em tempo - 29 de março de 2015

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 ANO XXVII – N.º 8.667 – DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ MÁX.: 30 MÍN.: 25 TEMPO EM MANAUS DENÚNCIAS • FLAGRANTES 98116-3529 A portuguesa Matilde Cam- pilho encontrou-se com sua poesia no Rio, onde vive há três anos. Atração da próxima Flip, ela lança “Jóquei”, dia 16. “Faça o que você quiser, mas seja engraçado”. Essa é a dica do humorista Nelson Freitas, em Manaus para apresentar o espetáculo “Gigantes do Riso”. PLATEIA No desfile que comemorou 42 anos da marca, a Ellus mais uma vez evocou seu espírito ro- queiro, acrescentando leveza com o colorido dos anos 80. FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELEIÇÕES, ELENCO E CURUMIM. CURUMI M O indiozinho dá um mergulho nas artes plásticas e conta a história de Candinho (Cân- dido Portinari), um garotinho que gostava de desenhar e virou o maior pintor brasileiro. DIEGO JANATÃ AOS QUE PARTIRAM Velas, flores, lágrimas, orações e lembranças. Essas foram as imagens e sentimentos que marcaram o aniversário de um ano da tragédia que vitimou 16 pessoas no dia 28 de março de 2014. Familiares e amigos retornaram ao local da tragédia para homenagear os mortos. Última Hora A2 Arthur Neto conforta dona Francisca Alves, que perdeu o irmão no acidente ELES ESTÃO DE OLHO NA CADEIRA DE ARTHUR Já foi dada a largada na corrida eleitoral à Prefeitura de Manaus. As eleições acontecem somente em outubro de 2016, no entanto, os partidos e caciques da política amazonense já começam a manter conversas e articulações com possíveis aliados para disputar o Executivo municipal. O prefeito Arthur Neto (PSDB) já anunciou, pelas redes sociais, que é candidato à reeleição. Mas estão de olho em sua cadeira os deputados federais Hissa Abrahão (PPS) e Alfredo Nascimento (PR), além dos ex-deputados Marcelo Ramos (PSB) e Eron Bezerra (PCdoB). Também não se descarta os nomes de Amazonino Mendes (PTB), da senadora Vanessa Grazziotin e até da deputada estadual Alessandra Campêlo (PCdoB), política de primeiro mandato. Política A7 Marcos “Loro” é o novo campeão dos galos do Bellator. Ele finalizou Joe Warren e ficou com o Cinturão de Ouro. Última Hora A2 Amaz o nense derrota Warren e é campeão Postura, alimentação e, princi- palmente, cuidados com a pele são algumas das preocupações que a mamãe de primeira viagem deve ter durante a gravidez.

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

ANO XXVII – N.º 8.667 – DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

MÁX.: 30 MÍN.: 25TEMPO EM MANAUS

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

98116-3529

A portuguesa Matilde Cam-pilho encontrou-se com sua poesia no Rio, onde vive há três anos. Atração da próxima Flip, ela lança “Jóquei”, dia 16.

“Faça o que você quiser, mas seja engraçado”. Essa é a dica do humorista Nelson Freitas, em Manaus para apresentar o espetáculo “Gigantes do Riso”.

PLATEIA

No desfi le que comemorou 42 anos da marca, a Ellus mais uma vez evocou seu espírito ro-queiro, acrescentando leveza com o colorido dos anos 80.

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELEIÇÕES, ELENCO E CURUMIM.

CURUMIMO indiozinho dá um mergulho nas artes

plásticas e conta a história de Candinho (Cân-dido Portinari), um garotinho que gostava de desenhar e virou o maior pintor brasileiro.

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ATÃ

AOS QUE PARTIRAMVelas, fl ores, lágrimas, orações e lembranças. Essas foram as imagens e

sentimentos que marcaram o aniversário de um ano da tragédia que vitimou 16 pessoas no dia 28 de março de 2014. Familiares e amigos retornaram ao local da tragédia para homenagear os mortos. Última Hora A2

Arthur Neto conforta dona Francisca Alves, que perdeu o irmão no acidente

ELES ESTÃO DE OLHO NA CADEIRA DE ARTHUR

Já foi dada a largada na corrida eleitoral à Prefeitura de Manaus. As eleições acontecem somente em outubro de 2016, no entanto, os partidos e caciques

da política amazonense já começam a manter conversas e articulações com possíveis aliados para disputar o Executivo municipal.

O prefeito Arthur Neto (PSDB) já anunciou, pelas redes sociais, que é candidato à reeleição. Mas estão de olho em sua cadeira os deputados federais Hissa Abrahão (PPS) e Alfredo Nascimento (PR), além dos ex-deputados Marcelo Ramos (PSB) e Eron Bezerra (PCdoB).

Também não se descarta os nomes de Amazonino Mendes (PTB), da senadora Vanessa Grazziotin e até da deputada estadual Alessandra Campêlo (PCdoB), política de primeiro mandato. Política A7

Marcos “Loro” é o novo campeão dos galos do Bellator. Ele fi nalizou Joe Warren e fi cou com o Cinturão de Ouro. Última Hora A2

Amazonensederrota Warren

e é campeão

Postura, alimentação e, princi-palmente, cuidados com a pele são algumas das preocupações que a mamãe de primeira viagem deve ter durante a gravidez.

ELES ESTÃO DE OLHO NA CADEIRA DE ARTHUR

eleições acontecem somente em outubro de 2016, no entanto, os partidos e caciques da política amazonense já começam a manter conversas e articulações com possíveis aliados para disputar o Executivo municipal.

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Copiloto planejava grande gesto, diz ex-namorada

SÃO PAULO, SP (FO-LHAPRESS) – Andreas Lubitz, 27, o copiloto acu-sado de ter derrubado de-liberadamente um Airbus A320 da companhia alemã Germanwings, que caiu na última terça-feira (24) nos Alpes franceses e matou seus 150 ocupantes, disse a uma ex-namorada que estava em tratamento psi-quiátrico e que planejava um grande gesto do qual todos se lembrariam dele.

O jornal alemão “Bild” publicou ontem entrevis-ta com ela, uma mulher identificada apenas como Maria W., que afirmou ter mantido um relacionamen-to com Lubitz em 2014. “Quando soube do aciden-te, lembrei de uma frase que ele me disse algumas vezes”, contou Maria, uma

comissária de bordo de 26 anos. “Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele”, completou ela.

“Na época, eu não sabia o que ele queria dizer com isso, mas agora é óbvio”, disse. “Ele fez isso porque percebeu que, devido a seus problemas de saúde, seu grande sonho de trabalhar na Lusthansa, de ter o cargo de piloto em voos de longa distância, era praticamen-te impossível”.

A mulher ainda disse que Lubitz nunca falou muito sobre sua doença, “somente que estava em tratamento psiquiátrico”. O porta-voz do Grupo Luf-thansa, ao qual pertence a Germanwing, não quis comentar a notícia.

TRAGÉDIA

‘Loro’ é o novo campeão dos galos no Bellator

O Brasil tem mais um campeão no Bellator. Na noite desta sexta-feira (27), em Thackerville, Oklahoma (EUA), o manauense Marcos “Loro” Galvão derrotou Joe Warren na disputa dos galos com uma linda finalização para ser o novo detentor do cinturão da categoria na entidade.

No segundo round, o bra-sileiro aplicou uma leg-lock perfeita na perna direita do adversário para conseguir o título. O mais curioso que foi a primeira vez que ele venceu um combate com uma finali-zação, que é considerada sua especialidade. No seu cartel no MMA, ele tem agora 17 vitórias, seis derrotas e um empate.

Foi também a revanche perfeita para “Loro”, derro-tado por Warren em decisão unânime no primeiro encon-tro entre os dois, em abril de 2011. O norte-americano acumula agora 12 vitórias e quatro derrotas em sua car-reira. Com o resultado, além

de “Loro”, o Brasil tem mais dois detentores de cinturão no Bellator: Douglas Lima é o atual campeão no peso meio médio e Patrício Freire, no peso pena.

Agora, a expectativa é para a confirmação de uma nova luta de “Loro” contra o também brasileiro Dudu Dantas. Considerado um dos melhores lutadores de MMA do mundo fora do UFC, Dan-tas tem um histórico com Galvão. Grandes amigos, eles chegaram a treinar e a morar juntos, mas a ami-zade ficou abalada depois que ele derrotou o agora campeão por nocaute em uma luta em 2013.

Brasileiro derrotadoBrasileiro que chegou a

participar das eliminató-rias do TUF 3, Guilherme Viana não teve o mesmo sucesso que “Loro”. Em luta pela categoria meio-pesa-do, ele foi derrotado por Francis Carmont, que já foi do UFC.

TORNEIO

O manauense “Loro” derrotou o norte-americano Joe Warren

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AÇÃO

Avião da Germanwings caiu nos Alpes franceses, na terça

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AÇÃO

‘Sétimo não é tão horrível assim’, diz Felipe Massa

SEPANG, MALÁSIA (FO-LHAPRESS) – A sétima colo-cação no grid de largada para o GP da Malásia de F-1 não deixou Felipe Massa satis-feito. Após se classificar em terceiro na Austrália, há duas semanas, o piloto brasileiro viu a chuva que começou na metade do treino de classifi-cação, em Sepang, prejudi-car suas chances de disputar lugares mais à frente do grid da prova na madrugada de hoje – Lewis Hamilton sai na pole e Sebastian Vettel, da Ferrari, parte da segunda colocação.

“Nosso carro claramente não funcionou tão bem na chuva como vinha se com-portando no seco, quando era bem mais competitivo, e agora é importante a gente entender os motivos disso, porque desde o ano passa-do temos sofrido com este mesmo problema”, declarou o piloto da Williams, que terá logo atrás seu parceiro de time, Valtteri Bottas, que, apesar de ter se classificado

em nono, ganhou uma posi-ção por conta de punição a Romain Grosjean.

“A gente esperava estar en-tre os cinco ou seis primeiros e estamos em sétimo, então não foi tão horrível assim se levarmos em conta as con-dições em que o treino foi disputado”, afirmou Massa.

“Numa classificação com o clima instável as coisas podiam ter sido bem piores. Mas de qualquer forma esta vai ser uma corrida longa e difícil, não só pelo tempo, que pode mudar rapidamen-te, mas pela escolha da es-tratégia, a temperatura, que é difícil para nós pilotos e para os carros e também pelo desgaste dos pneus, que é absurdo.”

O inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, conquistou sua 40ª pole position na carreira, ontem, durante os treinos classificatórios para o GP da Malásia. Hamilton mar-cou 1m49s834 e assumiu a liderança do treino após sua segunda volta.

FÓRMULA-1

Massa disse que chuva prejudicou o desempenho do seu carro

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AÇÃO

Acidente entre caçamba e ônibus completa um anoVítimas foram homenageadas ontem pela manhã, num viaduto próximo ao local da tragédia, na avenida Djalma Batista

Um ano após o acidente que vitimou 16 pesso-as com o choque en-tre um micro-ônibus e

uma caçamba, na avenida Djal-ma Batista, Zona Centro-Sul, familiares e amigos retornaram ao local da tragédia para home-nagear os mortos. O ato ocorreu na manhã de ontem e reuniu aproximadamente cem pessoas debaixo do viaduto Ayrton Sena, local próximo da tragédia.

Velas foram acesas e flores depositadas por familiares e so-breviventes no local do acidente. Marcada para iniciar às 9h30, a homenagem começou somente uma hora após o agendado, com a chegada do prefeito, Artur Neto, e da primeira-dama, Gore-th Garcia. Às 11h, a missa ainda não havia começado. “Este é um momento de lamentar e homenagear as vítimas e de reflexão para que uma tragédia assim não se repita”, disse o prefeito.

Passado um ano da tragédia, a saudade da companhia do marceneiro Domingos Messias de Souza, 60, é sentida por toda a família, que não conteve as lágrimas durante o ato. “Esse é um momento importante de reflexão,

para que os motoristas tenham uma conduta melhor e respeitem as leis de trânsito”, disse o filho Diovane Monteiro, 28.

Os parentes lembraram que o tempo dele era dedicado à marcenaria e à família, com atenção especial à dona An-tônia, sua esposa. Da união, nasceram Diovane Monteiro, 28, e Jhony Monteiro, 24.

Nas horas vagas, o marce-neiro se dedicava aos shows solo de violão exclusivos para dona Antônia. “Ele tocava só por diversão mesmo. Sentava na beira da cama e ficava um tempão tocando antes de dor-mir”, lembra.

O filho mais novo, que assu-miu os negócios do pai, Jhony Monteiro, guarda na memória as dicas do pai na marcena-

ria. “Comecei a ajudar meu pai desde novo, quando voltava da escola. Cada movimento aqui na marcenaria eu lembro dele, cada coisa que faço penso se ele iria fazer desta maneira e sigo a maneira dele”, disse.

Durante o ato, o diretor-presi-dente do Detran, Leonel Feitoza, anunciou que após a Páscoa será lançada uma campanha para pedir punições mais rigorosas a quem mata no trânsito. “As penas têm que ser mais rígidas e punir mais rigorosamente quem dirige embriagado, drogado, quem assume direção de risco. A legislação é muito branda”, ressaltou.

Relembre o casoO acidente ocorreu quando o

motorista da caçamba, Ozaias Costa de Almeida, 36, que tran-sitava no sentido bairro-Centro, teria avançado a pista contrária e atingido a frente do micro-ônibus da linha 825, que fazia o percurso inverso. O laudo do Instituto de Criminalística (IC) atestou que o veículo – que pres-tava serviço para a Prefeitura de Manaus - trafegava a cerca de 80 quilômetros por hora no momento do acidente. Com o impacto, além dos 16 passa-geiros que morreram, outras 17 pessoas ficaram feridas.

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ATÃ

Parentes das vítimas e sobreviventes do acidente levaram velas e flores ao local da tragédia

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

COLISÃONo dia 28 de março de 2014, uma caçam-ba que transitava no sentido bairro-Centro avançou a pista contrá-ria e atingiu a frente de um micro-ônibus na Djalma Batista. Dezes-seis pessoas morreram

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 A3Opinião

O que nem os aliados do governo conseguem – subir a rampa do Planalto e se entrevistar com Dilma Rousseff – o pai de santo Uzêda conseguiu, quinta-feira (26), com o apoio luxuoso de uma funcionária da Secretaria de Relações Institucionais (cujo titular é Pepe Vargas, ou era até sexta-feira à noite). Pais de santo não preocupam a segurança da presidente, talvez por não frequentarem passeatas nem panelaços, quer dizer, não são contra o governo, seu reino não é deste mundo.

Mas pais de santo, em vez de panelas, batem forte o tambor. Uzêda, se falou com a presidente, ninguém sabe ninguém viu, mas foi dado ao conhecimento público que ele pretendia entregar uma carta com uma completa análise do atual momento – e tormento – político por que passa a primeira mandatária do país. Nada, no entanto, que até a presidente não soubesse. A saber: que Dilma precisa se defender de “alguns políticos”, mas principalmente do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A participação de “intermediários” espirituais na política brasileira não é exatamente uma novidade; a espiritualização de políticos de esquerda, no entanto, tem sido, desde a redemocratização, uma constante, tanto quanto, talvez, no período militar a direita usava essas interseções. Pai Uzêda não poupa Eduardo Cunha. Ele é “a besta”. “Ele entende do canjerê”, afi rmou Uzêda à “Folha de S.Paulo”. “Se deixar, ele vai ser o presidente do Brasil. Ele tem o poder sobre o mal”.

Depois de Cunha, Uzêda alerta Dilma sobre ela própria: “A mosca azul mordeu ela. Ela mexeu nos direitos dos trabalhadores. Ela não pode desfazer o que Lula, seu mentor, fez antes”. Ser mordido pela mosca azul signifi ca que ela, eleita pelo povo, não se importa mais com o povo. A Inteligência da Presidência deve estar decifrando a “mensagem”.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o lutador manauense Marcos “Loro” Galvão, que, na noite desta sexta-feira, em Thackerville, Oklahoma (EUA), derrotou Joe Warren e é o novo campeão dos galos do Bellatore, além de detentor do cinturão de ouro da categoria.

MARCOS ‘LORO’

APLAUSOS VAIAS

Desce do palanque

Sobre o desgaste do governo Dilma, Waldemir diz que isso é fruto de erros da administração e também da oposição.

— Eles não deixaram o palan-que eleitoral e continuam com as ações eleitorais.

Fé cega...

Waldemir José é um homem de fé.

E acredita que é possível rever-ter a insatisfação existente contra Dilma.

...faca amolada

O petista revela a porção má-gica para tirar a presidente do inferno astral.

— As iniciativas do governo, dando resposta política com o combate à corrupção, os primei-ros movimentos da presidente para melhorar a comunicação e as idas aos Estados para levar ações de governo vão varrer as nuvens escuras que pairam sobre o Planalto.

Cabra bom

O ex–deputado e ex-secretário municipal de Educação, Humberto Michiles, sempre pautou sua vida pela ética.

Deixou o cargo da prefeitura em silêncio. Apesar dos comentários de que teria levado uma “pernada” de outro colega de governo, não disse um “ai!”.

Saúde já!

CONTEXTO telefonou para sa-ber que rumo “Betão” vai seguir agora:

— Primeiro vou cuidar da quali-dade de vida. Depois a gente vê.

No entanto, já existe partido

sondando Michiles para integrar suas fi leiras.

Afi nal, o altão continua sendo um bom quadro.

PEC do Diploma

O deputado federal Alfredo Nas-cimento (PR) declarou-se, ontem, favorável à PEC 386/2009, a chamada PEC do Jornalista.

Ético e profi ssional

Como presidente nacional do Partido da República, Alfredo disse que orientou os parlamentares republicanos a votar a favor da exigência do diploma.

— A formação de nível superior é indispensável para a prática de um jornalismo ético e profi ssional –, ponderou.

Dilúvio

Enquanto isso, em Boca do Acre, já são 4.181 famílias afetadas pela grande cheia, que mais pa-rece um dilúvio.

Solidariedade

O governo já enviou 47 tonela-das de alimentos não perecíveis as famílias, além de kits de higiene pessoal, dormitório, medicamen-tos, água potável e hipoclorito de sódio.

Vamos rezar

O nível do rio Purus nesta sex-ta-feira apontava em 19 metros e 97 centímetros, com baixa de nove centímetros de quinta para sexta-feira.

Bolo vermelho

O PPS completou, no último

dia 25 de março, 93 anos de fundação.

Mas a festa aconteceu somente nesta sexta-feira (27), na sede do partido, no Vieiralves.

Camarada Guto

Para o presidente regional da sigla, Guto Rodrigues, além de 93 anos de fundação, o partido tem mais o que festejar.

Vou festejar

Um desses motivos é a 5ª colo-cação no cenário federal, quando a legenda conseguiu emplacar dez deputados federais.

Entre eles, os do Amazonas, com o Hissa Abrahão e um senador.

— Estamos muito felizes e

comemoramos porque o partido conseguiu fi car com a 5ª maior bancada na Câmara Federal –, pontuou Rodrigues.

O que é isso, companheiro?

Mas como é que é isso?O PPS surgiu um dia desses

– com Roberto Freire - e o PCdoB um pouco mais lá atrás e já estão com 93 anos?

Partidão

Nada disso!A verdade é que os dois saíram

da raiz do PCB (Partido Comunista Brasileiro), o bom e velho Parti-dão, fundado em 25 de março de 1922.

Resistência

O PCB é página imortal da his-tória do Brasil escrita por homens respeitáveis como Graciliano Ra-mos, Caio Prado Júnior e Luiz Carlos Prestes.

Para quem estaciona em vagas de faixa azul, destinadas a idosos e portadores de defi ciência. Quem age assim, não sabe o signifi cado da palavra cidadania e não respeita o seu semelhante.

DESRESPEITO AOS IDOSOS

Líder da conexão de Petrópolis, a mais autêntica e radical ala do PT, o vereador Waldemir José não acredita naquilo que alguns consideram ser um “momento de ingovernabilidade” no início deste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff .

— Democracia direta é um valor que tem que ser respeitado, entendido e traduzido em políticas públicas. Não vejo risco de golpe porque creio que as instituições são fortes e o Estado de direito vai prevalecer –, avalia Waldemir.

‘Não acredito em golpe!’

DIVULGAÇÃO SEMCOM

[email protected]

Bate forte o tambor

À medida que o mundo fi ca mais e mais pequeno, inevitável estabe-lecer comparações num plano glo-bal, muito facilmente alimentadas pelo imenso caudal de informações que transitam em alta velocidade e transpõem fronteiras físicas e ideológicas.

Somos uma nação, ao lado ou frente a outras nações, cada uma com características e peculiarida-des que lhes conferem individuali-dade e personalidade própria, mas que, assim como acontece no plano dos indivíduos, nos servem como espelhos e como referências para a avaliação de nós mesmos e dos outros, no concerto mundial.

Nascer numa nação e nela se formar signifi ca necessariamente absorver e introjetar uma cultura onde se inserem valores, critérios, princípios e paradigmas, a cuja ade-rência se segue naturalmente uma identifi cação afetiva a que se costu-ma rotular com o termo patriotismo. O normal é sermos patriotas, isto é, investirmos afeto sobre a realidade física, social e cultural que, enfi m, constitui a pátria.

Necessário tomar certa distância que permita ver e analisar a nossa própria realidade nacional e, assim, também compará-la às outras, que oferecem seus modelos e que pre-cisam ser conhecidas.

Como a franqueza e a honestida-de são virtudes absolutas, embora por vezes inconvenientes, se houver melindre de alguém por achar que foi ofendido em sua brasilidade, con-vém lembrar que este que escreve também é fi lho da Pátria e que, por gosto, muito apreciaria somente ter para ela louvores e encômios. Infelizmente, não dá.

Um referencial precisa ser es-colhido, a fi m de que tenhamos um parâmetro para sustentar uma avaliação. Digamos que, pela sua importância no concerto das na-

ções, essa referência seja o Prêmio Nobel, galardão cobiçado por todos os países e por todos os indivíduos que brilham e se destacam entre os homens. Desde que Alfred Nobel, na Suécia, instituiu o prêmio que, aliás, não é um, mas seis, em 1901, cerca de 850 já foram distribuídos, nas modalidades científi cas, Física, Química, Economia e Medicina, além de Literatura e Paz.

Se considerarmos os cinco maio-res ganhadores, chegaremos ao absurdo de saber que os Estados Unidos acumulam 352 desses prê-mios, o Reino Unido 120, a Alema-nha 105, a França 67 e a Suécia 30. Por outro lado, sabemos que 73 países já foram considerados e reconhecidos como merecedores do Nobel. E aí vem a nossa dor e a nossa vergonha: o Brasil, há anos em vias de desenvolvimento, com uma população de 200 milhões de habitantes, jamais ganhou um mí-sero Nobel para pôr em sua sala de troféus, onde só se veem taças de futebol, de vôlei, de MMA...

Algo está errado, pois minúsculos países, de populações ínfi mas e sem expressão planetária já tiveram esse reconhecimento. Na nossa mais pró-xima vizinhança, a Argentina foi cinco vezes contemplada com o Nobel, o Chile duas, a Colômbia uma, o Peru uma, a Venezuela uma e a querida pátria mãe, Portugal, guarda quatro desses prêmios.

No caso da literatura, nos escu-sávamos ao alegar a menor univer-salidade da língua portuguesa, até que José Saramago, em nome de Portugal buscou o seu. Nada contra os esportes, mas quando somente eles fazem infl ar o peito da nação, signifi ca que apenas as nossas ap-tidões musculares estão sendo cui-dadas para consolo do nosso povo, enquanto nossos neurônios e nossos cérebros inteiros estão esquecidos e nossa educação está capenga.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Quem não tem cão...

[email protected]

Algo está errado, pois minúsculos países, de populações ínfi mas e sem expressão planetária já tiveram esse reco-nhecimento. Na nossa vizinhança, a Argentina foi cinco vezes contemplada com o Nobel, o Chile duas, a Colômbia uma, o Peru uma, a Ve-nezuela uma e Portugal, quatro”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O preferido de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a vaga aberta há oito meses no STF (Supremo Tribunal Federal) é o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinicius Coelho. No Ministério da Justiça, encabeçam a lista para a vaga os advogados Heleno Torres e Luiz Fachin. O drama de Dilma Rousseff é que o presidente do Senado ameaça boicotar qualquer nome que seja enviado para análise da casa com a chancela do ministro José Eduardo Cardozo.

Plural Consultado por Dil-ma sobre a vaga, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, evitou apontar um único nome. Apresentou cinco: Torres, Fa-chin, o vice-procurador-geral eleitoral, Eugenio Aragão, e os ministros do STJ Benedito Gonçalves e Luis Felipe Sa-lomão.

Passa a régua Salomão é querido por muitos senadores e ministros do STF, mas é o candida-to de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O Planalto avalia que, se escolhê-lo, no dia seguinte o presidente da Câmara aprovará a PEC da Bengala em segundo turno.

Sinais Dilma pretendia indicar o novo integrante da corte na semana passada, mas pisou no freio para não passar a impressão de que reagia à ameaça do PMDB de fi xar prazo para as indicações de membros de tribunais.

Criptonita A oposição vai cobrar do TCU e da Receita Federal se houve avanços na investigação do pagamento de R$ 24 milhões para a empresa Focal Confecção e Comunicação Visual, segundo maior fornece-dor da campanha de Dilma em 2014.

Criptonita 2 A empresa tem como sócio Elias Silva de Mattos, que até 2014 dizia ser motorista e receber R$ 2 mil por mês. Para o PSDB, a investigação sobre a Focal pode comprometer o novo titular da Secom, Edinho Silva, que foi tesoureiro da cam-panha.

De cátedra A escolha de Renato Janine para o Ministério da Educação obedeceu à lógica de que era necessário um nome que pairasse acima das disputas partidárias.

Lattes Para demonstrar que se buscou um gestor para a pasta, o Planalto fez questão de destacar a passagem de Janine pelas diretorias da Capes, do CNPq e da SBPC.

Tiro, porrada... Dirigentes do PT preparam um pacote de reclamações contra a atuação do governo federal para apre-sentar a Lula em reunião do partido nesta segunda-feira, em São Paulo.

...e bomba O ex-presidente tem dito que separa os problemas do PT dos de Dilma – e a sigla deveria resolver suas questões “por si só”.

Em casa Petistas vão dizer que Dilma não faz acenos à base e Lula deveria ponderar que ela precisa do partido para reconquistar a juventude e os movimentos sociais.

Enquete Antes de reunir o diretório nacional do partido, em 16 e 17 de abril, a cúpula do PT quer tirar a temperatura dos dirigentes sobre a permanência do tesoureiro João Vaccari Neto no cargo.

Aí sim Caso fi que claro que os pedidos para o afastamen-to de Vaccari serão muitos, o tesoureiro pode decidir deixar o posto antes de sofrer uma derrota interna.

Precursora Relatores e pre-sidentes das comissões que vão discutir as medidas provisórias do ajuste fi scal se reúnem com membros da equipe econômica para saber as margens de ne-gociação.

Precursora 2 Parlamentares veem margem para corrigir “dis-torções”. Um exemplo são os dois anos de casamento exigidos para concessão de pensão por morte. O prazo poderia cair se o casal tiver um fi lho antes.

Tateando no escuro

Contraponto

O vereador de Manaus (AM) Álvaro Campelo (PP) fez uma viagem internacional e, num res-taurante, arranhou seu espanhol. Depois do jantar com a família, quis pagar a conta pelo valor nominal, sem incluir o serviço.A garçonete insistiu várias vezes:– La propina, la propina. O vereador, que não sabia que “propina”, em castelhano, é sinônimo de gorjeta, custou a entender a insistência da atendente e disse para a mulher:– É o fi m! No Brasil só se fala em propina e petrolão. Aqui é pior: a moça nos atende mal e pede propina!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Praga internacional

Tiroteio

DE CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), deputado federal, sobre a pasta prometida ao ex-presidente da Câmara, que foi separada do Esporte em 2003, por Lula.

Se fosse coerente, o PMDB defenderia fusão de Turismo e sacrifi caria Hen-rique. Mas ali vale o ‘faça o que eu digo, não o que faço’”

Neste domingo, a Igreja Cató-lica abre as celebrações da Se-mana Santa com a procissão dos Ramos. Esta procissão lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, depois de ter exercido a sua mis-são na Galileia, percorrendo as aldeias, ensinando nas sinago-gas, curando, exorcizando, fre-quentando casas de pecadores, acolhendo mulheres e crianças, anunciando a chegada do Reino de Deus.

Embora ela seja chamada de triunfal, nada teve de espeta-cular. Jesus entra montado num jumentinho, ao contrário dos reis e imperadores que entravam nas cidades com seus cavalos e carros de guerra, depois de campanhas vitoriosas em que os domínios eram alargados e os povos do-minados. O fi lho de Davi não traz prisioneiros nem troféus, pois seu reino não é deste mundo e os que o seguem, o fazem livremente, avisados de que em Jerusalém o Mestre será entregue nas mãos dos algozes.

O Reino de Jesus começara no meio dos pobres e peque-nos, libertados de doenças que eram excluídos da vida social, exorcizados de demônios que os tornavam impuros, e de pe-cadores que experimentaram a misericórdia e a ternura do Pai. A entrada de Jesus na capital não deixa de ser uma paródia do poder romano, que humi-lhava, dividia e ostentava para cortar pela raiz qualquer forma de subversão da ordem e da paz romana. O povo se anima e se enche de esperança, mas não se compromete. Assiste tudo de longe, e a tradição guarda o episódio da opção por Barrabás como exemplo da volatilidade da opinião pública de todos os tempos. Nos Evangelhos este

episódio marca o início do drama final em que a fé vê o encontro terrível e trágico do pecado hu-mano e a misericórdia divina.

As narrativas da Paixão ocu-pam um espaço privilegiado nos Evangelhos, que foram escritos para deixar gravadas às ge-rações futuras a consumação da vida de Jesus e sua morte redentora. Por isto, na liturgia deste domingo se proclama a Paixão, e se faz memória deste drama que para o cristianismo é central e fundante. A ressur-reição de Jesus confirmou que o crucificado é o Filho de Deus, o Senhor e Messias, mas a pie-dade popular se identifica com o Cristo sofredor. A paixão do Nazareno é a paixão da huma-nidade. A via-sacra, o caminho da cruz, é o nosso caminho, e os personagens que aí aparecem, as frases ditas, são encontra-dos e ouvidos todos os dias na intimidade dos lares, nas ruas e praças, nos ambientes de dor e de cura, nos espaços dos que são privados de liberdade.

Todos os domingos, desde o início da igreja, os cristãos guar-dam o primeiro dia da semana. São João Paulo II afirmou que a civilização ocidental reencon-trará seu sentido e seus valores fundamentais quando voltar a guardar o domingo e deixar de vivê-lo como fim de semana. Ter um domingo no ano, reservado para a contemplação do Mistério da Paixão, nos faz lembrar que o único caminho de realização plena é o amor que se doa na entrega total da própria vida e no serviço desinteressado. Só assim estaremos vivendo a vida real e não um arremedo dela. Re-servemos um tempo para acom-panhar Jesus no seu caminho para a Cruz.

Dom Sérgio Eduardo Castriani [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

As narrativas da Paixão ocupam espaço privi-legiado nos Evangelhos, que foram escritos para deixar gravadas às gerações futuras a consumação da vida de Jesus e sua morte reden-tora. Neste domingo, se faz memória deste drama que para o cristianismo é central e fundante”

Domingo da Paixão

Olho da [email protected]

Para asfaltar a BR-319, aquela rodovia que vai botar Manaus no mapa do Brasil, é uma confusão dos diabos. Mas para mudar a fachada de uma rua histórica (dá para notar a diferença?), no caso a Bernardo Ramos, cria-se até um Instituto da Amazônia, sem o menor constrangimento. Ali também está o Instituto Geográfi co e Histórico do Amazonas, que parece não foi ouvido nem cheirado

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Ou o governo do PT corrige rapidamente a situação que ele mesmo criou ou teremos mais um ciclo de baixo

crescimento, infl ação alta, juros altos, desequilíbrio exter-no e ainda o risco de mais aumento de carga tributária. O pior é que agora o único bastião de notícias positivas,

a baixa taxa de desemprego, também vai pior

Aécio Neves, senador (PSDB-MG), após IBGE divulgar que a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014, avalia que as perspectivas para este e os próximos três anos

são “ainda piores” que o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 A5Com a palavra

Os projetos implantados na Semmas não foram meus, e sim institucio-nais. Se eu tive algum mérito foi apenas de ter escolhido as pessoas certas para trabalhar”

Na semana em que mais de cinco mil professores parali-saram as atividades

por um dia, deixando 30 mil alunos sem aula, a doutora em sociologia e antropo-logia, mestre em socieda-de e cultura na Amazônia e graduada em agronomia e ciências sociais, Kátia Hele-na Schweickardt, encarou o desafio de deixar a pasta de Meio Ambiente, que ocupava há 2 anos, para assumir a Secretaria de Educação.

Além da insatisfação da classe docente - que rei-vindica reajuste salarial de 20%, diminuição do desconto do vale-transporte, plano de saúde, auxílio-alimentação por turno de trabalho e a convocação dos concursados –, Kátia também tem como meta melhorar ainda mais o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nesta nova gestão.

Consciente desta nova fun-ção, ela já vem se aprofundan-do sobre a estrutura da pasta que irá administrar pelos pró-ximos 2 anos. Em entrevista ao EM TEMPO, falou sobre como recebeu o convite para assumir a função, os novos projetos e de como está se preparando para a função.

EM TEMPO – Como se deu a preparação para assumir a nova pasta a partir do momento em que a se-nhora resolveu aceitar o convite?

KS – Em primeiro lugar, comecei a buscar informa-ções sobre o quadro da edu-cação no município e me surpreendi com a dimensão do nosso trabalho, só em Manaus temos 506 escolas municipais. A partir daí foi possível constatar como te-mos um comportamento de cidade-Estado. Em segundo lugar fiz uma solicitação a todos os gerentes para que preparassem um relatório completo para podermos ter uma ideia do volume de pro-jetos que estão em execução. Neste relatório foi possível constatar que temos iniciati-vas maravilhosas, como, por

exemplo, o grupo que ganhou o campeonato de robótica. Neste pouco tempo que estou na casa também descobri que temos muitos gestores “que fazem das tripas coração” e essas experiências precisam ser incorporadas pela rede, e farei isto, pois acredito que a educação é mediadora do diálogo e dos processos, uma troca de experiências com a sociedade.

EM TEMPO – Como edu-cadora com vasta experi-ência profissional, a senho-ra traz alguma ideia para trabalhar na secretaria?

KS – É importante todos entenderem que a rede mu-nicipal de educação é bas-tante diversa. Logo no pri-meiro relatório me surpreendi com o fato de termos 87 escolas rurais e ribeirinhas. A ideia é que sempre as coisas mais modernas acontecem no meio urbano, e que levamos isso para o rural. No entanto, talvez tenhamos uma série de iniciativas nos meios rural e ribeirinho que possamos trazer para a rede urbana, e isso é muito importante, a aproximação e o diálogo dentro da própria secreta-ria, valorizando os talentos que temos. Outro compro-misso prioritário que quero intensificar é a diminuição do número de prédios alu-gados, avançando em infra-estrutura. Agora, sem dúvida, o nosso maior compromisso e a prioridade máxima da nossa gestão será a elevação dos nossos índices de avaliação, fazendo com que Manaus, que hoje é a terceira maior rede de ensino municipal do país, alcance índices entre os dez melhores ensinos do Brasil.

EM TEMPO – Em relação à equipe de trabalho, quais as mudanças que a senhora pretende realizar?

KS – Por ora não faremos grandes modificações, pois temos que primeiro conhecer a secretaria. Neste primeiro momento estou levando co-migo somente a minha chefe de gabinete e assessora que já trabalham comigo há mui-tos anos. Encontrei na Semed uma equipe bastante organi-zada, com vários trabalhos

em andamento, porém acho que quando tiver um retra-to melhor e mais detalhado da secretaria, possivelmente faça mudanças. Não sei se haverá a necessidade de tra-zer gente de fora, talvez seja preciso realocar profissionais que possam não estar sendo devidamente valorizados ou colocados no lugar correto, buscaremos o melhor ren-dimento de todos. Quando resolvi aceitar o desafio, meu irmão me disse: “Vai lá que você funciona bem sob pressão, quanto maior a pressão, melhor o rendimen-to”, e assim é com todos que trabalham comigo.

EM TEMPO – Sobre a sua despedida da Semmas, houve alguma recomenda-ção a respeito dos projetos em andamento ao novo se-cretário da pasta, Itamar de Oliveira Mar?

KS – O Itamar foi o sub-secretário que construiu a Semmas junto comigo, en-tramos no serviço juntos e chegamos no mesmo dia à secretaria. Eu não trabalho bem com autoritarismo, pelo contrário, esse é um desafio, pois as pessoas adoram rece-ber ordens. Eu funciono bem com quem tem criatividade, iniciativa, e quem trabalha de modo colaborativo, parti-cipativo e democrático. Essa foi a administração que eu implantei na Semmas, nós formamos um grupo de tra-balho, então, eu acho que o fortalecimento institucional, seja de qual instituição for, só vai efetivamente se dar quando os projetos não forem personalizados. Sendo assim, os projetos na secretaria não são meus, são institucionais, eu passei por lá, e os projetos seguem, pois foram construí-dos pelo coletivo, e se eu tive algum mérito, foi somente na seleção das pessoas certas.

EM TEMPO – A que fa-tor a senhora atribui a confiança depositada pelo prefeito Artur Neto e a aproximação política de vocês, visto que a senhora nunca fez parte do grupo político dele?

KS – Esse é um daque-les encontros que a gente

não explica. Não sei ao certo como o meu nome chegou a ele para que eu assumisse a Semmas, então de repente ele fez uma aposta que deu certo numa secretaria pequena, e na medida em que nós fomos construindo cada vez mais uma proximidade fui poden-do mostrar para ele a forma como eu penso em relação à gestão pública, e também fui aprendendo com ele como me movimentar politicamen-te. Eu concordo muito com ele, não tem como separar gestão pública, técnica e polí-tica. Não é política partidária que precisamos fazer o gestor público não precisa fazer isso, a obrigação do gestor é fazer “Política” com “P” maiúsculo, que é aquela política que leva o debate aberto sem medo, dividindo a responsabilidade do sucesso dos projetos e dos empreendimentos, e da trans-formação da sociedade, da melhoria na qualidade de vida das pessoas e compartilhan-do isso com todos aqueles que são seus interlocutores. Acho que eu sempre fui uma militante de uma Política com “P” maiúsculo.

EM TEMPO – Como a senhora lidou com a greve ocorrida na última quinta-feira, dois dias após a sua posse?

KS - Toda medida extrema tem impactos negativos, que precisam ser sempre muito bem avaliados. Se as nossas crianças e suas famílias en-contram 71 escolas fechadas, ficam completamente desas-sistidas, isso atrapalha o dia de trabalho dos pais, o que é muito ruim nesse momento de crise, pois atrapalha também o processo de aprendizado dessas crianças. Pode ser que as lideranças tenham con-siderado que ao longo do tempo, os canais de conversa com a secretaria se fecharam, porém isso não reflete a atual situação da pasta, pois nós estamos abertos ao diálogo. O prefeito quer retomar em breve uma comissão paritária envolvendo várias secreta-rias para analisar os impactos financeiros de algumas das propostas.

Kátia SCHWEICKARDT,

‘Quanto MAIOR A pressão, MELHOR O rendimento’

Toda medida extrema tem impactos negativos que precisam ser ava-liados. A manifestação de quinta-feira deixou 71 escolas sem aula. A secretaria está de por-tas abertas para con-versar com a classe”

FOTOS: IONE MORENO

IONE MORENO

Quando resolvi acei-tar o desafio de assumir a Semed, meu irmão disse: ‘Vai lá, você fun-ciona bem sob pres-são. Quan-to maior, melhor será o seu rendi-mento’”

HELTON DE LIMA Equipe EM TEMPO

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Novo ministro critica Renan, Cunha e o PMDB

O novo ministro da Educa-ção, Renato Janine Ribeiro, ex-funcionário do governo Lula entre 2004 e 2008, cos-tuma criticar asperamente o PMDB e seus principais líderes. Durante palestra gravada em vídeo, quando se refere aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, afi rma: “Pelo visto não têm preocupação maior com o país” e lembra que ambos “são acusados de fatos de corrupção grave”.

Cunha é ameaçaPara Renato Janine Ribei-

ro, é “perigosa” a eleição de Cunha, que “defi ne a pauta” da Câmara. E insiste: “É uma coisa muito grave”.

Só um ‘civilizado’Para o novo ministro, entre

os três da linha de sucessão (o vice Michel Temer, Cunha e Renan) o “único na esfera civilizada é Temer”.

Sobrou para o PTRenato Janine Ribeiro diz

que o PT “era o partido da ética” e concluiu que o par-tido de Dilma “relaxou no combate à corrupção.”

Gerentona criticadaPara o novo ministro da

Educação, no mesmo vídeo, “a presidente não é a mais fácil do mundo em termos de gestão, direção etc.”

Dilma enfurece Renan oferecendo-lhe a Conab

No auge da irritação por não ter sido consultado so-bre a demissão do ministro Vinícius Lages (Turismo), por ele indicado, para ser substi-tuído pelo ex-deputado Hen-rique Alves, o presidente do Senado, Renan Calheiros, fi cou furioso ao receber por telefone a oferta de Dilma para compensá-lo: indicar o

presidente da Conab, empre-sa pública de abastecimento de alimentos, ligada ao Mi-nistério da Agricultura.

JogadaA escolha de Henrique

para o cargo de ministro do Turismo objetiva “ra-char” o PMDB. A reação de Renan mostra que a jogada deu certo.

Passou reciboIrritado, Renan ignorou os

insistentes apelos de Hen-rique Alves por seu “aval”. “Para quê? Não precisa, é uma escolha da presidente”, disse.

Chances reduzidasO presidente do Senado

fi cou tão afetado com a desfeita de Dilma que se lançou na luta inglória pela demissão do ministro Gilber-to Kassab.

Semana nada santaAlguns dos principais co-

mandantes do PMDB com-binaram passar a Semana Santa em Portugal, acer-tando ponteiros: Renan Ca-lheiros e Eduardo Cunha, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, e o ex-pre-sidente José Sarney. Viajam quinta no jato particular de um deles.

Barrado no baileQuando soube que as prin-

cipais fi guras do PMDB pla-nejavam a Semana Santa em Portugal, o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) se ofereceu para ir. Mas não havia mais lugar no avião.

Gestões na CPIEmissários fazem gestões

na CPI do HSBC para evitar a convocação de três senhoras da família Queiroz, donas de empresas de mídia em Fortaleza. Juntas, somavam US$ 83,9 milhões na conta nº 5940 CE do HSBC na Suíça.

Não está claro se eram decla-rados à Receita Federal.

Abrigo provisórioCom sua sala sob reforma,

o deputado desabrigado Ro-naldo Lessa (PDT-AL) ocu-pa o gabinete cedido pelo conterrâneo Renan Calhei-ros no Anexo I do Senado, vazio desde que assumiu a presidência.

Na paixão, sem fardãoO governador Paulo Câ-

mara trocou a posse do per-nambucano Evaldo Cabral de Melo na Academia Brasileira de Letras para ir à Paixão de Cristo de Nova Jerusa-lém com o ministro Vinícius Lages (Turismo).

PEC BarrichelloGanhou o apelido de “PEC

Barrichello”, em homenagem à lerdeza do nosso piloto, a proposta de emenda que fi xa prazo para Dilma indi-car membros do Supremo Tribunal Federal, do STJ e dos TRFs.

Cotoveladas e traiçãoTucanos como Ricardo

Tripoli, Andrea Matarazzo e Bruno Covas trocam coto-veladas pela candidatura do PSDB a prefeito, em 2016. Mas Geraldo Alckmin anda conversando com Marta Suplicy...

ImpostômetroNo dia internacional do

circo, o impostômetro bateu a marca de R$ 450 bilhões. Com a grana arrecadada em tributos seria possível construir e equipar quase 33 milhões de salas de aula.

Foi a ganânciaEm reportagem sobre a

fragilidade das democra-cias latinas, a revista britâ-nica The Economist atribui a corrupção na Petrobras à “ganância voraz do PT e aliados”.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Votos garantidos

www.claudiohumberto.com.br

Não se pode discutir reforma política criando partido fi ctício”

DEPUTADO EDUARDO CUNHA (PMDB), presidente da Câmara, sobre a criação do PL

O “coronel” e vereador Nei Ferreira era can-didato à reeleição, em Vitória da Conquista (BA), quando visitou um bairro da cidade:

- Aqui eu quero 750 votos – gritou, no palanque.

- Pois o sr. vai ter aqui uns 1.500 votos, co-ronel – cochichou um cabo eleitoral.

Ferreira voltou a proclamar, ao microfone:- Eu sei que 1.500 eleitores já prometeram votar em mim

neste bairro, mas como eleitor é um animal muito safado, eu aceito a metade!

‘Índice já era esperado’, diz CunhaO presidente da Câmara,

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na sexta-feira (27) que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014, próximo a zero, já era es-perado.

Na opinião do deputado, os indicadores econômicos mostram que o resultado de 2015 deve ser ainda pior. O PIB do Brasil subiu 0,1% em 2014 na comparação com 2013.

Cunha foi perguntado sobre possíveis erros do governo na condução da política econômica, mas

ponderou que, em um con-texto diferente do atual, a gestão optou por uma políti-ca de incentivos fiscais sem a qual o resultado de 2014 poderia ter sido negativo. Segundo o peemedebista, porém, este modelo está esgotado.

O deputado afirmou que o ajuste fiscal não é o mo-delo econômico do segundo mandato de Dilma Rousse-ff, mas uma premissa para um novo modelo que o go-verno precisa mostrar qual é. “Governo precisa mostrar o passo seguinte”, disse.

Cunha defendeu ainda que o governo explique à sociedade os objetivos do ajuste fiscal proposto pela equipe econômica.

O presidente da Câmara disse que, “o que for im-portante para a economia”, terá o apoio do PMDB.

Depois de participar de um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde foi hostilizado, Cunha seguiu para a União In-ternacional Protetora dos Animais, onde posou para fotos segurando um filhote de cachorro.

PIBINHO

Na ditadura, crescimento chegou a 14%, mas dívida depois explodiu e infl ação disparou. Altos e baixos dominaram país

Caminhos do PIB brasileiro nas últimas quatro décadas

Delfi m Netto comandou o Ministério da Fazenda no chamado “milagre econômico”, em 1973

Ao sabor de épocas de bonança internacional, choques externos ou de problemas internos, a

economia brasileira vem osci-lando nas últimas quatro déca-das entre o Pibão e o Pibinho. Durante a ditadura militar, be-nefi ciado pelo excesso de liqui-dez no mundo e por reformas do Estado, o país atingiu o ápice do crescimento no período de 1968-1973. Era o “milagre eco-nômico”, quando o crescimento anual chegou a 14% (em 1973), após registrar por cinco anos consecutivos taxas praticamen-te de dois dígitos. Mas nos anos seguintes, depois do choque do petróleo no fi nal de 1973, a dívida externa acabou explo-dindo, em meio a crescentes gastos públicos e à disparada da infl ação. Na época, o Brasil também amargou o aumento da desigualdade de renda.

Após o golpe de 1964, a equipe econômica de Castelo Branco saneou o Estado, capitalizando

o governo e abrindo caminho para as taxas de crescimento de dois dígitos do país. De 1964 a 1967, com Octávio Bulhões no Ministério da Fazenda e Roberto Campos à frente do Planeja-mento, ações foram tomadas para o país voltar a crescer com taxas semelhantes às da segunda metade dos anos 50, ao mesmo tempo em que se pretendia equilibrar as contas públicas e reduzir a infl ação.

Entre as medidas, foram cria-dos o Banco Central (BC), o Banco Nacional da Habitação (BNH) e o FGTS, e organizados o mercado de capitais e o sistema de arrecadação federal. Tam-bém foi adotada uma política salarial para segurar a infl ação, além de ter sido instituída a correção monetária.

Com as condições criadas, o Brasil pisou no acelerador e entrou no milagre, comandado por Delfi m Netto na pasta da Fa-zenda. No governo Geisel, Mario Henrique Simonsen, titular do

ministério, desacelerou a eco-nomia para tentar reequilibrar as contas externas, em paralelo a um programa de substituição de importações e autossufi ciên-cia energética.

Salto econômicoAinda assim, o Produto In-

terno Bruto (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos no país) crescia em um ritmo aci-ma de 5,5% ao ano. Mas após o segundo choque do petróleo (1979) e o salto dos juros nos Estados Unidos, a economia se desorganizou com a crise da dívida e as desvalorizações cambiais. E o país mergulhou na década perdida.

Nos anos 80 até o início da década seguinte, o Brasil intercalou períodos de forte recessão com os de recupera-ção do PIB. No fi m da ditadu-ra, no governo Figueiredo, por exemplo, o PIB encolheu 4,3% em 1981, enquanto em 1984 cresceu 5,4%.

DIV

ULG

AÇÃO

Entre recessão e recuperaçãoO PIB também apresen-

tou anos de expressivo cres-cimento no início do Plano Cruzado, com Sarney, su-perando 7%. Mas após seu fracasso, fi cou no verme-lho, assim como no governo Collor, quando a economia chegou a encolher 4,3% (em 1990), a maior recessão no pós-guerra, igualando-se à de 1981.

Na gangorra do PIB e dos desequilíbrios da eco-nomia, o país afundou na hiperinfl ação. Em 1993, o índice de preços atingiu 2.500%. Eram tempos em que o brasileiro convivia com sucessivos anúncios de

planos econômicos (Cruza-do/1986, Bresser/1987, Verão/1989, Collor I/1990 e Collor II/1991), que ten-taram sem sucesso conter a escalada dos preços. A estabilização da moeda só viria com o Plano Real, em 1994.

EncolhimentoNo primeiro trimestre de

2014, a economia brasileira encolheu 0,2%, segundo o IBGE, refl etindo a primeira queda do consumo das fa-mílias desde 2011 e o recuo dos investimentos. Com a contração do PIB de 0,6% nos meses de abril a junho,

o país fechou o primeiro semestre em recessão téc-nica (dois trimestres conse-cutivos de PIB no terreno negativo). Já no terceiro trimestre do ano passado, o PIB apresentou variação de 0,1% e, nos últimos três meses de 2014, apesar da queda da indústria, fi cou positivo em 0,3%, puxado pela agricultura (1,8%).

Com isso, no acumulado do ano, a economia bra-sileira fi cou praticamente estagnada, com alta de apenas 0,1%. O PIB per capita, porém, recuou 0,7% em 2014, a primeira queda desde 2009.

Desequilíbrio dos gastos públicos enfraquece economia e faz disparar alta da infl ação

DIV

ULG

AÇÃO

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 A7Política

As eleições municipais acontecem daqui a um ano e meio (outubro de 2016), no entanto, os

partidos políticos e caciques da política amazonense já come-çam a manter conversas e arti-culações com possíveis aliados, para montar os times que serão apresentados à sociedade como nomes para disputar o Executivo municipal.

Alguns principais partidos po-líticos já se posicionaram defen-dendo candidaturas próprias à Prefeitura de Manaus, entre eles o PSDB do atual prefeito Arthur Neto; o PT da presidente D i l m a

Rousseff ; o PCdoB da senado-ra Vanessa Grazziotin; o PR do deputado federal Alfredo Nasci-mento, entre outros.

O prefeito Arthur Neto, por exemplo, anunciou publicamen-te, em uma postagem nas redes sociais, que disputará a reelei-ção. O anúncio foi feito quando o prefeito desafi ou o ministro Eduardo Braga (PMDB) a en-frentá-lo no pleito de 2016. Na ocasião, Arthur convidou Braga para disputar com ele a prefei-tura da capital amazonense, du-rante uma polêmica envolvendo o governador José Melo (Pros). “Se

deseja retornar ao Executivo pelo voto, faço-lhe uma sugestão: en-frente-me em 2016. Tiremos a prova dos nove. Mergulhemos na alma do povo e vejamos quem tem fôlego para voltar à tona”, desafi ou o prefeito.

O senador, no entanto, não respondeu publicamente, nem ofi cialmente ao desafi o lança-do pelo tucano. A reportagem tentou contato com o ministro Eduardo Braga, por meio dos números 82xx-xx00 e (61) 81xx-xx96, mas não obteve sucesso. O presidente municipal do PMDB,

vereador Marcel Alexandre, também foi procurado pela reportagem, mas as chama-das não foram atendidas.

AnúncioOutro partido que também

já declarou publicamente que lançará candidato próprio à Prefeitura de Manaus, em 2016, é o Partido da Repú-blica (PR). O anúncio foi feito pelo presidente nacional da sigla, deputado federal Al-fredo Nascimento, durante entrevista a uma rádio local, na última segunda-feira (23). Com relação aos nomes, o presidente disse que ainda é cedo para indicar, mas assegurou que o PR será

protagonista no pro-

cesso eleitoral de 2016, tanto na capital quanto nos principais municípios amazonenses.

Assim como o PSDB e PR, o PT e o PCdoB também preten-dem lançar candidaturas pró-prias ao Executivo municipal. O presidente regional do PCdoB, Eron Bezerra lançou sete no-mes que podem ser escolhidos, entre eles o do próprio Eron, o presidente municipal da sigla, Edilon Queiros, a senadora Va-nessa Grazziotin, que disputou as últimas eleições municipais e perdeu para Athur Neto no segundo turno, a deputada es-tadual Alessandra Campêlo, a ex-vereadora Lúcia Antony – que disputou a reeleição no último pleito, mas não conseguiu se re-eleger, o diretor do Sindicato dos Rodoviários, Josildo Oliveira, e Yann Evanovic, que também disputou o último pleito ao cargo de vereador e não obteve su-cesso.

Para o pre-sidente do partido, lan-çar os nomes de Josildo, Edilon e Yann signifi ca

uma mudança radical. “Ao pen-sar esses três nomes, será uma mudança radical como proposta do partido”, pontuou Bezerra, ao destacar que a sigla tem disposi-ção para disputar a eleição majo-ritária com candidatura própria para a Prefeitura de Manaus.

Apesar da declaração do co-munista, o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Valdemir Santana declarou que ambos os partidos (PCdoB e PT) estão con-versando para formarem a co-ligação. “Estamos conversando com os companheiros do PCdoB. Na última eleição apoiamos a senadora Vanessa (Grazziotin)”, destacou Santana.

O presidente disse ainda que nas últimas reuniões tanto da execu- tiva municipal do

partido, como na estadual fi cou defi nido que o PT

lançará candidatura própria. “Faz muito tempo que o PT não lança candidato próprio. Sempre apoiamos uma candidatura de outra Sigla”, comentou.

DesabafoComo se estivesse cansado

de estar sempre como coadju-vante, Santana desabafou que as coligações não têm dado muito certo em nível regional. “O pessoal diz que é aliado, mas só funciona a nível nacional, quando chega aqui (regional), viram camaleões”, criticou.

Quanto aos nomes, Santa-na informou que estão sendo analisados, mas adiantou que até o meio do ano, já possa se apontar um nome certo. No entanto, o petista citou alguns nomes considerados por ele, como “bons nomes” a serem apresentados para a sociedade, entre eles, o do ex-deputado federal Francisco Praciano, dos d e - putados estaduais

Sinésio Campos e José Ricardo Wendling, do ex-presidente regio-

nal da sigla, João Pedro, que disputou ao cargo de depu-tado federal nas últimas eleições,

sem êxito.

Eleições 2016 já iniciaram entre os partidos políticosA 1,5 ano das eleições municipais, os partidos políticos começam a se articular para a escolha de nomes para disputar o pleito

Entre os partidos políticos considerados menores por causa da representatividade na Câmara Federal e expres-são eleitoral, entre eles o PSB e PPS, existem suposições, nada ofi ciais, de que esses partidos poderão lançar can-didatura própria para a Pre-feitura de Manaus no pleito de 2016.

Pelo PSB, o nome poderia ser do ex-deputado estadual Marcelo Ramos, o qual tam-bém disputou o pleito de 2014 ao cargo de governador do Estado. No entanto, ainda não há uma defi nição se Ramos representará o PSB ou dis-putará por outra sigla, uma vez que a executiva regional do PSB não apóia o nome de Ramos, como o fez em 2014, mas que se viu obrigado a

apoiar por uma determinação nacional.

Ramos já declarou ao EM TEMPO que gostaria de dispu-tar pelo próprio PSB, mas que se os dirigentes do partido não aceitarem sua candidatura, ele terá que se desfi liar do partido, o que está pratica-mente se consolidando, uma vez que não há manifestação de apoio por parte do presi-dente regional, vereador Mar-celo Serafi m, nem por parte do diretório municipal. “Meu projeto, se eu pudesse es-colher, é ser candidato pelo PSB. Pela trajetória que eu tenho dentro do partido e pelo fortalecimento que eu gerei ao PSB. Então, se eu não tiver garantias, eu vou ter procurar outro caminho”, revelou Ramos.

HissaOutro nome que começa

a surgir como especulação é do deputado federal Hissa Abrahão (PPS). Ele que em 2012 teve seu nome retirado da dis-puta pelo partido, para compor com o Arthur Neto.

O presidente regional da si-gla, Guto Rodrigues, disse que a questão majoritária só será discutida em setembro, após o encerramento de fi liações partidárias. No entanto, Guto não descartou a possibilidade de Hissa ser um dos “grandes” nomes na disputa.

Já o partido do governador José Melo (Pros) deverá se manter como coadjuvante em 2016 e ao que tudo indica, retribuirá o apoio do prefeito Arthur Neto com relação ao pleito na capital.

Nanicos também estão no páreo

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MOARA CABRALEquipe EM TEMPO

Marcelo Ramos espera a defi nição do partido Hissa Abrahão aparece como o nome do PPS

Partidos se mobilizam

e alguns já tem até no-mes certos

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

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[email protected], DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 (92) 3090-1045Economia B4

Academias são fi lão a explorar no Amazonas

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A tradição de trocar o consumo de carne vermelha pela branca de peixe, no feriado

da Semana Santa, aquece não apenas a venda dos vendedores nas feiras de Manaus, mas tam-bém de um mercado que está em plena expansão na capital, o das peixarias. Alguns esta-belecimentos esperam dobrar o faturamento durante este período em relação às datas normais do ano.

O setor garante que o pre-ço não será alterado. Algumas peixarias estão com promoção ativa, como é o caso da Puraquê, situada na rua Raimundo No-nato, Ponta Negra, Zona Oeste. O buff et, que antes custava R$ 42,90, passou para R$ 29,90 no último dia 8, Dia Internacional da Mulher. No local, também há a opção à la carte.

O gerente da peixaria, Cláu-dio Azevedo, assegurou que o valor continuará o mesmo até o fi nal do feriado. “Consegui um fornecedor que entrou co-migo nessa promoção. Ele me vende o peixe com desconto e eu repasso essa redução aos clientes. Na Semana Santa, o preço vai continuar o mesmo, independente se o fornecedor continuar ou não com a gente até lá”, frisa.

Com 10 anos no mercado, a empresa se prepara para atender a alta demanda da Semana Santa e tem toda

uma preocupação com a qua-lidade do peixe comercializado no local. Segundo Azevedo, o produto vem de Boa Vista, uma vez que o Amazonas não tem produção sufi ciente para atender a demanda. “O peixe é pescado no máximo há uma semana, mas, geralmente, pes-ca-se hoje e daqui a três ou quatro dias já está na mesa do cliente”, afi rmou.

Na Peixaria do Juvenal, da

avenida Constantino Nery, bairro Flores, Zona Centro-Sul, o crescimento estimado é de 40% se comparado às demais datas festivas, de acordo com o gerente, Roberto Presley. Ele também diz que o número de mesas e vagas no estaciona-mento será ampliado. “Vamos colocar mais 50 mesas, ou seja, vamos trabalhar com aproxi-madamente 110. Teremos 70 vagas em um estacionamento, além de termos ainda o espaço na frente da peixaria e do lado,

que comporta mais 43 veícu-los”, comenta.

EfetivoQuanto à preparação para

atender a demanda esperada, Presley afi rma que praticamen-te dobrará o efetivo de atenden-te. “Hoje temos 18 funcionários e no dia, pelo último plano que fi zemos, teremos em torno de 40 a 44 só atendendo, desde quando o cliente sai do carro até o momento de fazer seu pedi-do”, afi rma. Ele destaca que nos anos anteriores, mesmo com equipe maior, o atendimento fi cou prejudicado por conta da alta procura pelo restaurante na Semana Santa.

Presley conta que o movi-mento começa a aumentar uma semana antes da Sema-na Santa. O tambaqui servido no local, que custa a partir de R$ 26, também vem de Rorai-ma. Já a matrinxã, sardinha, pacu, jaraqui e pirarucu são do Amazonas. “Às vezes chega peixe vivo. Eu conto e muita gente às vezes não acredita, mas chega. Entre pescar e entrar no nosso frigorífi co são umas 12 horas. O peixe que comercializamos tem no máximo 72 hora de câmara fria”, ressalta.

Os valores dos pratos va-riam conforme o tipo de peixe, a quantidade e o modo que é preparado. Além disso, o prato sempre vem acompa-nhado de porções de arroz, baião, farofa, vinagrete, en-tre outros.

Além das peixarias, outros estabelecimentos que tam-bém trabalham com peixes e frutos do mar aguardam que a demanda aumente em torno de 80% nesta Páscoa, como é o caso do Bragança Frutos do Mar, na aveni-da Constantino Nery, Zona Centro-Sul. “O movimento ainda não sofreu nenhuma mudança, mas estamos com expectativas boas em rela-ção à Semana Santa”, disse o gerente, Júnior Ferreira.

No cardápio, self-servi-

ce, há aproximadamente 14 pratos diferentes, sendo que o quilo custa R$ 70. Dentre as opções estão su-ruru, carne de caranguejo, camarão, polvo, ostra, além de peixes do mar como salmão, bacalhau, pescada amarela, cavala, entre ou-tros. “Alguns pedidos já che-garam, mas outros ainda vão chegar. Principalmente de peixes diversos, os quais são o que as pessoas mais consomem nesse período do ano”, relata.

Ferreira conta que durante a semana o movimento é considerado fraco, porém no fi nal de semana a demanda aumenta consideravelmente. Mas, ele destaca que existe um enorme público para esse mercado na capital amazo-nense. “Tem muitos adeptos de peixes e frutos do mar em Manaus. E tem pessoa que é acostumada a comer marisco que vem quase todos os dias almoçar e jantar co-nosco”, afi rma o gerente do Bragança Frutos do Mar.

Frutos do mar na mesa manauense

Para a Semana Santa, uma peixaria até que cai bemMercado que cresce na cidade que mais consome peixe no país estima dobrar o faturamento com o feriado de Páscoa

Além dos peixes tradicionais da região, como o tambaqui, a matrixã e o jaraqui, o período também é bom para o segmento de frutos do mar, que aposta crescer até 80% no volume de vendas

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SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

O consumo de tam-baqui em Manaus

aumenta em média 13% a cada se-

mestre, conforme a última pesquisa que

acompanhei

Roberto Presley,gerente da Peixaria do Juvenal

Procura por peixarias durante a Semana Santa exige aumento do número de funcionários

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Caminho mais curto para o mercado de trabalhoCursos profissionalizantes são a porta de entrada para quem aposta na qualificação técnica em busca de oportunidades

Hoje em dia, a busca pela reciclagem ou pelo conhecimen-to prático tem feito

com que a demanda por cursos profissionalizantes aumentas-se em média 10%, nos últimos anos em Manaus, de acordo com instituições de ensino particulares. Geralmente, essa modalidade de ensino que dura poucos meses é barata e ideal para quem tem pressa em en-trar no mercado de trabalho, uma vez que possibilita uma rá-pida qualificação profissional.

Para o diretor-fundador do Centro Educacional Sustentar, João Paulo, a necessidade de se qualificar de maneira rápida é o principal fator responsável pelo aumento da procura pe-los cursos profissionalizantes e técnicos. Além disso, ele aponta que quem está em constante atualização tem mais possibi-lidade de entrar no mercado de trabalho. “Enquanto a faculdade ensina como fazer o serviço, o profissionalizante ensina você a fazer e o mercado dá mais oportunidade para essa situa-ção”, afirma.

A diretora geral de Educação Profissional no Grupo Litera-tus, Amanda Estald, diz que a procura cresce em razão do re-conhecimento de gestores em relação ao retorno à empresa que contrata profissionais com conhecimentos técnicos. Ela lembra que há anos as empre-sas treinavam e formavan os profissionais, o que demandava tempo e recursos.

Para ela, a companhia corria o risco de, após vários treina-mentos, o colaborador não se identificar com a área e causar o turnover (rotatividade) na em-presa. “Hoje temos empresas que aguardam o período do estágio curricular dos nossos alunos”, comenta.

O Grupo Literatus trabalha com cursos de aperfeiçoamen-to, cuja carga horária varia de

20 a 200 horas. Entre eles estão: gestores de lojas, téc-nicas de vendas, liderança e coaching, primeiros socorros, entre outros. Também há os cursos técnicos voltados para a área de gestão e negócios, como técnico em contabilidade, qualidade, logística, recursos humanos, finanças, administra-ção, marketing com duração de 11 meses e investimento a partir de R$ 200 mensais.

O Centro Educacional Susten-tar oferece cursos que duram em média três meses e custam em torno de R$ 150 cada, como o de assistente administrati-vo, recursos humanos, auxiliar financeiro e de cobrança de crédito, eletricista, inspetor da qualidade, operador de caixa,

organizador de festa, recepcio-nista, entre outros.

O diretor-fundador revela que em breve, por conta de alta demanda, o centro deve dispo-nibilizar cursos técnicos em se-gurança do trabalho, adminis-tração e também preparatório para concursos públicos.

Ele destaca que apesar de funcionar há seis meses no mercado, o centro de ensino profissional registra forte cres-cimento a cada trimestre. “Na primeira turma, quando estáva-mos começando, a procura foi menor. Na segunda a diferença foi maior. Nesse período tive-mos duas formações e entre 150 a 200 alunos foram for-mados”, aponta.

Instituições particulares de ensino afirmam que a procura por cursos profissionalizantes cresceu em média 10% nos últimos anos no Amazonas pela demanda da indústria e do comércio local

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O balconista, Jean Breno Silva de Oliveira, 20, faz o curso de assistente de Recursos Humanos (RH) e pensa em fazer o de logís-tica logo após. Segundo ele, além de ter trabalhado na área de RH, quer acrescen-tar maior capacitação ao seu currículo. “Fiz um curso de pacote administrativo que durou três anos. Agora trabalho como balconista porque pretendo pagar a faculdade, mas quero con-cluir o ensino superior por um currículo com mais co-nhecimento”, avalia.

Jean destaca que o desafio de hoje em dia é acompanhar as mudanças do mercado. Ele lembra que antigamente o ensino médio era o princi-pal fator que completava o currículo, sendo que hoje ele não vale mais quase nada. Além disso, algumas empre-sas não contratam pessoa que não fala mais de uma língua. “O inglês e o espanhol é um complemento, por isso, faço um curso de inglês aos sábados”, conta.

A operadora de produção Emanuelly Fernandes Pan-toja, 33, fez recentemente o

curso de logística. Ela conta que nos últimos dois anos fez os cursos de almoxa-rife, chefia de liderança e informática. “Sou forma-da desde 2011 no curso superior de tecnologia em logística pela Universida-de Anhaguera Uniderp, mas não consegui emprego na área. Desde então sempre procuro me reciclar, porque um dia pode surgir uma vaga e você tem que ter um diferencial, nesse caso a qualificação”, ressalta.

Milka de Nazaré Farah, 31, se formou no curso superior

de gestão de RH, porém, como não tinha experiên-cia, não conseguiu emprego na área. Em 2013, na busca para entrar no mercado de trabalho ela resolveu fazer o um novo curso, desta vez, técnico em Gestão de RH. Ao final, estava com a vaga garantida na empresa em que estagiou. “O merca-do é muito competitivo e se você não buscar novos meios para se qualificar vai ficar para trás. Eu, por exemplo, após o estágio já fiquei como funcionária contratada”, lembra.

Quanto mais cursos, melhor o currículo

Cursos como técnico de vendas e inspetor de qualidade duram, em média, de 20 a 200 horas e custam entre R$ 150 e R$ 200

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

O curso profissiona-lizante demora em média três meses. Quem quer entrar

no mercado de trabalho não pode

esperar tanto

João Paulo,diretor-fundador do Sustentar

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Preço de passagem aérea é pressionado pela criseBilhetes podem sofrer reajuste caso continue a pressão da alta do dólar, subida da inflação e impostos abusivos no país

Brasília - O amazo-nense que gosta de viajar e sonha em ver os preços das passa-

gens aéreas ficarem mais em conta deve preparar o bolso. Curtir passeios em outros Es-tados ou até mesmo fora do país deverá ficar mais salgado ainda neste ano.

A possibilidade de haver au-mento nas tarifas das pas-sagens foi confirmada pelas empresas de aviação civil que compõem o mercado brasilei-ro e não foi descartada pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). De acordo com o vice-presidente da Avianca, Tarcísio Gargioni, o índice de reajuse deverá ser de 10%. “Se continuar a ter pressão nos custos, o aumento pode ocorrer a qualquer mo-mento”, alerta o executivo.

Por sua vez, mesmo não dan-do detalhes sobre o percentu-al de aumento, o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, destacou que o setor aéreo está pressionado e sente os efeitos da crise econômica que afeta o país com a alta do dólar, a subida da infla-ção e a cobrança abusiva de impostos. “Este ano será o

mais difícil para o setor aéreo. Não há nenhuma perspectiva de termos números melhores dos que os do ano passado”, afirma Sanovicz.

Segundo ele, o setor aéreo deverá registrar, neste ano, fuga de passageiros em decor-rência do encarecimento dos custos para o cidadão que quer viajar e que já está sobrecarre-

gado com os últimos reajustes ocorridos no país como o das tarifas de energia elétrica, do valor do litro dos combustíveis e até mesmo do preço dos alimentos. A tendência é a de-manda por passagens aéreas ficar reprimida.

“Baseados nos dados de março, começamos a perce-ber a decisão do consumidor mais conservadora”, revela o presidente da Abear, ao salien-

tar que as empresas aéreas trabalham duro, hoje, para reduzir custos.

Apesar da situação desa-nimadora do cenário aéreo, algumas empresas estão me-nos pessimistas. De acordo com o vice-presidente da Gol, Alberto Fajerman, 2015 será um ano de ajustes. “Não de-vemos ser muito pessimistas, porque até o início de 2016 reencontraremos o caminho do crescimento”, opina.

“A crise vai passar, mas a questão é saber quando ela passará”, concorda o vice-presidente da Avianca, Tar-císio Gargioni.

Segundo o diretor de As-suntos Regulatórios da Tam, Basílio Dias, a crise é uma oportunidade para as empre-sas investirem no setor aé-reo. “A Tam e o Grupo Latam continuam investindo, tanto na renovação da frota quanto em tecnologia”, conta.

Conforme o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, uma das soluções para o setor aéreo será reforçar a parceria com as agências de viagens para que estas concedam atrativos como descontos para quem quer viajar no país.

*O jornalista viajou a con-vite da Abear

CUSTOSO principal fator para o encarecimento da passagem aérea é o combustível, que representa 40% das despesas da aviação. Também contribuem os impostos, inflação alta e dólar elevado

A possibilidade de reajuste sobre as tarifas aéreas não foi descartada pelas empresas do setor

ANWAR ASSI*Equipe EM TEMPO

A falta de segurança nos voos que abrangem os céus do Amazonas é uma das prioridades da política aé-rea do atual governo federal para os próximos anos. Afir-mação é do ministro da Avia-ção Civil, Eliseu Padilha, e foi concedida ao EM TEMPO durante o evento “Aviação em Debate – Desafios do Setor”, realizado na capital federal, durante a semana passada, pela Abear, entida-de que reúne representantes do setor aéreo.

De acordo com Padilha, a Agência Nacional de Avia-ção Civil (Anac) já tomou medidas para fortalecer o processo de fiscalização dos

voos na região.Segundo o presidente da

Anac, Marcelo Guaranys, assim como no exterior, a segurança é o foco princi-pal da aviação civil no país. De acordo com ele, a Agên-

cia tem feito um traballho árduo de fiscalização.

“Nós certificamos todos os elos da cadeia. Ao mesmo tempo em que nos preocu-pamos com a segurança, nós buscamos a eficiência do mercado. Portanto, nos-sa meta é tornar segura a aviação civil, mas sem tra-var o crescimento do setor e favorecendo a eficiência”, salientou Guaranys.

Segundo dados da Secre-taria de Aviação Civil (SAC), atualmente, há 101 projetos de lei em trâmite no Con-gresso Nacional que tratam desse mercado dos quais 23 proposituras vão ter grande impacto no setor aéreo.

Segurança é o foco nos céus do AMGESTÃOMinistro da Aviação Civil, Eliseu Padilha descarta a possibili-dade de o aeroporto de Manaus ser pri-vatizado na onda de concessões que o go-verno federal preten-de fazer até 2018

Ministro afirma que Anac tomou medidas para fortalecer a segurança dos voos na região

DIEGO JANATÃ

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Academias são filão a ser explorado no AmazonasNúmero de estabelecimentos no Estado aumentou consideravelmente nos últimos dois anos, de acordo com o Cref8

A importância da prática de atividades físicas aliada a preços acessíveis, profissionais capacitados e equipamentos de qualidade, aquece o mercado, que conta com 260 academias no Estado

Com o aquecimento do mercado fitness em todo o Brasil, o número de registro de acade-

mias, por ano, no Amazonas, aumentou de 25, em 2013, para 54, em 2014, totalizando 260 estabelecimentos registrados em todo o Estado. O volume re-presenta uma média de quatro a seis novos empreendimentos por mês, conforme o Conselho Regional de Educação Física da 8ª Região (Cref8), que abrange os Estado da Região Norte.

De acordo com o presidente da entidade, Jean Carlo Aze-vedo, o crescimento se deve a uma série de ações, dentre elas a expansão das academias de bairros e a maior regularização desses estabelecimentos. Ele também aponta o aumento de profissionais formados na área nos últimos anos. “Atualmente há em torno de quatro mil pro-fissionais registrados no Ama-zonas. Em 2007, esse número era de 1.400”, observa.

O representante da Eco Fit-ness Academia, Luiz Roberto, relata que dados da Fitness Brasil - organizadora da maior feira do ramo na América La-tina – mostram que, no país, apenas 1,8% da população faz exercícios físicos com regulari-dade. Um dado relativamente pequeno, o que demonstra o quanto o mercado de acade-mias é promissor em todo o país. “A população cada vez mais se conscientiza sobre a importância da prática de ativi-dade física e o mercado cresce não somente no Brasil, mas no mundo todo”, ressalta.

A academia, situada na Zona Sul da cidade, funciona das 6h às 23h e conta com aproxima-damente 350 alunos. Os planos fixos variam de R$ 131 a R$ 190 mensais, sendo que há pacotes de três meses para a melhor idade por R$ 99. O local oferece mais de 31 aulas semanais e faz constantes investimentos

tanto na estrutura quanto nos equipamentos. “Somos uma academia com profissionais e equipamentos de ponta; o que há de mais moderno no mundo fitness nós adquiri-mos”, revela Roberto.

Outra que vem ampliando tanto os serviços quanto a infraestrutura do estabeleci-mento, por conta da alta do mercado, é a academia Atléti-ca Atenas, situada no Olímpico Clube, na Zona Centro-Sul. De acordo com o gerente geral, Daniel Torres, no ano passado 90% dos equipamentos foram renovados; já este ano, os investimentos serão direcio-nados ao aumento do espaço de musculação, ginástica, ves-tuário, entre outros. “Estamos com o projeto de melhoria pronto, esperando apenas a liberação do financiamento do banco”, informa.

Segundo ele, com a amplia-ção o novo espaço deve ficar quatro vezes maior que o atual. A expectativa é que o número de alunos fixos também cresça de 1.400 para 1.500 ou 1.600 até dezembro. “Estamos remo-delando nossas atividades para atingir um público que não é A e nem C, aquele intermediário, que busca maior conforto e pre-ço acessível”, afirma, destacan-do que os planos na academia variam de R$ 99 a R$ 175.

Novas unidadesAzevedo revela que, este ano,

o Cref8 já recebeu alguns pe-didos para avaliar novos es-tabelecimentos que estão em fase de abertura. Segundo ele, quando há demanda são feitas visitas “in loco” para verificar os equipamentos, a estrutura, entre outros, para a emissão do documento de registro.

“Se estiver tudo certo, ex-pedimos um certificado de regularidade, que deve ser exposto em local visível, ge-ralmente junto ao alvará de funcionamento ou o certifi-cado da Vigilância Sanitária”, observa Azevedo.

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No ano passado, segundo o relatório anual do Cref8, a entidade efetivou 571 autuações no Amazonas e interditou 37 estabeleci-mentos por funcionarem de forma irregular. A atu-ação ilegal do profissional de educação física foi uma das principais irregularida-des flagradas pelo Conse-

lho nas fiscalizações reali-zadas no Estado, conforme o documento.

O presidente da entidade, Jean Carlo Azevedo, ressal-ta que estabelecimentos como academias, escolas e estúdios, sem a coordena-ção de um profissional de educação física habilitado para exercer a profissão ou

condições físicas adequa-das, representam 81% das autuações efetivadas.

“A pessoa não pode sim-plesmente abrir um local e funcionar como uma ins-tituição. Precisa ter um profissional habilitado e registrado no Cref8 para responder tecnicamente pelas atividades”, frisou.

Ele faz um alerta para que as pessoas denunciem, por meio do número (92) 3234-8234, aqueles estabeleci-mentos que não tiverem re-gistro no Cref8. A ação fará com que o Conselho faça fiscalização, com o intuito de garantir que a atividade física seja praticada com saúde e segurança.

Irregularidades resultam em fechamentos

Profissionais, habilidades e estrutura física adequada são indispensáveis para o funcionamento de academias e similares

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Facebook testa drones para conectar regiões isoladasSucesso dos testes com os equipamentos que usam raios laser para transmissão de dados foi anunciado por Zuckerberg

O presidente-executivo e cofundador do Fa-cebook, Mark Zucker-berg, anunciou que a

empresa “concluiu com suces-so”, no Reino Unido, os testes do uso de drones (aeronaves não tripuladas) que usam raios laser para transmissão de dados.

A ideia do uso dos veículos - que terão envergadura de 29 metros, maior que a de aviões Boeing 737, segundo a compa-nhia - é levar conexão à internet a populações remotas.

Os drones têm massa in-ferior à de um carro e são alimentados por energia elé-trica proveniente de painéis solares instalados nas suas asas, disse Zuckerberg.

É uma tecnologia alternativa às atuais conexões por torres celulares e também à de balões com conexão por ondas de rádio, que vem sendo testada no Brasil pelo Google no seu projeto Loon. A gigante de buscas também adquiriu uma companhia de dro-nes, chamada Titan Aerospace, em abril do ano passado.

O Facebook diz ter realizado estudos por meio dos quais conclui que somente 10% das pessoas vivem fora do alcance de redes celulares, sejam elas 2G (de segunda geração), 3G ou mais novas.

Em entrevista à “Folha de S.Paulo” no mês passado, o exe-cutivo Ime Archibong, respon-sável pelo projeto de inclusão Internet.org do Facebook, disse que é por causa disso que a empresa também faz parce-rias com teles para tornar mais acessível - às vezes gratuito - o acesso a alguns serviços (incluindo, claro, a própria rede

social) usando o celular.Em janeiro e em fevereiro

deste ano, a companhia lan-çou programas para acesso ao seu site e a serviços de internet públicos ou consi-derados essenciais (como a Wikipédia) na Colômbia e na Índia, respectivamente.

Não é a primeira vez que o Facebook menciona a opera-ção de drones para conexão

à internet. Em setembro do ano passado, o executivo Yael Maguire falara sobre o início dos testes em 2015 e sobre o tamanho das aeronaves.

O projeto foi parcialmente detalhado por meio de um docu-mento liberado pela companhia sediada em Menlo Park, Califór-nia. Os drones voam a cerca de 20 quilômetros de altitude. Uma das dificuldades é a perda de intensidade do sinal - uma função exponencial em relação à distância - das ondas eletro-magnéticas dos raios laser.

Em janeiro, o Facebook anunciou a contratação de 1.200 pessoas para trabalhar com drones e em outras áreas consideradas de tecnologia de ponta, como realidade virtual. O anúncio foi feito durante a conferência F8, para de-senvolvedores, realizada pelo Facebook em San Francisco entre a quinta-feira (26) e sexta-feira (27).

“Se atingirmos nosso primei-ro objetivo, de conectar todo o mundo à internet, criaremos um novo problema, de tamanho fluxo de informação que você não consegue chegar às coisas que lhe são importantes”, disse o executivo-chefe de tecnologia da empresa, Mike Schroepfer, durante o evento.

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Os drones do facebook têm massa inferior à de um carro e são alimentados por energia solar

MESSENGERDurante a semana, o Facebook anunciou que permitirá a desenvol-vedores externos que criem ferramentas para o aplicativo Messenger, que é usado por 600 milhões de pessoas ao menos uma vez por mês

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Pacto federativo será o debate da vez no SenadoO tema virou uma “panela de pressão” no Congresso, pois muitos Estados já não conseguem mais arcar com seus compromissos

Brasília -O pacto fe-derativo é um dos temas centrais da pauta do plenário

do Senado nesta semana. Devem ser analisados proje-tos que tratam do indexador das dívidas dos Estados e municípios, ainda não regu-lamentado pelo Executivo, e da convalidação de incenti-vos fiscais concedidos por Estados a empresas. Os dois textos tramitam em regi-me de urgência e a vota-ção depende do resultado de audiência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), marcada para depois de amanhã.

A intenção inicial era votar os dois projetos na última quarta-feira, mas a votação acabou sendo adiada a pedi-do do ministro, que se com-prometeu a vir ao Senado falar sobre o ajuste fiscal. A preocupação do governo é com o aumento de gastos em decorrência do novo indexa-dor das dívidas. A mudança, segundo estimativas atribuí-das ao Ministério da Fazenda, poderia gerar uma perda de R$ 3 bilhões ao governo fe-deral neste ano.

A mudança no indexador das dívidas era uma reivindi-cação antiga de governado-res e prefeitos. O texto que altera o indexador virou lei em 2014 (lei complementar 148/2014), mas o governo ainda não regulamentou a lei para adiar essa renego-ciação. O projeto que está na pauta do plenário (PLC 15/2015 complementar) dei-xa claro que a renegociação das dívidas com a União in-depende de regulamentação e dá prazo de 30 dias para que o governo federal assine com os Estados e municípios

os aditivos contratuais.Com isso, haverá a subs-

tituição do atual indexador, Índice Geral de Preços - Dis-ponibilidade Interna (IGP-DI), pelo Índice Nacional de Pre-ços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, os juros serão reduzidos dos atuais 6% a 9% ao ano para 4% ao ano. Quando a fórmula IPCA mais 4% ao ano for maior que a variação acumulada da taxa Selic (taxa básica de juros), a própria taxa básica de juros será o indexador. Isso evita que a soma dos encargos fique muito acima dos juros vigentes no mercado.

ConvalidaçãoO outro projeto do pacto

federativo que tramita em regime de urgência é o PLS 130/2014, que promove a con-validação de incentivos fis-cais concedidos por Estados a empresas. A convalidação significa tornar regulares be-nefícios fiscais que as unida-des da federação concedem a empresas para que estas se estabeleçam em seus territó-rios. Muitos desses benefícios foram oferecidos em desa-cordo com as normas atuais, que os senadores consideram muito rígidas. A competição dos Estados na concessão dos benefícios e conhecida como“guerra fiscal”.

Para que um Estado possa conceder benefícios fiscais a empresas, é necessário obter unanimidade entre todas as unidades da federação no Conselho Nacional de Políti-ca Fazendária (Confaz). Se-nadores dizem que essa re-gra beneficia Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que são mais atraentes para empresas e podem vetar so-zinhos os incentivos promo-vidos pelos outros.

Na última sexta-feira, quando presidia a 2ª edição do programa Câmara Itine-rante, realizada na Assem-bleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o presidente da Câmara Federal, deputa-do Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reafirmou que o debate sobre o pacto federativo é urgente, pois muitos Es-tados e municípios já não conseguem mais arcar com suas responsabilidades.

Cunha lembrou que de-cisão do Supremo Tribu-nal Federal (STF) obrigou Estados e municípios a quitarem todos os pre-catórios até 2020. “Nós sabemos que muitos entes não terão con-dições fazer isso em 5 anos”, destacou.

O pacto federativo, segundo ele, vem “sen-do agredido todos os dias”. “Temos de definir as responsabilidades de cada ente federado e as respectivas receitas para financiar essas obriga-ções”, defendeu Cunha.

Essa discussão, confor-me o presidente da Câma-ra, precede até mesmo o debate sobre a reforma tributária. “As mudanças no sistema tributário de-vem ser uma consequên-cia da reformulação do pacto federativo e não a causa”, frisou.

O relator da comissão especial do pacto fede-rativo, deputado André Moura (PSC-SE), concor-dou que não é possível pensar em uma reforma

tributária, sem discutir as responsabilidades de União, Estados, Distri-to Federal e municípios. “Não podemos falar de partilha de tributos, sem antes falar de direitos e deveres de todos os entes federados”, sustentou.

De acordo com Mou-ra, após a Constituição de 1988, os Estados, os municípios e o Distrito Fe-deral assumiram respon-sabilidades sem recursos suficientes. “A distribui-ção das receitas entre os

entes é injusta. Temos de ter a preocupação de não afetar as receitas de ne-nhum deles”, comentou.

Eduardo Cunha reite-rou que a reformulação do pacto federativo não pode ser feita com a simples transferência de receitas da União para Estados e municípios. Na avaliação dele, é funda-mental que se estabele-çam condições para que todos os entes tenham capacidade de financiar suas obrigações.

Eduardo Cunha reafirma urgênciaTambém continuam na

pauta do Senado projetos da reforma política. Entre eles, dois textos que tratam do financiamento das cam-panhas eleitorais. O finan-ciamento público exclusivo das campanhas eleitorais, com consequente proibição de doações por empresas, é apontado por muitos par-lamentares como uma das principais mudanças que o país precisa fazer para combater a corrupção.

Um dos projetos que tra-tam do assunto na pauta do plenário é o PLS 268/2011, do ex-senador José Sarney (PMDB-AP), que estabele-ce o financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais. O outro texto é o PLS 60/2012, da se-nadora Vanessa Grazzio-tin (PCdoB-AM), que proíbe doações de empresas em

dinheiro, ou por meio de publicidade, a candidatos e partidos políticos.

Também está na pau-ta da reforma política o PLS 601/2011. O texto, do ex-senador Pedro Taques (PDT-MT), exige a divulga-ção das receitas e despesas das campanhas eleitorais.

Outros assuntosConstam ainda na pau-

ta outras proposições, não relacionadas à reforma política. Uma delas é PLS 279/2012, que reduz para 60 anos a idade mínima para o recebimento do be-nefício de prestação conti-nuada (BPC). A outra é o PLC 13/2013, que prevê o reco-nhecimento das carreiras de engenheiros, arquitetos e agrônomos do serviço público como essenciais e exclusivas de Estado.

Reforma política na pauta

DIFICULDADEDecisão do Supremo obrigou Estados e municípios a quita-rem todos os preca-tórios até 2020. Na avaliação do presi-dente da Câmara, Eduardo Cunha, isso é quase impossível

Senadores devem votar nesta semana projetos de lei que tratam do pacto federativo, como o indexador das dívidas dos Estados e municípios e a convalidação de incentivos concedidos por Estados

Renan Calheiros vai colocar na pauta a reforma política

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Estudo diz que Israel matou 2,3 mil palestinos em 2014Números mostram que estes assassinatos são os maiores desde a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em 1967

São Paulo - Israel matou mais civis palestinos em 2014 do que em qual-quer outro ano desde

que a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza começou em 1967, revelou um relatório da Organização das Nações Uni-das (ONU), na última sexta-fei-ra. Intitulado “Vidas Fragmenta-das”, o documento atesta que a atuação israelense na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental resultou na morte de 2.314 palestinos e 17.125 fe-ridos no ano passado, aponta o Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários).

Os dados contrastam com as 39 mortes e 3.964 feridos palestinos que a agência conta-bilizou em 2013. Para as Nações Unidas, a operação Margem Protetora - que aconteceu en-tre julho e agosto passado em Gaza - foi a grande responsá-vel pelo aumento dramático de fatalidades. Durante 50 dias, a ofensiva tirou a vida de 2.220 habitantes do enclave palesti-nos, dos quais 1.492 eram civis, 605 eram militantes do grupo islamita Hamas e outros 123 não foram identificados. Do lado israelense, morreram 71 pesso-as - militares, em sua maioria. No auge do conflito, mais de

11 mil pessoas ficaram feridas e cerca de 500 mil foram deslo-cadas internamente. Para além de Gaza, houve também um aumento acentuado em mortes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde 58 palestinos foram mortos e 6.028, feridos - o maior número de mortes em incidentes envolvendo as forças de Israel desde 2007 e o maior número de lesões desde 2005.

A maioria dos incidentes ocor-reu na segunda metade do ano, após o sequestro e assassinato de Mohammed Abu Jedei, o que levou a tumultos e protestos diários em Jerusalém Oriental. O palestino de 16 anos de idade foi sequestrado e queimado vivo em julho, após o rapto e as-sassinato de três adolescentes israelenses no mês anterior. O relatório ainda nota um au-mento considerável no uso das forças armadas israelenses de munição letal, que respondeu por quase todas as mortes e 18% das lesões. A respeito de prisões, o número de palestinos mantidos em detenções admi-nistrativas israelenses subiu 24% em 2014, mas diminuiu em se tratando de crianças. Ata-ques palestinos contra civis e forças de segurança israelenses também se elevaram em 2014, com a morte de 12 pessoas. Crianças palestinas em frente a destroços de sua casa atingida por bombardeios de Israel em Rafah, na Faixa de Gaza

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Amores se tornam crimes passionais

Lei sobre adoção e venda de animais não é cumpridaSancionada em 2013, a lei municipal, além de não ser fi scalizada a contento, é pouco cumprida por feiras e pet shops

Adoção e comercialização de cães e gatos expostos em feiras e lojas de animais devem ser acompanhadas por um médico veterinário, conforme lei municipal. Poucos locais atendem a legislação

Dois anos após a san-ção da lei municipal número 1.717/2013, que disciplina a ado-

ção e comercialização de cães e gatos em feiras e estabeleci-mentos comerciais apropria-dos, a legislação vem sendo desobedecida, colocando em risco tantos os animais a se-rem comercializados quanto os pretensos compradores, em virtude da falta de um profi ssional – no caso, um mé-dico veterinário - para acom-panhar os procedimentosde aquisição.

Sempre acompanhando as feiras de adoção, a integrante da ONG Cachorreiros de Ma-naus, Erika Schoemp, relata que a feira que funciona no bairro Japiim, Zona Centro-Sul, não obedece a legislação e que os fi scais não compare-cem ao local. Segundo ela, a feira já foi denunciada várias vezes ao Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV/AM), até pelo motivo da ve-terinária responsável pelo espaço nunca estar presentenos dias de venda.

“Os animais estão expostos na rua e a feira não é regis-trada como estabelecimento. Um técnico disse que ia dar o segundo aviso, mas o caso não dá em nada, e assim já se passaram mais de três meses”, informa.

SançõesConforme estabele-

ce a lei municipal número 1.717/2013, os estabeleci-mentos que descumprem a legislação devem ser multa-dos pelo conselho pertinente, e caso o mesmo não tome as de-vidas providências, também pode responder pelo delito.

“Se a feira não tem veteriná-rio que é o responsável técnico e que não pratica o bem-estar dos animais devem ser pena-lizados. Esses animais estão em local sem condições am-bientais para expor fi lhotes e a veterinária responsável nunca está presente”, reforça Erika. A aquisição de animais nesta situação é um risco até mesmo para o comprador.

“A nossa preocupação com este tipo de venda se dá pelo fato de que, enquanto as ONGs lutam contra o abandono de animais, este tipo de comércio alimenta o abandono. Não são criadores sérios, são pessoas comuns reproduzindo animais

indiscriminadamente para ga-nhar dinheiro fácil, e nessas feiras ilegais há um risco para o comprador, pois eles não devem nem ter nota fi scal, já que estão em condição clan-destina”, avalia.

De acordo com Erika, na falta de fi scalização do Con-selho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), quem de-veria penalizar os comercian-tes seria o Departamento de Vigilância Sanitária (DVisa).

Até o fechamento desta edi-ção, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) não havia se pronunciado sobre as fi scali-zações nas feiras de vendas e adoções de animais.

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

ALTERAÇÃODe autoria do verea-dor Everaldo Farias, tramita na Câmara Municipal uma emenda para mudar a redação do parágrafo 4º, da lei 1.717/2013, que invia-biliza a castração de cães e gatos

Feira do Japiim passará por inspeção após denúncias ao CRMV

De acordo com o pre-sidente do Conselho Re-gional de Medicina Ve-terinária (CRMV/AM), Carlos Augusto Machado Carneiro, a autarquia deve realizar uma fi scalização – em data a ser defi nida - na feira do Japiim em decorrência da suspeita de irregularidades no re-ferido espaço.

Caso sejam constata-das inconformidades no local, será lavrado um auto de infração, conforme de-termina a lei, assegura

Carlos Augusto.Ainda segundo ele, os

produtos de origem animal que estiverem expostos em prateleiras e balcões são de responsabilidade da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS/AM).

Quanto à venda de ani-mais como cães e gatos em gaiolas em péssimas condições é de total res-ponsabilidade do respon-sável técnico (médico ve-terinário) da feira, item este que será observado pelo CRMV.

Conselho anuncia fi scalização

Realizada aos domingos, a Feira do Parque 10, lo-calizada no bairro Parque 10 de Novembro, na Zona Centro-Sul, é um dos es-paços de comercialização de animais mais conheci-dos na cidade. A respon-sável pelo lugar, Luciana Simões, afi rma que tem procurado se adequar aos procedimentos necessá-rios, para que a feira esteja dentro da legalidade.

O espaço de adoção é acompanhado pela mé-dica veterinária Robléia Mesquita, que garante acompanhar de perto to-dos os trabalhos que são realizados na feira.

“Às vezes observo os ven-dedores com tala na ore-lha do animal, mas quando colocam para a exposição peço que retirem na hora. Roupinhas nos animais também peço com que re-tirem, afi nal nosso clima é quente e os animais não

são preparados para esse tipo de situação”, relata.

Segundo a veterinária, as gaiolas utilizadas na feira são completamen-te higienizadas e apro-priadas para receber os animais, com garantia de conforto e principalmente segurança. A médica ve-terinária afi rma que ao perceber que algum ani-mal está com sintomas de doenças, por exemplo, ela solicita que o mesmo seja retirado do local.

“Acompanho as docu-mentações dos animais, se ele está vacinado, por exemplo, caso contrário não recebe autorização para ser exposto na feira”, assegura. Conforme Ro-bléia, a feira do Parque 10 deve passar por uma refor-ma, futuramente e receber uma melhor estrutura para os animais, como sistema de ventilação e climatiza-ção do ambiente.

Feira procura seguir normas

Veterinária faz questão de acompanhar procedimentos

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Cirurgia pélvica na FCecon registra série de avanços Procedimento complexo, realizado há 10 anos no Amazonas, permite mais qualidade de vida a pacientes com câncer

Dez anos após a rea-lização da primeira exenteração pélvica – cirurgia radical que

remove bexiga, uretra, vagina, útero, ovários, reto e ânus -, na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), o servi-ço de cirurgia oncológica da instituição, vinculada à Se-cretaria de Estado de Saúde (Susam), vem se destacan-do pelos avanços neste tipo de procedimento.

O resultado tem sido mais qualidade de vida a pacientes portadoras de vários tipos de câncer nessa região e até a cura total da doença em alguns casos.

ResultadosA primeira paciente sub-

metida ao procedimento, há 10 anos, foi a ex-auxiliar de construção civil Safira da Sil-va, 66, portadora até então de câncer de colo uterino. À época, ela já havia tentado tratamentos como radiote-rapia e quimioterapia, sem sucesso, uma vez que a doen-ça foi diagnosticada na sua forma mais avançada. Hoje, ela tem a certeza que fez a escolha cerca ao confiar na equipe de cirurgia pélvica da FCecon, garante a filha da aposentada, a dona de casa

Marilza Cardoso Pinheiro de Freitas, 40.

“Quando minha mãe estava doente, nós víamos o sofri-mento dela, pois o câncer já havia afetado muitos órgãos e ela estava sem alternativas para sobreviver. Ela chorava dia e noite com dores.

Hoje, 10 anos após a cirur-gia, ela tem uma vida normal. Não toma nenhum medica-mento, faz tudo em casa so-zinha e sem nenhuma dificul-dade e ninguém percebe que ela passou por uma cirurgia tão complexa. Podemos dizer que hoje, sim, ela tem uma vida de verdade. Sabemos que ele foi um anjo que Deus colocou em nossas vidas”. Marilza se refere ao cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci, gerente do Serviço de Cirurgia Oncoló-gica da FCecon e médico que acompanhou de perto duran-te o tratamento da pacien-te, indicando e participando da cirurgia.

ComplexidadeRicce explica que a cirurgia

acarretava riscos à paciente, devido à complexidade do pro-cedimento, mas era a única chance de cura da doença, já que Safira não havia respon-dido bem ao tratamento ante-rior. Ele explica que participa-ram do procedimento quatro

cirurgiões oncológicos, além de anestesista e instrumen-tador. A retirada dos órgãos durou cerca de oito horas.

“Hoje, pode-se dizer que a paciente está curada, pas-sando apenas por acompa-nhamento anual no hospital, onde realiza exames de ro-tina. Ela utiliza diariamente duas bolsas presas à parte externa da barriga, para a coleta de fezes e urina. Há 10 anos só tínhamos essa opção. Hoje, utilizamos nas nossas pacientes apenas uma bolsa, que serve para a coleta de ambos e facilita na hora da troca”, destacou.

ServiçosO serviço de cirurgia pélvica

é apenas um entre os vários implantados no âmbito da instituição. Apesar de já ser atuante, há 10 anos, fun-cionava como coadjuvante, sendo oficializado de fato há apenas cinco anos. Atu-almente, a FCecon dispõe de, pelo menos, dez serviços no âmbito cirúrgico, os quais registram uma média de 15 procedimentos/dia. São eles: cirurgia oncológica (inclui abdome superior e cirurgia pélvica), ortopédica, masto-logia, ginecologia, cabeça e pescoço, plástica, urologia, neurocirurgia e pediátrica.

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A primeira paciente do procedimento, Safira Silva, ao lado do médico Marco Antônio Ricci

Novo posto da Polícia Federal O centro comercial Par-

que 10 Mall está com um novo posto da Polícia Federal. Localizado na rua Tancredo Neves, número 645, no Par-que 10, o centro chega com a proposta de ser o mais completo espaço comercial de cidade. O novo posto da PF será destinado à emissão e renovação de passaporte. Os demais documentos de via-gem permanecem com a ex-pedição na Superintendência Regional, no Dom Pedro.

Segundo o chefe da Dele-gacia de Imigração da Polícia Federal do Amazonas, Pablo Oliva, a proposta é reduzir o tempo de espera nos atendi-mentos. “Vamos aumentar de três para cinco atendimentos simultâneos. Com isso que-remos diminuir pela metade o tempo de espera nas filas, inclusive na fila virtual. Hoje a pessoa faz agendamento

via site, espera muito tempo. O novo posto será prioritário para emissão e renovação de passaportes”. O local funcio-nará com horário diferencia-do, de 8h às 19h.

Estrutura O Parque 10 Mall possui

três andares, sendo o subsolo com vagas de estacionamen-to, o térreo com operações comerciais e o 1º andar com

prestação de serviços. O local vai funcionar de segunda a sábado das 8h às 20h e aos domingos das 10h às 20h. A praça de alimentação terá horário estendido até 1h, de quarta a domingo.

Entre o mix de lojas do novo centro estão a de te-lefonia móvel Vivo e Tim, a joalheria Onix Jóias, a Apoema Cosméticos, as lo-jas Trends, Stylish e Mina, a Ótica Ostalnorte, a clínica de estética e fisioterapia Body Fisio, o Salão de Beleza Amanda Beauty Center e a chocolataria Cacau Show. Na praça de alimentação, o Parque 10 Mall vai con-tar com o Soho Lounge, Calçada Alta, Hamburgueria Escangalho, Ai Q Bom, 10 Pastéis, Cafeteria Grão Ex-presso, Subway, Sorveteria Glacial e Waikiru Delícias da Amazônia.O novo posto da Polícia Federal, no Parque 10 Mall, tem serviços relacionados ao passaporte

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SERVIÇOO novo posto da PF será destinado à emis-são e renovação de passaporte. Os demais documentos de viagem permanecem com a expedição na Superin-tendência Regional, no Dom Pedro

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Mais pontos de venda depeixe para Semana SantaDuas tendas a mais foram inauguradas este ano, totalizando cinco, para a comercialização de pescado popular pela Seprors

A Secretaria de Estado de Produção Rural e Sustentabilidade (Se-prors) inicia o Feirão

do Pescado na terça-feira com cinco pontos de comercializa-ção de peixe para a Semana Santa. Este ano, serão monta-das duas tendas a mais, a fim de atender a população das regiões Centro-Oeste e Norte. A venda a preços acessíveis vai até o dia 4 de abril.

Além dos espaços montados todos os anos no Centro Social Urbano (CSU), no Parque 10, Zona Centro-Sul, e no estádio Carlos Zamith, bairro Coroa-do, Zona Leste, o pescado de procedência autorizada será comercializado também no recuo das escolas de samba, na avenida do Samba com a Lóris Cordovil, bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste, e na cal-çada da escola estadual João Bosco, na Cidade Nova I, Zona Norte, em frente ao shopping Sumaúma. O Feirão da Seprors (antiga Expoagro), no bairro Santa Etelvina, Zona Norte, é um ponto fixo de venda de peixe e todos os anos entra na programação promocional.

Os pontos foram definidos a partir da circulação de pessoas. As tendas funcionam entre 7h e 21h, com exceção da tenda

do Coroado, que encerra as atividades às 20h. No sábado, funcionará até 12h.

EconomiaO objetivo é garantir o acesso

ao consumo de peixe no período a preços mais acessíveis, que tendem a subir nesta época por conta da demanda. De acordo com o secretário, Sidney Leite, a economia fica entre 22% e 25% dos preços praticados no mercado. O tambaqui que pesar até 1 quilo, por exemplo, será vendido a R$ 5,50. O que estiver na faixa de peso de 2 quilos a 3 quilos terá o valor do quilo um pouco maior: R$ 7,50. O que costuma ser mais procurado, acima de 5 quilos, terá o quilo vendido a R$ 10.

“A iniciativa segue a diretriz da Seprors, que é aproximar o produtor do consumidor, ga-rantindo ganhos significativos para os dois lados ”, afirmou. A expectativa para este ano é comercializar 500 toneladas de peixes tradicionais da culi-nária regional como tambaqui, matrinxã e pirarucu (fresco e salgado), além de quelônios.

Os preços são acertados entre os produtores com as-sessoria técnica da Sepror, com base nos custos e no volume de pescado que será

colocado à venda, segundo o chefe do Departamento de Pesca e Aquicultura da Secre-taria de Pesca e Aquicultura (Sepa), Ivo Calado.

Aproximadamente 300 to-neladas são provenientes da piscicultura (cultivo) e de áreas manejadas e 200 toneladas de estoques declarados. Os que-lônios comercializados são de áreas autorizadas pelo Ibama. De acordo com o secretário executivo de Pesca e Aqui-cultura, Geraldo Bernardino, o consumo de pescado na con-tribui para o desenvolvimento da piscicultura no Estado.

Defeso As espécies comercializa-

das nas Tendas do Pescado da Seprors são protegidas pelo Defeso, sendo proibida a pesca, transporte e venda durante quatro meses. A ma-trinxã, a sardinha, o mapará, a pirapitinga, o pacu, o aruanã, o surubim e o caparari tiveram a comercialização proibida en-tre 15 de novembro de 2014 e 15 de março de 2015; o tambaqui, de 1 de outubro de 2014 a 31 de março de 2015; e o pirarucu tem defeso per-manente, permitida a pesca e venda da espécie apenas em áreas manejadas.

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A expectativa para este ano é comercializar 500 toneladas de peixes, segundo a Seprors

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 C5

Crimes passionais: ciúmes e morteO “Caso Marcelaine” é apenas um dos muitos crimes motivados por ciúmes de pessoas envolvidas em relacionamentos amorosos. Segundo dados da SSP-AM, o número de crimes passionais quase dobrou

Desde o fi nal do ano passado, os desdo-bramentos do “Caso Marcelaine” vêm mo-

bilizando a atenção da mídia e da opinião pública. O episódio, no entanto, representa ape-nas uma situação de várias no contexto dos crimes pas-sionais em Manaus.

Contudo, diferente de Mar-celaine Schumann, que é suspeita de mandar matar a suposta amante do homem que ela também era amante, a maioria das ocorrências en-volve algum tipo de agressão praticada pela fi gura masculi-na, segundo a delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), Andrea Nascimento Pereira. “Em 100% dos casos, a violência começa com ofen-sas e xingamentos e, de forma progressiva, pode acabar em assassinato, caso a vítima não procure ajuda a tempo”.

Em 2013, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) regis-trou 14 homicídios por motivo passional. No ano seguinte, foram notifi cados 21 casos, quase o dobro. As vítimas do sexo feminino integravam

mais da metade das ocor-rências nos dois períodos. “A maioria dos homicídios ocorre porque a mulher, diante da série de ataques, resolve ter-minar o relacionamento. Isso acaba deixando o parceiro enfurecido”. Ela afi rma que não há causas específi cas da violência, mas o uso recor-rente de álcool e drogas pode potencializar o ato.

O aumento nos índices pode estar relacionado, ainda, à fa-cilidade do acesso às informa-ções disponíveis hoje em dia. Dessa forma, solicitar ajuda aos órgãos competentes tornou-se uma medida mais rápida e se-gura. “Nossa demanda é grande, mas agora as mulheres bus-cam socorro ao constatar os primeiros sinais de que algo está errado”, diz.

Nos últimos meses, três crimes ganharam gran-de repercussão social em função da agressividade empregada. Um dos que mais repercutiu envolve a socialite Marcelaine Santos Schumann, 36, suspeita de encomendar a morte da es-tudante de direito Denise Almeida da Silva, 34, acusa-da de manter relação amo-rosa com o possível amante de Schumann, identifi cado como Marcos Souto.

A estudante de direito foi baleada no dia 12 de no-vembro de 2014, no estacio-namento de uma academia situada na avenida Getúlio Vargas, esquina com a rua

Ramos Ferreira, Centro. Ape-sar de ter recebido um tiro no pescoço, ela não morreu.

De acordo com as investi-gações da DEHS, Schumann teria prometido uma quantia de R$ 7 mil para três pes-soas fazerem o serviço. O trio era composto por Ka-ren Arevalo Marques, 22, e Charles MacDonald Lopes Castelo Branco, 27, foram presos no bairro Jorge Tei-xeira, zona Leste. Charles é acusado de negociar o cri-me com Marcelaine e Karen de intermediar o aluguel da arma utilizada.

Karen e Marcelaine aguar-darão o julgamento fora da cadeia, pois tiveram o pedido

de liberdade provisória acei-to pelo juiz da 3ª Vara do Tribu-nal do Júri, Mauro Antony.

EstranguladasOutro crime que chocou

a opinião pública foi o as-sassinato da atendente de pastelaria Cleolene da Silva Rabelo, 27, no último dia 17. Ela foi encontrada por vizinhos no apartamento onde morava na rua Tapa-jós, Centro. A vítima estava nua em cima de sua cama, com fi o elétrico enrolado em volta do pescoço e uma faca cravada no peito. O principal suspeito de ter assassinado Cleolene é o ex-namorado Aldiney Souza do Nascimen-

to, 26. Em depoimento na Delegacia Especializada de Homicídios e Sequestros (DEHS), o rapaz disse que manteve relação por quatro meses e terminou por des-confi ar que ela poderia ser garota de programa.

No dia 26 de fevereiro, outra mulher foi estran-gulada dentro de casa, no conjunto João Paulo II, bairro Nova Cidade, Zona Norte. A manicure Raiane Pereira de Amorim, 24, foi enforcada com uma toalha de banho. A polícia suspeita que o namo-rado dela, Marcos Douglas Paiva de Souza, tenha prati-cado o crime de madrugada e fugido do local.

Início do ano com assassinatos marcantes

No último dia 17, Cleolene da Silva Rabelo foi encontrada com sinais de estrangulamento dentro da casa dela, no Centro

A Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seas) mantém uma rede de apoio que funciona 24 horas por dia, articulada em parceria com os serviços judiciários e de assistência social. O Centro de Referência Estadual de Apoio à Mulher (Cream), por exemplo, reúne o Núcleo de Atendimento Emergencial à Mulher (Naem), núcleos da Defensoria Pública

e Ministério Público e o Juizado Maria da Penha.

Um exemplo do fl uxo de as-sistência oferecido funciona da seguinte maneira: após o regis-tro do boletim de ocorrência, a pessoa é encaminhada ao Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (Sapem), onde recebe acompanhamento psicológico. Questões judiciais são tratadas por defensores públicos que

atuam no Naem. Caso não te-nham condições de voltar para casa ou se estabelecer em outro local, o Juizado de Violência Do-méstica e a equipe técnica po-dem encaminhá-las, junto com os fi lhos, ao Abrigo Antônia do Nascimento Priante.

“As crianças são vítimas pas-sivas da violência, e existe o risco de tomarem aquele com-portamento como um exem-

plo”, acrescenta Keyth Bentes, coordenadora da Rede de Aten-dimento à Mulher.

O programa Ronda Maria da Penha da SSP atende mulheres vítimas de violência que estão sob medida protetiva, expedi-da pela Justiça. O programa realiza visitas nas residências das vítimas, além de promover palestras em empresas e esco-las contra a violência.

Projetos oferecem apoio gratuito às mulheres

DADOSEm 2013, a Secretaria de Estado de Seguran-ça Pública do Amazo-nas (SSP-AM) registrou 14 homicídios por motivo passional. No ano seguinte, foram notifi cados 21 casos, quase o dobro

DANIEL AMORIMEspecial para o EM TEMPO

“Caso Marcelaine”: a estudante Denise Almeida (à direita) levou um tiro no pescoço a mando de Marce-laine Schumann, que estaria com ciúmes de Marcos Sou-to. Os três são amantes, segundo as investigações

O crime passional se re-fere a atos cometidos em função de um sentimento de posse e à falta da capaci-dade de lidar com a paixão, o que pode gerar diversos tipos de agressividade

“É um quadro que pode ser verifi cado inclusive entre pais e fi lhos. De forma geral, está associado à rejeição e baixa autoestima”, diz o psicólogo Sandro Soares.

Nesse caso, a primeira me-

dida a ser buscada é o auxílio psicológico. O especialista então traça um perfi l do nível de passionalidade do pacien-te. O tratamento medica-mentoso deve ser aplicado em casos graves de desvio de comportamento.

Soares observa ainda que, atualmente, a facilidade de acesso aos recursos dos meios digitais criou condi-ções ideais para o aumento dos casos. “Fotos, frases e

informações postadas em redes sociais como o Face-book podem agravar sen-timentos de ciúme e des-confi ança. Isso faz parte de um cenário fantasioso que a pessoa criou, e que nem sempre corresponde à rea-lidade”, exemplifi ca.

Nesse sentido, órgãos responsáveis ao comba-te à violência doméstica têm centralizado ações no atendimento ao agressor.

No Sapem, unidade anexa à DECCM, psicólogos re-alizam entrevistas e con-sultas individuais ou em grupo, de acordo com o perfi l dos envolvidos. “Nos-so objetivo é evitar a vio-lência, e isso depende da garantia de uma série de serviços essenciais como educação, saúde e cultura”,fi naliza Keyth.

*colaborou Ive Rylo

Agressividade, rejeição e baixa autoestima

Segundo o psicólogo Sandro Soares, o crime passional se refere a atos cometidos em função de um sentimento de posse

SERVIÇOONDE PROCURAR AJUDA EM CASOS DE VIOLÊNCIA

Delegacia da Mulher:

Centro de Apoio à Mu-lher (Cream):

Disque- denúncia:

Avenida Mário Ipiranga, Parque 10 de Novembro

Avenida Presiden-te Kennedy, 399, Educandos

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As mulheres são as principais vítimas

de violência do-méstica e de crimes

passionais

RAIMUNDO VALENTIM DIEGO JANATÃ RICARDO OLIVEIRA

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Crimes passionais: ciúmes e morteO “Caso Marcelaine” é apenas um dos muitos crimes motivados por ciúmes de pessoas envolvidas em relacionamentos amorosos. Segundo dados da SSP-AM, o número de crimes passionais quase dobrou

Desde o fi nal do ano passado, os desdo-bramentos do “Caso Marcelaine” vêm mo-

bilizando a atenção da mídia e da opinião pública. O episódio, no entanto, representa ape-nas uma situação de várias no contexto dos crimes pas-sionais em Manaus.

Contudo, diferente de Mar-celaine Schumann, que é suspeita de mandar matar a suposta amante do homem que ela também era amante, a maioria das ocorrências en-volve algum tipo de agressão praticada pela fi gura masculi-na, segundo a delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), Andrea Nascimento Pereira. “Em 100% dos casos, a violência começa com ofen-sas e xingamentos e, de forma progressiva, pode acabar em assassinato, caso a vítima não procure ajuda a tempo”.

Em 2013, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) regis-trou 14 homicídios por motivo passional. No ano seguinte, foram notifi cados 21 casos, quase o dobro. As vítimas do sexo feminino integravam

mais da metade das ocor-rências nos dois períodos. “A maioria dos homicídios ocorre porque a mulher, diante da série de ataques, resolve ter-minar o relacionamento. Isso acaba deixando o parceiro enfurecido”. Ela afi rma que não há causas específi cas da violência, mas o uso recor-rente de álcool e drogas pode potencializar o ato.

O aumento nos índices pode estar relacionado, ainda, à fa-cilidade do acesso às informa-ções disponíveis hoje em dia. Dessa forma, solicitar ajuda aos órgãos competentes tornou-se uma medida mais rápida e se-gura. “Nossa demanda é grande, mas agora as mulheres bus-cam socorro ao constatar os primeiros sinais de que algo está errado”, diz.

Nos últimos meses, três crimes ganharam gran-de repercussão social em função da agressividade empregada. Um dos que mais repercutiu envolve a socialite Marcelaine Santos Schumann, 36, suspeita de encomendar a morte da es-tudante de direito Denise Almeida da Silva, 34, acusa-da de manter relação amo-rosa com o possível amante de Schumann, identifi cado como Marcos Souto.

A estudante de direito foi baleada no dia 12 de no-vembro de 2014, no estacio-namento de uma academia situada na avenida Getúlio Vargas, esquina com a rua

Ramos Ferreira, Centro. Ape-sar de ter recebido um tiro no pescoço, ela não morreu.

De acordo com as investi-gações da DEHS, Schumann teria prometido uma quantia de R$ 7 mil para três pes-soas fazerem o serviço. O trio era composto por Ka-ren Arevalo Marques, 22, e Charles MacDonald Lopes Castelo Branco, 27, foram presos no bairro Jorge Tei-xeira, zona Leste. Charles é acusado de negociar o cri-me com Marcelaine e Karen de intermediar o aluguel da arma utilizada.

Karen e Marcelaine aguar-darão o julgamento fora da cadeia, pois tiveram o pedido

de liberdade provisória acei-to pelo juiz da 3ª Vara do Tribu-nal do Júri, Mauro Antony.

EstranguladasOutro crime que chocou

a opinião pública foi o as-sassinato da atendente de pastelaria Cleolene da Silva Rabelo, 27, no último dia 17. Ela foi encontrada por vizinhos no apartamento onde morava na rua Tapa-jós, Centro. A vítima estava nua em cima de sua cama, com fi o elétrico enrolado em volta do pescoço e uma faca cravada no peito. O principal suspeito de ter assassinado Cleolene é o ex-namorado Aldiney Souza do Nascimen-

to, 26. Em depoimento na Delegacia Especializada de Homicídios e Sequestros (DEHS), o rapaz disse que manteve relação por quatro meses e terminou por des-confi ar que ela poderia ser garota de programa.

No dia 26 de fevereiro, outra mulher foi estran-gulada dentro de casa, no conjunto João Paulo II, bairro Nova Cidade, Zona Norte. A manicure Raiane Pereira de Amorim, 24, foi enforcada com uma toalha de banho. A polícia suspeita que o namo-rado dela, Marcos Douglas Paiva de Souza, tenha prati-cado o crime de madrugada e fugido do local.

Início do ano com assassinatos marcantes

No último dia 17, Cleolene da Silva Rabelo foi encontrada com sinais de estrangulamento dentro da casa dela, no Centro

A Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seas) mantém uma rede de apoio que funciona 24 horas por dia, articulada em parceria com os serviços judiciários e de assistência social. O Centro de Referência Estadual de Apoio à Mulher (Cream), por exemplo, reúne o Núcleo de Atendimento Emergencial à Mulher (Naem), núcleos da Defensoria Pública

e Ministério Público e o Juizado Maria da Penha.

Um exemplo do fl uxo de as-sistência oferecido funciona da seguinte maneira: após o regis-tro do boletim de ocorrência, a pessoa é encaminhada ao Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (Sapem), onde recebe acompanhamento psicológico. Questões judiciais são tratadas por defensores públicos que

atuam no Naem. Caso não te-nham condições de voltar para casa ou se estabelecer em outro local, o Juizado de Violência Do-méstica e a equipe técnica po-dem encaminhá-las, junto com os fi lhos, ao Abrigo Antônia do Nascimento Priante.

“As crianças são vítimas pas-sivas da violência, e existe o risco de tomarem aquele com-portamento como um exem-

plo”, acrescenta Keyth Bentes, coordenadora da Rede de Aten-dimento à Mulher.

O programa Ronda Maria da Penha da SSP atende mulheres vítimas de violência que estão sob medida protetiva, expedi-da pela Justiça. O programa realiza visitas nas residências das vítimas, além de promover palestras em empresas e esco-las contra a violência.

Projetos oferecem apoio gratuito às mulheres

DADOSEm 2013, a Secretaria de Estado de Seguran-ça Pública do Amazo-nas (SSP-AM) registrou 14 homicídios por motivo passional. No ano seguinte, foram notifi cados 21 casos, quase o dobro

DANIEL AMORIMEspecial para o EM TEMPO

“Caso Marcelaine”: a estudante Denise Almeida (à direita) levou um tiro no pescoço a mando de Marce-laine Schumann, que estaria com ciúmes de Marcos Sou-to. Os três são amantes, segundo as investigações

O crime passional se re-fere a atos cometidos em função de um sentimento de posse e à falta da capaci-dade de lidar com a paixão, o que pode gerar diversos tipos de agressividade

“É um quadro que pode ser verifi cado inclusive entre pais e fi lhos. De forma geral, está associado à rejeição e baixa autoestima”, diz o psicólogo Sandro Soares.

Nesse caso, a primeira me-

dida a ser buscada é o auxílio psicológico. O especialista então traça um perfi l do nível de passionalidade do pacien-te. O tratamento medica-mentoso deve ser aplicado em casos graves de desvio de comportamento.

Soares observa ainda que, atualmente, a facilidade de acesso aos recursos dos meios digitais criou condi-ções ideais para o aumento dos casos. “Fotos, frases e

informações postadas em redes sociais como o Face-book podem agravar sen-timentos de ciúme e des-confi ança. Isso faz parte de um cenário fantasioso que a pessoa criou, e que nem sempre corresponde à rea-lidade”, exemplifi ca.

Nesse sentido, órgãos responsáveis ao comba-te à violência doméstica têm centralizado ações no atendimento ao agressor.

No Sapem, unidade anexa à DECCM, psicólogos re-alizam entrevistas e con-sultas individuais ou em grupo, de acordo com o perfi l dos envolvidos. “Nos-so objetivo é evitar a vio-lência, e isso depende da garantia de uma série de serviços essenciais como educação, saúde e cultura”,fi naliza Keyth.

*colaborou Ive Rylo

Agressividade, rejeição e baixa autoestima

Segundo o psicólogo Sandro Soares, o crime passional se refere a atos cometidos em função de um sentimento de posse

SERVIÇOONDE PROCURAR AJUDA EM CASOS DE VIOLÊNCIA

Delegacia da Mulher:

Centro de Apoio à Mu-lher (Cream):

Disque- denúncia:

Avenida Mário Ipiranga, Parque 10 de Novembro

Avenida Presiden-te Kennedy, 399, Educandos

180

As mulheres são as principais vítimas

de violência do-méstica e de crimes

passionais

RAIMUNDO VALENTIM DIEGO JANATÃ RICARDO OLIVEIRA

REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Camu-camu: a mais rica em vitamina C do mundoVersão em pó da fruta amazônica também é eficiente na redução de gordura e na redução de açúcar no sangue

Versão em pó da fruta amazônica também é eficiente na redução de gordura e na redu-

ção de açúcar no sangue em adultos Estudos realizados por pesquisadores do Institu-to Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) com o camu-camu (Myrciaria dubia) em pó, considerada a fruta mais rica em vitamina C do mundo, revelaram ação efi-ciente na redução de gordura e na redução de açúcar no sangue em adultos sadios.

Os pesquisadores Jaime Pai-va Lopes Aguiar e Francisca das Chagas do Amaral Souza, do Laboratório de Físico-Quí-mica de Alimentos, vinculado à Coordenação de Socieda-de, Meio Ambiente e Saúde (CSAS/Inpa), estudam há mais de dez anos o camu-camu em diferentes formas, principal-mente, na forma de pó.

“Tais resultados demons-tram o potencial benéfico da vitamina C (ácido ascórbico) e, principalmente, do camu-camu à saúde, pois as cáp-sulas do fruto mostraram-se mais eficientes na redução dos níveis de lipoproteínas com-paradas ao ácido ascórbico sintético”, afirma Aguiar.

De coloração avermelhada

semelhante à jabuticaba, o camu-camu é uma espécie na-tiva da Amazônia pertencente à família das Myrtaceae (a mesma da goiaba e do jambo) e é encontrada naturalmente à beira dos rios e lagos da região amazônica. É um ar-busto de 1,5 a 4 metros de altura e apresenta frutos de forma arredondada de 1 a 4 centímetros de diâmetro.

EstudosO camu-camu, também co-

nhecido como caçari ou araçá d’água, tem sido foco de inú-meros estudos por apresen-tarem significativo conteúdo de substâncias antioxidantes. Entre os estudos, destaca-se a dissertação de mestrado em Ciências de Alimentos, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da nu-tricionista Bianca Languer Vargas, intitulada “Efeito das cápsulas de camu-camu em pó sobre a glicemia e o perfil de adultos saudáveis” publicada na Revista Cubana de Plantas Medicinales.

O estudo envolveu grupos que receberam cápsulas de camu-camu em pó, registran-do-se aumento significativo nos níveis séricos de ácido ascórbico e queda significati-

va nos valores de glicemia, do colesterol total e, também, do LDL (o “colesterol ruim”). No grupo que recebeu cápsulas de vitamina C sintética houve diminuição significativa ape-nas na glicemia de jejum. Em ambos os grupos de estudo, registrou-se tendência de di-minuição nos triglicerídeos.

Trabalhos recentes compro-vam o alto teor de vitamina C no camu-camu apresentando concentrações que podem va-riar entre 800 e 6.000 mg em cada 100 g de fruto. “Este teor pode ser até três a quatro vezes superior ao encontrado na ace-rola (Malpighia glabra L.), que é referenciada como alimento fonte de vitamina C”.

CultivoPara pesquisador do Labo-

ratório de Melhoramento de Fruteiras do Inpa, Kaoru Yuya-ma, o cultivo de camu-camu é viável no amazonas, o que emperra “é a falta de incentivo à produção”. O camu-camu leva três anos para começar a produzir, nesse período, o pesquisador conta que pode-se fazer um consórcio de cultivo com outras espécies de cultura para da um retorno econômico mais rápido, como o feijão ou a melancia.

ACERVO

/INPA

Pesquisas do Inpa comprovam que a fruta, na versão em pó, é mais rica em vitamina C

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

CAPS

Acesso ao centro de reabilitaçãoOs Centros de Atenção Psi-

cossocial (Caps) e policlínicas, das redes estadual e municipal de saúde, são as portas de entrada, para que pacientes que fazem o uso abusivo de ál-cool e outras drogas, possam chegar ao Centro de Reabilita-ção em Dependência Química Ismael Abdel Aziz. “Quando a Rede Psicossocial identifica um dependente químico que necessita de permanência em um ambiente de tratamen-to intensivo o encaminha ao Centro de Reabilitação. Vale ressaltar que não é qualquer caso de consumo de drogas que necessita de internação”, afirma o diretor do Centro de Reabilitação Ismael Ab-del Aziz, médico psiquiatra, Pablo Gnuztmann.

Ao chegar ao Centro de Re-

abilitação, o residente passa por uma série de avaliações feitas por uma equipe multi-profissional formada por um médico psiquiatra, enfermei-ro, psicólogo, nutricionista, assistente social e técnico de enfermagem. A partir deste diagnóstico é traçado um pla-no terapêutico de tratamento para o residente.

PúblicoO centro de Reabilitação

atende homens, mulheres e adolescentes adoecidos pelo consumo excessivo de álcool e outras drogas. Cada residente fica em tratamento por um período de 90 dias. Este prazo pode ser prorrogado por até 120 dias, caso seja necessário. Após esse período o pacien-te é encaminhado de volta

ao Caps de origem para dar continuidade ao tratamento e processo de recuperação.

Com estrutura de 5 mil me-tros quadrados de área cons-truída, o Centro de Reabilita-ção atende homens, mulheres e adolescentes, acima de 13 anos, da capital e do interior do Amazonas. A unidade de tratamento conta com quadra poliesportiva, salas de aula, auditório, refeitório, enferma-ria, quatro alojamentos dividi-dos entre masculino, feminino e adolescente, salas de TV e cinema climatizadas.

O Centro de Reabilitação faz parte da rede estadual de saúde, sendo gerenciada pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam) em parceria Instituto Novos Caminhos – Organização Social.

O serviço oferecido pelo centro é gratuito mas é necessário um encaminhamento via Caps

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ULG

AÇÃO

Instituição resgata a vidade dependentes químicosCom um ano de funcionamento, o Centro de Reabilitação Ismael Abdel Aziz tem uma metodologia pioneira no Brasil

Resgatando vidas, restaurando famílias. Com esse compromis-so o Centro de Re-

abilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz, localizado no quilômetro 53 da Rodovia AM-010 (estrada que liga os municípios de Manaus e Rio Preto da Eva), completa um ano de funcionamento.

Primeiro no Brasil a tra-balhar com a política de re-dução de danos, o Centro de Reabilitação já atendeu 588 dependentes químicos ado-ecidos pelo uso abusivo de álcool e outras drogas. “Nós trabalhamos mostrando para os nossos pacientes o mal que as drogas causam a eles, ao seu organismo e mostramos que é melhor viver sem drogas”, explica o secretário de estado de saúde, Wilson Alecrim.

O Centro de Reabilitação, construído e mantido pelo Go-verno do Estado do Amazonas, trabalha com estratégias que possibilitaram a mudança de vida de muitos residentes que concluíram o tratamento tera-pêutico. “Hoje tenho vida nova. As portas se abriram depois que eu entrei no Centro de Re-abilitação. Ganhei uma nova profissão, uma nova família e estou muito feliz por tudo que me aconteceu graças ao Centro de Reabilitação”, rela-ta Lenilson Ribeiro Viana, que fez parte da primeira turma de residentes da unidade

Ele destaca ainda o fato de ter participado das ativida-des da oficina terapêutica de artesanato enquanto esteve internado e onde aprendeu uma nova ocupação, o que

lhe deu a oportunidade de agora poder trabalhar como artesão profissional. “Hoje eu confecciono meu artesanato e quero montar meu próprio negócio e assim garantir uma renda”, comemora.

Atividades O diferencial do tratamento

ofertado no Centro de Rea-bilitação é que os pacientes participam, paralelo ao trata-mento, de oficinas terapêuti-cas com atividades nas áreas de informática, artesanato e biojóias, música, pintura, cor-te e costura, panificação e confeitaria, horticultura en-tre outros. “Essas atividades fazem parte do tratamento, mantém o residente ocupa-do e aprendendo a realizar uma atividade profissional que pode ser útil quando ele estiver fora da unidade, re-construindo a vida”, destaca a gerente do programa estadual de saúde mental, Maria de Lourdes Siqueira.

A unidade também trabalha a questão educacional e esco-lar dos residentes. A estrutura do Centro conta com duas salas, onde são ministradas aulas, viabilizadas por meio de uma parceria com a Secreta-ria de Estado de Educação e qualidade de Ensino (Seduc), que disponibiliza professores e pedagogos, responsáveis por despertar nos residentes o desejo de retomar os estudos. A parceria também possibilita a realização do Provão, uma espécie de exame supletivo, para os que estão atrasa-dos nos estudos, concluir sua escolaridade.

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ULG

AÇÃO

Ex-interno do centro, Lenilson Viana comemora o retorno à família e uma nova profissão

A festa de comemo-ração do aniversário irá contar com a partici-pação ativa de alguns residentes. Trata-se do grupo que participa da oficina de panificação e confeitaria, que ficou encarregado de ajudar na preparação dos qui-tutes que serão servidos na festa que será reali-zada no dia 3 de abril, na própria unidade. No curso de panificação e confeitaria eles apren-dem a preparar tortas doces e salgadas, bolos, salgados, pizzas, entre outras comidas.

Para os residentes participar da produção da festa de aniversário do Centro de Reabilita-ção será a oportunidade de colocar em prática o que aprenderam du-rante as aulas. “Quero seguir na profissão de padeiro e confeiteiro. Estou habilitado a fazer qualquer tipo de gu-loseima de padarias. Espero em um futuro próximo poder montar meu próprio negócio”, disse um residente que pediu para não ter o nome revelado.

Festa seráem dobrona unidade

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1010

3 Na ilha poética de TranströmerJohn Freeman visita o Nobel de 2011. Págs. 4 e 5

2 Os dois rios de Matilde CampilhoPoeta portuguesa lança livro e vai à Flip. Pág. 3

1 Uma crítica de ‘O Campo de Batalha’E seis indicações culturais. Pág. 2

6

Do arquivo de Leandro Carvalho

4 A reinvenção de ‘Orpheu’Diário de Lisboa. Pág. 6

A imaginação de Tranströmer. Pág. 8A tempestade tem mãos e asas infantis

5 Recife, 1997. Pág. 7

Capapintura dePaulo Pasta

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G2 MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 6 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

JESSICA GOW - 31.MAR.2011/SCANPIX/REUTERS

CINEMA | 41º FESTIVAL MELHORES FILMESCom uma sessão de “A Luneta do Tempo”, de Alceu

Valença, a mostra reinaugura o Cinesesc na quarta, 1º/4, após três meses de reforma. Na seleção de 31 fi lmes estrangeiros e 20 nacionais, escolhidos entre os exibidos em São Paulo no ano passado, estão títulos como “Boyhood”, de Richard Linklater, e “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, que percorrerão, em maio, 18 cidades do Estado.

Cinesesc | tel. (11) 3087-0500 | de R$ 5 a R$17; passaporte (15 fi lmes) de R$ 50 a R$ 170 | programação em sescsp.org.br/melhoresfi lmes | até 29/4

EXPOSIÇÃO | ARMARINHOS TEIXEIRAEm “Proteína Estimulada” é possível ver dez insta-

lações e esculturas do artista (São Paulo, 1974). Nas obras selecionadas pela curadora Florence Antonio (do site artehall.com.br), fi lamentos de poliamida, de espessura variada, se articulam com cobre e couro, estabelecendo relação orgânica com o espaço.

Espaço E-arte | tel. (11) 3061-5715 | últimos dias | seg. (30) e ter. (31), das 10h às 19h | grátis

CLARA ALLAIN é tradutora.

TOMAS TRANSTRÖMER, 83, poeta sueco, venceu o Prêmio Nobel de literatura de 2011.

ENAIÊ AZAMBUJA, 24, é tradutora e mestranda em literatura na Universidade de Estocolmo.

FRANCESCA ANGIOLILLO, 42, é editora-adjunta da “Ilustríssima”.

PAULO PASTA, 56, é artista plástico.

ISABEL COUTINHO, 48, é repórter do jornal português “Público”.

JOHN FREEMAN, 40, jornalista e poeta, ex-editor da revista “Granta”, organizou o livro “Tales of Two Cities: The Best of Times and Worst of Times in Today’s New York” (OR Books).

LEANDRO CARVALHO, 39, é secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso e diretor artístico e regente da Orquestra do Estado de Mato Grosso.

MARCIO AQUILES, 36, é coordenador de projetos internacionais da SP Escola de Teatro, crítico teatral e autor de “Tipologias Ficcionais e Linguísticas” (Giostri), entre outros livros.

1 Gangorra de sentidosPonto Crítico

TEATRO - ‘O CAMPO DE BATALHA’

Tubulações clandestinas fur-taram a água do rio Amazonas. A Terceira Guerra Mundial eclode com a crise hídrica. Dois solda-dos enfrentam-se pela vitória de seus exércitos. Essa é a premissa da peça “O Campo de Batalha”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo até 6/4.

Os sintomas relativos à espe-tacularização da guerra, anali-sados por Guy Debord (1931-94) em sua obra, ecoam de maneira contundente na dra-maturgia de Aldri Anunciação também ator da montagem, ao lado de Rodrigo dos Santos. O

mo potencializa novas cama-das de signifi cação do texto, que ganha um realce onírico com as projeções de vídeos e os efeitos sonoros. Na última cena, após mais uma explosão, sobram somente as “cabeças pensantes” dos soldados. Com apenas seus rostos emoldu-rados pelo desenho de luz, privados da materialidade de seus corpos, fazem alusão ao niilismo beckettiano de “Oh Os Belos Dias” (“Happy Days”).

Ambos representam, enquan-to aguardam sem esperança o destino fi nal de seus crânios em um poço de dejetos, a falta de sentido da vida e da morte dian-te dos desígnios de uma ordem social superior inacessível aos cidadãos-combatentes parali-sados pela imobilidade de seu “status quo”.

foco da história, que começa com cada fuzileiro apontando sua metralhadora para a ca-beça do inimigo, rapidamente desloca-se do drama particular dos guerreiros para a complexa engenharia de poder de um sistema rizomático global.

O comando de guerra voz em off de Fernanda Torres observa cada movimento dos comba-tentes, como um Big Brother orwelliano, e determina as ins-truções a serem seguidas. Como em terra de cego quem tem um olho é rei, quando anuncia a interrupção temporária da bata-lha, devido ao desabastecimen-to total das munições, o soldado com a única bala sobressalente adquire a condição de “o homem mais poderoso do planeta”, nas palavras de seu oponente.

Essa supremacia, contudo,

revela-se ilusória, uma vez que o combatente permanece gra-vitando submisso na órbita das instâncias militares superiores, que transformaram a contenda em um panóptico digital trans-mitido ao vivo pela internet.

Como o clímax de tensão ocor-re no princípio da encenação, não existe um arco dramáti-co convencional. Embora haja um ponto de infl exão discreto, quando uma pequena reviravol-ta faz com que a situação de dominação se inverta entre eles, a história tem uma linearidade previsível, com cada soldado defendendo suas ideologias e teses mais do que a própria vida. O texto carece da inventividade fi ccional e do alcance fi losó-fi co de “Namíbia, Não”, peça anterior do autor, que temati-zava uma situação fantástica

em que todos os cidadãos com “melanina acentuada” seriam compulsoriamente enviados de volta para a África.

Se os dilemas éticos e as refl exões sociopolíticas susci-tadas pela dramaturgia não prezam pela originalidade de seus argumentos, a direção de Márcio Meirelles tem a habili-dade de potencializar cenica-mente o enredo. Acostumado a elencos grandes e viçosos, que incorporam canto e dança em montagens que trazem um vigor ritualístico aos palcos, o encenador desta vez surpreen-de ao trabalhar com elementos mínimos, nessa peça dialógica para dois atores.

No sugestivo cenário de Nello Marrese, os soldados equi-libram-se em uma gangorra, ainda parcialmente conectados

aos seus paraquedas, inclinan-do seus corpos de um lado para o outro de acordo com o peso de seus argumentos. So-bre essa estrutura pendular, os atores demonstram que estão bem ensaiados quanto ao ritmo das ações físicas, embora se atrapalhem com a velocidade do texto em algumas falas.

A direção de Meirelles, par-tilhada com Lázaro Ramos e Fernando Philbert, acentua uma mudança de registro interes-sante no meio do espetáculo. Se no início predomina a dic-ção realista, uma explosão que amputa membros dos comba-tentes faz com que a encena-ção se torne mais alegórica, deixando os personagens quase indiferentes à sua nova condi-ção física.

Esse desvio para o simbolis-

MARCIO AQUILES

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 6 INDICAÇÕES

CINEMA | Com uma sessão de “A Luneta do Tempo”, de Alceu

Valença, a mostra reinaugura o Cinesesc na quarta, 1º/4, após três meses de reforma. Na seleção de 31 fi lmes estrangeiros e 20 nacionais, escolhidos entre os exibidos em São Paulo no ano passado, estão títulos como “Boyhood”, de Richard Linklater, e “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, que percorrerão, em maio, 18 cidades do Estado.

Cinesesc | tel. (11) 3087-0500 | de R$ 5 a R$17; passaporte (15 fi lmes) de R$ 50 a R$ 170 | programação em sescsp.org.br/melhoresfi lmes | até 29/4

EXPOSIÇÃO | Em “Proteína Estimulada” é possível ver dez insta-

lações e esculturas do artista (São Paulo, 1974). Nas obras selecionadas pela curadora Florence Antonio (do site artehall.com.br), fi lamentos de poliamida, de espessura variada, se articulam com cobre e couro, estabelecendo relação orgânica com o espaço.

Espaço E-arte | tel. (11) 3061-5715 | últimos dias | seg. (30) e ter. (31), das 10h às 19h | grátis

LIVRO | DIOR FOR EVERChristian Dior reinventou o es-

tilo ao fundar, em 1946, a grife que, em menos de uma década, representaria mais da metade das exportações de alta-costura da França. A célebre “maison” que leva seu nome, famosa também pelos perfumes, é tema deste volume ilustrado, assinado pela historiadora da moda Catherine Örmen, que traz ainda envelopes contendo fac-símiles de convites e croquis, como o ao lado.

trad. Dinah Bueno Pezzolo | ed. Senac | R$ 159,90 | 130 págs.

EXPOSIÇÃO | COLEÇÃO INHOTIMA mostra “Do Objeto para o Mundo”

reúne em São Paulo mais de 50 obras do acervo do instituto de Brumadinho (MG), muitas das quais nunca estiveram expostas no parque. Sob curadoria de Ro-drigo Moura, estão presentes trabalhos de Artur Barrio, Anri Sala, Jac Leirner e Melanie Smith, entre outros.

Itaú Cultural | tel. (11) 2168-1777 | a partir de qui. (2) | de ter. a sex., das 9h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h | grátis | até 31/5

LIVRO | AS CANTATAS DE J. S. BACHO mercado editorial brasileiro carece de

boas obras de referência sobre música. Nesse contexto, não há como não saudar a caprichada edição da obra em que o berlinense Alfred Dürr (1918-2011), uma das maiores autoridades em Bach, esqua-drinha as mais de 200 cantatas do mestre do barroco alemão. Texto integral bilíngue das peças, indicações para performance, análise musical, contexto histórico: o volume de 1.400 páginas deveria sair da prateleira a cada ocasião em que se for degustar uma dessas obras-primas do cânone ocidental. (Irineu Franco Perpetuo)

trad. Claudia Dornbusch e Stéfano Pas-choal | Edusc | R$ 100 | 1.404 págs.

EXPOSIÇÃO | ZÉ CARLOS GARCIANa individual “Finca” o artista (Aracaju,

1973) expõe esculturas que remetem a símbolos recorrentes na história da hu-manidade, como a bandeira fi ncada por vencedores no território conquistado. Seu trabalho é marcado pelo uso de mate-riais orgânicos, como penas e corpos de insetos, e, nessa série, ele usa peroba e crinas de cavalo.

Amarelonegro Arte Contemporâ-nea - Rio | tel. (21) 2549-3950 | de seg. a sex., das 14h às 19h; sáb., das 11h às 16h | grátis | até 3/4

DIVULGAÇÃO

‘Ação no Parque Municipal’ (1970), de Décio Noviello

Obra da série ‘Finca’ (2015), peroba rosa e ouro

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AÇÃO

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G3MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

2

Poesia

Matilde Campilho nadava no rio de sua aldeia – no caso, uma fazenda a uma hora e 15 minutos de Lisboa. O Tejo não era mais belo que o rio de sua aldeia porque era o rio de sua aldeia. Ali já não eram salgadas, como são na Lisboa natal da escritora de 32 anos, as águas que banham uma parcela considerável da poesia portuguesa.

Essa vida aprendendo os ris-cos de ser levada ao “fundão” do rio, observando o ciclo de bichos-da-seda nas amorei-ras e catando nêsperas da árvore durou até os 16 anos e antecipou parte das qualida-des da poesia de Matilde.

Carregado, por um lado, de referências telúricas, que juntam num mesmo poema espadartes e um jaguar, e, por outro, de geografi as urbanas, de um Rio de Janeiro conheci-do a um Brooklyn imaginado, “Jóquei”, seu livro de estreia, trará a autora a São Paulo para o lançamento, no dia 16, da edição brasileira, que sai pela 34.

Ela passa de novo pela ci-dade em 29 de maio, para um evento que reunirá poetas brasileiros e portugueses, na

FRANCESCA ANGIOLILLO

Vaivém atlânticoA luso-carioca Matilde Campilho vai à Flip

RESUMOA portuguesa Matilde Campilho encontrou-se com sua poesia no Rio de Janeiro, onde chegou para passar 15 dias e fi cou três anos. Entre Portugal e Brasil, ela lança seu festejado livro “Jóquei”, em São Paulo, no dia 16. Em maio, volta à cidade para um evento de poesia luso-portu-guesa. E, em julho, participa da Flip.

Biblioteca Mário de Andrade – no qual vai falar ao lado do carioca Carlito Azevedo, que, como se verá, teve papel fun-damental nesta história.

Por fi m, em julho, chega a Paraty, para participar da 13ª Flip.

Em Portugal, onde foi lança-do há um ano, seu livro tornou-se um sucesso tão instantâneo quanto inesperado: a Tinta-da-China colocou na praça 2.000 exemplares, em três tiragens, do volume que integra a cole-ção organizada pelo também poeta Pedro Mexia.

“São números muito invul-gares para um livro de poesia, e quase inéditos num livro de estreia”, diz Mexia, que atribui o sucesso de “Jóquei”, pelo lado dos leitores, ao aspecto “fascinante” de sua poesia; e, pelo da crítica, ao jeito “desa-linhado” dos poemas. Ele frisa a “alegria (emocional, existen-cial, verbal)” dos versos, “que a distinguem da inclinação melancólica, desconsolada, ou então niilista, de alguma poesia portuguesa”.

“Cheio de alegria” é também como o defi ne o editor de “Jó-quei” na 34, Cide Piquet. Ele chegou a Matilde Campilho, como boa parte de seus lei-tores brasileiros, pelas mãos de Carlito Azevedo, numa pos-tagem de Facebook.

Curioso, escreveu à autora, que lhe mandou um exemplar de “Jóquei”. “Passei um mês carregando para todo lado, lendo, relendo, mostrando para os amigos”.

“A poesia dela me impres-siona por vários motivos. Pela força da imaginação, no sentido propriamente poéti-co, isto é, criativo e metafóri-co; pela profusão e riqueza de imagens; e pelo alto grau de consciência de si e do mundo – é uma poesia deslumbran-te, mas não deslumbrada, o que evita o perigo comum de cair no sentimentalismo”, elenca Piquet.

BuscaÉ nítida a alegria desse “ál-

bum de verão”, como o classifi -cou Mexia na orelha da edição portuguesa, em que até lite-

ralmente se desafi a o inverno (em “Sagetrieb”: “Inverno que queres matar-me ao chapa-dão/ encher-me a cabeça de domingos/ e alinhar meu olho aos escaparates/ desenhados pelo maldito imperador/ que abandonou os sorvetes e os 5 sóis/ Vais ver se eu não dou cabo de ti primeiro”). Mas não é tola. Isso porque sua força solar não nasce da satisfação, mas de seu oposto, aquela fome que leva à busca.

“Susan Sontag diz que um escritor talvez seja alguém que presta atenção ao mundo. O poeta talvez seja alguém que, além de prestar atenção, se espanta com o mundo, e, especialmente, consegue fa-zer a linguagem se espantar com ele, dar saltos”, diz o editor brasileiro.

O espírito de quem procura somente o encontro é o que anima Matilde Campilho. “Gos-to de andar pela rua, mesmo que seja para lugar nenhum. Os lugares vão aparecendo ao longo do caminho”.

A errância marca sua bio-grafi a. Matilde estudou letras modernas em Portugal, depois história da arte na Itália. Por motivos profi ssionais, viveu em Madri, mas não se achou ali, porque não tinha água por perto, e em Moçambique, fa-zendo trabalhos voluntários.

Por muito tempo, ao preen-cher fi chas que pediam sua profi ssão, deixava a lacuna. “Acho que eu estava deixando esse espaço em branco dentro de mim também”.

Até chegar ao Rio de Janeiro, em 2010.

“Durante muitos anos, cada amigo meu que ia ao Rio me ligava de lá dizendo que eu precisava ir a essa cidade. Que tinha muito a ver comigo. Eu não entendia por quê, mas a verdade é que aquilo fi cava martelando a minha cabeça”.

Foi “adiando essa viagem”, que, intuía, seria como os “grandes amores, aqueles aos quais a gente sabe de antemão que vai se ligar para sempre”. “Teve um dia que fui e pronto. Fui para fi car 15 dias. Fiquei três anos. E

mudou tudo”.Na adolescência escrevia

“umas coisas, uma espécie de contos” e tinha tido uma primeira pista de uma “fa-miliaridade qualquer” com poesia ao ouvir, na voz de uma “amiga muito mais velha”, o poema “Um Adeus Portu-guês”, de Alexandre O’Neill. Hoje acha que a ida ao Rio ajudou a entender sua forma de aproximação ao papel.

“Quando somos estrangei-ros estamos mais permeáveis a tudo, inclusive à verdade de nós mesmos. Estamos mais atentos e mais focados. Quan-do eu cheguei não conhecia ninguém. Então quem me acompanhava era a paisa-gem. Os acontecimentos di-ários da cidade”.

Num determinado momen-to, parte das caminhadas ga-nhou a companhia de Carlito Azevedo. Os dois se encon-traram numa festa, lembra ele, “um lançamento em La-ranjeiras”, detalha ela, que já conhecia o trabalho do autor de “Monodrama” antes da viagem.

Carlito conta que logo fi -caram amigos. “Passamos a fazer longos passeios pelo centro. Passeios em que a poesia não era nem o princi-pal assunto. Conversávamos muito sobre descobertas científi cas e as árvores do Jardim Botânico. Havia tam-

bém as paradas obrigatórias no sebo Berinjela e na biblio-teca do Instituto Cervantes, lugares de, aí sim, conversar a sério, ou seja, rindo muito, sobre escrever”.

Ele, que é professor em ofi -cinas literárias há anos, recusa a ideia de uma relação de mestre e aluna. “Eu apenas a levei a sério. E consegui que ela levasse a sério também algo que ela considerava ‘meros jo-gos’”, diz. O empurrão nasceu num passeio, recorda ele. “Ela me mostrou fi nalmente seus poemas, inclusive ‘Fur’, que abre o ‘Jóquei’ e me impres-sionou de imediato”.

Foi assim, além-mar, que se desenhou a estreia de Matilde como autora. Em 25 de feve-reiro de 2012, “Fur” estam-pava a página “Risco”, seção mensal de poesia que Carlito edita no suplemento “Prosa & Verso” do jornal “O Globo”.

Mais adiante, teria publica-dos na “Ilustríssima” dois ou-tros poemas de “Jóquei”. “We Never Did too Much Talking Anyway” e “Conversa de Fim de Tarde Depois de Três Anos no Exílio” saíram na “Imaginação” de 29 de dezembro de 2013 (folha.com/no1390637).

Àquela altura, Matilde já havia mandado o livro para algumas editoras no Brasil, sem resposta.

“Pensei: eu preciso fechar isso. Se ele não for publicado, tudo bem. Eu só precisava fechar, para poder começar alguma coisa diferente. Então transformei o ‘doc’ em ‘pdf’ e guardei numa pasta. Dei tchau para ele, e esse momento foi muito importante. Uns dias depois me escreveu o Pedro Mexia. Tinha visto alguns poe-mas meus nos jornais brasilei-ros e queria saber se eu teria mais alguma coisa. Respondi: ‘Olha, tem isso aqui’”.

Mexia recorda ter ouvido falar dela por outro poeta, José Tolentino Mendonça. “Creio que já me tinha cruzado com os poemas da Matilde em sites, na altura em que procurava um jovem brasileiro para a coleção. Pensei que a Matilde fosse também brasileira, por-que não a conhecia, e os po-

emas pareciam ‘brasileiros’, na grafi a e no estilo, bastante vivo e desenvolto”.

A “dimensão mestiça” dos poemas, frisa o editor, “é essencial”.

Nesse vaivém atlântico, “Jó-quei” acabou sendo um pouco mais português em Portugal, um pouco mais brasileiro no Brasil. Lá, foram feitas leves adaptações “para uniformi-zar critérios de grafi a”, diz Mexia, como aqui, para, “para devolver um pouco da bra-silidade que já existia”, diz Piquet. Sempre com a palavra fi nal da autora. “É o mesmo livro”, diz ela.

Ter um pé em cada lado do oceano lhe deu essa escrita miscigenada naturalmente. “Difícil para mim é não escre-ver nesse sotaque misturado. Para isso, sim, eu preciso me concentrar”, diz Matilde.

Quando lê poesia, o faz com acento luso, mesmo se for dizer “ônibus”, em vez de “autocarro”.

Sua dicção particular – da qual há uma mostra no depoi-mento que ela dá à série “Re-tratos”, da cineasta Clara Ca-vour (vimeo.com/97003855) – reforça o tom encantatório de seus poemas, a “qualida-de melódica dos versos, que parecem pedir para ser lidos”, no dizer de Cide Piquet. O leitor pode conferir por si, no link da “Ilustríssima”, no qual há também pequenos vídeos feitos pela autora.

Mas essa prosódia bastarda é o que haverá de mais niti-damente pessoal na poesia de “Jóquei”, livro em que a auto-ra alcança um feito bastante difícil: descolar o eu-lírico do poeta que o cunha.

Sua voz é ora masculina, ora feminina, muitas vezes sem gênero. “Eu acredito na poe-sia como uma voz universal”, reforça Matilde.

Com liberdade, o livro se arma sobre personagens, no-mes de bairros, animais e, aqui e ali, referências mais ou me-nos escondidas a poetas como Ezra Pound e Wallace Stevens. No meio disso tudo, é vão pro-curar a fi gura da autora.

O caráter quase ficcional é algo que Carlito Azevedo destaca como característico da poesia de Matilde. “Ela cria nanonarrativas dentro dos poemas. A importância que ela dá aos personagens secundários, cuja existência por vezes não passa de um verso, revela uma genero-sidade. É assim que, pe-los dois segundos de ‘vida’ que ganham dentro do livro, acabam adquirindo uma di-mensão enorme em nossa mente o jogador de críquete, o esgrimista uruguaio, os astrofísicos, as concierges e a faxineira Maria Teresa, entre outros”.

Ele soma a isso o “estilo enumerativo”, que Matilde “pratica de modo absoluta-mente feliz, muito porque é uma grande leitora de Whit-man, muito porque ao seu olhar tudo é interessante”.

“Há um olhar que capta e reúne e enumera toda a imensa variedade de coisas sobre a Terra (não me parece uma poeta que diga ‘não’ a nada) e há, imediatamente, uma imaginação que vai in-ventado uma biografi a para cada coisa”.

VERA SEPÚLVEDA

A escritora, fotogra-fada em Portugal, onde vive hoje

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LiteraturaRESUMOO poeta sueco To-mas Tranströmer, laureado com o No-bel em 2011, recebeu John Freeman em sua residência para uma conversa. Víti-ma de um derrame, ele foi auxiliado por sua mulher, Monica. Traduzido em deze-nas de países, terá pela primeira vez poemas publicados no Brasil no segundo semestre deste ano.

3A poesia íntima, como um beijo no escuro

A ilha de Runmarö fi ca uma hora a leste de Estocolmo, cercada de escolhos que se elevam da água. Para chegar a ela é preciso viajar num ferryboat que avança no mar revolto à velocidade de meros 20 nós por hora.

É uma tarde chuvosa de agosto, e o mar está verde e misterioso. Num dia como este, não é difícil imaginar por que marinheiros ergueram suas casas em Runmarö, em vez de em outra qualquer das centenas de ilhas da região.

Quando ela surge, rochosa, coroada de abetos e carva-lhos, se mostra como uma versão do paraíso para um homem resoluto.

No fi nal do século 19, o avô materno do poeta Tomas Tranströmer era um homem desse tipo. Capitão de navio, precisava de um lugar para fi xar-se em terra e o encontrou em Runmarö. A pequena casa azul que ele ergueu na ilha ainda está de pé, e é nela que Tranströmer e Monica Bladh, sua mulher há quase 50 anos, passam seus verões.

Como um legítimo descen-dente de homens do mar, Tranströmer dá a devida im-portância aos visitantes que chegam das ondas, embora o AVC que o paralisou 25 anos atrás difi culte gestos que a expressem.

Ao chegar, eu o encontro aguardando numa cadeira de rodas, na ponta de um caminho longo e estreito de cascalho, com um cobertor nos ombros, tendo Monica de pé às suas costas. Um rádio dos anos 1950 está sobre seu colo, oxigenando a fl oresta com uma sinfonia de Rachmaninoff .

Enquanto Monica suave-mente empurra o marido rumo à casa, subindo uma rampa e entrando na sala, todos os símbolos da grande poesia de Tranströmer voam ao nosso redor. O chão em torno da casa é sulcado por raízes e musgo. O vento sussurra nas árvores. O ar cheira a sal marinho e a resina. Um falcão deve estar pairando ao alto, olhando para nós aqui embaixo.

Nas duas horas seguintes fi ca claro que a ilha lhe deu as notas com as quais criar uma partitura poética de beleza duradoura. E, assim, as per-guntas sobre a poesia, sobre seu signifi cado, sempre retor-nam à ilha, ao avô de Tranströ-mer, que muitas vezes ergue a mão para apontar objetos e pinturas espalhados pela sala, como se eles próprios fossem os poemas, não seus

JOHN FREEMANTRADUÇÃO CLARA ALLAINILUSTRAÇÃO PAULO PASTA

Encontro com Tranströmer, o Nobel de 2011

temas ou inspirações.É assim que nos comunica-

mos. O derrame que Tranströ-mer sofreu em 1990 o deixou paralisado de um lado, rouban-do-lhe a maior parte da fala. Graças a isso, a sala à qual Monica nos conduz é pequena, mas está cheia.

Dois amigos – um cineasta americano e sua mulher sueca – dividem um estreito banco de piano.

Um fotógrafo, o assessor de imprensa e Monica se acomo-dam num semicírculo em volta de Tranströmer, como se ele fosse um pianista de concerto prestes a tocar, em vez de um poeta que se acomoda com relutância, mas gentileza, para dar uma entrevista.

Na realidade, porém, to-dos estão aqui para ajudar a interpretar as respostas de Tranströmer. Ele consegue di-zer, com muita clareza, “sim”, “não”, e “muito bom”. São seus lemes verbais – outras palavras aparecem esporadi-camente. Seu rosto, porém, diz muito mais.

Nos retratos, a marca de Tranströmer é, muito fre-quentemente, um olhar gra-ve e penetrante; em carne e osso, contudo, seus olhos transmitem interesse e bon-dade, e ele chega a se mos-trar brincalhão.

Eu faço perguntas, Monica as traduz ao sueco, e ele, então, responde; ela busca aprofundar a resposta, e as-sim avançamos pela tarde. Tranströmer guia as pergun-tas e extrapolações dela com o rosto, com suas poucas pa-lavras e com o tom de voz. O tempo todo, eles se tocam e se olham. Observando-os, é difícil defi nir quem é o regente e quem é a sinfonia.

ÍntimoTalvez seja mesmo con-

veniente conversar com um poeta que há tanto tempo é íntimo de um público vasto. Mesmo antes de receber o Nobel, em 2011, Tranströmer já tinha sido traduzido em quase 60 idiomas, sendo o segundo mais traduzido poeta

do mundo, atrás apenas de Neruda – no Brasil, contudo, seus poemas serão lançados pela primeira vez no segun-do semestre deste ano, pela Companhia das Letras.

Entre os admiradores de Tranströmer estão o irlandês Seamus Heaney (1939-2013, Nobel em 1995) e muitos dos maiores poetas americanos do pós-Guerra. E romenos, iugoslavos, japoneses. Paul Muldoon, poeta e editor de poesia da revista “The New Yorker”, conta que a fama de Tranströmer chegou até a Irlanda do Norte, onde ele passou sua infância e juven-tude, na pior fase do confl ito. “O apelido que lhe demos, ‘Transformer’, indica o res-peito profundo que sentíamos por suas realizações”.

O que ele realizou é ainda mais notável levando-se em conta sua produção relativa-mente modesta. Em 60 anos, publicou apenas 11 coletâne-as, nenhuma das quais contém mais de 20 poemas.

Enquanto nos preparamos

para a conversa, um volume de seus poemas reunidos fi ca ali, à mão, como diário de bordo dos lugares que ele percorreu com sua mente.

Pergunto se Tranströmer via na poesia uma maneira de se orientar no mundo. Ele responde “sim, sim”, e Monica extrapola: “Uma maneira de tentar abordar o enigma. Acho que essa é uma boa metáfora para descrever a poesia.”

Seu território não era vasto, mas era profundo. Durante anos passou muito mais tem-po trabalhando como psicólo-go, primeiro numa instituição correcional para rapazes e de-pois como terapeuta ocupa-cional para o governo sueco.

Seus poemas têm um po-der psicológico profundo; são obras de um homem possu-ído. Muitos dos símbolos e presságios são recorrentes: as estações do ano e seu clima, estados oníricos e sósias, o arco do passado familiar.

Ler a poesia de Tranströmer é mergulhar em um espaço in-terior tenso, apresentado vi-

sualmente, repleto de signos e sinais, de intimações. Seus poemas podem usar imagens abstratas, mas os melhores são tão íntimos quanto um beijo no escuro. Ele alcança essa conexão através dos sentidos e do apagar gradu-al do “eu” que só busca seus próprios propósitos.

“Morgonfåglar” (Pássaros matinais), por exemplo, come-ça com a descrição do poeta entrando em seu carro, depois passa para uma descrição de pegas cantando alto e segue para este trecho surpreenden-te, que poderia servir de guia a boa parte de sua obra:

“Fantástico sentir como meu poema cresce/ enquan-to eu mesmo encolho./ Ele cresce, toma meu lugar./ Ele me empurra para o lado. Ele me joga para fora do ninho./ O poema está pronto”. (1)

GuerraTranströmer começou a

escrever poesia seriamente logo após a Segunda Guerra Mundial e hoje, aos 83, vê o

início de uma guerra perpétua no Oriente Médio.

Ao longo desse tempo, o desafi o a que se propôs foi encontrar uma nova lingua-gem para a intimidade e o engajamento, como Seamus Heaney e Paul Muldoon fi ze-ram em seu próprio ambiente politicamente carregado.

“Depois da guerra, muitos poetas suecos começaram a refl etir sobre a neutralidade do país”, diz o estudioso literário Daniel Sandstrom, “publisher” do grupo de mídia Bonnier. “Foi um motivo de vergonha, e dessa vergonha nasceu o desejo de pensar de modo mais amplo e politizado”.

“Essa mudança afetou mui-to intelectuais e políticos. Mas com certeza afetou também os poetas, em especial os da geração de Tranströmer, a qual veria nas independências coloniais um processo moral importante. Poucos deles, po-rém, eram marxistas, e eram menos abertamente políticos que os da geração seguinte”.

Para essa geração seguinte,

ou se era marxista ou rea-cionário. Tranströmer, porém, não era nenhum dos dois. Via-java e era engajado, mas não se interessava por usar a arte como arma política.

Havia ainda outra dicotomia a encarar. Tranströmer foi cria-do em um contexto religioso e, mesmo se estava longe de ser proselitista, num país cada vez mais secular, a religiosidade era um problema.

“Você estava livre disso tudo”, diz Monica a respeito da doutrina religiosa, arrancando do poeta uma piadinha facial irônica, como se ele dissesse “graças a Deus”.

Enquanto muitos de seus contemporâneos contempla-vam falsas polaridades, Trans-trömer retornou à ilha onde passou todos seus verões quando menino, convertendo os sons, as estações e os esta-dos de ânimo desse lugar em sua mitologia particular.

Durante nossa conversa, Tranströmer aponta para um retrato de seu avô e para os registros de suas viagens náuticas. Seguindo a teia de sua escrita, ele parece dizer, é aqui que começa a viagem. Aqui.

NexoSeriam precisos 20 anos

publicando para que ele es-tabelecesse esse nexo. No co-meço, seu maior desafi o era encontrar a sintaxe para sua imaginação.

Como todos os poetas nasci-dos no entreguerras, Tranströ-mer teve no modernismo e no surrealismo marcos intelectu-ais. Mas foi uma experiência pessoal e íntima que o trans-formou mais drasticamente.

No verão entre seus 14 e 15 anos, Tranströmer sofreu o que descreveu em suas me-mórias como uma espécie de terror existencial. Suas pernas tremiam; ele se sentia domina-do pelo medo. “Na época, eu via todas as formas de religião com ceticismo”, escreveu em suas memórias, publicadas em 1993, admitindo que, se isso tivesse lhe acontecido mais tarde na vida, provavelmente teria sido uma revelação.

Após a crise, ele começou a tocar piano com frequência, atividade que ainda mantém – ocasionalmente se apresen-ta sobre o palco, executando peças escritas para a mão esquerda. Hoje ele confi rma a avaliação que fez do que aconteceu naquele período, dizendo que foi mais próximo de uma psicose que de um experimento religioso.

Monica amplia: “Acho que você disse que, se tivesse al-cançado esse tipo de fé reli-giosa suave ou confi ança na fé que você alcançou alguns anos mais tarde, poderia ter conseguido lidar com a crise de maneira totalmente dife-rente. De certo modo, você simplesmente desenvolveu uma fé própria ao longo da adolescência. É assim que você teria explicado?”.

“Sim, é correto”, diz Tomas. “Mas...”.

“Você criou para si mesmo uma certa imagem de Deus”.

“Sim...”.“...Mas que não tinha fi liação

ou relação específi ca com o que era ensinado nos estudos religiosos da escola. Um sen-timento de confi ança, viesse ele de onde viesse. Não é fácil falar desse tema”.

Tranströmer não sabe dizer se foi essa experiência que despertou seu interesse pela psicologia.

“Acho que ocorreu uma transição de uma consciên-cia religiosa básica para a fé”, Monica explica. “E teve a ver com a música”.

Um fato interessante é que, de todos os poemas de Tranströmer, aquele que trata mais diretamente da fé tam-bém trata de música: “Schu-bertiana”. “Quanto devemos confi ar”, escreve no poema, “para que possamos viver nossa rotina sem afundar no solo”. (2)

VirtuoseAo se aproximar dos 20

anos, Tranströmer começou a se afastar da música em direção à poesia, escrevendo tanto que – como qualquer virtuose – foi criando difi cul-dades para sua própria escri-ta. Começou a escrever em estrofes à moda de Horácio (nas métricas sáfi ca e alcaica), criando parte de “Höstlig Skär-gård” (Arquipélago de outono) e “Fem Strofer till Thoreau” (Cinco estrofes para Thore-au). Ambos saíram em seu primeiro volume, “17 Dikter” (17 poemas, de 1954).

Tranströmer saca uma cole-tânea sua e começa a identifi -car as diferentes métricas em um e outro poema: “Ali, ali, ali”, ele diz. “Acho que o verso sá-fi co lhe conferiu uma espécie de liberdade”, opina Monica, e ele comenta: “Muito bom”, acrescentando: “Uma forma dentro da qual trabalhar”.

Não foi a única restrição que ele se impôs. Os poemas de seu livro de estreia esboçam uma espécie de ecossistema dentro do qual trabalharia in-termitentemente por toda a vida e que, ao chegar a Run-marö, percebemos ser próprio da ilha.

Seu verde e seus marinhei-ros, as ondas espiraladas. O DNA sonoro da ilha impreg-na seus poemas iniciais. Ali estava um poeta “tateando em busca dos instrumentos da atenção”, para citar um poema dessa fase (“Han Som Vaknade av Sång Över Taken”, o homem que acordou ao som de canto sobre seu telhado).

A reação que esse fenôme-no de 23 anos provocou no país foi instantânea. Como diz Sandstrom, “o sucesso de crí-tica foi imediato e duradouro. O início da década de 1950 foi visto como época áurea da poesia moderna: para ser ‘cool’ nessa época, não se fazia um som na garagem, e sim um sarau”.

Tranströmer acabaria por lançar mais três livros nes-sa fase inebriante; em cada um deles, aprofundava seus vínculos com a paisagem, ao passo que a economia das imagens se tornava mais es-tranha e enigmática. Enquan-to a época áurea da poesia fi cava para trás, Tranströmer foi se interiorizando mais e mais, tornando-se, como diz Sandstrom, “quase seu gêne-ro próprio”.

CartasPor volta dessa época, teve

início sua correspondência com o poeta, tradutor e editor literário americano Robert Bly. Esse homem de personalidade exuberante tinha lançado nos Estados Unidos uma revista literária que, a cada década, era rebatizada.

Em 1964 era chamada “The Sixties” e, em março desse ano, Tranströmer, então com 32 anos, escreveu ao editor – que estava em Madison, Minnesota –, perguntando

como obter um exemplar da publicação. Bly respondeu de imediato, observando que nesse mesmo dia ele tinha atravessado metade do Es-tado para ler, em sueco, “Den Halvfärdiga Himlen” (“Céu Semi-Acabado”), que Trans-trömer lançara em 1962.

Nos 25 anos seguintes, os dois poetas trocaram cente-nas de cartas, matando sua sede recíproca por fofocas literárias internacionais. A história dessa amizade é re-velada em “Air Mail”, um livro tão estimado por Tranströmer que, ao ver que eu havia le-vado uma cópia, ele a toma e parece pouco inclinado a devolvê-la.

Ler o volume é entender por que ele pode querer tê-lo por perto. Suas páginas captam uma amizade que voa nos ventos cruzados da literatura e que mudou a trajetória de vida dos dois homens.

Tranströmer e Bly se tradu-zem mutuamente e discutem política. Os poemas de Bly sobre a Guerra do Vietnã não encontram quem os publique. Enquanto isso, Tranströmer é criticado pelos marxistas por ser arredio: “De um modo ge-ral, na Suécia”, ele diz a Bly depois de resumir algumas críticas enviesadas, “os jovens marxistas têm muito pouca to-lerância para a poesia”. (pág. 64 das cartas de Tranströmer a Bly, versão inglesa, 29 de outubro de 1966)

“Tomas escrevia uma quan-tidade enorme de cartas, não apenas a Bly mas também a muitos outros, e realmente se soltava nelas”, diz Monica. “Nelas ele é prolixo, diverti-do, às vezes intransigente. Então acho que, embora To-mas possuísse todas essas qualidades, ele nunca sentiu a necessidade de expressá-las em sua poesia”.

Mesmo assim, foi no ano de correspondência mais intensa com Bly, 1970, que Tranströ-mer experimentou seu primei-ro grande avanço como poeta. “Estou me debatendo com um poema muito longo (sobre o Báltico – de todos os pontos de vista)”, ele escreveu a Bly em agosto daquele ano.

“Começou quando encon-trei os almanaques de meu avô da década de 1880”, ele acrescentou no mês de maio seguinte, “nos quais ele ti-nha anotado os navios que pilotava... Descobri que uma parte tão grande de minha vida tem alguma ligação com o Báltico, então comecei a fazer um esboço confuso de muitas coisas”. (pág. 193).

Tranströmer estava sendo modesto. “Östersjöar” (O Bál-tico, de 1974) está longe de ser confuso – move-se como uma música, relatando primeiro a história de seu avô e depois a de sua avó. Ondas de imagens desabam pelas estrofes, con-vertendo as preocupações dos marinheiros com os fatores da natureza em preocupações cosmológicas.

Tomas e Monica discutem um pouquinho sobre se Bly o incentivou a escrever po-emas em prosa ou se ele os teria explorado de qualquer modo. “Mas Bly não gostou de ‘Östersjöar’.” Monica pon-dera: “Não, ele não gostou muito. Assim, eu diria que você era totalmente inde-pendente de Robert”.

Até hoje, foi nesse longo poema que Tranströmer se in-seriu em sua obra de maneira mais direta. Ele é o navegador que nos conduz pela história

familiar, é o espectador, é aquele que defi ne o que sig-nifi ca ser de algum lugar, mas saber com certeza que vamos desaparecer.

EnigmaO pesquisador literário

Torbjörn Schmidt organizou a edição sueca de “Air Mail”. “Eu diria que o enigma de Tranströmer é espiritual”, ele escreve em um e-mail. Mas acrescenta: “O próprio Trans-trömer sempre se negou a ser descrito como ‘místico’. Por outro lado, ele ressaltou que sua experiência de vida é enig-mática num sentido profundo: existem dimensões da vida que não podem ser captadas por uma mente puramente racional”.

Em nenhum lugar da obra de Tranströmer essa duali-dade se torna tão pessoal quanto em “Östersjöar”, que é uma espécie de genealogia espiritual e sensual musicada. Quando se aproxima de com-pletar o poema, as cartas a Bly ganham lirismo crescente. Em certas ocasiões, soa quase como Blake. “Às vezes tenho a sensação de ter um dever a cumprir em nome de alguma Consciência oculta. Por que preciso viver esta confusão constante, enxergar e ouvir todas estas coisas, o que sig-nifi ca? Eu às vezes encontro conforto no sentimento de que Alguém, ou Algo, quer que eu faça isso”.

Quando pergunto se essa postura espiritual guarda se-melhanças com o budismo, Monica recorda que essa pergunta já foi feita antes a Tranströmer, que acena com a cabeça para indicar sua concordância com a respos-ta dela.

“Você disse que nunca tinha estudado o budismo realmen-te. Então aquela outra pessoa respondeu que, se era esse o caso, você era uma espécie de budista intuitivo. Mas não profi ssional”.

Essa ideia de dever numi-noso dota de humildade a obra de Tranströmer. Ele não encontrará as respostas e não precisará passar tempo de-mais nas trevas.

“Há tantas coisas maravi-lhosas em Tomas”, diz o poeta norueguês Jan Erik Vold, que o conhece e o traduziu por qua-tro décadas, “mas uma delas é que ele sabe onde guardar as trevas”.

Sua capacidade de refl etir sobre o infi nito, ao mesmo tempo em que mantém as trevas à distância, lhe valeu enorme popularidade em todo o mundo. A partir dos anos 1960 e, com mais intensidade, na década seguinte, sua obra começou a ganhar traduções, em especial para o inglês.

Nessa década, ele conhe-ceu Allen Ginsberg na Cidade do México e W.S. Merwin na Suécia. Foi também nesse período movimentado de via-gens e primeiras publicações que o poeta sírio Adonis se deparou com a obra de Trans-trömer. Ambos receberam um prêmio da Universidade de Pittsburgh.

Anos depois, Adonis aju-daria a traduzir e publicar as obras reunidas do amigo em árabe, levando Tomas e Monica ao Líbano e à Síria para uma turnê de leituras, experiência que o escritor sí-rio descreveria em um e-mail, décadas mais tarde, como “um poema de essência humana suprema, uma extensão da poesia dele”.

Adonis fez uma leitura mais cuidadosa que muitos da poesia de Tranströmer e o considera um místico, só que não no sentido conven-cional do termo. “Quando falo em misticismo na poesia de Tranströmer” – diz por e-mail, de Paris – “me refi ro a uma visão que não divide a exis-tência em duas categorias, a ‘física’ e a ‘espiritual’, mas que vê a existência como sendo una e indivisível”.

DerrameÉ difícil saber se essa ma-

neira de abordar a vida foi o que deu a Tranströmer mais capacidade de sobrevivência, após seu derrame. Desde en-tão ele publicou apenas dois livros: a curta autobiografi a “Minnena Ser Mig” (As me-mórias me contemplam), cuja maior parte já havia sido escrita antes do AVC, e um livro breve de haicais, “Sor-gegondolen” (Gôndola triste, de 1996).

O fato de ele ter começado a escrever ainda mais haicais depois de sofrer o derrame, diz Monica, foi “uma solução técnica e prática”. “E que lhe pareceu natural”.

Tomas concorda, enquanto Monica prossegue: “Na reali-dade, acho que essas formas fi xas podem conferir um senso de liberdade. Trabalhar den-tro de suas restrições pode funcionar como uma espécie de jogo”.

Quando chegamos à ques-tão sobre o conteúdo dos cadernos de Tranströmer, se ainda podemos esperar algo novo vindo deles, uma sombra atravessa o rosto de Monica, e o círculo na sala se fecha.”Acho que você pode deixar essa pergunta de fora, Tomas”, diz ela. Existe uma certa quantidade de cartas, e há “um volume pequeno pro-gramado, sabemos disso”, diz Monica. Nesse ponto, fazemos uma pausa na entrevista, e ela gentilmente nos conduz à pequena cozinha, onde nos aguardam pratos de frango com arroz, pão preto e canecas de cerveja.

Uma hora mais tarde, de-pois do o almoço e de uma visita a alguns vizinhos, re-tornamos à casa azul para o adeus fi nal. Tiramos fotos; reservamos o ferryboat.

Encontro Tranströmer sen-tado no quintal sob um raio solitário de sol, novamente com seu rádio, Monica sen-tada com a mão sobre o joelho dele. Agora a rádio sueca está tocando “Canção para a Lua”, de “Rusalka”, de Dvorák, uma das óperas mais belas já compostas.

E é assim que o universo lança uma de suas pistas ines-peradas sobre nós.

Tranströmer foi um grande poeta porque encontrou uma forma de refl etir sobre o in-fi nito e se recusou a desviar o olhar. Mas uma das razões pelas quais pôde fazê-lo com tanta beleza reside no fato de que (como qualquer artista que canta melhor em dueto) ele não o fez – não o faz – sozinho.

Notas1. As citações, salvo indicação contrária, são traduções livres a partir do inglês.

2. Tradução de Enaiê Azambuja, que responde pela antologia a sair no Brasil neste ano. Leia outras traduções à página 8.

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LiteraturaRESUMOO poeta sueco To-mas Tranströmer, laureado com o No-bel em 2011, recebeu John Freeman em sua residência para uma conversa. Víti-ma de um derrame, ele foi auxiliado por sua mulher, Monica. Traduzido em deze-nas de países, terá pela primeira vez poemas publicados no Brasil no segundo semestre deste ano.

3A poesia íntima, como um beijo no escuro

A ilha de Runmarö fi ca uma hora a leste de Estocolmo, cercada de escolhos que se elevam da água. Para chegar a ela é preciso viajar num ferryboat que avança no mar revolto à velocidade de meros 20 nós por hora.

É uma tarde chuvosa de agosto, e o mar está verde e misterioso. Num dia como este, não é difícil imaginar por que marinheiros ergueram suas casas em Runmarö, em vez de em outra qualquer das centenas de ilhas da região.

Quando ela surge, rochosa, coroada de abetos e carva-lhos, se mostra como uma versão do paraíso para um homem resoluto.

No fi nal do século 19, o avô materno do poeta Tomas Tranströmer era um homem desse tipo. Capitão de navio, precisava de um lugar para fi xar-se em terra e o encontrou em Runmarö. A pequena casa azul que ele ergueu na ilha ainda está de pé, e é nela que Tranströmer e Monica Bladh, sua mulher há quase 50 anos, passam seus verões.

Como um legítimo descen-dente de homens do mar, Tranströmer dá a devida im-portância aos visitantes que chegam das ondas, embora o AVC que o paralisou 25 anos atrás difi culte gestos que a expressem.

Ao chegar, eu o encontro aguardando numa cadeira de rodas, na ponta de um caminho longo e estreito de cascalho, com um cobertor nos ombros, tendo Monica de pé às suas costas. Um rádio dos anos 1950 está sobre seu colo, oxigenando a fl oresta com uma sinfonia de Rachmaninoff .

Enquanto Monica suave-mente empurra o marido rumo à casa, subindo uma rampa e entrando na sala, todos os símbolos da grande poesia de Tranströmer voam ao nosso redor. O chão em torno da casa é sulcado por raízes e musgo. O vento sussurra nas árvores. O ar cheira a sal marinho e a resina. Um falcão deve estar pairando ao alto, olhando para nós aqui embaixo.

Nas duas horas seguintes fi ca claro que a ilha lhe deu as notas com as quais criar uma partitura poética de beleza duradoura. E, assim, as per-guntas sobre a poesia, sobre seu signifi cado, sempre retor-nam à ilha, ao avô de Tranströ-mer, que muitas vezes ergue a mão para apontar objetos e pinturas espalhados pela sala, como se eles próprios fossem os poemas, não seus

JOHN FREEMANTRADUÇÃO CLARA ALLAINILUSTRAÇÃO PAULO PASTA

Encontro com Tranströmer, o Nobel de 2011

temas ou inspirações.É assim que nos comunica-

mos. O derrame que Tranströ-mer sofreu em 1990 o deixou paralisado de um lado, rouban-do-lhe a maior parte da fala. Graças a isso, a sala à qual Monica nos conduz é pequena, mas está cheia.

Dois amigos – um cineasta americano e sua mulher sueca – dividem um estreito banco de piano.

Um fotógrafo, o assessor de imprensa e Monica se acomo-dam num semicírculo em volta de Tranströmer, como se ele fosse um pianista de concerto prestes a tocar, em vez de um poeta que se acomoda com relutância, mas gentileza, para dar uma entrevista.

Na realidade, porém, to-dos estão aqui para ajudar a interpretar as respostas de Tranströmer. Ele consegue di-zer, com muita clareza, “sim”, “não”, e “muito bom”. São seus lemes verbais – outras palavras aparecem esporadi-camente. Seu rosto, porém, diz muito mais.

Nos retratos, a marca de Tranströmer é, muito fre-quentemente, um olhar gra-ve e penetrante; em carne e osso, contudo, seus olhos transmitem interesse e bon-dade, e ele chega a se mos-trar brincalhão.

Eu faço perguntas, Monica as traduz ao sueco, e ele, então, responde; ela busca aprofundar a resposta, e as-sim avançamos pela tarde. Tranströmer guia as pergun-tas e extrapolações dela com o rosto, com suas poucas pa-lavras e com o tom de voz. O tempo todo, eles se tocam e se olham. Observando-os, é difícil defi nir quem é o regente e quem é a sinfonia.

ÍntimoTalvez seja mesmo con-

veniente conversar com um poeta que há tanto tempo é íntimo de um público vasto. Mesmo antes de receber o Nobel, em 2011, Tranströmer já tinha sido traduzido em quase 60 idiomas, sendo o segundo mais traduzido poeta

do mundo, atrás apenas de Neruda – no Brasil, contudo, seus poemas serão lançados pela primeira vez no segun-do semestre deste ano, pela Companhia das Letras.

Entre os admiradores de Tranströmer estão o irlandês Seamus Heaney (1939-2013, Nobel em 1995) e muitos dos maiores poetas americanos do pós-Guerra. E romenos, iugoslavos, japoneses. Paul Muldoon, poeta e editor de poesia da revista “The New Yorker”, conta que a fama de Tranströmer chegou até a Irlanda do Norte, onde ele passou sua infância e juven-tude, na pior fase do confl ito. “O apelido que lhe demos, ‘Transformer’, indica o res-peito profundo que sentíamos por suas realizações”.

O que ele realizou é ainda mais notável levando-se em conta sua produção relativa-mente modesta. Em 60 anos, publicou apenas 11 coletâne-as, nenhuma das quais contém mais de 20 poemas.

Enquanto nos preparamos

para a conversa, um volume de seus poemas reunidos fi ca ali, à mão, como diário de bordo dos lugares que ele percorreu com sua mente.

Pergunto se Tranströmer via na poesia uma maneira de se orientar no mundo. Ele responde “sim, sim”, e Monica extrapola: “Uma maneira de tentar abordar o enigma. Acho que essa é uma boa metáfora para descrever a poesia.”

Seu território não era vasto, mas era profundo. Durante anos passou muito mais tem-po trabalhando como psicólo-go, primeiro numa instituição correcional para rapazes e de-pois como terapeuta ocupa-cional para o governo sueco.

Seus poemas têm um po-der psicológico profundo; são obras de um homem possu-ído. Muitos dos símbolos e presságios são recorrentes: as estações do ano e seu clima, estados oníricos e sósias, o arco do passado familiar.

Ler a poesia de Tranströmer é mergulhar em um espaço in-terior tenso, apresentado vi-

sualmente, repleto de signos e sinais, de intimações. Seus poemas podem usar imagens abstratas, mas os melhores são tão íntimos quanto um beijo no escuro. Ele alcança essa conexão através dos sentidos e do apagar gradu-al do “eu” que só busca seus próprios propósitos.

“Morgonfåglar” (Pássaros matinais), por exemplo, come-ça com a descrição do poeta entrando em seu carro, depois passa para uma descrição de pegas cantando alto e segue para este trecho surpreenden-te, que poderia servir de guia a boa parte de sua obra:

“Fantástico sentir como meu poema cresce/ enquan-to eu mesmo encolho./ Ele cresce, toma meu lugar./ Ele me empurra para o lado. Ele me joga para fora do ninho./ O poema está pronto”. (1)

GuerraTranströmer começou a

escrever poesia seriamente logo após a Segunda Guerra Mundial e hoje, aos 83, vê o

início de uma guerra perpétua no Oriente Médio.

Ao longo desse tempo, o desafi o a que se propôs foi encontrar uma nova lingua-gem para a intimidade e o engajamento, como Seamus Heaney e Paul Muldoon fi ze-ram em seu próprio ambiente politicamente carregado.

“Depois da guerra, muitos poetas suecos começaram a refl etir sobre a neutralidade do país”, diz o estudioso literário Daniel Sandstrom, “publisher” do grupo de mídia Bonnier. “Foi um motivo de vergonha, e dessa vergonha nasceu o desejo de pensar de modo mais amplo e politizado”.

“Essa mudança afetou mui-to intelectuais e políticos. Mas com certeza afetou também os poetas, em especial os da geração de Tranströmer, a qual veria nas independências coloniais um processo moral importante. Poucos deles, po-rém, eram marxistas, e eram menos abertamente políticos que os da geração seguinte”.

Para essa geração seguinte,

ou se era marxista ou rea-cionário. Tranströmer, porém, não era nenhum dos dois. Via-java e era engajado, mas não se interessava por usar a arte como arma política.

Havia ainda outra dicotomia a encarar. Tranströmer foi cria-do em um contexto religioso e, mesmo se estava longe de ser proselitista, num país cada vez mais secular, a religiosidade era um problema.

“Você estava livre disso tudo”, diz Monica a respeito da doutrina religiosa, arrancando do poeta uma piadinha facial irônica, como se ele dissesse “graças a Deus”.

Enquanto muitos de seus contemporâneos contempla-vam falsas polaridades, Trans-trömer retornou à ilha onde passou todos seus verões quando menino, convertendo os sons, as estações e os esta-dos de ânimo desse lugar em sua mitologia particular.

Durante nossa conversa, Tranströmer aponta para um retrato de seu avô e para os registros de suas viagens náuticas. Seguindo a teia de sua escrita, ele parece dizer, é aqui que começa a viagem. Aqui.

NexoSeriam precisos 20 anos

publicando para que ele es-tabelecesse esse nexo. No co-meço, seu maior desafi o era encontrar a sintaxe para sua imaginação.

Como todos os poetas nasci-dos no entreguerras, Tranströ-mer teve no modernismo e no surrealismo marcos intelectu-ais. Mas foi uma experiência pessoal e íntima que o trans-formou mais drasticamente.

No verão entre seus 14 e 15 anos, Tranströmer sofreu o que descreveu em suas me-mórias como uma espécie de terror existencial. Suas pernas tremiam; ele se sentia domina-do pelo medo. “Na época, eu via todas as formas de religião com ceticismo”, escreveu em suas memórias, publicadas em 1993, admitindo que, se isso tivesse lhe acontecido mais tarde na vida, provavelmente teria sido uma revelação.

Após a crise, ele começou a tocar piano com frequência, atividade que ainda mantém – ocasionalmente se apresen-ta sobre o palco, executando peças escritas para a mão esquerda. Hoje ele confi rma a avaliação que fez do que aconteceu naquele período, dizendo que foi mais próximo de uma psicose que de um experimento religioso.

Monica amplia: “Acho que você disse que, se tivesse al-cançado esse tipo de fé reli-giosa suave ou confi ança na fé que você alcançou alguns anos mais tarde, poderia ter conseguido lidar com a crise de maneira totalmente dife-rente. De certo modo, você simplesmente desenvolveu uma fé própria ao longo da adolescência. É assim que você teria explicado?”.

“Sim, é correto”, diz Tomas. “Mas...”.

“Você criou para si mesmo uma certa imagem de Deus”.

“Sim...”.“...Mas que não tinha fi liação

ou relação específi ca com o que era ensinado nos estudos religiosos da escola. Um sen-timento de confi ança, viesse ele de onde viesse. Não é fácil falar desse tema”.

Tranströmer não sabe dizer se foi essa experiência que despertou seu interesse pela psicologia.

“Acho que ocorreu uma transição de uma consciên-cia religiosa básica para a fé”, Monica explica. “E teve a ver com a música”.

Um fato interessante é que, de todos os poemas de Tranströmer, aquele que trata mais diretamente da fé tam-bém trata de música: “Schu-bertiana”. “Quanto devemos confi ar”, escreve no poema, “para que possamos viver nossa rotina sem afundar no solo”. (2)

VirtuoseAo se aproximar dos 20

anos, Tranströmer começou a se afastar da música em direção à poesia, escrevendo tanto que – como qualquer virtuose – foi criando difi cul-dades para sua própria escri-ta. Começou a escrever em estrofes à moda de Horácio (nas métricas sáfi ca e alcaica), criando parte de “Höstlig Skär-gård” (Arquipélago de outono) e “Fem Strofer till Thoreau” (Cinco estrofes para Thore-au). Ambos saíram em seu primeiro volume, “17 Dikter” (17 poemas, de 1954).

Tranströmer saca uma cole-tânea sua e começa a identifi -car as diferentes métricas em um e outro poema: “Ali, ali, ali”, ele diz. “Acho que o verso sá-fi co lhe conferiu uma espécie de liberdade”, opina Monica, e ele comenta: “Muito bom”, acrescentando: “Uma forma dentro da qual trabalhar”.

Não foi a única restrição que ele se impôs. Os poemas de seu livro de estreia esboçam uma espécie de ecossistema dentro do qual trabalharia in-termitentemente por toda a vida e que, ao chegar a Run-marö, percebemos ser próprio da ilha.

Seu verde e seus marinhei-ros, as ondas espiraladas. O DNA sonoro da ilha impreg-na seus poemas iniciais. Ali estava um poeta “tateando em busca dos instrumentos da atenção”, para citar um poema dessa fase (“Han Som Vaknade av Sång Över Taken”, o homem que acordou ao som de canto sobre seu telhado).

A reação que esse fenôme-no de 23 anos provocou no país foi instantânea. Como diz Sandstrom, “o sucesso de crí-tica foi imediato e duradouro. O início da década de 1950 foi visto como época áurea da poesia moderna: para ser ‘cool’ nessa época, não se fazia um som na garagem, e sim um sarau”.

Tranströmer acabaria por lançar mais três livros nes-sa fase inebriante; em cada um deles, aprofundava seus vínculos com a paisagem, ao passo que a economia das imagens se tornava mais es-tranha e enigmática. Enquan-to a época áurea da poesia fi cava para trás, Tranströmer foi se interiorizando mais e mais, tornando-se, como diz Sandstrom, “quase seu gêne-ro próprio”.

CartasPor volta dessa época, teve

início sua correspondência com o poeta, tradutor e editor literário americano Robert Bly. Esse homem de personalidade exuberante tinha lançado nos Estados Unidos uma revista literária que, a cada década, era rebatizada.

Em 1964 era chamada “The Sixties” e, em março desse ano, Tranströmer, então com 32 anos, escreveu ao editor – que estava em Madison, Minnesota –, perguntando

como obter um exemplar da publicação. Bly respondeu de imediato, observando que nesse mesmo dia ele tinha atravessado metade do Es-tado para ler, em sueco, “Den Halvfärdiga Himlen” (“Céu Semi-Acabado”), que Trans-trömer lançara em 1962.

Nos 25 anos seguintes, os dois poetas trocaram cente-nas de cartas, matando sua sede recíproca por fofocas literárias internacionais. A história dessa amizade é re-velada em “Air Mail”, um livro tão estimado por Tranströmer que, ao ver que eu havia le-vado uma cópia, ele a toma e parece pouco inclinado a devolvê-la.

Ler o volume é entender por que ele pode querer tê-lo por perto. Suas páginas captam uma amizade que voa nos ventos cruzados da literatura e que mudou a trajetória de vida dos dois homens.

Tranströmer e Bly se tradu-zem mutuamente e discutem política. Os poemas de Bly sobre a Guerra do Vietnã não encontram quem os publique. Enquanto isso, Tranströmer é criticado pelos marxistas por ser arredio: “De um modo ge-ral, na Suécia”, ele diz a Bly depois de resumir algumas críticas enviesadas, “os jovens marxistas têm muito pouca to-lerância para a poesia”. (pág. 64 das cartas de Tranströmer a Bly, versão inglesa, 29 de outubro de 1966)

“Tomas escrevia uma quan-tidade enorme de cartas, não apenas a Bly mas também a muitos outros, e realmente se soltava nelas”, diz Monica. “Nelas ele é prolixo, diverti-do, às vezes intransigente. Então acho que, embora To-mas possuísse todas essas qualidades, ele nunca sentiu a necessidade de expressá-las em sua poesia”.

Mesmo assim, foi no ano de correspondência mais intensa com Bly, 1970, que Tranströ-mer experimentou seu primei-ro grande avanço como poeta. “Estou me debatendo com um poema muito longo (sobre o Báltico – de todos os pontos de vista)”, ele escreveu a Bly em agosto daquele ano.

“Começou quando encon-trei os almanaques de meu avô da década de 1880”, ele acrescentou no mês de maio seguinte, “nos quais ele ti-nha anotado os navios que pilotava... Descobri que uma parte tão grande de minha vida tem alguma ligação com o Báltico, então comecei a fazer um esboço confuso de muitas coisas”. (pág. 193).

Tranströmer estava sendo modesto. “Östersjöar” (O Bál-tico, de 1974) está longe de ser confuso – move-se como uma música, relatando primeiro a história de seu avô e depois a de sua avó. Ondas de imagens desabam pelas estrofes, con-vertendo as preocupações dos marinheiros com os fatores da natureza em preocupações cosmológicas.

Tomas e Monica discutem um pouquinho sobre se Bly o incentivou a escrever po-emas em prosa ou se ele os teria explorado de qualquer modo. “Mas Bly não gostou de ‘Östersjöar’.” Monica pon-dera: “Não, ele não gostou muito. Assim, eu diria que você era totalmente inde-pendente de Robert”.

Até hoje, foi nesse longo poema que Tranströmer se in-seriu em sua obra de maneira mais direta. Ele é o navegador que nos conduz pela história

familiar, é o espectador, é aquele que defi ne o que sig-nifi ca ser de algum lugar, mas saber com certeza que vamos desaparecer.

EnigmaO pesquisador literário

Torbjörn Schmidt organizou a edição sueca de “Air Mail”. “Eu diria que o enigma de Tranströmer é espiritual”, ele escreve em um e-mail. Mas acrescenta: “O próprio Trans-trömer sempre se negou a ser descrito como ‘místico’. Por outro lado, ele ressaltou que sua experiência de vida é enig-mática num sentido profundo: existem dimensões da vida que não podem ser captadas por uma mente puramente racional”.

Em nenhum lugar da obra de Tranströmer essa duali-dade se torna tão pessoal quanto em “Östersjöar”, que é uma espécie de genealogia espiritual e sensual musicada. Quando se aproxima de com-pletar o poema, as cartas a Bly ganham lirismo crescente. Em certas ocasiões, soa quase como Blake. “Às vezes tenho a sensação de ter um dever a cumprir em nome de alguma Consciência oculta. Por que preciso viver esta confusão constante, enxergar e ouvir todas estas coisas, o que sig-nifi ca? Eu às vezes encontro conforto no sentimento de que Alguém, ou Algo, quer que eu faça isso”.

Quando pergunto se essa postura espiritual guarda se-melhanças com o budismo, Monica recorda que essa pergunta já foi feita antes a Tranströmer, que acena com a cabeça para indicar sua concordância com a respos-ta dela.

“Você disse que nunca tinha estudado o budismo realmen-te. Então aquela outra pessoa respondeu que, se era esse o caso, você era uma espécie de budista intuitivo. Mas não profi ssional”.

Essa ideia de dever numi-noso dota de humildade a obra de Tranströmer. Ele não encontrará as respostas e não precisará passar tempo de-mais nas trevas.

“Há tantas coisas maravi-lhosas em Tomas”, diz o poeta norueguês Jan Erik Vold, que o conhece e o traduziu por qua-tro décadas, “mas uma delas é que ele sabe onde guardar as trevas”.

Sua capacidade de refl etir sobre o infi nito, ao mesmo tempo em que mantém as trevas à distância, lhe valeu enorme popularidade em todo o mundo. A partir dos anos 1960 e, com mais intensidade, na década seguinte, sua obra começou a ganhar traduções, em especial para o inglês.

Nessa década, ele conhe-ceu Allen Ginsberg na Cidade do México e W.S. Merwin na Suécia. Foi também nesse período movimentado de via-gens e primeiras publicações que o poeta sírio Adonis se deparou com a obra de Trans-trömer. Ambos receberam um prêmio da Universidade de Pittsburgh.

Anos depois, Adonis aju-daria a traduzir e publicar as obras reunidas do amigo em árabe, levando Tomas e Monica ao Líbano e à Síria para uma turnê de leituras, experiência que o escritor sí-rio descreveria em um e-mail, décadas mais tarde, como “um poema de essência humana suprema, uma extensão da poesia dele”.

Adonis fez uma leitura mais cuidadosa que muitos da poesia de Tranströmer e o considera um místico, só que não no sentido conven-cional do termo. “Quando falo em misticismo na poesia de Tranströmer” – diz por e-mail, de Paris – “me refi ro a uma visão que não divide a exis-tência em duas categorias, a ‘física’ e a ‘espiritual’, mas que vê a existência como sendo una e indivisível”.

DerrameÉ difícil saber se essa ma-

neira de abordar a vida foi o que deu a Tranströmer mais capacidade de sobrevivência, após seu derrame. Desde en-tão ele publicou apenas dois livros: a curta autobiografi a “Minnena Ser Mig” (As me-mórias me contemplam), cuja maior parte já havia sido escrita antes do AVC, e um livro breve de haicais, “Sor-gegondolen” (Gôndola triste, de 1996).

O fato de ele ter começado a escrever ainda mais haicais depois de sofrer o derrame, diz Monica, foi “uma solução técnica e prática”. “E que lhe pareceu natural”.

Tomas concorda, enquanto Monica prossegue: “Na reali-dade, acho que essas formas fi xas podem conferir um senso de liberdade. Trabalhar den-tro de suas restrições pode funcionar como uma espécie de jogo”.

Quando chegamos à ques-tão sobre o conteúdo dos cadernos de Tranströmer, se ainda podemos esperar algo novo vindo deles, uma sombra atravessa o rosto de Monica, e o círculo na sala se fecha.”Acho que você pode deixar essa pergunta de fora, Tomas”, diz ela. Existe uma certa quantidade de cartas, e há “um volume pequeno pro-gramado, sabemos disso”, diz Monica. Nesse ponto, fazemos uma pausa na entrevista, e ela gentilmente nos conduz à pequena cozinha, onde nos aguardam pratos de frango com arroz, pão preto e canecas de cerveja.

Uma hora mais tarde, de-pois do o almoço e de uma visita a alguns vizinhos, re-tornamos à casa azul para o adeus fi nal. Tiramos fotos; reservamos o ferryboat.

Encontro Tranströmer sen-tado no quintal sob um raio solitário de sol, novamente com seu rádio, Monica sen-tada com a mão sobre o joelho dele. Agora a rádio sueca está tocando “Canção para a Lua”, de “Rusalka”, de Dvorák, uma das óperas mais belas já compostas.

E é assim que o universo lança uma de suas pistas ines-peradas sobre nós.

Tranströmer foi um grande poeta porque encontrou uma forma de refl etir sobre o in-fi nito e se recusou a desviar o olhar. Mas uma das razões pelas quais pôde fazê-lo com tanta beleza reside no fato de que (como qualquer artista que canta melhor em dueto) ele não o fez – não o faz – sozinho.

Notas1. As citações, salvo indicação contrária, são traduções livres a partir do inglês.

2. Tradução de Enaiê Azambuja, que responde pela antologia a sair no Brasil neste ano. Leia outras traduções à página 8.

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Diário de LisboaO MAPA DA CULTURA

4 Literatura de manicômioPessoa, ‘Orpheu’ e a morte do poeta

Foi há cem anos, no dia 24 de março de 1915, que o primeiro número da revista “Orpheu” foi publicado. Tinha como diretores o poeta português Luís de Mon-talvor e o brasileiro Ronald de Carvalho. Identifi cados numa carta de Fernando Pessoa: o primeiro, como “amigo íntimo de Mário de Sá-Carneiro” e, o segundo, como “um dos mais interessantes” poetas brasilei-ros da época.

Na época, este primeiro número esgotou e provocou escândalo. Numa carta ao açoriano Armando Cortês-Rodrigues, Fernando Pessoa contava: “Somos o assunto do dia em Lisboa, sem exa-gero lho digo. O escândalo é enorme. Somos apontados na rua, e toda a gente – mes-mo extraliterária – fala do ‘Orpheu’”. Meses depois, no fi nal de junho, saía o número dois, já dirigido por Pessoa e Sá-Carneiro, que, juntamen-te com Almada Negreiros, fi zeram dela a revista “mítica” e emblemática do Modernis-mo português.

Os jornais da época inti-tularam a publicação como “literatura de manicômio”; uma notícia do jornal “O In-transigente” intitulava-se “A Caminho do Manicômio” em fi nais de março de 1915. No jornal “A Capital” um crítico escrevia: “O que se conclui da leitura dos chamados poemas subscritos por Mário de Sá-Carneiro, Ronald de Carvalho, Álvaro de Campos e outros é que eles pertencem a uma categoria de indivíduos que a ciência defi niu e classifi cou dentro dos manicômios, mas que podem sem maior perigo andar fora deles”.

‘100 Orpheu’Para se saber tudo o que

se passou nesse ano, acaba de ser publicado em Portugal, pela editora Tinta-da-China, o volume coletivo “1915 - O Ano de ‘Orpheu’”, organizado por Steff en Dix. E foi aberta a exposição “Os Caminhos de Orpheu”, organizada por Richard Zenith na Biblioteca Nacional de Portugal, com originais de Pessoa, Sá-Car-neiro e outros colaboradores, cartas, publicações da época e obras de artes plásticas de Almada Negreiros, San-ta-Rita Pintor e Amadeo de Souza Cardoso.

Entre as inúmeras inicia-tivas das comemorações está também “100 Orpheu”, o congresso internacional luso-brasileiro que decorreu nesta semana em Lisboa e irá acontecer no Brasil, de 25 a 28 de maio, na USP (100orpheu.com).

Outros mitosO sociólogo e historiador

José Barreto tem lutado contra teses que considera delirantes e que apontam o escritor Fernando Pessoa (1888-1935) como reacio-nário e adepto convicto do ditador Salazar (1889-1970), defendidas pelo professor e escritor marxista Alfredo Margarido (1928-2010) que Barreto considera ter-se “empenhado numa tentativa de fascistização póstuma do pensamento de Pessoa”.

No livro que acaba de publi-car, “Fernando Pessoa - Sobre o Fascismo, a Ditadura Mili-tar e Salazar” (Tinta-da-Chi-na), Barreto reúne “todos os escritos de Pessoa que foi possível recensear, entre os ainda numerosos inéditos do escritor e a obra publicada em vida ou postumamente, versando sobre três temas principais: o fascismo e a fi -gura de Mussolini, a ditadura

militar portuguesa (1926-33) e, por fi m, Salazar, enquanto ministro das Finanças (1928-32), e depois líder do governo e do Estado Novo”.

Pessoa foi cortejado pelo poder, mas faltou em 1935 à entrega do prêmio do Secre-tariado da Propaganda Nacio-nal ao seu livro “Mensagem” e fez poesias satíricas a pensar em Salazar, que o acusou de ter afastado de si “o resto da inteligência portuguesa, que ainda o olhava com uma benevolência já um pouco im-paciente e uma tolerância já vagamente desdenhosa”.

À míngua de poetasEsta semana escreveu-se

nos obituários dedicados ao poeta Herberto Helder (1930-2015) que “não há na poesia portuguesa pós-Pessoa ne-nhum poeta que tenha exer-cido um tal poder de atração e gerado tantos epígonos”. Agora que o autor de “A Morte sem Mestre” morreu, haverá alguém capaz de ocupar o seu lugar?

No passado Dia Mundial da Poesia foi publicado o “Anuário de Poesia de Autores Não Publicados 2015”, da As-sírio & Alvim. Foram editados quatro números entre 1984 e 1987 que deram a conhecer alguns dos melhores poetas de hoje, como Maria do Rosá-rio Pedreira ou Adília Lopes. Mas este anuário é, agora, um livro fi ninho.

O júri recebeu 2.154 poe-mas enviados por 223 autores, mas, seus membros escrevem no prefácio, “a leitura destes poemas revelou, com pouquís-simas exceções, um imaginá-rio poético débil”. O livro tem 53 páginas, com 15 poemas dos 7 poetas escolhidos. Lá se foi a ideia de sermos uma nação de poetas. Desapare-ceram os mitos.

ISABEL COUTINHO

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Arquivo abertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

5 Sábados pernambucanosRecife, 1997

Quando cheguei ao Reci-fe, em 1997, Miguel Arra-es cumpria seu penúltimo ano como governador de Pernambuco e, com ele Ariano Suassuna, à frente da Secretaria de Cultura. Ao lado do mestre, lem-bro de percorrer os amplos corredores do Palácio das Princesas e de participar de conversas e discussões, sem ter a real dimensão de suas consequências e de como eu estaria co-nectado àquilo 18 anos depois. Ariano quebrava paradigmas, trazia o foco para a cultura popular e reconhecia os “mestres do saber”. Fazia muito com pouco e fundava os alicer-ces para um extraordinário desenvolvimento que Per-nambuco viveria na área da cultura anos depois.

Eu era um garoto aven-tureiro percorrendo o Bra-sil em busca de um sonho. Na época, lançava meu primeiro disco, “João Per-nambuco - O Poeta do Violão”, dedicado aos 50 anos da morte desse ícone da cultura brasileira. O ob-jetivo era encontrar o Bra-sil de Heitor Villa-Lobos e ativar genes adormecidos pela poluição.

Ariano abriu-me as por-

LEANDRO CARVALHO

O dramaturgo Ariano Suassuna e o músico Leandro Carvalho na casa do escritor, no Recife em 1997

ACERVO PESSOAL

início da noite, com direito a queijo coalho de produ-ção própria, vindo de sua chácara em Taperoá.

Na verdade, tudo isso era um pretexto para con-versarmos sobre o Brasil, sobre literatura, sobre es-tética e fi losofi a. Ariano ia descortinando um rico país real, bem diferente daquele ofi cial, caricato e burlesco, como ele dizia referindo-se a Machado de Assis. Guiava-me para os núcleos de cultura popular, viva e pulsante, que se espalha-vam pela Zona da Mata pernambucana e, ao seu lado, vivi momentos ines-quecíveis, como quando os maracatus se encontraram em sua homenagem no es-paço Ilumiara Zumbi, fun-dado por ele mesmo alguns anos antes.

Aos 20 e poucos anos, com a personalidade em plena formação, tive a oportunidade de conviver com um grande artista, sábio e generoso.

Hoje, vejo o tamanho des-se privilégio e de como foi profunda sua marca em minha alma. Vejo com clareza a importância que tem para nosso país e como será grande nossa responsabilidade de levar adiante suas ideias. Seu exemplo de integridade e compromisso com a cul-tura brasileira continuarão servindo de inspiração para a construir o futuro de nosso país.

tas de um rico e vasto mun-do e criou as condições para eu me estabelecer na cidade. Foram anos profí-cuos que resultaram em dois discos dedicados a João Pernambuco (um

em duo com Baden Powell e outro com músicos de Pernambuco e da Paraí-ba, como os antológicos Quinteto de Paraíba e o Quinteto Brassil, do sau-doso mestre do trombo-ne Radegundis Feitosa), e numa dissertação de mestrado no departamen-to de história da UFPE, sobre música e sociedade no Recife da primeira me-tade do século 19.

Em nossos papos, delici-ávamo-nos com os relatos dos viajantes estrangei-ros que visitaram Pernam-buco naquela época, como a britânica Maria Graham, o francês Tollenare, o pas-tor norte-americano Da-niel P. Kidder e o alemão Rugendas. Relemos os “Anais Pernambucanos” de Pereira da Costa, as pesquisas do padre Jai-me Diniz, e nos divertimos com as indignações de “O Carapuceiro”, editado e redigido pelo padre Mi-guel do Sacramento Lopes Gama entre 1832 e 1847, entre tantos outros.

Tudo isso serviu de ali-mento para inesquecíveis tardes de sábado, em con-versas na cadeira de ba-lanço que se prolongavam até um delicioso lanche no

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Imaginação

6RESUMOOs poemas acima fazem parte de coletânea que será lançada pela Com-panhia das Letras no segundo semes-tre deste ano.

PROSA, POESIA E TRADUÇÃO

PoemasTOMAS TRANSTRÖMERTRADUÇÃO ENAIÊ AZAMBUJAILUSTRAÇÃO PAULO PASTA

Abril e silêncio

Noite de inverno

Vendo através do soloO sol claro se dissolve na cerração.A luz pinga, cava o seu caminho em direção

aos meus olhos subterrâneos que estão lásob a cidade, e eles vêem a cidade

de baixo: ruas, fundações das casas –como fotos aéreas de uma cidade em tempos de guerra

mas ao contrário: fotografar da toca...retângulos mudos em cores sombrias.

É lá que as coisas acontecem. Ninguém pode diferenciaros ossos dos mortos daqueles dos vivos.

A luz do sol cresce, inundacabinas e cascas.

A tempestade aproxima seus lábios da casae assopra para fazer som.Eu durmo, inquieto, mudo de posição, com osolhos fechados leio o livro da tempestade.

Mas os olhos da criança se arregalam no escuroe a tempestade choraminga pela criança.Ambas gostam de ver a lâmpada que oscila.Ambas estão a meio caminho da linguagem.

A tempestade tem mãos e asas infantis.A caravana se apressa em direção à Lapôniae a casa sente a constelação de pregosmantendo as suas paredes juntas.

A noite está quieta sobre nosso chão(onde todos os passos evanescentesdeitam-se como folhas submersas numa lagoa)mas lá fora a noite é selvagem!

Uma tempestade mais grave se move sobre todos nós.Aproxima seus lábios de nossa almae assopra para fazer som. Tememos quea tempestade venha a destruir tudo que está dentro de nós.

A primavera jaz abandonadaUma valeta de cor roxa escuramove-se ao meu ladosem restituir nenhuma imagem.

A única coisa que brilhasão algumas fl ores amarelas.

Carrego-me dentro de minhaprópria sombra como um violinoem seu estojo.

A única coisa que quero dizerpaira bem fora do alcancecomo a prataria da famílianuma casa de penhores.

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Netfl ix investe em ‘Bloodline’

DIVULGAÇÃO

Nunca tive uma trajetó-ria meteóri-ca, que está em capas de jornais. Não foi isso que escolhi. Quero mor-rer em um palco, tra-balhando. O teatro nunca te abandona. A novela e o cinema, sim”

Parafraseando inúme-ras vezes o eterno mestre do humor na-cional – leia-se: Chico

Anysio –, ao longo de toda a entrevista, o ator e humoris-ta Nelson Freitas mostra que bebeu na fonte de quem sabia fazer sorrir como o próprio título sugere. Em Manaus des-de ontem para apresentar o espetáculo “Gigantes do Riso”, juntamente com Raul Gazolla (hoje, às 20h, no Teatro Ma-nauara), Freitas explicou um pouco de como surgiu a par-ceria entre ele e Gazolla, as maiores difi culdades de fazer humor e adiantou novidades sobre o programa “Zorra To-tal”, da TV Globo.

Além disso, ressaltou seu carinho por Manaus, que sur-giu quando era estagiário na Marinha Mercante, como está sua relação com as novelas, seu anseio por mais musicais brasileiros e disse que seu retorno cantando está marca-do. Em 2016, ele ganhará os palcos do Brasil interpretando Odorico Paraguaçu no musical “O Bem Amado”, com texto original de Dias Gomes.

EM TEMPO – Como surgiu a parceria entre você e o Raul Gazolla?

Nelson Freitas – Há uns 7, 8 anos fi zemos o espetáculo “O Micofone”, que fi cou em cartaz por 5 anos. Era um microfone na frente de dois idiotas. Isso, antes dessa febre do stand up e de duplas como o Leandro Hassum e Marcius Melhem. Terminada essa temporada, decidimos juntar os nossos dois espetáculos solos em um: “Alta Pressão”, do Gazolla, e o “Nelson Freitas e Vocês” que é meu, dirigido pelo Chico Anysio que deu toques mara-vilhosos. Juntei uma coisa dali, outra coisa de lá, o melhor das duas coisas e criamos o espe-táculo “Gigantes do Riso”.

EM TEMPO – E do que trata o espetáculo?

NF – No caso do Raul, ele

fala do problema médico que ele teve em decorrência do estresse, das loucuras do co-tidiano. No meu caso, trato mais sobre relacionamentos, experiências próprias.

EM TEMPO – O país sofre com a síndrome do poli-ticamente correto. Fazer humor se tornou algo mais difícil?

NF – Na minha opinião, somos oriundos dos bobos da corte. Arquétipos da comé-dia dell’arte. O bobo da corte sempre estava à disposição do rei para entretê-lo e tirá-lo daquele mundo enfadonho de ser nobre, já que o rei não poderia ser engraçado ou qualquer coisa do tipo, tinha que ter uma postura. Assim sendo, ele tinha carta branca para fazer o que quisesse. Podia brincar com a rainha, com o clero, mas tudo de forma inteligente. Caso ele deixasse de ser engraçado, o rei man-dava ele ser degolado.

Partindo disso, a melhor res-posta veio do Chico Anysio. Uma vez ele disse: “Faça o que você quiser, mas seja en-graçado. Senão você é dego-lado”. Nossa função é criticar a sociedade, chamar atenção para problemas que, muitas vezes, passam despercebidos, mas tudo de forma inteligente. Não adianta fi car somente na ofensa. Vejo que muitos sobem ao palco para escula-char, sem função. É preciso ser inteligente.

EM TEMPO – Mas você acredita que as coisas mu-daram?

NF – O “Tá no Ar” (Globo), por exemplo, tem total liber-dade. Aliás, a Globo deu uma abertura inédita, se permi-tindo ser criticada dentro do seu próprio programa. Isso não tem preço. Estamos vi-vendo um novo movimento. O humor está passando por uma movimentação.

EM TEMPO – Essa trans-formação chegou ao “Zor-ra Total”?

NF – Sem dúvida. Os epi-

sódios que estão indo ao ar são repetidos ou que não foram exibidos na época. O novo programa deve estrear em maio e vai contar com um grande exército. Nomes importantes como Dani Ca-lebresa, Débora Lamm... Ele virá totalmente reformulado, com uma nova postura.

EM TEMPO – Como está o mercado de humoristas atualmente?

NF – Existe muita coisa engraçada no momento, ou-tras nem tanto. A internet, a TV a cabo fez com que tivés-semos acesso a uma série de profi ssionais que estavam escondidos, já que o mercado era muito restrito. Porém, é bom lembrar que o stand up possui algumas regras que precisam ser obedecidas. Não é porque você faz uma mesa de bar sorrir ou é o palhaço do escritório que pode ser comediante, humorista. Vai muito além disso.

EM TEMPO – Você pensa em voltar para as teleno-velas?

NF – Nunca desisti das no-velas e acho que nem elas de mim. Mas só faria algo se fosse uma oportunidade grandiosa. A novela é uma grande repetição. Se você pas-sar três dias sem assistir um capítulo, depois de meia hora certamente já entendeu tudo. É algo maçante.

EM TEMPO – Em 2014, você completou 30 anos de carreira. O que mudou ao longo desse tempo?

NF – Sempre a minha cabe-ça foi voltada para o material humano. Descobri depois de análise que tenho a necessida-de biológica de conhecer pes-soas, ter contato com gente. Cada dia, mês e ano da minha vida, é um tijolinho que coloco na minha construção que, no meu ver, é sólida. Nunca tive uma trajetória meteórica, que está em capas de jornais. Não foi isso que escolhi para o meu caminho. Quero morrer em um palco, trabalhando. O

teatro nunca te abandona. A novela e o cinema, sim. Olho para trás e percebo que to-mei decisões certas e que me fi zeram construir uma carrei-ra sólida. Ainda tenho muita coisa pela frente.

EM TEMPO – Como anda o cenário dos musicais no Brasil?

NF – Hoje em dia o cená-rio mudou bastante. O Brasil está atento para a produção de musicais nos últimos 5 anos. Biografi as interessan-tíssimas estão ganhando os palcos. Não apenas musicais americanos, enlatados. Digo enlatados porque eles já vêm prontos, não podendo mudar um vírgula, um acorde, com uma cultura estrangeira di-ferente da nossa.

E agora estamos criando nosso próprio material. Te-mos tanta história para con-tar, tanta música bonita para cantar. É o caso de “Elis – O Musical”, “Chacrinha”, “Se Eu Fosse Você...”, com canções da Rita Lee. O material humano brasileiro é maravilhoso.

EM TEMPO – E você pre-tende voltar com um novo musical?

NF – Depois do “Se Eu Fos-se Você...” fui convidado para viver Odorico Paraguaçu, em “O Bem Amado”, que será adaptado para musical. O me-lhor é saber que o texto será o original de Dias Gomes. A produção inicia em 2016.

EM TEMPO – Como é sua relação com Manaus?

NF – Adoro Manaus! Nossa relação é antiga, desde o meu estágio na Marinha Mer-cante. Durante muito tempo levava gás da Bahia para o Norte. Então tenho amigos na cidade, amo a culinária, sei andar em Manaus. É claro que a cidade cresceu, mas sempre que posso aproveito para passear. E tenho a cer-teza que o espetáculo será uma festa muito gostosa e é um prazer levar o nosso trabalho para esse povo tão bacana do nosso Brasil.

Nossa função é criticar a sociedade, chamar atenção para proble-mas que, muitas vezes, passam despercebidos, mas tudo de forma inteligente. Não adianta fi car somente na ofensa. Vejo que muitos sobem ao palco para esculachar, sem função”

BRUNO MAZIERIEquipe EM TEMPO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O stand up possui algumas regras que precisam ser obedecidas. Não é porque você faz uma mesa de bar sorrir ou é o palhaço do escritório que pode ser comediante, humorista”

‘Faça O QUE VOCÊ quiser,mas SEJA ENGRAÇADO’

Nelson FREITAS

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

SEC divulga resultado do ProarteUm total de 60 grupos artís-

ticos e três personalidades de Manaus e de municípios do in-terior que desenvolvem ações que enaltecem a diversidade cultural no Amazonas foram selecionados pelo Governo do Estado, por meio da Secreta-ria de Estado de Cultura, com um patrocínio de R$ 630 mil para a realização de projetos ligados à arte afrodescenden-te, indígena e regional.

O patrocínio é referente ao Edital de Diversidade Cul-tural/PROARTE 2013/2014, que disponibilizou um total de R$900 mil e vai con-templar projetos artísticos de diversos municípios além de Manaus, como Parintins, Maués, São Gabriel da Ca-choeira e Carauari.

Os projetos contemplados representam fatos históricos e culturais do Amazonas como seus valores étnicos, o univer-

so sociocultural de povos indí-genas, exposições e mostras de capoeira, além da história das primeiras religiões de ma-trizes africanas que chegaram no Amazonas, estudos sobre os rituais religiosos da Um-banda, dentre outros.

De acordo com o secretário de Estado de Cultura, Robério Braga, ao todo, 89 projetos de artistas de vários municípios amazonenses foram inscritos. Dentre os contemplados estão artistas até de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros da capital).

Consulta públicaA SEC lançou consulta

pública para a elaboração de três novos editais. São eles: Utilização Pública das unidades culturais adminis-tradas pelo Estado (cujas sugestões devem ser envia-das até o dia 10 de abril

para o endereço eletrônico [email protected]); locação de espa-ços no Centro Cultural Povos da Amazônia, Usina Chaminé, Teatro da Instalação e Praça Antônio Bittencourt (suges-tões devem ser enviadas para [email protected], no mesmo prazo) e o Edital de Chamamento para Credenciamento de Shopping Centers interessados em apresentar em seus espaços atividades artísticas promo-vidas pelo Governo do Estado (as sugestões também devem ser enviadas até o dia 10 de abril para [email protected]).

Após o término do prazo para o envio dessas suges-tões, SEC e Agência Ama-zonense de Desenvolvimento Cultural farão uma triagem para incluí-las nos editais e só então publicá-los.

DIVERSIDADE ÁREA – DIVERSIDADE CULTURAL CULTURAS INDÍGENAS CLASS. PREMIADO PROJETO 1° MIGUEL SAMPAIO LANA MINHA FAMÍLIA DESSANA É MINHA HISTÓRIA MANAUS2° COMUNIDADE WOTCHIMAÜCÜ MALOCA WOTCHIMAÜCÜ MANAUS3° ASS OCIAÇÃO ALDEIA I’APYREHYT DO FILHOS DO WARANÃ: CONSTRUINDO MANAUS POVO SATERÉ-MAWÉ E PRESERVANDO VALORES ÉTNICOS E CULTURAIS 4° WILLIAM NAZARÉ GUIMARÃES GAMA AGENDA CULTURAL UAKTI MANAUS5° DIEGO JANATA PINHEIRO PEREIRA ALDEIAS URBANAS: POVO TIKUNA WOTCHIMAÜCÜ MANAUS6º ISMAEL PEDROSA MOREIRA COSMOLOGIA, CONTO, LENDA, MITO E HISTÓRIA SÃO GABRIEL EM SÃO GABRIEL - O MUNDO DOS PAMULIN MAHSÃ - A PARTIR DA CULTURA TARIANA7º JOSÉ CARDOSO ANDRADE LADAINHAS E GAMBÁS DO MESTRE BEBÉ BAHIANO MAUÉS8º ADENILDO VIEIRA DE SOUZA O UNIVERSO SOCIOCULTURAL DOS JOGOS E MANAUS BRINCADEIRAS DO POVO KOKAMA 9º HUMBERTO DE SOUZA MESTRE HUMBERTO DO TAMBORINHO MAUÉS10º ERLAN MORAES DE SOUZA ÍNDIOS E MISSIONÁRIOS NO ALTO RIO NEGRO MANAUS11º FRANCILENE DOS SANTOS P. MULULO APOEMA - AQUELE QUE VÊ LONGE MANAUS

CULTURAS AFRODESCENDENTES CLASS. PREMIADO PROJETO MANAUS1º GIRLANDE PEREIRA SARAIVA GRUPO TAMBOR DE CRIOULA PUNGA BARÉ MANAUS2º GRUPO MATUMBÉ CAPOEIRA CANZOÁ DE BAMBA MANAUS3º VITOR HERMÍNIO CASTRO OFICINA CULTURAL DE TAMBOR DE MANAUS CRIOULA E BUMBA-MEU-BOI4º JARDÉSIO TRINDADE GOMES ELIAS A CULTURA QUE TRANCENDE MANAUS5º LUIS CARLOS DE MATOS BONATES BERIMBAU MANDOU CONTAR: VISIBILIDADE DA MANAUS CAPOEIRAGEM EM JORNAIS DO AMAZONAS NO PERÍODO DE 1980 A 20006º MAGNILSON MARTINS DA ROCHA CULTURA DO POVO E DIVERSIDADE CARAUARI7º CRISTIANE GARCIA PEREIRA V FESTA DA IÚNA MANDINGUEIRA MANAUS8º FELIPE MONTEIRO BONATES EXPOSIÇÃO MEMÓRIA DA CAPOEIRA NO AMAZONAS MANAUS9º DANIEL SOUZA ALVES VERMELHO BOXEL: PARA O MELHOR MANAUS CAPOEIRA EU SOU O CÃO10º SUSANA CLÁUDIA DE FREITAS HISTÓRIAS DA CAPOEIRA DO AMAZONAS: MESTRE KK BONATES MANAUS11º ASSOCIAÇÃO QUILOMBO DE CAPOEIRA PROJETO III ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE CAPOEIRA MANAUS12º ERICK RODRIGO LIRA ALVES FRUTOS DA GUERRA MANAUS13º GUNTER SIMÕES DE ANDRADE INTERCÂMBIO CULTURAL DA VALORIZAÇÃO DA MANAUS CAPOEIRA ANGOLA DO AMAZONAS14º FRANCINEY DA SILVA NASCIMENTO CONSTRUÇÃO DE BARRACÃO MANAUS15º RAIMUNDA NONATA IPIXUNA MORAES CONSTRUIR NOSSO AMBIENTE CULTURAL MANAUS PARA MELHOR SERVIR16º MARLON SEABRA PERES UM ESTUDO SOBRE PRIMEIROS JOGOS DA RELIGIÃO MANAUS DE MATRIZ AFRICANA EM MANAUS E SUAS RESISTÊNCIAS17º RICARDO ANTÔNIO C. FERREIRA LIMA GINGANDO NA EDUCAÇÃO DOS JOVENS MANAUS18º MURIELL GONÇALVES DA SILVA “IJO LÊ” - DANÇAS DE MATRIZES NEGRA EM MANAUS MANAUS19º MARIA EMÍLIA DE SOUZA BORGES RONCÓ: PREPARAÇÃO DE UM ESPAÇO SAGRADO MANAUS20º MARCIA FERNANDES DA SILVA FESTA E CELEBRAÇÃO DOS ERÊS DE CANDOMBLÉ MANAUS E SÃO COSME E DAMIÃOSINCRÉTICA NA UMBANDA21º FRANCISCO A. DE SOUZA BORGES INTERCÂMBIO CULTURAL: UMA TROCA DE EXPERIÊNCIA MANAUS22º RENATO DOS SANTOS MEIRELES CAPOEIRA NA ESCOLA MANAUS23º MARIA APARECIDA DA CRUZ TRINDADE MINAS NA ARTE DA RIMA MANAUS24º JOSÉ EUCIMAR DE MOURA UM ESTUDO SOBRE ERVAS USADAS NOS RITUAIS MANAUS RELIGIOSOS DE UMBANDA25º INEZ DE AGUIAR DOURADO AMPLIAÇÃO DO TERREIRO MANAUS26º ALESSANY DA SILVA NEGREIROS FEIJOADA CULTURAL DA CIDADE: MANAUS CONSCIÊNCIA DE UM POVO27º CARLOS PEREIRA LIMA TERREIRO DE MINA JÊJE NANGÔ, CONSTRUÇÃO E MANAUS AMPLIAÇÃO DE TERREIROS 28º MARIA DO P. S. DE MELO PRINTES CENTRO ESPÍRITA DE UMBANDA MESTRE ALÍCIO MANAUS

CULTURAS POPULARES CLASS. PROPONENTE PROJETO 1º ANDRÉ VARELA TAVEIRA SABERES DOS MESTRES MANAUS2º ANA CLÉIA NERI ALVES SAMBADOR SOU EU MANAUS3º MARIA GRACIETE DOS SANTOS BATISTA GRUPO DE ARTESÃOS E ARTESÃS UNIDOS PARA VENCER MAUÉS4º ASSOCIAÇÃO COMPANHIA VITÓRIA RÉGIA NÓS SOMOS DA MESMA ALDEIA MANAUS5º SINDICATO DOS TRABALHADORES E FESTIVAL DA JUVENTUDE RURAL MANAUS TRABALHADORAS RURAIS DO CAREIRO, MANAUS E IRANDUBA 6º ASSEPAM - ASSOCIAÇÃO DOS MOSTRA DOC DE AGRICULTURA E GASTRONOMIA ESTUDANTES E PROFISSIONAIS (CULINÁRIA) E OFICINA DE PERMACULTURA COM ÊNFASE EM AGROECOLOGIA NAS PANC’s - PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS MANAUS7º BASÍLIO JOSÉ TENÓRIO DE SOUZA REABILITAÇÃO DA POÉTICA DAS PASTORINHAS PARINTINS NATALINAS EM PARINTINS E SEU ENTORNO8º MARIA RENEIDA PEREIRA SABERES LOCAIS: TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS PRESIDENTE SOBRE ERVAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE FIGUEIREDO RURAL RUMO CERTO9º MARCOS DA SILVA AZEVEDO FACE PARINTINS 10º ASSIS RODRIGUES FERNANDES OFICINA DE MONTAGEM DE INSTRUMENTOS MAUÉS MUSICAIS TRADICIONAIS11º CENTRO DE DESENVOLVIMENTO PASTORINHAS FILHAS DE JUDÁ CULTURA E TRADIÇÃO BARREIRINHA CULTURAL NOVA CONQUISTA12º RAIMUNDO NONATO NEGRÃO TORRES REGISTRO HISTÓRICO DO FESTIVAL MANAUS FOLCLÓRICO DO AMAZONAS13º LEOPOLDO VIANA CARVALHO PEQUENO MESTRE BARREIRINHA14º JÚLIO CÉSAR LIMA FATOS E IMAGENS DAS FESTAS DE MASTROS E SEUS REZADORES MANAUS15º SOCORRO DE SOUZA BATALHA FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS: UM ESTUDO SOBRE O PARINTINS PROCESSO DE CRIAÇÃO DA DANÇA NO BOI GARANTIDO/PARINTINS-AM

Robério Braga afi rma que a quantidade de inscritos denota a amplitude do universo cultural

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. O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Política Fundiária (SPF), e o Ministério do Desenvolvi-mento Agrário - Programa Terra Legal vão fazer a en-trega de 1 mil títulos defini-tivos rurais na próxima ter-ça-feira, num total de 7.300 previstos para este ano.

. O governador José Melo e o ministro de Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, farão a entrega dos títulos às 14h, no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques.

. Serão benefi ciados mora-dores de comunidades rurais dos municípios de Autazes,

Barreirinha, Boa Vista do Ra-mos, Caapiranga, Careiro, Ca-reiro da Várzea, Iranduba, Ita-coatiara, Manacapuru, Maués, Novo Airão, Parintins, Silves e Urucurituba. Também serão entregues 800 títulos defi ni-tivos urbanos do município de Novo Airão. De acordo com o secretário de Política Fundi-ária, Ivanhoé Mendes, esses mil títulos marcam o início dos trabalhos de entrega dos títulos no interior. “A partir de abril as equipes da SPF vão visitar os municípios para fazer a entrega dos títulos, que totalizam 6.500 rurais e 800 urbanos.

>> Títulos. Falta menos de um mês para Manaus entrar no

circuito nacional por reunir especialistas de reno-me para discutir o futuro da terapia intensiva.

. Acontece na cidade o 10° Congresso Norte e Nordeste de Medicina Intensiva (Connemi), nos 24 e 25 de abril, no Centro de Convenções Vasco Vasques. A inscrição para participar do evento está sendo realizada no site www.connemimanaus.com.br.

>> Data

. A tecnologia norte americana usada no combate ao crime foi um dos destaques no curso de Investigação de Crime Organiza-do, ministrado para servidores do Sistema de Segurança Pública do Amazonas pela Agência Federal de Inteligência (Federal Bureau of Investigation - FBI).

. Participaram do curso, que encerrou na sexta-fei-ra, cerca de 40 policiais ci-

vis, militares e federais, além de delegados e oficiais.

. De acordo com o secretá-rio de Segurança Pública, Sér-gio Fontes, o curso foi fruto de uma parceria da SSP-AM com a Embaixada dos Estados Unidos. Durante cinco dias, os servidores conheceram um pouco mais das etapas envolvidas no processo de investigação que o FBI desenvol-ve contra o crime organizado.

>> Técnicas de investigação

. Desde sua criação, a cole-ção Amulette se tornou uma das mais desejadas da célebre joalheria Cartier. Agora, com uma expansão em sua linha de peças, ela ganha pedras naturais, como opala, lápis lazuli, malaquita, madre pérola, entre outras.

. Cada pedra traz um signifi cado con-sigo e a proposta é ser uma joia de luxo, mas também de sorte, para ser usada em momen-tos muito especiais ou carregada como talismã no dia a dia. Na coluna, anel de ouro, ma-laquita e diamante.

. Cumprimentadíssimo ontem pelo seu aniversário, o querido empresário Otávio Raman Neves, presidente do Grupo Raman Neves de Comunicação.

. Otávio é um dos homens mais elegantes de Manaus, amigo especial deste colunista,

visionário e um dos nomes mais im-portantes no mundo dos negócios do

Amazonas. Congratulações.

>> Niver

>> Objeto de desejo

Selma Reis, Guto Oli-veira e Marcia Martins durante almoço concor-rido no Zefi nha Bistro

Gisella Lins e Hiran Nicolau, circulando em evento que reuniu nomes VIPs da cidade

Wellington e Maria do Carmo Lins, enchendo de classe noite très chic

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. Desde sua criação, a cole-ção Amulette se tornou uma das mais desejadas da célebre joalheria Cartier. Agora, com uma expansão em sua linha de peças, ela ganha pedras naturais, como opala, lápis lazuli, malaquita, madre pérola, entre outras.

. Cada pedra traz um signifi cado con-sigo e a proposta é ser uma joia de luxo, mas também de sorte, para ser usada em momen-tos muito especiais ou carregada como talismã no dia a dia. Na coluna, anel de ouro, ma-laquita e diamante.

aniversário, o querido empresário Otávio Raman Neves, presidente do Grupo Raman Neves de Comunicação.

. Otávio é um dos homens mais elegantes de Manaus, amigo especial deste colunista,

visionário e um dos nomes mais im-portantes no mundo dos negócios do

Amazonas. Congratulações.

Objeto de desejo

Wellington e Maria do Carmo Lins, enchendo de classe noite très chic

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Essa história de que “filho de peixe, pei-xinho é”, na prática, dificilmente funciona.

Justamente para desmistificar essa expressão, surgiu o “Fi-lhos Aliançados pela Herança” (FAH), que reúne jovens de famílias de pastores de di-ferentes igrejas de Manaus. O grupo apoia o “Louvarei 2015 – Conferência Voltando à Essência”, nos próximos dias 17 e 18 de abril. Este ano, o evento terá a presença de dois integrantes do “Jesus Culture”, dos Estados Unidos.

Os shows musicais serão no Sambódromo, enquanto as palestras serão na sede do Ministério Internacional da Restauração (MIR), na Ponta Negra, Zona Oeste. “Apoiamos eventos ou movimentos que vêm para agregar ao Reino de Deus. E o Louvarei tem a mesma visão que nós: resgate de vidas, restauração familiar e a união do Reino de Deus”, diz o idealizador do projeto, Victor Alvarenga, 30.

Filho de um casal de pasto-res do MIR e líder de jovens em uma das congregações da Igreja Evangélica Assem-bleia de Deus do Amazonas (Ieadam), ele enfatizou a im-portância do evento para os

cristãos do Estado que, nem sempre têm opções de qua-lidade disponíveis. “Dá para ver a imensidão do Louvarei, que está muito consolidado em Manaus. Os produtores querem fazer um investimento no Reino”, declara.

Na opinião de Alvarenga, a realização da conferência é um motivo a mais para

que todos garantam presen-ça. “Eles querem promover o crescimento espiritual dos jovens. O mais importante é isso: alimento por meio do louvor, adoração e ensino da Palavra”, afirma.

Criado há quase 1 ano, o FAH confirmou um lugar re-servado para os integrantes do grupo, tanto no sambódro-mo, quanto no MIR. De acordo

com o líder, diferentemente de alguns eventos que têm apenas uma diversão mo-mentânea, o “Louvarei 2015 – Conferência Voltando à Es-sência” irá render frutos.

Projeto de resgateO FAH faz reuniões quin-

zenais, com cultos interde-nominacionais e eventos de confraternização, como fei-joadas e churrascos entre os participantes. O objetivo é unir filhos de pastores.

São aproximadamente 120 integrantes que compartilham experiências e ajudam uns aos outros a superar as adversi-dades do cotidiano dentro e fora das igrejas. “Somos muito cobrados pela responsabilida-de de dar o exemplo, ter um padrão de conduta diferente. Mas somos normais, temos questionamentos, conflitos internos”, explica.

Segundo o líder do FAH, a cobrança imposta por tercei-ros faz com que alguns filhos de pastores se isolem. Ele ressalta que o grupo serve de refúgio. “Aprendemos sobre Jesus Cristo, não doutrinas”. Interessados em conhecer o projeto podem ligar para 98154-4045 ou seguir @val-varengas no Instagram.

Festival de música cristã recebe o apoio de jovens“Filhos Aliançados pela Herança” (FAH) valoriza o festival “gospel” Lovarei por seu aspecto cultural e também educativo

Pelo menos 120 pessoas compõem, atualmente, o grupo de estudos e convivência evangélica

INGRESSOSPassaportes para as duas noites custam R$ 50 (pista) e R$ 140 (VIP), disponíveis nas lojas Disco Laser (Barroso e G. Circular) e Salmo 91. Camisas custam R$ 30 e cama-rote R$ 70 por pessoa

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

O mestre Chico Buarque canta em “Futuros Amantes”: “Não se afobe, não que nada é pra já. O amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio...”. E ele tem total razão. O amor, de fato, pode esperar. Aliás, por vezes, leva-mos anos para achar a tampa da nossa panela. E é claro que, até chegarmos nessa tampa, é uma longa e (por que não dizer?) tenebrosa caminhada. Isso, sem falar dos momentos de fraqueza, carência que atin-gem, até mesmo, os corações mais gelados, como o desse que vos escreve.

Dia desses, em um bate-papo descontraído, lembrei do dia em que, depois de beber algumas cervejas, fui tomado de uma depressão gigantes-ca. Encasquetei que ficaria sozinho para o resto da vida. E sozinho mesmo, daquelas pessoas que morrem e só são encontradas três dias depois, sendo comida por gatos, ca-chorros e afins. O que não seria o caso, já que tenho alergia a animais com pelos.

Enfi m, de certo que o amor não é fácil de se encontrar. Ao longo desses 29 anos, já me apaixonei diversas vezes. Algu-mas fi zeram bem e outras nem tanto. Acredito que o nosso primeiro contato com o amor vem ainda na infância. Sempre temos umas paixões enlouque-cedoras quando criança. E nem sempre por outras crianças, muitas vezes por adultos. E é claro que tudo isso não passa de admiração, mas achamos que é amor, sem dúvida.

Porém, quando a adolescên-cia chega é que a coisa muda de figura. Colégio é certeza de paixões. E, geralmente, elas são secretas. Acumula-mos aquela paixão por meses, assim como traduz Chico, em silêncio. Um silêncio atordo-ador. Às vezes realizado, às vezes frustrado. Tudo nos re-mete a esse amor. Filmes, músicas, roupas, programas

de TV. Tudo! Aquela vonta-de de faltar aula somente para esbarramos com aquele tórrido amor.

E se você não teve a felici-dade de encontrar seu amor na época de colégio e faculda-de, segue para a fase adulta em busca desse tão esperado momento. E me arrisco a di-zer que aqueles que dizem não pensar em um grande amor, estão mentindo. En-tre erros e acertos, acredito ter encontrado o meu recen-temente. Há seis meses na verdade. E posso confessar uma coisa para vocês?! Está sendo tudo maravilhoso.

E quando olho para trás, percebo que a minha forma de amar, atualmente, tem sido completamente diferente das outras. O meu amor atual é de uma calma incalculá-vel. Somos o oposto, somos completamente diferentes. Enquanto eu sou tempesta-de, ele é calmaria. Enquan-to eu sou chuva, ele é sol. Enquanto eu sou um dia de caos, trânsito e problemas, ele é um dia de praia, cheio de risadas e caipirinhas.

Com ele e por ele, tento todos os dias ser um ser hu-mano melhor. Tento ser mais calmo, menos ciumento. Afinal de contas, sou da filosofia do menos é mais. Com ele, reclamo menos, brigo menos, me irrito menos, me descon-trolo menos. Passo menos tempo com pensamentos ne-gativos, tenho menos tempo para me importar com coisas que não valem a pena.

A bem da verdade é que, quando encontramos a pleni-tude no amor, estamos mais preparados para enfrentar os problemas do cotidiano como, por exemplo, a infelicidade do outro, a ignorância alheia. E, para finalizar, parafraseio novamente Chico Buarque: “O meu amor tem um jeito manso que é só seu”. É, o amor tem dessas coisas...

Bruno Mazieri*E-mail: [email protected]

Bruno Mazieri*Jornalista e editor

do caderno Salão Imobiliário

Quando en-contramos a plenitude no amor, estamos mais prepa-rados para enfrentar os problemas do cotidiano como, por exemplo, a infelicidade do outro, a ignorância alheia”

O amor tem dessas coisas...

O desafi o do trio autodenominado KZK será tornar a série “Bloodline” relevante para públicos de “House of Cards”

Netfl ix faz investimento no universo dos novelões

LOS ANGELES, EUA - A Netfl ix ganhou prestígio e fama com séries altamente ou-

sadas e, consequentemente, cultuadas. Mas o serviço de vídeos sob demanda tem pla-nos mais ambiciosos em 2015: quer ser tão popular quanto um canal aberto.

Para isso, uma de suas maio-res armas foi disponibilizada em todo o mundo na última sexta-feira (20). “Bloodline”, criação do trio formado pelos irmãos Glenn e Todd A. Kes-sler e o roteirista Daniel Zel-man, responsáveis pela série “Damages” (2007-2013), traz o gênero do novelão sobre grandes famílias americanas para a Netfl ix.

No antigo seriado, os au-tores tentavam incorporar elementos de suspense ao drama sobre tribunais. Na mesma pegada, “Bloodline” também mira a intersecção de gêneros.

“É uma tentativa de pegar um drama familiar, formato que as pessoas conhecem bastante, e misturar com ele-

mentos de thriller psicológi-co”, explica Todd A. Kessler à reportagem. Passada no balneário de Florida Keys, região repleta de mangue-zais, tipos estranhos e praias lindíssimas, a atração reúne um dos elencos mais pode-rosos da TV atual.

O drama gira em torno do policial John Rayburn (Kyle Chandler) e de seu irmão mais velho, Danny (Ben Men-delsohn) -que retorna ao ho-tel administrado pela família trazendo uma nuvem de pro-blemas para seus pais (Sissy Spacek e Sam Shepard).

“A gênese do projeto veio do interesse sobre grandes famílias e os papéis que cada membro possui desde crian-ça”, diz Zelman, que orquestra um assassinato já no fi m do primeiro episódio.

O desafi o do trio autodeno-minado KZK, indicado a sete prêmios Emmy e a um Globo de Ouro por “Damages”, será tornar “Bloodline” relevante para um público acostumado a “House of Cards” e a “Orange is the New Black”, séries com

tramas mais ousadas.“O fato de estarmos na

Netfl ix nos dá uma seguran-ça, mas não podemos fi car pensando em repercussão em redes sociais. Confi amos nos atores que temos e nesse sus-pense familiar que é diferente de tudo o que já foi feito na TV”, exalta Glenn Kessler.

DesconfortávelÉ a mesma opinião do pro-

tagonista da atração, Kyle Chandler. “Nunca fi quei tão desconfortável fazendo um personagem, mas gosto de desafi os”, conta o ator, que re-torna à televisão -em que fez fama na série “Friday Night Lights”-, após uma tempora-da no cinema com atuações em “Argo”, “O Lobo de Wall Street” e “Super 8”.

“Gosto da ideia de não saber como vou terminar essa trama, porque John vai crescer e mudar. Há muitas surpresas, mas não importa o quão assustado eu fi que. Sei que estou em boas mãos.”

Por Rodrigo Salem

Trio formado por Glenn e Todd A. Kessler e Daniel Zelman é responsável por “Bloodline”

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AÇÃO

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

REGI

MÁRIO ADOLFO

GILMAL

ELVIS

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoRacha na BandOs últimos acontecimen-

tos, corte de funcionários e cancelamento de pro-gramas, provocaram des-dobramentos perigosos na direção da Bandeirantes.

Nem todos da sua alta cúpula estão de acordo ou até agora se conformaram com as decisões tomadas.

Mudou de endereçoTarciana Saad gravou uma

participação em “Babilônia”, na Globo, como assessora de imprensa de Beatriz (Glória Pires). Vai aparecer em ce-nas dos capítulos 20 e 21.

Vai voltarA partir desta segunda-fei-

ra, o “Notícias da Manhã” do SBT volta a ter três horas de duração, com início a partir das seis da matina. Apresen-tação de Neila Medeiros.

A experiência de colocar uma sessão de desenhos animados no meio, como era lógica esperar, não deu certo.

O problema... Não é tirar o desenho e

voltar com o jornal. Isso uma canetada resolve.

A grande complicação é fi car tanto tempo no ar, sem ter por trás uma estrutura à altura. É muito trabalho para uma equipe tão enxuta.

Bate-rebate• Raul Gil jura, de pés juntos,

que a sua ida à Bandeirantes, na quarta-feira, foi apenas para fazer uma visita de cor-tesia ao dono Johnny Saad.

• A cidade cenográfica de “I Love Paraisópolis”, mon-tada pelo Mario Monteiro no Projac, é de um realismo impressionante...

• ... Mesmo quem conhece a comunidade de Paraisópolis e assistir à novela não conse-guirá ver algo diferente nas gravações...

• ... O que foi captado nas locações ou nos cenários fei-tos por ele. É um craque.

• Fábio Borges, corresponden-te da Rede TV!, está completan-do 10 anos de emissora.

• Em sua estreia no Fox Sports, quarta-feira, jogo San Lorenzo e São Paulo pela Liber-tadores, Nivaldo Prieto dividirá a transmissão com Mário Sér-gio nos comentários e Fernan-do Caetano nas reportagens.

Nada decididoTiago Worcman, vice-presi-

dente de conteúdo e progra-mação da MTV, não tem uma posição oficial sobre uma nova temporada do “Are You The One? Brasil”.

Apesar dos “resultados in-críveis” a cada semana, ainda falta essa definição. O reality envolve uma parceria com a produtora Floresta.

Ontem foi exibido o último “Sábado Total”, do Gilberto Barros, em sua despedida da Rede TV!.

Resta saber o que será colo-cado no ar a partir do próximo sábado. A ideia é criar uma faixa esportiva, mas ainda são grandes os empecilhos para se conseguir produtos para isso.

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

O SBT passa a reprisar “A Usurpadora”, com Gabriela Spanic, segunda-feira, a partir das 17h

Não tem diaDas tantas indefinições

que a Globo ainda tem para definir a sua progra-mação 2015, “Verdades Secretas”, do Walcyr Car-rasco, se coloca entre as mais importantes.

Não há uma decisão até agora sobre a data de es-treia. A princípio será em junho, mas também já se trabalha com a possibilidade de começar em maio.

Se quiser rirProcure a gravação do Ca-

rioca, imitando Silvio Luiz e

ligando para o Paulo Henri-que Amorim.

Tudo gira em torno de um convite para fazer novo fi lme na base do “Boleiros”. Foi ao ar no “Pânico”, da rádio, mas está disponível na Internet. Bom demais.

A propósito...Amanhã, segunda, o SBT

vai exibir a “Patrulha Salvado-ra”, em reprise, às 6 da noite, substituindo o “Chaves”.

Existem estudos, no entan-to, de voltar com a “Escolinha do Golias”, em um horário es-tratégico da programação.

SBT

Tomou posse esta semana a nova secretária municipal de Educação, Kátia Schweickardt. Cientista Social, e com vasta experiência no campo da do-cência, Kátia não apenas terá como compromisso melhorar os índices de educação no muni-cípio de Manaus como também modernizar o sistema de ensino, cujas diretrizes do próprio MEC se revela obsoleto.

Um primeiro aspecto a ser des-tacado, o que sem dúvida, a nova secretária já está desenvolvendo, diz respeito a obtenção de um diagnóstico cirúrgico da situação escolar no município de Manaus. Grande parte dos problemas en-frentados pela educação na ci-dade é fruto de anos de políticas assistencialistas, malsãs, visões deturpadas e sentimentalistas do sistema de ensino o que, claro, não contribui uma vírgula para a sua melhoria. Com o diagnóstico, se pode tomar medidas emer-genciais no sentido de criar uma barreira para o desenvolvimento do problema enquanto se discute e se cria uma política a pequeno, médio e longo prazo.

Uma política de médio prazo é a política de cotas, por exemplo. Hoje, do jeito que esta é definida e posta em prática pelo governo federal, sou permanentemente contra, uma vez que ela encerra um fim em si mesma, envolta de populismos de todo o tipo. Mas se considerarmos que, de fato, o ensino público esteve defasado e que culturalmente determinados grupos, tanto na constituição de sua família quanto no convívio cotidiano com outros grupos, são constrangidos socialmente, as cotas solucionam ou resolvem parte do problema. Paralelo a isto, deve ser criado um programa a longo prazo, onde a educação

ganhe ares de excelência, seja desenvolvida para todos, sem dis-tinção, pensada de dentro pra fora, onde a escola - como bem falou a Secretária em seu discur-so de posse - sozinha, não é a responsável pela cidadania.

Quando falamos de uma políti-ca para a educação desenvolvida de forma moderna, é aquela que entenda a cultura como parte imanente de sua tez. Cultura aqui não deve ser restrita apenas às artes, mas cultura como algo maior, costumes e modos de vida de uma dada comunidade, formas de expressão, afinal, os direi-tos culturais, segundo Teixeira Coelho, foram formulados pelas Declarações da Unesco de 1966 e 1976, baseadas na Declara-ção dos Direitos Humanos de 1948. Logo, educação e cultura, pensadas como partes comple-mentares de um todo, tornam-se imprescindíveis para a constru-ção de uma política pública que se quer eficiente.

Mas Kátia Schweickardt sabe disso, e a educação sem dúvida está em boas mãos. A sensibili-dade da gestora, sua elegância e sofisticação são trunfos que há tempos a pasta da educação se ressentia. Estão juntas, numa mesma profissional, a mulher, a intelectual, a boa gestora e a professora, características que o prefeito Arthur Neto percebeu e não hesitou no convite, pron-tamente aceito por Kátia. Os aplausos de vários professores durante o discurso da nova se-cretária foi um alívio e ao mes-mo a esperança de que, agora, possamos construir uma cidade mais comprometida com a edu-cação, mais uma vez, fruto da competência do prefeito Arthur Neto na condução administrativa da cidade.

Márcio Braz [email protected]

Márcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do

Conselho Municipal de Política Cultural

Um primeiro aspecto a ser destacado, o que sem dúvida, a nova secretá-ria municipal de Educa-ção, Kátia Schweickardt, já está de-senvolvendo, diz respeito a obtenção de um diagnós-tico cirúrgico da situação escolar no município de Manaus”

A educação em boas mãos

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

ÁRIES - 21/3 a 19/4 A vida cotidiana tende a estar bastante movimentada. É tempo de colocar mais ordem no modo de conduzir os afazeres de trabalho, em especial. Trabalhe em direção ao futuro.

TOURO - 20/4 a 20/5 Uma nova fase se avizinha para a vida financeira. Planos importantes come-çam a abrir perspectivas que antes não existiam. Coloque bastante empenho para isso se realizar

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Sua interioridade anda bastante inquie-ta. É preciso correr riscos controlados para mostrar uma nova face de sua identidade, em especial no trabalho. Dê passos para adiante.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 As inquietações que borbulham em seu interior passam a ter uma solução. O bom relacionamento com as pessoas é o início de nova ordem interior.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Você está imaginativo e cheio de fan-tasias, mas procure aproveitar isso em algo prático. Os grandes sonhos tornam-se realidade a partir do primeiro passo, mesmo que pequeno.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 As questões profi ssionais podem, a partir de agora, se desenvolver de fato. Os bloqueios que estavam presentes deverão ser supera-dos pela grande quantidade de energia.

LIBRA - 23/9 a 22/10 O campo do conhecimento e da fi losofi a de vida está em desenvolvimento pleno. Muitas ideias, muitas possibilidades. É preciso man-ter a orientação e uma certa disciplina.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 O campo financeiro e das posses ma-teriais sofre algum excesso ou trans-bordamento. Há muita energia nestes assuntos e você deve conduzi-los com firmeza e boa orientação.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Momento de muita energia na relação a dois. Muitas coisas boas podem acon-tecer, desde que oriente bem o inten-to de superar difi culdades e crescer. Organize bem suas ações.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Muita energia para ser aplicada no tra-balho. Em especial, essa energia pode ser usada para corrigir falhas e problemas detectados em seu modo de trabalhar.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Momento de dar passos ousados na relação amorosa. Uma nova conquis-ta pode ser feita. Por outro lado, ten-dência a se dispersar no trabalho por haver muitas possibilidades.

PEIXES - 19/2 a 20/3 A fase é boa para você superar pro-blemas familiares. Nada como perceber onde se errou e estar com energia e disposição para agir com grandeza. No trabalho, se organize mais.

Programação de TV

CruzadinhasHoróscopo Cinema

CONTINUAÇÕES

PRÉ-ESTREIA

A Série Divergente - Insurgen-te: EUA. 14 anos. Cinemark 1 – 13h, 15h40, 18h10, 21h40 (dub/diariamen-te), Cinemark 4 – 14h50, 17h25, 20h (dub/diariamente), Cinemark 5 – 15h50 (3D/dub/diariamente), 21h10 (3D/dub/exceto terça-feira); Cinépolis Millen-nium 3 – 14h45 (3D/dub/diariamente), 22h30 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Millennium 4 – 13h, 18h (3D/dub/diariamente), 15h30, 20h30 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Millennium 5 – 14h, 19h15 (dub/diariamente), 16h30, 22h15 (leg/diariamente); Cinépolis Pla-za 3 – 14h, 17h30, 20h10, 22h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 4 – 15h35, 18h15, 21h (3D/dub/dia-riamente), Cinépolis Plaza 6 – 17h, 22h (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Ne-gra 1 – 13h (3D/leg/somente sábado e domingo), 16h, 19h, 22h (3D/leg/diaria-mente), Cinépolis Ponta Negra 4 - 13h10 (3D/dub/somente sábado e domingo), 18h40 (3D/dub/diariamente), 15h50, 21h30 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 7 – 14h50, 20h30 (dub/diariamente), 17h40 (leg/diariamente); Multiplex 3 – 15h, 17h15, 19h30, 21h45 (dub/diariamente), Multiplex 6 – 16h45, 19h, 21h15 (3D/dub/diariamente).

Para Sempre Alice: EUA. 12 anos. Cinépolis Millennium 7 – 16h45 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 14h (leg/diariamente), 23h (leg/so-mente sábado).

O Sétimo Filho: EUA. 12 anos. Ci-nemark 5 – 13h20 (3D/dub/diariamen-

te), 18h30 (3D/dub/exceto terça-feira); Cinépolis Millennium 2 – 17h15 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 5 – 13h, 18h (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 17h20 (dub/diariamente), 21h50 (leg/diariamente); Multiplex 2 – 16h15 (dub/diariamente); Playarte 1 – 12h40, 19h10, 21h20 (dub/diaria-mente), 23h30 (leg/somente sexta-feira e sábado), 14h50, 17h (3D/dub/diaria-mente).

Golpe Duplo: EUA. 14 anos. Ci-nemark 3 – 14h (dub/exceto domin-go), 16h25 (dub/diariamente), 18h50 (dub/exceto quarta-feira), 21h15 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 7 – 19h (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 6 – 14h35, 19h35 (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 13h30 (dub/somente sábado e domingo), 18h10 (dub/diariamente), 15h40, 20h40 (leg/diariamente); Multiplex 2 – 14h15 (dub/diariamente); Playarte 2 – 15h50, 20h40 (leg/diariamente), 22h50 (leg/somen-te sexta-feira e sábado); Playarte 10 – 13h15, 15h30, 17h45, 20h (dub/dia-riamente), 22h15 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Kingsman – Serviço Secreto: RUS. 16 anos. Cinépolis Millennium 2 – 19h45 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 6 – 14h20, 19h20 (leg/dia-riamente); Playarte 4 – 13h, 15h, 18h, 20h30 (dub/diariamente), 23h (dub/so-mente sexta-feira e sábado).

Simplesmente Acontece: RUS/ALE. 14 anos. Cinépolis Plaza 8 –

DIVULGAÇÃO

“Gigantes de Aço” é a atração da “Temperatu-

ra Máxima” (Globo)

GLOBO

SBT

5h Santo Culto em Seu Lar5h30 Desenhos Bíblicos8h30 Record Kids - Pica Pau10h Domingo Show 14h30 Hora do Faro 18h30 Domingo Espetacular 22h15 Repórter em Ação 23h15 Roberto Justus + 0h15 Programação IURD

5h Power Rangers – Na Galáxia Perdida6h30 Santa Missa no Seu Lar7h30 Sabadão do Baiano8h Power Rangers + Jimmy Neutron9h30 Palavra Cantada10h45 Verdade e Vida11h Irmão Caminhoneiro – boletim

4h45 Jornal da Semana SBT6h Brasil Caminhoneiro6h30 Planeta Turismo7h30 Vrum8h Chaves10h Domingo Legal14h Eliana18h Roda a Roda Jequiti18h45 Sorteio da Telesena19h Programa Silvio Santos23h Conexão Repórter0h Sobrenatural1h Rizzola & Isles2h Pessoa de Interesse3h Big Bang3h30 Igreja Universal

RECORD

4h59 Santa Missa 6h Amazônia Rural 6h28 Pequenas Empresas, grandes Negócios7h03 Globo Rural

BAND

Velozes e Furiosos 7: EUA. 14 anos. Dando continuidade às aventuras globais da franquia construída à base de velocidade, Vin Diesel, Paul Walker e Dwayne Johnson lideram o elenco de “Velozes e Furiosos 7”. O novo capítulo da série de sucesso conta com direção de James Wan e ainda traz de volta os atores Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Chris Brigdes “Ludacris”, Elsa Pataky e Lucas Black. A franquia ainda traz novos as-tros internacionais ao elenco, dentre eles Jason Statham, Djimon Hounsou, Tony Jaa, Ronda Rousey e Kurt Russell. Neal H. Moritz, Vin Diesel e Michael Fottrell voltam a produzir o fi lme que conta com roteiro de Chris Morgan. Cinemark 4 – 0h01 (3D/dub/somente quarta-feira), Cinemark 7 – 0h01 (3D/dub/somente quarta-feira).

11h05 Pé na Estrada11h30 Copa Petrobras de Marcas12h30 Band Esporte Clube14h Gol o Grande Momento do Futebol14h30 Futebol 2015 – Campeonato Carioca - Vasco x Botafogo17h50 3º Tempo19h Sabe ou Não Sabe20h A Liga21h30 Pânico na Band0h15 Canal Livre1h15 Alex Deneriaz1h50 Show Business – reapresen-tação2h40 Igreja Universal

7h57 Auto Esporte8h30 Esporte Espetacular 10h Amistoso da Seleção - Brasil X Chile12h Esquenta13h Temperatura Máxima – Gigantes de Aço15h Campeonato Carioca – Vasco x Botafogo17h Domingão do Faustão20h Fantástico22h20 Big Brother Brasil23h09 Planeta Extremo23h39 Lollapalooza0h57 Flash Big Brother Brasil1h02 Sessão de Gala – Alfi e – O Sedutor2h45 Corujão – Belas e Mimadas4h11 Mentes Criminosas

15h, 17h45 (dub/diariamente); Playarte 7 – 13h30, 15h45, 18h, 20h15 (dub/diaria-mente), 22h30 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Renascida do Inferno: EUA. 14 anos. Cinépolis Plaza 8 – 20h, 22h15 (dub/dia-riamente).

Superpai: BRA. 14 anos. Kinoplex 1 – 14h, 16h, 18h, 20h, 22h (diariamente); Multiplex 6 – 15h (diariamente); Playarte 8 – 13h10, 15h05, 17h, 18h55, 20h50 (diariamente), 22h45 (dub/somente sex-ta-feira e sábado).

Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca: EUA. Livre. Cinépolis Millennium 2 – 13h15, 15h15 (dub/diariamente); Ki-noplex 3 – 13h40, 15h30, 17h20, 19h10 (dub/diariamente).

Bob Esponja – Um Herói Fora D’água: EUA. 12 anos. Cinemark 2 – 14h15, 16h15, 18h20 (dub/diariamen-te); Kinoplex 4 – 14h20 (dub/diariamente), Kinoplex 5 – 14h40, 16h40 (3D/dub/dia-riamente); Playarte 3 – 13h10, 15h10,

17h10, 19h10 (dub/diariamente).Sniper Americano: EUA. 10 anos.

Cinépolis Millennium 7 – 13h45 (leg/diariamente); Kinoplex 3 – 21h (leg/dia-riamente).

A Casa dos Mortos: EUA. 14 anos. Kinoplex 2 – 13h40 (dub/diariamente).

Cinquenta Tons de Cinza: EUA. 18 anos. Cinépolis Millennium 7 – 21h30 (leg/diariamente); Kinoplex 2 – 15h40, 18h20, 21h05 (dub/diariamente), Kino-plex 4 – 16h15, 18h50 (dub/diariamen-te), 21h25 (leg/diariamente); Playarte 9 – 13h45, 16h15, 18h45, 21h15 (dub/diariamente), 23h45 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Corações de Ferro. EUA. 16 anos. Playarte 2 – 13h10, 18h (dub/diaria-mente).

O Destino de Júpiter: EUA. 12 anos. Kinoplex 5 – 18h40, 21h20 (dub/diaria-mente); Playarte 3 – 21h10 (dub/diaria-mente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado).

ESTREIAS

Cinderela: EUA. Livre. A história de Cinderela segue a vida da jovem Ella (Lily James), cujo pai comerciante casa novamente depois que fi ca viúvo de sua mãe. Uma mendiga (Helena Bonham-Carter) aparece e muda a vida de Cinderela para sempre. Cinemark 7 – 13h40, 16h (dub/exceto quinta e sexta-feira), 18h40, 21h (dub/diariamente), Cinemark 8 – 14h40, 17h, 19h40, 22h (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 1 – 14h30, 17h (dub/diariamente), 19h30, 22h (leg/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 17h30 (dub/diariamente), 20h (leg/diariamente), Cinépolis Millennium 8 – 13h30, 16h, 18h30 (dub/diariamente), 21h (leg/dia-riamente); Cinépolis Plaza 1 – 14h20, 16h45, 19h15, 21h45 (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 2 – 13h30, 16h, 18h30, 21h10 (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 5 – 15h20, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 15h, 18h, 21h (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 14h10, 16h45, 19h10 (dub/diariamente), 21h40 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 8 – 14h40, 17h30, 20h10, 22h30 (dub/diariamente); Multiplex 2 – 18h15, 20h30 (dub/diariamente), Multiplex 4 – 14h30, 16h45, 19h, 21h15 (dub/diariamente), Multiplex 5 – 15h, 17h15, 19h30, 21h45 (dub/diariamente); Playarte 5 – 12h50, 15h15, 17h40, 20h05 (dub/diariamente), 22h25 (dub/somente sexta e sábado), Playarte 6 – 13h50, 16h15, 18h40, 21h05 (leg/diariamente), 23h25 (leg/somente sexta e sábado).

O Garoto da Casa ao Lado: EUA. 16 anos. A produção explora a atração proibida entre uma mulher divorciada e um vizinho mais jovem, em um relacionamento que vai além dos limites. Cinemark 1 – 20h20, 22h15 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 6 – 15h45, 18h45, 21h45 (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 13h45, 16h15, 18h45, 21h20 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 17h, 20h (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 6 – 17h10, 22h10 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 15h10, 19h40 (dub/diariamente); Multiplex 1 – 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (leg/diariamente).

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

[email protected] - www.jandervieira.com

Jander Vieira

Nobel de literatura morre aos 83SÃO PAULO, SP - O poe-

ta sueco Tomas Tranströmer, vencedor do prêmio Nobel de Literatura 2011, morreu na quinta-feira (26), aos 83 anos. A informação foi divul-gada por sua editora.

Desde os anos 1990, o autor convivia com as consequências de um AVC que afetou sua capacidade de fala. Sua obra, não muito extensa, é repleta de imagens que evocam a nature-za, a história e a morte.

Traduzido para mais de 50

idiomas, Tranströmer era o único Nobel de Literatura dos últimos 25 anos sem títulos editados no Brasil. Sua obra chegará às livrarias nacionais em 2015. A Companhia das Letras lançará no segundo semestre uma antologia com seus poemas. “Pequenos Te-legramas Pálidos do Mundo” (título provisório) será bilíngue, com 38 poemas e 11 haicais produzidos de 1954 a 2004.

“Grande parte da poesia de Transtömer é caracteriza-

da pela economia, concretu-de e metáforas comoventes. Em suas últimas coletâneas, Tranströmer transitou entre um formato ainda mais redu-zido e um alto nível de concen-tração”, afi rmou o júri do Nobel quando o homenageou.

Nascido em 15 de abril de 1931 em Estocolmo, Tranströ-mer foi criado apenas por sua mãe. Ele se graduou em psico-logia em 1956 e, anos depois, trabalhou em uma instituição dedicada a jovens infratores.

TRANSTRÖMER

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ULG

AÇÃO

Novela quer uma vilã humanizadaNOVA YORK, EUA - Em

tempos de vilãs inesquecíveis, é impossível falar de uma nova novela sem querer saber quem será a odiada da vez. Mas os protagonistas de “I Love Pa-raisópolis”, próximo folhetim das 19h da Globo, com estreia prevista para maio, querem que o público esqueça isso.

“Ninguém começa como uma personagem defi nida [na trama], são os acontecimen-tos que vão transformando

as pessoas”, diz a atriz Maria Casadevall. “E essa transfor-mação é muito rica de ver, principalmente numa novela da faixa das 19h, em que geralmente os estereótipos já começam determinados”.

Na verdade, Maria está defendendo Margot, sua personagem no folhetim. Ela será a antagonista da mocinha Mari, interpretada por Bruna Marquezine.

A trama da novela está cen-

trada na convivência entre os moradores da favela paulis-tana que dá nome à atração e os moradores do Morumbi, bairro vizinho -e rico.

Mari é uma moradora de Paraisópolis que vive grudada em sua melhor amiga, Danda (Tatá Werneck). Ela se apai-xona por Benjamim (Mauricio Destri), um arquiteto radicado nos EUA que vai a São Paulo discutir um projeto de revita-lização da favela.

PRÓXIMA

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ULG

AÇÃO

Sala de EsperaCelso Oliveira, Beto Vital, Rivaldo

Pereira, Vitória Góes e Kemella Marques estão trocando de idade hoje. Valesca Martins é a aniver-sariante de amanhã. Os cumpri-mentos da coluna.

O Centro de Treinamento Michel Oliveira convida para conferir a ba-dalada aula de cross training em seu novo CT do Adrianópolis. Quando? No próximo dia 8, às 19h.

Aninha Novaes foi a aniversariante mais festejada do início da semana. Ela três celebrações por conta da data: um almoço, um jantar e um chá. Isso que é ser uma pessoa querida.

O secretário da Susam, Wilson Alecrim, cumprirá mais um mandato como presi-dente do Conselho Nacional de Secretá-rios Saúde. Ele foi reconduzido para mais um ano na função, para ocupar o cargo por quatro mandatos seguidos, na histó-ria da prestigiada entidade nacional.

Falta menos de um mês para Ma-naus ganhar fama nacional por reunir especialistas de renome para discutir o futuro da terapia intensiva, com a realização do 10° Congresso Norte e Nordeste de Medicina Intensiva, nos 24 e 25 de abril, no Centro de Convenções Vasco Vasques.

Para a ala que ama viajar, vale a nota: aterrissará nas dependências do Parque 10 Mall a mais nova agência de turismo-chique da cidade, a ‘Le Monde’. Moderna e com antenados pacotes de viagens do tipo indispensáveis. Gostei!

Aconteceu ontem um coff ee time regional com tacacá para apresen-tar as novidades da loja ‘Caixas e coisas store’ no Vieiralves. O evento movimentou a Rio Madeira.

A vereadora Therezinha Ruiz e a primeira-dama de Ma-naus, Goreth Garcia, comandarão amanhã, a partir das 10h, solenidade especial para entrega do certifi cado “Amigo dos Autistas”, às instituições que desenvolvem trabalhos voltados aos autistas na capital amazonense. A sessão acontecerá na CMM, em alusão a “Semana Municipal de Conscientização do Autismo”, lei municipal n°. 1.870/2014, sancionada pelo prefeito Arthur Neto, de autoria da vereadora-anfi triã.

Tudo azul

A encenação teatral por meio da música e dança, da vida de Jesus Cristo, será um dos propósitos do espetáculo Saga do Cal-vário, que este ano está em sua 15 ª edição e traz o tema: “Com Maria aos pés da Cruz”. A apresentação acontece na próxima quarta-feira, às 19h, na Paróquia Santíssima Trindade no Japiim 1 e promete movimentar a comunidade cristã em torno do emocionante evento pascoal.

Oremos!

Em comemoração ao Dia Mundial do Teatro e do Dia Nacional do Circo, celebrado anteontem, a Ma-

nauscult realizará um espetáculo circense intitulado “A Magia do Circo no Amazonas”. A iniciativa conta com

mais de 30 artistas em parceria com a Associação dos Artistas Circenses do Amazonas e acontecerá hoje, às 18h,

no anfiteatro do Complexo Turístico Ponta Negra. O espe-táculo dará cena a malabaristas, palhaços, contorcionistas, mágicos e trapezistas, além de pernas de pau, ventríloquo

e dança aérea. O show será desenvolvido por meio de esquetes, envolto de música e diversão. Uma fanfarra fará a sonoplastia do evento.

Picadeiro divertido

A estreia do longa metragem ‘Cinderela’ no Kinoplex do Amazonas Shopping moti-vou algumas lojas do centro de compras a preparar suas vitrines e prateleiras com produtos inspirados na temática da princesa. Na PBKids, a vitrine foi montada especialmente para a data, com um imenso pôster do fi lme e uma série de produtos do clássico. Já a loja Melissa apresenta a coleção “Melissa Ultragirl + Cinderella”, inspirada na nova releitura do fi lme da Disney em 1950. Em quatro cores, com acabamento brilhante ou matte e um aplique do salto de borboleta da Cinderela, a coleção é um dos destaques da loja, virou coqueluche entre as fãs de qualquer idade.

Vitrine

O evento acontecerá no Centro de Convenções “Vasco Vasques” nos próximos dias 10, 11 e 12, com entrada simbólica de R$ 5, que será doado a uma instituição benefi cente. A coluna está falando do esperado evento Casa Nova Amazonas, assinado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Amazonas e de Roraima (Creci-AM/RR). Aliás, o evento já está sendo considerado um dos mais importantes do mercado porque vai reunir as maiores incor-poradoras, construtoras e corretoras de imóveis da Região Norte. O Casa Nova contará com o encontro de food-trucks& exposição da Harley Davidson, espaços culturais e kids. Agende!

Estandes

JAN

DER

VIE

IRA

, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

[email protected] - www.jandervieira.com

Jander Vieira

TRANSTRÖMER

A vereadora Therezinha Ruiz e a primeira-dama de Ma-naus, Goreth Garcia, comandarão amanhã, a partir das 10h, solenidade especial para entrega do certifi cado “Amigo dos Autistas”, às instituições que desenvolvem trabalhos voltados aos autistas na capital amazonense. A sessão acontecerá na CMM, em alusão a “Semana Municipal de Conscientização do Autismo”, lei municipal n°. 1.870/2014, sancionada pelo prefeito Arthur Neto, de autoria da vereadora-anfi triã.

A encenação teatral por meio da música e dança, da vida de Jesus Cristo, será um dos propósitos do espetáculo Saga do Cal-vário, que este ano está em sua 15 ª edição e traz o tema: “Com Maria aos pés da Cruz”. A apresentação acontece na próxima quarta-feira, às 19h, na Paróquia Santíssima Trindade no Japiim 1 e promete movimentar a comunidade cristã em torno do emocionante evento pascoal.

Em comemoração ao Dia Mundial do Teatro e do Dia Nacional do Circo, celebrado anteontem, a Ma-

nauscult realizará um espetáculo circense intitulado “A Magia do Circo no Amazonas”. A iniciativa conta com

mais de 30 artistas em parceria com a Associação dos Artistas Circenses do Amazonas e acontecerá hoje, às 18h,

no anfiteatro do Complexo Turístico Ponta Negra. O espe-táculo dará cena a malabaristas, palhaços, contorcionistas, mágicos e trapezistas, além de pernas de pau, ventríloquo

e dança aérea. O show será desenvolvido por meio de esquetes, envolto de música e diversão. Uma fanfarra fará a sonoplastia do evento.

Picadeiro divertido

A estreia do longa metragem ‘Cinderela’ no Kinoplex do Amazonas Shopping moti-vou algumas lojas do centro de compras a preparar suas vitrines e prateleiras com produtos inspirados na temática da princesa. Na PBKids, a vitrine foi montada especialmente para a data, com um imenso pôster do fi lme e uma série de produtos do clássico. Já a loja Melissa apresenta a coleção “Melissa Ultragirl + Cinderella”, inspirada na nova releitura do fi lme da Disney em 1950. Em quatro cores, com acabamento brilhante ou matte e um aplique do salto de borboleta da Cinderela, a coleção é um dos destaques da loja, virou coqueluche entre as fãs de qualquer idade.

O evento acontecerá no Centro de Convenções “Vasco Vasques” nos próximos dias 10, 11 e 12, com entrada simbólica de R$ 5, que será doado a uma instituição benefi cente. A coluna está falando do esperado evento Casa Nova Amazonas, assinado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Amazonas e de Roraima (Creci-AM/RR). Aliás, o evento já está sendo considerado um dos mais importantes do mercado porque vai reunir as maiores incor-poradoras, construtoras e corretoras de imóveis da Região Norte. O Casa Nova contará com o encontro de food-trucks& exposição da Harley Davidson, espaços culturais e kids. Agende!

JAN

DER

VIE

IRA

Está no DNA. Filha da bela e chique Inês Maria Lira Benzecry – a primeira cerimonialista que Manaus teve, em um tempo que a chiqueria existia mesmo – surge a meiga-dedicada-abalizada Vladya Rachel Lira Benzecry Bra-ga, ou simplesmente, Vladya Braga. Dona da VB Assessoria e Eventos, ela é a nova

promessa do mundo de eventos da cidade. Dona de uma criatividade ímpar e sensibili-dade idem, a assessora de eventos e cerimo-nial vem ganhando notoriedade no setor. Os eventos organizados por ela vêm causando frisson e agradando o público mais exigente. Simplesmente ótima!

Para elas A coluna e a estilista Tânia Castro

darão um tom elegante na cena interes-sante da cidade, na próxima terça-feira,

precisamente às 18h33. Trata-se do lançamento do novíssimo menu do Café &Chocolate pré-estreia do jan-dervieira.com. O evento contará com o setlist do DJ Sidney Almada, somente para 61 sobrenomadas, no atelier do Vieiralves. Tudo muito antenado e re-cheado de alto-astral.

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

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