embargos de terceiro

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Embargos de Terceiro - Acórdão - STJ

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Superior Tribunal de JustiaAgRg no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA N 33.921 - SP (2011/0060770-0)

RELATRIOO EXMO. SR. MINISTRO GURGEL DE FARIA (Relator): Trata-sedeagravoregimentalinterpostoporWILCILENE RODRIGUESDA SILVA contradecisoexarada peloem. MinistroMouraRibeiro,quenegou provimentoaorecursoordinrioemmandadodesegurana,nostermosdaseguinteementa(fl. 247):RECURSOEMMANDADODESEGURANA.RECURSOORDINRIO. AUSNCIADEDIREITOLQUIDOECERTO.DEVOLUODEVECULO APREENDIDOEMRAZODOCRIMECONTRAAORDEMTRIBUTRIAE LAVAGEMDEATIVOS.PROCESSOCRIMINALEMANDAMENTO. DILAO PROBATRIA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.Nassuasrazes(fls.255/269),aagravantesustentaacondiode adquirentedeboa-f,sobaalegao deque,nomomentoemqueacordouacompradoveculo pertencenteaLuizMassonFilho(rudaaopenal),queseencontrariavendaem consignao pela empresa "A Multimarcas", no havia nenhuma restrio judicialsobre obem negociado.Defende ocabimento domandado de segurana, poisesse seria o nico remdioprocessualparaimpugnaradecisojudicialqueindeferiuopedidodeliminarpostulado nos autos dos embargos de terceiro.Asseveraque,nocasodosautos,amanutenodobloqueiofereos princpiosdaproporcionalidadeedarazoabilidade,notadamenteemfacedaprovarelativa contratao de financiamento automotivo em data anterior ordem de bloqueio.Afirma,ainda,que"aboa-fpresumida,ouseja,nosedeveprovar queosujeitoagiudeboa-fparaquesejavlidaacompraevenda.Nopresentecaso,seria necessrioqueaUniotivesseprovadooconluioentreasparteseaexplcitam-fdo Agravante para que fosse mantida a constrio do veculo" (fl. 264). o relatrio.Documento: 49437673 - RELATRIO E VOTO - Site certificadoPgina1 de 4 Superior Tribunal de JustiaAgRg no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA N 33.921 - SP (2011/0060770-0)

VOTOO EXMO. SR. MINISTRO GURGEL DE FARIA (Relator): Os argumentos ora ventilados no convencem.Conforme relatado, o mandado de segurana em comento ataca deciso judicialque,nosautosdeembargosdeterceiro,indeferiuopedidoliminardeimediato levantamento de restrio de bloqueio de veculo imposta pelo juzo criminal.Esseatojudicial,objetodaimpetrao,recebeuaseguinte fundamentao (fl. 74/75):OsequestrodoveculoacimadescritopeloJuzoda2VaraFederalem Franca/SP, mediante representao do Ministrio Pblico Federal para investigar os delitos tipificados no artigo 1, incisos I e IV c.c o artigo 2, inciso I, da Lei n 8.137/90, c.c os artigos 29 e 69 do Cdigo Penal brasileiro, bem ainda o artigo 1, inciso VII, da Lei n 9.613/98 e artigo 288 do Cdigo Penal brasileiro, praticados, em tese, por Luiz Masson Filho (ex-proprietrio do automvel) e outros.Aduzaembargantequeadquiriuobem,deboa-f,deLuizMassoFilho, mediantefinanciamentojuntoaoBancoABN AMROBANK S/A.Aduz,ainda, que a transferncia do automvel ocorreu em data anterior constrio judicial.Contudo,verifica-sedoCertificadodeRegistrodeVeculo,juntadofl.1.109 dosautosn. 2008.61.13.000656-7, que somente na data de 27 de maio de 2008 quehouveoreconhecimentodefirmadovendedor,momentoesteemquese efetivou a transferncia do veculo.Destarte,pelaprovaconstantedosautosediantedodispostonoartigo370, incisoV,doCdigodeProcessoCivilbrasileiro,atransfernciadoveculose deuemdataposterioraodaconstriojudicial.Portanto,oembarganteno logrou comprovar a boa-f.Diantedoexposto,conheodosembargosopostoseindefiroopedidode liminar.Comocedio,aimpetraodemandadodeseguranacontradeciso judicialpassvelderecursosomenteadmitidaemcasosexcepcionaisdeflagranteilegalidade. Nessesentido:RMS20.841/RS,Rel.MinistroNefiCordeiro,SextaTurma,DJe17/03/2015,e RMS 43.231/RJ, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 06/03/20015.Frise-seque"[a]aodeembargosdeterceiro,apesardeprevistano Estatuto processual penal no captulo das medidas assecuratrias, segue o regramento do Cdigo deProcessoCivil(arts.1.046a1.054),nostermosdoart.3doCdigodeProcessoPenal" Documento: 49437673 - RELATRIO E VOTO - Site certificadoPgina2 de 4 Superior Tribunal de Justia(RMS28.730/RS,Rel.MinistroSebastioReisJnior,SextaTurma,DJe14/04/2014),dondese concluiqueadecisodeindeferimentodopedidodeliminarpoderia,emtese,serdesafiadapor agravo de instrumento.Postoisso,verifica-sequeadecisoatacadanosemostra manifestamente ilegal ou abusiva a justificar a concesso de ordem vindicada.Note-sequeopedidodeliminardeduzidonosembargosdeterceiroem apreotemcunhoplenamentesatisfativo,umavezquealiberaodeveculoparacirculaoe transferncia junto ao Detran implica o esvaziamento da prpria medida cautelar de bloqueio que foidecretadaparaassegurarosefeitosdecorrentesdeeventualprovimentocondenatriona esfera criminal (pena de perdimento).Especificamentequantoaessapretenso,importadestacaravedao contida no pargrafo nico do art. 130 do Cdigo de Processo Penal, que impede o juzocriminal deproferirdecisodosembargosdeterceiroantesdetransitadaemjulgadoasentena condenatria,oque,commaiorrazo,tambmimpossibilitaadecisosatisfativaacercado mrito desses embargos por meio de provimento liminar.Tem-se,portanto,que,nessemomentoprocessual,prematuraa alegaoeoreconhecimentodedireitolquidoecertoaventado,vistoqueeledizrespeito prpriamatriameritriaaseraindadecididaporocasiodojulgamentodosembargosde terceiro.Comefeito,aautoridadeimpetradalimitou-seaemitirjuzoperfunctrio e precrio, prprio das medidas liminares, o que no impede que a recorrente possa vir a provar a aquisio lcita do veculo no curso da instruo.Apardisso,consignouadecisoimpugnadaqueaprovadocumental anexadanosemostrasuficienteparaemitirjuzodecertezaquantoaquisiodeboa-f, sopesando, para isso, que a data em que foi reconhecida a assinatura do vendedor no documento de transferncia do veculo posterior decretao do bloqueio.Nesse contexto, tal como assentado pela deciso agravada, tem-se que o acolhimento da verso apresentada pela impetrante, de que desconhecia o entrave judicial,tendo adquirido o veculo de boa-f, pressupe ampla dilao probatria, a ser produzida sob o crivo do contraditrio, o que invivel no mbito do mandado de segurana.No mesmo sentido:AGRAVOREGIMENTALNORECURSOORDINRIOEMMANDADODE SEGURANA.PROCESSUALPENAL.RESTITUIODEVECULO. TERCEIRODEBOA-F.EXISTNCIADEDVIDASQUANTO PROPRIEDADEDOBEM.NECESSIDADEDEDILAOPROBATRIA. AUSNCIADEDIREITOLQUIDOECERTO.PRECEDENTES.DECISO QUE SEMANTMPORSEUSPRPRIOSFUNDAMENTOS.AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.1.lcitoaoterceiroprejudicadoimpetrarmandadodeseguranacontraato judicialemfeitoquenoeraparte,porterodireitopotestativodeseinsurgir contraoreferidodecisumealmejararestituiodoveculoquealegadamente Documento: 49437673 - RELATRIO E VOTO - Site certificadoPgina3 de 4 Superior Tribunal de Justialhe pertence.2. Na hiptese, todavia, no se verifica nenhuma vulnerao ao direito lquido e certodaAgravante,terceiranarelaoprocessual,diantedaexistnciade dvidasnoquedizrespeitopropriedadedobemobjetodaapreenso, conformeconsignadopeloTribunaldeorigem,sendo,necessria,pois,ampla dilao probatria para a comprovao do alegado.3."Anteaapreensodebensemprocessopenal,cabeaoterceirodeboa-f ingressarcomprocedimentoderestituiodecoisasapreendidas,previstono artigo 118 e seguintes do Cdigo de Processo Penal, haja vista a necessidade de demonstrar-se a forma de aquisio dos bens." (RMS 20.042/AM, 6. Turma, Rel. Min.MARIATHEREZADEASSISMOURA,DJede30/11/2009.)4.Agravo regimentaldesprovido(AgRgnoRMS37.429/MS,Rel.MinistraLAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 13/08/2013).PENAL.MANDADODESEGURANACONTRADECISOJUDICIALQUE DETERMINAAPREENSODEMERCADORIAS.PRTICA,EMTESE,DE ESTELIONATO.ADQUIRENTEDEBOA-F.INEXISTNCIADEPROVA PR-CONSTITUDA. INADEQUAO DA VIA MANDAMENTAL.Na via mandamental, o alegado direito lquido e certo deve vir acompanhado de prova pr-constituda, ab initio litis.A existncia ou node boa-f, necessria para elidir o estelionato, exige dilao probatria, incompatvel com a ao mandamental.Precedentes jurisprudenciais.Recursodesprovido(RMS5.778/RS,Rel.MinistroPAULOMEDINA,SEXTA TURMA, julgado em 03/06/2003, DJ 04/08/2003, p. 421).Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental. como voto.Documento: 49437673 - RELATRIO E VOTO - Site certificadoPgina4 de 4