endemias e epidemias prof. luís antônio rotta. relação doença x população o estudo e...

30
Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta

Upload: fernando-frade-gesser

Post on 07-Apr-2016

217 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Endemias e Epidemias

Prof. Luís Antônio Rotta

Page 2: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Relação Doença X População

O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial para poder tomar-se condutas no objetivo de diminuir os danos desta doença na população, não só no presente mas tbém no futuro.

Uma doença pode estar presente em uma população das seguintes formas:- não estar presente- presente em casos esporádicos- presente em níveis habituais- presente em níveis acima dos habituais

Page 3: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Conceitos

Hipócrates em um trabalho clássico denominado “Dos Ares, Águas e Lugares”, buscou apresentar explicações, com fundamento no racional e não no sobrenatural, a respeito da ocorrência de doenças na população. Para tanto fez o uso dos termos:- endemeion: no sentido de “habitar” o lugar, nele se instalando por longo tempo- epidemeion: no sentido de “visitar”, salientando o caráter de temporalidade, de provisório

Page 4: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Endemia Entende-se por endemia de um determinado

agravo à saúde a situação na qual sua freqüência e distribuição, em agrupamentos humanos distribuídos em espaços delimitados, mantenham padrões regulares de variações num determinado período, ou seja, as oscilações na ocorrência das doenças correspondem somente às flutuações cíclicas e sazonais.

Page 5: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Epidemia Nos momentos em que essas variações

aumentam de forma irregular, temos uma epidemia, que pode ser definida como: a ocorrência de um claro excesso de casos de uma doença ou síndrome clínica em relação ao esperado, para uma determinada área ou grupo específico de pessoas, num particular período de tempo

Page 6: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Exemplo

Page 7: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Endemia X Epidemia As epidemias podem ser conseqüência de exposição a

agentes infecciosos (em indivíduos susceptíveis), substâncias tóxicas, à carência de determinado(s) nutriente(s) e até a “situações de risco”

Podem evoluir por períodos que variam de dias, semanas, meses ou anos, não implicando, obrigatoriamente, a ocorrência de grande número de casos, mas um claro excesso de casos quando comparada à freqüência habitual de uma doença em uma localidade. (Ex malária)

Mas como saber qual a freqüência habitual? (ou Endêmica)

Page 8: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Sazonalidade O perfil dos agravos à saúde numa população pode ser

constante durante o ano, mas pode também apresentar marcadas oscilações de freqüências durante o ano, o que denomina-se variações sazonais

Várias doenças infecciosas possuem sazonalidade em relação a estações do ano (p. ex. épocas de chuva)

Outros agravos podem apresentar sazonalidade em relação a outros fatores como períodos de festas, feriados, períodos de colheitas agrícolas.

Então, para se ter a variação habitual de um agravo deve-se construir seu Diagrama de Controle.

Page 9: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Séries Históricas Para a identificação precisa de um diagrama de

controle pressupõe a disponibilidade, em tempo oportuno, de séries históricas rigorosamente atualizadas e, portanto, a existência de sistemas específicos de vigilância.

É também importante, para garantir a comparabilidade dos dados de uma série histórica, que a definição de caso, assim como as técnicas laboratoriais utilizadas para o diagnóstico da doença em questão, não tenham variado no tempo.

Page 10: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Diagrama de Controle Gráfico que informa a variação habitual de

uma doença ou agravo, apresentando a sua distribuição de freqüências durante os meses (ou semanas) do ano, e de vários anos em seqüência.

Para construção do diagrama é necessário os dados de freqüência da doença por vários anos, não podendo computar os anos em que houve epidemia

Page 11: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Diagrama de Controle é composto graficamente por três

linhas: Limite superior do canal endêmico Limite Inferior do canal endêmico Valor Central (índice endêmico)

Page 12: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Diagrma de Controle de Meningite Meningocócica no Município de São Paulo, série 1960-1969

00,050,1

0,150,2

0,250,3

0,350,4

0,450,5

Limite Superior Valor Central Limite Inferior

Page 13: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Como Construir Deve ter-se previamente uma série

histórica sem anos epidêmicos Para cada mês determina-se o valor

central, o limite superior e inferior Para tanto pode-se usar a mediana e

freqüências inframáximas e supramínimas ou pode-se usar a média e desvio padrão

Page 14: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Mediana, InfraMax e SupraMin

Pega-se a série histórica do mês que se vai calcular: JANEIRO

Ordena-se de modo decrescente: 11, 10, 9, 8, 7, “6”, 6, 5, 5, 4, 2O índice endêmico será a mediana (está entre aspas) : 6O limite superior será o valor inframáximo da série (o valor imediatamente

abaixo do máximo) : 10O limite inferior será o valor supramínimo da série (o valor imediatamente

acima do mínimo) : 4O uso deste valores inframax e supramin é para descartar possíveis

valores extremos discrepantes (p.ex. no caso de inclusão de um ano epidêmico na série histórica)

Ano 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970Incid 2 4 8 9 6 7 5 5 10 6 11

Page 15: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Diagrama de Controle Meningite Municipio NNNsérie histórica 1960-1969

02468

101214161820

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Limite Superior Indice Epidêmico Limite Inferior

Faixa Endêmica

Page 16: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Média e Desvio Padrão Neste tipo de construção a Média das incidências da série

histórica é utilizada como índice epidêmico (parâm. central)

Média = 11+10+9+8+7+6+6+5+5+4+2 = 73/11 = 6,6

Para determinar o Limite Superior e Inferior soma-se e subtrai-se da média dois desvios-padrão calculados previamente na série histórica

Lim. Sup = Média + 2 DP = 6,6 + 2 x 2,6 = 11,8 Lim. Inf. = Média – 2 DP = 6,6 – 2 x 2,6 = 1,4

Este método tem a desvantagem p/ dados muito dispersos que tenham valores anormalmente muito altos ou baixos, que alteram poderosamente a média e desvio-padrão

Page 17: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Identificando Epidemias Tendo-se o diagrama de controle de

um agravo em relação a uma população torna-se possível identificar uma epidemia no momento em que a incidência da doença ultrapassa o limite superior da faixa endêmica convencionada (tbém denominado de Limiar Epidêmico)

Page 18: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Diagrama Controle de Sarampo no Distrito Federal série de 1975-1982 com Incidência de 1983

0

10

20

30

40

50

60

70

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Limite Superior Média Incidencia 1983

Limiar Epidêmico

Curva Epidêmica

Page 19: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Tipos de Epidemias Epidemia Explosiva (ou por fonte comum):

Há um aumento expressivo no número de casos, em um curto período de tempo, sendo compatível com o período de incubação da doença. A fonte é única (ex. intox. alimentar, por água)

Epidemia Progressiva (ou de contato):Ocorre um aumento gradativo de casos, mas a fonte de infecção não é única, sendo representadas por exposições sucessivas e em cadeia

Mista: p.ex. febre tifóide (Salmonella typhi)

Page 20: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Surto de Intoxicação Alimentar

No. d

e Ca

sos

Horas1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Epidemia Explosiva

Page 21: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Surto de Sarampo

No. d

e Ca

sos

Dias do Mês1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Epidemia Progressiva

Page 22: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Casos de Febre Tifóide

No. d

e Ca

sos

Semanas Epidemiológicas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Page 23: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Pandemia É a ocorrência epidêmica caracterizada por

uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações, podendo passar de um continente a outro.

Trata-se de um processo de massa limitado no tempo mas ilimitado no espaço.Ex. Sétima pandemia de cólera:

Celebres (Austrália-1961)India(1964) Oriente Médio (1965)Africa (1970) Europa (1970) EUA (1991) América Latina (1991)

Page 24: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Curva Epidêmica

egressãoprogressão regressão

incidência máxima

limiar epidêmico

tempo

coef

. inc

idên

cia

níve

l en

dêm

ic o

níve

l ep

idêm

ico

Page 25: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Surto Epidêmico Ou simplesmente surto, é uma

ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício, bairro, etc.

Ex.: “Maria Tifosa” (cozinheira portadora de salmonella typhi, EUA)

Page 26: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Vigilância Epidemiológica A descrição do comportamento das

endemias e elaboração de seus diagramas de controle são funções de grande importância da vigilância epidemiológica, sendo necessário para isso a efetiva notificação, por parte dos profissionais de saúde, dos casos (confirmados ou suspeitos) de agravos passíveis de surtos ou epidemias

Page 27: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Vigilância Epidemiológica Ao identificar precocemente uma

epidemia (ou uma suspeita) torna-se possível diminuir os danos da doença na população através de várias medidas de controle (isolamento, quarentena, atenção aos contactantes) e profilaxia (quimioprofilaxia), além de medidas de prevenção de novas epidemias (vacinação, melhorias sanitárias, controle de vetores, campanhas educacionais, etc)

Page 28: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Bibliografia:

Epidemiologia – Teoria e Prática de Maurício Gomes Pereira

Epidemiologia e Saúdede Maria Zélia Rouquayrol

Page 29: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

Ano JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ1930 120 70 59 84 51 29 42 35 38 57 40 481931 54 67 140 34 42 80 85 33 68 45 32 661932 71 47 54 119 45 61 39 25 31 42 75 431933 60 145 141 37 39 32 28 63 65 49 29 1001934 43 96 48 102 38 70 86 76 59 39 54 381935 86 32 76 42 94 28 77 31 34 60 37 501936 124 150 41 110 29 53 38 28 52 34 79 821937 112 54 65 46 86 33 52 70 26 63 38 951938 47 128 97 50 90 40 45 51 47 36 69 471939 32 48 61 48 34 38 47 26 28 52 72 571940 39 84 132 67 67 48 34 38 40 28 31 41

Dada a Série Histórica abaixo sem conter ano epidêmico:Série Histórica da incidência mensal de Dengue no município NNN (por 10.000 hab).

a) Construa o Diagrama de Controle utilizando o método da Mediana e InfraMáximo.

b) Dada as incidências mensais de dengue de dois anos subseqüentes, determine qual ano foi epidêmico e em quais meses ocorreu a epidemia, desenhando a Curva Epidêmica no Diagrama de Controle.

Ano JAN FEV MAR

ABR MAI JUN JUL AGO

SET OUT

NOV

DEZ

1941 110 115 125 145 125 85 70 60 55 50 50 60

1942 115 135 130 95 80 55 65 60 50 55 70 90

Avaliação Formativa

Page 30: Endemias e Epidemias Prof. Luís Antônio Rotta. Relação Doença X População O estudo e entendimento da relação de uma doença com uma população é essencial

120

90 85

70 65 60

75

95

6070 65

50 45 40 4535 40 45 40

50

140145

110

70

60505055

6070

85

125

145

125115110

0

20

40

60

80

100

120

140

160

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Incidência mensal de dengue no ano de 1941