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EMPREENDEDORISMO FEMININO NO RAMO DA BELEZA Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional Graziele da Silva Parreira [email protected] Maria Helena Michel [email protected] Marco Aurélio Ramos [email protected] Resumo: Nesta pesquisa objetivou-se discutir os principais desafios encontrados pelas mulheres para empreender na área da beleza. Para embasamento da pesquisa tornou-se como objeto de pesquisa três mulheres empreendedoras no ramo da beleza com experiências distintas para vislumbrar os diferentes desafios enfrentados de uma empreendedora que está iniciando e a que está estabelecida no ramo da beleza. A entrevista semi-estruturada foi o instrumento utilizado para a coleta e análise dos dados. Os resultados foram estruturados em torno dos objetivos específicos e geral, que focalizaram as questões da evolução no mercado de trabalho, fazendo um comparativo entre a vida das mães com as mulheres empreendedoras entrevistadas e atualmente como as mulheres estão cada vez mais independentes, bem como as principais características que auxiliam para o crescimento do negócio e as estratégias utilizadas para prospecção no mercado e como as empreendedoras superam os desafios encontrados. Pelos dos resultados foi possível comprender e vivenciar de perto o que essas mulheres empreendedoras enfrentam e como são guerreiras quando estão passando por situações turbulentas, são vários os desafios enfrentados por essas mulheres, como multitarefas, aceitação da qualidade da prestação do serviço, instabilidade financeira para abertura do negócio, mas através das suas características empreendedoras, como determinação, trabalho em equipe, liderança, as mulheres empreendedoras assumem os riscos eminentes com garra e superação, conseguindo assim, superar as adversidades do negócio. Palavras-chaves: ISSN 1984-9354

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Page 1: EMPREENDEDORISMO FEMININO NO RAMO DA BELEZA · empreendedorismo mundial, os resultados foram bem favoráveis ao empreendedorismo no Brasil. Com o aumento da taxa de empreendedores

EMPREENDEDORISMO FEMININO NO RAMO DA BELEZA

Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional

Graziele da Silva Parreira

[email protected]

Maria Helena Michel

[email protected]

Marco Aurélio Ramos

[email protected]

Resumo: Nesta pesquisa objetivou-se discutir os principais desafios encontrados pelas mulheres para empreender na

área da beleza. Para embasamento da pesquisa tornou-se como objeto de pesquisa três mulheres empreendedoras no

ramo da beleza com experiências distintas para vislumbrar os diferentes desafios enfrentados de uma empreendedora

que está iniciando e a que está estabelecida no ramo da beleza. A entrevista semi-estruturada foi o instrumento

utilizado para a coleta e análise dos dados. Os resultados foram estruturados em torno dos objetivos específicos e

geral, que focalizaram as questões da evolução no mercado de trabalho, fazendo um comparativo entre a vida das

mães com as mulheres empreendedoras entrevistadas e atualmente como as mulheres estão cada vez mais

independentes, bem como as principais características que auxiliam para o crescimento do negócio e as estratégias

utilizadas para prospecção no mercado e como as empreendedoras superam os desafios encontrados. Pelos dos

resultados foi possível comprender e vivenciar de perto o que essas mulheres empreendedoras enfrentam e como são

guerreiras quando estão passando por situações turbulentas, são vários os desafios enfrentados por essas mulheres,

como multitarefas, aceitação da qualidade da prestação do serviço, instabilidade financeira para abertura do negócio,

mas através das suas características empreendedoras, como determinação, trabalho em equipe, liderança, as mulheres

empreendedoras assumem os riscos eminentes com garra e superação, conseguindo assim, superar as adversidades do

negócio.

Palavras-chaves:

ISSN 1984-9354

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1 INTRODUÇÃO Na sociedade contemporânea é possível perceber o desenvolvimento do

empreendedorismo feminino no mercado de trabalho. Cada empresa criada e bem sucedida implica diretamente em um papel importante para a economia do país como, por exemplo, aumento de renda, geração de emprego, poder de aquisição de compra e consequentemente tornando-se um ciclo benéfico para a economia do país. Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2013), estudo que mede as taxas do empreendedorismo mundial, os resultados foram bem favoráveis ao empreendedorismo no Brasil. Com o aumento da taxa de empreendedores iniciais, ou seja, aqueles que estão começando no mercado estima-se que cerca de 40 milhões de brasileiros, entre 18 e 64 anos estejam envolvidos com a atividade empreendedora.

Além disso, verifica-se, também, o aumento da proporção de empreendedores por oportunidade, o que reflete uma decisão mais planejada em relação à opção pelo empreendedorismo por oportunidade, aumentando a probabilidade de sucesso do negócio. O estudo revelou também que, pela primeira vez no Brasil, a proporção de mulheres empreendedoras superou a proporção de homens, sendo 52,2% contra 47,8% (GEM, 2013). De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE em 2011, cerca de 64% das mulheres, entre 25 e 49 anos, estão no mercado empreendedor.

Muitas pesquisas sobre mulheres empreendedoras têm ganhado destaque ultimamente. Sobre este prisma é relevante destacar a mudança do comportamento das consumidoras em consonância com a melhora das condições do poder aquisitivo, despertando assim, o interesse dessas consumidoras na valorização da beleza pessoal, que antes não era possível devido principalmente, às condições financeiras. Essa mudança socioeconômica afeta diretamente a expansão do mercado da beleza, tornando-se um campo frutífero de estudo dentro da área do empreendedorismo. Abreu (2012) confirma esse cenário socioeconômico e complementa que o crescimento do número de mulheres com carteira assinada, somado ao aumento do poder aquisitivo das classes C e D, trouxeram mais sofisticação ao mercado de beleza e estética e as mulheres começaram, com mais intensidade a se preocupar com a aparência e o visual, fortalecendo diretamente o crescimento do ramo da beleza e estética e modificando os paradigmas e conceitos dos salões de beleza.

Dessa forma, este artigo pretende demonstrar a importância do percurso enfrentado por algumas mulheres empreendedoras no ramo da beleza para alavancagem do sucesso empresarial.

No que tange o empreendedorismo feminino, este artigo traz a seguinte indagação: quais são as principais dificuldades encontradas pelas mulheres empreendedoras no ramo da beleza? Para responder a esse problema, esta pesquisa tem como objetivo geral discutir os desafios encontrados pelas mulheres para empreender na área da beleza. Com o intuito de atender ao objetivo geral, são apresentados os seguintes objetivos específicos: 1) Analisar a evolução da mulher no mercado de trabalho; 2) Investigar as principais competências necessárias para empreender no ramo da beleza; 3) Identificar estratégias utilizadas para o crescimento do negócio.

Esta pesquisa está estruturada em cinco capítulos: o primeiro aborda a introdução, contextualizando a importância em compreender os principais desafios encontrados pelas mulheres para empreender. O segundo é o referencial teórico, que embasa as teorias do empreendedorismo, história da mulher no mercado de trabalho que serão utilizadas para o desenvolvimento desta pesquisa, competências necessárias, estratégias mercadológicas.

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No terceiro, a metodologia que expõe os métodos utilizados durante a estruturação da pesquisa. No quarto, é realizada a análise dos dados, momento ao qual teoria e prática são comparados. E o quinto capítulo fecha com as considerações finais sobre o entendimento das principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres, as suas contribuições e sintetizando as sugestões abordadas na pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Evolução da mulher no mercado de trabalho Em décadas passadas, as mulheres eram consideradas úteis somente para as atividades domésticas e na educação dos filhos. Atualmente, este paradigma foi quebrado, muitas mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, aperfeiçoando e buscando novas conquistas diárias, que apesar de lentas são sólidas (ASSIS, 2009). A participação da mulher no mercado de trabalho teve início com a I e II Guerras Mundiais, os homens iam para as batalhas e as mulheres assumiam seus postos nos negócios da família, ou de maneira informal e muito timidamente iniciavam a sua trajetória no mundo dos negócios (ASSIS, 2009). As características de determinação e liderança começaram a aflorar nesta época, pois, as mulheres se encontravam sozinhas diante desta situação, tinham que sustentar e cuidar da família enquanto os maridos lutavam pelo seu país; tornavam-se a matriarca da família. A partir da década de 70, após a ocorrência de movimentos sociais mundiais, a cultura da sociedade foi se modificando, através do progresso de industrialização e urbanização social (HOFFMANN; LEONE, 2004). O movimento feminista contemporâneo surgiu nos Estados Unidos, na segunda metade da década de 1960, e se alastrou para diversos países industrializados entre 1968 e 1977 (CANCIAN 2013). O movimento feminista nos Estados Unidos foi um grande marco, pois, várias mulheres saíram nas ruas para lutar a favor da igualdade de direitos e liberdade de expressão, ocasionando uma onda de manifestações que iriam repercutir em diferentes cantos do mundo durante a década de 1970 – entre elas, verdadeiras queimas de símbolos femininos de opressão. De lá para cá, a luta das mulheres pela igualdade social e legal e pela libertação feminina ganhou cada vez mais força. (BELNHAK; DIAS, 2012). De acordo com o Portal do Governo do Brasil (2012) no contexto brasileiro, a primeira fase da evolução das conquistas das mulheres, foi quando as mulheres adquiriram o direito de votar em 1932. Já na segunda fase, na época da ditadura, muitas mulheres lutaram bravamente nos marcos de mobilização e muitas delas foram até exiladas do país, além da luta por causas específicas, como o combate pela violência doméstica, construto de creches para as mães trabalhadoras e direito ao aborto. Nos anos 80, as feministas assumiram a luta contra a violência às mulheres e pelo princípio de que os gêneros são diferentes, mas não desiguais. Ainda de acordo com o Portal do Governo do Brasil (2012), em 1985, foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), subordinado ao Ministério da Justiça, com objetivo de eliminar a discriminação e aumentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais, bem como a criação da lei Maria da Penha, que tem como objetivo punir e inibir os agressores de mulheres. Passando por essa linha do tempo sintetizada, de acordo com os autores citados, percebe-se que a cada década que se passa, novas conquistas são alcançadas e que, pesando na balança sobre essas conquistas na ótica de igualdade de gênero, muitos

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benefícios foram alcançados, mas muito ainda há que ser conquistado, na busca do princípio de que todos devem ser tratados de forma indistinta perante a lei e a sociedade. Melo (2013) faz uma abordagem realista e corrobora sobre a evolução lenta da igualdade dos direitos entre homens e mulheres, destacando uma pesquisa realizada pela PNAD em 2007 que aborda que a equiparação salarial somente deve acontecer daqui à cerca de 87 anos. De acordo com o autor, percebe-se que nos dias atuais, pode-se encontrar mulheres em diversos postos de trabalho, embora isso não signifique que exista igualdade salarial entre homens e mulheres.

As mulheres se esforçam para enfrentar desafios como, na maioria das vezes, a jornada dupla; após horas de trabalho ainda chegam em casa dispostas a organizar os afazeres domésticos. Mas infelizmente, irá demorar muito para conseguir condições iguais de gênero, mas para conseguir seus objetivos é necessário começar e não ficar de braços cruzados, a luta se torna lenta mais se bem consolidada este índice pode ser conquistado mais rapidamente. (MELO, 2013).

As transformações que o mundo passou e vem sofrendo, principalmente no século XX, revolucionaram o mercado de trabalho e as mulheres galgaram espaço no mundo corporativo. De acordo com os dados do Sebrae (2013), entre 2001 e 2011, o número de mulheres donas do próprio negócio aumentou em 21%, mais do que o dobro do crescimento verificado entre os homens. O estudo ainda ressalta o interesse nos estudos e mais acesso às informações. As mulheres também conseguem manter-se mais sólidas no mercado de trabalho em comparação aos homens, sendo esta taxa de estabilidade de 54% com negócios abertos há mais de cinco anos.

De acordo com a pesquisa GEM (2013), as mulheres atuam principalmente nas atividades do vestuário, da beleza, higiene pessoal e dos serviços domésticos. No Brasil, esses três segmentos respondem pela atividade de 49,5% das empreendedoras em estágio inicial e 53,9% das empreendedoras estabelecidas. Nesse tipo de comércio, predomina a venda de produtos de beleza por meio de catálogo, o que é muito difundido no Brasil. Dessa forma, muitas mulheres buscaram sua independência, e por serem visionárias se aventuram na abertura de um negócio próprio, dedicando-se pela sua causa de independência financeira, mesmo com tarefas múltiplas, através de muita persistência correm atrás do seu objetivo, se tornando emprendedoras de sucesso. 2.2 Empreendedorismo Feminino Com base na realidade da busca pela estabilidade financeira, emerge o tema empreendedorismo, modelo de comportamento empresarial que se mostra presente no mundo. Para Dolabela (2006), o motivo para o empreendedorismo são as ideias de iniciativa e inovação de um indivíduo, que insatisfeito com o momento atual quer transformar seu inconformismo em novas ideias. E completa que o empreendedorismo é um fenômeno cultural e os empreendedores sempre têm um modelo inspirador, alguém que os influenciaram de alguma forma.

Segundo o Portal do Governo do Brasil (2012) existem dois tipos de empreendedores, quais sejam, por oportunidade e por necessidade. O empreendedor por necessidade é aquele que teve início do seu empreendimento de forma autônoma por não possuir melhores opções e necessita abrir um negócio, para gerar renda para sustento da família. Já o empreendedor por oportunidade escolhe abrir um novo negócio, mesmo possuindo alternativas de emprego, possuem capacitação e escolaridade mais altos e empreendem para melhorar a renda e pelo desejo de independência.

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De acordo com Aidar e Mascarenhas (2007) o empreendedorismo inovador está associado ao processo de destruição contínua, na crença de que os produtos e serviços são substituíveis, ou seja, o empreendedor deve estar sintonizado com as mudanças do mercado, pois, quando é inserido um novo produto no mercado, os consumidores optam por aquilo que é diferente, querem inovar e ter o melhor que possam adquirir. Conforme aborado pelos autores, percebe-se que o empreendedor que se preocupa em satisfazer as necessidades do cliente consequentemente irá adequar a essas exigências, ou seja, o processo de destruição contínua instiga o empreendedor a sempre inovar, seja em produtos ou serviços. Os autores apresentam a ideia do empreendedorismo como a busca pela renovação constante de forma que os produtos e serviços tenham um diferencial para se destacar de tudo já existente no mercado.

Malheiros et al (2003), voltam-se para o estilo do comportamento empreendedor; os autores destacam que as pessoas podem aprender a agir como empreendedores, se tiverem o interesse em buscar por inovação e mudanças e, a partir daí enxergá-las como oportunidades de negócio.De fato, o empreendedorismo abre portas para o crescimento profissional das mulheres conseguindo, dessa maneira destaque na sociedade.

Abordando o empreendedorismo feminino, Pires (2013) afirma que houve aumento de mais de 20% entre os anos de 2001 e 2011 e que a cada dez pequenos negócios, três são comandados por mulheres.Com base nesses dados, Pires (2013) ressalta que as mulheres estão se destacando no mercado, numa busca constante pelo aprimoramento dos produtos e/ou serviços como fator competitivo de crescimento organizacional e pessoal.

Dados do Sebrae (2013) revelam que as mulheres não empreendem apenas para complementar a renda da família ou como passatempo. Abrem empresas, também, por identificar uma demanda de mercado e estão se perpetuando como empresárias de sucesso, sem espaço para amadorismo. Prova da conquista feminina definitiva desse espaço é o aumento da proporção de empreendedoras que sustentam suas famílias. Em 2001, 59% das empresárias complementavam a renda do marido no orçamento familiar e as taxas das donas de negócio que são chefes de domicílio subiu de 27% para 37% (SEBRAE, 2013).

2.2.1 Características do(a) empreendedor(a)

Para Greco (2010), o empreendedor tem como personalidade a inquietação e a motivação para criar algo novo ou recriar um negócio já existente. O fato de não se conformar e não acomodar possibilita a inovação e estimula a criatividade. Ainda de acordo com Greco (2010), as mulheres são mestres no quesito criatividade, pois, são mais detalhistas em suas funções, gostam de aprimorar suas qualidades, ou seja , são criativas para inovar quanto ao serviço ou produto, pois, se sentem satisfeitas em recriar diferentes maneiras de propiciar o contentamento do cliente por serviço diferenciado.

O empreendedor nem sempre terá todas as qualidades ao mesmo tempo mas: “ [...] terá as características mais apropriadas para aquele momento e aquele determinado lugar em que empreender e que poderá modular suas caracteristicas empreendedoras” (HASHIMOTO, 2006, p.6).

De acordo com Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p.51) os empreendedores utilizam o conhecimento já adquirido “ [...] o que significa que fazem uso do que têm (quem eles são, o que conhecem e quem conhecem) e escolhem entre os possíveis resultados.” Os autrores consideram que o empreendedor terá menos riscos no seu empreendimento por meio do

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conhecimento já adquirido; esta mentalidade empreendedora é base do segmento já consolidado no indivíduo que possui perfil mais arrojado.

De acordo com dados obtidos do Sebrae (2012), existem nove características consideradas importantes para o perfil empreendedor, analisando o quadro exposto, verifica-se que o empreendedor precisará acima de tudo, ter um mix de qualidades para conseguir enfrentar o mercado e se destacar entre os demais concorrentes. De fato, Gomes et al (2009) afirma que algumas características podem sobressair sobre as outras; cabe ao empreendedor saber lidar com as situações adversas e pontuar os defeitos para melhorar como empreendedor.

Características Descrição

Assumir Riscos

Faz parte da vida do empreendedor que deverá enfrentar os desafios escolhendo conscientemente os melhores caminhos.

Aproveitar oportunidades

Requer a atenção para perceber e ser capaz de enxergar momentos e oportunidades de mercado para seu empreendimento.

Conhecimento É muito importante conhecer o ramo em que deseja se aventurar através de experiência profissional ou mesmo através de estudos.

Organização Saber organizar os recursos humanos, materiais, financeiros de maneira racional e lógica economiza tempo e dinheiro.

Tomada de Decisão

Exige a confiança em si mesmo e requer do empreendedor uma decisão analisada mais friamente com análise de alternativas mais adequadas.

Liderança

Ser líder é uma das características que exige da pessoa a capacidade de alinhar os objetivos, orientar a realização de tarefas, além de saber produzir um ambiente equilibrado entre a equipe e o empreendimento.

Talento Ter talento é o que leva o indivíduo a empreender a capacidade de transformar as simples ideias em negócios.

Independente Ser independente é aquele que anda sozinho e toma suas próprias decisões.

Otimismo Esperança em concretizar seus objetivos alinhadas ao conhecimento e confiança ao seu desempenho profissional.

QUADRO 1 : Características do perfil empreendedor Fonte: Adaptado Sebrae (2012)

Gomes et al (2009, p.13) complementam que tanto homens quanto mulheres

possuem características complementares, ou seja, :

Na verdade, o jeito feminino de administrar não é superior ou substituto do modelo masculino, mas complementar – ambos, homens e mulheres, podem, portanto, contribuir com suas habilidades para o sucesso de uma organização. De qualquer forma, não se pode negar que o novo modelo de gestão das organizações modernas parece exigir um perfil de profissional mais flexível, sensível e cooperativo.

Percebe-se que de acordo com os autores citados Gomes et al (2009), Sebrae

(2012), Hashimoto (2006), Greco (2010), tornar-se um empreendedor não é tarefa fácil, pois, todos os dias novos desafios são colocados a sua espreita e por meio de suas características dominantes, o mesmo conseguirá contornar situações adversas, de forma generalizada, características pessoais são vistas em ambos os gêneros, pois ambos deverão aprimorar e adequar as nove características apresentadas no Quadro 1 no seu cotidiano organizacional. Cada qual deverá estar aberto a mudanças e trabalhar suas características pessoais a fim de adequar-se ao ambiente corporativo; é relevante ressaltar que é complexo mudar características pessoais, mas quando se tem determinação e existem críticas e informações úteis, mudanças se tornam necessárias. O importante não é deixar os defeitos se sobreporem às qualidades. O Quadro 2 demonstra algumas

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particularidades dos pontos bons e ruins enfrentados pelos empreendedores na busca da criação do seu negócio.

Vantagens Desvantagens

Autonomia Sacrifício Pessoal , como dedicação total no trabalho.

Desafio Sobrecarga de responsabilidades

Controle Financeiro Propensa margem de erro na tomada de decisões

QUADRO 2 : Vantagens e desvantagens do empreendedorismo Fonte: Adaptado Maximiano (2006)

Analisando o Quadro 2 é demonstrado que o empreendedor deverá pesar na balança

as vantagens e desvantagens de se ter um negócio próprio, quanto tempo será exigido dele para se sacrificar pelo negócio, o empreendedor muitas vezes terá que deixar questões pessoais para segundo plano, se tornando um paradoxo para o empreendedor. Cabe ao mesmo desfrutar de suas vantagens e de suas habilidades pessoais para conseguir administrar a situação para um lado equilibrado. (MAXIMIANO, 2006). Existem pessoas que não têm a mesma disposição para assumir riscos, muitas preferem ter a garantia de um salário fixo, sem inconvenientes financeiros e com previsibilidade. Esse tipo de pessoa não nasceu para ser empreendedor, pois, para se tornar um empreendedor de sucesso é necessário saber conviver com os altos e baixos e, sobretudo superar as dificuldades, pois, o risco faz parte do seu convívio e é preciso saber administrar entre o trabalho e as questões pessoais (DEGEN, 2005). 2.2.2 A mulher e o empreendedorismo De acordo com Leal (2013), estar pronta para conciliar várias tarefas e enfrentar distintos desafios com os quais os homens não estão acostumados a lidar são pontos que fazem parte da trajetória feminina ao empreender. Garcia (2012) comenta que as mulheres são multitarefas e tentam achar o ponto de equilíbrio entre as demandas da casa e do negócio. Ambos os autores têm o mesmo ponto de vista, pois, as mulheres diferentemente dos homens, não apenas trabalham, como ainda têm que se preocupar no pós-trabalho, com as tarefas de casa e preocupação com a família. De acordo com Garcia (2012), ao galgarem seus propósitos financeiros ou de realização pessoal, elas se sentem instigadas a encarar o duplo desafio negócio-família, de forma positiva. Conforme abordado pelo autor, várias são as dificuldades enfrentadas pelas mulheres ao empreender, mas as suas características pessoais como determinação, organização, liderança, talento e, sobretudo vontade de vencer se tornam pontos primordiais para a sobrevivência do negócio.

Para Leal (2013), foram pautados alguns conselhos de mulheres empreendedoras para outras mulheres que desejam abrir suas empresas: Não sofrer demais em seu negócio; Estar pronta para mudar sempre que for preciso; Aja rápido para conseguir o que quer; Pensar grande. Seu negócio pode valer tanto quando uma empresa comandada por um homem; Persista mesmo diante de adversidades; Esteja pronta para cometer erros. Encare-os como parte do caminho a percorrer até o sucesso. Siga em frente sempre. f) Nunca

desista. No final, vai valer a pena. Na realidade, para a autora, não existe um modelo único e infalível a seguir para que todas as coisas andem alinhadas; mas o planejamento, a persistência e a superação são alguns dos ingredientes especiais para enfrentar as dificuldades do mercado.

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Zuini (2014) aborda que algumas medidas devem ser tomadas pelas mulheres empreendedoras para superação ou aprimoramento dos seus serviços, analisar a oportunidade do negócio escolhido para não sofrer com o empecilho de um negócio de sobrevivência; gerir o negócio sabendo delegar funções e acompanhá-las, ou seja, não querer dominar tudo o que acontece no ambiente corporativo; focar no que é importante para não ficar sobrecarregada. Em síntese, o autor considera que planejar deve ser feito de imediato; desenvolver seu trabalho através de cursos de gestão e aperfeiçoamento da prestação de serviço, além de participar de eventos de networking, que propicia uma rede de extensão de contatos primordial para o negócio. Dessa forma, para sustentar uma empresa, algumas estratégias empreendedoras devem ser tomadas, visando à amenização das dificuldades enfrentadas pelas mulheres. 2.2.3 Estratégias Empreendedoras Com base nessa realidade de superação dos desafios, criar estratégias se torna foco das mulheres empreendedoras. De acordo com Maximiano (2004), em síntese, a estratégia no campo da administração está associada à maneira como alcançar os seus objetivos, ou seja, define uma direção, analisando o ambiente em conformidade com as ameaças e oportunidades. O empreendedor deverá estar preparado para as ameaças do ambiente; para isso, deverá fortificar a empresa através de um planejamento estratégico. Maximiano (2006, p.56) reforça que “(...) quando o empreendedor decide abrir seu negócio já está fazendo seu planejamento estratégico.” Dessa forma, destaca-se que os empreendedores devem saber qual rumo seguir; isto é estratégia, e como conseguirão alcançar seus propósitos com êxito por meio de um planejamento estratégico bem definido.

Oliveira (2005) afirma que para planejar é necessário envolver um modo de pensar, sempre questionando como fazer, quando, para que, por que e onde. Dessa maneira, pode-se estabelecer o melhor caminho a ser seguido, adaptando ao ambiente e atuando de forma diferenciada dos concorrentes. Estar preparado para momentos inoportunos se torna ponto chave para a sobrevivência no mercado, através de um serviço de qualidade, controle financeiro, valorização do capital humano, ou seja, com uma base consolidada, a empresa conseguirá sobreviver aos baques do mercado. O objetivo do planejamento estratégico pode-se concluir, que serve para reduzir a incerteza da entropia buscando a sinergia da organização, para aumentar a probabilidade de alcançar suas metas e objetivos estabelecidos, superando os desafios encontrados no ambiente interno e externo.

Conforme abordados pelo autor Maximiano (2006) e Oliveira (2005), a mulher empreendedora terá que ter uma visão do futuro, estipulando aonde se quer chegar, definindo assim um caminho para alcançar sua meta. É através de um planejamento eficaz que se pode prever os riscos e antecipar medidas estratégicas para o sucesso empresarial.

Pesquisa realizada pelo GEM (2013), comenta que cerca de 84,6% dos negócios não buscam auxílio junto aos órgãos de apoio, mas o Sebrae está citado entre os 9,2 % dos entrevistados como opção para auxílio no empreendimento. Uma estratégia cabível para o empreendedor é procurar órgãos que possam auxiliar o empreendedor a se orientar no turbilhão de dúvidas que aparecem no decorrer da trajetória empresarial. Um deles é a parte financeira, que deve ser bem delineada. De acordo com Grando et al (2012, p.178) " o que o empreendedor não pode delegar é a elaboração e, sobretudo, a administração do fluxo de caixa do seu negócio.” Ou seja, a parte financeira deve ser muito bem elaborada para que a empresa não sofra contratempos futuros, chegando a falência.

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Para Grando et al (2012), como o meio digital é interativo, o consumidor torna-se protagonista graças à evolução do meio digital. Quando uma prestação de serviço possui qualidade, o cliente pode indicar a empresa através da própria rede social.

3 METODOLOGIA Neste capítulo, são apresentados os métodos e técnicas de pesquisa para a elaboração e desenvolvimento. Segundo Michel (2009), a metodologia são os passos que serão dados em busca de uma pesquisa coerente com os objetivos estudados, propiciando a solução de problemas e respostas referente as dúvidas levantadas.

O modelo de pesquisa utilizado neste artigo foi uma pesquisa qualitativa, que conforme abordado por Michel (2009, p. 37): [...] “a verdade não se comprova numérica ou estatisticamente, mas convence na forma detalhada, abrangente, consistente e coerente.” Ou seja, os problemas, dificuldades que passam as mulheres empreendedoras pesquisadas podem ser comprovadas por meio de questionários estatísticos ou numéricos, mas para entendê-los com mais profundidade, seus motivos, seus anseios, sentimentos, experiências, foi necessário fazer uma pesquisa frente a frente, solicitando esclarecimentos, procurando entender suas reações e sensações. E isso somente é possível fazer com a pesquisa qualitativa, pois, a quantitativa apenas quantifica os problemas, a qualitativa, explica-os.

Michel (2009) ainda afirma sobre a pesquisa descritiva que tem como intuito explicar os fenômenos de maneira teórica, relacionando-os com o ambiente. Para a autora, a pesquisa qualitativa e descritiva estão intrinsecamente ligadas, tendo em vista o foco de ambas, levantamento de dados e interpretação dos fatos para alcance dos objetivos.

E por fim, a pesquisa também foi caracterizada como pesquisa de campo que auxilia na obtenção de informações sobre acontecimentos da vida real, confrontando a teoria estudada com a realidade. De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.186):

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual de procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar [...]. Essa técnica permite assim utilizar fatos da vida real para confrontar a teoria estuda e atingir os objetivos.

Foi realizada a pesquisa de campo em três salões situados na região metropolitana

de Belo Horizonte com o intuito de obter informações de três empreendedoras, interpretando cada resposta obtida de forma consistente e coerente, conforme abordado pelos autores acima.

A empreendedora “A” atua no mercado há mais de 15 anos; sua empresa é localizada em Belo Horizonte, e possui uma equipe composta por seis mulheres. A empreendedora “A” é especialista em penteados e ensina mulheres que não detêm experiência para trabalhar com a mesma, uma vez que ela acredita que é mais fácil lapidar a sua funcionária a sua maneira.

A empreendedora “B” está no mercado há mais de 10 anos; sua empresa está localizada em Contagem; ela possui uma clientela fixa que já deixa seu horário agendado semanalmente. A empreendedora entrevistada divide o espaço com outras duas pessoas, trabalhando em sociedade. A empreendedora “B” trabalhava em loja de roupa e decidiu mudar e investir em sua carreira profissional; começou a fazer cursos de estética e juntou-se a uma amiga que possuía um salão de beleza, e que não contava com uma esteticista. Pela

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oportunidade oferecida, a mesma está com esta sociedade há 5 anos e, atualmente, está aprimorando suas técnicas em penteados.

A empreendedora “C” está no mercado há um ano, sua empresa está localizada na cidade de Ibirité; a empreendedora “C” Iargou toda uma carreira estável e ingressou na faculdade de estética e com o apoio dos familiares e amigos abriu seu negócio próprio em casa e, como tem pouco tempo de mercado, divulga seu trabalho pela internet.

Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas, “(...) o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada; permite explorar mais amplamente cada questão”. (MICHEL, 2009, p.68). Dessa forma, o entrevistado se sente mais à vontade diante do entrevistador, e entende aquela entrevista como uma conversa rotineira. A entrevista semi estruturada foi a mais adequada, pois dá liberdade para o entrevistado expor suas ideias e facilita assim a compilação das informações e confrontamento da teoria.

Para análise de dados, foram utilizados os métodos de pesquisa observacional e o comparativo. De acordo com Cervo e Bervian (2004, p.27): “ observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um objeto, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso.” Assim, segundo os autores, os resultados obtidos dos fatos não seriam meras adivinhações, mas sim observações claras e precisas de todos os dados obtidos e interpretando de maneira eficiente. Já Michel (2009, p.57) comenta que o método comparativo é: “[...] eficaz para tratar problemas que envolvam escolha e opção entre medidas, estratégias, táticas organizacionais, vendas, custos e outros.” Isso que dizer que foram feitas comparações para compreender os comportamentos das entrevistadas.

Portanto, pela pesquisa qualitativa foi possível coletar os dados e o que as entrevistadas disseram filtrar as informações fornecidas, interpretar precisamente os dados obtidos e tratar essas informações comparando e analisando para extrair de maneira eficaz o que foi fornecido para o entrevistador. 4 ANÁLISE DE DADOS Este capítulo apresenta a análise dos dados empregada através da pesquisa de campo com três empreendedoras do ramo da beleza. A entrevista foi realizada no mês de outubro de 2014, com duração média de 60 minutos. A entrevistada “A” atua no mercado há mais de quinze anos. A entrevistada “B” atua no mercado há mais de cinco anos e a entrevistada “C” atua a pouco mais de um ano no ramo da beleza.

Pretendeu-se com esse artigo evidenciar por meio dos dados obtidos os principais desafios enfrentados pelas mulheres empreendedoras, bem como a evolução da mulher no mercado de trabalho; as competências necessárias para empreender e principais estratégias utilizadas para o crescimento do negócio.

Para atender ao objetivo geral, foram indagadas às entrevistadas sobre quais seriam os principais desafios encontrados e superados no empreendimento:

Atualmente são vários os desafios que estou superando como, por exemplo: o comércio está em queda, atualmente perdi meu braço direito do salão, que na minha ausência me ajudava, e agora no final do ano a tendência é aumentar a demanda. Minha companheira saiu para cuidar mais das suas filhas pequenas, ela resolveu dar um tempo por agora, pretende até voltar, de certa forma, eu entendo ela plenamente, também tenho uma filha pequena que demanda muito do meu tempo. Mas vai ser com muita determinação e com a ajuda da minha equipe que iremos superar todos os contratempos, como já superei em todos esses anos. ENTREVISTADA “A”.

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Conforme comentado pela entrevistada “A”, a mesma está em um momento turbulento do seu negócio, sua funcionária que a auxiliava na sua ausência, teve a necessidade de parar de trabalhar para cuidar das suas filhas que são pequenas, de certa forma, a entrevistada compartilha e entende a saída de sua funcionária, uma vez que ela também possui uma filha pequena. Mas é relevante ressaltar que a entrevistada “A” não desanima diante das adversidades, pois, deixa claro que é determinada para passar por esse momento, além de ter uma equipe qualificada que irá auxiliar. A resposta da entrevistada vai ao encontro do que Maximiano (2006) aborda, ao qual existe o ônus e o bônus de ser uma empreendedora, sacrifício pessoal versus autonomia. A fala da entrevistada “B” ressalta outro ponto do bônus e ônus de ser uma empreendedora:

No início o maior desafio foi a aceitação pelas pessoas da qualidade do meu trabalho, com isso o financeiro girava pouco, essa dificuldade foi superada me especializando cada dia mais e as clientes foram tendo confiança em meu trabalho. ENTREVISTADA “B”

Fica evidente que existem riscos que somente empreendedores estão dispostos a assumir, o desafio vêm em contrapartida com a sobrecarga das responsabilidades, existe uma propensa margem de erro na tomada de decisões, mas se bem administradas prevalece o controle financeiro sobre o negócio. A entrevistada “C” comenta que “[...] Como estou iniciando enfrento a falta de dinheiro para adquirir os lançamentos do mercado, por isso, estou planejando conseguir capital inicial, fazendo planejamento financeiro.

As respostas acima dão ênfase ao abordado por Garcia (2012) e Leal (2013) aos quais defendem que várias são as dificuldades enfrentadas pelas mulheres ao empreender, mas as suas características pessoais como determinação, organização, liderança, talento e, sobretudo vontade de vencer se tornam pontos primordiais para a sobrevivência do negócio. É relevante ressaltar que cada empreendedora está passando por uma dificuldade diferente e está em busca da solução. Conforme comentado pelos autores as características pessoais ajudam de certa forma. Entretanto, as empreendedoras também devem ter uma base sólida de conhecimento técnico adquirido através de especialização na área além de cursos que possam agregar para empresa, como finanças por exemplo.

Quando questionadas sobre como a sua carreira afetou sua vida familiar e quais são os pontos positivos e negativos no fato de serem uma empreendedora, as entrevistadas responderam:

Não tem como eu dizer que não interfere, sempre tem alguém me ligando pra agendar, até tento separar mas é impossível, às vezes meu marido fica até com raiva dizendo que eu vivo pro salão. Mas tenho que ter paciência e tentar equilibrar a situação, pois, preciso do trabalho e preciso tanto quanto da minha família, uma boa conversa sempre ajuda e no final ele acaba entendendo. Como ponto negativo não tenho tempo nos finais de semana e como ponto positivo é não ter que pedir permissão para sair mais cedo do trabalho, não ter patrão controlando, além do mais a independência financeira. ENTREVISTADA “A”

A entrevistada “A” deixa explícito que passa por situações inusitadas ao qual o próprio

marido reclama do seu trabalho, onde as clientes acabam ligando em horários pós expediente, deixando seu cônjuge irritado, a mesma destaca que essa falta de tempo se torna um ponto negativo, mas que ela pode fazer seus próprios horários sem pedir permissão e que a parte financeira se torna atrativa. A entrevistada “A” comenta que tenta separar as multitarefas do dia a dia, mas ela não está conseguindo obter êxito, percebe-se

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que falta organização e o atendimento as demandas pós trabalho também podem ser resolvidos no dia posterior, ou em um momento mais oportuno ao qual não incomode a família e se de tudo for necessário retornar a ligação de imediato a cliente, faz se necessário ter um dialogo transparente entre esposa e marido para alinhar um entendimento de ambos os lados, para não deixar a carreira profissional afetar a vida familiar. A segunda entrevistada comenta que:

Na minha vida familiar em relação ao meu marido quando as coisas foram dando certo e crescendo, ele se tornou um homem muito inseguro, por conta disso tivemos alguns desentendimentos. O positivo são vários como o retorno financeiro, poder fazer seus próprios horários, o reconhecimento do seu trabalho dentre outros. Do negativo é que a gente fica inseguro é mais preocupações as vezes acaba levando problema para casa, o que não acontece quando você é empregado,quando você é empregado de uma empresa você não se preocupa com certas coisas você vai trabalha quando chega o dia de receber você quer o seu salário sem se preocupar de onde está vindo o dinheiro. ENTREVISTADA “B”

As respostas das entrevistas A e B evidenciam o ponto de vista de Garcia (2012) e Leal (2013), segundo os quais, grande parte das mulheres é multitarefa, o que aumenta ainda mais o desafio entre trabalho e família. A entrevistada “B” alerta para um lado importante, quando se é funcionária, não existe a preocupação constante de como a empresa está se saindo no mercado, a única preocupação é com o salário. Mas quando se é empreendedora, essa preocupação é constante e saber equilibrar a situação financeira é responsabilidade do empresário e uma das características fortes do empreendedor. Essa consciência da entrevistada a qualifica como um empreendedora, conforme o que Degen (2005) aborda, pois, a pessoa que não sabe conviver sem a segurança do salário fixo, sem os riscos e superação, não nasceu para ser empreendedora.

Bom, se antes tinha folgas no sábado, hoje eu não tenho mais, minha família entende e apóia minha decisão. O ponto positivo é o dinheiro que eu ganho do meu negócio serve para investir cada vez mais na minha empresa. O negativo é a insegurança do futuro, o medo de não dar conta da administração e responsabilidades da empresa. ENTREVISTADA “C”

No caso da entrevistada C, a família apóia sem cobranças, o que ameniza o fardo das

várias responsabilidades de se abrir um negócio próprio. Referente aos pontos positivos e negativos de ser manter uma empresa, esses vão ao encontro do que aborda Maximiano (2006), que afirma que as vantagens são a autonomia, desafios, controle financeiro em contrapartida, vêm as desvantagens como sacrifício pessoal, sobrecarga de responsabilidades e uma propensão ao erro nas questões financeiras. Ou seja, se por um lado, a empreendedora tem autonomia financeira, por outro lado essa mesma autonomia pode gerar sobrecarga de responsabilidades não tendo como, por exemplo, tempo para cuidar de si própria. Ao mesmo tempo que a empreendedora tem a vantagem de viver desafios e conseguir o que deseja, existe o ônus de correr riscos com decisões equivocadas, acarretando perdas financeiras.

Dessa forma, a mulher empreendedora deve pesar na balança as vantagens e desvantagens de se ter um negócio próprio, pois, o que lhe será exigido para dedicar-se ao seu negócio acarretará grandes sacrifícios pessoais, o empreendedor muitas vezes deixará questões pessoais para segundo plano, por não ter tempo para cumprir com tantas obrigações. Cabe-lhe desfrutar de suas vantagens e de suas habilidades pessoais para conseguir administrar a situação para um lado equilibrado.

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As premissas sobre a alavancagem da mulher no âmbito organizacional apresentadas no presente artigo foram confirmadas durante a investigação, quando as entrevistadas responderam sobre a comparação da vida profissional de sua mãe com a delas atualmente e o que havia evoluído entre essas gerações, foram obtidos as seguintes respostas:

Percebo que tudo é diferente, minha mãe cuidava dos filhos e da casa e às vezes pegava um “bico” de faxineira para ajudar nas despesas da casa, carteira assinada a décadas atrás era difícil. [...] Muitas foram as conquistas das mulheres para alcançar a independência financeira que eu tenho hoje. ENTREVISTADA “A” Minha mãe era faxineira por necessidade, precisava ajudar a sustentar a casa, não tinha estudos então precisava trabalhar no que aparecesse [...] Se hoje minha mãe trabalhou muito, foi pra me dar estabilidade, para que eu possa estar onde estou. ENTREVISTADA “B”

Minha mãe não teve oportunidades na vida, ela era porteira em um prédio, tenho muito orgulho dela. Se comparado a minha vida profissional atualmente, muita coisa mudou, pois, estou fazendo faculdade e principalmente fazendo algo que eu gosto coisa que minha mãe não pode. ENTREVISTADA “C”

As respostas acima dão ênfase ao comentado por Assis (2009), de que em décadas

passadas as mulheres cuidavam da casa e dos filhos, mas que este paradigma foi quebrado e muitas mulheres ingressaram no mercado de trabalho e superando novos desafios lentamente. Percebe-se que comparando as gerações, a vida de mães e filhas era totalmente diferente, a mãe não tinha pretensão de abrir um negócio, mas somente trabalhar e conseguir o necessário para sustento da família.

Quando questiona-se as entrevistadas sobre se houve algum evento de “disparo” para iniciar o negócio, a entrevistada “A” declarou que nunca trabalhou em outra empresa, trabalhou por conta própria desde cedo. Já as entrevistadas “B” e “C” trabalharam em outras empresas, mas não eram satisfeitas com que o faziam, então, resolveram planejar-se e trabalhar com o que sempre sonharam, investindo na sua carreira. Pires (2013) corrobora que o empreendedorismo feminino aumentou mais de 20% nas últimas décadas e que a cada dez pequenos negócios, três são comandados por mulheres. De acordo com a pesquisa GEM (2013), as mulheres atuam principalmente nas atividades de vestuário, da beleza e higiene pessoal e dos serviços domésticos. No Brasil, esses três segmentos respondem pela atividade de 49,5% das empreendedoras em estágio inicial e 53,9% das empreendedoras estabelecidas. Nesse tipo de comércio, predomina a venda de produtos de beleza por meio de catálogo, o que é muito difundido no Brasil.

Ao analisar as respostas das entrevistadas, quanto aos questionamentos de que fatores as influenciaram a se tornar empreendedoras e por que no ramo da beleza, a entrevistada “A”, disse que possui um cabelo muito crespo, difícil de alisar e quando era adolescente nunca conseguia alguém que atendesse às suas expectativas e que sofria muito com esta situação “[...] já cheguei a ficar careca, pela falta de habilidade e produtos bons para relaxar meu cabelo.” A mesma ressaltou que, a partir deste acontecimento, decidiu na sua vida que queria ser uma excelente profissional e que não gostaria que ninguém passasse pela situação de ficar careca como ela. Já a entrevistada “B” disse que desde adolescente se identifica com a área da beleza e se inspirou em seu pai, que tem seu negócio próprio e que gosta do que faz. A entrevistada “C” comentou que uns dos fatores que a motivou a se tornar uma empreendedora no ramo da beleza foi sempre o seu sonho, a

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mesma acha maravilhoso saber que o realce na beleza das clientes venha das suas mãos. Além disso, comentou que almeja pela independência financeira. Algumas afirmações levaram à percepção de que todas as entrevistadas gostam da área em que trabalham e que investiram nessa carreira e viram uma oportunidade de negócio e queriam fazer a diferença na vida das outras pessoas, ou seja, elas não prestam somente serviço ou vendem beleza, mas sim autoestima. Foi indagado às entrevistadas sobre quais seriam os seus pontos fortes e pontos a melhorar como empreendedoras: “[...] Sou determinada, corro atrás dos meus objetivos, além de ter que conseguir liderar minha equipe com eficiência juntas conseguimos realizar excelentes trabalhos, não sou muito boa para divulgação pela internet e sei que hoje em dia é muito importante” (ENTREVISTADA “A”). Já a entrevistada “B” comenta que “[...] meu ponto forte é o atendimento e qualidade do meu trabalho, tenho muito orgulho em poder realçar ainda mais a beleza das minhas clientes, preciso aprender a organizar melhor meu tempo e finanças.” E por fim a terceira entrevistada “[...] meu ponto a melhorar é na administração financeira do meu negócio e como ponto forte é a determinação para alcançar meus propósitos.” (ENTREVISTADA “C”) As respostas acima vão ao encontro do que Greco (2010), Hashimoto (2006) defendem, quais sejam, que as mulheres possuem características de determinação, criatividade, trabalho em equipe, aprimoramento das qualidades, entre outros. As três entrevistadas alegaram distintas qualidades e pontos a melhorar, mas estão cientes do que precisam para aperfeiçoar melhor os seus negócios. Quando o empreendedor conhece seus pontos a melhorar, ele se torna mais propenso a aperfeiçoar aquilo que está prejudicando ou dificultando o crescimento da sua organização. Nos pontos a melhorar, as entrevistadas B e C possuem dificuldades para gerir as finanças e a entrevistada A tem dificuldades com a tecnologia para divulgação do seu trabalho. Percebe-se que são cenários diferentes, mas como empreendedoras deverão pautar o que é preciso para melhorar. Nessa direção, questionou-se a formação acadêmica foi importante para a abertura do negócio e se as empreendedoras fazem curso de reciclagem ou aprimoramento aperfeiçoar-se:

Com certeza, todos os cursos que já fiz foram ótimos para exercer minha função. Eu continuo fazendo cursos, pois, na área da beleza sempre tem coisas novas. Um curso de aprimoramento que fiz foi oferecido pelo SEBRAE a microempreendedores sobre atendimento ao cliente e como administrar seu negócio. Ambos me ensinaram como fazer meu negócio crescer, até hoje recebo mensagens no celular sobre novos cursos e palestras. ENTREVISTADA “A”.

Fica evidente que a entrevistada “A” não preocupa-se somente com o

aperfeiçoamento na área da beleza, mas prima pela área administrativa que auxilia muito no alavancamento do seu negócio. Já a entrevistada “B” comenta que “[...] Foi importante sim, fez ampliar a visão que já tinha de um empreendimento. Faço cursos de beleza constantemente seja presencial, pela internet ou lendo revistas especializadas.” Por fim, a entrevista “C” indaga que “[...] Estou fazendo faculdade de estética e estou gostando muito, quando acabar a faculdade pretendo fazer novos cursos, pois, a faculdade te dá uma base, o aperfeiçoamento vai do empenho da esteticista, não quero ficar para trás, as clientes sempre querem novidades [...]”.

Algumas afirmações apontam para a percepção em torno da necessidade de se investir em curso de finanças e atendimento aos clientes. Somente a entrevistada “A” possui esses cursos, talvez por isso, como pontos a melhorar ela não tenha citado a parte

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financeira. Todas as entrevistadas se preocupam em se aperfeiçoar no quesito da beleza e estética. Para uma perspectiva de aperfeiçoamento do seu negócio, percebeu-se que os dados são muito baixos, pois, de acordo com a pesquisa realizada pelo GEM (2013) cerca de 84,6% dos negócios conduzidos por homens e mulheres, não buscam auxílio junto aos órgãos de apoio, mas o Sebrae é citado entre os 9,2% dos entrevistados como opção para auxílio no empreendimento. Foi indagado às três empreendedoras se foi feito algum planejamento para a abertura do negócio e se pretendem expandir seu negócio, foram obtidas as seguintes respostas:

Quando resolvi abrir meu negócio, coloquei todos os gastos de investimento que teria em uma planilha, elaborei a parte financeira, pois, se não tiver controle como vou conseguir adquirir novos produtos, além do mais, existem épocas que o comércio está ruim, preciso ter um fluxo de caixa para manter meu negócio ativo, se não tiver controle, aí eu posso fechar as portas, quanto salões abrem as portas no final de ano momento em que o movimento aumenta, mas não permanecem por falta de controle e planejamento financeiro. Meu sonho é expandir o negócio, me inspiro em minha tia que tem “o salão de beleza” em Ipatinga, lá as clientes recebem uma comanda ao qual pode desfrutar de tudo, lanches, sucos, vitaminas, SPA, dentre outros. O espaço é uma casa com nove cômodos e cada um oferece um serviço diferente, estou me planejando para alcançar esse objetivo, na região não existe nenhum espaço que possa oferecer total conforto e comodidade dessa maneira, devagar eu chego lá. ENTREVISTADA “A”.

A entrevistada “A” ressalta pontos importantes sobre como conseguir superar

momentos ao qual o mercado não está bom através do planejamento financeiro anual, planejando-se é possível evitar os baques do mercado. Além disso, ela não pensa pequeno, quer tornar seu espaço em um serviço diferenciado espelhando-se na sua tia, a ideia da empreendedora “A” vai ao encontro da afirmação de Oliveira (2005) que comenta que para planejar é necessário envolver um modo de pensar sempre questionando como fazer, quando, para que, por que e onde. Já a entrevistada “B” diz “ [...] Sim, no início tive que me planejar financeiramente, fazer pesquisas de mercado, ver um melhor local para montar o negócio. [...] a expansão do negócio sempre é um grande sonho, onde trabalhamos para conquistá-lo”. De acordo com Grando et al (2012, p.178) " o que o empreendedor não pode delegar é a elaboração e, sobretudo, a administração do fluxo de caixa do seu negócio.” Ou seja, a parte financeira deve ser muito bem elaborada pelo empreendedor para que a empresa não sofra contratempos futuros. A entrevistada “C” ainda comenta que:

Sim, me preparei durante 02 anos juntando dinheiro e fazendo planos, pois, os produtos e ferramentas para trabalhar de qualidade são bem caras. Atualmente, eu faço meus atendimentos em um espaço que reservei na minha casa, mas também atendo a domicílio, portanto, estou me planejando para expandir meu negócio, quero ter meu cantinho para atender melhor as minhas clientes.

Analisando as falas das entrevistadas, as respostas são unânimes quanto ao

planejamento no início do negócio e conforme Maximiano (2006) o empreendedor deverá estar preparado para as ameaças do ambiente, para isto deverá fortificar a empresa através de um planejamento estratégico. Oliveira (2005) também defende o planejamento, no qual o empreendedor deverá traçar os seus caminhos sempre levantando questionamentos para analisar qual a melhor maneira de implantar a sua ideia. Para abrir um negócio ou para expandi-lo é sempre necessário planejar para evitar transtornos futuros.

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Quando questionadas sobre como divulgam seu trabalho, a entrevistada “A” comentou que o faz através do boca a boca das clientes e que aos poucos está aprendendo a usar as redes sociais. A entrevistada “B” comenta que divulga através das redes sociais (Página no Facebook e WhatsApp), panfletos, cartões e as indicações no famoso boca a boca sempre há. A entrevistada “C” como está no início da carreira ressalta que as redes sociais a ajudam a divulgar que ela trabalha com estética e beleza. As afirmações das entrevistadas contemplam o que Grand et al (2012) abordam que com a evolução dos meios digitais, faz-se necessário criar uma estratégia distinta, pois, como o meio digital é interativo, o consumidor torna-se protagonista. A empresa pode divulgar seus serviços e literalmente mostrar que existe nas redes sociais, as mulheres sempre pesquisam sobre todas as novidades da beleza nas redes sociais, pois querem estar em dia com as novidades da moda e de cosméticos e isso acaba se tornando uma ferramenta estratégica de divulgação primordial para a empresa.

Em síntese, utilizando ferramentas necessárias para aprimoramento dos serviços oferecidos, a gestão financeira, divulgação do trabalho, participação de eventos voltados a beleza, cursos preparatórios e de reciclagem são estratégias chave para alavancagem da empresa. Na área da beleza, tudo se torna volátil, o que hoje está em alta, amanhã será substituido por outra novidade que pode cair no gosto das clientes, ou seja, estar sempre sintonizada com o que há de novo no mercado e a busca constante em aprimorar o que é oferecido se torna a base das empresas de salão de beleza.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo foi desenvolvido com o objetivo de discutir os principais desafios enfrentados pelas mulheres para empreender na área da beleza. Para isso, buscou-se analisar a evolução da mulher no mercado de trabalho, as principais competências necessárias para empreender e as estratégias utilizadas pelas empreendedoras para o crescimento do negócio. De acordo com a pesquisa realizada com três empreendedoras, analisou-se que são distintos os desafios enfrentados por elas, quais sejam, mercado desaquecido em algumas épocas; perda de integrantes da equipe; financeiros, aceitação dos clientes da qualidade da prestação do serviço, conciliação das responsabilidades na família versus trabalho, necessidade de atulização na área, formação de equipes. Para superação desses desafios, tornando-se como base de discussão a teoria com a prática estudada, fica em evidência que as características pessoais auxiliam na busca por melhorias contínuas. Além disso, cursos constantes na área e afins sempre agregam valor. Buscar ajuda nos órgãos responsáveis quando surgem dúvidas, como o Sebrae, por exemplo, pode auxiliar a sanar questões burocráticas e específicas do ramo. Portanto, considera-se que o objetivo geral foi alcançado com exatidão, mas a pesquisa se torna insuficiente para atender essa questão, pois, a cada dia novos desafios são impostos para as mulheres empreendedoras no ramo da beleza, seja por questões do próprio ramo que exige sintonia com tudo que tem de novo ou por questões dos agentes externos do mercado, por isso, como sugestão da pesquisa, considerando o avanço da tecnologia e as mudanças constantes, o estudo desses desafios deve ser retomado e atualizado, tanto no meio acadêmico quanto profissional. Em síntese, percebeu-se que todas as entrevistadas têm como ponto forte a determinação, a coragem para não desistir dos seus ideais; sem essa garra que move o negócio não seria possível superar os desafios que foram encontrados durante o percorrer da sua trajetória bem como o planejamento financeiro para a abertura do negócio. Para

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enfrentar esses distintos desafios não existe de fato uma receita infálivel a ser tomada, por exemplo, a cobrança da família pela falta de tempo da mulher desempenhar o papel de mãe, mulher, filha, amiga é um desafio complexo de enfrentar, seria viável a empreendedora ser organizada com seus horários, pois, não será possível conciliar tantas atividades sem um planejamento e além de tudo um dialógo transparente, pois, se houver dialogo as pessoas nem sempre vão compreender a falta do tempo, mas vão apoiar as decisões das mães, filhas e esposas empreendedoras que estão em busca da realização dos seus sonhos, além disso, os maridos também tem que ajudar com as tarefas de casa, para amenizar tantas atividades destinadas somente as mulheres para organizar a casa, assim existirá mais tempo para o lazer. No que diz respeito a parte financeira, quando a empreendedora não detém conhecimento ou não domina a área financeira completamente, o empreendedor deverá procurar órgãos responsáveis para direcioná-lo, pois, o mercado já se torna instável, com o auxílio do SEBRAE, por exemplo, é possível amenizar os impactos financeiros de abrir e propagar o negócio. É relevante ressaltar que, em geral, as mulheres de décadas atrás não tinham a oportunidade que as mulheres de hoje possuem. De acordo com a pesquisa realizada, as mães das empreendedoras trabalhavam por necessidade e sem qualquer condição de custear se quer seus estudos. Já as entrevistadas trabalham no que gostam desde cedo ou batalharam para trabalhar no ramo com o qual se identificam. Devido ao grande avanço da tecnologia, lugares antes nunca conhecidos são descobertos através da ótica das redes sociais, quem não mostrar sua empresa na internet é como se não existisse. As entrevistadas estão cientes de que simples gestos estratégicos de postagens do seu serviço, auxiliam no retorno financeiro, haja vista que, quanto mais pessoas descobrem que aquela determinado empresa presta um serviço de excelência, maior é a probabilidade do cliente se interessar e arriscar em se tornar um cliente. Nesse ramo, a propaganda boca a boca funciona também pois, como as entrevistadas ressaltaram a questão é levantar a autoestima das mulheres. Assim uma cliente espalha o serviço para outras pessoas; mesmo atualizando-se e buscando formas mais modernas, tecnológicas; esse ramo não pode abrir mão da importância de deixar o cliente satisfeito para poder contar com a sua propaganda pessoal aos amigos.

Outro ponto estratégico importante é o aprimoramento das atividades de beleza e estética, ou seja, sempre estar atento às novidades do mercado e participar de eventos da beleza e outros que possam auxiliar no contínuo desenvolvimento da empresa. Ademais, a preocupação com a imagem, inclusive com cosméticos também chegou ao público masculino o que é algo que as empreendedoras deverão se preparar. Dessa forma, acredita-se que o artigo propiciou ganhos para o fortalecimento do corpo teórico do tema de empreendedorismo feminino no ramo da beleza. Com a pesquisa de campo foi possível comprender e acompanhar de perto o que essas mulheres empreendedoras passam e como são guerreiras quando estão passando por situações turbulentas. Grande prova desse espírito guerreiro se deu na demonstração de emoção de uma das entrevistadas pelo fato de poder contar suas experiências, pois, muitas pessoas não dão valor ao trabalho e à perda dos finais de semana para atender suas clientes da melhor maneira possível. Durante a realização da pesquisa houve limitações no que diz respeito ao acesso às entrevistadas, pois, a disponibilidade das mesmas nos finais de semana era inviável, devido à grande demanda de atendimento; outro fator limitador foi o tempo para a elaboração do trabalho. A utilização da pesquisa qualitativa foi uma escolha adequada para a elaboração do trabalho; os objetivos foram atingidos. Espera-se alcançar com esse estudo maior

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reflexão a respeito do assunto, para que se atinja uma visão holística dos desafios que são enfrentados e superados por mulheres que se arriscam a se tornar empreendedoras. O presente artigo contém informações relevantes para os alunos de administração e para futuros empreendedores, pois traz conceitos e experiências distintas de empreendedoras iniciais e estabelecidas, viabilizando um norte no processo de formação de um negócio e os principais desafios enfrentados no ramo da beleza. Por fim, sugere-se a continuação de futuras pesquisas desse tema com uma amostragem maior, em como a visão dos auxiliares sobre a empreendedora, analisar o perfil das empreendedoras do ramo da beleza. Enfim, o ramo é fértil, expressivo na sociedade e aplicações de abordagens são abrangentes sobre a área de empreendedorismo, tornando-se um leque de opções para futuros alunos de administração que interessem no tema.

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