus e aos seus

dis)6pu#os3 reso#*em-se em #endas em ue as +ases de

desen*o#*imento interno e os )on+#itos morais das primeiras

)omunidades so transpostos e atriu6dos a personaens mais ou

menos +i)t6)ias. No so a Qa#i#2ia nem @erusa#2m, seundo Bauer, os

#uares de nas)imento da no*a re#iio, mas sim A#eandria e /oma.

Assim, se no res6duo, ue no )ontesta, da $ist(ria e da

#iteratura do No*o estamento, a es)o#a de uinue nos o+ere)e o

etremo máimo do ue a )in)ia pode, ainda nos nossos dias,

a)eitar )omo estando su"eito a )ontro*2rsia, Bruno Bauer representa11

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o máimo de )ontesta0o ue e#a se pode permitir. A *erdade situa-

se entre estes etremos. ue esta, )om os nossos meios atuais, se"a

sus)et6*e# de ser determinada, eis o ue pare)e em pro#emáti)o.

No*as des)oertas, )omo em /oma, no Oriente e soretudo no 7ito,daro um )ontriuto muito mais de)isi*o do ue toda a )r6ti)a.

Ora, eiste no No*o estamento um !ni)o #i*ro de ue 2

poss6*e#, )om marem de a#uns meses, +iar a data da reda0o3 e#e

de*e ter sido es)rito entre "un$o de G' e "aneiro ou ari# de G83 2 um

#i*ro ue, por )onse;n)ia, perten)e aos mais #on6nuos tempos)ristos, ue re+#ete as id2ias dessa 2po)a )om a mais innua

sin)eridade e na #6nua idiomáti)a ue #$e )orresponde3 ue, de

in6)io, 2, na min$a opinio, muito mais importante para determinar o

ue +oi rea#mente o )ristianismo primiti*o ue todo o resto do No*o

estamento, muito posterior em data na sua reda0o atua#. 7sse #i*ro

2 o ue se )$ama o apocalipse de @oo3 e )omo, ainda por )ima, esse

#i*ro, em aparn)ia o mais os)uro de toda a B6#ia, se tornou $o"e,

ra0as )r6ti)a a#em, o mais )ompreens6*e# e o mais transparente

de todos, propon$o-me +a#ar de#e aos nossos #eitores.

Basta uma o#$ade#a sore esse #i*ro para nos aper)eermos do

estado de ea#ta0o no s( do autor mas tam2m do =meio> em ue

*i*ia. O nosso =Apo)a#ipse> no 2 o !ni)o da sua esp2)ie e do seutempo. Do ano 1G4 antes da nossa era, data do primeiro ue )$eou

at2 n(s I o #i*ro de Danie# I, at2 )er)a de %5& da nossa era, data

aproimati*a do =Carmen> de =Comodiano, /enan no )onta menos

de 15 =Apo)a#ipses> )#ássi)os )$eados at2 n(s, sem +a#ar das

imita0es u#teriores. TCito /enan porue o seu #i*ro 2 o mais a)ess6*e#

e o mais )on$e)ido +ora dos )6r)u#os dos espe)ia#istas.U Foi uma 2po)a12

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em ue, em /oma e na Qr2)ia, e muito mais ainda na Ssia <enor, na

6ria e no 7ito, uma mistura aso#utamente )asua# das mais )rassas

supersti0es dos mais di*ersos po*os era a)eita sem eame e

)omp#etada por piedosas +raudes e por um )$ar#atanismo direto, emue os mi#ares, os tases, as *ises, a adi*in$a0o, a a#uimia, a

)aa#a e outras ruarias o)u#tas o)upa*am o primeiro #uar. Foi

nessa atmos+era ue o )ristianismo primiti*o nas)eu, e ainda numa

)#asse mais do ue ua#uer outra a)ess6*e# a essas uimeras. Assim,

os n(sti)os )ristos do 7ito, )omo o pro*am, entre outras )oisas, o

papiro de LeVde, dedi)aram-se, no s2)u#o da 2po)a )rist,+ortemente a#uimia, e in)orporaram no0es de a#uimia nas suas

doutrinas. 7 os =mat$e mati)i> )a#deus e "udeus ue, seundo á)ito,

+oram por duas *e?es, so C#áudio e ainda so itte#ius, epu#sos de

/oma por maia, as !ni)as =ast!)ias> de eometria a ue se

dedi)a*am eram aue#as ue en)ontraremos em p#eno no

 =Apo)a#ipse> de @oo.

A isto a)res)enta-se ue todos os apo)a#ipses se "u#am no

direito de enanar os seus #eitores. No s( so, era#mente, es)ritos

por outras pessoas I na maioria mais re)entes I di+erentes dos

pretensos autores, por eemp#o o #i*ro de Danie#, o #i*ro de 7no)$, os

 =Apo)a#ipses> de 7sdras, de Baru)$, de @uda et)., os #i*ros sii#inos,

)omo no +undo no pro+eti?am seno )oisas )on$e)idas $á muito

tempo e per+eitamente )on$e)idas do *erdadeiro autor. Foi assim ue

no ano de 1G4, pou)o tempo antes da morte de Antio)$us 7pi+ano, o

autor do #i*ro de Danie#, ue era suposto *i*er na 2po)a de

Nau)odonosor, +e? predi?er a Danie# a suida e o de)#6nio da

$eemonia da P2rsia e da <a)ednia, e o )ome0o do mp2rio mundia#

de /oma, para preparar os seus #eitores, por essa pro*a dos seus13

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dons pro+2ti)os, a a)eitar a sua pro+e)ia +ina#: ue o po*o de srae#

u#trapassará todos os seus so+rimentos e será, en+im, *itorioso.

Assim, se o =Apo)a#ipse> de @oo +osse rea#mente ora do autor

pretendido, )onstituiria a !ni)a e)e0o na #iteratura apo)a#6pti)a.

O @oo ue se prope para autor era em todo o )aso um $omem

muito )onsiderado entre os )ristos da Ssia <enor. O tom das )artas

s sete re"as 2 disso arantia. Poderia pois admitir-se ue +osse o

ap(sto#o @oo )u"a eistn)ia $ist(ri)a, se no 2 aso#utamente

atestada, 2 pe#o menos muito poss6*e#. 7 se esse ap(sto#o +ossee+eti*amente o autor, no se poderia pretender me#$or para a nossa

tese. eria a me#$or pro*a de ue o )ristianismo desse #i*ro 2 o

*erdadeiro )ristianismo primiti*o. 7stá pro*ado, dia-se de

passaem, ue o =Apo)a#ipse> no 2 do mesmo autor do 7*ane#$o

ou das trs =7p6sto#as> atriu6das a @oo.

O =Apo)a#ipse> )ompe-se de uma s2rie de *ises. Na primeira, o

Cristo apare)e, *estido de padre, )amin$ando entre sete )asti0ais de

ouro, ue representam as sete re"as da Ssia e dita a =@oo> )artas

aos sete =an"os> dessas re"as da Ssia. Desde o in6)io, a di+eren0a

mani+esta-se ritante entre este )ristianismo e a re#iio uni*ersa#

de Constantino +ormu#ada pe#o )on)6#io de Ni)2ia. A rindade no s( 2

des)on$e)ida )omo )onstitui uma impossii#idade. No #uar do7sp6rito anto, -nico u#terior, en)ontramos os =sete esp6ritos de Deus> 

etra6dos pe#os rainos de sa6as, W, dois3 @esus Cristo 2 o +i#$o de

Deus, o primeiro e o !#timo, o a#+a e o mea, mas de modo nen$um

Deus ou iua# a Deus: pe#o )ontrário, e#e 2 =o )ome0o da )ria0o de

Deus>, portanto uma emana0o de Deus eistente de toda a

eternidade, mas suordinada, aná#oa aos sete esp6ritos a)ima14

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men)ionados. No )ap6tu#o W, , os mártires, no )2u, =)antam o

)Jnti)o de <ois2s, o ser*idor de Deus, e o )Jnti)o do )ordeiro> para a

#ori+i)a0o de Deus. @esus Cristo apare)e, pois, aui, no somente

)omo suordinado a Deus, mas, de )erta maneira, )o#o)ado nomesmo p#ano ue <ois2s. @esus Cristo +oi )ru)i+i)ado em @erusa#2m

TW, 8U, mas ressus)itou T1, 5, 18U3 2 o =)ordeiro> ue +oi sa)ri+i)ado

pe#os pe)ados do mundo e )om o sanue do ua# os +i2is de todos os

po*os e de todas as #6nuas so perdoados por Deus. 7n)ontramos

aui a )on)ep0o +undamenta# ue permitiu ao )ristianismo rea#i?ar-

se )omo re#iio uni*ersa#. A no0o de ue os deuses, o+endidos pe#asa0es dos $omens, podiam ser a)a#mados por sa)ri+6)ios, era uma

id2ia )omum a todas as re#iies dos emitas e dos 7uropeus3 a

primeira id2ia re*o#u)ionária +undamenta# do )ristianismo Tetra6da da

es)o#a de P$i#onU era ue, pe#o !ni)o rande sa)ri+6)io *o#untário de

um mediador, os pe)ados de todos os tempos de todos os $omens

eram epiados de uma *e? para sempre. . . para os +i2is. De ta# modoue desapare)ia a ne)essidade de ua#uer sa)ri+6)io u#terior e,

portanto, a ase de numerosas )erimnias re#iiosas. Ora, a

#ierta0o de )erimnias ue entra*a*am ou proiiam o )om2r)io )om

$omens de )ren0as di+erentes era a )ondi0o primeira de uma re#iio

uni*ersa#. 7, )ontudo, o $áito dos sa)ri+6)ios esta*a to enrai?ado

nos $áitos popu#ares ue o )ato#i)ismo I ue retomou tantos

)ostumes paos I "u#ou !ti# )onsiderá-#o, introdu?indo pe#o menos

o sim(#i)o sa)ri+6)io da missa. Por outro #ado, nen$um *est6io, no

nosso #i*ro, do doma do pe)ado oriina#.

O ue soretudo )ara)teri?a estas )artas, em )omo o #i*ro

inteiro, 2 ue nun)a, nem em parte a#uma, *em id2ia do autor

desinar-se, a e#e e aos seus )orre#iionários, de outra maneira seno15

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)omo. . . @udeus. Aos se)tários de 7smirna e de Fi#ad2#+ia, )ontra os

uais se erue, e#e a)usa: =7#es di?em-se @udeus, mas no o so,

perten)em sim a uma sinaoa de at>3 e, dos de P2ramo, di?:

&stão li!ados a >alaam, que ensinava a >ala? a

criar toda a espécie de dificuldades aos filhos

de Israel, para que eles comessem carnes

sacrificadas aos *dolos e para que se

dedicassem impud*cia.

No en)ontramos, pois, aui, )ristos )ons)ientes, mas pessoas

ue se )onsideram @udeus: o seu "uda6smo, sem d!*ida, 2 uma no*a

+ase do desen*o#*imento do antio: 2 pre)isamente por isso ue 2 o

!ni)o *erdadeiro. X por isso ue, uando da apari0o dos santos

diante do trono de Deus, *m em primeiro #uar 144.&&& @udeus,

1%.&&& de )ada trio, 2 s( depois a inumerá*e# mu#tido de paos

)on*ertidos a esse "uda6smo reno*ado. O nosso autor, no ano G9 da

nossa era, esta*a em #one de pensar ue representa*a uma +ase

)omp#etamente no*a da e*o#u0o re#iiosa, destinada a tornar-se um

dos e#ementos mais re*o#u)ionários na $ist(ria do esp6rito $umano.

emos, pois, ue o )ristianismo de ento, ue no tin$a ainda

)ons)in)ia de si, esta*a a mi# #2uas da re#iio uni*ersa#,domati)amente desen$ada pe#o )on)6#io de Ni)2ia3 imposs6*e#

re)on$e)er esse nesta. Nem a domáti)a, nem a 2ti)a do )ristianismo

u#terior, se en)ontram3 em )ompensa0o, $á o sentimento de ue se

está em #uta )om toda a ente e se sairá *en)edor dessa #uta3 um

ardor e#i)oso e uma )erte?a de *en)er ue desapare)eram

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)omp#etamente nos )ristos dos nossos dias e no se reen)ontra

seno no outro p(#o da so)iedade, entre os so)ia#istas.

De +ato, a #uta )ontra um mundo ue ini)ia#mente #e*ou a me#$ore a #uta simu#tJnea dos ino*adores entre si so )omuns aos dois3 aos

)ristos primiti*os e aos so)ia#istas. Os dois randes mo*imentos no

so +eitos por )$e+es e pro+etas I ainda ue os pro+etas no +a#tem,

uer num, uer no outro I, so mo*imentos de massas. 7 todo o

mo*imento de massas 2 no )ome0o ne)essariamente )on+uso3

)on+uso porue todo o pensamento de massas se mo*e, primeiro, em)ontradi0es, porue #$e +a#ta )#are?a e )oern)ia3 )on+uso ainda

pre)isamente por )ausa do pape# ue, nos )ome0os, ne#e

desempen$am os pro+etas. 7sta )on+uso mani+esta-se na +orma0o

de numerosas seitas ue se )omatem entre si pe#o menos )om tanto

empen$o )omo o ue dedi)am ao )omum inimio eterior. sto

passa*a-se assim no )ristianismo primiti*o3 passa-se da mesma

maneira nos )ome0os do mo*imento so)ia#ista, por mais a+#iti*o ue

isso se"a para as $onestas pessoas em inten)ionadas ue prea*am

a unio, uando a unio no era poss6*e#.

erá ue, por eemp#o, a )oeso da nterna)iona# era de*ida a

um doma unitárioR De +orma nen$uma. 7n)ontra*am-se #á

)omunistas seundo a tradi0o +ran)esa anterior a 1848, ue, por sua*e?, representa*am )amiantes di+erentes3 )omunistas da es)o#a

de Eeitt#in3 outros ainda perten)endo #ia reenerada dos

)omunistas3 proud$onianos, ue eram o e#emento preponderante na

Fran0a e na B2#i)a3 #anuistas3 o Partido Operário A#emo3 en+im,

anaruistas aouninistas, ue, por momentos, dominaram na

7span$a e na tá#ia3 e estes eram s( os rupos prin)ipais. A partir da17

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+unda0o da nterna)iona#, +oi pre)iso um om uarto de s2)u#o para

ue se e+etuasse de+initi*amente e por todo o #ado a separa0o )om

os anaruistas, e se estae#e)esse um a)ordo pe#o menos a)er)a dos

pontos de *ista e)onmi)os mais en2ri)os. 7 isso )om os nossosmeios de )omuni)a0o, os )amin$os de +erro, os te#2ra+os, as

monstruosas )idades industriais, a imprensa e as reunies popu#ares

orani?adas.

A mesma di*iso em inumerá*eis seitas entre os primeiros

)ristos, di*iso ue era "ustamente o meio de orani?ar a dis)ussoe de oter a unidade u#terior. Constatamo-#a "á nesse #i*ro,

induita*e#mente o mais antio do)umento )risto, e o nosso autor

)ondena-a )om a mesma atitude imp#a)á*e# ue emprea em re#a0o

ao mundo dos pe)adores no )ristos. 7is primeiro os Ni)o#aites, em

X+eso, em P2ramo3 aue#es ue se di?em @udeus mas ue so a

sinaoa de at, em 7smirna e Fi#ad2#+ia3 os aderentes da doutrina

do +a#so pro+eta, )$amado Ba#aam em P2ramo3 aue#es ue di?em

ser pro+etas mas ue no o so, em X+eso3 en+im os partidários da

+a#sa pro+etisa, )$amada @e?ae#, em iátira. Nada de mais pre)iso

nos 2 dito a)er)a destas seitas3 s( dos su)essores de Ba#aam e de

@e?ae# se di? ue )omem )arne sa)ri+i)ada aos 6do#os e ue se

entream impud6)ia.

entou-se imainar ue essas )in)o seitas eram de )ristos

pau#inianos e todas essas )artas )omo sendo diriidas )ontra Pau#o, o

+a#so ap(sto#o, o pretenso Ba#aam e =Ni)o#as>. Os arumentos, a#iás

di+i)i#mente sustentá*eis, en)ontram-se reunidos em /enan. =o

Pau#o> TParis, 18G9, páinas &-&5-G'-'&U. odos a)aam por

ep#i)ar as nossas )artas pe#os =Atos dos Ap(sto#os> e pe#as18

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 =7p6sto#as> ditas de Pau#o, es)ritos ue, pe#o menos na sua reda0o

atua#, so sessenta anos posteriores ao =Apo)a#ipse> e )u"os dados a

e#as re#ati*os so, pois, mais ue du*idosos e ue, a#2m disso, se

)ontradi?em aso#utamente entre si. <as o ue reso#*e a uesto 2ue de modo a#um o nosso autor se #emraria de dar a uma !ni)a e

mesma seita )in)o desina0es di+erentes: duas s( para a de X+eso

T+a#sos ap(sto#os e ni)o#aitesU, duas iua#mente para P2ramo Tos

a#aamitas e os ni)o#aitesU, e ainda desinando-as epressamente em

)ada )aso )omo duas seitas di+erentes. Contudo, n(s no pensamos

near ue entre essas seitas se pudessem en)ontrar e#ementos ue$o"e se )onsiderariam )omo seitas pau#inianas.

Nos dois passos em ue se entra em pormenores, a a)usa0o

#imita-se ao )onsumo de )arnes sa)ri+i)adas aos 6do#os e impud6)ia,

os dois pontos sore os uais os @udeus I tanto os antios )omo os

@udeus )ristos I esta*am em perp2tua disputa )om os paos

)on*ertidos. Carne oriunda dos sa)ri+6)ios paos era no s( ser*ida

nos +estins, em ue re)usar os pratos apresentados poderia pare)er

in)o*eniente e at2 perioso, mas era tam2m *endida nos mer)ados

p!#i)os, em ue no era prati)amente poss6*e# distinuir se era

os)$er ou no. Por impud6)ia, os mesmos @udeus no entendiam

apenas o )om2r)io seua# +ora do )asamento, mas tam2m o

)asamento entre parentes de raus proiidos pe#a #ei "udai)a, ou

ainda entre @udeus e paos, e 2 este o sini+i)ado ue era#mente 2

dado pa#a*ra nos =Atos dos Ap(sto#os> TW, %& e %9U. <as o nosso

@oo tem uma opinio pr(pria mesmo no ue di?ia respeito ao

)om2r)io seua# entre os @udeus ortodoos. 7#e di? TWC, 4U dos

144.&&& @udeus )e#estes: =o aue#es ue no se man)$aram )om

mu#$eres, porue so *irens.> 7, de +ato, no )2u do nosso @oo no19

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eiste uma !ni)a mu#$er. 7#e perten)ia, pois, a essa tendn)ia ue se

mani+esta iua#mente noutros es)ritos do )ristianismo primiti*o e

)onsidera pe)ado o )om2r)io seua# em era#. e, a#2m disso,

)onsiderarmos o +ato de e#e )$amar a /oma a rande prostitu6da,)om a ua# os reis da erra se entrearam impud6)ia e +oram

emriaados pe#o *in$o da sua impud6)ia I e os seus mer)adores

enriue)eram pe#o poder do seu #uo I, 2-nos imposs6*e# )onsiderar

a pa#a*ra, nas )artas, no sentido estrito ue a apo#o2ti)a teo#(i)a

#$e ueria atriuir, )om o !ni)o +ito de etrair uma )on+irma0o para

outras passaens do No*o estamento. <uito pe#o )ontrário. 7ssaspassaens das )artas indi)am )#aramente um +enmeno )omum a

todas as 2po)as pro+undamente perturadas, isto 2, ue, ao mesmo

tempo ue se aa#am todas as arreiras, pro)ura-se re#aar os #imites

tradi)ionais do )om2r)io seua#. Nos primeiros s2)u#os )ristos,

iua#mente, ao #ado do as)etismo ue morti+i)a a )arne, mani+esta-se

muitas *e?es a tendn)ia para estender a #ierdade )rist s re#a0es,mais ou menos #i*res, entre $omens e mu#$eres. A mesma )oisa

a)onte)eu no mo*imento so)ia#ista moderno.

ue santa indina0o no pro*o)ou, depois de 18&, na

A#eman$a de ento I essa =piedosa nurserV>, )omo #$e

)$ama Meine I a reabilitação da carne so-simonianaH As mais

intensamente indinadas +oram as ordens aristo)ráti)as ue

domina*am na 2po)a Tnessa 2po)a no $a*ia ainda )#asses entre

n(sU e ue, tanto em Ber#im )omo nas suas propriedades de )ampo,

no saiam *i*er sem uma reai#ita0o sempre reiterada da sua

)arne. ue diriam essas oas pessoas se ti*essem )on$e)ido Fourier,

ue o+ere)e para a )arne a perspe)ti*a de muito mais a#eriasH

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Kma *e? u#trapassado o utopismo, essas etra*aJn)ias

)ederam #uar a no0es mais ra)ionais e, na rea#idade, em mais

radi)ais, e, desde ue a A#eman$a, da =piedosa nurserV> 

de Meine ue era, se tornou o )entro do mo*imento so)ia#ista, toda aente se ri da indina0o $ip()rita do piedoso mundo aristo)ráti)o.

X tudo, uanto ao )onte!do domáti)o das )artas. uanto ao

resto, e#as e)itam os )amaradas propaanda en2ri)a, oru#$osa

e )ora"osa )on+isso da sua +2 +a)e aos ad*ersários, #uta sem

tr2uas )ontra o inimio de +ora e de dentro3 e, so esse aspe)to,e#as poderiam tam2m ter sido es)ritas por um entusiasta da

nterna)iona#, por menos pro+eta ue e#e +osse.

###

As )artas so apenas a introdu0o ao *erdadeiro tema da

)omuni)a0o do nosso @oo s sete re"as da Ssia <enor e, atra*2sde#as, a toda a )omunidade "udai)a re+ormada do ano G9, donde,

mais tarde, saiu a )ristandade. 7 ento entramos no santuário mais

6ntimo do )ristianismo primiti*o.

7ntre ue tipo de ente se re)ruta*am os primeiros )ristosR

Prin)ipa#mente entre os =#aoriosos e os +atiados>, perten)endo s

mais aias )amadas do po*o3 ta# )omo )on*2m a um e#emento

re*o#u)ionário. 7 de uem se )ompun$am essas )amadasR Nas

)idades, de $omens #i*res de)adentes I ente de toda a esp2)ie,

seme#$antes aos =mean Y$ites> dos 7stados es)#a*aistas do u#, aos

a*entureiros e aos *aaundos europeus das )idades mar6timas

)o#oniais e )$inesas, depois de #iertos I e soretudo de es)ra*os3

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nos latifundia da tá#ia, da i)6#ia e da S+ri)a, de es)ra*os3 nos

distritos rurais das pro*6n)ias, de peuenos )amponeses )ada *e?

mais dependentes pe#as suas d6*idas. No eistia de modo a#um

uma *ia de eman)ipa0o )omum para tantos e#ementos di*ersos.Para todos, o para6so perdido situa*a-se no passado3 para o $omem

#i*re desi#udido, era a =po#is>, )idade e 7stado ao mesmo tempo, de

uem os seus antepassados $a*iam sido outrora )idados #i*res3 para

os es)ra*os prisioneiros de uerra, a era da #ierdade antes da

su"ei0o e do )ati*eiro3 para o peueno )ampons, a so)iedade

ent6#i)a e a )omunidade do so#o destru6das. udo isso, a mo de+erro ni*e#adora do /omano )onuistador $a*ia deitado aaio. O

arupamento so)ia# mais )onsistente ue a Anti;idade tin$a saido

)riar era a trio e a )on+edera0o de trios aparentadas,

arupamento aseado, entre os Báraros, nas #in$as de

)onsa;inidade, entre os Qreos e os ta#iotas, +undadores de

)idades, sore a =po#is>, ue )ompreendia uma ou *árias triosaparentadas. Fi#ipe e A#eandre deram pen6nsu#a $e#ni)a a unidade

po#6ti)a, mas de#a no resu#tou a +orma0o de uma na0o rea. As

na0es s( se tornaram poss6*eis depois da ueda do mp2rio

/omano. 7ste ps termo, de uma *e? para sempre, aos peuenos

arupamentos3 a +or0a mi#itar, a "urisdi0o romana, o apare#$o de

per)ep0o de impostos, des#o)aram )omp#etamente a orani?a0o

interior tradi)iona#. perda da independn)ia e da orani?a0o

oriina# a)res)entou-se a pi#$aem pe#as autoridades )i*is e mi#itares,

ue )ome0a*am por despo"ar os *en)idos dos seus tesouros para

depois #$es emprestarem de no*o )om taas de usura, para ue e#es

pudessem paar no*as ea0es. O peso dos impostos e a

ne)essidade de din$eiro ue da6 resu#ta*a, em reies em ue a

22

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e)onomia natura# reina*a e)#usi*amente ou de maneira

preponderante, )o#o)a*a )ada *e? mais os )amponeses na

dependn)ia dos usurários, introdu?indo uma rande despropor0o

de +ortuna. 7nriue)ia os ri)os e empore)ia )omp#etamente ospores. 7 toda a resistn)ia das peuenas trios iso#adas ou das

)idades ao iantes)o poder de /oma era sem esperan0a. ue

rem2dio para isso, ue re+!io para os *en)idos, os oprimidos, os

empore)idos, ue sa6da )omum para esses rupos $umanos

di*ersos, de interesses di*erentes ou mesmo opostosR 7ra )ontudo

pre)iso en)ontrar uma, era pre)iso ue um !ni)o rande mo*imentore*o#u)ionário os en*o#*esse a todos.

7ssa sa6da en)ontrou-se3 mas no neste mundo. 7, no estado de

)oisas de ento, s( a re#iio podia propor)ioná-#a. Des)oriu-se um

no*o mundo. A eistn)ia da a#ma depois da morte do )orpo tin$a-se

tornado, pou)o a pou)o, um artio de +2 re)on$e)ido em todo o

mundo romano. A#2m disso, um modo de so+rimento e de

re)ompensa para a a#ma do morto, seundo as a0es )ometidas em

*ida, era por toda a parte proressi*amente admitido. uando s

re)ompensas, na *erdade, isso soa*a um pou)o +a#so3 a Anti;idade

era demasiado espontaneamente materia#ista para no )onsiderar

in+initamente mais pre)iosa a *ida rea# do ue a *ida no reino das

somras3 para os Qreos, a imorta#idade era mesmo )onsiderada

uma in+e#i)idade. Apare)eu o )ristianismo, ue #e*ou a s2rio os

so+rimentos e as re)ompensas no outro mundo e )riou o )2u e o

in+erno3 assim esta*a en)ontrada a *ia por onde )ondu?ir os

#aoriosos e os desi#udidos deste *a#e de #árimas para o para6so

eterno. De +ato, era pre)iso a esperan0a de uma re)ompensa no A#2m

para )onseuir e#e*ar a ren!n)ia ao mundo e o as)etismo da es)o#a23

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est(i)a de P$i#on )ateoria de prin)6pio 2ti)o +undamenta# de uma

no*a re#iio uni*ersa#, )apa? de arrastar as massas oprimidas.

Contudo, a morte no are de imediato esse para6so )e#este aos+i2is. eremos ue o reino de Deus, de ue a no*a @erusa#2m 2 a

)apita#, no se )onuista nem se are seno depois de ardentes #utas

)ontra as potn)ias in+ernais. Ora, os primeiros )ristos )onsidera*am

essas #utas )omo iminentes. Desde o )ome0o, o nosso @oo desina o

seu #i*ro )omo a re*e#a0o =de )oisas ue de*em acontecer em

re*e>3 pou)o depois, no *ers6)u#o trs, e#e di?: =Fe#i? aue#e ue # eaue#es ue es)utam as pa#a*ras da pro+e)ia, porue o tempo está

pr(imo>3 )omunidade de Fi#ad2#+ia, @esus Cristo +a? es)re*er: =irei

em re*e>, e, no !#timo )ap6tu#o, o an"o di? ue re*e#ou a @oo =as

)oisas ue de*em acontecer em re*e> e ordena-#$e: =No se#es as

pa#a*ras da pro+e)ia deste #i*ro, porue o tempo está pr(imo>, e

@esus Cristo di? por duas *e?es, *ers6)u#os 1% e &: =irei em re*e>.

eremos em seuida uanto essa *inda era esperada para re*e.

As *ises apo)a#6pti)as ue o autor +a? passar so os nossos

o#$os so todas, e uase sempre pa#a*ra por pa#a*ra, etra6das de

mode#os anteriores. 7m parte dos pro+etas )#ássi)os do Antio

estamento, soretudo de 7?euie#, em parte dos apo)a#ipses

 "udai)os posteriores, )ompostos seundo o prot(tipo do #i*ro deDanie#, e soretudo do #i*ro de 7no)$, "á rediido, pe#o menos em

parte, nessa 2po)a. Os )r6ti)os "á demonstraram, at2 os m6nimos

deta#$es, de onde o nosso @oo tirou )ada imaem, )ada pron(sti)o

sinistro, )ada )$aa in+##iida $umanidade in)r2du#a, em suma, o

)on"unto de materiais do seu #i*ro3 de +orma ue e#e mani+esta uma

pore?a de esp6rito pou)o )omum, mas ainda 2 o pr(prio a24

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propor)ionar-nos a pro*a de ue, as suas pretensas *ises e tases,

e#e no as *i*eu, nem mesmo em imaina0o, ta# )omo as des)re*e.

7is, em a#umas pa#a*ras, a mar)$a das apari0es. Primeiro,@oo * Deus sentado sore o seu trono, um #i*ro se#ado )om sete

se#os na mo3 diante de#e está o )ordeiro T@esusU deo#ado, mas de

no*o *i*o, ue 2 )onsiderado dino de arir os se#os. A aertura dos

se#os 2 a)ompan$ada de toda a esp2)ie de sinais e de prod6ios

amea0adores. Ao uinto se#o @oo aper)ee, so o a#tar de Deus, as

a#mas dos mártires de Cristo ue +oram mortos por )ausa da pa#a*rade Deus:

&les !ritaram com voz forte0 Até quando,

mestre santo e venervel, continuars a adiar o

 /ul!amento e a vin!ança do nosso san!ue

sobre os habitantes da terra% 

Nesta a#tura, 2 dada a )ada um uma *este ran)a e di?em-#$es

ue esperem ainda um pou)o at2 ue este"a )omp#eto o n!mero de

mártires ue de*em morrer. Ainda ento no se +a#a da =re#iio do

amor>, do =amai aue#es ue *os odeiam, aen0oai os ue *os

ma#di?em> et). . . . Aui prea-se aertamente a *inan0a, a s, a

$onesta *inan0a a eer)er sore os perseuidores dos )ristos. ssopro#ona-se ao #ono de todo o #i*ro. uanto mais se aproima a

)rise, mais as )$aas e os "u#amentos )$o*em densamente do )2u,

e mais o nosso @oo sente a#eria ao anun)iar ue a maioria dos

$omens )ontinua a no se arrepender e a re)usar +a?er penitn)ia

pe#os seus pe)ados3 ue no*os +#ae#os de Deus de*em )air sore

e#es3 ue Cristo de*e o*erná-#os )om uma *ara de +erro e pisar o25

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*in$o no #aar da )(#era de Deus todo poderoso3 mas ue, apesar de

tudo, os maus )ontinuam a ter o )ora0o endure)ido. X o sentimento

natura#, a+astado de toda a $ipo)risia, de ue se está em #uta, e ue

 =na uerra )omo na uerra>. Na aertura do s2timo se#o, apare)emsete an"os )om trometas: sempre ue um an"o to)a a trometa,

produ?em-se no*os sinais de terror. Depois do s2timo toue de

trometa, sete no*os an"os surem em )ena tra?endo as sete )(#eras

de Deus, ue so #an0adas sore a terra, e de no*o )$o*em +#ae#os e

 "u#amentos, no essen)ia# uma +atiante repeti0o do ue "á

a)onte)era in!meras *e?es. Depois, sure a mu#$er, Bai#nia, arande prostitu6da, *estida de p!rpura e de es)ar#ate, sentada sore

as áuas, ada do sanue dos santos e do sanue dos mártires de

@esus3 2 a rande )idade sore as sete )o#inas ue tem a rea#e?a

sore os reis da terra. 7stá sentada sore um anima# ue tem sete

)ae0as e de? )ornos. As sete )ae0as so sete montan$as, so

tam2m sete =reis>. Desses reis, )in)o passaram3 um eiste, o s2timo*irá, e, depois de#e, um dos )in)o primeiros *o#tará, o ua# esta*a

+erido de morte mas )urou-se. 7ste reinará sore a terra uarenta e

dois meses ou trs anos e meio Ta metade de uma semana de anos

de sete anosU, perseuirá os +i2is at2 a morte e +ará triun+ar a

impiedade. 7m seuida, tra*a-se uma rande ata#$a de)isi*a, os

santos e os mártires so *inados pe#a destrui0o da rande

prostituta Bai#nia e todos os seus partidários, uer di?er, a rande

maioria dos $omens3 o diao 2 pre)ipitado no aismo e a6 2

ari#$oado durante mi# anos, durante os uais reina Cristo )om os

mártires ressus)itados. uando os mi# anos ti*erem sido )umpridos, o

diao 2 #iertado: seue-se uma !#tima ata#$a dos esp6ritos na ua#

e#e 2 de+initi*amente *en)ido. Má uma seunda ressurrei0o, os

26

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restantes mortos ressus)itam e )ompare)em diante do trono de Deus

Tno do de Cristo, reparem emU e os +i2is entram num no*o )2u,

numa no*a erra e numa no*a @erusa#2m para a *ida eterna. a#

)omo toda esta )onstru0o 2 eruida )om materiais uasee)#usi*amente "udeus e pr2-)ristos, tam2m in)#ui uase

e)#usi*amente )on)ep0es puramente "udai)as. Desde ue as )oisas

)ome0aram a )orrer ma# para o po*o de srae#, a partir do momento

em ue +i)ou triutário da Ass6ria e da Bai#nia, desde a destrui0o

dos dois reinos de srae# e de @udá, at2 sua sumisso pe#os

e#eu)idas, isto 2, de sa6as at2 Danie#, sempre eistiu, nas $oras daad*ersidade, a pro+e)ia de um sa#*ador pro*iden)ia#. No )ap6tu#o W,

, de Danie# en)ontra-se a pro+e)ia da des)ida de <iue#, o an"o-da-

uarda dos @udeus, ue os #iertará da sua rande an!stia: =<uitos

mortos ressus)itaro3 $a*erá uma esp2)ie de "u#amento +ina# e

aue#es ue ensinaram a "usti0a mu#tido ri#$aro )omo estre#as,

para sempre e perpetuamente>. De )risto, apenas a +orma )omo seinsiste na iminn)ia do reino de @esus Cristo e na +e#i)idade dos +i2is

ressus)itados, parti)u#armente dos mártires.

X )r6ti)a a#em, e soretudo a 7Ya#d, Lu)e e Ferdinand BenarV

ue de*emos a interpreta0o desta pro+e)ia, no ue respeita aos

a)onte)imentos da 2po)a. Qra0as a /enan, e#a penetrou noutros

meios para #á dos )6r)u#os teo#(i)os. A rande prostitu6da, Bai#nia,

sini+i)a, )omo *imos, a )idade das sete )o#inas, /oma. Do anima#

sore o ua# e#a está sentada, di?-se, W, no*e, 11:

 As sete cabeças são sete montanhas sobre as

quais a mulher est sentada. São também sete

reis0 cinco ca*ram, um e(iste, o outro ainda27

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não veio, e, quando vier, ficar pouco tempo. & 

o animal que estava, e que / não est, é um

oitavo rei, e pertence ao n-mero dos sete, e

caminha para a perdição.

O anima# 2, pois, a domina0o mundia# de /oma, representada

su)essi*amente por sete imperadores, um dos uais +oi +erido de

morte e deiou de reinar, mas ue se )urou, e *o#tará, para )umprir,

)omo oita*o rei, o reino da #as+mia e da ree#io )ontra Deus.

& foi$lhe ordenado que fizesse a !uerra aos

santos e os vencesse. & foi$lhe dada autoridade

sobre todas as tribos, todos os povos, todas as

l*n!uas e todas as naç1es, e todos os

habitantes da Terra o adorarão, aqueles cu/o

nome não foi escrito desde a fundação do

mundo no livro da vida do cordeiro que foi 

imolado. & ela fez com que todos, pequenos e

!randes, ricos e pobres, livres e escravos,

recebessem uma marca sobre a mão direita ou

sobre a fronte e com que nin!uém pudesse

comprar ou vender sem ter a marca, o nome

do animal ou o n-mero do seu nome. : esta asabedoria. #ue quem tem inteli!4ncia calcule o

n-mero do animal. "orque é um n-mero de

homem e o seu n-mero é @@@ 8III, sete$BC9.

Constatemos apenas ue o oi)ote 2 men)ionado aui )omo

uma medida a emprear pe#o poderio romano )ontra os )ristos I28

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ue e#e 2, pois, mani+estamente uma in*en0o do diao I e

passemos uesto de saermos uem 2 esse imperador romano

ue "á reinou, ue +oi +erido de morte e ue *o#ta )omo o oita*o da

s2rie para ser o Anti)risto.

Depois de Auusto, o primeiro, temos: dois, i2rio3

trs, Ca#6u#a3 uatro, C#áudio3 )in)o, Nero3 seis, Qa#a. =Cin)o

)a6ram, um eiste>. Portanto Nero "á )aiu. Qa#a eiste. Qa#a reinou

de 9 de "un$o de G8 at2 15 de "aneiro de G9. <as, assim ue e#e

suiu ao trono, as #eies do /eno su#e*aram-se so ite##ius,enuanto, noutras pro*6n)ias, outros enerais prepara*am

#e*antamentos mi#itares. <esmo em /oma, os pretorianos

su#e*aram-se, mataram Qa#a e pro)#amaram Oto imperador.

Daui resu#ta ue o nosso =Apo)a#ipse> +oi es)rito so Qa#a,

natura#mente para o +im do seu reinado, ou mais tarde, durante os

trs meses Tat2 15 de ari# de G9U do reinado de Oto, o s2timo. <as

uem 2 o oita*o, ue +oi e no 2R O n!mero GGG 2 a )$a*e.

7ntre os emitas I os Ca#deus e os @udeus I desta 2po)a, uma

arte mái)a esta*a em *oa, aseada num dup#o sini+i)ado das

#etras. Desde )er)a de tre?entos anos antes da nossa era, as #etras

$erai)as eram tam2m empreues )omo n!meros: a[1, [%, )[,d[4, e assim su)essi*amente. Ora, os adi*in$os )aa#istas

adi)iona*am os *a#ores num2ri)os das #etras de um nome, e )om a

a"uda da soma dos a#arismos otida, por eemp#o +ormando

pa#a*ras ou )omina0es de pa#a*ras de um iua# *a#or num2ri)o ue

permitiam etrair )on)#uses sore o +uturo de uem tin$a o nome,

pro)ura*am +a?er pro+e)ias. De +orma idnti)a eprimiam-se pa#a*ras29

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se)retas nessa #6nua num2ri)a. Da*a-se a esta arte um nome reo,

 =$ematria$>, eometria3 os Ca#deus, ue a eer)iam )omo pro+isso,

e a uem á)ito )$ama*a =mat$ema)i>, +oram epu#sos de /oma so

C#áudio, e de no*o so ite##ius, pro*a*e#mente por =de#ito ra*e>.

Foi pre)isamente por meio desta matemáti)a ue +oi produ?ido o

n!mero GGG. Por detrás de#e, es)onde-se o nome de um dos

primeiros )in)o imperadores romanos. Ora, reneu, no +im do s2)u#o

, a#2m do n!mero GGG, )on$e)ia a *ariante G1G, ue data*a

tam2m de uma 2po)a em ue o enima dos a#arismos era ainda)on$e)ido. e a so#u0o responder iua#mente aos dois n!meros, a

pro*a está +eita.

Ferdinand BernarV, em Ber#im, en)ontrou essa so#u0o. O nome

2 Nero. O n!mero +undamenta-se em Neron esar, a trans)ri0o

$erai)a I )omo o atestam o a#mude e as ins)ri0es pa#mirianas I

do reo =N2rn aisar>, Nero imperador, ue tin$a, )omo #eenda, a

moeda de Nero, )un$ada nas pro*6n)ias do Leste do mp2rio. Assim:

n TnunU[5&3 rTres)$U[%&&3 *T*auU por &[G3 nTnunU[5&3

Top$U[1&&3 sTsame)$U[G&3 e rTres)$U[%&&3 tota#[GGG. Ora,

tomando )omo ase a +orma #atina, =Nero Caesar> o seundo

nTnunU[5& suprime-se, e otemos GGG-5&[G1G, a *ariante de

reneu.

7+eti*amente, todo o mp2rio /omano, no tempo de Qa#a, *i*ia

em p#ena )on+uso. O pr(prio Qa#a, )$e+iando as #eies de 7span$a

e da Qá#ia, mar)$ara sore /oma para epu#sar Nero3 este +uiu e

+e?-se matar por um #ierto. <as, )ontra Qa#a, no s( os pretorianos

em /oma mas tam2m os )omandantes das pro*6n)ias )onspira*am330

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por todo o #ado suriram pretendentes ao trono, preparando-se para

a*an0ar sore a )apita# )om as suas #eies. O mp2rio pare)ia ter

)a6do numa uerra intestina3 a sua ueda pare)ia iminente. Para

)!mu#o, espa#$ou-se o oato, soretudo no Oriente, de ue Nero noesta*a morto, mas apenas +erido, ue esta*a re+uiado entre os

Partas, ue atra*essaria o 7u+rates e suriria )om uma +or0a armada

para inauurar um no*o reino de terror ainda mais sanrento.

oretudo a A)aia e a Ssia +oram a#armadas )om essas not6)ias. 7,

pre)isamente no momento em ue o =Apo)a#ipse> de*e ter

sido composto, apare)eu um +a#so Nero ue se estae#e)eu )om umpartido astante numeroso na i#$a de Citnos Ta 2rmia modernaU, no

mar 7eu, perto de Patmos e da Ssia <enor, at2 ue +oi morto so

Oto. Nada de espantoso ue entre os )ristos, )ontra uem Nero

#an0ara as primeiras randes perseui0es, se ten$a propaado o

oato de ue e#e $a*ia de *o#tar )omo Anti)risto, ue o seu reresso

em )omo uma no*a e mais s2ria tentati*a de etermina0osanrenta da "o*em seita seriam o pressáio e o pre#!dio de Cristo,

da rande ata#$a *itoriosa )ontra as potn)ias do in+erno, do reino

dos mi# anos a estae#e)er =em re*e> e )u"a )$eada )erta permitia

aos mártires irem a#eremente para a morte.

A #iteratura )rist e de inspira0o )rist dos dois primeiros

s2)u#os arante, )om 6ndi)es su+i)ientes, ue o seredo do n!mero

GGG 2 ento )on$e)ido de muitos. reneu de )erte?a ue "á o no

)on$e)ia, mas, por outro #ado, saia, )omo muitos outros at2 +ins do

s2)u#o , ue o anima# do =Apo)a#ipse> era Nero *o#tando. Depois,

este !#timo tra0o perdeu-se e o nosso =Apo)a#ipse> )aiu em poder da

interpreta0o +antásti)a dos adi*in$os ortodoos3 eu pr(prio ainda

)on$e)i pessoas idosas ue, seundo os )á#)u#os do *e#$o @o$nn31

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A#re)$t Bene#, espera*am o +im do mundo e o !#timo "u#amento

para o ano de 18G3 a pro+e)ia rea#i?ou-se na data anun)iada. ( ue

o "u#amento no atiniu o mundo dos pe)adores, mas antes os

piedosos int2rpretes do =Apo)a#ipse>. Porue, nesse ano de 18G, F.BernarV +orne)eu a )$a*e do n!mero GGG e ps assim termo a todo

esse )á#)u#o di*inat(rio, a essa no*a =$emetria$>.

Do reino )e#este reser*ado aos +i2is, o nosso @oo apenas nos

+orne)e uma des)ri0o muito super+i)ia#. Para a 2po)a, a no*a

@erusa#2m 2 )onstru6da seundo um p#ano astante randioso: umuadrado de 1%.&&& estádios de #ado[%%%' ui#metros, portanto

uma super+6)ie de )er)a de 5 mi#$es de ui#metros uadrados, mais

do ue metade dos 7stados Knidos da Am2ri)a, )onstru6da

uni)amente em ouro e pedras pre)iosas. A6, Deus $aita no meio dos

seus e i#umina-os, sustituindo o o#3 no $á "á nem morte, nem

#amentos, nem so+rimentos3 um rio de áua *i*a )orre atra*2s da

)idade, nas suas marens )res)e a ár*ore da *ida produ?indo do?e

*e?es os seus +rutos, dando +ruto todos os meses, e as +o#$as das

ár*ores ser*em =para a )ura dos entis> T maneira de um )$á

medi)ina#, seundo /enan: =O Anti)risto>, p. 54%U. A6 *i*em os santos

nos s2)u#os dos s2)u#os.

7ra assim ue se )onstru6a o )ristianismo na Ssia <enor, o seuprimeiro )entro, por *o#ta do ano de G8, seundo o ue )on$e)emos.

Nen$um ind6)io de uma rindade3 em seu #uar, o *e#$o @eo*á, uno e

indi*is6*e#, do "uda6smo de)adente, ue, de Deus na)iona# "udeu, se

e#e*ou )ateoria de Deus !ni)o3 Deus supremo do )2u e da terra

onde pretende reinar sore todos os po*os, prometendo a ra0a aos

)on*ertidos e eterminando os ree#des sem miseri)(rdia, nisso +ie#32

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ao antio =par)ere su"e)tis a) dee##are superos>. am2m 2 esse

Deus ue preside o !#timo "u#amento, e no @esus Cristo, )omo nas

narrati*as u#teriores dos 7*ane#$os e das 7p6sto#as. Con+orme

doutrina persa da emana0o, +ami#iar ao "uda6smo de)adente, oCristo 2 o )ordeiro, emanado de Deus de toda a eternidade3 ta# )omo,

emora o)upando um #uar muito in+erior, os =sete esp6ritos de Deus> 

ue de*em a sua eistn)ia a uma passaem po2ti)a ma#

)ompreendida Tsa6as, W, doisU. Nen$um de#es 2 Deus ou iua# a

Deus, mas sumetido a e#e. O )ordeiro o+ere)e-se de sua p#ena

*ontade )omo sa)ri+6)io epiat(rio pe#os pe)ados do mundo, e poresse a#to +eito *-se epressamente promo*ido em rau no )2u3 em

todo o #i*ro esse sa)ri+6)io *o#untário 2 )ontado )omo um ato

etraordinário e no )omo uma a0o oriunda ne)essariamente do

mais pro+undo do seu ser.

X e*idente ue toda a )orte )e#este dos antios, dos ueruins,

dos an"os e dos santos no +a#ta. Para se )onstituir em re#iio, o

monote6smo sempre te*e de +a?er )on)esses ao po#ite6smo, datando

do =Zenda*esta>. 7ntre os @udeus, a re)a6da para os deuses paos e

sensuais persiste em estado )rni)o at2 ue, depois do e6#io, a )orte

)e#este, maneira persa, a)omoda um pou)o me#$or a re#iio

imaina0o popu#ar. O pr(prio )ristianismo, mesmo depois de ter

sustitu6do o Deus dos @udeus eternamente imutá*e# pe#o misterioso

Deus trinitário, di+eren)iado em si mesmo, no )onseuiu sup#antar o

)u#to dos antios deuses entre as massas seno pe#o )u#to dos

santos. Assim, seundo Fa##meraVer, o )u#to de @!piter persistiu no

Pe#oponeso, na <aina, na Ar)ádia, at2 )er)a do s2)u#o W. 7 s( a

2po)a moderna e o seu protestantismo a+astam os santos e en)aram,

en+im, seriamente, o monote6smo di+eren)iado.33

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O nosso =Apo)a#ipse> tam2m no )on$e)e o doma do pe)ado

oriina# nem a "usti+i)a0o pe#a +2. A +2 dessas primeiras )omunidades

e#i)osas di+ere )omp#etamente da re"a triun+ante posterior3 ao #ado

do sa)ri+6)io epiat(rio do )ordeiro, a pr(ima *inda de Cristo e aiminn)ia do reino mi#enar )onstituem o seu )onte!do essen)ia# e e#a

mani+esta-se pe#a ati*a propaanda, pe#a #uta sem tr2uas )ontra o

inimio de +ora e de dentro, pe#a oru#$osa )on+isso das suas

)on*i)0es re*o#u)ionárias diante dos "u6?es paos, pe#o mart6rio

)ora"osamente suportado na )erte?a da *it(ria.

Como *imos, o autor no suspeita ainda ue 2 a#o mais ue

@udeu. Conse;entemente, nen$uma a#uso, em todo o #i*ro, ao

atismo3 eistem tam2m numerosos ind6)ios de ue o atismo 2

uma institui0o do seundo per6odo )risto. Os 144.&&& @udeus

)rentes so =se#ados>, no ati?ados. Dos santos no )2u 2 dito: =o

aue#es ue #a*aram e emranue)eram as #onas *estes no sanue

do )ordeiro>3 nada a)er)a da áua do atismo. Os dois pro+etas ue

pre)edem a apari0o do Anti)risto T)ap. WU tam2m no ati?am e,

no )ap6tu#o WW, 1&, o testemun$o de @esus no 2 o atismo mas o

esp6rito de pro+e)ia. eria sido natura# em todas estas o)asies +a#ar

do atismo, por pou)o ue esti*esse "á institu6do. 7stamos pois

autori?ados a )on)#uir )om uma uase )erte?a ue o nosso autor no

o )on$e)ia e ue e#e s( +oi introdu?ido uando os )ristos se

separaram )omp#etamente dos @udeus.

O nosso autor 2 tam2m inorante a)er)a do seundo

sa)ramento u#terior I a eu)aristia. e no teto de Lutero o Cristo

promete a todos os iasirianos ue perse*eraram na +2 a entrada na

sua )asa e a )omun$o )om e#e, isso )onstitui uma +a#sa aordaem34

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do teto. 7m reo #-se =deipneso>, eu )earei T)om e#eU, e a pa#a*ra

está )orretamente tradu?ida na 6#ia in#esa: = s$a## sup Yit$ $im>.

A )eia )omo +estim )omemorati*o no 2 aui re+erida.

O nosso #i*ro, )om a data TG8 ou G9U atestada de maneira to

parti)u#ar, 2 induita*e#mente o mais antio da #iteratura )rist no seu

)on"unto. Nen$um outro 2 es)rito numa #6nua to árara, em ue

+ormiam os $era6smos, as )onstru0es imposs6*eis, os erros

ramati)ais. ( os te(#oos de pro+isso, ou outros $istori(ra+os

interessados, )ontinuam a near ue os 7*ane#$os e os =Atos dosAp(sto#os> so arran"os tardios de es)ritos $o"e perdidos e )u"o tnue

n!)#eo $ist(ri)o "á no pode ser des)oerto so a #uuriante #enda3

mesmo as trs ou uatro =7p6sto#as> apost(#i)as pretensamente

autnti)as de Bruno Bauer no representam mais do ue es)ritos de

uma 2po)a posterior, ou, na me#$or das $ip(teses, )omposi0es mais

antias de autores des)on$e)idos, reto)adas e eme#e?adas por

numerosas adi0es e interpo#a0es. X muito mais importante para n(s

possuir )om a nossa ora, )u"o per6odo de reda0o se estae#e)e )om

a marem de erro de um ms, um #i*ro ue nos apresenta o

)ristianismo so a sua +orma mais rudimentar, so a +orma em ue

está para a re#iio de 7stado do s2)u#o , )onstitu6da na sua

domáti)a e na sua mito#oia pou)o mais ou menos )omo a mito#oia

ainda *a)i#ante dos Qermanos de á)ito está para a mito#oia do

7dda, p#enamente e#aorada so a in+#un)ia de e#ementos )ristos e

antios.

O erme da re#iio uni*ersa# en)ontra-se #á, mas )ont2m ainda

em estado indi+eren)iado as mi# possii#idades de desen*o#*imento

ue se rea#i?aram nas inumerá*eis seitas u#teriores. e o +ramento35

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mais antio do pro)esso de e#aora0o do )ristianismo tem para n(s

um *a#or muito parti)u#ar, 2 porue nos propor)iona, na sua

interidade, o ue o "uda6smo I +ortemente in+#uen)iado por

A#eandria I +orne)eu ao )ristianismo. udo o ue 2 posterior 2a)res)ento o)identa#, re)o-romano. Foi ne)essária a media0o da

re#iio "udai)a monote6sta para +a?er re*estir ao monote6smo erudito

da +i#oso+ia rea *u#ar a +orma re#iiosa so a ua# e#e podia )$ear

s massas. Kma *e? essa media0o en)ontrada, e#e s( podia tornar-

se uma re#iio uni*ersa# no mundo re)o-romano, )ontinuando a

desen*o#*er-se para +ina#mente se +undir no +undo de id2ias ue essemundo tin$a )onuistado.

#n$cio da %&gina

Fonte

ma a#tera0o