em tempo - 6 de julho de 2014

40
ANO XXVI – N.º 8.407 – DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 27 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 ‘MEU SONHO AINDA NÃO ACABOU’ O atacante Neymar divulgou em vídeo neste sábado que seu sonho de ser campeão do mundo ainda não acabou, apesar da lesão que o tirou do restante da Copa do Mundo e disse ter certeza que seus companheiros de seleção o ajudarão a realizar seu sonho “que é ser campeão do mundo”. Pódio Jornal da Copa E8 Há quem diga que Silvio Santos ficará na história da TV brasileira como perso- nalidade única. Dificilmen- te haverá outro igual a ele. Elenco 24 e 25 8177-2096 DENÚNCIAS • FLAGRANTES SILVIO VAI FICAR NA HISTÓRIA Seis discos da histórica banda Os Mutantes serão relançados numa caixa especial, que ainda in- cluirá um sétimo CD com raridades. Plateia D8 VIAGEM COM OS MUTANTES Francês pesquisa “A Re- pública”, livro publicado no Brasil, no qual coloca o pensamento do grego em diálogo com questões atu- ais. Ilustríssima FILÓSOFO REVISITA PLATÃO Rica em proteínas, a car- ne vermelha está longe de ser vilã, pois fornece nutrientes essenciais ao organismo. Saúde & Bem-estar F7 CARNE VERMELHA NÃO É VILÃ Plateia UM DELES SERÁ O CAMPEÃO Brasil, Alemanha, Argentina e Holanda se mantiveram vivas na Copa do Mundo e vão disputar a semifinal. Serão oito Campeões mundiais em campo. Sem Neymar, o Brasil pega a Alemanha, terça-feira, no Mineirão. Pódio Jornal da Copa E4 e E5 Os fãs voltarão a curtir as baladas dos Mutantes com uma caixa de CDs DIVULGAÇÃO RICARDO STUCKERT/CBF REPRODUÇÃO MIKE HEWITT/ FIFA LARS BARON/FIFA JAMIE SQUIRE/GETTY IMAGES MARCELO DEL POZO/REUTERS Neymar acena do helicóptero que o levou da Granja Comary rumo a sua casa no Guarujá O colombiano Zuñiga, que deu a joelhada que tirou Ney- mar da Copa, lamentou a lesão do brasileiro nas redes sociais. “Sinto muito por esta situação que resultou de uma ação normal de jogo”. Pódio Jornal da Copa E8 O ‘COICE’ QUE CALOU O BRASIL

Upload: amazonas-em-tempo

Post on 01-Apr-2016

267 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

TRANSCRIPT

ANO XXVI – N.º 8.407 – DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 27 MÍN.: 23

TEMPO EM MANAUS

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

‘MEU SONHOAINDA NÃOACABOU’

O atacante Neymar divulgou em vídeo neste sábado que seu sonho de ser campeão do mundo ainda não acabou, apesar da lesão que o tirou do restante da Copa do Mundo e disse ter certeza que seus companheiros de seleção o ajudarão a realizar seu sonho “que é ser campeão do mundo”. Pódio Jornal da Copa E8

Há quem diga que Silvio Santos fi cará na história da TV brasileira como perso-nalidade única. Difi cilmen-te haverá outro igual a ele. Elenco 24 e 25

8177-2096DENÚNCIAS • FLAGRANTES

SILVIO VAI FICAR NAHISTÓRIA

Seis discos da histórica banda Os Mutantes serão relançados numa caixa especial, que ainda in-cluirá um sétimo CD com raridades. Plateia D8

VIAGEM COM OS MUTANTES

Francês pesquisa “A Re-pública”, livro publicado no Brasil, no qual coloca o pensamento do grego em diálogo com questões atu-ais. Ilustríssima

FILÓSOFOREVISITAPLATÃO

Rica em proteínas, a car-ne vermelha está longe de ser vilã, pois fornece nutrientes essenciais ao organismo. Saúde & Bem-estar F7

CARNEVERMELHANÃO É VILÃ

Plateia

UM DELES SERÁ O CAMPEÃOBrasil, Alemanha, Argentina e Holanda se mantiveram vivas na Copa do Mundo e vão disputar a semifinal. Serão oito Campeões mundiais em campo. Sem

Neymar, o Brasil pega a Alemanha, terça-feira, no Mineirão. Pódio Jornal da Copa E4 e E5

Os fãs voltarão a curtir as baladas dos Mutantes com uma caixa de CDs

DIV

ULG

AÇÃO

RICA

RDO

STU

CKER

T/CB

F

REPR

OD

UÇÃ

O

MIK

E H

EWIT

T/ F

IFA

LARS

BAR

ON

/FIF

A

JAM

IE S

QU

IRE/

GET

TY I

MAG

ES

MAR

CELO

DEL

PO

ZO/R

EUTE

RSNeymar acena do helicóptero que o levou da Granja Comary rumo a sua casa no Guarujá

O colombiano Zuñiga, que deu a joelhada que tirou Ney-mar da Copa, lamentou a lesão do brasileiro nas redes sociais. “Sinto muito por esta situação que resultou de uma ação normal de jogo”. Pódio Jornal da Copa E8

O ‘COICE’QUE CALOUO BRASIL

DOMINGO 06_07.indd 3 5/7/2014 20:31:59

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Suspeito de estuprar menina é preso

Um homem identificado como José Ney Rodrigues Tavares, 35, foi preso em flagrante por volta de 2h da manhã de ontem (5), suspeito de ter estuprado uma menina de 10 anos, na rua Baru, Jorge Teixeira, Zona Leste.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Amazonas (PC/AM), o autor do crime é filho do compa-nheiro da mãe da criança que foi violentada. Conforme a assessoria da PC, o ato foi visto por um irmão de nove anos da vítima que avisou a mãe. Imediatamente a polícia foi acionada e o homem aca-bou preso em flagrante.

O suspeito foi ouvido na Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca), e en-caminhado à Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no Centro. A criança será acom-panhada por psicólogos.

HomicídiosUm mototaxista identifica-

do como Johnny Batista, 29, foi morto com dois tiros, na rua Preciosa, Conjunto João Paulo 2, Jorge Teixeira, Zona Leste, enquanto realizava o transporte de um homem não identificado. O caso foi registrado no 14º Distrito In-tegrado de Polícia (DIP) e será investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS). Um ou-tro homicídio ocorreu dentro de um bar localizado na rua das Araras, Nossa Senhora de Fátima 2, na Zona Norte. O ajudante de pedreiro Felipe Pimentel, 29, foi morto após ser baleado por um suspeito ainda não identificado.

10 ANOS

Gastos dos presidenciáveis se aproxima de R$ 1 bilhãoCampanha salgada eleva os custos dos principais candidatos à Presidência da República nas próximas eleições no país

A campanha à sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT) pode chegar a um valor que

se aproxima de R$ 1 bilhão, segundo pedidos de registro de candidatura entregues pelos candidatos à Justiça Eleitoral. Até na sexta-feira (4), oito con-correntes ao Planalto registra-ram sua candidaturas, entre eles o ex-governador Eduardo Campos (PSB). A presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (PSDB) protoco-laram seus pedidos de registro ontem (5), prazo final estipulado pela Justiça Eleitoral.

Segundo a Folha apurou, a campanha do PT vai registrar R$ 298 milhões como limite de gastos. O valor será usado para a produção do progra-ma de TV, que tradicional-mente é a parte da campanha que gera mais custos , co-mandado pelo marqueteiro João Santana, além de custos como eventos e a impressão de material de campanha.

Em 2010, o PT registrou como previsão R$ 157 milhões, mas depois pediu à Justiça um acréscimo do teto, que foi ele-vado para R$ 191 milhões (R$ 242 milhões em valores atuali-zados). Ao final da campanha, a petista declarou gasto efetivo

de R$ 176,5 milhões (R$ 222,5 milhões). Juntamente com a documentação, será protoco-lado o programa de governo da campanha petista.

OrçamentosJá o PSDB afirmou que ainda

discutia a previsão de gastos que seria encaminhada à Jus-tiça Eleitoral, mas, nos bas-tidores, o candidato tucano afirmava que R$ 290 milhões seria um valor ideal.

Se esse número do PSDB se confirmar, o valor total de limite de gastos de 9 dos 10 presidenciáveis será de R$ 870 milhões. Pastor Everaldo (PSC), apesar de já ter registrado sua candidatura, ainda não infor-mou à Justiça quanto calcula gastar na eleição.

O candidato do PSB, Eduardo Campos, registrou sua candida-tura na última quinta-feira (3), tendo informado que seu limite de gastos será de R$ 150 mi-lhões -cerca de 30% a mais do que sua vice, Marina Silva, havia informado em 2010, quando disputou a Presidência (já em valores corrigidos pelo IPCA).

Ao final da campanha, Ma-rina declarou à Justiça ter despendido efetivamente R$ 25 milhões (R$ 31,4 milhões em valores atualizados). Presidente Dilma, Aécio Neves (no centro) e Eduardo Campos são os mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos

DIVULGAÇÃO

Ucrânia expulsa rebeldes pró-Rússia

O governo ucraniano afir-mou ontem (5) que a maioria dos separatistas e seu líder abandonaram o principal reduto rebelde no Leste do país. Caso as forças de Kiev confirmem sua posição em Slaviansk, será o maior êxi-to militar desde o início de uma megaoperação lançada pelo Exército contra rebel-des pró-Rússia há quase três meses.

O novo chefe do Estado-Maior ucraniano, o general Viktor Mujenko, disse que sol-dados atacaram os rebeldes enquanto tentavam fugir da cidade durante a noite. Há re-latos de que os combatentes dirigiram-se à cidade de Kra-matorsk. Após a retomada, o presidente Petro Poroshenko ordenou o içamento de uma bandeira ucraniana sobre o edifício da Câmara Munici-

pal. “Antes do amanhecer, os serviços de informação disseram que Guirkin (Igor Strelkov) e grande parte dos combatentes fugiram de Slaviansk, semeando a

confusão entre os poucos que permanecem”, escreveu o mi-nistro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, em sua página do Facebook.

De acordo com a agência AFP, a Ucrânia garante que Strelkov é um coronel do ser-viço de informação militar rus-so conhecido como Departa-mento Central de Inteligência (GRU), embora o próprio Stre-lkov e Moscou neguem este vínculo.

Sob controleA retomada de controle de

Slaviansk pode colocar em ris-co os esforços diplomáticos para acabar com a crise no Leste do país. Está previsto neste sábado uma reunião en-tre rebeldes e representantes da Ucrânia, Rússia e da Or-ganização para a Seguran-ça e Cooperação na Europa (OSCE). As forças ucranianas recomeçaram uma ofensiva contra os separatistas após o fim de um cessar-fogo na última segunda-feira (2).

ÊXITO RESTITUIÇÃO

Receita libera segundo lote do Imposto de Renda terça

A consulta ao segundo lote de restituição do Imposto de Renda de Pessoa Física de 2014 estará disponível a partir das 9h da próxima terça-feira (8), no site da Receita Federal. O lote contempla 1.060.473 contribuintes, somando R$ 1,6 bilhão. O crédito será deposi-tado no dia 15 de julho.

Além de acessar a página da Receita Federal para sa-ber se terá a restituição li-berada neste lote, o contri-buinte pode também ligar no Receitafone, no número 146. Na consulta à internet, no Centro Virtual de Aten-dimento ao Contribuinte (e-CAC), é possível acessar o extrato da declaração e ver se há inconsistências de dados identificadas pelo processamento. Nesta hi-

pótese, o contribuinte pode avaliar as inconsistências e fazer a autorregularização, mediante entrega de decla-ração retificadora.

Além da restituição do Imposto de Renda de Pes-soa Física de 2014 também será liberado na terça-feira a consulta aos seis lotes residuais (declarações que estavam retidas na malha fina) de exercícios entre 2013 e 2008. Com esses lotes, o valor total a ser liberado no dia 15 será R$ 1,8 bilhão e abrangerá 1.122.154 contribuintes. A restituição ficará disponível no banco durante um ano. Se o contribuinte não fizer o resgate no prazo, deverá requerê-la por meio de For-mulário Eletrônico.

Contribuintes podem consultar 2º lote do IR na terça-feira (8)

DIVULGAÇÃO

Soldados ucranianos dirigem-se a um posto de controle perto Slaviansk, no Leste da Ucrânia

REPRODUÇÃO

OPERAÇÃOCaso as forças de Kiev confirmem sua posição em Slaviansk, será o maior êxito militar desde o início de uma megaoperação lançada pelo Exército contra rebeldes pró-Rússia há quase três meses

A02 - ÚLTIMA HORA.indd 2 7/5/2014 8:37:32 PM

MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 A3Opinião

O governo federal eximiu-se de toda e qualquer responsabilidade na queda do viaduto de Belo Horizonte (MG) que causou a morte de duas pessoas e deixou mais de 20 feridas na quinta-feira 3. O ministro das Cidades, Gilberto Occhi, na sexta-feira 4, atribuiu à administração do prefeito de Márcio Lacerda a responsabilidade pela elaboração e execução do viaduto que é um dos acessos ao Mineirão, o estádio onde o Brasil enfrenta a Alemanha, nesta terça-feira. “O governo federal não tem a função de aprovar ou rejeitar projetos apresentados pelas construtoras”, em obras municipais, disse o mininistro.

Um comunicado oportuno. Lacerda é do PSB, partido de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e um dos adversários de Dilma Rousseff , que pretende a reeleição, “para continuar fazendo”, como discursou em Porto Alegre (RS), onde inaugurou um hospital. Ao prefeito Márcio Lacerda não restou muito o que dizer, mas poderia ter feito melhor e acabou estragando o so-neto com sua emendas. O desabamento do viaduto na capital mineira foi causado “certamente” por um erro “de projeto ou construção”, disse Lacerda, com um adendo ainda menos feliz: “Não sabemos se é falha de projeto ou de construção”.

Bom, não foi mau olhado ou “quebranto”, nem uma forte ventania, pois o secretário municipal de Obras admitiu que faltou fi scalização durante a obra, talvez por isso o prefeito não saiba,exatamente, se houve “falha de projeto” ou “de construção”. Na dúvida, talvez as duas causas. Lacerda afi rmou tam-bém em entrevista à imprensa que “acidentes como esse infelizmente acontecem”. Infelizmente falta de fi scalização também. E como continuou falando o prefeito, o momento é de “lamentar” o ocorrido, mas que as responsabilidades serão apuradas. Vamos todos lamentar.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o índice de ocupação dos hotéis de Manaus durante os jogos da Copa do Mundo. No mês de junho, os 23 mil leitos distribuídos entre os 109 hotéis da capital foram ocupados com turistas embalados pelo Mundial.

Hotéis de Manaus

APLAUSOS VAIAS

My brother

Além de companheiros de clube no Barcelona, Messi e Neymar tornaram-se ami-gos dentro do futebol.

E viviam nesta Copa do Mundo situações semelhan-tes. Ambos com a camisa 10, eram as esperanças de título para Brasil e Argentina.

Nós na fi nal

Aliás, Messi e Neymar so-nhavam que poderiam se encontrar em uma fi nal.

Enquanto Messi ainda vive o sonho (pelo menos até o jogo contra a Bélgica nas quartas de final neste sábado).

Sonho acabou

Já Neymar viu sua his-tória neste Mundial chegar ao fim.

Mesmo com o Brasil classi-fi cado para as semifi nais.

Bem com a vida

O humor do brasileiro melhorou com a Copa do Mundo.

Ao menos é isso que indica a Pesquisa Datafolha, divulga-da esta semana, apontando que 63% dos 2 mil entrevista-dos disseram ser favoráveis à Copa do Mundo, enquanto que há um mês, esse índice era de 51%.

Copa e Dilma

Em uma análise sobre a amostragem, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB–AM) disse que o Datafolha erra ao tentar conectar o resultado da pesquisa à avaliação positiva do go-

verno da presidente Dilma Rousseff.

Datafolha errou

A senadora comunista diz que a análise feita pela pesquisa Datafolha é equi-vocada.

A avaliação da presidente da República era negativa antes da Copa por causa do caos em que se trans-formaria o país, “anunciado pela imprensa nos meses que antecederam o Mundial de futebol”.

Culpa de quem?

Como se vê, nas palavras da parlamentar pelo Ama-zonas, a culpa pela queda da popularidade da presidente Dilma, mais uma vez, é da imprensa.

Perguntar não ofende

Os malucos dos black blocs mergulham o país no caos, promovem um que-bra-quebra em monumen-tos públicos e matam ci-negrafistas, mas de quem é a culpa da popularidade da presidente cair?

Perguntar não ofende 2

A polícia espanca, atira spray de pimentas e bom-bas de efeito moral, prende, bate, apanha...

E cabe à imprensa, por dever de ofício, cobrir esse quadro de caos. Então de quem é a culpa? Da imprensa ora, bolas!

Imprensa “marronzista”

Mas, para Vanessa, a imprensa, assim como o

Datafolha, também estava equivocada.

Diante do sucesso do even-to, os brasileiros perceberam que a catástrofe desenhada pelos meios de comunicação não se avizinhava, o que se refl etiu no resultado da pes-quisa da Datafolha.

Então, tá!

La Grazziotin reafirma que a partir do fato ocor-rido, a população tem ele-mentos reais para tirar a sua própria conclusão.

— Aquela opinião negativa quanto ao futuro do Brasil, quanto à economia e inclu-sive quanto ao sucesso da Copa, era embasada nos no-ticiários, que na sua grande maioria eram negativos.

Lua de mel

A pesquisa Datafolha não está equivocada.

Prova disso são os números revelados que mostram a lua de mel do brasileiro com a Copa do Mundo. Veja só: 60% afi rmaram que fazer a Copa do Mundo dá mais orgulho do que vergonha.

Há um mês, apenas 45% dis-seram ter mais orgulho do que vergonha com o Mundial.

Falta de respeito

Um outro dado também revela o grau de verdade da pesquisa:

O de que 76% considerara desrespeitoso as vaias à pre-sidente da República, Dilma Rousseff , no jogo de abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho.

Para o juiz do jogo Brasil x Colômbia, o espanhol Carlos Velasco Carballo, que viu os carniceiros Cuadrado e Zúñiga (o que agrediu Neymar) baixarem o sarrafo e nada fez. O nome Carballo bem que poderia ser aportuguesado, não é?

Sr. Carlos Velasco Carballo

A contusão que obrigou Neymar a dizer adeus ao Mundial, provocada pela jo-elhada assassina de Zúñiga, da Colômbia, comoveu o argentino Lionel Messi.

Ao saber que o companheiro do Barcelona fraturou a terceira vértebra lombar, Messi postou em seu Facebook ofi cial:

— Neymar, espero que você se recupere logo, amigo.

Não chore por mim, Messi!

[email protected]

Não foi o vento

Já se disse há muito tempo que a praça é do povo e para complementar Milton Nascimento vaticinou que o artista deve ir aonde o povo estiver. A inferência é simples, direta e inevitá-vel: sendo o povo o dono da praça, é lá que ele, o povo, deverá estar e então, se o artista pretende encontrá-lo, também deverá dirigir-se ao mesmo lugar, isto é, à praça. Entretanto esta verdade não tem sido tão verdadeira nos bicudos tempos de agora.

Nossas praças têm estado vazias, quase desertas, sentindo certamente nossas ausências. Principalmente a ausência das crianças que já não as freqüentam como o faziam as de outrora, talvez porque uma palpável e pesada insegurança hoje freqüenta esses lugares. As praças se transfor-maram em ameaçadores espaços abertos, aproveitados pelo lumpesi-nato urbano para a prática das suas atividades marginais.

E como as praças vazias, sem o povo, são locais tristes e sem sentido, o artista delas se ausenta e a sua ausência diz ao povo que não há o que lá fazer, que melhor é evitá-las. Assim vinha acontecendo com a nossa praça maior, o Largo de São Sebastião, belo e aprazível depois que o sol adormece, desde que o Robério nele investiu sua sensibilidade e seu bom gosto.

Apenas o Bar do Armando, pela sua tradição boêmia, conseguia, ao menos nos fi ns de semana, agir como catalisador e manter a noite viva e alegre. Afora isso, todo o Largo fi cava a depender das pro-gramações do Teatro e dos eventos pontuais programados pela Secre-taria da Cultura. Mesmo os outros bares e lanchonetes lá instalados, abriam em horários restritos e man-tinham um ar sempre soturno.

Eis, contudo, que, de repente, eclo-diu na cidade uma avalanche de gente alegre e sedenta de vibração, sob o pretexto que estava aí para

assistir a um torneio de futebol, mas que continuava a extravasar vida, mesmo quando nenhum jogo se desenrolava.

Foi quando eu mesmo, que jamais acreditei no tal legado da Copa en-quanto o pensei como legado eco-nômico e material que, para mim, ao fi m, se resumiria num gigantes-co elefante branco, que fi caria sem quase nenhuma serventia, depois de custar muito dinheiro público e que não teria mais jeito de ser convertido em hospitais ou escolas, porque sua realidade é simplesmente irreversível, percebi então que outro legado se estava apresentando.

Compreendi enfi m que outra coisa a tal Copa nos legava nestes poucos dias: riqueza cultural que somente o convívio com os outros pode construir e que será sempre mais farta, quanto maior for a diversi-dade dessa convivência.

Nada de riqueza argentária re-sultará desse evento universal. O dinheiro gasto não voltará e apenas poderia ter sido empregado com maior comedimento, sem tanto exi-bicionismo megalomaníaco.

Ao fi m, valeu pelo lazer que pro-porcionou ao povo, como genuíno espetáculo circense que é. E valeu, sobretudo, porque proporcionou ao nosso povo a rica experiência do co-nhecimento de outros mundos que até nós foram trazidos por tantos e tão diferentes forasteiros, que nos mos-traram suas diferenças, mas também revelaram que partilham da mesma nossa natureza humana.

E aí vimos o que é ser inglês, alemão, francês, norte-americano, hispânico, croata, japonês e tantos mais. Como sempre acontece, as convivências com os diferentes e a miscigenação das consciências servem para apri-morá-las e para nos ensinar o que é fundamental e o que é apenas acessório (ainda que enriquecedor) na natureza humana.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

A praça é do povo

[email protected]

Regi

Compreendi enfi m que outra coisa a tal Copa nos legava nestes poucos dias: riqueza cultural que somente o convívio com os outros pode cons-truir e que será sempre mais farta, quanto maior for a diversi-dade dessa convivência.Nada de ri-queza argen-tária resultará desse evento universal”

DIVULGAÇÃODIVULGAÇÃO

A03 - OPINIÃO.indd 3 7/5/2014 8:24:46 PM

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

FrasePainelBERNARDO FRANCO MELLO (INTERINO)

A queda de Dilma Rousseff nas pesquisas abriu uma divisão na campanha petista. Parte dos diri-gentes passou a defender que a propaganda volte a colar sua imagem à de Lula, tratando os últimos 12 anos como um só governo. Prevaleceu, no entanto, a tese de que é preciso focar o discurso nos últimos quatro anos, jogando luz sobre a gestão da presidente. A ordem é explorar ao máximo as vitrines eleitorais de seu mandato, como o Pronatec e o Minha Casa, Minha Vida.

Antídoto Ao enfatizar pro-gramas e obras entregues por Dilma, o PT tentará neutralizar a estratégia da oposição de apresentá-la como uma gesto-ra incompetente, usando como gancho o mau negócio da Pe-trobras na compra da refi naria de Pasadena.

De novo, não Quando o PP es-tava prestes a se unir a Alexandre Padilha (PT) em São Paulo, Lula disse a aliados que não voltaria a posar para fotos ao lado de Paulo Maluf, como fez em 2012. Um mês depois, os pepistas migraram para o palanque de Paulo Skaf (PMDB).

Torre de controle Autorida-des vinculadas aos aeroportos foram as mais cobradas pelo Planalto nas primeiras semanas da Copa. O governo acionou a Polícia Federal sempre que foi avisado de fi las na imigração. Com a Infraero, as principais broncas foram por falhas no ar-condicionado dos terminais.

Sem... Advogados das campanhas presidenciais procuraram Google e Face-book recentemente para sa-ber como será tratado o con-teúdo considerado ofensivo

publicado em suas páginas.

... compartilhar As empresas indicaram que não pretendem acatar pedidos dos partidos para retirar publicações do ar. A reco-mendação é que as campanhas acionem a Justiça Eleitoral.

Lata velha Com patrimônio declarado de R$ 17 milhões, o eterno presidenciável José Maria Eymael (PSDC) incluiu quatro carros em sua declara-ção de bens. Chama a atenção, na frota de automóveis, um Fiat Tipo ano 1994.

Bicicleta Dois candidatos ao Planalto declararam não ter carro próprio: os esquer-distas Luciana Genro (PSOL) e Zé Maria (PSTU).

Mantendo... O programa de José Ivo Sartori (PMDB) ao governo do Rio Grande do Sul elogia a candidatura de Eduardo Campos (PSB) ao Planalto, mas evita qualquer menção à vice Marina Silva.

... a distância Em 2010, Ma-rina teve apenas 11% dos votos dos gaúchos. O desempenho fi cou bem abaixo de sua média nacional, de 19,3%.

Muy amigo Aliados de José Serra (PSDB) temem que seu afi lhado político Gilberto Kas-sab (PSD) tire votos decisivos na disputa com Eduardo Su-plicy (PT) pelo Senado.

Duelo inédito Veteranos na política de São Paulo, Serra e Suplicy viverão o primeiro con-fronto direto em uma eleição majoritária. O petista diz que já votou no tucano uma vez: para presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), no longínquo ano de 1963.

Produção em série Dona de um feudo eleitoral na zona sul de SP, a família Tatto lançará um novo integrante, Nilto, a deputado federal. Ele é irmão de Arselino, Ênio, Jair e Jilmar, todos com mandatos legislativos pelo PT.

Suplente Outro clã petista sofrerá desfalque em outu-bro. O deputado estadual Luiz Moura, investigado por supos-ta ligação com o PCC, não terá legenda para disputar a reeleição. Senival Moura, que planejava concorrer à Câmara em dobradinha com o irmão, teve que recrutar um assessor para seu lugar.

Luz própria

Contraponto

Em lados opostos na eleição presidencial, o ministro petista Gilberto Carvalho (Se-cretaria-Geral) e o candidato tucano Aécio Neves se encontraram em um evento recente em São Paulo. Assim que avistou o auxiliar de Dilma Rousseff, Aécio cobrou a promessa de um almoço no restaurante de sua filha, em Brasília.Carvalho reconheceu o débito com o tucano, mas avisou que não pretende quitá-lo tão cedo. Segundo ele, a chefe não iria gostar muito do encontro.– Vai ter que ficar para depois de outubro! – brincou o ministro, arrancando risadas do senado

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Devo, não nego, pago quando puder

Tiroteio

DO MINISTRO PAULO BERNARDO (COMUNICAÇÕES), sobre ação de Beto Richa (PSDB) contra Arno Augustin (Tesouro), que barrou empréstimo ao Paraná.

O governador promete um choque de gestão, mas é irresponsável e estoura as contas. Depois, pede prisão para se fazer de vítima.

Estamos todos envolvidos pela Copa do Mundo da Fifa, e é bom que se diga que é dela, pois ela tudo controla, tudo determina. Afi nal, quem não gosta dos fe-riados fora de época, das tardes que parecem as de fi nal de ano e das partidas que são de fato um grande show? Felizes os que podem ir aos estádios participar de verdadeiras festas de confra-ternização, de exposição de sen-timentos nacionais, num festival de cores e hinos que expressam uma humanidade multicolorida e pluricultural que simplesmente quer ser feliz. Muitas têm sido as cenas impagáveis dentro e fora dos belíssimos estádios, que permanecerão como símbolos da capacidade e engenho de nossos governantes e arquitetos.

Um episódio me chamou a atenção mais que outros. Foi quando a televisão mostrou um cortejo que tinha no centro um carro forte com alguns milhões de dólares para pagar um prê-mio devido e não honrado, aos jogadores de uma das seleções. Prefi ro não dizer o nome do país e do continente por duas razões. A primeira é por respeito ao povo supostamente repre-sentado por seus jogadores, a segunda porque se essa seleção estava recebendo explicitamen-te aquele dinheiro ao vivo, todas as seleções e todos os jogadores estão recebendo valores seme-lhantes ou superiores. Resumin-do, a Copa é um grande negócio, um grande mercado.

E naquele desfi le pelas ave-nidas de Brasília circulou o verdadeiro senhor de tudo, o dinheiro. Em função dele se ar-mam espetáculos magnífi cos, se elaboram ritos, se estabelecem pactos, acontecem sacrifícios, numa verdadeira idolatria que

envolve a todos. Faz tudo pare-cer normal e nos faz esquecer, mesmo que por momentos fu-gazes, os dramas humanos que não são resolvidos, as guer-ras infi ndáveis, as escravidões e as dependências.

Somos todos cooptados e um esporte que envolve a todos pos-sibilita que o dinheiro reine. Mas isto não acontece só no esporte. Quantas vezes sentimentos sagra-dos são pervertidos e transforma-dos em fonte de lucro e a benção divina é medida, como se fosse possível, pela quantia arrecadada e pelo capital amealhado. Alguém chamou isto de idolatria do merca-do que tudo envolve e que elimina a qualquer um que a ele se opuser, como aconteceu com os profetas bíblicos. Jesus foi claro ao dizer que é impossível servir a Deus e ao Dinheiro, pois Deus é Amor, Misericórdia, Compaixão.

As realidades humanas são am-bíguas. O futebol que jogado por meninos e meninas nos campos improvisados serve para criar es-pírito de equipe, fomentar a dis-ciplina, ou simplesmente passar o tempo de forma digna e prazerosa também poder servir de arcabou-ço para uma verdadeira religião secular e invertida. Torcedores, e é impossível fi car indiferente, não nos esqueçamos de que se trata apenas de um entretenimento e que a vida concreta acontece no dia a dia quando as relações pessoais são estabelecidas em bases mais profundas e reais que o dinheiro.

Uma nação se constrói com trabalho diário, com educação de qualidade para todos, com liberdade de expressão. Nos-sos verdadeiros heróis não exi-gem fortunas, não se medem por prêmios recebidos, não fazem chantagem.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Um esporte que envolve a todos possi-bilita que o dinheiro reine. Mas não só no esporte. Quantos sentimentos sagrados são pervertidos e transforma-dos em fonte de lucro e a benção divina é medida, como se fos-se possível, pelo capital amealhado. Alguém cha-mou isto de idolatria do mercado”

Dinheiro

Olho da [email protected]

Foi tão extasiante a reinauguração do Estádio Ismael Benigno, com o jogo entre São Raimundo e Sul-América (que há muito não se encontravam, embora sejam vizinhos, ali, na Colina) que esta auxiliar de árbitro nem foi comentada pela crônica esportiva. Teve uma atuação correta, isto é, discreta, sem pretensão à capa de revista

Uma das nossas prioridades será o processo de Primei-ro Grau, que é o contato do cidadão comum com a Jus-tiça. O Joaquim Barbosa é um grande exemplo de como a Justiça tem que alcançar a todos e quero reiterar isso na minha administração. Temos que cobrar rapidez nos prazos. Irei quantas vezes precisar ao Fórum. Posso até transferir a presidência para lá caso veja necessidade

Graça Figueiredo, ao assumir a presidência do Tribu-nal de Justiça do Amazonas, admitiu que “nossa legis-lação tem muitas fugas”, mas que cobrará rapidez nos

prazos, facilitando o contato do cidadão com o Judiciário.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

Os artigos assinados nesta página são de responsabilidade de seus autores e não refl etem necessariamente a opinião do jornal.

CENTRAL DE RELACIONAMENTOAtendimento ao leitor e assinante

ASSINATURA e

[email protected]

CLASSIFICADOS

3211-3700classifi [email protected]

www.emtempo.com.br

[email protected]

REDAÇÃO

[email protected]

CIRCULAÇÃO

3090-1001

3090-1010

@emtempo_online /amazonasemtempo /tvemtempo

Presidente: Otávio Raman NevesDiretor-Executivo: João Bosco Araújo

Diretor de RedaçãoMário [email protected]

Editora-ExecutivaTricia Cabral — MTB [email protected]

Chefe de ReportagemMichele Gouvêa — MTB [email protected]

Diretor AdministrativoLeandro [email protected]

Gerente ComercialGibson Araú[email protected]

EM Tempo OnlineYndira Assayag — MTB [email protected] GRUPO FOLHA DE SÃO PAULO

DIEGO JANATÃ

A04 - OPINIÃO.indd 4 7/5/2014 8:29:45 PM

MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 A5Política

Partidos do AM apostam em candidaturas femininasEntretanto, somente uma mulher vai disputar o cargo majoritário de vice nestas eleições: a deputada Rebecca Garcia

A presença das mulheres na política do Estado vem ganhando uma re-presentação cada vez

maior nos últimos pleitos, prin-cipalmente após o Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE) em 2009, baixar uma resolução que exige um percentual de 30% da cota de candidaturas para mulheres. Em Manaus, os partidos alegam que, constantemente, vem in-centivando a presença feminina na disputa eleitoral e que devem apresentar um bom quadro de candidatas para este pleito.

A procuradora da Mulher no Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB), defende a reforma política como forma de am-pliar a participação feminina na política. A senadora reconhece que a presença aumentou nos parlamentos, mas ainda precisa melhorar. “Hoje, infelizmente, a cara do parlamento e da política brasileira é uma cara masculina. E ela tem que ser uma cara com duas faces: um lado masculino e o outro feminino”, disse Va-nessa. O Brasil está na posição de número 156 no ranking da

representação feminina no Par-lamento, entre 188 países, con-forme levantamento que consta na cartilha + Mulher na Política: Mulher, Tome Partido, feita pela procuradoria. Na comparação com 34 países das Américas, ocupa o 30º lugar.

De acordo com o TSE, em outubro de 2010, o Brasil elegeu a primeira presidente da Repú-blica, Dilma Rousseff (PT); duas governadoras, Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Roseana Sarney (PMDB-MA); e 134 deputadas estaduais. Nas eleições muni-cipais de 2012, foram eleitas 657 prefeitas (11,84%) e 7.630 vereadoras (13,32%).

Segundo a presidente do Pros-Mulher, Sâmara Carvalho, o partido que disputa o primeiro pleito neste ano virá com um número grande de candidaturas femininas. “Essa presença da mulher é muito importante. E o Pros, por meio do apoio do presidente estadual José Melo, vem dando ênfase à presença feminina dentro do partido. Va-mos vir para esta eleição com um quadro forte de mulheres para fazer a diferença e conseguir assento dentro da casa legisla-tiva”, comentou Sâmara.

Para criar uma interação maior entre as mulheres e a política, o Pros também tem realizado campanhas de ade-sões voltadas para o público feminino e também encontros entre a comunidade e mem-bros da secretaria da mulher do partido. “Vamos aos bairros

apresentar a importância da política para as mulheres, e temos obtido bons resultados. As mulheres deixaram aquele estereótipo de dona de casa e mãe”, disse Sâmara.

O PSDB também pretende neste ano vir com uma boa sa-fra de candidatas. O presidente

regional dos tucanos, o depu-tado Arthur Bisneto, destacou a força do núcleo feminino do PSDB-AM. “Temos a vontade de eleger uma mulher e vamos trabalhar dentro dessa pro-posta. Nunca tivemos dentro do nosso partido um grupo feminino tão bom e expressivo, que deseja fazer o melhor para o Amazonas”, afirmou.

No PSTU, segundo a co-ordenadora da secretaria da mulher, Jucicleide Silva, a sigla vem neste pleito com um time forte e bem acima da cota de 30% exigida por lei. “Nossas duas suplentes ao Senado são mulheres e também teremos uma candidata a federal e uma a estadual. Nosso partido sem-pre militou por esse caminho de trazer a mulher para dentro da discussão”, disse a dirigente.

O Psol também quebra as barreiras neste pleito e apresen-ta uma chapa com número de candidatas superior ao exigido. Segundo o candidato ao gover-no do partido Abel Alves, a sigla atingiu percentual muito bom de mulheres na disputa, inclusive com uma candidata à Presidên-cia da República, a ex-deputada federal Luciana Genro.

No PMDB, um dos par-tidos mais tradicionais do Estado, a chapa feminina também vem forte. Segun-do o secretário-geral da legenda, Miguel Capobian-go, neste pleito haverá 22 candidatas a deputadas estaduais e oito federais. “Teremos também a nossa candidata a vice-governa-dora, que é uma mulher e a nossa suplente ao se-nado”, disse o dirigente, se referindo à candidata Rebecca Garcia, do PP, única mulher a disputar o cargo majoritário nestas eleições no Amazonas.

CampanhaNo primeiro semestre

deste ano, o TSE lançou a campanha “Mulher na Política”, com o intuito de incentivar a maior partici-pação feminina nos espa-ços de poder. O presidente do tribunal, ministro Mar-

co Aurélio Mello, destacou que, apesar da legislação eleitoral estabelecer uma cota mínima de 30% de participação feminina nas candidaturas, esse percen-tual não é cumprido pelos partidos que, segundo o ministro, não oferecem as condições adequadas para que as mulheres enfren-tem as urnas.

Pela legislação eleito-ral, os partidos devem pre-encher o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Há ainda determi-nação de repasse de no mínimo 5% dos recursos do fundo partidário para criação de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres. A lei prevê tam-bém que pelo menos 10% do tempo de propaganda partidária gratuita seja destinada às mulheres.

PMDB vem com 30 candidatas

Hoje, infelizmente, a cara do parlamento e da política bra-sileira é uma cara

masculina. E ela tem que ser uma cara com duas faces

Vanessa Grazziotin, senadora

‘Esforço concentrado’ no SenadoO Senado realiza um es-

forço concentrado nos dias 15, 16 e 17 deste mês para exame de projetos relaciona-dos a temas diversos, como alterações no Código de De-fesa do Consumidor, na Lei de Licitações e na legislação relacionada à tributação de empresas, além da concessão de benefícios à magistratura e de mais recursos ao finan-ciamento estudantil. Para o exame dessas matérias, po-rém, os senadores precisam antes votar três medidas pro-visórias que trancam a pauta do plenário, com prazo de vigência a vencer na primeira semana de agosto.

As alterações no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) estão contem-pladas em duas proposições. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 281/2012 regulamenta as compras pela internet, ao estabelecer regras de divulga-ção dos dados do fornecedor e a localização física do negócio virtual com mais clareza na descrição dos produtos ven-didos. O texto prevê ainda a responsabilização solidária entre o site de compra coletiva e o fornecedor do produto ou serviço ofertado.

Outra proposta a ser vo-tada é o PLS 559/2013, que altera a Lei de Licitações

(Lei 8.666/1993), cujo tex-to original teve como rela-tor o senador Pedro Simon (PMDB-RS). O projeto elimina a carta-convite e a tomada de preços no processo licitatório. A intenção é estabelecer um novo marco legal para contra-tações no setor público, o que implicaria não só a revogação da Lei de Licitações, mas tam-bém da Lei 12.462/2011, que instituiu o regime diferencia-do de contratações públicas, e da Lei 10.520/2002, referente ao pregão. A reforma da legis-lação foi uma das bandeiras defendidas pelo Renan Calhei-ros ao assumir a presidência do Senado, há quase 2 anos.

PRÓXIMA SEMANA

Presidente do Senado, Renan Calheiros (no centro) programa esforço para votações de pautas

Primeira mulher a presidir o Brasil, Dilma entrou para a história Vanessa é a única mulher a representar o Amazonas no Senado Rebecca Garcia é a única mulher na disputa majoritária no AM

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

ROBERTO STUCKERT FILHO/PR GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO GUSTAVO LIMA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

AGÊNCIA SENADO

A05 - POLÍTICA.indd 5 7/5/2014 8:32:43 PM

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

PMDB faz lobby para ‘free shops’ de aeroportos

Figurões do PMDB estão fazendo lobby em favor dos negócios do empresário Jonas Barcellos, o “rei dos free-shops” nos aeroportos brasileiros. Autor da frase “os amigos são meu ativo oculto”, Barcellos é tão in-fl uente que conseguiu fazer chegar à presidenta Dilma Rousseff sua reivindicação de aumentar de 500 para 1.200 dólares o limite de compras em suas lojas, fi n-cadas na área internacional dos aeroportos.

VitaliciedadeJonas Barcellos também

quer que aeroportos privati-zados renovem os contratos de concessão para suas lojas, em vigor há quase 40 anos.

Amigos infl uentesDesde sua criação, du-

rante o regime militar, em 1976, a Brasif recorre ao “ativo oculto” de Barcelos, seu proprietário, para reno-var contratos.

Caminho das pedrasBarcellos sempre teve ami-

gos no poder. Um deles, ex-senador Jorge Bornhausen (DEM), foi vice-presidente da sua empresa durante anos.

Michel, nãoA vice-presidência da Repú-

blica negou que Michel Temer tenha tratado do tema “free shops” com Dilma, como afi r-mam correligionários.

Aeronáutica mantém medalhas de mensaleiros

Assim como o comandan-te do Exército, general Enzo Peri, que foge como o diabo da cruz da obrigação de cassar a Medalha do Pa-cificador de José Genoino, o Comando da Aeronáutica se finge de morto e ignora

o decreto 3446/2000, que prevê a exclusão de agracia-dos com a Ordem do Mérito Aeronáutico, condenados por crime contra o erário, como José Dirceu e Genoino, ou contra as instituições e a sociedade.

Honraria?José Dirceu recebeu a hon-

raria da Aeronáutica durante o governo Lula, e José Genoi-no já era réu do mensalão quando foi condecorado.

Está no decretoO Conselho da Ordem

do Mérito Aeronáutico já deveria ter cassado as condecorações quando os mensaleiros perderam os direitos políticos.

Quem cala...O Comando da Aeronáutica

imitou o do Exército e prefe-riu silenciar sobre a própria atitude de manter a honraria a corruptos condenados.

Os imperdoáveisA imagem de José Dirceu

abatido e com olhar ressen-tido deu força à suspeita de que, para ele, além de Joaquim Barbosa, Lula está na lista daqueles que ele não perdoa pela situação que vive hoje.

Último acordoSob pressão do líder Eduar-

do Cunha (RJ), a executiva na-cional do PMDB reconsiderou e vai retirar a suspensão do registro de fi liação do depu-tado Júnior Coimbra (TO), que deverá disputar reeleição.

BandeirasEm quarto lugar nas pes-

quisas à Presidência, o Pas-tor Everaldo (PSC) pretende hastear, além da bandeira evangélica, a redução no número de ministérios e a política do Estado Mínimo,

privatizando estatais. Fim da importaçãoEduardo da Fonte, líder do

PP na Câmara, intercedeu junto ao ministro Neri Geller (Agricultura) para abolir por-taria que permite importar leite em pó por indústrias do Nordeste, o que prejudicava produtores locais.

Abusos no anonimato Diante dos bombardeios

do PT nas redes sociais, o deputado Nelson Marche-zan Jr (PSDB-RS) apresen-tou projeto para alterar o Código Penal e tornar crime a criação e o uso de perfi s falsos na internet.

Pulga na orelhaO PMDB do Senado des-

confi a que o PT está de olho na vaga de Bruno Dantas, indicado por Renan Calheiros (AL) para ministro do TCU. Os petistas cotados seriam Ideli Salvatti, Eduardo Cardozo e Luiz Adams.

Me esquece O senador Blairo Maggi

(PR-MT) anda numa depres-são danada após denúncia do Ministério Público contra ele pedindo abertura de pro-cesso por improbidade admi-nistrativa. A Justiça Estadual rejeitou o pedido.

Só com duas grevesA prefeitura de Goiânia

criou projeto de lei para atender às demandas dos professores que invadiram a Câmara Legislativa há 25 dias. O acordo, porém, atende demandas da greve anterior, de outubro.

Che na BolíviaHá 17 anos, em 6 de julho

de 1997, a ossada do líder re-volucionário Che Guevara era encontrada na Bolívia, onde foi morto 30 anos antes.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Temos de buscar uma reaproximação rápi-da com o PSB”

DEPUTADA IRINY LOPES (PT-ES), preocupada com o desempenho eleitoral do seu partido

PODER SEM PUDOR

Em cima do fatoUma das estrelas da rádio Tabajara, emissora do governo

da Paraíba, Pascoal Carrilho foi destacado para a trans-missão do enterro do senador Rui Carneiro, uma das legendas políticas do Estado, em 1997.

Era grande a multidão no Cemitério da Boa Sen-tença. Com sua voz empostada, Pascoal mantinha os ouvintes informados:

- Senhoras e Senhores, muita tristeza entre todos os pre-sentes. Neste instante, vai falar o deputado federal Humberto Lucena...

Nesse instante, com todo aquele empura-empurra, Pascoal acabou caindo na se-pultura. Mas não perdeu a fleuma. Microfone em punho, continuou o relato preciso dos acontecimentos:

- Senhoras e Senhores, é a rádio Tabajara, emissora ofi cial do governo do Estado, transmitindo de dentro da cova do senador Rui Carneiro...

Aécio pede uma campanha limpa O candidato à Presidên-

cia pelo PSDB, Aécio Neves, divulgou mensagem pelo Facebook em que diz ser vítima de “mentiras e calú-nias” difundidas na internet envolvendo sua família.

Ele reproduziu outra men-sagem que sua ex-mulher, Andrea Falcão, postou na rede social em que manifesta “indignação” contra um texto disponível na rede que afi rma que ele usaria a fi lha para contrabando de diamantes para fora do Brasil.

“Vocês conhecem a sórdi-da campanha de mentiras e calúnias patrocinada pe-los meus adversários con-tra mim. Mas, agora, eles conseguiram ser ainda mais covardes ao envolver a mi-nha família, em outra men-tira irresponsável, fabricada para me atingir”, escreveu o candidato tucano.

A mensagem de Andrea Fal-cão faz referência a um texto que relata supostos atritos dela com Aécio por causa da fi lha do casal, Gabriela.

O artigo, reproduzido desde o ano passado em vários sites críticos ao tucano, diz que uma “integrante da in-teligência” da Polícia Militar de Minas Gerais relatou uma discussão em que Andrea exi-ge que a fi lha “fi que fora dos rolos” de Aécio.

Na mensagem que postou, Aécio afi rma que “o absurdo e a covardia dos autores dessa calúnia são exemplos de tudo o que não podemos mais aceitar na atividade política no nosso país”.

SEM CALÚNIAS

Candidatos já estão autorizados a irem às ruas, mas TSE alerta sobre algumas regras que devem ser obedecidas

Propaganda eleitoral está liberada a partir de hoje

No caso dos comícios, é necessário a comunicação à autoridade com 24 horas de antecedência

DIVULGAÇÃO

Neste domingo (6), tem início oficial a campanha elei-toral, com a per-

missão para os candidatos fazerem propaganda de rua, na internet e participarem de comícios.

Algumas regras devem ser obedecidas, como a utilização de alto-falantes ou amplifi ca-dores de som, que poderão funcionar das 8h às 22h nas sedes dos partidos.

No caso dos comícios, é necessária a comunicação à autoridade policial com 24 horas de antecedência, sen-do proibida a distribuição de brindes ou bens e materiais que possam proporcionar van-tagem ao candidato durante a realização da campanha. Também está proibida a con-tratação de artistas.

Qualquer tipo de propagan-da eleitoral paga está proibi-do. Mesmo sem cobrança, não poderá haver divulgação em sites de pessoas jurídicas, com ou sem fi ns lucrativos, ofi ciais ou hospedados por órgãos ou

entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

De acordo com a resolução (23.404/14) do Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE) que disci-plina a propaganda eleitoral, a manifestação do pensamento é livre, sendo proibido o anoni-mato durante a campanha, por meio da internet. Fica assegu-rado o direito de resposta, e por outros meios de comuni-cação interpessoal, mediante mensagem eletrônica.

Sérgio Ricardo dos Santos, assessor especial da pre-sidência do TSE, destaca que qualquer cidadão pode se manifestar na web, mas ataques a candidatos serão punidos. “Por meio de blogs e mensagens, o cidadão pode exteriorizar seu pensamen-to – a Constituição garante isso. Evidentemente, deve evitar o ataque aos adver-sários do candidato dele, às pessoas em disputa, porque ele pode, de acordo com o que for veiculado em seu

ambiente restrito, sofrer pu-nições, que são basicamente multas”, explicou.

Outras proibições sujeitas a multas também estão previs-tas na resolução do TSE. É o caso de quem vender, utilizar, doar ou ceder cadastro ele-trônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações. Quem desobe-decer pode ter de pagar de R$ 5 mil a R$ 30 mil.

As mensagens eletrônicas enviadas por candidato, par-tido ou coligação, por qual-quer meio, deverão dispor de mecanismo que permita seu descadastramento pelo des-tinatário, obrigando o reme-tente a providenciá-lo no pra-zo de 48 horas do pedido (lei 9.504/97). E-mails enviados após o término desse prazo sujeitam os responsáveis ao pagamento de multa no valor de R$ 100 por mensagem.

O calendário eleitoral ainda prevê que a propaganda no rádio e na televisão para o primeiro turno vai de 19 de agosto a 2 de outubro.

A06 - POLÍTICA.indd 6 7/5/2014 8:36:28 PM

MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 A7Com a palavra

Acredito que todos nós podemos dar bons exem-plos dentro da magistra-tura, desde que pratique a Justiça com ética, com o propó-sito de fazer o bem para a sociedade e para o ser humano”

Acho que o ministro fez história no sistema Judiciário brasileiro e na Justiça como insti-tuição. O seu maior legado (...) foi rea-firmar que a lei é lei para todos, indis-tintamente”

Em 1979, quando as-sumiu sua segunda comarca em Nova Olinda do Norte (a

135 quilômetros de Manaus), a juíza Graça Figueiredo era obrigada a jantar com um ventilador direcionado para as pernas para afugentar a nuvem de furiosos carapanãs que invadiam a casa a partir das 18h. Eram tempos difíceis aqueles. O município não tinha telefone, sofria constantes apagões e os poucos barcos que faziam linha para a cidade eram precários e sem qualquer conforto. Não havia sequer segurança de uma viagem tranquila e sem riscos.

Em uma conversa com um jornalista que passava pelo município, a jovem magistra-da foi questionada por que não tentava uma remoção para outra comarca, com melhores condições. Em sua resposta, Graça foi enfática:

—Não. Para entender a alma, as necessidades de nos-sa gente do interior e praticar a Justiça que eu sonho em praticar em meu ofício, eu pre-ciso passar por tudo isso. Será um aprendizado que nenhuma faculdade me ensinaria – res-pondeu a juíza.

Passados 35 anos, a desem-bargadora Maria das Graças Pessoa Figueiredo não per-deu o foco de seu compromis-so de vida. Na quinta-feira, ao assumir a presidência do Tribunal de Justiça, aos 61 anos, reafirmou, com outras palavras, o que havia pro-metido lá, na distante Nova Olinda do Norte.

— Cumprirei a lei, os prin-cípios constitucionais que norteiam a atuação da ad-ministração, especialmente o da igualdade. Todos somos iguais e o mesmo tratamen-to deve ser dado a todos, indiscriminadamente. Não é tempo de privilégios, prefe-rências pessoais, amizade e camaradagem. A presidência do tribunal não servirá para atender interesses menores no trato da coisa pública, da

gestão institucional.A nova presidente do TJAM

mandou outras mensagens di-retas e sem rodeios, avisando que “todos podem ter uma certeza. Não compactuarei com erros, com a graça de Deus. A lei continuará junto com a ética e a moral”.

— Este será o nosso ca-minho e horizonte perse-guido, uma meta a atingir, sem restrição, sem trégua. Precisamos ter interesse no mundo diário dos humildes e desafortunados, os quais só têm sua vida, sua família e os seus como solidários, é preciso mudar para melhor acolhê-los. Não tenhamos pressa. Confira a entrevista:

EM TEMPO – Como a se-nhora está vivendo esse momento, sabendo que chegou ao topo da carreira de magistrada?

Graça Figueiredo – Com muita humildade e conscien-te da enorme responsabilida-de que terei pela frente. Que Deus me ilumine para conti-nuar trilhando o caminho que escolhi, de levar Justiça para os necessitados, os humil-des. Agora, é claro que isso traz uma satisfação pessoal muito grande, do ponto de vista profissional. Eu fiz o registro de que me sinto mui-to honrada. Porque, após 35 anos da minha carreira e 120 anos da instituição Tribunal de Justiça ser instalada no Amazonas, sou a segunda mulher a presidir a corte. Isso torna a minha respon-sabilidade ainda maior.

EM TEMPO – O que será prioridade em sua gestão, para levar a Justiça ao encontro dos humildes, como a senhora citou em seu discurso?

GF – Nós temos muitas prio-ridades e desafios, mas como eu citei no discurso, o Primeiro Grau será o foco, aquele que terá maior atenção, porque é nele que o cidadão ingressa para buscar seus direitos. É a porta de entrada do nosso tribunal. Ali, o cidadão humilde precisa ser acolhido, precisa

se sentir amparado e prote-gido pela Justiça. É isso que eu pretendo realizar.

EM TEMPO – Na prática, como a senhora e sua equi-pe vão atuar para revitali-zar o Primeiro Grau?

GF – Isso é uma tarefa para ontem. A primeira medi-da foi fazer um levantamento completo do quadro. E isso nós já fizemos. Pesquisamos os pontos mais vulneráveis, aplicamos questionários que os juízes já responderam apontando as suas reais ne-cessidades, tanto de pessoal quanto de acomodação e de ferramentas necessárias para o exercício da função. Então, nós vamos providenciar tudo isso. Eu pretendo ir muitas vezes ao Fórum (Henoch Reis) e, se necessário, transferirei a presidência do tribunal para lá, a fim que seja restaurada a Justiça do Primeiro Grau.

EM TEMPO – Na adminis-tração do desembargador Ari Moutinho, que acaba de ser encerrada, foram realizados concursos pú-blicos para magistrados e servidores. O de magistra-do está indo para a tercei-ra etapa e o dos servidores foi concluído. Quando a senhora pretende chamar os aprovados?

GF – Nós pretendemos chamar logo, se Deus quiser. Algumas coisas, como eu já disse, são tarefas para ontem. E assim que desembargador Thury (Aristóteles) der o sinal de que todas as etapas estão concluídas, tudo homologado, tudo correto, eu darei posse da forma mais rápida. Nós temos pressa que os juízes assumam logo suas comar-cas no interior porque nós estamos, inclusive, em ano eleitoral. Nós temos muitas comarcas desfalcadas.

EM TEMPO – Desembar-gadora, como a senhora avalia a passagem do mi-nistro Joaquim Barbosa, no STF que pode ter sido polêmico, mas que mudou a forma com que a opinião

pública passou a observar a Justiça brasileira?

GF – Acho que o ministro fez história no sistema Judi-ciário brasileiro e na Justiça como instituição. O seu maior legado, acredito eu e com certeza outros representan-tes do Judiciário, foi reafirmar que a lei é lei para todos, indistintamente. Ele deu um grande exemplo de que a mão da Justiça alcança a todos. Isso em um país onde boa parte da população entende que a Justiça é feita só para os pobres, desprotegidos e desamparados. É por isso que eu quero reiterar que, na minha administração, eu terei os olhos voltados para os desafortunados. Para aqueles que não têm bons advoga-dos, brilhantes advogados, mas que só têm os seus e a clemência divina por si. Então, a Justiça tem que se voltar, principalmente, para aquelas demandas que, como disse o procurador Francisco Cruz (no discurso do Teatro Ama-zonas), parece pequenas para os outros, mas para aquele cidadão que procurou a Justiça representa a sua vida.

EM TEMPO – A senhora acredita que o exemplo de Joaquim Barbosa passa ser um referencial para aque-les magistrados que estão iniciando agora sua carrei-ra e que estão encontrando um Brasil novo, onde se respira democracia?

GF – Acredito que todos nós podemos dar bons exemplos dentro da magistratura, desde que pratique a Justiça com ética, com a verdade, com o propósito de fazer o bem para a sociedade e para o ser humano. Mas, sem dúvida, a herança que o ministro Joa-quim Barbosa está deixando divide opiniões. Mas, no geral, o legado é positivo. Positivo, porque ele quebrou o paradig-ma da impunidade e mostrou à sociedade que o STF pode, sim, promover punições a quem fizer por merecer, indepen-dentemente de status, cor, raça ou cargo. Até mesmo a políticos poderosos.

Graça FIGUEIREDO

Nós temos muitas prio-ridades e desafios, mas como eu citei no discur-so, o Primeiro Grau será o foco, aquele que terá maior atenção, porque é nele que o cidadão ingressa para buscar seus direitos. É a porta de entrada do nosso tribunal. Ali, o cidadão humilde precisa ser acolhido e amparado”

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM/TJAM

‘Justiça PARA os humildes e DESAFORTUNADOS’

A07 - POLITICA.indd 5 7/5/2014 8:38:55 PM

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

A08 - PUBLICIDADE.indd 6 7/5/2014 8:39:58 PM

EconomiaCa

dern

o B

[email protected], DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 (92) 3090-1045

Interior do Amazonas sem celular

Economia B4 B5

IONE MORENO

A geração de emprego em Manaus, no se-gundo semestre do ano, deverá ser mais

intensa no setor varejista, a exemplo dos primeiros meses de 2014, quando o comércio deixou para trás a indústria e criou mais empregos com carteira assinada do que de-mitiu, conforme dados do Ca-dastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

De acordo com o presiden-te da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL/Ma-naus), Ralph Assayag, pelo me-nos três mil vagas estarão em aberto e devem ser preenchi-das de forma gradativa até o mês de setembro. Ele explica que os postos de trabalho es-tão disponíveis desde o início do ano, contudo, os empresá-rios aguardam o aquecimento das vendas para começar a recrutar novos funcionários.

“As vendas de junho não foram tão boas quanto o espe-rado para o momento. Por isso, os lojistas preferiram segurar essas vagas. Acreditamos que com a proximidade do fi m do ano, o clima melhore para viabilizar essas novas contra-tações”, ressalta.

A indústria que não passa pelo seu melhor momento aparece com um histórico negativo nas contratações.

Segundo a avaliação de maio, que é a mais recente disponibilizada pelo Minis-tério do Trabalho, o déficit na geração de emprego de janeiro até aquele mês, foi de 5.290. A expectativa é de ao menos preservar os empre-gos já estabelecidos, como explica o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fie-am), Nelson Azevedo.

“As fábricas e revendedo-

ras estão com seus estoques abarrotados. Tudo por conta da retração econômica pela qual o país está passando. Isso faz com que não possamos vis-lumbrar um futuro promissor para as contratações. O polo de duas rodas, por exemplo, é um dos mais prejudicados. Já os de informática e eletroele-trônico vivem momento nem tão ruim”, analisa.

Para quem deseja fi nalizar o empregado, a Strategic Ad-vanced, empresa de recursos humanos segue com seleção

de trabalhadores que se inte-ressem por uma das 65 vagas, que já estão disponíveis para o período. As oportunidades se estendem para Manaus e municípios do Estado do Pará. “As vagas são para Manaus, Belém Moju, Acará, Concórdia do Pará, Abaetetuba e Ana-nindeua”, destaca a analista de comunicação e marketing, Luciana Carvalho.

ÁreasAs vagas intermediadas pela

Strategic Advanced são para assistente administrativo da diretoria, supervisor da garan-tia da qualidade, supervisor de produção e pesagem, analista administrativo fi nanceiro, ge-rente de produção, supervisor de produção, metalúrgica, ge-rente de restaurante, coorde-nador de custos e coordenador de pintura a pó.

Há ainda vagas para ge-rente de materiais, analista de planejamento, assistente de planejamento e controle agrícola, analista de suporte, analista de rh, gestor de fro-tas, engenheiro de processos, engenheiro de automação e analista de planejamento.

As oportunidades seguem para eletricista de manuten-ção, técnico de segurança no trabalho, especialista de refri-geração, analista de qualidade, técnico em automação, super-visor de manutenção automo-tiva, supervisor de manutenção mecânica e supervisor geral de manutenção industrial.

Três mil vagas de trabalho nos próximos meses do anoAs oportunidades estarão concentradas principalmente no setor varejista, conforme a Câmara dos Dirigentes Lojistas

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

Desde o início do ano o comércio contratou mais pessoas para ocupação de posto de trabalho formal que a indústria, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Recrutamento por agências de RHs

CDL-Manaus afi rma que vagas deverão ser ocupadas gradualmente até o mês de setembro

Na busca por oportunida-de de trabalho, o estudante Francisco de Sá Queiroz, 19, vive a expectativa de ser selecionado para uma das vagas disponibilizadas por uma dos muitas agências de Recursos Humanos (RHs) de Manaus, pelos quais cadas-trou seu currículo.

Sem experiência, Queiroz diz que foi instigado por amigos a procurar os servi-ços dos RHs. “Tenho vários amigos que conseguiram emprego desta maneira.

Acredito que terei melhores chances com a ajuda presta-da por esse tipo de empresa. Mesmo assim saio de casa todos os dias em busca de emprego”, comenta.

A operadora de máquina Maria da Silva e Silva, 35, está desempregada há seis meses e também espera que a intermediação dos recur-sos humanos a ajudem na conquista de um novo pos-to de trabalho. Ela já foi convocada para entrevista em dois RHs e espera estar

empregada antes do fi nal da próxima semana.

Maria, que possui experi-ência em empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) afi rma ter confi ança no re-crutamento das agências de recursos humanos. “Estou torcendo para sair bem su-cedida em pelo menos uma das entrevistas. Não tenho dúvidas que uma das me-lhores maneiras de encon-trar uma vaga de trabalho interessante é por meio dos recursos humanos”, avalia.

LOCALIZAÇÃOInteressados nas vagas da Stratagic devem ca-dastrar currículo no site www.strategicadvan-ced.com.br. A empresa está localizada na rua Rio Purus, nº 500, bair-ro Nossa Senhora das Graças, Vieiralves

IONE MORENO

B01 - ECONOMIA.indd 1 4/7/2014 23:08:04

B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Brasileiros ‘na mira’ do roubo bancário virtualConforme a Karspersky Lab, usuários do país, juntos com russos e italianos, estão entre os mais atacados na internet

Usuários em países como o Brasil, Rús-sia e Itália foram os mais atacados por

malware financeiro, de acordo com o relatório mensal de ameaças online do setor ban-cário da Kaspersky Lab.

No período do relatório, entre 19 de abril até 19 de maio de 2014, as soluções da Kas-persky Lab bloquearam 126,6 mil tentativas de infecção de malware capazes de roubar di-nheiro de usuários de internet banking nesses três países.

Esse número representou mais de um terço do total de usuários atacados por malwa-re bancário no mundo todo.

Como regra, cibercrimino-sos tentam roubar detalhes do cartão de crédito dos usu-ários com a ajuda de Trojans especializados. De meados de abril até meados de maio, o Zeus (Trojan-Spy.Win32.Zbot) foi de novo o Trojan bancário mais difundido.

Segundo a pesquisa da Kaspersky Lab, o programa estava envolvido em 198,2 mil ataques de malware a clientes de bancos. Quase 82,3 mil pessoas foram atacadas pelo Trojan-Banker.Win32.ChePro (arquivos CPL mali-ciosos) e pelo Trojan-Banker.

Win32.Lohmys (trojans assi-nados digitalmente), todos de origem brasileira.

Outro método de roubar dados bancários é por ataques de phishing. Durante o período do relatório, as soluções da Kaspersky Lab bloquearam 21,5 milhões de ataques e quase 10% deles (cerca de 2 milhões) tinham como alvo

os detalhes dos cartões de crédito dos usuários.

Evento O período do relatório foi

marcado por consequências de evento particular que preju-dicou seriamente a segurança do sistema de pagamentos online, ou seja, vulnerabilida-de encontrada anteriormen-te na popular biblioteca de

criptografia OpenSSL. O bug permite que criminosos ga-nhem acesso não autorizado ao buffer de memória de dis-positivo vulnerável, seja um smartphone, um computador pessoal ou um servidor.

Senhas A vulnerabilidade do Heart-

bleed não deixa rastros e ainda não se sabe qual dado foi roubado e em que volumes.

No entanto, a maioria das empresas que fazem transa-ções online usando a versão vulnerável do OpenSSL reco-mendaram aos seus clientes mudarem as senhas de suas contas e acompanhar de perto qualquer atividade incomum.

“O aparecimento da vulne-rabilidade do Hearbleed ini-ciou uma série de vazamentos de todos os tipos de dados em vários campos de negócios. Isso se deu por conta do fato de que essa vulnerabilidade contém o a biblioteca cripto-gráfica OpenSSL que é usa-da em diferentes sostwares, incluindo sostware bancário”, comenta o pesquisador senior de segurança da Kaspersky Lab, Sergey Golovanov.

Ele espera um aumento nas transações fraudulentas nos próximos meses.

DIVULGAÇ

ÃO

Um terço dos crimes financeiros virtuais detectados ocorreu no Brasil, na Itália e na Rússia

SERVIÇOOs relatórios mensais sobre ameaças online no setor bancário é so-mente um aspecto dos serviços de inteligência da Kaspersky Lab, in-cluídos na plataforma chamada de Kaspersky Fraud Prevention

B02 - ECONOMIA.indd 2 4/7/2014 23:10:33

B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Guardar moedas é um mau negócio para o ‘poupador’Apesar da desvalorização de 6%, guardadores de moedas chegam a acumular mais de R$ 7 mil com ‘poupança caseira’

Guardar moedas em casa para fazer “um extra” nem sempre é um bom negócio. O

costume de “depositar” mo-edas em “cofrinhos”, caixas, latas ou até mesmo em gar-rafas plásticas desvaloriza o dinheiro em pelo menos 6%.

Dessa forma, a ideia de ren-der uma poupança “caseira” pode ser um embuste para o “poupador”, além de ser prejudicial ao comércio. O economista Manoel Ribeiro Aires observa que a pessoa que guarda moedas lucra 6% a menos do que se o dinhei-ro estivesse numa conta de investimento. “A maioria das pessoas que guardam moedas não tem o conhecimento sobre a perda do poder de compra, pois na maioria das vezes se atém somente no valor acu-mulado”, avalia.

O assessor parlamentar Rai-mundo Nonato Sales de Mene-zes, 39, ao contrário daqueles que escolhem as garrafas pet de dois litros, escolheu um garrafão de 20 litros para guardar as moedas que acu-mulou ao longo do tempo.Ele conta que começou com

copos com tampas. Até que, no ano passado, veio a ideia de economizar para comprar um terreno para construir a casa própria começou a guardar as moedas no garrafão.

Empenhado no seu objetivo, Ray (como é conhecido o as-sessor) não deixava escapar nenhuma moeda de R$ 1, R$ 0,50 e R$ 0,25, quando alcan-çou o valor aproximado de R$ 7 mil, com o garrafão quase cheio. “Guardava tudo. Quan-do tinha um dinheiro sobrando eu trocava com quem tinha muitas moedas”, conta.

Ele conseguiu saber o valor depois de trocar o total de moedas equivalentes ao valor de R$ 6 mil com uma rede de supermercados atacadista na Zona Leste da cidade, para fa-zer outro investimento. “Eles gostaram tanto que até me deram uma caixa de chocolate para que eu dê preferência a eles quando tiver mais moe-das”, salienta.

O que sobrou no garrafão, segundo Ray, servirá de estí-mulo para que ele retome o trabalho de guardar moedas até o final do ano. Dessa vez, ele guardará apenas de R$ 1, para atingir a meta de R$ 15 mil, para daí sim conseguir comprar o terreno.

EMERSON QUARESMA Equipe EM TEMPO

DIV

ULG

AÇÃO

Algumas pessoas guardam moedas em garrafões de 20 litros

O autônomo André Alcân-tara é outro personagem que tentou em 2013, por curiosidade, guardar moe-das para, no final do ano, conferir quanto tinha con-seguido economizar.

Mas, ao contrário de Ray, ele se decepcionou com o resultado ao abrir a lata onde guardava as moedas. “Eu queria saber quanto a

lata renderia. Achava que guardaria em torno de R$ 1 mil. Mas, para a minha surpresa, quando abri a lata não tinha nem R$ 250 re-ais”, lembra ao frisar que guardava moedas de R$ 1 e de R$ 0,50.

“Foi uma decepção. O ide-al é deixar que circulem pelo bem do comércio e da economia”, sustenta.

Rendimento baixo decepciona

Cofres de gesso estão na preferência dos “poupadores”

REPR

OD

UÇÃ

O

B03 - ECONOMIA.indd 3 4/7/2014 23:12:26

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 B5B4 Economia

Descontentamento na capital e no interior sobre as operadoras chegou ao parlamento estadual e empresas prometem melhorar serviços

Telefonia e seus velhos problemas

Líder do mercado, a Tele-fônica Vivo frisou que Ma-naus recebeu a rede 4G e que em setembro de 2013, concluiu sua rede de fi bra óptica que interliga Belém a Manaus, com mais de 2,1 mil quilômetros de exten-são. O projeto benefi ciou 3,7 milhões de pessoas, e ampliou a capacidade da rede de 2 GB para 40 GB – mais 2.000%.

Por meio de nota, a empre-sa in-fo r m a que, em 2013, os recursos investidos em infraes-trutura na rota Belém-Manaus totalizaram R$ 280 milhões, que permiti-ram ainda ampliações em mais de 200 portado-ras na cidade. Entre os pla-nos para 2014, a Vivo apon-ta que já tem licenciado 31 novos sites em Manaus, que serão implantados para melhorar a qualidade do sinal na cidade.

“A iniciativa da operado-ra amplia a capacidade da rede de 2 GB para 40 GB, e os usuários, na prática, ago-ra têm mais estabilidade nas ligações, com drástica redução do número de que-das e ruídos, além de maior velocidade na conexão de internet pela rede 3 G e 4 G”, garante a operadora.

A empresa informou ainda que a maior parte dos investimentos – R$ 24,3 bilhões entre 2011

e 2014 – destina-se prin-cipalmente para as áreas de rede, comercial e sis-temas, elementos vitais para oferecer qualidade em telefonia e internet. “A empresa vem também diversifi cando os canais de atendimento eletrôni-co, com SMS, chat on-line, internet e aplicativo para smartphones”.

Questionada sobre como tem acompanhado o de-senrolar dos problemas de telefonia no Amazonas, a Agência Nacional de Te-lecomunicação (Anatel), informou que ela apenas estabelece parâmetros de qualidade e cobertura dos serviços e não atua na fis-calização direta de obras, nem tem ingerência sobre elas, mas atua na aferi-ção dos resultados dessas

obras, sob a ótica da qua-lidade e da cobertura.

De acordo com a Anatel, cabe às empresas priva-das definir planos de in-vestimento e soluções de engenharia que julgar ade-quadas para atingirem as metas estabelecidas. Caso elas não sejam atendidas e inexistam explicações ra-zoáveis sobre o não aten-dimento, a agência informa que pode aplicar sanções

à prestadora do serviço. Segundo a Anatel, as opera-doras informaram sobre a execução de projetos dedi-cados às áreas internas dos estádios, com distribuição ótica e antenas compar-tilhadas, com uso máxi-mo de portadoras GSM, 3 G e 4 G disponíveis.

Para atender os perí-metros dos estádios, bem como possibilitar transbor-do ou compartilhamento de

tráfego foram instaladas estações móveis ao redor das arenas, visando am-pliar a capacidade de todas as tecnologias para os dias dos eventos. “As operado-ras deram declarações, por meio do Sinditelebrasil, associação que reúne as prestadoras, de que tam-bém instalarão pontos wi-fi para uso aberto e gratuito para os usuários nos estádios”.

Descontentamento na capital e no Descontentamento na capital e no interior sobre as operadoras chegou interior sobre as operadoras chegou ao parlamento estadual e empresas ao parlamento estadual e empresas prometem melhorar serviçosprometem melhorar serviços

Fibra interliga Belém a Manaus

Realizar uma simples liga-ção telefô-nica em Ma-

naus pode ser uma verdadeira dor de ca-beça. Os problemas

não se limitam apenas a tele-

fonia celular, a fixa e os serviços de dados para internet. Os

clientes das quatro opera-doras que pres-tam o serviço para Manaus também são afetados por c o m p l i c a -ções velhas c o n h e c i -das como

cortes nas ligações, ru-ídos, interferências a falta de sinal.

Em tempos de grandes eventos realizados em Manaus, a qualidade dos serviços ofertados pelas operadoras é colocada sob suspeição da população. Para a professora Roberta Mafra, 45, observa que a oferta é maior que a capa-cidade real de atendimento. A educadora que costuma viajar a outros Estados, diz que mesmo habitua-da com os problemas da telecomunicação na cida-de, espera mais empenho das operadoras para a melhoria dos serviços.

“Com um grande evento como a Copa do Mundo, em Manaus, uma das primeiras coisas que pensei foi que, pelo menos a telefonia e a internet melhorariam. Mas, me enganei e isso é extremamente lamentá-vel, já que as empresas parecem ter lucros altíssi-mos com tanta gente que utiliza esses serviços”, aponta Roberta.

InteriorSe a telecomunicação

gera descontentamento na capital, nas cidades do in-terior do Estado o problema é ainda maior. Na unidade federativa que possui 61 municípios, além da capital, pouco mais de dez deles possuem os serviços das quatro empresas que ope-ram no Estado (TIM, Vivo, Claro e OI). O restante das cidades conta apenas com os serviços de apenas duas das operadoras.

Os impactos econômicos do desserviço foram con-siderados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Telefonia, instala-da na Assembleia Legisla-

tiva do Amazonas (Aleam), em agosto do ano passado, como imen-suráveis, já que interferem não só na comunicação en-tre usuários comuns, mas também na expansão de negócios, em especial aos do setor primário.

Para reverter à situação, as empresas se comprome-teram em cumprir metas estipuladas pelos parlamen-tares. Entre as exigências do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado entre as partes, estavam a realização de mutirão para receber as reclamações dos clientes - realizado pelas operadoras entre os dias 1º e 20 de maio -, e a injeção de investimentos que vão além dos já contratados junto à

Agência Nacional de Tele-comunicação (Anatel).

OperadorasA operadora OI, que tam-

bém é responsável pelos te-lefones públicos (orelhões) dispostos pelo Estado, se comprometeu em trocar todo o atendimento das es-tações radiobase (antenas) em Manaus por fibra óptica, até o final do 1º semestre deste ano. A OI foi procurada por meio da sua assessoria de imprensa para comentar quais dos pontos do acordo já começaram a ser imple-

mentados, mas o setor se limitou re-passar a prerrogativa para o Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunica-ções (Sinditelebrasil).

A TIM informou que se-gue com o compromisso de trabalhar para oferecer aos clientes do Estado a me-lhor experiência de uso nos serviços de voz e dados. E ressaltou que já vem em-preendendo ações alinha-das com a CPI da Aleam. “A TIM já iniciou o cumprimen-to das cláusulas do termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A TIM tem demonstra-do transparência em suas práticas de atendimento ao cliente empenhando es-forços para a redução do total de demandas, com um trabalho direcionado para a qualidade do atendimento e fortes investimentos em infraestrutura”, diz a asses-soria por meio de nota.

A empresa afirmou que pretende investir R$ 33 milhões em benefício dos seus serviços no Amazo-nas, até o final do ano de 2014. “A operadora reforça que os serviços prestados no Estado estão dentro das metas de qualidade estabelecidas pela Anatel”, finaliza a nota.

Já a Claro não informou à reportagem o montante que deve investir no setor este ano, mas enfatizou que está cumprindo as cláusulas do TAC. “A Claro ressalta que preza pela excelência na prestação de seus ser-viços e vem aprimorando de forma contínua todos os seus processos de atendi-mento, para atender sempre da melhor forma todos os clientes”, diz em nota.

CAPACIDADEVivo afi rma que aumen-tou a capacidade das redes 2 G, 3 G e 4 G para cobertura dentro dos doze estádios, onde foram disputadas as partidas do Mundial com antenas e apare-lhos de transmissão

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO Anatel não fi scaliza obras das operadoras

B04 E 05 - ECONOMIA.indd 5-6 4/7/2014 23:30:00

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 B5B4 Economia

Descontentamento na capital e no interior sobre as operadoras chegou ao parlamento estadual e empresas prometem melhorar serviços

Telefonia e seus velhos problemas

Líder do mercado, a Tele-fônica Vivo frisou que Ma-naus recebeu a rede 4G e que em setembro de 2013, concluiu sua rede de fi bra óptica que interliga Belém a Manaus, com mais de 2,1 mil quilômetros de exten-são. O projeto benefi ciou 3,7 milhões de pessoas, e ampliou a capacidade da rede de 2 GB para 40 GB – mais 2.000%.

Por meio de nota, a empre-sa in-fo r m a que, em 2013, os recursos investidos em infraes-trutura na rota Belém-Manaus totalizaram R$ 280 milhões, que permiti-ram ainda ampliações em mais de 200 portado-ras na cidade. Entre os pla-nos para 2014, a Vivo apon-ta que já tem licenciado 31 novos sites em Manaus, que serão implantados para melhorar a qualidade do sinal na cidade.

“A iniciativa da operado-ra amplia a capacidade da rede de 2 GB para 40 GB, e os usuários, na prática, ago-ra têm mais estabilidade nas ligações, com drástica redução do número de que-das e ruídos, além de maior velocidade na conexão de internet pela rede 3 G e 4 G”, garante a operadora.

A empresa informou ainda que a maior parte dos investimentos – R$ 24,3 bilhões entre 2011

e 2014 – destina-se prin-cipalmente para as áreas de rede, comercial e sis-temas, elementos vitais para oferecer qualidade em telefonia e internet. “A empresa vem também diversifi cando os canais de atendimento eletrôni-co, com SMS, chat on-line, internet e aplicativo para smartphones”.

Questionada sobre como tem acompanhado o de-senrolar dos problemas de telefonia no Amazonas, a Agência Nacional de Te-lecomunicação (Anatel), informou que ela apenas estabelece parâmetros de qualidade e cobertura dos serviços e não atua na fis-calização direta de obras, nem tem ingerência sobre elas, mas atua na aferi-ção dos resultados dessas

obras, sob a ótica da qua-lidade e da cobertura.

De acordo com a Anatel, cabe às empresas priva-das definir planos de in-vestimento e soluções de engenharia que julgar ade-quadas para atingirem as metas estabelecidas. Caso elas não sejam atendidas e inexistam explicações ra-zoáveis sobre o não aten-dimento, a agência informa que pode aplicar sanções

à prestadora do serviço. Segundo a Anatel, as opera-doras informaram sobre a execução de projetos dedi-cados às áreas internas dos estádios, com distribuição ótica e antenas compar-tilhadas, com uso máxi-mo de portadoras GSM, 3 G e 4 G disponíveis.

Para atender os perí-metros dos estádios, bem como possibilitar transbor-do ou compartilhamento de

tráfego foram instaladas estações móveis ao redor das arenas, visando am-pliar a capacidade de todas as tecnologias para os dias dos eventos. “As operado-ras deram declarações, por meio do Sinditelebrasil, associação que reúne as prestadoras, de que tam-bém instalarão pontos wi-fi para uso aberto e gratuito para os usuários nos estádios”.

Descontentamento na capital e no Descontentamento na capital e no interior sobre as operadoras chegou interior sobre as operadoras chegou ao parlamento estadual e empresas ao parlamento estadual e empresas prometem melhorar serviçosprometem melhorar serviços

Fibra interliga Belém a Manaus

Realizar uma simples liga-ção telefô-nica em Ma-

naus pode ser uma verdadeira dor de ca-beça. Os problemas

não se limitam apenas a tele-

fonia celular, a fixa e os serviços de dados para internet. Os

clientes das quatro opera-doras que pres-tam o serviço para Manaus também são afetados por c o m p l i c a -ções velhas c o n h e c i -das como

cortes nas ligações, ru-ídos, interferências a falta de sinal.

Em tempos de grandes eventos realizados em Manaus, a qualidade dos serviços ofertados pelas operadoras é colocada sob suspeição da população. Para a professora Roberta Mafra, 45, observa que a oferta é maior que a capa-cidade real de atendimento. A educadora que costuma viajar a outros Estados, diz que mesmo habitua-da com os problemas da telecomunicação na cida-de, espera mais empenho das operadoras para a melhoria dos serviços.

“Com um grande evento como a Copa do Mundo, em Manaus, uma das primeiras coisas que pensei foi que, pelo menos a telefonia e a internet melhorariam. Mas, me enganei e isso é extremamente lamentá-vel, já que as empresas parecem ter lucros altíssi-mos com tanta gente que utiliza esses serviços”, aponta Roberta.

InteriorSe a telecomunicação

gera descontentamento na capital, nas cidades do in-terior do Estado o problema é ainda maior. Na unidade federativa que possui 61 municípios, além da capital, pouco mais de dez deles possuem os serviços das quatro empresas que ope-ram no Estado (TIM, Vivo, Claro e OI). O restante das cidades conta apenas com os serviços de apenas duas das operadoras.

Os impactos econômicos do desserviço foram con-siderados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Telefonia, instala-da na Assembleia Legisla-

tiva do Amazonas (Aleam), em agosto do ano passado, como imen-suráveis, já que interferem não só na comunicação en-tre usuários comuns, mas também na expansão de negócios, em especial aos do setor primário.

Para reverter à situação, as empresas se comprome-teram em cumprir metas estipuladas pelos parlamen-tares. Entre as exigências do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado entre as partes, estavam a realização de mutirão para receber as reclamações dos clientes - realizado pelas operadoras entre os dias 1º e 20 de maio -, e a injeção de investimentos que vão além dos já contratados junto à

Agência Nacional de Tele-comunicação (Anatel).

OperadorasA operadora OI, que tam-

bém é responsável pelos te-lefones públicos (orelhões) dispostos pelo Estado, se comprometeu em trocar todo o atendimento das es-tações radiobase (antenas) em Manaus por fibra óptica, até o final do 1º semestre deste ano. A OI foi procurada por meio da sua assessoria de imprensa para comentar quais dos pontos do acordo já começaram a ser imple-

mentados, mas o setor se limitou re-passar a prerrogativa para o Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunica-ções (Sinditelebrasil).

A TIM informou que se-gue com o compromisso de trabalhar para oferecer aos clientes do Estado a me-lhor experiência de uso nos serviços de voz e dados. E ressaltou que já vem em-preendendo ações alinha-das com a CPI da Aleam. “A TIM já iniciou o cumprimen-to das cláusulas do termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A TIM tem demonstra-do transparência em suas práticas de atendimento ao cliente empenhando es-forços para a redução do total de demandas, com um trabalho direcionado para a qualidade do atendimento e fortes investimentos em infraestrutura”, diz a asses-soria por meio de nota.

A empresa afirmou que pretende investir R$ 33 milhões em benefício dos seus serviços no Amazo-nas, até o final do ano de 2014. “A operadora reforça que os serviços prestados no Estado estão dentro das metas de qualidade estabelecidas pela Anatel”, finaliza a nota.

Já a Claro não informou à reportagem o montante que deve investir no setor este ano, mas enfatizou que está cumprindo as cláusulas do TAC. “A Claro ressalta que preza pela excelência na prestação de seus ser-viços e vem aprimorando de forma contínua todos os seus processos de atendi-mento, para atender sempre da melhor forma todos os clientes”, diz em nota.

CAPACIDADEVivo afi rma que aumen-tou a capacidade das redes 2 G, 3 G e 4 G para cobertura dentro dos doze estádios, onde foram disputadas as partidas do Mundial com antenas e apare-lhos de transmissão

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO Anatel não fi scaliza obras das operadoras

B04 E 05 - ECONOMIA.indd 5-6 4/7/2014 23:30:00

B6 País MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Mundial diminuiu tensão política, dizem analistasEspecialistas dizem que não é possível mensurar se o otimismo permanecerá nas eleições que acontecem este ano

Para alguns cientistas políticos, o resultado da pesquisa Datafo-lha divulgada no jor-

nal “Folha de S. Paulo”, que apontou uma melhora do hu-mor do brasileiro com a Copa, da avaliação do governo e do desempenho dos candidatos à Presidência da República, deve-se a um momento de “distensão política”. Por en-quanto, não é possível dizer se esse otimismo vai permanecer durante as eleições.

“Atribuo essa melhora de indicadores a um momento de distensão do ambiente po-lítico provocado pela Copa. As atenções estão voltadas para a seleção. Neste momento, não temos nada que indique que uma vitória do Brasil pode beneficiar o candidato A, B ou C”, disse o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp), Rui Tavares Maluf.

Sociólogo do Insper, Car-los Melo avalia que, como a expectativa de problemas na organização dos jogos não se confirmou, há um sentimento de alívio na população.

“Esse certo alívio repercute com boa vontade com os po-líticos. Se isso vai continuar, somente as próximas pesqui-sas vão dizer. Por enquanto, não se pode dizer mais nada além disso”.

Melo diz que, para a pre-sidente Dilma Rousseff, a pesquisa pode ter tido um significado importante ao registrar um crescimento de intenções de voto de quatro pontos percentuais no último mês - de 34% para 38% -, o

maior entre os presidenciá-veis. Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) ape-nas oscilaram positivamente dentro da margem de erro.

“Para ela, isso pode ter sido importante para dar um sinal ao PT de que a situação pode melhorar. Mas é só isso. As pesquisas estão muito vo-láteis nos últimos meses”, afirmou Melo.

Os céticosAnalista de pesquisas elei-

torais do Instituto Maurício de Nassau, Maurício Romão se diz cético quanto à permanência do clima de otimismo depois do fim da Copa. Seja qual for o resultado obtido pela seleção,

ele acredita que o sentimento de insatisfação popular voltará a ganhar força.

“Agora está todo mundo acompanhando a Copa. O inte-resse na eleição é baixo. Temos que lembrar que a maioria das demandas feitas nas ruas em junho do ano passado continua sem resposta. A insatisfação está latente. Acredito que elas vão voltar à tona mais adiante”, disse Romão.

De acordo com analistas, enquanto durar a Copa do Mundo no Brasil, os eleitores não vão atrelar evento esportivo à política

FIFA

O histórico brasileiro de elei-ções e participações do Bra-sil em Copas não permite se chegar a nenhuma conclusão sobre a influência do evento esportivo na disputa eleitoral, segundo os especialistas. Em

2002, o Brasil venceu a Copa, mas nem por isso o governo conseguiu surfar na vitória nos gramados e fazer seu sucessor. Em 2006 e 2010, o Brasil per-deu o Mundial, e os candidatos governistas, Lula e Dilma, res-

pectivamente, venceram nas urnas. “É difícil medir isso. Há um ineditismo que é a realiza-ção da Copa no Brasil. A última vez em que isso aconteceu foi em 1950. Era um outro tempo. Não dá para comparar”, disse

Melo. Romão diz que estudos internacionais mostram que os indicadores que precisam ser levados em conta numa análise de potencial de vitória de um candidato passam longe de eventos populares.

‘Evento pode não influenciar na disputa eleitoral’

Sai lista suja do trabalho escravoO Ministério do Trabalho e

do Emprego (MTE) atualizou a chamada Lista Suja do Tra-balho Escravo, que contém os nomes de empregadores fla-grados explorando mão de obra análoga à escravidão no Brasil. Na atualização, 91 emprega-dores foram incluídos e 48, excluídos. A relação passa a ter 609 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas com atuação no meio rural e urbano.

Com a atualização, o Pará lidera o número de infratores incluídos na Lista Suja, com 27% do total. Minas Gerais apa-

rece em segundo, com 11% dos infratores da lista. Mato Grosso, com 9%, e Goiás, com 8%,

também estão na lista. As ati-vidades mais envolvidas com essa prática são a pecuária, com 40% do total, a produção florestal, com 25%, a agricultu-ra, com 16% e a indústria da construção, com 7%.

Os critérios para incluir no-mes na lista são determinados pela Portaria Interministerial 2/2011, que estabelece a in-clusão do nome do infrator no cadastro após decisão admi-nistrativa relativa a auto de infração que tenha constatado a exploração de trabalho escra-vo. Já as exclusões são feitas

após o pagamento das multas devidas e o monitoramento do infrator por dois anos, para verificar a não reincidência no crime. As exclusões derivam do monitoramento, direto ou indireto, pelo período de dois anos da data da inclusão do nome do infrator no Cadastro, a fim de verificar a não reinci-dência na prática do “trabalho escravo”, bem como do paga-mento das multas decorrentes dos autos de infração lavrados na ação fiscal. A lista pas-sa por atualizações maiores a cada seis meses.Pará é um dos líderes de trabalho análogo ao escravo

DIV

ULG

AÇÃO BRASIL

SENTIMENTOSociólogo do Insper, Carlos Melo avalia que, como a expecta-tiva de problemas na organização dos jogos não se confirmou, há um sentimento de alívio na população brasileira

RELAÇÃONa atualização, 91 empregadores foram incluídos e 48, exclu-ídos. A relação passa a ter 609 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas com atua-ção no meio rural e urbano

B06 - PAÍS.indd 6 4/7/2014 23:38:30

B7MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 País

Jovens do campo vão ter formação agroecológicaPrograma federal vai ajudar pelo menos 8 milhões de jovens que moram em zonas rurais a ter acesso ao ensino regular

Maria Helena Se-rafim pertence à comunidade Ka-lunga, remanes-

cente de quilombo no norte de Goiás. Ela tem 26 anos, já deu aulas em sua comunidade, em Monte Alegre de Goiás (GO), mas teve que parar para fazer faculdade de educação no campo, na Universidade de Brasília (UnB). Ela quer voltar a ser professora, e seu sonho é que os filhos continuem na comunidade. Mas em toda a região, de 272 mil hectares, não há sequer uma escola de ensino médio, o que acaba fa-vorecendo a evasão dos jovens para as cidades.

Segundo Maria Helena, ape-nas algumas regiões da comu-nidade de 6 mil pessoas têm saneamento básico e energia elétrica. Nas demais, é neces-sário buscar água no estilo antigo, “em cima da cabeça”. Além da busca por escolas, os jovens saem da comunidade para trabalhar, e muitos deles não retornam. “Voltar para quê, se eles tiveram acesso a tudo que não tinham na comunida-de? Por mais que a gente ache que nossa cultura é boa, ela não segura nossos jovens lá. Eles querem trabalhar, querem andar bem vestidos, na moda.

Na nossa estrutura de comu-nidade não temos isso, não temos outro tipo de trabalho, além da cultura de subsis-tência, para que esses jovens tenham renda”, explica.

MudançasNa tentativa de mudar esse

cenário, e fazer com que os 8 milhões de jovens que moram na zona rural tenham a opção de continuar no campo, o governo assinou um acordo interminis-terial que inclui novas iniciativas no Programa de Fortalecimento da Autonomia Econômica e So-cial da Juventude Rural. Serão R$ 35 milhões para cursos de agroecologia, residência de uni-versitários em assentamentos rurais, cinco pontos de cultura e 50 pontos de inclusão digital para a juventude rural.

Seis cursos de Formação Agroecológica e Cidadã vão ser oferecidos em parceria com instituições de ensino, com foco no Norte e Nor-deste, como a Universidade Federal dos Vales do Jequiti-nhonha e Mucuri, em Minas Gerais, e a Universidade Fe-deral Rural de Pernambuco. De acordo com a secretária nacional da Juventude, Seve-rine Macedo, as ações têm previsão de início imediato. Governo federal libera verba para ampliar as chances de alunos da zona rural a ter acesso ao ensino

DIV

ULG

AÇÃO

O valor aplicado para um público tão amplo, no entanto, é alvo de críti-cas. De acordo com Paulo Mansan, da Coordena-ção Nacional da Pastoral da Juventude Rural, um programa de impacto requer mais recursos para que a juventude continue no campo. Ele avalia que outros progra-mas podem se somar às iniciativas, como a quali-ficação dos jovens.

Durante a assinatura do acordo, no Palácio do Planalto, o ministro-che-fe da Secretaria-Geral da Presidência da Repú-blica, Gilberto Carvalho, reconheceu que a pres-são dos movimentos so-ciais é importante para a ampliação das políti-cas. “Eu aceito, e tenho que entender que de fato é muito pouco”.

Recursos empregados são criticados

B07 - PAÍS.indd 7 4/7/2014 23:42:08

B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Imigração ilegal é drama nos EUAGeralmente reservado às

margens europeias do mar Mediterrâneo, o cenário de um grande drama causado pela imigração clandestina se desenha na fronteira dos Es-tados Unidos com o México.

Como nas imigrações de africanos e asiáticos para a Europa, é a miséria que leva milhares de centro-americanos, e também de brasileiros e outros sul-americanos, a tentar entrar no Texas de qualquer jei-to. Mas o caso americano revela agora um fenômeno particularmente trágico: a en-trada ilegal, cada vez mais numerosa, de crianças.

Nesta semana, o presidente Obama classificou a situação como uma “crise humanitá-ria”. Segundo a administração federal americana, mais de 50 mil “menores desacompanha-dos” foram detidos tentando cruzar a fronteira nos seis primeiros meses deste ano.

Do lado mexicano, as autori-dades informam que o núme-ro de crianças e adolescentes detidos na fronteira -, geral-mente vindos da Guatemala, Honduras e El Salvador , au-mentou 7% este ano.

ClandestinosContrariamente aos clan-

destinos mexicanos, que são imediatamente deportados para o outro lado da frontei-ra, os centro-americanos são primeiro identificados como originários de tal ou tal país, e em seguida liberados para se apresentar um mês de-pois aos serviços federais. Muitos deles desaparecem e juntam-se aos onze milhões de clandestinos que residem nos Estados Unidos.

No caso específico das crianças, os republicanos e a direita americana afirmam que o presidente Obama agravou a situação ao per-mitir, em 2012, que meno-

res imigrantes clandestinos pudessem ficar nos Estados Unidos por dois anos.

Por sua vez, a Casa Bran-ca atribui o fenômeno ao aumento da violência em países da América Central e a grupos locais que esti-mulam a imigração para ex-plorar os imigrantes ou por outros motivos.

Esperança?Especialistas no assun-

to dizem que a maioria das crianças, mandada por outros parentes, tenta juntar-se aos pais que já residem nos Es-tados Unidos. Obama sofre pressão dos governistas e da oposição para resolver logo a crise. Liderados por Rick Perry, ex-presidenciável e atual governador do Te-xas, os republicanos exigem que todos os imigrantes ilegais centro-americanos, adultos e crianças, sejam deportados imediatamente.

Na “guerra” burocrática entre políticos americanos, as crianças ficam no meio desse conflito

DIVULGAÇÃO

CRIANÇAS

Países se protegem, e crise no Iraque vira internacionalCom poder cada vez mais fortalecido, rebeldes sunitas espalham o terror no Iraque e ameaçam vários outros países

O avanço da crise no Iraque, onde rebel-des sunitas do grupo Estado Islâmico do

Iraque e Levante (EIIL) lutam contra forças do governo, vem dando mostras de que as conse-quências do conflito no país são cada vez mais internacionais. Agora chega a três o número de países que reforçaram a segurança de seus principais aeroportos por conta de ame-aças de bombas. Como a Fran-ça que anunciou intensificar a segurança de seus principais terminais aeroportuários.

Na última quinta-feira (3), o Reino Unido já havia anunciado o reforço nas medidas de segu-rança nos principais aeroportos britânicos, após as autorida-des norte-americanas pedirem maior controle nos voos com destino aos Estados Unidos, combatendo possíveis ameaças terroristas. Além de França e Reino Unido, os próprios nor-te-americanos intensificaram a segurança em seus aeroportos.

O pedido foi feito depois da divulgação de que especialis-tas em explosivos treinados no Iêmen estariam planejando atentados com bombas que não poderiam ser detectadas pe-los tradicionais detectores de metais. “O reforço está sendo

realizado principalmente no con-trole de passageiros”, afirmou o ministro dos Transportes britâ-nico, Patrick McLoughlin.

LibertaçãoAutoridades indianas come-

moraram, na sexta-feira (4), a libertação de 46 enfermeiras do país que haviam sido seques-tradas por rebeldes do grupo EIIL. “Posso confirmar que estas enfermeiras indianas que foram levadas contra sua vontade ago-ra estão livres”, afirmou o porta-voz Syed Akbarudin.

Ainda na última quinta-fei-ra (3), 32 caminheiros turcos sequestrados desde junho no Iraque também foram liberta-dos e entregues às autoridades turcas no país.

Enquanto as potências ociden-tais relutam em tomar parte no conflito, forças iraquianas rea-gem ao avanço dos rebeldes.

O EIIL é um grupo dissidente do al Qaeda que lidera a insurgência no Iraque e em partes da Síria. Na semana passada, o Iraque anun-ciou a formação de um califado islâmico de estilo medieval, que eliminaria as fronteiras do Iraque e da Síria. O grupo tenta avançar em direção à capital Bagdá, sede do governo central controlado por xiitas, grupo islâmico rival dos sunitas do EIIL. Rebeldes sunitas tomaram mais cidades no lado oeste do Iraque, totalizando quatro redutos controlados pelos revoltosos

DIVULGAÇÃO

B08 - MUNDO.indd 8 4/7/2014 23:41:36

Dia a diaCade

rno

C

[email protected], DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 (92) 3090-1041

Parintins volta à dura realidade

Dia a dia C4-C5

IONE MORENO

As constantes faltas de água ou escuri-dão em praças em Manaus nem sempre

são culpa das distribuidoras. Algumas vezes esses proble-mas são frutos de roubos de fi os elétricos ou até equipa-mentos instalados em luga-res públicos como praças, pontes ou unidades de dis-tribuição, causando prejuízo para as empresas públicas e aos cidadãos.

Um estudo da concessio-nária Manaus Ambiental revelou que só no primeiro semestre de 2014 foram de-tectadas 40 ocorrências de roubos desse gênero, cau-sando um prejuízo de mais de R$ 100 mil para reposição de equipamentos. “Entre os lugares mais afetados pelo furto estão a elevatória de água tratada dos bairros São José e Cidade de Deus”, reve-lou a assessora da empresa, Amanda Corrêa.

Os roubos de equipamen-tos de tratamento de água também são frequentes no Santos Dumont, no Centro e no residencial Viver Me-lhor (Santa Etelvina), onde recentemente 4 mil famílias fi caram sem água por causa

do furto de cabos elétricos das bombas no bairro.

Outra empresa que reve-lou ter prejuízos com furtos dessa natureza foi a Manaus Luz. De acordo com a com-panhia, apesar de o tamanho do prejuízo variar, sempre é grande, pois cada metro de cabo chega até a R$ 40.

“A quantidade mínima de uma violação é de 100 metros, mas existem casos como ocorreu no Parque dos

Bilhares no mês de maio de 2014, onde houve furto de aproximadamente 1.750 metros de cabo elétrico”, explicou o gerente de Pla-nejamento do Departamento de Serviços de Iluminação Pública, Diego Morrilas.

A matéria-prima dos ca-bos elétricos, o cobre, é frequentemente cobiçada

devido à fácil aceitação no mercado clandestino.

OcorrênciasMorrilas afi rmou ainda que

entre os locais que podem ser citados com maior inci-dência de furtos são o Dis-trito Industrial na Zona Sul, e a ponte metálica Benja-min Constant, localizada na avenida Sete de Setembro, também na Zona Sul.

“Na ponte Benjamin Cons-tant houve furto dos cabos e projetores de iluminação artística que compunham a iluminação do local, geran-do a necessidade de instalar projetores para iluminá-la provisoriamente”, conta.

“Após esse episódio foi solicitada a elaboração de um projeto de ilumina-ção especial para ela, obe-decendo os aspectos ar-quitetônicos do local, e já pensando em instalar, futu-ramente, o novo sistema de iluminação da via”, disse.

O interior do Estado foi ainda citado pela Amazonas Energia como foco de roubos, mas de equipamentos elétri-cos. “Os equipamentos mais roubados são transformado-res monofásicos instalados em sítios, mas com baixa incidência”, relata o assessor da empresa, Rodrigo Felix.

Furtos de cabos provocam escuridão e falta d’águaSomente no primeiro semestre deste ano, Manaus Ambiental registrou 40 ocorrências que causam caos no abastecimento

BRUNO GRAÇAEspecial para o EM TEMPO

Há algum tempo, a ponte Benjamin Constant, na avenida Sete de Setembro, fi cou completamente às escuras por causa do roubo de fi ações, comprometendo até a segurança no logradouro

HUDSON FONSECA/ARQUIVO EM TEMPO

Medidas para reduzir os crimes

Furtos de cabos elétricos também colaboram para o caos no abastecimento de energia

Todas as companhias apresentaram medidas para aumentar a seguran-ça contra os roubos, como as parcerias com a comu-nidade e com o programa

Ronda no Bairro até a ins-talação de cabos isolados que também dificultam ligações clandestinas de energia elétrica.

A companhia telefônica

Oi, através de sua asses-soria, informou que não poderia informar dados sobre furtos de cabos telefônicos por conta de “política da empresa”.

CRIMESUm estudo da conces-sionária Manaus Am-biental revelou que só no primeiro semestre de 2014 foram detecta-das 40 ocorrências de crimes de furto de ca-bos, causando prejuízo de mais de R$ 100 mil

REINALDO OKITA/ARQUIVO EM TEMPO

C01 - DIA A DIA.indd 1 4/7/2014 22:23:55

C2 Dia a dia

Família e diversão dividem o picadeiroO circo Alexandre Marques começou sua trajetória no interior do Estado com o amor típico de quem se dedica de coração à arte circense

A vida no circo não é tão complicada como as pessoas imaginam. Há suas dificuldades,

mas as viagens tiram a tran-quilidade, pois os artistas estão sempre como nômades, indo de um lugar para outro. “A gente acaba se acostumando”, afirma Jaqueline Marques, 47, dona de circo e palhaça.

O trabalho é passado de ge-ração para geração e famílias inteiras se dedicam a diver-tir os outros. Jaqueline conta que essa arte tem permeado a história de sua família ao descobrir o prazer de trabalhar para provocar risos nas pesso-as. “Nasci e me criei no circo. Essa prática está há anos em minha família. Meu avô tinha circo e os meus pais segui-ram a mesma carreira. Tenho orgulho em saber que os pais fizeram parte da apresenta-ção artística após uma das inúmeras reformas do Teatro Amazonas”, diz.

Filha da “mulher elástico” e de um palhaço, Jaqueline é dona do circo Alexandre Marques, que iniciou suas atividades em 2000, no Pará. O circo segue o seu projeto da tur-nê pelo norte do Brasil, com

cinco integrantes da família, e já passou por vários muni-cípios do Amazonas, como Itapiranga, Silves, Presidente Figueiredo e Novo Remanso. “Trabalhamos em família, es-tamos sempre juntos e temos um elo muito forte. Conheci o meu esposo no circo. Ele era o equilibrista, tivemos dois filhos, que nasceram junto a essa arte e a quem apresentamos a vida no picadeiro, e eles amaram. O caçula é o mais apaixonado pelo circo, por isso que o circo leva o nome dele”.

Até a hora dos espetáculos realizados aos finais de se-mana, a vida dos artistas de circo não se difere da maioria das pessoas. Jaqueline, a única mulher, se divide entre admi-nistrar o picadeiro e a casa. “Por onde vamos montamos a nossa tenda. Dentro da área do picadeiro, é a nossa casa. As pessoas são curiosas para conhecer as nossas instalações e querem saber como consegui-mos nos acomodar com tenda próxima ao circo. Temos nossas atividades normais como as outras famílias. Sinto-me tão bem que passo o tempo todo aqui entre a barraca e picadeiro com minhas ocupações. Nem sinto necessidade de sair, e são meus filhos que fazem as compras”, conta Jaqueline.

Público do circo Alexandre Marques em uma de suas apresentações: rota da família circense começou há 14 anos pelo Pará

Depois da apresentação no Cacau Pirêra, em Iranduba, o circo da família Marques continua viagem rumo ao município de Beruri

O foco da equipe e famí-lia circense dos Marques está nas comunidades pequenas. Jaqueline jus-tifica que na capital a po-pulação prefere grandes nomes da arte circense. “Nosso circo é pequeno, se comparado a outros. Na capital, não atingimos nossas expectativas, pois tenho a impressão de que lá eles gostam de grandes espetáculos com nomes reconhecidos, e por isso que o nosso circo vai a lugares pequenos para le-var um espetáculo alegre e contagiante”, conta.

Vida na lonaPoderíamos imaginar

que a maior dificuldade encontrada quando che-gam às cidades seria a montagem e a desmon-tagem da lona de 24 me-tros quadrados com as arquibancadas, contudo Jaqueline indica que na verdade difícil é o roteiro das apresentações, com suas constantes mudan-ças e adequações para atrair o público.

“O roteiro sempre muda porque a novidade atrai. Queremos contar novas piadas e contos por meio dos palhaços. O roteirista é o Alexandre. Ele se dedi-ca para escrever, apresen-tar, selecionar as trilhas e fazer o breve ensaio com outros artistas”.

Com todas essas atri-buições, o apresentador e palhaço Xeretinha, vivido por Alexandre Marques, 17, conta que o circo é uma paixão desde sua infância. “Somos privilegiados em estar no circo. Isso está no sangue”, afirma.

Apesar de ser jovem, ele comenta que aprendeu tudo na vida por meio dessa arte. “Outros jovens da minha idade aprendem sobre a vida no banco da escola para ter ou-tras formações. Estudei até o ensino fundamental, e as demais coisas da vida aprendi aqui dentro do picadeiro, nas nossas idas a lugares diferentes. O circo é a minha escola. Nele desenvolvi as habi-lidades de malabarismo, DJ, apresentador de pa-radas olímpicas entre ou-tros números, até o globo

da morte”, diz sobre a sua decisão de ser artista.

CotidianoAlexandre relata sobre o

seu cotidiano no circo e o prazer que sente por de-senvolver essa atividade. “Eu prefiro viver no circo a viver numa casa normal com paredes de cimento. A nossa é de lona, mas aqui há encantamento, é tudo mágico. E o meu traba-lho como palhaço já vem de sangue. Eu realmente gosto do que faço. Se você gosta do que faz, nunca precisará mudar nada na sua vida”, decreta.

Foco em pequenas comunidades

DENY CÂNCIOEspecial para o EM TEMPO

PÚBLICOSegundo Alexandre, o foco nas comuni-dades pequenas se deve ao fato de que na capital as ex-pectativas não são atingidas por causa da preferência pelas grandes companhias

Alexandre Marques, de apenas 17 anos, encarna o palhaço Xeretinha: paixão pelo circo passa de geração a geração

C02 E 03 - DIA A DIA.indd 2 4/7/2014 22:33:04

MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 C3

Família e diversão dividem o picadeiro“Faz parte do nosso dia

a dia trazer diversão e ale-gria às pessoas mesmo com a tristeza. Superamos isso dentro do picadeiro. Não mostramos ao público nossos problemas. Às vezes, por dentro, o palhaço está triste, pois somos seres hu-manos também. Ao entrar no picadeiro, eu esqueço tudo para ouvir os risos das crianças e contagiar os adultos”, relata Alexandre.

Com sua vida desde crian-ça dentro do picadeiro e di-ferente de uma vida normal dos jovens de sua idade, a única coisa que sente falta é dos amigos. A cada cida-de que passa, eles ficam. “Viajamos muito e assim vamos aprendendo com a vida. Enquanto nos finais de semana normalmente há o descanso, para nós aqui no circo é uma correria. Aliás, nos divertimos também porque o nosso trabalho é assim para nós”, afirma.

Para ele, a melhor coisa é fazer os outros rirem. Mesmo com as mudanças de lugar, às quais ele diz estar acos-tumado, Alexandre tem uma vida considerada boa, por ser sempre diferente, com cida-des diferentes e públicos di-ferentes, sempre sendo bem recebido. “É prazeroso estar

no circo, ouvir os aplausos e os risos em coro. É engraça-do como adquirimos fãs que nos tomam como exemplo, principalmente as crianças que fazem filas para tirarem fotos com os palhaços. Até os adultos se envolvem”.

Sabendo que o público se encanta com tantas diver-sões e apelos tecnológicos, frutos do entretenimento e da modernidade, o artista defende que o circo tem o seu espaço para expor duas coisas essenciais: o ambien-te familiar e a criatividade humana. “Cada vez quere-mos melhorar. Temos a am-bição de sermos o melhor circo do Norte, da região onde começamos. Por isso, investimos em bom roteiro e nos palhaços que são os per-sonagens principais de um circo, e nossas piadas são sadias e decentes, próprias a todas as idades, além dos 20 números. Aqui no Cacau (Pirêra, em Iranduba, onde o circo está atualmente) atin-gimos o recorde de público, com 350 pessoas, e isso nos incentiva ainda mais”.

Depois do Cacau Pirêra, o circo seguirá em turnê pela região, indo na ter-ça-feira (8), ao município de Beruri, a cerca de 173 quilômetros de Manaus.

Superando a tristeza sob a lona

FOTOS: DIVULGAÇÃO

C02 E 03 - DIA A DIA.indd 3 4/7/2014 22:34:10

C4 Dia a dia

Acabou o festival... E agora, Parintins?Depois das cores e alegria das três noites do fi nal de junho, Ilha Tupinambarana revela problemas graves ocultos pelo entusiasmo da festa

Casas e ruas ainda inundadas por conta da cheia, coleta de lixo precária, ausência de

certas especialidades médi-cas e de quantidade sufi ciente de servidores nas delegacias. Passadas a empolgação e possibilidade de faturar um dinheiro extra no 49º Festival Folclórico de Parintins, a po-pulação do município (a 369 quilômetros da capital) reto-ma a rotina e protesta contra a falta de mais investimentos e melhor qualidade de vida aos moradores da ilha.

A Baixa de São José, onde fi ca o curral e galpão do Boi Garantido, não foi o único local que teve algumas ruas inunda-das durante o período chuvoso. Um rápido passeio pela cidade revelou os prejuízos na vida dos moradores. A rua Neil Arms-tron, do bairro Francesa, ainda permanecia com o tráfego sus-penso por conta da inundação. Os moradores reclamam que a água fi cou retida por conta de uma barragem construída na margem do rio, para evitar a invasão das águas. O forte odor e a locomoção reduzida tem atrapalhado a população. A água também invadiu as re-

sidências. No quintal de dona Maria Pereira (nome fi ctício a pedido da entrevistada), 75, o papagaio e a tartaruga de esti-mação têm agora que dividir es-paço com os peixinhos trazidos pela inundação. Além do quintal, a lavanderia de dona Maria permanece alagada. “Está tudo no fundo. E é uma água fedida que vem cheia de limo. Tem até peixe aqui. Quando a água secar, vou fi car com pena porque eles irão morrer”, apontou.

Dentro de casa, ainda per-manecem os móveis suspensos por grades de cerveja e os três milheiros de tijolo e tábu-as compradas pela aposentada para construir a maromba. No quarto, as camas têm servi-do de abrigo para proteger os pertences da água. Os pés da mesa foram protegidos com garrafas PET. Em todas as por-tas, foram construídos bate-dores para evitar a inundação, contudo, a água brotou do piso no interior da residência. “Esse piso não presta mais, vou ter que tirar todo”, disse.

Não bastasse a água que surgiu no chão da cozinha da aposentada, na frente de casa, os motoristas que tentam se aventurar pela rua espalham água na varanda. “Eu comprei cal para jogar na rua, porque eles não fi zeram”, reclamou.

Ao lado da Neil Arms-trong, a rua Silves, uma das que dá acesso à feira Box da Francesa, foi aterrada com sacos de areia para que o fluxo não fosse inter-rompido, contudo a água invadiu todo o espaço. Pon-tes de madeira também foram construídas para oportunizar a passagem dos pedestres.

Sem ter para onde esco-ar, por conta da cheia, ruas em torno do bumbódro-mo ficam constantemen-te alagadas durante os últimos temporais, o que prejudica o tráfego.

Ao contrário da zona central, nas proximidades do bumbódromo – que foi reformada - os bairros Pal-

mares, União, Itaúna e Pau-lo Correa refletem ainda os prejuízos da enchente.

EsquecidosDe acordo com os mo-

radores, algumas ruas desses bairros rece-beram um aterro, que hoje tem prejudicado o tráfego de veículos.

“Em cima do asfalto, eles colocaram areia, sacos de areia, barro e concreto. A água veio e fez buraco e agora que secou tem lama, e tem dias que carro não passa, nem o carro do lixo. Fica aquela mon-tanha de entulhos pelas ruas”, disse uma universi-tária que pediu para não ter o nome divulgado.

A falta de estrutura nas ruas tem interferido na coleta de lixo em alguns pontos da cidade.

“A coleta de lixo está devagar à beça, tem ve-zes que fica para mais de quatro dias sem coleta. A rua está esburacada. No Itaúna fizeram um aterro na época da cheia, que só tirando foto para ver o caos que está. No Paulo Correia, bairro da União, o aterro em cima do asfalto agora secou e esta só uma lama. A gente entende que o problema foi por conta de cheia, mas porque não fazer um planejamento se sabem que todo ano acon-tece isso”, questionou a universitária.

Bairros que estão esquecidos

O tráfego de veículos e pessoas fi ca difi cultado em bairros onde a cheia ainda traz transtornos

Depois do festival, sinais de abandono se refl etem em todos os cantos da Ilha Tupinambarana

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

C04 E 05 - DIA A DIA.indd 4 4/7/2014 22:39:36

MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 C5

Acabou o festival... E agora, Parintins?

Os moradores recla-mam também da falta de policiamento mais ostensivo, apesar da im-plantação do programa Ronda no Bairro. Segundo denúncias, nem mesmo os fiéis de Nossa Senhora do Carmo escapam das investidas de assaltantes em frente à catedral, na rua Amazonas. “Há muitos assaltos no entorno da igreja e o policiamento é raro. Só é ostensivo no período do festival. Não temos segurança nem municipal, nem es-tadual”, disse a moradora Joana Martins, 47.

Segundo denúncias, há também necessidade de aumentar a quantidade de profissionais na dele-gacia do município. Hoje, o Distrito Integrado de Polícia (DIP) conta somen-te com três delegados, 12 investigadores e três escrivões. E pela quanti-dade de trabalho – cerca de 100 ocorrências por dia – seria necessário que o número dobrasse. “A estrutura é boa, há viaturas novas, material de expediente. O traba-lho deles é muito bom, mas faltam mais policiais para atender a demanda”, reconheceu um morador que pediu para não ter o nome revelado.

De acordo com de-núncias, também há su-perlotação no presídio. Com capacidade para 50, estava com cerca de 180 detentos.

SaúdeA ausência de médicos

especialistas também foi alvo de criticas. Segundo

os moradores, dos 48 mé-dicos disponibilizados na região, apenas 10 – entre clínico geral, obstetra e ginecologista - residem na cidade, e atendem nos hospitais Jôfre Co-hen e o padre Colombo, da diocese, conveniado com o Sistema Único de Saúde (SUS).

A cada 15 dias, nos fins de semana e em mutirões, médicos de outras espe-cialidades fazem atendi-mento na cidade. Clínicas particulares também tra-zem especialistas para o município. “Algumas clí-nicas trazem mais espe-cialistas, neurocirurgião, otorrino, cirurgião plásti-co, ortopedista. Mas tem médicos que cobram até R$ 160 a consulta e os mais concorridos, até R$ 300. Para o padrão da cidade, passa dos limi-tes”, afirmou um mora-dora que pediu para não ter o nome revelado.

Casos de DST entre in-dígenas e homens a par-tir de 50 anos de idade, de acordo com estudo, e meningite têm se desta-cado. “A moça que tra-balha com a minha irmã perdeu os três filhos com a doença. A mais ve-lha foi para Manaus se tratar e quando voltou, o caçula apresentou os sinais. Num período de 6 anos, os três irmãos morreram”, afirmou.

A reportagem do EM TEMPO buscou resposta dos representantes res-ponsáveis pelas áreas de saúde, segurança e in-fraestrutura questionada pela população, mas não obteve retorno.

Caos na segurança e na saúde

Lixo se acumula pelas ruas de Parintins, muitas vezes porque caminhão de lixo não consegue passar por causa da cheia

Uma das alegorias utilizadas no festi-val: depois da festa, a dura realidade

FOTOS: IONE MORENO

C04 E 05 - DIA A DIA.indd 5 4/7/2014 22:40:51

C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Grupo debate a saúde de magistrados e servidoresConselho Nacional de Justiça estuda a criação de uma política de saúde voltada aos membros e trabalhadores do Judiciário

Está em estudo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a criação de uma Po-

lítica de Atenção à Saúde de magistrados e servidores do Poder Judiciário.

O tema também poderá nortear proposta de Meta Nacional a ser apresenta-da e discutida na Rede de Governança Colaborativa, na Comissão Permanente de Gestão Estratégica, Es-tatística e Orçamento do CNJ e, se aprovada, com os presidentes dos tribunais no próximo Encontro Nacional do Poder Judiciário.

Milhares de servidores e magistrados brasileiros não comparecem ao trabalho diariamente devido a pro-blemas físicos ou psicológi-cos, relacionados ou não com o trabalho. “Magistrados e servidores são o cérebro e o coração da instituição e, por isso, precisam estar no centro das nossas preocupa-ções. Além disso, preocupa-nos os impactos dos afasta-mentos por motivo de saúde nos custos e na qualidade dos serviços judiciários pres-tados à sociedade”, avalia o coordenador do Grupo de Trabalho responsável pelo estudo e apresentação de propostas, conselheiro Ru-bens Curado.

No último dia 25, o Grupo de Trabalho – instituído pela portaria nº 43/2014 – de-bateu, entre outros temas, a proposta de meta a ser apresentada no próximo En-contro Nacional do Poder Judiciário, a realização de evento nacional sobre saúde no Poder Judiciário, a elabo-ração de pesquisa nacional sobre as condições de saúde de magistrados e servidores,

além de minuta de Resolução sobre a Política de Atenção Integral à Saúde.

PolíticaO GT concluiu pela ne-

cessidade de uma proposta de resolução que venha a estabelecer diretrizes para o desenvolvimento de um trabalho integrado e per-manente dos tribunais bra-sileiros na área da saúde de magistrados e servidores.

Na avaliação do grupo, existem poucas informações a respeito, exigindo um tra-balho coordenado e nacional de diagnóstico e monito-ramento do problema, sem

prejuízo do desenvolvimen-to de ações preventivas e assistenciais para impedir a intensificação do adoe-cimento físico e mental de magistrados e servidores.

PesquisaOs dados relativos ao tema

saúde obtidos por meio do Censo do Poder Judiciário, publicado pelo CNJ em ju-nho, foram apresentados em detalhes pela diretora Técnica do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ), Thamara Medeiros, que tam-bém falou sobre a pesquisa que o Conselho Nacional de Justiça está desenvolvendo com magistrados para am-pliar a compreensão sobre o trabalho na magistratura.

FOTO

S: C

NJ/

DIV

ULG

AÇÃO

Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estuda a criação de uma Política de Atenção à Saúde de magistrados e servidores do Poder Judiciário. O resultado do estudo está previsto para agosto de 2014

Clenio Schulze, juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça: impacto do trabalho da magistratura sobre juízes

REGINA BANDEIRA E WALEISKA FERNANDESAgência CNJ

PROBLEMAMilhares de servidores e magistrados brasi-leiros não comparecem ao trabalho diariamen-te devido a problemas físicos ou psicológicos relacionados ou não com o trabalho no Po-der Judiciário

“O objetivo é conhecer como o trabalho na magis-tratura impacta aspectos do cotidiano dos juízes, como sua saúde, desen-volvimento profissional e inserção social. Os resulta-dos devem ser divulgados em agosto”, esclarece o juiz auxiliar da presidên-cia do CNJ, Clenio Schulze,

que está acompanhando os trabalhos.

O estudo é conduzido pelo DPJ em parceria com a Fundação Vanzolini, uma instituição gerida por espe-cialistas da Universidade de São Paulo (USP).

ParticipaçãoTambém participaram

da reunião o juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça, Gabriel da Sil-veira Matos, o diretor do Departamento de Gestão Estratégica do CNJ, Ivan Bonifácio, o coordenador de Comunicação Institucio-nal do CNJ, Tarso Rocha, o juiz do TRT da 1ª Re-gião André Gustavo Villela,

a juíza do TJSE Adelaide Martins Moura e os mé-dicos do TST, Eularino de Souza, do TRF da 2ª Região, Dimas Soares, e do STJ, Andral Codeço Filho.

A próxima reunião do Grupo de Trabalho Saú-de dos Magistrados e Servidores está marcada para 17 de julho.

Resultados devem ser divulgados em agosto

C06 - DIA A DIA.indd 6 4/7/2014 22:42:51

C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Os interessados devem enviar ao instituto o resumo do trabalho para o pôster até as 17h do dia 11 de julho

Inpa abre inscrições para exposição de pôsteres

RICARDO OLIVEIRA/ARQUIVO EM TEMPO

O 3º Congresso de Iniciação Científica do Inpa acontecerá no período de 14 a 18 de julho

De 14 a 18 de julho, 211 trabalhos serão apresentados no 3º Congresso de Inicia-

ção Científica do Instituto Na-cional de Pesquisas da Ama-zônia (3º Conic). Os estudos foram produzidos por bolsistas e orientadores das diversas áreas de pesquisa desenvolvidas por meio do Programa de Iniciação Científica do Inpa/MCTI, reali-zado em parceria com o Con-selho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Além das apresentações em forma oral dos resulta-dos dos trabalhos dos bolsis-tas Pibic/CNPq, Paic/Fapeam 2013-2014, o Congresso abre espaço para exposição de pôs-teres para bolsistas de Inicia-ção Científica (IC) voluntária, Iniciação Científica CNPq, Ini-ciação Científica Tecnológica (IT) do Inpa e ex-bolsistas de Pibic/Paic, que estão envolvi-dos em projetos de pesquisa no Instituto. Para participar da apresentação de pôster no Con-gresso, os interessados devem enviar um resumo do trabalho para o e-mail: [email protected], até as 17h do dia 11 de julho (sexta-feira).

De acordo com a organização do Conic, os 13 melhores tra-balhos dos bolsistas Pibic/Paic 2012-2013 receberão Menção Honrosa no dia 18 de julho, quan-do será feito o encerramento do congresso. Veja programação geral do evento aqui.

A abertura acontecerá às 10h da segunda-feira (14) com a palestra “A Iniciação Científica no Ambiente de Pesquisa”, que será proferida pelo pesquisador do Inpa, Niro Higuchi, às 10h15, no auditório da Ciência, locali-zado no Campus 1, Bosque da Ciência, com entrada pela rua

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazô-nia (Inpa/ MCTI) divulgou na última quinta-feira (3) a relação de candi-datos aprovados na se-leção para o mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agricul-tura no Trópico Úmido (PPG-ATU). Conforme avaliação da comissão responsável pelo exame de seleção, foram apro-vados dez candidatos.

De acordo com o re-latório de avaliação do exame de seleção para o mestrado, turma de agosto de 2014/2, os candidatos foram ava-liados com base em uma Prova de Língua Estrangeira (PLE), uma Prova de Conhecimen-to Específico (PCE) na área de Agricultura no Trópico Úmido e no Curriculum Vitae (CV).

As avaliações fo-ram feitas conforme edital Inpa/CCPG nº 001/2014 da COCP, que estabelece a nota mí-nima de 5 (cinco) para a PLE e mínima de 7 (sete) para PCE.

A relação está disponí-vel no site do Inpa.

Mestrado divulga selecionados

Otávio Cabral, s/nº, Petrópolis.O Programa Institucio-

nal de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) é voltado para o desenvolvimento das ciências, por estudantes de graduação que, no evento, reunirão apresentações de trabalhos das áreas de ciên-

cias biológicas, das subáreas (botânica, ecologia, genética, saúde e zoologia 1 e 2), ci-ências agrárias (agronomia e recursos florestais), ciências exatas, da terra e engenha-rias (química de produtos naturais, clima e ambiente, engenharias) e outros.

C07 - DIA A DIA.indd 7 4/7/2014 22:44:23

C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

C08 - PUBLICIDADE.indd 8 4/7/2014 22:44:57

MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 Um fenômeno dos infernosA vinda de El Niño e as vidas secas do Nordeste. Págs.4 e 5

2 Arte, erotismo, maçã e westernsO dicionário muito particular de Fritz Lang. Pág. 3

1

4

A despedida de Felipe EhrenbergE outras 7 indicações culturais. Pág. 2

5 Do arquivo de Roberto Muggiati

Mais que um passeio hipsterDiário de Los Angeles. Pág. 6

Northport-Rio, 1959-2014. Pág. 7

CapaPintura a óleosobre telade AntonioMalta Campos

G01 - ILUSTRISSIMA.indd 1 4/7/2014 23:49:56

G2 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 8 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

LITERATURA NEGRAMercado literário dos EUA vive onda de escritores anglófonos negros de raízes africanas

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

ARTEVIDAImagens da exposição e entre-vista com curadores

>>folha.com/ilustrissima

ANTONIO MALTA CAMPOS, 53, é artista plástico. Participa da coletiva “Pangaea: New Art from Africa and Latin America”, até 2/11 na Saatchi Gallery, em Londres, e tem exposição individual em cartaz na galeria Pilar até 9/8.

MARCELO LEITE, 56, é repórter especial e colunista da Folha.

FERNANDA EZABELLA, 33, é jornalista.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

HORST VON HARBOU/REPRODUÇÃO

EXPOSIÇÃO | FELIPE EHRENBERGA individual “Tocata e Fuga - Poemas Abstratos” marca a despedida do

artista mexicano do Brasil, aonde chegou há 13 anos, como adido cultural de seu país. Pela primeira vez em sua carreira, ele apresenta obras abstratas, feitas em aquarela, carvão e sanguínea, além de colagens.

Baró | tel. (11) 3666-6489 | abertura qui. (10), às 19h de ter. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 11h às 18h | grátis | até 2/8

LIVRO | BECQUEREL E A DESCOBEREm “Matrizes Impressas

do Oral: Conto Russo no Sertão”, a professora de co-municação e semiótica da PUC-SP Jerusa Pires Ferrei-ra cruza elementos de dife-rentes segmentos culturais, gêneros e suportes. O livro articula o cordel do nordeste brasileiro à cultura oral russa (inclui textos traduzidos por Boris Schnaiderman).

ilustrações Tainá Nunes Costa | Ateliê Editorial | R$ 57 | 114 págs.

EXPOSIÇÃO | ARTEVIDAA mostra reúne, sob curadoria de Adriano Pedrosa

e Rodrigo Moura, cerca de 110 artistas e quase 300 obras, dando especial atenção às práticas artísticas dos anos 50 a 80. Entre os trabalhos, os de brasileiros como Antonio Dias e Cildo Meireles, da chilena Cecilia Vicuña e da austríaca Birgit Jürgenssen (1949-2003).

Casa França-Brasil, Parque Lage, Biblioteca Parque Estadual e MAM-Rio | abertura 19/7 no MAM | grátis | R$ 14 no MAM | até 21/9

EVENTO | ROTEIRISTASO projeto Tertúlia, do Sesc, com curadoria de

Tiago Novaes, traz nesta edição debates, ofi cinas sobre roteiro, além de mostra de fi lmes do argentino Pablo Trapero. As atividades – algumas das quais exigem inscrição prévia – também acontecem em Araraquara e Santos; entre os convidados, Marcelo Gomes, Paulo Lins e Eliane Caff é.

Sesc Consolação | tel. (11) 3234-3000 | sescsp.org.br | grátis | até 10/12

‘Sem título (Autorretra-

to com Pele)’ (1974/2011), de

Birgit Jürgenssen

LIVRO | RICHARD SERRA“Escritos e Entrevistas, 1967-

2013” apresenta 20 textos, muitos dos quais eram inéditos em por-tuguês, do artista americano, que tem mostra em cartaz no Instituto Moreira Salles, no Rio. Ilustrado com imagens de obras do escultor, o volume permite acompanhar as preocupações teóricas envolvidas em seu trabalho.

trad. Paloma Vidal | IMS R$ 54,90 | 360 págs.

TEATRO E DEBATE | FOUCAULTA Cia. dos Infames apresenta

“A Vida dos Homens Infames”, peça sob direção de Cristiano Burlan baseada nos personagens dos livros “Eu, Pierre Rivière, que Degolei Minha Mae, Minha Irma e Meu Irmao...” e “Herculine Barbin: O Diário de um Hermafrodita”, do fi lósofo francês (1926-84). Além do espetáculo, o grupo organiza ciclo de debates aos sábados, de 19/7 a 16/8, às 17h, sobre Foucault e o teatro.

Teatro Pequeno Ato | tel. (11) 9642-8350 | sex. e sáb., às 21h30; dom., às 19h30 | R$ 40 | até 17/8

‘Poema nº. 17’ (2014), da série

Tocata e Fuga, de Felipe Ehrenberg

1

LIVRO | MICHAEL ONDAATJEO autor de “O Paciente Inglês”

(1992) lança no Brasil “A Mesa da Ralé”, sobre um garoto de 11 anos que, como Ondaatje, parte do antigo Ceilão, atual Sri Lanka, em um barco para a Inglaterra. O personagem, também chamado Michael, rememora a viagem de travessia já adulto, procurando pelos signifi cados do que viveu.

trad. Jorio Dauster | Com-panhia das Letras | R$ 43 | 288 págs.

LIVRO | OS ALFAZETESO volume do designer gráfi co

Milton Glaser, autor da campanha “I <3 NY”, com texto de sua mulher, Shirley, introduz os leitores mirins ao alfabeto e à tipografi a. Em uma pequena sala, as letras, em diferentes fontes, começam a se aglomerar, conversando entre si.

trad. Telma Franco | Editora Gustavo Gili | R$ 49 | 34 págs.

CORT

ESIA

GAL

ERIE

HU

BER

TWIN

TER

E AL

ISO

N J

ACQ

UES

GAL

LERY

DIV

ULG

AÇÃO

FRITZ LANG (1890-1976) cineasta alemão, dirigiu, entre outros, “Metrópolis” (1927) e “O Testamento do Dr. Mabuse” (1933).

GIUSEPPE BIANCO, 38, doutor em filosofia pela Universidade Lille 3, é autor de “Badiou and the Philosophers” (Bloomsbury), com Tzuchien Tho.

CACO GALHARDO, 46, cartunista e ilustrador, é quadrinista colaborador da Folha.

ROBERTO MUGGIATI, 76, jornalista e tradutor, é autor de “A Contorcionista Mongol” (Record).

G02 - ILUSTRISSIMA.indd 2 4/7/2014 23:50:59

G3MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

2Sobre maçãs e putas

Cinema

ArteUma coisa é certa. A arte

deve ser crítica; essa é sua força e sua razão. Essa crítica deve ser uma crítica social, mas não unicamente. Neste mundo há muitas coisas que devem ser criticadas. Não se pode propor soluções, mas deve-se sempre lutar para se designar o mal. Assim, meus fi lmes policiais americanos são, antes de tudo, uma crítica à corrupção policial e, portanto, contra toda corrup-ção. Acontece de um criador descobrir em si mesmo coisas de que não gosta, e então ele deve criticar essas coisas.

CâmeraTodos sabem que os fi lmes

serão mais divertidos para o público se ele tiver o senti-mento de participar daquilo que se passa na tela. Pode-se obter esse resultado usando a câmera de maneira apropria-da. O espectador do teatro está sempre na posição de um homem que observa por uma fresta. Ele só pode olhar para a frente e, se os atores se viram, ele fi ca restrito a vê-los de costas, ignorando o que po-dem estar tramando. O teatro, como campo de expressão do ator, foi expandido e substi-tuído pelo cinema. A câmera pode apresentar um grande número de ângulos diferen-tes. A câmera pode mostrar a ação exatamente como o autor a imaginava e a visualizava enquanto escrevia sua histó-ria. Como o leitor visualiza a história que lê, a câmera, que é um olho universal, possui um poder pelo qual o público é transportado para além da fi leira e acaba participando da ação.

Cartas na mesaDescobri hoje algo que é bas-

tante interessante para mim, e que acredito ser verdadeiro: em todos os meus fi lmes, eu coloco as cartas na mesa. Creio que isso é muito mais interessante do que os fi lmes policiais ingle-ses em que não se sabe quem é o assassino, ou o culpado. Acredito que é bem mais in-teressante mostrar, como em

FRITZ LANG

Um glossário idiossincrático

RESUMOEsta é uma seleção de verbetes de um dicionário pesso-al criado por Fritz Lang (1890-1976). A íntegra foi publicada em francês em 1964 e estará no catálo-go da retrospectiva completa do cineas-ta alemão, no CCBB-SP de 11/7 a 24/8, que será exibida também nas sedes da instituição em Brasília e no Rio.

uma partida de xadrez, o que cada um faz.

CulturaAcredita-se, em geral, que

seja possível colocar a cultura americana no mesmo plano que a da Europa. Esse é um grande erro. Do outro lado do Atlântico, a cultura é mais técnica, mais vasta, talvez mais interessante. No que me diz respeito, tendo me banhado das duas culturas, eu gostaria de conseguir re-alizar uma mescla feliz das duas concepções.

DizerNão faço fi lmes para a

geração de Fritz Lang. Eu comecei minha carreira em 1918 e creio que seja ne-cessário repetir as pequenas coisas que tenho a dizer para todas as gerações. É preciso somente repeti-las em outros termos, enriquecidas de sua própria experiência. São em geral coisas bastante simples, como “o dinheiro não é a coisa mais importante do mundo”, “o amor é uma grande des-coberta”, “encontrar-se a si mesmo é o mais alto valor”. São ideias elementares que nada têm de pessimistas. Se meus fi lmes parecem pessi-mistas, é porque o quadro e a condição que assolam esses valores são desastrosos.

ErotismoO erotismo da vida cotidiana

americana, como se sabe, faz sempre os europeus sorrirem com um pouco de compaixão. O “happy end” dos fi lmes de su-cesso, quando os dois amantes se beijam e a câmera recua, signifi ca a solução de todos os problemas evocados no decor-rer do fi lme. Eles se conhecem, se casam, agora tudo está apa-rentemente em ordem, tudo está resolvido. Naturalmente, isso não é verdade, e atribuir à instituição do casamento tal poder só é possível para um povo que se preocupa com esse problema mais do que com qualquer outro e que não quer admitir o seu fracasso. De acordo com estatísticas, um terço das mulheres casadas admite ter relações com outros homens; três quartos das mu-lheres não amam seus maridos e não se separam unicamente por causa das crianças ou por conforto. É nisso que reside o problema sexual de nossa produção cinematográfi ca, pois é para esse público que devemos fazer fi lmes e dar-lhe, no cinema, aquilo que não tem em casa. Daí o interesse infatigável pelas histórias de amor e a autossugestão pela contemplação do casamento como solução defi nitiva.

IndividualidadeOs grandes temas de uma

história são internacionais, mas a maneira como se trata os temas depende do estilo do país. Eu acredito que o tema central de minha obra é a luta que um indivíduo trava contra aquilo que os gregos e os ro-manos chamavam de destino e que, no caso, assume a forma

de uma potência real: ditadura, lei ou sindicato do crime. Trata-se da vontade de proteger a individualidade, e é importante lutar para conseguir isso.

Ladrões de bicicletaUm fi lme como “Ladrões de

Bicicleta” (1948), que em geral foi aceito nos Estados Unidos como um sucesso italiano, seria impossível num meio america-no. O problema de um homem cuja sobrevivência depende de sua bicicleta não interessa à grande massa dos Estados Unidos, pois o problema de transporte ali já se encontra resolvido. O americano se in-teressa apenas por problemas que ainda não se encontram resolvidos para ele – por mais que nem sempre queira admitir que não tenham sido.

MaçãSe eu precisasse explicar por

que reservo normalmente um grande espaço vazio em torno de um centro de interesse, diria que é o efeito mais simples e que não quero distrair o público daquilo que é importante. Num fi lme em cores, eu não coloca-ria uma maçã vermelha atrás de uma delicada moça, porque os olhos do espectador seriam demasiadamente solicitados pela mancha vermelha.

MarEu jamais tive coragem de

colocar em um de meus fi lmes um único plano de mar1. O mar me assusta. Eu gostaria de ter dado antes de Victor Hugo a seguinte defi nição: “O mar é uma coisa que me dá medo”. E, no entanto, nada me encanta mais do que o mar. Mas como não creio que alguém seja capaz de traduzir o elemento poético do mar – que seja em poema, em quadro ou em fi lme –, nunca ousei eu mesmo fazê-lo.

MorteNo que diz respeito à morte,

eu diria que, em certas circuns-tâncias particularmente des-favoráveis que acometem uma vida, ela chega a ser desejável, mas que, ainda assim, se deve lutar por aquilo que se entende como justo, mesmo que ao fi m haja a morte.

PsicanalistaEu tinha o hábito de não

levar a sério as pessoas que vinham me explicar o que eu tentava fazer em meus fi lmes, mas depois aprendi que, ao escrever uma história, deve-se conseguir explicar aos atores por que seus personagens agem de determinada ma-neira. Talvez o crítico seja uma espécie de psicanalista e des-cubra certas coisas reais das quais não sou consciente.

PutasEm todos nós existe o mal,

e um cineasta deve mostrá-lo, deve exprimir o mal. O que nos diverte mais? Passar a noite toda falando de uma puta ou de uma mulher tranquila que só se deita com seu marido? Da puta, é claro. Elas são mais interessantes. O que podemos

dizer de uma mulher tranquila? É uma mulher tranquila, nada mais. Tenho o hábito de dizer o seguinte: existem apenas duas categorias de indivíduos, os que são maus e os que são muito maus. Mas nós chega-mos a um acordo e chamamos os maus de bons e os muito maus de maus.

ReceitaAmo o cinema, tenho von-

tade de realizar fi lmes, mas não me pergunte por que nem como os faço. Os jovens, os estudantes que vêm me ver, querem sempre obter receitas e explicações para a “mise-en-scène”. Sinto vontade de citar-lhes estas palavras de Fausto: “Aquilo que você não capta você jamais compreenderá”.

RemakeÉ absurdo realizar um re-

make de “M., o Vampiro de Düsseldorf” (1931). O assunto e o contexto do original esta-vam ligados a uma atmosfera local muito bem defi nida, que

não pode ser transposta, e esse tema, que com o passar dos anos infelizmente se tor-nou bastante conhecido, era então novo e original. Remakes como “Quo Vadis” (1951) e “Os Miseráveis”2 são outra coi-sa, pois tratam de problemas que não encontraram solução defi nitiva e que, portanto, in-teressam-nos hoje como nos interessavam outrora, quando foram concebidos pela primei-ra vez. Esse tipo de remake me parece justifi cado. Mas repetir um fi lme unicamente por causa de seu sucesso fi nanceiro já me parece uma má solução. De qualquer forma, não há garan-tia de sucesso fi nanceiro.

westerns Há certas coisas que, quando ouço as pessoas comentando sobre elas, sou incapaz de entender – quando falam de amor, por exemplo. E a moral, o que isso quer dizer, diga-me, por favor? A moral dos westerns: ela é muito simples. O western concebe da maneira mais simples os atores, os ce-nários, a luz, e tudo isso recai

sobre seus fi lmes seguintes. Quando você fi ca mais velho, sua forma de viver também se torna muito mais simples e talvez você veja as coisas de um jeito um pouco mais claro. A simplicidade continuou em toda a minha obra americana.

Notas1. O mar aparecerá na obra

de Lang em fi lmes posteriores ao texto: “Só a Mulher Peca” (1952) e “O Tesouro de Barba Rubra” (1955).

2. O texto não especifi ca a qual das adaptações de “Os Mi-seráveis” Lang se refere, pro-vavelmente ao fi lme de 1935, dirigido por Richard Bolesla-wski, ou à versão francesa de 1958, com Jean Gabin e dirigida por Jean-Paul Le Chanois.

Nota da Redação: esta é uma versão adaptada da tradução de Bruno Andrade que cons-tará do catálogo da mostra “Fritz Lang “” O Horror Está no Horizonte” (mais informações em culturabancodobrasil.com.br/portal).

G03 - ILUSTRISSIMA.indd 5 4/7/2014 23:51:23

G4 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 G5

Ciência

RESUMOEl Niño deve voltar a ocorrer na virada de 2014/15, mas, segundo indicadores mais recentes, terá intensidade moderada ou fraca. Ainda assim pode trazer de volta a seca para o Nordeste, já castigado em 2012 e 2013 com a pior estiagem em 80 anos, pouco divulgada pela mídia e que consumiu R$ 9,1 bilhões do go-verno federal.

3Seca versão 2.0

El Niño vem aí. É certo que o ano de 2014 verá repetir-se o aquecimento anormal das águas do Pacífi co Leste que costuma pôr a atmosfera mundial em polvorosa. Esti-ma-se que a probabilidade de ele chegar antes de setembro seja de 70%, e de outros 80% até o mês de dezembro.

Quem mora na região me-tropolitana de São Paulo e se apavora com um pos-sível agravamento da seca que reduziu a pó (ou lama) os reservatórios do sistema Cantareira – fonte de abas-tecimento para 9 milhões de pessoas – pode esquecer El Niño. O nível continuará bai-xando, mas o Pacífi co nada terá a ver com isso.

“A relação do El Niño com chuvas no Sudeste é zero”, diz Gilvan Sampaio de Olivei-ra, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espa-ciais (Inpe). Quando muito, o menino travesso do clima ocasionará temperaturas li-geiramente mais altas no fi nal do inverno e na prima-vera de paulistas, mineiros, fl uminenses e capixabas.

Os maiores estragos cau-sados pelo fenômeno se concentram no Nordeste e na Amazônia, onde ocasiona estiagens graves. No último El Niño de grande intensi-dade, 1997-98, a floresta ressequida pegou fogo em Roraima, levando à destrui-ção de 11 mil km² de ma-tas. Em outra ocasião, entre 1982 e 83, prolongou uma seca iniciada em 1979 que pode ter feito mais de 100 mil mortos no Nordeste.

A perspectiva de um El Niño forte preocupa porque o semiárido nordestino acaba de atravessar dois anos de seca (2012-13). Foi a pior dos últimos 80 anos. A precipi-tação fi cou abaixo da média de abril de 2012 até março deste ano.

Pereceram 4 milhões de reses, com prejuízo de R$ 3,2 bilhões para a pecuária.

MARCELO LEITEILUSTRAÇÃO ANTONIO MALTA CAMPOS

O que esperar da chegada de El Niño, o menino travesso do clima

A safra agrícola teve quebra de 21,5%, com perdas de 70% na de algodão e de 29% na de feijão. Só o governo federal despendeu R$ 9,1 bilhões para atenuar o efeito social da ausência de chuvas na região.

Não há razão para alarme – ainda. Embora o próximo advento do El Niño sejam favas contadas, a maior chance, hoje, é de que se re-vele fraco ou moderado. Isso signifi ca que seus efeitos se concentrariam na primavera do hemisfério Sul, quando não chove mesmo no Nor-deste brasileiro.

CajuAs águas podem começar a

cair em dezembro, as chama-das “chuvas do caju”. Se não vierem até 19 de março, dia de são José, todo sertanejo sabe, o ano estará perdido. “O clima do Nordeste está totalmente relacionado às condições oceânicas”, diz Sampaio de Oliveira, do Inpe. “É um dos mais previsíveis do mundo”.

A correlação de anos de El Niño com secas no semiárido brasileiro é muito forte. Só no século 20, houve 18 ca-sos de coincidência. Como se explica, contudo, que uma al-teração de temperatura num oceano que nem mesmo ba-nha o Brasil possa desenca-dear hecatombes como a de 1877-79, com 3 milhões de fl agelados e talvez 500 mil mortos de fome e varíola?

O normal é que as águas su-perfi ciais do Pacífi co, aqueci-das pelo sol, sejam empurra-das na direção da Indonésia pelos ventos alísios, que so-pram de leste para oeste. Por motivos desconhecidos, porém, em alguns anos esses ventos se enfraquecem. O bolsão de água quente se desloca para a costa oci-dental da América do Sul e provoca chuvas sobre uma região usualmente seca.

Os efeitos planetários des-sa anomalia são vários. A pesca no litoral do Peru e do Chile pode entrar em colap-so na época do Natal (daí a alusão ao menino Jesus, “El Niño”). Enchentes no sul da América do Sul e estiagem no leste da Amazônia e no Nordeste. Secas na Indonésia e na Austrália. Atraso e en-fraquecimento das chuvas de monção na Índia – como, de resto, já está acontecendo.

Na origem do fenômeno está o que se chama de célula de Walker. O oceano aquecido gera uma corrente ascendente de ar na região da Indonésia, que normal-mente desce – quente e seco – a milhares de quilômetros dali, sobre o litoral oeste da América do Sul.

O padrão de circulação foi descoberto pelo físi-co Gilbert Thomas Walker (1868-1958). Diretor dos Observatórios Britânicos na Índia, estudou o fenômeno das monções, cujo colapso

causou fome generalizada na colônia em 1899.

Nos anos de El Niño, a cé-lula se desloca para leste, e o braço descendente se trans-fere para o Norte e o Nordes-te brasileiros, onde previne a ocorrência de chuvas. Em contrapartida, o fenômeno aumenta a precipitação no Sahel, a zona de transição entre o Saara e as savanas africanas.

Assim como os campone-ses pobres do Sahel, os privi-legiados californianos tam-bém podem estar torcendo por um El Niño vigoroso. A anomalia levaria chuvas à estorricada Califórnia, que enfrenta incêndios causados por três anos consecutivos de estiagem, a pior em mui-tas décadas.

De acordo com os últi-mos dados da Administra-ção Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa, na abreviação em inglês), de segunda-feira (30/6; tinyurl.com/z7jr4), contudo, a tem-peratura das águas do Pací-fi co, que vinha subindo até abril, perdeu força desde então. Para Sampaio de Oli-veira, do Inpe, é um sintoma de que El Niño virá fraco ou moderado, e não intenso.

O Nordeste pode respirar, aliviado, se a previsão sobre os humores do Pacífi co se confi rmar. Mas só até o fi nal do ano, porque o sertanejo tem outro algoz com que se preocupar, tão forte quanto ele, e muito mais próximo.

ConvergênciaOs anos de 2012 e 2013,

mesmo sem o advento de El Niño, trouxeram a pior seca ao Nordeste em oito déca-das. O culpado, neste caso, foi o dipolo do Atlântico.

As chuvas que impedem o chamado Polígono das Se-cas – 1.348 municípios, que cobrem 1,1 milhão de km² – de ser inteiramente árido se devem à Zona de Conver-gência Intertropical (ZCIT), de que se ouve falar às vezes nas previsões do tempo pela TV. Trata-se de uma banda de nuvens que se espalha pela região equatorial do planeta, no sentido leste-oeste.

A faixa úmida pode des-locar-se mais para o sul ou mais para o norte, em torno da linha do Equador. Se as águas do Atlântico fi carem mais frias ao sul do paralelo que separa os hemisférios, a ZCIT é empurrada para o nor-te, o que pode provocar até 80% de défi cit de chuva no Nordeste brasileiro. E vice-versa (daí o nome “dipolo”): se as águas atlânticas se aquecem ao sul, chove mais no semiárido.

Como no caso do El Niño, os climatologistas não sabem bem por que ocorre essa os-cilação de temperatura nas águas oceânicas. A única cer-teza é que tanto o Pacífi co quanto o Atlântico, em geral, estão esquentando, na estei-ra do aquecimento global.

Mas não há clareza quanto à hipótese de que a mudança climática venha a trazer El Niños mais fortes.

“O último relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima] ain-da não cravou grande confi an-ça nessa previsão”, diz Carlos Afonso Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pes-quisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecno-logia e Inovação (MCTI), que supervisiona o Centro Na-cional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

“Há uma ligeira, talvez maior probabilidade de El Niños mais fortes pelo sim-ples aumento das temperatu-ras do mar em todo o Pacífi co, mas ainda não se pode dizer se, de fato, a frequência será substancialmente alterada”.

De todo modo, a ZCIT al-cança seu ponto mais ao sul por volta da segunda quinzena de março. Não é por acaso, assim, que os habitantes do sertão nordes-tino elegeram o dia de são José como data-limite para sua expectativa de chuvas. Só no final de 2014, contudo, começará a ficar claro se o dipolo oscilará na direção da estiagem nordestina.

RetirantesTão avassaladoras quan-

to previsíveis, as secas do Nordeste deixaram mar-cas fundas na cultura e na história do Brasil. José do Patrocínio inaugurou a li-teratura da seca com “Os Retirantes” (1879). Euclydes da Cunha, com “Os Sertões” (1902), inscreveu a terra, o homem e a luta do semiá-rido no imaginário nacional como sinônimos de atraso e embrutecimento.

“A Bagaceira” (1928), de José Américo de Almeida, abriu uma longa linhagem de romances regionalistas cen-trados no homem nordestino andrajoso que abandona ter-ra, plantação e gado mortos para buscar alimento e me-lhor sorte: “Andavam deva-gar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. [...] Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais”. Uma década depois surge o clás-sico “Vidas Secas”, de Graci-liano Ramos.

O historiador Marco An-tonio Villa estima, no livro “Vida e Morte no Sertão” (Ática, 2000), que 3 milhões de pessoas tenham morri-do como vítimas das várias secas nordestinas de 1825 a 1984.

Apenas três décadas atrás, quando o maranhense José Sarney já entrara para a Academia Brasileira de Le-tras na vaga de José Améri-co de Almeida e se tornara candidato a vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, ainda partiam os paus-de-

arara – caminhões com ban-cos apinhados de retirantes – do Nordeste para o sul, e milhares de pessoas sucum-biam à fome.

RespostaAs “soluções” para a re-

gião-problema nunca va-riaram muito: doações de alimentos para os fl agelados (em geral desviados e ven-didos no mercado paralelo), frentes emergenciais de tra-balho, construção de açudes (em alguns casos, obras que duravam várias décadas), mi-gração mais ou menos for-çada para a Amazônia (como os quase 50 mil “soldados da borracha” recrutados na Se-gunda Guerra Mundial, entre

os quais se estima que mor-reram 10 mil – contra os 443 que tombaram na Itália).

Toda uma burocracia sur-giu para cuidar da seca sem, de fato, resolvê-la – do De-partamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs, nascido como Inspetoria em 1909) à Superintendência de Desenvolvimento do Nordes-te (Sudene, criada em 1959 por Juscelino, “descriada” em 2001 por FHC e recriada em 2007 por Lula).

Açudes e poços de pro-fundidade, escavados com dinheiro público, passaram a benefi ciar mais os grandes proprietários, o que o jorna-lista Antonio Callado chamou de “indústria da seca” numa

série de reportagens para o “Correio da Manhã”, em 1959. A transposição do rio São Francisco, na visão dos seus críticos, representa so-mente a extensão – versão 2.0, turbinada – dessa polí-tica tradicional.

Dissipam-se bilhões em obras gigantescas e intermi-náveis, de novo, mas que não resolvem o problema da eva-poração e servem mais para benefi ciar uns poucos. E quase nunca, muito menos de forma permanente e sustentável, a população mais pobre. Esta pode até ser vizinha dos canais, mas não necessariamente terá acesso à água, pela falta de uma rede de distribuição efi -ciente (adutoras etc.) e pela prioridade dada à irrigação sobre o abastecimento.

CisternasMuita coisa mudou, contudo,

no Nordeste. Não se tem notícia de pessoas morrendo de fome nas secas de 2012 e 2013, ape-sar de o gado morto ter rendido algumas imagens chocantes, mas que mal reacenderam o interesse da imprensa nacional pelas agruras da região mais pobre do país.

Não foi estiagem trivial. Nada menos que 1.243 de 2.429 municípios (51%) foram afetados – uma po-pulação de 9,8 milhões de habitantes. Um dos Estados mais prejudicados foi a Pa-raíba, onde a pecuária teve quebra de 29%.

Metade dos reservatórios da região semiárida caiu para um nível abaixo de 30%, o que levou o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, a soar o alarme, há um mês, pela hipótese de El Niño.

Mesmo que ele venha, po-rém, o efeito mais temido será sobre o já estressado sistema elétrico nacional. É muito improvável que falte água para abastecimento re-sidencial e alimentos para a população, como era a regra até há pouco.

Os bilhões despejados na região pelo governo Dilma, para mitigar os impactos da seca de 2012 e 2013, decerto contribuíram para a

nova situação. Mas não foi só isso.

Um dos maiores entraves para a solução por meio da açudagem é a evaporação intensa. Para o consumo hu-mano, a saída mais simples e efi caz são as cisternas, tanques de alvenaria ou plás-tico para armazenar água de chuva ou distribuída por caminhões-pipa.

Segundo o governo federal, já foram entregues 546 mil cisternas, 71% da demanda, calculada em 770 mil. A pro-messa é completar a cifra de 750 mil até dezembro deste ano. Outras 76 mil benefi -ciarão a lavoura de produto-res rurais. Nada menos que 8.812 caminhões-pipa foram mobilizados para distribuir água, numa operação que envolveu até o Exército.

Bolsa estiagemO assistencialismo cam-

peou também na modalidade monetária. Agricultores com renda inferior a um salário mínimo e meio e que tiveram perdas de 50% da produção passaram a receber ajuda ba-tizada Garantia-Safra, valor que varia de R$ 140 a R$ 155 mensais. Uma Bolsa Estia-gem de R$ 80 por mês bene-fi ciou 890 mil produtores que não se enquadravam nos re-quisitos da Garantia-Safra. Municípios receberam em-préstimos emergenciais no valor de R$ 3,45 bilhões.

A paulatina transformação do Nordeste, entretanto, co-meçou muito antes de Dil-ma Rousseff . Sua população rural, a mais vulnerável à estiagem, se reduziu a 27%. A renda aumentou. O Bolsa Família, a partir do governo Lula, e a aposentadoria rural, a partir dos anos 1990, tor-naram obsoleta a fi gura dos retirantes da região.

No entanto isso ainda fi ca longe de confi gurar uma so-lução, assinala o historiador Marco Antonio Villa: “A misé-ria – ou pobreza, dependen-do da cidade –, em termos estruturais, permanece. Os indicadores, como educa-ção, mortalidade infantil etc., até melhoraram, mas não há uma economia local

que permita dar um sentido para as comunidades”, diz. “O sertanejo não migra pois o assistencialismo permite que ele sobreviva”.

O que faltaria para o Nor-deste, assim, seria abandonar os remendos emergenciais em favor de uma verdadeira adaptação – mesmo porque, se materializados os piores cenários do aquecimento glo-bal, a temperatura na caatin-ga pode elevar-se de 3,5°C a 4,5°C, e a precipitação, reduzir-se em 40-50% até o ano 2100, segundo o Pai-nel Brasileiro de Mudanças Climáticas. O semi- árido se lançaria então no caminho da aridização completa.

Cata-ventosEm lugar de uma futura Bolsa

Aridez, o sertanejo precisará de sistemas de irrigação com tec-nologia avançada para minimi-zar a evaporação e a salinização dos solos. Mas parece evidente que o sertão tem capacidade só para uma população limita-da, mesmo que a agropecuária se volte para atividades que demandem menos água, por exemplo substituindo gado bo-vino por caprino.

O processo de urbaniza-ção terá de ampliar-se. Para tanto, será necessário criar empregos nos setores de serviços e industrial.

O Nordeste tem uma voca-ção clara para complementar a energia hidrelétrica do Su-deste e do Centro-Oeste com fontes renováveis. É enorme o potencial para a energia eólica no litoral e para a solar (fotovoltaica) no interior.

“Isso pode gerar uma eco-nomia de base energética, na qual populações locais possam auferir algum ga-nho tanto no arrendamento de terras para cata-ventos e painéis solares como empre-gos urbanos para instalação e manutenção descentraliza-da dos parques de geração”, prevê Nobre, do MCTI.

A transposição do rio São Francisco, nesse sentido, representaria mais do mes-mo. O Nordeste precisaria de mais do novo, e não de rezas para que Pacífi co e Atlântico se comportem.

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 4/7/2014 23:52:39

G4 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 G5

Ciência

RESUMOEl Niño deve voltar a ocorrer na virada de 2014/15, mas, segundo indicadores mais recentes, terá intensidade moderada ou fraca. Ainda assim pode trazer de volta a seca para o Nordeste, já castigado em 2012 e 2013 com a pior estiagem em 80 anos, pouco divulgada pela mídia e que consumiu R$ 9,1 bilhões do go-verno federal.

3Seca versão 2.0

El Niño vem aí. É certo que o ano de 2014 verá repetir-se o aquecimento anormal das águas do Pacífi co Leste que costuma pôr a atmosfera mundial em polvorosa. Esti-ma-se que a probabilidade de ele chegar antes de setembro seja de 70%, e de outros 80% até o mês de dezembro.

Quem mora na região me-tropolitana de São Paulo e se apavora com um pos-sível agravamento da seca que reduziu a pó (ou lama) os reservatórios do sistema Cantareira – fonte de abas-tecimento para 9 milhões de pessoas – pode esquecer El Niño. O nível continuará bai-xando, mas o Pacífi co nada terá a ver com isso.

“A relação do El Niño com chuvas no Sudeste é zero”, diz Gilvan Sampaio de Olivei-ra, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espa-ciais (Inpe). Quando muito, o menino travesso do clima ocasionará temperaturas li-geiramente mais altas no fi nal do inverno e na prima-vera de paulistas, mineiros, fl uminenses e capixabas.

Os maiores estragos cau-sados pelo fenômeno se concentram no Nordeste e na Amazônia, onde ocasiona estiagens graves. No último El Niño de grande intensi-dade, 1997-98, a floresta ressequida pegou fogo em Roraima, levando à destrui-ção de 11 mil km² de ma-tas. Em outra ocasião, entre 1982 e 83, prolongou uma seca iniciada em 1979 que pode ter feito mais de 100 mil mortos no Nordeste.

A perspectiva de um El Niño forte preocupa porque o semiárido nordestino acaba de atravessar dois anos de seca (2012-13). Foi a pior dos últimos 80 anos. A precipi-tação fi cou abaixo da média de abril de 2012 até março deste ano.

Pereceram 4 milhões de reses, com prejuízo de R$ 3,2 bilhões para a pecuária.

MARCELO LEITEILUSTRAÇÃO ANTONIO MALTA CAMPOS

O que esperar da chegada de El Niño, o menino travesso do clima

A safra agrícola teve quebra de 21,5%, com perdas de 70% na de algodão e de 29% na de feijão. Só o governo federal despendeu R$ 9,1 bilhões para atenuar o efeito social da ausência de chuvas na região.

Não há razão para alarme – ainda. Embora o próximo advento do El Niño sejam favas contadas, a maior chance, hoje, é de que se re-vele fraco ou moderado. Isso signifi ca que seus efeitos se concentrariam na primavera do hemisfério Sul, quando não chove mesmo no Nor-deste brasileiro.

CajuAs águas podem começar a

cair em dezembro, as chama-das “chuvas do caju”. Se não vierem até 19 de março, dia de são José, todo sertanejo sabe, o ano estará perdido. “O clima do Nordeste está totalmente relacionado às condições oceânicas”, diz Sampaio de Oliveira, do Inpe. “É um dos mais previsíveis do mundo”.

A correlação de anos de El Niño com secas no semiárido brasileiro é muito forte. Só no século 20, houve 18 ca-sos de coincidência. Como se explica, contudo, que uma al-teração de temperatura num oceano que nem mesmo ba-nha o Brasil possa desenca-dear hecatombes como a de 1877-79, com 3 milhões de fl agelados e talvez 500 mil mortos de fome e varíola?

O normal é que as águas su-perfi ciais do Pacífi co, aqueci-das pelo sol, sejam empurra-das na direção da Indonésia pelos ventos alísios, que so-pram de leste para oeste. Por motivos desconhecidos, porém, em alguns anos esses ventos se enfraquecem. O bolsão de água quente se desloca para a costa oci-dental da América do Sul e provoca chuvas sobre uma região usualmente seca.

Os efeitos planetários des-sa anomalia são vários. A pesca no litoral do Peru e do Chile pode entrar em colap-so na época do Natal (daí a alusão ao menino Jesus, “El Niño”). Enchentes no sul da América do Sul e estiagem no leste da Amazônia e no Nordeste. Secas na Indonésia e na Austrália. Atraso e en-fraquecimento das chuvas de monção na Índia – como, de resto, já está acontecendo.

Na origem do fenômeno está o que se chama de célula de Walker. O oceano aquecido gera uma corrente ascendente de ar na região da Indonésia, que normal-mente desce – quente e seco – a milhares de quilômetros dali, sobre o litoral oeste da América do Sul.

O padrão de circulação foi descoberto pelo físi-co Gilbert Thomas Walker (1868-1958). Diretor dos Observatórios Britânicos na Índia, estudou o fenômeno das monções, cujo colapso

causou fome generalizada na colônia em 1899.

Nos anos de El Niño, a cé-lula se desloca para leste, e o braço descendente se trans-fere para o Norte e o Nordes-te brasileiros, onde previne a ocorrência de chuvas. Em contrapartida, o fenômeno aumenta a precipitação no Sahel, a zona de transição entre o Saara e as savanas africanas.

Assim como os campone-ses pobres do Sahel, os privi-legiados californianos tam-bém podem estar torcendo por um El Niño vigoroso. A anomalia levaria chuvas à estorricada Califórnia, que enfrenta incêndios causados por três anos consecutivos de estiagem, a pior em mui-tas décadas.

De acordo com os últi-mos dados da Administra-ção Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa, na abreviação em inglês), de segunda-feira (30/6; tinyurl.com/z7jr4), contudo, a tem-peratura das águas do Pací-fi co, que vinha subindo até abril, perdeu força desde então. Para Sampaio de Oli-veira, do Inpe, é um sintoma de que El Niño virá fraco ou moderado, e não intenso.

O Nordeste pode respirar, aliviado, se a previsão sobre os humores do Pacífi co se confi rmar. Mas só até o fi nal do ano, porque o sertanejo tem outro algoz com que se preocupar, tão forte quanto ele, e muito mais próximo.

ConvergênciaOs anos de 2012 e 2013,

mesmo sem o advento de El Niño, trouxeram a pior seca ao Nordeste em oito déca-das. O culpado, neste caso, foi o dipolo do Atlântico.

As chuvas que impedem o chamado Polígono das Se-cas – 1.348 municípios, que cobrem 1,1 milhão de km² – de ser inteiramente árido se devem à Zona de Conver-gência Intertropical (ZCIT), de que se ouve falar às vezes nas previsões do tempo pela TV. Trata-se de uma banda de nuvens que se espalha pela região equatorial do planeta, no sentido leste-oeste.

A faixa úmida pode des-locar-se mais para o sul ou mais para o norte, em torno da linha do Equador. Se as águas do Atlântico fi carem mais frias ao sul do paralelo que separa os hemisférios, a ZCIT é empurrada para o nor-te, o que pode provocar até 80% de défi cit de chuva no Nordeste brasileiro. E vice-versa (daí o nome “dipolo”): se as águas atlânticas se aquecem ao sul, chove mais no semiárido.

Como no caso do El Niño, os climatologistas não sabem bem por que ocorre essa os-cilação de temperatura nas águas oceânicas. A única cer-teza é que tanto o Pacífi co quanto o Atlântico, em geral, estão esquentando, na estei-ra do aquecimento global.

Mas não há clareza quanto à hipótese de que a mudança climática venha a trazer El Niños mais fortes.

“O último relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima] ain-da não cravou grande confi an-ça nessa previsão”, diz Carlos Afonso Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pes-quisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecno-logia e Inovação (MCTI), que supervisiona o Centro Na-cional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

“Há uma ligeira, talvez maior probabilidade de El Niños mais fortes pelo sim-ples aumento das temperatu-ras do mar em todo o Pacífi co, mas ainda não se pode dizer se, de fato, a frequência será substancialmente alterada”.

De todo modo, a ZCIT al-cança seu ponto mais ao sul por volta da segunda quinzena de março. Não é por acaso, assim, que os habitantes do sertão nordes-tino elegeram o dia de são José como data-limite para sua expectativa de chuvas. Só no final de 2014, contudo, começará a ficar claro se o dipolo oscilará na direção da estiagem nordestina.

RetirantesTão avassaladoras quan-

to previsíveis, as secas do Nordeste deixaram mar-cas fundas na cultura e na história do Brasil. José do Patrocínio inaugurou a li-teratura da seca com “Os Retirantes” (1879). Euclydes da Cunha, com “Os Sertões” (1902), inscreveu a terra, o homem e a luta do semiá-rido no imaginário nacional como sinônimos de atraso e embrutecimento.

“A Bagaceira” (1928), de José Américo de Almeida, abriu uma longa linhagem de romances regionalistas cen-trados no homem nordestino andrajoso que abandona ter-ra, plantação e gado mortos para buscar alimento e me-lhor sorte: “Andavam deva-gar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. [...] Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais”. Uma década depois surge o clás-sico “Vidas Secas”, de Graci-liano Ramos.

O historiador Marco An-tonio Villa estima, no livro “Vida e Morte no Sertão” (Ática, 2000), que 3 milhões de pessoas tenham morri-do como vítimas das várias secas nordestinas de 1825 a 1984.

Apenas três décadas atrás, quando o maranhense José Sarney já entrara para a Academia Brasileira de Le-tras na vaga de José Améri-co de Almeida e se tornara candidato a vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, ainda partiam os paus-de-

arara – caminhões com ban-cos apinhados de retirantes – do Nordeste para o sul, e milhares de pessoas sucum-biam à fome.

RespostaAs “soluções” para a re-

gião-problema nunca va-riaram muito: doações de alimentos para os fl agelados (em geral desviados e ven-didos no mercado paralelo), frentes emergenciais de tra-balho, construção de açudes (em alguns casos, obras que duravam várias décadas), mi-gração mais ou menos for-çada para a Amazônia (como os quase 50 mil “soldados da borracha” recrutados na Se-gunda Guerra Mundial, entre

os quais se estima que mor-reram 10 mil – contra os 443 que tombaram na Itália).

Toda uma burocracia sur-giu para cuidar da seca sem, de fato, resolvê-la – do De-partamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs, nascido como Inspetoria em 1909) à Superintendência de Desenvolvimento do Nordes-te (Sudene, criada em 1959 por Juscelino, “descriada” em 2001 por FHC e recriada em 2007 por Lula).

Açudes e poços de pro-fundidade, escavados com dinheiro público, passaram a benefi ciar mais os grandes proprietários, o que o jorna-lista Antonio Callado chamou de “indústria da seca” numa

série de reportagens para o “Correio da Manhã”, em 1959. A transposição do rio São Francisco, na visão dos seus críticos, representa so-mente a extensão – versão 2.0, turbinada – dessa polí-tica tradicional.

Dissipam-se bilhões em obras gigantescas e intermi-náveis, de novo, mas que não resolvem o problema da eva-poração e servem mais para benefi ciar uns poucos. E quase nunca, muito menos de forma permanente e sustentável, a população mais pobre. Esta pode até ser vizinha dos canais, mas não necessariamente terá acesso à água, pela falta de uma rede de distribuição efi -ciente (adutoras etc.) e pela prioridade dada à irrigação sobre o abastecimento.

CisternasMuita coisa mudou, contudo,

no Nordeste. Não se tem notícia de pessoas morrendo de fome nas secas de 2012 e 2013, ape-sar de o gado morto ter rendido algumas imagens chocantes, mas que mal reacenderam o interesse da imprensa nacional pelas agruras da região mais pobre do país.

Não foi estiagem trivial. Nada menos que 1.243 de 2.429 municípios (51%) foram afetados – uma po-pulação de 9,8 milhões de habitantes. Um dos Estados mais prejudicados foi a Pa-raíba, onde a pecuária teve quebra de 29%.

Metade dos reservatórios da região semiárida caiu para um nível abaixo de 30%, o que levou o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, a soar o alarme, há um mês, pela hipótese de El Niño.

Mesmo que ele venha, po-rém, o efeito mais temido será sobre o já estressado sistema elétrico nacional. É muito improvável que falte água para abastecimento re-sidencial e alimentos para a população, como era a regra até há pouco.

Os bilhões despejados na região pelo governo Dilma, para mitigar os impactos da seca de 2012 e 2013, decerto contribuíram para a

nova situação. Mas não foi só isso.

Um dos maiores entraves para a solução por meio da açudagem é a evaporação intensa. Para o consumo hu-mano, a saída mais simples e efi caz são as cisternas, tanques de alvenaria ou plás-tico para armazenar água de chuva ou distribuída por caminhões-pipa.

Segundo o governo federal, já foram entregues 546 mil cisternas, 71% da demanda, calculada em 770 mil. A pro-messa é completar a cifra de 750 mil até dezembro deste ano. Outras 76 mil benefi -ciarão a lavoura de produto-res rurais. Nada menos que 8.812 caminhões-pipa foram mobilizados para distribuir água, numa operação que envolveu até o Exército.

Bolsa estiagemO assistencialismo cam-

peou também na modalidade monetária. Agricultores com renda inferior a um salário mínimo e meio e que tiveram perdas de 50% da produção passaram a receber ajuda ba-tizada Garantia-Safra, valor que varia de R$ 140 a R$ 155 mensais. Uma Bolsa Estia-gem de R$ 80 por mês bene-fi ciou 890 mil produtores que não se enquadravam nos re-quisitos da Garantia-Safra. Municípios receberam em-préstimos emergenciais no valor de R$ 3,45 bilhões.

A paulatina transformação do Nordeste, entretanto, co-meçou muito antes de Dil-ma Rousseff . Sua população rural, a mais vulnerável à estiagem, se reduziu a 27%. A renda aumentou. O Bolsa Família, a partir do governo Lula, e a aposentadoria rural, a partir dos anos 1990, tor-naram obsoleta a fi gura dos retirantes da região.

No entanto isso ainda fi ca longe de confi gurar uma so-lução, assinala o historiador Marco Antonio Villa: “A misé-ria – ou pobreza, dependen-do da cidade –, em termos estruturais, permanece. Os indicadores, como educa-ção, mortalidade infantil etc., até melhoraram, mas não há uma economia local

que permita dar um sentido para as comunidades”, diz. “O sertanejo não migra pois o assistencialismo permite que ele sobreviva”.

O que faltaria para o Nor-deste, assim, seria abandonar os remendos emergenciais em favor de uma verdadeira adaptação – mesmo porque, se materializados os piores cenários do aquecimento glo-bal, a temperatura na caatin-ga pode elevar-se de 3,5°C a 4,5°C, e a precipitação, reduzir-se em 40-50% até o ano 2100, segundo o Pai-nel Brasileiro de Mudanças Climáticas. O semi- árido se lançaria então no caminho da aridização completa.

Cata-ventosEm lugar de uma futura Bolsa

Aridez, o sertanejo precisará de sistemas de irrigação com tec-nologia avançada para minimi-zar a evaporação e a salinização dos solos. Mas parece evidente que o sertão tem capacidade só para uma população limita-da, mesmo que a agropecuária se volte para atividades que demandem menos água, por exemplo substituindo gado bo-vino por caprino.

O processo de urbaniza-ção terá de ampliar-se. Para tanto, será necessário criar empregos nos setores de serviços e industrial.

O Nordeste tem uma voca-ção clara para complementar a energia hidrelétrica do Su-deste e do Centro-Oeste com fontes renováveis. É enorme o potencial para a energia eólica no litoral e para a solar (fotovoltaica) no interior.

“Isso pode gerar uma eco-nomia de base energética, na qual populações locais possam auferir algum ga-nho tanto no arrendamento de terras para cata-ventos e painéis solares como empre-gos urbanos para instalação e manutenção descentraliza-da dos parques de geração”, prevê Nobre, do MCTI.

A transposição do rio São Francisco, nesse sentido, representaria mais do mes-mo. O Nordeste precisaria de mais do novo, e não de rezas para que Pacífi co e Atlântico se comportem.

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 4/7/2014 23:52:39

G6 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

4

A estrada-mãe e outros labirintos literários

As retas da Rota 66

Diário de Los AngelesO MAPA DA CULTURA

A mãe de todas as estradas, a rua principal dos Estados Unidos, a sangrenta 66: todos os apelidos e histórias da Rota 66 estão numa exposi-ção em cartaz até janeiro no Autry National Center, museu dedicado à cultura do Oeste norte-americano, localizado em frente ao zoológico de Los Angeles.

O manuscrito original de “On The Road” (1951), de Jack Kerouac, está lá, num rolo de 36 metros deitado numa vitrine. Mas toda a mi-tologia da estrada remonta de muito antes da chegada dos beatniks, quando tem-pestades de areia tomavam o Meio Oeste do país nos

FERNANDA EZABELLA

anos 1930, afugentando mais de 200 mil trabalhado-res rurais para a Califórnia, através da Rota 66.

O período fi cou imortaliza-do no livro “As Vinhas da Ira” (1938), de John Steinbeck, cujo manuscrito está também em exibição. Há fotografi as tiradas por Dorothea Lange de refugiados pedindo caro-na em Oklahoma, além do violão e das canções folk de Woody Guthrie, que compôs “Dust Bowl Ballads” (1940) ao ir do Texas à Costa Oeste.

“Não era uma viagem agra-dável, um passeio hipster, como Keroauc escreveu, ou uma estrada mítica, como pensam os europeus. Era um caminho necessário e difícil”, diz o escritor americano Louis Owens num vídeo.

A Rota 66 começou a ser construída em 1926, atra-vessando oito Estados, de Chicago a Los Angeles. Seu

declínio teve início em 1956, com o anúncio de um novo sistema de autoestradas. A clássica série de fotos de postos de gasolina feitas por Ed Ruscha em 1962 ganha destaque na mostra, ao lado de imagens tiradas três dé-cadas após por Jeff Brouws. Nenhum dos postos estava mais em funcionamento.

A Última LivrariaO nome era para ser uma

ironia e acabou virando pro-fecia. The Last Bookstore (a última livraria) começou em 2005 e é hoje a maior livra-ria independente da Califór-nia, num gigantesco espaço no centrão da cidade, num prédio que funcionou como banco e ainda mantém seu cofre (hoje dedicado a livros de fi cção científi ca).

O clima é de sebo, com livros e discos novos, usados e raros, além de lançamentos.

No mezanino, há um labirinto de livros, cerca de 10 mil deles a US$ 1 cada, com direito a um túnel de publicações empilhadas e prateleiras or-ganizadas por cores. “É um lu-gar glorioso, borgiano, louco”, descreveu o escritor William Gibson via Twitter.

O melhor dia para visitar a The Last Bookstore é a primeira segunda do mês, quando acontece o Speake-asy, espécie de noite de ta-lentos conhecida como “open mic” (microfone aberto). É só colocar seu nome na lista e esperar ser chamado para subir ao palco e falar por cronometrados sete minutos. “A ideia veio de anos e anos tentando se ajustar a um mundo que muitas vezes nos recebe com crueldade, mas tendo coragem e humor de compartilhar com outras pes-soas triunfos e trabalhos na esperança de aprendermos

algo juntos”, diz a organiza-dora do evento, a escritora Arianna Basco.

Anthony Booth, 19, é um dos frequentadores. Na última edição, apresentou seu poema feito com 40 mensagens da sorte tiradas de chocolates. “Quero fazer meu nome e aqui sinto que posso libertar minha men-te”, disse.

SoccerOs bares da cidade têm

lotado com os jogos da Copa da Mundo na hora do almo-ço e nos fi nais de semana. O Cat and Fiddle Pub, em Hollywood, tem um espaço ao ar livre com dois telões e uma sala fechada para exibir as partidas. Os americanos compareceram em peso nas partidas de sua seleção con-tra Portugal e Bélgica.

O time de Klinsmann foi eliminado, mas o público con-

tinua grande em bares como o Barbarella, em Silverlake, com menu especial que inclui bolinho de arroz e cerveja brasileira Xingu a US$ 5.

Nos passos de BukowskiO tour Charles Bukowski,

que já foi tema desta seção, está de volta, no próximo dia 27. Organizado pela empre-sa de turismo Esotouric, o passeio de ônibus começa na agência dos Correios onde ele trabalhou e que inspirou seu primeiro romance, “Car-tas na Rua” (1971), e termi-na na sua loja de bebidas favoritas, em Hollywood. Nos dias 19 de julho e 9 de agosto, a mesma com-panhia segue os passos do músico Tom Waits e do autor Raymond Chandler, respec-tivamente. Cada evento leva quatro horas e custa entre US$ 58 e US$ 63.

G06 - ILUSTRISSIMA.indd 6 4/7/2014 23:53:34

G7MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 G

5 O postal estradeiro de Kerouac

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Northport-Curitiba-Rio-São Paulo-Rio-Nova York-Rio, 1959-2014

Em 5 de dezembro de 1959 publiquei no lendário “sdjb”, suplemento domini-cal do “Jornal do Brasil”, que à época saía aos sábados, um artigo de página inteira intitulado “Jack Kerouac e as crianças do bop”. Mandei uma cópia do suplemento ao escritor, aos cuidados de seu agente literário.

Três semanas depois, para minha surpresa, recebi em Curitiba – onde nasci e mo-rava – um cartão-postal dos correios dos EUA, datilogra-fado e assinado pelo autor de “On the Road”. Chocou-me, menos do que Jack ter tropeçado no meu sobre-nome (Mliggiati), o erro de ortografi a em “portugese”. Jack vivia na época o seu momento de glória na mídia: além de jornais e revistas, seu rosto se tornara familiar nos “talk shows” da TV.

Guardei o cartão entre as páginas do seu livro “Mexico City Blues” e parti para o mundo. Depois de dois anos de Paris – com uma bolsa de jornalismo – e três de Lon-dres – trabalhando na BBC –, pousei no Rio e comecei a trabalhar na “Manchete”. Meus pais mandaram minha biblioteca de Curitiba, incluin-do “Mexico City Blues”, com o cartão entre suas páginas. Muito tempo depois, folhean-do o livro, reli o cartão com mais atenção:

“Caro Sr. Mliggiati. Recebi a página do jornal e lastimei não poder ler português tão bem quanto espanhol mas captei 50% do seu signifi cado – é apenas lamentável que o senhor cite o que outros escritores com outros inte-resses dizem sobre mim ou a geração beat – eu lhe as-seguro que a geração beat é um movimento honesto e, se a crítica é ‘Para onde vocês

ROBERTO MUGGIATI

estão indo?’ a resposta é ‘Nós chegaremos lá’. Naturalmente. Um dia visitarei o Brasil e o verei, meu caro senhor, e anseio por isso. Se não for a nenhum outro lugar, irei ao Brasil. Enquanto isso continue o seu trabalho e tenha fé em sua própria alegria ou talvez em sua tristeza (na tradição latina) ...Laurence (sic) Ferlinghetti e Allen Ginsberg estão indo a Santiago Chile em fevereiro e visitarão o Brasil também... Mas eu vou fi car em casa para escrever um novo romance. Sa-lud, hombre, Jack Kerouac”.

Reparei num detalhe impor-tante: o cartão fora postado na agência de correio de Nor-thport, onde Kerouac morava com a mãe, Mémère. O carimbo indicava a hora e o dia: 6:30 PM, December 24, 1959. Pensei: o velho Jack não teria nada me-lhor a fazer na véspera de Natal do que ir ao correio mandar um postal para Curitiba?

Em 1992, topei com uma nota no suplemento literário do New York Times: Ann Charters, a maior especialista em gera-ção beat, pedia colaborações para um livro de correspondên-cia de Kerouac que pretendia editar. Enviei-lhe uma cópia do cartão e recebi um simpático agradecimento. Tive de espe-rar até 1999, quando saiu o se-gundo volume, “Jack Kerouac: Selected Letters 1957-1969” (Penguin). À página 237, estava o texto do cartão de Kerouac, com a anotação de Charters:

“Na véspera do Natal de 1959, Kerouac colocou um dis-co de “A Paixão segundo São Mateus”, de Bach, e sentou-se para escrever ao velho amigo Allen Ginsberg. (...) Escreveu também um cartão para um fã no Brasil chamado Rober-to Muggiati, que comentou: ‘Uma data signifi cativa para um católico como Kerouac. E pensem na sua solidão na

véspera de Natal!’”.No ano passado, numa crise

de desapego, resolvi subme-ter o cartão a um leilão de manuscritos e livros raros da Sotheby’s de Nova York. O car-tão não foi arrematado. Agora, em maio de 2014, um jovem casal amigo – Patrícia e Raupp – o resgatou para mim.

Calculei as distâncias que o cartão de Kerouac viajara: Northport-Curitiba, Curitiba-Rio, Rio-São Paulo-Rio (tra-balhei dois anos na capital paulista, na equipe inicial da “Veja”), Rio-Nova York-Rio. O pequeno retângulo de carto-lina, datilografado talvez na mesma máquina que escreveu “On the Road”, assinado e corri-gido com caneta esferográfi ca azul, depois de percorrer 25 mil km, voltou teimosamente a minhas mãos – e a repousar entre as páginas amarelecidas de “Mexico City Blues”.

ACERVO PESSOAL

Postal enviado a Roberto Muggiati por Jack Kerouac, de Northport a Curi-tiba, na véspera do Natal de 1959

G07 - ILUSTRISSIMA.indd 7 4/7/2014 23:55:13

G8 MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

G08 - ILUSTRISSIMA.indd 8 4/7/2014 23:55:34

PlateiaCa

dern

o D

[email protected], DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia D3

Produtora fala do futuro da ‘Noite Negra’

JOÃO PAULO MACHADO/DIVULGAÇÃO

Cultura regional rumo ao exteriorO professor e violinista amazonense Raimundo Nilton foi convidado para ministrar um curso de música brasileira em Atlanta, EUA

“É só por meio da sua cultura que você é valorizado no exte-rior”. Essa máxima

é levada ao pé da letra pelo vio-linista amazonense Raimundo Nilton, que foi convidado para ministrar um curso de música brasileira no projeto “Strings Wi-thout Boundaries”, da Georgia State University, em Atlanta, nos Estados Unidos. O convite partiu da norte-americana Julie Lyonn Lieberman, também violinista e considerada pioneira no ensino de música de improvisação. Rai-mundo embarca no próximo dia 12 e o curso será realizado de 13 a 18 deste mês.

Nascido no município de Co-ari, o violinista é graduado em Educação Musical pela Univer-sidade de Brasília, onde ensina esse instrumento desde 1986 na Escola de Música de Brasília. Interessado em tocar música de improviso, para exercitar a sua musicalidade e criativida-de – e ampliar o repertório do violino além da tradicional música clássica –, Nilton encon-trou profi ssionais que investiam nessa área durante uma viagem para os EUA, no fi m da década de 1990.

Foi nessa época que ele co-nheceu Lieberman, no Colorado. “Ela é uma estudiosa do bem-es-tar do músico e tem livro escrito sobre isso. Soube do projeto por um anúncio e mandei ma-terial sobre o meu trabalho. Ela gostou e me convidou”, conta o amazonense.

Raimundo diz que a iniciativa se refere a toda música produ-zida sem preconceito. “É música improvisada numa linguagem universal. Não interessa de onde você vem”, diz. “A linguagem é a da música improvisada e o conhecimento é passado oral-mente porque música é som, você tem que ouvir”.

O violinista revela que preten-de incluir nas suas aulas lições de xote, baião, choro e bossa nova para violino, viola clássica e vio-loncelo. “Tem professor que vai ensinar jazz, música irlandesa,

blues, música folclórica. Além da Julie, não conheço mais ninguém desse curso. Para mim, vai ser um grande intercâmbio porque todas essas pessoas tem ex-periência com música impro-visada. Vou ter a oportunidade de assistir às aulas também. Quero entrar em contato com outras pessoas para fazer com que criem interesse pela música brasileira e a coloquem nos seus programas”, ressalta.

Ensino raroRaimundo Nilton observa que,

no país, ainda é inédito o ensino da música brasileira na área das cordas friccionadas – o violino, a viola e o violoncelo, instrumentos que se tocam com o arco. “No Brasil, se você decidir aprender violino, vai estudar a

música clássica europeia, basi-camente. São raras as escolas e as pessoas disponíveis para ensinar a música brasileira para esses instrumentos”, analisa.

Além das aulas de violino, Rai-mundo desenvolve uma carreira na qual usa esse instrumento como se fosse a rabeca, um tipo de violino popular. “Meu repertório é formado por xote, baião, choro”, afi rma. Essa musi-calidade tem a ver com as suas raízes. “Meus bisavós vieram do Ceará e tenho a música nordes-tina em mim”, diz o professor. “Mas na escola falavam que não era uma música que eu deveria tocar porque não é a que se estuda”.

TrajetóriaRaimundo Nilton ouviu o

som da rabeca pela primeira vez ainda em Coari. Depois

que a família se mudou para Manaus, seu pai foi contra-tado pelo Conservatório de Música Joaquim Franco, da Universidade (Federal) do Amazonas, e colocou os fi lhos para estudar música. O violino foi escolhido por Raimundo, aos 14 anos.

“Em meados de 1970, ainda não havia curso superior de música em M a -naus. Fui para o Rio de Janeiro e entrei na A c a d e -mia de M ú s i c a L o r e n z o Fernandez, uma esco-la pequena. Estudei lá durante um ano e me transferi para a Univer-sidade de Brasília, onde me formei”, conta o ama-zonense que é mestre em Jazz Studies Perfornance pela Universidade de Nevada, em Las Vegas.

A última vez que o violinista esteve em Manaus como per-former foi em 2013, com o projeto “Gonzagueando”, no bar Fino da Bossa. Já teve a oportunidade de tocar nos Estados Uni-dos e diz que a aceitação é sempre muito boa. “O público de lá não espera que a música brasileira seja tocada no violino”.

Ele também já gravou dois CDs – “Violinan-do” e “Dez Dias da Obra de Hermeto Pascoal” – e pre-tende lançar no próximo ano um terceiro focado em lendas da Amazôn ia . “São dez compos i -ções instru-mentais mi-nhas para violino e quero apro-veitar para divulgar a cul-tura da região no exterior”, adianta.

POPULARAlém das aulas de vio-lino na Escola de Músi-ca de Brasília, Raimun-do Nilton desenvolve uma carreira na qual usa esse instrumento como se fosse a rabe-ca, um tipo de violino popular

Músico amazonense defen-de a inclusão de músicas brasileiras no ensino do violino

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

REPR

OD

UÇÃ

O

PlateiaCa

dern

o D

[email protected], DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia D

Produtora fala do futuro da ‘Noite Negra’

Cultura regional Cultura regional rumo ao exteriorrumo ao exteriorO professor e violinista amazonense Raimundo Nilton foi convidado O professor e violinista amazonense Raimundo Nilton foi convidado O professor e violinista amazonense Raimundo Nilton foi convidado

D01 - PLATEIA.indd 1 4/7/2014 23:14:54

D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

. Na próxima segunda-feira, a praça de alimentação do Shopping Ponta Negra terá uma atração especial.

. O pianista Luciano Dantas apresentará o recital de piano “Alma Amazônica”, em homenagem à comemoração do aniver-sário de 109 anos do músico amazonense Arnaldo Rebello.

. Arnaldo Rebello escreveu mais de 100 composições típicas do Amazonas e das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil. O artista foi para a Europa em 1930, com uma bolsa de estudos concedida pelo governo brasileiro. Arnaldo foi professor efetivo da Escola Nacional de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor honorário da Universidade Católica de Sal-vador (BA) e do Instituto de Música José Maurício de São Paulo. O gerente de marketing do shopping, Rafael Fiedler, comenta : “Nosso propósito é estarmos sempre de portas abertas para a cultura local e temos conseguido trazer para o shopping várias iniciativas diferenciadas”, afi rma Rafael.

>> Recital

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

Crônica bem-humorada da vida

QUADRINHOS

Uma crônica contemporâ-nea e bem-humorada da vida cotidiana, protagonizada na maior parte das vezes por mulheres. São os pontos co-muns das histórias reunidas em “Último Aviso”, obra que chega às livrarias na próxima semana, inaugurando o Bar-ricada, selo de quadrinhos da editora Boitempo.

O livro faz uma seleção de cartuns e quadrinhos curtos da alemã Franziska Becker, 64, publicados em diferentes jornais e revistas. Famosa em seu país, ainda é pouco conhecida no Brasil. Os que já leram histórias da argentina Maitena, criadora da série “Mulheres Altera-das”, possivelmente verão

muita semelhança.Com um estilo assu-

midamente infl uenciado por pintores e ilustrado-res do século 19, ela diz manter a “mente aberta” para qualquer tipo de si-tuação que possa ser representada visualmente.

O olhar feminino dado ao tema não deveria ter muita diferença se comparado ao ponto de vista masculino. Mas, segundo ela, tem.

“Uma mulher conhece um pouco mais o interior das experiências dela própria e do dia a dia feminino”, diz a autora. “Talvez as mulheres, por serem mais marginaliza-das, sejam capazes de ob-servar os absurdos sociais

e políticos de uma forma mais afi ada.”

Esse olhar mais aguçado , segundo ela, se ampliou com o aumento do número de au-toras no cenário mundial de quadrinhos. Mas está ainda bastante aquém em relação aos homens. “Quando co-mecei, muitos anos atrás, o número estava próximo de zero”, afi rma.

A minoria, no entanto, não seria um motivo para en-frentar a questão sem bom humor, segundo ela. “As mu-lheres precisam rir sobre a vida e sobre elas mesmas.” Em seus quadrinhos, há exemplos disso de sobra.

Por Paulo Ramos

O livro “Último Aviso”, de Franciska Becker, inaugura o selo Barricada, da editora Boitempo

DIV

ULG

AÇÃO

. Um fenômeno da música pop dos anos 90 vai desem-barcar no Brasil neste mês, para uma festa que promete parar São Paulo.

. Trata-se do grupo francês Gipsy Kings, que levará todo o seu fl amenco cigano ao aniversário de Sergio K – o dono da badalada marca que leva seu nome - no dia 18. E o empresário avisa: mais surpresas ainda estão por vir! Lembrando que a celebração dos 30 anos de K também vai contar com show do É o Tchan – outro sucesso dos 90. Os 400 convidados podem esperar ainda por outras performances excêntricas, que já são de praxe nas festas de Sergio – mulheres seminuas servindo drinks e anões distribuindo preservativos já fl orearam alguns de seus aniversários. Vai sacudir Sampa!

>> Festão. O governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento do

Estado do Amazonas (Ciama), concluiu o Plano de Resíduos de Saúde dos nove municípios do Alto Solimões (Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Amaturá, São Paulo de Olivença, Tonantins, Santo Antônio do Içá, Jutaí, Fonte Boa.

. O plano aponta e descreve como deverá ser feito o manejo e tra-tamento dos resíduos de saúde, com as características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à

geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, trans-porte e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.

. Conforme levantamento disposto no plano, os nove municípios somam 43 estabelecimentos de saúde, de pequeno e médio porte, distribuídos entre Unidades Básicas de Saúde, unidades mistas, postos de saúde, cen-tros de saúde, maternidades e hospitais. Além das clínicas particulares, consultórios odontológicos, laboratórios e drogarias.

>> Resíduos

. A estilista Charlotte Olympia, que produz um trabalho sempre com uma pegada divertida e com destaque, não esqueceu da Copa do Mundo no Brasil. Ela apresentou sua mais nova cole-ção cápsula inspirada no Mundial. A designer pegou a clutch transparente de acrílico já consagrado de sua marca e deu uma repaginada, nascendo assim a Hat Trick Pandora, inspirada nas bandeiras dos países, que participam da Copa.

. Para quem não sabe, Charlotte Olympia tem um pezinho em terras brazucas! Sua mãe é a ex-modelo brasileira Andrea Dellal, que nos anos 80 era queridinha de nomes como Thierry Mugler, Gaultier e Valentino. As bolsas estarão disponíveis nas lojas da Charlotte Olympia de Miami, Beverly Hills, NY e Londres

>> Objeto de desejo

. Um fenômeno da música pop dos anos 90 vai desem-barcar no Brasil neste mês, para uma festa que promete

. Trata-se do grupo francês Gipsy Kings, que levará todo o seu fl amenco cigano ao aniversário de Sergio K – o dono da badalada marca que leva seu nome - no dia 18. E o empresário avisa: mais surpresas ainda estão por vir! Lembrando que a celebração dos 30 anos de K também vai contar com show do É o Tchan – outro estão por vir! Lembrando que a celebração dos 30 anos de K também vai contar com show do É o Tchan – outro estão por vir! Lembrando que a celebração dos 30 anos

sucesso dos 90. Os 400 convidados podem esperar ainda por outras performances excêntricas, que já são de praxe nas festas de Sergio – mulheres seminuas servindo drinks e anões distribuindo preservativos já fl orearam alguns

. O governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Ciama), concluiu o Plano de Resíduos de Saúde dos nove municípios do Alto Solimões (Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Amaturá, São Paulo de Olivença, Tonantins, Santo Antônio

geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, trans-porte e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.

. Conforme levantamento disposto no plano, os nove municípios somam 43 estabelecimentos de saúde, de pequeno e médio porte, distribuídos entre Unidades Básicas de Saúde, unidades mistas, postos de saúde, cen-tros de saúde, maternidades e hospitais. Além das clínicas particulares, consultórios odontológicos, laboratórios e drogarias.

>>

Objeto de desejo

Gisele e o corregedor-ge-ral de Justiça,

desembargador Flávio Pasca-

relli, na posse que movimen-tou a cidade,

na quinta-feiraJuliana Froll-mer enchendo de charme evento que reuniu podero-sos da cidade

Raymison e Tânia Souza durante coquetel no Teatro Amazonas

As irmãs Fá-tima Roman e Sandra Rocha na concorridís-sima posse da nova presiden-te do Tribunal de Justiça do Amazonas, de-sembargadora Graça Figueire-do, no Teatro Amazonas

O deputado Arthur Bis-neto, com a simpatia de

sempre, em evento espor-tivo no estádio da Colina

D02 - PLATEIA.indd 2 4/7/2014 23:20:40

D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Música, projeções de vídeos e interven-ções cênicas e plás-ticas compuseram

o espetáculo “Noite Negra”, projeto da Picolé da Massa Produções cuja primeira edição foi realizada no dia 7 de junho, no Pombal Espaço Alternativo. A iniciativa é anual e voltada para bandas locais represen-tantes do estilo heavy metal e seus derivados. A atração de estreia foi a Nekrost, escolhida por causa da experiência e per-formance do grupo, segundo Keila Serruya, uma das inte-grantes da produtora.

Keila explica que o nome “Noi-te Negra” é uma referência as peças de roupas negras que os headbangers costumam vestir. “A ideia inicial era usar um es-paço todo negro, sem luz para o show. Mudamos de ideia e tudo deu certo. Mas o projeto propõe uma visualidade específica para cada banda”, diz. Ela enfatiza ainda que o projeto está previsto para acontecer em espaços não convencionais, provavelmente sempre no mês de julho.

Para o próximo ano ainda não foi fechado acordo com ne-nhuma outra banda, mas Keila revela que, entre as bandas de metal que admira estão a Bru-tal Exuberância, Eisenhower e Evil Syndicate. Entretanto, a produtora garante que o envol-vimento de várias linguagens artísticas é primordial no pro-jeto. “Senão ele se transforma em um show qualquer, e não é isso queremos, pode ter cer-teza”, avisa. “Não tem como pensar em música sem pensar no cênico, sem pensar no mo-vimento e nas possibilidades que a tecnologia lhe dá”.

Graças a qualidade da equi-pe que se envolveu na estreia da “Noite Negra”, Keila afir-ma que a primeira experiência correspondeu as expectativas. Embora já tenha proposto esse híbrido de linguagens no palco – primeiro com a cantora Elisa Maia e depois no lançamento do CD da Banda Roodie –,

Keila Serruya observa que não lembra de ter visto um projeto semelhante ao “Noite Negra” na cidade.

“Até 2012 estava à frente do festival Até o Tucupi e sempre achei importante trazer inter-venções cênicas e plásticas e ter projeções no fundo, mas nunca rolou um videoinstala-ção simultânea ao show, por exemplo. A ‘Noite Negra’ é um processo de educação do olhar e de educação auditiva. Fico feliz pelo resultado e em saber que a intervenção do (ator e diretor) Luiz Vitalli no começo do show causou tanto estranhamento aqueles jovens que vão apenas para show de metal. Gostei de ver alguns ami-gos LGBTs vendo uma travesti como uma caricatura do diabo projetada de forma gigantesca em um muro”, comenta.

O vocalista da Nekrost, Glau-ber Rico, afirma que a banda nunca havia tocado tão próxi-ma do público como na estreia da “Noite Negra”. “O objetivo do projeto é muito bom. E tocamos para uma plateia nova. Essa renovação de público é bem-vinda porque se por um lado uma parte não conhecia o som da banda, por outro lado já ficou conhecendo”, diz. Em agosto ou setembro, os integrantes do grupo planejam lançar o CD “The Dark Path”.

Além de Keila Serruya, que dividiu a produção com Thiago Hermido, participaram desse projeto Adroaldo Pereira (dire-ção de arte), Luiz Vitalli (perfor-mance), Cris Silva (projeções e vídeo instalações), Patrícia Fonttine (intérprete dos víde-os projeções), Marcos Maga-lhães (designer gráfico), Diego Batista (iluminação), Tamiris Lima, Felipe Fernandes, Felipe Fayal e Marcos Serruya (apoio técnico), Robert Coelho (vide-omaker), João Paulo Machado (fotógrafo), Thiago Grivot (téc-nico de som), Jessica Vincetine e Thiago Hermido (comunica-ção) e Vitor Alfaia (artesão da máscara).

Um vídeo resumo da “Noite Negra” está disponível no link https://vimeo.com/98755355.

Projeto “Noite Negra” é anual e dedicado a shows de bandas locais de heavy metal

Diversas artes emum só espaço

A banda Nekrost foi a escolhida para a estreia da iniciativa da produtora Picolé da Massa

A primeira edição do evento foi realizada dia 7 de junho, no Pombal

FOTOS: JOÃO PAULO MACHADO/DIVULGAÇÃO

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

D03 - PLATEIA.indd 3 4/7/2014 23:23:07

D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Melodia que traduz sentimento

“Alma Amazônica”, título do recital que o pianista alagoa-no Luciano Dantas preparou em homenagem ao composi-tor e pianista amazonense Ar-naldo Rebello (1905-1984), é uma referência ao sentimento que o artista reservava à Ama-zônia e como suas peças estão ligadas à cultura da região. A apresentação está marcada para segunda-feira, dia 7, a partir das 20h, no Shopping Ponta Negra.

O primeiro contato de Lu-ciano Dantas com a obra de Arnaldo Rebello aconteceu quando estudava num con-servatório em Aracaju. A pri-meira composição que ouviu foi “Lundu Amazonense”, por meio de uma professora que inclusive havia trabalhado com o artista amazonense em Salvador. “Eu me empolguei com o que ouvi e pedi a ela que me apresentasse outras músicas dele”, conta.

Entre as obras selecionadas por Luciano para o seu recital estão as “Valsas Amazônicas”,

que ele considera “verdadei-ras pérolas”. São elas, “Evo-cação de Manaus”, “Vitória Régia”, “Lúcia”, “Coração de Ouro”, “Leonora”, “Tarde no Igarapé”, “Igapós ao Luar” e “Obrigado Creuza”.

O pianista tocará ainda um pouco de outros gêneros musicais que Arnaldo Rebello compôs, entre eles “Lundu Amazonense”, “Lundu do Tio Juca”, “Chorinho na Canoa”, além de “Desafio”, “A Me-nininha da Rosa” e “Dança da Correnteza”.

TécnicaNo ano de 1990, Luciano

mudou-se para Manaus, onde manteve um contato maior com as composições de Ar-naldo Rebello, graças aos es-tudos com professoras como a pianista Ivete Ibiapina. “Há 5 anos eu apresento recitais onde interpreto somente as peças dele. Gosto muito de músicas com ritmos e ele compôs lundus, chorinhos. As obras do Arnaldo retratam muito bem a cultura local, como os costumes, paisa-gens e lendas amazônicas”,

analisa Luciano.O pianista observa que não

há dificuldades técnicas nas criações de Arnaldo Rebello. “Ele se preocupava mais com o sentimento do que com a técnica. A maioria dos com-positores de antigamente, como Beethoven e Mozart, compunha para sobreviver. O Arnaldo era, basicamente, um educador musical. Era tam-bém intérprete, mas não vivia disso. Então, quando escre-via, não era por encomenda, e sim, porque queria. Suas composições são providas de um cunho sentimental muito grande”, comenta Luciano.

Para o alagoano, Arnaldo Rebello é um artista amazo-nense que precisa ser mais valorizado. “Ele foi um divisor de águas porque criou o recital didático em que, além de tocar uma peça, o artista conta um pouco sobre determinado compositor. Suas apresenta-ções eram verdadeiras pa-lestras”, elogia Luciano, que estuda e toca piano há 30 anos.

No mês passado, ele lançou um CD independente onde

interpreta composições de bossa nova (“Garota de Ipa-nema”, “Eu Sei que Vou te Amar”), MPB (“Como É Grande o Meu Amor Por Você”) e do pop internacional (“Yester-day”, “Evergreen”).

Essencialmente, a produ-ção de Arnaldo Rebello é vol-tada para o piano. A sua obra abrange, além de canções tí-picas do Amazonas, ritmos das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país. Ele morreu no dia 8 de maio de 1984, no Rio de Janeiro.

HOMENAGEM

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

SERVIÇORECITAL “ALMA AMAZÔNICA”

Onde

Quando

Quanto

Praça de alimen-tação do Shop-ping Ponta Negra (avenida Coronel Teixeira, 5.705, Ponta Negra)

amanhã, às 20h

acesso gratuitoAlagoano, Dantas diz que Rebello deve ser mais valorizado

REPR

OD

UÇÃ

O

O livro de David Cohen tem o mérito de recuperar o cenário de usar a droga como fármaco e dá maus aspectos psicológicos às personagens da obra

‘Freud e a Cocaína’ traz psicanálise e remédios

Em uma cena do fil-me “Gênio Indomável” (1997), o professor de psicologia inter-

pretado por Robin Williams apresenta aos alunos o pai da psicanálise: “Na próxima aula, falaremos sobre Freud e o por quê de ele ter usado cocaína suficiente para matar um cavalo pequeno”.

O livro “Freud e a Cocaína”, do documentarista britâni-co David Cohen, é uma histó-ria das razões que levaram Freud a se tornar usuário da droga.

Após experimentar cocaína pela primeira vez em 1884 (por via oral; no século 19, o hábito de inalar cocaína ainda não existia), o médico vienense continuou a usá-la até pelo menos a primeira década do século 20.

Além disso, Freud recomen-dou o uso da droga à noiva (e depois mulher), Martha Bernays, e a amigos como o fisiologista Ernst Fleischl, viciado em morfina.

Para ele, era uma ferramen-ta para melhorar a disposição, o raciocínio e até para enfren-tar erupções de pus no nariz.

Tudo isso acontecia de for-ma legal -no fim do século 19, a cocaína era um fármaco comum, vendido sem receita, a exemplo de outras substân-cias hoje proibidas.

O livro de Cohen tem o mérito de recuperar esse ce-nário. Por outro lado, “psico-logiza” (no mau sentido) seus personagens.

O autor tenta atribuir o in-teresse de Freud pela cocaína à sua vida familiar, passando em revista as dificuldades fi-nanceiras de seus pais, um estelionato cometido por seu tio e um suposto caso amoroso entre sua mãe e seu meio-irmão Philipp.

Cohen também pesa a mão

ao responsabilizar o psica-nalista pela morte do amigo Fleischl, para quem o uso de cocaína, embora parecesse promissor no início, levou a um vício ainda mais devas-tador que a morfina.

Para o autor, Freud se reve-

lou um mestre do autoengano ao continuar defendendo a utilidade clínica da cocaína mesmo depois de ver que Fleischl tinha piorado.

Apesar de ter sido pioneiro da “cura pela fala”, Freud tam-bém se mostrava otimista, no fim da vida, com a perspecti-va de resolver doenças men-tais com remédios, criados a partir do conhecimento da biologia cerebral.

As últimas décadas viram avanços nesse campo, mas drogas capazes de curar depressão ou esquizofrenia ainda não existem. Apesar dos exageros, livro ajuda a desconstruir tanto o triunfa-lismo farmacêutico quanto o da psicanálise.

Após experimen-tar cocaína pela primeira vez em 1884, o médico

vienense con-tinuou a usá-la

até pelo menos a primeira década

do século 20

TRIUNFALISMOLivro desconstroi triunfalismo farma-cêutico e da psicaná-lise, mostrando que nem a “cura pela fala” nem o uso de remé-dios no tratamento de doenças mentais são absolutos

Para autor, Freud foi mestre do autoengano ao defender utili-dade clínica da cocaína mesmo depois de ver seu fracasso

FOTO

S: R

EPRO

DU

ÇÃO

D04 - PLATEIA.indd 4 4/7/2014 23:29:03

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoAté que não foi ruim Se os resultados de “Em

Família” fossem outros e a novela não observasse ta-manha turbulência duran-te o caminho, ela poderia continuar em exibição até o início de agosto. Não existia outro plano.

A Globo contava com isso ou um pouco mais.

Tanto assim que...Os contratos ”por obra”,

com uma boa maioria do seu elenco, foram negociados até o fi m de setembro.

Para essas pessoas em questão, serão dois meses recebendo sem a obrigação de trabalhar.

Amanda no arAmanda Françozo estreia

amanhã, 7, na Rede Brasil de Televisão o programa “A Tarde é Show”.

Diário e ao vivo, com exi-bição das 16h30 às 17h30, vai abordar temas relacio-nados à qualidade de vida, bem-estar, moda, beleza, além da participação do jornalismo. O programa também será transmitido na Internet.

Quebrando tabuFoi bastante interessan-

te verifi car que não exis-tiu barulho nenhum, como repercussão do beijo das

personagens da Giovanna Antonelli e Tainá Muller na novela “Em Família”.

Além de tudo o que isso

signifi ca, a partir de agora ninguém mais será obrigado ouvir se vai ter beijo ou não? O mundo girou.

Bate-rebate• O “Extra Ordinários”, do

SporTV, continua em desta-que no período da Copa do Mundo...

• ... É mais um daqueles, como o Boni sempre se re-feriu, sucesso na mídia...

• ... Com boas chances de entrar na grade normal, uma vez por semana...

• ... Difícil encontrar numa outra TV, coisas que são ditas por lá...

• ... Por exemplo: Maitê Pro-ença dizer “que o antônimo de boceta é piroca”...

• ... Aliás, no entender de al-guns, determinadas artistas, quando atingem certo limite, começam “decisar”...

• ... Falam isso sobre Susa-na Vieira, que diz tudo que vem a cabeça e agora sobre a Maitê...

• ... O sinônimo mais próxi-mo, segundo essas mesmas pessoas, é “desbocadas”.

Queda de braçoO Viva tem interesse em estrear na

sua programação o infantil “Xou da Xuxa”, informação inclusive já dada neste espaço. Só que para isso existe a necessidade de um amplo entendimen-to do canal de reprises com a Globo, como “dona do brinquedo”, e com a própria Xuxa, no caso do direito de imagem. Algo, que aqui do lado de fora, imagina-se, não está sendo nada fácil. Toda a questão encontra-se mesmo nas altas esferas das duas empresas, que operam com independência apesar de pertencerem ao mesmo grupo de comunicação.

A Globo confi rma para dia 14 a volta do “Programa do Jô”. E é evidente que nessa ausência, ex-clusiva para o período da Copa, tanto o apresentador quanto sua equipe acompanham os re-gistros de audiência das séries exibidas no horário, como “Re-venge” e “Under The Dome”, com números bem signifi cativos.

Resta saber o que isso poderá signifi car no futuro. No mínimo, provoca uma pressãozinha.

C’est fi ni

Caminho sem voltaTerça-feira, no Rio,

aconteceu uma festa de confraternização com o pessoal do “Superstar”, da Globo, que terá sua grande fi nal neste domingo.

Os resultados comer-ciais, de audiência e a repercussão na internet foram bastante comemo-rados pela equipe.

Ainda durante esse mo-mento de festa, o diretor de núcleo, Boninho, decla-rou que o futuro da TV é ter cada vez mais programas ao vivo.

E a Globo certamente não será indiferente a essa tendência.

GLO

BO

O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009) é, sem dúvida, um dos mais importantes intelectuais da humanidade. Pai da chamada antropologia estrutural, Lévi-Strauss buscou elucidar com sua obra a tentativa de compreen-der o Outro, a cultura dos chamados povos primitivos, a estrutura e as leis que a regulam.

Em “Tristes Trópicos” estamos diante de uma obra prima da litera-tura mundial. Escrita inicialmente para ser um romance, a obra acabou tomando contornos paradoxais: ao tentarmos buscar o antropólogo nos deparamos com o prosador, ao tentarmos encontrar o prosador nos deparamos com o antropólogo.

Escrita 15 anos depois de seu trabalho de campo no Brasil, “Tris-tes Trópicos” é marcado por uma fi na ironia, refl exão profunda e de expressão melancólica. A melanco-lia é expressa já no título do livro onde, segundo Lévi-Strauss, o pôr do sol visto no Brasil o remetia ao sentimento em voga.

O antropólogo contribuiu de for-ma expressiva para que se diminu-ísse as fronteiras cognitivas entre os povos. A refl exão para que a hu-manidade entendesse que o mundo é feito de povos e culturas das mais diversas, cujas práticas têm uma fi nalidade e importância para cada grupo, ganhou em “Raça e Cultura” a peculiaridade e a grandeza dos grandes mestres.

“Tristes Trópicos” nos leva a pen-sarmos sobre o assunto discutido semana passada a respeito da visão de alguns jogadores sobre a cida-de de Manaus. Em primeiro lugar trata-se de uma completa falta de informação (o que se esperar da grande maioria?) pois hoje, com a revolução informacional, não se pode tomar como desculpa o que já se está consolidado. Pelo menos em boa parte dos países, a comu-

nicação é parte de suas dinâmicas, logo, a busca pela informação é mais uma questão de opção – esta formada pela educação – do que à revelia. É o mesmo estigma do caso africano. É contraditório e ao mesmo tempo fascinante pensar-mos em como a região que “pariu” a humanidade é hoje o território mais pobre e “desconectado” do mundo. A falta de mão-de-obra qualifi cada além das redes de te-lecomunicações serem parcas e de tecnologia precária é um exemplo claro da falta de atrativos que a região exerce em outros países do ponto de vista de investimentos. Portanto, se as políticas públicas locais e internacionais não ofere-cem interesse na solução desses e de outros problemas, os indivíduos fazem de tudo para incluírem-se na Nova Era. Ditadores, pequenos grupos políticos regionais e “alguns nós de gestão fi nanceira e interna-cional” procuram se aproveitar ao máximo das vantagens oferecidas pelo poder e acabam por fazer parte de redes de conexão como o caso das redes do crime, das drogas, dos grupos de extermínio etc. Segundo alguns dados de especialistas, mais da metade da população africana não tem acesso à internet. O do-mínio do computador se restringe a pequenas atividades de rotina burocrática; a quantidade de ener-gia consumida na região é pequena o que acaba por não favorecer a rede elétrica e sem eletricida-de como fazer parte da revolução informacional?

Sem dúvida, o legado de “Tris-tes Trópicos” pode ser entendido através de diversos matizes. Os vínculos entre os povos e a com-preensão de suas identidades são aquilo que Lévi-Strauss chama de “antropologia”, uma linha que liga todos os povos e nos faz ser úni-cos, unos.

Márcio BrazE-mail: [email protected]

Márcio Brazator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural

Segun-do alguns dados de especialis-tas, mais da metade da população africana não tem acesso à internet. O domínio do computador se restringe a pequenas atividades de rotina burocrática”

O legado de ‘tristes trópicos’

Mário Adolfo

Gilmal

Regi

Elvis

D05 - PLATEIA.indd 7 4/7/2014 23:33:16

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Programação de TV

5h – Jornal Da Semana6h – Igreja Universal7h – Brasil Caminhoneiro7h30 – Planeta Turismo8h30 – Vrum9h – Sorteio Am. Dá Sorte 10h – Domingo Legal 14h – Eliana18h – Roda A Roda Jequiti18h45 – Sorteio Da Telesena19h – Progr. Silvio Santos23h – De Frente Com Gabi0h – Nikita1h – Alvo Humano2h – Pessoa De Interesse3h20 – Big Bang4h – Igreja Universal

SBT

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Esperar não é de seu temperamento. Você prefere sair fazendo. Mas, neste momento, talvez tenha que agir com a mente, isto é, refl etir, ao invés de tentar sair fazendo coisas.

TOURO - 20/4 a 20/5 Você tende a estar muito envolvido com algo que está sentindo em relação ao trabalho. As difi culdades materiais se afastam e você começa a pensar em novos projetos.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Momento estimulante para os relacionamen-tos próximos e associações. Mas o espírito crítico está presente, prejudicando aquilo que poderia ser muito melhor e mais completo.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Momento para se dedicar às tarefas co-tidianas, no campo do conforto e saúde pessoal assim como no trabalho. Suas esperanças se renovam pela abertura de novos horizontes.

LEÃO - 23/7 a 22/8 É tempo de pensar em suas relações de um ponto de vista útil e produtivo. mais do que discutir e tentar acertar pontos impossíveis com as pessoas,. Firme o que lhe faz bem.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Momento favorável para cuidar da casa e do ambiente doméstico. Evite ser crítico com as pessoas próximas. As relações se enriquecem e trazem renovação para as esperanças.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Procure ser objetivo nos assuntos a tratar, mas sem ferir a sensibilidade alheia. Per-ceba como há no ar novas possibilidades rondando o trabalho.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 As preocupações se voltam para a lida com posses materiais e dinheiro. Nada de impor-tante deverá acontecer, mas seus sentimen-tos teimarão em se preocupar demais.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Disposição oscilante e imaginação muito fértil nas lidas de rotina. Depois de lidar com os pequenos problemas cotidianos, busque o contato com sentimentos e anseios pro-fundos.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 É tempo de se ocupar da produção material e organização de seus proventos fi nanceiros. Estímulo para o convívio social, mas o espírito crítico pode gerar desconfi ança.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Prepare o espírito para o futuro, contatando as esperanças que agora se renovam. Você se fortalece em seus sentimentos amorosos e naquilo que acende sua vontade de viver.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Tendência a se recolher e a dedicação exagerada às preocupações, talvez com saúde ou com problemas materiais. Con-vém não se deixar levar completamente por preocupações.

Cruzadinhas

O ator Bruce Willis (à direita) encabeça o elenco de “Red - Aposentados e Perigosos”, na Globo

DIVULGAÇÃO

BAND5h – Tartarugas Ninja6h – Popeye6h30 – Sta Missa No Seu Lar7h30 – Sabadão Do Baiano8h – Power Rangers + Popeye

4h35 – Santa Missa

5h35 – Amazônia Rural

6h05 – Pequenas Empresas,

Grandes Negócios

6h40 – Globo Rural

8h – Fórmula 1 – Grande Prêmio

Da Inglaterra

9h48 – Auto Esporte

10h08 – Esporte Espetacular

12h – Esquenta

13h45 – Temperatura Máxima

16h05 – Domingão Do Faustão

19h45 – Fantástico

22h10 – Superstar

23h35 – Domingo Maior – Red

– Aposentados E Perigosos

1h30 – Sessão De Gala

– Número 9

3h15 – Hawaii Five-0

4h – Festival De Desenhos

GLOBO

Cinema

Transformers - A Era da Extinção: EUA. 12 anos. Alguns anos após o grande confronto entre Autobots e Decepticons em Chicago, os gigantescos robôs alie-nígenas desapareceram. Eles são atualmente caçados pelos humanos, que não desejam passar por apuros novamente. Quando Cade encontra um caminhão abandonado, ele jamais poderia imaginar que o veículo é na verdade Optimus Prime, o líder dos Autobots. Muito menos que, ao ajudar a trazê-lo de volta à vida, Cade e sua fi lha Tessa entrariam na mira das autoridades americanas. Cinemark 21h15 (3D/dub/diariamente), Cinemark 7 – 18h30 (3D/dub/exceto sexta-feira), 22h (3D/dub/diariamente); Cinépolis Millennium 1 – 18h (3D/leg/exceto sexta-feira e sábado), 21h30 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 18h30, 21h50 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Plaza 2 – 18h30 (3D/dub/exceto sexta-feira e sábado), 22h (3D/dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 17h10 (3D/leg/ex-ceto sexta-feira), 21h10 (3D/leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 4 – 18h30 (3D/dub/exceto sexta-feira), 22h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 18h (3D/leg/exceto sexta-feira), 21h30 (3D/leg/diariamente); Playarte 1 – 15h05, 20h25 (3D/dub/exceto sexta-feira), 20h20 (3D/dub/somente sexta-feira).

O Céu É de Verdade: EUA. Livre. Baseado no livro homônimo, “O Céu É de Verdade” traz para as telas a história real de um pai de uma cidade pequena que precisa encontrar coragem e convicção para dividir com o mundo a extraordinária história de seu fi lho. O ator Greg Kinnear interpreta Todd Burpo e Kelly Reilly inter-preta Sonja Burpo, o casal real cujo fi lho Colton (Connor Corum) afi rma ter visitado o Céu durante uma experiência de quase morte. Colton conta os detalhes de sua jornada com a inocência de uma criança e fala com naturalidade sobre coisas que aconteceram com ele antes de seu nascimento… coisas que ele não poderia saber. Todd e sua família são então desafi ados a examinar o signifi cado deste evento notável. Cinépolis Ponta Negra 2 – 18h10 (leg/exceto sexta-feira).

Khumba: EUA. Livre. Acusada por seu supersticioso bando de trazer azar para o grupo, uma jovem zebra que tem listras em apenas metade do corpo embarca numa perigosa jornada em busca da normalidade. Cinemark 4 – 14h40, 19h10 (3D/dub/exceto sexta-feira), 12h30 (dub/diariamente), 16h50 (dub/exceto sexta-feira); Cinépolis Millennium 3 – 13h55, 16h (3D/dub/diariamente); Cinépolis Plaza 2 – 13h50, 16h (3D/dub/exceto sexta-feira e sábado); Cinépolis Ponte Negra 4 – 13h30 (3D/dub/exceto sexta-feira e sábado), 16h (3D/dub/diariamente); Ciné-polis Ponta Negra 6 – 14h30, 19h45 (dub/exceto sexta-feira); Kinoplex 3 – 16h10 (3D/dub/diariamente).

O Espelho: EUA. 14 anos. Tim e Kaylie são dois irmãos traumatizados pela morte inexplicada dos pais. Quando Tim sai de um hospital psiquiátrico, após anos internado, ele tem certeza de que a causa da tragédia familiar é um grande espelho que acompanha a família há séculos. Cercados por fenômenos paranormais, os dois tentam provar que o objeto é o verdadeiro responsável pela sangrenta história de seus ascendentes. Cinemark 5 – 16h30, 18h50 (dub/exceto sexta-feira), 21h30 (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis Ponta Negra 9 – 15h15 (dub/exceto sexta-feira), 21h (leg/sexta-feira); Playarte 1 – 13h, 18h20 (dub/exceto sexta-feira), 13h15, 23h35 (dub/somente sexta-feira), 23h40 (dub/somente sábado).

Não Aceitamos Devoluções: EUA. 12 anos. Valentin sempre levou uma vida despreocupada no México, saindo com várias mulheres e alternando entre pequenos trabalhos. Um dia, uma mulher bate à sua porta e lhe deixa um bebê, dizendo ser sua fi lha. Apesar da surpresa inicial, Valentin se muda para os Estados Unidos e cria a pequena Maggie durante vários anos, tornando-se um homem responsável e encontrando um emprego fi xo como dublê em fi lmes de ação. Seis anos mais tarde, a mãe de Maggie reaparece, com a intenção de levar a fi lha de volta com ela. Cinépolis Ponta Negra 8 – 17h45 (dub/exceto sexta-feira), 20h45 (leg/diariamente).

Causa e Efeito: BRA. 14 anos. O policial Paulo (Matheus Prestes) enfrenta um grande trauma, após perder a esposa e o fi lho em um acidente de carro. Ele não consegue aceitar o fato de que o responsável pelo crime não tenha sido punido, e acaba decidindo fazer justiça com as próprias mãos. Paulo passa a matar outras pessoas, mas não consegue assassinar Madalena, quando descobre a sua triste história de vida. Os dois se apaixonam e fogem juntos, usando as palavras de um padre, um pastor e um espírita para reconstruir as suas vidas. Cinépolis Ponta Negra 10 – 19h (exceto sexta-feira), 21h45 (diariamente).

ESTREIAS

CONTINUAÇÕESOs Muppets 2 – Procurados e Amados:

EUA. Livre. Cinemark 5 – 11h15 (dub/dia-riamente), 13h15 (dub/exceto sexta-feira); Cinépolis Ponta Negra 8 – 15h (dub/exceto sexta-feira).

Amazônia: BRA. Livre. Cinemark 2 – 11h10, 13h10 (diariamente), 15h20 (ex-ceto sexta-feira); Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h (diariamente); Kinoplex 1 – 14h30 (diariamente).

Um Plano Brilhante: EUA. 12 anos. Playarte 2 – 18h30, 20h30 (leg/exceto sexta-feira), 20h, 22h (leg/somente sexta-feira), 22h30 (leg/somente sábado).

Transcendence: EUA. 12 anos. Cinépolis Ponta Negra 3 – 22h10 (leg/diariamente); Playarte 10 – 13h05, 20h45, 23h05 (dub/somente sexta-feira), 13h40, 16h05, 18h30, 20h55 (dub/exceto sexta-feira), 23h20 (dub/somente sábado).

Décimo Terceiro Distrito: EUA. 14 anos. Cinemark 6 – 19h (dub/exceto sexta-feira e terça-feira), 21h (dub/diariamente), 23h10 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Vizinhos: EUA. 14 anos. Cinemark 2 – 18h40 (dub/diariamente), Cinemark 7 – 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 8 – 19h15 9dub/diariamente), 21h45 (leg/diariamente).

Como Treinar o Seu Dragão 2: EUA. Livre. Cinemark 1 – 12h05 (dub/diariamente),

14h30, 17h10, 19h40 (dub/exceto sexta-fei-ra), Cinemark 6 – 11h25 (dub/diariamente), 13h50 (dub/exceto sexta-feira e terça-feira), Cinemark 7 – 11h (dub/diariamente), 13h20, 16h (dub/exceto sexta-feira); Cinépolis Mil-lennium 1 – 13h, 15h30 (3D/dub/exceto sexta-feira e sábado), Cinépolis Millennium 8 – 13h45, 16h40, 19h, 21h45 (dub/diaria-mente); Cinépolis Plaza 1 – 13h15, 15h45, 18h10, 21h30 (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 4 – 14h, 17h, 19h30 (dub/diariamen-te), Cinépolis Plaza 5 – 14h, 17h, 19h30, 22h10; Cinépolis Ponta Negra 1 – 14h10 (3D/dub/exceto sexta-feira), Cinépolis Ponta Negra 2 – 15h10 (dub/exceto sexta-feira), 20h10 (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 13h (3D/dub/somente sábado e domingo), Cinépolis Ponta Negra 9 – 13h15 (dub/somente sábado e domingo), 18h15 (dub/exceto sexta-feira); Kinoplex 1 – 16h20, 18h40 (dub/diariamente); Kinoplex 3 – 14h, 18h10 (3D/dub/diariamente); Playarte 3 – 12h40, 14h50, 17h, 19h10, 21h20 (dub/exceto sexta-feira), 12h50, 20h05, 22h15 (dub/somente sexta-feira), 23h30 (dub/so-mente sábado), Playarte 4 – 13h30, 15h40, 17h50, 20h (dub/exceto sexta-feira), 13h30, 20h30, 22h40 (dub/somente sexta-feira), 22h10 (dub/somente sábado).

BBC Earth? Pequenos Gigantes: EUA. Livre. Cinemark 5 – 15h25 (dub/exceto

sexta-feira), Cinemark 8 – 15h (dub/exceto sexta-feira), 11h05 (dub/diariamente).

A Culpa é das Estrelas: EUA. 12 anos. Cinemark 6 – 16h10 (dub/exceto sexta-feira e terça-feira), Cinemark 8 – 12h20 (dub/diariamente), 16h40, 19h30 (dub/ex-ceto sexta-feira), 22h20 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 4 – 14h50, 17h45, 20h45 (dub/diariamente), 15h, 19h20, 22h10 (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 3 – 13h30, 17h15, 20h (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 8 – 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 13h10 (leg/somente sábado e domingo), 16h10, 19h20 (leg/exceto sexta-feira), Ci-népolis Ponta Negra 7 – 14h15 (dub/exce-to sexta-feira), 20h (dub/diariamente), 17h (leg/exceto sexta-feira); Kinoplex 2 – 13h10, 15h40, 18h20 (dub/diariamente), 21h10 (leg/diariamente); Playarte 6 – 13h10, 20h10, 22h45 (dub/somente sexta-feira), 13h15, 15h50, 18h25, 21h (dub/exceto sexta-feira), 23h30 (dub/somente sábado), Playarte 7 – 13h11, 20h11, 22h46 (dub/so-mente sexta-feira), 13h16, 15h51, 18h26, 21h01 (dub/exceto sexta-feira), 23h36 (dub/somente sábado).

Malévola: EUA. 10 anos. Cinemark 3 – 14h, 16h20, 18h40 (dub/exceto sexta-fei-ra), 20h50 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis

Millennium 7 – 14h, 16h20, 18h45, 21h (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 6 – 22h15 (dub/diariamente).

Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou: BRA. 14 anos. Cinemark 2 – 17h30, 20h (exceto sexta-feira), 22h30 (diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 14h15, 19h45 (dub/diariamente); Kinoplex 1 – 21h (diariamente); Playarte 8 – 12h35, 14h45, 16h55, 19h05, 21h15 (dub/exceto sexta-fei-ra), 13h25, 20h25, 22h35 (somente sexta-feira), 23h25 (somente sábado).

No Limite do Amanhã: EUA. 12 anos. Playarte 5 – 13h15, 20h20, 22h40 (dub/so-mente sexta-feira), 13h50, 16h10, 18h30, 20h50 (dub/exceto sexta-feira), 13h50, 16h10, 18h30, 20h50 (dub/exceto sexta-feira), 23h10 (dub/somente sábado).

X-Men – Dias de um Futuro Esque-cido: EUA. 12 anos. Cinemark 1 – 22h10 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 2 – 15h45, 18h45, 22h (leg/diariamente); Cinépolis Millennium 6 – 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 6 – 15h, 18h, 21h (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 7 – 16h45, 22h15 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 6 – 16h45 (leg/exceto sexta-feira); Playarte 9 – 12h50, 15h20, 17h50, 20h20 (dub/exceto sexta-feira), 13h35, 20h40, 23h10 (dub/somente sexta-feira), 22h50 (dub/somente sábado).

9h30 – Popeye

9h45 – Informercial – Polishop

10h15 – Irmão Caminhoneiro

– Boletim

10h20 – Pé Na Estrada – Boletim

10h45 – Verdade E Vida

11h – Porsche Cup - Gp De

Interlagos/sp

14h – Band Esporte Clube

14h45 – Fórmula Indy – Gp De

Pocono/eua

15h – Copa Do Mundo

– Compacto

17h – Terceiro Tempo

19h – Band Na Copa

20h – Só Risos

21h – Pânico Na Band

0h – Band Na Copa

0h30 – Canal Livre

1h30 – Show Business – Reapre-

sentação

2h20 – Diário Da Copa

3h – Igreja Universal

D06 - PLATEIA.indd 6 4/7/2014 23:38:22

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

::::: Justa homenagem

O projeto “Amazonas de Todas As Artes” encerra no próximo dia 13 a progra-mação cultural oferecida pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (SEC), durante a Copa do Mundo da Fifa 2014. Mais de 40 mil artistas participaram de quase mil atividades que incluíram teatro, mú-sica, cinema, dança e artes plásticas, entre outras ma-nifestações artísticas.

Ao longo da realização dessa programação cultu-ral, milhares de torcedores vindos de todas as partes do mundo elegeram o largo São Sebastião como o “point” da Copa; na verdade, o ponto de encontro da festa.

“A receptividade do povo manauense, com certeza, teve fundamental importân-cia para a divulgação desse espaço que já se tornou re-ferência no Brasil”, observa o secretário de Estado de Cultura, Robério Braga.

Com o aumento do nú-mero de espectadores, a agenda cultural foi intensi-fi cada nos espaços do en-torno do Teatro Amazonas, e claro, principalmente no largo São Sebastião. Por isso, vários artistas locais tiveram a oportunidade de divulgar seu trabalho a um público mais amplo em praça pública.

“Foi uma programação vitoriosa, já que o Largo foi eleito o ‘point’ na Copa. Ainda estamos fazendo o balanço do projeto, mas já podemos comemorar, pois o local ganhou novo desta-que”, explica Robério.

Para atender a grande demanda de turistas, fo-

ram instalados dois telões, milhares de cadeiras e ba-nheiros químicos, além de duas ambulâncias e a pre-sença constante da Polícia Militar. Mesmo com os fi ns dos jogos em Manaus, a SEC vai continuar com a agenda diária de programa-ções artísticas e na torcida para que a Seleção Brasi-leira de Futebol siga até a fi nal da Copa do Mundo da Fifa 2014.

Dança e músicaUm dos destaques de

hoje do projeto “Amazo-nas de Todas as Artes”é o espetáculo “Herança Afri-cana”, do Balé Folclórico do Amazonas, que propõe uma refl exão sobre a pre-sença e a infl uência do ne-gro na cultura brasileira. A última apresentação no Teatro Amazonas, aconte-ce às 19h, com vendas de ingressos na bilheteria.

Outra atração é o musical “Podem me Chamar de Chi-co”, que retorna aos palcos com Lucilene Castro, Márcia Siqueira, Cinara Nery, Mar-cos Paulo e Zezinho Corrêa no Teatro da Instalação (rua Fei José dos Inocentes, s/nº, Centro), às 20h. O quinteto vai prestar tributo a três grandes representantes da música brasileira: Chi-co Buarque, Chico César e Chico da Silva.

Com direção de William Pereira e Márcio Braz, a fi -cha técnica do show conta ainda com a colaboração de Monique Andrade nas core-ografi as, fi gurinos de Rizzo Andrade, direção musical de Hudson Alves e sonorização de Reldson de Paula. A en-trada é franca.

‘Amazonas de Todas as Artes’ continua até o dia 13

DIV

ULG

AÇÃO

O largo São Sebastião se tornou o ‘point’ da Copa

CULTURA

A quem interessar possa – e sei que interessa a muitos – os fãs da boa e velha MPB estão ansiosíssimos pelo próximo dia 31. O motivo? A apresentação em solo baré do show ‘Carta de amor’ da Abelha Rainha, assinado pelo visionário Juca Semen. Como já esperava-se: ingressos esgo-tados, detalhes alinhavados e concha pronta para receber Bethânia. Aliás, não são apenas os fãs que estão almejando o encontro, a diva também anseia por apresentar-se em Manô. Eu vou!

::::: A noite promete

Sala de Espera

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Com o apoio da administração Melo, por meio da Sejel, acontece hoje, a 3ª etapa do Campeonato Amazonense de Ciclismo, às 8h. Além da corrida de praxe, com mais de 150 ciclistas inscritos, o evento contará com uma homenagem mais que merecida ao ciclista Raimundo Almeida, uma lenda viva do pedal, com mais de 50 anos de carreira. O centro histórico de Manaus, serve de percurso. Um charme!

Nas últimas duas se-manas a coluna recebeu e-mails reclamando do assédio incansável e in-conveniente das empresas que fazem propaganda das formas mais irritantes possíveis. Conseguem seu número, e-mail e até fax – sim, fax! – para propagar um produto, um serviço ou qualquer outra coisa na qual não há interesse algum. O pior é que não param quando pedimos, uma dica da coluna: cabe procurar o Procon-AM, viu?!

::::: Tudo tem limite

::::: A coluna agradece

Na última quinta-feira foi a celebração de um ano da viagem da saudosa Raimunda Barreto, mais conhecida como Miss M., a emoção tomou conta da ce-lebração conduzida com maestria pelo Pe. Mauro Cleto, o Espírito San-to fez-se presente. A reunião contou com presenças funda-mentais para o editor deste espa-ço e agradeço de coração os abra-ços, as orações e vibrações positivas mais que imprescin-díveis para que a caminhada continue. Merci!

Amanhã, a competente Jacira Oliveira estará trocando de idade. Os cumprimentos da coluna.

O espetáculo genuinamente local, Blanche Dubois tem sua apresentação agendada para amanhã, às 21h, no Teatro Amazonas, com venda de ingresso na bilheteria do lugar.

Amanhã, a praça de alimentação do Shopping Ponta Negra terá uma atração especial. O pianista Luciano Dantas apresentará o recital de piano “Alma Amazônica”, em homenagem à comemo-ração do aniversário de 109 anos do músico amazonense Arnaldo Rebello.

O Centro de Idiomas da Fucapi está com matrículas abertas para os cursos de Inglês e Espanhol da próxima terça-feira ao dia 7 de agosto, com turmas para as unidades do Distrito Industrial e Boulevard.

Marcela Catunda comandou mesa das mais animadas para celebrar sua sessão parabéns,

no Alentejo, com Maria João, Júnior Catunda, Adriana Cidade e Van-

dex Alvino.

Tudo vermelho: a celebrada aniver-sariante da Ilha, Socorro Iannuzi,

dividindo com Menga Junqueira

os holofotes da festa de aniver-

sário dela que movimentou o

Solar da family em Parintins

Anfi trião dos mais prestigiados, Antônio Silva orques-trou encontro festejado entre as forças armadas na

sua Diúkêrê, durante o festival parintinense. A visão privilegiada do Macurany encantou a todos os coman-

dantes que foram conferir o bucólico lugar

O governador José Melo e o prefeito Arthur Virgílio Neto reinauguraram o Estádio da Colina, agora chamado Estádio Ismael Benigno, em homenagem ao patrono do clube de futebol São Raimundo, dono da casa. Apesar de ser menor que o anterior, o estádio foi construído dentro das normas das arenas da Fifa

MAR

INH

O R

AMO

S

MAR

INH

O R

AMO

S

MAN

OEL

NET

TO

MAN

OEL

NET

TO

D07 - PLATEIA.indd 7 4/7/2014 23:40:17

D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE JULHO DE 2014

Em entrevista exclusiva, o músico Mauro Júnior, do Revelação, fala sobre a saída do vocalista Xande de Pilares e do show em Manaus, dia 9 de agosto, no Studio 5

Sucessos do samba ao vivo e em 360º

Considerado um dos grupos de samba mais importantes do país, com mais de

20 anos de estrada, o grupo Revelação voltará a Manaus para mais um show. No dia 9 de agosto, na arena do Studio 5 (Distrito Industrial), a Fábrica de Eventos traz o show do grupo carioca que vai marcar a despedida do vocalista Xande de Pilares, posto que será assumido por Almirzinho e será apresentado aos fãs amazonenses.

Em entrevista exclusiva ao EM TEMPO, o integrante do Revelação, Mauro Júnior (ban-jo e voz), destacou o projeto “Revelação 360º Ao Vivo”,

que está percorrendo todo o país. É um projeto ousado e visa aproximar o grupo do público espectador e, é claro, dos seus fãs. O formato foi adotado para a gravação do DVD de mesmo nome, lançado em 2012.

Com a decisão de Xande de Pi-lares de sair do grupo, anunciada em abril deste ano, o show “360º Ao Vivo” acabou se tornando o show de despedida do vocalista, contou Mauro. “O ‘360º’ é um projeto eterno. É essa pegada de estar perto do público, uma roda de samba onde todos pos-sam nos ver da mesma forma. Independentemente da saída do Xande, daqui a uns anos nós po-deremos continuar fazendo esse

formato de show”, disse.

UnanimidadePara seguir com o grupo,

Almirzinho, filho do sambista Almir Guineto, foi a voz esco-lhida por unanimidade entre os colegas. Ao ser questionado so-bre o substituto de Xande nos vocais do Revelação, Mauro Júnior foi enfático em dizer que Almirzinho mereceu a oportu-nidade que lhe foi dada.

“Nós já temos uma amizade de muito tempo. Há oito anos ele é nosso convidado no bloco de Carnaval do qual fazemos parte em Salvador. Sabemos da qualidade dele como mú-sico. É alguém bem próximo. Tudo isso somou para que

todos do grupo concordassem que ele seria o novo vocalista do Revelação”.

Ao falar sobre o retorno do grupo à capital amazonense, Mauro ressaltou a afinidade com os manauenses. “O sen-timento de tocar em Manaus é sempre o melhor possível. O carinho do povo dessa cidade é ótimo, mesmo com a mu-dança de cantor tenho certeza que a receptividade vai ser a mesma. Estamos encontran-do muita força para seguir, muita gente está ajudando a nos manter e o povo de Manaus também vai nos dar essa força para que o grupo continue com o sucesso que sempre foi ”, finalizou.

DIVULGAÇÃO

Show com ex-integrante de ‘Os Morenos’ no Lappa

O ex-integrante do grupo carioca Os Morenos, Charlles André, sobe ao palco do Lappa Bar hoje, com um repertório de sucessos de samba e pago-de, que são interpretados por artistas consagrados do rit-mo. Para animar ainda mais o público, o Pagodão terá ainda os shows das bandas locais Nosso Caso, Pagode dos Amigos e Herlon & Ban-da. A casa abre às 15h com open bar de cerveja Brahma até as 18h.

Charllinhos fez diversos tra-balhos como músico acompa-nhante de grandes artistas como Zeca Pagodinho, Som-brinha, Leci Brandão, Arlindo Cruz e Jovelina Pérola Negra, entre outros. Durante seis

anos, ele assumiu os vocais do grupo Os Morenos, mas continuou compondo. Entre as músicas de sua autoria, que mais se destacam, es-tão, “Camisa 10”, “Tanaju-ra”, “A Linguagem dos Olhos”, “O Meu Coração Chora”, entre outras.

Com Os Morenos, o artista gravou seis discos, o último “Ao Vivo” em show no Olimpo com os melhores sucessos da carreira do grupo. Charlles André tem várias influên-cias instrumentais, mas as principais que ele destaca são Mauro Diniz no cavaco, Arlindo Cruz no banjo, e no violão e contrabaixo, respec-tivamente, Billy Teixeira e Paulinho Barriga.

Responsável pelo banjo do grupo, Mauro Júnior diz que, daqui a uns anos, o Revelação ainda poderá tocar nesse formato de show

DIVULGAÇÃO

Charlles André, o Charllinhos, tocará músicas de sua autoria

Obra dos Mutantes em boxe especialSeis discos da banda brasileira

de rock psicodélico Os Mutantes serão relançados numa caixa especial, que ainda incluirá um sétimo CD que reúne raridades. O anúncio foi feito pelo próprio grupo, no Facebook.

Os álbuns relançados cobrem o período inicial da banda, entre 1968 e 1972, quando a forma-ção dos Mutantes consistia de

Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.

“Os Mutantes” (1968), “Mu-tantes” (1969), “A Divina Co-média ou Ando Meio Desliga-do” (1970), “Jardim Elétrico” (1971) e “Mutantes e seus Cometas no País do Baurets” (1972) foram os escolhidos – além do álbum “Tecnicolor”, que saiu em 2000, mas foi

gravado em Paris em 1970.O sétimo disco é “Mande um

Abraço Pra Velha”, compilação de gravações raras dos Mutan-tes. A faixa-título vem de um compacto lançado em 1972, quando Rita Lee estava prestes a deixar a banda.

A caixa deve sair por R$ 180 e será vendida a partir de 29 de julho.

Segundo anúncio no Facebook do grupo, serão relançados discos produzidos entre 1968 e 1972

DIVULGAÇÃO

MÚSICA

PAGODE

D08 - PLATEIA.indd 8 4/7/2014 23:43:35