ellen rovaris - portal da universidade federal de mato grosso · precisa ser estudado em função...

60
Ellen Rovaris Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos em matrizeiros Cuiabá MT 2013

Upload: truongnhi

Post on 13-Feb-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

Ellen Rovaris

Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos em matrizeiros

Cuiabá – MT

2013

Page 2: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

Ellen Rovaris

Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos em matrizeiros

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do Título de Mestre em Ciência Animal.

Área de Concentração: Nutrição de Não-Ruminantes Orientador: Profª. Drª. Gerusa da Silva Salles Corrêa

Co-Orientador: Prof°.Dr°. André de Brito Corrêa

Cuiabá – MT

2013

Page 3: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de
Page 4: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de
Page 5: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

Dedico este trabalho

A minha mãe Tereza (in memorian)

Por todos os ensinamentos no tempo que convivemos

Que eu vou levar para toda a vida

Page 6: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me abençoado nesta jornada.

A minha família, meu pai Valdir e minha irmã Joziane, mesmo distante, porém sempre

apoiando minhas decisões, e com certeza o porto seguro na minha vida.

Ao meu esposo Lauro e meus sogros, Lucidia e Benedito por todo auxílio nesta etapa.

Agradeço a professora Gerusa por todos os ensinamentos, pelo apoio e pela

oportunidade de realizar o mestrado, agradeço também ao professor André pelo auxílio na

realização do trabalho e aos participantes da banca examinadora pelas contribuições na tese.

E claro meu agradecimento a todos os colegas de mestrado, em especial ao Uanderson,

Saulo, Luzilene e Franciele.

Page 7: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

RESUMO

ROVARIS, E. Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos

em matrizeiros. 2013. 60f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.

Realizaram-se três experimentos, o primeiro para avaliar o desempenho de frangos de

corte criados em dois tipos de galpões: tratamento 1: convencional e tratamento 2: dark house.

Os resultados mostraram que os frangos criados em galpão dark house apresentam melhores

pesos corporais aos 42 dias de idade, melhor ganho de peso, consumo alimentar e conversão

alimentar. Houve redução significativa na incidência de calos de patas dos frangos criados em

galpões de sistema convencional. O segundo experimento foi realizado para avaliar a

qualidade de ovos férteis e o nascimento de pintinhos oriundos de dois sistemas de coleta de

ovos (tratamento 1: manual e tratamento 2: automático), os resultados mostraram que os ovos

coletados em ninhos automáticos apresentaram melhores resultados de eclodibilidade e

menores porcentagens de contaminação bacteriana e fúngica, já os ninhos manuais

apresentaram maiores índices de aproveitamento para incubação e menores índices de ovos de

cama. O terceiro experimento foi realizado para avaliar a eclodibilidade de ovos férteis

defeituosos e verificar a viabilidade da incubação dos mesmos, os ovos com defeitos foram

divididos 6 tratamentos, tratamento 1: ovos tortos, tratamento 2: ovos pequenos (45 a 47g),

tratamento 3: ovos com microtrincas, tratamento 4: ovos com densidade considerada baixa

(1070), tratamento 5: ovos considerados ideais para a incubação porém posicionados na

bandeja com o pólo invertido (câmara de ar para baixo) e tratamento 6: controle, ovos

considerados ideais para incubação. Os resultados demonstraram que o tratamento controle

apresentou os maiores índices de eclodibilidade e menor mortalidade embrionária.

Page 8: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

ABSTRACT

ROVARIS, E. Different housing systems for broilers and egg collection in broiler

breedes. 2013. 60f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.

There were three experiments. The first to evaluate the performance of broilers raised

in two housing types: Treatment 1: conventional treatment and 2: dark house. The results

showed that broilers reared in dark house had better body weights at 42 days of age, better

weight gain, feed intake and feed conversion. Significant reduction in the incidence of

chickens’ foot callus reared in conventional system. The second experiment was conducted to

evaluate the quality of hatching eggs and chicks that had been hatched in two systems of egg

collection (treatment 1:Manual and treatment 2: automatic), the results showed that

eggs collected from nests automated had better hatchability results and lower percentages

of bacterial and fungal contamination, since the manuals nests had higher utilization rates and

lower floor egg hatching on the. The third experiment was conducted to evaluate

the hatchability of fertile eggs defective and verify the viability of the same incubation, the

eggs with defects were divided in 6 treatments, treatment 1: eggs crooked, treatment 2: small

eggs (45 to 47g), treatment 3 : eggs with microcracks, treatment 4: eggs considered

low density (1070), Treatment 5: eggs considered ideal for incubation placed in the tray with

the pole inverted (air chamber down) and treatment 6: control, eggs considered

ideal hatching. The results showed that the control treatment had the highest rates of embryo

mortality and reduced hatchability.

Page 9: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Fluxograma da Cadeia Avícola de corte............................................................ 14

Figura 2. Aviário Convencional......................................................................................... 18

Figura 3.Sistema de ventilação positiva na forma transversal (a) e longitudinal (b), com

formação de túnel.......................................................................................................

18

Figura 4. Ventiladores convencionais................................................................................ 19

Figura 5. Aviário dark house............................................................................................. 19

Figura 6. Sistema de ventilação negativa.......................................................................... 21

Figura 7.Gráfico do Fluxo de Temperatura dos Ovos...................................................... 23

Figura 8. Ninhos com coleta manual (a) e com coleta automática (b)............................. 24

Page 10: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1:

Tabela 1 - Médias de peso corporal aos 42 dias de idade (PC), ganho de peso (GP),

consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), mortalidade (MORT) e incidência

de calo (ICP) de pata em frangos de corte, de acordo com os diferentes tratamentos......

35

Tabela 2 -Diferença de CA, média de aves alojadas (MA), média de aves abatidas

(MAB), peso corporal (PC), Kg/m2..................................................................................

37

CAPÍTULO 2:

Tabela 1. Porcentagem de eclodibilidade, contaminação bacteriana, contaminação por

fungos e ovos trincados, nas diferentes idades das matrizes oriundos de dois tipos de

ninhos..................................................................................................................................

44

Tabela 2. Porcentagem de ovos incubáveis e ovos de cama nas diferentes idades das

matrizes de frango de corte e tipos de ninhos.....................................................................

47

CAPÍTULO 3:

Tabela 1. Índices de eclosão, pintos de 2ª, contaminação e mortalidade embrionária nas

diferentes fases de desenvolvimento.................................................................................

53

Tabela 2. Custo aproximado da incubação dos ovos em incubatório industrial e preço

do pinto em decorrência da eclodibilidade........................................................................

56

Page 11: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

SUMÁRIO

1. 1.INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...... 13

2. 2. REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………………....... 14

2.1Cadeia Avícola............................................................................................................. 14

2.2 Termoregulação............................................................................................................ 15

2.3 Ventilação.................................................................................................................... 16

2.4 Aviários Convencionais............................................................................................... 17

2.5 Aviários Dark House................................................................................................... 19

2.6 Produção de ovos........................................................................................................ 22

2.7 Coleta de ovos férteis.................................................................................................. 22

2.8 Qualidade de ovos férteis............................................................................................ 25

Referências Bibliográficas................................................................................................. 28

3.Capítulo I....................................................................................................................... 32

Desempenho de frangos de corte criados em aviários dark house versus convencional 32

Resumo.............................................................................................................................. 32

Abstract............................................................................................................................. 32

Introdução......................................................................................................................... 33

Material e Métodos........................................................................................................... 34

Resultados e discussão...................................................................................................... 35

Conclusões........................................................................................................................ 38

Referências bibliográficas................................................................................................. 39

4. Capítulo II..................................................................................................................... 41

Efeito do ninho com coleta manual versus automática na eclosão de ovos incubáveis 41

Resumo.............................................................................................................................. 41

Abstract............................................................................................................................. 41

Introdução......................................................................................................................... 42

Material e Métodos........................................................................................................... 42

Resultados e discussão...................................................................................................... 44

Conclusões........................................................................................................................ 48

Referências bibliográficas................................................................................................. 49

5.Capítulo 3..................................................................................................................... 50

Page 12: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

Avaliação da incubação artificial de ovos deformados em matrizes pesadas 50

Resumo.............................................................................................................................. 50

Abstract............................................................................................................................. 50

Introdução......................................................................................................................... 50

Material e Métodos........................................................................................................... 51

Resultados e discussão...................................................................................................... 52

Conclusões........................................................................................................................ 57

Referências bibliográficas................................................................................................. 58

Conclusões Gerais............................................................................................................. 60

Page 13: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

13

1. Introdução

A avicultura emprega direta e indiretamente cerca de 4,5 milhões de trabalhadores, e é

responsável por 1,5% do PIB. Cerca de 65% da produção é para o mercado interno. O Brasil é

o principal exportador de carne de frango e o terceiro maior produtor, perdendo apenas para

os Estados Unidos e a China, posição alcançada desde 2002. Os principais importadores dos

produtos brasileiros são os países do Oriente Médio, Ásia, União Européia, África e América

(UBABEF, 2012).

No estado de Mato Grosso a avicultura de corte cresceu 318% na última década (2002-

2012). Em receita, nos últimos anos, a produção de carne de frango foi o sexto principal

agroproduto de Mato Grosso, atrás de soja, carne bovina, algodão, milho e da cana-de-açúcar.

Este crescimento foi obtido através da implantação de grandes indústrias no estado (POPOV,

2012).

Para continuar crescendo o setor avícola está buscando e investindo em novas

tecnologias para manter e até mesmo melhorar a produtividade, a fim de reduzir custos e

também compensar a falta de mão de obra, com isso se espera manter a competitividade

mundial na exportação de carne de frangos e industrializados.

Como exemplos de novas tecnologias temos os aviários dark house (aviários escuros),

que em matrizes de recria é um sistema que já se consolidou, em frangos de corte, embora os

custos de implantação sejam maiores, em regiões quentes tem sido utilizado, mas ainda

precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO,

2011).

Outro exemplo de tecnologia que já está sendo empregada em matrizes é a substituição

do ninho manual pelo ninho automático. Segundo a GSI (2009), que é fabricante de ninhos

automáticos, eles reduzem significativamente a mão-de-obra dentro dos galpões e torna o

manejo do sistema produtivo mais fácil, confiável e preciso.

Além destas novas tecnologias, para suprir a demanda de produtos de origem avícola e à

expansão desse mercado, as empresas do setor visam aumentar a sua produtividade, através de

alguns manejos como o aproveitamento de ovos trincados, deformados e com baixa densidade

da casca para incubação.

Assim, o objetivo deste trabalho será avaliar a produção de frangos de corte criados em

galpões darkhouse e em galpões convencionais, eclodibilidade de ovos defeituosos em

matrizes pesadas, e a produção de ovos incubáveis de matrizes pesadas criadas com ninhos

automático e manual.

Page 14: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

14

1. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Cadeia Avícola

A cadeia avícola é bastante complexa e pode ser dividida em elos principais e elos

auxiliares. Dentro dos elos principais temos o avozeiro sendo o primeiro elo da cadeia

produtiva, onde ficam as galinhas avós, que são originadas a partir da importação de ovos das

linhagens avós, os quais são acasalados para produzir matrizes que, por sua vez, vão gerar os

pintos comerciais criados para o abate. O matrizeiro é o segundo elo da cadeia produtiva, o

terceiro elo é o incubatório, onde acontece o nascimento de pintos de um dia que são

posteriormente enviados para os aviários de crescimento e engorda para abate, e os aviários de

frango de corte representam o quarto elo da cadeia. O frigorífico (abatedouro) é o quinto elo

da cadeia produtiva,de onde obtem-se o produto final (ARAÚJO et al., 2008).

Os elos auxiliares desta cadeia são as pesquisas e desenvolvimento genético,

medicamentos, milho, soja e outros insumos, equipamentos e embalagens, conforme pode ser

observado na figura 1.

Figura 1. Fluxograma da Cadeia Avícola de corte

Fonte: Adaptado de Mendes e Saldanha (2004).

Importação de

avós

Avozeiros

Matrizeiro

Incubatórios

Aviários de

cria e engorda

Frigorífico/aba

tedouro

Fábrica de

equipamentos

insumos

químicos e

farmacêuticos

Fábrica de

rações

Page 15: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

15

A cadeia de frango de corte até 1940 era um subproduto da produção comercial de ovos.

Com a escassez de carne bovina provocada pela segunda Guerra Mundial (1945) o frango

recebeu a atenção não só dos melhoristas como também dos nutricionistas e técnicos da área

de manejo e produção. Assim,o frango atual é um produto híbrido, oriundo do cruzamento de

3 a 4 linhagens puras. Em geral, duas linhas de fêmea que dão origem a fêmea matriz e uma

ou duas linhagens de macho que dão origem ao macho matriz. Em um programa de

melhoramento comercial, normalmente, levam–se 4 anos para se transferir os ganhos

genéticos obtidos na linhas puras (SOUZA E MICHELAN, 2004).

Conforme Souza e Michelan (2004) as principais marcas comerciais de frangos de

corteutilizadas no Brasil são a Cobb, Ross, Arbos Acres, Hubbard, AvianFarms, Hybro, Isa,

Embrapa.

Além das evoluções ocorridas no processo de melhoramento genético, grandes

melhorias ocorreram também na nutrição e manejo destas aves. Entretanto, muitos desafios

tem surgido, principalmente em relação a ambiência.

2.2. Termoregulação

As aves necessitam ser mantidas na zona de termoneutralidade, assim evitam o

desperdício de energia para a manutenção da temperatura corporal. Quando pintinhos a

temperatura ambiente deve ficar de 33ºC a 34º C e quando adultas é de 15ºC a 28ºC, sendo

que a umidade ideal varia de 40 a 80%.Além desses parâmetros é ideal que o ar dentro das

instalações seja de boa qualidade (WELKERet al., 2008).

O conforto térmico ou zona de conforto para as aves é definido por Furlan e Macari

(2002) como sendo uma faixa de temperatura ambiente na qual a taxa metabólica é mínima e

a homeotermia é mantida com menos gasto energético. Assim, na zona de conforto térmico a

fração de energia utilizada para a termogênese é mínima e a energia de produção é máxima,

isto é traduzido em ganho de peso, conversão alimentar e produção de ovos. No entanto a

termotolerância da ave varia em função da idade e do peso animal, de forma que na primeira

semana de vida a temperatura ambiente ideal é de 32-35° C, na segunda semana de 29-32° C,

na terceira semana de 26-29° C, na quarta semana de 23-26°C e na quinta semana de 20-

23°C.

Avaliando o efeito da temperatura ambiente sobre o desempenho e as características de

carcaça de frangos de corte machos da linhagem AvianFarms, dos 22 aos 42 dias de idade,

Oliveira et al.(2006) verificaram que os melhores resultados de peso e ganho de peso

Page 16: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

16

nospeitos, coxas e carcaças, foram obtidos nas aves criadas em temperatura ambiente de 24 a

26,3ºC e que temperaturas ambientes abaixo de 24ºC e acima de 26,3ºC influenciaram

negativamente os pesos e ganho de peso destas características.

Alguns autores apontam que, entre os fatores ambientais, os térmicos são os que mais

afetam as aves, pois comprometem sua função vital mais importante, que é a manutenção de

sua homeotermia (WELKER, 2008; BARBOSA FILHO, 2009).

Segundo Nazareno et al. (2009) a zona de termoneutralidade está relacionada a um

ambiente térmico ideal no qual as aves encontram condições adequadas para expressar suas

melhores características produtivas.

O excesso de frio e principalmente o calor revertem em menor produtividade, afetando

também o crescimento e a saúde das aves, o que pode levar a situação extrema como o

aumento de mortalidade dos lotes(SALGADO E NÄÄS, 2010).

Para manter as aves dento desta zona de conforto térmico, muitos fatores são

importantes, como a orientação dos aviários, arborização e ventilação que pode ser natural

ou artificial.

2.3. Ventilação

A ventilação natural é o movimento do ar por entre as construções especialmente

abertas pelo uso de forças naturais produzidas pelo vento e/ou por diferenças de temperaturas,

as quais permitem alterações e controle da pureza do ar, provendo o galpão de oxigênio,

eliminando amônia, CO2 e outros gases nocivos, excesso de umidade e odores, possibilitando

também, dentro de certos limites controlar a temperatura e a umidade do ar nos ambientes

habitados, de tal forma que o ar expedido, quente e úmido, seja substituído e assim aumente a

perda calorífica por convecção (TINÔCO, 2004).

A ventilação artificial é um meio eficiente de redução da temperatura dentro das

instalações avícolas, aumentando as trocas térmicas por convecção, conduzindo a um aumento

de produção. Neste caso é necessário o uso de artifícios estruturais, como o sistema de

ventilação automatizado nos galpões, para manter o equilíbrio térmico entre a ave e o meio. A

ventilação adequada também é importante para eliminar o excesso de umidade do ambiente e

da cama, proveniente de água liberada pela respiração das aves e dos dejetos e permitir a

renovação do ar, regulando o nível de oxigênio necessário às aves, eliminando gás carbônico

e gases da fermentação (MOREIRA et al., 2004).

Page 17: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

17

Além de manter a temperatura de conforto térmico para as aves, a ventilação é muito

importante para as trocas de ar dentro do aviário, pois trocas de ar inadequadas aumentam as

concentrações de partículas de monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), e

amônia (NH3) no interior das instalações, diminuindo as concentrações de oxigênio (O2)

favorecendo, assim, a incidência de ascite em aves de corte (ALENCAR et al., 2004;

OWADA et al., 2007). Alguns sistemas de aquecimento consomem o O2 no interior das

instalações aumentando a concentração do gás CO2 em especial em ambientes mal ventilados.

Como o CO2 é mais denso que o ar e é oriundo principalmente da respiração dos animais e de

aquecedores, sua tendência é permanecer ao nível das aves, dificultando a atividade

respiratória e causando morte (RONCHI, 2004).

A ventilação artificial pode ser realizada por exaustores ou ventiladores e número destes

a ser usado no galpão vai depender da sua vazão, do volume do galpão, da época do ano e da

idade das aves. Aconselha-se que cada ave, em cada idade tenha garantida uma taxa mínima

de renovação de ar e seja regulada com no máximo uma determinada velocidade de ar. Muitas

construções no Brasil foram construídas no início da década de 90 com o conceito de que a

velocidade máxima recomendada para o ar perto das aves adultas era de 0,2m/s no inverno e

0,5m/s no verão.Esses baixos valores foram definidos por diversos autores na década de 80,

porém hoje diversos trabalhos demonstram que, na fase adulta e em condições de calor a

velocidade do ar deve chegar a 2,0 a 2,5 m/s perto das aves adultas (TINÔCO, 2001).

Medeiros et al. (2005) em seu estudo definiram os melhores índices de temperatura,

umidade e velocidade do ar com base nos resultados de desempenho, parâmetros zootécnicos

e comportamento animal nos diferentes ambientes térmicos. Os autores concluíram que a

temperatura mais recomendada para frangos de corte adultos seria de 26° C, com umidade de

55% e a velocidade do ar 1,5m/s, pois nestes parâmetros as aves mantiveram-se bastante

tranquilas, normalmente dispersas, boa alimentação e apresentaram a maior produtividade e

melhores parâmetros zootécnicos.

2.4. Aviários Convencionais

O sistema convencional de criação de frangos de corte consiste em aviários com lonas

azuis ou amarelas (figura 2), a ventilação é realizada por ventiladores, chamada de ventilação

positiva. O sistema de pressão positiva ou pressurização é composto por ventiladores que

podem ser distribuídos de forma longitudinal ou transversal. Quando dispostos

transversalmente devem ficar a favor dos ventos predominantes, como mostrado na Figura

Page 18: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

18

3(a). Na Figura 3(b) é apresentada a distribuição de forma longitudinal, sendo necessário o

fechamento das cortinas laterais para a formação da ventilação tipo túnel (ABREU, 2003).

Santos et al. (2009) ao avaliarem na região sudeste a diferença entre a posição dos

ventiladores (lateralmente ou em túnel), concluíram que o desempenho das aves foi melhor no

sistema com ventiladores dispostos lateralmente.

Figura 2. Aviário Convencional

Figura 3.Sistema de ventilação positiva na forma transversal (a) e longitudinal (b), com

formação de túnel

Os aviários convencionais possuem comedouros automáticos ou manuais e os

bebedouros pendulares ou tipo nipple, e possuem sistema de nebulização.

Page 19: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

19

Utilizando os ventiladores, manejo das cortinas e a nebulização, este sistema visa

manter as aves na zona de termoneutralidade, visando criá-las dentro de condições térmicas

ideais para o desenvolvimento e melhor produtividade.

Entretanto os ventiladores não proporcionam ventilação uniforme em toda extensão do

aviário, conforme observamos na figura 4, aves posicionadas próximas ao ventilador recebem

uma velocidade de vento de 9,1m/s, enquanto as posicionadas a 12 metros recebem ventilação

de 0,25m/s.

Figura 4. Ventiladores convencionais

Fonte: Cobb-Vantress, 2008a.

2.5. Aviário Dark House

Os aviários dark house (figura 5) são completamente fechados, climatizados, a

ventilação realizada por exaustores, o resfriamento do ar realizado com placas evaporativas

e/ou nebulizadores, bebedouros tipo nipple e comedouros automáticos. As lonas são pretas

por dentro e prata por fora, com isso é possível controlar a luminosidade dentro do galpão.

Figura 5. Aviário dark house

Page 20: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

20

Ainda hoje, poucas empresas no Brasil trabalham com aviários dark house para frango

de corte (GALLO 2009).Possivelmente em função da falta de informações científicas que

comprovem a sua eficiência. Conforme Verdi (2009) e Gallo (2009), esse sistema permite

conduzir lotes com luminosidade controlada, mantendo as aves mais calmas, reduzindo lesões

na carcaça, ealojar 13 aves porm2,enquanto que em aviários convencionais são alojadas 10

aves por m2.

Muitos aviários dark house foram construídos no Brasil a partir de modelos trazidos dos

Estados Unidos com o mesmo conceito que foi desenvolvido naquele país, porém não foram

consideradas as diferenças climáticas,o que levou muitos projetos novos a não terem bons

resultados. Porém, hoje já existem projetos no Brasil que obtem resultados iguais ou

superiores aos Estados Unidos (GALLO, 2009).

O sistema dark house está baseado no isolamento ótimo, ou seja, o ar deve entrar e sair

somente por onde foi projetado. Entradas falsas de ar em pontos indesejáveis e mal vedados

comprometem o resutado.Os aviários devem ser construídos com sistemas de resfriamento

evaporativo que visa abaixar a temperatura do ar na entrada, não permitir a passagem de

umidade para dentro do aviário, possuir sistema de cortinas automáticas com abertura

conforme o número de exaustores, ser dimensionado em tamanho suficiente para não

sobrecarregar os exaustores,os quais cumprem a funções básicas de troca de ar, removendo o

calor, umidade e gases, promovem o efeito da sensação térmica, através da velocidade do ar,

variando de 0,1 m/s, para aves na primeira semana de vida, a 3m/s, após os 30 dias de vida.

Segundo Abreu (2003), a ventilação negativa realizada por exaustores, o ar é forçado

por meio dos exaustores de dentro para fora, criando um vácuo parcial dentro da instalação.

Cria uma diferença de pressão do ar do lado de dentro e do lado de fora e o ar sai por meio de

aberturas.

No sistema de ventilação por exaustão, os exaustores são posicionados no sentido

longitudinal ou transversal, voltados para fora em uma das extremidades do aviário e na outra

extremidade, são dispostas aberturas para entrada do ar. Com o sistema em funcionamento os

ventiladores são acionados, succionando o ar de uma extremidade à outra do aviário (figura

6). Os exaustores são dimensionados para possibilitar a renovação de ar do aviário a cada

minuto e à velocidade de 2 a 2,5 m/s. A eficiência desse processo depende de uma boa

vedação do aviário, evitando perdas de ar (ABREU, 2003).

Page 21: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

21

Figura 6. Sistema de ventilação negativa

Segundo Borges et al. (2002) aviários que possuem maior eficiência em manter o

ambiente adequado para as aves permitem produzir mais quantidade de carne por metro

quadrado, porque possibilita alojar um número maior de aves numa mesma área, sendo uma

alternativa viável no sentido de aumentar o rendimento produtivo e econômico do plantel.

Estes autores fizeram um experimento e avaliaram diferentes densidades de alojamentos e

definiram que alojar aves em alta densidade proporciona aumento significativo na produção

de carne por área de galpão, resultando em melhor aproveitamento das instalações, o que pode

ter um grande significado econômico para os criadores.

Recomenda que nos primeiros 7 dias de alojamento das aves deve-se fornecer

intensidade de luz de no mínimo 20 lux nas partes mais escuras do galpão, entretanto, os

melhores resultados são obtidos quando a intensidade é de 60 lux. Dos 8 aos 20 dias fornecer

10 lux e após de 21 dias diminuir a intensidade de luz para 5 lux. No sistema de criação Dark

House é possível controlar o fotoperíodo e a intensidade luminosa porque os aviários são de

cortinas pretas, o que não ocorre em aviários convencionais, pois normalmente as cortinas são

de cor amarela(COBB – VANTRESS ,2008a).

Entretanto alguns autores avaliando a intensidade da luz concluíram que o excesso de

iluminação maior que 10 lux não traz beneficio, pois pode favorecer comportamentos de

agressividade, hiperatividade e canibalismo (OWADA et al., 2007). Já Deep et al. (2010)

descreve que a baixa intensidade da luz provoca lesão no coxim plantar. Isto é explicado por

Blatchford et al. (2009), os quais descrevem que o aumento da incidência de lesões

ulcerativas coxins plantares, o calo de pata, com a diminuição da intensidade da luz deve-se

Page 22: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

22

provavelmente à maior duração do tempo de repouso, o que resulta em um tempo de contacto

maior entre o pé e a cama.

2.6. Produção de Ovos

2.7. Coleta de ovos férteis

Em condições de campo, frequentemente, observa-se queda na eclosão dos ovos de

matriz pesada nas épocas quentes do ano. A análise dos ovos não eclodidos normalmente

revela alta taxa de mortalidade embrionária nos primeiros dias de incubação (FIUZZA et al.,

2006). Portanto é necessário realizar uma coleta eficiente de ovos na granja.

A fertilização do óvulo de galinha ocorre no infundíbulo, logo após a ovulação, e o

processo de formação do ovo a partir da ovulação demora cerca de 24 horas. Durante esse

período, o ovo permanece no oviduto, onde a temperatura é deaproximadamente 42ºC,

possibilitando o desenvolvimento embrionário, que no momento da postura, encontra-se no

estádio de pré-gástrula. O ovo fertilizado mantido em temperaturas elevadas favorece o

contínuo desenvolvimento do embrião. Este desenvolvimento é paralisado quando o ovo é

colocado à temperatura entre 19ºC a 21ºC que é ponto zero fisiológico (FIUZA et al., 2006;

BOLELI, 2003).

O ovo, imediatamente após a postura, deve ser coletado, desinfetado e transportado para

o incubatório. (ROSA E AVILA, 2000).

A coleta de ovos deve ser realizada no mínimo 7 vezes por dia, utilizando bandejas

plásticas para melhor higienização dos ovos. E a coleta de ovos deve se concentrar no início

do dia momento que a maioria das aves frequenta o ninho (Jaenisch, 2005).

Segundo a Cobb-Vantress (2008), a eclodibilidade máxima e excelente qualidade dos

pintos só poderão ser obtidas se os ovos forem mantidos em ótimas condições de temperatura

entre a postura e a incubação (figura 7).

Page 23: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

23

Figura 7.Gráfico do Fluxo de Temperatura dos Ovos

Fonte: Cobb – Vantress, 2008b

Um ovo fértil contém muitas células vivas. Uma vez posto, seu potencial de

eclodibilidade pode, no máximo, ser mantido, mas não melhorado. Se os ovos forem

manipulados de forma errada, o potencial de eclodibilidade irá diminuir rapidamente. Para

manter a qualidade dos ovos deve-se realizar a manutenção em caso de ninhos manuais

(figura 8-a), fazer a coleta de 4 a 6 vezes por dia, controlar as coletas nos ninhos mecânicos

(figura 8-b), caminhar frequentemente dentro do galpão para evitar que as aves façam a

postura na cama, porque este manejo estimulará as aves que estão fazendo ninho na cama ou

nos cantos a realizar postura nos ninhos.

Page 24: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

24

a) b)

Figura 8. Ninhos com coleta manual (a) e com coleta automática (b)

Um bom nascimento de pintinhos inicia-se pela coleta de ovos na granja e transporte até

o incubatório. A qualidade dos ovos incubáveis é fundamental para obtenção de altos níveis

de eclosão. As práticas destinadas à manutenção desta qualidade requerem coletas frequentes,

limpeza e desinfecção adequadas, uma vez que a microbiota bacteriana que existe na

superfície da casca pode infectar e causar mortalidade de embriões e pintos recém-nascidos.

Durante o processo de resfriamento dos ovos, há um fluxo natural de ar da superfície para o

interior dos ovos que carreia contaminantes por meio dos poros da casca (SCOTT E

SWETNAM, 1993 citado por CONY et al., 2008). Desta forma conforme Sesti (2005), os

ovos devem sofrer desinfecção o mais rapidamente possível após a postura por meio de

métodos e com compostos adequados.

Bell (2002) citado por Cony (2008), afirma que o manejo do ninho é um ponto de

extrema importância para a qualidade dos ovos e os ninhos com coleta manualsão os

preferidos pela maioria dos produtores sendo recomendada uma abertura para cada 4 a 5

galinhas e que a quantidade correta de ninhos irá reduzir a postura de ovos na cama.

Já nos ninhos automáticos, que se diferenciam pelo local de coleta da correia, que pode

ser central ou lateral. Os ninhos devem ser escuros e terem boa ventilação, possuir cama

sempre limpa e seca no caso dos ninhos manuais, devendo ser fechados à noite para impedir

que as aves permaneçam dentro deles, evitando assim a contaminação da área com material

fecal.

Page 25: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

25

Pilotto et al. (2010) adaptaram um ninho manual holandês que é muito aceito por

matrizes de frango de corte, a um modelo com coleta mecânica e os resultados mostraram que

a transformação do ninho manual em mecânico aumentou o número de ovos postos na cama,

de ovos trincados e de ovos sujos, comprovando pior aceitação desse tipo de ninho pelas

galinhas.

O ninho manual reúne várias características preferidas pelas aves, como o formato

côncavo, Caranza (2000) explica que na natureza as aves fazem o ninho neste formato para

evitar que os ovos rolem, ainda Brake (1985) citado por Pilotto et al. (2010) verificou que as

galinhas preferem fazer a postura em ninhos com fundo côncavo. Outra característica é a

forração com maravalha que Holcmanet al. (2007) observaram que a maioria das galinhas

preferiram os ninhos forrados com maravalha que também permitia formar a concavidade a

ninhos com forração de borracha, além dessas duas as aves na natureza realizam a postura em

ninhos individuais, o que ocorre nos ninhos manuais. Já nos ninhos automáticos os fundos são

planos, a forração é de tapete plástico e são coletivos. O ninho mecânico permite fazer mais

coletas de ovos por dia, melhorando a qualidade microbiológica dos ovos e reduzindo o

número de ovos trincados.

Outro fator que devemos considerar na escolha do ninho, se optamos por ninho manual

ou automático é a mão de obra disponível,pois ninhos manuais demandamde um maior

número de funcionários para realizar a coleta. Borsa e Cruz (2008) avaliaram duas granjas

produtoras de ovos férteis, em relação à viabilidade, produtividade, incubabilidade e

eclodibilidade, onde uma das granjas possuíam funcionários mais especializados e a outra

granja com funcionários menos especializados, este trabalho demonstrou como a mão de obra

é essencial, já que a granja com funcionários mais especializados obteve melhores resultados.

2.8. Qualidade de ovos férteis

O incubatório é um ambiente estratégico da produção avícola e está fortemente

vinculado à granja de matrizes (GONZALES, 2003). A principal meta do incubatório é

transformar biologicamente ovos férteis em pintos de um dia no volume, prazo e qualidade

desejados, minimizando a incidência de anormalidades e contaminação, de forma a atender às

necessidades e expectativas da produção avícola, ao menor custo (TONA et. al., 2003).

Page 26: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

26

Porém alguns ovos são considerados fora do padrão e descartados da incubação, como,

ovos tortos, ovos trincados, ovos pequenos, ovos com densidade alta ou baixa e são

descartados (COBB – VANTRESS, 2008b).

O tamanho do ovo é o fator que determina o tamanho do pinto. O peso do pintinho

normalmente corresponde a 66-68% do peso do ovo, sendo assim, pintinhos de ovos com

peso médio de 60g pesam por volta de 40g (COBB – VANTRESS, 2008).

O peso dos ovos está diretamente relacionado com o peso ao nascimento depintainhos

de corte, sendo um fator que afeta o desempenho animal e pode provavelmente influenciar o

peso das aves na idade de abate (MUERERet al., 2008).

Segundo Maiorka et al. (2003) pintinhos oriundos de matrizes em início de produção

produzem ovos menores e tendem a apresentar desenvolvimento inferior daqueles oriundos

das matrizes mais velhas (produzem ovos maiores), pois seus ovos contem menor quantidade

de albúmen e gema e maior densidade do albúmen, que atua como uma barreira para

evaporação e difusão de água e gases entre o interior do ovo e o meio ambiente da

incubadora, provavelmente dificulta a obtenção de oxigênio pelo embrião, o que atrasa seu

desenvolvimento e reduz sua eclodibilidade.

A falta de integridade da casca dos ovos, como por exemplo, ovos trincados, está

relacionada ao maior grau de contaminação dos embriões e a maiores perdas de peso no

período de incubação. Conseqüentemente, qualquer destas condições podem estar associadas

à redução dos índices de incubação (ROSA e ÁVILA, 2000).

Ainda segundo Rosa e Ávila (2000), aves entre 35 e 55 semanas de idade produzem

ovos com maiores densidades (1075 a 1090), relacionadas aos maiores índices de eclosão. Já

aves mais velhas, com idade superior a 56 semanas, produzem uma proporção maior de ovos

com cascas de menor densidade (< 1074), conferindo-lhes piores índices de eclosão.

Santos et al. (2007), avaliaram a incubação de ovos trincados e ovos deformados em um

incubatório industrial e os resultados obtidos pelos autores mostraram que os ovos trincados e

deformados apresentaram índices de eclodibilidade menores e mortalidade embrionária e

contaminação maiores que os ovos normais.

Durante o processo de incubação, o ovo perde umidade através dos poros da casca. A

rapidez com que o ovo perde umidade depende do número e tamanho dos poros da casca, e

também da porcentagem de umidade ao redor do ovo. Para obter melhores taxas de

nascimento, um ovo deve ter perdido 12% do seu peso no 180dia de incubação. Devido às

diferenças de estruturas da casca, e conseqüentemente na condução de gases, quando o ovo é

incubado sob uma mesma condição de umidade, ocorrerá uma variação na perda de umidade.

Page 27: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

27

Em ovos de matrizes, essa variação ocorre normalmente,contudo não altera de forma

significativa o nascimento.Porém quando os ovos possuem casca fina ou pequenas trincas,

devido à problemas de manejo na granja ou a doenças, por exemplo,isso pode alterar

significativamente a eclodibilidade (COBB-VANTRES, 2008).

Page 28: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

28

Referências bibliográficas

ABREU, G.P. Sistema de produção de frangos de corte. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/

Ventila-artificial-1.html> Acesso em: 10 de dezembro de 2012.

ALENCAR, M. C.; B. NÄÄS, I.A.;GONTIJO, L. A. Respiratory risks in broiler production workers.Revista Brasileira de CiênciaAvícola, v.6, n.1, p.23-29, 2004.

ARAÚJO, C. G.; BUENO, P. M.; BUENO, P. V.; SPROESSER, L. R.; SOUZA, F. I.

Cadeia produtiva da avicultura de corte: avaliação da apropriação de valor bruto nas transações econômicas dos agentes envolvidos. Gestão & Regionalidade , vol.24, n. 72, 2008.

BARBOSA FILHO, J.A.D.; VIEIRA, F.M.C.; SILVA, I.J.O. Transporte de frangos:

caracterização do microclima na carga durante o inverno. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.12, p.2442-2446, 2009.

BLATCHFORD, R. A.; KLASING, K. C.; SHIVAPRASAD, H. L. et al.The effect of light intensity on the behavior, eye and leg health, and immune function of broiler chickens. Poultry Science, v. 88, n.1, p. 20-28, 2009.

BOLELI, I. C. Estresse, Mortalidade e Malformações Embrionárias . In: Macari,

M.;GONZALES. Manejo da Incubação. 2 ed., Campinas: FACTA, 2003. Cap. 4.4, p. 394-427.

BORGES, A. S.; LAURENTIZ, C. A.; SALVADOR, D.;BUENO, L. F. Análise zootécnica e econômica da criação de frangos de corte em alta densidade populacional. Revista Ciência e

Cultura.Curitiba, n. 31, p.77-87,2002.

BORSA, A. CRUZ, C. A. Interação entre mão de obra e produtividade em matrizes pesadas

comerciais. Revista Colloquium Agrariae, v. 4, n.1, p. 23-29, 2008.

CAMPOS, B. D.; SILVA, C. O. F.; SEVERINO, S.R.; DRUMMOND, S. S.; LIMA, M.M.E.; SANTANA, S. I. M. BOMBONATO, P. P. Artérias mesentéricas cranial e caudal em aves (Gallus gallus) da linhagem Cobb 500. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci, v. 43, n.3, p. 289-295,

2006.

CARANZA, J. Introducción a lacienciadelcomportamiento . Madrid: Universidad de Extremadura, 2000. 590p.

CERRATO, V. Visão prática da avicultura. 1a ed. Maringá: Gráfica Regente, 2011.

COBB-VANTRESa. Guia de manejo de frangos de corte. Guapiaçu – SP, Brasil. 2008. COBB-VANTRESb. Guia de manejo da incubação. Guapiaçu – SP, Brasil. 2008.

Page 29: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

29

CONY, H.; VIEIRA,S.;BERRES, J.; GOMES, H. Técnicas de pulverização e imersão com

distintos desinfetantes sobre ovos incubáveis. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.5, p.1407-1412, 2008.

DEEP, A.; SCHWEAN-LARDNER, K.; CROWE, T. G. Impact of light intensity on broiler

biological rhythms and welfare.Poultry. Science, v.89, n.11 p.2326-2333, 2010.

FIUZA, M. A.; LARA, L.J.C.; AGUILA, C.A.L.; RIBEIRO, B.R.C.; BAIÃO, N.C. Efeito das condições ambientais no período entre a postura e o armazenamento de ovos de matrizes pesadas sobre o rendimento de incubação. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e

Zootecnia, v.58, n.3, p.408-413, 2006.

FURLAN, L. R. e MACARI, M. Termoregulação. In: Macari, M. Fulan, L. R. Gonzales, E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. 2. Ed. Campinas: FACTA, 2002. Cap. 17, p. 209-228.

GALLO, B. Dark House: manejo x desempenho frente ao sistema tradicional. Disponível

em:<http://pt.engormix.com/MA-avicultura/administracao/foruns/artigo-dark-house-manejo-t91/124-p0.htm>. Acesso em 10 de Setembro de 2012.

GSI.Avicultura Gaúcha rumoa modernização. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/PortalGessulli/WebSite/Noticias/avicultura-gaucha-

rumo-a modernizacao>.Acessoem: 20 de setembro de 2012.

GONZALES, E.; CAFÉ, M.B. Produção de pintinhos com qualidade total. In: MACARI,

M.;GONZÁLES, E. Manejo da incubação.2 ed.,. Campinas: FACTA, 2003. Cap. 5.3, p. 516-526.

JAENISCH, F.R.F. Biossegurança em plantéis de matrizes de corte. Disponível em:<http://www.bichoonline.com.br/artigos/embrapave004.htm>. Acesso em: 25 de setembro

de 2012.

MAIORKA, A. Fatores que afetam a eclodibilidade dos pintos. In: MACARI, M.; NASCIMENTO, V.P.; SALLE, T.P.S. Biologia das aves. In: MACARI, M.; GONZALES, E. Manejo da incubação. 2.ed., Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia

Avícolas, 2003. p. 34-50.

MEDEIROS, M.C.; BAÊTA, C.F.; OLIVEIRA, M.F.R.; TINÔCO, F.F.I., ALBINO, T. F.L. Efeitos da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar em frangos de corteEngenharia

na Agricultura, v.13, n.4, p.277-286, 2005.

MENDES, A. A. e SALDANHA, B.S.E. Acadeia produtiva da carne de aves no Brasil. In:

MENDES, A.A.; NÄAS, A. I.; MACARI, M. Produção de frangos de corte. 1. ed., Campinas: FACTA, 2004. Cap. 1, p. 2-17.

MOREIRA, J.; MENDES, A. A.; ROÇA, R. O.; GARCIA, E. A.; NAAS, I. A.; GARCIA, R. G.; ALMEIDA, I. C. L. Efeito da densidade populacional sobre desempenho, rendimento de

carcaça e qualidade dacarne em frangos de corte de diferentes linhagens. RevistaBrasileira

de Zootecnia, v. 33, n. 6, p. 1506-1519, 2004.

Page 30: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

30

MUERER, R.F.P.; VALLE, F.L.P.; SANTOS, S.A.; ZANATTA, C.P.;DAHLKE, F.; MAIORKA, A.; OLIVEIRA, E.G. Interação entre idade da matriz e peso do ovo no

desempenho de frangos de corte. Archives of Veterinary Science, v.13, n.3, p.197-203, 2008.

NAZARENO, A C.; PANDORFI, H.; GLEDSON, L. P.; ALMEIDA, P.; GIONGO, R.;

PEDROSA E. M. R.; GUISELINI, C. Avaliação do conforto térmico e desempenho de frangos de corte sob regime de criação diferenciado. Revista Brasileira de Engenharia

Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.13, n.6, p.802–808, 2009.

OLIVEIRA, A. G.; OLIVEIRA, M.F.R.; DONZELE, L. J.; CECON, R.; VAZZ, V.G.R.; ORLANDO, D.A.U. Efeito da temperatura ambiente sobre o desempenho e as características de carcaça de frangos de corte dos 22 aos 42 dias. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4,

p.1398-1405, 2006.

OWADA, A. N.;NÄÄS, I. A.;MOURA, D. J.;BARACHO, M. dos S. Estimativa de bem-estar de frango de corte em função da concentração de amônia e grau de luminosidade no galpão de

produção. Revista de Engenharia Agrícola, v.27, n.3, p.611-618, 2007.

PILOTTO, F.; RIBEIRO, L. M. A.; CARGNELUTTI FILHO, A.; KLEIN, A. V. Efeito da transformação do ninho manual modelo holandês em mecânico na postura de ovos de cama em matrizes de frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.10, p.2310-2314,

2010.

POPOV, D.Mato Grosso, que já é o maior produtos de soja, algodão e gado de corte do

país, quer ser grande também na avicultura. Disponívelem:

<http://revistadinheirorural.terra.com.br/secao/agronegocios/o-novo-frango>. Acesso em: 28

de janeiro de 2013.

RONCHI, C. Principais práticas de manejo para aves recém nascidas. Revista Aveworld, ano 1, n.6, p.26-30, 2004.

ROSA ,P. S. e ÁVILA, S. V. Variáveis relacionadas ao rendimento da incubação de ovos em

matrizes de frangos de corte. Comunicado Técnico – Embrapa Suínos e Aves, n.246, p.1-3, Concórdia, 2000.

SALGADO, D. e NÄÄS, A. Avaliação de risco à produção de frango de corte do estado de São Paulo em função da temperatura ambiente. Revista Engenharia Agrícola,Jaboticabal,

v.30, n.3, p.367-376,2010. SANTOS, J.; FORNARI, M. C.; TÉO, A. M.. Influência da qualidade da casca do ovo sobre

índices de produtividade de um incubatório industrial. Ciência Rural,Santa Maria, v.37,n.2, p. 524-527, 2007.

Page 31: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

31

SANTOS, P. A.;BAETA, F. C.; TINÔCO, I. F.; ALBINO, L. F. T.; CECO, P. R. Ventilação

em modos túnel e lateral em galpões avícolas e seus efeitos no conforto térmico, na qualidade do ar e no desempenho das aves. Revista Ceres, v. 56, n. 2, p. 172-180, 2009.

SESTI, L.A.C. Biosseguridade em granjas de reprodutoras. In: MACARI, M.; MENDES, A.A. Manejo de Matrizes de Corte. Campinas: Facta, 2005. p. 244-317.

SOUZA, M. E.;MICHELAN, F.T. Genética Avícola In: MENDES, A.A.; NÄAS, A. I.;

MACARI, M. Produção de frangos de corte. 1. Ed. Campinas: FACTA, 2004. Cap. 2, p. 23-34.

TINÔCO, I.F.F. Avicultura industrial: novos conceitos de materiais, concepções e técnicas construtivas disponíveis para galpões avícolas brasileiros. Revista Brasileira de Ciências

Avícolas, v.3, p.1-26, 2001. TINÔCO, F. F. I. (1 Ed.) A granja de frangos de corte. In: Mendes, A. Nääs, I. Macari, M.

Produção de frangos de corte. Campinas: FACTA, Cap. 4, p.56-82, 2004.

TONA, K.; BAMELIS, F.; DE KETELAERE, B.; BRUGGEMAN, V.; MORAES, V.M.B.; BUYSE, J.; ONAGBESAN, O.; DECUYPERE, E. Effects of egg storage time on spread of hatch, chick quality, and chick juvenile growth. Poultry Science, v.82, n.2, p.736-741, 2003

União Brasileira de Avicultura (UBABEF).Estatísticas.Disponível em:

<http://www.abef.com.br/ubabef/exibenoticiaubabef.php?notcodigo=3293>. Acesso em: 10 de dezembro de 2012.

VERDI, P. Sistemas de automação em dark house para ambiência de frango de corte. Workshop Embrapa suínos de aves, 2009.

WELKER, S. J.; ROSA, P. A.; MOURA, J. D.; MACHADO, P. L.; CATELAN, F.; UTTPATEL, R. Temperatura corporal de frangos de corte em diferentes sistemas de

Climatização. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.8, p.143-1467, 2008.

Page 32: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

32

3. CAPÍTULO 1.

Desempenho de frangos de corte criados em aviários dark house versus convencional.

Performance of broiler chickens createdin aviaries dark houseversusconventional.

Resumo: Com o objetivo de avaliar o desempenho zootécnico de frangos de corte em duas

diferentes instalações, aviários convencionais (com ventilação positiva) e aviários dark house

(com ventilação negativa e cortina escura), foi realizado este estudo, a partir de dados de

campo de uma empresa avícola situada em região com clima quente em MT. Foram avaliados

os desempenhos dos frangos de corte através do peso corporal, ganho de peso, consumo

alimentar, conversão alimentar, mortalidade e incidência de calos de pata. Os resultados

mostraram que os frangos criados em galpões no sistema dark house apresentaram melhores

desempenhos para peso final, ganho de peso, consumo alimentar e conversão alimentar.

Houve redução significativa na incidência de calos de patas dos frangos criados em galpões

de sistema convencional Quanto à mortalidade durante a criação não houve diferença

significativa entre as duas tecnologias. Assim o melhor sistema em relação aos resultados

zootécnicos para a criação de frangos em região quente é o sistema dark house.

Palavras–chave: aves,clima quente, frangos de corte,peso corporal, produtividade, sistema de

criação.

Abstract: In order to evaluate the growth performance of broiler chickens at

two different facilities, conventional aviaries (with positive ventilation) and avian dark

house (with negative ventilation dark curtain), this study was conducted, from data field

of a poultry company located in a region with a warm climate in state of Mato Grosso,

Brazil. Was evaluated the performance of broilers by body weight, weight gain, feed

intake, feed conversion, mortality and incidence of foot calluses. The results showed that

broilers reared in dark house sheds system presented better performances for final

weight, weight gain, feed intake and feed conversion. Significant reduction in the incidence of

foot callus of chickens reared in conventional sheds. Regarding mortality while creating there

was no significant difference between the two technologies. So the best

system, regarding zootechnical results for the keeping of chickens in hot region, isthe dark

house system.

Keywords: poultry, hot weather, broilerbody weight, productivity, system creation.

Page 33: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

33

Introdução

O melhoramento genético dos frangos de corte nos últimos anos proporcionou frangos

com ganho de peso mais rápido, alto rendimento de carcaça, alta eficiência alimentar, entre

outros. Porém manter o desempenho no sistema de criação convencional principalmente em

clima quente tem sido o maior desafio na produção.

Os frangos de corte necessitam serem mantidos na zona de termoneutralidade, para

evitar o desperdício de energia na manutenção da temperatura corporal. Desta forma, que

quando são pintinhos, a temperatura deve ficar em torno 33ºC a 34º C e quando são adultos

precisam ser mantidos entre 15ºC a 28ºC com umidade variando de 40 a 80%. Além desses

parâmetros é ideal que o ar dentro das instalações seja de boa qualidade. (WELKER et al.,

2008).

Segundo Nazareno et al. (2009) a zona de termoneutralidade está relacionada a um

ambiente térmico ideal no qual as aves encontram condições adequadas para expressar suas

melhores características produtivas. Para manter as aves dento desta zona de conforto térmico

muitos fatores são importantes, desde a disposição dos aviários, arborização, ventilação, que

pode ser natural ou artificial.

O sistema de ventilação, com o uso de ventiladores também chamado de ventilação

positiva associada à nebulização e manejo de cortinas é um sistema que visa manter as aves

nesta zona de termoneutralidade, assim também como os aviários equipados com exaustores

(ventilação negativa) associados à nebulizadores ou a placas evaporativas também visam criar

as aves dentro de condições térmicas ideais para o desenvolvimento e melhor produtividade.

Conforme Tinôco (2004) o sistema de ventilação por pressão negativa o ar é succionado

por exaustores de dentro para fora, criando um vácuo parcial no interior da construção; desse

modo, succionando o ar externo, já no sistema de ventilação com pressão positiva o ar externo

é forçado, por meio de ventiladores, a entrar na construção, criando um gradiente de pressão

de fora para dentro da instalação. Esse sistema é o mais comum nos aviários de construção

aberta, podendo ser de dois tipos: em modos túnel e lateral.

Mesmo assim, ainda tem sido um grande desafio a criação de frangos, principalmente

em climas quentes, e por isso, tem surgido à possibilidade de criação de frangos de corte em

aviários com sistema dark house, visando melhorias no desempenho dos lotes. Este sistema, já

tem sido utilizado há muito tempo em galpões de matrizes, e em outros países também para

aves de corte, obtendo-se bons resultados. Dados de desempenho de frangos criados nos

Estados Unidos, descritos por Gallo (2009) demonstraram redução na conversão alimentar de

Page 34: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

34

50 a 90 gramas, maior ganho de peso, redução na idade de abate de 3 a 5 dias e redução de 1 a

2 % na mortalidade total do lote.

Assim o objetivo deste estudo foi avaliar em qual sistema de criação (aviários

convencionais com ventiladores e nebulizadores ou dark house) obtêm-se melhores resultados

zootécnicos na criação de frangos de corte, criados em clima quente.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em aviários de uma empresa integradora, localizados no

médio norte de Mato Grosso, sendo que a média de temperatura anual é 24º C e as máximas

chegam a 38ºC.

Os frangos (machos) da linhagem comercial Cobb foram distribuídos em delineamento

inteiramente casualizado.

Os tratamentos consistiram em dois diferentes tipos de galpões de 1500 m² cada.

Tratamento 1: galpão com sistema convencional, os quais possuíam 24 ventiladores dispostos

no modo túnel, com telhado de alozinco, forração, chão batido, nebulização, arborização e

lonas amarelas, nos quais foram alojados 10,8 aves por m² . Tratamento 2: galpão com

sistema dark house, os quais possuíam 7 exaustores, telhado isotérmico, lonas pretas na parte

interna e prateada na parte externa, chão batido, pad colling cerâmico associado com

nebulização, nos quais foram alojados 13 aves por m². O material utilizado para a cama em

ambos os tratamentos foi palha de arroz.

Foram avaliados 24 lotes no sistema dark house e 56 lotes no sistema convencional. As

aves utilizadas eram de mesma procedência, provenientes do mesmo incubatório.A ração foi

fornecida a vontade em comedouros automáticos e os bebedouros tipo nipple.Os dados foram

coletados no período de agosto de 2011 a agosto de 2012.

Os aviários dark house possuíam iluminação artificial, sendo que a intensidade de luz

foi de 20lux na primeira semana, reduzindo para 10lux na segunda semana até os 42 dias de

idade.

O desempenho foi avaliado através das variáveis peso corporal, ganho de peso,

consumo alimentar, conversão alimentar, mortalidade e índice de calos de patas. Em cada lote

foi pesado 100% das aves, de forma a obter o peso corporal e o ganho de peso.

O consumo foi obtido pela diferença entre a ração fornecida e a sobra, e a conversão

alimentar calculada pela relação do consumo total de ração pelo ganho de peso. A mortalidade

foi calculada pela diferença entre o número de pintinhos alojados e o número de frangos

Page 35: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

35

mortos até o carregamento, o índice de calos de patas foi avaliado visualmente por

amostragem de 5% de cada lote abatido, e classificado somente em duas categorias com e sem

calo de pata. Cada lote foi considerado uma repetição.

Os dados foram submetidos à análise de variância e para diferença entre médias

utilizou-se o teste de Fisher, ao nível de 5% de probabilidade. Utilizou-se para a análise o

pacote estatístico SAEG (2008).

Resultados e Discussão

Os dados de peso corporal aos 42 dias, ganho de peso, consumo de ração, conversão

alimentar, mortalidade e índice de calo de pata estão apresentados na tabela 01.

Tabela 1. Médias de peso corporal aos 42 dias de idade (PC), ganho de peso (GP), consumo

de ração (CR), conversão alimentar (CA), mortalidade (MORT) e incidência de calo (ICP) de

pata em frangos de corte, de acordo com os diferentes tratamentos.

Tratamentos PC

(kg)

GP

(kg)

CR

(kg)

CA

(kg/kg)

MORT

(%)

ICP

(%)

Aviário convencional 2,72b 2,67b 5,16b 1,78b 2,98a 22,8a

Aviário dark house 2,96a 2,92a 4,96a 1,73a 3,58a 36,9b

CV 3,53 3,46 7.46 3,19 35,90 76,09

Médias seguidas de mesma letra, na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Fisher, ao nível de 5% de probabilidade

Houve efeito significativo (P<0,05) para as variáveis peso corporal aos 42 dias de idade

(PC), ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), calo de pata

(ICP), de forma que as aves que foram criadas nos galpões dark house apresentaram melhores

PC, GP e CA. Estes resultados demonstram que o sistema dark house proporcionou aos

frangos um ambiente com melhor conforto. Resultados semelhantes também foram

encontrados por Bueno e Rossi (2006) que avaliaram lotes da linhagem Ross por 14 meses em

dois tipos de galpões (com ventiladores e nebulizadores x exaustores e nebulizadores), sendo

que nenhum deles era em sistema dark house, porém com tecnologia similar e os autores

concluíram que o desempenho das aves foi melhor, no galpão com exaustores provavelmente

em função de melhores condições de conforto térmico, proporcionado pelos exaustores e

nebulizadores.

Page 36: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

36

Conforme Gallo (2009); Verdi (2009) o sistema dark house permite conduzir lotes com

luminosidade controlada, mantendo as aves mais calmas, reduzindo lesões na carcaça e

consequentemente à dermatite e também permite alojar uma densidade deaves por m2maior

que em outros aviários.

Não foi observado diferenças significativas na taxa de mortalidade, talvez em função do

bom manejo que foi adotado em todos os lotes. Nowicki et al.(2012) trabalhando com frangos

de corte das linhagens Cobb e Ross criados em aviários convencionais e dark também não

encontraram diferenças significativas na taxa de mortalidade e no ganho de peso dos lotes.

Comparando o desempenho de lotes de frangos de corte, criados em 3 sistemas,

convencional (que possuiventilação positiva com ventiladores), túnel (que possui ventilação

negativa com exaustores) e dark house (que possui ventilação negativa com exaustores e

controladores de luminosidade), sendo que todos possuem nebulizadores, Verdi (2009)

verificou que o peso corporal e o ganho de peso foram melhores no sistema dark, entretanto

não encontraram diferenças para taxa de mortalidade.

Avaliando o desempenho de frangos criados em três tipos diferentes de galpões

(convencionais, blue house e dark house) no estado de São Paulo, Bichara (2009) observou

melhor resultado de conversão alimentar no sistema dark house, mas o ganho de peso diário

não foi diferente nos três sistemas.

Rovaris et al. (2012) analisando dados de uma empresa situada em região quente em

período com média de temperatura 34°C e 80% de umidade, obtiveram melhores índices de

ganho de peso diário e conversão alimentar nos frangos de corte criados em aviários dark

house em comparação aos criados em aviários convencionais.

Gallo (2009) analisou dados de uma empresa brasileira em 3 tipos de galpões

convencional, ventilação negativa e dark house, este salientou que o grande ganho do último

sistema consiste na menor conversão alimentar.

As diferenças de CA, PC, kg/m2, número de aves abatidas e alojadas estão apresentados

na tabela 2.

Page 37: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

37

Tabela 2. Diferença de CA, média de aves alojadas (MA), média de aves abatidas (MAB),

peso corporal (PC), Kg/m2

Tratamentos CA

(kg/kg)

MA MAB PC

(kg)

Kg/m2

Aviário convencional 1,78 16,234 15,559 2,81 29,15

Aviário dark house 1,73 19,305 18,495 3,06 37,72

Diferença 0,05 3,071 2,936 0,250 8,57

Conforme a tabela 02 percebe-se que as aves alojadas no sistema dark house

consumiram 50g de ração a menos em relação às aves do sistema convencional, cada

repetição economizou 924 kg de ração considerando o preço médio da ração em todas as fases

de produção de R$0,54, a economia foi de R$499,00.

O objetivo da produção de frangos é produzir quilograma de carne e quanto maior a

produção por m2 os custos de produção são diluídos, o sistema dark house mostrou-se mais

eficiente em relação ao convencional, pois produziu 8,57kg/m2 a mais. Isto se deve ao melhor

desempenho dos frangos aliado a maior densidade que este sistema permite alojar.

Outro aspecto a considerar, quando se compara os dois tipos de sistemas (convencional

e dark house), é o que foi relatado por Owada et al. (2007) avaliando o comportamento das

aves em relação à luminosidade afirmam que este é um dos pontos mais importantes na

criação de frangos de corte, pois estes observaram em experimentos realizados por eles que o

excesso de iluminação (maior que 10 lux) não leva a qualquer benefício adicional e podem

prejudicar a produção favorecendo comportamentos de agressividade, hiperatividade e

canibalismo.

Observou-se diferenças significativas na incidência de calos de pata nos frangos, de

forma que as aves criadas em galpões com sistema dark house apresentaram maiores

incidências de calos. Isto pode ter ocorrido em função da maior densidade (aves/ m²) do

sistema dark house. Ou seja, no sistema convencional a umidade é mais facilmente retirada da

instalação através do manejo das cortinas laterais dos aviários, enquanto que no sistema dark

house não são manejadas as cortinas laterais, já que neste sistema do alojamento até o abate

das aves, o galpão fica totalmente fechado, conseqüentemente é mais difícil à retirada da

umidade do ambiente, ocasionando uma cama mais úmida e mais propensa à formação de

calos de patas nas aves.

Page 38: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

38

Estes resultados estão de acordo com Muniz et al. (2006) que avaliaram a incidência de

calos de pata no abate de frangos em três diferentes densidades (10, 15 e 20 aves/m²) e

obtiveram diferenças significativas entre as três densidades, sendo que conforme a densidade

foi aumentada também aumentou o percentual de calo de patas.

Cabe ressaltar que os calos de patas passaram a ter maior relevância nos últimos anos

devido ao direcionamento dos pés de frangos para os mercados da Ásia, portanto o

rendimento percentual de patas passou a ser um fator econômico importante (VIEIRA, 2009),

portanto, é importante o manejo adequado para redução deste índice.

Em trabalho realizado por Deepet al. (2010) no qual correlacionaram a intensidade de

luz com a porcentagem de calos de pata avaliando 4 intensidades de luz (1,10,20 e 40 lux) em

frangos de corte da linhagem Ross, dos 7 aos 35 dias de idade, verificaram que não houve

diferença de peso corporal, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade, porém na

intensidade de 1 lux foi observado lesões ulcerativas no coxim plantar. Blatchford et al.

(2009) descrevem que o aumento da incidência de lesões ulcerativas coxins plantares, o calo

de pata, com a diminuição da intensidade da luz deve-se provavelmente à maior duração do

tempo de repouso, o que resulta em um tempo de contacto maior entre o pé e a cama.

Bessei (2006) citado por Owada et al. (2007) revisando pontos críticos de bem-estar na

produção de frangos de corte, apontou como importante o controle do regime e da intensidade

de luz em aviários, pois a intensidade da luz pode influenciar diretamente na atividade motora

e possível exaustão das aves levando aparecimento de anormalidades locomotoras.

Porém os resultados de Carvalho et al.(2011) os quais avaliaram 4 tipos de aviários

(dois tipos de Blue house, dark house e convencional) em relação à eficiência de ventilação e

qualidade do ar, verificaram uma maior homogeneidade no aviário dark house, ou seja, uma

melhor qualidade de cama em relação aos outros que obtiveram pontos com altos valores de

umidade, os mesmos atribuíram que o galpão dark house possui maior controle das variáveis

climáticas por apresentar maior isolamento térmico.

Conclusões

O sistema dark house propiciou melhores peso corporal aos 42 dias de idade, ganho de

peso, consumo e conversão alimentar para criação de frangos de corte em regiões de clima

quente.

No sistema convencional apresentou menor índice de calos de patas.

Page 39: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

39

Referências Bibliográficas

BLATCHFORD, R. A.; KLASING, K. C.; SHIVAPRASAD, H. L.The effect of light intensity on the behavior, eye and leg health, and immune function of broiler chickens.

Poultry Science, v. 88, n.1, p. 20-28, 2009. BUENO, L.; ROSSI, A.L. Comparação entre tecnologias de climatização para criação de

frangos quanto à energia, ambiência e produtividade. Revista Brasileira de Engenharia

Agrícola e Ambiental, v.10, n. 2, p.497-540, 2006.

BICHARA, T. Aviário azul e dark-house para frangos de corte -Desenvolvendo novos conceitos para aviários pressão negativa. X Simpósio Brasil Sul de Avicultura e I Brasil Sul

Poultry Fair. Chapecó, 2009.

CARVALHO, T. M. R.; MOURA, D. J.; SOUZA, Z. M.; SOUZA, BUENO, G. S.; L. G. F. Qualidade da cama e do ar em diferentes condições de alojamento de frangos de corte. Pesq.agropec. bras., v.46, n.4, p.351-361, 2011.

DEEP, A.; SCHWEAN-LARDNER, K.; CROWE, T. G. l.Impact of light intensity on broiler

biological rhythms and welfare.Poultry. Science, v.89, n.11 p.2326-2333, 2010. GALLO, B. B. Dark house: manejo x desempenho frente ao Sistema tradicional. X Simpósio

Brasil Sul de Avicultura e I Brasil Sul Poultry Fair. Chapecó, 2009.

MUNIZ, C. E. Influência da densidade populacional sobre o peso médio, percentual de calos de patas e histoforfometria da bolsa cloacal das aves (Gallus gallus). 2006 . 34 p. Dissertação

(conclusão de mestrado) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande.

NAZARENO, A C.; PANDORFI, H.; GLEDSON, L. P.; GIONGO, R. P.; PEDROSA, R. M.

E.; GUISELINI, C. Avaliação do conforto térmico e desempenho de frangos de corte sob regime de criação diferenciado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13, n.6, p. 802-808, 2009.

NOWICKI, R.; BUTZGE, E.; OTUTUMI, L. K.; PIAU-JÚNIOR, R.; ALBERTON, L. R.;

MERLINI, L. S.; MENDES, T. C.; DALBERTO, J. L.; GERÔNIMO, E.; CAETANO, I. C. S. Desempenho de frangos de corte criados em aviários convencionais e escuros. Arq. Ciênc.

Vet. Zool. UNIPAR, v. 14, n. 1, p. 25-28, 2011.

OWADA, N. A.; NÄÄS, A. I.; MOURA, D. D.; BARACHO, M.Estimativa de bem-estar de

frango de corte em função da concentração de amônia e grau de luminosidade no galpão de produção. Engenharia Agrícola Jaboticabal, v. 27, n. 3, p.611-618, 2007.

ROVARIS, E.;CORRÊA, G. S. S.; CORRÊA, B. A.; LUNA, U. V. Avaliação da conversão alimentar e do ganho médio de peso diário de frangos de corte em dois sistemas de produção

– dark house e convencional.XXII Congresso brasileiro de zootecnia. Cuiabá, 2012.

Page 40: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

40

TINÔCO, F. F. I. A granja de frangos de corte. In: Mendes, A. Nääs, I. Macari, M. Produção

de frangos de corte, 1ª ed., Campinas: FACTA, Cap. 4, p.56-82, 2004.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Sistema para análise estatística e genética – SAEG. Versão 9.1 Viçosa, MG:UFV 2008.

VERDI, P. Sistemas de automação em dark house para ambiência de frango de corte. Workshop Embrapa suínos e aves. 2009.

VIEIRA, S.L. Defeitos visuais – Dermatites de contato. In: Qualidade visual de carcaça de

frangos de corte: uma abordagem a partir do ambiente de produção, 2ª ed.,

Cascavel:Gráfica Positiva, p.55-59, 2009.

WELKER, S. J.; ROSA, P. A.; MOURA, J. D.; MACHADO, P. L.; CATELAN, F. UTTPATEL, R. Temperatura corporal de frangos de corte em diferentes sistemas de climatização. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 8, p. 143-1467, 2008.

Page 41: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

41

4. CAPÍTULO 2

Efeito do ninho com coleta manual versus automática na eclosão de ovos incubáveis.

Effect of nest collection with manual versus automatichatches eggs hatching.

Resumo: Com o objetivo de avaliar a qualidade de ovos férteis e o nascimento de pintinhos

em dois diferentes sistemas de coleta de ovos, manual e automático, foi realizado o estudo a

partir de dados de campo de uma empresa avícola situada em MT. Foram avaliados 18060

ovos oriundos de matrizes pesadas com idades de 35 a 45 semanas. Foram avaliados no

incubatório a eclodibilidade dos ovos, número de ovos trincados e a porcentagem de

contaminação por bactérias e fungos. Na granja avaliou-se a porcentagem de ovos postos na

cama e a porcentagemde ovos incubáveis. Os resultados mostraram que os ovos coletados em

ninhos automáticos apresentaram melhores resultados de eclodibilidade e menores

porcentagens de contaminação bacteriana e fúngica. Já os ninhos manuais apresentaram

maiores índices de aproveitamento para incubação e menores índices de ovos de cama. Não

houve diferença no número de ovos trincados entre ninhos e idades das matrizes.

Palavras – chave: eclodibilidade, matrizes de frango de corte, ovos de cama, tipos de ninho.

Abstract: In order to evaluate the quality of fertile eggs and chicks born in

two different systems of collecting eggs, manual and automatic, a study was

conducted from field data of a poultry company located in Mato Grosso, Brazil. Was

evaluated the hatchery hatchability, cracked eggs and contamination by bacteria and fungi, the

farm was evaluated eggs laid on the floor and use. The results showed that eggs collected

from automated nests had better results and lower hatchability percentages of bacterial and

fungal contamination, on the other hand, the manual nests showed higher recovery for

incubation and lower floor eggs, cracked eggs in relation to no difference. There was no

difference of the number of cracked eggs between nests and broiler breeders’ age

Keywords: hatchability, floor eggs, broiler matrices, types of nest.

Page 42: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

42

Introdução

Um bom nascimento de pintos inicia-se com a coleta de ovos na granja, o qual deve ser

coletado, desinfetado e transportado, imediatamente após a postura, para o incubatório (Rosa

e Avila, 2000).

De acordo com a Cobb- Vantress (2008) a eclodibilidade máxima e excelente qualidade

dos pintos só poderão ser obtidas se os ovos forem mantidos em ótimas condições entre a

postura e a incubação. Uma vez posto, seu potencial de eclodibilidade pode, no máximo, ser

mantido, mas não melhorado. Se os ovos forem manipulados de forma errada, o potencial de

eclodibilidade irá diminuir rapidamente.

Os ninhos automáticos proporcionam uma coleta mais rápida em relação aos ninhos

manuais. Como descreve Silva (2012), o ninho automático impede que as aves tenham

contato com os ovos após a postura e a permanência dos ovos no local da postura é menor,

gerando menor incidência de trincas e contaminação e assim melhor qualidade dos ovos.

Além disso, a mão de obra pode ser reduzida em torno de 30 a 40%. Porém, tem um alto custo

inicial e maior propensão para a postura de ovos na cama.

Os ninhos manuais são preferidos pelas aves, conforme trabalhos realizados por

Holcmanet al. (2007), que mostraram que as aves preferem ninhos forrados com maravalha ao

invés de material plástico.

Em trabalho realizado por Piloto et al. (2010), no qual analisam a qualidade dos ovos,

foi observado que os ninhos com coleta manual proporcionaram ovos com melhor qualidade

em relação aos ninhos adaptados para coleta automática.

Em função de pouca informação científica e com resultados contraditórios, realizou-se

esta pesquisa visando a avaliação dos ovos coletados nos dois sistemas, manual e automático,

em relação à eclodibilidade, contaminação bacteriana e fúngica, índices de aproveitamento

para incubação e número de ovos de cama.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em aviários de uma empresa integradora, localizados na

região médio norte de Mato Grosso. A empresa aloja matrizes de mesma linhagem comercial.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, considerando o esquema fatorial de 2

Page 43: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

43

x 11, sendo dois tipos de ninhos (manual e automático) x onze idades de matrizes Cobb (35,

36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44 e 45 semanas de idade).

Realizou-se a avaliação de 18060 ovos em incubatório comercial, estes advindos da

mesma granja que possui aviários com capacidade de alojamento de 14000 aves. Os aviários

dos matrizeiro são equipados com telha isotérmica, exaustores, pad coling (placas

evaporativas) e controladores automáticos dos equipamentos.

Os tratamentos consistiram em dois diferentes tipos de ninhos. Tratamento 1: ninho de

coleta manual, de madeira com 8 bocas, forrados com palha de arroz, sendo disponível 1 boca

para cada 4 galinhas. As coletas dos ovos do ninho foram realizadas 5 vezes ao dia e a coleta

dos ovos da cama 12 vezes ao dia. A palha de arroz era reposta e desinfetada uma vez na

semana com paraformol. Tratamento 2: ninho automático, com 1 módulo para cada 220

galinhas, forrados com tapetes plásticos, os tapetes foram limpos antes de iniciar o

experimento e as esteireiras desinfetadas semanalmente, sendo realizadas duas coletas ao dia,

logo pela manhã e no início da tarde e 17 coletas de cama. Foram avaliados 860 ovos em

cada nascimento (cada nascimento representa uma repetição). Antes da incubação foram

classificados através do uso de uma lanterna em uma sala escura, sendo que os ovos que

apresentavam trincas foram retirados das bandejas antes da incubação. Ao nascimento foram

avaliados a eclodibilidade e realizada a quebra dos ovos não eclodidos, onde foram

determinadas a porcentagem de contaminação por fungo e bactéria (avaliação visual). Ao

final de todos os dias de coleta, foram calculados a porcentagem de ovos encontrados na cama

e de ovos incubáveis (taxa de aproveitamento). Ovos inférteis não foram considerados.

Os ovos advindos da granja foram armazenados por 4 dias à 20º C e umidade de 75 a 85

%, posteriormente encaminhados ao pré-aquecimento por 6 horas antes da incubação em sala

específica para esta finalidade a uma temperatura de 28ºC sendo que a temperatura dos ovos

foi monitorada por termômetro de raio infravermelho. Após o pré-aquecimento foram

colocados na incubadora de múltiplo estágio, a temperatura de 37,3ºC e umidade de 50 a

60%, a qual foi mantida por bicos pulverizadores, viragem automática de 45º a cada hora. Aos

19 dias de incubação foram transferidos para o nascedouro a temperatura de 36ºC e umidade

de 87%.

Os dados foram submetidos à análise de variância e para diferença entre médias

utilizou-se o teste Student N e w m a n K e u l s , ao nível de 5% de probabilidade. Utilizou-se

para a análise o pacote estatístico SAEG (2008).

Page 44: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

44

Resultados e discussão

As porcentagens de eclodibilidade, contaminação bacteriana, contaminação por fungos

e ovos trincados estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Porcentagem de eclodibilidade, contaminação bacteriana, contaminação por fungos

e ovos trincados advindos de dois tipos de ninho, nas diferentes idades das matrizes.

Eclodibilidade (%) Contaminação bacteriana (%) Contaminação fúngica

(%)

Trincados (%)

Tratamentos

Idade (semanas)

Manual Automático Manual Automático Manual Automático Manual Automático

35 88,11 bE 91,63 aA 0,25 bBCD 0aA 0aA 0aA 1,630aA 0,964aA

36 88,75 bDE 92,09 aA 0,09 aA 0aA 0aA 0aA 1,288aA 0,961aA

37 89,56 bCDE 92,27 aA 0,10 aA 0,15aB 0aA 0aA 2,038aA 1,597aA

38 90,83 bABCD 92,01 aA 0,19 aBC 0,39bC 0aA 0aA 1,436aA 2,035aA

39 91,19 aABC 91,56 aA 0,43 bABCDE 0,39bC 0aA 0aA 2,720aA 1,123aA

40 90,39 bABCDE 91,85 aA 0,53 bBCDE 0aA 0aA 0aA 2,045aA 2,333aA

41 89,93 bBCDE 91,70 aA 0,35 bABCDE 0aA 0aA 0aA 1,510aA 1,711aA

42 89,53 bCDE 91,36 aA 0,38 bABCDE 0aA 0,04bB 0aA 1,626aA 1,271aA

43 89,46 bCDE 91,42 aA 0,44 bABCDE 0,14aB 0,06bC 0aA 2,425aA 1,271aA

44 89,21 bCDE 92,19 aA 0,36aABCDE 0,51bC 0aA 0aA 2,111aA 1,551aA

45 88,61 bDE 91,88 aA 0,22 aBCD 0,53bC 0,08bD 0aA 2,048aA 1,271aA

Médias seguidas de mesma letra minúsculana linha não diferem estatisticamente pelo teste Fisher e médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Student Newman Kewls, ao nível de 5% de probabilidade.

Em relação à eclodibilidade, observou-se que ovos mantidos nos ninhos automáticos

apresentaram maiores eclodibilidades do que os ninhos manuais, com exceção nas aves de 39

semanas, as quais apresentaram ovos com taxas de eclosão semelhantes aos dos ninhos

automáticos. Comparando as diferentes semanas em relação a cada ninho, observou-se que os

ovos mantidos nos ninhos manuais, oriundos de aves com 38,39 e 40 semanas apresentaram

melhores taxas de eclosão, entretanto os ovos de aves com 40 semanas não diferiram das

demais semanas. No ninho automático não houve diferença de eclosão entre as idades.

A melhor eclosão dos ovos coletados por ninhos automáticos pode ser explicada

conforme citado em Fiuzza et al. (2006) os quais descreveram que em regiões quentes

ocorrem mortalidade embrionária inicial, portanto é necessário realizar uma coleta eficiente e

rápida. Analisando a mortalidade inicial deste experimento observa-se queesta foi maior nos

ovos advindos de ninhos manuais em média 0,71% superior em relação aos ovos do ninho

automático. É importante ressaltar que a coleta mecânica reduz em aproximadamente 60 a

70% o tempo de coleta em relação ao sistema manual, permitindo desta forma uma coleta

mais eficiente (SILVA, 2012). O potencial de eclodibilidade do ovo, logo após a postura,

Page 45: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

45

pode, no máximo, ser mantido, mas não melhorado. Se os ovos forem manipulados de forma

errada, o índice de eclodibilidade diminui rapidamente.

Analisando a contaminação bacteriana verificou-se que o ninho manual propiciou

maiores índices para contaminação por bactérias, com exceção das idades de 38, 39, 44 e 45

semanas. Na idade de 37 semanas não houve diferença significativa entre os dois tipos de

ninho. Isto pode ser explicado pela maior agilidade de coleta e desinfecção dos ovos, pois a

microbiota bacteriana existente na superfície da casca pode infectar e causar mortalidade de

embriões e pintos recém-nascidos. Scott e Swetnam (1993) citado por Cony et al. (2008)

explicam que durante o processo de resfriamento dos ovos, há um fluxo natural de ar da

superfície para o interior dos ovos que carreia contaminantes por meio dos poros da casca.

Dessa forma, os ovos devem sofrer desinfecção o mais rapidamente possível após a postura

por métodos e com compostos adequados (MAULDIN, 2002; SESTI, 2005).

Com a utilização de ninhos automáticos há uma substancial melhora na qualidade

microbiológica pelo menor tempo de exposição dos ovos no ninho, reduzindo a incidência de

ovos sujos, trincados e quebrados (SILVA, 2012).

Os dados referentes aos índices de contaminação deste trabalho concordam com Quarles

et al. (1970) citado por Cony (2008), os quais compararam os índices de contaminação

bacteriana e fúngica no ar, na superfície da casca dos ovos e eclodibilidade dos ovos férteis de

aves criadas em aviários com cama de serragem e ninhos com maravalha de madeira

comparadas com aves criadas em aviários com piso de arame e ninhos com sistema plástico

de retirada de ovos através de rolagem. Os autores observaram que o percentual de

eclodibilidade foi significativamente inferior e a contagem bacteriana foi entre 20 a 30 vezes

maior na superfície da casca dos ovos das aves criadas no aviário com cama de serragem e

ninho de maravalha.

Cabe ressaltar ainda que, o material do ninho manual (maravalha) e a esteira dos ninhos

automáticos precisam ser desinfetados, assim também como os tapetes dos ninhos que devem

ser limpos com frequência para evitar a contaminação de ovos por bactérias e fungos. Elguera

(1999) explica que é impossível produzir um ovo estéril, pois mesmo ovos recolhidos

diretamente do oviduto já estão contaminados. Porém a desinfecção de esteiras de ninhos

automáticos se faz necessária, além de ser um processo mais fácil do que a desinfecção de

ninhos manuais. E isto explica a maior contaminação de ovos com coleta manual.

Sesti (2005) também cita que os ovos sempre terão a presença de microorganismos na

casca, podendo contaminar-se antes da ovulação ou durante a formação no trato reprodutivo.

Page 46: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

46

Parte dos microorganismos é aderida à casca quando o ovo passa pela cloaca, por onde

passam também as excretas (Mauldin, 2002).

Entre as idades no ninho automático as semanas de 38, 39, 44 e 45 diferiram em relação

às outras idades, no manual a idade com maior índice de contaminação foi 40 semanas, porem

somente diferiu estatisticamente das idades de 36 e 37 semanas, que foram as idades com

menor contaminação. Cabe ressaltar que a contaminação por bactérias ficou acima do padrão

da linhagem cobb que é 0,15% nas idades avaliadas neste estudo.

Não houve contaminação por fungos nos ovos com coleta automática, já nos ovos com

coleta manual apenas trêsidades das matrizes ocorreu contaminação (42, 43 e 45), sendo que

na 45ª semana ocorreu maior contaminação seguido das semanas 43 e 42. Esta contaminação

por fungos somente nos ninhos manuais provavelmente ocorreu por este ser forrado com

palha de arroz e os fungos crescem e se proliferam bem em cereais, onde geralmente

encontram um substrato altamente nutritivo para o seu desenvolvimento (Dilkin 2002). Porém

a porcentagem de contaminação ficou abaixo da tabela padrão da linhagem Cobb.

Em relação ao índice de ovos trincados não foi observado diferenças entre ninhos e

também entre idades, o que diferiu de Pilotto et al. (2010) que verificaram maior índice de

ovos trincados em ninhos adaptados para coleta automática do que em ninhos com coleta

manual. Estes autores justificaram o maior número de trincados em ninho mecânico devido a

correia de transporte ser estreita, o que difere deste experimento, onde os modelos de ninhos

utilizados possuem esteira largas.

Já Worley e Wilson (2000) citados por Silva (2012) descrevem que o ninho mecânico

por permitir realizar um maior número de coletas por dia, o que reduz o número de ovos

trincados e também melhora a qualidade microbiológica nos ovos.

Os dados de aproveitamento de ovos e ovos postos na cama estão na tabela 2.

Page 47: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

47

Tabela 2. Porcentagem de ovos incubáveis e ovos de cama nas diferentes idades das matrizes

de frango de corte e tipos de ninhos.

Ovos de cama(%) Ovos incubáveis(%)

Idade Manual Automático Manual Automático

35 2,53 aA 6,82 bB 96,76 aA 95,70 bABC

36 2,94 aA 6,06 bA 97,09 aA 94,57 bC

37 2,46 aA 6,14 bA 96,67 aA 95,21 bBC

38 2,27 aA 6,22 bA 97,24 aA 96,31 bABC

39 2,70 aA 6,22 bA 96,73 aA 96,74 aAB

40 2,40 aA 6,25 bA 97,74 aA 96,03 bAB

41 2,60 aA 6,46 bA 97,57 aA 95,97 bABC

42 2,34 aA 6,09 bA 97,93 aA 96,78 bAB

43 2,29 aA 6,22 bA 97,94 aA 96,70 bAB

44 2,23 aA 5,99 bA 97,57 aA 96,84 aAB

45 2,19 aA 6,04 bA 97,53 aA 96,66 aAB

Médias seguidas de mesma letra minúsculana linha não diferem estatisticamente pelo teste Fisher e médias seguidas de mesma letra

maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Student Newman Kewls, ao nível de 5% de probabilidade.

Na avaliação de ovos de cama os ninhos com coleta manual apresentaram melhores

resultados, assim também como no aproveitamento de ovos, com exceção das idades de 39,44

e 45 semanas onde os ninhos automáticos propiciaram índices de aproveitamento semelhante

aos ninhos manuais. Estes dados foram semelhantes aos encontrados por Pilotto et al. (2010)

os quais também encontraram maior porcentagem de ovos de cama em ninhos com coleta

automática.

Silva (2012) explica que uma das desvantagens do ninho automático é a propensão a

postura de ovos na cama. Entretanto, discordaos dados de aproveitamento de ovos obtidos

neste experimento. Este autor descreve que pela coleta mais ágil e menor tempo de

permanência no ninho o aproveitamento de ovos é melhor em ninhos automáticos.

Analisando os ovos postos na cama em relação à idade, nos ninhos com coleta manual

não foi encontrada diferença, já nos ninhos com coleta automática apenas na idade de 35

semanas houve postura de cama superior às outras idades.

O aproveitamento de ovos foi semelhante em todas as idades nos ninhos manuais

enquanto nos ninhos automáticos na idade de 36 semanas houve o pior aproveitamento,

entretanto, este não diferiu das idades de 35, 37, 38 e 41, enquanto que as outras idades foram

similares.

Outro aspecto importante a ressaltar é a escassez de mão de obra, em granjas que

possuem ninhos automáticos, onde obtêm-se uma redução de até 30% na mão de obra, e esta

também influencia nos resultados, como demostraram Borsa e Cruz (2008), avaliando duas

granjas produtoras de ovos férteis, em relação à viabilidade, produtividade, incubabilidade e

Page 48: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

48

eclodibilidade, onde uma delas possuía funcionários mais especializados e a outra granja com

funcionários menos especializados, com este trabalho demonstraram como a mão de obra é

essencial, pois a granja com funcionários mais especializados obteve melhores resultados.

Conclusões

Os resultados mostram que os ovos coletados em ninhos automáticos apresentam

melhores resultados de eclodibilidade e menores porcentagens de contaminação bacteriana e

fúngica.

Já os ninhos manuais apresentam maiores índices de aproveitamento para incubação e

menores índices de ovos de cama.

Não há diferença no número de ovos trincados entre ninhos e idades das matrizes.

Page 49: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

49

Referências Bibliográficas

BORSA, A. CRUZ, C. A. Interação entre mão de obra e produtividade em matrizes pesadas comerciais. Revista ColloquiumAgrariae, v. 4, n.1, p. 23-29, 2008.

COBB-VANTRES. Guia de manejo da incubação. Guapiaçu – SP, Brasil. 2008.

CONY, H.; VIEIRA,S.;BERRES, J.; GOMES, H.; et al. Técnicas de pulverização e imersão com distintos desinfetantes sobre ovos incubáveis. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.5,

p.1407-1412, 2008. DILKIN, P. Micotoxicose suína: aspectos preventivos, clínicos e patológicos. Biológico, v.

64, n.2, p. 187-191, São Paulo, 2002.

ELGUERA, A. M. Relação entre o manejo de reprodutoras de carne e a qualidade dos ovos incubáveis. In: II Simpósio técnico sobre matrizes de frango de corte,1999, Chapecó. Resumos... Chapecó: ACAV, 1999. p. 17-27.

FIUZA, M. A. et al. Efeito das condições ambientais no período entre a postura e o

armazenamento de ovos de matrizes pesadas sobre o rendimento de incubação. Arquivo

Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.3, p.408-413, 2006.

HOLCMAN, A.; MALOVRH, S.; STUHEC. I. Choice of nest by hens of three lines of broiler breeders. British Poultry Science , v.48, p.284-290, 2007.

MAULDIN, J.M. Maintaining hatching egg quality. In: BELL, D.D. ; WEAVER, W.D. Commercial Chicken Meat and Egg Production. 5th ed. Norwell:

KluwerAcademicPublishers, 2002. p.707-725.

PILOTTO, F.; RIBEIRO, L.M.A.; CARGNELUTTI, F.A.; KLEIN, A. V. Efeito da transformação do ninho manual modelo holandês em mecânico na postura de ovos de cama em matrizes de frangos de corte. Revista Bras. de Zootec., v.39, n.10, p.2310-2314, 2010.

ROSA ,P. S. ÁVILA, S. V. Variáveis relacionadas ao rendimento da incubação de ovos em

matrizes de frangos de corte. Comunicado Técnico – Embrapa Suínos e Aves, n.246, p.1-3, Concórdia, 2000.

SESTI, L.A.C. Biosseguridade em granjas de reprodutoras. In: MACARI, M.; MENDES, A.A. Manejo de Matrizes de Corte. Campinas: Facta, 2005. p. 244-317.

SILVA, R.L.P. Ninhos automáticos tecnologia e qualidade na produção de ovos férteis. Disponível em <http://www.nftalliance.com.br/ninhos-automaticos-tecnologia-e-qualidade-

na-producao-de-ovos-ferteis/>Acesso em 10 de janeiro de 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Sistema para análise estatística e genética –

SAEG. Versão 9.1 Viçosa, MG:UFV 2008. Acesso em 10 de janeiro de 2013.

Page 50: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

50

5. CAPÍTULO 3.

Avaliação da incubação artificial de ovos deformados em matrizes pesadas

Evaluation of artificial incubation of eggs for broiler breeders deformed

Resumo: Com o objetivo de avaliar a eclodibilidade de ovos férteis defeituosos e verificar a

viabilidade da incubação dos mesmos, incubou-se ovos que foram divididos em 6

tratamentos, tratamento 1: ovos tortos, tratamento 2: ovos pequenos (45 a 47g), tratamento 3:

ovos com microtrincas , tratamento 4: ovos com densidade considerada baixa (1070) ,

tratamento 5: ovos considerados ideais para a incubação porém posicionados na bandeja com

o pólo invertido (câmara de ar para baixo) e tratamento 6: controle, ovos considerados ideais

para incubação. Os resultados demonstraram que o tratamento controle apresentou os maiores

índices de eclodibilidade e menor mortalidade embrionária.

Palavras - chave: incubatório, eclodibilidade, mortalidade embrionária, frangos de corte.

Abstract: White the goal ofevaluate thehatchabilityof defective fertile eggsandverify the

viabilityofthe sameincubation, incubatedeggswere divided into6 treatments, treatment 1:

eggscrooked, treatment 2: small eggs (45 to47g), treatment 3:eggs with microcracks,

treatment 4: eggs considered lowdensity(1070), Treatment 5:eggsfor incubationconsidered

idealbutplaced in the tray with thepoleinverted(tube down) andtreatment 6: control, eggs

considered idealhatching. The results showed that the control treatment had the highest rates

of hatchability and reduced embryo mortality.

Keywords: hatchery, hatchability, embryo mortality, broiler.

Introdução

O ovo da galinha é uma célula reprodutiva e para a criação de frangos em escalas

comerciais, estas células também devem ser produzidas em escala comercial, e não existem

dúvidas de que a incubação artificial substitui a galinha de maneira muito mais eficiente

(SILVA, 2005).

O incubatório é um ambiente estratégico da produção avícola e está fortemente

vinculado à granja de matrizes (GONZALES, 2003). A principal meta do incubatório é

transformar biologicamente ovos férteis em pintos de um dia no volume, prazo e qualidade

Page 51: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

51

desejados, minimizando a incidência de anormalidades e contaminação, de forma a atender às

necessidades e expectativas da produção avícola, ao menor custo (TONA et al., 2003).

Para se ter um bom nascimento de pintinhos, o processo inicia-se pelo bom manejo na

coleta de ovos na granja e seu transporte até o incubatório. Os ovos após realizada a coleta

nos aviários devem ser enviados para um depósito na granja e em seguida para um depósito

no incubatório, através do transporte por um caminhão climatizado. É importante que todos

estes lugares tenham ambiência semelhantes para evitar mudanças bruscas na temperatura e

umidade no ovo (COBB-VANTRESS, 2008).

Normalmente descartam-se ovos que apresentem pouca chance de eclosão, e que

impliquem em pintinhos de baixa qualidade, como ovos muito grandes ou muito pequenos,

trincado, sujos, deformados entre outros fatores. Ovos de boa qualidade devem ser

provenientes de aves saudáveis, livre de microorganismos, boa espessura de casca, forma

ovoidal, ser fértil, não apresentar deformidade e nem trincas (COBB-VANTRESS, 2008).

Entretanto, ainda existem dúvidas quanto às quais tipo de ovos realmente dever ser

descartados.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade na utilização de ovos defeituosos no

processo de incubação artificial.

Material e métodos

Foram incubados 344 ovos tortos, 344 ovos pequenos (entre 45 e 47g), 430 ovos com

microtrincas, 430 ovos com densidade de 1070, 430 ovos com o pólo fino virado para cima e

1080 ovos considerados de boa qualidade para incubação (controle), representando os

tratamentos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, respectivamente. Esta incubação foi realizada em incubatório

industrial. Com os ovos incubados na mesma incubadora, no mesmo dia, portanto submetidos

às mesmas condições de incubação.

Os ovos foram selecionados no incubatório, provenientes de matrizes da Linhagem

CoobR, armazenados por 4 dias à 20º C e umidade de 75 a 85 %, posteriormente

encaminhados ao pré-aquecimento por 6 horas antes da incubação em sala específica para esta

finalidade a uma temperatura de 28ºC sendo que a temperatura dos ovos foi monitorada por

termômetro de raio infravermelho. Após o pré-aquecimento foram colocados na incubadora

de múltiplo estágio, a temperatura de 37,3ºC e umidade de 50 a 60%, a qual foi mantida por

bicos pulverizadores, viragem automática de 45º a cada hora. Aos 19 dias de incubação foram

Page 52: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

52

transferidos para o nascedouro a temperatura de 36ºC e umidade de 87%. A temperatura e

umidade foram monitoradas em todo o processo.

Para separação dos tratamentos, separou-se visualmente o tratamento 1 ovos tortos,

consideraram-se que ovos pequenos (tratamento 2) eram aqueles com peso entre 45 e 47 g, os

ovos do tratamento 3 foram selecionados em sala escura com auxílio de lanterna para

visualizar as microtrincas, o tratamento 4 ovos com densidade de 1070 foram selecionados

através da prova da densidade com a inclusão de cloreto de sódio (Nacl) na água e medições

através do densímetro, os incubados com pólo invertido (tratamento 5) e os ovos controle

(tratamento 6) foram os ovos que pesavam entre 48g e 70g, não apresentavam microtrincas,

de forma ovóide e densidade de 1080, sendo que o tratamento controle foi incubado com a

câmara de ar virada para cima.

As incubadoras foram higienizadas e desinfetadas três vezes por semana e nos

nascedouros colocados 150 ml de formol líquido a cada 7 horas.

Aos 12 dias de incubação foi realizada a ovoscopia, retirados os ovos claros (com

embrião morto ou inférteis) e realizada a quebra para realizar o embriodiagnóstico. Após aos

21 dias de incubação quando da eclosão avaliou-se a porcentagem de nascimento de pintos

viáveis, números de pintos de segunda, contaminação por fungo e bactéria, mortalidade

embrionária de 0-4, 5 – 10 e 11-21 dias de idade, através da análise de resíduos e quebra dos

ovos não eclodidos.

Foram descartados os ovos inférteis e somente foram considerados os férteis. Os índices

de eclodibilidade de pintos viáveis(PV), pintos de segunda(PS), contaminação(C),

mortalidade embrionáriade 0 a 4(M1), 5 a 10(M2) e 11 a 21(M3) foram obtidos a partir de:

PV= PV/TO (Total de ovos férteis) * 100; PS= OS/TO)*100; C= C/TO*100; M1=

M1/TO*100; M2= ME/TO*100; M3= M3/TO*100.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) e os dados foram

submetidos a análise descritiva.

Resultados e discussão

Os resultados da eclosão de pintos viáveis, pintos de segunda, mortalidade embrionária

0 a 4, 5 a 10,11 a 21 e contaminação dos ovos incubados com diferentes defeitos estão

apresentados na tabela 1.

Page 53: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

53

Tabela 1. Índices de eclosão, pintos de 2ª, contaminação e mortalidade embrionária nas

diferentes fases de desenvolvimento.

Índices (tratamento 1)

O vos tortos

(%)

(tratamento 2)

O vos pequenos

(42 a 47g) (%)

(tratamento 3)

O vos Com

microtrincas

(%)

(tratamento 4)

O vos com

densidade

1070 (%)

(tratamento 5)

O vos com pólo

invertido (%)

(tratamento 6)

Controle (%)

Eclosão de

pintos viáveis

82,05 85,76

73,73 84,89 53,08 91,11

Pintos de 2ª

Contaminação

3,48

0,58

2,03

0

2,8

1,16

1,16

1,63

23,34

0

0,48

0,38

Mortalidade

embrionária 0 a

4 dias

Mortalidade

embrionária 5 a

10 dias

Mortalidade

embrionária 11

a 21 dias

7,20

2,32

4,37

5,81

2,33

4,07

8,83

3,02

10,46

6,51

1,63

4,18

3,94

1,16

18,47

3

1,16

3,87

Observa-se que a eclosão de ovos com características dentro da normalidade foi

superior as eclosões dos ovos que apresentavam alguma anormalidade, assim como para os

outros índices, com exceção da contaminação, que ovos pequenos e com o pólo invertido

apresentaram 0% para este índice, enquanto os ovos controle apresentaram 0,38%. Os maiores

índices de contaminação foram dos ovos tortos com 0,58% seguidos dos ovos com

microtrincas (1,16%) e com densidade de 1070 (1,63%).

Santos et al. (2007) estudando a incubação de ovos com diferentes defeitos também

obtiveram melhores índices de eclosão em ovos com boa qualidade de casca (82,9%).

Ovos com densidade de 1070 possuem espessura mais fina e maior porosidade

alterando a condutância da casca, isto explica o maior grau de contaminação dos embriões e a

maiores perdas de peso no período de incubação (ROSA E ÁVILA 2000; TANURÉ; CAFÉ;

BAIÃO, 2009).

Ovos de matrizes mais velhas têm maior freqüência de ovos maiores, ocorrendo redução

da densidade, devido à maior porosidade da casca, que favorece as trocas gasosas entre ovo e

meio. Mcdaniel et al., (1979) citado por Rosa et al., (2002) concluíram que a piora da

qualidade da casca, associada ao aumento da idade da matriz, determina maior perda de peso

Page 54: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

54

em ovos durante a incubação e elevação da taxa de mortalidade embrionária, com

consequente queda da eclodibilidade dos ovos.

Quanto ao tratamento de ovos com microtrincas, os danos e lesões na casca aumentam a

mortalidade embrionária devido o aumento da perda evaporativa (NARAHARI et al., 2000).

Narush e Romanov (2002) demonstraram que a porosidade e a espessura da casca são fatores

de maior influência sobre o desenvolvimento embrionário e Peebles E Macdaniel (2004)

citado por Santos et al. (2007) que há uma associação entre qualidade de casca e

eclodibilidade.

Apesar dos ovos deformados, com microtrincas e com densidade 1070 apresentarem

maior grau de contaminação em relação aos outros tratamentos, os resultados foram inferiores

aos apresentados por Santoset al. (2007) que obtiveram 24,3% de contaminação em ovos

deformados e 10,9% em ovos trincados. Ressalta-se que os ovos utilizados neste estudo

passaram por processo de fumigação na granja, o que pode ter eliminado muitos

contaminantes da casca, o que deve ter contribuído para índices de contaminação não terem

sido muito elevados. Segundo Elguera (1999) o gás formado no processo de fumigação

obtidoao combinar cristais de permanganato de potássio com formol líquido, tem ação

bactericida de contato é muito efetivo contra salmonelas, coliformes e outras bactérias

patogênicas.

Ramos (2011) avaliando ovos de aves avós também obteve piores eclosões em ovos

com menor densidade, 61%, 70,5%, 74,42% e 76,37% de eclosão média em ovos com

densidade de 1070,1075, 1080 e 1085, respectivamente.

Os ovos incubados com o pólo invertido apresentaram uma menor eclosão, 53,8%,

seguidos pelos ovos com microtrincas com 73,73% e ovos deformados com 82,05% em

relação aos outros tratamentos. Santoset al. (2007) também obtiveram eclodibilidade inferior

em relação aos ovos deformados (21,21%) e aos ovos trincandos (57,3%).

Schmidt et al. (2002), consideraram que a forma do ovo pode influenciar as condições

requeridas para uma ótima incubação quando associada a uma alteração na porosidade da

casca, influenciando a perda de água durante o processo.

O ovo considerado ideal para incubação é o de formato ovalado, conforme citado por

Albino et al. (2005), o qual descreve que ovos com formatos compridos ou excessivamente

redondos possuem tendência de quebrar durante o processo de viragem nas incubadoras. O

processo de viragem é realizado durante o processo de incubação, isto deve ser feito para

prevenir a aderência do embrião à membrana da casca do ovo, principalmente durante a

primeira semana da incubação. A viragem ajuda no desenvolvimento das membranas

Page 55: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

55

embrionárias, na medida em que o embrião se desenvolve, e aumenta sua capacidade de

produzir calor, também ajuda na circulação do ar e auxilia na redução da temperatura.

Ovos pequenos normalmente procedem de matrizes em início de produção e pintinhos

oriundos destes ovos tendem a apresentar desenvolvimento inferior daqueles oriundos das

matrizes mais velhas (produzem ovos maiores), pois seus ovos contem menor quantidade de

albúmen e gema e maior densidade do albúmen. O albúmen denso atua como uma barreira

para evaporação e difusão de água e gases entre o interior do ovo e o meio ambiente da

incubadora, provavelmente dificulta a obtenção de oxigênio pelo embrião, o que atrasa seu

desenvolvimento e reduz sua eclodibilidade (MAIORKA et. al., 2003), isto pode explicar o

pior índice de eclosão dos ovos pequenos (45 a 47g) em relação ao tratamento controle. Rosa

et. al. (2002) ao avaliarem os efeitos da idade damatriz do peso do ovo sobre o resultado da

incubação concluíram que ovos de matrizes na fase inicial de postura tiveram uma menor

eclodibilidade e uma mortalidade embrionária total maior, melhorando estes índices com o

aumento da idade da matriz e consequentemente com o aumento do tamanho do ovo, os

melhores resultados obtidos foram ao redor da 39ª semana de idade e com ovos ao redor das

65 g.

Os ovos posicionados com o pólo invertido obtiveram a pior eclosão. Segundo Brito

(2006) os ovos devem ser posicionados com a ponta fina para baixo, ou seja, com a câmara de

ar voltada para cima. Caso contrário, o desenvolvimento do pintinho será com a cabeça virada

para ponta fina que não existe câmara de ar. Ocorrendo assim mortalidade que podem ser

maior que 10% e uma taxa superior a 40% de refugagem.

Os dados deste estudo concordam com Noleto et al. (2012) que obtiveram 53% de

eclodibilidade em ovos de matrizes Cobb-500R incubados com o pólo invertido.

Na tabela 02 apresentam-se os dados de custos aproximados da incubação de ovos em

um incubatório industrial e o valor do pinto de 1 dia em decorrência da eclodibilidade,

considerando apenas os custos produtivos do incubatório.

Page 56: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

56

Tabela 2. Custo aproximado da incubação dos ovos em incubatório industrial e preço do pinto

em decorrência da eclodibilidade.

Índices (tratamento 1)

O vos tortos

(tratamento 2)

O vos pequenos

(42 a 47g)

(tratamento 3)

O vos com

microtrincas

(tratamento 4)

O vos com

densidade

1070

(tratamento 5)

O vos com pólo

invertido

(tratamento 6)

Controle

Eclosão de

pintos viáveis

82,05 85,76

73,73 84,89 53,08 91,11

Número de ovos

incubados

(simulação)

Valor da

incubação/ovo

(R$)

800000

0,11

800000

0,11

800000

0,11

800000

0,11

800000

0,11

800000

0,11

Número de

pintos eclodidos

Valor pinto/1

dia (R$)

656400

0,134

686080

0,128

589840

0,149

679120

0,130

424640

0,207

728880

0,121

Em relação aos dados da tabela 2 observa-se que o valor do pinto de 1 dia varia

dependendo do defeito dos ovos, sendo que o menor custo é para produzir pintinhos oriundos

dos ovos do tratamento 6 (controle), nota-se por exemplo que os ovos com microtrincas

(tratamento 3) apresentam diferença de R$ 0,028 no preço do pinto de 1 dia em relação ao

tratamento controle, considerando a incubação de 800000 ovos, isto equivale a uma

diferença do de R$ 22400,00 no custo de produção dos pintinhos.

Muitos destes defeitos dos ovos analisados podem ser evitados realizando-se manejos

corretos na granja, como posicionar o ovo adequadamente, ter cuidado na manipulação para

evitar microtrincas, realizar uma correta desinfecção dos ovos para evitar ou diminuir as

contaminações, manter um ambiente adequado e sanitariamente controlado evitando que as

aves sofram calor ou doenças diminuindo a formação de ovos cascas finas e/ou tortos.

Para o incubatório obter altos índices de eclodibilidade que é o objetivo, faz-se

necessário a classificação dos ovos na granja ou no incubatório descartando ovos que

apresentem anormalidades (com tortos, com microtrincas, com baixa densidade) e é

necessário posicioná-los na bandeja com a câmara de ar para cima.

Page 57: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

57

Os menores custos foram obtidos da incubação de ovos sem defeitos, porém a decisão

de descartá-los ou não vai depender do mercado, ou seja, da demanda que a aumenta ou

diminui o valor do pinto de 1 dia.

Conclusões

Os ovos com pólo invertido e com microtrincas apresentaram os piores índices de

eclodibilidade.

A incubação de ovos normais obteve melhores índices de eclodibilidade, mortalidade

embrionária e de pintos de segunda.

Os menores índices de contaminação foram obtidos nos ovos pequenos (42 a 47g) e os

incubados com pólo invertido.

Page 58: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

58

Referências Bibliográficas

ALBINO, L. F. T.; NERY, L.R.;VARGAS, J.G.; SILVA, V. H. J. Criação de Frango e

Galinha Caipira: Avicultura Alternativa.2ª ed., Viçosa: Aprenda Fácil, p. 94-109, 2005.

BRITO, A. B. Problemas microbiológicos na incubação artificial. Disponível em:<http://www.polinutri.com.br/upload/artigo/183.pdf>. Acessado em: 20 de agosto de

2012. COBB-VANTRES. Guia de manejo da incubação. Guapiaçu – SP, Brasil. 2008.

ELGUERA, M.A. Relação entre o manejo de reprodutoras de carne a qualidade de ovos

incubáveis. In: Simpósio técnico sobre matrizes de frangos de corte, Chapecó, Anais...

Chapecó: Acav/Embrapa, 1999. p.17-27.

GONZALES, E.; CAFÉ, M.B. Produção de pintinhos com qualidade total. In: MACARI, M.;GONZÁLES, E. Manejo da incubação, 2ª ed.,Campinas: FACTA, 2003. Cap. 5.3, p.

516-526.

MAIORKA, A. Fatores que afetam a eclodibilidade dos pintos. In: MACARI, M.;

NASCIMENTO, V.P.; SALLE, T.P.S. Biologia das aves.In: MACARI, M.; GONZALES, E. (Eds.) Manejo da incubação. 2ª.ed., Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia

Avícolas, 2003. p. 34-50.

NARAHARI, D.; RAJINI, A. R.; SRINIVASANG, G. RAMAMURTHY, N. Methods to

improve the hatchability of checked chicken eggs. British Poultry Science,v.41, n.2, p.178-181, 2000.

NARUSHIN, V.G.; ROMANOV, M.N. Egg physical characteristics and hatchability.World’s

Poultry Science Journal, v.58, n.3, p.297-303, 2002.

NOLETO, A. R. Influência da posição dos ovos de matrizes pesadas durante a incubação

sobre os índices de eclodibilidade, eclosão total e mortalidade embrionária. XXII Congresso

brasileiro de zootecnia. Cuiabá, 2012.

RAMOS, A. C. Estudo comparativo da eclosão, perda de peso e mortalidade embrionária por densidade de ovos de avós da 28ª a 34ª semana de vida.2011. 21p. Monografia (conclusão de

curso de medicina veterinária) Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. ROSA, P. S.; GUIDONI, L.A.; LIMA, L.I.; BERSCH, R. X. F. Influência da temperatura de

incubação em ovos de matrizes de corte com diferentes idades e classificados por peso sobre os resultados de incubação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.1011-1016, 2002.

ROSA, P. S. e ÁVILA, S. V. Variáveis relacionadas ao rendimento da Incubação de ovos em matrizes de frangos de corte. Comunicado Técnico/Embrapa suínos e aves . n. 246, p. 1-3,

concórdia, 2000.

Page 59: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

59

SANTOS, J. FORNARI, M. C.; TÉO, A. M.. Influência da qualidade da casca do ovo sobre

índices de produtividade de um incubatório industrial. Ciência Rural, Santa Maria, v.37,n.2, p. 524-527, 2007.

SILVA, A. F. Influência dos tempos de aquecimento e armazenamento de ovos férteis de produtoras pesadas sobre a eclodibilidade e características de pintos de 1 dia. 2005. 102p.

Tese (mestrado) Universidade de São Paulo,Pirassununga.

SCHMIDT, G.S.; FIGUEIREDO, E.A.P.; AVILA, V.S.Incubação: estocagem de ovos férteis. Comunicado Técnico/Empraba suínos e aves. n. 303, p.5, Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2002. 5p.

TANURE, C.B.G.S.; CAFÉ, N.S.M.; BAIÃO, N.C.;LEANDRO, N.S.M.; STRINGHINI,

J.H.; GOMES, N.A. Efeitos da idade da matriz leve e do período de armazenamento de ovos incubáveis no rendimento de incubação. Arq.Bras. Med. Vet. Zootec.,v.61, n.6, p.1391-1396, 2009.

TONA, K.; BAMELIS, F.; DE KETELAERE, B.; BRUGGEMAN, V.; MORAES, V.M.B.;

BUYSE, J.; ONAGBESAN, O.; DECUYPERE, E. Effects of egg storage time on spread of hatch, chick quality, and chick juvenile growth. Poultry Science, v.82, n.2, p.736-741, 2003.

Page 60: Ellen Rovaris - Portal da Universidade Federal de Mato Grosso · precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO, 2011). Outro exemplo de

60

CONCLUSÕES GERAIS

O sistema dark house propiciou melhores peso corporal aos 42 dias de idade, ganho de

peso, consumo e conversão alimentar para criação de frangos de corte em regiões de clima

quente.

No sistema convencional apresentou menor índice de calos de patas.

Os resultados mostram que os ovos coletados em ninhos automáticos apresentam

melhores resultados de eclodibilidade e menores porcentagens de contaminação bacteriana e

fúngica, já os ninhos manuais apresentam maiores índices de aproveitamento para incubação e

menores índices de ovos de cama. Não há diferença no número de ovos trincados entre

ninhos e idades das matrizes.

Os ovos com pólo invertido e com microtrincas apresentaram os piores índices de

eclodibilidade. A incubação de ovos normais foi superior nos índices de eclodibilidade e

mortalidade embrionária, com exceção da contaminação em relação aos outros tratamentos.

Para o incubatório obter altos índices de eclodibilidade que é o objetivo, faz-se

necessário a classificação dos ovos na granja ou no incubatório descartando ovos que

apresentem anormalidades (com tortos, com microtrincas, com baixa densidade) e é

necessário posicioná-los na bandeja com a câmara de ar para cima.

Os menores custos foram obtidos da incubação de ovos sem defeitos, porém a decisão

de descartá-los ou não vai depender do mercado, ou seja, da demanda que a aumenta ou

diminui o valor do pinto de 1 dia.