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Proc. nº. 625.082/10-3 SLPS (Estagiária Letícia Duarte Alfradique da Cunha) Página 1 de 12 Agência Nacional de Aviação Civil Brasil DECISÃO JR AI nº. 00482/2010 Data: 25/02/2010 Processo nº. 60800.003566/2010-80 Interessado: EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA- ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA INFRAERO Crédito de multa nº: 625.082/10-3 Aeroporto: Aeroporto Internacional do Galeão (SBGL) Infração: Não Solicitação de Emissão de NOTAM Enq.: artigos 289 da Lei 7565/86 do CBA c/c o inciso IV do caput do art. 3º da Res. 88/09. Relator: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos Especialista em Regulação Mat. SIAPE 2438309 RELATÓRIO NÃO SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE NOTAM QUANDO DA CONSTATAÇÃO DE QUE O COEFICIENTE DE ATRITO E/OU TEXTURA DO PAVIMENTO ENCONTRAVA- SE ABAIXO DOS MÍNIMOS ESTABELECIDOS. INCISO I ARTIGO 289 DA LEI 7565/86 DO CBA C/C INCISO IV DO ARTIGO 3º. DA RESOLUÇÃO Nº. 88/09. ITEM 10 DA TABELA II DO ANEXO II DA RESOLUÇÃO Nº. 58/08. DEFESA TEMPESTIVA. RECURSO TEMPESTIVO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. NECESSIDADE DE MAIORES ESCLARECIMENTOS DO SETOR TÉCNICO. CONVERSÃO EM DILIGÊNCIA. RETORNO DO PROCESSO À SUPERINTENDÊNCIA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA SIA. CONFIRMAÇÃO DO ATO INFRACIONAL PELO SETOR TÉCNICO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO AGRAVANTE QUANTO À REINCIDÊNCIA. CONDIÇÃO AGRAVANTE QUANTO AO RISCO. INCISO IV DO §2º DO ARTIGO 22 DA RESOLUÇÃO Nº. 25/08. MUDANÇA DA CONDIÇÃO AGRAVANTE. NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO DO INTERESSADO. PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 64 DA LEI Nº. 9.784/99. REMESSA À SECRETARIA DA JUNTA RECURSAL. INTERPOSIÇÃO DE COMPLEMENTO AO RECURSO. REITERAÇÃO DAS ALEGAÇÕES APRESENTADAS EM DEFESA E RECURSO. ALEGAÇAO DE NÃO INCIDÊNCIA DA CONDIÇÃO AGRAVANTE “EXPOSIÇÃO AO RISCO. RECURSO CONHECIDO E

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Proc. nº. 625.082/10-3 – SLPS (Estagiária Letícia Duarte Alfradique da Cunha) Página 1 de 12

Agência Nacional de Aviação Civil

Brasil

DECISÃO JR

AI nº. 00482/2010 Data: 25/02/2010 Processo nº. 60800.003566/2010-80

Interessado: EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA-

ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA – INFRAERO Crédito de multa nº: 625.082/10-3

Aeroporto: Aeroporto Internacional do Galeão (SBGL)

Infração: Não Solicitação de Emissão de NOTAM Enq.: artigos 289 da Lei 7565/86 do CBA c/c o

inciso IV do caput do art. 3º da Res. 88/09.

Relator: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Especialista em Regulação – Mat. SIAPE 2438309

RELATÓRIO

NÃO SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE

NOTAM QUANDO DA CONSTATAÇÃO DE

QUE O COEFICIENTE DE ATRITO E/OU

TEXTURA DO PAVIMENTO ENCONTRAVA-

SE ABAIXO DOS MÍNIMOS

ESTABELECIDOS. INCISO I ARTIGO 289 DA

LEI 7565/86 DO CBA C/C INCISO IV DO

ARTIGO 3º. DA RESOLUÇÃO Nº. 88/09. ITEM

10 DA TABELA II DO ANEXO II DA

RESOLUÇÃO Nº. 58/08. DEFESA

TEMPESTIVA. RECURSO TEMPESTIVO.

ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE

INFRAÇÃO. NECESSIDADE DE MAIORES

ESCLARECIMENTOS DO SETOR TÉCNICO.

CONVERSÃO EM DILIGÊNCIA. RETORNO

DO PROCESSO À SUPERINTENDÊNCIA DE

INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA – SIA.

CONFIRMAÇÃO DO ATO INFRACIONAL

PELO SETOR TÉCNICO. AUSÊNCIA DE

CONDIÇÃO AGRAVANTE QUANTO À

REINCIDÊNCIA. CONDIÇÃO AGRAVANTE

QUANTO AO RISCO. INCISO IV DO §2º DO

ARTIGO 22 DA RESOLUÇÃO Nº. 25/08.

MUDANÇA DA CONDIÇÃO AGRAVANTE.

NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO DO

INTERESSADO. PARÁGRAFO ÚNICO DO

ARTIGO 64 DA LEI Nº. 9.784/99. REMESSA À

SECRETARIA DA JUNTA RECURSAL.

INTERPOSIÇÃO DE COMPLEMENTO AO

RECURSO. REITERAÇÃO DAS ALEGAÇÕES

APRESENTADAS EM DEFESA E RECURSO.

ALEGAÇAO DE NÃO INCIDÊNCIA DA

CONDIÇÃO AGRAVANTE “EXPOSIÇÃO AO

RISCO”. RECURSO CONHECIDO E

Proc. nº. 625.082/10-3 – SLPS (Estagiária Letícia Duarte Alfradique da Cunha) Página 2 de 12

PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Da Introdução:

A infração foi enquadrada no inciso IV do caput do artigo 3º da Resolução nº. 88, de 11 de

maio de 2009, mediante lavratura do Auto de Infração n° 00482/2010 (fl. 01), com a seguinte

descrição:

“Pelo relatório de medição de atrito do Aeroporto

Internacional do Galeão – RJ (SBGL), com data de medição

de 22/02/2010 – RT/SBGL-01/2010, a pista de pouso e

decolagem 10/28 apresenta trecho com média abaixo do

mínimo valor considerado aceitável pela Resolução ANAC

nº 88 de 11 de maio de 2009. Nesta situação, a pista é

classificada como “pista insegura” e, segundo consta do

inciso IV do artigo 3º da Resolução nº. 88 de, 11 de maio de

2009, será objeto de fiscalização e multa, conjugada com

emissão de NOTAM, com eventuais restrições à operação ou

fechamento da pista de pouso e decolagem. O SBGL não

solicitou NOTAM informando situação de pista escorregadia

quando molhada devido ao baixo coeficiente de atrito. A

ANAC então solicitou a alteração do NOTAM D0096/2010

em 25/02/2010, alertando que a pista 10 está escorregadia

quando na condição molhada também nos últimos 600m’’.

2. Do Relatório de Fiscalização:

A fiscalização desta ANAC constatou que, pelo relatório de medição de atrito do Aeroporto

Internacional do Galeão – RJ (SBGL), de 22/02/2010 - RT/SBGL-01/2009 (fls. 06 a 44), a pista de

pouso e decolagem 10/28 apresentava trechos com média abaixo do mínimo valor considerado

aceitável. Nesta situação, a pista é classificada como “pista insegura” e, segundo consta no inciso IV

do artigo 3º da Resolução nº. 88/09, será objeto de fiscalização e multa, conjugada com emissão de

NOTAM, com eventuais restrições à operação ou fechamento da pista de pouso e decolagem. Afirmou

que o SBGL não solicitou NOTAM informando situação de pista escorregadia, quando molhada

também nos últimos 600 (seiscentos) metros. Esta Agência, então, solicitou emissão de NOTAM

D0096/2010 (fls. 54 a 59), em 25/02/2010, alertando que a referida pista 10 estava escorregadia

quando na condição molhada, encontrando-se, além da referenciada Resolução ANAC nº. 88/09,

enquadramento da ocorrência na Resolução ANAC nº 25, de 25/04/2008, em conjunto com a

Resolução ANAC nº 58, de 24/10/2008, que a modifica, em seu Anexo II, Tabela II, Item 10.

3. Da Defesa do Interessado:

A empresa, regularmente cientificada, ofereceu Defesa (fls. 49 a 59) na qual alega que, no dia

24/02/2010, solicitou à ANAC o PRENOTAM correspondente à operação de cautela de pista

escorregadia quando na condição molhada. Afirmou, ainda, que a referida solicitação modificava o

NOTAM D0096/2010, no qual, segundo a empresa, esta Agência não teria acatado a solicitação do

interessado, e por iniciativa própria, teria esta Autarquia emitido outro NOTAM (D041/2010), tendo

utilizado os mesmos parâmetros para restrição, não tendo justificado, segundo entende, o não

acolhimento à solicitação proposta. Em nova defesa (fls. 62 a 91), a interessada alegou nulidade do

Auto de Infração, segundo entende, por ausência de previsão legal, tendo, ainda, reiterado o

apresentado em sua primeira peça de defesa (fls. 49 a 53).

4. Da Decisão de Primeira Instância:

O setor competente, em decisão motivada (fls. 93 e 94), confirmou o ato infracional,

enquadrando a referida infração na art. 289 do CBA, Lei 11182/05, art. 8º, inciso XXI, Resoluções

ANAC nº. 25/08 alterada pela Resolução ANAC n°. 58/08, anexo II, tabela II, Cód. CSL, item 10,

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aplicando, ao final, com agravante por reincidência, multa no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

5. Das Razões do Recurso:

Em grau recursal (fls. 104 a 118), a empresa recorrente requereu a “reforma da decisão”,

reiterando as suas alegações apostas em Defesa (fls. 62 a 92).

6. Da Conversão em Diligência:

Na Sessão de Julgamento realizada em 10/02/2011, o Relator do processo o converteu em

diligência (fls. 120 a 129), sendo este encaminhado ao setor de origem (SIA) para a análise das

questões propostas.

7. Da Resposta à Diligência:

O setor de origem (SIA), por sua vez, respondeu (fls. 134 a 137) que os documentos anexados

pelo autuado não excluem a sua responsabilidade administrativa. Informou, ainda, que o documento de

fls. 53 e 87 é datado de 24 de fevereiro de 2010, porém foi enviado à ANAC no dia 26 de fevereiro de

2010. No caso específico, a solicitação de NOTAM não poderia substituir a solicitação do NOTAM

direto ao DECEA. Acrescenta que o procedimento adotado não condiz com a norma prevista na

Resolução ANAC nº. 88 desta Agência, tendo apontado, ainda, que os documentos de fls. 54 a 59

ilustram somente os NOTAM disponíveis e a área de influência no sítio aeroportuário. Aduziu que as

alegações da interessada carecem de fundamento e, por fim, informou que, pelo fato de o NOTAM

não ter sido publicado, a operação de aeronaves se tornou insegura, configurando-se assim,

circunstância agravante.

8. Da Alteração da Condição Agravante

Em Sessão de Julgamento, realizada em 20/03/2014 (fls. 147 a 151 vs.), esta Junta Recursal

entendeu que a condição agravante “reincidência” não deve ser aplicada no presente processo, devendo

incidir, por outro lado, a condição agravante “exposição ao risco da integridade física das pessoas”,

esta prevista no inciso IV do §2º do art.22 da Resolução 25/08. Desse modo, a interessada foi

notificada ante a possibilidade de modificação da condição agravante aplicada pelo setor de decisão de

primeira instância, conforme AR, datado de 14/04/2014 (fl. 161).

9. Do Complemento ao Recurso

Diante da possibilidade de modificação da circunstância agravante aplicada, a empresa

interpõe complemento ao recurso (fls. 162 a 179), no qual reitera as alegações previamente

apresentadas. Além disso, considera não haver o que se falar em risco à integridade física das pessoas,

com fulcro na Resolução 25/08, sob o argumento da referida Resolução carecer de respaldo legal.

Alega ainda ter emitido o PRENOTAM correspondente à operação de cautela antes que tomasse

ciência do Auto de Infração.

10. Dos Outros Atos Processuais:

O recurso apresentado pelo interessado foi declarado tempestivo pela Secretaria desta Junta

Recursal, através do despacho de fls. 119;

Despacho nº 576/2011/GTSA/GOPS/SIA (fls. 134 e 135);

Despacho nº 778/2011/GTSA/SIA (fls. 136 e 137);

Intimação da interessada quanto à juntada de novos documentos (fl. 140);

Formulário, certidão e declaração de solicitação de cópias do presente processo (fls.143 e 144);

Os autos foram restituídos a este relator, conforme despacho de fl.180.

É o breve Relatório.

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VOTO DO RELATOR – Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Mat. SIAPE 2438309

1. PRELIMINARMENTE

1.1. Da Alegação de Vício de Nulidade por Ausência de Previsão Legal:

Quanto à norma infringida.

Compete à União, por intermédio da ANAC, regular e fiscalizar as atividades de aviação civil e

de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária, em conformidade com o disposto no artigo 2º da Lei nº.

11.182, de 27 de setembro de 2005 – Lei da ANAC.

Mais especificamente assim dispôs, in verbis, a Lei da ANAC:

Lei da ANAC

Art. 8º. Cabe à ANAC adotar as medidas necessárias para o

atendimento do interesse público e para o desenvolvimento e

fomento da aviação civil, da infraestrutura aeronáutica e

aeroportuária do País, atuando com independência,

legalidade, impessoalidade e publicidade, competindo-lhe:

(...)

XI – expedir regras sobre segurança em área aeroportuária e

a bordo de aeronaves civis, porte e transporte de cargas

perigosas, inclusive o porte ou transporte de armamento,

explosivos, material bélico ou de quaisquer outros produtos,

substâncias ou objetos que possam pôr em risco os tripulantes

ou passageiros, ou a própria aeronave ou, ainda, que sejam

nocivos à saúde;

(...)

XXI – regular e fiscalizar a infraestrutura aeronáutica e

aeroportuária, com exceção das atividades e procedimentos

relacionados com o sistema de controle do espaço aéreo e

com o sistema de investigação e prevenção de acidentes

aeronáuticos;

(...)

XXX – expedir normas e estabelecer padrões mínimos de

segurança de voo, de desempenho e eficiência, a serem

cumpridos pelas prestadoras de serviços aéreos e de

infraestrutura aeronáutica e aeroportuária, inclusive quanto a

equipamentos, materiais, produtos e processos que utilizarem

e serviços que prestarem;

(...)

(grifos nossos)

No mesmo sentido, temos que observar o ANEXO I ao Decreto nº. 5.731, de 20/03/2006, o qual

dispõe sobre a instalação, a estrutura organizacional da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC e

aprova o seu regulamento, de onde poderemos retirar in verbis:

Decreto nº. 5.731

ANEXO I

REGULAMENTO DA AGÊNCIA NACIONAL DE

AVIAÇÃO CIVIL – ANAC

CAPÍTULO I

DA NATUREZA, SEDE, FINALIDADE E COMPETÊNCIA

Art. 1º A Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC,

autarquia sob regime especial, criada pela Lei no 11.182, de

27 de setembro de 2005, com independência administrativa,

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autonomia financeira, ausência de subordinação hierárquica

e mandato fixo de seus dirigentes, com sede e foro no Distrito

Federal, vinculada ao Ministério da Defesa, tem por

finalidade regular e fiscalizar as atividades de aviação civil e

de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária.

(...)

Art. 4º Cabe à ANAC adotar medidas para o atendimento do

interesse público e para o desenvolvimento e fomento da

aviação civil, da infraestrutura aeronáutica e aeroportuária

do País, atuando com independência, legalidade,

impessoalidade e publicidade, competindo-lhe:

(...)

XI – expedir regras sobre segurança em área aeroportuária e

a bordo de aeronaves civis, porte e transporte de cargas

perigosas, inclusive o porte ou transporte de armamento,

explosivos, material bélico ou de quaisquer outros produtos,

substâncias ou objetos que possam pôr em risco os tripulantes

ou passageiros, ou a própria aeronave ou, ainda, que sejam

nocivos à saúde;

XII - regular e fiscalizar as medidas a serem adotadas pelas

empresas prestadoras de serviços aéreos, e exploradoras de

infraestrutura aeroportuária, para prevenção quanto ao uso

por seus tripulantes ou pessoal técnico de manutenção e

operação que tenha acesso às aeronaves, de substâncias

entorpecentes ou psicotrópicas, que possam determinar

dependência física ou psíquica, permanente ou transitória;

(...)

XXI - regular e fiscalizar a infraestrutura aeronáutica e

aeroportuária, com exceção das atividades e procedimentos

relacionados com o sistema de controle do espaço aéreo e

com o sistema de investigação e prevenção de acidentes

aeronáuticos;

XXII - regular e fiscalizar a infraestrutura aeronáutica e

aeroportuária, visando a garantir sua compatibilidade com a

proteção ambiental e com o ordenamento do uso do solo;

(...)

XXV - conceder ou autorizar a exploração da infraestrutura

aeroportuária, no todo ou em parte;

XXVI - estabelecer o regime tarifário, revisões e reajustes

referentes à exploração da infraestrutura aeroportuária;

(...)

XXXI - expedir normas e estabelecer padrões mínimos de

segurança de vôo, de desempenho e eficiência, a serem

cumpridos pelas prestadoras de serviços aéreos e de

infraestruturas aeronáutica e aeroportuária, inclusive quanto

a equipamentos, materiais, produtos e processos que

utilizarem e serviços que prestarem;

(...)

XLV - deliberar, na esfera administrativa, quanto à

interpretação da legislação sobre serviços aéreos e de

infraestrutura aeronáutica e aeroportuária, inclusive casos

omissos, quando não houver orientação normativa da

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Advocacia-Geral da União;

(...)

XLIX - firmar convênios de cooperação técnica e

administrativa com órgãos e entidades governamentais,

nacionais ou estrangeiros, tendo em vista a descentralização e

fiscalização eficiente dos setores de aviação civil e

infraestrutura aeronáutica e aeroportuária; e

(...)

(grifos nossos)

A ANAC, na consecução de seus objetivos, se utiliza da regulamentação em vigor, até que nova

regulamentação seja editada em substituição à existente (inciso I do artigo 47 da Lei da ANAC).

Importante, ainda, ressaltar que a Lei da ANAC, expressamente, aponta que as atividades de

administração e exploração de aeródromos, estas exercidas pela INFRAERO, serão reguladas pelo

então criado órgão regulador (inciso III do artigo 47).

Sendo assim, indiscutível é a competência desta ANAC para a normatização e fiscalização das

atividades de infraestrutura aeroportuária, desde que todas relacionadas à aviação civil.

No exercício de sua fiscalização, esta ANAC se utiliza do disposto no inciso I do artigo 289 do

CBA, o qual lhe confere a possibilidade da aplicação de “multa” como uma das providências

administrativas possíveis.

Observa-se que o caput deste artigo 289 relaciona a aplicação da providência administrativa de

multa à infração aos preceitos de próprio CBA ou da legislação complementar. Neste sentido,

deveremos nos aprofundar quanto aos dispositivos do CBA pertinentes, bem como os da normatização

complementar, em matéria de infraestrutura aeroportuária.

No próprio CBA, mais especificamente, no §1º do artigo 36, encontramos a competência da

autoridade aeronáutica, hoje, como já abordado, autoridade de aviação civil – ANAC (artigo 5º da Lei

da ANAC), para a coordenação e o controle da exploração da atividade aeroportuária.

Ainda nesta linha de raciocínio, devemos, também, apontar os dispositivos infringidos

referentes à norma complementar, neste caso, o inciso IV do artigo 3º da Resolução nº. 88/09, a qual

revoga o item 3.1 do capítulo 3 da IAC 4302-0501, estabelece parâmetros em testes de calibração e de

monitoramento de atrito em pistas de pouso e decolagem e dá outras providências, esta publicada no

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO N° 88, S/1, P. 146, de 12 de maio de 2009.

Observo que a fiscalização aponta, expressamente, que, pelo relatório encaminhado pela

empresa recorrente, a pista de pouso apresenta (ou apresentava) a média dos coeficientes abaixo do

nível aceitável, o que a classifica como “pista insegura”, em conformidade com o inciso IV do artigo 3º,

o qual assim dispõe in verbis:

Resolução nº. 88/09

Art. 3º Estabelecer a seguinte classificação e ações

decorrentes da leitura do coeficiente de atrito obtido em teste

de calibração ou teste de monitoramento:

(...)

III - pista segura supervisionada: uma pista de pouso e

decolagem será considerada segura para a operação de

aeronaves e objeto de supervisão pela ANAC sempre que o

teste de monitoramento de que trata o art. 2º, V, desta

Resolução indicar coeficiente de atrito menor que àquele

indicado na coluna [7] e igual ou superior ao indicado na

coluna [8], ambos da Tabela 1;

IV - pista insegura: uma pista de pouso e decolagem será

considerada insegura para a operação de aeronaves e objeto

de fiscalização e multa, conjugada com emissão de NOTAM,

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com eventuais restrições à operação ou fechamento da pista

de pouso e decolagem, sempre que o teste de monitoramento

de que trata o art. 2º, V, desta Resolução indicar coeficiente

de atrito menor que indicado na coluna [8], da Tabela 1.

(...)

(grifos nossos)

Observo que o inciso IV do caput do artigo 3º da Resolução nº. 88/09 aponta que nesta situação

a pista deverá ser “objeto de fiscalização e multa”, estabelecendo, desde logo, a exigência da autuação

fiscal e, ainda, a emissão de NOTAM.

Desta forma, identifico que a administração aeroportuária local, quanto a sua pista de pouso e

decolagem, quando classificada como “pista insegura”, após a realização de medições de atrito, deverá

ser fiscalizada pela ANAC e, ainda, aplicada a correspondente multa à operadora do aeródromo.

Temos que ter em mente de que a condição de supervisão da ANAC, encontrada como

obrigatoriedade em “pista segura supervisionada”, é diferente da condição de fiscalização e multa,

requerida em “pista insegura”. Importante se fazer certa diferenciação, sob pena, do contrário,

tratarmos os dois casos como idênticos.

Na verdade, a pista, ao ser construída, possui certo coeficiente de atrito, o qual, com a

intensidade de seu uso, virá, gradativamente, diminuindo tal valor, em detrimento da segurança das

operações de pouso e decolagem. Neste sentido, temos a classificação, pela gradação, estabelecida nos

incisos do caput do artigo 3º da Resolução nº. 88/09.

No entanto, observo que a única situação em que a norma estabelece a aplicação de multa é

quando a pista de pouso ou decolagem atinge a condição de “pista insegura”. Na condição de “pista

segura supervisionada”, esta ANAC deverá exercer ações de supervisão, com vistas a acompanhar os

procedimentos administrativos de manutenção a serem aplicados na pista, de forma que não atinja o

nível de “pista insegura”.

Importante é identificarmos que o espírito da norma é proporcionar uma forma de controle, de

forma que a pista de pouso e decolagem não venha, assim, a atingir o nível de “pista insegura”, o que,

aí sim, resultaria em multa.

Conforme podemos extrair do processamento, consta no presente um relatório enviado pela

empresa interessada (fls. 03 a 22), datado de 06/05/2009 – Relatório Técnico RT/SBGL – 001/2009 –

MEDIÇÃO DE ATRITO PARA PISTA DE POUSO 10/28.

Estabelecida, então, com clareza o afronta ao inciso IV do caput do artigo 3º da Resolução nº.

88/09 se aplica, então, uma providência administrativa das previstas no Capítulo II – DAS

PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS do Título IX – DAS INFRAÇÕES E PROVIDÊNCIAS

ADMINISTRATIVAS, mais especificamente, o inciso I do artigo 289.

Determinada a necessidade de sancionamento, a autoridade de aviação civil deverá retirar da

norma complementar o valor de multa a ser aplicado ao autuado. Neste sentido, devemos observar que

a infração ocorreu no dia 30/09/2009, ou seja, sob a égide da Resolução ANAC nº. 25, de 25 de abril de

2008, esta alterada pela Resolução ANAC nº. 58, de 24 de outubro de 2008, de onde poderemos retirar,

in verbis:

Resolução ANAC nº. 25/08

Tabela II

II - CONSTRUÇÃO/MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE

AERÓDROMOS

(...)

10. Não solicitar a emissão de NOTAM quando constatar

que o coeficiente de atrito e/ou textura do pavimento estiver

abaixo dos mínimos estabelecidos. (R$40.000,00 – R$

70.000,00 – R$ 100.000,00).

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Observa-se que o caso em tela se trata de descumprimento de norma complementar, como

disposto acima, o que nos leva ao item 10 da Tabela II, aplicando-se, então os valores por este item

apontado, em conformidade com as condições agravantes ou atenuantes, caso houver.

Como não poderia deixar de ser, a norma, da mesma forma que o disposto no referido Auto de

Infração, visa à punição da autoridade aeroportuária local por não providenciar a recuperação das

condições do pavimento da pista de pouso e decolagem de aeródromo. No entanto, como observado, a

norma obriga a operadora do aeródromo a não permitir chegar ao nível de “pista insegura”, bem como

obriga à empresa a solicitar a emissão de NOTAM.

No caso em tela, observo que a empresa recorrente encaminha o relatório a esta ANAC,

contendo a informação de que a pista 10/28 do referido aeroporto apresenta média do coeficiente de

atrito abaixo do nível aceitável, apontando o inciso IV do caput do artigo 3º da Resolução nº. 88/09

como não cumprido, o qual nos obriga a aplicar a sanção de multa à operadora do aeródromo.

Diante do relatório encaminhado pela empresa recorrente (fls. 06 a 44), a fiscalização desta

ANAC efetua a autuação devido “a empresa não solicitar a emissão de NOTAM quando constatar que

o coeficiente de atrito e/ou textura do pavimento estiver abaixo dos mínimos estabelecidos”,

enquadrando a infração com base no inciso IV do caput do artigo 3 da Resolução nº. 88/09, obrigando-

se, então, a aplicar a sanção de multa.

O Auto de Infração, no campo capitulação, aponta equivocadamente o artigo 299 do CBA, este

que não possui qualquer relação com o ato infracional cometido. Neste sentido, aponto que a decisão de

primeira instância não a considerou como motivadora do ato infracional cometido, o que me leva a

considerar que houve uma convalidação da fundamentação do ato tido como infracional. Importante,

ainda, é estabelecer com segurança que a empresa recorrente não se prejudicou com este “erro

material”, na medida em que pode se arvorar contra a fundamentação de todo o Auto de Infração, o que

foi afastado em primeira instância, bem como apresentou as suas considerações contra os fatos

ocorridos.

Sendo assim, aponto que não assiste razão à empresa recorrente ao alegar a nulidade do referido

Auto de Infração, por ausência de previsão legal, pois a infração se encontra disposta no §1º do artigo

36 c/c o inciso I do artigo 289, ambos do CBA e o inciso IV do caput do §3º da Resolução nº. 88/09,

retirando-se o valor em conformidade com o item 10 da Tabela II - CONSTRUÇÃO/MANUTENÇÃO

E OPERAÇÃO DE AERÓDROMOS do Anexo II da Resolução nº. 58/08, o que me leva a acreditar

que o mesmo se encontra dentro dos princípios informadores da Administração Pública, bem com

preservou os direitos do administrado, passando, a seguir, ao mérito da questão.

1.2. Da Regularidade Processual:

Não consta do processamento a comprovação de que a empresa foi regularmente notificada

quanto à infração imputada. Entretanto, como podemos depreender do presente processo, a empresa,

apresentou a sua Defesa (fls. 49 a 59 e 62 a 91), em 29/03/2010, o que me leva a confirmar a

preservação dos direitos do interessado. Foi, ainda, regularmente notificado quanto à decisão de

primeira instância, conforme documento constante em fl. 103 ao qual é datado no dia 15/09/2010,

apresentando o seu tempestivo Recurso em 23/09/2010 (fls. 104 a 118). O presente processo foi, ainda,

convertido em diligência, na Sessão de Julgamento realizada em 10/02/2011 (fls. 120 a 129), sendo as

respostas do setor técnico enviadas em 08/09/2011 (fls. 134 e 135) e em 21/05/2013 (fls. 136 e 137). O

interessado foi intimado quanto à juntada de novos documentos ao presente processo (fl. 140),

conforme AR datado de 06/12/2013 (fl.145), sendo aberto prazo para formulação de novas alegações.

Em Sessão de Julgamento realizada em 20/03/2014 (fls.147 a 151 vs), esta Junta recursal decidiu pela

modificação da condição atenuante aplicada, sendo o interessado notificado em 14/04/2014 (fl. 161).

Em 25/04/2014, a empresa interpôs complementação ao recurso, conforme consta às fls 162 a 179.

Desta forma, aponto a regularidade processual do presente processo, a qual preservou todos os

direitos constitucionais inerentes ao interessado, bem como respeitou, também, aos princípios da

Administração Pública, estando, assim, pronto para, agora, receber uma decisão de segunda instância

administrativa por parte desta Junta Recursal.

Proc. nº. 625.082/10-3 – SLPS (Estagiária Letícia Duarte Alfradique da Cunha) Página 9 de 12

2. DO MÉRITO

2.1. Quanto à Fundamentação da Matéria – Solicitação de Cancelamento de NOTAM:

Para a fundamentação da matéria em questão, me reporto às alegações apostas em preliminares

deste voto, onde, pontualmente, pude tecer sólidos comentários quanto à legalidade desta ANAC em

fiscalizar o Sistema Aeroportuário brasileiro, do qual faz parte a empresa recorrente, bem como de

aplicar sanções, caso observe o descumprimento da legislação especial e normas complementares de

matéria aeronáutica, bem como venha a editar normas para a obtenção de seus objetivos regulatórios,

em conformidade com a legislação em vigor.

Neste sentido, devemos apreciar o inciso I do artigo 289 do CBA, in verbis:

CBA

Art. 289. Na infração aos preceitos deste Código ou da

legislação complementar, a autoridade aeronáutica poderá

tomar as seguintes providências administrativas:

I – multa;

(...)

(grifos nossos)

O ato tido como infracional se encontra disposto no §1º do artigo 36 c/c o inciso I do artigo 289,

ambos do CBA e o inciso IV do caput do §3º da Resolução nº. 88/09, cujos valores da sanção

administrativa se encontram no disposto no item 10 da Tabela II – CONSTRUÇÃO/MANUTENÇÃO

E OPERAÇÃO DE AERÓDROMOS.

2.2. Quanto às Questões de Fato (quaestio facti):

A fiscalização desta ANAC anexou o Relatório nº. RT/SBGL-001/2010 (fls. 06 a 44),

encaminhado em 22/02/2010, o qual aponta, expressamente, que, “10.2 – Pela análise dos Coeficientes

de Atrito, segundo a Resolução. ANAC nº. 88 da ANAC, pode-se concluir que: 10.2.1 – A Pista 10/28

do Aeroporto do Galeão foi considerada, após análise dos coeficientes de atritos, de cada trecho de 100

metros, segundo à Resolução ANAC nº. 88 – ANAC com Insegura; 10.2.2 – Recomenda-se a emissão

de NOTAM de interdição noturna para execução do desemborrachamento de pista e 10.2.3 –

Recomenda-se a emissão de NOTAM de cautela para pista molhada”.

Tais alegações confirmam que a pista de pouso se encontrava classificada como “pista

insegura”, situação em que se torna obrigatória a solicitação de emissão de NOTAM, o que, não foi

providenciado pela empresa recorrente, mas, sim, por este órgão regulador.

“A pista, quando classificada como „pista insegura‟, (...), será objeto de fiscalização e multa,

conjugada com a emissão de NOTAM”.

2.3. Quanto às Alegações do Interessado:

Em defesa (fls. 49 a 59 e 62 a 91), o interessado alegou que, no dia 24/02/2010, solicitou à

ANAC o PRENOTAM correspondente à operação de cautela de pista escorregadia quando na condição

molhada. Afirmou, ainda, que a referida solicitação modificava o NOTAM D0096/2010, no qual esta

Agência não teria acatado a solicitação do interessado, e por iniciativa própria, teria esta Autarquia

emitido outro NOTAM (D041/2010), tendo utilizado os mesmos parâmetros para restrição, não tendo

justificado, segundo entende, o não acolhimento à solicitação proposta. Em nova Defesa (fls. 62 a 91),

a interessada alegou nulidade do Auto de Infração por ausência de previsão legal, tendo, ainda,

reiterado o apresentado em sua primeira peça de defesa (fls. 49 a 59).

Em grau recursal (fls. 104 a 118), a empresa recorrente requer a “reforma da decisão”,

reiterando as suas alegações apostas em Defesa (fls. 62 a 91).

Após diligência solicitada por este Relator (fls. 120 a 129), o setor competente respondeu (fls.

134 a 137) que os documentos anexados pelo autuado não excluem a sua responsabilidade. Informou,

ainda, que o documento de fls. 53 e 87 é datado de 24 de fevereiro de 2010, porém foi enviado à ANAC

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no dia 26 de fevereiro de 2010, conforme pode ser verificado pelo comprovante de fax no verso da

folha 87. No caso específico, a solicitação de NOTAM não poderia substituir a solicitação do NOTAM

direto ao DECEA. Acrescenta que o procedimento adotado não condiz com a norma prevista na

Resolução nº. 88/09 desta Agência, pois uma vez identificado que os índices de coeficientes de atrito

encontravam-se abaixo do mínimo aceitável, a solicitação de NOTAM de pista escorregadia quando

molhada deveria ter sido feita imediatamente. Aponta ainda, que os documentos de fls. 54 a 59 ilustram

somente os NOTAM disponíveis e a área de influência no sítio aeroportuário. Aduziu que as alegações

da interessada carecem de fundamento e, por fim, informou que, pelo fato de o NOTAM não ter sido

publicado, a operação de aeronaves se tornou insegura, configurando-se assim, circunstância agravante.

Do Despacho nº 7778/2011/GTSA/GOPS/SIA (fls. 136 a 137), em resposta à solicitação de

diligência, cabe destacar o seguinte fragmento:

“... não obstante a INFRAERO tenha solicitado a emissão do NOTAM,

restou comprovado que a INFRAERO o fez em 26/02/2010, como

verificado à fl. 50, depois de publicado o NOTAM no dia 25/02/2010.”

Diante do exposto acima, observa-se que a diligência realizada foi elucidativa, tendo

esclarecido de forma satisfatória as indagações realizadas por este Relator. Desta maneira, devemos

atentar para as informações concedidas, que refutam, claramente, o alegado pelo interessado, visto tais

alegações carecem de embasamentos densos, pois o interessado, como mencionado na resposta do setor

técnico, somente realizou a publicação do NOTAM após solicitação desta Agência, o que configura o

procedimento do interessado como irregular.

Diante da intimação da interessada, quanto à juntada de novos documentos ao presente

processo, em 06/12/2013 (fl. 145) foi oportunizado prazo para apresentação de novas alegações, tendo a

interessada optado por não apresentá-las (fl. 146).

A interessada, notificada ante a possibilidade da modificação da condição agravante na sanção

aplicada, interpõe novo recurso (fls. 162 a 179), no qual reitera a alegação que a sanção estabelecida na

Resolução nº. 25/08 carece de respaldo legal, sob o argumento de que o poder conferido às Agências

Reguladoras é vinculado ao Poder Legislativo, o que conferiria nulidade ao Auto de Infração. Tal

alegação, como já exposto, deve ser afastada, na medida em que a Lei nº 11.182/05, a qual cria a

ANAC, expressamente, aponta que as atividades de administração e exploração de aeródromos, estas

exercidas pela INFRAERO, serão reguladas pelo então criado órgão regulador (inciso III do artigo 47).

Além disso, a empresa reitera a alegação de que solicitou o PRENOTAM antes de notificada

acerca do Auto de Infração, o que, de fato, ocorreu. No entanto, como já esclarecido em resposta à

diligência (fls. 136 a 137), independentemente da data da notificação acerca do AI (fl.01) ter sido

05/03/2010 ou 08/03/2010, a solicitação de NOTAM deveria ter sido realizada em 22/02/2010, data de

emissão do relatório de medição de atrito (fls. 06 a 44), ou seja, imediatamente após ciência acerca da

condição de insegurança da pista de pouso. Quanto a esta alegação, cabe ainda ressaltar que o

respectivo Auto de Infração foi lavrado em 25/02/2010, tendo esta ANAC solicitado a alteração do

NOTAM D0096/2010 na referida data, em decorrência da inércia da INFRAERO. A empresa somente

emitiu a CF Nº 820/GLOP (GLOP-3)/2010 (fl.87) em data posterior, sendo esta 26/02/2010, conforme

consta no verso da fl. 87.

Sendo assim, as alegações do interessado não foram eficazes para desconstituição do ato

infracional, bem como para o afastamento da sanção pecuniária aplicada.

3. DA DOSIMETRIA DA SANÇÃO

Verificada a regularidade da ação fiscal, temos que verificar a correção do valor da multa

aplicada como sanção administrativa ao ato infracional imputado.

3.1. Das Condições Atenuantes:

No caso em tela, não poderemos aplicar qualquer condição atenuante, das dispostas no diversos

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incisos do §1º do artigo 22 da Resolução ANAC nº. 25/08.

3.2. Das Condições Agravantes:

No caso em tela, não poderemos aplicar qualquer condição atenuante, das dispostas no diversos

incisos do §2º do artigo 22 da Resolução ANAC nº. 25/08.

É importante ressaltar que, embora a interessada tenha sido notificada acerca da possibilidade de

alteração da condição agravante (fls. 161), mediante análise dos autos, verificou-se não haver a

comprovação de que, realmente, houve exposição ao risco à integridade física de pessoas. Desse modo,

entendo que não deve incidir esta condição agravante, prevista no inciso IV do § 2º da Resolução

ANAC nº 25/08.

4. DO VOTO

Desta forma, voto pelo conhecimento e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso,

REDUZINDO, assim, o valor da multa aplicada pelo competente setor de primeira instância

administrativa, fixando-a em patamar médio, ou seja, R$ 70.000,00 (setenta mil reais).

Este valor está previsto no item 10 da Tabela II (construção/manutenção e operação de

aeródromos) do Anexo III à Resolução ANAC n° 25/2008.

Este é o voto deste Relator.

Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2014.

SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC

Especialista em Regulação de Aviação civil Matrícula SIAPE nº. 2438309

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CERTIDÃO

DE JULGAMENTO JR

AUTUAÇÃO

AI nº. 00482/2010 Data: 25/02/2010 Processo nº. 60800.003566/2010-80

Interessado: EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA-

ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA – INFRAERO Crédito de multa nº: 625.082/10-3

Aeroporto: Aeroporto Internacional do Galeão (SBGL)

Infração: Não Solicitação de Emissão de NOTAM Enq.: artigos 289 da Lei 7565/86 do CBA c/c o

inciso IV do caput do art. 3º da Res. 88/09.

Relator: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Especialista em Regulação – Mat. SIAPE 2438309

Presidente da Sessão: Sr. Sérgio Luís Pereira Santos – Matrícula nº. 2438309

CERTIDÃO

Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – ANAC, ao

apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Junta, por unanimidade, DEU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, REDUZINDO a

multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa para o valor de R$ 70.000,00

(setenta mil reais), nos termos do voto do Relator.

Os Membros Julgadores, Sr. Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta e Sra. Renata de Albuquerque

Azevedo, votaram com o Relator.

Encaminhe-se à Secretaria desta Junta Recursal para as providências de praxe.

Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2014.

SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS

PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL

De acordo,

Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta

Analista Administrativo

SIAPE 1286366 Membro Julgador da Junta Recursal

Portaria ANAC nº 1.137/2013

Renata de Albuquerque de Azevedo Especialista em Regulação de Aviação Civil

SIAPE 1766164

Membro Julgador da Junta Recursal

Portaria ANAC nº 626, de 27/04/2010