cristianismo primitivo - · pdf fileeste mapa inclui algumas das localizações...

45
Cristianismo Primitivo Ideais que dão base a religião Cristã

Upload: buitruc

Post on 03-Feb-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Cristianismo

Primitivo

Ideais que dão base

a religião Cristã

Page 2: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Autoria

Profª Roberta Damasco da Silva

Graduada pelo Centro Universitário Augusto Motta

Linha de Pesquisa: História Social

Page 3: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Objetivo

Investigar a ruptura das comunidadesjudaicas com comunidades cristãsprimitivas, através do discurso político esocial.

Trabalhar a ideologia das comunidadesprimitivas em sua diversidade.

Investigar seus interesses políticos e sociaisjunto ao Império Romano antes e após ajunção.

Page 4: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Recorte Historiográfico

Batismo de Jesus no Rio Jordão por João Batista ao Edito de Milão em 313 d.C.

Page 5: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Documentação

Diálogo com Trifão, livro escrito por JustinoMártir em Roma pelos meados do Séc II.

Livro Atos dos Apóstolos.

Tácito, Annales, XV.44 – A Perseguição deNero.

Lactâncio, de Mort. Persec. XXXIV – Edito deTolerância.

Page 6: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Problemática

Podemos afirmar que o judaísmo antes e

depois de Jesus foi um sistema religioso

unificado?

As comunidades judaicas aguardavam uma

libertação política ou religiosa?

Qual a proposta das comunidades

primitivas?

Qual grupo de judeus aceita a proposta das

comunidades primitivas?

Page 7: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Problemática

Após a morte de Jesus qual o ponto

culminante que determina a separação de

judeus e judeu-cristãos?

Qual a relação dos judeus junto ao Império

Romano?

O que torna a relação do Império Romano e

comunidades primitivas conflituosas?

Houve interação social entre a comunidade

primitiva cristã e a sociedade romana?

Page 8: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Problemática

Quais os interesses da comunidade cristãenvolvidos na submissão do ImpérioRomano?

Quais os motivos que levaram o ImpérioRomano à tolerância?

Page 9: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações
Page 10: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Hipóteses

O judaísmo praticado em Israel no tempo deJesus estava longe de ser um sistemareligioso unificado.

Durante os primeiros séculos, antes e depoisdo nascimento de Cristo, havia váriasescolas ou partidos com conflitantesinterpretações da Tora.

Embora todos os partidos fossemestritamente monoteístas, escolasconcorrentes de interpretação e as váriasinfluências de outras culturas de fora deIsrael somavam-se para ocasionar umadiversidade de práticas religiosas.

Page 11: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

HipótesesVamos agora abordar rapidamente algumas escolas ou partidos

judaicos para uma melhor compreensão da hipótese antes levantada:

Saduceus: os mais conservadores, estritamente identificados coma aristocracia de Jerusalém e com o sumo sacerdócio do Templo.Mantiveram sua influência através de vários regimes sucessivos epor último no tempo das autoridades romanas.

Diferiam dos fariseus por não aceitarem a tradição oral. Nãoacreditavam na ressurreição e espíritos angélicos.

Fariseus: tinham grande representação entre a classe media dosartesãos e dos escribas no seio da sociedade judaica. Acreditavamna ressurreição e numa vida futura. Precursores do judaísmorabínico. A palavra FARISEU tem o significado de “separados”, averdadeira comunidade de Israel “santos”.

Essênios: Acreditavam que a conversão era exigida de todos osque quisessem entrar na nova aliança, e a comunidadeadministrava um ritual regular de banhos para purificação dospecados.

Page 12: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Ao passo que muitos moravam em cidades e aldeias empequenos grupos ou comunidades também em Jerusalém,outros se retiravam para o deserto para viver isolados ou emcomunidades separadas. Alguns formavam comunidadesmonásticas e seguiam disciplina ascética aguardando aintervenção escatológica de Deus na vida de Israel, queseguramente viria, conforme sua crença, para restabelecer osacerdócio do templo.

Zelotes: esse movimento representa o nacionalismo judeuem sua forma mais ativa e violenta. Constituem um grupomais político que religioso, professavam uma fé análoga ados fariseus.

Judeus da diáspora : moravam nas cidades dos mundospersa e greco-romano. Descentes dos judeus removidos aforça, em cativeiro pelos assírios e babilônios, mas que nãovoltaram a Jerusalém ou a Israel após o edito persa queconcedeu tal permissão no século VI a.C. No tempo de Jesusos judeus que viviam no mundo persa, principalmente naBabilônia ou seus arredores, pode ter chegado a um milhão.

Page 13: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Hipóteses As comunidades judaicas (ligadas a alta hierarquia)

ansiavam pela liberdade política, esperavamespecificamente o messias que sentaria no trono do ReiDavi.

A história primitiva do cristianismo é a história dereformulações e reapropriações contínuas dessa antigafé na aliança, dentro de novos variados contextospolíticos culturais. A história então se desdobra nainteração entre a aliança nacional de Israel e uma sériede horizontes internacionais que se ampliam.

Em meio a diversidade Jesus fala de igualdade, eanuncia o Reino de Deus que inicia NELE, na formacomo vive e se relaciona com o outro.

Os judeus que seguem Jesus são os judeus que dealguma maneira foram excluídos ou não concordam comas práticas de suas comunidades.

Page 14: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Este mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, em Israel. De acordo com Josephus, naturalmente Galiléia foi dividido em duas

regiões divididas por uma ladeira muito íngreme 2000 pés.

http://www.bible-history.com/maps/

Page 15: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Este mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia,em Israel. Baixa Galiléia continha muitas colinas cerca de 2000 metros acima donível do mar, não tão grande como o norte da Galiléia região. Ele vem para baixocomo uma espécie de escada de grandes para pequenos morros. O vale formadoum caminho fácil para o Mar da Galiléia, especialmente ao norte do Mar Cafarnaumonde foi localizado.

http://www.bible-history.com/maps/

Page 16: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Hipóteses

A perseguição aos grupos judeu-cristãos

em Jerusalém leva-os à dispersão para

outras cidades além de Israel.

Pedro entende que a aliança entre gentios

e romanos, pode ser positiva a nível de

crescimento para o movimento cristão.

O concílio de Jerusalém oferece aberturas

necessárias para a convivência harmônica

junto a diferentes culturas.

Page 17: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Hipóteses

Era impossível para os prosélitos do judaísmo aceitar a junção dejudeus e gentios, de desconsiderar questões tão importantes como:a circuncisão e as práticas alimentares, afirmar que Jesus era divinosem violar o dogma básico do monoteísmo. A oposição de outrosjudeus só podia piorar a situação dos cristãos em Roma como uma

religião fora da Lei .

Em 95 d.C a alta hierarquia judaica visita o imperador em Romapara consolidar relações entre Roma e os Judeus. Em vista doprojeto de reconstruir o judaísmo após o fato da destruição dotemplo.

No final do século I é dado fim a união religiosa de judeus ecristãos. Muitos cultos nas sinagogas expulsavam os cristãos.

Os cristãos mediante a tais atitudes, intitulam-se verdadeirosherdeiros espirituais das promessas feitas nas Escritura de Israel.Os judeus que eram os herdeiros das promessas físicas , foramdeserdados. Já que Cristo cumprira a Lei, somente os que seguiama Cristo podiam reivindicar como próprio a tradição mosaica.

Page 18: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Hipóteses A separação de judeus e judeu cristão ocorre dentro de um

período de crise no Império Romano. A utilização de um povosem pátria como bodes expiatórios dos problemas de Romafoi a saída encontrada pelo imperador Nero.

O agressivo proselitismo cristão e suas duras críticas aosdeuses politeístas, tornou-os presumíveis incendiários. Areligião cristã passa ser considerada ilícita em Roma eperniciosa.

Houve muitos martírios, ainda que, em muitos lugares asordens vindas de cima tInham sido amortecidas peloenfraquecimento das posições pagãs ou pela coabitaçãofraternal entre pagãos e cristãos.

O império romano reencontra paz através do governo deConstantino, que em batalha tem a visão das inicias do nomede Jesus Cristo (xi-ro). Constantino vence a batalha contra seurival imperial e torna-se soberano único da região ocidental doimpério.

Page 19: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Constantino uniu suas forças com as de Licínio,imperador do Oriente, para formar uma aliança que nãohaveria de durar mais que uma década.

Juntos eles lançaram em 313 uma proclamaçãoconhecida como o edito de Milão, garantindo a liberdadede prática religiosa nas terras sobre o domínio doimpério romano. O edito ainda restituía aos cristãossuas propriedades e lugares de culto confiscados,oferecendo compensação pelas que tinham sidovendidas. A transição do estado de fé ilegal para religiãonacional estava a caminho.

A comunidade cristã estava interessada em conseguirestabilidade social, política e religiosa dentro do ImpérioRomano.

Tolerar o cristianismo no século IV d.C, significava obter

o apoio da maioria no império.

Page 20: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“ Com a garantia de uma estrutura política estável, o potencial judaico eraenorme. Os judeus não eram capazes de proporcionar estabilidade por simesmos e os romanos tampouco o acharam fácil, sobretudo porque nãoconseguiam definir o status constitucional de sua aquisição, um problemarecorrente no império. Perante um povo subjugado mas obstinado, comuma sólida tradição cultural própria, sempre hesitavam em impor o governodireto, exceto in extremis – preferindo, pelo contrário, trabalhar com um“homem forte”, ligado pessoalmente a Roma e capaz de lidar com seussúditos em seus próprios costumes e leis vernáculos; tal homem seriarecompensado (e contido) se bem-sucedido e substituído em caso defracasso. Assim, a Judéia foi colocada sob a nova província da Síria, regidapor um governador em Antióquia, e a autoridade local foi confiada aosetnarcas, reconhecidos como “rei”, caso se mostrassem duradouros eimpiedosos o bastante. Dentro da província da Síria, Herodes, queconquistou o trono da Judéia em 43 a.C., foi confirmado como “Rei dosJudeus” quatro anos depois, recebendo a aprovação e proteção de Roma.Herodes era o tipo de homem que os romanos preferiam lidar, a ponto deterem aceitado e endossado suas disposições para dividir o reino, após suamorte, entre três filhos – Arquelau, que ficou com a Judéia, Herodes Filipee Herodes Antípas.

Page 21: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

A divisão não foi totalmente bem sucedida, visto que, em 6 d.C., aJudéia teve de ser colocada sob custódia direta de Roma, sob umasucessão de procuradores, até que, nos anos 60, o sistema comoum todo explodiu em uma desastrosa revolta e sangrentaretaliação. O ciclo repetiu-se no século seguinte, até que Roma,exasperada, reduziu Jerusalém a cinzas e a reconstruiu como umacidade pagã. Os romanos jamais solucionariam o problemapalestino”.

Johnson, Paul ;História do Cristianismo: 19, Imago, RJ, 2001.

Page 22: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Os Judeus, pois, eram unânimes em considerar a história um reflexo da atividade

divina. O passado não era uma série de acontecimentos acidentais, mas

desenrolava- se de forma implacável, de acordo com um plano divino que era

ao mesmo tempo, um projeto e um código de instruções para o futuro. Porém o

projeto era nebuloso; o código permanecia indecifrado ou, em outros termos,

havia sentido antagônicos e em constante mutação para interpretá-lo. E uma

vez que os judeus não conseguiam chegar a um acordo quanto a como

compreender seu passado ou preparar-se para o futuro, tendiam a dividir-se, da

mesma maneira, quanto ao que fazer no presente. A opinião pública judaica era

uma força potente, conquanto de excepcional grau de volatilidade e

fragmentação. A política judia era a política da divisão e da facção. Após a

revolta dos macabeus, os judeus tiveram reis que eram também sumo

sacerdotes, reconhecidos por um império romano em expansão, mas

contendas referentes a interpretações das escrituras provocaram disputas

inconciliáveis quanto a políticas, sucessões, reivindicações e heranças. Havia

uma forte tendência, no seio do sacerdócio e sociedade judaicos, a considerar

Roma o menor dos vários males, e foi essa facção que incentivou a intervenção

de Pompeu em 65 a.C”.

Johnson, Paul ;História do Cristianismo: 19, Imago, RJ, 2001.

Page 23: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

No reinado de Herodes, o Grande, o relacionamento entre Roma e os judeusfoi fértil. Já havia uma gigantesca diáspora judaica, principalmente nasgrandes cidades do leste do Mediterrâneo – Alexandria, Antióquia, Tarso,Éfeso e assim por diante. A própria Roma tinha uma grande e rica colôniajudia. Na época de Herodes, a diáspora expandiu-se e prosperou. Oimpério proporcionou aos judeus igualdade de oportunidades econômicas eliberdade de movimento para bens e pessoas. Constituíram ricascomunidades onde quer que os romanos tivessem imposto a estabilidade.E, em Herodes, tinham um patrono munificente e poderoso. Para muitosjudeus ele era suspeito, e alguns recusavam-se a sequer reconhecê-locomo judeu – não por conta de sua vida privada voluptuosa e de violênciaexcepcional, mas em virtude de seus vínculos helênicos. Entretanto,Herodes era inquestionavelmente generoso com o judeus. Em Jerusalém,reconstruiu o Templo com o dobro das medidas de Salomão. Esse imensoe magnífico empreendimento ainda estava incompleto quando da morte deHerodes, em 4 a.C., e foi concluído durante a vida de Jesus. Em todas asgrandes cidades, proporcionava-lhes centros comunitários, além defornecer os meios e construir inúmeras sinagogas – o novo tipo deinstituição eclesiástica, protótipo da basílica cristã - , onde os serviços eramoferecidos para os dispersos.

Page 24: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Nas grandes cidades romanas, as comunidades judaicas causavam umaimpressão de riqueza, poder crescente, autoconfiança e sucesso. Dentrodo sistema romano, eram excepcionalmente privilegiados. Muitos dosjudeus da diáspora já eram cidadãos romanos e todos, desde a época deJúlio Cesar, que nutria por eles grande admiração, desfrutavam direitos deassociação. Isso significa que podiam reunir-se para realizar serviçosreligiosos, jantares e banquetes para a comunidade, bem como para todotipo de fim social e beneficente. Os romanos reconheciam a força dossentimentos religiosos judeus, com efeito, isentado-os da observância dareligião estatal. Em lugar de adoração ao imperador, os judeus tinhampermissão para mostrar seu respeito pelo Estado, por meio de oferta desacrifícios em nome do imperador.

Johnson, Paul ;História do Cristianismo: 20, Imago, RJ, 2001.

Page 25: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“A Galiléia estava sujeita a diferentes governos imperiais, mas nunca foiadministrada diretamente por eles. Por isso as aldeias galiléias puderamse desenvolver como entidades administrativas semi-autônomas. Asinagoga era o centro da vida social da aldeia. Normalmente se consideraa sinagoga como um edifício para o culto, uma espécie de igreja.Naverdade não existe evidências disso até o século III e.c (Kee,1990). Asinagoga era então a assembléia da comunidade, onde eram tratadostodos os temas relevantes para a vida da comunidade aldeã. É claro queuma das dimensões centrais para a vida da comunidade era religiosa, masnunca separada das questões políticas e econômicas, como talvezestejamos acostumados a pensar hoje. A assembléia reunia-se duasvezes por semana: nas segundas e nas quintas-feiras. Só em seguida osábado virou o dia da sunagwgh,, da reunião. Era o momento do“mercado”, da discussão política, da celebração cúltica, de casamentos ede vários ritos de iniciação. Tudo acontecia segundo os antigos costumesdos pais, transmitidos por séculos, e que sempre garantem a estabilidadede uma comunidade rural. Um sistema de organização social tradicional e,ao mesmo tempo quase “democrático”.

Chevitarese, André Leonardo e Coroinelli, Gabriele;Judaísmo, Cristianismo e Helenismo, Ensaios Acerca DAS Interações culturais no Mediterrâneo

Antigo: 63, Anablume,SP,2007.

Page 26: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Uma hipótese comumente usada, para explicar o mundo da Galiléia é a doregionalismo (Horsley,1995:239). Essa hipótese distingue a alta Galiléia,onde a cultura regional era bastante conservadora, da baixa Galiléia, ondeos grandes centros urbanos helenístico-romanos criaram uma atmosferacosmopolita. O limite desta aproximação é o de não consideraradequadamente tanto o desenvolvimento histórico particular da região (osoitos séculos de autonomia de Jerusalém e todo o resto), como asdiferenças entre campo e cidade. Vamos resumir as informações quecoletamos até agora para tentar explicar a especificidade cultural daGaliléia.

Primeiro: a Galiléia é o que os historiadores chamam de Zona de fronteira.As diferentes culturas com as quais a Galiléia entra em contato sãomuitas. Não é possível deixar de imaginar um processo quase osmótico detrocas culturais.

Segundo: uma grande mistura de populações e etnias é a conseqüêncialógica da primeira observação e dos acontecimentos históricos acimarelatados. Galiléia: o circo dos povos. Se – como vimos – durante o regimeasmoneu alguns judeus foram morar na Galiléia, não há dúvida de que amaioria da população é não-judia. E uma boa parte devia ser também não-israelita.

Page 27: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Terceiro: a força da tradição e dos costumes locais. Essa resistênciafoi favorecida pelas formas de dominação “de longe” dos váriosimpérios sobre o território (sem uma aristocracia local diretamenteenvolvida, feita exceção talvez para os cem anos de dominação deJerusalém como vimos). Esta forma de dominação deixou combastante autonomia as comunidades (nos assuntos locais,obviamente) e isso consolidou as tradições socioculturais dasaldeias da Galiléia. Temos uma confirmação indireta disso nosescritos rabínicos originários, onde os galileus são consideradosignorantes a respeito das oferendas a serem entregues para osacerdote, usam medidas diferentes da Judéia, costumematrimoniais (e relação de gênero?) e tradições diferentes para aobservância do sábado e das festas, como a Páscoa.

Mas é exatamente aqui que com toda probabilidade encontramosJesus de Nazaré. Em suas biografias e em sua mensagem épossível reconhecer esta diversidade. A pergunta inicial – Jesusera judeu? – assume a esta altura os traços de uma adversidadeque desenhamos até aqui no chão da Galiléia. Os EvangelhosSinóticos estão repletos de referência a dívidas, fome,doenças, e,ao mesmo tempo de partilha de comida, curas e resistência.

Page 28: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

É a partir destas prioridades socio-existenciais que se define a religiãodo galileu Jesus: judaica sim, mas até certo ponto e em toda suadiversidade.

Uma forma religiosa de resistência muito comum para o modelo sóciocultural em que se reconhecem as aldeias da Galiléia é da magia. Amagia é talvez a forma de resistência mais radical e profunda noâmbito religioso, e, ao mesmo tempo, a mais pacífica e cotidianapossível. Ela é muito difícil de ser controlada pelas instituiçõesreligiosas oficiais. E ao mesmo tempo, em situação normal, não sepõe abertamente em contraste com a religião oficial. Aliás, usamuitas vezes das mesmas tradições, das mesmas fórmulas, mas aomesmo tempo dispensando os canais oficiais, as mediçõesdeputadas, para chegar a Deus. Esta última observação vale,sobretudo, para a magia popular, ligada a prática dos magos ecurandeiros populares.

Enfim, a tentativa destas páginas foi a de deslocar o olhar dasexpressões oficiais da religião numa pretensa “Galiléia judaica” paraa vida cultural e religiosa do campesinato galileu ao encontro desua diversidade.

Page 29: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Uma diversidade construída paulatinamente ao longo de sua história dediversas dominações e de várias formas de resistência. Entre elas, amais famosa e relevante para a história sucessiva, aquelarepresentada pelo movimento de um galileu do século I e.c.: Jesusde Nazaré”.

Chevitarese, André Leonardo e Coroinelli, Gabriele;Judaísmo, Cristianismo e Helenismo, Ensaios Acerca DAS Interações culturais

no Mediterrâneo Antigo: 69, Anablume,SP,2007.

Page 30: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Interrogado pelos fariseus sobre quando chegaria o Reino de Deus,

respondeu-lhes: “A vinda do Reino de Deus não é observável. Não se pode

dizer: “Ei-lo aqui!, Ei-lo ali!”, pois eis que o Reino de Deus está no meio de

vós”.

Lucas17:21

“Mas é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de

Deus já chegou a vós”.

Mateus 12:21

“Paulo ficou dois anos inteiros na moradia que havia alugado. Recebia todos

aqueles que vinham visitá-lo, proclamando o Reino de Deus e ensinando

no que se refere ao senhor Jesus Cristo com toda intrepidez e sem

impedimento”.

Atos dos Apóstolos 28:30,31

Page 31: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Quando a primeira geração de evangelizadores cristãos viajava para novascidades, os primeiros lugares que costumavam visitar eram as sinagogaslocais, onde procuravam divulgar sua mensagem. Recebidos, porém, comhostilidade ou indiferença, logo saiam das sinagogas para casas defamílias. Uma leitura atenta a Novo Testamento mostra que a sinagoga nãoera o lugar primordial para as atividades missionárias cristãs, embora comfreqüência fosse o lugar onde era feito o contato com outros judeus. Osevangelizadores cristãos encontravam as pessoas nas ruas, no mercado,nas oficinas e nos edifícios públicos. A principal forma de comunicação nascidades antigas era a palavra oral. A mensagem cristã espalhou-se peladivulgação de notícias e conversas entre o povo, pelas visitas de curiososque se detinham à entrada das portas para ver o que se passava nascasas, pelos convites a membros das famílias e vizinhos para ouvirem umpregador e pela narração de histórias de alguma pessoa curada por umapóstolo itinerante.

Uma parte da atração exercida pela mensagem cristã estava na suamensagem inclusiva. Os cristãos falavam de Jesus como uma pessoauniversal que trazia esperança de superação das divisões do mundocircunstante.

Page 32: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

No mundo mediterrâneo havia grande mobilidade social. As cidades tinham se

tornado bastante heterogêneas na sua composição cultural. Todavia essa

mobilidade causava em muitos um sentimento de deslocamento cultural.

Muitos dos primeiros convertidos eram gentios que foram tementes a Deus

e freqüentavam a sinagoga. Pelo que sabemos de várias fontes a atração

que sentiam no judaísmo era precisamente a esperança num Deus único e

universal, que dominava o mundo inteiro. O ingresso na comunidade cristã

permitia-lhes viver sua fé monoteísta e suas implicações morais”.

Irvin, Dale; História do Movimento Social Cristão: 53, Paulos, SP, 2004.

Page 33: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“ O fato de Paulo escrever a comunidade cristã de Corinto para fugirem daadoração a esses ídolos sugere que uma parte considerável dela eraconstituída de pessoas que antes adoravam nos outros templos da cidade(1Cor 10,14-22;12,2). Os chefes cristãos afirmavam que esses outros eramfalsos deuses, ensinando uma doutrina exclusivista que não concordavacom o consenso geral da vida religiosa greco-romana. Os outros podem terdefendido a superioridade de um deus particular sobre o outro, mas nãocontestavam a existência de fato desses outros deuses. Os cristãos, sim,dizendo que esses outros deuses eram espíritos inferiores ou atédemônios, fazendo aquilo que um historiador chamou de “campanha derebaixamento”.

Em outro ambiente, a saber, nos círculos filosóficos da sociedade helenística,essa campanha já estava bem avançada no séc. I, mas era conduzidaprincipalmente pela elite intelectual. Os cristãos levaram essa campanha àsmassas. Eles assumiram a crítica do judaísmo, segundo qual os outrosdeuses eram ídolos ou demônios, isto é, coisas que não eram divinas masfazem parte da criação (1 Cor 10,19-20; Gl4,8). Os cristãos, porém,procuravam mais agressivamente que seus colegas judeus, trazerconvertidos dessas outras religiões para o culto do único Deus de Israel.Os cristãos criticavam certos aspectos do judaísmo que separavam osjudeus das outras pessoas, a saber, a circuncisão e os códigos de purezareferentes a partilha das refeições .

Page 34: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

A campanha que eles empreendiam era, pois, em duas frentes: os deusesdos mundos culturais romano, grego e semítico eram rebaixados e aidentidade cultural exclusiva dos judeus era negada.

Essa prática de dupla conversão suscitou o ressentimento e a hostilidadenão apenas dos chefes judeus locais, mas também de outros, até dasautoridades civis locais nas cidades onde o cristianismo começou a seespalhar. Os cristãos eram considerados ateus pelos seus opositores,porque negavam a divindade de todos os deuses com exceção do seu.Quando as autoridades civis entenderam que os cristãos não eramconsiderados pelos outros judeus como legítimos membros da família deIsrael, recusaram aos cristãos a condição legal. Roma reconhecia alegitimidade das religiões dentro do império com base na sua origemnacional. Os cristãos, porém, eram um povo sem – pátria. A mudança naoposição foi decisiva para a autocompreensão dos cristãos no mundopolítico romano: os seguidores de Jesus Cristo passaram de meramentesectários a politicamente subversivos e contrários ao Estado quando acondição da sua identidade religiosa, antes considerada a de um partidoperturbador dentro do judaísmo, passou a ser vista como uma religiãoseparada e sem pátria”.

Irvin, Dale; História do Movimento Social Cristão: 53, Paulos, SP, 2004.

Page 35: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Nas primeiras décadas, a estrutura organizacional domovimento cristão em Roma permaneceu vagamentedefinida. Aos estrangeiros na cidade era permitidoorganizar collegia, que era conhecida pela lei romana, eseus membros podiam se reunir sem que fossemincomodados. Tais associações voluntárias eramformadas com base na identidade étnica, religiosa ouprofissional. Muitas tinham o objetivo específico, comosociedade fúnebre que providenciava o sepultamentodos afiliados. Este parece ter sido o expediente que oscristãos utilizaram para conseguir permissão para sereunirem separados das sinagogas em Roma.”

Irvin, Dale; História do Movimento Social Cristão: 110, Paulos, SP, 2004.

Page 36: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Em torno de 95 d.C., o rabi Gamaliel II, chefe daacademia judaica que fora formado em Yavneh (Jâmnia)em Israel, visitou o imperador em Roma para consolidaras relações entre Roma e os judeus. Nessa época osrabis se voltaram contra os seguidores dos nazarenos.Em vista do projeto de reconstruir o judaísmo após ofato da destruição do templo, a oposição dos rabis écompreensível. Como podia alguém pretender serherdeiro das promessas de Israel, mas deixar deobservar a Lei em questões tão fundamentais como acircuncisão e as práticas alimentares? Como os cristãospodiam afirmar que Jesus era divino sem violar o dogmabásico do monoteísmo? Para os cristãos em Roma,essa oposição dos judeus só podia representardificuldade maior. Eles já eram suspeitos aos olhos dasautoridades civis. A oposição dos outros judeus só podiapiorar a situação dos cristãos como uma religião fora dalei”

Page 37: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

O capítulo final da união religiosa entre judeus ecristãos no mundo mediterrâneo era escrito nofim do séc I. Logo muitos cultos nas sinagogasincluíram uma maldição contra o partidonazareno que significava a expulsão. Por seuturno, os cristãos intensificaram sua satanizaçãodo judaísmo e se arvoraram em únicosherdeiros legítimos da tradição da fé de Israel.Os cristãos agora eram os verdadeirosherdeiros espirituais das promessas feitas nasEscrituras de Israel. Os judeus, que eram osherdeiros das promessas fiscais, foramdeserdados. “Já que Cristo cumprira a Lei,somente os que seguiam a Cristo podiamreivindicar como própria à tradição mosaica.”

Irvin, Dale; História do Movimento Social Cristão: 110, Paulos, SP, 2004.

Page 38: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“O ponto de virada na relação entre as autoridades romanas e areligião cristã ocorre entre o final do ano 62 e início de 63. Romanão tem um motivo concreto para perseguir ou punir os cristãos,mas utiliza estes como bodes expiatórios, justificando seu poder.Exemplos claros desta afirmativa são descritos no governo de Neroque pune os cristãos, no incidente do incêndio em Roma, sendocontínua no governo de Domiciano (81-96). Na última década doséculo I, a religião cristã fez grandes progressos, ganhando adeptosaté mesmo nos círculos vizinhos ao imperador; assim, por exemplo,M. Flávio Clemente e Flávia Domitila, primos irmãos de Domiciano.Na medida em que se espalha o cristianismo, é visto pelo imperadora necessidade de promover seu autoritarismo, de forma a golpearos cristãos, espoliando-os ou executando-os por ateísmo. Asperseguições aos cristãos por demonstração de poder e forçaprosseguem nos governos de Trajano (98-117), onde fixa umanorma de conduta: os cristãos, com efeitos são ateus;

Page 39: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

desde que convictos, deve-se puní-los, mas não deve procurá-los e devem-sedeixar de lado as denúncias anônimas: Todo inculpado que se arrependerdeve ser liberto.

Nos governos de Antoninos, Adriano (117-138), Antonio Pio (138-161) e MarcoAurélio (161-180), nada fariam para agravar a legislação anticristã.

Mais hostis foram os Severos. Sétimo Severo (193-211), em 202 assina umreescrito visando ao mesmo tempo os judeus e os cristãos. Fica interditonão apenas fazer-se cristão, mas também “fazer” cristãos; a justiça nãodeve apenas esperar as denúncias e sim procurar os cristãos. É sobretudono Egito e na África – onde o cristianismo progride rapidamente – que essereescrito faz mais vítimas.

O cruel Caracala (211-217), Heliogábalo (218-222), Severo Alexandre (222-235), Décio de (249-251), Valeriano (253-260), através de dois editos,agrava a legislação romana, visando, sobretudo a cabeça do corpo cristão:Bispos, padres, diáconos. A igreja da África é dizimada. Sobrevêm oitoanos de paz sob o reinado de Galiano (260-268), inimigo das desordenspoliciais. Aureliano (268-275) não tem tempo de impor ao império seusincretismo.

“Quando, depois de dez anos de anarquia, Diocleciano assume as rédeas doImpério (284), o mundo conhece um mestre cujas profundas reformaspermitiam a Roma uma última explosão de brilho. Mas à vontade imperialde unificação administrativa e religiosa, a impossibilidade para os cristãosde associar o culto de Jesus ao rito, o papel sempre mais importantedesenvolvido pelo cristianismo na sociedade romana explicam a duraçãode (303-313) e a violência

Page 40: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

da última perseguição, a qual o nome de Diocleciano permaneceu

definitivamente ligado. Houve muitos martírios, ainda que, em

muitos lugares as ordens vindas de cima tenham sido amortecidas

pelo enfraquecimento das posições pagãs ou pela coabitação

fraternal entre pagãos e cristãos”

Pierrard Pierre; História da Igreja : 29, Paulus, SP, 1982.

Page 41: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Foi pelas mãos de Constantino, filho de Constâncio, que o impérioreencontrou a paz e a unidade. Em 28 de outubro de 312, vindo daGália, Constantino esmagou e matou o filho de Maximiano,Maxêncio, sobre a ponte Mílvia, diante dos muros de Roma. Seismeses mais tarde, Lícínio, que Galério designara como augusto porocasião da morte de Severo (307) batia Maximino Daia na Tárcia,levando-o ao suicídio. Já não havia mais que dois imperadores:Constantino em Roma (Oriente), Licínio em Nicomédia (Ocidente)”.

Pierrard Pierre ;História da Igreja: 41, Paulus, SP, 1982.

Page 42: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Historiografia

“Em 313, da grande cidade imperial de Milão, Constantino e seu co-imperador Licínio despacharam uma série de cartas cerimoniosaspara os governadores das províncias. Os dois governantesachavam “salutar e altamente próprio” que uma “completatolerância” fosse proporcionada pelo Estado a todos que tivessem“se convertido ou ao culto dos cristãos” ou a qualquer outro culto“que pessoalmente sentissem ser melhor para si”. Todos osdecretos anticristãos anteriores fossem revogados; os locaiscristãos de culto e as demais propriedades de que haviam sidodestituídos teriam de ser devolvidos e deveria ser paga umaindenização, conforme apropriado em termos legais. A nova políticadeveria ser “publicada em toda parte e trazida ao conhecimento detodos os homens”.

O assim chamado “Edito de Milão”, por meio do qual o ImpérioRomano inverteu sua política de hostilidade para com o cristianismoe concedeu pleno reconhecimento legal, foi um dosacontecimentos, decisivos para historia mundial.”

Johnson, Paul ;História do Cristianismo: 14, Imago, RJ, 2001.

Page 43: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Conclusão

Ao longo desta pesquisa , torna-se possível compreender a desfragmentaçãodas comunidades judaicas e tamanha sua diversidade.

Em meio a um povo diverso que busca afirmar uma unidade, encontra-seJesus, que diferente dos demais profetas, por acreditar ser o Messias queeste povo tanto espera. Mas não alguém que veio preparar o caminho,como João Batista ou lutar pela retomada de um reino político, como osreis de Israel Saul, Davi,Salomão, etc.

E sim o filho de Deus, parte de Deus, que se fez homem, não para dar ahumanidade aquilo que era esperado pelos homens, mas o que o Deus deIsrael assim determinou (João 1,9:14)

Este Messias vem para todos os homens, mas, é aceito em meio aosexcluídos e miseráveis, e em meio a estes instaura o Reino de Deus(Mateus 12,28). Diferindo mais uma vez dos profetas que vem a sua frente,Jesus oferece o Espírito Santo, que é a continuidade de Deus habitando nointerior do ser humano (I Corínt9 6:19).

O Espírito Santo que Jesus oferece é a liberdade para o ser humano que Oacolhe ser livre junto á Deus através de seu filho.

Livre de toda lei, de toda opressão ou de qualquer coisa que possa subjugá-lo,livre para viver a vontade do PAI com o PAI.

Page 44: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Penso que talvez seja essa a grande novidade do Cristianismo, uma

liberdade que nada e ninguém pode tomar do homem.

Jesus oferece a maior forma de resistência em meio as diversas formas de

domínio.

Segundo o Livro dos Atos dos Apóstolos é esta força que os impulsiona à

caminhada da comunidade primitiva de levar o Evangelho ao mundo

(Atos:1,6:8).

Jesus leva o conhecimento a massa que unida, e acreditando em uma

força que os torna livres e fortes vence a tradição judaica e torna-se a

salvação para um Império que se encontra decadente.

A última problemática que levanto é:

Estas comunidades ao serem toleradas e mais adiante aceitas pelo

Império Romano, muda ou persiste em sua missão?

Page 45: Cristianismo Primitivo - · PDF fileEste mapa inclui algumas das localizações geográficas dentro da antiga região Galiléia, ... direto, exceto in extremis ... sucessões, reivindicações

Referências Bibliográficas

JOHNSON, Paul. História do Cristianismo. RJ: Imago, RJ, 2001.

PIERRARD, Pierre. História da Igreja. SP: Paulus, 1982.SILVA, Gilvan da e MENDES, Norma. Repensando o Império Romano,

Perspectiva Socioeconômica, Política e Cultural. RJ: Mauad, 2006.CAZELLES, Henri. História Política de Israel. SP: Paulus,1986.

CHEVITARESE, André Leonardo e CORNELLI, Gabriele. Judaísmo, Cristianismo e Helenismo, Ensaios Acerca das Interações

Culturais no Mediterrâneo Antigo. SP: Anablume,2007.

______________Jesus de Nazaré. SP: Anablume,2006.

IRVIN, T Darwin e SUNQUIST, W Scott. História do Movimento Cristão Mundial - do Cristianismo Primitivo a 1453. SP: Paulus,

2004.

Da Silva, Gilvan e Mendes, Norma, Repensando o Império Romano, Perspectiva

Socioeconômica, Política e Cultural; Editora: Mauad, RJ, 2006.