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    GESTO DE RESDUOS NOESCRITRIO: MELHORANDO O

    LOCAL DE TRABALHO EMOBILIZANDO PESSOAS

    Sergio de Melo Barreto Junior (UFF)[email protected]

    Taina da Silva Rocha Paz (UFF)[email protected]

    Yan Britto Kevorkian (UFF)[email protected]

    Emmanuel Paiva de Andrade (UFF)

    [email protected]

    Este artigo, de natureza exploratria, tem como objetivo reunir uma

    literatura de gesto crescentemente focada em aspectos ambientais e

    de sustentabilidade, que tem como fio condutor a gesto de resduos,

    que recupera ferramentas da qualidade para fazer coisas simples e

    teis, para analisar um pequeno experimento de identificao e

    tratamento de desperdcio em um escritrio. Para tal, alm da reviso

    da literatura, so examinados documentos da empresa e realizadas

    entrevistas com funcionrios, onde se obteve os dados utilizados paraos clculos executados. Na concluso, mostra-se que os ganhos,

    embora pequenos quando olhados apenas do ponto de vista financeiro,

    so significativos quando vistos sob a tica da mobilizao de pessoas.

    Conclui-se que tratar do descarte de um processo produtivo, por

    menor que seja, pode ser uma maneira eficaz de engajar pessoas,

    conservar o ambiente e criar melhores condies de trabalho.

    Palavras-chave: Sustentabilidade, escritrio enxuto, resduos

    XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de ProduoFortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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    1. Introduo

    Com a globalizao e consequente expanso mundial dos mercados, a competio empresarial

    se tornou mais intensa. Empresas brasileiras que antes disputavam mercados entre si em

    situao confortvel, passaram a ter concorrentes americanas, chinesas e europeias. Com isso,

    pequenos detalhes, tanto de gesto como de designde produtos, se tornaram importantes na

    corrida pelo cliente.

    Porter (1995) sustenta que os trs tipos de vantagem competitiva para alcanar desempenho

    acima da mdia em uma indstria so liderana de custo, diferenciao e enfoque. Portanto, a

    procura por melhores prticas de gesto empresarial, que poderiam, em ltima anlise, situar a

    empresa favoravelmente em relao concorrncia, se intensificou progressivamente.

    O cuidado e o acompanhamento durante todo o processo de produo, reduzindo custos,

    otimizando processos ou desenvolvendo produtos, passou a ter valor estratgico no mundo

    empresarial. Setores das organizaes, especificamente voltados para a dimenso estratgica,

    surgem e se consolidam, tendo como perspectiva construir de forma proativa as vantagens

    competitivas nas diferentes perspectivas apontadas por Porter (1995), seja buscando alcanar

    menor custo de operao nas suas linhas, seja investindo na busca do melhor designfrente ao

    mercado mundial e aos novos tipos de clientes.

    Tambm do ponto de vista dos compradores, ocorrem mudanas importantes, a comear pelo

    seu prprio nvel de sofisticao, tornando-se mais criteriosos, selecionando com mais

    ateno, em face da crescente oferta de produtos e servios alternativos. Na sequncia, no

    apenas qualidade e inovao se tornam referncias no mundo dos negcios, mas tambm

    adquire valor empresas que se mostram socioambientalmente engajadas. A imagem de

    amigo da natureza surge e se consolida cada vez mais como diferencial competitivo.

    Segundo Greef et al (2012), para adquirirem esse diferencial competitivo, as empresas

    introduzem conceitos da produo enxuta em seus processos produtivos. Ressalta tambm

    que os negcios, mesmo que no sejam de natureza fabril, podem implementar componentes

    do conceito enxuto quando visam modificar a forma que os gestores e seus colaboradores

    pensam o processo produtivo, diminuindo desperdcios que no agregam valor.

    A mentalidade enxuta se difunde, incorporando antigas ferramentas da qualidade, tais como

    o 5S, o Kaizen, transitando do lean production ao lean manufacturing, passando pelo leanthinking e chegando, como era inevitvel, ao lean office. A partir da sistematizao das

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    atividades da empresa na forma de processos, da identificao das fontes de valor e das fontes

    de desperdcio de cada processo a empresa passa a integrar os componentes do lean

    production queles do lean thinkinge a tpicos especficos, facilitando a implementao de

    tais conceitos.

    Em meio a esse cenrio, a competio empresarial se torna sistematicamente mais disputada e

    focada no detalhe, sem perder de vista o global, o estratgico. Local e global passam a ser

    importantes e conectados. Assume relevncia estratgica para o empreendedor responder a

    pergunta: como melhorar meu processo produtivo antes e mais eficientemente do que meus

    concorrentes a fim de angariar vantagem competitiva?

    O presente artigo, inspirado pelo quadro geral traado anteriormente, faz um exerccio a fimde mostrar que, mesmo em pequenas dimenses, possvel criar e internalizar uma cultura

    voltada para a reduo do desperdcio e que este comportamento, sintonizado com os tempos

    atuais, produz resultados econmicos. No caso presente, mostrou-se os benefcios que a

    gesto adequada de resduos em um escritrio (papel, plstico, etc) pode trazer, tanto do ponto

    de vista da reduo de custos de produo, pela eliminao de desperdcio de materiais,

    quanto para a imagem organizacional da empresa. Para tal, analisou-se o caso de uma

    empresa de transporte martimo no Rio de Janeiro, no seu setor administrativo, buscando

    contabilizar, mediante entrevista com funcionrios e consulta a documentos da organizao, a

    quantidade de resduos indevidamente descartados, analisando-se maneiras de reduzir este

    indicador em benefcio dos resultados da empresa.

    2. Reviso da literatura

    Segundo Machado et al.(2011), as empresas, atualmente, buscam maior produtividade devido

    intensidade da competio e a sua internacionalizao. Os processos de inovao, por sua

    vez, expem as empresas a uma dinmica de competio cujos desdobramentos, no caso de

    inovaes disruptivas por exemplo, podem significar o fim da empresa. Trott (2012)afirma

    que a inovao, transversal por natureza, impacta particularmente na definio e no design do

    produto, implicando na necessidade de um monitoramento permanente e contnuo sobre

    processos e gesto na organizao. Toda a ateno, por menor que seja, faz a diferena no que

    diz respeito a sobrevivncia da empresa.

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    Alm disso, h uma forte presso da sociedade, particularmente dos stakeholders, sobre o

    comportamento ambiental e socialmente sustentvel da empresa. Este conjunto de fatores,

    agindo de forma coordenada, produzem uma espcie de proatividade ambiental da empresa.

    Os consumidores, por sua vez, tambm esto atentos ao comportamento sustentvel e

    demonstram preferncias ligadas a esta percepo (GONZLEZ-BENITO, 2006;

    ARAA,2013)

    No mesmo sentido, busca-se reduzir o uso de recursos de toda natureza, particularmente

    daqueles cujo desperdcio impacta negativamente sobre sustentabilidade do planeta (SACHS

    2015). Mitigar passou a ser palavra importante dentro da organizao, que percebe que

    pequenos gestos podem produzir grandes resultados, em uma dinmica que Catmull (2014)

    denominou, utilizando conceito da matemtica, de autossimilaridade estocstica,

    significando padres que se repetem quando vistos com graus diferentes de ampliao. Nas

    palavras de Catmull (2014), se voc arrancar um galho de uma rvore e segur-lo na vertical,

    ele parecer uma arvorezinha.

    Como efeito disso, iniciou-se o processo de logstica reversa em muitas empresas e fbricas,

    buscando uma correta coleta, seleo e tratamento de resduo, que segundo Grimberg (2005)

    so restos de alimentos, embalagens descartadas e objetos sem utilidade para seu detentor que

    quando misturados, tornam-se o comumente conhecido lixo, por no possurem serventia a

    nenhuma outra pessoa ou processo. O nvel de problemas causado pela falta de ateno ao

    lixo no pode ser minimizado, pois coloca em risco a j delicada questo da sustentabilidade.

    Tem sido esse o insight produzido por tantos pesquisadores que ligam a perspectiva leancom

    a perspectiva green, mostrando que o gerenciamento tem que ser desde as pequenas coisas

    (HAJMOHAMMAD et al, 2013; VERRIER et al, 2014).

    Nesse ambiente, surge o conceito de gesto de resduosque por sua vez, um conjunto de

    atividades que busca minimizar os impactos causados pela gerao e descarte, atravs da

    reduo do uso, reciclagem, compostagem, incinerao e adequada disposio dos mesmos. A

    nfase neste tipo de gesto sinaliza uma mudana paradigmtica na conduo das

    organizaes em ateno a demanda da sociedade por qualidade ambiental e qualidade de

    vida (REATTO et al, 2013).

    Nesse contexto, o governo federal destinou uma verba de R$1,2 bilho para que o Ministrio

    do Meio Ambiente (MMA), Ministrio das Cidades e Fundao Nacional de Sade (Funasa)implementassem a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS,) visando a correta gesto

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    dos resduos, alm da tentativa de colocar o Brasil no nvel de igualdade em relao aos pases

    desenvolvidos no que consiste ao aspecto legal (PORTAL BRASIL, 2014).

    Segundo o Ministrio do Meio Ambiente (2015), a PNRS inclui algumas aes com o

    objetivo de incentivar o consumo sustentvel, a reciclagem como tambm a reutilizao dos

    resduos slidos e a destinao ambientalmente adequada dos rejeitos, alm de instituir

    instrumentos de planejamento nos nveis nacional, estadual, microregional, intermunicipal,

    metropolitano e municipal. Estas instncias so responsveis por elaborar os prprios Planos

    de Gerenciamento de Resduos Slidos (PGRS), nos quais esto presentes procedimentos e

    tcnicas que garantem que os resduos sejam adequadamente coletados, armazenados,

    transportados e dispostos com o mnimo de riscos para os seres humanos e para o meio

    ambiente. Um dos objetivos do PGRS o desenvolvimento do Programa de Coleta Seletiva.

    Cabe ainda adicionar que o aumento da conscientizao ecolgica dos consumidores, aliado a

    transformaes do prprio mercado, perceptvel por exemplo no aumento do nmero de

    empresas certificadas pela ISO 14001, faz com que a empresa engajada nestes esforos tenha

    mais possibilidade de alcanar mercado.

    A ISO 14001, criada em 2004, justamente no momento de virada das preocupaes com a

    sustentabilidade, tem como principal diretriz a gesto ambiental e dessa forma enquadra asempresas de acordo com alguns itens como auditorias ambientais, avaliao de desempenho

    ambiental, rotulagem ambiental e anlise do ciclo de vida dos produtos.

    Todo esse arcabouo macroeconmico no lograria xito sem um operao eficaz no nvel da

    empresa. A microeconomia analisa a formao de preos no mercado, ou seja, como a

    empresa e o consumidor interagem e decidem o preo e a quantidade de um produto ou

    servio. Existindo assim, uma teoria de formao do preo de um bem, no qual o preo de

    equilbrio determinado pelo nvel para qual a quantidade demandada igual quantidadeofertada (VASCONCELLOS, 2011).

    Entende-se demanda como a quantidade de determinado bem ou servio que os consumidores

    desejam adquirir num perodo e entende-se oferta como a quantidade de determinado bem ou

    servio que os produtores e vendedores desejam vender em determinado perodo. Nesse

    encontro as empresas tm o objetivo de satisfazer as necessidades das pessoas, pois assim a

    demanda aumentar e consequentemente o lucro (VASCONCELLOS, 2011).

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    No contexto socioambiental, os consumidores esto se tornando mais criteriosos, ao consumir

    um produto, preferindo aqueles que so produzidos por empresas ambientalmente corretas.

    Com isso, empresas que possuem essa caracterstica angariam vantagens competitivas.

    3. Metodologia

    O presente trabalho, de natureza exploratria, usou uma abordagem qualitativa, por meio de

    um estudo de caso e reviso de literatura. A coleta de dados foi feita atravs de um

    questionrio com questes abertas. Os respondentes, no total de 10, eram funcionrios do

    setor de servios gerais da empresa de transporte martimo, os quais foram informados sobre o

    tipo de pesquisa e para que finalidade as informaes coletadas seriam utilizadas Portanto,houve consentimento informado por parte do respondente (FLICK, 2013).

    A reviso da literatura foi utilizada para auxiliar a contextualizao do trabalho bem como

    fornecer lentes tericas que permitissem a anlise dos resultados. Utilizou-se de busca nas

    bases disponveis no Peridicos CAPES, alm de livros, teses e dissertaes acadmicas.

    4. Anlise e discusso dos resultados

    A empresa estudada est situada no Rio de Janeiro e tem em seu escritrio 64 funcionrios. O

    problema do descarte, embora no esteja exatamente entre os problemas fundamentais da

    empresa, gera localmente distrbios no processo de trabalho, particularmente ao considerar-se

    que os funcionrios, ainda que no explicitem, esto sintonizados com um momento scio-

    histrico onde a questo ambiental esta colocada como relevante. Aps a entrevista com

    funcionrios, quantificou-se o volume consumido de material reciclvel por semana,

    conforme exposto na Tabela 1.Tabela 1- Quantidade semanal de resduos produzidos

    Produto Quantidade

    Copo de gua 2000 unidades

    Copo de caf 1000 unidades

    Papel toalha 800 folhas

    Papel de impresso 5000 folhas

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    Fonte: Elaborao dos autores

    Levando-se em considerao que, segundo os funcionrios e documentos consultados, este

    consumo aproximadamente constante no decorrer do ms, calculou-se o consumo anual,

    conforme a Tabela 2.

    Tabela 2 - Quantidade anual de resduos produzidos

    Produto Quantidade

    Copo de gua 104000 unidades

    Copo de caf 52000 unidades

    Papel toalha 41600 folhasPapel de impresso 260000 folhas

    Fonte: Elaborao dos autores

    Como stakeholders da organizao, os funcionrios exercem presso sobre o comportamento

    ambiental e socialmente sustentvel da empresa e, nesta perspectiva desenvolvem uma ao

    proativa, conforme visto anteriormente na afirmao de Gonzlez-Benito (2006) e Araa

    (2013). Como a compra e venda de material para reciclagem medida em peso, estas

    quantidades anuais de consumo foram convertidas em medidas de peso. Segundo dados

    coletados na empresa sobre a marca dos produtos, e buscando nos catlogos das marcas as

    caractersticas fsicas do produto, calculou-se o peso mdio por unidade dos materiais

    medidos e o peso anual que descartado, conforme mostra a Tabela 3.

    Tabela 3Peso anual descartado

    Produto Unidades anuais Peso por unidade Peso anual

    Copo de gua 108000 2,4g 249,6kg

    Copo de caf 54000 2,4g 124,8kg

    Papel toalha 43200 4,0g 166,4kg

    Papel de impresso 270000 4,68g 1216,8kg

    Fonte: Elaborao dos autores

    Tomando-se por base os preos praticados pela empresa que adquire material reciclado, foi

    possvel calcular o quanto se arrecadaria reciclando tais produtos analisados e configurar a

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    Tabela 4. Grimberg (2005) chama a ateno para a relevncia de selecionar, coletar e tratar

    corretamente o resduo, no importando se so restos de alimentos, embalagens descartadas e

    objetos sem utilidade, ou se so os volumosos resduos industriais.

    Tabela 4Montante arrecadado anualmente com reciclagem

    Produto Peso anual(Kg)

    Preo porKg

    TotalArrecadado

    Copo de gua 249,6 R$ 0,75 R$ 187,20Copo de caf 124,8 R$ 0,75 R$ 93,60Papel toalha 166,4 R$ 0,36 R$ 59,90

    Papel de impresso 1216,8 R$ 0,36 R$ 438,05Total arrecadado anualmente 778,75

    Fonte: Elaborao dos autores, baseado em dados de empresa recicladora

    A Tabela 4 mostra que R$ 778,75 so jogados fora anualmente por essa empresa. Embora

    os valores em questo no sejam significativos, o efeito demonstrao que se procurava

    estabelecer, fica evidente. Essa economia poderia ser revertida para qualquer outro gasto da

    empresa.

    Alm do benefcio competitivo pela possibilidade de reduzir o preo do servio ofertado, a

    utilizao de resduos que antes eram descartados tambm pode influenciar no engajamento

    dos funcionrios. verdade que o esforo da reciclagem no pode ser um esforo individual e

    isolado, mas antes tem natureza coletiva. por essa razo que as polticas pblicas so

    desenvolvidas para apoiar a coleta, o armazenamento, o transporte e a correta disposio final

    dos resduos, conforme estabelecido pelos Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos

    (PGRS).

    5.Concluso

    Conforme explicitado no inicio deste trabalho, o que se desejava obter era uma demonstrao

    simples de como a mentalidade de reduo ou eliminao do desperdcio pode ser cultivada

    nas organizaes, passando a fazer parte da sua cultura institucional. Os dados trabalhados, o

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    envolvimento dos funcionrios na pesquisa e a perspectiva de melhoria que ele suscitou na

    equipe, conquanto reduzidos, no deixam dvidas de que trabalhos como esse podem ser

    replicados em situaes e condies bastante diferentes.

    Esses achados esto em sintonia com a literatura recente acerca dos movimentos e processos

    em torno da sustentabilidade socioambiental. O aumento da preocupao das pessoas e

    empresas com o descarte correto do lixo e com o crescimento do consumo incentiva uma

    integrao entre empresas, clientes e meio ambiente. Esta cooperao pode vir na forma de

    maiores exigncias dos consumidores por produtos scios ambientais. Por esse fato, empresas

    que possuem uma preocupao com o meio ambiente ao fabricar seus produtos tm vantagens

    comparativas relevantes para um mercado altamente competitivo.

    Com o presente artigo foi possvel mostrar que a gesto de resduos no resulta apenas em

    ganhos ambientais, como tambm econmicos e sociais para as empresas. Com essa gesto

    possvel mitigar os custos, como no caso estudado, das despesas empresariais como conta de

    luz, gua, entre outros, o que possibilita a reduo do preo dos servios oferecidos pela

    empresa. Alm da questo diretamente econmica, a reciclagem de resduos auxilia a criar um

    ambiente mais agradvel para os funcionrios, com bnus ou mesmo confraternizaes,

    levando-os a se sentirem mais importantes e valorizados, por contriburem diretamente no

    desenvolvimento do pas.

    Enfim, tratar do descarte de um processo produtivo, por menor que seja, pode ser uma

    maneira eficaz de engajar pessoas, conservar o ambiente e criar melhores condies de

    trabalho, fechando um crculo virtuoso que constri a estratgia win-win, tal como definida

    por Porter e Van Der Linde (1995) e que tem como resultado final demonstrar que possvel

    superar o impasse entre o verde e a dimenso competitiva.

    REFERNCIAS

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