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Encarte Especial Tifo Aviário nº 01 março/2015 Encarte Especial E mais: Textos produzidos pelos Professores Paulo Lourenço (UFU) e Ângelo Berchieri (Unesp) Salmonella Gallinarum

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1Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

nº 01março/2015

Encarte Especial

E mais: Textos produzidos pelos Professores Paulo Lourenço (UFU) e Ângelo Berchieri (Unesp)

Salmonella GallinarumC

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Abertura

Encarte Especial Tifo Aviário

Sumário

ANÚNCIOIDEXX

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3Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

•Dr.PauloLourençodaSilva, Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, MG – UFU.

•Dr.AngeloBerchieriJunior, Professor Titular em Ornitopatologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, FCAV-Unesp, Jaboticabal, SP.

Este encarte especial, produzido em parceria com a EditoraMundoAgro, tem como proposta tornar disponível os conhecimentos atuais sobre o tifo aviário no Brasil. Trata-se de iniciativa do Dr.PauloLourençodaSilva, e do ProfessorÂngeloBerchieri, com a colaboração de colegas envolvidos no estudo e na elaboração de programas preventivos e de combate à enfermidade no País.

•Dra.AnaMariaIbaKanashiro.Secretaria de Agricultura e Abastecimento (São Paulo - Estado). Agência Paulista de Tecno-logia dos Agronegócios (APTA). Instituto Biológico (IB).

•MS.DiegoFelipeAlvesBatista. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Microbiologia Agropecuária da FCAV--Unesp, Jaboticabal-SP.

•Dra.JacquelineBoldrindePaiva. Pós-doutoranda do Depto. Génetica, Evolução e Bioagentes, IB, UNICAMP, Campinas, SP.

•Dra.NilceMariaSoares. Instituto Biológico (IB-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

•ProfessorDr.OliveiroCaetanodeFreitasNeto. Departa-mento de Ciências Veterinárias, CCA, UFPB, Areia, Paraíba.

•Dr.RafaelCasarinPenhaFilho. Pós-Doutorando em Medici-na Aviária, Cornell University, Ithaca, NY, USA.

EquipedaFcavqueparticipadesteEncarteEspecial

Sumário

Editorial03O Tifo Aviário na avicultura de corte 05O Tifo Aviário na avicultura de postura06

Sobrevivência bacteriana no hospedeiro: metabolismo e respiração19Características genéticas de SG: Evolução22

Patogenia: Mecanismos de invasão e evasão de Salmonella spp. durante a infecção de aves

09 Conclusão26Mecanismos imunes na resposta da ave contra SG14

Identificação de SG24

Responsáveis Equipe de Colaboradores

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Encarte Especial Tifo Aviário4

Editorial

ExPEdIEnTE

Mundo Agro Editora Ltda.Rua Erasmo Braga, 1153

13070-147 - Campinas, SP

Encarte Especial Março 2015

PublisherPaulo [email protected]

Redação Érica Barros (MTB 49.030) Mariana Almeida (MTB 62.855) [email protected]

Comercial Karla Bordin [email protected]

Diagramação e arteMundo Agro e Innovativa [email protected]

InternetGustavo Cotrim [email protected]

Administrativo e circulaçãoCaroline Esmi [email protected]

Encarte Especial Tifo Aviário

Parceiros comerciais

divulgando o conhecimento sobre Tifo Aviário

Acesseestematerialtambémemsuaversãoonlinewww.avisite.com.br/EncarteEspecialSG

desde o seu início, a Revista do AviSite está engajada na divulgação de material técnico e acadêmico produzido pelos diferentes Institutos e Universi-dades que possuem centros voltados para a avicultura.

Consideramos que esta é uma importante forma de contribuir para o cres-cimento e desenvolvimento da atividade avícola no Brasil. Mais do que isso, também nos empenhamos para fazer com que este conteúdo chegue, de for-ma mais simples, aos diferentes elos da cadeia produtora de frango.

A ideia para este Encarte Especial surgiu a partir de uma conversa informal com o Professor Paulo Lourenço, da Universidade Federal de Uberlândia, em um café, em Campinas, SP, onde fica a sede da Editora Mundo Agro.

O projeto foi então apresentado a alguns parceiros da Revista do AviSite. Quatro empresas (Biocamp, Idexx, Zoetis e Ourofino) toparam participar desta empreitada. São companhias que também reconhecem a importância da divul-gação da ciência avícola e possibilitaram a viabilidade deste material.

nós agradecemos, também, ao Professor Paulo Lourenço pela oportuna sugestão do tema Salmonella Gallinarum.

Recebemos também a colaboração de outro pesquisador que não poderia, de jeito nenhum, ficar de fora de uma discussão atual sobre este assunto, o Professor dr Ângelo Berchieri, da Fcav/Unesp. Além destes, uma grande equi-pe de pesquisadores está aqui presente para apresentar seus estudos sobre programas preventivos e de combate à enfermidade no País: Ana Maria Iba Kanashiro, diego Felipe Alves Batista, Jacqueline Boldrin de Paiva, nilce Maria Soares, Oliveiro Caetano de Freitas neto, Rafael Casarin Penha Filho (veja as qualificações na página anterior).

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5Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

Professor Paulo Lourenço da Silva: Falta de

monitoria para SP/SG pode ter sido uma das causas

prováveis da reemergência do

Tifo Aviário

Autor: Professor Paulo Lourenço da Silva, Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia

O Tifo Aviário na avicultura de corte

Artigo

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado desa-fios em relação ao Tifo Aviário (TA). O TA é uma doença clínica severa que ocorre em aves indus-

triais e de fundo de quintal, e em muitos países do mundo com uma indústria avícola organizada o objetivo é o de erradicação e não de controle.

A evolução da doença na fase inicial tende a ser muito lenta dentro de uma granja, e, na maioria das vezes, pode passar despercebida por algum tempo. A mortalidade aparece, na maior parte dos casos, em aves adultas e o diagnóstico clínico inicial é confundido com Colibacilose/ Pasteurelose (mesmo com apoio laborato-rial) e os lotes tratados com antibióticos quase sempre apresentam recidivas.

É importante conhecer o comportamento do TA no lote e na ave. A doença é de apresentação crônica no lote e aguda na ave infectada, ou seja, a transmissão de ave-a-ave, mesmo dentro do mesmo galpão, tende a ser muito lenta, podendo durar semanas, e, por vezes, a doença pode ficar contida em poucos boxes, ou mesmo em um único galpão de um mesmo núcleo de aves da mesma idade, ao passo que a ave infectada mostra os sintomas geralmente em 2 a 4 dias e morre rapidamen-te. Nos estágios avançados da doença, a mortalidade pode chegar a 100% do lote em um período muito curto.

Quando analisamos a curva de produção (produção de ovo galinha/dia), esta curva pode se mostrar dentro dos padrões normais da linhagem, no entanto, com redução significativa na viabilidade dos lotes.

Tendo sido considerada uma doença erradicada dos plantéis de reprodução nas últimas décadas, por qual motivo a Salmonella Gallinarum, causadora do tifo aviário, ainda continua a produzir doenças sistêmicas graves em aves domésticas e perdas econômicas? O teste de pulorose aplicado antes das reprodutoras en-trarem em produção ainda é consagrado como o méto-do de escolha, ao identificar galinhas reagentes e elimi-ná-las e realizar os exames bacteriológicos dos órgãos das mesmas, ou teste de amostras de soro com identifi-cação da origem das aves.

Com a vacinação dos lotes para SE, que podem apresentar reações cruzadas ao teste de pulorose, a situação atual de monitoria incompleta ou falta de monitoria para SP/SG pode ter sido uma das causas prováveis da reemergência do TA.

Aliado a isto, a pouca experiência dos técnicos de campo (e até mesmo daqueles mais experientes) na suspeita / diagnóstico, ocasionou dificuldades para estabelecer o diagnóstico inicial. Assim, o diagnóstico tardio dificultou a rastreabilidade na identificação da origem dos surtos, agravado pelas medicações indiscri-

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Encarte Especial Tifo Aviário6

Artigo

minadas que mascaram o quadro clínico e diagnóstico laboratorial.

Outros fatores contribuíram para a disseminação dos casos recentes do TA, quais sejam, a não eliminação dos lotes positivos e dos ovos provenientes destes lotes; nos incubatórios os ovos de múltiplas origens e linha-gens; a baixa notificação de casos ou surtos; e o uso de medicação terapêutica ou preventiva. Neste último item, mesmo que a medicação possa ter algum efeito na redução da mortalidade, é altamente contra indica-da, uma vez que ela não elimina a infecção, mas perpe-tua o estado de portador e interfere com o diagnóstico e controle da doença.

Os pontos chaves para atuação nos casos de tifo aviário são conhecer a magnitude da doença, os fato-res de risco, o histórico das ações, as ações de controle e a detecção precoce. Em linhas gerais, estamos falan-do de uma doença sistêmica, de transmissão mais horizontal do que vertical, com sintomas clínicos mais comuns em aves adultas (também aves jovens), de disseminação mais lenta se comparada à pulorose, com alta mortalidade (casos de 50% ou bem mais), com dificuldade de estabelecer um diagnóstico inicial: “Colibacilose” e cujo tratamento com antibióticos é geralmente com recidivas.

Existem diferenças significativas no grau de susceti-bilidade ao TA entre as diferentes linhagens de aves. De um modo geral, as linhagens de poedeiras vermelhas de ovos comercias são as mais acometidas, seguidas pelas linhagens pesadas. As linhagens de poedeiras de ovos brancos são as mais resistentes ao TA.

Ao contrário de outros sorotipos, Salmonella Pullo-rum e Gallinarum não são excretados intensivamente

nas fezes. A persistência de S. Gallinarum em galpões de aves pode estar relacionada à sua longevidade em fontes ambientais (penugem, ração, água e carcaças de aves que morreram, mas não foram eliminadas).

A disseminação da doença através dos incubatórios múltiplos, compra de ovos férteis, reuso de bandejas de papelão, falta de higienização de bandejas plásticas, caixas de ovos, caminhões de ovos, caixas de frangos, caminhões de frangos e outros deve ser considerada em um programa de controle e erradicação. O problema atual se concentra em lotes de reprodutoras portadores do TA, que não foram eliminados, estão sendo medica-dos e com aproveitamento dos ovos e pintos.

Por fim, qualquer que seja a situação, a meta será sempre a erradicação. O retorno da ocorrência de doen-ças como o Tifo Aviário na avicultura industrial pode significar negligência e falha nos processos básicos de diagnóstico e prevenção das graves doenças avícolas. Um programa de controle e erradicação do TA, entre outras medidas, deve contemplar uma monitoria que possibilite a identificação precoce da infecção e elimina-ção compulsória de aves/lotes reprodutores contamina-dos, com manutenção do status de livres através de medidas de biossegurança.

Programa de controle e erradicação do TA, entre outras medidas, deve contemplar uma

monitoria que possibilite a

identificação precoce da infecção

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7Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

Autora: Dra. Nilce Maria Soares

O Tifo Aviário na avicultura de postura

Artigo

Atualmente, as empresas pro-dutoras de ovos de mesa têm priorizado o aumento da

produção, em função do mercado aquecido, não se importando, da mesma forma, com a prevenção das enfermidades que podem acometer os lotes. Isto pode ser comprovado pelo aumento de ocorrência do Tifo Aviário em lotes de galinhas alojadas em várias regiões do Brasil.

O tifo aviário com todas as suas manifestações e seu controle está estabelecido por pesquisadores em textos de livros e periódicos, porém, sua aplicação nas unidades produto-ras de ovos é bastante inconsistente. A ineficiência do controle e da pre-venção acontece principalmente nas regiões tradicionais de produção de ovos, onde pode ser verificada a alta densidade de granjas, alta densidade

de aves e o crescimento dinâmico da avicultura, sendo que o aumento na ocorrência da doença é comprovado pelo crescente número de casos relatados em todas as regiões do Brasil, nos últimos anos.

O Tifo Aviário é uma doença de grande importância para a avicultura de postura por causar perda no de-sempenho produtivo das galinhas, pelo aumento da mortalidade e queda na produção de ovos, e também, em função do grande custo e empenho para implantar os programas de controle e prevenção.

A infecção causada por Salmonella enterica subspé-cie Enterica Sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (S. Gallinarum ou SG) em poedeiras comerciais pode ser influenciada por fatores particulares deste tipo de pro-dução, como: idade da ave, resistência genética, quali-dade do manejo praticado, período de maturidade sexual, manejo nutricional, muda forçada e outros fatores estressantes, produção altamente adensada em multiplicidade de idades, estirpe envolvida e dose infec-tante, entre outras.

No Brasil, embora esta enfermidade estivesse apa-rentemente sobre controle, diversos casos de Tifo Aviá-

rio têm sido diagnosticados a partir do final da última década. Nota-se a ocorrência da enfermidade clínica de tifo aviário, causada por S. Gallinarum, em todas as idades de galinhas em produção, vermelhas e brancas. Entretanto, atualmente a doença clinica está afetando lotes de aves jovens, com 10 semanas de idade ou menos e, principalmente, pintainhas com idade inferior a duas semanas de vida.

Já há algumas décadas têm sido feitos muitos esfor-ços, comprovado pelo trabalho de pesquisadores e a promoção de eventos de fórum de discussão, com o ob-jetivo de difundir as ações que possam controlar e prevenir a ocorrência de salmoneloses na exploração comercial de aves no Brasil. No entanto, essas enfermi-

Além da melhoria do conhecimento básico é

necessário um pensamento criativo para desafiar os paradigmas existentes e desenvolver realmente

novas abordagens, utilizando técnicas de

comunicação, que sensibilizem os empresários

e técnicos para a real necessidade do controle

desse agente

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Encarte Especial Tifo Aviário8

dades continuam a ser um grave problema econômico e produtivo para as empresas produtoras e de saúde pública.

O problema continua grave em regiões ou locais onde as medidas de controle não são eficientes ou naqueles onde as condições de produção favorecem a disseminação ambiental desses microrganismos. Nas ultimas décadas tem havido uma explosão de pesqui-sas, que geram informações que visam contribuir para a melhor compreensão da interação destes microrganis-mos com as galinhas e outras aves (a relação hospedei-ro/parasita). No entanto, tudo isto ainda não é suficien-te para compreender a patologia em maior detalhe.

O que é necessário, além desta melhoria do conhe-cimento básico, é o pensamento criativo para desafiar os paradigmas existentes e desenvolver realmente novas abordagens, utilizando técnicas de comunicação, que sensibilizem os empresários e técnicos para a real neces-sidade do controle desse agente.

Para a obtenção de sucesso no programa de contro-le de salmonela, a identificação de fatores de risco é de extrema importância. Eles podem ser relativos ao com-portamento do mercado, às aves (de todas as idades), ao manejo realizado e às instalações. É necessário, além de identificá-los, listá-los em ordem de importância para cada empresa e agir, isto é, tentar diminuir o risco que o fator causa.

Tradicionalmente o setor de avicultura de postura se desenvolveu em regiões restritas, tradicionais na produ-ção de ovos e em uma época em que ainda não tínha-mos ainda difundidos os conceitos de biosseguridade, que contemplam principalmente os padrões de aplica-ção de medidas de higiene, o distanciamento entre unidades produtivas e entre empresas produtoras.

Nestas áreas a concentração é de tal modo intenso que a região é considerada como uma grande granja. Atualmente, as grandes empresas estão expandindo e instalando unidades distantes dessas regiões por vários motivos e com a oportunidade de construírem unidades de produção que respeitem os padrões de biossegurida-de e as normas vigentes.

Está bem estabelecido que para a prevenção e o controle das salmoneloses em galinhas de produção de ovos, a empresa deve implantar o programa de biosse-guridade, que inclui medidas de limpeza, controle de pragas e monitoramento da presença da salmonela durante toda a vida das aves. Estas medidas contribuem para aumentar a resistência, diminuindo a disseminação e colonização das aves por cepas de campo de salmo-nela. Aliados a estas, existem os manejos e os insumos que foram desenvolvidos para auxiliar o controle da enfermidade e dificultar a infecção das aves por salmo-nelas.

Para os lotes de galinhas de postura a melhor indi-cação é o controle da infecção pela bactéria, uma vez que a erradicação da salmonela de rebanhos de aves de produção de ovos e de seu ambiente não é uma opção realista, devido à alta taxa de contaminação e os custos associados a esta ação, que não pode ser aplicada à maioria das regiões do nosso país.

Diante disto, a partir dos fatos atuais, teremos que controlar a doença clínica que tem se manifestado nos lotes de galinhas poedeiras e tentar difundir ações que sejam de prevenção da entrada do agente e de manifes-tação clínica.

Literatura consultada Barrow P. A. Salmonella em avicultura – problemas e novas

ideias sobre possibilidades de Controle. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v. 1, p.9-16, 1999.

Barrow, A. P.; Freitas Neto, O. C. Pullorum disease and fowl typhoid new thoughts on old diseases: a review. Avian Pathology, v. 40, n. 1, p. 1-13, 2011.

Berchieri Junior, A.; Barrow, P. A.; Murphy, C. K. D. Vertical transmission of Salmonella gallinarum, Salmonella pullorum and Salmonella enteritidis in commercial brown-eggs layers. In: Salmo-nella and Salmonelosis; 1997; Ploufragan,. Proceedings, pp. 293-294.

Berchieri Junior, A.; Freitas Neto, O. C. Salmoneloses aviárias. In: Berchieri Junior, A.; Silva, E. N.; Di Fábio, J.; Sesti, L.; Zuanaze, M. A. F (Ed.). Doenças das aves 2ª ed. Campinas: FACTA, seção. 4, p. 435-454, 2009.

Berchieri Júnior, A. Work of the OIE ad hoc Group on Salmo-nella in poultry. In: Seminário internacional sobre Salmonellosis aviárias. Rio de janeiro, 2013. Anais, p.1-5.

Gama, N. M. S. Q.; Berchieri Junior, A.; Fernandes, A. S. Occurrence of Salmonella sp in laying hens. Brazilian Journal of Poultry Science, v.5, p.15-21, 2003.

Gast, R. K. Salmonella Infections. In: Calnek, B. W.; Barnes, H. J.; Beard, C. W.; Mcdougald, L. R.; Saif, Y. M. Diseases of poultry. 10. ed. Ames: Iowa State University Press 1997, pp. 81-129.

Reis, J; Nobrega, P. Tratado de Doença das Aves, 1ª ed., Insti-tuto Biológico, 1936, 468 p.

Van Immerseel et al.The importance of digestive health and nutritional strategies to control Salmonella.In: Seminario Internacio-nal sobre Salmoneloses Aviárias. Rio de janeiro, 2013. Proceedings.

Artigo

Tifo Aviário é uma doença de grande importância para a avicultura de postura por causar perda no desempenho produtivo das galinhas

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9Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

Autor: Professor Dr. Oliveiro Caetano de Freitas Neto

PatogeniaMecanismos de invasão e evasão

de Salmonella spp. durante a infecção de aves

Artigo

As infecções por Salmonella spp. geralmente se iniciam por via oral. O organismo da ave possui barreiras químicas e físicas que, juntamente com

o sistema imune, atuam na prevenção das infecções por Salmonella spp. O ácido clorídrico presente no pró-ven-trículo e moela reduz o pH nesta porção do trato diges-tório, inviabilizando a sobrevivência de Salmonella spp.

No entanto, logo após a ingestão do alimento, ocorre elevação do pH e essa barreira química deixa de existir. A maioria dos sorovares invade o organismo na região entérica. A Salmonella spp. é capaz de sintetizar estruturas que auxiliam na quebra da barreira física composta pelo epitélio intestinal. Ao penetrar no intes-tino, a Salmonella spp. é englobada por células de defesa com função de destruir o micro-organismo. Entretanto, essas bactérias também possuem mecanis-mos para impedir a ação das células de defesa.

A capacidade dos sorovares de Salmonella spp. de invadir o organismo da ave e resistir à ação do sistema imune é conferida por informações genéticas contidas no genoma desses micro-organismos. Variações de conteúdo e funcionamento dos genes, presentes nos sorovares, têm consequências diretas no tipo de enfer-midade provocada.

Em Salmonella spp. as trocas de material genético com outras bactérias, as infecções por vírus bacteriófa-gos e a incorporação de material genético disperso no ambiente têm sido associadas à emergência de estirpes mais patogênicas. Como consequência dos processos de transferência gênica acima citados, ocorrem aquisi-ção de genes de virulência contidos, principalmente, nas “ilhas de patogenicidade”, em plasmídios e profagos, conferindo assim mecanismos de invasão e evasão aos sorovares.

As “ilhas de patogenicidade” em Salmonella spp. (SPIs - “Salmonella Pathogenicity Islands”) têm sido descritas e estudadas em vários sorovares. SPIs são regiões do cromossomo caracterizadas por não apre-sentarem homologia no genoma de E. coli e por possuí-

rem genes distintos com funções comprovadas na pato-genicidade de Salmonella spp. De modo geral, as SPIs permitem o estabelecimento de relações específicas entre o micro-organismo e o hospedeiro. Até o momen-to foram identificadas 22 SPIs, sendo que as mais estu-dadas e caracterizadas são as SPI-1 e SPI-2.

Exemplificando, durante a invasão do epitélio intes-tinal, Salmonella spp. secreta proteínas, denominadas efetoras (Ex: SipA, SopA, SopB, SopD e SopE), que auxiliam no processo de invasão celular. Tais proteínas são secretadas por meio de um poro conhecido como sistema de secreção do tipo três (SSTT), o qual é codifi-

Ausência de flagelos em S. Gallinarum e S. Pullorum ajudaria a

explicar a pouca habilidade desses

micro-organismos em colonizar o trato entérico da ave

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Encarte Especial Tifo Aviário10

cado por genes da SPI-1. As proteínas efetoras provo-cam um desarranjo no citoesqueleto da célula do hos-pedeiro, facilitando a penetração da bactéria.

Após transpor o epitélio intestinal, Salmonella spp. é fagocitada por macrófagos ou por células dendrídicas e transportada para o fígado e baço. A fagocitose de Salmonella spp. por macrófagos é crucial para o desen-volvimento da infecção sistêmica em aves e mamíferos.

Neste contexto, a existência de outro SSTT, codifica-do por genes presentes na SPI-2, auxilia a sobrevivência bacteriana no interior de fagócitos. O SSTT da SPI-2 funciona como um poro utilizado pelo micro-organismo para injetar proteínas efetoras dentro dos vacúolos de fagocitose (fagossomos), interferindo com o transporte intracelular e prevenindo a fusão entre os fagossomos e os lisossomos.

O SSTT da SPI-2 também pode alterar a secreção de citocinas, quimiocinas e a expressão do complexo de histocompatibilidade maior (MHC). A perda de função do SSTT da SPI-2 impossibilita a sobrevivência de Sal-monella spp. dentro de macrófagos e leva a completa atenuação de S. Gallinarum e S. Pullorum durante a infecção de aves.

Plasmídios são fragmentos relativamente curtos de DNA circular dispersos no citoplasma bacteriano, não integrados ao cromossomo, facilmente transferidos entre bactérias. A presença de plasmídios nos sorovares de Salmonella spp. tem sido relatada há anos. A maioria dos plamídios possuem genes de virulência, podendo também carrear genes que conferem resistência a várias classes de antimicrobianos utilizados em avicultura.

Alguns isolados de S. Gallinarum e S. Pullorum perdem a capacidade de provocar o tifo aviário e a pulorose após a perda de seus plamídios de virulência. No entanto, somente a sua presença não seria suficien-te para tornar uma estirpe virulenta, sendo necessário que ocorra interações entre os genes de virulência do plasmídio com aqueles situados no cromossomo bacte-riano.

Outro elemento associado ao surgimento de estir-pes de Salmonella spp. patogênica é o profago. Quan-do a bactéria é infectada por um bacteriófago de ciclo lisogênico (não leva a célula bacteriana ao rompimento), o DNA do vírus se incorpora ao cromossomo do micro--organismo e passa a ser chamado de profago. Alguns desses profagos podem conter genes de virulência. Em S. Typhimurium genes de profagos também estariam relacionados à habilidade de causar a fase sistêmica da salmonelose.

As fimbrias são estruturas filamentosas curtas que envolvem a superfície bacteriana. Elas auxiliam Salmo-nella spp. no processo de adesão celular, processo anterior à invasão. De maneira geral os sorovares de Salmonella possuem um vasto repertório de genes responsáveis por síntese fimbrial. Acredita-se que isso seria devido ao fato de que para cada linhagem de célula dos hospedeiros existiria um tipo de fimbria espe-cífico a ser utilizado na adesão. Observou-se que soro-vares adaptados ao hospedeiro, como, por exemplo S. Gallinarum em aves, perderam muitos dos genes fim-briais. Provavelmente por realizar adesão a um número restrito de tipos celulares.

Outra estrutura importante para a patogenicidade de Salmonella spp. é o flagelo. Os flagelos são organe-las complexas de formato filamentoso e bem mais lon-gos que as fimbrias. São sintetizados graças ao funcio-namento conjunto de mais de 50 genes. Conferem mobilidade à célula bacteriana em meios fluídos como os encontrados no trato digestório. Essas organelas são importantes no processo de colonização do intestino e do trato reprodutivo da ave. O fato da maioria dos sorovares paratíficos (S. Enteritidis, S. Typhimurium, S. Hadar, S. Heidelberg, S. Infantis, S. Senftenberg, etc.) serem bons colonizadores intestinais se deve, em parte, a sua capacidade de sintetizar flagelos. Por outro lado, a ausência de flagelos em S. Gallinarum e S. Pullorum ajudaria a explicar a pouca habilidade desses micro-or-ganismos em colonizar o trato entérico da ave.

A proteína do filamento flagelar atua como impor-tante ativador do sistema imune do hospedeiro. Ao invadir o epitélio intestinal, a proteína dos flagelos de Salmonella spp. é reconhecida por receptores trans-membrânicos do tipo toll de número cinco (TLR-5), contribuindo para o recrutamento de células de defesa e desencadeamento de inflamação intestinal.

Esse processo inflamatório ajuda a evitar a dissemi-nação sistêmica de Salmonella spp. Tem sido sugerido

Artigo

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11Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

que a ausência de flagelos em S. Pullorum e S. Gallina-rum resultaria na não ativação de TLR-5 e consequente indução de uma resposta imune pró-inflamatória de menor intensidade na mucosa intestinal, favorecendo a infecção sistêmica observada no tifo aviário e na puluro-se.

Os lipopolissacarídeos (LPS) da parede celular são também considerados cruciais para a patogenicidade dos sorovares de Salmonella spp. Os antígenos do LPS são reconhecidos por receptores TLR-4 de diversas linhagens de células das aves, auxiliando no desenvolvi-mento de resposta imune contra Salmonella. Em algu-mas ocasiões, como observadas em quadros agudos de tifo aviário, as respostas imunes desencadeadas por quantidades elevadas de LPS (reação anafilática de hipersensibilidade) levariam aos sinais clínicos e à morte da ave. Infecções de aves por estirpes de S. Gallinarum com incapacidade de sintetizar todos os antígenos do LPS, denominadas de rugosas, dificilmente levam a ave ao óbito.

A maioria dos sinais clínicos e lesões anatomopato-lógicas observados nas salmoneloses aviárias são decor-rentes de falhas na modulação da resposta imune dire-cionada no controle da invasão e multiplicação do mi-

cro-organismo. Portanto, não seriam resultantes da ação direta dos mecanismos de invasão e evasão de Salmonella spp.

As salmoneloses aviárias são enfermidades comple-xas. Muitos estudos sobre a patogenia dessas enfermi-dades foram realizados nos últimos anos. Não obstante, ainda existe muito a ser descoberto e compreendido.

Acredita-se que com o constante aumento dos dados gerados por comparação entre genomas de Salmonella spp. e disponibilidade de novas ferramentas (por exemplo o RNA-seq e o Dual RNA-seq) para com-preensão dos mecanismos de invasão e evasão haverá, nos próximos anos, significativa atualização do conheci-mento a respeito da patogenia das salmoneloses aviá-rias.

Atualmente, a um custo acessível, é possível analisar e compreender o funcionamento de todos os genes do micro-organismo bem como as respostas celulares do hospedeiro durante todas as fases da infecção.

Literatura consultada Allen-Vercoe, E.; Sayers, A. R.; Woodward, M. J. Virulence of

Salmonella enterica serotype Enteritidis aflagellate and afimbriate mutants in a day-old chick model. Epidemiology and infection, v. 122, n.3, p.395-402, 1999.

Barrow, P. A.; Freitas Neto, O. C. Pullorum disease and fowl typhoid – new thoughts on old diseases: a review. Avian patholo-gy, v.40, n.1, p.1-13, 2011.

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Aumento dos dados gerados por

comparação entre genomas de Salmonella spp. e disponibilidade de novas ferramentas

deve permitir uma atualização do

conhecimento a respeito da patogenia

das salmoneloses aviárias

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Abertura

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ANÚNCIO OUROFINO

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Artigo

Autores: Dr. Rafael Casarin Penha Filho e Prof. Dr. Angelo Berchieri Junior

Mecanismos imunes na resposta da ave

contra SG

Sempre que pensamos no desenvolvimento do tifo aviário, temos que levar em consideração que a infecção inicia-se pelo trato digestivo, quando as

aves ingerem a bactéria Salmonella Gallinarum (SG), em fômites contaminados no ambiente ou em carcaças de aves acometidas pelo tifo aviário. SG tem baixa capacidade de colonização e permanência no lúmen do trato digesti-vo, provavelmente, devido à falta de flagelo.

A incursão de SG que leva à infecção sistêmica ocorre devido à capacidade de penetrar pela mucosa intestinal ou pela captura por células fagocíticas do sistema imune do hospedeiro, em processos conhecidos como endocitose e fagocitose. Utilizando mecanismos de patogenicidade, a bactéria invade e sobrevive dentro de células do sistema imune do hospedeiro.

Os macrófagos são as principais células infectadas, dando início ao quadro de infecção sistêmica, devido ao transporte da bactéria para os órgãos internos, como fígado e baço.

A multiplicação bacteriana nos órgãos afetados pro-move o desenvolvimento da patologia, afetando a função

de órgãos vitais, levando ao quadro de infecção generali-zada, quando a bactéria pode ser encontrada em diversos órgãos e no sangue. Esses momentos da infecção prece-dem a morte aguda da ave.

Em situações experimentais onde a carga bacteriana de desafio é alta [108 unidades formadoras de colônia (UFC)/mL do inóculo], observa-se um quadro agudo de septicemia, com as aves sucumbindo ao choque séptico a partir de 4 dias após a infecção.

Nessas situações a resposta imune se limita a uma resposta do sistema imune inato,ou seja, de baixa especifi-cidade, culminando em grave inflamação e toxicidade bacteriana, acelerando a morte da ave.Esse quadro é mais comum em aves de linhagens pesadas ou semi-pesadas, como aves de corte e galinhas de postura vermelhas.

A infecção de aves brancas de linhagens leves de postura de ovos é mais branda, podendo ser inaparente. Poucas apresentam a enfermidade clínica e vão a óbito. Embora sabe-se que a maior resistência esteja associada às características genéticas da ave, ainda não foi esclarecido quais eventos imunobiológicos que fazem com que aves leves apresentem menor desenvolvimento de patologias e mortalidade, mesmo quando infectadas com altas cargas bacterianas.

Para tanto, a resposta imune contra o tifo aviário vem sendo estudadae caracterizada em diversos modelos experimentais. Entre estes, o estudo comparativo de infec-ções entre aves de linhagens brancas e vermelhas e a resposta imune vacinal utilizando cepas vivas atenuadas, tem permitido esclarecer o desenvolvimento da resposta imune contra esta bactéria.

Resposta imune inata contra SGA resposta imune inata ocorre logo após as infecções

primárias por SG, sendo os elementos inespecíficos e comuns ao estímulo por diversos patógenos. Entre esses elementos, encontram-se as barreiras químicas e físicas que, juntamente com o sistema imune, inibem e comba-tem as infecções por SG. As barreiras físicas (ex. muco, epitélio intestinal, peristaltismo, pH) são de grande impor-tância para evitar o estabelecimento de uma infecção.

Dr. Rafael Casarin Penha Filho: Melhor opção para a prevenção das salmoneloses aviárias em aves comerciais baseia-se na biosseguridade e na vacinação, tanto em aves suscetíveis quanto em aves de linhagens mais resistentes

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Resposta inata éineficaz para proteger

aves pesadas e semipesadas

A boa manutenção da homeostase intestinal e da inte-gridade do epitélio reforçam de forma significativa a capa-cidade de resistência às infecções que se iniciam por via oral como por SG. O ácido clorídrico, por exemplo, presen-te no pró-ventrículo e moela reduz o pH estomacal, o que pode inviabilizar a sobrevivência de diversos patógenos, ou diminuir a carga infectante de alguns patógenos.

SG possui mecanismos para se sobrepor diante destes mecanismos, sendo capaz de invadir o epitélio intestinal. Para romper barreiras, esta bactéria secreta proteínas efetoras pelo sistema de secreção do tipo três (SSTT) e são geneticamente codificadas pela “ilha de patogenicidade 1” (SPI-1).

A ausência de flagelo em SG resulta em uma menor ativação da resposta imune inata e inflamatória na mucosa intestinal, favorecendo a invasão do organismo e o desen-cadeamento da infecção sistêmica, característica da pulo-rose e do tifo aviário. O lipopolissacarídeo (LPS) da parede celular é detectado pelo receptor transmembrânico cha-mado TLR4; este fator é a principal causa para o desenca-deamento de inflamação e quando em grande quantida-de, agrava o quadro e leva ao choque séptico causado pela infecção aguda por SG.

A reação desencadeada pelo LPS bacteriano, na maio-ria dos casos,é caracterizada por uma inflamação aguda, mas este somente é detectado após a invasão e multiplica-ção bacteriana nos tecidos linfóides infectados. Uma vez ativados, esses receptores induzem a expressão de citoci-nas, interleucinas (ex. IL-1β, IL-6) e quimiocinas (ex. LITAF, CXCLi1 e CXCLi2) pró-inflamatórias, desencadeando o influxo de heterofilos, macrófagos e linfócitos para os locais infectados, principalmente o fígado e baço.

Ao penetrar ativamente no epitélio intestinal, SG é fagocitada por leucócitos, principalmente heterófilos e macrófagos residentes, células cuja principal função é ingerir e destruir os micro-organismos invasores. Outro mecanismo de invasão da barreira epitelial pode ocorrer pela captura passiva de SGno lúmen intestinal, por células M, responsáveis pela captura e transporte de patógenos para os tecidos linfóides.

Os fagócitos contendo a bactéria migram dos tecidos epiteliais para os órgãos linfóides secundários (Baço) e para os tecidos linfóides associados presentes principalmente no intestino (tonsilas cecais e placas de Peyer), no fígado, no ovário e pulmões das aves. Além disso, as células do epitélio intestinal também secretam citocinas e quimioci-nas que atraem mais fagócitos para o local da infecção, ativando as suas funções. Entre as citocinas mais importan-tes para ativação de macrófagos e fagocitose, estão o Interferon-gama (IFN-γ) e o Fator de Necrose Tumoral Alfa induzido por lipopolissacarídeos (LITAF).

Outros elementos da reposta imune inata estão envol-vidos em uma resposta primária contra SG, como a atra-ção de linfócitos T gama/delta (γ/δ), importantes para o combate de infecções intracelulares, principalmente na mucosa intestinal, devido às suas propriedades citotóxicas.

Dessa forma, a imunidade inata ajuda na prevenção da infecção sistêmica, sendo também responsável pelo início do desenvolvimento da resposta imune adquirida, dividida em resposta imune humoral (anticorpos) e reposta imune celular (linfócitos B e T).

Em experimentos laboratoriais realizados com aves de postura comerciais de variedades vermelhas e brancas, foi notado que a multiplicação de SG no fígado de aves ver-melhas ocorre continuamente, culminando na morte da ave, quando os números estão em aproximadamente 109 UFC/g. Em aves brancas esta proliferação ocorre também no fígado e na tonsila cecal, no entanto, a contagem não passa de 104 UFC/g e cai bruscamente em até 7 dias pós--infecção. Este quadro mostra nitidamente o período em que ocorre o controle da proliferação bacteriana em aves leves.

Durante este período, somente os elementos da res-posta imune inata estão atuando e são capazes de contro-lar a infecção. Além disso, as aves brancas têm reduzido o quadro inflamatório, febre e lesões hepáticas em compara-ção com as aves vermelhas. No entanto, mesmo atingindo níveis indetectáveis por métodos de cultivo tradicionais, ainda não se sabe se as aves leves (brancas) podem per-manecer infectadas por esta bactéria, portando baixas quantidades do patógeno nos tecidos linfóides associados.

Contudo, durante períodos de estresse fisiológico, como o processo de maturação sexual ou falhas de mane-jo, aves infectadas com baixa carga bacteriana, podem sofrer imunodepressão. Nessa condição, a multiplicação de SG alojadas dentro de macrófagos esplênicos pode voltar a ocorrer, levando à morte e à contaminação do ambiente. Isso significa um fator de alto risco, principal-mente em estabelecimentos que possuem aves de diferen-tes idades ou variedades.

Resposta imune adaptativa contra SGDurante a invasão do trato intestinal, células bacteria-

nas de SG são fagocitadas por células M e entregues às células dendríticas, que são responsáveis pelo processa-mento e apresentação dos antígenos aos linfócitos T e aos linfócitos B, iniciando a resposta. Durante a resposta imu-

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ne inata,a IL-1β ativa os macrófagos e os linfócitos T e a IL-6 ativa linfócitos B, conduzindo à formação de respostas celular e humoral altamente específicas (adaptativa), res-pectivamente.

Conforme descrito anteriormente, a resposta inata é ineficaz para proteger aves pesadas e semi-pesadas. Dessa forma, para que estas linhagens sejam protegidas, a repos-ta imune adquirida tem de ser estimulada com a vacina-ção, e assim consigam responder e controlar o desenvolvi-mento do tifo aviário.

A resposta imune humoral é um dos principais meca-nismos imunes no combate a infecções bacterianas extra-celulares. Entre outras funções, a IgA secretória é capaz de inibir a colonização e infecção, opsonizar e eliminar pató-genos e neutralizar suas toxinas. Os anticorpos são dirigi-dos principalmente contra epítopos da parede celular bacteriana e lipopolissacarídeos (LPS).

Durante a fase extracelular, o reconhecimento destas bactérias por receptores de células do sistema imune desencadeia mecanismos como a opsonização, a neutrali-zação, a fagocitose e a ativação do complemento pela via clássica. A neutralização e a opsonização são mediadas por imunoglobulinas de média e alta especificidade no soro, das classes IgM e IgG respectivamente, e no lúmen intestinal pelo isótipo da classe IgA.

A apresentação dos antígenos bacterianos aos linfóci-tos T CD4 auxiliares de classe 1 (Ta1), induz a produção de citocinas pró-inflamatórias e ao aumento da atividade fagocítica e microbicida dos macrófagos e heterófilos. A infecção experimental por SG induz a formação de respos-tas Ta1, caracterizada pela produção de IFN-γ e prolifera-ção celular. No entanto, esta bactéria também pode esti-mular a resposta imune humoral (Ta2) e consequentemen-te, a produção de anticorpos.

Contudo, em infecções por bactérias invasivas (ex. SG) as células bacterianas penetram facilmente nas células do hospedeiro, principalmente nos fagócitos e durante o parasitismo intracelular, estes patógenos ficam fora do alcance da ação de anticorpos circulantes. Para a elimina-ção da infecção intracelular, os mecanismos da imunidade

mediada por células são imprescindíveis, principalmente a imunidade mediada por linfócitos T CD4 e linfócitos T CD8.

A imunidade mediada por células é efetivada por dois tipos principais de células.Os linfócitos T CD4 recrutam e ativam fagócitos através do receptor CD40 e da produção de IFN-y, resultando na morte de microrganismos fagoci-tados. Os linfócitos T CD8 citotóxicos (CTLs) matam as células infectadas.

Estas células são chamadas de citotóxicas devido à produção de diversas substâncias, como as granzimas e lisozimas que são tóxicas às células do hospedeiro. CTLs são capazes de reconhecer as células infectadas (ex. ma-crófagos e células do tecido epitelial) e liberar as substân-cias inflamatórias e citotóxicas para a destruição das célu-las infectadas junto com a bactéria internalizada.

Ambos os linfócitos T CD4 e T CD8 respondem à antígenos de micro-organismos fagocitados, que são apresentados por moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade de classe II ou de classe I (MHC-II ou MHC-I), respectivamente. Os linfócitos T CD4 se diferen-ciam em Ta1 sobre influência de IL-12, produzida por macrófagos e células dendríticas. Consequentemente, os linfócitos Ta1 induzem os macrófagos à produção de substâncias microbicidas, incluindo oxigênio reativo, óxido nítrico e enzimas lisossomais, que matam a bactéria dentro dos fagolisossomos.

Os macrófagos e as células NK produzem INF-γ e consequentemente estimulam a ativação e multiplicação de linfócitos Ta1 CD4. O INF-γ e LITAF passam a ser produ-zidos por linfócitos Ta1 que por sua vez, atuam na ativação de macrófagos infectados e estes secretam os “intermedi-ários reativos de oxigênio”, potentes antimicrobianos capazes de destruir as bactérias presentes nos fagolisosso-mos, formando assim o ciclo de ativação da resposta imune celular.

As bactérias fagocitadas estimulam a resposta por linfócitos T CD8 quando os antígenos bacterianos são apresentados por moléculas MHC-I. Livres no citoplasma, as bactérias não são susceptíveis aos mecanismos microbi-cidas (fagolisossomos) dos fagócitos e para erradicar a infecção, as células infectadas são eliminadas por CTLs. Assim, as células efetoras da imunidade mediada por células, linfócitos T CD4 e CTLs CD8, agem em conjunto na defesa contra a infecção intracelular de SG.

A ação dos macrófagos e CTLs em tecidos infectados, junto com a resposta inflamatória, causa lesões que mui-tas vezes resultam em necroses focais nos órgãos infecta-dos por sorovares invasivos.

IFN-γ também possui a função de ativar as células e aumentar a expressão de moléculas apresentadoras de antígeno da classe MHC I, acarretando em maior destrui-ção de células infectadas e combate ao patógeno. A IL-2, outra interleucina produzida pelas células Ta1, possui a função de induzir a multiplicação de linfócitos T e B e de

Ácido clorídrico pode inviabilizar a

sobrevivência de diversos patógenos

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Artigo

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ativar macrófagos. Devido ao fato de SG se multiplicar no interior de

fagócitos, a resposta imune humoral, mesmo com elevada produção de anticorpos específicos (IgG), não é capaz eliminar a infecção sistêmica.

O processo de eliminação da bactéria do organismo infectado, realizado através de mecanismos dependentes de anticorpos como a opsonização seguida de fagocitose, ocorre apenas quando SG se encontra em espaços extra-celulares, principalmente no sangue (IgM e IgG) e lúmen intestinal (IgA secretória).Assim, a imunidade mediada por células, representada pelos linfócitos T e macrófagos, é considerada mais importante que a resposta humoral para o controle de SG presente dentro de células nos tecidos e órgãos internos.

Aves infectadas são capazes de produzir ambas as respostas imunes, humoral e celular. Contudo, no início do período de postura, a resposta por linfócitos T tem a ten-dência a diminuir drasticamente tanto em aves infectadas quanto não infectadas.

Algumas pesquisas demonstram que a queda na resposta por linfócitos T, favorece a multiplicação e a propagação de SG no organismo da ave, incluindo o trato reprodutivo, demonstrando a importância da resposta celular no controle desta doença. Estes resultados indicam que a imunossupressão, que pode ocorrer no início da postura, influencia na imunidade contra sorovares invasi-vos, como SG. Contudo, ainda não se sabe se SG presente em macrófagos no trato reprodutivo pode causar trans-missão vertical pelos ovos ou pintinhos.

Em experimentos laboratoriais, foi notada uma rápida proliferação de linfócitos T CD8 após o desafio por SG, em aves vermelhas vacinadas. Esta população de linfócitos foi associada com a redução da carga bacteriana após o desafio em aves previamente imunizadas. Em aves não vacinadas, além da proliferação de linfócitos CD4 e CD8 serem menor, as lesões nos órgãos internos, principalmen-te fígado e baço, destroem boa parte do tecido linfóide, incapacitando a formação de uma resposta celular a tem-po de controlar a infecção.

Além disso, a infecção por SG induz forte resposta por IgM e IgG, no entanto não se sabe se a duração dos títu-los de anticorpos é longa. Em vista disso, as vacinações com estirpes vivas atenuadas muitas vezes necessitam ser repetidas periodicamente.

ConclusõesAs salmoneloses aviárias são enfermidades complexas,

resultantes de interações entre mecanismos de invasão do patógeno e o sistema imune da ave. Muitos estudos envol-vendo imunidade e patogenias dessas enfermidades foram realizados nos últimos anos. No entanto, ainda existe muito a ser esclarecido.

A disponibilidade de novas ferramentas tecnológicas para o estudo das interações patógeno-hospedeiro em

aves deve contribuir para o conhecimento dos eventos imunobiológicos desencadeados durante o processo de infecção e de invasão de aves por SG.

Até o presente momento, o conhecimento da resposta imune contra o tifo aviário continua a se desenvolver. A resposta imune inata é responsável pela maior resistência ao tifo aviário em aves de linhagens leves de postura, algo que não ocorre nas linhagens susceptíveis.

Atualmente, a melhor opção para a prevenção dessa doença em aves comerciais baseia-se na biosseguridade e na vacinação, tanto em aves suscetíveis quanto em aves de linhagens mais resistentes, para reduzir as infecções e circulação da bactéria no campo. A memória imunológica de linfócitos T e anticorpos, estimulada pela resposta vacinal, auxilia na formação de uma resposta imune rápida a tempo de controlar a infecção sistêmica e mortalidade de lotes suscetíveis, em casos de desafio.

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19Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

Autores: Dra. Jacqueline Boldrin de Paiva e Prof. Dr. Ângelo Berchieri Junior

Sobrevivência bacteriana no hospedeiro: metabolismo

e respiração

O conhecimento da fisiologia e metabolismo microbiano é pré-requisito para o entendimento dos mecanismos de patogenicidade (COLE,

2012) e por, consequência, para o desenvolvimento de medidas efetivas de controle incluindo a obtenção de estirpes vacinais (PAIVA et al., 2009a; PENHA FILHO et al., 2010).

Para invadir, sobreviver, multiplicar e persistir no hospedeiro Salmonella Gallinarum (SG) deve coordenar a expressão de genes em resposta a condições variáveis durante o processo de infecção das aves. Por exemplo, baixa tensão de oxigênio e alta osmolaridade, são sinais conhecidos para ativação dos genes do Sistema de Secreção tipo 3-1 (T3SS-1), associados á invasão do

epitélio intestinal, os quais serão em sequencia substitu-ídos pela expressão dos genes do T3SS-2, responsáveis pela sobrevivência no interior dos macrófagos.

Tão importante quanto o repertório de genes de virulência que uma estirpe possui é sua capacidade de respirar, ou seja, de obter energia no complexo e escas-so em nutrientes, ambiente do hospedeiro. Do inicio ao final da cadeia respiratória bacteriana, prótons são transportados através de membranas, por enzimas, criando uma tensão eletroquímica, um gradiente de prótons, para que os elétrons se movam da substância doadora (fonte de energia) para a aceptora de elétrons liberando-a energia durante o processo de transporte.

Apesar do conhecimento extensivo do mecanismo de transporte de elétrons e de translocação de prótons, pouco é sabido sobre a relativa contribuição das enzi-mas responsáveis pelo processo e das substâncias dispo-níveis para doação e recepção de elétrons durante o crescimento e a sobrevivência de S. Gallinarum na ave, seja no curto tempo que permanece no trato intestinal, seja no ambiente intracelular, causando infecção sistê-mica, típica do tifo aviário.

Mutações em ATPsintases atenuaram a virulência de S. Typhimurium (STM) (considerada ubíqua por infectar diferentes espécies de mamíferos, aves e repteis) e S. Dublin (considerada especifica de mamíferos) em ca-mundongos e de S. Gallinarum (considerada especifica de aves) em galinhas.No entanto, mutações em NADH oxidorredutases ou citocromo oxidases atenuaram apenas a virulência de S. Gallinarum em galinhas, com pouco efeito nos outros sorotipos avaliados (TURNER et al., 2003).

Esses resultados deram os primeiros indícios de que as enzimas que atuam na respiração utilizando o oxigê-nio como aceptor final de elétrons (respiração aeróbia) são importantes em Salmonella enterica, sendo algumas superiores às outras. Mas, principalmente, mostraram que a necessidade por elas difere entre os sorotipos e esta diferença estaria associada à especialização de cada sorotipo ao seu (s) hospedeiro (s) e ao tipo de doença desencadeada (tifoidal x não-tifoidal).

Dra. Jacqueline Boldrin de Paiva:

Enzimas que atuam na respiração utilizando o oxigênio como aceptor

final de elétrons (respiração aeróbia) são

importantes em Salmonella enterica,

sendo algumassuperiores às outras

Artigo

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Artigo

Encarte Especial Tifo Aviário

O modelo de doença provocado por S. Gallinarum, não envolve extensa

colonização intestinal, de forma que não há

necessidade de competição com a

microbiota intestinal por sítios ou nutrientes

Encarte Especial Tifo Aviário20

A rota de infecção para S. enterica é sempre a via oral-fecal e a colonização intestinal é a fase inicial mais importante da infecção, mesmo para S. Gallinarum, a qual, não coloniza extensivamente o trato entérico. O trato entérico de mamíferos e aves, é um ambiente que varia de microaerófilo a anaeróbio completo e a micro-biota natural que o compõe, em sua maioria, é de anae-róbios estritos.

O interior celular, especialmente os vacúolos dos macrófagos os quais Salmonella enterica parasita, são também microaerófilos.

Componentes do sistema de respiração aeróbia são necessários para o crescimento bacteriano na fase esta-cionária (ZHANG-BARBER et al., 1997) e para patogeni-cidade (VAN IMMERSEEL et al, 2005). No entanto, mutantes de S. Typhimurium, com deleção nos genes que expressam componentes da cadeia aeróbia, coloni-zam o trato digestivo tão eficientemente quanto a estirpe original (TURNER et al., 2003), reforçando a ideia de que o metabolismo energético da Salmonella enteri-ca seja fermentativo, ou que a respiração utilize uma via alternativa de aceptores de elétrons (respiração anaeró-bia).

Podemos, dessa forma, assumir que a capacidade de S. Gallinarum invadir, sobreviver e se multiplicar, seja no trato entérico seja intracelularmente, está intima-mente relacionada à sua capacidade em produzir ener-gia em condições anaeróbias e que, além dos mecanis-mos de patogenicidade, a sobrevivência depende de sua capacidade de utilizar os substratos disponíveis para se manter viva.

Há uma relação direta entre a expressão de genes relacionados à respiração anaeróbia e o processo de invasão. Enzimas responsáveis pela respiração são regu-ladas no mesmo processo dos genes que codificam o sistema de invasão (MAHAN et al. 1993).

O sistema respiratório bacteriano é modulado para alterar rapidamente o seu funcionamento, produzindo complexos enzimáticos de acordo com a disponibilidade de substratos encontrados no hospedeiro. S. enterica utiliza substratos como NADH, glicerol-3-fosfato, forma-to, succinato, piruvato ou lactato, e mais recentemente, demostrou-se que utiliza etanolamina e propanediol, como doadores primários de elétrons.

Um número variado de aceptores alternativos de elétrons tais como dimetilsulfoxido (DMSO), N-oxido de trimetilamina (TMAO), fumarato, nitrato, nitrito, tetra-tionato e tiossulfatos atuam em substituição ao oxigê-nio. Na ausência de um aceptor de elétrons externo, a energia pode ainda, ser gerada por fosforilação ao nível do substrato (fermentação), o que energeticamente é menos rentável.

Há uma forte hierarquia na escolha dos aceptores por parte do microrganismo, que leva em consideração a disponibilidade, compatibilidade doador/aceptor dis-ponível e o valor energético gerado. Dessa forma um complexo enzimático pode inibir a ação de outros e, diferentes componentes podem ser substituídos ou adicionados na membrana celular, de acordo com a necessidade, se tornando partes funcionais de um siste-ma complexo.

Estudos a respeito da fisiologia, em especial meta-bolismo respiratório, são realizados pela comunidade cientifica quase que exclusivamente com S. Typhimu-rium no modelo murino de infecção (tifoidal) e extrapo-lados para outros sorovares. Os trabalhos contemplados pela literatura a respeito do metabolismo e respiração de S. Gallinarum, quase que exclusivamente, foram realizados pela equipe do Prof. Dr. Berchieri Junior ou em colaboração com esta. Em um destes estudos, mu-tantes de S. Gallinarum defectivos na utilização de diferentes aceptores de elétrons foram construídos e avaliados quanto à capacidade de causar mortalidade em aves susceptíveis ao tifo aviário.

O maior grau de atenuação foi observado em mu-tantes deficientes na utilização de nitrato como aceptor final de elétrons; atenuação menor foi verificada nos mutantes deficientes quanto à utilização de fumarato ou duplamente danificados quanto à utilização de di-

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Encarte Especial Tifo Aviário

metilsulfoxido e N-oxido de trimetilamina, como acep-tores de elétrons (PAIVA, et al., 2009a). Resultados similares quanto à preferência por nitrato e fumarato foram obtidos pelo mesmo grupo avaliando a relação destes mesmos aceptores de elétrons e a patogenicida-de de S. Typhimuriumem aves de corte (ARGUELLO, et al., 2010).

Nitrato é sabidamente o aceptor de elétrons energe-ticamente mais favorável em anaerobiose, sua presença no ambiente inibe a via biossintética de outros acepto-res e a energia gerada por sua utilização só é menor que a gerada em aerobiose. Macrófagos do baço de aves bem como as células de Kupffer (hepáticas), apre-sentam condição “redox” alta, as quais são excelentes para geração e respiração de nitrato. No entanto, isto não é verdadeiro quando se trata das mesmas células de mamíferos, demonstrando que patógenos hospe-deiro-específicos necessitam de determinantes de especificidade os quais estão presentes em S. Gallina-rum, propiciando-lhe o potencial de infecção sistêmica em aves.

Nenhuma das deleções geradas nos genes que codificam enzimas que atuam na respiração anaeróbia tornou S. Gallinarum totalmente avirulenta, embora redução de mortalidade maior que 50% tenha sido observada quando se deletou enzimas necessárias para respiração de nitrato (PAIVA et al, 2009b), sugerindo que a função da enzima não foi perdida por completo, havendo apenas uma diminuição na eficiência do pro-cesso. Ou a necessidade pela enzima deletada ocorreu durante uma determinada fase do processo de infecção sendo, posteriormente contornada, ou ainda e mais provavelmente, outros substratos, mesmo que desco-nhecidos, estariam disponíveis, suportando o cresci-mento e a sobrevivência de S. Gallinarum nas aves menos menos eficientemente. Mutantes inábeis a respi-rar nitrato podem ter usado o fumarato e vice-versa.

Recentemente descobriu-se que S. Typhimurium utiliza-se de fatores de virulência para induzir inflama-ção intestinal em camundongos. A inflamação libera nutrientes que lhe permite crescer seletivamente sobre outras bactérias da microbiota intestinal. Espécies reati-vas de oxigênio geradas pelas células intestinais durante a inflamação reagem com compostos sulfurosos natu-ralmente presentes no lúmen intestinal formando um novo aceptor final de elétrons, o tetrationato.

Neutrófilos, por sua vez, adentram o intestino e produzem superóxido, resultando na produção de mais tetrationato, o qual apenas S. Typhimurium é capaz de utilizar como aceptor de elétrons para respiração anae-róbia.

Além disso, o oxido nítrico (NO) produzido como substância antimicrobiana pelas células de defesa do hospedeiro é convertido por S. Typhimurium ao alta-mente favorável nitrato, impulsionando ainda mais o crescimento da bactéria (WINTER et al., 2010).

S. Typhimurium também possui habilidade de utili-zar como doador de elétrons para o tetrationato, um nutriente especifico, o qual outras bactérias são incapa-zes de utilizar, que é pobremente fermentável, a etano-lamina. No intestino inflamado a etanolamina é encon-trada naturalmente, por ser produto da membrana dos enterócitos descamados durante o processo diarreico (THIENNIMITR et al., 2011).

Literatura consultadaArguello, Y. M. S.; Paiva, J. B.; Penha Filho, R. A. C.; Berchieri

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22 Encarte Especial Tifo Aviário

Autores: Diego Felipe Alves Batista, Professor Dr. Oliveiro Caetano de Freitas Neto e Prof. Dr. Angelo Berchieri Junior

Características genéticas de SG:

Evolução

Temas concernentes à origem evolutiva de SG, bem como aos aspectos epidemiológi-

cos moleculares, inerentes a essa bactéria, são frequentemente discutidos em pesquisas científi-cas. Apesar disso, entender os mecanismos genéticos e evoluti-vos, que culminaram com o surgi-mento de SG como patógeno adaptado às aves, ainda é um desafio.

A hipótese mais aceita sugere que esta bactéria teria divergido de uma linhagem de S. Enteritidis (SE) há aproximadamente 50.000 anos, época em que o ser huma-no teria iniciado a domesticação dos animais. Mais tarde na escala evolutiva, um segundo processo de divergência teria originando o agente etiológico da pulorose, S. Pullorum (SP).

Acredita-se que o ancestral de SP já seria mais bem adaptado às aves, característica esta herdada pelo seu descendente. Talvez por essa razão, embora SG e SP possuam alta similaridade genômica – devido à relação de ancestralidade – esta última desenvolve uma relação com o hospedeiro mais eficiente, ou menos agressiva, do que àquela desencadeada por SG.

Então, por que SE – a linhagem ancestral – é capaz de infectar aves e mamíferos, enquanto SG e SP infec-tam somente às aves? Por que SE, ao contrário de SG e SP, é capaz de colonizar eficientemente o intestino, especialmente o ceco, das aves? Essas e outras questões começaram a ser elucidadas por estudos moleculares.

Dados de genômica comparativa demonstraram que o processo evolutivo elegido por SG e SP ocorre por perda de função gênica, com elevada formação de pseudogenes (ou falsos genes). Em outras palavras, as bactérias teriam acumulado mutações deletérias em

alguns dos seus genes ao longo da evolução. Essa for-mação de pseudogenes poderia estar intimamente relacionada, por exemplo, a restrição bacteriana às aves e a alteração do nicho ocupado por elas, no intestino para o sistema do animal.

Apesar dessa especulação, ainda não está claro para a ciência a relação de causa e consequência da perda na capacidade de codificação de alguns genes; isto é, se a perda de função teria, por exemplo, restringido ambas as bactérias ao hospedeiro ou se a especialização des-sas, às aves, é o que teria levado à inativação de genes desnecessários à sobrevivência no novo nicho ocupado.

A formação de pseudogenes teria reduzido a faixa de substratos que poderiam ser utilizadas por SG e SP como fontes de carbono e energia. Portanto, essas são bactérias especializadas em retirar substratos do hospe-deiro para a sua subsistência, possuindo reduzida capa-cidade de sobrevivência fora do organismo da ave. Genes tradicionalmente relacionados à virulência bacte-riana, como aqueles agrupados em ilhas de patogenici-dade (SPIs) – essenciais para o desenvolvimento da doença – ou que codificam fímbrias, também foram alvos dessas mutações.

A ausência do produto desses genes pode ter sido uma forma de adaptação das bactérias, no interior do hospedeiro, de forma sistêmica, no sentido de evitar reconhecimento pelo sistema imunológico. Além disso, foi sugerido que a inativação de genes nas SPIs de SG e SP não diminuiria o potencial patogênico das bactérias, mas seria a maneira dessas interagirem de forma parti-cular com o hospedeiro.

Em outras palavras, a formação de pseudogenes nas SPIs poderia estar relacionada com o fato de SE, SG e SP desencadearem enfermidades distintas nas aves, embo-ra sejam geneticamente semelhantes.

O estudo comparativo entre os genomas de SG e SP só foi possível recentemente, a partir da publicação do primeiro genoma completo de SP, em 2012. A grande semelhança do conteúdo genético dessas bactérias reforçou a hipótese da estreita relação filogenética entre elas, de modo que, só foram descritos em torno

Prof. Dr. Angelo Berchieri: No Brasil, existe a predominância de linhagem clonal endêmica circulante nas regiões sudeste e sul

Artigo

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23Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

Recentemente, genotipamos um maior número de estirpes de

SG. Os resultados demonstraram a existência de três

genótipos principais no país. Um desses contém uma mistura de estirpes

isoladas nos últimos quatro anos com outras

isoladas há 15 anos.

de 20 genes únicos a um ou outro biovar e, em sua maioria, sem função descrita.

Assim, esse pequeno conjunto de genes não seria suficiente para justificar as diferenças efetivas e epide-miológicas entre o tifo aviário e a pulorose. Outro fato importante foi o acúmulo de mutações em genes rela-cionados à respiração anaeróbica em SP. Essa limitação metabólica poderia estar relacionada com o porquê de essa bactéria desenvolver relação parasítica mais branda com o hospedeiro, uma vez que essa dependeria mais da ave para a sua subsistência.

Também não foram encontradas alterações substan-ciais nos genes das SPIs de ambos os biovares. Portanto, é possível que a diferença nas enfermidades que desen-cadeiam esteja ligada a expressão diferencial do mesmo conjunto de genes de virulência. Os supostos fatores envolvidos na regulação diferencial desses genes ainda permanecem sem elucidação.

Ao contrário do que parece, clones de um biovar – seja SG ou SP – não são idênticos; embora as diferenças existentes intrabiovar não pareçam interferir no poten-cial patogênico das bactérias, que se mantém intacto.

Essas pequenas diferenças genéticas são alvos de

estudos de filogenia e epidemiologia molecular, por meio de técnicas de genotipagem ou DNA fingerprin-ting (impressão digital do DNA), e têm se mostrado úteis ao permitir o estudo epidemiológico de surtos de tifo aviário ou pulorose nos países onde as doenças são endêmicas. Nosso grupo tem estudado a variabilidade genética abrangida pelas estirpes de SG e SP isoladas no Brasil. Dados de genotipagem, gerados pela técnica de ERIC-PCR (Enterobacterial Repetitive Intergenic Con-sensus), sugerem que existam seis genótipos de SG e dez de SP (80% de similaridade) circulantes nas regiões sudeste e sul.

Recentemente, genotipamos um maior número de estirpes de SG, pela técnica de PFGE (Pulsed Field Gel Electrophoresis), isoladas no sudeste e sul do país, entre 1987 e 2014. Os resultados demonstraram a existência de três genótipos principais no país, compostos por 27 perfis de PFGE (70% de similaridade). Um desses genó-tipos, o qual é constituído pelo maior número de perfis, contém uma mistura de estirpes isoladas nos últimos quatro anos com outras isoladas há 15 anos. Essa ob-servação sugere a predominância de linhagem clonal endêmica circulante no sudeste e sul do Brasil.

Literatura consultadaBatista, D. F. A; Freitas Neto, O. C.; Barrow, P. A.; De Oliveira,

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Thomson, R.; Clayton, D. J.; Windhorst, D.; Vernikos, G.; Davidson, S.; Churcher, C.; Quail, M. A.; Stevens, M.; Jones, M. A.; Watson, M.; Barron, A.; Layton, A.; Pickard, D.; Kingsley, R. A.; Bignell, A.; Clark, L.; Harris, B.; Ormond, D.; Abdellah, Z.; Brooks, K.; Cherevach, I.; Chillingworth, T.; Woodward, J.; Norberczak, H.; Lord, A.; Arrowsmith, C.; Jagels, K.; Moule, S.; Mungall, K.; San-ders, M.; Whitehead, S.; Chabalgoity, J. A.; Maskell, D.; Humphrey, T.; Roberts, M.; Barrow, P. A.; Dougan, G.; Parkhill, J. Comparative genome analysis of Salmonella Enteritidis PT4 and Salmonella Gallinarum 287/91 provides insights into evolutionary and host adaptation pathways. Genome Research, New York, v. 18, n. 10, p. 1624-1637, 2008.

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24 Encarte Especial Tifo Aviário

Autores: Diego Felipe Alves Batista, Dra Ana Maria Iba Kanashiro e Prof. Dr. Angelo Berchieri Junior

Identificação de SG

Para diagnosticar o Tifo Aviário (TA) é preciso conhecer a enfermidade, as características do agente etiológico e a relação hospedeiro-parasi-

ta. A infecção da ave por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (SG) ocorre pela via oral. A seguir, a bactéria passa para a via sistêmica onde se aloja em células de defesa do sistema imune como os macrófagos.

Nas linhagens pesadas e semi-pesadas, nas quais a doença se desenvolve, SG se multiplica dentro dessas células e se dissemina pela economia animal, sendo encontrada na corrente circulatória e órgãos como baço, fígado, ovário e coração, além de outros. Nos momentos que antecedem a morte, a bactéria se espalha amplamente, podendo ser encontrada tam-bém no trato digestivo e fezes. Em aves leves, o desen-volvimento da enfermidade acomete número muito menor de aves, podendo até passar despercebido.

Em animais infectados que não desenvolvem a enfermidade clínica, a bactéria pode ser encontrada durante algum tempo em órgãos como fígado, baço, coração e ovário.

O primeiro aspecto a considerar é o método de identificação de SG. A seguir, saber qual amostra a examinar. Por se tratar de enfermidade que se propaga pela via oral, de forma lenta, seria equivocado estabe-lecer regras de amostragem ao acaso. O correto seria examinar animais com indícios de enfermidade, em estado terminal ou mortos. No caso de aves que não apresentam a doença com facilidade, como as aves leves, fica mais difícil selecioná-las para exame. Contu-do, o exame daquelas que morrem pode ser de grande valia.

As amostras a serem colhidas devem ser de fígado e baço rotineiramente. Amostras de coração, ovário, pulmão, sangue, podem ser acrescentadas. Pode-se colher fragmentos ou suabes, colocados em caldos seletivos ou de enriquecimento como caldo selenito--novobiocina (SN) ou caldo tetrationato-novobiocina.

A literatura descreve melhor desempenho de um em relação ao outro em algum momento. Contudo, em nossa experiência nunca tivemos problemas e optamos pelo uso do caldo SN. Além da incubação do caldo, o suabe também pode ser semeado diretamen-te em ágar verde-brilhante e/ou ágar de MacConkey.

Incuba-se o caldo e o ágar a 37ºC por 16 a 18hs (over-night).

Observando-se colônias compatíveis com as do gênero Salmonella, não seria necessário cultivar no-vamente os caldos nos meios em ágar. Mas se não houver multiplicação bacteriana sobre a superfície

Artigo

Nosso grupo desenvolveu uma

duplex-PCR que, em única reação, é capaz de identificar estirpes

de SG e SP com precisão. Esse teste se baseia em uma região

genômica identificadora do sorotipo, encontrada somente em SG e SP, e um gene diferenciador

polimórfico

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25Encarte Especial Tifo Aviário

Encarte Especial Tifo Aviário

do ágar, nova semeadura deve ser feita a partir do caldo seletivo.

Embora o crescimento esperado seja o do gênero, SG e Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Galli-narum biovar Pullorum (SP, agente da pulorose) produ-zem colônias de formação lenta e pequenas que, em 24hs, nem sempre são de fácil visualização, prejudi-cando a seleção dos clones sugestivos. Portanto, a incubação deve prosseguir por mais 24hs.

Outro aspecto a ser realçado é a pouca ou ausente produção de gás sulfídrico (H2S), o que inviabiliza alguns meios como o ágar XLT-4, o qual diferencia micro-organismos produtores de H2S em abundância dos demais.

Nas etapas seguintes, constituídas pelo estudo bioquímico da bactéria, nos meios presuntivos ágar TSI inclinado e ágar LIA, enquanto os sorovares paratíficos produzem grande quantidade de H2S, SG e SP produ-zem muito pouco ou quase nada. A seguir, no exame sorológico, a reação é positiva com antígeno somático específico (O-9) e negativa com antígenos flagelares (H). Deve-se estar atento, pois sorologicamente não é possível discriminar antigenicamente isolados de SG dos de SP.

A identificação da bactéria é concluída após o resultado das provas bioquímicas, que se baseiam na habilidade de fermentar diferentes carboidratos, assi-milar aminoácidos, produzir gás em meios específicos, entre outras.

Devido à profunda semelhança entre SG e SP, a diferenciação é feita com base na capacidade de fer-mentar dulcitol e de utilizar ornitina; visto que ambas se comportam semelhantes nas outras provas. SG fermenta o dulcitol, porém é incapaz de utilizar a ornitina. Já SP apresenta comportamento inverso.

Em decorrência da existência de estirpes que apre-sentam comportamento bioquímico atípico, no que concerne à assimilação de ornitina e fermentação de dulcitol, provas moleculares têm sido propostas, base-ando-se no estudo desses biovares. Tais testes trazem como vantagem a identificação precisa da bactéria, mesmo quando aplicados em estirpes bioquimicamente atípicas, visto que esta ocorre no DNA cromossômico.

Com o advento do sequenciamento pelo método de Sanger, sequências curtas de nucleotídeos começa-ram a ser decifradas, tornando possível a construção de testes moleculares baseados nas pequenas diferen-ças existentes entre genes de SG e SP, como os poli-morfismos de base única (SNPs).

Os testes moleculares baseados em alelos polimór-ficos, seguidos ou não de digestão enzimática, foram avanços importantes ao permitir à identificação precisa e diferenciação de SG e SP, quando ainda não se co-nhecia os genomas dessas bactérias.

Apesar das vantagens oferecidas, tais testes ti-nham algumas limitações, como a necessidade de duas

etapas para a obtenção do resultado final ou a obriga-toriedade de realizar duas reações com a mesma amostra usando um segundo par de iniciadores de PCR. Essas etapas adicionais consumiam tempo – em-bora o resultado ainda fosse alcançado mais rapida-mente que na série bioquímica – e, por vezes, exigiam mão de obra qualificada para a sua execução.

O advento dos sequenciadores de próxima geração ou nova geração (NSG) tornou possível o sequencia-mento genômico de muitos organismos, incluindo, em 2008 e em 2012, os primeiros genomas de SG e SP, respectivamente.

A disponibilidade dessas sequências abriu portas para abordagens moleculares de identificação diretas e menos trabalhosas. É possível encontrar na literatura científica alguns desses testes.

Recentemente, o nosso grupo desenvolveu uma duplex-PCR que, em única reação, é capaz de identifi-car estirpes de SG e SP com precisão. Esse teste se baseia em uma região genômica identificadora do sorotipo, encontrada somente em SG e SP, e um gene diferenciador polimórfico.

Vale lembrar que, embora os testes moleculares possam ser empregados auxiliarmente na rotina de laboratório de diagnóstico veterinário, ainda não fo-ram reconhecidos oficialmente, uma vez que sua efici-ência só foi comprovada em número reduzido de clo-nes, em sua maioria, isolados em regiões geográficas específicas. Contudo, sua eficiência tem sido compro-vada dia a dia, principalmente quando feito a partir de colônias bacterianas.

Literatura consultadaBatista, D. F. A.; De Freitas Neto, O. C.; Lopes, P. D.; De

Almeida, A. M.; Barrow, P. A.; Berchieri Junior, A. Polymerase chain reaction assay based on ratA gene allows differentiation between Salmonella enterica subsp. enterica serovar Gallinarum biovars Gallinarum and Pullorum. Journal of Veterinary Diag-nostic Investigation, Thousand Oaks, v. 25, n. 2, p. 259-262, 2013.

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26 Encarte Especial Tifo Aviário

Autores: Ângelo Berchieri Junior e Paulo Lourenço da Silva

Comentários finais

Os textos presentes neste encarte especial fo-ram redigidos para trazerem informações so-bre o tifo aviário.

Há várias abordagens, de cunho científico e expe-rimental, que discorrem sobre os conhecimentos atu-ais do agente etiológico, da epidemiologia, bem como retratam a situação da avicultura brasileira.

Não é possível identificar o fator ou fatores que culminaram com o desencadeamento dos surtos em aves comerciais em todas as regiões do País onde ha-via avicultura industrial.

Contudo, à luz dos conhecimentos atuais, é possível adotar medidas que dificultem a progressão da bactéria e sua sobrevivência em ambientes avícolas, como: Evitar o transporte de aves infectadas (provenientes de lotes de aves com histórico de tifo aviário); tratamento de dejetos e carcaças antes de deixarem a granja; acondicionamen-to correto e destino rápido de aves mortas; evitar que pessoas que tiveram contato com aves doentes entrem em contato com aves saudáveis; esclarecimento de técni-cos e funcionários de empresa avícola (tratadores, moto-ristas, pessoal de incubatório, etc.) e não utilizar antimi-crobianos quando se trata de S. Gallinarum, uma vez que o objetivo é a erradicação e não o controle.

Embora aves leves não apresentem a enfermidade com a mesma intensidade que aves vermelhas e as pe-sadas, deve-se considerá-las como possíveis portadores (caso estejam em granjas onde ocorreu o tifo aviário), assim como outras aves como codornas e galináceos sil-vestres, roedores, etc.

Finalizando, o manejo sanitário é fundamental para a prevenção do tifo aviário. Medidas complementares como o uso de produtos biológicos devem ser parte do programa preventivo e não ações isoladas.

Agradecimentos: FAPESP, CNPq e CAPES

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Conclusão

Manejo sanitário é fundamental

para a prevenção do Tifo Aviário

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